Apostila Da 7 Semana Diocesana de Liturgia 2015 PDF
Apostila Da 7 Semana Diocesana de Liturgia 2015 PDF
Apostila Da 7 Semana Diocesana de Liturgia 2015 PDF
Liturgia e Iniciao
Vida Crist
Sumrio
De fato, a liturgia como cume (cf. SC 10) e centro da vida crist, ocupa na
ao evangelizadora da Igreja e em particular na ao catequtica uma
especial vinculao, visto que, a catequese constitui um caminho pedaggico
que deve levar os catequizandos a f eclesial, que encontra na ao litrgica a
sua celebrao. Alm de cume, na liturgia que toda ao pastoral encontra
sua fora e vigor para dar continuidade ao mandamento de Jesus de fazer
todos discpulos seus, batizando-os (cf. Mt 28,19).
1
PANAZZOLO, Joo. Caminho de iniciao vida crist: elementos fundamentais. So Paulo: Paulus, 2011, p. 65.
2
BAUMAN, Zygmunt. Tempos lquidos. Rio de Janeiro: Zahar, 2007, p. 7.
3
Esta liquidez de nossa sociedade atinge decisivamente a vida eclesial, levando
muitos cristos a uma vivncia individualista da f, desconectada do
comunitrio, e ao mesmo tempo, impossibilitando o compromisso com Deus,
com o outro e com a construo de uma nova sociedade.
Que Jesus Mestre, seja a razo de nossa ao, e que Maria, a primeira
catequista, toque nossos coraes para a docilidade da ao do Esprito Santo.
4
A Liturgia como fonte da Catequese
Pe. Cristiano Marmelo Pinto3
1. Introduo
Por outro lado, a liturgia tambm fonte da catequese. Isto porque, tendo a
Palavra de Deus como sua fonte primria, na celebrao litrgica que a
Palavra ter um destaque especial. Como afirma Julin L. Martn: a liturgia
lugar privilegiado em que a Palavra de Deus ressoa com eficcia particular e
em que constantemente proclamada, escutada, interiorizada e comentada4.
Porm, a relao entre liturgia e catequese nem sempre foi to clara e, ainda
hoje continua um tanto confusa para muitos, embora haja um esforo para
reestabelecer esta relao. comum ouvir de catequistas que as crianas s
participam da celebrao da eucaristia, ao longo do processo catequtico,
3
Presbtero da Diocese de Santo Andr, So Paulo e proco da Parquia Menino Jesus, Jordanpolis, So Bernardo do
Campo, So Paulo. Membro da Coordenao e Docente do Curso de Especializao em Liturgia, Cincia e Cultura da
PUC-SP, Professor da Faculdade de Teologia da PUC-SP e Coordenador da Comisso Diocesana de Liturgia da
Diocese de Santo Andr.
4
MARTN, Julin Lopez. Liturgia e Catequese. In: PEDROSA, V. M., NAVARRO, M., LZARO, R., SASTRE, J.
Dicionrio de Catequtica. So Paulo: Paulus, 2004, p. 697.
5
foradamente. O mesmo acontece na catequese da crisma. E o que se v, na
maioria das vezes, um parcial ou total abandono da comunidade aps ter
recebido o sacramento.
Tudo isto nos faz questionar o processo catequtico, que por certo, mesmo que
haja esforo, no est conseguindo iniciar adequadamente os catequizandos,
tanto na vivncia comunitria da f como na sua celebrao litrgica. neste
intento que no Brasil nos ltimos anos, dando continuidade no processo da
catequese renovada5, ou a renovao da catequese, a Igreja tem buscado
fomentar uma catequese de inspirao catecumenal6, que leve a uma
verdadeira iniciao vida crist. A catequese segundo D. Sartore:
Preocupada com o anncio e com a sua traduo para a vida concreta,
parece por vezes menos sensvel ao momento celebrativo, que se situa como
pice do anncio e como fonte da existncia crist7.
5
Cf. CNBB. Catequese Renovada: orientaes e contedo. (Documentos da CNBB 26). So Paulo: Paulinas, 1984.
6
Cf. CNBB. Iniciao vida crist: um processo de inspirao catecumenal. (Estudos da CNBB 97). Braslia: Edies
CNBB, 2009.
7
SARTORE, D. Catequese e liturgia. In: SARTORE, D. e TRIACCA, A. M. Dicionrio de Liturgia. So Paulo:
Paulinas, 1992, p. 175.
8
JOO PAULO II. Exortao Apostlica Catechesi Tradendae. So Paulo: Paulinas, 1982.
6
consciente e ativa no mistrio litrgico e desperta para a vida apostlica (GE 4).
Segundo J. L. Martn: A catequese conduz liturgia e desemboca nela, no
somente porque pice e fonte, mas pela mesma dinmica do processo de
evangelizao e da catequese9. Se a liturgia o cume para o qual se
direciona toda a ao da Igreja (cf. SC 10), inclusive a catequese, vale dar
ateno a Instruo Inter Oecumenici ao recomendar que:
Embora seja claro que entre a catequese e a liturgia haja uma ntima relao,
nem sempre foi assim. Se nos primrdios da Igreja esta relao era natural, ao
longo do tempo vo se distanciando, ao ponto de ser necessrio uma
retomada dessa relao. Vejamos como se deu esse processo.
9
MARTN, Julin Lopez. Liturgia e Catequese... p. 695.
10
CNBB. Diretrio Nacional de Catequese. (n. 119). Braslia: Edies CNBB, 2006, p. 84.
11
CNBB. Animao da vida litrgica no Brasil. (Documentos da CNBB 43). So Paulo: Paulinas, 1990.
12
CONGREGAO PARA O CLERO. Diretrio Geral para a Catequese. So Paulo: Paulinas, p. 92.
