Tese Versão Final - PDF Final
Tese Versão Final - PDF Final
Tese Versão Final - PDF Final
Universidade do Algarve
Departamento de Ciências Biomédicas e Medicina
2019
Simone Stephanie Fortes da Graça
Mestrado em Oncobiologia–
Universidade do Algarve
Departamento de Ciências Biomédicas e Medicina
2019
i
Efeito de diferentes terapêuticas citotóxicas na expressão do CD133, Wnt/β-catenina
no cancro do colo do útero.
Declaro ser a autora deste trabalho, que é original e inédito. Autores e trabalhos consultados
estão devidamente citados no texto e constam da listagem de referências
incluída.__________________________________________________________________
Simone Graça
ii
Copyright Simone Stephanie Fortes da Graça
iii
“If you can't fly then run, if you can't run then walk, if you can't walk then crawl, but
whatever you do you have to keep moving forward.”
Martin Luther King Jr.
iv
v
Agradecimentos
Gostaria de agradecer a todos que me ajudaram a concluir mais esta etapa. Sem a vossa ajuda
nada disto seria possível.
À professora Doutora Maria Filomena Botelho (Instituto de Investigação Clínica e Biomédica
de Coimbra, Faculdade de Medicina da Universidade de Coimbra), orientadora desta
dissertação, pela oportunidade de trabalhar no seu grupo (Biofísica), pela partilha de
conhecimentos científicos e pela disponibilidade.
À professora Doutora Bibiana Ferreira (Centro de Investigação Biomédica, Departamento de
Ciências Biomédicas e Medicina, Universidade do Algarve), co-orientadora desta dissertação,
pela confiança, pelo apoio e pela partilha de conhecimentos científicos.
À Doutora Salomé Pires (Instituto de Investigação Clínica e Biomédica de Coimbra, Faculdade
de Medicina da Universidade de Coimbra), pelo apoio durante esta dissertação, pela partilha de
conhecimentos científicos, por estar sempre disposta a ajudar e pelo carinho em todos os
momentos.
Ao Doutor Paulo Matafome e ao mestre Tiago Rodrigues (Instituto de Investigação Clínica e
Biomédica de Coimbra, Faculdade de Medicina da Universidade de Coimbra), pela ajuda na
realização do ensaio western blot e por me receberem de braços abertos no vosso grupo
(Fisiologia).
À Doutora Ana Cristina Gonçalves (Instituto de Investigação Clínica e Biomédica de Coimbra,
Faculdade de Medicina da Universidade de Coimbra), pela ajuda na realização da citometria de
fluxo.
Ao Serviço Farmacêutico do Centro Hospitalar e Universitário de Coimbra por ceder o fármaco
utilizado durante este trabalho.
Ao Serviço de Radiologia do Centro Hospitalar e Universitário de Coimbra, pela simpatia e
pela cedência do espaço e equipamento utilizado nesta dissertação.
Aos mestres Ricardo Teixo, Rita Neves, Inês Marques e Beatriz Serambeque, pela ajuda
incansável na realização das tarefas, análise de resultados mesmo implicando um acréscimo de
trabalho, pela simpatia, pelas críticas que me ajudaram a crescer durante este tempo. Muito
obrigada!!
Às licenciadas Catarina Ferreira, Isabel Meireles, Rosana Martins e à mestre Catarina
Guilherme pela boa disposição, pela companhia, por partilharem momentos de estresse, pelo
incentivo e por todas as vezes em que soubemos ver o lado bom no meio as adversidades.
Às Doutoras Ericka Costa e Leisa Aguiar (Universidade de Campinas, Brasil) pela ajuda na
realização deste trabalho, orientação, partilha de conhecimentos e pelas críticas construtivas.
Um especial agradecimento à Ericka, pela companhia incansável, pela amizade, pelos
momentos de alegria e de choros vividos durante este percurso. De todo o meu coração desejo
que esta amizade prevaleça além-fronteiras.
Ao Paulo Teixeira, pela disponibilidade, pensamento positivo e pela ajuda na
imunocitoquimica.
Ao mestre André Salvada, pela ajuda, disponibilidade, pensamento positivo e pelos
conhecimentos partilhados ao longo deste trabalho.
vi
À Adriana Duarte, pela companhia na realização deste trabalho. Foram muitos os momentos
bons partilhados até aqui, mas como todo o caminho, nenhuma conquista se faz sem obstáculos.
Muito obrigada pelo apoio, espírito de equipa e principalmente pela amizade.
Ao turno 3, meus colegas de mestrado, Juliana Machado, Rute Salvador, Cátia Neto, André
Mestre pela amizade, por me fazerem sentir em casa em um ambiente que para mim era
completamente estranho, pelas palavras de apoio, pelos abraços nos momentos em que a
saudade de casa apertava, por todos os bons e maus momentos partilhados ao longo do nosso
percurso académico. Levo-vos pra vida!
Aos Doutores Fernando Mendes e António Gabriel, pela oportunidade, por cada palavra de
apoio e por sempre terem acreditado em mim.
Aos meus grandes professores, Benízia Timas, Carlos Sanches e Gilson Lopes, por todos os
conhecimentos que me serviram como base para chegar até aqui e por todo o carinho.
À Rosana Brandão, Irina Rocha e Christy Rocha por se fazerem presentes nos momentos mais
difíceis e importantes da minha vida cá em Coimbra. Pelo acolhimento, pelo carinho, pelos
conselhos, pelas pequenas brigas e pela amizade que até hoje mantemos mesmo estando longe.
Às minhas colegas de casa, Larissa Costa, Andrea Delgado e Benvinda Lima, só nós sabemos
o quão difícil é estar longe de casa e dos nossos em busca dos nossos sonhos. Sabemos melhor
ainda quão boa é a sensação de conseguir adaptar, criar raízes e construir amizades que temos
orgulho de chamar de família. Vocês agora também fazem parte da minha! Sem a vossa boa
disposição, companheirismo, amizade, brincadeiras, seria sem dúvida mais difícil e doloroso.
Um sincero e profundo especial obrigada à Benny, não só pela ajuda nesta dissertação, mas
também por se fazer sempre presente. “Agora vai!!”
À Elna Fernandes, Sara Santos, Cristy Medina, Ava Cardoso, Luis Andrade, Marco Monteiro
e Zé Maocha pela amizade de longa data e por todas as histórias vividas até aqui.
À tia Andreza, tia Leninha, muito obrigada por todo o carinho e por vibrarem comigo em todas
as conquistas.
À minha prima Vitália, por ter sido a minha companheira de toda a vida e por compartilhar
todos os momentos comigo.
Aos meus irmãos, Èzio Graça e Cleuder Graça pela proteção, por todo o amor, carinho e pelos
momentos em que também fizeram o papel de “pai” na minha vida. À Sheila, por me fazer
sentir que ser irmã é muito mais do que partilhar o mesmo sangue ou os mesmos pais.
Aos meus pais, a quem dedico todo o meu percurso. Palavras sempre serão insuficientes para
expressar a tamanha gratidão e amor que tenho por vós. Muito obrigada, por todo o sacrifício,
pelo carinho, pelos valores transmitidos e amor. Esta luta também é vossa. Amo-vos.
Ao saudoso poeta Eugénio Tavares, hoje mais do que nunca compreendo o sentido da frase: “Si
ka badu ka ta biradu”.
A Deus, por tudo.
vii
Resumo
viii
ix
Abstract
Cervical cancer is the fourth most common cancer worldwide. Its incidence and
mortality vary according to the country's development index being more common in
developing countries. Conventional treatments (chemotherapy and radiotherapy) are
associated with high toxicity and resistance. It is postulated that the cancer stem cells as well
the pathways responsible for their maintenance and proliferation are involved in these
resistance mechanisms. CD133 and the pathway Wnt/ β-catenin are associated with these
resistances in some studies.
The objective of these thesis was to analyse the expression of Wnt, β-catenin, LRP6,
pLRP6, Naked1 and Axin1 after cisplatin and radiotherapy exposure in the attempt to
understand, if these proteins could be used as therapy targets in this cancer type. After
determining the mean inhibitory concentration (IC50) and the median lethal dose (LD50),
concentrations and doses above and below these values were used, namely, concentrations
corresponding to IC80, IC50 and IC20 and doses of 10 Gy, LD50 and 2 Gy. We analysed cell
death, cell cycle, reactive oxygen species, reduced glutathione and the expression levels of
CD133, Wnt, β-catenina, LRP6, pLRP6, Naked1 and Axin1.
After the treatment with cisplatin, we observed an increase in pLRP6 and a decrease
in Naked1 and Axin1 expression, which can lead to nuclear localization of β-catenin and
transcription of target genes. After radiotherapy we observed that increased β-catenin
expression could be associated with low cellular death. On the other hand, low CD133
expression could be associated with increased cell death. These results suggest that these
proteins are important in response to treatment and that minimizing toxicity will be possible in
patients with this neoplasia.
Keywords: Cervical cancer, cancer stem cells, cisplatin, radiotherapy, CD133, Wnt/β-catenin.
x
xi
Índice
Agradecimentos ......................................................................................................................... vi
Resumo .................................................................................................................................... viii
Abstract ...................................................................................................................................... x
Índice de figuras ...................................................................................................................... xiv
Índice de tabelas ...................................................................................................................... xvi
Lista de Siglas e Abreviaturas ................................................................................................ xvii
1-Introdução ............................................................................................................................... 1
1.1-Epidemiologia do cancro do colo do útero....................................................................... 1
1.2-Cancro do colo do útero .................................................................................................. 5
1.2.1- Papiloma vírus humano ............................................................................................ 6
1.2.2-Prevenção e rastreio ................................................................................................... 9
1.2.3-Tratamento ............................................................................................................... 10
1.3-Cisplatina........................................................................................................................ 11
1.3.1-Toxicidade ............................................................................................................... 12
1.3.2-Resposta celular à cisplatina .................................................................................... 14
1.4-Radioterapia ................................................................................................................... 15
1.4.1-Radioterapia e morte celular .................................................................................... 19
1.4.2-Radioterapia e cancro do colo do útero ................................................................... 20
1.5-Células estaminais do cancro ......................................................................................... 21
1.6-Hipótese .......................................................................................................................... 27
1.7-Objetivos ........................................................................................................................ 27
2-Materiais e métodos .............................................................................................................. 28
2.1-Cultura celular ................................................................................................................ 28
2.2-Ensaios de sobrevivência, proliferação e viabilidade celular ......................................... 29
2.2.1- Determinação das concentrações inibitórias de cisplatina ..................................... 29
2.2-Avaliação dos efeitos da terapêutica com raios-X...................................................... 30
2.3-Avaliação dos efeitos da quimioterapia e da radioterapia na linha celular HeLa .......... 33
2.3.1-Avaliação da viabilidade celular e do tipo de morte ............................................... 34
2.3.2-Avaliação do ciclo celular ....................................................................................... 36
2.3.3-Avaliação das espécies reativas de oxigénio e defesas antioxidantes ..................... 36
2.3.4- Determinação da expressão das proteínas .............................................................. 38
2.4-Análise estatistica ....................................................................................................... 42
3-Resultados ............................................................................................................................. 42
3.1-Efeitos da cisplatina na linha celular HeLa .................................................................... 43
xii
3.1.1-Proliferação celular .................................................................................................. 43
3.1.2- Viabilidade e morte celulares ................................................................................. 44
3.1.3-Ciclo celular ............................................................................................................. 46
3.1.4- Stresse oxidativo e espécies reativas de oxigénio .................................................. 47
3.1.5-Avaliação da expressão das proteínas (CD133, Wnt, β-catenina, LRP6, pLRP6,
Naked1 e Axin1) após a exposição à cisplatina. ............................................................... 51
3.2-Efeitos da radiação ionizante na linha celular HeLa ...................................................... 59
3.2.1-Sobrevivência celular .............................................................................................. 59
3.2.2- Viabilidade e morte celular ..................................................................................... 60
3.2.3- Stresse oxidativo e espécies reativas de oxigénio .................................................. 62
3.2.4-Avaliação da expressão das proteínas (CD133, Wnt, β-catenina, LRP6, pLRP6,
Naked1 e Axin1) após a exposição à cisplatina. ............................................................... 64
4-Discussão .............................................................................................................................. 71
5-Conclusão .............................................................................................................................. 85
6- Perspetivas futuras ............................................................................................................... 87
7-Referências bibliográficas ..................................................................................................... 88
8- Anexos ............................................................................................................................... 101
Anexo I ............................................................................................................................... 101
xiii
Índice de figuras
xv
Índice de tabelas
Tabela 1. 1: Mortalidade provocada pelo cancro do colo do útero de 2010 a 2015 em Portugal.
