1. CARACTERIZAÇÃO DO EMPREENDIMENTO........................................................ 1
1.1. Apresentação geral.................................................................................................. 1
1.2. Histórico do empreendimento.................................................................................. 3
1.2.1. Histórico de Pains................................................................................................. 3
1.2.2. Histórico de Corumbá........................................................................................... 5
1.2.3. Histórico do processo............................................................................................ 5
1.3. Localização e vias de acesso.................................................................................. 8
1.4. DNPM: identificação da poligonal e adjacentes; fase do processo......................... 10
1.5. Geologia da mina, produto final, reservas minerais, escala de produção e vida
12
útil. Material estéril: volume, decapeamento e disposição..............................................
1.6. Método de lavra / Plano de fogo.............................................................................. 15
1.7. Transporte do minério.............................................................................................. 18
1.8. Beneficiamento........................................................................................................ 18
1.9. Descrição dos insumos utilizados nos processos minerário e industrial................. 22
1.10. Descrição dos equipamentos e maquinários utilizados nos processos minerário
22
e industrial.......................................................................................................................
1.11. Infra-estrutura: instalações de apoio, fontes de abastecimento de energia e
24
água................................................................................................................................
1.11.1. Infra-estrutura...................................................................................................... 24
1.11.2. Desenvolvimento da mina................................................................................... 25
1.11.3. Meio ambiente..................................................................................................... 26
1.12. Mão-de-obra fixa e terceirizada............................................................................. 26
1.13. Demanda do produto x produção x viabilidade ambiental..................................... 26
1.14. Fluxograma do empreendimento........................................................................... 27
1.15. Fluxograma dos sistemas de produção................................................................. 27
1.16. Cartografia base..................................................................................................... 27
2. DIAGNÓSTICO AMBIENTAL..................................................................................... 28
2.1. Definição das áreas de influência do empreendimento........................................... 28
2.1.1. Área de influência sobre o meio físico.................................................................. 29
2.1.1.1. Área de influência direta (AID)........................................................................... 29
2.1.1.1.1. Área diretamente afetada (ADA)..................................................................... 30
2.1.1.1.2. Área de entorno (AE)...................................................................................... 30
2.1.1.2. Área de influência indireta (AII).......................................................................... 34
2.1.2. Área de influência sobre o meio biótico................................................................ 35
PRODUTOS CARTOGRÁFICOS
RELAÇÃO DE FOTOS
RELAÇÃO DE GRÁFICOS
RELAÇÃO DE TABELAS
Recursos Humanos
a) Número total de funcionários: 26
Próprios: 26 Terceirizados: 0
Capacidade de Produção
Capacidade nominal instalada de cominuição (t/dia):
ROM (média mensal): 50.000 toneladas
Produto (s) / Produção (média mensal):
Avanço de lavra anual (em ha):
Dimensões (área em ha)
Polígono minerário: 729,26 ha Reserva Legal: 8,10 ha
Área diretamente afetada: 40,39 ha APP(s):
Cava final: 7,09 ha Área(s) destinada(s) à preservação:
UC(s) do empreendimento:
O direito mineral remonta ao ano de 1995 quando a área foi requerida para pesquisa de
calcário, por terceiros.
A primeira versão da história do município diz que, anteriormente habitada pelos índios, a
região onde hoje se encontra o município de Pains começou a ser explorada em 1820.
Segundo conta a história, em 1854, o capitão Manoel Gonçalves de Melo construiu, em sua
fazenda, uma capela em louvor a Nossa Senhora do Carmo. Como nas proximidades da
capela morava a família Pains, o local ficou conhecido como Capela dos Pains. O povoado
que se formou foi elevado a distrito em 1859, com a denominação de Nossa Senhora do
Carmo de Pains, sendo suprimido em 1870 e, novamente, restaurado um ano depois, com a
denominação reduzida.
Outra versão sobre a história de Pains, não contraditória à acima, mas complementar,
remonta aos anos de 1721-1725, quando Bartolomeu Bueno da Silva descobriu os
“fortunados mananciais” do Rio Vermelho, à altura das nascentes do Rio Araguaia, Goiás.
Nesta época começou a marcha de mineiros e paulistas para o Oeste, passando pelo
território na província de Minas que mais tarde seriam povoados, e entre eles estava Pains.
Em 1830, na vizinhança dos Paim Pamplona, o Capitão Manoel Gonçalves de Melo, com
sua família, também adquiriu uma fazenda, a da Cachoeira. Tempos depois o Capitão doou
um terreno no centro da mata de Pains para construção de uma igreja em honra a Nossa
Senhora do Carmo. Esta doação juntou-se a outra, anteriormente feita por Manuel Antonio
de Araújo (na fazenda dos Araújos, nasceu Ana Jacinta de São José, a famosa Dona Bêja)
perfazendo quatro alqueires para a base de um povoado, ao redor da referida igreja. Em
1884 a igreja de Nossa Senhora do Carmo, hoje igreja do Rosário, ficou pronta.
A capela de Nossa Senhora do Carmo é a “Célula Mater” do distrito de Pains. Foi construída
em 1854 pelo Capitão Manoel Gonçalves de Melo, em terreno de sua fazenda, à margem
direita do Rio São Miguel. Construída a capela que é hoje a matriz de Pains, o Capitão
Manoel Gonçalves de Melo e seu confrontante Manoel Antonio de Araújo, concordaram em
doar à Padroeira, uma área de 12 hectares, para construir o patrimônio do núcleo de
colonização que então se iniciava.
A dois quilômetros da capela está situada a fazenda do Capitão Manoel Gonçalves de Melo
pertencente hoje aos seus herdeiros. Relíquia de família, a fazenda permanece conservada
em toda a sua integridade do arcaísmo de então, apesar dos 160 anos de existência.
O distrito de Pains foi criado em 2 de julho de 1859, pela lei nº. 1.675, e restaurado em
1871, pela lei nº. 1.854 de 12 de outubro. Desde 1926 é a vila de Pains sede da paróquia
Nossa Senhora do Carmo, tendo um vigário domiciliado.
Após exaustivas pesquisas, só foi possível constatar que este povoado foi abrigo de negros
que fugiam de seus senhores durante a época da escravidão, especialmente no século
XVIII. Inicialmente, o povoado foi denominado de Quilombo do Ambrósio II, provavelmente
uma homenagem ao maior quilombo já registrado em Minas Gerais, que, homônimo, se
localizou na região de Araxá. Há a presença de uma mínima quantidade de índios no
povoado, pois a mestiçagem já tomou conta dos habitantes do povoado.
• 16/02/1995: área requerida por Cleuser José Teixeira para pesquisa de calcário;
• 11/11/1996: publicação da cessão do direito mineral para a Mineração João Vaz
Sobrinho Ltda.;
• 18/12/1996: publicação do alvará de pesquisa;
• 23/11/1999: apresentação do relatório final de pesquisa;
• 02/03/2001: aprovação do relatório final de pesquisa;
• 12/09/2001: requerimento da lavra;
• 05/03/2002: aprovação do plano de aproveitamento econômico;
• 15/02/2002: constatação da realização de lavra clandestina pela Tangará Mineração
e Transporte Ltda. e notificação ao seu proprietário – José da Costa Guimarães –
solicitando a regularização ambiental da área;
• 21/03/2002: notificação extrajudicial a José da Costa Guimarães reiterando o pedido
de regularização ambiental da área;
• 01/04/2002: notificação do Ministério Público de Minas Gerais para o representante
da empresa Tangará Mineração e Transporte Ltda. comparecer no Gabinete da
Promotoria de Justiça de Arcos;
O estudo realizado para o licenciamento das novas atividades da empresa Mineração João
Vaz Sobrinho Ltda. compreendeu apenas o município de Pains, visto que a área do polígono
pertencente ao município de Arcos é pouco significativa.
Pains dista 217 km da capital mineira - Belo Horizonte -, está a 580 km da cidade do Rio de
Janeiro, e 500 km da cidade de São Paulo. Está distante 15 km da cidade de Formiga,
considerada a cidade mais importante de sua micro-região. Tendo como característica
peculiar à macro-região do Alto São Francisco, a ocorrência de calcário em grande escala, o
município de Pains, autodenominado “A Capital Mundial do Calcário”, possui uma extensão
territorial de 419,2 km2. Está localizado nas coordenadas 21º22’6” Latitude Sul e 45º39’59”
Longitude Oeste e possui 650 m de altitude mínima na foz do Córrego do Fundão, e 923 m
de altitude máxima no Morro do Café, e o ponto central da cidade tem 693,44 m. O índice
pluviométrico médio anual é de 1.426,3 mm, e a temperatura média anual é de 20,7°C. A
Este município é ligado à capital mineira pelas rodovias MG-170 e BR-354, que dão acesso
a MG-050 (acesso por Divinópolis), ou pela mesma MG-170, que dará acesso à BR-262,
passando por Arcos, Lagoa da Prata e Moema. Pains encontra-se limitada ao norte pelos
municípios de Iguatama e Arcos, a noroeste por Doresópolis, a oeste por Piumhí, a
sudoeste por Pimenta, a sudeste, por Córrego Fundo, a nordeste, por Japaraíba, e ao sul,
por Formiga.
Pains é cortada por rodovias que facilitam a ligação com centros fornecedores e
consumidores de insumos, matérias-primas e prestação de serviços, como a Região
Metropolitana de Belo Horizonte, Divinópolis e Formiga, Sul de Minas e estado de São
Paulo, e o Triângulo Mineiro. Para Belo Horizonte, o acesso se dá pelas rodovias MG-830
ou MG-439, destas para a MG-050 (também conhecida por Rodovia Newton Penido, cujo
acesso se dá por Divinópolis), ou pela mesma MG-439, que dá acesso a MG-170, que por
sua vez dá acesso à BR-262, passando por Lagoa da Prata e Moema. O principal corredor
rodoviário que leva à capital do estado de São Paulo é a BR-381, cujo acesso se dá através
da BR-354, que cruza esta via na altura das cidades de Perdões e Lavras.
Apesar da boa estrutura rodoviária, Pains não dispõe de estradas em boas condições de
conservação. Existem vários pontos críticos, sinalização precária e até mesmo ausência de
sinalização, além do tráfego intenso de caminhões (devido à intensa atividade calcária na
região) – que por transportarem calcário em estados físicos diferentes, tornam-se os
grandes responsáveis pelas emissões de poeira e poluição nas proximidades das sedes
municipais, o que dificulta ainda mais o trânsito no local - e ônibus (estes com maior
freqüência em horários de entrada e saída de alunos das faculdades de Formiga, Divinópolis
e Itaúna), acompanham estas rodovias em praticamente toda a extensão. Estudo feito pelo
DNIT, órgão governamental responsável pela construção e conservação das estradas
brasileiras, apontou que estradas mal conservadas aumentam o custo das mercadorias e
passagens em até 25%, devido às constantes manutenções que são necessárias aos
veículos. O atraso nas viagens também é um fator que prejudica bastante, além da maior
exposição ao risco de acidentes de todos os que as utilizam.
Para acessar a cidade de Pains utilizando ônibus intermunicipal com saída de Belo
Horizonte, a empresa que faz o percurso é a Viação Gardênia, que dispõe veículos de
segunda a sexta, cujo único horário diário de saída é às 16:45h. A cidade ainda dispõe de
mais 2 empresas que realizam viagens intermunicipais - Viação Campo Belo e Viação Aline
-, que levam para Formiga e Arcos, e Bambuí e Formiga, respectivamente.
10
Os dolarenitos ou dolomitos laminados são constituídos por rochas de cor cinza claro, com
laminações estromatolíticas. Os estratos possuem espessura média de um metro, podendo
chegar a 15 metros. Acima destes pode-se encontrar calcarenitos estromatolíticos,
dolarenitos calcíticos e calcirruditos dolomíticos. São rochas de cor escura com laminações
cruzadas e estromatólitos retrabalhados e lentes de sílex. Tipicamente o topo da seqüência
é recoberto por camada estromatolítica coberta por gretas de contração.
12
A partir das inúmeras análises químicas realizadas foram caracterizados três tipos de
calcários:
• Calcário calcítico: CaO ≥ 54,0%; MgO ≤ 1,10% e SiO2 ≤ 2,0%; cor cinza com
granulometria fina a muito fina, estrutura compacta;
• Calcário magnesiano: CaO variando de 49% a 53%, MgO ≤ 4% e SiO2 ≤ 2,5%;
possui intercalações de calcário fino a muito fino, estruturas primárias incluem
estratificações cruzadas;
• Calcário dolomítico: CaO variando entre 35% e 41%; MgO variando entre 12% e
16% e SiO2 indefinido, com níveis de estromatólitos, granulometria mais grosseira
que o anterior e cor cinza, podendo apresentar cristais de calcita preta. Os dolomitos
incluem o dolomito calcítico, com teores CaO inferiores a 35% e MgO superior a
16%. Possuem cor cinza escuro estando muitas vezes associados aos
estromatólitos.
13
A Mineração João Vaz Sobrinho lavra, beneficia e comercializa calcário nas formas bruta,
britada e moída, a granel e ensacada. Fornece à Belocal calcário na forma de brita para a
produção de cal virgem e hidratada. Fornece à S/A White Martins calcário britado para a
produção de cal virgem e gases industriais. Produz calcário para todas as aplicações
incluindo construção civil e ração animal. O calcário da futura mina será integrado a este mix
de produtos.
As numerosas aplicações do calcário tornam essa substância uma das mais importantes
matérias-primas minerais. A seguir algumas aplicações mais comuns do calcário:
A produção prevista de 600.000 t/ano de calcário bruto (50.000 t/mês) dará à mina uma vida
útil de 20,13 anos. Visto a jazida não possuir capeamento, a produção estimada de rejeitos
e ou estéreis (material impuro e/ou contaminado) é de 1% da produção nominal, ou seja,
500 t/mês. Esse material será disposto em pátio com aproximadamente 4.000 m2,
construído em área terraplenada, compactada e drenada para calota de contenção do
material carreado.
O método de lavra a ser implantado será o clássico na extração de calcário, ou seja, lavra a
céu aberto em bancadas e acessos laterais a estas bancadas. Serão desenvolvidos bancos
com altura de 10 metros, com as bermas com largura de 10 ou 20 metros. O acesso de
caminhões para carregamento de minério e estéril nas bermas se dará através de estradas
laterais. Estas bermas terão inclinação lateral de 0,5% e da borda do banco para o canto de
1%. Veja abaixo a Figura 1 ilustrando o método de lavra.
15
10m
0,5%
MÉTODO DE
10m
LAVRA
10m
1,0%
ACESSO
10m
10m
10m
ACESSO
SOLO
As bordas das bermas, devido ao trânsito de caminhões, serão protegidas. Esta proteção
será composta de leira e valeta de drenagem. Em locais de curva e/ou trânsito intenso as
leiras poderão ser substituídas por pedras grandes pintadas de branco. A Figura2 ilustra
esta proteção. As dimensões médias em metros admitidas são: A = 0,5, B = 1, C = 0,8, D =
1 e E = 0,8. A dimensão mínima da proteção da borda da cava (D), metade do diâmetro do
maior pneu utilizado, está prevista na NR-22 da lei 6.514 de 22/12/1977 do Ministério do
Trabalho.
16
VALETA
BERMA PRINCIPAL D
CRISTA DO TALUDE
A
C E
TALUDE
BERMA
PROTEÇÃO DE
BORDA DE CAVA
A perfuração para o desmonte com explosivos será realizada por perfuratriz pneumática. Os
explosivos utilizados serão encartuchado de 2 x 24 polegadas, encartuchado de 1 x 24
polegadas, granulado de alta densidade e granulado de baixa densidade e os acessórios
serão cordel detonante NP 10, NP 5, espoleta simples, estopim e retardos de 20 e 10 ms.
17
O transporte do produto acabado, por conta do comprador, será feito por carretas de
carroceria para o produto embalado em sacos e big bags e por carretas graneleiras para o
produto não embalado.
1.8. Beneficiamento
18
Estes produtos atendem à demanda dos setores como siderurgia, indústria de cal,
fertilizantes, ração animal, corretivo de solo e construção civil.
Na PV-02, que possui quatro decks, o undersize segue pelo transportador de correia TC-
04A, na seqüência pelo TC-04 para pilha que servirá de alimentação da moagem. Parte do
passante no terceiro deck segue pelo TC-07 para a peneira vibratória PV-06; e parte do
passante no segundo e terceiro decks segue pelo TC-02 para a peneira vibratória PV-03;
parte do passante no primeiro e segundo decks segue pelo TC-06, parte deste material
segue pela TC-09 formando a pilha de material P-7 de calcário calcítico da White Martins,
parte segue pela TC-51, formando a pilha P-7 de calcário dolomítico da Belocal, e parte
segue pela TC-22 e na seqüência diretamente para a Belocal. O oversize da PV-02 e parte
do passante no primeiro deck retornam pela TC-05 para o britador BR-02, fechando esta
etapa do circuito.
19
Paralelamente e em conjunto com o CBM-01 opera o circuito CBM-02, que tem início com o
basculamento do minério no alimentador vibratório AV-02, parte deste minério escoa por
gravidade para o britador BR-03 na seqüência segue pelo TC-10 para a PV-04, e parte
segue diretamente, sem passar pelo BR-03 pelo transportador de correia TC-10, para PV-
04. Nesta peneira, o oversize e o passante no primeiro deck seguem para o britador BR-04,
após cominuição, juntamente com o undersize, pelo TC-11, TC-12 para a peneira vibratória
PV-05.
