Incentivos e Recompensas
Incentivos e Recompensas
Incentivos e Recompensas
Recompensas
Incentivos e
Incentivos e Recompensas
Recompensas
2009
Elen Gongora Moreira
Mestre em Psicologia Experimental: Análise do Com-
portamento pela Pontifícia Universidade Católica de São
Paulo (PUC-SP). MBA em Gestão Empresarial pela Funda-
ção Getúlio Vargas. Especialista em Psicoterapia na Análise
do Comportamento pela Universidade Estadual de Londri-
na (UEL). Graduada em Psicologia pelo Centro de Estudos
Superiores de Londrina (Cesulon). Atua como consultora
em diversas empresas e também como docente em cursos
de graduação e pós-graduação.
Sumário
Recompensas, incentivos e punições no ambiente de trabalho............9
O processo de manutenção de pessoas...........................................................................................11
O ambiente de mudanças e o seu impacto na administração de salários...........................14
Compreendendo o sistema de recompensas e incentivos........................................................14
Recompensa como vantagem competitiva.....................................................................................16
Recompensas e punições e suas consequências para o ambiente organizacional..........17
Métodos de remuneração..................................................................................39
A evolução dos sistemas de remuneração.......................................................................................39
A remuneração como estratégia organizacional...........................................................................39
Remuneração variável ou flexível........................................................................................................43
Remuneração por habilidade...............................................................................................................44
Remuneração por competência..........................................................................................................45
Planos de incentivo...............................................................................................65
Introdução...................................................................................................................................................65
Remuneração estratégica.......................................................................................................................67
Gabarito.....................................................................................................................83
Referências...............................................................................................................87
Anotações.................................................................................................................91
Apresentação
Os programas de incentivos e recompensas são a
chave para a manutenção de colaboradores satisfeitos e
produtivos no ambiente de trabalho. O mundo empre-
sarial muda rápida e radicalmente. A busca da competi-
tividade passa pela adoção de ações flexíveis na área de
Gestão do Comportamento em Organizações.
Boa leitura!
Recompensas, incentivos e punições
no ambiente de trabalho
Em que você pensa ao ler o título deste capítulo? O que seriam incentivos e
recompensas para você enquanto colaborador de uma empresa?
Mudança. Esta palavra, embora muito citada por diversos autores da área de
Gestão Pessoas, tem em seu significado uma importância vital para a Gestão do Com-
portamento em Organizações. Mudar significa “dar outra direção, arrumar outro modo,
recombinar, apresentar de modo diferente, modificar” (HOUAISS, 2007). Podemos per-
ceber que o próprio significado da palavra mudança traz consigo a noção de “alterar o
sentido”. Não é retórico afirmar que a área compreendida como Gestão de Pessoas na
atualidade deve intervir de forma diferente. Não basta apenas recrutar e selecionar de
forma impecável. É preciso muito mais. Além de um excelente processo seletivo, as em-
presas necessitam reter seus colaboradores – retê-los estabelecendo condições que
favoreçam a ocorrência de comportamentos produtivos. Somente com uma atuação
estratégica a área de Gestão de Pessoas conseguirá reter os talentos que tem.
Mas como fazer isto? Uma das maneiras mais empregadas como meio de ma-
nutenção das pessoas nas empresas são os chamados Programas de Incentivos e Re-
compensas. Mas antes de discutirmos sobre isto, ainda temos que responder a outra
pergunta: O que seriam comportamentos produtivos no ambiente de trabalho? Afinal,
reter colaboradores que não agregam valor à empresa não parece ser muito vantajoso.
9
Diante deste contexto, os profissionais da área de Gestão do Comportamento em
Organizações compreendem que comportamentos produtivos são aqueles que geram
valor, não somente para a empresa, mas também para as pessoas que compõem esta
empresa. Sendo assim, um programa de incentivos e recompensas somente conse-
guirá estabelecer condições que propiciem produtividade e motivação se atender as
demandas tanto dos colaboradores como da empresa. Eis aqui o desafio!
Uma organização é uma unidade social, sendo assim, não há organização sem pes-
soas. Foi-se o tempo em que os colaboradores eram vistos como meros recursos a serem
administrados. Hoje eles são nomeados como um dos stakeholders de uma organização.
Mas o que são stakeholders? São os diferentes parceiros de uma empresa: funcioná-
rios, clientes, fornecedores, consumidores. Foi Freeman quem cunhou o termo stakehol-
der. Para o autor, “stakeholder é qualquer grupo ou indivíduo que pode afetar ou ser
afetado pelo alcance dos objetivos em uma organização” (FREEMAN, 2004, p. 229).
10
que diz respeito aos mais diferentes stakeholders de uma organização. No caso em es-
pecial deste capitulo, significa alterar a visão do subsistema de manutenção de pesso-
as no trabalho. O comportamento humano é influenciado pelos sistemas de recom-
pensas e incentivos nas organizações e tais sistemas podem agregar valor ou não a
esta relação.
11
Deve-se compreender então que as políticas de recursos humanos são maneiras pelas
quais as organizações pretendem gerenciar as situações que envolvem seus parceiros e
por intermédio deles atingir a missão da empresa. As políticas, então, variam de empresa
para empresa de acordo com a filosofia e necessidades vigentes (CHIAVENATO, 2006).
Planejamento
e alocação Determinação da quantidade de colaboradores necessária e
Aplicação de recursos alocação deles em torno de posicionamento dos mesmos na
de recursos humanos organização
humanos
Plano de Determinação da sequência ótima de carreiras, definin-
carreiras do as alternativas de oportunidades possíveis dentro da
organização
Incentivos e Recompensas
12
Avaliação e classificação de cargos visando o equilí-
brio salarial interno
Administração
de salários Pesquisas salariais visando o equilíbrio salarial interno
Política salarial
13
O ambiente de mudanças e o seu
impacto na administração de salários
Voltando a pergunta inicial deste capítulo – o que seriam incentivos e recompen-
sas para você enquanto colaborador de uma empresa? – Quando nos questionamos
sobre isto fatalmente alguns pontos aparecem:
por que ganho X e meu colega que trabalha menos do que eu ganha o dobro?
por que “vestir a camisa” da empresa se quando surgir uma crise eu serei facil-
mente dispensado?
para que me dedicar tanto para a empresa ser mais lucrativa se quando isto
ocorrer eu não obterei nenhuma parte desse resultado?
Muitas outras questões desta natureza certamente passaram pela sua cabeça e
sem dúvida, poucos foram os esclarecimentos a este respeito. O que é um grande erro!
Se quisermos colaboradores comprometidos com o trabalho que executam, o que é
esperado em sua função, temos que dar condições para que eles possam identificar
quais são as consequências envolvidas com a execução esperada das tarefas.
Compreendendo o sistema
Incentivos e Recompensas
de recompensas e incentivos
Uma empresa será produtiva se, além de selecionar de forma eficaz seus colabora-
dores, os mantiver em seu quadro funcional por um período de tempo suficiente para
14
recuperar e usufruir de todo o investimento feito, desde os investimentos com o pro-
cesso de recrutamento e seleção até os programas de desenvolvimento profissional.
Para uma empresa funcionar dentro de certos padrões de operação, deve dispor
de um sistema de recompensas, isto é, incentivos que cumpram a função de reter seus
colaboradores produtivos e satisfeitos (CHIAVENATO, 2006).
Poderíamos ampliar a frase dos autores e dizermos que não apenas a remunera-
ção mas também os programas de recompensas e incentivos podem ser ferramentas
eficazes para gerar produtividade e satisfação profissional.
