Carl Orff

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Carl Orff Vida, obra e pedagogia

Carl Orff (Karl Heinrich Maria) nasceu em Munique, Alemanha, no dia 10 de julho
de 1895 e veio a falecer em 29 de Maro de 1982. Iniciou os estudos de Piano,
Orgo e Violoncello com apenas cinco anos de idade. Ligado ao teatro, literatura,
e educao, foi um dos mais destacados compositores do sculo passado.
Entre seus trabalhos mais conhecidos como compositor esto Carmina Burana
(1937), a pera Die Kluge (The Clever Woman, 1943) e a pea musicada
Antigonae (1949). Inspirado nos movimentos que revolucionavam a esttica da
dana desde o incio do sculo, com Diaghilev, e nos movimentos de renovao
pedaggica propostos por pedagogos criativos - Decroly, Montessori, Freinet. Orff
conhecido pelo grande pblico de educadores musicais como o criador
doSchulwerk (Music for Children, 1930-33, revisada em 1950-54), um conjunto de
obras pedaggicas infantis.

Orff e sua Metodologia

O conceito de msica elementar o principal fundamento da pedagogia de


Orff. A concepo de educao musical desenvolvida por ele, tem como
princpio a ideia de que a msica uma forma de expresso natural e deve ser
aprendida como qualquer outra linguagem, atravs da observao, da
imitao e da apropriao.
Orff trs a pedagogia musical uma nova perspectiva a base do mtodo est na
crena de que a criana orienta-se em movimentos e sons naturais para
fazer msica. Para Orff, a msica, o movimento e a fala, so partes
integrantes e constituem os aspectos principais da msica elementar. Este
exerccio natural da msica, acessvel sem qualquer tipo especial de
treinamento, atribui ao mtodo um carter inclusivo, possibilitando todos
uma real possibilidade de experincia musical.
Para Orff, a construo do conhecimento atravs do fazer musical coloca a
criana em contato direto com a msica. Conhecer pela vivncia, por meio de
um sentir de intensa carga fsica e emocional, cria bases slidas para um
pensar mais elaborado. Este processo que envolve o fazer, o sentir e o pensar,
foi para o educador o grande referencial na criao de sua obra pedaggica: o
Schulwerk.
O ttulo "Schulwerk" indica claramente a natureza do processo educacional
Orff: o aprendizado atravs do trabalho, ou seja, atravs da atividade e da
criao. Orff trabalhou na produo de um conjunto de peas infantis
didticas (prticas musicais), com o objetivo de proporcionar criana o
contato intenso e organizado com os contedos e elementos culturais da
linguagem musical. Props em um fazer musical com intencionalidade,
expressivo, acessveis a todos, leigos ou no, que atravs de um conjunto de
atividades de improvisao, expresso vocal, corporal e instrumental, levam
o aluno a integrar em sua experincia todos aqueles aspectos da arte musical.

O ldico permeia o trabalho de Orff, que se utiliza do canto, das rimas, os


ritmos corporais, a dana, ou qualquer forma criativa de produo sonora.
Estas habilidades naturais so canalizadas para o aprendizado, desenvolvendo
um imaginrio musical.
O ensino conceitual, como a leitura e a escrita musical, um processo
posterior aquisio dos elementos musicais, frutos das prticas musicais
vivenciadas. Orff busca desintelectualizar e destecnizar o ensino da msica,
acreditando que a compreenso deve vir depois da experincia - esta sim, a
base do processo.
Para o mtodo de ensino Orff, encontramos em seus volumes originais
procedimentos caractersticos deste estilo, que baseado na utilizao de
padres
rtmicos
e
meldicos
repetidos,
conhecidos
como ostinati, acompanhamento com nota pedal oubordo.
Uma outra caractersticas da Mtodologia de Carl Orff o trabalho de
pentatnicas (do, r, mi, sol, l), justamente pelo mesmo ter sido
desenvolvido antes da msica tonal. Tambm pelo fato da escala pentatnica
estar disposta em carter circular ao invs da escala maior ou menor que tem
uma propriedade direcional. Alm de estar sujeito a disposio das regras
harmnicas, no que pode dificultar o improviso.
Orff apresenta uma coleo de 5 volumes onde trabalha inicialmente a escala
pentatonica e posteriormente vai acrescentando elementos da escala maior e
menor.
Volume 1: Rimas Infantis e Pequenas Canes sobre a escala Pentatonica.
Volume 2: Modo Maior Bordes, onde os graus IV e VII so introduzidos a
partir da Escala Pentatonica
Volume 3: Modo Maior Trades, so aplicadas as relaes dos graus I II e I-IV
evitando o V grau onde gera maior tenso.
Volume 4: Modo Menor, so introduzidos os modos Elio, Drico e Frgio.
Volume 5: Modo Menor com trades tendo a relao de I-VII e I-III evitando os
pontos de tenso facilitando a prtica de improviso.
Partindo destes aspectos, a criana sempre tem a experincia na execuo de
um instrumento e tambm da prtica de conjunto sempre praticando msica
em todos os estgios de aprendizagem.
Referncias
Carl Orff Homepage, Disponvel em: <http://www.orffzentrum.de/index.asp>. Acesso em 29 abril 2012
FONTERRADA, Maria Trench de Oliveira. De tramas e fios: um ensaio
sobre msica e educao. So Paulo: UNESP, 2005. Captulo 2, p.
145-151.
VALIENGO, Camila. A educao musical no sculo XX: estudo
comparativo entre duas instituies musicais em So

