O Papel Do Mercado de Capitais No Processo de Diversificação Da Economia Angolana
O Papel Do Mercado de Capitais No Processo de Diversificação Da Economia Angolana
O Papel Do Mercado de Capitais No Processo de Diversificação Da Economia Angolana
Agostinho Neto
RESUMO
I
ABSTRACT
The purpose of this dissertation is to: The role of the capital market in the process of
diversification of the Angolan economy aims to understand the role of the capital market in the
process of Angolan economic diversification. In order to materialize this desideratum, we come
to the descriptive research. Based on the findings, we conclude that with the capital market, the
business sector develops and companies of different sizes see their possibilities of raising funds.
For all this is materialized, it is necessary for the capital market to work in fact, so it has to face
and solve some challenges that are strategic. The interest in this topic arose from the need to
awaken in decision-makers and other economic agents that banking is not the only source of
financing for the economy, and that a serious investment in the capital market is extremely
important.
Keywords: Capital market, Entrepreneurship, Diversification, Economy
II
LISTA DE GRÁFICOS
III
LISTA DE TABELAS
IV
LISTA DE QUADROS
V
LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS
VI
LISTA DE FIGURAS
VII
ÍNDICE
RESUMO ....................................................................................................................................I
ABSTRACT .............................................................................................................................. II
INTRODUÇÃO .......................................................................................................................... 1
VIII
2.4.3.1. Banco Nacional de Angola ............................................................................. 24
3.2. Instrumentos................................................................................................................... 55
IX
4.1.3. Distribuição dos respondentes por habilitações literárias /Académicas.................. 63
CONCLUSÕES ........................................................................................................................ 79
SUGESTÕES ........................................................................................................................... 81
ANEXOS
X
INTRODUÇÃO
Formulação do problema
Considerando a actual situação económica e financeira que o país atravessa, onde o petróleo
continua a ser a commodity que mais contribui para o PIB, e a consequente queda do preço do
petróleo na arena internacional, apraz-nos apresentar o seguinte problema: Que papel
desempenha o mercado de capitais no processo de diversificação da economia angolana?
Objectivos
Objectivo geral
Objectivos específicos
Importância do tema
Tendo em conta que, num ambiente económico, existem os que produzem e os que consomem.
É normal que alguns agentes económicos consomem menos do que produzem e, com isso
tenham poupança disponível, enquanto que os outros agentes consomem mais do que produzem
e precisam utilizar os recursos desses poupadores, são inúmeros motivos pelos quais isso
acontece e através do mercado de capitais a transferência desses recursos fica mais eficiente e
segura. Esse fluxo de capitais é de extrema importância para a economia possibilitando mais
desenvolvimento das empresas e das zonas em que elas se situam, assim como melhorar a
utilização dos recursos dos poupadores.
Em termos práticos, a presente dissertação vai permitir despertar nos decisores e demais agentes
económicos que a banca não é a única fonte de financiamento da economia, e que uma aposta
séria ao mercado de capitais reveste-se de extrema importância. Outrossim, o estudo do
mercado de capitais é de vital relevância para o desenvolvimento socioeconómico do País, pois
é por intermédio do mercado de capitais que as empresas conseguem se desenvolver cada vez
mais, verificando-se o aumento e expansão do seu negócio e assim gerando mais empregos e
crescimento do Produto Interno Bruto (PIB).
Para os investidores que compram acções de tal empresas, também é importante pois eles são
os agentes super-activos do mercado, entes que além de financiar a expansão e desenvolvimento
das empresas, desenvolvem a sua própria consciência económica e também a de pessoas que as
2
cercam e ainda não têm esse tipo de consciência, essa investigação científica nos possibilitará
analisar e reflectir sobre o papel deste mercado.
Delimitação do tema
O tema que nos propusemos abordar é abrangente, pois, aborda “O papel do mercado de
capitais no processo de diversificação da economia angolana”. Por esta razão, restringimos a
nossa pesquisa à compreensão do papel do mercado de capitais no processo de diversificação
económica. E, como limite temporal o período compreendido entre 2012 e 2017, em virtude de
ser um período em que os dados da CMC se apresentam mais actualizados.
Limitação do tema
Cientes da nossa limitação no mundo do saber, erros involuntários surgirão nas diversas fases
da elaboração do estudo. No entanto, a investigação conhece algumas limitações dentre as quais
dificuldade no acesso à informação de interesse para se desenvolver a presente dissertação.
Estamos de igual modo abertos para as críticas e outras contribuições que nos serão benéficas,
pois, favorecerão o melhoramento de futuras pesquisas.
Estrutura do trabalho
No que tange a sua estrutura, a presente dissertação, comporta cinco capítulos antecedidos da
presente introdução.
No primeiro capítulo, intitulado fundamentação teórica, apresentamos alguns conceitos
essenciais, que pensamos serem bastante úteis na medida em que surgirá com alguma
frequência ao longo do trabalho que temos estado a desenvolver. Outrossim, por facilitarem a
compreensão do presente trabalho. Assim que, neste capítulo, abordamos os conceitos e tipos
de rendimento, poupança, investimento e crescimento económico.
No segundo capítulo, intitulado sistema financeiro angolano, o mercado de capitais e a
diversificação económica, apresentamos o conceito e funções do sistema financeiro (SF), os
fluxos do SF, o papel do intermediário do SF e os mercados financeiros. Nos mercados
financeiros abordamos o conceito, funções, classificação bem como as entidades reguladoras e
supervisoras do mercado financeiro angolano, abordaremos o mercado de capitais angolano
desde os seus antecedentes aos desafios estratégicos que o mesmo tem de enfrentar. Outrossim,
abordaremos a diversificação económica desde os problemas do processo de diversificação da
economia aos indicadores de diversificação da economia angolana.
No terceiro capítulo, intitulado metodologia utilizada na investigação, apresentamos os
métodos de pesquisa e as razões das suas escolhas, o carácter da investigação, os dados que
3
serão necessário à realização da pesquisa, onde os dados serão obtidos – aqui referimo-nos as
fontes. E, finalmente, os instrumentos e procedimentos metodológicos utilizados para a recolha
de dados com vista a satisfazer os objectivos traçados para a presente dissertação.
No quarto capítulo, intitulado apresentação, análise e discussão dos resultados. Por último,
apresentaremos as nossas conclusões que é uma súmula das principais questões abordadas ao
longo deste trabalho, bem como referências bibliográficas e anexos.
4
CAPÍTULO 1 – FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA
1.1. Rendimento
Não se pode falar de poupança, investimento e crescimento económico, sem antes aflorar o
rendimento, ou seja, só é possível poupar o que se tem.
“Este ano tive um bom rendimento”. Certamente, já ouvimos esta frase vinda de agentes
económicos.
Mas, afinal, o que é o rendimento? Será que as famílias, as empresas e o governo podem ter
rendimentos?
Respostas a estas e outras inquietações, veremos nas secções a seguir.
1.1.1. Conceito
1
https://conceito.de/rendimentos
5
1.1.2. Tipos de rendimento
O dicionário de termos económicos apresenta o rendimento nacional como sendo a “ soma das
remunerações pagas aos agentes económicos pela sua participação na produção de bens e
serviços. Rendimento nacional = PIB – amortizações – impostos + saldos dos rendimentos
recebidos e pagos ao exterior” (Ménard,1990:70).
Entende-se, ainda, por rendimento nacional,
“o conjunto dos rendimentos primários recebidos pelas unidades
institucionais residentes, remunerações de trabalhadores, impostos
sobre a produção e importações menos subsídios, rendimentos da
propriedade (a receber menos a pagar), excedentes de exploração
(brutos ou líquidos) e rendimento misto (bruto ou líquido). O
rendimento nacional bruto (a preços de mercado) é igual ao Produto
Interno Bruto ao preço de mercado (PIBpm) diminuídos dos
rendimentos primários pagos pelas unidades residentes a unidades não
residentes e aumentado dos rendimentos primários recebidos do resto
do mundo por unidades residentes” (INE, 2014:9).
Importa referir que o Rendimento Nacional Bruto (RNB) concentra-se nos resultados registados
em Angola ou no estrangeiro pelos agentes que vivem efectivamente em Angola. A guisa de
exemplo, uma empresa angolana que tenha realizado um investimento directo no exterior, os
seus rendimentos é registada no RNB.
Em termos ilustrativos, o RNB de Angola de 2007 a 2012 foi crescendo de ano para ano tendo
conhecido um decréscimo no ano de 2009. De lá para 2012 é só crescimento assinalável,
conforme se pode ver no gráfico 1, abaixo.
6
12000000
10000000
Unidade: Milhões de kwanzas
2007
8000000
2008
6000000 2009
2010
4000000 2011
2012
2000000
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12000000
10000000
Unidade: Milhões de kwanzas
2007
8000000
2008
6000000 2009
2010
4000000 2011
2012
2000000
O rendimento misto também conhecido por excedente líquido de exploração constitui o “ saldo
contabilístico que corresponde ao rendimento que as unidades geram pela utilização dos seus
activos de produção. É obtido retirando ao Rendimento de Factores as Remunerações dos
Assalariados. O excedente líquido de exploração avalia o rendimento da terra, do capital e do
2
http://economiax.blogspot.com/2012/11/componentes-do-rendimento.html?m=1
8
trabalho não assalariado. É o saldo da conta de exploração, que indica a distribuição do
rendimento entre os factores de produção e o sector das administrações públicas”3.
Poupança é entendida como sendo “acto ou efeito de poupar; os rendimentos que não são gastos
em consumo” (AAVV, 1196-1197).
Por seu turno, Ménard (1990:53) apresenta a poupança como sendo “parte do rendimento
disponível não consagrado à compra imediata ou próxima de bens de consumo”.
Na mesma senda de pensamento, encontramos o INE que entende por poupança a “ parte do
rendimento nacional disponível que não é afectada à despesa de consumo final. A poupança
nacional bruta (ou líquida) é igual à soma das poupanças brutas (ou líquidas) dos diversos
sectores” (INE, 2014:8).
Importa referir que tanto as pessoas singulares, ou colectivas que são as empresas, as famílias,
ou mesmo o governo podem poupar. Para o efeito, é necessário que os três factores de que a
poupança depende, estejam salvaguardados, designadamente:
“a) capacidade de poupar: o indivíduo ou agente económico deve ter
uma renda suficientemente alta para tal;
b) desejo de poupar: motivações que levam o agente a poupar,
podendo variar de acordo com as expectativas e cultura do potencial
poupador; e
c) oportunidades de poupar: opções de aplicações financeiras
disponibilizadas pelo mercado” (Oliveira, 1984, apud Carvalho,
2014:12).
Estando salvaguardados estes três factores, qualquer agente económico poderá poupar, e com
as poupanças poderá investir, contribuindo não só para o crescimento económico, mas também
para a tão apregoada diversificação económica.
Tal como vimos na secção sobre os rendimentos, o ano 2009 foi um ano de decréscimo no que
tange a RNB. O mesmo também se verificou com as poupanças. De 2007 a 2009 o peso da
poupança bruta no PIB tem tendência decrescente, tendo tomado um sentido inverso a partir de
2010, pois são níveis que ultrapassam os 40%.
Para melhor ilustrar o que temos vindo a aflorar, confira o gráfico abaixo, que espelha a
poupança bruta/PIB e a poupança bruta/ Renda Nacional disponível.
3
http://economiax.blogspot.com/2012/11/componentes-do-rendimento.html?m=1
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45
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Percentagem
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10
5
0
2007 2008 2009 2010 2011 2012
Poupança Bruta / PIB 39,74 37,7 29,97 37,66 42,06 43,7
Poupança Bruta /Renda
46,07 45,25 33,71 42,04 45,54 46,64
Disponível Bruta
11
de capital fixo (FBCF) [que engloba as aquisições líquidas de cessões, efectuadas por
produtores residentes, de activos fixos durante um determinado período e determinadas mais
valias dos activos não produzidos através da actividade produtiva de unidades produtivas ou
institucionais]. Estes dados podem ser vistos no gráfico 4.
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2007 2008 2009 2010 2011 2012
Poupança Bruta / PIB 39,74 37,7 29,97 37,66 42,06 43,7
Poupança Bruta /Renda
46,07 45,25 33,71 42,04 45,54 46,64
Disponível Bruta
Taxa de Investimento
25,16 29,22 42,26 29,16 27,54 29,73
(FBCF/PIB)
13
“... embora o crescimento económico tenha um efeito positivo sobre a
poupança na medida em que aumenta o nível de renda, não podemos
afirmar, univocamente, que um aumento no nível de poupança
implicará uma aceleração do crescimento. Os estudos empíricos
caminham no sentido de confirmar tal relação de causalidade [ver
Schmidt-Hebbel et al. (1996) e Reis (1996)]. Os resultados obtidos por
Reis mostram que as variações temporais do produto devem preceder
às variações da poupança doméstica, assim como as da formação bruta
de capital fixo”.
Em função do acima exposto, vamos compulsar os dados que temos e procurar relacionar à
nossa realidade. Assim que, apresentamos já a seguir um gráfico que espelha o comportamento
do crescimento económico em termos percentuais de 2007 a 2012, bem como a sua relação com
a poupança e o investimento. Para o efeito, recuperemos o gráfico 4, sobre a poupança e o
investimento e nele incorporamos o crescimento do PIB.
Neste gráfico 5, que veremos abaixo, é possível verificar que até 2008 o crescimento económico
situava-se em dois dígitos, tendo conhecido uma desaceleração nos anos subsequentes, ou seja,
em 2009 o crescimento do PIB foi de 2,14%, em 2010 foi de 3,56%, em 2011 foi de 1,86%, e
em 2012 houve uma ascensão para 7,63%. Apesar de ser um crescimento na ordem de um
dígito, o ano 2012 deu um claro sinal de recuperação comparando com o período anterior.
Estes dados podem ser vistos no gráfico a seguir.
