Sindicalismo Brasileiro

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Estudos sobre sindicalismo

e movimento operrio:
resenha de algumas tendncias*
Luiz Werneck Vianna**

Para a elaborao dessa resenha,A nossa opo foi a de


selecionarmos alguns autores e trabalhos representativos de ten
dncias ou escolas de interpretao que se fizeram dominantes
em algum momento na histria da produo do nosso objeto de
estudo. Havia que distinguir desde logo os trabalhos no-universitrios, constantes em materiais memorialsticos e/ou descriti
vos e numa vasta ensastica em revistas e jornais muitas
vezes se identificando com uma literatura poltica no sentido
estrito dos universitrios. Independentemente de critrios de
qualidade, preferimos abordar estes lltimos, dado a dificuldade
de pesquisa do material dos primeiros. E sobretudo porque, de
uma certa forma, contm os outros.
Os estudos universitrios sobre o movimento sindical e
operrio se iniciam com as pesquisas de Azis Simo, Juarez
Brando Lopes, Lencio Martins Rodrigues, Albertino R odri
gues, entre outros. Uma das caractersticas que informam essas
* Resenha publicada no BIB n. 3.
** Luiz Werneck Vianna, Professor do Instituto Universitrio de
Pesquisas do Rio de Janeiro. autor de Liberalismo e Sindicato no
Brasil, Rio de Janeiro, Paz e Terra, 1976; e Classe Operria e Abertura,
So Paulo, Ed. Cerifa, 1983.
1.
Outras resenhas e bibliografias so encontradas em Rodrigues e
Munhoz (1974), Brandi (1977), Las Casas (1969), Rodrigues (1971),
Erickson et atii (1972). Podem ser encontradas abundantes informaes
bibliogrficas ao final dos livros dos seguintes autores: Erickson (1971),
Harding (1973), Dulles (1977).

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investigaes consiste no modo quase acrtico com que incor


poram como suposto para suas anlises as interpretaes conti
das em relatos memorialsticos, escritos ou no, de alguns im
portantes personagens que viveram a experincia sindical e ope
rria na Primeira Repblica. Assim com Edgar Leuenroth,
Everardo Dias, Antnio Piccarolo. Apesar do valor documental
intrnseco nesses relatos brilhantes em mais de um momento
na interpretao de processos que estiveram presentes na forma
o da classe operria e do sindicalismo, eles nos tm legado
mais questes e desafios do que um sistema articulado de ideias.
Tome-se como exemplo o insatisfatrio nvel das reflexes exis
tentes sobre temas como imigrao e ideologia anarquista,
tenentismo e sindicalismo, relaes do Partido Comunista com
a Aliana Liberal, a posio desse partido em 30 e o papel
desempenhado pela interveno operria na ANL, em 1935.
Em muitos casos tem-se verificado que os projetos de estu
do j comeam definidos sobre temas que, longe de terem uma
interpretao consagrada, deveriam ser objeto de minuciosas e
cuidadosas investigaes. Noo que aparece como fortemente
estabelecida a da perda nos anos 20, por parte da classe ope
rria da sua autonomia, espontaneidade e mpeto revolucionrio,
apesar de ter iniciado nessa fase a ocupao de um espao
prprio na arena poltica e organizao sindical em moldes
modernos.
Outra caracterstica foi a de se ter inclinado por um enfo
que "sociolgico", na tentativa de apreenso de algo que poca
se entendia e no s na Universidade como determinantes
estruturais do comportamento operrio. Procurava-se centrar
os estudos no isolamento e identificao de variveis como
origem da fora de trabalho, grandeza do exrcito industrial de
reserva, sobrevivncias patrimonialistas no mundo fabril etc.
No p s-1964, quando o pensamento nas cincias sociais
experimentou uma crise de identidade semelhante a que suce
deu ao desmonte da ordem oligrquica da Primeira Repblica,
a prpria Universidade promover a crtica dessa interpretao.
Nesses novos estudos no se sentir a mesma melanclica nos
talgia, nutrida quanto ao proletariado dos anos 10 e 20, em
relao ao das dcadas seguintes. O tom se faz duramente
crtico, para assinalar a responsabilidade poltica do movimento
operrio e sindical na dissoluo da ordem liberal em 1964.
O enfoque descola do nvel da explicao sociolgica que
afinal desculparia seu "atraso" passando por uma radical politizao. As causas da fraqueza organizacional e poltica da
classe operria curiosamente nisso reside a preocupao ge70

neralizada nos meios acadmicos deveriam ser buscadas nos


elementos conscientes da sua ao, explicitada no campo orga
nizado da poltica. Os desvios constatados nesse plano que
qualificariam melhor as debilidades observadas.
Muda tambm o momento a ser privilegiado para a investi
gao. Ao contrrio da corrente "sociolgica" que parte dos
"gloriosos anos 10" para elucidar e tornar evidente a transio
para um sindicalismo burocrtico e acomodado, precisamente
quando se altera a composio social da classe operria e a
natureza do processo de industrializao, a "poltica" se inicia
em 1964, visando isolar o "erro" no seu ponto de maturao
mxima, e a seguir, retrospectivamente, procurar suas circunstn
cias de origem que vai localizar num pacto populista celebrado
no imediato ps-30.
Em bora essa contribuio contenha elementos altamente
discutveis, do ponto de vista da construo do objeto de estudo,
cumpriu, assim como a corrente que criticou, a relevante funo
de aproximar a investigao da verdadeira complexidade nela
inscrita. Mas, se os partidos polticos, o Estado, a ideologia
s vezes at com principalidade o sistema de orientao estratgico-ttico do partido operrio, ganhavam direito de plena
cidadania nos estudos acadmicos sobre classe operria, a
faziam seu ingresso como partidos polticos em abstraio. Estado
em abstrato etc, em razo de passarem ao largo da discusso
sobre a forma de imposio do modo de produo capitalista
no pas.
Recorde-se que a produo e o pensamento universitrios,
ainda antes de se encerrarem os anos 60, se encontravam sob a
hegemonia da interpretao econmica cepalina. Em sociologia
e em cincia poltica dominavam os trabalhos de Gini Germani,
socilogo italiano de formao parsoniana ento radicado na
Argentina. Essas duas concepes da realidade latino-americana,
embora no claramente integradas, foram entendidas como con
vergentes e, nessa condio, se fizeram largamente aceitas contra
vozes isoladas. Weber nos chegava aps uma dupla mediao,
a de Parsons e a de Germani, enquanto Marx alcanava o cir
cuito acadmico no interior da economia neoclssica. Durante
certo tempo, houve empenho para se formular propostas de
integrao terica entre o que se denominava de sociologia do
consenso com a do conflito, e fenmeno idntico ocorreu mutatis
mutands na rea da economia. A tal falta de rigor sucedeu uma
srie de estudos sobre o sindicalismo, cujas hipteses se vincula
vam ao campo intelectual do marxismo ou ao que se entendia
71

