Psicanalise I
Psicanalise I
Psicanalise I
PSICOLOGIA PSICANALTICA I
Enquadramento histrico e scio-cultural da psicologia psicanaltica
1. O conceito de inconsciente:
O inconsciente no um conceito de Freud, mas sim da cultura europeia, apareceu por
vrias fases. Primeiro: a anlise de fenmenos mentais.
Pascal, sc. XVI: O corao conhece razes que a prpria razo desconhece. O
latente, a imaginao que trama muitas vezes a razo.
No sc. XVIII, filsofos dedicaram-se ao estudo de actividades mentais: Nietzche, Erei, etc.
Erei disse: As paixes exercem uma poderosa influncia sobre o organismo, podendo
torn-lo doente ou trat-lo. J se considerava que havia outros mtodos, que no fsicos,
que curavam os males. Aparece a teoria do magnetismo animal de Mezmer, constitui uma
primeira concepo da hipnose, dado o poder da sugesto e transferncia para o outro e
para as doenas nervosas.
James Braid assistiu a estas curas e desenvolveu-as,
colocando os doentes num sono para os tentar tratar. Diz que o terapeuta no influencia o
sujeito, h uma estimulao fsico-qumica, a retina estimulava o sistema nervoso central e
isto causava o sono.
Leibniz, no sc. XIX, apresenta pela primeira vez este conceito. Dizia que existem
percepes que no conseguimos compreender pois encontram-se abaixo de um limiar
quantitativo.
FREUD (1856-19)- Contexto histrico e scio-cultural: Positivismo (2 parte do sc. XIX
dominada pela cincia). Na poca de Freud, a noo de inconsciente e de subconsciente j
existiam, tinham sido publicadas numerosas obras consagradas sexualidade e para cada
elemento da psicanlise, pode encontrar-se um precursor mais ou menos directo
Freud: Provocou uma grande revoluo na Psicanlise. Abertura da mesma para novos
domnios: psicanlise de grupo, de casal, aplicada criminologia, etc.
Para Freud: O sonho uma actividade psquica organizada, com as suas prprias
leis.
a descoberta da associao livre de ideias que vai permitir chegar ao sentido individual dos
sonhos, por vezes a partir de palavras, fragmentos maiores ou menores.
Muitas vezes o sonho retomado mais tarde como objecto de investigao o que implica
reconhecer que a actividade do sonho um prolongamento do pensamento. (Meltzer corroborava
esta definio).
Para Freud preciso fazer um trabalho de interpretao, porque a interpretao dos sonhos a
via rgia que conduz ao conhecimento do inconsciente na vida psquica. Neste mtodo
psicanaltico o terapeuta que convida aquele que sonha a dizer em que o faz pensar no o
sonho inteiro mas este ou aquele pormenor, mas, ao contrrio do procedimento da chave dos
sonhos, aquele que sonha que efectua o trabalho associando livremente as suas ideias a
respeito do sonho. No existe uma chave constante porque o mesmo contedo pode ter um
sentido diferente em indivduos diferentes e num contexto diferente. Alm disso h uma
dissociao entre aquilo que o sonho mostra e o sentido para que ele nos remete. Por isso na
interpretao h sempre a referncia a um enigma.
Sonhos de comodidade: Surgem como guardio do sono e normalmente no necessitam de
interpretao (ex: sonho que estou a beber gua quando tenho sede durante o sono). O sonhos
das crianas esto muitas vezes relacionados com a pura realizao de um desejo.
Freud constata que alguns sonhos so muito rpidos, lacnicos, mas que a associao livre de
ideias faz com que parea que nunca mais acaba.
A noo central da teoria dos sonhos de Freud que o sonho a realizao disfarada de
um desejo (reprimido/recalcado). Reprimido porque h um disfarce, uma dissociao, o que o
sujeito me diz no tudo. Freud pouco mexeu nesta noo ao longo da sua vida.
Freud fala do contedo manifesto, que relatado pelo paciente e que remete para um contedo
latente, que surge pela associao livre de ideias.
H uma censura entre o inconsciente e o pr-consciente que faz com que a totalidade do
sonho no passe, parte dele fica retida no inconsciente. Muitas vezes o contedo latente tem
que se disfarar para passar na censura o que faz com que o sonho parea desarticulado. Nas
crianas, isso j no acontece, a noo de censura ainda no est totalmente desenvolvida nelas
e os sonhos aparecem mais lmpidos, mais genunos.
