Ocotea: diferenças entre revisões
m |
|||
(Há 27 revisões intermédias de 7 utilizadores que não estão a ser apresentadas) | |||
Linha 1: | Linha 1: | ||
{{Mais notas|data=julho de 2022}} |
|||
{{Título em itálico}} |
{{Título em itálico}} |
||
{{Info/Taxonomia |
{{Info/Taxonomia |
||
Linha 10: | Linha 11: | ||
| família = [[Lauraceae]] |
| família = [[Lauraceae]] |
||
| género = '''''Ocotea''''' |
| género = '''''Ocotea''''' |
||
| género_autoridade = [[Jean Baptiste Christophore Fusée Aublet|Aubl.]] |
|||
| subdivisão_nome = [[Espécie]]s | subdivisão = |
|||
| subdivisão_nome = [[Espécie]]s |
|||
<center>''Mais de 200 espécies<br />(Ver texto)'' |
|||
| subdivisão = {{center|''Mais de 200 espécies<br />(ver texto)''}} |
|||
| sinónimos= |
|||
*''[[Agathophyllum]]'' <small>Juss.</small> |
|||
*''[[Evodia]]'' <small>Gaertn.</small> |
|||
*''[[Mespilodaphne]]'' <small>Nees</small> |
|||
*''[[Oreodaphne]]'' <small>Nees & Mart.</small> |
|||
*''[[Povedadaphne]]'' |
|||
| sinónimos_ref =<ref>{{citar web|url=http://www.tropicos.org/Name/40030080?tab=synonyms|título=Tropicos.org}}</ref> |
|||
}} |
}} |
||
[[File:Ocotea guianensis MHNT.BOT.2010.6.38.jpg|thumb|253px|Madeira de ''[[Ocotea guianensis]]'' ([[MHNT]]).]] |
|||
'''''Ocotea''''' é um [[género (biologia)|género]] de [[Plantae|planta]]s pertencentes à família do [[loureiro]] ([[Lauraceae]]), que inclui mais de 200 [[espécie]]s de [[árvore]]s e [[arbusto]]s, distribuídos principalmente pelas regiões tropicais e subtropicais da [[América Central]], [[América do Sul]], [[Caraíbas]] e pelo sul da [[Flórida]]. Algumas espécies são nativas de [[África]] e de [[Madagáscar]]. A espécie ''[[Ocotea foetens|O. foetens]]'' (conhecida por [[til (planta)|til]]) é nativa das ilhas da [[Macaronésia]]. |
|||
[[File:Ocotea quixos 1.JPG|thumb|253px|[[Cúpula (botânica)|Cúpulas]] secas de ''ishpingo'' (''[[Ocotea quixos|O. quixos]]'') usadas como [[especiaria]].]] |
|||
'''''Ocotea''''' é um [[género (biologia)|género]] de [[plantas com flor]] pertencentes à família do [[loureiro]] ([[Lauraceae]]), que inclui cerca de 324 [[espécie]]s de [[árvore]]s e [[arbusto]]s [[perenifólio]]s com [[folha]]s [[lauroide]]s,<ref>{{citar web| url=http://www.theplantlist.org/browse/A/Lauraceae/Ocotea/ |título=Ocotea |publicado=[http://www.theplantlist.org Theplantlist.org] |acessodata=19 de maio de 2012}}</ref> distribuídos principalmente (cerca de 300 espécies) pelas regiões tropicais e subtropicais da [[América Central]] e [[América do Sul]],<ref name=Novon>{{citar periódico|jstor=3392056 |título=''Ocotea ikonyokpe'', a new species of Lauraceae from Cameroon |periódico=[[Novon]] |volume=6 |número=4 |ano=1996 |autor =Henk van der Werff |páginas=460–462}}</ref> pelas [[Caraíbas]] e pelo sul da [[Flórida]],<ref>{{citar web|url=https://www.itis.gov/servlet/SingleRpt/SingleRpt?search_topic=TSN&search_value=834865|título=ITIS, Integrated Taxonomic Information System}}</ref><ref>{{citar livro|título=Flora of Puerto Rico and Adjacent Islands: a Systematic Synopsis|url=https://books.google.com/books?id=ISlUCW8p5GcC&pg=PA62 |autor1 =Alain H. Liogier |autor2 =Luis F. Martorell |isbn=9780847703692 |ano=2000 }}</ref> mas com algumas espécies nativas de [[África]], de [[Madagáscar]]<ref name=Novon/> e das [[ilhas Mascarenhas]].<ref>{{citar livro| url=https://books.google.com/?id=KHjvMAAACAAJ |título=''Ocotea'' (Lauraceae) in the Mascarene Islands |publicado=H.M. Stationery Office |acessodata=19 de maio de 2012 |autor =Kostermans, Achmad Jahja (GH) |autor2 =Marais, W. |ano=1979}}</ref> A espécie ''[[Ocotea foetens|O. foetens]]'' (conhecida por [[til (planta)|til]]) é nativa das ilhas da [[Macaronésia]].<ref>{{IUCN2010 |assessor=World Conservation Monitoring Centre |year=1998 |id=30328 |title=Ocotea foetens |accessdate=24 de Maio de 2012 |version=2011.2}}</ref> |
|||
==Descrição== |
|||
As espécies que integram o género ''Ocotea'' são árvores e arbustos, [[perenifólia]]s, ocasionalmente com [[Raiz adventícia|raízes adventícias]] (p. ex. ''[[Ocotea hartshorniana|O. hartshorniana]]'' e ''[[Ocotea insularis|O. insularis]]''), com [[folha]]s simples, alternadas, raramente opostas ou verticiladas.<ref name="ots.ac.cr">{{citar web|url=http://www.ots.ac.cr/florulapv/documents/Lauraceae.pdf?V_COLLECTIONSOrder=Sorter_HABITAT&V_COLLECTIONSDir=DESC|título=Flora Digital De Palo Verde|autor=José González|ano=2007|acessodata=2018-10-10|arquivourl=https://web.archive.org/web/20150924062427/http://www.ots.ac.cr/florulapv/documents/Lauraceae.pdf?V_COLLECTIONSOrder=Sorter_HABITAT&V_COLLECTIONSDir=DESC|arquivodata=2015-09-24|urlmorta=yes}}</ref> |
|||