A peneira vibratória PV-05 possui quatro decks; o oversize e parte do passante no primeiro
deck seguem pelo transportador de correia TC-13 para os britadores BR-05 e BR-06 que
funcionam em paralelo, na seqüência pelo transportador de correia TC-11 e TC-12
juntamente com o material do britador BR-04 e da PV-04 para reclassificação na PV-05. O
undersize da PV-05 segue pelo TC-30, e na seqüência para o TC-04A, TC-04 para formar a
pilha de alimentação da moagem. Parte do passante no terceiro deck segue pelo TC-15
para a peneira PV-06. Parte do passante no segundo deck e parte do passante no primeiro
deck seguem pelo TC-14, TC-51 e formarão também a pilha de minério P-7 de calcário
dolomítico, material que é destinado à Belocal. Parte do passante no segundo deck e no
terceiro deck seguem pelo TC-30 na seqüência pelo TC-02 para a PV-03. O minério da pilha
P-7 de calcário calcítico da Belocal segue pelo TC-24 para uma peneira de tela fixa com
malha de 68 mm, o oversize destina-se ao abastecimento dos caminhões e o undersize é
para alimentação do circuito de moagem. Parte do minério proveniente do primeiro deck e
do segundo deck, a partir do TC-14 segue para o TC-09 e forma a pilha P-7 de calcário
calcítico, destinado à White Martins. Parte do minério desta pilha segue para o TC-23, na
seqüência para peneira vibratória de dois decks PV-07; nesta o undersize é direcionado pelo
TC-29A formando outra pilha de alimentação da moagem, o oversize é direcionado para o
carregamento dos caminhões, e o passante do primeiro deck segue pelo TC-29 formando
outra a pilha de minério.
A peneira PV-06 possui quatro decks, o oversize segue pelo TC-19, na seqüência para pilha
pulmão P-3, segue pelo TC-21 e abastece o britador cônico BG-01 e na seqüência
passando pelo TC-20, TC-15 fechando o circuito na PV-06, este material possui
granulometria entre 30 – 50 mm. O passante do terceiro deck segue pelo TC-16 e forma a
20
Para o circuito da fábrica de componentes para ração animal são utilizados, além do minério
estocado nas pilhas destinadas a moagem o material também estocado nas pilhas P-0, P-1,
P-2 e P-3.
O processo tem início com a deposição do calcário no silo de matéria prima por caminhões
na seqüência parte passa pelo moinho de martelos MM-01, pela válvula rotativa VR-02, e
parte sai diretamente do silo para a válvula rotativa VR-01 ambos seguem pelo
transportador de rosca TR-01 para peneira vibratória PV-1. O oversize com granulometria
entre 10 – 20 mesh segue pelo TR-03, na seqüência para o elevador de canecas EC-05
para armazenagem em um silo. O undersize segue pelo TR-02 na seqüência para o
elevador de canecas EC-01; passa pela válvula rotativa VR-03 escoando para o exaustor
EX-01. Neste são separados três produtos. O primeiro segue para a VR-04 na seqüência
pelo TR-04 e EC-02, é armazenado no silo; este material possui granulometria de 50 mesh.
O segundo produto classificado segue pela VR-05, na seqüência pelo TR-05 e elevador de
canecas EC-03, é armazenado em outro silo, material com granulometria de 200 mesh. O
terceiro produto segue para um reservatório intermediário, o qual está interligado com
exaustor EX-02, o pó calcário com granulometria de 325 mesh segue para VR-06, na
seqüência para o TR-06 e EC-04, é armazenado em outro silo; nesta segunda
reclassificação no EX-02, o pó calcário com granulometria acima de 325 mesh retorna para
o EX-01 e novamente será classificado e depois ensacado. O circuito conta com duas
ensacadeiras para o calcário 80% PRNT e uma ensacadeira para o calcário 200 mesh.
A moagem do calcário é realizada no circuito de moagem CM-01. Esta etapa tem início com
o basculamento do calcário proveniente das pilhas destinadas a este fim no silo de matéria
prima, segue pela TC-33 para o silo alimentador, neste silo o material é distribuído para três
moinhos de martelos, MM-01, MM-02 e MM-03. O minério do MM-03 segue pelos TC-34A,
TC-50 para o silo de alimentação do moinho de bolas MO-01. A saída deste moinho possui
um despoeirador para contenção de aerodispersóides na área de trabalho. Na seqüência o
21
O calcário proveniente dos moinhos MM-01 e MM-02 segue pelo TC-34, na seqüência pelo
TC-36, TC-37, TC-60 segue para duas pilhas de minério, sendo uma delas para os silos
através da TC-72; a outra parte do material vai para estocagem.
23
1.11.1. Infra-estrutura
A estrutura de apoio será construída próxima à futura frente de produção. Será composta
das seguintes obras:
• Prédio para refeitório, cozinha e banheiros: prédio em alvenaria, com cobertura com
telhas de fibrocimento, com área de 112 m2 composta de salão, cozinha, copa,
despensa, varanda, WC e chuveiros;
• Prédio para galpão de apoio: prédio em alvenaria, com cobertura de fibrocimento,
com área de 144 m2 composto de garagem / oficina, tanque para 15.000 litros e
bomba de óleo diesel, almoxarifado, alojamento, escritório, WC e depósito de óleos e
graxas;
• Paiol de explosivos encartuchados: prédio em alvenaria com cobertura em laje, com
área de 4,37 m2;
• Paiol de explosivos ensacados: prédio em alvenaria com cobertura em laje, com área
de 7,50 m2;
• Paiol de acessórios: prédio em alvenaria com cobertura em laje, com área de 4,37
m2.
Os paióis serão cercados com distância de 5 m das paredes, cerca com 12 fios de arame
farpado, postes com alambrado espaçados em 1,5 m. Muro de 60 cm na base da cerca de
forma a impedir a entrada de pequenos animais e camada 30 cm de brita nº. 02 entre as
cercas e os prédios.
24
O óleo diesel será estocado em tanque com capacidade para 15.000 litros, coberto e dotado
de bacia de contenção de segurança, piso impermeabilizado e bomba de abastecimento.
A água potável será captada através de poço (a ser perfurado). A água para uso doméstico
será bombeada para as caixas d’água das instalações de apoio. A água para consumo
humano será resfriada e filtrada em bebedouros industriais. Prevê-se um volume de 30 m3
por mês para esta utilização. A atividade minerária não utilizará água. A água para
umectação das vias internas de circulação que abastecerá o caminhão pipa será também
proveniente do poço. Prevê-se para este fim o consumo de 750 m3 por mês.
A energia elétrica será fornecida através de uma linha de transmissão de baixa tensão (220
volts), no padrão de eletrificação rural com extensão aproximada de 1.800 m. A energia
elétrica terá utilização doméstica e na oficina de manutenção. O sistema de extração não
prevê a utilização de energia elétrica.
O sistema de telefonia será implantado pela concessionária Oi com dois canais via rádio.
25
Além da Belocal, também são clientes importantes: White Martins S/A, Cal Arco-íris, Cal
Cruzeiro, Construtora Barbosa Melo, Central Beton e Cargil, além de centenas de
produtores agrícolas e pequenos empreendimentos industriais.
26
Perfuração
↓
Desmonte
↓
Carregamento
↓
Transporte
↓
Britagem /
moagem
27
Para o Conselho Nacional de Meio Ambiente - CONAMA que estabeleceu diretrizes para
delimitação da área de influência, a bacia hidrográfica é o espaço físico apropriado para a
determinação de uma área de influência, pois é uma área bem definida e apropriada para
gestão de recursos naturais.
Segundo o CONAMA, em sua resolução 001/86 - artigo 5º, item III: "(...) definir os limites da
área geográfica a ser direta ou indiretamente afetada pelos impactos denominada de área
de influência do projeto considerando em todos os casos, a bacia hidrográfica na qual se
localiza".
A partir destas definições, entende-se que a bacia hidrográfica satisfaz o critério de escolha
de área geográfica adequada na delimitação da área de influência do empreendimento, uma
vez que esta é passível de gestão de seus recursos e qualquer degradação ambiental que
ocorra no seu espaço físico influenciará direta ou indiretamente toda a bacia.
28
Segundo SAITO (2001), "há controvérsias sobre a adequação da bacia hidrográfica como
unidade de estudo para todos os fenômenos ambientais. Em alguns casos, tais como
estudos da dinâmica de populações e comunidades transcendem as delimitações da bacia
hidrográfica; no entanto, nos casos de gestão de recursos naturais, a bacia hidrográfica é
reconhecida como a unidade de estudo mais adequada".
Conclui-se então que duas classificações de áreas de influência devem ser delimitadas: uma
primeira, para elaboração dos estudos físicos e bióticos, delimitando como base a bacia
hidrográfica e uma segunda, para elaboração dos estudos sócio-econômicos que extrapola
os limites da bacia hidrográfica.
29
Esta área compreende o local sujeito aos impactos diretos da implantação e operação do
empreendimento, identificados como área de intervenção: área da cava, área do depósito de
estéreis e minérios, estradas, acessos internos, obras de infra-estrutura tais como paióis,
refeitório, cozinha, banheiros, galpão de apoio e demais construções.
Área compreendida pelo poligonal e locais adjacentes. Esses pontos estão locados na
Figura 3 (mapa base) e na Figura 4 (pedologia) e são discriminados a seguir.
30
1) Trata-se da primeira área a ser explotada. Esta área foi explotada ilegalmente por José
da Costa Guimarães há aproximadamente 7 anos, e por força de decisão do Ministério
Público, a titular do direito mineral – Mineração João Vaz Sobrinho Ltda. foi obrigada a
31
2) Sede de Ronaldo Garcia. Esta propriedade está sendo pouco utilizada, e suas atividades
são exclusivamente destinadas a gado de corte, com poucas cabeças de gado, e sem
empregados.
5) Nascente encontrada dentro da propriedade de Plácido Ribeiro Vaz, que foi “protegida”
pelo proprietário anterior, e parte da água retida – por um cocho construído próximo à
nascente – era destinada à dessedentação do gado (atividade econômica anterior à
aquisição da propriedade pelo atual proprietário). Atualmente, a área está sem nenhuma
atividade.
6) Sede de Jorge Antônio da Costa. Trata-se de uma propriedade de pequeno porte, cuja
atividade econômica é agricultura familiar, com gado leiteiro. O proprietário reside no local,
com a família (esposa e dois filhos). Há apenas um empregado, que é registrado. A
produção de leite é de 100 litros por dia, e cada litro é vendido a R$ 0,63.
7) Sede de Espólio de Pedro Alves Teixeira. A principal atividade é gado leiteiro, com
ordenha mecânica. Há um empregado sem registro. A produtividade se assemelha à
propriedade anterior.
32
10) Duas pedreiras, a serem exploradas posteriormente. Trata-se de uma antiga área de
pasto, cujo ambiente de cerrado está em regeneração. As áreas de cerradão encontram-se
preservadas.
11) Pedreira a ser explorada posteriormente, com vegetação nativa em bom estado de
conservação. Ocorrem atividades pastoris entre abril e agosto.
12) Sede da CSN. Trata-se da propriedade com maior nível de utilização de todos os
superficiários estudados. Atualmente, a propriedade emprega 166 trabalhadores, todos
divididos em diferentes atividades relacionadas à mineração. São registrados conforme
normas da CLT (Consolidação das Leis do Trabalho), e seus horários de trabalho estão
divididos nos três turnos.
13) Povoado de Corumbá. Este distrito pertence a Pains há aproximadamente dois anos.
Antes, pertencia a Arcos. Não foi possível levantar nenhum dado a respeito da população e
da dinâmica do povoado, pois a Prefeitura ainda não dispõe de informações satisfatórias e
abrangentes sobre a localidade.
33
A área de influência indireta sobre o meio físico fica estabelecida como sendo a bacia do
Alto São Francisco, englobando os 27 municípios presentes nesta região, uma vez que
34
A delimitação desta região como sendo a área de influência indireta levou em consideração
as semelhanças físicas e as atividades econômicas que ocorrem na mesma, além de ser a
área oficial dos estudos realizados pelo IBGE.
Dentro da área de influência indireta delimitada, merece uma atenção especial a região
conhecida como Província Cárstica de Arcos, Pains e Doresópolis, pois o empreendimento
situa-se nesta região e estes municípios possuem suas economias intimamente interligadas.
Os impactos eventualmente ocasionados pelo empreendimento afetarão primeiramente esta
região.
A exemplo do meio físico, a área de influência direta sobre o meio biótico é aquela em que é
possível perceber algum tipo de impacto decorrente da atividade minerária, sendo a melhor
definição a sub-bacia do Córrego Santo Antônio. Todavia, como num primeiro momento o
empreendimento estará restrito à propriedade da Mineração João Vaz Sobrinho, os efeitos
da intervenção terão os seus limites menos abrangentes.
35
Foi estabelecido como o terreno inserido nos limites da propriedade da Mineração João Vaz
Sobrinho.
Foi definida como a área correspondente ao decreto DNPM, que extrapola a área de
entorno.
Num primeiro momento, compreende a área urbana que corresponde à sede de Pains e
Arcos, além das áreas de propriedades rurais localizadas nas proximidades. Com o
desenvolver das atividades, o povoado de Corumbá também será uma AID, dado o
planejamento que a empresa está fazendo para explorar a área por partes.
36
A área de influência direta corresponde a toda a área de influência direta do meio físico, que
corresponde à sub-bacia do Córrego Santo Antônio, mas extrapolando esta área, chegando
à zona urbana do município de Pains, pois será nesta duas cidade que os empregados da
empresa residirão.
Os salários que a empresa pagará aos seus empregados passarão a circular no mercado
desta cidade, criando demanda por novos produtos e por novos serviços, gerando novos
empregos e contribuindo desta maneira para arrecadação de impostos direta e
indiretamente pelo poder público.
O povoado de Corumbá será diretamente afetado no futuro, pois sofrerá inclusive com
relação à expectativa de criação de postos de trabalho, já que a população do local se
divide, no que se refere às atividades econômicas desenvolvidas, entre os que trabalham
em áreas rurais e os que trabalham em áreas urbanas e de mineração.
37
2.2.1. Geologia
De acordo com Campos (1991), a região em estudo está inserida no cráton São Francisco.
Este constitui o embasamento pré-cambriano sobre o qual se depositaram seqüências
supracrustais (terrígenas e químicas) de idade proterozóica, representadas, pelos
supergrupos Minas, Espinhaço e São Francisco, este último composto pelos grupos
Macaúbas e Bambuí em Minas Gerais. Sobre as unidades supracrustais, com um hiato que
vai do proterozóico superior ao cretáceo, depositaram-se seqüências terrígenas continentais
com contribuições eólicas e fluviais pertencentes à formação Urucuia.
O calcário do grupo Bambuí tem sua gênese relacionada à existência do mar de Bambuí, do
pré-cambriano superior, cujas águas quentes e rasas permitiam a precipitação do carbonato
de cálcio, dando origem aos calcários e demais rochas carbonáticas.
Os vestígios fósseis de estromatólitos, que eram organismos marinhos que viveram a mais
de 1.000 milhões de anos, comprovam que a extensão deste mar era quase a totalidade do
atual território de Minas Gerais. Por isto, os calcários são encontrados desde o município de
Lagoa Santa, na região metropolitana de Belo Horizonte, até o extremo norte de Minas.
Na região o grupo Bambuí encontra-se representado pelo sub-grupo Rio Paraopeba (in
Dardene & Schobbenhaus, 2000) que é composto por uma megassequência marinha
carbonática/terrígena. Essa seqüência se altera transicionalmente, apresentando feições
variadas nas inúmeras fácies.
38
Figura 5: Mapa dos domínios estruturais da parte sul da Bacia do São Francisco (segundo
Martins-Neto e Alkmim 2001)
39
A partir das análises químicas das rochas e com conhecimento da geologia local inferiu-se
que o domínio da uvala onde ocorre o córrego seria um graben, e as laterais seriam host, o
mesmo ocorrendo para o Córrego Santo Antônio, localizado em um graben. Desta forma
obtêm-se um sistema de grabens e host, onde as rochas estão praticamente indeformadas
no interior, podendo ocorrer deslizamentos interestratais, e as bordas tendem a apresentar
pequenas dobras e outras deformações.
40
2.2.2. Geomorfologia
2.2.2.1. Exocarste
Por sua vez, a espeleologia, derivada do grego “spelaion” que significa caverna, é a ciência
interdisciplinar que estuda as cavernas e seus respectivos ecossistemas. Esta ciência lança
mão de teorias, métodos e técnicas de campo como a geomorfologia, geologia, biologia,
arqueologia, paleontologia, técnicas verticais, topografia, dentre outras.
41
Mas isto não quer dizer que as feições cársticas, não se hospedem em outros tipos de
rochas. Nas rochas siliciclásticas, como o quartzito, também ocorrem cavidades como
grutas e outras feições cársticas como as dolinas e lapiás. Nas mais diversas litologias, já
foram descritas cavidades, mas certamente as que mais as hospedam são as rochas
carbonáticas.
Devido às formas peculiares que tais feições assumem, conferem um aspecto particular ao
relevo, ao qual se denomina “paisagem cárstica”. A paisagem cárstica ou o conjunto de
feições peculiares ao carste é objeto de estudo da geomorfologia, que por sua vez é a
ciência, que estuda as formas do relevo.
Porém, as áreas cársticas, ao contrário das áreas cujo substrato é formado por outras
litologias, possuem formas superficiais, que são subordinadas a outras internas, ou seja, o
exo e o endocarste. Portanto, a geomorfologia cárstica pode ser dividida em geomorfologia
exo e endocárstica.
42
A região de Pains foi mapeada como carste descoberto em exumação, com modelados de
dissolução, ocupando também setores dos municípios de Arcos, Doresópolis e Iguatama
(Felix e Freitas Jr., 2000).
O carste desta região caracteriza-se por extensos maciços calcários com escarpamentos
desenvolvidos em ângulos de 90° e paredões marcados por diferentes tipos de lapiás e
estruturas ruiniformes. As drenagens são predominantemente subterrâneas, com
sumidouros e ressurgências de água, cursos d’água intermitentes, canyons, depressões ou
dolinas muitas vezes associadas a lagos.
