Escala de Comportamentos de Bullying (ECB)
Escala de Comportamentos de Bullying (ECB)
Escala de Comportamentos de Bullying (ECB)
2015 385
Resumo
Este estudo objetivou elaborar a Escala de Comportamentos de Bullying (ECB), checando evidências de validade e precisão.
Participaram 455 estudantes do ensino fundamental de escolas públicas e particulares de Parnaíba (PI), com idade média de
11,3 anos, em maioria do sexo feminino (53,5%). Todos responderam à versão preliminar da medida, de 30 itens, e perguntas
demográficas. Realizou-se a análise dos eixos principais (AEP) (rotação Varimax), o Scree Test, e a análise paralela indicou a exis-
tência de uma estrutura tetrafatorial. Logo, realizou-se uma nova AEP, fixando a extração de quatro fatores, estes explicaram
conjuntamente 47,7% da variância total, cujos alfas de Cronbach variaram de 0,60 a 0,79. Esses achados revelam que a ECB
reúne evidências favoráveis de validade e consistência interna, podendo ser adequadamente utilizada em estudos futuros para
conhecer os antecedentes e consequências do bullying.
Palavras-chave: bullying, medida, validade
Abstract
This work aimed to develop the Bullying Behaviors Scale (BBS), checking evidences of validity and reliability. 455 elementary
school students from public and private schools in Parnaíba (PI), Brazil, participated in the study. Their mean age was 11.3,
being mostly female (53.5%). All participants completed a preliminary version of the measure, composed by 30 items, and
demographic questions. A Principal Axis Analysis was performed (PAF; Varimax rotation), the Scree test, and parallel analysis
indicated the existence of a four-factor structure, consistent with the literature (verbal, physical, relational and virtual). Next, a
new PAF was performed, establishing the extraction of four factors, which account for 47.7% of total variance, and Cronbach
alphas ranged from .60 to .79. These findings reveal that the BBS meets favorable evidence of validity and reliability, and it is
suitable for use in future studies aiming to understand the antecedents and consequences of bullying.
Keywords: bullying, measure, validity
Resumen
Este estudio tuvo como objetivo elaborar la Escala de Comportamientos de Bullying (ECB), examinando evidencias de validez y pre-
cisión. Participaron 455 estudiantes de Enseñanza Primaria de escuelas públicas y privadas de la ciudad de Parnaíba (PI), Brasil,
con edad media de 11,3 años, la mayoría del sexo femenino (53.5%). Todos respondieron a la versión preliminar de la escala que
contiene 30 ítems, y a preguntas demográficas. Se realizó el análisis de los Ejes Principales (AEP) (rotación Varimax), el Scree
Test, y análisis paralelos, los cuales indicaron la existencia de una estructura de cuatro factores. Luego se realizó una nueva AEP
fijando la extracción de cuatro factores, que explicaron el 47,7% de la variabilidad total, y sus alfas de Cronbach variaron de 0,60
a 0,79. Estos resultados ponen de manifiesto que la ECB reúne evidencias favorables de validez y precisión, y se puede utilizar
adecuadamente en futuros estudios para conocer los antecedentes y las consecuencias del bullying.
Palabras clave: bullying, medida, validez
assimetria de forças entre perpetrador e vítima, a vulne- comparados à exposição isolada a um desses tipos
rabilidade desse último, mostrando incapacidade de se (Wolke, Woods, Blomfield, & Karstadt, 2000).
defender e a intenção do agressor em causar sofrimento Mais recentemente, tem se destacado uma nova
no indivíduo vitimizado (Analitis et al., 2009; Olweus, forma de expressão do bullying, reflexo do avanço das
2011; Solberg, Olweus, & Endresen, 2007). tecnologias da informação, como apontado previa-
Além de reforçar tais aspectos, Farrington (1993) mente, nomeado como cyberbullying (Jimerson, Swearer,
cita diversas formas de expressão do bullying (e.g., física, & Espelage, 2010). Essa nova expressão está em evidên-
verbal e psicológica). Não obstante, mais recentemente, cia, muito em função de acidentes pessoais, a exemplo
com a constante evolução de tecnologias de comuni- de suicídios relacionados à divulgação de vídeos ou
cação, percebe-se o aumento de casos em ambiente imagens por meio da internet ou smartphones (Juvonen &
virtual, constituindo-se como uma manifestação Gross, 2008; Slonje & Smith, 2008).