As folhas são do tipo [[lauroide]], em geral de coloração verde escuro, lustrosas, frequentemente acastanhadas na face inferior do [[limbo (botânica)|limbo]] e com células ricas em [[Óleo essencial|óleos essenciais]] fragrantes.<ref>{{citar web|url=http://es.scribd.com/doc/80809763/Manual-Dendrologico |título=Manual dendrológico de las principales especies de interés comercial actual y potencial de la zona del Alto Huallaga |autor =Andrés Castillo Q. |língua=es |publicado=Cámara Nacional Forestal |ano=2010}}</ref> |
|||
As plantas do género ''Ocotea'' produzem [[Óleo essencial|óleos essenciais]], que nalguns casos têm importância económica. É o caso das espécies ''O. cymbarum'', ''O. caudata'', ''O. pretiosa'' e ''O. usambarensis'' que são exploradas comercialmente. |
|||
As [[flor]]es são [[apétala]]s, agrupadas em pequenas [[inflorescência]] do tipo [[panícula]]. As espécies africanas e de [[Madagáscar]] todas apresentam [[Flor perfeita|flores bissexuais]] (com órgão masculinos e femininos), enquanto a maioria da espécies americanas são unissexuais (com flores que são exclusivamente masculinas ou femininas).<ref name=Novon/> |
|||
Os [[fruto]]s são [[baga]]s globosas ou oblongas, com 3–5 cm de comprimento, duras e carnudas, apresentando na região de junção com o [[pedúnculo]] parte do fruto recoberto por uma [[calíbio]] (ou [[Cúpula (botânica)|cúpula]]) em forma de taça, ocasionalmente achatado,<ref>{{citar periódico|autor =Henk van der Werff |ano=2002 |título=A synopsis of ''Ocotea'' (Lauraceae) in Central America and Southern Mexico |periódico=[[Annals of the Missouri Botanical Garden]] |volume=89 |número=3 |páginas=429–451 |jstor=3298602}}</ref> que confere ao fruto uma aspecto semelhante a uma pequenas [[bolota]]. O fruto é verde escuro, escurecendo progressivamente ao maturar, mas com a cúpula na base do fruto frequentemente apresentando uma coloração brilhante. Cada fruto contém apenas uma [[semente]] envolvida por uma camada de tecido endurecida que em muitas espécies é [[Lenhina|lenhificada]]. |
|||
A [[madeira]] de muitas das espécies apresenta um aroma forte e característico, nem sempre agradável (daí o nome comum inglês ''stinkwood'' aplicado a algumas espécies, entre as quais ''[[Ocotea bullata]]'' e ''[[Ocotea foetens]]'').<ref>{{citar web|url=http://plants.usda.gov/java/profile?symbol=OCOTE |título=Plants Profile: ''Ocotea'' Aubl. |publicado=USDA |data= |acessodata=1 de abril de 2008}}</ref> Noutros casos o aroma é considerado agradável e semelhante ao da [[Cinnamomum camphora|cânfora]] (espécie do género ''[[Cinnamomum]]'', filogeneticamente próximo de ''Ocotea''). |
|||
A presença de vestígios de ''Ocotea'' no [[registo fóssil]] é antiga, tendo sido descobertas impressões foliares de †''[[Ocotea heerii]]'', uma espécie [[fóssil]], em depósitos do [[Messiniano]] (ca. 5,7 Ma) em Monte Tondo, norte dos [[Apeninos]], [[Itália]].<ref>Palaeoenvironmental analysis of the Messinian macrofossil floras of Tossignano and Monte Tondo (Vena del Gesso Basin, Romagna Apennines, northern Italy) - Vasilis Teodoridis, Zlatko Kvacek, Marco Sami and Edoardo Martinetto - December 2015 DOI: 10.14446/AMNP.2015.249.</ref> |
|||
==Ecologia== |
|||
As espécies do género ''Ocotea'' têm [[distribuição natural]] pelas regiões subtropicais e tropicais, frequentemente em [[habitat]] de grande altitude. Em muitos casos são espécies características de formações tropicais de montanha ([[Vegetação montana|vegetação tropical montana]]), ocorrendo em formações como a [[floresta ombrófila mista]], a [[laurissilva]] da [[Macaronésia]], os [[bioma]]s do tipo [[afromontano]], as [[florestas montanas de Knysna-Amatole]] e as [[florestas montanas de Talamanca]]. Em [[Madagáscar]] o género ocorre também em florestas de terras baixas.<ref name="ots.ac.cr"/> |
|||
A maioria das espécies de frutos relativamente pequenos são de grande importância ambiental porque serem o alimento de muitas aves e mamíferos endémicos, especialmente em ilhas e em florestas premontanas e montanas.<ref name="ots.ac.cr"/> |
|||
As folhas de espécies de ''Ocotea'' são a principal fonte de alimento para as lagartas de várias espécies endémicas, incluindo várias espécies do género [[Memphis (género)|''Memphis'']].<ref name=OGI>{{citar web|url=http://www.ontariogenomics.ca/outreach/BOLD10|publicado=Ontario Genomics Institute|acessodata=1 de maio de 2012|título=About ''Memphis mora''|autor=Daniel H. Janzen|arquivourl=https://web.archive.org/web/20110926093553/http://www.ontariogenomics.ca/outreach/BOLD10|arquivodata=2011-09-26|urlmorta=yes}}</ref> Algumas lagartas de ''Memphis'' alimentam-se exclusivamente das folhas de uma única espécie de ''Ocotea'' (por exemplo ''[[Memphis mora]]'' alimenta-se apenas de folhas de ''[[Ocotea cernua]]'' e ''[[Memphis boisduvali]]'' alimenta-se exclusivamente das folhas de ''[[Ocotea veraguensis]]''.<ref name=OGI/> |
|||