por tal , mas que se procuravam verificar recorrendo-se ao


instrumental da sociologia funcionalista, concebido, como se
sabe, para um contexto terico de outra natureza.
A repercusso mais importante desse caos metodolgico foi
a de se perder a perspectiva do estudo e da pesquisa dos modos
singulares da formao e expanso do modo de produo capi
talista na Amrica Latina, para, na observao de Francisco de
Oliveira (1972), obscurecermos essa realidade num falacioso
"modo de produo subdesenvolvido". Assim o tema crucial
contido no conceito de exrcito industrial de reserva mal se
deixava perceber por detrs das vagas em imprecisas categorias,
"terciarizao" da economia e da marginalidade, esta ltima ex
trada da psicologia social para dar conta do fenmeno popula
o na Amrica Latina subdesenvolvida; a via prussiana de
desenvolvimento capitalista, a partir de um compromisso entre
as fraes burguesas agrrias e industriais, era escamoteada em
nome de um dualismo, numa multiplicidade de tendncias nem
sempre conscientes, que opunha o moderno ao tradicional.
Do ponto de vista dos estudos sobre o sindicalismo e a
classe operria, da resultava um enfoque que desconsiderava,
ou at negava, o papel e as funes para a acumulao capita
lista das instituies criadas pelo Estado para regular o mercado
de trabalho, inclusive seu prprio formato corporativo. As rela
es entre o Estado e a sociedade, tema nobre nas investigaes
acadmicas, visualizavam predominantemente a natureza dos
vnculos entre aquela agncia de poder e as classes economica
mente dominantes na literatura, os empresrios.
Ao se abordar a sofisticada e complexa questo da autono
mia do poltico, formalmente expressa na dcada de 30 atravs
da imposio da ordem corporativa, debatia-se a legislao como
neutra em relao acumulao. A razo da montagem do
sistema corporativo se prenderia a motivos exclusivamente po
lticos, no s para se estabelecerem, no interior do Estado e
sob sua mediao, canais de transao para os interesses burgue
ses em conflito, como para submeter a classe operria, cuja
movimentao diante da debilidade do pacto entre as classes
dominantes era vista como potencialmente perigosa (Rowland,
1974).
Doutra parte, nos trabalhos mais prximos da ortodoxia
weberiana, como o de R. Faoro, cuja influncia num certo m o
mento foi dominante em alguns cursos de ps-graduao, a
investigao da oposio entre o Estado e a sociedade civil se
manteve limitada determinao de variveis de natureza cultu72

ralista. Tratava-se de perceber as condies de surgimento do


"ethos" autoritrio, da formao do Estado patrimonial, expresso-sntese de uma ideologia de Estado que ciclicamente encon
traria realizao em nossa histria. O tema do corporativismo
aparece desfocado, dissociado da implementao do industrialismo e da expanso do capital, compreendido como mera mani
festao de tendncias latentes da herana patrimoniahsta.
Nesse contexto, a histria do Estado brasileiro se traduz
nas disputas entre elites econmicas aspirantes representao
poltica versus elites burocrticas. Com isso, perdcm-se os fun
damentos reais da separao entre o Estado e a sociedade,
fugindo-se da anlise do papel dessa instituio na expanso do
capitalismo e da violncia poltica como forma de acumulao
primitiva.
Enquanto nosso objeto de estudo esteve prisioneiro dessas
limitaes, constituiu-se apenas numa sociologia particular, de
estatuto acadmico mal definido, com poucos iniciados em sua
histria e teoria, sequer atingindo o status de uma sociologia
industrial, como entre os americanos. No obstante, sua recente
inscrio como tema necessrio do estudo das relaes entre o
Estado e a sociedade, em particular dos que vm trabalhando
essa questo no objetivo de explicitar a singularidade na forma
o e desenvolvimento do capitalismo, elevou sua importncia e
o nmero de pesquisadores que se dedicam a ele tem crescido
significativamente. Essa sbita mudana no interesse da Uni
versidade e da sociedade tem deixado a nu a escassez da hteratura disponvel e as lacunas existentes, que, onde couber, men
cionaremos nas pginas seguintes. A seguir, resenhamos algum
material sem preocupao cronolgica que nos pareceu relevan
te para ilustrar o desenvolvimento dos estudos nessas duas ltimas
dcadas, na tentativa de caracterizar o que designamos como
etapas na produo desse objeto especfico de indagao, e de
identificar os momentos de corte ou de transformao do seu
campo intelectual.
A interpretao sociolgica
A explicao de matriz sociolgica encontra talvez sua
verso mais consistente em Juarez Brando Lopes, que inclusive
incorpora a contribuio dos autores clssicos em sociologia
industrial ou do trabalho, como W. L. WarnerA W. F. White e
outros. Em seu "O ajustamento do trabalhador indstria: m o
bilidade social e motivao", marco importante na ensastica
sobre o assunto, a questo inicial consiste numa indagao feita
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no interior do universo desse ramo da sociologia: "Fundamen


talmente, a motivao do trabalho a mesma em todas as socie
dades: a satisfao de necessidades e desejos, a auto-estima, o
reconhecimento social etc. As formas concretas, porm, em que
esses motivos bsicos se expressam, depende da sociedade e, por
conseguinte, variam" (Lopes, 1971: 24).
O objetivo, contudo, de procurar as determinaes do por
qu da variao funo da estrutura social, na acepo parsoniana , fora o alargamento do seu campo de observao que
avana da sociologia industrial para o que, com alguma im pro
priedade, podemos qualificar de sociologia geral aplicada. No
importa tanto a investigao do sistema de motivao no traba
lho numa unidade fabril, mas compreend-lo em sua generaUdade no momento de trnsito de uma "economia tradicional" para
uma "economia de mercado", conforme a tipologia de Weber.
Pretende-se tornar inteligvel o comportamento operrio a partir
da decifrao dos elementos componentes da estrutura social,
empiricamente latentes e/ou manifestos na motivao operria,
numa sociedade concreta em transio para o moderno. Supe-se,
portanto, uma sociologia independente da poltica, da movimen
tao das classes e do seu aUnhamento em relao ao Estado.
A pesquisa foi realizada numa empresa de porte mdio na
cidade de So Paulo, utilizando-se as tcnicas da entrevista e
do questionrio com seus empregados, compreendendo pergun
tas sobre local de nascimento (a cidade de So Paulo, interior
de So Paulo e de outros Estados, Nordeste, pases estrangei
ros). As diferentes naturalidades e nacionalidades foram agru
padas pelas categorias funcionais existentes no pessoal ocupado:
operrios no-qualificados e semiqualificados, operrios quali
ficados e mestres e tcnicos.
A concluso confirma a hiptese implcita na proposio da
pesquisa, qual seja a de revelar a determinao estrutural entre
origem e conscincia de classe. Os trabalhadores originrios da
lavoura e do comrcio de pequenas comunidades no interior,
maioria dos que executam os servios no-qualificados e semi
qualificados nas oficinas da fbrica "no se identificam imediata
e completamente com a condio de operrios industriais".
(Lopes, 1971: 94). Desligados da estrutura tradicional que
informava sua conduta, tenderiam a se comportar apenas de
acordo com seus "interesses pessoais". Consequentemente no
chegariam a explicitar a conscincia da sua identidade como
grupo, em razo da sua inexperincia com os padres de coope
rao predominantes no mundo urbano-industral.
74

