Tatuagem e Construção Da Identidade em Piriguetes
Tatuagem e Construção Da Identidade em Piriguetes
Tatuagem e Construção Da Identidade em Piriguetes
Orientador
Prof. Dr. Hans Waechter
Orientador
Prof. Dr. Hans Waechter
Catalogao na fonte
Bibliotecrio Jonas Lucas Vieira, CRB4-1204
B277t
745.2
CDD (22.ed.)
Agradecimentos
A todos que fizeram parte dessa histria chamada tese. Ao meu marido, Andr, por
toda a ajuda, compreenso e puxes de orelha. Meus filhos, Sophia e Vincius que
tiveram mais ou menos pacincia durante o percurso. D. Sonia, minha me, que
soube, como ningum, abrir meus olhos para as consequncias da falta de estudo
durante toda a minha infncia e, especialmente em minha adolescncia. Clarissa
Ster, mais que comadre, parceira na vida e na atividade docente. Rose, pelo melhor
caf que eu poderia tomar. Aos professores que despertaram em mim a curiosidade
necessria para seguir adiante, especialmente Tomaz Maciel, Manoel Affonso de
Melo, durante o ensino mdio; Nelly Carvalho, Luis Momesso e Paulo Cunha, na
graduao; Patrcia Smith e Ferdinand Rhr, no mestrado; e, finalmente, no
doutorado, Fbio Campos, Gentil Porto Filho e Virgnia Cavalcanti. Ao meu
orientador, professor Hans Waechter, por acreditar no projeto e aceitar a orientao,
sempre com sua particular gentileza ao colocar ordem no meu pensamento. No
poderia deixar de agradecer aos colegas do doutorado, que sofreram comigo as dores
e os amores da ps-graduao. E, como em todo ciclo de nossas vidas, ganhamos de
presente, pessoas especiais e para sempre, nesse que se encerra, ganhei a querida
Maria Teresa Poas, que compartilhou, alm do orientador, um pouco da atividade
acadmica, tornando-a ainda mais prazerosa e construtiva. Ao professor Marcelo
Machado Martins pelas excelentes contribuies. Aos amigos mais que queridos,
companheiros e estimulantes que eu poderia ter: Renata Stadtler, minha irm. Maria
Duda, chuchuleta querida, sempre disposta a segurar as pontas. Mabel Guimares e
Juliana Patrcia que a atividade docente me deu de presente e com as quais
compartilho o gosto pela moda e pelo caf quentinho. Por fim, agradeo aos meus
alunos por me ajudarem a encarar o desafio de todos os dias, sabendo que sempre vale
a pena.
Resumo
Este trabalho investiga a influncia das tatuagens nas formas de construo e
manuteno da identidade de integrantes de tribos urbanas contemporneas. Iniciamos
nossa pesquisa observando como sujeitos participantes dessas tribos se utilizam de
intervenes nos seus corpos, mais especificamente tatuagens para se perceberem
semelhantes, fazendo com que se reconheam e se agrupem. A partir dessa
observao inicial, focamos nossos esforos em entender como se d o processo de
construo de identidade desses sujeitos nesses grupos e nos deparamos com uma
aparente dicotomia colocada por teses defendidas por Maffesoli (1987, 2006 2 2012)
e Lipovetsky (1989, 2004 e 2005). Se por um lado, Maffesoli defende que ao
participar de tribos urbanas os sujeitos abrem mo de sua identidade para se fazerem
pertencer ao grupo, por outro lado, Lipovetsky defende que justamente nessas
situaes de aparente uniformidade que o sujeito vai buscar sua individualidade.
Tomando como base essa dicotomia posta, levantamos uma hiptese que a refuta ao
acreditar que as duas teses apresentadas so na verdade complementares. Nesse
sentido, trouxemos a lente do Design para construo de um modelo de observao
que nos permitisse analisar tatuagens nos corpos de sujeitos pertencentes a uma tribo
urbana contempornea que tem sua origem nos subrbios de metrpoles do Brasil, as
piriguetes. O modelo proposto nos permitiu verificar que as tatuagens utilizadas pelas
piriguetes mantm similaridades nos nveis sintticos e semnticos, confirmando a
tese de Maffesoli, mas aponta uma distino individual no nvel pragmtico, como
afirmava Lipovetsky. Assim, consideramos que ao trazer o olhar da Linguagem
Visual, nos permitindo uma anlise segmentada das tatuagens presentes nos corpos
dos sujeitos, apontamos, de fato, uma complementaridade das propostas de Maffesoli
e Lipovetsky, hiptese central do nosso trabalho.
Abstract
This work investigates the influence of the tattoos in the forms of construction and
maintenance of the identity of members of contemporary urban tribes. We began our
research by observing how individuals participating in these tribes make use of
interventions in their bodies, specifically tattoos to realize similar, causing them to
recognize and grouping. From this initial observation, we focus our efforts on
understanding how the process of identity construction of these subjects in these
groups and come across an apparent dichotomy posed by theses by Maffesoli and
Lipovetsky. On one hand, Maffesoli argues that the urban tribes attend the subjects
give up their identity to do belong, on the other hand, Lipovetsky argues that it is
precisely in these situations that the apparent uniformity guy will get his individuality.
Based on this dichotomy put, we raised a hypothesis that refutes to believe that the
two theses are presented in the complementary truth. In this sense, brought the lens
design for the construction of an observation model that allow us to analyze tattoos on
the bodies of individuals belonging to a contemporary urban tribe that has its origin in
the suburbs of large cities of Brazil, piriguetes. The proposed model allowed us to
verify that the tattoos used by piriguetes keeps similarities in syntactic and semantic
levels, confirming the thesis Maffesoli, but points to an individual distinction in the
pragmatic level, as stated Lipovetsky. Thus, we consider that to bring the look of
Visual Language, allowing us a segmented analysis of tattoos present in the bodies of
the subjects pointed out, in fact, a complementarity of proposed Maffesoli and
Lipovetsky, central hypothesis of our work.
Sumrio
1 Introduo
12
1.1 Problematizao
12
1.2 Objetivo
12
13
1.4 Metodologia
13
14
14
15
2.1 Tatuagens
15
2.2 Piriguetes
31
2.3 Consideraes
37
3 Identidade e Pertencimento
39
39
42
3.3 Consideraes
45
46
46
47
59
4.4 Consideraes
70
5 Piriguetes e tatuagens
72
72
74
5.3 Consideraes
88
6. Concluses
89
6.1 Contribuies
90
6.2 Desdobramentos
90
7. Referencias bibliogrficas
91
ndice de Figuras
Figura 2.1
16
[fonte: REECE, PJ. Ancient tattoos: Theories of Heaven and Earth. Disponvel
em:<http://www.vanishingtattoo.com/ancient_tattoos.htm>]
Figura 2.2
17
[fonte: http://www.tattootatuagem.com.br/noticias/8003/o-comercio-de-cabecas-maori/]
Figura 2.3
17
Figura 2.4
18
[fonte: http://indigenoustattooing.com/cherokee_tattoo_gallery]
Figura 2.5
18
[fonte: http://minilua.com/irezumi-tatuagem-japonesa/]
Figura 2.6
19
[fonte: http://www.printsofjapan.com/Bad_boys_tattoos_page_2.htm]
Figura 2.7
20
[fonte: http://www.clubedotaro.com.br/site/r69h_Rui.asp]
Figura 2.8
20
[fonte: https://www.flickr.com/photos/57981868@N08/7176580886/]
Figura 2.9
21
[fonte: http://www.thehumanmarvels.com/nora-hildebrandt-the-first-tattooed-lady/]
Figura 2.10
22
[fonte: http://tattooroadtrip.com/lost-in-cyberspace-with-mr-g/]
Figura 2.11
22
[fonte: http://www.iea.usp.br/noticias/escravidao-ontem-e-hoje]
Figura 2.12
23
[fonte: http://www.tattootatuagem.com.br/noticias/3173/tatuagens-ponto-de-vista-historico-ereligioso/]
Figura 2.13
23
[fonte: http://www.douradosagora.com.br/noticias/policial/suposto-membro-do-pcc-preso-em-fatima]
Figura 2.14
24
[fonte: https://punxinsolidarity.wordpress.com/tag/ian-mackaye/]
Figura 2.15
25
[fonte: http://www.google.com/imgres?imgurl=http://www.tattoostime.com/images/440/danger-punkskull-tattoo.jpg&imgrefurl=http://www.tattoostime.com/danger-punk-skulltattoo/&h=663&w=721&tbnid=ziYSGwqmfeSqfM&zoom=1&tbnh=215&tbnw=234&usg=__vL7lc3U
gwPwQElboFighP_eYu3E=]
Figura 2.16
25
[fonte: http://mundodegarota.com/?p=1056]
Figura 2.17
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[fonte: https://todaperfeita.com.br/tatuagem-de-passaros-fotos-e-dicas/]
Figura 2.18
27
[fonte: http://www.postmodernink.com.au/studios/tatudharma.html]
Figura 2.19
27
[fonte: http://br.pinterest.com/pin/410953534722083996/]
Figura 2.20
28
[fonte: http://www.bodyplay.com/fakirart/]
Figura 2.21
29
[fonte: http://www.frrrkguys.com.br/project_ang3l.html]
Figura 2.22
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[fonte: http://keltiecolleen.buzznet.com/photos/35ofthebestfriendshi/]
Figura 2.23
30
[fonte: http://www.google.com/imgres?imgurl=http://1.bp.blogspot.com/PkjLnIiYcyU/T0kHgUgfV0I/AAAAAAAAB78/wRsNKhEiTms/s1600/Tatuagens-de-super-mario09.jpg&imgrefurl=http://eitapoa.blogspot.com/2012/02/tatuagens-para-fas-de-super-mariobros.html&h=174&w=289&tbnid=oxCQe7xnvpYwmM&zoom=1&tbnh=139&tbnw=231&usg=__Z8S
23vorXlnLYeaexH4RwlZCVcI=]
Figura 2.24
31
[fonte: http://noticias.r7.com/fala-brasil/videos/piriguetes-vao-virar-filme-em-hollywood-11022014]
Figura 2.25
32
[fonte: http://dicatube.blogspot.com.br/]
Figura 2.26
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[fonte: http://acritica.uol.com.br/manaus/Bloco-Periguetes_5_623987601.html]
