Numeros Irracionais
Numeros Irracionais
Numeros Irracionais
CDU 511(07)
Ficha catalogrfica elaborada pela Biblioteca do IBILCE
UNESP - Cmpus de So Jos do Rio Preto
Banca Examinadora:
AGRADECIMENTOS
Primeiramente, sempre a Deus, que nos brindou com sade para a realizao
deste. Por sempre estar presente, iluminando o nosso caminho.
Aos meus familiares, que sempre estiveram presentes na minha vida,
educando, orientando, incentivando e torcendo pelo meu sucesso.
Aos meus familiares por considerao, pelo apoio e incentivo nos momentos
difceis e por toda torcida durante esse perodo.
Ao Prof. Dr. Joo Carlos Ferreira Costa, pela tranquilidade e pacincia e,
acima de tudo, competncia com que conduziu a orientao deste trabalho. Muito
obrigado por todas as excelentes sugestes e ensinamentos, sem os quais seria
impossvel a concluso deste trabalho.
Coordenao do PROFMAT e a todos os docentes do Departamento de
Matemtica envolvidos neste importante projeto. Sem essa iniciativa provavelmente
eu jamais seria incentivado a voltar aos estudos e me qualificar melhor como
profissional.
Aos colegas de curso, pela amizade, incentivo, exemplo e determinao.
Especialmente ao Michel Mir, pelo companheirismo nos incontveis sbados e
domingos de estudos e preparao para as avaliaes e qualificao. Agradeo
tambm as inmeras correes em meus inmeros erros de clculos.
Ao meu grande amigo Jos Augusto Coelho por todo o incentivo dado para
que eu voltasse aos estudos e por todo o interesse apresentado durante esse
perodo. Agradeo tambm as valiosas sugestes dadas durante o processo de
elaborao dessa dissertao.
A todos, que direta ou indiretamente, fizeram parte deste belssimo momento
de minha vida.
RESUMO
Palavras-chave:
Transcendentes.
Nmeros
Irracionais.
Nmeros
Algbricos.
Nmeros
ABSTRACT
SUMRIO
INTRODUO ................................................................................................................11
CAPTULO 1 NUMEROS E CONJUNTOS NUMRICOS...............................................14
1. A ideia de nmero ......................................................................................... 14
2. Conjuntos Numricos .................................................................................... 16
2.1 Nmeros Naturais..................................................................................... 16
2.2 Nmeros Inteiros ..................................................................................... 17
2.3 Nmeros Racionais.................................................................................. 19
2.4 Nmeros Irracionais ................................................................................ 20
2.5 Nmeros Reais......................................................................................... 21
2.6 Nmeros Complexos ............................................................................... 23
2.7 Conjuntos Numricos x Solues de Equaes ...................................... 24
CAPTULO 2 RESULTADOS PRELIMINARES............................................................. 25
CAPTULO 3 NMEROS IRRACIONAIS: UMA ABORDAGEM .................................. 32
1. Fraes Contnuas e Irracionalidade ............................................................. 32
2. Existem Muito Mais Nmeros Irracionais que Racionais ............................... 36
3. O Nmero 2 Irracional .............................................................................. 39
11
INTRODUO
O nmero a alma das coisas (Pitgoras, data desconhecida). A frase
anterior, proferida por um dos mais conhecidos matemticos de todos os tempos,
sintetiza de maneira brilhante uma importante rea do conhecimento matemtico: a
teoria dos nmeros. A matemtica conhecida como a cincia das formas e, claro,
dos nmeros. O desenvolvimento das teorias matemticas sempre esteve atrelado
ao desenvolvimento do conceito de nmero. Assim, no podemos menosprezar a
importncia desse conceito para a matemtica. Mas claro que tambm no se
pode afirmar que a matemtica trata apenas de nmeros, como muitos chegam a
pensar.
importante ressaltar que tal desenvolvimento mencionado ocorreu de forma
extremamente lenta e muitas vezes polmica. Foram milhares de anos para se
desenvolver ideias que muitas vezes so tratadas hoje como triviais, e existe um
grande perigo nisso, principalmente quando se trabalha com educao matemtica.
Muitas vezes podemos achar estranho que um aluno tenha dificuldades em entender
como funcionam as regras de sinais quando operamos com nmeros negativos, ou
ento, o que significa um nmero ser racional ou irracional, mas quando pensamos
dessa forma acabamos nos esquecendo do quo lento foi o desenvolvimento e
tambm a aceitao de determinadas propriedades e classes de nmeros. Devemos
sempre nos perguntar: ser que os grandes matemticos, das mais variadas
pocas, no tiveram dificuldades em aceitar e compreender as operaes com
determinados tipos de nmeros? Ser que no natural que nossos alunos tambm
apresentem algumas dificuldades com isso? Alguns conceitos que levaram milhares
de anos para serem desenvolvidos acabam sendo trabalhados em apenas alguns
meses em sala de aula e esse tempo muitas vezes no suficiente para que o aluno
compreenda alguns detalhes mais abstratos da teoria.
Dessa maneira, este trabalho tem por objetivo trazer algumas informaes
que podem ser de grande utilidade para alunos e tambm para profissionais que
lidam com a educao matemtica em nvel bsico. Tentamos trazer algumas
informaes interessantes a respeito das mais variadas classes numricas com
nfase especial a duas delas, que so pouco abordadas ao longo da educao
bsica: os nmeros irracionais e transcendentes. Nosso objetivo no , de maneira
12
exemplo, mas pouco contado a respeito de suas histrias. Este outro ponto
importante que gostaramos de abordar. Uma das partes do trabalho se ocupa da
demonstrao, de vrias maneiras diferentes, da irracionalidade do nmero 2 e
13
14
CAPTULO 1
NMEROS E CONJUNTOS NUMRICOS
1. A IDEIA DE NMERO
Segundo Lima ([9] 2006, p.25) os nmeros so um dos dois objetos principais
de que se ocupa a matemtica, o outro o espao, junto com as figuras nele
contidas. A frase anterior nos d uma noo do quo importante a noo de
nmero para o desenvolvimento dos conceitos matemticos. Em primeira instncia
podemos dizer que nmeros so usados na matemtica com dois objetivos
principais: contagens e medidas. Quando trabalhamos com contagens, estamos
usando grandezas que so chamadas discretas e o o resultado um nmero inteiro.
