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Gênero na Escola
Ficha Técnica
Esta obra é licenciada nos termos Creative Commons, sendo todos os direitos reservados. É permitida
a reprodução, disseminação e utilização desta obra, em parte ou em sua totalidade, desde que citada a
fonte.
© 2019
Universidade de Brasília - UnB
NESP – Núcleo de Saúde Pública
CDU 37.018.432
Sobre o autor
Edu Turte Cavadinha 1. Apresentação
do módulo
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2. Objetivo
7 Geral
3. Aula
9
O Que é Gênero
10
Gênero em Números para mudança:
como podemos fazer a
diferença na escola
16
6. Considerações
24
finais
Referências
27
28 Avaliação
ATIVIDADE
fórum
PROPOSIÇÃO DE CENA
29
PARA DISCUSSÃO
31
31
Sobre o autor
Edu Turte Cavadinha
E
du Turte Cavadinha é Doutor em Ciências, pela Faculdade de Saúde Pública da
Universidade de São Paulo, Professor colaborador do Departamento de Saúde Co-
letiva da Universidade de Brasília, Brasília-DF, email: [email protected]
7
1. Apresentação do
módulo
Prezado professor, seja bem-vindo ao módulo 9!
E
ste módulo oferecerá uma forma de reflexão, a partir da perspectiva de gênero,
para promover, garantir e fomentar a igualdade entre homens, mulheres, meni-
nas, meninos, pessoas não binárias, bem como respeitar e proteger as diversas
manifestações e formas de ser das pessoas, dentro e fora do ambiente escolar.
Conteúdos
P
romover a reflexão e o conhecimento sobre concepções, conceitos e terminologias de
9
gênero, bem como sua aplicabilidade prática para que professores e professoras para
favorecer uma visão crítico-analítica sobre os contextos sociais, culturais e econômicos
que transversalizam essa temática.
Objetivos Específicos
Proporcionar a compreensão sobre as discussões e conceitos que envolvem
as relações de gênero no contexto brasileiro;
10
Afinal o que é o gênero que tanto falam?
A
palavra gênero tem vários sen- Para a geometria, gênero é a metade do
tidos e pode ser empregada em número de cortes que precisam ser fei-
diversas áreas do conhecimen- tos em uma superfície para que ela se
to. Nas Artes Plásticas, por exemplo, torne simplesmente conexa (MICHAELIS,
gênero se refere às categorias de clas- 2018).
sificação das obras de arte, segundo
os diferentes critérios de estilo, época, Podemos citar uma variedade de concei-
autor, técnica, etc. Já na Literatura, gê- tos, mas nenhum deles apresenta tanta
nero é cada um dos modos pelos quais repercussão e controvérsia do que quan-
os diferentes conteúdos literários se or- do usamos a palavra gênero para falar
ganizam em determinada forma de ex- de expectativas sociais que cada socie-
pressão com características específicas, dade tem para meninas, meninos, ho-
como o lírico, o épico e o dramático. mem e mulheres.
Para entendermos melhor o que é gênero, vamos começar a nossa reflexão pensando
em um momento especial que é o nascimento de um novo ser humano. Quando a
família e amigos sabem da chegada do bebê, qual é a primeira coisa que geralmente
é perguntada para a futura mãe? “Já sabe o sexo?” ou “É menino ou menina?” E essas
11
informações geram tanta ansiedade, pois todo o círculo social que vai se relacionar
com esta futura vida quer saber qual a forma de tratamento que será mais adequada.
Comprar o enxoval rosa para meninas e azul para meninos é muito comum na atuali-
dade. Essas cores foram definidas como forma de identificação do sexo biológico dos
bebês, já que é muito difícil definir isso olhando apenas pela aparência. Mas quem defi-
niu que rosa era cor de meninas e azul de meninos? Afinal, ninguém nasce com objetos
ou roupas e nem sequer pode manifestar, explicitamente, a preferência por uma cor
em detrimento da outra.
T
udo isso que foi apresentado até Desse modo, a palavra gênero utiliza-
12 agora serviu para ilustrar a impor- da neste módulo significa uma gama de
tância da socialização para que me- características entendidas socialmente
ninas e meninos aprendam os papéis para diferenciar a masculinidade e a fe-
esperados para cada sexo em nossa so- minilidade. Essas características podem
ciedade. Assim, entendemos que a es- incluir o sexo biológico, papéis de gêne-
cola é um espelho da sociedade e é um ro, expressões de gênero e identidade de
ambiente importante nesse processo de gênero. É importante enfatizar que essas
socialização, por isso que esse debate é características estão conectadas com as-
imprescindível. pectos biológicos, psicológicos, culturais,
sociais, econômicos e históricos, ou seja,
não é um conceito estático, muda con-
forme o contexto e sociedade.