Doutro lado, os trabalhadores qualificados, apesar de terem


"formao muitas vezes precrias e raramente descendam de
pessoas que trabalharam em fbricas, j revelam um grau apre
civel de ajustamento indstria" (Lopes, 1971: 95). Demons
trariam satisfao com a profisso, apesar de serem, como seus
colegas no-qualificados, pouco sensveis e aptos para aes
coletivas atravs do sindicato. Isso explicado, no seu caso, por
razes como "por sua situao vantajosa no mercado", pela
"distncia que os separa de outros operrios" e pela "falta de
tradio industriai" (Lopes, 1971: 95).
Uma dcada mais tarde, Lencio Martins Rodrigues, numa
pesquisa mais vasta e sofisticada sobre atitudes operrias numa
indstria automobilstica, reiterar no fundamental os procedi
mentos e as concluses de 3. Brando Lopes: "As categorias
operrias semiqualificadas e braais tendem. . , a manifestar
uma preocupao e uma sensibilidade muito aguada pelo sal
rio, tanto mais que efetivamente ocupam os nveis inferiores da
escala de remunerao. Em contrapartida, os aspectos propria
mente scio-profissionais do trabalho e da condio operria
ocupam segundo plano, ao contrrio do que tende a ocorrer com
os trabalhadores mais qualificados e dotados de certa autonomia
profissional. O trabalho operrio encarado negativamente e
as aspiraes de passar a empregado de escritrio ou de trabalha
dor por conta prpria so sempre muito vigorosas. A rejeio da
condio operria, ao mesmo tempo em que dificuta a inte
grao na classe, impede a formao de uma viso do mundo
'obreirista' e a participao nas atividades das associaes ope
rrias. Do mesmo modo, os apelos ideolgicos classistas tm
pequeno efeito sobre esses grupos operrios. Para os efetivos de
migrao recente, a empresa, o sindicato e a sociedade industrial
so concebidos instrumentalmente, como meios a serem utili
zados, sem com eles se identificarem e comprometerem emocio
nal ou moralmente. No que tange ao sindicato, este avaliado
em termos das vantagens pessoais que pode oferecer, sem que o
trabalhador entenda que a fora da instituio depende de sua
participao e esforos" (Rodrigues, 1970: 184).
Os trabalhos de Azis Simo, Lencio Martins Rodrigues e
Albertino Rodrigues, com suas bvias dessemelhanas, guar
dam algo de comum entre si, compartilhando da mesma perspec
tiva de anlise. Distinguem-se de J. Brando Lopes sobretudo
por no terem a fbrica como ponto de partida salvo o
estudo acima mencionado de L. M. Rodrigues, produzido numa
fase em que esse autor j se convertera em conhecido especialis
ta do tema mas o sindicalismo no os sindicatos concretos.
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Para uma literatura que privilegia esse aspecto, as pesquisas


empricas sobre sindicato paradoxalmente so bastante recentes,
e as teses de mestrado sobre o porto de Santos, de ngrid Sarti
(1973) e a de Ans Troyano (1977) sobre o sindicato dos
qumicos na cidade de So Paulo, se constituem em raros exem
plares de boas monografias sobre o assunto.
O livro de Lencio Martins Rodrigues Conflito industrial e
sindicalismo no Brasil, provavelmente um dos mais bem reali
zados sobre o tema com o enfoque que denominamos de "socio
lgico", jargo j consagrado entre os especialistas, durante algum
tempo ocupou lugar de destaque na bibliografia. Como A. Simo e A. Rodrigues, considera duas grandes fases na formao
da classe operria brasileira, drasticamente separadas, antes e
depois de 30, procurando associar a radical diferena entre a
movimentao sindical notada em ambas s transformaes ocor
ridas em sua composio social e no tipo de industrializao.
Na primeira fase, a classe operria era "formada de imi
grantes italianos, espanhis, portugueses, alemes etc, concen
trada nos bairros operrios da poca, conservando as tradies
culturais dos pases de origem, e fortemente influenciada pelas
ideologias anticapitalistas trazidas da Europa; na segunda, que
se configura durante os anos 30, desprovida de experincia de
vida na sociedade urbano-industrial, se incorpora no moderno
sistema de produo fabril num momento em que se intensifica
a entrada de capital estrangeiro e que este, alm do setor de
servios, comea a se dirigir para o setor da produo de bens
de consumo imediato, para a indstria leve" (Rodrigues,
1966: 11).
Quando se examina o problema da participao na socie
dade inclusiva, sequer se cogita de que a ausncia da classe ope
rria na arena poltica, em vez de indicar vitalidade como
se sugere poderia significar fraqueza. No plano emprico,
ignoram-se as relaes que manteve com o tenentismo, mais p ro
fundas do que as descritas usualmente, conforme mostra Everardo Dias (1977) no seu magnfico livro. Faz-se presente uma
correlao certamente esptria entre purismo ideolgico
operrio e absentesmo poltico, surgindo a poltica como prtica
que se rebaixa o nvel de autenticidade das manifestaes ope
rrias, obrigando-as a concesses, impedindo uma ao direta
mente revolucionria contra o capitalismo.
A postura autenticamente operria, que parece ter perten
cido a um tipo de proletariado que deixou de existir, sucedeu um
sindicalismo burocrtico agrupando novos contingentes de fora
76