Adaptado de: Programa Nacional para as Doenças Oncológicas. Direção Geral da Saúde. 2017 (15). . 4
Tabela 2. 1: Doses administradas em unidades de monitor (UM, do inglês monitor units, 1 MU=0,022
Gy), com a gantry posicionada a 270º e a 90º. ..................................................................................... 30
Tabela 2. 2: Número de células por cada condição. ............................................................................. 32
Tabela 2. 3: Anticorpos primários e condições utilizadas no protocolo. .............................................. 39
Tabela 3. 1: Determinação dos valores IC20, IC50 e IC80 para os diferentes tempos de exposição à
cisplatina e respetivos valores de R2. .................................................................................................... 44
Tabela 3. 2: Determinação do IC50 na linha HeLa 48 horas após o tratamento com cisplatina e com
cisplatina associada a manitol (40 mM) e respetivos valores de R2. ..................................................... 51
Tabela 3. 3: Resultados obtidos com recurso ao modelo linear quadrático para, α, β, α/β, DL50 e o fator
de sobrevivência com a dose de a 2Gy (Fs(2)) e respetivo R2 associado. ............................................. 59
xvi
Lista de Siglas e Abreviaturas
A DMSO: dimetilsulfóxido
ABC: ATP binding cassette Dvl: Dishevelled
ALDH: aldeído desidrogenase E
AI: apoptose inicial E: early protein
G
D
GDP: guanosina difosfato
DCF: diclorofluoresceina
GLUT: glucose transporter
DCFH: diclorodihidrofluoresceina
GPx: GSH peroxidase
DSB: double- strand break
GSH: glutationa reduzida
DCFH2-DA: 2’,7’-
GSK: glicogénio sintase
diclorodihidrofluoresceínadiacetato
GSK3β: glicogénio sintase quinase 3β
DHE: dihidroetidina
GSSG: dissulfeto de glutationa
DL50: dose letal média
GTP: guanosina trifosfato
DMEM: dulbecco`s modified eagle médium
xvii
H NANOG: homeobox protein NANOG
HDAC6: histona desacetilase 6 N: necrose
HIF: Hypoxia-Inducible Factor NOX3: nicotinamide adenine
HIV: Human Immunodeficiency Virus dinucleotide phosphate oxidase 3
HPV: human papiloma virus O
HSIL: Lesão intraepitelial de alto grau OCT: organic cation transporter
H2O2: peróxido de hidrogénio OCT4: octamer-binding transcription
factor 4
IBM SPSS: Statistical Package for Social OMS: Organização Mundial de Saúde
Sciences O2 •−: anião superóxido
IC: inhibitory concentration
P
J PCP: Planar Cell Polarity pathway
K PCR: polymerase chain reaction
L PE: plate efficiency
L-late protein PET: positron emission tomography
LET: linear energy transfer PI3K: Phosphatidylinositol 3-kinases
LQ: linear quadrático PKC: protein kinase C
LRP: Low density lipoprotein receptor- PLCβ: phospholipase C-β
related protein
P16: proteina 16
LSIL: Lesão intraepitelial de baixo grau P53: proteína p53
pRB: proteína retinoblastoma
M
PVDF: polyvynilidine fluoride
M: metástases à distância
Q
MIF: media de intensidade de
R
fluorescência
RAC: Ras-related C3 botulinum toxin
mTOR: mammalian target of rapamycin substrate
MTT:3-(4,5-dimethylthiazol-2-yl)-2,5- R.A. Açores: Região autónoma dos Açores
diphenyltetrazolium bromide R.A.Madeira: Região Autónoma da
Mrps -multidrug resistance proteins Madeira.
N Rho: Ras homolog gene family member
N: envolvimento dos gânglios linfáticos RTK: receptor tirosina quinase
xviii
S U
SDS: sodium dodecyl sulfate UM: monitor units
SF: surviving factor
SNP: sistema nervoso periférico V
SOD: superóxido dismutase V: células viáveis
SSB: single strand break VIA: visual inspection with acetic acid
SRB: sulforodamina B
X
T Y
T: extensão do tumor primário Z
TCF/LEF: T-cell factor/lymphoid γ-GT: gama-glutamiltranspeptidase
enhancer factor
TEMED: tetrametiletilenodiamina
2vHPV: vacina bivalente contra o HPV
TUNEL: deoxynucleotidyl transferase-
4vHPV: vacina quadrivalente contra o
mediated dUTP nick end labeling
HPV
9vHPV: vacina nonavalente contra o HPV
xix
Efeito de diferentes terapêuticas citotóxicas na expressão do CD133, Wnt/β-catenina no cancro do colo do
útero.
1-Introdução
1
Efeito de diferentes terapêuticas citotóxicas na expressão do CD133, Wnt/β-catenina no cancro do colo do
útero.
2
Efeito de diferentes terapêuticas citotóxicas na expressão do CD133, Wnt/β-catenina no cancro do colo do
útero.
3
Efeito de diferentes terapêuticas citotóxicas na expressão do CD133, Wnt/β-catenina no cancro do colo do
útero.
Nos Estados Unidos, 12 000 mulheres são diagnosticadas por ano com cancro do colo
do útero. Em termos de saúde pública, cerca de 7% de mulheres com a idade compreendida
entre os 21 e os 65 anos nunca realizaram o teste de Papanicolau (14).
Em 2010, em Portugal a taxa de incidência do cancro do colo do útero foi de 13,5%
para cada 100 000 habitantes. Entre 2011 e 2015 verificou-se uma diminuição do número de
óbitos (Tabela 1.1), observando-se para o mesmo período um aumento na adesão aos
programas de rastreio (Figura 1.3). A mortalidade variou entre diferentes regiões de Portugal
verificando-se os maiores valores na região autónoma dos Açores e na área metropolitana de
Lisboa (Figura 1.4) (15,16).
Tabela 1. 1: Mortalidade provocada pelo cancro do colo do útero de 2010 a 2015 em Portugal.
Adaptado de: Programa Nacional para as Doenças Oncológicas. Direção Geral da Saúde. 2017
(15).
4
Efeito de diferentes terapêuticas citotóxicas na expressão do CD133, Wnt/β-catenina no cancro do colo do
útero.
Figura 1.4: Taxa de mortalidade provocada pelo cancro do colo do útero por cada 100 000
habitantes em diferentes regiões de Portugal. Maior taxa de mortalidade na Região autónoma dos
Açores (R.A. Açores) seguido da Área Metropolitana de Lisboa (A.M.Lisboa). Menor taxa de
mortalidade na R.A.Madeira; R.A.Madeira: Região Autónoma da Madeira. Adaptado de: Programa
Nacional para as Doenças Oncológicas. Direção Geral da Saúde. 2017 (15).
5
Efeito de diferentes terapêuticas citotóxicas na expressão do CD133, Wnt/β-catenina no cancro do colo do
útero.
persistentes de alto risco pelo vírus HPV, grande número de parceiros sexuais,
imunossupressão, co-infeção com o vírus da imunodeficiência humana (HIV, do inglês
Human Immunodeficiency Virus) e hábitos tabágicos (17).
O estadiamento do tumor é realizado de acordo com a Federação Internacional de
Ginecologia e Obstetrícia (FIGO, do inglês International Federation of Gynecology and
Obstetrics) (anexo I) juntamente com a classificação TNM na qual T corresponde à extensão
do tumor primário, N ao envolvimento dos gânglios linfáticos e M às metástases à distância.
As dimensões do tumor, o envolvimento vaginal ou parametrial, a extensão para o reto ou
para a bexiga e a metastização à distância são igualmente fatores importantes para o
estadiamento (13).
A palpação, a colposcopia, a curetagem endocervical, a histeroscopia, a cistoscopia e
a proctoscopia são exames que auxiliam no estadiamento. A radiologia, a urografia
intravenosa e outros estudos de imagem como a tomografia computorizada, a ressonância
magnética e a tomografia por emissão de positrões (PET, do inglês positron emission
tomography) ajudam no diagnóstico e no estadiamento do tumor. Para além disso, estes
estudos de imagem ajudam a selecionar a melhor abordagem terapêutica entre a cirurgia, a
quimioterapia ou a radioterapia (9,11,13). A confirmação histológica também é
indispensável (11).
A análise das dimensões, da profundidade da invasão tumoral, do estádio, da invasão
dos gânglios linfáticos e do tipo histológico constituem fatores importantes para o
prognóstico da doença, sendo os mais importantes a invasão e o número de gânglios
linfáticos envolvidos (13).
Neste tumor, os locais mais comuns de metastização à distância são os gânglios
linfáticos do mediastino, o pulmão, a cavidade peritoneal e o osso (11).
A morte provocada por este cancro está relacionada com a persistência ou com a
recorrência em estádios localmente avançados (18). A disseminação local provoca a
obstrução uretral e dor (19). A sobrevida livre de doença aos 5 anos é de 50 a 70% para os
estádios IB2 e IIB, 30–50% para o estágio III e 5–15% para o estágio IV (9).
através dos recetores de superfície como o sulfato de heparano e a alfa 6 integrina (20,21).
De acordo com a análise da sequência do DNA existem mais de cem tipos deste vírus,
estando cada tipo associado a infeções em diferentes epitélios (22). Cerca de um terço
infetam as células epiteliais do trato genital, e provocam infeções de baixo risco ou de alto
risco. As infeções de alto risco estão associadas com o desenvolvimento de cancro anogenital
enquanto que as de baixo risco estão associadas a alterações benignas. Os sub-tipos de HPV
associados a infeção de alto risco são o 16, o 18, o 31, o 33 e o 45 e os de baixo risco são o 6
e o 11 (17).
Geralmente esta infeção é adquirida após o contato sexual, sendo normalmente
assintomática e com resolução em 90% dos casos em 2 anos após o estabelecimento da
infeção. Em alguns casos pode resultar no aparecimento de verrugas ou de cancro (Figura
1.5) (6,7,23). Esta infeção correlaciona-se com o cancro do colo do útero, da vagina, da
vulva, da cabeça e pescoço, do ânus e do pénis. Está associado a mais de 90% dos cancros
anais e cervicais, 70% dos cancros vaginais, da vulva e da orofaringe e mais de 60% dos
casos de cancro do pénis (21). A infeção persistente por este vírus está relacionada com o
aparecimento do cancro do colo do útero como o carcinoma escamoso e adenocarcinoma
(forma menos comum), sendo que em 99% dos casos se deteta a presença do HPV 16 e/ou
do HPV 18 (13,17). O carcinoma escamoso e as suas lesões precursoras estão
maioritariamente associados ao HPV 16, enquanto que o adenocarcinoma do colo do útero
está etiologicamente associado ao HPV do tipo 18 (13).
Figura 1. 5: Evolução da infeção nas células do epitélio escamoso provocada pelo papiloma
vírus humano (HPV). A maioria das infeções provocadas pelo HPV são transientes e tendem a ser
eliminadas pelo sistema imune até dois anos após o estabelecimento da infeção (seta verde). Quando
não é eliminada, a infeção poderá levar ao estabelecimento de lesão intraepitelial de baixo grau
(LSIL) podendo progredir para lesão intraepitelial de alto grau (HSIL) ou até chegar ao carcinoma
invasivo (seta vermelha). Adaptado de: Shanmugasundaram S, You J (23).
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Efeito de diferentes terapêuticas citotóxicas na expressão do CD133, Wnt/β-catenina no cancro do colo do
útero.
A infeção por este vírus induz a expressão de seis proteínas precoces (E, do inglês
early protein) não estruturais regulatórias (E1, E2, E4, E5, E6, E7) e duas proteínas tardias
(L, do inglês late protein) estruturais da cápside (L1 e L2) (20). As proteínas E1 e E2 são
necessárias para a replicação e tradução viral. A proteína E2 atua como repressor da E6 e da
E7 e controla a sua expressão enquanto a E4 e a E5 ajudam no crescimento viral e as proteínas
L1 e L2 formam a cápside (20,21). Após a integração do vírus no genoma humano ocorre a
desregulação da proteína E2 que, por sua vez, determina o aumento da expressão das
proteínas E6 e E7 (21).
O efeito carcinogénico do HPV deve-se à expressão das oncoproteínas E6 e E7, que
inativam os genes supressores tumorais, TP53 e RB1, o que provoca um crescimento celular
exacerbado e um aumento da expressão da proteína 16 (P16) (24). As oncoproteínas virais,
E6 e E7 ligam-se à proteína P53 (proteína p53) e pRB (proteína retinoblastoma) /P21
(proteína p21) respetivamente. O E6 ao ligar-se à P53 promove a sua degradação através da
formação de um complexo com a P53 e a enzima de ubiquitinização E6-AP (do inglês, E6
associated protein) resultando na transferência da ubiquitina da E6-AP para a proteína P53.
Desta forma, a P53 fica marcada para a degradação no proteossoma. Além de inibir a ação
da P53, a E6 inibe também a ação da BAK/BAX (BAK, do inglês Bcl-2 agonist killer e BAX,
do inglês Bcl-2 associated protein) inibindo, desta forma, a apoptose e induzindo a
instabilidade cromossomal. A E7 ao se ligar a pRB e à P21 promove a transcrição de fatores
importantes na progressão do ciclo celular. A ligação da E7 à proteína pRB inibe a interação
entre a pRB e a E2F (do inglês, E2 transcription factor) o que leva à ativação de genes
responsáveis pela proliferação celular. Desta forma as células malignas têm a capacidade de
ultrapassar a fase G1 como se pode verificar na figura 1.6 (25–27).
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Efeito de diferentes terapêuticas citotóxicas na expressão do CD133, Wnt/β-catenina no cancro do colo do
útero.
Figura 1.6: Efeito cancerígeno do HPV. A E6 (proteína precoce da região 6) promove a ligação da
ubiquitina ligase E6-AP (do inglês E6 associated protein) que transfere ubiquitnas para a proteína p53,
sendo posteriormente degradada no proteossoma. A proteína E7 (proteína precoce da região 7) ao se
ligar à proteína do retinoblatoma (pRB) impede a interação do pRB com o factor de transcrição E2F (do
inglês, E2 transcription factor). Desta forma ocorre a transcrição do E2F que irá atuar sobre genes que
permitirão a transição da fase G1 para a fase S do ciclo celular. Adaptado de: Yim E and Park J (26).
1.2.2-Prevenção e rastreio
A prevenção primária, ou seja, a vacinação contra o vírus do HPV, é responsável por
prevenir cerca de 70% do cancro cervical. Outra estratégia importante é o rastreio que
permite identificar lesões precursoras do cancro do colo do útero (14).
Os programas de rastreio têm por objetivo detetar a doença em estádios ainda
precoces, assintomáticos, em populações aparentemente saudáveis, de forma a minimizar a
mortalidade (28,29). Estas estratégias são promissoras para o combate desta neoplasia
porém, os programas de rastreio carecem de uma estrutura que se adeque às necessidades e
recursos humanos capacitados. Por outro lado, o programa de vacinação envolve elevados
custos principalmente para países em desenvolvimento (30). O sucesso ainda está
dependente de um programa que promova a igualdade e a qualidade no acesso aos serviços
de saúde (28).
De acordo com a OMS, os métodos de rastreio comummente utilizados são a citologia
(teste de Papanicolau), o teste para o HPV, a inspeção visual com recurso ao ácido acético
(VIA, do inglês visual inspection with acetic acid) (31).
Atualmente estão disponíveis e aprovadas três vacinas contra o HPV: a vacina
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Efeito de diferentes terapêuticas citotóxicas na expressão do CD133, Wnt/β-catenina no cancro do colo do
útero.
