03 - Produção Bibliográfica - 2014 - CIELLI - Maringá - Publicação - Resumo Publicado PG 492 - IMPRIMIR PDF
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DOS
TRABALHOS
APROVADOS
DO PRECONCEITO RACIAL À FALTA DE CARÁTER: ESTUDO DO CASO HEVERTON OCTACÍLIO DE CAMPOS MENEZES
Resumo
O presente trabalho procura demonstrar como Heverton Octacílio de Campos Menezes, de forma bastante rude, desacatou a
funcionária, Marina Serafim dos Reis, em um cinema na Capital Federal, Brasília-DF. Suas concepções preconceituosas e seu
caráter movediço e falho (ARISTÓTESLES, 1973), permitiu desvelar ao grande público, um caráter dissimulado e
preconceituoso, capaz de agredir deliberadamente, sem motivos, uma jovem que considerou social e fisicamente inferior a ele.
Para analisar seu discurso, nos pautamos na teoria defendida pela Análise Crítica do Discurso (ACD), que entende o discurso
como uma prática social em que os sujeitos atuam como coprodutores dos vários discursos sociais, centrados na ideologia,
relações de poder e valores discriminatórios (FAIRCLOUGH, 1989,1995, 2001). Entendendo, assim, que o discurso é uma
prática de representação do mundo, por isso, todas as práticas sociais, sejam elas, políticas, familiares, religiosas ou de lazer,
passam pelo viés do discurso. Diante disso, por entendermos que o desabafo do médico, deu-se não somente por preconceito
racial, mas também por falta de caráter, propomo-nos a verificar, principalmente, através das reportagens de Souza (2012) e
Palencia (2012), como seu discurso racista e preconceituoso, contribuiu para o desenrolar de eventos discursivos que o
censuraram socialmente.
CONSTITUIÇÃO DE ARQUIVO PARA ANÁLISE DO CUIDADO DE SI NO DISCURSO DE SUJEITOS IDOSOS EM CONTEXTO
DE ESTUDOS NA UNATI- UEM
Resumo
Pretende-se demonstrar o percurso teórico-metodológico de coleta de material para a pesquisa de tese em que se objetiva
analisar a subjetivação do idoso em contexto de ensino na Universidade Aberta à Terceira Idade (UNATI) da Universidade
Estadual de Maringá (UEM). Essa pesquisa está embasada em uma perspectiva discursiva, calcada no pensamento de Michel
Foucault e tem como o objeto de análise as práticas desses sujeitos sobre si mesmos para se constituírem como sujeitos idosos
de seu discurso. Para tanto, são mobilizados da teoria foucaultiana conceitos como: discurso, memória, objetivação,
subjetivação, cuidado de si, artes de existência. Para compor o material de análise optou-se por coletar relatos sobre a rotina de
vida na terceira idade e também por realizar uma entrevista semi-estruturada com alunos da UNATI-UEM. Para compor a
entrevista, foram pesquisados elementos do cuidado de si, descritos por Foucault em obras como a História da Sexualidade e A
hermenêutica do sujeito. A partir de cada ponto, elaborou-se uma questão discursiva para o trabalho e cada questão discursiva
foi adaptada à linguagem comum dos idosos, constituindo as questões formuladas na entrevista. Para cada questão, foram
levantados os saberes que se esperava que fossem mobilizados nas respostas e os saberes efetivamente mobilizados pelos
entrevistados, a fim de serem analisados possíveis deslizes de sentido. Essas informações são sistematizadas em tabela na
parte metodológica da tese. A coleta resultou em um arquivo com dez entrevistas que, transcritas, somam sessenta e duas
páginas.
ESTUDO DE EXPRESSÕES MULTIPALAVRA EM TRADUÇÃO: UMA ANÁLISE DE CÓRPUS DO PAR LINGUÍSTICO
PORTUGUÊS-ESPANHOL
Resumo
O presente trabalho visa apresentar uma análise baseada em córpus de expressões multipalavra (EM) formado por textos -
crônicas/contos, técnicos, institucionais, notícias - do par linguístico português-espanhol. Para fundamentar esta pesquisa,
partiu-se de uma abordagem interdisciplinar que relaciona as teorias da Linguística de Corpus e dos Estudos de Tradução,
através da abordagem descritiva de Holmes (1972) e das investigações de Rocha (2007), Villavicencio (2010), Sardinha (2004;
2009), Partington (1996), Leech (1992) e Thunes (1999). A metodologia utilizada foi a análise de frequência e probabilidade, a
partir da inserção dos dados no programa WordSmith 6.0 (Scott, 2010), utilizando-se as ferramentas do Wordlist e Concord,
com o objetivo de investigar clusters de 3 e 5 palavras, verificando-se os contextos em que as EM ocorrem. Assim, obteve-se o
número de ocorrências dos referidos clusters encontrados por ordem de frequência. Ambas as listas geraram entradas de
12.292 para o português e 12.450 para o espanhol, com índices de frequência que vão respectivamente de 6,60 e 4,71 até 2,02.
A partir da lista Index, pode-se visualizar 2.094 entradas geradas demonstrando que alguns clusters são mais recorrentes que
os outros, embora nem sempre com a mesma frequência em ambas as línguas. Nesta primeira fase da pesquisa, verificamos a
relevância dos estudos das EM, visto que sua compreensão viabiliza melhores resultados nos processos de tradução
QUANDO AS MÁSCARAS CAEM EM O SOL SE PÕE EM SÃO PAULO, DE BERNARDO CARVALHO
Resumo
Os espaços urbanos mostram-se recorrentes e representativos nas narrativas brasileiras contemporâneas. Se por um lado, a
metrópole é considerada espaço do caos e da fluidez que caracteriza a pós-modernidade, a necrópole – grandes cemitérios que
simbolizam o espaço de morte – configura-se com espaço de memória. O romance O sol se põe em São Paulo (2007), de
Bernardo Carvalho, pode ser compreendido dentro dessa exemplaridade. Representados na obra, os espaços das metrópoles
(São Paulo e Osaka) e da necrópole (Cemitério Monte Koya) convergem para o mesmo lugar no romance do escritor: a
revelação das identidades deslocadas e marcadas pelo mal estar contemporâneo. Assim, este trabalho centra-se na análise dos
espaços de memória e identidades perdidas que são deslindadas no decorrer da construção narrativa do romance. Trata-se de
demonstrar a importância dos espaços arruinados para a composição de uma estrutura narrativa atravessada por personagens,
cujas identidades, ao transporem esses espaços (metrópole e necrópole), também suscitam o arruinamento. Ao estabelecer
relação com os personagens do teatro Kyogen, a narrativa de Bernardo Carvalho evidencia personagens romanescos que vão
sendo “desmascarados” no decorrer da narrativa e, assim, consubstanciam as identidades instáveis e os espaços arruinados
presentes no romance.
ANÁLISE DE DISCURSO E CINEMA: AS MATERIALIDADES DO SENTIDO
Resumo
Uma das asserções fundamentais da Análise de Discurso está em que não há transparência da linguagem, dos sentidos, dos
sujeitos e da história. É a partir desse lugar teórico que propomos pensar a materialidade audiovisual, evidenciando, assim,
nosso trabalho em torno da tetralogia Shrek, da DreamWorks. Para tanto, partimos da noção de recorte em oposição à de
segmentação (ORLANDI, 1984), a qual diz respeito ao funcionamento discursivo do texto em sua incompletude, a fim de
analisar os processos de constituição de sentidos em objetos estéticos constituídos de materialidades significantes diversas,
considerando as especificidades de cada uma delas (LAGAZZI, 2007). Com a formulação materialidade significante reitera-se
“[...] ao mesmo tempo a perspectiva materialista e o trabalho simbólico sobre o significante [...] (LAGAZZI, 2010), o que permite
referirmo-nos ao “discurso como a relação entre a materialidade significante e a história” (LAGAZZI, 2010) e pensarmos o
“sentido como trabalho simbólico sobre a cadeia significante, na história, compreendendo a materialidade como o modo
significante pelo qual o sentido se formula” (LAGAZZI, 2010). Assim, defendemos a necessidade de evidenciarmos o
imbricamento de materialidades significantes diversas, próprias da especificidade cinematográfica, entendendo cada
materialidade significante trabalhando na falha da outra, na incompletude. Além disso, a forma material é tomada aqui como
perspectiva teórica para observar o funcionamento discursivo do simbólico constituído de materialidades significantes diversas,
e a noção de recorte como dispositivo analítico que possibilita pensar o funcionamento do discurso a partir dessa perspectiva.
IDEOLOGIA E IMAGINÁRIO EM FUNCIONAMENTO EM DISCURSO VEICULADO POR REVISTA MASCULINA
Resumo
Durante muito tempo se fala nas conquistas femininas, a mulher está em todos os espaços, em todas as profissões, paralelo a
isso, pergunta-se como vem sendo representado o sujeito masculino, considerando todas as transformações e o novo olhar
para a mulher. O que retorna como memória em torno da representação masculina é quase consenso que ele é sempre forte,
ativo, viril, invulnerável, provedor, não chora e não se preocupa com as aparências, pois sentimentos assim revelariam suas
fraquezas perante a sociedade. No discurso em circulação, o modelo de sujeito masculino centra-se no modelo dominação
heterossexual. Os movimentos feministas e os movimentos gays das décadas de 70 e 80 apontam para a resistência a esse
modelo, buscando redefinir o gênero masculino a partir da mídia, em nosso recorte em uma revista destinada ao público
masculino. O aporte teórico é a Análise do Discurso, de linha francesa, filiada a Michel Pêcheux, que considera o social e o
histórico e enfatiza o sujeito e a ideologia para o discurso como prática. Nosso objetivo é verificar, na revista Men´s Health, da
editora Abril, na sessão “Cabeça de Homem”, que imaginário de sujeito-masculino se constitui a partir desse lugar/veiculo e a
que formações discursivas esses sujeitos são filiados a partir dos discursos que circulam no veiculo em tela.
REVISÃO E REESCRITA NA FORMAÇÃO DOCENTE INICIAL: PROGRAMA PIBID UNESPAR
Resumo
Esta comunicação trata dos processos de revisão e reescrita de textos na formação docente inicial com alunos participantes do
PIBID – Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência, a fim de compreender como a formação teórico-metodológica
sobre tais processos se estabelece na formação docente desses estudantes, contribuindo para o desenvolvimento dos estudos
sobre o ensino de revisão e reescrita na formação docente, assim como sobre as pesquisas a respeito de produção textual
escrita em situação de ensino. Para tanto, pautamo-nos na teoria enunciativo-discursiva e na concepção dialógica de
linguagem, proposta pelo Círculo de Bakhtin, na concepção de escrita como trabalho (FIAD e MAYRINK-SABINSON, 1991) e
nos processos de revisão e reescrita (SERAFINI, 1987; MENEGASSI, 1998; RUIZ 2010). A metodologia da pesquisa
sustenta-se nos pressupostos da Linguística Aplicada, com viés qualitativo-interpretativo, cunho etnográfico e aplicado,
centrando-se no levantamento, descrição e análise de dados, que correspondem à compreensão dos elementos internalizados
pelos alunos do PIBID em práticas efetivas de produção escrita. Além das reflexões teóricas, são feitos encaminhamentos
metodológicos e práticos em relação à revisão e reescrita de textos com os participantes, desenvolvendo uma pesquisa-ação.
Os dados são coletados a partir dos encontros de formação teórico-metodológica, da atuação dos participantes em salas de
aula e de entrevista inicial e final. Na fase atual da pesquisa, após a entrevista inicial, estão sendo realizados os encontros de
formação e o delineamento das concepções de escrita, de revisão e de reescrita dos participantes, os quais são aqui discutidos.
DISCURSIVIDADE NA/PELA MEMÓRIA: A RELAÇÃO MEMÓRIA-ARQUIVO-MUSEU NO ESPAÇO DE IMIGRAÇÃO
Resumo
Nesta comunicação trazemos à discussão concepções de memória pela Análise de Discurso, a partir de Michel Pêcheux
(1997a, 2010), Orlandi (2005, 2011) e Venturini (2009). Priorizamos os funcionamentos da memória e seus deslocamentos
na/da memória discursiva, chegando à rememoração/comemoração, como dois conceitos que funcionam juntos, a
rememoração recobre o discurso de - memória - e a comemoração - o discurso sobre – o intradiscurso, funcionando
simultaneamente pela memória discursiva. Também abordamos Pierre Nora (1993), quando ele trata da memória e sua relação
com a História. Decorre daí, a conceituação de “lugar de memória”, que será deslocado para funcionar, nos termos de Venturini
(2009), como lugar de memória, tomado como arquivo e não como conjunto de documentos que se referem a um tema, mas no
funcionamento de arquivo que gerencia memórias. Para dar conta desse funcionamento tomamos o Museu dos Suábios, do
distrito de Entre Rios, em Guarapuava/PR, espaço de imigração alemã, como um lugar de memória-arquivo. A memória para a
AD, não se refere às lembranças vividas, mas a um arquivo, no qual ficam estabilizados os discursos que ressoam o tempo
todo, reconstruídos e (re)-significados conforme as condições de produção e a formação discursiva, na qual o sujeito que
enuncia seu discurso pertence ou se inscreve. Portanto, o museu discursiviza imagens das colônias como simulação de sua
terra natal, um lugar de estrangeiros que vivem no Brasil, ou seja, os suábios e sua história sofrem uma atualização por meio do
simbólico, instaurando a formação discursiva necessária para a constituição de uma pátria que é alicerçada nos já-ditos, na
memória de um povo distante.
ENSINO DE LÍNGUAS EM CONTEXTOS MULTILÍNGUES: POR UMA FORMAÇÃO DOCENTE ESPECÍFICA
Resumo
Buscamos, neste trabalho, fazer considerações sobre ensino de línguas em contextos multilíngues, discutindo a problemática
apresentada a seguir. Trata-se de uma pesquisa qualitativa-interpretativista, de base etnográfica que se fundamenta,
principalmente, nas discussões dos Novos Estudos de Letramento (GEE, 2000; STREET, 1999), a partir do qual se entende
tanto letramento quanto multilinguismo como prática social. Além disso, aborda-se Calvet (2002; 2007), Cavalcanti (1999),
Maher (2007), Finger (2008) e (SPINASSÉ, 2011) para tratar das políticas linguísticas e o ensino de línguas. A colonização
alemã/suábia no interior do Paraná possibilitou a formação de uma comunidade multilíngue que originou um ambiente
sociolinguístico complexo onde ocorrem conflitos linguísticos entre os falantes das diferentes línguas usadas na região. Tal
enfrentamento social e linguístico é trazido à tona pela atuação da escola mantida pela comunidade ao privilegiar o alemão
clássico e o português culto (FARACO, 2008) nas práticas escolares em detrimento das variedades locais dessas línguas.
Considerando as línguas minoritárias um bem cultural daqueles que as falam e da comunidade como um todo (SPINASSÉ,
2011), este trabalho mostra a necessidade de haver políticas linguísticas que valorizem os falares locais de modo que seus
docentes compreendam o contexto multilíngue da região e aproveitem, em sala de aula, o conhecimento linguístico dos alunos
bi/multilíngues para um estudo mais significativo das línguas.
ANÁLISE LINGUÍSTICA: O FUNCIONAMENTO DIALÓGICO-VALORATIVO DE RECORRÊNCIAS GRAMATICAIS NA NOTÍCIA
Resumo
Os inúmeros estudos sobre gêneros do discurso situados a partir de diferentes perspectivas apresentam abordagens
teórico-metodológicas que apontam para formas peculiares de se enfrentar o objeto. No campo da Linguística Aplicada, ao
assumir uma dessas perspectivas, o pesquisador ou o professor passa a considerar certos princípios balizadores à sua pesquisa
ou às suas elaborações didáticas no que se refere ao trabalho com leitura, com a escrita, com oralidade e com a análise
linguística. A partir de consideramos isso, assumimos a proposta analítico-interpretativa da Análise Dialógica do Discurso (Brait,
2006), sustentada pelos postulados do Círculo de Bakhtin, especialmente nos trabalhos de (2003, 2006, 2008) e as contribuições
da Linguística Aplicada no que se refere ao trabalho de análise linguística (Geraldi, 1984), (Mendonça, 2006), (Perfeito, 2007)
para este estudo. Aqui apresentamos a relação entre categorias gramaticais recorrentes na notícia e valorações dialógicas que se
concretizam estilístico-composicionalmente no gênero a partir de movimentos discursivizados específicos. Os resultados finais,
obtidos a partir da análise de um corpus constituído por 25 notícias publicadas em meio eletrônico, apontam para um trabalho
dialógico-discursivo de análise linguística que serve à dissolução da articulação dicotômica ou com a leitura ou com o processo de
produção textual escrita, na medida em que consideramos as dimensões linguísticas e extralinguísticas do discurso, assim como
a orientação interna e externa e do gênero na realidade.
BIODATAS, COVER LETTERS E RESUMÉS: A CONSTRUÇÃO DE MODELOS DIDÁTICOS DE GÊNEROS PROFISSIONAIS
Resumo
Esta comunicação, endereçada principalmente a professores de língua inglesa, tem o objetivo de apresentar três gêneros
textuais referentes à esfera profissional – as biodatas, as cover letters (cartas de apresentação) e os résumés – com os
modelos didáticos referentes a cada um deles. Nossa exposição versará sobre as principais características recorrentes nos três
gêneros com o intuito de apontar as dimensões ensináveis neles presentes, os quais serão utilizados em um curso de escrita
acadêmica para alunos de um curso de Letras. Os modelos didáticos foram construídos a partir da investigação do contexto de
ensino de uma instituição pública do Paraná – a Universidade Tecnológica Federal do Paraná (UTFPR), do Campus Curitiba –,
de uma pesquisa bibliográfica sobre os gêneros supracitados e da análise de um corpus composto por 15 exemplares retirados
de fontes diversas. Este estudo está fundamentado nos construtos teórico-metodológicos do Interacionismo Sociodiscursivo
(Bronckart, 1999, 2006) e no procedimento de sequências didáticas (Dolz e Schneuwly, 2004). Ao final da exposição, teceremos
algumas observações sobre os resultados preliminares de nossa pesquisa.
A MARCA DO PECADO ORIGINAL: MANIFESTAÇÕES DO RISO EM CAIM, DE JOSÉ SARAMAGO
Resumo
Neste trabalho, procuramos refletir, a partir do estudo do romance Caim (2009), do escritor português José Saramago
(1922-2010), sobre o processo de ressignificação de personagens míticas presentes nas narrativas bíblicas, a partir da
concepção de que a literatura não deve ou precisa representar o real, a obra de arte literária pode, múltipla, afirmar, negar, os
dois simultaneamente — polifônica —, dizer o outro, reconfigurar e reapresentar o homem. Por meio da paródia, da
ambivalência, do riso, a releitura apresentada no romance de José Saramago possibilita questionar a pretensão do Antigo
Testamento de única verdade histórica. Via de mão dupla, o riso ao mesmo tempo em que pode nublar aquilo que vemos,
reafirmando os valores do grupo, fazendo retornar ao mundo ordenado, previsível, a inversão promovida por ele promovida
pode também, ao confundir o mundo que é nossa representação (aquele que criamos a partir do que vemos e que quase
sempre nos parece real) com o mundo representado (que costumamos atribuir ao outro e que nos parece representação),
reorientar, reordenar nosso mundo e o modo como nos relacionamos com ele. O riso pode apresentar, portanto, caráter
questionador, inquietante e que aponta para a dessacralização, sugerindo uma reconfiguração de valores.
BAKHTIN E A ARQUITETÔNICA DA RESPONDIBILIDADE
Resumo
O projeto empreendido pelo Círculo de Bakhtin de formulação de uma teoria ética e estética da linguagem se deu pela
necessidade da busca de compreensão das formas de produção e de funcionamento do discurso. Além dos estudos sobre os
trabalhos de Goethe, Dostoiévski e Rabelais, Bakhtin dispensou atenção também ao discurso cotidiano, filosófico, científico e
institucional. Inserido num projeto de doutorado cujo objetivo é a análise da arquitetônica da divulgação científica no Brasil do
século XIX, nesta apresentação, intenciono discutir o conceito de arquitetônica, um dos mais complexos do teórico, porém
pouco explorado, destacando a fecundidade dessa noção para o estudo dos mais variados tipos de discurso, tanto prosaico
quanto poético. A pergunta que tentarei responder nesta comunicação é: em que consiste a arquitetônica bakhtiniana, ou, para
utilizar a expressão apresentada por Clark e Holquist (2008), a ‘arquitetônica da respondibilidade’? Para que seja possível
compreender tal conceito, é imprescindível um estudo pelas obras: “Arte e responsabilidade” (1919), “O autor e a personagem
na atividade estética” (1920-3), “O problema do conteúdo, do material e da forma na criação literária” (1924) e “Para uma
filosofia do ato responsável” (1920-4), para que se consiga entender como foi formulado e onde se encontram as premissas
para construção de tal conceito filosófico. A noção de arquitetônica, basilar nesse estudo, emerge de um comprometimento não
só linguístico, mas de uma visão de mundo que busca entender o todo, numa perspectiva que estão articulados, numa relação
dialógica infinda, os aspectos social, histórico, cultural e ideológico da produção da linguagem.
ENTRE LINHAS E RINHAS: AS CONSTRUÇÕES IDENTITÁRIAS NO FOLHETIM PULP DE ANA PAULA MAIA
Resumo
Sabemos que a subjetividade e o fragmentário são algumas das características encontradas na prosa literária recente. As
narrativas apostam nos temas que expressam de maneira radical às relações pessoais do ser humano e buscam representar
sua vida pública inseridos no cenário urbano sob uma perspectiva angustiante e paradoxal do presente, retomando assim, o
elemento trágico. Dentre as produções brasileiras escritas a partir dos anos 90, escolhemos a novela, assim denominada pela
própria autora, Entre rinhas de cachorros e porcos abatidos (2009), da escritora carioca Ana Paula Maia, como proposta de
trabalho a fim de analisar as construções identitárias dos personagens Edgar Wilson e Erasmo Wagner, que chama a atenção
por se misturarem pelas iniciais do nome (EW). Tais personagens figuram na novela como um meio de representar a sociedade
brasileira de forma realista, ao mesmo tempo em que ocupam posições sociais e desempenham funções caracterizadas pela
degradação. Para esse estudo, utilizamos como referenciais teóricos os textos dos pesquisadores e críticos brasileiros como
Beatriz Resende e Karl Erik Schollhammer. Sobre a inscrição da obra da autora no período contemporâneo, recorremos às
teorizações sobre pós-modernidade de Linda Hutcheon e Andreas Huyssen. Quanto às questões da construção identitária na
pós-modernidade, o referencial é sustentado pelas discussões sobre o tópico a partir de Stuart Hall.
EDUCAÇÃO, ENSINO DE LÍNGUAS E CIDADANIA NO OESTE DO PARÁ
Resumo
Esta comunicação começa com uma reflexão sobre a educação, inspirada no video "an open letter to educators", postada no
youTube, o ensino de línguas e a cidadania no Oeste do pará, com base em relatos de experiências que envolveram os projetos
"English Through Music", o "Ensino de Inglês por meio de textos musicalizados via Rádio" que fomos coordenadores e "Agenda
Cidadã", do qual fomos participantes no Oeste do Pará (2011-2013). As palavras de Sydney Harris, sobre a educação genuína,
inseridas no livro de RUTH SPACK (2011), que nos chamam a reflexão sobre a necessidade de uma postura que muda o foco
do processo ensino e aprendizagem, levando o professor a postura de mediador, um facilitador, como se denomina em inglês, a
guiar os alunos de maneira que eles sejam os atores do processo, sujeitos de uma transformação genuína, uma postura
inspirada na Grécia antiga por meio de Sócrates e revisitada nas palavras de Paulo Freire, são a base teórica para nossas
reflexões, posto que, já na década de 80, nos instigava a concebermos a alfabetização como algo que vai além de um domínio
psicológico e mecânico de técnicas de escrever e de ler, mas de forma que o processo se dê de maneira consciente, ao que
chamava de uma auto formação que venha resultar numa ação do homem sobre o contexto que vive em sua comunidade,
numa proposta que mostra o aluno como sujeito, como o centro do foco do processo educacional, diferentemente da posição
tradicional da educação, que via o professor como o centro das atenções. Como desfecho destas reflexões, propõe-se uma
atitude calcada no uso genuíno da cidadania por parte dos professores como objeto modal da transformação de um quadro de
disforias.
CORUJA LELÉ: OBSERVAÇÃO DE ALGUMAS IMPRESSÕES DE LEITURA
Resumo
Em 1974, a escritora Giselda Laporta Nicolelis publicou o seu primeiro livro infantil. Trata-se de Coruja Lelé, que, na visão da
crítica especializada, sobretudo da estudiosa Nelly Novaes Coelho, configura-se como produção literária ainda em fase de
experimentação, uma vez que o texto apresenta muitos equívocos e limitações, tanto no âmbito da manipulação da linguagem
quanto no dos valores comportamentais defendidos. Considerando esse apontamento, esta comunicação objetiva compartilhar
as impressões de leitura que três alunas do 6º ano do Ensino Fundamental tiveram do livro em questão, fundamentando-se nas
concepções teóricas sobre a Estética da Recepção, de Hans Robert Jauss, com ênfase nas proposições do didata alemão Hans
Kügler acerca da leitura primária. O intuito é refletir sobre a recepção do texto, observando as possíveis reações, comentários,
processos de identificação ou de negação ocorridos logo após o ato da leitura. O trabalho proposto está vinculado aos estudos
desenvolvidos pelos grupos de pesquisa Literatura e Ensino (UENP/Campus de Jacarezinho) e Leitura e Literatura na Escola
(UNESP/Campus de Assis), bem como ao projeto de pesquisa de doutorado “Um estudo da produção infantojuvenil de Giselda
Laporta Nicolelis".
VIRGÍLIO, O GUIA DA COMÉDIA DANTESCA
Resumo
Neste trabalho pretendo abordar de forma analítica algumas dimensões da configuração da presença de Virgílio no Purgatório
de Dante Alighieri, entendemos que este tem um papel fundamental e figurativo imprescindível para o autor, e que a presença
desse poeta do período Clássico, é acima de tudo um auxilio que Dante utiliza tornando sua obra tão completa e dotada de
sentido significativo em tantas áreas acadêmicas diferentes, abarcando tanto a literatura como a teologia, além da história e da
filosofia. Defendemos a importância singular de Dante na filosofia, e acima de tudo comparamos sua importância literária,
Virgílio além de guia é um mestre acima de tudo, trás consigo a representatividade de um ser figurativo que se realiza por
completo doze séculos depois de consagrar-se poeta nos versos da Eneida, rememorado nas doces palavras de Dante
Alighieri. Pretende-se ainda neste trabalho atentar para o valor medieval atribuído a simbologia e o quanto essa linguagem se
funda e se fundamenta no período, de modo que para os medievais a linguagem simbólica é naturalmente utilizada como forma
de expressão e linguagem de mundo, que se vincula primordialmente com a visão religiosa presente. Sendo assim meu objetivo
segue em pontuar as questões dá relação existente entre Virgílio e a obra o Purgatório, sua presença significativa e
fundamental, além disso, os motivos que impulsionaram Dante por essa escolha.
ACONTECIMENTO E MEMÓRIA DISCURSIVA EM TEMPOS CONTESTADOS
Resumo
Nosso propósito neste simpósio é o de discutir a noção de acontecimento em Michel Foucault e de memória em autores como
Le Goff (1990), Nora (1981) e Pollak (1989), entre outros, para tratar o discurso imagético, especificamente uma série de
fotografias que registraram a Guerra do Contestado, as quais, na atualidade, são revisitadas para compor o documentário
“Meninos do Contestado” (2012). Diante dessa materialidade, consideramos que a união entre fotografia e documentário,
produzem, nos sujeitos que as leem, efeitos de sentidos diferentes, num jogo entre documento e monumento, acontecimento e
memória, que revela um paradoxo entre o movimento e o estático, retomando conceitos e discursos, que buscam no efeito do
estático: o passado e, no efeito da movimentação: o liame com o presente. Assim, a fotografia ganha, na efemeridade do
documentário, condições de existência no presente, ressignificando seus discursos e suas possibilidades de leitura. Nessa
direção, perguntamos: De que modo a memória mobiliza, pela materialidade significativa da fotografia, ancorada na técnica do
documentário, discursos do passado que emergem na contemporaneidade como pertencentes ao presente?
SILÊNCIO E LOUCURA EM JANE EYRE SOB UMA INTERPRETAÇÃO PÓS-COLONIAL
Resumo
Este trabalho tem como objetivo fazer uma leitura pós-colonial acerca do silêncio e da loucura da jamaicana Bertha Mason em
Jane Eyre (2008), mostrando que esses aspectos podem corresponder à política de opressão e repressão coloniais, aliada ao
sistema capitalista, sofrida pela personagem. A pesquisa visa a discutir a identidade do subalterno com base em questões de
raça e relação colonial, destacando a metáfora do casamento de Bertha Mason com Rochester e a relação da crioula com a
branca Jane Eyre, ao mostrar as estratégias do homem branco para explorar a autóctone e civilizá-la, através do transplante
cultural. Essas estratégias, voltadas para a animalização dessa mulher terceiro-mundista, são interpretadas como ambíguas,
pois à medida que o sujeito europeu utiliza-as para inferiorizar a mulher da colônia, enfatizando sua selvageria, sua ignorância,
sua condição primitiva, servem para mostrar a própria arrogância desse sujeito da metrópole e colocar em dúvida seu papel de
civilizador. Um ponto a se destacar, nessa análise, é a opção estética da autora, ao dar voz a Jane Eyre, uma mulher branca,
que conta sua história de acordo com discursos de personagens, também, de sua raça, sobretudo, Rochester, enquanto
praticamente anula a voz do não branco, pois silencia a jamaicana. Desse modo, este estudo propõe-se a ler Jane Eyre (2008)
do lugar do colonizado, observando questões raciais e coloniais, envolvidas na construção social do silêncio e da loucura nesse
romance.
ATLAS LINGUÍSTICO DO BRASIL: O PAPEL DA EQUIPE PARANAENSE
Resumo
Este trabalho tem como proposta apresentar as atividades da equipe do ALiB-Regional Paraná na elaboração do Atlas
Linguístico do Brasil, projeto nacional e interinstitucional sediado na Universidade Federal da Bahia e coordenado por um
Comitê Nacional constituído por pesquisadores de oito Instituições de Ensino Superior: Universidade Federal da Bahia,
Universidade Estadual de Londrina, Universidade Federal de Mato Grosso do Sul, Universidade Federal do Ceará, Universidade
Federal da Paraíba, Universidade Federal do Pará, Universidade Federal de Santa Catarina e Universidade Federal do Rio
Grande do Sul. Nascido durante o Seminário Nacional Caminhos e perspectivas para a Geolinguística do Brasil, em novembro
de 1996, em Salvador, na Universidade Federal da Bahia, os dialetólogos e sociolinguistas ali presentes justificaram a
necessidade da implantação do Projeto com os seguintes argumentos, considerando: (i) a importância dos estudos
geolinguísticos para o conhecimento das línguas e, consequentemente, do português brasileiro; (ii) a existência no Brasil de
cinco atlas regionais já publicados e de estudos para a elaboração de seis novos atlas, que se encontram em diferentes
momentos de execução e, finalmente, (iii) a necessidade de desenvolver-se, no campo da geografia linguística, um trabalho
orgânico e geral no território brasileiro. Decorridos 17 anos, e tendo tomado parte efetiva em todas as etapas do Projeto ALiB, a
Regional do Paraná, sediada na Universidade Estadual de Londrina, neste evento, vem à presença da comunidade científica
prestar contas de sua atuação.
POR QUE MARIA E NÃO EVA? A MULHER MÃE E A DES-NATURALIZAÇÃO DO DISCURSO RELIGIOSO COM BASE NA
ANÁLISE DA OPACIDADE DA LINGUAGUEM
Resumo
O propósito deste trabalho é o de des-naturalizar o que parece evidente, atravessando o efeito da transparência da linguagem,
da literalidade do sentido, identificando sua opacidade, seus efeitos de sentidos múltiplos e variados, identificando como o
sujeito é interpelado pela ideologia. A análise ocorreu a partir do estudo das capas da revista Cristo Rei, nas quais, tanto a
linguagem utilizada como as imagens estão carregadas de efeitos de sentido, por exemplo, a comparação da mulher/mãe atual
com a imagem de Maria, mãe de Jesus, é simbólica, impregnada de significados com fins ideológicos. Portanto, será possível
afirmar que no discurso religioso cristão esteja presente a relação de desigualdade-subordinação entre homens e mulheres,
havendo um poder exercido sobre o corpo feminino e masculino, que é internalizado pelos sujeitos de modo inconsciente, como
algo natural e não algo construído historicamente? Em busca da reposta deste questionamento, foram analisadas as capas
correspondentes ao mês de maio, “mês do dia das mães”, edição de maio de 2011 e 2006 e agosto, “mês do dia dos pais”, de
2006 e 2007.
OBSERVATÓRIO DE ARTIFÍCIOS: FICÇÕES DA ESCRITA E DO ESCRITOR NA CORRESPONDÊNCIA DE MURILO RUBIÃO
COM FERNANDO SABINO E OTTO LARA RESENDE
Resumo
Este trabalho apresenta algumas estratégias e hipóteses da minha pesquisa de Doutorado em andamento, que consiste na
análise da correspondência de Murilo Rubião (1916-1991) com Fernando Sabino (1923-2004) e Otto Lara Resende (1922-1992).
A investigação do conjunto, que abrange o período de 1943 a 1991, visa à sondagem e à prospecção de elementos que auxiliem
na compreensão da poética de Rubião, bem como na elaboração de dispositivos críticos que estimulem outras leituras de sua
obra. A fim de proceder ao exame das estratégias discursivas mobilizadas neste corpus, utilizo-me de pressupostos da crítica
biográfica articulados a três operadores conceituais: dispositivo, espectro e locação. O primeiro, que remonta aos trabalhos de
Michel Foucault e Giorgio Agamben, contribui na caracterização da carta como mecanismo que engendra o direcionamento, o
exame da consciência e a produção de formas de subjetivação específicas. O segundo, tomado de empréstimo ao pensamento
de Jacques Derrida, propicia refletir tanto acerca dos espectros (do escritor, da escrita e da literatura) como a propósito da
sobrevida destas aparições elaboradas e editadas pelos autores em seu epistolário. Já o terceiro, proposto por Reinaldo
Martiniano Marques, sugere um conjunto de metáforas topológicas (campo, fórum, laboratório, observatório etc) que auxilia a
analisar as correspondências como locações nas quais se configuram diferentes modos de encenação discursiva.
DESMISTIFICAR O RELIGIOSO COMO SAGRADO NOS CONTOS: “NOITE DA PAIXÃO” DE DALTON TREVISAN E “MARIA
DE JESUS DE SOUZA” DE JOÃO ANTÔNIO
Resumo
“Noite da paixão” conto de Dalton Trevisan narra a personagem Nelsinho se encontrando com uma prostituta na noite do
sofrimento de Cristo, lembrado pela comunidade católica. Após o envolvimento dos dois dentro da Igreja eles marcam o encontro
e se retiram. A representação profana se dá pela personagem querer se assemelhar ao Cristo. Já em “Maria de Jesus de
Souza”, conto de João Antônio há conflito entre o sagrado e o profano, visto que a personagem prostituta recebe o nome da
virgem e do filho desta, negando o apelido de Mimi Fumeta dado pelas crianças da rua, e entra em contradição quando ora pede
a presença de Deus, ora a afugenta. Nesta perspectiva o que representa ser igual para uma sociedade pós-colonial? Desde que
as classes abastadas continuem com o direito a participar do que é sagrado e os demais, considerados “pobres” ou moralmente
incorretos fora da Igreja, como se lá houvesse um guardião proibindo a entrada. A religião é um modo de controle do estado e da
política, para que as pessoas façam o correto e tumultuem menos a ordem local, sem isto, como os governantes poderiam
controlar a baderna, a arruaça, o sexo desenfreado, a falta da família? A preocupação vai além da moral e dos bons costumes é
a tentativa pós-colonial de deixar o “pobre” acreditar que haverá punição para os seus maus atos, o que tanto Dalton Trevisan
como João Antônio fazem é desmistificar esse processo religioso como o sagrado.
A INCLUSÃO DO GÊNERO TEXTUAL NO ENSINO DE LÍNGUA MATERNA
Resumo
Os insatisfatórios resultados obtidos com o ensino de língua materna nos impulsionam a refletir sobre essa prática docente e
partir em busca de possíveis alternativas que possam mudar a realidade vigente, tornando esse ensino como uma ação social
(PERRENOUD, 1999). Tendo como base estudos de teóricos que questionam e refletem sobre o ensino de língua, dos quais
citamos Geraldi (1991, 2006), Travaglia (2003, 2006), Marcuschi (2008, 2010), Antunes (2003, 2009), dentre outros
contemporâneos que seguem uma linha sociointeracionista, este artigo problematiza a prática didático-pedagógica do ensino de
língua, enfatizando a necessidade emergente de redimensionar tanto o objeto de estudo como a metodologia adotada. Por
conceber a língua e seu ensino como uma prática diária e constante de interação verbal, vemos o texto/gênero textual como
objeto de estudo e de análise e sugerimos a prática de diferentes estratégias de leitura, análise linguística e produção textual
como método para trabalhar a língua, na escola. Defendemos que a universidade tem o compromisso de preparar o futuro
professor a ser capaz de selecionar e trabalhar os gêneros textuais com diferentes objetivos, nas diversas instâncias do ensino
básico, desenvolvendo variadas e oportunas sequências didáticas (SCHNEUWLY e DOLZ, 2010). Vemos, nesse contexto, a
realização de projetos e o diálogo com o professor em serviço como caminhos viáveis à obtenção de novos resultados com o
ensino de língua.
GÊNERO RELATÓRIO DE AULA DE CAMPO: O RESGATE DA DISCURSIVIDADE ATRAVÉS DA REESCRITA
Resumo
Esta comunicação tem o objetivo de apresentar os resultados parciais de uma pesquisa-ação em andamento. O intuito da
pesquisa é de promover o letramento a respeito do gênero relatório de aula de campo de estudantes do 2º semestre do Curso
Técnico em Agricultura do Instituto Federal de Mato Grosso do Sul (IFMS), em Ponta Porã – MS, onde fizemos uma intervenção
didática para a geração dos dados. O corpus é constituído pelas diferentes versões de relatórios de aula de campo e será
analisado do ponto de vista estrutural e discursivo. Para a construção do arcabouço teórico nos fundamentamos na perspectiva
dos gêneros do discurso (BAKHTIN, 2007), dos letramentos (STREET, 2004) e das qualidades discursivas na escrita (GUEDES
2012 e CONCEIÇÃO 2009). Justifica-se este estudo em razão de o relatório de aula de campo ser considerado um gênero
discursivo importante para a formação dos sujeitos da pesquisa, os quais chegam ao instituto sem o seu domínio, embora
necessitem utilizá-lo desde as primeiras aulas práticas do curso. Tem-se como um dos principais objetivos da pesquisa
contribuir para a solução de um problema real de uso da linguagem em um contexto específico, o que implica verificar a
eficiência da intervenção no que diz respeito ao domínio do gênero pelos sujeitos da pesquisa.
SONHO(S) CONECTADO(S): A INTERTEXTUALIDADE NOS ESCRITOS DE GAIMAN E SHAKESPEARE
Resumo
O presente trabalho tem como objetivo analisar as nuances da intertextualidade, partindo do diálogo entre mídias. Para tanto,
escolhemos como objeto de estudo a peça teatral Sonho de uma noite de verão (2001), de William Shakespeare, e nos focamos
na ligação desta com o episódio Sonhos de uma noite de verão, da série de histórias em quadrinhos Sandman, de Neil Gaiman.
Procedemos então a uma pesquisa de natureza bibliográfica e qualitativa, na qual recorremos a autores como Eisner (2010) e
McCloud (2004), os quais serviram como base para o estudo das técnicas e características das histórias em quadrinhos,
enquanto que Kristeva (1984) oferece conceitos e noções de intertextualidade; por sua vez, os postulados de Bakhtin (2000),
Eagleton (2006) e Perrone-Moisés (1998) nos cedem o arcabouço teórico necessário acerca dos conceitos de estética e
cânone. Realizamos leituras das duas obras, inicialmente observando as particularidades de cada uma dentro dos rigores
relacionados às respectivas semioses; em seguida, partimos para pontos em comum entre elas, elencando dados que permitam
analisar como se dá a intertextualidade nas obras referenciadas.
PEC-G, PRÁTICAS DE LETRAMENTO ACADÊMICO E IDENTIDADES
Resumo
Neste trabalho, analiso algumas práticas de letramento acadêmico desenvolvidas por estudantes africanos do Programa
Estudante Convênio – Graduação (PEC-G) no âmbito do Projeto de Extensão “Letramento Acadêmico” (sob minha coordenação
na UEPG), com vistas a refletir sobre a constituição das identidades desses estudantes no contexto acadêmico, que se
configura como um contexto intercultural, de superdiversidade. Este trabalho – parte de uma pesquisa mais ampla – mobiliza
fundamentalmente o conceito de letramentos, formulado no âmbito dos Novos Estudos de Letramento (STREET, 2003), o
conceito de letramentos acadêmicos (LEA; STREET, 2006), os conceitos de signo, gênero do discurso, dialogismo e exotopia
do arcabouço teórico-metodológico do Círculo de Bakhtin e os conceitos de hibridismo (BHABHA, 1998) e identidades (HALL,
2001). Ainda, mobilizo o conceito de interculturalidade (JANZEN, 1998; 2005), observando o diálogo intercultural que se constrói
em práticas discursivas letradas acadêmicas (configuradas especialmente nos gêneros apresentação oral e palestra). Nessas
práticas, são constituídas as identidades culturais, linguísticas, étnicas e raciais daqueles estudantes no contexto acadêmico
acima referido. No diálogo intercultural dos estudantes africanos de diferentes nacionalidades com estudantes e professores
universitários e professores e estudantes da rede pública brasileiros são postos em questão diferenças/conflitos linguísticas/os e
diferenças e preconceitos culturais. Neste sentido, configura-se um importante processo de re-constituição identitária dos
sujeitos envolvidos e um produtivo e conflituoso diálogo intercultural.
DUETO LITERÁRIO: UMA PROPOSTA PARA AMPLIAR A RELAÇÃO DO LEITOR COM O TEXTO.
Resumo
Cléverson Alves da Silva – UFU - PROFLETRAS Conceição Maria Alves de Araújo – PROFLETRAS O ensino de Língua
Portuguesa tem sido voltado quase sempre para a escrita padrão e para o domínio de conceitos gramaticais. Dessa forma, a
literatura acaba sendo um apêndice da língua, e ressalta-se, em estado de falência. As causas são diversas, entre elas, a falta
de apoio pedagógico ou o condicionamento de ensinar apenas as escolas literárias, autores e obras. Cosson (2012) diz que a
relação entre literatura e educação está longe de ser pacífica e ressalta o quanto o momento enfrentado pela literatura é crítico.
O ensino de maneira significativa e professores qualificados contribuem para o incentivo da leitura, seja por meio do lúdico ou
de estratégias diferenciadas que concretizam na formação de leitores críticos. Sabe-se que a escola é uma grande agência de
letramento, onde escritor e leitor, ao se apropriarem da ação efetiva do ato de ler ou de escrever, fazem acontecer uma
significativa interação com o texto, contribuindo para a comunicação, uma vez que a interação pela linguagem materializa-se
através de textos, orais ou escritos. Pensando assim, foi organizada a aplicação de uma proposta denominada “Dueto Literário”
para alunos do ensino fundamental e médio de uma escola pública do Distrito Federal. Os alunos desenvolveram atividades
utilizando vídeos, edição, apresentações, entre outras, que contribuíram para uma aprendizagem significativa da literatura. A
proposta aplicada está ancorada em teorias e nas TIC–Tecnologias da Informação e da Comunicação. Os meios adotados
contribuiram para motivação do aluno e para estreitar a relação entre o texto e o leitor.
UMA ANÁLISE SEMIÓTICA DA EVOLUÇÃO VISUAL DO DETERGENTE EM PÓ OMO
Resumo
RESUMO: O sabão em pó Omo é uma das marcas de detergente em pó mais conhecidas no Brasil. Desde que foi lançado no
país, em 1957, Omo vem ganhando espaço e hoje está presente no dia a dia das famílias consolidando-se no mercado como
uma marca de referência de tal forma que se tornou uma metonímia (marca pelo produto): “Omo” é sinônimo de sabão em pó.
Com uma proposta de valorização da mulher, a marca produz uma representação mental de que toda dona de casa que usa
Omo é moderna e busca praticidade sem deixar de lado a preocupação com o bem-estar da família. Atenta às transformações
da sociedade, a marca Omo investe em mudanças visuais em sua embalagem e no logotipo, tornando sua imagem cada vez
mais marcante e trazendo consigo uma representação sígnica de atualização, de compasso com o tempo e a modernidade.
Neste sentido, este trabalho tem por objetivo apresentar uma análise semiótica da evolução visual de duas embalagens do
detergente em pó Omo, baseando-se em conceitos da semiótica greimasiana. Primeiramente apresenta-se um breve histórico
da marca, desde sua criação, a origem do nome e a divulgação no Brasil. Em seguida realiza-se uma situação da semiótica
greimasiana enquanto aparato teórico metodológico empregado na pesquisa e finalmente enfoca-se a imagem do objeto e o
design sob o olhar semiótico. A análise do nome da marca e das mudanças visuais das embalagens de Omo permite observar
os elementos constituintes do objeto, as relações que o produto tem com o usuário e toda a produção de significado que
influencia o ato de sua aquisição.
RESSONÂNCIAS BÍBLICAS NO CONTO “OS TRÊS REIS DO ORIENTE”, DE SOPHIA DE MELLO
Resumo
Mateus, no Novo Testamento, narra um dos episódios que se tornará um dos mais inventivos da cultura ocidental: a história dos
magos que visitam Jesus, guiados por uma estrela. Qualquer um que tenha aprendido no catecismo, ou atentado para o sermão
do padre, ou ainda reparado nos cartões de natal corre o risco de se decepcionar ao ler o episódio bíblico. De maneira vaga e,
talvez, mentindo conscientemente – como lembra Eric Auerbach o narrador bíblico é um mentiroso político que pretende
transmitir uma pretensão de verdade tirânica – Mateus omite os nomes dos magos, quem e quantos são, e opta por um
escurecimento de certas partes exigindo do leitor uma interpretação. Ao longo dos séculos a tradição foi reinterpretando tal
episódio: Portugal parece ter lhe dado a dança – a baila ou folia; na Alemanha, provavelmente, surgiu o costume de se cantar
os Reis. E a passagem foi ganhando dobras até tornar-se a história dos três reis magos: Gaspar, Melchior e Baltazar, que
guiados por uma estrela visitam Jesus e lhe entregam presentes: ouro, incenso e mirra. Sophia de Mello, no conto “Os Três
Reis do Oriente”, por meio de uma linguagem cingida de lirismo e de sentimento cristão, narra a história de três reis inquietos
diante a injustiça, a fome, a miséria, mas, acima de tudo, de sujeitos humanos propensos a uma viagem, tanto para terras
longínquas e desconhecidas quanto para dentro de si mesmos, em busca de um mundo mais justo e mais humano, pois como
diz Sophia de Mello em sua Arte Poética (I): “Aquele que vê o espantoso esplendor do mundo é logicamente levado a ver o
espantoso sofrimento do mundo”.
DO GIZ AO SOFTWARE: UM TRABALHO COM LÍNGUA PORTUGUESA
Resumo
O artigo apresenta reflexões acerca do trabalho com a Língua Portuguesa, tomando como referência a utilização do Software
Educacional JClic, que se encontra instalado nos laboratórios de informática do Paraná Digital (PRD) nas Escolas Estaduais. O
conteúdo estruturante trabalhado com o aplicativo é o discurso como prática social, os conteúdos básicos são os gêneros
discursivos biografia e haicai e o conteúdo básico é o Centenário da Poetisa Paranaense Helena Kolody, que transcorreu em
2012. As atividades interativas foram construídas para que os alunos do Ensino Fundamental – Anos Finais pudessem
conhecer mais sobre a escritora e para que o professor exercitasse o domínio técnico do uso das novas tecnologias. Em
específico apresenta-se, também, como a cultura das mídias aparece no ciberespaço interferindo no pensar do falante da língua
materna, que é quem recebe e absorve os gêneros discursivos, levando em consideração as condições de produção, as
estruturas textuais, os suportes e os interlocutores, bem como a busca por informações em hipertextos. O ciberespaço abre um
leque para exploração de inúmeras linguagens, produzindo e impulsionando para que uma aprendizagem coletiva e
compartilhada possa ser explorada no espaço escolar. Neste sentido, o professor precisa participar de formações continuadas
que o auxiliem no uso das tecnologias, para que consiga propor atividades a partir delas. A pesquisa tem como referenciais
teóricos os estudos de Bakhtin (1992), Coscarelli (2006), Geraldi (1990), Lévy (1993, 1998 e 2010) e Libâneo (2011) entre
outros.
UM OLHAR SOBRE A LITERATURA INFANTIL DA AFRICA
Resumo
Esse trabalho tem como objetivo propiciar uma reflexão sobre o papel da literatura africana em língua portuguesa, como
expressão de fatores culturais da sociedade Lusófona, fato que possibilita a valorização de elementos culturais da África no
Brasil. Levando em consideração que professores, leitores e textos são os elementos norteadores de um processo que venha
formar indivíduos críticos, temos que ter acesso a fontes de diferentes leituras e culturas. Conhecer a Literatura Africana é
talvez uma ressignificação á História Africana, sempre tratada por uma única perspectiva, a dos colonizadores. Daremos um
enfoque na literatura infantil apresentada por alguns autores como Mia Couto, Luandino Vieira, Ondjak, entre outros.
Estabelecendo também uma relação com autores brasileiros. Através dessas leituras, realizadas em oficinas literárias no âmbito
escolar, foi possível apresentar a literatura infantil, trazendo temas considerados tabus, provocando momentos de debate,
produções. O que envolve questões ligadas às metodologias de ensino de literatura, a formação do leitor e a difusão da leitura
como espaço de ação pedagógica. Conduzindo o aluno ao conhecimento das particularidades do texto literário infantil, e
buscando o contato com a produção africana e brasileira de textos para criança e adolescente.
O TRABALHO DOCENTE E O PROCESSO DE PRODUÇÃO ESCRITA DO GÊNERO TEXTUAL RESPOSTA EM SALA DE
APOIO
Resumo
Neste trabalho, aborda-se o processo de produção escrita do gênero textual Resposta a perguntas de leitura na prática docente
junto a alunos de Sala de Apoio à Aprendizagem de Língua Portuguesa (SAALP) – 6º ano do Ensino Fundamental, na região
Centro-Sul do Estado do Paraná. Fundamentando-se nos conceitos do Círculo de Bakhtin e nas contribuições da Linguística
Aplicada, a respeito de leitura e produção escrita, buscou-se orientar e acompanhar a prática de um professor de SAALP na
elaboração de perguntas de leitura e nos direcionamentos aos alunos na produção das respostas. A coleta de dados deu-se
anterior e posteriormente a intervenções teórico-metodológicas de modo colaborativas com o docente, propiciando-lhe aportes
teóricos e discussões orientadas a respeito dos processos de leitura e de escrita e suas implicações no ensino e na
aprendizagem de língua materna. Os resultados das análises apontam: a) o gênero textual Resposta revelou-se uma
ferramenta significativa na prática pedagógica em SAALP, visto que possibilitou o desenvolvimento do aluno como leitor e
produtor de textos, considerando-se as dificuldades apontadas no início do trabalho; b) a necessidade de se oferecer ao aluno
tipologia, ordenação e sequência adequadas de perguntas de leitura de forma a auxiliá-lo na construção de sentidos e na
produção textual escrita do gênero. Além disso, os resultados da pesquisa apontam a necessidade de se fornecer ao professor
de SAALP subsídios teórico-metodológicos a respeito dos processos envolvidos, bem como acompanhar e orientar a sua
prática pedagógica no trabalho com a Resposta nesse contexto específico de ensino.
MACHADO DE ASSIS: POETA (O APRENDIZADO DO OFÍCIO)
Resumo
Os primeiros poemas de Machado de Assis (1855-1857), publicados na revista literária do editor Paula Brito, A Marmota,
contém as primeiras experimentações poéticas do escritor brasileiro. Dessa maneira, primeiramente é importante conhecer o
meio histórico e social de sua formação: o Rio de Janeiro do século XIX, com seus cafés, livrarias, teatros líricos e associações
de todo tipo. E depois, buscar os primeiros amigos e camaradas que lhe apresentaram o mundo das Letras e que serviram
como modelo para seus escritos. Além de verificar seus gostos literários e tentar delinear as figuras românticas que mais
predominaram nesse seu momento de aprendizado. Nesta pesquisa, fez-se um estudo breve sobre a infância e adolescência de
Machado de Assis, os poetas que o influenciaram e as experiências no centro urbano que acabaram por causar-lhe impressões
vivas e novas. Por fim, apresentou-se a revista literária A Marmota e seu editor Paula Brito e alguns dos primeiros poemas de
Machado de Assis, recolhidos em obra por Jean Michel Massa, já foram analisados e comentados.
MEMÓRIAS E TRAJETÓRIAS: IMPLICAÇÕES NA CONSTRUÇÃO DA IDENTIDADE DO PROFISSIONAL DE LÍNGUAS
Resumo
Os professores, enquanto profissionais, exercem um papel essencial no processo de mudança social. Para tanto, os processos
de formação de professores vêm merecendo destaque no campo da pesquisa da Linguística Aplicada, com intuito de valorizar o
trabalho do profissional de línguas. Nesse sentido, o presente trabalho procura investigar os saberes prévios de acadêmicos do
Curso de Letras na UNIOESTE, sujeitos desse estudo, acerca da docência e da constituição identitária do professor. Ao mesmo
tempo, discutem-se algumas implicações entre a trajetória escolar e a escolha profissional desses alunos, visto que se
encontram na fase inicial do seu processo formativo. A metodologia adotada consiste numa abordagem qualitativa a partir de
memoriais, procurando destacar as concepções e representações desses sujeitos acerca da constituição do professor. Dentre
algumas características que se salientam nas narrativas em relação à identidade docente, estão a complexidade da docência, o
gosto pela profissão, assim como as práticas pedagógicas diversificadas e ‘transgressivas’.
SI HACES MAL, NO ESPERES BIEN, DE JUANA MANUELA GORRITI - ANÁLISIS Y TRADUCCIÓN
Resumo
La autora argentina Juana Manuela Gorriti, que nació en 1818, en la provincia de Salta, y falleció en 1892, representó una figura
literaria relevante y reconocida no solo en su país de origen, sino también en Bolivia, Perú y en países de lengua inglesa. Sin
embargo, su obra todavía no fue traducida al portugués, lo que conlleva al poco conocimiento y citación de la obra de la autora
en trabajos académicos brasileños. En este sentido, con el fin de divulgar la autora y su obra, se creó en la Universidade
Federal do Rio Grande (FURG) el proyecto de investigación “Juana Manuela Gorriti: análisis y traducción”, coordinado por la
profesora Daniele Corbetta Piletti. Participan del proyecto estudiantes y profesores del curso de Letras Portugués-Español de la
Universidade Federal do Rio Grande. El proyecto, además de tener el objetivo de divulgar la obra de la autora por medio de la
traducción de su obra a la lengua portuguesa, posee fines didácticos, literarios, lingüísticos y culturales de enseñanza y
aprendizaje. Así, este trabajo objetiva presentar muestras de las traducciones hechas, relatos con relación al proceso de
traducción y un análisis literario del cuento “Si haces mal, no esperes bien”. En este sentido, en el proyecto, la traducción es
enfocada como un recurso didáctico capaz de permitir el desarrollo del aprendizaje de la lengua española como lengua
extranjera por parte de los estudiantes del idioma que integran el proyecto.
O TURISTA APRENDIZ E A MÁQUINA FOTOGRÁFICA COMO ESTRATÉGIA DE APROXIMAÇÃO SOCIAL
Resumo
Este artigo investiga a posição do intelectual Mário de Andrade, ao se referir à obra O turista aprendiz, no que concerne a sua
representação etnográfica e fotográfica voltado a compreender os problemas sociais, durante sua estada nos estados do Norte
e do Nordeste brasileiro. A obra O turista aprendiz foi escrita entre os anos de 1928 e 1930, em forma de diários de anotações e
crônicas de viagens. Em um primeiro momento, o escritor paulista publicou originalmente esses escritos no jornal Diário
Nacional, nas mesmas datas. No entanto, a publicação oficial do livro saiu após os textos serem publicados no jornal, em edição
organizada por Telê Ancona Lopez, quase cinquenta anos adiante, em 1976. O bojo das visitas etnográficas embutido na obra é
sua atenção ao público proletário, na busca pela formulação de uma cultura popular nacional. O escritor modernista assume
postura de intelectual comprometido com a sociedade que ele busca representar, em seus escritos e crônicas de viagens dessa
mesma obra. Como lastro teórico, cada qual ao seu modo, pautamo-nos em analisar e interpretar alguns teóricos que mais
ajudaram a compreender o panorama dessa dualidade investigativa (Literatura e Fotografia), a saber: ANCONA (1976);
SUSSEKIND (2008); BARTHES (1981); entre outros necessários para contemplação do tema proposto. Objetivamos que as
contribuições desse artigo possa iluminar melhor a dualidade literária e fotográfica nos meios acadêmicos, estimulando novas
pesquisas e investigações.
A FORMAÇÃO DO PROFESSOR EM UM CONTEXTO MULTILÍNGUE: REFLEXÕES SOBRE POSSÍVEIS AÇÕES PARA O
(BI)LETRAMENTO ESCOLAR
Resumo
Este trabalho olha para o multiculturalismo na escola com o intuito de refletir sobre possíveis ações que contribuam para que as
línguas e culturas da comunidade possam estar/entrar na escola e para que promovam o (bi)letramento escolar
(HORNBERGER, 2003a, b; SOARES, 2007). Para isso, descrevemos momentos de aula em um quarto ano do Ensino
Fundamental de uma escola municipal de Ivoti/RS (UFLACKER, 2012) com aulas de alemão como língua adicional. O ensino
em comunidades de imigração pode ser relacionado ao do contexto de fronteira, na medida em que a escola precisa lidar com
as línguas que circulam na comunidade e que, na maioria das vezes, são apagadas por ideologias monolíngues
(ALTENHOFEN, 2004). Na escola de Ivoti, a inclusão do ensino da língua alemã representa um avanço para a legitimação de
uma língua e cultura até pouco tempo estigmatizada, e isso se mostra positivo, especialmente para os meninos, que são
ratificados positivamente pelo conhecimento de alemão, diferentemente do observado por Jung (2003, 2009). Por outro lado,
observa-se que muitas das atividades de sala de aula enfatizam um distanciamento entre o alemão da comunidade e o da
escola. A partir disso, propomos discutir como o professor pode viabilizar o reconhecimento dessa realidade multilíngue na
escola por meio da reflexão acerca da proposta de letramento da escola e de como ela efetivamente lida com a diversidade
cultural e linguística da comunidade. Por fim, apresentamos propostas para a elaboração de tarefas pedagógicas que busquem
contribuir para a ampliação de práticas de letramento com foco na educação linguística (SCHLATTER e GARCEZ, 2009).
CONFIGURAÇÕES LÍRICAS EM AS AVES DA NOITE, DE HILDA HILST
Resumo
Esta comunicação pretende apresentar uma análise interpretativa da peça "As aves da noite" (2008), de Hilda Hilst (1930-2004),
identificando as suas configurações líricas. O teatro hilstiano pode ser filiado a uma tendência artística iniciada no final do
século XIX, que reagia ao realismo dominante na Europa. Maeterlink, em seu livro Le trésor des humbles (1996), propõe o
termo “drama estático”, sob o argumento de que as grandes tragédias se encontravam, não no mundo em volta, mas no interior
humano. O teatro simbolista desviou as convenções dramáticas vigentes, fertilizando as primeiras células do teatro moderno
consolidado no século XX por Samuel Beckett. A proposta dessa peça se configura no questionamento de Deus diante de
desumana ação de homens. Esses dois lados são representados pelo Carcereiro e pelo herói trágico Maximilian Kolbe.
Temáticas da poesia hilstiana vêm à tona, como anseio pela liberdade, questionamento de Deus e da existência do Mal e sobre
o sentido da morte e da vida.A presença lírica da peça se dá nos diálogos do poeta, que canta sua própria morte e relembra
uma canção de amor. Entretanto, ele é o primeiro a morrer, sendo breve sua aparição na peça. Ao morrer, o Poeta pede para
que todos cantem a canção que ele costumava entoar com sua amada. A santidade e a insanidade são manifestadas na peça
como fruto de situações extremas. Ao contrário de quase todas as peças teatrais hilstianas, há uma nítida realização da forma
dramática – com unidades de ação, tempo e espaço e contorno das personagens. A trama dá-se em torno da espera da morte
pelos personagens.
A PURIFICAÇÃO DA VIOLÊNCIA E A TRADUÇÃO DE CONTOS DE FADAS: UM ESTUDO COM BASE EM CÓRPUS
Resumo
Contos de fadas de todas as partes do mundo têm suas origens em contos folclóricos e têm sido contados de geração à
geração, viajando por diversas culturas, adaptando-se à realidade cultural dos lugares que os recebem. Os contos folclóricos
partem da oralidade para a escrita, passando a ser conhecidos como Contos de Fadas, perdendo o direcionamento aos adultos
para chegar aos olhos e ouvidos do público infantojuvenil. Com frequência, as traduções desses contos ainda trazem em seus
enredos situações de violência que envolvem seus personagens principais, muitos deles crianças. Esta pesquisa tem como foco
investigar itens lexicais que indicam violência e verificar os tipos de adaptações feitas em traduções de contos de fadas ingleses
para o português brasileiro. A análise dos dados tem como base as categorias para adaptação e purificação na tradução de
literatura infantojuvenil de Klingberg (1986). O estudo é feito através dos recursos adotados pelos estudos da tradução com
base em córpus. Para alinhamento e análise do córpus desta pesquisa utiliza-se o COPA-TRAD – Corpus Paralelo de Tradução
– (Fernandes e Silva, 2013).
ENTRE A INSTITUIÇÃO DE ENSINO E O MERCADO DE CONSUMO: A LEITURA DE BEST-SELLERS POR ACADÊMICOS
DE UM CURSO DE LETRAS
Resumo
Este trabalho é parte de uma dissertação de mestrado que objetivou investigar a circulação da literatura estrangeira entre
estudantes. Um dos grupos investigados era composto por acadêmicos de um curso de licenciatura em Letras Português-Inglês
de uma universidade pública. A partir de uma pesquisa de cunho etnográfico (ANDRÉ, 1995; FINO, 2008; RIEMER, 2008),
investigamos as narrativas recentemente lidas pelos participantes da pesquisa sem que houvessem sido recomendadas por
professores, ou seja, escolhidas pelos participantes de acordo com as próprias preferências de leitura. Percebemos que a
maioria dos textos lidos é literatura estrangeira, circula principalmente na forma traduzida, e diversos títulos de best-sellers
foram citados. Além disso, verificamos os mediadores de tais leituras e as concepções literárias dos participantes da pesquisa.
Procuramos entender, baseando-nos nos Novos Estudos do Letramento (STREET, 1984; 2003), as percepções de literatura,
leitura, leitor e literaturas em língua inglesa (LLI) convencionadas pelos acadêmicos. Os resultados obtidos demonstram que os
participantes utilizam tanto conhecimentos apreendidos na instituição de ensino quanto na comunicação de massa para
construir suas concepções literárias. Sendo assim, apesar de estarem estudando para serem professores de literatura e
recebendo uma formação acadêmica de modo geral direcionada para o cânone, suas concepções literárias destoam das
afirmações de teóricos e estudiosos da literatura (AGUIAR E SILVA, 1973; CANDIDO, 1985; EAGLETON, 1983; HANSEN,
2005) devido às influências da indústria cultural sobre suas leituras.
RELAÇÕES DE FORÇA DO CAMPO LITERÁRIO: UM ESTUDO DAS CRÔNICAS DE MILTON HATOUM
Resumo
O presente trabalho tem como objetivo estudar as crônicas do escritor amazonense Milton Hatoum publicadas na extinta revista
Entrelivros. Neste sentido, serão investigadas as difíceis relações que as crônicas de Hatoum mantêm com o que Pierre
Bourdieu e, mais tarde, Dominique Maingueneau chamam de campo literário. Segundo Maingueneau, o campo literário
configura-se como uma espécie de lugar paratópico no qual o escritor está em relação contínua com seu projeto criador. A
situação paratópica da escrita literária se configura por meio de seu envolvimento com as diferentes esferas que perpassam os
textos, antes e após sua materialização estética, como o processo de elaboração, editoração e circulação na cadeia literária, o
que podemos chamar, genericamente, de mercado. A partir destas noções, adentraremos o universo ficcional de Hatoum,
pensando nas possíveis implicações que tais relações do campo literário mantêm com o campo intelectual. Como não há, até o
momento, estudos mais específicos e/ou aprofundados acerca desse conjunto de crônicas, caracterizadas por se voltarem mais
especificamente nas reflexões do autor acerca da matéria literária, esta pesquisa visa a contribuir para a compreensão dos
processos formadores de uma poética do autor disseminados no conjunto das leituras literárias de Hatoum, e que acabam por
compor um conjunto de crenças materializadas em seu projeto literário, que o público vem conferindo com mais propriedade em
seus romances, mas que nas crônicas avultam como importantes elementos de reflexão sobre sua obra.
LEITURA E ANÁLISE LINGUÍSTICA: O GÊNERO DISCURSIVO ARTIGO DE OPINIÃO NO ENSINO DE LÍNGUA
PORTUGUESA VIA PLANO DE TRABALHO DOCENTE
Resumo
Em consonância com o trabalho de Perfeito (2007; 2012); Lunardelli (2012); Porto (2013), esta pesquisa tem como objetivo
apresentar uma proposta de trabalho de leitura e análise linguística com o gênero discursivo artigo de opinião, para o primeiro
ano do ensino médio, nas aulas de Língua Portuguesa. A motivação da pesquisa está no fato de que, as orientações de
documentos como os PCN (BRASIL, 1998); e as DCE (PARANÁ, 2008) tomam a noção de gêneros, na perspectiva bakhtiniana,
como articuladora no ensino e como eixo de progressão curricular, por isso, cabe ao professor promover situações de
comunicação reais, fazendo com que seus educandos apropriem-se de características linguísticas e discursivas de gêneros
diversos (LOPES-ROSSI, 2011). Dessa forma, muitos materiais didáticos fornecidos gratuitamente pelo governo, esforçam-se
para apresentar propostas didáticas nessa perspectiva, mas é papel do professor analisá-las antes da aplicação em sala de
aula. Em nosso contexto de pesquisa, especificamente, identificamos uma proposta de trabalho em um material didático com o
gênero discursivo artigo de opinião, que não atingiu satisfatoriamente a abordagem das características linguístico-enunciativas e
composicionais do gênero em tela. Diante disso, esse estudo pretende propor um modelo didático com base em Gasparin
(2009).
O ADVÉRBIO “AGORA” EM MATERIAL DIDÁTICO DO ENSINO MÉDIO: UMA ABORDAGEM FUNCIONALISTA
Resumo
Resumo: Este estudo, respaldado nas teorias funcionalistas de ensino de línguas, tem por objetivo geral verificar como se dá o
trabalho com o termo “agora” no livro didático, para analisar os exercícios e os apanhados teóricos abordados. Com o intuito de
explicar o conceito ao leitor e refletir sobre o processo de gramaticalização, tem-se como corpus o livro didático: Gramática
Reflexiva de Cereja & Magalhães. Utilizam-se como base teórica os estudos sobre a gramaticalização. Essa teoria de base
funcionalista explica que a língua é um instrumento autônomo e flexível, e que sofre mudanças de acordo com as “pressões de
uso”, não podendo no caso da palavra “agora” ser classificada e utilizada somente como advérbio temporal. Infelizmente, os
resultados da análise descritiva demonstram que o ensino proposto aos educandos no material parte de uma visão tradicional
de gramática, sem que seja exposto aos alunos as diversas funções que o item “agora” pode exercer, não garantindo, portanto,
o aprendizado em termos de função, dos sentidos dos termos gramaticais.
O SUJEITO MISSIONÁRIO E A QUESTÃO DA TOLERÂNCIA NO DISCURSO CRISTÃO: UMA ANÁLISE DISCURSIVA DE
CAMPANHAS MISSIONÁRIAS NA CONTEMPORANEIDADE
Resumo
Em uma sociedade que se diz multicultural e tolerante, a questão religiosa se complexifica, uma vez que cada igreja pretende
apresentar e impor uma verdade única e absoluta. Tendo isto em vista, o objetivo deste trabalho é tratar do funcionamento do
discurso missionário na contemporaneidade. Para tanto, analisamos materiais das juntas de missionárias da igreja Batista, a fim
de discutir a construção da identidade do sujeito missionário como responsável pela “salvação” do mundo. Organizada no Brasil
por missionários norte-americanos, esta igreja tem defendido que sua missão é evangelizar o mundo. Com esse fim, realiza
campanhas missionárias com o objetivo de alcançar fundos para os missionários batistas. Este trabalho analisa materiais
dessas campanhas a partir das proposições de Pêcheux a respeito da noção de formação discursiva. A análise leva em conta
também os desdobramentos dessa noção apresentados por Maingueneau (2006) e Paveau (2007), no que diz respeito à noção
de memória. Este trabalho investiga, assim, a constituição do sujeito missionário na atualidade, visando discutir como essa
figura se posiciona diante da questão da tolerância inscrita nos discursos contemporâneos sobre uma sociedade globalizada,
que defende a aceitação de diferenças culturais, étnicas e religiosas. Os resultados da análise mostram que o discurso
missionário, embora tente se apresentar como tolerante, é um discurso etnocêntrico e totalitário, que se pretende como uma
verdade universal. Nesse sentido, a tolerância nesse discurso não está em “aceitar” o outro, mas em convertê-lo.
FOTONOVELAS EM DIÁLOGO COM OUTROS GÊNEROS
Resumo
O presente trabalho tem como objetivo demonstrar como as fotonovelas dialogam com outros gêneros, mais especificamente,
esta comunicação pretende ressaltar as histórias policiais produzidas por meio da união de fotografias e diálogos, material muito
próximo das histórias em quadrinhos. As fotonovelas mais lidas, geralmente, eram publicadas em revistas femininas como
Capricho e Grande Hotel. Muitas de suas histórias tinham como tema principal o amor romântico. Sabendo-se que as revistas
femininas atingiam um público diversificado, diferentes enredos foram surgindo no mercado editorial. Com isso, muitas editoras
também publicaram revistas apenas com fotonovelas e seus produtores criaram as mais variadas histórias. Assim, surgiram
fotonovelas góticas, satânicas, eróticas, fantásticas e, finalmente, policiais. Estas contavam com seus heróis detetives que
davam nome às revistas. Os mais conhecidos foram Jacques Douglas e Lucky Martin. Devido à dinamicidade do romance
americano, uma vertente do gênero policial, torna-se possível compará-lo com as fotonovelas. A união de fotografias e diálogos
facilita as descrições das aventuras dos detetives que saem dos livros para estrelar nos quadros fotográficos. Com isso, o leitor
se depara com novos recursos legíveis como onomatopeias e fotografias que possibilitam a leitura da expressão das
personagens. Além disso, o enredo é de certa forma simplificado, levando em conta os diálogos curtos e a narração da história
construída não só com palavras, mas também com fotos.
SERTÃO: TRAVESSIAS ENTRE LITERATURA, MÚSICA E AUDIOVISUAL
Resumo
Como escrevera Guimarães Rosa, “o sertão está em toda parte” e esse sertão roseano, desenhado também quando da viagem
do escritor junto a boiadeiros pelo interior mineiro, inspirou diversas produções impressas e audiovisuais que, em comum, têm o
trajeto feito por Rosa na década de 1950. Entre essas produções, há o episódio “O sertão de Guimarães Rosa“, produzido e
exibido pela TV Brasil no programa Caminhos da Reportagem. Nele, o falar sobre o sertão envolve o factual e o ficcional que,
em certa medida, dialogam entre si, não apenas por meio das metáforas sobre o sertão, mas nas confluências e travessias
possibilitadas pela palavra e pelo espaço por ela representado. No audiovisual, a literariedade de alguns trechos, muitos deles
retirados de obras de Rosa, se mescla ao caráter informacional de outros e, pela linguagem, o sertão roseano é interpretado e
reinterpretado por imagens, vozes, recitações, depoimentos e melodias diversas, ora em back ground (BG), ora em sobe-som.
Entre as músicas que compõem o roteiro da produção audiovisual, está “Disparada”, canção de Geraldo Vandré e Théo Barros,
que gira em torno do sertão, do boiadeiro e do destino. Diante disso, como é o sertão que surge da confluência do audiovisual,
da música e da obra literária, em especial, “Grande Sertão: veredas”? A linguagem, enquanto mediadora para construir
narrativas, traz o sertão e leva o leitor/telespectador/ouvinte a ele, ora pelo fazer ficcional, ora pelo factual e, ainda, por ambos
juntos num mesmo contexto. Assim, pode-se dizer que há uma travessia nesses percursos e é sobre essa travessia que se
pretende refletir.
OBJETIVAÇÃO E TÉCNICAS DE SI DE SUJEITO IDOSO EM MATÉRIAS DO “ESPECIAL LONGEVIDADE” DO SITE IG
Resumo
O sujeito idoso aparece, contemporaneamente, objetivado em variados discursos, dos mais variados campos do saber. Nesses
discursos, atravessadas por saberes e poderes, a objetivação dos sujeitos idosos apresenta rupturas e descontinuidades. Com
vistas a lançar um olhas sobre estas transformações, em um gesto descritivo-interpretativo, a partir de materialidades
discursivas recortadas do Especial Longevidade do site iG, propõe-se, para esta comunicação, a análise da objetivação e das
técnicas de si referentes ao sujeitos idosos nas seguintes reportagens do referido especial: “A imagem do idoso ao longo das
décadas: de incapaz a 'coroa conservado'”; “Seis passos para se tornar um idoso saudável”; “'Brasil vai envelhecer rápido e na
pobreza'”. Para embasar o trabalho e fundamentar a análise, opta-se pela mobilização do ferramental teórico-metodológico da
Análise do Discurso de linha francesa, particularmente aquela calcada na obra de Michel Foucault. Nessa medida, serão
operacionalizados conceitos tais como: enunciado, dietética, temperança, objetivação, subjetivação, técnicas de si. Verifica-se,
assim, que ocorre a materialização discursiva de uma objetivação “nova” de idoso e técnicas de si que podem ser aproximadas
às noções de dietética e temperança.
A TRADUÇÃO DE CONTOS DE JUANA MANUELA GORRITI COMO ESTRATÉGIA DE APERFEIÇOAMENTO NO ENSINO DE
ELE.
Resumo
Inserido no grupo de trabalho “Estudos da Tradução”, este trabalho pretende divulgar práticas de tradução, à luz dos fundamentos
da LSF, aplicadas na Universidade Federal do Rio Grande (FURG) como projeto pedagógico no ensino de ELE. Toma-se como
base o projeto de pesquisa “Juana Manuela Gorriti: análise e tradução”, que objetiva pesquisar e divulgar a importância da
argentina Juana Manuela Gorriti (1818-1892). Este trabalho analisa as traduções ao português brasileiro de dez contos do livro
Sueños y realidades de Juana Manuela Gorriti. Ao analisar as traduções e compará-las com os textos originais serão verificados
pontos chave como os seguintes: se os tradutores mantiveram ou não a sintaxe do texto original, se realizaram uma adequação
semântica e pragmática ao traduzir expressões que contêm uma carga cultural significativa e se conseguiram transmitir em suas
traduções os contextos culturais, históricos e sociais da argentina do século XIX de forma precisa. Para poder fundamentar as
análises dos contos de Juana Manuela Gorriti e suas traduções, a pesquisa tomará como base uma metodologia
transdisciplinaria, realizando uma interface dos conceitos das teorias da Linguística Sistêmico Funcional, propostas por Halliday
(1985, 1994) como marco teórico e as teorias de Munday (2002, 2012) (análise da língua) e Toury (1980, 1995) (análise da
cultura) como ferramentas metodológicas e analíticas, dado que possuem perspectivas convergentes e complementarias. Este
trabalho pretende contribuir com o campo de conhecimento dos Estudos da Tradução.
LIRISMO, DESAMPARO E SOLIDÃO EM "MEMÓRIA DE ELEFANTE", DE ANTÓNIO LOBO ANTUNES
Resumo
Memória de Elefante narra um dia na vida de um psiquiatra, regressado da Guerra de Angola, separado da mulher e das filhas,
refém da angústia e do desamparo diante do que lhe parece uma existência vazia, sem projetos ou perspectivas. Além disso,
vive um deslocamento de lugares, que é também subjetivo, fazendo com que a obra do autor possa ser enquadrada na
Literatura Pós-Colonial Portuguesa. A desidentificação, nesta literatura, marca-se pelo combatente que regressa ao país de
origem, já como outro sujeito, destoante daquele que era quando parte para África, reencontrando um país que também já não
é mais o mesmo por causa do olhar modificado que agora ele lança para o mundo exterior. Acrescido à experiência traumática,
o protagonista ainda tem de aprender a lidar precariamente com a extensão das consequências que isso desencadeou (o
casamento rompido, o afastamento das filhas e a desidentificação com a própria história pessoal). As recordações pessoais é
que fundam o conflito entre o que o personagem fez e o que esperavam que fizesse, bem como entre o que ele mesmo
esperava de si e o que conseguiu de fato realizar. Portanto, voltar representa o doloroso desencaixe em relação a si próprio e
ao seu modo de estar no mundo. Assim, desamparo e solidão tornam-se uma condição que não pode ser controlada pelo
personagem e da qual ele não pode fugir, manifestando-se por meio de uma narrativa que encontra no poético sua constituição
fundamental, pois este emerge quando o plano memorialístico irrompe no discurso e faz com que o tempo e o modo de
experenciá-lo se tornem subjetivos, o que, de acordo com Tadié (1974), é fundamental para que uma narrativa possa ser
considerada poética.
