Neisseria gonorrhoeae
Neisseria gonorrhoeae | |||||||||||||||
---|---|---|---|---|---|---|---|---|---|---|---|---|---|---|---|
Classificação científica | |||||||||||||||
| |||||||||||||||
Nome binomial | |||||||||||||||
Neisseria gonorrhoeae Zopf, 1885 |
Neisseria gonorrhoeae é uma bactéria da família Neisseriaceae. É um diplococo gram-negativo, não flagelado, não formador de esporos, não hemolítico, aeróbio ou facultativamente anaeróbio que habita o trato respiratório superior do homem, sendo responsável pela gonorreia – doença sexualmente transmissível, com formato de rim – e consequentemente pela conjuntivite gonocócica – doença hereditariamente transmitida da mãe para o filho ou sexualmente transmitida pelo intercurso geno-oftálmico. Este agente patogênico pode ser classificado em 5 tipos coloniais (dependem da produção de fímbrias pelas células), sorotipos e auxotipos. Estas classificações são importantes para a compreensão da epidemiologia e da virulência da espécie. É oxidase positiva, catalase positiva, é sensível a ambientes secos ou ácidos gordos, exige cisteína para o seu crescimento e não apresenta uma verdadeira cápsula polissacarídea.
A Neissera gonorroeae é uma bactéria capnófila, ou seja, vive em locais com grande concentrações de gás carbônico. Utilizam suas fímbrias para aderirem à mucosa urogenital e caso apresentem mutações e sejam desprovidas de fimbrias, torna-se uma bactéria não patogênica.
Doenças
[editar | editar código-fonte]- Gonorreia
- Oftalmia "neonatorum"
- Gonorreia ano-rectal;
- Faringite.
Factores de virulência
[editar | editar código-fonte]As colónias T1 e T2 estão associadas à virulência, apresentando os seguintes factores:
- Proteínas externas da membrana:OMP-1 e OMP-2, com a função de porinas;[1]
- Pilli - que gozam de conversão antigénica e variação de fase, e que intervêm na adesão e colonização dos tecidos (a OMP-2 também ajuda nesta função
- Toxinas LOS (lipooligossacarídeo)[2] e outras Endotoxinas;
- Enzimas: protease IgA e beta-lactamasez.
A virulência pode ficar comprometida caso o microrganismo sofra alterações estruturais de superfície.
Patogénese
[editar | editar código-fonte]A Neisseria gonorrhoeae invade células epiteliais não-ciliadas, multiplica-se em vacúolos intracelulares. A LOS desencadeia a produção de TNF-α, levando à inflamação e consequente destruição tecidular. Se a infecção não for tratada, vai persistir e levar à inflamação crónica que se manifesta como fibrose. Esta fibrose pode levar à esterilidade, à destruição articular e à cegueira.
Epidemiologia
[editar | editar código-fonte]O único hospedeiro do gonococo é o homem. No adulto, a infecção sempre é transmitida durante o acto sexual. A gonorreia ocorre frequentemente em indívíduos dos 15 aos 24 anos.São "grupos de risco" os seguintes: contactos sexuais com indivíduos afectados, adolescentes com actividade sexual precoce e múltiplos parceiros sexuais. O risco de infecção de uma mulher após ter contacto com homem infectado é de 40 a 60%, enquanto que o risco de infecção de um homem após ter contacto com mulher infectada é de cerca de 20%.
Quadro Clínico
[editar | editar código-fonte]No Homem, em 95% dos homens infectados a sintomatologia é aguda, ocorrendo inflamação genital restrita à uretra (uretrite aguda), com formação de um exsudado purulento, e que é acompanhado de disúria. Em casos raros, a infecção pode-se estender para a próstata, epidídimo e vesículas seminais. Na Mulher, a principal forma clínica é cervicite, ocorrendo inflamação do colo uterino, leucorreia vaginal, disúria, dor abdominal, infecção genital ascendente que pode levar a salpingite, abcesso tubo-ovárico e doença pélvica inflamatória. Finalmente, em casos mais graves, a infecção pode-se disseminar, traduzindo-se em bacteriémia, infecção cutânea e articular. Sendo assim mantendo os cuidados necessários.
Diagnóstico laboratorial
[editar | editar código-fonte]Para diagnóstico laboratorial, o produto a ser recolhido é o exsudado uretral, que é submetido a exame microscópico directo, recorrendo à coloração de Gram. A detecção é mais fácil no homem no que na mulher, pois há outras bacterias semelhantes na microbiota natural da vagina. Se o Gonococo se encontrar dentro de neutrófilos polimorfonuclares, trata-se de uma infecção aguda, se se encontrar no exterior, trata-se de uma infecção crónica. Se o resultado der negativo e o doente for assintomático, deve-se realizar um exame cultural, que desempenha aqui um papel primordial. Devem-se usar meios selectivos e/ou complexos ( ex. Ágar Chocolate ) e ter em conta que os Gonococos são frágeis. O exame serológico não tem interesse. Já os exames moleculares como o PCR e a detecção directa do microrganismo por meio de sondas comerciais permitem obter um resultado rápido, não permitindo porém monitorizar a resistência aos antibióticos.
Tratamento
[editar | editar código-fonte]Como antibioterapia de primeira linha, é frequente a administração de ceftriaxona, cefixima ou fluoroquinolonas. Em caso de inflamação mista com Clamydia, recorre-se à ceftriaxona com doxiciclina ou azitromicina.[3]
Vacinação
[editar | editar código-fonte]Devido a variação de sorogrupos ( devido à especificidade de polissacarídeos capsulares), as vacinas em desenvolvimento não conseguem, ainda, responder à diversidade antigénica do gonococo.
Quimioprofilaxia
[editar | editar código-fonte]É ineficaz, excepto do tratamento da oftalmia neonatorum. Esta doença é tratada com aplicação tópica de nitrato de prata a 1%, tetraciclina a 1% ou eritromicina a 1%.
Medidas comunitárias
[editar | editar código-fonte]Deve fazer-se uma abordagem educacional a este problema e um seguimento dos contactos sexuais, porque a gonorreia não é uma doença insignificante. A infecção crónica pode levar a esterilidade, e a infecção assintomática prolonga o reservatório populacional da Neisseria, levando a que mais gente possa estar exposta ao agente. A campanha de utilização de preservativos surpreendentemente perdeu força com o desenvolvimento de tratamentos mais eficazes para HIV. Sendo assim, a divulgação dos perigos de outras DSTs é importante para concientização da população.
Referências
- ↑ Textbookofbacteriology.net http://www.textbookofbacteriology.net/neisseria_2.html Em falta ou vazio
|título=
(ajuda) - ↑ Textbookofbacteriology.net http://www.textbookofbacteriology.net/neisseria.html Em falta ou vazio
|título=
(ajuda) - ↑ Textbookofbacteriology.net http://www.textbookofbacteriology.net/neisseria_4.html Em falta ou vazio
|título=
(ajuda)