Proposta Pedagogica Creche Completa PDF
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PROPOSTA PEDAGÓGICA
Introdução
Fundamentação Teórica
A criança é um ser que se constrói, constrói sua cidadania e, neste processo, precisa ser
criança, precisa ter tempo para brincar, ter tempo para poder ser criança. Dessa maneira, ela
precisa ser compreendida como um ser singular e multifacetado, como um ser complexo e
contextualizado frente à realidade em que vive. Reafirma-se, assim, a concepção de criança
como cidadã, como sujeito histórico, criador de cultura, devendo sua educação ter o mesmo
grau de qualidade que se exige para as demais etapas da educação. A partir disso, esta
proposta pedagógica apresenta alguns princípios norteadores da ação educativa que considera
fundamentais: o desenvolvimento da criança, relações família e escola, relações criança-
criança e relações educador-criança.
1. Desenvolvimento da Criança:
Nossa proposta enfatiza o trabalho integrado, em que a criança possa ser ao mesmo
tempo cuidada e educada, buscando o desenvolvimento perceptivo-motor, afetivo, cognitivo e
social. Para atingirmos esse objetivo, também é importante a participação da família, fazendo
parte da dinâmica da escola, fazendo-se presente nos diversos projetos e atividades. Escola e
família precisam caminhar juntas, articuladas, seguindo uma direção comum para enfrentar o
grande desafio: educar. De acordo com Kramer (1977), a relação escola-família deve ser
entendida na sua dimensão social, respeitando os modos de agir e pensar dos pais,
valorizando seus costumes e tradições, mas simultaneamente explicitando nossas metas,
atitudes e prioridades educacionais. Nesse sentido, compreendemos a família enquanto
primeira instituição com a qual a criança entra em contato em sua vida e que estará presente e
acompanhando o indivíduo, direta ou indiretamente, concretizando a função socializadora que
lhe é inerente.
Podemos observar que a nossa sociedade sofre um conjunto de intensas e profundas
transformações, nos diferentes níveis que a compõem e, consequentemente, o grupo familiar
acompanha as repercussões destas mudanças. Estas mudanças também precisam ser
acompanhadas pela escola, procurando, junto com as famílias, encontrar caminhos que
possibilitem à criança novas formas de interagir com este mundo em constante transformação.
Portanto, compreendemos a família enquanto espaço essencial na estruturação da
personalidade das pessoas, a partir de diferentes relações pessoais que nela se desenvolvem:
aliança (casal), filiação (pais-filhos) e fraternal (irmãos). Assim, embora a escola tenha um
papel importante no desenvolvimento da criança, não cabe a ela substituir funções essenciais
da família, e sim poder complementar este processo, numa dimensão de vida coletiva.
Acreditamos que “a permanência da instituição familiar ao longo de toda a história do homem e
o pluralismo de sua configuração estrutural e funcional a legitimam como unidade primordial da
organização social” (Osório, 1992, p. 28).
Reconhecemos que o trabalho conjunto famílias-escola se constitui em um dos maiores
desafios de uma proposta pedagógica, mas que, ao mesmo tempo, se faz necessário para a
viabilização do processo educativo. Este trabalho traz muitas vezes dificuldades, que surgem a
partir de diferenças encontradas no modo como as famílias e educadores veem uns aos outros,
nas expectativas das famílias quanto à ação dos educadores e destes quanto à cooperação do
grupo familiar e até mesmo quanto às questões objetivas do cotidiano (horários, regras...). Por
isso, buscamos oportunizar momentos de trocas entre família e escola, criando espaços
favoráveis ao diálogo, através de entrevistas com cada família no momento de ingresso na
Escola Infantil; reuniões semestrais com pais, para apresentação da caminhada percorrida no
período; entrevistas com os pais durante o período de avaliação, quando a família e
professores podem trocar informações e esclarecer dúvidas; atividades integradoras, como
eventos festivos (Páscoa, dia das Mães, dia do Pais, festa junina, festa de Natal); exposições
de trabalhos infantis; palestras com professores convidados; participação em projetos de
pesquisa desenvolvidos na instituição, além do contato diário entre escola e família. No
convívio diário, as famílias também podem buscar orientação com os professores e/ou técnicos
dos setores (nutrição, enfermagem, psicologia, coordenação pedagógica, recepção, secretaria
e direção), em todas as circunstâncias de dúvidas, críticas e sugestões.