Caso trabalhemos com uma medio, a grandeza chamada contnua e o nmero
chamado de nmero real.
Para entender melhor essas ideias e as diferenas que existem entre os
diferentes tipos de nmeros devemos ter condies de classificar e agrupar os
nmeros de acordo com caractersticas comuns a eles. Este tipo de classificao
pode ser obtido estudando-se os conjuntos numricos.
Deus fez os nmeros naturais, o resto criao do homem. Esta frase,
proferida por Leopold Kronecker, matemtico alemo que viveu entre 1823 e 1891,
tem a capacidade de sintetizar de maneira simples e objetiva a histria da apario
dos conjuntos numricos. Nmeros naturais vieram pela primitiva e simples
necessidade de organizao e contagem. Os outros tipos de nmeros surgiram da
necessidade de se resolver problemas do dia-a-dia. Alguns desses problemas
intrigaram matemticos por centenas ou at mesmo milhares de anos e outros
problemas parecem ainda no ter soluo. Entretanto, engana-se aquele que
imagina que nmeros esto apenas relacionados resoluo de problemas
cotidianos. Muitos nmeros esto associados a problemas algbricos. o caso, por
exemplo, da unidade imaginria i que uma soluo da equao x = -1.
Desde os primrdios do desenvolvimento da humanidade encontramos a noo
de nmero e de suas generalizaes. Muitas vezes o desenvolvimento do conceito
15
exige
um
fenmeno
um
pouco
mais
complexo
<disponvel
em:
<disponvel
em:
HTTP://www.somatematica.com.br/numeros.ph.
acesso em 21/04/2014>.
Como j fora mencionado, no devemos confundir o conceito de nmero com o
processo de contagem. Podemos ter nmeros sem contagem e contagem sem
nmeros. Por exemplo, se uma pessoa entra em uma sala de aula podemos
identificar dois conjuntos, o das carteiras que esto na sala e dos alunos que
16
assistiro a uma determinada aula. Sem efetuar nenhum tipo de contagem podemos
dizer com certeza se estes dois conjuntos possuem ou no a mesma quantidade de
elementos e, se possurem quantidades diferentes de elementos, podemos tambm
determinar facilmente qual dos conjuntos possui maior quantidade. Se todas as
carteiras estiverem ocupadas e no houver alunos em p, o nmero de carteiras e
alunos igual; se houverem carteiras vazias sem alunos em p, existem mais
carteiras que alunos e, finalmente, se todas as carteiras estiverem ocupadas e
existirem alunos em p, existem mais alunos que carteiras. Este procedimento
possvel graas correspondncia biunvoca, a qual faz corresponder a cada
elemento do primeiro conjunto um nico elemento do segundo. Uma prova deste tipo
de procedimento est na origem da palavra clculo. Tal palavra se origina da palavra
latina calculus, que significa pedra. A pedra era o objeto usado para se estabelecer
essa correspondncia biunvoca entre quantidades para saber se eram iguais ou
qual delas era maior.
Pode parecer, primeira vista, que o processo de correspondncia biunvoca
fornece apenas um meio de relacionar, por comparao, dois conjuntos distintos,
isto , dizer se os conjuntos possuem a mesma quantidade de elementos ou qual
deles possui a maior quantidade de elementos, sedo incapaz de criar o nmero no
sentido absoluto da palavra. Contudo, a transio do relativo ao absoluto no
difcil. O processo utilizado foi a criao de conjuntos modelos, tomados do mundo
que nos rodeia, e fazendo cada um deles caracterizar um agrupamento possvel. A
avaliao de um dado conjunto fica reduzida seleo, entre os conjuntos modelos,
daquele que possa ser posto em correspondncia biunvoca com o conjunto dado.
2. CONJUNTOS NUMRICOS
2.1 NMEROS NATURAIS
Como j foi mencionado anteriormente, os nmeros naturais vieram pela
primitiva e simples necessidade de organizao e de contagem. Conforme a
humanidade evolua, as necessidades tambm evoluam, j que os sistemas sociais
tornavam-se cada vez mais complexos. Mas, com o progresso, tambm foi possvel
disponibilizar mais tempo para reflexes mais elaboradas. Isso ajudou a descrever o
17
conjunto dos nmeros naturais de forma concisa e precisa. Para isso vamos nos
valer dos axiomas de Peano, matemtico italiano dos sculos XIX e XX.
Denotaremos por N o conjunto cujos elementos so chamados de nmeros
naturais. A essncia da caracterizao de N reside na palavra sucessor.
Intuitivamente, quando n e n so nmeros naturais, dizer que n o sucessor de n
significa que n vem logo depois de n. Em outras palavras, no existem outros
nmeros naturais entre n e n.
Abaixo esto os axiomas de Peano, que so a base do estudo dos nmeros
naturais.
a) Todo nmero natural tem um nico sucessor.
b) Nmeros naturais diferentes possuem sucessores diferentes.
c) Existe um nico nmero natural, chamado um e representado pelo smbolo 1,
que no sucessor de nenhum nmero natural.
d) Se m e n so nmeros naturais tais que o sucessor de m igual ao sucessor
de n temos que m = n.
e) Seja X um subconjunto de N. Se 1 e se, alm disso, o sucessor de todo
elemento de X ainda pertence a X, ento X = N.
18
HTTP://mateeduc.blogspot.com.br/2010/04/historia-dos-numeros-inteiros.html
em
HTTP://mateeduc.blogspot.com.br/2010/04/historia-dos-numeros-
19
20
= ; , , 0.