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Percentagem
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2007 2008 2009 2010 2011 2012
Poupança Bruta / PIB 39,74 37,7 29,97 37,66 42,06 43,7
Crescimento económico 14,01 11,17 2,14 3,56 1,86 7,63
Taxa de Investimento
25,16 29,22 42,26 29,16 27,54 29,73
(FBCF/PIB)
14
Para o aumento da poupança nacional as famílias, as empresas e o governo são chamados a
contribuírem para o efeito.
Assim, as famílias são chamadas a fazerem um esforço no quesito poupança familiar, embora
não seja um assunto de fácil abordagem devido a complexidade dos seus intervenientes.
De acordo com a Cepal (2002) citada por Carvalho (2014:18), a poupança familiar é
“um ponto complexo por ser difícil identificar como se dão as decisões
de poupança individual e familiar. Apesar dessa dificuldade, é possível
a realização de esforços institucionais de fomento aos hábitos de
poupança, além das reformas do sistema previdenciário e dos sistemas
de pensões. Esses esforços, ou estímulos fiscais, seriam focados em
poupanças destinadas a fins específicos como a educação dos filhos
(que receberia subsídios específicos) e os seguros de vida e de
acidentes”.
As empresas, por seu turno, são chamadas a reinvestir os seus lucros, pois “o reinvestimento
dos lucros substitui outras fontes de financiamento e, para estimulá-lo são necessárias políticas
específicas. Por exemplo, de acordo com a teoria do investimento, impostos baixos sobre os
lucros reinvestidos tornam o reinvestimento a fonte principal de financiamento, sendo, portanto,
um importante estímulo à poupança. A revisão de normas contábeis e fiscais seria um dos
principais meios para facilitar que os lucros sejam reinvestidos nas empresas” (Cepal, 2002
apud Carvalho, 2014:18).
E, por fim o governo, que é chamado a prestar uma atenção especial ao financiamento dos
investimentos públicos. Neste quesito, propõe-se um conjunto de medidas para incrementar a
receita pública, elevar a produtividade e transparência dos gastos públicos e construir
instituições democráticas. O objectivo maior é atingir um equilíbrio ou superávit das contas
fiscais, já que o déficit fiscal, em última instância, reduz a poupança nacional. Esse desafio é
de carácter estrutural. Uma das correcções seria avaliar separadamente a evolução a longo prazo
dos termos de troca, diferenciando-a das flutuações de curto prazo. Desse modo, a
institucionalização de fundos de estabilização dos principais bens de importação e exportação,
com contabilidade separada das contas fiscais, seria um importante mecanismo para a
estabilidade fiscal (Idem).
Para um país como o nosso, com dependência excessiva no petróleo, a toda a necessidade de se
diversificar a economia, para que tenhamos bons níveis de poupança, de investimento e de
crescimento económico. Pois, pensamos que altos níveis de poupança, de investimento e de
15
crescimento económico vão contribuir para o desenvolvimento do país, diminuindo os níveis
de pobreza extrema que ainda graça pelo nosso país, assim como as desigualdades sociais e as
assimetrias regionais.
Não podemos descurar do papel do sistema financeiro para a materialização de objectivos tão
premente da diversificação económica. Mas sobre o sistema financeiro, conceito, funções e o
seu papel, desenvolveremos no capítulo a seguir.
16
CAPÍTULO 2 - SISTEMA FINANCEIRO ANGOLANO, O MERCADO DE CAPITAIS
E A DIVERSIFICAÇÃO ECONÓMICA
Tal como frisamos no capítulo anterior, neste capítulo abordaremos o sistema financeiro
angolano que desempenha um papel preponderante na economia. Para a compreensão do papel
do sistema financeiro na economia angolana é imperioso saber o conceito, as funções, e os tipos
de sistema financeiro. Também neste capítulo abordaremos o mercado de capitais angolano
desde os seus antecedentes aos desafios estratégicos que o mesmo tem de enfrentar. Outrossim,
abordaremos a diversificação económica desde os problemas do processo de diversificação da
economia aos indicadores de diversificação da economia angolana.
4
http://www.apb.pt/sistema_financeiro/o_que_e
17
que envolve desde o acúmulo de poupança, por parte de alguns, e a necessidade destes recursos
por parte daqueles que desejam consumir ou investir, e necessitam dos recursos de terceiros.
Cuida, também, de prestar assessoria aos investidores e de outros serviços diversos. Portanto,
o Sistema Financeiro propicia toda a estrutura necessária ao bom funcionamento do Mercado
de Capitais, que se encontra inserido em seu âmbito. Busca, em síntese, maximizar a
circulação e utilização dos recursos financeiros (Silva, 2008:45).
Quando funciona bem, o sistema financeiro contribui para o bem-estar das populações, fazendo
circular as poupanças daqueles que têm a mais, para aqueles que têm a menos, no sentido destes
poderem utilizar estes recursos para o consumo ou para investimento, gerando desta forma
riqueza. Ao contrário, isto é, um mau funcionamento do sistema financeiro gera perturbações
nos fluxos monetários, cujos efeitos, quando excessivos, são de demorada correcção e
manifestam-se sob as seguintes formas:
a. “luta desenfreada pelos recursos financeiros, encarecendo-os;
b. transferência de actividades económicas próprias da iniciativa
privada, para o sector público;
c. instabilidade do nível de preços e consequente inutilização das
previsões económicas;
d. desvirtuamento das funções das instituições financeiras elevando o
custo do dinheiro e gerando um descrédito com o público;
e. insuficiente dinamização do mercado financeiro nacional, que passa
a funcionar como um sistema arterial esclerosado; e
f. desestímulo à poupança espontânea dos indivíduos e das empresas,
que passa a ser substituída pela de carácter forçado, nem sempre
transformada em investimento, mas em despesa de custeio do estado” (
Silva, 2008:45-46).
Para que o sistema financeiro angolano funcione bem, ele está estruturado da seguinte forma: a
moeda, os instrumentos financeiros, os mercados financeiros, as instituições financeiras e as
autoridades de supervisão.
De acordo com a lei n.º 13/05 de 30 de Setembro, o sistema financeiro angolano conta com
instituições financeiras subdivididas em: Instituições Financeiras Bancárias – que são os bancos
– cuja responsabilidade de supervisão é do Banco Nacional de Angola (BNA). E as Instituições
Financeiras Não Bancárias que subdividem-se em três níveis, designadamente: a moeda e o
crédito – cuja responsabilidade de supervisão também é do BNA; as seguradoras e a previdência
18
social cuja responsabilidade de controlo, supervisão e regulação é do Instituto de Supervisão de
Seguros; e o mercado de capitais e investimento cuja supervisão é da responsabilidade da
Comissão do Mercado de Capitais (CMC)5.
Nesta secção, vamos procurar demonstrar como é que o sistema financeiro funciona.
Os agentes que observam um excedente de fundos são os mutuantes ou aforradores primários
e são a origem de todos os fluxos de financiamento. Já os agentes que observam um déficit de
fundos são os mutuários ou devedores primários e são os destinatários últimos dos diferentes
fluxos de financiamento.
Para ilustrar, confira a figura 1, onde do lado esquerdo encontramos os agentes excedentários,
aqueles que têm a mais, ou que conseguiram realizar as suas poupanças, deixando de utilizar os
recursos hoje, para os utilizar amanhã. São normalmente as famílias, mas poderão ser o governo
se as contas públicas forem excedentárias, ou os agentes não residentes. E do outro lado, direito,
encontramos os agentes deficitários, ou seja aqueles que têm a menos, aqueles que têm
necessidades de recursos. São normalmente as empresas, mas o governo – caso as contas
públicas forem deficitárias, as famílias ou o resto do mundo podem assumir este papel. Importa,
ainda, referir que no centro encontramos os intermediários financeiros, aqueles que podem ser
as instituições financeiras bancárias que são os bancos ou outras instituições financeiras não
bancárias como as seguradoras, previdência social e o mercado de capitais e investimento,
conforme se pode ver na figura 1.
5 Mais adiante voltaremos de forma pormenorizada a abordagem das Entidades reguladoras e supervisoras do mercado
financeiro angolano, isto é, na secção 2.4.3.
19
O financiamento da economia ocorre em duas vias. Através do financiamento directo, os
agentes deficitários endividam-se directamente junto dos agentes excedentários nos mercados
financeiros, vendendo-lhes títulos (activos financeiros). Ou pelo financiamento indirecto onde
os intermediários financeiros aparecem para mediar para fazer a difícil missão de coincidir a
vontade dos agentes excedentários com as dos deficitários (Cf. Abreu et al, 2012:6-7).
Nem sempre os agentes deficitários necessitam dos intermediários financeiros, por causa da
difícil missão de fazer conciliar as vontades das partes. Sobre o papel do intermediário no
Sistema financeiro, veremos a secção a seguir.
20
2.4.1. Conceito e funções
De acordo com Abreu et al (2012:8), “mercados financeiros são os mercados nos quais uma
entidade que se encontra numa situação excedentária disponibiliza fundos a entidade que se
encontra numa situação deficitária”.
Pacheco (2015:8), define mercado financeiro como sendo “o mecanismo ou ambiente (físico
ou virtual) através do qual se produz um intercâmbio de activos financeiros e se determinam
seus preços”.
Outra definição bastante prática e elucidativa defende que, Mercado financeiro “é um ambiente
de compra e venda de valores mobiliários (acções, opções, títulos), câmbio (moedas
estrangeiras) e mercadorias (ouro, produtos agrícolas)”6.
Em outras palavras, ao mercado financeiro dirigem-se os agentes excedentários e os agentes
deficitários, ou seja, aqueles que têm recursos de que não necessitam por hoje (poupança) e
podem dispor do seu para aqueles que necessitam para investir, esta manifestação de interesse
em ceder e aceder aos recursos vai determinar os preços.
Os mercados financeiros têm várias funções, Abreu et al (2012:8) consideram três funções
essenciais, designadamente:
1. “Permitir a transferência de fundos dos agentes com capacidade de
financiamento (mas sem oportunidades de investimento) para os
agentes com necessidade de financiamento (mas com oportunidades de
investimento);
2. Aumentar a eficiência económica, aumentando a eficiência na
afectação do capital;
3. Partilhar o risco na economia, permitindo o financiamento de mais
projectos de investimentos produtivos , aumentando o crescimento
das economias e aumentar a poupança, uma vez que possibilitam a
sua rentabilização (ou remuneração)” (Abreu et al, 2012:8).
Já Pacheco (2015:8) considera quatro funções, a saber:
1. Estabelecer o contacto entre os agentes superavitários e deficitários;
2. Ser um mecanismo eficiente de fixação de preços para os activos;
3. Proporcional liquidez aos activos; e
4. Reduzir os prazos e custos de intermediação.
6
www.btgpactualdigital.com
21
Podemos afirmar que o mercado financeiro tem como função principal facilitar o encontro entre
os agentes excedentários com os agentes deficitários no sentido de fixarem um preço a contento
das partes.
22
Sobre o mercado de capitais, falaremos mais detalhadamente no capítulo a seguir, por ser o
foco da nossa pesquisa. Por agora, interessa-nos saber um pouco sobre o mercado monetário.
O mercado monetário é o local “onde são realizados os empréstimos de curto prazo, com
vencimentos inferiores a um ano. A negociação se dá principalmente através de títulos do
tesouro”7. É por via do mercado monetário que o BNA enquanto banco central procura
influenciar as condições do mercado monetário, em termos de liquidez (efeito quantidade) e de
taxa de juro (efeito preço).
Quanto ao prazo ou as condições, os mercados podem ser a vista ou swap, futuros e opções.
De acordo com Abreu et al (2012:13) swap, futuros e opções constituem contractos financeiros
cujo valor depende do preço de outros activos, e transaccionam-se nos mercados de derivados.
“Um contracto de futuros é um contracto de compra ou venda de títulos
ou mercadorias a um preço predeterminado, ocorrendo a transacção
numa data futura específica. As opções são instrumento financeiro que
conferem ao seu detentor o direito mas não a obrigação, de comprar ou
vender determinados activos a um preço pré-determinado numa certa
data futura. Um swap é um acordo de transacção de fluxos de tesouraria
futuros de acordo com uma fórmula pré-acordada”.
Quanto ao tipo de moeda pode ser moeda nacional ou local e moeda internacional ou externa;
Quanto ao grau de intervenção pode ser mercado livre ou mercado regulado. E quanto as
necessidades dos clientes podemos classificar em: mercado de câmbio, mercado de crédito,
mercado de seguros e pensões, mercado de capitais, mercado de derivados e mercado
monetário.
Alguns mercados como o de derivados e monetário já foram abordados. O mercado de capital
já foi anunciado que terá tratamento especial no próximo capítulo. Por agora, importa apresentar
os três primeiros mercados do parágrafo anterior.
Assim, por mercado de câmbio entende-se o local onde se transaccionam divisas, isto é onde
se trocam entre si moedas de diferentes países.
Já o mercado de crédito “trata dos empréstimos bancários. É o mercado que se acessa ao
solicitar um financiamento ou usar o cheque especial”.
Mercado de seguros e pensões é o local onde se acessa aos serviços de seguros contra potenciais
riscos e de planos de previdência social.
7
www.btgpactualdigital.com
23
De forma resumida, o que apresentamos até aqui, pode ser visto no quadro 1 que ilustra os
critérios e a respectiva classificação dos mercados financeiros.
Quadro 1 - Classificação dos mercados financeiros
Tendo em conta que, na secção acima, apresentamos a classificação do mercado financeiro, nas
negociações estão envolvidas diversas instituições que facilitam o encontro entre os agentes
deficitários e os excedentários, mas também a presença dos intermediários. Para o seu bom
funcionamento, o mercado financeiro carece de instituições que regulam, fiscalizam e
supervisionam as transacções.
De acordo com Lei nº 13/05 de 30 de Setembro, as entidades reguladoras e supervisoras do
mercado financeiro angolano são: O BNA, o Instituto de Supervisão de Seguros e a CMC.