No sono, a censura relaxa um pouco e deixa parte do sonho passar. No sonho, existem
smbolos que representam o disfarce (o sonho o preso que quer fugir da priso, escapar
censura e ao inconsciente e ir para o domnio do consciente, e para tal, veste-se de guarda para
poder passar pelas grades = censura).
Muitas vezes, os adultos tm sonhos em que as dimenses no so to claras porque esto
associadas a coisas penosas. Aqui, o contedo manifesto resultado de uma deformao, de
um disfarce. Este disfarce resulta do desejo considerado condenvel que se aparecesse no
sonho, segundo Freud, perturbaria o sujeito, fazendo-o acordar.
Os sonhos usam restos diurnos (impresses do dia anterior) ou impresses da infncia que
achvamos esquecidas, sem importncia. O essencial acaba por ser o acessrio e o acessrio
acaba por ser o essencial deslocamento resultante da censura.
Processos envolvidos no sonho:
1. Trabalho da Condensao: Um determinado elemento aparece como resultado de vrios
elementos (subdeterminao). Ex: uma personagem do sonho pode condensar diversas
personagens.
2. Trabalho do Deslocamento: Resulta da transferncia de uma intensidade psquica de um
elemento para outro, de forma a que aqueles que ficam sem intensidade psquica possam
passar pela censura. Deixa na sombra aqueles cuja importncia a anlise vai desvendar.
3. Trabalho de Representao: transformao do pensamento do sonho em imagens visuais
carregadas de sentido.
4. Elaborao Secundria: Consiste em apresentar o contedo onrico sob a forma coerente
e inteligvel. Acontece habitualmente quando tentamos organizar o contedo do sonho,
numa fase pr-consciente.
5. Dramatizao - Consiste em transformar o guio em cenas (pensamento numa situao).
Este elemento foi introduzido mais tarde.
NOTA: A condensao e o deslocamento combinam-se frequentemente nos sonhos pois fazem
parte de um processo de transformao que opera entre o contedo latente e o manifesto
(disfarce).
Intemporalidade no sonho o tempo altera-se.
Sonho simblico o smbolo permite que a pessoa escape censura (ex: smbolo sexual)
Sonhos de repetio - H sonhos que fogem noo central de que so manifestao de um
desejo. Os sonhos traumticos repetem-se.
Pesadelos- O processo de recalcamento responsvel pela aco de censura, instaura-se com a
educao e vai transformar em desprazer os estados afectivos que eram de prazer. (d-se um
transformao). A realizao do desejo transforma-se em desprazer e o disfarce no suficiente
para que o sonho cumpra a sua funo de guardio do sono. A censura nestas alturas est no seu
Lapsos lingusticos - No me apetece dar aula e digo: Vamos terminar a aula. em vez de
comear. Exprime o desejo de no querer dar aula.
Lapsos de leitura e de escrita - Na maior parte dos casos o desejo secreto do sujeito leva-o a
alterar o que l ou escreve, introduzindo o que lhe interessa ou o que o preocupa.
3. A Metapsicologia
A metapsicologia a parte terica da psicanlise, o outro nome da psicologia do
inconsciente; d-se o nome de psicanlise a:
1. Um mtodo de investigao dos processos psquicos que, de outro modo, so
pouco acessveis a metapsicologia ser a teoria destes processos psquicos
inconscientes;
2. Um mtodo de tratamento das perturbaes neurticas que se baseia nessa
investigao a metapsicologia extrair o seu material da experincia clnica
adquirida no terreno da investigao dessas perturbaes neurticas tomadas
genericamente;
3. Uma srie de concepes psicolgicas adquiridas por este meio, que
progressivamente se desenvolvem em conjunto at se tornarem numa nova
disciplina cientfica a este nvel que a metapsicologia exprime todo o seu
alcance: vai dotar a psicanlise destes aspectos que condicionam o seu acesso,
a prazo (na medida em que se trata de um trabalho em curso, sem fim vista)
ao estatuto de disciplina cientfica.
A metapsicologia consiste em explicar e em considerar de forma precisa o prprio
fundo da coisa analtica; exprime, portanto, a dimenso de profundidade da psicologia
dita das profundezas.
