Estudo de Melhoria Das Condiçoes de Trabalho Industria de Vidros

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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO SUL

ESCOLA DE ENGENHARIA
MESTRADO PROFISSIONALIZANTE EM ENGENHARIA
PROGRAMA DE PS-GRADUAO EM ENGENHARIA DE PRODUO
ESTUDO DE MELHORIA DAS CONDIES DE TRABALHO E LAYOUT NA
INDSTRIA DE ARTEFATOS DE VIDROS
Adriana de Mello Tucci
2
Porto Alegre
2006
UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO SUL
ESCOLA DE ENGENHARIA
MESTRADO PROFISSIONALIZANTE EM ENGENHARIA
PROGRAMA DE PS-GRADUAO EM ENGENHARIA DE PRODUO
ESTUDO DE MELHORIA DAS CONDIES DE TRABALHO E LAYOUT NA
INDSTRIA DE ARTEFATOS DE VIDROS
Adriana de Mello Tucci
Trabalho de Concluso do Curso de Mestrado
Profissionalizante em Engenharia como requisito parcial
obteno do ttulo de Mestre em Engenharia
modalidade Profissionalizante nfase Sistemas de
Produo
Orientador: Professor Dr. Fernando Gonalves Amaral
3
Porto Alegre
2006
Este Trabalho de Concluso foi analisado e julgado adequado para a obteno do ttulo
de Mestre em Engenharia e aprovado em sua forma final pelo Orientador e pelo
Coordenador do Mestrado Profissionalizante em Engenharia, Escola de Engenharia -
Universidade Federal do Rio Grande do Sul.
_______________________________________
Prof. Fernando Gonalves Amaral, Dr.
Orientador Escola de Engenharia/UFRGS
____________________________________
Prof. Luis Antonio Lindau, PhD
Coordenador MP/Escola de Engenharia/UFRGS
BANCA EXAMINADORA
Prof. Dra. Giovanna Sanritri Posa
PPGEP/UFRGS
Prof. Dr. Julio Carlos van der Linden
4
UNIRITTER
Prof. Dr. Mrio dos Santos Ferreira
PUCRS
5
DEDICATRIA
CARLOS EDUARDO MORELLI TUCCI, meu pai e
minha fonte eterna de inspirao e motivao.
AGRADECIMENTOS
Agradeo aos funcionrios da empresa onde foi realizado o estudo, pela pacincia e
compreenso na coleta de dados;
A Diretoria da Empresa, pela confiana na disponibilidade de acesso, sem o qual no
seria possvel a realizao deste trabalho;
A colega e amiga Juliana Tabbal da Costa pela amizade, apoio e companheirismo em
todas etapas deste trabalho;
Ao Professor Dr. Fernando Gonalves Amaral, pela flexibilidade, pacincia e
brilhantismo na sua orientao;
A meu irmo Rafael Mello Tucci, pelo suporte emocional;
A meu pai e minha me Jane Mello Tucci, pelo amor e apoio incondicional em todos
os momentos importantes da minha vida;
A Deus, pela fora de sua luz nos momentos de insegurana e falta de clareza diante
do meu caminho.
6
RESUMO
Atualmente, a competitividade est cada vez mais acirrada entre as organizaes. As
empresas esto preocupadas em conquistar o mercado de maneira diferente do passado,
buscando maior qualidade no trabalho e na produtividade. Neste contexto, o presente estudo
teve como objetivo a melhoria nas condies de trabalho e layout de processo em uma
empresa distribuidora de vidros planos e produtora de vidros curvos e temperados. Para tanto,
este trabalho utilizou dois instrumentos metodolgicos para avaliao de questes referentes
ao processo e aos postos de trabalho. Com a anlise do layout de processo, feita atravs do
primeiro mtodo, foi possvel identificar fatores crticos no que diz respeito ao fluxo e
transporte de materiais. Alm disso, o segundo instrumento de anlise proporcionou a
avaliao nos postos de trabalho, na qual pode verificar condies desfavorveis em relao
luminosidade e ao ambiente trmico. Em seguida, foi estabelecida uma proposta de melhorias
para otimizar e organizar o layout de processo atual e contribuir com os fatores fsicos
ambientais das condies de trabalho. Portanto, atravs dos mtodos apresentados conseguiu-
se atingir o objetivo inicial do estudo e propor modificaes importantes para o bem estar do
trabalhador.
PALAVRAS-CHAVE: Condies de Trabalho, Layout de Processo, Vidro.
7
ABSTRACT
Currently, competitiveness is stronger among organizations. The companies are improving the
efficiency and productivity as compare from past practices. In this context, this research had
as objective the improvement of the work conditions and layout process in a deliver plain
glass company and arched and tempered glass producer. Two methods were used in the
evaluation of the process and workers activities. The first method was used to evaluate the
layout of the process where was possible to identify critical factors about the flow and
transport of materials. The second method allowed the evaluation of the workers conditions
where bad conditions such as limited luminosity and the thermal environment were found.
Based on the assessment made was established a proposal to optimize and to organize the
layout of current process in order to improve the physical factors of the workers environment
in the plant. Therefore, through the developed procedures the objective of the study was
obtained as the modifications proposed improved the safety of the worker environment and it
is likely to increase the productivity.
KEYWORDS: Work Conditions, Layout of Process, Glass.
8
SUMRIO
LISTA DE ILUSTRAES......................................................................................... 10
LISTA DE TABELAS................................................................................................... 12
1 INTRODUO........................................................................................................... 13
1.1 APRESENTAO DO TEMA................................................................................. 13
1.2 OBJETIVOS.............................................................................................................. 16
1.2.1 Objetivo Geral.................................................................................................... 16
1.2.2 Objetivos Especficos ........................................................................................ 16
1.3 JUSTIFICATIVA...................................................................................................... 16
1.4 PROCEDIMENTOS METODOLGICOS............................................................... 17
1.5 DELIMITAO DO ESTUDO................................................................................ 18
1.6 ESTRUTURA DO TRABALHO.............................................................................. 19
2 REVISO BIBLIOGRFICA.................................................................................. 20
2.1 A INDSTRIA DO VIDRO..................................................................................... 20
2.1.1 O Vidro e sua Histria...................................................................................... 22
2.1.2 Fabricao do Vidro Plano .............................................................................. 23
2.1.3 Distribuio, Processamento e Comercializao do Vidro Plano ................ 26
2.1.4 Outros Segmentos do Vidro.............................................................................. 27
2.2 TIPO DE PROCESSOS ........................................................................................... 28
2.2.1 Processo de Projeto ........................................................................................... 28
2.2.2 Processo por Tarefa .......................................................................................... 29
2.2.3 Processo em Lotes ............................................................................................. 29
2.2.4 Processo em Linha ............................................................................................ 30
2.2.5 Processo Contnuo ............................................................................................. 30
2.3 ANLISE DO PROCESSO....................................................................................... 31
2.3.1 Fluxograma......................................................................................................... 31
2.3.2 Mapa de Processo .............................................................................................. 33
2.3.3 Diagrama de Blocos........................................................................................... 35
2.4 TIPOS DE LAYOUT.................................................................................................. 36
2.4.1 Layout Posicional ............................................................................................... 37
2.4.2 Layout por Processo........................................................................................... 37
2.4.3 Layout Celular ................................................................................................... 38
2.4.4 Layout por Produto .......................................................................................... 38
2.5 PRODUO DE VIDROS E CONDIES DE TRABALHO............................... 40
2.6 TRABALHO VERSUS ERGONOMIA.................................................................... 45
2.7 A INFLUNCIA AOS FATORES FSICOS-AMBIENTAIS NO AMBIENTE
DE TRABALHO.............................................................................................................. 48
2.7.1 Temperatura....................................................................................................... 48
2.7.2 Iluminao ......................................................................................................... 49
2.7.3 Rudo .................................................................................................................. 50
2.8 EXIGNCIAS FSICAS NO TRABALHO.............................................................. 50
2.8.1 O Trabalho Muscular ....................................................................................... 51
2.8.2 Manuseio de Cargas .......................................................................................... 52
9
2.9 CONSIDERAES A RESPEITO DA REVISO BIBLIOGRFICA.................. 53
3 METODOLOGIA....................................................................................................... 54
3.1 MTODO DE ANLISE DE PROCESSO.............................................................. 55
3.1.1 Identificao do Tipo de Processo ................................................................... 55
3.1.2 Coleta de Informaes do Processo ................................................................. 56
3.1.3 Construo do Mapa de Processo ................................................................... 56
3.1.4 Construo do Diagrama de Blocos ................................................................ 57
3.1.5 Identificao dos Fatores do Processo ............................................................. 57
3.2.6 Anlise dos Fatores Crticos do Processo......................................................... 58
3.2 MTODO DE ANLISE DE POSTOS DE TRABALHO ...................................... 58
3.2.1 Identificao dos Postos de Trabalho .............................................................. 58
3.2.2 Coleta de Informaes dos Postos de Trabalho .............................................. 59
3.2.3 Construo dos Perfis Analticos dos Postos de Trabalho............................. 60
3.2.4 Construo do Perfil Global de um Conjunto de Postos de Trabalho ......... 61
3.2.5 Identificao dos Fatores por Posto de Trabalho .......................................... 62
3.2.6 Anlise dos Fatores Crticos dos Postos de Trabalho..................................... 63
4 RESULTADOS .......................................................................................................... 64
4.1 APRESENTAO DA EMPRESA ......................................................................... 64
4.1.1 Caractersticas do Processo .............................................................................. 65
4.1.2 Descrio dos Postos de Trabalho ................................................................... 66
4.2 APLICAO DO MTODO DE ANLISE DO PROCESSO .............................. 69
4.2.1 Identificao do Tipo de Processo.................................................................... 69
4.2.2 Coleta de Informaes do Processo.................................................................. 70
4.2.3 Construo do Mapa de Processo..................................................................... 71
4.2.4 Construo do Diagrama de Blocos................................................................. 74
4.2.5 Identificao dos Fatores do Processo.............................................................. 75
4.2.6 Anlise dos Fatores Crticos do Processo......................................................... 76
4.3 APLICAO DO MTODO DE ANLISE DE POSTOS DE TRABALHO........ 76
4.3.1 Identificao dos Postos de Trabalho............................................................... 76
4.3.2 Coleta de Informaes dos Postos de Trabalho............................................... 77
4.3.3 Construo dos Perfis Analticos dos Postos de Trabalho............................. 78
4.3.4 Construo do Perfil Global de um Conjunto de Postos de Trabalho.......... 87
4.3.5 Identificao dos Fatores por Posto de Trabalho........................................... 87
4.3.6 Anlise dos Fatores Crticos dos Postos de Trabalho..................................... 88
4.4 DISCUSSO DOS RESULTADOS ........................................................................ 89
4.5 PROPOSTA .............................................................................................................. 90
4.6 CONSIDERAES A RESPEITO DA PROPOSTA............................................... 101
5 CONCLUSO ............................................................................................................ 102
REFERNCIAS ............................................................................................................ 104
APNDICE..................................................................................................................... 107
APNDICE A - Resultados dos Mapas de Processo....................................................... 107
APNDICE B - Grficos dos Fatores............................................................................. 113
10
ANEXO .......................................................................................................................... 121
ANEXO A - O Perfil dos Postos de Trabalho................................................................. 121
ANEXO B - Perfil Analtico............................................................................................ 127
ANEXO C - Questionrio Subjetivo................................................................................ 173
11
LISTA DE ILUSTRAES
Figura 1: Componentes do vidro...................................................................................... 20
Figura 2: Tipos de processos em operaes de manufatura............................................. 31
Figura 3: Fluxograma para um concerto de automvel................................................... 32
Figura 4: Exemplo de um diagrama de blocos................................................................. 35
Figura 5: Relaes entre tipos de processo e tipos bsicos de arranjo fsico................... 36
Figura 6: Posio do processo no contnuo volume-variedade ...................................... 39
Figura 7: Cinta de ao em ponte e empilhamento............................................................ 42
Figura 8: Polonier para seis pilhas e colares com escoras............................................... 42
Figura 9: Cavalete para transporte do vidro..................................................................... 43
Figura 10: Equipamentos de proteo individual para contato com vidros..................... 44
Figura 11: Etapas de desenvolvimento metodolgico.................................................... 54
Figura 12: Critrios e fatores de anlise de postos de trabalho........................................ 59
Figura 13: Nveis de penosidade dos fatores avaliados................................................... 60
Figura 14: Exemplo do perfil analtico para um posto de trabalho.................................. 61
Figura 15: Exemplo do perfil global dos postos de trabalho........................................... 62
Figura 16: Exemplo do grfico para priorizao de fatores............................................. 62
Figura 17: Exemplo de um grfico de pareto................................................................... 63
Figura 18: Vinte e oito produtos fabricados.................................................................... 65
Figura 19: Planta baixa da fbrica.................................................................................... 70
Figura 20: Fluxograma da fbrica produtora e distribuidora de vidros........................... 72
Figura 21:Diagrama de blocos do arranjo fsico atual.................................................... 74
Figura 22:Diagrama de blocos do arranjo fsico atual apresentando o fluxo................. 75
Figura 23:Perfil do posto 01............................................................................................ 80
Figura 24: Perfil do posto 13............................................................................................ 80
Figura 25: Perfil do posto 08............................................................................................ 81
Figura 26: Perfil do posto 09............................................................................................ 81
Figura 27: Perfil do posto 12............................................................................................ 82
Figura 28: Perfil do posto 11........................................................................................... 82
Figura 29: Perfil do posto 15........................................................................................... 82
Figura 30: Perfil do posto 03............................................................................................ 83
Figura 31: Perfil do posto 04............................................................................................ 84
Figura 32: Perfil do posto 06............................................................................................ 84
Figura 33: Perfil do posto 10............................................................................................ 84
Figura 34: Perfil do posto 07........................................................................................... 85
Figura 35: Perfil do posto 14............................................................................................ 85
Figura 36: Perfil do posto 02........................................................................................... 86
Figura 37: Perfil do posto 05........................................................................................... 86
Figura 38: Perfil global dos postos de trabalho............................................................... 87
Figura 39: Pareto dos fatores avaliados pelo analista e pelos funcionrios..................... 89
Figura 40: Diagrama de blocos proposto......................................................................... 91
Figura 41: Diagrama de blocos proposto demonstrando o fluxo dos produtos............... 92
Figura 42: Arranjo fsico proposto................................................................................... 92
Figura 43: Exaustor elico............................................................................................... 94
Figura 44: Planta baixa atual demonstrando atravs das flechas sistema de ventilao.. 95
Figura 45: Exaustor elico na fbrica em estudo............................................................. 96
Figura 46: Equipamento para ventilao proposta........................................................... 96
Figura 47: Ventilao proposta........................................................................................ 97
12
Figura 48: Somente operador da esquerda est usando protetor ouricular...................... 98
Figura 49: Ventosa para manuseio do vidro.................................................................... 99
Figura 50: Iluminao natural e artificial da fbrica de vidros........................................ 99
Figura 51: Luminria proposta para a iluminao localizada na fbrica de vidros......... 100
Figura 52: Exemplo de posto de trabalho com iluminao proposta............................... 100
Figura 53: Grfico com as diferenas dos mapas de processo......................................... 101
13
LISTA DE TABELAS
Tabela 1: Desempenho global do setor vidreiro em 2004................................................ 15
Tabela 2: Mapa de processo para admisso na sala de emergncia................................. 34
Tabela 3: Tabela para organizao de dados................................................................... 68
Tabela 4: Mapa de processo do arranjo fsico atual......................................................... 73
Tabela 5: Resultado dos questionrios............................................................................. 78
Tabela 6: Resultado das medianas por critrio................................................................ 79
Tabela 7: Tabela dos fatores avaliados pelo analista e pelos funcionrios...................... 88
Tabela 8: Tabela dos fatores crticos verificados............................................................. 90
Tabela 9: Mapa de processo do arranjo fsico proposto................................................. 93
Tabela 10: Diferena entre a distncia percorrida no mapa de processo atual e o prop.. 101
14
1. INTRODUO
1.1 APRESENTAO DO TEMA
No mundo moderno, diversas mudanas sociais, econmicas, polticas e tecnolgicas
vm ocorrendo, motivando as empresas a buscarem a excelncia na qualidade e a reduo nos
custos de seus produtos. Aliado a isso, com este cenrio econmico mundial, faz-se cada vez
mais necessrias modificaes nos setores produtivos e transformaes no trabalho.
Os ambientes de trabalho formal, no mbito dos sistemas de produo, so tpicos de
empresas que fabricam, confeccionam, elaboram e montam produtos e sistemas de produtos
de tipo, classe, categoria e natureza diversificada. So ambientes industriais: fbricas, usinas,
laboratrios, oficinas e assemelhados. Seus edifcios e instalaes industriais, bem como suas
mquinas, ferramentas, equipamentos, insumos, etc., so igualmente diversificados. Eles
abrangem desde as micro, pequenas, mdias e grandes empresas at os grandes
conglomerados transnacionais, congregando tambm vrios recursos humanos em todo um
complexo de relaes humanas composto de trabalhadores braais, especializados, tcnicos,
cientistas, tecnolgicos e pessoal administrativo, entre outros (GOMES, 2003).
De acordo com Slack et al. (2002), o gerenciamento da produo freqentemente
apresentado como um assunto cujo foco principal est em tecnologia, sistemas, procedimentos
e instalaes. Ao contrrio disso, a forma como os recursos humanos so gerenciados tem
impacto profundo sobre a eficincia de suas funes operacionais.
As atividades de trabalho e as condies nas quais so realizadas tm conseqncias
mltiplas para os operadores, assim como para a produo e os meios de trabalho. Desta
forma, as conseqncias para os operadores podem envolver sua sade e seu estado funcional,
limitar as possibilidades de evoluo de suas competncias e restringir a possvel ampliao
de sua experincia profissional. Essas conseqncias tm ento decorrncias sobre sua vida
social e econmica, sobre sua formao e seu emprego. J os reflexos para os meios de
produo esto relacionados s modalidades de uso das ferramentas e das instalaes. So
capazes de lev-los a um desgaste rpido, a quebras acidentais, com possveis efeitos para os
trabalhadores, para a produo, mas tambm para o ambiente do posto de trabalho, at mesmo
da empresa (GURIN et al., 2004).
15
Verificar se o local de trabalho apresenta exigncias excessivamente altas ou se a
carga de trabalho est nos moldes de uma exigncia fisiolgica normal tornou-se um aspecto a
ser considerado. Logo, definir a forma pela qual as pessoas agem e se deslocam em relao a
seu trabalho, auxilia a desenvolver a cultura da empresa, seus valores e filosofia. Alm disso,
para que as organizaes possam agir de forma consciente dentro desse contexto, necessrio
preocupar-se com o ser humano e como ele se ajusta ao ambiente da fbrica.
Para essa finalidade, fundamental aperfeioar o arranjo fsico dos equipamentos, a
fim de otimizar todo o processo de fabricao, tornando-o mais gil e mais verstil. A este
arranjo fsico dos diversos postos de trabalho dentro de um ambiente d-se o nome de layout.
Assim, o desenvolvimento de um layout voltado para as aptides humanas favorecer uma
melhor adaptao das pessoas ao ambiente, proporcionando condies de trabalho mais
funcionais, agilizando os fluxos de fabricao ou tramitao de processos, otimizando o
aproveitamento dos espaos disponveis e minimizando a movimentao de pessoas,
produtos, materiais e documentos (SIMPEP, 2003).
De acordo com Muther (1986), o arranjo das reas de trabalho nasceu com o
comrcio, o artesanato e a execuo de trabalhos produtivos. A partir do desenvolvimento dos
sistemas produtivos, mais ateno passou a ser dada utilizao do espao. Uma srie de
desenvolvimentos no planejamento de arranjos fsicos foi atribuda aos engenheiros qumicos
e de minerao alemes; a produtores de vages canadenses; produtores de automveis de
Detroit e a construtores de navios britnicos. Os profissionais da rea industrial aprenderam
ento a relacionar suas estruturas s necessidades funcionais, adaptando-as ao espao
necessrio disponvel. Sendo assim, entende-se que o layout tem importncia significativa em
relao produo, de forma que um projeto inadequado pode gerar perdas como
deslocamentos desnecessrios, excesso de operaes e ineficincia produtiva.
Aliada a isso, e na busca de melhorias para as condies de trabalho que a abordagem
ergonmica se insere. Conforme Grandjean (2004), a ergonomia pode ser definida como a
cincia da configurao de trabalho adaptada ao homem. Logo, esta cincia tem por objeto o
estudo do trabalho, mas preciso reconhecer que a palavra trabalho abrange vrias realidades,
como mostra seu uso corrente. utilizada, conforme o caso, para designar condies de
trabalho (trabalho penoso, trabalho pesado,), o resultado do trabalho (um trabalho malfeito,
um trabalho de primeira,) ou a prpria atividade de trabalho (fazer seu trabalho, um
trabalho meticuloso, estar sobrecarregado de trabalho,) (GURIN et al., 2004).
Segundo Queirz e Maciel (2001) a ergonomia tem mostrado que movimentos
repetitivos, emprego de fora, posturas incorretas no trabalho, fatores ligados organizao
16
da atividade e ao ambiente ocorrem com freqncia em toda atividade industrial e podem
causar problemas de sade no trabalhador, aumentar o absentesmo e afetar at suas
atividades da vida diria.
Dessa forma, a utilizao de diferentes recursos tecnolgicos com diversificadas
formas de controle e organizao tem como conseqncia a exposio dos trabalhadores a
diferentes modalidades e intensidades de riscos, intermediados pelas particularidades dos
diversos processos industriais. Esse o caso da produo dos vidros, que apresenta
caractersticas muito peculiares quanto ao processo de transformao da matria-prima em
produtos finais, com a coexistncia de indstrias em diferentes fases de incorporao de
tecnologia e com distintas formas de organizao e controle do trabalho (QUEIRZ;
MACIEL, 2001).
Para Pilkington (1979), o vidro uma indstria em crescimento. A demanda global
por vidros supera o crescimento econmico mundial (Tabela 1). Hoje em dia, arquitetos e
projetistas de automveis utilizam mais vidro nos projetos aumentando a funcionalidade e
praticidade dos mesmos.
Tabela 1: Desempenho global do setor vidreiro em 2004
DESEMPENHO GLOBAL DO SETOR VIDREIRO 2004
SEGMENTO FATURAMENTO PARTICIPAO CAPACIDADE INVESTIMENTO INVESTIMENTO EMPREGOS
(milhes R$) DE PRODUO (milhes US$) (milhes US$ ) (mil)
(mil toneladas) 2004 2005/ Prev.
EMBALAGEM 1.109 29,90% 1.227 57,0 87,8 5,4
DOMSTICO 480 12,90% 283 9,0 26,0 2,6
VIDROS TCNICOS 1.119 30,30% 297 29,0 19,1 3,5
VIDROS PLANOS 998 26,90% 1.240 63,0 14,0 1,4
TOTAL 3.706 100,00% 3.097 158,0 146,9 12,9
Fonte: Adaptado de ABIVIDRO, 2005
Assim considerando, com o cenrio explicitado anteriormente, este trabalho visa, por
meio de uma abordagem ergonmica, a melhoria das condies de trabalho e de layout de
processo em uma empresa transformadora e distribuidora do setor de vidros.
17
1.2 OBJETIVOS
1.2.1 Objetivo Geral
Este trabalho teve como objetivo geral contribuir para melhorias nas condies de
trabalho e layout de processo vinculados distribuio de vidros planos e produo de vidros
curvos e temperados.
1.2.2 Objetivos Especficos
Para alcanar o objetivo geral, alguns objetivos especficos foram propostos:
- analisar as condies de trabalho e do layout em uma empresa da indstria do vidro
manufaturado;
- avaliar o impacto que essas condies de trabalho e de layout tm sobre a sade e
segurana dos trabalhadores;
- propor melhorias atravs do redimensionamento do cenrio encontrado.
1.3 JUSTIFICATIVA
Nos ltimos anos, o trabalho tem ocupado um espao muito importante na vida das
pessoas e da sociedade em geral. A relao ideal entre o homem e seu ambiente de trabalho
baseia-se no bem-estar, sade, segurana e satisfao do indivduo. No entanto, decidir onde
colocar todas as instalaes, mquinas, equipamentos e pessoal da produo envolve uma
srie de variveis ligadas s condies de trabalho e layout do processo.
A abordagem ergonmica contribui, para as condies de trabalho, e melhorias ligadas
ao layout de processo. O redimensionamento do cenrio existente permite reduzir a
movimentao da matria-prima dentro do processo produtivo, de maneira que o fluxo da
produo transcorra sem grandes e desnecessrios deslocamentos.
Optou-se pela anlise ergonmica no setor vidreiro, mais especificamente em uma
fbrica distribuidora e transformadora de vidros. A indstria do vidro demonstra grande
18
importncia a questes referentes a acidentes de trabalho e perda na produo. Por se tratar de
um produto suscetvel quebra, facilmente cortante e com um peso relevante, o vidro deve ser
cuidadosamente produzido, transformado e distribudo. Alm disso, este setor caracteriza-se
por apresentar em seu ambiente produtivo fornos com temperaturas elevadas para produo
e/ou transformao de chapas de vidro. Para tanto, a correta avaliao e modificao das
condies de projeto ligadas aos fatores fsicos ambientais pode garantir a segurana para o
trabalhador e conseqente otimizao na produtividade deste segmento.
Dentro desse contexto, a justificativa desta pesquisa fornecer uma fundamentao
terica com metodologias que auxiliem a avaliao do processo e dos postos de trabalho no
setor vidreiro. Ainda assim, destaca-se a falta de estudos neste segmento e a contribuio que
este trabalho pode representar aos diversos produtores, transformadores e distribuidores da
indstria do vidro.
Portanto, importante salientar a relevncia deste estudo em seu aspecto social e
cientfico, por estar buscando, atravs da ergonomia, melhorias das condies de trabalho e de
layout do processo, bem como, uma melhor qualidade de vida para os funcionrios da fbrica
em questo.
1.4 PROCEDIMENTOS METODOLGICOS
No que diz respeito ao tipo de pesquisa, o desenvolvimento do trabalho caracterizou-
se como uma pesquisa aplicada, baseada em uma metodologia de Interveno Ergonmica,
tendo caractersticas bsicas de um estudo de caso. Para Bressan (2000), o mtodo do estudo
de caso obtm evidncias a partir de seis fontes de dados: documentos, registros de arquivos,
entrevistas, observao direta, observao participante e artefatos fsicos e cada uma delas
requer habilidades especficas e procedimentos metodolgicos especficos.
Do ponto de vista de mtodo de trabalho, procurou-se alcanar os objetivos
estabelecidos atravs de seis etapas. So elas:
a) Anlise da demanda
A anlise da demanda consiste em fazer um levantamento de indicadores que sero os
norteadores deste estudo que se segue.
b) Observao inicial
Nesta etapa, antes de qualquer ao, necessria a observao direta para
entendimento do contexto geral do processo. Em seguida, para a coleta de dados faz-se um
19
levantamento inicial atravs de observao direta, medies e listagem das operaes. Logo,
com essas informaes possvel construir uma tabela e um diagrama esquemtico da
produo para organizao e entendimento dos dados coletados.
Alm da observao referente ao processo produtivo, faz-se necessria a observao
inicial dos postos de trabalho. Esta consiste em primeiramente fazer uma observao direta do
contexto dos postos. Aps isso, para coleta de informaes aplicado um questionrio aos
operadores e analista para identificao de suas percepes. Sendo assim, obtm-se valores
atravs do questionrio que so organizados em forma de perfis analticos e global dos postos
de trabalho.
c) Diagnstico primrio
Nesta etapa, atravs da construo da tabela, diagrama e desenho da planta baixa ser
possvel entender cada operao dentro do processo e como o espao est organizado. Aliado
a isso, atravs da construo dos perfis, ser possvel verificar a percepo dos trabalhadores
em relao aos postos de trabalho.
d) Anlise aprofundada
Nesta fase, a partir da identificao dos fatores do processo pode-se verificar quais
operaes e postos de trabalho indicam maior problema e quais devem ser analisadas
detalhadamente atravs de mtodos especficos.
e) Discusso dos resultados
Discusso das informaes obtidas nos perfis analtico e global, no fluxo de processo e
nas anlises aprofundadas.
f) Proposta
Propor um plano de ao para melhorar as condies de trabalho e layout de processo
com base nos resultados discutidos.
1.5 DELIMITAO DO ESTUDO
O trabalho limitou-se aos segmentos de transformao e distribuio de vidros planos,
especificamente em cho-de-fbrica que produz de vidros curvos e temperados e distribui
chapas de vidros planos. Portanto, as concluses alcanadas versam sobre a referida empresa,
sendo parcialmente compatveis com outras do mesmo segmento, embora existam diferenas
nos processos produtivos. Alm disso, o estudo se detm exclusivamente indstria vidreira
manual, a determinado fluxo de produo, conhecimento tcnico prprio e produtos por ele
20
produzido, embora possa ser estendido a outras empresas do mesmo setor, com concluses
distintas daquelas aqui representadas. Aliado a isso optou-se pela restrio nas questes
tecnolgicas, visto que a proposio de melhorias atravs de equipamentos e mquinas novas
e conseqente automao no so mensuradas neste trabalho. Por fim, a anlise da demanda
de produtos para avaliao do fluxo de produo foi prejudicada pela falta de dados e
histrico fornecidos pela empresa. Contudo, fez-se o estudo considerando a mesma demanda
para todos os 28 (vinte e oito) produtos produzidos na fbrica.
1.6 ESTRUTURA DO TRABALHO
Este trabalho estruturado em quatro captulos. O captulo I (Introduo) fornece
informaes gerais para a compreenso inicial do contexto que se insere este trabalho. Essas
esto organizadas de acordo com o tema escolhido, bem como os objetivos, a justificativa,
limitaes do estudo e o mtodo utilizado. Desta forma, pode-se ter um melhor entendimento
do estudo e conseqente motivao para leitura que se segue.
O captulo II (Referencial Terico) abrange tpicos importantes para o
desenvolvimento do trabalho, principalmente os relacionados produo do vidro, processos,
layout e ergonomia. Verificam-se informaes relativas ao embasamento terico, atravs de
pesquisa em livros, anais de congresso, peridicos, dissertaes de mestrado e teses de
doutorado.
J no captulo III (Metodologia), so descritos dois instrumentos de avaliao
evidenciando suas particularidades para atingir os objetivos deste estudo.
No captulo IV (Resultados), a empresa do estudo de caso apresentada, descrevendo
o processo produtivo e os postos de trabalho. Alm disso, os resultados da aplicao da
metodologia proposta so demonstrados e discutidos. Por fim, a ltima sesso deste captulo
apresenta uma proposta de melhorias para o arranjo fsico e para as condies de trabalho do
ambiente.
No captulo V (Concluso) faz-se comentrios sobre as atividades realizadas
comparando os resultados obtidos na anlise e a proposta de melhorias. Alm disso, prope-se
possveis trabalhos futuros, visando o aprofundamento do objetivo de estudo proposto.
21
2. REVISO BIBLIOGRFICA
Este captulo contempla a reviso bibliogrfica que tem por objetivo apresentar
fundamentos bsicos, conceitos e teorias para o desenvolvimento deste trabalho.
Aliados ao objetivo deste estudo, so abordadas caractersticas do setor vidreiro,
questes ligadas a processo produtivo e ergonomia, bem como as principais pesquisas e
estudos que com eles se relacionam.
2.1 A INDSTRIA DO VIDRO
O vidro resulta da fuso, a temperaturas de cerca de 1500 C, de uma mistura
constituda por areia (com funo vitrificante) e outras matrias-primas, tais como carbonato e
sulfato de sdio e carbonato de clcio (cal), magnsio e alumina (Figura 1). Por cada tonelada
de vidro produzido utilizam-se cerca de 1,240 toneladas de matrias-primas.
1
Slica (SiO2)
Matria prima bsica (areia) com funo vitrificante.
2
Potssio ( K2O)
3
Alumina (Al2O3)
Aumenta a resistncia mecnica.
4
Sdio ( Na2SO4)
5
Magnsio (MgO)
Garante resistncia ao vidro para suportar mudanas bruscas
de temperatura e aumenta a resistncia mecnica.
6
Clcio (CaO)
Proporciona estabilidade ao vidro contra ataques de agentes
atmosfricos.
22
Figura 1: Componentes do vidro (adaptado de CEBRACE, 2005).
De acordo com ABIVIDRO (2005), pode-se listar diversos atributos ao vidro, so
eles:
* transparncia e elegncia: o consumidor visualiza o que pretende comprar; os
produtos ganham uma imagem nobre, sofisticada e confivel;
* inerte: o vidro no reage quimicamente e por ser neutro, o produto no sofre
alterao de sabor, odor, cor ou qualidade;
* praticidade: aps o uso, o produto pode ser retampado, caso no seja consumido em
sua totalidade;
* microondas: pode ser utilizado diretamente no microondas e a vantagem adicional