É sobre estas entidades que nos vamos ater nas próximas secções.
25
f) estabelecer normas para a actuação das Instituições, nomeadamente
quanto à sua organização contabilística, estruturas de receitas e controlo
interno, bem assim como aos elementos de informação a prestar ao
B.N.A. e ao público, e respectiva periodicidade;
g) manter organizado o registo especial a que estão sujeitas as
instituições sob à sua supervisão.
2. Compete, igualmente, ao Banco Nacional de Angola:
a) realizar inspecções às Instituições sujeitas à sua supervisão e aos seus
respectivos estabelecimentos, e proceder à averiguações em qualquer
entidade ou local onde haja suspeição de prática irregular de actividades
monetárias financeiras ou cambiais;
b) consultar todos os ficheiros, livros e registos, e obter comprovativos
das operações, registos contabilísticos, contratos, acordos e demais
documentos que entenda necessários ao exercício da sua função de
supervisão;
c) instaurar, nos termos da lei, os processos adequados à verificação das
infracções cometidas”.
Como pudemos observar, a LBNA dá instruções claras e precisas de como o BNA supervisiona
o Sistema financeiro (SF).
Para além das instituições financeiras bancárias que são os bancos, as instituições financeiras
não bancárias ligadas à moeda e crédito abrangidas pelo controlo e supervisão do BNA são:
a) casas de câmbio; b) sociedades cooperativas de crédito; c)
sociedades de cessão financeira; d) sociedades de locação
financeira; e) sociedades mediadoras dos mercados monetário ou de
câmbios; f) sociedades de micro crédito; g) sociedades prestadoras
de serviço de pagamento; h) as sociedades operadoras de sistemas
de pagamentos, compensação ou câmara de compensação, nos
termos da Lei do Sistema de Pagamentos de Angola; (LIF, art. 5.º,
número 1).
Para a materialização destas funções, o BNA dispõe de um departamento que se ocupa com a
supervisão das Instituições Financeiras (IF), este departamento denomina-se: Departamento de
Supervisão de Instituições Financeiras (DSI).
26
O Departamento conta com cinco divisões, a saber: divisão de acompanhamento directo,
divisão de acompanhamento indirecto, divisão de organização do sistema financeiro, divisão
de pesquisas e normas e a divisão de acompanhamento de instituições financeiras não bancárias.
A par das divisões, o departamento conta, na sua estrutura orgânica, com dois sectores,
designadamente: o sector central de informação de risco de crédito e o sector de secretariado.
Para melhor ilustração, confira a Estrutura orgânica do DSI do BNA na figura 2.
De acordo com o Decreto n.º 63/04 de 28 de Outubro, no seu artigo 2.º, o número 2, determina
que “O Instituto de Supervisão de Seguros (ISS) é o órgão especializado de supervisão da
actividade seguradora, tutelado pelo Ministério das Finanças”.
O ISS tem por objectivos “a) supervisionar a actividade de seguros, resseguros, fundos de
pensões, mediação de seguros e/ ou resseguros, em conformidade com a política económico-
financeira nacional impulsionando o desenvolvimento equilibrado do mercado, definindo as
regras para o bom funcionamento do sector segurador e o exercício da actividade de mediação
de seguros, das sociedades gestoras de fundos de pensões e actividades complementares dos
27
seguros; b) fiscalizar e supervisionar o sector segurador bem como as actividades referidas no
número anterior, implementando acções com vista à normalização do funcionamento legal,
técnico e financeiro, nomeadamente os critérios de solvabilidade, a gestão prudente das
provisões técnicas e suas aplicações financeiras e sobre os produtos colocados à disposição do
consumidor, nos termos estabelecidos pela legislação aplicável;” (Decreto n.º 63/04, art. 3.º,
número 1);
Para alcançar os objectivos do ISS, cabe-o
“a) emitir pareceres sobre a constituição de empresas do mercado de
seguros, resseguros e das Sociedades Gestoras de Fundos de Pensões,
bem como sobre o cancelamento de autorizações das mesmas;
b) emitir parecer e/ou autorizar a exploração de novos ramos ou
modalidades de seguro, bem como aprovar as bases técnicas e
condições gerais e especiais dos diversos ramos e modalidades de
seguro, de conformidade com a legislação específica, bem como emitir
parecer para o cancelamento da autorização dos mesmos;
c) estabelecer apólices e tarifas uniformes para os ramos e modalidades
de seguros obrigatórios e submeter à aprovação do Ministro das
Finanças;
d) emitir parecer sobre os pedidos de transferência de carteira de
seguros, alterações de estatutos e de capital social das empresas de
seguros e Sociedades Gestoras de Fundos de Pensões;
e) apreciar e emitir parecer sobre as contas de exercício das empresas
do sector, fundamentalmente sobre os critérios de solvabilidade e
gestão prudencial;
f) inspeccionar ordinária ou extraordinariamente, sempre que seja caso
para tal, a actividade das empresas que operam no sector, com o fim de
verificar a regularidade técnica, financeira e jurídica da sua actividade;
g) praticar os actos necessários à regularização das anomalias
detectadas nas inspecções;
h) instaurar e instruir processos de transgressão, aplicando as
respectivas sanções ou propondo ao Ministro de tutela a aplicação das
sanções que sejam da sua competência, de conformidade com o artigo
28
15.º do Decreto n.º 7/02 de 9 de Abril, bem como proceder nos termos
legais ao acompanhamento e liquidação das multas aplicadas;
i) atender e dar parecer sobre reclamações que lhe sejam apresentadas
por presumíveis violações de normas do sector;
j) apresentar relatório periódico ao Ministro das Finanças sobre a
actividade desenvolvida pelo sector;
k) apresentar ao Ministro das Finanças contribuições para a política
nacional de seguros e resseguros; (Decreto n.º 63/04, art. 4.º, número
1);
O ISS está estruturado em órgãos de gestão e serviços e órgãos executivos e de apoio.
Constam dos órgãos de gestão e serviços o Director Geral; o Director Geral Adjunto; o
Conselho Directivo; o Conselho Técnico Consultivo e o Conselho Fiscal.
São órgãos executivos e de apoio os seguintes: o Departamento de Supervisão e Mediação; o
Departamento de Administração e Serviços Gerais; o Departamento de Fundos Autónomos; o
Gabinete de Inspecção; e o Gabinete Jurídico.
Organicamente o ISS apresenta-se conforme vê-se na figura 3.
29
O ISS tem um departamento que se ocupa da supervisão e mediação, cabe a este departamento:
a) “acompanhar a actividade técnica, actuarial e financeira das entidades
supervisionadas por forma a assegurar a estabilidade e eficiência das mesmas
em função da legislação aplicável;
b) emitir pareceres sobre os aspectos técnico-económicos relativos à
constituição de seguradoras;
c) elaborar estudos técnico-económicos e financeiros do sector e do mercado
em geral, bem como emitir pareceres sobre bases técnicas, tarifas e condições
gerais e especiais dos diversos ramos e modalidades de seguro, formulando
pareceres sobre a autorização ou cancelamento da sua exploração;
d) cuidar da elaboração de apólices uniformes e tarifas para os ramos ou
modalidades de seguro obrigatório;
e) proceder à organização dos registos estatístico-económicos do sector e
normalizar o controlo dos elementos fundamentais da actividade empresarial;
f) assegurar a realização das tarefas referidas nas alíneas a), b), c), d) e e) do
n.º 1 do artigo 4.º do estatuto e das que sejam acometidas pelo director geral”
(Decreto n.º 63/04, art. 17.º, número 1).
O Departamento de Supervisão e Mediação possui uma divisão (Divisão Técnica e Mediação)
e duas secções (Secção Vida/Ramos Pessoais; e a Secção de Estatística das Seguradoras).
Esta instituição deu lugar a Agência Angolana de Regulação e Supervisão de Seguros, de que
nos debruçaremos a seguir.
A ARSEG – Agência Angolana de Regulação e Supervisão de Seguros foi criada pelo Decreto
Presidencial n.º 141/13, que aprova o seu Estatuto Orgânico. Nos termos deste estatuto, a
ARSEG é o órgão especializado da administração indirecta do Estado ao qual incumbe a
regulação, supervisão, fiscalização e o acompanhamento da actividade seguradora,
resseguradora, de fundos de pensões e de mediação de seguros e resseguro, com o objectivo de
criar um mercado equilibrado, idóneo e eficiente.
A ARSEG distingue-se da sua antecessora nas atribuições e nos instrumentos de intervenção.
Para Aguinaldo Jaime “no actual contexto (ISS), a supervisão não dispensa que possa haver
visitas dos representantes do Órgão Regulador e Supervisor para inspeccionar, no local, os
diferentes operadores do mercado. A supervisão (no local), sublinhou, vai analisar as
demonstrações contabilísticas e de outros documentos que espelham a vida financeira de cada
30
um desses órgãos. As visitas de supervisão visam, entre outros objectivos, analisar a forma de
administração das instituições, com destaque ao modo como são geridos, os órgãos que as
compõem e quem os integra”8.
De acordo com o artigo 1.º do Decreto Presidencial 141/13 de 27 de Setembro a “Agência
Angolana de Regulação e Supervisão de seguros, enquanto órgão central na tarefa de supervisão
do mercado de seguros no Estado Angolano, é uma pessoa colectiva de direito público, dotada
de autonomia administrativa, financeira patrimonial e regulamentar”.
Actualmente, a ARSEG tem sob sua jurisdição 24 Seguradoras, 6 Sociedades Gestoras de
Fundos de Pensões, 51 Sociedades de Mediação e Corretagem e 446 Mediadores Individuais.
Atribuições
8
Aguinaldo Jaime in ANGOP, 06 jun. 2013.
31
Estrutura Orgânica
32
A seguir apresentaremos a Comissão de Mercado de Capitais.
Cada entidade reguladora e supervisora está para um/ vários mercados específicos. Assim que,
a Comissão do Mercado de Capitais supervisiona e regula os mercados de valores mobiliários,
dos sistemas de liquidação, das ofertas públicas sobre valores mobiliários, dos sistemas
centralizados de valores mobiliários e ainda de todos os intervenientes directos do mercado de
capitais (cf. Artigo 5º do Estatuto Orgânico da Comissão de Mercados de Capitais). Em outras
palavras, a CMC tem sob sua alçada os mercados: obrigacionista (entidades públicas e privadas
que se financiam por via da emissão de títulos de dívida); Accionista (entidades privadas que
se financiam por via da abertura de capital); de Mercadorias (onde se efectuam compras e se
vendem de forma regulamentada títulos representativos de mercadorias (Petróleo, milho, trigo,
arroz, etc); de Derivados (onde são transaccionados instrumentos financeiros de cobertura de
risco tais como Forwards, Futuros, Opções e Swaps). A par disso, vela também pelos Fundos
de Investimento que são patrimónios autónomos que tem como finalidade o investimento
colectivo de capitais.
Mas, afinal, o que é a CMC?
De acordo com seus estatutos, a CMC é uma pessoa colectiva de direito público e rege-se pela
Lei dos Valores Mobiliários, pela Lei das Instituições Financeiras, pelo seu Estatuto Orgânico
e pelo regulamento interno.
Conforme o EOCMC, a sua actual estrutura orgânica compreende três órgãos, a saber: Conselho
de Administração, Conselho Consultivo e o Conselho Fiscal, conforme a figura 3.
33
2.5. O mercado de capitais angolano
Embora tenhamos dito alguma coisa a respeito do mercado de capitais, numa ou noutra ocasião
ao longo dos capítulos que antecederam a este, importa reforçar que o mercado de capitais
angolano encontra-se dentro sistema financeiro angolano, mais concretamente dentro do
mercado financeiro e está sob supervisão da CMC.
Mercado de capitais “é o espaço físico ou virtual onde instrumentos de investimentos e
cobertura de risco são transaccionados” (Santos, 2016:15).
Para compreendermos o mercado de capitais angolano é imperioso a apresentação das razões
que estiveram na base da criação deste espaço onde os instrumentos de investimentos e
cobertura de risco são transaccionados.
34
Para fazer face a tudo quanto acima foi aflorado, é necessário olhar para as funções do mercado
de capitais angolano. E, é sobre estas funções que nos vamos concentrar na secção a seguir.
Tendo em conta as razões que estiveram na base da criação do mercado de capitais angolano e
que mereceram a nossa atenção na secção anterior, importa realçar que o mercado de capitais
angolano deve ter condições de atrair o capital externo por via da produção de informação, onde
os agentes deficitários e os agentes excedentários têm como um local propício de oportunidades
de investimento e de financiamento dos seus projectos cuja protecção da carteira de
investimento sentem-se salvaguardadas. Outrossim, a liquidez dos activos devem ser garantidas
para que se verifique a diversificação do negócio.
Importa referir que liquidez de activos consiste na “capacidade de um activo ser convertido em
meio de pagamento imediato (moeda), rapidamente e sem custos significativos. Um activo é
tanto mais líquido quanto mais o mercado tem muitos compradores e vendedores e nele se
efectua um elevado número de transacções” (Abreu et al, 2012:152).
Este elevado número de transacções vai permitir que haja diversificação do negócio.
Em suma, o mercado de capitais angolano tem como funções atrair capital externo, criar
oportunidades de investimento e de financiamento, produzir informações, criar liquidez de
activos, proteger a carteira de investimentos dos agentes económicos e diversificar o negócio.
Confira a figura 5, que ilustra as funções do mercado de capitais angolano.
35
Com o mercado de capitais em pleno funcionamento, contribuirá significativamente para a
diversificação económica do país, para o efeito é necessário que tenha instrumentos que o
permitem funcionar em pleno.
É sobre estes instrumentos do mercado de capitais angolano que nos vamos ater a seguir.
