CFP Livro LoucoInfrator Web-2
CFP Livro LoucoInfrator Web-2
CFP Livro LoucoInfrator Web-2
PERI
DA
O ESTIGMA
E R
O LOUCO INFRATO
`
O LOUCO INFRATOR
E O ESTIGMA DA
PERICULOSIDADE
Organizadores:
Ernesto Venturini
Rodrigo Trres Oliveira
Virglio de Mattos
1 Edio
Braslia DF
2016
XVI PLENRIO Gesto 2013/2016
psiclogos convidados
Tnia Grigolo
Sade Mental
Ndia Maria Dourado Rocha
Vera Paiva
Rosano Freire Carvalho Direitos Humanos
psiclogos convidados
suplentes
Jefferson de Souza
Bernardes
permitida a reproduo desta publicao, desde
que sem alteraes e citada a fonte.
Disponvel tambm em: www.cfp.org.br
1 edio 2016
projeto grfico e diagramao
Agncia Movimento
reviso
Conselho Federal de Psicologia
capa
Marcelo Coutinho
coordenao geral/cfp
Jos Carlos de Paula
coordenao de comunicao social
Maria Goes de Mello
Andr Martins de Almeida (Editorao)
gerncia tcnica
Lislly Telles de Barros
equipe tcnica
Sara Juliana Bulgarelli Guadanhim Gonalves (Analista Tcnica)
Catalogao na publicao
Biblioteca Miguel Cervantes
Fundao Biblioteca Nacional
Medida de segurana:
um dogma penal 124
Rafhael Lima Ribeiro
O mito da periculosidade e as
medidas de segurana 154
Nasser Haidar Barbosa
Palavras do CFP
Em agosto de 2015, o 16 Plenrio do Conse-
lho Federal de Psicologia (CFP) dava o primei-
ro passo com o objetivo de ampliar a discusso
relativa s condies de pessoas em sofrimento
mental em conflito com a lei.
Os impasses e desafios, a realidade de segre-
gao e maus tratos e a urgncia de se discutir
alternativas, inspiradas em projetos j exitosos
como o Programa de Ateno Integral ao Pa-
ciente Judicirio (PAI-PJ), em Minas Gerais, e o
Programa de Ateno ao Louco Infrator (PAILI),
em Gois, foram debatidos durante o seminrio
A desconstruo da lgica manicomial: Cons-
truindo alternativas, que realizamos com a Or-
dem dos Advogados do Brasil (OAB), em Bras-
lia.
poca, tambm foi lanada a publicao
Inspees aos manicmios Relatrio Brasil,
em parceria com a OAB, a Associao Nacio-
nal do Ministrio Pblico em Defesa da Sade
(Ampasa) e Conselhos Regionais de Psicologia.
O livro apresentou a realidade qual os pacien-
tes judicirios so submetidos nos Hospitais de
Custdia e Tratamento Psiquitrico (HCTPs) em
17 estados eno Distrito Federal evidenciando o
produto, muitas vezes cruel, da fuso entre duas
das maiores instituies de controle do sujeito
na nossa sociedade: a Psiquiatria e Direito Penal.
Falta de avaliao psicolgica, ausncia de pol-
ticas de reinsero e inao do Judicirio foram
elementos constantes dos relatos.
Enquanto a publicao anterior tratou de ex-
por e, com isso, denunciar a realidade falida das
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O que pode este livro?
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O LOUCO INFRATOR E O ESTIGMA DA PERICULOSIDADE
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O LOUCO INFRATOR E O ESTIGMA DA PERICULOSIDADE
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Manicmios judicirios:
uma sada1
Ernesto Venturini
Premissa
A partir de 31 maro de 2015, fo-
ram abolidos, na Itlia, todos os Hospi-
tais Psiquitricos Judicirios (HPJ). Fo-
ram fechados, formalmente e oficial-
mente, os cinco hospitais pblicos e
o nico hospital privado conveniado,
com uma populao total de 1.300 pes-
soas. O 31 de maro foi uma data his-
trica para a Itlia, mas tambm para
os pases que querem afirmar o estado
de direito para todos os seus cidados.
