A Bela e o Ferreiro

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Novela da Série Spindle Cove

A Bela e o Ferreiro

T RADUÇÃO: A C Reis
Diana conferiu seus pertences. Luvas, capa, bolsa. Ela estava com tudo que tinha trazido, mas
ainda assim o seguiu.
“O que é que você precisa me dar?”
“Isto.”
Ele a enlaçou pela cintura, apertando-a contra a parede e tomando sua boca em um beijo
apaixonado. Sem tempo para preliminares, ele conquistou o que queria, sentindo o sabor de
Diana com a língua e tocando-a em lugares quase escandalosos. Ela sentiu toda a estrutura do
espartilho pressionar seu busto – e essa foi a única coisa que reparou, pois todo seu corpo
parecia ter se dissolvido.

“Certo”, ela suspirou alguns instantes depois. “Fico feliz que não tenha me deixado ir sem
isso.”
Ele deu beijinhos indo da boca até a orelha dela. Era uma delícia sentir a barba por fazer
dele arranhar sua face.
Certamente, nunca com desejo. Mas agora... ele sabia. Ele sabia que ela era mais do que
parecia. E, de repente, ela não estava mais sozinha.
Capítulo Um

Minha nossa! Olhe só para isso... É mais grosso que o meu tornozelo.
Diana Highwood tirou a luva e a usou como um leque, na tentativa de apagar o rubor de seu
pescoço. Ela era uma dama, nascida e criada em meio aos modos e regras da sociedade – ainda que
não em uma opulência aristocrática. Desde criança ela foi escolhida como a esperança de sua
família. Destinada, sua mãe jurava, a conquistar a atenção de um nobre.
Mas ali, na oficina com Aaron Dawes, todo o refinamento de sua criação se desintegrava.
Como ela podia deixar de admirá-lo? Aquele homem tinha pulsos tão grossos quanto os
tornozelos dela. E, como sempre, ele usava as mangas enroladas até o cotovelo, expondo os
músculos definidos dos antebraços.
Ele bombeou o fole, obrigando as chamas a dançar.
Ombros largos esticavam a camisa surrada e um avental de couro estava pendurado em seus
quadris. Quando ele retirou o pedaço brilhante de metal do fogo e o colocou na bigorna, seu
colarinho abriu.
Diana olhou para o lado – mas não foi rápida o bastante. Ela viu um relance da virilidade pura e
quente de Aaron. Peito esculpido pelos deuses, pele bronzeada, pelos morenos...
“Comporte-se”, ele disse.
As palavras fizeram Diana prender a respiração.
Ele sabe. Ele sabe. Ele percebeu que a refinada, perfeita, bem-criada Srta. Highwood vai à
orja para admirar seu corpo másculo e sua força bruta. Comporte-se mesmo, Diana!
Ela se sentiu ridícula. Envergonhada. Exposta.
E então... de repente... aliviada.
Aaron não estava falando com ela, mas com a peça em que trabalhava.
“É isso.” O suor reluzia na testa de Aaron, que ajeitou a trava firmemente, e emendou com a voz
grave: “Seja boazinha comigo, agora.”
Diana baixou o olhar, focando no chão. Pedras limpas e bem encaixadas pavimentavam a metade
da oficina em que ela estava, onde os visitantes ficavam aguardando o trabalho solicitado. O chão ao
redor da forja, por outro lado, estava coberto de resíduo preto. A divisão entre as duas metades não
podia ser mais definida e significativa.
Ali ficava a linha que separava o cliente do ferreiro. A linha entre o mundo de uma fidalga e os
domínios de um trabalhador.
“Agora sim”, ele disse. “Assim mesmo.”
Bom Deus. Ela conseguia desviar os olhos dos antebraços grossos e do peito musculoso. Mas
aquela voz...
Ela se sacudiu com vigor. Era hora de parar com aquela bobagem. Diana era uma mulher adulta,

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