ITCMD

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ITCMD E A REFORMA

TRIBUTÁRIA
PROF. ROBSON ZANETTI
@ROBSONZANETTI
[email protected]
ADVOGADO HÁ MAIS DE 29 ANOS, REALIZOU CURSO DE “ DOCTORAT EN DROIT “,
DOUTORADO EM DIREITO PELA “ UNIVERSITÉ DE PARIS 1 PATENHÓN-SORBONNE
“, DEA EM “ DROIT DES AFFAIRES “, DIREITO DOS NEGÓCIOS PELA “ UNIVERSITÉ
DE PARIS IX – PARIS/DAUPHINE “ E DOIS CURSOS DE PÓS-GRADUÇÃO EM DIREITO
PROCESSUAL CIVIL E RECUPERAÇÃO DE EMPRESAS NA UNIVERSITÀ DEGLI STUDI
DI MILANO. É AUTOR DE VÁRIOS LIVROS E ARTIGOS E JUIZ ARBITRAL.
O QUE É O ITCMD E OUTRAS ABREVIAÇÕES

Outras abreviações para ITCMD: ITCD, ICD ou ITD


O ITCMD é um imposto estadual que incide sobre a transmissão, por ato “inter vivos” ou
causa mortis”, de bens e direitos, então ele incide por ocasião das doações e no momento
do falecimento.
Ele está previsto no artigo 155, I da CF/88, in verbis
• Art. 155. Compete aos Estados e ao Distrito Federal instituir impostos sobre:
(Redação dada pela Emenda Constitucional nº 3, de 1993)
I - transmissão causa mortis e doação, de quaisquer bens ou direitos;
SOBRE O QUE É APLICADO O ITCMD?

Sobre os bens doados e a herança, excluindo-se as dívidas.


Na doação de um bem imóvel incide o ITCMD e o ITBI?
E no caso da herança, incide ITCMD, ITBI e IR?
STF – EXISTE BITRIBUTAÇÃO