1
PIZARRO. A.P. Compartimentação Geológica Geomorfológica da Província Carbonática e Espeleológica de
Arcos-Pains-Doresópolis. XL Congresso Brasileiro de Geologia – BH – SBG. 1998.
43
Este bloco apresenta os maiores e mais contínuos maciços, atingindo alguns quilômetros de
extensão e alturas de até 50 m. São freqüentes as feições exocársticas, os sistemas de
sumidouros-ressurgências, dolinas de dissolução e de abatimento, uvalamentos, feições
ruiniformes (torres, pináculos, banquetas e verrugas) e lapiás.
Bloco Intermediário
Compreende uma faixa norte-sul, a oeste do Bloco São Miguel. Limitado a leste pela
localidade da Mina, a sudoeste pela Vila Costina, a oeste pela Vila Capoeirão e localidade
dos Cunhas.
As cavernas são controladas principalmente por estruturas como plano axial de dobras,
clivagens de fraturas e planos de falhas. Na porção leste as principais cavernas são:
44
Caracterizado por duas faixas de maciços calcários (Faixa Quilombo e Vila Costina), de
direções NW-SE, separadas por um “corredor” constituído de rochas pelíticas.
É constituído por dois tipos de ocorrências de calcários, às margens do Rio São Francisco:
45
No Bloco São Miguel ocorrem os maciços maiores e geralmente os mais contínuos, com
alguns quilômetros de extensão e altura de até 50 m. Dentre as feições exocársticas
freqüentes destacam-se os sistemas de sumidouros e ressurgências, dolinas
(principalmente de dissolução e abatimento), uvalamentos, feições ruiniformes (torres,
pináculos, banquetas e verrugas) e lapiás.
O relevo local caracteriza-se por paredões, lagoas, córregos e colinas alongadas. Estas
últimas possuem cotas altimétricas entre 800 a 890 m. A altitude topográfica indica cotas
altimétricas para em torno de 800 m para o topo de paredões e maciços de 710 m para a
base. As áreas temporariamente inundadas situam-se em cotas altimétricas inferiores a 705
m.
A uvala central constitui-se por ampla depressão, composta pela coalescência de várias
dolinas de fundo raso, posicionados em cotas inferiores a 710 m. As taxas de ampliação das
depressões do tipo uvala estão diretamente relacionadas com a eficiência do processo de
re-alimentação hidrológica e o desenvolvimento das rotas de drenagem subterrânea. Com a
ampliação da área de captação de águas pluviais, seria reforçado o fluxo de água ao longo
46
47
As drenagens que aparecem na área pertencem à sub-bacia do Rio Santo Antônio, sendo
que este passa a leste do limite. Estas drenagens são temporárias, onde no período de seca
percebe-se o leito dos córregos e lagoas secos para, na época de chuvas, ocorrer água em
abundância, principalmente na base dos paredões. As dolinas aparecem em toda a área
sendo importantes pontos de recarga hidráulica dos aqüíferos subterrâneos, algumas
formando lagoas. Algumas cavernas possuem drenagem permanente, como a caverna do
Cano D’Água e Abrigo da Caixa D’Água. Estas águas são utilizadas para dessedentação de
animais.
48
Segundo Valeriano (1998), de uma maneira geral, os sedimentos presentes nas cavernas
podem ser classificados quanto a seu tipo (clástico, químico ou orgânico) e proveniência
(autóctone ou alóctone), assim como mostrado, de forma resumida, na Tabela 5.
Sabe-se que as cavernas são importantes rotas de fluxo em condições freáticas ou vadosas,
ativas ou abandonadas. Desta forma, constituem ou constituíram ambientes associados ao
transporte e deposição de sedimentos, podendo, em determinadas condições, possuir
potencial fossilífero. Nos sedimentos orgânicos alóctones é que, principalmente, se
encontram os fragmentos fossilizáveis - ossos, carapaças, galhos, folhas, etc. - os quais
podem vir a sofrer processos de fossilização no decorrer do tempo geológico. As
concreções fossilíferas, precipitação e cristalização do carbonato de cálcio (mais de 90%
dos casos; 10% outros - ex. sulfatos, nitratos, etc.), na forma preferencial de escorrimentos,
envolvendo o material com potencial paleontológico, também podem ser importantes
agentes de fossilização.
49
Metodologia
Em 1997 uma equipe de espeleólogos coordenados pela Geóloga Georgete Dutra Macedo,
percorreu a área durante o diagnóstico espeleológico e assinalou 51 pontos entre feições e
cavidades.
A partir do referido estudo o trabalho de campo foi dividido em duas fases. Na primeira delas
foi efetuada a busca das coordenadas aí existentes com GPS, através dos caminhamentos
na poligonal DNPM e seu entorno.
A posição das cavidades encontradas está inserida no mapa da área, de forma a garantir
uma visão geral da situação espeleológica. No texto descritivo das cavidades estão as
coordenadas UTM.
O material utilizado foi a Planta de Detalhe Base da área em questão na escala 1:5.000
disponibilizado pela empresa ENAL – Engenheiros Associados Ltda. e GPS (Global Position
System) modelo GARMIM 76s, para a localização das cavidades. Os demais materiais de
campo envolvem capacete com iluminação, facão, caderno e lapiseira para a descrição das
cavidades, máquina fotográfica e flash, martelo, sacos de amostragem, caneta de retro
projetor e fita.
51
Em cada uma das cavidades encontradas foi realizado um levantamento dos vestígios
fósseis, diretos ou indiretos, presentes. Foram descritos os sedimentos consolidados, semi-
consolidados e inconsolidados, clásticos, químicos e orgânicos, autóctones e/ou alóctones.
Também foram feitas prospecções nas imediações dos maciços calcários, com certa ênfase
aos sumidouros intermitentes, bordas dos paredões rochosos e corredores de diáclases.
Para a inserção dos objetos deste trabalho, fez-se uma caracterização geral das cavidades
encontradas. A relação com o meio (sumidouro, ressurgência, surgência, posição no
paredão ou dolina, etc.), a localização e dados gerais permitirão uma avaliação da dimensão
da questão em análise.
Trata-se de uma caverna associada a abrigo na entrada, com diversos espeleotemas tais
como estalagmites, estalactites e colunas. Blocos abatidos no piso. Uma pequena abertura
dá acesso a um conduto paralelo ao paredão com aproximadamente 7 m de comprimento.
O abrigo da entrada possui aproximadamente 12 m de comprimento e altura média de 1,20
m.
52
Pequena cavidade que possui marca de água no piso formando um meandro seco. Abrigo
associado à caverna onde se observa um pequeno muro de pedra de construção antrópica.
A morfologia é meandrante com dois tipos de seções: elípticas horizontais – altura em torno
de 1,20 m e largura de 2,50 m e triangulares – altura de 3,0 a 4,0 m e largura de 2,0 m. A
caverna possui água em seus condutos com altura de lâmina d’água variando de 0,20 m a
1,20 m de profundidade terminando em sifão, mas não se percebe correnteza ou fluxo.
Nesta porção final aparecem dois condutos superiores entupidos de barro.
O nome provém de um cano que segue os condutos da caverna até o sifão, fazendo uma
captação de água que abastece um cocho no local. Foram observados na cavidade peixes
(bagres e piabas), todos pigmentados.
53
54
A caverna D localiza-se a meia altura nesta dolina possuindo um conduto meandrante com
seção elíptica e aproximadamente 6,0 m de extensão. Piso descendente com blocos
abatidos até o fechamento.
55
Abrigo localizado à meia altura no paredão, no calcário estratificado, possui teto plano e
paredes escalonadas. Foram observadas marcas e indícios de fogueira recente, com teto
apresentando-se escuro devido à fuligem. Espeleotemas são principalmente couves-flor e
estalactites. Não possui zona afótica.
Trata-se de uma pequena cavidade paralela ao paredão com direção predominante norte-
sul e aproximadamente 7,0 m de comprimento, localizada na base de um paredão com
talude de blocos. Foram encontrados ossos recentes nesta cavidade. Acima desta encontra-
se outra cavidade com aproximadamente 15,0 m de desenvolvimento atravessando o
paredão. Não foi possível passar. A altura média é de 7,0 m e largura de 4,0 m.
Seu piso é recoberto por sedimento argiloso inconsolidado e existem alguns depósitos
químicos, que correspondem aos espeleotemas, escorrimentos em sua maioria. Portanto,
esta cavidade não possui potencial paleontológico.
56
57
58
59
Além dos depósitos químicos representados pelos espeleotemas, ocorre sedimento argiloso
inconsolidado e o abrigo é usado pelo gado, fato que contribui para a desagregação do
sedimento. Contudo, este material não possui um conteúdo fossilífero considerável,
portanto, seu potencial paleontológico é baixo.
60
Pequenos abrigos na base de paredão de pequeno porte. Pequena área abrigada, de cerca
de 3 m, com piso formado por solo, sem, no entanto, apresentar vestígios arqueológicos
superficiais. Abrigo sem ponto sem nenhum atributo relevante.
61
Gruta associada a abrigo com morfologia meandrante, teto plano com estromatólitos e dois
níveis, separados por capa estalagmítica e travertinos. A gruta possui aproximadamente 70
m de extensão, 6 m de largura e 6 m de altura, com várias entradas e morfologia labiríntica
meandrante, com direção predominante 160º.
62
No tocante á paleontologia, a presença de casca fina, grandes travertinos, brecha tipo matriz
suportada, bastante consolidada. Ou seja, depósitos clásticos e químicos que conferem à
cavidade um médio potencial paleontológico.
63
No número 22 são cadastrados abrigos, localizados à meia altura no paredão. Este nível
possui diversas entradas acessando pequenas cavernas de 5 m a 10 m.
A cavidade localiza-se no fundo de dolina, possui depósitos químicos e clásticos, bem como,
sedimento argiloso inconsolidado. Portanto, possui baixo potencial paleontológico.
São várias pequenas cavidades localizadas no fundo de dolinas próximas que se interligam
formando um sistema de condutos e captação de água. Os condutos possuem morfologia
meandrante e altura variável, somando um total de 45 m de desenvolvimento.
64
65
66
67
69
Possui brecha com cimento argiloso, seixos angulosos finos e médios, de calcário e quartzo,
contudo, este material contém apenas informações paleoclimáticas ou paleoambientais.
Portanto, possui médio potencial paleontológico.
Caverna onde ocorre um sumidouro, localizada em fundo de dolina com entrada em salão
de 10m x 4m e 3m de altura, eixo maior na direção 120º. Na direção 30º o salão de entrada
acessa uma rede de condutos 300º através de uma pequena passagem no piso.
Esta rede é formada por pelo menos dois condutos de direção 300º captando água de
outras dolinas. Está praticamente entupido devido a sedimentos provenientes dos terrenos
arados. Possui poucos espeleotemas e não apresenta zona afótica.
70
71
No seu piso ocorrem sedimentos clásticos e matéria orgânica, contudo seu potencial
paleontológico é baixo.
72
A norte, prosseguimento natural do salão, o piso é marcado por área temporária até um
desmoronamento, por onde se segue aproximadamente 30 m (nível superior e inferior) até
ficar estreito e não encontrarmos passagem.
73
74
Foto 14: Entrada da Caverna do Ponto 42, vista de dentro para fora
75
Piso de rocha com travertinos e barro seco no interior. A oeste no abrigo encontra-se um
conduto meandrante com seção elíptica vertical com 1 m de altura e 0,8 m de largura na
base. Este conduto divide-se em dois, sendo o mais a norte contínuo por mais 30 m, quando
se afunila e comunica com outra parte da caverna. O conduto a sul vai na direção da outra
entrada desta mesma caverna. O piso de ambos é de pedregulhos compostos por chert,
quartzo e calcário.
Possui apenas sedimentos argilosos inconsolidados, que lhe conferem um baixo potencial
paleontológico.
77
78
Foram notados brecha tipo matriz suportada, com cimento calcítico e seixos finos a grossos.
Também ocorrem depósitos químicos associados à capa estalagmítica, e espeleotemas
como escorrimentos, travertinos e confeitos de tivoli. Há incrustações de conchas de
moluscos. Possui alto potencial palentológico.
79
Uma feição cárstica rara. A ressurgência está à meia altura no paredão, onde sai água de
um conduto de 2 m de altura por 2 m de largura, formando uma cachoeira que cai
diretamente sobre uma dolina de abatimento com paredes abruptas, entrando no sumidouro.
O conduto de onde sai a água não foi explorado devido a dificuldades de acesso (escalada
artificial). O sumidouro localiza-se dentro da dolina. Possui direção nordeste, 30 m de
desenvolvimento, morfologia meandrante, sem seções definidas devido ao excesso de
ornamentação, principalmente escorrimentos. A altura média é de 1 m até um pequeno
salão. A partir daí é necessário passar por uma pequena passagem que acessa parte do
córrego, até um desmoronamento onde não foi encontrada passagem. Foram encontrados
ossos calcificados no salão de entrada.
Gruta onde ocorre um sumidouro com cerca de 13 m de comprimento na direção sul, com
uma caverna localizada logo acima topograficamente. Ambas possuem condutos com
morfologia elíptica horizontal, com 4 m de largura variando de 2 m a 0,5 m. Esta caverna
possui aproximadamente 20 m de desenvolvimento e direção sudoeste. Foram observados
vestígios de tamanduá (fezes), teto com fuligem, mas há restos de fogueira recente. Piso de
blocos tabulares e sedimentos.
80
Foto 20: Aspecto do conduto com drenagem escavada no centro. Espeleotema métrico à
direita
Possui brecha intraclástica e brecha tipo matriz suportada, que cimenta seixos de quartzo e
calcário, além de carapaças de sementes envolvidas pelo cimento. Também foram descritos
piso estalagmítico e outros depósitos químicos como escorrimentos e concreções, além de
conchas incrustadas. Portanto, possui alto potencial paleontológico.
Esta caverna localiza-se no mesmo vale da saída da cavidade anterior (Caverna Travessia).
Possui aproximadamente 40 m de desenvolvimento interligando várias entradas e formando
um sistema com fraturas na direção 180º e 90º. As seções são triangulares com 6 m de
altura e 3 m de largura.
Foram observados grandes quantidades de sedimento argiloso inconsolidado e consolidado,
brecha tipo matriz suportada e depósitos químicos. Como se trata da continuação da
cavidade anteriormente descrita, também possui alto potencial paleontológico.
82
Caverna com planta baixa linear, 43 m de desenvolvimento linear, perfil inclinado e cortes
lenticulares inclinados. Cavidade situada na base de paredão, para onde é direcionada a
drenagem que desce da encosta, logo acima e originou a cavidade.
Presença de blocos abatidos por toda a sua extensão, casca fina, cortinas, pequenas
estalactites e escorrimentos. Também ocorrem sedimentos argilo-siltosos inconsolidados.
83
Abrigo com 9 m de desenvolvimento linear, planta baixa linear, perfil horizontal e cortes
triangulares. Possui entrada semicircular, mas não foram observados espeleotemas ou
presença de água. Foram observados blocos abatidos e sedimento arenoso inconsolidado.
Possui baixo potencial paleontológico.
Gruta situada na base de maciço, com 40 m de desenvolvimento linear. Sua planta baixa é
linear, o perfil é horizontal – inclinado e os cortes são elipsoidais horizontais e inclinados. Os
principais espeleotemas observados foram os estalactites e travertinos. Também ocorrem
muitos blocos abatidos, mas não foi observada a presença de água. Possui baixo potencial
paleontológico.
Gruta com 16 m de desenvolvimento linear. Possui planta baixa linear, perfil inclinado,
cortes lenticulares e triangulares. Situada à meia encosta, em seu interior foram notados,
travertinos centimétricos e micro-travertinos, colunas, escorrimentos e coralóides. Também
ocorrem colunas residuais ou pilares, blocos abatidos, pedriscos e sedimento areno-
argiloso.
Apesar da ocorrência de depósitos químicos, possui baixo potencial paleontológico.
84
O meio cavernícola é caracterizado por uma elevada estabilidade ambiental e pela ausência
permanente de luz (Pouson & White, 1969). Cada cavidade subterrânea, embora sujeita a
certas características abióticas comuns, apresenta-se como um ambiente ecologicamente
distinto, podendo abrigar de forma temporária ou permanente uma fauna peculiar.
85
A importação de recursos no meio cavernícola é feita por três vias principais: matéria
orgânica particulada carreada diretamente por rios ou veiculadas através de aberturas
verticais nas cavernas; matéria orgânica dissolvida que goteja através de fendas e
espeleotemas; raízes que penetram em grutas próximas à superfície ou através de
cadáveres e fezes de animais que entram e saem das cavernas com certa regularidade
como, por exemplo, as fezes (guano) de morcegos. O tipo de recurso, a região onde é
encontrado, bem como a forma pela qual este penetra no sistema, é um importante
determinante da composição da fauna presente no meio cavernícola (Bahia e Ferreira,
2005).
Os acidentais são animais da fauna externa que eventualmente são encontrados no interior
das cavernas, mas que não mantêm relação com este ambiente.
Os animais troglófilos (troglos = caverna, filos = amigo) são os que dependem do meio
cavernícola para desenvolver seu ciclo de vida. Os troglófilos são adaptados
ecologicamente ao meio subterrâneo, mas não apresentam especializações morfológicas e
fisiológicas que o tornem exclusivos do ambiente cavernícola. Os animais mais freqüentes
são as aranhas, opiliões, crustáceos, diplopodas e os insetos.