Figura 2.27
33
[fonte: http://www.ohcabelo.com.br/2013/10/de-periguete-aah-para.html]
Figura 2.28
33
[fonte: http://musica.terra.com.br/noticias/0,,OI862157-EI1267,00Ivete+Sangalo+hipnotiza+Salvador+com+coxas+a+mostra+em+show.html]
Figura 2.29
35
[fonte: http://thaiseusapeka.blogspot.com.br/2012/07/vestidos-oxigenia-d.html]
Figura 2.30
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[fonte: http://www.lilianpacce.com.br/moda/periguete-editorial/]
Figura 2.31
35
[fonte: http://coloquiomoda.com.br/anais/anais/8-Coloquio-de-Moda_2012/GT03/ARTIGO-DEGT/103598_Tatuagem_e_Construcao_de_Identidade_em_Piriguetes.pdf]
Figura 2.32
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[fonte:
http://www.lastfm.com.br/user/alysson__s/journal/2012/12/06/5os0qc_madonna:_rainha_do_pop_al%
C3%A9m_de_periguete]
Figura 2.33
37
[fonte 1: http://www.philippineedition.com/2013/09/whos-fairest-anne-angel-charlene-juday.html
fonte 2: http://www.tattoo.estimulanet.com/2008/12/desenhos-de-tatuagem-de-cereja.html
fonte 3: http://mundotop.com/tatuagens-femininas/]
Figura 2.34
37
[fonte: http://www.fotostatuagens.com.br/tatuagem-escrita-no-bumbum/]
Figura 3.1
40
[fonte: http://www.tumblr.net/search/princess-pudding]
Figura 3.2
41
[fonte: http://zebrarosaebranco.wordpress.com/2012/06/]
Figura 3.3
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[fonte: http://tvprime.pt/2011/01/mais-tres-anos-de-teorias-do-big-bang/]
Figura 3.4
43
[fonte: http://kylie-minoguefever.blogspot.com.br/2010_11_01_archive.html]
Figura 3.5
43
[fonte: http://www.take40.com/movies/137/confessions-of-a-shopaholic/photo-gallery]
Figura 3.6
44
[fonte1: http://entremujeres.clarin.com/belleza/estetica/Ken-humano-parecerse-novioBarbie_0_797320337.html
fonte2: http://www.ilgiornaledivicenza.it/galleries/Foto/fotodelgiorno/820544/]
Figura 3.7
44
[fonte1: http://www.chocolatecity.cc/category/entertainment/maria-jose-cristerna/
fonte2: http://uhull.virgula.uol.com.br/09/29/bagelheads-modificacoes-corporais-com-injecao-desubstancia/]
Figura 4.1
48
[fonte: https://www.flickr.com/photos/tribalstar/5239594230/]
Figura 4.2
49
[fonte: http://brasilsoberanoelivre.blogspot.com.br/2014/10/eixo-sao-paulo-rio-tem-maiorpoluicao.html]
Figura 4.3
49
[fonte: http://shifletmarani.blogspot.com.br/2010/06/pub-ipod.html]
Figura 4.4
51
[fonte: http://galleryhip.com/flock-of-birds-flying-drawing.html]
Figura 4.5
51
[fonte: http://br.freepik.com/fotos-gratis/passaro-colorido-5_363275.htm]
Figura 4.6
52
[fonte: http://psychology.wikia.com/wiki/File:Religious_symbols.png]
Figura 4.7
52
[fonte: http://dada.compart-bremen.de/item/artwork/1378]
Figura 4.8
54
[fonte: http://topwalls.net/hitch-hiker/]
Figura 4.9
55
[fonte: http://picassocomplutense.blogspot.com.br/2013_04_01_archive.html]
Figura 4.10
58
[fonte: http://www.kids-bookreview.com/2010/11/announcing-shortlist-for-kbrs-inaugural.html]
Figura 4.11
63
[fonte1: http://inkomum.blogspot.com.br/2011/05/tatuagem-para-mae.html
fonte2: http://www.compartilhedicas.com/tatuagem-de-cereja/
fonte3: http://www.damncoolpictures.com/2011/05/top-25-cross-tattoos.html]
Figura 4.12
64
[fonte: http://www.damncoolpictures.com/2011/05/top-25-cross-tattoos.html]
Figura 4.13
64
[fonte: http://inkomum.blogspot.com.br/2011/05/tatuagem-para-mae.html]
Figura 4.14
65
[fonte: http://www.compartilhedicas.com/tatuagem-de-cereja/]
Figura 4.15
65
[fonte1: http://www.compartilhedicas.com/tatuagem-de-cereja/
fonte2: http://www.damncoolpictures.com/2011/05/top-25-cross-tattoos.html]
Figura 4.16
66
[fonte: http://geekiss.com/2011/08/tatuagem-de-cereja/]
Figura 4.17
67
[fonte: http://www.damncoolpictures.com/2011/05/top-25-cross-tattoos.html]
Figura 4.18
67
[fonte: http://inkomum.blogspot.com.br/2011/05/tatuagem-para-mae.html]
Figura 4.19
68
[fonte: http://www.compartilhedicas.com/tatuagem-de-cereja/]
Figura 4.20
68
[fonte: http://geekiss.com/2011/08/tatuagem-de-cereja/]
Figura 4.21
70
Figura 5.1
73
Figura 5.2
73
Figura 5.3
74
Figura 5.4
75
Figura 5.5
75
Figura 5.6
76
Figura 5.7
76
Figura 5.8
77
Figura 5.9
77
Figura 5.10
78
Figura 5.11
79
Figura 5.12
79
Figura 5.13
80
Figura 5.14
80
Figura 5.15
80
Figura 5.16
81
Figura 5.17
81
Figura 5.18
81
Figura 5.19
82
Figura 5.20
[fonte: fotografia da autora]
82
Figura 5.21
83
Figura 5.22
83
Figura 5.23
84
Figura 5.24
84
Figura 5.25
84
Figura 5.26
85
Figura 5.27
85
Figura 5.28
86
Figura 5.29
86
Figura 5.30
86
Figura 5.31
87
Figura 5.32
87
Figura 5.33
87
Figura 5.34
88
ndice de Grficos
Modelo 4.1
47
Modelo 4.2
61
Modelo 4.3
Modelo para Anlise Visual da Tatuagem
63
ndice de Tabelas
Tabela 4.1
50
Tabela 4.2
50
Tabela 4.3
53
Tabela 4.4
53
Tabela 4.5
56
Tabela 4.6
56
Tabela 4.7
59
Tabela 4.8
59
Tabela 4.9
60
Tabela 4.10
61
Tabela 4.11
61
Tabela 4.12
62
Tabela 4.13
63
Tabela 4.14
66
Tabela 4.15
66
Tabela 4.16
67
Tabela 4.17
68
Tabela 4.18
69
1. INTRODUO
Este projeto de pesquisa se constitui em torno da observao das tatuagens como parte
do processo de construo da identidade em indivduos pertencentes a tribos urbanas
contemporneas, mais especificamente as piriguetes, na cidade de Recife, capital
pernambucana, no incio de 2013.
Iniciamos nosso interesse por esse tema ao observar a crescente popularizao da tribo
em diversos meios da sociedade. Seja como personagens de novela, temas de msica,
artistas de uma maneira geral (atrizes, cantoras, apresentadoras de programas), fazendo
entre a populao feminina cada vez mais adeptas at se consolidarem como uma tribo
urbana e transformando-se em tendncia para a moda.
Em nossas primeiras observaes sobre esse movimento, percebemos nas tatuagens um
elemento importante na definio de identidade das piriguetes. A partir dessa percepo,
enveredamos por uma investigao a respeito das tatuagens enquanto marcador de
diferentes tribos urbanas ao longo da histria.
1.1 Problematizao
A constituio dos contextos urbanos contemporneos, com seus respectivos conjuntos
imagticos, define, de maneira clara, o problema central da nossa pesquisa: investigar,
identificar e estabelecer como e em que medida intervenes no corpo, especificamente
tatuagens, se valem de significncia no processo de agrupamento e ao mesmo tempo de
individualizao do sujeito em tribos urbanas.
A pesquisa regida por uma pergunta principal: como se d o processo de construo e
desconstruo de identidade pelos membros de tribos urbanas que utilizam tatuagens
como elementos marcadores de pertena.
1.2 Objetivo
Esta pesquisa pretende investigar, identificar e estabelecer como e em que medida
intervenes no corpo, especificamente tatuagens, se valem de significncia no processo
de agrupamento e ao mesmo tempo de individualizao de sujeitos em tribos urbanas,
especificamente piriguetes.
12!
13!
tribos
urbanas
contemporneas.
No
captulo
IDENTIDADE
!
!
14!
15!
Figura 2.1 - tzi, 5200 anos, primeiro tatuado que se tem notcia.
16!
representavam o nvel social (Figura 2.2). Quando o lder morria, sua cabea tatuada
ficava conservada numa urna e exposta na sala pelos familiares, como relquia.
Nas Amricas, os primeiros povos tambm costumavam se tatuar. As tribos norteamericanas (Seminoles, Creeks e Cherokees) tatuavam os recm-nascidos, no dia em
que recebiam o nome, com as insgnias de seus cls (Figura 2.4). No Brasil, os
Caduveos marcavam os brases hierrquicos. Para todos esses povos, o corpo sem
marcas no tinha beleza, no era atraente. A tatuagem era parte do corpo, sem a qual o
17!
18!
Figura 2.6 Ilustrao de 1868, Yoshitoshi retrata Shishim, heri do Suikoden com tatuagens de drago.
19!
20!
Figura 2.9 Nora Hildebrandt, primeira mulher tatuada para atrao de circo.
Ainda segundo a autora, o tatuado mais famoso da poca, foi um grego, o Capito
Constantino (Figura 2.10), possua 388 tatuagens de animais fantsticos, segundo ele,
suas marcas tinham sido feitas fora por uma tribo chinesa de mongis.
21!
22!
Recentemente, foi proposto que que se marcasse um sinal nos portadores de HIV (LE
BRETON, 2004).
Nos presdios tambm h o hbito de se tatuar (Figura 2.13). Isso feito h muito
tempo, como afirma Le Breton, diversos trabalhos podem ser encontrados a esse
respeito. Porm, como a prtica foi proibida, tudo feito muito precariamente, sem o
material necessrio, de forma a transgredir o sistema. Para cada crime ou cada injria
sofrida, uma marca.
23!
sujas,
descosturadas
remontadas
de
forma,
propositadamente
24!
As tatuagens para o punk, eram o rompimento com tudo, a unio aos smbolos
religiosos, polticos, sadomasoquistas, nazistas, a forma de agredir a sociedade (Figura
2.15).
Por volta da dcada de 1980, a sociedade passa a aceitar mais a tatuagem e o piercing.
o tempo do culto ao corpo, das academias de ginstica, dos procedimentos cirrgicos
como plsticas estticas, liftings e dos cremes de beleza (PEREIRA, 2007). Nessa
mesma poca, o movimento punk vai ver suas bandeiras e seu modo de expressar sendo
apropriados pelos movimentos de moda. Da rua para a passarela, a esttica que servira
como protesto e como forma de agresso, dilui-se e transforma-se em esttica de
consumo (Figura 2.16).
25!
26!
27!