A 1ª Turma do STF, relator: ministro Roberto Barroso, no ARE 1.387.761,


decidiu, em 22/2/2023, que admitir a incidência de IR sobre a valorização de
bem decorrente da herança ou da doação já sujeita ao ITCMD
configura bitributação e o doador não tem aumento patrimonial.
STF – EXISTE BITRIBUTAÇÃO
• Ementa: Direito tributário. Agravo interno em recurso extraordinário com agravo. Imposto sobre a renda. Ganho de
capital. Antecipação de legítima. Ausência de acréscimo patrimonial. Vedação à bitributação. 1. Agravo interno
contra decisão monocrática que negou seguimento a recurso extraordinário com agravo interposto em face de
acórdão que afastara a incidência do imposto de renda sobre o ganho de capital apurado por ocasião da
antecipação de legítima (Lei n° 7.713/1988, art. 3º, § 3º; e Lei nº 9.532/1997, art. 23, § 1º e § 2º, II). 2. Esta Corte
possui entendimento de que o imposto sobre a renda incide sobre o acréscimo patrimonial disponível econômica ou
juridicamente (RE 172.058, Rel. Min. Marco Aurélio). Na antecipação de legítima, não há, pelo doador,
acréscimo patrimonial disponível. Acórdão alinhado à jurisprudência desta Corte. 3. O constituinte repartiu o
poder de tributar entre os entes federados, introduzindo regras constitucionais, que, sobretudo no que toca aos
impostos, predeterminam as materialidades tributárias. Esse modelo visa a impedir que uma mesma materialidade
venha a concentrar mais de uma incidência de impostos de um mesmo ente (vedação ao bis in idem) ou de entes
diversos (vedação à bitributação). Princípio da capacidade contributiva. 4. Admitir a incidência do imposto
sobre a renda acabaria por acarretar indevida bitributação em relação ao imposto sobre transmissão causa
mortis e doação (ITCMD). 5. Agravo interno a que se nega provimento.
• (ARE 1387761 AgR, Relator(a): ROBERTO BARROSO, Primeira Turma, julgado em 22-02-2023, PROCESSO
ELETRÔNICO DJe-s/n DIVULG 28-02-2023 PUBLIC 01-03-2023)
STF – NÃO EXISTE BITRIBUTAÇÃO
EMENTA: AGRAVO INTERNO NO RECURSO EXTRAORDINÁRIO. DIREITO
TRIBUTÁRIO. MANDADO DE SEGURANÇA. IRPF. ITCMD. SUCESSÃO.
GANHO DE CAPITAL. TRANSMISSÃO DE BEM CAUSA MORTIS.
SUPOSTO BIS IN IDEM. INEXISTÊNCIA. PRECEDENTES. MANIFESTO
INTUITO PROTELATÓRIO. AGRAVO INTERNO DESPROVIDO, COM
IMPOSIÇÃO DE MULTA DE 5% (CINCO POR CENTO) DO VALOR
ATUALIZADO DA CAUSA, NOS TERMOS DO ARTIGO 1.021, § 4º, DO CÓDIGO
DE PROCESSO CIVIL, CASO SEJA UNÂNIME A VOTAÇÃO.
(RE 1437588 AgR, Relator(a): LUIZ FUX, Primeira Turma, julgado em 22-08-2023,
PROCESSO ELETRÔNICO DJe-s/n DIVULG 30-08-2023 PUBLIC 31-08-2023)
RESUMO DAS DECISÕES NO STF
QUAL SERIA A ALÍQUOTA DO IR?
• Segundo exigência da União, o IR deve ter uma alíquota entre 15% e 22,5%, a
alíquota é progressiva e funciona da seguinte forma:
• 15% para a parcela de ganhos que não exceder 5 milhões de reais;
• 17,5% para a parcela de ganhos que estiver entre 5 milhões e 10 milhões de reais;
• 20% para a parcela de ganhos que estiver entre 10 milhões e 30 milhões de reais;
• 22,5% para a parcela de ganhos que ultrapassar 30 milhões de reais.
• Existem exceções a essa regra, ver:
https://www.gov.br/receitafederal/pt-br/assuntos/noticias/2023/maio/ganhos-de-capi
tal-no-irpf-2023-entenda-como-funcionam-e-como-declara-los
IMPASSE NO MOMENTO DESSA
APRESENTAÇÃO
Então, estamos diante de uma incerteza jurídica, onde poderá haver além da
tributação do ITCMD, a incidência de imposto de renda sobre a herança recebida,
logo, se houver a doação do bem antes do aumento da carga tributária também irá
incidir o imposto de renda? O raciocínio é o mesmo para o caso de morte.
Meu posicionamento é que será considerado como bitributação porque como
haverá aumento da alíquota do ITCMD para no mínimo 8%, se fosse somada com
o IR no mínimo iria para 23%, o que é um confisco patrimonial. Aí vc imagine ser
exigido também o ITBI!
EXEMPLOS

