Artigo Lomabalgia Gestacional PDF
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DA LOMBALGIA GESTACIONAL
Physical therapy evaluation and treatment of gestational low back pain
Resumo
A lombalgia durante a gestação é um sintoma de dor que acomete a região lombar, que pode manifestar-
se com a presença ou não de irradiação para os membros inferiores. Atualmente, diversos estudos têm
buscado elucidar e padronizar os diversos aspectos referentes a esta temática, em razão de sua elevada
prevalência e de suas repercussões socioeconômicas. O objetivo deste estudo foi revisar a literatura
científica sobre a avaliação clínica, classificação, prevenção e tratamento da lombalgia gestacional. Foi
observado, nesta revisão, que a literatura científica que aborda este assunto ainda encontra-se controvérsia
e escassa, principalmente em relação à carência de definição e de conceituação dos métodos de
diagnósticos e terapêuticos, verificando-se, assim, a necessidade de novas pesquisas e de conscientização
dos profissionais de saúde em relação à lombalgia na gestação, para que se adotem medidas preventivas
e terapêuticas mais eficazes, que venham contribuir para uma melhor qualidade de vida das gestantes.
Palavras-chave: Fisioterapia; Dor lombar; Gravidez; Dor pélvica.
Abstract
Low back pain during pregnancy is a symptom of pain that attacks the lumbar region, that can be
manifested with the presence or not of irradiation for the lower limbs. Currently, diverse studies have
searched to elucidate and standardize the diverse aspects regarding this thematic, in reason of its
high prevalence and its socioeconomic repercussions. The objective of this study was to revise the
scientific literature about the clinical evaluation, classification, prevention and treatment of low back
pain in pregnancy. It was observed in this revision, that the scientific literature that approaches this
subject still finds controversy and scarce, mainly regarding to the lack of definition and standardization
of the diagnoses and therapeutics method’s, verifying thus, the necessity of new researches and awareness
of the health professionals in relation to low back pain, for that more efficient therapeutic and preventive
measures be adopted, that are going to contribute for a better pregnant’s quality of life.
INTRODUÇÃO
A lombalgia é um sintoma de dor que acomete a região lombar e que pode manifestar-se com
a presença ou não de irradiação para os membros inferiores (1). Este sintoma geralmente aumenta com
o decorrer da gravidez, ocasionando diversas interferências nas atividades de vida diária da gestante, tais
como carregar objetos, limpar a casa, sentar e caminhar, além de também poder acarretar absenteísmo
e distúrbios de sono (2).
Segundo Albert et al. (3), a dor pélvica e a dor lombar podem ser consideradas como sendo
uma das principais queixas durante a gestação, com incidência variando de 4% a 78%. Estudos
realizados por Ostgaard et al. (4) classificaram a lombalgia que ocorre durante a gravidez como três
diferentes condições clínicas que requerem tratamentos distintos, dividindo-as em dor lombar, dor
pélvica posterior ou a combinação de ambas.
Em um estudo longitudinal realizado por Van de Pol et al. (5) com 412 primíparas,
identificou-se que as mulheres com instabilidade pélvica possuem menos mobilidade nas atividades
cotidianas quando comparadas com as gestantes que não possuem instabilidade pélvica ou que
apresentam somente dor lombar. Acrescido a isso, estas mulheres também requererem mais afastamento
do trabalho e utilizam com freqüência dispositivos de apoio, como bengalas e cadeiras de rodas.
Com o propósito de determinar a classificação da dor pélvica no período gestacional,
Albert et al. (3) realizaram um estudo epidemiológico com 1460 mulheres, dividindo a avaliação
clínica em duas etapas: na história e no exame clínico das pacientes, com a aplicação de questionários
e de testes objetivos, e sugeriam uma nova classificação clínica baseada em cinco subgrupos:
síndrome da insuficiência pélvica, sinfisiolise, síndrome sacroilíaca unilateral, síndrome sacroilíaca
bilateral e uma miscelânea.