De acordo com Hanashiro (2008) os incentivos são práticas antigas, o que aparece
como novo é o seu uso como ferramenta de gestão flexível atrelada ao contexto e às
prioridades de mudança organizacional. Para o autor, os planos de incentivos devem
alinhar os interesses das pessoas e as medidas de sucesso organizacional. Observe o
esquema a seguir:
15
estabelece uma
Remuneração
relação de parceria
resultados
Para recrutar alguém, o salário pode atrair ou não; para realizar uma seleção, a remuneração
pode ser determinante na tomada de decisão, tanto do candidato como da empresa; treinar, com
melhoria na capacitação e no desempenho, deveria resultar em acréscimo no pagamento. Planejar
uma carreira sem uma adequada política de remuneração é deixar de oferecer um reconhecimento
financeiro para o qual as pessoas são sensíveis. (HANASHIRO, 2008, p. 176)
16
De acordo com Chiavenato (2006, p. 293), a filosofia básica de recompensas deve
fundamentar-se nos seguintes aspectos:
Nós vimos que as contingências são condições que podem afetar o comporta-
mento do colaborador. Se eu atingir a meta até quinta-feira poderei ter a sexta-feira
livre. Esta pode ser uma relação de contingência que irá afetar a probabilidade do cola-
situações antecedentes;
respostas;
consequências.
17
de um cachorro”, são comportamentos diferentes! Seria um erro considerar o verbo
“correr” como o comportamento em si mesmo. A resposta “correr” de uma pessoa é
parte do “comportamento de correr”, que envolve, além da resposta, a situação na qual
essa resposta ocorre. Em uma empresa, podemos ter situações relacionadas às faltas
no trabalho. Um colaborador pode, por exemplo, “faltar porque seu filho está doente”,
“faltar porque perdeu o ônibus”, ou “faltar porque quer evitar participar de uma reu-
nião programada”. “Faltar ao trabalho” nesse exemplo, assim como “correr”, no exemplo
anterior, não é “o” comportamento em si mesmo. “Faltar ao trabalho” só pode ser ade-
quadamente compreendido no contexto geral em que ocorre. Se o gestor de pessoas
simplesmente identificar o índice de faltas no trabalho, sem saber em qual contexto
ocorre, pode chegar a conclusões incompletas sobre suas causas.
consequente, ou seja, deve sinalizar de forma clara e precisa o que a empresa espera do
colaborador e, caso ele emita a resposta esperada, qual a consequência que se seguirá.
18
“As consequências são os instrumentos mais poderosos que os empresários
têm para melhorar ou aumentar o desempenho de seus funcionários”.
Ações levam a resultados. De acordo com Mager (2001) as ações produzem con-
sequências favoráveis ou não que determinarão como vamos agir no futuro. Sendo
assim, um ponto fundamental quando falamos em consequências é avaliar se este elo
não está trabalhando contra nós – quando as respostas esperadas são seguidas de
consequências punitivas. Por exemplo:
Imagine que fazer relatórios mensais é uma tarefa desgastante. O prazo final para
entrega do relatório é dia 30 de cada mês. A única pessoa que entrega o relatório no
prazo e elaborado de forma correta é Sra. Carmen. Como os demais colegas de tra-
balho entregam relatórios com erros e fora do prazo o Sr. Adalberto (chefe do setor)
decidiu que a partir do mês que vem a Sra. Carmen fará todos os relatórios.
De acordo com Delitti e Derdyk (1995) há quatro razões que explicam porque
alguém não emite a resposta esperada no trabalho:
As três primeiras razões, segundo os autores, dizem respeito ao manejo dos antece-
dentes. Já o item 4 está relacionado às consequências envolvidas com o “não querer”.
19
mento do bônus e reconhecimento social na empresa (reforço positivo), mas porque,
ao cumprir a meta, evita ser despedido (evento aversivo). Ambas as situações aumen-
tam a probabilidade do colaborador continuar se comportando de forma a cumprir a
meta estipulada. A questão é que, em longo prazo, a consequência reforçadora negati-
va (evitar perder o emprego) gera outras consequências aversivas como, por exemplo:
sentimentos de estafa, desânimo, não reconhecimento profissional, insatisfação com a
realização do trabalho. E isto trará prejuízos ao colaborador e a empresa.
De acordo com Delitti e Derdyk (1995) um problema comum nas empresas é que
o comportamento produtivo muitas vezes é ignorado pelas lideranças, pois estamos
acostumados a utilizar a punição para mudar comportamento. O que é um erro.
A atuação na área de Gestão de Pessoas deve ser estratégica, livre de decisões basea-
das em análises do senso comum e, para isto, compreender um pouco sobre o comporta-
mento humano se faz necessário. Só assim, poderemos planejar programas de incentivos
e recompensas que de fato funcionem, que de fato estabeleçam contingências produtivas!
Lembrando que produtividade está atrelada à satisfação e qualidade de vida no trabalho.
Texto complementar
Incentivos e Recompensas
Segunda-feira pela manhã, dia de acordar cedo, levar as crianças para a escola
e seguir para o trabalho. Mas, no meio do caminho aparece um imprevisto: engar-
rafamento e lá se vai o tempo esquematizado para não chegar atrasado à empresa.
20
Depois de vencidos os obstáculos, é o momento de colocar a mão na massa e sentar
em frente ao computador. No entanto, ao entrar na sala, o chefe logo questiona: “O
expediente já começou há muito tempo, isso são horas?”. Lá se vai a oportunidade
para pedir uma folga, durante a semana, para resolver algum problema pessoal.
Essa é uma cena que muitos profissionais já viveram ou que, pelo menos pre-
senciaram os colegas passarem. No entanto, na Ouro Fino – empresa que atua na
produção e comercialização de produtos farmacêuticos para saúde animal -, isso
dificilmente aconteceria, pois a organização adota a prática do horário flexível. Os
resultados dessa experiência têm sido satisfatórios tanto para a companhia quanto
para os funcionários.
A Ouro Fino Saúde Animal, empresa 100% brasileira, atua desde 1987 na criação,
na produção e na comercialização de produtos farmacêuticos para saúde animal [...].
De acordo com Ruben Guimarães, gerente de RH, o horário flexível vem sendo
adotado na empresa há vários anos e surgiu a partir das necessidades constatadas
no próprio dia-a-dia da empresa. Adotado junto aos funcionários da área adminis-
trativa, essa prática permite que cada pessoa possa controlar melhor o seu tempo
e, assim, aumentar a sua produtividade. É claro que na empresa existe uma espécie
de horário padrão, como na maioria das organizações, porém os colaboradores têm
a liberdade de adequar o seu dia de trabalho, de acordo com outras atividades que
eles precisam realizar.
E foi justamente isso que motivou a Ouro Fino a instituir o horário flexível: fazer
21
pouco mais tarde ou sair mais cedo, ele precisa apenas informar ao seu superior e
não haverá nenhum problema. “Essa é uma demonstração de confiança da empresa
que se traduz em produtividade por parte dos colaboradores”, complementa o ge-
rente de RH da Ouro Fino.
Atividades
22
2. Por que incentivos e recompensas podem ser considerados ferramentas de
Gestão de Pessoas?
23
O caráter multivariado das
recompensas e incentivos
Recompensas e incentivos são dois conceitos centrais para o subsistema de ma-
nutenção de recursos humanos. De acordo com Chiavenato (2006) a função principal
deste subsistema é manter os colaboradores satisfeitos e motivados e, consequente-
mente, produtivos. A ideia é que eles permaneçam na empresa e “vistam a camisa”. Para
que isto ocorra, é necessário uma série de cuidados especiais que vão além dos planos
de compensação monetária e benefícios sociais. É fundamental compreender a função
que as recompensas e os incentivos exercem para a manutenção de comportamento
produtivo e, tal compreensão abrange o caráter multivariado que as recompensas e
incentivos exercem dentro de uma dada cultura organizacional.
Certamente, neste ponto, você deve ter se perguntado: mas, em que medida o sa-
lário é uma fonte de motivação para os colaboradores de uma empresa? Quais seriam
os incentivos e recompensas mais eficientes para gerar o que chamamos de motivação
no trabalho?