ELEMENTOS VISUAIS NA TRADUÇÃO DE TEXTOS LITERÁRIOS INFANTOJUVENIS BRASILEIROS
Resumo
São objeto de estudo dessa pesquisa algumas das traduções de dois livros destinados ao público infantojuvenil que
ultrapassam os 500.000 exemplares vendidos no País. Trata-se do primeiro álbum para crianças totalmente em cores produzido
no Brasil, “FLICTS” de Ziraldo, lançado originalmente em 1969, e suas traduções na versão britânica de 1973, em inglês
americano, espanhol e alemão de 1984 e da obra “Bisa Bia, Bisa Bel” de Ana Maria Machado, considerada um dos dez livros
infantis brasileiros essenciais, originalmente publicada em 1982, e suas traduções para o espanhol europeu de 1985, alemão de
1988, espanhol latino-americano de 1997 e inglês norte-americano de 2002. Servem de arcabouço teórico-metodológico os
pressupostos dos Estudos Descritivos da Tradução e da Gramática do Design Visual aplicados a Tradução de Literatura
Infantojuvenil. Através da análise multimodal desses livros, faz-se um estudo crítico das diversas mudanças ao longo da
trajetória editorial dessas obras no exterior problematizando os diferentes significados potenciais veiculados através das novas
ilustrações e diagramações presentes nas edições traduzidas.
EDUCAÇÃO CRÍTICA PELOS NOVOS LETRAMENTOS: DESAFIOS NA APLICAÇÃO DAS TEORIAS EM SITUAÇÕES REAIS
DE ENSINO DE LÍNGUA ESTRANGEIRA
Resumo
O ensino e a aprendizagem de línguas estrangeiras – além de obrigatórios nos currículos escolares – configuram uma importante
oportunidade de inclusão social, uma vez que por meio do conhecimento de uma outra língua o indivíduo tem a possibilidade de
construir sua autonomia e se apropriar de práticas de linguagem que o levem a formar-se não apenas para o trabalho mas,
sobretudo, para a cidadania. Por isso, é necessário que o trabalho com a língua também envolva a construção de conhecimentos
culturais e de produção de sentidos, além dos conhecimentos gramaticais. As aulas de língua estrangeira não costumam estar
pautadas no acesso ao conhecimento e no uso real da língua nas práticas comunicativas do dia a dia, mas sim nas formas
gramaticais como um fim em si mesmas, o que gera desmotivação por parte dos alunos e até mesmo dos professores, por
aparentemente não haver um objetivo claro no ensino e na aprendizagem do outro idioma. O objetivo deste trabalho é apontar as
dificuldades enfrentadas pelos professores de língua inglesa e propor soluções para os problemas encontrados em tais práticas,
além de investigar como as teorias podem ser executadas em situações reais de ensino. Por fim, no âmbito do ensino e da
aprendizagem de inglês por meio de novos letramentos, esta pesquisa contribuirá para que novas maneiras de ensinar e
aprender sejam consideradas, especialmente com relação à maneira com que os professores formam leitores críticos por meio
de seu trabalho.
GÊNERO POÉTICO: LEITURA E PRODUÇÃO DE TEXTOS
Resumo
Nosso trabalho tem o objetivo de mostrar a importância do ato de leitura e os desdobramentos que esse momento pode ter em
sala de aula. Conforme observa Marcuschi (2008), o texto não é um processo e não pode ser visto como um produto acabado.
Desse modo, é considerado um evento comunicativo, sempre emergente de novos sentidos. De acordo com a teoria da
iconicidade de Peirce (1975), esses novos sentidos seriam o processo da semiose, que faz com que um signo, no caso o texto,
se desenvolva em outro(s) signo(s), apontando novas possibilidades de leitura. Essa experiência é única, pois os signos que se
desenvolvem a cada leitura vão depender das experiências do sujeito leitor. Acreditamos que o instante em que os signos se
desenvolvem na mente leitora, a partir de uma leitura rica e vivenciada, seja propício à proposta de produção de um texto. Este
trabalho quer tratar das primeiras atividades de produção de textos em sala de aula. Nossas experiências mostram que as
atividades de leitura e de escrita iniciadas pelo gênero poético, aliadas a outras linguagens, tornam-se bem significativas, pois
são capazes de despertar mais facilmente a sensibilidade do aluno. Desse modo, a atividade de escrita se torna prazerosa,
abrindo espaços para futuras criações de textos.
CRUCIFICAÇÃO E RESSURREIÇÃO: UMA POÉTICA DA SOBREVIVÊNCIA EM A QUARTA CRUZ DE WEYDSON BARROS
LEAL
Resumo
O estudo analisa a obra A Quarta Cruz (Topbooks, 2009), do poeta Weydson Barros Leal, como sendo reveladora da própria
condição da poesia nos tempos atuais. Se a grande questão da atualidade é a da sobrevivência do homem em uma terra
devastada e, se em meio a essas ruínas há ainda um esforço de construção, se há ainda tentativa poética, não é para nos
mostrar um mundo de presença e inteireza: a poesia responde a essa conjuntura com a imagem da dissolução do mundo e com
o adejo da presença de outras temporalidades convergindo no agora. O poeta se atém ao presente, a esse tempo em
desintegração, para ver a imagem do mundo não como utópica integridade, mas em suas ruínas. O poeta da agoridade não
busca reencantar o mundo: sua tarefa é pós-utópica, ele vem nos dizer que, do que resiste, algo escapa, e do que resta, algo
nos falta. Tais aspectos permitiriam ver a poesia na contemporaneidade como uma poética da crucificação e ressurreição, dos
restos e da resistência, da catástrofe e da sobrevivência.
O TEMA DA TRAGÉDIA GREGA EM ORIGEM DO DRAMA TRÁGICO ALEMÃO, DE WALTER BENJAMIN.
Resumo
O presente estudo pretende apresentar como Walter Benjamin, em Origem do drama trágico alemão, coloca sua interpretação
sobre a tragédia e em que sua leitura dos elementos da tragédia diferem da postura hegeliana de encarar como elemento
substancial do trágico o substrato moral. Confrontando as posturas e abordagens, a proposta é mostrar a diferença crucial da
metodologia utilizada por Walter Benjamin na leitura que faz do trágico grego (embasando-se em uma visão calcada na
história), diferenciando-se da concepção apresentada por Hegel (voltada a uma questão centrada no elemento moral); e de
como Benjamin expõe aquilo que considera como principais elementos da tragédia, a fim de apresentar seu pensamento como
mais uma forma de se estudar o tema. Para tanto, analisaremos o segundo capítulo do livro Origem do drama trágico alemão,
parte onde o filósofo apresenta sua concepção e interpretação do trágico grego. Não entraremos nas interpretações que faz o
filósofo na definição de drama barroco, uma vez que acreditamos ser uma problemática a qual demanda um trabalho de maior
fôlego e que envolve, pois, uma leitura mais ampla do texto de Benjamin, estudo ainda em andamento. No momento, cabe a
nós a maneira como o filósofo interpreta a tragédia e como esse outro pensamento colabora para um estudo sobre o trágico.
A RELAÇÃO RETÓRICA DE CONCESSÃO: ANÁLISE INICIAL DE ENTREVISTAS ORAIS NA CIDADE DE MARIANA (MG)
Resumo
A Teoria da Estrutura Retórica (RST) tem como objeto de estudo a organização dos textos, identificando e caracterizando as
relações que se estabelecem entre as partes do mesmo. O presente artigo, a partir da RST, apresenta uma análise inicial das
relações retóricas – em especial a relação de concessão - que se manifestam no corpus em estudo, o qual se constitui de
entrevistas orais, de trinta minutos de duração cada, gravadas com oito informantes nascidos na região de Mariana (MG). Após
transcrição e análise inicial das entrevistas, observou-se que as porções de texto em que a relação de concessão se realiza
apontam para a complexidade dessa relação retórica, enfatizando a necessidade de uma análise contextualizada, que busca
compreender os propósitos comunicativos dos informantes. Além disso, a relação de concessão manifesta-se de maneira
significativa na fala dos entrevistados, apresentando-se como um recurso importante na apresentação de conceitos e na
construção da argumentação dos falantes. As estruturas de hipotaxe adverbial concessivas são, no presente corpus,
importantes marcas no que se refere à expressão linguística da proposição relacional de concessão. No entanto, é relevante
apontar que a forma como as relações entre as orações são estabelecidas nos textos em estudo evidencia a insuficiência de
uma análise puramente formal. As relações são construídas através de um conjunto de orações interdependentes, em que,
ainda que estas não sejam adjacentes, mantêm relações entre si, “tecendo” entre elas uma rede de sentidos que se desenvolve
dentro do processo argumentativo construído pelo falante.
O SÁBADO DE VINÍCIUS
Resumo
O objetivo deste artigo é fazer uma abordagem do que seja o recurso da intertextualidade. Levantamos a questão das fontes de
inspiração de Vinícius de Morais, considerando a Bíblia como ponto de diálogo com o poema Sábado deste autor. Nosso
objetivo é conferir a materialização do diálogo existente entre as duas obras citadas, reconhecendo na primeira, o livro sagrado
dos cristãos, uma fonte inspiradora para a segunda, Sábado, obra que plasma esta sentença: intertextualidade. Falar que um
texto dialoga com outro parece habitarmos no lugar-comum no universo da literatura, mormente, quando nos referimos a textos
que “conversam” com a Bíblia Sagrada, certamente, sendo este um dos livros mais influentes na literatura ocidental. Quer em
forma de paráfrase, quer em forma de paródia, o texto sagrado colore romances, contos, crônicas e poesias de diversos
períodos estéticos da literatura. À guisa de exemplo, além do poema O Dia da Criação, há miríades e miríades de poesias,
crônicas, contos e romances que habitam o território literário brasileiro em cujo bojo facilmente se percebem palavras,
expressões e episódios do oriundos do universo bíblico. Aqui, vamos traçar um paralelo e analisarmos os pontos de harmonia e
desarmonia entre os dois textos, sabendo que, não uma obrigatoriedade do autor Vinícius de Morais em seguir ipsis litteris o
texto sagrado. Certamente, o fascínio pela Bíblia ocupou um espaço consistente no imaginário do poeta Vinícius de Moraes,
tendo em vista que o conteúdo do poema em estudo ter sua origem temática no primeiro livro do Velho Testamento.
Interpretamos o diálogo com a Bíblia em Vinícius de Moraes no nível das estruturas literárias. A intertextualidade
JOSÉ SARAMAGO E A UNIDADE DUPLA: RE-ESCREVENDO A INTERDEPENDÊNCIA ENTRE O SAGRADO E O PROFANO
NA LITERATURA
Resumo
O enfoque dessa pesquisa é direcionado para a maneira como José Saramago, em "O Evangelho Segundo Jesus Cristo" (1991),
aborda o dualismo Deus/Diabo como nunca este havia sido abordado, de modo que, para o leitor, fica muito difícil determinar se
de fato um dos dois pode ser considerado pior do que o outro. No romance, Saramago retira de Jesus os aspectos que o
aproximaria de Deus e enfatiza aqueles que o aproximaria dos homens (consequentemente, do diabo); sendo que, após sua
publicação, o autor acabou excomungado e passou a ser perseguido por diversos críticos que nunca aceitaram sua insistência
em atrelar sua criação literária a figuras bíblicas. De acordo com Northrop Frye (2004, p. 14) não se deve tentar evitar que a
Bíblia seja encarada de um ponto de vista literário já que “nenhum livro poderia ter uma influência literária tão pertinaz sem
possuir [...] características de obra literária”. Nesse sentido, a tradição bíblica acabou por nos tornar personagens do drama
cristão, como argumentado por Carlos Nogueira (1986, p. 43) quando este defende que “[o] homem é agora personagem de um
drama [...] entre o representado e o vivido, não podendo pensar no Bem sem antes pensar no Mal.” É, no caso, este antagonismo
cristão dividindo bem e mal (incorporado principal e supostamente por Deus e Diabo) que aqui se questiona; já que, como
demonstra Saramago, no final das contas qualquer leitura mais crítica da bíblia e do mito cristão acarretaria na percepção de que
Deus e Diabo estão muito mais para comparsas do que, efetivamente, para inimigos.
O DESAFIO DA FORMAÇÃO DE PROFESSORES PARA O ENSINO DO PORTUGUÊS EM MOÇAMBIQUE: O DISCURSO DOS
FORMANDOS E A RESISTÊNCIA AO PORTUGUÊS EUROPEU
Resumo
O presente trabalho tem por objetivo refletir sobre o uso do Português de Moçambique em práticas de formação de professores
numa sociedade multilingue. Naquele país da África Austral coexistem várias línguas. Pela condição de o Português Europeu (PE)
constituir-se como língua oficial e obrigatória de ensino, a proficiência dos formandos nesta língua é deficitária, desafio para o
curso de magistério naquele país. Em razão desta problematização, a identidade linguística do professor pode ser apreendida por
um conjunto de condições e de limites estabelecidos no campo de estabilização e de utilização enunciativa (FOUCAULT, 1997).
Sob a perspectiva dos pressupostos teóricos da Análise do Discurso franco-brasileira e da socioliguística, a análise detém-se
sobre as formulações enunciativas elaboradas por formandos no Instituto de Formação de Professores (2013) e a partir dos
enunciados extraídos das entrevistas efetuadas aos formadores da área de Português. Ao focalizar as relações de saber-poder,
os resultados deste estudo apontam para a irrupção de um acontecimento discursivo ao qual se inscreve uma nova ordem
linguística que faz emergir o Português Moçambicano, manifestando-se uma resistência ao PE e desestabilizando o poder vigente
instituído pela Constituição da República.
INTERDISCURSO E CONSTITUIÇÃO DOS SENTIDOS: ANÁLISE DISCURSIVA DOS COMENTÁRIOS DE INTERNAUTAS A
RESPEITO DE TIRAS RELIGIOSAS
Resumo
O presente trabalho tem por objetivo analisar os sentidos produzidos e verificar a ideologia materializada nos comentários de
internautas a respeito de tiras que possuem como foco a temática religiosa. O respaldo teórico adotado é o da Análise do
Discurso de orientação francesa, tendo em vista que esse campo do saber nos ajuda a compreender a relação entre o sujeito, a
língua e a história, isto é, visamos entender os processos de significação dos discursos, atendo-se às condições de produção,
aos efeitos de sentido e à forma como a ideologia se materializa no discurso e perpassa os sujeitos. Dessa forma, evidenciando
os interdiscursos refletidos nos comentários, é perfeitamente possível verificarmos a forma como esses sujeitos representam o
mundo e revelam a sua identidade. Para tanto, uma vez que a linguagem é encarada como instrumento de interação, não
devemos perder de vista o aspecto sócio-histórico. Assim, de acordo com as crenças, valores sociais, culturais e o contexto
social dos quais o sujeito faz parte, ele ressignifica aquilo que lhe é apresentado, por meio de seus dizeres e,
consequentemente, passa a produzir novos sentidos. As tiras selecionadas são do designer gráfico Carlos Ruas e a sua
produção circula, principalmente, na internet, tanto em seu site (www.umsabadoqualquer.com) quanto nas redes sociais
(Facebook). Esse artigo está vinculado ao projeto de pesquisa intitulado “PAD – Pesquisas em Análise do Discurso: o processo
de significação em diversos gêneros”, coordenado pela professora Rosemeri Passos Baltazar Machado, na Universidade
Estadual de Londrina.
HISTÓRIAS DA MEIA-NOITE E A PRESENÇA FRANCESA: QUANDO OUTRAS ARTES COABITAM O TEXTO LITERÁRIO
Resumo
A literatura comparada sempre provocou inúmeras discussões a respeito de uma demarcação exata: primeiro, porque nem
mesmo o conceito de literatura possui uma única delimitação; segundo, porque se acredita na tendência de uma melhor
execução das pesquisas científicas, de forma ampla, a partir da comparação. Igualmente, os estudos intertextuais se
apresentam como um terreno árido. No entanto, tanto o comparativismo como a intertextualidade não se dão de maneira
desconexa, ao passo que as comparações e os intertextos não acontecem através do levantamento de inúmeras presenças
infundadas e pouco científicas. É preciso uma pesquisa cuidadosa no que concerne às fontes, para que estas, ao contrário,
sirvam de instrumentos que levem a reflexões pertinentes e não fiquem somente no plano da intuição. É nesse sentido que nos
deparamos com o conceito de intertextualidade, revisado por Tiphaine Samouyault (2008), como memória da literatura, isto é, o
texto traz consigo a biblioteca do escritor, que deve ser reconhecida pelo leitor e compartilhada com ele. Essas ideias tornam-se
mais concretas na medida em que são reconhecíveis no universo literário, como é o caso das obras de Machado de Assis.
Sendo assim, a presente comunicação pretende mostrar como a cultura francesa, por meio de suas pinturas, peças de teatro,
jornais, culinária, ruas e lugares públicos, além da própria literatura, coabita as narrativas presentes em Histórias da meia-noite
(1873), sua segunda compilação de contos e se faz essencial para a construção de sentido desses textos.
UM OLHAR SOBRE O OUTRO: UM ESTUDO ENTRE CRENÇAS E ATITUDES LINGUÍSTICAS
Resumo
No final da década de 60, um ramo da Psicologia Social, cujos precursores são Wallace e William Lambert, buscou
compreender o fenômeno da variação linguística segundo a consciência que o usuário da língua tem diante de seu idioma ou
sua variante. Essa ramificação dos estudos da linguagem, denominada Crenças e Atitudes Linguísticas, norteia a presente
proposta que visa compreender as atitudes valorativas que os falantes de Curitiba imprimem sobre sua linguagem e sobre a
linguagem do outro; a presença de estereótipos, além de desmistificar a influência da percepção linguística na atribuição de
características físicas e pessoais. Baseado na metodologia dos falsos pares, desenvolvida por Wallace Lambert (1966),
parte-se: i) da seleção das cidades – Curitiba e Londrina – que apresentam um cenário linguístico bastante diverso, uma vez
que Londrina, cidade interiorana, é mais influenciada pelo sul do estado de São Paulo em detrimento de sua própria capital,
Curitiba; ii) da escolha de um texto de cunho neutro para que seu conteúdo não influencie na atribuição de valores, mas que
apresente as principais marcas diferenciadoras dos falares; iii) da gravação da leitura desse texto por dois falantes (um natural
de Londrina e outro de Curitiba); IV) da submissão dessa gravação aos 12 informantes de Curitiba, selecionados segundo um
perfil pré-estabelecido, que constituirão o corpo de jurados; V) do preenchimento da ficha avaliativa sobre os falantes a partir
das vozes e, por fim, vi) da análise das fichas que apresentará os resultados. Com este trabalho pretende-se mapear e/ou
registrar a existência, ou não, de estigmas referentes à própria fala e à fala do outro.
HISTÓRICO DE FORMAÇÃO CONTINUADA EM UM MUNCÍPIO DO OESTE DO PARANÁ E SUAS RELAÇÕES COM A
PRÁTICA DE PRODUÇÃO E REESCRITA DE TEXTO
Resumo
Esta pesquisa se insere no Programa Observatório da Educação –CAPES/INEP – em que atuamos como pesquisadora
voluntária dentro do Projeto Institucional, intitulado Formação Continuada para professores da educação básica nos anos
iniciais: ações voltadas para a alfabetização em municípios com baixo IDEB da região Oeste do Paraná. Este estudo objetiva
verificar se os momentos de formação continuada em Língua Portuguesa ofertado para professores de Educação Básica (anos
iniciais), em 2011 e 2012, em um dos municípios participantes do Observatório da Educação, contribuíram significativamente
para o trabalho do professor no que se refere à leitura e diagnóstico de textos escritos produzidos por seus alunos e a condução
da prática de reescrita do texto. Para isso, problematizamos a pesquisa a partir do seguinte questionamento: os conteúdos
abordados durante as ações de formação continuada, mais especificamente no que se referem à condução da prática de
reescrita de texto, contribuíram para o trabalho do professor em sala de aula na avaliação diagnóstica de textos escritos pelos
alunos? Este estudo se insere dentro da Linguística Aplicada sustentado pela pesquisa qualitativa de base etnográfica. Todavia,
nesse momento, para a análise, fizemos um recorte dos dados gerados, focalizando, especificamente, os resultados das
entrevistas realizadas com os professores, atuantes nos 4os. e 5os. anos do ensino fundamental que obtiveram mais que 80%
de frequência nos encontros de formação continuada. Para sustentarmos teoricamente nosso estudo, nos pautamos em Bakhtin
(2003), Bakhtin/Volochinov (2004), Costa-Hübes (2008), Geraldi (2013) dentre outros autores.
UM ESTUDO DOS MOVIMENTOS SOCIAIS NA CAPA DA VEJA
Resumo
O presente trabalho analisa as capas da revista Veja, que retratam os movimentos sociais no Brasil, veiculadas entre 1968 (ano
da fundação da revista) e 2012. Neste período, foram publicadas 37 capas de movimentos sociais. Para minha dissertação de
mestrado foram selecionadas 20 capas. Para apresentar neste evento, selecionei uma capa da Veja de 10 de maio de 2000,
com os dizeres: Título: “A tática da baderna”, seguido da chamada: “O MST usa o pretexto da reforma agrária para pregar a
revolução socialista”. As capas de revistas é uma espécie de vitrine, quase uma revista dentro da revista. Expostas, nas bancas
de ruas ou na internet, funcionam como iscas para atraírem os leitores. Com Veja não é diferente. Suas capas são chamativas
e, as que se referem aos movimentos sociais, não fogem à regra. Utilizando-se da Análise do Discurso e da Semiótica
Peirceana, a análise de tais capas concluiu que, através delas, Veja ataca os movimentos sociais. Para isso, muitas vezes,
lança mão de recursos gráficos para alterar fotografias e utiliza efeito de sentido em títulos e chamadas. Portanto, justifica-se a
realização deste estudo para servir de alerta ao leitor, principalmente professores do ensino fundamental e médio que utilizam
os textos de Veja em sala de aula.
BÁRBARA LIA: CENAS DA LITERATURA PARANAENSE DE AUTORIA FEMININA
Resumo
As últimas décadas do século passado foram marcadas por grande efervescência cultural que dinamizou as práticas de
produções críticas e teóricas em todo mundo, o que, consequentemente, refletiu no cenário literário brasileiro de maneira
positiva, permitindo novas formas de ver e pensar as artes literárias. Os Estudos Culturais e as teorias de gênero possibilitaram
que autores até então tidos à margem do cânone cultural pudessem mostrar seu valor não apenas como subproduto de uma
cultura, mas como produtores de obras autênticas e originais. Dentre os nomes que se favoreceram com essas duas correntes
críticas está o da escritora paranaense Bárbara Lia, que nos últimos anos contribuiu de forma significativa para a construção do
legado literário brasileiro com textos em prosa e em verso. Esse artigo apresentará alguns apontamentos sobre a recepção em
relação à obra de Bárbara Lia, bem como a receptividade de obras de cunho feminino no cenário literário brasileiro. O corpus
deste projeto será composto por dois romances da autora, Solidão Calcinada (2007) e Constelação de Ossos (2010). Dessa
forma, as obras que dão vida ao projeto apresentarão uma releitura das representações sociais desempenhadas por mulheres,
que apesar de toda a opressão sofrida ao longo da história, muitas vezes às sombras de um patriarcalismo mascarado, revelam
diferentes papeis femininos representados por ideologias definidas a partir do lugar social onde estão inseridas. O projeto visa
ainda, elucidar a escritora Bárbara Lia, divulgando sua obra em nível acadêmico, bem como valorizar sua produção dando-lhe
maior prestigio e visibilidade.
A GEOGRAFIA NA OBRA DE EUCLIDES DA CUNHA
Resumo
É conhecida a presença do caráter científico na obra de Euclides da Cunha. Para o autor, o consórcio entre ciência e arte se faz
necessário para a realização daquele que, de maneira ampla e profunda, é seu maior objetivo: conhecer o Brasil. Nessa busca
Euclides lança mão de um imenso rol científico, de onde gostaríamos de destacar a geografia. Necessária para conhecer e
entender a nação, a geografia é uma das ciências humanas mais atuantes nos textos euclidianos, seja em sua perspectiva
física, seja em sua perspectiva cultural. Utilizando um aparato geográfico diversificado, que utiliza desde referências aos
estudos dos viajantes europeus até a exploração de recentes e controversas teorias geográficas, Euclides se debruça sobre o
sertão e a região amazônica, as duas paisagens que marcam sua vida e obra. Desta maneira, é nosso objetivo a exploração
dessa relação com a geografia, buscando seus vestígios na tentativa de captar um itinerário geográfico euclidiano, percebido
através do estudo das obras Os sertões e Um paraíso perdido.
PESQUISAS DE MESTRADO: FOMENTO DE PRÁTICAS INOVADORAS?
Resumo
A profissão docente brasileira tem sofrido um deslocamento da prática para a pesquisa universitária (Kuenzer e Moraes, 2005).
Atualmente, os professores do ensino superior têm sua profissão marcada pela necessidade da produção acadêmica, por meio
de publicações de artigos e participações em eventos. O mesmo ocorre no caso daqueles inseridos no contexto de formação
continuada em nível de mestrado, no qual a pesquisa é vista como requisito desta formação. No entanto, pouco se conhece
sobre as relações entre as experiências de pesquisa neste nível e as transformações das práticas nos contextos em que atuam
os professores após a obtenção deste grau acadêmico. Assim, este estudo busca investigar em que medida, se alguma, as
pesquisas de mestrado fomentam práticas inovadoras. Para isso, analiso, sob o viés da Análise de Discurso Crítica (Fairclough,
2013), uma entrevista semi-estruturada conduzida com três professoras egressas de um curso de pós-graduação stricto sensu,
entre novembro de 2013 e março de 2014. Os dados analisados com base nas categorias modalidade e avaliatividade (Martin e
White, 2005) indicam que a pesquisa quando conciliada ao contexto de prática do profissional possibilita a inovação.
O PERIÓDICO BULLETIN COMO FENÔMENO DA COMUNICAÇÃO DE MASSA NA AUSTRÁLIA
Resumo
O periódico semanal de variedades Bulletin, fundado em 1890, em Sydney, destacou-se como verdadeiro fenômeno da
comunicação de massa no século XIX e meados do século XX na Austrália, tendo contribuído para a formação de um “estilo
australiano” na literatura, centrado em narrativas curtas e objetivas. Tematicamente o Bulletin favoreceu a chamada “bush
tradition” (tradição rural), que teria papel fundamental na construção da identidade nacional e na formação do cânone literário
australiano. Vários fatores explicam a popularidade da revista e a força hegemônica que acabou assumindo na sociedade. As
páginas da revista traziam uma miscelânea de gêneros textuais, estilos e vozes dispostas meio aleatoriamente. Quanto ao
público-alvo, o Bulletin alcançava tanto a população urbana quanto a rural, parcela importante da sociedade que havia até então
sido ignorada pelo jornalismo. Um dos toques de genialidade estava na mistura de papéis entre colaboradores e leitores e no
diálogo inusitado entre colaboradores, leitores e editores. Quanto aos escritores profissionais, estes favoreciam o Bulletin pelo
profissionalismo e sensibilidade dos editores, pelo suporte dado a vários autores que se tornariam referência nacional, tais
como Henry Lawson e Banjo Paterson e pelos incentivos pecuniários. Ao invés de se dirigir a um conjunto de leitores
pré-definido, o Bulletin criou seu próprio público, por meio da diversidade textual e do diálogo com o leitor. Criou também uma
“comunidade imaginada” de escritores e leitores que contribuiria para a concepção de nação que os australianos têm hoje.
O ADJETIVO PRIVATIVO NA PERSPECTIVA DA LINGUÍSTICA COGNITIVA
Resumo
O adjetivo privativo foi conceituado por Kamp (1975) como um tipo de adjetivo que estabelece relações de propriedades para
propriedades, isto é, exerce função modificadora das propriedades intensionais do escopo. A modificação das propriedades
intensionais pode ser entendida, segundo Chierchia (2003), como uma “renegociação do léxico”, promovendo um ajuste focal
na construção (LANGACKER, 1987). Para identificação do adjetivo privativo, partimos da disposição de que tal adjetivo é
marcado discursivamente pela paráfrase “o que não é N”, quando associado a um nome ou construção nominal. Essa paráfrase
implica a negação de propriedades intensionais de N, dentro de um contexto discursivo em que “falso” não pode ser
interpretado como “característica de pessoa com desvio de caráter”. Além disso, procuramos vincular a noção de propriedades
intensionais ao conceito de affordance, propriedade invariante do ambiente provida ao indivíduo, termo emprestado pelas
teorias de percepção visual (GIBSON, 1979), em uma perspectiva ecológica e corporificada da língua (COUTO, 2007; LAKOFF,
1987). Assim, fizemos uso de dados coletados pela ferramenta de busca Google, analisados a partir do processo de mesclagem
conceptual (FAUCONNIER E TURNER, 2002), para verificarmos as alterações nas affordances do escopo em construções
como “falsa loura” e “marido falso”, por exemplo.
LEITURA CRÍTICA EM INGLÊS: ANÁLISE DE ATIVIDADES DIDÁTICAS DE LEITURA
Resumo
Esta comunicação tem como objetivo relatar os resultados de uma pesquisa produzida como requisito parcial para a titulação de
Especialista em Língua Inglesa, pela Universidade Estadual de Londrina. A pesquisa analisa questões de quatro atividades para
leitura crítica em Inglês como língua estrangeira, elaboradas pela pesquisadora enquanto colaboradora do Projeto de Ensino
Consciência Crítica da Linguagem e Dialogia em Desenvolvimento de Materiais para Leitura, no ano de 2009. Os dados são
analisados dedutivamente, quanto à tipologia. Para tanto, são utilizadas taxonomias fornecidas por Pearson e Johnson (1978),
nomeadamente, questões textualmente explícitas (TE), questões textualmente implícitas (TI) e questões dependentes de
conhecimento de mundo (SI). As perguntas de pesquisa visam a conhecer que tipos de questões caracterizam as atividades
didáticas de leitura; e qual a proporcionalidade dos tipos de questões presentes nas atividades didáticas de leitura. À luz de
literatura em leitura crítica, com os resultados verifica-se a predominância de questões do tipo textualmente implícitas e
dependentes de conhecimento de mundo, o que demanda do leitor uma leitura menos decodificadora, ou seja, estas se
enquadram nas categorias consideradas conducentes a esse tipo de leitura.
A IDENTIDADE FEMININA EM VALENTE E ENTRE A ESPADA E A ROSA: DOIS OLHARES
Resumo
A temática deste artigo propõe um novo olhar para as narrativas contemporâneas na área da literatura infantil e juvenil. O
objetivo principal foi uma análise dos perfis femininos das protagonistas do filme Valente e do conto Entre a espada e a rosa, de
Marina Colasanti. Em Valente, Merida é uma habilidosa arqueira que se desentende com sua mãe por não concordar com a
decisão de sua mãe, a qual dizia que o verdadeiro destino de uma princesa era casar e ter filhos. Entre a espada e a rosa
apresenta uma protagonista que ao saber sobre seu casamento arranjado faz nascer uma barba ruiva e encaracolada, como
resposta negativa ao ato do pai. A jovem foge de casa e se torna um cavaleiro andante, passando por várias aldeias até que
surge, então, o momento de se casar com o homem escolhido por ela. Para a realização deste trabalho buscou-se subsídios
teóricos em ZILBERMAN (1987), HUNT (2010), CORSO (2012), COELHO (1991) e FORSTER (2005). O estudo mostra que
além de estabelecer relações das personagens entre si, estas representam o perfil das jovens do mundo contemporâneo.
LITERATURA INFANTOJUVENIL AMAZONENSE: IMAGINÁRIO, IDENTIDADE, MEMÓRIA E ARQUIVO POR MEIO DE
SUPORTE ELETRÔNICO.
Resumo
Da mesma forma que a literatura infantil, num sentido geral, desde a sua gênese ainda enfrenta problemas quanto a sua
legitimação e ao seu reconhecimento enquanto texto literário, o mesmo se pode afirmar quanto à literatura infanto-juvenil
produzida no Amazonas. Antes do ano 2000, o que se percebe é uma produção muito tímida dessa literatura no Amazonas,
contudo no ano ora citado pode se dizer que houve um boom da literatura infanto-juvenil amazonense quando o escritor Elson
Farias lança a coleção “Aventuras do Zezé na Floresta Amazônica”. Desde então, muitos escritores amazonenses como
Zemaria Pinto, Wilson Nogueira, os indígenas Roní Wasiri Guará e Yaguaré Yamã, entre outros, têm se lançado a escrever
para o público infanto-juvenil colocando em suas narrativas o folclore, os mitos, as lendas, a linguagem e o modo de ser do
homem amazônico. Apesar disso, as análises e discussões teóricas dessas narrativas ainda é parca. Isso se reflete inclusive na
recepção dessa literatura no espaço acadêmico, pois quando se trabalha, por exemplo, a disciplina Literatura Infanto-Juvenil
com alunos do curso de Letras em Parintins, muitos têm em mente que o estudo dessa literatura não seja tão significativo como
outras da grade curricular do curso. Esse equívoco, no entanto, vai se esclarecendo à medida que a disciplina vai sendo
ministrada. Os alunos começam então a ter um olhar mais crítico acerca da importância da Literatura Infanto-Juvenil e passam
a vê-la num pé de igualdade com outras literaturas oferecidas no curso. Chega-se, porém, a outra situação: os acadêmicos
passam a ter como referencial dessa literatura autores já consagrados como Monteiro Lobato, entre outros e desconhecem
GRITOS DE INDIGNAÇÃO: UM ESTUDO DISCURSIVO ACERCA DOS ENUNCIADOS QUE SACUDIRAM O BRASIL NO ANO
DE 2013
Resumo
Estimulado pelo Movimento denominado “Passe Livre”, cujo objetivo principal era a luta por tarifas menores para o transporte
urbano, o povo brasileiro saiu às ruas para pedir mudanças que iam muito além disso. Retomando questões sempre presentes
no cotidiano nacional, tais como saúde e educação de qualidade, por exemplo, os sujeitos que participaram dos protestos, seja
no espaço urbano ou digital, mobilizaram dizeres que foram repetidos nos mais diversos suportes, tais como em cartazes, em
faixas e também na internet, por meio de hashtags (termo em inglês para definir o símbolo #, que são palavras-chave ou termos
associados a uma informação, como se fossem etiquetas, que designam o assunto que está sendo discutindo em tempo real no
Twitter, no Facebook e no Instagram). Enunciados como “Vem pra rua” e “O gigante acordou”, além de convocar os sujeitos para
defender uma causa coletiva, buscaram desestabilizar e ressignificar a realidade. Dessa forma, este trabalho pretende verificar
como foram discursivizadas, na mídia escrita, as manifestações que sacudiram o Brasil no ano de 2013, bem como analisar os
efeitos de sentido produzidos por esses enunciados mais ou menos estabilizados e que, conforme a teoria materialista do
discurso constituem já-ditos em outro lugar, que retornam no fio do discurso sob a aparência do novo. Logo procuramos
compreender como os sentidos são produzidos no discurso midiático por sujeitos que se inscrevem em dadas formações
discursivas – regionalizações do interdiscurso ou memória discursiva, conforme Orlandi (1999) – que lhes determina aquilo que
pode ser dito e também aquilo que precisa ser silenciado.
PROPOSTAS METODOLÓGICAS DE REVISÃO TEXTUAL-INTERATIVA NO ENSINO DE PRODUÇÃO DE TEXTOS
Resumo
RESUMO: Nesta comunicação, discutimos a prática docente de revisão textual, destacando a pertinência da revisão
textual-interativa (RUIZ, 2010) em situação de ensino, apresentando propostas de encaminhamento metodológico desta
abordagem. Pautados na concepção de escrita como trabalho (SERCUNDES, 2011; FIAD, 1991; MENEGASSI, 2010), na teoria
dialógica do Círculo de Bakhtin (BAKHTIN, 2009; 2010; BRAIT, 2012; PAULA, 2013) e em estudos sobre a prática docente de
revisão de textos (SERAFINI, 2004; RUIZ, 2010), discutimos as propostas de revisão docente encontradas nos estudos em
Linguística Aplicada, enfocando a correção textual-interativa e as possibilidades de abordagens desta pelo professor, no sentido
de melhorar seu nível de interação com o aluno, via revisão, e proporcionar uma prática efetiva e reflexão e aprimoramento do
discurso escrito. A partir do conceito de revisão textual-interativa, posto por Ruiz (2010), e tendo em vista sua abrangência,
apresentamos o questionamento, o apontamento e o comentário como encaminhamentos específicos desse modo de revisão,
visando contribuir e ampliar as possibilidades de mediação docente no trabalho com a escrita. Os excertos utilizados para
elucidar a proposta são parte de uma pesquisa mais ampla desenvolvida pela autora deste trabalho. Os encaminhamentos de
revisão aqui propostos mostram a necessidade de reflexão e ampliação da teoria acerca da prática docente de revisão de
textos, haja vista as peculiaridades que envolvem a escrita em situação de ensino, como a idade escolar dos alunos, o gênero
produzido e as habilidades e demandas de cada aluno.
ANÁLISE QUANTITATIVA DE SEGMENTAÇÕES NÃO-CONVENCIONAIS DE PALAVRAS EM CONTEXTOS ESCOLARES
PÚBLICOS E PRIVADOS
Resumo
No presente trabalho, em desenvolvimento, tivemos como objetivo comparar a distribuição das segmentações
não-convencionais de palavras encontradas em textos do 1º ao 5º ano do Ensino Fundamental I (doravante EF), a fim de
analisar, no presente momento, seus aspectos quantitativos. Para tanto, compusemos um corpus composto de 427 textos
resultantes de uma mesma proposta aplicada do 1º ao 5º ano do EF de cinco escolas privadas e de dez escolas públicas do
Município de Marília (SP), pela professora de cada turma, nas quinze escolas participantes, durante o ano de 2012. Na análise
(estatística descritiva e inferencial) dos dados de segmentação não-convencional comparamos, nesses dois contextos, sua
distribuição: (1) ao longo dos diferentes anos; (2) entre os gêneros masculino e feminino; (3) cruzando-se gênero e contexto. Os
resultados a que chegamos mostram que as ocorrências de segmentações não-convencionais: quanto a (1), tendem a diminuir
em ambos os contextos com a progressão do ano escolar, mas, no total, mostram-se mais numerosas no contexto público do
que no contexto privado; quanto a (2) são mais numerosas entre os meninos do que entre as meninas; e quanto a (3) foi
significativa no contexto público, mas não no privado. A forma de segmentar dos escreventes mostra-se, pois, como
heterogênea, na medida em que é condicionada pelo contexto escolar público ou privado e, em grande medida, pelo gênero do
escrevente.
AS PAIXÕES DE EURYDICE SEGUNDO JEAN ANOUILH E ALAIN RESNAIS
Resumo
A peça Eurydice, de Jean Anouilh, revisita o mito grego de Orfeu: construída nos moldes da tragédia grega, seu enredo se
passa na modernidade. No filme Vous n'avez encore rien vu, de Alain Resnais, é a Eurydice de Anouilh quem é revisitada e
torna-se o elo entre as personagens do filme.Na peça, assim como no mito, Orphée também é músico. Porém, diferente do
clássico, Eurydice é integrante de um grupo de teatro e eles se conhecem e se apaixonam no café de uma estação. A obra de
Anouilh insere-se em Resnais como a peça escolhida para encenação pela Compagnie de la Colombe. Antoine d'Anthac, o
dramaturgo responsável por Eurydice no filme de Resnais, convoca para leitura de seu testamento todos aqueles que já
atuaram na peça. D'Anthac deixa a cargo deles a decisão de autorizar o grupo a encená-la. Para isso, o dramaturgo solicita que
o tabelião exiba um filme com a montagem de Eurydice pela trupe. Somam-se três diferentes gerações de atores encenando
uma única peça, simultaneamente. O estudo em questão pautar-se-á na semiótica francesa greimasiana, pois o intuito é a
análise das paixões. Nesse sentido, é possível observar a presença de diferentes efeitos passionais em cada releitura, tais
como o ciúmes e a raiva de Orphée; o receio de Eurydice ao lhe contar sobre seus amantes; a frustração de Mathias ao não ser
correspondido; a decepção do pai de Orphée, deixado pelo filho; a vergonha que Orphée e Eurydice sentem dos pais.
JOURNEY E AS NOVAS POSSIBILIDADES NARRATIVAS DOS VIDEOJOGOS
Resumo
Este artigo, de cunho eminentemente teórico, tem por objetivo maior aprofundar o debate sobre a teoria da narrativa na
contemporaneidade, tomando, para tanto, como corpus, Journey – videojogo desenvolvido pela empresa Thatgamecompany
exclusivamente para o PlayStation 3 e lançado em 13 de março de 2012 na PlayStation Network - e a teoria literária como
método privilegiado. Em sentido estrito, o objetivo que norteia este trabalho visa questionar o discurso pós-moderno que postula
a crise da narrativa, quando não a sua morte, a partir da análise das estruturas narrativas presentes no objeto citado. Por
hipótese, acreditamos que a narrativa não só apresenta um caráter transhistórico e transcultural (BARTHES,1976), evidenciado
pela presença e disseminação de narrativas em diferentes tempos e suportes, como também, na babel contemporânea, através
da sua migração para o sistema semiótico dominante da videosfera (DEBRAY, 1993a), o vídeo, em especial o videojogo, objeto
de interesse deste artigo, cremos que ela reativa procedimentos que outrora julgávamos ultrapassados, procedimentos esses
advindos do período da logosfera (DEBRAY, 1993a), a exemplo dos mecanismos indiciais de oralização, que, nas palavras de
Bougnoux (1997), diz respeito a uma volta ao polo fusional dos contágios. Para nós, o videojogo Journey é emblemático neste
aspecto uma vez que ele “empurra” as fronteiras das possibilidades narrativas até então encontradas neste sistema,
proporcionando uma experiência estética carregada de ritmos e sonoridades, em outras palavras, em Journey, vivenciamos
uma narrativa poética que reconfigura o sentido do que é narrar através de jogo digital.
AS FIGURAÇOES DO ESPAÇO NA POETICA DE MARCELO ARIEL
Resumo
O presente trabalho pretende abordar alguns aspectos da produção poética de Marcelo Ariel, poeta brasileiro contemporâneo,
nascido no ano de 1968. Dentre as inúmeras inquietações trazidas pela lírica de Ariel que transita entre o brutal, o sublime, o
etéreo e o caótico, interessa discutir aqui as relações com o espaço, seja esse espaço o da cidade industrial objetivamente
figurada ou o espaço da subjetividade no qual se dá a construção de seu eu-poético. Parece-nos que a poesia de Ariel se
constrói da tensão entre esses dois espaços, sem que haja a hierarquização de um em detrimento do outro. Pensamos isso,
pois o mimetismo proveniente de uma “poética da cidade” configurada, sobretudo, nas produções marginais contemporâneas,
em Ariel, cede lugar a um tipo de construção que, com base em uma profusão de alusões a outros poetas, artista e pensadores,
cria um mecanismo outro de relação com o real que se expande até tocar em questões metafísicas e transcendentes. Esse
rótulo de marginal, suscitado, principalmente, devido a alguns de seus dados biográficos (negro, pobre, sem escolarização
formal), não comporta sua produção poética, por diversos fatores, inclusive a não adesão do poeta a essa perspectiva. E a
cidade representa em sua obra não apenas um objeto de denúncia social denotando certo “engajamento” desgastado, mas sim
um microcosmo no qual, a partir de catástrofes ambientais, sonhos, espelhos, organizações criminosas, se constrói um eu que
transfigura o real a partir de uma reflexão intensa sobre as possibilidades de representação desse real através da poesia.
A PARÓDIA EM "O EVANGELHO SEGUNDO JESUS CRISTO"
Resumo
José Saramago veiculou em seus livros questionamentos sobre o ser humano e suas mais variadas problemáticas. O escritor
português ousou (re)criar, (re)visitar, para (re)fazer “histórias afinal arquiconhecidas” (SARAMAGO, 1991, p. 127) e dar a elas,
ao menos ficcionalmente, um final diferente. Saramago usou como mote de muitos de seus romances, histórias canônicas,
como no livro "O Evangelho Segundo Jesus Cristo"(1991), que podemos considerar uma paródia sobre o Novo Testamento
bíblico. Nesse trabalho vamos propor uma análise da obra, mais especificamente de alguns trechos que dialogam diretamente
com o texto canônico parodiado, a Bíblia. No romance analisado, o autor português constrói uma relação não apenas com o
texto bíblico, mas com a própria tradição cristã de um modo geral. Existe uma grande subversão que se constrói ao longo da
narrativa, porém, classifica-la apenas como paródia, no sentido primeiro da palavra - apenas com o intuito de se opor
diretamente a fala original, entrar em antagonismo, ridicularizar o texto parodiado - é simplificar demais a complexidade do
romance saramaguiano. Para fundamentar a proposta desse trabalho, usaremos a concepção de paródia proposta por Linda
Hutcheon em sua obra "Uma teoria da paródia: ensinamentos das formas de arte do século XX" (1984). Segundo Hutcheon,
esse recurso ultrapassa a ideia antiga de paródia como texto “menor”, ou “parasitário”. A paródia moderna se constitui em um
texto que dialoga com outro, e através desse diálogo, que muitas vezes causa o riso do leitor, que se faz a crítica, não só ao
passado, mas também ao tempo presente.
A TRANSFORMAÇÃO DA PERSONAGEM MORTE NO ROMANCE “AS INTERMITÊNCIAS DA MORTE, DE JOSÉ
SARAMAGO
Resumo
A morte surge em As intermitências da morte não apenas como um acontecimento, mas também delineada como uma
personagem que estabelece diálogos com outras personagens, adquirindo cada vez mais evidência no decorrer da história. A
Morte, assim, é personificada, mas mantém um caráter duplo, por ocupar a cena como personagem e também como
acontecimento: o ato de morrer. Sua transformação compreende três fases: a natural, a burocrata e a totalmente humana. Em
cada uma desses fases, a Morte adquire mais características humanas até que, no final do romance, se humaniza totalmente,
modificando, inclusive, seu objetivo, que era o de levar mais um humano para a morte. Utilizar-se-á, como auxílio teórico na
construção da personagem, bem como ajuda na explicação das atitudes da morte referentes a cada uma de suas fases, os
aportes de Ariès (2003), Rosset (2008), Badiou (2001) e várias contribuições do filósofo Žižek, o principal teórico sobre o
materialismo lacaniano. Com base nestes teóricos, poder-se-á pensar sobre a construção de uma nova personagem “Morte”, a
partir da velha conhecida morte de toda a humanidade.
A TRÍADE LACANIANA EM 'A MAÇÃ NO ESCURO', DE CLARICE LISPECTOR.
Resumo
A proposta deste trabalho é lançar um olhar žižekiano sobre A maçã no escuro, romance de Clarice Lispector publicado em
1961. Utilizando a tríade Real-Simbólico-Imaginário – dando ênfase aos dois primeiros conceitos –, oriunda da psicanálise de
Jacques Lacan e, para este trabalho, relida pelo prisma do materialismo lacaniano cujo expoente maior é o filósofo esloveno
Slavoj Žižek, buscamos apontar que o percurso de Martim, o protagonista de A maçã no escuro, fazendo uso da divisão
romanesca, pode se assemelhar ao percurso da humanidade visto pelo prisma do existencialismo. De acordo com uma
perspectiva žižekiana, que elimina analogias com a psicanálise propriamente dita, pode-se sugerir que, dentro do escopo social,
Martim não se restringe apenas a “um homem” que se refugia num campo por temer as consequências de um ato cometido que
viola o regulamento das leis éticas e morais de uma sociedade. Martim funciona como “O homem”, isto é, o protagonista é
entendido aqui como a representação do Ser-no-mundo. Em outras palavras, trata-se do Ser numa tentativa genuína de
compreender a carga existencial de sua situação histórica e de condição humana, muitas vezes mascarada pela cotidianidade e
pelos atos de má-fé. Assim, a fuga simboliza a viagem do ser humano na tentativa de se redimir dessa culpa, atingir a plena
consciência de si e apresentar a universalidade de seu projeto individual.
DIÁLOGOS INTERTEXTUAIS: ANÁLISE DA PEÇA A COLHER DE SAMUEL BECKETT, DE GONÇALO TAVARES
Resumo
Neste trabalho, pretendemos analisar a peça “A colher de Samuel Beckett”, presente na obra A colher de Samuel Beckett e
outros textos (2002), do escritor angolano-português Gonçalo M. Tavares, sob o foco da relação dialógica com o Teatro do
Absurdo, sobretudo as relações intertextuais com a peça Esperando Godot, do dramaturgo irlandês Samuel Beckett. Tavares é
considerado um dos principais escritores contemporâneos de língua portuguesa, com uma vasta produção já publicada em um
período relativamente curto (pouco mais de uma década). O autor de Biblioteca trabalha, em muitas de suas obras, com a
revisitação de clássicos e escritores consagrados universalmente como é o caso, por exemplo, dos títulos que compõem a série
“O Bairro” (O senhor Calvino, O senhor Brecht, O senhor Valéry etc.), podemos citar também Uma Viagem à Índia, obra que
dialoga explicitamente com a epopeia camoniana, bem como a obra que faz parte deste estudo. O livro A colher de Samuel
Beckett e outros textos é composto por três textos dramáticos e dois textos que se debruçam sobre o teatro (enquanto texto e
espetáculo), sendo que a obra toda dialoga, de certa forma, com a estética do Teatro do Absurdo. Desse modo, serão
analisados aqui esses elementos intertextuais presentes na referida peça, sobretudo em relação à peça Esperando Godot.
APONTAMENTOS DIALÓGICOS DE REVISÃO NA REESCRITA DE GÊNEROS ACADÊMICOS
Resumo
Tematiza-se os processos de revisão e de reescrita em gêneros acadêmicos, especificamente o gênero discursivo Resposta
Interpretativo-argumentativa, produzido por professores de língua materna em formação inicial, com o objetivo de compreender
como os apontamentos dialógicos de revisão do professor-mediador contribuem para a constituição da escrita desses
educadores. A partir de pressupostos da Análise Dialógica do Discurso, ancorados no Círculo de Bakhtin e as leituras dali
advindas, a concepção dialógica da linguagem é a referência essencial. Foram analisadas Respostas
Interpretativo-argumentativas, considerando-se as primeiras versões e reescritas, produzidas por acadêmicos do terceiro ano do
curso de Letras-Português, da Universidade Estadual de Maringá–PR, em 2013. A partir das análises, verificou-se, nas
primeiras versões, que grande parte dos apontamentos elaborados pelo professor mediador relacionava-se aos aspectos
formais dos textos, deixando os aspectos relacionados à constituição do gênero trabalhado em segundo plano. A partir da
análise da última versão, verificou-se, em função do processo dialógico e mediativo conduzido, que poucos problemas em
relação ao estilo de escrita, incluindo-se os aspectos linguísticos, persistiram. Dessa maneira, as formas de apontamentos
dialógicos de revisão empregados foram essenciais para o processo de reescrita dos textos, levando o educador em formação a
melhorar sua escrita. Por outro lado, percebe-se que os elementos formais dos textos constituem a maior preocupação do
professor-mediador durante a revisão, consequentemente, deixam-se os elementos discursivos, relacionados ao tema e à
composição do gênero, relegados.
LITERATURA E FILOSOFIA: SUAS SEMELHANÇAS E A FORMAÇÃO DA CONSCIÊNCIA HUMANA
Resumo
A literatura sempre foi uma arte a qual tem como capacidade, dentre muitas coisas, nos fazer refletir. Através da leitura nosso
senso crítico começa a modelar-se e, com isso, somos capazes de formar certas características, personalidade e consciência.
Não muito diferente é a função da filosofia, que não apenas busca respostas para as maiores dúvidas do homem, mas também
gera um posicionamento nosso diante de “nós mesmos”, ou seja, cria um caráter, uma personalidade, um ser. Com base
nesses pressupostos, o objetivo deste trabalho é fazer um comparativo entre a literatura e a filosofia, mostrar a semelhança de
leituras e idéias que podem ser feitas entre obras e autores de ambas. Trazer obras de William Shakespeare (Otelo, Romeu e
Julieta, Macbeth...), Franz Kafka (A metamorfose, Carta ao pai...), Sófocles (Édipo Rei, Antígona...) para mostrar suas
semelhanças e diferenças, que do mesmo modo seguem um raciocínio parecido, com idéias expressas por filósofos e
pensadores como Arthur Schopenhauer, Friedrich Nietzsche e Sigmund Freud. Por mais que sejam tipos de arte e escrita
consideravelmente diferentes, tanto a literatura quanto a filosofia tem a capacidade de causar um choque no indivíduo. Com
isso, fica o intuito de mostrar seus pontos parecidos com a finalidade de demonstrar como é interessante aproximar estes
pensamentos distintos que tem noções muito parecidas e podem gerar bons frutos, ainda mais se analisados mutuamente.
Embora esta pesquisa ainda esteja na sua fase embrionária, este trabalho apresentará resultados preliminares da mesma.
A RECEPÇÃO DA OBRA "ÇAÍÇU’INDÉ: O PRIMEIRO GRANDE AMOR DO MUNDO" NO PROJETO JOVEM LEITOR
Resumo
Tendo como base pressupostos da Estética da Recepção e da Literatura Infantojuvenil, o presente trabalho trata a respeito da
Estética da Recepção a partir da Literatura Infantojuvenil Amazonense, tomando como objeto deste estudo a obra “Çaíçu’indé: o
primeiro grande amor do mundo” de autoria do escritor indígena Roní Wasirí Guará. Este estudo é uma iniciativa que passou a
existir a partir do “Projeto Jovem Leitor”, um projeto que aconteceu em uma livraria privada da cidade de Parintins-AM nos anos
de 2011 e 2012, e o qual incentivou o hábito da leitura da literatura infantil regional a crianças e jovens da região. No estudo se
realiza uma discussão sobre a Estética da Recepção e se verifica os aspectos dessa teoria na obra, após as oficinas de leitura,
pois este romance foi o mais bem recepcionado pelas crianças. Os resultados do trabalho se mostram necessariamente
pertinentes porque abarcam um conhecimento sobre esse romance de Wasirí Guará e porque propõem uma reflexão da
Estética da Recepção a partir da pesquisa.
MARQUES DE CARVALHO NA HISTÓRIA DA LITERATURA BRASILEIRA
Resumo
O jornalista, político, diplomata e escritor paraense João Marques de Carvalho nasceu em Belém, no estado do Pará, no dia 6
de novembro de 1866, e faleceu em Nice, no sul da França, no dia 11 de abril de 1910, aos 43 anos. Dedicou ainda grande
parte de sua vida ao jornalismo. Não apenas foi colaborador de alguns periódicos que fizeram parte da constituição da história
da imprensa jornalística belenense, entre os quais mencionamos A Província do Pará, A República e o Diário de Belém, como
também foi fundador de alguns periódicos de pequeno porte e vida efêmera, entre os quais citamos A Arena e o Comércio do
Pará. Publicou diversas obras em livro, como Hortência (1888), Contos paraenses (1889), Entre ninfeias (1896) e Contos do
Norte (1900), além de deixar diversas contribuições em periódicos, onde divulgou poemas, crônicas, contos, romances e
ensaios críticos. Embora atualmente não desfrute de um estatuto canônico, já foi alvo da pena de alguns críticos e historiadores
da literatura consagrados, como Sílvio Romero, José Veríssimo, Lúcia Miguel Pereira e Temístocles Linhares. Ao
considerarmos que as histórias literárias desempenham um papel importante no processo de canonização de autores e obras,
objetivamos, com este trabalho, analisar como as apreciações críticas desses autores influenciaram para que Marques de
Carvalho encontre-se hoje à margem do cânone.
DISSEMINAÇÃO DE CONFLITOS DISCURSIVOS NA DRAMATURGIA DE JORGE ANDRADE
Resumo
Este trabalho propõe uma leitura de As Confrarias de Jorge Andrade a partir da teoria dialógica bakhtiniana, que revela os jogos
persuasivos e paródicos entre as personagens, e da teoria da disseminação discursiva foucaultiana, que denuncia como tais
jogos efetivam contínuas e constantes deslocações de poder. A análise discursiva comprova a centralidade da categoria da
conflitualidade entre discursos liberais e discursos conservadores. Duas instâncias de poder constituído estão demarcadas na
sucessão dos eventos: a igreja em suas vertentes clerical e leiga; o governo em suas dimensões metropolitana e colonial. Em
contraposição, ergue-se uma instância de contrapoder: a protagonista Marta, que graças a uma refinada estratégia discursiva
gradualmente logra um poder de fato que lhe permite agir eficazmente na história e descortinar uma transformação utópica no
rígido mundo das confrarias . Em meio a relações conflitivas entre povos, raças, classes sociais e grupos religiosos,
contrapõem-se na camada mais profunda da obra, de um lado, o velho sistema das alianças regido pelo discurso conservador,
de outro lado, um incipiente sistema baseado no corpo sexualizado próprio do discurso liberal. A literariedade da obra, com sua
carga de plurissignificatividade, permite a abertura do texto e do substrato histórico em que se alicerça a construção do drama a
significados sempre novos, de modo a possibilitar “outras” leituras, no Brasil da década de 1960 em que o autor confeccionou a
peça, e na atual situação brasileira.
RELAÇÕES ASSIMÉTRICAS NA TRADUÇÃO AUDIOVISUAL NO BRASIL: UMA INVESTIGAÇÃO DE EXPRESSÕES FIXAS
COM BASE EM CÓPUS
Resumo
Avanços tecnológicos têm promovido tanto a produção de materiais midiáticos quanto a intensa transmissão desses materiais
através do globo. Nesse contexto, filmes produzidos por potências tecnológicas e econômicas têm o virtual capacidade de
promover suas línguas para além de suas fronteiras geográficas. Necessária à recepção de filmes em países estrangeiros, a
tradução audiovisual está submetida a tecnicalidades que tolhem/restringem/limitam opções de renderização. Tal restrição é
ainda mais problemática nas traduções de Expressões Fixas devido a sua natureza não-composicional e seu vínculo à cultura.
Nesta pesquisa, propõe-se analisar a renderização de Expressões Fixas (MOON, 1998) nas versões dubladas e legendadas
dos filmes Madagascar (2005) e A Era do Gelo (2002), levando em consideração as Relações Assimétricas, entre países e
línguas. As relações assimétricas são aqui representadas contextualmente pela Globalização como discutida por Venuti (1998)
e Cronin (2003, 2009) e midiaticamente pela Comunicação de Massa (THOMPSON, 2007; LAMBERT, 1989). As traduções de
Expressões Fixas são analisadas utilizando os conceitos de Estrangeirização e Domesticação (VENUTI, 2008) por meio de
Córpus Paralelo (BAKER, 1995) através do COPA-TRAD (FERNANDES; SILVA, 2014). Objetiva-se verificar no corpus
examinado se a legendagem ou a dublagem é mais propensa à Estrangeirização no que diz respeito à tradução de Expressões
Fixas, reforçando, assim, as Relações Assimétricas.
AS DIRETRIZES CURRICULARES ESTADUAIS, OS LIVROS DIDÁTICOS E O ENSINO DE LITERATURA NAS ESCOLAS
PARANAENSES
Resumo
Nas últimas décadas, o ensino de literatura tem sido alvo de inúmeras críticas em relação à ineficiência de seus métodos.
Parece-nos que há uma unanimidade na afirmação corrente de que a “literatura é mal ensinada na escola” e que as
metodologias adotadas pelos professores e o sistema formal de ensino da escola não estão conseguindo conduzir de maneira
eficiente o ensino dela. Nesse sentido, a Secretaria de Educação do Estado do Paraná já há algum tempo tem sugerido, através
de suas Diretrizes Curriculares Estaduais (DCEs), “que o ensino da literatura seja pensado a partir dos pressupostos teóricos da
Estética da Recepção e da Teoria do Efeito” (DCEs, p.58), teorias que reivindicaram o reconhecimento da importância do papel
do leitor no processo de leitura literária. No entanto, parece-nos também que as orientações das DCEs não se refletem nos
livros didáticos utilizados no ensino médio das escolas estaduais, que ao nosso ver continuam com a mesma proposta de
ensino alicerçada na história da literatura. Nesse sentido, pretendemos verificar em que medida os livros didáticos utilizados no
ensino médio nas escolas estaduais do município de Telêmaco Borba/Pr permitem o ensino de literatura guiado pelos
pressupostos teóricos da Estética da Recepção e da Teoria do Efeito, num nível de ensino em que o foco da abordagem
centrado nas escolas literárias pode inviabilizar a utilização dessas teorias.
PADRÃO TIPOLÓGICO: A REPRESENTAÇÃO DO MOVIMENTO
Resumo
Neste trabalho, propomos discutir o conceito de MOVIMENTO, baseando-se nos estudos em semântica cognitiva de Leonard
Talmy (2000). O autor sugere que a partir dos eventos de movimento é possível caracterizar as línguas em padrões tipológicos.
Línguas em que as informações de MOVIMENTO e TRAJETO estão embutidas na raiz verbal pertencem ao padrão LFV
(línguas com frame no verbo). Já as línguas em que o MOVIMENTO e MODO são expressos pelo verbo, mas o TRAJETO é
expresso por um satélite (partículas verbais do inglês, afixos aspectuais do alemão, prefixos verbais do latim e do russo,
complementos verbais do chinês, etc.) são chamadas de LFS (línguas com frame no satélite). A partir desses pressupostos,
temos por objetivo demonstrar os diversos tipos de MOVIMENTO discriminado por Talmy, como são semanticamente
conceituados, a maneira como são representados linguisticamente em cada padrão tipológico e os casos em que as línguas
assumem um padrão tipológico distinto. Para tal empreitada, exemplificaremos com sentenças retiradas do livro O Hobbit de
John Ronald Reuel Tolkien nas versões em português, inglês e latim.
CENTRO DE ENSINO DE LÍNGUAS ESTRANGEIRAS FURG
Resumo
O Centro de Ensino de Línguas Estrangeiras (CELE), criado em agosto de 2011 e instituído por intermédio do programa de
extensão do Instituto de Letras e Artes (ILA), da Universidade Federal do Rio Grande, tem como um de seus principais objetivos
atender às necessidades relativas à proficiência em leitura e compreensão de textos nas línguas Espanhola, Francesa e Inglesa
daqueles alunos que almejam a entrada em programas de pós-graduação, ou de acadêmicos que almejam tão somente a sua
capacitação leitora em um dos idiomas disponibilizados pelo Centro. Em junho de 2013, o CELE passou a ofertar também o
curso de Português Língua Estrangeira para alunos intercambistas dos cursos de pós-graduação. Pretende-se, com este
trabalho, apresentar uma análise do perfil do aluno que procura o Centro, e o papel deste último nos resultados das provas de
proficiência promovidas pela instituição. Dessa forma, por intermédio da presente pesquisa, é possível constatar que as áreas
de Engenharias, de Ciências Exatas e da Terra e de Ciências Biológicas buscam, cada vez mais, o aprendizado e
aperfeiçoamento em determinada língua estrangeira para ingressar nos programas oferecidos pelo Governo Federal (o
programa Ciência Sem Fronteiras e o Programa de Licenciaturas Internacionais), bem como para participar de programas de
Mestrado e Doutorado no país e no exterior. Acredita-se que tal fenômeno seja, sobretudo, um reflexo da política de
internacionalização do ensino superior promovida pelo governo brasileiro.
CONSTITUIÇÃO IDENTITÁRIA DO ADOLESCENTE INFRATOR NO CONTEXTO DAS DISCUSSÕES SOBRE MAIORIDADE
PENAL BRASILEIRA: O GÊNERO PRONUNCIAMENTO PARLAMENTAR EM FOCO
Resumo
Ao focalizar as práticas linguístico-discursivas que se voltam para questões relativas à redução maioridade penal brasileira,
busco, neste espaço propício à discussão do papel desempenhado pelos discursos na constituição das identidades sociais,
lançar luz sobre os modos de representação ou subjetivação do adolescente/menor infrator em pronunciamentos produzidos no
Plenário da Câmara do Deputados do Plenário Nacional. O tema “redução da maioridade penal brasileira” tem sido recorrente,
há algum tempo, nos meios de comunicação, nas conversas cotidianas, nas instituições de natureza acadêmica, educacional,
jurídica e político-administrativa de nosso país. O assunto envolve, entre outros questionamentos, a questão: quem é o menor
infrator brasileiro? Para aqueles/as que escolheram a linguagem como centro de suas reflexões, justamente por reconhecer
nela uma força histórica, cultural, social, afetiva, estética e, principalmente, transformadora, responder esta questão equivale a
pensar sobre os lugares sociais de produção dos discursos configuradores das identidades sociais neles evocadas, retratadas
e, em condições propícias, consolidadas. Para discutir os efeitos estruturais e estruturantes do domínio discursivo político, bem
como, do lugar de instanciação da produção discursiva constitutiva da representação identitária do sujeito “adolescente/menor
infrator”, a saber, o Parlamento Nacional, dentre tantos modelos de análises de discursos, lanço mão da Análise Crítica do
Discurso, perspectiva teórico-analítica que, ao reconhecer a centralidade do discurso na vida social, permite enfocar os eventos
discursivos à luz dos gêneros textuais produzidos pelos sujeitos envolvidos.
BIOCYBERDRAMA SAGA E SEU POTENCIAL EDUCACIONAL NA ABORDAGEM CIÊNCIA, TECNOLOGIA E SOCIEDADE
(CTS).
Resumo
Resumo
O pensamento ocidental, quando de sua ânsia pelo conhecimento, logrou distanciar-se do jugo divino e da imposição da
natureza, tomou forma com a superação do mito por meio da razão, a partir de então, a imaginação, a fantasia, a intuição, a
invenção, a fruição e a particularidade deram lugar central à lógica, ao método, ao conceito, ao universal, ao rigor, à
experimentação, à prova, à verificação, ao julgamento epistêmico e à aceitação dos sábios. De então até a modernidade, o
conhecimento – tomado como veículo para a verdade – tornou-se apanágio da filosofia e, após, de sua filha dileta e ingrata, a
ciência. Já as artes, e a literatura em particular, neste mundo em processo de desencantamento, tornaram-se um gozo da alma,
regozijo e distração e, tal prazer, ainda que algo necessário, sob o julgamento da razão, não parece ser suficiente. O saber
contido na imaginação artística e literária foi progressivamente cedendo espaço ao conhecimento científico, funcional, utilitário e
esotérico. Coube então à arte, por meio da estética, justificar-se como produtora de conhecimento, ainda que por meio de um
saber peculiar. Por meio das considerações estéticas de Platão, Aristóteles, Kant, Hegel e Lukács é possível refletir sobre a arte
(e mormente a literatura) como forma de conhecimento e sua relação com a ciência. Ambas, a despeito de se debruçarem
sobre um mesmo mundo como coisa em si e serem afetadas pelos fenômenos que dele emanam, ainda assim, organizam tal
percepção por meios distintos e conduzem a reflexão conforme diferentes instrumentos e objetivos que, desse modo, devem ser
analisados e avaliados conforme diferentes instrumentos críticos.
“UMA MINEIRA EM BRASÍLIA”: TRADIÇÃO E MODERNIDADE NA POESIA DE JOÃO CABRAL
Resumo
A cidade de Brasília e o livro A educação pela pedra, de João Cabral de Melo Neto, são planejados e construídos
aproximadamente no mesmo período, meados das décadas de 1950 e 1960, ambos fortemente influenciados pelo arquiteto
francês, Le Corbusier. Considerando-se esse contexto de produção, o presente trabalho pretende analisar e estabelecer
relações entre a visão tecnicista, que pairava sobre o país naquele momento de modernização, e a poesia tecnicamente
elaborada por João Cabral, vinculada ao período do Modernismo brasileiro. Com base na leitura de poemas de A educação pela
pedra, da fortuna crítica de João Cabral e de textos teóricos que versam sobre a modernidade, buscar-se-á demonstrar que a
exatidão e o rigor estético sobre os quais se constrói a poesia cabralina possuem, apesar de certos aspectos destoantes,
alguma confluência com o projeto de modernização do país. Desse modelo estético que se distancia, ao mesmo tempo em que
se aproxima, da arquitetura dessa cidade, destacam-se os poemas “Uma mineira em Brasília” e “A mesma mineira em Brasília”.
A partir da análise desses pares de poemas, serão apontadas algumas maneiras pelas quais o projeto de modernização do
país, no âmbito urbanista, desvincula-se, nos campos políticos e artísticos, de ideias e pensamentos modernos. A tradição,
representada pela mineiridade da personagem que habitará a nova capital do país, será associada à própria poesia cabralina
que, apesar do seu traço inovador e antilírico, recorre, de certa maneira, à tradição literária para se consolidar, ao mesmo tempo
em que a transgride e a renova.
A MEDIAÇÃO DIALÓGICA DO CONTO:O ESTILO SINTÁTICO DO DISCURSO CITANTE NO DISCURSO CITADO
Resumo
A comunicação objetiva demonstrar a oportunidade educativa da arte verbal pela mediação, metodologia que abrigaria o
dialogismo, operando pela ação simultânea da reprodução e da contradição, o que faz das relações educativas uma articulação
de hegemonias e contra-hegemonias em movimento. Operacionalizando-se a mediação, é possível tratá-la, topologicamente,
como produto semiológico, explicável por uma certa arquitetura conceitual. Opondo-se a essa arquitetura, é possível articular a
mediação como processo semiológico, de uma topologia em movimento, à luz da arquitetônica bakhtiniana, alicerçada no
dialogismo como constituição do ser humano e da linguagem, integrada a tal constituição. Nisso, a linguagem é fundada na
interação dos interlocutores: o locutor e o alocutário, assumindo, com a responsividade , a relatividade das posições exotópicas
respectivas, projetam, de tais exterioridades, a singularidade dos excedentes de visão que os diferenciam, fazendo da
completude uma experiência de acabamento provisório, ao se cruzarem, em tensão, a hegemonia do monológico e a
contra-hegemonia do dialógico. No exame dessa arquitetônica, será usado, como corpus, o conto de Machado de Assis, Quem
conta um conto...E caracterizar-se-á o estilo sintático do discurso citante no discurso citado, demonstrando-se a particularidade
linguística de tal possível estilo - individualista relativista - em uma narrativa comprometida com a carnavalização do sentido, ao
se construir o humor, alicerçado na ridicularização pública do monologismo da linguagem pela inversão parodística.
ANÁLISE LINGUÍSTICA E GÊNEROS DAS ESFERAS JORNALÍSTICA LITERÁRIA: RESULTADOS
Resumo
O objetivo desta comunicação é trazer ao conhecimento e à reflexão da comunidade acadêmica o histórico e os resultados de
três projetos de pesquisa, desenvolvidos na UEL, versando sobre a análise lingüística, por meio da concepção e das dimensões
dos gêneros discursivos. Os trabalhos, qualitativamente, investigam, no ensino básico e superior, a abordagem da análise
linguística contextualizada às práticas de leitura e/ou de produção textual, buscando, se necessário, soluções. Destaca-se o fato
de o início do estudo dar-se em 2003, tendo como objeto de ensino os gêneros discursivos e a categorização, para efeitos
didáticos, em cinco agrupamentos (DOLZ; SCHNEUWLY, 2004). No processo de pesquisa, reinterpreta-se, didaticamente, a
visão bakhtiniana, entendendo os gêneros discursivos, circulantes nas diferentes esferas de atividades humanas, como eixo de
progressão e articulação curricular de língua materna, no ensino básico, dizíveis em forma de enunciados concretos ou
textos-enunciado, os quais, permeados por vozes anteriores e posteriores, irreproduzíveis no plano discursivo, são postulados
como objeto de ensino, Elege-se, antes, como proposta de prática pedagógica, as Sequências Didáticas (DOLZ; NOVERRAZ;
SCHNEUWLY, 1996, 2004), subsidiadas pelos conceitos de Zona de Desenvolvimento Proximal - ZDP - (VYGOTSKY, 1994).
Após, mobiliza-se o Plano de Trabalho Docente (GASPARIN, 2009), que relaciona a ZDP à vertente histórico-crítica da
educação (SAVIANI, 2008).
A FICÇÃO AUTOBIOGRÁFICA COMO SENTIDO DA VIDA DIANTE DO TEMPO PARA A MORTE
Resumo
Para o filósofo Paul Ricoeur, a narrativa literária é uma forma de o ser consciente tentar entender o tempo real. Narrar o
passado representa a possibilidade de construir seu sentido. A narrativa literária sabe disso, como aponta Ricoeur ao dizer que
ela não explica o tempo real, mas torna as pessoas reflexivas acerca da verdadeira temporalidade. Existe o passado, como
distensão, mas também o futuro, como propensão. O futuro é o tempo para a morte, mas é nele, conforme Heidegger, que o ser
constrói o sentido da sua existência. Mesmo para o tempo que ainda resta. Proust é modelar nas páginas finais de Em busca do
tempo perdido, ao pensar a literatura como elemento perene diante da mudança. Fazer literatura é reter, pelo sentido e,
sobretudo, pela beleza, o fluxo incessante. A ficção autobiográfica coloca-se diante de tal dilema: o tempo para a morte
representa a possibilidade de reter a vida. No entanto, as ficções moderna ou pós-moderna assumem o dilema retórico
apontado por Booth: narrar ou mostrar. Ao narrador autobiográfico não basta assumir a posição de adulto que observa e explica
o passado distendido. Não basta narrar fazendo uso de uma voz narrativa adulta. Falando sobre a infância, a narrativa oscila
entre uma enunciação adulta e uma outra, fingidamente infantil. Essa possibilidade de fingir a voz da criança na narrativa do
autor adulto ilustra a concomitância dos tempos presente e passado, a qual é apontada por Deleuze. Os contos de Alice Munro,
em Vida querida, e de Luiz Vilela, em Contos da infância e da adolescência, exemplificam a posição do autor diante do tempo
passado, ora como tentativa de interpretá-lo, ora como criação da perenidade pela beleza.
POR UMA ESTÉTICA TRANSGRESSORA: A LINGUAGEM LITERÁRIA DE SÉRGIO SANT´ANNA EM O SEXO NÃO É UMA
COISA TÃO NATURAL (2007)
Resumo
Em seu texto basilar, A nova narrativa (1987), Antonio Candido diagnostica que na produção pós moderna o objetivo dos
escritores é “causar choque no leitor” (p.214), a partir de uma escrita na qual “[...] o que vale é o Impacto, produzido pela
Habilidade ou pela Força”, abandonando “a Beleza, a Graça, a Emoção, a Simetria, a Harmonia”. Esta força acaba por ser
associada, por alguns estudiosos (Pellegrini, 2008; Brandileone, 2012; Oliveira, 2012), à representação temática da violência na
produção narrativa, principalmente em obras produzidas a partir das décadas de 1990 e 2000. Para Perrone-Moisés (1998), o
Belo associa-se ao código estético. Desta maneira, é possível compreender, a partir das afirmações, que na escrita
pós-moderna e, consequentemente, na contemporânea há um abandono da Beleza, ou do Belo, enquanto temas e estética de
escrita. Partindo deste pressuposto, esta comunicação tem como objetivo analisar o conto O sexo não é uma coisa tão natural
(2007), de Sérgio Sant´Anna, objetivando perceber de que maneira o autor rompe com os pressupostos de Beleza, ou Belo,
enquanto elemento estético discursivo e, a partir deste rompimento, constrói uma narrativa que transgride os valores literários
clássicos.
O TEATRO HISTÓRICO DE ALMEIDA GARRETT
Resumo
O Romantismo em Portugal deve muito a seu fundador – Almeida Garrett. Sabe-se que o dramaturgo, em 1825, ao resgatar a
figura de Camões em obra homônima, presta tributo a uma era, a Clássica. Claro está que num primeiro momento, a figura do
autor de Os Lusíadas será vista como a do escritor maldito, ou seja, aquele que sofreu as vicissitudes da vida como homem e
gênio. Ressalte-se que Camões não foi compreendido em seu tempo. Note-se, portanto, que Garrett percorrerá em sua obra o
tônus da estética clássica, uma vez que ele nunca se desvencilhará dos preceitos da cultura grega latina – a era clássica –, seja
na esteira de Boileau, seja na de Horácio. A figura do homem infeliz estará presente na sua produção poética, sobretudo em
Flores Sem fruto e O retrato de Vênus. O problema focalizado neste trabalho, todavia, privilegiará o teatro em sua vertente
histórica. A fundamentação teórica, por sua vez, estará alicerçada na obra História do teatro português, de José Oliveira Barata,
vindo a lume em 1991. Caso seja necessário, recorrer-se-á a outros teóricos que se debruçaram acerca do tema, como Luís
Francisco Rebello e Luciana S. Picchio. Almeida Garrett valeu-se do teatro histórico para levar avante um projeto idealizado por
ele: o soerguimento do teatro nacional que, como se sabe, hibernava desde a morte de Gil Vicente. Num primeiro momento, o
paradigma será tomado a partir dos modelos greco-latinos, o que demonstra a filiação de Garrett à estética clássica. Depois, os
modelos serão tomados da história pátria. Como exemplo do primeiro momento, há a peça Catão, e do segundo momento, Um
auto de Gil Vicente. Há que destacar, neste contexto, a obra A sobrinha do Marquês.
PARA UMA LEITURA BAKHTINIANA DE UMA DANÇA COMUNITÁRIA DO NORDESTE BRASILEIRO
Resumo
A produção do Círculo reunido em torno da figura de Bakhtin, sobretudo nas obras da década de 1920, permite inventariar o
papel que categorias como responsividade, eventicidade e arquitetônica do ato ético exercerão no desenvolvimento do
contributo teórico que o grupo deixa como legado, sobretudo na questão do dialogismo. No estudo das formas e gêneros da
literatura oral, deparamo-nos com problemas teóricos e metodológicos que se oferecem a uma reflexão mais produtiva, quando
travada nos marcos desse delineamento conceitual. Tal é o que ocorre com as formas cantadas no Coco. Pretendemos
analisar, a partir de textos colhidos na Paraíba e no Ceará, os fundamentos responsivos presentes na estruturação interna do
discurso poético no Coco e no modo de concretização desse ato ético, percebido em sua eventicidade e nos arranjos de sua
arquitetônica. Objetivamos desvelar alguns do muitos mecanismos da poética da oralidade nesse gênero, demonstrando a
insuficiência ou inadequação do arsenal teórico já consolidado para o estudo do texto poético da tradição da Escrita. Os dois
repertórios (PB e CE), além do que já advém de sua genericidade comum, também dialogam entre si por efeito de um traço
histórico de grande relevância teórica e de método: inteiramente sustentado pela memória, o Coco tem sua origem no Nordeste,
tendo-se dispersado por vários estados, em um complexo sistema de corredores culturais, conferindo às formas atuais
peculiaridades sutis, construídas ao longo do tempo e em função de diferentes configurações do espaço e da sociedade. Esta
característica específica permite estabelecer uma rica discussão no cerne e dos arredores do conceito bakhtiniano de gênero.