Contudo, mesmo com o aumento de pesquisas embasadas na lombalgia na gestação,
observa-se atualmente que a literatura científica que aborda esta temática ainda encontra-se escassa,
principalmente devido à carência de definição e padronização dos métodos de classificação, avaliação
e das técnicas de prevenção e tratamento, o que justifica a escolha deste tema neste estudo de revisão.
MATERIAIS E MÉTODOS
Para realização desse estudo de revisão, foram selecionados artigos publicados em periódicos
indexados nas bases de dados Lilacs (Literatura Latino-Americana e do Caribe em Ciências da Saúde),
consultada por meio do site da Biblioteca Virtual em Saúde (BVS) da Biblioteca Regional de Medicina
(BIREME) e Medline (Literatura Internacional em Ciências da Saúde), acessada por meio do PUBMED,
um serviço da Biblioteca Nacional de Medicina (National Library of Medicine) dos Estados Unidos,
publicados em inglês e português, que tratassem especificamente da lombalgia gestacional de causa
idiopática ou de origem musculoesquelética, que persista desde a gestação e 1ª semana pós-parto,
enfatizando os seguintes aspectos: classificação, avaliação clínica, prevenção e tratamento.
Os descritores utilizados na pesquisa bibliográfica foram respectivamente: lombalgia e
gravidez; low back pain e pregnancy; posterior pelvic pain e pregnancy. Foram selecionados e incluídos nesta
revisão 23 artigos.
RESULTADOS E DISCUSSÃO
Avaliação clínica
A dor pélvica e a dor lombar podem ser consideradas como sendo uma das principais queixas
durante a gestação, fato este que sugere a necessidade de um critério de avaliação preciso e detalhado
para que se realize um tratamento apropriado para cada gestante (4, 6, 5, 7).
Exame físico
Segundo Albert et al. (9), para realização de um exame físico adequado, seria necessária a
apresentação de achados objetivos referentes aos sintomas da dor e classificação quanto ao tipo clínico
de lombalgia que norteasse o tratamento. Portanto, propuseram um sistema de classificação utilizando
testes clínicos de fácil e rápida aplicação, capazes de separar dor lombar de dor pélvica posterior. A
aplicação destes foi feita por 6 fisioterapeutas que realizaram uma análise da situação da pelve de cada
paciente. Utilizando o coeficiente Kappa, foi avaliada a confiabilidade, a sensibilidade e a especificidade
de 15 testes, que possuíam 48 possibilidades de resposta, sendo que destas, 4 eram relacionadas ao
diagnóstico diferencial para exclusão de rotação e compressão da coluna, fraqueza de glúteo médio,
diferença de comprimento de membros e envolvimento com articulações do quadril. Passamos então a
citar os testes avaliados por estes autores:
de provocação da dor pélvica posterior. Os resultados demonstraram que o teste de elevação ativa da
perna é adequado para distinguir pacientes com disfunções decorrentes da dor pélvica posterior desde
o período gestacional e pacientes saudáveis, sendo este de fácil aplicação, alta confiabilidade,
sensibilidade e especificidade.
Classificação
De acordo com Nóren et al. (13) e Ostgaard et al. (4), durante o período gravídico, a
lombalgia poderia ser classificada clinicamente em dor lombar, dor pélvica posterior ou a combinação
das duas anteriores.
A dor lombar seria um sintoma presente previamente à gestação, que provavelmente retornaria
durante a gravidez. Suas características clínicas seriam: dor de caráter constante, pouca dificuldade
durante a marcha e em postura estática, redução da amplitude de movimento da coluna lombar, dor a
palpação da musculatura paravertebral e teste para provocação da dor pélvica posterior negativo.
A dor pélvica posterior seria uma lombalgia específica do período gestacional, de caráter
intermitente, com irradiação para um ou ambos glúteos. Diferentemente da dor lombar, não possui
alterações na mobilidade da região lombar, provoca dor durante a marcha, em postura estática e a
palpação da região glútea. Apresenta teste para provocação da dor pélvica posterior positivo.