A explicao metapsicolgica consiste, portanto, em projectar qualquer fenmeno
psiquico segundo as abcissas e ordenadas ou o espao imaginrio escolhido. A
metafsica designa o tipo de racionalidade alternativa psicologia e metafsica
que visa identificar as hipteses tericas de uma psicologia do inconsciente por
meio de uma representao do aparelho psquico, sustentado por uma concepo dos
processos psquicos com base nas coordenadas tpicas, econmicas e dinmicas -,
dotando assim o material clnico de um modo de conhecimento ad hoc, satisfazendo a
dimenso especulativa exigida pelo enigma do inconsciente.
O sonho introduz-nos na metapsicologia. As diversas concepes de sonho levaram Freud a
esboar um modelo tpico do aparelho psquico ternrio: consciente, pr-consciente consciente e
o inconsciente.
A metapsicologia a teoria dos processos psquicos inconscientes. o que sustenta a teoria
Psicanalitica (que investiga os fenmenos do inconsciente). Visa identificar as hipteses tericas
de uma psicologia do inconsciente por meio de uma representao do aparelho psquico,
sustentado por uma concepo dos processos psquicos com base nas coordenadas
metapsicolgicas:
Tpicas: Tem a ver com os lugares do aparelho psquico chamados instncias dimenso espacial.
Dinmicas: Tem a ver com as foras que operam no psiquismo e de natureza inconsciente;
conflitos subjacentes entre os diversos sistemas (teorias do recalcamento, da angstia,
etc.).
Econmicas: Tem a ver com a energia que colocada em jogo neste processo, as
quantidades de energia necessrias (modelo libidinal-pulsional; modelo narcsico).
Do ponto de vista Tpico oferece uma representao espacial do aparelho psquico (mesmo que
fictcia) Esta parece ser nas definies da metapsicologia, a definio central. Freud distingue 2
tpicas:
Consciente
Ego
(papel central)
Super-ego
(foras inibidoras)
Id
(foras propulsoras)
Zona de Conflitos
intersistmicos est entre o
Consciente e o
Iinconsciente e est
em conflito com o
Super-ego e o Id
(tem que ter em
conta a realidade
Inconsciente
O Ego, com os seus mecanismos de defesa vai ter que conciliar todos os conflitos. O Super-ego
tem percursores que ocorrem antes dos 3 anos. Fala-se de um super-ego precoce, que resulta da
educao precoce e evolui por vrias fases. A delinquncia pode resultar de falhas na formao
do super-ego jogo de conflitos.
Existem foras pulsionais (do id, presentes no inconsciente) e foras da realidade (do super-ego,
presentes no consciente).
Definio - Freud define pulso como o conceito entre o psquico e o somtico Conceito fronteirio
entre o mental e o fsico.
Pulses vs. Instintos - O instinto um mecanismo biolgico inato (animal) que garante a
preservao do indivduo. Por outro lado, a pulso um impulso que tem origem numa excitao
corporal, vai ter o objectivo de suprimir a tenso atravs do encontro com o objecto. Est
associado ao Princpio do Prazer pulses de natureza animal, que tm de ser satisfeitas.
Condiciona alguns comportamentos, no sentido em que estes so todos dirigidos para a
satisfao desses mesmos desejos de natureza animal. Temos ento:
Foras inibidoras
2 Teoria - Pulses de vida vs. Pulses de morte. (A 2 Teoria trata-se de uma reformulao da 1
Teoria, as Teorias no so distintas)
Pulses de morte (tendncia para o zero absoluto) - a pulso de morte a tendncia a
conduzir o ser vivo (organismo) a um caso quase inanimado, destrutivo (destruio de
ligaes, relaes e auto-destruio). Freud chega s pulses de morte atravs da
compulso (compulso repetio). A pulso de morte est ao servio da destruio, da
morte.
Pulses de vida (tendncia para a preservao da vida): a pulso de vida a tendncia
para a continuidade da vida. As pulses sexuais e do ego esto integradas nas pulses
de vida.
3.2. Teoria da Sexualidade infantil (4trab. Trs ensaios sobre a teoria da Sexual.)
Freud verificou que os pacientes histricos relatavam episdios de traumas sexuais na infncia.
Mas Freud perguntou-se: Ento todos os pais so responsveis por isto?. Concluiu que estas
Fase Oral: Ocorre ao longo do primeiro ano de vida que consagrado preenso
tomada de alimentos mas tambm de informao em sentido lato:
Zona ergena (fonte pulsional): a zona buco-labial, prolonga-se at s vias
aero-digestivas (vias at ao estmago e pulmes),ou seja os rgos da
fonao,e tambm os rgos sensoriais (viso, tacto - pele);
Objecto pulsional: seio ou seu substituto no incio o prazer apoia-se na
alimentao (mamar), mas depois mas depois tambm o chuchar no dedo,
entre outros est associado ao sentido da sobrevivncia, mas d prazer e
auto-ertico.