Com diversas possibilidades, a modificao corporal tem tido lugar de destaque nas
mais diversas reas, desde a medicina arte, que traz tanto experincias de extrema
beleza quanto de repulsa. No cotidiano, encontramos pessoas de todas as classes
econmicas e sociais que exibem seus piercings, tatuagens e escarificaes, sem
qualquer cerimnia, demonstrando, mais uma vez, que mesmo que para alguns ainda
cause certo desconforto, grande parte da sociedade j v com naturalidade. Alm disso,
crescente a conscincia de que o corpo pertence ao indivduo e que nele, o mesmo
pode intervir da maneira que mais lhe convm.
Diante de toda essa efervescncia poltica e cultural das ltimas dcadas do sc. XX e
do grande avano da tecnologia e das comunicaes, os artistas puderam experimentar
cada vez mais objetos como suporte para sua arte, tendo o uso do corpo sido utilizado
por muitos deles em happenings, performances, instalaes, body art e body
modification ( BARROS, 2011) (Figura 2.20).
Cresce o uso do corpo humano como campo de explorao para os artistas. Seja atravs
de autorretratos, de implantes no corpo, pinturas ou tatuagens (Figura 2.21).
28!
O limite do corpo vem sendo cada vez mais explorado. Talvez pelo estranhamento que
ainda causa, ou, simplesmente, pelo prazer de se reconstruir-se ou tornar-se nico,
atravs de marcas pessoais inseridas no corpo, que, segundo Pires (PIRES, 2005) a
busca pela realidade que no est posta.
Transformar o corpo permite a este sentir-se pertencente a
uma outra realidade, uma realidade que no passa por esses
rituais sociais, uma realidade, at ento, imaginria e
imaginada.
A autora acredita que a busca pela traduo dos anseios que esto tolhidos pelas regras
de moral das sociedades, faz com que muitos busquem a linguagem potica para
expressar tais desejos ou segredos. justamente no uso dessa potica que a arte
encontra campo frtil para se expressar.
A modificao corporal atravs de implantes, tatuagens, escarificaes ou simples
cirurgias estticas, traz tona uma das mais importantes caractersticas da cultura
hipermoderna, que vem servir arte conceitual: o hedonismo (BARROS, 2011).
A busca pelo corpo perfeito para ser apreciado pelo outro ou para causar estranhamento,
serve de ferramenta de protesto ou partilha com a inteno de cultivar o ldico ou
atravessar o inconsciente.
29!
O final do sculo XX, traz o aumento de jovens que se agrupam nos mais variados
grupos sociais de nicho: geek, emo, hipster, funkeiro, patricinha, clubber, gtico. So
apenas algumas das categorias que podemos encontrar nos dias de hoje. Em todas elas,
os indivduos buscam uma identidade que os definam para que possam sentir-se
pertencendo s mesmas. Nesse sentido, a tatuagem muitas vezes se apresenta como
marca dessa identidade coletiva (Figura 2.23).
Nesse cenrio contemporneo nascem as piriguetes (Figura 2.24), grupo social de nicho
contemporneo que surge nas grandes metrpoles brasileiras. Na prxima seo,
descrevemos em detalhes as piriguetes, grupo que escolhemos como base para o nosso
trabalho, por sua origem no Brasil e pelo ineditismo em trabalhos acadmicos.
30!
2.2 Piriguetes
Piriguete (ou periguete, como tambm podemos encontrar) uma expresso pejorativa
para designar as mulheres que tm um comportamento sexual mais prximo prostituta
(NASCIMENTO, 2008), aquela mulher com atributos sedutores (Figura 2.25) que
parece estar sempre a perigo e que troca de parceiro exaustivamente, no se d vida
domstica e no foi feita para casar. Recentemente foi adicionada aos dicionrios da
Lngua Portuguesa como, por exemplo, o Aurlio onde aparece como:
mulher
31!
At alguns anos atrs, tal designao poderia ser considerada por muitas pessoas como
uma ofensa, hoje, retrata uma tribo urbana em evidncia, que extrapola, inclusive, nveis
econmico e social sendo motivo de orgulho ser reconhecida e nomeada em pblico, pra
!
32!
Se, no primeiro momento, foi o pagode baiano que comeou a divulgar essa tribo, hoje
podemos encontrar diversos estilos de msica que retratam a figura das piriguetes, como
o caso de Arrocha Piriguete, da banda de Ax Trio da Huanna (BA):
...Veste short bem curtinho,
usa pircing no umbigo,
a maquiagem transada,
seu cabelo colorido...
o seu corpo tatuado vai dizendo o que ela ...)
33!
e Black Style, pagofunk (BA), que entre outras msicas, canta em Atoladinha:
...( Essa cano, vai para aquela mulher que dia de domingo, dia de feriado,
vai a praia, pegar um sol, tomar uma cerveja bem gelada, escutar Black Style
nas barracas e nos carros. E voc conhece a piriguete pela tatuagem. Solta o
tamborzo compadre. )
Ela tira onda, com sua canguinha.
Com o seu biquine atolado na bundinha.
Tem uma tatuagem, bem na cinturinha,
chega na praia e fica atoladinha. (2x)
Alm dos atributos fsicos que chamam a ateno do homem (e das mulheres tambm),
importante observar que como toda tribo urbana, as piriguetes se vestem e se
comportam de determinada forma. Shorts, vestidos tomara que caia, meia arrasto,
leggings, bandagem, cropped. Tudo muito apertado literalmente colado ao corpo,
colorido e, se puder, cintilante (Figura 2.29). Essa a periguete wear, que cada vez
mais sai do subrbio e ganha adeptas em classes sociais mais altas, com grifes como
Dolce & Gabbana, Gloria Coelho, Roberto Cavalli, como podemos ver no editorial
produzido pela jornalista e crtica de moda Lilian Pacce, com peas que custam mais de
R$ 7.500,00 (Figuras 2.30). Os assessrios tambm so caractersticos nesse grupo:
sempre muito chamativos, brincos grandes, cintos, pulseiras e sapatos de salto muito
alto.
34!
Figura 2.30 imagens do editorial Periguetemos, produzido pelo site de Lilian Pacce
Figura 2.31 Piriguetes de novelas da Rede Globo, Natalie Lamour - Insensato Corao (2011), Cris - A
35!
Com viso apurada de mercado, no por acaso, Madonna, em show no Rio de Janeiro,
tatuou em suas costas o termo periguete (Figura 2.32), como forma de causar empatia
com o pblico da capital carioca que tem nos bailes funks um forte atrativo para as
piriguetes.
importante ressaltar que essas marcas esto num jogo de esconde/revela, muitas vezes
sendo necessrio uma roupa mais curta ou, at mesmo, que se dispa para que a tatuagem
fique mostra. De maneira geral, so figuras, aparentemente, inocentes/meigas (Figura
2.33) utilizadas pelas piriguetes em suas tatuagens.
36!
Figura 2.34 locais insinuantes do corpo utilizados por piriguetes para suas tatuagens
2.3 Consideraes
Neste captulo, iniciamos a descrio de nossa pesquisa apresentando o uso da tatuagem
em diferentes grupos sociais distribudos ao longo do tempo e em diferentes cenrios
demonstrando se tratar de um fenmeno global e que acompanha o homem ao longo de
sua histria. A partir deste olhar, apontamos a relevncia destas intervenes no corpo
como instrumento de agrupamento por identificao de sujeitos em torno de pequenos
grupos, desde as tribos indgenas at os grupos sociais de nicho contemporneos, tais
como os geeks e hipsters do sculo XXI.
Ao observar a formao destes grupos em metrpoles brasileiras, nos deparamos com as
piriguetes, grupo nascido no Brasil, formado essencialmente por mulheres que se dizem
sexualmente provocantes. Dentre diversas caractersticas comuns s piriguetes, as
tatuagens aparecem como elemento fundamental na identificao dos seus
37!
38!
3. IDENTIDADE E PERTENCIMENTO
Neste captulo, trazemos os principais autores que lidam com o fenmeno da construo
e desconstruo de identidades na coletividade. Na seo 3.1 apresentamos a viso de
Maffesoli, que defende uma aparente perda de identidade por sujeitos que pertencem a
grupos sociais contemporneos, as tribos urbanas. Na seo 3.2, trazemos a defesa de
Lipovetsky, que enfatiza o individualismo e prope que este se sobressai em qualquer
situao de grupo. Ao final do captulo, na seo 3.3 apresentamos nossas consideraes
que apontam para nossa hiptese central de pesquisa.
3.1 Maffesoli e as Tribos Urbanas
Nossa pesquisa se constitui em torno da observao do processo de construo e
desconstruo da identidade em indivduos pertencentes a grupos sociais de nicho,
tribos urbanas para Michel Maffesoli (MAFFESOLI, 1987).
Segundo o autor, vivemos numa sociedade que se encontra em um perodo que sucede a
modernidade. Onde no se tem mais o mito do heri, que permeou o imaginrio
ocidental moderno. Em seu lugar, volta-se s razes, ao arcaico. Enfraquece a estrutura
patriarcal e vertical e inicia-se o fraterno e horizontal (MAFFESOLI, 2006). Busca-se
uma dimenso comunitria, pois o indivduo e a lgica da identidade esto saturados. O
ps-moderno inaugura uma nova forma de organizao da sociedade, denominada
neotribalismo (MAFFESOLI, 2012).
Para Maffesoli, a nova ordem que se instala na ps-modernidade muda as estruturas
organizacionais: famlia, igreja, universidade encontram-se saturadas (MAFFESOLI,
2012). A identidade, antes apogeu da socializao, cede lugar s identificaes
mltiplas. Assumem-se mscaras para os diversos papis que so assumidos nos micro
conjuntos comunitrios dos quais os jovens passam a fazer parte. Essa pertena vai se
dar por afinidade eletiva. o afeto que se torna o vetor para a entrada nessas tribos.
Afeto que se forma a partir da identificao com os feitos de um conjunto de pessoas e
no mais pelo ato herico de alguns. estar dentro de um contexto onde se
compartilham modas, segundo o autor:
O se tornar moda no mundo , nesse aspecto, interessante:
moda da vestimenta, moda da linguagem, moda corporal, moda
!
39!
40!
Embora possamos classificar as novas tribos urbanas como durveis, elas possuem um
carter rotativo, ou seja, ao fazer parte de determinada tribo, o indivduo pode, se
desejar, abandon-la, migrar para uma outra tribo, ou simplesmente retirar a mscara
incorporada e voltar a ser ele mesmo ou fazer parte de uma nova tribo, bastando para
isso trocar de roupa ou fazer uma nova tatuagem (MAFFESOLI, 1999).
41!
42!
!
Figura 3.5 Os delrios de consumo de Becky Bloom
43!
44!
45!
46!
Modelo!4.1!!Modelo!proposto!por!Bomfim.
47!
48!
[1] grupo simblico, onde as imagens veiculam valores sociais, especialmente polticos
ou religiosos, seja na representao de divindades ou simplesmente de objetos como,
por exemplo, o crucifixo (Figura 4.1);
!
Figura 4.2 Imagens contemporneas de satlites.