86
A importância ecológica dos animais troglóbios e o conhecimento das cavernas que abrigam
tais organismos podem assegurar sua preservação. Esta afirmação toma por base a
resolução CONAMA – Comissão Nacional do Meio Ambiente publicada em 6 de agosto de
1987. Em seu primeiro parágrafo relativo à conservação do patrimônio espeleológico, no
item 7, encontra-se a seguinte colocação: “Que o IBDF inclua os troglóbios na relação de
animais em perigo de extinção e que como tal devem ser preservados” (CONAMA, 1987).
* Extinto em 1989 o Instituto Brasileiro de Desenvolvimento Florestal (IBDF) transformou-se no Instituto Brasileiro
do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (IBAMA).
A área de estudo está inserida na região fisiográfica do Alto São Francisco, fazendo parte do
domínio morfoclimático do Bioma Cerrado, com gradações que vão das gramíneas do
campo limpo à vegetação densa na Floresta Estacional Decidual ou Floresta Seca.
A área de estudo apresenta-se totalmente modificada pela ação antrópica sendo que a
vegetação nativa foi removida para a produção de madeira ou para dar lugar à exploração
de calcário, pecuária e pequenas plantações. A vegetação está em processo de sucessão
primária com poucas espécies arbóreas próximas ao afloramento rochoso.
87
• Gruta do Índio
A cavidade apresenta as zonas eufótica, disfótica e afótica, sendo que a maior parte se
desenvolve na ausência de luz. O aporte de energia dentro da gruta é representado por
matéria orgânica vegetal carreada, bancos de sedimentos com cascas e asas de insetos.
88
A Gruta do Índio possui Potencial Biológico Muito Relevante para a área, visto que possui
grande riqueza de morfoespécies e principalmente um grande número de indivíduos das
espécies que se estabeleceram nesta cavidade. Não foi encontrada nenhuma espécie que
evidencie potencial troglomorfismo.
89
A cavidade apresenta as zonas eufótica, disfótica e afótica, sendo que a maior parte se
desenvolve na ausência de luz. O aporte de energia dentro da gruta é representado por
matéria orgânica vegetal carreada e raízes de plantas na entrada da cavidade.
A Caverna 24 possui Potencial Biológico Pouco Relevante para a área, visto que não possui
grande riqueza e/ou abundância de morfoespécies. Não foi encontrada nenhuma espécie
que evidencie potencial troglomorfismo.
90
• Caverna do Desmoronamento
91
Foram observados aranhas da família Ctenidae, grilos, barbeiros e opiliões. A cavidade não
apresentou grande riqueza ou abundância de espécimes apesar de possuir muito alimento
disponível.
O fluxo de energia é extremamente alto dentro da cavidade devido à matéria orgânica que é
carreada para o meio hipógeo através entrada em desnível acentuado. O aporte é de
material vegetal, serrapilheira úmida, grande quantidade de sedimentos rolados e de restos
de animais.
A Caverna 27 possui Potencial Biológico Pouco Relevante para a área, visto que não possui
grande riqueza e/ou abundância de morfoespécies. Não foi encontrada nenhuma espécie
que evidencie potencial troglomorfismo.
• Caverna da Mina
A cavidade apresenta as zonas eufótica, disfótica e afótica, sendo que a maior parte se
desenvolve na ausência de luz. O aporte de energia dentro da gruta é representado por
matéria orgânica vegetal carreada, bancos de sedimentos com cascas e asas de insetos e
raízes de plantas próximas ao final da gruta onde a umidade é maior devido à presença de
uma clarabóia.
93
A Gruta da Mina possui Potencial Biológico Pouco Relevante para a área, visto que não
possui grande riqueza e/ou abundância de morfoespécies. Não foi encontrada nenhuma
espécie que evidencie potencial troglomorfismo.
94
• Caverna Confusa
A região da entrada da cavidade apresenta grande aporte de energia vegetal como folhas,
galhos e raízes aéreas de árvores.
95
A Caverna Confusa possui Potencial Biológico Pouco Relevante para a área, visto que não
possui grande riqueza e/ou abundância de morfoespécies. Não foi encontrada nenhuma
espécie que evidencie potencial troglomorfismo.
96
A cavidade apresenta as zonas eufótica, disfótica e afótica, sendo que a maior parte ocorre
na ausência total de luz. Na entrada da gruta foram observados opiliões, mariposas e
formigas.
O potencial biológico da Gruta Comunicante foi classificado como Muito Relevante devido a
grande riqueza e abundância de espécimes. O que é facilitada pela ocorrência de duas
bocas grandes e aporte de energia.
97
Análise de Similaridade
O índice varia de zero (sem similaridade) a 1 que indica similaridade total (Krebs, 2001) e
são mostrados na Tabela 13.
A maior similaridade da fauna foi entre a Gruta do Índio e Comunicante e entre a Gruta
Desmoronamento e as Grutas Índio e da Mina.
98
Algumas outras espécies encontradas são troglófilas bem especializadas à vida cavernícola,
como a aranha Enoploctenus sp. que foi encontrada em todas as cavidades inventariadas
neste estudo em grande abundância e em vários estágios de desenvolvimento, Endecous
sp. (Ensifera: Phalangopsidae) observado em 87,5% das cavidades, Pseudonannolene sp.
(Spirostreptida: Pseudonannolenidae) em 71,4% das grutas e Zelururs sp. (Heteroptera:
Reduviidae) em 57,1%. As demais espécies encontradas apresentaram baixa riqueza nas
cavernas analisadas.
99
A partir do século XVIII não teremos mais informações sobre os grupos indígenas originais,
pois os nativos que não foram mortos ou capturados fugiram para regiões não conquistadas,
como o triângulo mineiro e o território de Goiás. A década de 60 desse século se inicia com
100
Também os relatos da expedição comandada por Inácio Pamplona, em 1769, já não trazem
qualquer menção a indígenas, mas a quilombolas ou criminosos que se refugiavam naquela
região (Biblioteca Nacional 1988). Além do caráter bélico tal expedição tinha o objetivo de
oferecer jurisprudência em conflitos e legislar em agrupamentos já existentes naqueles
sertões, cujos expoentes seriam os povoados de Pium-hí e Santa Ana do Bambuy (Barreto
1992: 18; Souza 1996: 193).
Apesar de as línguas faladas pelos indígenas da região não terem sido registradas, os raros
estudos lingüísticos existentes sugerem uma afiliação ao tronco Macro-gê (Davis 1968,
1966; Urban 1998: 90). Os bandeirantes paulistas, fluentes em línguas pertencentes à
família tupi-guarani (especialmente o nheengatú, tupi paulista ou tupi jesuítico) teriam
utilizado o vocábulo “cataguá” para designar genericamente qualquer grupo não tupi que
habitasse florestas. O termo significa: aquele que vive no mato, sendo uma derivação de
caá (campo, mato ou árvore), tã (duro ou bruto) e guá (vale) (Silveira Bueno 1998: 98).
Esta atitude de desprezar o uso de denominações tribais dos grupos indígenas, salvo no
caso de cativos recém-introduzidos do sertão, era uma prática corriqueira entre os paulistas
dos séculos XVI e XVII (Monteiro 1999: 193). Bom exemplo é a palavra tapuia, que jamais
designou uma tribo específica, mas simplesmente grupos diferenciados e inimigos dos
grupos falantes de línguas do tronco tupi-guarani. Os tapuias eram, na opinião de Navarro,
“uma geração de Indios bestial e feros; porque andam pelos bosques, como manadas de
veados, nus, com os cabellos compridos como mulheres: a sua fala é mui bárbara e elles
mui carniceiros...”(APM 1901: 162).
Sampaio (1900: 90) demonstrou a diversidade de estórias fantasiosas que foram criadas
sobre os habitantes indígenas do sertão, à época das expedições que buscavam a Serra de
Sabarabussú. Os termos Tapuia e Cataguá têm muito em comum (Lowie 1946, Silveira
Bueno 1998); ambos são genéricos, quase pejorativos, e não designam nenhuma tribo
especificamente, mas povos ‘não-Tupi’, bárbaros habitantes do mato.
101
Dias Jr. (1976/77) propôs que, há dois mil anos atrás, teria ocorrido o aparecimento da
cerâmica no Vale do São Francisco. Esta mudança estaria relacionada à maior
representatividade econômica do cultivo de plantas no cotidiano dos grupos que habitavam
a região (Dias Jr & Carvalho, 1981/82). Os vestígios destes horticultores-ceramistas foram
102
O setor de Arqueologia da UFMG, que pesquisou a região na segunda metade dos anos 70,
encontrou inúmeros sítios pertencentes à Tradição Sapucaí e à Fase Jaraguá. Segundo
Prous (1992a:356), estes sítios ocupam encostas ou topo de montes suaves próximos a
pequenos córregos; o fato de estes grupos não procurarem os grandes cursos d'água para
seus locais de habitação sugere que eles se moviam preferencialmente por via terrestre.
Prous corroborou a visão de Dias Jr. de que haveria duas tradições distintas na Província,
apesar de os materiais coletados nos sítios não terem sido estudados.
103
Prous, por sua vez, trilhou caminho semelhante ao de Dias Jr., ao relacionar manifestações
da tradição Una do Alto/Médio São Francisco aos mesmos grupos indígenas. No seu
entendimento a tradição Una: “manteve-se (...) até a chegada dos europeus, como mostram
um fragmento de metal encontrado em um silo na lapa da Hora (Januária) e os relatórios
104
Como se vê, tanto Prous, quanto Dias Jr. relacionam duas tradições distintas, Una e
Sapucaí a um grupo etno-histórico, especificamente os Cataguá.
Metodologia
O trabalho desenvolvido para este Laudo Arqueológico contou com 03 etapas descritas a
seguir:
105
Localizada nas coordenadas UTM 436990 L e 7749763 N, esta cavidade tem no máximo 40
m de desenvolvimento com uma altura média de 2,5 m e largura média de 4,0 m. Localiza-
se na meia-vertente do maciço, tem sua entrada principal com abertura para SE e sua saída
para N-NW.
106
• Gruta Comunicante
Nesta cavidade foi encontrado apenas um fragmento de cerâmica com alça, decorada em
arco, de cor avermelhada e, com as seguintes medidas: espessura da borda de 9 a 12 mm;
107
Com isto, aventa-se a possibilidade de ter sido encontrado em outro local, até mesmo fora
da caverna e depositado aí propositalmente, já que não foi encontrado nenhum outro
fragmento no interior desta cavidade e, nem mesmo na parte externa mais próxima da sua
entrada. Mas, mesmo assim, podemos considerar como um sítio arqueológico.
Este abrigo situa-se no mesmo maciço das outras duas cavernas acima descritas. Tem
apenas 15 m de desenvolvimento, com um salão na sua entrada, com blocos de calcário
próximos à linha de chuva do abrigo, com uma área sedimentar do seu lado SE, propícia a
uma ocupação pré-histórica. A abertura de sua boca está para NW e sua orientação para
85º - 265º.
Apesar de ser um abrigo sob rocha típico para a ocupação e com uma área razoável para
futuras escavações arqueológicas, os fragmentos de cerâmica parecem que foram
colocados neste espaço. Em geral, são fragmentos do corpo do vasilhame, com tempero
bem acentuado, com possível engobo externo, sendo que um dos fragmentos tem engobo
108
• Caverna Confusa
109
02) Conjunto B: são 49 fragmentos, entre eles existem 03 bordas com decoração externa,
do tipo incisiva, com linha de friso logo abaixo a incisão e, no fragmento maior há ainda uma
alcinha sobre a linha incisiva. Este fragmento maior tem as seguintes medidas: espessura
da borda > 9 mm, espessura da lateral > 12 mm, comprimento > 13,4 cm e largura > 6,4 cm.
O restante dos fragmentos têm as seguintes medidas: espessuras que variam entre 5 a 9
mm, comprimentos que variam entre 5,5 a 12,5 cm e larguras que variam entre 4 a 8 cm.
110
• Gruta do Índio
Começamos a descrição pela segunda entrada desta caverna, que se caracteriza por um
salão com predominância da zona fótica, com bacias de travertinos nas paredes,
aproximadamente a 1,00 – 1,20 m de altura do chão e, por sua vez, no chão, existem blocos
de calcário com sedimentos preenchendo os vazios entre eles, típico de uma boa área para
ocupação pré-histórica.
A abertura desta entrada está para NE, outra característica importante, já que, geralmente,
os abrigos sob rochas ou cavernas com salões de entrada como este, voltados para NE, E e
SE, apresentam vestígios arqueológicos dos grupos pré-históricos. A orientação segue a
direção 280º-100º.
111
Neste salão dos travertinos existem duas saídas abruptas, janelas, que dão uma excelente
visão do exterior, ao mesmo tempo, que é um excelente abrigo para as intempéries e para a
realização de atividades esporádicas tão comuns na pré-história. Pela quantidade de
fragmentos de cerâmica encontrada, pode se dizer que esta caverna teve um papel
importante para os grupos ceramistas que ocuparam a região. Nesta área da caverna não
encontramos nenhum material lítico (pedra lascada ou pedra polida).
112
Esta caverna tem uma importante fonte de água, aproximadamente a uns 500 m de
distância, conhecida como a Caverna Cano D’água que, possivelmente foi um grande
atrativo para os grupos pré-históricos que ocuparam a região.
113
Este sítio foi encontrado no caminho para a Gruta do Índio, na Fazenda Corumbá. Trata-se
de um sítio de superfície ou sítio a céu aberto com dimensões entre 80 m x 45 m, com
vestígios arqueológicos encontrados na superfície do solo atual e, compondo-se
basicamente de material lítico, isto é, instrumentos de pedra lascada, em diferentes
matérias-primas, como por exemplo, calcedônia, sílex preto, quartzo, siltito/argilito.
Também foi encontrado material cerâmico na Caverna 40, porém, acreditamos que seja
histórico, pois, há pequenos riscos que evidenciam sua manufatura através de tornos.
Discussão
A Lei nº. 3.924, de 26/07/1961 rege os monumentos arqueológicos que de alguma forma
são testemunhos de culturas passadas, que são considerados patrimônios da União e
114
Esta resolução estabeleceu que os sítios arqueológicos devam passar por avaliação e
posterior indicação de medidas mitigadoras e/ou compensatórias dos impactos negativos
sobre o patrimônio arqueológico. A Constituição de 1988 reforçou esta tendência e
estabeleceu a definição de patrimônio cultural, inserindo aí tanto sítios arqueológicos
históricos como os pré-históricos.
Por sua vez, o Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional – IPHAN –, a partir de
sua portaria SPHAN nº. 7 de 1988, estabeleceu os procedimentos necessários à
comunicação prévia, às permissões e às autorizações para pesquisas e escavações em
sítios arqueológicos e, que qualquer intervenção de natureza arqueológica deve ser
precedida de autorização do IPHAN (Lei nº. 3.924, de 26/07/1961, artigos 8 e 9). E, em
2002, com a Portaria IPHAN nº. 230, definiram-se os procedimentos e resultados esperados
nas etapas do licenciamento ambiental, compatibilizando as fases de obtenção de licenças
ambientais em urgência com os estudos preventivos de arqueologia. Esta Portaria delibera
também que na fase de obtenção de Licença Prévia, com apresentação de EIA/RIMA,
dever-se-á proceder à contextualização arqueológica e etnohistórica da área de influência
do empreendimento, por meio de levantamento de dados secundários e arqueológicos de
campo. O resultado, geralmente, é um Diagnóstico Arqueológico contendo a caracterização
e a avaliação da situação atual do patrimônio arqueológico regional. Dependendo do caso, a
partir do diagnóstico e avaliação de impactos deverão ser elaborados os Programas de
Prospecção (para a obtenção de Licença de Instalação – LI) e de resgate (para a obtenção
da Licença de Operação – LO) compatíveis com o cronograma da obra e com as fases de
licenciamento ambiental do empreendimento.
115
116
Tabela 16: Valoração e níveis de relevância a serem aplicados a cada cavidade. Modificado
de Brandt (2000)
Valoração e níveis de relevância
Classificação Valoração Legenda
Irrelevante 0,0 a 1,0 I
Pouco Relevante 1,0 a 1,99 PR
Relevante 2,0 a 3,99 R
Muito Relevante 4,0 acima MR
Os abrigos foram considerados como não significativos, mas são contemplados por
legislação específica (Portaria IBAMA nº. 887, de 15.10.1990 e o Decreto Federal nº.
99.556, de 01.10.1990).
117
118
119
120
121
122
Foi realizado um levantamento que contemplou o reconhecimento dos pontos que já haviam
sido identificados anteriormente, bem como a prospecção de novos pontos, durante os
meses de junho, julho, agosto e setembro de 2007. Algumas cavidades já eram conhecidas,
outras foram identificadas durante o novo caminhamento. O campo visou o mapeamento
topográfico e descrição das feições cársticas da área. As informações coletadas foram
analisadas para caracterização geológica e geomorfológica, assim como da fauna e de
aspectos paleontológicos e arqueológicos.
Com esta medida, se tem por finalidade levar ao conhecimento da população local o rico
patrimônio arqueológico, seja ele pré-histórico ou histórico, que existe no município, assim
como, criar condições de uma educação ambiental e patrimonial junto às escolas municipais
e estaduais;
123
3) Realizar o resgate dos vestígios arqueológicos dos respectivos sítios aqui encontrados,
no máximo até 02 (dois) anos antes do início da ação minerária dos maciços liberados pela
licença em questão, desde que, este material seja salvaguardado no município em
condições ideais de acondicionamento, identificação e exposição para o público em geral.
Este resgate deverá ser realizado por profissional especializado, ou seja, pelo arqueólogo;
Fica estabelecido que, enquanto não houver um local adequado e com profissional
especializado para gerenciar tais vestígios, no caso, um Museu, cabe à Mineradora em
questão, se responsabilizar pela medida nº. 02, através da atuação do profissional da área,
isto é, através de uma vistoria técnica arqueológica. Assim como, fica também estabelecido
o comprometimento da Mineradora em incentivar a criação do Museu Histórico de Pains,
que segundo informações locais, já existe um projeto para o tal museu nas mãos da
prefeitura local.