25
De acordo com Pontes (2000), ao estudarmos a evolução do pensamento admi-
nistrativo, veremos que inicialmente a “Teoria da Administração Científica1” procurava
conciliar de forma mecanicista empresa e empregado versus produtividade e salário.
Para Taylor, as fábricas poderiam se tornar mais produtivas se houvesse a simplificação
das tarefas e dos movimentos executados pelos empregados. Dessa forma, haveria
uma maior especialização de cada trabalhador o que seria de grande valor para a em-
presa. O ponto crítico da teoria de Taylor é que ele não se preocupava com a satisfação
do trabalhador na realização de suas atividades laborais. Ao invés de gerar produti-
vidade, a divisão do trabalho acabou por esfacelar o processo produtivo, tornando o
homem uma máquina a mais e facilmente substituível.
Pontes (2000) afirmou também que os salários até aumentaram com a implanta-
ção da Teoria de Taylor, mas o que se observava era uma situação caótica. Trabalhado-
res insatisfeitos e desmotivados com suas atividades profissionais.
1
Estudo desenvolvido por Frederick W. Taylor na época da Revolução Industrial, sobre técnicas de racionalização do trabalho operário. As ideias desenvolvidas
através dessa pesquisa preconizavam a divisão do trabalho. A característica mais marcante do estudo é a busca de uma organização científica do trabalho,
enfatizando tempos e métodos e por isso é visto como científica.
2
Estudos realizados na Western Eletric Company, em Cícero, Illinois, EUA. O principal objetivo dos estudos foi investigar sobre os fatores que afetavam a produ-
tividade no trabalho. Sua importância reside no fato de ter sido um estudo pioneiro, salientando que o aumento da produtividade ocorreria conjuntamente
ao aumento da satisfação no trabalho.
26
Você pode estar se perguntando: “mas então, salário não é importante para au-
mentar e manter o desempenho do trabalhador?”. Sim, é. No entanto, a relação não é
tão simples e direta. Conforme afirmou Hanashiro (2008, p. 117)
[...] Uma concepção ampla de recompensas, representando também uma transação psicológica,
sociológica, política, ética, amplia o mosaico da remuneração reconhecendo a importância de
considerar também as recompensas não-financeiras como instrumento fundamental para obter
comportamentos desejados para o atingimento dos objetivos individuais e organizacionais.
Skinner foi enfático ao falar sobre os diversos aspectos que o controle econômico
exerce na vida das pessoas. O dinheiro exerce controle sobre o comportamento do indi-
víduo porque é compreendido como um reforçador generalizado, ou seja, ele pode ser
trocado por bens – alimento, roupas, objetos, viagens etc. Um reforçador é definido como
sendo um estímulo que segue um comportamento e aumenta a probabilidade de ocor-
rência futura desse comportamento. Um reforçador será generalizado quando for empare-
lhado com mais de um reforçador. Outro ponto importante, aqui, é que o estado de priva-
ção de um organismo será fundamental para a compreensão do valor de um reforçador.
Skinner (1989, p. 82) nos dá um exemplo importante. O autor relata que se um empre-
sário quer que seus colaboradores trabalhem de forma produtiva e sem níveis de absen-
teísmo ele deve se certificar de que o comportamento de trabalhar esteja sendo devida-
mente reforçado, não somente com salários, mas com adequadas condições de trabalho.
Skinner (1989) enfatiza o quanto este tipo de controle sobre o trabalhador é ex-
tremamente prejudicial e pode gerar consequências coercitivas no ambiente organi-
27
zacional. A remuneração, neste caso, serve simplesmente para criar uma condição eco-
nômica padrão que pode ser retirada aversivamente com a ameaça de demissão. Se a
empresa estabelece este tipo de contingência aversiva – se você não produzir então
perderá o seu emprego e, juntamente com ele o seu salário, que possibilita a você
comprar comida, roupas, pagar o aluguel etc. – provavelmente o que ocorrerá é que o
colaborador se comportará no sentido de evitar esta situação.
Você pode ter pensado: “ao tentar evitar a perda do emprego, o colaborador irá man-
ter seu ritmo de produtividade alto, o que é bom, certo?”. Errado! O trabalhador continuará
trabalhando, mas provavelmente não será um empregado produtivo, irá desempenhar
suas funções em um ritmo mais lento, faltará sempre que possível, fará horas extras sem
necessidade real, se puder irá falar mal da empresa e, na primeira oportunidade, mudará
de emprego. Além disso, provavelmente, se sentirá infeliz, desmotivado, ansioso, estres-
sado. O que ocorrerá é que ele irá trabalhar o suficiente para eliminar a ameaça de perda
do emprego, não será um empregado que “veste a camisa” da empresa. E por decorrência
disso, talvez você até precise ampliar seu quadro de colaboradores porque os empregados
que têm não “dão conta” de executar o trabalho ou a rotatividade será muito alta.
balho feito para que sua empresa possa gerar lucros futuros. O empregado, por sua vez,
executará o trabalho porque a quantia oferecida é superior ou igual às consequências
aversivas de executar o trabalho3 (SKINNER, 1989).
3
Um ponto importante a salientar é que Skinner, em parte de sua obra, foi um contestador (e denunciador) do status quo social de sua época. É possível, a
partir de seus escritos, entender que a maioria das pessoas, em muitas sociedades capitalistas, vive em situação precária, o que estabelece a ocasião para
que o trabalhador “venda” sua mão-de-obra a um preço inferior. O trabalhador neste tipo de negociação está em desvantagem, pois não dispõe das mesmas
condições para “negociar” que o empresário. Esta é uma discussão ampla e importante, mas que foge aos objetivos deste capítulo e por isso não será abordada
neste momento. Porém, é importante que o leitor saiba que Skinner chamou a atenção para as condições de vida do trabalhador (um problema social) que o
coloca em posição desvantajosa quando tratamos desse assunto.
28
Para Pontes (2000) o salário é uma demonstração objetiva do quanto a empresa
valoriza o trabalho de seu colaborador. Se bem administrado e associado a um Plano
de Carreira ele pode ser compreendido como um fator que servirá de base para fatores
motivacionais ligados ao cargo ocupado e a perspectiva de crescimento. Salientando
o que foi dito por Pontes (2000),
[...] A troca fria de produção por salário não gera satisfação ao empregado; é apenas a
recompensa justa pelo seu trabalho, e o empregado busca a garantia de sua sobrevivência.
Porém, se analisarmos os fatores considerados como motivadores sem levarmos em
conta a contrapartida salarial, estes perderão sua força de satisfazer necessidades, pois é
muito importante para o funcionário que a relação entre esses elementos seja mantida.
O salário vem fortalecer os aspectos motivadores que o empregado encontra na empresa
para melhorar seu desempenho. (PONTES, 2000, p. 27)
Para Hanashiro (2008), de um lado, a empresa expõe quais são seus objetivos es-
tratégicos e o que necessita para atingi-los, de outro, o colaborador deve engajar-se
nesses objetivos, sendo a recompensa a ponte que sustenta esta integração.
Compensação
Não podemos falar na importância da remuneração sem mencionarmos a área de
compensação que é compreendida como “[...] a área que lida com a recompensa que o
indivíduo recebe como retorno pela execução de tarefas organizacionais” (CHIAVENATO,
29
2006, p. 299). Existe o que chamamos de compensação financeira direta, que consiste
no pagamento do colaborador pelo serviço prestado em forma de salário, bônus, prê-
mios e comissões. Por outro lado, a compensação financeira indireta são aquelas ad-
vindas de convenções coletivas de trabalho e planos de benefícios. Entendemos que a
remuneração é a soma do salário direto mais o indireto (CHIAVENATO, 2006).
Financeira Não-financeira
30
A compreensão clara das relações de contingências que mantém o comporta-
mento do colaborador produtivo, seja por reforço positivo ou negativo, é fundamental
para que a área de compensação possa atingir seus objetivos.