1.2.3-Tratamento
As opções de tratamento variam desde a cirurgia, a quimioterapia, a radioterapia ou
a combinação destas diferentes abordagens (13). A cirurgia é uma opção terapêutica utilizada
em estádios precoces podendo variar desde a conização, a traquelectomia ou a histerectomia
dependendo do estádio do tumor e da vontade da doente de continuar fértil (13). Em doentes
em estádio precoce (IA-IB) o tratamento consiste em histerectomia radical, disseção dos
gânglios linfáticos e/ou radioterapia com ou sem quimioterapia. Já em doentes com cancro do
colo do útero localmente avançado o tratamento inclui a radioterapia externa em combinação
com a cisplatina e a braquiterapia (19).
Na quimioterapia, o tratamento standard é a cisplatina, administrada na concentração
de 40mg/m2 (34,35). Nas doentes em estádios avançados, com metastização à distância, ou
quando deixam de ser sensíveis ao tratamento com a cisplatina, a combinação com outros
quimioterapêuticos constitui uma opção. Nestas circunstâncias, a associação do
bevacizumab com a cisplatina/paclitaxel ou a associação do bevacizumab com o
topotecan/paclitaxel são opções possíveis (36).
Outros fármacos também utilizados no tratamento desta neoplasia são a carboplatina e o
pembrolizumab (37).
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Efeito de diferentes terapêuticas citotóxicas na expressão do CD133, Wnt/β-catenina no cancro do colo do
útero.
1.3-Cisplatina
A cisplatina foi descoberta por Michele Peyrone em 1844. Após ser aprovada pela
FDA (do inglês, Food and Drug Admnistration) em 1978, tem sido utilizada no tratamento
de diversas neoplasias como o cancro da cabeça e pescoço, do pulmão, do ovário e cancro
do colo do útero (34,38–41).
A cisplatina é um agente alquilante, constituído por um átomo de platina, ligado a
duas amidas e a dois cloretos. Após administração intravenosa em solução salina
rapidamente se difunde pelos tecidos e cerca de 90% liga-se as proteínas no plasma o que
inativa grande parte deste fármaco. Após entrar na célula por difusão passiva ou por difusão
facilitada, no citoplasma (baixa concentração de cloreto) uma ou duas moléculas de cloreto
são substituídas por moléculas de água tornando-se biologicamente ativa (Figura 1.7). Na
sua forma ativa, tem a capacidade de se ligar a proteínas como o RNA ou o DNA,
fosfolípidos da membrana, filamentos do citoesqueleto e glutationa reduzida (GSH).
Posteriormente, é excretada pela via biliar, intestinal e renal (42–44).
Apenas 1% da cisplatina intracelular tem a capacidade de se ligar ao DNA. A sua
ligação ao DNA dá-se de forma covalente formando aductos entre as purinas, localizadas na
mesma cadeia ou em cadeias diferentes, o que impede desta forma a transcrição e a síntese
de DNA. Também se consegue ligar a duas guaninas adjacentes (65%), a uma adenina e a
uma guanina (25%) ou a duas guaninas separadas por uma ou mais bases (10%) (42,43). Ao
detetar a formação de aductos, a célula ativa uma cascata de transdução de sinal a fim de
reparar os danos no DNA, levando desta forma ao bloqueio no ciclo celular que tanto poderá
ocorrer na fase S, na fase G1 ou na fase G2 e quando não é possível reparar ocorre a indução
da morte celular (45–47).
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Efeito de diferentes terapêuticas citotóxicas na expressão do CD133, Wnt/β-catenina no cancro do colo do
útero.
1.3.1-Toxicidade
A cisplatina é um dos agentes quimioterapêuticos mais usados no tratamento de
neoplasias em tumores sólidos. A formação de aductos causa citotoxicidade não só nas
células tumorais como nas células normais em divisão. Possui um efeito nefrotóxico,
ototóxico, neurotóxico, elevado efeito emetogénico, além de ser necessário uma hidratação
constante (44,47–49). Estes efeitos colaterais limitam a qualidade de vida dos doentes,
podendo levar à redução da concentração ou mesmo à descontinuação do tratamento (50).
Apesar de atuar nas células em divisão, as células quiescentes do túbulo contornado proximal
renal sofrem grandes danos com o uso deste fármaco. Após uma única administração cerca
de 25% a 35% das doentes tratadas com cisplatina têm uma diminuição da função renal (51).
A nefrotoxicidade da cisplatina deve-se a dois fatores principais: a acumulação da cisplatina
a nível renal e ao sistema de transporte tubular renal (51). A cisplatina é maioritariamente
excretada por via renal porém, é também no rim que se acumula uma grande parte deste
fármaco. Nas células do túbulo contornado proximal renal a concentração de cisplatina é
cinco vezes maior do que no soro. A citotoxicidade renal é dose-dependente limitando o
aumento da concentração durante o tratamento (51).
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Efeito de diferentes terapêuticas citotóxicas na expressão do CD133, Wnt/β-catenina no cancro do colo do
útero.
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Efeito de diferentes terapêuticas citotóxicas na expressão do CD133, Wnt/β-catenina no cancro do colo do
útero.
referenciada em 50% dos doentes tratados com este fármaco. A neuropatia periférica resulta
de danos no sistema nervoso periférico (SNP), impedindo ou diminuindo a correta
comunicação entre o SNP e o sistema nervoso central (60,61). A neurotoxicidade induzida
pela cisplatina pode resultar de diversos tipos de efeitos, como a morte neuronal por
apoptose, a ligação ao DNA mitocondrial, a inibição da síntese e da transcrição de proteínas
mitocondriais, a redução da função mitocondrial ou ainda por aumento da expressão da
ciclina D1 (62–64).
Devido a estas toxicidades houve a necessidade de desenvolver fármacos que também
fossem eficazes, mas com menor toxicidade. A carboplatina é um análogo da cisplatina que
possui menor toxicidade e que também é utilizada no tratamento do cancro do colo do útero
(37,65).
1.4-Radioterapia
A radioterapia é uma terapia altamente utilizada no tratamento do cancro, estimando-se
que 50% dos doentes precisarão desta abordagem terapêutica durante a evolução da doença.
Esta percentagem poderá variar com o estádio da doença, tipo de tumor maligno e o perfil da
população. É utilizada com intenção de cura ou como terapêutica paliativa, podendo ser
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Efeito de diferentes terapêuticas citotóxicas na expressão do CD133, Wnt/β-catenina no cancro do colo do
útero.
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Efeito de diferentes terapêuticas citotóxicas na expressão do CD133, Wnt/β-catenina no cancro do colo do
útero.
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Efeito de diferentes terapêuticas citotóxicas na expressão do CD133, Wnt/β-catenina no cancro do colo do
útero.
hidroxilo e peróxido de hidrogénio. Estas espécies radicalares têm a capacidade de reagir com
moléculas na célula, principalmente com o DNA, alterando a sua estrutura (88).
Os danos nas duas cadeias do DNA são mais difíceis de serem reparados do que os
danos numa única cadeia. As células respondem aos danos no DNA através da ativação de
checkpoints do ciclo celular na fase G1/S ou G2/M. A fase do ciclo celular em que a célula se
encontra está relacionada com a radiossensibilidade uma vez que na fase G2/M a célula é mais
sensível à radiação enquanto que as células que estão na fase S são mais resistentes (67,88).
Esses checkpoints permitem que a célula pare em determinada parte do ciclo a fim de tentar
corrigir o erro. Caso não seja possível corrigi-lo, a célula acaba por morrer, frequentemente,
por apoptose (67,90).
A expressão da proteína P53 é muito importante na resposta celular a radioterapia. A
ativação da proteína P53 inicia várias respostas celulares como a senescência, a apoptose, a
paragem no ciclo celular e a reparação do DNA (93). As células que escapam à apoptose, após
danos irreparáveis do DNA, sofrem catástrofe mitótica ou então ficam paradas no ciclo. A
paragem no ciclo celular dependente da P53 e dá-se através da ativação da P21 impedindo,
desta forma, a célula de entrar na fase S (93,94).
Devido à diferente sensibilidade das células à radioterapia, desenvolveram-se modelos
para explicar as diferenças na sobrevivência após a exposição a este tratamento (88). Quando
uma célula sobrevive ao tratamento e esta mesma célula isolada tem a capacidade de formar
colónias, diz-se que esta célula conseguiu manter a sua capacidade proliferativa ou capacidade
clonogénica (77). A avaliação da capacidade clonogénica, através do ensaio clonogénico,
permite obter informações sobre a radiossensibilidade celular (67).
O modelo mais utilizado na clínica é o modelo linear quadrático (LQ). Este modelo
assume que para ocorrer a morte celular a célula deve possuir mais do que um alvo que devem
ser atingidos, num curto período de tempo, a fim de não ocorrer a reparação (77).
O modelo LQ possui duas componentes, a componente linear α e a componente
quadrática β. A relação α/β traduz a dose em que a componente linear e a componente
quadrática contribuem da mesma forma para a sobrevivência. Valores baixos de α/β (1-5)
indicam que a célula é radiorresistente ou responde tardiamente à radiação enquanto valores
elevados de α/β (6-12) indicam que a célula é radiossensível ou responde precocemente (77).
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Efeito de diferentes terapêuticas citotóxicas na expressão do CD133, Wnt/β-catenina no cancro do colo do
útero.
A radioterapia atua a nível celular de forma direta ou indireta. Nos efeitos indiretos
ocorre a formação de radicais livres, fundamentalmente, através da radiólise da água (88). As
espécies reativas de oxigénio formadas são por exemplo: o anião superóxido (O2•−), o radical
hidroxilo (OH•) e o peróxido de hidrogénio (H2O2) (97).
As espécies reativas de oxigénio são importantes em funções biológicas como a fagocitose,
produção de energia, regulação do crescimento celular e ainda atuam como segundos
mensageiros (97,98). Porém em excesso são prejudiciais podendo provocar danos no DNA,
RNA, proteínas e peroxidação dos lípidos (98). O excesso de radicais livre é combatido pelas
defesas antioxidantes endógenas ou adquiridos na dieta (98). Esses antioxidantes podem ser a
superóxido dismutase (SOD), a catalase e a GSH (97).
As ERO estão envolvidas na proliferação celular, na sinalização e na metastização das
células cancerígenas, sendo por isso consideradas oncogénicas. Por outro lado, a radioterapia,
quimioterapia e terapia fotodinâmica promovem a formação de espécies reativas de oxigénio o
que provocará a morte celular (99).
Sabe-se que a maioria dos tecidos humanos, possuem células estaminais. Num tecido
normal a célula tem uma capacidade de proliferação limitada, obedecendo a sinais de forma
a manter a homeostasia. Quando se fala em células tumorais o panorama torna-se diferente,
estas têm a capacidade de desregular estes sinais e crescer de forma exacerbada (113,114).
No que se refere à patologia tumoral acredita-se que a falha a diferentes terapêuticas
está relacionada com a heterogeneidade intratumoral associada à presença de células
estaminais do cancro (do inglês cancer stem cells, CSCs). As CSCs constituem uma pequena
população de células cancerígenas com capacidade de auto-renovação e de proliferação (115–
117). Sustentam a progressão tumoral permitindo haver sempre clones, crescimento e
proliferação celular, metastização mesmo em microambientes com condições pouco favoráveis.
Têm a capacidade de evadir o sistema imune, interagem com as células vizinhas de forma a
obterem nutrientes e conseguem permanecer quiescentes durante longos períodos. Para além
disso, permitem a progressão tumoral inibindo a apoptose, silenciando genes supressores
tumorais e silenciando ou transcrevendo miRNA (118–120). As CSCs residem em nichos
compostos por fibroblastos, células do sistema imunitário, células endoteliais, perivasculares,
citocinas, fatores de crescimento e matriz extracelular. Fazem também parte deste nicho outras
CSCs e células tumorais. O nicho mantém as propriedades estaminais das CSCs, protege-as do
sistema imunitário e facilita a metastização (120). Devido a presença das CSCs muitos cancros
são resistentes à radiação e à quimioterapia o que determina a recidiva. Por outro lado, a
exposição a estes tratamentos poderá ainda ser útil no seu isolamento e identificação
(115,119,121,122). A resistência a estes tratamentos poderá explicar a recorrência e as
metástases à distância. Posto isto, as CSCs ou o seu nicho, poderão ser alvos diretos para o
tratamento (120,123).
A resistência associada à presença de CSCs, deve-se ao facto de elas conseguirem
sobreviver com alterações genéticas que escapam aos mecanismos de senescência e de morte
celular, levando à diversidade genética do tumor (124). Como mecanismo de defesa ao
tratamento relata-se ainda a alta expressão de transportadores associados à extrusão de
fármacos, elevada ativação de vias de sinalização como a Wnt/β-catenina, maior capacidade
de recuperação dos danos no DNA e resistência à morte por apoptose (125–127).
As CSCs podem ser identificadas pela função enzimática, capacidade de formação de
esferas e pela expressão de marcadores de superfície (123). Conhecem-se alguns marcadores
de CSCs tais como o CD44, o CD133, o recetor tirosina quinase (RTK), a aldeído desidrogenase
(ALDH), a molécula de adesão de células epiteliais/antigénio específico epitelial
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Efeito de diferentes terapêuticas citotóxicas na expressão do CD133, Wnt/β-catenina no cancro do colo do
útero.
PI3K mTOR
Wnt
AKT
GSK
3β
β-catenina Bad
Sobrevivência Apoptose
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Efeito de diferentes terapêuticas citotóxicas na expressão do CD133, Wnt/β-catenina no cancro do colo do
útero.
vezes maior do que em casos sem expressão de CD133. A expressão desta proteína aumenta
com a agressividade da transformação, isto é, apresenta-se em menores níveis em tecidos
normais e em níveis mais elevados nos tecidos tumorais (129). Diversos estudos realizados
sugerem que a sobrexpressão deste marcador está envolvido na sobrevivência, na invasão,
na metastização e na resistência ao tratamento (122,132,133).