Nossa proposta enfatiza as interações entre as crianças e os seus parceiros, pois este
fator é de grande importância para o desenvolvimento de um trabalho pedagógico embasado
na teoria construtivista. Estas interações permitem à criança desenvolver formas mais
complexas de agir, de conhecer e simbolizar o mundo, de se relacionar com as pessoas e de
perceber as suas próprias necessidades. Por serem práticas sociais, que têm seu significado
definido em um certo momento histórico, estas formas de agir com o outro contribuem para a
formação do psiquismo com características culturamente definidas. Como qualquer ação
compartilhada, a interação é influenciada por características, nível de desenvolvimento e
interações de ambos os parceiros, que podem levar a criança a considerar pontos de vista
diferentes através do confronto de ideias. Assim, as trocas permitem à criança uma
transformação na sua maneira de perceber a realidade, raciocinar, solucionar problemas e lidar
com as próprias emoções. Nestas relações estão também presentes as trocas afetivas, que
estão na base da socialização infantil, permeando a construção das estruturas mentais da
criança, a reconstrução das normas do grupo e as questões relativas à moralidade.
A cooperação, através da atividade da criança junto a seu grupo, sustenta o trabalho
pedagógico comprometido com a construção do conhecimento. A formação real do sujeito
exige convivência coletiva e a experiência de trocas e discussões em comum. Assim, cooperar
é trocar e construir novos saberes junto com os outros, permitindo o exercício da descentração
e das leis da reciprocidade, coordenando pontos de vista, levando à colaboração entre pares
de iguais e chegando a soluções em comum e a um novo entendimento da realidade.
As relações de reciprocidade entre as crianças e seus parceiros, através da existência
do respeito mútuo, levam ao desenvolvimento de personalidades autônomas no domínio
cognitivo, social e afetivo. Portanto, o ato educativo deve se direcionar para a formação de
grupos fortalecidos em relações de companheirismo, num projeto comprometido com a
construção e reinvenção do conhecimento.
Áreas do conhecimento
Expressão
Conhecimento de Mundo
As crianças se interessam por uma enorme variedade de temas, tais como dinossauros,
vulcões, tubarões, castelos e heróis. É importante que sempre se parta de assuntos que
chamem a atenção das crianças para trabalhar com conhecimentos das mais diversas áreas. O
educador deve criar situações nas quais as crianças façam suas próprias perguntas,
colocando-se disponível e atento para ouvir as teorias explicativas que as crianças apresentam.
Deve, também, respeitar as ideias espontâneas delas e, acima de tudo, aproveitar o que as
crianças já sabem. Na Educação Infantil, precisam ser trabalhados conhecimentos sobre temas
científicos – como fenômenos da natureza, processos químicos e seres vivos, história,
geografia, datas comemorativas, entre outros assuntos – aliando-os à investigação de seus
valores, crenças e ao modo de vida de cada um.
A expressão infantil é uma forma específica de ler o mundo, de relacionar-se com ele e
recriá-lo. As crianças expressam essa leitura do mundo de diferentes de formas: através de
seus movimentos, em experiências rítmicas, gestuais e sonoras. O desenvolvimento das
diversas formas de linguagem se dá através de trocas comunicativas das crianças com seu
meio sociocultural, na família, na comunidade e na instituição. Nesse desenvolvimento, é
essencial que os adultos estabeleçam comunicação com as crianças, conversando, cantando,
contando histórias, repetindo sons produzidos por elas desde a mais tenra idade. Trabalhar
com crianças pequenas exige que o educador se interesse pela fala e outros modos de
expressão delas, pois a fala da criança demonstra seu modo de pensar sob diversos aspectos.
Para isso são promovidas atividades que propiciem a ampla expressividade da criança,
fazendo do diálogo um instrumento de aprendizagem.
À medida que as crianças se apropriam da linguagem oral, são organizadas rodinhas de
conversas, incentivando-as a contar histórias e contar experiências. Além disso, a linguagem
escrita também vai sendo trabalhada desde cedo. Devemos, no entanto, considerar que a
alfabetização não é apenas a memorização ou o treino de um conjunto de habilidades
sensório-motoras. A aprendizagem da língua escrita é muito mais que a aprendizagem de um
código de transcrição, é a construção de um sistema de representação (Ferreiro, 1985). Esse
processo é complicado e exige que a criança resolva problemas lógicos até compreender de
que forma a escrita alfabética representa a linguagem oral, passando pela formulação de
diferentes hipóteses, por conflitos cognitivos e erros construtivos (Ferreiro & Teberoski, 1985).
Para ajudar as crianças no enorme desafio de aprender a ler e a escrever, é fundamental trazer
para a escola a escrita em seus diversos usos, respeitando o que elas já sabem, pois desde
pequenas as crianças têm contato com a língua escrita. Então, são trabalhados diversos
materiais que envolvem a linguagem escrita, desde o reconhecimento de rótulos, embalagens
seu próprio nome e os nomes dos colegas, passando pela proposta da escrita espontânea nas
turmas de jardins, construção de textos coletivos e confecção de livros infantis pelas próprias
crianças. Essas atividades são sempre desenvolvidas de forma que o contato com as letras e
livros se torne um momento de descobertas e aprendizagens.
Conhecimento Lógico-Matemático
Formas de Planejamento
Avaliação
Qualificação de professores
Produção de conhecimentos
Referências Bibliográficas
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