Para Pontes (2000) uma das preocupações da gestão salarial deve ser a manuten-
ção da equidade interna e externa. A equidade interna é obtida pela adequada avalia-
ção do cargo e a externa através do equilíbrio salarial da organização e os praticados
no mercado de trabalho. Se o equilíbrio externo não for mantido, a empresa fatalmente
Os Planos de Carreiras, Cargos e Salários (PCCS) bem como outros planos da área
de gestão de pessoas devem ser planejados para que os objetivos traçados sejam atin-
gidos. Vejamos a seguir, conforme Pontes (2000), quais são etapas para implantação de
um PCCS efetivo.
31
Quadro 2 – Etapas para implantação do plano de administração de cargos e
salários4
4
Graus podem ser compreendidos como a quantidade de níveis dentro de um mesmo cargo, por exemplo: auxiliar administrativo I, II e III.
32
Como podemos perceber a partir do Quadro de Etapas de Pontes (2000) antes
de iniciarmos a execução de um PCCS devemos descrevê-lo exaustivamente e sempre
envolver as gerências e os colaboradores neste processo. O sucesso de um programa
de recompensas e incentivos, parte do pressuposto de que ele é um trabalho multidis-
ciplinar e que deve servir de elo entre os objetivos da empresa e do colaborador.
Quanto mais levantarmos informações sobre o que é reforçador tanto para a em-
presa quanto para o colaborador e quanto mais alinharmos e utilizarmos destas infor-
mações para que exista equilíbrio entre essas relações, melhores resultados teremos.
Nesta fase a coleta de dados pode ocorrer por observação para cargos opera-
cionais, entrevistas e/ou questionários, consulta ao Cadastro Brasileiro das Ocupações
disponível no site do Ministério do Trabalho (www.mte.com.br). O tipo de coleta de
dados dependerá muito das características do cargo a ser descrito.
Texto complementar
34
sas financeiras, não-financeiras e dentre as primeiras escolher diferentes modalida-
des que levem em conta as especificidades do negócio, os objetivos empresariais, a
cultura da organização. Vale ressaltar que o valor das recompensas não-financeiras é
determinado pelas pessoas que as recebem, em função de suas experiências subjeti-
vas de seu valor. Embora a área de RH possa ter alguma política para esse tipo de re-
compensa, a concessão das recompensas não-financeiras e sua “gestão” encontram-
se no domínio do gestor. É ele quem melhor entende o seu funcionário e cabe a ele
proporcioná-las, atendendo aos diferentes aspectos motivacionais das pessoas.
Atividades
1. Como o salário deve ser compreendido no subsistema de manutenção de pes- O caráter multivariado das recompensas e incentivos
soas em uma organização?
35
2. Por que o salário é um reforçador generalizado?
36
O caráter multivariado das recompensas e incentivos
37
Métodos de remuneração
39
mitem um acompanhamento da evolução administrativa da organização e, portanto,
não cumprem sua principal função de auxiliar nas estratégias organizacionais.
Segundo Wood Jr. e Picarelli Filho (1999, p. 83) “Os sistemas tradicionais de remu-
neração tendem a tratar coisas diferentes de forma homogênea. Eles não consideram
convenientemente as peculiaridades de empresas, áreas ou funções”. Além da falta de
flexibilidade, os autores também apontam como problema dos sistemas tradicionais
de remuneração:
reforça a hierarquia;
40
É importante que o leitor tenha clareza que os autores enfatizam sobre a reflexão
que deve acompanhar os processos de descrição e análise de cargos além das am-
pliações de faixas salariais para que este tipo de sistema se torne mais flexível e possa
atender as necessidades tanto organizacionais quanto individuais e grupais.
difusa
Definição de
responsabilidades clara orientação por meio da visão e
objetivos comuns
É importante deixar claro que Wood Jr. e Picarelli Filho (1999) nos alertam para o
fato de que a remuneração funcional não deve ser prontamente substituída por outras
formas de remuneração. Ela deve continuar sendo utilizada. Contudo é importante
que seja adequada a outros componentes estratégicos de remuneração.
Métodos de remuneração
41
O emprego de várias modalidades de remuneração em uma empresa tem por
objetivo estabelecer contingências reforçadoras que aumentem a probabilidade de
ocorrência de comportamentos classificados como produtivos. Para tanto, uma remu-
neração com função estratégica deve servir de vínculo entre empresa e colaborador.
Pontes (2007) afirma que os sistemas de salários em muitas empresas não apre-
sentavam relação com as estratégias organizacionais, resumindo-se a questões de
cargos e salários. Por exemplo, em muitas empresas os salários são determinados ex-
clusivamente pelas funções exercidas por seus colaboradores, ou seja, a definição do
salário é totalmente baseada na descrição e análise dos cargos não se considerando a
avaliação de desempenho do colaborador, as metas organizacionais e departamentais.
Com a globalização os programas de remuneração tornaram-se vinculados às estraté-
gias das organizações. O autor enfatiza que
Este tipo de remuneração não é novidade, no entanto, ela vem ganhando espaço
nas empresas, com maior ênfase a partir de 1994 com a Medida Provisória que foi re-
gulamentada em 19 de dezembro de 2000 (Lei 10.101). A participação nos lucros e
resultados ganhou força porque passou a ser livre de encargos trabalhistas. Este tipo
de remuneração, desde que atrelada aos objetivos empresariais, passou a ser uma das
principais formas de remuneração estratégica. No entanto, não é demais salientar que,
para que a remuneração variável cumpra seu papel é necessário que seus objetivos
sejam claros e ao alcance das pessoas.
A remuneração variável pode ser vinculada tanto aos lucros quanto a indicadores
ou em combinação com os dois, porém devemos nos atentar para o fato de que um
dos princípios da legislação trabalhista é o da irredutibilidade dos salários, ou seja, uma
vez definido o salário, este não pode ser reduzido, a não ser em casos excepcionais e
Métodos de remuneração
O autor aponta que algumas das vantagens desse tipo de remuneração são:
o nível de risco – este ponto é bastante delicado. O risco deve ser contingente
ao controle que os colaboradores participantes do plano têm sobre metas pre-
determinadas. Ou seja, atingir as metas é algo que de fato pode ser controlado
pelos empregados? Eles possuem todas as condições necessárias para atingí-la?
44
casos, a remuneração se baseia no conhecimento formal comprovado pela pessoa que
desempenha o cargo. Este conhecimento é medido pelo número de créditos acadêmi-
cos ou de treinamentos realizados e não pelo conteúdo do trabalho feito.
Como podemos perceber, para que o indivíduo seja avaliado como competente é
necessário que a empresa forneça as condições necessárias de trabalho. Portanto, para
Métodos de remuneração
45
Rabaglio (2001) aponta como principal objetivo da Gestão por Competência a
necessidade de criar um modelo de competências para cada função dentro da empre-
sa, isto é, elaborar um mapeamento de competências que faça parte das estratégias
de competitividade e de diferenciação no mercado de trabalho. Pode-se dizer que as
palavras de Rabaglio (2001) também podem ser consideradas verdadeiras para um sis-
tema de remuneração por competências, uma vez que neste sistema de remuneração
a identificação delas é essencial.
Wood Jr. e Picarelli Filho (1999) apontam quais seriam os passos para identificação
de competências. Vejamos:
passo três – desdobrar essas competências gerais por área de atuação da em-
presa (pelos setores) e por processo de trabalho;
1
É um modelo de produção em massa que revolucionou a indústria automobilística na primeira metade do século XX. Foi idealizado por Henry Ford (1863
– 1947). Uma das principais características do Fordismo foi o aperfeiçoamento da linha de montagem. Os veículos eram montados em esteiras rolantes que
movimentavam-se enquanto o operário ficava praticamente parado, realizando uma pequena etapa da produção. Desta forma não era necessária quase
nenhuma qualificação dos trabalhadores.