Whang et al. observou que uma população isolada da linha celular HeLa, exibia uma
maior capacidade de proliferação, de diferenciação e de formação de colónias. Apesar da
baixa expressão de CD133 nesta população, apresentava maior capacidade de resistência à
quimioterapia e à radioterapia quando comparada com a população que não expressava este
marcador (134). Por sua vez, Javed et al. ao estabelecerem culturas primárias a partir de
amostras de cancro do colo do útero invasivo de doentes não tratados, observaram que as
células que expressavam CD133 tinham maior capacidade de formação de esferas e exibiam
maior expressão de genes de pluripotência, como o OCT4 (do inglês, octamer-binding
transcription factor 4) e o NANOG (do inglês, Homeobox protein NANOG) (135). No estudo
realizado por Zhang et al. em células da cavidade oral, verificou-se que as CSCs que
expressavam CD133 tinham maior capacidade de formação de tumor, de invasão e de
resistência à quimioterapia (122). Em alguns estudos já se verificou a interação entre o
CD133 e a β-catenina (128,136) . No estudo realizado por Mak et al., verificou-se que o
CD133 interagiu com a desacetilase das histonas HDAC6 promovendo a estabilização da β-
catenina, molécula central da via canónica do Wnt (136). Rappa et al. observou que a
diminuição da expressão de CD133 em células do melanoma aumentava a capacidade de
metastização e da expressão de inibidores da via Wnt (137). Posteriormente, verificaram que
após a diminuição da expressão da prominin-1 ocorria a diminuição da expressão nuclear da
β-catenina em células de melanoma (128).
Participam na sinalização mediada por Wnt, 19 glicoproteínas envolvidas na via
canónica (via dependente da β-catenina) e na via não canónica (via não dependente da β-
catenina). Esta sinalização está envolvida na regulação epitelial tanto do tecido normal como
do tumoral. Esta via está envolvida na regulação do desenvolvimento embrionário, na auto -
renovação e na proliferação das CSCs, no ciclo celular, na inflamação, na polaridade celular,
na migração, na diferenciação e na sobrevivência celular (138–141).
A β-catenina desempenha um papel importante nas junções celulares estando
associada a E-caderina que desempenha um papel importante nas junções aderentes,
ajudando a manter a estrutura das células epiteliais e impedindo a metastização. Quando
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Efeito de diferentes terapêuticas citotóxicas na expressão do CD133, Wnt/β-catenina no cancro do colo do
útero.
Figura 1. 9: Via de sinalização Wnt/β-catenina. Na via Wnt/β-catenina quando Wnt não se liga ao
seu receptor frizzled (FZD), a β-catenina é fosforilada pela caseína quinase 1α (CK1α) e pelo
glicogénio sintase quinase 3β (GSK3β) existente no complexo formado pela APC (do inglês
adenomatous polyposis coli), GSK3β, Axin e CK1α e posteriormente é degradada no proteossoma.
Quando o Wnt se liga ao receptor FZD e ao co-receptor Low density lipoprotein receptor-related
protein (LRP), o LRP é fosforilado e ocorre a disrupção do complexo de destruição. Desta forma a
β-catenina entra no núcleo e promove a transcrição de genes alvos. Adaptado de: MacDonald et
al.(146).
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Efeito de diferentes terapêuticas citotóxicas na expressão do CD133, Wnt/β-catenina no cancro do colo do
útero.
Nesta via de sinalização as proteínas Naked e Axin funcionam como inibidores (147).
Nos vertebrados existem duas isoformas de Naked, a Naked1 e a Naked2. A Naked1 participa
em quase todas as sinalizações mediadas pela via Wnt durante o desenvolvimento e está
sobrexpressa em tumores com mutação na via Wnt/ β-catenina. A Naked2 além de estar
envolvida na sinalização Wnt, também está associada a outras moléculas envolvidas na
polarização celular. Desta forma acredita-se que a Naked1 seja específica da via Wnt/β-
catenina (147). A Naked1 tem a capacidade de interagir com a β-catenina de forma direta
impedindo a sua acumulação nuclear. Além disso, também tem a capacidade de inibir a ação
Dvl, um regulador positivo da via (147,148). Zhang et al. demonstraram que a diminuição
da expressão da Naked1 em células do cancro do pulmão levou ao aumento da expressão da
β-catenina e da Dvl1. Observaram que a sua baixa expressão está associada a estádios mais
avançados do tumor, menor diferenciação, pior prognóstico e maior metastização (148).
Posteriormente, no estudo realizado por Lv et al. observou-se que a baixa expressão de
Naked1 no cancro da mama estava relacionado com a pouca diferenciação, a metastização
ganglionar e diminuição da sobrevivência (149).
A proteína Axin possui duas isoformas, a Axin1 e a Axin2, com funções idênticas.
Ambas são capazes de se ligarem à β-catenina e induzirem a sua degradação (149). Esta
proteína funciona como um scafold que possui sítios de interação com diversas outras
proteínas envolvidas nesta via, como β-catenina, a GSK, a CK1, a APC, a Dvl e o receptor
LRP. Por formar este complexo, facilita a interação entre a β-catenina e a GSK 3β, havendo
a posterior degradação da β-catenina (150,151). A via não canónica (não dependente da β-
catenina) encontra-se menos associada ao desenvolvimento tumoral. Está maioritariamente
associada à migração, à diferenciação e à polarização, estando dividida em duas vias: a
polaridade planar celular (PCP, do inglês planar cell polarity pathway) e a via dependente de
cálcio (140,141).
Na via PCP, após a ligação do Wnt ao FZD ocorre o recrutamento da Dvl e ativação
de duas rotas diferentes: a Rho (do inglês, Ras homolog gene family member) GTPase e ao
substrato de toxina botulínica C3 relacionado a Ras (RAC, do inglês Ras-related C3
botulinum toxin substrate) GTPase. A ativação desta via leva a modulação do citoesqueleto
e ativação da transcrição de genes responsáveis pela adesão e migração (141).
Na via dependente de cálcio, quando o Wnt se liga ao FZD, este complexo ligando-
receptor associa-se a uma proteína G heterotrimérica, formada pela subunidade α,
subunidade β e subunidade γ. Posteriormente, a subunidade α liberta a guanosina difosfato
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Efeito de diferentes terapêuticas citotóxicas na expressão do CD133, Wnt/β-catenina no cancro do colo do
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1.6-Hipótese
De uma forma geral, e de acordo com os conhecimentos obtidos na parte Introdução deste
trabalho, surgem as seguintes hipóteses:
1) Se a proteína CD133 é responsável pela resistência à quimioterapia e à radioterapia
então após o tratamento com a cisplatina e a exposição à radioterapia a sua expressão
manter-se-á constante ou irá aumentar.
1.7-Objetivos
O cancro do colo do útero é um dos principais cancros ginecológicos femininos,
responsável por uma mortalidade acentuada principalmente em países em desenvolvimento. A
heterogeneidade tumoral é uma das principais razões pela qual as células que constituem o
tumor são capazes de escapar aos tratamentos convencionais (quimioterapia e radioterapia)
tornando-se resistentes e eventualmente induzir a recaída. Além do mais, os tratamentos
convencionais estão associados a alta toxicidade por não serem terapias diretamente dirigidas
a um único alvo/marcador. Acredita-se que as CSCs assim como a sustentação de vias
responsáveis pela sua manutenção, proliferação sejam responsáveis por estes mecanismos de
resistência. Desta forma, a presente dissertação teve como principal objetivo avaliar a expressão
da CD133, Wnt, β-catenina e outras proteínas envolvidas nesta via (LRP6, pLRP6, Naked1 e
Axin1) após a exposição à radioterapia e o tratamento com a cisplatina na tentativa de perceber
se estas proteínas poderão ser utilizadas como alvo direto no tratamento, de forma a minimizar
a toxicidade. Como objetivo secundário pretendeu-se perceber se a alteração da expressão da
CD133 irá interferir com a expressão da β-catenina. Para o efeito, estabeleceram-se dois
objetivos concretos:
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Efeito de diferentes terapêuticas citotóxicas na expressão do CD133, Wnt/β-catenina no cancro do colo do
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2-Materiais e métodos
2.1-Cultura celular
A linha celular HeLa (ATCC® CCL-2™), derivada do cancro do colo do útero
(adenocarcinoma) foi cedida pela professora Doutora Carmen Lima da Universidade
Campinas, São Paulo, Brasil. A linha celular foi propagada em culturas aderentes em
Dulbecco’s Modified Eagle Medium (DMEM, Sigma D5648) suplementada a 5% com soro
bovino fetal (do inglês Fetal Bovine Serum, FBS, Sigma F7524), 1% de antibiótico (Sigma
A5955, constituído por 10 000 U/mL de penicilina, 10 µg/mL de estreptomicina e 25 µg/mL
de anfotericina B) e 0,25 mM de piruvato de sódio (Gibco 11360-039) e incubada numa
atmosfera humidificada com 5% de CO 2 a 37ºC na incubadora Binder (Binder®, CB60).
Com a finalidade de se obter uma suspensão celular o meio de cultura (DMEM) foi removido,
e o frasco foi lavado com uma solução tampão de fosfato (do inglês, phosphate buffered
saline,PBS, pH a 7,4), constituída por 137 mM de cloreto de sódio (Sigma S7653), 2,7 mM de
cloreto de potássio (Sigma P9333), 0,8 mM de fosfato de sódio monohidratado (Sigma S9638),
1,5 mM de fosfato de potássio monobásico (Sigma P0662) e 0,54 mM de ácido etilenodiamino
tetra-acético (EDTA, Ameresco M101). De seguida, descartou-se o PBS e adicionaram-se 2
mL de tripsina-EDTA (0,25%, Sigma T4049) para destacar as células, e durante 5 minutos
permaneceram na incubadora. De seguida procedeu-se à inativação da tripsina-EDTA seguida
de desagregação mecânica com 5 mL de DMEM. Posteriormente, para se obter a suspensão
celular com a quantidade de células necessárias para cada experimento efetuou-se a contagem
celular recorrendo-se à técnica do azul tripano (Sigma T0776) na diluição de 1:20 em água
ultra-pura. Para este procedimento, adicionaram-se 20 µL da suspensão celular a 20 µL do azul
tripano e contaram-se as células utilizando uma câmara de neubauer no microscópio óptico
invertido (Nikon eclipse TS100), numa ampliação a 10x.
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Efeito de diferentes terapêuticas citotóxicas na expressão do CD133, Wnt/β-catenina no cancro do colo do
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270º 23 UM 23 UM 23 UM 23 UM 47 UM 47 UM 93 UM 93 UM 93 UM
90º 23 UM 23 UM 23 UM 23 UM 46 UM 46 UM 92 UM 92 UM 92 UM
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Adicionou-se 1 mL dessa solução por poço e, após 10 minutos, removeu-se o excedente por
lavagem dos poços com água ultrapura estéril. Após a lavagem, as placas permaneceram na
câmara de fluxo durante a noite expostas a radiação ultravioleta. Posteriormente foram
seladas e mantidas a 4ºC até ao momento da utilização. Após a irradiação, ao chegar à sala
de cultura, as suspensões celulares foram diluídas em eppendorfs previamente marcados para
cada condição de forma a obter uma concentração final de 0,1×10 6 células por mililitro. De
seguida as células foram plaqueadas em placas de 6 poços, em triplicado, com o número de
células por poço respetivas a cada condição como mostra a tabela 2. Adicionaram-se três
mililitros de meio de cultura DMEM em cada poço e, posteriormente, as placas foram
incubadas durante 10 dias a 37ºC em atmosfera com 5% de CO2. Durante este período
mudaram-se os meios das respetivas placas duas vezes. Após o período de incubação o meio
das placas foi descartado, as placas foram lavadas com PBS, fixadas com 2 mL de metanol
durante 20 minutos. Descartou-se o metanol e, após deixar secar as placas, adicionou-se um
mL de violeta de cristal (Sigma C3886) a 0,5% em metanol durante cinco minutos. Efetuou-
se a remoção do excesso de corante e após as placas estarem secas, efetuou-se a contagem
das colónias formadas. Desta forma, foi possível calcular a eficiência da placa (PE, do inglês
plate efficiency) e o fator de sobrevivência (SF, do inglês surviving factor) de acordo com a
Equação 1 e com a Equação 2, respetivamente.
1200 1200 1200 1200 1200 1400 1400 1600 1600 2500
Equação 1
Número de colónias contadas
PE = × 100
Número de colónias semeadas
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Equação 2
PE amostras tratadas
SF = × 100
PE amostras controlo
Fator de sobrevivência
Equação 3
2
𝑆𝐹 = 𝑒 −𝛼𝐷−𝛽𝐷
onde D corresponde à dose de radiação, 𝛼 ao parâmetro linear e 𝛽 ao parâmetro
quadrático de ajuste.
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Efeito de diferentes terapêuticas citotóxicas na expressão do CD133, Wnt/β-catenina no cancro do colo do
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oxidativo e das defesas antioxidantes. Cada condição foi efetuada em duplicado, realizando-se
no mínimo 3 experiências independentes.
Para avaliar o efeito da radioterapia na linha celular, por citometria de fluxo, a suspensão
celular foi preparada como referida anteriormente, mas utilizando um eppendorf de 2 mililitros,
tendo sempre em atenção de perfazer o volume total do eppendorf de forma a minimizar a
presença de ar. Para a condição controlo, 2 Gy e 3 Gy foram necessários quatro eppendorfs e
para a condição de 10 Gy cinco eppendorfs. Após a irradiação, as suspensões celulares
irradiadas para cada condição foram colocadas nos respetivos frascos, previamente marcados,
e após 48 horas realizaram-se os estudos abaixo indicados.
De seguida iniciaram-se os protocolos para avaliar a morte celular, a viabilidade celular,
o ciclo celular, o stresse oxidativo e as defesas antioxidantes.
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de referência. Estas amostras foram fixadas em formol neutro tamponado a 4% (FNT 4%,
VWR 9713.9010) à temperatura ambiente durante 24 horas. Posteriormente foram
processadas overnight no processador Leica ASP300 (Leica Biosystems, Nussloch,
Alemanha) de acordo com a rotina do Serviço de Anatomia Patológica do Centro Hospitalar
e Universitário de Coimbra. De seguida, foram incluídas em blocos de parafina. Os cortes
histológicos de 4 µm de espessura (micrótomo Leica RM2125 RTM) foram avaliados
morfologicamente após a coloração por Hematoxilina-Eosina. Para promover a adesão dos
mesmos à lâmina Superfrost Plus (Thermo Scientific, J1800AMNZ) foram colocados na estufa
(Memmerth UFE500, Schwabach, Alemanha) a 80°C durante 20 minutos. Após a adesão e
arrefecimento da lâmina, adicionaram-se 50 µL de cada condição e deixou-se secar durante 20
minutos. Os cortes foram desparafinados com xilol (VWR chemical 100%, álcool absoluto). A
recuperação antigénica dos cortes foi realizada na solução tampão de EDTA-Tris, (CC1,
Ventana Medical Systems, 950-124, EUA, pH=8) a 95°C, durante 8 min num módulo de pré-
tratamento PT Link (Dako, Glostrup, Dinamarca). De seguida as lâminas foram colocadas
no equipamento Benchmark Ultra (Ventana Medical Systems, Arizona, EUA) para
completar o restante protocolo de imunocitoquímica. Utilizaram-se os seguintes anticorpos
abaixo indicados na Tabela 2.3.