moderna desse construto, denominada de cyberbullying Essa recente tipologia pode ser considerada uma
(Juvonen & Gross, 2008; Slonje & Smith, 2008). evolução na manifestação do próprio bullying (Maidel,
Concretamente, considerando os aspectos encon- 2009), sendo expresso de quatro maneiras: 1) agressão
trados na literatura, pode-se conceituar o bullying como por meio de mensagem de texto; 2) e-mails; 3) ligações
uma forma de agressão física, verbal ou psicológica, telefônicas e 4) postagens, na internet ou via celulares, de
difundida, principalmente, na escola, levada a cabo vídeos e fotos que possam causar danos à vítima (Slonje
por crianças e adolescentes. Nessa direção, um aluno & Smith, 2008; Smith et al., 2008). Logo, o agressor
ou grupo pratica de forma repetida atos que podem tem uma variedade de ferramentas à disposição para
causar prejuízo emocional, psicológico e social ao ofender e denegrir a imagem de seus pares (Juvonen &
vitimizado que se encontra em uma relação desigual Gross, 2008).
de poder, impedindo que se defenda das agressões Quanto a sua caracterização, o cyberbullying dife-
sofridas (Baldry & Farrington, 2000; Rolim, 2008; Sal- rencia-se dos demais em um aspecto, nele não há
mivalli, 2010). disparidade de forças (Maidel, 2009; Vandebosch &
Considerando as manifestações do bullying, de Van Cleemput, 2008), ou seja, o agressor não necessa-
acordo com Olweus (1993), destacam-se dois tipos: riamente precisa ser superior físico e/ou mentalmente
direto e indireto. O bullying direto é mais fácil de ser à vítima, pois os cyberbullies escondem-se no anoni-
identificado, sendo composto por duas dimensões mato (Smith et al., 2008).Contudo, existem pesquisas
específicas: física (e.g., bater, roubar, danificar objetos que desconsideram tal suposição, compreendendo a
da vítima) e verbal (e.g., agressões verbais, apelidos vida on-line como uma extensão da vida escolar, man-
desagradáveis, ameaças e xingamentos). É importante tendo, assim, os mesmos padrões de relação (Juvonen
ressaltar que estudos (Bender & Lösel, 2011; Wal, Wit, & Gross, 2008). Nessa direção, em estudo realizado
& Hirasing, 2003) apontam a relação de tais comporta- por Kwan e Skoric (2013), relacionando o cyberbullying
mentos com predisposição à agressividade e à violência, à forma tradicional, foram encontrados resultados
além de outras condutas antissociais, como uso de dro- que indicam correlações positivas entre ser agressor
gas. A manifestação indireta, por sua vez, é mais difícil (r = 0,56, p < 0,001) e vítima (r = 0,28, p < 0,001)
de detectar. Por ser menos explícita, é pouco visível aos em ambos os tipos (cyber e tradicional)”. Cabe destacar
educadores e responsáveis (Ribeiro, 2007). Expressões que um agravo do cyberbullying, comparado ao tradicio-
do bullying indireto envolvem, principalmente, aspec- nal, refere-se à ampliação ilimitada das testemunhas às
tos de ordem relacional, como, por exemplo, ações de agressões (Juvonen & Gross, 2008).
exclusão grupal e disseminação de boatos (Monks & É possível, portanto, identificar algumas formas
Coyne, 2011). de expressão do bullying que, ocorrendo em conjunto
Apesar de diferirem quanto a suas formas de ou separadamente, costumam ter graves consequências
expressão, ambas são extremamente prejudiciais às [e.g., dificuldades acadêmicas, depressão e risco de idea-
vítimas, sobretudo quando juntas. Nesse sentido, é ção suicida (Arseneaultet al., 2006; Holmberg & Hjern,
possível destacar que vitimizados(as) por formas dire- 2008)]. Não obstante, verificam-se efeitos distintos que
tas e indiretas do bullying mostram-se mais vulneráveis o bullying causa nos diferentes grupos envolvidos, nessa
a desenvolverem problemas comportamentais futu- direção, parece algo pertinente descrever os atores
ros, a exemplo do uso de drogas ou envolvimento sociais envolvidos em tais condutas, indicando poten-
em comportamentos antissociais e delitivos, quando ciais correlatos de cada um.
Tipo de Envolvimento e seus Correlatos de saúde pública (Kim et al., 2005), podendo acarretar
Segundo Olweus (2003), existem quatro tipos diversos problemas biopsicossociais aos envolvidos
de grupos envolvidos em atos de bullying: agressores, (Lemos, 2007).
vítimas, agressores/vítimas e testemunhas. Os agres- Diante do exposto, evidencia-se a necessidade de
sores são aqueles que tentam assumir a liderança em identificar, por meio de instrumentos avaliativos efi-
grupos, valendo-se de agressões, buscando reafirmar- cazes, pessoas que estão envolvidas em situações de
-se sobre os mais frágeis, físico e psicologicamente bullying, seja no papel de agressor ou vítima. Estimando
(Ferraz, 2008). Estudos indicam que os bullies podem precisamente a prevalência desse fenômeno, é possí-
apresentar, ao avançar da idade, distúrbios psiquiátricos, vel subsidiar estratégias de combate e prevenção dessa
a exemplo de déficit de atenção, depressão e conduta de forma de agressão entre pares, buscando desenvolver,
desordem (Kokkinos & Panayiotou, 2004; Kumpulai- assim, um ambiente sadio e pacífico que possibilite
nen, Räsänen, & Puura, 2001), ou ainda vir a apresentar melhor convivência, especialmente entre os escolares.