A [[dispersão de sementes]] de muitas das espécies de ''Ocotea'' é feita por aves [[frugívora]]s, tais como os [[tucano]]s, os [[quetzal]] (''[[Pharomachrus]]''), os [[Pombo-torcaz|pombos-torcazes]], a [[Araponga (ave)|araponga]] (aves da família [[Cotingidae]], especialmente a espécie ''[[Procnias tricarunculatus]]'')<ref>{{citar periódico |url=http://www.bowdoin.edu/faculty/n/nwheelwr/dissemination/GeneticStructure.pdf |formato=[[Portable Document Format|PDF]] |periódico=Oecologia |ano=1995 |autor1=J. Phil Gibson |autor2=Nathaniel T. Wheelwright |lastauthoramp=yes |título=Genetic structure in a population of a tropical tree ''Ocotea tenera'' (Lauraceae): influence of avian seed dispersal |volume=103 |número=1 |páginas=49–54 |jstor=4221000 |doi=10.1007/BF00328424 |pmid=28306944 |acessodata=2018-10-10 |arquivourl=https://web.archive.org/web/20150923194138/http://www.bowdoin.edu/faculty/n/nwheelwr/dissemination/GeneticStructure.pdf |arquivodata=2015-09-23 |urlmorta=yes }}</ref> e ''[[Poicephalus robustus]]'' (na África do Sul).<ref name=plantz>{{citar web|url=http://www.plantzafrica.com/plantnop/ocoteabull.htm |título=''Ocotea bullata'' |publicado=Plantzafrica |data=22 de novembro de 2002 |acessodata=20 de maio de 2012}}</ref> |
|||
Os frutos de ''Ocotea'' são também consumidos por diversas aves [[Columbiformes]], tais como ''[[Columba trocaz]]'',<ref>{{citar periódico|url=http://digital.csic.es/handle/10261/22475 |título=Diet of the endemic Madeira laurel pigeon and fruit resource availability: a study using microhistological analyses |autor1 =Paulo Oliveira |autor2 =Patricia Marrero |autor3 =Manuel Nogales |lastauthoramp=yes |periódico=[[The Condor (journal)|The Condor]] |volume=104 |número=4 |páginas=811–822 |ano=2002 |jstor=1370703 |doi=10.1650/0010-5422(2002)104[0811:doteml]2.0.co;2}}</ref> [[pombo-de-delegorgue]] (''[[Columba delegorguei]]''),<ref name=plantz/> [[pombo-de-bolle]] (''[[Columba bollii]]''),<ref name=Europa>{{citar web|url=http://ec.europa.eu/environment/nature/natura2000/management/habitats/pdf/9360_Macaronesian_laurel_forests.pdf|título=MANAGEMENT of Natura 2000 habitats * Macaronesian laurel forests (''Laurus'', ''Ocotea'') 9360: Directive 92/43/EEC on the conservation of natural habitats and of wild fauna and flora}}</ref> [[pombo-do-congo]] (''[[Columba unicincta]]'')<ref>{{citar livro|autor =David Gibbs |url=https://books.google.com/books?id=r__Tx8QKQfMC&pg=PA191 |título=Pigeons and Doves: a Guide to the Pigeons and Doves of the World |publicado=A&C Black |ano=2010 |acessodata=20 de maio de 2012|isbn=9781408135563 }}</ref><ref>{{citar web|url=http://www.biodiversityexplorer.org/birds/columbidae/columba_arquatrix.htm |título=Biodiversity Explorer: The web of life in southern Africa|series=''Columba arquatrix'' (African olive-pigeon, Rameron pigeon) |publicado=Biodiversityexplorer.org |data= |acessodata=20 de maio de 2012}}</ref><ref>{{citar web|url=http://easternarc.or.tz/downloads/Uluguru/WCST-UMBCP-reports/Forest%20users%20in%20the%20ulugurus.pdf|título=Assessment Of Forest User Groups And Their Relationship To The Condition Of The Natural Forests In The Uluguru Mountains|autor1=Steven T. Mwihomeke|autor2=Innocent J.E. Zilihona|autor3=William C. Hamisy|autor4=Dismas Mwaseba|publicado=Wildlife Conservation Society of Tanzania (WCST)|data=n.d.|acessodata=2018-10-10|arquivourl=https://web.archive.org/web/20120227173039/http://easternarc.or.tz/downloads/Uluguru/WCST-UMBCP-reports/Forest%20users%20in%20the%20ulugurus.pdf|arquivodata=2012-02-27|urlmorta=yes}}</ref> e algumas rolas americanas (especialmente ''[[Zenaida macroura]]'', a [[rola-carpideira]]).<ref>{{citar web|título=Medicinal Plants Originating In The Andean High Plateau And Central Valleys Region Of Bolivia, Ecuador And Peru|url=http://www.unido.org/fileadmin/import/58569_medicinal_final.pdf|ano=2006|autor=Mahabir P. Gupta|acessodata=2018-10-10|arquivourl=https://web.archive.org/web/20160910150534/http://www.unido.org/fileadmin/import/58569_medicinal_final.pdf|arquivodata=2016-09-10|urlmorta=yes}}</ref> |
|||
A maioria das espécies arbóreas africanas de ''Ocotea'' são antigas espécies [[Paleoendemismo|paleoendémicas]],<ref name=rsqb>{{citar periódico|autor1 =Ben H. Warren |autor2 =Julie A. Hawkins |lastauthoramp=yes |url=http://rspb.royalsocietypublishing.org/content/273/1598/2149.full |título=The distribution of species diversity across a flora's component lineages: dating the Cape's 'relicts' |doi=10.1098/rspb.2006.3560|periódico=[[Proceedings of the Royal Society B: Biological Sciences]] |ano=2006 |volume=273 |número=1598 |páginas=2149–2158 |pmid=16901834 |pmc=1635518}}</ref> que em tempos antigos tiveram uma ampla distribuição naquele continente.<ref name=Europa /><ref name=rsqb /> Contudo, esta não é a situação nas Américas, onde apenas na [[Venezuela]] foram colectadas 89 espécies distintas.<ref>{{citar web|url=http://www.scielo.org.ve/pdf/abv/v32n1/art10.pdf|autor =Hernán E. Ferrer-Pereira|publicado=Herbario Nacional de Venezuela|título=Lauraceae at the Herbario Nacional de Venezuela (VEN)|ano=2009}}</ref> |