poder ser levado diretamente mesa sem necessidade de transferncia para outros recipientes;
* dinmico: devido s suas propriedades, permite uma possibilidade enorme de
combinaes na transformao do vidro original, o que garante a possibilidade de renovao
constante;
* reutilizvel: chapas de vidro moldadas para um determinado uso podem ser
reutilizadas para outros fins;
* higiene: o vidro fabricado com elementos naturais, protegendo os produtos durante
mais tempo e dispensando a utilizao de conservantes adicionais, atendendo a todos
requisitos exigidos para o acondicionamento de lquidos e alimentos para o consumo humano;
* impermeabilidade: por no ser poroso, funciona como uma barreira contra qualquer
agente exterior;
* resistncia: mudanas bruscas de temperatura, cargas verticais e umidade no so
problema para o vidro;
* verstil: formas, cores, tamanhos so detalhes que fazem diferena no ponto de
venda;
* retornvel: o vidro pode ser reaproveitado diversas vezes, como o caso, por
exemplo, das garrafas de cerveja e refrigerantes;
* reciclvel: o vidro pode ser reciclado infinitamente, sem perda de qualidade ou
pureza do produto, sendo que uma garrafa de vidro gera outra exatamente igual, independente
do nmero de vezes que o caco de vidro vai ao forno para ser reciclado.
23
2.1.1 O Vidro e sua Histria
O vidro uma das descobertas mais surpreendentes do homem e sua histria cheia
de mistrios. Embora os historiadores no disponham de dados precisos sobre sua origem,
foram descobertos objetos de vidro nas necrpoles egpcias, por isso, imagina-se que o vidro
j era conhecido h pelo menos 4.000 anos antes da era crist.
Os navegadores fencios so apontados como os precursores da indstria do vidro. A
origem teria sido casual, ao preparar uma fogueira numa praia nas costas da Sria para aquecer
suas refeies, improvisaram foges usando blocos de salitre e soda. Passado algum tempo,
notaram que do fogo escorria uma substncia brilhante que se solidificava imediatamente.
Estaria ento descoberto o vidro que, com sua beleza, funcionalidade e mltiplas aplicaes,
passaria definitivamente a fazer parte do cotidiano de todos ns (CEBRACE, 2005).
Durante o Imprio Romano, houve um grande desenvolvimento dessa atividade, com
apogeu do sculo XIII, em Veneza. Aps incndios provocados pelos fornos de vidro da
poca, a indstria de vidros foi transferida para Murano, ilha prxima a Veneza. As vidrarias
de Murano produziam vidros em diversas cores, um marco da histria do vidro, e a fama de
seus cristais e espelhos perduram at hoje. A Frana j fabricava o vidro desde a poca dos
romanos. Porm, s no final do sculo XVIII foi que a indstria prosperou e alcanou um
grau de perfeio notvel. Em meados desse sculo, o rei francs Lus XIV reuniu alguns
mestres vidreiros e montou a Companhia de Saint-Gobain, uma das mais antigas empresas do
mundo, hoje, uma companhia privada (CEBRACE, 2005).
A indstria moderna do vidro surgiu com a revoluo industrial e a mecanizao dos
processos. Nos anos 50, na Inglaterra, a Pilkington inventou o processo para produo do
vidro Float, conhecido tambm como cristal, que revolucionou a tecnologia dessa prspera
indstria.
A primeira indstria vidreira a se instalar no Brasil foi a Vidraria So Paulo, na cidade
do Rio de Janeiro, no sculo XIX. Em 1982, a indstria francesa Saint-Gobain e a inglesa
Pilkington uniram suas foras para construir a primeira fbrica de vidro Float do Brasil, a
24
CEBRACE, na regio do Vale do Paraba, no estado de So Paulo. A primeira linha foi
construda em Jacare em 1982, a segunda em Caapava, em 1989 e a terceira em Jacare, em
1996. Juntas, as trs unidades produzem at 1.800 toneladas de vidro por dia (CEBRACE,
2005).
Inicialmente, o vidro tinha como propsito filtrar a luz externa, mas com o passar dos
anos e o avano tecnolgico, o vidro transformou-se em um suporte de comunicao entre o
interior e o exterior. Para responder as novas exigncias do mercado, o vidro ganhou novas
funes como conforto e segurana e se tornou pea fundamental para projetos de arquitetura
e decorao. um dos raros materiais de construo cujo uso pode ser to diversificado
graas a sua propriedade multifuncional.
A ltima dcada conheceu um desenvolvimento espetacular das aplicaes do vidro
para segurana, controle solar, isolamento acstico, arquitetura e decorao, inclusive como
elemento estrutural (pilares, vigas e pisos) e aplicaes inovadoras como vidro curvo ou vidro
duplo com persiana incorporada. Essas aplicaes modificaram a imagem do vidro dando
lugar a um produto com inmeras funes e grande carter decorativo (SAINT GOBAIN,
2006).
Com o aperfeioamento tecnolgico, o vidro assumiu um papel definitivo na vida do
homem moderno. Este material est presente em janelas, pra-brisas de automveis, telas de
computadores e televises, copos, entre incontveis outras aplicaes.
A indstria do vidro transformou-se e diversificou-se, chegando ento a uma fase de
maturidade. Hoje so fabricados vidros lisos, impressos, temperados, aramados, curvados,
coloridos, laminados, entre outros. Todos estes levam segurana, conforto, elegncia, leveza e
brilho aos setores automotivo e moveleiro, construo civil e indstria de eletrodomsticos.
Desta forma, importante salientar que cada segmento do mercado vidreiro
classificado pelo seu processo de produo, ou seja, existem empresas que fabricam somente
vidro plano, outras so especializadas na transformao dessas mesmas chapas de vidro e
assim por diante.
Para melhor entendimento da cadeia produtiva, a seguir, sero abordados aspectos
relacionados a cada segmento e processo da indstria do vidro.
2.1.2 Fabricao do Vidro Plano
25
Determinadas fbricas so responsveis pelo abastecimento do vidro plano no
mercado vidreiro. Algumas dessas empresas produzem o vidro float (vidro plano liso) e outras
o vidro impresso (vidro plano impresso).
Inicialmente, a primeira fase da fabricao do vidro a preparao da composio,
onde as matrias-primas, que so granuladas em sua maioria, so armazenadas em silos. Estes
silos alimentam balanas, que tm a finalidade de dosar a quantidade adequada de cada uma
delas. Aps a pesagem, todas as matrias-primas so conduzidas a um misturador, que tem a
finalidade de produzir uma mistura homognea de todas elas, a qual passa a ser chamada de
composio ou mistura vitrificvel. Esta composio conduzida ao forno de fuso, onde, sob
o efeito do calor, se transformar em vidro.
O local onde a composio fundida e transformada em vidro fundido chamado de
forno de fuso ou simplesmente forno. Os fornos utilizados so todos contnuos, constitudos
de uma grande piscina de vidro fundido, sendo alimentados continuamente. A seguir, a massa
fundida de vidro transformada em um produto final. Existem inmeras formas de realiz-la,
dependendo do produto e quantidade que se pretende e dos recursos disponveis. Porm, em
todos os casos, medida que o vidro fundido vai esfriando, vai ficando cada vez mais viscoso,
sendo que existe um intervalo de tempo certo para se conseguir dar a forma ao produto. No
incio, a massa deve estar mole o suficiente para ser conformada, mas no mole em excesso e
se demorar muito, o vidro fica rgido e no d mais para mudar sua forma. Por outro lado, se a
forma dada muito rapidamente, o vidro ainda vai estar mole depois de pronto e vai fluir,
como um sorvete que esquentou, perdendo a forma (ANDIV, 2005).
Sendo assim, para a fabricao do vidro float foi desenvolvido o processo de
flutuao. Este processo, que originalmente produzia somente vidros com espessuras de 6mm,
produz atualmente vidros que variam entre 0,4 e 25mm. Para tanto, o vidro fundido a
aproximadamente 1000C continuamente derramado num tanque de estanho liquefeito,
quimicamente controlado; desta forma, ele flutua no estanho, espalhando-se uniformemente.
A espessura do vidro determinada pelo balano entre as tenses superficiais, a fora da
gravidade e a velocidade da extrao. Aumentando-se a velocidade, a fita de vidro afina;
diminuindo, ela engrossa. A velocidade de extrao do vidro proporcionada pela trao de
rolos na fita de vidro saindo do processo de flutuao e entrando para o forno de recozimento,
onde sofre um tratamento trmico padro. Aps o recozimento (resfriamento controlado), a
superfcie inspecionada para controle de qualidade, e cortada em chapas (ABIVIDRO,
2005).
26
O processo float produz um vidro comum, liso, transparente e a matria-prima que d
origem aos temperados, laminados, insulados, serigrafados e espelhos (outro segmento do
vidro). aplicado na arquitetura, indstria moveleira, automotiva e linha branca
(eletrodomsticos). Alm disso, existem dois outros tipos de vidros fabricados na linha de
produo do float. So eles:
* vidro autolimpante: possui uma camada metalizada que tem como principal
componente o xido de titnio. Sendo aplicado em fachadas, os raios ultravioletas ativam as
propriedades autolimpantes do vidro, no deixando a sujeira fixada na superfcie da chapa.
Por ser um produto hidroflico, a gua em contato com o vidro se dispersa maneira uniforme,
levando a sujeira acumulada embora num efeito contnuo;
* vidro refletivo: chamado popularmente de espelhado. H dois mtodos de
fabricao: piroltico ou vcuo. No primeiro, a camada metalizada pulverizada com xidos
metlicos durante a fabricao do vidro float, garantindo durabilidade e homogeneidade ao
produto. O processo a vcuo feito por empresas de outro segmento. Portanto, ser explicado
posteriormente (ANDIV, 2005).
Dentro deste mesmo segmento, o vidro impresso caracterizado por fabricao em
forno prprio e tcnica diferenciada. Trata-se de um vidro translcido e texturizado, ou seja,
apresenta em sua superfcie desenhos (padres) impressos no vidro ainda quente. um vidro
aplicado em tampos de mesa, janelas, divisrias, onde se deseja a passagem de luz, sem
permitir que se enxergue atravs dele, mantendo privacidade no ambiente. Tambm
conhecido como vidro fantasia, o vidro impresso pode receber beneficiamentos como
laminao, tmpera, espelhamento, jateamento e bisot.
Sendo assim, o processo de fabricao consiste na passagem do vidro j elaborado
entre dois rolos metlicos e refrigerado com gua corrente em seu interior. O rolo superior
liso ou, em alguns casos, com uma estampa bem delicada, e o inferior o que efetivamente
imprime o padro desejado ao vidro. A espessura do vidro determinada pelo espaamento
entre os dois rolos laminadores. Aps a sada dos rolos laminadores, a fita de vidro, que ainda
no est completamente rgida, conduzida por um conjunto de rolos at a entrada do forno
de recozimento, onde se produz a diminuio da temperatura, de maneira lenta e gradual, at a
temperatura ambiente. Na sada do forno de recozimento, a fita de vidro cortada em chapas,
nos tamanhos adequados (ABIVIDRO, 2005).
Aliado a isso, um produto diferenciado e fabricado nesta mesma linha de produo o
vidro aramado. Este um vidro impresso que possui uma rede metlica de malha
quadriculada incorporada massa do vidro. essa rede que retm os cacos no caso de quebra.
27
Considerado um vidro de segurana, o aramado pode ser aplicado em coberturas, varandas,
divisrias, guarda-corpo, mveis, tampos, etc.
2.1.3 Distribuio, Processamento e Comercializao do Vidro Plano
Este segmento, tambm chamado de rede transformadora, formado pelas empresas
que beneficiam e preparam o vidro plano, que pode ser temperado, curvado, laminado,
serigrafado, entre outros. Depois de beneficiado, o produto fornecido s vidraarias,
indstrias de mveis e construtoras.
Para tanto, as fbricas deste segmento so especializadas em transformar o vidro plano
em diversos outros produtos. So eles (ANDIV, 2005):
* vidro bisot: esse vidro recebe tratamento especial em suas bordas para evitar
acidentes e trincas, sendo que o acabamento chanfrado feito por meio de lapidao e
polimento, sendo aplicado principalmente na indstria moveleira;
* vidro blindado: resistente a balas, o vidro desenvolvido para proteo contra
disparos de armas de fogo ou objetos lanados contra eles. So as camadas plsticas existentes
entre as vrias lminas de vidro que amortecem o impacto e oferecem a resistncia para
aumentar a segurana;
* vidro curvo: para fabricar esse vidro, preciso coloc-lo sobre um molde instalado
dentro do forno de curvatura. Ele aquecido em altssima temperatura para que tome a forma
do molde e em seguida resfriado. aplicado nas indstrias automotiva, de linha branca,
moveleira e construo civil;
* vidro laminado: so duas ou mais placas de vidro unidas por uma camada de
polivinil butiral (PVB) ou resina. Em caso de quebra, nessa camada intermediria que os
cacos ficam presos, dando ao produto a caracterstica de segurana;
* vidro duplo: tambm conhecido como vidro insulado, esse vidro um conjunto de
duas ou mais chapas de vidro intercaladas por uma cmara de ar desidratado ou gs argnio.
Oferece conforto acstico quando no mnimo uma das chapas de vidro laminada ou h
variaes de espessuras. O conforto trmico provm da reduo de troca de calor dos vidros
com o interior do ambiente. Atualmente, existem persianas que so aplicadas entre as chapas
28
e podem ser acionadas de trs modos diferentes: motor, cordo e haste. ideal para fachadas,
divisrias, coberturas, etc.;
* vidro jateado: produzido em cmara fechada, o jateado feito com ps-abrasivos.
possvel reproduzir desenhos, fotos e figuras estampadas na superfcie do vidro. Alm disso,
ele permite certa privacidade ao ambiente, pois o vidro pode ser totalmente opaco;
29
* vidro refletivo: j abordado no segmento anterior, esse vidro possui dois tipos de
processos de fabricao. Um desses processos feito direto na linha de produo do vidro
float e outro feito a vcuo. Neste ltimo, a chapa de vidro passa por uma cmara mantida a
vcuo, onde recebe a deposio de tomos de metal sobre uma de suas faces;
* vidro temperado: obtido por meio de aquecimento gradativo e resfriamento abrupto
num forno de tmpera (vertical ou horizontal). O temperado um vidro de segurana; em
caso de quebra, fragmenta-se em pedaos pouco cortantes e bem pequenos. Depois de
temperado, o vidro no pode ser beneficiado, cortado, furado, etc. utilizado na indstria
automotiva, construo civil e decorao. Alm disso, o nico vidro que pode ser aplicado
como porta sem a utilizao de caixilhos;
* vidro serigrafado: Existem dois tipos de processos para se produzir esse tipo de
vidro. No processo quente, um esmalte cermico (tinta vitrificada) aplicado na lmina e em
seguida o vidro passa para tmpera para que os pigmentos sejam incorporados a ele, tornando-
se um vidro temperado. No processo frio, uma tinta aplicada no vidro para que adquira cor e
textura. um processo rpido e fcil, porm, a textura no fica totalmente incorporada
lmina, podendo ser retirada com objetos pontiagudos ou estiletes.
2.1.4 Outros Segmentos
Alm do vidro plano, existem trs segmentos do produto: vidros para embalagens,
vidros domsticos e vidros especiais.
A utilizao do vidro para embalagens uma das mais antigas e freqentes aplicaes
para o vidro. So potes para alimentos, frascos e garrafas para bebidas, produtos
farmacuticos, higiene pessoal e outras diversas aplicaes. Por ordem de consumo, a maior
utilizao a do setor de bebidas, principalmente com cervejas, seguida pela indstria de
alimentos e, logo aps, produtos no alimentcios, sobretudo farmacuticos e cosmticos. J o
segmento de vidros domsticos representado por utenslios como louas de mesa, copos,
xcaras, e objetos de decorao como vasos.
Por ltimo, os vidros especiais tm caractersticas adequadas s necessidades muito
especficas de aplicao, como os usados na produo de cinescpio para monitores de
televiso e computadores, bulbos de lmpadas, garrafas trmicas, fibras ticas, blocos
oftlmicos, blocos isoladores e at tijolos de vidro (ANDIV, 2005).
30
2.2 TIPOS DE PROCESSOS
No setor vidreiro, tm-se vrios tipos de processos produtivos, cada segmento da
indstria tem uma determinada especificidade que determina a escolha do processo. Sendo
assim, faz-se necessria anlise dos tipos de processos para melhor entendimento na
utilizao dos mesmos.
Uma das primeiras decises tomadas por um gerente ao projetar um processo que
funcione bem a escolha do processo, que determina se os recursos so organizados em torno
de produtos ou processos (RITZMAN; KRAJEWSKI, 2004).
Na manufatura, pode-se escolher entre cinco tipos de processos: processos de projeto,
processos por tarefa ou jobbing, processos em lotes ou bateladas, processos em linha ou de
produo em massa e processos contnuos.
2.2.1 Processo de Projeto
Segundo Ritzman e Krajewski (2004), os processos de projeto so avaliados com base
em sua capacidade para realizar certos tipos de trabalho em vez de sua habilidade para
produzir produtos ou servios especficos. Os projetos tendem a serem complexos, a exigir
um longo tempo de implementao e a ser grandes. Tarefas inter-relacionadas precisam ser
completadas, exigindo intensa coordenao. Os recursos necessrios para um projeto so
agrupados e, ento liberados para uso adicional aps seu trmino. Normalmente, os projetos
fazem uso extensivo de certas aptides e recursos em etapas especficas e no restante do
tempo pouco os utilizam. Com um processo de projeto, os fluxos de trabalho so redefinidos a
cada novo projeto.
Neste caso, so exemplos de um processo de projeto a construo de um shopping
center, o planejamento de um evento importante, as atividades de uma campanha poltica, ou
desenvolvimento de uma nova tecnologia ou produto (RITZMAN; KRAJEWSKI, 2004).
31
2.2.2 Processo por Tarefa ou J obbing
De acordo com Slack et al. (2002), processos de jobbing tambm lidam com variedade
muito alta e baixos volumes. Enquanto em processos de projeto cada produto tem recursos
dedicados mais ou menos exclusivamente a ele, em processos de jobbing cada produto deve
compartilhar os recursos de operao com diversos outros.
Em geral, elas fazem produtos por encomenda e no os produzem antecipadamente.
As necessidades especficas do prximo cliente so desconhecidas, e a ocasio de novos
pedidos pelo mesmo cliente imprevisvel. Cada novo pedido processado como uma
unidade especfica-como uma tarefa.
Exemplos de processos de jobbing compreendem muitos tcnicos especializados,
como mestres ferramenteiros de ferramentarias especializadas, restauradores de mveis,
alfaiates que trabalham por encomenda e a grfica que produz ingressos para evento social
local (SLACK et al., 2002).
2.2.3 Processo em Lotes ou Bateladas
Um processo por lote difere de um processo por tarefa no que diz respeito a volume,
variedade e qualidade. A diferena fundamental que os volumes so maiores porque
produtos ou servios iguais ou similares so fornecidos repetidamente. Uma outra diferena
est no oferecimento de uma variedade mais limitada de produtos e servios. A variedade
obtida, principalmente, por uma estratgia de montagem por encomenda e no por estratgias
de fabricar por encomenda ou servios customizados. Uma terceira diferena que os lotes de
produo ou os grupos de clientes so processados em quantidades maiores (ou lotes) do que
por intermdio de processos por tarefa (RITZMAN; KRAJEWSKI, 2004).
Segundo Slack et al. (2002), exemplos de processos em lotes compreendem
manufatura de mquinas-ferramenta, a produo de alguns alimentos congelados especiais, a
manufatura da maior parte das peas de conjuntos montados em massa, como automveis e a
produo da maior parte de roupas.
32
2.2.4 Processo em Linha ou de Produo em Massa
Processos de produo em massa so os que produzem bens em grande volume e
variedade relativamente estreita, isto , em termos dos aspectos fundamentais do projeto do
produto (SLACK et al., 2002).
Para Ritzman e Krajewski (2004), as ordens de produo no tm relao direta com
os pedidos dos clientes, como ocorre no caso de processos de projeto e por tarefa. Os
prestadores de servio com um processo em linha seguem uma estratgia de produzir para
estoque, ou seja, mantm produtos padronizados em estoque de modo a poder disponibiliz-
los aos clientes a qualquer momento.
Como exemplos de processo de produo em massa tem-se a fbrica de automveis, a
maior parte de fabricantes de bens durveis, como aparelhos de televiso, a maior parte de
processos de alimentos, como fabricantes de pizza congelada, uma fbrica de engarrafamento
de cerveja e uma produo de CDs (SLACK et al., 2002).
2.2.5 Processo Contnuo
Um processo contnuo o extremo da produo em grande volume e padronizada com
fluxos de linha rgidos. Sua designao relaciona-se ao modo como os materiais movem-se
pelo processo. Em geral, uma material principal, como um lquido, um gs ou um p, move-se
sem interrupo pelas instalaes. Os processos parecem setores separados do que uma srie
de operaes vinculadas. Alm disso, o processo geralmente de capital intensivo e operado
24 horas por dia, para maximizar a utilizao e evitar interrupes e reincios de produo
onerosos (RITZMAN; KRAJEWSKI, 2004).
Segundo Slack et al. (2002), exemplo de processos contnuos so as refinarias
petroqumicas, instalaes de eletricidade, siderrgicas e algumas fbricas de papis.
Contudo, cada tipo de manufatura implica uma forma diferente de organizar as atividades das
operaes com diferentes caractersticas de volume e variedade (Figura 2).
33
Figura 2: Tipos de processos em manufatura (adaptado de SLACK et al., 2002).
2.3 ANLISE DO PROCESSO
A anlise do processo feita de acordo com o tipo de processo existente na fbrica,
sendo assim, aps a identificao do tipo de processo pode-se iniciar a avaliao.
Trs tcnicas so eficazes para documentar e avaliar processos: fluxogramas, mapas
de processos e diagrama de blocos. Essas tcnicas envolvem a observao sistemtica e o
registro de detalhes do processo para permitir uma melhor compreenso.
2.3.1 Fluxograma
Conforme Ritzman e Krajewski (2004), um fluxograma traa o fluxo de informaes,
clientes, funcionrios, equipamentos ou materiais em um processo. No existe um formato
nico, e o fluxograma pode ser traado simplesmente com retngulos, linhas e setas. A Figura
3 um fluxograma de um processo de conserto de automvel, comeando com um telefonema
em que o cliente agenda o conserto e terminando com o cliente saindo com o carro. A linha de
visibilidade separa as atividades visveis aos clientes daquelas que so invisveis. Essas
informaes so particularmente valiosas para operaes de servio que envolvem contato
direto com o cliente. As operaes essenciais para o sucesso e os pontos onde ocorre uma
34
falha com mais freqncia encontram-se identificados. Outros formatos so igualmente
aceitveis, e muitas vezes til mostrar ao lado de cada retngulo: (i) o tempo total
percorrido; (ii) as perdas por problemas de qualidade; (iii) a freqncia dos erros, (iv) a
capacidade; (v) o custo.
Algumas vezes os fluxogramas so traados sobre o arranjo fsico de um local. Para
fazer esse tipo especial de fluxograma, o analista traa primeiro um esboo da rea na qual o
processo executado. Em uma malha, o analista plota o caminho seguido pela pessoa,
material ou equipamento, usando setas para indicar a direo do movimento ou fluxo
(RITZMAN; KRAJEWSKI, 2004).
Figura 3: Fluxograma para um conserto de automvel (adaptado de RITZMAN;
KRAJEWSKI, 2004).
35
2.3.2 Mapa de Processo
Segundo Ritzman e Krajewski (2004), um mapa de processo uma maneira
organizada de registrar todas as atividades executadas por uma pessoa e por uma mquina em
uma estao de trabalho envolvendo um cliente ou materiais. Para essa finalidade, agrupa-se
essas atividades em cinco categorias:
* operao: modifica, cria ou agrega algo. Furar um orifcio e atender um cliente so
exemplos de operaes;
* transporte: movimenta o objeto do estudo de um lugar para outro (algumas vezes
denominado manuseio de materiais). O objeto pode ser uma pessoa, um material, uma
ferramenta ou um equipamento. Um cliente caminhando de uma ponta de um balco para a
outra, uma talha transportando uma barra de ao para um local e uma esteira rolante levando
um produto parcialmente completo de uma estao de trabalho para a prxima so exemplos
de transporte;
* inspeo: controla ou verifica algo sem o alterar. Procurar defeitos em uma
superfcie, pesar um produto e ler a temperatura so exemplos de inspeo;
* atraso: tempo gasto esperando materiais ou equipamentos, o tempo de limpeza e o
tempo que trabalhadores. Mquinas ou estaes de trabalho no operam porque no h nada
para eles fazerem so exemplos de atraso;
* armazenagem: ocorre quando algo posto de lado, at uma ocasio futura.
Suprimentos descarregados e colocados em um almoxarifado como estoque, equipamento que
guardado aps utilizao e papis colocados em um arquivo so exemplos de armazenagem.
Ainda assim, para Ritzman e Krajewski (2004), outras categorias podem ser usadas,
dependendo da situao. Por exemplo, terceirizar servios externos pode ser uma categoria, e
armazenagem temporria e armazenagem permanente podem ser duas categorias distintas.
Escolher a categoria certa para cada atividade requer que seja levada em conta a perspectiva
do objeto mapeado. Um atraso para o equipamento poderia ser inspeo ou transporte para o
operador.
Para completar um mapa para um novo processo, o analista precisa identificar cada
passo executado. Se o processo existe, o analista pode observar efetivamente os passos,
atribuindo uma categoria a cada passo de acordo com o objeto que est sendo estudado. O
analista registra ento a distncia percorrida e o tempo necessrio para executar cada passo.
Depois de registrar todas as atividades e passos, o analista resume o nmero de passos, o
36
tempo e as distncias. A Tabela 2 mostra um mapa de processo para admisso na sala de
emergncia.
O resumo do mapa pode indicar quais atividades que demandam maior tempo. Para
tornar um processo mais eficiente, o analista deve questionar cada atraso, e, ento, analisar as
atividades de operao, transporte, inspeo e armazenagem, para determinar se elas podem
ser combinadas, rearranjadas ou eliminadas (RITZMAN; KRAJEWSKI, 2004).
Tabela 2: Mapa de processo para admisso na sala de emergncia
Fonte: Adaptado de RITZMAN; KRAJEWSKI, 2004
37
2.3.3 Diagrama de Blocos
O diagrama de blocos uma tcnica que permite a organizao das operaes do
processo analisando graficamente o problema do layout. Ele mostra como se determina a
localizao de departamentos operacionais em relao uns aos outros proporcionando a
avaliao do percurso dos materiais quando o formato da fbrica fator limitador.
Inicialmente, deve-se desenvolver um diagrama esquemtico com crculos representando os
departamentos e linhas representando a viagem do produto entre os departamentos. Para os
transportes fora da seqncia geral de produo, ou seja, quando a fbrica produz mais de um
produto que no necessariamente deve passar por todas operaes, deve-se traar uma linha
pontilhada entre essas viagens alternativas. Alm disso, possvel anotar nas linhas o nmero
de produtos que viajam por ms entre os departamentos (Figura 4).
Figura 4: Exemplo de um diagrama de blocos (adaptado de GAITHER; FRAZIER, 2005)
Portanto, as trs tcnicas abordadas proporcionam um estudo das atividades e dos
fluxos de cada processo, compreendendo o cenrio atual e obtendo detalhes.
De acordo com Ritzman e Krajewski (2004), um indivduo ou toda equipe examina o
processo, usando fluxogramas, mapas de processo e diagramas de bloco como instrumentos
principais.
38
A empresa deve buscar maneiras de simplificar tarefas, eliminar inteiramente
processos completos, substituir materiais ou servios onerosos, melhorar o meio ambiente ou
tornar as funes mais seguras, bem como, encontrar maneiras para reduzir custos e atrasos e
aumentar a satisfao do cliente.
2.4 TIPOS DE LAYOUT
O conceito do tipo de processo , muitas vezes, confundido com o arranjo fsico
(layout). Os tipos de processos ilustrados na Figura 2 so abordagens gerais para a
organizao das atividades e processos de produo. Arranjo fsico um conceito mais
restrito, mas a manifestao fsica de um tipo de processo. a caracterstica de volume-
variedade que dita o tipo de processo. A relao entre tipos de processos e tipos bsicos de
arranjo fsico no totalmente determinstica. Um tipo de processo no necessariamente
implica tipo bsico de arranjo fsico em particular (SLACK et al., 2002). Como a Figura 5
indica, cada tipo de processo pode adotar diferentes tipos bsicos de arranjo fsico.
Figura 5: Relaes entre tipos de processo e tipos bsicos de arranjo fsico (adaptado
de SLACK et al., 2002)
39
Conforme Slack et al. (2002), a maioria dos arranjos fsicos, na prtica, deriva de
apenas quatro tipos bsicos de arranjo fsico: arranjo fsico posicional, arranjo fsico por
processo, arranjo fsico celular e arranjo fsico por produto.
2.4.1 Layout Posicional ou Fixo
Arranjo fsico posicional (tambm conhecido como arranjo fsico de posio fixa) ,
de certa forma, uma contradio em termos, j que os recursos transformados no se movem
entre os recursos transformadores. Em vez de materiais, informaes ou clientes flurem por
uma operao, quem sofre o processamento fica estacionrio, enquanto equipamento,
maquinrio, instalaes e pessoas movem-se na medida do necessrio. A razo para isso pode
ser que ou o produto ou o sujeito do servio seja muito grande para ser movido de forma
conveniente, ou podem ser (ou estar em um estado) muito delicados para serem movidos
(SLACK et al., 2002).
Para Ritzman e Krajewski (2004), muitos processos de projeto possuem esse arranjo,
que faz sentido quando o produto particularmente volumoso ou difcil de movimentar, como
na construo de navios, montagem de locomotivas, fabricao de enormes vasos de presso,
construo de represas ou conserto de fornos de calefao residenciais. Um arranjo fsico de
posio fixa minimiza o nmero de vezes que o produto precisa ser movido e freqentemente
a nica soluo vivel.
2.4.2 Layout por Processo ou Funcional
De acordo com Slack et al. (2002), o arranjo fsico por processo assim chamado
porque as necessidades e convenincias dos recursos transformadores, que constituem o
processo na operao, dominam a deciso sobre o arranjo fsico.
Para Black (1998), no layout por processo, mquinas-ferramenta so agrupadas
funcionalmente de acordo com o tipo geral de processo de manufatura: tornos em um
departamento, furadeiras em outro, injetoras de plsticos em outro, e assim por diante.
Em processos intermitentes, que melhor para a produo de volume reduzido e
grande variedade, o gerente de produo precisa organizar os recursos (funcionrios e
equipamentos) em torno do processo. Um arranjo fsico por processo, que agrupa estaes de
40
trabalho ou departamentos de acordo com a funo, preenche essa finalidade (RITZMAN;
KRAJEWSKI, 2004).
2.4.3 Layout Celular
De acordo com Slack et al. (2002), o arranjo fsico celular aquele em que os recursos
transformados, entrando na operao, so pr-selecionados (ou pr-selecionam-se a si
prprios) para movimentar se para uma parte especfica da operao (ou clula), na qual todos
os recursos transformadores necessrios a atender a suas necessidades imediatas de
processamento se encontram.
As principais caractersticas do sistema de manufatura celular so (BLACK, 1998):
* o tempo de ciclo para o sistema dita a taxa de produo para a clula;
* mquinas so arranjadas seguindo a seqncia do processo de produo de uma
famlia de produtos;
* a clula usualmente projetada na forma de uma linha em U;
* os operadores trabalham em p e caminhando;
* so usadas mquinas mais lentas e especficas, que so menores e usualmente mais
baratas.
Segundo Slack et al. (2002), depois de serem processados na clula, os recursos
transformadores podem prosseguir para outra clula. De fato, o arranjo fsico celular uma
tentativa de trazer alguma ordem para a complexidade de fluxo que caracteriza o arranjo
fsico por processo.
2.4.4 Layout por Produto ou em Linha
O arranjo fsico por produto envolve localizar os recursos produtivos transformadores
inteiramente, segundo a melhor convenincia do recurso que est sendo transformado. Cada
produto, elemento de informao ou cliente segue um roteiro predefinido no qual a seqncia
de atividades requerida coincide com a seqncia na qual os processos foram arranjados
fisicamente. Esse o motivo pelo qual, s vezes, esse tipo de arranjo fsico chamado de
arranjo fsico em fluxo ou em linha. O fluxo de produtos, informaes ou clientes muito
41
claro e previsvel no arranjo fsico por produto, o que faz dele um arranjo relativamente fcil
de controlar (SLACK et al., 2002).
Conforme Ritzman e Krajewski (2004), arranjos fsicos de produto so comuns em
tipos de operaes que envolvem volumes elevados. Embora os arranjos fsicos de produto,
geralmente sigam uma linha reta, esta nem sempre a melhor opo e os arranjos fsicos
podem assumir um formato de L, O, S ou U. Um arranjo fsico de produto, muitas vezes,
denominado uma linha de produo ou uma linha de montagem. A diferena entre as duas
que uma linha de montagem limita-se a processos de montagem, ao passo que uma linha de
produo pode ser empregada para executar outros processos, como por exemplo, a usinagem.
Dentro desse mesmo contexto, para Slack et al. (2004), a deciso de qual tipo de
arranjo fsico adotar raramente, se tanto, envolve uma escolha entre os quatro tipos bsicos.
As caractersticas de volume e variedade de uma operao vo reduzir a escolha a uma ou
duas opes (Figura 6).
Figura 6: Posio do processo no contnuo volume-variedade influencia seu arranjo
fsico e, conseqentemente, o fluxo dos recursos transformados (adaptado de SLACK et al.,
2002)
42
2.5 PRODUO DE VIDROS E CONDIES DE TRABALHO
De acordo com Queiroz e Maciel (2001), a indstria do vidro apresenta fatores de
risco que podem levar a danos sade dos trabalhadores, com caractersticas prprias de seu
modo de produo. De uma maneira geral, os trabalhadores esto sujeitos a exposies
provenientes de compostos metlicos e de outros agentes qumicos utilizados na manufatura
do vidro, agentes reconhecidos como fatores de risco, com Limites de Exposio Ocupacional
Permissvel estabelecido pela OMS (Organizao Mundial da Sade). Dentre esses
compostos, destaca-se a exposio poeira de slica, que pode causar doena pulmonar
irreversvel, conhecida como silicose.
Nos sopradores de vidro, podem ocorrer leses prprias como deformidades nas
bochechas e danos boca e aos dentes. As deformidades esto associadas ao contato direto do
trabalhador com a ferramenta de trabalho e fora empreendida para soprar a pea de vidro.
Nveis de rudo prejudiciais com um componente de alta freqncia so encontrados
em algumas mquinas de prensa, tais como as que so usadas na produo de garrafas e so
principalmente produzidos por jatos de ar comprimido resfriantes. Em geral, essas mquinas
apresentam um nvel de presso sonora elevado que ultrapassa o limite de tolerncia
estabelecido pela Legislao Brasileira (QUEIROZ; MACIEL, 2001).
Na indstria do vidro, dependendo da fase de produo, o trabalho realizado sob
altas temperaturas, gerando quedas no rendimento do trabalhador e aumento na freqncia de
erros e acidentes. Alm disso, pode levar a leses oculares como catarata decorrente de
exposio a raios infravermelhos, problemas de fadiga e distrbios do sistema
cardiocirculatrio.
De acordo com Mairiaux e Malchaire (1985), alm das altas temperaturas vindas dos
fornos, o calor proveniente de levantamento de carga e das roupas especiais para proteo de
acidentes um fator agravante nas condies fsicas ambientais. Para tanto, sugere-se um
descanso intervalado para que a sensao de desconforto seja minimizada.
Aliado a isso, a repetio de movimentos no trabalho tem sido apontada como
geradora de problemas musculoesquelticos, reunidos sob a denominao geral de
LER/DORT (leses por esforos repetitivos/distrbios osteomusculares relacionados ao
trabalho). A repetio determinada pela mdia da extenso de um ciclo de trabalho repetido
e medido do incio ao fim. O ritmo de trabalho e a alta repetio so determinados pela forma
como o trabalho est organizado (QUEIROZ; MACIEL, 2001).
43
Outros fatores como o contedo mental das tarefas, o grau de flexibilidade da ao do
trabalhador, a presso em relao produo e a qualidade da comunicao entre empregados
e chefia foram identificados como fatores de risco para problemas msculo-esquelticos.
Ainda assim, de acordo com Imrhan (1990), atravs de estudo, pode-se comprovar que
problemas relacionados ao desgaste fsico no setor vidreiro podem ser decorrentes dos postos
de trabalho, assentos e ferramentas utilizadas pelos operadores.
Nas indstrias de pequena automatizao, como o caso da indstria vidreira manual,
os trabalhadores realizam esforos fsicos, trabalham em ritmo intenso, adotam posturas
inadequadas e executam tarefas com repetio de movimentos e acentuada velocidade. Por
outro lado, a automatizao acarreta uma outra srie de problemas, decorrentes
principalmente da monotonia que engendram, dependendo de como o trabalho organizado
(QUEIROZ; MACIEL, 2001).
Alm disso, o problema principal do manuseio de cargas, muito freqente no setor
vidreiro manual, no tanto a exigncia dos msculos, mas sim o desgaste dos discos
intervertebrais. Os danos dos discos intervertebrais e as conseqncias na coluna e nas pernas
so um problema pessoal e econmico. Estas doenas da coluna provocam dores e limitam
fortemente a mobilidade e a vitalidade das pessoas. Elas conduzem a uma ausncia
prolongada do trabalho e figuram hoje como uma das principais causas de invalidez
prematura (GRANDJEAN, 2004).
Neste contexto, faz-se necessria a correta movimentao e transporte dos vidros de
forma que os trabalhadores estejam seguros de qualquer acidente.
Segundo Cebrace (2005), o manuseio, carga ou descarga da pilha de vidro pode ser
feita em colar, atravs de caixas ou a granel. A primeira opo pode ser feita com palonier e
cinta de ao. Adaptada em empilhadeira, ponte rolante ou prtico, a cinta de ao a forma
mais segura para movimentar uma pilha de vidro (Figura 7). Protegida por borracha
vulcanizada, a cinta de ao minimiza a ocorrncia de quebras por manuseio e aumenta a
segurana do operador. Pode-se revesti-la com feltro ou carpete, melhorando, assim, sua
durabilidade e desempenho. Para armazns que possuam ponte rolante ou prtico, o manuseio
deve ser feito utilizando-se palonier para 6 (seis) pilhas. A capacidade mnima da ponte ou
prtico, nesse caso, deve ser de 17 (dezessete) toneladas (Figura 8).
44