O ROMANCISTA É UM FINGIDOR: A VERACIDADE DA REALIDADE NA FICÇÃO
Resumo
Muitas e atuais são as discussões sobre o conceito de realidade aplicado à literatura. Séculos de estudos sobre os limites do
real se restringem aqui neste artigo a uma classificação do mesmo como uma convenção, sem que se adentre em meio às suas
teias nebulosas e conflitantes, pois tendo ciência da complexidade do tema, nossa fala será pensada apenas sobre a
representação do real na literatura, uma pequena janela em meio à gigantesca problematização do real em geral. Este artigo,
portanto, tem como objetivo discutir o termo “real” com vistas à ficção no romance O cavaleiro inexistente, de Italo Calvino
(1993), o qual será repensado a partir desse centro, tendo em vista suas peculiaridades quanto à estrutura e às estratégias
narrativas, considerando que se trata de uma obra moldada no viés fantástico. Para sustentar a discussão que se propõe, em
um primeiro momento, uma breve abordagem teórica será realizada, fazendo uso dos estudos de Platão (2006) e Auerbach
(2009), no que dizem respeito ao conceito de realidade, bem como à sua aplicação em narrativas. Posteriormente,
adentraremos no universo romanesco de Calvino, repensando em como o tema pode ser percebido em O cavaleiro inexistente.
A LEITURA DE TEXTOS ADAPTADOS COM AS PALAVRAS MAIS COMUNS DA LÍNGUA INGLESA: UM ESTUDO DE CASO
Resumo
A leitura constitui-se como uma maneira de manter o aprendiz de uma língua estrangeira em contato com elementos linguísticos
relevantes, dentre os quais pode ser destacado o léxico. No caso do aprendiz de língua inglesa, o conhecimento lexical
necessário tanto para a recepção quanto para a produção de enunciados depende amplamente do vocabulário fundamental,
obtido a partir de pesquisas baseadas em corpora. Nesse sentido, o objetivo geral deste trabalho é investigar se por meio da
exposição continuada a textos adaptados, escritos com as palavras mais comuns do inglês, ocorre aquisição incidental de
vocabulário. O objetivo específico é discutir aspectos quantitativos relacionados ao vocabulário e leitura. A fundamentação
teórica recorre principalmente aos trabalhos oriundos da Linguística de Corpus e da Linguística Aplicada. Quanto à metodologia,
após a seleção dos participantes, foi aplicado um teste conhecido como Vocabulary Knowledge Scale (VKS), que avalia o
auto-reconhecimento acerca de palavras-alvo. O VKS foi aplicado em dois momentos: antes e depois da entrega de 20 textos
escritos com as palavras mais comuns do inglês. No pré-teste, antes da entrega dos textos, 14,3% das palavras-alvo eram
conhecidas por mais da metade dos participantes, ao passo que no pós-teste, 66,7% das palavras-alvo eram conhecidas por
mais da metade dos participantes. Os resultados obtidos apontam que a leitura visando a prática lexical pode ser recurso
importante na aula de língua inglesa, uma vez que propicia um alto índice de aquisição incidental.
A TRAJETÓRIA DO MALANDRO NA LITERATURA BRASILEIRA – O MALANDRO POLÍTICO EM VILA DOS CONFINS
Resumo
De Leonardo Filho a Ricardo de Mello, são quase 150 anos da figura do malandro flanando pela literatura no Brasil, passando
por Macunaíma, João Miramar, Geraldo Viramundo, deputado federal Paulo Santos, Brás Cubas, entre muitos outros, com
resquícios da tradição picaresca somados ao problema da brasilidade e a elementos que tornaram o malandro brasileiro um tipo
peculiar. A esperteza e a sagacidade são as características destacadas do malandro, que renega o trabalho e vive de
oportunidades e circunstâncias que favoreçam sua tortuosa trajetória. Enfatizamos a figura política do malandro em Vila dos
Confins, considerando a história e a natureza da forma romanesca, verificando como essa manifestação particular do romance
pode ser útil para pensarmos a relação entre literatura e sociedade, e também como certos romances concebem personagens
cínicas, aproveitadoras, arrivistas, egoístas e corruptas, que confundem-se com a própria figura do malandro. Falaremos de
Paulo Santos, do romance político Vila dos Confins, modelo de um tipo brasileiro, que não é marcado pelo conflito entre status e
circunstâncias sociais ou posição de classe e adversidade. Caracterizam-se por práticas e formas de agir que contrariam
valores éticos e morais, manipulam esses valores, em nome do privilégio de classe, da influência social e do benefício próprio,
passando da malandragem à velhacaria, e trazem à literatura nacional o tipo dos privilégios e do favorecimento social, aqui com
forte cunho político, calcado nas artimanhas que esse meio lhe proporciona e permite, onde o processo democrático das
eleições contrasta com as atas falsas, com a completa falta de lisura e o tranquilo reinado dos coronéis.
RELATO DE UM CERTO ORIENTE DE MILTON HATOUM: MEMÓRIA E IDENTIDADE.
Resumo
Este trabalho objetiva analisar a obra Relato de Um Certo Oriente de Milton Hatoum, dando enfoque na narradora inominada.
Os relatos organizados pela narradora se constituem no âmbito em que a memória se manifesta e traz à tona tudo o que foi
vivido por ela e pelos outros narradores, por meio dos espaços visitados, do urbano, da floresta, dos ambientes internos,
possibilitando o resgate de parte desse passado marcado por vieses nem sempre compreendidos pela protagonista, mas que
representam uma busca pelas instâncias submersas pelo tempo. Para a heroína sem nome, construída por Hatoum nesse
romance, a narrativa é o fio da vida, o ressuscitar por meio da junção entre o contar e a escrita, esta simbolizada pela carta,
pelo diálogo que assegura o eternizar dos personagens e tramas que marcaram a vida da personagem e de sua família. A
memória será o fio condutor deste relato que se torna impreciso e com várias lacunas. Essa impossibilidade de recuperação da
memória revela a crise do próprio sujeito, a crise da narração tão comum ao romance moderno e que vem se radicalizando nos
escritos contemporâneos. Espera-se neste trabalho apontar esta desconstrução do sujeito o que resultará em uma possível falta
de identidade.
O EFEITO DE COPRESENÇA LULA-DILMA NO PLEITO PRESIDENCIAL DE 2010: UMA ANÁLISE DISCURSIVA DOS
ENQUADRAMENTOS DA REVISTA ÉPOCA
Resumo
Muitas pesquisas de referência no Brasil têm interrogado a relação plurissignificativa entre a mídia e a política. Igualmente
expressivos têm sidos os estudos que descrevem como o corpo político passou por adaptações para figurar em uma sociedade
ambientada pelas mídias. Fruto de nossa participação no GEPOMI -UEM-CNPq, a natureza desses movimentos é o fio
condutor de reflexões que seguimos perseguindo. Em nossa pesquisa de Doutorado, em andamento, problematizamos,
especificamente, as eleições presidenciais brasileiras que, na heterogeneidade do ano de 2010, significaram-se em
acontecimentos discursivos singulares a cada mês da disputa eleitoral. A história do presente daquele ano foi desenhada de
formas diferentes nas edições publicadas pelos quatro semanários de atualidades que compõem nosso arquivo
político-midiático. Pela relevância desse processo no cenário nacional, o trabalho focaliza, a partir de uma perspectiva
foucaultiana da Análise do Discurso de linha francesa, os enquadramentos da corporeidade do então presidente Luiz Inácio Lula
da Silva e de sua candidata à sucessora, Dilma Rousseff, na midiatização do Partido dos Trabalhadores durante o pleito
presidencial daquele ano. Os resultados mostram a produção de um efeito de copresença Lula-Dilma como regularidade
inerente ao tratamento que as revistas destinaram à candidata do PT. Para esta comunicação, nosso destaque recai sobre a
forma como a revista Época promoveu encadeamentos discursivos nos quais os petistas, copresentes, ratificavam a metáfora
corrente de que o convívio entre o “criador” e sua “criatura” era a chave para ascensão de Dilma Rousseff nas pesquisas de
intenção de votos.
A LITERATURA INFANTOJUVENIL NO CIBERESPAÇO: UMA REFLEXÃO SOBRE O LETRAMENTO LITERÁRIO NO
CONTEXTO DOS DOCUMENTOS OFICIAIS
Resumo
ELAINE LEONARCZYK SOUZA (PG – UEM) CPF: 027870149-33 O jovem, no mundo contemporâneo, se depara com um
mundo totalmente diferente do mundo vivenciado por seus pais e professores, envolto por tecnologias que nasceram com ele e
que já estavam aqui quando nasceram. Desta forma, aprender a lidar com o universo virtual como um dado constitutivo do
mundo é tornar-se sujeito desse mundo. No entanto, quando nos deparamos com a realidade do ensino público no Brasil,
principalmente no que se refere ao ensino de literatura para jovens, vemos um cenário cada vez mais distante do ideal. A
literatura infantojuvenil está cada vez mais presente no ciberespaço. A modernidade trouxe para jovens e adolescentes novas
práticas de leitura e escrita, inclusive do texto literário. Considerando tais aspectos, este artigo objetiva compreender alguns
apontamentos feitos pelos documentos oficiais que regem o ensino da literatura sobre letramento literário nesse contexto das
novas tecnologias. Por meio de algumas vozes e reflexões contidas nesse artigo, pretende-se compreender melhor a literatura
infantojuvenil e o ciberespaço no contexto desses documentos oficiais que orientam o ensino de literatura para jovens nas
escolas públicas. O que dizem esses documentos a respeito do ensino de literatura e do letramento literário? Que relação
estabelecem entre literatura e o ciberespaço? Enfim, como direcionam o ensino de literatura para jovens nesse novo suporte ou
espaço que se mostra cada vez mais natural para a juventude e um tanto distante das práticas de leitura do texto literário
vivenciadas nas salas de aula do ensino público?
VISÕES DE LEITURA DE ALUNOS-PROFESSORES DE LÍNGUA INGLESA: CONCEPÇÕES EDUCACIONAIS PRAGMÁTICAS
E FILOSÓFICAS
Resumo
Há diferentes formas de ler e entender a leitura. Decodificação, julgamento de validade, leitura compensatória, leitura de
ideologias são algumas posições adotas. Nesta comunicação, o objetivo é relatar resultados de análise de dados do projeto de
pesquisa Pensamento Crítico para Ação Transformadora, cujo objetivo geral é mapear o desenvolvimento de licenciandos em
língua inglesa como professores e leitores nesta língua, adotando-se modelo longitudinal de coleta de dados por meio de
instrumentos ecológicos e em contexto naturalístico – disciplina de Leitura em Língua Inglesa, da segunda série da graduação em
Letras/Inglês da Universidade Estadual de Londrina. A disciplina, contexto de coleta de dados, busca, por um lado, oferecer amplo
leque de visões de leitura, concepções de língua(gem) e texto, e por outro, incentivar que a leitura seja instrumento para
consciência crítica. Os dados analisados são oriundos de um exercício no qual os alunos-professores precisam se colocar como
professores e preparar atividades de leitura voltada ao Letramento Crítico. Uma das questões a que respondem pede que
estabeleçam objetivos para uma aula de leitura com base em dois textos multimodais. Os resultados analíticos apontam para
concepções de leitura diferenciadas e relacionadas principalmente a questões educacionais pragmáticas, por um lado, e
filosóficas, por outro.
LEITURA NA CULTURA PARTICIPATIVA: ENTRE O CÂNONE DO FANDOM E O CÂNONE DA ESCOLA
Resumo
No atual cenário de convergência de mídias digitais e popularização de equipamentos eletrônicos, vê-se que variadas formas de
ficção circulam em meios diversos, além do livro, e que a literatura está vinculada a outras formas de linguagem, diferente da
linguagem verbal. O diálogo entre essas diversas formas de linguagens e suportes é percebido, sobretudo, nas comunidades
virtuais de fãs. Nessas comunidades, leitores apropriam-se de ferramentas digitais que ajudam a tornar a leitura uma atividade
mais interativa e produtiva, fazendo com que a função tradicional do leitor expectador seja ampliada. No entanto, embora haja
no fandom produções a partir de clássicos da literatura, é visível que o número de atividades relacionadas a best-sellers é o que
predomina nas plataformas destinadas às produções de fãs. Assim, os livros preferidos pelos jovens leitores quase sempre são
diferentes dos que constam nas listas de leituras solicitadas pelos professores. Dessa forma, buscamos refletir sobre as práticas
de leitura entre os jovens da atualidade, bem como sobre as inquietações que afetam os agentes envolvidos no processo de
formação de leitores no contexto cibercultural. Para isso, partindo das discussões sobre cultura da convergência e cultura
participativa (Jenkins, 2009), analisamos postagens de fãs da série Percy Jackson e Os Olimpianos, de Rick Riordan, em que
os leitores/fãs discutem o próprio ato de ler e questões relacionadas à literatura.
AS CRÔNICAS DE R. ARLT E AS GRAVURAS DE F. DE GOYA
Resumo
As crônicas do escritor Roberto Arlt, conhecidas pela coluna que lhes deu nome por muito tempo: Aguafuertes porteñas,
escritas entre 1928 e 1942 e publicadas diariamente no jornal El Mundo, de Buenos Aires, que apresentam leituras mordazes
da vida na cidade, com personagens muitas vezes impactantes por sua animalização e sua linguagem ácida e incisiva, lidas
com as séries de gravuras à água-forte do pintor Francisco de Goya (Caprichos, Desastres e Disparates), que datam de 1797 a
1828. De um a outro, permanece o assombro diante das contradições da modernidade e a escolha por uma estética grotesca,
deforme e sarcástica, para dar relevo aos inexplicáveis barbarismos da civilização. A leitura de um com o outro passa pelo
contato com escritores e artistas, como Ramón del Valle-Inclán e seus esperpentos (gênero teatral criado por Valle-Inclán a
partir de uma leitura de Goya e de suas deformações estéticas como modo de expressar o absurdo da vida na Espanha de seu
tempo), Facio Hebequer e seus ex-homens (figuras humanas animalizadas que vagam pela cidade de Buenos Aires no auge de
sua modernização), Adolfo Bellocq e seus Provérbios (releituras que, de modo muito goyesco, transfiguram expressões
populares com cenas monstruosas).
INTERTEXTUALIDADE E AS POSSIBILIDADES DE RELEITURAS EM "CHAPEUZINHOS COLORIDOS"
Resumo
Os contos de fadas pertencem a uma tradição cultural, histórica e sociológica e trazem, desde sua origem, marcas da literatura
oral, proporcionando a difusão do gênero que permanece vivo até os dias atuais. Muitas são as obras contemporâneas que
dialogam com os contos de fadas clássicos. Nesse sentido, este artigo apresenta um estudo da obra Chapeuzinhos Coloridos
(2010) de José Roberto Torero e Marcus Aurelius Pimenta. Busca-se, desta forma, analisar como se dá o diálogo entre a obra
contemporânea e o conto clássico Chapeuzinho Vermelho, tanto na versão de Perrault como na dos Irmãos Grimm.
Pretende-se destacar pontos de tensão, paródia e questionamentos de estereótipos, observando quais valores estão sendo
reiterados na obra infantil contemporânea. Para tanto, serão utilizadas como base teórica sobretudo as obras Conto e reconto:
das fontes à invenção (2012), organizada por Vera Teixeira de Aguiar e Alice Áurea Penteado Martha; Como e por que ler os
Clássicos Universais desde cedo (2002) de Ana Maria Machado e Paródia paráfrase & Cia (1937) de Affonso R. de Sant’anna.
FORMAÇÕES DISCURSIVAS EM CONFRONTO: ANÁLISE DE UMA REPORTAGEM DA REVISTA VEJA
Resumo
A revista Veja, de 17 de abril de 2013, publicou uma reportagem sobre a ex-primeira-ministra britânica Margaret Thatcher, que
liderou o governo de seu país de 1979 a 1990, época que marcou o fim do comunismo soviético. A reportagem, que tem como
título “Uma dama do lado direito da história”, parecia ser uma homenagem à ex-primeira ministra, em virtude de sua morte
ocorrida em 08 de abril do mesmo ano. Entretanto, percebe-se, pela materialidade linguística, um discurso que enaltece o
capitalismo e critica o comunismo e as políticas de esquerda. Além disso, a mesma edição de Veja publica uma reportagem
especial sobre a volta da inflação, em que apresenta um quadro comparativo entre o Governo Dilma e o Governo Thatcher.
Assim, é possível inferir que a reportagem sobre Margaret Thatcher tem como foco não a homenagem à ex-primeira-ministra,
mas a desmoralização do Governo Dilma e da política do PT. Diante dessas constatações, esta comunicação tem como objetivo
analisar a reportagem “Uma dama do lado direito da história”, publicada na Revista Veja, tendo como aporte teórico a Análise
do Discurso conhecida como de linha francesa. A pesquisa se detém nas noções de formação discursiva, de ideologia e de
sujeito, a partir dos estudos de Michel Pêcheux. O trabalho evidencia que o sujeito coloca em confronto duas formações
discursivas: uma de direita e outra de esquerda, mas se insere na formação discursiva de direita.
O LUGAR DO TEXTO LITERÁRIO NO LIVRO DIDÁTICO
Resumo
Este estudo analisa e verifica a ocorrência do texto literário em dois livros didáticos direcionados ao o 9º ano do ensino
fundamental, a saber: Português, uma língua brasileira, de Maria Regina Figueiredo Horta (2012) e Linguagem, criação e
interação, de Cássia Garcia de Souza (2009). Para tanto, será analisada a forma como as autoras apresentam a Literatura e
como conduzem o estudo do texto literário. A partir daí, busca-se refletir sobre o lugar que a Literatura deveria ocupar em sala
de aula como instrumento facilitador para desenvolver a capacidade do estudante de desenvolver o gosto pela leitura, tendo em
vista a metodologia comumente utilizada que escolariza o texto literário num discurso didático vazio, distanciando a literatura de
seus pretensos leitores. Como base teórica, serão utilizados, precipuamente, os pressupostos de Zilberman (2009); Rangel
(2005); Cândido (2004) e Antunes (2009). Por fim, pretende-se ainda apresentar ao professor novas maneiras de apropriação
do texto literário pelo aluno além daquelas que são sistematizadas pelos livros didáticos em análise, reivindicando um lugar
especial para a Literatura na educação básica.
A IMAGEM DO PROFESSOR NO DISCURSO ACADÊMICO SOBRE ENSINO E NOVAS TECNOLOGIAS
Resumo
Várias são as concepções dos estudiosos que se propõem a refletir acerca das mudanças pelas quais passam os sujeitos e a
sociedade no momento globalizado e tecnológico que estamos vivendo. Na esteira dessa discussão, surgem questões
referentes ao papel da escola, sobretudo quando se desloca o status meramente escolar do conceito de letramento para suas
implicações nas práticas sociais. Ler e escrever em sociedades complexas representam tarefas que pressupõem a inserção
cidadã, demandando o desenvolvimento de competências linguísticas e midiáticas para além da simples decodificação. A
contemporaneidade, desse modo, aponta para o fato de que são inúmeras as possibilidades para se pensar em novos
letramentos, principalmente aqueles que envolvem o uso de novas tecnologias digitais associado à conexão via internet. Isso
tem levado a se propor que a educação linguística considere o aluno como um sujeito inserido em práticas sociais, dentro e fora
do ambiente escolar, e que, por isso mesmo, possibilite a ele participar de diferentes eventos de letramentos: os
multiletramentos ou letramentos múltiplos, os letramentos multissemióticos e os letramentos críticos e protagonistas. Nesse
contexto, insere-se na pauta das discussões contemporâneas, a questão de se (re)pensar o que é ser professor de língua num
momento de transição de paradigmas. Assim, tomando como aporte teórico a Análise Discurso de tradição franco-brasileira,
esta pesquisa pretende discutir o imaginário discursivo acerca do professor de língua portuguesa em trabalhos acadêmicos da
área da Linguística Aplicada voltados às relações entre ensino, linguagem e tecnologia, que tenham sido recentemente
publicados.
O TRABALHO DOCENTE: ANÁLISES DO PROCESSO DE ELABORAÇÃO DE SEQUÊNCIAS DIDÁTICAS DE GÊNEROS NA
FORMAÇÃO INICIAL DE PROFESSORES
Resumo
Este trabalho faz parte das investigações e reflexões feitas durante a elaboração do projeto de pesquisa “Os gêneros da mídia
jornalística como objetos da transposição didática externa”, fundamentado nos estudos do Interacionismo Sociodiscursivo, mais
especificamente na sua vertente didática. Tal projeto nasceu devido ao fato de termos detectado, numa atividade de elaboração
de sequências didáticas (SD) de gêneros, promovida na disciplina de Formação de Professores, uma tendência pela seleção de
gêneros do jornal como objeto de ensino. A partir desse cenário, traçamos objetivos para investigar a planificação dessas SD no
processo de formação inicial que focassem: os objetos recortados do gênero para direcionar os módulos da SD; o “peso” de
cada capacidade de linguagem na elaboração dos módulos/atividades; os tipos de atividade e tarefa mobilizados; os gestos
didáticos e as capacidades docentes requeridas para a planificação das SD; as representações docentes observadas; o
processo de mediação do professor-pesquisador nas reescritas das SD. Para essa comunicação, o objetivo é mostrar resultados
de análises: 1) das capacidades de linguagem mobilizadas em três SD de gêneros do jornal, avaliadas como medianas; 2) de
uma representação docente bastante evidente na planificação das SD – o professor-expositor. No primeiro foco, verificamos, a
princípio, uma grande dificuldade na didatização de objetos linguístico-discursivos relacionados ao gênero; no caso do
professor-expositor, interpretamos essa representação por três lócus distintos, evidenciando a “transição” entre o
professor-tradicional e o professor-interacionista.
ENTRE A CULTURA CLÁSSICA E A PRODUÇÃO JUVENIL CONTEMPORÂNEA: UMA ANÁLISE DA OBRA AÍDA,
ADAPTADA POR HAN MI-HO E ILUSTRADA POR LUCIA SFORZA
Resumo
Este texto tem por objetivo apresentar uma análise da obra Aída, adaptada por Han Mi-Ho (2012) e ilustrada por Lucia Sforza, a
partir de ópera clássica homônima de Giuseppe Verdi. Esta obra compõe a coleção Música clássica em cena, da editora FTD,
cujo objetivo é apresentar ao público jovem histórias de importantes libretos considerados como clássicos no campo musical.
Mais especificamente, pretende-se neste texto verificar, a partir dos princípios bakhtinianos, como se efetiva a dialogia entre a
produção de Verdi e a obra adaptada de Han-Mi-Ho. Para a consecução dos objetivos, pretende-se neste texto apresentar uma
reflexão fundamentada pela estética da recepção acerca do que propicia o prazer na leitura e quais elementos determinam o
papel do leitor implícito. Constrói-se, neste texto, a hipótese de que a estratégia de Han-Mi-Ho de resgatar uma ópera clássica e
adaptá-la sob a forma de narrativa ilustrada para o jovem leitor, tanto lhe faculta contato com um texto atraente, lúdico e crítico
que o conduzirá à reflexão, quanto amplia seus conhecimentos, por meio do resgate da memória cultural. A apropriação de uma
produção cultural clássica, mas adaptada à linguagem narrativa e direcionada ao jovem, pode atuar como fator de valoração da
identidade deste leitor. Por meio dela, ele é capaz de elevar sua autoestima, pois percebe que é considerado como receptor de
uma produção, ao mesmo tempo em que se reconhece como herdeiro de um patrimônio cultural tradicional.
A (MITO) POÉTICA DO RETORNO EM GUIMARÃES ROSA: DA TRADIÇÃO BÍBLICA PARA O SERTÃO
Resumo
Guimarães Rosa é considerado pela crítica como o escritor das viagens, da travessia. Em 1937, Rosa concorre ao Prêmio
Humberto de Campos, com o volume Contos, primeira versão de Sagarana, publicada somente em 1946, utilizando o
pseudônimo de Viator. O autor antecipa, assim, um dos pontos centrais de sua produção literária, a condição do homo viator, do
homem que está sempre a caminho, traçando o itinerário de sua existência, fascinado pelas belezas que encontra em sua
margem, mas também temeroso pelo que pode encontrar pela frente, diante das várias veredas. Se por um lado, Guimarães
Rosa é o homo viator, por outro, também é o homo regressus, o homem que retorna. Se o processo da viagem é composto por
três etapas essenciais, sendo elas, a partida, a travessia e o retorno, encontramos nesta última uma ação altamente simbólica,
tão merecedora de atenção quanto às outras duas. O ato de retornar é uma constante nas obras de Guimarães Rosa, iniciado
em Sagarana, culminando em Tutaméia (Terceiras Estórias), derradeira obra publicada em vida pelo autor, em 1967, na qual o
movimento de retorno adentra as esferas do mítico. E é nesta perspectiva, de retorno, que encontramos em Guimarães Rosa o
retorno às narrativas bíblicas, por meio de personagens e ações que nos remetem a algumas passagens bíblicas, visíveis no
conto “A volta do marido pródigo”, de Sagarana, e nos contos “Desenredo” e “Grande Gedeão”, de Tutaméia (Terceiras
Estórias). Nosso objetivo, neste trabalho, será o de verificar as similaridades e diferenças existentes entre as personagens
transpostas da tradição bíblica para o sertão mineiro e as múltiplas situações vivenciadas pelo homo regressus de Guimarães
Rosa.
A IMPORTÂNCIA DAS REESCRITURAS COMO FORMAS CONTEMPORÂNEAS DE REPRESENTAÇÃO DO HOMEM
Resumo
Busca-se, por meio deste artigo, analisar a função e a importância das reescrituras de tragédias gregas. Na
contemporaneidade, a visão sobre o mundo mudou, mas ainda são abundantemente encontrados textos e encenações que
inspirados nos mitos e nas tragédias clássicas. Mesmo que mantidas parcialmente as características formais inerentes à
tragédia, ainda assim a fonte nas quais esses dramaturgos e encenadores contemporâneos bebem pode ser identificada.
Fenômeno único, pois que é uma obra de arte construída por um indivíduo, e ao mesmo tempo um cosmo, visto possibilitar
infinitos encaixes e representações, essa dualidade da reescritura resulta na capacidade desta representar diferentes
momentos históricos buscando significados que ora caminham paralelamente, ora se distanciam, mas que sempre traduzem o
sujeito e a sociedade. Se nas tragédias antigas os temas circulavam entre as esferas da pólis e a do mito, aqui, na
contemporaneidade, as abordagens dessas reescrituras questionam os valores humanos, sociais e políticos construídos por
indivíduos que encontram-se perdidos em meio à solidão e ao niilismo. Se nas tragédias clássicas esses indivíduos estavam
divididos entre dois mundos, aqui não há sequer um mundo em que eles possam reconhecer sua existência. Dessa forma,
conforme cita Motta (2006, p. 109), “o trágico é visto como uma característica fundamental da existência”, aconteça ela agora ou
séculos atrás, e cabe às reescrituras, como antes coube às tragédias, traduzir essa existência trágica por meio da arte.
LITERATURA E LINGUAGENS HÍBRIDAS: UMA ANÁLISE DO LIVRO “A INVENÇÃO DE HUGO CABRET”
Resumo
Este trabalho faz uma análise do livro ilustrado infantil “A Invenção de Hugo Cabret”, de Brian Selznick. Aborda, principalmente,
o hibridismo textual apresentado nessa obra, considerando-se características paratextuais que contribuem com a produção de
sentidos e coerência estética. As linguagens da contemporaneidade são capazes de criar complexos acoplamentos estruturais
entre o verbal e o visual, transformado a maneira como o significado é produzido. Tela e imagem influenciam a maneira como
as mensagens são transmitidas em nosso mundo multimodal, a diversidade de textos com linguagens híbridas proliferam. A
natureza da narrativa verbo-visual dirigida a crianças e adolescentes oferece espaço para a inovação, permitindo a autores
ilustradores selecionarem temas múltiplos. Para isso, congregam elementos de estruturas de composição de gêneros diversos,
juntamente com a reprodução de narrativas de maneira criativa para instituir novos textos. O que essa combinação sugere é
realmente uma multiplicação no sentido de que o resultado não é apenas uma adição de contribuições variadas, como se
fossem independentes umas das outras, mas também a inclusão dos efeitos de sua interação mútua. Ou seja, a contribuição de
cada modalidade contextualiza e especifica ou altera o significado que faz com a contribuição de cada uma das outras
modalidades. Ressaltando-se que esse tipo de texto híbrido não é apenas um projeto visual estruturado, mas uma história
narrada.
UM NOVO (RE)PENSAR SOBRE OS PROJETOS ESCOLARES E A PRÁTICA PEDAGÓGICA NA PERSPECTIVA DO
LETRAMENTO E ALFABETIZAÇÃO
Resumo
Nos últimos anos, as reflexões realizadas sobre da alfabetização têm mostrado que a aquisição da escrita é um processo
complexo e multifacetado. Neste processo considera-se, relevante estabelecer a articulação entre as dimensões tanto técnica
como sociocultural do aprendizado da escrita. A concepção de alfabetização que orienta o nosso estudo leva em consideração
a especificidade do ensino da leitura e escrita – a aquisição do código alfabético - bem como a valorização das práticas de
letramento – as práticas sociais de leitura e escrita em seus diferentes contextos. O presente trabalho vinculado ao Observatório
da Educação/CAPES/INEP – modalidade em rede foi aprovado pelo Edital nº 038/2010 tem como objetivo analisar as práticas
de alfabetização e letramento na disciplina de Língua Portuguesa e apoio desenvolvidadas no 5º ano do Ensino Fundamental na
Escola Rural Municipal Rosa Picheth, localizada no município de Araucária, Curitiba, Paraná, Brasil.. As considerações teóricas
sobre letramento e alfabetização, no contexto da pesquisa, fundamentam-se em: Soares (2006); Kleiman (1995), dentre outros.
Na acepção desses autores, tanto a alfabetização como o letramento são processos diferentes, porém indissociáveis na
aquisição da leitura e escrita. Os dados apontaram para a necessidade de projetos e práticas significativas a partir da realidade
do aluno na perspectiva do alfabetizar letrando, visando uma concepção que valoriza e reconheça a cultura dos vários sujeitos
do campo, fazendo com que tenha condições de vida e trabalho no campo. Ao final temos indícios de que a forma com que os
educandos aprendem está relacionada diretamente à forma de ensinar dos educadores.
A IMPORTÂNCIA DO CONHECIMENTO DE LÍNGUAS ESTRANGEIRAS NO PROCESSO DA INTERNACIONALIZAÇÃO DAS
INSTITUIÇÕES DE ENSINO SUPERIOR
Resumo
A globalização é definida como um processo caracterizado pela intensificação das relações sociais mundiais e Knight (2005)
afirma que os termos “internacional e global” na definição de internacionalização refletem a sua amplitude: internacional dá
ênfase à noção de nação e se refere ao sentido de relações entre nações; global tem o significado de alcance mundial e não
enfatiza o significado de nação. Gibbons (1998) argumenta que a habilidade de um país de gerar e explorar conhecimento é um
fator determinante do desenvolvimento de sua economia e a internacionalização é uma força para a sua expansão e as
universidades são adeptas à produção de conhecimento. O conhecimento desenvolvido dentro da universidade deve ser
mostrado ao mundo, podendo, desta forma, atrair estudantes, professores e técnicos, nacionais ou estrangeiros, interessados
em contribuir no desdobramento do assunto. Para a difusão desse conhecimento, uma das formas comuns é a mobilidade
estudantil internacional. A instituição envia seus estudantes, que ao retornarem, trazem outras ideias e novos conhecimentos;
quando recebe, da mesma maneira eles trazem ideias e conhecimentos que podem fazer diferença na universidade. Um dos
problemas na mobilidade não é apenas o conhecimento da língua estrangeira, mas a estrutura da língua e a cultura/identidade
do povo estrangeiro que são desafios para o estudante. Neste trabalho a língua estrangeira é tratada sob a ótica da
internacionalização da universidade e as necessidades específicas dos estudantes que viajam e daqueles que são recebidos
pela instituição, “na maneira política de manter ou de modificar a apropriação dos discursos” (Foucault, 1971).
O CONTO NOS LIVROS DIDÁTICOS APROVADOS PELO PNLD: CONSTATAÇÕES E REFLEXÕES
Resumo
O Programa Nacional do Livro Didático (PNLD), um programa do Governo Federal brasileiro, busca subsidiar o trabalho do
professor em sala de aula ao distribuir livros didáticos gratuitamente aos alunos da rede básica de ensino. Para garantir a
qualidade dos livros adotados, a equipe de avaliação do Ministério da Educação faz uma análise baseada em critérios definidos
e divulgados a todos os interessados em participar com a sua publicação. A partir dessa análise, portanto, os livros aprovados
são indicados como aqueles que poderão ser adotados pelas escolas públicas da rede báscia de ensino. Diante do exposto,
objetivamos apresentar uma análise das sete coleções do Ensino Médio que foram aprovadas pelo PNLD para que possamos
identificar aqueles que contemplam o gênero conto como um instrumento norteador para o ensino de língua inglesa. Para tanto,
apresentamos o mapeamento dos gêneros a partir das análises das unidades que possuam o conto indicando aqueles que o
utilizam como como objeto de ensino. Nossas análises circundam a organização textual, o contexto de produção, o plano textual
global (BRONCKART, 2009), as capacidades de linguagem (DOLZ;SCHNEWLY 2004; CRISTOVÃO, STUTZ, 2012), os
elementos do conto conforme modelo didático do conto (RIOS-REGISTRO;CRISTOVÃO, 2013) e os elementos dos
multiletramentos (ROJO, 2012). Nossos resultados demonstram que, embora haja a presença de textos da esfera da criação
literária na maioria das coleções, o conto apresenta-se em quatro das sete coleções, com atividades predominantemente das
capacidades linguístico-discursivas, fazendo com que a apreensão do gênero seja comprometida.
UMA EVA MODERNA E SUAS IRMÃS
Resumo
Os seios de Eva (1977) é um romance brasileiro, de Maria Helena Whately, escritora e pintora, nascida no Rio de Janeiro,
cidade onde atualmente reside. A obra apresenta a história de Adão e Eva, numa perspectiva diversa da relatada na Bíblia. É a
partir de Eva, a protagonista narradora, que os fatos semelhantes aos bíblicos são reconstruídos, sob a visão de uma mulher
moderna, em um cenário contemporâneo. Por meio da narrativa de sua própria vida, Eva, mais próxima de Lilith do que da Eva
bíblica, aponta para o resgate da posição da mulher na esfera privada e pública na sociedade atual. O presente trabalho tem
por objetivo a análise comparativa entre os discursos do romance, da história de Lilith e da Eva do Gênesis, na perspectiva de
gênero (gender), com o fim de verificar que fatos, situações, símbolos e mitos são determinantes na constituição e atuação
relacional e social dessas personagens. Os seios de Eva pode ser considerado um romance histórico e, por essa razão, a
fundamentação teórica reúne conceitos de áreas diversas, salientando-se o de intertexto bakhtiniano, o de metaficção
historiográfica, de Linda Hutcheon e o de gênero, no entendimento de autoras como Joan Scott e Simone du Beauvoir, entre
outras. A ênfase recai na produção de sentidos atravessados por ideologias que modulam o processo de representação das
protagonistas.
REVISITANDO O LIVRO DIDÁTICO JORNADAS. PORT DO 7° ANO: ATIVIDADES DE LEITURA
Resumo
Neste artigo apresentamos o resultado de uma análise das atividades de leitura do livro didático Jornadas. Port do 7° ano do
ensino fundamental adotado pela escola pública do Núcleo Regional de Educação do Município de Toledo. Conforme Bakhtin
“por trás de cada texto está o sistema da linguagem (BAKHTIN, 2003, p.309). E como esse sistema linguístico é constituído por
um arcabouço de relações que se encontram fora do próprio texto e diante da problemática de que as atividades de leitura não
estão garantindo a continuação da análise e motivação para outras leituras, torna-se imprescindível debruçar sobre o livro
didático, analisá-lo e verificar como estão propostas as atividades de leitura, com o objetivo de identificar com clareza as
relações que ali ocorrem. Esperamos que os resultados desta pesquisa possam servir de contribuição para os estudos voltados
à prática dos docentes que desenvolvem suas atividades, de leitura por meio desse livro didático. Para nossas discussões, nós
nos fundamentaremos nos estudos de Bakhtin (2003), Geraldi (2006), Wernek (2012) e Koch (2010) por meio de uma análise
das perguntas relacionadas nas atividades que envolvem as leituras dos textos.De acordo com as Diretrizes Curriculares da
Educação básica de Língua Portuguesa, compreende-se a leitura como um ato dialógico, interlocutivo, que envolve demandas
sociais, históricas, políticas, econômicas, pedagógicas e ideológicas de determinado momento histórico. Ao praticar a leitura,
em conformidade com Bakhtin, torna-se imprescindível assumir uma atitude responsiva diante do texto para que se estabeleça
a interlocução: embricamento textual responsivo entre o território do locutor/interlocutor.
O PAPEL DA MEMÓRIA COLETIVA NOS ROMANCES “THE LONGEST MEMORY”, (1994), E “FEEDING THE GHOSTS”
(1997), DE FRED D’AGUIAR
Resumo
Um dos aspectos analisados pela teoria pós-colonial (embora não seja específico dela) é o estudo da memória da colonização
e, dentro disso, o estudo da memória da escravidão. A memória da escravidão tem sido negada e a ficção parece querer
revisitar os legados deixados por esta barbárie. Diversos são os tipos de memórias que relembram, discutem, denunciam a
escravidão e, neste sentido, este trabalho propõe a análise das memórias individuais da escravidão e o modo como elas se
tornam coletivas, além de verificar como se constrói a memória histórica da escravidão e quais memórias são descartadas para
a composição desta memória histórica, que se torna oficializada. Através do resgate da memória da escravidão, busca-se
resgatar, também, a cultura da escravidão, por tanto tempo negada pela memória histórica deste período. Tais análises terão
como corpus os romances de Fred D’Aguiar, “The longest memory” (1994) e “Feeding the ghosts” (1997). Considerando que
ambos os romances enfocam a temática da memória da escravidão, busca-se evidenciar como o mesmo fato poder ser
rememorado de formas diferentes, de acordo com as ideologias de quem as lembra. Neste sentido, pretende-se mostrar como a
História da escravidão é contada de forma enviesada, unilateral, pois que considera as memórias da elite detentora do poder e
não dos sujeitos escravos, acabando por negar a cultura dos sujeitos escravizados. As memórias individuais e coletivas dos
sujeitos escravos não são levadas em consideração ao se oficializar a história e, assim, a memória da escravidão parece estar
sendo minimizada ou mesmo negada pela história e é a ficção quem parece não querer deixar-nos esquecer de seu legado.
DESENVOLVIMENTO DA ESCRITA NO ENSINO SUPERIOR: INVESTIGANDO OS GÊNEROS RESENHA, ARTIGO
CIENTÍFICO E RELATO DE OBSERVAÇÃO
Resumo
A universidade é uma comunidade discursiva na qual o licenciando busca ingressar através do desenvolvimento da escrita
acadêmica materializada em gêneros textuais típicos. A resenha, o artigo científico e o relato de observação, comumente
solicitados, surgem como propiciadores do desenvolvimento da escrita. Compreendemos, assim, o desenvolvimento da escrita
acadêmica como a produção de textos especializados coerentes com o assunto, com o processo de escrita, com o gênero, e,
consequentemente, com a comunidade discursiva na qual se estabelece. Diante disso e neste trabalho longitudinal exploratório,
recorte de uma pesquisa maior, investigamos o desenvolvimento da escrita acadêmica, em língua materna, de um sujeito
licenciando em Letras a partir da produção dos gêneros textuais citados, durante os três primeiros períodos letivos do curso
superior. Os fundamentos teóricos utilizados recuperam princípios dos estudos linguístico-retóricos para o desenvolvimento de
escrita na academia (BAZERMAN, 2006 e 2007; BHATIA, 1993 e 2009; MILLER,2009; SWALES, 1990, 2004 e 2009); e pontos
sobre letramento acadêmico e concepções de escrita (FISCHER, 2008; KLEIMAN, 2006; OLIVEIRA, 2010). Como resultados
parciais, verificamos que o desenvolvimento dá-se a partir da apropriação de especificidades da escrita acadêmica,
principalmente da unidade retórica da análise que permite identificar etapas de desenvolvimento e, consequentemente, de
aceitação do sujeito produtor do texto como membro da comunidade discursiva. Os dados indiciam, também as atitudes de
engajamento e de mascaramento do sujeito produtor que nos levam identificar implicações para o ensino de escrita na
educação básica e superior.
ANTROPÔNIMOS NA LÍNGUA BRASILEIRA DE SINAIS - LIBRAS
Resumo
Este trabalho discute os processos de nomeação de pessoas pelos surdos. Daremos ênfase na natureza filosófica e linguística
dos nomes, com reflexões acerca das referências e dos referentes, com abordagens semióticas que discutam os aspectos
simbólicos, icônicos e indiciários desses nomes, em especial, a metonímia e a metáfora. Relataremos como os nomes pessoais
são atribuídos às pessoas do convívio dos surdos, pelos membros da comunidade surda. Observaremos quais as
circunstâncias que esses antropônimos ocorrem para nomearem os surdos entre si e os ouvintes. Apresentamos a problemática
envolvida no contato de surdo com ouvinte que leva ao processo de nomear e de ser nomeado. As descrições dos processos
de nomear pessoas em Libras são uma fonte muito rica dos aspectos linguísticos. Os falantes de Libras evidenciam que o ato
de nomear está intrinsecamente ligado ao processo de inclusão da pessoa nomeada na comunidade linguística surda. O apoio
teórico dessas discussões se fundamenta principalmente nos trabalhos de Couto (2007; 2009), Dick (1990; 1992; 2007), Solís
(1997), Piel (1948; 1974) e Vasconcelos (1928). Essa pesquisa visa ampliar os estudos onomásticos na Libras e se espera que
ela sirva como um incentivo de debate sobre essa área de conhecimento e suas respectivas aplicações práticas na Libras.
DUAS PROPOSTAS DE ATIVIDADES DIDÁTICAS COM USO DE CORPORA PARA O ENSINO-APRENDIZAGEM DE INGLÊS
COMO LÍNGUA ESTRANGEIRA E PARA A FORMAÇÃO DE TRADUTORES
Resumo
Segundo estimativas de Laviosa (1998, apud SARDINHA, 2002), o uso de corpora vem ganhando terreno na área acadêmica e
profissional desde 1993, a partir do trabalho pioneiro de Baker, intitulado Corpus Linguistics and Translation Studies: Implications
and Applications. Considerados recursos que oferecem meios para análise e comparação de textos em uma ou mais línguas,
corpora são coletâneas de textos, disponíveis em formato eletrônico, que são compilados de acordo com critérios específicos e
considerados representativos de uma língua ou de parte dela. Por serem destinados à pesquisa, os corpora podem ser utilizados
como ferramentas no ensino-aprendizagem de línguas estrangeiras e na formação de tradutores. Dentro desse contexto,
propomos duas atividades com uso de corpora voltadas ao contexto de ensino-aprendizagem da língua inglesa, tanto para
aprendizes da língua estrangeira quanto para tradutores em formação. As atividades são voltadas à prosódia semântica do
adjetivo awesome e à diferenciação de uso das preposições to e for, comumente confundidas por aprendizes brasileiros de
língua inglesa. Pelo fato de os corpora apresentarem textos com grandes quantidades de dados, os aprendizes podem ter como
referência diversos resultados e situações de uso da língua, com textos autênticos e visualização dos contextos de cada
ocorrência.
NAS ASAS DA IMAGINAÇÃO: UM ESTUDO DE "A VACA VOADORA", DE EDY LIMA
Resumo
Elizabete Rodrigues Fernandes de Souza, UENP-CP, 058.004.059-30 A literatura infantil brasileira percorreu um longo e árduo
caminho para alcançar a sua legitimação. Muitos autores se lançaram a aventura de escrever para a infância até que pudessem
ser notados pela qualidade estética de suas obras, as quais não recebiam a devida atenção pelo caráter de literatura menor que
lhe era dispensado. Segundo Lajolo e Zilberman (1999), este caráter era atribuído pelo peso que o adjunto infantil trazia a esta
literatura. Não foi exatamente neste cenário que veio à tona a publicação da obra A vaca voadora, de Edy Lima. Publicada na
década de 70, encontrou um momento bem mais propício e fecundo à publicação de obras destinadas ao público infantil e
juvenil. Por outro lado, a ditadura militar impunha implicações à publicação de qualquer forma de expressão de intelectuais e,
neste momento, a literatura infantil e juvenil coloca-se em vantagem, pois como não era tão visada pela censura, pode usar sua
relativa liberdade para expor as insatisfações da sociedade contemporânea. A obra em estudo não reflete este tenso momento
de nossa história, mas faz críticas nítidas ao modo como a sociedade caminhava, isto, na maioria das vezes, usando metáforas
e alegorias. A autora não se limitou a esta obra e, a exemplo de Monteiro Lobato, produziu uma série de grande sucesso,
obtendo várias edições. Mas, este sucesso não refletiu em estudos sobre a obra ou a autora, são quase exíguas as referências
feitas a ambos. Por considerar a obra em questão de grande valor que se buscou um estudo, não com pretensões de impor
análises sistemáticas, mas trazer a tona uma obra que pode render outros estudos.
A CONSTRUÇÃO DO BRASIL COMO UMA ‘TERRA DIFERENTE’ PELA MÍDIA POLONESA.
Resumo
A Análise Crítica do Discurso defende a concepção do discurso como prática ao mesmo tempo de significação e representação
do mundo, envolvida numa construção dinâmica das identidades sociais, relações sociais e dos sistemas de conhecimento e
crenças. Essa posição teórica implica a ideia que todo discurso é político e, como tal, permeado com ideologias. Partindo da
convicção que a mídia é um espaço relevante para os processos mencionados acima, estou engajada num projeto de pesquisa
dedicado às representações do Brasil na mídia polonesa. Dentre vários tópicos de proeminência, tais como o novo estatus
econômico do Brasil de país emergente, relações de gênero, ações da presidenta Dilma ou os preparativos da Copa 2014,
nesta apresentação pretendo me concentrar na imagem do Brasil como uma ‘terra diferente’. Através da análise das escolhas
lexicais, da transitividade e modalidade, partes do aparelho conceitual da ‘semiótica social ‘ que embasa a Línguística
Sistemica-Funcional de Halliday (1978, 1994), proponho discutir a função da linguagem da mídia no estabelecimento de rótulos
estereotipados da sociedade brasileira, em conformidade com a ideologia patriarcal e com o eurocentrismo. Encontro suporte
aos meus achados da analise qualitativa dos textos com a afirmação de Van Dijk (1995) que o poder da mídia é um tipo de
poder social de grupos e instituições variádos (agentes), aptos a usar recursos alocativos e/ou autoritativos (Giddens, 1984,
1992), que causam a imposição dos valores de um grupo sobre o(s) outro(s).
DE UM CORPO TÃO GENTIL COMO PROFANO: UMA HISTÓRIA DE SABER-PODER SOBRE AS PROSTITUTAS NO BRASIL
Resumo
Inscrito nos quadros da Análise do discurso francesa (AD), a apresentação do projeto de pesquisa de Doutorado, em andamento,
instaura-se na reflexão sobre como historicamente construiu-se a imagem da mulher brasileira em sua relação com a prostituição.
Em fevereiro de 2014, um dos cartazes do protesto contra à assim-chamada xenofobia sexual, dizia: "Sabe o quê a brasileira diz
quando vai tirar uma foto? Pênis!". Observamos como esse construto sofre re-significações nos dias atuais, ao mesmo tempo em
que, carrega efeitos de memórias de períodos anteriores: os enunciados entram em um regime de formação e transformação. A
problemática de pesquisa é: como o saber-poder jurídico, em seu dinamismo com outros domínios, constrói o sujeito “prostituta”
em uma média duração: de 1930 a 2013, no Brasil. A hipótese de pesquisa é de que o corpo, impresso na História (COURTINE,
2011), entra na ordem do discurso (FOUCAULT, 2011a) e se constitui como a baliza para a construção das subjetividades das
prostitutas. Objetiva-se, dessa maneira, compreender quais são as enunciabilidades possíveis em cada temporalidade histórica
sobre a prostituta e seu corpo. A metodologia de trabalho é arqueológica e acompanha o próprio conceito de arquivo
(FOUCAULT, 1986) que será composto por enunciados legislativos, bem como por enunciados que com aqueles formam um
“domínio associado”: as materialidades da publicidade turística atinentes à “invenção” da mulher brasileira ao olhar do estrangeiro
(DAVALLON, 2010). Deseja-se contribuir para a reflexão da linguagem, cuja ilusória transparência é implicada em uma rede
histórica e interdiscursiva.
A CONSTITUIÇÃO DA(S) IDENTIDADE(S) E AS QUESTÕES LINGUÍSTICAS DOS FILHOS OUVINTES QUE TÊM PAIS
SURDOS
Resumo
Resumo: Neste trabalho analisamos a constituição da(s) identidade(s) e as questões linguísticas dos CODAs . Os dois primeiros
sujeitos são irmãos bilíngues (9 anos e 2 anos de idade), filhos de mãe surda. O terceiro sujeito é uma pessoa do sexo
masculino (43 anos de idade), filho de pai e mãe surdos. Pretende-se, a partir dessa pesquisa, compreender até que ponto a
Língua Brasileira de Sinais (Libras) pode interferir no processo de construção da(s) identidade(s) e subjetividade dos filhos
ouvintes que têm pais surdos, visto que os CODAs são sujeitos biculturais. Os dados foram coletados por meio de
questionários, entrevistas, filmagens e possui uma abordagem qualitativa e etnográfica de investigação, utilizando-se dos
pressupostos para o estudo de caso. A interpretação foi realizada com respaldo nos estudos de Hall (2006), Quadros e Masutti
(2007), Sousa e Quadros (2012) e outros. As análises dos dados revelam que a maioria dos CODAs torna-se bilíngue e,
inevitavelmente, intérprete de seus pais surdos, bem como alguns podem apresentar problemas relacionados às questões
sociais, escolares e outras.
AS MÚSICAS DA MORTE EM SETE POEMAS SIMBOLISTAS
Resumo
Como se combinam – em poemas do simbolismo brasileiro – duas constantes do movimento: música e morte? Para tal exame,
elegemos sete poemas que relacionam as duas obsessões: “Solitude, abandono” e “Embalo fúnebre”, de Eduardo Guimaraens;
“Música da Morte...”, “Sinfonias do Ocaso” e “Requiem”, de Cruz e Sousa; “Pulchra ut luna”, de Alphonsus de Guimaraens; e
“Canção da Morte”, de Da Costa e Silva. O confronto permite agrupá-los em três conjuntos. O primeiro deles é composto por
poemas que incorporam aspectos formais da música, tais como a harmonização de sons na produção de uma sinfonia e a
repetição de “acordes” e de frases. O segundo por aqueles que remetem a cantos litúrgicos católicos, reescritos sob outra clave.
O último é formado por poemas que erotizam, ao mesmo tempo, a música e a morte por meio do inebriamento dos sentidos, da
celebração de um casamento macabro, de um encontro desejado e descrito em termos comumente horripilantes. As múltiplas
possibilidades de relacionar música e morte em poemas do período atesta, assim, a profundidade das investigações simbolistas
que, concentradas num número limitado de temas, foram capazes de explorá-los em muitas facetas.
AS PREPOSIÇÕES NA CONSTRUÇÃO DE TEMPO E DE ESPAÇO
Resumo
A preposição é postulada por Cunha (2001) como “palavra invariável que relaciona dois termos de uma oração [...]”. Castilho
(2010) considera-a como núcleo do sintagma preposicional (SP) “desempenhando funções sintática, semântica e discursiva”.
Pontes (1992) relaciona as preposições à noção de tempo e espaço, dividindo-as em marcadas e não-marcadas. Partindo
desses autores, nesta pesquisa, em início, objetivamos analisar como as preposições se apresentam nos textos produzidos por
alunos do 9º ano de uma escola pública de Cascavel, cujo corpus faz parte do Projeto “Linguagem, Sociedade e Formação de
Professores: manifestações na diversidade- CNPq /CAPES”. Selecionamos um texto narrativo e um texto no gênero “artigo
científico” para verificarmos a incidência do uso da preposição como componente do sintagma, funcionando como argumento
preposicionado, bem como indicando tempo e espaço. Observamos, inicialmente, que o texto no gênero “artigo científico”
possui maior incidência de preposições na construção de tempo e de espaço. Percebemos, também, que a preposição “em” foi
utilizada com maior frequência, o que segundo Pontes (1992) se deve ao fato de ser não-marcada e ser mais utilizada para
indicar lugar e tempo de maneira geral.
“CONFLITOS LINGUÍSTICOS EM TERRAS AVÁ-GUARANI”
Resumo
RESUMO O presente artigo discute os “Conflitos linguísticos em terras Avá-Guarani”, bem como a identidade linguístico-cultural
dos professores indígenas. O cenário da pesquisa é a aldeia de Santa Rosa do Oco’y no Oeste do Estado do Paraná, lócus do
trânsito das línguas – Portuguesa e Guarani. Discorre-se sobre um tema que, sobretudo, demonstra o esforço dos professores
indígenas no exercício do magistério na escola indígena que abriga os alunos bilíngues. Assim, propõe-se focalizar a seguinte
pergunta. a) Como os professores indígenas de organizam para o trabalho nesse contexto de bilinguismo? A base teórica se
fundamenta numa literatura que discute políticas linguísticas focalizadas nos povos indígenas, tendo como aporte teórico
autores como: VERMES; BOUTET, (1989); CALVET (2007); OLIVEIRA (2003 2005); CAVALCANTI, (1999, 2000); MAHER,
(2007, 2000), HALL, (1997); MOITA LOPES, (2002); BHABHA, (2010). Agregado a esses autores recorre-se também a
documentos como: 1) a Constituição Federal Brasileira de 1988; 2) a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional – LDB
93.94/96; 3) Projeto Político Pedagógico do Colégio Teko Ñemoingo. Para a realização da pesquisa que proporcionou as
reflexões supracitadas, utilizou-se uma abordagem metodológica qualitativa-interpretativista conforme propõem Denzin e
Lincoln (1998), Bortoni-Ricardo (2008), André e Ludke (1986). Os dados foram gerados para compor este artigo foram resultado
de uma pesquisa de campo, com observações participativas e excertos de entrevistas, seguido de reflexões sobre as mesmas.
REVISTA PRESENÇA: POR UMA LITERATURA, DE FATO, VIVA!
Resumo
Presença, ou simplesmente “folha de arte e de crítica”, que para João Gaspar Simões (1948), se encarregou principalmente de
repor as coisas ao seu verdadeiro lugar, afirmando que o escritor seria antes de mais nada um homem que se utilizaria da
palavra para descobrir um aspecto do mundo. Esse, sem dúvida, fora o apanágio da Revista Literária portuguesa, que nas
palavras de Clara Rocha (1985), surgiu para representar mais do que uma revista de aparição, Presença foi, sobretudo, um
espaço de manifestação e plenitude, pois suscitou inúmeros questionamentos quanto ao saudosismo e tradicionalismo vigentes
na literatura portuguesa dos idos de 30, uma vez que a Literatura se via divorciada de qualquer significação humana. Escrever,
a esse tempo, era um simples virtuosismo, perfeitamente estranho a todo conteúdo significativo, quer de ordem psicológica,
quer de ordem estética. É partindo dessas caracterizações que faz-se essencial reviver, por meio deste projeto, os ideais
presencistas de uma “Arte pela Vida e uma Vida pela Arte”, como forma de perceber o campo efervescente de ideias que
possibilitou à Presença despontar como um lugar de afirmação de um grupo, um espaço de revelação de novos nomes.
Objetiva-se ainda traçar um panorama das produções presencistas, com o intuito de ressaltar aspectos recepcionais, tanto
através da ótica de alguns de seus doutrinários: Adolfo Casais Monteiro, João Gaspar Simões e José Régio, quanto da
perspectiva do crítico literário: Clara Rocha, David Mourão-Ferreira e Massaud Moisés, para reafirmá-la como representante do
segundo momento modernista de Portugal. Também serão revisitados alguns pressupostos da Estética da Recepção de Jauss
(1994).
SERMO AD CAESARIENSIS ECCLESIAE PLEBEM DE AGOSTINHO DE HIPONA: LÉXICO BÍBLICO, DISSOCIAÇÃO DE
NOÇÕES E APELOS AO PATHOS NO SERMÃO
Resumo
Nesta comunicação, apresentaremos nossa análise do Sermo ad Caesariensis Ecclesiae Plebem, enfocando o eixo
retórico-pragmático. Tal sermão foi pregado por Agostinho de Hipona, na Igreja de Cesaréia de Mauritânia, no dia 18 de
setembro de 418, tendo como contexto mais amplo o triunfo político e eclesial do catolicismo sobre o movimento donatista, após
a Conferência de Cartago realizada em 411. Agostinho trata, neste sermão, da validade dos sacramentos, da urgência da
unidade da Igreja e da legitimidade da perseguição, caso os donatistas se recusem a retornar ao rebanho católico. Tendo em
vista a persuasão do auditório, Agostinho recorre a termos bíblicos estrategicamente escolhidos e adaptados – selo, paz,
unidade, irmãos que odeiam os seus irmãos, irmãos em perigo de perdição, irmãos que precisam de socorro, irmãos perdidos e
mortos que devem ser buscados, irmãos fracos que necessitam de salvação; a noção de sacramento, reapresentada mediante
a técnica argumentativa da dissociação e do aclaramento de noções (PERELMAN, 2005: 469), colabora para demonstrar a
ineficácia, apesar da validade, dos sacramentos dos donatistas; Agostinho, por fim, apela às emoções do auditório ao
conclamá-los para que se manifestem durante a pregação do sermão. Apesar de todos os apelos e argumentos, o iminente
expoente do donatismo visado por Agostinho neste sermão, Emérito, não abandonará a sua adesão a este movimento.
CULINÁRIA, GÊNERO E PODER EM JORGE AMADO E EM GILBERTO FREYRE: CONTRIBUIÇÕES DA ANÁLISE CRÍTICA
DO DISCURSO PARA A COMPREENSÃO DESSAS INTER-RELAÇÕES EM GABRIELA CRAVO E CANELA.
Resumo
Esse artigo parte das seguintes premissas teórico-metodológicas: (a) as narrativas históricas modernas e contemporâneas
devem privilegiar a voz das “minorias esquecidas nos interstícios da história” (Le Goff, 1990), das pessoas comuns, não dos
“heróis nacionais” (princípio dos Anales franceses, primeira geração); (b) por isso mesmo, o limiar entre história e verdade é
muito tênue (Schaff, 2010), princípio confirmado muito anteriormente através do pensamento de Oscar Wilde segundo o qual a
arte imita mais a vida do que o contrário. Assim como Fairclough (1992) Schaff (2010) considera as narrativas históricas como
formações discursivas em constante processo de transformação, uma vez que resultam de escolhas (in) conscientes de cada
historiador, seja ele “oficial” ou não. Desse modo, ainda que seja uma obra de ficção, Gabriela Cravo e Canela retrata de
maneira lúdica, simultaneamente lírica, a realidade brasileira no sul cacaueiro da Bahia dos anos de 1920, o que torna o texto
multimodal, adaptado duas vezes para a TV, digno de análises que não apenas e tão somente as estilísticas e estéticas comuns
à crítica literária. Partindo destas ideias, o texto intenciona analisar, à luz da Análise Crítica do Discurso segundo propõe
Fairclough (2003), amparado na gramática sistêmica e funcional de Halliday (1994), o papel social das mulheres nas
sociedades patriarcais e patrimoniais nordestinas presentes nas obras de Freyre e Amado a partir dos vários pontos encontro
entre parte da vasta obra antropológica e cultural do primeiro (1933, 1936 e 1939) e o romance Gabriela Cravo e Canela:
crônica de uma cidade do interior (1958) do segundo.
TRADUÇÃO E TECNOLOGIA: O USO E RECEPÇÃO DE TRADUTORES ELETRÔNICOS POR PROFISSIONAIS DA
TRADUÇÃO
Resumo
A pesquisa tem como objetivo problematizar e discutir a influência da tecnologia na tradução e no trabalho do tradutor como um
todo. Especificamente, este projeto pretende investigar como se dá a recepção e o uso de tradutores eletrônicos, a citar o
Google Translator, por profissionais da tradução. A literatura e a história nos mostram que a tradução inicialmente, até décadas
atrás, era realizada por tradutores que tinham como ferramentas de trabalho seu conhecimento das duas ou mais línguas
usadas e o conhecimento intelectual e cultural adquirido aliados ao uso de livros, enciclopédias e dicionários impressos. Hoje, o
computador e a internet possuem Softwares e sites que servem como apoio para a prática tradutória e isso vem, de certo modo,
substituindo os recursos citados. Um dos sites mais conhecidos e alvo de pesquisa é o Google Translator que, ao mesmo
tempo em que tenta se aprimorar, é, também criticado por muitos usuários, os quais alegam que o uso do website em questão
segmenta o texto traduzido, ou seja, traduz palavra por palavra, visto que o instrumento é automático e apresenta problemas de
interpretação, dados os condicionantes culturais e as diferenças de ordem estrutural e linguística presentes em todas as
línguas. Para que os objetivos sejam alcançados, sera aplicado um questionário sobre o uso de ferramentas como o Google
Translator, direcionado a tradutores no Brasil. O projeto se justifica pela necessidade de discutir a relação homem-máquina que
hoje permeia o processo tradutório, bem como a maneira com que os tradutores percebem ou entendem esta relação, dada a
influência da tecnologia nas diversas áreas profissionais, especificamente, na tradução.
ESCRITA E ESCRITORES NA FICÇÃO DE LYGIA BOJUNGA DENTRO DO ACERVO DO PNBE
Resumo
RESUMO: Esta comunicação objetiva apresentar os resultados finais da dissertação de mestrado intitulada: “Escrita e escritores
na ficção de Lygia Bojunga dentro do acervo do PNBE” que teve como propósito investigar as representações de escrita em
cinco obras da escritora Lygia Bojunga: A Bolsa Amarela (1976), Angélica (1975), Aula de Inglês (2006), O Sofá Estampado
(1980) e Querida (2009). O intuito é compreender as diferentes maneiras com que as personagens se apropriam da escrita e de
que forma essa apropriação contribui para o processo de amadurecimento, senso crítico e emancipação das personagens. Para
tanto, apresentamos algumas considerações sobre a história da escrita, o conceito de representação e a importância da
personagem na narrativa, almejando averiguar o antigo e o renovado diálogo entre ficção e realidade. Desse modo,
fundamentamos nossa pesquisa no estudo de teóricos que abordam os temas relacionados, tais como: Antonio Candido (1998),
Benjamin Abdala Junior (2007) Edward Wadie Said (2005), Graça Paulino (2010), Jean- Paul Sartre (1993), Marisa Lajolo e
Regina Zilberman (2009), Roger Fisher (2009), Roger Chartier (1990-2002), entre outros. Ao considerarmos que Lygia Bojunga
é importante escritora da literatura infantojuvenil também discutimos sobre o percurso traçado por esse gênero desde sua
origem até sua consolidação, destacando as contribuições dessa autora. Tendo em vista que Lygia Bojunga possui 22 obras
publicadas, e dado a impossibilidade de analisarmos todos os títulos, realizamos um recorte na escolha do corpus, a partir de
critérios que propiciassem uma seleção representativa. Assim, optamos por avaliar obras que foram selecionadas pelo PNBE.
MITO E ANCESTRAIS EM ANJO NEGRO, DE NELSON RODRIGUES
Resumo
Este parte de estudos em andamento articulados ao projeto de PIBIC, denominado “Estudo da recontextualização dos mitos e
arquétipos nas peças Álbum de Família e Toda Nudez será Castigada, de Nelson Rodrigues”. Até o momento foram realizadas
leituras de um conjunto de peças, a fim de verificar como são elaborados, na obra do dramaturgo, os perfis de herói, os temas,
motivos, mitos e arquétipos literários, mais especificamente nos textos Anjo Negro (1946), Álbum de Família (1946) e Toda
Nudez será Castigada (1956). Essa verificação se deu a partir dos elementos estruturantes da narrativa dramatúrgica, com base
nos pressupostos teóricos da Literatura Comparada e da Mitocrítica. É possível encontrar na peça um completo intrincado de
redes mitológicas, demonstrando o aspecto eclético, tipicamente brasileiro. Como salienta Aguiar (2012), isso tudo não significa
que Nelson Rodrigues queria fazer a releitura, mas que estava consciente de que levaria seu público a considerar uma região
do espírito onde se movem arquétipos ancestrais, que na contemporaneidade estão imbricados com aspectos de outra
temporalidade. Observa-se que o texto dramático Anjo Negro apresenta um desfecho hermético com um encerramento
ambíguo. O mergulho poético do autor traz à tona, perturbadoramente, temas muitas vezes adormecidos no inconsciente.
Nelson Rodrigues chega ao universo profundo do leitor/plateia/espectador, convocando para a consciência dos mitos
ancestrais, por meio da linguagem, das paixões desencadeadas e de outros estímulos, mesmo que a civilização, por
conveniência, atenue na indiferença o comportamento dos indivíduos.
A PERDA DA IDENTIDADE CULTURAL DE WARIUKI NO CONTO WEDDING AT THE CROSS, DE NGUGI WA THIONG’O
Resumo
Este artigo apresenta uma análise sobre a perda da identidade da personagem Wariuki no conto Wedding at the Cross, de
Ngugi wa Thiong’o. O processo de colonização vivenciado pelo protagonista e seu impacto na noção de identidade revela seu
abandono das tradições culturais em nome do poder, do dinheiro. Na ânsia de ser aceito pelos pais de Miriamu, jovem a quem
se une, Wariuki se transforma em outra pessoa, de Wariuki (nome africano) a Dodge W. Livingstone Jr. (nome cristão). A
maneira livre e alegre de Wariuki encarar a vida é substituída pela ambição de poder, fato que o afasta de sua esposa e das
relações com o seu povo, mas o aproxima de seu sogro, responsável por sua humilhação no passado. Por intermédio do
casamento na igreja, as bodas na cruz, o sujeito negro - Wariuki, colonizado pela religião ocidental, almeja ser aceito pela
família que o humilhara. No entanto, ao expressar os preceitos constituídos pelo processo de colonização, o protagonista se
distancia de sua esposa, que já não reconhece o homem por quem se apaixonou e a quem se uniu. A metodologia de
investigação baseia-se em textos teóricos que discutem as noções de identidade, desenvolvidos por Stuart Hall, Appiah, e
outros autores. Os resultados da pesquisa mostram que o processo de colonização pela religião interfere na identidade cultural
do sujeito.
OS ELEMENTOS ESTRUTURAIS E A CONSTITUIÇÃO DE YACALA ENQUANTO POEMA NARRATIVO
Resumo
Tendo como objetivo ampliar o conhecimento do poema narrativo contemporâneo e refletir sobre as razões do
“desaparecimento” do poema narrativo ou poema longo no contexto da literatura brasileira, segundo a crítica literária
contemporânea, pretende-se, compreender criticamente o poema Yacala (1999), do autor pernambucano Alberto da Cunha
Melo, e estabelecer configuração das inter-relações épicas e líricas, enquanto gêneros literários no contexto contemporâneo,
marcado pela ruptura de fronteiras conceituais, como elementos estruturais e temáticos para a realização desse poema. A
forma composicional representa uma das maiores preocupações de Alberto da Cunha Melo: vocábulo preciso, combinações
sonoras, ritmo que constrói a ideia. O poeta demonstra vínculo com a tradição clássica ao utilizar os versos octossílabos, além
de manter o diálogo com a cultura popular. Nesse sentido, a análise de Yacala, refletindo sobre a métrica adotada, a
estruturação rítmica do poema e o efeito produzido pelas figuras de linguagem serviram de base para compreender a
composição estrutural da obra.
DELICADO ABISMO DA DESORDEM: O POP QUE ATRAVESSA ROBERTO DRUMMOND E RUBENS GERCHMAN
Resumo
Com o propósito de estabelecer articulações entre a cultura pop contemporânea, a literatura e as artes visuais, o estudo procura
explorar de que modo a cultura pop interfere na construção do discurso contemporâneo e influencia modos de subjetivação do
indivíduo com a sua estética provocativa associada a uma imagem de consumo e uma eterna vigilância de prestígio. Atinge o
debate que se apresenta em ambas as linguagens, literária e visual, que através do pop coloca em perspectiva conceitos que
atravessam a literatura e as artes visuais, como a bricolagem, entendida como uma atividade artesanal de recompor uma forma
nova a partir de fragmentos. Como esse universo reflete na linguagem literária e se comunica com as artes visuais, em um
trânsito entre o real e o ficcional que se completam e são dependentes para a legitimação do gênero dentro do território
nacional. O estudo comparado propõe a reflexão a partir das obras de Roberto Drummond, especificamente Sangue de
Coca-Cola (1980), romance que integra o ciclo Coca-Cola de Drummond; além do que se apresenta na trajetória artística de
Rubens Gerchman, a partir da década de 1960, artista que narra de forma figurativa o homem brasileiro, subjugado pela
produção em massa e a sua consequente mitologia.
ARTUR AZEVEDO E O EXERCÍCIO DA CIDADANIA NO SEGUNDO REINADO
Resumo
A seção “De palanque”, publicada por Artur Azevedo ora no Diário de Notícias ora no Novidades, entre 1885 e 1889, no Rio de
Janeiro, caracterizava-se pela frivolidade, mas isso não impedia que nela se tratasse de assuntos sérios. No entanto, tais
assuntos eram comentados sem pedantismo, já que o cronista não pretendia ser palmatória nem oráculo do mundo, como ele
próprio afirmava. Assim, para tratar de assuntos sérios da realidade à sua volta, o jornalista maranhense se utilizava de uma
linguagem leve, irônica e debochada. Essa característica estilística vinha também ao encontro da necessidade de quebrar um
pouco a sisudez do jornal, cuja matéria, no século XIX, era apresentada em longas colunas sem nenhum atrativo, como lembra
Raimundo Magalhães Júnior (1966). Embora não tenha sido um militante, a exemplo de Lima Barreto e Euclides da Cunha, do
alto do seu palanque, o autor de O bilontra não deixava de observar e criticar costumes, pessoas, instituições e coisas. Para
esta comunicação, interessa-nos as crônicas em que foram temas os políticos e os eleitores. Nesses textos, o articulista
ressente-se da falta de interesse do povo em exercer o direito de escolher seus representantes políticos – direito garantido pela
Constituição. No entanto, mais do que desinteresse do eleitorado, o caso parecia ser de descrença no sistema político, como
pretendemos mostrar.
JOAQUIN EDWARDS BELLO E SUAS CRONICAS SANTIAGUINAS
Resumo
Santiago, capital de um jovem pais sul-americano, dividida entre a herança colonial e os novos ares que vem do velho mundo,
desta vez em forma de expressão artística, rebento das vanguardas que se aproximam para emancipar as letras
latino-americanas, acolhe aquele que será reconhecido como o melhor cronista chileno da primeira metade do passado século,
Joaquín Edwards Bello (1887-1968) - Prêmio Nacional de Literatura (1943) e de Jornalismo (1959). O olhar atento do cronista
registra, por meio de palavras, as mais belas imagens da urbe que se quer moderna. Aos pés da imponente cordilheira dos
Andes, este jornalista e literato, embriagado pelas Musas, numa época de poucos recursos fotográficos que somente se
expressavam em preto e branco, coloriu as páginas dos jornais La Nación e Los Tiempos com com as cores intensas das suas
crônicas urbanas. Em consonância com teóricos como a venezolana Susana Rotker, a argentina Beatriz Sarlo e o filósofo
alemão Walter Benjamin propomos analisar algumas crônicas que Edwards dedico a sua capital y a sua gente. Nosso objetivo
principal é evidenciar o valor estético desta particular expressão literária que se imortalizou pela sua singular caraterística que,
ontem e hoje, assombram e cativam a um desocupado leitor.
O TRABALHO COM OS GÊNEROS DISCURSIVOS EM SALA DE AULA
Resumo
O Estado do Paraná publicou, em 2008, as Diretrizes Curriculares, com o propósito de fortalecer a Educação Pública Estadual,
fundamentando, então, a disciplina de Língua Portuguesa na noção de Gêneros Discursivos com o propósito de alicerçar o
ensino das práticas de oralidade, leitura e escrita, assumindoa concepção dialógica de linguagem, pautando-se nos estudos de
Bakhtin e o seu Círculo. O objetivo deste texto é apresentar uma proposta de Pesquisa de mestrado em andamento, que se
circunscreve no âmbito do Programa Observatório da Educação, uma vez que somos bolsistas CAPES/INEP dentro do Projeto
institucional intitulado Formação Continuada para professores da educação básica nos anos iniciais: ações voltadas para a
alfabetização em municípios com baixo IDEB da região Oeste do Paraná. Na pesquisa, propomo-nos a verificar como
professores de Língua Portuguesa do ensino fundamental de uma determinada escola Estadual no Município de Cascavel -
Paraná, trabalha com os Gêneros Discursivos em sala de aula, em turmas de 6º a 9º ano. Estariam os professores
considerando os pressupostos teóricos das Diretrizes Curriculares do Estado do Paraná? Ou estariam encontrando dificuldades
para trabalhar com essa proposta? E, neste caso, quais seriam essas dificuldades?Para atender ao proposto, desenvolveremos
uma pesquisa qualitativa, de cunho etnográfico, uma vez que pretendemos observar aulas de língua portuguesa para constatar
como os gêneros estão sendo trabalhados. Como resultados, esperamos confirmar os avanços já obtidos em relação à
proposta curricular ou levantar as dificuldades que ainda persistem e, se assim for, pretendemos buscar meios para amenizar
tais dificuldades
O HIATO LINGUÍSTICO EM “JULIANO PAVOLLINI”, DE CRISTOVÃO TEZZA E “A VISÃO EM PARALAXE”, DE SLAVOJ
ŽIžEK
Resumo
Esta pesquisa apresenta uma análise do romance Juliano Pavollini, de Cristovão Tezza, a partir do hiato entre o tipo de marcas
discursivas perceptíveis nos diálogos dos personagens da obra e a fala do narrador. Há, no romance, um Juliano narrador
autodiegético que apresenta uma linguagem altamente elaborada, com domínio total da norma culta, e um Juliano personagem,
cujas intervenções podem ser percebidas nos diálogos em discurso direto. Partimos da hipótese de que esse hiato institui a
duplicidade e ambiguidade do narrador-protagonista. Para estudarmos essa hipótese, utilizaremos o que Slavoj Žižek define
como a necessidade de olhar a distorção da linguagem de forma paralática, ou seja, a visão em paralaxe. A visão em paralaxe
(2008) empresta o conceito de "paralaxe" da Física para referir-se a situações nas quais um mesmo objeto, “quando visto de
perspectivas diferentes, se apresenta ao observador de duas maneiras completamente irreconciliáveis”. Além disso, para
analisarmos as inconstâncias do narrador, utilizaremos o que postula Wayne E. Booth em A retórica da ficção (1980), o autor
pontua que os narradores usam diversos recursos a fim de manipular o leitor, eles podem dar seus toques pessoais e manter a
não confiabilidade narrativa fazendo uso do “contar versus mostrar”. Partimos, portanto, do pressuposto de que se trata de um
hiato de efeito calculado sobre o leitor e sobre a estrutura textual do romance. A proposta deste estudo é não somente analisar
o hiato e descompasso entre o narrador autodiegético e o personagem, mas também quais os efeitos que isso provoca no texto.
ILUMINURAS DE WILLIAM BLAKE E ARIANO SUASSUNA: UMA ANÁLISE COMPARATIVA NO ÂMBITO DA INTERSEMIOSE
Resumo
Normalmente associadas ao período medieval europeu, as iluminuras fazem parte da arte ocidental há séculos, tendo sido
retomadas por artistas em vários outros momentos históricos. Nesse tipo de criação, a integração entre texto e imagem é
essencial e muitas vezes representa uma busca por ampliação dos significados e das possibilidades do fazer artístico. No
presente trabalho, tratamos de obras de dois artistas de realidades bastante diversas que criaram, cada um por suas razões
particulares, métodos próprios de ilustração de poemas na forma de iluminuras: William Blake e Ariano Suassuna. O corpus
escolhido consiste em poemas iluminados retirados dos livros "Canções da Inocência" e "Canções da Experiência", de Blake, e
iluminogravuras dos álbuns "Sonetos com Mote Alheio" e "Sonetos de Albano Cervonegro", de Suassuna. Tem-se como objetivo
principal analisar de maneira comparativa as duas produções, atentando especialmente aos seguintes fatores: métodos de criação
e de ilustração; relação entre imagens poéticas e pictóricas; utilização do espaço e integração espacial entre texto e imagem; uso
simbólico de cores. Como referencial teórico, foram utilizados textos de autores como Umberto Eco, Aguinaldo José Gonçalves,
Leo H. Hoek, Alberto Manguel e Áron Kibédi Varga. Os resultados da análise comparativa apontam conexões importantes entre as
produções no que diz respeito ao processo de criação, à relação entre as imagens poéticas e pictóricas, à organização dos
elementos no espaço, ao uso de cores e mesmo quando se trata de um olhar mais profundo sobre o poema e seus significados.
IDEOLOGIA NA CONSTITUIÇÃO DE ARQUIVOS EM DOCUMENTÁRIOS
Resumo
Uma das características dos documentários é interpelar sujeitos, comprometendo-os em relação ao que é dito pela constituição
de redes de sentidos decorrentes de projeções e de antecipações em torno do responsável pelo dizer, pelo conteúdo desse
dizer e também em torno do objeto que serve de mote para a sua produção. Apesar da aparente isenção, essa modalidade
discursiva tem origem em instituições e os sujeitos que prestam testemunhos e participam da constituição de arquivos são
previamente selecionados, assim como o é o conteúdo e as implicações do que é dito. Na ordem das evidências conduzidas e
instauradas pelo trabalho da ideologia na língua, outra característica do documentário é o efeito de isenção e de saturação do
sentido, de modo que essa modalidade de discurso cumpra uma função informativa isenta de subjetividade. O que nos move
nesse trabalho é a função discursiva dos depoimentos e dos testemunhos presentes nos documentários. Uma primeira
evidência é que os sujeitos “escolhidos” para dar testemunho cumprem uma função enunciativa previamente determinada. O
movimento analítico se dá pelo retorno constante à teoria e desta para o corpus, num movimento pendular.