• Olha o seguinte exemplo: consta na declaração de imposto de renda do falecido que ele tinha um
imóvel no valor de R$ 1.000.000,00. O ITCMD foi recolhido sobre esse valor e o herdeiro após
receber o bem o vendeu por R$ 1.500.000,00. Há incidência do IR? Sim, 15% sobre o ganho de
capital que foi de R$ 500.000,00 assim R$ 75.000,00 deverão ser pagos a título de imposto de
renda.
• Agora o herdeiro recebe esse imóvel avaliado a preço de mercado por R$ 1.500.000,00 e recolhe o
ITCMD sobre esse valor. O preço na declaração do imposto de renda do falecido era de R$
1.000.000,00. O herdeiro é obrigado a pagar o IR sobre R$ 500.000,00? Existem entendimentos
que sim e não no STF como vimos acima, sendo no momento dessa apresentação uma incógnita.
Meu entendimento é que existe Bitributação.
LEGISLAÇÃO SOBRE IMPOSTO DE RENDA
• O art. 23 da Lei nº 9.532/97 reza que:
“ Art. 23. Na transferência de direito de propriedade por sucessão, nos casos de
herança, legado ou por doação em adiantamento da legítima, os bens e direitos
poderão ser avaliados a valor de mercado ou pelo valor constante da declaração
de bens do de cujus ou do doador.
§ 1º Se a transferência for efetuada a valor de mercado, a diferença a maior entre
esse e o valor pelo qual constavam da declaração de bens do de cujus ou do doador
sujeitar-se-á à incidência de imposto de renda à alíquota de quinze por cento.
LEGISLAÇÃO SOBRE O IR
§ 2o O imposto a que se referem os §§ 1o e 5o deverá ser pago:
(Redação dada pela Lei nº 9.779, de 1999)
I - pelo inventariante, até a data prevista para entrega da declaração final de espólio, nas
transmissões mortis causa, observado o disposto no art. 7o, § 4o da Lei no
9.250, de 26 de dezembro de 1995; (Incluído pela Lei nº 9.779, de 1999)
II - pelo doador, até o último dia útil do mês-calendário subseqüente ao da doação, no caso de
doação em adiantamento da legítima; (Incluído pela Lei nº 9.779, de 1999)
III - pelo ex-cônjuge a quem for atribuído o bem ou direito, até o último dia útil do mês
subseqüente à data da sentença homologatória do formal de partilha, no caso de dissolução da
sociedade conjugal ou da unidade familiar. (Incluído pela Lei nº 9.779, de 1999)
LEGISLAÇÃO SOBRE O IR
§ 3º O herdeiro, o legatário ou o donatário deverá incluir os bens ou direitos, na sua
declaração de bens correspondente à declaração de rendimentos do ano-calendário
da homologação da partilha ou do recebimento da doação, pelo valor pelo qual houver
sido efetuada a transferência.
§ 4º Para efeito de apuração de ganho de capital relativo aos bens e direitos de que trata
este artigo, será considerado como custo de aquisição o valor pelo qual houverem sido
transferidos.
§ 5º As disposições deste artigo aplicam-se, também, aos bens ou direitos atribuídos a
cada cônjuge, na hipótese de dissolução da sociedade conjugal ou da unidade familiar.