problemas escolares, consumo de drogas e comporta- Diante dessa conjuntura, o presente estudo objetivou
mentos violentos (Baldry & Farrington, 2000; Bender elaborar uma medida que permita identificar agressores
& Lösel, 2011; Farrington & Ttofi, 2009; Méndez & em atos de bullying. Não obstante, antes de seguir para
Cerezo, 2010). o estudo empírico, cabe citar algumas medidas que vêm
As vítimas, por sua vez, podem ter prejuízos sendo propostas para avaliação do bullying, algo tratado
desenvolvimentais em distintos domínios (e.g., social, no tópico a seguir.
acadêmico e emocional; Pinheiro, 2006). No caso, estu-
dos apontam associação entre o sujeito vitimizado e Avaliação do bullying
problemas, como depressão, tendência à ideação suicida, Em revisão sistemática, buscando avaliar a qua-
timidez e introversão, decréscimo em habilidades sociais lidade metodológica de estudos que trataram das
(Fleming & Jacobsen, 2009; Klomek, Sourander, & propriedades psicométricas de medidas de bullying,
Gould, 2010; Moura, Cruz, & Quevedo, 2011; Owusu, Vessey, Strout, DiFazio e Walker (2014) encontraram
Hart, Oliver, & Kang, 2011; Skapinakiset al., 2011). 31 estudos, que se utilizaram de 25 medidas de bullying,
Por sua vez, os agressores/vítimas envolvem- avaliando diferentes grupos e fatores específicos. Por
-se nos dois cenários, revidam agressões, constituindo exemplo, os autores citam medidas que avaliam especi-
uma tentativa de prevenir futuras ações dos bullies, ou ficamente a vitimação do bullying (e.g., California Bullying
encontram indivíduos mais vulneráveis para quem são Victimization Scale; Felix, Sharkey, Green, Furlong,
agressores, numa tentativa de fortalecer sua própria &Tanigawa, 2011), que avaliam simultaneamente agres-
imagem (Fante, 2005; Ireland & Archer, 2004; Wal, sores e vítimas (e.g., Formsof Bullying Scale; Shaw, Dooley,
2005). Esse grupo, de acordo com a literatura con- Cross, & Zubrick, 2013) e instrumentos que focam no
sultada, mostra-se mais propenso a exibir condutas cyberbullying (e.g., E-Victimization e E-Bullying Scale; Lam
delinquentes e agressivas, baixos índices de comporta- & Li, 2013).
mento pró-social (Arseneault et al., 2006; Holmberg & Em contexto brasileiro, a realidade é algo dis-
Hjern, 2008; Kim, Koh, & Leventhal, 2005; Sourander tinta quanto à construção e adaptação de instrumentos
et al., 2007). relacionados ao bullying, algo verificado no estudo de
Por fim, as testemunhas, que representam a maio- Alckmin-Carvalho, Izbicki, Fernandes e Melo (2014),
ria, participam das situações de bullying apenas como que objetivaram realizar um levantamento dos instru-
espectadores, não se manifestando por medo de sofre- mentos utilizados para estimar o bullying. No caso, os
rem represálias e se tornarem alvos (Fosse, 2006; Lopes autores consideraram 25 artigos, verificando que, em 13
Neto, 2005). Esse grupo apresenta um papel impor- deles, foram utilizados instrumentos padronizados em
tante, pois, com a observação e o consentimento destes, outros países, contudo, sem evidências psicométricas
o bullying persiste e o ato se torna um processo realizado no Brasil. Outros cinco estudos mediram o bullying por
em grupo (Almeida, 2009; Fonseca & Veiga, 2007). meio de situações, entretanto, estas não foram especifi-
Resumidamente, estima-se que o bullying pode ser cadas. Em dois artigos, os autores detectaram o bullying
uma variável antecedente de diversos problemas, com por meio de observação direta ou participante. Em
efeitos imediatos ou tardios, tanto para quem é vítima outros três, utilizou-se, além de observação, a aplica-
quanto para quem agride (Sourander et al., 2007). Desse ção de questionário e, por fim, Alckmin-Carvalho et al.
modo, assevera-se que o bullying tornou-se um problema encontraram um estudo que avalia o bullying por meio
com sete profissionais da Psicologia e Pedagogia que, amostra, teste t de Student para se analisar o poder dis-
após consentirem sua participação, foram solicitados criminativo dos itens, análise fatorial exploratória, alfa
a classificar os itens/comportamentos em função das de Cronbach e homogeneidade, para verificar, respec-
quatro dimensões teorizadas de bullying, que eram pre- tivamente, a validade e fidedignidade da medida e, por
viamente esclarecidas em formulário próprio. Os itens fim, MANOVA, objetivando verificar se existem dife-
que apresentaram consenso de 100% entre os juízes renças nos comportamentos de bullying em função do
foram retidos para formar a versão preliminar da ECB sexo dos participantes.
de trinta itens.