De acordo com o manual de recomendações Europeu para diagnóstico e tratamento da dor
pélvica, elaborado por Vleeming et al. (14), a dor pélvica seria uma forma específica da lombalgia
gestacional, que poderia ocorrer separada ou concomitantemente com a lombalgia do período gravídico,
sendo definida pela experiência de dor entre a crista ilíaca posterior e a prega glútea, particularmente
nas adjacências da articulação sacroilíaca. A dor poderia ter irradiação para região posterior da coxa e
ocorrer associada ou não na região da sínfise. Também estaria agregada a uma diminuição da capacidade
de resistência da gestante em atividades como levantar, sentar e deambular. Seu diagnóstico poderia ser
obtido após a exclusão de causas lombares, sendo a dor ou as desordens funcionais decorrentes da dor
pélvica reproduzidas por testes clínicos específicos, tais como teste da dor pélvica posterior, Patrick-
Fabere, palpação da sínfise, teste modificado de Trendelenburg, teste da elevação ativa da perna.
Diferentes definições foram descritas em sucessivos estudos por Albert et al. (3), a fim de
classificar a lombalgia gestacional de acordo com o exato local referido de dor, dividindo-a em: dor na
sínfise, dor na sínfise e região sacral, dor na sínfise região sacral e lombar, e dor na área trocantérica.
Realizando posteriormente uma nova divisão nos seguintes subgrupos:
1. Síndrome da insuficiência pélvica: Dor diária nas três articulações pélvicas, confirmada
pela realização positiva de testes para provocação das articulações equivalentes.
2. Sinfisiolise: Dor diária somente na sínfise púbica, confirmada por testes para provocação
da sínfise púbica positivo. O termo sinfisiolise é incorreto, uma vez que não designa
“lise”, ou seja, ruptura, mas foi utilizado pelos profissionais da área da saúde da
Dinamarca para designarem a dor pélvica na gestação.
3. Síndrome sacroilíaca unilateral: Dor diária em uma articulação sacroilíaca, confirmada por
testes para provocação da dor.
4. Síndrome sacroilíaca bilateral: Dor diária em ambos os lados da articulação sacroilíaca,
confirmada com teste para provocação da dor sacroilíaca.
5. Miscelânea: dor diária em uma ou mais articulações pélvicas, com achados objetivos
inconsistentes para esta articulação, história de dor na sínfise púbica, e achados objetivos
para uma articulação sacroilíaca.
Prevenção e tratamento
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Este estudo possibilitou-nos observar que ainda existem muitas controvérsias a respeito da
lombalgia gestacional, principalmente relacionada à avaliação clínica, classificação, prevenção e
tratamento, havendo, portanto, a necessidade de mais pesquisas que busquem definir melhor este tema,
com propósito de contribuir para uma melhor qualidade de vida da mulher durante o período gestacional.
REFERÊNCIAS
1. Ferreira CHJ, Nakano AMS. Lombalgia na gestação: etiologia, fatores de risco e prevenção.
Femina 2000;28(Suppl 8):435-438.
2. Pennick VE, Young G. Interventions for preventing and treating pelvic and back pain in
pregnancy (Cochrane Review). 4th ed. Oxford: Update Software. Cochrane Library; 2007.
3. Albert HB, Godskesen M, Westergaard JG. Incidence of four syndromes of pregnancy-related
pelvic joint pain. Spine. 2002;27(Suppl 24):2831-2834.
4. Ostgaard HC, Andersson GBJ, Karlsson K. Prevalence of back pain in pregnancy. Spine.
1991;16(Suppl 5):549-552.
5. Van de Pol G, Van Brummen HJ, Bruinse HW, Heintz APM, Van der Vaart CH. Pregnancy-related
pelvic girdle pain in the Netherlands. Acta Obstetricia et Gynecologica. 2007;86:416-422.
6. Mogren IM, Pohjanen AI. Low back pain and pelvic pain during pregnancy: prevalence and
risk factors. Spine. 2005;30(Suppl 8):983-991.
7. Melhado SJC, Soler ZASG. A lombalgia na gravidez: análise entre gestantes no último trimestre
da gestação. Femina. 2004;32(Suppl 8):647-652.
Recebido: 25/04/2005
Received: 04/25/2005
Aprovado: 14/01/2008
Approved: 01/14/2008