O Guardador de Rebanhos

Fazer download em docx, pdf ou txt
Fazer download em docx, pdf ou txt
Você está na página 1de 3

O guardador de rebanhos: ”Ao entardecer,

debruçado pela janela,”


1-Interpreta a exclamação do verso 5
“Que pena que tenho dele”, considerando
o assunto da segunda estrofe.
R:Através da exclamação do verso 5, o sujeito
poético apresenta os seus sentimentos relativamente
a Cesário Verde. A sua “pena” decorre do facto de o
autor ter vivido “preso” na “cidade”, ainda que possuísse
os traços de caráter e a maneira de ver o mundo típicos
de um “camponês”, conforme descreve nos versos da
segunda estrofe.
2-Explica de que modo a descrição de Cesário Verde
reflete as características da poesia de Alberto Caeiro.
R:A descrição de Cesário Verde realça as qualidades que
o aproximam de um “camponês”, como o próprio Caeiro,
empenhado em envolver-se e observar a realidade. O autor
é caracterizado por meio de alusões à natureza e de metáforas
e comparações que evidenciam a ligação ao contexto natural
e a propensão antimetafísica da poesia de Alberto Caeiro.
3-Explicita o recurso expressivo presente nos últimos três
versos e respetivo valor.
R:A comparação, usada nos três últimos versos do poema,
salienta a relevância que o campo, enquanto espaço conotado
com a felicidade, adquire na poesia de Cesário Verde, por oposição
à cidade. Por outro lado, associa essa dicotomia espacial do poeta
à vertente antimetafísica e objetivista da poesia de Alberto Caeiro.
“Sonho. Não sei quem sou neste momento.”
1-A primeira estrofe é iniciada pela forma verbal “Sonho”
caracterizadora do estado do sujeito poético. Aponta as três
grandes consequências desse estado de “sonho”.
R:O sonho permite ao sujeito poético: não saber quem é “Não sei
quem sou”, ou seja, ignorar a sua identidade; ter capacidade de
sentir “Durmo sentindo-me.”; não pensar “Meu pensamento
esquece o pensamento”.
2-Na segunda estrofe, o sujeito poético refere negativamente o
estado de vigília. Interpreta o primeiro verso da estrofe,
relacionando-o com o conteúdo da estrofe anterior.
R:”Se existo, é um erro eu o saber”. Este verso, que inicia a segunda
estrofe, marca o contraste entre a vigília e o sonho. Enquanto, na primeira
estrofe, o sonho corresponde à “Hora calma” da possibilidade de anulação
do pensamento, de desconhecimento do eu “Não sei quem sou neste momento”,
na segunda estrofe a vigília traz a realidade, a consciência, entendida como um
erro. A noção de erro é reafirmada pela expressão “Se acordo / Parece que erro”.
3-Transcreve as cinco expressões que evidenciam a referida negatividade.
R:A visão negativa do estado de vigília é evidenciada pelas expressões: Sinto
que não sei; Nada quero; nem tenho; nem recordo; Não tenho ser nem lei.
4-“LAPSO DA CONSCIÊNCIA entre ilusões,”. Propõe uma interpretação
para a expressão salientada.
R:O “lapso da consciência” será, precisamente, o sonho, esse intervalo
no tempo em que a consciência está ausente. O que ladeia esse i
ntervalo são as ilusões, sejam elas da realidade ou do sonho.
5-Explicita o desejo expresso nos dois últimos versos.
R:O sujeito poético deseja mergulhar no sono/sonho, numa fuga à
consciência da realidade que a vigília comporta. Por isso, deseja que
o seu coração adormeça, para adormecer o pensamento e deixar
emergir o sentir (“Dorme insciente de alheios corações”), ainda que
esse mergulho seja alheio aos outros e agrave a solidão (“Coração de ninguém!”).
6-Indica os temas da poética pessoana que se cruzam neste poema.
R:Cruzam-se neste poema os temas da dor de pensar e do sonho/realidade.
“Não sei porque é que sou assim.”
1-Identifique três traços de autocaracterização do sujeito poético,
revelados na primeira e na terceira estrofes, fundamentando a sua
resposta com elementos do texto.
R:Os mais nítidos traços de autocaracterização do sujeito poético são
os seguintes: a incompreensão de si mesmo (“Não sei porque é que
