A Atuação Do Psicólogo Comunitário
A Atuação Do Psicólogo Comunitário
A Atuação Do Psicólogo Comunitário
Psicologia
RESUMO
PALAVRAS-CHAVE
ABSTRACT
The Liberation Psychology of Martín Baró is a critical approach of the social reality expe-
rienced by Latin American people and then build a relevant theoretical knowledge, going
beyond the conventional observation and interpretation of facts. Aims to free human bein-
gs from alienation produced by a dominant minority, where the social psychologist has an
important mediating role. Influenced the Community Psychology in Brazil, which arises
from the search to legitimize a less elitist Psychology and more geared to social problems.
The contribution of Liberation Psychology to the development of Community Psychology
is to point to the need to develop a practical proposing the vision of psychosocial processes
from the part of the dominated, rather than see it dominating the shed. The community
psychologist will then act first raising the community's needs (method a posteriori) and
then try to social change. Given the Brazilian socio-historical reality, there is a need for so-
cial change from the release of Community Psychology. Thus, the actions of community
psychologist in Brazil can inspire this proposal in order to build a Psychology able to help the
community to get rid of the constraints that the social structure requires it.
KEYWORDS
1 INTRODUÇÃO
Dessa forma, assim como os povos da América Latina, o Brasil também possui
um contexto histórico marcado pela exclusão e pela desigualdade social, terreno fértil
pra a prática do psicólogo comunitário com o objetivo de libertar esses indivíduos.
Nesse sentido, o presente artigo consiste numa revisão bibliográfica sobre a te-
mática da atuação do psicólogo comunitário a partir da Psicologia da Libertação. Fo-
ram pesquisados nas plataformas digitais Google Acadêmico, Scielo e BDOT (Biblio-
teca Digital Brasileira de Teses e Dissertações) e na biblioteca do campus do Centro
Universitário Tiradentes- UNIT, as seguintes palavras-chave: psicologia da libertação,
psicologia comunitária, intervenção psicológica e psicologia social. O resultado des-
sa pesquisa ensejou dar visibilidade na possibilidade de atuação do psicólogo como
agente de transformação social.
2 A PSICOLOGIA DA LIBERTAÇÃO
Martín-Baró (1998) propõe três aspectos que, em sua opinião, são essenciais
para a construção de uma Psicologia da Libertação:
Criticou o modelo positivista e fez uma revisão das teorias produzidas nos terri-
tórios norte-americano e europeu, ao mesmo tempo em que enfocou a realidade de
El Salvador e da América central naquele seu presente, assumindo a não neutralidade
Além disso, o não reconhecimento de nada mais além do dado leva o positivis-
mo a ignorar aquilo que não existe, mas que poderia ser historicamente possível, caso
fossem oferecidas outras condições. Isso contribuiu para fazer com que a Psicologia e
especialmente a Psicologia latino-americana tenha servido predominantemente aos
interesses das minorias dominantes (MARTÍN-BARÓ, 1986), processo que não tem
sido diferente no Brasil.
Ou seja,
O autor ainda cita que a tarefa que deveria ser prioridade dos psicólogos sociais
é a configuração de uma Psicologia popular, objetivando estudar e cultivar, de uma
forma sistemática “todos aqueles aspectos da Psicologia de nossos povos que tenham
contribuído ou que possam contribuir para a sua libertação histórica” (MARTÍN-BARÓ,
1983, p. 216). Isso supõe primeiramente recuperar a memória histórica desses povos,
como: costumes, formas de organização e trabalho, valores e normas que serviram
ontem e que servirão hoje para a libertação. De forma bastante realista, ele chega à
seguinte conclusão:
Diante disso, o autor apresenta dois desafios para a Psicologia Social latino-
-americana: primeiramente olhar os problemas importantes de suas sociedades,
tendo em vista que uma das “clássicas críticas” que são feitas à Psicologia, sobretudo
à Psicologia Social, é sobre a sua relevância social, que tem sido nula à significativa
resolução dos principais problemas sociais. Entretanto:
3 A PSICOLOGIA COMUNITÁRIA
Dessa forma, motivados pelo distanciamento dessa ciência dos problemas sociais
vigentes em nossa sociedade e a constante falta de resposta para eles, nasceu um gru-
po de psicólogos sociais que começou a questioná-la na essência de seus objetivos,
em suas ideologias, intervenções e resultados; apontando a diversidade cultural, o con-
texto e a ideologia como questões que deveriam ser primordiais e centrais dentro de
uma Psicologia Social eficaz (GÓIS, 2008).