, portanto, possvel abolir todos os hos-
pitais psiquitricos, tanto os gerais, aboli-
dos na Itlia a partir de 1978, quanto aque-
les especficos de custdia e tratamento. O
fim dos manicmios uma utopia possvel!
A avaliao da forma como chega-
mos a este resultado e ao estado atual
da transformao, no entanto, no nos
permite estar plenamente satisfeitos. H
nessa mudana pontos obscuros e al-
guns riscos. Vou falar sobre isso, depois
de ilustrar o percurso histrico que le-
vou ao resultado conquistado na Itlia.
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O LOUCO INFRATOR E O ESTIGMA DA PERICULOSIDADE
A desinstitucionalizao
dos Hospitais Psiquitricos
Judicirios na Itlia
A reforma da psiquiatria italiana tor-
nou inevitvel a superao do Manicmio
Judicirio. Tendo mudado totalmente a
maneira de entender o transtorno mental,
era necessrio fazer uma nova leitura dos
conceitos de imputabilidade (a incapaci-
dade de entender e de querer) e do con-
ceito de periculosidade social para trans-
torno mental. Pouco depois da promulga-
o da Lei 180, em 1978, deu-se incio a
aes para que fosse automaticamente
sancionado o fechamento do Manicmio
Judicirio. Mas a proposta no teve xito,
seja por uma espcie de arrependimen-
to dos legisladores em relao Reforma
Psiquitrica, cujo radicalismo talvez no
fora, anteriormente, adequadamente di-
mensionado; seja pelo fato dos Manic-
mios Judicirios dependerem do Minist-
rio da Justia, que no estava envolvido
na reforma da sade mental.
Contudo, em situaes particulares -
entre elas a experincia do Departamento
de Sade Mental de Trieste - foram instau-
radas prticas de atendimento alternativas
ao Manicmio Judicirio. Baseavam-se na
recusa, por parte dos peritos psiquitricos,
de considerar no imputvel a pessoa
com transtorno mental em conflito com a
lei, atribuindo-lhe, nos casos mais graves,
apenas a parcial incapacidade de enten-
der e de querer, e oferecendo-lhe, depois,
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O LOUCO INFRATOR E O ESTIGMA DA PERICULOSIDADE
2 A Corte Constitucional.
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O LOUCO INFRATOR E O ESTIGMA DA PERICULOSIDADE
Ultrapassar o Hospital
Psiquiatrico Judicirio
Assim, mesmo sem uma redefinio or-
gnica da estrutura normativa, foi imple-
mentado um processo de reforma que to-
cou os canais de ingresso e os mecanis-
mos de sada dos Manicmios Judici-
rios. Na realidade, uma consistente aju-
da para a soluo deste impasse j tinha
sido dada pelo Decreto de Lei de 1999, que
transferia as funes sanitrias dos Ins-
titutos Penitencirios para o Sistema Sa-
nitrio Nacional. Este decreto colocava as
premissas necessrias para que finalmen-
te fosse enfrentado com dignidade o grave
problema da sade nos crceres. Implan-
tavam-se tambm as condies para re-
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O LOUCO INFRATOR E O ESTIGMA DA PERICULOSIDADE
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A Lei n.81
Depois de um perodo confuso e dois
adiamentos parlamentares, finalmente
chegou a Lei no. 81 de 31 de maio de 2014,
intitulada: Medidas urgentes para supe-
rar os hospitais psiquitricos judiciais.
Essa lei estabelece que:
Os programas regionais devem pro-
var que, na data de vencimento, os
HPJ iro realmente ser fechados,
caso contrrio ser levado um inter-
ventor para regies inadimplentes.