2
Também conhecido como Administração Científica. Este modelo foi idealizado pelo engenheiro Frederick Winslow Taylor (1856-1915) considerado o pai da
administração científica. O Taylorismo se caracteriza pela ênfase nas tarefas, objetivando-se aumentar a eficiência da empresa aumentando-se a eficiência ao
nível operacional.
46
tivos estratégicos da empresa (FARIA; BRANDÃO, 2003). De acordo com autores cita-
dos, somente após termos em mãos a formulação da estratégia da organização é que
será possível identificar as competências organizacionais necessárias à consecução de
seus objetivos, bem como definir indicadores de desempenho em nível corporativo, os
quais representem medidas da eficiência ou da eficácia das ações adotadas para con-
cretizar a visão de futuro. Dessa forma, de acordo com os autores, será possível realizar
um diagnóstico das competências profissionais, ou seja, identificar o gap, ou lacuna,
existente entre as competências necessárias para alcançar os objetivos estratégicos e
as competências internas disponíveis na organização.
A partir dos pontos de vistas apresentados pelos autores citados é possível clas-
sificar as competências de duas formas: 1) como profissionais ou humanas (quando
estão relacionadas a indivíduos ou a equipes de trabalho) e; 2) como organizacionais
(quando dizem respeito à organização como um todo), sem esquecer, é claro, de en-
fatizar que as competências profissionais se aliam a outros recursos, dando origem e
sustentação às competências organizacionais.
A definição de Prahalad & Hamel (apud MARRAS, 2002, p. 174) resume o que foi
dito até este ponto. Para os autores “uma competência não é a representação de única
e isolada habilidade ou tecnologia, mas conjunto delas”.
Sugestões premiadas
(PONTES, 2007, p. 366)
48
Atividades
Métodos de remuneração
49
Salário indireto: benefícios
e planos flexíveis
Introdução
Sabemos que Programas de Incentivos e Recompensas não se referem exclusi-
vamente a uma transação financeira. Ao abordar o conceito de recompensas estamos
nos referindo a fatores que vão além da compensação salarial. A remuneração, por sua
vez, é o pacote financeiro pago aos colaboradores por um serviço prestado. Os bene-
fícios podem ser compreendidos como “[...] as facilidades, conveniências, vantagens e
serviços que as empresas oferecem para seus empregados, no sentido de poupar-lhes
esforços e preocupação. Podem ser financiados parcialmente ou totalmente pela orga-
nização [...]” (CHIAVENATO, 2006, p. 335).
Mas será que todos os benefícios exercem função reforçadora? Será que eles au-
mentam as chances da empresa ter um clima organizacional favorável ao desempenho?
51
Podemos dizer que os salários indiretos podem ser compreendidos como pacotes
de benefícios recebidos pelos colaboradores de uma organização.
Benefícios
Geralmente o salário pago pelo cargo que a pessoa executa na empresa corres-
ponde a uma parte da compensação que a empresa paga ao seu colaborador pelo
serviço prestado. Podemos dizer que o salário indireto é uma parte importante da
composição da remuneração de uma empresa, pois serve de complemento ao salário
em espécie.
Complementando o que foi dito anteriormente, Marras (2002, p. 213) aponta que
Incentivos e Recompensas
13.° salário;
52
aposentadoria;
salário família;
férias;
salário maternidade;
auxilio doença;
horas extras;
etc.
gratificações;
complementação de aposentadoria;
cesta básica;
veículo;
assistência odontológica;
seguro de vida;
cooperativas de crédito;
assistência psicológica;
etc.
53
rador ocupa na empresa. Por exemplo, a modalidade básica de assistência médica é
concedida aos profissionais do nível operacional e administrativo, e a modalidade es-
pecial aos gerentes e executivos. Em geral, os custos dos benefícios são divididos entre
a empresa e o empregado. Para que compreendamos melhor esta questão, vejamos o
Quadro 1 elaborado por Pontes (2007).
Quadro 1 – Benefícios espontâneos mais comuns oferecidos pelas companhias
Seguro saúde X X
Auxílio
X X X X
odontológico
Seguro de vida X X X X
Auxílio refeição X X X X
Previdência
X X X X
privada
Telefone celular X X
Carro X X
Reembolso
X X
combustível
Educação X X X X
Jornais e revistas X X
Cerca de 95% das 150 empresas disseram adotar um modelo de educação cor-
porativa para apoio ao desenvolvimento pessoal e profissional de seus colaboradores
como uma de suas práticas na área de Gestão de Pessoas. A revista ainda ressalta que
a preocupação com o desenvolvimento pessoal e profissional de seus colaborado-
res – visto como parceiro do negócio – faz muito sentido no cenário econômico atual
devido a carência de mão-de-obra qualificada no mercado. Cada vez mais as empresas
estão investindo na qualificação de seus colaboradores. O interessante é que este in-
54
vestimento não está relacionado apenas a uma necessidade organizacional. As pesso-
as cada vez mais valorizam esta ação porque aumentam a sua empregabilidade.
De acordo com a Revista Você S/A-Exame (2008) as empresas de médio porte (de
501 a 1 500 colaboradores) investem grandes quantias em programas de educação
para seus colaboradores. Os investimentos em geral são feitos em programas de trei-
namento e desenvolvimento internos além de subsídio a cursos de pós-graduação.
“A metalúrgica Painco, por exemplo, que fica na cidade de Rio das Pedras, no in-
terior de São Paulo, realizou 38.000 horas de cursos com seus 992 funcionários em
2007” (VOCÊ S/A-EXAME, 2008, p. 38). O raciocínio é: empregados mais capacitados
têm maior probabilidade de subir de cargo e salário. Segundo a revista no ano de 2008,
houve na metalúrgica Painco, 634 correções salariais e 231 promoções.
Entre outros exemplos de benefícios oferecidos pelas empresas eleitas pelo anu-
ário podemos citar:
Albras – entre outros benefícios, temos as bolsas de estudo que cobre até
40% do valor das mensalidades. O interessante deste benefício da Albras é
que ele é concedido prioritariamente a quem tem salários menores.
55
Mas não foram apenas as grandes empresas que se destacaram quanto aos bene-
fícios oferecidos. Entre as pequenas (até 500 colaboradores), o anuário 2008 citou:
56
No formato flexível a remuneração tem como principal função atender as neces-
sidades individuais. De acordo com Pontes (2007) os programas de benefícios flexíveis,
mesmo com aumento de custo, atendem ao critério de remuneração estratégica, uma
vez que levam em consideração as diferenças individuais de seus colaboradores.
Para Pontes (2007) temos duas formas de praticar benefícios flexíveis. Uma forma
consiste no estabelecimento do custo individual dos benefícios e a partir deles esta-
belecer uma cota em unidades monetárias de acordo com o status do colaborador na
empresa para que, então, o próprio colaborador faça a sua opção de acordo com o
valor disponível para sua cota.
Imagine que você trabalha no setor administrativo da empresa e sua cota é de 1 000
unidades monetárias. Você poderá, a partir das opções de benefícios que a empresa
oferece, escolher livremente os benefícios que mais atendam às suas necessidades até
o limite de 1 000 unidades monetárias.
Auxílio odontológico 30
Seguro de vida 20
Educação 300
57
Benefícios como incentivos e recompensas
Como podemos observar, os benefícios exercem um papel importante na com-
posição dos Programas de Incentivos e Recompensas. Porém, como afirmou Hanashiro
(2008, p. 198) “Os benefícios e serviços são chamados de remuneração indireta porque,
normalmente, são concedidos como condição de emprego e não se relacionam dire-
tamente ao desempenho”.
O autor está correto quando afirma que a empresa é responsável pelo bem-estar
de seus colaboradores. O grande desafio nesta questão é como estabelecer contin-
gências organizacionais que favoreçam tanto o colaborador quanto a empresa. Como
sabemos, as pessoas são diferentes entre si, tem histórias de vida diferentes e o que é
reforçador para um não é para outro. Podemos afirmar então que os colaboradores de
uma empresa não valorizarão os planos de benefícios de forma igual. O grande desafio
é oferecer benefícios que tenham efeito reforçador para o grupo em questão.