S
egundo a Organização Mundial da Essa visão faz com que muitas pesso-
Saúde, o gênero é um produto das as ainda acreditem que existem luga-
relações entre as pessoas e pode re- res sociais diferentes para cada gêne-
fletir a distribuição de poder entre elas, ro, ou seja, que o nosso sexo biológico,
gerando desigualdades em diversas áre- assim como nossos hormônios e gené-
as da sociedade. tica, determinam não apenas nossas
características físicas, mas também
Isso é muito importante para refletirmos nossas habilidades, competências, de-
sobre a crença social que ainda existe sejos, anseios, preferências e aptidões.
de que homens e mulheres são “sexos (SCHWARZ; LIMA, 2018).
opostos”.
Dessa forma, o fator biológico passa a ser a única questão considerada, e as pessoas
tendem a ignorar as questões sociais, culturais e econômicas, naturalizando os com-
portamentos e rotulando os gêneros. Por exemplo, quem nunca ouviu expressões
como “homens são de marte e mulheres são de vênus”, “só podia ser mulher”, “homem
é assim mesmo”? 13
As características a serem exaltadas para cada gênero estão situadas numa lógica binária,
por exemplo, masculino/feminino, forte/frágil, racional/emocional, provedor/cuidadora,
etc. Estas características geram o que chamamos de estereótipos de gênero que é quan-
do passamos a entender que todas as mulheres e homens se enquadram nesta lógica.
A
expectativas de gênero também podem ser cruéis com homens e meninos, pois
é cobrado um modelo de masculinidade que nem todos conseguem alcançar,
gerando sofrimento. A sociedade cobra que os homens sejam fortes e pouco
emotivos e que eles se distanciem de características tidas como femininas. Os ho-
mens vistos como “femininos” tendem ser ridicularizados, humilhados ou até podem
sofrer violência física por parte de outros homens.
E as pessoas LGBTI+?
P ara iniciar esse tópico, precisamos ter em mente dois conceitos: orientação sexual
e identidade de gênero.
A orientação sexual de uma pessoa indica a inclinação afetiva e/ou erótica ao gêne-
ro que ela se sente atraída. Por exemplo, se for um homem que se relaciona com
mulheres, ele é considerado heterossexual, se for um homem que se relaciona com
homens, é homossexual ou gay. Quando o homem sente atração tanto por homens
quanto por mulheres, ele é bissexual. Então o termo orientação sexual apenas se
refere às relações.
Na sigla LGBTI+, ser lésbica, ser gay ou ser bissexual diz respeito à orientação sexual.
Ainda existe a letra “i” que se refere às pessoas intersexuais que não é nem orienta-
ção sexual e nem identidade de gênero. São pessoas que nasceram com variações
de caracteres sexuais (cromossomos, gônadas e órgãos genitais). Antigamente, eram
conhecidas como hermafroditas, termo que caiu em desuso. Essas pessoas foram
incluídas na sigla LGBT por sofrerem preconceitos e violências muito similares ao que
essa população vivencia.
Pessoas trans são as que geralmente mais sofrem com as violências, principalmente
quando são identificadas enquanto trans. Cabe ressaltar que nem toda pessoa trans
é igual a outra. Algumas desejam tomar hormônios para ter características de um 15
sexo ou de outro, outras não. Algumas querem realizar cirurgias para modificar o cor-
po, outras não. Então, depende de pessoa para pessoa. O que é importante destacar,
no caso das pessoas trans, é o respeito ao pronome no gênero em que a pessoa se
identifica e também o uso de seu nome social, caso não tenha modificado ainda seus
documentos no registro civil.
16
S
e pensarmos que, no século XIX, a informação com a redução da taxa de
educação das mulheres era exclu- fecundidade.
sivamente voltada para os afazeres
domésticos, podemos entender algu- Mesmo assim, o cenário ainda carece de
mas características que ainda atribuí- mudanças mais substantivas. A seguir, da-
mos ao gênero feminino na atualidade, remos pistas de como as desigualdades de
como o cuidado das crianças e a respon- gênero funcionam em setores sociais im-
sabilidade pelo cuidado da casa. Entre- portantes, a partir de alguns dados coleta-
tanto, vários avanços sociais ocorreram dos e disponibilizados pelo Instituto Brasi-
neste último século, como, por exem- leiro de Geografia e Estatística – IBGE; pelo
plo, a maior participação das mulheres Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada –
no mercado de trabalho e sua crescente IPEA; pelo Anuário Brasileiro de Segurança
escolarização, a disseminação de mé- Pública e pelo Boletim Epidemiológico do
todos contraceptivos e maior acesso à Ministério da Saúde.