A obrigao por parte das Regies de
formular programas individualiza-
dos de alta dos hospitalizados.
As REMS se tornaro uma soluo re-
sidual e excepcional, tendo em vista as
disposies que favorecem as medidas
alternativas internao, com a toma-
da de responsabilidade por CSM5.
O juiz, mesmo aquele de Execuo
Penal, deve sempre adotar alternati-
vas para uma insero no territrio,
mesmo para as medidas provisrias
e de alta.
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Propostas
Recentemente, na Itlia, os Ministros
da Sade e da Justia, em conjunto, para
superar o impasse atual, propuseram
adotar, numa base territorial, um mode-
lo de administrao coparticipada, cons-
tituindo em cada regio um Centro inte-
rinstitucional de operaes, composto por
representantes das vrias autoridades
envolvidas e com a participao do poder
Judicirio da Execuo Penal. A funo
deste centro deveria ser a de coordenar e
monitorar a execuo das atividades rela-
cionadas com o incio das novas unidades
de sade.
Muito interessante e radical , tam-
bm, a iniciativa realizada pela entida-
de chamada Outro Direito - um Cen-
tro de documentao da priso, desvio e
marginalidade - vinculado ao Departa-
mento de Teoria e Histria do Direito da
Universidade de Florena. O Centro pro-
move denncia contra a presena, nos
antigos Hospitais Psiquitricos Judici-
rios, das pessoas ainda no colocadas
em REMS. Os reclusos so ajudados a
subscrever uma reclamao, dirigida ao
juiz, que pe em jogo a Constituio10.
De fato, a continuao de internao nos
antigos Hospitais Psiquitricos Judici-
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As prticas da desinstitucionalizao
j demonstraram o que Basaglia j dizia:
...a periculosidade no reside na especifi-
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Concluses
Estou consciente de que o fim do Ma-
nicmio Judicirio no ser um processo
curto, nem mesmo exclusivamente rela-
cionado com os regulamentos e normas.
Ele ter de atravessar e mudar culturas
e prticas. Eu sei que no h nem ata-
lhos, nem simplificaes, nem modelos,
mas apenas um cansativo e constan-
te trabalho, que, no territrio, vai empe-
nhar e unir, uma vez mais, todos aqueles
que por vrias razes colocam no cen-
tro do seu pensar e da sua prtica os di-
reitos das pessoas, que, por si, no con-
seguem fazer valer os seus direitos. Dar
alta a um paciente do Hospital Psiqui-
trico Judicirio significa no apenas ten-
tar dar uma resposta patologia indivi-
dual ou revogar medidas de segurana:
significa reconstruir uma rede social de
sustentao da pessoa. Os sujeitos inter-
nados, geralmente, j eram penalizados
pela sociedade antes do crime e da in-
ternao. E hoje eles no tm poder so-
cial e econmico para contrastar os peri-
gos mais dramticos para a vida deles.
evidente que a soluo do problema no
depende apenas de mdicos, juzes, psi-
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Referncias
BASAGLIA, Franco. A instituio negada, Rio de
Janeiro: Edies Graal, 1985.
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Referncias Bibliogrficas
Buarque de Holanda, Chico. Chico Buarque fala
sobre racismo. Disponvel em 31 de outubro
de 2015. www.youtube.com/watch?v=sD2sjA-
w9mlM
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Direito e a Psicologia
como mecanismos de
manuteno do estado
penal moderno
Jos Luiz Quadros de Magalhes
1. Introduo
O objetivo deste trabalho buscar
compreender o processo de formao do
Estado Moderno em que vivemos, enfa-
tizando o papel do Direito e do conheci-
mento Psi para sua construo e ma-
nuteno. Para compreendermos como a
Psicologia atua dentro do Estado Moder-
no, primeiro temos que entender o con-
ceito de modernidade, seu processo de
construo e de desenvolvimento.