39
Efeito de diferentes terapêuticas citotóxicas na expressão do CD133, Wnt/β-catenina no cancro do colo do
útero.
40
Efeito de diferentes terapêuticas citotóxicas na expressão do CD133, Wnt/β-catenina no cancro do colo do
útero.
41
Efeito de diferentes terapêuticas citotóxicas na expressão do CD133, Wnt/β-catenina no cancro do colo do
útero.
2.4-Análise estatistica
O tratamento estatístico foi efetuado com o software IBM SPSS (Statistical Package for Social
Sciences) v. 22.0.
Para a comparação entre mais de dois grupos utilizou-se o teste de KrusKal-Wallis e nas
comparações múltiplas considerou-se a correção de Bonferroni.
3-Resultados
42
Efeito de diferentes terapêuticas citotóxicas na expressão do CD133, Wnt/β-catenina no cancro do colo do
útero.
43
Efeito de diferentes terapêuticas citotóxicas na expressão do CD133, Wnt/β-catenina no cancro do colo do
útero.
Tabela 3. 1: Determinação dos valores IC20, IC50 e IC80 para os diferentes tempos de exposição à
cisplatina e respetivos valores de R2.
44
Efeito de diferentes terapêuticas citotóxicas na expressão do CD133, Wnt/β-catenina no cancro do colo do
útero.
100
*** C o n tro lo
80 ** IC 20
*** ***
C é lu la s ( % )
IC 50
60 ***
IC 80
***
40 *** *** ***
* *
***
*** ***
20 ***
***
*** ******
* ***
0
V AI A T /N N
3.1.3-Ciclo celular
A cisplatina devido ao seu mecanismo de ação, que se traduz pela formação de aductos,
tem a capacidade de induzir a paragem das células em diferentes fases do ciclo celular a fim de
promover a reparação do DNA. Devido a esta característica avaliou-se o ciclo celular com
recurso a citometria de fluxo utilizando o iodeto de propídeo.
Analisando o ciclo celular (Figura 3.4) verificou-se uma tendência para a diminuição
não significativa da percentagem de células na fase pré-G0/G1 com o aumento da concentração
do fármaco. Na fase G0/G1 verificou-se uma diminuição da percentagem de células na condição
IC50, havendo um posterior aumento na condição IC80. Observou-se ainda, que a maior
percentagem de células bloqueadas nesta fase do ciclo celular corresponde à condição controlo.
Verificaram-se diferenças estatisticamente significativas (p<0,001) na condição IC20
(7,13%±1,51%), IC50 (9%±1,31%) e IC80 (24,63%±3,57%) quando comparadas com o controlo
(66,88%±1,01%). Observou-se também diferença estatisticamente significativa (p<0,001) entre
a condição IC50 (9%±1,31%) e a condição IC80 (24,63%±3,57%). O aumento da concentração
do fármaco também induz aumento da percentagem de células em fase S, sendo este aumento
46
Efeito de diferentes terapêuticas citotóxicas na expressão do CD133, Wnt/β-catenina no cancro do colo do
útero.
100
C o n tro lo
***
*** IC 20
80 ** ***
***
C é lu la s ( % )
IC 50
*** ***
60
*** IC 80
40 *** ***
***
20
***
***
0
P r e - G 0 /G 1 G 0 /G 1 S G 2 /M
47
Efeito de diferentes terapêuticas citotóxicas na expressão do CD133, Wnt/β-catenina no cancro do colo do
útero.
citometria de fluxo e para a avaliação do efeito radical hidroxilo utilizou-se o ensaio SRB com
e sem o seu inibidor, o manitol.
Na figura 3.5 foi possível observar o aumento da produção intracelular do radical
superóxido com o aumento da concentração do fármaco, verificando-se diferenças
significativas (p<0,001) entre a condição controlo e as condições IC20 (2,52MIF±0,068MIF),
IC50 (2,67MIF±0,15) e IC80 (2,82MIF±0,14MIF). Os valores foram normalizados em relação à
condição controlo.
d e r a d ic a is s u p e r ó x id o s (M IF )
3 ***
***
P r o d u ç ã o in t r a c e lu la r
***
( c o n d iç ã o /c o n tr o lo )
0
C o n t r o lo IC 2 0 IC 5 0 IC 8 0
48
Efeito de diferentes terapêuticas citotóxicas na expressão do CD133, Wnt/β-catenina no cancro do colo do
útero.
P r o d u ç ã o in t r a c e lu la r
d e p e r ó x id o s ( M IF )
( c o n d iç ã o /c o n tr o lo )
**
2
**
0
C o n t r o lo IC 2 0 IC 5 0 IC 8 0
49
Efeito de diferentes terapêuticas citotóxicas na expressão do CD133, Wnt/β-catenina no cancro do colo do
útero.
d e g lu t a t io n a r e d u z id a ( M IF )
3
P r o d u ç ã o in t r a c e lu la r
( c o n d iç ã o /c o n tr o lo )
2
* *
0
C o n t r o lo IC 2 0 IC 5 0 IC 8 0
50
Efeito de diferentes terapêuticas citotóxicas na expressão do CD133, Wnt/β-catenina no cancro do colo do
útero.
Figura 3. 8: Aumento da proliferação celular na linha HeLa após o tratamento com cisplatina e
manitol (40mM). Curvas de proliferação da linha celular HeLa 48 horas após a exposição a cisplatina
e a cisplatina com manitol (40mM) obtidos pelo ensaio de sulforodamina B. Os resultados foram
expressos em percentagem (%) de proliferação celular em função do logaritmo da concentração da
cisplatina e cisplatina com manitol, e expressam a média e o erro padrão de pelo menos quatro
experiências independentes em triplicado.
Tabela 3. 2: Determinação do IC50 na linha HeLa 48 horas após o tratamento com cisplatina e
com cisplatina associada a manitol (40 mM) e respetivos valores de R2.
R2 IC50
(µM)
Cisplatina 0,98 12,27±1,04
51
Efeito de diferentes terapêuticas citotóxicas na expressão do CD133, Wnt/β-catenina no cancro do colo do
útero.
marcador assim como as demais proteínas da via Wnt/ β-catenina após as diferentes
terapêuticas.
Na Figura 3.9 observou-se que a expressão da CD133 na condição IC20 é igual ao
controlo, diminui na condição IC50 e aumenta na condição IC80. Os resultados demonstraram a
existência de significância estatística (p=0,04). Também na Figura 3.9-C, foi possível verificar
o mesmo padrão com marcação com o anticorpo anti-CD133 dirigido contra a sequência de
aminoácidos 170-430 da proteína Prominin-1 através da técnica imunocitotoquímica.
Verificou-se uma imunomarcação semelhante na condição controlo e IC20 com posterior
diminuição da intensidade de marcação na condição IC50. Na condição IC80, observou-se um
aumento da expressão deste marcador quando comparado com a condição IC50.
Figura 3. 9: Cisplatina induz a alteração da expressão da CD133 (117 kDa) na linha celular HeLa,
48 horas após o tratamento. A análise foi realizada com recurso ao western blot e imunocitoquímica.
(A) Immunoblot ilustrativo da expressão da CD133 e da calnexina (90 kDa). (B) O gráfico representa
os resultados do western blot, normalizados em relação ao controlo (CD133/calnexina), expressos em
média e erro padrão de pelo menos quatro experiências independentes. (C) Análise da expressão da
CD133 por imunocitoquímica com a ampliação a 400×. CTL-controlo; IC- concentrações inibitórias
(IC), que inibem em 20, 50 e 80 por cento a proliferação celular IC20, IC50 e IC80 respetivamente. Os
resultados possuem uma significância estatística de p=0,04, obtidos através do teste estatístico Mann-
Whitney calculado considerando a ausência de normalidade da amostra.
52
Efeito de diferentes terapêuticas citotóxicas na expressão do CD133, Wnt/β-catenina no cancro do colo do
útero.
Figura 3. 10: Cisplatina altera a expressão da Wnt na linha celular HeLa. Análise da expressão da
Wnt por imunocitoquimica 48 horas após o tratamento com a cisplatina com a ampliação a 400×. As
imagens ilustram a imunomarcação com o anticorpo Wnt após 48 horas sem tratamento (controlo) e
após o tratamento com as concentrações inibitórias (IC), que inibem em 20, 50 e 80 por cento a
proliferação celular IC20, IC50 e IC80 respetivamente. A- condição IC20, aumento da imunomarcação
relativamente ao controlo; B-condição IC50; aumento da imunomarcação relativamente ao controlo, C-
condição IC80, diminuição da imunomarcação relativamente ao controlo. As setas indicam a
imunomarcação.
53
Efeito de diferentes terapêuticas citotóxicas na expressão do CD133, Wnt/β-catenina no cancro do colo do
útero.
Figura 3. 11: Cisplatina induz a alteração da expressão da β-catenina (92 kDa) na linha celular
HeLa, 48 horas após o tratamento. A análise foi realizada com recurso ao western blot e
imunocitoquímica. (A) Immunoblot ilustrativo da expressão da CD133 e calnexina (90 kDa). (B) O
gráfico representa os resultados (β-catenina/calnexina), obtidos por western blot normalizados pelo
controlo expressos em média e erro padrão de três experiências independentes. (C) Análise da expressão
da CD133 por imunocitoquímica com a ampliação a 400×. CTL-controlo; IC- concentrações inibitórias
(IC), que inibem em 20, 50 e 80 por cento a proliferação celular IC20, IC50 e IC80 respetivamente.
Aplicou-se o teste estatístico Mann-Whitney considerando a ausência de normalidade da amostra.
54
Efeito de diferentes terapêuticas citotóxicas na expressão do CD133, Wnt/β-catenina no cancro do colo do
útero.
Figura 3. 12: A Cisplatina induz a diminuição da expressão da LRP6 (180,210 kDa) na linha
celular HeLa, 48 horas após o tratamento. A análise foi realizada com recurso ao western blot. (A)
Immunoblot ilustrativo da expressão da LRP6 e calnexina (90 kDa). (B) O gráfico representa os
resultados (LRP6/calnexina), obtidos por western blot normalizados pelo controlo expressos em média
e erro padrão de três experiências independentes com exceção da condição IC50. CTL-controlo; IC-
concentrações inibitórias (IC), que inibem em 20, 50 e 80 por cento a proliferação celular IC20, IC50 e
IC80 respetivamente. Aplicou-se o teste estatístico Mann-Whitney considerando a ausência de
normalidade da amostra.
55
Efeito de diferentes terapêuticas citotóxicas na expressão do CD133, Wnt/β-catenina no cancro do colo do
útero.
Figura 3. 13: Cisplatina induz o aumento da expressão da pLRP6 (180,210 kDa) na linha celular
HeLa, 48 horas após o tratamento. A análise foi realizada com recurso ao western blot. (A)
Immunoblot ilustrativo da expressão da pLRP6 e de calnexina (90 kDa). (B) O gráfico representa os
resultados (pLRP6/calnexina), obtidos por western blot normalizados pelo controlo expressos em média
e erro padrão de quatro experiências independentes. CTL-controlo; IC- concentrações inibitórias (IC),
que inibem em 20, 50 e 80 por cento a proliferação celular IC20, IC50 e IC80 respetivamente. Aplicou-se
o teste estatístico Mann-Whitney considerando a ausência de normalidade da amostra.
56
Efeito de diferentes terapêuticas citotóxicas na expressão do CD133, Wnt/β-catenina no cancro do colo do
útero.
200
( C o n d iç ã o /c o n tr o lo )
150
N aked1
100
50
0
C o n t r o lo IC 2 0 IC 5 0 IC 8 0
Figura 3. 14: Cisplatina induz a diminuição da expressão da Naked1 (59,61kDa) na linha celular
HeLa, 48 horas após o tratamento. A análise foi realizada com recurso ao western blot. Os resultados
(Naked1/calnexina), normalizados pelo controlo estão expressos em média e erro padrão de duas
experiências independentes. CTL-controlo; IC- concentrações inibitórias (IC), que inibem em 20, 50 e
80 por cento a proliferação celular IC20, IC50 e IC80 respetivamente. Resultados preliminares.
57
Efeito de diferentes terapêuticas citotóxicas na expressão do CD133, Wnt/β-catenina no cancro do colo do
útero.
Figura 3. 15: Cisplatina induz a diminuição da expressão da Axin1 (110 kDa) na linha celular
HeLa, 48 horas após o tratamento. A análise foi realizada com recurso ao western blot. (A)
Immunoblot ilustrativo da expressão da Axin1 e calnexina (90 kDa). (B) O gráfico representa os
resultados (Axin1/calnexina), normalizados pelo controlo expressos em média e erro padrão de pelo
menos três experiências independentes com exceção da condição IC50. CTL-controlo; IC- concentrações
inibitórias (IC), que inibem em 20, 50 e 80 por cento a proliferação celular IC20, IC50 e IC80
respetivamente. Aplicou-se o teste estatístico Mann-Whitney considerando a ausência de normalidade
da amostra.
58
Efeito de diferentes terapêuticas citotóxicas na expressão do CD133, Wnt/β-catenina no cancro do colo do
útero.
Figura 3. 16: Exposição à radiação-X diminui a sobrevivência da linha celular HeLa com o
aumento da dose. Curva de sobrevivência da linha celular HeLa, obtida pelo ensaio clonogénico com
pelo menos quatro experiências independentes. Dez dias após a exposição à radioterapia efetuou-se a
contagem das colónias, considerando como colónia um grupo com pelo menos 50 células.
