Invasão Celular e Metástase
Invasão Celular e Metástase
Invasão Celular e Metástase
A metástase é a principal causa da alta mortalidade do câncer, sendo responsável por 90%
das mortes por esta doença. A metástase, hoje, é considerada o processo mais complexo
e menos compreendido do câncer.
Em muitos casos, os efeitos na função do tecido normal vêm da pressão física exercida
pela expansão da massa tumoral. Em outros, células da massa tumoral primária invadem o tecido
normal adjacente e, assim, começam a comprometer funções vitais.
Por razões que permanecem obscuras, tumores em certos tipos de tecidos têm uma alta
probabilidade de metástase, ao passo que, em outros tecidos, raramente ocorre metástase.
Depois que melanomas primários penetram a uma certa distância em direção ao tecido
subjacente à pele, a presença de metástase em locais distantes do corpo é quase uma certeza.
Ao contrário, carcinomas de células escamosas da pele e astrocitomas – tumores primários de
células da glia no cérebro – raramente desenvolvem metástase.
Hipótese contrária: Anatomia vascular e a drenagem linfática como determinantes. Ex: câncer
de cólon e fígado.
Marcação radioativa de células injetadas mostraram que elas ficam igualmente retidas na
microcirculação em tecidos que desenvolvem ou não desenvolvem metástases.
A célula metastática não coloniza órgãos de maneira aleatória, ela atua como uma
semente que somente cresce em solo fértil. A célula metastática apresenta um tropismo para
determinado órgão alvo, com ainda especificidade de região no interior deste órgão.
1) Invasão localizada
2) Intravasão
3) Disseminação
4) Extravasação
5) Formação de micrometástases
6) Colonização
Invadopódios
Secretam fatores de
colaboram para a intravasão,
sendo cooptados pelas
células tumorais.
CARCINOMAS: EXTRAVASAÇÃO
Ao contrário das células vermelhas e brancas do sangue, células do carcinoma são inapropriadas
a passarem através de muitos capilares, cujos diâmetros internos são extremamente pequenos para
acomodá-las. Capilares em geral têm entre 3 e 8μm, e células do sangue são bem adaptadas para
passarem através desses capilares. Eritrócitos, por exemplo, têm em torno de 7μm de diâmetro e são
facilmente deformáveis, facilitando sua passagem através dos capilares. Muitas células de câncer possuem
um diâmetro maior do que 20μm, e não são especialmente deformáveis. Além disso, as células do câncer
no sangue são cobertas por plaquetas, e seus diâmetros são efetivamente aumentados, ocorrendo um
bloqueio dos vasos mais largos do que capilares, isto é, pequenas artérias chamadas arteríolas. Entretanto,
muitos tipos de metástase de tumores humanos são encontrados em diferentes lugares do corpo, indicando
que frequentemente células de câncer têm sucesso em escapar dos pulmões e viajam para muitos outros
lugares do corpo, por mecanismos que podem incluir a perda de grande porção do citoplasma.
Uma vez alojadas em vasos sanguíneos de vários tecidos, células de câncer devem escapar do
lúmen desses vasos e penetrar nos tecidos que os rodeiam – o passo chamado extravasação. Esse
processo depende de interações complexas entre células de câncer e paredes dos vasos aos quais elas se
tornaram presas. Elas podem começar proliferando dentro do lúmen dos vasos, criando um pequeno tumor
que cresce e, por fim, destrói a parede do vaso adjacente.
Células em metástase ficam presas fisicamente ao capilar. Em minutos, um grande número de plaquetas se
tornou ligado a essas células de câncer, formando um microtrombo. Algumas dessas ainda não desgranularam ou
liberaram fatores de crescimento, proteases, etc. Células de câncer empurram para o lado células endoteliais em uma
parede de capilar, consequentemente alcançando contato direto com a base da membrana basal do capilar. Em um dia,
o microtrombo é dissolvido pelas proteases do sangue que são geralmente responsáveis por dissolverem coágulos.
Células de câncer começam a proliferar no lúmen do capilar. Dentro de alguns dias, algumas vezes cedo, células de
câncer rompem a membrana basal do capilar e invadem tecido parenquimal que as cercam.
CARCINOMAS: COLONIZAÇÃO
Uma vez que tenham chegado dentro do parênquima de um tecido, células de câncer
em metástase podem começar a formar uma massa tumoral nos seus novos locais encontrados,
o processo frequentemente chamado de colonização.