de trabalho para os quais o simples recrutamento ao universo


urbano-industrial seria sentido como uma promoo social.
Subestima-se o papel dssmobilizador e coercitivo do Estado,
que aumenta de intensidade a partir dos incios dos anos 20,
agravando-se no perodo de Arthur Bernardes, que governou seu
quadrinio com o estado de stio, c passa a superior ordem de
grandeza no ps-30, com todo o complexo de politicas que a
nova ordem implementou para administrar a questo operria.
"A debilidade", escreve L. M. Rodrigues, "do sindicalismo Ijrasileiro no decorrncia da interveno do Estado nas associa
es operrias, mas ao conlrrio: a fraqueza do movimento
operrio que permitiu ao Estado chamar a si a organizao
dos sindicatos" (Rodrigues, 1966: 166, grifado por ns).
O aumento da urbanizao, do exrcito industrial de reser
va, a concorrncia entre os trabalhadores por empregos escassos,
a predominncia do trabalhador de origem rural, o avano da
industrializao, exigindo em massa a integrao ao parque fabril
de um trabalhador no-qualificado ou semiqualiicado, essas as
variveis determinantes das alteraes no plano da poltica c da
conscincia c]uanto situao anterior. Como em J. Brando
Lopes, reserva categoria "mundo tradicional" importante fun
o explicativa; "Do ponto de vista do movimento operrio,
esta situao [refere-se mudana na composio da classe J
criou um vazio poltico e ideolgico que beneficiou o populismo.
Os trabalhadores que ingressam no sistema fabril, principalmente
depois da segunda metade da dcada de 30, no tero contato
com as ideologias socialistas, acentuando-se o abismo entre as
velhas camadas de trabalhadores politizados e o novo proletaria
do de origem rural que saa da passividade poltica do mundo
tradicional e que, orientado por um projeto de melhoria de suas
condies de vida, no ser atrado pelos temas habituais da
propaganda anticapitalista" (Rodrigues, 1966; 172).
Essas concluses obtidas atravs de uma "dmarche" so
ciolgica, quase demogrfica, no se detm na anlise da forma
o social concreta. Assim, no se inclui a classe operria e as
demais classes em seu especfico sistema de oposio no interior
de um modo de produo capitalista, num estgio de desenvolvi
mento dado. Resulta que essas concluses, pertinentes para uma
primeira observao, so convertidas em dimenses exclusivas
para se pensar no s o sindicalismo, como o prprio real-concreto. A rigor, essa sociologia pretende conter a anlise poltica.
O novo proletariado que teria perdido suas tradies revolucio
nrias, confundindo suas motivaes com a "manuteno do
ritmo da industrializao" (Rodrigues, 1966: 186) processo
77

societal, funo da concepo individualista que traz do mundo


do tradicionalismo agrrio , se tornaria na massa de manobra
do populismo. A interveno na vida poltica atravs de temas
como "desenvolvimento econmico e reivindicaes democrti
cas, que legitimam o direito de interveno do proletariado na
sociedade global" (Rodrigues, 1966: 191), assinalariam o toque
de recolher para o marxismo no movimento operrio substitudo
pelo nacionalismo.
Trabalhos recentes de Boris Fausto (1976, 1974), com
apoio em slido material emprico, embora sem desejarem en
frentar a polmica terica, tm criticado certas generalizaes
apressadas sobre o proletariado da Primeira Repblica, nas duas
primeiras dcadas do sculo, particularmente no que concerne
falaciosa pureza doutrinria do seu anarquismo. A reconsti
tuio desse perodo tem demonstrado que o sindicalismo, na
medida era que articulava com fora crescente os interesses
da classe, tendia a se afastar da praxis anarquista, formulando
reivindicaes ao Estado para regulamentar o mercado de tra
balho jornada de oito horas, seguro contra acidentes de tra
balho e penses de aposentadoria, amparo do menor e da mu
lher trabalhadora. Os trabalhos de Astrogildo Pereira (1962a,
1962b) sobre essa fase da vida operria se constituem ainda
no melhor material para a reflexo e isolamento de hipteses
de estudo.
A interpretao poltica
Como acabamos de ver, a teoria do "atraso da classe ope
rria brasileira" culminava na proposta de uma correlao entre
o referido atraso e a . emergncia do fenmeno populista. Desde
seus primeiros contatos com o tema, os estudos de F. Weffort
se definiram alternativamente incluindo-o na rea de indagaes
pertinentes cincia poltica e introduzindo com fora progres
siva a crtica das variveis ditas sociolgicas. O reposiciona
mento dos termos do debate se tom ou ainda mais incisivo
quando se incorporou anlise um conjunto de conceitos e
categorias originrias da teoria marxista, como o de estrutura,
especialmente o de conjuntura, e das especiais e complexas
relaes que mantm entre si.
O recorte da nova orientao, que fez rpida carreira uni
versitria aqui e noutros centros latino-americanos, se iniciava
pela relativizao do valor da bibliografia estabelecida: "H
que registrar. . . o fato bastante conhecido do processo de for
mao da classe operria brasileira, ou melhor, do processo
78

de emergncia das classes em geral numa sociedade como a


brasileira, onde as tradies agrrias mantm uma influncia
ainda muito forte. . . Parece-me inteiramente evidente que a
anlise histrica no pode ser reduzida ao jogo de supostos
automatismos estruturais. Antes pelo contrrio, a explicao
histrica requer, em especial quando se trata de um movimento
social, a anlise das conjunturas nas quais o movimento social
realiza suas opes. No se trata de modo algum de uma ten
tativa de desqualificar a importncia das condies estruturais,
mas simplesmente de reconhecer que elas no se atualizam na
histria seno ao nvel das conjunturas. E este portanto o nico
nvel em que podem ser eficazes para a explicao histrica"
(Weffort, 1973: 68).
Manifesta-se, pois, a inteno de projetar a discusso para
dentro do campo intelectual do marxismo. As questes agudas
agora deveriam ser o chamado grau de determinao das in
fra-estruturas sobre as supra-estruturas, a relativa autonomia des
tas, seu papel sobredeterminante, na linguagem de Althusser,
a interpretao das teses de M arx sobre Feuerbach, a revoluo
terica de Lnin, constante em suas crticas ao economicismo
de fundo positivista da II Internacional e na sua valorizao
do papel da poltica e da subjetividade na transformao social.
No obstante, o que veio a se entender por "estrutural"
nas anlises desse tipo no coincide com a acepo marxista.
Toma-se como realidade abrangida pelo conceito apenas as va
riveis explicativas de extrao "sociolgica", e no o sistema
de contradies da formao econmico-social brasileira. O
remanejamento da discusso, portanto, ao integrar a poltica
como uma reao ao vis sociolgico, o faz com um nvel de
indeterminao inaceitvel, ao menos para aquela teoria.
Por outro lado, verifica-se uma confluncia com as con
cluses da corrente criticada sobre pontos cruciais. O que varia
est no mtodo da observao, no enfoque predominantemente
poltico, na crtica natureza parcial e fragmentria da expli
cao. Um exemplo disso se apresenta na comparao do sin
dicalismo a partir da dcada de 50 com o anterior a 30: "Por
suas caractersticas burocrticas e da dependncia ao Estado,
ele quase o oposto do movimento de minorias militantes
daquela fase herica do sindicalismo brasileiro" (Weffort, 1973:
69). Mas, ao contrrio dela, no desvaloriza a interveno da
poltica nesse processo. "A ao desordenadora do Estado",
ao lado da captao dos postos de liderana do Partido Comu
nista pela pequena burguesia nos meados dos anos 30 ("A
79