Alvo pulsional duplo: prazer auto-ertico por estimulao da zona ergena
(oral) e desejo de incorporao dos objectos.
Karl Abraham divide esta sub-fase em 2 sub-sub-fases: fase oral primitiva
(ocorre nos primeiros 6 meses) e est associada a uma absoro passiva;
fase oral tardia (ocorre no segundo semestre de vida) e designada como fase
sdico-oral a suco complementada pela mordedura, comeam a
aparecer os primeiros dentes (mais activa).
Nesta fase o desmame representa o conflito relacional especfico. Ela deve ser
compensada por um reforo do holding da parte da me, ou seja, uma acentuao da
funo de conteno fsica e psquica (pelo tocar, olhar ou pela palavra). Se o
desmame for tardio, no decorrer da fase sdica oral, ser vivido com uma punio ou
uma frustrao. Se por outro lado for precoce, antes do investimento libidinal se
deslocar para outros objectos, a criana corre o risco de permanecer fixada numa
relao do tipo oral passivo (ver tenso/ausncia).
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Puberdade e adolescncia: Freud fala de uma crise, a crise da adolescncia: assistese a um brutal retorno das pulses e o ego invadido por angstias pulsionais latentes
e ele tem que se defender o adolescente adopta mecanismos de defesa
(intelectualizao, fechamento, etc.). H uma reactivao do Complexo de dipo,
aparecem os substitutos parentais (professores, dolos). uma fase que se
caracteriza por actividades masturbatrias hiperculpabilizadas e que podem levar o
adolescente a graves inibies. Laufer e Blos caracterizam a adolescncia como a
fase da expanso, do alargamento para outros objectos e relaes dos conflitos com
os pais. Faz-se o luto das imagens dos pais.
Estas fases do uma noo de sequncia. Os conflitos nestas fases criam pontos de
fixao: passa-se para uma fase seguinte, mas ainda com conflitos por resolver da fase anterior.
Mais tarde, pode-se dar uma regresso a esses pontos de fixao antigos, os pontos de fixao
actualizam-se.
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Theodor Meynert, Professor e Neurofisiologista no Hospital Geral de Viena realiza estudos acerca da
emoo e a sua localizao cerebral (Neuroanatomia)
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Freud experimentou cocana nas dcadas de 80/90 (sc XIX) cria uma polmica no sentido do controlo
dor: Freud experimentou cocana no sentido de experimentar uma nova forma de controlar a dor
(demasiado arriscada)
Dcada 20 tratamento com morfina ao cancro do maxilar leva Freud a um enfraquecimento brutal da sua
dentio
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O MTODO CATRTICO
Mtodo descoberto atravs do caso de Anna O
O mtodo de associao livre de ideias surge por sugesto da prpria paciente, que
pede licena para falar livremente, sem interrupes
Leva ao pensamento de que, falando acerca de seu problema livremente chegariam ao
ponto de partida do problema
H uma tentativa de compreender o discurso do paciente, mesmo que aparentemente
sem nexo
The Talking Cure:
- Freud nunca caiu na ingenuidade de que falar, o partilhar, seria somente o suficiente:
alivia mas no clarifica o problema
- Onde estamos a actuar a compreenso do fenmeno e como transformar continuam
a ser as 2 questes nucleares da investigao psicanaltica
* Freud no se preocupa apenas em actuar nos sintomas, anulando-os, mas sim em
actuar no sujeito, transformando as suas construes mentais da realidade
* A etiologia sexual
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* Introduo do conceito de
resistncia:
* Durante a sua Auto-Anlise, Freud passa por um perodo de solido (1897 1908),
tentando compreender o impacto da morte do seu pai nele, e a sua falta de motivao
para tudo.
* Durante os anos de solido:
- Surgem as primeiras publicaes;
- Abandona a hipnose;
- Surge a concepo do mtodo de associao livre;
- Desmistifica a Neurose como sendo um conflito intra psquico, e no resultado de
magia ou feitiaria, como era ideia dominante na altura. Freud tenta dar significado
desorganizao e fragmentao do discurso de um neurtico Concepo da
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Em 1926, apresentou uma teoria revista da ansiedade, que ele agora via como
uma ameaa para o Self, em vez de ser uma manifestao de energia ertica ou
libido em excesso.