|||
Várias espécies de ''Ocotea'' são susceptíveis ao ataque de diversos [[Fitopatógeno|organismos fitopatogénicos]] indutores do apodrecimento das raízes, entre os quais ''[[Loweporus inflexibilis]]'', ''[[Phellinus apiahynus]]''<ref>{{citar periódico|autor1 =P. Renvall |autor2 =T. Niemelä |lastauthoramp=yes |ano=1993 |título=''Ocotea usambarensis'' and its fungal decayers in natural stands |periódico=Bulletin du Jardin botanique national de Belgique / Bulletin van de National Plantentuin van België |volume=62 |número=1/4 |páginas=403–414 |jstor=3668286}}</ref> e ''[[Phytophthora cinnamomi]]''.<ref>{{citar periódico|autor1 =W. A. Lübbe |autor2 =G. P. Mostert |lastauthoramp=yes |ano=1991 |título=Rate of ''Ocotea bullata'' decline in association with ''Phytophtora cinnamomi'' at three study sites in the Southern Cape indigenous forests |periódico=[[South African Forestry Journal]] |volume=159 |número=1 |páginas=17–24 |doi=10.1080/00382167.1991.9630390}}</ref> |
|||
Algumas espécies de ''Ocotea'' servem de local de nidificação para [[formiga]]s, as quais que podem viver em bolsas na base das folhas ou em caules ocos. As formigas patrulham as suas plantas hospedeiras com maior frequência em resposta a perturbações ou ao aparecimento de pragas de insectos, entre os quais [[gafanhoto]]s.<ref>{{citar periódico|autor =Jean Stout |ano=1979 |título=An association of an ant, a mealy bug, and an understory tree from a Costa Rican rain forest |periódico=[[Biotropica]] |volume=11 |número=4 |páginas=309–311 |jstor=2387924}}</ref> |
|||
==Usos== |
|||
As plantas do género ''Ocotea'' produzem [[Óleo essencial|óleos essenciais]] ricos em [[cânfora]] e [[safrol]], que nalguns casos têm importância económica. É o caso das espécies ''O. cymbarum'', ''O. caudata'', ''O. pretiosa'' e ''O. usambarensis'' que são exploradas comercialmente. |
|||
As espécies ''[[Ocotea usambarensis]]'' (conhecida por cânfora-da-áfrica-oriental), ''[[Ocotea cernua]]'' (do Peru) e ''[[Ocotea odorifera]]'' (sassafrás do Brasil) são mesmo comercializadas iternacionalmente. |
|||
Os [[Cúpula (botânica)|calíbios]] secos da espécie ''[[Ocotea quixos]]'', conhecida por ''[[ishpingo]]'', são utilizados no Equador para dar sabor a bebidas, entre as quais a ''[[colada morada]]''. |
|||
''Canela Sassafrás é uma das arvores brasileiras nativas de madeira mais estimadas para confecção de toneis para envelhecimento de cachaça.'' |
|||
Algumas espécies arbóreas de ''Ocotea'' de crescimento rápido são utilizadas em silvicultura comercial para produção de [[madeira]]. Entre essas espécies contam-se ''[[Ocotea puberula]]'' (da América Central e do Sul), ''[[Ocotea bullata]]'' (comercializada como ''black'' ou ''true stinkwood'' na [[África do Sul]]) e ''[[Ocotea usambarensis]]''. A madeira destas espécies é valorizada pela sua resistência à decomposição por fungos. |
|||
''[[Ocotea odorifera]]'' (sassafrás) e ''[[Ocotea kuhlmanni]]'' são frequentemente cultivadas como [[planta melífera|plantas melíferas]]. |
|||
Algumas espécies são importantes na produção de [[madeira]], entre estas se incluindo ''O. puberula'' da América Central e do Sul, e ''[[Ocotea bullata|O. bullata]]'', conhecida por ''Black Stinkwood'' ou ''True Stinkwood'' na [[África do Sul]]. |
|||
==Lista de espécies== |
==Lista de espécies== |
||
O género ''Ocotea'' inclui mais de |
O género ''Ocotea'' inclui mais de 200 espécies, quase todas neotropicais. A lista que se segue, embora não é exaustiva, apresenta as espécies mais relevantes de ''Ocotea'':<ref>{{GRIN|name=''Ocotea'' Aubl.|id=8359|accessdate=19-02-2010}}</ref> |
||
{{div col|colwidth=20em}} |
|||
* ''[[Ocotea aciphylla]]'' |
|||
* ''[[Ocotea acutifolia]]'' <small>([[Christian Gottfried Daniel Nees von Esenbeck|Nees]]) [[Carl Christian Mez|Mez]]</small> |
|||
* ''[[Ocotea albida]]'' |
|||
* ''[[Ocotea albopunctulata]]'' |
|||
* ''[[Ocotea amazonica]]'' |
|||
* ''[[Ocotea amplifolia]]'' |
|||
* ''[[Ocotea arechavaletae]]'' |
|||
* ''[[Ocotea argylei]]'' |
|||
* ''[[Ocotea arnottiana]]'' |
|||
* ''[[Ocotea atirrensis]]'' |
|||
* ''[[Ocotea bangii]]'' |
|||
* ''[[Ocotea basicordatifolia]]'' |
|||
* ''[[Ocotea benthamiana]]'' |
|||
* ''[[Ocotea bofo]]'' |
|||
* ''[[Ocotea bullata]]'' – |
|||
* ''[[Ocotea calophylla]]'' |
|||
* ''[[Ocotea camphoromoea]]'' |
|||
* ''[[Ocotea catharinensis]]'' |
|||
* ''[[Ocotea cernua]]'' – |
|||
* ''[[Ocotea clarkei]]'' |
|||
* ''[[Ocotea corymbosa]]'' <small>[[Carl Christian Mez|Mez]]</small> |
|||
* ''[[Ocotea cuneifolia]]'' |
|||
* ''[[Ocotea cuprea]]'' |
|||
* ''[[Ocotea cymbarum]]'' (por vezes incluída em ''O. odorifera'') |
|||
* ''[[Ocotea dendrodaphne]]'' |
|||
* ''[[Ocotea diospyrifolia]]'' <small>([[Carl Meissner|Meisn.]]) [[Carl Christian Mez|Mez]]</small> |