Esse passo é também um desafio – talvez o mais difícil de todos, ostensivamente porque
o ambiente do tecido estranho não dá às células de câncer fatores de crescimento e
sobrevivência familiares que permitem a seus progenitores crescer no tumor primário. Sem esses
diferentes tipos de suporte fisiológico, células em metástase podem rapidamente morrer ou,
quando muito, sobreviver por longos períodos como células únicas ou pequenos grupos de
células de câncer – então chamadas micrometástases – que podem apenas ser detectadas
microscopicamente e raramente aumentam de tamanho. Em geral, o número de
micrometástases no corpo do paciente com câncer excede muito aquele que cresceria o
suficiente (vários milímetros ou mais em diâmetro) para ser clinicamente detectável.
Aumento da motilidade
Twist induz a EMT, uma alteração na célula tumoral requerida para a migração e invasão.
Perda de E-Caderina e importação de beta-catetina para o núcleo
Como E-caderina, N-caderina que é produzida em seu lugar participa das interações
homofílicas, ou seja, liga-se a outras moléculas do mesmo tipo exibidas por células vizinhas.
Conseqüentemente, moléculas de N-caderina expressas na superfície de células de carcinoma
submetidas a EMT aumentam a afinidade dessas células de câncer por células do estroma
abaixo da camada de células epiteliais. Essa associação parece ajudar na penetração das
células do carcinoma no meio da população de células do estroma.
Precisamente a mesma dinâmica tem sido proposta para explicar como os melanomas
se desenvolvem: melanócitos normais expressam E-caderina, que conecta esses melanócitos
aos queratinócitos ao redor; células de melanoma – derivadas de melanócitos transformados –
expressam N-caderina, a qual facilita sua invasão no estroma da derme da pele e sua associação
com fibroblastos e células epiteliais. Parece que pontes intermoleculares formadas entre pares
de moléculas de N-caderina são mais frágeis do que aquelas formadas por homodímeros de E-
caderina. Isso ajuda a explicar por que moléculas de N-caderina na superfície celular favorecem
ativamente a mobilidade celular, com comportamento muito diverso de E-caderina, que funciona
imobilizando células dentro de camadas epiteliais.
Colagenase: degrada colágeno IV. Uma fonte ainda mais importante de MMPs é a população
de macrófagos (Mφs) que é recrutada pelo estroma do tumor. Neste experimento de cultura in
vitro, a presença de MMP-2 foi medida em meio de cultura de Mφs que foram tanto cultivadas
sozinhas como cocultivadas na presença de duas linhagens de células de câncer de mama
humano – MCF7 ou SK-BR-3. Nenhum desses tipos de célula de câncer produziu níveis
significativos de MMP-2 por elas próprias, mas, na presença de Mφs, ambas fizeram com que a
produção de MMP-2 aumentasse 4 a 5 vezes; o aumento pôde
ser seguido pela indução da expressão de mRNA de MMP-2 por
Mφs. A liberação de MMP- aumentou a invasividade dessas
células de câncer de mama.
Degradação da
Actina em vermelho matriz em preto
Podossomas são pequenas protrusões focais da superfície celular que são exibidas por
muitos tipos de células e usadas por tais células para degradar áreas localizadas de matriz
extracelular (ECM) na sua vizinhança imediata. Podossomas são usadas por células de câncer
invasivas para controlar diretamente a degradação de ECM por toda margem dianteira da célula
invasiva; quando vistas nesse contexto, elas são algumas vezes chamadas “invadossomas”.
Essa reversão sugere que EMT com frequência é disparada por sinais que células de
câncer possuem em um ambiente, mas não em outro. Então, células de carcinoma da linha de
frente invasiva do tumor primário poderiam receber sinais específicos do estroma reativo próximo
que foram desenvolvidos durante a formação desse tumor. Entretanto, uma vez que células de
câncer tenham deixado o tumor primário e se fixado em um sítio distante, elas poderiam receber
sinais do ambiente do estroma que não induziriam EMT. Na ausência desse contexto de sinais,
células de carcinoma poderiam passar pela transição mesenquimal-epitelial (MET) e reverter ao
fenótipo de seus ancestrais no coração do tumor primário.
IGF-1 – IGFR
a transição EMT e a invasão.
Papel do TGFβ na indução de EMT
Uma vez que essas células ras-transformadas passaram por EMT, elas começaram a
produzir seu próprio TGF-β1; este, agindo via uma alça de sinalização autócrina, permitiu a
manutenção do seu fenótipo mesenquimal por longos períodos, mesmo quando o estímulo TGF-
β foi retirado do seu meio de cultura.