[3] grupo esttico, onde a imagem tem a funo de oferecer sensaes especficas, como
o caso das imagens publicitrias (Figura 4.3).
49!
!
Figura 4.3 Imagem da campanha de lanamento do Ipod da Apple.
epistmico
esttico
anlise bio-fisiolgica
anlise psicolgica
esttico
anlise sociolgica
simblico e epistmico
50!
A proposta de Amount claramente no nos parece adequada para uma anlise de fato da
imagem, pois apresenta muito mais um conjunto de caixas onde imagens devem ser
categorizadas e, portanto, sujeita a incompletudes e inadequaes como acontece com
tentativas de agrupamentos dos mais diversos. Corremos sempre o risco de nos
depararmos com um ornitorrinco, como se refere Eco ao falar dos mtodos de
classificao (ECO, 1997).
4.2.2 Donis A. Dondis
Donis A. Dondis, designer, formou-se pela Massachussets College of Art, e foi
professora da School of Public Communication da Boston University. Em 1973,
escreveu o livro Sintaxe da Linguagem Visual que se tornou referncia no campo da
alfabetizao visual.
Dondis foca seu trabalho no processo de construo e interpretao de mensagens
visuais, e, nesse sentido prope um modelo que divide em trs estgios ou nveis a
leitura de tais mensagens (DONDIS, 1991).
[1] nvel representativo, que trata essencialmente daquilo que visto ao se observar uma
imagem. Aqui, cores, formas e texturas so a base sob a qual percebemos inicialmente
uma mensagem visual. Por exemplo, a partir desses elementos essenciais da imagem,
como a forma (Figura 4.4), que percebemos e separamos pssaros de outro animais, e,
observando detalhes como cor e textura conseguimos separar tipos de pssaros por
caractersticas nicas de cada espcie (Figura 4.5);
!
Figura 4.4 Formas de pssaros.
51!
[2] nvel simblico, onde tratamos do universo de sistemas de smbolos codificados que
o homem criou arbitrariamente e para o qual atribuiu significados. Por exemplo,
smbolos religiosos (Figura 4.6), polticos e tcnicos.
!
Figura 4.6 Smbolos religiosos.
[3] nvel abstrato, onde encontramos as imagens que buscam uma significao mais
geral e abrangente. Para a autora, este processo de atribuir significaes abstratas
independe de relaes diretas entre a imagem e aquilo que dela interpretado. Por
exemplo, ao observar determinadas imagens o expectador evoca sentimentos e emoes
no necessariamente explcitas na mesma (Figura 4.7).
52!
!
Figura 4.7 Tristeza presente na rvore cinza de Mondriant.
O modelo proposto por Donis A. Dondis adaptado para uma tabela nos ajuda a
compreender melhor sua diviso das mensagens visuais em nveis (tabela 4.3).
Nveis da Mensagem Visual
representacional
simblico
abstrato
53!
anlise objetiva
representacional
anlise bio-fisiolgica
anlise psicolgica
abstrato
anlise sociolgica
simblico
54!
Figura 4.8 Foto selecionada entre as 30+ de 2013 do universo fashion pelo blog Unique Viral.
Tomando como base o potencial de mensagem da imagem, Joly prope uma anlise da
mesma a partir de trs classe de elementos:
[1] elementos plsticos, tais como cor, textura, composio;
[2] elementos icnicos, aquilo que a imagem representa; e,
[3] elementos lingusticos, mensagem em si que a imagem transmite.
Assim, usando como exemplo um quadro de Picasso, pintado em 1909, intitulado Usine
Horta de Ebro (Figura 4.9), a autora aponta que, em primeiro momento, observamos
cubos e cilindros amontoados em uma falsa perspectiva com cores aplicadas de maneira
uniforme em uma variao de tons quentes como ocre, ferrugem, marrom, revelando
uma textura de rugas da tela, seu relevo. Para Joly ao observamos num segundo nvel o
quadro, reconhecemos nele uma chamin alta, palmeiras, uma terra nua, um cu pesado.
Finalmente, atribumos a essa imagem uma impresso de sufocamento.
55!
Transcrevendo a anlise de Joly para uma tabela (Tabela 4.5), apresentamos uma
descrio estruturada da imagem distribuda nos trs nveis de observao que a autora
prope.
Nvel de anlise
elementos plsticos
elementos icnicos
chamin alta
palmeiras
terra nua
cu pesado
elementos lingusticos
impresso de sufocamento
Tabela 4.5 Anlise de Imagem segunda Joly.
56!
Como se pode perceber ao observar a tabela (Tabela 4.5), o Modelo de Joly traz uma
abordagem estruturalista que tende a simplificar a anlise da imagem. Esta reduo do
modelo, apesar de restritiva, acaba por permitir uma observao da relao entre sujeito
e objeto sob as perspectivas objetiva, psicolgica e sociolgica como prope Bomfim
(Tabela 4.6).
anlise objetiva
elementos plsticos
anlise bio-fisiolgica
anlise psicolgica
elementos ligusticos
anlise sociolgica
elementos icnicos
57!
58!
semntico
pragmtico
unidade
localizao
nfase
textos paralelos
Observando a tabela (Tabela 4.7), percebe-se que o Modelo de Goldsmith traz uma
anlise mais complexa que os demais modelos analisados ao cruzar dados em duas
dimenses. A anlise proposta por Goldsmith atende ao seu propsito especfico,
explicitar o processo de compreenso da mensagem visual.
Apesar de tratar-se se uma anlise focada no aspecto quantitativo, o modelo de
Goldsmith tambm leva em conta aspectos da relao sujeito e objeto nas mesmas
camadas do modelo de Joly, quando comparado proposta de Bomfim (Tabela 4.8).
!
59!
anlise objetiva
sinttico
anlise bio-fisiolgica
anlise psicolgica
pragmtico
anlise sociolgica
semntico
60!
nvel sinttico
nvel semntico
nvel pragmtico
Joly
elementos plsticos
elementos icnicos
elementos lingusticos
Dondis
representacional
simblico
abstrato
4.3.1.2 Elementos
Enquanto Joly e Dondis observam diferentes elementos em cada nvel semitico,
Goldsmith avalia os mesmos elementos nos trs nveis de significao (Tabela 4.10).
61!
primeiro nvel
Goldsmith
Joly
segundo nvel
terceiro nvel
unidade,
localizao, unidade,
nfase
textos nfase
textos nfase
textos
paralelos
paralelos
Dondis
paralelos
a imagem transmite
que
transcendem a forma
Tabela 4.10 Elementos visuais analisados nos modelos de Goldsmith, Joly e Donis.
Joly
Dondis
62!
anlise objetiva
anlise bio-fisiolgica
anlise psicolgica
anlise sociolgica
Tabela 4.12 Modelos de Joly, Dondis e Goldsmith e as anlises do Design segundo Bomfim.
63!
O modelo que propomos parte, como acontece com os modelos das trs autoras que
analisamos, da perspectiva de observao da relao sujeito e objeto, e, traz como base
para estruturar a anlise os nveis de observao propostos por Bomfim:
[1] nvel objetivo, onde propomos que se observem elementos visuais bsicos, como
propem Joly e Dondis;
[2] nvel bio-fisiolgico, onde propomos que se observe a relao entre o
posicionamento da tatuagem no corpo dos sujeitos,
[3] nvel sociolgico, onde propomos, tambm como Joly e Dondis, observarmos
essencialmente aquilo que a imagem pretende representar; e,
[4] nvel psicolgico, onde investigamos a inteno do sujeito ao tatuar determinada
imagem em seu corpo.
4.3.2.1 Nvel objetivo da anlise de tatuagens
No nvel objetivo, no nosso modelo, seguindo o que acontece nos modelos de Joly e
Dondis, especificamos elementos visuais que devem ser observados. Alm da lista dos
elementos a serem observados como fazem as duas autoras, optamos por apontar
possveis estados para cada um desses elementos (Tabela 4.13).
Elemento
Estados
Forma
Orgnica
Geomtrica
Fontes
Caligrfica
Tipogrfica
Pictogramas
Religiosos
Natureza
Cores
Monocromtico
Policromtico
Tabela 4.13 Elementos para anlise sinttica em nosso modelo de anlise de tatuagens.
Os elementos e seus estados foram definidos a partir de uma leitura inicial de tatuagens
que realizamos durante a fase de observao do fenmeno em si, como descrito no
primeiro captulo deste trabalho, quando identificamos tatuagens comuns em piriguetes
(Figura 4.11).
64!
Nessas leituras iniciais, percebemos, por exemplo, que as formas das tatuagens mais
predominantes so orgnicas, no entanto, encontramos tatuagens com formas
geomtricas em algumas piriguetes, como a cruz da tatuagem da Figura 4.12. Assim,
definimos dois possveis estados ou tipos de formas para o nosso modelo de anlise,
formas orgnicas ou geomtricas.
Outro elemento visual presente de forma intensa nas tatuagens das piriguetes, os textos
com fontes caligrficas (Figura 4.13). Apesar de no encontrarmos fontes tipogrficas
no levantamento que fizemos, indicamos dois estados possveis, a fonte caligrfica ou
tipogrfica para que se possa registrar inclusive essa ausncia.
65!
Outro elemento que adotamos em nossa lista, as cores, aparecem como elemento central
para observar imagens nos modelos propostos por Joly e Dondis. Acreditamos que as
cores tm fundamental importncia na anlise das tatuagens pois possvel separar
rapidamente grupos de tatuagens a partir da presena ou ausncia de cores (Figura
4.15). Assim, indicamos dois estados possveis: monocromticas e policromticas.
Assim, na tabela 4.14 temos uma anlise para exemplificar o nosso modelo no nvel
objetivo. A figura analisada, a tatuagem da Figura 4.16, foi utilizada para ilustrar a
aplicao do modelo.
66!
!
Figura 4.16 Tatuagem tpica de sujeitos da tribo piriguete.
Elemento
Estados
Forma
Orgnica
Geomtrica
Fontes
Caligrfica
Tipogrfica
Pictogramas
Religiosos
Natureza
Cores
Monocromtico
Policromtico
Sensual
Banal
Por exemplo, na figura 4.17 temos uma tatuagem prxima virilha do sujeito enquanto
na figura 4.18 a tatuagem est colocada no ombro do outro sujeito.
67!
Entendemos que esse posicionamento traz embutido uma postura mais ou menos
provocativa do ponto de vista da sexualidade, e, portanto relevante para a nossa
investigao por tratar-se de uma marcar fundamental da tribo das piriguetes.
Analisando a figura 4.16 utilizada no exemplo de anlise do nvel objetivo, percebemos
que a tatuagem encontra-se em uma regio de provocao sexual, como indicamos na
tabela 4.16.
Posio
Sensual
Banal
68!
Por exemplo, ao observarmos a imagem da figura 4.19 podemos afirmar que, do ponto
de vista icnico, se refere diretamente a um cacho de cerejas, e, do ponto de vista
simblico faz referncia ao erotismo para a cultura ocidental.