Tabela
Figura 3. 3. 17:
3: Resultados
Exposição obtidos com recurso
à radiação-X diminuiao amodelo linear quadrático
sobrevivência para, α, HeLa
da linha celular β, α/β,com
DL50o
2
eaumento
o fator de
da sobrevivência
dose. Curva de com a dose dedaa linha
sobrevivência 2Gy celular
(Fs(2))HeLa,
e respetivo
obtida R
peloassociado.
ensaio clonogénico com
pelo menos quatro experiências independentes. Dez dias após a exposição à radioterapia efetuou-se a
contagem das colónias, considerando como colónia
α um-grupo com pelo menos 50 células.
0,1499
Figura 3. 18: Exposição à radiação-X diminui a sobrevivência da linha celular HeLa com o
aumento da dose. Curva de sobrevivência daβlinha 0,1174
celular HeLa, obtida pelo ensaio clonogénico com
pelo menos quatro experiências independentes. Dez dias após a exposição à radioterapia efetuou-se a
α/ β um
contagem das colónias, considerando como colónia -1,28
grupo com pelo menos 50 células.
DL50 3,15
Figura 3. 19: Exposição à radiação-X diminui a sobrevivência da linha celular HeLa com o
Fs(2)
aumento da dose. Curva de sobrevivência da 1,02 HeLa, obtida pelo ensaio clonogénico com
linha celular
pelo menos quatro experiências independentes. Dez dias após a exposição à radioterapia efetuou-se a
2
contagem das colónias, considerando como colónia 0,8996
um grupo com pelo menos 50 células.
R
59
Efeito de diferentes terapêuticas citotóxicas na expressão do CD133, Wnt/β-catenina no cancro do colo do
útero.
***
100 *
C o n tro lo
*
80 2G y
***
3G y
C é lu la s ( % )
60 10G y
40
* **
20
**
* **
0
V AI A T /N N
Figura 3.17: Radioterapia diminui a viabilidade celular da linha HeLa, 48 horas após a exposição.
A análise da morte celular foi realizada com recurso à citometria de fluxo através da dupla marcação
com anexina V, acoplada ao fluorocromo isotiocianato de fluoresceína (FITC), e com iodeto de
propídeo. O gráfico representa a percentagem de células viáveis (V), em apoptose inicial (AI), apoptose
tardia/necrose (AT/N) e necrose (N). Os resultados foram expressos em média e erro padrão de pelo
menos cinco ensaios independentes. As diferenças estatisticamente significativas foram representadas
com * para p<0,05; com ** para p<0,01 e com *** para p<0,001 obtidos através do teste estatístico
Mann-Whitney calculado considerando ausência de normalidade da amostra.
61
Efeito de diferentes terapêuticas citotóxicas na expressão do CD133, Wnt/β-catenina no cancro do colo do
útero.
62
Efeito de diferentes terapêuticas citotóxicas na expressão do CD133, Wnt/β-catenina no cancro do colo do
útero.
r a d ic a is s u p e r ó x id o s (M IF )
P r o d u ç ã o in t r a c e lu la r d e
C o n tro lo
*
( c o n d iç ã o /c o n tr o lo )
2G y
2
** 3G y
10G y
***
0
C o n t r o lo 2G y 3G y 10G Y
3
C o n tro lo
P r o d u ç ã o in t r a c e lu la r
( c o n d iç ã o /c o n tr o lo )
d e p e r ó x id o s ( M IF )
2G y
3G y
2
10G y
0
C o n t r o lo 2G y 3G y 10G Y
Figura 3.20: Radioterapia aumenta a produção intracelular de peróxidos na linha celular HeLa,
48 horas após a exposição. A análise foi realizada com recurso à citometria de fluxo através da sonda
DCFH2-DA (2’,7’-diclorodihidrofluoresceínadiacetato). O gráfico representa a produção intracelular de
superóxido após 48 horas sem tratamento (controlo) e após a exposição à radioterapia (2 Gy, 3 Gy e 10
Gy). Os resultados foram normalizados pelo controlo os valores referem-se a média e erro padrão de
pelo menos quatro ensaios independentes expressos em média de intensidadede fluorescência (MIF). As
diferenças estatisticamente significativas foram representadas com * para p<0,05; com ** para p<0,01
e com *** para p<0,001 obtidos através do teste estatístico Mann-Whitney calculado considerando
ausência de normalidade da amostra.
63
Efeito de diferentes terapêuticas citotóxicas na expressão do CD133, Wnt/β-catenina no cancro do colo do
útero.
Verificou-se uma diminuição nos níveis da glutationa redutase (Figura 3.21) com o
aumento da dose na condição de 3 Gy. No entanto, com a dose de 10 Gy verificou-se um
aumento da concentração de glutationa reduzida ao contrário do que se tinha verificado quando
se depositaram doses inferiores. Verificaram-se alterações estatisticamente significativas entre
a condição de 2 Gy (0,87MIF±0,03MIF; p<0,05) e a condição de 3 Gy (0,52MIF±0,042MIF,
p<0,01) quando comparadas com o controlo. Observaram-se diferenças significativas entre a
condição de 2 Gy e a condição de 3 Gy (p<0,001) e entre a condição de 3 Gy e a condição de
10 Gy (1,35MIF±0,15MIF) (p<0,05). Os resultados foram normalizados relativamente ao
controlo.
3
g lu t a t io n a r e d u z id a ( M IF )
P r o d u ç ã o in t r a c e lu la r d e
C o n tro lo
( c o n d iç ã o /c o n tr o lo )
2G y
3G y
2
* 10G y
***
1
*
**
0
C o n t r o lo 2G y 3G y 10G Y
Figura 3. 21: Radioterapia altera a produção intracelular de glutationa reduzida na linha celular
HeLa, 48 horas após a exposição. A análise foi realizada com recurso à citometria de fluxo através do
alaranjado de mercúrio. O gráfico representa a produção intracelular de glutationa reduzida após 48
horas sem tratamento (controlo) e após a exposição à radioterapia (2 Gy, 3 Gy e 10 Gy). Os resultados
foram normalizados pelo controlo e os valores representam a média e erro padrão de quatro ensaios
independentes expressos em média de intensidade de fluorescência (MIF). As diferenças
estatisticamente significativas foram representadas com * para p<0,05; com ** para p<0,01 e com ***
para p<0,001 obtidos através do teste estatístico Mann-Whitney calculado considerando ausência de
normalidade da amostra.
64
Efeito de diferentes terapêuticas citotóxicas na expressão do CD133, Wnt/β-catenina no cancro do colo do
útero.
Figura 3.22: Radioterapia altera a expressão da CD133 (117 kDa) na linha celular HeLa, 48 horas
após a exposição. A análise foi realizada com recurso ao western blot e imunocitotoquimica. (A)
Immunoblot ilustrativo da expressão da CD133 e calnexina (90 kDa). (B) O gráfico representa os
resultados (CD133/calnexina), normalizados pelo controlo e expressam a média e erro padrão de pelo
menos quatro experiências independentes. (C) Análise da expressão da CD133 por imunohistoquimica
com a ampliação a 400×. CTL-controlo. Aplicou-se o teste estatístico Mann-Whitney considerando a
ausência de normalidade da amostra.
65
Efeito de diferentes terapêuticas citotóxicas na expressão do CD133, Wnt/β-catenina no cancro do colo do
útero.
Figura 3.23: Radioterapia induz o aumento da expressão da Wnt nas células HeLa com o aumento
da dose. Análise da expressão da Wnt por imunocitoquímica 48 horas após a exposição á radioterapia
com a ampliação a 400×. A-condição 2 Gy, aumento da expressão de Wnt relativamente ao controlo; B-
condição 3 Gy, aumento da expressão de Wnt relativamente ao controlo; C- aumento da expressão de
Wnt relativamente ao controlo.
66
Efeito de diferentes terapêuticas citotóxicas na expressão do CD133, Wnt/β-catenina no cancro do colo do
útero.
Figura 3.24: Radioterapia altera a expressão da β-catenina na linha celular HeLa, 48 horas após
a exposição. A análise foi realizada com recurso ao western blot e imunocitoquímica. (A) Immunoblot
ilustrativo da expressão da CD133 e calnexina (90 kDa). (B) O gráfico representa os resultados (β-
catenina/calnexina), normalizados ao controlo e expressos em média e erro padrão de pelo menos quatro
experiências independentes. (C) Análise da expressão da CD133 por imunohistoquímica com a
ampliação a 400×. Aplicou-se o teste estatístico Mann-Whitney considerando a ausência de normalidade
da amostra.
67
Efeito de diferentes terapêuticas citotóxicas na expressão do CD133, Wnt/β-catenina no cancro do colo do
útero.
Figura 3.25: Radioterapia diminui a expressão da LRP6 na linha celular HeLa, 48 horas após a
exposição. A análise foi realizada com recurso ao western blot. (A) Immunoblot ilustrativo da expressão
da LRP6 e calnexina (90 kDa). (B) O gráfico representa os resultados (LRP6/calnexina), normalizados
pelo controlo expressos em média e erro padrão de pelo menos três experiências independentes. CTL-
controlo. Aplicou-se o teste estatístico Mann-Whitney considerando a ausência de normalidade da
amostra.
68
Efeito de diferentes terapêuticas citotóxicas na expressão do CD133, Wnt/β-catenina no cancro do colo do
útero.
Figura 3.26: Radioterapia altera a expressão da pLRP6 (180,210 kDa) na linha celular HeLa, 48
horas após a exposição. A análise foi realizada com recurso ao western blot. (A) Immunoblot ilustrativo
da expressão da pLRP6 e calnexina (90 kDa). (B) O gráfico representa os resultados (pLRP6/calnexina),
normalizados pelo controlo expressos em média e erro padrão de pelo menos três experiências
independentes. Aplicou-se o teste estatístico Mann-Whitney considerando a ausência de normalidade da
amostra.
200
( C o n d iç ã o /c o n tr o lo )
150
N aked1
100
50
0
C o n t r o lo 2G y 3G y 10G y
Figura 3.27: Radioterapia diminui a expressão da Naked1 na linha celular HeLa, 48 horas após
a exposição à radioterapia. A análise foi realizada com recurso ao western blot. Os resultados
(Naked1/calnexina), normalizados pelo controlo estão expressos em média e erro padrão de duas
experiências independentes. Resultados preliminares.
69
Efeito de diferentes terapêuticas citotóxicas na expressão do CD133, Wnt/β-catenina no cancro do colo do
útero.
200
( c o n d iç ã o /c o n tr o lo )
150
A x in 1
100
50
0
C o n t r o lo 2G y 3G y 10G y
Figura 3.28: Radioterapia altera a expressão da Axin1 na linha celular HeLa, 48 horas após a
exposição à radioterapia. A análise foi realizada com recurso ao western blot. Os resultados
(Axin1/calnexina), foram normalizados pelo controlo estão expressos em média e erro padrão de duas
experiências independentes. Resultados preliminares.
70
Efeito de diferentes terapêuticas citotóxicas na expressão do CD133, Wnt/β-catenina no cancro do colo do
útero.
4-Discussão
O cancro do colo do útero é o quarto cancro mais comum a nível mundial (3). Em países
em desenvolvimento é o segundo cancro mais comum em mulheres e a terceira causa de morte.
Na Europa mais de 58000 casos são diagnosticados, e morrem por ano aproximadamente 24000
pessoas (3). Os programas de rastreio do cancro do colo do útero permitem a deteção em
estádios precoces e a vacinação contra o HPV permite prevenir o desenvolvimento desta
neoplasia. Porém, estes recursos não estão disponíveis em todos os países, principalmente, nos
países em desenvolvimento (177). O tratamento desta neoplasia varia com o estádio, sendo que
nos estádios avançados os tratamentos aplicados são a quimioterapia e a radioterapia (19). Além
da toxicidade provocada por estes tratamentos, outro dos problemas associados a nível clínico
é o desenvolvimento de resistência por parte dos doentes (37,49,106).
A presença de células estaminais do cancro está associada muitas vezes à resistência às
terapêuticas. Essas células têm a capacidade de auto-renovação e de proliferação (115). As
células estaminais do cancro são muito importantes na progressão tumoral porque sustentam a
proliferação celular, o crescimento e a metastização (118). Estão descritos na literatura alguns
marcadores de células estaminais do cancro como a EpCAM (molécula de adesão de células
epiteliais), a ALDH (aldeído desidrogenase), o CD44, o CD133 que nos permitem identifica-
las e isola-las das restantes células presentes no ambiente tumoral (115,178–180). O CD133 é
um marcador de células estaminais cuja expressão está associada a regeneração, diferenciação,
metabolismo e tumorigénese (131). Vários estudos têm demonstrado que a expressão deste
marcador está relacionada com a resistência à quimioterapia e à radioterapia, à capacidade
invasora das células tumorais e que a sua expressão é um possível indicador de baixa sobrevida
(122,134,181). Verificou-se ainda que a CD133 é capaz de interagir com a HDAC6 (histona
desacetilase 6) e promover a estabilização da β-catenina (136). Por outro lado, também existem
trabalhos que associam a diminuição da expressão de CD133 com a diminuição da capacidade
de metastização e a localização nuclear da β-catenina (128,137). A via Wnt/β-catenina está
envolvida em diversos processos de desenvolvimento embrionário e homeostasia das células
adultas. Relativamente às CSCs a via Wnt/β-catenina está relacionada com a sua auto-
renovação, proliferação e manutenção no nicho tumoral (141,182).
Devido à heterogeneidade tumoral, algumas células conseguem “escapar” ao tratamento (183).
A heterogeneidade tumoral pode ser devida a diversos fatores como as alterações genéticas, as
alterações epigenéticas e as alterações proteicas (182). Estas alterações poderão ter como
consequência o aumento da proliferação celular, a evasão aos supressores tumorais, a
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Efeito de diferentes terapêuticas citotóxicas na expressão do CD133, Wnt/β-catenina no cancro do colo do
útero.