Com a versão preliminar, realizou-se a validação Resultados
semântica, buscando eliminar itens que podiam ser
confusos; partindo da leitura atenta de um grupo de Os resultados serão apresentados em subtópicos,
10 alunos, cinco de uma escola pública e outros cinco em função da análise estatística empregada e o objetivo
de escola particular, com idades de oito e nove anos. para qual se propõe. Desse modo, inicia-se com a sub-
Nessa direção, contataram-se pais e responsáveis, onde seção que trata da discriminação dos itens.
foi enviado o TCLE solicitando a autorização para que
as crianças participassem dessa etapa do estudo. No Poder Discriminativo dos Itens
que tange à validação semântica, nenhuma alteração foi A fim de verificar se os itens discriminam sujei-
proposta pelos estudantes nesse estágio de desenvolvi- tos com pontuações próximas, procedeu-se tal análise.
mento da escala. Teve-se, em conta, a pontuação total dos participantes,
Finalmente, após a aprovação do comitê de ética a partir do critério interno da mediana, formaram-se os
(CAAE: 0193.0.045.000-11), realizou-se contato com grupos critérios (inferior e superior). Posteriormente,
as direções das escolas, tanto públicas quanto particu- as médias dos grupos foram comparadas para cada item
lares, para solicitação da autorização para a realização do instrumento por meio de um teste t - Student para
das coletas dos dados. Por se tratar de uma amostra amostras independentes.
composta por menores, após a autorização dos dire- Todos os itens discriminaram satisfatoriamente os
tores das escolas, foi enviado aos pais e responsáveis indivíduos com pontuações altas e baixas na ECB (t >
um TCLE para que estes autorizassem suas crianças 1,96; p < 0,05). Desse modo, com a qualidade métrica
a participarem do estudo. Enfatizou-se, no próprio dos itens individualmente assegurada, partiu-se para a
TCLE e instrumento de coleta, que a participação não próxima etapa, conhecer evidências de validade e preci-
traria nenhum prejuízo ou bônus ao respondente e que são do instrumento.
sua participação seria voluntária, podendo desistir de
responder a qualquer momento sem prejuízos. Ainda Validade e Precisão
buscou-se indicar que, em nenhum momento, os parti- Para se verificar a estrutura fatorial, optou-se por
cipantes seriam identificados no projeto, que as análises realizar uma análise fatorial exploratória (AFE). Para
seriam tomadas no conjunto e somente teriam acesso tanto, inicialmente, foi verificado a adequação dos
aos dados os pesquisadores diretamente envolvidos dados ao tratamento multivariado. Os resultados ini-
com o projeto. ciais apoiaram a realização de uma AFE (KMO = 0,87
A coleta de dados foi realizada em ambiente cole- e o Teste de Esfericidade de Bartlett, χ² = 4002,941;
tivo (sala de aula), no entanto, os instrumentos foram p < 0,001).
respondidos de forma individual, em que sempre esteve Nesse sentido, optou-se pelo método de extração
presente um ou dois aplicadores para dirimir eventuais dos eixos principais (principal axis factoring; PAF), sendo
dúvidas dos partícipes. Aproximadamente, 20 minu- utilizada rotação varimax. Essa escolha se pautou em
tos foram suficientes para responderem ao livreto de dois aspectos: (a) facilidade de interpretação da estru-
instrumentos. tura (Damásio, 2012) e (b) possibilidade de considerar
independentemente os quatro tipos de bullying (Far-
Análise de Dados rington, 1993; Juvonen & Gross, 2008; Slonje & Smith,
Para a análise de dados, utilizou-se do pacote 2008). Nesse caso, apesar de existirem evidências de
estatístico PASW, em sua versão 18. Mais especifica- que os fatores desse construto podem ter correlação
mente, realizaram-se estatísticas descritivas (medidas moderada entre eles, não necessariamente a pessoa que
de tendência central e dispersão) para caracterização da apresenta comportamentos de um tipo bullying o fará
em relação aos demais. O critério de Kaiser indicou critérios empíricos, rodou-se uma nova PAF, restrin-
a existência de sete possíveis fatores com autovalores gindo a extração de quatro fatores.