Seguindo o exemplo que adotamos para apresentar uma anlise no nvel objetivo, a
Tabela 4.17 traz um exemplo de anlise da Figura 4.20 no nvel sociolgico a partir do
modelo proposto.
Aspecto icnico
Aspecto simblico
coraes com chifres e rabo com ponta em os coraes com chifre remetem a um
um cacho que lembra um cacho de cerejas
69!
Para dar materialidade ao modelo que construmos, desenvolvemos uma ficha de anlise
(Figura 4.21) que traz todos os pontos a serem observados ao avaliar as tatuagens. A
ficha tambm traz informao a respeito do sujeito, tais como idade e sexo, alm da
imagem da tatuagem analisada.
Na ficha de anlise temos um primeiro bloco voltado aos dados do sujeito para em
seguida iniciarmos a anlise propriamente dita formada por quatro blocos de
informao:
[1] anlise objetiva, onde esto os elementos observados para avaliar a imagem e seus
aspectos formais;
[2] anlise bio-fisiolgica, onde indicamos se a posio da tatuagem encontra-se em
uma regio sensual;
[3] anlise sociolgica, onde descrevemos as referencias icnicas e simblicas das
tatuagens; e,
70!
!
Figura 4.21 Ficha utilizada para analisar tatuagens segundo o modelo proposto.
4.4 Consideraes
Neste captulo, apresentamos modelos de anlise de imagem propostos pelos principais
autores da rea. Com base nesses modelos apresentados, construmos e apresentamos
um modelo adaptado para analisar especificamente as tatuagens com a finalidade de
gerar dados para que se possa inferir como se d o processo de construo de identidade
em indivduos que pertencem a tribos urbanas a partir da relao destes com os objetos
que utilizam como marcadores de pertencimento, neste caso, as tatuagens.
O modelo construdo prope que se observe as tatuagens sob os nveis de anlise
descritos por Bomfim: objetivo, bio-fisiolgico, psicolgico e sociolgico seguindo a
!
71!
72!
5. PIRIGUETES E TATUAGENS
Neste captulo, apresentamos a observao que realizamos a fim de investigar como se
d o processo de construo de identidades em indivduos que pertencem tribo das
piriguetes. Na seo 5.1 apresentamos o procedimento experimental adotado. Na seo
5.2, trazemos os resultados do experimento com comentrios a respeito dos dados
gerados. Ao final do captulo, na seo 5.3, apresentamos nossas consideraes sobre o
experimento.
5.1 Procedimento da observao analtica
Nossa pesquisa se constitui em torno da observao do processo de construo de
identidade em piriguetes e, mais especificamente, de como a tatuagem participa desse
processo.
Nesse sentido, construmos um modelo de anlise da relao entre as piriguetes e suas
tatuagens utilizando a linguagem visual como base. Nosso modelo prev uma avaliao
onde, por um lado observamos analiticamente as tatuagens e, por outro lado,
entrevistamos os sujeitos para trazer suas impresses para nossa base de dados.
Assim, nosso experimento comea por selecionar quinze sujeitos que pertencem ao
grupo de piriguetes, escolhidos a partir de visitas realizadas a ambientes onde
indivduos dessa tribo costumam frequentar. Os sujeitos escolhidos foram todos
entrevistados e os dados registrados em uma ficha de entrevista (Figura 5.1). No
primeiro bloco da ficha esto informaes a respeito do perfil do sujeito, tais como
idade, sexo, estado civil e renda familiar. Em seguida, temos um bloco de informaes a
respeito do comportamento do entrevistado com perguntas como: que lugares costuma
frequentar para se divertir ou qual o tipo preferido de msica. O terceiro e ltimo bloco
da ficha traz perguntas sobre as tatuagens do sujeito, levantando tanto questes sobre as
razes que levaram a fazer aquela tatuagem especfica quanto sobre o interesse em fazer
novas tatuagens.
73!
!
Figura 5.1 Ficha de entrevista.
Em seguida, foram fotografadas tatuagens (Figura 5.2) desses sujeitos para que
pudssemos realizar a anlise do objeto em si. As fotografias foram todas realizadas
com o consentimento dos sujeitos, sendo que alguns no nos permitiram fotografar
tatuagens em locais mais ntimos, como a virilha.
!
Figura 5.2 Fichas com as fotos das taguagens de cada sujeito.
74!
!
Figura 5.3 Ficha de Anlise.
Ao final das anlises, todas as fichas de entrevista (Anexo 1) e anlise (Anexo 2) foram
compiladas e os dados descritos em forma de texto e representados em grficos
apresentados na prxima seo, onde descrevemos os resultados obtidos no
experimento.
5.2 Resultados obtidos
Para apresentar os resultados obtidos em nosso experimento, seguiremos a ordem das
informaes da nossa ficha de anlise. Assim, teremos inicialmente uma descrio dos
perfis de sujeitos analisados para em seguida, descrever cada nvel semitico analisado
nas tatuagens dos sujeitos que pertencem tribo das piriguetes.
75!
!
Figura 5.4 Distribuio dos indivduos por faixa etria.
Das quinze entrevistadas, treze se identificaram como piriguetes, uma como perua e
outra se encaixando como um pouco de cada (Figura 5.5). No entanto, ao analisarmos
as respostas dadas pelas duas que no se identificaram como piriguetes, observamos que
as mesmas possuem caractersticas similares s que se afirmaram como piriguetes,
como usar acessrios marcantes e se identificarem com os mesmos personagens de
televiso (reais ou fictcios que assumem o papel de piriguetes).
!
Figura 5.5 Tribo que se enquadra.
76!
!
Figura 5.6 Estado civil.
A renda familiar tambm foi objeto de nossa entrevista e pudemos classificar, a partir
das respostas obtidas, um padro entre as classes B e C (Figura 5.7).
Outros aspectos que julgamos importantes, de acordo com as definies sobre piriguetes
que constaram em nossas observaes iniciais a respeito da tribo, dizem respeito ao tipo
de divertimento, estilo musical e acessrios que o grupo costuma usar.
!
77!
!
Figura 5.8 Programas preferidos.
Apontada por muitos pesquisadores (NASCIMENTO 2008, Soares 2012), a msica est
fortemente ligada tribo. Uma vez que a grande maioria das entrevistadas afirmaram
curtir baladas, a msica torna-se essencial para a diverso. O forr foi apontado como
um dos estilos preferidos, sendo citado em sete das quinze entrevistas. Em seguida, vem
o pagode e o brega, ambos com quatro, o funk, mpb e ax com duas e outros gneros
como: samba, rock, sertanejo, techno e techno-brega com uma citao e, apenas uma
das entrevistadas respondeu que gosta de todos os estilos de msica (Figura 5.9).
!
Figura 5.9 Estilo musical.
78!
Ainda traando o perfil do sujeito, fizemos uma ltima pergunta, dessa vez a respeito do
corpo, antes de entrarmos nas questes sobre as tatuagens das entrevistadas. Foi
questionado se as mesmas tinham algum tipo de modificao corporal, cirurgia esttica.
Caso no tivessem, perguntamos se tinham interesse em fazer. Foram cinco respostas
afirmativas para a modificao corporal, sendo duas aplicaes de silicone e cinco lipos.
Das que no possuam nenhuma interveno, seis pretendem ainda fazer silicone ou lipo
e, apenas quatro no tm e no demonstraram interesse em fazer (Figura 5.10).
!
Figura 5.10 Modificao corporal.
79!
!
Figura 5.11 nmero de tatuagens.
!!!!!!
80!
!!!!
!!!!
81!
!!!
!!
Por ltimo, em nossa anlise objetiva, destacamos a cor como elemento visual bsico de
destaque. Dividimos entre monocromticas e policromticas. Nesse aspecto,
encontramos um equilbrio entre os dois estados, com treze tatuagens monocromticas
(Figura 5.17) e onze policromticas (Figura 5.18).
!!!!
!
Figura 5.18 exemplo de tatuagem policromtica.
82!
!
Figura 5.19 locais das tatuagens.
Registramos algumas dessas tatuagens como base para exemplificar situaes onde a
mesma encontra-se em local sensual (Figura 5.20).
83!
Outra referncia icnica que se destacou foram as borboletas (Figura 5.22), num total de
trs, sempre tendo como simbologia a transformao e a liberdade.
!!!!
cones ligados religio tambm foram observados em duas delas: um anjo e um tero
com a imagem de Nossa Senhora no centro (Figura 5.23). Ambos, porm, representam
simbolicamente proteo e pureza.
84!
!!!!!!
!!!
!!!!
!!!!
Apesar de termos apenas um registro icnico de fruta, essa categoria foi mencionada
mais duas vezes, totalizando trs tatuagens (Figura 5.26). As que no constam nos
85!
!
Figura 5.26 exemplo de tatuagem com referncia icnica: fruta.
Em nossa anlise sociolgica, tambm encontramos uma boa parte que no apresentam
registro icnico. So as tatuagens caligrficas, com nomes, palavras ou frases, que
fazem referncia ao amor, proteo, liberdade ou algum em especial (Figura 5.27).
!!!!
86!
!!!!
No caso especfico das borboletas, encontramos nas falas dos sujeitos diferentes
intenes, por exemplo, para a pessoa que possui a tatuagem da figura 5.29, a borboleta
representa a transformao que a maternidade proporcionou. J a borboleta da figura
5.30, um smbolo que ela desejava desde a adolescncia que representa a liberdade.
!
Figura 5.29 tatuagem de borboleta que representa a transformao da maternidade.
!
Figura 5.30 tatuagem de borboleta que representa a liberdade.
Para as do grupo das flores, as intenes tambm foram diversas. A tatuagem de rosa da
figura 5.31 uma homenagem me da pessoa. J a flor no ombro da figura 5.32, foi
feita com o propsito de ficar mais bonita.
87!
!
Figura 5.31 tatuagem de flor em homenagem me.
!
Figura 5.32 tatuagem de flor para ficar mais bonita.
Para as tatuagens caligrficas diversas intenes foram atribudas, como por exemplo,
na figura 5.33 onde a inscrio love demonstra o amor famlia; na figura 5.34,
livrai-me do mal, amm a pessoa sente-se protegida com a tatuagem.
!
Figura 5.33 tatuagem caligrfica: love.
88!
!
Figura 5.34 tatuagem caligrfica: livrai-me do mal, amm.
5.3 Consideraes
Neste captulo, apresentamos o experimento que realizamos com a inteno de testar
nossa hiptese de pesquisa. O experimento foi construdo com base em entrevistas e
registro fotogrfico com sujeitos que pertencem ao grupo de piriguetes, foco das nossas
investigaes. Ao final do experimento, podemos perceber que a abordagem baseada no
Design trouxe tona nossa hiptese de que as propostas de Maffesoli e Lipovetsky a
respeito da formao de identidade em indivduos que pertencem s tribos urbanas
contemporneas no so divergentes, mas complementares.