|||
* ''[[Ocotea dispersa]]'' <small>([[Christian Gottfried Daniel Nees von Esenbeck|Nees]]) [[Carl Christian Mez|Mez]]</small> |
|||
* ''[[Ocotea divaricata]]'' <small>([[Christian Gottfried Daniel Nees von Esenbeck|Nees]]) [[Carl Christian Mez|Mez]]</small> |
|||
* ''[[Ocotea domatiata]]'' <small>[[Carl Christian Mez|Mez]]</small> |
|||
* ''[[Ocotea fasciculata]]'' <small>(Nees) Mez</small> |
|||
* ''[[Ocotea floribunda]]'' |
|||
* ''[[Ocotea foeniculacea]]'' – |
|||
* ''[[Ocotea foetens]]'' – "til", "tilo" |
|||
* ''[[Ocotea gabonensis]]'' |
|||
* ''[[Ocotea glaucosericea]]'' |
|||
* ''[[Ocotea glaziovii]]'' <small>[[Carl Christian Mez|Mez]]</small> |
|||
* ''[[Ocotea gracilis]]'' |
|||
* ''[[Ocotea guianensis]]'' |
|||
* ''[[Ocotea harrisii]]'' |
|||
* ''[[Ocotea heterochroma]]'' |
|||
* ''[[Ocotea ikonyokpe]]'' <small>[[van der Werff]]</small> |
|||
* ''[[Ocotea indecora]]'' <small>([[Heinrich Wilhelm Schott|Schott]]) [[Carl Christian Mez|Mez]]</small> |
|||
* ''[[Ocotea insularis]]'' |
|||
* ''[[Ocotea illustris]]'' |
|||
* ''[[Ocotea infrafoveolata]]'' |
|||
* ''[[Ocotea javitensis]]'' |
|||
* ''[[Ocotea jelskii]]'' |
|||
* ''[[Ocotea jorge-escobarii]]'' |
|||
* ''[[Ocotea kenyensis]]'' |
|||
* ''[[Ocotea kuhlmanni]]'' <small>[[Vattimo]]</small> |
|||
* ''[[Ocotea lancifolia]]'' |
|||
* ''[[Ocotea lancilimba]]'' |
|||
* ''[[Ocotea langsdorffii]]'' |
|||
* ''[[Ocotea laxiflora]]'' |
|||
* ''[[Ocotea leucoxylon]]'' – |
|||
* ''[[Ocotea longifolia]]'' |
|||
* ''[[Ocotea mandonii]]'' |
|||
* ''[[Ocotea marmellensis]]'' |
|||
* ''[[Ocotea matogrossensis]]'' |
|||
* ''[[Ocotea megaphylla]]'' |
|||
* ''[[Ocotea minarum]]'' <small>[[Carl Friedrich Philipp von Martius|Mart.]] ex [[Christian Gottfried Daniel Nees von Esenbeck|Nees]]</small> |
|||
* ''[[Ocotea monzonensis]]'' |
|||
* ''[[Ocotea moschata]]'' – ''[[nemoca]]'' |
|||
* ''[[Ocotea nemodaphne]]'' – louro sassafrás |
|||
* ''[[Ocotea notata]]'' <small>([[Christian Gottfried Daniel Nees von Esenbeck|Nees]]) [[Carl Christian Mez|Mez]]</small> |
|||
* ''[[Ocotea oblonga]]'' |
|||
* ''[[Ocotea obtusata]]'' |
|||
* ''[[Ocotea odorifera]]'' – [[sassafrás-brasileiro]] |
|||
* ''[[Ocotea oocarpa]]'' |
|||
* ''[[Ocotea opoifera]]'' |
|||
* ''[[Ocotea otuzcensis]]'' |
|||
* ''[[Ocotea pachypoda]]'' |
|||
* ''[[Ocotea pauciflora]]'' |
|||
* ''[[Ocotea porosa]]'' – (por vezes colocada no género ''[[Phoebe (planta)|Phoebe]]'') |
|||
* ''[[Ocotea porphyria]]'' |
|||
* ''[[Ocotea portoricensis]]'' |
|||
* ''[[Ocotea prunifolia]]'' |
|||
* ''[[Ocotea puberula]]'' |
|||
* ''[[Ocotea pulchella]]'' <small>[[Carl Friedrich Philipp von Martius|Mart.]]</small> |
|||
* ''[[Ocotea pulchra]]'' <small>[[Vattimo-Gil]]</small> |
|||
* ''[[Ocotea quixos]]'' – ''[[ishpingo]]'' |
|||
* ''[[Ocotea raimondii]]'' |
|||
* ''[[Ocotea regeliana]]'' |
|||
* ''[[Ocotea rivularis]]'' |
|||
* ''[[Ocotea robertsoniae]]'' |
|||
* ''[[Ocotea rotundata]]'' |
|||
* ''[[Ocotea rubrinervis]]'' |
|||
* ''[[Ocotea rugosa]]'' |
|||
* ''[[Ocotea rusbyana]]'' |
|||
* ''[[Ocotea sericea]]'' |
|||
* ''[[Ocotea silvestris]]'' <small>[[Vattimo-Gil]]</small> |
|||
* ''[[Ocotea smithiana]]'' |
|||
* ''[[Ocotea spathulata]]'' |
|||
* ''[[Ocotea spectabilis]]'' |
|||
* ''[[Ocotea spixiana]]'' <small>([[Christian Gottfried Daniel Nees von Esenbeck|Nees]]) [[Carl Christian Mez|Mez]]</small> |
|||
* ''[[Ocotea staminoides]]'' |
|||
* ''[[Ocotea tabacifolia]]'' <small>([[Carl Meissner|Meisn.]]) [[Jens Gunter Rohwer|Rohwer]]</small> |
|||
* ''[[Ocotea teleiandra]]'' <small>([[Carl Meissner|Meisn.]]) [[Carl Christian Mez|Mez]]</small> |
|||
* ''[[Ocotea urbaniana]]'' <small>[[Carl Christian Mez|Mez]]</small> |
|||
* ''[[Ocotea usambarensis]]'' – cânfora africana |
|||
* ''[[Ocotea uxpanapana]]'' |
|||
* ''[[Ocotea vaccinioides]]'' <small>[[Carl Meissner|Meisn.]]</small> |
|||
* ''[[Ocotea variabilis]]'' <small>[[Carl Meissner|Meisn.]]</small> |
|||
* ''[[Ocotea velloziana]]'' |
|||
* ''[[Ocotea velutina]]'' <small>[[Carl Friedrich Philipp von Martius|Mart.]]</small> |
|||
* ''[[Ocotea veraguensis]]'' |
|||
* ''[[Ocotea viridiflora]]'' |
|||
* ''[[Ocotea wrightii]]'' – |
|||
{{div col end}} |
|||
A distinção entre as espécies de ''Ocotea'' e as de ''[[Nectandra]]'' e outros géneros filogeneticamente próximos é problemática. As espécies do género ''[[Povedadaphne]]'' podem melhor ser integradas em ''Ocotea''. |
|||
As seguintes espécies foram tradicionalmente colocadas no género ''Ocotea'' mas estudos de [[filogenia molecular]] confirmaram a sua pertença a outros géneros:<ref>[https://www.jstor.org/discover/10.2307/3391778?uid=3739560&uid=2129&uid=2&uid=70&uid=4&uid=3739256&sid=21101132516877].</ref> |
|||
{{Div col|3}} |
|||
* ''[[Chlorocardium rodiei]]'' (''bibiru''), como ''O. rodiei'' |
|||
* ''Ocotea acutangula'' (Miq.) Mez |
|||