Um artigo breve mas muito influente sobre o fetichismo (1927), introduziu a ideia da
clivagem do Ego, que se mantm central para a psicanlise contempornea.
Melanie Klein - aceite por Ernest Jones e chamada por ele para
colaborar nos seus projectos, aps ter trabalhado com crianas,
juntamente com Abraham. Na dcada de 20 surgem algumas
polmicas sobre Melanie Klein e Anna Freud, pelo facto de Klein ter
um estilo de escrita mais rudimentar, dando uma noo de
brutalidade errada, e at mesmo uma certa intruso (pelo facto dela
interpretar tudo). Anna Freud aplica as teorias de Freud de maneira
diferente do mesmo, defendendo que no possvel haver uma
transformao psquica nas crianas. Klein contraria esta afirmao,
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Anna Freud
Donald Winnicott
formao original)
Desenvolvida
*Prope a transferncia e contra-transferncia
*Revoluciona a ideia de trabalho terapeuta
* Em Frana:
Jacques Lacan dcada de 30-50. Com formao filosfica diferenciada, que lhe permite
uma capacidade de propostas enorme acerca da Teoria Psicanaltica atravs de uma
Racionalidade Elaborada
Contemporneos:
Pontalis e Laplanche
Andr Green
Joyce McDougall
Janine Chasseguet-Smirgue
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CIENTIFICIDADE DA PSICANLISE:
Estatuto epistemolgico do saber dos processos inconscientes
1800 1900
Aquilo que era considerado cientfico era muito diferente do objecto de estudo da
Psicanlise: a mente humana e os seus processos internos.
A realidade psquica era um meio extremamente difcil de estudar atravs de
mtodos cientficos, porm Freud ambicionou que a Psicanlise fosse colocada dentro
das Cincias Naturais. Isto provocou grandes crticas: como que a subjectividade
poderia ser influda dentro dos mtodos experimentais cientficos?
At hoje consideram as Cincias Sociais humanas como Cincia [Economia,
Geografia, etc.]
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* Apenas pelo facto de observarmos, estamos j a agir sobre o meio. No existe uma
imparcialidade total, pois mesmo que o observador no seja activo no grupo observado,
este afectado pelo simples facto de estar a ser observado por algum.
* A imparcialidade do acto de observar falsa h sempre ideias (mesmo que
inconscientes) que influenciam a maneira como observamos e relatamos o fenmeno
observado
Exemplo: 2 jornalistas independentes, com diferentes backgrounds, observam e relatam o mesmo
fenmeno de maneira muito diferente
* Existem factores de natureza inconsciente que influenciam muito a relao terapeutapaciente e influenciam a maneira como entendemos e observamos o que o paciente diz
* Se existe uma dificuldade to grande em observar objectivamente o que objectivo,
observar objectivamente o que subjectivo (inconsciente), era praticamente impossvel
ou se fosse possvel teria de ter uma metodologia muito rigorosa. Freud recorre ao
mtodo de interpretao dos sonhos.
* Ideia de tematizar o mundo mental aplicando diferentes metodologias s diferentes
realidades do mundo mental
* Freud desenvolve atravs do mtodo da Metapsicologia a ideia de que o pensamento
incompleto
* medida que se descobrem algumas reas, descobrem-se uma infinidade de aspectos
por descobrir
* Teorias da fsica: descobre-se que haviam sempre factores da realidade que interferiam
com as descobertas feitas
Exemplo: movimento de corpos, influncia do vento, etc.
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* Apresenta
- 1 Conceitos fundamentais (pulso, libido, etc.)
- 2 Ordenados e inseridos em conjuntos, mas com tolerncia determinao
relativa dos conceitos
- 3 Permitia a oposio a dogmas (o risco de ter uma viso pr-determinada do
mundo) Mtodo da Associao Livre
* Freud apresenta uma lgica cientfica de pr prova as suas prprias teorias tentativa
de despistar dogmas
A Psicanlise apresenta realmente uma aquisio de conhecimentos, articulveis e em
coerncia, fundamentando enunciados transmissveis por meio de uma linguagem
produtora da sua prpria universalidade, e mais apropriada singularidade do seu
objecto de estudo.