Fortes evidências de que TGF-β pode favorecer o comportamento celular maligno são
fornecidas por numerosos estudos, nos quais os níveis de TGF-β associado a tumor
(frequentemente TGF-β1) foram encontrados por elevar-se paralelamente ao aumento do grau
de invasividade e agressividade do tumor. De fato, altos níveis de TGF-β, em ambas, massa
tumoral e circulação geral, conferem um prognóstico ruim para o paciente com câncer.
O uso de um recptor de TGF-β do tipo II, negativo-dominante (dn) (que efetivamente bloqueia
sinalização via TGF-β autócrino), fornece mais uma evidência de que a sinalização via TGF-β autócrina por
células EpRas é requerida para a manutenção do seu estado mesenquimal. Quando essa sinalização é
bloqueada pela expressão do seu receptor, a aparência mesenquimal das células EpRas (esquerda)
desaparece, e elas assumem uma aparência epitelial (direita), indicando, como antes, que elas passaram
por uma transição mesenquimal-epitelial (MET)
TGF-α, agindo sozinho ou em conjunto com TGF-β, também parece ser um importante agente
para indução de EMT. No início da progressão tumoral, TGF-α com frequência é produzido por células
inflamatórias, como macrófagos. Nesse estágio, ele funciona por meio de seus receptores para ativar a via
de sinalização NF-κB em células epiteliais. TGF-β também ativa a via NF-κB em células epiteliais, como as
células epiteliais. Em vários tumores, TGF-α e TGF-β podem contribuir, em diferentes proporções, para a
manutenção da sinalização de NF-κB ativa. Essa sinalização parece ser crítica para a indução e
manutenção de EMT. Então, o bloqueio da sinalização NF-κB previne a expressão de seu programa EMT.
A via de sinalização de NF-κB e a indução de EMT Células da linhagem EpRas, originadas de células epiteliais
de mama de camundongo transformadas, foram tratadas com TGF-β (2a e 4a micrografias, linha superior). Isso
ocasionou a supressão da expressão da Ecaderina (rosa, 1a e 2a micrografias, linha superior), assim como uma indução
de vimentina (rosa, 3a e 4a micrografias, linha superior). Entretanto, quando a forma negativa-dominante de IκBα, que
bloqueia a sinalização de NF-κB, foi expressada nessas células (linha inferior), o tratamento com TGF-β falhou em
suprimir a expressão de E-caderina (rosa, 1a e 2a micrografias) e em induzir a expressão de vimentina (rosa, 3a e 4ª
micrografias). Isso indicou que a sinalização de NF-κB foi necessária para a indução de EMT nessas células.
A ausência de CSF-1 e TAMs não tem efeito no crescimento do tumor primário, mas
esses tumores mostraram um comportamento benigno e não-invasivo, em contraste com
tumores que tiveram sucesso em recrutar TAMs. A influência desses macrófagos no
comportamento metastático é impressionante: sem TAMs, esses tumores de mama falham em
desenvolver metástase para os pulmões.
Macrófagos rompem o
endotédio, facilitando a
intravasão da célula
tumoral.
Papel do Fator de Crescimento de Hepatócito (HGF) na invasão
HGF, outro ligante de origem estromal, é também capaz de induzir muitos dos atributos
de EMT em células epiteliais, as quais exibem Met, seu receptor cognato, na sua superfície.
As células (de rim canino) no painel da esquerda foram crescidas em meio normal,
enquanto as células do painel da direita foram crescidas em meio com HGF/SF. Em cultura de
monocamada, essas células epiteliais normalmente formam conjuntos de células. Entretanto,
após o tratamento com HGF/SF, elas tornaram-se móveis e espalharam-se em muitas direções.
Quando introduzidas em géis de colágeno, células MDCK normalmente formam pequenas
massas esféricas (painel da esquerda). Entretanto, seguindo exposição com HGF/SF, essas
células crescem em processos longos invadindo o gel de colágeno ao redor.
Cada célula pode passar por uma EMT total, durante a qual ela perde toda a
característica epitelial, ou, alternativamente, pode passar apenas parcialmente por EMT, em que
algumas características epiteliais são retidas junto com novas mesenquimais adquiridas. Esse
comportamento poderia parecer incompatível com um aspecto observado frequentemente em
metástase humana: crescimentos secundários lembram, em nível histopatológico, o tumor
primário do qual foram originados. De fato, as células em tais metástases parecem ser tão
epiteliais no seu comportamento quanto a massa de células do tumor primário; ainda assim, elas
descendem de células invasivas que supostamente passaram por EMT com o objetivo de iniciar
a disseminação da metástase. Essa inconsistência é resolvida se assumirmos que EMT é
totalmente reversível, e que linhagens de células de alta malignidade com frequência passam
apenas transientemente através de um estado mesenquimal enquanto viajam do tumor primário
para o local da formação da metástase.