36
1) “O preço é estabelecido pelo comprador que está disposto a pagar o
preço mais elevado – pode não ser o valor máximo que ele está
disposto a pagar, mas será sempre superior ao valor que o segundo
comprador está disposto a pagar;
2) O preço do mercado é definido pelo comprador que valoriza mais a
acção – o comprador que valoriza a acção é aquele que está disposto
a pagar o preço mais elevado, logo é ele que fixa o preço;
3) Quem tem mais informação pode pagar mais pois reduz o risco: na
medida em que sabe mais sobre os fluxos futuros, desconta-os a
uma taxa inferior” (Abreu et al, 2012:189-190).
37
Existem três factores que influenciam a curva da oferta de obrigações, designadamente a
rentabilidade dos investimentos, a expectativa da taxa de inflação e o saldo orçamental (cf.
Abreu et al, 2012:157).
Quanto a rentabilidade dos investimentos, importa referir que quanto mais elevadas forem as
expectativas de lucro associadas a novos projectos de investimentos numa empresa, maior é a
vontade de os implementar e consequentemente maior é a necessidade de recurso a
financiamento externo. Em períodos de forte crescimento económico aumenta frequentemente
a viabilidade económica dos projectos. Isso pressupõe que, em períodos de expansão económica
aumenta a oferta de obrigações enquanto que em períodos de recessão a oferta de obrigações
se contrai.
Quanto a expectativa da taxa de inflação, importa referir que para uma dada taxa de juro, um
aumento da taxa de inflação esperada, provoca uma diminuição da taxa de juro real. Sendo o
custo real do endividamento mais baixo aumenta a oferta de obrigações, para cada nível de
preço e taxa de juro.
No que ao saldo orçamental diz respeito, um aumento do deficit público provoca um aumento
da emissão de obrigações públicas.
Em suma, os instrumentos representativos da dívida podem ser divididos em dois eixos: por um
lado, os instrumentos da dívida pública e por outro, os instrumentos da dívida corporativa.
Nos instrumentos da dívida pública encontramos para além das obrigações do tesouro (OT-NR;
OT- TXC; OT- ME), cujo
“valor nominal da OT, as taxas de juro de cupão e o prazo de resgate –
que deverá ser de 1 a 30 anos, sempre múltiplo de 6 meses – são
definidos por decreto executivo do Ministro das Finanças;
Os cupões de juro são pagos semestralmente;
O resgate é efectuado pelo valor ao par, acrescido dos juros do último
cupão;
A OT pode ser transaccionada em mercado secundário mediante registo
de alteração de titularidade” (Pacheco, 2015:16).
Os bilhetes do tesouro apresentam um prazo de resgate variável na ordem de 28, 63, 91, 182 e
364 dias;
São colocados no mercado primário pelo valor facial descontado do montante correspondente
aos juros, devendo na data de vencimento ocorrer o resgate pelo valor nominal;
38
Os mesmos podem ser transaccionados em mercado secundário mediante registo de alteração
de titularidade.
As obrigações do tesouro são as mais procuradas comparando com os bilhetes do tesouro. Para
se ter uma ideia, no primeiro trimestre de 2017 foram negociados 252 OT contra os 21 BT,
conforme se pode ver na tabela abaixo, discriminado por meses.
Tabela 1 - Negociação da dívida pública
Nesta tabela, é possível verificar que, durante o primeiro trimestre de 2017, foram negociados
mais obrigações do tesouro do que bilhetes do tesouro. Se por um lado, estes números são
importantes para a compreensão do fenómeno, mais importante ainda é a ilação que se retira
dos mesmos, pois apesar dos Bilhetes do Tesouro serem poucos comparativamente às OT, deve-
se sublinhar o facto do crescimento da procura por BT.
Nesta ordem de ideias, de acordo com a BODIVA, no seu relatório mensal de Abril do ano que
temos vindo abordar, 2017, o aumento da procura por BT consubstancia-se no seguinte:
“(i) recente aumento das taxas de remuneração no mercado primário,
que actualmente se situa acima dos 20% e (ii) maior preferência por
activos de curto prazo, dado o actual contexto de mercado, (iii) cenário
de estabilidade cambial que retira atractividade aos títulos indexados ao
dólar-americano, sendo que o BT´s surgem como alternativa de
investimento”.
No que tange a dívida corporativa, importa referir que os investidores compram títulos emitidos
pelas empresas que precisam de dinheiro. Esses títulos dão aos investidores o direito de receber
a quantia emprestada, mais juros previamente determinados. Os títulos são chamados de títulos
de dívida e esse mercado é conhecido como mercado de renda fixa.
No nosso caso em particular, os instrumentos da dívida corporativa não se fazem sentir porque,
infelizmente, “as empresas nacionais ainda não cumprem os requisitos para abrirem o capital
em bolsa” (Pacheco, 2015:22).
39
2.5.3.3. Instrumentos derivados
Tendo em conta que no mercado de capitais os recursos dos poupadores são destinados à
promoção do desenvolvimento económico de forma directa, isto é, de projectos e empresas. É
no mercado de capitais que empresas que precisam de recursos conseguem financiamento, por
meio da emissão de títulos, vendidos directamente aos poupadores/investidores, sem
intermediação bancária. Dessa forma, os investidores acabam emprestando o dinheiro de sua
poupança a empresas, também sem a intermediação bancária.
Os instrumentos derivados podem ser subdivididos em quatro classes, designadamente: os
forward, os futuros, as opções e os swaps.
Começando pelo primeiro instrumento, os forward são acordos específicos entre duas partes
para a realização de uma transacção financeira numa data futura. Se esses contratos estiverem
ligados a títulos de dívida, fala-se de contratos forward de taxa de juro. Estes envolvem a venda
futura de um título de dívida (cf. Abreu et al, 2012: 26).
Consta num contracto forward de taxa de juro, os seguintes elementos: “o título que será objecto
de transacção; o montante envolvido na transacção; o preço (a taxa de juro) do título no
momento da transacção; e a data da transacção” (Idem: 210).
A negociação deste contracto é feita pelos dois agentes interessados permitindo que os
montantes e condições do contrato possam ser ajustados aos interesses das partes, aliás os
contratos constituem a manifestação da vontade das partes. Este facto permite que os contratos
forward sejam tão flexíveis quanto a vontade das partes, permitindo, igualmente, uma cobertura
total do risco.
Se por um lado, essa flexibilidade em termos de chegar a um acordo directo entre as partes
interessadas constitui uma vantagem, por outro pode estar na origem de alguns inconvenientes.
Ora, vejamos:
O primeiro inconveniente é a “dificuldade em encontrar a contraparte ou, quando se encontra,
dada a exiguidade do mercado, os preços podem não ser muito competitivos (falta de liquidez
do mercado). O segundo é o “risco de falência, que deriva de não existir nenhuma garantia
contra perdas, se a contraparte for a falência” (Abreu et al, 2012:211).
Pelo facto de existir o risco de falência da contraparte, os intervenientes antes de firmarem o
contracto necessitam de informação sobre a situação financeira da contraparte.
Embora haja um mercado importante no tocante aos títulos de tesouro ou hipotecas, o papel do
contracto forward vê-se cada vez mais reduzido pelo facto combinado do risco de não
pagamento e a falta de liquidez.
40
Existe uma similitude entre os contratos forward e os futuros, na medida em que especifica que
uma das partes tem que entregar um certo instrumento financeiro à outra, numa certa data
futura. O contrato de futuros tem características que permitem superar as desvantagens dos
forward, ou seja, os riscos de liquidez e de falência destes contratos, uma vez que os contratos
de futuros são transaccionados em mercados organizados (como as bolsas) (cf. Abreu et al ,
2012:26).
As opções são contratos que dão ao seu proprietário a opção, isto é, o direito de comprar (ou o
direito de vender) o activo subjacente a um preço pré-determinado, designado por preço de
exercício (strike price), dentro de um período de tempo (o prazo até à expiração). O vendedor
de uma opção (designado também por writer) é obrigado a vender (ou a comprar) o activo
subjacente ao comprador da opção se este decidir exercer o seu direito de compra (ou de venda).
Já a swap é um contrato em que cada parte troca (swap) um conjunto de pagamentos ou fluxos
de tesouraria futuros (e não de activos) que detém por um conjunto de pagamentos ou fluxos de
tesouraria futuros que a outra parte detém.
Existem vários tipos de swap, destacando-se dois: swap de taxa de câmbio ou swap cambial e
swap de taxa de juro.
O primeiro, swap de taxa de câmbio ou swap cambial, envolve a troca de um conjunto de um
conjunto de pagamentos numa moeda por um conjunto de pagamentos noutra moeda; mais
concretamente, um swap cambial é a transacção simultânea à vista e a prazo de uma moeda
contra a outra moeda. Por exemplo, uma parte compra à vista (spot) um dado montante de
kwanzas contra dólares e, simultaneamente, vende, a prazo (forward) o mesmo montante de
dólares contra kwanzas.
Já o segundo, swap de taxa de juro, envolve a troca de um conjunto de pagamentos de juros por
outro conjunto de pagamentos de juros com características diferentes, ambos denominados na
mesma moeda (cf. Abreu et al, 2012:221-222).
Embora não sendo fácil devido as especificidades de cada instrumento, importa sublinhar que,
de maneira geral, os instrumentos derivados têm como função: permissão da gestão e cobertura
do risco; e favorecimento da liquidez no mercado.
41
mesmo tempo, fruto da estabilidade económica e de uma série de avanços institucionais que se
traduzem em incentivos ao empreendedorismo, regista-se um crescimento expressivo no
número de empreendedores (Cf. IBRI; CVM, 2015:9).
O mercado de capitais é eficiente na medida em que a captação de recursos por empresas é mais
barata, pois não há necessidade do pagamento da spread aos bancos. Para o investidor é
vantajoso, pois ele pode desfazer-se do título a qualquer momento, o que não seria possível
num empréstimo tradicional. Ou seja, se o investidor mudar de opinião quanto ao risco de
investir em determinada empresa, pode vender os títulos no mercado. Essa liquidez (facilidade
de compra e de venda) reduz o seu risco de perda. Assim, o mercado de capitais faz com que o
repasse de recursos dos poupadores às empresas seja mais interessante para ambas as partes.
Em função de tudo quanto foi acima exposto, não nos resta concluir que o mercado de capitais
é fundamental para o crescimento económico de um país, pois sem ele muitos projectos não
conseguiriam sair do papel por falta de capital e financiamento. Muitas empresas perderiam sua
competitividade e dificilmente conseguiriam desenvolver-se. Poucas sobreviveriam num
ambiente sem a injecção de capital de investidores. Vale também recordar, que com o mercado
de capitais o empresariado desenvolve-se e as empresas de diferente portes vêem as suas
possibilidades de captação de recursos ampliadas.
Para que tudo isto que elencamos acima, se vêem materializados, é necessário que o mercado
de capitais funcione de facto, para tal tem de enfrentar e resolver alguns desafios que são
estratégicos.
É sobre os desafios estratégicos do mercado de capitais angolano que nos vamos concentrar na
próxima secção.
42
(Instituições Financeiras Bancárias), para sermos mais rigorosos o BNA tem registado e
autorizado trinta IFB, e destas apenas sete negoceiam na bolsa. Ou seja, apenas 24, 3(3)%. É
um número bastante aquém, quando os investidores podem ser empresas e pessoas singulares.
Estes dados podem ser vistos no quadro abaixo intitulado membros negociador do mercado de
capitais que, infelizmente, tem registado um único membro negociador que são os bancos.
Quadro 2 - Membros negociador do mercado de capitais
Dissemos infelizmente, porque o que esteve na origem da criação do Mercado de Capitais entre
outros elementos foi a incapacidade dos bancos financiarem toda economia, hoje com tristeza
assistimos, que são os mesmos bancos, os únicos membros negociadores do mercado. Há toda
a necessidade de se reforçar a mensagem no sentido de outros membros poderem vir e
negociarem, pois só é desta forma que se vai estimular o crescimento económico com membros
diversificados, pois aumentará o montante negociado. Aliás, a CMC tem como visão
“acredita(r) no Mercado de Valores Mobiliários e Instrumentos Derivados como alternativa
preferencial de capitalização e financiamento do Estado e das empresas, e como veículo, por
excelência, de canalização das poupanças da sociedade para instrumentos de investimento
diversificados” (CMC, 2014: 17).
Outro elemento, igualmente, de importância extrema que se alia ao que temos vindo a aflorar é
o facto de que até ao preciso momento a dívida corporativa ainda não se negoceia na bolsa
porque “as empresas nacionais não reúnem os requisitos para estarem registados na bolsa” (já
citado).
Tudo o que elencámos acima ainda não se verifica, em nosso entender, porque o MC não tem
sido suficientemente atraente aos olhos das empresas.
Nesta ordem de ideias, a BODIVA, a CMC, a CEVAMA, o fundo de investimentos, os
accionistas minoritários e vários departamentos ministeriais de forma isolada ou conjunta
43
devem tomar uma série de medidas capazes de contribuir para o sucesso do MC, sucesso este
que passa pela atracção das empresas, pois este constitui um dos grandes desafios do MC.
Estudos comparados em outras paragens dão conta que o “principal instrumento de promoção
do mercado de capitais deverá ser a governação corporativa que, de um lado, é, entre outras
coisas, quem dará a segurança necessária ao investidor e, de outro, valorizará as empresas que,
assim, poderão ter um custo de captação menor. Este processo possibilitará que o benefício da
abertura de capital se estenda sobre um número maior de empresas pois, tanto do lado dos
investidores quanto do lado das empresas alguns bons casos de sucesso vão projectar e atrair
outros. Portanto, a principal barreira a ser superada é a criação de alguns casos de sucesso”
(Bovespa, 2000:10).