Para iniciar nossa anlise histrica so-
bre a formao do Estado Moderno, tem-
se a data simblica de 1492. Este ano foi
caracterizado por trs eventos marcantes
que daro inicio ao processo de formao
do Estado Moderno: a invaso dos euro-
peus nas Amricas, a derrota de Grana-
da e a expulso dos muulmanos e a pri-
meira gramtica normativa do Castelhano,
que marca o processo de dominao ideo-
lgica e o controle do pensar. Como conse-
quncia desses eventos, iniciou-se a cons-
truo de um sentimento que mais tar-
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2. A formao do
estado moderno
Para darmos incio ao estudo da for-
mao dos Estados modernos, devemos
passar pela parte histrica de sua forma-
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3. A atuao do
estado moderno
na normalizao dos sujeitos
A identidade nacional criada para uni-
ficar certa parte da populao, era e ain-
da divergente de crenas e costumes de
outros povos. Sendo assim, estes que di-
vergiam da padronizao nacional no
iriam reconhecer o poder central do Es-
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3.3. O surgimento da
Psicologia cientfica
Antes de aprofundar na constitui-
o histrica da psicologia como cin-
cia, importante destacar que esta nem
sempre procurou se enquadrar nas
cincias, ou melhor, a proposta de es-
tudar o ser humano e seu aparelho ps-
quico surgiu antes mesmo do mto-
do cientifico proposto por Descartes.
O estudo sobre o pensamento humano
surge na Antiguidade com os gregos. Al-
guns pensadores, como Plato e Arist-
teles, passaram a usar da Filosofia para
especular sobre o homem e sua interiori-
dade. Nota-se que o prprio termo psico-
logia tem origem grega, psych, que sig-
nifica alma, e logos, que significa razo.
Sendo assim, etimologicamente, Psicolo-
gia significa estudo da alma. Para es-
ses filsofos, o termo alma representava
a interioridade do ser humano, ou seja,
sua parte imaterial, assim como os pen-
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4.1. Formas de
constituio da verdade
Diante dessa linha de pensamento,
Nikolas Rose (2011, p. 78-79) ir trazer
os estudos de Gaston Bachelard em sua
obra O novo esprito cientifico. Nele, o
autor prope que o objeto de conhecimen-
to das cincias em geral construdo, ou
seja, a cincia no uma simples refle-
xo das experincias vividas, ela procu-
ra atravs de instrumentos tcnicos re-
produzir o que j foi observado. Portanto,
Bachelard afirma que a cincia no deve
ser vista como uma fenomenologia, e sim
como uma fenomenotecnologia.
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5. Concluso
Conforme estudado, nota-se que o con-
texto de surgimento do Estado moder-
no se baseia em um notvel conflito en-
tre classes. Aqueles que eram oprimidos
na poca passaram a se revoltar com as
condies impostas a eles, o que deixou a
classe dominante insegura e gerou uma
aliana entre monarca, clero, nobreza e
burguesia, com o intuito de centralizar o
poder e atuar de forma incisiva e intole-
rante com aqueles que estavam insatis-
feitos.
Nesse momento, criou-se uma repre-
sentao para a unificao desse poder,
que consiste na ideia de Estado moderno,
no qual s se podia fazer parte aqueles
que tivessem uma identificao com os
ideais religiosos, polticos e econmicos
dessa classe dominante. Aqueles que no
fizessem parte de tais interesses seriam
massacrados, oprimidos e expulsos do
novo territrio nacional.
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O LOUCO INFRATOR E O ESTIGMA DA PERICULOSIDADE
REFERNCIAS
ALTHUSSER, Louis. Ideologia e aparelhos ideol-
gicos do Estado, in, ZIZEK, Slavoj. Um Mapa da
Ideologia. Rio de Janeiro: Contraponto, 1996, p.
105-142.
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Medida de segurana:
um dogma penal
Rafhael Lima Ribeiro
1. Introduo
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2. Escoro histrico da
construo cientifica da
medida de segurana
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24 Idem, p. 39.