Exemplo 1: carcinoma colorretal
A expressão do fator de
transcrição Slug é induzida
transientemente em uma monocamada
de queratinócitos feridos por raspagem
celular. Como visto nesta figura, 48 horas
após o ferimento, os queratinócitos na
margem do ferimento induzem expressão
de Slug (marrom-escuro), separando-se
da monocamada e começando a fazer
seu caminho para o local do ferimento
(parte inferior de cada painel) com o
objetivo de reconstruir uma monocamada
intacta. Por 96 horas, muitas dessas
células param de expressar Slug e se
tornam integradas na monocamada
contínua.
Os fatores de transcrição Snail-Slug parecem operar bastante como repressores de
transcrição. Então, ambos foram descobertos por serem hábeis em reprimir a transcrição do
gene de E-caderina. Como foi visto anteriomente, a perda da expressão de E-caderina pode,
por si só, originar células epiteliais que assumem muitas mudanças fenotípicas associadas a
EMT.
A análise da expressão demonstra que a expressão de Twist varia inversamente com
relação à expressão de E-caderina nesses carcinomas de mama humanos. Uma vez que Twist
pode reprimir a expressão do gene CDH1 250 vezes em cultura de células, Twist é o provável
responsável pela perda do mRNA de E-caderina, que é perdido preferencialmente nos
carcinomas lobulares invasivos mais agressivos de mama, mas está presente em níveis
significativos em carcinomas de ducto invasivos menos agressivos.
A contribuição dos vasos linfáticos para a dispersão das células de câncer é, entretanto, menos
óbvia. Quase todos os tecidos do corpo carregam redes de vasos linfáticos que são responsáveis pela
contínua drenagem do fluido intersticial acumulado no espaço entre as células. Muitos dos vasos
convergem em um vaso abdominal principal que esvazia sua linfa na veia subclávia esquerda perto do
coração e, portanto, na circulação geral. Como consequência, células de câncer presentes nos vasos
linfáticos poderiam ocasionalmente entrar por essa conexão cruzada na circulação geral.
Células tumorais e companheiros estromais recrutados podem secretar VEGF-C, que dirige
linfangiogênese – a formação de novos vasos linfáticos. Apesar de acessos limitados devido ao
colabamento dos capilares linfáticos no interior da massa tumoral (pequena pressão hidrostática interna),
algumas células de câncer têm sucesso em entrar no sistema linfático. No caso específico de carcinoma
mamário, algumas células em metástase entram nos vasos linfáticos que diretamente drenam a glândula
mamária. Essas células de carcinoma vagantes são prontamente detectáveis nos ductos e nódulos
linfáticos, porque sua aparência difere muito das células linfoides que as cercam e elas expressam
proteínas epiteliais, como citoqueratinas, ausentes nos tecidos linfáticos. Análises histológicas dos
linfonodos drenantes são rotineiramente usadas para determinar se um câncer de mama primário
começou a despachar células metastáticas pioneiras para locais distantes no corpo. Nódulos linfáticos
representam “marcadores substitutos” de metástases por proporcionarem dados para diagnóstico e
prognóstico úteis sem estarem diretamente envolvidos no processo que leva à disseminação difundida
de células de câncer e doença metastática.
Além disso, enquanto uma variedade de tipos de célula de câncer pode executar os
primeiros passos da cascata invasão-metástase de um modo muito similar, é provável que a
colonização por cada tipo celular de câncer proceda de modo muito diferente. Então, é
provável que a adaptação, com sucesso, de células de câncer de mama em metástase para a
medula óssea (a qual, por definição, permite que essas células colonizem a medula) envolva um
conjunto completamente diferente de mudanças celulares com relação àquele requerido para a
colonização da medula por células de câncer de próstata. Além disso, as mudanças requeridas
para as células de câncer de mama colonizarem a medula óssea são provavelmente muito
diferentes daquelas para a colonização com sucesso de cérebro e pulmão.
Um outro fator afeta essa dinâmica: diferentes tipos de células de câncer adquirem a
habilidade em colonizar um dado tecido com maior ou menor facilidade. Então, a habilidade
de células de câncer de próstata em fazer metástase para a medula parece ser muito mais
facilmente adquirida do que sua habilidade em colonizar fígado ou pâncreas. Isso sugere que o
programa de diferenciação de células epiteliais prostáticas normais exerce uma forte influência
na habilidade de células de carcinoma derivadas para fazer metástase em órgãos específicos.