Como sabemos, atualmente, não podemos querer salvar e/ou proteger todos os espaços
naturais que tenham um patrimônio, seja ele, espeleológico ou arqueológico. Mas, podemos
amenizar o impacto do desenvolvimento econômico e social de uma determinada região,
com medidas simples como as descritas acima, que procuram resguardar a nossa história
tanto para a comunidade atual como para as futuras gerações.
124
Pains está localizada na bacia do Rio São Francisco, e na sub-bacia do Rio São Domingos.
Está, ainda, no vale do Rio São Miguel. Os cursos d’água superficiais que cortam o
município são o Rio São Miguel e o Córrego Mandengo. O índice de qualidade de água
(IQA), que indica o grau de contaminação por tóxicos dos rios, possui, nos dois casos
citados, a faixa de amostragem de 50<IQA<70, que indica qualidade média. Os dois cursos
d’água em análise encontram-se em mal estado de preservação, conforme informações
fornecidas pelo IGAM (Instituto Mineiro de Gestão das Águas). Este diagnóstico considera
no mínimo três fatores que contribuem para este fator: a população ribeirinha, que lança
seus resíduos no rio, a população rural, que emprega defensivos agrícolas para melhorar a
produtividade (e afeta o lençol freático) e a atividade das empresas de mineração
circunvizinhas, contribuem em conjunto para tamanha interferência na qualidade da água.
Estes fatores, somados à qualidade típica da água calcária, que normalmente traz
malefícios para a saúde da população que usufrui dela, causando “pedra nos rins”, dentre
outros problemas, remonta à necessidade de se pensar em medidas que mitiguem estes
impactos.
125
126
2.2.6. Qualidade do ar
A qualidade do ar nos limites da área de influência indireta não vem sendo monitorada tendo
em vista o uso atual do solo, voltado para as atividades agropecuárias. A emissão de
poeiras é aparentemente pouco significativa e a qualidade do ar respirável (higiene
industrial) deverá ser amostrada pelo método de pequenos volumes dentro do âmbito do
Programa de Gerenciamento de Riscos – PGR e do Laudo Técnico das Condições de
Trabalho – LTCAT com o advento da operação do empreendimento.
2.2.7. Ruído
A pressão sonora fora dos limites do empreendimento não será significativa. O ruído do
ponto de vista da segurança do trabalho será monitorado pelos métodos de medição
instantânea e dosimetria de ruídos dentro do âmbito do Programa de Gerenciamento de
Riscos – PGR e do Laudo Técnico das Condições Ambientais de Trabalho – LTCAT.
127
2.3.1.1. Objetivos
2.3.1.2. Metodologia
Na avaliação de campo foram obtidos dados acerca das fitofisionomias existentes, estado
de conservação, composição florística e distribuição das formações vegetais.
128
Área do Entorno (AE): Foi definida como AE todo o terreno inserido nos limites do terreno
de propriedade do empreendedor.
Área de Influência Indireta (AII): Foi definida como AII toda a área correspondente ao
decreto DNPM, que extrapola a área de entorno.
129
130
131
A identificação taxonômica das espécies foi feita diretamente em campo. Aquelas não
identificadas em campo foram fotografadas para identificação posterior através de
comparação com exsicatas depositadas no acervo do Herbário BHCB da UFMG e através
de bibliografia específica.
Para o mapeamento da cobertura vegetal e definição das classes de uso do solo da AII, AE
e ADA foi utilizada imagem de satélite disponibilizada pelo software Google Earth,
(acessado em dezembro de 2008). Os padrões, bem como os limites, foram checados
diretamente em campo.
Flora e vegetação
Enquadramento fitogeográfico
133
Caracterização geral
Com exceção dos locais que apresentam afloramentos de rocha, a maior parte das áreas
com cobertura vegetal nativa foi substituída por pastagens. Também se observa uma
pequena área com plantações florestais (eucalipto).
134
135
As florestas estacionais decíduas sobre afloramentos são muito comuns na região e ainda
encontram-se bem preservadas, devido à dificuldade de extração de madeira e
impossibilidade de implantação de pastagem. Porém, os fragmentos de floresta decídua
sobre solos são raros e, quando presente, encontram-se secundarizados e circundados por
pastagem.
As florestas deciduais presentes na área de influência são constituídas por dois tipos de
vegetação, sendo uma que cresce sobre as rochas calcárias e outra que cresce na base ao
redor dos afloramentos, como pode ser visualizado na Foto 41.
136
Estas formações florestais secundárias presentes na base e ao redor dos afloramentos são
denominadas de capoeiras e capoeirinhas. Essas formações são diferenciadas de acordo
com o porte e diâmetro de seus componentes arbóreos e através da sua composição
florística.
Já o estágio de capoeira, define-se por ser uma formação florestal secundária que sucede à
capoeirinha. Caracteriza-se por apresentar desenvolvimento médio de seus elementos
137
Foto 42: Campo de várzea existente na área de influência indireta, circundado por pastagem
Fitofisionomias ocorrentes
138
A floresta estacional decidual (mata seca) é caracterizada por duas estações climáticas bem
demarcadas, uma chuvosa seguida de longo período biologicamente seco. Ocorre na forma
de disjunções florestais, apresentando, no estrato dominante, macro ou mesofanerófitas
predominantemente caducifólias, com mais de 50% dos indivíduos despidos de folhagem no
período desfavorável (Veloso et al., 1991).
As matas secas geralmente ocorrem sobre solos de origem calcária, às vezes com
afloramentos rochosos típicos, restringindo ou facilitando a presença de determinadas
espécies. Esta característica determina a flora peculiar das florestas estacionais deciduais,
considerada de relevante importância, em termos botânicos, por apresentar florística própria
(Melo, 2007). De acordo com este autor, a cobertura vegetal é composta por um mosaico
fitofisionômico apresentando áreas florestadas e uma fitofisionomia saxícola (formação
aberta do carste), que se distribuem na paisagem conforme delicada combinação de fatores
locais, entre os quais se destaca o grau de desnudação da rocha.
139
140
141
Em locais com a presença de solo, mesmo que raso, predominam formações florestais,
destacando o estrato arbóreo. Dentre as espécies arbóreas observadas para essa
fisionomia citam-se: Myracrodruon urundeuva (aroeira), Astronium fraxinifolium (gonçalo),
Anadenanthera colubrina (angico), Enterolobium contortisiliquum (orelha de macaco),
Allophyllus sericeus, Lonchocarpus muehlbergianus (carrapateiro), Aloysia virgata (lixeira),
142
Nos locais com maior desnudação das rochas, predominam espécies rupícolas, herbáceas
em sua maioria. Destacam-se as espécies Talinum patens, Wilbrandia hibiscoides,
Cyrtopodium glutiniferum (orquídea), Hylocereus setaceus (cacto), Cereus jamacaru (cacto),
Aechmea bromeliaefolia (bromélia), Urera baccifera.
- Campo de várzea
Foram registradas várias espécies ruderais, comuns em áreas impactadas, como Brachiaria
decumbens (braquiária) Vernonia sp. (assa peixe), Asclepias curassavica e Sida vumbifolia.
Usos antrópicos
- Pastagem
143
Foto 46: Presença de áreas de pastagem limitadas pelas formações florestais existentes na
base do afloramento de rocha. Notar presença de erosão laminar e pequenos sulcos na
área de pastagem
Dentre as espécies observadas nos pastos sujos temos o assa-peixe (Vernonia polyanthes),
Myracrodruon urundeuva (aroeira), Celtis brasiliensis (grão de galo), Aloysia virgata (lixeira)
Lantana camara (camará), Solanum aculeatissimum (joá), Maclura tinctoria (moreira) e
Trichilia hirta.
- Reflorestamento
144
Melo (2008), em seu estudo sobre flora vascular relacionada aos afloramentos de rocha
carbonática no interior do Brasil, registrou a ocorrência de 400 espécies vegetais
distribuídas em 270 gêneros pertencentes a 78 famílias botânicas associadas aos
afloramentos calcários presentes nos municípios de Pains, Arcos e Iguatama.
Das espécies registradas por Melo (2008), 12 constam na Lista vermelha da flora e fauna
ameaçadas de extinção de Minas Gerais (Fundaçâo Biodiversitas, 2007) e 5 constam na
Lista das Espécies Ameaçadas de Extinção da Flora de Minas Gerais (Deliberação COPAM
nº. 85, 30 de outubro de 1997). As espécies Myracrodruon urundeuva (aroeira) e Sinningia
warmingii aparecem nas duas listas citadas.
Não foi registrada espécie ameaçada de extinção segundo a Lista de Espécies Ameaçadas
e Presumivelmente Ameaçadas de Extinção (Instrução Normativa nº. 06 de 23 de setembro
de 2008).
145
146
Foto 47: Floresta decidual com dominância da aroeira do sertão (Myracrodruon urundeuva)
Unidades de conservação
147
148
Figura 12: Localização e distância aproximada das áreas prioritárias para conservação em
relação à área de intervenção
149
A distribuição espacial da cobertura vegetal e demais classes de uso do solo pode ser
visualizada na Figura 13.
150
151
Tabela 22: Classes de uso do solo e cobertura vegetal nativa na área de influência indireta
da Mineração João Vaz Sobrinho, em novembro de 2008
Classe de uso e cobertura vegetal Área (ha) Percentual (%)
Floresta estacional decidual 387,25 56,29
Campo de várzea 15,75 2,29
Pastagem 282,74 41,09
Reflorestamento 2,02 0,29
Área minerada 0,28 0,04
Total 688,04 100,00
Flora e vegetação
• Área de entorno
Foto 48: Área de explotação do calcário desativada, com a cobertura vegetal impactada
153
Para a área de entorno da Mineração João Vaz Sobrinho, foram registradas 36 espécies
vegetais pertencentes a 31 gêneros e 23 famílias botânicas, conforme relação apresentada
no Anexo 02 do Capítulo 11 (Anexos).
Na área de entorno da Mineração João Vaz Sobrinho foram registradas duas espécies na
categoria vulnerável (Hippeastrum reticulatum e Myracrodruon urundeuva) de acordo com a
Lista vermelha da flora e fauna ameaçadas de extinção de Minas Gerais (Fundaçâo
Biodiversitas, 2007). A aroeira também é citada como ameaçada pela Lista das Espécies
Ameaçadas de Extinção da Flora de Minas Gerais (Deliberação COPAM nº. 85, 30 de
outubro de 1997). Não foi registrada espécie ameaçada de extinção de acordo com a Lista
de Espécies Ameaçadas e Presumivelmente Ameaçadas de Extinção (Instrução Normativa
nº. 06 de 23 de setembro de 2008).
Unidades de conservação
154
A AE é coberta por pastagens e floresta estacional decidual (mata seca) que representam
44,14% e 53,75%, respectivamente. Além destes usos, ocorrem pequenas áreas mineradas,
atualmente desativadas, que representam 2,10 %.
A Tabela 23, apresentada a seguir mostra as classes de uso do solo e cobertura vegetal
nativa da área de entorno da Mineração João Vaz Sobrinho.
Tabela 23: Classes de uso do solo e cobertura vegetal nativa na área de entorno da
Mineração João Vaz Sobrinho
Classe de uso e cobertura vegetal Área (ha) Percentual (%)
Floresta estacional decidual 21,71 53,75
Pastagem 17,83 44,14
Área minerada 0,85 2,10
Total 40,39 100,00
155
A cobertura vegetal nativa da área diretamente afetada está representada pela mata seca
(Floresta estacional decidual) com variações estruturais definidas, principalmente, pelo grau
de desnudação da rocha (Foto 49).
156
As florestas deciduais ocorrem tanto na área das instalações auxiliares como na área de
lavra. O remanescente existente no local onde será instalado o empreendimento, de
aproximadamente 1,5 hectares, encontra-se em melhor estágio de conservação, porém,
parte deste apresenta formação monodominante de Myracrodruon urundeuva (aroeira do
sertão), o que pode estar relacionado a impactos ocorridos no passado.
157
O fragmento florestal existente na área prevista para lavra possui estado de conservação
inferior em relação ao da área destinada às instalações auxiliares, apresentando cobertura
vegetal mais rala e poucos indivíduos arbóreos (Foto 51). A vegetação existente aparece
apenas sobre os afloramentos de rocha, sendo mais expressiva nos locais com de maior
declividade e nos encraves florestais existentes junto à base dos afloramentos.
158
Tabela 24: Compartimentos da área diretamente afetada da Mineração João Vaz Sobrinho e
respectiva cobertura vegetal
Compartimento Cobertura vegetal
Área das instalações de apoio Floresta estacional decidual, pastagem
Área de lavra Floresta estacional decidual, pastagem
Assim como na área de influência indireta e área do entorno, a área diretamente afetada da
Mineração João Vaz Sobrinho apresenta as duas espécies na categoria vulnerável
159
Unidades de conservação
De acordo com o SIAM (Sistema Integrado de Informações Ambientais), a ADA não está
inserida em unidades de conservação, sendo que as mais próximas encontra-se à uma
distância aproximada de 6,0 km (Estação Ecológica de Corumbá) e 3,5 km (RPPN Lafarge)
(Figura 11).
Próximo à ADA do empreendimento (aproximadamente 2,7 km) está presente uma área
prioritária denominada Caverna do Peixe, de categoria Alta, sendo a ação recomendada a
criação de unidades de conservação. Estes dados podem ser visualizados na Figura 12 e na
Tabela 21.
160
161
2.3.1.5. Prognóstico
As pastagens ocupam grande extensão tanto na AII quanto na AE e ADA, tendo sido
implantadas em áreas de topografia aplainada existente entre os afloramentos de calcário.
162
Embora a área de supressão de floresta decidual represente apenas uma pequena parcela
do total existente na propriedade, a implantação do empreendimento implicará em
mudanças significativas na condição ambiental da área no que diz respeito à ecologia de
paisagem, prevendo-se, além da perda de vegetação nativa, a descontinuidade do
remanescente de floresta decidual.
Deve-se salientar, ainda, que a exploração desta área contribuirá para elevar o efeito
cumulativo da atividade minerária sobre os afloramentos calcários da região definida como
área prioritária para a conservação da biodiversidade.
Segundo Almeida & Almeida (1998), a fauna silvestre é composta pelos mamíferos
(mastofauna), pelas aves (avifauna), peixes (ictiofauna) e pelos répteis e anfíbios
(herpetofauna), sendo os dois primeiros grupos bio-indicadores mais eficientes nos
monitoramentos.
163
As áreas dos cerrados, devido às suas extensões territoriais e diversidade da flora, onde se
observa a consorciação de plantas herbáceas, arbustivas e arbóreas, abrigam uma fauna
rica em diversidade e densidade, conforme pode ser verificado nas Tabelas 26 e 27.
164
2.3.2.1. Mastofauna
165
166
FAMÍLIA HYDROCHAERIDAE
23 Hydrochaeris hydrochaeris Capivara
Categorias: Vulnerável (V), Em perigo (P), Criticamente em perigo (C) Ameaçada (A)
MACHADO, A B. et al (ed): “Livro Vermelho das espécies ameaçadas de extinção da fauna
de Minas Gerais – Fundação Biodiversitas, Belo Horizonte, 1998”
167
2.3.2.2. Avifauna
As aves possuem na sua maioria características que são bem peculiares como a plumagem
colorida, formas e tamanhos diferentes, e por possuírem hábitos diurnos, são fáceis de
serem observadas com o uso do binóculo e até mesmo com a vista desarmada, os
indivíduos deste grupo possuem vocalizações que auxiliam na sua identificação. Para a
observação deste grupo componente da fauna da região do empreendimento, foram
efetuadas análises das espécies existentes na região com instrumentos auxiliares como
binóculo e máquina fotográfica digital. Posteriormente as observações foram referendadas
pela consulta à literatura especializada quando foram identificados os indivíduos avistados.
O método utilizado foi de (Almieda & Almeida; 1998) realizado através de observações em
trilhas ao acaso, com o registro em pontos fixos distribuídos no local do estudo. A maior
parte da pesquisa se deu através de caminhadas aleatórias e pontos fixos, com o uso de
binóculo e vista desarmada, no intuito de observar a presença dos indivíduos solitários,
casais, bandos mistos ou apenas de uma espécie. A análise de vocalizações, de vestígios
como penas, carcaças encontradas nas estradas de acesso, e em outros locais, e cascas de
ovos, auxiliam para o enriquecimento do monitoramento. Câmeras digitais foram utilizadas
para fotografar espécies, estas foram identificadas através da literatura específica.
168
Estudos recentes (Machado 2000) indicam que pode ocorrer uma perda de até 25% das
espécies de aves associadas com a mata de galeria apenas se houver a destruição dos
ambientes naturais vizinhos à mata, mesmo que ela permaneça intocada. Outras pesquisas
mostram que a redução excessiva das áreas nativas provoca a extinção de espécies de
aves, que desaparecem dos fragmentos de pequena dimensão (Hass 2002).
Contudo, encontramos ao longo da AII e da AID, florestas implantadas (Eucaplyptus sp) que
afetam diretamente a avifauna. Segundo Almeida (1983), a diversidade de aves é
linearmente relacionada com a diversidade da vegetação. Almeida (1979), em seus estudos,
conclui que nas florestas implantadas, nas quais a vegetação natural praticamente
desaparece, compromete a diversidade biológica; e que a tentativa de reposição das
reservas naturais com reflorestamentos com espécies nativas, além de muito mais oneroso
do que a manutenção de reservas naturais, pouco contribui para a estabilidade biológica dos
reflorestamentos.