Nosso modelo de anlise baseado na avaliao da relao entre sujeitos e objetos, mas
especificamente, entre piriguetes e suas tatuagens, estratificado em nveis de observao
objetivo, bio-fisiolgico, sociolgico e psicolgico nos permite afirmar que, no caso das
piriguetes entrevistadas, existe uma similaridade importante nos nveis objetivos, biofisiolgicos e sociolgicos e uma diversidade de respostas no nvel psicolgico.
Essa anlise aponta para uma possvel afirmao de que tanto Maffesoli est correto ao
afirmar que os indivduos de uma tribo perdem sua identidade quando utilizam adornos
e modificaes no corpo muito semelhantes, baseados nos mesmos smbolos (anlise
sociolgica) quanto Lipovetsky quando afirma que, os sujeitos urbanos contemporneos
hipervalorizam a personificao (anlise psicolgica).
Nesse sentido podemos afirmar que nossa resposta para a hiptese que levantamos de
que sim, neste contexto que trabalhamos, existe uma complementariedade entre as
propostas de Maffesoli e Lipovetsky que tornam-se explcitas quando adotamos a
abordagem de anlise baseada no Design e, mais especificamente, na segmentao da
anlise com base nos modelos propostos por Bomfim, Joly, Dondis e Goldsmith.
!
89!
6. CONCLUSES!
Neste captulo, apresentamos as contribuies de nosso trabalho e os possveis
desdobramentos desta pesquisa.
Em nosso trabalho, investigamos as formas de construo e manuteno da identidade
de integrantes de tribos urbanas contemporneas. Para tanto, iniciamos nossa pesquisa
observando como sujeitos participantes dessas tribos se utilizam de intervenes nos
seus corpos, mais especificamente tatuagens para se perceberem semelhantes, fazendo
com que se reconheam e se agrupem em torno da tribo escolhida.
Em seguida, procuramos entender como ocorre o processo de formao de identidade
desses sujeitos e tomamos como base dois estudiosos da contemporaneidade que
defendem de forma dicotmica esse processo de identidade atravs de suas teses:
Michel Maffesoli e Gilles Lipovetsky. Se por um lado, Maffesoli defende que ao
participar de tribos urbanas esses sujeitos abrem mo de sua identidade para se fazerem
pertencer ao grupo, por outro, Lipovetsky defende que justamente nessas situaes de
aparente uniformidade que o sujeito vai buscar sua individualidade.
Tomando como base essa aparente dicotomia, levantamos uma hiptese que a refuta ao
acreditar que as duas teses apresentadas so, na verdade, complementares. Nesse
sentido, trouxemos a lente do Design para construo de um modelo de observao que
nos permitisse analisar tatuagens nos corpos de sujeitos pertencentes a uma tribo urbana
contempornea que tem sua origem nos subrbios de metrpoles do Brasil, as
piriguetes.
Aplicamos o modelo de anlise onde investigamos tatuagens de quinze sujeitos que
pertencem tribo das piriguetes e os resultados obtidos apontam de fato para comprovar
a hiptese que assumimos ao demonstrar que nos nveis objetivo e sociolgico as
tatuagens tendem a apresentar uma forte similaridade, confirmando a tese de Maffesoli,
mas aponta uma distino individual no nvel psicolgico, como afirmava Lipovetsky.
Assim, consideramos que ao trazer o olhar do Design, nos permitindo uma anlise
segmentada e integralizadora das tatuagens presentes nos corpos dos sujeitos,
apontamos, de fato, uma complementaridade das propostas de Maffesoli e Lipovetsky,
hiptese central do nosso trabalho.
90!
6.1 Contribuies
Consideramos que o trabalho traz uma contribuio direta para a formao acadmica
de conhecimento a respeito do fenmeno que investigamos, a construo de identidade
em sujeitos pertencentes a tribos urbanas, ao propor uma abordagem alternativa ao que
vinha sendo adotado para tratar deste tema. Entendemos que a perspectiva do Design,
mais especificamente da Linguagem Visual, focada na relao entre sujeito e objeto
aponta para um caminho importante na observao de fenmenos sociais como o que
tratamos no nosso projeto.
Outra contribuio direta deste trabalho, o modelo de anlise das tatuagens construdo a
partir das propostas de Bomfim, Joly, Dondis e Goldsmith abre possibilidades de novas
investigaes semelhantes a que conduzimos.
E, finalmente, mais no menos relevante, o experimento em si realizado e seus
resultados que comprovam a hiptese levantada, desmistificando, pelo menos no
contexto do nosso trabalho, uma falsa dicotomia entre as posies defendidas por dois
dos autores mais relevantes da academia sobre o tema central de nossa pesquisa.
6.1 Desdobramentos
Como acontece em quase todos os trabalhos acadmicos, entendemos que temos um
longo caminho para ser trilhado em torno, tanto do fenmeno em sim, quanto da
aplicao do modelo que desenvolvemos.
Nesse sentido, entendemos que, a curto prazo, ser preciso aplicar o mesmo modelo em
outras tribos urbanas, assim como aplic-lo em outras modificaes do corpo, alm das
tatuagens.
Em um cenrio mais a longo prazo, vislumbramos a necessidade de ampliar o modelo
de anlise que construmos para outros fenmenos similares.
91!
7. REFERNCIAS BIBLIOGRFICAS!
92!
Trabalho
93!
tribalism:
from
identity
to
identifications.
revistas.unisinos.br/index.php/ciencias_sociais/article/view/5652/2857
NASCIMENTO, Clebemilton Gomes do. Blacklash e fragmentao do corpo
feminino no pagode do grupo baiano Black Style. In: Anais do V Encontro de
estudos multidisciplinares em Cultura. Salvador, 2009.
NASCIMENTO, Clebemilton Gomes do. Piriguetes e putes: representaes de
gnero nas letras de pagode baiano. In: Seminrio Internacional Fazendo gnero:
Corpo, violncia e poder, 2008, Florianpolis. Editora Mulheres, 2008.
PEREIRA, Fabiana Maria Gama. Tatuagens, piercings e outras intervenes
corporais. Aproximaes interetnogrficas entre Recife e Madri. Tese (Doutorado) Universidade Federal de Pernambuco. CFCH. Antropologia. Recife, 2007.
PIRES, Beatriz Ferreira. O corpo como suporte da Arte. So Paulo: Ed. SENAC,
2005
PRECIOSA, Rosane. Produo esttica: notas sobre sujeitos e modos de vida. So
Paulo: Anhembi Morumbi, 2005.
RAMOS, Clia Maria Antonacci. Teorias da tatuagem: corpo tatuafo: uma anlise
da loja Stoppa Tatoo da Pedra / Florianpolis : UDESC, 2001.
SAD, B. B. O design de interfaces epiteliais dinmicas: como as novas tecnologias
afetam o projeto de tatuagens. 2012. 136 f. Dissertao (Mestrado em Design e Teoria
e Crtica) Faculdade de Design, Universidade do Estado do Rio de Janeiro, Rio de
Janeiro, 2012.
SANTAELLA, Lcia. Semitica aplicada. So Paulo: Pioneira Thomson Learning,
2004.
SOARES, Carmen. Corpo e histria (org.). Campinas: Autores Associados, 2004.
!
94!
95!
ANEXO 1
Sujeito 01
Dados:
Idade
41 anos.
Profisso
Turismloga.
Renda familiar
Em media, 7000 reais.
Preferncias:
Tatuagens:
Possui tatuagens?
Se sim:
Quantas?
Umas 13 tatuagens.
Em qual(is) o local(is) do corpo?
Ombro, tornozelo, batata da perna, meus olhos so tatuados, minha boca tatuada,
minha mo tem uma tatuagem, o nome da minha filha, mas fosforecente (s aparece
na luz negra), meu pescoo, no peito...
A primeira fez com qual idade?
32 anos.
O que motivou a fazer e escolher suas tatuagens e os lugares?
Cada tatuagem minha tem um momento da minha vida, elas dependem desses
momentos.
Suas amigas te influenciaram a fazer alguma tatuagem?
No... No, ao contrrio, elas acham muito estranho, porqu eu sempre tive meu estilo,
mas eu nunca tinha colocado pra fora as tatuagens, mas eu acho que os meus
desenhos e minha forma de ser no atingem ningum...
Tem vontade de fazer novas tatuagens?
T marcando mais duas, uma fnix e uma mandala. O lugar pode ser na coxa, pois
uma fnix no pode ser pequena...
O que mais te agrada nas suas tatuagens?
Minha autenticidade
Tem amigas que usam tatuagens? So semelhantes? Os lugares tatuados so
parecidos com os seus?
Vrias. Algumas sao semelhantes.
O que faz das suas tatuagens especiais em relao s de suas amigas?
Cada tatuagem minha, um momento da minha vida.
Se no:
Por que no? Pretende fazer algum dia?
Sujeito 02
Dados:
Idade
29 anos.
Profisso
Do lar.
Renda familiar
Sou aposentada, salrio mnimo.
Preferncias:
Tatuagens:
Possui tatuagens?
Se sim:
Quantas?
3
Em qual(is) o local(is) do corpo?
Brao, perna e costas.
A primeira fez com qual idade?
Era bem novinha, tinha uns doze para treze anos.
O que motivou a fazer e escolher suas tatuagens e os lugares?
Ah, eu mesma, a vida. Acho que fica bonito.
Suas amigas te influenciaram a fazer alguma tatuagem?
No.
Tem vontade de fazer novas tatuagens?
Tenho, mas o marido no deixa (aponta para filha beb que est no colo da filha mais
Se no:
Por que no? Pretende fazer algum dia?
Entrevista 03
Dados:
Idade
27
Profisso
Domstica
Renda familiar
Seiscentos e pouco
Preferncias:
Sim
Tatuagens:
Possui tatuagens?
Se sim:
Quantas?
3
Em qual(is) o local(is) do corpo?
Umas nas costas que uma borboleta com o nome dos meus filhos e duas de pimenta.
uma aqui (aponta para virilha) e outra aqui (aponta para o outro lado da virilha).
A primeira fez com qual idade?
20 anos.
O que motivou a fazer e escolher suas tatuagens e os lugares?
Ah, porqu eu acho bonito, sexy, sensual.
Suas amigas te influenciaram a fazer alguma tatuagem?
No.
Tem vontade de fazer novas tatuagens?
Tenho, eu no vou mentir!
O que mais te agrada nas suas tatuagens?
Ah, eu acho bonito!
Tem amigas que usam tatuagens? So semelhantes? Os lugares tatuados so
Se no:
Por que no? Pretende fazer algum dia?
Entrevista 04
Dados:
Idade
25
Profisso
Estudante
Renda familiar
Classe mdia alta
Preferncias:
Tatuagens:
Possui tatuagens?
Sim
Se sim:
Quantas?
Uma s.
Em qual(is) o local(is) do corpo?
Costas
A primeira fez com qual idade?
19 anos.