sou assim”); a incapacidade de sentir sem pensar (“Sentir foi sempre
para mim/Uma maneira de pensar”); a inquietação interior, representada
pelo “rodopio/ das folhas secas”, que impedem o encontro consigo
mesmo (“Não consigo ser eu a fio”).
2-Considerando a segunda estrofe, caracterize e justifique o efeito
que a memória exerce sobre o estado de espírito do sujeito.
R:A recordação de uma velha canção entristece o sujeito poético,
no entanto, ele não sabe determinar, com exatidão, o motivo da
tristeza. Essa tristeza advém do facto de a cantiga ser antiga e, por isso,
remeter para um passado distante, que já não existe? Ou é o sujeito
poético que é antigo, condição de que a cantiga o faz tomar consciência
e, logo, tem o efeito de o deixar triste? Seja como for, na base da tristeza
do sujeito poético está a memória nostálgica de um passado distante e
irrecuperável, despoletada pela lembrança de uma cantiga que pertence
a esse passado.
3-Aponte as duas linhas temáticas da poesia de Fernando Pessoa
ortónimo presentes neste poema.
R:As duas linhas temáticas pessoanas que melhor se evidenciam no
poema são: a dor de pensar, provocada pela incapacidade de sentir
sem a interferência do pensamento, e a nostalgia da infância, patente
na segunda estrofe.
“Cansa sentir quando se pensa”
1-Caracteriza o estado emocional do sujeito lírico, tendo em conta as
seguintes expressões: “nem sei quem hei de ser”; “Pesa-me o informe real”;
“E não poder viver assim”
R:O sujeito poético revela, nestes versos, e ao longo de todo o poema, um
estranhamento de si mesmo e do real que se lhe apresenta, e que lhe é dado
a entender. Ao mesmo tempo, há um sentimento de inadequação do eu a
esse real. Os versos revelam, em particular, uma falta de noção de como agir
e, simultaneamente, uma pressão exercida pelo real, o campo de ação do
sujeito poético. A dificuldade de compreensão de si mesmo e do real causa
este sentimento de impossibilidade de viver nestas condições.
2-Ao longo do poema, o estado de espírito do sujeito poético enquadra-se
no real circundante. Explicita esta afirmação, referindo o valor expressivo
da enumeração e da adjetivação no texto.
R:Os sentimentos de cansaço, solidão e tristeza são estimulados por uma
noite de vigilia, de insónia, uma noite fria, escura e silenciosa que se encontra
em plena consonância com o interior do sujeito poético. A estética da
corporização da solidão no “momento insone” é a localização dos sentimentos
no tempo e espaço desta noite fria. À escuridão desta noite e dos próprios
pensamentos do eu poético serve a adjetivação “negro astral silêncio e surdo”
para dar uma maior sensação de profundidade. A enumeração “Mas noite,
frio, negror sem fim, / Mundo mudo, silêncio mudo” contribui para o estreitamento
de laços entre situação espáciotemporal e situação emocional do sujeito
poético. Esta enumeração afunila o raciocínio na direção do paradoxo final,
generalizante do sentimento de despersonalização e inadequação da
personalidade ao real em que existe.
3-Explica o sentido do verso “E é uma noite a ter um fim” no contexto do poema.
R:Tendo em conta que o sujeito poético, mais do que triste, está frustrado e
cansado de viver numa realidade à qual não consegue adequar-se, sente que
não pode “viver assim”, dar continuidade ao que lhe parece absurdo. Portanto,
na lógica de que a noite termina com a madrugada, como esta noite que
madrugará, também os pensamentos negros e frios do sujeito poético
terminarão, um dia, quanto mais não seja através da inevitabilidade da morte.
4-Esclarece o possível significado da contradição entre “Tudo isto me parece
tudo” e “Ah, nada é isto, nada é assim!”.
R:Este paradoxo final que encerra o poema é revelador, uma vez mais, da
despersonalização do sujeito poético e da sua dificuldade de adequação ao
real que habita. Num raciocínio pessimista ao longo de todo o poema, o