21
A soluo encontrada e que, com certa relutncia foi finalmente adotada, foi a
de ampliar o conceito de nmero, e nesse momento foram introduzidos os
chamados nmeros irracionais. Com isso, fixando uma unidade de comprimento
arbitrria, qualquer que fosse o segmento de reta que tivssemos, poderamos
atribuir ao segmento uma medida numrica. No caso em que a medida do segmento
comensurvel com a unidade escolhida, sua medida um nmero racional (que
poder ser natural ou fracionrio) e no caso do comprimento do segmento ser
incomensurvel com a unidade estabelecida, sua medida um nmero irracional.
Nmeros irracionais tambm podem estar relacionados a problemas
algbricos, assim como os racionais, conforme veremos na subseo 2.7. Existem
muitos nmeros irracionais que possuem significativa importncia para a
matemtica. Ao longo deste trabalho citaremos alguns deles, contando um pouco de
suas histrias e aplicaes.
Geralmente denotaremos o conjunto dos nmeros irracionais por R Q.
(Figura 1)
A origem O divide a reta real em duas semirretas: a que contm o ponto X a
semirreta chamada positiva, e a outra semirreta a negativa.
Considere agora um ponto P na reta real. Se o segmento OX couber um
nmero inteiro de vezes em OP diremos que a abscissa de P um nmero natural,
se P estiver direita de O, ou um nmero inteiro negativo caso P esteja esquerda
de O.
22
De maneira mais geral, se um ponto P pertencente reta real for tal que, o
segmento OP comensurvel com o segmento OX, diremos que a abscissa de P
representa um nmero racional, podendo ser positivo ou negativo conforme P esteja
direita ou esquerda do ponto O.
Por ltimo, se o ponto P for tal que o segmento OP incomensurvel com
OX, diremos que p a abscissa de P. O nmero p ser considerado positivo se P
estiver direita de O e considerado negativo se P estiver esquerda de O.
Observe que dado um ponto P sobre a reta real s existem duas
possibilidades para o segmento OP (ser comensurvel ou incomensurvel com o
segmento OX). Assim temos que todas as medidas possveis de segmentos so
dados por nmeros reais, o qual ser representado por R, como o conjunto cujos
elementos so nmeros racionais ou irracionais. Isto ,
= ( ).
23
.
=
+ + =
0 1
0 1
+ +
X uma matriz quadrada de ordem 2, vamos definir =
24
+ = 1
+ = 0
+ = 0
+ = 1
(1.1)
0 1
geometricamente representa a rotao de um ngulo igual a
1 0
25
CAPTULO 2
RESULTADOS PRELIMINARES
Neste captulo apresentaremos alguns resultados que sero de fundamental
importncia para algumas demonstraes feitas ao longo deste trabalho.
Princpio da Boa Ordenao (PBO): Todo subconjunto no vazio S, dos nmeros
naturais, possui um elemento mnimo, isto , existe 0 , tal que 0 , para todo
.
elemento de S.
26
Princpio de Induo Finita (PIF): Seja P(n) uma propriedade relativa ao nmero
natural n. Vamos supor que:
i)
P(1) verdadeira.
ii)
( + 1)(2 + 1)
6
1(1 + 1)(2.1 + 1)
=1
6
( + 1)(2 + 1)
6
12 + 22 + 32 + + 2 + ( + 1)2 =
=
( + 1)(2 + 1)
+ ( + 1)2
6
27
0 < < 1.
Defina o conjunto = { ; 0 < < 1}. Como, por hiptese, existe um nmero
natural entre 0 e 1, temos que no vazio. Dessa forma, pelo PBO, existe um
nmero 0 o qual mnimo. Com isso 0 < 0 < 1. Agora multiplicando essa
desigualdade por 0 obtemos 0 < 02 < 0 < 1 (observe que como 0 < n0 < 1
temos 02 < 0 ) e dessa maneira 02 , mas isso contraria a minimalidade de 0 .
Dessa maneira no existe um nmero natural entre 0 e 1.
existem nmero naturais 1 e 2 tais que = 1 2 , com 1 < 1 < e 1 < 2 < . De
acordo com a hiptese de induo, temos que existem nmeros primos p1, p2,..., pr,
28
tambm que = e = , = 2, , .
o resultado segue.
ii)
() ()
.
29
(0 ) = lim
(0 ) chamada de derivada de em 0 .
(1)
() = + .
(2)
30
() = ( 1 )( 2 ) ( )
(2.1)
() = 1 1 + 2 2 3 3 + + (1)
(2.2)
1 = =1
(2.3.1)
3 = < <
(2.3.3)
2 = <
(2.3.2)
.
.
.
= 1 2
(2.3.n)
ii)
razes, 1 = 1 .
iii)
2 = 1 2
1 = 1 2 + 1 3 + 2 3
3 = 1 2 3
31
1 =
=1
2 =
<
3 =
< <
.
.
.
= 1 2
32
CAPTULO 3
NMEROS IRRACIONAIS: UMA ABORDAGEM
1. FRAES CONTNUAS E IRRACIONALIDADE
Seja =
0
1
0 = 1 0 + 2 , 0 < 2 < 1
1 = 2 1 + 3 , 0 < 3 < 2
2 = 3 2 + 4 , 0 < 4 < 3
.
.
.
Escrevendo =
(3.1)
1 = 1 + +1 , 0 < +1 <
+1
= +
+1
0 1 = aj
1
Quando i = 0 e i = 1, temos 0 = 0 +
0 + temos:
1
0 = 0 +
(3.2)
e 1 = 1 + . Substituindo 0 =
1
1 +
0 =
0
1
= 0 +
1
1
1 +
1
+
0
1
tem denominador positivo, mas essa suposio no pode ser feita sobre 0 e
portanto 0 pode ser positivo, negativo ou zero. Entretanto, sendo 0 < 2 < 1 0 <
33
1 3
2
1 +
1
+
Essa frao contnua ser chamada simples caso todos os sejam inteiros e
34
Exemplos 3.1: i) 11 = 3 +
ii)
63
5
= 12; 1,1,2.