7
Ao voltar para junto do Pai, Jesus ordenou a seus discpulos: Ide, portanto,
e fazei que todas as naes se tornem discpulos, batizando-as em nome do Pai,
do Filho e do Esprito Santo e ensinando-as a observar tudo quando vos ordenei
(Mt 28,19). Comentando esta passagem, G. Lutz diz que: algum se torna
discpulo de Jesus na Igreja atravs da ao litrgica do batismo e atravs da
catequese13. Percebe-se j nesta ordem de Jesus a ligao que h entre
liturgia e catequese. Igualmente podemos encontrar esta ligao entre liturgia e
catequese no relato da ltima ceia de Jesus com seus discpulos (cf. Mt 26, 17-
29). Provavelmente Jesus agiu com seus discpulos conforme o costume judaico
para a ocasio, quando o mais novo do grupo perguntava ao que presidia o
motivo da reunio. O pai da famlia contava ento toda a histria da salvao
e depois repartia o po, o clice e comiam. E Jesus disse: Fazei isto em
memria de mim (Lc 22,19).
13
LUTZ, Gregrio. Liturgia ontem e hoje. So Paulo: Paulus, 1995, p. 72.
14
LUTZ, Gregrio. Liturgia ontem e hoje. p. 74.
8
Em toda a extenso do tempo de catecumenato, a liturgia e a catequese
estavam intimamente ligadas entre si. Alguns exemplos encontramos na Tradio
Apostlica15 de Santo Hiplito, nas Catequeses pr-batismais e mistaggicas16 de
So Cirilo de Jerusalm e nos Tratados sobre os sacramentos e os mistrios17 de
Santo Ambrsio.
15
HIPLITO DE ROMA. Tradio Apostlica: liturgia e catequese em Roma no sculo III. Petrpolis: Vozes, 2004.
16
SO CIRILO DE JERUSALM. Catequeses mistaggicas. Petrpolis: Vozes, 2004.
17
AMBRSIO DE MILO. Explicao do smbolo, sobre os sacramentos, sobre os mistrios, sobre a penitncia.
(Coleo Patrstica 5). So Paulo: Paulus, 1996.
9
Conclio Vaticano II, procura-se novamente ligar catequese e liturgia, num
esforo de destacar tanto a dimenso litrgica da catequese, como tambm a
dimenso catequtica da liturgia. neste sentido que o Decreto conciliar sobre
a educao crist Gravissimum Educationis ir dizer a respeito da formao
catequtica que ela ilumina e fortifica a f, nutre a vida segundo o esprito de
Cristo, leva a uma participao consciente e ativa do mistrio litrgico (GE 4).
Por outro lado, a Constituio sobre a liturgia Sacrosanctum Concilium diz que:
embora vise principalmente ao culto da divina majestade, a liturgia contm
muitos elementos de instruo para o povo (SC 33).
10
catequtica deveria ter elementos celebrativos em seu processo pedaggico18.
A celebrao litrgica no um momento para a formao catequtica
propriamente dita. No um momento de explicao. sim, um momento de
celebrar. Porm em todas as aes celebrativas existem elementos
catequticos, como por exemplo: gestos, smbolos, comentrios, homilia,
msicas, etc.. Estes elementos falam por si mesmo, tem a fora de expresso
prpria. Eles no precisam de serem explicados. Levando em considerao
todos estes elementos, a liturgia torna-se uma forte aliada no processo
catequtico de nossas crianas, jovens e adultos.
18
VALLE, Pe. Serginho. Pastoral Litrgica: uma proposta, um caminho. So Paulo: Loyola, 1998, p. 79.
11
a participao dos fiis, insistem muito na catequese preparatria19. O prprio
Conclio dir para que:
Ele ainda recorda que a catequese deve levar os fiis ao conhecimento dos
mistrios de Deus, atravs de uma catequese dos sinais (cf. n. 57), e que seu
contedo deve ser celebrado na liturgia (cf. n. 45).
19
SARTORE, D. Catequese e liturgia. p. 178.
12
evangelizao. O documento ressalta a importncia de uma slida catequese
sacramental ao afirmar:
Ainda a respeito dos diferentes lugares e momentos da vida crist, tais como:
peregrinaes, misses, crculos bblicos, comunidades de base, agrupamento
de jovens, onde se pode haver uma catequese, a Exortao chama a ateno
para trs dimenses: palavra, memria e testemunho, que no mbito
catequtico se apresenta como doutrina, celebrao e compromisso (cf. n. 47).
13
assembleia eucarstica. Ao referir-se a homilia, o documento afirma que: a
homilia retoma o itinerrio de f proposto pela catequese (n. 48) e por este
motivo a pedagogia da f tem sua fonte e complemento na eucaristia. Ainda
segundo o documento: a pregao, centrada nos textos bblicos, dever
ento, sua maneira, dar ocasio a que os fiis se familiarizem com o conjunto
dos mistrios da f e das normas da vida crist (n. 48).
20
CNBB. Diretrio Nacional de Catequese, n. 106.
21
PHILIPPE, Andr. A liturgia no centro da catequese. In: ISPAC. Introduo catequtica. Petrpolis: Vozes, 1965,
p. 47-66.
22
LUTZ, Gregrio. Liturgia ontem e hoje, p. 82.
14
A liturgia o lugar privilegiado de educao de f. Na liturgia a proclamao
da Palavra torna-se a primeira e fundamental escola da f23. A Palavra de Deus
na liturgia possui um carter sacramental, pois, na sua proclamao, Cristo se
torna presente (cf. SC 7). A liturgia da Palavra no vista mais como uma
preparao, mais sim, como o prprio Deus que fala para seu povo. Na liturgia a
Palavra de Deus no apresentada algo a aprender, mas como revelao a
ser acolhida.
Por outro lado, a liturgia em todas as suas dimenses e recursos, torna-se fonte
constante e inesgotvel para a catequese. Por certo, uma catequese que no
se impregne de orao e no desemboque na celebrao litrgica, afasta-se
de sua autntica fonte, e corre o risco de se reduzir a mera transmisso
intelectual. E uma liturgia que no valoriza sua dimenso catequtica, pode cair
no ritualismo24.