Paulo. Dissertao (Mestrado em Educao, comunicao e


administrao) - Universidade So Marcos, So Paulo, 2006. Subttulo
Carl Orff Captulo 2, p. 29-33. Disponvel
em:<http://ead.sead.ufscar.br/mod/resource/view.php?id=194233>.
Acesso em: 28 de abril de 2012.
Texto elaborado para uma atividade realizada na UFSCAR (Universidade
Federal de So Carlos) pelos acadmicos Alessandra Martins, Edson
Aparecido Pinto, Edimilson Guidotti Sabino e Felipe Vieira Vichetti.

CARL ORFF
Carl Orff (Munique, 10 de julho de 1895 Munique, 29

de maro de 1982) foi um compositor alemo, um dos mais destacados do sculo XX,
famoso sobretudo por sua cantata Carmina Burana.
Contudo, a sua maior contribuio se situa na rea da pedagogia musical, com o Mtodo
Orff de ensino musical, baseado na percusso e no canto. Orff criou um centro de
educao musical para crianas e leigos em 1925, no qual trabalhou at a data do seu
falecimento.
Carl Orff se recusava a falar publicamente sobre seu passado. sabido entretanto que
nasceu em Munique, oriundo de uma famlia da alta burguesia bvara, muito ativa na vida
militar alem.
Orff estudou na Academia de Msica de Munique at 1914. Serviu ento s foras
armadas durante a Primeira Guerra Mundial. Posteriormente, atuou nas peras
deMannheim e Darmstadt, retornando depois a Munique, para continuar seus estudos
musicais.[1]
Em 1925 foi co-fundador da Guenther School, para atividades fsicas, msicas e dana em
Munique, na qual trabalhou com iniciantes em msica at o fim de sua vida. Pelo
constante contato com crianas, desenvolveu suas teorias de educao musical neste
perodo.[2]
Embora a associao de Orff com o nazismo nunca tenha sido comprovada, Carmina
Burana tornou-se muito popular na Alemanha nazista depois de sua apresentao na
cidade de Frankfurt, em 1937. Orff era amigo de Kurt Huber, um dos fundadores
domovimento de resistncia Die Weie Rose (em alemo, '"A rosa Branca"), condenado
morte pelo Volksgerichtshof e executado pelos nazistas em 1943. Depois da Segunda
Guerra Mundial, Orff alegou ter sido membro do grupo, tendo-se envolvido na resistncia,
mas no h evidncias disso.[3]

Orff foi enterrado na igreja barroca do Mosteiro de Andechs, no priorado de Andechs, sul
de Munique.

Trabalho musical
Carl Orff mais conhecido por Carmina Burana (1937), uma cantata encenada. a
primeira de uma trilogia intitulada Trionfi, que tambm inclui Catulli Carmina e Trionfo di
Afrodite. Essas composies refletem seu interesse pela poesia medieval alem.
descrita pelo compositor como "a celebrao de um triunfo do esprito humano pelo o
balano holstico e sexual". O trabalho foi baseado no verso ertico do sculo XIX de um
manuscrito chamado Codex latinus monacensis, encontrado
num mosteiro da Baviera em1803 e escritos pelos goliardos. Apesar de moderno em
algumas de suas composies, Orff soube capturar o esprito da era medieval em sua
trilogia. Os poemas medievais foram escritos em uma forma arcaica de alemo e latim.
Com o sucesso de Carmina Burana, Orff abandonou todos os seus trabalhos anteriores,
exceto por Catulli Carmina e En trata, que foram reescritos at serem reaceites por Orff.
Como fato histrico, Carmina Burana provavelmente a pea mais famosa da Alemanha
nazi. Foi to popular que Orff recebeu subsdios em Viena para compor uma msica
paraSonho de uma Noite de Vero, a fim de substituir a msica banida de Mendelssohn.
Orff relutava em denominar seus trabalhos simplesmente como peras. Por exemplo, ele
designou Der Mond (ou A lua em lngua alem) (1939) como Mrchenoper (ou pera de
conto de fadas). Die Kluge (A mulher sbia) (1943) tambm se inclua na mesma
categoria, segundo ele. Em ambas as composies existe o mesmo som medieval ou
atemporal, sem copiar os idiomas musicais do perodo.
Sobre Antgona (1949), Orff alega que no era uma pera, mas sim uma configurao
musical de uma tragdia arcaica. O texto uma excelente traduo para o alemo,
porFriedrich Hlderlin, da pea de Sfocles do mesmo nome. A orquestrao depende
muito da percusso, mas simples. Foi definida por muitos como minimalista, em razo da
linha meldica da obra. A histria da caa de Antgona similar de Sophie Scholl,
herona daRosa Branca.
O ltimo trabalho de Orff, De Temporum Fine Comoedia (Uma pea para o final dos
tempos), teve sua apresentao no festival de msica de Salzburgo em 20 de
agosto de1973, executada por Herbert von Karajan com a Orquestra Sinfnica e de Coro
deColnia.