O MUNDO CARNAVALIZADO EM CONTOS DE LUIZ VILELA
Resumo
Analisamos a solidão e o desajuste do ser humano na sociedade contemporânea em dois contos de Luiz Vilela: “No bar”, de No
bar (1968), e “O buraco”, de Tremor de terra (1967). A partir dos conceitos de carnavalização e grotesco romântico, verificamos
como o autor aborda o mote nesses contos e como se dá a relação mundo exterior e interioridade em suas personagens. Para
Bakhtin, “o grotesco romântico é um grotesco de câmara, uma espécie de carnaval que o indivíduo representa na solidão, com
a consciência aguda de seu isolamento.” Consciente de sua condição, o ser transgride os limites da racionalidade, havendo a
dessacralização do lado oficial da vida, com suas normas, regras e condutas estabelecidas, e, em decorrência, os limites todos
se relativizam. No conto “No bar”, a personagem Lúcio, consciente da incomunicabilidade de todos os seres, sofre pelo imenso
contraste entre a vida idealizada e o meio que o circunda. Diante de seu descompasso, a loucura é a forma encontrada para
sobreviver em meio à realidade dilacerante. O conto “O buraco” gira em torno dos conflitos do narrador-personagem Zé que, em
crise existencial, cava um buraco e, aos poucos, vai se afastando do mundo exterior, metamorfoseando-se em tatu. Em
decorrência da eterna inadaptação humana, a transgressão e o mascaramento são recorrentes na obra de Vilela, pois, ao
despir o ser de sua real identidade, relativiza a verdade, celebrando a mudança e a renovação do mundo, inverte e transveste,
opondo-se a todas as hierarquias e imutabilidades sociais.
HORA ESTRANHA DE MORRER: BRUMAS, BELEZA E DESTRUIÇÃO
Resumo
Personificar é atribuir humanidade às coisas, organizando-as segundo os ideais de beleza e de moral de uma época. No âmago
de uma personificação com diferentes representações sociais existe uma essência ou ideia geral do que a anima: uma força
natural ou sobrenatural. Trata-se do desconhecido que nos fala sem ter voz, nos vigia sem ter olhos, habita sem ser espacial e
se veste do tempo reservado a cada um de nós. A morte, este ente desconhecido, é algo tão presente que recebeu, ao longo da
história, variadas corporificações: explicações dramáticas na tentativa de se dizer algo daquilo que em si é indescritível e
estranho ao homem. Então, foram-lhe dadas vozes, olhos, subterrâneos e ampulhetas para humanizar seu poder. Era uma
noiva desfigurada, um convidado improvável – mas que sempre esteve na lista – uma gargalhada na noite medrosa ou um
estado de brumas tornando a existência amorfa? Um horror que sendo poético torna-se mais dizível, não menos caótico, mas
representável. Neste sentido a poesia sempre teve linguagens para personificar a morte, revelando o ideal do poeta e de toda a
sociedade. O século XIX, período no qual as artes se obsedaram do tema atendendo a uma sensibilidade coletiva, foi
especialmente fértil para a poesia, a exemplo do emblemático Flores do Mal. O macabro, entre atraente e repulsivo, recebeu
diferentes e interessantes personificações poéticas na poesia brasileira escrita entre o fim de século XIX e o inicio do XX. O
objetivo deste trabalho é analisar o insólito destas personificações sobrenaturais de um fato natural, revelando tensões do
imaginário romântico amante da morte.
UMA LEITURA SEMIÓTICA DO CONTO “MOSCA MORTA” DE LUIZ VILELA
Resumo
O objetivo desse artigo é encontrar no conto “Mosca Morta” de Luiz Vilela, as isotopias figurativas que recobrem o tema do
conto e a relação desta com a conversa entre os personagens, observa-se que figuras foram posta de forma a representar uma
ação ou acontecimento que marca o diálogo entre dois amigos, Bento e Toledo, propomos ler pelo viés da semiótica discursiva,
uma vez que o objeto da semiótica são os textos, e esse é um todo organizado de sentido, a enunciação é a instância de
mediação entre as estruturas virtuais (fundamental e narrativa) e a estrutura realizada (discursiva). Pela análise das projeções
da enunciação no conto Mosca Morta, visamos compreender como se deu a instauração do sujeito, tempo e espaço no
discurso. A enunciação no contexto da semiótica francesa, se dá por meio de mecanismos denominados embreagem ou
desembreagem, essas últimas caracterizadas como sendo em princípios dois grandes efeitos de sentido: de subjetividade e
objetividade, partindo desses conceitos, procuramos compreender como Vilela teceu o diálogo dos personagens, de forma que
no conto a narração deixa subtendida uma ação anterior que liga os atores a um acontecimento passado e esse fato esconde
algo, o leitor percebe que um conhece o passado do outro e que algum fato pode ter sido prejudicial ou desmoralizante para um
dos personagens, tendo a temporalidade papel importante na compreensão do discurso.
LAVOURA ARCAICA E A DIALÉTICA DA TRANSGRESSÃO ÉTICA
Resumo
Nas últimas décadas, o romance Lavoura arcaica de Raduan Nassar foi aclamado por teóricos e críticos como uma das grandes
obras da literatura brasileira no século XX. Tal notoriedade não se deve, obviamente, a um aspecto particular a ser isolado na
narrativa, mas a uma tessitura textual que coaduna uma linguagem essencialmente poética com temas que dialogam com
diversas áreas do conhecimento como a filosofia e a sociologia. Dentre esses temas, a busca pela superação de uma ética
patriarcal e dominadora merece reconhecimento. A trajetória de contestação desenvolvida pelo protagonista André representa
uma tentativa de romper, seja pelo distanciamento espacial seja pela subversão do discurso paterno, o modelo ético que
caracteriza o universo familiar há gerações. No entanto, o esforço pela superação redunda unicamente em um processo de
transgressão que não destrói esse arquétipo, mas apenas funda uma nova dialética a partir dele. O objetivo do presente
trabalho é analisar os desdobramentos desse embate entre os desígnios da tradição e a urgência dos desejos para as reflexões
sobre questões identitárias e ético-morais que se inscrevem na literatura brasileira contemporânea.
SHAKESPEARE E PETER GREENAWAY EM MEIO ÀS TEMPESTADES SIGNÍCAS
Resumo
O texto literário vem sendo objeto de utilização nos processos tradutórios em outros sistemas simbólicos. O cinema e a
televisão são meios que sempre estão buscando na literatura, alimento para suas composições. A partir de inúmeras traduções
da literatura para tela, o espectador tem se deparado com diversas releituras da obra de Shakespeare. Peter Greenaway é um
dos mais importantes pesquisadores da linguagem do cinema em sua interface com outros meios, sobretudo os digitais. De
acordo com BARROS (2007), foram as novas tecnologias dos meios que perpassam pelas mídias que o fizeram repensar o
cinema e a produzir um cinema de pesquisa, sobretudo a partir da utilização de procedimentos do vídeo digital. Philippe Dubois
(2004) e Arlindo Machado (2004) propõem um conceito de vídeo centrado na ideia de estágio, um vídeo não possui um ser,
mas um estar, no qual o movimento de cinetismo é definidor. O diálogo do cinema com o vídeo digital desencadeia diversas
problematizações tanto da estrutura narrativa e visual do cinema, quanto de sua recepção. Nosso trabalho objetiva investigar
como, através da intersemiose cinema/vídeo, o filme Prospero’s Books (1991) de Peter Greenaway, tradução de The Tempest
de Shakespeare, contém questões passíveis de análise no que diz respeito aos processos de tradução intersemiótica
contemporâneos e sobre a narratologia cinematográfica. Em nosso trabalho, partiremos de três eixos centrais: 1) Observar o
vídeo como elemento que fará parte da era cinematográfica; 2) Tratar da questão da narração cinematográfica, tão quanto dos
filmes considerados como não-narrativos; 3) Analisar no filme a intersemiose literatura, cinema e vídeo.
CONTOS DE TERROR NAS AULAS DE LÍNGUA INGLESA: TRANSPOSIÇÃO DIDÁTICA EM ANÁLISE
Resumo
Com este estudo pretendemos demonstrar as dimensões ensináveis do modelo didático (MD) (SCHNEUWLY; DOLZ, 2004)
criado a partir do gênero short story, no intuito de utilizá-lo para uma sequência didática voltada a um nono ano. Entendemos
que a prática docente mediada pelo uso de gêneros textuais como instrumentos de ensino, viabiliza maiores possibilidades de
se trabalhar os discursos sociais materializados nestas categorias de enunciados relativamente estáveis. Para isso,
pautamo-nos nos pressupostos teórico-metodológicos do Interacionismo Sociodiscursivo (ISD) (BRONCKART, 1999, 2006), que
se ancora no Sócio-Interacionismo de Vygotsky e preconiza o estudo interdependente entre o agir praxiológico e linguageiro,
nas variadas formas de atividade humana, sócio-históricas, discursivamente materializadas nos gêneros textuais. Como corpus,
elegemos quatro short stories de Edgar Allan Poe e quatro short stories não renomadas. Para o MD, utilizamos os critérios de
análise do ISD (BRONCKART 1999, 2008) focando nos mundos físico e sociossubjetivo dos contos; no nível organizacional e
no nível enunciativo. Os resultados evidenciam que as obras canônicas demandam nível elevado de língua inglesa, de
conhecimento sobre a composição de uma narrativa e da sócio-história que permeou Poe até meados de 1840. Os contos
acanônicos, por outro lado, parecem mais acessíveis para o ensino de línguas. Seu quadro composicional observável a partir do
MD apresenta menor densidade em praticamente todos os níveis analisados. A partir deste estudo observamos a relevância do
ensino de línguas baseada em gêneros e o papel fundamental da transposição didática sobre saberes teóricos em saberes
ensináveis.
GAMES, INTERAÇÃO E ENSINO: A CONSTRUÇÃO DA NARRATIVA NO RPG DRAKENSANG
Resumo
Os jogos eletrônicos estão na vida de milhares de pessoas, dos mais diversos locais no planeta, em diferentes suportes
tecnológicos, tais como nos computadores, celulares e videogames. Partindo dessa constatação, um dos pontos que chama
atenção nos games são suas narrativas cada vez mais bem elaboradas, que fascinam seus usuários por sua dinamicidade e
possibilidade de interação. Com isso, objetiva-se nesse trabalho investigar como se dá a interação dos indivíduos com os
games e, concomitante a isso, como essas narrativas são construídas pelos jogadores a partir da análise do RPG online
Drakensang. Partindo da hipótese de que os games possibilitam habilidades para lidar com ambientes multimidiáticos, iremos
associar os jogos eletrônicos a questões de ensino de língua materna por intermédio de tecnologias, no que tange a
desenvolver nos usuários um senso crítico em relação às suas ações no ambiente virtual, entendendo que jogos eletrônicos
promovem diferentes habilidades e competências.
ESTUDOS SOBRE VARIAÇÃO ACERCA DO MARCADOR CONVERSACIONAL NÉ?
Resumo
Nosso trabalho está dividido em duas partes principais, sendo a primeira delas, composta por um banco de dados textuais, no
qual enumeramos 24 peças teatrais, de vários autores, de várias épocas e de diferentes regiões brasileiras, objetivando
documentar o aparecimento da forma né? uma vez que esta apresentação é recente, mas outras formas variantes (não
é?/não?) ocorreram/ocorrem com a mesma função. Na segunda parte, apresentamos, através da transcrição e análise de 24
entrevistas narrativas (banco de dados VarX), o emprego do Marcador Conversacional né? na fala de gaúchos da cidade de
Pelotas/RS. Desta maneira, atrelamos estudos de Gramaticalização, segundo a perspectiva de Martelotta (2003), pois o MC né
objeto de análise deste trabalho sofreu/sofre mudanças e/ou variações lexicais, morfológicas, fonológicas e ainda semânticas; à
perspectiva da Sociolinguística, em que vários estudos apontam usos distintos dos Marcadores Conversacionais com relação
ao gênero, classe social, faixa etária e etc., demonstrando que eles ocorrem em todas as comunidades de fala indistintamente.
Desta forma, propomos que este aspecto seja tratado sob o ponto de vista pancrônico com o intuito de perceber tanto variações
que se converteram ou não em mudanças, quanto os aspectos extralinguísticos determinantes para estas ocorrências ou
coocorrências.
NAS FISSURAS DOS CADERNOS ENCARDIDOS: A ESCRITA AUTOBIOGRÁFICA DE CAROLINA MARIA DE JESUS
Resumo
Este estudo pretende se ocupar – enquanto trabalho em interface – que abriga/congrega aportes teóricos oriundos de várias
estâncias do saber, pois se entende, aqui, que os saberes não se excluem, mas se interpenetram – da quase ausência de
representativa da escritura de autoria negra na narrativa contemporânea. Assim partindo dos aportes teóricos dos estudos
Pós-Estruturalistas, este projeto coteja em um de seus vieses de análise/escopo a questão das práticas identitárias. Entende-se
com outros olhos, talvez mais afeitos à questão de gênero que Quarto de Despejo e Diário de Bitita, de Carolina Maria de Jesus
(des)vela “um falar de si” tão negado às mulheres, especialmente, em um momento em que, ao se recobrar o falar feminino
temos como expoentes deste, a voz contundente e introspectiva de uma Clarice Lispector, de uma Lygia Fagundes Telles,
dentre outras de igual representatividade e todas tendo em comum a origem – mulheres brancas, de classe média e
escolarizadas, altamente escolarizadas. Assim, ao se eleger entre a pequena “representatividade” dos escritos de autoria
feminina e negra – os escritos de Carolina Maria de Jesus – que eram, a exemplo dos inúmeros cadernos encardidos
encontrados após sua morte, silenciados por uma crítica literária que jamais lhe conferiram o estatuto de literatura, dar voz e
entremostrar as diversas censuras silenciadas pelo discurso dominante. É sobre este não-lugar nos estudos pautados por uma
crítica literária que define-se, por ora, ainda que de maneira incipiente, a apresentação de uma possível problemática para a
proposição desta comunicação.
POSIÇÕES E FUNÇÕES DOS MARCADORES DISCURSIVOS EM INGLÊS NA INTERAÇÃO VERBAL
Resumo
Este estudo busca discutir as posições e funções dos marcadores discursivos existentes na língua inglesa falada, de forma a
analisar esses elementos como articuladores dos segmentos textuais e/ou sinalizadores do fluxo interacional. O corpus de
estudo é composto pela transcrição de uma entrevista realizada pela apresentadora Ellen Degeneres com o ator britânico
Daniel Radcliffe, em seu programa homônimo, obtida pela internet, sendo ambos falantes nativos da língua inglesa. É oportuno
considerar que a função dos marcadores não é fixa e, na maioria dos casos, eles desempenham mais de um papel, por isso, é
preferível enfocar as funções predominantes de cada marcador nos exemplos apresentados. Vale ressaltar, no entanto, que as
funções secundárias também serão abordadas, considerando o grau maior ou menor de envolvimento do falante na interação
verbal. Trata-se, portanto, de um estudo sociointeracional das estratégias empregadas pelo falante em seu texto oral, utilizando
como arcabouço teórico, as formulações advindas da Análise da Conversação.
O ENSAIO SOBRE A CEGUEIRA SOB UMA PERSPECTIVA MATERIALISTA LACANIANA
Resumo
Este trabalho aborda o romance O Ensaio Sobre a Cegueira (1995), narrativa que apresenta o colapso da civilidade na
ausência do contexto que emoldura o cotidiano. Diante de um mal desconhecido, os seres humanos perdem suas referências; o
texto de José Saramago ganha contornos filosóficos, fomentando discussões éticas e morais, as quais permeiam as vozes das
personagens e a condução do narrador. Não pretendemos entender a cegueira descrita no romance como patológica, mas
como um acontecimento simbólico e, talvez, evolutivo na vida das personagens da trama. No intento de abordar os eventos
descritos no romance de forma metafórica, lançaremos mão de uma corrente proveniente de diálogos entre teóricos
contemporâneos como Slavoj Žižek (1949-) e Alain Badiou (1937-) e teorias mais consagradas como as de Jacques Lacan
(1901-1981), corrente esta denominada materialismo lacaniano. Pretendemos realizar um recorte na releitura feita por Slavoj
Žižek acerca dos conceitos lacanianos de Real, Simbólico e Imaginário, instâncias que acreditamos poderem auxiliar na análise
de algumas relações que se dão entre sujeito e sociedade nesta curiosa narrativa. Além disso, abordaremos os conceitos de
Grande Outro e Capitonê para contribuir na leitura e na interpretação do texto. O uso de tais ferramentas teóricas permite
compreender melhor as relações de exceção em que vive a personagem “mulher do médico”, além de autorizar uma discussão
mais profunda sobre as hipóteses que levariam essa personagem à condição de diferença.
JEAN FABRE E A SOCIOCRÍTICA DA LITERATURA FANTÁSTICA
Resumo
De acordo com Jean Fabre (1991), a literatura fantástica apresenta três características que permitem uma abordagem
sociocrítica. Inicialmente, o fato de ser um fenômeno estético justifica a necessidade de uma leitura semiótica; em seguida, por
implicar uma heurística (questionamento implícito ou explícito de um saber), mimetizando um fenômeno total ao mesmo tempo
cognitivo, afetivo e conativo (estético), compreende a intervenção de uma fenomenologia; e, por fim, trata-se de um modo
narrativo dialógico porque traduz a situação esquizofrênica do ser humano refém da dilaceração produzida pelas exigências e
pelos limites da razão diante de uma mentalidade mágica remanescente. Tal dialogismo precisa ser examinado em sua origem
e em seu desenvolvimento como fenômeno social, o que demanda uma leitura sociocrítica. O objetivo desta apresentação é
discutir as ideias de Jean Fabre presentes tanto em seu artigo de 1991, "Pour une sociocritique du fantastique" (Por uma
sociocrítica do fantástico) quanto em seu livro de 1992, "Le miroir de socière" (O espelho da feiticeira) à luz dos trabalhos de
outros autores que também refletiram sobre a presença marcante da literatura fantástica em momentos históricos
caracterizados pelas revoluções científicas e sociais, tais como Chareyre-Méjan (1998), Milner (1992 e 2000), Le Guennec
(2002 e 2003) e Bozzetto & Huftier (2004).
A RETÓRICA DA CAMINHADA NAS OBRAS DE ADRIANA LISBOA E ADRIANA LUNARDI
Resumo
RESUMO: Passageiros, viajantes, estrangeiros são personagens abundantes na ficção brasileira recente, assim como também
é frequente a opção por tramas que se desenvolvem em espaços públicos como ruas, rodoviárias, aeroportos, locais de
passagem ou os chamados “não-lugares”, de acordo com Marc-Augé (2008). Presente nas obras de Adriana Lisboa e Adriana
Lunardi essa condição de caminhante relaciona-se tanto a um processo de busca de redefinição identitária das personagens, de
um lugar no mundo, como também pode ser lida como representação da procura de uma voz autoral, de uma assinatura das
próprias autoras. Transitar pelos espaços urbanos é caminhar por meio de vestígios, pegadas, histórias de vida incrustradas
nas paredes, muros e ruas (RICOUER, 1998), traçar uma trajetória sobre as marcas de outras trajetórias. Nesse sentido,
nessas ficções, andar e escrever são atividades que se equivalem e se complementam, uma vez que o processo de escrita se
apresenta como busca por um caminho entre os caminhos já percorridos por outras histórias, outros textos. Em virtude disso,
este estudo objetiva expor como a retórica da caminhada, ao mesmo tempo em que é fundamental para a reconstituição
identitária das personagens, aponta para a própria concepção de escrita posta em jogo pelas autoras.
A CONSTRUÇÃO DOS SUJEITOS E SENTIDOS NO DISCURSO DA MÍDIA IMPRESSA SOBRE A UNIVERSIDADE FEDERAL
DE GOIÁS
Resumo
A partir da circulação de discursos materializados nos jornais O Popular e Jornal UFG buscamos compreender a questão que
envolve a constituição dos sujeitos e a construção dos sentidos em matérias jornalísticas que se refiram a Universidade Federal
de Goiás. Sendo o jornalismo um gênero discursivo dotado de características próprias, entendido como prática discursiva
articulada por diferentes sujeitos, pretendemos refletir acerca da relação estabelecida entre sujeitos e discursos, a partir de uma
percepção de cunho mais institucional apresentada pelo Jornal UFG e de uma percepção com caráter comercial atribuída ao
jornal O Popular. Com base nos pressupostos teóricos de Michel Pêcheux concernentes a constituição do sujeito que se move
nas relações interdiscursivas e assume diferentes posicionamentos, buscamos compreender a maneira como jornalista e fonte,
se constituem enquanto sujeitos discursivos nos dois jornais, bem como a forma como ocorre, a partir dos dois jornais, o
processo de construção dos sentidos, onde um determinado discurso pode ter efeitos de sentido diferentes, a partir da posição
dos sujeitos que ocasiona a existência de deslocamentos discursivos e deriva dos sentidos.
LÍNGUA PORTUGUESA: RELAÇÕES DE SABER-PODER NA MÍDIA CONTEMPORÂNEA
Resumo
As relações políticas e econômicas realizadas pelo Brasil no cenário mundial têm contribuído para a ascensão da Língua
Portuguesa, na contemporaneidade. A produção de sentidos sobre o status da Língua Portuguesa tem sido constantemente
materializada pela mídia contemporânea. Esta prática analítica se justifica pela ocorrência de discursos midiáticos que
representam a Língua Portuguesa como “língua de mercado”, “língua transnacional”, “língua de cultura”, e outros, consideramos
a importância de realizarmos um gesto de leitura fundamentada teoricamente na Análise do Discurso Francesa e seus
desdobramentos no Brasil, com base nos pressupostos metodológicos apresentados por Michel Foucault, a fim de
compreendermos como ocorrem a formulação e a produção de sentidos acerca do “novo status da Língua Portuguesa” na mídia
contemporânea; quais os regimes de verdade estão presentes no discurso sobre a Língua Portuguesa na contemporaneidade e
como acontecem as relações saber – poder neste contexto histórico, econômico, em que a Língua Portuguesa encontra- se
inserida.
TÍTULO: CARNAVALIZAÇÃO NA PEÇA LISBELA E O PRISIONEIRO, DE OSMAN LINS
Resumo
Este artigo tem como objetivo demonstrar elementos de carnavalização na peça Lisbela e o Prisioneiro (2003), de Osman Lins.
Por meio de um tom cômico, o autor brinca com as convenções sociais estabelecidas, renovando-as no enredo e evidencia um
“mundo às avessas”, mais tolerante, enraizado nas expressões populares. Diante dessas características, na busca por ampliar
as interpretações da obra, o texto foi lido por intermédio do conceito da carnavalização na literatura (Mikhail Bakhtin, 1999). A
partir disso, foi possível perceber que Lins se apropria da atmosfera democrática da festa popular e cria um mundo onde os
mais fracos têm voz e poder de decisão para renovar os valores e verdades oficiais. Nesse universo ficcional carnavalizado
construído pelo autor, a dura, chata e séria realidade cheia de regras impostas pelos tipos ficcionais mais fortes são
neutralizadas, ou melhor, o medo de punição foi abolido, e com isso, todo desejo de liberdade dos personagens oprimidos pode
se concretizar, nessa segunda vida mais risonha e libertária, proporcionada pelos elementos de carnavalização presentes no
enredo. Dessa forma, o resultado aqui divulgado, aprofunda a fortuna crítica do autor (ainda escassa) e contribui com o campo
dos estudos literários.
AS LÁGRIMAS AMARGAS DE PETRA VON KANT: O TEATRO CINEMATOGRÁFICO DE RAINER FASSBINDER
Resumo
Em 1972, o diretor alemão Rainer Werner Fassbinder escreveu a peça As lágrimas Amargas de Petra Von Kant. Alguns meses
depois, ele roteirizou e levou sua dramaturgia para o cinema. A ponte entre teatro e cinema é umas das suas principais
características que o acompanhará durante toda sua carreira. As suas peças possuem elementos do cinema, como cortes de
cena, e um forte apelo visual nos figurinos e cenários. Do mesmo modo, o teatro para o cinema, ao propor planos longos,
movimentos coreografados e posicionamento estático da câmera. Sua obra é carregada de teatralidade, as personagens
repletas de uma força interna, prontas para uma explosão cênica. Toda a obra de Fassbinder mantém essas características e a
procura é por uma teatralidade, como a evidenciada no pensamento de Jean-Pierre Sarrazac, que afirma a “teatralidade,
considerada síntese alquímica, gera por fim um desaparecimento do texto sob seu potencial universalista, pois recorre a outra
sensações; o potencial substitui o real, o devir o ser, o virtual o atual”. Rainer Fassbinder integrou a geração de artistas do
Cinema Novo Alemão na década de 1960/70, que teve diretores como Win Wenders e Werner Herzog. Eles buscaram
inspiração em alguns aspectos do teatro de Brecht, mecanismos para despertar a consciência do público e produzir obras que
incentivassem a reflexão sobre a realidade dessas pessoas. A proposta deste trabalho é mostrar possíveis intersecções entre o
cinema e o teatro na literatura dramática, através da análise de alguns traços da teatralidade na peça As lágrimas amargas de
Petra Von Kant.
A HIPOTAXE ADVERBIAL: FUNÇÕES TEXTUAL-DISCURSIVAS NO GÊNERO RESPOSTA ARGUMENTATIVA
Resumo
Propomos neste trabalho analisar como a hipotaxe adverbial pode contribuir para a construção da argumentatividade do gênero
resposta argumentativa Para isso, selecionamos como objeto de análise as produções textuais que foram melhor avaliadas pela
Banca de Avaliação dos candidatos ao vestibular de verão da UEM/2011. Levando em consideração o panorama teórico, o
funcionalismo, a hipótese a ser explorada neste trabalho corresponde à investigação das funções textual-discursivas das
orações adverbiais que funcionam como valor de guia, ponte de transição, moldura, foco, função tópica dentre outras funções
na articulação de orações que podem contribuir para a construção da argumentatividade do gênero resposta argumentativa.
Como aporte teórico, aliamos estudos de funcionalistas como Mann & Thompson (1988); Matthiessen & Thompson (1988),
Taboada M.; Gómez-Gonzalez da Teoria da Estrutura Retórica do Texto. De acordo com essa teoria, as relações retóricas dão
coerência ao discurso, conferindo unidade e permitindo que o produtor atinja seus propósitos com o texto que produziu, ou seja,
essa teoria fundamenta-se no principio de que o texto tem uma estrutura retórica subjacente à estrutura superficial e, por meio
de uma análise dessa estrutura, seria possível recuperar o objetivo comunicativo que o produtor pretendeu atingir ao escrevê-lo.
Somam-se a esse enfoque os pressupostos de Decat (2009); Neves (1999; 2000) dentre outros estudiosos, às postulações
sobre gêneros defendidas por Bakhtin (2000).
AULAS DE INGLÊS E PORTUGUÊS PARA ALUNOS SURDOS: UMA REFLEXÃO SOB A ÓTICA DO LETRAMENTO CRÍTICO
Resumo
Este trabalho propõe um ensino significativo sob a ótica do Letramento Crítico - nas aulas de inglês e português – para aqueles
que têm a Libras como primeira língua. Para isso foi realizada uma breve pesquisa em uma escola especial da rede pública da
cidade de Belo Horizonte/MG envolvendo professores, alunos e uma supervisora. A princípio, o estudo objetivava focar apenas
as aulas de Língua Inglesa. No entanto, a Língua Portuguesa (escrita) é a mais acessível e também a mais utilizada no ensino de
inglês para surdos brasileiros. Por isso, foi necessário também inseri-la no estudo para identificar possíveis influências que um
idioma pode exercer sobre o outro. As entrevistas e conversas realizadas com dois alunos surdos mostram um lado muitas vezes
não explorado nas pesquisas com essa temática, onde sonhos e anseios são expostos em relação à aprendizagem de uma
língua estrangeira (inglês). Além disso, foram analisadas também as percepções de uma professora surda sobre aulas de língua
portuguesa.. Na maioria dos casos, o Português é ensinado da mesma forma que se ensina aos alunos ouvintes brasileiros,
nativos dessa língua. Surgem, portanto, alguns fatores desfavoráveis a uma aprendizagem efetiva. A partir dessa dificuldade,
vem a alegação do professor de Língua Inglesa de que, para se ensinar bem o Inglês, é necessário que o aluno surdo possua um
domínio maior do Português. Estratégias e abordagens baseadas nas teorias de Letramento Crítico são alternativas que podem
ressignificar de maneira mais objetiva o ensino dessas disciplinas e contemplar com mais êxito a aprendizagem. Outros
resultados e reflexões dessa pesquisa serão apresentados e debatidos neste trabalho.
GÊNEROS JORNALÍSTICOS NO CONTINUUM FALA-ESCRITA
Resumo
Sobre as relações entre fala e escrita, Marcuschi (2001) mostra que as abordagens dicotômicas cada vez mais estão cedendo
lugar à noção de continuum. Nesse sentido, estamos diante de “um novo objeto de análise e uma nova concepção de língua e
de texto, agora como um conjunto de práticas sociais” (Op. Cit., p. 15). Este trabalho analisa o uso de Sintagmas Nominais
complexos em três gêneros da esfera jornalística em língua espanhola: artigos de opinião, notícias e postagens de blog sobre
esportes vinculado a um jornal digital. Consideram-se SNs complexos aqueles que, considerando também o núcleo, possuem
três ou mais constituintes (cf. OLIVEIRA, 2013; 2014). Além dessa concepção, também levam-se em conta aspectos teóricos do
Funcionalismo Linguístico (CUNHA, 2008; CUNHA, BISPO & SILVA, 2013; NEVES 2004) e da análise de Gêneros Textuais
(BAKHTIN, 2003; HALLIDAY & HASAN, 1989). Do ponto de vista formal, foi estudada a complexidade dos SNs, medida através
da quantidade de itens lexicais, do número de encaixes e da morfologia do nome. E do ponto de vista discursivo-funcional,
foram analisados função sintática e status informacional (PRINCE, 1981). Percebemos que os SNs complexos estudados
apresentam-se num gradiente através dos gêneros em questão. A mídia impressa do espanhol tende a apresentar mais SNs
complexos, de complexidade mais elevada e com maior incidência de nominalizações do que a mídia digital (blogs). No
continuum fala-escrita, os blogs, por serem gêneros digitais e apresentarem maior imediatismo em relação aos gêneros
impressos, aproximam-se mais da fala coloquial. Por outro lado, as notícias e artigos de opinião estão mais próximos da escrita
formal.
PRESENÇA DA MITOLOGIA DOS ORIXÁS NA LITERATURA INFANTIL BRASILEIRA: ANÁLISE DA OBRA IFÁ, O ADIVINHO,
DE REGINALDO PRANDI
Resumo
Não é novidade afirmarmos que a literatura infantil colabora, sobremaneira, com o processo de aprendizado da criança, não
somente no que tange à leitura e escrita, mas também ao início da criação de uma bagagem cultural e a um senso crítico acerca
daquilo que a envolve. Enraizada por uma tradição eurocêntrica, a literatura infantil brasileira perpetuou, copiosamente, diversos
preceitos que negligenciaram culturas que fazem parte da unidade sócio-histórica de nosso país. É, pois, somente a partir do final
do século XX, que livros voltados ao público infantil começaram, com maior ênfase, a tratar assuntos referentes a um número
maior de culturas condizentes com a realidade e anseios de seus leitores. O trabalho em questão foi motivado pelo fato de haver
poucas referências bibliográficas dedicadas aos livros destinados a crianças cujos temas estão atrelados à temática da mitologia
iorubá. O artigo em pauta tem a pretensão de analisar o livro Ifá, o adivinho: histórias dos deuses africanos que vieram para o
Brasil (2002), de Reginaldo Prandi, para verificar a presença mitológica dos orixás enquanto temática, e como alguns mitos
escolhidos pelo autor são abordados por meio de uma linguagem adequada ao público infantil, carregada de lirismo, simbologia e
referências ao sagrado. Este trabalho foi resultado de uma pesquisa realizada para a disciplina denominada Literatura
Afro-brasileira, do programa de mestrado em Letras, da Universidade Estadual de Londrina, referente ao primeiro semestre de
2014.
O CONECTOR 'IGUAL' E AS IMPLICAÇÕES DA TRANSFERÊNCIA CONCEPTUAL METAFÓRICA PARA O PROCESSO DE
GRAMATICALIZAÇÃO
Resumo
Este estudo investiga as motivações sincrônicas e diacrônicas para os comportamentos da palavra igual em seus diversos usos,
sobretudo aqueles que não são o de modificador, seu uso prototípico. Assim, postulam-se duas hipóteses: 1) esse item
desempenha papéis mais gramaticais, como a conexão de cláusulas hipotáticas e; 2) a palavra deve ter sofrido, em algum
momento da história da língua, uma extensão metafórica muito particular. Em Tota (2013), defendeu-se a ideia de que igual
passa por um processo de gramaticalização, em que expressões lexicais tornam-se mais gramaticais. Para tanto, o autor
descreveu sincronicamente a trajetória desse processo, baseando-se em pressupostos teóricos funcionalistas (Bybee, 2010;
Heine, 2003; Barreto, 1999; entre outros). Acrescendo-se de novas fundamentações – como Croft (2001) e Goldberg (2006) –,
este novo trabalho tem o objetivo de descrever, em outra perspectiva, a gramaticalização de igual, além de ratificar as propostas
anteriores. Para recorrer a situações reais de interação, são utilizados quatro corpora de análise, que se estendem em um
continuum do nível oral ao escrito: D&G, Roteiro de Cinema, Proj. VARPORT e Jornal Adufrj. Até então, já se verificam alguns
resultados: se em comportamento híbrido, igual integra a mesma construção em diferentes recortes temporais; a análise
diacrônica dos dados evidencia mudanças analógicas; sincronicamente, as propriedades flexionais do termo têm sido
rearranjadas; igual dá conta de proposições relacionais diversas. Empreendendo esta investigação, espera-se que sejam
estimuladas novas perspectiva de análise, a fim de que se repensem questões relativas ao ensino e à articulação de cláusulas.
VIOLÊNCIA E EXPOSIÇÃO FEMININA NA INTERNET: DISCURSOS DE PODER
Resumo
O presente trabalho tem como objetivo discutir sobre alguns aspectos de gênero/ sexualidade e identidade feminina em textos
que tratam de uma forma de violência específica contra a mulher: a chamada “pornografia de revanche/vingança”. Esse tipo de
violência se configura pela exposição de corpos femininos e de situações de intimidade e nudez a partir de materiais fílmicos e
fotográficos lançados na internet principalmente por ex-companheiros das vítimas. Para refletirmos sobre esse assunto,
analisamos parte da sessão Mulheres do Mundo, do site da revista Marie Claire. Esta sessão está em análise para uma
pesquisa de dissertação, e no momento, nos atemos em três textos que tratam dessa temática específica. As reflexões sobre as
questões de discursividade serão feitas a partir de análise bakhtiniana. Entendemos que a identidade feminina é marcada tanto
pela corporeidade nas relações de gênero como também pelo contexto dessa produção, que nesse caso é a internet. Sendo
assim, pretendemos compreender as relações identitárias e as formas de produção delas na sociedade chamada
“pós-moderna”, marcada pela instabilidade das novas tecnologias, a partir de Castells (1999) e Geraldi (2011). A apresentação
do material selecionado da sessão Mulheres do Mundo se mostra como material ainda em construção por conta das
dificuldades advindas das instabilidades cibernéticas. Para analisar este momento, pensaremos as relações da sexualidade
feminina marcada pela violência na internet a partir de Louro (2000), (Hall, 1997) e dos autores já mencionados. Ao final,
tecemos as considerações sobre o trabalho.
LITERATURA E MÍDIA: A VISIBILIDADE EM “NÓS, OS EXCÊNTRICOS IDIOTAS”, DE ANA PAULA MAIA
Resumo
A literatura brasileira contemporânea, imersa no fenômeno cultural denominado pós-modernismo, tem sido produzida com base
em temas como a presentificação do real, a representação do caos existencial do indivíduo fragmentado e a violência. Além
disso, é inegável a proximidade entre a escrita literária e a mídia. Ítalo Calvino (1990), ao refletir sobre o fenômeno literário, no
fim do milênio, aponta seis propostas para a escrita literária dos próximos tempos, dentre as quais destacamos três: a
visibilidade, a rapidez e a exatidão. A fim de verificarmos tais propostas e observarmos a recorrência dos temas supracitados na
literatura contemporânea, escolhemos o conto “Nós, os excêntricos idiotas”, de Ana Paula Maia, publicado numa antologia de
contos chamada “25 mulheres que estão fazendo a nova literatura brasileira” para uma análise que leva em consideração como
se dá a efetivação das propostas de Calvino nessa ficção literária contemporânea bem como a maneira como a autora lida, em
seu tecer literário, com as questões da influência da mídia na sociedade, já que,facilmente, podemos perceber nesse conto a
influência do zapping, teorizado por Beatriz Sarlo (1997), nas ações das personagens.
FALA, LEITURA E ESCRITA: CAMINHOS QUE SE CRUZAM NA AQUISIÇÃO DO SISTEMA ALFABÉTICO
Resumo
Este estudo analisa e discute, com base nos pressupostos teóricos da Neurolinguística Discursiva (ND), dados de escrita de
dois sujeitos, RM de 11 anos e FS de 9 anos, ambos em acompanhamento fonoaudiológico longitudinal em virtude de queixas
relacionadas à aquisição de leitura e de escrita. No caso de FS havia ainda uma queixa de atraso na aquisição da fala e
linguagem. A análise dos dados tem como fios condutores: (i) a noção de níveis de análise linguística formulada por Benveniste
(ii) os conceitos de representação de palavra e de representação de objeto presentes no estudo crítico sobre as afasias de
Freud, ambos incorporados produtivamente ao arcabouço teórico da ND. É preciso destacar que, embora os sujeitos desse
estudo apresentem histórias particulares, bem como dificuldades específicas de leitura e de escrita, os dados analisados
mostram que ambos, em determinado momento do processo de aquisição da leitura e da escrita, percorrem um caminho similar
no que diz respeito à relação oral/falado e o letrado/escrito que interpretamos como um lugar comum tanto de entrave para as
crianças como, também, de descoberta. Do ponto de vista terapêutico, supomos que o reconhecimento desse momento/lugar
pode desencadear práticas clínicas diferenciadas.
UM ESTUDO SOBRE JUNÇÃO CONDICIONAL E TRADIÇÕES DISCURSIVAS EM TEXTOS ESCRITOS DO SEGUNDO CICLO
DO ENSINO FUNDAMENTAL
Resumo
Este trabalho tem o objetivo de analisar o processo de inserção de escreventes do segundo ciclo do Ensino Fundamental de uma
escola pública de São José do Rio Preto, em fase de aquisição da linguagem em seu modo de enunciação escrito, nas técnicas
idiomáticas da língua, consideradas fundamentalmente linguísticas, e também nas técnicas discursivas, que são linguísticas,
culturais, convencionais e históricas (Koch, 1997; Oesterreicher, 1997). Para tanto, pretende-se observar o fenômeno da junção
condicional, atentando-se para o modo variável pelo qual os escreventes codificam o nexo de condição e para a natureza da
relação que se estabelece entre as construções condicionais e as Tradições Discursivas em que se inserem. A pesquisa
fundamenta-se em um modelo de junção sistêmico-funcional de Halliday (1985), aliado a abordagens textuais relacionadas aos
modos de composição paratático e hipotático (BÉGUELIN et al, 2010), assim como nos estudos de Koch (1997), Oesterreicher
(1997) e Kabatek (2005, 2006), que consideram a inserção dos escreventes nas técnicas idiomáticas e discursivas da língua
como um processo gradual, revelador do caráter variável da linguagem. Dessa perspectiva, adota-se uma concepção de escrita
heterogênea, que prevê o convívio entre o falado e o escrito, conforme defende Corrêa (2004). Essa relação indissociável entre
fala e escrita revela a convivência do escrevente com diferentes práticas sociais de oralidade e letramento, fato que pode justificar
tanto as flutuações nos mecanismos de junção condicional, como o modo cambiante pelo qual os escreventes transitam pelas
Tradições Discursivas da escrita.
O SER NO SER: RELAÇÕES DE PERTENCIMENTO NO ESPAÇO SILENCIOSO DO EU.
Resumo
Fernanda Tonholi Sasso (PG/UEM) – CPF042.527.859-01 Alessandra Regina de Carvalho (PG/UEM) – CPF 025.816.899-43
RESUMO: A narrativa contemporânea em reflexo do espaço sócio histórico do homem é, tal como o ser, ambíguo: de um lado,
o romance atual traz muitos elementos herdados do gênero puro, como descrição de espaço e tempo conforme o modelo
tradicional da obra. Por outro, a seleção de temas pertinentes ao novo ser e a nova sociedade em que vivemos, exige que
muitas vezes tais elementos se consolidem de modo que o gênero se dissolve em alguns aspectos, fugindo à concepção
romanesca originada no clássico. Este gênero não sustenta mais a necessidade que o homem tem de se contar. As relações
político-sociais transformaram não apenas fronteiras geopolíticas, mas tiveram impactos significativos nas relações do homem
com o próximo e também consigo, assim não é possível falar no romance da modernidade sem considerar o indivíduo moderno.
Com tais palavras afirma-se que as inovações encontradas no fazer literário do século XX são consequências das novas visões
que as pessoas somam às suas, de forma que novas descobertas e experiências moldam o ser, o social e o literato. Nesse
sentido, este estudo visa demonstrar a interpretação do eu no romance The Secret Life of Bees, de Sue Monk Kidd. Durante a
análise, mostrar-se-á como se constrói a percepção de mundo e vida da protagonista Lily, ao redor de um universo racista e
sexista. Através do silenciamento de um discurso onisciente interno, que se apóia na compreensão do sagrado no humano, as
relações de opressão vão sendo pouco a pouco quebradas, culminando com um final surpreendente.
RELAÇÕES RETÓRICAS SINALIZADAS PELA ESTRATÉGIA DE PARAFRASEAMENTO EM ELOCUÇÕES FORMAIS
Resumo
Este trabalho teve como objetivo investigar as relações retóricas presentes na estratégia de paráfrase em elocuções formais. A
pesquisa utilizou-se de pressupostos funcionalistas da Teoria da Estrutura Retórica (Rhetorical Structure Theory - RST), teoria
descritiva que tem como objeto de estudo as relações que se estabelecem entre as partes do texto, e na Gramática
Textual-Interativa. O corpus da pesquisa foi constituído por cinco aulas que fazem parte do banco de dados do Funcpar (Grupo
de Pesquisas Funcionalistas do Norte/Noroeste do Paraná). As elocuções foram transcritas de acordo com o padrão
estabelecido pelo Projeto Norma Urbana Culta (NURC) e segmentadas em unidades de entonação. Com a análise do corpus,
observamos algumas recorrências e relações entre a semântica das paráfrases e a RST. Quando as paráfrases eram
expansivas, as relações retóricas estabelecidas eram de evidência e de elaboração. Quando as paráfrases eram paralelas, a
relação retórica estabelecida era de reformulação núcleo-satélite. Quando as paráfrases eram redutoras, a relação retórica
estabelecida era de resumo. Por meio deste trabalho, espera-se colaborar para futuras pesquisas que envolvam a RST e as
estratégias de formulação do texto falado, especialmente a paráfrase.
MARCAS DA ORALIDADE NA PRODUÇÃO ESCRITA DE ALUNOS DAS SÉRIES INICIAIS
Resumo
É muito recorrente em produções escritas de alunos, marcas de suas falas. Isso acontece porque o aluno está recentemente
entrando em contato com a língua escrita, e o conhecimento que ele possui da própria língua é apenas oral. Segundo Bagno
(2007), “as pessoas falam mais do que escrevem”, entretanto, no ensino de língua portuguesa nas escolas, é dada maior
importância para escrita do que para a oralidade. As marcas presentes na produção escrita são consideradas erros por parte
dos professores. Tal concepção é errônea, pois a língua é um fator social e cultural, e negar essas formas linguísticas seria
como negar a cultura a que pertence o aluno. É claro que a maioria dos estudante quando chega à escola conhece apenas a
variante não-padrão da língua, e, nesse caso, é necessário que também conheça a variante padrão da língua, mas sem
desprezar aquilo que o aluno já traz consigo. Diante dessas constatações teóricas, e como bolsista CAPES/INEP dentro do
Projeto de Pesquisa Institucional Formação Continuada para professores da educação básica nos anos iniciais: ações voltadas
para a alfabetização em municípios com baixo IDEB da região Oeste do Paraná, nosso objetivo é buscar marcas presentes nas
produções escritas de alunos das séries iniciais, procurando manter relações com o contexto discursivo dos alunos. Entender o
motivo da presença de tais marcas orais nessas produções escritas, levando em consideração a variação linguística, e buscar
meios para trabalhar com o fenômeno. Para a realização de tal pesquisa foram analisados cinco textos, produzidos por alunos
do quinto ano, coletados no ano de 2013 no município de Lindoeste – PR.
O ACONTECIMENTO NAS REDES DE MEMÓRIA: O PAPEL DO ANALISTA
Resumo
Tomado como objeto teórico-metodológico, o acontecimento configurou-se como conceito norteador para análises produzidas
em áreas diversas das ciências humanas, revelando-se particularmente produtivo em trabalhos de cunho histórico,
comunicacional, sociológico e discursivo. Na Análise de Discurso, ele ganha força teórica a partir da reflexão proposta por
Michel Pêcheux, para quem ´o discurso não é independente das redes de memória e dos trajetos sociais nos quais ele irrompe´.
Nesta perspectiva, o acontecimento assinala a possibilidade de ´desestruturação-reestruturação dessas redes e trajetos´. Ao
significar o acontecimento, portanto, os sujeitos promovem recortes no interdiscurso gerando efeitos de sentido na atualidade,
que convocam os analistas de discurso a produzir interpretações que levem em conta a tensa relação entre memória e
esquecimento. Neste trabalhos, propomos uma retomada do conceito de acontecimento de modo a centrar nossa reflexão no
papel do analista e nos elementos que teoricamente estão postos para a apreensão, anállise e interpretação do acontecimento.
Busca-se assim problematizar o papel do analista frente à teoria do discurso na vertente aberta por Pêcheux e aos
procedimentos utilizados para cercar o objeto de análise. Como exercício, a partir das questões identificadas como parâmetros
a serem seguidos e colocados em questão, nos propomos a uma análise de postagens em um dia numa página pessoal do
Facebook.
ANÚNCIOS EM JORNAIS IMPRESSOS DOS SÉCULOS XX E XXI: EMERGÊNCIA, ESTABILIDADE E MUDANÇA DE
TRADIÇÕES DISCURSIVAS
Resumo
O presente plano de Trabalho pesquisa aspectos da constituição de anúncios de jornais do Rio de Janeiro, Pernambuco e
Ceará dos séculos XIX e XX, identificando regularidades textuais (TD) que caracterizam esse gênero no período. O corpus
utilizado na análise qualitativa, a ser desenvolvida, é composto por anúncios coletados e transcritos por pesquisadores e
bolsistas do PHPB. Essa pesquisa mostra que as mudanças (nos anúncios) não estão ligadas somente à língua particular, mas
também à historicidade textual. A historicidade textual de um enunciado diz respeito às regularidades que estão ligadas a
esquemas textuais e não à língua particular. Koch (1997) postula a existência de formas tradicionais de textos, as quais ele
denomina tradições discursivas (TD). Segundo o autor, as TD englobam diversos níveis da linguagem, podendo pertencer a
diferentes níveis de análise, desde aspectos estruturais (na sintaxe, por exemplo), semânticos (no vocabulário, por exemplo) até
textuais (gêneros textuais e estilos). Assim, a atualização de um enunciado é também a atualização de modelos textuais.
Portanto, neste Plano de trabalho, busca-se identificar diferentes TD que “atravessam” a variante de gênero textual anúncio nos
séculos XIX e XX trazendo importantes contribuições não só para a história do gênero textual, mas para a história do Português
Brasileiro.
POLÍTICA PÚBLICA E VIDA PRIVADA EM CRÔNICAS DE AFFONSO ROMANO SANT’ANNA
Resumo
As diferentes áreas de análise linguística e textual concordam que os textos são carregados de ideologia e, portanto, não
podem ser imparciais. A Literatura, por sua vez, segue a mesma linha de pensamento, o que provoca, muitas vezes, a produção
de análises literárias as quais tentam apresentar esses diferentes pontos de vista. O Jornal, por outro lado, tenta transmitir a
imagem de “texto imparcial”, mas é também inserido em um contexto de produção próprio, o que provona neles a necessidade
de carregarem suas próprias ideologias. Seguindo essa linha de raciocínio, objetivamos, com o presente artigo, analisar
crônicas de Affonso Romano Sant’Anna, presentes no livro Política e Paixão (1984), a fim de observamos os aspectos textuais
que nos permitem identificar as ideologias contidas nesses textos. Mais do que isso, essa análise busca visualizar a relação
entre crônica literária e o jornal, levando em consideração o contexto sociopolítico no qual os textos foram publicados, ou seja,
os fatos por trás das crônicas. Para tanto, temos como aporte teórico obras como as de COUTINHO (1986) e SIMON (2011), no
que diz respeito à crônica; além de HOLANDA (1936) no âmbito da formação do pensamento brasileiro.
O INTERPESSOAL E O INTRAPESSOAL: DELINEANDO PERFIS DE PROFESSORES DE INGLÊS EM FORMAÇÃO INICIAL
SOB UMA PERSPECTIVA SOCIOCULTURAL
Resumo
A comunicação tem por objetivo divulgar resultados da pesquisa de doutorado em andamento com alunas de Letras em
formação inicial de uma universidade pública da região Sul do Brasil. Ancorado em pressupostos metodológicos da pesquisa
narrativa (CONNELY; CLANDININ, 1990), os dados são gerados a partir do registro de narrativas orais por meio da realização
de grupos focais. As participantes são três graduandas de Letras Anglo-Portuguesas, e neste trabalho serão consideradas as
narrativas do primeiro ano de graduação das participantes com o objetivo de tentar delinear o perfil das alunas ingressantes no
curso. Os resultados mostram uma pré-disposição e o desejo das três participantes pela carreira docente, influência tanto de
histórias pessoais do passado quanto de experiências positivas com os seus professores na educação básica, fruto de
interações no nível interpessoal (VYGOTSKY, 2001). Apesar do interesse pela carreira docente, as participantes enumeram
vários desafios encontrados no contexto de formação (SMAGORINSKY, 2010), especialmente a proficiência na língua
estrangeira que ensinarão em um futuro breve. Mesmo assim, as narrativas revelam ainda o desenvolvimento de preferências
dentro da profissão, que se exemplificam no desejo de futuramente atuar no ensino de língua inglesa. O estudo traz importantes
implicações para pesquisas sobre professores em formação inicial, e a metodologia da pesquisa narrativa possibilita visualizar
as histórias pessoais e profissionais que caracterizam a trajetória que alunos de licenciatura vão construindo para se tornar
professores. Apoio: Fapesp (2013-04431-6).
MEMÓRIAS DA INFÂNCIA: LEITURA, LITERATURA E DESENHOS ANIMADOS.
Resumo
O presente estudo, centrado na memória e nas histórias de vida de trinta e dois entrevistados, pretende discutir alguns
elementos inscritos no processo de formação de leitores de dois grupos: o primeiro (G1), composto por quinze professores em
início de carreira, e o segundo (G2), englobando dezessete docentes com larga experiência em sala de aula e idade superior a
trinta anos. Constituindo, assim, educadores de gerações distintas, que atuavam nas séries iniciais de escolarização e formados
em diferentes contextos, a pesquisa sinalizou não muitas diferenças entre os dois quadros delineados. Em ambos
evidenciava-se o fracasso da escola nos procedimentos levantados para a formação de leitores, visto que porcentagens
significativas dos dois grupos alegaram que, na infância, não eram leitores ou não liam com frequência. Entre os que liam,
observa-se um quadro bastante curioso: enquanto o grupo 1 apresentava, como principais títulos, a narrativa A ilha perdida
(1944), de Maria José Dupré, e a cartilha Caminho Suave (1948), de Branca Alves de Lima, o grupo 2 apontava, os contos de
fadas tradicionais (Perrault, Grimm e Andersen) e, em sua maioria, justificava não se lembrar de nenhuma obra lida. Em
contrapartida, observa-se nos dois grupos a influência expressiva da TV na infância. Aqui, todos assumiam a condição de
“leitores” de desenhos animados, veiculados pelas emissoras Globo, SBT e Cultura. Elencavam, assim, séries dos anos 80 e 90
como Os Smurfs (1980), Zé Colmeia (1961), Ursinhos Carinhosos (1985), Urso do Cabelo Duro (1971), A Corrida Maluca (1968)
e, em maior escala, Pica-pau (1940) e A Caverna do Dragão (1983).
UM RELATO DE EXPERIÊNCIAS COM MATERIAIS DIDÁTICOS PARA O ENSINO DE LÍNGUA E LITERATURA LATINAS
PARA ADOLESCENTES E JOVENS ADULTOS
Resumo
Esta comunicação tem como proposta apresentar um relato de experiências com materiais didáticos para o ensino de língua e
literatura latinas para adolescentes e jovens adultos. O latim é tradicionalmente ensinado por meio da tradução de textos
canônicos. Dessa forma, o ensino de latim é normalmente associado à leitura e interpretação erudita. Todavia, há atualmente
um esforço para que o latim seja ensinado como língua viva. Para isso, o uso didático da prática de conversação em sala de
aula, de maneira aproximada ao que se faz no ensino de línguas modernas, vem sendo desenvolvido no Brasil e em outros
países. Essa nova abordagem permite que o aprendiz se familiarize com as relações de funcionamento entre os níveis
fonológico, morfológico, sintático, semântico e pragmático desse idioma. Em nossa comunicação, analisaremos três livros-textos
que, em diferentes graus, apresentam o latim como língua viva, a saber: Lingua Latina Per Se Illustrata, de Hans Orberg,
Reading Latin, de Peter V. Jones e Keith C. Sidwell, Latina Essentia: preparação para o latim, de Antônio Martinez de Rezende.
Na abordagem desses materiais, faremos reflexões críticas sobre os conceitos e metodologias de ensino em que se baseiam.
Além disso, a partir de nossa experiência, refletiremos sobre a eficácia das diferentes propostas utilizadas nesses livros-textos,
na medida em que preparam seus usuários para a leitura dos clássicos da literatura latina.
EROTISMO NOS VAMPIROS DE A. TOLSTÓI E M. TEIXEIRA GOMES
Resumo
Embora o uso de conceitos como os de "centro" e "periferia", ao menos no que diz respeito a questões como influência e
"imitação", encontrem-se felizmente defasados na crítica literária atual, é inegável que independentemente do tema que
decidamos investigar, alguns textos são mais recorrentemente lembrados do que outros. Ainda que nomes como Fiódor
Dostoiévski (1821-1881) e Fernando Pessoa (1888-1935) sejam amplamente conhecidos, quando o assunto é literatura
fantástica russos e portugueses são raramente mencionados. Nossa proposta é realizar uma breve análise dos contos A
Família do Vurdulak (1884), do autor russo Alekséi Tolstói (1817-1875), e Sede de Sangue (1909), do português Manuel
Teixeira Gomes (1860-1941). Partindo especialmente do texto seminal de Victor Hugo (1802-1885) acerca do Grotesco e do
Sublime, nos valeremos de considerações teóricas do fantástico - T. Todorov (1939) e R. Ceserani (1933) - e do erotismo de G.
Bataille (1897-1962), assim como de possíveis alusões a outras obras literárias, para propor algumas reflexões em torno da
figura do vampiro e do que ela pode nos dizer sobre a construção ficcional nas literaturas que gravitam em torno do
evanescente conceito do fantástico.
ANÁLISE DE UM FOLDER PROPAGANDÍSTICO DO CANDIDATO A DEPUTADO FEDERAL ZECA DIRCEU ÀS ELEIÇÕES
2010, SOB A PERSPECTIVA DA ANÁLISE DO DISCURSO
Resumo
O presente trabalho analisa, sob a perspectiva da Análise do Discurso, um folder propagandístico da campanha eleitoral para as
eleições de 2010 no Brasil, do candidato a deputado federal pelo Partido dos Trabalhadores Zeca Dirceu. Com base no
referencial teórico de Maingueneau, Orlandi, Brandão, Koch, Amossy, Mussalim e Bentes, foca-se a questão do gênero de
discurso ao que pertence o panfleto, as suas relações com outros gêneros de discurso, assim como a relação entre linguagem e
política. Ainda, as formações ideológicas que atravessam os discursos presentes no texto, a identidade do sujeito, nos
desdobramentos e a posição do enunciador e do enunciatário, o código e repertório necessários para a compreensão do
enunciado e a intertextualidade. A análise feita permitiu estabelecer nexos de união da propaganda eleitoral com a propaganda
comercial, similares na elaboração de recursos de catação, linguagem e organização dos argumentos discursivos. Finalmente,
designamos o candidato Dirceu como autor empírico do texto; ou seja, acreditamos que ele desenhou a sua própria campanha.
Todavía, que tentou não apresentar-se como tal e criou, por esse motivo, um narrador ficçional que se expressava em terceira
pessoa.
A CONSTRUÇÃO DO ORGULHO DE PERTENCER À MINORIA NEGRA NA REVISTA RAÇA BRASIL
Resumo
A segmentação do público de veículos de comunicação como rádio, televisão, portais de internet e outros corresponde a uma
tentativa de ampliação de mercados por parte das empresas de comunicação. Segundo Mira (1980), essa tendência é
particularmente observável no mercado revisteiro, em que se observa a profusão de revistas voltadas a públicos cada vez mais
específicos. Entre estes, podem ser encontrados grupos desprestigiados da sociedade, como o dos negros, os quais são
conhecidos como minorias. Com base no estudo de Bastide (1973) a respeito da imprensa negra, adotamos como pressuposto
a ideia de que as revistas para negros procuram agir, por meio de seus discursos, de modo a contribuir para a construção de
uma autoestima minoritária. Interessa-nos, pois, identificar e descrever procedimentos linguístico-discursivos de que as
publicações fazem uso com vistas a defender a tese de que a pertença ao grupo minoritário não significa demérito e, assim,
polemizar com os discursos discriminatórios que naturalizam representações preconceituosas. A fim de cumprir este objetivo,
foram selecionados cinco textos da revista Raça Brasil, tradicional publicação voltada a negros, em que indivíduos dessa
minoria são retratados. Utilizamos, como embasamento teórico, os trabalhos de van Dijk (2006) sobre a tríade
discurso-sociedade-cognição, de Tajfel (1984) a respeito das minorias, e de Perelman e Olbrechts-Tyteca (1996 [1958]) sobre
argumentação, entre outros.
UM OLHAR HISTÓRICO SOBRE AS CONSTRUÇÕES DERIVADAS DE TANTO
Resumo
Este trabalho discute questões de gramaticalização de juntores. A gramaticalização consiste em um processo de mudança
linguística que afeta a categoria e o conteúdo semântico de uma palavra e, consequentemente, faz com que essa palavra,
obedecendo a uma unidirecionalidade, mude seu estatuto lexical para um mais gramatical (MEILLET, 1912). Tal fenômeno se
deve principalmente ao dinamismo e fluidez das línguas, além da constante busca de expressividade. Levando em
consideração que os mecanismos de junção incluem um conjunto extenso de itens e construções fortemente predispostos a
processos de mudança (LONGHIN-THOMAZI, 2012), este trabalho prioriza especificamente a investigação das construções que
derivam do item tanto, que constitui um canal de derivação bastante produtivo. Essa diversidade de usos sugere que tanto tem
predisposição à mudança, provavelmente em razão de suas propriedades formais e semânticas de origem e em razão dos
diferentes contextos de uso. A escolha do corpus é mediada pelos seguintes critérios: (i) tradição discursiva: no sentido de que
a tradição condiciona o uso de determinadas construções; (ii) temporal: textos produzidos nos séculos XVIII e XIX e (iii)
espacial: textos oriundos no estado de São Paulo, já que este trabalho contribui para o Projeto de História do Português Paulista
(PHPP). O foco estará particularmente na apreensão de aspectos de flutuação e de mudança categorial de tais itens.
TERRAS INDÍGENAS NO ACRE: APONTAMENTOS TOPONÍMICOS
Resumo
Terras indígenas no Acre: apontamentos toponímicos Flávia Leonel Falchi (UFG) - CPF 028.052.041-74 Maria Suelí de Aguiar
(UFG) - CPF 242.774.361-53 O presente trabalho é um estudo toponímico sobre os nomes oficiais das terras indígenas
localizadas no estado brasileiro do Acre. No estudo, tratamos da etimologia dos topônimos dessas terras indígenas, apontamos
processos de mudança linguística nesses topônimos e trabalhamos com as taxonomias propostas por Maria Vicentina de Paula
do Amaral Dick. Nos topônimos das terras indígenas no estado do Acre, identificamos a recorrência de etnotopônimos e de
hidrotopônimos, sendo que alguns dos nomes das terras indígenas são registros da exploração do látex na região, iniciada na
segunda metade do século XIX. Ademais, fazemos, neste trabalho, apontamentos acerca das relações de poder entre índios e
não índios no ato denominativo das terras indígenas, no que diz respeito, especificamente, aos nomes oficiais dessas terras.
Palavras-chave: Topônimos, Acre, Terras Indígenas.
MORTE-COR: UMA ANÁLISE LITERÁRIA DO EMPREGO DAS CORES DIANTE DA MORTE NA OBRA O MEU AMIGO
PINTOR DE LYGIA BOJUNGA
Resumo
O conceito de morte para crianças e adolescentes é considerado um dos princípios organizadores mais sérios da vida. Acolhido
por grande parte da sociedade como um assunto-tabu, pode ser, entretanto, tratado abertamente pela literatura, em especial,
pela produção destinada a crianças e jovens. Neste sentido, Lygia Bojunga se destacou, sobretudo pelo tema da morte
aparecer em quase todas as suas obras como assuntos centrais (morte acidental, homicídio, doenças, envelhecimento, morte
simbólica - privação da liberdade, perda da capacidade criativa, morte cultural). Elegeu-se, portanto, para estudo e consecução
desse trabalho, o livro O Meu Amigo Pintor (2006), por colocar em foco uma questão delicada dentro dessa esfera – o suicídio.
Porém, este assunto é abordado pela visão de um menino de quase 11 anos. O narrador protagonista, Cláudio, inicia sua busca
pelo entendimento e uma explicação lógica para o suicidio do seu melhor amigo - o Pintor. Ao se analisar a percepção do
protagonista sobre o par “vida e morte”; as cores e os fatores que levam seu amigo ao suicídio, pode-se notar a densidade e
complexidade do texto narrativo de Bojunga. Todos olham para as cores de maneira quase idêntica, no entanto, sentem-na de
formas diferentes. As cores possuem valor simbólico e capacidade de construir uma linguagem. Assim, o emprego das cores
nesta obra chama atenção, pois elas foram pontualmente eleitas para representar e expressar os sentimentos do narrador e
seus enfrentamentos sobre a morte do amigo, fazendo com que as cores assumam uma importância extraordinária para o
narrador e a narrativa.
O JARDIM DAS OLIVEIRAS: A NARRATIVA BÍBLICA DO PERÍODO
Resumo
O presente trabalho tratará de evidenciar como e quais elementos que conformam os textos da Bíblia migram para o texto
literário, mais especificamente, o conto Jardim das oliveiras, de Nélida Piñon. Se Northrop Frey tem razão ao afirmar,
categoricamente em seu Código dos códigos: a bíblia e a literatura, que a Bíblia é a base para a produção cultural e, por
conseguinte, literária do mundo ocidental, o texto de Piñon estaria, então, pautado por essa perspectiva estética. A começar
pelo título do conto, O jardim das oliveiras, os sofrimentos das personagens causados pela violência física e psicológica e a
temática da traição, evidencia-se uma estreita relação entre o conto e algumas passagens das narrativas do Novo Testamento.
A literatura produzida no período da ditadura militar está marcada, entre outras coisas, pela via crucis de Cristo e alguns
escritores a re (escreve) de diferentes maneiras. Nesse sentido, as personagens do texto literário padecem das mesmas
humilhações e agressões pelas quais o filho de Deus passou. Em linhas gerais, o trabalho demonstrará como Nélida Piñon
constrói o conto O jardim das oliveiras, lançando mão dos textos – também literários – bíblicos.
PERSPECTIVAS DA ESCRITA CRIATIVA NO CONTEXTO DA UEL
Resumo
Esta comunicação tem o objetivo de apresentar o projeto de pesquisa Escrita Criativa no Contexto da UEL iniciado em 2014.
Ainda que tenha utilizado gêneros textuais ou discursivos em meu doutorado, sinto falta de uma metodologia direcionada
àqueles que desejam se aventurar pelo mundo da escrita com desejo de ser escritor, uma vez que tenho tido em minhas aulas
de produção de textos um crescente número de aluno que desejam escrever profissionalmente. Uma possibilidade encontrada
foi a Escrita Criativa (Creative Writing, em inglês), que desde o século XIX tem sido usada como escola para escritores, mas
pouco conhecida e explorada no Brasil. A base desta metodologia está na análise e discussão de textos exemplares da
literatura num primeiro momento. Em seguida, os alunos produzem textos, a partir de exercícios propostos, que serão discutidos
por todos, intencionando desenvolver estilo e crítica. São necessários, então, suportes da teoria e crítica literária e
conhecimento textual. A maioria das referências está em inglês, mas o que talvez seja empecilho maior para a aceitação da sua
metodologia no Brasil é que os manuais são apresentados em uma linguagem não acadêmica, o que pode dar a impressão de
caráter pouco científico. Então, a dificuldade de aceitação da EC não se dará apenas quanto ao conteúdo, mas principalmente
quanto aos pressupostos acadêmicos que julgamos serem necessários ao trabalho do ensino de textos.
CONFIGURAÇÕES E REPRESENTAÇÕES DA IDENTIDADE FEMININA EM LIDIA SANTOS E MARILENE FELINTO
Resumo
A proposta com este trabalho é desenvolver uma discussão acerca da representação da identidade feminina pós-moderna.
Apoiada nas teorias de identidade, principalmente nos trabalhos desenvolvidos por Hall (2008) e Bauman (1999) e nas
discussões que Seabra e Muszkat (1987) realizam sobre as especificidades do gênero feminino, tentar-se-á, por meio de
análise, compreender as configurações que estão presentes na constituição identitária das protagonistas de três contos:
“Pequena sinfonia para flauta e cavaquinho” e “A batalha”, ambos de Lidia Santos; e “Muslim: Woman”, de Marilene Felinto. A
identidade feminina, sempre fixada e estabelecida através de parâmetros pré-definidos, passa a ser um dos tópicos
questionáveis na sociedade pós-moderna. Nos contos analisados, as personagens passam por um processo de redefinição
identitária a partir do momento em que se percebem sob a opressão masculina e as estruturas patriarcais. O foco de interesse
deste estudo está na maneira como essas mulheres lidam com as representações percebidas por referentes que elas mesmas
constroem ou que a sociedade constrói para elas. A análise será feita a partir de um olhar que não descarta a importância do
deslocamento, o qual assume um papel mais fundamental do que localização e pertencimento fixos e estáveis.
MEMÓRIAS ENCENADAS PELA ARMAZÉM COMPANHIA DE TEATRO
Resumo
Tendo como objeto de estudo as peças Inveja dos anjos e Pequenos milagres produzidas por Maurício Arruda Mendonça em
parceria com Paulo de Moraes, o presente trabalho discutirá alguns dos elementos em comum entre ambas as peças, focando
como o presente dos personagens é assolado pelo passado e como o ser humano é composto por memórias. Colocando
memórias em cena, esses textos/espetáculos levam o leitor/espectador a perceber os limites entre o ilusório e o real na ação da
peça, o que é feito por meio da mescla entre a representação de fatos cotidianos, sem perder de vista o lirismo e a linguagem
teatral peculiar da Armazém Companhia de Teatro. Tanto a peça Inveja dos anjos como Pequenos milagres foram idealizadas
com o mesmo propósito: resgatar memórias. Tal tema se repete, também, em outras produções, constituindo talvez, uma
identidade da companhia. A peça Pequenos milagres foi encenada pelo Grupo Galpão e foi criada a partir de memórias
enviadas durante a campanha “Conte sua história”; das quase 600 histórias recebidas, quatro foram selecionadas para inspirar
o espetáculo. Já Inveja dos anjos foi encenada pela companhia Armazém que, em 2002, lançou o “Projeto Memória” o qual
inclui, além de Inveja dos anjos, as peças: Da arte de subir em telhados (2001/2002); Pessoas invisíveis (2002/2003); Alice
através do espelho (2004) e Antes da toda coisa começar (2010). Este projeto de Iniciação científica faz parte das atividades de
pesquisa sobre dramaturgia e teatro londrinenses, em desenvolvimento na Universidade Estadual de Londrina.
“UM ABRAÇO DO AMIGO E ADMIRADOR DE SEMPRE, FERNANDO PESSOA”: O ETHOS NAS CARTAS DE PESSOA A
JOÃO GASPAR SIMÕES
Resumo
Esta apresentação é fruto de um dos capítulos da minha pesquisa de mestrado intitulada “A exaltação do gênio:um estudo
sobre a construção do ethos em Fernando Pessoa” desenvolvida na Universidade de São Paulo, com o apoio da Fapesp. Nesta
fase de nosso estudo, optamos por analisar as cartas de Pessoa ao crítico presencista, e futuro biógrafo do poeta, João Gaspar
Simões, pela sua exemplaridade. Essa correspondência representa, em síntese, uma amostra rica e diversificada da
correspondência literária de Fernando Pessoa. A análise do ethos na correspondência do autor, como mecanismo que cria a
imagem de um eu discursivo, é um procedimento adotado por este estudo, como forma de compreender o posicionamento do
sujeito cultural Fernando Pessoa, diante da construção do próprio mito. A correspondência marca o período de seis anos (1929
- 1935) de intenso contato entre Pessoa e Gaspar Simões. Trata-se, ao todo, de 39 cartas, das quais apenas uma viera a
público antes da publicação do conjunto da correspondência. Ora, se de fato a carta configura um meio de expressão mais
intimista e possivelmente menos concentrado do que a obra literária, ele não é menos destituída de preocupações estéticas, já
que o que se põe em jogo em sua escrita não é somente o aspecto informativo e cotidiano do poeta missivista, mas a projeção
de uma personalidade cultural. E, neste sentido, o que é dito ali toma uma importância não só para a reconfiguração da história
literária das relações de Pessoa com os companheiros de Presença, mas se evidencia como um testamento vivo das relações
do poeta com a sua própria obra.
LITERATURA JUVENIL E ASSUNTOS POLÊMICOS, ALCANÇANDO A VOZ DAS MINORIAS
Resumo
A literatura juvenil apresenta, no campo editorial brasileiro, uma produção significativa quanto ao número de obras publicadas
anualmente, fato este que aponta para um campo vasto a ser explorado, estudado e compreendido. Deste modo, a presente
comunicação faz uma análise da obra literária juvenil Cartas Marcadas: Uma história de amor entre iguais, dos escritores
brasileiros Antonio Gil Neto e Edson Gabriel Garcia, publicada em 2007 pela editora Cortez, que abarca a temática
homossexual em sua construção e está destinada ao público jovem. Sendo assim, a análise proposta revela aspectos de
construção textual de que se utilizaram os autores, observando elementos do enfoque temático sugerido pelo enredo,
apropriados por um discurso adequado ao jovem, bem como o foco narrativo e a construção das personagens. Ao tomar como
ponto de partida um assunto polêmico que faz parte do universo juvenil, tem-se o intuito de considerar novos modos de abordar
temas debatidos no âmbito do preconceito social.
CENÁRIO DE PESQUISAS SOBRE O FORMADOR DE PROFESSORES DE LETRAS
Resumo
Considerando que muitos professores ingressam no ensino superior sem uma formação específica que direcione seu fazer
docente (Matsuoka, 2012) e entendendo que a formação inicial de professores é diretamente dependente do trabalho do
formador, este estudo está alicerçado em Machado (2009) que defende o desenvolvimento de pesquisas que propiciem uma
compreensão do trabalho do formador de professores em todas as suas dimensões. Deste modo, este trabalho tem por objetivo
apresentar um panorama das pesquisas sobre o professor formador de Letras desenvolvidas no Brasil entre os anos de 1987 a
2012. A fim de atingir o objetivo, foi realizada uma busca bibliográfica no banco de teses e dissertações da CAPES a partir de
termos chaves no campo assunto. Como resultados, aponto os objetivos dos estudos que dão voz ao professor formador
evidenciando as regiões do Brasil e as instituições em que eles foram realizados, o período de crescimento de pesquisas sobre
o tema, as diferentes áreas específicas de atuação dos formadores investigados e, ainda, os diferentes instrumentos para
geração de dados. A expectativa é de que, por meio deste levantamento, a academia possa ter informações sobre pesquisas
que enfoquem o professor formador de Letras bem como detecte lacunas que ainda necessitem serem investigadas para
contribuir para atuação deste profissional, cujo agir é essencial na formação de futuros professores.
ESTRATÉGIAS DE ASSEVERAÇÃO NO DISCURSO DE POSSE PRESIDENCIAL: USOS DO VERBO SER + PREDICADOS
AVALIATIVOS
Resumo
Esta pesquisa pretende investigar como a asseveração é construída nos discursos de posse dos presidentes do Brasil eleitos a
partir de 1984. Entendendo a asseveração como uma afirmação categórica de determinada proposição que o enunciador julga
como verdadeira, interessa a essa pesquisa investigar as formas e as funções da indicação de certeza de um enunciador que
fala de um lugar de autoridade, como é o caso de um Presidente em um país democrático. Tendo em vista que a força
ilocucionária afirmativa, o modo indicativo e os tempos absolutos constituem a forma básica da asserção, serão analisadas
especialmente as orações construídas com o verbo ser + predicados nominais e predicados adjetivais avaliativos modais e
não-modais, buscando explicações pragmáticas, semânticas e sintáticas para a alta frequência dessas estruturas no corpus
selecionado. A análise aqui proposta pressupõe um aparato teórico que permita o tratamento integrado de aspectos semânticos
e sintáticos, além dos pragmáticos, não só para dar conta da estrutura das orações com verbo ser + predicados avaliativos mas
também, e principalmente, para identificar as diferentes funções que essas estruturas exercem na expressão da assertividade
do enunciador. Nesse contexto, a Gramática Discursivo-Funcional mostra-se especialmente adequada. Os resultados parciais
obtidos permitem comprovar a hipótese de que o processo comparativo e avaliativo subjacente ao estabelecimento de
igualdades (X = Y) e ao de atribuição de propriedades (X é qualificado como Y ou a X se atribui Y) permite que o enunciador, ao
utilizar essas estruturas, constitua sua assertividade expressando avaliações sem marcas do seu envolvimento.
“O USO DAS HISTÓRIAS EM QUADRINHOS EM SALA DE AULA: UMA PERSPECTIVA DE INCENTIVO À LEITURA
Resumo
A proposta “O uso das Histórias em quadrinhos em sala de aula: uma perspectiva de incentivo à leitura” teve como finalidade
discutir como esse recurso contribui para o desenvolvimento cognitivo e social do aluno. Mesmo as HQ sendo consideradas, por
muitos, algo sem relevância, o uso desse gênero textual auxilia no aperfeiçoamento da leitura, além de oferecer interação com
as pessoas e o ambiente. Alves (2001) defende que as histórias em quadrinhos oferecem oportunidades para as crianças
ampliarem seus conhecimentos sobre o mundo social. Além de despertar o interesse e fascinação. Elas transmitem ideologia,
que se reproduz por meio e estereótipos de classe, sexo e raça. Sabemos que esse gênero textual é considerado um texto
multimodal, ou seja, traz, além da linguagem alfabética, imagens, disposição gráfica na página, cores, figuras geométricas e
outros elementos que se interlaçam na aprendizagem. Notamos que atos cooperativos, imitações, diálogos, disputas de objetos,
fazer valer opiniões, tudo isso se encontra facilmente em histórias em quadrinhos. Cada vez mais esse recurso chama a
atenção de cientistas políticos, sociológicos, linguistas entre outros. A proposta esteve ancorada no entendimento de que o uso
das HQ, em sala de aula, pode beneficiar crianças e adolescentes em situação de desmotivação, dificuldade de aprender e
dificuldade de leitura. Aplicada para alunos do ensino fundamental em uma escola pública de Goiás, verificamos que essa
modalidade textual constitui em momento prazeroso, de diversão, de acesso a práticas de letramento e de socialização.
OS ELEMENTOS VISUAIS EM RIO SUBTERRÂNEO DE O.G. REGO DE CARVALHO
Resumo
A arte literária pode ser fonte de criação para outras modalidades artísticas. Desse modo, a proposta deste estudo é refletir
sobre as propriedades do texto que podem ter provocado uma outra forma de representar. Neste caso, temos como objeto de
estudo a obra Rio Subterrâneo de O. G. Rego de Carvalho, que, em 1976, originou uma série de dez telas pintadas pelo artista
plástico Nonato Oliveira. Não tivemos acesso às telas de Nonato. Apesar disso, surgiram outras questões, que nos fazem
refletir sobre a produção pictórica do artista. Eis os questionamentos: a provocação criativa pode estar relacionada à maneira
como a palavra é trabalhada no texto? Rio Subterrâneo é um texto plástico?Para resolvermos essas questões, buscaremos na
narrativa passagens que estimulem a percepção visual do descrito. Averiguaremos como os recursos visuais são trabalhados
pelo literato. Para tanto, faz-se necessário discorrer sobre a ecfrase, técnica de narrar em que se busca representar
verbalmente os objetos do mundo de modo a facilitar a elaboração visual do leitor. Assim, a palavra escrita é concebida como
lugar de descoberta e formulação de imagens, visto que essa mesma palavra representada na escrita aponta para novas
possibilidades de representação artística. Por isso, utilizamos como suporte para esta reflexão Saussure, Fayga Ostrower,
Rudolf Arnheim, Aristóteles, Roland Barthes. Tamar Yacobi, bem como artigos que tratam do processo ecfrásico.