23
Cf. Diretrio Nacional de Catequese, n. 118.
24
Cf. JOO PAULO II. Catechesi Tradendae, n. 23.
25
CNBB. Liturgia: 20 anos de caminhada ps-conciliar. So Paulo: Paulinas, 1986, p. 170.
15
possa beneficiar-se para alimentar a f e convidar a converso e a construo
da comunidade crist26. Os textos litrgicos, os ritos, os gestos, os smbolos, o ano
litrgico e todos os demais sinais da liturgia possuem um grande valor para a
catequese. A catequese deve introduzir no significado e na participao ativa,
interna, externa, consciente, plena e frutuosa dos mistrios de Cristo na liturgia.
7. Concluso
26
SARTORE, D. Catequese e liturgia. p. 181.
27
PAIVA, Vanildo de. Catequese e liturgia: duas faces do mesmo mistrio. So Paulo: Paulus, 2008, p. 50.
16
Repensar as celebraes de primeira eucaristia, de crisma e at mesmo
do batismo;
A catequese precisa integrar em sua prtica as devoes populares, tais
como: teros, romarias, novenas, bnos, etc. Elas exercem um
importante papel na sustentao da f de muitos;
Tanto os catequistas como os agentes da pastoral litrgica devem
aprofundar sempre mais o conhecimento da liturgia e de seus ritos e
smbolos, buscando uma vivncia mais profunda dos mesmos, para poder
iniciar os catequizandos nos mesmos mistrios. No se inicia se antes no
estiver iniciado os conduzem;
O catequista visto como um mistagogo. Por isso, ou o catequista
conduzir o para dentro do mistrio, ou simplesmente continuar
transmitindo doutrinas e conhecimentos desconectados da vivncia
comunitria da f, no ressoando no corao dos catequizandos o desejo
de fazer parte da comunidade crist, muito menos de suas celebraes;
importante proporcionar aos catequizandos uma experincia constante
da vivncia simblica, a fim de desenvolver neles uma sensibilidade para
esta dimenso da liturgia;
Tanto os agentes da liturgia como da catequese precisam se libertar do
formalismo e da rigidez em relao do ritual e ao simblico. O rito deve
estar a servio da experincia de Deus e deve levar a uma f
comprometida com o mistrio celebrado, integrando f e vida;
importante ter cuidado com a imagem de Deus que passada aos
catequizandos, que muitas vezes no coincide com o Deus revelado por
Jesus Cristo, que Amor. H entre catequistas muitas concepes
negativas de Deus como: policial, quebra-galho, vingativo, justiceiro, etc.;
preciso revisar as concepes de pecado e como ele vem sendo
apresentado para os catequizandos. Vises distorcidas podem levar a
neuroses e experincias distorcidas de Deus;
A catequese deve ser criativa e possibilitar momentos e celebraes
penitenciais ao longo do processo, para acostumar o catequizando a
fazer silncio, examinar a conscincia, a pedir perdo e viver esse
compromisso no dia-a-dia;
17
Deve-se tomar cuidado para no fazer terrorismo com os catequizandos,
inculcando neles o que o catequista considera pecado ou no, e
forando eles a decorar frmulas extensas e pouco compreensivas;
importante que o catequista tenha uma vivncia positiva do
sacramento da penitncia, para no levar os catequizandos a uma
prtica obrigatria, mas prazerosa da misericrdia de Deus;
18
Referncias bibliogrficas
JOO PAULO II. Exortao Apostlica Catechesi Tradendae. So Paulo: Paulinas, 1982.
CNBB. Animao da vida litrgica no Brasil. (Doc. 43). So Paulo: Paulinas, 1990.
MARTN, Julin Lopez. Liturgia e Catequese. In: PEDROSA, V. M., NAVARRO, M., LZARO,
R., SASTRE, J. Dicionrio de Catequtica. So Paulo: Paulus, 2004.
VALLE, Pe. Serginho. Pastoral Litrgica: uma proposta, um caminho. So Paulo: Loyola,
1998.
PAIVA, Vanildo de. Catequese e liturgia: duas faces do mesmo mistrio. So Paulo:
Paulus, 2008.
19
Relao entre liturgia e catequese no
itinerrio do Ritual de Iniciao
Crist de Adulto
Eurivaldo Silva Ferreira28
28
Leigo, batizado e membro do povo de Deus na Arquidiocese de So Paulo. mestre em Teologia,
com concentrao em Liturgia pela PUC/SP, onde tambm cursou graduao em Teologia. ps-
graduado em Liturgia pelo IFITEG-GO. Membro da Rede Celebra de animao litrgica e do Corpo
Eclesial de compositores litrgicos da CNBB. Atua na formao litrgico-musical em diversas
regies do Brasil, como na Arquidiocese de So Paulo, Diocese de Joinville-SC, Iguatu-CE,
Guarapuava-PR e na cidade de Birigui-SP (Diocese de Lins).
20
Apesar de ter carter atemporal, a liturgia se apropria do fator tempo para
manifestar sua estreita relao pedaggica com o mistrio celebrado. Jesus
Cristo, a marca do tempo nos evangelhos, o eterno que habita o transitrio.
Na liturgia, fazemos no hoje aquilo que nos reservado para o futuro.
Celebramos com palavras, preces, msica, gestos, sinais e aes simblico-rituais.
Esses elementos so advindos da tradio judaico-crist da qual herdamos
desde as primeiras comunidades de f.
Na minha vida pessoal qual foi a porta da entrada para a f? Quem me iniciou
na vida crist? Como foram os meus primeiros passos na caminhada crist? Que
memrias tenho da minha iniciao na f? Como vivo e o que tem alimentado
a minha vida de f?