EXISTE ISENÇÃO DO ITCMD?
• Sim, em certos casos. Para isso deverá ser observada a legislação de cada estado.
• Quanto à isenção, ao exercerem sua competência impositiva de instituir o ITCMD, cada
estado é livre para dispor sobre as mais várias hipóteses.
• Assim é que, por exemplo, no estado de São Paulo, é isenta do imposto, entre outros casos
(art. 6º da Lei nº 10.705/2000):
- a transmissão causa mortis de imóvel de residência cujo valor não ultrapassar 5.000
Unidades Fiscais do Estado de São Paulo (UFESP)[1] (R$ 159.850), desde que os familiares
beneficiados nele residam e não tenham outro imóvel;
- a transmissão causa mortis de depósitos bancários e aplicações financeiras, cujo valor total
não ultrapassar 1.000 UFESPs (R$ 31.970);
- a transmissão por doação, cujo valor não ultrapassar 2.500 UFESPs (R$ 79.925).
A PREVIDÊNCIA PRIVADA PRECISA PAGAR O
ITCMD?
• RECURSOS ESPECIAIS. PREVIDÊNCIA PRIVADA COMPLEMENTAR. VGBL. ENTIDADE ABERTA.
NATUREZA JURÍDICA MULTIFACETADA. SEGURO PREVIDENCIÁRIO. REGRA. INVESTIMENTO
OU APLICAÇÃO FINANCEIRA. SITUAÇÃO EXCEPCIONAL. COLAÇÃO DE VALOR AO
INVENTÁRIO. HERANÇA.
• 1. Os planos de previdência privada complementar aberta, operados por seguradoras autorizadas pela Susep,
dos quais o VGBL é um exemplo, têm natureza jurídica multifacetada porque, tratando-se de regime de
capitalização no qual cabe ao investidor, com ampla liberdade e flexibilidade, deliberar sobre os valores de
contribuição, depósitos adicionais, resgates antecipados ou parceladamente até o fim da vida, ora se
assemelham a seguro previdenciário adicional, ora se assemelham a investimento ou aplicação financeira
(Terceira Turma, REsp n. 1.726.577/SP).
• 2. A natureza securitária e previdenciária complementar desses contratos é a regra e se evidencia no momento
em que o investidor passa a receber, a partir de determinada data futura e em prestações periódicas, os
valores que acumulou ao longo da vida, como forma de complementação do valor recebido da previdência
pública e com o propósito de manter determinado padrão de vida (Terceira Turma, REsp n. 1.726.577/SP).
VGBL RETIRADO
PROCESSUAL CIVIL E TRIBUTÁRIO. ITCMD. INCIDÊNCIA NO PLANO DE PREVIDÊNCIA VGBL. ALEGAÇÃO DE
VIOLAÇÃO AO ART. 794 DO CÓDIGO CIVIL. NATUREZA DE SEGURO DO VGBL. NÃO CARACTERIZAÇÃO DE
HERANÇA. ENTENDIMENTO PACIFICADO PELA SEGUNDA TURMA.
1. Trata-se de Mandado de Segurança impetrado com o escopo de afastar a inclusão dos valores referentes a plano de
previdência VGBL na declaração do Imposto sobre a Transmissão Causa Mortis e Doação - ITCMD. No primeiro grau, a
demanda foi julgada procedente.
O Tribunal de origem manteve a decisão.
2. A matéria foi pacificada pela Segunda Turma do STJ, no julgamento do REsp 1.961.488/RS, Rel. Ministra Assusete
Magalhães, DJe de 17.11.2021. Decidiu-se que não integrando a herança, isto é, não se tratando de transmissão causa mortis,
está o VGBL excluído da base de cálculo do ITCMD, uma vez que possui natureza de seguro.
3. Assim, os valores a serem recebidos pelo beneficiário, em decorrência da morte do segurado contratante de plano VGBL,
não se consideram herança, para todos os efeitos de direito, como prevê o art. 794 do CC/2002.
4. Agravo Interno parcialmente provido para conhecer do Recurso Especial para negar-lhe provimento.
(AgInt no AgInt no AREsp n. 1.755.009/RS, relator Ministro Herman Benjamin, Segunda Turma, julgado em 16/5/2023, DJe
de 28/6/2023.)
NATUREZA DE INVESTIMENTO
• 3. No período que antecede a percepção dos valores, ou seja, durante as contribuições e formação do
patrimônio, com múltiplas possibilidades de depósitos, de aportes diferenciados e de retiradas, inclusive
antecipadas, em casos excepcionais, pode ficar caracterizada situação de investimento, equiparando-se o
VGBL a aplicações financeiras (Terceira Turma, REsp n. 1.726.577/SP).
• 4. Na hipótese excepcional em que ficar evidenciada a condição de investimento, os bens integram o
patrimônio do de cujus e devem ser trazidos à colação no inventário, como herança, devendo ainda
ser objeto da partilha, desde que antes da conversão em renda e pensionamento do titular.
• 5. Circunstâncias como idade e condição de saúde do titular de VGBL e uso de valores decorrentes de venda
do único imóvel do casal evidenciam a excepcionalidade da situação e indicam a condição de investimento.
• 6. Recursos especiais conhecidos e desprovidos.
• (REsp n. 2.004.210/SP, relator Ministro João Otávio de Noronha, Quarta Turma, julgado em 7/3/2023, DJe
de 2/5/2023.)
QUEM DEVE PAGAR O ITCMD?
A legislação de cada estado deverá ser observada, veja o exemplo do art. 7 da lei
estadual de São Paulo, nº LEI Nº 10.705 de 28 DE DEZEMBRO DE 2000
Artigo 7º - São contribuintes do imposto:
I - na transmissão "causa mortis": o herdeiro ou o legatário;
II - no fideicomisso: o fiduciário;
III - na doação: o donatário;
IV- na cessão de herança ou de bem ou direito a título não oneroso: o cessionário.
Parágrafo único - No caso do inciso III, se o donatário não residir nem for domiciliado
no Estado, o contribuinte será o doador.
CO-RESPONSABILIDADE

Além disso, nos atos de transmissão sujeitos a normas específicas de


formalização, como se dá, por exemplo, na doação de bem imóvel, em que se
faz necessária a lavratura de escritura pública, bem como no inventário judicial
ou processado em cartório, admite-se também, como responsável pelo
pagamento do imposto, o tabelião, o escrivão e demais servidores do Poder
Judiciário, o inventariante, entre outros relacionados, de alguma forma, com o
bem ou direito transmitido.
QUAL É A BASE DE CÁLCULO DO ITCMD?
• O Código Tributário Nacional (CTN), estabelece, em seu art. 38, que a base
de cálculo do ITCMD é o valor venal dos bens ou direitos transmitidos.
• Agora, o que é o valor venal? O valor constante no imposto de renda? O
valor do imóvel no IPTU? O valor constante na escritura de venda do
imóvel?
DISCUSSÃO NO CASO DE QUOTAS SOCIAIS