superiores a um, no entanto, optou-se por observar o As dimensões explicaram conjuntamente 47,6 %
critério de Cattel (ver Figura 1) que indicou uma solu- da variância total. Foi considerado como carga fatorial
ção com quatro fatores. mínima ǀ0,30ǀ para que o item fosse retido no fator (Hair,
Observa-se, na figura, que, ao traçar uma linha Black, Babin, Anderson, & Tatham, 2009; Pasquali,
(pontilhada) passando pelo maior número de autova- 2003, 2012). Ainda foram desconsiderados os itens que,
lores (círculos), quatro fatores se destacam em relação mesmo com cargas fatoriais superiores ao mínimo acei-
aos demais. Entretanto, para dirimir qualquer dúvida tável, tinham conteúdo semântico diferente dos itens
referente à quantidade de dimensões a serem extraídas, com maiores cargas fatoriais dentro do mesmo fator.
optou-se por realizar uma análise paralela (critério de Com o fim de apresentar um instrumento curto, que
Horn; Hayton, Allen, & Scarpello, 2004), por ser mais preze a parcimônia, optou-se, ainda, por escolher os
robusta que os critérios de Kaiser e de Cattell, utiliza- quatro melhores itens de cada dimensão, para compor
dos previamente. a versão final da ECB. Os resultados podem ser vistos
Tal análise compara os autovalores empíricos com na Tabela 1 a seguir.
autovalores médios de 1.000 bancos de dados gera- O primeiro fator, denominado Bullying verbal,
dos aleatóriamente, com as mesmas características do inicialmente, se considerando a carga fatorial mínima,
banco empírico, ou seja, tamanho da amostra e número englobaria onze itens, no entanto, os itens 5 (Colocar
de itens do instrumento. Ao comparar os autovalores, obstáculos para colegas tropeçarem) e 2 [Dar puxões
se o observado for maior que o simulado, há o apoio à (cabelo, roupa, etc.)] foram eliminados por obterem
existência do fator. carga superior a ǀ0,30ǀ em mais de um fator, enquanto
O resultado dessa análise apoia a extração de qua- que os itens 9 (Dar tapas em colegas), 4 (Jogar objetos
tro fatores, já que os primeiros quatro autovalores da em colegas), 24 (Esbarrei propositalmente em colegas),
AFE (8,26; 2,96; 1,64 e 1,43) foram superiores aos seus 1 (Empurrei colegas) e 10 (Dei socos ou esmurrei um
correspondentes gerados na análise paralela (1,51; 1,43; colega), por serem com semântica distinta ao conteúdo
1,38 e 1,34), o contrário acontece após o quinto auto- do fator, determinado pelos itens de maior carga fato-
valor (1,28 < 1,30). De posse do apoio da literatura e rial, foram eliminados. Nesse sentido, o primeiro fator
Tabela 1
Estrutura Fatorial da Escala de Comportamentos de Bullying (ECB)
Fatores
Item resumido BV CB BF BR h²
15. Apelidar colegas 0,73* 0,12 0,08 0,27 0,64
12. Falar com tom de voz agressivo com um colega 0,72* 0,22 0,10 0,06 0,58
14. Fazer piadas de mau gosto 0,72* 0,09 0,06 0,20 0,57
11. Falar mal de colegas 0,70* 0,13 0,14 -0,01 0,53
9. Dar tapas em colegas 0,69 0,09 0,13 0,28 0,58
1. Empurrei colegas 0,60 0,05 0,20 0,06 0,40
4.Jogar objetos em colegas 0,57 -0,05 0,18 0,13 0,39
5. Colocar objetos para que tropessasem 0,52 0,23 0,38 0,15 0,50
24. Esbarrei propositalmente em colegas 0,52 0,20 0,04 0,28 0,39
2. Dar puxões (cabelo, roupa, etc.) 0,47 0,05 0,43 0,11 0,43
10. Dar socos ou esmurrar colegas 0,44 0,16 0,34 0,30 0,44
23. Publicar fotos, na internet, ridicularizando colegas 0,02 0,82* 0,03 0,10 0,68
30. Publicar montagens na internet ridicularizando colegas 0,05 0,71* 0,11 0,28 0,60
28. Postar, na internet, vídeos constrangedores de colegas -0,05 0,71* -0,01 0,13 0,51
27. Criar grupos ou comunidades para ridicularizar colegas 0,09 0,71* 0,28 -0,11 0,59
26. Hackiar perfis em redes sociais 0,13 0,65* 0,05 -0,01 0,44
25. Insultar colegas via SMS e/ou e-mail 0,23 0,63* -0,02 0,13 0,47
29. Excluir colegas de comunidades virtuais 0,20 0,56* 0,19 0,01 0,39
21. Fazer comentários ofensivos em fotos na internet 0,34 0,58* -0,20 0,07 0,27
8. Abaixar as calças de um colega em público 0,23 0,10 0,68* 0,00 0,52
22. Criar fakes de colegas em redes sociais 0,07 0,20 0,61 -0,07 0,42
6. Rasgar roupas e/ou quebrar objetos 0,03 0,03 0,57* 0,21 0,37
16. Expor publicamente colegas a situações constrangedoras. 0,30 -0,06 0,50 0,22 0,40
7. Pisar em colegas propositalmente 0,19 0,37 0,44* 0,35 0,49
3. Chutar ou dar pontapés em colegas 0,42 0,00 0,43* 0,32 0,47
19. Excluir ou convencer amigos a excluírem colegas 0,13 0,07 0,28 0,66* 0,53
17. Insultar colegas em por andarem com colegas do sexo oposto 0,17 0,04 0,06 0,62* 0,43
18. Isolar colegas por apresentarem certas características 0,20 0,03 -0,13 0,60* 0,42
20. Insultar colegas em função de seus amigos 0,12 0,21 0,25 0,59* 0,47
13. Fazer colegas chorarem por algo que disse 0,30 0,00 0,29 0,36 0,31
Número de itens 4 4 4 4
Variância explicada 27,5% 9,8% 5,7% 4,7%
Alfa de Cronbach 0,79 0,73 0,62 0,60
Nota. * Item retido no fator; BV = bullying verbal; CB = cyberbullying; BF = bullying físico; BR = bullying relacional.