11
(3.3)
1 ; 2 ,,
= 3; 11.
resultado seja vlido para uma frao contnua com k termos em sua representao
decimal. Queremos provar que o resultado vlido para + 1 termos em sua
representao.
0 +
1 ; 2 ,,
um
nmero
= 0 ; 1 , 2 , , racional.
racional.
Assim
nmero
34
positivos e 0 pode ser positivo, negativo ou nulo, determinam uma frao contnua
simples e infinita 0 ; 1 , 2 , . O valor de 0 ; 1 , 2 , definido como
lim 0 ; 1 , 2 , , .
2 = 0, 1 = 1, = 1 + 2 , 0;
2 = 1, 1 = 0, = 1 + 2 , 0.
1 + 2
.
1 + 2
2 2 = (1)
1 =
2 =
(1)1
1
(1)
2
35
so vlidas para 2.
Teorema 3.2 A sequncia definida na Proposio 3.2 satisfaz
0 < 2 < 4 < 6 < < 7 < 5 < 3 < 1 .
(1)
+1
+1
(1)1
podemos escrever +1 =
+1
0 < | | <
+1
, > 0. Ento,
0 <
<
.
+1
+1
36
teorema
enumerveis:
seguir
descreve
algumas
propriedades
de
conjuntos
37
tambm enumervel.
(3.4)
0, 1 2 3 4. ,
10
que pode
Quando for este o caso sempre optaremos pela representao decimal que
termina. Em outras palavras, eliminaremos as decimais da forma (3.4) que a partir
de certa ordem os elementos so iguais a 9. Vamos supor que os nmero reais do
intervalo [0,1) formam um conjunto enumervel.
0, 11 12 13
0, 21 22 23
0, 31 32 33
.
.
.
Agora construiremos o nmero:
(3.5)
38
0, 1 2 3 4.
natural n chamado nmero cardinal de . Por ltimo, diz-se que infinito quando
para um) para definir a noo de cardinal de . Por exemplo, todos os conjuntos que
tenham uma correspondncia com so ditos ter a mesma cardinalidade de (so
chamados enumerveis).
39
menor que a de o que mostra que existem mais nmeros irracionais que
racionais.
3. O NMERO IRRACIONAL
provavelmente possuem as histrias mais ricas. Uma parte deste trabalho ser
dedicada a tratar dos nmeros e e, mas no momento nos concentremos na
irracionalidade de 2.
apresentamos
algumas
demonstraes
interessantes
da
irracionalidade de 2.
temos que 2 =
2
2
ou ento 2 = 2 2 .
Logo 2 par e isso implica que par, isto , = 2, para algum inteiro.
Dessa maneira
2 2 = (2)2 2 = 2 2 .
40
temos que 2 =
2=
2
2
nmero em fatores primos, teremos que todo fator primo desse nmero tem
expoente par e assim o expoente de 2 em 2 necessariamente mpar.
qualquer fator primo ter expoente par. Isso significa que o expoente de 2 na
decomposio de ser par.
=2+
2+
= 2; 2,2,2, .
41
Figura 2
Observe ainda que
1
1
2
2
menor (igual a 1 21 ).
Afirmao:
= 2 + 1, 1.
1
1
= 2 + 1, podemos escrever:
1
1
1
1
=
=
=
=
= 2 + 1,
1 21 1 2 2 + 1 2 2 1
1
como queramos.
1
1 > .
42
1 +
=
= + 1 = 2 + 1.
1
menores envolve apenas a subtrao a partir dos lados + e . Por esse motivo
temos que um nmero inteiro para todo n. Na realidade vamos provar que
natural para todo n.
De fato como
Vamos supor por absurdo que < 0, para algum . Ento o PBO garante a
existncia de um 0 mnimo com essa propriedade. Mas
0
0
> 0 e da 0 tambm
2
2
= =
.
2 =
2 1
1
2 2
Lembrando que 1 < 2 < 2, podemos escrever 0 < < e com isso
43
CAPTULO 4
NMEROS ALGBRICOS E TRANSCENDENTES
As definies de nmeros algbricos e transcendentes so feitas atravs de
conceitos algbricos, mas as aplicaes desses nmeros vo muito alm de
questes algbricas. Nmeros algbricos e transcendentes aparecem nas mais
variadas reas da matemtica, como geometria, anlise, matemtica financeira,
entre outros.
Definio 4.1 Um nmero real ser dito algbrico se existir um polinmio no
nulo, com coeficientes inteiros, tal que seja raiz desse polinmio.
e no nulo.
(ii)
(iii)
(iv)
44
(4.1)
45
|| = | | + + |1 | + |0 | + .
(4.2)
exatamente razes complexas. Todas elas, algumas ou nenhuma delas podem ser
reais. Temos que o nmero de polinmios da forma (4.1) com uma dada altura
certamente um nmero finito. Sendo assim as razes de todos os polinmios de uma
dada altura formam um conjunto finito. Feito isso podemos observar que o conjunto
de todas as razes de todos os polinmios de todas as alturas formam um conjunto
enumervel. De acordo com o item iv) do Teorema 3.4 temos que a unio de um
conjunto enumervel de conjuntos finitos enumervel e com isso garantimos que o
conjuntos de todos os nmeros algbricos enumervel.
Teorema 4.2 O conjunto dos nmeros transcendentes no enumervel
Demonstrao: De acordo com o Teorema 4.1 temos que o conjuntos dos nmeros
algbricos enumervel. Agora, de acordo com o Teorema 3.5 o conjunto R dos
nmeros reais no enumervel e com isso conclumos que o conjunto dos
nmeros transcendentes deve ser no enumervel uma vez que R se escreve como
a unio desses dois conjuntos.
