Linguagem Inclusiva de Gênero em Trabalho Acadêmico
Linguagem Inclusiva de Gênero em Trabalho Acadêmico
Linguagem Inclusiva de Gênero em Trabalho Acadêmico
Algumas pessoas de nosso grupo se deparam com uma questo quando esto
realizando seus trabalhos acadmicos: como escrever usando linguagem
inclusiva de gnero?
A soluo dada pela maioria das pessoas foi usar termos neutros. Infelizmente,
o uso do @ e do x truncam a leitura e prejudicam o acesso a deficientes
visuais que utilizam equipamentos de leitura eletrnicos.
Juno, deu timos exemplos de como fazer isso, procurando sempre escrever
textos de forma desgenerificada, sem o uso do x, da @ nem (a), nem
hfem, nem nada, porque no fluido e, principalmente, porque no
acessvel a todas as pessoas leitoras.
Usar alguns termos sem gnero que ignoramos. Na Bahia, por exemplo,
usa-se muito o de. Nada impede usar essa linguagem em qualquer lugar do
Brasil. Ao invs de dizer Essa a blusa dx Juno, podemos dizer Essa a blusa
de Juno.
Mais dicas em seu texto: Deixando o X para trs na linguagem neutra de gnero.
Quanto ao exemplo de citao do Gramsci, acho que, se for constatado que ele
fala de escritores homens na sua totalidade e no de um grupo misto, voc
pode colocar no masculino, caso contrrio, eu colocaria no masculino, mas
seguido de (sic). O que tambm chama ateno para a generalizao que o
pronome masculino tem e a invisibilidade do feminino no texto do Gramsci,
por exemplo.
Karla Avano contou como fez em seu trabalho de dissertao:
Tentei usar uma linguagem inclusiva na minha tese e usei um pouco de tudo,
menos o x e o @, porque acho que no cabem nesse tipo de texto. Usei com
frequncia as duas formas a/o, separadas por barra ou escrevendo as duas
palavras, por exemplo: as leitoras e os leitores. Quando usava a barra,
intercalava, porque as pessoas tendem a colocar o masculino sempre na
frente. Punha s vezes o feminino, s vezes o masculino. Usei termos tidos
como neutros quando possvel, como pessoas, mas dependendo da rea no
d pra ficar usando indivduo ou sujeito aleatoriamente.
Tentei suprimir artigos ou pronomes, mas s vezes eles existem por uma razo
e muitas vezes so fundamentais e a simples excluso pode prejudicar a
compreenso do texto como um todo. No meu captulo de anlise, como tratei
de um grupo majoritariamente feminino e minha bibliografia nessa parte
tambm era majoritariamente de autoras (e feministas), resolvi usar s o
feminino. E expliquei isso no texto.
Nas citaes eu analisava: era citao de uma feminista? j tinha visto ela
usar linguagem inclusiva, ou s o feminino? Se sim, fazia tambm. Num trecho
citei um autor que fala os homens e fiz uma nota, dizendo ironicamente (mas
nem tanto), que acreditava que ele estava se referindo s aos homens mesmo.
Tentei fazer muitas citaes indiretas tambm, pra poder reestruturar o texto
e poder decidir que forma usar.
No um trabalho fcil e acho que o ideal analisar caso por caso, ver o que
cabe melhor em cada lugar e escolher suas estratgias. s explicar no texto
quais foram as suas estratgias e suas escolhas.
Exemplos
Barbara Arajo indicou como exemplo o texto Gnero: uma categoria til para a
anlise histrica (.pdf) de Joan Scott. A autora opta por usar a(o) as(os).
Porm, essa opo refora o binarismo, que algo que Barbara tambm quer
desconstruir.
Catarina Corra indicou o artigo de Luis Felipe Miguel Consenso e conflito na
teoria democrtica: para alm do agonismo (.pdf) como exemplo de algum
que optou por colocar todo o texto no feminino, explicando no rodap:
Optei, ao longo deste paper, por sempre usar o feminino para me referir a
alguma categoria mista de pessoas. uma tentativa de pr em questo a
naturalidade com que o masculino entendido como sendo o genrico da
humanidade. No caso da lngua portuguesa, este esforo bem mais custoso
do que no ingls, j que difcil produzir uma sentena sem que as marcas de
gnero estejam presentes. Assim, o estranhamento maior e, aps certo
momento, comea a parecer cansativo, correndo o risco de afastar a leitora.
Mas me dispus a pagar este preo.
Barbara Lopes indicou o Manual para o uso no sexista da linguagem (.pdf).
http://blogueirasfeministas.com/2013/08/linguagem-inclusiva-de-genero-em-
trabalho-academico/