ficou composto por quatro itens e apresentou autova- que as maiores diferenças entre meninos e meninas se
lor igual a 8,26, explicando 27,5% da variância total, deram no bullying físico (ɳ²p = 0,04), ao passo que a
as cargas fatoriais variaram de 0,70 (item 11 – Falar única dimensão que não diferenciou os participantes
mal de colegas) a 0,73 (item 15 – Apelidar colegas), em função do sexo foi o bullying relacional (ɳ²p = 0,01).
a precisão apresentou-se adequada [alfa de Cronbach
de 0,79 e índice de homogeneidade (correlação média Discussão
inter-itens/r m.i) de 0,48].
O segundo fator, nomeado de Cyberbullying, ini- Na literatura nacional, não foram encontrados
cialmente contava com oito itens, optou-se pela instrumentos que avaliem os comportamentos de
permanência dos quatro com maiores saturações, agressores em atos de bullying pautados nas quatro for-
objetivando tornar o instrumento mais parcimonioso. mas de expressão do construto. Recentemente, Soares
Observa-se que esse componente teve um autovalor de (2013) validou a California Bullying Victimization Scale,
2,96, explicando 9,8 % da variância total; seus quatro não obstante, tal medida tem como foco a vítima, e
itens possuiram cargas fatoriais variando de 0,70 (item não o agressor. Santos et al. (no prelo) também veri-
27 – Criar grupos ou comunidades para ridicularizar ficaram os parâmetros psicométricos de uma medida
colegas) a 0,82 (item 23 – Publicar fotos na internet ridi- de bullying, a Formsof Bullying Scale, contudo, esta avalia
cularizando colegas), apresentando alfa de Cronbach agressor e vítima por meio de um mesmo instrumento,
igual a 0,73 e rm. i = 0,44. além de não cobrir as diversas formas de expressão
O terceiro fator, denominado Bullying físico, pos- desse construto em fatores específicos, algo necessário
sui autovalor igual a 1,64, explicando 5,4 % da variância de se ter em conta, pois são consistentes os estudos
total, com saturações variando de 0,43 (item 3 – Chutar que indicam um padrão distinto entre meninos e meni-
ou dar pontapés em colega) a 0,68 (item 8 – Abaixar nas com relação ao bullying físico, verbal e relacional, tal
as calças de um colega em público). Esse seria com- como evidenciado nessa ocasião (Carbone-Lopez et al.,
posto, inicialmente, por seis itens, não obstante, foram 2010; Rivers & Smith, 1994). Nessa direção, planejou-se
excluídos os itens 22 (Criar fakes de colegas em redes levar a cabo o presente estudo, objetivando elaborar e
sociais) e 16 (Expor publicamente colegas a situações conhecer evidências preliminares de validade fatorial e
constrangedoras) por serem semanticamente distintos consistência interna da Escala de Comportamentos de
ao fator, e o último possuir escore fatorial aceitável em Bullying (ECB).
mais de uma dimensão. Logo, quatro itens formaram Avalia-se que os objetivos propostos foram alcan-
esse componente, possuindo fidedignidade aceitável çados, pois os resultados encontrados nesta pesquisa
(alfa de Cronbach igual a 0,62 e rm.i = 0,30). apontam propriedades psicométricas aceitáveis da ECB,
O quarto fator apresentou autovalor de 1,43, além de contar com o apoio teórico, indicando a per-
explicando 4,8% da variância total, sendo denomi- tinência de se considerar o bullying como um construto
nado de Bullying relacional. Esse fator foi composto, formado por quatro dimensões distintas (Scheithauer,
inicialmente, por quatro itens com cargas fatorais que Hayer, Petermann, & Jugert, 2006; Wang, Jannotti, &
variavam de 0,59 (item 20 – Insultar colegas em função Nansel, 2009; Wolke et al., 2000).