Essa predileção para formar macrometástase em um outro ou órgão foi notada em
meados de 1889, pelo patologista britânico Stephen Paget. Ele propôs a hipótese da “semente
e solo”, na qual ele fez uma analogia da semeadura de células de câncer com a dispersão de
sementes de plantas. Após o estudo do curso clínico de 735 pacientes de câncer de mama,
Paget concluiu que o padrão da formação de metástases nessas pacientes não poderia ser
explicado por dispersão aleatória através do corpo nem por padrões de dispersão da mama
através da circulação geral. Ele então propôs que células de câncer em metástase (sementes)
encontrariam um local compatível apenas em certos tecidos, especialmente hospitaleiros (o
solo). Segundo Paget, “uma planta dá sementes, e tais sementes são carregadas em todas as
direções mas elas podem apenas viver e crescer se encontrarem um solo fértil”.
A mesma lógica poderia explicar por que células de câncer de mama frequentemente
formam metástases em pulmões. Como no caso de células de carcinoma colorretal, células de
carcinoma mamário dispersas poderiam não encontrar os pulmões como um ambiente
especialmente hospitaleiro, e células de câncer individuais teriam uma baixa probabilidade de
colonizar pulmões com sucesso. Apesar disso, algumas metástases ao final se formarão lá,
simplesmente porque tantas dessas células permanecem fisicamente ligadas a esse tecido.
Há também indicações de que tecidos que não são normalmente locais hospedeiros para
colonização podem tornar-se por meio de processos patológicos específicos, como ferimentos
localizados. Isso sugere que áreas de inflamação crônica no corpo de um paciente com câncer
podem ocasionalmente tornar-se ambientes favoráveis para as células cancerígenas que sofrem
metástases, simplesmente porque oferecem um espectro de sinais mitogênicos e tróficos.
Ainda assim, outros mecanismos têm sido propostos para explicar o tropismo de tecidos
de células que sofrem metástase. Por exemplo, órgãos-alvo podem liberar mensagens
químicas específicas – os quimioatrativos, às vezes denominados quimiocinas – que podem
ativamente recrutar células cancerígenas dispersas para entrar nestes órgãos a partir da
circulação.
14% dos casos, interações negativas (nas quais tecidos pareciam ativamente
repelir células cancerígenas vagantes) parecem explicar números abaixo do
esperado de metástases previstas pelos padrões de fluxo sanguíneo
Muitos dos tipos mais comuns de câncer que ocorrem no mundo ocidental – carcinomas
de pulmão, mama e próstata – mostram uma forte tendência a fazer metástase no osso.
ECM de osso é uma fonte não usual rica em fatores mitogênicos e tróficos que
permitem que muitos tipos de células de carcinoma se desenvolvam. Consequentemente,
provocando a desmineralização do osso, células de câncer ganham acesso à fonte de
fatores sequestrados na ECM do osso, usando-os para sua própria proliferação e
sobrevivência.
Células de câncer em metástase chegam ao osso através dos vasos que alimentam a
medula. Uma vez lá, elas aderem a células estromais especializadas que cobrem as superfícies
dos ossos na face da medula.
Células de câncer de mama que enviam metástase para os ossos produzem mais PTHrP
do que outras no mesmo animal que não enviam – uma reflexão sobre o fato de que certos
fatores de crescimento liberados da ECM do osso estimulam a produção de PTHrP por células
de câncer em metástase. O mais importante desses fatores derivados do osso é TGF-β, como
ilustrado por alguns simples experimentos. Em um deles, o receptor de TGF-β dominante-
negativo (que bloqueia a habilidade da célula em responder ao TGF-β) foi expressado em células
de câncer de mama humano. Cada célula cessa a produção de PTHrP e perde a habilidade de
produzir eficientemente metástase osteolítica no osso.
Como poderia ser predito, lesões osteoblásticas dependem de outros sinais – que ativam
osteoblastos mais do que osteoclastos. Nesse caso, a liberação por células de câncer
metastáticas do fator de crescimento chamado “endotelina-1” (ET-1) tem um papel dominante
na estimulação de osteoblastos e, ao mesmo tempo, reprimindo a atividade de osteoclastos.
Então, células de câncer de próstata de tumores primários liberam endotelina; desde que seu
receptor cognato seja também expresso por essas células de câncer, o resultado é uma alça
estimulatória de crescimento autócrino. Entretanto, quando essas células chegam na medula, a
endotelina que elas liberam também age via sinalização heterotípica para estimular osteoblastos,
criando lesões osteoblásticas características dessa malignidade.