O FANTÁSTICO EM “IL COLOMBRE” DE DINO BUZZATI
Resumo
David Roas observa que uma história só pode ser considerada fantástica se criar “um espaço similar ao que o leitor habita, um
espaço que se verá assaltado pelo fenômeno [sobrenatural] que transtornará sua estabilidade.”, acrescentando que “A narrativa
fantástica põe o leitor diante do sobrenatural, mas não como evasão, e sim, muito pelo contrário, para interrogá-lo e fazê-lo
perder a segurança diante do mundo real”. Minha proposta é realizar uma leitura do conto “Il Colombre”, do escritor italiano Dino
Buzzati (1906 – 1972), publicado na coletânea homônima (1966), à luz do conceito de Fantástico apresentado por David Roas
no livro A Ameaça do Fantástico: Aproximações teóricas (2014). Vale ressaltar que Buzzati destacou-se no cenário literário
italiano, sobretudo, por imprimir às suas narrativas um tom de fábula, ora à margem do fantástico ora beirando o gênero
“horror”. A escrita de Buzzati reelabora, pelo viés do fantástico, temas e sentimentos como a angústia, o medo da morte, a
magia, o mistério, a busca pelo absoluto e pelo transcendente.
O FENÔMENO DA RECATEGORIZAÇÃO NAS REDES SOCIAIS FACEBOOK E TWITER
Resumo
Este trabalho se inscreve no quadro teórico da Linguística de Texto (doravante LT), especificamente trata do fenômeno da
recategorização no processo de referenciação e procura analisar a ocorrência de recategorizações em postagens das redes
sociais: faceboo e twiter. Dessa forma, procuramos demonstrar que tais ocorrências são responsáveis pelo efeito cômico das
postagens. Destacamos casos de recategorizações metafóricas, ou seja, de recategorizações licenciadas por metáforas e
nesses casos específicos argumentamos em favor das hipósteses elencadas por Lima (2003, 2009) que versam em prol de
uma interface entre a Linguística de Texto e a Linguística Cognitiva para explicar em um maior nível de descrição o fenômeno
da recategorização. Pautamo-nos teoricamente nas discussões sobre recategorização lexical suscitada por Apothéloz e
Reichler-Béguelin (1995) e no conceito de recategorização metafórica postulado por Lima (2003, 2009). Além disso, para
contextualizar nossa pesquisa, dialogaremos com os pressupostos teóricos que adotam a referenciação como objeto de estudo
a exemplo de Cavalcante (2003, 2013), Ciulla e Silva (2008), Mondada e Dubois (1995), dentre outros. Os resultados revelam
que a recategorização é responsável pelo efeito humorístico nas postagens e o reconhecimento de tal fenômeno linguístico
proporciona a construção de sentido.
RESÍDUOS DA REPRESENTAÇÃO DO DIABO MEDIEVAL NO TEATRO QUINHENTISTA DO PADRE JOSÉ DE ANCHIETA:
QUANDO NO ESPÍRITO SANTO SE RECEBEU UMA RELÍQUIA DAS ONZE MIL VIRGENS OU AUTO DE SANTA ÚRSULA.
Resumo
O teatro medieval trouxe à cena a representação do Diabo e a do Inferno. O Mal, através das artes cênicas, difundiu-se com
maior eficiência na mente do povo cristão durante a Idade Média. As peças teatrais mostravam representações pavorosas e
risíveis sobre a figura do Mal. No teatro vicentino, por exemplo, o Diabo representava, simbolicamente, papéis diversos:
provocava medo; era juiz, acusador, relator dos pecados humanos, tentador, ludibriador etc; recebeu caracterizações e
denominações oriundas do imaginário popular medieval que o marcou para sempre: Satã, Belial, Satanás, Lúcifer etc; tornou-se
ridículo diante dos anjos e outros seres divinos; cômico quando se enredado por causa de sua tolice ou quando se colocava em
situações de fracasso, derrota; é ainda causador do riso quando insultado, humilhado e enganado. E foi esse pluralismo
diabólico que se projetou na sociedade cristã medieval, através do teatro, que serviu de subsídios para o desenvolvimento
desse artigo, uma vez que este transcorrerá em torno de uma das obras teatrais do Padre José de Anchieta mais significantes
para o teatro quinhentista no Brasil: Quando no Espírito Santo se recebeu uma relíquia das Onze Mil Virgens ou Auto de Santa
Úrsula. Sendo assim, o intuito deste trabalho é de investigar os aspectos residuais da representação do Diabo medieval no
teatro brasileiro quinhentista do Padre José de Anchieta, tendo como método de pesquisa, a Teoria da Residualidade Cultural e
Literária, sistematizada e elaborada por Roberto Pontes, bem como o método comparativo.
O ENSINO DE LÍNGUA ESTRANGEIRA NA CONTEMPORANEIDADE: MODERNO, PÓS-MODERNO OU PÓS-COLONIAL?
Resumo
Com o objetivo de (re) visitar o arcabouço construído na área de Ensino/Aprendizagem de Língua estrangeira (doravante LE), o
presente trabalho tem como objetivo fazer algumas considerações acerca da identidade do ensino de LE na (pós) modernidade,
levando em conta os processos históricos, políticos e culturais que permeiam o ciclo que vive a humanidade na
contemporaneidade. Partindo das indagações e postulações da Linguística Aplicada, buscamos analisar e discutir como a
contemporaneidade requer realinhamentos epistemológicos para o ensino-aprendizagem de línguas no Brasil hoje. Diante
disso, é possível responder se o ensino de LE está mais próximo de uma fundamentação teórica moderna, pós-moderna ou
pós-colonial? A presente pesquisa, assim, analisa teorias de ensino de LEs na contemporaneidade, buscando, a partir daí,
compreender que (des) centramentos e identidades têm sido construídos. Questionamos, buscando responder à Linguística
Aplicada Crítica (Pennycook, 2008), as relações de poder no ensino de línguas e nos posicionamos num campo mais pertinente
ao ensino reflexivo consoante a uma abordagem menos colonizada e menos colonizadora, que problematize as diferenças
culturais e permita refletir sobre as várias condições de construção e prática identitárias, figurando numa abordagem mais
pós-colonial na sala de aula de línguas.
"EU" COMO TESTEMUNHA: O PAPEL DO NARRADOR-PERSONAGEM NICK CARRAWAY NAS ADAPTAÇÕES
CINEMATOGRÁFICAS DE THE GREAT GATSBY (1974/2013)
Resumo
O objetivo desta comunicação é apresentar um dos aspectos verificados em um projeto de pesquisa que envolveu a
comparação entre o romance estadunidense The great Gatsby (1925), de F. Scott Fitzgerald, e duas adaptações
cinematográficas: a de 1974, dirigida por Jack Clayton, e a de 2013, por Baz Luhrmann. Uma das preocupações do projeto foi a
de verificar como se transformou o campo de ação do narrador-personagem Nick Carraway nas adaptações fílmicas, dentro de
uma indústria hollywoodiana já reconhecida pela canonização de algumas estruturas. Quando sua onipresença se reduziu a ser
observador de alguns pontos da história de amor entre Jay Gatsby e Daisy Buchanan, no caso do filme de 1974, sem que o
potencial narrativo da câmera desse continuidade à crítica social da qual o personagem se imbuía no romance original, houve
inclusive alteração de gênero da própria obra, transformando-se em um melodrama. Em contrapartida, na versão mais recente,
a presença de Nick se fortifica e se desdobra junto a outros recursos. Desta forma, sua atuação, menos na mudança dos fatos
da trama e mais na orientação ao leitor às sutis sugestões de hipocrisia e ilegalidade dos envolvimentos dos personagens
principais, com a ajuda da câmera conseguiu frisar com uma imensa saturação algumas situações para o espectador, mais do
que no próprio romance. Para explorar este critério, foi necessário desprender-se do objetivo único de encontrar uma suposta
"fidedignidade" entre as obras e tomar conhecimento de métodos de leitura e análise imagética dos filmes, baseando-se nos
pressupostos teóricos de, por exemplo, Hutcheon (2003) e Carrière (2006).
ANÁLISIS Y TRADUCCIÓN DE “EL ÁNGEL CAÍDO”, DE JUANA MANUELA GORRITI, BAJO LA INTERFAZ LSF/ET
Resumo
La autora argentina Juana Manuela Gorriti, que nació en 1818, en la provincia de Salta, y falleció en 1892, representó una figura
literaria relevante y reconocida no solo en su país de origen, sino también en Bolivia, Perú y en países de lengua inglesa. Sin
embargo, su obra todavía no fue traducida al portugués, lo que conlleva al poco conocimiento y citación de la obra de la autora
en trabajos académicos brasileños. En este sentido, con el fin de divulgar la autora y su obra, se creó en la Universidade
Federal do Rio Grande (FURG) el proyecto de investigación “Juana Manuela Gorriti: análisis y traducción”. Participan del
proyecto estudiantes y profesores del curso de Letras Portugués-Español de la Universidade Federal do Rio Grande. El
proyecto, además de tener el objetivo de divulgar la obra de la autora por medio de la traducción de su obra a la lengua
portuguesa, posee fines didácticos, literarios, lingüísticos y culturales de enseñanza y aprendizaje. Así, este trabajo objetiva
presentar muestras de las traducciones hechas, relatos con relación al proceso de traducción y un análisis literario del cuento
“El ángel caído”. El marco teórico en el que basan los análisis es la interfaz entre la teoría de la Lingüística Sistémico Funcional
y los Estudios de Traducción, trabajada por Jeremy Munday, en su libro “Evaluation in Translation” (2012).
O ENSINO DE LÍNGUA MATERNA POR MEIO DE GÊNEROS: ESTUDO DE CASO
Resumo
: Este estudo tem o objetivo de apresentar o produto das reflexões feitas a partir da confrontação do corpus com os
pressupostos que orientam o ensino de Língua Portuguesa, publicados nos documentos instrutivos educacionais, PCNs (1998)
e DCEs (2008), especialmente no que tange à concepção sociointeracionista e ao ensino de língua materna por meio de
gêneros. Tal corpus é constituído por dados referentes aos encaminhamentos que englobam tanto a consigna quanto as
orientaçõesque foram desenvolvidas antes daquela ser proposta. Assim, foram selecionadas 10 atividades de produção textual
propostas por uma professora de Língua Portuguesa a três turmas matutinas (1°, 2° e 3°) do Ensino Médio de uma instituição
de ensino de Toledo – PR. A premissa bakhtiniana de que o enunciado é um elo na cadeia organizada dos enunciados é o
ponto de partida da análise, pois sendo o encontro de várias vozes que ecoam nele e o marcam, buscamos perceber, através
das palavras que constituem os enunciados do corpus, se estão e como estão se materializando as orientações oficiais nele. O
intuito é avaliar as relações estabelecidas entre as recomendações citadas e o corpus, assim como analisá-los sob a
perspectiva teórica de Marcuschi (2002); Rojo (2008) e Schneuwly; Dolz (2004).
POR UMA CARACTERIZAÇÃO DAS IMAGENS NOS ESTUDOS DA TRADUÇÃO
Resumo
A recente articulação entre imagem e texto nos estudos da tradução começa a superar uma lacuna em relação ao tratamento
teórico da imagem, cuja complexidade tem importantes repercussões nas diferentes modalidades tradutórias. As novas
tecnologias de reprodução e distribuição de mídias multiplicaram as formas de realização das imagens, que hoje se fazem
presentes em diversos formatos e ambientes. Para que se possam articular os dois fenômenos em questão, é preciso que eles
sejam devidamente caracterizados; contudo, ainda há pouca sistematização conceitual para lidar com conteúdos visuais
diversos. Como parte da dissertação de mestrado que vem sendo elaborada na PUC-Rio acerca da relação entre imagem e
palavra na tradução audiovisual (TAV), este trabalho pretende mapear os principais tipos de imagem abordados pelos estudos
da tradução, articulando a classificação dos objetos passíveis de serem audiodescritos, proposta pelo pesquisador Jorge
Diaz-Cíntas, e a caracterização apresentada pelo historiador e curador Ivan Gaskell no volume A escrita da história: novas
perspectivas, organizado por Peter Burke. Os autores partem de critérios distintos: Díaz-Cintas está preocupado com a natureza
dos objetos visuais, enquanto Gaskell se baseia na função que lhes é atribuída e na posição hierárquica que ocupam, esta
última definida pelas práticas de instituições como, por exemplo, a academia e o mercado de artes, museus e galerias. Partindo
dos cruzamentos entre essas caracterizações e introduzindo outras distinções, pretendemos estabelecer uma base para
fundamentar o exame da relação entre imagem e linguagem verbal.
MULHER-OBJETO X MULHER-SUJEITO: AS REPRESENTAÇÕES FEMININAS NO ROMANCE O PINTOR QUE ESCREVIA,
DE LETICIA WIERZCHOWSKI.
Resumo
Este artigo faz parte dos estudos em andamento do projeto Literatura de Autoria Feminina: Escolhas Inclusivas?, do projeto de
pesquisa LAFEB- UEM, coordenado pela professora Dr.ª Lúcia Osana Zolin. Tem como propósito analisar o romance
contemporâneo O Pintor que Escrevia: amor e pecado, de Leticia Wierzchowski, sob o viés de conceitos teóricos fornecidos
pela Crítica Feminista. Serão analisados os modos de construção das personagens femininas: Antônia Maestro e Amapola
Maestro, respectivamente mãe e filha, personagens cujas identidades permitem a análise a partir da dualidade dos conceitos de
mulher-objeto e mulher-sujeito. Trata-se de representações diferentes na mesma família, marcadas e enfatizadas, de um lado,
pela perpetuação de valores patriarcais de dominação masculina; de outro, apresenta a fuga de tais padrões, com a busca de
uma mulher independente, que luta pelo que deseja, não vivendo à sombra de homens, e sim, agindo por interesses próprios. É
importante frisar que a perspectiva narrativa do romance é a de Marco Belucci, marido de Amapola Maestro e pintor que deixou
muitas confidências e desabafos como uma espécie de diário no verso de suas telas, que permitem desvendar um grande
mistério acerca desse amor abordado no romance.
O PAPEL DA LEITURA NOS MODELOS COGNITIVOS DE ESCRITURA
Resumo
Diversos modelos cognitivos referentes ao processo de escritura surgiram a partir da década de 1980. Um dos pioneiros foi o de
Hayes e Flower (1981), o qual está centrado em três elementos: o ambiente da tarefa (ou seja, tudo o que está fora do escritor,
como o problema retórico e o próprio texto), a memória de longo prazo do escritor (em que constam o conhecimento sobre o
assunto, o público e os diferentes planejamentos de escrita) e, por fim, os processos de escrita (planejamento, tradução e
revisão). Em 1987, os autores, no entanto, propuseram uma redefinição do modelo e nele foram introduzidos dois novos
estágios, um dos quais inclui a leitura. A inserção do componente leitura nesse modelo, visto como um meio de avaliar o texto
escrito, deu visibilidade a essa atividade cognitiva, o que fez com que também fosse considerada e explorada em outros
modelos cognitivos subsequentes. Tendo em vista esses aspectos, o presente trabalho propõe-se a analisar o papel da leitura
em diferentes modelos cognitivos e suas implicações no processo de escritura. Para tanto, serão verificados os estudos de
Hayes e Flower (1987), Kellog (2001), Chenoweth e Hayes (2001, 2003) e Garcez (2004).
MEMÓRIA E HISTÓRIA PARA ALÉM DA FRONTEIRA ENTRE A ITÁLIA E A ANTIGA IUGOSLÁVIA
Resumo
Em sua totalidade, a pesquisa investiga narrativas italianas, ressaltando aspectos da literatura de fronteira e do testemunho, a
saber, as imagens percebidas além dos limites da Itália norte-oriental, ponto de encontro com as culturas eslavas, sobretudo
com relação aos acontecimentos históricos e políticos entre a década de 1940 e o final do século XX. Os romances e
testemunhos repercorrem fatos que determinaram uma complicada convivência entre nacionalidades, etnias, religiões e
ideologias políticas, especialmente quando agravada pelo nazifascismo, no período 1943-1945. Este trabalho apresenta os
primeiros resultados da pesquisa e discute a revitalização da memória da Resistência italiana através do registro de
depoimentos de ex-combatentes que vivenciaram as controversas situações de fronteira sob repressão totalitária. A análise ora
apresentada parte de depoimentos de ex-partigiani que atuaram nos arredores da cidade de Trieste, cuja localização
estratégica em meio a tantos conflitos nos instiga a estudar os relatos em sua dimensão literária e como subsídios para a
história da região, utilizando estudos recentes (das áreas da sociologia, da filosofia e da história) que relacionam memória e
história, para a compreensão das construções artísticas e para a discussão da validade das novas teorias. A pesquisa deverá
caminhar por novas temáticas e terrenos afins, explorando produções literárias e audiovisuais cujas fontes são ligadas à Ístria e
aos Bálcãs. Interessam-nos as formas artísticas que levam em conta o passado e as maneiras de absorção da história dessas
regiões com a finalidade de colocar o seu conhecimento e reflexão para fora do conveniente esquecimento.
IDENTIDADE E HETEROGENEIDADE DAS LÍNGUAS E DOS SUJEITOS
Resumo
Este trabalho pretende analisar as implicações subjetivas do contato entre línguas, isto é, os deslocamentos identitários
decorrentes do bilinguismo. A partir dos estudos e discussões de Coracini (2007), Prasse (1997), entre outros, estudaremos a
heterogeneidade das línguas e suas consequências para a formação identitária do sujeito que busca falar (e é falado por) essas
línguas. Nosso estudo tem como corpus principal o livro Lettres parisiennes (1986), composto por cartas trocadas entre as
escritoras Nancy Huston e Leïla Sebbar. A coletânea epistolar de Huston e Sebbar narra os caminhos empreendidos pelo
sujeito exilado em busca de uma identificação com a língua e a cultura que o cercam, problematizando a situação fragmentária
do sujeito bilíngue. O bilinguismo é aqui entendido não como fenômeno restrito aos que convivem com duas línguas desde a
primeira infância, mas como acontecimento que atravessa a subjetividade daqueles que por diversas razões e em diferentes
etapas da vida passaram a viver entre-línguas. Assim, objetiva-se refletir sobre a problemática da identidade nos estudos da
linguagem, e, mais especificamente, apontar para a relação entre bilinguismo e identidade, além de contribuir com os estudos
sobre as questões identitárias vinculadas à problemática da(s) língua(s). Nossos estudos nos levam a concluir que dominar uma
língua é apenas um desejo. O desejo ilusório de completude. Porém, aquele que busca aprender a língua do outro pode acabar
se vendo frustrado ao perceber que não existe língua una, plena, totalizante, que a língua, assim como nossa identidade, é
fragmentada, composta por outras e impossível de ser apreendida na sua totalidade.
PERFORMANCE SOCIAL X ARTE: HIBRIDAÇÕES POÉTICAS
Resumo
A proposta de comunicação é destinada a discutir questões relevantes sobre problemáticas referentes ao campo da
performance social, mais especificamente as derivações e zonas de fronteira com a arte, visto o crescente número de ações e a
densidade político social de tais propostas no momento em que vivemos. É fator relevante para as argumentações, um olhar
para a América Latina, tão produtiva neste campo de ação e ainda com pouca visibilidade em nosso território, quiçá em um
panorama internacional. Para tal abordagem, duas temáticas são norteadoras e estruturam o caminho a ser seguido: o que
caracteriza a performance social e sobre as importâncias de engajamento entre a arte e a sociedade. Para a composição
teórica serão utilizados conceitos de Erving Goffman, como o de “chaveamento” que visa uma transformação em si, que recaem
sobre as relações sociais que envolvem as projeções de imagens do indivíduo, as relações entre os papeis sociais, a interação
humana, Richard Schechner e o “comportamento restaurado” e Victor Turner em relação ao “drama social”.
A EXPERIÊNCIA ESTÉTICO-LITERÁRIA COMO POSSIBILIDADE DE AMPLIAR O HORIZONTE DE SENTIDO DO DIREITO A
PARTIR DO ENCONTRO COM A OUTRIDAD (OCTÁVIO PAZ) E DO RECONHECIMENTO DA COMPLEXIDADE DO REAL
Resumo
Este trabalho dedica-se ao estudo da interface entre Direito e Literatura. Especificamente, questiona se é possível, a partir da
experiência estético-literária, ampliar o horizonte de sentido do Direito. O método de abordagem utilizado é o analítico e a técnica
de pesquisa a bibliográfica, concentrada na leitura de livros, artigos e periódicos. De início, parte-se da compreensão de que a
Racionalidade Instrumental (HORKHEIMER, 1974) tem como característica primordial a atitude totalizadora e homogeneizadora,
sendo incapaz de dar conta da complexidade do real. A pretensão totalitária de abarcar o real é causadora da
autoreferencialidade do discurso jurídico que se limita a explicar – e, por isso, reduzir – o mundo a partir de suas
categorias/conceitos. A preocupação em manter as categorias dogmáticas coerentes com os objetivos sociais eleitos pelo
discurso jurídico torna a relação do saber jurídico com as práticas cotidianas um objeto periférico tratado brevemente pelas
disciplinas auxiliares, assim nomeadas pelo "saber oficial". Desse modo, constatou-se no decorrer do estudo, que a experiência
estético-literária é capaz de aproximar o humano dos micro espaços, a partir de uma visão qualitativa, reestabelecendo ao
mundo a sua complexidade recalcada pela Racionalidade Instrumental. O bom encontro entre Direito e Literatura concede a
possibilidade de fertilizar os multi-sentidos historicamente inventados para o Direito, enxertando o encontro com o Outro que o
Direito inviabiliza, silencia e interdita. Finalmente, a Literatura compreendida como experiência da outridad (OCTÁVIO PAZ,
1971) é a fundação do domínio da ética como filosofia primeira para o Direito (LÉVINAS, 1982)
OS DIÁLOGOS ENTRE “FLANAR”, A HISTÓRIA E A LITERATURA EM O CANTOR DE TANGO, DE TOMÁS ELOY
MARTÍNEZ
Resumo
No âmbito da literatura contemporânea da América, em língua espanhola, concebendo o texto em suas múltiplas possibilidades,
atentando, incluso, ao caráter metanarrativo, insere-se o presente trabalho. No eixo do exposto, pressupondo um campo
analítico não extensamente explorado, selecionou-se, como corpus, o romance O Cantor de Tango (2004), escrito pelo
argentino Tomás Eloy Martínez; assumindo-o como polifacetado. Nesse sentido, objetiva-se refletir acerca da noção de cidade e
sua constituição no de flanar por ela, considerando, sobretudo, a representação de Buenos Aires, descentralizada de sua
eminência cosmopolita, a história e conjurações no que toca à literatura. Para tanto, parte-se de um recorrido teórico a respeito
do conceito de cidade na obra do crítico Angel Rama, aliando ao diferenciado desenvolvimento do romance nos países
hispano-americanos, articulando alguns pressupostos de Walter Benjamin, relativo ao flâneur, enlaçando, quando necessário, à
característica amalgamada entre o bailar dos labirintos do espaço físico e o confronto histórico. Logo, passa-se às análises do
corpus, trazendo à baila as reflexões propostas. As considerações a que se chegaram são de que é possível constituir
vinculações entre o que versa Benjamin a respeito de Paris, no século XIX, e Buenos Aires, efetuando os deslocamentos
imprescindíveis às questões históricas e literárias locais, pautando, ademais, a marcada intertextualidade do texto com
correspondentes latinos, os desenlaces históricos marginais, assim como a própria história, à luz de um eixo mais amplo, o
narrativo. Desse modo, a obra apresenta-se, compondo, um emaranhado de possibilidades de leituras, como um grande Aleph.
DRAMATURGIA LONDRINENSE: A PRODUÇÃO TEATRAL CONTEMPORÂNEA DA CIA. TEATRO DE GARAGEM
Resumo
Esta pesquisa é vinculada a um projeto mais amplo sobre a história da dramaturgia e do teatro londrinenses, desenvolvido na
Universidade Estadual de Londrina sob coordenação de minha orientadora de iniciação científica, Sonia Pascolati. Este estudo
analisa a produção dramatúrgica e teatral de um grupo em atividade na cidade de Londrina, a Cia. Teatro de Garagem. Apesar
de ser uma cidade jovem – 80 anos – Londrina tem uma intensa atividade teatral que tem sido resgatada por meio de pesquisas
acadêmicas. A Cia. Teatro de Garagem é uma das mais expressivas em atividade hoje na cidade, realizando trabalho de
pesquisa sobre história da dramaturgia e oferecendo cursos de formação livre para amadores. Todos os textos criados até hoje
pelo grupo estão disponíveis em seu site, o que favorece seu estudo e a produção de textos críticos sobre eles, objeto de nossa
pesquisa. Nesta comunicação, apresentamos as primeiras análises das peças Bilhete premiado (2006), Brosogó, Militão e o
Diabo (2006) e Além Áurea (2007).
A RETÓRICA DA POESIA DE DALTON TREVISAN NO CONTO "LINCHA TARADO, LINCHA"
Resumo
Com mais de 40 obras publicadas, entre títulos inéditos e antologias, Dalton Trevisan, nascido em 1925, é um dos bons
ficcionistas brasileiros contemporâneos. Dedicado quase que exclusivamente aos contos, escreveu apenas um romance, “A
Polaquinha” (1985), e uma novela, “Nem te Conto, João” (2011), e foi contemplado com os principais prêmios literários da
língua portuguesa. Suas obras já foram vertidas para o inglês, o espanhol, o italiano e outros idiomas. Este trabalho se propõe a
analisar, sob o paradigma da retórica poética, o conto erótico "Lincha Tarado, Lincha", originalmente publicado na obra “Lincha
Tarado” (1980). Avaliar a ironia presente no texto também está no bojo deste trabalho. Para isto, serão retomados os estudos
de Massaud Moisés e Aguiar e Silva sobre o gênero lírico, além das análises de Georges Bataille e Jean Baudrillard
concernentes ao erótico. O resultado alcançado mostra que o contista, ao mesclar a narrativa lírica com o discurso prosaico e
explorar a ironia em suas histórias, promove a paródia do discurso erótico.
AS MANIFESTAÇÕES POLÍTICAS BRASILEIRAS DE 2013 SOB A PERSPECTIVA DA REVISTA ALEMÃ "DER SPIEGEL".
Resumo
O presente trabalho a ser apresentado no "Simpósio Análise de discursos políticos e midiáticos: desafios teóricos e analíticos na
formação social capitalista", primeiro eixo de pesquisa, consiste em um recorte da minha dissertação de mestrado em
andamento intitulada "A construção do Brasil no discurso jornalístico da revista alemã " 'Der Spiegel' ". Neste trabalho, sob a
perspectiva da análise do discurso de linha francesa, de Dominique Maingueneau e de Patrick Charaudeau, iremos analisar as
reportagens veiculadas pela revista alemã "Der Spiegel" sobre os protestos ocorridos no Brasil no período de junho de 2013 a
fevereiro de 2014. Os protestos iniciaram em São Paulo devido ao aumento da tarifa de ônibus. Através de mobilizações via
redes sociais, as manifestações passaram a ocorrer também em outras cidades, no Brasil e no mundo, tendo como alvo
diversas insatisfações do povo brasileiro, como: corrupção, gastos elevados com a Copa do Mundo, falta de investimentos na
saúde e na educação, entre outros, gerando agitação política no país. Neste trabalho iremos, então, analisar como estes
protestos e a atual situação político-social brasileira têm sido representados na revista alemã em questão. Até o presente
momento, o levantamento do corpus apontou 48 matérias divulgadas no meio digital da revista, acrescidas de três outras
publicadas na versão impressa, a respeito das manifestações. Nestas matérias, destacam-se a violência do Estado, os
problemas sociais brasileiros, a corrupção, os gastos elevados para a realização da Copa do Mundo e a insatisfação dos
brasileiros perante a atual situação política do país.
O CORPO FEMININO NA POESIA CONTEMPORÂNEA: UMA ANÁLISE DO LIVRO “A FÁBRICA DO FEMININO”, DE PAULA
GLENADEL
Resumo
Este trabalho tem por objetivo analisar a compreensão da figura feminina na poética de Paula Glenadel. A professora, tradutora
e poetisa contemporânea teve como livro de estreia “A vida espiralada”, publicado em 1999, seguido pelas obras “Quase uma
arte”, de 2005, e “Fábrica do Feminino”, de 2008. Diante da temática dos estudos de gêneros, o último livro da autora será o foco
de análise. Esse livro de poemas trata das visões do feminino na contemporaneidade mesclando a antiguidade clássica à
volúpia da modernidade. Vê-se que, ao mesmo tempo em que o corpo feminino é tido como sagrado – antiguidade clássica – é
banalizado pela indústria cultural e suas formas de deturpação da identidade. Faz-se importante esse estudo para verificarmos
de que maneira o corpo feminino, antes, quase que exclusivamente, descrito pelo universo masculino, se constrói na voz
feminina contemporânea. Para essa análise serão utilizados autores como Richard Sennet (1994), para discutir a questão do
corpo inserido na sociedade, bem como Umberto Eco (1991) e Alfredo Bosi (2010) para versar a respeito do construto poético.
O SUJEITO À DERIVA EM DO FUNDO DO POÇO SE VÊ A LUA (2010), DE JOCA REINERS TERRON
Resumo
No contexto da multiplicidade da produção brasileira desde os anos 1990 verifica-se uma diversidade que sinaliza, no mínimo,
para um cenário de ausência de traços caracterizados homogêneos na produção contemporânea, permitindo apenas a
percepção de que as narrativas focalizam indivíduos situados em um meio indeterminado - o que caracteriza certo rompimento
de fronteiras, não apenas espaciais, mas também de variada ordem - vivendo em um mundo despedaçado e de perdas de suas
subjetividades. As situações caóticas, vivenciadas pelos personagens contemporâneos, são reflexos de um cotidiano banal, que
representa a angústia existencial de um homem desabrigado e fragilizado. Esta relação estabelecida entre o indivíduo e o
universo globalizado pode ser compreendida como um paradoxo, na medida em que, até o momento, situam-se em lados
inconciliáveis, e porque não dizer, opostos. A partir desses pressupostos, como recorte de pesquisa financiada pela Fundação
Araucária, objetiva-se apresentar uma abordagem do romance Do fundo do poço se vê a lua, do escritor Joca Reiners Terron
(2010), cuja narrativa apresenta um mundo habitado por gente “sem nada a perder”, onde vivem “algumas das pessoas mais
miseráveis do Universo”, que carregam consigo “senão desespero em suas malas” (pp.14-15), tendo como cenário as cidades
do Cairo e São Paulo. Sob a luz de estudos de Resende (2008) e Schøllhammer (2011), quanto à produção brasileira do século
XXI, e considerando-se o contexto da pós-modernidade (BAUMAN, 1998, 2001), objetiva-se verificar de que maneira se
processa a voz deste narrador contemporâneo, analisando-se sua ambivalência narrativa e as experiências por ele vivenciadas.
CIDADE, HISTÓRIA E SENTIDOS: ANÁLISE SEMÂNTICO-ENUNCIATIVA DA NOMEAÇÃO E DA RENOMEAÇÃO DE UMA
RUA
Resumo
Neste estudo, buscamos refletir, a partir de um conjunto heteróclito de textos (mapas, placas de denominação de logradouros
públicos, decretos, projetos e leis), sobre o funcionamento semântico-enunciativo da nomeação e posterior renomeação de uma
rua da cidade de São José do Rio Preto, sendo esta rua nomeada primeiramente de Rua Domingos Jorge Velho e
posteriormente de Rua Zumbi dos Palmares. Considerando o presente fato, verificamos os processos de designação da devida
via, tentando apreender uma questão fundamental da configuração evenemencial: o que o acontecimento da nomeação e o da
renomeação recortaram como memoráveis para significar e ressignificar uma rua da cidade? Também, ao partir da premissa de
que “a cidade é um espaço cada vez mais habitado por palavras” (Guimarães, 1991), observamos como a linguagem se
espacializa, funciona neste lugar de dizer. O pressuposto que embasa este estudo é o de que o sentido da linguagem
localiza-se no estudo da enunciação, do acontecimento do dizer, o que nos coloca na perspectiva teórico-metodológica da
Semântica do Acontecimento (Guimarães, 2002). Depreendemos, então, que os diferentes recortes de textos mobilizados em
nossa análise significam por rememorações diferentes, nomeando ora Domingos Jorge Velho, ora Zumbi dos Palmares como
sujeitos merecedores de homenagem, e aptos, ou não, para nomear, significar uma rua da cidade. Assim, a partir da nossa
análise, verificamos que o nome de uma rua e sua substituição aparecem como modos incontornáveis de erigir algo em
acontecimento, o que nos leva a compreender que ao receber um nome uma rua passa a ter também concretude histórica.
A RESISTÊNCIA FEMININA PRESENTE NO CONTO ENTRE AS FOLHAS DO VERDE O, DE MARINA COLASANTI
Resumo
A literatura acompanha o caminhar da humanidade desde tempos muito remotos e, dessa forma, consiste, dentre outras coisas,
em um importante mecanismo de representação do percurso trilhado pelo ser humano nos mais diversos momentos da
sociedade. Esta representação, no entanto, não se encontra desvencilhada dos valores sociais, culturais, políticos, econômicos
e históricos ditados pela ideologia, que os rege. Em decorrência disso, podemos perceber que os grupos que, ainda que façam
parte da sociedade, encontram-se forçosamente em uma posição de submissão em relação à força dominante vigente, têm sua
representação silenciada, omitida ou mesmo “deformada” na literatura, em especial na dita literatura canônica. E esse evento é
facilmente exemplificado: basta voltarmos o olhar para a figura da mulher ou mesmo para a figura do negro, artisticamente
representados. Dessa forma, precisamos estar atentos às situações de afirmação ou reafirmação das relações de poder
perpetuadas por meio da literatura. Desse modo, o presente trabalho tem por objetivo apontar a manifestação da resistência
feminina na escrita de Marina Colasanti a partir da leitura crítica do conto Entre as folhas do verde O, presente na obra infantil
Uma idéia toda azul. Para tal propósito, foram delineados apontamentos teóricos acerca de alguns aspectos, a saber: a
resistência e o revide, presente nas teorias do pós-colonialismo. Além disso, em decorrência da peculiaridade artística de
Marina Colasanti, bem como do contexto no qual a autora estava inserida na época da produção do livro, a obra possibilitou
uma correlação com a Crítica Feminista.
AS MANIFESTAÇÕES POPULARES E SEU REFLEXO NO DISCURSO EM CIRCULAÇÃO NAS PROPAGANDAS POLÍTICAS
VEICULADAS NA TELEVISÃO EM 2013
Resumo
“Diretas Já”. No início da década de 1980, essas duas palavras ecoaram no Brasil, por meio do movimento que mobilizou o povo
e o levou às ruas para reivindicar o direito de votar e escolher o presidente da República. Era o ponto máximo do processo de
abertura política e de redemocratização do país. Trinta anos mais tarde, em 2013, a população voltava às ruas para protestar e
exigir mudanças na política. Neste trabalho, pretendemos investigar se essas manifestações influenciaram os discursos em
circulação por meio das propagandas político-partidárias veiculadas na televisão e de que forma isso aconteceu. Para tanto,
escolhemos como recorte, as propagandas produzidas e veiculadas na televisão no segundo semestre de 2013 pelos partidos:
PSDB, PSB, PT e PC do B. Ressaltamos que o gênero propaganda político-partidária mobiliza a linguagem verbal e não-verbal,
que serão consideradas de forma não-dissociada e em cujas análises articularemos noções da Análise do Discurso francesa, em
especial as de discurso, formação discursiva, heterogeneidade e interdiscurso. Esta pesquisa será apoiada em pressupostos da
análise arqueológica e da genealogia de Michel Foucault, indicando que o processo analítico deve ir muito além da materialidade
do discurso e que, sem desprezar a materialidade, temos que buscar no arquivo quais as regras, as práticas, as condições de
produção e de funcionamento, as relações de saber-poder. Ao estudar e analisar esses discursos, pretendemos contribuir para
que estudantes e profissionais, da Linguística e outras áreas afins, possam conhecer melhor e entender os mecanismos de
produção, articulação e circulação desse discurso, em especial, na televisão.
FUNÇÕES DOS MARCADORES DE OPINIÃO “I THINK” E “I BELIEVE” NO DISCURSO DO PRESIDENTE BARACK OBAMA
Resumo
Este trabalho visa a analisar o papel dos marcadores conversacionais de opinião “I think” e “I believe” na fala do atual presidente
americano Barack Obama, discutindo a forma como são empregados para atender a seus objetivos comunicativos em dado
contexto de uso. A pesquisa está fundamentada nos princípios da Análise da Conversação, e o corpus é formado de três
pronunciamentos (planejados localmente, ou seja, no momento da execução) de Obama, realizados nos dias 20 de outubro de
2009, 02 de novembro de 2009 e 04 de junho de 2010, disponibilizados na sessão “vídeo” do site oficial do governo. Vale
ressaltar que esses marcadores não denotam apenas uma apreciação valorativa acerca de um determinado assunto; exercem,
na realidade, diversas funções, dependendo do modo como são utilizados no texto falado. Podem funcionar como atenuadores
da força ilocutória das asserções, operando, em alguns casos, como um preâmbulo que suaviza o teor da informação
subsequente. Por vezes, eles denunciam certo grau de incerteza, e, em outras, manifestam certeza a respeito do que é dito,
servindo para construir ou manter a imagem que o falante deseja exibir. Trata-se, portanto, de mecanismos que tendem a atrair a
aceitação do ouvinte, conduzindo-o ao ponto de vista defendido no discurso em andamento.
O TRABALHO COM GÊNEROS E A PRODUÇÃO ORAL EM INGLÊS EM UMA COLEÇÃO DIDÁTICA DO PNLD-2014
Resumo
A partir de uma visão sociocultural do processo de ensino-aprendizagem de língua estrangeira (VYGOTSKY, 1984; SWAIN,
2006), este trabalho visa a fazer uma análise das atividades de produção oral da série didática It Fits do PNLD-2014. Segundo o
Guia do PNLD-2014, a coleção foi a única de língua estrangeira a receber pontuação máxima para as atividades de speaking,
habilidade que, geralmente, não é enfatizada nos livros distribuídos para as escolas brasileiras. Buscou-se observar se as
atividades propostas para o desenvolvimento da oralidade utilizam diversos gêneros textuais, o que possibilita o uso da língua
inglesa em situações reais de comunicação, e como estes gêneros são trabalhados. A análise revelou que há o uso de diversos
gêneros, o que possibilita o letramento e a inclusão do aluno nas mais diversas práticas sociais ao mesmo tempo em que
produz na língua alvo. Entretanto, observou-se que o gênero é apresentado somente no momento da produção oral, não sendo
explorado. Ademais, verificou-se que há um predomínio da vocalização da leitura ao invés de produção oral propriamente dita.
Sugere-se, então, que os gêneros sejam trabalhados e explorados anteriormente para que os alunos conheçam suas
especificidades a fim de produzir adequadamente na língua alvo.
COMPORTAMENTO DE BUSCA DE INFORMAÇÃO NA INTERNET: ESTUDO DE CASO DE UM ACADÊMICO DO 4º ANO DE
LETRAS
Resumo
Com o advento da internet, percebe-se o forte impacto das tecnologias na relação de interação e comunicação entre as pessoas,
inclusive na educação e no processo ensino aprendizagem. Para este trabalho, o objetivo é apresentar a metodologia utilizada
em nossa pesquisa sobre as práticas de letramento digital de acadêmicos, por meio de dados gerados por um acadêmico do
quarto ano de Letras/UFGD. Para geração de dados, utilizamos o software Camtasia Studio, utilizado durante 30 minutos,
gravando voz e imagem dos participantes, de forma que pudéssemos acompanhar a direção do olhar dos leitores durante o
processo de busca de informações na internet. Para a análise, utilizamos como referência teórico-metodológico o trabalho de
Shankar et al. (2005), que apresenta o modelo de Ellis, composto de seis estágios: 1. Start; 2. Chaining; 3. Browsing; 4.
Differentiating: 5. Monitoring: 6. Extracting. Ao final da pesquisa, espera-se identificar o comportamento de futuros professores
em formação ao buscar informação na internet, de forma a inspirar novos modos de orientar os alunos de Letras (e de outros
cursos). Acredita-se que esta pesquisa poderá auxiliar os docentes, a aprimorar as metodologias de ensino, o que tornaria
alunos mais críticos e reflexivos frente às possibilidades de aquisição e ampliação de conhecimentos frente à rede mundial de
computadores.
CONTRIBUIÇÕES PARA A HISTORIOGRAFIA DO TEATRO LONDRINENSE: ALGUNS RESULTADOS
Resumo
Em colaboração com o Portal da Literatura Paranaense, projeto que propõe a disponibilização on-line do máximo de
informações e obras da literatura do Paraná, essa pesquisa vem desenvolvendo um trabalho voltado, especificamente, à
dramaturgia da cidade de Londrina-PR. Em uma primeira etapa, catalogamos cerca de 300 títulos de textos de autoria
londrinense, abarcando o período de 1960 até a atualidade. No presente momento da pesquisa, nos ocupamos em produzir
verbetes sobre os autores e sua obra e, ainda, em reunir o quanto for possível do material, previamente catalogado, para leitura
e realização de textos críticos e acadêmicos a respeito. Essa comunicação tem, portanto, o objetivo de expor nosso
procedimento de trabalho, bem como os resultados alcançados até o momento, para que possamos demonstrar o que
percebemos acerca da produção dramatúrgica da cidade, sua preservação, propagação e participação no meio social. Londrina
é um município bastante jovem, com apenas 79 anos, mas dispõe de significativo histórico teatral, fomentado por grupos
profissionais e amadores, escolas de formação de atores e outros projetos responsáveis por movimentar a área cultural da
região, incluindo, dentre esses trabalhos, muitos textos para teatro. Contudo, essas atividades normalmente não contam com
meios de preservação, levando à perda desse material com o decorrer do tempo. Assim, essa pesquisa visa contribuir, ainda
que de maneira modesta, com o registro da memória cultural de Londrina, com enfoque na dramaturgia.
A LITERATURA JUVENIL EM DEBATE
Resumo
A aceitação de uma produção literária voltada especificamente para a juventude tem colocado em evidência a necessidade de
reorganizar o campo literário da Literatura Infantojuvenil nas últimas décadas. Embora seja patente esta bifurcação textual
marcada em duas faixas etárias (crianças e jovens), tal estratificação binária ainda não está evidente no campo teórico desta
produção artística, dificultando, por sua vez, a configuração de um espaço fronteiriço seguro nas duas modalidades literárias em
questão. Neste contexto a presente comunicação busca levantar algumas reflexões pontuais sobre o específico juvenil a partir
dos seguintes fatores: a questão terminológica; as balizas cronológicas de seu desenvolvimento e o apontamento de algumas
características do gênero. As reflexões apresentadas tem como base um estudo de campo realizado na Galícia cujo intuito
central era efetivar um levantamento bibliográfico na revista Cuadernos de Literatura Infantil y Juvenil (CLIJ) e nos principais
estudiosos da Literatura Infantojuvenil na Espanha como Carmen Bravo-Villasante, Juan Cervera, Teresa Colomer, Gemma
Lluch e Blanca-Ana Roig Rechou para saber se a literatura juvenil estava sendo apresentada como um campo artístico
diferenciado em relação à literatura infantil. Ao apresentar o resultado desta investigação, esta comunicação espera trazer aos
participantes do simpósio “A Literatura Juvenil no sistema cultural: da reflexão à ação” algumas particularidades de uma
literatura direcionada para o público juvenil.
INVERNO E VERÃO: ANÁLISE DA PAISAGEM DUALÍSTICA EM O LEÃO, A FEITICEIRA E O GUARDA-ROUPA, DE C. S.
LEWIS
Resumo
Poeta e escritor, Clive Staples Lewis nasceu em Belfast, Irlanda, em 1898. Inspirado pelo seu fascínio por mitos, contos de fada
e lendas antigas, escreveu As Crônicas de Nárnia, uma coletânea formada por sete crônicas fantásticas que narram as
experiências de diversos personagens em suas passagens e aventuras pelo mundo fantástico de Nárnia. É nessa coleção que
está inserido o livro O leão, a feiticeira e o guarda-roupa, que conta a descoberta de Nárnia pelos irmãos Penvensie e sua
jornada através dessa terra encantada. O objetivo desse trabalho é analisar os contrastes estético-paisagísticos entre a Nárnia
amaldiçoada da Feiticeira Branca e a Nárnia liberta de Aslam e a forma como ambas as paisagens são percebidas no decorrer
da crônica (assim como a simbologia presente no espaço de cada uma) e de que maneira as experiências e os sentimentos das
personagens principais influenciam no processo de percepção do espaço. Com base na fenomenologia, analisar-se-á também o
mútuo processo de influência e metamorfose que ocorre entre Nárnia e os irmãos através das experiências pessoais dos
Penvensie com o ambiente, tendo-se em mente que essa transformação geográfica ocorre de maneira quase instantânea e
fantástica. Dessa forma será traçado um paralelo entre Literatura e Geografia a partir do viés humanista-cultural. A Geografia
Humanista-Cultural procura compreender o ser humano através do seu comportamento, das suas reações e sentimentos em
relação a um determinado ambiente físico.
ENTRE CHRISTIAN REX VAN MINNEN E MONTEIRO LOBATO: CONSIDERAÇÕES SOBRE A ESTÉTICA GROTESCA NA
PINTURA E NA LITERATURA
Resumo
Para Kayser o grotesco tem na sua essência uma tentativa de dominar o "elemento demoníaco do mundo" e por isso está
diretamente relacionado ao horror. O mundo alheado, grotesco por essência, é o mundo cotidiano transfigurado e por isso,
estranho e sinistro. Esse mundo, mais do que desconforto, provoca pavor. Disso decorre que o ensaísta privilegia a recepção
da obra para que o grotesco seja apreendido dessa forma. Rosenfeld compartilha essa acepção afirmando que o grotesco é o
abalo das categorias basilares do que conhecemos como realidade e cuja experiência resulta em espanto, horror e nojo.
Todorov, por sua vez, utiliza adjetivos semelhantes ao tratar do gênero fantástico, definindo-o como o resultado do efeito de
vacilação do sujeito ao presenciar uma mudança aparentemente sobrenatural no paradigma da realidade, o que faz desse o
gênero da incerteza, do estranho e do mal-estar. Considerando essas abordagens, esse trabalho tem por objetivo questionar os
conceitos e os limites entre a estética grotesca e o gênero fantástico. Para isso, será proposta uma aproximação entre o conto
fantástico “Bocatorta”, de Monteiro Lobato e as pinturas grotescas do americano Christian Rex Van Minnen. As obras, de
linguagens, nacionalidades e tempos diferentes, aproximam-se pela presença de figuras bizarras construídas a partir do
anormal, do exagero e da deformidade. Espera-se, através do diálogo entre ambas as produções, refletir sobre a estética
grotesca bem como sobre seu uso na literatura fantástica.
SKYPE: TECNOLOGIAS E MULTILETRAMENTOS NA SALA DE AULA DE INGLÊS
Resumo
Com a atual expansão das tecnologias da informação e comunicação (TIC), os alunos de hoje interagem e socializam cada vez
mais por meio de novos gêneros digitais orais e escritos na cultura contemporânea. Os aprendizes fazem uso dos espaços
sociais digitais com bastante desenvoltura para interagirem e colaborarem com colegas, amigos e até estranhos de vários
lugares do mundo, entretanto as utilizam esporadicamente para estudar e aprender (Dias, 2012). Considerando esse panorama,
surge a necessidade de integrar as novas ferramentas digitais às ações de uma pedagogia para os letramentos,
potencializando, assim, a familiaridade dos alunos com o espaço cibernético. Diante dessas considerações, esse estudo
apresenta uma análise de uma experiência com o uso do Skype na sala de aula de língua inglesa em relação às
potencialidades que emergem da interação dos alunos através desse software. Além disso, apresenta uma discussão da
relevância do uso pedagógico dos novos gêneros digitais na sala de aula. A pesquisa explorou as percepções dos
alunos-participantes sobre o processo de aprendizagem gerado pelas atividades no Skype. Para tanto, foram criados dois
projetos com uso do software através da plataforma global “Skype in the classroom”, (Skype na sala de aula) uma rede
colaborativa criada em 2011 pelo Skype para facilitar a interação, o aprendizado e troca de experiências entre educadores
interessados em colaborar projetos de sala de aula com pessoas de várias partes do mundo. Como suporte teórico esse estudo
baseou-se nas pesquisas de Dias (2012), Cope e Kalantzis (2012), Kress (2013), entre outros.
A SIMBOLOGIA E A REPRESENTAÇÃO FEMININA NOS CONTOS DE CLARICE LISPECTOR E LUCI COLLIN
Resumo
Devido à tradição patriarcal, as relações sociais foram construídas de modo a fazer com que a mulher acreditasse na
naturalização da dominação masculina. Assim, os primeiros textos escritos por mulheres no Brasil apontam a imagens
femininas submissas e marginalizadas. Já a literatura de autoria feminina contemporânea questiona esta posição subjugada da
mulher. Ancorado nos pressupostos teóricos da Crítica Literária Feminista, essa comunicação tem por objetivo realizar uma
análise do conto Cem anos de perdão, da coletânea de contos da autora Clarice Lispector, intitulada Felicidade Clandestina
(1998); e do conto Ruídos, da coletânea de contos da autora paranaense Luci Collin, intitulada Vozes num divertimento (2008);
levando em consideração a relação da personagem principal com a natureza, que, por meio da simbologia, desmistifica um
discurso de dominação. Dessa forma, a comunicação se propõe discutir como se dá a caracterização das personagens que
atuam como construtoras de identidades nos contos das escritoras, pondo em pauta as indagações e problematizações do que
vem a ser a categoria mulher na contemporaneidade. Busca-se, sobretudo, verificar o modo como as autoras vêem e
representam a questão do gênero, ou seja, o comportamento do homem e da mulher na sociedade presente.
EDUCAÇÃO BILÍNGUE PARA SURDOS E O LETRAMENTO ESCOLAR NO ENSINO FUNDAMENTAL
Resumo
Este trabalho é recorte de pesquisa de doutorado em Linguística Aplicada, que propõe uma reflexão crítica, ao analisar
propostas adotadas por escolas de surdos, voltadas para o ensino e aprendizado da língua brasileira de sinais - Libras - e da
língua portuguesa na modalidade escrita, como possibilidades para o letramento escolar. Partimos de dados gerados mediante
pesquisa realizada com professores e alunos com surdez de duas escolas públicas de surdos da região metropolitana e do Vale
do Rio dos Sinos no Rio Grande do Sul. O estudo propõe uma articulação entre os campos da Linguística Aplicada (BRITTO,
2007; CAVALCANTI, 1999; FARACO, 2002; FENNER, 2006; KERSCH 2012; KLEIMAN, 2001; SCHLATTER, 2009; ZILLES,
2009) e os Estudos Surdos em Educação numa perspectiva pós-estruturalista. (KARNOPP, 1994, 2004; LEBEDEFF, 2006;
LOPES, 2002, 2004, 2006; QUADROS, 1995, 1997). Um olhar preliminar aos dados revela tensão entre um discurso de
celebração da educação bilíngue e a condição do letramento escolar dos alunos surdos. Esse discurso, de um lado, prioriza a
língua e a cultura dos surdos, mas, de outro, coloca a “impossibilidade” linguística na condição de letramento, gerando uma
desmobilização para práticas significativas de ensino/aprendizagem.
LITERATURA JUVENIL NA DÉCADA DE 1980: UM NOVO OLHAR
Resumo
No final da década de 1970 e início de 1980, a literatura juvenil traz temas que em períodos anteriores não eram permitidos
explorar: separação conjugal, extermínio dos índios, condição da mulher, discriminação racial. Integrando nesses novos temas
e olhares estão Vivina de Assis Viana, Sérgio Caparelli, Ana Maria Machado, dentre outros. Na década de 1980, a produção de
livros destinados ao público infantil e juvenil cresce devido à consolidação da indústria editorial, o jovem passa a ser
reconhecido como um consumidor em potencial. A literatura pedagógica sobre alterações e gera mais liberdade aos escritores.
A metalinguagem, a intertextualidade, marcas da oralidade e a ruptura com a poética tradicional integram as narrativas que
circulam nas livrarias e bibliotecas. As novas abordagens estreitam as relações entre a ficção e o real visto que os fatos, os
personagens, os lugares e as referências culturais são reconhecíveis no mundo real do leitor, proporcionando um enlaçar
permanente entre o individual e o coletivo. Suando frio (1986), de Vivina de Assis Viana, obra que analisaremos a partir das
perspectivas apresentadas, oportuniza ao leitor estabelecer infinitas relações com acontecimentos sociopolíticos e culturais,
analisar momentos únicos de paixões delirantes, compreender as angústias, frustrações e impotências e, ainda, suscitar o
prazer estético, qualidade apenas proporcionado pela leitura literária que, embora solitária, tem poder transformador.
NELO NESSA TERRA: TENSÕES FRONTEIRIÇAS
Resumo
O tema migração aparece como corpo estético-literário de muitas narrativas contemporâneas, mas em Antônio Torres o tema
ganha dimensão peculiar, pois o migrante de Antônio Torres, sujeito fragmentado, à margem de centros unificadores, mais que
atravessar fronteiras geográficas, lança-se na travessia da própria existência, problematizando-a. Diante disso, propõe-se a
discussão acerca dos temas identidade e migração na obra Essa terra (1976), do referido autor, a partir do itinerário da
personagem Nelo que migra para São Paulo em busca de uma vida melhor. Enxotado de sua terra, devido às péssimas
condições sociais, para um espaço totalmente diferente – São Paulo – Nelo não encontrou laços identificadores; se tornou um
ser destinado à derrota. Com os sonhos desencantados, retorna à localidade de origem – Junco – como um indivíduo
fracassado, perde a razão e se mata. Antônio Torres promove em Essa Terra o retorno das raízes referenciais da existência
humana excedendo as abordagens de migrantes desterrados; apresenta personagens que são arquetípicos do ser humano,
convivendo com conflitos existenciais, sociais, emocionais e psicológicos, desconstruindo idealizações redentoras sobre a
migração sertaneja. As análises empreendidas fundamentam-se em discussões propostas por Bhabha (1998) em O local da
cultura, Hall (2006) em A identidade cultural na pós-modernidade, Estrela (2003) Sampauleiros: Cotidianos e representações, e
Araujo (2008) Floração de imaginários: o romance baiano no século 20.
A CRIAÇÃO DO LÉXICO DA LIBRAS E SUA RELAÇÃO COM A LÍNGUA PORTUGUESA
Resumo
Neste trabalho propomos apresentar como é desenvolvido um grupo de estudos de uma instituição pública situada no estado de
Minas Gerais, composto por professoras e intérprete ouvintes e estudantes surdos, cujo objetivo é a criação de um glossário
bilíngue de termos técnicos da área de Química tendo como língua de partida a Língua Portuguesa (LP) e como língua de
chegada a Língua Brasileira de Sinais (Libras). A metodologia utilizada é desenvolvida no projeto de tese de De Souza e Lima.
Para tanto, uma professora de Química e uma intérprete de língua de sinais, que também é graduada em Química, explicam
aos alunos surdos os conceitos relativos à área em questão em LP, para que eles possam entender cada um e, entre eles,
discutir e criar um sinal para os conceitos em Libras que leve em consideração as regras linguísticas de boa formação dos
sinais. A LP, para os alunos surdos, é considerada como suas segundas línguas, por isso a preocupação em que esses alunos
entendam cada conceito em LP, não somente por meio de explicações orais, mas também por meio de leituras de livros
especializados e pela busca de conceitos e palavras em dicionários da LP. Sendo assim, acreditamos que a participação dos
alunos neste grupo faz com que seus níveis de leitura e escrita melhorem significativamente. O grupo também conta com uma
professora ouvinte, doutoranda em Linguística Aplicada, responsável pela criação da metodologia de criação de glossários, e
uma professora de Libras e LP, também ouvinte, e com formação na área de Linguística Aplicada, que fica responsável pela
observação dos efeitos de sentido entre os membros do grupo que, a todo momento, transitam entre as duas línguas.
SITE OFICIAL E CARTA PESSOAL: O DUPLO EFEITO DO ENUNCIADO TRABALHO
Resumo
Pêcheux (2009), em só há causa daquilo que falha, compreende a interpelação ideológica como um ritual que não existe sem
falhas, enfraquecimentos ou brechas. Isso significa que a ideologia dominante se justifica na/pela ideologia dominada, senão
tudo estaria funcionando “bem demais”. A proposta desenvolvida para este simpósio tem como objetivo apresentar parte de
uma pesquisa maior em que despontou o trabalho como uma das regularidades temáticas da conjuntura social contemporânea,
regida pelo sistema capitalista neoliberal. A partir da análise de um arquivo de cartas manuscritas por presidiários, o enunciado
trabalho despontou com seus efeitos e, para este momento, será observado discursivamente pela posição sujeito do presidiário
que se “agarra” a uma atividade laboral como alternativa de antecipação de sua liberdade e pelo Estado que lança programas
para os encarcerados e os divulgam em seu site oficial, vislumbrando sua volta ao convívio social na tentativa de “resolver” os
problemas relacionados à superlotação do sistema carcerário, bem como, o “controle” da violência. A hipótese é de que o
trabalho se significa, respectivamente, como a chave da porta da rua para o presidiário e, para o Estado, a possibilidade de
adaptá-los (PFEIFFER, 2010) à demanda mercadológica atual em que a Revolução Tecnológica, em processo, inclui alguns e
exclui milhares. O resultado produzido é que há uma incorporação direcionada a atividades específicas para esse sujeito que
está na prisão e é interpelado a “aceitar” o discurso dominante já posto em uma conjuntura social mantida pelo funcionamento
discursivo do Estado e suas políticas consensuais.
CRENÇAS E ATITUDES LINGUÍSTICAS DE FALANTES URBANOS
Resumo
Neste trabalho, temos como objetivo descrever as crenças e atitudes linguísticas manifestadas na fala de informantes urbanos
naturais da cidade de Foz do Iguaçu, Paraná. Para o presente estudo, serviram de base gravações e transcrições grafemáticas
das entrevistas que fazem parte da pesquisa qualitativa realizada em Foz do Iguaçu, pesquisa que integra o Projeto Crenças e
atitudes linguísticas: um estudo da relação do português com línguas de contato. Este projeto tem como proposta maior
fomentar a integração de grupos de pesquisas voltados para as questões de descrição e análise linguística do português falado
no Paraná, tanto em comunidades de fronteira como em comunidades de imigração. O corpus deste estudo constitui-se de
respostas de 36 informantes, que responderam a um questionário de 57 questões sobre a relação que eles, falantes de Foz do
Iguaçu, têm com pessoas que falam outras línguas, tendo em vista que, na população dessa cidade, estão presentes mais de
72 grupos étnicos. Os 36 informantes estão estratificados socialmente, com base nas variáveis sexo/gênero, faixa etária e nível
de escolaridade. Assim, por meio das questões selecionadas, apresentamos as respostas dos entrevistados a essas perguntas,
procurando descrever as crenças e atitudes linguísticas de falantes brasileiros naturais de comunidades fronteiriças e de
imigração em relação à língua materna, à segunda língua e/ou à língua de contato, bem como analisamos dados sobre
manifestações linguísticas indicativas da cultura da região de fronteira e de contato a fim de identificarmos fatores decorrentes
de crenças linguísticas que conduzem a atitudes negativas em relação à língua e ao grupo do outro.
FICÇÃO PARA ALÉM DA HISTÓRIA
Resumo
O papel de destaque que os livros destinados aos jovens vem ocupando no cenário da literatura brasileira a partir das últimas
décadas do século XX está relacionado a, no mínimo, dois fatores: o surgimento da juventude, faixa situada entre a infância e a
idade adulta, como instância de relevante atuação social (o que não acontecia até então), e o desenvolvimento do mercado
livreiro, que vê nesse segmento promissor espaço de circulação e consumo de seus produtos. Daí decorre que todo o esforço
para conceituar a literatura juvenil, delimitando sua especificidade, deve levar em conta tais questões. Em outras palavras,
importa não só a proposta do texto enquanto representação estética do imaginário jovem, mas ainda a concepção física do
livro-objeto, para o qual o projeto gráfico-editorial providencia roupagem, conteúdos acessórios e distribuição de toda a matéria.
A leitura de Alma de fogo: um episódio imaginado da vida de Álvares de Azevedo visa abarcar tais aspectos, verificando como a
obra se realiza no universo da literatura juvenil, em termos de atendimento a esse público específico.
O VALOR ANAFÓRICO DO TERMOS ADVERSATIVOS CONTUDO, ENTRETANTO E NO ENTANTO EM TEXTOS
MIDIÁTICOS
Resumo
Assim como o comportamento humano, a língua em uso apresenta novas estruturas e funções para adequação ao objetivo da
comunicação. O funcionalismo, corrente da descrição linguística que trabalha com dados da língua falada e escrita, procura, por
meio do processo de gramaticalização, compreender a mudança sintático-semântico-pragmático que ocorre com determinados
termos. Sendo assim, neste trabalho, objetiva-se visualizar esse processo nos vocábulos contudo, entretanto e no entanto, com
o intuito de expressar a passagem do tipo advérbio conjunção e evidenciar o valor adversativo dessas palavras e o atual caráter
anafórico. Para isso, optou-se pelo uso do conceito clássico de gramaticalização, que determina, de acordo com Hopper e
Traugott (2003), a ocorrência de itens lexicais, em determinados contextos, assumindo funções gramaticais ou desenvolvendo
novas funções gramaticais, isto quando já gramaticalizados. Tem-se, nesse processo, uma evidente alteração semântica, isto é,
outros significados, e uma mudança sintática dos termos em estudo, realocando-os em outra categoria. O corpus para
investigação dessas mudanças baseia-se em textos midiáticos pertencentes a jornais e revistas de grande circulação nacional.
INTERJEIÇÕES NA PERSPECTIVA DA RST
Resumo
Os poucos estudos no Brasil acerca do Fenômeno Interjeição (FI) restringem-se a situações limites, qual seja a frase. A maioria
das frases selecionadas para exemplificarem o capítulo sobre interjeições nas gramáticas é transcrita de textos literários
formais, o que deixa à margem o caráter de espontaneidade do FI. Manifestações interjectivas (MIs) como Coitada!, Meu Deus
do céu! e Nooossa! fogem do rol proposto e preservado pelas gramáticas. Nesta comunicação, desloca-se o FI de sua posição
final do continuum das partes orationis para o centro das discussões, a fim de ser visto, funcionalmente, como um fenômeno de
língua(gem) bastante produtivo. Um caminho vislumbrado para retirar o FI do limbo é analisá-lo na perspectiva da Teoria da
Estrutura Retórica (RST), o que permitirá estabelecer sua relação com a macroestrutura textual. O que se vê, geralmente, nas
análises tradicionais, é uma classificação das MIs em conformidade com a lista de “sentimentos” arrolada pelos gramáticos num
nível microestrutural. Se as MIs são introduzidas num texto é porque elas contribuem, de modo expressivo, vivo e peculiar, com
a organização coerente das porções textuais. O objetivo deste trabalho é, portanto, levantar uma discussão acerca da
possibilidade de analisar o FI na perspectiva da RST e de como concretizá-lo. Indaga-se: a) se as MIs devem figurar, na
perspectiva da RST, como porções de texto; b) como se daria a relação entre o enunciado interjectivo com outras porções do
texto ou com todo o texto; c) se as MIs exercem a função de núcleo ou a de satélite. Espera-se que a discussão seja profícua.
A ARTICULAÇÃO DAS CATEGORIAS CIRCUNSTÂNCIA E PARTICIPANTE ATOR NAS NOTÍCIAS JORNALÍSTICAS: UM
CASO DE METÁFORA DA TRANSITIVIDADE
Resumo
No uso efetivo da linguagem, o falante possui à sua disposição uma gama de configurações possíveis para expressar um
mesmo significado. O que irá determinar uma escolha, em detrimento de outras que poderiam ter sido feitas, será o conjunto de
pré-requisitos determinados pelo propósito enunciativo. Neste trabalho, objetiva-se mostrar o modo como os significados são
construídos no gênero notícia jornalística a partir da articulação das categorias semânticas que compõem o sistema de
transitividade proposto pala teoria sistêmico-funcional, a saber: os Processos, os Participantes e as Circunstâncias. Uma
observação mais criteriosa sobre as formas linguísticas que estruturam o gênero em questão demonstrou que, de forma
bastante recorrente, o locutor atribui uma nova codificação ao sistema de transitividade ao estabelecer mudanças de domínio
das categorias que compõem este sistema léxico-gramatical, a fim de conferir relevância aos fatos considerados mais
importantes e, consequentemente, atrair a atenção do leitor. A este fenômeno de mudança de categoria, atribuímos o rótulo de
Metáfora da Transitividade, considerada, em termos hallidayanos, uma variação da expressão do significado. A metáfora ocorre
no interior do sistema de transitividade, entre outros aspectos, no instante em que um termo congruentemente circunstancial
passa a exercer a função de participante obrigatório, como acontece em Natal aumenta a produção de lixo doméstico, em que,
por meio de testes de sondagem, é possível perceber que o termo codificado como Participante Ator do processo material
aumentar (Natal) resguarda resquícios semânticos e sintáticos da categoria circunstancial de localização temporal.
A MEMÓRIA CULTURAL DE SÃO LUÍS – MA EM NOITE SOBRE ALCÂNTARA DE JOSUÉ MONTELLO
Resumo
A escrita literária é construída a partir da interação do artista com a realidade social, atrelada a fatores históricos, culturais,
políticos que se interpenetram por uma intrincada teia de relações. Assim, este trabalho objetiva analisar a ressignificação da
memória cultural da cidade de São Luís – MA na obra Noite sobre Alcântara do autor maranhense Josué Montello. Esta obra
agrega aspectos da cultura popular - festas, mitos - costumes e tradição, além da memória presente em elementos urbanizados
de inesgotável valor patrimonial, tudo ressignificado pelas lentes da personagem central. Diante do turbilhão da vida
contemporânea o homem se muni de repulsa mútua (SIMEL, 1987) não só em relação aos outros, mas também em relação aos
quadros sociais que o envolvem. Para tanto, partimos da compreensão de que na contemporaneidade o eu exerce a sobrecarga
de, no seu isolamento, reconstruir elementos da sua cultura, papel outrora atribuído ao coletivo. Assim, a memória cultura na
obra em questão é visualizada a partir da relação que a personagem central estabelece com os espaços sociais, sendo
repensada por meio de procedimentos enunciativos.
HIPOSSEGMENTAÇÕES EM PRODUÇÕES TEXTUAIS INFANTIS
Resumo
O objetivo desta pesquisa foi investigar se a instância enunciativa na qual as crianças escrevem – aqui, especificamente, o
discurso direto (DD) e o que chamamos de “outros contextos” (OC) - poderia ter relação com as hipossegmentações: ausência
de separação por espaços em branco entre palavras (ABAURRE 1988, 1991 e SILVA, 1991). Nosso material foi constituído de
143 produções textuais narrativas, coletadas em Escolas Públicas e Privadas de Maringá (PR). As hipossegmentações
encontradas nesse material foram analisadas quantitativa e qualitativamente. Os resultados obtidos quantitativamente
mostraram que a instância enunciativa na qual a criança escreve é relevante, pois, mesmo sendo produzidas mais palavras em
OC, a maior quantidade de palavras envolvidas em hipossegmentações estava no DD. Já qualitativamente, a instância
enunciativa não pareceu sempre relevante, embora, em alguns casos, tenha sido decisiva para as escolhas das crianças sobre
como segmentar, por exemplo, nos momentos em que as hipossegmentações identificadas não correspondiam a limites
prosódicos. A pesquisa permitiu concluir que, para segmentar palavras, a criança não é apenas influenciada pelas práticas orais
e letradas da qual participa, mas, também, em alguns momentos, pela instância enunciativa na qual escreve.
A TEORIZAÇÃO SOBRE A CRÔNICA APRESENTADA NAS NARRATIVAS DE DRUMMOND
Resumo
Na literatura brasileira, a crônica pode ser compreendida como em um relato ou comentário de acontecimentos prosaicos do
cotidiano, um texto curto, que flutua entre o jornalismo e a literatura, publicado inicialmente em jornais e revistas. Batizada de
gênero “anfíbio” pelos teóricos, cabe aos cronistas driblarem a “tensão” entre os discursos literários e jornalísticos. A liberdade
do cronista é ilusória e tem um limite: é preciso encontrar o savoir-faire, apresentar uma coluna balanceada, mesclar útil e o
inútil, a reflexão e o humor, a sabedoria e a insensatez. Carlos Drummond de Andrade teoriza sobre o gênero e aborda em suas
narrativas os desafios diários presentes no ofício do cronista: encontrar a medida da frivolidade para agradar o leitor;
transformar os fatos ordinários em objetos literários; a aptidão de tirar da cartola, todos os dias, um assunto interessante para
chamar a atenção do leitor; o que fazer quando falta assunto; a dificuldade de manter a criatividade e de fazer literatura “sob
pressão”; e expressar seus sentimentos em poucas linhas na coluna de jornal. Nesse sentido, o objetivo do presente estudo é
averiguar como a metalinguagem se configura na prosa drummondiana, de maneira que possa contribuir para uma discussão
teórica-crítica sobre a crônica. Para cumprir a proposta, selecionamos crônicas publicadas em livros e textospesquisados no
acervo do escritor, que se encontra na Fundação Casa de Rui Barbosa, no Rio de Janeiro.
O PROTAGONISMO SOBRE-HUMANO EM “MATRIX COMICS”
Resumo
O projeto RENaG (Rede de Estudos de Narrativas Gráficas) da Universidade Federal do Pampa (Unipampa, Rio Grande do Sul)
desenvolve ações de Ensino, Extensão e Pesquisa. Durante os últimos semestre letivos, tem se debruçado sobre a
conceitualização de uma figura literária presente em narrativas de recepção popular, o protagonista sobre-humano.
Historicamente, ele se desenvolve no contexto de produção midiática das histórias em quadrinhos, conhecido pelo termo
super-herói. Enquanto a noção de herói é constituída por arquétipos, o super-herói é construído através de uma série de tropos
narrativos, recurso com função de síntese que traz imagens convencionais amplamente reconhecidas. Diferencia-se do
estereótipo da personagem invencível e moralmente perfeita, pois articula cinco elementos básicos em forma de alegoria: a
gênese, as habilidades, a caracterização (uniforme), a missão e a nêmese (antagonismo). Proponho aqui a identificação destes
elementos nas personagens de “The Matrix Comics”, parte da obra de ficção científica distópica transmidiática “Matrix”, cujos
três filmes longa-metragem principais (Cinema) se desdobram em narrativas paralelas de Animação, Literatura, Videogame e
Quadrinhos. "The Matrix Comics" são um conjunto de vinte e sete histórias, originalmente lançadas como webcomics gratuitos
pelo site oficial do projeto, no período entre 1999 e 2004, reunidos com três histórias inéditas em dois volumes impressos, ainda
em 2003 e 2004. Objetivo correlacionar os tropos narrativos do protagonista sobre-humano nestes quadrinhos com elementos
de referência cultural externa reconhecíveis, presentes em mitos clássicos, mitos contemporâneos e em outras obras ficcionais.
ALTEAMENTO DAS VOGAIS MÉDIAS PRETÔNICAS NO PORTUGUÊS DA AMAZÔNIA PARAENSE: A INFLUÊNCIA DO
DIALETO DOS MIGRANTES MARANHENSES FRENTE AO DIALETO FALADO EM BELÉM
Resumo
O presente trabalho surgiu quando, a partir dos resultados advindos da versão anterior do Projeto Vozes da Amazônia,
evidenciou-se a necessidade de se aprofundar suas fronteiras e discutir temas relacionados ao desenvolvimento de políticas
linguísticas e à identidade sociodiscursiva do amazônida nas regiões onde se atesta contato interdialetal decorrente de fluxo
migratório intenso motivado por projetos econômicos na região Amazônica, o que inclui o tratamento de aspectos culturais,
sociais, históricos e político-ideológicos. O objetivo central é o de mapear a situação sociolinguística diagnosticada por Cruz et
al (2009) identificada na Amazônia paraense. Diante do mapeamento obtido pelo Projeto Vozes da Amazônia com relação à
situação sociolinguística das vogais médias pretônicas do português regional paraense, sentiu-se a necessidade de uma
investigação mais aprofundada sobre a situação sociolinguística no município de Belém, uma vez que este recebeu um fluxo
migratório considerável, em sua maioria de Maranhenses, em decorrência de projetos econômicos da região. A coleta de
narrativas de experiência pessoal (TARALLO, 1988) será o objetivo principal do trabalho de campo. Este trabalho trará, ainda, o
exame do fenômeno das vogais pretônicas na fala de grupos de migrantes Maranhenses ou de seus descendentes no
município de Belém, tendo como base uma amostra estratificada como fizera Bortoni-Ricardo (1985).
O MONÓLOGO ÉPICO DE BREVIDADES, DO COLETIVO DE TEATRO ALFENIM
Resumo
O monólogo teatral, via de regra, leva a se pensar em um teatro intimista e intrapessoal, marcado por acentuado tom lírico e por
uma inflexão subjetiva. Por outro lado, a necessária remissão à memória já traz um elemento perturbador para o conflito
dramático tradicional. De fato, tanto o traço lírico da deformação subjetiva quanto a orientação para a memória provocam um
distanciamento que tem caráter épico, pois cria distância – do mundo objetivo e de si mesmo. Contudo, isso não impede que o
monólogo possa atuar sobre os espectadores criando identificação, levando à empatia com o sofrimento de uma alma em crise.
É justamente contra esse envolvimento sentimental e acrítico do espectador que a tradição do teatro dialético se insurge,
procurando impedir esse processo por meio do distanciamento, criado a partir de inúmeras técnicas, com o objetivo de
questionar a estrutura estética e social dos contextos referidos. O Alfenim, com a peça Brevidades, busca caminhos para o
teatro épico exatamente pelo monólogo. A situação ficcional mostra uma mulher com Alzheimer que, numa casa de repouso,
recebe visitas – os espectadores – mas não consegue definir claramente a relação que mantém com eles. Desse modo, ao
mesmo tempo em que conta episódios de sua vida – relações conflituosas que vão além do nível individual – ela se dirige
diretamente ao público, ora procurando seduzi-lo, ora atacá-lo, num jogo de forças que reproduz as relações elaboradas a partir
da memória, numa articulação de aproximação e afastamento que tem um efeito distanciador. Nessa comunicação, pretende-se
mostrar como se dá esse processo, por meio de alguns trechos escolhidos da dramaturgia e também da cena.
A SINGULARIDADE DE LEONOR DE MENDONÇA DE GONÇALVES DIAS NO ROMANTISMO BRASILEIRO
Resumo
O drama Leonor de Mendonça de Gonçalves Dias foi a terceira obra teatral produzida pelo poeta. Ao todo o autor escreveu
quatro dramas, Patkull em 1843, Beatriz Cenci em 1844-1845, ambos em Portugal, Leonor de Mendonça em 1846 e Boabdil em
1850. Todas as peças têm como característica o aproveitamento de matéria histórica, mas se diferenciam esteticamente.
Leonor de Mendonça, considerada a obra prima do poeta, juntamente com o seu Prólogo, demonstra uma consciência artística
em consonância com a estética romântica e com as produções dramáticas europeias destoando do que vinha sendo produzido
no teatro brasileiro da época. No início do século XIX, o melodrama e a ópera eram os gêneros teatrais mais populares no
Brasil. Além disso, a comédia, representada pelos vaudevilles franceses e pelas comédias de costumes, sobretudo as de
Martins Pena, eram bastante privilegiadas. Assim como Gonçalves Dias conseguira fazer vingar o Romantismo na poesia
brasileira, pensava ele difundir o drama romântico, mas as suas peças não lograram êxito. Este estudo compara Leonor de
Mendonça com outras peças nacionais e internacionais coetâneas a fim de demonstrar como Dias dialoga com a estética
romântica produzindo uma obra diferente dos melodramas de caráter moralizante e das obsoletas tragédias neoclássicas.
Nesse sentido, Leonor de Mendonça se aproxima muito mais de Chatterton de Alfred de Vigny do que de Olgiato de Gonçalves
de Magalhães ou de O cinto acusador de Martins Pena. Em suma, pretende-se contribuir para o estudo do teatro de Gonçalves
Dias e a pesquisa sobre o Romantismo no Brasil.
GRUPO DE LEITURA E ESCRITA - UM NOVO OLHAR SOBRE AS QUEIXAS ESCOLARES
Resumo
Essa pesquisa verifica a eficácia da estimulação do processo de leitura e escrita em grupo, baseando no letramento e nos
gêneros discursivos. O trabalho de estimulação de leitura e escrita em grupo mais do que uma resposta à necessidades de
ordem econômica ou organizacional, e mais do que mera estratégia facilitadora, é uma abordagem terapêutica fonoaudiológica
potencial capaz de contribuir para a emergência de processos favoráveis ao desenvolvimento da linguagem e do sujeito.
Propicia assim aos envolvidos discutir as funções da escrita, o papel que a linguagem ocupa no universo desses sujeitos e o
modo como eles se relacionam. O processo fonoaudiológico clínico grupal, formulado com base nos pressupostos teóricos do
letramento, conceito criado para referir-se aos usos da língua escrita não somente na escola, mas no cotidiano, deve ser
conduzido de modo que os sujeitos envolvam-se em práticas sociais de leitura e escrita e percebam a sua importância para o
dia a dia. Os sujeitos que fazem parte desta pesquisa foram encaminhados pela escola com queixas relacionadas a
aprendizagem e à aquisição de leitura e de escrita. Do ponto de vista fonoaudiológico, espera-se que com o atendimento grupal
ocorra a ressignificação dos sentidos atribuídos às queixas, que as práticas sociais de leitura e escrita sejam estimuladas
permitindo que os sujeitos encarem a linguagem escrita como um meio social de produção e recepção de um discurso.