169
TINAMIFORMES
TINAMIDAE
1 Crypturellus noctivagus Zabelê C A
2 Crypturellus parvirostris Inhambu-chororó
3 Rhynchotus rufescens Perdiz
CICONIIFORMES
ARDEIDAE/CICONIIDAE*
4 Casmerodius albus Garça-branca-grande
5 Butorides striatus Socozinho
6 Isobrychus exilis Socó mirim
7 Mycteria americana Cabeça seca*
ANSERIFORMES
ANATIDAE
8 Amazonetta brasiliensis Pé-vermelho
9 Cairina moschata Pato do mato
FALCONIFORMES
CATHARTIDAE
Urubu-de-cabeça-
10 Cathartes burrovianus
amarela
11 Coragyps atratus Urubu-comum
ACCIPITRIDAE
12 Elanus leucurus Gavião-peneira
170
171
173
Foto 53: Siriema (Cariama cristata) ave muito comum no cerrado brasileiro
175
- Aves onívoras, que forrageiam nas áreas brejosas, porém nidificam em matas ciliares,
como a saracura-três-potes e garça-real;
- Além de aves insetívoras, que forrageiam no espaço aéreo, como várias espécies de
andorinhas (andorinha-serrador, andorinha-doméstica grande e outras).
2.3.2.3. Herpetofauna
Neste trabalho não foram utilizados métodos de captura, a metodologia utilizada buscou
apenas inventariar a área de estudo através de buscas diretas aos exemplares, no período
noturno e diurno, a observação dos microambientes favoráveis à ocorrência de espécimes,
como: troncos caídos, ocos de árvores, proximidade de cursos d’água, sob folhas caídas no
solo e transectos pelas estradas e vias de acesso às diversas áreas, carcaças atropeladas
nas estradas, através de relatos dos moradores mediante entrevistas com os mesmos e
176
Vários autores (Cunha & Nascimento, 1978; Sazima, 1989) relataram que o encontro com
serpentes é fortuito, pois elas se movimentam continuamente pelos ambientes, dificilmente
apresentam uma área de uso definida, não possuem populações elevadas ou concentradas,
muitas apresentam comportamento críptico, escondem-se bem de perseguidores e intrusos
e são rápidas na fuga. Assim, para complementar os dados deste estudo, todas as
informações adicionais foram levadas em consideração.
Os anfíbios são bons indicadores biológicos por serem particularmente sensíveis a algumas
alterações ambientais, devido à sua pele permeável, ciclo de vida bifásico e outras
características de sua história de vida. Possivelmente devido a esta sensibilidade,
populações de anfíbios têm entrado em declínio em diversos locais do mundo a partir da
década de 1980 (Bertolucci, 1991).
A maioria das espécies observadas durante o estudo são típicas de ambientes abertos,
sendo espécies generalistas com alto poder de adaptação a ambientes antrópicos. Os
anuros identificados são comuns, possuindo ampla distribuição geográfica no estado de
Minas Gerais e na região Sudeste do Brasil, ocorrendo em outras formações vegetais.
Outras espécies são mais especialistas, dependem totalmente do seu habitat, pois possuem
um nicho ecológico muito restrito. Durante o monitoramento foram registradas algumas
espécies de indivíduos, as do grupo dos anfíbios, foram registradas 9 espécies, sendo 2 de
pererecas, 5 de rãs e 5 de sapos, já nos grupos dos répteis foram registrados 10 espécies
de serpentes, 5 de lagartos, 2 de anfisbenas e 1 de quelônio.
FAMÍLIA GEKKONIDAE
1 Hemidactylus mabouia Lagartixa-de-parede
VIPERIDAE
2 Crotalus durissus Cascavel
FAMÍLIA SCINCIDAE
3 Mabuya spp
FAMÍLIA TEIIDAE
4 Ameiva ameiva Calango-verde
5 Tupinambis merianae Teiú
178
2.3.2.4. Ictiofauna
180
Foto 55 Foto 56
Foto 57 Foto 58
Foto 59 Foto 60
181
Foto 61 Foto 62
Foto 63 Foto 64
Foto 65 Foto 66
Foto 61: Visita ao museu de Corumbá; Foto 62: Quati atropelado na estrada de acesso; Foto
63: Fezes de cachorro do mato; Foto 64: Buraco de tatu na AID; Foto 65: Pegada de
capivara; Foto 66: Tamanduá morto na estrada de acesso.
182
Foto 69 Foto 70
Foto 71 Foto 72
Foto 67: Pegada de tamanduá bandeira; Foto 68: Pato do mato; Foto 69: Grupo de cabeça
seca; Foto 70: Carcaça de tatu peba; Foto 71: Carcaça de tamanduá bandeira; Foto 72:
Ouriço morto na estrada de acesso.
a. Dinâmica populacional
Conforme dados do IBGE, a população total de Pains em 2007 totalizava 8.191 habitantes,
distribuídos em uma área de 419,2 km2, resultando numa densidade demográfica de 19,54
hab/km2, sendo uma das menores densidades demográficas da micro-região, estando bem
abaixo da densidade demográfica média nacional, que é de 50,15 hab/km2, e de Minas
Gerais, que é de 30,51 hab/km2. O município de Pains, nas últimas 4 décadas,
experimentou evasão populacional especialmente nas faixas etárias entre 20 e 29 anos,
provavelmente pela dificuldade de introdução no mercado de trabalho local e em instituições
de ensino superior. Tal comportamento reflete nas taxas de fecundidade de Pains, já que
em 1991 a quantidade de filhos por mulher era de 2,8, e em 2000 caiu para 2,3, informação
confirmada na base da pirâmide do município. A soma destes dois fatores principais
totalizou déficit de 20,18% no seu contingente populacional entre a década de 70 e 2000,
tendo sua maior perda, em termos percentuais, entre as décadas de 70 e 80, conforme pode
ser visualizado na Tabela 33.
184
Do total dos habitantes do município em 2000, 72,19% estavam fixados na zona urbana,
enquanto que 27,81% estavam na zona rural. O processo de inversão populacional
começou a ocorrer em meados da década de 70, ou seja, na mesma época em que o
mesmo fenômeno estava sendo observado no restante do país. Este fator indica que,
mesmo com a diminuição considerável da população rural, conforme observado no Gráfico
1, este processo ocorre de forma lenta e gradativa, pois o percentual de pessoas no meio
rural ainda se encontra bastante elevado. Na pirâmide etária do município, assim como na
Tabela 33, percebe-se claramente que nem todos os que abandonam o meio rural do
município se deslocam para as áreas urbanas deste, tornando desproporcional o
crescimento do meio urbano em relação às perdas de contingente do meio rural, e parte dos
que já vivem nas áreas urbanas não permanecem lá devido a falta de oportunidades de
trabalho, provavelmente se deslocando para Arcos, Formiga ou Piumhí, que dispõem de
melhores condições de trabalho.
185
7000
6000
5000
4000
3000
2000
1000
0
1970 1980 1991 2000
Urbana Rural
Fonte: SIDRA (2008) - Sistema IBGE de Recuperação Automática
Homens Mulheres
70 e+
60 a69
50 a59
40 a49
30 a39
20 a29
15 a19
10 a14
5a9
0a4
2000 1991
É importante ressaltar que a diminuição da população infantil pode ter relação direta com o
planejamento familiar, pois a valorização da mulher no mercado de trabalho e o uso de
métodos contraceptivos – fatores estes que passaram a ser observados pela população em
geral principalmente a partir da década de 70 – não têm relação direta com o índice de
mortalidade infantil, e, ainda, esta mortalidade não é confirmada pelas estatísticas de
morbidade locais. A queda nas taxas de natalidade e fertilidade tem relação com a
urbanização, uma vez que as necessidades e os costumes da população também mudam.
No meio urbano, um grande número de filhos se torna uma ameaça para a estabilidade
financeira da família e prejudica os seus planos profissionais, principalmente da mulher, que
trabalha e também ajuda no sustento familiar.
A população masculina e feminina está equilibrada, com uma ligeira vantagem masculina,
provavelmente devido a dois aspectos básicos: o primeiro deles está relacionado ao
considerável percentual de pessoas no campo, o que dá a entender que existe a
necessidade de mão-de-obra braçal para a realização das atividades agropecuárias. O
segundo aspecto está relacionado ao meio urbano, pois a principal atividade da região
(mineração) exige mão-de-obra que disponha de maior força física. A exceção corre por
conta da população idosa (a partir dos 60 anos), que possui maior número de mulheres. Em
outras palavras, a expectativa de vida feminina é maior do que a masculina. Em termos
gerais, a qualidade de vida da população como um todo melhorou, fato comprovado pelo
aumento da expectativa de vida, retratado pelo aumento da população idosa.
187
Este “boom” populacional, observado em 2007, deve ser analisado com mais calma, pois
será necessário um período maior de análise para verificação da manutenção desta
tendência. Caso as taxas de crescimento populacional continuem aumentando, ou se
sofrerem leves decréscimos, provavelmente Pains estará escrevendo uma nova dinâmica
populacional.
b. Dinâmica produtiva
188
O Gráfico 2 mostra a evolução do PIB municipal por setores de atividades. Apesar de o PIB
ter aumentado mais que a média dos anos anteriores, em todos os setores no ano de 2002,
percebe-se estabilidade geral de crescimento. O setor agropecuário de Pains permaneceu
com arrecadação estável. Este fator é bastante positivo para o setor, pois, mesmo com a
diminuição do contingente populacional rural, foi possível manter os índices de produção,
provavelmente pela introdução de novas técnicas agrícolas, que, aliadas à tecnologia,
proporcionam o aumento da produtividade. Com relação ao setor de serviços, houve uma
lenta evolução, mas considerada importante, pois indica uma tendência de crescimento do
189
Gráfico 2
40000
30000
AGROPECUÁRIO
20000
INDUSTRIAL
10000 SERVIÇOS
0
1999 2000 2001 2002
ANO
A região em análise é ocupada, em sua totalidade, por áreas rurais. Isto faz com que o
impacto urbano seja bastante reduzido, enquanto que as áreas que tendem a ter um grau de
preservação maior, por terem mais áreas naturais, sofrem mais.
191
Sobre possíveis conflitos no uso do solo na AII, não foi constatado nenhum, exceto a luta
clássica entre capital e mão-de-obra, e a respectiva apropriação da mais-valia por parte dos
queijeiros e da Embaré. Tal situação faz com que os trabalhadores não tenham lucros reais,
conforme relatos dos mesmos.
192
A taxa de analfabetismo, com a faixa etária a partir dos 15 anos, é uma das maiores da
micro-região, com 10,9%, fator que indica a necessidade de se investir, a médio e longo
prazo, na educação da população local. Conforme estudos realizados pelo Banco Mundial, a
educação é o principal detonador do desenvolvimento sócio-econômico regional.
Em Pains, ainda não existem escolas da rede particular de ensino. Para aqueles que
desejarem estudar em escolas particulares, é necessário se dirigir para Arcos ou outro
município de maior porte, nas proximidades. Em Arcos, existe uma escola particular de
ensino regular, e duas de ensino técnico, sendo destinadas para atender ao público que
deseja se especializar em administração, segurança do trabalho, contabilidade e meio
ambiente. Tais demandas são criadas pelas inúmeras indústrias mineradoras do entorno.
193
194
O número de óbitos por tipo de morbidade em Pains, no mesmo ano, pode ser visualizado
na tabela abaixo:
g. Qualidade de vida
195
Com relação ao tipo de instalação sanitária, percebe-se no quadro seguinte uma evolução
nos dois municípios, porém muito lenta, considerando o período em análise. Os indicadores
apresentados ainda não são satisfatórios. O reflexo das ações no sentido de adequar
melhor as instalações sanitárias à população tiveram resultado positivo no período
estudado, fato comprovado pelas estatísticas de morbidade e internação do município. Vale
destacar os percentuais de Pains – dentre os moradores que admitiram – com relação ao
escoamento de dejetos para rios ou lagos, que por menor que seja, agrava os malefícios à
saúde geral da população.
196
Em Pains, a coleta de lixo é efetuada uma vez por semana. Observando a evolução do
destino do lixo no município, é possível perceber que, semelhantemente ao tipo de
instalação sanitária, não houve evolução significativa no período estudado, sendo,
provavelmente, a diminuição da população de Pains, o maior motivo do não-investimento
em infra-estrutura básica com o fim de melhorar as condições gerais de vida da população
que está fixada. Mas boa parte dos domicílios ainda não faz parte do itinerário dos
caminhões de lixo da cidade.
21,6
Coletado por serviço de
limpeza
Queimado (na propriedade)
45,3
1,4 Enterrado (na propriedade)
23,4
197
3,4 0,5
0,5 Coletado por serviço de limpeza
0,1
Outro destino
OUTROS
RURAL
2003
RESIDENCIAL 2001
1999
COMERCIAL
INDUSTRIAL
Consumidores
Gráfico 6
OUTROS
RURAL
2003
RESIDENCIAL 2001
1999
COMERCIAL
INDUSTRIAL
Consumo (Kwh - %)
h. Organização sócio-política
Não foi possível localizar nenhum membro do grupo EPA em Pains. Portanto, foi necessário
contato via correio eletrônico e outros artifícios da rede mundial de computadores para
localizar alguns deles. E conforme informações obtidas junto a membros e junto à diretoria,
o grupo existe há aproximadamente 15 anos, e se denomina como uma organização de
defesa ambiental. São organizados de forma a proporcionar aos membros e demais
interessados, contato direto com a região cárstica de Pains e entorno, com o intuito de gerar
uma conscientização por parte da população. Defendem, ainda, a exploração sustentável do
calcário. Procuram combater a ilegalidade, e eventuais abusos de qualquer natureza por
parte dos mineradores.
200
Sobre os mineradores ilegais, informaram que não têm informações precisas, mas precisam
conversar sobre a necessidade de se fundar associações e cooperativas, para ajudar a inibir
ou legalizar estas atividades. Apesar de ter sido fundada em meados de 2002, o
administrador da organização considera as atividades ainda embrionárias, tendo muito que
se conversar, sobre diversos assuntos. Inclusive, pensa-se em um plano de saúde que
possa abranger a todos os funcionários de todas as empresas conveniadas, cujo custo seja
ainda mais acessível que os planos já oferecidos pelas empresas.
Portanto, percebe-se que o conflito existe, mas ainda não atingiu dimensões maiores,
devido à passividade da população.
i. Percepção da população
201
Em Pains, existe um projeto, chamado Mais Museu. Já está em construção, e deve iniciar as
atividades em meados de 2009. Todo o material catalogado ficará novamente à disposição
do município, já que atualmente estão distribuídos entre universidades e centros de
202
Dentre todas estas “raridades”, em Pains viveu um urubu domesticado, chamado Casemiro,
que morreu há cerca de 7 anos, além do Boi Fagundes e Xuxa Preta, personagens que já
fazem parte da cultura local.
Mesmo com todas essas informações interessantes e importantes, Pains não possui
vocação turística. Como se trata de uma região com predominância de formações cársticas,
é oferecido a quem passa pela região paisagens muito bonitas, além da formação de grutas
e cavernas, com ocorrência de estalactites e estalagmites. Estas formações rochosas
também favorecem a prática de alguns esportes radicais, como por exemplo, rapel e bungee
jumping.
203
204
Em função da relevância ambiental das cavidades foram delimitadas áreas de restrição para
o desenvolvimento de quaisquer atividades que coloquem em risco o patrimônio
espeleológico local.
Nessa propriedade adquirida pela Mineração João Vaz Sobrinho a área impactada será de
apenas 10,81 ha, sendo 3,72 ha previstos para a implantação das instalações de apoio e
7,09 ha para a implantação da frente de lavra. Deste total, apenas 4,21 ha (38,95%)
205
A área impactada representa apenas 1,48% da área total do polígono que possui 729,26 ha.
206
Essa metodologia é essencialmente qualitativa, pois não atribui notas ou pesos para a sua
valoração, tal como ocorre em boa parte das técnicas utilizadas, todavia, isso não quer dizer
que os impactos não foram quantificados.
A significância (ou importância relativa) dos impactos foi estimada tendo em vista sua
magnitude, tempo para ocorrência, reversibilidade e grau de importância do fator ambiental
afetado. Assim, os impactos puderam ser classificados como significativos, moderados,
pouco significativos ou desprezíveis. Além disso, os impactos foram tipificados quanto ao
seu sentido, isto é, se positivos ou negativos.
Os critérios que foram utilizados nessa classificação estão expressos nas Tabelas 40 e 41,
cujas definições baseiam-se nos conceitos usados por Tommasi (1994) e pelo Manual de
Avaliação de Impactos Ambientais (MAIA) da SUREHMA, organizado por Juchem (1995).
207
Mesmo considerando-se as relações de causa e efeito entre os impactos dos meios físico,
biótico e sócio-econômico, optou-se aqui pela análise de forma separada, o que não invalida
as interações e correlações entre os mesmos.
208
Todavia, essa interferência antrópica teve os seus efeitos reduzidos, uma vez que a
Mineração João Vaz Sobrinho recuperou o terreno, promovendo o seu rearranjo topográfico
(recuperação física) e posteriormente a revegetação. Recentemente a empresa adquiriu
toda a propriedade.
A morfologia natural dos terrenos será modificada em diversas fases. Inicialmente com o
desenvolvimento da mina, através da abertura de estradas de acesso à frente de lavra,
retirada da vegetação e da camada superficial do solo, construção de praças de trabalho
para a movimentação desses materiais e pátios para a sua estocagem. Posteriormente
através da abertura de bancadas para a implantação da cava e da realização das obras de
infra-estrutura operacional e de apoio como pátio para a estocagem de minério, pátio para
deposição de rejeitos/estéreis, pátio para manobras de veículos e máquinas pesadas e para
o carregamento da produção e estabelecimento das áreas de servidão que abrigarão o
prédio do refeitório, cozinha e banheiros, o galpão da oficina mecânica, os paióis de
explosivos e acessórios, o tanque de abastecimento e demais edificações.