Figura 7: Cinta de ao em ponte e empilhamento (adaptado de CEBRACE, 2005)

Figura 8: Polonier para seis pilhas e colares com escoras (adaptado de CEBRACE,
2005)
A movimentao de caixas feita usualmente com cabos de ao, cintas metlicas ou
correntes. As caixas devem ser dimensionadas para uma capacidade superior utilizada. Deve
ser feita inspeo peridica das caixas, substituindo-as no aparecimento de desgaste.
Por outro lado, a movimentao de pilhas de vidro a granel deve ser feita atravs de
cinta de ao, em procedimento anlogo aos colares. As cintas de ao devem ser utilizadas em
empilhadeira, ponte rolante ou prtico. Para movimentao de chapas isoladas, use o
dispositivo chamado pina. Deve-se tomar cuidado especial ao manusear vidros empapelados,
principalmente papel tipo jornal, j que tendem a deslizar durante a operao. O equipamento
balancele muito seguro para a operao de movimentao de vidro, porm necessrio
certificar-se que as travas superiores esto acionadas antes de movimentar a pilha de vidro.
possvel adaptar o equipamento para movimentao de apenas uma chapa de vidro
(CEBRACE, 2005).
45
Aliado a isso, existem diferentes tipos e modelos de cavaletes e encostos de ferro para
transporte de vidro, porm os cuidados com a operao devem ser os mesmos.Todas as partes
do cavalete que estaro em contato com o vidro devem estar protegidas por borracha. Feltro
ou carpete podem ser colocados sobre a borracha para aumentar sua eficincia. As borrachas
da base devem ser do tipo duas lonas, enquanto que as dos encostos devem ser macias. Deve-
se verificar com freqncia as condies das borrachas e eliminar a exposio de pregos ou
metais nas bases e encostos, j que estes quebram o vidro (Figura 9). Logo, os encostos de
ferro so mais utilizados para o transporte de espelhos, vidros laminados e vidros recortados.
A movimentao do encosto cheio ou vazio deve ser feita com dispositivo adaptado
empilhadeira, ponte rolante ou prtico (CEBRACE, 2005).
Figura 9: Cavalete para transporte do vidro (adaptado de CEBRACE, 2005)
Segundo Cebrace (2005), por tratar-se de um produto passvel de quebra, tornando-se
cortante, o manuseio do vidro deve ser realizado respeitando-se os critrios de segurana
necessrios. O uso de equipamentos de proteo individual essencial para a integridade do
operador. importante, tambm, o treinamento e a conscientizao do indivduo que
manipula e transporta o vidro com relao aos princpios de segurana estabelecidos. Os
equipamentos de proteo individual necessrios para a indstria do vidro esto especificados
na Figura 10.
46
Figura 10: Equipamentos de proteo individual para contato com vidros (adaptado de
TECNOLOGIA E VIDROS, 2004)
Paralelamente, importante ressaltar que as empresas do setor vidreiro com maiores
caractersticas de automao conseguem minimizar problemas relacionados s condies de
trabalho com maior rapidez e eficincia, devido s facilidades de recursos econmicos.
preciso ressaltar que as fbricas da indstria do vidro se caracterizam por empresas de grande
e pequeno porte, sendo que a primeira com grande automao e a outra com predominncia
de manufatura.
Levando este contexto em considerao, as empresas com maior grau de automao
podem investir no maquinrio e utilizar ento seus equipamentos para eliminar fatores crticos
ligados s condies de trabalho. Verifica-se tambm que as grandes organizaes esto mais
ajustadas em relao segurana da produo (TAMGLASS, 2006).
De acordo com Bacchini (1997), certas mquinas permitem que o vidro seja
trabalhado em completa segurana e somente admitem que o operador manuseie o vidro ao
final da operao. Neste caso, o carregamento e descarregamento so possveis somente com
a mquina parada, preservando a segurana do operador. Este fato porm relativamente
47
recente, pode-se constatar que h alguns anos atrs, a indstria do vidro no dava a
importncia necessria para aquisio destas mquinas. Atualmente, tem-se mais de mil das
mesmas trabalhando em todo o mundo.
No mesmo cenrio, o frno de tmpera horizontal foi concebido para eliminar
problemas de postura durante as operaes no frno vertical. Com o novo desenho da
mquina pde-se verificar ganhos para toda produo. Nos dias de hoje, ainda com preos
altos, o Brasil conta com mais de trinta frnos de tmpera horizontal, facilitando o trabalho do
operador (RIBEIRO, 2001).
Alm disso, segundo Salonen (2005), o vidro um elemento fundamental na
arquitetura moderna e novas aplicaes tm sido trabalhadas. O crescimento da demanda de
vidros com novos formatos est tornando maior a necessidade do corte diagonal no vidro,
sendo que a mquina de cortes diagonais benfica para o operador, pois modifica todo o
trabalho. Ao invs de ficar em posies prejudiciais, o funcionrio deve somente controlar o
painel da mquina, eliminando acidentes, problemas de sade e demora na tarefa.
Para Leponen (2001), com os novos desenhos de fachadas para edifcios comerciais,
as chapas de vidro esto sendo fabricadas com tamanhos cada vez maiores, devendo ser
temperadas e aplicadas sem cortes. A nova tecnologia para temperar largas chapas de vidro
est inserida em uma mquina, que em sua prpria concepo, inclui contribuir para a
melhoria das condies de trabalho do operador.
Outra inovao no setor vidreiro automotivo est na juno das operaes de curvao
e tmpera em uma nica mquina. Esta proposta visa eliminar o transporte entre as duas
atividades, suprimindo problemas relacionados com posturas desfavorveis, bem como
atravs de uma nova concepo e redesenho do posto, permitindo melhorar a acessibilidade
(TAMGLASS, 2006).
2.6 TRABALHO VERSUS ERGONOMIA
A ergonomia o estudo da adaptao do trabalho ao homem. O trabalho aqui tem uma
acepo bastante ampla, abrangendo no apenas aquelas mquinas e equipamentos utilizados
para transformar os materiais, mas tambm toda a situao em que ocorre o relacionamento
entre o homem e seu trabalho. Isso envolve no somente o ambiente fsico, mas tambm os
aspectos organizacionais de como esse trabalho programado e controlado para produzir os
resultados desejados.
48
Para realizar o seu objetivo, a ergonomia estuda diversos aspectos do comportamento
humano no trabalho e outros fatores importantes para o projeto de sistemas de trabalho, que
so:
* o homem caractersticas fsicas, fisiolgicas, psicolgicas e sociais do trabalhador;
influncia do sexo, idade, treinamento e motivao.
* mquina entende-se por mquina todas as ajudas materiais que o homem utiliza no
seu trabalho, englobando os equipamentos, ferramentas, mobilirio e instalaes.
* ambiente estuda as caractersticas do ambiente fsico que envolve o homem
durante o trabalho, como a temperatura, rudos, vibraes, luz, cores, gases, e outros.
* informao refere-se s comunicaes existentes entre os elementos de um
sistema, a transmisso de informaes, o processamento e a tomada de decises.
* organizao a conjugao dos elementos acima citados no sistema produtivo,
estudando aspectos como horrios, turnos de trabalho e formao de equipes,
* conseqncias do trabalho aqui entram mais as questes de controles como tarefas
de inspees, estudos dos erros e acidentes, alm dos estudos sobre gastos energticos, fadiga
e stress.
Os objetivos prticos da ergonomia so a segurana, satisfao e o bem-estar dos
trabalhadores no seu relacionamento com sistemas produtivos. A eficincia vir como
resultado (IIDA, 2003).
Segundo Grandjean (2004), a ergonomia apresenta-se como um aspecto fundamental
nas empresas, por abordar diretamente as questes relativas ao trabalho, como por exemplo:
* Alto ndice de acidentes de trabalho;
* Problemas relacionados a doenas do trabalho;
* Questes relacionadas reduo da produtividade no local de trabalho, alto ndice
de absentesmo, retrabalhos, diminuio de movimentao e etc.;
* Qualidade de Vida no Trabalho (QVT), proporcionando mais do que um posto de
trabalho melhor, mas tambm uma vida melhor no trabalho.
Dentro deste contexto, destacam-se outras definies para a ergonomia. So elas:
Ergonomia (ou fatores humanos) a disciplina cientfica interessada com a
compreenso das interaes entre os humanos e outros elementos de um sistema, a profisso
que aplica a teoria, princpios, dados e mtodos para projetar para aperfeioar o bem estar
humano e o desempenho do sistema global (ERGO & AO, 2003).
O objetivo da ergonomia contribuir para a transformao ou concepo das situaes
de trabalho, tanto em relao aos seus aspectos tcnicos, como scio-organizacionais, a fim de
49
que o trabalho possa ser realizado respeitando a sade e segurana dos homens e com mximo
de conforto e eficcia (FONSECA, 1995).
Para Parsons (2000), a ergonomia pode ser definida como a aplicao do
conhecimento das caractersticas humanas nos projetos de ambientes e sistemas. Embora
tenha muitos estudos sobre a interao do homem com seu ambiente (luminosidade, rudo,
temperatura, etc.), somente com o desenvolvimento da ergonomia, como uma disciplina com
caractersticas nicas, ambientes e sistemas ergonmicos comearam a surgir.
Wilson (2000) descreve em seu artigo que a ergonomia o conhecimento terico e
fundamental sobre o comportamento e desempenho humano em interao com sistemas e na
aplicao do design em interao com o contexto do espao real.
Para verificar iniciativas ergonmicas, um nmero de elementos bsicos devem ser
observados (HAGG, 2003) :
* o desenho do posto de trabalho e escolha de ferramentas;
* o layout da organizao;
* o desenho do produto;
* aspectos de qualidade;
* aspectos participativos;
* vigilncia da sade;
* treinamento e informao;
* concepo da tarefa.
A ergonomia tem um carter multidisciplinar e faz uso de diversas reas do
conhecimento, como, por exemplo, da Organizao do Trabalho, da Medicina, Fisiologia e
Psicologia do Trabalho; da Psicologia Cognitiva; da Psicologia da Percepo Visual; da
Sociologia, da Antropologia e Antropometria; da Teoria da Informao; das Engenharias (de
Produo, Industrial, de Segurana, de Sistemas e outras); da Arquitetura e Urbanismo; do
Design (do Produto, Grfico, Moda, Ambiente e outros); da Comunicao Social; e de
tecnologias diversas, como da Informtica, Ciberntica, Telemtica, Robtica e outras, alm
de normas nacionais e internacionais (ABNT, ISO, SAE, DIN, etc.) (GOMES, 2003).
50
2.7 A INFLUNCIA AOS FATORES FSICOS-AMBIENTAIS NO AMBIENTE DE
TRABALHO
Durante o trabalho, qualquer que seja a organizao, todo o corpo do homem
submetido a condicionantes. Segundo as atividades que o homem desenvolve e as condies
ambientais e organizacionais dentro das quais ele se encontra, seus diferentes sistemas,
aparelhos e rgos do corpo so solicitados e funcionam diferentemente. De fato, a
abordagem ergonmica visa, de um lado, elaborar recomendaes no sentido de modificar as
condies de trabalho, de forma que elas sejam melhor adaptadas s caractersticas
fisiolgicas e psicolgicas do homem. Por outro lado, evidenciar os fenmenos da
inadaptao do homem em atividade de trabalho, face s exigncias e s condicionantes da
situao na qual se encontra (SANTOS; FIALHO, 1997).
Para Iida (2003), uma grande fonte de tenso no trabalho so as condies ambientais
desfavorveis, como excesso de calor, rudos e vibraes. Esses fatores causam desconforto,
aumentam o risco de acidentes e podem provocar danos considerveis sade. Para cada uma
das variveis ambientais h certas caractersticas que so mais prejudiciais ao trabalho. Cabe
ao projetista conhecer essas limitaes e, na medida do possvel, tomar as providncias
necessrias para manter os trabalhadores fora dessas faixas de risco. Entretanto, quando isso
no for possvel, devem ser analisados os possveis danos ao desempenho e sade dos
trabalhadores, para que seja adotada aquela alternativa menos prejudicial, tomando-se todas as
medidas preventivas cabveis em cada caso.
2.7.1 Temperatura
Geralmente no se percebe um clima confortvel no ambiente, mas se percebe
imediatamente um clima no confortvel, quanto mais este se distncia daquele. A sensao
de desconforto pode ser um incmodo ou at um tormento, conforme a intensidade da
perturbao (GRANDJEAN, 2004).
Em casos em que o homem obrigado a suportar altas temperaturas, o seu rendimento
cai. A velocidade do trabalho diminui, as pausas se tornam maiores e mais freqentes, o grau
de concentrao diminui, e a freqncia de erros e acidentes tende a aumentar
significativamente, principalmente a partir de 30C. Por outro lado, as baixas temperaturas,
51
pelo menos nos nveis que ocorrem normalmente no pas, no causam nenhum inconveniente
ao trabalho pesado, pois, nesse caso, o organismo estar atuando a favor do balano trmico,
produzindo mais calor pelo metabolismo. Entretanto, se a temperatura for muito baixa (abaixo
de 15C), como no caso de frigorficos, ou na presena de ventos fortes, o trabalhador dever
usar uma vestimenta pesada para proteger-se. O frio abaixo de 15C diminui a concentrao e
reduz as capacidades para pensar e julgar. Afeta tambm o controle muscular, reduzindo
algumas habilidades motoras como destreza e a fora. Se o frio afetar todo o corpo, o
desempenho geral pode ser prejudicado, devido a tremores (IIDA, 2003).
2.7.2 Iluminao
De acordo com Iida (2003), a iluminao dos locais de trabalho deve ser
cuidadosamente planejada desde as etapas iniciais de projeto do edifcio, fazendo-se
aproveitamento adequado da luz natural e suplementado-a com a luz artificial, sempre que for
necessrio.
O sistema de iluminao, assim como a escolha do tipo de lmpadas, luminrias e a
distribuio das mesmas depende das caractersticas do trabalho a ser executado. Existem
basicamente trs tipos de sistemas de iluminao
Iluminao geral A iluminao geral se obtm pela colocao regular de luminrias
em toda a rea, garantindose, assim, um nvel uniforme de iluminao sobre o plano
horizontal.
Iluminao localizada A iluminao localizada se consegue pela colocao de
luminrias prximas aos locais onde so executados os trabalhos.
Iluminao combinada A iluminao geral complementada com focos de luz
localizados sobre a tarefa, com intensidade de 3 a 10 vezes superior ao do ambiente geral.
As luminrias devem ser posicionadas de modo a evitar a incidncia da luz direta ou
refletida sobre os olhos, para no provocar ofuscamentos. De preferncia, devem se situar
acima de 30 em relao linha de viso (horizontal) e, se possvel, devem ser colocadas
lateralmente ou atrs do trabalhador, para evitar a luz direta ou refletida nos seus olhos.
52
2.7.3 Rudo
Para Iida (2003), o rudo considerado um estmulo auditivo que no contm
informaes teis para a tarefa em execuo. Logo, um bip intencional de uma mquina, ao
final de um ciclo de operao, pode ser considerado til ao operador, porque um aviso para
ele iniciar um novo ciclo, mas o mesmo pode ser considerado um rudo pelo vizinho, cuja
ateno est concentrada em outra tarefa.
Os rudos intensos, acima de 85 dB(A) podem causar perda auditiva, bem como,
dificultar a comunicao verbal. As pessoas precisam falar mais alto e prestar mais ateno,
para serem compreendidas. Isso tudo faz aumentar a tenso psicolgica e o nvel de ateno.
Ainda assim, no fcil caracterizar aquele rudo que mais perturba as pessoas, porque isso
depende de uma srie de fatores como freqncia, intensidade, durao, timbre, o nvel
mximo alcanado e, inclusive o horrio em que ocorre. Em geral, rudos mais agudos so
menos tolerveis (IIDA, 2003).
2.8 EXIGNCIAS FSICAS NO TRABALHO
Trs aspectos devem ser considerados na avaliao dos custos energticos de uma
atividade fsica de trabalho (LAVILLE apud SANTOS, FIALHO, 1997):
* a intensidade de um trabalho varia muitas vezes com o tempo, mesmo em se
tratando de um trabalho repetitivo, onde as mesmas atividades musculares so reproduzidas
periodicamente: pequenas modificaes na tarefa a ser executada, incidentes, variaes do
estado dos meios materiais de trabalho (uso das ferramentas). Assim, todo valor mdio
utilizado daria apenas uma informao falsa sobre o custo real do trabalho;
* o estado fsico do trabalhador muda ao longo do tempo: aprendizagem, fadiga,
estado de sade. As variaes interindividuais so considerveis. Assim, o nvel de gasto
energtico de um trabalhador s tem sentido se estiver relacionado com aquele que o executa.
Um gasto energtico de 300 watts pode corresponder a um trabalho pesado para um indivduo
e moderado para outro, segundo o estado fsico, o condicionamento, o sexo, a idade e o estado
de sade de cada um;
* o tempo durante o qual realizado este gasto energtico igualmente um aspecto a
ser considerado.
53
2.8.1 O Trabalho Muscular
Produtos e postos de trabalho inadequados podem provocar tenses musculares, dores
e fadiga que, s vezes, podem ser resolvidas com providncias simples, como o aumento ou a
reduo da altura da mesa ou da cadeira. Em outros casos, essa soluo no to simples, por
envolver um conflito fundamental entre as necessidades humanas e aquelas do trabalho.
Muitas vezes, so possveis solues de compromisso, em que no se consegue uma situao
ideal de trabalho, mas as exigncias humanas podem ser sensivelmente reduzidas, ao nvel
tolervel (IIDA, 2003).
Conforme Santos e Fialho (1997), a musculatura esqueltica um sistema de
transformao de energia qumica em energia mecnica, permitindo assim o desenvolvimento
das atividades motoras de trabalho, isto , o exerccio de foras, de gestos, de movimentos e
de manuteno de posturas. Assim sendo, numerosas constataes so possveis de serem
estabelecidas, em relao aos seguintes aspectos: importncia dos grupos musculares
envolvidos, intensidade das foras exercidas, durao dos esforos, preciso exigida,
repetio das atividades, amplitude das angulaes articulares, etc.
De acordo com Iida (2003), o trabalho esttico aquele que exige contrao contnua
de alguns msculos, para manter uma determinada posio. Isso ocorre, por exemplo, com os
msculos dorsais e das pernas para manter a posio de p, msculos dos ombros e do
pescoo para manter a cabea inclinada para frente, msculos da mo esquerda segurando a
pea para se martelar com a outra mo, e assim por diante.
O trabalho dinmico aquele que permite contraes e relaxamentos alternados dos
msculos, como na tarefa de martelar, serrar, girar um volante ou caminhar. J o trabalho
esttico altamente fatigante e, sempre que possvel, deve ser evitado. Quando isso no for
possvel, pode ser aliviado. Permitindo mudanas de posturas, melhorando o posicionamento
de peas e ferramentas ou providenciando apoios para partes do corpo com o objetivo de
reduzir as contraes estticas dos msculos. Tambm devem ser concedidas pausas de curta
durao, mas com elevada freqncia, para permitir relaxamento muscular e alvio da fadiga.
Entre o trabalho esttico e dinmico encontram-se diferenas fundamentais. No
trabalho esttico, os vasos sanguneos so pressionados pela presso interna, contra o tecido
muscular; por isso no flui mais sangue para o msculo. No trabalho dinmico, ao contrrio,
os msculos agem como uma motobomba sobre a circulao sangunea: a contrao expulsa o
sangue dos msculos, enquanto que o relaxamento subseqente favorece o influxo de sangue
54
renovado. Por este mecanismo, a circulao de sangue aumentada em vrias vezes: os
msculos recebem realmente de dez a vinte vezes mais sangue do que em repouso.
2.8.2 Manuseio de Cargas
Para Iida (2003), o manuseio de cargas pesadas tem sido uma das mais freqentes
causas de trauma dos trabalhadores. Isso tem ocorrido devido grande variao individual das
capacidades fsicas e freqentes substituies de trabalhadores homens por mulheres. Torna-
se, ento, necessrio, conhecer a capacidade humana mxima para levantar e transportar
cargas, para que as tarefas e as mquinas sejam corretamente dimensionadas dentro desses
limites.
As situaes de trabalho quanto ao levantamento de pesos podem ser classificadas em
dois tipos. Uma delas se refere ao levantamento espordico de cargas e a outra, ao trabalho
repetitivo com levantamento de cargas. A primeira est relacionada com a capacidade
muscular para levantar a carga e a segunda, onde entra o fator de durao do trabalho, est
relacionada com a capacidade energtica do trabalhador e a fadiga fsica.
a) Resistncia da coluna a musculatura das costas a que mais sofre com o
levantamento de pesos. Devido estrutura da coluna vertebral, composta de discos
superpostos, ela tem pouca resistncia a foras que no tenham a direo de seu eixo.
Portanto, na medida do possvel, a carga sobre a coluna vertebral deve ser feita no sentido
vertical, evitandose as cargas com as costas curvadas.
b) Capacidade de carga mxima para determinar a capacidade de carga repetitiva,
deve-se determinar, primeiro, a capacidade de carga isomtrica das costas, que a mxima
carga que uma pessoa consegue levantar, flexionando as pernas e mantendo o dorso reto, na
vertical. A carga recomendada para movimentos repetitivos ser, ento, 50% dessa carga
isomtrica mxima.
Grandjean (2004) afirma que, com base na experincia geral e considerando os
conhecimentos cientficos, podem ser estabelecidas as seguintes regras para o levantamento
de pesos:
* a carga deve ser segura e levantada com as costas retas e joelhos dobrados;
* a carga deve ser levantada o mais prximo possvel do corpo, segurando, sempre que
possvel, a carga entre os joelhos, com os ps em posio apropriada;
55
* o incio do levantamento deve ser, sempre que possvel, na altura dos joelhos, j que
a fora mxima de levantamento ocorre na altura entre 50 e 75cm do cho. Quando o
levantamento comea na altura dos joelhos, a carga pode ser facilmente levantada at a altura
de 90 a 110cm. Se o levantamento comea na altura do cotovelo, a carga pode ser facilmente
levantada at os ombros;
* quando faltarem alas, ento os prolongamentos artificiais do brao devem ser
usados, na forma de cordas, cintas ou ganchos;
* rampas devem possibilitar que a carga seja manuseada na altura de 50cm, sendo que
a altura de depsito fique em 80 a 110cm;
* enquanto o levantamento ocorre, deve-se evitar a rotao simultnea do tronco;
* para o manuseio de cargas, usar, sempre que possvel, carrinhos, rodzios ou
dispositivos de levantamento mecnico.
De acordo com Iida (2003), da mesma forma que no caso de levantamento de cargas,
durante o transporte manual de cargas, a coluna vertebral deve ser mantida, o mximo
possvel, na vertical. Alm disso, deve-se evitar pesos muito distantes do corpo ou cargas
assimtricas, que tendem a provocar momento, exigindo um esforo adicional da musculatura
dorsal para manter o equilbrio.
2.9 CONSIDERAES A RESPEITO DA REVISO BIBLIOGRFICA
O captulo tem por finalidade proporcionar a compreenso do contexto que se insere o
tema, bem como, a reviso da literatura mais atual e relevante, para estabelecer parmetros e
diretrizes que fundamentem a metodologia, pesquisa de campo, discusso e concluso deste
trabalho.
Sendo assim, pode-se identificar pelos estudos abordados na literatura, que o setor
vidreiro manufaturado se caracteriza pela realizao de movimentos desfavorveis, manuseio
de cargas pesadas, trabalhadores expostos a fatores fsicos-ambientais como: altas
temperaturas, rudos, etc. Diante disso, a ergonomia, bem como o adequado projeto do arranjo
fsico, podem contribuir para modificao deste cenrio, atravs de uma metodologia de
interveno.
Portanto, com estas informaes tericas, pode-se desenvolver uma proposta de
metodologia, onde os aspectos at aqui discutidos, serviro de base para melhorias das
condies de trabalho e layout de processo na indstria do vidro.
56
3. METODOLOGIA
Neste captulo, apresentam-se os procedimentos metodolgicos tomados para a
realizao do estudo. Para tanto, optou-se por estabelecer uma seqncia de quatro etapas, a
qual conduz os passos para o desenvolvimento da metodologia proposta (Figura 11).
ETAPA 1:
ANLISE DA DEMANDA
ETAPA 2:
OBSERVAO INICIAL
ETAPA 3:
DIAGNSTICO PRIMRIO
(3.1) Mtodo de Anlise do
Processo
(3.2) Mtodo de Anlise de Postos de
Trabalho
(3.1.1) Identificao do Tipo do
Processo
(3.1.2) Coleta de Informaes do
Processo
(3.1.3) Construo do Mapa do
Processo
(3.1.4) Construo do Diagrama
de Blocos
(3.1.5) Identificao dos Fatores
do Processo
(3.2.1) Identificao dos Postos de
Trabalho
(3.2.2) Coleta de Informaes dos
Postos de Trabalho
(3.2.3) Construo dos Perfis
Analticos dos Postos de Trabalho
(3.2.4) Construo do Perfil Global de
um Conjunto de Postos de Trabalho
( 3.2.5) Identificao dos Fatores dos
Postos de Trabalho
(3.1.6) Anlise dos Fatores
Crticos do Processo
(3.2.6) Anlise dos Fatores Crticos dos
Postos de Trabalho
ETAPA 4:
ANLISE APROFUNDADA
Figura 11: Etapas de desenvolvimento metodolgico referentes a processo e condies
de trabalho
57
A primeira etapa consiste na anlise da demanda, ou seja, compreender o cenrio
existente e suas disfunes em relao ao processo como um todo. Ligado a isso, pode-se
propor a conjuno de dois instrumentos de anlise. O primeiro a ser abordado avalia aspectos
relacionados ao processo e o segundo aos postos de trabalho. Ambos os mtodos se
complementam com o objetivo de contribuir para melhoria das condies de trabalho
(ergonomia) e layout do processo. Neste caso, esses instrumentos de anlise denominam-se:
mtodo de anlise do processo e mtodo de anlise dos postos de trabalho.
Em seguida, cada subtem referente a esses mtodos sero descritos e relacionados de
acordo com sua etapa e instrumento de anlise.
3.1 MTODO DE ANLISE DO PROCESSO
Tendo em vista maior qualidade de vida dos funcionrios e conseqente produtividade
no setor vidreiro, a empresa do segmento manufaturado referente a esse trabalho entende que
a anlise do processo e arranjo fsico contribui de maneira objetiva nestes aspectos.
A aplicao do mtodo de anlise do processo visa a otimizao do fluxo e transporte
de materiais durante o processo produtivo, atravs de melhorias e redimensionamento do
layout atual. Essas modificaes sero contribuies importantes para as condies de
trabalho dos operadores no que diz respeito reduo da carga de trabalho fsica e melhorias
na segurana e conforto do ambiente fsico.
3.1.1 Identificao do Tipo de Processo
Inicialmente, para anlise da demana, deve-se compreender o cenrio atual para a
identificao do tipo de processo existente. importante ressaltar que cada tipo de processo
tem uma forma diferente de organizar as operaes dentro do contexto da fbrica.
Em operaes de manufatura, o fator mais significativo a diferena entre
caractersticas de volume e variedade. Como verificado no segundo captulo deste trabalho,
pode-se escolher entre cinco tipos de processos e estes devem estar condizentes com o tipo de
produto fabricado. Para tanto, alm da verificao do tipo de processo, deve-se levar em
considerao o entendimento do setor em que a fbrica atua. Isso faz com que o analista tenha
uma compreenso maior das operaes que constituem o processo.
58
Portanto, a anlise do processo feita de acordo com o tipo de processo existente, o
que ele faz, o grau de desempenho e quais fatores que o afetam. Desta maneira, a primeira
atitude a ser tomada em casos de manufatura, conhecer e compreender o tipo de processo
para iniciar uma avaliao adequada e consistente.
3.1.2 Coleta de Informaes do Processo
Aps a identificao do tipo de processo passa-se para fase de observao inicial do
cenrio existente, na qual deve-se fazer a coleta de dados. A coleta de informaes do
processo pode ser feita de diversas maneiras. Muitas vezes, o levantamento inicial atravs de
observao direta, seguido da listagem das operaes, a primeira atitude a ser tomada.
Anotar cada passo do processo facilita na compreenso geral da situao.
Ainda assim, a listagem das operaes ordenadas de acordo com o fluxo de processo
pode se tornar um fluxograma, abordado no segundo captulo deste estudo. Esta tcnica
utilizada para melhor visualizao do fluxo da fbrica.
Aliado a isso e em busca de dados, o analista poder fazer a medio do local para entender o
arranjo fsico em relao ao espao existente. Mesmo que a maioria das empresas fornea a
planta baixa da fabrica, importante fazer a medio para localizar possveis modificaes
feitas durante o tempo ou para completar dados no identificados nos desenhos fornecidos. A
planta baixa do local deve ser de fcil compreenso e atualizada com o contexto.
3.1.3 Construo do Mapa de Processo
Com todos dados necessrios, pode-se passar para a construo do mapa de processo.
Como demonstrado no segundo captulo desta dissertao, esse mapa rene todas informaes
do processo em uma tabela. Para tanto, isso pode ser feito com os dados obtidos atravs da
observao direta, medio da rea e listagem das operaes.
Primeiramente deve-se numerar e escrever cada passo do processo e, ao lado de cada
um, identificar se o descrito atividade de operao, transporte, espera, armazenagem ou
inspeo. Logo, com outros dados coletados anteriormente, pode-se verificar cada distncia
percorrida e o tempo gasto entre os passos. Com a tabela preenchida, verifica-se o nmero
total de passos durante o processo, bem como a distncia e o tempo total.
59
3.1.4 Construo do Diagrama de Blocos
O diagrama de blocos, abordado no segundo captulo deste trabalho, pode ser
considerado mais um instrumento para a anlise do processo.
Essa tcnica pode ser aperfeioada de maneira simples e coerente com o contexto.
Inicialmente, deve-se obter a planta baixa da fbrica e no mesmo desenho deve-se fazer um
crculo em cada posto de trabalho existente. Em seguida, com esse esboo inicial, pode-se
traar linhas conectando cada operao e assim projetando o caminho feito pelos produtos.
Contudo, esse diagrama reproduzido atravs de crculos e linhas facilita de uma forma
bastante clara a visualizao do fluxo do processo. A partir disso, pode-se tirar concluses
significativas a respeito da organizao e disposio dos recursos dentro do arranjo fsico
existente.
3.1.5 Identificao dos Fatores do Processo
Neste momento, deve-se seguir para a terceira etapa do mtodo do trabalho que
considera o diagnstico primrio necessrio, bem como a identificao dos fatores do
processo.
Com a construo do mapa de processo e diagrama de blocos, o analista obtm
informaes necessrias para a identificao de fatores desfavorveis (gargalos) entre as
operaes do processo.
Cada tcnica abordada nesta metodologia contribui para um determinado aspecto na
anlise do processo. O mapa de processo proporciona uma avaliao detalhada das distncias
das atividades de transporte, do percurso total e tempo gasto com cada operao. J o
diagrama de blocos demonstra em seu desenho esquemtico, movimentos desnecessrios,
transportes longos, falta de organizao e arranjos fsicos confusos.
60
3.1.6 Anlise dos Fatores Crticos do Processo
De acordo com os procedimentos metodolgicos desta dissertao, esta fase
representada pela anlise aprofundada dos fatores identificados anteriormente.
Inicialmente, verifica-se a problemtica geral do processo e em seguida deve-se focar
para determinados aspectos crticos apresentados durante o desenvolvimento da pesquisa.
Logo, a identificao dos gargalos do processo, responsveis pela perda na produtividade e
pelos prejuzos nas condies de trabalho, proporciona o entendimento necessrio para, em
um segundo momento, propor melhorias.
3.2 MTODO DE ANLISE DE POSTOS DE TRABALHO
Atualmente, as fbricas esto adquirindo uma nova viso em relao s condies de
trabalho de seus operadores. Os postos de trabalho que no passado eram improvisados, hoje
esto sendo organizados e analisados com o objetivo de proporcionar sade, segurana e
conforto ao trabalhador.
Sendo assim, com a inteno de facilitar o trabalho do analista na avaliao das
condies de trabalho nos postos, prope-se o mtodo denominado Renault, utilizado pela
Rgie Nationale des Usines Renault (1978). Entretanto, o mtodo proposto uma adaptao
da verso original realizada por Marques (2002).
Com a metodologia Renault possvel identificar fatores crticos nos postos de
trabalho e propor melhorias em relao concepo do posto, segurana, conforto do
ambiente, carga fsica e mental, trabalho repetitivo e contedo do trabalho.
3.2.1 Identificao dos Postos de Trabalho
Primeiramente, necessria a identificao dos postos de trabalho dentro do contexto
produtivo da empresa para anlise da demanda. O tipo de produto fabricado, o arranjo fsico
dos postos, o fluxo de materiais e produtos durante o processo so fatores importantes para
uma avaliao adequada.
61
Os postos de trabalho so listados para que as atividades realizadas sejam somente
identificadas, pois nesta dissertao, as atividades realizadas no so analisadas em sua
particularidade.
3.2.2 Coleta de Informaes dos Postos de Trabalho
Para iniciar a coleta de dados aplicado um questionrio a cada operador do posto de
trabalho, com o objetivo de identificar a percepo do mesmo em relao aos critrios
determinados pela metodologia. O mtodo adaptado de Renault consiste em nove critrios de
avaliao que se referem a trinta fatores, de acordo com a Figura 12.
Figura 12: Critrios e fatores de anlise de postos de trabalho (adaptado de RENAULT
apud MARQUES, 2002)
62
A seguir, o analista faz a observao e avaliao de cada um dos nove critrios a partir
do mesmo questionrio. Esses critrios se referem a um determinado nmero de fatores que
so avaliados em relao a uma escala de cinco nveis de penosidade, desde o nvel 1 (menos
acentuada) at o nvel 5 (mais acentuada), de acordo com a Figura 13.
Aliado a isso, o documento em anexo dessa dissertao apresenta figuras ilustrativas
com descries dos nveis de penosidade para identificao dos mesmos por parte do analista.
Figura 13: Nveis de penosidade dos fatores avaliados (adaptado de RENAULT apud
MARQUES, 2002)
3.2.3 Construo dos Perfis Analticos dos Postos de Trabalho
Atravs dos fatores obtidos pela observao do analista e do questionrio aplicado aos
funcionrios possvel construir o perfil analtico do posto de trabalho. Este perfil apresenta a
anlise detalhada de um posto de trabalho, sendo representado por um grfico onde um eixo
demonstra os nveis de penosidade e o outro os fatores por critrio. Cada grfico representa
um posto de trabalho onde analista e funcionrios so representados por linhas diferentes
(Figura 14).
63
Posto 1
0
1
2
3
4
5
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20.1 20.2 21 2 2 23.1 23. 2 24.1 24.2 24.3 25.1 25. 2
Fatores
V
a
l
o
r
e
s
funcionario
analista
Figura 14: Exemplo do perfil analtico para um posto de trabalho
O grfico do perfil analtico facilita a comparao dos valores subjetivos por parte do
analista e valores subjetivos por parte do funcionrio. Desta maneira, possvel concluir de
forma mais realista sobre os pontos crticos de cada posto.
3.2.4 Construo do Perfil Global de um Conjunto de Postos de Trabalho
Este segundo perfil representado por um grfico o qual caracteriza-se por demonstrar
a viso geral das condies e do ambiente de trabalho de um grupo de postos, em relao aos
critrios analisados.
A construo feita atravs dos valores dados pelo analista e pelo funcionrio para
cada um dos fatores analisados em relao a um grupo de postos gerando-se a mediana por
critrio. Sendo assim, com este grfico verifica-se caractersticas globais desfavorveis,
proporcionando um panorama da situao geral dos postos de trabalho (Figura 15).
64
Figura 15: Exemplo do perfil global dos postos de trabalho
3.2.5 Identificao dos Fatores por Posto de Trabalho
Os fatores analisados so identificados atravs de um grfico construdo com os
valores para os nveis de penosidade de cada posto de trabalho. Este grfico permite que os
fatores sejam analisados detalhadamente e priorizados visando diminuir a penosidade no
ambiente da fbrica, conforme Figura 16.
Fator 1
1
2
3
4
5
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15
Postos
V
a
l
o
r
e
s
analista
funcionrio
Figura 16: Exemplo do grfico para priorizao de fatores
65
3.2.6 Anlise dos Fatores Crticos dos Postos de Trabalho
Como abordado anteriormente, esta etapa consiste em analisar profundamente
aspectos problemticos encontrados no diagnstico primrio. Alm disso, para cada fator
deve-se construir uma tabela com os maiores valores dados pelo analista e funcionrio. Faz-se
o somatrio de valores acima de 3, os valores 4 e 5 para cada fator, ditos crticos. Com a
tabulao desses valores tm-se as informaes necessrias para construo de um grfico de
Pareto. Assim, com os valores da observao do analista e com as percepes do funcionrio
gera-se um grfico de Pareto geral, no qual um eixo representa os valores para nveis de
penosidade e o outro eixo representa os fatores (Figura 17).
O grfico de Pareto proporciona a visualizao e identificao dos fatores mais
crticos para que em seguida, as melhorias sejam planejadas e propostas.
Pareto Geral
0
3
6
9
12
15
18
21
24
27
25.2 10 23.2 11 8 24.1 19 14 9 22 24.2 25.1 12 17 5 23.1 6
Fatores
D
i
f
e
r
e
n