21
Procurar na internet a msica: Eu e a vida (Jorge Vercillo)
a) No judasmo
22
o mundo que repousa sobre as trs colunas, e no o judasmo. As trs colunas
visam a paz universal, embora necessariamente vividas em uma tradio
particular.
b) No cristianismo:
23
2. O Ano Litrgico, necessrio para a compreenso da f daqueles que passaro
nas fontes batismais
3. A liturgia, norma da f
Um gesto pode ser apenas funcional (guiar um carro, por exemplo). Mas
oferecer um presente, dar a mo, inclinar a cabea, abraar... so gestos que
exprimem uma inteno e, ao mesmo tempo, a realizam. Chamamo-los
29
VELOSO, Reginaldo. Revista de Liturgia, n. 239, p. 15.
25
smbolos, por analogia com as palavras e os objetos simblicos, porque unem
uma atitude corporal e um sentido intencional. (...) Na religio, como na vida
intersubjetiva ou na obra de arte, o sentido inseparvel dos sinais (...) (Antoine
Vergote). A Liturgia uma urgia Lit (urgia), no uma logia (de logos), no
pertence ordem do discurso e da cincia, da ordem de algo que se faz.
uma ao feita de palavras e gestos simblicos e eficazes. mais que expresso
da f, a prpria f em ato, conforme lembra o msico e liturgista francs
Joseph Gelineau, realiza o que significa, (sacramento), conforme SC 7.
26
espiritual de quem a celebra, condio para viver a liturgia, pice e fonte da
vida da Igreja (Cf. Editorial da Revista de Liturgia, n. 236, mar/abril 2013).
Joo Paulo II nos recordou que nada de tudo o que fazemos na liturgia pode
aparecer como mais importante do que aquilo que (invisivelmente, mas
30
Enzo Bianchi, prior da Comunidade de Bose, Itlia (traduo: Penha Carpanedo)
27
realmente) faz o Cristo por obra do seu Esprito (Vicesimus quintus annus, 10). E,
no entanto, na espiritualidade atual, basta ler os autores espirituais mais em
voga, a referncia liturgia est ausente: muitas so as referncias orao;
rarssimas as referncias liturgia... bom que se fale da relao entre Bblia e
espiritualidade, ou da lectio divina, mas o mesmo esforo que alguns bispos,
Igrejas locais e membros do povo de Deus fizeram pela lectio, deveria ser feito
em favor da liturgia, a fonte da espiritualidade: o lugar privilegiado para acolher
a Palavra justamente a liturgia!
28
Enfim, gostaria indicar para o futuro prximo o compromisso de levar a srio a
relao entre liturgia e evangelizao. Na verdade a Igreja pode educar na f
ao celebrar, em primeiro lugar, o mistrio da f com a sua liturgia e os seus
sacramentos, porque justamente a liturgia o primeiro ato de evangelizao: as
fontes da educao f, da vangelizao, da vida crist a liturgia. No h
testemunho (martyrua), no h servio (diakona) e no h comunho
(koinonia), sem a prioridade da liturgia (leitourgha), onde o mistrio da f
habilita os fiis para a misso e para o servio, criando e sustentando a
comunho, que sempre comunho em Cristo na fora do Esprito Santo.
29
5. As celebraes litrgicas no itinerrio do catecumenato
30
predispostas com sinais e fins especficos [signao, banho, uno, imposio
das mos, beijo e abrao, reconciliao, comida e bebida, banquete etc].
Para que esta manifestao seja translcida a nossos olhos, a liturgia se apropria
sinais sensveis (gua, livro, altar, fumaa, velas, cores, calendrio, canto e
msica, espao litrgico, po e vinho etc). Por meio desses sinais manifesta-se a
presena de Cristo. Estes alimentam, fortalecem e exprimem a f, promovendo
mais intensamente a participao ativa de toda a comunidade crist.
31
a) As celebraes da Palavra
A estrutura dessas celebraes deve ser bem simples: ritos iniciais com canto,
leitura(s) bblica(a) e salmo(s), homilia, ritos conclusivos, bnos. As bnos
ministradas pelos catequistas, como prev o RICA, so ministradas ao final
dessas celebraes. Essas celebraes tambm exercem o papel de
preparadoras para a futura participao plena na Eucaristia. Por serem aes
litrgicas, o seu valor reside na proclamao da palavra como acontecimento
de salvao.
32
b) As bnos durante o pr-catecumenato
Concedei, Deus, que [...], instrudo nos sagrados mistrios, seja renovado pela
gua do batismo e contado entre os membros da vossa Igreja. Por Cristo, nosso
Senhor.
O rito muito simples e, ao mesmo tempo, significativo. Tambm aqui, como nos
exorcismos e em outros momentos de orao, quem preside primeiramente
convida a todos a rezarem em seus coraes. Depois de um tempo de silncio
em orao, estende as mos em direo aos simpatizantes e diz uma das nove
oraes propostas. Para finalizar, os catecmenos, se for possvel, aproximam-se
de quem preside e este impe as mos a cada um (RICA, n. 119).
33
processo, por isso os ajuda durante o catecumenato a se manterem no firme
propsito)
6. Dilogo sobre o nome e a inteno dos candidatos. 7. Pequena colocao
sobre o mistrio de Jesus e seu seguimento.
8. Primeira adeso dos candidatos. 9. Pedido de ajuda aos introdutores e
presentes. 10. Orao de agradecimento pelo chamamento e pela resposta. 11.
Aclamao da assembleia. 12. Assinalao da fronte e dos sentidos.
13. Aclamao da assembleia. 14. Orao conclusiva. 15. Entrega de uma cruz
[opcional]. 16. Outro gesto comum de acolhida [opcional]. 17. Convite e entrada
na igreja. 18. Canto.
34
iniciao crist. A compreenso que temos agora fruto disso, desse
desvio.
35
j) A celebrao litrgica faz um tipo de mistagogia enquanto que o
encontro de catequese faz outro caminho de mistagogia. No fim, o
segundo concorre para a finalidade do primeiro.