A degradação será mais acentuada na cava, cuja configuração será responsável não só
pela alteração topográfica, mas também pela mudança estética da paisagem, o que
representa um impacto visual considerável, ainda que não existam habitações próximas e
que os observadores se resumam aos funcionários da Mineração João Vaz Sobrinho.
209
Superfícies como pátios e acessos desativados deverão ser alvo de subsolagem para
romper as camadas compactadas. Após as operações de escarificação deverá ser
incorporado o solo de decapeamento para posterior revegetação com espécies rasteiras
(gramíneas e leguminosas) e espécies arbustivas e arbóreas.
210
211
O potencial minerário da área é atestado pela morfologia natural dos terrenos, onde os
corpos calcários se destacam, quase sempre recobertos por vegetação de mata seca. Pode-
se afirmar que sob o ponto de vista do pequeno produtor esses locais não possuem utilidade
e o bem mineral só é passível de aproveitamento econômico pelas mineradoras.
Percorrendo-se a área de influência indireta constata-se a importância do setor mineral para
o desenvolvimento socioeconômico da região.
No caso específico local não haverá modificação exacerbada no uso da terra. A mineração
vem a se somar às atividades desenvolvidas nas áreas e pouco interfere com as demais.
Tendo em vista as restrições pedológicas e topográficas e pelo fato da atividade de extração
atuar como um dos pilares da economia do município de Pains, conclui-se que sob o
aspecto econômico essa interferência é benéfica.
212
O sistema de escoamento das águas superficiais para o meio subterrâneo nas áreas
cársticas é feito por meio de sumidouros, ressurgências e dolinas. As dolinas geralmente
ocorrem na base dos maciços e paredões calcários como resultado da dissolução ou
abatimento subterrâneo das rochas calcárias sendo responsáveis pela recarga hidráulica
dos aqüíferos subterrâneos. Nesses locais normalmente aflora o lençol freático originando
as lagoas temporárias, cujo ciclo obedece ao regime hidrológico, com níveis piezométricos
elevados na época do período chuvoso, decaindo com a estação seca.
Esses pontos de recarga são zonas vulneráveis, susceptíveis ao assoreamento pelo aporte
de sedimentos inconsolidados produzidos nas frentes de lavra e transportados pela águas
superficiais. Assim, as intervenções antrópicas como retirada da vegetação, movimentação
213
A mitigação deste impacto está relacionada à proteção física das estruturas cársticas
responsáveis pelo escoamento das águas superficiais, implantação de sistemas de
drenagem e contenção dos sólidos carreados, eliminação das fontes desencadeadoras de
processos erosivos e tratamento de efluentes passíveis de gerar contaminação no aqüífero.
Nesse sentido a Mineração João Vaz Sobrinho optou pela instalação do empreendimento
em um local com menor densidade de restrições ambientais e para isso adquiriu o terreno
de propriedade de José da Costa Guimarães, local que sofreu interferência antrópica, pois
foi alvo de lavra clandestina no passado.
214
A qualidade do ar será alterada também pela emissão de gases pelas máquinas e veículos
automotores movidos a diesel. Esses fatores impactam a paisagem, produzem sujeira e
podem afetar a saúde dos trabalhadores, ocasionando irritações principalmente nas vias
respiratórias, além de causar desconforto.
215
Os efeitos das detonações e dos ruídos são prejudiciais à fauna, podendo interferir no
acasalamento, na reprodução e no comportamento das espécies presentes, inclusive com o
risco de afugentá-las ou expulsá-las de seu habitat natural. Em relação ao ser humano,
excetuando o ruído oriundo do desmonte, os demais estão relacionados ao conforto laboral
no ambiente de trabalho e serão neutralizados com o uso de EPI.
Esse impacto negativo ocorre no curto prazo (imediato), possui magnitude local e é
reversível. O fator ambiental é irrelevante se considerado o porte do empreendimento e a
reduzida densidade populacional, o que o caracteriza como desprezível (L – C – r – N).
Como qualquer outra atividade da mesma natureza, o empreendimento irá gerar em sua
operação normal, alguns resíduos sólidos, tais como restos de embalagens, sucata
metálica, pneus velhos, restos de óleos, lixo doméstico e material estéril.
O impacto causado pela geração desses materiais terá magnitude local, pois será restrito
ao ambiente da cava e unidades de apoio, ocorrerá desde a sua implantação, portanto, no
curto prazo e é reversível tão logo cessada a ação. O fator ambiental pode ser
216
Nesta fase, o impacto sobre a flora estará representado pela supressão da cobertura vegetal
nativa existente nas áreas onde estão previstas as instalações auxiliares e a frente de lavra.
O trecho previsto para a implantação da lavra tem uma área total de aproximadamente 7,09
ha, sendo que aproximadamente 4,51 ha estão representados por áreas de pastagem. As
áreas de vegetação nativa representam aproximadamente 2,58 ha.
217
Este impacto pode ser mitigado com a implantação de um corredor ecológico através do
plantio de espécies nativas em áreas de pastagens localizadas na propriedade.
219
Levando em consideração que a ADA está inserida em uma área prioritária para a
conservação da biodiversidade (Fundação Biodiversitas, 2007), que foram registradas duas
espécies ameaçadas de extinção, e também que florestas estacionais deciduais são
bastante singulares, apresentando baixa similaridade florística e várias espécies endêmicas,
a perda de populações constitui um impacto negativo, local, de curto prazo, irreversível,
(permanente), de grande importância, sendo considerado significativo (L – C – i – I).
Este impacto pode ser mitigado com o resgate de espécies epífitas e rupícolas
(bromeliáceas, orchidáceas e alguns gêneros de aráceas) existentes nas áreas previstas
220
Este impacto se mostra mais visível durante a época seca, quando a dispersão do material é
maior e a precipitação é baixa. Durante o período chuvoso, o material depositado sobre as
estruturas vegetais é lavado, não se acumulando de forma a prejudicar as plantas.
Este impacto pode ser minimizado com o uso de umidificadores nos locais de geração de
material particulado e aspersão de água nas vias de circulação.
Os principais impactos sobre a fauna identificados na área de influência direta e seu entorno
foram a derrubada da floresta para abertura de áreas de pastagem, a caça, a silvicultura e a
mineração. Estes impactos estão relacionados às várias formas de uso da terra para pastos,
a plantação de eucaliptos e a extração do calcário, afetando a biodiversidade com diferentes
tipos de impacto e gravidades.
221
A caça pode causar a extinção local de algumas espécies, afetando principalmente animais
de grande porte, como: capivara, tatus e tamanduá bandeira, também de aves que são
consumidas por moradores regionais, principalmente das famílias Anatidae (patos e
marrecas), Columbidae (pombos), Tinamidae (inhambus e codornas), Cracidae (jacus).
Indivíduos da herpetofauna (répteis e anfíbios) geralmente são caçados devido ao seu grau
de repugnância e periculosidade oferecido aos moradores da região.
Nas condições de operação da mina os maiores impactos à fauna silvestre ficarão restritos à
área das cava e das instalações de apoio e estarão relacionados à alteração da qualidade
da água, geração de ruído, vibrações, emissão de particulados e gases gerados pelo
desmonte do calcário por explosivos e pelo trânsito de funcionários, máquinas e veículos
nas áreas de intervenção. Há também o risco de atropelamentos, queimadas e caça
predatória. Trata-se, então, de um impacto adverso (negativo) de magnitude local, que
ocorrerá no curo prazo, mas reversível tão logo cessada a ação. Por estar relacionado a
um atributo ambiental importante é considerado como moderado (L – C – r – I).
222
Por afetar diretamente a saúde dos trabalhadores e expô-los a situações de risco, estes
impactos atuam sobre um fator importante. A magnitude local (restrita ao ambiente
laboral), a ocorrência no curto prazo e o caráter reversível permite classificar o impacto
como moderado (L – C – r – I).
Essa medida é de grande relevância também para o distrito de Corumbá que necessita de
impactos dessa natureza para alavancar a sua economia e obter melhoria dos indicativos
sociais e da sua infra-estrutura. Além disso, deverá ocorrer um aumento da arrecadação
tributária, especialmente o ICMS.
224
A mitigação poderá ser feita através da molhagem das vias de acesso e da adoção de
sinalização de segurança de acordo com o Código de Trânsito Brasileiro.
De uma maneira geral essas áreas compõem um cenário onde se destacam maciços
calcários em expressões de ilhas de reconhecida beleza paisagística. As estruturas
cársticas tais como cavernas, dolinas e sumidouros estão disseminados em grande parte do
relevo, a maioria inclusive recomendada como área de preservação permanente pelo seu
valor espeleológico, bioespeleológico, arqueológico, paleontológico e pela possível conexão
com o aqüífero subterrâneo. Outro componente ambiental relevante refere-se à vegetação
de mata seca, cujos resquícios recobrem as formações calcárias (a sua ausência só é
notada nos locais onde ocorreu lapiezamento), uma vez que ela foi extinta no restante das
áreas devido às modificações antrópicas exacerbadas, em especial o cultivo de milho e a
pecuária extensiva.
225
Os demais impactos tais como geração de poeira, ruído, resíduos sólidos e lixo serão
mitigados nas ações rotineiras do empreendimento.
A alteração no uso do solo é benéfica por se tratar de uma atividade mais produtiva e que
gera emprego, renda e movimenta a economia dos municípios localizados na sua área de
influência.
226
227
A camada superficial do solo orgânico retirada para a implantação das instalações auxiliares
e de apoio, o material proveniente da abertura e desenvolvimento da mina e os volumes
resultantes do avanço da lavra deverão ser estocados em um depósito especialmente
projetado para esse fim. Pátio terraplenado, compactado, cercado, sinalizado e drenando
para uma calota de contenção de sólidos carreados.
Para a proteção das zonas de recarga do aqüífero subterrâneo e para evitar a contaminação
das águas superficiais a jusante do empreendimento será implantado um sistema separador
de água, óleo e lamas (caixa SAO) abrangendo as áreas do galpão de manutenção de
máquinas, pátio de máquinas, tanque de óleo diesel e área de abastecimento, pátio de
sucatas e lavador de máquinas e veículos. Este sistema deverá ser adquirido pré-fabricado
228
Esta caixa deverá ser precedida de uma caixa de acumulação de lamas de forma que o
excesso de sólidos carreados não comprometa a eficiência da separação da água do óleo.
Caixa com volume mínimo de 10 metros cúbicos com fundo em rampa de forma a permitir a
limpeza através de carregadeira. O sistema de condução das águas pluviais poderá ser por
tubulação enterrada conjugada a canaletas de drenagem com seção mínima de 0,25 m2.
Conforme a NBR 13.969/97 será identificado através de placa afixada em lugar facilmente
visível ou por outro meio distinto, contendo data, nome do fabricante, tipo e número de série;
conformidade com a norma acima referida; e volume útil e número de contribuintes
admissível.
229
Os tambores poderão ser de 50 ou 200 litros, de acordo com o volume produzido e deverão
estar sempre tampados e possuir abertura lateral. O lixo reciclável será estocado, formando
lotes para posterior comercialização. O lixo não reciclável deverá ser conduzido
semanalmente ao aterro sanitário de Arcos (aterro licenciado) pela própria empresa. Visto
que as atividades de lavra serão desenvolvidas em Pains, a Mineração João Vaz Sobrinho
deverá elaborar convênio com o município de Arcos para a disposição desses resíduos.
230
Os diplomas legais básicos tomados como referência são: Portaria nº. 3.214 de 08/06/78 –
Normas Regulamentadoras (NR 01 a 29) acrescidas das Portarias nº. 03 de 07/02/88, nº. 03
de 20/02/92 e nº. 3.435 de 19/06/90, NBR-5413 e os Decretos: nº. 93.412 de 14/10/86 e nº.
97.458 de 15/01/89, respectivamente versando sobre periculosidade para os empregados
do setor de energia elétrica e concessão dos adicionais de periculosidade e insalubridade.
As normas seguidas são NHT 02 A/E 1985, NHT 09 R/E, NHT 01 C/E 1985, NHT 10 I/E e
NHT 06 R/E 1985 da Fundacentro, quando aplicáveis.
231
O local escolhido para a lavra está fora da zona de proteção, contudo, a ocorrência de
algum tipo de feição relevante deverá ser comunicada a Feam e os trabalhos de extração
deverão ser suspensos.
232
Antes do plantio será feito o retaludamento das áreas deficientes com solo, em curvas de
nível, para estabilizar a superfície. A revegetação será realizada em duas etapas, uma
aplicando hidrossemeadura em todas as áreas e outra revegetando as áreas de circulação,
acessos e pilhas com espécies arbóreas. Nas áreas onde o solo apresenta-se exposto com
a estrutura física e química deficiente ocorrerá o plantio de forrageiras para proteger toda a
bacia de contribuição e preparar o solo para o plantio de espécies.
Para a proteção das estruturas de recarga como dolinas, sumidouros e demais feições
relacionadas à drenagem subterrânea será implantado um sistema de drenagem
envolvendo a frente de lavra e o complexo de apoio, de forma a direcionar o fluxo pluvial
para sistemas / dispositivos capazes reter o material carreado e decantar a água.
233
Poderá ainda formar um consórcio entre empreendimentos da mesma região com objetivo
de concentração de recursos para apoio e/ou criação destas unidades de conservação.
234
235
236
Conforme mencionado no decorrer desse estudo a área a ser impactada (10,81 ha)
representa apenas 1,48% da área total da concessão de lavra. A compensação prevista é
refere-se a apoio à implantação e manutenção de unidade de conservação conforme
relatado no item 5.3.1.
237
238
A escolha do local para a implantação da frente de lavra e da servidão da mina foi baseada
no diagnóstico dos meios físico e biótico, com a preocupação de preservar as cavidades
descobertas na prospecção, resguardando as feições cársticas, seja pela sua importância
espeleológica (riqueza dos espeleotemas e desenvolvimento linear), hidrogeológica,
arqueológica, paleontológica, bioespelelógica ou cultural e com o intuito de causar o mínimo
de interferência possível com o ecossistema terrestre. Para isso foi necessária a aquisição
da fazenda Mato do Alto (40,39 ha) e a relocação da sua reserva legal, com gastos
expressivos.
239
ALMEIDA, A.F. Avifauna de uma área desflorestada em Anhembi, Estado de São Paulo,
Brasil São Paulo, 1981. 272p. (Tese - Doutorado - IB/USP).
BRYAN, A. & GRUHN, R. “Results of test excavation at Lapa Pequena, MG, Brazil. IN:
ARQUIVOS DO MUSEU DE HISTÓRIA NATURAL DA UFMG, vol. 3, Belo Horizonte,
Editora da UFMG, p. 261-326, 1978.
COLLI, G.R., R.P. BASTOS & A.B. ARAÚJO. 2002. The character and dynamics of the
Cerrado herpetofauna. In: P.S. Oliveira &R.J. Marquis (eds.). The Cerrados of Brazil.
Ecology and natural history of a neotropical savanna. pp. 223-241. Columbia University
Press, New York.
CULVER, D.C., 1982. Cave Life (Evolution and Ecology). Harvard University Press.
Cambridge, Massachusetts and London, England.189p.
DIAS JR, Ondemar. “Evolução da Cultura em Minas Gerais e no Rio de Janeiro.” IN:
Anuário de Divulgação Cientifica, Instituto Goiano de Pré-história e Antropologia da
Universidade Católica de Goiás. N. III e IV, Goiânia: Universidade Católica de Goiás,
1976/77.
DIAS JR, O. & CARVALHO, E. “A Fase Piumhy: seu reconhecimento arqueológico e suas
relações culturais.” IN: Revista Clio, nº. 5. Recife, UFPE, p. 05-43, 1982.
DIAS JR, O. & CARVALHO, E. “Discussão sobre os inícios da agricultura no Brasil.” IN:
Arquivos do Museu de História Natural da UFMG, Vol. VI-VII. UFMG, Belo Horizonte, p.
191-200, 1981/82.
DUTRA, G. M., Relatório final de pesquisa para calcário para o processo DNPM 830.547/95
– Mineração João Vaz Sobrinho Ltda. Pains-MG, 1999.
FÉLIX E FREITAS JÚNIOR. 2000. Trabalho de Graduação. UFMG. Belo Horizonte, MG.
FERREIRA, R.L. & MARTINS, R.P., 1998. Diversity and Distribution of Spiders Associated
with Bat Guano Piles in Morrinho Cave (Bahia State, Brazil). Diversiy and Distributions, 4:
235-241.
FORD, D.C. & WILLIAMS, P.W. 1992. Karst Resources, their exploitation and management.
In: Karst Geomorphology and Hydrology. London, Chapman & Hall, p.513-546.
FRISCH J. D; FRISCH C. D. Aves brasileiras e plantas que as atraem. 3ª edição. São Paulo
– 2005. Dalgas ecoltec. 480 p.
HASS, A. 2002. Efeitos da criação da UHE Serra da Mesa (Goiás) sobre a comunidade de
aves. Tese de doutorado. Curso de Ecologia, Universidade de Campinas, Campinas, SP.
HERRERA, C.M.; JORDANO, P. (1981) Prunus mahalch and birds: the high fficiency seed
dispersal system of temperate fruit tree. Ecol. Monogr, New York, v.51, p.203-218.
http://www.almg.gov.br/index.asp?grupo=estado&diretorio=munmg&arquivo=municipios.
Acesso em 18/10/2008.
INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA - IBGE. Manual Técnico da
Vegetação Brasileira. Rio de Janeiro, IBGE, 1992. (Manuais Técnicos Geociências nº.
1).