a
s

(
m
)
0
10
20
30
40
50
60
70
80
90
100
F
r

A
c
u
m
u
l

(
%
)
Acima de 3
Freqencia Acumul
Figura 17: Exemplo de um grfico de pareto
Sendo assim, pode-se avaliar os fatores crticos apresentados pelos postos de trabalho
de maneira objetiva. Com essa avaliao aprofundada, tem-se o embasamento necessrio para
propor um plano de ao coerente no contexto que a mesma se insere.
66
4. RESULTADOS
4.1 APRESENTAO DA EMPRESA
Este estudo de caso apresenta a aplicao de dois mtodos para avaliao e melhoria
de layout de processo e condies de trabalho. A anlise do processo e dos postos de trabalho
foi colocada em prtica em uma empresa distribuidora de vidros planos e produtora de vidros
curvos e temperados.
Trata-se de uma pequena empresa gacha que est presente no mercado h quarenta
anos, conta com 44 funcionrios dividindo-se em quatro setores no mesmo endereo:
a) A Loja: faz a venda dos produtos diretamente ao cliente com a exposio de
objetos para decorao;
b) A Administrao: estruturada em escritrios, controla todos os processos
administrativos da fbrica e da loja;
c) A Fbrica: estruturada em um arranjo fsico, produz os vidros curvos e temperados
e armazena os vidros planos para a distribuio;
d) O Ateli: atravs de um forno e uma tecnologia especfica, a artista plstica
confecciona uma diversificada linha de objetos de arte e decorao para venda na loja.
A empresa destina seus produtos para quatro setores especficos. So eles: (i)
arquitetura e construo: vidros para fachadas, esquadrias, sacadas, parapeitos, vitrines e
boxes; (ii) refrigerao: vidros para balco de confeitaria, balco frio e balco quente/ frio;
(iii) indstria moveleira: vidros para mesa comum, mesa de centro, p de mesa e aparadores;
(iv) decorao: vidros curvos para cubas, lavatrios, objetos de decorao e utilitrios.
Levando em considerao o objetivo deste trabalho, houve a preocupao de limitar a
rea do estudo. A aplicao dos dois mtodos propostos foi realizada somente no ambiente
fabril, avaliando questes relacionadas ao layout de processo e postos de trabalho.
67
4.1.1 Caractersticas do Processo
A empresa estudada utiliza o processo por lote em seu cho de fbrica. Este
caracterizado por nveis mais elevados de volume e variedade do que outros tipos de
processos, fabricando 28 (vinte e oito) tipos de produtos (Figura 18).
PRODUTOS
1. vidro para distribuio
2. Cortado
3. Cortado/Lapidado/Lavado
4. Cortado/Lapidado/Lavado/Curvado
5. Cortado/Lapidado/Lavado/Temperado
6. Cortado/Lapidado/Lavado/Temperado padro
7. Cortado/Lapidado/Lavado/Temperado/Curvado
8. Cortado/Lapidado/Marcado/Recortado/Lapidado manual/Lavado
9. Cortado/Lapidado/Marcado/Recortado/Lapidado manual/Lavado/Curvado
10. Cortado/Lapidado/Marcado/Recortado/Lapidado manual/Lavado/Temperado
11. Cortado/Lapidado/Marcado/Recortado/Lapidado manual/Lavado/Temperado/Curvado
12. Cortado/Lapidado/Lapidado manual/Lavado
13. Cortado/Lapidado/Lapidado manual/Lavado/Curvado
14. Cortado/Lapidado/Lapidado manual/Lavado/Temperado
15. Cortado/Lapidado/Lapidado manual/Lavado/Temperado/Curvado
16. Cortado/Lapidado/Marcado/Furado/Lavado
17. Cortado/Lapidado/Marcado/Furado/Lavado/Curvado
18. Cortado/Lapidado/Marcado/Furado/Lavado/Temperado
19. Cortado/Lapidado/Marcado/Furado/Lavado/Temperado padro
20. Cortado/Lapidado/Marcado/Furado/Lavado/Temperado/Curvado
21. Cortado/Lapidado/Marcado/Furado/Lapidado manual/Lavado
22. Cortado/Lapidado/Marcado/Furado/Lapidado manual/Lavado/Curvado
23. Cortado/Lapidado/Marcado/Furado/Lapidado manual/Lavado/Temperado
24. Cortado/Lapidado/Marcado/Furado/Lapidado manual/Lavado/Temperado/Curvado
25. Cortado/Lapidado/Marcado/Furado/Recortado/Lapidado manual/Lavado
26. Cortado/Lapidado/Marcado/Furado/Recortado/Lapidado manual/Lavado/Curvado
27. Cortado/Lapidado/Marcado/Furado/Recortado/Lapidado manual/Lavado/Temperado
28. Cortado/Lapidado/Marcado/Furado/Recortado/Lapidado manual/Lavado/Temperado/Curvado
Figura 18: Vinte e oito produtos fabricados
68
Para Ritzman e Krajewski (2004), um processo por lote possui volumes mdios ou
moderados, porm a variedade ainda permanece muito grande para justificar a adoo de um
processo separado para cada produto ou servio. O padro do fluxo desordenado, sem uma
seqncia padronizada de operaes por toda a unidade produtiva. Surgem, no entanto,
trajetrias mais dominantes do que em um processo por tarefa, e alguns segmentos do
processo possuem um fluxo de linha.
Aliado a isso sabe-se que os operrios da fbrica em questo trabalham em um arranjo
fsico de processo, que junto do processo por lote caracterizam o fluxo da empresa.
No arranjo por processo, processos similares (ou processos com necessidades
similares) so localizados juntos um do outro. A razo pode ser que seja conveniente para a
operao mant-los juntos, ou que dessa forma a utilizao dos recursos transformadores seja
beneficiada. Isso significa que, quando produtos, informaes ou clientes flurem pela
operao, eles percorrero um roteiro de processo a processo, de acordo com suas
necessidades. Diferentes produtos ou clientes tero diferentes necessidades e, portanto,
percorrero diferentes roteiros na operao. Por essa razo, o padro de fluxo na operao
poder ser bastante complexo (SLACK et al., 2003).
4.1.2 Descrio dos Postos de Trabalho
A fbrica comporta dois pequenos estoques de chapas de vidros (matriaprima) para
a produo de vidros curvos e temperados e para distribuio. Estes estoques so compostos
de quatro tipos de vidros. So eles: (i) vidro impresso; (ii) vidro aramado; (iii) vidro
laminado; (iv) vidro refletivo.
Inicialmente, ao lado do estoque 1, localiza-se um sistema chamado de ponte rolante,
sendo determinado como o primeiro posto de trabalho dentre os quinze postos analisados
neste trabalho. O estoque 1 localiza-se na entrada principal da fbrica sendo abastecido pelas
chapas de vidros destinadas distribuio e em alguns casos devendo ser cortadas em
tamanhos especificados pelo cliente. J o estoque 2 est localizado na entrada secundria com
o abastecimento de chapas de vidro destinadas a curvao e tmpera. De qualquer forma,
estas ltimas podem ser somente lapidadas e/ou furadas e/ou recortadas e no
necessariamente curvadas e/ou temperadas. Cada estoque possui sua ponte rolante para
transporte das chapas de vidros do estoque para mesa de corte. Sendo assim, cada ponte
rolante deve transportar o vidro para sua respectiva mesa de corte. As pontes rolantes e as
69
mesas de corte esto localizadas em diferentes espaos, portanto, faz-se necessrio analisar
cada ponte e cada mesa em seu determinado ambiente, entendendo como postos de trabalho
distintos entre si.
Alm disso, deve-se ressaltar a existncia do estoque padro. Esse estoque assim
denominado pelo fato de armazenar vidros temperados com tamanhos padro para o setor da
construo civil. Entende-se que o estoque em descrio tem a mesma funo da expedio,
mas nesse caso, com produto padro. De qualquer forma, como nesse espao no possui
trabalhador supervisionando os vidros, esse estoque no pode ser estabelecido como posto de
trabalho. Desta forma, pode-se verificar e descrever quinze postos no arranjo fsico desta
fbrica. So eles:
1. Ponte Rolante 1: transporte das chapas de vidro como abordado anteriormente. So
acionadas por controle manual e operado por um trabalhador (letra A conforme Tabela 3);
2. Corte 1: neste posto localiza-se uma mesa revestida de carpete com um sistema de
presso de ar para o vidro no grudar enquanto est sendo cortado. O vidro cortado
manualmente com cortador de diamante, tendo como trabalhadores um cortador e um
ajudante (letras B e C conforme Tabela 3);
3. Lapidao: esta operao consiste em lapidar os vidros. So duas lapidadoras com
um trabalhador em cada. Para fins de anlise so considerados o mesmo posto de trabalho,
pois esto localizadas uma ao lado da outra (letra D conforme Tabela 3);
4. Mesa de marcao: nesta operao deve-se marcar, com caneta e gabaritos especiais
para vidros, as posies que sero feitas os furos e/ou recortes nos vidros. Este posto possui
uma mesa e um trabalhador (letra E conforme Tabela 3);
5. Furao: esta operao consiste em furar os vidros. So duas furadeiras utilizadas
pelo mesmo trabalhador do posto quatro. Da mesma maneira que a lapidao, mesmo tendo
duas mquinas so consideradas o mesmo posto de trabalho (letra E conforme Tabela 3);
6. Recorte: nesta etapa deve-se recortar o vidro com cortador de diamante seguindo a
marcao feita na operao anterior. Este posto possui uma mesa e o mesmo trabalhador do
posto quatro e cinco (letra E conforme Tabela 3);
7. Lapidao manual: nesta operao feita a lapidao manual destinada a cantos
redondos e pequenos, difceis de serem feitos na mquina de lapidao para lados retos. Este
posto possui uma mesa e um trabalhador (letra F conforme Tabela 3);
8. Lavagem: nesta etapa o vidro temperado deve passar pela lavagem. A chapa entra
na mquina deslizando por uma esteira saindo limpa e seca. Este posto possui uma mquina e
o mesmo trabalhador do posto sete (letra F conforme Tabela 3);
70
Tabela 3: Tabela para organizao de dados
Nmero Postos Funo Letras N de questionrios
1 Ponte 1 operador ponte A 1
2 Corte 1 cortador B 1
auxiliar de corte C 0
3 Lapidao operador lapidadora D 1
4 Marcao marcador
5 Furao furador E 3
6 Recorte marcador
7 Lapid. M lapidador manual F 2
8 Lavagem Lavador
9 Confer. E conferista entrada G 2
11 Confer.S conferista sada
10 Tmpera forneiro H 1
12 Curvo forneiro I 1
13 Ponte 2 operador ponte L 2
14 Corte 2 cortador
auxiliar de corte J 0
15 Expedio expedio M 1
expedio N 0
Geral mecnico O 0
TOTAL: 15 postos 10 entrevistados 15 respostas
9. Conferncia de entrada: nesta operao feita a conferncia de entrada da chapa de
vidro no forno de tmpera. Deve ser feita a inspeo no vidro para evitar possveis erros e
conseqentes gargalos na produo. Este posto possui uma mesa e um trabalhador (letra G
conforme Tabela 3);
10. Tmpera: esta etapa consiste em aquecer a chapa de vidro, float ou impresso,
prximo sua temperatura de amolecimento e logo aps resfri-la rapidamente com o auxlio
de ar comprimido ou leo, aumentando assim em at sete vezes as resistncias mecnicas e ao
choque trmico, 200-300C. Nesta operao existe uma mquina responsvel por todo este
procedimento citado acima. Portanto, neste posto trabalha um forneiro (letra H conforme
Tabela 3);
11. Conferncia de sada: nesta operao feita a conferncia de sada da chapa de
vidro do forno de tmpera. Este posto possui uma mesa e o mesmo trabalhador do posto nove
(letra G conforme Tabela 3);
12. Curvao: nesta etapa o vidro em chapa reta passa por um processo de curvatura,
em frmas metlicas, a temperaturas prximas de 700 graus, o que confere uma maior
dureza ao vidro. Este procedimento aplicado em quatro caixas com suas respectivas
71
frmas e a seguir passa-se uma tampa no formato de caixa com a funo de aquecer o vidro
nesta moldura. Para esta operao necessita-se de um trabalhador para colocar o vidro em
chapa nas formas e observar a operao at o final. Para a colocao das frmas e vidros no
forno, bem como a retirada dos vidros curvos usa-se um guincho que faz o transporte dos
mesmos. Neste posto opera um forneiro (letra I conforme Tabela 3);
13. Ponte Rolante 2: ler descrio ponte 1. Este posto possui um trabalhador.(letra L
conforme Tabela 3);
14. Corte 2: ler descrio corte 1 . O mesmo operador do posto treze trabalha como
cortador junto de seu auxiliar na mesa de corte 2. (letra L e J conforme Tabela 3);
15. Expedio: nesta etapa deve-se manter a organizao dos produtos nos cavaletes e
fazer a entrega deste ao cliente. Este posto possui uma mesa, cavaletes de espera e dois
trabalhadores (letras M e N conforme Tabela 3).
Como o processo da fbrica por lote, importante ressaltar que alguns operadores
acabam trabalhando em mais de um posto, pois no necessariamente todos os postos de
trabalho possuem a mesma demanda ao mesmo tempo. Desta forma, existe troca de postos
entre certos empregados, sendo que alguns trabalham em dois a trs postos seguidamente no
existindo troca, sem esquecer que so quatorze operadores na fbrica para quinze postos de
trabalho. Aliado a isso, um trabalhador dentre os quatorze responsvel pela mecnica geral
das mquinas, fazendo ajustes mas sem operar somente em algum posto de trabalho.
4.2 APLICAO DO MTODO DE ANLISE DO PROCESSO
Com a aplicao da metodologia proposta, pode-se compreender o processo da fbrica
de maneira detalhada e obter informaes importantes para projetar as melhorias necessrias
no arranjo fsico atual.
4.2.1 Identificao do Tipo de Processo
A identificao do tipo de processo, como abordado no terceiro captulo deste estudo,
foi importante para a anlise da demanda, sendo que uma vez compreendido o contexto geral
da organizao, pode-se partir para etapa da observao inicial e coleta de dados.
72
4.2.2 Coleta de Informaes do Processo
As informaes foram coletadas a partir de um levantamento inicial na fbrica.
Primeiramente, foi feita uma observao direta, medies e listagem das operaes,
entendendo a organizao adotada pela produo. Neste caso, a empresa no forneceu o
projeto do local; desta forma, fez-se necessria a medio detalhada e observao direta para
construo da planta baixa do cho de fbrica atual (Figura 19).
Figura 19: Planta baixa da fbrica
73
Em seguida, foi feita a listagem das operaes atravs da observao direta no local.
Com os dados registrados foi possvel construir o fluxograma do processo da fbrica, podendo
ser visualizado na Figura 20.
O fluxograma abaixo representa o processo de produo de 28 (vinte e oito) produtos
utilizando o mesmo ambiente fabril. Como descrito anteriormente, a fbrica possui duas
entradas para abastecimento de chapas de vidros. A entrada principal destinada ao
abastecimento de vidros para o estoque 1 e para a expedio e entrega dos produtos ao cliente.
Logo ao lado, a entrada secundria utilizada para o abastecimento de vidros para o estoque
2. Sendo assim, o fluxograma inicia nas entradas da fbrica e finalizado na nica sada
existente.
4.2.3 Construo do Mapa de Processo
Nesta etapa pode-se reunir as informaes da planta baixa e do fluxograma para
construo do mapa de processo. Com esta tcnica de anlise, foi possvel identificar a
distncia total percorrida pelo operrio durante a fabricao do produto mais complexo
(passando por todos os postos de trabalho) e avaliar se a distncias entre os postos est
adequada. As medidas do arranjo fsico so obtidas atravs do levantamento inicial, passadas
para o desenho da planta baixa e registradas para a organizao dos dados (Tabela 3).
Neste caso, no foi possvel calcular o tempo gasto para cada operao, pois o
processo de fabricao dos produtos no acontece em linha. Alm disso, a produo de certos
lotes feita aos poucos, e em alguns casos interrompida quando outro cliente com
prioridade faz o pedido de um lote diferente do que est sendo fabricado no momento. Isso
ocorre com freqncia descaracterizando o processo em lote, desorganizando a produo e
atrasando a entrega do cliente menos favorecido. Por estas razes, o analista teve dificuldade
de acompanhar todo o processo e registrar o tempo gasto para todas as operaes.
importante ressaltar que foram feitos os outros vinte e sete mapas de processo dos
produtos restantes e os mesmos encontram-se no apndice desta dissertao. Escolheu-se
apresentar o mapa de processo do produto que passa por todas operaes do arranjo fsico
pelo fato do mesmo poder verificar todas as distncias e as interligaes entre todos os postos
de trabalho. Outro produto que no tenha a mesma caracterstica no seria um instrumento to
hbil de avaliao.
74
Faz a marcao
Transporte do vidro para
cavalete fixo
Transporte do vidro para a
furadeira
Faz a furao
Transporte do vidro para
cavalete fixo
Transporte do vidro para a mesa
de recorte
Transporte do vidro para
cavalete fixo
Faz o recorte
Transporte de chapas de vidro
para estoque 1
Transporte de chapas de vidro para
caminho de distribuio
Transporte da chapa de vidro
para mesa de corte 1
Faz o corte
ENTRADA PRINCIPAL ENTRADA SECUNDRIA
Faz a lap.manual
Transporte do vidro para a mesa
de lap.manual
Transporte do vidro para cavalete
fixo
Transporte de chapas de vidro
para estoque 2
Transporte da chapa de vidro
para mesa de corte 2
Faz o corte
Transporte do vidro para
cavalete mvel
Transporte do vidro para
lapidadora
Faz a lapidao
Transporte do vidro para cavalete
mvel
Transporte do vidro para
cavalete fixo
Transporte do vidro para mesa
de marcao
Transporte do vidro para
cavalete fixo
Transporte do vidro para a
lavadora
Faz a lavagem
Transporte do vidro para
cavalete fixo
Transporte do vidro para mesa
de conferncia de entrada
Faz a conferncia
Transporte do vidro para as
pinas do forno de tmpera
Faz o pinamento
Aciona painel do forno
Espera o vidro sair do forno
Tranporte do vidro para mesa de
conferncia de sada
Faz a conferncia de sada
Transporte do vidro para
cavalete de estoque padro
Transporte do vidro para cavalete
mvel
Transporte do vidro para cavalete
de expedio
Transporte do vidro para cliente
Transporte da frma para
carrinho
Transporte do carrinho para
forno curvo
Colocao da frma no forno
Transporte do vidro para
cavalete mvel
Transporte do vidro para forno
Aciona o painel do forno curvo
Espera o vidro curvar e esfriar
Transporte do vidro para
cavalete fixo
SADA
Figura 20: Fluxograma da fbrica produtora e distribuidora de vidros
75
Tabela 4: Mapa de processo do arranjo fsico atual
Atividade Passos Distncia (m)
Operao
????? 13
Transporte
??
25 218,57
Inspeo ??
Atraso ? ? 2
Armazenagem
? ?
Tarefa: produo de vidro cortado, lapidado, marcado, furado, recortado, lap.manual, lavado, temperado e curvado
Passo Distncia (m) ????? ?? ?? ? ? ? ? Descrio dos passos
1 16,63 X Transporte do vidro para estoque inicial
2 17,09 X Transporte do vidro para mesa de corte
3 X Faz o corte
4
1,00
X
Transporte do vidro para o cavalete mvel
5
47,33
X
Transporte do vidro para lapidao
6 X
Faz a lapidao
7
5,60
X
Transporte do vidro para cavalete fixo
8 X
Transporte do vidro para mesa de marcao
9 X
Faz a marcao
10 4,00 X Transporte do vidro para o cavalate fixo
11 2,60 X Transporte do vidro para a furadeira
12 X Faz a furao
13 7,13 X Transporte do vidro para o cavalate fixo
14 1,00 X Transporte do vidro para a mesa de recorte
15 X Faz o recorte
16 1,00 X Transporte do vidro para o cavalate fixo
17 1,00 X Transporte do vidro para a mesa de lap. manual
18 X Faz a lapidao manual
19
1,00
X
Transporte do vidro para o cavalate fixo
20 3,22 X Transporte do vidro para a lavadora
21 X Faz a lavagem
22 20,84 X Transporte do vidro para o cavalate fixo
23 1,84 X Transporte do vidro para a mesa de conferncia de entrada
24 X Faz conferncia de entrada
25 1,54 X Transporte do vidro para as pinas do forno
26 X Faz o pinamento
27 X Aciona o painel para a entrada do vidro no forno
28 X Espera o vidro sair do forno
29 3,80 X Transporte do vidro para a mesa de conferncia de saida
30 X Faz conferncia de saida
31 3,11 X Transporte do vidro para o cavalate fixo
32 1,00 X Transporte da forma para o carrinho
33 25,69 X Transporte do carrinho para o forno de curvatura
34 X Colocao da frma no forno
35 1,00 X Transporte do vidro para cavalete mvel
36 16,56 X Transporte do vidro para forno
37 X Aciona painel do forno curvo
38 X Espera o vidro curvar e esfriar
39 2,50 X Transporte do vidro para o cavalete fixo
40 1,00 X Transporte do vidro para o cavalete mvel
41 31,09 X Transporte do vidro para o cliente
76
4.2.4 Construo do Diagrama de Blocos
Como abordado no Captulo 2 desta dissertao, o diagrama de blocos caracterizado
por ser formado por crculos representando os postos de trabalho e linhas representando o
trajeto do produto entre os postos. Neste estudo, o espao destinado reformulao do layout
um fator limitador; desta maneira, fez-se necessrio o uso desta ferramenta respeitando as
reas referentes ao cho-de-fbrica. Contudo, o diagrama de blocos do arranjo fsico atual foi
inserido na planta baixa e reformulado da mesma maneira (Figura 21). Aliado a isso, pode-se
verificar o percurso feito pelos vinte e oito produtos, passando pelos respectivos postos de
trabalho e assim demonstrando o fluxo entre as operaes (Figura 22).
Figura 21: Diagrama de blocos do arranjo fsico atual
77
Figura 22: Diagrama de blocos do arranjo fsico atual apresentando o fluxo
4.2.5 Identificao dos Fatores do Processo
Atravs do mapa de processo verificou-se 41 (quarenta e um) passos para a produo do
vidro que passa por todas as atividades do processo. Analisando a tabela construda, pode-se