1. OS NMEROS DE LIOUVILLE
O Teorema 4.2 nos garante a existncia de nmeros transcendentes. Tais
nmeros existem e em profuso, mas o teorema no nos d explicitamente nenhum
nmero transcendente. Foi o matemtico francs Joseph Liouville, em 1851, que nos
apresentou um critrio para que um nmero seja transcendente. Usando esse
critrio ser possvel escrever explicitamente alguns nmeros transcendentes.
Antes de apresentar tais nmeros necessitamos de algumas definies e
resultados importantes.
Definio 4.3 Diz-se que um nmero algbrico de grau se ele for raiz de uma
46
coeficientes inteiros de grau 2. Ento existe uma constante positiva () tal que
()
, > 0 para todo racional . Uma escolha para esta constante que
| |1| |
()|
( )
47
tal que:
= () = | ()|.
E com isso
| ()| = 1.
1
1
c()
n
sequncia
para todo 1.
1
<
!
Exemplo O nmero
= 0,1100010000000000000000010000000 um
=1 10
1
= n! .
10
n=1
Assim temos
=
= +1 10 n ! = 10 (j+1)! 1 + 10 (j+2)!(j+1)! + .
1
1
1
10
+ 2 + 3 + = .
10 10
10
9
(4.3)
48
1
10
1
.
<
(10 ! )
(10 ! )10 ! 9
e com isso
1
<
(10 ! ) !
ento existe > 0, tal que , para todo 1. Agora como < 1 temos
que
que < (|| + 1). Entretanto, isso contraria o fato de a sequncia ser
infinita.
> =
|| .
tais
(4.4)
1
49
()
Com isso
sequncia
algbrico.
()
1
< .
<
2. UM POUCO DE HISTRIA
Durante toda a histria da matemtica temos diversos nmeros que
assumiram grande importncia no desenvolvimento de conceitos e da prpria
histria da matemtica. Temos exemplos de tais nmeros em todos os conjuntos
sejam eles naturais, inteiros, racionais, irracionais, complexos e, claro, nos
transcendentes. Os nmeros transcendentes de maneira geral no so abordados
durante o Ensino Bsico, mas os alunos aprendem a trabalhar com alguns deles,
mesmo sem saber que so transcendentes. o caso, por exemplo, dos nmeros
e e. O primeiro, associado a importantes problemas geomtricos; e o segundo
associado funo exponencial e logaritmos, assuntos muito explorados durante o
Ensino Mdio. Por este fato, no existe motivo para no se comentar, mesmo que
brevemente, um pouco mais a respeito desses nmeros, de sua rica e interessante
histria e tambm um pouco sobre a interessante classe de nmeros qual
pertencem.
Neste sentido, vamos abordar algumas informaes interessantes a respeito
dos nmeros e e.
Desde que os humanos comearam a comercializar bens e a trabalhar com o
conceito de dinheiro, as questes financeiras passaram a ocupar uma preocupao
constante dentro da matemtica. Uma ideia que se encontra no centro das atenes
quando o assunto Matemtica Financeira so os juros. Nenhum outro aspecto da
vida tem caracterstica mais comum do que o impulso para acumular riqueza e
conseguir a independncia financeira. Assim, no deve surpreender a ningum que
algum matemtico annimo, no incio do sculo XVII, tenha notado uma ligao
50
(4.5)
(4.6)
= 1 + .
i/n
Anual
0,1
R$ 1100,00
Semestral
0,05
R$ 1102,50
Trimestral
0,025
R$ 1103,81
Mensal
12
0,008333333
R$ 1104,71
51
Semanal
52
0,0019230769
R$ 1105,06
Dirio
365
0,0002739726
R$ 1105,15
(4.7)
= 1 + .
2,25
2,37037
2,44141
10
2,59374
100
2,70481
1000
2,71692
10000
2,71815
100000
2,71827
1000000
2,71828
10000000
2,71828
1
1
1 +
52
1 + parece se tornar prximo de 2,71828. Mas ser que este padro continua?
que possui essa notvel propriedade foi denotado por e. Podemos escrever ento
1
= lim 1 + .
interessante
observar
como
um simples
problema
diversas pocas foi o clculo de reas que no podiam ser decompostas em figuras
bsicas, como polgonos ou setores circulares. O clculo da rea de uma parbola j
havia sido feito com sucesso por Arquimedes, usando o mtodo da exausto.
No sculo XVII Pierre de Fermat conseguiu estabelecer frmulas que
calculavam as reas de figuras cuja equao geral era = . Repare que a
foi:
+1
+1
(4.8)
de dois mil anos depois de os gregos se depararem com esse problema pela
primeira vez. Mas uma questo ainda ficara sem resposta: a frmula () = log
realmente nos fornece a rea sob a hiprbole como uma funo da varivel ,
entretanto essa frmula ainda no adequada para efetuar clculos, pois ainda no
foi estabelecida a base que deveramos adotar. Para que se possa efetuar qualquer
53
tipo de clculo, necessrio que se estabelea uma base para esse logaritmo. A
grande questo : ser que qualquer base (dentro das condies de existncia dos
logaritmos) pode ser usada? A resposta claramente no. No estamos livres para
escolher o valor de aleatoriamente. Logo, deve existir um valor de que determine
a rea que estamos procurando numericamente e possvel mostrar que esse valor
o nmero e. Uma referncia para este estudo o livro [9].
Veremos mais adiante a prova da irracionalidade e transcendncia do nmero
e.