36
Estilo Catecumenal:
Uma pedagogia para a Iniciao Vida Crist
Pe. Jordlio Siles Ledo
1. Introduo
37
O Itinerrio da iniciao vida crist uma proposta unitria, processual e
gradativa, que engloba a pessoa integralmente, introduzindo-a no mistrio
pascal de Cristo, inserindo-a na comunidade dos crentes, para que assim possa
viver e testemunhar sua f concretamente.
Olhando para a realidade que nos desafia, a Igreja no Brasil atravs de suas
Diretrizes Gerais da Ao Evangelizadora (2015-2019), tendo o desejo de uma
verdadeira converso pastoral prope algumas urgncias para a
evangelizao, dentre elas encontramos: Igreja- casa da iniciao vida crist.
31
CNBB. Diretgrizes Gerais da Ao Evangelizadora da Igreja no Brasil 2011-2015. So Paulo: Paulinas, 2011, n. 39.
32
Ibd., n. 41.
38
identificao de uma pessoa com um grupo concreto ou uma comunidade
especfica33. A pessoa sendo um ser relacional de maneira geral obedece ao
processo de adaptao no mbito social, cultural e religioso. Este processo
possui um duplo movimento, a pessoa que iniciada se adapta ao grupo
referencial e sua cultura, e ao mesmo tempo o grupo que a recebe se
enriquece com a contribuio que aquele iniciado pode dar.
33
FLORISTN, Cassiano. Para compreender o catecumentado. Coimbra: Grfica de Coimbra, 1988, p. 11.
34
BOROBIO, Dionisio. Iniciacin Cristiana. Madrid: Sigueme, 1996, p. 19.
35
BOROBIO, D. e TENA, T. Sacramentos da iniciao crist: batismo e confirmao. In: BOROBIO, D. (org). A
celebrao na Igreja. Vol. 2. So Paulo: Loyola, 1993, p. 24.
36
FLORISTN, Cassiano. Para compreender o catecumentado. p. 18.
37
IBID., p. 20.
39
Cristo. Teologicamente falando, a verdadeira iniciao se d na celebrao dos
sacramentos do batismo, confirmao e eucaristia38.
Dois elementos essenciais dessa iniciao, como afirma Floristn, so: o carter
sacramental e catequtico, o primeiro se concretiza nos trs sacramentos da
iniciao39 sem os quais ningum pode estar iniciado. O segundo consiste na
educao gradual da f crist, compreendida, celebrada e testemunhada. A
f-converso e a prxis mistrica so dois polos fundamentais do cristianismo
que conduzem a uma configurao a Cristo dentro da comunidade crist. O
cristianismo consiste numa f e numa prtica, as quais se aderem estando j
iniciado.
38
LIMA, L. A. A iniciao crist ontem e hoje: histria e documentao atual sobre a iniciao crist. In: COMISSO
EPISCOPAL PARA A ANIMAO BBLICO-CATEQUTICA/ CNBB. 3 Semana Brasileira de Catequese.
Iniciao vida crist. Braslia: Ed. CNBB, 2010, p. 58.
39
Batismo, Confirmao e Eucaristia.
40
(2009), 3 Semana Brasileira de Catequese (2009), Diretrizes Gerais da Ao
Evangelizadora da Igreja no Brasil (2011-2019).
Todos estes documentos acenam de uma forma ou de outra para a
necessidade do processo de se criar itinerrios de Iniciao. A iniciao vida
crist, pela via catecumenal, segundo o RICA, acontece em 4 tempos e 3
etapas, etapas aqui entendido como portas4010 que se abrem no decorrer
da caminhada dando possibilidade de continuidade, momentos marcados por
uma celebrao especfica que assinala a situao do iniciado dentro do
processo, na passagem para o tempo seguinte. De acordo com a metodologia
do RICA, os sacramentos so um sinal marcante na caminhada, mas no o fim
do processo, pelo contrrio, o incio da mistagogia que visa aprofundar na
educao para vivncia do mistrio pascal.
Purificao e Iluminao
Catecumenato
Admisso dos Candidatos
Mistagogia
(Quaresma)
(Tempo Pascal)
(Tempo mais longo de todos)
Sacramentos
Preparao para os
40
CNBB. Iniciao vida Crist: um processo de inspirao catecumenal. Braslia: Ed. CNBB, 2009, n. 74.
41
Ibd., p. 49.
41
Pe. Lima salienta que nas etapas (celebraes de passagem de um tempo para
o outro) so feitas as entregas que representam os compromissos que vo sendo
assumidos, como acontece na entrega da Palavra de Deus, do smbolo da f (o
Credo) e da orao do Senhor (o Pai Nosso). Elas representam tambm a
herana da f que passada aos novos cristos. Outros rituais vo
acompanhando o processo: a uno42, os exorcismos43 e os escrutnios44.
42
Na uno suplica-se a fora, a sabedoria e as virtudes divinas, para que sigam o caminho do Evangelho de Jesus,
tornem-se generosos no servio do Reino. RICA, n. 131.
43
Os exorcismos da quaresma pedem a libertao das consequncias do pecado e da influncia maligna, para que os
catecmenos sejam fortalecidos em seu caminho espiritual e abram o corao para o Senhor. RICA, n. 156.
44
Os escrutnios da quaresma, na sua qualidade de ritos penitenciais, visam uma progresso na conscincia do pecado e
no desejo de salvao, para caminhar ao encontro de Cristo, na noite pascal, Ele que gua viva, luz, ressurreio e
vida. RICA, n. 157.
45
O querigma a proclamao de um evento histrico-salvfico e, ao mesmo tempo, um anncio de vida. Enquanto
proclamao de um evento histrico, o querigma o anncio de que Jesus de Nazar o Filho de Deus que se fez
homem, morreu e ressuscitou para a salvao de todos. Enquanto anncio de vida, o querigma ultrapassa os limites de
tempo e de espao, abraa toda a histria e oferece aos homens uma esperana viva de salvao. Cristo est vivo e
comunica a sua vida realizando as promessas feitas por Deus Pai aos seu povo, por meio dos profetas, no Antigo
Testamento. CNBB. Anncio Querigmtico e Evangelizao Fundamental. Braslia: Ed. CNBB, 2009, n. 17.