infJiincia ideolgica da pequena burguesia passa, desde ento,


a ocupar um lugar dominante do setor mais forte da esquerda"
[Weffort, 1973: 7 0 ]), seriam outros fatores decisivos alm
das alteraes na composio social da classe operria etc. A
para o resultado a que se chegou.
Especialmente em 45, no limiar da redemocratizao do
pas, "uma destas encruzilhadas na histria em que as orien
taes ideolgicas e a capacidade de ao assumem uma im
portncia decisiva" (Weffort, 1973: 70) se faria sentir o pri
mado da interveno poltica que, interpretando equivocamente
a conjuntura, provocou o que se supe ter consistido no reforo
da estrutura corporativa sindical atravs da aliana da esquerda
operria com o movimento "queremista". Esta a proposio
que fez escoja, motivando um nmero considervel de ensaios
e trabalhos acadmicos: "Pretendo sugerir que se a anlise
histrica do perodo anterior a 45 explica a ruptura existente
no movimento operrio e a perda de suas tradies, nem por
isto se encontrava pr-determinado no aps-guerra o rumo que
o movimento operrio deveria seguir. So as orientaes vi
gentes em 1945/1946, retomadas e afirmadas em 1950/1954,
que daro ao movimento operrio as caractersticas que veio a
possuir at 1964 como dependncia do regime populista brasi
leiro" (Weffort, 1973: 7 i).
Outro problema existente nessa literatura a par das
questes tericas j brevemente suscitadas foi o da sua ca
rncia de suporte emprico sobre os largos perodos analisados,
a rigor de 1943 a 1964. No so avahados o grau e a ampli
tude da resistncia operria ao Estado Novo, e nem seu sistema
de alianas com outras foras ento de compromisso liberal-democrtico, os motivos de Vargas ao acionar a frao sindical
que controlava para a movimentao "queremista", os debates
e a composio na Assembleia Nacional Constituinte de 1946,
as greves reivindicatrias e sua conjuntura especfica, para no
se falar no funcionamento, nas dcadas seguintes, da prpria
estrutura corporativa sindical que, numa certa fase, se mostrou
impotente para controlar o movimento operrio.
A polmica de Carlos Estevam Martins e M aria Hermnia
de Almeida (s.d.) com F. Weffort, compreendida em trs
textos dos quais s o primeiro, da autoria deste ltimo, foi
publicado regularmente A, "causa clebre" nos crculos univer2.
O texto que motivou a polmica Weffort (1973); a resposta
est em Martins & Almeida (s.d.); a rplica de F. Weffort aparece em
Weffort (s.d.).

80

sitrios no comeo desta dcada, sumariza brilhantemente o


tipo de indagaes e o prprio conhecimento obtido at ento
sobre nosso objeto. Examinaram-se temas como estatuto cien
tfico do conceito de conjuntura, de ttica da vanguarda pohtica
da classe operria, condies da redemocratizao de 1945,
existncia ou no de uma questo nacional e seus vnculos pos
sveis com a democrtica, frequentemente apoiados embora
precariamente em material emprico.
Retrospectivamente, o mrito maior dessa polmica foi
talvez o de ter trazido luz esse conjunto de problemas, ques
tionando os prprios termos iniciais da discusso e forando
sua superao no interior de um marco terico mais compre
ensivo e complexo. Quando C. E. Martins e M. H. de Almeida
criticam "os que concebem a estrutura em sentido fraco" (isto
, com um grau de determinao baixo a nvel da conjuntura,
numa traduo da nem sempre precisa terminologia e conceituao usada no debate por esses trs autores), chamam a
ateno do observador para os equvocos de uma anlise voluntarista, e sobretudo enfadzam a necessidade de se estudar o
sistema das contradies real-concretas no capitalismo brasilei
ro, como primeiro e impositivo passo para a compreenso da
forma com que nele se inscreve o movimento operrio e sindical.
"Em resumo, a ideia de conjuntura s pensvel a partir da
ideia de estrutura e mediante a ideia da contraditoriedade ine
rente estrutura. No por outra razo que a ao poltica s
aproveita ao mximo o que cada conjuntura oferece quando
focaliza os pontos dinmicos do sistema de contradies"
(Martins & Almeida, s.d.; 8).
O debate estimulou duas grandes linhas de investigao,
uma voltada para o perodo compreendido entre 1930-45, de
tendo-se especialmente nas condies de origem da legislao
trabalhista e da estrutura corporativa sindical e do seu papel
vis--vis acumulao do capital. Pela lgica da nossa expo
sio examinaremos alguns dos seus resultados no tpico se
guinte. Outra, para a fase em que o corporativismo sindical
foi assimilado pelo liberalismo 1945-1964.
As pesquisas sobre a Primeira Repblica, antes dominantes
entre os socilogos especializados no sindicalismo, se vem con
vertendo em domnio de historiadores, que vm reconstituindo
o universo operrio no perodo, como nos j mencionados
trabalhos de Boris Fausto (1974, 1976), nos de Eullia Lobo
(1971), sobre as condies de vida do proletariado carioca,
de Michael Hall (1971), sobre imigrao italiana, de Poster
81

Dulles (1977) sobre os anarquistas e os comunistas e a p ro


missora investigao de M aria Ceclia Cruz (s.d.) sobre insti
tuies polticas que contaram com participao operria.
Assim como nos estudos sobre instituies trabalhistas se
tem implcita ou explicitamente se proposto a redefinio do
campo intelectual do nosso objeto, nos que se tm dedicado
fase 1945-1964 prevalecem os que se encaminham pela ver
tente preconizada por F. Weffort. Esse o caso de Rgis de
Castro Andrade (1974), que estudando as greves ocorridas
entre 1960 a 1964 procura comprovar que as de fundo poltico
no foram, de um lado, capazes de motivar o proletariado dos
setores dinmicos da economia e, de outro, reforaram a estru
tura corporativista por significarem uma aliana com o Estado
em torno do nacionalismo.
Sua hiptese a de que os operrios das grandes empresas
modernas, especialmente em So Paulo, somente seriam mobi
lizveis atravs de reivindicaes econmicas. Dado que a politizao sindical em torno da luta antiimperialista os aproximaria
do Estado, somente a luta por salrios colocaria a necessidade
de se questionar a dominao corporativista imposta pelo M i
nistrio do Trabalho. Essas afirmaes parecem se chocar com
a tese de Ans Troyano, j aludida, que, com base numa im
portante pesquisa sobre os trabalhadores qumicos e farmacu
ticos na cidade de So Paulo, demonstrou empiricamente que
os sindicalistas de preocupao dita nacionalista eram os mais
reivindicantes no plano econmico. Demonstrou ainda as in
meras dificuldades criadas pela praxis empresarial das multina
cionais que, entre outros artifcios, oferecem servios alterna
tivos aos do sindicato, rebaixando com isso o nvel de sindicalizao.
Ricardo M aranho (1977) e Fbio Munhoz (1977) tam
bm se alinham com os estudos dessa orientao, psquisando
o primeiro a conjuntura dos anos 40 e o segundo a dos anos
50. J. lvaro Moiss (1977) igualmente estuda o sindicalismo
da dcada de 50, procurando acrescentar o tema da esponta
neidade na ao operria e sua interao com a poltica do p ar
tido que representa os trabalhadores. Sua demonstrao marcha
em sintonia com os ensaios acima mencionados. Para ele, as
comisses de empresa criadas na conjuntura que examina deve
riam se constituir no veculo por onde a espontaneidade de
veria se manifestar. Isso no teria ocorrido em razo de uma
poltica equvoca dos comunistas, que, "ao invs de abrir cami
nho para a longa tarefa de construir a autonomia e independn
cia da classe a que se propunham representar, serviu para
82