Apesar dos esforços que se tem feito no sentido da governação corporativa, onde a CMC
reconhece que a confiança dos investidores é legítima e “é um pilar fundamental sobre o qual
os Mercados de Valores Mobiliários surgem e se robustecem. E essa confiança estabelece-se e
afirma-se pela transparência dos processos de gestão das empresas que sejam ou queiram ser
emitentes de valores mobiliários. A adopção de boas práticas de governação corporativa e a sua
boa divulgação dão aos investidores uma sólida compreensão de como são tomadas as decisões
que podem afectar os seus investimentos. Além disso, os investidores que confiam nas práticas
de governação corporativa de uma determinada empresa são mais propensos a manterem-se ou
tornarem-se accionistas” (CMC, 2014:5).
Para o efeito, a CMC enquanto regulador, supervisor, fiscalizador e também dinamizador
comprometeu-se já em 2014 em “tudo (estamos a) fazer para tornar realidade os Mercados de
Valores Mobiliários e Instrumentos Derivados em Angola, proporcionando novas formas, mais
atractivas e seguras, de remuneração das poupanças e de financiamento a longo prazo do nosso
desenvolvimento socioeconómico. E estamos certos de que o edifício institucional e legal que
estamos a construir, e cuja construção está na recta final, irá acolher a seu tempo um núcleo de
investidores e emitentes capazes de colocar Angola no lugar a que justamente aspira no atlas
mundial dos mercados financeiros” (CMC, 2014:5).
Dizíamos, apesar deste posicionamento da CMC em tudo fazer para atrair empresas neste
mercado a realidade é diferente. Se por um lado, houve esforço que culminou com a abertura
do mercado secundário da dívida pública a 19 de Dezembro de 2014. Por outro lado, este
mercado em termos de negociadores não evoluiu muito.
44
Em 2015, por exemplo, a BODIVA contou com cinco membros negociadores, designadamente:
o Banco de Fomento Angola (BFA), o Standard Bank Angola (SBA), o Banco Angolano de
Investimentos (BAI), o Banco de Negócios Internacional (BNI), o Banco Millenium Atlântico.
Já em 2016, os negociadores subiram de cinco para oito membros, acrescentando, deste modo,
na lista anterior os bancos Internacional de Crédito (BIC), regional do Keve e o banco
económico.
Importa ainda sublinhar, que durante estes dois anos, o BFA figurou no topo do ranking como
o banco que realizou mais negociações em termos de montante negociado, ocupando desta
forma parte significativa da quota de mercado, conforme se pode ver no quadro abaixo.
Quadro 3 - Membros negociadores 2015-2016
Em Janeiro de 2017, o número de negociadores da dívida pública desceu de oito para seis,
abandonando a negociação os bancos Económico e o BNI. De Fevereiro à Abril do mesmo ano,
o número de negociadores voltou a subir, ou seja, subiu de seis para sete membros, com o
retorno do Banco Económico (cf. Quadro 6).
Em suma, os resultados obtidos até agora ainda não satisfazem as razões que estiveram na base
da criação do MC. A seguir, veremos o papel da BODIVA no fomento e desenvolvimento do
mercado de capitais.
45
Neste contexto e considerando que o acesso equitativo a informação de mercado constitui um
dos principais pilares da transparência e democraticidade no mercado de valores mobiliários,
“a BODIVA, no âmbito das suas competências, propõe-se a divulgar, numa base regular, toda
a informação relevante sobre as operações realizadas nos mercados sob sua gestão” (BODIVA,
2016:3).
Para o efeito, a BODIVA disponibiliza mensalmente um relatório dos mercados. Neste relatório
consta informações sobre a negociação e a pós-negociação.
Na secção negociação vem espelhada o montante negociado, o montante negociado (por
membro negociador), o montante negociado (por ano de vencimento), os negócios realizados,
os negócios realizados (por membro negociador), o preço médio dos negócios realizados (por
negociador), o preço médio dos negócios realizados (por maturidade). Já na secção pós-
negociação vem o montante sob custódia, a liquidação e o rating Angola.
Apesar desta informação ser de grande utilidade, a BODIVA declina-se de qualquer
responsabilidade pois considera que o relatório “não é uma recomendação de investimento, não
constitui qualquer tipo de aconselhamento, nem é uma oferta de compra ou de venda de
instrumentos financeiros” (cf. Relatórios BODIVA, último parágrafo e última página).
Para além dos relatórios mensais, a BODIVA disponibiliza igualmente o relatório anual dos
mercados, onde vem espelhado as actividades de negociação, a custódia e liquidação bem como
outros factos relevantes que ocorreram no ano em relato (cf. BODIVA, Relatório anual de
2016).
Por último, mas não menos importante, a BODIVA realiza formação de operadores de mercado,
admite novos membros e envia à CMC ofícios circulares.
46
Por enquanto, recuperemos a primeira questão, aliás é o princípio de todo um processo.
Diversificação económica, o que é?
Para um país dizer-se que tem ou está a diversificar a sua economia depende dos “índices que
existem nos manuais de economia internacional que medem a diversificação das exportações”
(Alves da Rocha in Voaportugues.com).
Embora a autora Penrose recomenda para o cuidado a termos com o termo diversificação fruto
de várias acepções que pode acarretar, ainda assim defende que uma empresa “diversifica suas
actividades sempre que, sem abandonar completamente suas antigas linhas de produtos, ela
parte para a fabricação de outros, inclusive produtos intermediários, suficientemente diversos
daqueles que ele já fabrica, e cuja produção implique em diferenças significativas nos
programas de produção e distribuição da empresa” (Penrose, 1979:9).
Para o nosso caso em particular, a diversificação da economia vai pressupor que com as receitas
da maior commodity que suporta o PIB, o petróleo, o Estado vai diversificar as fontes que
suportam o PIB, ou seja, com as receitas vindas do petróleo o Estado vai impulsionar outros
sectores como a agricultura, florestas e pescas, o sector mineiro, a indústria transformadora, o
sector da construção civil, o turismo e outros sectores que podem contribuir significativamente
para o PIB. Outrossim, com um aumento do peso em cada um destes sectores, o peso do petróleo
diminui e a estrutura da economia passa assentar em vários sectores.
Para o efeito, o Estado não tem necessariamente que descobrir a roda, mas, no entanto, procurar
analisar o que é que outros Estados têm feito e poder adaptar à nossa realidade.
Na próxima secção, abordaremos os problemas do processo de diversificação da economia
angolana.
47
Os exemplos vêm da Coreia do Sul, da Malásia e da África do Sul.
Países como a Coreia do Sul teve a sua economia diversificada assente em: “intervenção
moderada do Estado; Grandes grupos empresariais diversificados que actuam em vários
negócios; uma oferta abundante de gestores competentes; uma oferta abundante de força de
trabalho qualificada e de baixo custo” (Francisco Paulo in Rocha, 2016:53-54).
Podemos aprender com o exemplo da Coreia do Sul, que o Estado não pode ser o faz-tudo, ou
seja, não pode continuar a intervir em tudo, deve deixar que o mercado se auto regule. O Estado
não pode continuar a competir com o privado defendendo um número reduzido de agentes
económicos. O Estado deve criar condições para que haja grupos empresariais diversificados e
fortes no mercado, mas que actuam em diversos negócios, e deve deixar de apadrinhar os
monopólios e os oligopólios – deve abrir-se ao mercado.
Por outro lado, a educação tem que ser visto como uma prioridade pois apostar na educação é
apostar no investimento. Uma aposta séria na educação, nos seus mais diversos subsistemas de
ensino é criar alicerces para que as empresas possam estar dotadas de pessoal qualificado. Com
quadros qualificados e competentes é sem sombra de dúvidas sucesso garantido, para a
satisfação de todos os intervenientes da empresa e não só, até do Estado que ganha nos seus
mais diversos sectores.
Outro exemplo vem da Malásia. As similitudes com Angola prende-se com o facto de ser
também produtor de petróleo, aliás não é um produtor qualquer, é tão-somente “o segundo
maior produtor de petróleo e gás natural no sudoeste da Ásia e segundo maior exportador de
gás natural liquefeito no mundo” (Rocha, 2016:60).
A par disso, temos a sublinhar o facto de que, a Malásia apostou seriamente na diversificação
da sua economia na década de 60 com a queda do preço da borracha no mercado internacional,
numa altura em que dependia maioritariamente da borracha e do estanho.
Para fazer face a situação que vivia na altura, a Malásia decidiu investir seriamente no sector
industrial e apostou significativamente no sector agrícola, na produção de óleo de palma,
madeiras tropicais e cacau.
O mais importante a reter da experiência da Malásia é o facto deste país não descansar à sombra
dos rendimentos provenientes dos produtos acima mencionados, desde o petróleo, gás natural,
estanho, madeira, óleo de palma, borracha e no seu sector industrial, mas sim pensar e repensar
em alocar estas receitas “de modo a promover investimento em novas actividades produtivas”
para acelerar ainda mais a diversificação económica (Rocha, 2016:60).
48
De acordo com Jomo e Roch (1998:6) apud Rocha (2016:60) “grande parte destes
investimentos tem sido canalizada para a diversificação, especialmente para a industrialização,
inicialmente com base na substituição das importações e, em seguida a promoção das
exportações”. Este investimento sério contribuiu para que o País “em 2011 se tornasse na 29.ª
(vigésima nona) maior economia do mundo, com o sector industrial responsável por cerca de
25% do PIB e 74% do total das exportações” (Idem).
Podemos aprender muito com a experiência da substituição das importações pelas exportações,
mas isto não faz-se com restrições ou proteccionismo, nem com discursos políticos, é necessário
sairmos da teoria e evoluirmos para a prática. Devemos abrir o nosso mercado a empresas que
vêm trazer competitividade, o que dará um novo impulso tanto para as nossas empresas que
também vão crescer fruto da competitividade no mercado internacional e podem contribuir
deste modo para a exportação.
Um terceiro exemplo vem da África do Sul que partilhamos a mesma região do continente, os
partidos no poder, MPLA e ANC, de Angola e África do Sul, respectivamente, gozam de boas
relações, que bem exploradas podem facilitar a troca de experiência.
A economia sul africana é um bom exemplo de diversificação económica, pois a sua estrutura
assenta em dez sectores principais e o peso relativo de cada no PIB é razoavelmente equilibrado.
Para se ter uma ideia, o sector primário tem um peso relativo de 10,6%. Constam do sector
primário a agricultura, florestas e pescas com 2,3% e o sector mineiro com 8,3%.
O sector da construção civil, indústria transformadora, electricidade, gás e água, em conjunto
pesam 17,2%.
Os serviços financeiros em conjunto com a actividade imobiliária representam 19,3% da
produção nacional, enquanto os serviços de comércio a grosso e retalho e alojamento têm um
peso de 14,3%.
Os serviços públicos gerais (fornecidos pelo governo) têm 14,9% e os serviços pessoais
particulares têm 5,3% (cf. Rocha, 2016:65).
O actual nível de diversificação da economia sul-africana só foi possível graças a construção
de infra-estruturas que facilitassem a produção, distribuição e comercialização de bens e
serviços quer a nível nacional como internacional. As estradas, os portos, aeroportos, caminhos-
de-ferro estão em constante manutenção e expansão, o que permite uma livre e eficiente
circulação de bens e serviços dentro e fora do país (Rocha, 2016:64).
Podemos aprender muito com a experiência da África do Sul. Embora alguns passos foram
dados no sentido da construção de infra-estruturas como estradas, portos e aeroportos, a verdade
49
é que questiona-se a qualidade das infra-estruturas pois em pouco tempo, muitas das estradas
construídas já se encontram inoperantes, aeroportos construídos e reabilitados continuam
inoperantes até mesmo os amigos do alheio já se apossam das lâmpadas do aeroporto. O CFL
(Caminho de ferro de Luanda) não consegue tirar funcionários ou demais interessados do
Bungo para Catete a partir das seis e meia da manhã. Olha que Catete já é Luanda de acordo
com a nova divisão administrativa da província de Luanda, mas mesmo assim a nível de Luanda
que é a capital em termos de transporte ferroviário não há uma livre e eficiente circulação de
bens e serviços.
Voltando na experiência sul-africana, importa dizer que para o financiamento do processo de
diversificação económica concorreram pelo menos quatro fontes principais, designadamente:
1. “O Estado – por meio dos bancos de desenvolvimento e outros programas que são
criados com o intuito de fornecer créditos, com taxas de juro competitivas, aos agentes
económicos que actuam em determinados sectores;
2. Os Bancos Comerciais – que concedem empréstimos para o investimento a operadores
económicos com propostas credíveis e viáveis;
3. Bolsa de valores – que possibilita às empresas cotadas a emissão de títulos (acções ou
obrigações) transaccionáveis que lhes permite obter fundos para expandirem os seus
negócios ou investirem em novos;
4. Investidores estrangeiros – que por meio do investimento directo estrangeiro realizam
investimentos por adquirirem parte de negócios locais ou por directamente abrirem
novos negócios em áreas do seu interesse em função das orientações indirectas dos
governos locais por meio de incentivos e outros mecanismos” (Rocha, 2016:70).
Estas quatro fontes de financiamento por si só não constitui novidade, pois em Angola, Estado
existe, existe de igual modo os bancos comerciais, a bolsa de valores (BODIVA) também existe,
e vários mecanismos de investimento estrangeiro já foram criados e ensaiados na nossa
realidade.
Cada uma destas fontes de financiamento daria para uma dissertação. Mas aqui, vamos procurar
sermos os mais telegráficos possíveis.
O Estado tem criado bancos de desenvolvimento, mas que os efeitos para os quais são criados,
ficam muito aquém das expectativas;
Quanto aos bancos comerciais, estes já provaram que são incapazes de financiar a economia
angolana. Talvez porque a procura por financiamento de projectos têm sido muito elevada
50
comparando com a capacidade de oferta dos bancos comercias. Infelizmente, se tem registado
em bancos comerciais onde o cidadão fez depósito de divisas, no acto de levantamento, o banco
impõe restrições. Sabendo que muitas empresas têm o exterior como fonte de aquisição de
matéria-prima para o seu normal funcionamento, estas restrições impostas pelos bancos
dificultam o investidor/ empreendedor.