O que motivou a fazer e escolher suas tatuagens e os lugares?
Alguns motivos pessoais, umas coisas que passaram em minha vida.
Suas amigas te influenciaram a fazer alguma tatuagem?
No.
Tem vontade de fazer novas tatuagens?
Sim
O que mais te agrada nas suas tatuagens?
O significado que ela tem para mim.
Tem amigas que usam tatuagens? So semelhantes? Os lugares tatuados so
Se no:
Por que no? Pretende fazer algum dia?
Entrevista 05
Dados:
Idade
24.
Profisso
Estudante
Renda familiar
Mdia
Preferncias:
Tatuagens:
Possui tatuagens?
Se sim:
Quantas?
Uma
Em qual(is) o local(is) do corpo?
Pescoo.
A primeira fez com qual idade?
23.
O que motivou a fazer e escolher suas tatuagens e os lugares?
A banda Chiclete com Banana! E o lugar porque ficou mais bonito mesmo.
Suas amigas te influenciaram a fazer alguma tatuagem?
No mesmo!
Tem vontade de fazer novas tatuagens?
Tenho.
O que mais te agrada nas suas tatuagens?
A marca da banda mesmo.
Tem amigas que usam tatuagens? So semelhantes? Os lugares tatuados so
Se no:
Por que no? Pretende fazer algum dia?
Entrevista 06
Dados:
Idade
23.
Profisso
Administraco.
Renda familiar
Mdia
Preferncias:
Tatuagens:
Possui tatuagens?
Se sim:
Quantas?
3
Em qual(is) o local(is) do corpo?
Pulso, costas e ombro.
A primeira fez com qual idade?
21
O que motivou a fazer e escolher suas tatuagens e os lugares?
Acho bonito!
Suas amigas te influenciaram a fazer alguma tatuagem?
No, no.
Tem vontade de fazer novas tatuagens?
Com certeza vou fazer.
O que mais te agrada nas suas tatuagens?
Deixa o corpo mais sensual.
Tem amigas que usam tatuagens? So semelhantes? Os lugares tatuados so
Se no:
Por que no? Pretende fazer algum dia?
Entrevista 07
Dados:
Idade
24
Profisso
Estudante de administrao
Renda familiar
Mdia.
Preferncias:
Tatuagens:
Possui tatuagens?
Se sim:
Quantas?
S uma.
Em qual(is) o local(is) do corpo?
No braco.
A primeira fez com qual idade?
21.
O que motivou a fazer e escolher suas tatuagens e os lugares?
Minha famlia e minha me.
Suas amigas te influenciaram a fazer alguma tatuagem?
No
Tem vontade de fazer novas tatuagens?
Por enquanto no.
O que mais te agrada nas suas tatuagens?
Tem um sentido.
Tem amigas que usam tatuagens? So semelhantes? Os lugares tatuados so
Se no:
Por que no? Pretende fazer algum dia?
Entrevista 08
Dados:
Idade
22 anos.
Profisso
Vendedora.
Renda familiar
Mil e trezentos.
Preferncias:
Tatuagens:
Possui tatuagens?
Se sim:
Quantas?
Cinco.
Em qual(is) o local(is) do corpo?
Cintura, virilha, perna, punho e costas.
A primeira fez com qual idade?
16.
O que motivou a fazer e escolher suas tatuagens e os lugares?
No tem motivo no, s deu vontade mesmo.
Suas amigas te influenciaram a fazer alguma tatuagem?
No.
Tem vontade de fazer novas tatuagens?
Tenho, mas tenho que parar com isso n?! (risos)
O que mais te agrada nas suas tatuagens?
Os elogios. Principalmente s mais sexies.
Tem amigas que usam tatuagens? So semelhantes? Os lugares tatuados so
Se no:
Por que no? Pretende fazer algum dia?
Entrevista 09
Dados:
Idade
31 anos
Profisso
Estudante
Renda familiar
3 salrios mnimos
Preferncias:
Tatuagens:
Possui tatuagens?
Se sim:
Quantas?
Uma
Em qual(is) o local(is) do corpo?
Costas.
A primeira fez com qual idade?
25 anos.
O que motivou a fazer e escolher suas tatuagens e os lugares?
Bem, eu sempre quis fazer desde a adolescncia e sempre quis fazer borboletas... Por
conta da liberdade e tal, a eu fiz uma borboleta.
Suas amigas te influenciaram a fazer alguma tatuagem?
No.
Tem vontade de fazer novas tatuagens?
No.
O que mais te agrada nas suas tatuagens?
A borboleta em si!
Tem amigas que usam tatuagens? So semelhantes? Os lugares tatuados so
Se no:
Por que no? Pretende fazer algum dia?
Entrevista 10
Dados:
Idade
29
Profisso
Auxiliar administrativa
Renda familiar
1000
solteira
Preferncias:
Tatuagens:
Possui tatuagens?
Se sim:
Quantas?
Em qual(is) o local(is) do corpo?
Entre a virilha e a barriga
A primeira fez com qual idade?
23
O que motivou a fazer e escolher suas tatuagens e os lugares?
Vontade de fazer
Suas amigas te influenciaram a fazer alguma tatuagem?
No
Tem vontade de fazer novas tatuagens?
J tive. Hoje mais no
O que mais te agrada nas suas tatuagens?
bonita, meiga e transmite o que eu queria: transformao e liberdade.
Tem amigas que usam tatuagens? So semelhantes? Os lugares tatuados so
parecidos com os seus?
Tenho. Alguns iguais, outros no.
O que faz das suas tatuagens especiais em relao s de suas amigas?
Transmite o que eu queria: liberdade.
Se no:
Por que no? Pretende fazer algum dia?
Entrevista 11
Dados:
Idade
42 anos
Profisso
Artes/domstica
Renda familiar
Classe social: B
Preferncias:
Tatuagens:
Possui tatuagens?
Se sim:
Quantas?
Uma
Em qual(is) o local(is) do corpo?
Nuca
A primeira fez com qual idade?
40 anos.
O que motivou a fazer e escolher suas tatuagens e os lugares?
Eu quis fazer uma estrela. E o lugar porque eu queria, acho bem sensual.
Suas amigas te influenciaram a fazer alguma tatuagem?
No.
Tem vontade de fazer novas tatuagens?
Tenho, vou fazer mais duas. Uma na cintura e outra entre os seios e as costas.
O que mais te agrada nas suas tatuagens?
O local que sexy.
Tem amigas que usam tatuagens? So semelhantes? Os lugares tatuados so
Se no:
Por que no? Pretende fazer algum dia?
Entrevista 12
Dados:
Idade
19 anos
Profisso
Estudante/estdio de tatuagem
Renda familiar
Mesada, classe mdia.
Preferncias:
Tatuagens:
Possui tatuagens?
Se sim:
Quantas?
3
Em qual(is) o local(is) do corpo?
P, cintura e costela.
A primeira fez com qual idade?
18.
O que motivou a fazer e escolher suas tatuagens e os lugares?
O significado da tatuagem e o lugar porque so os lugares que eu mais gosto.
Suas amigas te influenciaram a fazer alguma tatuagem?
Sim, a do p. As gaivotas representam a liberdade dos nossos pais que conseguimos
Se no:
Por que no? Pretende fazer algum dia?
Entrevista 13
Dados:
Idade
19
Profisso
Estudante
Renda familiar
Mesada! Classe mdia
Preferncias:
Tatuagens:
Possui tatuagens?
Se sim:
Quantas?
4.
Em qual(is) o local(is) do corpo?
Virilha, em cima da bunda, no pescoo e no p.
A primeira fez com qual idade?
13 anos.
O que motivou a fazer e escolher suas tatuagens e os lugares?
Os desenhos... E o lugar do corpo, foram os que eu mais gostava, fica sexy.
Suas amigas te influenciaram a fazer alguma tatuagem?
Sim, a do p. (gaivotas que representam a liberdade que elas conseguiram dos pais
Se no:
Por que no? Pretende fazer algum dia?
Entrevista 14
Dados:
Idade
26 anos.
Profisso
Promotora de vendas
Renda familiar
Mil reais
Preferncias:
Tatuagens:
Possui tatuagens?
Se sim:
Quantas?
2
Em qual(is) o local(is) do corpo?
Na perna e no p.
A primeira fez com qual idade?
16.
O que motivou a fazer e escolher suas tatuagens e os lugares?
Homenagem a minha me... o lugar porque foi mais bonito.
Suas amigas te influenciaram a fazer alguma tatuagem?
No.
Tem vontade de fazer novas tatuagens?
Sim.
O que mais te agrada nas suas tatuagens?
As flores. So bem femininas
Tem amigas que usam tatuagens? So semelhantes? Os lugares tatuados so
Se no:
Por que no? Pretende fazer algum dia?
Entrevista 15
Dados:
Idade
19
Profisso
Secretria
Renda familiar
3 salrios mnimos
Preferncias:
Tatuagens:
Possui tatuagens?
Se sim:
Quantas?
Uma
Em qual(is) o local(is) do corpo?
Pulso
A primeira fez com qual idade?
18 anos.
O que motivou a fazer e escolher suas tatuagens e os lugares?
Uma banda que eu fazia parte. O lugar porque era marcante.
Suas amigas te influenciaram a fazer alguma tatuagem?
No.
Tem vontade de fazer novas tatuagens?
Tenho sim.
O que mais te agrada nas suas tatuagens?
O desenho legal.
Tem amigas que usam tatuagens? So semelhantes? Os lugares tatuados so
Se no:
Por que no? Pretende fazer algum dia?