de seus amigos) a 0,66 (item 19 – Excluir ou convencer Especificamente, seus parâmetros psicométricos
amigos a excluírem colegas), sua precisão está dentro estão dentro dos recomendados pela literatura (Pas-
do aceitável para uso em pesquisas (alfa de Cronbach quali, 2003, 2010, 2012; Urbina, 2007). No tocante, a
foi de 0,60 e rm.i = 0,31). Considerando o bullying como confiabilidade dos fatores, além do alfa de Cronbach,
um construto unifatorial, checou-se a precisão de todos sensível ao número de itens, teve-se em conta a corre-
os itens saturando em um fator geral, sendo possível lação média interitens. Verificou-se que os resultados
observar índices aceitáveis que atestam a consistência para esse parâmetro estão dentro dos aceitáveis para
interna da medida (rm.i = 0,25 e α = 0, 83). fins de pesquisa, apesar de dois fatores apresentarem
Por fim, verificou-se que os comportamentos de alfas próximos ao límite aceitável (α = 0,60), algo que
bullying se diferenciam em função do sexo dos parti- pode ser reflexo dos poucos itens que os formam.
cipantes, havendo maiores médias para o grupo de Contudo, ao se avaliar a homogeneidade, verificaram-
meninos em todas as formas de agressão (lambda de se valores adequados (rm.i > 0,30; Clark & Watson,
Wilkis = 0,95; F (4,362) = 4,604; p < 0,001). Especifica- 1995; Nunnally, 1991). Ademais, a pontuação total
mente, tendo em conta o tamanho do efeito, percebe-se da ECB apresentou precisão igual, ou superior, ao de
outras medidas de avaliação do bullying (Fitzpatrick & caso, o bullying poderia ser avaliado por autorrelato e,
Bussey, 2011; Shaw et al., 2013; Santos et al., no prelo; posteriormente, informado por pares e professores,
Soares, 2013). buscando verificar se, de fato, a ECB consegue estimar
A análise fatorial (PAF), com o apoio da Análise precisamente os agressores em atos de bullying.
Paralela, permitiu averiguar que a ECB é uma medida Pode-se pensar, ainda, em pesquisas que objeti-
claramente tetrafatorial, avaliando comportamentos de vem conhecer potenciais antecedentes e consequentes
bullying em suas manifestações direta (física e verbal), dos atos de bullying, visto que esse padrão compor-
indireta (relacional) e virtual (cyberbullying). Especifica- tamental relaciona-se empiricamente com diversos
mente, verificou-se que as saturações foram acima do construtos, tais como depressão e comportamentos
ponto de corte preconizado pela literatura |0,30| (Hair antissociais e delitivos (Bender & Lösel, 2011; Farring-
et al., 2009; Pasquali, 2012), indicando que o instru- ton & Ttofi, 2009).
mento apresenta evidências de validade fatorial. Em resumo, reuniram-se evidências suficientes da
Entretanto, este estudo apresenta algumas adequação psicométrica da Escala de Comportamentos
limitações, a exemplo do viés da amostragem não de Bullying. Compreende, portanto, um instrumento
probabilística, não refletindo a composição real da breve, composto por 16 itens (quatro para cada dimen-
população, e tamanho amostral, que não possibilitou são), de fácil compreensão, com itens curtos, que pode
averiguar a pertinência dos itens para todas as idades ser usado adequadamente em estudos em que o inte-
dos participantes, em especial os mais jovens, o que resse é conhecer os antecedentes e consequentes de
fugia ao escopo deste estudo. Entretanto, destaca- condutas de bullying.
se que há indícios de que crianças, mesmos as muito
jovens, como as aqui utilizadas, já são protagonistas e/ Referências
ou vítimas de cyberbullying (Schoffstall & Cohen, 2011).
Outro ponto importante a se destacar é a desejabilidade Alckmin-Carvalho, F., Izbicki, S., Fernandes, L. F. B., &
social, que leva os sujeitos a responderem de modo a Melo, M. H. S. (2014). Estratégias e instrumentos
revelar seus traços mais favoráveis ou socialmente acei- para a identificação de bullying em estudos nacio-
tos. Esse problema é comum em pesquisas que tratam nais. Avaliação Psicológica, 13, 343-350. Recuperado
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A despeito de possibilidades futuras, é impor-
tante controlar o falseamento das respostas, utilizando, Almeida, A. S. A. de (2009). Bullies, vítimas, bullies-vítimas
por exemplo, uma medida de desejabilidade social que e bystanders: A empatia e a regulação emocional da au-
controle esse viés. Ademais, é importante que esta toeficácia (Dissertação de mestrado). Departamento
pesquisa seja replicada em outros contextos. Amos- de Psicologia, Instituto Universitário de Lisboa.