O problema está no fato de que muitas vezes os benefícios são os mesmos para a
organização como um todo. É justamente neste ponto que devemos avaliar a flexibili-
dade do plano oferecido.
(BISPO, 2004)
58
Num universo corporativo cada vez mais competitivo, captar e reter talentos
tornou-se um fator de sobrevivência para as organizações [...]
Dentro dessa realidade surge em cena um diferencial que tem chamado a aten-
ção do mercado e sido responsável pela captação e retenção de pessoal: os chama-
dos benefícios flexíveis [...]
59
“Quando implantamos o sistema, acertamos, erramos e aprendemos com nossa
própria experiência. Mas como trabalhamos com projetos-pilotos, a experiência foi
vista como um teste. Outro fator que nos ajudou foi que recebemos apoio integral
da nossa matriz”, relembra o diretor de RH da HP e um dos idealizadores do sistema,
Jair Pianucci.
Podemos concluir, a partir do que foi discutido neste capítulo, que o importante,
em qualquer tipo de remuneração utilizada, é que ela esteja atrelada à estratégia da
organização, à sua cultura e ao seu negócio.
Para encerrarmos este capítulo gostaria de citar a empresa campeã pelo anuário
da Revista Você S/A-Exame (2008, p. 65). Veja porque a Volvo foi a escolhida:
A Volvo possui programas definidos de aprimoramento que contam com subsídios de 50% para
educação, parcerias com instituições de ensino, como a Fundação Dom Cabral, de Minas Gerais,
MBA de gestão de pessoas para líderes e potenciais talentos, e até coaching e mentoring para todos.
Para garantir a boa saúde dos funcionários, a empresa oferece uma equipe médica com diferentes
especialistas, em tempo integral, além de um excelente plano de saúde e odontológico, auxílio de
70% na compra de medicamentos, óculos de grau e lentes de contato, e programas de combate ao
tabagismo e ao estresse.
Texto complementar
mas apostam que uma remuneração atraente é suficiente para assegurar bons pro-
fissionais em seu quadro, mas a realidade mostra que isso já não é mais uma premis-
sa tão segura para a atualidade do universo corporativo. Há outras companhias, por
exemplo, que além de salários tentadores, investem na melhoria do clima organiza-
cional, pois já se constata que, quando o colaborador sente-se bem no ambiente de
trabalho, as chances de permanência na empresa tornam-se maiores.
60
Contudo, as estratégias pela atração e retenção não param por aí. Na Asyst Su-
damérica, além de adotar as ações citadas anteriormente, a empresa utiliza como
tática a adoção de um programa de benefícios que enche os olhos de quem concor-
re a uma vaga na organização e, ao mesmo tempo, destaca-se como um dos diferen-
ciais para a conquista da fidelidade dos seus colaboradores.
61
Outro benefício oferecido pela empresa é a “Campanha Solidariedade Levan-
do Conhecimento”, onde nos finais de semana, cerca de 200 computadores da em-
presa ficam desligados. Com essa ação, a organização oferece gratuitamente cursos
de informática para familiares e amigos dos colaboradores. “Todos os funcionários
têm um amigo ou um familiar que está desempregado e precisa de treinamento em
informática. A Asyst Sudamérica entra com a infraestrutura e os colaboradores, de
forma voluntária, ministram as aulas”, cita Blagevitch.
62
Atividades
1. Defina benefícios.
63
Planos de incentivo
Introdução
É mesmo necessário (e possível) incentivar os colaboradores a executar suas fun-
ções com elevado nível de desempenho?
65
Após a realização da pesquisa diagnóstica se identificou que os benefícios oferecidos
não tinham valor reforçador para aquelas pessoas em questão, embora os benefícios
fossem muito valorizados pelo demais colaboradores da empresa. Diante desta situ-
ação começamos uma nova etapa diagnóstica – identificar porque isto acontecia. Ao
investigar de forma mais detalhada, identificou-se que o perfil deste setor era muito
diferente do restante da empresa. O setor de atendimento ao público era composto
por colaboradores do sexo feminino, jovens (entre 18 e 22 anos), solteiras, sem filhos e
geralmente este era o primeiro emprego delas. Para este público, o que era valorizado
era o dinheiro em espécie recebido. Após 4 meses de análises intensas foi proposto a
empresa a criação de um plano de benefícios flexíveis no qual cada colaborador pode-
ria optar por receber o benefício ou o valor monetário do mesmo.
O importante quando falamos em planos de incentivos é que eles devem ser bem
planejados em todos os aspectos. Naturalmente, os programas de reconhecimento
devem ser coerentes com o público alvo, os valores e a cultura de trabalho na empre-
sa; oportunos e com alta visibilidade, quase comemorativos e, ainda, proporcionais ao
Incentivos e Recompensas
Por isso, Flannery et al. (1997) afirmam que as organizações que adquirem pacotes
de recompensas prontos, quase sempre não obtêm bons resultados.
66
É preciso ressaltar que os programas de incentivos e recompensas devem ser
acompanhados de uma estratégia de comunicação bastante clara, pois, do contrário,
podem gerar efeitos indesejáveis como a disseminação da ideia de que há vencedores
e perdedores. Um bom exemplo sobre este item foi o que vivenciei com outro cliente.
Foi planejado pela gerência comercial de uma empresa da área de hotelaria e turismo
que o colaborador que atingisse uma meta estipulada receberia um prêmio: uma moto.
O problema em relação a isso foi que a empresa estava enfrentando problemas relacio-
nados ao plano de salários. Alguns colaboradores de um mesmo setor recebiam salá-
rios mais altos do que outros sem que houvesse um critério claro para isto. Além disso,
a empresa cresceu rapidamente nos últimos anos (de 80 colaboradores passou a ter
320) e continuou com uma gestão familiar. Devido ao fato deste tipo de premiação não
ser comum na empresa e também em função de não haver uma política salarial clara, o
que era para ter sido uma forma de reconhecimento pelo trabalho executado passou a
ser uma punição. No dia da entrega do prêmio ao setor comercial foi feita uma pequena
reunião com todos os encarregados (30 pessoas) da empresa e o prêmio foi entregue.
Ao término da reunião o descontentamento foi geral: por que somente o setor comer-
cial tem acesso a este tipo de regalia? Há setores muito mais complexos na empresa
e embora os encarregados houvessem solicitado incentivos para seus subordinados
o pedido nunca foi aceito. A confusão foi geral e o descontentamento também. Os
encarregados tinham razão no que diziam e a colaboradora que ganhou o prêmio saiu
tão constrangida da empresa que vendeu a moto na primeira oportunidade que teve.
O setor comercial, que se sentia discriminado pelos demais setores, ficou mais isolado
ainda, além do grande problema que os gerentes e encarregados dos demais setores
tiveram que gerenciar junto as suas equipes por causa de todo o ocorrido.
Remuneração estratégica
Os planos de incentivos que iremos abordar neste capítulo fazem parte do que
Planos de incentivo
Para Stoner e Freeman (1982) as recompensas e incentivos podem dar boa contri-
buição ao alcance dos objetivos elencados na estratégia corporativa porque podem di-
67
recionar o desempenho dos colaboradores. Segundo os autores, planos de incentivos
bem formulados são aqueles condizentes com as metas e a estrutura da organização.
Por isso, a remuneração financeira fixa, por si só, dificilmente funciona e deve ser
complementada com uma forma de remuneração mais estratégica.
Incentivos e Recompensas
68
como direito de habitualidade do trabalhador quando a empresa distribuía os lucros
e resultados aos colaboradores por alguns anos. Mesmo que atrelada a sazonalidade
de ganhos da empresa o fato de distribuir lucros por algum tempo acabava sendo um
problema porque o que era para ser uma forma de remuneração flexível passava a ser
vista como uma forma de remuneração integrada ao salário do trabalhador.