identificar que a maioria das atividades de transportes, o que demanda maior ateno para a
reformulao dos percursos entre os postos de trabalho. Alm disso, conseguiu -se calcular a
distncia total do caminho que os trabalhadores percorrem durante este processo, sendo assim,
com este dado tem-se um parmetro de distncia para proposio das melhorias necessrias.
Em relao ao diagrama de blocos, pode-se notar um desenho visualmente confuso,
desorganizado, com transportes longos e desnecessrios. Desta forma, foi importante desenhar
outro diagrama de blocos com suas modificaes e logo em seguida definir o projeto do novo
layout.
78
4.2.5 Anlise dos Fatores Crticos do Processo
Como abordado anteriormente, o layout do processo atual apresenta problemas
significativos em relao organizao. Pode-se visualizar na Figura 22 a aglomerao de dos
postos, bem como fluxos sobrepostos. A acessibilidade projetada de forma inadequada com
obstculos entre os postos de trabalho caracteriza-se por um fator crtico dentro do processo.
Aliado a isso, a compreenso do fluxo do processo atravs da comunicao visual
necessria para o rendimento no trabalho. Essa clareza espacial prejudicada pelo confuso
planejamento do arranjo fsico atual.
4.3 APLICAO DO MTODO DE ANLISE DE POSTOS DE TRABALHO
Para a anlise dos postos de trabalho escolheu-se o mtodo Renault adaptado por
Marques (2002), com o objetivo de compreender as condies de trabalho e o ambiente fabril
da empresa em questo.
Conforme abordado no Captulo 3 deste estudo, esta metodologia consiste em avaliar
30 (trinta) fatores agrupados em 9 (nove) critrios. So eles: (i) concepo do posto; (ii)
segurana; (iii) ambiente fsico; (iv) carga fsica; (v) exigncia mental; (vi) autonomia; (vii)
relaes; (viii) repetitividade; (ix) contedo do trabalho.
A anlise dos valores para cada fator forneceu informaes importantes sobre a
percepo do analista e funcionrio em relao aos critrios selecionados. Alm disso, o
mtodo contemplou valores para cada posto de trabalho o que permitiu a comparao entre os
mesmos.
4.3.1 Identificao dos Postos de Trabalho
Em um primeiro momento, deve-se identificar os postos de trabalho que sero
estudados de forma clara e objetiva. Para tanto, importante entender a atividade executada
pelo operador de cada posto e sua relevncia no contexto do processo produtivo. A viso
sistmica dos postos de trabalho auxilia na coleta de dados que ser feita posteriormente.
79
4.3.2 Coleta de Informaes nos Postos de Trabalho
Com a observao direta no local, conseguiu-se obter os dados da percepo do
analista referentes aos critrios abordados na metodologia. A coleta de informaes foi feita
utilizando o material especificado pelo mtodo Renault adaptado por Marques (2002), como
parmetro para determinao de valores para os 30 (trinta) fatores e postos descritos.
De acordo com a Figura 13, apresentada no Captulo 3 deste trabalho, foi possvel
avaliar os fatores atravs da escala de cinco nveis de penosidade, desde o nvel 1 at o nvel
5, considerando os valores acima de 3 os mais crticos.
Paralelo a isso foi aplicado um questionrio aos operadores da fbrica para coleta dos
dados referentes percepo em relao aos fatores e postos de trabalho. Para obteno de
valores de confiabilidade, o analista preocupou-se em explicar as questes do questionrio a
cada funcionrio de maneira que os mesmos compreendessem e percebessem os seus postos
de trabalho e as perguntas referentes aos mesmos. Neste caso, alguns operadores fazem
rodzio, e trabalhando em mais de um posto durante o dia, portanto, o questionrio foi
aplicado somente queles que estavam trabalhando durante a anlise, sendo que alguns
funcionrios que operavam mais de um posto seguidamente sem trocar com outro colega
responderam mais de uma vez o questionrio, totalizando 15 (quinze) questionrios e 15
(quinze) respostas, entrevistando 10 (dez) trabalhadores. Para melhor entendimento, foi
construda uma tabela com o nmero dos postos, nome e funo dos operadores que
trabalhavam no momento da anlise e o nmero de questionrios respondidos por cada um.
Para privacidade dos funcionrios, o nome de cada um foi substitudo por uma coluna de
letras em ordem alfabtica (Tabela 4).
Conforme a Tabela 4, as letras com o nmero zero ao lado pertencem aos funcionrios
que no responderam o questionrio de avaliao do seu posto de trabalho. Dos 14 (quatorze)
funcionrios especificados por letras, 4 (quatro) foram dispensados da anlise. Isto ocorreu,
pois o analista coletou informaes suficientes de todos os postos, no necessitando de
complementao j que a falta de organizao durante as entrevistas dificultou a possibilidade
de entrevistar estes ltimos quatro operadores. Dentre estes, quatro funcionrios foram
dispensados: dois so auxiliares de corte, um trabalhador da expedio e o outro mecnico
geral da fbrica. Desta forma, para os postos de corte 1 e 2, os cortadores responderam os
questionrios enquanto os auxiliares assumiam seus postos. Em seguida, para o posto de
expedio, um trabalhador respondeu as questes enquanto o outro que faz a mesma atividade
80
estava ocupado com assuntos operacionais e, por fim, o mecnico tambm foi dispensado por
fazer um servio diferenciado e no trabalhar necessariamente em um nico posto.
4.3.3 Construo do Perfil Analtico dos Postos de Trabalho
Em seguida, aps a coleta das informaes referentes ao analista e funcionrios,
construiu-se a Tabela 5, com todos os valores tabulados para cada um dos postos analisados.
Alm disso, a mesma tabela apresenta o clculo da mediana.
Atravs da Tabela 5, foi possvel organizar os dados referentes aos pontos de vista do
analista e aos funcionrios e construir um grfico para cada posto de trabalho, demonstrando
tais percepes. Com esses grficos, verificou-se o perfil de cada posto identificando os
fatores crticos que resultaram em valores acima de 3.
Tabela 5: Resultado dos questionrios
Rel. Rep.
POSTOS 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20.1 20.2 21 22 23.1 23.2 24.1 24.2 24.3 25.1 25.2
analista 3 2 2 1 2 1 1 4 4 4 4 2 3 4 2 3 3 2 2 3 2 2 3 3 5 2 3 2 3 5
funcion 3 3 2 2 1 2 1 2 2 3 3 2 3 4 3 2 2 2 4 2 2 2 3 3 4 2 3 2 3 5
analista 3 3 3 1 3 1 2 4 4 4 4 4 1 4 2 3 4 4 4 2 2 2 4 4 4 4 3 2 4 5
funcion 3 3 3 3 2 3 2 3 3 4 4 2 2 4 2 3 4 4 4 2 3 2 5 3 4 4 3 1 3 4
analista 3 3 2 3 4 3 3 4 4 4 4 3 2 4 2 2 4 3 3 2 2 3 4 2 4 4 3 3 4 5
funcion 2 2 2 3 2 4 1 4 3 2 4 2 3 4 2 2 4 4 5 4 2 3 4 3 2 5 4 3 2 2
analista 2 2 2 1 4 2 1 4 4 4 4 4 2 4 2 2 4 2 3 2 2 2 4 3 2 4 3 3 4 5
funcion 2 2 2 2 2 2 1 2 3 4 4 3 2 3 2 2 3 2 4 2 2 1 3 2 4 4 2 1 2 4
analista 2 4 4 1 4 4 2 4 4 4 4 4 3 4 2 4 4 2 3 2 2 2 4 3 5 4 4 4 4 5
funcion 3 3 2 3 3 3 3 3 4 4 3 2 4 3 2 3 3 2 4 1 3 3 3 4 5 5 4 3 2 5
analista 2 2 2 1 4 4 2 4 4 4 4 4 2 4 2 2 4 2 3 2 2 2 3 3 5 4 4 4 4 5
funcion 3 3 3 3 2 3 2 3 3 4 4 3 2 3 2 3 3 2 4 2 2 2 3 2 5 3 3 2 3 5
analista 2 2 2 1 4 4 2 4 4 4 4 4 4 4 2 2 4 2 3 2 2 2 4 2 5 4 3 3 4 5
funcion 3 3 3 3 2 4 3 4 2 4 4 2 4 3 2 3 3 3 5 1 2 2 3 4 5 3 3 2 3 5
analista 2 2 2 1 4 2 1 3 4 4 4 3 2 4 2 2 3 2 2 2 2 2 3 2 5 2 2 2 4 5
funcion 2 2 2 2 2 2 1 2 2 4 4 3 2 3 2 3 3 1 2 2 2 2 3 2 5 2 1 1 3 5
analista 2 2 2 1 4 3 1 3 4 4 4 3 2 3 2 2 3 2 3 2 2 2 3 2 5 4 3 3 4 5
funcion 2 2 2 2 2 3 3 4 3 4 3 2 2 3 2 3 2 2 3 2 2 2 3 2 5 3 4 3 3 5
analista 2 2 2 1 4 3 1 4 4 4 4 4 2 3 2 4 4 3 4 4 3 2 3 4 4 4 3 3 4 5
funcion 3 3 2 3 3 3 3 3 4 4 3 2 4 3 2 3 3 2 4 1 3 3 3 4 5 5 4 3 2 5
analista 2 2 2 1 4 3 1 4 4 4 4 3 2 4 2 2 3 2 3 2 2 2 3 2 5 4 2 2 4 5
funcion 2 2 2 4 2 2 1 4 4 3 3 4 2 3 2 3 3 4 5 1 4 3 4 4 1 3 3 1 3 3
analista 4 2 2 3 3 3 2 4 4 4 4 3 3 4 2 3 4 3 3 2 2 2 3 4 4 3 4 3 4 5
funcion 4 2 2 3 3 3 1 4 2 5 4 2 3 3 2 4 3 5 4 1 2 3 3 3 4 2 3 2 2 2
analista 3 2 2 1 2 4 1 4 4 4 3 3 3 3 2 3 3 2 2 3 2 2 3 3 5 2 3 2 3 5
funcion 3 3 3 3 2 3 3 3 3 3 3 3 3 3 2 2 3 2 5 1 2 1 3 3 5 2 4 3 3 5
analista 3 3 3 1 3 4 2 4 4 4 3 4 2 3 2 3 4 4 4 2 2 2 4 4 4 4 3 2 4 5
funcion 2 2 2 3 2 3 1 1 2 2 3 3 1 2 3 3 3 4 3 2 1 1 4 3 4 4 3 2 1 5
analista 3 3 3 1 3 1 1 4 4 4 4 4 2 4 2 3 3 3 4 2 2 2 3 3 2 3 4 2 4 5
funcion 3 3 3 2 2 2 3 3 2 4 3 3 2 4 2 3 3 3 5 2 2 1 2 3 2 3 5 3 3 5
2,00 2,00 2,00 1,00 4,00 3,00 1,00 4,00 4,00 4,00 4,00 4,00 2,00 4,00 2,00 3,00 4,00 2,00 3,00 2,00 2,00 2,00 3,00 3,00 5,00 4,00 3,00 3,00 4,00 5,00
3,00 2,00 2,00 3,00 2,00 3,00 2,00 3,00 3,00 4,00 3,00 3,00 2,00 3,00 2,00 3,00 3,00 2,00 4,00 2,00 2,00 2,00 3,00 3,00 5,00 3,00 3,00 2,00 3,00 5,00
Mediana a
Contedo do Trabalho Ambiente Fsico
Furao
Auton.
Mediana f
15 Expedio
12 Curvo
14 Corte 2
Ponte 2 13
10 Tmpera
11 Confer.S
8 Lavagem
9 Confer. E
6 Recorte
7 Lapid. M
5
4 Marcao
1 Ponte 1
2 Corte 1
3 Lapidao
Carg. Fs. Exeg.M. Concepo do Posto Segur.
81
Foram construdos 15 (quinze) grficos representando os postos de trabalho, sendo
que para cada posto verificou-se um panorama diferente em funo dos valores referentes a
cada um dos 30 (trinta) fatores percebidos pelo analista e funcionrios.
Aliado a isso, e na busca de melhores avaliaes, construiu-se duas tabelas com a
mediana de cada posto de trabalho para cada critrio analisado (Tabela 6). Para tanto, gerou-
se as medianas dos valores obtidos pelo analista por posto de trabalho. Logo, pode-se verificar
o critrio mais desfavorvel para cada posto de trabalho, de acordo com o maior valor obtido
pelas medianas (valores grifados de cinza). A seguir, sero discutidos somente resultados da
observao do analista (Tabela 6).
Ainda assim, os critrios de nmero que no tiveram marcao desfavorvel foram
avaliados de outra forma. Identificou-se as maiores medianas para cada critrio demonstrando
o respectivo posto (valores com asterisco ao lado).
Tabela 6: Resultado das medianas por critrio
CRITRIOS DE ANLISE DOS POSTOS DE TRABALHO - ANALISTA
1 2 3 4 5 6 7 8 9
POSTOS
Concepo do Posto Segurana Ambiente Fsico Carga Fsica Exigncia Mental Autonomia Relaes Repetitividade Contedo do Trabalho
2,0 4,0 3,5 3,0 2,0 2,5 2,0 3,0 3,0
3,0 4,0 4,0 3,5 4,0 2,0 2,0 4,0 4,0
3,0 4,0 3,5 3,0 3,0 2,0 3,0* 4,0 4,0
2,0 4,0 4,0 3,0 2,5 2,0 2,0 4,0 3,0
4,0 4,0 4,0 4,0 2,5 2,0 2,0 4,0 3,0
2,0 4,0 4,0 3,0 2,5 2,0 2,0 3,0 4,0
2,0 4,0 4,0 3,0 2,5 2,0 2,0 4,0 4,0
2,0 3,0 2,5 3,5 2,0 2,0 2,0 3,0 2,0
2,0 3,5 3,0 2,5 2,5 2,0 2,0 3,0 4,0
2,0 4,0 3,5 4,0 3,5 3,5* 2,0 3,0 4,0
2,0 4,0 3,5 2,5 2,5 2,0 2,0 3,0 4,0
3,0 4,0 3,5 3,5 3,0 2,0 2,0 3,0 4,0
2,0 4,0 3,0 3,0 2,0 2,5 2,0 3,0 3,0
3,0 4,0 3,0 3,5 4,0 2,0 2,0 4,0 4,0
3,0 4,0 4,0 3,0 3,5 2,0 2,0 3,0 3,0 15 Expedio
13 Ponte 2
14 Corte 2
11 Confer.S
12 Curvo
9 Confer. E
10 Tmpera
7 Lapid. M
8 Lavagem
5 Furao
6 Recorte
3 Lapidao
4 Marcao
1 Ponte 1
2 Corte 1
Sendo assim, os postos de nmero um (ponte 1), oito (lavagem), nove (conferncia de
entrada) e treze (ponte 2), obtiveram suas maiores medianas na avaliao de somente um
critrio. Para os postos que dizem respeito s pontes 1 e 2 (Figura 23 e 24), o critrio e
segurana apresenta maior problema. Trata-se de avaliar o grau de gravidade e probabilidade
em funo da natureza do trabalho e dos materiais utilizados (adaptado de RENAULT apud
MARQUES, 2002). Nesse caso, ao transportar as chapas de vidro do estoque para a mesa de
82
corte e/ou caminho de distribuio, as pontes devem ser cuidadosamente operadas. Qualquer
erro no movimento e acionamento do controle da ponte pode causar acidentes bastante
relevantes tanto para a produo como para os trabalhadores. Em um mesmo contexto, o
posto de lavagem (Figura 25), obteve maior mediana para o critrio relacionado carga fsica.
Esse critrio considera a carga postural esttica, a carga dinmica e a carga de manuteno
como formas de avaliao. Portanto, por ser um posto de manuseio excessivo, entende-se que
a sobrecarga para o trabalhador de alto nvel. Ainda assim, o posto de conferncia de
entrada (Figura 26) aponta maior problemtica no critrio nove, o qual diz respeito ao
contedo do trabalho. Esse critrio de anlise indica em que medida a tarefa de um operador
faz um chamado ao seu potencial de aptido; engaja sua responsabilidade ou suscita seu
interesse. Desta forma, o contedo do trabalho avaliado a partir de trs critrios: (i)
potencial; (ii) responsabilidade; (iii) o interesse do trabalho (adaptado de RENAULT apud,
MARQUES 2002).
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1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20.1 20.2 21 22 23.1 23.2 24.1 24.2 24.3 25.1 25.2
Fatores
V
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e
s
funcionrio
analista
Figura 23: Perfil do posto 1
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1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20.1 20.2 21 22 23.1 23.2 24.1 24.2 24.3 25.1
Fatores
V
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s
analista
funcionrio
Figura 24: Perfil do posto 13
83
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1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20.1 20.2 21 22 23.1 23.2 24.1 24.2 24.3 25.1 25.2
Fatores
V
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l
o
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e
s
analista
funcionrio
Figura 25: Perfil do posto 8
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1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20.1 20.2 21 22 23.1 23.2 24.1 24.2 24.3 25.1 25.2
Fatores
V
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o
r
e
s
analista
funcionrio
Figura 26: Perfil do posto 9
Logo, outros trs postos de trabalho indicaram maiores valores para dois critrios de
anlise. So eles: forno curvo, conferncia de sada e expedio (Figura 27, 28 e 29). Os dois
primeiros apresentaram fatores crticos para questes relacionadas a segurana e contedo do
trabalho. Como abordado anteriormente, as pontes 1 e 2 e a conferncia de entrada apontaram
a mesma problemtica para aspectos referentes a acidentes de trabalho e conhecimentos gerais
necessrios. Aliado a isso, entende-se que tanto a curvao como a conferncia de sada
requerem alto grau de cuidado e ateno no controle do forno e conferncia do vidro
temperado. Seguindo o mesmo cenrio, o posto de nmero quinze (expedio), deve obter
melhorias em relao a segurana e ambiente fsico. Nesse caso, o trabalhador deve ter
cuidado com possveis quedas no transporte e conseqentes perdas do produto final. Por outro
lado, analisando o ambiente fsico, com o resultado da mediana pode-se constatar o problema
da poluio vinda dos caminhes de carga e descarga. De acordo com Renault apud Marques
(2002), o ambiente fsico de um setor ou de um posto de trabalho caracterizado por um
conjunto de elementos, tais como:.(i) ambiente trmico; (ii) ambiente sonoro; (iii) iluminao
84
artificial; (iv) vibraes; (v) higiene atmosfrica e (vi) aparncia/conservao. Cada fator pode
ser uma fonte de problemas permanente ou temporria para um operador e, progressivamente,
atingir a integridade de suas faculdades.
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Fatores
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funcionrio
Figura 27: Perfil do posto 12
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Fatores
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analista
funcionrio
Figura 28: Perfil do posto 11
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Fatores
V
a
l
o
r
e
s
analista
funcionrio
Figura 29: Perfil do posto 15
85
Partindo para anlise dos postos que apresentaram trs medianas crticas, verificou-se
que todos os quatro postos de trabalho que sero abordados a seguir devem propor melhorias
para o critrio de segurana. Sendo assim, os postos da lapidao, marcao, recorte e
tmpera fazem parte deste cenrio. A lapidao indica problemas significativos em relao a
repetitividade, contedo de trabalho, alm da segurana (Figura 30). O critrio relativo a
repetitividade caracterizado pela durao do tempo de ciclo. Segundo Renault apud Marques
(2002), uma atividade cclica de curta durao leva a uma grande repetio de seqncias
gestuais sempre idnticas. Ela induz no operador um automatismo de execuo dos gestos,
que induzem ao abatimento e sentimento de monotonia com relao ao trabalho. O posto em
questo requer alto nvel de ateno e cuidado para que no haja destrao com a monotonia
que representa o curto tempo de ciclo da operao. Junto disso, o posto de marcao aponta
critrios semelhantes, so eles: segurana, repetitividade e ambiente fsico (Figura 31). Esse
posto de trabalho possui aspectos desfavorveis em relao higiene atmosfrica pelo fato do
trabalhador estar mais perto da entrada dos caminhes na fbrica. Nos demais critrios, a
marcao no diferente da lapidao. Levando em considerao tais semelhanas, o posto de
recorte caracteriza-se por baixo grau de repetio, mas apresenta altas medianas para o
critrio de segurana, ambiente fsico e contedo do trabalho (Figura 32). Ainda assim, o
posto de trabalho relativo ao frno de tmpera assemelha-se aos postos abordados
anteriormente por indicar fatores crticos para segurana, carga fsica e contedo de trabalho
(Figura 33). O mesmo requer conhecimentos gerais necessrios, perodo de adaptao, um
alto grau de iniciativa, bem como responsabilidade pelo erros cometidos.
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Fatores
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funcionrio
Figura 30: Perfil do posto 3
86
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Fatores
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funcionrio
Figura 31: Perfil do posto 4
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Fatores
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funcionrio
Figura 32: Perfil do posto 6
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Fatores
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analista
funcionrio
Figura 33: Perfil do posto 10
Dois postos de trabalho indicaram quatro critrios desfavorveis dentre os nove
avaliados. A lapidao manual encaixa-se neste cenrio pelo fato de considerar a segurana, o
ambiente fsico, a repetitividade e o contedo de trabalho aspectos crticos (Figura 34). Sendo
que o posto de trabalho do corte 2 difere deste contexto somente a respeito do ambiente fsico,
identificando a exigncia mental como quarto critrio desfavorvel (Figura 35). Esse ltimo
87
trata-se do conjunto das solicitaes experimentadas pelo sistema nervoso ao longo da
realizao de um tarefa. A sobrecarga do sistema nervoso tende a criar problemas para o
operador (adaptado de RENAULT apud MARQUES, 2002).
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Fatores
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funcionrio
Figura 34: Perfil do posto 7
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Fatores
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analista
funcionrio
Figura 35: Perfil do posto 14
Por ltimo, os postos de trabalho denominados de corte 1 e furao foram
considerados os mais problemticos, apresentando cinco critrios com altas medianas. De
acordo com a Tabela 6, o corte 1 indica a segurana, o ambiente fsico, a exigncia mental, a
repetitividade e o contedo de trabalho como aspectos a serem considerados (Figura 36).
Finalmente, para o posto da furao verificou-se problemas em relao a segurana, ambiente
fsico, carga fsica, repetitividade e concepo do posto (Figura 37). Segundo Renault apud
Marques (2002), a concepo do posto avaliada a partir de 7 fatores fsicos que verificam a
boa adaptao do posto ao operador : (i) altura do plano de trabalho; (ii) afastamento do plano
de trabalho; (iii) distncia lateral para preenso de objetos, ferramentas; (iv) local reservado
88
para os membros inferiores; (v) alimentao e evacuao do posto; (vi) obstculos,
acessibilidade ao posto e informaes.
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Figura 36: Perfil do posto 2
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Fatores
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analista
funcionrio
Figura 37: Perfil do posto 5
Levando essas avaliaes em considerao, verificou-se que a segurana um critrio
problemtico em treze postos dentre os quinze analisados. O critrio relativo ao contedo de
trabalho apresenta altas medianas em nove postos dentre os mesmos quinze verificados.
89
4.3.4 Construo do Perfil Global dos Postos de Trabalho
O perfil global dos postos de trabalho foi construdo a partir dos valores informados
pelo analista e funcionrios para cada fator analisado referentes a um grupo de postos. Para
tanto, os 30 (trinta) fatores analisados so agrupados em 9 (nove) critrios, descritos no
Captulo 3 desta dissertao.
Atravs desse grfico, verificaram-se os critrios mais desfavorveis, identificando os
valores crticos fornecidos pelo analista e funcionrios (Figura 38).