Trabalhando agora com um pouco de geometria, encontramos interessantes e
intrigantes
problemas
associados
ao
nmero
outro
famoso
nmero
essas frmulas de forma simples e natural, sem nos perguntar o porqu dessa
constante que aparece nessas frmulas (o nmero ) ou como esse nmero foi
obtido.
antigos egpcios. Um texto contido no Papiro Rhind, datado de 1650 a.C, traz a
quadrado cujo lado tenha medida igual a 9 do dimetro do crculo. Calculando o valor
54
3,14271. Tal aproximao, ainda hoje suficiente para a maioria das aplicaes
prticas envolvendo comprimentos ou reas de crculos.
Muitos sculos depois do processo proposto por Arquimedes, muitos
matemticos se dedicaram a determinar o valor de por meio de frmulas ou sries.
2+2+2
2 2+2
.
.
2
2
2
(4.9)
55
2 2 4 4 6 6
= 1.3.3.5.5.7 e 4 = 1 3 + 5 7 +
A caracterstica mais notvel de tais frmulas que por meio delas o nmero
, originalmente definido em termos do comprimento e do raio do crculo, pode ser
expresso em termos somente de nmeros inteiros e operaes elementares, ainda
que atravs de um processo infinito. Apesar de inmeras tentativas de se aproximar
o nmero para valores cada vez mais precisos, na esperana de que a expresso
que tentaram alcanar tal objetivo, um nome particularmente notvel: Ludolph Van
Ceulen, que dedicou boa parte de sua vida tarefa de calcular o valor exato de .
Em seu ltimo ano de vida chegou ao valor correto para as trinta e cinco primeiras
casas decimais. Tal feito foi to impressionante para a poca (incio do sculo XVII),
que o nmero foi gravado em sua tumba. Durante muitos anos os livros alemes se
referiam ao como o nmero ludolfino (ver [12]). Veremos mais adiante que o
nmero irracional e alm disso, tambm transcendente.
56
dado por = 3 , para duplicar esse cubo devemos encontrar um segundo cubo, de
3
57
temos que 2 =
2=
3
3
nmero em fatores primos, teremos que todo fator primo desse nmero tem
expoente da forma 3, onde um nmero inteiro e assim o expoente de 2 em 2
da forma 3 + 1.
qualquer fator primo ter expoente da forma 3. Isso significa que o expoente de 2
na decomposio de ser da forma 3 .
e tais que 2 + = 0.
e com
3
2 + 2 + = 0 ou 2 + 2 = .
(4.10)
2 4 + 22 2 = 2 4.
(4.11)
58
4 + 2 =
3
23
4 + 22 2 = 2 4
(4.12)
= 2 ,
2
4+
2
4,
4+
2
acordo com o Teorema 4.5 temos que, um segmento de medida igual a 2 no pode
59
(figura 3)
De acordo com a figura 3 temos que:
20 =
1
1
=
20
3 = ( 2 2 ). 2().
3 = . 2.
3 = (1 2 ). 2(1 2 ).
3 = 3 + 3 + 2 3 2 = 4 3 3
60 = 420 320.
temos:
1
2
= 4 3 8 6 1 = 0.
(4.13)
valores mostra que nenhum deles soluo de (4.13), o que garante que 4.13 no
60
admite razes racionais. Assim , de acordo com o Teorema 4.6, temos que cos20
no pode ser construdo com rgua e compasso.
possui a mesma rea desse crculo deve ter lado de comprimento igual a .
1 e , respectivamente
Dessa maneira, vamos supor que seja possvel construir, com rgua e
proposta no Teorema 4.5 e com isso torna-se impossvel a construo com rgua e
compasso de um segmento de medida igual a . Portanto o problema da
61
CAPTULO 5
IRRACIONALIDADE
TRANSCENDNCIA
DOS
NMEROS E e
1. A IRRACIONLIDADE DO NMERO e
O nmero e est associado funo logartmica e rea da hiprbole.
Podemos definir o e da seguinte forma: considere o ramo positivo da hiprbole
= 1. Seja k um nmero real tal que a rea sob a hiprbole no intervalo = 1 at
igual a seja igual a 1. Nesse caso o nmero real k o nmero e.
= 1 + 1! + 2! + 3! +
(5.1)
62
1 + 1! + 2! + 3! + + ! =
=+1 !.
(5.2)
1 + 1! + 2! + 3! + + ! =
=+1 !.
(5.3)
=+1
(5.4)
+1
e razo
1
+ 1 = 1.
1
1
+ 1
Da
=+1
1 1
(5.5)
< ! . .
!
1 1
0 < 1 + 1! + 2! + 3! + + ! < ! . .
0 < ! 1 1! 2! 3! ! < .
(5.6)
De acordo com (5.6) temos que o termo do meio um nmero inteiro, pois !
2. IRRACIONALIDADE DO NMERO
63
(1)
!
() = =0 .
(5.7)
A demonstrao da frmula (5.7) pode ser feita por induo sobre k. Nessa
!
frmula, representa um coeficiente do binmio de Newton, ou seja: = ( )! !.
64
= (1 ) .
=0
Da,
(0)
0 <
!
= = .
0 >
(0) = 0 < .
(5.8)
1
(0) = ! ! (1 ) (0),
(5.9)
onde () =
(1)
!
() () = "() + 2 ().
65
() () = 2 ().
(5.11)
2 () = (1) + (0).
0
0 () = (1) + (0).
(5.12)
Observe que, pelo fato de (0) e (1) serem inteiros, o lado direito de (5.12)
(5.13)
0 < () < !.
0 < 0 () < ! 0 =
2
!
(5.14)
Para obter a ltima desigualdade foi feita a integral indicada. Lembrando que
lim
2
!
< 1 e, com
isso, exibimos um nmero natural tal que o lado esquerdo de (5.12) seja positivo e
estritamente menor que 1, gerando um absurdo. Portanto irracional.
3. A TRANSCENDNCIA DO NMERO
66
Demonstrao: Vamos supor, por absurdo, que seja um nmero algbrico. Seja
= 1. De acordo com o item ii) (pgina 43) das propriedades dos nmeros
1 () = 0.
(5.15)
=1(1 + ) = 0.