Os dados levantados pelo IBGE, em 2016, demonstram que as mulheres seguem dedi- 17
cando relativamente mais tempo aos afazeres domésticos e aos cuidados das pessoas
da família. (IBGE, 2018).
Estudiosos alertam que algumas mulheres acabam tendo uma dupla jornada de tra-
balho: o trabalho remunerado e o trabalho doméstico. Essa jornada fica ainda mais
pesada quando a mulher é casada, como demonstra um estudo norte-americano que
concluiu que ter um marido aumenta em até 7 horas o trabalho doméstico para as
mulheres.
Mesmo com essa diferença, a relação do trabalho doméstico como algo tipicamente
feminino está mudando e muitos homens já assumem essa responsabilidade sem ne-
nhum julgamento contra sua masculinidade. Inclusive, vem crescendo no mundo um
movimento de paternidade ativa, onde os homens reivindicam mais participação no
cuidado de seus filhos e filhas.
No mercado de trabalho
C
omo algumas mulheres necessitam conciliar trabalho remunerado com os afa-
zeres domésticos e cuidados, isso acaba refletindo na busca de empregos com
carga horária reduzida e, consequentemente, menores salários. Isso é mais evi-
dente em mulheres de classe econômica mais baixa e entre mulheres negras (31,3%
exerciam ocupação por tempo parcial em 2016).
19
Até pouco tempo atrás, o voto das mulheres não tinha o mesmo peso
do voto dos homens no Brasil. As mulheres ganharam o direito ao voto
em 1932, mas o voto era facultativo. Apenas em 1965 o voto feminino
foi equiparado ao masculino. O movimento para conquistar o direito ao
voto para as mulheres brasileiras foi liderado pela bióloga Bertha Lutz
(ASSIS; SANTOS, 2016).
Na Educação
A
qui a balança da desigualdade tende a mudar de lado por conta da tendência
geral de aumento da escolaridade das mulheres. Em 2016, a taxa de frequência
escolar no ensino médio dos homens de 15 a 17 anos de idade era de 63,2%, en-
quanto a feminina era de 73,5% (IBGE, 2018).
Gênero e Violências
N
ão há como negar que existem econômica e social brasileira. Porém,
diversos fatores que são causa- esses fatores atravessam e são atraves-
dores de violência no país, como sados pelas questões de gênero como
por exemplo, a profunda desigualdade será demonstrado neste tópico.
Homicídio
20 A questão de gênero a ser pensada neste tópico se refere ao número de mortes da
população jovem no Brasil (15 a 29 anos). Em 2016, 33.590 jovens foram assassinados,
sendo que uma maioria gritante (94,6%) pertence ao sexo masculino. Quando fazemos
o recorte de raça/cor, podemos perceber a faceta da desigualdade racial no Brasil, pois
a taxa de homicídios de negros foi duas vezes e meia superior à de não negros (IPEA,
2018).
As políticas públicas ainda não chegaram perto de dar a devida resposta para o en-
frentamento deste problema. Mas podemos pensar em como trabalhar questões de
gênero desde a escola para tentar modificar esse quadro, pois o homicídio é um pro-
blema majoritariamente dos homens: eles são a maioria dos autores desta violência e
também a maioria das vítimas.
Alguns estudiosos acreditam que os papéis de gênero esperados para os homens po-
dem explicar, em parte, porque essa é uma violência majoritariamente masculina. Me-
ninos e homens são socializados para serem fortes e dominantes, já das mulheres, é
esperado um comportamento subordinado e pacífico.
Cabe ressaltar que também existem mulheres que cometem homicídio, entretanto em
proporção muito menor.
Violência doméstica, Feminicídio e estupro
E
nquanto os homens estão mais expostos às violências em locais públicos, as mu-
lheres são vitimadas dentro da sua própria casa e seus agressores geralmente são
homens conhecidos.
Só em 2017, foram registrados mais de 220 mil casos de violência doméstica no Brasil,
sendo 606 casos por dia (FÓRUM BRASILEIRO DE SEGURANÇA PÚBLICA. 2018). Esse
tipo de violência que acontece em todas as classes sociais é uma violência reconheci-
damente relacionada às questões de gênero.