ANEXO 2
Fonte
Sujeito
Sexo
Revista
Idade 41
Web
Outro
Anlise Objetiva
Forma
Tipografia
Pictogramas
Cores
Orgnica
Caligrfica
Religiosos
Monocromticas
Geomtrica
Tipogrfica
Natureza
Policromticas
Anlise Bio-fisiolgica
Posio
Sensual
Banal
Anlise Sociolgica
Icnica
Simblica
rosrio
virgem maria
proteo
religiosidade
f
Anlise Psicolgica
Inteno
representar uma fase mais religiosa da vida
Fonte
Sujeito
Sexo
Revista
Idade 41
Web
Outro
Anlise Objetiva
Forma
Tipografia
Pictogramas
Cores
Orgnica
Caligrfica
Religiosos
Monocromticas
Geomtrica
Tipogrfica
Natureza
Policromticas
Anlise Bio-fisiolgica
Posio
Sensual
Banal
Anlise Sociolgica
Icnica
Simblica
proteo
pureza
infncia
proteo
pureza
infncia
Anlise Psicolgica
Inteno
fazer referncia filha
Fonte
Sujeito
Sexo
Revista
Idade 41
Web
Outro
Anlise Objetiva
Forma
Tipografia
Pictogramas
Ornamentos
Orgnica
Caligrfica
Religiosos
Orgnicos
Geomtrica
Tipogrfica
Natureza
Geomtricos
Anlise Bio-fisiolgica
Posio
Sensual
Banal
Anlise Sociolgica
Conotao
Denotao
superao
tudo passa
Anlise Psicolgica
Inteno
mostrar que superou uma fase difcil da vida
Fonte
Sujeito
Sexo
Revista
Idade 29
Web
Outro
Anlise Objetiva
Forma
Tipografia
Pictogramas
Cores
Orgnica
Caligrfica
Religiosos
Monocromticas
Geomtrica
Tipogrfica
Natureza
Policromticas
Anlise Bio-fisiolgica
Posio
Sensual
Banal
Anlise Sociolgica
Simblico
Icnico
beleza
enfeite
adorno
flor tropical
Anlise Psicolgica
Inteno
ficar mais bonita
Fonte
Sujeito
Sexo
Revista
Idade 29
Web
Outro
Anlise Objetiva
Forma
Tipografia
Pictogramas
Cores
Orgnica
Caligrfica
Religiosos
Monocromticos
Geomtrica
Tipogrfica
Natureza
Policromticos
Anlise Bio-fisiolgica
Posio
Sensual
Banal
Anlise Sociolgica
Icnico
rosa com espinhos e folhas
Simblico
dificuldades
superao
beleza
Anlise Psicolgica
Inteno
mostrar que na vida, apesar das dificuldades, preciso estar sempre se sentindo bonita
Fonte
Sujeito
Sexo
Revista
Idade 29
Web
Outro
Anlise Objetiva
Forma
Tipografia
Pictogramas
Cores
Orgnica
Caligrfica
Religiosos
Monocromticos
Geomtrica
Tipogrfica
Natureza
Policromticos
Anlise Bio-fisiolgica
Posio
Sensual
Banal
Anlise Sociolgica
Icnico
Simblico
beleza
paixo
Anlise Psicolgica
Inteno
mostrar a paixo e o prazer pela vida
Fonte
Sujeito
Sexo
Revista
Idade 27
Web
Outro
Anlise Objetiva
Forma
Tipografia
Pictogramas
Cores
Orgnica
Caligrfica
Religiosos
Monocromticos
Geomtrica
Tipogrfica
Natureza
Policromticos
Anlise Bio-fisiolgica
Posio
Sensual
Banal
Anlise Sociolgica
Icnico
Simblico
borboleta
Julia e Robson
brilho
transformao
magia
filhos
Anlise Psicolgica
Inteno
representar a transformao da maternidade
Fonte
Sujeito
Sexo
Revista
Idade 25
Web
Outro
Anlise Objetiva
Forma
Tipografia
Pictogramas
Cores
Orgnica
Caligrfica
Religiosos
Monocromticos
Geomtrica
Tipogrfica
Natureza
Policromticos
Anlise Bio-fisiolgica
Posio
Sensual
Banal
Anlise Sociolgica
Icnico
Simblico
proteo
Anlise Psicolgica
Inteno
sentir-se protegida
Fonte
Sujeito
Sexo
Revista
Idade 24
Web
Outro
Anlise Objetiva
Forma
Tipografia
Pictogramas
Cores
Orgnica
Caligrfica
Religiosos
Monocromticos
Geomtrica
Tipogrfica
Natureza
Policromticos
Anlise Bio-fisiolgica
Posio
Sensual
Banal
Anlise Sociolgica
Icnico
Simblico
camaleo
marca da banda
chiclete com banana
Anlise Psicolgica
Inteno
demosntrar o amor banda chiclete com banana
Fonte
Sujeito
Sexo
Revista
Idade 23
Web
Outro
Anlise Objetiva
Forma
Tipografia
Pictogramas
Cores
Orgnica
Caligrfica
Religiosos
Monocromticos
Geomtrica
Tipogrfica
Natureza
Policromticos
Anlise Bio-fisiolgica
Posio
Sensual
Banal
Anlise Sociolgica
Icnico
Simblico
Ana Beatriz
Anlise Psicolgica
Inteno
homenagear a sua filha
Fonte
Sujeito
Sexo
Revista
Idade 23
Web
Outro
Anlise Objetiva
Forma
Tipografia
Pictogramas
Cores
Orgnica
Caligrfica
Religiosos
Monocromticos
Geomtrica
Tipogrfica
Natureza
Policromticos
Anlise Bio-fisiolgica
Posio
Sensual
Banal
Anlise Sociolgica
Icnico
Simblico
estrelas
sensualidade
Anlise Psicolgica
Inteno
ficar sensual
Fonte
Sujeito
Sexo
Revista
Idade 24
Web
Outro
Anlise Objetiva
Forma
Tipografia
Pictogramas
Cores
Orgnica
Caligrfica
Religiosos
Monocromticos
Geomtrica
Tipogrfica
Natureza
Policromticos
Anlise Bio-fisiolgica
Posio
Sensual
Banal
Anlise Sociolgica
Icnico
Simblico
Endless Love
Anlise Psicolgica
Inteno
homenagem me
Fonte
Sujeito
Sexo
Revista
Idade 22
Web
Outro
Anlise Objetiva
Forma
Tipografia
Pictogramas
Cores
Orgnica
Caligrfica
Religiosos
Monocromticos
Geomtrica
Tipogrfica
Natureza
Policromticos
Anlise Bio-fisiolgica
Posio
Sensual
Banal
Anlise Sociolgica
Icnico
Simblico
diamante
firmeza
durabilidade
riqueza
amor eterno
Anlise Psicolgica
Inteno
exaltar o amor eterno
Fonte
Sujeito
Sexo
Revista
Idade 31
Web
Outro
Anlise Objetiva
Forma
Tipografia
Pictogramas
Cores
Orgnica
Caligrfica
Religiosos
Monocromticos
Geomtrica
Tipogrfica
Natureza
Policromticos
Anlise Bio-fisiolgica
Posio
Sensual
Banal
Anlise Sociolgica
Icnico
Simblico
borboleta
liberdade
Anlise Psicolgica
Inteno
representar a liberdade
Fonte
Sujeito
Sexo
Revista
Idade 29
Web
Outro
Anlise Objetiva
Forma
Tipografia
Pictogramas
Cores
Orgnica
Caligrfica
Religiosos
Monocromticos
Geomtrica
Tipogrfica
Natureza
Policromticos
Anlise Bio-fisiolgica
Posio
Sensual
Banal
Anlise Sociolgica
Icnico
simblico
borboleta
transformao
Anlise Psicolgica
Inteno
demonstrar transformao pessoal
Fonte
Sujeito
Sexo
Revista
Idade 42
Web
Outro
Anlise Objetiva
Forma
Tipografia
Pictogramas
Cores
Orgnica
Caligrfica
Religiosos
Monocromticos
Geomtrica
Tipogrfica
Natureza
Policromticos
Anlise Bio-fisiolgica
Posio
Sensual
Banal
Anlise Sociolgica
Icnico
Simblico
estrela
sensualidade
Anlise Psicolgica
Inteno
ficar sexy
Fonte
Sujeito
Sexo
Revista
Idade 18
Web
Outro
Anlise Objetiva
Forma
Tipografia
Pictogramas
Cores
Orgnica
Caligrfica
Religiosos
Monocromticos
Geomtrica
Tipogrfica
Natureza
Policromticos
Anlise Bio-fisiolgica
Posio
Sensual
Banal
Anlise Sociolgica
Icnico
Simblico
Moved by the love of God
Anlise Psicolgica
Inteno
Demonstrar que livre
Fonte
Sujeito
Sexo
Revista
Idade 22
Web
Outro
Anlise Objetiva
Forma
Tipografia
Pictogramas
Cores
Orgnica
Caligrfica
Religiosos
Monocromticos
Geomtrica
Tipogrfica
Natureza
Policromticos
Anlise Bio-fisiolgica
Posio
Sensual
Banal
Anlise Sociolgica
Icnico
Love
Anlise Psicolgica
Inteno
demonstrar amor famlia
Simblico
amor eterno
Fonte
Sujeito
Sexo
Revista
Idade 18
Web
Outro
Anlise Objetiva
Forma
Tipografia
Pictogramas
Cores
Orgnica
Caligrfica
Religiosos
Monocromticos
Geomtrica
Tipogrfica
Natureza
Policromticos
Anlise Bio-fisiolgica
Posio
Sensual
Banal
Anlise Sociolgica
Simblico
Icnico
amizade
liberdade
gaivotas
Anlise Psicolgica
Inteno
representar a liberdade dos pais
Fonte
Sujeito
Sexo
Revista
Idade 16
Web
Outro
Anlise Objetiva
Forma
Tipografia
Pictogramas
Cores
Orgnica
Caligrfica
Religiosos
Monocromticos
Geomtrica
Tipogrfica
Natureza
Policromticos
Anlise Sociolgica
Simblico
Icnico
amizade
liberdade
gaivotas
Anlise Psicolgica
Inteno
representar a liberdade dos pais
Fonte
Sujeito
Sexo
Revista
Idade 16
Web
Outro
Anlise Objetiva
Forma
Tipografia
Pictogramas
Cores
Orgnica
Caligrfica
Religiosos
Monocromticos
Geomtrica
Tipogrfica
Natureza
Policromticos
Anlise Bio-fisiolgica
Posio
Sensual
Banal
Anlise Sociolgica
Simblico
Icnico
sensualidade
sexualidade
luxuria
cereja
lao
Anlise Psicolgica
Inteno
mostrar-se como uma pessoa sexy
Fonte
Sujeito
Sexo
Revista
Idade 26
Web
Outro
Anlise Objetiva
Forma
Tipografia
Pictogramas
Cores
Orgnica
Caligrfica
Religiosos
Monocromticos
Geomtrica
Tipogrfica
Natureza
Policromticos
Anlise Bio-fisiolgica
Posio
Sensual
Banal
Anlise Sociolgica
Simblico
Icnico
feminilidade
sensibilidade
amor
flor
Anlise Psicolgica
Inteno
homenagear a me
Fonte
Sujeito
Sexo
Revista
Idade 19
Web
Outro
Anlise Objetiva
Tipografia
Forma
Pictogramas
Cores
Orgnica
Caligrfica
Religiosos
Monocromticos
Geomtrica
Tipogrfica
Natureza
Policromticos
Anlise Bio-fisiolgica
Posio
Sensual
Banal
Anlise Sociolgica
Simblico
Icnico
msica
clave de sol
Anlise Psicolgica
Inteno
homenagear a banda que fazia parte
Fonte
Sujeito
Sexo
Revista
Idade 26
Web
Outro
Anlise Objetiva
Tipografia
Forma
Pictogramas
Cores
Orgnica
Caligrfica
Religiosos
Monocromticos
Geomtrica
Tipogrfica
Natureza
Policromticos
Anlise Bio-fisiolgica
Posio
Sensual
Banal
Anlise Sociolgica
Simblico
Icnico
sensibilidade
feminilidade
suavidade
rosa
Anlise Psicolgica
Inteno
homenagear a me