Silva (2012) fala que os psicólogos então se depararam com o desafio de desen-
volver uma atuação na qual teoria e prática fossem indissociáveis. Dessa forma, du-
rante os anos 1980 a prática na comunidade aconteceu, visando uma sistematização
teórica por meio de pesquisas a respeito do comportamento político das comunida-
des. Ela buscava por meio das suas várias formas de intervenção transformar a vida
das populações desfavorecidas dos países latino-americanos. Já no Brasil, a mesma
ganhou adeptos desde o período da ditadura, época em que a prática de uma psico-
logia transformadora era impossível nas universidades e nas instituições em geral e os
psicólogos sociais se voltaram para as comunidades.
Martín-Baró (1986) propõe que essa nova perspectiva venha “de baixo”, ou seja,
das próprias maiorias oprimidas, sugerindo a visão dos processos psicossociais a par-
tir da vertente do dominado, ao invés de enxergá-lo da vertente do dominador:
Além disso, na opinião dele o psicólogo, de uma forma geral, tem tentado inse-
rir-se nos processos sociais por meio do que ele chamou de “instâncias de controle”.
Isso corroborou para que a pretendida assepsia científica se tornasse na prática uma
aceitação da perspectiva de quem tem o poder e um atuar tomando como base
quem domina. No que se refere à atuação do psicólogo comunitário ele denuncia:
Ele então propõe uma nova forma de atuação para o psicólogo, ou seja, uma
intervenção em conjunto com a comunidade, que deve participar ativamente com
esse profissional na tentativa de solucionar um determinado problema enfrentado
por determinada comunidade, a fim de possibilitar a libertação desse público, por
meio da ruptura das cadeias de alienação social e das cadeias de opressão social.
Nesse processo, a verdade dessas maiorias não deve ser encontrada, mas sim cons-
truída. Para que isso aconteça, o psicólogo precisará, portanto, modificar a sua práxis
(MARTÍN-BARÓ, 1986).
Também, irá selecionar ou construir instrumentais para efetivar sua ação. Des-
sa forma, os objetivos são delimitados dentro de um processo decisório participativo,
onde tanto o psicólogo como a própria comunidade e seus respectivos representantes
irão estabelecer relações horizontais de discussão, análise e definição sobre elas. Assim,
o modo de intervenção a posteriori, confere autonomia à comunidade para a solução
de problemas e uma parceria para a elaboração de um serviço eficaz, proposta de in-
tervenção que consiste numa aplicação da Psicologia da Libertação (FREITAS, 1998).
Ao mesmo tempo em que o Brasil é um país rico com um grande parque indus-
trial e com um avanço científico tecnológico; é também um país onde o desrespeito
à vida e a dignidade humana são práticas comuns. Por exemplo, morrem crianças e
adolescentes assassinados, presos são torturados em cárceres degradantes, mulhe-
res e meninas se prostituindo por um prato de comida. As injustiças sociais no Brasil
são inúmeras e há muito a se fazer, uma vez que o problema da exclusão social vem
de um passado com longa história. O reflexo disso é que a situação da maioria dos
brasileiros – sejam eles oriundos do campo ou da cidade – é de miséria e injustiça
(SILVEIRA, 2012).
5 CONSIDERAÇÕES FINAIS
REFERÊNCIAS
MARTÍN-BARÓ, I. Para Uma Psicologia da Libertação. In: GUIZO, R. S. L.; LACERDA JR.,
F. (Orgs.). Psicologia Social Para a América Latina: O Resgate da Psicologia da Liber-
tação. Campinas, SP: Alínea, 2009;
RODRIGUES, A. J. et al. Metodologia Científica. 4.ed., rev., ampl. Aracaju: UNIT, 2011.
(Série bibliográfica).
SILVA, C. M. M. F. Por uma psicologia social brasileira: Sílvia Tatiana Maurer Lane.
2012, 157f. Tese (Doutorado em Psicologia). Pontífica Universidade Católica de São
Paulo- PUC-SP. São Paulo, 2012. Disponível em: <http//www.sapientia.pucsp.br/tde-
busca/arquivo.php?codArquivo14875>. Acesso em: 12 fev. 2015.