Art. 2.º A participação nos lucros ou resultados será objeto de negociação entre a em-
presa e seus empregados, mediante um dos procedimentos a seguir descritos, escolhidos
pelas partes de comum acordo:
§1.º Dos instrumentos decorrentes da negociação deverão constar regras claras e ob-
jetivas quanto à fixação dos direitos substantivos da participação e das regras adjetivas, in-
clusive mecanismos de aferição das informações pertinentes ao cumprimento do acordado,
periodicidade da distribuição, período de vigência e prazos para revisão do acordo, podendo
ser considerados, entre outros, os seguintes critérios e condições:
I - a pessoa física;
69
II - a entidade sem fins lucrativos que, cumulativamente:
Art. 3.o A participação de que trata o art. 2.º não substitui ou complementa a remune-
ração devida a qualquer empregado, nem constitui base de incidência de qualquer encargo
trabalhista, não se lhe aplicando o princípio da habitualidade.
§1.º Para efeito de apuração do lucro real, a pessoa jurídica poderá deduzir como des-
pesa operacional as participações atribuídas aos empregados nos lucros ou resultados, nos
termos da presente Lei, dentro do próprio exercício de sua constituição.
§4.º A periodicidade semestral mínima referida no §2.º poderá ser alterada pelo Poder
Executivo, até 31 de dezembro de 2000, em função de eventuais impactos nas receitas
tributárias.
§5.º As participações de que trata este artigo serão tributadas na fonte, em separado
Incentivos e Recompensas
dos demais rendimentos recebidos no mês, como antecipação do imposto de renda devido
na declaração de rendimentos da pessoa física, competindo à pessoa jurídica a responsabili-
dade pela retenção e pelo recolhimento do imposto.
70
Art. 4.º Caso a negociação visando à participação nos lucros ou resultados da empresa
resulte em impasse, as partes poderão utilizar-se dos seguintes mecanismos de solução do
litígio:
I - mediação;
§1.º Considera-se arbitragem de ofertas finais aquela em que o árbitro deve restringir-
se a optar pela proposta apresentada, em caráter definitivo, por uma das partes.
Art. 5.º A participação de que trata o art. 1.º desta Lei, relativamente aos trabalhadores em
empresas estatais, observará diretrizes específicas fixadas pelo Poder Executivo.
(...)
com uma parcela financeira calculada de acordo com a lucratividade obtida em deter-
minado período, de acordo com algum critério contábil previamente definido.
71
A participação nos lucros é considerada uma abordagem eficaz para empresas
que lidam com forte sazonalidade em seus negócios e necessitam de flexibilidade para
pagar acima do mercado quando têm lucro, sem precisar reduzir pagamentos nos pe-
ríodos em que o mercado é menos favorável. No entanto, a dificuldade para vincular o
resultado da empresa com o desempenho individual do colaborador é o ponto fraco
dessa abordagem. A dificuldade existe porque a distribuição financeira ocorrerá in-
dependente do desempenho de cada colaborador. Por exemplo, imagine que a sua
empresa teve um aumento no seu faturamento anual de 10%. Este faturamento ex-
cedente será distribuído entre todos os colaboradores, porém, como não foi medido
o desempenho individual e grupal, todos os colaboradores receberão a mesma por-
centagem, independentemente de suas performances. O problema com essa forma
de remuneração é que a consequência (distribuição do lucro) está desvinculada do
desempenho, não permitindo planejamentos em desenvolvimento e educação orga-
nizacional que visem ao aprimoramento das discrepâncias de desempenho dos cola-
boradores. Por que a meta não foi atingida? São as condições de trabalho que estão
inadequadas? Os colaboradores possuem repertório comportamental necessário para
atingir os objetivos traçados? As metas de fato podem ser atingidas? Como elas foram
estipuladas?
Outro ponto a ser considerado quando se decide distribuir os lucros aos colabora-
dores está relacionado aos critérios de participação que serão empregados. Segundo
Pontes (2007) um índice simples e objetivo a ser seguido seria o relacionado à lucrati-
vidade. Neste ponto há outras discussões importantes: qual o lucro a distribuir? O lucro
já existente ou o lucro que superar o existente? Imagine que sua empresa normalmen-
te tem um lucro de X, este é o chamado lucro existente. Se o lucro de sua empresa for
X+1, o valor que será distribuído aos colaboradores será +1, que é o valor do lucro que
superou o existente.
A meu ver a forma mais coerente de distribuição neste caso seria distribuir o lucro
que superar o existente uma vez que, havendo melhorias na organização por intermé-
dio da produtividade, o colaborador também deve se beneficiar de seu desempenho.
Neste ponto se ressalta a necessidade de uma análise financeira por parte da empresa
em acordo com as partes para que a tomada de decisão seja a mais adequada a cada
realidade.
72
A participação nos resultados pode ser uma forma mais interessante que a parti-
cipação nos lucros uma vez que está atrelada ao alcance de resultados por intermédio
de indicadores previamente definidos. Recomenda-se que este tipo de participação
esteja ligado a um programa detalhado de padrões de desempenho dos colaboradores.
Os indicadores de desempenho são dinâmicos e sua principal característica é que deve
ser empregado para grupos. O atendimento individual de metas não é valorizado neste
caso, além disso, o importante é o alcance do grupo de metas e não de metas isoladas.
Para que este objetivo de favorecer o trabalho em grupo seja alcançado é fun-
damental que os critérios de avaliação de desempenho do grupo estejam atrelados
aos objetivos estratégicos da empresa. Esta definição deve ocorrer de forma contínua,
integrando necessidades individuais, organizacionais, condições de trabalho dada ao
colaborador, processo e controle do trabalhador em relação ao trabalho executado. O
planejamento e a pesquisa diagnóstica constantes são essenciais para o sucesso deste
tipo remuneração variável.
O planejamento inicial de indicadores nem sempre é tarefa fácil. Por isso, quanto
mais detalhado e objetivo ele for, melhores resultados trará. Não é demais ressaltar que
a objetividade na descrição dos indicadores é fundamental para que não haja dúvidas
quanto ao que é esperado dos trabalhadores, não gerando problemas de comunicação. A
transparência na avaliação e na distribuição da participação nos resultados aos colabora-
dores é etapa crucial para o sucesso deste programa. Por exemplo, imagine que você atua
em uma área comercial e que um dos indicadores de desempenho estabelecido sobre as
vendas efetuadas. Mas o que significa “vendas efetuadas”? Refere-se apenas a quantidade
de vendas que você fez? E se os clientes para os quais você vender não pagarem pelo
produto ou serviço vendido? Em um caso como este é preciso detalhar objetivamente os
critérios que podem envolver de forma entrelaçada a quantidade de vendas efetuadas
com prazos de pagamentos respeitados, menor quantidade de descontos concedidos
por venda, fidelização do cliente – que por sua vez pode envolver: quantas vezes ele com-
prou no ano, se este cliente indicou o produto e o vendedor para um terceiro cliente etc.
presa. O assunto é bastante complexo, pois cada país sofre influências da legislação
que regulamenta o assunto. A complexidade se deve aos cuidados com o projeto. No
entanto, a distribuição de ações, quando bem planejada, pode gerar ganhos para a
empresa e colaborador a médio e longo prazos.
73
As formas de distribuição acionárias podem ser basicamente de dois tipos:
De acordo com Coopers e Lybrand (1996) o objetivo central deste tipo de plano de
incentivo estratégico é estabelecer uma condição que favoreça o envolvimento entre
empresa e empregado. Uma de suas principais vantagens é que não implica em de-
sembolso de caixa da empresa. Coopers e Lybrand (1996) complementam que dentre
os objetivos deste tipo de plano de incentivo podemos citar:
É claro que para que estes dois pontos citados anteriormente sejam atendidos,
existe a condição essencial da transparência no processo de gestão e divulgação siste-
mática de resultados. Resumindo, a gestão participativa deve ser o foco deste tipo de
plano de incentivo.
vimos, essas necessidades variam de pessoa para pessoa e também mudam conforme
o momento da vida de cada um, os interesses pessoais etc. Por isso, a gestão de remu-
neração é algo bastante complexo, que exige da organização um amplo conhecimen-
to do comportamento dos colaboradores.