Linguagem prpria da psicanlise conceitos prprios e diferentes dos conhecidos pelo
senso comum
Exemplo: o conceito de luto interno (quando acontece alguma mudana brusca, h sempre uma
perda interna, que exige um luto interno do que se perdeu) difere do conceito de luto normal; sexualidade
Genitalidade
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1. Ausncia de contradio
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Uma mesma coisa pode ser 2 coisas contraditrias: os bebs tanto querem muito
algum objecto, como o deitam fora. Outro exemplo, na patologia Borderline durante a
adolescncia, querem o que no tm, ou seja, h uma natureza emocional paradoxal.
O sujeito nega e deseja simultaneamente no seu inconsciente (2 coisas
contraditrias coexistem mas no so consciencializadas):
A+B=C
=> verdade
A+BC
=> verdade
2.
Sem
Atemporal
dimenso
de
sequncia
temporal
Quando algo existe no inconsciente, existe apenas. No existe nem mais cedo nem
mais tarde, existe simplesmente. Aquilo que pensamos estar resolvido conscientemente,
mesmo que tenha acontecido na infncia ou at antes, pode fazer-se sentir de maneira
diferente e exprimir-se de maneira diferente tambm, a nvel do inconsciente. No h
diferenciao de acontecimentos mais ou menos antigos/recentes.
Por exemplo, tanto podemos sonhar com algo que nos perturbou h 10 anos, e ao mesmo tempo
com algo que nos aconteceu ontem ou durante esse mesmo dia. Todas as vivncias e memrias
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Exemplo 1: As ecografias antigamente no eram quase existentes as fantasias inconscientes
acerca de como seria o beb eram chocadas pela imagem muito distorcida da ecografia, provocando uma
enorme perturbao e ansiedade na me.
Exemplo 2: A ginstica para grvidas causava um maior nvel de ansiedade, pois, durante a mesma
havia uma partilha de experincias de outras mulheres acerca do parto delas. Essa troca provocava maior
ansiedade pois era trabalhada inconscientemente pelas grvidas que nunca tinham tido filhos antes.
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Princpio da Realidade
Super Ego
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Pulses
* Entidades do Aparelho Mental, em constante dinamismo:
*Id
*Ego
*Super Ego
* Super Ego Trabalho de censura e delimitao da realidade, mostrando o que se pode
ou no fazer. uma estrutura capaz de cooperar com a frustrao da realidade face aos
seus desejos e pulses (Id).
Inconsciente
Princpio do Prazer
Id
Consciente
Princpio da Realidade
Super Ego
* Na estrutura do Super Ego tem que existir uma capacidade de delimitao e modelao
da Realidade. Este o papel do Ego.
* Ego Funo da Realidade: organizador da estrutura do Super Ego, pela interiorizao
da realidade, dos seus princpios (o que se pode ou no fazer)
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Escolas Psicanalticas
1 - Freudiana
2 - Teoria das relaes objectais
3 - Psicologia do Ego
4 - Psicologia do self
5 - Escola francesa
6 - Winnicott
7 Bion
Definies da Metapsicologia
1. Psicologia do inconsciente (1904)
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2. Uma apresentao que, a par do factor tpico e do factor dinmico procure ainda
analisar o factor econmico, seria o que de mais completo podemos apresentar
actualmente, e mereceria ser distinguida com o nome de apresentao
metapsicolgica (1920)
3. Sem uma especulao e uma teorizao dirias quase uma fantasmizao
metapsicolgicas, no se avana um passo daqui (1937)
* Metapsicologia superstrutura terica, que designa o tipo de racionalidade
alternativa psicologia e metafsica que visa identificar as hipteses tericas de uma
psicologia do inconsciente por meio de uma representao do aparelho psquico,
sustentado por uma concepo dos processos psquicos com base nas coordenadas
tpicas, econmicas e dinmicas dotando assim o material clnico de um modo de
conhecimento ad hoc, satisfazendo a dimenso especulativa exigida pelo enigma
do inconsciente. (A. Mijolla, 1999, p. 267)
Metapsicologia
* O Inconsciente (conceptualizaes e propriedades)
* Dinamismo mental: inconsciente e consciente
* O princpio do prazer
* O processo primrio e secundrio
* Cura e Desenvolvimento
* Pulso
* Pulso e conflito
* Pulso de Morte
As coordenadas metapsicolgicas e sua evoluo conceptual
A dimenso tpica
A dimenso econmica
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A dimenso dinmica
Os princpios explicativos do mundo mental:
O modelo do afecto trauma
O modelo topogrfico
O modelo estrutural
Metapsicologia
Conflito e os processos de recalcamento e a censura
O conceito de libido
Pulses parciais, objectos parciais e libido
Metapsicologia
Desenvolvimento Psicossexual
Fixao
Regresso
O que faz que surjam conflitos intra psquicos [sintomatologia] de natureza inconsciente?