consolidar um aspecto fundamental das classes dominantes:


aprofundar a subordinao da classe estrutura sindical ofi
cial" (Moiss, 1977: 29).
Classe operria e capitalismo
A contribuio mais significativa para o reposicionamento
das questes que informavam nosso objeto veio de um territrio
que at ento era alheio ao seu, atravs do ensaio de Francisco
de Oliveira (1972). Muitas das ideias e conceitos a desen
volvidos no correspondiam ao pioneirismo que lhe foi atri
budo, mas provavelmente nimca antes tinham sido articulados
com a mesma propriedade, a que no veio faltar uma dose de
rara intuio.
Sua intuio foi a de realizar uma reviso no pensamento
econmico brasileiro a partir do novo Estado que se institui
em 1930. Seu primeiro obstculo consistia, pois, na quase con
sensual teoria do subdesenvolvimento que, consciente ou no,
teria cumprido a funo ideolgica de desviar a ateno do
verdadeiro problema para o pensar cientfico, qual seja o de
estudar a formao do modo de produo capitalista no pas.
Com essa preocupao se afasta do ecletismo dominante sobre
o significado de 1930, endossando as interpretaes que nele
reconheciam o fim da hegemonia agrrio-exportadora e o incio
da predominncia industrial.
A exigncia inicial de um enquadramento desse tipo im
punha o enfrentamento da questo da constituio de um mer
cado interno. No interior de tal perspectiva que vai recuperar
para desenvolver a noo, antes consagrada na melhor tradio
da cincia social brasileira, de que a constituio de um m er
cado interno pode ser objeto, alm dos processos "naturais"
resultantes das transformaes no campo e outras, de uma
poltica consciente do Estado para acelerar e regular sua for
mao a chamada legislao trabalhista ("A esse respeito,
a regulamentao das leis de relao entre o trabalho e o capital
um dos fatores mais importantes, se no o mais importante"
[Oliveira, 1972: 10]).
Ostensivamente crtico do politicismo constante nos estu
dos sindicais observa: "A chamada legislao trabalhista tem
sido estudada apenas do ponto de vista de sua estrutura formal
corporativista, da organizao dos trabalhadores e da sua pos
svel tutela do Estado, e tem sido arriscada a hiptese de que
83

a fixao do salrio-mnimo, por exemplo, teria sido uma m e


dida artificial, sem relao com as condies concretas da oferta
e demanda de trabalho" (Oliveira, 1972: 10).
O que importaria examinar estava principalmente no papel
do conjunto dessas leis no que concerne acumulao capita
lista, sem prejuzo de outras preocupaes. Ao contrrio, as
justificariam, A argumentao dos tericos do populismo admi
tia, ao menos em parte e como fundamento de um pacto rea
lizado entre o Estado e as classes subalternas das cidades, que
a legislao resultara de uma outorga das elites dirigentes. Na
alegao de muitos, que sem anlise prvia aceitavam a ideia
de que o salrio-mnimo fora fixado por cima do valor dos
salrios no mercado, o simples fato da sua concesso parecia
contestar todos os que pretendiam associar as leis sociais ao
processo de acumulao.
A exposio de Francisco de Oliveira hoje clssica e
merece ser transcrita: "As interpretaes assinaladas minimi
zaram o papel da legislao trabalhista no processo de acumu
lao que se instaura ou se acelera a partir de 30. Em primeiro
lugar, estranha a abstrao que se faz do papel do Estado
na prpria criao do mercado: a que mercado se referem,
quando dizem que os nveis do salrio-mnimo foram ou so
fixados acima do que se poderia esperar num 'mercado livre'?. . .
irfipQrta no esquecer que a legislao interpretou o salrio-m
nimo rigorosamente como 'salrio de subsistncia', isto , de
reproduo; os critrios de fixao do primeiro salrio-mnimo
levavam em conta as necessidades alimentares (em termos de
calorias, protenas etc.) para um padro de trabalhador que
devia enfrentar um certo tipo de produo, com um certo tipo
de uso de fora mecnica, comprometimento psquico etc.
Est-se pensando rigorosamente em termos de salrio-mnimo
como a quantidade de fora de trabalho que o trabalhador
poderia vender. . . Sem embargo, esses aspectos ainda no so
os decisivos. O decisivo que as leis trabalhistas fazem parte
de um conjunto de medidas destinadas a instaurar um novo
modo de acumulao. Para tanto, a populao em geral, e
especialmente a populao que aflua s cidades, necessitava
ser transformada em 'exrcito de reserva', adequado repro
duo do capital, era pertinente e necessria do ponto de vista
do modo de acumulao que se iniciava ou que se buscava
reforar, por duas razes principais: de um lado, propiciava o
horizonte mdio para o clculo econmico empresarial, liberto
do pesadelo de um mercado de concorrncia perfeita, no qual
ele devesse competir pelo uso dos fatores; de outro lado, a
84

legislao trabalhista igualava reduzindo antes que incre


mentando o preo da fora de trabalho. Essa operao de
igualar pela base reconvertia inclusive trabalhadores especiahzados situao de no-qualificados, e impedia ao contrrio
do que pensam muitos a formao precoce de um mercado
dual de fora de trabalho" (Oliveira, 1972: 11, grifado no ori
ginal).
Vistos sob o prisma da formao e expanso do capita
lismo, os estudos sobre populao passaram tambm a se incluir
na bibliografia especializada. Reinterpretam-se fenmenos como
"urbanizao desacompanhada de industrializao", antes per
cebido como uma anomalia disfuncional para o trnsito do
tradicional ao moderno. Assim os processos que eram desig
nados por categorias como "inchao urbana", "terciarizao
da economia", "segmentos marginais da populao", categorias
essas que expressariam a sndrome especial do subdesenvolvi
mento e que, na verdade, instalavam na ensastica uma nova
dualidade setores integrados versus setores marginais so
orientados para o clssico contexto terico da formao do
mercado interno, no tema particular da constituio do exrcito
industrial de reserva. E, por isso, funcionais e indispensveis
ao avano da acumulao capitalista.
Amplia-se enormemente o continente dos estudos sindicais
e operrios, contendo agora uma preocupao demogrfica.
Lcio Kowarick desenvolver algumas possibilidades anahticas
dessa colocao, opondo-se ao ecletismo de um J. Nun (s.d.)
e de um A. Quijano (1970) poca fazendo escola nos centros
universitrios latino-americanos, que concebiam uma margina
lidade absoluta para certos setores sociais. Como disse algum,
tais concluses situavam esses setores na extica situao de
hordas brbaras e miserveis a rondarem uma nova Roma, com
posta de empresrios, camadas mdias e operrios integrados
no mundo moderno. Decorria da que os papis revolucionrios
para a transformao social tenderiam a se transferir para os
segmentos marginais, como modo necessrio para pr um para
deiro na sua excluso social.
Numa linha convergente, os trabalhos de F. H. Cardoso
et alii (1973) e Paul Singer e Cardoso (1972) sobre urbani
zao e capitalismo abriram mais uma angulao para nosso
objeto, cujo momento mais bem acabado se encontra talvez
expresso em So Paulo, 1975: crescimento e pobreza (Camargo
et alii, 1976) apesar dos fins despretensiosos para que foi ela
borado. Nessa mesma rea se acrescenta a ensastica dedicada
85