46
CONGREGAO PARA O CULTO DIVINO. Ritual de Iniciao Crist de Adultos RICA. 4. Ed. So Paulo:
Paulinas, 2011, n. 14.
42
exige trs objetivos especficos: adeso a Jesus Cristo, converso de vida e
sensibilidade eclesial.
Acompanhado com o pr-catecumenato vem o rito de admisso, que a
primeira grande celebrao ritual de entrada no catecumenato:
47
CNBB. Iniciao Vida Crist: um processo de inspirao catecumenal. Braslia: Ed. CNBB, 2009, n. 79.
48
CONGREGAO PARA O CULTO DIVINO. Ritual de Iniciao Crist de Adultos RICA. 4. Ed. So Paulo:
Paulinas, 2011, n. 14.
43
a pouco durante o tempo do catecumenato. Sendo o Senhor, em
quem cremos, um sinal de contradio, no raro que o
convertido faa a experincia de rupturas e separaes, mas
tambm de alegrias que Deus concede sem medida.
3) Ajudados em sua caminhada pela Me Igreja, atravs dos ritos
litrgicos apropriados, j so por eles gradativamente purificados e
protegidos pela beno divina. Promovem-se para eles
celebraes da Palavra e lhes proporcionado o acesso Liturgia
da Palavra junto com os fiis, a fim de se prepararem melhor para
a futura participao na Eucaristia. Habitualmente, porm, quando
comparecerem reunio dos fiis, devem ser delicadamente
despedidos antes do incio da celebrao eucarstica, pois
precisam esperar o Batismo pelo qual sero agregados ao povo
sacerdotal e delegados para o novo culto de Cristo.
4) Sendo apostlica a vida da Igreja, aprendam tambm os
catecmenos, pelo testemunho da vida e profisso da f, a
cooperar ativamente para a evangelizao e edificao da
Igreja49.
49
CONGREGAO PARA O CULTO DIVINO. Ritual de Iniciao Crist de Adultos RICA. 4. Ed. So Paulo:
Paulinas, 2011, n. 19.
50
QUEZINI, Renato. A pedagogia da iniciao crist. So Paulo: Paulinas, 2013, p.49.
51
CNBB. Iniciao Vida Crist: um processo de inspirao catecumenal. Braslia: Ed. CNBB, 2009, n. 83.
44
6. O Tempo da Purificao e Iluminao
7. O Tempo da Mistagogia
52
CONGREGAO PARA O CULTO DIVINO. Ritual de Iniciao Crist de Adultos RICA. 4. Ed. So Paulo:
Paulinas, 2011. n. 21.
53
Ibid., n.25.
45
sacrifcio e a refeio eucarstica antegozam do Reino de Deus54. Atravs dos
sacramentos, o catecmeno vinculado plenamente a Jesus Cristo, que
continua a realizar sua obra de salvao na Igreja por meio dos sacramentos.
8. Consideraes Finais
54
Ibid., n. 27.
55
Ibid., n. 38.
56
FORTE, Bruno. Introduo aos Sacramentos. So Paulo: Paulus, 1996, p.38.
57
PAULO VI. Exortao Apostlica Evangelii Nuntiandi sobre a Evangelizao no Mundo Contemporneo. So Paulo:
Paulinas, 2005, n. 24.
58
O documento relata esses desafios: o grande nmero de cristos que no participam da eucaristia dominical nem
recebem com regularidade os sacramentos, nem se inserem ativamente na vida eclesial. Temos uma alta porcentagem
de catlicos que no tem conscincia de sua misso de ser sal e fermento no mundo, a grande maioria tem uma
46
diz respeito a evangelizao. Ele nos convida a fazermos uma reflexo de como
estamos educando na f. Nos ajuda a concluir que muitas vezes nossa iniciao
tem sido pobre e fragmentada, com isso ele nos desafia: ou educamos na f,
colocando as pessoas realmente em contato com Jesus Cristo e convidando-as
para segui-lo, ou no cumpriremos nossa misso evangelizadora59. Deste modo,
somos convocados a propor a iniciao crist, que alm de marcar o qu,
tambm d elementos para o quem, o como e o onde se realiza60. Desta forma
somos exortados a assumir o desafio de um nova evangelizao.
identidade crist fraca e vulnervel. CELAM. Documento de Aparecida: texto conclusivo da V Conferncia Gera do
Episcopado Latino-Americano e Caribenho. 13-31 de maio de 2007. So Paulo, Paulus/Paulinas/Ed. CNBB, 2007, n.
286.
59
Ibid., n. 287.
60
Ibid., n. 287.
61
Ibid., n. 289.
62
Ibid., n. 294.
47
quem, o como e o onde se realiza63. O estudo vai alm, acrescentando o com
quem e onde. Sua proposta pensarmos um itinerrio de iniciao a partir da
inspirao catecumenal sem a inteno de reproduzir estreitamente o esquema
do catecumenato pr ou ps-batismal, mas com o desejo de traduzir as suas
principais caractersticas.
Por isso, fazemos um convite para que voc conhea o Itinerrio elaborado pelo
CENTRO DE FORMAO PERMANENTE-CEFOPE, publicado pela SCALA EDITORA64,
que tem o desejo de responder a estas necessidades das quais refletimos neste
artigo.
9. Bibliografia
63
Ibid., n. 287.
64
Adote esta coleo e renove a ao catequtica da sua comunidade/parquia. Ligue: 0800 703 8353 ou acesse: www.
scalaeditora.com.br.
48
Os sacramentos de
Iniciao Vida Crist
Pe. Joel Nery
1. Introduo
CIC 1229 - Tornar-se cristo, eis algo que se realiza desde os tempos dos
apstolos por um itinerrio e uma iniciao que passa por vrias etapas. Este
itinerrio pode ser percorrido com rapidez ou lentamente.