Como se concebem os processos de censura/recalcamento?
1. CONFLITO
O conflito est ligado a 2 factores:
- Oposio pulso
- Estruturas egicas e/ou superegicas
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* Nas relaes sociais conseguimos saber se algum do grupo est interessado noutro,
pelas atitudes, etc., que nos levam a compreender antes do prprio sujeito que ele est
apaixonado.
Actividades pulsionais que no so percepcionadas pelo sujeito de maneira consciente
leva a que o sujeito negue esses sentimentos
Desvio de natureza inconsciente, que traz um estado de ansiedade/tenso
inexplicveis
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Vs
* No comemos um brigadeiro porque no queremos engordar
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Objecto total
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Vs
Ego/Superego = Conflito
Pulso parcial
* Exemplo 1: cegueira esttica pulso de olhar para algo que tem uma forma de natureza repressora
(superego) inconscientemente h um corte sobre a sua percepo (a dor provocada pela viso dessa
percepo leva a reprimir esse sentido. Funcionamento semelhante a nvel psicolgico.
* Exemplo 2: quando temos um acidente grave automaticamente o corpo faz alteraes na sua actividade
que leve a uma anestesia momentnea
*
Censura internamente para haver sintoma, essa noo de compromisso est ligada
ao procedimento por parte de qualquer estrutura de cortar alguns aspectos das
actividades de natureza pulsional e deformam-na
Exemplo: um colega que tem namorada e interessa-se noutra rapariga, todos entendem a situao,
mas ele prprio nega-a. A censura leva-o a dizer que s falou com ela por causa do curso.
Censura:
- Como acontecimento em si, ou seja, enquanto aco
Exemplo: documento censurado
3. PROCESSO DE RECALCAMENTO
Recalcamento: quando um conflito afastado da conscincia e mantido a
Dinamismo criado pode resultar em 2 situaes:
- Conflito ainda maior vontade de sair para fora o que est reprimido
-Equilbrio entre o afastamento e manuteno dessa distncia da conscincia
afastando o sentimento de ansiedade; h um afastamento do conflito em si e da
sintomatologia a ele associado
*
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* Preeminncia desta
Sadomasoquistas.
necessidade
de
controlar
ser
controlado
nas
ideias
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Na fixao por sapatos, o sujeito fica fixado no objecto (sapatos) e esquece-se da pessoa que usa
esses sapatos (o todo).
* muito mais fcil estabelecer uma relao com o objecto parcial do que com o objecto
total, porque assim no fica to exposto ao sofrimento nem to dependente do objecto
total no h um envolvimento to grande, logo, no h um sofrimento to grande
Exemplo: pessoas que no conseguem construir uma relao com algum, no mudando muito,
no conseguimos tolerar o sofrimento que se vai organizando dentro de si.
Desenvolvimento psicossocial:
Exemplo de relacionamentos de natureza anal: sadomasoquistas: controlo e sou controlado,
baseado na oralidade e na necessidade de saber que o outro est l.
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* Regresso: Ests a ser infantil, o que ouvimos quando lidamos com a realidade
como o fazamos na infncia, por exemplo, quando choramos face a um problema.
Aquilo que se passa no mundo infantil poder s por si desencadear um estado mental
na fase adulta perspectiva muito determinista
* Sabe-se que a infncia influencia muito o estado adulto, mas que esta determina a
outra, no provado cientificamente
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* Sugere uma situao actual que remete para a infncia anamnese (histria
desenvolvimental do sujeito) e uma tolerncia a criana interna. Estados de maior
maturidade do sujeito de entender o que foi ser criana e tolerncia em poder
contactar com o seu mundo interno e algumas estruturas menos desenvolvidas.
* A psicanlise prope a Teoria das origens do mundo mental, com sugestes de que a
auto-estima tem a ver com um sentimento criado ao longo da sua histria de
desenvolvimento
* Capacidade de diferenciar o que o sujeito e as outras pessoas pensam acerca dele
mesmo e da realidade
Tentativa de explicar os sentimentos de identidade do sujeito
Origens do
Mundo Mental
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Contacto oral numa fase inicial, a sensibilidade da via oral hiper-estimulada (o beb
leva tudo o que encontra boca)
Incorporao algo que est fora de ns passa a pertencer-nos, por exemplo, aprender
algo tem um processo de natureza oral inerente, de incorporao de conhecimento.
