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A Chegada dos Africanos no
Município de Armação dos Búzios
Débora Castells – Professora de História Africanos escravizados em território brasileiro Durante quase 300 anos, os africanos foram arrancados dos territórios africanos, embarcados em navios “tumbeiros” e desembarcados no litoral brasileiro escravizados. Os navios negreiros ou navios tumbeiros foram embarcações que fizeram a travessia do Atlântico, transportando mercadorias para troca no continente africano, homens e mulheres do continente africano para as colônias europeias no novo mundo, e produtos como açúcar e café, dentre tantos outros, para o continente europeu. Conceitos Historiográficos sobre o tráfico
A colonização levou a escravização milhares de africanos a partir do
século XVI, inicialmente da Guiné e de Angola. Atingiu índices extremos entre 1845 a 1856. O tráfico foi proibido na Grã- Bretanha a partir de 1807. Em 1815, o governo português assinou acordo proibindo a participação dos súditos portugueses no tráfico na África ao norte da linha do Equador. O tráfico no “Antigo” Cabo Frio A região da Bahia Formosa, como era conhecida no século XIX (trecho entre o Peró e Rio das Ostras, foi ponto de comércio ilegal de africanos, com a atuação de vários traficantes em diferentes praias (recursos naturais favoráveis a esta atividade. Desembarque clandestino e Campos Novos
Campos Novos (propriedade jesuítica)
A Antiga Fazenda Campos Novos foi fundada em 1648 e construída sobre um sambaqui. Conta com casa, senzala, oficinas, capela e cemitério. A partir do decreto de 1831, com a ilegalidade do tráfico, a região da Fazenda Campos Novos foi usada para apoio ao tráfico clandestino (devido o isolamento e a área litorânea para desembarque). Exemplos: Arpoador da Rasa José Gonçalves da Silva, português., sócio de José Antônio dos Guimarães consignatário do maior traficante de Cabo Frio, Manuel pinto da Fonseca. Entre 1844 -1845, cerca de 18.000 africanos foram desembarcados no litoral de Campos a Cabo Frio Em 1850, Eusébio de Em 1851, as Queirós, autor da lei que propriedades de José proibia o tráfico negreiro, fez Gonçalves da Silva com que vários traficantes foram invadidas pelo que atuavam na região foram chefe de polícia, foram processados e alguns saqueadas e os seus expulsos do Brasil. bens confiscados. Perfil de José Gonçalves da Silva Chegou ao Brasil em 1813, foi caixeiro na loja de Antônio Pinto Pereira Guimarães, na Rua do Ouvidor, nº 49. Entre 1839 e 1850, formou patrimônio e estabeleceu-se em Cabo Frio (tinha lojas, fazendas, chácara e barracões. Em 1851, forças policiais, invadiram suas propriedades. Além da carga clandestina, exportava café, milho, farinha de mandioca e peixe salgado para o Rio de Janeiro. Neste período, a febre amarela, atacou o Arraial do Cabo e a área rural de Cabo Frio, a fazenda Campos Novos foi usada como enfermaria para o tratamento dos contaminados. “ Em várias partes das Américas, libertos, Formação de Quilombos escravos e principalmente fugitivos em Cabo Frio desenvolveram microssociedades camponesas, com roças e extrativismo, em diversas estruturas. Desde o início do século XIX, Nesta espécie de campesinato negro, sempre houve relato em documentos houve articulação entre os quilombos e os setores de formações de Quilombos sociais envolventes, o que incluiu a miscigenação com grupos indígenas. Em função do não em Cabo Frio, os registros das isolamento e ao mesmo tempo da estratégia de atas da Câmara Municipal de migração, muitos quilombos sequer foram Cabo Frio), em 1831, identificados e reprimidos por fazendeiros e expressavam a preocupação autoridades durante a escravidão. Outros foram do poder público em reprimir reconhecidos como vilas de roceiros negros. Destaca-se ainda a formação de comunidades de as rebeliões escravas e os senzalas, com cativos libertos de um mesmo quilombos existentes na proprietário. Em comum, estas inúmeras região. comunidades compartilhavam a identidade étnica e as noções de territórios na sua base econômica agrária.” Gomes, Fávio;Pires, Antonio Liberac. Origens da Raça Negra in: Revista de história da Biblioteca Nacional. Rio de Janeiro:BN,2007.nº27,p.24. Condições de vida...
“Essa massa populacional deu origem ao campesinato negro que
pagando dia para morar permaneceu, entre outras, nas terras da Rasa, de Campos Novos, do Jenipapo, do Gargoá, Botafogo, Caveira, Trimumu e Tucuns. Formavam roças nos lotes que ocupavam em troca de trabalho, foi uma forma de resistirem aos entraves da escravidão: oque está em xeque é a polarização entre os conceitos de quilombo, idealizado como local de rebeldia, e senzala, suposto espaço de irremediável acomodação.” GOMES, Flávio; Pires, Antonio Liberac. Op cit. (...) a memória da escravidão não é unicamente ligada àqueles que sofreram os efeitos do cativeiro, da deportação, dos castigos corporais e dos trabalhos forçados. Essa memória também é reconstruída por aqueles que participaram e colaboraram com o tráfico atlântico: comerciantes de escravos, intérpretes, capitães de navios e mestres. Dessa maneira, é impossível falar de uma única memória da escravidão, mas, sobretudo, de memórias plurais, que podem, eventualmente, ser convergentes. Mas, na maior parte dos casos, trata-se de memórias conflituosas. ARAUJO, Ana Lucia. Caminhos atlânticos: memória, patrimônio e representações da escravidão na Rota dos Escravos. Varia História. Belo Horizonte:2009.vol.25,n.41,pag.130. Referência de Pesquisa: José Gonçalves da Silva à Nação Brasileira O tráfico ilegal de escravos no antigo Cabo Frio. Nilma Teixeira Accioli