* ''[[Nectandra coriacea]]'', como ''O. catesbyana, O. coriacea'' |
|||
* ''Ocotea acutifolia'' (Nees) Mez |
|||
* ''[[Sextonia rubra]]'', como ''O. rubra'' |
|||
* ''Ocotea adenotrachelium'' (Nees) Mez |
|||
* ''Ocotea alata'' van der Werff |
|||
* ''Ocotea albida'' Mez & Rusby |
|||
* ''Ocotea albopunctulata'' Mez |
|||
* ''Ocotea alnifolia'' (Meisn.) Mez |
|||
* ''Ocotea amazonica'' (Meisn.) Mez |
|||
* ''Ocotea amplifolia'' (Mez & Donn. Sm.) van der Werff |
|||
* ''Ocotea amplissima'' Mez |
|||
* ''Ocotea aniboides'' Mez |
|||
* ''Ocotea architectorum'' Mez |
|||
* ''Ocotea arenaria'' van der Werff |
|||
* ''Ocotea argentea'' Mez |
|||
* ''Ocotea argyrophylla'' Ducke |
|||
* ''Ocotea arnottiana'' (Nees) van der Werff |
|||
* ''Ocotea atrata'' C. K. Allen |
|||
* ''Ocotea aurantiodora'' (Ruiz & Pav.) Mez |
|||
* ''Ocotea auriculata'' Lasser |
|||
* ''Ocotea austinii'' C. K. Allen |
|||
* ''Ocotea badia'' van der Werff |
|||
* ''Ocotea balanocarpa'' (Ruiz & Pav.) Mez |
|||
* ''Ocotea basicordatifolia'' Vattimo-Gil |
|||
* ''Ocotea basirecurva'' C. K. Allen |
|||
* ''Ocotea benthamiana'' Mez |
|||
* ''Ocotea beulahiae'' Baitello |
|||
* ''Ocotea beyrichii'' (Nees) Mez |
|||
* ''Ocotea bijuga'' (Rottb.) Bernardi |
|||
* ''Ocotea bofo'' Kunth |
|||
* ''Ocotea boissieriana'' (Meisn.) Mez |
|||
* ''Ocotea brachybotra'' (Meisn.) Mez |
|||
* ''Ocotea bracteosa'' (Meisn.) Mez |
|||
{{Div col end}} |
|||
==Referências== |
|||
{{Reflist|32em}} |
|||
== Ligações externas == |
== Ligações externas == |
||
{{Wikispecies|Ocotea}} |
{{Wikispecies|Ocotea}} |
||
{{Commons category|Ocotea|''Ocotea''}} |
|||
*[http://essentialoilsforliving.com/blog/?p=708 Óleos essenciais do Equador: ''Ocotea''] |
*[http://essentialoilsforliving.com/blog/?p=708 Óleos essenciais do Equador: ''Ocotea''] |
||
*[http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1676-06032009000100002 Uma revisão da distribuição de ''Ocotea curucutuensis'' J.B. Baitello na região sudeste do Brasil] |
*[http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1676-06032009000100002 Uma revisão da distribuição de ''Ocotea curucutuensis'' J.B. Baitello na região sudeste do Brasil] |
||
{{Taxonbar|from=Q3305677}} |
|||
{{Bases de dados taxonómicos}} |
|||
[[Categoria: |
[[Categoria:Ocotea| ]] |
||
[[Categoria:Géneros de plantas]] |
Edição atual tal como às 14h52min de 4 de fevereiro de 2023
Ocotea | |||||||||||||
---|---|---|---|---|---|---|---|---|---|---|---|---|---|
Classificação científica | |||||||||||||
| |||||||||||||
Espécies | |||||||||||||
Mais de 200 espécies
(ver texto) | |||||||||||||
Sinónimos[1] | |||||||||||||
|
Ocotea é um género de plantas com flor pertencentes à família do loureiro (Lauraceae), que inclui cerca de 324 espécies de árvores e arbustos perenifólios com folhas lauroides,[2] distribuídos principalmente (cerca de 300 espécies) pelas regiões tropicais e subtropicais da América Central e América do Sul,[3] pelas Caraíbas e pelo sul da Flórida,[4][5] mas com algumas espécies nativas de África, de Madagáscar[3] e das ilhas Mascarenhas.[6] A espécie O. foetens (conhecida por til) é nativa das ilhas da Macaronésia.[7]
Descrição
[editar | editar código-fonte]As espécies que integram o género Ocotea são árvores e arbustos, perenifólias, ocasionalmente com raízes adventícias (p. ex. O. hartshorniana e O. insularis), com folhas simples, alternadas, raramente opostas ou verticiladas.[8]
As folhas são do tipo lauroide, em geral de coloração verde escuro, lustrosas, frequentemente acastanhadas na face inferior do limbo e com células ricas em óleos essenciais fragrantes.[9]
As flores são apétalas, agrupadas em pequenas inflorescência do tipo panícula. As espécies africanas e de Madagáscar todas apresentam flores bissexuais (com órgão masculinos e femininos), enquanto a maioria da espécies americanas são unissexuais (com flores que são exclusivamente masculinas ou femininas).[3]
Os frutos são bagas globosas ou oblongas, com 3–5 cm de comprimento, duras e carnudas, apresentando na região de junção com o pedúnculo parte do fruto recoberto por uma calíbio (ou cúpula) em forma de taça, ocasionalmente achatado,[10] que confere ao fruto uma aspecto semelhante a uma pequenas bolota. O fruto é verde escuro, escurecendo progressivamente ao maturar, mas com a cúpula na base do fruto frequentemente apresentando uma coloração brilhante. Cada fruto contém apenas uma semente envolvida por uma camada de tecido endurecida que em muitas espécies é lenhificada.
A madeira de muitas das espécies apresenta um aroma forte e característico, nem sempre agradável (daí o nome comum inglês stinkwood aplicado a algumas espécies, entre as quais Ocotea bullata e Ocotea foetens).[11] Noutros casos o aroma é considerado agradável e semelhante ao da cânfora (espécie do género Cinnamomum, filogeneticamente próximo de Ocotea).
