Sindicalismo Brasileiro
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e movimento operrio:
resenha de algumas tendncias*
Luiz Werneck Vianna**
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cesso eleitoral, tendiam a se chocar contra o estatuto corporativista, ora criando entidades horizontais como o PUI, PUA,
proibidas pela lei, ora realizando greves por fora do marco
legal.
De outro lado, como observou J, Malloy, o sindicalismo
de dominncia autonomista se aproveitava das instituies cor
porativas, crescentemente debilitadas na sua capacidade de
controlar o movimento operrio, para penetrar dentro do apa
rato do Estado, tentando inverter a mo de direo para que
tinham sido concebidas. "Caracterstica bsica do perodo
(1945-1964) foi a anomalia de que enquanto o Estado crescia
em termos formais, ele tornava-se cada vez mais fraco e incapaz
de tomar srias iniciativas em diversas reas de polticas. Um
efeito do perodo de Vargas foi uma estrutura de Estado inter
namente desarticulada; Vargas pode ter cooptado grupos como
o sindical, mas esses grupos, por sua vez, capturavam partes
especficas do aparato estatal de forma tal a bloquear quem
no os favorecessem ... O resultado foi um crescente imobi
lismo poltico, uma atuao econmica errtica e uma crescente
inflao" (Malloy, 1976). .
Essa inverso, que subvertia as finalidades da CLT, e que
tendia a se manifestar com maior intensidade na medida em
que o sindicalismo recuperava sua autonomia real, foi mais um
fator a obstar a realizao institucional do capitalismo brasileiro,
para usar uma expresso de F. de Oliveira, nos anos crticos
de 1961 a 1964. No corresponde aos fatos, pois confundia
o processo complexo da movimentao operria dentro do apa
rato estatal com reforo da estrutura sindical. Outra questo,
certamente ainda em aberto, a de avaliar a correo dessas
aes no sentido de imobilizar centros nervosos do Estado, in
viabilizando uma soluo capitalista para a crise, sem gozar
hegemonia na sociedade para encaminhar uma soluo alter
nativa.
de 0'Donnell uma sugestiva proposta para a pesquisa
de como algumas instituies corporativistas se traduziram em
obstculos expanso do capital na dcada de 60 (1976). Os
estudos sobre a derrogao no ps-64 da lei da estabilidade,
da comisso paritria do salrio-mnimo, do poder normativo
de uma justia do trabalho com representao classista, tm
permitido a constatao disso.
Examinando a substituio da lei da estabilidade pelo FGTS,
Vera Botta Ferrante investiga essa mudana em funo das ne
cessidades de modernizao do capitalismo: "Nesse projeto glo
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