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35 Idem.
36 Idem. Ibidem.
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3. O dogma da medida
de segurana
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66 Idem. p. 57.
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5. Consideraes
finais: a liberdade
teraputica (Basaglia).
preciso dar condies para a construo
de um delrio que seja benfico. No so to-
dos que trazem problemas. No queria pa-
rar de ver as luzes que me aparecem. Elas
so muito bonitas. A loucura uma condi-
o humana que deve ser respeitada. (Sl-
via Maria Soares Ferreira).72
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REFERNCIAS
BARATTA, Alessandro. Criminologia Crtica e
Crtica do Direito Penal. Rio de Janeiro: Re-
van, 2002.
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O mito da
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medidas de segurana
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Nelson e a Ruptura
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Francisco e a
Institucionalizao
Ele tinha 8 anos quando a me fale-
ceu. Ainda hoje no temos registro do mo-
tivo da morte dela. um assunto delicado
para todos. Francisco passou a ser cria-
do e cuidado pela av paterna na mesma
casa onde moravam seus tios e tambm
seu pai. A famlia no pequena, h um
grupo ampliado por primos, tias e outras
pessoas que poderiam caracterizar facil-
mente um ambiente fraterno de cuidados
compartilhados, aquele lugar de afetos e
unio que costumamos associar a fam-
lias grandes que se organizam matriarcal-
mente. Porm, no bem essa a descrio
que faz justia infncia de Francisco.
O pai, at onde se tem registro, abusa
do consumo de lcool. Alm de seu pr-
prio problema, ele nunca aceitou o filho
que chama de retardado. De fato, Fran-
cisco recebeu j muito novo o diagns-
tico de deficincia intelectual (na po-
ca era retardo ou deficincia mental) e
talvez por conta disso e de tudo que re-
presenta, ningum alm da av dedicou
a ele cuidados aps a morte da me, que
dizem era uma tima me, atenciosa e
carinhosa.
Francisco est com 33 anos e ainda no
foi alfabetizado. A av diz que ele no fi-
cava na escola e durante toda a adoles-
cncia se envolveu em pequenos deli-
tos. Chegou a cumprir medida socioedu-
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Joo e a Rua
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O lugar da periculosidade
Cada histria de vida aqui relatada
um recorte da realidade destas pessoas
a partir de minha leitura e interpretao
dos fatos aos quais tive acesso. Em todos
os trs, h presente o elemento do cri-
me, em maior ou menor gravidade. Em
todos h tambm a limitao da capa-
cidade de julgamento em decorrncia de
um quadro emocional e psicolgico que
em algum momento se mostrou predo-
minante sobre a razo ou a conscincia.
Infelizmente, ainda no comum aos trs
personagens desse nosso texto um desfecho
feliz. Um permanece privado de sua liberda-
de, o outro encontra-se novamente interna-
do diante da impossibilidade de se garantir
condies dignas de vida (a ambiguidade
uma constante nestes casos) e o terceiro ain-
da tem um longo caminho de construo de
um novo modo de vida at que se tenha rela-
tiva segurana acerca de sua capacidade de
se gerir em relaes saudveis.
Porm, nada disso verdadeiramente os
une aqui. o estigma e a sentena de
perigosos que os aproximou neste texto.
E como para nada mais isso tenha servi-
do, exceto a segregao e a ruptura dos
poucos laos que dispunham, que ago-
ra possamos compensar um pouco seu
sofrimento ressignificando suas hist-
rias e fazendo delas exemplos de nos-
sa incapacidade de entender e respei-
tar o diferente manifesto pela loucura.
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Desconstruo da
lgica manicomial
Os danos da poltica
proibicionista
antidrogas e os reflexos
manicomiais
Carlos Magalhes
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O LOUCO INFRATOR E O ESTIGMA DA PERICULOSIDADE
74 Disponvel em <http://geraldoprado.blogspot.com.
br/2011/01/politica-de-drogas-retrocesso-ou-ho-
mens.html> Acesso em 15 de setembro de 2015.