CIC 1230 - Esta iniciao tem variado muito ao longo dos sculos e de acordo
com as circunstncias.
CIC 1230 - Esta iniciao tem variado muito ao longo dos sculos e de acordo
com as circunstncias.
49
2. A iniciao crist realiza-se pelo conjunto de trs sacramentos
a) No Antigo Testamento
50
Para os discpulos de Jesus e as posteriores comunidades o batismo de Joo era
relevante porque o prprio Jesus se deixou batizar por Joo (Mc 1, 9-12).
Segundo Santo Toms de Aquino (cf. S. Th. III, q.66, a.2) Cristo instituiu o
sacramento do batismo precisamente quando foi batizado por Joo, uma vez
que a gua foi santificada e recebeu a fora santificante.
A Igreja realiza o batismo por mandato do prprio Senhor que podemos conferir
nos Evangelhos em que os discpulos so enviados a batizar em Nome do Pai,
do Filho e do Esprito Santo (cf. MT 28, 18-20; Lc 24, 47; Mc 16, 15-16).
51
2.2. Aspectos gerais para a Celebrao do Sacramento
I. Matria e Forma
A Matria do batismo a gua natural pode ser quente ou fria. Para que
seja vlido, deve-se derramar a gua ao mesmo tempo em que se pronunciam
as palavras da forma que so: N.. eu te batizo em nome do Pai e do Filho e do
Esprito Santo.
II. Ministro
Resumindo:
a) Fundamentos Bblicos
53
Nos Atos dos Apstolos, temos Pedro e Joo enviados aos samaritanos: fizeram
orao por eles a fim de que recebessem o Esprito Santo, porque ainda no
tinha descido sobre nenhum deles, mas apenas estavam batizados em nome do
Senhor Jesus. Ento lhes impunham as mos e recebiam o Esprito Santo. (At 8,
14-17).
Por outro lado, tambm fala em Atos dos Apstolos de batismo e dom do
Esprito sem que se mencionasse uma imposio das mos (At 2,38; 10,44-48), e
Paulo, para o qual batismo sempre tambm significa concesso do Esprito, bem
como Joo, que fala do nascimento da gua e do Esprito (Jo 3,5) no se
refere a um rito prprio da concesso do Esprito alm do banho em gua.
54
b) Os sinais e o rito da confirmao:
c) Os efeitos da Confirmao:
O sacrifcio de Abro, que aceito oferece seu filho Isaac por ser essa a
vontade de Deus (Gn 22,10);
O sacrifcio do cordeiro pascal, cujo sangue libertou da morte os
israelitas (Ex 12);
O man com que Deus alimentou os israelitas durante quarenta anos
no deserto (Ex 16,4-35) e que Jesus se refere explicitamente no discurso
eucarstico de cafarnaum (Joo 6,31ss);
O sacrifcio de Melquesedec, grande sacerdote, que ofereceu po e
vinho para dar graas pela vitria de Abro (Gn 14,18), gesto que vir
ser recordado na Epstola aos Hebreus para falar de Jesus Cristo como
sacerdote eterno (...) segundo a ordem de Melquesedec (Hb 7,11);
Os pes da apresentao, continuamente expostos no Templo de
Deus, com os quais s quem fosse puro se podia alimentar (Ex. 25,30);
57
b) As designaes e os aspectos do Sacramento:
A Eucaristia e fonte e pice de toda a vida crista. (LG 11)
A riqueza inesgotvel deste sacramento exprime-se nos diversos nomes que lhe
so dados. Cada uma destas designaes evoca alguns de seus aspectos. Ele e
chamado:
58
Sacrificio de louvor (Hb 13,15), Sacrificio espiritual, Sacrificio puro e
santo, pois realiza e supera todos os sacrifcios da Antiga Aliana.
Santa e divina Liturgia, porque toda a liturgia da Igreja encontra seu
centro e sua expresso mais densa na celebrao deste sacramento; e
no mesmo sentido que se chama tambm celebrao dos Santos
Mistrios. Fala-se tambm do Santssimo Sacramento, porque e o
sacramento dos sacramentos.
Comunho, porque e por este sacramento que nos unimos a Cristo,
que nos torna participantes de seu Corpo e de seu Sangue para
formarmos um s corpo;
Missa, porque a liturgia na qual se realizou o mistrio da salvao
termina com o envio dos fieis (missio: misso, envio) para que
cumpram a vontade de Deus em sua vida cotidiana.
I. A Matria
59
Que o po seja zimo (isto , no fermentado; cf. Cn 926) feito
recentemente, de maneira que no haja perigo de corrupo (Cn
924 pargrafo 2);
Que o vinho seja acrescentadas algumas gotas de gua (Dz. 698 e cn
924, pargrafo 1). A mistura de gua no vinho era pratica universal
entre os judeus e com certeza assim o fez Jesus -, e tambm entre os
gregos e romanos.
II. A Forma
d) A Instituio da Eucaristia
Tendo amado os seus, o Senhor amou-os ate o fim. Sabendo que chegara
a hora de partir deste mundo para voltar a seu Pai, no decurso de uma refeio
lavou-lhes os pes e deu-lhes o mandamento do amor. Para deixar-lhes uma
garantia deste amor, para nunca afastar-se dos seus e para faze-los
participantes de sua Pascoa, instituiu a Eucaristia como memoria de sua morte e
de sua ressurreicao, e ordenou a seus apstolos que a celebrassem ate a sua
volta, constituindo-os ento sacerdotes do Novo Testamento.
60
do memorial de Cristo, de sua vida, de sua Morte, de sua Ressurreio e de sua
intercesso junto ao Pai. Desde o incio, a Igreja foi fiel ao mandato do Senhor.