• TRIBUTÁRIO. AGRAVO INTERNO NO RECURSO EM MANDADO DE SEGURANÇA. DOAÇÃO


DE QUOTAS SOCIAIS. ITCMD. BASE DE CÁLCULO. DECLARAÇÃO INCOMPATÍVEL.
ARBITRAMENTO. POSSIBILIDADE. ACÓRDÃO RECORRIDO EM SINTONIA COM O
ENTENDIMENTO PREVALENTE NO STJ. AUSÊNCIA DE DIREITO LÍQUIDO E CERTO EM
FAVOR DOS RECORRENTES.
• 1. Trata-se, na origem, de Mandado de Segurança impetrado por Jamilson Lopes Name e outro, contra ato
praticado pelo Secretário de Estado de Fazenda de Mato Grosso do Sul, no qual reputam ilegal a decisão
proferida pela autoridade coatora que indeferiu a base de cálculo do ITCMD na doação de cotas sociais.
• 2. As partes recorrentes alegam que deve ser utilizado, na base de cálculo do imposto, o valor nominal das
cotas sociais transferidas, nos termos do montante que consta do balanço contábil.
CONTINUAÇÃO
• 3. O aresto vergastado está alinhado à jurisprudência do Superior Tribunal de Justiça de que "a base de
cálculo do ITCMD é o valor venal dos bens e direitos transmitidos, assim compreendido como aquele
que corresponde ao valor de mercado, permitindo ao fisco que proceda ao arbitramento da base
de cálculo quando o valor declarado pelo contribuinte seja incompatível com os preços
usualmente praticados no mercado (art. 148 do CTN)" (AgInt no AREsp 1.176.337/SP, Rel.
Ministro Gurgel de Faria, Primeira Turma, DJe 9.6.2020). Na mesma linha: AgInt nos EDcl no AREsp
2.018.070/GO, Rel. Ministro Mauro Campbell Marques, Segunda Turma, DJe 17.6.2022;
• AgInt no REsp 1.919.181/GO, Rel. Ministro Benedito Gonçalves, Primeira Turma, DJe 18.8.2021;
AgInt no AREsp 1.176.337/SP, Rel. Ministro Gurgel de Faria, Primeira Turma, DJe 9.6.2020.
• 4. Agravo Interno não provido.
• (AgInt no RMS n. 70.528/MS, relator Ministro Herman Benjamin, Segunda Turma, julgado em
29/5/2023, DJe de 27/6/2023.)
IMÓVEIS

No caso do ITR, o valor da base de cálculo não poderá ser menor do que o
valor ali reconhecido, assim como do valor lançado no IPTU, ambos na data da
abertura da sucessão.
SE FOR EXIGIDO NO INVENTÁRIO UM
VALOR ILEGAL DO ITCMD O QUE FAZER?

Nos próprios autos demonstrar a ilegalidade ao juízo e pedir que aceite o valor
que o herdeiro está querendo pagar, caso o juízo negue, cabe mandado de
segurança, se houver pressa deposite judicialmente o valor e em último caso
pague e depois provada a ilegalidade, peça o reembolso.
MULTA E JUROS
• A cobrança de multa e juros tem gerado muita discussão no Judiciário, não só
para cobrança na partilha como na sobrepartilha.
• A Súmula 114 do STF estabelece e corretamente que o prazo para o devedor
pagar a multa só pode correr após a homologação do cálculo do ITCMD.
QUEM TEM DIREITO DE COBRAR O ITCMD?