O movimento #MeToo que pode ser traduzido como “#Eu também” foi
foi criado nas redes sociais para denunciar abusos sexuais no ambien-
te de trabalho, mas logo ganhou repercussão quando muitas artistas
começaram a falar de suas experiências e encorajar outras mulheres
a fazerem o mesmo. Muitos homens poderosos foram denunciados
durante este movimento. Para explorar mais esse movimento, busque
pela hashtag #MeToo no twitter, instagram e facebook.
Violências contra as pessoas LGBTI+
E sta violência é difícil de ser contabilizada por não haver muitos recursos para sua
notificação. Ainda carece de leis protetivas e sofre por conta das negligências por
parte das autoridades brasileiras, esbarrando em posicionamentos conservadores que
impedem que surjam ações e políticas eficazes para o combate a este tipo de violência.
Portanto, os dados apresentados aqui foram levantados por grupos que mapearam os
assassinatos por meio de casos reportados pela mídia, ou seja, por não vir de fontes
oficiais, este dado está com certeza subnotificado.
Mesmo com essa subnotificação, o cenário não é bom. Segundo o Grupo Gay da Bahia
(GGB, 2018), a cada 19 horas um LGBT é assassinado ou se suicida vítima de preconcei-
to. Até outubro de 2018, foram registrados 347 casos de homicídios de pessoas LGB-
TI+. No ano de 2017, foram contabilizados 179 Assassinatos de pessoas trans, sendo
a grande maioria de Travestis e Mulheres Transexuais (ANTRA, 2017). O Brasil é visto,
mundialmente, como o campeão mundial desse tipo de crime (TGEU, 2017).
Cabe ressaltar que mulheres lésbicas e homens trans também estão expostos a um
tipo de estupro chamado “corretivo” que é quando um ou mais homens forçam o ato
sexual para “corrigir”, violentamente, sua orientação sexual ou identidade de gênero.
Suicídio
O ato de tirar a própria vida é um tema de te na faixa etária de 15 a 29 anos. É a 4ª
difícil abordagem e permeado por tabus causa de morte entre e a população jo-
sociais por ser um fenômeno complexo vem no Brasil (BRASIL, 2017).
e de difícil compreensão. Entretanto, al-
gumas questões relacionadas ao gênero Alguns estudiosos acreditam que os ho-
podem ser pensadas, a partir de dados mens tendem a ter mais êxito em tirar
disponíveis sobre o suicídio. a vida pelo fato da masculinidade ter
mais incentivo a questões violentas e
Segundo Boletim do Ministério da Saúde, de poder. Os dados demonstram que o
entre os anos de 2011 e 2016, ocorreram enforcamento é a forma mais predomi-
48.204 tentativas de suicídio. As mulhe- nante de autoextermínio. As mulheres
res foram as que atentaram mais contra tendem a tentar suicídio através da in-
própria vida, 69% do total registrado e gestão de medicamento ou substâncias
33% delas tentou mais de uma vez. Nes- venenosas.
te mesmo período, aconteceram 62.804
mortes por conta de suicídio, com os Entre as pessoas LGBTI+, este dado é
homens representando 79% do total de muito difícil de ser mensurado. Entre-
mortes registradas. Ou seja, muitas mu- tanto, muitos casos são compartilha-
lheres tentam suicídio, mas os homens dos pela mídia. O único dado disponí-
são os que mais morrem, principalmen- vel é o do relatório “Transexualidades e
Saúde Pública no Brasil’ que indica que que estão relacionados às tentativas de
85,7% dos homens trans já pensaram suicídio, como os transtornos mentais,
ou tentaram cometer suicídio (SOUZA depressão e alcoolismo; isolamento so-
et al., 2016). cial; ter passado por perdas recentes; e
condições clínicas incapacitantes, como
Porém, além das questões de gênero, é lesões desfigurantes, dor crônica, neo-
importante pensar nos fatores de risco plasias malignas.
23
24
A final, o que a sociedade ganha com a igualdade de gênero? Nas unidades anteriores
foi demonstrado que a busca pela igualdade de gênero pode ser o caminho para
uma cultura de paz no Brasil, além de contribuir para a diminuição de disparidades
sociais.
Mas, e na prática?