A liturgia da Eucaristia desenrola-se segundo uma estrutura fundamental que se
conservou ao longo dos sculos ate nossos dias. Desdobra-se em dois grandes
momentos que formam uma unidade bsica:
A convocao,
A Liturgia da Palavra, com as leituras, a homilia e a orao universal;
A Liturgia Eucarstica, com a apresentao do po e do vinho, a ao
de graas consecratoria e a comunho.
61
A dimenso mistaggica da
Iniciao Vida Crist
Pe. Guillermo Daniel Micheletti
Por isso a Igreja como me tenra nos oferece uma base solida, sadia da vida,
muito mais na nobre e simples alegria das celebraes litrgicas quando bem
celebradas e no convertidas terapia emocional ou teatro/showzinho barato.
62
A liturgia a primeira e necessria experincia da f, porque nela encontramos
o autntico sentido de sermos cristos. a fonte de gua viva, lmpida como
cristal (Apocalipse 22,1), to lmpida que olhando para ela, como um espelho,
ns encontramos impressa a imagem da nossa vida crist e daquilo a que
somos chamados a ser e nos tornar como cristos.
63
Partindo de uma liturgia de qualidade deve-se levar s pessoas a se sentirem
vivamente participantes de uma assembleia fraterna que possa engaja-las
ativamente na corporeidade celebrativa. Assim, o Senhor se aproxima de
cada corao e o Esprito Santo age intimamente para compor uma assembleia
orante celebrante.
Este o grande mistrio: O Pai amou tanto o mundo que nos enviou o seu nico
Filho para nos salvar. Por sua vez, Cristo nos ama at o fim. O Pai o ressuscita e
em Cristo alcanamos a vida eterna.
O mistrio o desgnio secreto divino, que somente Deus pode revelar [Amos
3,7]. Revelar os mistrios obra de Deus unicamente.
64
O mistrio para Paulo a vontade Deus de recapitular [direcionar tudo
cabea] tudo em Cristo, tudo o que existe no cu e na terra [Efsios 1,10], , em
sntese, o prprio Cristo revelado plenamente em sua morte de cruz. Cristo , ele
mesmo, o mistrio de Deus.
Jesus ser chamado de mistagogo porque ser ele que nos introduza ao
conhecimento experiencial de Deus. Ele conduz os discpulos ao mistrio; ao
secreto divino, que s ele me[nos] pode revelar.
65
Este o tempo oportuno para aprofundar o mistrio que conduz ao corao de
Cristo Ressuscitado, para progredir na transformao interior de cada nefito, na
vida e no discipulado de Cristo.
Os sentidos captam a figura exterior dos mistrios: banho de agua, uno com
leo, po e vinho do banquete eucarstico, porm o decisivo a graa. O
sentido do mistrio deve ser descoberto, revelado pela Palavra: eis a
maravilhosa tarefa da catequese. Ainda, professado pela f. Este o caminho
da mistagogia.
66
O Senhor se d a conhecer espiritualmente a travs dos sinais sacramentais, que
somente so reconhecidos mediante a f. Importa compreender a verdade, j
no por um sinal, mas pela f. Como diz de modo muito bonito So Ambrsio:
Tu que deves a f ao Cristo guarda esta f, muito mais preciosa que o dinheiro.
De fato, a f equivale a um patrimnio eterno [Os Sacramentos].
Assim, a Palavra, sendo celebrada deseja fazer aconchego na vida inteira dos
filhos e filhas de Deus, para que essa vida, a imitao de Jesus Cristo, se torne o
verdadeiro culto [sacrifcio] a Deus.
Para os cristos, aquela Palavra tornou-se carne [Joo 1,14] em Jesus Cristo. O
Cristo o servo de Deus [o Cordeiro Santo], que fez de sua vida o verdadeiro e
total servio [ao litrgica] a Deus, Seu Pai amado. Em Cristo, a Palavra de
Deus se torna no somente corpo, mas corpo oferecido, dom total de si
[Hebreus 10,5; Salmo 40(39),7].
67
Os primeiros cristos tinham uma grande devoo e reconhecimento Palavra
de Deus na Liturgia, por isso reconheceram o vinculo essencial entre as Escrituras.
Ou, por sua vez, Jernimo: posto que a carne do Senhor verdadeiro alimento
e seu sangue verdadeira bebida, segundo o sentido altamente significativo,
preciso considerar que alimentar-se de sua carne e de seu sangue, no s no
mistrio do altar, mas tambm na Leitura das Sagradas Escrituras, nosso nico
bem no mundo presente [Comentrio ao Eclesiastes 3,13].
A exclamao hebraica Shem Israel [Dt 6,4], confessa com fora a sua
existncia; leva a pressentir sua presena.
Por meio da Liturgia, e somente por ela, a pessoa se torna crist, membro do
corpo de Cristo, participante da vida divina. Porm, a tal divinizao se chega
progressivamente fazendo o percurso forma de rezar na e da Igreja.
68
TERCEIRO: O caminho constante de iniciao vida da graa
[sacramentos] e vida eclesial"
69
Indicaes Bibliogrficas
JOO PAULO II. Exortao Apostlica Catechesi Tradendae. So Paulo: Paulinas, 1982.
CNBB. Animao da vida litrgica no Brasil. (Doc. 43). So Paulo: Paulinas, 1990.
CNBB. Pastoral dos sacramentos da iniciao crist. (Doc. 2a). So Paulo: Paulinas, 1974.
MARTN, Julin Lopez. Liturgia e Catequese. In: PEDROSA, V. M., NAVARRO, M., LZARO,
R., SASTRE, J. Dicionrio de Catequtica. So Paulo: Paulus, 2004.
VALLE, Pe. Serginho. Pastoral Litrgica: uma proposta, um caminho. So Paulo: Loyola,
1998.
PAIVA, Vanildo de. Catequese e liturgia: duas faces do mesmo mistrio. So Paulo:
Paulus, 2008.
70
PANAZZOLO, Joo. Caminho de iniciao vida crist: elementos fundamentais. So
Paulo: Paulus, 2011.
71
72