sujeito poético parece tender para uma opinião geral da vida em simultâneo
com esse pessimismo. Contudo, depois de uma enumeração negativa, recua
no argumento, como recua nas suas ações, questiona o real que se lhe
apresenta, constante e dolorosamente.
5-Justifica o discurso parentético presente no final da composição poética.
R:O discurso parentético constitui uma reflexão final, na qual o sujeito poético
evidencia a perturbação vivida durante a noite de silêncio e escuridão
(“Mas noite, frio, negror sem fim, / Mundo mudo”) e acalenta a esperança
de mudança através da frase exclamativa final: “Ah, nada é isto, nada é assim!”
6-Tendo por base o poema e a análise que acabaste de fazer, indica,
justificando, o tema pessoano central aqui tratado.
R:Trata-se aqui, do tema da dor de pensar, explícito no primeiro verso do
poema, através do cansaço que o sujeito poético expressa em relação a
esse doloroso processo, que é o pensamento.
“Tenho tanto sentimento”
1-A primeira estrofe apresenta uma das tensões nucleares da poesia de
Fernando Pessoa ortónimo. Justifica a afirmação, esclarecendo as relações
de sentido que se estabelecem entre os seis versos.
R:Na primeira estrofe, desenvolve-se a oposição “sentimento” / “pensamento”,
central na obra de Pessoa ortónimo. Segundo o sujeito poético, não consegue
apenas sentir, ainda que, por vezes assim lhe pareça. Contudo, ao analisar-se
(“ao medir-me”), compreende que , no momento em que é “sentimental”, as
suas emoções já foram intelectualizadas e transformadas em “pensamento”.
2-Explicita o efeito produzido pela mudança de pessoa
gramatical – “eu” / “nós” – da primeira para a segunda estrofe.
R:Com a mudança de pessoa, da primeira do singular para a primeira do
plural, o “eu” lírico procede a uma universalização das suas afirmações,
generalizando o seu caso particular a “todos que vivemos”, todos os seres humanos.
3-Comenta a relevância dos três últimos versos na construção de sentido do poema.
R:Os últimos três versos do poema apresentam um caráter conclusivo
face às afirmações anteriores e à indefinição que as mesmas deixam no
ar. Depois de refletir sobre qual a “verdadeira” vida de cada ser humano,
que se debate entre o sentimento e a razão, o sujeito poético termina
destacando a supremacia do pensamento, pois, segundo ele (e como
explicou na teoria do fingimento poético), “a vida que a gente tem / É a que tem de pensar”.
4-Explicita a imagem que o sujeito poético tem de si próprio.
R:O sujeito poético admite que chega a convencer-se de que é sentimental,
mas acaba por afirmar que esse sentimento não é nada mais do que
pensamento do que não sentiu na realidade, é uma emoção racionalizada.
5-De acordo com a análise que o lírico faz, indica o que há de comum
entre ele e os outros seres humanos.
R:O eu lírico reconhece que em todos os outros, como nele, há dualidade
entre uma vida vivida e uma vida pensada, entre o sentimento e a razão,
mas que “a única vida eu temos/É essa que é dividida/Entre a verdadeira e a errada”.
6-Refere a duvida que persiste no sujeito poético, indicando os versos que
correspondem à sua opção.
R:O sujeito poético não sabe explicar qual das duas vidas, a sentida ou a
pensada, é a verdadeira ou a errada, mas opta, nos dois últimos versos,
por admitir que a nossa vida “É a que tem que pensar”.
7-No poema verifica-se a recorrência de um nome e de um verbo ligado
lexicalmente a esse nome. Identifica e explica a insistência no uso desses vocábulos.
R:O nome “vida” e as formas verbais de “viver”, empregues diversas vezes
ao longo do poema, ocorrem com frequência porque a reflexão do sujeito
poético recai precisamente sobre a temática da vida e a forma como cada um
de nós a vive ou tem de viver.
PREDICATIVO DO COMPLEMENTO DIRETO
Considerar, julgar, ver, achar, suspeitar, nomear, declarar, designar, eleger, fazer, julgar, supor,
ter por, tornar, tratar, sonhar, imaginar.

Você também pode gostar