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Efeito de diferentes terapêuticas citotóxicas na expressão do CD133, Wnt/β-catenina no cancro do colo do
útero.
efetuou-se a lavagem dos poços com PBS de modo a eliminar as células mortas, impedindo
qualquer interferência destas nos resultados. É no entanto, de notar que as células que estejam
em apoptose inicial podem não se ter destacado completamente o que poderá influenciar no
resultado proliferativo obtido. Neste contexto seria também interessante realizar o ensaio MTT,
(do inglês, 3-(4,5-dimethylthiazol-2-yl)-2,5-diphenyltetrazolium bromide) para corroborar os
resultados obtidos no ensaio SRB. O ensaio MTT baseia-se na formação de cristais de
formazano pela redução do sal de tetrazólio presente no MTT pelas células metabolicamente
ativas (185). Desta forma, o número de células metabolicamente ativas será proporcional à
quantidade de cristais de formazano formados (185).
A nível celular a cisplatina atua a diversos níveis, pois é capaz de promover a paragem
no ciclo celular induzindo a formação de espécies reativas de oxigénio e de induzir a morte
celular (46,66). Desta forma, com recurso à citometria de fluxo, avaliámos o impacto deste
fármaco na distribuição das células pelo ciclo celular, tipos de morte, formação de espécies
reativas de oxigénio e da defesa antioxidante GSH. Os dados obtidos para os tipos de morte
celular foram seguidamente corroborados pela coloração de May-Grünwald-Giemsa.
Nos estudos de viabilidade e de morte celulares (Figura 3.2) verificou-se que a
percentagem de células viáveis diminuiu com o aumento da concentração do fármaco
acompanhado por um crescente aumento de células em apoptose e em necrose. Observou-se
também que, a morte celular provocada por este fármaco na linha HeLa ocorreu por necrose e
por apoptose. Analisando a população de células não viáveis, verificou-se uma maior
percentagem de células em apoptose nas condições da IC20 e da IC50 enquanto na condição da
IC80 há uma maior percentagem de células em necrose (28,25%±1,77%). Os resultados obtidos
neste estudo, por citometria de fluxo, foram também corroborados pela coloração de May-
Grünwald-Giemsa (Figura 3.3): de facto, as imagens mostraram características apoptóticas
(vacuolização do citoplasma e formação de corpos apoptóticos) e necróticas (extravasamento
do conteúdo citoplasmático para o meio extracelular) em todas as condições, apesar de na
condição de IC80 haver um predomínio das características necróticas. Estes resultados vão de
encontro aos resultados esperados, ou seja, predomínio da apoptose nas concentrações
correspondentes ao IC20 (6,17 µM) e ao IC50 (12,27 µM) e predomínio da necrose na
concentração correspondente ao IC80 (24,43 µM). Os valores obtidos evidenciaram o que já se
encontra descrito na literatura. Ou seja, que o tipo morte celular induzido por este fármaco
depende da concentração do mesmo. Deste modo, as células expostas a menores concentrações
de cisplatina apresentaram características apoptóticas enquanto que concentrações mais elevas
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Efeito de diferentes terapêuticas citotóxicas na expressão do CD133, Wnt/β-catenina no cancro do colo do
útero.
induziram características necróticas (66). Além de avaliar a apoptose e a necrose também seria
interessante avaliar a P53, proteínas anti-apoptóticas e pró-apoptóticas como a BCL-2 e a BAX,
caspase-8 e caspase-9 por western blot. Esta avaliação permitiria caracterizar de melhor forma
a resposta apoptótica face ao tratamento com a cisplatina.
No estudo realizado por Yano et al. em que avaliaram a morte celular induzida pela
cisplatina em células de uma linha celular de epitélio renal (LLC-PK1) também recorreram à
dupla marcação com anexina V e iodeto de propídeo e verificaram que a morte celular ocorria
tanto por necrose como por apoptose (186). Shino et al. verificaram que a exposição contínua
(30 µM, durante 24 horas) das mesmas células à cisplatina aumentava o número de células em
apoptose (marcadas por anexina V e deoxynucleotidyl transferase-mediated dUTP nick end
labeling-TUNEL) porém, a exposição transiente a este fármaco (500 µM, durante 1 hora ) não
provocava alterações quando comparada com as células não expostas (187). Já no estudo
realizado por Lieberthal et al. Onde utilizaram o corante Hoechst e o homodímero etídeo
verificaram que o tipo de morte provocada em células do epitélio renal dependia da
concentração do fármaco, isto é, em baixas concentrações de cisplatina a morte celular ocorria
por apoptose enquanto que em concentrações aumentadas a morte celular ocorria por necrose
(188). Os resultados obtidos por Yano et al. e por Lieberthal et al. vão ao encontro com os
resultados por nós obtidos. No estudo realizado por Shino et al. apenas verificaram o aumento
de células em apoptose não referindo a necrose. O que poderá ser explicado pelo próprio método
utilizado pelos autores (TUNEL e anexina V) que detetam células em apoptose e não em
necrose.
Avaliando a distribuição de células pelas diferentes fases do ciclo celular (Figura 3.4)
foi possível verificar que a percentagem de células correspondente à fase pré-G0/G1 na
condição controlo foi de 0,63%±0,18% enquanto que nas condições de IC20, de IC50 e de IC80
exibiram uma maior percentagem de células em fase pré-G0/G1. A presença de células na fase
pré-G0/G1 nas condições tratadas (IC20, IC50 e IC80) corrobora os resultados referentes ao tipo
de morte celular (apoptose) presentes nas condições anteriormente referidas. O iodeto de
propídeo com RNAse (utilizado como reagente no ciclo celular) tem a capacidade de se ligar
de forma estequiométrica ao DNA, pelo que a quantidade de luz emitida é proporcional a
quantidade de DNA ligado. A fase pré-G0/G1, devido a fragmentação do DNA e libertação dos
corpos apoptóticos, possui menor quantidade de DNA, enquanto as células nas restantes fases
(células pré-replicativas (fase G0/G1), replicativas (fase S) e pós-replicativas e mitóticas
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Efeito de diferentes terapêuticas citotóxicas na expressão do CD133, Wnt/β-catenina no cancro do colo do
útero.
(G2/M)) possuem maior quantidade de DNA. Desta forma, a fase pré-G0/G1 correlaciona-se
com as células em apoptose (162).
A maior percentagem de células (66,88%±1,01%) paradas na fase G0/G1 corresponde
à condição controlo. Nas concentrações referentes ao IC50, IC80, verificou-se uma maior
percentagem de células paradas na fase S (55,88%±4,90% e 63,50%±4,67% respetivamente).
Por outro lado, observou-se que a condição de IC20 induziu maior bloqueio (59,88%±3,96%)
na fase G2/M do ciclo celular. Estes resultados poderão ser explicados pelo próprio mecanismo
de ação da cisplatina. Este fármaco tem a capacidade de se ligar ao DNA por meio de ligações
covalentes sendo mais tóxico em células em replicação do que em células quiescentes, pelo que
poderá ter induzido a progressão no ciclo celular de forma a provocar maiores erros a nível do
DNA e, consequentemente, a morte celular.
Os bloqueios observados pelas diferentes fases do ciclo celular, de acordo com a
concentração do fármaco, poderão ser explicados pelos respetivos danos a nível do DNA e a
ação dos check-points existentes nas diferentes etapas do ciclo celular.
O bloqueio observado com as concentrações correspondentes ao IC50 e ao IC80 na fase
S, poderá ser explicado pelo facto dessas concentrações serem elevadas e produzirem danos a
nível do DNA, de tal ordem que não as permitiu avançar no ciclo celular. Apesar desses erros,
as células conseguiram ultrapassar o check-point na fase G1 do ciclo celular, porém, nota-se
um bloqueio na fase S. Ao ultrapassar a fase G1, posteriormente poderá ter ocorrido um atraso
ou bloqueio na fase S devido a presença de erros que não foram reparados. As células expostas
à concentração correspondente à condição IC20 (menor concentração de fármaco) terão
ultrapassado os check-points anteriores (G1-S), provavelmente, por terem menos erros no
DNA. No entanto, não tiveram a capacidade de escapar ao check-point na fase G2/M,
possivelmente devido à acumulação de erros (189,190). Estes resultados permitem apontar que
a cisplatina tem a capacidade de permitir a progressão no ciclo celular. Além disso, indicam
que a paragem das células HeLa nas diferentes fases do ciclo celular varia de acordo com a
concentração de cisplatina. Para uma melhor perceção destes resultados seria interessante
realizar o ensaio cometa que permite avaliar os danos causados no DNA pelas diferentes
concentrações do fármaco. O ensaio cometa baseia-se na ligação de um corante com afinidade
para o DNA. O DNA que está danificado, durante a migração, forma uma cauda devido à perda
da sua estrutura enquanto que o DNA não danificado não migra. Desta forma, o tamanho da
cauda será proporcional aos danos no DNA (191,192). Este ensaio permitirá avaliar a proporção
de danos causados pela cisplatina.
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Efeito de diferentes terapêuticas citotóxicas na expressão do CD133, Wnt/β-catenina no cancro do colo do
útero.
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Efeito de diferentes terapêuticas citotóxicas na expressão do CD133, Wnt/β-catenina no cancro do colo do
útero.
produção intracelular dos peróxidos (Figura 3.6) observou-se que a condição do IC20 exibe uma
maior produção intracelular de peróxidos (1,68MIF±0,03MIF). Quanto à GSH, a produção
intracelular também aumenta com o aumento da concentração do fármaco (Figura 3.7).
Relativamente à GSH o resultado obtido vai de encontro ao esperado uma vez que um
dos mecanismos de ação da cisplatina é através da formação de espécies reativas. O aumento
da produção intracelular da GSH poderá ter ocorrido na tentativa de converter o peróxido de
hidrogénio em água. Porém, os resultados obtidos para os peróxidos não vão de encontro aos
resultados esperados, ou seja, o aumento da produção dos peróxidos com o aumento da
concentração da cisplatina. Estes resultados podem ser explicados, uma vez que a 2’,7’
diclorodihidrofluoresceina (DCFH) pode ser oxidada em 2’,7’-diclorofluoresceina (DCF) em
menor proporção por outras ERO sem ser o peróxido de hidrogénio, o que interferirá na
quantidade de peróxidos medidos. Consegue reagir também com os peroxinitritos e as
hidroperoxidases lipidicas (195). Adicionalmente, as espécies reativas de oxigénio possuem
uma semi-vida muito curta, podendo-se converter em outras espécies reativas de oxigénio,
alterando assim a quantidade final das mesmas (196). Posto isto, a análise da GSH peroxidase
(GPx) também seria interessante uma vez que a GSH é oxidada em GSSG (dissulfeto de
glutationa) pela ação da GPx utilizando como substrato o peróxido de hidrogénio. Nesta reação,
o peróxido de hidrogénio é convertido em água por intermédio da GPx (197). A análise da GPx,
uma das principais enzimas responsáveis pela eliminação dos peróxidos permitiria uma melhor
compreensão deste processo oxidativo.
Verifica-se ainda que há stresse oxidativo uma vez que é necessário o consumo de duas
moléculas de GSH para reduzir uma molécula de peróxido. Por outro lado, o aumento da
expressão da GSH pode também indicar um mecanismo de defesa/resistência da célula a este
fármaco, uma vez que a cisplatina quando conjugada com a GSH é exportada para fora da célula
(72). Sabendo que cerca de 60% da cisplatina se liga à GSH, seria também interessante avaliar
o transporte da GSH para fora da célula (198). A GSH é exportada através dos transportadores
ABC (do inglês, ATP‐binding cassette), em especial pelas MRP 1 e 2 (do inglês, multidrug
resistance proteins) (199). Poder-se-ia inibir estes transportadores e, posteriormente, medir a
GSH, comparando os níveis extracelulares pré e pós-inibição dos transportadores.
Relativamente ao anião superóxido não se pode concluir se há ou não stresse oxidativo,
uma vez que este resulta do desequilíbrio entre a formação das espécies reativas de oxigénio e
a sua remoção. Desta forma, não analisando a SOD, enzima importante no combate desta ERO,
nada se pode concluir.
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Efeito de diferentes terapêuticas citotóxicas na expressão do CD133, Wnt/β-catenina no cancro do colo do
útero.
Num estudo realizado por Whang et al. onde utilizaram a sonda DHE (dihidroetidina)
para avaliar a produção de espécies reativas de oxigénio observaram que, 24 horas após o
tratamento de células de uma linha celular do cancro do colon, a expressão das ERO era
dependente da concentração da cisplatina, isto é, quanto maior a concentração do fármaco maior
os níveis intracelulares de ERO (200). Este estudo está em concordância com os resultados que
obtivemos, uma vez que a produção intracelular dos superóxidos aumentou com o aumento da
concentração do fármaco. Que et al. Observaram, com recurso a marcação com DCFH,
aumento das espécies reativas de oxigénio, após tratar com cisplatina células de duas linhas de
cancro hepatocelular (201). Este estudo não vai de encontro com os resultados por nós obtidos,
uma vez que a produção intracelular dos peróxidos não aumentou com o aumento da
concentração do fármaco. O que poderá ser justificado pelo facto das linhas celulares serem
diferentes.
Por fim utilizou-se o manitol como neutralizador do radical hidroxilo com o intuito de
perceber o efeito do radical hidroxilo na proliferação das células HeLa. Como referido em Ding
X et al. utilizou-se a concentração de 40 mM de manitol (171) e após 48 horas de incubação,
assim como esperado observou-se um aumento de 12,27µM ±1,04 µM para 22,57µM ±0,71µM
no IC50 sugerindo que o radical hidroxilo está envolvido na citotoxicidade provocada nas
células HeLa (Figura 3.7).
Relativamente à expressão da CD133 observou-se, por western blot, que este diminuiu
na condição IC50 com posterior aumento na condição IC80 (p=0,04) (Figura 3.9 A). Os
resultados foram corroborados pela imunomarcação da CD133 (Figura 3.9 C). Estes resultados
não vão de encontro aos resultados esperados. Como a CD133 está associada à resistência à
quimioterapia era espectável que a expressão se mantivesse relativamente constante com o
aumento da concentração do fármaco ou que a expressão deste marcador aumentasse na
tentativa de combater a ação da cisplatina. Porém, estes resultados indicam que a expressão da
CD133 se altera com a concentração do fármaco. Este resultado poderá ter sido provocado pela
alteração da expressão génica das células HeLa após a exposição à cisplatina, resultando em
diferentes expressões proteicas. Neste contexto, a avaliação da expressão por PCR (do inglês,
polymerase chain reaction) após o tratamento seria também importante permitindo elucidar o
comportamento do gene (PROM-1) que codifica para expressão da proteína CD133.