(5.16)
1 , 2 , 3 , , .
(5.16.1)
(5.16.2)
(5.16.3)
.
.
.
1 + 2 + 3 + .
(5.16.n)
(5.16.n) igual a = 1.
coeficientes inteiros, pode-se mostrar que: (a demonstrao desses fatos pode ser
encontrada em [3])
67
i)
ii)
(5.19)
= 2 1.
podemos supor que deles sejam diferentes de zero e vamos representar esses
nmeros por 1 , , . Dessa maneira, simplificando a equao (5.19) os fatores da
forma , para > 0, caso existam (e estes nmeros existiro caso 2 1 > ),
vemos que 1 , , sero razes de uma equao com coeficientes inteiros do tipo
() = + 1 1 + + 1 + 0 = 0.
(5.20)
(5.21)
Considere o polinmio
1 (()) ,
(1)!
() =
(5.22)
() = () + () + + (+) ().
(5.23)
(5.24)
() = ().
(0) 2 sup
: 0 1}
= 2 sup
(1) : 0 1}
(0) .
(5.25)
(5.26)
68
|(0) +
=1 | =1 .
(5.27)
( 1 + + ).
( 1)! 0
(5.28)
() = 0, < , = 1,2, , .
(5.29)
uma vez que nas derivadas () () para < , a expresso () fator comum e
( ) = 0.
() () = = ( )! , e alm disso,
1
() (),
(1)!
para , um
(0) = 0 + 0 ,
(5.31)
()
()
=
=1 = =1
=1 .
(5.32)
()
=1 .
(5.33)
69
com isso segue que () tem grau + . Dessa maneira, a expresso (5.33)
poder ser escrita como:
()
=1 = (1 , , ),
(5.34)
(1 , , ) = (1 , , ).
(5.35)
1 = 1 1 , 2 = 1 2 , , = 1 0 .
(5.36)
=1 = 1
(5.37)
(5.31) e (5.37) vamos ter que o lado esquerdo de (5.27) um inteiro que possui a
forma:
+ .
(5.38)
onde = 0 + 1 . Agora vamos escolher o nmero primo de modo que ele seja
Logo
||
2 (1)! sup
onde 0 1. Seja
( ) ,
(5.39)
= {|()|: || < },
||
70
lim
= 0,
!
para qualquer > 0. Segue ento que para suficientemente grande, podemos
1
=1 +1 < 1.
(5.40)
transcendente.
4. A TRANSCENDNCIA DO NMERO e
Como
pudemos
observar
na
seo
anterior
demonstrao
da
71
Veblen (1904), entre outros. A demonstrao que ser feita abaixo baseada na
que foi feita por Hurwitz.
Seja () um polinmio de grau . Vamos definir a funo
() = () + () + "() + + () (),
(5.41)
() = ().
(5.42)
(5.43)
= (1 ) ( ).
(5.44)
(5.45)
0 (0) + 1 (1) + + () = 1 1 + + .
(5.46)
() = (1)! 1 (1 ) ( ) ,
(5.47)
como em (5.45).
() () = = ( )! , .
(5.48)
72
1
() ()
(1)!
para um polinmio
0
() = (1)! 1 + (1)!
+ .
(5.49)
() () = 0, para = 1, , ; < ,
(5.50)
(5.51)
0 (0) + 1 (1) + + ()
= (1 ) (1)! ( )1 (1 ) ( ) .
(!)
,
(1)!
para .
(5.52)
(5.53)
no divisvel por . Como esse inteiro menor que 1 temos que ele deve ser igual a
zero (j que no existem nmeros inteiros entre 0 e 1). Entretanto tal fato no
73
CAPTULO 6
ATIVIDADE EM SALA DE AULA
Com o objetivo de analisar quais conhecimentos a respeito de nmeros e
conjuntos numricos os alunos das mais variadas sries do Ensino Bsico
possuam, elaboramos uma atividade que foi feita em sala de aula com alunos
pertencentes a salas de sexto ano do Ensino Fundamental at o terceiro ano do
Ensino Mdio.
A atividade foi dividida em duas etapas (para os alunos do Ensino
Fundamental apenas a primeira etapa foi aplicada). Na primeira parte da atividade
os alunos foram divididos em pequenos grupos (de trs a quatro alunos) com a
restrio de que todos os alunos de cada grupo fossem de uma mesma srie, pois o
objetivo era analisar a evoluo do estudo do conceito de nmero em cada uma das
sries do Ensino Bsico. Uma vez formado os grupos, foi passado aos alunos um
questionrio a respeito de nmeros e conjuntos numricos. Cada uma das questes
foi apresentada de maneira individual, ou seja, os alunos responderam segunda
questo aps terem respondido a primeira e ter sido feita uma discusso a respeito
74
das respostas. Uma vez recebida a questo, os alunos receberam alguns minutos
para discutir e elaborar uma resposta escrita. Depois que os alunos entregaram esta
questo respondida, era aberta uma discusso sobre o que havia sido respondido e,
depois dessa discusso, foi feita uma pequena explicao do professor a respeito
daquela questo: quais eram os objetivos daquela pergunta e quais informaes
importantes poderiam ser obtidas naquele contexto. O questionrio continha oito
perguntas que esto indicadas abaixo e logo depois de cada pergunta ser feito um
pequeno comentrio sobre as respostas dadas pelos alunos.
Questo 1: O nmero a alma das coisas (Pitgoras, data desconhecida).
A frase anterior proferida por um dos mais conhecidos matemticos de todos os
tempos sintetiza de maneira brilhante uma importante rea do conhecimento
matemtico: a teoria dos nmeros. A matemtica conhecida como a cincia das
formas e, claro, dos nmeros. O desenvolvimento das teorias matemticas sempre
esteve atrelado ao desenvolvimento do conceito de nmero. Podemos observar que
o conceito de nmero algo muito valorizado dento da matemtica. Voc seria
capaz de citar algumas importncias dos nmeros na matemtica (ou fora dela). Em
outras palavras, em sua opinio, para que servem os nmeros?