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A sociologia do crime e
reforo de uma viso
proibicionista sobre as drogas75
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O mito da ordem81
De acordo com Joseph Gusfield82, a dou-
trina que considera a intencionalidade
da ao como condio essencial do com-
portamento legalmente responsvel um
produto das sociedades burguesas libe-
rais. Constri-se uma imagem do ser hu-
mano como um indivduo racional, ex-
mio articulador de meios a fins, capaz
de fazer previses. Indivduo esse que
responsvel pelas consequncias racio-
nalmente previsveis de suas aes e que
pode ser significativamente influencia-
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Concluso
As diferenas entre as pessoas e suas
condutas (o que fumam, cheiram, bebem,
comem) poderiam e deveriam ser apenas
banalidades estatsticas ou consistirem
em nada mais que um posicionamento
incomum. Um louco de aldeia, como nos
fala Robert85. Ou um vizinho esquisito,
como nos lembra Christie86. Mas em tem-
pos difceis o diferente pode ser transfor-
mado em suspeito preferencial, inimigo
pblico nmero 1. Afirma-se a sua crimi-
nalidade, a sua drogadio, a sua malda-
de, a sua perversidade, quando se quer
encontrar um culpado para arcar com a
responsabilidade por todos os problemas
que esto acontecendo.
A situao se agrava quando diferen-
a passa a ser o mesmo que desvio, fa-
lha moral. O trao diferente seria a pr-
pria evidncia ou expresso do desvio.
De acordo com Robert87, se o desvio a
transgresso duma norma a caracte-
rstica do desviante, ela no mais o efei-
to duma escolha que cada um pode fazer,
ela consequncia da alteridade. Excluin-
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Hospitais de custdia e
tratamento psiquitrico
no contexto da
reforma psiquitrica:
realidades evidenciadas
pelas inspees e
alternativas possveis
Tania Kolker
1. Algumas palavras,
a ttulo de introduo:
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90 Ver em http://www.cnj.jus.br/images/programas/
mutirao-carcerario/relatorios/amazonas_2013.pdf
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galmente-7599855.
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3. Alguns pargrafos,
para dizer que nem
tudo so espinhos:
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4. Antecipando algumas
propostas para a
reorientao da ateno:
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5. Bibliografia:
CARVALHO NETTO, Menelick e MATTOS, Virg-
lio de. O novo direito dos portadores de trans-
torno mental: o alcance da Lei n. 10.216/2001
Braslia: Conselho Federal de Psicologia, 2005.
ENEC. Disponvel em http://site.cfp.org.br/wp-
content/uploads/2005/10/brochura_banaliza-
cao.pdf. Acesso em 14/06/2015.
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Participantes
CRP RJ
- Alexandre Trzan psiclogo
e conselheiro representante do
CRP RJ no Conselho Estadual
de Direitos Humanos RJ
- Tatiana Targino psicloga e
fiscal da Comisso de Orientao
e Fiscalizao COF
- Graziela Sereno psicloga e
colaboradora da Comisso Regional
de Psicologia e Polticas Pblicas do
CRP RJ, representante da entidade
no Comit Estadual de Preveno
e Combate Tortura ALERJ
OAB RJ123
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Movimento Luta
Antimanicomial Ncleo RJ
- Psicloga Fabiana Castelo
Coordenao da inspeo
no Rio de Janeiro
- Psicloga Janne Calhau Mouro,
conselheira e presidente da
Comisso Regional de Direitos
Humanos - CRDH / CRP RJ
Introduo
Com relao Inspeo Nacional de
Manicmios Judicirios, Hospitais de
Custdia, Alas de Tratamento Psiqui-
trico e Similares, realizada no dia 07 de
abril de 2015 e proposta pelo Conselho
Federal da OAB ao Conselho Federal de
Psicologia, como ao poltica conjun-
ta e da qual o Rio participou ativamen-
te, reafirmamos que interessava muito
Comisso Regional de Direitos Humanos
(CRDH), assim como ao Conselho Regio-
nal De Psicologia do Rio de Janeiro (CRP
05), participar da ao, pois as bandeiras
da luta antimanicomial e da desinstitu-
cionalizao so histricas e representa-
tivas da postura do Conselho dos psiclo-
gos do Rio de Janeiro contra essas duas
instituies totais associadas: o manic-
mio e a priso que agregam ao estigma
de louco o de criminoso.