A presença de vestígios de Ocotea no registo fóssil é antiga, tendo sido descobertas impressões foliares de †Ocotea heerii, uma espécie fóssil, em depósitos do Messiniano (ca. 5,7 Ma) em Monte Tondo, norte dos Apeninos, Itália.[12]
Ecologia
[editar | editar código-fonte]As espécies do género Ocotea têm distribuição natural pelas regiões subtropicais e tropicais, frequentemente em habitat de grande altitude. Em muitos casos são espécies características de formações tropicais de montanha (vegetação tropical montana), ocorrendo em formações como a floresta ombrófila mista, a laurissilva da Macaronésia, os biomas do tipo afromontano, as florestas montanas de Knysna-Amatole e as florestas montanas de Talamanca. Em Madagáscar o género ocorre também em florestas de terras baixas.[8]
A maioria das espécies de frutos relativamente pequenos são de grande importância ambiental porque serem o alimento de muitas aves e mamíferos endémicos, especialmente em ilhas e em florestas premontanas e montanas.[8]
As folhas de espécies de Ocotea são a principal fonte de alimento para as lagartas de várias espécies endémicas, incluindo várias espécies do género Memphis.[13] Algumas lagartas de Memphis alimentam-se exclusivamente das folhas de uma única espécie de Ocotea (por exemplo Memphis mora alimenta-se apenas de folhas de Ocotea cernua e Memphis boisduvali alimenta-se exclusivamente das folhas de Ocotea veraguensis.[13]
A dispersão de sementes de muitas das espécies de Ocotea é feita por aves frugívoras, tais como os tucanos, os quetzal (Pharomachrus), os pombos-torcazes, a araponga (aves da família Cotingidae, especialmente a espécie Procnias tricarunculatus)[14] e Poicephalus robustus (na África do Sul).[15]
Os frutos de Ocotea são também consumidos por diversas aves Columbiformes, tais como Columba trocaz,[16] pombo-de-delegorgue (Columba delegorguei),[15] pombo-de-bolle (Columba bollii),[17] pombo-do-congo (Columba unicincta)[18][19][20] e algumas rolas americanas (especialmente Zenaida macroura, a rola-carpideira).[21]
A maioria das espécies arbóreas africanas de Ocotea são antigas espécies paleoendémicas,[22] que em tempos antigos tiveram uma ampla distribuição naquele continente.[17][22] Contudo, esta não é a situação nas Américas, onde apenas na Venezuela foram colectadas 89 espécies distintas.[23]
Várias espécies de Ocotea são susceptíveis ao ataque de diversos organismos fitopatogénicos indutores do apodrecimento das raízes, entre os quais Loweporus inflexibilis, Phellinus apiahynus[24] e Phytophthora cinnamomi.[25]
Algumas espécies de Ocotea servem de local de nidificação para formigas, as quais que podem viver em bolsas na base das folhas ou em caules ocos. As formigas patrulham as suas plantas hospedeiras com maior frequência em resposta a perturbações ou ao aparecimento de pragas de insectos, entre os quais gafanhotos.[26]
Usos
[editar | editar código-fonte]As plantas do género Ocotea produzem óleos essenciais ricos em cânfora e safrol, que nalguns casos têm importância económica. É o caso das espécies O. cymbarum, O. caudata, O. pretiosa e O. usambarensis que são exploradas comercialmente.
As espécies Ocotea usambarensis (conhecida por cânfora-da-áfrica-oriental), Ocotea cernua (do Peru) e Ocotea odorifera (sassafrás do Brasil) são mesmo comercializadas iternacionalmente.
Os calíbios secos da espécie Ocotea quixos, conhecida por ishpingo, são utilizados no Equador para dar sabor a bebidas, entre as quais a colada morada.
Canela Sassafrás é uma das arvores brasileiras nativas de madeira mais estimadas para confecção de toneis para envelhecimento de cachaça.
Algumas espécies arbóreas de Ocotea de crescimento rápido são utilizadas em silvicultura comercial para produção de madeira. Entre essas espécies contam-se Ocotea puberula (da América Central e do Sul), Ocotea bullata (comercializada como black ou true stinkwood na África do Sul) e Ocotea usambarensis. A madeira destas espécies é valorizada pela sua resistência à decomposição por fungos.
Ocotea odorifera (sassafrás) e Ocotea kuhlmanni são frequentemente cultivadas como plantas melíferas.
Lista de espécies
[editar | editar código-fonte]O género Ocotea inclui mais de 200 espécies, quase todas neotropicais. A lista que se segue, embora não é exaustiva, apresenta as espécies mais relevantes de Ocotea:[27]
- Ocotea aciphylla
- Ocotea acutifolia (Nees) Mez
- Ocotea albida
- Ocotea albopunctulata
- Ocotea amazonica
- Ocotea amplifolia
- Ocotea arechavaletae
- Ocotea argylei
- Ocotea arnottiana
- Ocotea atirrensis
- Ocotea bangii
- Ocotea basicordatifolia
- Ocotea benthamiana
- Ocotea bofo
- Ocotea bullata –
- Ocotea calophylla
- Ocotea camphoromoea
- Ocotea catharinensis
- Ocotea cernua –
- Ocotea clarkei
- Ocotea corymbosa Mez
- Ocotea cuneifolia
- Ocotea cuprea
- Ocotea cymbarum (por vezes incluída em O. odorifera)
- Ocotea dendrodaphne
- Ocotea diospyrifolia (Meisn.) Mez
- Ocotea dispersa (Nees) Mez
- Ocotea divaricata (Nees) Mez
- Ocotea domatiata Mez
- Ocotea fasciculata (Nees) Mez
- Ocotea floribunda
- Ocotea foeniculacea –
- Ocotea foetens – "til", "tilo"
- Ocotea gabonensis
- Ocotea glaucosericea
- Ocotea glaziovii Mez
- Ocotea gracilis
- Ocotea guianensis
- Ocotea harrisii
- Ocotea heterochroma
- Ocotea ikonyokpe van der Werff
- Ocotea indecora (Schott) Mez
- Ocotea insularis
- Ocotea illustris
- Ocotea infrafoveolata
- Ocotea javitensis
- Ocotea jelskii
- Ocotea jorge-escobarii
- Ocotea kenyensis
- Ocotea kuhlmanni Vattimo
- Ocotea lancifolia
- Ocotea lancilimba
- Ocotea langsdorffii
- Ocotea laxiflora
- Ocotea leucoxylon –
- Ocotea longifolia
- Ocotea mandonii
- Ocotea marmellensis
- Ocotea matogrossensis
- Ocotea megaphylla
- Ocotea minarum Mart. ex Nees
- Ocotea monzonensis
- Ocotea moschata – nemoca
- Ocotea nemodaphne – louro sassafrás
- Ocotea notata (Nees) Mez
- Ocotea oblonga
- Ocotea obtusata
- Ocotea odorifera – sassafrás-brasileiro
- Ocotea oocarpa
- Ocotea opoifera
- Ocotea otuzcensis
- Ocotea pachypoda
- Ocotea pauciflora
- Ocotea porosa – (por vezes colocada no género Phoebe)
- Ocotea porphyria
- Ocotea portoricensis
- Ocotea prunifolia
- Ocotea puberula
- Ocotea pulchella Mart.
- Ocotea pulchra Vattimo-Gil
- Ocotea quixos – ishpingo
- Ocotea raimondii
- Ocotea regeliana
- Ocotea rivularis
- Ocotea robertsoniae
- Ocotea rotundata
- Ocotea rubrinervis
- Ocotea rugosa
- Ocotea rusbyana
- Ocotea sericea
- Ocotea silvestris Vattimo-Gil
- Ocotea smithiana
- Ocotea spathulata
- Ocotea spectabilis
- Ocotea spixiana (Nees) Mez
- Ocotea staminoides
- Ocotea tabacifolia (Meisn.) Rohwer
- Ocotea teleiandra (Meisn.) Mez
- Ocotea urbaniana Mez
- Ocotea usambarensis – cânfora africana
- Ocotea uxpanapana
- Ocotea vaccinioides Meisn.
- Ocotea variabilis Meisn.
- Ocotea velloziana
- Ocotea velutina Mart.