A CONSTRUÇÃO DE IMAGENS EM ARTIGO OPINATIVO
Resumo
Neste trabalho propomos uma discussão sobre o modo como Elio Gaspari constrói diferentes imagens em um de seus artigos
de opinião intergenéricos. O texto sobre o qual refletiremos apresenta, portanto, configuração híbrida, isto é, trata-se de um
artigo de opinião com formato de e-mail. Essa mistura de gêneros provoca uma aparente confusão no que diz respeito à
identificação do orador, já que o articulista parece buscar um efeito de ilusão ao apresentar um suposto e-mail assinado por
figuras renomadas, quando, na verdade, trata-se de um artigo de opinião assinado por ele mesmo. Esse jogo empreendido pelo
articulista constitui um lugar propício para a observação, do ponto de vista retórico, da construção de imagens de si e dos outros
no discurso. Dessa forma, conduziremos nossas reflexões com base nos pressupostos teóricos desenvolvidos pelos estudiosos
da Retórica aristotélica e da Nova Retórica, bem como nas concepções acerca do fenômeno designado intergenericidade,
advindas da Linguística Textual. Partindo dessas considerações, buscamos, pois, compreender melhor a maneira como Elio
Gaspari constrói diferentes ethé para as personalidades envolvidas nas supostas interações apresentadas em seus artigos, o
modo como ele constrói seu próprio ethos e o papel que esse processo de construção de imagens exerce em seu projeto
argumentativo.
A INTERFERÊNCIA SEMÂNTICA NO TRABALHO DESCRITIVO MORFOSSINTÁTICO DA CLASSE DOS VERBOS NO
KAINGANG.
Resumo
A corrente linguística funcionalista é conhecida por priorizar a análise de fenômenos linguísticos considerados em seus próprios
termos, firmada nessa base teórica realizei minha pesquisa de mestrado, na qual abordei pelo viés morfossintático a descrição
das classes gramaticais dos nomes e dos verbos no Kaingang. A língua indígena Kaingang (Tronco Macro-Jê, família Jê), que
recebe o mesmo nome do povo, é falada por mais de 30.000 pessoas, distribuídas em mais de 30 Terras Indígenas nos estados
do Rio Grande do Sul, Santa Catarina, Paraná e São Paulo. É a língua Jê com maior número de falantes, tendo em vista que o
povo Kaingang corresponde a mais de 45% da população total dos povos de língua Jê (IBGE, 2010). É interessante mencionar
que o mundo, segundo a cosmovisão Kaingang, está ordenado em duas metades de acordo com o clã de seus criadores
Kanhru (não comprido) e Kam? (comprido). Para o povo Kaingang os heróis míticos personificam a percepção de mundo
perfeitamente simétrica, formada por pares opostos e complementares. As metades clânicas, além de serem utilizadas nas
pinturas corporais, são identificadas em todos os seres do universo e também refletem na língua. Essa realidade pôde ser
notada no decorrer do meu trabalho de mestrado e, de forma mais notável, na classe gramatical verbos. Diante disso,
apresentarei um recorte de minha pesquisa, focando especialmente em questões nocionais que favorecem a variação verbal na
língua em questão. Também abordarei à proposta de classificação semântica dos verbos elaborada por Payne (1997) possível
de ser observada na língua Kaingang.
AS MÁSCARAS SINGULARES OU A TOPOGRAFIA URBANA DE LUIZ RUFFATO?
Resumo
O trabalho faz um estudo dos poemas que projetam um olhar de desencanto sobre a cidade presentes na seção “As máscaras
singulares”, do livro de título homônimo (2002) escrito por Luiz Ruffato. Observa-se em que medida o autor projeta uma
perspectiva sobre a cidade como metonímia das contradições da modernidade no Brasil. Para tanto, verticaliza-se a tópica da
fantasmagoria (Benjamin, 1994; Hardman, 1988) que discute a imagem obsoleta da cidade como rastro deixado pelas tentativas
de sincronizar as regiões mais atrasadas do Brasil com o movimento universal da modernização. A sucessão de imagens
construídas por Luiz Ruffato mostra o efeito espectral lançado sobre a cidade e que sugere como as relações sociais
encontram-se desterritorializadas com a voga da modernidade. A cidade passa a ser vista como um abismo no qual os sujeitos
vivem a crise de um imaginário citadino pós-utópico (GOMES, 2008). Nossa hipótese, portanto, está pautada na consideração
de que a cidade configurada por Luiz Ruffato em “As máscaras singulares” revela a perda da experiência a que o homem
encontra-se submetido com o advento da modernidade.
O CONTO NA FORMAÇÃO INICIAL DE PROFESSORES NO CURSO DE LETRAS
Resumo
O relato de experiência sustenta-se nas ações desenvolvidas, em 2013, na disciplina Leitura e Produção de Texto I, realizada
no curso de Letras da Faculdade de Presidente Prudente/SP. O objetivo do relato de experiência é o de apresentar a ação
formativa realizada na disciplina, mostrando como a leitura literária foi tratada durante a formação inicial de professores, qual
abordagem metodológica foi utilizada e como os alunos envolvidos reagiram diante do texto. Para isso, são socializadas as
práticas de ensino e de aprendizagem, realizadas com alunos do 2º semestre do curso de licenciatura, a partir das atividades e
oficinas com o conto “Uma Galinha”, de Clarice Lispector, apresentando: o uso das estratégias de leitura no processo de
compreensão do texto, com base em Girotto e Souza (2010); o estudo dos elementos da narrativa, sustentados em Gancho
(2006). Destacam-se no processo formativo: leitura em voz alta; ativação do conhecimento prévio dos alunos; reconhecimento
das características do gênero textual conto; identificação dos intertextos; realização de debates; escrita das aprendizagens e
sentidos construídos.
ESTUDO DOS ALTERNATIVOS MODOS DE VER E DIZER O MUNDO EM PRIMEIRAS ESTÓRIAS, DE JOÃO GUIMARÃES
ROSA
Resumo
O presente trabalho de Iniciação Científica analisa contos de Primeiras Estórias (1962), de João Guimarães Rosa, tendo em
vista investigar a representação literária de tipos socialmente desvalorizados no mundo ocidental. Guimarães Rosa privilegia
lugares e modos de ver e dizer o mundo historicamente desqualificados no Ocidente, problematizando, assim, uma série de
oposições, como adulto/ criança, oral/ escrito, civilizado/ selvagem, urbano/ rústico. Estas oposições negam, ao polo
considerado negativo ou inferior da dicotomia, uma forma de apreciação do mundo que tenha interesse, desqualificando-a. Esta
pesquisa, portanto, investiga a construção rosiana de estratégias literárias para representar, como competentes, estes modos
“outros” de ver e dizer o mundo. A partir do estudo das categorias civilização e barbárie e das relações coloniais em que
estiveram envolvidas (com destaque para os trabalhos de Norbert Elias e Albert Memmi), pudemos desenvolver nossa análise,
percebendo que a dificuldade de comunicação entre os personagens (manifestada de diversos modos) é um fato presente nos
contos rosianos, podendo ser entendida como uma forma figurada da representação da incompreensão que existe entre as
pessoas, incompreensão que tende à negação do outro. Mas, mesmo com esse obstáculo, podemos dizer que cada um, à sua
maneira, consegue alterar modos de pensar, abrindo horizontes, e tal amplitude nos fez perceber a relação fundamental de
causa e efeito dos contos rosianos: a compreensão levando ao amor, ao enlace com o outro, apostando-se na esperança e na
renovação.
DO SUJEITO POÉTICO AO FAZER POLÍTICO: O DIÁLOGO COMO PONTE
Resumo
Há poucas palavras tão distanciadas na compreensão geral quanto poesia e política. Não obstante, trata-se de uma separação
não-essencial, construída pelo discurso e que, portanto, por ele pode ser questionada. Segundo Hannah Arendt, essa
separação tem origem na tradição platônica do pensamento ocidental, que divide o mundo em pares opositores,
correspondentes às esferas do corpo e do espírito. De um lado, pensadores e artistas, componentes do pólo espiritual,
associados à vida contemplativa e íntima, do outro, os homens de ação, atuantes no espaço público ou político. A historiografia
está cheia de exemplos que contradizem essa separação, como a arte engajada e sua reconhecida politização da estética ou os
regimes fascistas e sua estetização da política. Ainda nesses casos, contudo, observa-se o mero reconhecimento da
interpenetração de dois campos dados a priori como diferentes. O ponto de vista que se pretende discutir é outro. Busca
apontar um fundamento comum entre o que se entende por sujeito poético e uma prática política mais sensível a partir dos
indivíduos. A base teórica do debate são trabalhos filosóficos de Hannah Arendt, Aldous Huxley, Julia Kristeva e Jacques
Rancière, que se preocupam com a relação intrínseca entre a vida do espírito e a vida prática, identificando na figura do artista,
em particular do escritor, características desejáveis ao fazer político. Dentre elas o reconhecimento dos próprios limites e
contradições como base da alteridade e do diálogo.
ELEMENTOS DE ARGUMENTAÇÃO NA PRODUÇÃO DE GÊNEROS TEEXTUAIS NO ENSINO MÉDIO
Resumo
Ancorado em três perspectivas teóricas – a Linguística Textual, a Teoria dos Gêneros Textuais e a Semântica Argumentativa,
meu objetivo nuclear nesta pesquisa foi analisar em que extensão um material didático, elaborado com ênfase em elementos de
argumentação e aplicado no cotidiano do ensino de produção de textos em turmas do Ensino Médio, poderia contribuir para o
avanço da proficiência argumentativa dos alunos, especificamente no gênero textual ensaio escolar. Trata-se, portanto, de
buscar uma contribuição para o docente desse importante nível da escolarização aperfeiçoar sua capacidade de analisar o
desempenho de seus estudantes e, com a informação obtida, realimentar o ensino de textos. O corpus é constituído de ensaios
escolares elaborados pelos alunos em duas turmas do Ensino Médio de colégios públicos de cidades do Paraná. Realizei
pesquisa-ação com material elaborado por mim, e os procedimentos de análise tiveram origem no referencial teórico, do qual
focalizei justamente o estudo de três elementos de argumentação: tipos de argumento, operadores argumentativos e verbos
introdutórios de opinião. Após as minhas intervenções docentes, realizei análise argumentativa dos dados e encontrei
evidências empíricas que confirmam a minha hipótese da validade do tratamento pedagógico escolar planejado e reflexivo
sobre recursos de argumentação como meio de favorecer o desenvolvimento da competência argumentativa estudantil.
O ACONTECIMENTO NO DISCURSO RELIGIOSO: UMA ABORDAGEM ENUNCIATIVA DA NOMEAÇÃO E DA DESIGNAÇÃO
EM CANÇÕES PENTECOSTAIS E CARISMÁTICAS
Resumo
Em nossa pesquisa mestrado, traremos alguns conceitos do quadro teórico que mobilizamos, a Semântica do Acontecimento
fundada por Eduardo Guimarães, assim como mostraremos a sua aplicabilidade em algumas propostas de análises de
enunciados; desta forma observaremos canções religiosas. Diante disso, serão abordados os conceitos de nomeação e
designação, suas definições, bem como a sua compreensão no discurso religioso. Enfatizaremos duas materialidades
discursivas, a fim de promover uma abordagem comparativa entre os mecanismos acima referidos. Para que isto se estabeleça,
confrontaremos as práticas discursivas produzidas por evangélicos e católicos/renovação carismática a respeito do conceito de fé
em canções destes dois movimentos. Um esboço histórico da construção e consolidação destas duas perspectivas discursivas
será elaborado, a fim de que nos atentemos para alguns outros elementos apresentados nestes discursos, tais como formação e
memória discursivas. Com o percurso que faremos, objetivamos estabelecer uma relação entre estes discursos, seja para
diferenciá-los ou aproximá-los. Nosso objetivo primordial é a reflexão sobre a questão dos sentidos constitutivos em cada um dos
discursos analisados acerca do termo fé, uma vez que este pode ser considerado caracterizador da identidade de cada uma das
produções discursivas observadas, com seus espaços discursivos e outras especificidades. Os motivos que nos levaram a optar
pelos discursos acima referidos se constituem fundamentalmente pelo fato de haver relações enunciativas entre eles.
A REPRESENTAÇÃO DA PERSONAGEM NA PARÁBOLA JESUÂNICA “O BOM SAMARITANO"
Resumo
A investigação apresentada neste trabalho tem como objetivo analisar a representação na parábola jesuânica “O bom
samaritano”, especificamente, suas personagens, problematizando o caráter amimético/mimético dessa categoria narrativa.
Com breves descrições da personagem da tragédia de Sófocles – Édipo Rei, a pesquisa evidencia as principais características
das narrativas grega e judaico-cristã, ao apresentar suas respectivas personagens com base em pressupostos sobre a mimese
e a metáfora. O estudo indica uma pesquisa de caráter eminentemente bibliográfico, com fundamento na poética de Aristóteles
(1973), pressupostos sobre a mimese, metáfora e parábola, norteados pelos estudos de Costa (1992), Le Guern (1976),
Lockyer (2006), Lopes (1987), Sant’anna (2010) e Spina (1967). A pesquisa realizada permitiu a percepção dos discursos
introduzidos pela arte literária, via representação, de modo que, a parábola estudada demonstra que seu autor utilizou uma
linguagem narrativa adequada aos seus interlocutores, com temas do cotidiano, e construiu, assim, a estratégia para atingir
seus objetivos didáticos. Essa arte de narrar histórias indicia também o conhecimento moral, filosófico ou religioso, mas esse
saber, em geral, desvela-se pela representação dos tipos sociais. Na parábola analisada, a personagem metaforiza o sentido
moral que o narrador apontava, confrontando conceitos que seu ouvinte defendia, mostrando-lhe seu “equívoco” na
interpretação da Lei Moral judaica.
A PRODUÇÃO DISCURSIVA DO MATADOR EM SÉRIE NO SERIADO "DEXTER"
Resumo
Partindo do objetivo maior de analisar, em termos de discurso, a constituição do fascínio pelo matador em série na ficção a
partir do seriado estadunidense "Dexter" (2006-2013), iniciaremos um percurso pela construção discursiva do sujeito nesta
narrativa seriada. Nos questionamos sobre o fato de que há um estereótipo do matador em série cunhado em uma dada
configuração histórica, mais especificamente, em discurso médico que tem sido propagado por meio (também) da exibição de
séries e filmes. Há uma maneira bastante específica para se falar desse sujeito: geralmente um psicopata cujos impulsos de
matar decorrem ou de um trauma de infância (vitimização) ou de necessidades biológicas (desumanização). Vejamos que existe
um processo de produção e circulação de conceitos entre humano (vítima) e desumano (assassino). Tal produção/circulação de
dizeres movem a construção da identidade do matador em série. Queremos refletir sobre o lugar do qual emerge uma
construção identitária desse sujeito (e que é transposto para a ficção). Lembramos que a criação de personagens fictícias não
se trata de representação de uma realidade social, mas que essa mesma criação só é possível porque inserida e regida em
discursos. Portanto, não olhamos para o seriado como representação comparando-o com o que se chamaria real, mas visamos
a compreender o sujeito discursivo. Encontramos respaldo para nossa proposta no aparato teórico e metodológico da Análise
do discurso de linha francesa. De modo geral, analisaremos enunciados, pela perspectiva foucaultiana (e aqui tomamos
imagens e formulações verbais como enunciados), procurando regularidades que constituem a identidade desse sujeito
matador em série.
AS DUAS FACES DE SEMBÈNE OUSMANE: UM ESTUDO COMPARADO DO CONTO E MÉDIA-METRAGEM HOMÔNIMO
“LA NOIRE DE…”
Resumo
Tendo em vista toda a manifestação literária nos anos que antecederam a independência do Senegal, e, o próprio ano da
independência do país, 4 de abril de 1960, a presente proposta de pesquisa visa analisar este fenômeno sócio-cultural através
de duas obras chaves senegalesas: o conto e o média-metragem homônimo “La noire de…”, do escritor e cineasta Sembène
Ousmane. O movimento cultural “Negritude”, iniciado por Léon Gontran Damas, Léopold Sédar Senghor e Aime Césaire em
1934 foi um marco para os negros do continente africano. Este movimento foi importante para toda a África, pois os escritores
viram na literatura uma forma não só de resgatar a identidade negra africana, mas também de rebater as mazelas do
colonialismo através do campo artístico, sobretudo da literatura. O escritor e cineasta Sembène participou atividamente deste
movimento, enriquecendo a literatura do Senegal com obras de resgate cultura e de denúncia. A genialidade do escritor se
estende para o cinema, e em 1963 ele dirige o seu primeiro média-metragem. A partir de então Sembène passa a produzir
diversos filmes, faz estudos sobre o cinema na Europa, se dedica a sua mais nova atividade, e passa a se inspirar em suas
próprias histórias anteriormente escritas para criar novos filmes, como é o caso do média-metragem que analisaremos. Assim,
este trabalho visa identificar de que forma o conto e o média-metragem homônimo “La noire de…”contribuíram para o resgate
da identidade cultural senegalesa, levando em consideração os seus recursos e estratégias narrativas distintas, e os dados
históricos encontrados em cada uma delas.
O MENSALÃO EM PEQUENAS FRASES: UM OLHAR DISCURSIVO
Resumo
Nosso estudo se constitui numa pesquisa de Doutorado em andamento, desenvolvida no âmbito do Programa de
Pós-Graduação em Linguística, na Linha de Pesquisa: Linguagem e Discurso. Nessa pesquisa temos como objetivo analisar as
narrativas que são dadas a circular em pequenas frases na esfera midiática brasileira sobre o acontecimento discursivo
Mensalão. Temos como hipótese apriorística que tal acontecimento ecoa/produz uma história do atual quadro político do país,
através da produção, circulação e a transformação de pequenas frases que não cessam de ser produzidas na
contemporaneidade nos mais diversos suportes midiáticos. Para tal empreendimento analítico elegeremos frases que tiveram
no período do acontecimento ampla circulação, tais como: “Dormia a nossa pátria mãe tão distraída, sem perceber que era
subtraída em tenebrosas transações”,“Lula prometeu revelar segredos tremendos depois do julgamento do mensalão: o que
tem a dizer o Sherloque de Chanchada?”, “A lavagem de dinheiro foi feita em uma ação orquestrada com divisão de tarefas
típica de um grupo criminoso organizado” e "Eu nunca tinha ouvido isso, entrega de dinheiro a domicílio". Para dar conta de tal
empreendimento filiamo-nos a Análise de Discurso de orientação francesa, e como fio condutor teórico-metodológico as
reflexões de Maingueneau (2007, 2008, 2010) “sobretudo sobre as que se inscrevem no programa de pesquisa deste autor que
objetiva compreender a enunciação aforizante como uma ordem enunciativa distinta da enunciação textualizante.”(Baronas,
2013) e Krieg-Planque (2010) para pensar o papel da mídia na circulação e organização do espaço público.
O SEMINÁRIO ACADÊMICO E A INFLUÊNCIA DAS PRÁTICAS LETRADAS
Resumo
O seminário é um evento de oralidade formal, inserido em uma prática letrada, interativa, que envolve estratégias linguísticas e
didáticas no desenvolvimento dos saberes em construção. Refletir, pois, sobre o seminário acadêmico em instância de
formação de professores é observar mecanismos específicos de cumprimento da atividade que contribuirão para a,
consequente, ação docente dos envolvidos. Além da aula, o desenvolvimento de seminários contribui diretamente para outras
práticas, da mesma forma que é constituído e perpassado por elas, corroborando com a noção de letramentos múltiplos e
inter-relacionados. Nesse sentido, o presente estudo objetiva: a) identificar as práticas letradas que circundam os sujeitos
seminaristas nos diferentes contextos; e b) analisar se tais fatores podem explicar os conflitos e desvios em relação à execução
do seminário. Para tanto, utilizaremos recortes de quatro seminários realizados num componente curricular do curso de Letras
de uma universidade federal, à luz das concepções teóricas de seminário (VIEIRA, 2007; SILVA (2007) e práticas letradas
(KLEIMAN, 1995; MARCUSCHI, 2001; e SILVA, 2009). Os dados revelam que a qualidade da execução do seminário estar
diretamente relacionada a práticas acadêmicas e extra-acadêmicas de contato com a escrita, de modo que, sujeitos inseridos
em diferentes práticas letradas atendem de forma mais eficiente às características e exigências do seminário acadêmico.
POÉTICA DAS MARGENS: MULHERES RECONTANDO A HISTÓRIA EM DESMUNDO, DE ANA MIRANDA E FINISTERRE,
DE MARÍA ROSA LOJO
Resumo
A narrativa de extração histórica de autoria feminina contemporânea latino-americana, além de ter alcançado um alto nível
literário, nos chama a atenção pela inclinação de questionar a história da América Latina ao recriar seus mitos fundadores a
partir da perspectiva de seres marginais. As poéticas da escritora brasileira Ana Miranda e da escritora argentina Maria Rosa
Lojo põe essa questão em evidência e a articula com a noção de entrelugar. Tais considerações são o ponto de partida do
presente trabalho, que tem por objetivo examinar nos romances Desmundo (1996) e Finisterre (2005) a releitura e reconstrução
dos discursos constitutivos da nacionalidade brasileira e argentina, pelo ponto de vista tradicionalmente silenciado da mulher.
Nossa hipótese é a de que o discurso literário se constrói no entrelugar onde é possível repensar as culturas, e as identidades
para além de certas posições unilaterais, ou seja, onde as construções do sujeito e dos relatos já não são nem o “eu” nem o
“outro”. Nosso aparato teórico, portanto, são os fundamentos da crítica feminista e pós-moderna.
O OPOSTO DA MORTE EM "A MÁSCARA DA MORTE RUBRA"
Resumo
Em "A máscara da morte rubra", de Edgar Allan Poe, fica evidente nas ações do príncipe Próspero (e, por extensão, também
nas ações de seus mil amigos) a sistemática negação da morte e, ainda mais do que isso, a veemente afirmação da vida diante
dela. É por meio do isolamento e da decorrente clausura numa abadia que os festivos aristocratas escapam da pestilência que
assola o país, celebrando incessantemente a própria sanidade. Atentar para o caráter pouco “orgânico” do clima festivo que
domina a abadia, clima instaurado quase que compulsoriamente de acordo com a vontade do príncipe, é fundamental para
entender a constante festividade não como mero exercício de celebração da vida, mas como uma espécie de ritual que teria o
objetivo não declarado de manter a morte afastada, num esforço que parece apontar para o "oposto da morte". O presente
trabalho propõe uma leitura que busca expor o entrecruzamento dos elementos que com mais força constituem a cadência do
conto, sendo eles a morte e a festa – com especial interesse pelo baile de máscaras que encerra o conto, sendo o espaço que a
princípio parece propício para a dissolução e a perda das identidades, no qual os elementos fantásticos irrompem de forma
absolutamente explícita –, tendo como pano de fundo o conceito de “erotismo” de Georges Bataille.
RESSONÂNCIAS DA BÍBLIA NA LITERATURA BRASILEIRA
Resumo
A Bíblia como o livro dos livros possui uma síntese da literatura universal anterior a si e influenciou profundamente toda a
literatura posterior. Robert Alter e Frank Kermode identificaram ressonâncias bíblicas em Milton (1997:13), e de Agostinho a
Dante, Donne e Eliot (1997: 23). No Brasil, três grandes obras do século XX dialogam intimamente com a Bíblia, promovendo
estruturas e estilos literários que remetem a ela. Tanto "Os sertões", de Euclides da Cunha, quanto "Vidas secas", de Graciliano
Ramos, e "Grande Sertão: veredas", de João Guimarães Rosa, encenam apocalipses. O de Euclides é o apocalipse de
Canudos e de uma dimensão fundamental da identidade nacional, que ele resgata e lega como monumento. Graciliano encena
o apocalipse da exuberância e do enraizamento com seu estilo a palo seco. Rosa fabula o apocalipse jagunço e da linguagem,
mentalidade e costumes poéticos típicos do homem do interior do Brasil e de si, que Riobaldo faz permanecer com sua fabulosa
narração oral, remetendo ao dom curativo da palavra divina, bíblico eco. A estrutura paratáxica que marca a Bíblia também
interfere nessas três obras: no Sertão plural em isomorfia entre terra, homem e luta; nas vidas secas cada capítulo expressa um
diferente ponto de vista sobre um mesmo evento, nenhum totalmente verdadeiro, nem absolutamente falso; e na de Rosa como
floresta de motivos literários.
APROXIMAÇÕES DA NOÇÃO DE SIGNO NO CÍRCULO DE BAKHTIN E NA SEMIÓTICA DE WELBY
Resumo
Ao vislumbrar a noção de signo na semiótica da filósofa inglesa Victoria Lady Welby (1837-1912), propomos considerar seu
possível diálogo com a noção de signo na filosofia da linguagem do Círculo de Bakhtin, pensando na arquitetônica da proposta
do movimento “Signifcs” de Welby onde o signo movimenta-se para representar o próprio movimento de sentidos da vida.
“Significs”, de acordo com Welby (1911:VII), pode ser o estudo da natureza da significância em todas as suas formas e relações
e, portanto, do seu trabalho em todas as esferas da vida humana e do conhecimento. Ao considerar “significs” em um
movimento de significância, Welby explora os estudos dos signos, considerando a ação dos signos na vida, mais do que o signo
saussureano, composto por significante e significado, o signo de Welby se refere à significação, de maneira ampla, em
movimento. Ao pensarmos na visão de Welby de “significs”, podemos constituir um diálogo com a noção de signo ideológico
proposta por Bakhtin/Volochínov (2009/1929) em seu Marxismo e Filosofia da Linguagem, ampliando a noção de “sentido”. A
partir dessas primeiras e breves reflexões, ao considerarmos para este estudo, um possível diálogo teórico entre a noção de
signo em Welby e no Círculo de Bakhtin, observamos que a teoria de Welby – “significs” – pode ser pensada também
(bakhtinianamente) como um movimento da significância na arquitetônica social. Dessa maneira, a construção dos sentidos se
dá no movimento história, sociedade, cultura e língua. Propomos, então, analisar o signo “caveira” e o signo “AIDS”, observando
seus lugares e valores no mundo, pensados, sobretudo, em uma arquitetônica social.
#SOMOSTODOSMACACOS
Resumo
A partir de um dado evento imediatamente uma cadeia de outros eventos conexos se inaugura, na constituição das redes de
relações e redes de relacionamentos, aproveitando o trocadilho. Isso foi observado pela disseminação (mais ou menos
espontânea, discutiremos) da #somostodosmacacos. O usos de hashtag, originalmente criada no twitter, já alcançam outros
lugares, pelo deslize, para outras redes, como o facebook; e outras discursividades, como a publicidade. Essa fórmula -, que,
em tese, deveria produzir um efeito de sentido negatório (ou, pelo menos, de resistência e de militância) do racismo, desliza
também para outras searas de significação, constituindo, em si, um lugar de disputa pelo significado e pelo sentido.
Observando-se este fenômeno, buscamos engendrar um lugar de significação (ou uma luta pelo sentido) a partir da
materialidade linguística, as condições de produção e reprodução, a reprodutibilidade, o deslize dos sentidos, os embates ali
contidos. Antes de uma solução, propomos uma discussão sobre a constituição dos sentidos, pela via da inscrição no quadro
teórico da AD, em especial daqueles que circulam na internet, com suas peculiaridades de urgência, imediatidade, perda da
origem, circulabilidades etc. Mobilizaremos as noções de condições de produção, ethos e aforização de D. Maingueneau, entre
outros dispositivos teóricos necessários para enfrentar o corpora.
DISCURSIVIDADE DIGITAL E VLOGS
Resumo
Esta comunicação visa produzir uma análise de um material com significantes de naturezas distintas dentro do universo digital:
o vlog, formato de produção audiovisual que tem adquirido visibilidade na Internet, sobretudo na plataforma de vídeos Youtube.
Parte-se do pressuposto da Análise de Discurso Materialista em que o objeto teórico “discurso” adquire sua especificidade
analítica no confronto com a materialidade do seu espaço de circulação, o digital: isto abre à pesquisa das formas textuais dos
vlogs como tecnologias de linguagem na composição de diferentes materialidades significantes. O vlogueiro (nome que se dá
ao produtor do vlog) enuncia fatos cotidianos, comentários sobre notícias midiáticas ou ainda conselhos de saberes/fazeres
específicos, frequentemente exprimindo opiniões a partir do que ele considera ser suas vivências particulares. O procedimento
analítico se funda sobre o recorte de sequências discursivas das materialidades que compõe os vlogs, em concomitância com a
análise de traços sócio-históricos decantados no linguageiro. Os gestos de descrição devem, portanto, considerar o modo
particular de inscrição material dos vlogs no digital, interrogando o funcionamento composicional das tecnologias discursivas
próprias a este ambiente.
O PROCESSO DE ENSINO-APRENDIZAGEM DE LEITURA DO TEXTO LITERÁRIO: PERCURSOS PARA FORMAR
LEITORES
Resumo
Neste artigo, discute-se o processo de ensino-aprendizagem de leitura na aula de Língua Portuguesa e Literatura. Para tanto,
retoma-se as concepções que estruturam os documentos orientadores no Brasil e possibilidades para transpor para a prática as
diretrizes propostas. A discussão inicia-se com uma reflexão sobre as práticas de leitura que, durante muito tempo, dominaram
o processo de ensino-aprendizagem de leitura e a importância da leitura na formação da criança como um ser dialógico. Nessa
reflexão, enfatizamos a importância de que esse processo se de modo recorrente e sistematizado durante as aulas de Língua
Portuguesa. A análise fundamenta-se em Geraldi (1999) Rojo (2001, 2009), Kleiman (1995, 1997), Signorini (2006) e parte das
seguintes questões: Como está constituído o currículo no que diz respeito ao ensino de leitura no Brasil? O que a escola tem
feito para formar leitores competentes? Qual a importância dada à prática de leitura em sala de aula? Quais concepções e
metodologias sustentam essa prática? As pesquisas realizadas não só evidenciam as lacunas do processo de letramento
escolar, mas também indicam possíveis percursos que podem ser percorridos no processo de ensino-aprendizagem da prática
leitora.
UM ESTUDO INTRODUTÓRIO DE "SPEAKING LIKENESSES", DE CHRISTINA ROSSETTI
Resumo
A escritora e poetisa britânica Christina Rossetti (1830 – 1894) era uma mulher reclusa e profundamente religiosa. Amiga íntima
de Jean Ingelow (1820 – 1897), também muito famosa durante a Era Vitoriana, ela é considerada uma das melhores escritoras
em língua inglesa por Carpeaux (1959) e Jorge de Sena ([19--]). Erroneamente apontada como Pré-Rafaelista, irmandade
formada por Dante Gabriel Rossetti (1828 – 1882) e outros pintores, sua produção inclui vários trabalhos para o público infantil,
como “Goblin Market” (1862) e “Sing-Song” (1872). “Speaking Likenesses” (1874) é composto por três histórias curtas, que são
contadas a um grupo de cinco meninas por sua tia, enquanto todas estão sentadas costurando. Nelas, há “two of the most
unattractive features of nineteenth-century fairy tales, the tendency to gloat over the physically grotesque, and a determined
insistence on punishment” (“duas das características menos atrativas dos contos de fadas do século XIX: o deleite com o que é
fisicamente grotesco e a insistência na punição”) (AVERY, 1992, p. 324). Este texto tem por objetivo apresentar uma análise
dessa obra, e para a consecução desse objetivo, utilizaremos como metodologia conceitos da análise semiótica francesa:
apresentaremos a obra conforme sua estrutura narrativa e sua estrutura profunda; então, discutiremos a hipótese de que
Rossetti retoma o realismo moral das primeiras autoras infantis, cuja tradição havia sido quebrada com o sucesso instantâneo
de textos de autores que privilegiavam a fantasia, e apresentaremos, a partir dos resultados dessa pesquisa, uma abordagem
para sala de aula.
QUANDO O DISCURSO SOBRE O ARTÍSTICO É O OBJETO ARTÍSTICO
Resumo
Há filmes que falam de arte. Outros, que se constituem em obra de arte. Os guerreiros da beleza corporificam o sobre arte e o
ser arte. Tal produção cinematográfica, em média metragem, de 2002, associa as poéticas do artista Jan Fabre e do cineasta
Pierre Coulibeuf, relacionando práticas e sentidos da arte na contemporaneidade. Vinculada ao projeto de pesquisa docente
“Mídia, urbano, arte e cultura em discurso”, e articulada à Arte como eixo norteador, esta pesquisa investiga o discurso fílmico
de Os guerreiros da beleza no entremeio de práticas artísticas e de sentidos de arte nessas e por essas práticas. Objetivou-se,
em uma abordagem materialista, compreender, no e pelo discurso fílmico, os sentidos acerca da arte e de práticas no campo
artístico, analisando, a partir das condições de produção, o funcionamento fílmico como discurso sobre e como obra de arte.
Para interrogar que efeitos de sentido acerca da arte e das práticas artísticas advêm do funcionamento fílmico como objeto
artístico que discursiviza sobre, o corpus de análise foi construído a partir de recortes de cenas do filme que permitiram
trabalhar (n)esses aspectos discursivos da materialidade significante. Pautando-se nos fundamentos da Análise de Discurso
pecheutiana, o percurso analítico tomou emprestadas as conceituações de Nadia Neckel na compreensão da especificidade do
discurso artístico, considerando os sentidos produzidos na textualização do audiovisual. Visualizou-se, na análise, pelas
regularidades discursivas, as relações em curso no diálogo entre os fazeres artísticos, mostrando um constante jogo entre
opostos, em que funciona um discurso de resistência no qual se inscreve a prática artística.
A QUESTÃO DA LEITURA EM AVALIAÇÕES NACIONAIS: DELINEMANTOS DA PESQUISA
Resumo
A leitura é o espelho no do qual observamos mais atentamente um fragmento (im)preciso da sociedade. O processo da leitura é
o que cremos guardar as respostas para nossas inquietações no processo de composição de nossa pesquisa de doutorado.
Propomos nesta intervenção discutir os planos de nossa pesquisa, que nasceu do interesse entre a aproximação do perfil do
leitor no Brasil e na França a partir de questões que orientam a leitura de um texto em contexto de avaliação nacional de
responsabilidade dos governos brasileiro e francês. Desse modo, visamos observar que os perfis dessas provas são delineados
a partir de orientações governamentais, o que legitima tal empreitada. No Brasil, com o Enem, e na França, com seu
correspondente, o Baccalauréat, contamos com a coleta do corpus das provas aplicadas no período de 2003 a 2013 para
posterior recorte de questões para análises qualitativas de ambas as ferramentas de avaliação do governo. Para orientar nossa
pegada teórica, seguimos os passos da teoria do Círculo de Bakhtin, que nos ensina como compreender o evento dialógico da
linguagem, a partir do qual depreende-se o fenômeno da leitura enquanto atividade discursiva; e de Roger Chartier, que nos
orienta a conceber a leitura enquanto uma prática social caracterizadora de uma comunidade linguística e, portanto,
componente do quadro social, cultural e histórico. Com esse estudo, espera-se proporcionar outras perspectivas de depreensão
do contexto educacional do Brasil e da França, sobretudo no que diz respeito à leitura em contexto de avaliações de âmbito
nacional.
OS PROGNÓSTICOS PARA O ALÇAMENTO DE CONSTITUINTES ARGUMENTAIS DA ENCAIXADA À POSIÇÃO DE
SUJEITO DA MATRIZ
Resumo
A codificação de constituintes argumentais da oração encaixada nos limites do predicado matriz, referido na literatura por ,
talvez seja um dos mais intrigantes fenômenos nas línguas naturais (SERDOBOL’SKAYA, 2008), razão que nos leva a oferecer
uma proposta de descrição, sob perspectiva funcional, das ocorrências de dois tipos específicos de Alçamento, atestados no
português Brasileiro (PB): (i) o Alçamento de Sujeito a Sujeito, como em “o cara num parece tê setenta anos de idade” (= o cara
ter setenta anos) e “o namoro é difícil pra andá pra frente (= o namoro andar pra frente); e (ii) o Alçamento de Objeto a Sujeito,
como em “toalha é compliCAdo pa caramba pa dobrá (= dobrar toalha)” e “o serviço é difícil arranjá” (=arranjar o serviço).
Avaliaremos se critérios de base tipológica são necessários e suficientes para identificação e descrição de casos ocorrentes no
PB. Para tanto, aplicamos parâmetros morfossintáticos (e.g., traços de concordância do SN, finitude da encaixada), semânticos
(e.g., tipo de predicado matriz, referencialidade e animacidade do SN) e pragmáticos (e.g., topicalidade e status informacional
do SN) a dados extraídos de amostras do português falado no interior paulista (GONÇALVES, 2007). A codificação das
ocorrências revelou, até o momento, que nem todos os critérios tipológicos são aplicados consistentemente ao PB, sob o risco
de exclusão do fenômeno de casos típicos de SN alçado que não apresentam, e.g., redução da oração encaixada, o que
apontaria para dois prognósticos: a compatibilidade do fenômeno também com encaixada na forma finita e a necessidade de
incorporação a sua definição de propriedades semântico-pragmáticas.
O PAPEL DAS RELAÇÕES RETÓRICAS NA GESTÃO DAS RELAÇÕES DE FACES
Resumo
A pesquisa apresentada nesta comunicação busca aproximar a Teoria da Estrutura Retórica (Rhetorical Structure of Theory)
dos estudos do discurso que se interessam pelas estratégias de gestão de faces. Proposta por Goffman (2011, p. 13-14), a
noção de face diz respeito ao “valor social positivo que uma pessoa efetivamente reivindica para si mesma através da linha que
os outros pressupõem que ela assumiu durante um contato particular”. Diferentes abordagens da Pragmática e da Análise do
Discurso, como a Teoria da Polidez e o Modelo de Análise Modular do Discurso, estudam a maneira como o locutor utiliza os
recursos textuais e linguísticos como estratégias discursivas para construir e preservar sua face, bem como para preservar ou
agredir a face do interlocutor. Porém, essas abordagens não oferecem estudos sistemáticos de como planos específicos da
organização do discurso podem funcionar como estratégias discursivas. Buscando lançar luzes sobre essa questão, este
trabalho procura entender como o plano da organização retórica do texto pode auxiliar o locutor a negociar com o interlocutor as
relações de faces. Nossa hipótese é a de que a emergência de uma relação retórica funciona como estratégia discursiva.
Assim, na interação, o locutor estabelece uma relação retórica com o fim de construir ou preservar uma imagem (face) favorável
para si ou com o fim de proteger ou atacar a imagem (face) que o outro também busca construir para si. A pertinência e o
alcance dessa hipótese serão verificados com base na análise de um gênero de textos particularmente sensível à gestão das
relações de faces, que é o debate eleitoral.
A LEITURA DE PARÁFRASES EM REDAÇÕES VESTIBULAR: ALGUMAS PROBLEMATIZAÇÕES
Resumo
Propomos, com o presente trabalho, problematizar questões relativas ao modo com que dois corretores de redação de
vestibular – corretores A e B (CA e CB) leram gestos de paráfrases produzidos por vestibulandos em redações de vestibular.
Para tanto, inscrevemos nossas formulações dentro do quadro teórico da Análise de discurso fundada por Michel Pêcheux e
seus colaboradores, na década de 60 do século XX. Ali, conforme sabemos, há um vasto arcabouço teórico que busca
compreender modos de funcionamento dos fatos perafrástico e polissêmico na linguagem – este como sendo um efeito da
tensão/relação daquele. Sendo assim, tomaremos como hipótese a situação seguinte, que, em função de nosso trabalho
desenvolvido no mestrado (SANTOS, 2010) – momento em que pontuamos bastante o fator subjetividade implicado à maneira
de correção dos “mesmos” sentidos de um texto motivador (TM) em redações de vestibulandos – lida com a impossibilidade de
se localizar, em nosso caso estrito, na produção escrita de vestibulandos, o Um e o Não-Um de sentidos para o que
supostamente estaria dito (ou não) no TM presente na prova de redação de vestibular. Afirmamos ser impossível isso pois, de
acordo com o constante posicionamento trabalhado pela analista de discurso Eni Orlandi — (1987), (1998), (2004), (2005),
(2008), (2012) —, “paráfrase e polissemia são dois processos fundantes da linguagem”, estando ambos em uma complexa
relação de implicação e de tensão; nunca em oposição. Tal relação-tensão é, pois, prova cabal de que a estrutura da língua
está sujeita a (e)feitos de coação e de liberdade.
DESIGN INSTRUCIONAL DE COMUNIDADES ON-LINE DE ENSINO-APRENDIZAGEM DE LÍNGUA INGLESA: FOCO NAS
HABILIDADES ORAIS
Resumo
O planejamento e a implementação de uma situação didática, campo de estudo da área de design instrucional, abrange a
escolha de métodos, materiais, ambientes, dentre outros aspectos, que mais se adequam a cada contexto de aprendizagem. No
ensino de língua inglesa mediado pelas tecnologias da informação e da comunicação (TICs), objeto deste trabalho, é
imprescindível que haja uma reflexão a respeito de quais as ferramentas, espaços e abordagens que estejam em consonância
com o comportamento dos usuários atuais da chamada Web 2.0. Percebe-se que a maior parte das pesquisas desenvolvidas
na área de ensino-aprendizagem de inglês focalizam a aprendizagem com base apenas nas habilidades linguísticas leitura e
escrita, não contemplando as habilidades orais, que engloba a fala e a audição Desse modo, o objetivo deste trabalho é
apresentar considerações iniciais de um estudo, parte de uma tese em andamento, que visa investigar o design instrucional de
uma disciplina ambientada em meio virtual com foco nas habilidades orais. A pesquisa tem como referencial teórico a teoria da
complexidade (LARSEN-FREEMAN, 1997; LARSEN-FREEMAN; CAMERON, 2008; PAIVA; BORGES, 2011) e o conectivismo
(SIEMENS, 2003, 2005a, 2005b, 2006a, 2006b, 2008a; 2008b), que conjuntamente descrevem a aprendizagem de línguas
como um ato de criação de redes, que envolve os processos de adquirir, vivenciar, criar e conectar novos conhecimentos,
advindos de quaisquer espaços nos quais os indivíduos interagem, sejam eles instrucionais ou não, apoiados pela tecnologia.
Autora: Helen de Oliveira Faria Universidade Federal de Minas Gerais CPF: 060.268.636-99
PELA SIMPLIFICAÇÃO DA LINGUAGEM JURÍDICA
Resumo
Há um crescente movimento pela simplificação da linguagem jurídica, instigado por várias entidades, magistrados e cursos de
Direito, pois vivemos num mundo cujas ideias e notícias são rapidamente difundidas pelos modernos meios de comunicação,
exigindo, portanto, maior clareza por parte de quem fala e escreve. Com este trabalho busca-se discutir qual o limite entre uma
linguagem jurídica técnica, culta e coerente, utilizada atualmente por muitos, e os jargões, a prolixidade e outros vícios de
linguagem historicamente utilizados na área jurídica e defendidos pelos mais conservadores. Questiona-se sobre onde termina
a arte de uma técnica bem empregada e começa a perda da clareza do texto. Também é objetivo deste trabalho conscientizar
os (futuros) operadores do Direito sobre o uso de uma linguagem jurídica menos rebuscada, pois acredita-se que a partir dessa
mobilização haja o emprego de uma linguagem mais concisa e clara, uma vez que os novos profissionais terão uma tendência a
aceitar esse processo de mudança na linguagem de uma forma mais natural, uma vez que o exercício da leitura e
aprendizagem da língua portuguesa com esmero permite ao advogado expor seus argumentos limpos de vícios, termos
arcaicos desnecessários e confusos ao ouvinte.
POEMA LÍRICO NO LIVRO DIDÁTICO DO ENSINO MÉDIO: ENTRE O DIALOGISMO E AS INSCRIÇÕES EM ESTILOS
Resumo
Vários estudiosos – como Aguiar e Bordini, 1993; Lajolo, 1994; Pinheiro, 2009; Soares, 2009 – têm destacado, por um lado, o
expressivo espaço ocupado pelo livro didático (LD) nas aulas de Língua Portuguesa/Literatura Brasileira e, por outro, a
inadequação da abordagem nele dispensada ao ensino de leitura literária – isto é, limitada à análise de elementos
estilístico-estruturais de uma estética. Porém, desde 2007, o LD do Ensino Médio vem sendo avaliado pelas universidades
através do Programa Nacional do Livro Didático, fato que nos levou a hipótese inicial de que tal abordagem não estivesse mais
presente no LD. Assim, resolvemos investigar que elementos do gênero poema lírico eram privilegiados em exercícios de
compreensão de uma obra didática, avaliada pelo programa, que adota as ideias do Círculo de Bakhtin: Português –
linguagens, de Cereja e Magalhães. Dessa coleção, levantamos todos os exercícios propostos para o terceiro volume e
analisamos mais detalhadamente os exercícios propostos para três poemas. A escolha desse corpus nos permitiu atender a
dois objetivos: a) analisar como se dá a articulação entre os diferentes elementos que compõem o gênero lírico nos exercícios
dessa obra, que se propõe a adotar um referencial teórico cuja noção de gênero é discursiva e b) observar a coerência entre os
pressupostos bakhtinianos e a proposta metodológica desses exercícios. Os resultados apontaram que, embora se baseie nas
ideias do Círculo, a obra analisada apresenta uma abordagem cujo enfoque recai ainda nos aspectos estilístico-estruturais dos
textos (59% das questões propostas), apontando para uma tradição de ensino que busca inscrever um texto num estilo de
época.
A CONSTITUIÇÃO DE CORPUS A PARTIR DA NOÇÃO DE FÓRMULA DISCURSIVA: CATEGORIAS DE BUSCA E ANÁLISE
Resumo
Discutindo metodologia em Análise do Discurso, Maingueneau (2009) diz que encontrar uma entrada, aparentemente modesta,
a partir de uma fórmula, de um conector, de uma metáfora, de uma frase, pode ser muito produtivo na constituição de corpora
diversos, pois permite ver um texto não somente por meio do conteúdo, mas, entre outros aspectos, por sua inserção num
determinado discurso. A noção de fórmula tal como proposta por Alice Krieg-Planque (2003, 2010, 2011) oferece um quadro ao
mesmo tempo teórico e metodológico muito útil aos pesquisadores interessados em explorar a heterogeneidade e a circulação
de discursos no espaço social. Mecanismos de busca textual e imagética na web (Google_Search, Bing, entre outros) tem sido
utilizados para coleta de material. Entretanto, esses buscadores apresentam algumas limitações que poderiam falsear dados e
confundir o direcionamento da análise. Krieg-Planque sintetiza essa preocupação ao perguntar: “Como não se sentir limitado a
um funcionamento de computador e, então, entregar-se a uma hermenêutica livre?” (2011, p.29). Esta comunicação pretende
discutir algumas soluções para a problemática que abrange questões de busca e análise de dados a partir de algumas
categorias teóricas já delineadas na própria constituição das fórmulas discursivas. Por exemplo, a pesquisa por elementos
peculiares que correspondem ao chamado “contexto discursivo” da fórmula, assim como o processo de identificação das quatro
propriedades do estatuto formulaico, mas, além disso, procedimentos que envolvem aspectos específicos dessas propriedades,
como as estruturas “X:Y” (enunciado referencial: enunciado informacional) e “? X” (não existe X).
A REPRESENTAÇÃO DA IDENTIDADE JUVENIL E INSERÇÃO SOCIAL NA LITERATURA DE AUTORIA INDÍGENA: A
NARRATIVA DE YAGUARÊ YAMÃ
Resumo
A comunicação trata da representação do jovem na literatura juvenil brasileira de autoria indígena, considerando,
especialmente, aspectos relativos ao reconhecimento da identidade e a desejada integração social, observados no percurso
entre o silêncio e a emergência de vozes que compõem a diversidade cultural da nação. Autores índios, como Yaguarê Yamã,
apossam-se dos mecanismos da cultura dominante para colocar em pauta questões que dizem respeito à trajetória e à vida de
sua gente, formadora de parcela significativa da civilização brasileira. A análise de obras como Sehaypóri, o livro sagrado do
povo saterê-mawé (2007), Murugawa. Mitos, contos e fábulas do povo Maraguá (2007), Kurmi Guaré no coração da Amazônia
(2007), Wirapurus e muirakitãs. Histórias mágicas dos amuletos amazônicos (2009) e Formigueiro de Myrakãwéra, do autor
focalizado neste estudo, constata o importante papel que essa produção vem desempenhando no contexto literário brasileiro,
ao oferecer aos jovens a oportunidade de interagir com novos modos de ver e construir o mundo.
AFRICANIDADE E RELIGIÃO: A RELAÇÃO DO HOMEM COM O DIVINO EM OS FLAGELADOS DO VENTO LESTE
Resumo
Este trabalho objetiva socializar uma experiência de leitura numa perspectiva comparativista entre um romance africano e o
Livro de Jó. A produção literária africana experimenta um momento de florescimento considerável em que muitos autores tem
galgado vultoso espaço no cenário internacional, mais especificamente entre os países lusófonos, mostrando a diversidade e a
riqueza africanas no que diz respeito à cultura, aos costumes e a produção literária de modo geral, consagrando autores como
Pepetela, Chimamanda Adichie, Mia Couto, dentre outros. A nossa proposta de análise da obra Os Flagelados do Vento Leste
(1979), de Manuel Lopes, escritor caboverdeano, nascido em São Vicente no início do século XX, discute a relação de
alteridade do homem com o Divino, mediada pela crença/supertição/fé, tendo esse elemento como o epicentro norteador da
nossa análise. Pelo caráter interdisciplinar do presente trabalho, mobilizamos o discurso interbíblico para ponderar
comparativamente o Livro de Jó, e o livro de Hebreus, mais especificamente o capítulo 11, conhecido como “A galeria dos
Heróis da Fé” com o romance africano, o que não nos impediu, quando preciso, de buscar outros textos para subsidiar o nosso
dizer. Ressaltamos, ainda, que a nossa análise procurou relacionar o estudo da literatura africana neorealista ao contexto do
ensino de literatura numa perspectiva interdisciplinar.
A QUESTÃO POLÊMICA DO GAY NA MÍDIA DE MASSA: UMA ANÁLISE ACERCA DO DISCURSO NA REVISTA VEJA
Resumo
O discurso faz a ligação entre o homem e a realidade natural e social pela linguagem, o que está nas entrelinhas da fala do
interlocutor. As mídias apresentam discursos carregados de ideologias, muitas vezes, inconscientemente pelo sujeito discursivo;
a este, (des)construído por sua(s) identidade(s), em diversos contextos como colégio, trabalho e família, entre outros, é imposto
parâmetros sociais culturais específicos e vivenciados dentro desses ambientes, agregando ou eliminando valores e
comportamentos que precisarão ser validados pelo próprio eu. Na novela Amor à Vida, exibida em 2013 pela Rede Globo,
Mateus Solano protagonizou um personagem homossexual, o qual foi desrespeitado no seu ambiente social quando se
assumiu, trazendo à tona a polêmica da exibição da expressão homoafetiva. Levando em consideração esse pano de fundo,
analisaremos os discursos empregados em uma reportagem da revista Veja acerca do sujeito homossexual expondo as
maneiras de como é exibido, neste caso entre os personagens principais da novela (pai e filho) e o autor da novela Walcyr
Carrasco, determinando o assunto através da análise de discurso de linha francesa e algumas questões do sujeito na
pós-modernidade, sustentado teoricamente por Ducrot (1987), Bauman (2005), Orlandi (2005), Pêcheux (2012), entre outros, a
fim de compreender com mais propriedade as relações (des)construídas entre os sujeitos envolvidos a partir de sua(s)
identidade(s).
O PRONUNCIAMENTO DO ESTADO NO ESPAÇO MIDIÁTICO: DA “ESCUTA” DAS VOZES NAS RUAS AOS “PACTOS” DE
MUDANÇAS
Resumo
Este trabalho, fundamentado na Análise de Discurso Pecheuxtiana, apresenta uma discussão sobre como o Estado brasileiro,
em sua representação política, interpreta os acontecimentos e se pronuncia na mídia, enquanto porta voz dos “interesses
democráticos”. Para desenvolver este estudo, analisamos o pronunciamento da Presidenta Dilma Rousseff durante as jornadas
de junho de 2013 no Brasil, pois nessa materialidade o discurso da ordem burguesa deixa vestígios de seu funcionamento
ideológico. Portanto, foi preciso compreender como se articulam determinadas posições sujeitos que redirecionam os sentidos
na processualidade histórica, pois os protestos e as reivindicações das jornadas, inicialmente Movimento Passe Livre, foram
discursivizados de várias posições ideológicas com sentidos paradoxais. As leituras, gestos de interpretação desse
acontecimento, além de já serem efeitos desse mesmo processo sócio-histórico, também são trabalho sobre ele, pois
retornaram ao real, desencadeando outros conflitos. A nosso ver, no entremeio do Pronunciamento do Estado sobre tais
acontecimentos, o projeto econômico se tornou contraditoriamente explícito, mas, vendo-se ameaçado, buscou-se logo encobrir
as causas mais profundas da questão. Assim, o “pacto” que o Estado e a mídia possuem com os interesses da lógica do Capital
foram rearticulados, canalizando as “vozes” das ruas a partir de uma determinada “escuta” para dissimular a contradição
sócio-econômica, em nome da manutenção da lógica e dos interesses do mercado. Logo, as tomadas de posição entre o
discurso político e midiático têm se efetivado em prol do Estado na manutenção dos dizeres nos sítios de significação da ordem
capitalista.
O DISCURSO MEMORIALISTA E A CONSTITUIÇÃO DO SUJEITO NO CONTO "UM CINTURÃO", DE GRACILIANO RAMOS
Resumo
A presente comunicação tem como principal objetivo apresentar uma análise do conto “Um cinturão”, que constitui um capítulo
do romance memorialista Infância, de Graciliano Ramos, publicado em 1945, e também pode ser encontrado no livro Os Cem
melhores contos brasileiros do século, organizado por Ítalo Moriconi e publicado em 2001. Ao longo da apresentação, o foco
central de reflexão estará na figura do sujeito adulto que reelabora, por meio de uma narrativa memorialista, um episódio de sua
infância, vivenciada no contexto da família patriarcal brasileira, que o marcou profunda e negativamente, constituindo-o e
caracterizando alguns de seus comportamentos e modos de narrar. É importante destacar que, a partir da reelaboração literária
de sua própria experiência, Graciliano Ramos procurou refletir sobre a relação do sujeito com o Poder e as agruras da Lei, seja
esta paterna ou social, retratando as formas de sociabilidade e os modos de subjetivação próprios de um contexto marcado pela
violência e opressão. Tendo isso em vista, será possível levantar algumas ideias sobre como a linguagem verbal, manifestada
em um discurso memorialista, constitui o sujeito e viabiliza a reelaboração de episódios desagradáveis vivenciados durante a
infância, levando em consideração, para tanto, os estreitos vínculos entre matéria histórica e forma literária presentes em um
conto de um dos principais escritores do Modernismo brasileiro.
UMA VOZ MARGINAL QUE NÃO "ESQUECE": A VIOLÊNCIA EM UM CONTO DE MARCELINO FREIRE
Resumo
Este trabalho visa à crítica do conto “Esquece”, presente na obra Contos negreiros, do escritor Marcelino Freire. Para tanto,
realizar-se-á uma análise do conto, com ênfase na personagem que narra a história, um assaltante. Nesse sentido, pensar-se-á
a questão da dialética da marginalidade, proposta por João Cezar de Castro Rocha para se discutir esse novo sujeito que surge
na sociedade brasileira e na Ficção. Se antes havia o malandro, assim como define Antonio Cândido ao se referir à personagem
Leonardo, do romance Memórias de um sargento de milícias, agora há o marginal, indivíduo que está condicionado às leis -
oprimido -, pois não possui uma rede de relacionamentos a qual lhe permita burlá-las, assim como o malandro. Para alcançar tal
estatuto, o marginal, muitas vezes, utiliza a violência a fim de diminuir essa desigualdade social, como se pode observar no
conto. Dessa forma, o marginal presente no campo literário precisa ser analisado como um problema social, produto de um
sistema que oprime, pois, para que haja um senhor, deverá existir um escravo, assim como Hegel explicita na "dialética do
escravo”. Nesse sentido, a violência se faz necessária em virtude de uma injustiça, por isso, a partir de tal ato
violento, é possível desatar os nós que amarram o marginal à condição de subjugado pelo senhor que o oprime.
INTERCULTURALIDADE E AVALIAÇÃO EM LÍNGUA PORTUGUESA ADICIONAL: A COMPETÊNCIA INTERCULTURAL NO
EXAME CELPE-BRAS
Resumo
Exames de proficiência em língua estrangeira são exigidos por e para pessoas que buscam novas oportunidades em outros
países. No Brasil, o Exame de Proficiência em Língua Portuguesa para Estrangeiros (Celpe-Bras), objeto de investigação deste
projeto de pesquisa de Doutorado (UNIOESTE), é o instrumento utilizado para atestar a competência linguística no uso da
língua-cultura oficial do país – a variedade brasileira do Português. Destarte, o presente projeto de pesquisa pretende identificar,
analisar e discutir a competência intercultural advinda da parte oral do Exame Celpe-Bras, produzida e manifestada por
intermédio da variedade brasileira da língua-cultura portuguesa que mediará a interação entre entrevistadores e examinandos.
Ademais, esta investigação terá como objetivos específicos : (i)analisar o papel e a interferência dos contextos de avaliação,
sejam eles no Brasil, no exterior ou em região de fronteira onde o Exame Celpe-Bras é aplicado, na dinâmica da interação entre
entrevistadores-avaliadores e os examinados; (ii) evidenciar os impactos e efeitos que a competência intercultural produzida na
interação causa na validade e confiabilidade da proficiência avaliada no Exame Celpe-Bras; (iii) tentar definir possíveis critérios e
descritores de avaliação da competência intercultural presente no Exame Celpe-Bras; (iv) identificar e discutir os efeitos
retroativos que a competência intercultural presente na interação pode apresentar para o ensino-aprendizagem da variedade
brasileira da língua-cultura portuguesa para estrangeiros.
PROFESSOR E LEITOR NA AMAZÔNIA: "FARINHA DO MESMO SACO"
Resumo
Se a formação de professores de leituras, em zonas urbanas, para as séries iniciais, é, em si, um grande desafio, pensar esta
atividade como uma necessidade, para as zonas rurais reveste-se de uma complexidade maior. Ainda mais, se considerarmos
as distâncias entre as diferentes comunidades amazônicas, especialmente, no Acre, por causa dos rios e as especificidades
climáticas (chuvas em demasia, em algumas épocas; estiagens longas e demoradas, em outras). Esta comunicação pretende
apresentar alguns resultados da pesquisa em andamento, na Universidade Federal do Acre, intitulada "A LEITURA E O
LEITOR: HISTÓRIA, PRÁTICAS E DISCURSOS", que foca, neste momento, discursos de professores/alunos do Curso de
Pedagogia, oferecido pelo Plano Nacional de Formação de Professores para a Educação Básica - PARFOR. O curso está
sendo realizado em 24 dos 27 municípios acreanos, e destina-se aos professores que atuam em escolas da zona rural do
Estado. Nesta comunicação são analisados memoriais de alunos, nos quais se evidenciam memórias leitoras, que os colocam
em diferentes fronteiras e, às vezes, margens. Assim, como primeiros resultados, focalizaremos as fronteiras em que esses
sujeitos se colocam: leitor/não leitor; professor/leitor; alfabetizado/alfabetizador. Para além disso, procurar-se-á mostrar as
histórias de formação leitora desses sujeitos.
CONTRIBUIÇÕES DA TEORIA FUNCIONALISTA PARA A ANÁLISE DO GÊNERO RELATO
Resumo
A comunicação que ora se propõe investiga, numa abordagem funcionalista, os processos linguísticos do gênero relato em
produções de texto cobrado no vestibular de inverno-2012, da Universidade Estadual de Maringá (UEM). O estudo apresenta a
teoria dos gêneros, seguida das peculiaridades do gênero relato e, na sequência, as contribuições do funcionalismo para o
estudo dos gêneros textuais. Depois, é apresentada uma análise de quatro relatos, seguindo a linha de Decat (2008) e trazendo
um conjunto de ideias que subvertem a ordem estabelecida pela maioria dos teóricos e estudiosos dos gêneros textuais e-ou
discursivos, pelo fato de essas ideias defenderem o estudo dos graus de comprometimento com as estruturas linguísticas dos
textos, em especial, neste caso, do gênero relato. Dessa maneira, forma-função, partindo do princípio de que a forma é efeito
da função, foram analisadas nos textos, bem como a prototipicidade, por considerar que a função sociocomunicativa do gênero
é muito importante para as escolhas linguísticas realizadas pelos usuários da língua.
A EXPRESSÃO "TEM QUE" NO PORTUGUÊS BRASILEIRO: UMA INTERFACE ENTRE SEMÂNTICA E PRAGMÁTICA
Resumo
Nesta pesquisa, analisamos a expressão “tem que” a partir da Teoria da Dinâmica de Forças de Talmy (2003) – também
apresentada por Pinker (2008; 2009) –, da Teoria de Modalidade segundo Palmer (1986) e Sweetser (1990) e da Teoria dos
Atos de Fala de Austin (1962) e Searle (1969) (também referida por Levinson (1983)). Defendemos a hipótese de que o ato de
fala diretivo de regra apresenta fortes relações com a modalidade deôntica. As normas deônticas (semânticas) podem servir de
pano de fundo para a interpretação do diretivo (realização pragmática). A dinâmica de forças estabelece o elo cognitivo entre as
duas categorias, através da relação de forças existente entre os participantes da cena. Os dados foram coletados no corpus
“C-Oral-Brasil-I: Corpus de referência do português brasileiro falado informal”, desenvolvido pela Universidade Federal de Minas
Gerais – UFMG. Nossa hipótese foi comprovada, pois os dados mostraram que existe uma forte relação entre o modal deôntico
e o ato de fala diretivo; tudo é estruturado pela dinâmica de forças, que explica a atitude cognitiva do falante como uma
imposição de força no sentido oposto na tentativa de modificar o comportamento do outro. Buscamos mostrar que a interface
ocorre em vários níveis, desde a expressão de uma condição física (deôntico root), passando por instruções com regras
preestabelecidas, diretivos com normas criadas pelo falante no momento da fala, até o deôntico que estabelece uma regra geral
ou social mais ampla.
O ESTILO "FIABESCO" DE ITALO CALVINO
Resumo
Embora seu pai fosse engenheiro agrônomo e sua mãe bióloga, Italo Calvino afirma em “Lezioni americane – Sei proposte per il
prossimo millennio” (1988) que seu interesse pela fábula não é decorrência de uma fé a uma tradição étnica ou às lembranças
de leituras realizadas na infância. Trata-se de um interesse estilístico e estrutural pela economia, pelo ritmo e pela lógica como
são narradas e redigidas. Podemos identificar facilmente nos contos e romances de Calvino todo esse interesse pelas fábulas.
Seu estilo “fiabesco” encontra-se bem presente já no primeiro romance “Il sentiero dei nidi di ragno” (1947), na sua primeira
coletânea de contos “Ultimo viene il corvo” (1949) e, principalmente, no romance “Il visconte dimezzato” (1952), no qual a
presença da magia e do fabuloso é fortíssima e a narração gira em torno da imagem de um homem cortado ou partido em duas
metades (o bem e o mal) que continuam a viver independentemente. Calvino compara o universo das fábulas a uma
enciclopédia da arte narrativa. “Sulla fiaba”, publicado postumamente em 1988, reúne os textos de Calvino dedicados ao tema
desde o início dos anos 50, quando a editora Einaudi encarregou-o de escrever os três volumes que compõem as “Fiabe
italiane” (1956), até o final dos anos 70. São textos fundamentais para quem quiser compreender o maravilhoso e riquíssimo
mundo das fábulas: a fantasia, a precisão, a habilidade narrativa e o controle perfeito dos seus mecanismos.
A VARIAÇÃO SOCIAL EM LIVROS DIDÁTICOS
Resumo
Os estudos voltados à variação linguística valorizam as diferenças que uma mesma língua apresenta quando utilizada, de
acordo com determinadas condições sociais, culturais, regionais e históricas, contribuindo para a manutenção de uma
pluralidade linguística. Dessa forma, é indiscutível a importância de que o professor de língua portuguesa aborde as variantes
linguísticas para que os alunos consigam perceber que a variação que ele utiliza também faz parte da língua. Baseando-nos
pressupostos da Sociolinguística, buscamos desenvolver uma pesquisa que tem como enfoque a variação social, em livros
didáticos dos anos iniciais do ensino fundamental, utilizados pela rede pública priorizando 6 e 7° ano do ensino fundamental.
Nesse intuito foram analisados dois livros do 6° ano e dois do 7° ano das coleções Diálogo: Edição Renovada e Trajetórias da
Palavra. Pretendemos verificar se há abordagem sociolinguística nesses livros e, em caso positivo, como é apresentada nos
manuais analisados. Tal pesquisa busca contribuir para a divulgação das pesquisas sociolinguísticas desenvolvidas no
ambiente acadêmico no meio escolar.
ESCRITA E REEESCRITA DE TEXTOS: UMA OPORTUNIDADE DE RECONSTRUÇÃO DA ESCRITA
Resumo
Este trabalho propõe-se a analisar o processo de reconstrução da discursividade na escrita e reescrita textual por sujeitos em
diferentes níveis de formação (Ensino Médio, Graduação e Pós-graduação) que estudam em uma mesma sala de aula de um
curso superior de Letras de uma Universidade Federal. Pretendemos verificar como os sujeitos percebem o processo de
reconstrução de seu discurso por meio de dados coletados a partir de um diário escrito por eles durante as aulas, e as
diferentes produções escritas e reescritas ao longo de um semestre letivo, tendo como categorias de análise quatro qualidades
discursivas: unidade temática, questionamento, objetividade e concretude trabalhadas com os sujeitos durante a experiência
didática que vivenciarão. A proposta de intervenção baseia-se na hipótese de que depois de anos de escolarização, os
estudantes, em vez de sentirem-se competentes na produção escrita de diferentes gêneros discursivos, sentem-se
amedrontados diante do fato de ter que escrever um texto, e o que conseguem, quando muito, é reproduzir modelos aprendidos
na escola. Descontruir a ideia de que escrever bons textos é para poucos, e da escrita como reprodução de modelos
pré-estabelecidos é a base para a produção textual e o desafio que pretendemos enfrentar com este trabalho, que visa
promover um novo diálogo com a produção textual em nossas escolas e no meio acadêmico.
RECEPÇÃO DO TEXTO LITERÁRIO POR ALUNA DO ENSINO MÉDIO: A IMPORTÂNCIA DE SE VALORIZAR AS PRIMEIRAS
IMPRESSÕES DE LEITURA
Resumo
O trabalho em questão vincula-se ao projeto de pesquisa “Literatura na escola – concepções sobre ensino, diagnósticos e
propostas de intervenção pedagógica”, em torno do qual se mobilizam os membros do Grupo de Pesquisa Literatura e Ensino, do
Centro de Letras, Comunicação e Artes da Universidade Estadual do Norte do Paraná, campus Jacarezinho. Numa de suas
vertentes, a coordenadoria do projeto envolveu bolsistas PIBIC e PIBIC Jr. em subprojetos que se complementam, denominados
respectivamente “Recepção do Texto Literário no Ensino Médio: Análise de Impressões de Leitura”, aplicado por graduandas de
Letras, e “Impressões de leitura literária em ambiente virtual: dois contos, duas memórias para contar”, desenvolvido por aluna do
ensino médio do Colégio Estadual Rui Barbosa, da mesma cidade. Interessados apenas na recepção inicial do texto literário, os
pesquisadores pretendem colher as primeiras impressões de leitura da adolescente e analisá-las a partir dos seus registros num
Diário de Leitura, buscando enfatizar a importância desse momento de prazer captado no ato da leitura.
DISPOSITIVO DE SEXUALIDADE, SUJEITO E O ACONTECIMENTO DISCURSIVO DA AIDS NO BRASIL
Resumo
A pesquisa investiga o discurso produzido no Brasil nos anos de 1980 acerca da aids. A emergência do discurso sobre a aids
determinou o recorte histórico efetuado, compreendendo os discursos em três mídias: o diário Folha de S. Paulo, a revista Veja;
e campanhas televisivas produzidas pelo Ministério da Saúde brasileiro. Tais discursos midiáticos estão dispersos ao longo
daquela década. A pesquisa pautou-se no método arqueológico e genealógico de Michel Foucault; além da técnica do
dispositivo de sexualidade empregado como ferramenta analítica. O objetivo é saber: a) como o sujeito portador do vírus
HIV/Aids é subjetivado pelas práticas discursivas veiculadas por diferentes mídias, tais como a impressa e a campanha
televisiva do governo federal (?); b) como os saberes sobre a aids são construídos por meio das práticas das relações de poder
e saber materializadas nos discursos (?); c) de que modo o dispositivo da sexualidade atua na relação saber-poder nessas
práticas discursivas (?). Operou-se, para a constituição do corpus, o recorte dos enunciados a partir da inauguração dos
discursos sobre a aids nas duas mídias impressas, Veja e Folha de S. Paulo, o que corresponde, respectivamente, aos anos de
1983 e 1987. A análise empreendida investiga, sob a perspectiva foucaultiana, quem fala, as relações de poder em que se
insere esse sujeito, considerando as diferentes formações discursivas em que o jogo de poder constitui o saber sobre a doença
e a constituição do indivíduo em sujeito que convive com o vírus da aids.
PERSPECTIVAS HISTÓRICO-DISCURSIVAS DA IDENTIDADE NO SUJEITO NIPO-BRASILEIRO PELA LITERATURA E
CINEMA.
Resumo
Este trabalho tem como finalidade fazer uma comparação no modo como a identidade no sujeito nipo-brasileira é retratada na
literatura e no cinema, o processo histórico-discursivo da identidade e as relações de poder a partir da perspectiva da análise do
discurso francesa e críticos pesquisadores da área da cultura. Serão analisados os acontecimentos discursivos sobre os
combates culturais. Para isso, serão usadas: o romance Nihonjin (2011), do escritor Oscar Nakasato; o romance Haru e Natsu
(2006), da escritora japonesa Sugako Hashida, traduzida para o português; os filmes Gaijin – caminhos da liberdade (1980); e
Gaijin – ama-me como sou (2005), ambos os filmes de Tizuka Yamazaki. Fazendo-se um recorte no corpus que corresponde à
fase do início da imigração e fixação no território brasileiro nos tempos iniciais, procuramos confrontar como ocorre a
representação na construção discursiva do sujeito nipo-brasileiro, o que se repete e o que se propaga nos documentos naquilo
que a AD define como arquivo, relacionada com o conceito de memória. Com isso, observaremos a questão de uma memória
coletiva afetando o indivíduo e o que se perde e se ressignifica na mudança de território. Tanto os romances Nihonjin e Haru e
Nastu como também nos filmes de Tizuka Yamasaki há o retrato da imigração em diversos ângulos, que iniciam com a chegada
dos imigrantes no Brasil em torno da segunda ou terceira década do século XX, vistas nesses dois meios de produção.
O TERCEIRO ESPAÇO EM BORDERLANDS / LA FRONTERA, DE GLORIA ANZALDÚA
Resumo
Se, como reconhecem as teorias e as críticas literária, cultural e comparada, hoje, num espaço-tempo que é o nosso, o mundo
ocidental e em particular para a reflexão no subcontinente latino-americano, que a abordagem epistêmica dá-se como matriz de
expressões como “outra orilha”, “fronteriza”, inclusive “borderlands”, fazer com que obras e escritores demonstrem que sua
tarefa representa compromisso com o lugar, locus de enunciação, cuja leitura reverbera em crescente interesse pela relação
entre conhecimento e compromisso – como se lê, por exemplo, em obras de Zulma Palermo (2005), Douwe Fokkema e Elrud
Ibsch (2006), dentre outros. Desta perspectiva, nosso trabalho visa ao desenvolvimento de uma reflexão que toma o
pensamento crítico e políticas culturais na América Latina, para, de modo particular, abordar a obra Borderlands / La frontera:
the new meztiza (1987), da escritora Gloria Anzaldúa. Em se tratando de um dos mais representativos corpus da literatura
chicana, o próprio título da narrativa anzalduana, “borderlands”, constitui forte paradigma (teórico e crítico) para a nossa
intervenção no discurso crítico de literaturas originadas das margens e/ou periferias. Quer dizer, deste ângulo, a noção de
literatura põe em xeque sua própria identidade e o lugar que se atribuiria no terreno da interculturalidade enquanto operação
política de descolonização. Ao circunscrever sua narrativa entre as fronteiras México?Estados Unidos, Anzaldúa propõe a via
“fronteriza” como condição de sua própria voz, identidade e pertencimento, constitutivos do povo chicano, numa forma de
escrita híbrida, ora em inglês ora em espanhol, e em desafiadora proposta de confronto entre alteridades.
O LETRAMENTO LITERÁRIO E A FORMAÇÃO DO LEITOR NA ESCOLA
Resumo
Neste trabalho, apresenta-se um recorte dos resultados de uma pesquisa de mestrado sobre a formação do leitor literário na
escola. Enfatizam-se, dessa forma, as práticas de leitura e letramento literário dos alunos do 7º e 9º anos do Ensino
Fundamental de uma escola pública estadual de Cuiabá, Mato Grosso. O instrumento de coleta de dados usados foi um
questionário composto por 34 perguntas fechadas e uma aberta, feito a alunos do 7º (28 alunos) e 9º ano (26 alunos). A
aplicação desse questionário permitiu conhecer as diversas práticas de letramento desses sujeitos, o que eles costumavam ler
e o que gostavam de ler e sua opinião sobre a leitura. Para a análise e discussão dos dados, a referente pesquisa
fundamenta-se teoricamente no pensador russo Mikhail Bakhtin e o Círculo (1929a; 1929b; 1926; 1928; 1952-1953/1979;
1934-1935/1975) e, pela dimensão do ensino-aprendizagem, Vygotsky (1934). Os dados desse questionário revelaram que os
alunos estavam inseridos em diversas e variadas práticas de leitura e letramento (contação de histórias, liam poemas, letras de
canções, contos, iam ao cinema, à biblioteca, utilizavam computadores, acessavam redes sociais etc.). Os gêneros discursivos,
habitualmente, lidos e mais apreciados para a leitura e para a produção escrita era notadamente poema, letra de canção e
conto. Dessa forma, entende-se que o gênero conto deve ser ter mais espaço nas práticas prática de leitura nas escolas, visto
que tal prática se configura como experiência(s) a ser vivida pelo aluno-leitor e, portanto, possibilitando a ele uma experiência
estética.
FORTUNA LITERÁRIA DE ODETTE DE BARROS MOTT
Resumo
A escritora Odette de Barros Mott participou da produção literária para crianças e jovens brasileiros por quase 50 anos, entre as
décadas de 1950 a 90. Estreou como escritora de literatura juvenil com a publicação da obra Aventuras do escoteiro Bila, em
1964. Na década anterior, sua produção visava o público infantil, com temas e histórias voltados às travessuras e aventuras
infantis, com enredos breves, ingênuos, tendo como personagens crianças, bichos, plantas, seres maravilhosos, que prendem a
atenção do pequeno leitor (Coelho, 1983, p. 742). Nas obras destinadas ao público jovem, procurou incorporar em seus textos
temas e conflitos que permeiam o cotidiano destes leitores. O objetivo desta comunicação é levantar na fortuna crítica da
escritora, aspectos relevantes para compreender o fenômeno de venda de suas obras, uma vez que atingiu em 1981, segundo
carta da escritora a Caio Graco Cerquinho Prado, diretor da Editora Brasiliense (IEB/USP. Fundo OBM, código: OBM-CAB-02 ),
a marca de um milhão de livros vendidos para crianças e jovens. Apesar de lhe serem atribuídas algumas críticas contundentes
em relação à qualidade de seus textos, os resultados do levantamento de textos crítico sobre a obra da escritora revelam que
foi significativa sua participação no mercado editorial brasileiro, considerando o momento de produção de suas obras.
A CONSTRUÇÃO QUANTIFICADORA MÓRFICA: UMA ABORDAGEM COGNITIVISTA E CONSTRUCIONISTA DA
MORFOLOGIA DERIVACIONAL
Resumo
Este trabalho analisa, de uma perspectiva cognitivista e construcionista, quatro nódulos da rede de Construções Quantificadoras
Mórficas [X-Sfx.Q], estratégias morfológicas de evocação da noção de coletividade no Português Brasileiro, como ilustram os
exemplos: (i) Após a CACHAÇAIADA é sempre bom beber bastante líquido [...] (ii) No meio daquela BRINQUEDARADA toda
tinha um [...] daqueles patinhos de borracha. (iii) Com AXE vou pegar a MULHERADA. (iv) [...] proteger o CRIANÇAL dos
efeitos nocivos da praia. Nesses casos, as instâncias da CQM suscitam a ideia de “grande quantidade de X”, nos casos:
cachaça, brinquedo, mulher e criança. Um aspecto importante da instituição desses subpadrões é que, mesmo quando X é um
substantivo contável (exemplos II-IV), os produtos das construções evocam o frame Quantificação_massiva, instanciando o
processo de coerção nominal (MICHAELIS, 2003), que promove um mudança categorial de X. As análises preliminares
apontam, além disso, para uma riqueza cognitiva e linguística dos subpadrões construcionais investigados. Os constructos,
instituídos pela articulação dos esquemas imagéticos CONTÁVEL/MASSIVO e COLEÇÃO, apresentam-se como relevantes
estratégias de subjetificação e avaliação encontradas em diferentes contextos de uso da linguagem. O Bloqueio Paradigmático
(BASILIO, 1977; MIRANDA, 1979) apresenta-se ainda como um importante mecanismo para o processo, regulando a
produtividade e distribuição dessa rede de construções na Língua Portuguesa. Este estudo de caso, juntamente com outros,
sustenta um objeto teórico mais amplo, a proposição de uma abordagem construcionista para a Morfologia Derivacional
(MIRANDA, 2013; RHODES, 1992).
A LITERATURA E SEUS DESDOBRAMENTOS: ESTIMULANDO O SENSO CRÍTICO-LITERÁRIO DOS ALUNOS
Resumo
Este trabalho tem como objetivo ponderar acerca dos desdobramentos reflexivos suscitados pelos textos literários, buscando
despertar o senso crítico-literário dos alunos. Através dos questionamentos levantados por Antônio Cândido, que tratam a
literatura a partir de uma perspectiva humanizadora, incentiva-se uma discussão acerca de seu papel como base para a
formação crítica do indivíduo enquanto parte colaboradora da sociedade. Assim, para Cândido (1995, p. 241), a literatura supre
“a necessidades profundas do ser humano, a necessidades que não podem deixar de ser satisfeitas sob pena de
desorganização pessoal, ou pelo menos frustração mutiladora” sendo, deste modo, algo intrínseco que estimula a subjetividade
do sujeito. Assume, dessa forma, uma função necessária, proveniente do ímpeto do indivíduo. Portanto, ao apresentar a
literatura como direito humano, como uma cultura integradora que amplia a percepção linguística do mundo, contribui-se com a
percepção crítica da realidade dos alunos enquanto cidadãos.