Estvamos querendo tambm verificar
se o quadro havia mudado no Rio de Ja-
neiro, aps as inspees realizadas em
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Comentrios adicionais da
etapa regional Rio de Janeiro
Tomando como base a sistematizao
de todas as observaes colhidas pelos
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Cegueira (?!) 1
Tuberculose 0
Hepatite 1
Hipertenso 11
Diabetes 4
Portadores de HIV 3
Observaes:
- Os medicamentos usados para os portadores
de HIV so Biovir, Kaletra, Tenofavir, Lanivudina e
Efavirens.
- Segundo a Promotora Pblica da Promotoria
de Sade da Regio Metropolitana II do Rio de
Janeiro, a dispensao de medicamentos estava
regular no dia da inspeo.
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A luta continua!
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A funo tico-poltica
das medidas de
segurana no Brasil
contemporneo
Silvia H. Tedesco
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As polticas de encarceramento
e o sistema de medidas
de segurana
Propomos, nesse trabalho, iniciar a
anlise pelo recorte do problema do apri-
sionamento macio e assim dirigir o foco
para a esfera das medidas de segurana. A
medida, dita de segurana, de proteo
comunidade, se aplica aos indivduos com
transtorno mental em conflito com a lei a
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Mudana no perfil da
populao nos ECTPs
Nos ltimos anos o recrudescimento da
tendncia seletiva no Brasil volta-se para
uma nova e determinada populao que co-
meou a ser recrutada para incluso na ca-
tegoria de indivduo perigoso. Fato revelador
do aproveitamento claro do sistema de medi-
da de segurana pela poltica de criminali-
zao, de repdio e expulso social daqueles
para quem no foram oferecidas condies
para desempenho das duas funes privile-
giadas no contemporneo: de consumidores
ou mo de obra dedicada ao produtivismo.
A cada dia aumenta o contingente de indiv-
duos cujas vidas so mantidas a parte neo-
liberais e, nesses casos, entram em cena o
exerccio de categorizao desqualificadora
e outros processos de despotencializao e
de desfiliao dos que no seguem o padro.
Seria a populao marginalizada em relao
produo laboral e ao consumo - represen-
tantes da periferia geogrfica e econmica,
moradores de rua, sem trabalho, com mui-
tas passagens por abrigos -, o foco princi-
pal das investidas dos agentes policiais, das
aes ditas assistenciais concentradas no
recolhimento a instituies totais. O sistema
de medidas de segurana se inscreve, ago-
ra, de modo mais bem mais ativo na pers-
pectiva da segregao social, dedica-se mais
insidiosamente a um processo que podemos
denominar de incluso/excludente dos in-
divduos expostos s condies de vulnera-
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A internao e os
agravos produzidos
Desde a dcada de 1970, H. Goffman
(1961), G. Velho (2004), M. Foucault
(1977), G. Deleuze e F. Guattari (1995),
entre outros, vem nos advertindo sobre os
efeitos nefastos dos estigmas, das mar-
cas produzidas nos indivduos e popula-
es, atravs da incluso destes em cate-
gorias como louco, criminoso, delinquen-
te, que destacariam o alto risco potencial
dessas pessoas. O processo de produo
de subjetividades perigosas, cujo com-
ponente da pobreza nunca poder estar
ausente, principalmente no Brasil, con-
ta com dispositivos socialmente compar-
tilhados por posturas repressoras, de-
tectveis em diferentes saberes como os
das cincias humanas, em especial as
teorias e prticas mdicas e psi, assim
como da justia que se transvestem de
verdade ao serem fartamente alastradas
em publicaes variadas e pelo veculo
principal da produo de opinio, a m-
dia. Tais prticas discursivas e de visi-
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A reorientao da perspectiva
em sade mental
Nosso objetivo maior desta cartografia
das foras polticas atuantes nas prti-
cas de aprisionamento em massa reu-
nir ferramentas para melhor traar as es-
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Referncias bibliogrficas:
Baratta, A., Prefcio Em: Malagut Batista, V., Di-
ficeis ganhos fceis - Drogas e juventude pobre
no Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, Revan, 2003.