A Concepo do posto F Autonomia
B Segurana G Relaes
C Ambiente Fsico H Repetitividade
D Carga fsica I Contedo do trabalho
E Exigncia Mental
Figura 38: Perfil global dos postos de trabalho
90
4.3.5 Identificao dos Fatores por Posto de Trabalho
Para anlise de cada fator por posto de trabalho, foram construdos 30 (trinta) novos
grficos representando os 30 (trinta) fatores abordados anteriormente. Cada grfico
apresentou os valores percebidos pelo analista e funcionrios para cada posto de trabalho em
funo de um determinado fator. Esses grficos encontram-se no apndice esta dissertao
para maiores consultas.
4.3.6 Anlise dos Fatores Crticos dos Posto de Trabalho
Em relao aos resultados crticos obtidos na anlise dos postos de trabalho, fez-se um
somatrio dos valores acima de 3, 4 e 5 e a percentagem acumulada para cada fator avaliado.
Estes dados foram tabulados e organizados, conforme Tabela 7, e a partir disso construiu-se
um grfico de Pareto com os maiores valores verificados para cada fator, com o objetivo de
identificar os fatores mais crticos percebidos pelo analista e funcionrios.
Os valores da coluna grifada na Tabela 8 e os retngulos apresentados no Pareto da
Figura 39 demonstram a ordem decrescente iniciando pelos fatores mais crticos e terminando
nos fatores menos crticos.
Tabela 7: Tabela dos fatores avaliados pelo analista e pelos funcionrios
Questionrio Fator Valores 4 Valores 5 Acima de 3 Freqncia Parcial Freqncia Acumul
Concepo do produto 25.2 2 25 27 10,98 10,98
Ambiente trmico 10 24 1 25 10,16 21,14
Conhecimentos gerais 23.2 10 15 25 10,16 31,30
Ambiente sonoro 11 20 0 20 8,13 39,43
Nvel de risco de acidentes 8 18 0 18 7,32 46,75
Probabilidade de erro 24.1 13 3 16 6,50 53,25
Nvel de ateno 19 11 5 16 6,50 59,76
Poluio do ar 14 15 0 15 6,10 65,85
EPI's 9 15 0 15 6,10 71,95
Repetitividade 22 9 1 10 4,07 76,02
Consequncias erros 24.2 9 1 10 4,07 80,08
Interesse trabalho 25.1 9 0 9 3,66 83,74
Condies de Iluminao 12 9 0 9 3,66 87,40
Esforo no trabalho 17 9 0 9 3,66 91,06
Alimentao/evacuao de peas 5 9 0 9 3,66 94,72
Dificuldade para aprender as tarefas 23.1 8 0 8 3,25 97,97
Obstculos/Acessibilidade 6 5 0 5 2,03 100,00
91
Pareto Geral
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3
6
9
12
15
18
21
24
27
25.2 10 23.2 11 8 24.1 19 14 9 22 24.2 25.1 12 17 5 23.1 6
Fatores
D
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r
e
n

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s

(
m
)
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F
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A
c
u
m
u
l

(
%
)
Acima de 3
Freqencia Acumul
Figura 39: Pareto dos fatores avaliados pelo analista e pelos funcionrios
4.4 DISCUSSO DOS RESULTADOS
A discusso dos resultados obtidos na anlise do processo foi feita na sesso 4.2.5
deste Captulo. Com essas informaes, pode-se propor melhorias para as condies e
ambiente de trabalho atravs da tomada de aes nos fatores mais crticos, melhorando de
forma geral os postos de trabalho, que so influenciados por estes fatores.
De acordo com a Tabela 8, os fatores crticos foram tabulados por ordem de
importncia. Para os fatores grifados, pode-se projetar melhorias atravs das modificaes
feitas no layout de processo. O nvel de riscos de acidentes pode ser diminudo atravs da
eliminao de obstculos e melhoria na acessibilidade. J o esforo no trabalho, bem como a
preocupao com a alimentao e evacuao de peas no posto de trabalho so administrados
a partir da aproximao de postos para percorrer uma distncia menor, bem como atravs da
proposio de equipamentos auxiliares para transporte como neste caso, carrinhos.
92
Tabela 8: Tabela dos fatores crticos verificados
Ordem Questionrio Acima de 3
1 Concepo do posto 27
2 Ambiente trmico *
25
3 Conhecimentos gerais 25
4 Ambiente sonoro *
20
5 Nvel de risco de acidentes 18
6 Probabilidade de erro 16
7 Nvel de ateno 16
8 Poluio do ar *
15
9 EPI's *
15
10 Repetitividade 10
11 Consequncias erros 10
12 Interesse trabalho 9
13 Condies de Iluminao *
9
14
Esforo no trabalho
9
15 Alimentao/evacuao de peas 9
16 Dificuldade para aprender as tarefas 8
17 Obstculos/Acessibilidade 5
4.5 PROPOSTA
Para proposio de melhorias do layout de processo atual, construiu-se um novo
diagrama de blocos, conforme a Figura 40, melhor organizado, com trajetos mais curtos e
otimizao nas atividades de transporte.
Foi planejado um novo arranjo dos postos de trabalho, de maneira que os mesmos
tivessem uma seqncia visual lgica e uma clareza de fluxo para os operadores da fbrica.
Desta forma, a adequada acessibilidade para o transporte dos vidros reduz a probabilidade de
acidentes e otimiza o fluxo do processo.
93
Figura 40: Diagrama de blocos proposto
Em seguida, o fluxo dos produtos entre os postos de trabalho pode ser visualizado na
Figura 41. Ainda assim, baseando-se neste novo diagrama de blocos foi possvel projetar um
novo arranjo fsico para a fbrica de maneira mais coerente com o processo existente (Figura
42). Desta forma, com a proposta do novo layout de processo, fez-se necessria a construo
de outro mapa de processo para registrar, identificar e comprovar as melhorias propostas em
relao s distncias dos percursos nas atividades de transporte (Tabela 9).
94
Figura 41: Diagrama de blocos proposto demonstrando o fluxo dos produtos
Figura 42: Arranjo fsico proposto
95
Tabela 9: Mapa de processo do arranjo fsico proposto
PROCESSO PROPOSTO: Passa por todos postos de trabalho
Atividade Passos Distncia(m)
Operao
????? 13
Transporte ?? 25 155,02
Inspeo
??
Atraso ? ? 2
Armazenagem
? ?
Tarefa: produo de vidro cortado, lapidado, marcado, furado, recortado, lap.manual, lavado, temperado e curvado
Passo Distncia (m)
????? ?? ?? ? ? ? ?
Descrio dos passos
1 15,98 X Transporte do vidro para estoque inicial
2
15,57
X
Transporte do vidro para mesa de corte
3 X
Faz o corte
4 1,00 X Transporte do vidro da mesa para o cavalete mvel
5 4,87 X Transporte do vidro para lapidao
6 X Faz a lapidao
7
2,09
X
Transporte do vidro para cavalete fixo
8
2,09
X
Transporte do vidro para mesa de marcao
9 X
Faz a marcao
10 2,41 X Transporte do vidro para o cavalate fixo
11 14,02 X Transporte do vidro para a furadeira
12 X Faz a furao
13 1,00 X Transporte do vidro para o cavalate mvel
14 5,44 X Transporte do vidro para a mesa de recorte
15 X
Faz o recorte
16
1,00
X
Transporte do vidro para o cavalate mvel
17
4,02
X
Transporte do vidro para a mesa de lap. manual
18 X Faz a lapidao manual
19 1,00 X Transporte do vidro para o cavalate mvel
20 7,98 X Transporte do vidro para a lavadora
21 X Faz a lavagem
22 1,00 X Transporte do vidro para o cavalate mvel
23 5,53 X Transporte do vidro para a mesa de conferncia de entrada
24 X
Faz conferncia de entrada
25 3,29 X Transporte do vidro para as pinas do forno
26 X Faz o pinamento
27 X Aciona o painel para a entrada do vidro no forno
28 X Espera o vidro sair do forno
29
7,43
X
Transporte do vidro para a mesa de conferncia de saida
30 X Faz conferncia de saida
31
1,00
X
Transporte do vidro para o cavalate mvel
32 1,00 X Transporte da forma para o carrinho
33
17,35
X
Transporte do carrinho para o forno de curvatura
34 X Colocao da frma no forno
35
14,89
X
Transporte do vidro para forno
36 X Aciona painel do forno curvo
37 X
Espera o vidro curvar e esfriar
38
1,00
X
Transporte do vidro para o cavalate mvel
39
13,87
X
Transporte do vidro para o cavalete fixo
40
1,00
X
Transporte do vidro para o cavalate mvel
41
9,19
X
Transporte do vidro para o cliente
96
Em relao aos fatores crticos verificados, conforme Tabela 9, foram previstas aes
de melhorias para cada um deles. Para os seis fatores indicados pelo asterisco, fez-se
necessrios trs planos de ao com o objetivo de melhorar as condies ambientais nos
postos. So eles:
a) Ventilao:
Foi proposto um esquema para posterior projeto de ventilao diferenciada para aliviar
o calor intenso no vero e eliminar a fumaa causada pelos caminhes de abastecimento das
chapas de vidro. A ventilao geral um dos mtodos disponveis para controle de um
ambiente ocupacional. Consiste na movimentao de quantidades relativamente grandes de ar
atravs de espaos confinados, objetivando uma melhoria do ambiente pelo controle da
temperatura, umidade, velocidade, distribuio e pureza do ar.
As foras naturais disponveis para movimentao do ar so: a fora do vento e as
diferenas de temperatura entre o ar exterior do edifcio. O movimento de ar pode ser causado
por essas foras agindo individualmente ou combinadas, dependendo das condies
atmosfricas, do projeto e da localizao do edifcio. Os resultados obtidos da ventilao
natural variam de tempos em tempos, devido variao na velocidade e direo do vento, e
na diferena de temperatura. O arranjo, a localizao, o controle das aberturas podem ser tais
que as duas foras agem cooperativamente e no em oposio (RENOVAR, 2006).
No caso do ambiente em estudo, existe uma entrada de ar natural pela entrada
principal e outras formas de sadas de ar pelos exaustores elicos instalados no telhado da
fbrica. O exaustor elico foi instalado com o objetivo de renovar a massa de ar quente,
odores e etc. Para tanto, o vento que incide sobre o aparelho provoca a rotao e
conseqentemente forma um vcuo no interior do exaustor. A massa de ar do ambiente
desloca-se para fora atravs deste vcuo (Figura 43).
Figura 43: Exaustor elico (adaptado de RENOVAR, 2006)
97
Dentro do contexto atual de estudo, os exaustores elicos no possuem um
funcionamento adequado, fazendo com que o ar que vem da entrada principal circule em volta
dos mesmos com uma baixa taxa de renovao de ar (Figuras 44 e 45). Aliado a isso, outros
trs aspectos tornam este sistema cada vez menos inoperante. So eles: (i) rea de passagem
de ar quente restrita, dificultando a sada de ar natural; (ii) no perodo mais quente, diminui
a corrente de ar; (iii) produz rudo com o decorrer do tempo.
Figura 44: Planta baixa atual demonstrando atravs das flechas sistema de ventilao
98

Figura 45: Exaustor elico na fbrica em estudo
Sendo assim, prope-se outro sistema de ventilao com melhor funcionamento e
eficincia. O equipamento proposto tem como objetivo permitir a passagem do ar quente,
atravs de amplas aberturas de 600mm, 800mm ou 1000mm de dimetro, evitando o acmulo
de ar quente interno e melhorando as condies de ventilao, criando-se um fluxo de ar, com
o ar entrando pelas aberturas laterais, portas ou janelas e saindo pelo telhado atravs das
sadas de ar natural (Figura 46).
Figura 46: Equipamento para ventilao proposta (adaptado de TECVENT, 2006)
Em seguida, fez-se um novo planejamento da disposio desses novos equipamentos
para ventilao. Na Figura 47 pode ser visualizada a proposta de entradas e sadas de ar
atravs do equipamento apresentado na Figura 46. Alm dessa nova configurao proposto
99
um sistema de bombeamento de ar, no qual otimiza a ventilao e transportar o ar quente
interno para o exterior da fbrica pelas aberturas citadas anteriormente. A direo do ar
representada pelas flechas cinzas, e os equipamentos que proporcionam as sadas do mesmo
so demonstrados atravs dos crculos pretos na figura abaixo.
Figura 47: Ventilao proposta
Conforme Tecvent (2006), o domus (proteo contra chuva) pintado de preto com
tinta de pigmentao especial, promovendo o efeito trmico, aquecendo o ar circunvizinho e
auxiliando com grande eficincia na retirada do ar quente.
O princpio de funcionamento baseia-se que o ar aquecido, menos denso, eleva-se ao
telhado e necessita de uma sada eficiente, para que no haja aumento expressivo da presso
interna. indicado para todos os tipos de ambiente com necessidade de ventilao natural,
100
substituindo os equipamentos elicos, com vantagens econmicas e princpios que os superam
em eficincia.
b) Uso de equipamentos de proteo individual:
Devido ao rudo das mquinas e a falta de alguns equipamentos de proteo individual
foi proposto o uso de protetor ouricular e outros equipamentos que protegem o trabalhador no
contato com vidros.
No ambiente fabril em questo, pode-se identificar uso parcial dos protetores
ouriculares em uma determinada tarefa e ausncia de qualquer outro equipamento de
proteo, podendo ser visualizado na Figura 48.
Figura 48: Somente operador da esquerda est usando protetor ouricular
Para tanto, propem-se o uso de equipamentos de proteo individual para a indstria
do vidro abordado no segundo captulo desta dissertao. Alm disso, se a mobilidade no
manuseio for prejudicada pelas luvas de proteo contra cortes, tem-se a opo eficiente de
utilizar ventosas como ferramenta para o manuseio. As ventosas de borracha permitem o
manuseio seguro de materiais de superfcies no porosas e formas ligeiramente curvas (Figura
49). O vcuo formado entre a superfcie da pea e a ventosa assegura uma perfeita fixao da
mesma eliminando possveis riscos causados por eventuais quedas de material .
101
Figura 49: Ventosa para manuseio do vidro (adaptado de FERPOWER, 1999)
c) Iluminao:
Para este fator crtico foi proposta uma srie de luminrias individuais apoiadas por
uma haste de ferro para cada posto de trabalho. Esta nova proposta tem como objetivo
facilitar deslocamentos seguros e fceis, ajudar a manter a limpeza do posto, dar claridade
adequada, evitar o efeito de ofuscamento e ajudar a fixar a ateno sobre as superfcies nos
planos de trabalho.
No caso do ambiente em estudo, existe uma iluminao geral natural e artificial. A
iluminaco natural caracterizada pela cobertura translcida com placas de policarbonato
para a presena do sol e a iluminao artificial feita por lmpadas comuns que so mantidas
desligadas (Figura 50).
Figura 50: Iluminao natural e artificial da fbrica de vidros
102
A partir deste cenrio, foram propostas luminrias dirigidas para cada posto de trabalho
com o objetivo de melhorar o foco de viso no plano de trabalho, conseguindo uma
iluminao localizada bem planejada (Figuras 51 e 52).
Figura 51: Luminria proposta para a iluminao localizada na fbrica de vidros (adaptado de
AMARAL, 2004)
Figura 52: Exemplo de posto de trabalho com iluminao proposta (adaptado de AMARAL,
2004)
103
4.6 CONSIDERAES A RESPEITO DA PROPOSTA
Sendo assim, atravs da utilizao do mtodo de anlise do processo pode-se constatar
grandes perdas no fluxo e transporte de materiais durante o processo produtivo. Levando isso
em considerao, foi redimensionado um novo arranjo fsico com o objetivo de otimizar tais
demandas. Aps a comparao do layout atual e o proposto do produto vinte e oito, que no
caso um produto representativo de anlise, por passar por todas as operaes da planta,
verificou-se a reduo de sessenta e trs metros de distncia no caminho percorrido por
operadores durante o processo produtivo (Tabela 10).
Ainda assim, verificou-se que as diferenas das distncias dos outros vinte sete
produtos possuem uma certa linearidade tendendo a valores acima de cinqenta metros. O
grfico apresentado na Figura 53 demonstra tal concluso.
Tabela 10: Diferena entre a distncia percorrida no mapa de processo atual e o proposto
Atividade Atual Proposto Diferena
Operao
?????
13 13 0
Transporte
?? 26 27 0
Inspeo
??
Atraso
? ? 2 2 0
Armazenagem ? ?
Distncia Percorrida (m)
218,57 155,02 63,55
Figura 53: Grfico com as diferenas dos mapas de processo
104
5. CONCLUSO
A contribuio para melhorias nas condies de trabalho e layout de processo
vinculadas indstria vidreira foi o objetivo principal deste trabalho. Atravs da metodologia
proposta foram analisadas as questes pertinentes a uma pequena empresa transformadora e
distribuidora de vidros.
O presente trabalho procurou evidenciar e apresentar uma contextualizao da
importncia da preservao da sade do trabalhador no setor vidreiro, bem como o correto
planejamento de seu ambiente de trabalho nos dias de hoje. Deve-se ressaltar que o contexto
deste estudo foi em uma empresa com caractersticas definidas como de pequeno porte,
portanto sem as grandes facilidades de automao. Todavia, este caso da grande maioria das
empresas neste setor no Brasil. Em tais empresas, as condies de trabalho so distintas
daquelas encontradas nas de grande porte, em virtude do distanciamento das novas
concepes e tecnologias do setor, logo a importncia do estudo.
Inicialmente, o mtodo de anlise de processos possibilitou a identificao de
problemas no arranjo fsico existente. Em um primeiro momento, obteve-se ento a viso
atual de organizao do fluxo produtivo, sendo este confuso e desorganizado, dificultando at
mesmo as primeiras avaliaes quanto s condies de trabalho. Ao trmino do estudo, de
acordo com o estudo de layout, os novos fluxos propostos permitem racionalizar o processo,
contribuindo diretamente para a diminuio de perdas e acidentes no transporte. Alm disso, a
repercusso sobre as condies de trabalho e de posturas desfavorveis tambm se insere
neste contexto.
Em seguida, pela aplicao do mtodo Renault adaptado para identificao de fatores
crticos nos postos de trabalho, pde-se identificar e classificar os postos de trabalho mais
desfavorveis e penosos. Desta forma, alm da melhoria do layout, pde-se propor planos e
aes factveis de curto prazo para alterar e adaptar as situaes existentes s necessidades
psico-fisiolgicas dos trabalhadores. Sendo assim, esse trabalho permitiu comprovar a
eficincia e a validade dos mtodos utilizados e, atravs dos resultados obtidos, conseguiu-se
propor melhorias de acordo com os objetivos iniciais do estudo.
Finalizando, como sugesto para trabalhos futuros, entende-se que a criao de uma
cultura organizacional, seria outro aspecto importante para considerar em tal contexto. A
fbrica do setor vidreiro analisada nesta dissertao apresenta importantes problemas em
relao a identidade da empresa. A empresa caracterizada pelo segmento de transformao
referente aos vidros curvos e temperados e de distribuio pelo fornecimento de chapas de
105
vidro para prpria fbrica e outros. Tendo dois setores no mesmo cho-de-fbrica, os
funcionrios acabam no compreendendo para qual segmento realmente trabalham, pois
operam um pouco em cada fluxo, nos quais incialmente so separados e no final unem-se.
Ainda assim, esta situao torna o entendimento do trabalho confuso e faz com que operrios
fiquem desorientados frente ao fluxo do processo. Isto, no entanto, ter impacto no
dimensionamento dos custos referentes a cada segmento.
Sendo assim, um estudo aprofundado em relao a cultura organizacional, bem como,
planejamento e controle de custos operacionais para cada segmento, pode contribuir de
maneira acentuada para a otimizao da fabricao dos produtos de modo a satisfazer de
forma contnua demanda dos consumidores.
106
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109
APNDICE
APNDICE A Resultados dos Mapas de Processos
Produto 27
Atividade Atual Proposto Diferena
Operao
?????
11 11 0
Transporte
??
23 23 0
Inspeo
??
Atraso
? ?
1 1 0
Armazenagem ? ?
Distncia Percorrida
(m) 177,70 137,31 40,39
Produto 26
Atividade Atual Proposto Diferena
Operao
?????9 9 0
Transporte
??
22 23 1
Inspeo
??
Atraso
? ?
1 1 0
Armazenagem
? ?
Distncia Percorrida
(m)
190,55 138,77 51,78
Produto 25
Atividade Atual Proposto Diferena
Operao
?????
7 7 0
Transporte
?? 18 18 0
Inspeo
??
Atraso
? ?
Armazenagem
? ?
Distncia Percorrida (m) 150,14 95,11 55,03
Produto 24
Atividade Atual Proposto Diferena
Operao
????? 7 7 0
Transporte
??
18 19 1
Inspeo
??
Atraso
? ? 2 2 0
Armazenagem
? ?
Distncia Percorrida (m)
216,57 149,58 66,99
110
Produto 23
Atividade Atual Proposto Diferena
Operao
?????
7 7 0
Transporte
??
18 19 1
Inspeo
??
Atraso
? ?
1 1 0
Armazenagem
? ?
Distncia Percorrida
(m) 187,92 114,34 73,58
Produto 22
Atividade Atual Proposto Diferena
Operao
?????
8 8 0
Transporte
??
20 21 1
Inspeo
??
Atraso
? ?
1 1
Armazenagem ? ?
Distncia Percorrida
(m) 196,34 132,33
64,01
Produto 21
Atividade Atual Proposto Diferena
Operao
?????
6 6 0
Transporte
??
15 16 1
Inspeo
??
Atraso
? ?
Armazenagem
? ?
Distncia Percorrida
(m) 120,69 97,09
23,60
Produto 20
Atividade Atual Proposto Diferena
Operao
?????
11 11 0
Transporte
??
22 23 1
Inspeo
??
Atraso
? ?
2 2 0
Armazenagem
? ?
Distncia Percorrida
(m) 232,67 143,14
89,53
Produto 19
Atividade Atual Proposto Diferena
Operao
?????
9 9 0
Transporte
??
17 18 1
Inspeo
??
Atraso
? ?
1 1 0
Armazenagem ? ?
Distncia Percorrida (m) 168,92 98,21 70,71
111
Produto 18
Atividade Atual Proposto Diferena
Operao
?????
9 9 0
Transporte
??
17 18 1
Inspeo
??
Atraso
? ?
1 1 0
Armazenagem
? ?
Distncia Percorrida (m) 170,13 97,21 72,92
Produto 17
Atividade Atual Proposto Diferena
Operao
?????
7 7 0
Transporte
??
18 19 1
Inspeo
??
Atraso
? ?
1 1 0
Armazenagem
? ?
Distncia Percorrida
(m) 196,34 125,89
70,45
Produto 16
Atividade Atual Proposto Diferena
Operao
?????
5 5 0
Transporte
??
13 14 1
Inspeo
??
Atraso
? ?
Armazenagem ? ?
Distncia Percorrida
(m) 128,71 91,63
37,08
Produto 15
Atividade Atual Proposto Diferena
Operao
?????
10 10 0
Transporte
??
20 21 1
Inspeo
??
Atraso
? ?
2 2 0
Armazenagem
? ?
Distncia Percorrida
(m) 202,84 128,97
73,87
Produto 14
Atividade Atual Proposto Diferena
Operao
?????
8 8 0
Transporte
??
15 16 1
Inspeo
??
Atraso
? ?
1 1 0
Armazenagem
? ?
Distncia Percorrida
(m) 180,12 91,43
88,69
112
Produto 13
Atividade Atual Proposto Diferena
Operao
?????
6 6 0
Transporte
??
15 16 1
Inspeo
??
Atraso
? ?
1 1 0
Armazenagem
? ?
Distncia Percorrida
(m) 172,29 110,72
61,57
Produto 12
Atividade Atual Proposto Diferena
Operao
?????
4 4 0
Transporte
??
11 12 1
Inspeo
??
Atraso
? ?
Armazenagem
? ?
Distncia Percorrida (m) 132,74 76,48 56,26
Produto 11
Atividade Atual Proposto Diferena
Operao
?????
12 12 0
Transporte
??
24 25 1
Inspeo
??
Atraso
? ?
2 2 0
Armazenagem ? ?
Distncia Percorrida (m) 208,84 138,61 70,23
Produto 10
Atividade Atual Proposto Diferena
Operao
?????
10 10 0
Transporte
??
19 20 1
Inspeo
??
Atraso
? ?
1 1 0
Armazenagem
? ?
Distncia Percorrida
(m) 184,48 103,63
80,85
Produto 09
Atividade Atual Proposto Diferena
Operao
?????
8 8 0
Transporte
??
19 20 1
Inspeo
??
Atraso ? ? 1 1 0
Armazenagem
? ?
Distncia Percorrida
(m) 161,48 103,37
58,11
113
Produto 08
Atividade Atual Proposto Diferena
Operao
?????
6 6 0
Transporte
??
15 16 1
Inspeo
??
Atraso
? ?
Armazenagem ? ?
Distncia Percorrida
(m) 138,16 86,12
52,04
Produto 07
Atividade Atual Proposto Diferena
Operao
?????
9 9 0
Transporte
??
18 19 1
Inspeo
??
Atraso ? ? 2 2 0
Armazenagem
? ?
Distncia Percorrida (m) 200,84 125,06 75,78
Produto 06
Atividade Atual Proposto Diferena
Operao
?????
7 7 0
Transporte
??
13 14 1
Inspeo
??
Atraso
? ?
1 1 0
Armazenagem
? ?
Distncia Percorrida
(m) 157,48 78,76
78,72
Produto 05
Atividade Atual Proposto Diferena
Operao
?????
7 7 0
Transporte
??
13 14 1
Inspeo
??
Atraso ? ? 1 1 0
Armazenagem
? ?
Distncia Percorrida
(m) 175,36 98,76
76,60
Produto 04
Atividade Atual Proposto Diferena
Operao
?????
5 5 0
Transporte
??
14 15 1
Inspeo
??
Atraso
? ?
1 1 0
Armazenagem
? ?
Distncia Percorrida (m) 181,16 107,81 74,05
114
Produto 03
Atividade Atual Proposto Diferena
Operao
?????
3 3 0
Transporte
??
9 10 1
Inspeo
??
Atraso
? ?
Armazenagem
? ?
Distncia Percorrida (m) 134,71 72,57 62,14
Produto 02
Atividade Atual Proposto Diferena
Operao
?????
3 3 0
Transporte
??
9 10 1
Inspeo
??
Atraso
? ?
Armazenagem
? ?
Distncia Percorrida
(m) 62,09 57,62
4,47
Produto 01
Atividade Atual Proposto Diferena
Operao
?????
Transporte
??
2 2 0
Inspeo
??
Atraso
? ?
Armazenagem
? ?
Distncia Percorrida
(m) 0,00 0,00
0,00
115
APNDICE B Grficos dos Fatores
Fator 1
1
2
3
4
5
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15
Postos
V
a
l
o
r
e
s
analista
funcionrio
Fator2
1
2
3
4
5
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15
Postos
V
a
l
o
r
e
s
analista
funcionrio
Fator 3
1
2
3
4
5
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15
Postos
V
a
l
o
r
e
s
analista
funcionrio
Fator 4
1
2
3
4
5
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15
Postos
V
a
l
o
r
e
s
analista
funcionrio
116
Fator 5
1
2
3
4
5
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15
Postos
V
a
l
o
r
e
s
analista
funcionrio
Fator 6
1
2
3
4
5
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15
Postos
V
a
l
o
r
e
s
analista
funcionrio
Fator 7
1
2
3
4
5
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15
Postos
V
a
l
o
r
e
s
analista
funcionrio
Fator 8
1
2
3
4
5
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15
Postos
V
a
l
o
r
e
s
analista
funcionrio
117
Fator 9
1
2
3
4
5
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15
Postos
analista
funcionrio
Fator 10
1
2
3
4
5
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15
Postos
V
a
l
o
r
e
s
analista
funcionrio
Fator 11
1
2
3
4
5
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15
Postos
V
a
l
o
r
e
s
analista
funcionrio
Fator 12
1
2
3
4
5
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15
Postos
V
a
l
o
r
e
s
analista
funcionrio
118
Fator 13
1
2
3
4
5
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15
Postos
V
a
l
o
r
e
s
analista
funcionrio
fator 14
1
2
3
4
5
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15
Postos
V
a
l
o
r
e
s
analista
funcionrio
Fator 15
1
2
3
4
5
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15
Postos
V
a
l
o
r
e
s
analista
funcionrio
Fator 16
1
2
3
4
5
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15
Postos
V
a
l
o
r
e
s
analista
funcionrio
119
Fator 17
1
2
3
4
5
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15
Postos
V
a
l
o
r
e
s
analista
funcionrio
Fator 18
1
2
3
4
5
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15
Postos
V
a
l
o
r
e
s
analista
funcionrio
Fator 19
1
2
3
4
5
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15
Postos
V
a
l
o
r
e
s
analista
funcionrio
Fator 20.1
1
2
3
4
5
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15
Postos
V
a
l
o
r
e
s
analista
funcionrio
120
Fator 20.2
1
2
3
4
5
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15
Postos
V
a
l
o
r
e
s
analista
funcionrio
Fator 21
1
2
3
4
5
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15
Postos
V
a
l
o
r
e
s
analista
funcionrio
Fator 22
1
2
3
4
5
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15
Postos
V
a
l
o
r
e
s
analista
funcionrio
Fator 23.1
1
2
3
4
5
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15
Postos
V
a
l
o
r
e
s
analista
funcionrio
121
Fator 23.2
1
2
3
4
5
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15
Postos
V
a
l
o
r
e
s
analista
funcionrio
Fator 24.1
1
2
3
4
5
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15
Postos
V
a
l
o
r
e
s
analista
funcionrio
Fator 24.2
1
2
3
4
5
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15
Postos
V
a
l
o
r
e
s
analista
funcionrio
Fator 24.3
1
2
3
4
5
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15
Postos
V
a
l
o
r
e
s
analista
funcionrio
122
Fator 25.1
1
2
3
4
5
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15
Postos
V
a
l
o
r
e
s
analista
funcionrio
Fator 25.2
1
2
3
4
5
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15
Postos
V
a
l
o
r
e
s
analista
funcionrio
123
ANEXO
ANEXO A - O Perfil dos Postos de Trabalho
APRESENTAO GERAL DO MTODO
O melhoramento efetivo das condies de trabalho e a pesquisa de uma nova
abordagem de organizao do trabalho em srie supem um duplo esforo de esclarecimento
dos objetivos e de uma adaptao de uma ferramenta metodolgica.
OS OBJETIVOS
Os objetivos podem ser definidos de maneiras diversas, segundo as circunstncias de
tempo e de espao. Todavia, acredita-se traduzir o ponto de vista de um grande nmero destas
circunstancias, fazendo corresponder s expectativas atuais dos homens no trabalho atravs
dos seguintes objetivos:
- melhorar a segurana e o ambiente de trabalho;
- reduzir a carga fsica e nervosa;
- reduzir as restries, em especial as referentes ao trabalho repetitivo ou em linha;
- criar uma hierarquizao com ordenao crescente de postos de trabalho de
penosidade elevada.
O MTODO
O mtodo de avaliao foi construdo na inteno de facilitar a apreciao das
condies de trabalho. Ele permite aos responsveis tcnicos das fbricas e designers de
processos, ou ainda aos especialistas das condies de trabalho, de avaliar as principais
restries das situaes existentes, assim como os projetos em fase de elaborao. A partir
destas avaliaes, o mtodo conduz a apontar as correes necessrias ou a escolher, entre as
solues tcnicas possveis, aquela que corresponda melhor aos objetivos de boas condies
de trabalho, considerando as restries tcnicas e econmicas.
A avaliao tem seu ponto de partida na anlise do trabalho segundo a observao das
situaes existentes.
124
Assim, a metodologia de anlise contempla 9 (nove) critrios de avaliao, os quais
so descritos abaixo:
A Concepo do posto
B Segurana
C Ambiente fsico Critrios ergonmicos
D Carga fsica
E Exigncia Mental
F Autonomia Critrios psicolgicos e sociolgicos
G Relaes
H Repetitividade
I Contedo do trabalho
Cada um desses critrios se refere a um determinado numero de fatores, os quais so
avaliados pelo analista e pelos funcionrios. Essa avaliao realizada em relao a uma
escala de cinco nveis de restrio, conforme a restrio, desde o nvel 1 (menos acentuada)
at o nvel 5 (mais acentuada).
Aps terem sido realizadas as avaliaes, constri-se o perfil de cada posto.
PLANO DE TRABALHO
1
a
Parte: PERFIL ANALTICO
A primeira parte apresenta os elementos (fatores, critrios, escalas) que servem para a
construo dos perfis analticos de cada posto de trabalho.
2
a
Parte: PERFIL GLOBAL
A segunda parte indica as modalidades de estabelecimento de um perfil global de um
posto de trabalho ou de uma unidade de fabricao, a partir dos elementos utilizados para a
construo dos perfis analticos dos postos de trabalho.
123
1. CRITRIOS E FATORES ANALISADOS
O Quadro 1, abaixo, apresenta os 9 critrios analisados e seus respectivos fatores,
deliberadamente escolhidos de maneira simples e precisa, visando chegar a um mtodo
operacional facilmente utilizvel por qualquer tcnico, aps uma formao adequada.
Para cada um dos critrios, 5 nveis de restrio so definidos, com uma progresso do
menos ao mais penoso.
Uma situao que se inscreva entre duas definies pode necessitar a utilizao de
pontuaes intermedirias.
2. COLETA E TRATAMENTO DE DADOS
2.1 Coleta: realizada a partir das caractersticas tcnicas dos postos de trabalho (tipo
de produto fabricado, layout da planta, etc.), das regras de funcionamento e de organizao
adotadas pela produo, dos nveis de ambiente fsico e da cadncia operatria e tambm da
observao direta das situaes existentes. A coleta de dados implica, geralmente, na consulta
das diversas pessoas envolvidas e detentoras destas informaes (engenheiros de produo,
chefias, tcnicos de segurana, etc.).
Para proceder de maneira metdica e rpida, os dados so coletados nos seguintes
suportes, reproduzidos em anexo:
- Anlise do posto de trabalho: um suporte detalhando os critrios e os fatores de
anlise constituintes do perfil analtico de um posto de trabalho apresentado em anexo;
- Perfil analtico do posto de trabalho: um suporte para anlise detalhada de um
posto de trabalho individual apresentado em anexo;
- Anlise de um conjunto de postos: um suporte para permitir a anlise de um
conjunto de postos ou anlise global tambm apresentado em anexo.
2.2 Tratamento: feito com a finalidade de avaliar o nvel das restries com base nos
dados obtidos pela coleta junto ao analista e ao funcionrio para cada posto de trabalho. O
tratamento dos dados possibilita que sejam tiradas concluses no que tange aos postos de
trabalho mais problemticos, os quais necessitam que sejam tomadas aes com a maior
urgncia possvel.
124
CRITRIOS E FATORES DE AVALIAO ANALTICA
DO POSTO DE TRABALHO
Altura do plano de trabalho
1
Afastamento do plano de trabalho
2
Distncia lateral
3
Local reservado para os ps
4
Alimentao / Evacuao de peas
5
Obstculos / Acessibilidade do posto
6
Concepo do posto A
Informaes no posto
7
Nvel de risco de acidentes 8
Segurana B
EPI 9
Ambiente trmico 10
Ambiente sonoro 11
Condies de iluminao 12
Vibraes ou choques 13
Poluio do ar 14
Ambiente fsico C
Limpeza / Aparncia do ambiente 15
Postura principal 16
Carga Fsica D
Esforo do trabalho 17
Quantidade de decises 18
Exigncia Mental
E
Nvel de ateno 19
Nvel de autonomia 20.1
Autonomia
Satisfao 20.2
Relaes G Relaes independentes do trabalho 21
Repetitividade H Repetitividade do ciclo 22
Dificuldade para aprender as tarefas 23.1
Tarefas ao longo do trabalho 23.2
Possibilidades de erro 24.1
Gravidade dos erros 24.2
Resoluo dos erros 24.3
Interesse promovido pelo trabalho 25.1
Contedo do Trabalho I
Concepo do produto 25.2
125
3. APRESENTAO DOS RESULTADOS
A partir de fatores e de nveis de referncia bem definidos, visando garantir resultados
homogneos, o mtodo pode se adaptar com facilidade diversidade dos objetivos a serem
atingidos. Os resultados so apresentados como segue:
3.1 Perfil analtico do posto: apresenta a anlise detalhada de um posto de trabalho
individual, relativo a todos os fatores. De acordo com a complexidade do trabalho e o tempo
de ciclo, o estudo pode ser realizado de maneira mais ou menos detalhada, podendo ser
decomposto o ciclo operatrio em vrias seqncias.
No entanto, caso trate-se de uma primeira investigao em nvel de um anteprojeto,
por exemplo, o estudo pode se ater somente avaliao de certos fatores mais bem
conhecidos, ou julgados a priori mais importantes. Desta forma, os fatores no avaliados no
so preenchidos.
3.2 Perfil analtico de um grupo de postos: os dados referentes a cada um dos
fatores analisados so tabulados conforme o ponto de vista do analista e do funcionrio em
um grfico nico, fornecendo um panorama conjunto para cada posto de trabalho.
A partir da unio dos pontos obtidos referentes aos critrios de anlise para os valores
do analista e para os do funcionrio, constri-se dois perfis para cada posto, sendo divididos
os fatores em seus respectivos critrios de anlise.
A tabulao repetida para cada posto em separado, sendo que todos os pontos
identificados acima do valor 3 (trs), tanto para o analista quanto para o funcionrio, devem
ser considerados como crticos e serem objeto de anlise futura.
Sendo assim, em funo da determinao dos dois perfis, pode-se compar-los entre si
e verificar a existncia de possveis discrepncias quanto s inferncias na pontuao. No caso
de no haver concordncia entre os dados, o analista pode realizar uma anlise mais
aprofundada do posto em questo.
3.3 Perfil global de um posto ou de uma unidade de fabricao: Aps a separao
dos fatores nos seus respectivos critrios, pode-se construir um segundo grfico, o qual
demonstra a situao que impera em nvel geral de percepo referente a todos os fatores
analisados. Esse grfico permite a visualizao da mdia e do desvio padro de cada critrio,
fornecendo um panorama da situao geral dos postos de trabalho.
Atravs dessas informaes pode-se identificar as caractersticas globais mais
desfavorveis, podendo-se estabelecer a estratgia e as diretrizes dos postos de trabalho a
serem melhorados com prioridade.
126
OBJETIVOS APRESENTAO DOS RESULTADOS
Otimizar os postos Perfil analtico de um posto de trabalho
Comparar vrias solues e escolher uma
entre elas
Perfil global de uma unidade de fabricao.
- Repartio dos postos segundo os nveis de
restries
- Classificao dos postos mais penosos
Melhorar os postos prioritrios nos seus
aspectos mais penosos
- Anlise dos critrios de penosidade
dominantes.
Agir sobre a concepo das instalaes e do
produto
Comparao das restries ou cargas relativas
para a fabricao de produtos ou de subconjuntos
de produtos
127
ANEXO B - Perfil Analtico
CRITRIOS E FATORES DE ANLISE DO POSTO DE TRABALHO
Altura do plano de trabalho
1
Afastamento do plano de trabalho
2
Distncia lateral
3
Local reservado para os ps
4
Alimentao / Evacuao de peas
5
Obstculos / Acessibilidade do posto
6
Concepo do posto
A
Informaes no posto
7
Nvel de risco de acidentes 8
Segurana B
EPI 9
Ambiente trmico 10
Ambiente sonoro 11
Condies de iluminao 12
Vibraes ou choques 13
Poluio do ar 14
Ambiente fsico C
Limpeza / Aparncia do ambiente 15
Postura principal 16
Carga Fsica D
Esforo do trabalho 17
Quantidade de decises 18
Exigncia Mental
E
Nvel de ateno 19
Nvel de autonomia 20.1
Autonomia
F
Satisfao 20.2
Relaes G
Relaes independentes do trabalho
21
Repetitividade
H
Repetitividade do ciclo 22
Dificuldade para aprender as tarefas 23.1
Tarefas ao longo do trabalho 23.2
Possibilidades de erro 24.1
Gravidade dos erros 24.2
Resoluo dos erros 24.3
Interesse promovido pelo trabalho 25.1
Contedo do Trabalho
I
Concepo do produto 25.2
128
A CONCEPO DO POSTO
APRESENTAO
A concepo do posto avaliada a partir de 7 fatores fsicos que
verificam a boa adaptao do posto ao operador :
? altura do plano de trabalho (H);
? afastamento do plano de trabalho (EP);
? distncia lateral para preenso de objetos, ferramentas (EL);
? local reservado para os membros inferiores;
? alimentao e evacuao do posto;
? obstculos, acessibilidade ao posto;
? informaes.
NOTA:
As diferenas entre os funcionrios justificam a existncia de alternativas de valores
mais ou menos amplos.
129
A1 A2 A3 ALTURA / AFASTAMENTOS
Este critrio verifica se a concepo do posto permite a facilidade postural do
operador em situao de trabalho, a partir:
1 Das cotas situando no espao a colocao mais freqente das mos do operador:
- H: altura em relao ao solo,
- EP: afastamento em profundidade em relao face anterior do posto,
- EL: distncia ou afastamento lateral.
2 Das cotas de colocao previstas:
- para os ps: operador de p,
- para os membros inferiores: operador sentado.
1. Postos necessitando a mobilidade dos membros superiores (sem apoio necessrio,
sem manipulao de carga pesada).
1.1. Posto de p, mos imobilizadas mais de 5 segundos.