No estudo realizado por Liu Y et al. em que células de duas linhas de cancro do pulmão,
a H460 e a H661, foram tratadas com diferentes concentrações de cisplatina (1 µM/L, 10 µM/L
e 2 µM/L, 20 µM/L respetivamente) durante 24 horas, os autores observaram um aumento da
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Efeito de diferentes terapêuticas citotóxicas na expressão do CD133, Wnt/β-catenina no cancro do colo do
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expressão génica por PCR e proteica por citometria de fluxo da CD133 (196). Os resultados
obtidos neste estudo não possuem o mesmo padrão de expressão proteica quando comparados
com os resultados por nós obtidos; como referido anteriormente, a análise da expressão génica
nesta dissertação seria muito importante facilitando a compreensão dos diferentes padrões
proteicos observados.
Na Figura 3.10 observa-se o aumento da imunomarcação da Wnt (nas condições de IC20
e de IC50) e posterior diminuição relativamente ao controlo na condição IC80. Observa-se que a
expressão da β-catenina foi mais elevada na condição de IC50 diminuindo, tendencialmente, na
condição de IC80 (Figura 3.11 A). O aumento da expressão da β-catenina na condição de IC50,
poderá indicar uma tentativa da célula combater a ação do fármaco, porém em concentrações
mais elevadas o fármaco consegue reverter este aumento. A análise da expressão da LRP6
revelou que há uma tendência para a diminuição da expressão desta proteína com o tratamento,
sendo que a concentração mais elevada (IC80) do fármaco corresponde a menor expressão desta
proteína (Figura 3.12). Na Figura 3.13 é possível observar o aumento tendencial da pLRP6 com
o aumento da concentração do fármaco. O diferente padrão de expressão observado entre a
proteína total (LRP6) e a proteína fosforilada (pLRP6), poderá ser explicado pelo facto de não
se ter realizado análise por western blot no mesmo gel, o que poderá expor os diferentes géis a
variáveis diferentes que poderão afetar a quantificação. Sendo assim, seria necessário a
realização deste ensaio no mesmo gel. Porém, devido ao aumento tendencial da pLRP6, e à
diminuição tendencial da Naked1 (figura 3.14, resultados preliminares) e da Axin1 (Figura
3.15), poderá ser expectável haver a localização nuclear da β-catenina. Estudos para confirmar
a localização nuclear da β-catenina seriam importantes de se realizar. A β-catenina ao entrar no
núcleo consegue-se ligar ao domínio fator de célula T/fator potenciador linfoide (TCF/LEF,
do inglês T-cell factor/lymphoid enhancer factor) e promover a transcrição de genes alvos. A
realização de uma imunoprecipitação permitiria avaliar essa interação.
No tratamento do cancro, a radioterapia constitui uma das principais opções
terapêuticas. A escolha desta terapêutica poderá variar com o estádio, tipo de tumor e perfil da
população (76). Apesar dos avanços feitos nesta área, a radioterapia não é uma terapia seletiva,
afeta também as restantes células adjacentes. Existem relatos de efeitos adversos como a
dermatite, a toxicidade hematológica e as alterações do trato gastrointestinal (78,80,81).
Um dos principais objetivos da radioterapia é inibir o potencial proliferativo ou a
capacidade clonogénica das células (68). A inibição da capacidade clonogénica pode ser
avaliada pelo ensaio clonogénico, o que permite obter informações sobre a radiossensibilidade
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Efeito de diferentes terapêuticas citotóxicas na expressão do CD133, Wnt/β-catenina no cancro do colo do
útero.
celular (67,77). Desta forma, neste estudo, para avaliar o efeito da radioterapia nas células da
linha HeLa, avaliou-se a capacidade clonogénica (ensaio clonogénico) 10 dias após a exposição
à radioterapia utilizando doses compreendidas entre 0 Gy e 10 Gy. Após a realização desse
ensaio foi possível traçar a curva dose-resposta e determinar a DL50 (dose letal média)
utilizando-se o modelo linear quadrático. Os valores obtidos foram de 3,15 Gy para o DL50, de
-0,1499 Gy para o α, de 0,1174 Gy para o β e de 1,02 para o Fator de Sobrevivência (2). A
razão α/β foi de -1,28. Este valor não permite inferir sobre a radiossensibilidade da linha, uma
vez que valores α/β compreendidos entre 1 e 5 indicam que a linha celular é radio-resistente ou
que responde de forma tardia à radioterapia enquanto que valores compreendidos entre 6 e 12
indicam que a linha é radiossensível ou que responde de forma precoce à radioterapia (77). Por
se ter obtido um valor de α negativo a razão α/β também foi negativa. O valor de alfa negativo
pode ser explicado pelo início da curva em que se verifica o aumento da sobrevivência celular,
pois até aos 2 Gy as células HeLa não respondem à radioterapia, o que traduz radiorresistência.
Nos estudos posteriores utilizaram-se as doses de 2 Gy, de 3 Gy e de 10 Gy após 48 horas de
exposição.
A inibição da capacidade clonogénica poderá ocorrer por apoptose, necrose, catástrofe
mitótica, indução da senescência e/ou autofagia (68,96). A nível biológico a radioterapia
consegue atuar de forma direta e indireta. Os efeitos diretos resultam da interação direta da
radiação com os componentes celulares. O efeito indireto é através da formação de espécies
radicalares como as espécies reativas de oxigénio e de nitrogénio (88,89). Desta forma,
analisou-se a morte celular, a produção de espécies reativas de oxigénio (superóxido e
peróxidos) e a defesa antioxidante GSH.
Assim como esperado a análise da morte celular, por citometria de fluxo (dupla
marcação com anexina V e iodeto de propídeo), revelou uma diminuição da percentagem de
células viáveis com o aumento da dose, acompanhado por um aumento de morte celular.
Observou-se ainda que há um predomínio da necrose em todas as condições quando
comparadas com a apoptose, e estes valores são estatisticamente significativos em células
tratadas com a maior dose de radioterapia, ou seja, dose de 10 Gy (Figura 3.17). Estes resultados
foram corroborados parcialmente pela coloração de May-Grünwald-Giemsa. É possível
observar a existência de características apoptóticas e necróticas na condição de 2 Gy,
características necróticas na condição de 3 Gy e de 10 Gy (Figura 3.18). A condição de 10 Gy
exibe características necróticas ainda mais acentuadas quando comparada com as restantes
condições. Esta diferença pode dever-se à utilização de duas técnicas distintas pois a coloração
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Efeito de diferentes terapêuticas citotóxicas na expressão do CD133, Wnt/β-catenina no cancro do colo do
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3.21). A GSH desempenha um papel protetor na radioterapia, uma vez que o aumento da sua
expressão está relacionado com a radioresistência, o que poderá ser justificado pela ligação da
GSH à P53, impedindo assim, a sua correta função (197). No entanto, existe pelo menos um
estudo que descreve a diminuição da expressão da GSH após a radioterapia (205). Krishna e
colaboradores observaram em doentes com cancro do colo do útero nos estádios IIB e IIIB
expostas à radioterapia, com dose de 35 Gy distribuída em 16 frações durante 4 semanas, houve
diminuição da GSH ,após uma única fração de 2Gy de radiação-X, tanto nas amostras
sanguíneas como nas amostras tumorais (205). Surpreendentemente, os nossos dados revelam
que ocorre a diminuição da expressão com a dose de 3 Gy e o aumento da GSH com a dose de
10 Gy. Este aumento poderá ser justificado como uma tentativa das células HeLa contornarem
o efeito da radioterapia. É possível observar ainda em todas as condições a existência de stresse
oxidativo, uma vez que é necessário o consumo de duas moléculas de GSH para reduzir uma
molécula de peróxido (98). Desta forma, a análise da GPx também seria interessante já que a
GSH é oxidada em GSSG pela ação da GSH peroxidase utilizando como substrato o peróxido
de hidrogénio. O peróxido de hidrogénio nesta reação é convertido em água por intermédio da
GPx (197). A análise da GPx, permitiria compreender de melhor forma este processo oxidativo.
Uma vez que o stresse oxidativo resulta do desequilíbrio entre a formação das espécies
reativas de oxigénio e a sua remoção, analisando apenas os superóxidos não se pode concluir
se houve ou não stresse oxidativo porque não se avaliou a SOD, enzima importante na
transformação do peróxido de hidrogénio em água. Desta forma, seria também importante a
análise da SOD neste estudo.
Já existem publicações que relacionam a expressão da CD133 com a resistência à
radioterapia e a capacidade de formação de colónias (134). No nosso estudo além de avaliar a
expressão da CD133, também analisamos outras proteínas como a β-catenina, a Wnt, a LRP6,
a pLRP6, a Naked1 e a Axin1, 48 horas após a exposição à radioterapia (2 Gy, 3 Gy e 10 Gy),
na tentativa de perceber como varia a sua expressão após a radioterapia. A expressão da CD133
e de β-catenina foi avaliada simultaneamente por western blot e por imunocitoquímica. A
expressão da LRP6, da pLRP6, da Naked1 e da Axin1 foi analisada por western blot e a
expressão da proteína Wnt foi avaliada por imunocitoquímica.
Na Figura 3.22 (A e B) observa-se diminuição da expressão da CD133 na condição de
2 Gy, aumento da expressão na condição de 3 Gy e diminuição na condição de 10 Gy. Estes
resultados são também corroborados pela imunocitoquímica (Figura 3.22 C). Era expectável
que a expressão da CD133 se mantivesse constante por conferir resistência ao tratamento ou
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No estudo realizado por Han Y et al. numa linha de cancro do pulmão (A549),
observaram o aumento da expressão da Axin1 e apoptose após a exposição à radiação-X (1 Gy)
(209). No entanto, os nossos dados não indicam a existência de um maior nível de apoptose
quando se observa maior expressão da Axin1 (3 Gy). Isto poderá ser justificado como referido
anteriormente pelo aumento da Naked1 nesta condição. Porém, não foi possível encontrar
artigos que avaliassem a expressão da Naked1 após a exposição à radioterapia e que avaliassem
também a expressão da Axin1 na mesma linha celular após diferentes doses.
Além da CD133, a avaliação da expressão génica da Wnt, da β-catenina, da LRP6, da
pLRP6, da Naked1 e da Axin1 por PCR seria também importante uma vez que permitiria uma
melhor compreensão da expressão proteica observada, facilitando perceber o comportamento
destas proteínas em resposta à radioterapia e em que medida poderiam ser usadas como alvo no
tratamento.
5-Conclusão
O cancro do colo do útero é o quarto cancro mais comum a nível mundial (3). Em 2012
estimaram-se cerca de 528 000 novos casos e cerca de 266 000 mortes em todo o mundo,
sendo que cerca de 87% destes valores ocorreriam nas regiões menos desenvolvidas (10). Os
tratamentos existentes para esta neoplasia em estádios avançados são a quimioterapia e a
radioterapia. Porém, estes tratamentos estão associados a toxicidade e a resistência
(19,37,49,106).
A presença de células estaminais do cancro está associada muitas vezes à resistência às
terapêuticas (115). O CD133 é um marcador de células estaminais que está associado a
resistência à quimioterapia e à radioterapia, à invasão e à baixa sobrevivência (122,134,181). A
via Wnt/β-catenina está envolvida em diversos processos de desenvolvimento embrionário e de
homeostasia das células adultas. Em contexto tumorigénico, está relacionada com a manutenção
e com a evolução das células estaminais (141).
Devido ao envolvimento da CD133 e da via Wnt/na resistência às terapêuticas e no
desenvolvimento tumoral pretendeu-se avaliar a expressão destas proteínas e da LRP6, da
pLRP6, da Axin1 e da Naked1 em células do cancro do colo do útero.
Os resultados obtidos nas células da linha HeLa após o tratamento com cisplatina
sugerem que o efeito da cisplatina nesta linha dependeu do tempo e da concentração exposta, a
morte celular variou de acordo com a concentração da cisplatina e que este fármaco foi capaz
de induzir stresse oxidativo. A distribuição das células pelo ciclo celular dependeu da
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Efeito de diferentes terapêuticas citotóxicas na expressão do CD133, Wnt/β-catenina no cancro do colo do
útero.
Tendo em conta os objetivos propostos neste estudo foi possível verificar que tanto a
radioterapia como a quimioterapia induziram alteração da expressão da CD133, da Wnt, da β-
catenina, da LRP6, da pLRP6, da Naked1 e da Axin1. Após o tratamento com a cisplatina
observou-se aumento da expressão da pLRP6 e diminuição da expressão da Naked1 e da Axin1
com o aumento da concentração do fármaco, o que poderá levar a localização nuclear da β-
catenina e induzir a transcrição de genes responsáveis pela sobrevivência e pela proliferação
das células tumorais. Estes resultados poderão estar associados à resistência ao tratamento com
a cisplatina nos doentes com cancro do colo do útero. Na radioterapia foi possível observar que
o aumento da expressão da β-catenina está associada a uma menor morte celular e que a menor
expressão da CD133 está associada a maior morte celular.
Desta forma, foi possível alcançar os objetivos propostos, porém não se conseguiu
estabelecer uma completa correlação entre as proteínas analisadas. Continua assim a ser
necessário o desenvolvimento de mais estudos que permitam perceber esta interação de forma
a minimizar o crescimento tumoral, a toxicidade e a resistência.
86
Efeito de diferentes terapêuticas citotóxicas na expressão do CD133, Wnt/β-catenina no cancro do colo do
útero.
6- Perspetivas futuras
Com a realização deste trabalho surgiram novas propostas para estudos futuros que poderão
permitir esclarecer alguns dos resultados obtidos:
1) Isolamento de células que expressam o marcador CD133 nas células da linha HeLa e
comparar com células cuja a expressão foi inibida na tentativa de perceber o papel deste
marcador face à resposta à quimioterapia e à radioterapia.
2) Analisar a expressão nuclear da β-catenina
3) Inibir a expressão da Axin1 e da Naked1 na tentativa de perceber como estes marcadores
influenciam na proliferação e a sobrevivência das células da linha HeLa.
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7-Referências bibliográficas
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8- Anexos
Anexo I
Estadiamento do cancro do colo do útero de acordo com as normas da FIGO.
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útero.
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