HISTÓRIA E LITERATURA: DO SUPLÍCIO À GUILHOTINA NA OBRA O ÚLTIMO DIA DE UM CONDENADO A PENA DE
MORTE, DE VICTOR HUGO.
Resumo
Toda manifestação artística tem em comum o fato de ser representativa, ou seja, recriar a partir de vivências pessoais, sociais e
culturais a realidade do mundo. Podemos afirmar que a literatura é uma expressão de arte. A obra literária é resultado das
relações dinâmicas entre escritor, público e sociedade, pois passa pelo sistema de comunicação inter-humana. A literatura
desempenha o papel de manifestação artística, possibilitando a leitura de testemunhos históricos que oferecem diversas
abordagens sobre o passado. Este trabalho apresenta uma reflexão sobre o livro O último dia de um condenado à morte, de
Victor Hugo, escrito em 1829. O enredo gira em torno de um prisioneiro sujeito à pena de morte, não deixando explícito o motivo
de sua condenação, apenas suas angústias até o desfecho da sua sentença. Objetiva-se realizar um estudo qualitativo da obra
e avaliar o desenvolvimento do sistema jurídico penal, bem como as tecnologias repressivas utilizadas para dominação dos
corpos. Nosso enfoque teórico-metodológico para pensar essas questões serão Michel Foucault (1975) e Erwing Goffman
(1974).
ENTRE A ILHA E O RIO, A MORTE E A VIDA: IMAGENS DO SAGRADO EM "UM RIO CHAMADO TEMPO, UMA CASA
CHAMADA TERRA", DE MIA COUTO
Resumo
“Um rio chamado tempo, uma casa chamada terra”, de Mia Couto (2010), narra a volta de Marianinho, um estudante
universitário, à enigmática ilha de Luar-do-Chão para comandar as cerimônias fúnebres de seu avô, Dito Mariano, de quem
recebera o mesmo nome. Chegando à ilha, a qual não retornara há anos, o neto, favorito de Dito Mariano, se vê em meio ao
estranhamento de uma cidade que adquiriu hábitos de branco; ao mesmo tempo em que se percebe no centro de uma série de
segredos e intrigas familiares. Por essa narrativa de um falecimento que permanece estranhamente incompleto permeiam
imagens da cultura e da religião moçambicana que serão analisadas a partir dos pressupostos de Mircea Eliade (1992), sobre o
sagrado e o profano; de Homi Bhabha (2013) e Stuart Hall (2009) sobre o pós-colonialismo; de Ana Mafalda Leite (2012) sobre
literatura africana; bem como de Henrique Junod (1974) sobre a cultura e a religião moçambicana; além das representações
simbólicas segundo Chevalier e Gheerbrant (1999).
A INTERTEXTUALIDADE ARGUMENTATIVA NO GÊNERO CARTA DO LEITOR
Resumo
Nesta comunicação, pretendemos disseminar o projeto de pesquisa “Recursos gramaticais, discursivos e imagéticos na
construção argumentativa”, alocado no Departamento de Letras Vernáculas e Clássicas da Universidade Estadual de Londrina.
A trama argumentativa de um texto, principalmente os gêneros da mídia impressa, é construída com base em variados recursos
(gramaticais, discursivos, gráficos, entre outros) que servem para mobilizar a atenção do interlocutor, com o objetivo de
persuadi-lo a aceitar a opinião/ideologia que subjaz ao texto. Neste trabalho, focalizaremos, prioritariamente, a questão da
intertextualidade e os recursos da coerência, adjetivação, modalização, seleção lexical e o parêntese, que servirão para
legitimar o arcabouço argumentativo alicerçado em relações intertextuais, corroborando a posição de Jenny (1979, p.45), ao
afirmar que “A intertextualidade é pois máquina perturbadora. Trata-se de não deixar o sentido em sossego [...]”. A base teórica
desta pesquisa respalda-se nos estudos a respeito da intertextualidade realizados por Koch, Bentes e Cavalcante (2012);
Cavalcante (2012); Jenny (1979); Düllenbach (1979); Beaugrande e Dressler (1977); e nos estudos dos demais recursos
realizados por Castilho (2010); Neves (2000); Guerra DaCal (1969); Carvalho (1996); Sandmann (1993); entre outros.
"THE BEATRICE LETTERS": DIFICULDADES DE TRADUÇÃO
Resumo
O objetivo da comunicação é apresentar dificuldades de tradução a serem enfrentadas por um tradutor que se proponha a
traduzir o livro "The Beatrice Letters", do autor Lemony Snicket, romance complementar da série "A Series of Unfortunate
Events". Sem se alinhar a nenhuma teoria tradutória, a comunicação buscará discorrer sobre esses problemas por meio da
apresentação de casos particulares encontrados no livro, bem como por meio da análise da experiência da apresentadora da
comunicação ao traduzir "The Beatrice Letters" como projeto de monografia. O foco da apresentação serão os problemas
visuais decorrentes das ilustrações e da editoração singular do livro, um romance epistolar em que cada carta é apresentada no
papel original onde foi composta - e a aparência da carta impressa sendo, em vários casos, importante para a construção de
sentido. Problemas advindos da associação intrínseca de forma e conteúdo recorrente em diversas partes da obra também
serão comentados. Outros problemas de tradução, tanto os decorrentes do estilo do autor como aqueles advindos do status de
literatura infanto-juvenil atribuído à obra, serão brevemente mencionados. Embora a natureza da comunicação implique na
sugestão de possíveis soluções para os problemas mencionados, a autora da comunicação não tenciona encontrar soluções
definitivas para estes.
LOOKS BY JANE: UMA ANÁLISE TEXTO-IMAGEM DA TRADUÇÃO DE ORGULHO E PRECONCEITO PARA INTERNET
Resumo
Este trabalho analisa as relações de texto-imagem do texto multimodal Looks by Jane, publicado na rede social Lookbook e
inserido numa tradução transmídia do romance Orgulho e Preconceito de Jane Austen pelo grupo Pemberly Digital. O foco
desta análise está em cinco textos multimodais publicados no Lookbook sob a perspectiva da personagem Jane Bennet:
Oranges in the afternoon, Afternoon bike ride, Flower Power, Leaves and Flowers e Milkshakes contemplando o sistema de
relações texto-imagem desenvolvido por Martinec e Salway, a partir dos estudos de Barthes e Halliday. O elemento que traz
unidade para os quinze textos multimodais é a personagem Jane Bennet que está presente em todas as imagens. Ela é o
centro em torno do qual as imagens gravitam, retratando Jane em fotos produzidas para um editorial de moda, usando um
figurino vintage, fazendo um passeio pela moda americana dos anos 20 até os 60, a fim de retomar conceitos estéticos do texto
de partida. A análise semiótica dos signos usados para reconstrução e desenvolvimento da personagem partirá do princípio de
que há uma relação suplementar entre imagem-texto e irá trabalhar tanto as relações entre os títulos e a imagem, quanto as
relações do texto multimodal construído a partir do texto da narrativa fílmica da websérie The Lizzie Bennet Diaries e do texto de
partida de Jane Austen.
A TRADUÇÃO DE COLOCAÇÕES EM LEGENDAS DE FILMES COM BASE EM ESTUDOS DE CÓRPUS
Resumo
Graças aos avanços tecnológicos e à globalização, a tradução de filmes, ou especificamente a legendagem, se tornou um tipo
de tradução cada vez mais aceito e comum. Por ser tão recente, há poucas pesquisas feitas na área, e, quando estas existem,
focam principalmente em seu aspecto técnico, ignorando o linguístico (Díaz Cintas e Remael, 2009). Por essa escassez de
pesquisas, não se sabe muito sobre os desafios e as limitações da legendagem, e não raro ela é alvo de críticas relacionadas à
sua qualidade, ou à qualidade da tradução (Carvalho, 2007). Tendo em vista as tecnicalidades envolvidas no processo de
legendagem, esta pesquisa fará uso dos estudos de córpus para analisar como colocações são traduzidas do inglês para o
português brasileiro em filmes de animação. As palavras que formam uma colocação em geral não podem ser traduzidas
literalmente, isto é, seu significado não reflete o significado de cada palavra. Por isso, elas são consideradas desafiadoras no
processo tradutório, e foram escolhidas como alvo principal desta pesquisa. O site utilizado para a análise será o COPA-TRAD
(Fernandes e Silva, 2013), que, depois de alimentado com os roteiros dos filmes, possibilitará a pesquisa pelos termos em
questão. Seguindo uma abordagem descritivista (Toury, 1995), espera-se descobrir as estratégias utilizadas na tradução de
colocações em legendas.
MAITENA E FOTONOVELA: CONSTRUINDO PRÁTICAS DE ESCRITA E ORALIDADE ATRAVÉS DE ESQUETES DE HUMOR
Resumo
Os quadrinhos da escritora argentina Maitena Burundarena são conhecidos mundialmente por sua característica cômica e irônica
sobre as ações e reações da mulher moderna diante de diferentes situações da vida cotidiana. O humor e a ironia diários também
estão presentes no Esquete, um gênero discursivo que se caracteriza em pequenas peças dramáticas com menos de dez
minutos de duração e que está se tornando frequente em nossa vida através de programas televisivos, stand-up comedy, entre
outros. A fotonovela, sendo um gênero discursivo semelhante à HQ em sua estrutura, porém, também com características teatrais
em sua composição; possibilita o seu aproveitamento em conjunto com o gênero Esquete na produção de textos escritos e orais.
Assim, este trabalho propõe o uso dos quadrinhos de Maitena como exemplos de HQ com características de esquete de humor
para serem aplicados no estudo e prática da produção de fotonovelas para alunos do ensino fundamental, de forma a estimular a
construção da expressão escrita e dos elementos extralinguísticos presentes na oralidade.
PROFICIÊNCIA EM LÍNGUA PORTUGUESA NO VESTIBULAR INDÍGENA: REGRAS DE FORMULAÇÃO DA AVALIAÇÃO DA
PROVA ORAL
Resumo
O Vestibular para os Povos Indígenas no Paraná é um acontecimento histórico e discursivo que emerge de políticas de inclusão e
de afirmação, com o propósito de possibilitar o acesso dos indígenas às universidades públicas do Paraná. O processo de
seleção dos candidatos, desde a sua implantação, em 2001, procurou contemplar em sua composição especificidades culturais
comuns às etnias indígenas, dentre elas, a oralidade. A prova oral integra, por isso, esse processo de seleção e a ela é atribuída
a mesma valoração da prova de redação, de forma a equalizar as modalidades de escrita e de oralidade na língua nacional. A
partir de 2013, a prova oral sofre reformulações e passa a ser subsidiada por critérios específicos consonantes com um exame de
proficiência em língua portuguesa pelo qual se avalia a habilidade de o candidato se servir da língua adequando-a às condições e
às circunstâncias estabelecidas na prova. A planilha compõe, por essa razão, o corpus da pesquisa Práticas Discursivas,
Verdade e Biopolítica em (In)Visibilidades: Corpo, Língua e Território, que tem por uma de suas inquietações o modo como os
critérios de avaliação desse vestibular fazem operar o verdadeiro da época e os preceitos da universidade sobre o indígena,
nesse evento um corpo em vigília. Diante dessa problemática, o objetivo a que nos propomos, neste simpósio, é o de investigar a
prova oral como um evento de letramento cujas regras de formulação limitam, modificam e deslocam a aparição dos discursos e,
assim, certificam o candidato como proficiente ou não em língua portuguesa. Para tanto, pautamo-nos nas teorias da Análise de
Discurso franco-brasileira e da Linguística.
ASPECTOS DISCURSIVO-PRAGMÁTICOS NA RELAÇÃO ADJETIVO-LOCUÇÃO ADJETIVA: UMA ANÁLISE DA SEÇÃO
CARTA AO LEITOR
Resumo
Entre outros, Castilho (2010) e Neves (2011) definem o adjetivo como a classe de palavra que modifica o sentido de um nome.
Do mesmo modo, a locução adjetiva é uma construção formada por uma preposição mais um substantivo que também tem
função modificadora. Uma vez que essas duas classes têm função similar, alguns autores, a exemplos de Neves (2011) e Cipro
Neto (1998), trabalham com a ideia de correlação entre elas, afirmando que, a depender do contexto, uma forma pode ser
substituída pela outra ocasionando ou não mudança no texto final. Para este trabalho, defende-se a ideia de que a mudança de
uma forma pela outra sempre vai ocasionar em mudanças no texto, sejam em nível semântico, pragmático ou textual. Este
trabalho compreende uma análise da correlação adjetivo-locução adjetiva na seção Editorial (chamada Carta ao Leitor) de
revistas Veja publicadas no primeiro semestre de 2013. O referencial teórico são os preceitos da Linguística Funcional Centrada
no Uso, conforme Givon (2009), Bybee (2010) e Furtado da Cunha et al. (2003). Objetiva-se estudar os padrões de uso da
locução adjetiva e do adjetivo, para que se descubram quais as motivações de uso de uma forma ou de outra.
PROMETHEA E OS 12 PASSOS DO HEROI
Resumo
Promethea é uma história em quadrinhos escrita por Alan Moore e desenhada por J.H. Williams III e publicada pelo selo
norte-americano ABC. A personagem principal é uma garota normal que se transforma em uma entidade mítica capaz de
transitar entre a nossa realidade e o reino da imaginação, chamado de imatéria (equivalente aproximadamente ao mundo das
ideias, de Platão). O objetivo deste trabalho é analisar essa série relacionando-a com os estudos sobre os mitos de Joseph
Campbell em especial com relação aos doze passos da jornada do heroi (publicado no livro O herói das mil faces): o chamado,
a recusa à aventura, o encontro com o mentor, os testes, aliados e inimigos, depuração, até o retorno transformado. O trabalho
também irá analisar como Alan Moore trabalha os conceitos de mito e imaginação e como esses fatores interferem na história,
principalmente na confeção e na estrutura do roteiro. Da mesma forma, esta série será relacionada às ideias de Alan Moore da
arte e da escrita como uma forma de magia, capaz de interferir no mundo, expostas em entrevistas e no documentário "The
Mindscape of Alan Moore".
ANÁLISE CRÍTICA DE PRÁTICAS DISCURSIVAS: O PAPEL DO DESIGN VISUAL NO PROCESSO DE
RECONTEXTUALIZAÇÃO
Resumo
O fenômeno da comodificação (FAIRCLOUGH, 1992) passa a ser revisto, evidenciando-se a noção de recontextualização
(CHOULIARAKI; FAIRCLOUGH, 1999; FAIRCLOUGH, 2003; FAIRCLOUGH, 2006): entidades externas são recontextualizadas,
relocadas dentro de um novo contexto, em uma relação dialética, ao mesmo tempo de colonização e de apropriação. A
presente proposta busca investigar como um gênero, pertencente a uma ordem não necessariamente mercadológica, como a
do discurso político, passa a incorporar caracteres de gêneros promocionais, mais especialmente o da publicidade. O material
delimitado para esta abordagem consta de dez edições do programa televisivo do guia eleitoral da candidata ao cargo político
majoritário do país, Dilma Roussef, veiculadas na campanha de 2010. A amostra foi tratada e analisada com base nos
postulados teóricos erigidos para a pesquisa, bem como especialmente os enquadres da Gramática do Design Visual (KRESS;
van LEEUWEN, 2006), e da teoria Telefílmica (IEDEMA, 2001). A análise apontou para insidioso movimento de
recontextualização do guia eleitoral, gênero vinculado à esfera do discurso político, na direção de uma configuração do discurso
mercadológico, destacadamente a instauração e manutenção da marca publicitária. O foco foi o design visual em sua
metafunção representacional e, mais propriamente, a relação das representações narrativas e seus processos – ação e reação.
Pela pesquisa, pretendemos, ainda, fomentar a formação do processo de aprendizagem, pelo incremento da prática de leitura
crítica de textos efetivos que se produzem, circulam e são consumidos em nossa sociedade.
CONSTRUCIONALIZAÇÃO DA CONCESSIVIDADE
Resumo
De acordo com Salgado (2006, p. 1), “a concessão vem sendo estudada desde a Antiguidade”. Por outro lado, suspeitamos que
esse assunto ainda careça de um estudo em profundidade, afinal esse é um processo argumentativo por excelência, utilizado
por todos (cf. GOUVÊA, 2002, p. 10). As abordagens já realizadas sobre o assunto repousam mormente em linhas teóricas
distintas da utilizada em nossa pesquisa. Nossa análise demonstrou a necessidade de encetarmos uma revisão aprofundada
dessa construção especial em língua portuguesa, por conta de suas propriedades morfossintáticas e características
pragmáticas, funcionais e discursivas ímpares. Em linhas gerais, podemos afirmar que a concessividade é uma noção derivada
e pode ser estudada sob um espectro de noções semânticas aparentadas entre si. Sem dúvida, essa perspectiva reconfigura o
prisma sobre o qual essa noção semântica tem sido tratada em nossos compêndios, costumeiramente de forma
descontextualizada. Acreditamos que as construções concessivas, por serem pouco gramaticalizadas, ainda estão em processo
de construcionalização gramatical (cf. TRAUGOTT; TROUSDALE, 2013), e essa instabilidade faz com que as suas
propriedades ainda estejam se delineando na língua. Nossa pesquisa parte da linguística funcional centrada no uso, como linha
teórica central, tendo em vista sua íntima relação com a pesquisa empírica. O corpus utilizado para essa pesquisa é do domínio
discursivo político, mais especificamente composto por discursos de deputados estaduais da Assembleia Legislativa do Rio de
Janeiro (ALERJ). Esse gênero foi escolhido, tendo em vista a alta carga de argumentatividade presente no discurso.
O ENSINO E APRENDIZAGEM DE TRADUÇÃO NO BRASIL E NOS CURSOS DE SECRETARIADO EXECUTIVO: POR UMA
FORMAÇÃO SOCIAL E CRÍTICA PARA A ATUAÇÃO PROFISSIONAL
Resumo
Os estudos de tradução estão ainda em consolidação quando pensamos em uma perspectiva acadêmico-científica, mais
especificamente para a formação de tradutores. O tradutor objetiva cumprir sua função de mediador de culturas, adaptando o
texto de partida para o texto de chegada (ROBINSON, 2002). No ensino da tradução especialmente em contexto universitário, é
recorrente o pensamentos dos alunos de que a prática é quem o formará tradutor e que as teorias de tradução não contribuirão
para sua formação. Acreditam que há manuais, formas, técnicas e modelos, enfim, regras e métodos de tradução, sendo esta a
“falsa segurança” dos aprendizes da atividade tradutória (STUPIELLO, 2006). A desconstrução dessa “falsa segurança” se
estabelece quando partimos das teorias de tradução para um ensino mais crítico e desmistificado da necessidade de
construção de um modelo para um produto que deve ser replica do original. A proposta de pesquisa objetiva discutir e observar
teorias que versam sobre o ensino e aprendizagem de tradução, em seu âmbito mais geral, e depois, de modo mais
direcionado, para a área secretarial. A relevância da pesquisa se dá pela necessidade de uma abordagem de ensino de
tradução, em seu âmbito tanto teórico quanto prático, que dê conta da atuação profissional do secretariado executivo para uma
formação crítica sobre a atividade tradutória, tendo em vista sua atuação profissional. É necessária uma perspectiva de
ensino/aprendizagem de tradução que contribua para uma sólida formação do secretário executivo, bem como a transformação
do pensamento dos alunos em formação sobre o conceito estruturalista de tradução, sendo este um conceito normalmente
pré-concebido.
THE FOLLOWING E EDGAR ALLAN POE: ASSASSINATOS EM SÉRIE
Resumo
Joe Carroll, professor de literatura e grande assassino do seriado The Following, produzido pela rede de televisão Fox, tem em
sua personalidade traços marcantes presentes nos contos e poemas do grande escritor norte-americano Edgar Allan Poe. Ao
analisar o seriado, foi possível perceber uma rica influência das obras do escritor para com as ações do personagem, que
idolatra Poe e cita que pretende, na verdade, superá-lo em grandeza literária. Poe, com seus temas sombrios e tendo a morte
como grande foco em suas obras, é utilizado como doutrina na produção fílmica. Assim sendo, procuramos analisar e
estabelecer um diálogo, a partir do interacionismo sociodiscursivo, entre contexto de produção e intertexto (BRONCKART,
2003), bem como nuances da literatura comparada, englobando os conceitos de intertexto e influência de Nitrini (2000) e
Carvalhal (1992). No que se refere às relações entre cinema e literatura, apoiamo-nos em Corseiul (2003). Uma dos recursos de
Poe para impactar o leitor é a utilização da unidade de efeito e, nesse sentido, o intertexto contribuiu essencialmente para a
construção desse efeito, prendendo, portanto, a atenção do telespectador ao enriquecer o caráter do antagonista ao longo dos
episódios. Esse estudo nos permitiu compreender a relevância do trabalho de Edgar Allan Poe em sua relação com uma obra
fílmica de grande impacto televisivo.
A PRODUÇÃO POÉTICA DE AUTORIA FEMENINA LATINO-AMERICANA ENTRE OS ANOS DE 1900 E 1950: DIÁLOGOS E
REPRESENTAÇÕES
Resumo
No que concerne aos estudos atuais da crítica feminista na América Latina, observa-se que há uma tentativa de estabelecer um
corpus teórico que coloque em destaque as especificidades da produção literária latino-americana, ponderando as teorias
advindas de outros contextos socioculturais como o norte-americano e o europeu. Ao levar em consideração as particularidades
da literatura produzida por mulheres dentro desse contexto que estudiosas, como Ana Pizarro (2004), chamam a atenção para a
importância de observar o diálogo estabelecido entre grupos de escritoras. Trata-se, portanto, de analisar a obra dessas
mulheres numa perspectiva que tente examinar os aspectos divergentes e convergentes de suas respectivas produções, a fim
de pensar a maneira como elas se articulam em prol da divulgação da literatura de autoria feminina. Diante dessa perspectiva
de enfatizar a formação desses grupos de escritoras que a presente comunicação tem o objetivo de mostrar o diálogo estético e
ideológico estabelecido entre a produção poética latino-americana entre os anos de 1900 e 1950, como forma de destacar a
importância dessas vozes femininas diante dos padrões e modelos impostos pela cultura letrada masculina. Cabe mencionar
que este estudo corresponde aos resultados parciais do projeto de pesquisa “A produção de autoria feminina na América Latina
(1900-1950): diálogos e conexões culturais” que vem sendo desenvolvido na Universidade Estadual de Londrina (UEL) desde
novembro de 2012.
UMA PERSPECTIVA DISCURSIVA E ERGOLÓGICA SOBRE A ATIVIDADE DE TRABALHO DOS BLOGS
Resumo
Tendo em vista o eixo temático “Materialidades Significantes e(m) Discurso na Contemporaneidade: Dispositivos Teóricos e
Analíticos”, na qual esta comunicação está inscrita, pretendemos apresentar uma perspectiva discursivo-ergológicas que
envolvem a atividade de trabalho da blogagem e as dramáticas que mergem da execução desta atividade, que ainda é
relativamente recente. Trata-se de articular os fundamentos da Análise do Discurso francesa e da Ergologia, uma abordagem
teórico-metodológica que aborda o trabalho e as questões sociais, filosóficas, históricas, psicológicas e físicas que o envolvem,
com o intuito de compreendê-lo. Conhecer a atividade de trabalho do blogueiro profissional demanda subsídios
teórico-metodológicos advindos dos estudos de linguagem e trabalho. Sendo assim, a proposta é mostrar como os discursos
constitutivos das subjetividades contemporâneas se produzem sob a determinação dos códigos de saber e poder,
especialmente dentro do mundo do trabalho. Também é importante ressaltar as implicações específicas de uma atividade que
lida diretamente com a linguagem e diversos gêneros discursivos. Para isso, retomamos Dominique Maingueneau, que afirma é
possível “caracterizar uma sociedade pelos gêneros de discurso que ela torna possível e que a tornam possível” (2013:67),
posto que o autor define gênero de discurso como dispositivos de comunicação sócio-historicamente definidos, tendo a ver,
inclusive, com identidades historicamente assinaladas.
AVALIAÇÃO DIALETAL POR MEIO DA TÉCNICA DE MEDIÇÃO INDIRETA
Resumo
Em uma comunidade de fala, as crenças e as atitudes em relação à linguagem são, geralmente, uniformes, isto é, são
compartilhadas pelos membros dessa comunidade. Tais atitudes, que podem ser positivas ou negativas, normalmente não se
manifestam quando o falante é questionado diretamente sobre diferentes dialetos. Para inferir e medir essas atitudes,
desenvolveram-se técnicas de medição indireta, as quais se aplicam ao informante sem que ele tenha consciência do propósito
da investigação. Dentre as medições indiretas, a mais conhecida é a técnica matched guise, proposta por Lambert (2003
[1967]), a qual consiste em apresentar a um grupo de “juízes” (ouvintes que farão julgamentos) gravações de falantes de
diferentes dialetos lendo a mesma passagem de um texto. A esses juízes é requerido que ouçam as gravações e que avaliem
as características pessoais de cada falante usando apenas pistas vocais e de leitura. Este trabalho, baseado nos estudos de
Crenças e Atitudes linguísticas, pretende apresentar os resultados obtidos por meio de um questionário adaptado da técnica
matched guise, com o objetivo de verificar a avaliação de informantes cariocas, gaúchos e norte-paranaenses em relação a
essas três variedades linguísticas que foram por eles ouvidas e avaliadas. Para tanto, realizaram-se entrevistas com 48
informantes residentes em Maringá, no Norte do Paraná. Os resultados a que se pôde chegar revelaram que as avaliações
foram mais positivas em relação ao dialeto gaúcho, seguido do dialeto carioca, com diferenças percentuais em torno de 2%. Já
em relação ao dialeto norte-paranaense, os resultados informam que há certa “rejeição” ou preconceito à fala desse grupo.
ANTES QUE O MUNDO ACABE CABE NA SALA DE AULA: MECANISMOS DE TRANSCRIAÇÃO FÍLMICA E FORMAÇÃO DE
LEITOR
Resumo
O objetivo geral deste texto é propor a discussão acerca da relação dialógica entre cinema e literatura – em particular, as
produções voltadas para o público adolescente –, buscando compreender os mecanismos intertextuais utilizados no processo de
transcriação do romance juvenil para o cinema, tais como a supressão, o acréscimo, a condensação, o deslocamento, a inversão,
a translocução, conforme a teoria de Claude Bouché (1974) e as contribuições de Robert Stam (2003). Para alcançar tal
propósito, abordaremos a obra Antes que o mundo acabe, de Marcelo Carneiro da Cunha, publicado em 2000, cotejando-a com o
filme homônimo dirigido por Ana Luíza Azevedo, lançado em 2010. O objetivo específico, para além de tão somente desvendar os
mecanismos intertextuais presentes neste tipo de “narrativa migrante”, é capacitar os leitores no “reconhecimento das vozes
sociais e das ideologias presentes no discurso e que ajudam na construção de sentido de um texto e na compreensão das
relações de poder a ele inerentes” (DCEs, 2008, p.57), contribuindo com a construção de um instrumental teórico que capacite o
professor de língua materna do Ensino Básico no trabalho de formação de leitores críticos.
A ATIVIDADE DE RETEXTUALIZAÇÃO NA MÍDIA IMPRESSA: UMA ANÁLISE DA ESTRUTURA RETÓRICA
Resumo
O presente trabalho, construído com base na observação de práticas do discurso jornalístico impresso, busca analisar o
processo de retextualização de um gênero textual informativo para outro cuja finalidade concentra-se na defesa de um ponto de
vista sobre um mesmo assunto. Procura-se, de forma mais específica, descrever as relações retóricas presentes na
macroestrutura textual de um exemplar do gênero notícia de jornal e verificar, até que ponto, ocorre a manutenção dessa
organização retórica no gênero editorial. Para dar conta dessa empreitada, lançamos mão de postulados teóricos da Linguística
Textual para a compreensão de aspectos envolvidos na caracterização dos gêneros e para o tratamento conceitual do
fenômeno da retextualização. Em seguida, adotamos como suporte teórico-metodológico a Rhetorical Structure Theory – RST,
a qual considera que a coerência de um texto resulta da função que cada constituinte desempenha em relação a outro. Em
linhas gerais, o estudo realizado indica que, na tentativa de convencer o leitor sobre um determinado ponto de vista, a instância
midiática que atua na produção do editorial lança mão de um gênero de cunho informativo, o qual serve de ponto de partida
para a construção da opinião sobre determinado acontecimento. Nesse sentido, a instância que atua na construção de um
editorial é levada a realizar diferentes manobras linguageiras, que se refletem na forma como as porções do texto se articulam.
Além disso, foi possível observar que as relações retóricas presentes nos gêneros investigados estão estreitamente
relacionadas com o projeto de dizer da instância de produção textual e, sobretudo, com o propósito comunicativo de cada
gênero.
“TRÊS CAPÍTULOS INÉDITOS DO GÊNESIS”: A APROPRIAÇÃO PARÓDICA DE TEXTOS BÍBLICOS NA OBRA DE
MACHADO DE ASSIS
Resumo
Em 1878, Machado de Assis enfrentaria, para além das enfermidades fisiológicas, – referidas pela crítica machadiana como
fenômeno desencadeador da mudança de orientação literária do escritor, – um impasse de natureza estritamente literária,
decorrente da polêmica travada em torno da repercussão dos romances realistas de Eça de Queirós no meio literário brasileiro.
A ampla reação negativa às suas avaliações críticas, propagada pela imprensa carioca do período, conduziria o autor a
repensar os caminhos da sua própria produção ficcional. Dentre as primeiras experimentações criativas resultantes dessa
autocrítica do autor, este trabalho pretende analisar as soluções ensaiadas na composição do conto “Na arca”, publicado
inicialmente no jornal O Cruzeiro, no ano de 1878. Com a designação de “Três capítulos inéditos do Gênesis”, o conto
apresenta-se como complementação inédita de uma obra preexistente e encena uma fantasia mitológica elaborada em termos
ironicamente sérios, que empresta a linguagem e a fórmula textual da estruturação bíblica em versículos. Sob uma perspectiva
paródica, própria da tradição menipeia, a narrativa promove uma reinvenção mitológica, de conotação irônica, sobre as origens
da ganância humana, que remonta às fontes bíblicas dos conflitos desencadeados pelo instinto de posse e por questões de
fronteiras. O resultado substancial da experiência literária fecundada nessa narrativa consistiu no aprendizado e na opção
decisiva pela prática da paródia como forma de criação artística e de renovação estética – procedimento que contribuiu
decisivamente para o processo de transformação da escrita machadiana.
A (RE) PRODUÇÃO DE POLÍTICAS LINGUÍSTICAS NAS PRÁTICAS LINGUÍSTICAS EM UMA ESCOLA EM CONTEXTO
MULTILÍNGUE NO SUL DO BRASIL
Resumo
Objetiva-se apresentar neste simpósio uma pesquisa de doutorado em andamento, na qual se investiga como as práticas
linguísticas em uma escola situada em uma comunidade rural multilíngue em um município no Sudeste do Paraná são
constituídas por políticas linguísticas explícitas e implícitas, oficiais e não oficiais. Nesse cenário, busca-se responder as
seguintes perguntas de pesquisa: Como as práticas linguísticas são constituídas por políticas linguísticas? Como as ideologias
linguísticas estão subjacentes às políticas linguísticas (re)produzidas localmente? Quais as implicações dessas políticas
linguísticas para as práticas linguísticas nessa escola e nessa comunidade, e para o repertório linguístico das pessoas? A
abordagem metodológica adotada é a da perspectiva etnográfica qualitativo-interpretativa, para a qual foram utilizados
diferentes instrumentos e procedimentos para a geração de dados. Os pressupostos teóricos que subsidiam a análise dos
dados gerados são os seguintes: políticas linguísticas em uma perspectiva etnográfica, uso das línguas como práticas sociais
locais, práticas linguísticas, multilinguismo para além da coexistência das línguas, letramento como prática social, e
procedimentos analíticos de interação com base na Análise da Conversa Etnometodológica, bem como em conceitos da
Sociolinguística Interacional. Além disso, articular-se-á os dados de interação com as noções de espaço e de tempo no viés de
escalas sociolinguísticas no intuito de compreender as políticas e práticas linguísticas micro-situadas articuladas à dimensões
de ordem social em nível macro, para alcançar assim uma abordagem etnográfica e crítica de política de língua.
DISCURSO ARTÍSTICO DO CORPO FEMININO EM OBRAS DA IDADE MÉDIA
Resumo
Este trabalho apresenta o trajeto investigativo do projeto “Representações discursivas sobre a mulher em pinturas artísticas do
corpo na Idade Média”, desenvolvido na Universidade Estadual de Maringá (UEM) junto ao programa Institucional de Bolsas de
Iniciação Científica (PIBIC), sob orientação da Profa. Dra. Renata Marcelle Lara. Ancorado teórica e metodologicamente na
Análise de Discurso francesa, de Michel Pêcheux, e na abordagem de Maria Cristina Leandro Ferreira, que toma o corpo como
materialidade discursiva, a pesquisa analisa as representações discursivas sobre a mulher em obras artísticas do corpo na
Idade Média e os efeitos de sentido resultantes desse funcionamento. O material de análise é composto por três obras: The
Four Witches, de Albrecht Dürer, The Damned, de Signorelli, e Christ in Limbo, de Pacher. Elas apresentam como tema e como
elementos de sua composição a representação da mulher medieval em cenas distintas, mas abordando os mesmos contextos:
a religiosidade, o pecado e a nudez. O corpus discursivo aponta para regularidades em torno da religiosidade medieval, da
relação da mulher com a religião vigente na época e do corpo feminino no jogo entre o sagrado e profano. Até o presente
momento, o percurso investigado visibiliza nas obras traços representativos de uma sociedade organizada conforme as regras
estabelecidas em sua maioria pela instituição igreja que significa a mulher e seu corpo associados à representação do mal e do
pecado, fazendo funcionar um jogo de extremos. A arte investigada materializa discursos instituídos sobre a mulher e seu corpo
na Idade Média, mas que falham, na e pela contradição, no e pelo funcionamento do discurso artístico.
A INTERAÇÃO DO ALUNO DO ENSINO MÉDIO COM A UNIVERSIDADE PELA ESCRITA DO GÊNERO RESUMO
Resumo
Dentro do arcabouço teórico bakhtiniano, a língua configura-se – como o produto da interação entre os sujeitos de um grupo
social – e a linguagem – como os conjuntos de contextos possíveis de uso de cada termo da língua. Consequente à concepção
interacionista de linguagem, que desloca o estudo da língua para o estudo da linguagem como uma forma de interação humana
mediada pelo uso da língua, o texto configura-se como um ‘encontro’ entre dois sujeitos historicamente marcados. Assim, à luz
da perspectiva interacionista de ensino-aprendizagem de Língua Portuguesa, neste trabalho, buscamos apresentar os dados
que apontam para a interação do aluno do ensino médio com a universidade por meio da escrita do gênero resumo no processo
de interação pedagógica organizada no PAS-UEM – Processo de Avaliação Seriada da Universidade Estadual de Maringá – a
partir de duas produções escritas de um aluno-candidato participante desse processo avaliativo seriado. Os textos, corpus desta
pesquisa, foram escritos em diferente momento, por isso fornecem dados distintos do processo de desenvolvimento da escrita
do aluno e da interação entre Universidade e Ensino Médio. Além dos dados linguísticos decorrentes das análises das
interações verbais escritas que acontecem no PAS-UEM, estamos interessamos em apresentar pelo desenvolvimento da escrita
do aluno-candidato a realidade que circunda tal desenvolvimento. Isto é, acreditamos que nossos resultados podem tornar
‘visível’ como o macro contexto do PAS-UEM pode desencadear um aperfeiçoamento da escrita dos sujeitos com os quais o
processo seletivo interage.
O SUJEITO PÓS-MODERNO EM FERNANDO PESSOA
Resumo
O objetivo deste trabalho é mostrar as diferentes identidades pessoanas, as referências geográficas de cada heterônimo e o
aspectos culturais em Alberto Caeiro, Ricardo Reis, Álvaro de Campos e Fernando Pessoa ortônimo. Uma vez que o sujeito
pós-moderno não é mais visto como um todo unificado, mas descentrado, entende-se que este sujeito pós-moderno,
fragmentado e plural é nítido na obra de Fernando Pessoa, afinal ele criou diferentes nomes literários - ortônimo, semi-ortônimo
ou heterônimos - em que cada um possui uma biografia, com determinada posição ideológica e artística, além de um modo
diferente de escrita. Pessoa ortônimo é o simbolista das intersecções. Alberto Caeiro, o mestre no sentido mais forte de
iniciador, de revelador ou de professor, é definido pelo seu criador na Carta sobre a gênese dos heterônimos a Adolfo Casais
Monteiro como “um poeta bucólico, de espécie complicada”. Caeiro é aquele é como “qualquer coisa natural”, aquele que mora
na colina e que imaginariamente é feliz. Ricardo Reis, o discípulo mais fiel de Caeiro, é o poeta que se volta à Antiguidade.
Feito de literatura, Reis é como um artefato retórico de fazer pensar, indiferente a felicidade ou a infelicidade. Já Álvaro de
Campos é o poeta da modernidade, o sensacionista dos histerismos que impossivelmente será feliz. Contudo, suas
personagens são oriundas do desdobramento do “eu”, na sua própria despersonalização. É como se o poeta fosse vários em
um só, sua identidade é fragmentada de tal forma que várias criaturas lhe representam. Assim, com partes de várias
personalidades, ergue-se um ser “desconhecido”, que se assusta diante do próprio rosto no espelho do tempo.
A ESCRITA NOS DOCUMENTOS CURRICULARES OFICIAIS DO BRASIL E DE PORTUGAL
Resumo
Este estudo documental visa traçar um paralelo entre o ensino de língua portuguesa no Brasil e em Portugal, com base nas
prescrições dos documentos curriculares oficiais para o ensino da escrita, em ambos países. Tomamos como objetos de
investigação os Parâmetros Curriculares Nacionais (BRASIL, 1998; 1999), como referências brasileiras, e os documentos
curriculares oficiais portugueses denominados Programas de Português para o Ensino Básico (REIS et al, 2009) e Metas
Curriculares (BUESCU et al, 2012), assim como o Programa e Metas Curriculares para o Ensino Secundário (BUESCU et al,
2014) orientadores para o ensino de Português em Portugal. Adotamos como referencial teórico os estudos bakhtinianos,
vinculados à Análise Dialógica do Discurso, nos processos interacionais e seus desdobramentos no campo da Linguística
Aplicada, a partir de estudos desenvolvidos por pesquisadores como Geraldi (1993; 2004), Fiad (1991;2012), Fiad &
Mayrink-Sabinson (1991), Menegassi (1998), em nível nacional, e de Pereira (2007), Pereira & Barbeiro (2010), além mar. Os
resultados apontam alguns distanciamentos: em Portugal a inclusão de Metas Curriculares estabelece os textos literários como
prioritários para o ensino, e a leitura e a escrita indissociáveis e interdependentes da oralidade. A ênfase é dada nos conteúdos
e no ensino da gramática para o processo de revisão textual. No Brasil, há associação entre as práticas de leitura e escrita via
gêneros discursivos, com foco nas competências, enquanto que, nas etapas de revisão e reescrita, a reformulação do texto
tende à reflexão e ao funcionamento da linguagem em uso, mas apresenta-se com variações terminológicas e indefinições
conceituais.
O TEATRO DE IDEIAS DE TERÊNCIO
Resumo
Terêncio, em comparação com Plauto – tido como autor modelo da Néa –, é considerado pela crítica um comediógrafo inovador
por não seguir os modelos e estereótipos praticados pelo gênero. Em seus prólogos, ele apresenta discussões teóricas sobre o
que considera adequado à composição das comédias e, desta forma, constrói uma poética terenciana ao postular sobre
práticas de tradução e contaminatio, suspense na composição do enredo, formação de público, comportamento de personagens
típicos etc. Nesta comunicação intitulada O teatro de ideias de Terêncio, pretendemos, num primeiro momento, estudar os
prólogos em busca das diretrizes que o autor professa para a realização de boa comédia. E, depois, num segundo momento,
verificar as escolhas do dramaturgo para sua comédia A Sogra. A escolha por analisar esta peça justifica-se pois ela foi
reapresentada três vezes e acreditamos que a insistência na sua reapresentação é um indício de que Terêncio teve
oportunidade de adequá-la às suas propostas estéticas. A Sogra, então, pode representar um exemplo bem acabado do que
Terêncio postula em seus prólogos. Nesta comédia, o que chama mais a atenção é que os nós cênicos não são resolvidos em
cena e sim por meio da diegese. Em A sogra, Terêncio traz à cena um teatro de ideias e palavras em que os momentos de
clímax não são representados e sim narrados.
CRIAÇÃO AUTORAL E LITERATURA JUVENIL – ESCRILEITURAS: TRANSCRIAÇÕES ADOLESCENTES
Resumo
Esse trabalho trata da invenção de Oficinas de Transcriação de leitura e escrita. Deseja inventar sentidos que capturem
elementos filosóficos em textos literários. São as obras de referência, Barthes (2006), Corazza (2006), (2010) e (2011). Nesse
resumo, destaca-se a oficina “Raul da ferrugem azul e outras intensidades”, em andamento. Objetiva-se Transcriar leitura,
pensamento e escrita com adolescentes, instigando questionamentos, criando escritas, por meio da escrita criativa,
escrita-artista. Nota-se que deve haver nos atos de leitura, certa diversão, como para Barthes (2006, p. 20) “texto de prazer:
aquele que contenta, enche, dá euforia; aquele que vem da cultura, não rompe com ela, está ligado a uma prática confortável
da leitura”. Roteiro da oficina: A vida escrita pelo caminho da leitura”; Socialização. Conversações; Pensamento. Escrita.
Finalizar-se-á, instigando a escrita-artista adolescente, que como em Corazza (2006, p. 25) assume diferentes traços.
Intempestiva: mais profunda que o tempo e a eternidade. Ela luta pelo tempo por vir, em que sejam revigorados os modos de
expressão da educação. Pode, afirmar ao futuro autor que vivências do cotidiano tornar-se-ão escritas. Há vida na escrita que
vive. Há escrita na vida que escapa. Uma vida pode ser biografada, a qualquer momento em qualquer tempo e lugar. Para
Bedin (2011: p.52) “esta vida – antes de ser biografada da forma como é – não era. Não há vida pregressa à vida posta pela
escritura”. Não há limites temporais, didáticos, sociais ou culturais para o nascimento do criador da própria escrita. Esta pode
estar naquilo que escapa do real, do visível.
A CITAÇÃO NA LINGUAGEM PUBLICITÁRIA: UM OLHAR SOBRE O FILME PUBLICITÁRIO “1984”
Resumo
A linguagem publicitária é, essencialmente, uma bricolagem de diferentes técnicas e conhecimentos de mundo na qual os mais
variados olhares se convergem na busca de estabelecer diálogo com o público alvo pretendido. Segundo Carrascosa (2008) o
publicitário é um bricoleur, já que ele tem como principal missão construir uma mensagem de forte impacto fazendo uso dos
mais variados discursos para atingir seu público-alvo. Nesse processo, o criativo recorta, junta, cola informações do repertório
cultural de uma sociedade, advindo de determinado contexto político social. Assim, é comum os profissionais da publicidade
buscarem nas produções existentes no cinema, televisão, literatura e teatro, subsídios que dêem suporte na produção de peças
que são veiculadas em tevê, rádio, revista, internet, entre outros meios de comunicação. Dessa forma, os redatores, criativos do
design e planejadores utilizam-se de seus repertórios culturais na estruturação das peças que, entre tantos objetivos, visam
traçar paralelos de sentidos, fazer alusão a fonte de origem da ideia e/ou suscitar a empatia do público que, de uma forma ou
outra, já teve contato com esta fonte pela mídia impressa ou audiovisual. Os materiais culturais produzidos nesse contexto,
populares ou eruditos, são fundamentais para o embasamento da construção de peças publicitárias, aparecendo sob forma de
citação direta ou indireta. Este fator nos leva a refletir sobre a questão do dialogismo de Baktin que aponta para um conceito no
qual um texto sempre dialoga com outros textos, revelando a tessitura da linguagem. Ainda conforme Carrascoza (2008) “a
trama de todo texto é, portanto, tecida com elementos de outros textos, revelando
A FORMA SUJEITO DO PERSONAGEM EDGAR: DO CONTO “THE BLACK CAT” PARA A ADAPTAÇÃO NA TV.
Resumo
Este trabalho tem como objetivo discutir a mudança da forma sujeito do personagem Edgar em duas cenas enunciativas do
conto “The Black cat” de Edgar Allan Poe, do texto de partida em inglês até adaptação para a TV, assim como sua tradução
para o português. A análise das cenas enunciativas são de extrema importância para a reflexão sobre a forma sujeito, assim
como para verificar a domesticação e os efeitos de sentido produzidos. Para tal utilizou-se os conceitos de Maingueneau (2008),
que trata das cenas englobante e genérica e a cenografia. Posteriormente, foram analisados aspectos culturais introduzidos
nessa adaptação, como fonte de pesquisa e base para esse processo tradutório. Dessa forma a tradução foi analisada com
uma perspectiva discursiva da linguagem, considerando os elementos do processo de construção desse novo conto, ou seja,
suas condições de produção. Alguns autores como Michel Foucault (1983), Solange Mittman (2006) e Theo Hermans (1996)
foram utilizados como embasamento teórico para essa análise.
A REFERENCIAÇÃO TEXTUAL E A REPRESENTAÇÃO DA SUBJETIVIDADE E DE IDENTIDADES NO TEXTO ESCRITO
Resumo
Resumo: O presente trabalho tem por objetivo apresentar os resultados obtidos a partir da investigação dos elementos e
estratégias de referenciação textual. O intuito foi verificar como essas formas evidenciam a subjetividade do produtor do texto e
atuam na representação da identidade feminina. Esses elementos foram observados sob a perspectiva
sociocognitivointeracionista, em que a língua(gem) e o texto correspondem a práticas sociais passíveis da interferência do
sujeito usuário da língua, bem como do contexto em que ocorrem. Dessa forma, o processo de referenciação é considerado
uma atividade discursiva que se realiza em função das relações entre os sujeitos e o universo social em que atuam. Para a
análise partiu-se das cadeias referenciais com base nos pressupostos teóricos de Roncarati (2010), Mondada e Dubois (2003),
Marcuschi (2008), Koch (2008), Cavalcanti (2003) entre outros. O corpus analisado foi composto por textos de circulação
midiática que tinham como temática a violência contra a mulher. Verificou-se com a investigação que são as estratégias
categorizadoras e (re)categorizadoras, em especial, que possibilitam a observação da subjetividade e da representação da
identidade da mulher. Esses elementos de referenciação apontaram que a subjetividade pode ser ressaltada ou apagada em
função das escolhas linguísticas operadas pelo produtor do texto. No que se refere à representação da identidade feminina,
verificou-se que é determinada a partir da diferença ou oposição em relação ao masculino. Entende-se assim, que são
intenções particulares e fatores de ordem social e cultural que definem a construção linguística.
PROFESSOR DE LÍNGUA PORTUGUESA EM INÍCIO DE CARREIRA: PROCESSO DE INSERÇÃO E TOMADA DE DECISÕES
EM SALA DE AULA
Resumo
Este trabalho tem por objetivo apresentar uma análise preliminar referente à pesquisa O que e por que ensinar? Professor de
língua portuguesa em início de carreira, desenvolvida no âmbito do Programa de Pós-Graduação em Linguagem e Ensino, da
Universidade Federal de Campina Grande. O foco para este trabalho está voltado para o processo de tomada de decisões do
professor para ministrar suas aulas de língua materna. Para tal, analisamos as relações entre as aulas ministradas por uma
professora de língua portuguesa em início de carreira, através de aulas gravadas em seu primeiro ano de atuação, e suas
anotações pessoais referentes ao seu processo de inserção nessa nova prática profissional. Tal investigação está vinculada aos
estudos em Linguística Aplicada (MOITA LOPES, 2006; MOITA LOPES, 2013) sobre Formação do professor de línguas
(KLEIMAN, 2001; MILLER, 2013) e suas relações com os estudos sobre linguagem e trabalho (NOUROUDINE, 2002; FAÏTA,
2002). As análises, em andamento, trazem indícios do componente emocional, atrelado ao que chamamos de “sofrimento
humano” destacado por Miller (2013), bem como a tensão entre o apego ao currículo preconizado pela escola e a tentativa em
buscar outras alternativas curriculares a serem desenvolvidas pelo seu público discente.
FITZGERALD E PETRÔNIO: RELAÇÕES INTERTEXTUAIS.
Resumo
Em seu texto Discurso na vida e discurso na arte, Bakhtin fala do ouvinte como uma espécie de consciência artística. Esta ideia
é basilar para o presente trabalho que intenciona mostrar parte de um estudo comparado que investiga as semelhanças entre a
obra do escritor F. Scott Fitzgerald: Trimalchio – versão mais antiga de The Great Gatsby – e o episódio Cena Trimalchionis
inserido em o Satyricon de Petrônio. Fitzgerald prezava o comentário sobre seus textos, quando considerava a crítica pertinente
procurava ouvir como sugestão e eventualmente acatar. Algumas pessoas como Gertrude Stein, Ernest Hemingway, John
Peale Bishop e Max Perkins exerceram uma influência bastante intensa na escrita do autor. A obra Trimalchio como versão
anterior à lançada em 1925 e, portanto, menos editada, é uma mostra de tais interferências. O romance como é conhecido do
público contemporaneamente é resultado de muitas dessas intervenções, possíveis de serem observadas nas cartas publicadas
em coletâneas e na fortuna crítica do autor. Da mesma forma, o interesse pela cultura clássica, latina em especial, evidencia-se
nessas publicações. É também em Discurso na vida e discurso na arte que Bakhtin afirma serem as obras literárias originárias
de contextos extraliterários e Fitzgerald valeu-se intensamente do meio social circundante, assim como do potencial de
intertextualidade do fazer literário.
O CRÍTICO LITERÁRIO MACHADO DE ASSIS: PERSONA E VOZ AUTORAL
Resumo
A partir do momento em que iniciou suas múltiplas atividades na imprensa fluminense, Joaquim Maria Machado de Assis
(1839-1908) colocou em questão as fronteiras entre os diversos gêneros literários e os jornalísticos, aos quais se dedicou. Para
uma parcela dos estudiosos, suas atividades, como crítico, distanciavam-se (em tom, forma e dicção) do discurso ácido e
ambíguo empunhado por seus narradores. Neste trabalho, defendo a hipótese que, de modo similar ao que o escritor procedeu
em sua prosa ficcional, o papel de crítico facultou a Machado o exercício da linguagem incisiva, mas elegante; objetiva, mas de
abrangente espectro. Como crítico teatral e literário, o autor empregou diversos procedimentos ao dispor as partes de seus
textos, o que pode apontar para algumas possibilidades de análise, dentre as quais: a) considerar em particular a relevância dos
suportes em que os artigos eram veiculados (considerando elementos relacionados à diagramação, bem como o diálogo entre
os elementos discursivos e imagéticos em sua produção); b) a multiplicidade de personas empregadas por Machado, ao tratar
de matérias diversas; c) a reiteração de procedimentos e estratégias discursivas, tendo em vista provocar a persuasão do leitor,
simultaneamente à manutenção do dado lúdico (embutido nas múltiplas formas como ele se dirigia ao público que consumia os
periódicos, a partir da segunda metade do século XIX).
A AULA DE LITERATURA NO ENSINO MÉDIO COMO COMUNICAÇÃO INTER-HUMANA
Resumo
No Brasil, as pós-graduações de Teoria da Literatura, dedicadas aos empreendimentos teóricos, historiográficos e críticos, vêm
sendo convocadas a responder uma pergunta de pesquisa crítica e política: para que literatura nas instituições de ensino?
Pesquisadores, como Campagnon (2009), em Literatura: para quê?; Todorov, Literatura em perigo (2010); Jouve, Por que
estudar literatura? (2012); e Leyla Perrone-Moisés, Literatura para todos (2006), já assumiram tal demanda e deram respostas
importantes. Inserindo-se no horizonte desse debate, nosso trabalho objetiva problematizar que saberes devem ser
contemplados no Ensino Médio. Para tanto, nossa discussão encontra-se organizada em dois momentos. Inicialmente, partindo
dos estudos de Tardif (2007), Geraldi (2003), Todorov (2010), refletiremos sobre o descompasso existente, em geral, entre a
natureza dos saberes universitários, no nosso caso nos departamentos de Teoria da Literatura, e aqueles próprios da escola.
Em seguida, visando uma maior integração entre essas duas esferas de produção do saber, analisaremos por que a ênfase do
ensino de literatura no Ensino Médio deve estar pautada na produção de sentido da obra literária, que só se satisfaz
plenamente em sua conjuração com o autor e o público, tal como ensina Candido (1959). Interação que, a nosso ver, precisa
estabilizar-se na abordagem da literatura no Ensino Médio, sem deixar de incorporar as descobertas das pesquisas
acadêmicas. Esses dois momentos, por sua vez, fornecerão subsídios para elucidar a vocação da literatura no Ensino Médio: a
comunicação inter-humana.
AS PEÇAS VICENTINAS SOB O VIÉS DO LIVRO DIDÁTICO: UM ESTUDO DE CASO NO INTERIOR DO ESTADO DE SÃO
PAULO
Resumo
O presente trabalho vincula-se ao Programa de Pós-Graduação em Letras da Universidade Federal do Mato Grosso do Sul (
CPTL/ Três Lagoas) . O objetivo principal da análise será promover o estudo, a pesquisa e a reflexão crítica em torno do modo
como o gênero dramático é representado no livro Didático da 1ª Série do Ensino Médio por meio das peças do português e
criador do teatro popular Gil Vicente (1465-1536). O corpus de análise se constitui de excertos dos textos (literários e teóricos)
inseridos nos livros “Língua Portuguesa: Linguagem e Interação” (2012-2014) e “Língua Portuguesa: Projeto Escola e Cidadania
para todos” (2006-2008), coleções voltadas para o Ensino Médio e distribuídas pelo Plano Nacional do Livro Didático do Ensino
Médio (PNLEM) ambas as obras foram escolhidas pelos professores e coordenadores da escola estadual Dª Noêmia Dias
Perotti da cidade de Mirandópolis, interior de São Paulo. Pretende-se, também, ponderar os critérios de avaliação do PNLEM
para a escolha dos livros didáticos, além de se fazer um breve panorama da situação da literatura enquanto disciplina escolar.
TECNOLOGIAS DE GOVERNAMENTALIDADE NO ESPAÇO VIRTUAL
Resumo
Ao considerar as produções culturais alocadas em um museu como materialidades linguístico-discursivas da ordem do artístico,
esta comunicação tematiza a reprodutibilidade da obra de arte e de seu ambiente material de exposição, através de
procedimentos técnicos, tecnológicos e da tecnologia da governamentalidade, para focalizar as mudanças nas relações de
saber-poder entremeadas entre sujeito espectador, obra de arte e instituição cultural. Em vista disso, problematiza se tais
relações implicam a consideração de que o dispositivo de fazer viver a acessibilidade à arte e à cultura nacional deixa morrer o
discurso político em imagem no espaço heterotópico do museu. Sob tal diretiva, mobiliza um gesto de leitura de uma série
enunciativa que compõe parte material do Portal Projeto Portinari e Museu Casa de Portinari, com o objetivo de compreender o
modo como se constituem as modalidades enunciativas dessas arquiteturas hipermidiáticas. Para tanto, a investigação confluiu
na relação entre uma vertente da Análise de Discurso e especulações teóricas gestadas a partir da leitura discursiva de
formulações advindas de campos de saberes que tematizam a questão abordada. Nesse empreendimento, vislumbrar a relação
amalgamada entre a linguagem, a arte, a cultura e o político, possibilitou acolher os efeitos de uma nova tecnologia de
funcionamento da governamentalidade no que tange a uma política de acessibilidade cultural no espaço virtual que deixa morrer
os efeitos do político da arte, em sua forma concreta no mundo que responde pelo caráter social da arte portinariana, para fazer
viver o político na arte, em sua forma digital que responde pelo caráter inclusivo da arte reproduzida.
O FANTÁSTICO EM SANTA EVITA, DE TOMÁS ELOY MARTÍNEZ
Resumo
Essa comunicação analisa os elementos fantásticos e insólitos no romance Santa Evita, do escritor argentino Tomás Eloy
Martínez, e tem como base teórica principal a teoria do filósofo e linguista búlgaro Tzvetan Todorov sobre o fantástico na
literatura. O romance narra a trajetória de Eva Perón antes e depois de sua morte. No romance há, pelo menos, dois perfis
diferentes para a mesma personagem: Evita, quando viva, e Evita, quando morta. Num primeiro momento, temos a
personagem-viva como líder da população pobre, que vê na primeira dama a esperança de remissão da condição social. Num
segundo momento, temos a personagem-morta como agente de estranhos acontecimentos envolvendo forças militares. Em
ambos os momentos, a personagem determina fatos, muda o destino de pessoas e, o que é mais paradoxal, a personagem
passa a ter maior força existencial depois de morta. Há um grande mistério ligado ao embalsamamento e à errância da múmia
de Evita, e o texto, a todo o momento, expõe ao leitor situações inusitadas envolvendo o cadáver, situações que não podem ser
explicadas à luz da razão e da objetividade e que nos remetem ao domínio do fantástico.
NOVAS TECNOLOGIAS APLICADAS À FORMAÇÃO CONTINUADA DE PROFESSORES DE LÍNGUA INGLESA
Resumo
Ensinar uma língua estrangeira, como qualquer outra disciplina do currículo escolar, requer preparação pedagógica e
conhecimento teórico. Diante do contexto em que vivemos hoje, nota-se que o ensino da Língua Inglesa na Educação Infantil e
nos Anos Iniciais das escolas públicas precisa de elementos norteadores que venham a atender as especificidades de
ensino-aprendizagem dessa faixa etária. A proposta de formação continuada oferecida atualmente pela AMOP para os
professores de Língua Inglesa da região Oeste do Paraná oportuniza a socialização do grupo de professores, porém, não
corresponde com a demanda das questões relacionadas à implantação dessa disciplina nas escolas, assim como os anseios e
as angústias dos professores, considerando que a prática de ensino da Língua Inglesa na Educação Infantil e nos Anos Iniciais
é relativamente nova, e que é nessa etapa da vida que a criança encontra-se no processo de aquisição e desenvolvimento de
sua linguagem. Levando em consideração tais argumentos, por meio desse estudo, pautado bibliograficamente em Motter
(2013), Prenski (2001) e Garcia (1997), busca-se aprofundar os conhecimentos a fim de encontrar possíveis respostas com
relação à quais conteúdos devem ser abordados e priorizados na Educação Infantil e nos Anos Iniciais; quais especificidades
metodológicas o professor dessa faixa etária precisa dominar a fim de não comprometer o processo de alfabetização na língua
materna em que essas crianças se encontram; e de que forma pode-se otimizar a interação, a produção de materiais e a troca
de experiências entre os professores dos diferentes municípios da região.
DEFICIÊNCIA MENTAL NA LITERATURA JUVENIL: UM ESTUDO SOBRE A OBRA TANTÃ
Resumo
Obras anteriormente designadas genericamente como “infanto-juvenis”, agora angariam espaço cada vez melhor consolidado, a
fim de atender as especificidades do público jovem. Leituras como da obra Tantã de Marie Aude Murail, buscam representar
parte do universo juvenil; seus dilemas, perdas e ganhos diários. Por meio de personagens como Tantã, protagonista do livro,
que possui deficiência mental e apesar de aparentemente ter vinte anos, sua idade mental não ultrapassa a de uma criança de
três anos, podemos nos questionar sobre o lugar que jovens e adolescentes têm ocupado em nossa sociedade e refletir sobres
questões inerentes e relevantes ao universo. Por meio de leitura como a de Tantã, o presente trabalho tem o intuito de contribuir
na formação de jovens e crianças como leitores, a fim de proporcionar a conscientização crítica de que leitura é um bem que
nos foi dado a fim de propiciar melhoras em nossas vidas e que está a nosso alcance. Para tais efeitos, apresentaremos a
leitura como necessidade vital à formação desses jovens e nos utilizaremos da literatura juvenil para exemplificar como ler pode
ser prazeroso e como está pode auxiliar na transformação do meio em que vivem e na sua qualidade de vida.
CRÍTICA LITERÁRIA FEMINISTA: AMPLIANDO POSSIBILIDADES DE REFLEXÃO E (DES)CONTRUÇÃO DO CÂNONE
Resumo
Ao longo da história das artes e da literatura é possível observar um veemente silenciamento das minorias sexuais. Tal mutismo
acontece pelo fato de que, essas minorias evocam em sua simbologia a inferiorização; oriunda da idéia de que o conceito de
gênero funciona como sentido e essência, situada numa antiga tradição de hierarquias (BUTLER, 2003). As obras designadas
para a composição do cânone literário, bem como os sujeitos que as elegem foram e ainda são, em sua considerável maioria,
procedentes de uma tradição estética sistematizada em concepções patriarcais. Os movimentos de resistências, lutas e
correntes teóricas da contemporaneidade muito contribuíram para a desconstrução destes padrões hegemônicos. As diversas
correntes feministas iniciaram um processo de desbravamento dos horizontes do pensamento ocidental, questionando o papel
da mulher na sociedade. Os estudos feministas preocuparam-se com reflexões acerca da importância histórica e artística, bem
como as diferentes nuances que perpassam as vivências dos sujeitos femininos inseridos no universo cultural e literário. Outro
importante avanço ocorrido no cerne do pensamento feminista foi o entendimento do “gênero” como uma construção cultural,
social e simbólica da masculinidade e da feminilidade, colocando o sexo na categoria de identidade biológica dos sujeitos
(SCOTT, 1990). O trabalho em questão é proveniente de uma pesquisa de mestrado em andamento, e tem como objetivo
analisar os textos literários que compõe o material didático do Ensino Médio da Rede de Ensino do Estado de São Paulo à luz
da Crítica Literária Feminista.
O EXERCÍCIO DE UMA LINGUAGEM ESQUIZOFRÊNICA: CONFLUÊNCIAS ENTRE PALAVRA E IMAGEM EM CLARICE
LISPECTOR E ANTONIN ARTAUD
Resumo
Este estudo objetiva refletir, de forma sucinta, sobre a conduta literária de Clarice Lispector e de Antonin Artaud, a fim de
verificar como tais autores exercitam uma linguagem experimental, a qual, com base nas ideias de Gilles Deleuze e Félix
Guattari, chamamos de esquizofrênica. A proposta seria identificar o funcionamento dessa criação linguística que explora,
dentre outros signos, imagens como um escape das palavras com significados estanques. Nos textos de Artaud é notória a
presença de inúmeras imagens mescladas à sua escrita, sem falar nos projetos puramente picturais compostos de desenhos,
pinturas, retratos, autorretratos, textos gráficos que parecem ser parte orgânica e visceral de toda a sua obra. Mesmo
encarnando uma escrita concreta, supostamente organizada em folhas de papel pautadas, é possível perceber que sua
linguagem está prestes a romper sua materialidade, o que pode ser inferido a partir dos inúmeros rabiscos, rasuras e furos no
papel que se misturam à sua escrita e aos seus desenhos. Em Clarice Lispector esse movimento é mais sutil, mas a recorrência
às imagens também é muito significativa dentro de sua escrita. Destaca-se que a autora também pintava e a maior parte de sua
obra pictórica foi feita logo após o término do processo de escrita do romance Água Viva (1973), o qual retrata as experiências
de uma pintora que decide escrever. Pensado nessas confluências entre o signo linguístico e o imagético na obra desses
autores, pretende-se refletir sobre o funcionamento das “pinturas de palavras” de Lispector e dos “desenhos escritos” de Artaud,
entendendo-os como dicções do exercício de uma linguagem esquizofrênica.
FORMAÇÃO DE PROFESSORES DE LÍNGUA INGLESA: O LETRAMENTO CRÍTICO NO ESTÁGIO SUPERVISIONADO
Resumo
Para pensarmos na formação do professor de língua inglesa atualmente acreditamos ser necessário situá-la no contexto da
pós-modernidade e no que tal contexto demanda. Isso implica o desenvolvimento da criticidade do professor de inglês a partir
de atitudes de questionamento, contestação, (re)construção, dissenso e agenciamento. Esse é o conceito de crítica proposto
pelo Letramento Crítico por meio de estudiosos como Jordão (2010), Cope e Kalantzis (2000) e Luke e Freebody (1997) e que
elegemos para este trabalho por considerarmos indispensável à formação crítica do professor tendo em vista ser esse um dos
sujeitos responsáveis pela aprendizagem e desenvolvimento do aluno como agente e cidadão participativo. Para tanto,
realizamos uma pesquisa envolvendo seis alunos em formação inicial de uma universidade pública do Estado da Paraíba e os
acompanhamos durante suas aulas na disciplina de Estágio Supervisionado na graduação, bem como suas aulas no campo de
estágio. Sendo este um recorte da pesquisa, analisaremos somente suas entrevistas e planos de aula. Em termos
metodológicos, esta pesquisa se configura como qualitativa interpretativista (MOITA LOPES, 2006) de cunho etnográfico
(MOREIRA; CALEFFE, 2008), que objetiva verificar e identificar se e em que medida esses alunos apresentam marcas de
criticidade em sua prática pedagógica. A análise dos dados demonstrou que, apesar de tímidas, os sujeitos apresentam marcas
de criticidade quanto ao agenciamento e ao questionamento, fazendo-nos acreditar ser imperativa a transformação da escola a
partir de atitudes ressignificadoras com vistas ao desenvolvimento de sujeitos críticos e cidadãos participativos na sua
comunidade.
A CONDIÇÃO FEMININA NO ROMANCE “A SELVA”, DE FERREIRA DE CASTRO.
Resumo
O romance “A Selva”, publicado em Portugal por José Maria Ferreira de Castro (1930), traz como temática denunciativa a
questão crítico-social das mazelas humanas sofridas por milhares de homens nos seringais da Amazônia, fato que o consagrou
precursor do Neo-realismo em Portugal. Sua obra toma por base a própria experiência vivida no seringal no início do século
XIX, período áureo de exploração da borracha na Amazônia. Alberto é o personagem principal da narrativa, recém chegado de
Portugal, hospeda-se em Belém, de onde é enviado, juntamente com trabalhadores nordestinos, para os seringais onde
trabalhariam em condições desumanas, sujeitos a um sistema de aviamento que os tornavam prisioneiros/escravos do
seringalista. Na floresta viviam expostos a diversos perigos, como ataques de animais, índios selvagens, além do isolamento e
a ausência feminina, fator este que despertava instintos sexuais bárbaros e irracionais, levando-os a praticar sexo com animais,
crianças e mulheres idosas, fatos estes que feriam os princípios éticos e morais de Alberto. A escassez feminina nos seringais
era motivo para brigas, estupros e assassinatos. Com o passar do tempo, Alberto também se sucumbe aos instintos carnais,
deseja a esposa do colega de trabalho, também uma senhora sexagenária, provando, assim, que o instinto sexual é uma das
carências mais difíceis do homem controlar, o que colocava em risco a vida das poucas mulheres que ali viviam. Desta forma,
este trabalho propõe uma reflexão acerca dos conceitos deterministas e das questões de condição e representação
histórico-social da mulher na literatura, focalizando o período do ciclo da borracha na Amazônia.
O FANTÁSTICO E O ALEGÓRICO EM AS FORMIGAS, DE LYGIA FAGUNDES TELLES
Resumo
Tzvetan Todorov condiciona a eficácia estética do fantástico ao considerar a imersão do leitor em um mundo conhecido, no qual
se produz um acontecimento inexplicável pelas leis desse universo que lhe é familiar. Em Introdução à literatura fantástica ele
alude à impossibilidade desse efeito quando apreciado à luz da alegoria por esta implicar na coexistência de um duplo sentido,
o figurado e o literal, permitindo interpretações credenciadas pela exterioridade. Em sentido oposto segue Walter Benjamin,
vislumbrando o componente alegórico em Origem do drama trágico alemão associado à conotação histórica, um recurso
hermenêutico que permitiria reconhecer uma realidade social em constante transformação. Esse delineamento conceitual
reconfigura sua presença no contexto em que o fantástico se insere na contemporaneidade, desfigurado quando comparado às
feições que portava nos séculos XIX e XX. Buscando um sentido de complementariedade entre essas teorias, a partir do conto
As formigas, de Lygia Fagundes Telles, refletimos sobre a natureza ambivalente da alegoria, cujo caráter polivalente concorre
para apreender e reconhecer criticamente a realidade.
JUDAS E O BIG OTHER : O NÃO-DITO NA COMÉDIA DE MARTINS PENA
Resumo
"Judas e o Big Other: o não-dito na comédia de Martins Pena" Autor: João Gabriel Pereira Nobre de Paula (UEM)
CPF:377.716.948-02 Orientadora: Prof ª Dr. Marisa Correa Silva(UEM) : 077.061.378-05 Resumo O presente trabalho emerge
de inquietações dos primórdios de nossa pesquisa de mestrado, uma investigação de algumas obras do teatrólogo brasileiro
Martins Pena (um dos precursores do que se convencionaria mais tarde nomear-se “c:omédia de costumes no Brasil”).
Compreendendo senão um recorte destas inquietações, tencionamos abordar dois conceitos do lacanianismo: a relação entre o
sabido e o não sabido e o Big Other (Grande Outro). Slavoj Žižek, em “Como ler Lacan”, comenta uma fala de Donald Rumsfeld,
acusando o político norteamericano de haver omitido um aspecto importante da relação entro “o que se sabe” e “o que não se
sabe”: os “sabidos não sabidos”, os quais correspondem a crenças e ideias negadas por nós mas que, de certa forma, dirigem
nossas atitudes e nossa forma de sentir. Já o conceito denominado Big Other apresenta por ideia central o trabalho com a
ordem do nível simbólico (regulador e permissivo da ordem social humana), representando não um sujeito material mas um
terceiro, uma instância que se eleva acima das relações interacionais humanas, sempre presente, de caráter virtual e que, ao
mesmo tempo, é regulamentador, pois dirige os atos dos indivíduos; e é frágil, pois tem sua existência delimitada pela crença
dos sujeitos. Palavras-chave : Martins Pena, Materialismo Lacaniano, Big Other
O E-MAIL PARA ENSINAR LÍNGUA PORTUGUESA: UMA PROPOSTA
Resumo
O processo de ensino e aprendizagem mediado pelas novas tecnologias tem abarcado polêmicas no meio acadêmico. As
implicações do uso destas ferramentas no contexto social são inegáveis, sobretudo, ao considerarmos a acessibilidade de um
público maior a internet resultando em novas possibIlidades de interações sociais. Este artigo tem por objetivos discutir
brevemente sobre o uso das novas tecnologias, os gêneros e suportes digitais no ensino de língua portuguesa; analisar o
conhecimento prévio dos alunos quanto à utilização do e-mail e da carta de solicitação; apresentar uma proposta didática para o
uso do e-mail no ensino de Língua Portuguesa. Para tanto, pretendemos nos utilizar de textos autênticos de alunos do ensino
fundamental, assim como de literatura pertinente ao tema. Ao esquematizarmos uma SD com o e-mail e a carta de solicitação,
quisemos, ao aplicá-la, instrumentalizar os alunos para utilizar a linguagem de maneira significativa, para além do domínio desta
prática discursiva, também proporcionar-lhes o desenvolvimento de capacidades de linguagem que podem ser transferidas para
o ensino de outros gêneros textuais. Sabemos que, neste momento, faz-se necessário, no âmbito da escola, refletirmos e
buscarmos alternativas para a transposição didática dos gêneros textuais, pois através destes, segundo Dolz, Schneuwly e
Naverraz (2005, p.110), a escola deve oferecer aos aprendizes instrumentos eficazes para que possam dominar sua língua e
utilizá-la em seu favor nas situações reais da vida, apropriarem-se de novas capacidades de leitura e de escrita ou de
melhorarem as já existentes.
A REPENSANDO O MULATO: ENTRE A LITERATURA E A MÚSICA
Resumo
O episódio ocorrido com o jogador brasileiro do Barcelona, Daniel Alves, fez reacender o debate sobre o tipo racial e as formas
de preconceito. Sabemos que no século XIX o racismo científico invadiu o imaginário de cientistas e literatos em uma tentativa
de interpretar os tipos raciais no mundo. Como raça entendo uma representação de cor e de origem de cada indivíduo. A
literatura brasileira teve uma participação neste debate no nosso naturalismo e com Euclides da Cunha. No entanto, um ponto
de inflexão surgia na intelectualidade brasileira que pensava o destino do país enquanto raça, a saber: a mestiçagem. Assim
como os negros e os índios, o mestiço também era um degenerado. Entretanto, diversos intelectuais da nossa geração
analisam o mulato com ponto de diferença do Brasil para o mundo como o professor da USP José Miguel Wisnik, entre outros.
O presente trabalho tenta discutir as diferentes formas de representar o mestiço e suas possíveis problemáticas de
representação no Brasil, oscilando entre a literatura de Euclides da Cunha, passando por Gilberto Freyre e seu desdobramento
do mulato do samba carioca do século XX. Para isso, seria necessário ter em mente o trabalho de Hermano Vianna sobre o
samba e pensar algumas músicas que afirmam a importância da figura do mulato como o elemento da verdadeira cultura
brasileira.
BIALFABETIZAÇÃO EM LETRAMENTO COM ADULTO EM GUARANI/PORTUGUÊS : É POSSÍVEL ? UM ESTUDO
ETNOGRÁFICO E VALORIZAÇÃO ETNOGRAFICO
Resumo
RESUMO O trabalho é o resultado da pesquisa de dissertação de mestrado que foi apresentado em Março/2013, na Faculdade
de Comunicação e Artes (Facale) – (UFGD), sob a luz teórica de Freinet (1997, 1978, 2000), (Kleiman, 2007), (Maher, 1998),
(Mello, 1999) que demonstra uma modalidade de ensino aprendizagens na leitura e letramento com indígenas jovens e adultos
das etnias Guarani/Kaiowa na Aldeia Bororó (Dourados- MS), com uso de práticas – metodológica informal. Neste trabalho
utilizou a língua autóctone (nativa), como veicular nas transmissões de conhecimentos, tanto na leitura e letramento e dos
saberes indígenas e não indígenas. Dentre alguns objetivo específico alcançado foi ensinar a leitura e letramento da língua
Guarani/Kaiowa, para conseguir o aprendizado da língua portuguesa como L2, língua adicional (Hornberger, 2003) em
contextos de comunidade Guarani. Além da valorização e manutenção da cultura lingüística étnica e saberes tradicionais do
contexto. Como os aprendizes necessitavam de aprender a L2 para poder adquirir trabalho e comunicar-se, no contexto do
entorno, o bilingüismo torna-se obrigatório e não compulsório como que para os não índios. Palavras chave: Bilinguismo,
Leitura, Letramento
ELEMENTOS EXTRALITERÁRIOS EM “EVERYDAY USE”, DE ALICE WALKER, SOB A LUZ DA TEORIA DE VOLOSHINOV E
BAKHTIN
Resumo
Pretendemos, neste trabalho, estabelecer um diálogo entre o conto “Everyday Use”, de Alice Walker, com os postulados de
Voloshinov e Bakhtin, a fim de incluir questões como as de identidade, política, contextos sociais e familiares na fortuna
extraverbal do texto. Para tanto, utilizamos como aporte teórico, além dos postulados dos teóricos russos, os de Phelippe Lejeune,
quanto ao pacto autobiográfico; Michel Foucault, no tocante aos cuidados de si; Jacques Rancierè, em relação à política do
literário; e Gustavo Bernardo, quanto a conceituação de literatura. As questões como tradição e conflitos históricos estão
rondando os bastidores da superfície escrita do conto. A identidade cultural é marcante, as personagens são formatadas em
simulacros de uma realidade não menos histórica do que literária. No entanto, quando o enunciado é encarado isoladamente,
acaba engessado e é tido como sem sentido. A dinâmica do discurso verbal, todavia, compreende aspectos externos a esse eixo
horizontal. Por isso é importante compreender que os indivíduos comunicam-se em uma rede de conexões extraverbais na qual o
campo social determina sua inserção ou não no entendimento dos enunciados.
DIÁLOGOS DE BRECHT COM O TEATRO INFANTIL BRASILEIRO
Resumo
A encenação de O casaco encantado, de Lucia Benedetti, em 1948, pela Companhia Os Artistas Unidos, do Rio de Janeiro, é
tida como o marco inicial do moderno teatro infantil Brasileiro. Apesar de o texto iniciar-se com uma personagem narradora, o
que poderia constituir-se uma marca do teatro épico nos moldes que propõe Bertolt Brecht, tal recurso representa, na verdade,
um expediente em prol do ilusionismo no palco. Isso aproxima a peça de Benedetti do drama burguês, ou seja, do que se
convencionou chamar na teoria do teatro de “peça bem feita”, principalmente por seus conflitos intersubjetivos. O rompimento
com essa forma, provocando distanciamento entre plateia e palco e buscando a participação crítica do expectador, como
propõe o dramaturgo alemão, só aconteceria na dramaturgia infantil brasileira em meados da década de 1960. Assim, este
trabalho tem por objetivo, a partir de textos publicados, identificar vozes que se alternam ou se correspondem com a matriz
brechtiana e analisar os pontos de contato entre essas fontes, mantendo ainda a perspectiva das relações entre as obras
encontradas e a sociedade na qual se inserem. Oscar Von Pfhul, Walter Quaglia e Ilo Krugli são os nomes que se destacam
nesse cenário.