No caso de bens imóveis (e direitos respectivos), o imposto compete ao estado


em que se encontra situado o bem (art. 155, § 1º, inc. I). Por sua vez, na
hipótese de bens móveis, competente é o estado onde se processar o inventário
ou o arrolamento (na transmissão causa mortis), ou onde tiver domicílio o
doador (art. 155, § 1º, inc. II). Além disso, as alíquotas máximas do ITCMD
deverão ser fixadas pelo Senado Federal (art. 155, § 1º, inc. IV).
USUFRUTO
• No caso da doação com reserva de usufruto, com a morte do usufrutuário poderia ser exigido o
ITCMD?
• A exigência do ITCMD será ilegal e caberá mandado de segurança quando morrer o usufrutuário
vitalício ou então no caso de renúncia ao usufrutuo.
Nesses dois casos é consolidada a propriedade plena ao nú-proprietária, não existe, salvo melhor juízo, a
transmissão de bens e direitos como fato gerador do ITCMD.
• No caso de doação com a reserva de usufruto, salvo disposição legal em contrário, fica clara a
bitributação quando houver usufrutuário porque o imposto uma vez recolhido na doação seria
novamente e ilegalmente exigido com a morte do usufrutuário.
• A exceção estaria no caso da legislação estadual estabelecer por exemplo o pagamento do imposto
sobre doação em duas etapas, uma por ocasião da doação e outra no caso da morte do usufrutuário.
• Essa exigência viola os artigos 35, I e 121 do CTN.
QUAL O MOMENTO INICIAL PARA SER
EXIGIDO O ITCMD?

No caso de morte, segundo a Súmula 114 do STF após a homologação do


cálculo do ITCMD
No caso de doação, no momento do recebimento, pois a doação precisa ser
aceita e no momento da transferência será exigido o imposto. Assim, para bens
imóveis o momento será o do registro e de bem móvel, no momento do
recebimento do bem, por exemplo, no caso de dinheiro, no momento que o
beneficiário receber o dinheiro.
ENTENDIMENTO DIFERENTE NA DOAÇÃO

Assim, no estado de São Paulo, considera-se valor venal o valor de mercado


do bem ou direito na data da abertura da sucessão ou da realização do ato ou
contrato de doação. No caso de transmissão causa mortis, o valor do bem é
aquele atribuído na avaliação judicial ou declarado pelo inventariante,
conforme o caso (arts. 9 e 10 da Lei nº 10.705/2000).
QUAIS SÃO OS DOCUMENTOS NECESSÁRIOS
PARA DECLARAR O ITCD?
Os documentos necessários para declarar o ITCD variam de acordo com o estado.
No Paraná, são necessários os seguintes documentos:
• Certidão de óbito do falecido;
• Declaração de espólio;
• Inventário;
• Escritura pública de doação;
• Documentos que comprovem o valor dos bens e direitos transmitidos.
Artigo da lei: Lei Estadual nº 18.573/2015 (PR)
ARROLAMENTO COMUM E SUMÁRIO

O arrolamento é uma forma simplificada de inventário, que se divide em comu


m e sumário.
A diferença entre eles é o valor total dos bens do falecido.
O
arrolamento comum, ou sumaríssimo, é usado quando os bens não ultrapassam
1.000 salários mínimos (artigo 664 do
CPC).
O arrolamento sumário é usado quando os bens são superiores a esse valor,
mas há consenso entre os herdeiros e o cônjuge sobrevivente (artigo 659 do
CPC).
ARROLAMENTO COMUM E SUMÁRIO
• TRIBUTÁRIO E PROCESSUAL CIVIL. AGRAVO INTERNO NO AGRAVO EM RECURSO ESPECIAL.
PARTILHA DE BENS. ARROLAMENTO COMUM. ITCMD. PRÉVIA COMPROVAÇÃO DE QUITAÇÃO
DO IMPOSTO, ANTES DA HOMOLOGAÇÃO DA PARTILHA OU DA ADJUDICAÇÃO E DA
EXPEDIÇÃO DO RESPECTIVO FORMAL OU DA CARTA DE ADJUDICAÇÃO. DESNECESSIDADE.
ART. 659, § 2º, DO CPC/2015. PRECEDENTES. AGRAVO INTERNO IMPROVIDO.
• I. Agravo interno aviado contra decisão monocrática que julgara recurso interposto contra decisum publicado na
vigência do CPC/2015.
• II. De acordo com a orientação jurisprudencial firmada nesta Corte, tanto no rito do arrolamento comum quanto
no sumário, não há a necessidade de comprovar a prévia quitação do Imposto sobre Transmissão Causa Mortis e
Doação - ITCMD anteriormente à prolação da sentença de homologação da partilha reconhecendo os bens dos
herdeiros. Precedentes do STJ.
• III. Agravo interno improvido.
• (AgInt no AREsp n. 1.703.598/DF, relatora Ministra Assusete Magalhães, Segunda Turma, julgado em 6/3/2023,
DJe de 15/3/2023.)
ARROLAMENTO SUMÁRIO

Ainda "O juízo do inventário, na modalidade de arrolamento sumário, não


detém competência para apreciar pedido de reconhecimento da isenção
do ITCMD (Imposto sobre Transmissão Causa Mortis e Doação de quaisquer
Bens ou Direitos), à luz do disposto no caput do artigo 179, do CTN".