- Ocotea veraguensis
- Ocotea viridiflora
- Ocotea wrightii –
A distinção entre as espécies de Ocotea e as de Nectandra e outros géneros filogeneticamente próximos é problemática. As espécies do género Povedadaphne podem melhor ser integradas em Ocotea.
As seguintes espécies foram tradicionalmente colocadas no género Ocotea mas estudos de filogenia molecular confirmaram a sua pertença a outros géneros:[28]
- Chlorocardium rodiei (bibiru), como O. rodiei
- Nectandra coriacea, como O. catesbyana, O. coriacea
- Sextonia rubra, como O. rubra
Referências
[editar | editar código-fonte]- ↑ «Tropicos.org»
- ↑ «Ocotea». Theplantlist.org. Consultado em 19 de maio de 2012
- ↑ a b c Henk van der Werff (1996). «Ocotea ikonyokpe, a new species of Lauraceae from Cameroon». Novon. 6 (4): 460–462. JSTOR 3392056
- ↑ «ITIS, Integrated Taxonomic Information System»
- ↑ Alain H. Liogier; Luis F. Martorell (2000). Flora of Puerto Rico and Adjacent Islands: a Systematic Synopsis. [S.l.: s.n.] ISBN 9780847703692
- ↑ Kostermans, Achmad Jahja (GH); Marais, W. (1979). Ocotea (Lauraceae) in the Mascarene Islands. [S.l.]: H.M. Stationery Office. Consultado em 19 de maio de 2012
- ↑ «Ocotea foetens». Lista Vermelha da IUCN de espécies ameaçadas da UICN 2011.2 (em inglês). 1998. ISSN 2307-8235. Consultado em 24 de Maio de 2012
- ↑ a b c José González (2007). «Flora Digital De Palo Verde» (PDF). Consultado em 10 de outubro de 2018. Arquivado do original (PDF) em 24 de setembro de 2015
- ↑ Andrés Castillo Q. (2010). «Manual dendrológico de las principales especies de interés comercial actual y potencial de la zona del Alto Huallaga» (em espanhol). Cámara Nacional Forestal
- ↑ Henk van der Werff (2002). «A synopsis of Ocotea (Lauraceae) in Central America and Southern Mexico». Annals of the Missouri Botanical Garden. 89 (3): 429–451. JSTOR 3298602
- ↑ «Plants Profile: ''Ocotea'' Aubl.». USDA. Consultado em 1 de abril de 2008
- ↑ Palaeoenvironmental analysis of the Messinian macrofossil floras of Tossignano and Monte Tondo (Vena del Gesso Basin, Romagna Apennines, northern Italy) - Vasilis Teodoridis, Zlatko Kvacek, Marco Sami and Edoardo Martinetto - December 2015 DOI: 10.14446/AMNP.2015.249.
- ↑ a b Daniel H. Janzen. «About Memphis mora». Ontario Genomics Institute. Consultado em 1 de maio de 2012. Arquivado do original em 26 de setembro de 2011
- ↑ J. Phil Gibson & Nathaniel T. Wheelwright (1995). «Genetic structure in a population of a tropical tree Ocotea tenera (Lauraceae): influence of avian seed dispersal» (PDF). Oecologia. 103 (1): 49–54. JSTOR 4221000. PMID 28306944. doi:10.1007/BF00328424. Consultado em 10 de outubro de 2018. Arquivado do original (PDF) em 23 de setembro de 2015
- ↑ a b «''Ocotea bullata''». Plantzafrica. 22 de novembro de 2002. Consultado em 20 de maio de 2012
- ↑ Paulo Oliveira; Patricia Marrero & Manuel Nogales (2002). «Diet of the endemic Madeira laurel pigeon and fruit resource availability: a study using microhistological analyses». The Condor. 104 (4): 811–822. JSTOR 1370703. doi:10.1650/0010-5422(2002)104[0811:doteml]2.0.co;2
- ↑ a b «MANAGEMENT of Natura 2000 habitats * Macaronesian laurel forests (Laurus, Ocotea) 9360: Directive 92/43/EEC on the conservation of natural habitats and of wild fauna and flora» (PDF)
- ↑ David Gibbs (2010). Pigeons and Doves: a Guide to the Pigeons and Doves of the World. [S.l.]: A&C Black. ISBN 9781408135563. Consultado em 20 de maio de 2012
- ↑ «Biodiversity Explorer: The web of life in southern Africa». Columba arquatrix (African olive-pigeon, Rameron pigeon). Biodiversityexplorer.org. Consultado em 20 de maio de 2012
- ↑ Steven T. Mwihomeke; Innocent J.E. Zilihona; William C. Hamisy; Dismas Mwaseba (n.d.). «Assessment Of Forest User Groups And Their Relationship To The Condition Of The Natural Forests In The Uluguru Mountains» (PDF). Wildlife Conservation Society of Tanzania (WCST). Consultado em 10 de outubro de 2018. Arquivado do original (PDF) em 27 de fevereiro de 2012
- ↑ Mahabir P. Gupta (2006). «Medicinal Plants Originating In The Andean High Plateau And Central Valleys Region Of Bolivia, Ecuador And Peru» (PDF). Consultado em 10 de outubro de 2018. Arquivado do original (PDF) em 10 de setembro de 2016
- ↑ a b Ben H. Warren & Julie A. Hawkins (2006). «The distribution of species diversity across a flora's component lineages: dating the Cape's 'relicts'». Proceedings of the Royal Society B: Biological Sciences. 273 (1598): 2149–2158. PMC 1635518. PMID 16901834. doi:10.1098/rspb.2006.3560
- ↑ Hernán E. Ferrer-Pereira (2009). «Lauraceae at the Herbario Nacional de Venezuela (VEN)» (PDF). Herbario Nacional de Venezuela
- ↑ P. Renvall & T. Niemelä (1993). «Ocotea usambarensis and its fungal decayers in natural stands». Bulletin du Jardin botanique national de Belgique / Bulletin van de National Plantentuin van België. 62 (1/4): 403–414. JSTOR 3668286
- ↑ W. A. Lübbe & G. P. Mostert (1991). «Rate of Ocotea bullata decline in association with Phytophtora cinnamomi at three study sites in the Southern Cape indigenous forests». South African Forestry Journal. 159 (1): 17–24. doi:10.1080/00382167.1991.9630390
- ↑ Jean Stout (1979). «An association of an ant, a mealy bug, and an understory tree from a Costa Rican rain forest». Biotropica. 11 (4): 309–311. JSTOR 2387924
- ↑ «Ocotea Aubl.». Agricultural Research Service (ARS), United States Department of Agriculture (USDA). Germplasm Resources Information Network (GRIN). Consultado em 19 de fevereiro de 2010
- ↑ [1].