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Ligados a pulses
de natureza
epistemoflica de
Fusionalidade/fuso das
aquisio do
Caractersticas do outro
conhecimento
(incorporar conhecimento e informao)
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* Desvio do controlo do uso de uma zona anal (nus) e para a funo anal que ela remete
o sujeito passa a ter um sentimento maior de auto-controlo que surge mais tarde com
a linguagem (eu falo porque quero, quando quero e o que quero)
* Funo atribuda ao nus de maior ou menor domnio da actividade activa ou passiva de
descarga ou reteno das fezes actividade consciente de auto-controlo
* Independentemente do timing do auto-controlo, tem uma actividade mental consciente:
eu fao coc quando quero, e no depende de ningum para controlar as suas fezes
ou no Funo mental de auto-domnio e auto-controlo (controlo de uma pulso de
natureza interna
* Mais tarde surge a capacidade de auto-controlo em diversas situaes da vida (por
exemplo, quando nos apetece chorar mas controlamo-nos)
* Pulso parcial de domnio prprio e capacidade de querer ou no dominar algo fora de
si
* Nesta fase h uma aprendizagem da capacidade de reter ou expelir questes de
natureza interna o que quero ou no mostrar, ou o que quero ou no reter para mim
aprendendo tambm a partilhar ou guardar sentimentos, ideias, emoes (de natureza
inconscientes)
Exemplo: guardar um segredo ou cont-lo a algum
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* Preeminncia desta
Sadomasoquistas.
necessidade
de
controlar
ser
controlado
nas
ideias
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Exemplo: perverso incapacidade do sujeito reconhecer o objecto na sua totalidade. Fixao de
um determinado tipo de natureza mental que pode ter vrias expresses comportamentais. O sujeito
tem dificuldade em funcionar sem ser num determinado registo.
Na fixao por sapatos, o sujeito fica fixado no objecto (sapatos) e esquece-se da pessoa que usa
esses sapatos (o todo).
* muito mais fcil estabelecer uma relao com o objecto parcial do que com o objecto
total, porque assim no fica to exposto ao sofrimento nem to dependente do objecto
total no h um envolvimento to grande, logo, no h um sofrimento to grande
Exemplo: pessoas que no conseguem construir uma relao com algum, no mudando muito,
no conseguimos tolerar o sofrimento que se vai organizando dentro de si.
Desenvolvimento psicossocial:
Exemplo de relacionamentos de natureza anal: sadomasoquistas: controlo e sou controlado,
baseado na oralidade e na necessidade de saber que o outro est l.
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Aquilo que se passa no mundo infantil poder s por si desencadear um estado mental
na fase adulta perspectiva muito determinista
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* Sabe-se que a infncia influencia muito o estado adulto, mas que esta determina a
outra, no provado cientificamente
* Sugere uma situao actual que remete para a infncia anamnese (histria
desenvolvimental do sujeito) e uma tolerncia a criana interna. Estados de maior
maturidade do sujeito de entender o que foi ser criana e tolerncia em poder
contactar com o seu mundo interno e algumas estruturas menos desenvolvidas.
* A psicanlise prope a Teoria das origens do mundo mental, com sugestes de que a
auto-estima tem a ver com um sentimento criado ao longo da sua histria de
desenvolvimento
* Capacidade de diferenciar o que o sujeito e as outras pessoas pensam acerca dele
mesmo e da realidade
Tentativa de explicar os sentimentos de identidade do sujeito
Origens do
Mundo Mental
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* Aparelho mental forma como lidamos com a nossa realidade e a realidade externa
* Estados, Fases ou Epignese Desenvolvimentais?
Apenas na Teoria estratificao muito rgida e pouco fiel prtica. Nada
nos garante que as fases passem na sequncia demonstrada apenas uma ajuda na
organizao.
Exemplo: luto (sentimento de perda face a determinada circunstncia).
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A cientificidade e a Psicanlise
Metapsicologia e Psicanlise
Modelos da mente e origens e desenvolvimento do mundo interno
Mecanismos de defesa e processos comunicacionais internos
Sonhos, simbolismo e imaginao criativa