Veja o Tema Repetitivo 391


DECADÊNCIA

Qual o prazo para o Estado cobra o imposto sobre doações não declaradas? O
Estado deverá cobrar o IMPOSTO SOBRE AS DOAÇÕES não declaradas em
até 05 anos.
A decisão foi tomada em análise de recurso repetitivo e permite que cobranças
fora desse prazo possam ser extintas. Os Recursos Especiais 1.841.798 e
1.841.771 foram indicados pelo Tribunal de Justiça de Minas Gerais (TJ-MG)
como representativos da controvérsia — cadastrada como Tema 1.048. Os
processos foram relatados pelo ministro Benedito Gonçalves.
DECADÊNCIA

• No processo, os estados alegavam que o prazo deveria ser de dez anos por conta das
dificuldades para doações sem a declaração do contribuinte no Imposto de Renda.
Os contribuintes, por sua vez, sustentavam que o prazo deveria ser o previsto no
artigo 173, inciso I, do Código Tributário Nacional (CTN), o qual estabelece que:
• “ Art. 173. O direito de a Fazenda Pública constituir o crédito tributário extingue-se
após 5 (cinco) anos, contados:
I - do primeiro dia do exercício seguinte àquele em que o lançamento poderia ter
sido efetuado;”
DECADÊNCIA

• No caso concreto analisado pelo STJ, uma contribuinte alegou que recebeu
uma doação de R$ 100 mil de seu pai em 2007. Ela declarou o valor no IR,
mas foi autuada nove anos pelos pelo Fisco.
• O Estado de Minas sustentou que só recebeu as informações sobre a
operação após convênio firmado com a Receita Federal, em 2011, e que o
prazo para cobrança do ITCMD deveria ser contado a partir deste ano.
QUAL O PRAZO PARA REQUERER A
RESTITUIÇÃO DO ITCMD PAGO
INDEVIDAMENTE?
O prazo para requerer a restituição do ITCD é de 5 anos, contados da data do pagamento do
imposto.
CTN – OBSERVAR OS ARTIGOS 165 A 169 DO CÓDIGO TRIBUTÁRIO NACIONAL
• Art. 168. O direito de pleitear a restituição extingue-se com o decurso do prazo de 5
(cinco) anos, contados:
I - nas hipótese dos incisos I e II do artigo 165, da data da extinção do crédito
tributário; (Vide art 3 da LCp nº 118, de 2005)
II - na hipótese do inciso III do artigo 165, da data em que se tornar definitiva a decisão
administrativa ou passar em julgado a decisão judicial que tenha reformado, anulado,
revogado ou rescindido a decisão condenatória.
CTN
• Art. 165. O sujeito passivo tem direito, independentemente de prévio protesto, à restituição
total ou parcial do tributo, seja qual for a modalidade do seu pagamento, ressalvado o
disposto no § 4º do artigo 162, nos seguintes casos:
• I - cobrança ou pagamento espontâneo de tributo indevido ou maior que o devido em
face da legislação tributária aplicável, ou da natureza ou circunstâncias materiais do fato
gerador efetivamente ocorrido;
• II - erro na edificação do sujeito passivo, na determinação da alíquota aplicável, no
cálculo do montante do débito ou na elaboração ou conferência de qualquer documento
relativo ao pagamento;
• III - reforma, anulação, revogação ou rescisão de decisão condenatória.
QUAIS SÃO AS CONSEQUÊNCIAS DO NÃO
PAGAMENTO DO ITCMD?

