Angina Estavel
Angina Estavel
Angina Estavel
ANGINA DO PEITO
Síndrome clínica que se caracteriza por sensação de
desconforto na região retroesternal, decorrente de
isquemia miocárdica, mais comumente causada por
obstrução fixa ou dinâmica de artéria coronária.
Cite4 fatores de risco para o desenvolviento da
doença:
História familiar de DAC precoce
•Diabetes melito
•tabagismo
•Dislipidemia
•Hipertensão arterial
•Obesidade
•Sedentarismo
•Síndrome metabólica
•Estresse emocional
•Hiper-homocisteinemia
•Lipoproteína A elevada.
A históriaclínica é fundamental para diagnóstico e
decisão sobre o tratamento. Quais são as manifestações
clínicas?
Dor retroesternal, de intensidade leve no início (apenas desconforto), com aumento
gradual até alcançar intensidade máxima em alguns minutos, durando 15 segundos
a 15 minutos e que desaparece com a interrupção do esforço ou o uso de nitrato
sublingual. É descrita como dor “em aperto”, “peso”, “sufocante” ou “queimação”.
Pode ser desencadeada por refeições volumosas, esforço físico, emoções e frio.
Em 40% dos pacientes, a dor tem localização atípica (epigástrio, ombro, dorso,
mandíbula)
Quaissaõ os principais medicamentos usados no
tratamento?
Tratamento medicamentoso
•Ácido acetilsalicílico (AAS) 85 a 325 mg/dia por via oral (VO); ou clopidogrel 75 mg VO, 1 vez/dia (uso contínuo)
Orientar o paciente a usar as preparações sublinguais na posição sentada e, assim, permanecer por 15 minutos para
evitar hipotensão arterial.
A nitroglicerina sublingual não causa dependência, pode ser usada várias vezes ao dia na prevenção de episódios
anginosos (caminhadas, exercício físico, refeição volumosa, falar em público, relações sexuais e outras atividades
que geram tensão emocional)
•Betabloqueadores: metoprolol 25 a 200 mg/dia VO; ou propranolol 40 a 240 mg/dia VO; ou atenolol 25 a 200
mg/dia VO. Melhor indicação para pacientes com hipertensão arterial e insuficiência cardíaca (as doses devem ser
ajustadas de acordo com a resposta clínica, mantendo a frequência cardíaca [FC] em torno de 55 bpm em repouso)
•Antagonistas do cálcio: verapamil 80 a 480 mg/dia VO; ou diltiazem 90 a 360 mg/dia VO; anlodipino 2,5 a 20
mg/dia VO; nifedipino 10 a 60 mg/dia VO
Antiagregantes
Ácido acetilsalicílico (AAS) está indicado para todos os pacientes na dose de 85-
162 mg/dia, indefinidamente, salvo na presença de contraindicações (clopidogrel, 75
mg, pode ser substituto do AAS em pacientes alérgicos).
No ORBITA-2, 301 pacientes com angina estável foram randomizados para tratamento
com angioplastia (n=151) ou um procedimento sham placebo (n=150).
Os pacientes eram elegíveis para participação se fossem considerados clinicamente
adequados para angioplastia pela equipe responsável, tivessem angina ou equivalente
anginoso, e evidência anatômica de pelo menos uma estenose coronariana
grave, além de testes positivos para isquemia (invasivos (fisiológicos) ou não-
invasivos).
No momento da inscrição, os pacientes interromperam o tratamento com
medicamentos antianginosos. Os medicamentos anti-hipertensivos com propriedades
antianginosas foram substituídos por agentes alternativos. Caso o paciente utilizasse
betabloqueador para insuficiência cardíaca ou controle da frequência cardíaca para
fibrilação atrial, estes foram continuados e considerados na análise estatística. Outras
drogas não-anginosas, como antiplaquetários e estatinas foram prescritos normalmente.
Os resultados principais indicaram que, em pacientes com angina estável e
isquemia documentada por estenoses coronárias graves, sem terapia antianginosa,
a angioplastia resultou em melhora na frequência de angina e nos tempos de
exercício comparado a um procedimento placebo.
Desfechos primários para angioplastia vs. placebo:
Média de pontuação de sintomas de angina: 2,9 vs. 5,6 (OR 2,21 – IC95% 1,41-3,47,
p<0,001).
Frequência média diária de angina: 0,3 vs. 0,7 (OR 3,44 – IC95% 2,00-5,91).
Desfechos secundários para angioplastia vs. placebo:
Tempo médio de exercício em esteira: 700,9 vs. 641,4 segundos.
Questionário de Angina de Seattle – liberdade de angina: 80,6 vs. 66,2.
Classe CCS: 0,9 vs. 1,7.
Se a angioplastia pode ser adotada como estratégia inicial para angina e
estenoses coronárias importantes, antes que os pacientes tenham tentado e
falhado com antianginosos pode ser um conceito interessante, mas não é
realmente a hipótese que foi testada neste estudo. Embora a polifarmácia possa
ser um problema importante para pacientes idosos, as medicações antianginosas
em geral são seguras e baratas comparadas à angioplastia coronária.
♦ A angioplastia possui custos e riscos/efeitos adversos significativamente
maior que as medicações antianginosas. Além disso, a melhora sintomática no
ORBITA-2 foi relativamente “modesta”. Afinal, era esperado um efeito positivo
quando se inclui pacientes com angina significativa, doença coronária obstrutiva
e confirmação fisiológica de fluxo limitado. Mesmo assim, observem que mesmo
no grupo angioplastia (submetido a revascularização completa), a média diária de
angina foi de 0,3, ou seja, 1 episódio a cada 3 dias aproximadamente.
Quase 60% dos pacientes continuaram a apresentar sintomas após a angioplastia,
e isso reforça o quanto doença coronariana é desafiadora. Afinal, deveríamos ser
capazes de identificar se e quais estenoses coronárias são responsáveis pelos
sintomas de um paciente… Mas, isso mostra que ainda temos uma lacuna entre a
doença coronária epicárdica e o que realmente provoca os sintomas anginosos em
determinados pacientes. O mecanismo subjacente à angina residual após uma
angioplastia bem-sucedida é curioso e precisa ser mais explorado.
♦ Por fim, identificar com mais precisão quais pacientes com angina estável se
beneficiarão da angioplastia (a ponto de praticamente eliminar sintomas), bem
como do tratamento medicamentoso, continuará a ser uma meta importante para
os pesquisadores.