74
De acordo com Hanashiro (2008, p. 208), incentivos de cunho não-financeiro de-
pendem menos de uma política formal da empresa e mais da forma de administração
adotada pelo gestor e sua interação com o grupo que dirige. O autor ainda alerta que
as recompensas financeiras “precisam ser reconhecidas e valorizadas pelos emprega-
dos para efetivamente serem consideradas [...]”.
75
Não poderia finalizar este capítulo sem mencionar a importância que a área de
Tecnologia da Informação exerce para o sucesso da gestão dos programas de remune-
ração. Os sistemas informatizados de apoio à gestão de pessoas facilitam a gestão da
informação disponível auxiliando na tomada de decisões.
Texto complementar
A Empresa
A Brasilata S.A. Embalagens Metálicas é uma empresa metalúrgica de porte
médio, fundada em 1955 na capital de São Paulo. A estrutura acionária é familiar de
primeira geração (acionista controlador presente). Porém, como é raro nesses casos,
conta com uma administração profissionalizada. Tem três unidades fabris localiza-
das em São Paulo (SP), Estrela (RS) e Rio Verde (GO), possui 800 funcionários e fatu-
rou R$ 91 milhões em 1998. Produz embalagens metálicas de aço (latas e baldes) e é
a quarta empresa de um setor altamente competitivo e pulverizado, detendo cerca
de 7% (sete por cento) do mercado brasileiro.
76
da primeira edição da Medida Provisória, que veio tratar do assunto, em dezembro
de 1994. Na ocasião, dois foram os objetivos fundamentais da empresa: o aumento
da produtividade e o atendimento de demandas por reajustes salariais na unidade
paulista, em uma conjuntura em que, mais uma vez, um plano governamental aca-
bava de determinar o congelamento de preços.
Adaptação do sistema
O Sistema da Brasilata funcionou, conforme sua concepção original, até dezem-
bro de 1994, quando a Medida Provisória 794 determinou que as empresas concedes-
sem participação nos lucros ou resultados, sem, entretanto, recolher encargos sociais.
77
Quando da implantação do sistema original em fevereiro de 1991, parecia im-
portante à empresa condicionar a participação à eficiência das linhas de produção
e ao volume de vendas, dentro do conceito genérico de que o lucro pertence ao
capital e a produtividade ao trabalho. Apesar de se considerar uma empresa trans-
parente, a Brasilata sentia-se, na época, um pouco incomodada com o fato de ter
de compartilhar as informações de lucro com os funcionários. Por isso, o volume de
vendas (facilmente detectável) foi estabelecido como condição para o pagamento
de níveis máximos de participação.
Outras considerações
A Brasilata, quando da edição da MP, pôde tirar proveito do que há de melhor
da nova legislação. Tendo sido beneficiada pela eliminação dos encargos sociais,
transferiu o benefício aos empregados e escapou também da armadilha do abono
salarial igual para todos e sem vínculo com os resultados (o “cala boca”), imposto
78
pelos sindicatos e que tantas distorções provocaram para inúmeras empresas, que
tiveram de pagar participações sobre lucros inexistentes. É bem provável que o fato
de a Brasilata ter, na época, um sistema de PLR em funcionamento tenha permitido
uma negociação mais favorável com o sindicato, até por que foi um dos primeiros
acordos a serem firmados.
Atividades
79
2. Descreva o que é o programa de remuneração conhecido como participação
nos resultados de uma empresa.
80
Planos de incentivo
81
Gabarito
a) mudança
b) interação
c) stakeholders
d) políticas
83
2. Porque ele pode ser trocado por bens – alimento, roupas, objetos, viagens etc. Um
reforçador é definido como sendo um estímulo que segue um comportamento e
aumenta a probabilidade de ocorrência futura desse comportamento. Um refor-
çador será generalizado quando for emparelhado com mais de um reforçado.
Métodos de remuneração
1. Chamamos de remuneração variável, móvel ou flexível a parcela do salário atre-
lada ao desempenho profissional do trabalhador, do setor ou da empresa, e
que pode variar ao longo do tempo. A parte móvel pode ter várias modalida-
des, tais como sugestões premiadas, participação acionária, participação nos
lucros e resultados, bônus, comissões e prêmios.
84
2. Atender as necessidades organizacionais e do trabalhador. No que tange às
necessidades organizacionais os benefícios têm como função básica deixar os
salários diretos mais atrativos e dessa forma auxiliar nos processo de recruta-
mento atraindo candidatos mais qualificados para a empresa; favorecer a re-
tenção dos talentos da empresa, ajudar a manter baixos os índices de turnover
e absenteísmo; aumentar a qualidade de vida dos colaboradores reduzindo
consequentemente o nível de burnout e dessa forma o índice de acidentes de
trabalho.
3. São aqueles onde o trabalhador escolhe dentre um leque oferecido pela em-
presa os benefícios que mais lhe agrada.
Planos de incentivo
1. É um sistema que possibilita recompensar todos os colaboradores da organiza-
ção com uma parcela financeira calculada de acordo com a lucratividade obtida
em determinado período, de acordo com algum critério contábil previamente
definido.
Gabarito
85
Referências
AGÊNCIA USP DE NOTÍCIAS, 1999. Programas de Participação nos Lucros e Resulta-
dos: a importância para empresas e empregados. Disponível em: <www.usp.br/agen/
rede404.htm>. Acesso em: 6 dez. 2008.
BISPO, patrícia. HP Dá a Receita dos Benefícios Flexíveis. 2004. Disponível em: <www.
rh.com.br/ler.php?cod=3991&org=2>. Acesso em: 10 dez. 2008.
BISPO, Patrícia. Investimento que Atrai e Retém Talentos. 2007. Disponível em:
<www.rh.com.br/ler.php?cod=4677&org=2>. Acesso em: 10 dez. 2008.
BISPO, Patrícia. Sem Contar os Minutos de Atraso. 2006. Disponível em: <www.
rh.com.br/ler.php?cod=4628&org=2>. Acesso em: 4 out. 2008.
DUTRA, Joel Souza. Gestão por Competências. 2. ed. São Paulo: Editora Gente, 2001.
87
HANASHIRO, D. M. M. Recompensando Pessoas. In: HANASHIRO, D. M. M.; TEIXEIRA,
M. L. M.; ZACCARELLI, L. M. (orgs). Gestão do Fator Humano: uma visão baseada em
Stakeholders. 2. ed. São Paulo: Saraiva, 2008. p. 176-215.
PONTES, B. R. Administração de Cargos e Salários. 12. ed. São Paulo: LTr, 2007.
RABAGLIO, Maria Odete. Seleção por Competência. 2. ed. São Paulo: Educator, 2001.
SCHUSTER, J. R.; ZINGHEIM, P. K. The New Pay Linking Employee and Organizational
Performance. Jossey-Bass, 1996.
Incentivos e Recompensas
TEIXEIRA, M. L. M.; DOMENICO, S. M. R De. Apêndice 1 – Fator Humano: uma visão ba-
seada em Stakeholders. In: HANASHIRO, D. M. M.; TEIXEIRA, M. L. M.; ZACCARELLI, L.
M. (orgs). Gestão do Fator Humano: uma visão baseada em Stakeholders. 2. ed. São
Paulo: Saraiva, 2008. p. 329-344.
Você S/A-Exame. 150 melhores empresas para você trabalhar. Edição Especial, 2008.
Referências
89
Anotações
91
Incentivos e
Recompensas
Incentivos e
Incentivos e Recompensas
Recompensas