242
JANZEN, D.H. (1983) Seed and pollen dispersal by animals: convergence in the ecology of
contamination and sloppy harvest. Biological Journal of the Linnean Society, London, v.
20, p.103-113.
JOLY, A. B., 1998. Botânica – Introdução a Taxonomia Vegetal. São Paulo, Companhia
Editora Nacional, 12ª ed. 777p.
KARMANN , I. & SANCHEZ, L.E. 1979. Distribuição das rochas carbonáticas e províncias
espeleológicas no Brasil. Espeleotema 13: 105-167.
KENNETH, C. T., TAYLOR, R. L. 1991. The Art of Cave Mapping. Missouri Speleology, v.
31, n. 1, p.4.
KREBS, C.J., 2001. Ecology: the experimental analysis of the distribution and abundance.
Benjamim Cummings .5th ED. 693p.
LINO, C. F., 2001. Cavernas: O fascinante Brasil subterrâneo. 2ª. ed. São Paulo: Gaia,
288p.
LORENZI, H. et al. Palmeiras do Brasil - Nativas e Exóticas. São Paulo, Ed. Plantarum,
1996, 303 p.
MAGALHÃES, P.M., CHEMALE Jr., F. E ALKIMIM, P.P. 1989. Estilo tectônico da porção
sudoeste da bacia do São Francisco. In: Anais do 50 Simp. De Geol., Núcleo Minas
Gerais e 10 Simp. De Geol, Núcleo Brasília. Belo Horizonte, boletim 10, p. 284-288.
243
OLIVEIRA, P.S. & R.J. MARQUIS (EDS.). 2002. The Cerrados of Brazil. Ecology and natural
history of a neotropical savanna. Columbia University Press, New York.
PILÓ, L. B. Rochas Carbonáticas e Relevos Cársticos em Minas Gerais. O Carste. Vol 9. Nº.
3. Julho\1997.
RIBEIRO, José Felipe. FONSECA, Carlos Eduardo Lazarini da. SOUSA-SILVA, José Carlos.
CERRADO: Caracterização e Recuperação de Matas de Galeria. Ministério do Meio
Ambiente, EMBRAPA, Planaltina (DF), 2001.
RIZZINI, C.T. Tratado de Fitogeografia do Brasil. 2ª ed. Rio de Janeiro, Âmbito Cultural
Edições, 1979.
244
STUART, S.N., J.S. CHANSON, N.A. COX, B.E. YOUNG, A.S.L. RODRIGUES, D.L.
FISCHMAN & R.W. WALLER. 2004. Status and trends of amphibian declines and
extinctions worldwide. Science 306: 1783-1786.
TEIXEIRA, W., et Al. Decifrando a Terra. São Paulo: Oficina de Textos. 2000. 2a
Reimpressão, 2003.
THOMPSON, I. D. et al. Use of track transects to measure the relative occurence of some
boreal mammals in uncut forest and regeneration stands. Cannadian Journal of Zoology,
v. 67, p. 1816-1823, 1989.
VAN DYKE, F. G.; BROCKE, R. H.; SHAW, H. G. Use of road track counts as indices of
Mountain Lion Presence. Journal Wildl. Management, v. 50, n. 1, p. 102-109, 1986.
WOLDA, H., 1981. Similarity índices, sample size and diversity. In FERREIRA, R.L., HORTA,
L.C.S., 2001. Natural and human impacts on invertebrate communities in Brazilian caves.
Rev. Bras. Biol. 61(1): 7-17.
245
Anexo 02: Listagem geral das espécies vegetais citadas para os municípios de Pains, Arcos
e Iguatama e registradas para a área da Mineração João Vaz Sobrinho
246
247
248
10
11
12
13
14
Pains-MG
Dezembro/08
Índice
1 Introdução _________________________________________________________ 1
2 Aspectos Legais ____________________________________________________ 2
3 Caracterização da Região ____________________________________________ 3
3.1. Identificação do Município __________________________________________ 3
3.2. Caracterização Biofísica do Município _________________________________ 3
3.2.1. Clima _________________________________________________________ 3
3.2.2. Relevo ________________________________________________________ 4
3.2.3. Geomorfologia __________________________________________________ 4
3.2.4. Vegetação _____________________________________________________ 6
3.2.5. Hidrografia _____________________________________________________ 7
4 Caracterização do Empreendimento ____________________________________ 8
4.1. Identificação do Proprietário _________________________________________ 8
4.2. Caracterização da Propriedade ______________________________________ 8
4.3. Identificação do Empreedimento _____________________________________ 8
5. Objetivo Geral _____________________________________________________ 9
5.1. Objetivo Específico ________________________________________________ 9
6. Caracterização da Área Degradada ____________________________________ 9
7. Recuperação da área Degradada. ____________________________________ 10
7.1. Estocagem e Deposito de Solo Organico e Rejeitos. ____________________ 10
7.2. Recomposição do relevo __________________________________________ 10
7.2.1. Abrandamento Topográfico _______________________________________ 11
7.2.2. Preparo do Solo para a Revegetação _______________________________ 12
7.3. Revegetação____________________________________________________ 13
7.3.1. Escolha das espécies ___________________________________________ 14
7.3.2. Plantio _______________________________________________________ 18
7.4. Revegetação do Talude ___________________________________________ 20
7.5. Monitoramento __________________________________________________ 21
7.6. Relatórios de Vistoria _____________________________________________ 22
7.7. Origem das Sementes e Mudas _____________________________________ 22
8 Cronograma de execução Física ______________________________________ 22
9. Destinação final do lixo _____________________________________________ 23
10. Conclusão ______________________________________________________ 23
11. Bibliografia ______________________________________________________ 23
PLANO DE RECUPERAÇÃO DE ÁREA DEGRADADA
1. Introdução
1
2. Aspectos Legais
Lei Federal 9.605 de fevereiro de 1998 – É a nova lei dos crimes ambientais,
dispõe sobre sanções penais e administrativas derivadas de condutas e atividades
lesivas ao meio ambiente, e dá outras providências. Através do art. 23, II, obriga o
infrator a recompor o ambiente degradado. É a chamada lei dos crimes ambientais,
que permite abertura de uma ação e processo penal contra crimes ambientais.
2
3. Caracterização da Região
3.2.1. Clima
3
pluviometria média está em torno de 1.600 mm. O período seco estende-se por 6
meses, de maio a outubro, com menos de 7% das chuvas anuais, no período seco
ocorre deficiência de precipitações, caracterizando um regime pluviométrico
tipicamente tropical, uma grande concentração de chuvas no verão e seca no
inverno.
3.2.2. Relevo
3.2.3. Geomorfologia
A área pertence à depressão do Alto São Francisco. Esta unidade localiza-se entre
as unidades Planalto Campo das Vertentes a leste, Patamares do Canastra a oeste
e serras da Canastra a sul e sudoeste. A geomorfologia desta unidade apresenta os
modelados de dissecação, acumulação fluvial, aplanamento e dissolução
(RADAMBRASIL, 1983).
4
Dissolução do carste
Dolinas
5
3.2.4. Vegetação
Nas áreas dos maciços calcários o estrato arbóreo, em geral descontínuo, pode
atingir uma altura de 16,0 m, sem a formação de dossel, e onde a floresta
apresenta maior adensamento pode-se observar também clareiras. Os indivíduos
que sobressaem (emergentes) onde existe dossel podem atingir até 20,0 m de
altura. As árvores possuem copas amplas, especialmente na época das chuvas, e
sobressaem acima do dossel, quando este existe. Nesse estrato ocorrem
Anadenanthera colubrina (angico), Myracrodruon urundeuva (aroeira), Phytolaca
dioica (cebolão), Nectandra megapotamica (canela), Jacaratia dodecaphylla, Celtis
iguanaea (esporão), Cedrella odorata (cedro), Centrolobium sp. (macuco),
Enterolobium contortisiliquum (tamboril), Byttneria gracilipes, Nectandra lanceolata
(canela), Bauhinia forficata (unha-de-vaca), Casearia decandra (espeto),
Aspidosperma populifolium (pereira), Prockia crucis, AllophyIlus sp. e Tabebuia sp.
(ipê). O estrato arbustivo, que pode atingir até 8,0 m de altura, é descontínuo e
possui reduzido número de indivíduos com distribuição aleatória. As principais
espécies ocorrentes nesse estrato são Piptadenia gonoacantha (pau-jacaré),
Chomelia pohliana, Trichilia clausseni, Tournefortia paniculata, Esembeckia
grandiflora (carrapateira), Guazuma ulmifolia (mutambo), Cupania vernalis
(camboatá), lodinium atropurpureum, Solanum rivulare, Helicteres ovata
6
(sacarrolha), Machaerium villosum, Maytenus communis, Alchornea sp., Senna sp.,
Mimosa sp., Campomanesia sp. e Eugenia sp. (pitangueira). Com relação aos
estratos arbóreo e arbustivo, essa floresta difere das demais florestas secas sobre
calcário do estado, por apresentar maior espaçamento entre os indivíduos, o que
favorece a penetração de luminosidade no seu interior. No estrato herbáceo, com
altura máxima de 1,5 m, os indivíduos são espaçados, ocorrendo ‘touceiras’ de
gramíneas. Nesse estrato observam-se Hybanthus communis, BuddIeja brasiliensis,
Solanum rivulare (joá), Talinum patens (jura-tacho), Heliotropium indicum, Lantana
lilacina, Opuntia sp., Pereskia sp., Acrocomia sp., Syagrus sp., Hippeastrum sp.,
Ossaea sp., Oxalis sp., Piper sp., Panicum sp., ,Anthurium sp., Tripogandra sp.,
Anemia sp., Ruellia sp. (gambá) e Justicia sp. As lianas identificadas foram
Forsteronia thyrsoidea, Aristolochia arcuata (jarrinha-preta), Dalechampia stipulacea
(urtiga), Dioscorea mollis, Passiflora mucronata (maracujá), Cardiospermum
grandiflorum (balãozinho), Anabaenella tamnoides, Oxypetalum lagoense, Cissus
sulcicaulis, Adenocalymna cymbalum, Urvillea ulmacea, Cayaponia sp.,
Cissampelos sp., Clytostoma sp., Serjania sp., Macfadyena unguis-cati, Mikania sp.,
lpomoea sp. e Mandevilla sp. As raras epífitas ocorrentes pertencem aos gêneros
Bromelia, Tillandsia, Selenicereus e Pleurothallis.(Pedralli, G . 1997).
Nas fendas das rochas, muito comum neste tipo de formação, acumula-se húmus e
como são úmidas e sombrias criam nichos ideais para o desenvolvimento de
vegetação mais exuberante, Nas partes mais expostas ao sol, a vegetação é mais
escassa, encontrando-se apenas algumas espécies de bulbosas, suculentas e
xerófilas.
3.2.5. Hidrografia
A região faz parte Faz parte da Bacia do rio São Francisco e é classificada como
Alto São Francisco. Destaca-se como afluente da margem direita do Rio São
Francisco, o rio Arcos e o rio Preto.
7
4. Caracterização do Empreendimento
Direito Mineral
8
5. Objetivo Geral
O presente trabalho tem como objetivo recuperar a área que sofrerá grande
interferência antrópica descaracterizando toda sua paisagem. Através da aplicação
de práticas conservacionista cria-se uma estabilidade no local, de acordo com um
plano preestabelecido para o uso do solo, fazendo com que se consiga uma nova
harmonia e a vegetação se restabeleça.
9
7. Recuperação da Área Degradada
10
7.2.1. Abrandamento Topográfico
11
• Formação de talude com ângulo de 45º nas áreas de cavas para com
posterior recobrimento de matéria orgânica para plantio.
Esta operação deve ser realizada para dar ao solo minerado e remoldado,
condições mínimas para germinação e desenvolvimento das plantas e deve ser
realizada após a recomposição topográfica.
O solo deve ser preparado para a revegetação e conter e dar condições para que a
vegetação possa se desenvolver de maneira satisfatória. Na medida do possível,
deve-se buscar o solo removido das áreas de mineração para os pátios para serem
colocados nas áreas já mineradas que serão recuperadas. No caso de não haver
material armazenado nos pátios, principalmente devido ao fato que os rejeitos e as
matérias orgânicas não expressem grandes volumes, devem ser buscadas
alternativas para a preparação do solo. Deve-se sempre ter em mente, entretanto,
que o solo venha da própria área minerada.
No preparo do solo para a revegetação deverá ser feito um recobrimento da área
com rejeitos e matéria orgânica. Depois de depositada esta camada de solo será
colocada outra camada de material mais rico (esterco bovino retirado de currais),
Será usado uma proporção de 2 kg /m², para que as plantas tenham um melhor
acesso aos nutrientes. Essas camadas de reposição, matéria orgânica, rejeitos,
terras da própria área e adubo orgânico (esterco), juntas devem ter uma espessura
de 40 centímetros para a revegetação.
Os solos desta região apresentam um teor baixo do elemento fósforo < que 1 ppm.
Para acelerar o processo de formação será usado um adubo fosfatado com
liberação gradativa do elemento, Fostato de Araxá, na quantidade de 500 Kg/ha ou
seja 500 gramas/m².
12
Para o preparo do solo será feita uma gradagem na área plana atingindo uma
profundidade de 15 cm e incorporando os insumos.
7.3. Revegetação
13
crescimento rápido, o que leva a um sombreamento rápido e a uma diminuição da
competição com as gramíneas.
As espécies a serem plantadas neste local devem ser aquelas que ocorrem
naturalmente nas condições de clima, solo e umidade semelhantes às da área a ser
reflorestada.
14
Grupo Ecofisiológicos de Espécies
Espécies Pioneiras
15
Secundárias Iniciais
Secundárias Tardias
Espécies Clímax
16
Depois de uma análise e de acordo com o levantamento florístico local foram
escolhidas as seguintes espécies para recomposição vegetal:
Espécies Nativas
Categoria Sucessional
17
Espécies Clímax: Espécies que necessitam de sombreamento em todas as fases da
sua existência.
7.3.2. Plantio
Espaçamento de plantio
O espaçamento entre as mudas que serão plantadas será de 4,0 metros entre as
linhas e de 4,0 metros na linha de plantio.
3,0 m 3,0 m
3,0m
O Esquema de Plantio
Neste caso serão usados grupos de pioneiras e não pioneiras alternados na linha de
plantio (tipo quincôncio). Na linha seguinte, altera-se a ordem em relação à linha
anterior. Dentro de cada um dos grupos podem-se distribuir as espécies ao acaso
ou sistematicamente, da mesma forma que no modelo anterior.
A grande vantagem desse modelo é a distribuição mais uniforme dos dois grupos na
área, promovendo um sombreamento mais regular. No entanto, exige um cuidado
maior na implantação dentro da linha e nas entre as linhas. É sempre importante
que as espécies Secundárias Tardias e Clímax fiquem sempre circundadas por
espécies pioneiras ou secundárias iniciais.
Na mistura das espécies para serem levadas ao campo serão utilizadas 80% de
pioneiras e o restante de secundárias em geral. Durante o plantio no campo deve-se
sempre colocar as espécies secundárias próximas de 4 exemplares de espécies
pioneiras.
18
Desenho Esquemático
P SI P SI P SI P SI P SI
SI P ST P C P ST P SI P
P SI P SI P SI P SI P SI
P = Espécie Pioneira
SI = Espécies Secundária Inicial
ST= Secundária Tardia
C = Clímax
19
sem a embalagem plástica, que deverá ser recolhida e levada a um depósito de lixo
na zona urbana.
Tutor
O tutor para as mudas poderá ser uma estaca de bambu com uma altura de 1,5
metros. As mudas depois de plantadas serão amarradas a este tutor. Esta ação visa
o não tombamento das mudas.
Cobertura Morta
Após o plantio será distribuído sobre o solo, ao redor num raio de 50 cm das mudas
implantadas uma camada de cobertura morta, com o objetivo de diminuir o impacto
da chuva, amenizar o aparecimento de plantas invasoras e garantir a umidade em
períodos secos. A cobertura morta a ser usada será o próprio capim retirado do local
da cova.
Controle de Formigas
Cercamento da Área
Para os taludes além das espécies arbóreas deverão ser usadas gramíneas e
leguminosas com a finalidade de recobrir rapidamente o solo exposto. Será usada a
seguinte mistura de gramíneas e leguminosas para semeadura:
20
Gramíneas
Nome popular Nome científico
Capim Meloso Melinis minutiflora
Capim Jaraguá Hiparrenia rufa
Leguminosas
Nome popular Nome científico
Soja perene Glicine javanica
Mucuna Preta Stilozobium aterrimum
Feijão Guandu Lajanus cajan
7.5. Monitoramento
Para que a operação de recuperação da área tenha êxito é importante que se faça
um acompanhamento do estado das mudas instaladas e do seu desenvolvimento,
pois nem todas as mudas pegam ou se desenvolvem, havendo necessidade muitas
vezes de substitui-las.
As mudas deverão ser capinadas nos meses de Janeiro e Março e pelo menos
durante os 5 anos após a sua implantação.
21
7.6. Relatórios de Vistoria
22
Quadro 2: Cronograma de Ações
Época da realização
Atividades / meses Jul Set Out Nov Jan Mar
Marcação e limpeza da cova x
Abertura e preparo da cova x
Aquisição das mudas x
Plantio x
Capina das mudas x x x
Controle de formiga x x x x
Replantio x
Adubação de cobertura x x
10. Conclusão
11. Bibliografia
23
CENTRO DE PESQUISAS FLORESTAIS. Inventário florestal do Distrito Federal.
Curitiba, 1972. 198p.
24
SILVA, J.A. Biometria e estatística florestal. Santa Maria: UFSM, 1977.235p.
Scolforo,J.R.S; Figueiredo, AF Biometria Florestal; Medição e Volumetria de
Árvores – Editora UFLA.
25