O não pagamento do ITCD pode resultar em diversas consequências, como:


• Impossibilidade de registro de imóveis;
• Impossibilidade de transferência de veículos;
• Impossibilidade de concessão de empréstimos;
• Multas, juros e correção monetária;
• Não termina o inventário.
REFORMA TRIBUTÁRIA E O ITCMD
• Local da tributação: para imóveis permanece com está no que diz respeito a competência, já no que se refere a
alíquota, será no mínimo de 8%.
• Bens no exterior: dependem de regulamentação, porém, enquanto isso na EC 132/2023:
• “Art. 16. Até que lei complementar regule o disposto no art. 155, § 1º, III, da Constituição Federal, o imposto
incidente nas hipóteses de que trata o referido dispositivo competirá:
• I – relativamente a bens imóveis e respectivos direitos, ao Estado da situação do bem, ou ao Distrito Federal;
• II – se o doador tiver domicílio ou residência no exterior:
• a) ao Estado onde tiver domicílio o donatário ou ao Distrito Federal;
• b) se o donatário tiver domicílio ou residir no exterior, ao Estado em que se encontrar o bem ou ao Distrito
Federal;
• III – relativamente aos bens do de cujus, ainda que situados no exterior, ao Estado onde era domiciliado, ou,
se domiciliado ou residente no exterior, onde tiver domicílio o sucessor ou legatário, ou ao Distrito Federal.”
• E se o bem doado também estiver no exterior?
QUANDO ENTRAM EM VIGOR?
Dependem de lei estadual, segundo o art. 150, I da CF e 9º, I, do CTN.
No caso do Estado de São Paulo, a Lei Estadual nº 10.705/2000, em seu artigo
4º, incisos I, alínea “b”, e II, alínea “b”, prevê a cobrança do ITCMD sobre as
doações e sucessões no exterior, dispositivo este que, contudo, foi considerado
inconstitucional pelo Egrégio Supremo Tribunal Federal face ao dispositivo
vigente no julgamento de mérito do Recurso Extraordinário (“RE”) nº 851.108
(Tema nº 825)[3], sendo certo que, em uma primeira análise, o dispositivo teria
plena eficácia e validade para ser aplicável. Por outro lado, a progressividade do
ITCMD dependerá de posterior modificação por lei.
EC 132/2023 DE 20.12.2023
Art. 23. Esta Emenda Constitucional entra em vigor:
III - na data de sua publicação, em relação aos demais dispositivos.
É o caso do art. 155 da CF:
• "Art. 155. ...
§ 1º
II - relativamente a bens móveis, títulos e créditos, compete ao Estado onde era
domiciliado o de cujus, ou tiver domicílio o doador, ou ao Distrito Federal;
VI - será progressivo em razão do valor do quinhão, do legado ou da doação;
DIREITO TEMPORAL

- Se o falecimento foi na legislação antes da entrada em vigor da reforma, será


aplicada qual alíquota: a nova ou a vigente na data do falecimento?
- E se não for aberto o inventário até dezembro de 2024 e for aberto só em
2.025 diante do aumento da alíquota, qual a alíquota a ser aplicada a de 2.025
ou a vigente até 2.024?
- E nos inventários abertos será aplicada a nova alíquota?
PRAZO DE 90 DIAS
A Constituição ainda limita a pretensão fazendária para vedar a cobrança de tributo que
tenha sido instituído ou majorado no mesmo exercício da publicação da lei (artigo 150,
III, “b”, da CF/1988), além da necessidade de observância ao prazo de 90 dias da
publicação da aludida lei (artigo 150, III, “c”, da CF/1988), como é o caso da incidência
do ITCMD sobre doações de doador no exterior. Igualmente, a limitação se aplica ao
caso da majoração da base de cálculo e da alíquota do ITCMD, como é o caso da
instituição de alíquotas progressivas de acordo com a base de cálculo, vez que dependem
da observância às aludidas limitações constitucionais, ou seja, se houver Lei Estadual
aumentando o ITCMD, só poderá ser exigido à partir de 2.025, sendo esse o último ano
para se beneficiar das atuais alíquotas.
Isso só não acontecerá ano que vem se os Estados não aumentarem as alíquotas.
SE FIZER TESTAMENTO AGORA, QUAL SERÁ
A ALÍQUOTA?

• Época do falecimento
FIM

Prof. Robson Zanetti


@robsonzanetti
[email protected]

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