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Os servios
substitutivos em Sade
Mental e as alternativas
lgica manicomial: O
Programa de Ateno
Integral ao Louco
Infrator (PAI-LI) COMO
PRATICA INOVADORA
Carlene Borges Soares
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Referncias:
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A poltica, o social e a
clnica enquanto sadas
para a desconstruo
dos manicmios e do
mito da periculosidade
Rodrigo Trres Oliveira
Walteisa Rodrigues
I - Manicmios e Prises:
Lgica penal e produo
de subjetividades
O controle da periculosidade articulado
noo de tratamento penal e moral e tam-
bm de defesa contra um indivduo, forja a
mecnica de poderes e saberes fixados no
Judicirio, na comunidade cientfica, nas
instituies totais e nos tidos poderes late-
rais da justia como as polcias, as institui-
es psicolgicas, psiquitricas, mdicas,
pedaggicas, criminolgicas, etc., que con-
formam a funo de controle dos indivduos
e sua suposta periculosidade, sustentando
uma busca pela correo das virtualida-
des. Nesse nvel, a penalidade que procura
corrigir aprisionando uma ideia policial,
surgida fora da justia, em um sistema de
trocas entre a demanda do grupo e o exer-
ccio do poder (Foucault; 2003; 1973).
Desenvolve-se, em torno da instituio ju-
diciria e para lhe permitir assumir a fun-
o de controle dos indivduos ao nvel de
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II - Periculosidade e
Patologia Mental: uma
criminalizao da Loucura
A evoluo da clnica psiquitrica e a
descoberta de novas patologias como a
psicose, aguaram ainda mais questio-
namentos do Judicirio, da comunidade
leiga e cientfica, acerca da existncia de
uma periculosidade singular na loucura,
que assusta e amedronta os demais pelo
seu carter agressivo e impulsivo e pela
impossibilidade de criar e manter laos
sociais. Nesta perspectiva, o sujeito que
por portar um sofrimento mental rompe
com os princpios legais e sociais, pas-
sa a ser uma figura marcada e classifi-
cada como perigosa, restando a este in-
divduo a repulsa social e a segregao.
Os primeiros trabalhos envolvendo o
termo periculosidade e relacionando a
Psiquiatria ao crime, so citados por Du-
tra (2002) a partir de Esquirol no scu-
lo XIX onde h a entrada das condutas
criminais na patologia mental. A loucura
comea a ser percebida atravs do julga-
mento moral e social, onde manifestaes
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IV - Os programas de
ateno ao Louco Infrator
na busca pela retomada
de uma posio social
O trabalho em comunidade requer mais
que um entrelaamento entre os diversos
profissionais da rea. preciso que haja um
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V - A prtica clnica na
busca pelo reconhecimento
na Ateno Psicossocial
em Sade Mental
Tratar a loucura ou mais precisamente,
a psicose, na sua essncia seria respeitar
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Este livro foi composto no outono de 2016,
papel supremos 300grs. para a capa e off-
set 75 g para o miolo, em Bookman Old
Style, corpo 12, em dezembro de 2016.