s relaes entre "periferia" e classe operria, de que "A revolta


dos suburbanos, ou 'Patro o trem atrasou'", de J. lvaro
Moiss e Verena Martinez-Alier (1977) se constitui num
exemplo. Inclui-se tambm a interessante pesquisa de mtodo
antropolgico de Marie-Ghislaine Stoffels (1977) sobre a vida
dos mendigos na cidade de So Paulo.
A srie de investigaes que examinam a natureza, funes
e condies de imposio da legislao trabalhista no ps-30,
como as de Antnio Carlos Bernardo (1973), Vera Botta F er
rante (1973), Luiz Werneck Vianna (1976), tem como carac
terstica comum a tentativa do estabelecimento da sua associa
o com a histria do capitalismo no pas. Nesse sentido, acen
tuam que a histria da classe operria no pode ser lida como
uma livre construo sua, mas principalmente de como foi objeto
do poder regulario e repressivo do Estado. Com outro m
todo, enfatizando mais a anlise do sistema poltico, T. Harding
(1973), K. Erickson (1971) e P. Schmitter (1971), visuaUzaram contexto semelhante a esse em seus importantes traba
lhos sobre o tema.
Sublinham sobretudo que a ordem corporativa e mais tarde
a conservao das instituies corporativas sindicais na poca
liberal corresponderam a uma prtica intencional para a desiTiobilizao dessa classe, numa interveno sobre o mercado
de trabalho cujos fins foram os de viabilizar, pelo recurso
violncia-institucionalizada ou no a acumulao primitiva
do capital. Doutra parte, visaram integr-la simbolicamente no
sistema da ordem atravs da ideologia de colaborao entre as
classes sociais e de uma falaciosa "outorga" da legislao traba
lhista, ganha, na verdade, nos combates classistas das duas pri
meiras dcadas do sculo.
de se notar, como analisamos em nosso trabalho sobre
o assunto, a dominncia do seu carter desmobilizador ao longo
dos anos 30, cujo grau terminou por provocar uma baixa
extraordinria no nvel das sindicalizaes. Tal fenmeno situou
perigosamente a poltica oficial, dado que os sindicatos que
controlava no exerciam controle sobre a massa dos assalaria
dos. A criao do imposto sindical, nos incios da dcada de 40,
consistiu na tentativa de fortalecer materialmente os sindicatos,
tornando-os de algum modo atraentes, a fim de lhes devolver
um mnimo de capacidade integrativa, sem o que a prpria
dominao corporativa ameaava falhar. Temia-se a emergn
cia de uma organizao paralela, possibilidade presente na
medida em que os sindicatos oficiais no possussem represen
tao expressiva (Vianna, 1976).
86

No ps-45, a preservao do corporativismo no novo pacto


liberal no deveria ser atribuda ao atrelamento do movimento
sindica] e operrio poltica nacional-estatista de Vargas e do
PTB. Resistiu-se a ele fora e dentro da Constituinte, inclusive
e principalmente os comunistas. Isso teria ficado manifesto nos
debates e na votao sobre a constituio da Justia do Tra
balho, direito de greve e liberdade e autonomia sindicais, pontos
sobre os quais os liberais se mantiveram ao menos em posio
ambgua, permitindo que os preceitos constitucionais abrigas
sem uma certa indefinio. Essa vagueza expressa, por
exemplo, na ressalva de que o direito de greve dependeria
de uma regulamentao legal posterior tornou-se, durante
todo o perodo liberal, no fundamento para a revitalizao do
corporativismo da CLT de 1943.
A investigao pertinente deveria se deslocar, portanto,
para as circunstncias em que ocorreu a redemocratizao de
1945. sabido, na nossa literatura jurdica e poltica, que o
Estado Novo se fez preservar na ordem que o sucedeu, con
servando o formato do seu mando no mundo agrrio e no
sindicalismo. Geralmente essa sobrevida indicada pela criao
do PSD e do PTB ainda na ordem estadonovista. Menos geral
mente, todavia, se tem associado esta continuidade de forma
persistncia da via de desenvolvimento capitalista que se im
ps naquele perodo, a qual se exprimiu pela frmula geral do
caminho prussiano.
Os termos do amplo compromisso entre as fraes bur
guesas agrria e industrial que se teriam projetado por sobre
a ordem liberal institucionalizada em 1946, implicando que
a industriahzao se compatibilizasse com o exclusivo agrrio.
Para a manuteno dessa via de desenvolvimento capitalista,
fazia-se impositivo confirmar os traos essenciais do autorita
rismo anterior, nas novas condies polticas do ps-guerra,
negando-se o voto aos analfabetos, aos soldados e cabos, a
inegibilidade dos praas em geral, a sobre-representao dos
Estados atrasados no Poder Legislativo na frmula triun
fante no art. 58 da Carta e confiando-se o controle das
classes subalternas dos campos ao sistema do coronelismo e
a das cidades estrutura corporativa sindical.
O que a realidade logo comprovaria, contudo, que algo
se faz diferente quando se institui a coexistncia de um corpora
tivismo sindical com uma ordem liberal. Na medida em que o
sindicalismo e o movimento operrio fortaleciam uma orientao
autonomista, que se favorecia das garantias do cidado devol
vidas pelo liberalismo e pelo seu poder de barganha no pro
87