Trabalho pedaggico
Ao longo de sua vida, Orff trabalhou bastante com crianas, usando a msica como uma
ferramenta educacional, tanto a melodia e o ritmo, tratadas atravs de palavras.
Nos crculos pedaggicos, Orff lembrado por essa nova abordagem da educao
musical, desenvolvida junto com Gunild Keetman e consubstanciada no seu mtodo OrffSchulwerk (1930-35). Sua simples instrumentao permite que mesmo crianas no
iniciadas possam executar peas musicais com facilidade. O termo Schulwerk em alemo
significa tarefa (ou trabalho) escolar. Joaquim Carl Orff via problemas no metodo de ensino
, os musicos tinham defeitos pouco sutis quando viravam profissionais por isso criou
mtodos.
Seu mtodo conhecido e praticado em todo mundo.
Este mtodo de auto-descoberta musical incentiva os jovens a fazer sua prpria msica, a
improvisar e a desenvolver composies prprias (...) a msica precisava ser desenvolvida
pelos prprios executantes. (Pignatari. apud:Hamel, pg 30)
Foi o mtodo mais difundido na Frana, tem uma peculiaridade, que vemos no texto de
Porcher (1982)
(...) possui caractersticas to tipicamente germnicas que precisou ser mais ou menos
adaptado pelos que o aplicam, de modo a adquirir uma certa flexibilidade que o torna
talvez mais condizente com o temperamento francs.
Como podemos ver em Fonterrada (2005), o folclore alemo no era de to fcil execuo
quanto o hngaro, por essa razo no poderia servir de motivao para o mtodo de Orff.
Mas, este utilizou o mesmo princpio, da escala pentatnica para trabalhar e elaborar
as canes que utilizaria em suas aulas.
Como vimos acima, a improvisao parte fundamental de seu mtodo. Dentro da
proposta, assumem importante papel as atividades de eco (repetir o que se ouviu) e
pergunta e resposta (improvisar um segmento musical depois de ouvido um estmulo). (...)
H tambm grande nfase no movimento corporal e na expresso plstica, interligados
experincia musical. (Fonterrada 2005, p. 148)
As crianas, desde os primeiros estgios praticavam o fazer musical, tendo contato ativo
com diversos instrumentos, e a liberdade de improvisar.
O instrumental Orff (...) como um grande conjunto de percusso, cordas e flautas doces.
composto por uma famlia de xilofones (soprano, alto, tenor e baixo), uma famlia de
metalofones, tambores, pratos, platinelas, pandeiros, maracas e outros instrumentos de
percusso pequenos, alm de violas de gamba e flautas doces. O instrumental de
excelente qualidade musical, com boa ressonncia e afinao, e permite uma massa
sonora importante, com timbres diversificados, o que faz que as crianas entrem em
contato com princpios bsicos de combinao de timbres, a partir da experimentao.
Nenhum conhecimento de Orff oferecia como tcnica ou teoria, ao invs disso, ao
contrrio, todo conhecimento provinha da experincia. As crianas comeam imitando e
repetindo, depois so levadas a reagir a um estmulo, contrapondo a ele outro, semelhante
ou contrastante, e finalmente a improvisar livremente. (Fonterrada 2005, p. 151)

Assim, conclumos que a nfase de seu trabalho est na expresso e no no


conhecimento tcnico que surge em detrimento da primeira.
Bibliografia
Fonterrada, Marisa Trench de Oliveira. De tramas e fios: Um ensaio sobre msica e
educao. Ed. Unesp, 2005.
Hamel, Peter Michael. O autoconhecimento atravs da msica: Uma nova maneira de
viver e de sentir a msica. Ed Cultrix, 1991.
Porcher, Louis. Educao Artstica: Luxo ou necessidade? Ed. Summus Editorial, 1982.

Referncias
1.
e.g. Early Songs published by Schott Music and Songs and Chants recorded by
WERGO. Pgina visitada em 10 de julho de 2012.
2.
Chronology by Carl Orff Center Munich. Pgina visitada em 10 de julho de 2012.
3.
Alberto Fassone. "Orff, Carl." in Grove Music Online. Oxford Music Online
(accessed September 25, 2009).

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