Professor, para pensarmos práticas mais inclusivas e voltadas para a igualdade de
gênero dentro da sala de aula, é muito importante conhecer os dispositivos e ferra-
mentas disponíveis no Brasil, como por exemplo:
• Lei Maria da Penha – É considerada uma das leis mais avançadas do mundo
no enfrentamento da violência doméstica e familiar;
• Lei do Feminicídio – Lei mais recente que reconhece que muitas mortes das
mulheres brasileiras são relacionadas às questões de gênero;
• Programa Mulher Viver sem Violência – Congrega diversas políticas e ações
para melhorar o acesso a elas;
• Política Nacional de Atenção Integral à Saúde da Mulher – Documento bási-
co para às questões de promoção, prevenção e proteção da saúde;
• Política Nacional de Saúde do Homem – Reconhece que as desigualdades de
gênero também afetam a população masculina. Os homens tendem a cuidar
e acessar menos os serviços de saúde; e
• Política Nacional de Saúde Integral de Lésbicas, Gays, Bissexuais, Travestis
e Transexuais – Essa política reconhece que o preconceito dificulta o acesso
das pessoas LGBT aos serviços de saúde e também cita suas demandas e es-
pecificidades.
O
conhecimento desses dispositivos humanas”, para que os jovens sintam-se
ajuda a embasar materiais didáti- livres para desenvolver toda sua poten-
cos-pedagógicos para serem tra- cialidade e realizar suas escolhas sem
balhados na escola. pré-julgamentos ou expectativas ligadas
ao gênero.
Também é importante trabalhar uma
educação pautada pelo respeito à diver- Combater brincadeiras e piadas (bullying)
sidade. Afinal, todas as pessoas são dife- que ridicularizam mulheres e população
rentes em seu modo de ser, falar, vestir, LGBTI+ e, mais enfaticamente, as violên-
forma de cuidar do corpo, modo de ver cias físicas e psicológicas direcionadas
o mundo, preferências, ou seja, existem a este grupo. Trabalhar questões sobre
diferentes formas de expressar o gêne- violência dentro de relacionamentos afe-
ro. As diferenças não devem fomentar tivos com os estudantes, por exemplo,
discriminações dentro da escola. dependência, posse, ciúme, não aceita-
ção do fim do relacionamento, vazamen-
Logo, devemos ficar atentos às condutas to de fotos íntimas para vingança, etc. Fa-
que segreguem as pessoas por gêne- vorecer a criação de espaços e canais de
ro. Por exemplo, quando um professor diálogo entre escola e estudantes para
costuma separar meninas num grupo trabalhar questões complexas que estão
e meninos em outro para realizar uma fortemente relacionadas às questões de
atividade escolar. Evitar reproduzir este- gênero. Convidar os pais e responsáveis
reótipos como “meninos são melhores para participarem dos debates e conhe-
em exatas e meninas são melhores em cer melhor a temática.
26
6. Considerações
Finais
N
este módulo, vimos como as questões de gênero são importantes para todas
as pessoas. Nossa discussão trouxe conceitos e dados para que os professores 27
tenham mais propriedade e sintam-se capazes de trabalhar essa questão em
sala de aula. A seguir, apresentaremos um mapa conceitual sobre os principais temas
abordados:
GGB – GRUPO GAY DA BAHIA. Homicídios de LGBT no Brasil em 2018. [online] Disponí-
vel em: https://homofobiamata.wordpress.com/homicidios-de-lgbt-no-brasil-em-2018/
Acesso em 1 dez. 2018.
WORLD ECONOMIC FORUM. Global Gender Gap Report 2018. [online] Disponível em:
http://www3.weforum.org/docs/WEF_GGGR_2018.pdf. Acesso em: 20 nov. 2018.
WHO – WORLD HEALTH ORGANIZATION. Género y salud, 2018. [online] Disponível em:
https://www.who.int/es/news-room/fact-sheets/detail/gender Acesso em 10 nov. 2018.
29
Avaliação
Exercício e fixação Aula 1
1 - O que é gênero?
( ) Um apelido
( ) Nome pelo qual algumas pessoas travestis e trans usam para se identificar e po-
dem usar na sua matrícula e listas de frequência, independente de terem muda-
do seu nome de registro. É um direito garantido por resolução homologada pelo
MEC.
( ) Nome pelo qual pessoas trans e travestis usam para se identificar e só é utilizado
se a direção e professores da escola permitirem.
31
PROPOSIÇÃO DE CENA PARA DISCUSSÃO
Na sala de aula você identifica uma aluna que nunca responde à lista de chamada e, ao
olhar a lista, percebe que tem um nome masculino que nunca recebeu uma presença.
Como você procederia neste caso?
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