Quanto a BODIVA, pensamos que deve funcionar em pleno para satisfazer as expectativas que
estiveram na base da sua criação, pois, até hoje, ainda não superou estas expectativas. Visto que
até hoje as empresas ainda não conseguem aceder a financiamento pela emissão de títulos
financeiros que podem ser adquiridos por investidores quer nacional quer estrangeiros.
No que tange ao investimento estrangeiro, pensamos que já é sem tempo para as autarquias no
sentido de os governos locais, fruto das reais necessidades locais poderem de forma indirecta
dar orientações de investimentos. Ao nível central caberá ao Executivo melhorar o ambiente de
fazer negócios no país, para que os investidores se sintam seguros sem se preocuparem com a
corrupção, tráfico de influências e o excesso de burocracia tanto para a concessão de vistos
como burocracia a nível interno que em muito dificulta a prática de qualquer actividade
económica (Rocha, 2016:73).
Em suma, deve-se aprimorar os instrumentos já existentes, e procurar sair da teoria. Pois como
reconheceu o ex-presidente da República de Angola, temos boas ideias, mas a prática fica muito
aquém das expectativas.
Angola tem uma estrutura económica que permanece, no essencial, inalterada ao longo de oito
anos consecutivos, conforme se pode ver no quadro baixo.
51
Quadro 4 - Estrutura do PIB não petrolífero
O quadro acima refere-se a estrutura do PIB não petrolífero em virtude do petróleo continuar a
ser a commodity que mais contribui para o PIB, e por esta razão seria a alavanca para a
dinamização de uma verdadeira diversificação da economia.
Assim, de acordo com o quadro é possível vislumbrar a estrutura da economia nacional que se
manteve, praticamente, inalterada ao longo dos oito anos. É no entanto, uma estrutura assente
na agricultura, pecuária e florestas, pescas, diamantes e outros, indústria transformadora,
electricidade, construção, comércio, transportes, correios e telecomunicações, bancos e seguros,
Estado e serviços, serviços imobiliários e outros serviços.
Estes sectores de actividade incluindo o petróleo e gás apresentaram de 2003 a 2016, a seguinte
taxa de crescimento.
Quadro 5 - Taxa de crescimento por sectores de actividades
53
CAPÍTULO 3 - METODOLOGIA UTILIZADA NA INVESTIGAÇÃO
Neste capítulo são apresentados os métodos de pesquisa e as razões das suas escolhas, o carácter
da investigação, os dados que serão necessário à realização da pesquisa, onde os dados serão
obtidos – aqui referimo-nos as fontes. E, finalmente, os instrumentos e procedimentos
metodológicos utilizados para a recolha de dados com vista a satisfazer os objectivos traçados
para a presente dissertação. Em seguida, será descrita em detalhes cada etapa metodológica.
Não podemos escolher um método de pesquisa e justificar a razão da sua escolha sem antes
apresentar o conceito de método.
Assim sendo, Marconi e Lakatos (2003) apud Galhanone (2013:176) apresentam o método de
pesquisa como sendo “um conjunto de actividades sistemáticas e racionais que permitem
alcançar o objectivo definido para a investigação, traçando o caminho a ser seguido, detectando
erros e auxiliando as decisões do pesquisador”.
Na mesma senda encontramos Predanov e De Freitas (2013: 24) que apresentam o Método
como “o conjunto de processos ou operações mentais que devemos empregar na investigação.
É a linha de raciocínio adoptada no processo de pesquisa”. De forma simplificada, o método
científico é apresentado pelos mesmos autores como “um conjunto de procedimentos adoptados
com o propósito de atingir o conhecimento”.
Galhanone (2013:177) citando Gil (1999) refere que os métodos “têm por propósito fornecer
ao investigador a orientação e os meios técnicos necessários à realização da pesquisa, sobretudo
no que se refere à obtenção, processamento e validação dos dados pertinentes ao problema sob
investigação”.
Atendendo a tudo que atrás foi exposto, utilizou-se diferentes metodologias de pesquisa para a
realização do presente Trabalho.
Baseando-se nos objectivos, utilizou-se a pesquisa descritiva porque este tipo de pesquisa
permite “descrever as características de grupos, estimar a parcela de elementos da população
que possuem certos atributos ou comportamentos e verificar as relações entre as variáveis” (Cf.
Mattar, 2005 apud Galhanone, 2013:177).
Com base nos procedimentos técnicos utilizou-se as pesquisas bibliográficas, cuja fonte é o
material já elaborado escrito em papel (livros, revistas científicas, monografias de licenciatura,
dissertações de mestrado e teses de doutoramento) incluindo as fontes on-line. Este tipo de
pesquisa ajudou-nos na organização do trabalho e serviu-nos de suporte no momento do
54
direccionar e de planificar a pesquisa, possibilitando-nos fazer uma destrinça clara do que é
importante ou não nas etapas do trabalho. Para além disso, ajudou-nos, de igual modo, na
definição dos métodos a ser utilizado e, consequentemente, nos procedimentos e instrumentos
para a investigação que estamos a levar a cabo.
Utilizou-se os métodos comparativo, pois permitiu-nos comparar as várias fontes;
Fez-se igualmente recurso ao método indutivo que consiste em raciocinar partindo de aspectos
particulares para se chegar a uma conclusão geral. De acordo com Lakatos e Marconi (2007:86)
apud Predanov e De Freitas (2013: 28) a “Indução é um processo mental por intermédio do
qual, partindo de dados particulares, suficientemente constatados, infere-se uma verdade geral
ou universal, não contida nas partes examinadas. Portanto, o objectivo dos argumentos
indutivos é levar a conclusões cujo conteúdo é muito mais amplo do que o das premissas nas
quais se basearam”.
Estes métodos levaram-nos a escolher instrumentos e procedimentos de recolha de dados. A
seguir veremos os instrumentos escolhidos para a realização do presente trabalho.
3.2. Instrumentos
55
O questionário foi elaborado para submeter aos economistas que têm alguma experiência no
quesito mercado de capitais e obedeceu as seguintes regras: a linguagem clara, simples e directa,
para que o respondente compreendesse com clareza o que está a ser perguntado; tivemos em
conta a objectividade, o limite em extensão e estar acompanhado de instruções que expliquem
a natureza da pesquisa e ressaltem a importância e a necessidade das respostas, a fim de motivar
o informante (Cf. Predanov e De Freitas, 2013:108).
A entrega do questionário foi antecedida de uma explicação sobre o que se pretende com este
inquérito por questionário, dizer que é no âmbito do mestrado em mercado de capitais da
Faculdade de Economia da Universidade Agostinho Neto (Vide anexo I).
A estrutura do questionário subdivide-se em duas partes.
A primeira parte é constituída por questões que nos permitem conhecer os respondentes. Para
salvaguardar interesses futuros e por formas a obter respostas mais realistas possíveis,
excluímos dos dados do respondente o seu nome para garantir o anonimato. Desta forma,
pensamos que em anonimato o respondente não se inibe em dar as respostas, o mesmo fizemos
com a identificação do local de trabalho actual. Estas questões permitem-nos aferir os dados
estatísticos como sexo, idade, tempo profissional enquanto economista, nível académico e
principais funções já desempenhadas, bem como nos permitirá traçar o perfil dos economistas
que responderam ao nosso questionário.
Numa segunda parte, denominada papel do mercado de capitais, apresentamos um conjunto de
nove (09) questões que nos permitem aferir os pontos fortes e fracos do MCA, bem como aferir
dos economistas o papel que o mercado de capitais desempenha no processo de diversificação
da economia angolana. Estas nove questões estão subdivididas em questões fechadas e semi-
abertas.
Para ilustrar o que temos vindo a dizer até agora, pode ver-se, em anexo I, a estrutura do
instrumento de recolha de dados elaborado para o efeito.
Outrossim, a caracterização das questões podem ser vistas no quadro abaixo.
Elaborámos cinco questões fechadas e quatro questões semi-abertas.
Quadro 6 - Classificação das questões
56
Este quadro permite-nos identificar no anexo I, as questões semi-abertas, e fechadas. Entende-
se por questão fechada toda questão em que as modalidades de resposta são impostas, ou seja,
é apresentado ao respondente as únicas possíveis respostas.
Já, nas questões semi-abertas encontramos um misto dos dois tipos de questões (aberta e
fechada), conforme pode-se ver na questão número um (2) do questionário.
Embora se reconheça que as questões fechadas são as mais cómodas do ponto de vista da análise
de resultados (Cf. Ferreira e Campos: online), um questionário com apenas um tipo de questão
pode ser fastidioso para o respondente. Foi nesta perspectiva que elaboramos um questionário
com dois tipos de perguntas, sendo que nas questões semi-abertas o respondente terá a
oportunidade de apresentar o seu ponto de vista sem limitações da nossa parte.
57
Concluímos que, a recolha na hora é a mais exequível e que apresenta melhores garantias, dando
a possibilidade aos respondentes de questionarem sempre que alguma dúvida vier a existir.
Dito isto, damos por concluído os aspectos metodológicos da pesquisa e por conseguinte,
estamos em condições de efectuar o quinto e último capítulo que é análise e discussão dos
resultados.
Para as análises estatísticas utilizou-se o software Statgraphics. Este pacote estatístico permite
as análises que se realizam para determinar as relações entre variáveis; tem como objectivos
específicos:
Projectar o valor de uma variável, dado o valor determinado de outra.
Determinar se uma variável é capaz de explicar o comportamento da outra.
Para o desenvolvimento de análises estatísticas realizou-se através de análises de regressão
entre as variáveis, onde se consideraram para este estudo as principais variáveis que intervieram
no diagnóstico do MCA no actual processo de diversificação da economia angolana e que foram
incluídas no inquérito; baseado nesta lógica tivemos em conta as seguintes variáveis:
Impacto do MCA no actual processo de diversificação da economia angolana
O MCA encontra-se revestido de condições necessárias para um funcionamento
eficiente?
O MCA tem actuado tendo em conta os princípios que estiveram na base da sua criação?
58
O MCA está preparado para receber capital estrangeiro
Estas análises têm como objectivo, a partir da aplicação de técnicas estatísticas:
Estabelecer a relação estatística entre as variáveis antes mencionadas.
Determinar os intervalos de comportamento de cada variável.
Para o cumprimento destes objectivos foram utilizadas as técnicas, Análises de Séries de
Tempo e Análises de Regressão entre Variáveis, de acordo ao objecto de estudo prático.
As análises do Coeficiente de Correlação (R), que indica que tipo de relação existe entre duas
variáveis, assim como a magnitude mencionada da correlação com duas coeficientes
importantes, a teremos em conta o objectivo da sua utilização:
Coeficiente de Correlação.
2
Coeficiente R o Coeficiente de determinação.
O Coeficiente de Correlação é uma medida da associação entre variáveis que pode tomar
valores entre -1 y +1 (J. Pupo et al., 2004). A interpretação de seu resultado é a seguinte:
Se estiver próximo a 1 ou -1 a correlação é forte (por cima de ±0.8).
Se está próximo a 0, a correlação é fraca.
Se é maior que 0 a correlação é direita, a relação é linear positiva.
Se é menor que 0 a correlação é inversa, a relação é linear negativa.
Se for igual a 0 a correlação é nula.
2
Se este coeficiente eleva-se ao quadrado, se obtém o coeficiente de determinação R , que indica
que a percentagem da variabilidade na variável dependente, explica-se pela variável
independente; este coeficiente expressa de forma percentual, como a variável independente
definida é capaz de explicar o comportamento da variável dependente, o qual pode-se mover
2
no intervalo de 90 a 99.99%. Para obter resultados mais confiáveis, R pode mover-se em um
intervalo de 0 a 1 e a medida que chega a 1, o ajuste alcançado é melhor, pois diminuem os
erros de estimação, podendo-se concluir que este coeficiente oferece uma medida da bondade
2
do ajuste feito (J. Pupo et al., 2004). Quando o valor de R aloja-se no 100%, pode-se
categorizar que:
Não existe relação entre as variáveis.
O modelo selecionado para fazer o ajuste não é o adequado
Existem outras variáveis que modificam e explicam a variabilidade9
9
A introdução de mais variáveis com técnicas de análises multivariadas, permitirá identificar a importância que outras variáveis podem ter
sobre a variável dependente.
59
3.6. Análises multivariadas
Este procedimento está desenhado para resumir várias colunas de dados quantitativos.
Calcularam-se vários dados estatísticos, incluindo correlações, covariâncias e correlações
parciais. No procedimento, também estão incluídos uma série de gráficos multivariados, que
proporcionam vistas interessantes dos dados. Depois deste procedimento, para futuras
pesquisas podem ser seleccionados outros objectivos para construir um modelo estatístico dos
dados abaixo apresentados. Dependendo dos objectivos do investigador, um de vários
procedimentos poderia ser apropriado.
60
CAPÍTULO 4 - APRESENTAÇÃO, ANÁLISE E DISCUSSÃO DOS RESULTADOS
Como foi referido na metodologia apresentada na parte introdutória, a população escolhida para
o estudo foi os economistas, composta por um total de 39 participantes, que aceitaram responder
ao nosso questionário já desempenharam as mais distintas funções, têm uma média etária que
os permite falar com alguma propriedade o tema que temos vindo a abordar. A amostra foi
estratificada tendo em conta o género, faixa etária, habilitações literárias, tempo de serviço.
92,30%
100,00%
80,00%
60,00%
40,00% 7,70%
20,00%
0,00%
Masculino Feminino
61
apenas 7,7% de senhoras. Ou seja, dos 39 participantes que responderam ao nosso questionário
36 são do sexo masculino e apenas 3 do sexo oposto conforme pode ver-se na tabela abaixo.