cesso eleitoral, tendiam a se chocar contra o estatuto corporativista, ora criando entidades horizontais como o PUI, PUA,
proibidas pela lei, ora realizando greves por fora do marco
legal.
De outro lado, como observou J, Malloy, o sindicalismo
de dominncia autonomista se aproveitava das instituies cor
porativas, crescentemente debilitadas na sua capacidade de
controlar o movimento operrio, para penetrar dentro do apa
rato do Estado, tentando inverter a mo de direo para que
tinham sido concebidas. "Caracterstica bsica do perodo
(1945-1964) foi a anomalia de que enquanto o Estado crescia
em termos formais, ele tornava-se cada vez mais fraco e incapaz
de tomar srias iniciativas em diversas reas de polticas. Um
efeito do perodo de Vargas foi uma estrutura de Estado inter
namente desarticulada; Vargas pode ter cooptado grupos como
o sindical, mas esses grupos, por sua vez, capturavam partes
especficas do aparato estatal de forma tal a bloquear quem
no os favorecessem ... O resultado foi um crescente imobi
lismo poltico, uma atuao econmica errtica e uma crescente
inflao" (Malloy, 1976). .
Essa inverso, que subvertia as finalidades da CLT, e que
tendia a se manifestar com maior intensidade na medida em
que o sindicalismo recuperava sua autonomia real, foi mais um
fator a obstar a realizao institucional do capitalismo brasileiro,
para usar uma expresso de F. de Oliveira, nos anos crticos
de 1961 a 1964. No corresponde aos fatos, pois confundia
o processo complexo da movimentao operria dentro do apa
rato estatal com reforo da estrutura sindical. Outra questo,
certamente ainda em aberto, a de avaliar a correo dessas
aes no sentido de imobilizar centros nervosos do Estado, in
viabilizando uma soluo capitalista para a crise, sem gozar
hegemonia na sociedade para encaminhar uma soluo alter
nativa.
de 0'Donnell uma sugestiva proposta para a pesquisa
de como algumas instituies corporativistas se traduziram em
obstculos expanso do capital na dcada de 60 (1976). Os
estudos sobre a derrogao no ps-64 da lei da estabilidade,
da comisso paritria do salrio-mnimo, do poder normativo
de uma justia do trabalho com representao classista, tm
permitido a constatao disso.
Examinando a substituio da lei da estabilidade pelo FGTS,
Vera Botta Ferrante investiga essa mudana em funo das ne
cessidades de modernizao do capitalismo: "Nesse projeto glo
88

bal, os responsveis pela poltica econmica passam a sentir a


exigncia de substituir o insiiiuio da estabilidade, que expunha
as empresas a riscos financeiros, por um sistema mais funcional,
que aperfeioasse o desempenho das instituies existentes, sem
causar manifestaes crticas das categorias sociais inerentes ao
modo de produo capitahsta" (1973),
Mais recentemente, estudo preparado pelo DIEESE, com
abundante material emprico, comprovou e mediu a extraordin
ria expanso da rotatividade dos assalariados urbanos, na inds
tria e nos servios, aps a vigncia da lei do FGTS. Essa rotativi
dade foi associada a um mecanismo de expropriao da fora de
trabalho: "Atravs da facilidade criada pelo FGTS livre dis
pensa da mo-de-obra, pode o empresrio compor a poltica
salarial da forma que lhe seja mais conveniente. Usar da dis
pensa por ocasio anterior ao dissdio coletivo, readmitindo o
mesmo ou outros empregados por salrio abaixo do estipulado no
dissdio. . . Ainda, pode-se observar outra conseqiincia impor
tante do FGTS, qual seja o enfraquecimento sindical. A anlise
dos dados demonstra para o setor qumico, por exemplo, que o
aumento da taxa de sindicalizao est diretamente ligado ao
aumento do tempo de servio dos trabalhadores no seu empre
go" (1977).
Sobre esses mesmos aspectos, com destaque particular para
as transformaes operadas para a fixao do salrio-mnimo e
a supresso do poder noi"mativo da Justia do Trabalho, faz-se
obrigatria a consulta a Leis sociais e custo de mo-de-obra no
Brasil, de Roberto Santos, que aborda a um tempo os aspectos
jurdicos e econmicos da legislao trabalhista (1973). O
mesmo quanto a Encargos trabalhistas e absoro de mo-deobra, de Edm ar Bacha et ali, e aos trabalhos de Hoffman, J. C.
Duarte e A. Fishlow (1972) sobre distribuio de renda,
A redefinio do campo intelectual que hoje j orienta gran
de parte dos estudos desenvolvidos, no s tem alargado seu
campo de indagaes, como principalmente tem provocado que
um mesmo tema seja enriquecido atravs da incidncia de vrias
perspectivas. A linha de pesquisa h pouco comeada sobre as
relaes entre sade e capitalismo, apoiada por algumas Esco
las de Higiene e de Sade Pblica e por centros isolados, criou
um promissor campo interdisciplinar para especiahslas em
cincias sociais e mdicos, que conduzem avanados programas
de estudos na rea.
89

Importncia especial assumem seus estudos sobre a medi


cina do trabalho, a Previdncia Social, suas alteraes no ps64, o papel das empresas mdicas e dos servios mdicos que
as grandes unidades fabris distribuem aos seus empregados atra
vs de convnios com o INPS. So escassos ainda os resultados
obtidos, mas sua influncia e importncia crescente podem ser
reparados na revista Sade em Debate, centrada nessas questes,
e nos trabalhos de J. Malloy (1976), de Maria Ceclia Donngelo (1975, 1976), de Gentile de Mello (1977), de Jaime de O.
Arajo (1977), os trs ltimos mdicos.
Sobre os assalariados agrcolas, os estudos de M aria D lncao
e Mello (1975) e J. Leite Lopes (1976) este ltimo numa pers
pectiva antropolgica, consistem em mais dois bons exemplos
do espao j adquirido pela corrente que se define em favor da
incluso do seu objeto na histria da formao do capitalismo.
Exprimindo o que parece se comportar como uma tendn
cia afirmativa, constata-se que a maior parte das investigaes
em curso tem construdo suas hipteses a partir dessa realidade,
considerando o movimento e a oposio das classes sociais, os
diferentes formatos assumidos pelo Estado e pelo sistema institucional-legal. Nota-se tambm que o nvel de generalizao
reivindicado no tem inibido o estmulo produo de mono
grafias e pesquisas em zonas definidas do seu espao terico.
Ao contrrio, tm motivado um nmero considervel de estudos
empricos, freqiientemente sobre microrrealidades, numa escala
indita, como se pode observar pelos que esto em andamento.
Tendem a confluir, pois, a cincia poltica e a sociologia, porm,
conforme a famosa anotao metodolgica de Gramsci, esta
agora que faz de auxiliar daquela.
Esta detida e perseverante ida ao concreto, com o sentido
de buscar confirmao para as diferentes teorias que procuram
explicar nosso capitalismo, e revelar novos aspectos a serem
integrados nas indagaes pertinentes, tem favorecido a multi
plicao de novas reas, que hoje vo desde os sindicatos, o
direito, os partidos polticos, a religio, demografia, sade,
ao urbanismo e aos assalariados agrcolas. Interessante obser
var o carter interdisciplinar de que se tm revestido muitas
dessas pesquisas. Registre-se, entretanto, que mal comearam as
investigaes sobre o trabalho e a vida operria nas unidades
fabris. Ritmo de trabalho, relaes com o sindicato, com o
departamento de pessoal da empresa, lazer, sistemas de intera
o horizontais e verticais etc. so temas que ainda fazem parte
de um territrio a ser descoberto e explorado.
90

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