tras maiores e mais heterogêneas são essenciais para Portugal.
aumentar as evidências em torno da ECB, incluindo- Analitis, F., Velderman, M. K., Ravens-Sieberer, U.,
-se pessoas de diferentes níveis de escolaridade, Detmar, S., Erhart, M., Herdman, M., Berra, S.,
classes sociais ou ambientes de moradia (urbano/ Alonso, J., Rajmil, L., & the European Kidscreen
rural; capital/interior). Sugere-se, igualmente, empre- Group. (2009). Being bullied: Associated factors in
gar procedimentos de modelagem por equações children and adolescents 8 to 18 years old in 11
estruturais, com o propósito de confirmar a estrutura european countries. Pediatrics, 123, 569-577. doi:
fatorial da ECB ou mesmo testar modelos alternati- 10.1542/peds.2008-0323.
vos, como um trifatorial, agrupando os itens relativos
Arseneault, L., Walsh, E., Trzesniewski, K., Newcombe,
ao bullying físico e verbal em um único fator, represen-
R., Caspi, A., & Moffitt, T. E. (2006). Bullying
tando a forma direta de expressão. No mesmo sentido,
victimization uniquely contributes to adjustment
parece útil checar a invariância fatorial dessa medida
problems in young children: A nationally repre-
em diferentes grupos (e.g., homens e mulheres, esco-
sentative cohort study. Pediatrics, 118, 130-138. doi:
las públicas e privadas, interior e capital).
10.1542/peds.2005-2388
No que tange à precisão da ECB, futuramente
pode-se estimá-la por meio do teste-reteste, além de Baldry, A. C., & Farrington, D. P. (2000). Bullies and
verificar a validade convergente e preditiva. Neste último delinquents: Personal characteristics and parental
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Niemela, S. Helenius, H., Kumpulainen, K., Piha, J.
Sobre os autores:
Emerson Diógenes de Medeiros é psicólogo, mestre e doutor em Psicologia Social pela UFPB, atualmente, profes-
sor adjunto do curso de graduação em Psicologia da Universidade Federal do Piauí (Campus de Parnaíba) e coordena o
Laboratório de Avaliação Psicológica do Delta – LABAP. Seus interesses de pesquisa centram-se em Psicologia Social
(valores humanos e atitudes), construção e adaptação de medidas psicológicas.
E-mail: [email protected]
Valdiney Veloso Gouveia é licenciado (1989) e possui formação (2005) em Psicologia pela Universidade Federal da
Paraíba, especialista em Psicometria (1993), mestre em Psicologia Social e do Trabalho (1991) pela Universidade de
Brasília e doutor em Psicologia Social (1998) pela Universidade Complutense de Madri. Atualmente é professor titular
na Universidade Federal da Paraíba.
E-mail: [email protected]
Renan Pereira Monteiro possui formação em Psicologia pela Universidade Federal do Piauí (2011), é mestre em
Psicologia Social pela Universidade Federal da Paraíba (2014) e, atualmente, é doutorando em Psicologia Social pela
Universidade Federal da Paraíba. Seus interesses de pesquisa centram-se na avaliação da personalidade (traços normais
e aversivos), Psicologia Social (valores humanos e atitudes), construção e adaptação de medidas psicológicas.
E-mail: [email protected]
Paulo Gregório Nascimento da Silva é graduado em Psicologia pela Universidade Federal do Piauí (2014) e inte-
grante do Laboratório de Avaliação Psicológica do Delta (LABAP-D). Tem interesse em construção e validade de
testes, escalas e outras medidas psicológicas.
E-mail: [email protected]
Bruna de Jesus Lopes é formada em Psicologia pela Universidade Federal do Piauí – UFPI e, atualmente, é mes-
tranda em Psicologia Social pela Universidade Federal da Paraíba.
E-mail: [email protected]
Paloma Cavalcante Bezerra de Medeiros é graduada em Psicologia nas habilitações licenciatura e formação de Psi-
cólogo pela Universidade Federal da Paraíba (UFPB), mestre em Psicologia Social pelo programa de Pós-Graduação
em Psicologia Social da UFPB, atualmente, é doutoranda nesse mesmo programa e professora assistente do Depar-
tamento de Psicologia da Universidade Federal do Piauí. Sua principal experiência é na área de Neurociência Social.
E-mail: [email protected]
Élido Santiago da Silva é mestre em Administração pelo PPGA/UFRN (2010) e graduado em Pedagogia pela Uni-
versidade do Estado do Pará (2003). Tem experiência nas áreas de Educação, com ênfase em gestão educacional, e de
Administração, com ênfase em Gestão de Recursos Humanos. Atualmente é professor assistente I da Universidade
Federal do Piauí.
E-mail: [email protected]