1.2 Posto sentado, mos imobilizadas mais de 5 segundos.

130
2. Postos necessitando o apoio dos membros superiores.
2.1 Posto de p, mos imobilizadas mais de 5 segundos.
2.2 Posto sentado, mos imobilizadas mais de 5 segundos.
3. Posto de manipulao manual de objetos pesados de p.
Nvel H EP
1 900 30 0 a 200
3 800 a 1000 200 a 400
5 < 800 ou > 1000 > 400
Transferir para o perfil o nvel mais desfavorvel de cada item analisado
Nvel Altura de apoio
1 1100 10
3 1050 a 1150
5 < 1050 ou > 1150
Nvel Altura de apoio A = altura do assento (em
uso)
1 A + 300 10 tima = 430
3 (A + 250 ) a ( A + 350 )
5 < (A + 250 ) ou > ( A + 350 )
A4 ESPAO PARA OS MEMBROS INFERIORES
1. Posto de p
Nveis 1 3 5
2. Posto sentado
Nveis 1 3 5
Transferir para o perfil o nvel mais desfavorvel
132
A5 ALIMENTAO EVACUAO DAS PEAS
Este critrio verifica se as caractersticas dimensionais dos dispositivos de
alimentao e evacuao so compatveis com posturas normais do operador.
2 parmetros : H: altura de preenso das peas
D: distncia lateral partir do plano mdio
Nvel Freqncia Valores de H e D
Alimentao e evacuao satisfatrias.
- Posto de p: 800 ? H ? 1300 e D ? 1000.
- Posto sentado: D ? 450
- Operador permanecendo de frente.
1
Alimentao e evacuao pouco satisfatrias.
2
Manutenes
raras
? 20 v/h
- Posto de p: 600 ? H < 800
ou 1300 < H ? 1500
ou 1000 < D ? 3000
- Posto sentado: 450 < D ? 650
3
Manutenes
freqentes
> 20 v/h
- Chegada e evacuao laterais das peas,
exigindo o uso das 2 mos (toro de 45
a 90) ou uma meia volta 180.
4
Manutenes
raras
? 20 v/h
Alimentao e evacuao ruins.
- O operador deve se levantar (posto sentado), inclinar-se, curvar-se, para manejar as
peas.
Flexo extrema Em nvel da cabea
5
Manutenes
freqentes
> 20 v/h
- Posto de p: H < 600
ou H > 1500
ou D > 3000
- Posto sentado: D > 650
Transferir para o perfil o nvel mais desfavorvel
133
A6 OBSTCULOS - ACESSIBILIDADE DO POSTO
Este critrio verifica se a concepo do posto, os obstculos materiais, a
densidade dos operadores e das instalaes permitem a facilidade gestual do
operador em seu posto.
Nvel Referncias
1
- vias de acesso desobstrudas permitindo ao operador deslocar-
se livremente
- posto de trabalho no apresentando nenhum entrave
execuo dos movimentos dos membros inferiores e superiores do
tronco
- sem incomodao entre os operadores
3
- caso intermedirio
- posto de trabalho pouco satisfatrio do ponto de vista de
acessibilidade e obstculos
- pouco incmodo entre os operadores
- incmodo devido aos meios de proteo individual
5
- posto de trabalho dificilmente acessvel:
? Encravado difcil acessibilidade
? Obstculos em nvel dos membros inferiores
? Dificuldade de movimento do tronco, dos membros
? Situado no interior do posto
- forte mal-estar entre os trabalhadores
Transferir para o perfil o nvel mais desfavorvel
134
A7 INFORMAES
Este critrio verifica se a concepo das informaes que chegam ao posto
(sonoros, visuais, etc.), suas dimenses e localizao respeitam os
esteretipos e permitem um trabalho adequado para o operador.
Sinais: as cotas so dadas em um plano vertical a 70 cm dos olhos.
Nveis Freqncias Referncias
1
?1
?
2
?
?
- Boa tomada de informao:
? 1 um sinal sonoro chama ateno
? 2 um sinal luminoso permite a deteco rpida do conjunto implicado
- Localizao tima:
? posto de p : altura : 1200 < H ? 1600 ? ? 20 ?
1
= 0
? posto sentado : altura < H ? 1200 ?
2
? 30
? colocar sempre os sinais acima dos comandos aos quais eles esto ligados
- Respeito das cores (vivas):
? vermelho: anormal
? amarelo: aviso de ateno
? verde: pronto para funcionar
? branco: funcionamento normal
2
Rara
? 20
vezes/hora
3
Freqente
? 20
vezes/hora
- Localizao pouco satisfatria:
? posto de p: 20 ? ? ? 35
altura: 600 ? H ? 1200 ou 1600 < H ? 1900 ?
1
? 25
? posto sentado: 30 ? ?
2
? 55
altura : 200 ? H ? 800 ou 1200 < H ? 1500
- Desrespeito das cores (vivas).
- Tamanho de caracteres de informao medocre.
4
Rara
? 20
vezes/hora
5
Freqente
? 20
vezes/hora
- Localizao muito ruim: ? > 35
? posto de p: H < 600 H > 1900 ?
1
> 25
? posto sentado: H < 200 H > 1500 ?
2
> 55
- Desrespeito das cores (vivas).
- Tomada de informao ruim
Transferir para o perfil o nvel mais desfavorvel
135
B SEGURANA
Trata - se de avaliar o grau de gravidade e a probabilidade do risco em funo da
natureza do trabalho e dos materiais utilizados.
RISCOS A CONSIDERAR
Antes de avaliar a gravidade e a probabilidade, identificar os riscos utilizando o
repertrio seguinte:
- Batida:
? Superfcie disponvel insuficiente.
? Objetos fixos ou mveis podendo ser estragados ou podendo machucar.
? Circulao de veculos.
- Queda de pessoas:
? Circulao solo-plano.
? Circulao em desnvel.
? Trabalho em altura ou perto de uma abertura para um nvel inferior.
- Queda de objetos:
? Objetos em manuteno.
? Objetos situados em um nvel superior.
- Amassamento (ou efeito de prensa)
- Rachadura
- Seccionamento
- Cortes (por objetos em movimento)
- Picadas (por objetos em movimento)
- Puxada (ou pegada)
- Queimadura
- Corrente Eltrica
- Projeo:
? Objetos ou parte do objeto.
? Partculas slidas.
? Elementos corrosivos.
? Lquidos.
- Incndio
- Exploso
- Estilhaos
- Manipulao (de materiais, de objetos ou produtos perigosos)
- Radiaes
- Intoxicao aguda
136
B8 NVEL DE RISCO
Nvel Grau de gravidade do trabalho
1
Trabalho sem utilizao de ferramentas ou acessrios mecanizados
Ex. : - postos de controle em mesa,
- postos de pequenas montagens,
- postos de escritrio.
2
Trabalho necessitando a utilizao de mquinas, materiais ou instalaes pouco perigosas
(risco individual).
Ex. : - utilizao de mquina-ferramenta simples (posto individual),
- linhas de montagem (exceo pequenas montagens).
3
Trabalho com mquinas perigosas protegidas (mquina multiposto, risco individual e
coletivo):
Ex. : - modelagem, prensa
- mquinas soldar de vrios pontos,
- mquinas complexas
4
Trabalhos comportando riscos de acidentes no totalmente neutralizados por dispositivos
tcnicos, necessitando de:
Ex. : - seleo profissional,
- formao controlada com habilitao (regras severas)
Comportando um risco individual ou coletivo importante:
Ex. : - trabalho em altura,
- trabalho perigoso (sob tenso, deteco de panes em mquinas perigosas...)
- mquinas com cilindros (calandras).
5
Trabalhos comportando riscos de acidentes graves:
Trata-se de postos no aceitveis a serem melhorados imperativamente antes do
funcionamento:
Ex. : - mquina perigosa sem proteo (prensa, soldadora ...)
- trabalhos em altura (superior a 3 m) sem proteo,
- manuteno em mquinas perigosas sem formao.
Transferir para o perfil o nvel identificado
137
B9 EQUIPAMENTO DE PROTEO INDIVIDUAL (EPI)
Nvel
Utilizao de Adaptabilidade do EPI
1
EPI existente, bem adaptado e sempre utilisado pelos funcionrios, ao
longo da jornada de trabalho
2 EPI existente, bem adaptado e usado freqentemente pelos funcionrios
3
EPI existente, bem adaptado, mas funcionrios no tm o costume de
utilizar
4 EPI existente, mal adaptado, impedindo o uso por parte dos funcionrios
5 EPI inexistente
138
C AMBIENTE FSICO
O ambiente fsico de um setor ou de um posto de trabalho caracterizado por
um conjunto de elementos.
Cada fator pode ser uma fonte de problemas permanente ou temporria para
um operador e, progressivamente, atingir a integridade de suas faculdades.
Critrios Significao dos Nveis
Critrios N Nveis Significao
1 Muito satisfatrio, sem incmodo
2 Satisfatrio, leve incmodo sem
perigo para a sade
3 Pouco satisfatrio, mas sem perigo
para sade
4 Penoso ou risco de alterao leve de
sade
- Ambiente Trmico
- Ambiente Sonoro
- Iluminao Artificial
- Vibraes
- Higiene Atmosfrica
- Aparncia - conservao
10
11
12
13
14
15
5 Muito penoso ou risco de alterao
grave de sade
Os limites so definidos para cada nvel e correspondem significao acima:
NOTAS:
A avaliao dos nveis deve se dar por medidas diretas cada vez que for possvel
(critrios 10, 11 e 12). Estas medidas podem ser as mesmas j executadas pelos servios
responsveis da empresa.
Localizao do problema:
Em funo do nvel de prejuzo de cada critrio representado em um perfil analtico
do posto:
? Problema especfico do posto (?).
? Problema exterior ao posto (o).
139
C10 AMBIENTE TRMICO
As tabelas abaixo consideram a temperatura do ar nos postos (TA) e do trabalho
dinmico (C), (trabalhos contnuos com repouso mdio de 10 minutos / hora) assim
como a temperatura exterior (T).
A carga de trabalho dinmico (c) estimada aproximadamente: leve, normal ou
elevada. Em caso de dvida, referir-se ao resultado dos critrios 14 a 17.
As tabelas so para utilizar sucessivamente:
I ESTAO FRIA II ESTAO QUENTE
- Medir TA em C aps 8h,
- Caracterizar C (carga de trabalho dinmico),
- Ler a tabela.
TA Leve
(C<3)
Normal
(C = 3)
Elevada
(C>3)
Entre 11 h e 13 h :
- Verificar que 20 C < T < 25C ,
- Medir TA.
Ento :
- Calcular TA T,
- Caracterizar C,
- Ler a tabela.
TA T
em C
Leve
(C<3)
Normal
(C = 3)
Elevada
(C>3)

NOTA:
As avaliaes dos ambientes trmicos estao fria e estao quente podem ser
relacionados paralelamente no perfil analtico, critrio n 6.
Transferir para o perfil os dois nveis Estao Fria - Estao Quente
140
C 11 AMBIENTE SONORO
As perturbaes criadas pelo rudo no operador so funo da
intensidade, da freqncia e da durao da exposio.
1 RUDO CONTNUO CONSIDERADO COMO ESTVEL EM dB(A).
Intensidade
dB (A)
? 55 56 a 70 71 a 85 86 a 100 > 100
Nveis
1 2 3 4 5
NOTAS:
Em caso de presena de um som puro notadamente dominante, majorar a medio em
5 dB (A).
A intensidade em dB (A) resulta de uma ponderao em funo das freqncias,
segundo a sensibilidade do ouvido. Ela dada diretamente pelos decibelmetros.
2 RUDO INTERMITENTE:
? Para os nveis ? 85 dB (A): utilizar a tabela precedente sem correo.
? Para os nveis > 85 dB (A): corrigir o valor da intensidade em dB (A) em
funo da propagao do tempo de exposio ao rudo segundo a escala
abaixo:
Correo da intensidade em dB (A):
Correo da exposio em %