38%
40% 31%
31%
35%
30%
25%
20%
15%
10%
5% 0% 0% 0%
0%
25 – 30 31 – 35 36 – 40 41 – 45 46 – 50 51- 55
62
4.1.3. Distribuição dos respondentes por habilitações literárias /Académicas
54%
60%
50% 38%
40%
30%
20% 8%
10% 0%
0%
Bacharel Licenciado Mestre Doutor
1 – 5 anos 12 31%
6 – 10 anos 15 38%
> 11 anos 12 31%
Total 39 100%
Fonte: Questionário
63
38%
40% 31% 31%
35%
30%
25%
20%
15%
10%
5%
0%
1 – 5 anos 6 – 10 anos > 11 anos
Nesta secção iremos nos debruçar sobre as respostas dadas pelos participantes ao questionário,
com o intuito de atingir os objectivos que nos propusemos alcançar com a presente dissertação.
Assim sendo, para a questão relativa “como avalia o impacto do mercado de capitais angolano
no actual processo de diversificação angolana”. A maior parte dos participantes acham que a
CMC tem um impacto positivo na diversificação da economia angolana. Este ponto de vista
não é unânime entre os participantes, pois uma parte considera que tem um impacto nulo,
enquanto uma minoria considera ter um impacto negativo. Para melhor ilustrar em termos
percentuais, confira a tabela abaixo.
Tabela 6 - O impacto do MCA no actual processo de diversificação da economia angolana
Avaliação Frequência Percentagem
Positivo 24 61%
Negativo 3 8%
Nulo 12 31%
Total 39 100%
Fonte: Questionário
64
61%
70%
60%
50% 31%
40%
30%
8%
20%
10%
0%
Positivo Negativo Nulo
Fonte: Questionário
61%
70%
60%
39%
50%
40%
30%
20% 0%
10%
0%
Sim Não Sem Resposta
Fonte: Questionário
66
69%
70%
60%
50%
40% 23%
30% 8%
20%
10%
0%
Sim Não Sem Resposta
46% 46%
50%
40%
30%
20% 8%
10%
0%
Sim Não Sem Resposta
Gráfico 13 - O MCA tem actuado tendo em conta os princípios que estiveram na base da sua
criação?
Fonte: Questionário
67
O gráfico acima demonstra que as pessoas estão divididas quanto a questão levantada. O mesmo
posicionamento ocorreu quando foram chamados a justificar o porquê do sim ou do não.
Para os que acham que o MCA encontra-se revestido de condições necessárias para um
funcionamento eficiente, apresentam as seguintes razões:
“Sim, tem velado para a modernização e credibilização do sector financeiro angolano, atracção
do investimento estrangeiro”;
“Sim, quando foi instituído o núcleo do MC e a bolsa de valores, o grande objectivo era
impulsionar o desenvolvimento do sistema financeiro. E é isto que está a ser feito neste
momento, de forma gradual”;
“Sim, dentro dos seus objectivos, os agentes do mercado têm envidado esforço para o
alinhamento das suas metas, sendo hoje já como a realidade do mercado de capitais”;
“Sim, porque actua com base num plano pré-elaborado e com a maior transparência”.
Essas opiniões não são consensuais, porque se por um lado há os que acham que o MCA está a
funcionar dentro dos marcos preconizados, há quem defenda o contrário. E os que defendem o
contrário apresentam as seguintes razões:
O MCA não se encontra revestido de condições necessárias para um funcionamento eficiente,
porque “revelou falhas, situando-se fora das metas preconizadas”;
“Não, devido o funcionamento da nossa economia”;
“Não, porque o feito ainda não ocorreu”
Tabela 10 - O MCA está preparado para receber capital estrangeiro?
Resposta Frequência Percentagem
Sim 12 31%
Não 24 61%
Sem resposta 3 8%
Total 39 100%
Fonte: Questionário
80% 61%
60%
31%
40%
8%
20%
0%
Sim Não Sem Resposta
69%
70%
60%
50%
40% 23%
30%
8%
20%
10%
0%
Bom Mau Sem resposta
69
“É bom porque o pleno funcionamento não depende da aplicação de fundos estrangeiros, mas
sim de aderência as poupanças nacionais das famílias e de boas práticas que geram confiança
no mercado”;
“É bom, porque independentemente do capital nacional ou estrangeiro a operar na Bodiva, esta
procurará operar com desempenho favorável”.
Já a corrente que defende que a inexistência de capitais estrangeiro na Bodiva é mau, sublinham
os seguintes factores:
a) “Porque estará constituído somente de investidores internos e haverá menor robustez a
nível de reserva de divisas”;
b) “porque com a globalização, as empresas estão a se internacionalizarem com estratégias,
logo o capital estrangeiro procuram novos mercados”;
c) “porque tendo em conta o princípio da interdependência actualmente quase todas as
bolsas contam com capital estrangeiro e para o êxito da Bodiva este factor conta”;
d) “porque internamente a poupança é insuficiente para suprir as necessidades de
investimento. Por outro lado, em Angola a cultura de investimento ao longo prazo é
baixa”;
e) “porque quebra a concorrência e a curva de aprendizagem”;
f) “porque o seu desempenho poderá ficar aquém do desejado ou esperado”;
g) “porque existe insuficiência de capital nacional, há falta de transparência dos agentes e
empresários angolanos”.
Com base em tudo quanto acima foi exposto, importa sublinhar que, se se pretende rentabilizar
a Bodiva (alcançar os objectivos pelos quais foi criado) é necessário que se abra ao investimento
estrangeiro, para suprir as necessidades de investimento pois, ainda não temos a cultura de
poupança e quando poupamos não canalizamos no circuito normal da economia.
Tabela 12 - A Bodiva tem desempenhado o papel de fomentador do desenvolvimento do
mercado de capitais angolano
Resposta Frequência Percentagem
Sim 21 54%
Não 18 46%
Sem resposta 0 0%
Total 39 100%
Fonte: Questionário
70
54%
60% 46%
50%
40%
30%
20%
0%
10%
0%
Sim Não Sem Resposta
54%
60% 48%
50%
40%
30%
20% 8%
10%
0%
Sim Não Sem Resposta
71
Quando questionados se a acha que “o MCA tem coberto as insuficiências do Mercado
monetário no processo de financiamento da economia?”
As respostas foram divididas, conforme vê-se no gráfico acima.
Conforme o gráfico, uma maioria relativa (54%) considera que o MC não tem coberto as
insuficiências do mercado monetário no processo de financiamento da economia. Enquanto que
48% acham que sim, o MC tem coberto as insuficiências do mercado monetário no processo de
financiamento da economia. Mas quando são chamados a justificar, nem sempre o fizeram.
Para os defensores do Sim, a quem justificou que “o MC tem aparecido como uma alternativa
face ao mercado monetário, para a nossa realidade tem facilitado muitas empresas”; Outro,
“sim, mas não com a pretensão pretendida”; Outro ainda trouxe a colação dos bancos “ uma
vez que os bancos comerciais têm estado limitado na cedência de créditos, o MC surge como
alternativa”; Dos 48% que disseram sim, 16% não justificou.
Para os defensores do não, os que consideram que “o MC não tem coberto as insuficiências do
mercado monetário no processo de financiamento da economia”, as justificações são as
seguintes: “ainda é baixa a cobertura das insuficiências do mercado monetário por via do
mercado de capitais, pois ainda não se chegou ao ponto óptimo de captação das poupanças”; “a
regulação, a supervisão e fiscalização do mercado e dos seus agentes não se fazem sentir ainda”;
“são mercados distintos e com natureza de financiamentos diferentes, cada um atende uma
necessidade de financiamento específica”; “não se focalizou neste processo de financiamento
da economia angolana”; “porque o processo de captalização de fundos dos agentes económicos
não é suficiente no processo de captalização de fundos”; Dos 54% que disseram não, 16% não
justificou.
Quando questionados “qual destes papéis o MCA desempenha actualmente?” as respostas
foram as seguintes (confira a tabela):
72
61%
70%
60%
50% 31%
40%
30%
8%
20% 0%
10%
0%
Promover a Ligar a poupança Aumentar a Outro
formação de e investimento eficiência do
capital capital disponível
Este passo se realiza para determinar e avaliar quais são as variáveis analisadas na investigação
que tem uma correlação significativa estatisticamente. Para elo se realizam análises de
regressão, análises multivariado e comparação de várias mostras utilizando o paquete estatístico
Statgraphics.
A saída mostra os resultados de ajustar um modelo lineal para descrever a relação entre O
impacto do MCA no actual processo de diversificação da economia angolana e O MCA tem
73
actuado tendo em conta os princípios que estiveram na base da sua criação. A equação do
modelo ajustado é:
Posto que o valor-P na tabela ANOVA é maior ou igual que 0,05, não existe uma relação
estatisticamente significativa entre O impacto do MCA no actual processo de diversificação da
economia angolana e O MCA tem actuado tendo em conta os princípios que estiveram na base
da sua criação com um nível de confiança do 95,0%.
O erro absoluto medio (MAE) de 7,0 é o valor promedio dos resíduos. O estatístico de Durbin-
Watson (DW) examina os resíduos para determinar se tem alguma correlação significativa
basada na ordem no que sé presentam no arquivo de dados. Posto que o valor-P é maior que
0,05, não tem indicação de uma autocorrelação serial em os resíduos com um nível de confiança
do 95,0%.
Análises das variáveis O MCA está preparado para receber capital estrangeiro Vs O
impacto do MCA no actual processo de diversificação da economia angolana
A saída mostra os resultados de ajustar um modelo lineal para descrever a relação entre O MCA
está preparado para receber capital estrangeiro e O impacto do MCA no actual processo de
diversificação da economia angolana . A equação do modelo ajustado é:
O MCA está preparado para receber capital estrangeiro = 19,5 - 0,5*O impacto do MCA
no actual processo de diversificação da economia angolana
Posto que o valor-P na tabela ANOVA é maior ou igual que 0,05, não existe uma relação
estatisticamente significativa entre O MCA está preparado para receber capital estrangeiro e O
impacto do MCA no actual processo de diversificação da economia angolana com um nível de
confiança do 95,0%.
74
O estatístico R-Quadrada indica que o modelo ajustado explica 25% da variabilidade em O
MCA está preparado para receber capital estrangeiro. O coeficiente de correlação é igual a
-0,5, indicando uma relação moderadamente forte entre as variáveis. O erro estândar do
estimado indica que a deviação estândar dos resíduos é 12,9035. Este valor pode-se usar para
construir limites de projeção para novas observações, selecionando a opção de Pronósticos do
menu de texto.
O erro absoluto medio (MAE) de 7,0 é o valor promedio dos resíduos. O estatístico de Durbin-
Watson (DW) examina os resíduos para determinar se tem alguma correlação significativa
basada na ordem no que sé presentam no arquivo de dados. Posto que o valor-P é maior que
0,05, não tem indicação de uma autocorrelação serial em os resíduos com um nível de confiança
do 95,0%.
Análises das variáveis O MCA tem actuado tendo em conta os princípios que estiveram
na base da sua criação Vs O MCA encontra-se revestido de condições necessárias para
um funcionamento eficiente
A saída mostra os resultados de ajustar um modelo lineal para descrever a relação entre O MCA
tem actuado tendo em conta os princípios que estiveram na base da sua criação e O MCA
encontra-se revestido de condições necessárias para um funcionamento eficiente. A equação do
modelo ajustado é:
O MCA tem actuado tendo em conta os princípios que estiveram na base da sua criação
= 6,75 + 0,480769* O MCA encontra-se revestido de condições necessárias para um
funcionamento eficiente
Posto que o valor-P na tabela ANOVA é maior ou igual que 0,05, não existe uma relação
estatisticamente significativa entre O MCA tem actuado tendo em conta os princípios que
estiveram na base da sua criação e O MCA encontra-se revestido de condições necessárias para
um funcionamento eficiente com um nível de confiança do 95,0%.
75
O erro absoluto medio (MAE) de 4,61538 é o valor promedio dos resíduos. O estatístico de
Durbin-Watson (DW) examina os resíduos para determinar se tem alguma correlação
significativa basada na ordem no que sé presentam no arquivo de dados. Posto que o valor-P é
maior que 0,05, não tem indicação de uma autocorrelação serial em os resíduos com um nível
de confiança do 95,0%.
Posto que o valor-P na tabela ANOVA é maior ou igual que 0,05, não existe uma relação
estatisticamente significativa entre O MCA encontra-se revestido de condições necessárias para
um funcionamento eficiente e O MCA está preparado para receber capital estrangeiro com um
nível de confiança do 95,0%.
O erro absoluto medio (MAE) de 1,89189 é o valor promedio dos resíduos. O estatístico de
Durbin-Watson (DW) examina os resíduos para determinar se tem alguma correlação
significativa basada na ordem no que sé presentam no arquivo de dados. Posto que o valor-P é
maior que 0,05, não tem indicação de uma autocorrelação serial em os resíduos com um nível
de confiança do 95,0%.
O quadro a seguir mostra o resumo estatístico para cada uma das variáveis selecionadas. Inclui
medidas de tendência central, de variabilidade, e de forma. De particular interesse aqui é o sesgo
estandardizado e a curtosis estandardizada, as quais podem usasse para determinar sim a mostra
76
provem de uma distribuição normal. Valores de estos estadísticos fora do rango de -2 a +2
indicam deviações significativas da normalidade, as quais tenderiam a invalidar muitos dos
procedimentos estatísticos que se aplicam habitualmente a estos dados.
Tabela 15 - Resultados estatísticos do análises multivariado.