O objetivo dessa pergunta era saber a noo que os alunos tm a respeito da
importncia que os nmeros, de maneira geral, possuem. O interessante aqui que
a maioria dos grupos citou que nmeros so muito importantes, mas no foram
capazes de citar, efetivamente, para que eles so usados de maneira objetiva.
Alguns
grupos conseguiram citar importncias como contagens e medies, mas nenhum
grupo citou a resoluo de equaes. Na discusso e explicao foram
mencionadas as utilidades de um nmero e discutidas as possveis dificuldades em
se enxergar de maneira mais objetiva a sua utilidade.
Questo 2: importante ressaltar que o desenvolvimento do conceito de
nmero ocorreu de forma extremamente lenta e muitas vezes polmica. Foram
milhares de anos para se desenvolver ideias que muitas vezes so tratadas hoje
como triviais, e existe um grande perigo nisso, principalmente quando se trabalha
com educao matemtica.
75
do
conceito
de
nmero
esteve
diretamente
ligado
ao
76
77
78
As respostas aqui foram as mais variadas, mas de acordo com os conjuntos que
as diferentes salas conheciam, a pergunta foi respondida corretamente. O
interessante aqui que todas as equaes citadas eram algbricas de coeficientes
inteiros. Questionado sobre isso os alunos disseram que no sabiam que os
coeficientes podiam ser irracionais por exemplo. Na discusso e explicao foi dito o
que era uma equao algbrica (pois algumas salas no conheciam o conceito), e
foi ensinado o que significa resolver uma equao algbrica.
Questo 8: As definies de nmeros algbricos e transcendentes so feitas
atravs de conceitos algbricos, mas as aplicaes desses nmeros vo muito alm
de questes algbricas. Nmeros algbricos e transcendentes aparecem nas mais
variadas reas da matemtica, como geometria, anlise, matemtica financeira,
entre outros.
Voc sabe o que significa a palavra transcendente? O que seria um nmero
transcendente? E um nmero algbrico? Voc seria capaz de citar um ou mais
nmeros que so transcendentes?
Nessa ltima pergunta, alguns grupos conseguiram apenas responder o
significado da palavra transcendente, mas no conseguiram explicar o que
significava um nmero transcendente. O interessante que alguns alunos do Ensino
Fundamental disseram j ter ouvido falar nesse tipo de nmero, pois o professor
auxiliar havia comentado a respeito de sua existncia em uma aula extra. Na hora
da discusso foi explicado o conceito de nmero transcendente e tambm de
nmero algbrico e foi explicado que eles conheciam alguns desses nmeros,
mesmo que no soubesse de sua classificao.
A segunda etapa da atividade consistiu na apresentao de uma pequena
palestra abordando os temas discutidos na atividade feita na sala de aula. Nessa
palestra foram abordados os temas que apareceram nas perguntas do questionrio
do dia anterior e uma srie de informaes complementares foram apresentadas,
como, a classificao dos nmeros em conjuntos, por que eles so agrupados dessa
forma e para que servem cada um dos tipos de nmeros que eles aprenderam.
Tambm foi apresentada uma das demonstraes da irracionalidade do nmero 2.
79
CONCLUSO
Trabalhar com educao matemtica uma tarefa que demanda muito
esforo, dedicao e cuidado. Cuidado na hora de selecionar os temas que sero
abordados e, principalmente, a forma como eles sero abordados. Nunca podemos
ensinar um conceito matemtico da mesma forma que aprendemos na faculdade,
por exemplo, pois muitas vezes seriam necessrios pr-requisitos que o aluno do
Ensino Bsico no teria. Entretanto, isso no significa que um Educador da rea de
matemtica no deva conhecer a teoria que ir ensinar de maneira profunda. Muitas
vezes vemos algumas pessoas afirmando que os conceitos matemticos so dessa
de uma determinada forma sem mostrar o porqu de certo resultado ser vlido ou
quais raciocnios esto por trs de determinado conceito, indicando que tais
conceitos foram e sempre sero daquela forma e passando a impresso de que o
conhecimento matemtico esttico e tambm que tudo o que havia para se
descobrir em matemtica j foi descoberto e que no ocorrer mais nenhuma
evoluo. Quando desvinculamos o conhecimento matemtico de sua evoluo
histrica e das motivaes para seu surgimento, acabamos passando a impresso
que as coisas so assim porque quiseram que assim elas fossem e nesse momento
corremos um grande risco de desmotivar um aluno de aprender matemtica.
80
nmeros
com
os
quais
trabalhamos
so
irracionais
e/ou
transcendentes? Vale a pena ressaltar que o objetivo no que essa teoria seja
desenvolvida com a mesma formalidade que feita dentro de um curso de
graduao ou ps-graduao em matemtica, mas apresentar um pouco mais sobre
a teoria e, principalmente, sobre a histria associada a estes nmeros.
Por exemplo, no caso dos nmeros transcendentes pode-se comentar a sua
existncia e a classificao dos nmeros reais em algbricos e transcendentes
quando se trabalha com a ideia de polinmio e de equaes algbricas. Quando se
fala em raiz de uma equao algbrica (como no caso da equao do segundo ou
primeiro grau) pode-se dar uma ideia a respeito desses nmeros.
Outra abordagem que pode ser trabalhada aproveitar momentos em que
introduzimos nmeros irracionais para fazer comentrios a respeito desses nmeros.
Por exemplo, em geometria, trigonometria, ou em resoluo de equaes, quando
nos deparamos com o nmero 2 podemos fazer alguns comentrios a respeito de
81
82
REFERNCIAS
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de Matemtica, Rio de Janeiro, 1984.
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Universidade Federal do Mato Grosso do Sul, Departamento de Matemtica, Campo
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84