Nmero de decibis a deduzir
Ex. : 88 dB (A) a 35% do tempo 88 dB (A) 5 dB (A) = 83 dB (A) ? Nvel 3
Transferir para o perfil o nvel lido na tabela aps a correo eventual da intensidade em
dB(A)
141
C 12 ILUMINAO ARTIFICIAL
Trata-se da iluminao geral e da iluminao individual do posto se for o caso.
O julgamento da iluminao varivel segundo a natureza do trabalho,
principalmente com relao ao tipo de detalhe a ser percebido.
ILUMINAO ARTIFICIAL
- medida de iluminao em Lux (L).
- referir-se tabela das referncias (R) abaixo:
Edifcios, atividades.
Iluminao
em lux (R)
? Estacionamento de veculos para o pessoal.
? Trabalhos em estacionamento no exterior.
? Ruas exteriores.
? Ruas interiores, corredores, escadas.
? Zonas de armazenagem, hall de manuteno.
? Vestirios.
? Refeitrios.
? Fbricas em que necessria a percepo de detalhes mdios.
? Fbricas onde a iluminao nas zonas necessita a percepo de detalhes
finos e sistematicamente reforados por uma iluminao particular: valor
da iluminao geral fora destas zonas.
? Fbricas necessitam a percepo fina de detalhes mas onde a iluminao
particular no sistemtica (mecnica, montagem, etc.)
? Escritrio: casos gerais.
? Casos especiais: metrologia, traado, controle, etc
5 em mdia
15 em mdia
15 em mdia
15 em mdia
100 em mdia
150
150
200-300
200-300
200-250
250-350
350-500
de 350 - 1000
- Ler o resultado da comparao:
Nvel Comparao entre L e R
1-2
L ? R - boa repartio
e - pouco ofuscamento
3 R/2 ? L < R ou repartio desigual
4 L < R/2 e/ou forte ofuscamento
Transferir para o perfil o nvel identificado
142
C 13 VIBRAES
As vibraes so analisadas em funo de suas freqncias, suas
amplitudes (ou aceleraes), sua durao de exposio.
A fim de evitar medies complexas e dificilmente realizveis no ateli, uma escala
simples utilizada:
Nvel Grau de vibrao Exemplos
1-2 Pouca ou nenhuma vibrao
3 Vibrao que causa
desconforto
- Plataforma ou laje do ateli posta em
vibrao por torno desequilibrado;
- Ferramentas vibrantes de pouca potncia ou
com utilizao de curta durao em cada
ciclo de trabalho.
4 Vibrao desagradvel
(levando a uma fadiga)
- Posto em contato direto com uma fonte de
vibrao tal que uma esteira vibrante, grade
vibrante.
- Posto de conduo de empilhadeiras no
equipadas de assento auto-suspenso e
circulando muito rpido em solo
desnivelado;
- Ferramentas vibrantes potentes ou utilizadas
em permanncia. Ex: esmerilhadeira
manual usada em peas pesadas, britadeira.
5 Vibrao muito elevada - Risco de doena profissional.
NOTA:
Examinar principalmente as vibraes transmitidas pela superfcie de sustentao dos
indivduos, em p ou sentados.
Transferir para o perfil o nvel identificado
143
C 14 POLUIO DO AR
Trata-se da poluio do ar ambiente dos postos considerando as poeiras, fumaas,
vapores e gases.
Nvel Classificao Exemplos
1
Limpo e no txico
2
Limpo e pouco txico
- Verificar a ausncia de gs inodoro
txico. Ex.: CO
2
3 Poluio visual ou de odor com
leve mal estar
- Ligeira difuso de luminosidade pelas
partculas;
- Odor de solventes, de lquidos de
recipientes abertos, amonaco, etc.
- Presena de poluentes em baixa
concentrao.
4 Poluio com mal estar forte, mas
no txica.
- Grande quantidade de vapor oriundo de
lquidos de metais pesados;
- Circulao de veculos a motor diesel;
- Ateli que se suja rpido: fundio,
funilaria, etc.
5
Poluio por toxidez cuja
concentrao torna insuportvel a
permanncia no ambiente sem
proteo adequada.
- Mesma poluio que acima, mas com as
concentraes em nveis mais altos de
poluentes.
Transferir para o perfil o nvel identificado
144
C 15 LIMPEZA / APARNCIA DO AMBIENTE
Trata-se do ambiente geral do posto que considera os seguintes elementos:
? limpeza
? esttica
? espao
? deteriorao
? cores
? iluminao natural (ver em seguida)
A avaliao se faz a partir de 2 tabelas:
? A: aspecto geral
? B: iluminao natural
ASPECTO GERAL
Nvel Aspecto Geral
1 2
- Posto de trabalho muito satisfatrio :
? limpo,
? claro,
? esttico,
? espaoso.
3
- Posto de trabalho satisfatrio :
? limpo,
? claro,
? espao suficiente.
4
- Posto de trabalho pouco agradvel :
? sujo,
? instalaes deterioradas,
? pinturas descascadas e velhas,
? teto baixo.
5
- Posto de trabalho desagradvel:
? muito sujo (leo escorregando, sujeira, etc...),
? instalaes muito estragadas,
? pinturas descascando e sujas,
? trabalho em tnel ou em fosso.
145
D CARGA FSICA
APRESENTAO
Trs sries de critrios determinantes foram retidas para avaliar a carga fsica
correspondente a um posto de trabalho. Elas permitem medir: a carga
postural esttica, a carga dinmica, a carga de manuteno.
A carga fsica a resultante das 3 cargas parciais assim estabelecidas.
CRITRIOS:
Critrios de carga postural esttica (CP):
? postura principal: carga CP1,
? postura mais desfavorvel: carga CP2.
Critrio de carga de trabalho dinmica (CT):
? esforo exercido para transformar o produto: carga CT1,
? postura durante esse esforo: carga CT2.
Critrio de carga de manuteno (CM):
? esforo de manuteno: carga CM1,
? postura de manuteno: carga CM2.
NOTAS:
Se o tempo for muito curto, o posto estudado globalmente.
Se o tempo for muito longo, com operaes numerosas e variveis, a anlise feita em
vrias fases correspondendo s operaes sucessivas da gama de fabricao. A carga fsica do
posto a mdia das cargas parciais ponderadas pelo tempo.
Caso trate-se de uma unidade de fabricao de vrios postos, a carga fsica deste
conjunto a mdia das cargas de trabalho de cada posto, ponderada pelos efetivos
(operadores).
146
D 16 POSTURA PRINCIPAL
A carga postural principal (CP) corresponde postura mais mantida ou
a mais repetida no ciclo de trabalho, excluindo a manuteno.
Dois indicadores determinam a CP:
? P1 - Postura: a tabela da pgina seguinte fornece este valor.
? T1 - Tempo de manuteno: a penosidade de uma postura funo direta de
seu Tempo de Manuteno. O tempo de manuteno avaliado em funo de
sua durao com relao ao Tempo do Ciclo (%TC) segundo a frmula:
% do tempo de manuteno = durao de P1 x 100
tempo de ciclo
Resultante da associao (P1, T1)
T1 em % TC
P1
20 a < 40 40 a < 60 60 a < 80 80 a 100
1 1 1 1,5 2
2 2 2 2,5 3
3 2,5 3 3,5 4
4 3,5 4 4,5 5
5 4,5 5 5
+
5
+
Ex.: - Em p tronco flexionado a 40
o
durante 30% do TC:
? P1: 4 CP = 3,5
? T1: 20-40
- Em p mo no nvel da cabea durante 70% do TC:
? P1: 3,5 CP = 4
? T1: 60-80
Transferir para o perfil o nvel identificado
147
CLASSIFICAO DAS POSTURAS: VALORES DE P1
- Mos acima do nvel do corao e tronco reto
1
- Tronco flexionado (15-30 )
- Tronco desviado para o lado (15-30)
- Toro do tronco (15-45)
- Mos em nvel da cabea
2,5
- Mos acima do nvel do corao, braos retos 3
- Tronco flexionado (30-45)
- Tronco desviado para o lado (30-45)
4
- Toro do tronco (45-90)
- Mos acima do nvel da cabea
4,5
Sentado
- Tronco em extenso mxima e mos acima do
nvel da cabea (*)
5
- Mos abaixo do nvel do corao, tronco reto
2
- Tronco flexionado (0 a 15)
2,5
- Tronco flexionado (15 a 30)
3
- Tronco desviado para o lado (15-30)
- Toro do tronco (45-90)
- Mos em nvel da cabea
3,5
- Tronco flexionado (30-45) (*)
- Tronco desviado para o lado (30-45)
4
- Tronco, mos em nvel da cabea
- Flexo das 2 pernas
4,5
Em p
- Tronco flexionado, braos retos estendidos(*)
- Tronco muito flexionado (> 45) (*)
- Tronco muito estendido, mos acima
da cabea
- Mos acima da cabea
5
- Ajoelhado normal
4,5 Ajoelhado
ou
Agachado
- Ajoelhado mos acima da cabea, etc.
- Agachado
5
Majorao dos valores de P1 para subida e deslocamento
Subida Deslocamento se P1 ? 4
Fcil 0,3 a 0,5 m Incmoda > 0,5 m Correo Velocidade
3 a 5 vezes/min 1 vez/min + 0,5 < 2 m/min
> 5 vezes/min ? 2 vezes/min + 1 > 2 m/min
(*) subtrair 0,5 em caso de apoio
148
D17 ESFORO EXERCIDO NO POSTO DE TRABALHO
Os esforos exercidos para a transformao do produto determinam a componente
fundamental (CT) da carga de trabalho dinmica. Todos os esforos - levantar,
puxar, pressionar, empurrar, retirar - relativos s ferramentas ou s peas so
considerados da mesma maneira, apesar do seu custo fisiolgico diferente (*).
Dois indicadores determinam a CT:
? E1 - Esforo exercido, em kg
? T1 Tempo de manuteno ou freqncia
Tempo de manuteno: a penosidade de uma postura funo direta de seu Tempo de
Manuteno. O tempo de manuteno avaliado em funo de sua durao com relao ao
Tempo do Ciclo (%TC) segundo a frmula:
% do tempo de manuteno = durao de P1 x 100
tempo de ciclo
Freqncia: se os esforos so curtos, mas repetidos : vezes/hora.
Resultante da associao E1 T1
T1 em % < 10 10 a < 20 20 a < 40 40 a <60 60 a < 80 80 a 100
TC vezes/hora < 30 30 a < 60 60 a < 120 120 a < 180 120 a < 180 ? 240
< 1 1 1 1 1 1,5 2
1 a < 2 1 1,5 2 2,5 3 3,5
2 a < 5 1,5 2 2,5 3 3,5 4
5 a < 8 2 2,5 3 3,5 4 4,5
8 a < 12 2,5 3,5 4 4,5 5 5
12 a < 20 3 4 4,5 5 5 5
E1
(kg)
? 20
4 5 5 5 5 5
Transferir para o perfil o nvel de CT mais elevado
149
CLASSIFICAO DAS POSTURAS : VALORES DE P3
- Mos acima do nvel do corao e tronco reto
1
- Tronco flexionado (15-30 )
- Tronco desviado para o lado (15-30)
- Toro do tronco (15-45)
- Mos em nvel da cabea
2,5
- Mos acima do nvel do corao, braos retos
3
- Tronco flexionado (30-45)
- Tronco desviado para o lado (30-45)
4
- Toro do tronco (45-90)
- Mos acima do nvel da cabea
4,5
Sentado
- Tronco em extenso mxima e mos acima do
nvel da cabea (*)
5
- Mos abaixo do nvel do corao, tronco reto
2
- Tronco flexionado (0 a 15)
2,5
- Tronco flexionado (15 a 30)
3
- Tronco desviado para o lado (15-30)
- Toro do tronco (45-90)
- Mos em nvel da cabea
3,5
- Tronco flexionado (30-45) (*)
- Tronco desviado para o lado (30-45)
4
- Tronco, mos em nvel da cabea
- Flexo das 2 pernas
4,5
Em p
- Tronco flexionado, braos retos estendidos(*)
- Tronco muito flexionado (> 45) (*)
- Tronco muito estendido, mos acima
da cabea
- Mos acima da cabea
5
- Ajoelhado normal
4,5 Ajoelhado
ou
Agachado
- Ajoelhado mos acima da cabea, etc.
- Agachado
5
Majorao dos valores de P3 para o deslocamento
Correo
Deslocamento se P3 ? 4
Velocidade
+ 0,5 < 2 m/min
+ 1 > 2 m/min
(*) subtrair 0,5 em caso de apoio
150
E EXIGNCIA MENTAL
APRESENTAO
Trata-se do conjunto das solicitaes experimentadas pelo sistema
nervoso ao longo da realizao de um tarefa. A sobrecarga do sistema
nervoso tende a criar problemas para o operador.
A carga nervosa determinada a partir de dois critrios:
CN1 - Carga nervosa devido s operaes mentais (escolhas diversificadas e com
exigncias de reflexo) caracterizada pela:
? densidade das escolhas,
? incidncia do tempo do ciclo.
CN2 - Carga nervosa devido ao nvel de ateno (escolhas binrias simples no
necessitando da interveno de um julgamento) caracterizada pela :
? durao da ateno;
? preciso do trabalho;
? incidncia do tempo do ciclo.
NOTA:
A fadiga nervosa ligada a um trabalho muito repetitivo (Tc = alguns centsimos de
minuto) considerada pelo fator H (repetitividade).
151
E18 OPERAES MENTAIS
A primeira componente CN1 da carga nervosa resulta das operaes mentais efetuadas
pelo operador. Neste caso, as informaes nas quais a percepo e o tratamento so
impostos pela execuo da tarefa, conduzem a respostas ou a aes de carter no
automtico.
Ao no automtica:
A uma informao percebida (I) correspondem vrias respostas R1, R2, R3 exigindo
uma escolha consciente do operador. Ex:
? leitura de mostradores, paqumetros, etc.;
? recepo de sinais visuais, luminosos, sonoros;
? escolha de ferramentas adaptadas;
? seleo de comandos de mquinas;
? dificuldades ou variabilidades de fabricao;
? identificao de peas, etc.
NOTA:
As escolhas binrias simples so excludas (automatismos adquiridos pela
aprendizagem).
A carga nervosa devido s operaes mentais caracterizada:
- pela densidade das operaes mentais (d/min) determinada pelo nmero de
informaes pontuais, recebidas e tratadas, por minuto, durante o ciclo de trabalho.
- pela restrio mais ou menos curta em termos de tempo sob a qual se exercem estas
operaes mentais, identificada durante o ciclo (TC em min).
I
R1
R2
R3
152
TC em min
d/min
10 5 3 1
< 0,1 4 4 4 3,5 3
Carga
baixa
0,1 a < 1 3,5 3,5 3,5 3 2,5
1 a < 3 2,5 2,5 2 2,5 3
3 a < 5 1 1,5 2,5 3,5 4
Carga
normal
5 a < 7 2 2,5 3,5 4 4,5
7 a < 10 3,5 4 4,5 5 5
Sobrecarg
a
? 10 4,5 5 5 5 5
Transferir para o perfil o nvel CN1
153
E19 NVEL DE ATENO
A segunda componente CN2 da carga nervosa resulta do grau de mobilizao da
ateno do operador. Neste caso, as informaes simples nas quais a percepo
imposta pela execuo da tarefa conduzem a respostas ou a aes de carter
automtico e invarivel.
Ao automtica e invarivel:
A cada uma informao percebida (I) corresponde uma s resposta (R) do operador ou
uma escolha binria simples, no necessitando uma interveno de julgamento. Trata-se mais
seguidamente de um controle visual, mais raramente de um controle sonoro.
A carga nervosa devido ao nivel de ateno caracterizada:
? pela durao da ateno CN2a;
? pela preciso do trabalho CN2b;
? pelos incidentes diversos (tempo de ciclo, trabalho em linha, ambiente
desfavorvel).
- CN2a - Durao da ateno em %:
a durao relacionada com o tempo de ciclo de controle visual ou outro do operador
ao longo de sua tarefa (ex. controle visual do posicionamento de uma pea)
- CN2b - Preciso do trabalho:
apreciada em funo da natureza do trabalho.
I
R
154
CN2a CN2b
Nvel Durao em
% do Tc
Freqncia
(vezes/min)
Nvel Preciso do trabalho
1
30 5
1
Grosseiro
Manuteno - preenchimento de
caixas ou containers
2
60 10
2
Mdio
Posicionamento de peas com
gabarito
3
80 20
3
Fino
Montagem, posicionamento de
pequenas peas sem gabarito
4
90 40
4
Muito Fino
Regulagem ou controle
5 5
Minucioso
Montagem, regulagem, controle
tipo fabricao de instrumentos de
medio
O nvel de CN2 dado pela mdia de CN2a e CN2b: CN2 = CN2a + CN2b
2
CORREES POR INCIDENTES DIVERSOS:
1. Tempo de ciclo
Uma restrio em termos de tempo agrava a fadiga nervosa causada pelo nvel de
ateno.
O nvel de CN2 corrigido em funo do tempo de ciclo (TC em min).
TC em min 1 3 5 10
Correo de CN2 + 1 + 0,5 0 - 0,5 - 0,5
Ex. : - CN2a = 4 CN2 = 3,5
- CN2b = 3
Se: - TC = 12 min CN2 = 3,5 - 0,5 = 3
- TC = 2 min CN2 = 3,5 + 0,5 = 4
155
2. Trabalho em linha
O trabalho em linha (de maneira imposta, sem estoque tampo, ) aumenta a fadiga
nervosa.
O nvel de CN2 acrescido de meio ponto (+ 0,5).
3. Ambiente desfavorvel
Em caso de um ambiente muito desfavorvel (calor, rudo, vibraes, etc., critrios 6
a 11), o nvel de CN2 agravado:
? + 0,5 se um critrio ambiental de nvel 4 ou 4,5.
? + 1 se um critrio ambiental de nvel 5.
Transferir para o perfil o nvel CN2 corrigido para considerar os incidentes diversos
156
FATORES PSICOLGICOS E SOCIOLGICOS
Quatro fatores psicolgicos e sociolgicos so considerados:
F
AUTONOMIA
G
RELAES
H
REPETITIVIDADE
I
CONTEDO
Diferentemente dos critrios ergonmicos (A, B, C e D) determinados essencialmente
pela concepo tcnica das instalaes, os fatores psicolgicos e sociolgicos (E, F, G, H e I)
exigem ainda, para a sua correta avaliao, o conhecimento e a considerao das modalidades
da organizao adotadas pelos responsveis da produo tais como a possibilidade de rotao
de postos de trabalho, organizao do tempo de repouso, autonomia de grupo, papel da chefia,
etc.
157
F AUTONOMIA
APRESENTAO
a faculdade que dispe um operador, ou um grupo de operadores
de poder variar no tempo seu ritmo instantneo e de deixar por livre e
espontnea vontade seu posto de trabalho, sem que isto perturbe a
produo, nem acima, nem abaixo de seu posto.
Esta autonomia se exerce no contexto da produo imposta sob uma base horria,
diria ou semanal. O operador ou o grupo dispe assim de maneira mais ou menos ampla de
gesto de tempo de repouso que lhe permitido e do avano que ele pode constituir.
158
F 20 AUTONOMIA INDIVIDUAL
A autonomia individual resulta mais freqentemente da existncia de um estoque
intermedirio entre 2 postos sucessivos ou de uma possibilidade de troca de posto
de trabalho, permitindo aos operadores variar seus ritmos em perodos de ordem
de 2 horas ou de parar. Ela seguidamente limitada:
? pela interdependncia dos operadores (operaes dependentes)
? pelo trabalho com um material fixo e invarivel
? pela situao dos elementos de estocagem
? pela densidade dos operadores em uma mesma zona de trabalho
Dois indicadores determinam F:
? F1: variao do ritmo de trabalho;
? F2: grau de liberdade com relao ao posto de trabalho.
F1 Variao do ritmo de trabalho
o valor em % da variao do ritmo do operador ao longo da jornada e por perodos
de ordem de 2 horas, relacionado cadncia de produo imposto, compatvel com a
organizao e a flexibilidade da instalao.
Quatro limiares de 5 a 20% determinam 5 nveis : (*)
Nveis
F1
Variao em % Variaes em
1
2
3
4
5
? 20
? 15
? 10
? 5
24
18
12
6
(*) Fazendo a hiptese que, na maioria das vezes, a determinao dos tempos permite
a identificao de uma variao mdia do ritmo de trabalho de um operador, procede-se a
anlise dos obstculos eventuais ao exerccio efetivo desta variao, constitudos pela
mquina, pelos equipamentos ou pela organizao.
159
F2 Grau de liberdade com relao do posto de trabalho
a durao durante a qual um operador pode deixar seu posto de trabalho, a sua
prpria vontade, sem perturbar a produo.
Quatro limiares de 1 a 30 minutos determinam 5 nveis:
Nveis F2
Durao de parada
em minutos
1
2
3
4
5
30
15
5
1
NOTA:
Os operadores dispem habitualmente de um tempo de repouso da ordem de 45
minutos por dia, este tempo podendo ser ampliado por um ganho de tempo de execuo. A
autonomia individual por exemplo de 15 minutos quando o operador pode utilizar seu tempo
de repouso global, a sua prpria vontade, em fraes de tempo indo at 15 minutos.
Transferir para o perfil do nvel F dado pela frmula
Ex.: F1 =1 F = 3
F2 = 4
3
2 . 2 1 F F
F
?
?
160
G RELAES
APRESENTAO
As relaes dependem das possibilidades de comunicao interindividuais durante
o tempo de trabalho, tendendo a favorecer os contatos, a reduzir o isolamento de
um operador em seu posto ou a permitir a execuo de um trabalho em grupo.
As relaes so avaliadas a partir de:
? G21: Relaes independentes do trabalho
161
G 21 RELAES INDEPENDENTES DO TRABALHO
Trata-se das relaes interindividuais possveis durante o trabalho, mas sem
ligao direta com ele mesmo.
Estas possibilidades de comunicao so geralmente funo da natureza da atividade,
da situao geogrfica e da ambiente dos postos de trabalho. So consideradas as facilidades
dadas aos operadores de terem relaes fora do horrio de trabalho (paradas ou deslocamentos
curtos sem perturbar o trabalho).
Cinco nveis diferenciam os graus de isolamento e de relaes:
Nveis Definies
1 As relaes interindividuais so facilitadas por uma organizao
especialmente estudada.
2 As relaes interindividuais so fceis e os operadores tm a possibilidade
de se reagrupar a sua convenincia.
3 As relaes interindividuais so fceis, as tarefas dos operadores so
independentes mas uma vida de relaes de grupo existe.
4 As relaes interindividuais so possveis durante o trabalho mas
permanecem limitadas ou difceis (implantao, rudo, trabalho
absorvente)
5 O operador isolado em seu posto. Os nicos contatos possveis se fazem
no momento das pausas.
Transferir para o perfil o nvel G
162
H REPETITIVIDADE
APRESENTAO
Uma atividade cclica de curta durao leva a uma grande repetio de seqncias
gestuais sempre idnticas. Ela induz no operador um automatismo de execuo dos
gestos, que induzem ao abatimento e sentimento de monotonia com relao ao trabalho.
A repetitividade monotonia (h) avaliada por um nico critrio: o tempo de ciclo
O nvel de H assim determinado pode ser modificado:
? pela repetitividade interna do ciclo,
? pela rotao de um operador em vrios postos
NOTA:
A noo de repetitividade monotonia no visa determinar o interesse do trabalho por
seu contedo, mas avaliar o abatimento provocado pela repetio dos mesmos gestos.
163
H 22 REPETITIVIDADE DO CICLO
A repetitividade do ciclo caracterizada pela durao do tempo do ciclo.
Quatro limites de 1 a 10 minutos determinam 5 nveis :
Nveis Tempo de ciclo (TC em min)
1
2
3
4
5
10
5
3
1
INCIDNCIA DA REPETITIVIDADE INTERNA DO CICLO
A repetitividade interna do ciclo a repetio dentro do ciclo de operaes idnticas e
de curta durao. Ela constitui uma agravao da repetitividade do ciclo, em funo do
nmero (N) de repeties por ciclo (N/c) conforme a tabela abaixo.
Ela s considerada se representar em sua totalidade mais de 50% do tempo do ciclo.
Correo de H:
N/c 1 2 3 4 5 6 > 6
Correo 0 + 0,5 + 1 + 1,5 + 2 + 2,5 + 3
Ex.: apertar 5 porcas uma aps a outra em uma pea no mesmo ciclo : + 2.
164
INCIDNCIA DA ROTAO EM VRIOS POSTOS
A rotao de um operador em vrios postos diferentes reduz a monotonia de seu
trabalho.
- Ela deve se efetuar em certos limites:
? um perodo de rotao muito longo, superior a 3 meses, exige uma readaptao
difcil;
? uma freqncia muito rpida mal ressentida pelos operadores.
- A tabela abaixo indica o valor da correo a adicionar a H em funo:
? do nmero de postos diferentes (N);
? do tempo passado em cada posto (Tp).
- Correo de H
Tp 1 Ms 1 Semana 1 Dia - Dia 1 Hora
2 - 3 - 0,5 - 0,5 -1 -0,5
4 - 5 0 -0,5 -1,5 -0,5
6 - 7 0 -0,5 -1,5 0
8 + 0,5 0 -1 + 0,5
N
> 8 + 0,5 0 -0,5 + 0,5
NOTA:
Aps as correes, quando o nvel superior a 5, colocar 5
+
.
Transferir para o perfil o nvel de G, corrigido, caso ocorra
pela incidncia da repetitividade interna e da rotao
165
I CONTEDO DO TRABALHO
APRESENTAO
O contedo do trabalho indica em que medida a tarefa de um operador:
faz um chamamento ao seu potencial de aptides;
engaja sua responsabilidade;
suscita seu interesse.
O contedo do trabalho avaliado a partir de trs critrios:
1. I23: O potencial
- dois indicadores:
? I23.1: durao da adaptao;
? I23.1: conhecimentos gerais necessrios.
2. I24: A responsabilidade
- trs indicadores:
? I24.1: possibilidade de erros;
? I24.2: conseqncias dos erros;
? I24.3: grau de iniciativa (decises, intervenes).
3. I25: O interesse do trabalho
- dois indicadores:
? I25.1: diversificao das funes;
? I25.2: identificao ao produto.
166
I 23 POTENCIAL
o nvel de aptides necessrias para manter o posto de maneira satisfatria.
Dois indicadores determinam H1:
? I23.1: durao da adaptao;
? I23.2: conhecimentos gerais.
I23.1 - DURAO DE ADAPTAO
o tempo necessrio a um operador mdio para adaptar-se a seu trabalho e o executar
nas condies de produo satisfatrias.
Trata-se de considerar a complexidade da tarefa sem considerar o costume gestual e
fisiolgico.
Cinco duraes de adaptao definem os 5 nveis de exigncia do posto:
Nveis Durao de adaptao
1 Mais de um ms
2 Em torno de um ms
3 2 a 3 semanas
4 Em torno de 1 semana
5 Algumas horas (2 dias no mximo)
NOTA:
Se uma formao especial dispensada fora do fbrica, uma hora de formao
assimilada a um dia de aprendizagem sobre o total.
167
I23.2 - CONHECIMENTOS GERAIS
So os conhecimentos elementares, indispensveis ao operador para cumprir sua tarefa
em boas condies.
Cinco duraes de adaptao definem os 5 nveis de exigncia do posto :
Nveis Durao de adaptao
1 Necessidade de prestar conta por escrito de um incidente, de especificaes
simples.
2 Necessidade de ler, escrever e contar (utilizar as 4 operaes).
3 Necessidade de prestar conta verbalmente de uma situao para identificar um
incidente, proceder a uma regulagem, etc.
4 Necessidade de ler nmeros, reconhecer os nmeros (cartas ou mostradores),
compreender as especificaes verbais.
5 Ausncia de conhecimentos, mesmo que rudimentares
NOTA:
Certos sinais distintos eliminam a necessidade de uma leitura aparentemente
indispensvel.
Transferir para o perfil o nvel I23.1 ou de I23.2 menos elevado
168
I 24 RESPONSABILIDADE
o grau de implicao pessoal do operador com relao s pessoas, ao produto ou
aos equipamentos, tornado necessrio ou possvel pelo trabalho.
Trs indicadores determinam H2:
? I24.1: probabilidade de erros;
? I24.2: conseqncias dos erros;
? I24.3: grau de iniciativa.
I24.1 - PROBABILIDADE DE ERROS
Trata-se de determinar se a natureza de uma tarefa, por sua complexidade, sua
repetitividade, sua variabilidade, a escolha eventual que ela implica, uma fonte aleatria ou
certa de erros.
Cinco nveis situam a probabilidade de erros em funo da natureza da tarefa:
Nveis
Definies
1 A freqncia e a diversidade dos cdigos, equipamentos, ndices, trocas de
produo, so um fonte freqente de erros.
2 O trabalho necessita uma escolha entre os elementos no identificados,
variantes limitadas.
3 Trabalho de execuo de especificaes simples. Vrias possibilidades. Os
elementos no so identificados. Autocontrole necessrio.
4 Trabalho de execuo de especificaes simples. Poucas possibilidades,
escolha fcil, os elementos de identificao so simples.
5 Trabalho de execuo e especificaes precisas. Uma s possibilidade,
nenhuma escolha.
169
I24.2 - CONSEQNCIAS DOS ERROS
Trata-se de identificar os diferentes graus de incmodo, perturbao, de riscos, de
custos causados ao produtos, aos equipamentos ou s pessoas pelos erros ocorridos ao longo
da execuo da tarefa pelo operador.
Estas conseqncias podem aparecer imediatamente nos postos anteriores ou
posteriores tarefa.
Cinco nveis situam a importncia dos erros :
Nveis Definies
1
Os erros cometidos levam a:
- uma recusa definitiva do produto
- um risco grave para os equipamentos ou pessoas
- uma parada importante da produo
2
Os erros cometidos necessitam de uma interveno de longa durao, com
perturbao grave da produo (final de linha) ou retrabalho do produto.
3
Os erros necessitam a interveno imediata mas s criam perturbaes
limitadas na produo ou um retrabalho no final do processo.
4
Os erros criam perturbaes no final do processo, incomodam outros
operadores, mas no tm conseqncias sobre os equipamentos ou
produtos.
Ex.: controle sistemtico e retrabalhos no final do processo
5
Os erros cometidos no tm nenhuma influncia no final do processo
(produto, equipamento ou pessoas).
170
I24.3 - GRAU DE INICIATIVA
Toda interveno de um operador:
? por resolver uma dificuldade aferente a sua tarefa;
? por faz-la ser resolvida por uma pessoa competente, constitui uma iniciativa
que implica sua responsabilidade.
Cinco nveis de iniciativa so definidos:
Nveis Definies
1
O operador pode regular os incidentes por seus prprios meios
(aprovisionamento quando da ruptura de estoque, etc.) ou decidir chamar
servios exteriores.
2 O operador pode regular certos incidentes por seus prprios meios.
3
O operador deve identificar os problemas e escolher a pessoa suscetvel
de regul-los (chefe de equipe, controlador, manuteno, etc.).
4 O operador se refere sistematicamente ao regulador, ao controlador, etc.
5
Nenhuma iniciativa. Todo problema regulado sistematicamente pelo
regulador, pelo controlador ou pela manuteno, sem interveno do
operador.
Transferir para o perfil o nvel de I24 dado pela frmula:
3
3 . 24 2 . 24 1 . 24
24
I I I
I
? ?
?
171
I 25 INTERESSE DO TRABALHO
So os elementos de motivao e de satisfao ligados ao cumprimento da tarefa.
Por hiptese, a situao tima aquela na qual o operador:
? assume as funes variadas de controle, retrabalho, etc.
? realiza um produto acabado ou um subconjunto significativo,
? intervm na escolha do processo.
Dois indicadores determinam I25:
? I25.1: diversificao das funes;
? I25.2: identificao do produto.
I25.1 - DIVERSIFICAO DAS FUNES
As diferentes fases de fabricao de um produto exigem intervenes de natureza
diferentes: transformao (usinagem, montagem), controle, retrabalho, manuteno, etc. Estas
diferentes intervenes cumpridas por um mesmo operador contribuem para diversificar suas
funes.
Cinco nveis so definidos segundo a diversidade das intervenes:
Nveis
Definies
1
O operador assegura a execuo, o controle, os retoques, a manuteno e faz os
contatos necessrios para o funcionamento de seu posto (atividades perifricas,
aprovisionamento, qualidade, etc.).
2
O operador assegura a execuo, o controle, os retoques e a manuteno
corriqueira de seu posto (verificaes e pequenos consertos).
3
O operador assegura vrias funes simples (execuo, controle, retoques) ou uma
funo complexa.
4
O operador assegura duas funes simples (execuo mais controle, ou controle
mais retoques, etc.).
5
O operador assegura uma s funo simples (execuo, ou controle, ou retoques,
etc.).
172
I25.2 - IDENTIFICAO DO PRODUTO
A tarefa que regrupa um certo nmero de operaes permitindo a fabricao de um
conjunto ou de um subconjunto significativo, leva o operador a se reconhecer no produto de
seu trabalho.
Esta identificao funo do carter maios ou menos significativo do produto.
Ex.:
? montagem do conjunto de um circuito de frenagem garantido a segurana dos
clientes;
? colocao de uma pea dando embelezamento ou esttica ao veculo.
Cinco nveis de iniciativa so definidos:
Nveis Definies
1 O operador realiza um produto acabado sem interveno ou modificao no final.
2 O operador realiza um conjunto completo podendo ser modificado.
3 As operaes sucessivas constituem um subconjunto completo.
4 As operaes so independentes mas pertencem a um mesmo subconjunto.
5
As operaes sucessivas so totalmente independentes umas das outras e pertencem
a subconjuntos diferentes.
Transferir para o perfil o nvel de I25 dado pela frmula:
3
2 . 25 1 . 25
25
I I
I
?
?
173
ANEXO C - Questionrio Subjetivo
174
175
176
177
178
179

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