O MCA encontra-
O impacto do O MCA tem
se revestido de
MCA no actual actuado tendo em O MCA está
condições
processo de conta os princípios preparado para
necessárias para
diversificação da que estiveram na receber capital
um
economia base da sua estrangeiro
funcionamento
angolana criação
eficiente
Reconto 3 3 3 3
Promedio 13,0 13,0 13,0 13,0
Deviação Estândar 12,49 10,5357 8,66025 10,5357
Coeficiente de Variação 96,0769% 81,0435% 66,6173% 81,0435%
Mínimo 3,0 3,0 3,0 3,0
Máximo 27,0 24,0 18,0 24,0
Rango 24,0 21,0 15,0 21,0
Sesgo Estandardizado 0,914531 0,299299 -1,22474 0,299299
Curtosis Estandardizada
Fonte: El StatAdvisor
4.3.2. Correlações.
A seguinte tabela mostra as correlações momento produto de Pearson, entre cada par de
variáveis. O rango de estos coeficientes de correlação vai de -1 a +1, e medem a força da relação
lineal entre as variáveis. Também se mostra, entre parêntesis, o número de pares de dados
utilizados para calcular cada coeficiente. O terceiro número em cada bloque da tabela é um
valor-P que proba a significância estatística das correlações estimadas. Valores-P abaixo de
0,05 indicam correlações significativamente diferentes de cero, com um nível de confiança do
95,0%.
77
Tabela 16 - Resultados das Correlações.
O MCA encontra-
O impacto do O MCA tem
se revestido de
MCA no actual actuado tendo em O MCA está
condições
processo de conta os princípios preparado para
necessárias para
diversificação da que estiveram na receber capital
um
economia base da sua estrangeiro
funcionamento
angolana criação
eficiente
O MCA encontra-se revestido
de condições necessárias para -0,6611 0,6934 0,9803
um funcionamento eficiente
(3) (3) (3)
0,5401 0,5122 0,1265
O impacto do MCA no actual
processo de diversificação da -0,6611 0,0822 -0,5000
economia angolana
(3) (3) (3)
0,5401 0,9476 0,6667
O MCA tem actuado tendo
em conta os princípios que
0,6934 0,0822 0,8220
estiveram na base da sua
criação
(3) (3) (3)
0,5122 0,9476 0,3857
O MCA está preparado para
0,9803 -0,5000 0,8220
receber capital estrangeiro
(3) (3) (3)
0,1265 0,6667 0,3857
Fonte: El StatAdvisor
78
CONCLUSÕES
Com base na informação obtida pela presente dissertação, quer por meio da revisão
bibliográfica quer por meio dos questionários entregues aos economistas que se predispuseram
em responder, permitiu-nos chegar as seguintes conclusões:
1. Para um país como o nosso, com dependência excessiva no petróleo, a toda a necessidade
de se diversificar a economia, para que tenhamos bons níveis de poupança, de
investimento e de crescimento económico. Pois, pensamos que altos níveis de poupança,
de investimento e de crescimento económico vão contribuir para o desenvolvimento do
país, diminuindo os níveis de pobreza extrema que ainda graça pelo nosso país, assim
como as desigualdades sociais e as assimetrias regionais. Não se pode, aqui, descurar do
papel do sistema financeiro para a materialização de objectivos tão premente da
diversificação económica;
2. O sistema financeiro abrange três áreas distintas: a banca, os seguros e os valores
mobiliários, distinguindo-se pelo objecto de regulação e pelo risco do aforrador típico.
Na prática, regista-se uma aproximação cada vez maior dos três subsectores do sistema
financeiro e esta aproximação evidencia-se através da unificação de conceitos e
princípios jurídicos relativos ao funcionamento e objecto da supervisão, e também na
atribuição de certas competências. Tanto o Banco Nacional de Angola, a Comissão de
Mercado de Capitais como a Agência Angolana de Regulação e Seguros de Angola têm
como atribuições a regulação, a supervisão, a fiscalização e a promoção do mercado
financeiro e das actividades de todos os operadores que, directa ou indirectamente, ali
intervenham, com o intuito de proteger os investidores, assim como assegurar a
eficiência, o funcionamento regular e a transparência do mercado de capitais e evitar o
risco sistémico. Complementarmente, têm ainda o dever de assessorar o Executivo e o
Ministro das Finanças em todas as matérias relacionadas com os mercados financeiros;
3. O mercado de capitais é fundamental para o crescimento económico de um país, pois
sem ele muitos projectos não conseguiriam sair do papel por falta de capital e
financiamento. Muitas empresas perderiam sua competitividade e dificilmente
conseguiriam desenvolver-se. Poucas sobreviveriam num ambiente sem a injecção de
capital de investidores. Vale também recordar, que com o mercado de capitais o
empresariado desenvolve-se e as empresas de diferentes portes vêem as suas
possibilidades de captação de recursos ampliadas. Para que tudo isto se vê materializado,
é necessário que o mercado de capitais funcione de facto, para tal tem de enfrentar e
79
resolver alguns desafios que são estratégicos. O MC não tem sido suficientemente
atraente aos olhos das empresas. A diversificação da economia vai pressupor que com as
receitas da maior commodity que suporta o PIB, o petróleo, o Estado vai diversificar as
fontes que suportam o PIB, ou seja, com as receitas vindas do petróleo o Estado vai
impulsionar outros sectores como a agricultura, florestas e pescas, o sector mineiro, a
indústria transformadora, o sector da construção civil, o turismo e outros sectores que
podem contribuir significativamente para o PIB. Outrossim, com um aumento do peso
em cada um destes sectores, o peso do petróleo diminui e a estrutura da economia passa
assentar em vários sectores;
4. Sem o pleno funcionamento do mercado accionário, o MCA não desempenha um papel
fundamental no processo de diversificação da economia.
5. As variáveis analisadas na investigação que estão relacionadas com O papel do mercado
de capitais no processo de diversificação da economia angolana foram: Impacto do MCA
no actual processo de diversificação da economia angolana - O MCA encontra-se
revestido de condições necessárias para um funcionamento eficiente - O MCA tem
actuado tendo em conta os princípios que estiveram na base da sua criação -O MCA está
preparado para receber capital estrangeiro
6. A análise estatística demostra que não existe uma relação estatisticamente significativa
entre as variáveis antes mencionadas, o que significa que o MC não tem sido
suficientemente atraente para as empresas, o mercado acionário não esta funcionando
em pleno isto traz como conseqüência que lhe processo de diversificação da economia
seja lenta
80
SUGESTÕES
Com base em tudo quanto foi aflorado no presente trabalho, somos a sugerir o seguinte:
1. Que a BODIVA, a CMC, a CEVAMA, o fundo de investimentos, os accionistas
minoritários e vários departamentos ministeriais de forma isolada ou conjunta devem
tomar uma série de medidas capazes de contribuir para o sucesso do MC, sucesso este
que passa pela atracção das empresas, pois este constitui um dos grandes desafios do
MC;
2. Que se analise seriamente o que é que outros Estados têm feito no que a diversificação
económica diz respeito e poder adaptar à nossa realidade;
3. Que a BODIVA se abra ao investimento estrangeiro, para suprir as necessidades de
investimento pois, ainda não temos a cultura de poupança e quando poupamos não
canalizamos no circuito normal da economia;
81
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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BODIVA (2017). Relatório mensal, Janeiro.
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CMC (2014). Brochura Institucional. Luanda: CMC
Decreto n.º 09/05 de 18 de Março. «Estatuto Orgânico da Comissão do Mercado de Capitais»
Decreto n.º 63/04 de 28 de Setembro. «Estatuto Orgânico do Instituto de Supervisão de
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Decreto presidencial n.º 141/13 de 27 de Setembro. «Estatuto Orgânico da ARSEG».
FECUAN (2016). Manual de instruções para elaboração, apresentação e avaliação de
dissertações e teses. 1.ª ed., Luanda:
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Lei n.º 16/10 De 15 de Julho. Lei do Banco Nacional de Angola
Lei n.º12/15 De 17 de Junho. Lei de bases das Instituições Financeiras
Lei n.º13/05 De 30 de Setembro. Lei do sistema financeiro angolano
82
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Dissertação de Mestrado. Lisboa: Faculdade de Direito da Universidade de Lisboa.
MÉNARD, Mathilde (1990). Dicionário de termos económicos. Vol. II, Mem Martins:
Publicações Europa- América.
OLIVEIRA, Francisco; BELTRÃO, Kaizô; DAVID, António (1998). Previdência, poupança
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PACHECO, Walter (2015). O mercado de capitais em Angola. Luanda: CMC
PENROSE, Edith (1979). A economia da diversificação. In: Revista de Administração de
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ROCHA, Alves da «Não há diversificação da economia angolana e a situação vai piorar»
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Componentes do rendimento In: http://economiax.blogspot.com/2012/11/componentes-do-
rendimento.html?m=1 Acesso: 09/01/2018.
Mercado Financeiro: o que é, como funciona e para que serve? Disponível em:
www.btgpactualdigital.com. Acesso em: 11/01/2018.
Rendimentos. In: https://conceito.de/rendimentos. Acesso: 07/01/2018.
Reportagem de Teodoro Albano, 22 de Setembro de 2016. Disponível em:
www.voaportugues.com. Acesso: 24 de Fevereiro de 2018.
Sistema financeiro in: http://www.apb.pt/sistema_financeiro/o_que_e . Acesso: 10/01/2018.
83
ANEXOS
Anexo 1 - Estrutura do Inquérito por questionário
Caro(a) economista,
Vimos por este meio solicitar a sua colaboração no preenchimento deste questionário que se
enquadra no âmbito da realização do mestrado em Mercado de Capitais, da Faculdade de
Economia da Universidade Agostinho Neto. Ao colaborar nesta investigação, cuja finalidade é
compreender o papel do mercado de capitais no processo de diversificação da economia
angolana, estará a contribuir, decerto, para uma melhor clarificação do problema que se
levanta.
As respostas são confidenciais e serão utilizadas apenas para fins estatísticos, pelo que lhe
solicitamos a máxima sinceridade nas respostas.
Sabendo que o preenchimento do questionário lhe vai ocupar algum tempo, agradecemos,
antecipadamente, a sua preciosa colaboração.
Atenciosamente,
Pedro Amílcar
A. Dados do respondente:
Idade: ________ Sexo: M F
Habilitações Acad.: Bacharel Licenciado Mestre Doutor
Quanto tempo trabalha como economista?__________________
Principais funções desempenhadas?_________________________________________
______________________________________________________________________
_____________________________________________________________________
B. Papel do Mercado de Capitais angolano
1. O impacto do mercado de capitais angolano no actual processo de diversificação da
economia angolana é:
Nulo Positivo Negativo
1. O Mercado de Capitais angolano desempenha um papel fundamental no processo de
diversificação da economia sem o funcionamento em pleno do Mercado accionário?
SIM NÃO
Porquê?_______________________________________________________________
_____________________________________________________________________
_____________________________________________________________________
3. O Mercado de capitais angolano encontra-se revestido de condições necessárias o
funcionamento eficiente? SIM NÃO
4. O Mercado de capitais tem actuado tendo em conta os princípios que estiveram na base
da sua criação? SIM NÃO
Justifique?_______________________________________________________________
________________________________________________________________________
________________________________________________________________________
5. O Mercado de Capitais angolano está preparado para receber capital estrangeiro?
SIM NÃO
6. Sem a existência de capital estrangeiro na BODIVA, como será o seu desempenho?
BOM MAU
Porquê?__________________________________________________________________
________________________________________________________________________
________________________________________________________________________
7. A BODIVA tem desempenhado o papel de fomentador do desenvolvimento do
mercado de capitais angolano?
SIM NÃO
8. O Mercado de Capitais angolano tem coberto as insuficiências do Mercado
monetário no processo de financiamento da economia?
SIM NÃO
Porquê?____________________________________________________________
__________________________________________________________________
__________________________________________________________________
9. Qual destes papéis o mercado de capitais angolano desempenha actualmente?
Promover a formação de capital
Ligar a poupança e investimento
Aumentar a eficiência do capital disponível
Outro:_____________________________________________________________
Lineal: Y = a + b*X
Coeficientes
Mínimos Quadrados Estándar Estatístico
Parámetro Estimado Error T Valor-P
Intercepto 11,7 17,9424 0,652086 0,6321
Pendente 0,1 1,21244 0,0824786 0,9476
Análisis de Variação
Fonte Soma de Quadrados Gl Quadrado Meio Razão-F Valor-P
Modelo 1,5 1 1,5 0,01 0,9476
Residuo 220,5 1 220,5
Total (Corr.) 222,0 2
Regressão Simples - O MCA está preparado para receber capital estrangeiro Vs. O
impacto do MCA no actual processo de diversificação da economia angolana
Variável dependente: O MCA está preparado para receber capital estrangeiro
Variável independente: O impacto do MCA no actual processo de diversificação da
economia angolana
Lineal: Y = a + b*X
Coeficientes
Mínimos Quadrados Estándar Estatístico
Parámetro Estimado Error T Valor-P
Intercepto 19,5 13,5 1,44444 0,3855
Pendente -0,5 0,866025 -0,57735 0,6667
Análisis de Variação
Fonte Soma de Quadrados Gl Quadrado Meio Razão-F Valor-P
Modelo 55,5 1 55,5 0,33 0,6667
Residuo 166,5 1 166,5
Total (Corr.) 222,0 2
Lineal: Y = a + b*X
Coeficientes
Análisis de Variação
Lineal: Y = a + b*X
Coeficientes
Análisis de Variação
Fonte: El StatAdvisor
Anexo 3 – SnapStat Comparação de varias mostras
respuesta
O MCA preparado
3 receber capital
13 10,5357
12 13 9,07544
15
10
0
MCA revestido
O impacto
O condições
MCA
MCA
Oactuado
MCA
actual
nec
preparado
Processo
conta princípios
receber capital
0 5 10 15 20 25 30
respuesta
Media
12 16
8
6
4
0 -4
MCA revestido
O impacto
O condições
MCA
MCA
Oactuado
MCA
actual
nec
preparado
Processo
conta princípios
receber capital MCA revestido
O impacto
O condições
MCA
MCA
Oactuado
MCA
actual
nec
preparado
Processo
conta princípios
receber capital
Fonte: El StatAdvisor