VIVER ENTRE LIVROS: ASPECTOS DA LEITURA LITERÁRIA E O ENSINO
Resumo
O ensino da leitura literária tem sido, por vezes, reduzido à mera decodificação de textos, sem que se identifiquem objetivos
claros e metodologias eficientes para que o aprendizado ocorra de fato. Os índices de leitura, no Brasil, têm apresentado,
segundo pesquisa recente, realizada pelo Instituto Pró-Livro em 2011, uma leve diminuição, de 4,7 livros por habitante em 2008,
para 4 em 2011. Embora os dados apresentados sirvam apenas de base para os estudos, não sendo, portanto, totalmente
relevantes devido às diversas questões elencadas no corpus da pesquisa, o fato é que o índice de leituras não tem aumentado,
o que é bastante preocupante, uma vez que os investimentos, por parte do governo federal, em aquisição e distribuição de
livros parece estar distante de atingir os objetivos desejados. Ainda segundo aponta a pesquisa, o desinteresse pela leitura está
em primeiro lugar, seguido pela falta de tempo. Tendo em vista que a leitura literária vinculada ao ensino tem sido tema de
diversos trabalhos desenvolvidos na academia, devido ao entendimento da mesma como primordial, contribuindo para a
formação crítica dos leitores, a relevância deste trabalho está em apontar estratégias de ensino, através de pesquisa
bibliográfica tendo por base alguns autores que dedicam-se à problemática do ensino de literatura, tais como: Bordini, Chartier,
Colomer, Lajolo e Zilberman, buscando contribuir para com a divulgação e solidificação de profícuas estratégias de ensino
através da implementação da leitura literária.
ASPECTOS LINGUÍSTICOS E CULTURAIS DA COMUNIDADE SÃO LOURENÇO EM CÁCERES-MT
Resumo
Este estudo concentra-se na área da Sociolinguística e tem como objetivo investigar usos e atitudes relacionadas ao falar da
comunidade São Lourenço, localizada na cidade de Cáceres-MT. O trabalho descreve aspectos linguísticos e culturais da
comunidade, destacando variantes linguísticas nos níveis fonológico, morfossintático e lexical que identificam o falar da
comunidade. Destacamos usos linguísticos que apontam traços aparentemente particulares das regiões mais antigas do Estado
de Mato Grosso, não exclusivos do falar local que chamam a atenção do falante de outras regiões brasileiras, como por
exemplo: o uso do masculino em vez do feminino na concordância nominal; alternância do ditongo [ãW] e [õ], bem como
peculiaridades lexicais do falar local, como as formas tchô e tchá para senhor e senhora. Apontamos também algumas
características linguísticas mais gerais, comuns no português popular do Brasil, e que foram atestadas por Amaral (1920),
Nascentes (1923), Marroquim (1934) e Teixeira (1938). Os usos linguísticos constatados justificam a análise da língua do ponto
de vista das relações sociais, ou seja, conduzem à discussão sobre atitudes, avaliações e crenças dos falantes nativos a
respeito de sua própria língua e sua cultura. Em nossos informantes pudemos perceber atitudes positivas em relação ao seu
modo de falar. A maioria dos entrevistados não tem vergonha do seu falar, julga o seu falar positivamente. Em referência à
cultura, manifestam a crença nas rezas, e disposição para as danças na roda do cururu e do siriri; apreciam a comida e bebida
tradicionais da comunidade, e manifestam convicção nas lendas que circulam no imaginário da comunidade.
DRINQUES, DRAMAS, AÇÃO! CHARLES BUKOWSKI E AS QUESTÕES DE AUTORALIDADE EM LITERATURA E CINEMA.
Resumo
Esta pesquisa envolve um conjunto de três obras interrelacionadas, realizadas em diferentes suportes. A primeira delas é “The
Charles Bukowski Tapes” (1987), uma série de cinquenta e dois filmes de curta metragem, nos quais o poeta, contista e
romancista Charles Bukowski (1920-1994) é entrevistado pelo cineasta Barbet Schroeder (1941), no período em que este
arrecadava fundos para as filmagens da segunda obra, o longa-metragem “Barfly” (1987), também de sua direção, cujo roteiro
quase autobiográfico é da autoria de Bukowski. A terceira obra estudada é o romance “Hollywood” – publicado por Charles
Bukowski no ano de 1989 – onde o escritor expõe, de modo semi-ficcional, suas impressões do contato com o trabalho
cinematográfico. Este conjunto de obras visa à investigação do processo de criação artística mediante as estratégias de
apropriação da indústria cultural, partindo da perspectiva do autor que coexiste com sua própria imagem tanto como parte da
obra de arte quanto como ícone cultural.
TRADUZINDO IMAGENS DE TIRADENTES
Resumo
Em Enlarging Translation, Empowering Translators Maria Tymoczko argumenta que deveríamos alargar o âmbito dos estudos
de tradução para incluir “outras atividades humanas que se enquadram total ou parcialmente, sob a rubrica de representação”.
Seguindo essa ideia, o conceito de tradução pode ser estendido para incluir a criação e apropriação de imagens. Como parte de
um projeto mais amplo que analisa o papel da tradução na Inconfidência Mineira, examino as imagens de Tiradentes. Diferente
do período pré-republicano quando Tomás Gonzaga foi visto como o herói da Inconfidência, as pinturas de Tiradentes feitas nos
anos após a declaração da República traduzem Tiradentes na figura mais importante da revolução fracassada e vem-lo como
uma figura semelhante à de Cristo. “O Martirio de Tiradentes” (1892) de Francisco Aurélio de Figueiredo e Melo mostra a figura
de Tiradentes no cadafalso, acompanhado por um sacerdote e carrasco, com a corda prestes a ser colocado em volta do
pescoço. O sacerdote e Tiradentes estão olhando para o céu, e o carrasco está cobrindo os olhos, incapaz de ver o que ele
está fazendo. Em “Leitura da Sentença dos Inconfidentes” (antes 1911), de Leopoldino Faria, a atenção está focada em
Tiradentes quando sua sentença de morte é lida, evocando a sentença da crucificação de Cristo, com uma grande cruz
luminosa na direita da pintura. Mas sem dúvida, a pintura mais importante para estabelecer a posição de Tiradentes como
grande herói e patriota brasileiro é “Tiradentes Esquartejado” (1893), de Pedro Américo. O crucifixo está colocado sobre seu
corpo, e a semelhança de Tiradentes com muitos retratos clássicos de Cristo no momento da sua morte é clara.
RELAÇÃO ENTRE IMAGEM E TEXTO NA CONSTRUÇÃO DA COERÊNCIA TEXTUAL.
Resumo
Este trabalho pretende contribuir para a compreensão dos processos envolvidos na aquisição da escrita e possibilitar uma
mudança de olhar, do enfoque da ortografia e do normativismo da tradição gramatical, para o desenvolvimento de outras
competências linguísticas relacionadas à construção da coerência textual. Buscamos capturar, a partir de uma análise
comparativa, características relevantes dos textos produzidos por estudantes de 1º e 5º anos do Ensino Fundamental I. Foi
solicitada aos dois grupos de estudantes a mesma proposta: escrever um texto a partir da observação de uma cena que
envolve personagens de Mauricio de Souza. Foram videogravadas as aplicações da proposta em cada turma. Na análise,
selecionamos qualitativamente os dados indicativos do desempenho dos alunos na construção do texto verbal a partir da
imagem, buscando compreender as singularidades reveladas pelos indícios. Resultados prévios indiciam que alunos do 1º ano
insistem em escrever algo que remeta à construção de um significado, descrevendo elementos explícitos da cena, ignorando o
contexto global não explícito que o desenho sugere. Os alunos do 5º ano apresentam textos cujos sentidos extrapolam a cena,
fazendo uso de inferências, principalmente. No entanto, uma parcela considerável dos textos, 20%, revela que a aquisição de
escrita de algumas crianças do 5º ano está em um nível semelhante ao das crianças do 1º ano. Entender melhor o caminho da
construção da coerência textual na relação imagem/texto verbal pode contribuir com a busca de alternativas para diminuir
significativamente esse percentual.
AS (DES)CONEXÕES DO/SOBRE O AMOR DISCURSIVIZADAS NO FILME “APAIXONADO THOMAS”
Resumo
Partindo do referencial teórico da Análise do Discurso (AD) de matriz francesa, com ênfase na obra de Michel Pêcheux, nosso
trabalho propõe investigar o imaginário sobre as relações amorosas vivenciadas pelo sujeito na contemporaneidade, marcada
pela forte presença da cibercultura, tais como retratados no discurso cinematográfico. Ao analisar o discurso cinematográfico,
não buscamos sentidos passíveis de uma decodificação unívoca pelo sujeito-leitor, como se esse processo estivesse
desvinculado do contexto sócio-histórico. Para analisar recortes dos filmes a partir das condições de produção da cibercultura,
mobilizamos conceitos da AD sobre a linguagem no processo discursivo não-verbal. A cibercultura, notamos, não pode ser
reduzida à Internet e deve ser entendida em sua influência em outros campos, como o corpo e o cinema, para que possamos
efetivamente como a cibercultura mudou o imaginário sobre o amor, o que o discurso artístico pode nos revelar tão bem. Neste
trabalho, em particular, analisaremos os efeitos da cibercultura na sociedade retratado no imaginário do longa-metragem belga
Apaixonado Thomas (2000), no qual laços humanos começam e são encerrados com um clique. Gerou-se uma pretensa
conectividade entre elementos inconciliáveis, a aproximação e o afastamento, a solidão e o compromisso, a circulação maciça
de informação com o silêncio e o anonimato, com a promessa de uma navegação pretensamente “segura” nessa difícil dialética.
FAPESP 2013/14759-9.
POR UMA CRÍTICA ALTERNATIVA: ANÁLISE DE A NEW LITERARY HISTORY OF AMERICA
Resumo
Manoel de Barros nos diz “que a importância de uma coisa não se mede com fita métrica nem com balanças nem barômetros
etc. Que a importância de uma coisa há que ser medida pelo encantamento que a coisa produza em nós”. Analisando este
trecho selecionado, pode-se pensar que a crítica literária acadêmica consegue manter o “encantamento” produzido através da
literatura? Para refletir sobre tal indagação, analisarei a história literária A New Literary History of America (2009), organizada
por Greil Marcus e Sollors Werner a fim de verificar as concepções de escrita e de epistemologia subjacentes a esta produção,
avaliando como são entendidas tanto no âmbito acadêmico quanto entre leigos que se interessem pelo tema. Nesse sentido,
pretende-se refletir sobre a construção de conhecimento(s) na historiografia literária, apontando para a proposta de uma
epistemologia que incorpore debates sobre a possibilidade de diversas funcionalidades da área na atualidade. Além disso,
aponta-se para a tendência de uma nova crítica, centrada mais na erótica (experimentação) da arte, para usar a conceituação
cunhada por Susan Sontag (1987), do que em sua análise hermenêutica e as consequências dessa visão na historiografia e na
crítica literária.
O USO DE GENEROS DISCURSIVOS NO ENSINO DE LÍNGUA PORTUGUESA NA FORMAÇÃO CONTINUADA: UMA
EXPERIÊNCIA DURANTE A ORIENTAÇÃO DA PRODUÇÃO DIDÁTICO-PEDAGÓGICA NO PDE
Resumo
Esta comunicação objetiva apresentar algumas considerações de uma experiência durante a orientação da Produção
Didático-Pedagógica no Programa de Desenvolvimento Educacional (PDE), ao utilizar os gêneros discursivos como
intervenção-pedagógica na área do ensino de língua portuguesa, realizado na Universidade Estadual do Paraná – UNESPAR,
Campus de Paranavaí - FAFIPA, do Colegiado do Curso de Letras (Português/Inglês), entre 2012-2013. Como fundamentação
teórica, apoiamo-nos no quadro teórico-metodológico do Interacionismo Sócio-Discursivo (ISD) desenvolvido por Bronckart
(2009, 2006) e pesquisadores de Genebra (DOLZ; NOVERRAZ; SCHNEUWLY, 2004) para fundamentar as reflexões sobre a
sequência didática e nos estudos de Bakhtin (2006, 2003) acerca do trabalho com Gêneros Discursivos (GD). Nesse contexto,
os GD devem ser tomados como ponto de partida para a produção de texto por serem constituídos na comunicação verbal das
diferentes esferas sociais, como formas típicas de enunciados, relativamente estáveis, ligados a reais situações de produção e
circulação na sociedade. A viabilização dessa prática pedagógica exige do professor a clareza sobre a diferença entre o antigo
ensino baseado em redação e o proposto, baseado em produção de texto a partir de GD, além de exigir o conhecimento de
características específicas dos diferentes gêneros interessantes para o desenvolvimento da competência comunicativa de seus
interlocutores.
LÍNGUA E IDENTIDADE: O DESAFIO DOS ALUNOS INDÍGENAS/TURMA MÉDIO SOLIMÕES DO CURSO DE FORMAÇÃO
DE PROFESSORES INDÍGENAS DA FACULDADE DE EDUCAÇÃO/ UNIVERSIDADE FEDERAL DO AMAZONAS
Resumo
A turma Médio Solimões do Curso de Formação de Professores Indígenas da Faculdade de Educação da Universidade Federal
do Amazonas é formada por representantes de sete povos indígenas (Mayoruna, Tikuna, Miranhã, Apurinã, Kokama, Kambeba,
Mura), de comunidades dos municípios de Tefé, Maraã, Fonte Boa, Alvarães, Uarini, Coari. Essas etnias não são,
originalmente, desses municípios, mas de outros, dos quais famílias se deslocaram para sobreviver dos processos de contato,
que desafiavam a continuação da identidade indígena. Nesses municípios, os indígenas continuam sofrendo forte influência e
impacto da sociedade envolvente, principalmente, das ações públicas que não consideram a diversidade linguística e cultural.
Esse processo não tem sido “tão pacífico, nem tão fácil. Custou sangue, custou vidas [...] instaurando uma atmosfera de terror e
vergonha que inviabilizou em grande parte a reprodução dessas línguas [...] que perderam seu lugar, passando seus falantes a
usá-las apenas em âmbitos comunicacionais cada vez menos extensos”, atingindo, consequentemente, a identidade indígena
(RODRIGUES,1985, p. 42). Nesse contexto, os professores indígenas em formação têm o desafio de contribuir, mediante
promoção de atividades pedagógicas, com o fortalecimento da identidade e da língua indígena nas suas comunidades, que
também tem apresentado resistência à identidade étnica, diante da constante exclusão que sofrem pela identidade indígena e
pela ausência do domínio da língua de seu povo. Para tanto, os professores têm buscado se apropriar dos fragmentos da língua
indígena na comunidade e os conduzir ao espaço escolar, atendendo aos objetivos da escola e aos direitos garantidos em lei.
A REPRESENTAÇÃO DE IDENTIDADE ATRAVÉS DE ESTERÓTIPOS - POLÊMICAS
Resumo
É possível ver que ao se trabalhar os estereótipos em textos chistosos, “manipula-se” sentidos em detrimento de por em
evidência a imagem negativa do outro em relação há uma imagem positiva do eu, mas essa deve ser a função do riso, sempre
um pouco humilhante para quem é seu objeto, o riso é de fato uma espécie de trote social (BERGUSON, 2007). Mas quando se
olha para os efeitos de sentido que esse jogo entre o “real” e o simbólico constroem, levanta-se uma questão: é possível ver
processos de subjetivação e identificação do sujeito através de estereótipos? Falando diferentemente isso, de que forma o
estereótipo contribui para constituição do sujeito? Para este trabalho, focando em especial, piadas amazonenses e paraenses,
propomos analisar como a imagem do amazonense e paraense é construída nos chistes e verificar como isso extrapola o
campo do riso, observando relações de poder nesse jogo. Para isso, utilizaremos como aporte teórico-metodológico a Análise
de Discurso de orientação francesa contemplando as ideias de Michel Pêcheux e Michel Foucault.
DRUMMOND LEITOR DE JORNAL E DE REVISTA
Resumo
O poema narrativo caracteriza-se como a manifestação literária em que se realiza a narração, com alguns traços dramáticos, de
fatos ou de ações de alcance universal, regional ou local dada a presença ou ausência de grandiosidade e de característica
cômica ou séria.. Na historiografia literária nacional, o poema narrativo destaca-se pela sua vertente paródica ou crítica também
muito presente no meio jornalístico, como registro e análise de fatos ou personagens da vida nacional. Em pesquisa sobre o
poema narrativo brasileiro, vimos estudando os poemas narrativos de Carlos Drummond de Andrade com a fim de proporcionar
novos elementos historiográficos na crítica da produção da poesia brasileira contemporânea, excessivamente dominada pela
convicção de que o poema narrativo, ou poema longo, não é mais praticado pelos poetas brasileiros, que se dedicariam
unicamente à produção de extração lírica. Esta comunicação, ao analisar o poema A cruz e a árvore (A paixão medida, 1980),
claramente motivado pela leitura de duas reportagens publicadas pela revista MANCHETE, de março de 1978, objetiva abordar
as possíveis relações entre o “real” e a “visão de mundo” do poeta e de que maneira a produção e ou a leitura de poemas se
constitui em oportunidade de reflexão sobre o fato literário como informação da vida sociocultural. Ou, conforme propõe este
simpósio, de que maneira o texto literário se perfaz de textualidades relacionadas ao Homem e à realidade brasileira em
particular.
AS VÍTIMAS-ALGOZES E O PERFIL DE ESCRAVO INSPIRADO N’A CABANA DO PAI TOMÁS
Resumo
A escravidão, como uma das maiores vergonhas históricas praticadas pela nossa sociedade durante quase quatro séculos,
além da violação do direito de liberdade dos povos africanos, legou-nos, entre outros males, o estereótipo de negros passivos.
Desse modo, a escravidão figura como natural, e em alguns casos, como tributo pelo mito cristão da criação do mundo, a saber,
maldição de Cam. A solidificação desse imaginário, em parte, foi promovida pela literatura e pelo teatro,
descrevendo/representando essa submissão. A inserção do negro nas artes brasileiras está relacionada ao movimento
abolicionista. Assim, por volta de 1850, quando o Brasil proíbe o tráfico de escravos diretamente da África, o chamado tráfico
transatlântico, a causa abolicionista fica mais evidente, a ponto de ser discutida não só pela política, mas também pela
literatura. Nesse interim, nossos escritores se voltaram para os cativos e as primeiras personagens negras serão caracterizadas
com uma mistura de piedade e desgosto. Nas décadas seguintes, 60 e 70, quando o movimento abolicionista, e as revoltas dos
cativos, começam a ganhar corpo, o negro sai da condição passiva para a de indivíduo perigoso. Com base no debate sobre as
influências causadas/sofridas pelos autores, o presente trabalho tem como objetivo verificar a influência de A Cabana do Pai
Tomás, de Harriet Beecher Stowe, em As Vítimas-Algozes, de Joaquim Manuel de Macedo, ao traçar o perfil dos escravos em
fiéis e demoníacos.
O DISCURSO MILONGUEIRO: UMA PERSPECTIVA BAKHTINIANA
Resumo
A presente comunicação constituir-se-á em uma análise, a partir de uma perspectiva bakhtiniana, do discurso poético de
algumas milongas escolhidas pelo compositor, cantor e escritor gaúcho Vitor Ramil para o seu CD “Délibáb” (2008). Ramil, para
compor seu trabalho, escolheu e musicou alguns poemas/milongas do livro “Las 6 cuerdas”, do escritor argentino Jorge Luis
Borges, publicado em 1965, e algumas milongas/poemas do poeta gaúcho João Cunha Vargas (1900-1980). As milongas,
discursos poéticos do gênero canção, constituem-se em produtos culturais tradicionais e transfronteiriços do Rio Grande do Sul,
Uruguai e Argentina e sua origem divide os estudiosos: para alguns, tratar-se-ia de uma forma de canto e de dança da
Andaluzia que se popularizou nos subúrbios de Montevidéu e de Buenos Aires em fins do século XIX e que se transformaria no
tango; para outros, a origem é africana (milonga, em Bantu, significa “palavra”) e os negros escravizados no Uruguai seriam os
responsáveis por sua primeira manifestação no nosso continente. Para nossa comunicação, levaremos em consideração a
proposta da “Estética do Frio” (Ramil, 2007) e suas repercussões políticas e estéticas e as relações estéticas e discursivas das
vertentes populares das milongas face à tradição canônica representada nas poéticas de Borges e de Cunha Vargas. Teremos
como elementos teóricos centrais as considerações estéticas de Bakhtin sobre o discurso romanesco e o discurso poético e
sobre o problema do conteúdo, do material e da forma na obra de arte (Bakhtin, 1993).
CONSTRUÇÃO DE OBJETOS DE PESQUISA EM FRANCÊS LÍNGUA ESTRANGEIRA: EM TORNO DA LEITURA DE TEXTOS
DE VULGARIZAÇÃO CIENTÍFICA EM AULAS DE FRANCÊS
Resumo
A linguística aplicada ao ensino das línguas tem sofrido uma grande transformação na última década e, como consequência, o
número de pesquisas que se voltam à compreensão dos fenômenos ligados à aprendizagem das línguas estrangeiras vem
recebendo grande impulso nas universidades brasileiras. O movimento experimentado em boa parte da pesquisa em linguística
aplicada consiste em observar o funcionamento de uma dada teoria linguística na situação de ensino, ou intentar compreender
como se dá a transposição didática de teorias linguísticas estabelecidas (algo às vezes denominado manualização da teoria
linguística). Outra vertente de pesquisa faz o movimento contrário: a partir de achados das situações didáticas de ensino, intenta
definir objetos de pesquisa em ciências da linguagem. A comunicação aqui proposta enquadra-se nessa segunda vertente. Tem
por objetivo discutir a respeito da importância de tomar como ponto de partida, em pesquisas acadêmicas na área de linguística
aplicada ao ensino das línguas estrangeiras, os achados decorrentes de atividades de ensino em nível universitário. Para isso,
apresenta uma experiência de construção de objeto de pesquisa a partir da observação de comportamentos de aprendizagem de
grupos de alunos universitários de francês língua estrangeira. A análise procura mostrar que os comportamentos permitem que o
pesquisador, ao indagar-se sobre a origem desses comportamentos, formule hipóteses de compreensão do funcionamento de
aspectos da língua estrangeira problemáticos para os aprendizes.
JUVENAL E O DRAGÃO: DIÁLOGO ENTRE LITERATURA DE CORDEL E LITERATURA INFANTIL
Resumo
JUVENAL E O DRAGÃO: DIÁLOGO ENTRE LITERATURA DE CORDEL E LITERATURA INFANTIL José Hélder Pinheiro Alves
UFCG Etiene Mendes Rodrigues FIP A literatura de folhetos, mais conhecida na atualidade como literatura de cordel, ao longo
da primeira metade do século XX, no nordeste do Brasil, teve uma penetração no meio popular sem paralelo. Os folhetos que
circulavam entre uma população, em sua maioria, de analfabetos, não ostentavam uma especificidade de obras voltadas para
crianças. No entanto, muitos desses folhetos alimentavam a fantasia também das crianças, como os que narravam feitos de
heróis, os que tratavam de animais com caracteres humanos ou ainda os que traziam narrativa de fadas, embora em número
menor. No início da segunda metade do século XX começaram a surgir folhetos voltados para a infância, iniciativa capitaneada
pela Casa das crianças de Olinda, que publicou vários folhetos de J. Borges. A partir daí, em diferentes pontos, começam a
surgir folhetos voltados para crianças – mais especificamente voltados para a escola. Esta vertente é hoje bastante cultivada e
apresenta diferentes nuanças: cordelização de contos de fadas, adaptação de romances e peças teatrais, criação de folhetos
com finalidade de ensinar conteúdos de diferentes matérias. Nesta comunicação discutiremos a adaptação do folheto Juvenal e
o dragão, de Leandro Gomes de Barros, para o formado de livro infantil, reconto assinado por Rosinha. O intuito é observar que
aspectos do folheto foram ressignificados e qual o resultado estético alcançado. Fundamentamo-nos nas reflexões de Pinheiro
e Marinho (2012), Abreu (1999) e Alves (2010).
TRAÇOS CULTURAIS DO GRUPO SOCIAL “ROCKEIRO” À LUZ DE LETRAS DE CANÇÕES DO GÊNERO MUSICAL ROCK
Resumo
Este trabalho tem como objetivo apresentar uma discussão inicial sobre os traços culturais do grupo social rockeiro, que podem
estar presentes no gênero musical Rock e como este, enquanto gênero discursivo, pode ser utilizado para o ensino de língua
inglesa (LI). Para tanto, faremos uso de letras de música de Rock. Partimos da discussão proposta por Costa (205, p. 107) que
conceitua canção como "gênero híbrido, de caráter intersemiótico, pois é resultado da conjugação de dois tipos de linguagens, a
verbal e a musical" (grifo do autor). Para o autor, debater sobre o modo que o gênero música é veiculado contribui para
elaborações didáticas sobre a sua prática em sala de aula. Costa (2005), ainda, entende estilos musicais, como o rap e o rock,
enquanto subgêneros do gênero música. Para tratar dos gêneros discursivos, retomamos Bakhtin (2010) que elabora uma
ordem metodológica de análise dos gêneros do discurso, sugerindo um olhar para a atividade linguística em suas condições
reais de uso e às diferentes formas de enunciação.
LOBOS FAMINTOS NA LITERATURA PARA CRIANÇAS
Resumo
Este trabalho tem o objetivo de discutir a relação indissociável da literatura para crianças e ensino, discussão essa que se
propõe pela breve análise de um panorama histórico da participação dos textos literários destinados a esse público e sua
ligação com leis no âmbito federal e projetos educacionais a elas vinculados. Por meio desse breve histórico, procuram-se
concepções como “educação", "leitura" e "literatura”, bem como a vinculação dessas concepções com a cena social e política
do Brasil em algumas épocas. Além da presença determinante dessas leis educacionais na produção da literatura infantil, pode
ser discutida a permanência de algumas obras na sala de aula por longos anos, ou os motivos pelos quais há inclusão de novas
estéticas, temáticas e debates sociais contidos nesse tipo de texto, todas capazes de espelhar na e pela literatura as ideologias
dominantes e as relações que supomos indissociáveis entre escola, política e literatura. Pretende-se, assim, verificar o que,
como e quando podemos encontrar realmente aquilo que chamamos de literatura infantil na sala de aula, não apenas textos
travestidos de literatura para auxiliarem na educação das crianças.
ATIVIDADES DIDÁTICAS E OBJETIVOS DE LEITURA: TRATAMENTO METODOLÓGICO POR MEIO DA METACOGNIÇÃO
Resumo
Analisamos as atividades de leitura dos LD de Português do EM, que apresentam questões sob o modelo cópia-colagem, em
que os alunos são orientados a buscar informações explícitas no texto. Entre as estratégias empregadas na elaboração dos
exercícios, esse modelo concerne a uma parte inicial do processo de leitura como construção de significados. Buscamos avaliar
se os LD promovem melhorias na qualidade da leitura e como interferem na formação do aluno-leitor, isto é, se as atividades de
leitura promovem esse processo como uma ação cognitiva e metacognitiva. Para tanto, utilizamos como aporte teórico a
metacognição, que permite analisar as estratégias de elaboração das atividades e a qualidade da leitura. Hipotetizamos o
lançamento de objetivos para a construção de significados a partir da leitura de um texto como uma estratégia que influencia a
execução das atividades e o aprimoramento da leitura. Como metodologia, comparamos as atividades de leitura do LD e as que
propusemos sobre os mesmos textos. Nossa proposta mostra a importância das habilidades metacognitivas em apoio à
atividade, porque considera o estabelecimento dos objetivos de leitura na exploração do tema lido. Nossa atividade
fundamenta-se em Nelson e Narens (1994), com o emprego de estratégias metacognitivas em 3 momentos da leitura: antes,
durante e após. Esse cotejo permite observar as estratégias viabilizadoras da melhoria da leitura em relação ao que fora
traçado pelos LD. Buscamos avaliar como os alunos constroem significados a partir do que leem, o que permite ajudá-los a
compreender e aprimorar o processo de leitura como um movimento de qualidade.
PROCESSO DE IDENTIFICAÇÃO E RESISTÊNCIA AOS SABERES DA TÉCNICA VOCAL ERUDITA NOS DISCURSOS
ACADÊMICOS SOBRE A VOZ CANTADA
Resumo
Esta comunicação é um desdobramento da dissertação “Análise dos discursos acadêmicos sobre a voz cantada” do Mestrado
em Ciências da Linguagem da Universidade Católica de Pernambuco. Ela se coloca como uma das materialidades discursivas
na Análise de Discurso de linha francesa, devido às atualizações da teoria; às mudanças na conjuntura política mundial; aos
gestos de “ir além da leitura dos Grandes Textos” (PÊCHEUX). O nosso trabalho tem como objeto os discursos sobre a voz
cantada e não a voz como discurso, no entanto nós entendemos que a materialidade da voz perpassa o discurso sobre os
modos como ela é produzida. Seus objetivos são de analisar os discursos sobre a voz cantada que circulam no ambiente
acadêmico e afirmações de identificação e resistência que posicionam o sujeito frente ao modo estabelecido de cantar pela
tradição erudita da técnica vocal. O corpus foi constituído a partir de entrevistas semiestruturadas com discentes e docentes de
um curso de Licenciatura em Música. As noções do dispositivo analítico utilizadas foram as seguintes: formações imaginárias e
discursivas, identificação e resistência. Verificamos que existem gestos de identificação, mas também de resistência aos
saberes acadêmicos, visto que os saberes anteriores dos alunos foram construídos, na maioria das vezes, informalmente, pela
repetição, imitação de modelos de suas condições de produção. Na circulação do discurso acadêmico sobre a identificação com
a produção da voz cantada e, especificamente, com o discurso oriundo da posição sujeito-professor, pode-se detectar que o
lugar instituição sustenta, reforça os sentidos dominantes assim produzidos e reproduzidos.
PIXOTE, DO LIVRO AO FILME: UMA LEITURA DO ABANDONO DO COTIDIANO
Resumo
Neste texto, apresentam-se resultados parciais de pesquisa de mestrado em Literatura Comparada. O objetivo é o de discutir as
relações entre a literatura e cinema em contexto no qual a indústria cultural força essas produções a serem apenas produtos de
consumo. Mas eis que surge a dura realidade das ruas e coloca frente a frente personagens e histórias fictícias e reais. O que
era real tornou-se ficção pelas mãos de um jornalista escritor. Já o que se tornou ficção, pelas lentes de um diretor de cinema,
torna-se realidade pela lógica das ruas, quando personagem e ator tornam-se a mesma pessoa, que vive nas telas e nas ruas
os mesmos dramas. O estudo partiu do livro Pixote, Infância dos Mortos, de 1977, escrito por José Loureiro, que narra a história
de adolescentes e jovens de rua que vivem nas grandes cidades, convivem diariamente com a marginalidade, dificilmente
conseguem sobreviver distante do crime, dos assaltos, do envolvimento com situações limites. Levado à tela dos cinemas,
quatro anos depois, pelo diretor Hector Babenco, “Pixote, a lei do mais fraco” tem como principal ator um adolescente que anos
depois teve sua vida interrompida tal e qual a personagem que interpretou. Os desdobramentos, ou a continuidade desta
história, se dão em novos livros e nas telas de cinema, em uma lógica cruel, em que o limite entre o ficcional e o real já não
existem. Objetiva-se, ainda, analisar os elementos estruturais de composição textual e do filme, tempo, espaço e focalização
apresentada nas duas obras e, por fim, o que torna estas duas obras tão iguais em suas diferenças.
APRENDIZAGEM DE INGLÊS VIA CANAIS DO YOUTUBE
Resumo
São cada vez mais frequentes casos e relatos de uma aprendizagem autônoma e tendente ao autodidatismo, quando o assunto
é a aprendizagem de uma língua estrangeira na Internet. Considerando esse fato, é objetivo deste trabalho apresentar como
certas plataformas digitais como os canais do Youtube direcionados ao ensino de línguas mediam e possibilitam essa
autonomia, através de pesquisa baseada na experiência de aprendizes que têm usado plataformas multimídia como meio de
aprendizagem. Canais do Youtube como o EngVid e o Hello Channel têm sido pontos de partida para observar como os
aprendizes direcionam sua aprendizagem de língua inglesa, através de pesquisa descritiva e qualitativa que indique como o uso
de tecnologias intermedia uma aprendizagem autônoma. A pesquisa têm sido elaborada na forma de estudos de casos,
descritivos e analíticos, com entrevistas e observações dos indivíduos pesquisados. Espera-se compreender a extensão e a
dimensão do aprendizado autônomo de línguas estrangeiras usando-se a Internet e até que ponto a aprendizagem online é hoje
uma prática cultural consolidada. Além do mais, também se espera saber como os recursos tecnológicos pesquisados podem
servir de auxílio para o professor na sala de aula e quais os potenciais ainda inexplorados no uso dessas tecnologias.
LITERATURA E CINEMA: AS CORES EM O MÁGICO DE OZ
Resumo
A jovem Dorothy Gale morava com sua tia Em e seu tio Henry em um lugar onde nem mesmo as relvas tinham cor, o solo era
rachado, e sua a casa era velha e cinza. Ela foi levada, por um ciclone, de um mundo preto e branco para outro todo em cores.
Lá, além de encontrar um leão covarde, um espantalho sem cérebro e um homem de lata sem coração, a garota encontrou
bruxas, pessoas pequenas que adoravam azul, uma cidade toda verde, e papoulas soníferas vermelhas. E, assim, segue o
enredo de "O maravilhoso mágico de Oz" (1900), de L. Frank Baum, que marcou a história da literatura norte-americana e
também o cinema em 1939 através da adaptação "O mágico de Oz", do diretor Victor Fleming. Em ambas as obras, o
leitor/espectador é imerso em um mundo onde as cores revelam todo seu potencial semiótico sobre a narrativa. Deste modo,
este artigo tem como objetivo analisar tais significações semióticas, fazendo uma ponte entre a obra literária e a fílmica,
anteriormente mencionadas. Inicialmente, são apresentadas considerações teóricas a respeito dos estudos da adaptação
fílmica; em seguida é oferecida ao leitor uma investigação teórica, além de alguns estudos de caso sobre a significação das
cores no cinema. E, por último, é feita uma análise das cores na obra de Baum e na adaptação Fleming. Tratando-se de uma
análise das relações entre literatura e cinema, os resultados mostram que, embora sejam de meios semióticos diferentes,
ambas as obras utilizam as cores como uma função de conferir à narrativa um tom mágico, proporcionando ao leitor ou
espectador as mesmas emoções de Dorothy sobre aquele mundo.
A SÁTIRA NAS REDES SOCIAIS: MEMÓRIA, LINGUAGEM E CRÍTICA SOCIAL
Resumo
A internet se consolidou como um fenômeno popular da atualidade e tem se tornado objeto de pesquisa devido suas
características relevantes: velocidade, hipertextualidade, multimídia ou hipermídia e interatividade. A evolução científica e
tecnológica proporcionou a facilidade ao acesso das pessoas ao mundo virtual e com isso, aos inúmeros e variados conteúdos
ali apresentados. A proposta deste artigo partiu de uma indagação sobre como o gênero “sátira” se manifesta na rede social
Facebook especificamente nas páginas “Humor Vintage”, “Dilma Bolada” e “Gina Indelicada”. A “sátira” é determinada pela
contrariedade, ou a recusa aos costumes, à linguagem e aos modos de pensar correntes (BOSI, 1993). Esse gênero literário
está presente em muitas páginas vinculadas nas redes sociais sendo o objetivo principal político, social ou moral – e não
cômico, pois a “sátira” tende à sutileza e à ironia. O que interessa notar é como se estrutura a “sátira” nas redes sociais,
especificamente no Facebook, e de que maneira as técnicas satíricas como a comparação, o exagero e a diminuição são
apresentados aliados à intertextualidade. Para Bergson (1980), o riso é um objeto social e sempre traz consigo, de forma
consciente ou não, uma correção. Dessa maneira, ao riso se incorporam diferentes estruturas intrínsecas à sociedade que
buscam conservar os indivíduos “sob controle”, adotando um modelo social. A proposta deste trabalho é explanar a relevância
da “sátira”, bem como a sua contextualização nas redes sociais, e ponderar sobre a significância das técnicas satíricas,
delineando, deste modo, suas particularidades e, assim, congregar pesquisadores/as que desenvolvam pesquisas nessa esfera.
OS CONTOS DE FADAS NO ENSINO DA LÍNGUA ALEMÃ PARA CRIANÇAS
Resumo
A presente pesquisa de mestrado possui como principal objetivo compreender qual é a contribuição dos contos de fadas para o
ensino da Língua Alemã (LA) para crianças. Os objetivos específicos são: a) construir o modelo didático e efetuar a
transposição didática dos elementos ensináveis e pertinentes ao nosso contexto para a Sequência Didática (SD). b) analisar,
por meio das capacidades de linguagem, as produções orais dos alunos ao recontarem os contos nas aulas de alemão. c) fazer
um levantamento dos gestos didáticos utilizados para o ensino do gênero, visando à reformulação da SD. Este estudo é
relevante para os professores de LA para crianças, levando-se em conta que não há publicações nessa área e os materiais
didáticos são escassos. Para realizá-lo, nos ancoramos no interacionismo sociodiscursivo (ISD) – (BRONCKART, 2012;
SCHNEUWLY e DOLZ, 2004) cuja premissa é a aprendizagem de uma língua como um conhecimento construído a partir das
interações sociais. Desse modo, propomos a utilização de uma SD sobre o gênero contos de fadas como instrumento para
ensino. Escolhemos os contos dos irmãos Grimm, pois eles encantam as crianças e apresentam uma moral. Visamos intervir na
ordem do ensino e aprendizagem em um contexto composto por crianças de faixa etária entre 03 e 04 anos de idade, os quais
estão inseridos na rede particular de ensino. A geração dos dados será realizada em três fases: i) observação participativa das
aulas com registro das situações em diários ii) avaliação inicial para diagnosticar as capacidades de linguagem dos alunos e iii)
a gravação em vídeo das práticas realizadas com a SD. Para a apresentação traremos resultados parciais dos relatos dos
diários.
A REATUALIZAÇÃO DOS CONTOS DE FADAS ENTRE A TRADIÇÃO E A TRADUÇÃO
Resumo
Desde sempre, os povos produzem narrativas cuja finalidade é denunciar, transmitir e ratificar seus valores. De acordo com
Bakhtin (2006), cada época, cada organização social detém determinados enunciados que servem de modelo para outras
épocas. Como exemplo de modelos enunciativos, temos os contos de fadas que são práticas discursivas, plenas do fantástico e
do maravilhoso que refletem e refratam os vícios e as virtudes humanas. As inúmeras reatualizações dessas narrativas
evidenciam práticas humanas cristalizadas, como a luta do bem contra o mal, mas também apresentam mudanças de
mentalidades, novos regimes de verdade, pois “engendrado pelo dispositivo de sua época, o sujeito não é soberano, mas filho
de seu tempo” (VEYNE, 2011, p. 179). Nesse sentido, este trabalho busca apresentar concepções de bondade, maldade e
beleza presentes em algumas reatualizações de contos de fadas clássicos. Dentre esses, escolhemos o conto Chapeuzinho
Vermelho, comparado ao filme Deu a louca na Chapeuzinho (2004), A verdadeira história de Chapeuzinho Vermelho, de
Agnese Baruzzi e Sandro Natalini (2008) e Uma chapeuzinho vermelho, de Marjolaine Leray (2012). Esta análise, de caráter
qualitativo e bibliográfico, é também descritiva e de natureza interpretativa e nela discutiremos à luz de Pêcheux (2009) e de
Foucault (2010) as práticas discursivas inerentes ao homem.
NO PRINCÍPIO, ERA A MALANDRAGEM: UMA LEITURA BEM HUMORADA DO MUNDO RISÍVEL DE JACÓ
Resumo
No princípio, era a malandragem: uma leitura bem humorada do mundo risível de Jacó Josué Chaves, Universidade Federal de
Santa Catarina, CPF: 000 602 359 26 A presente comunicação terá a finalidade de encontrar e analisar estratégias producentes
de humor nas narrativas a respeito de Jacó, inseridas no contexto maior de Gênesis, primeiro livro da Bíblia Hebraica. A partir
da problematização proveniente da leitura crítica dos textos bíblicos, percebe-se a necessidade de encontrar caminhos
metodológicos que permitam a percepção do humor irônico como elemento essencial para a compreensão das narrativas.
Parte-se, assim, da possibilidade de realizar uma leitura alternativa de alguns capítulos de Gênesis, travando um embate
hermenêutico com tradições que desconsideram ou negam o humor na bíblia e explorando a poderosa polissemia e as sutilezas
dos textos hebraicos. No caminho dessa releitura, alguns elementos essenciais serão utilizados: uma leitura atenta das
singularidades da história de Jacó dentro de seu contexto maior, a Bíblia Hebraica; a relação destas singularidades com
algumas teorias referentes ao humor e ao riso, e um estudo comparativo entre elementos presentes na saga risível de Jacó e
nos heróis picarescos clássicos. Como resultado provisório, esse modesto esforço hermenêutico terá a pretensão de mostrar
que é possível encontrar nas narrativas de Gênesis, principalmente na relação entre Jacó e Javé, um humor irônico, capaz de
desvelar as pretensões risíveis de um personagem que não sabia brincar com o Deus de seu destino.
A CONSTRUÇÃO DO SENTIDO: O DISCURSO DA IMPRENSA PARAIBANA SOBRE O ROMANCE OITOCENTISTA
Resumo
Neste trabalho, que compõe parte das pesquisas de mestrado em Literatura nos periódicos do século XIX, integrando os
estudos na perspectiva da História Cultural, pretendemos analisar o discurso plurilinguístico sobre o romance-folhetim veiculado
nos jornais paraibanos dos oitocentos, em especial o jornal O Estado da Paraíba – este circulou entre os anos de 1890 a 1893,
e teve como redator o jornalista Antônio Gomes de Arruda Barreto –. Para tanto, observaremos como ocorreu o processo de
construção de sentido do romance na imprensa paraibana a partir das contribuições da Análise do Discurso – na tradição aberta
por Michel Pêcheux (2012) e Mikhail Bakhtin (2002) –. Buscaremos através do discurso do narrador/autor, atribuir novos
sentidos ao romance-folhetim em sua materialidade linguística e histórica, bem como constatar como a imprensa paraibana se
apropria do discurso de outrem. Essa produção de sentido está relacionada aos possíveis modos como o sujeito o constitui. Por
se tratar de um periódico do século XIX, a constituição dos sentidos e dos sujeitos dá-se por meio de representações. No que
tange a História Cultural, utilizaremos como suporte teórico Roger Chartier (1990). Valemo-nos também da autora Marlyse
Meyer (1996) para abordarmos as várias acepções do termo folhetim e romance-folhetim em nosso país. Ademais, discutiremos
o eixo discurso, sujeito e poder, a partir da abordagem do historiador Michel Foucault (1990) e Eni Pulcinelli Orlandi (2001).
Apesar das críticas, este gênero (romance-folhetim) era o que mais crescia na preferência dos leitores, isso se comprova
durante a leitura e análise dos periódicos.
CRÍTICA SUBALTERNISTA NO DISCURSO DE CLARICE LISPECTOR: PRIMEIRAS IMPRESSÕES
Resumo
Este trabalho apresenta as primeiras reflexões realizadas em torno de uma pesquisa maior em nível de Doutoramento. Assim, é
preciso destacar que esta pesquisa tem como propósito principal pensar a crítica subalternista existente no discurso intelectual
de Clarice Lispector e sua correlação com as demais produções no âmbito da América Latina. Isso porque, o projeto inicial
desta pesquisa tem como corpus de análise a reunião de aproximadamente quatrocentas crônicas de Clarice em A descoberta
do mundo, 1984. Nesta obra, pode-se notar o discurso que resgata ou pretende destacar o elemento subalterno da sociedade e
os valores da cultura local. A “babel local” (Nolasco) existente nas relações do continente latino-americano nos permite recorrer
aos Estudos Culturais a partir das produções literárias destes povos. Compreendemos que, de certa forma, é ousada a ideia de
se associar a força de tal nome como o de Clarice Lispector às narrativas contemporâneas fronteiriças latino-americanas.
Contudo, a tese está em identificar exatamente a voz do subalterno que fala neste continente nas literaturas nele produzidas, e
mais: é diante da consciência de que há planetas sem boca (Achugar) nas nações latinas, que o balbucio torna-se suficiente
para afirmar que o subalterno latino-americano pode falar, respondendo ao Can the subaltern speak?, de Gayatri Spivack.
Faz-se necessário, portanto, que pesquisadores intelectuais, antes de qualquer coisa, reconheçam a si próprios como parte
dessa cultura local, para então saber ouvir a voz do subalterno nas manifestações culturais do nosso continente sem riscos de
criar um discurso de (pós)colonizados.
AUTORES E OBRAS DA LITERATURA PARANAENSE (1850 A 1900): VERBETES
Resumo
“Autores e obras da literatura paranaense (1800 a 1900)”, projeto de cunho quanti-qualitativo, pressupunha uma forma de ação
planejada de caráter social, educacional e técnico e tinha como foco principal o levantamento exaustivo de informações acerca
da produção literária do Paraná, no período compreendido entre 1850 e 1900, visando à reflexão sobre os momentos iniciais da
escrita da história da literatura paranaense, na etapa denominada “Origens e primeiras manifestações literárias na província
(1850 -1900)”. Como resultados, a pesquisa previa a elaboração de verbetes sobre autores e obras, conforme proposta do
projeto “Portal da Literatura Paranaense: formação e consolidação de um campo literário”, financiada pela Fundação Araucária,
que, em síntese, pretende levantar e analisar momentos da formação e da consolidação do campo literário no Paraná (1850 –
2010), com o objetivo de contribuir para a compreensão do processo de escrita da história da literatura no Estado, no que se
refere à produção de gêneros literários, dramático, narrativo e lírico, bem como propiciar a interrelação com o sistema cultural
brasileiro, de modo a fomentar a divulgação da cultura paranaense em outras regiões do país, da qual este trabalho é um
recorte. Desse modo, nesta comunicação apresentamos, além de justificativas da pesquisa, objetivos e metodologia, os
verbetes redigidos para postagem na página do projeto maior.
A REPRESENTAÇÃO DA PROFESSORA NA LITERATURA DE AUTORIA FEMININA CONTEMPORÂNEA
Resumo
Muitos estudiosos e estudiosas têm afirmado que a literatura brasileira contemporânea é marcada pela multiplicidade, em todos
os sentidos, mas sobretudo nos temas. Fala-se da violência; fala-se da impossibilidade de se definir ou se compreender no
mundo atual; fala-se da solidão que marca a vida nos grandes centros; fala-se de si e daqueles que durante décadas foram
impedidos de falar. Alguns desses pesquisadores e pesquisadoras também têm se debruçado sobre as obras produzidas por
mulheres – na esteira da crítica feminista e dos estudos culturais, elas têm tido maior visibilidade e têm se destacado no cenário
nacional, o que nos motiva a tentar encontrar algum ponto de contato entre elas e suas obras. Nosso objetivo, nesse trabalho, é
fazer um recorte na literatura de autoria feminina de 1991 a 2012, tendo como ponto em comum entre as obras selecionadas o
fato de dezoito escritoras representarem uma personagem icônica na ficção – a professora. Seja na posição de protagonista,
narradora ou coadjuvante, ao redor dessas professoras instaura-se uma narrativa, cuja multiplicidade de possibilidades
discursivas evidencia a marca da contemporaneidade, ao contrário do que acontece em algumas narrativas do século XX, nas
quais escritores e escritoras representaram professoras enredadas em destinos determinados pelo seu gênero. Pretende-se,
assim, apontar como as professoras são representadas na literatura de autoria feminina contemporânea e quais os pontos de
contato entre elas.
FORMAÇÃO CONTINUADA DE PROFESSORES DE LÍNGUAS EM ESPAÇOS MAIS DIALÓGICOS
Resumo
No debate sobre formação de professores no Brasil, muitas críticas têm sido dirigidas à formação do profissional que não está
preparado para lidar com a realidade educacional de forma autônoma e reflexiva (ALMEIDA FILHO, 2000). Nas tentativas de
reverter essa realidade, muitas pesquisas perigosamente têm disseminado a importância de se “reciclar” docentes, “atualizar”
conhecimentos, “dar mais voz” aos professores em formação (inicial e continuada), enquanto discursivamente alguns
pressupõem uma mudança que não é verdadeiramente dialógica e em essência continuam a promover a separação em mundo
teórico e mundo prático, universidade e escola. Por formação crítica e potencialmente transformadora, nos pautamos por
abordagens mais dialógicas (FREIRE, 1987), colaborativas (ROTH; TOBIN; ZIMMERMANN, 2002) e que estejam interessadas
em pensar formação e transformação social a partir de um paradigma crítico (PESSOA, 2011; LIBERALI, 2010). O contexto em
discussão neste trabalho é um grupo de formação continuada de professores de inglês para crianças, de escolas públicas, que
busca a produção de um material de ensino de Inglês para o 5º ano do Ensino Fundamental. A proposta é a análise crítica da
prática discursiva e relações (de poder) que se estabelecem neste grupo de modo a favorecer ou não uma formação crítica.
Utilizamos como referencial teórico e metodológico de análise Fairclough (2003; 2008) e Ramalho & Rezende (2011). Os
resultados da análise podem contribuir com o planejamento de programas de formação continuada de professores de Inglês
para crianças considerando que existem poucos trabalhos que investigam este tema (ROCHA; TONELLI; SILVA, 2010;
TONELLI; CHAGURI, 2012).
CANÇÃO: POÉTICA DA ORALIDADE
Resumo
A canção popular brasileira se destacou nos cenários cultural e artístico no século XX, tornando-se, possivelmente, um espaço
prioritário de veiculação de elementos de renovação cultural e social brasileira (MAMMÌ, 1996: 190). Seu campo de estudos,
porém, ainda se encontra em gestação. No âmbito acadêmico são raras as linhas de pesquisa sobre canção e na maior parte
dos casos os estudos de viés estético estão vinculados aos cursos de pós graduação em letras. A apropriação por parte desses
estudos teóricos expõe uma aproximação que é das próprias práticas artísticas. Apontou Eneida M. de Sousa (2007, 139): "não
causa espanto o fato de a literatura brasileira e, especificamente, a poesia brasileira, conceber a música popular como parte
integrante do seu cânone". Assim, é compreensível que os estudos literários ofereçam instrumental relevante para sua
abordagem. No contexto de construção de um campo de estudos para a canção com a contribuição dos estudos em literatura,
uma abordagem possível é levada a efeito por Paul Zumthor: apropriar-se dela como uma poética da oralidade. Em sua obra, o
medievalista acompanha um veio de tradição que, vindo da poesia oral anterior às sociedades marcadas pela escrita, conduz,
dentre outras modalidades, para a canção – mesmo o rock’n’roll do século XX. Segundo Zumthor (2010: 200), “a maior parte
das performances poéticas, em todas as civilizações, sempre foram cantadas”. Assim, apoiado em noções e conceitos
engendrados por Zumthor (como performance, intervocalidade e movência) elaboramos o conceito de voz-melodia buscando
identificar a “configuração básica” em torno da qual são produzidos os elementos de sentido cancional.
PLÍNIO MARCOS NA ESCOLA. PODE?
Resumo
O objetivo principal desta pesquisa é refletir sobre a relevância de trabalhar a obra teatral de Plínio Marcos na escola. A partir
da leitura de “Teatro do Oprimido”, de Augusto Boal, e “Pedagogia da Autonomia”, de Paulo Freire, pretende-se construir uma
proposta pedagógica que estimule sensibilidade e reflexão crítica no trato com o texto dramático. Nesse sentido, o objetivo é
englobar as duas facetas do texto dramático: 1) como texto literário, com linguagem específica, partindo do trabalho com leitura,
escrita, variação linguística e oralidade; 2) como texto dramático que só se completa na encenação, ou seja, consideram-se
também os exercícios de encenação (corpo, voz) em sala de aula. Ademais, a linguagem de Plínio Marcos é constituidora de
um discurso que se pretende combativo, por isso é fundamental discutir a manutenção das marcas de um discurso violento e
marginalizado a fim de não comprometer a autenticidade da obra. Por fim, é imprescindível pensar os papeis da escola,
professor e estudante na construção democrática do conhecimento e a preocupação ética da proposta ao enfocar discursos
marginalizados.
A ANÁLISE RETÓRICO-DISCURSIVA PARA O ESTUDO DO DISCURSO RELIGIOSO DA FRENTE PARLAMENTAR
EVANGÉLICA
Resumo
A presente comunicação visa apresentar alguns aspectos da pesquisa “A retórica política da Frente Parlamentar Evangélica: da
gênese de um ethos institucional”,estabelecendo uma interface entre a Análise do Discurso, a Retórica e as Ciências da
Religião. Neste trabalho, a perspectiva de discurso encontrada na retórica sofística de Protágoras e Górgias, assim como os
estudos retóricos de Aristóteles, constituem-se como importantes referenciais. Os estudos desses antigos filósofos da
linguagem nos ajudarão a apreender uma das três provas retóricas mais estudadas na referida pesquisa, o ethos, que é tanto
institucional como discursivo, como nos diz Amossy (2005). Os estudos retóricos contribuem eficazmente tanto para o estudo da
imagem construída pela FPE, ou seja, do seu caráter moral construído discursivamente (ou das formas pelas quais ela se
mostraria “digna de fé”), quanto das teses e visões de mundo erigidas pelo logos (suas visões políticas da realidade).Os
resultados parciais encontrados nessa pesquisa nos mostram que a FPE, presente no congresso nacional desde 2004,constrói
um ethos capaz de suscitar a indignação de parte da sociedade civil e, ao mesmo tempo, apoio em diversos posicionamentos,
visto que o número de evangélicos no país cresce a cada dia. A presença da Frente e sua repercussão no contexto nacional,
enfim, se mostra como um problema relevante, como um fenômeno que merece a atenção de várias áreas do conhecimento e
da sociedade como um todo, pois impacta na estruturação da esfera pública e de seus valores políticos.
ENTRANDO NO BOSQUE/SERTÃO: O LEITOR COMUM, A LITERATURA E A SALA DE AULALITERATURA E A SALA DE
AULA
Resumo
O título deste texto – “Entrando no bosque” – remete ao ensaio inicial de Eco (1994) apresentando em Seis passeios pelo
bosque da ficção, e busca suscitar não somente a alusão ao mundo ficcional do bosque – esse espaço intermediário entre a
cidade e a floresta, o doméstico e o selvagem no qual estão à espreita a bruxa, o lobo, enfim, o perigo, assim como a fada e a
casa de doces – mas também à magistral definição apresentada pelo autor, com base em Borges: “um bosque é um jardim de
caminhos que se bifurcam” (1994, p.9), na qual se enfatiza o papel ativo do leitor na apropriação daquele espaço ficcional por
meio desse ato corajoso que é/deve ser a leitura – porque o tempo todo a demandar do leitor que faça escolhas e corra riscos
interpretativos – e trilhe seu caminho. Para ler, assim como para viver, é preciso ter coragem, a coragem da travessia pelo
sertão, como bem define Guimarães Rosa, talvez metáfora mais apropriada para aridez – e para a sensação de emboscada
eminente – que os textos literários parecem oferecer aos leitores iniciantes, ou, melhor dizendo, para os não iniciados, para
aqueles que Virgínia Woolf chama de leitor comum. O leitor comum, aliás, é título de coleção de artigos de Woolf que a autora
escreve em busca de suas experiências literárias – e experiência é aqui a palavra chave – a partir do ponto de vista do leitor.
Como escritora, é interessante que Woolf busque resgatar a sua entrada no texto, primeiro, como leitora. Essa
indissociabilidade da leitura e da escrita, isto é, esta recuperação da agência do leitor frente ao texto – principalmente o literário
– é uma das grandes viradas teórico-metodológicas a ser pensadas no ensino da literatura.
A PRODUÇÃO DE SENTIDOS EM “ANÁLISES DE UM LIBERAL SEM MEDO DA POLÊMICA” : UMA ANÁLISE DISCURSIVA
Resumo
Propõe-se neste trabalho contribuir para a discussão em torno do funcionamento contraditório da ideologia dominante, a partir da
consideração de que uma tendência forte nas relações de força e de sentidos na conjuntura atual é a produção de certas
divisões que organizam a sociedade em duas categorias como, por exemplo, ou o sujeito é liberal/capitalista ou
socialista/comunista. Trata-se de uma forma de organização que produz um espaço logicamente estabilizado, fato já discutido
por Pêcheux (2006). Essa tendência é fortemente sustentada pelos veículos de comunicação que compõem a grande imprensa
no Brasil, entre eles, destaca-se a revista Veja, periódico famoso por defender os interesses econômicos da elite. Na defesa
desses interesses, a revista se coloca como porta-voz de sistemas que perpetuam determinada estrutura existente no meio
social, como os princípios liberais. Tal afirmação pode ser feita com base em diversas publicações que circulam na mídia, entre
elas, a coluna de Rodrigo Constantino intitulada "Análises de um liberal sem medo da polêmica", espaço onde o autor se coloca
como defensor do liberalismo, se opondo a qualquer perspectiva que questione essa forma de governo. Objetiva-se, assim, a
análise de alguns materiais recortados da coluna de Constantino, tendo em vista a compreensão da forma como seu trabalho faz
parte de um arquivo liberal que contribui para fazer circular os ideais dominantes defendidos nesse arquivo. Parte-se da relação
entre arquivo e memória para a produção de sentidos, visando o trabalho com os dizeres que sustentam o arquivo liberal e como
esses discursos são produzidos e articulados pelo conjunto de textos do colunista.
LITERATURA E HISTÓRIA NA OBRA EM LIBERDADE, DE SILVIANO SANTIAGO
Resumo
Na obra Em liberdade (1981), do escritor brasileiro Silviano Santiago, o autor, por meio do personagem Graciliano Ramos,
reconstrói uma importante parte da história brasileira, o ano de 1937, em que Graciliano, após sofrer represálias e ter sido preso
pelo governo de Getúlio Vargas, é solto sem nunca saber qual o real motivo da sua prisão. O diário fictício de Graciliano,
representado por Santiago, permite um retorno crítico ao passado, na tentativa de desvendar o que há por trás dos discursos
históricos, as subjetividades neles implicadas, buscando novas versões dos fatos por meio das vozes daqueles que foram
silenciados, reprimidos pela história oficial e pela sociedade, como acontece com o próprio Graciliano Ramos. Em liberdade,
assim, toma a forma de uma metaficção historiográfica, preocupada em repensar a literatura e a história em diálogo. O jogo
metaficcional proposto apresenta-se ainda mais complexo por Santiago incluir na ficção questões do seu tempo, pois vive o
período da Ditadura Militar, no ano da publicação dessa obra (1981). Assim, além de revelar um novo relato do que aconteceu
em 1937, pode transfigurar problemas políticos e sociais do Brasil de sua época. Portanto, entre outros aspectos, o estudo
desse romance mostra-se pertinente por fazer um retorno ao passado, à história brasileira, por possuir um caráter crítico e
denunciador, convidando o leitor a ser mais atento diante dos discursos que lhe são apresentados e a desvendar o que há nas
entrelinhas da narrativa.
A INTERPELAÇÃO IDEOLÓGICA NOS DISCURSOS MIDIÁTICOS SOBRE APOSENTADORIA E TRABALHO
Resumo
Este trabalho analisa como os discursos midiáticos produzem sentidos de aposentadoria e trabalho que interpelam o sujeito a
continuar/ voltar a desempenhar uma atividade profissional. Para compreendermos a produção de sentidos nesses discursos,
tomamos como base teórica e metodológica a analise do discurso pecheutiana, que trabalha com/na complexa relação entre
sujeito, língua e ideologia. Para Pêchuex (2009), o individuo é interpelado em sujeito pela ideologia, e esse processo faz com
que o sujeito tome como evidente sua constituição, tendo a ilusão de que é dono do seu dizer. Assim, os sentidos não são
produzidos de modo abstrato, eles são engendrados nas relações sociais em que os sujeitos são chamados/assumem posições
ideológicas. Em nosso gesto de interpretação, analisamos duas materialidades discursivas sobre a aposentadoria, uma
reportagem do Jornal Nacional e outra da Revista Época, ambas publicadas no segundo semestre de 2013. Constatamos que
os discursos sobre a aposentadoria/trabalho apresentam um “novo” perfil de aposentado, centrado no produtivismo, que
aparenta chamar todos os sujeitos a continuarem trabalhando, (“Você não vai parar de trabalhar nunca”, Revista Época,
11/10/2013), responsabilizando o próprio sujeito pela sua reinserção no mundo do trabalho (“o desafio é decidir entre aproveitar
o tempo livre ou complementar a renda”, Jornal Nacional, 18/09/2013). Esses efeitos de sentidos tendem a homogeneizar as
formas de viver e de ser aposentado, silenciando que não são todos os trabalhadores que podem continuar ou voltar ao
mercado de trabalho.
RELATOS PESSOAIS DE ACADÊMICOS SEM-TERRA: UMA ANÁLISE DA MANIFESTAÇÃO DOS INTERLOCUTORES
Resumo
Este estudo objetiva analisar o gênero discursivo relato pessoal, escrito por acadêmicos sem-terra do curso de Licenciatura em
Ciências Sociais/UFGD, no que se refere à manifestação dos interlocutores: real, ideal/real e supraindividual/superior. Para
tanto, fundamenta-se na perspectiva da Linguística da Enunciação, adotando a concepção dialógica da linguagem, com ênfase
na abordagem sócio-histórica, dentro da perspectiva da Linguística Aplicada, com pressupostos teóricos de Mikhail Bakhtin e de
pesquisas desenvolvidas no Brasil acerca dessa mesma base teórica. Bakhtin (2002) concebe os interlocutores como “Os
outros, para os quais meu pensamento se torna, pela primeira vez, um pensamento real (e, com isso, real para mim), não são
ouvintes passivos, mas participantes ativos da comunicação verbal”. Nesse perspectiva, o interlocutor real é entendido como
aquele que tem uma imagem física e está presente durante o processo dialógico; o virtual/ideal tem a imagem construída pelo
locutor; o superior refere-se a um representante oficial responsável por constituir padrões e regras que são respeitados no meio
social em que o produtor do texto escreve (MENEGASSI, 2011). As análises evidenciaram uma constante manifestação dos
três interlocutores por meio de marcas linguísticas como também da recorrência a informações comuns aos interlocutores.
Verificou-se serem os interlocutores – real, virtual/ideal e supraindividual/superior – sujeitos do discurso, a quem se quer
persuadir, agradar, responder, rebater. Assim, a produção escrita possibilitou aos enunciadores, sócio-historicamente
construídos, questionar e imprimir movimento na sociedade vigente.
TONS ROSA DE TRANSGRESSÃO E EROTISMO NO CADERNO ROSA DE LORI LAMBY DE HILDA HILST
Resumo
O caderno rosa de Lori Lamby, escrito por Hilda Hilst,tece uma história promíscua que envolve uma criança de oito anos e suas
aventuras sexuais. Lori Lamby passa a narrar suas possíveis experiências com vários homens que buscavam uma menininha
para satisfazer seus desejos, e tudo isso sob a supervisão dos seus pais. Em seu discurso, a narradora deixa transparecer que
ela não é uma criança vitimada pela pedofilia e sim uma menina que se permite gostar dos prazeres do sexo e do dinheiro que
provém dele. Hilda Hilst, desenvolve uma literatura de autoria feminina, inovadora e que faz uma brincadeira com a linguagem
que expressa infantilidade, inocência ao mesmo tempo em que se mistura com palavrões e nomenclaturas obscenas, coisas
que não se imagina no universo infantil. A narrativa traz à tona o preconceito canônico pela literatura erótica e feminina,
colocando em cheque a visão do erotismo na sociedade, ressaltando as construções identitárias da escrita de gênero. Além
disso, o pornográfico no Caderno rosa de Lori Lamby perpassa o cunho estritamente sexual e parte para um ato de
transgressão e resistência. Brincando no abismo das chagas sociais o que autora satiriza não é somente o desejo pelo sexo e
pela pornografia, mas também a necessidade capitalista do dinheiro, da ganância e da opressão midiática. O presente trabalho
visa analisar a literatura de autoria feminina, o erotismo e as transgressões no caderno rosa de Lori Lamby. Para a discussão
teórica são utilizados como aporte os conceitos de Bataille (1986), Freud (1996), Paes (2006), Agamben (2009), entre outros.
A IMPORTÂNCIA DA ESCRITA E DA REESCRITA NA CONSTRUÇÃO DA REPRESENTAÇÃO DO CARÁTER DIALÓGICO E
FUNCIONAL DO TEXTO NOS EDUCANDOS
Resumo
Este estudo, vinculado à linha “Infância e Educação” do Programa de Pós-Graduação em Educação da FCT/Unesp, Presidente
Prudente/SP, traz as primeiras reflexões da pesquisa provisoriamente intitulada Representação funcional da escrita: um estudo
de caso com alunos do 6º ano do Ensino Fundamental que busca compreender como criar condições para que os alunos
aprimorem as representações sobre a funcionalidade e dialogia da produção de textos, ou seja, desenvolvam um controle
consciente e autônomo do domínio da articulação entre o que se diz e como se diz. Uma breve análise dos dados do Sistema de
Avaliação de Rendimento Escolar do Estado de São Paulo (SARESP, 2012) denuncia que mais da metade dos estudantes do
estado apresentam um domínio mínimo ou insuficiente na produção de textos escritos, portanto, faz-se necessário que se
desenvolvam pesquisas e ações no sentido de intervir nesta realidade a fim de modificá-la. Neste sentido, este texto traz um
diagnóstico da escrita dos educandos do 6º ano de uma escola estadual situada no interior do estado de São Paulo, na região
da Alta Sorocabana, considerando o nível de escrita desses sujeitos e propondo uma intervenção através de uma oficina de
produção de textos. Metodologicamente construiu-se um estudo de caso de abordagem qualitativa tendo como instrumentos de
coleta de dados a análise documental das produções de textos dos educandos e a entrevista reflexiva semidirigida, a realizar-se
durante a oficina de produção textual, para se verificar o processo de construção da relação dialógica dos sujeitos com a
linguagem escrita, ou como nomeada por Landsmann (1998), a representação funcional da escrita.
UM OLHAR PARA A SOCIEDADE DO PICAPAU AMARELO: AGREGAÇÃO E SEGREGAÇÃO EM CINCO OBRAS
LOBATIANAS.
Resumo
Antonio Candido fala em Literatura e Sociedade (1974) que a obra produz um efeito sobre o indivíduo, ou seja, os fatores se
manifestam visivelmente na definição da posição social do artista ou em grupos de receptores e fatos estruturais ligados à vida
artística – o então chamado efeito de causa e consequência. Tal efeito liga-se à relação dialética da arte de Agregação e a arte
de Segregação, que consiste na obra atuar sobre a sociedade e a sociedade sobre a obra. Pensando nesse aspecto, o
presente artigo tem por foco analisar em cinco obras de Monteiro Lobato, Fábulas (1922), Dom Quixote das crianças (1936),
Memórias da Emília (1936), Histórias de Tia Nastácia (1937) e O Picapau Amarelo (1939), a relação de agregação e
segregação à luz do pensamento de Antonio Candido, pois nessas obras em específico, percebemos características tanto de
agregação quanto segregação embutidos em suas feituras – agregação, em sua forma base, original, que ocorreu na atuação
de Lobato como prolífero tradutor em contato com diversas obras do cânone literário - e segregação, quando, a partir delas,
Lobato compôs as suas versões, não só adaptando, mas recriando-as à sua maneira.
AS RUAS DE LONDRINA: UM ESTUDO DOS NOMES SURGIDOS DURANTE CICLO DO CAFÉ
Resumo
O processo de nomeação está essencialmente ligado à história da sociedade e é a conexão entre língua, sujeito e história que
possibilita ao nome próprio significar. Nesse sentido, propomos a análise da designação dos nomes de rua no município de
Londrina-PR, na busca de compreender como o período denominado “Ciclo do Café”, fortemente marcado pela prosperidade
econômica, influenciou a nomeação de ruas dessa cidade. Para a fundamentação de nossa pesquisa, foram utilizados os
pressupostos teóricos formulados pela Semântica do Acontecimento, área de estudos da significação inaugurada por Eduardo
Guimarães, que considera as dimensões históricas, sociais, políticas e ideológicas da enunciação. Para Ranciére (1994), o
nome transcende a simples faculdade de classificação, possuindo a propriedade de identificar, de conferir singularidade. A essa
perspectiva, Guimarães (2002) acrescenta que a identificação não ocorre pela nomeação em si, apesar desta ser parte do
processo, mas pela designação do nome produzida a partir da relação linguística, que é simbólica, tomada na história e exposta
ao real. Por isso, esse processo de semantização dos nomes considera os sentidos como constituídos na enunciação que é
compreendida como um acontecimento histórico-social. Nomear, portanto, é rememorar a história. Com o desenvolvimento
deste trabalho, também, pretendemos cooperar com as pesquisas no campo da enunciação, configurando fatos de linguagem
que auxiliem na ampliação de pesquisas e discussões que envolvam a questão dos estudos enunciativos da nomeação.
MECANISMOS UTILIZADOS PELOS DESTINATÁRIOS DO DISCURSO PARA RECONHECIMENTO DAS RELAÇÕES DE
COERÊNCIA
Resumo
A coerência textual pode ser avaliada levando-se em conta, dentre outros aspectos, as relações estabelecidas entre segmentos
adjacentes na microestrutura textual (como orações, por exemplo, ou unidades de entonação, na língua falada) ou entre
segmentos de níveis mais altos (como porções de texto que atuam na macroestrutura textual). Um tratamento adequado a essa
questão das relações de coerência é oferecido pela RST (Rhetorical Structure Theory – Teoria da Estrutura Retórica), uma
teoria descritiva que tem por objeto o estudo da organização dos textos, caracterizando as relações que se estabelecem entre
as partes do texto. De acordo com a RST, as relações de coerência são implícitas e, portanto, são de sentido, e não de forma,
ou seja, as relações são estabelecidas e interpretadas independentemente de serem marcadas explicitamente por conectores.
Essas relações podem ser descritas com base na intenção comunicativa do enunciador e na avaliação que o enunciador faz do
enunciatário, e refletem as escolhas do enunciador para organizar e apresentar os conceitos. Nesta pesquisa, pretende-se
verificar quais os mecanismos utilizados pelos destinatários para o reconhecimento das relações quando não há conectivos.
Para isso, foram realizadas entrevistas com informantes, que analisaram porções textuais não sinalizadas por conectores, mas
por outros meios, como pontuação, correlação modo-temporal, conteúdo das porções textuais, paralelismo sintático, paráfrase,
inserção parentética, repetição, apresentação de evidências etc.
LETRAMENTO DE ALUNOS SURDOS: APRENDIZAGEM DA LÍNGUA PORTUGUESA COMO SEGUNDA LÍNGUA
Resumo
A aprendizagem de uma segunda língua percorre diversos caminhos, independentemente do gênero, da língua ou da
modalidade a ser utilizada. Os alunos surdos necessitam vivenciar mais que um simples agrupamento social inclusivo, mas,
sobretudo, o acesso ao conhecimento, tanto da Língua Brasileira de Sinais – Libras quanto da Língua Portuguesa na
modalidade escrita em contextos socialmente significativos. É importante que os aprendizes estejam em contato direto com
textos escritos em diferentes momentos de leitura, de escrita e de reconstrução para que ultrapassem o processo denominado
interlíngua, no qual perpassam diferentes estágios em que levantam hipóteses, constroem e reconstroem regras para alcançar
a proficiência. Portanto, é durante o processo de interlíngua que se estabelecem os seus novos conhecimentos, ou seja,
utilizam-se de estruturas e regras conhecidas na primeira língua para conferir segurança na nova língua. A busca de
alternativas e estratégias específicas de letramento com os alunos surdos, dentro de uma proposta multilíngue é um processo
em transformação, sendo imprescindível ultrapassar os caminhos da simples codificação e decodificação. Atualmente, um dos
maiores desafios da educação de surdos é estabelecer alternativas que oportunizem o processo de letramento na Língua
Portuguesa na modalidade escrita, consoante aos estágios de interlíngua que decorrem normalmente o aprendizado de uma
segunda língua.
MEMÓRIA DE AULA: DISPOSITIVO DE CONTROLE E DISCIPLINAMENTO
Resumo
Propõe-se, nesta comunicação, um olhar sobre a prática de escrita de Memórias de Aula (MA,) que supera a avaliação de
conteúdos apreendidos, considerando-a, então, como uma prática que ressalta os mecanismos de disciplinamento e controle
tanto do aluno quanto do professor. As MAs são textos escritos em ambiente escolar com o intuito de que o aluno reflita sobre
os conteúdos apresentados em sala e sobre a pertinência deles para a sua vida cotidiana e profissional. O objetivo é apresentar
reflexões que corroborem a ideia de que a MA não é apenas um instrumento de avaliação de conteúdos, mas um forte
dispositivo de controle e disciplinamento dos sujeitos que ocupam a posição aluno e professor em instituição de ensino superior
particular; além do mais, tais produções tendem a ressaltar as relações de poder dentro da escola uma vez que tal instituição
produz sujeitos e atua sobre suas ações. Conta-se com pressupostos teóricos da Análise do discurso francesa, bem como
estudos do filósofo Michel Foucault os quais contribuem para refletir sobre a posição sujeito e os mecanismos de controle e de
disciplinamento. A comunicação pauta-se em uma pesquisa qualitativa cujo corpus de investigação é composto por MAs
produzidas por alunos do primeiro período pedagogia no ano de 2013, em uma instituição privada de ensino superior do DF.
Neste sentido, a proposta desta comunicação é apontar reflexões que contribuam para a investigação da produção textual na
escola como uma atividade permeada por relações de poder que tendem a disciplinar e controlar os sujeitos envolvidos no
processo de ensino-aprendizagem.
O FANTÁSTICO EM SALMA FERRAZ: REAFIRMAÇÃO OU DESCONSTRUÇÃO DE ESTEREÓTIPOS?
Resumo
A literatura fantástica androcêntrica tem representado uma imagem preconceituosa da mulher em seus textos, associando-a a
bruxas, demônios, mulheres pecadoras, etc. Estas imagens, apresentadas pelas embaçadas lentes masculinas, depuseram
social e culturalmente contra o sexo feminino, pois ajudaram a sedimentar de forma residual um tipo de mentalidade na qual o
sexo feminino vem sempre associado ao mal, ao erro, ao diabo. Percebe-se que muitos dos construtos depreciativos do
feminino utilizados até hoje, como a símile com as bruxas e as serpentes, ou mesmo a comparação com os mitos de Pandora
ou de Eva ajudaram a forjar uma mentalidade negativa da mulher na sociedade com a significativa colaboração da obra literária.
Pensando neste sentido, este trabalho procura investigar de que forma a literatura fantástica de autoria feminina se difere
daquela feita por homens, se ela procura quebrar estes estereótipos negativos do feminino construídos no âmbito da literatura
fantástica. Para isso conta com a análise de dois contos fantásticos da autora contemporânea Salma Ferraz: O filho do além e
As máscaras de Téia, ambos pertencentes à coletânea de contos Ceia dos Mortos (2012), investigando se as mulheres destes
contos são representadas como sujeitos ou como meros objetos.
DA FORMAÇÃO À PRÁTICA: DISCURSOS DE PROFESSORES DE LÍNGUA INGLESA PARA CRIANÇAS
Resumo
Este trabalho constitui um recorte de nossa pesquisa de mestrado em andamento que tem como objetivo colaborar com a
reflexão de um grupo de professores de língua inglesa para crianças (LIC) – do qual somos participantes - sobre as práticas de
sala. A língua inglesa no contexto investigado, uma cidade do Noroeste do Paraná, foi implementada no Ensino Fundamental I
(1o à 5o ano) sem que os professores recebessem formação inicial e/ou continuada específica para o ensino de LIC. As
reflexões abordaram o tema de uso dos gêneros textuais (BRONCKART, 2003; CRISTÓVÃO, 2004) enquanto componentes da
prática para o ensino de LIC e foram discutidas por meio de grupos de estudos. Isto posto, neste trabalho apresentamos as
concepções identificadas nos dizeres dos professores envolvidos nos grupos de estudos - propostos como um espaço para
formação continuada, no que tange: 1) às suas representações sobre ensinar e aprender LIC e; 2) às formas que os
participantes acreditam que o ensino por meio de gêneros textuais possa se materializar e se efetivar no contexto investigado.
Os dados foram gerados por meio da gravação do primeiro grupo de estudos realizado e analisados sob a perspectiva teórica
metodológica do Interacionismo Sociodiscursivo (BRONCKART, 2003; 2007). Por se tratar de uma pesquisa em andamento,
esperamos que o resultado da análise dos dados nos aponte caminhos para contribuirmos para a construção coletiva de
possibilidades para o ensino de LIC no contexto investigado.
O TEXTO OÉTICO ROVADORESCO E SUAS MARCAS LINGUISTICAS
Resumo
Partindo das considerações da Linguística Textual sobre seu objeto o texto, podemos observar os componentes linguísticos
revelados pela superfície textual por meio dos critérios de coesão e coerência, que ligados aos fatores sócio-histórico-culturais
de produção, permitem-nos entender a organização do texto poético. Esse tipo de texto apresenta-se alicerçado na e pela
linguagem, embora também a transforme para produzir os efeitos desejados em sua constituição. Entendendo o texto poético
como uma unidade comunicativa que pode se revelar como um instrumento da poeticidade e, esta revelada na textualidade,
construída por meio das marcas linguísticas, é que pretendemos demonstrar existir uma relação intrínseca entre a linguagem
poética e o contexto situacional capaz de possibilitar ao poético revelar-se como instrumento de comunicação e informação.
Optamos por abordar de modo particular as cantigas de amigo de Dom Dinis, não só pela importância desses textos no
contexto da lírica trovadoresca, mas também pela organização textual, em que os mecanismos de conexão sequencial
estabelecem a coesão interna da cantiga. Dessa forma, partimos da noção de texto como um todo, ou seja, uma unidade
completa de sentido, em que os mecanismos de organização microestrutural revelam aspectos histórico-sociais,
propiciando-nos entender a língua e o homem do período trovadoresco, representado pela estrutura temática e informacional,
em que os mecanismos de conexão sequencial e o formalismo estético-linguístico estabelecem a coesão interna da cantiga e
garantem as relações com o processo histórico.
NARRATIVA JUVENIL BRASILEIRA E GALEGA: UM ESTUDO COMPARATIVO
Resumo
Discutir sobre uma literatura juvenil no âmbito brasileiro não é tarefa simples. Ceccantini (2010) aponta três momentos
importantes quando nos referimos a uma literatura para jovens leitores. O primeiro deles compreende o início da década de 70,
período em que ela passa a ser reconhecida. Já o segundo, por seu turno, do final da década de 70 à década de 90, é possível
observar a afirmação dessa literatura no mercado editorial e os textos começam a ganhar evidência, isto é, a qualidade estética
começa a ser alcançada pelos escritores da época. E, por último, refere-se ao século XXI, cujas mudanças são evidentes,
dentre elas a modificação da materialidade dos livros, as temáticas abordadas, especialmente a presença de temas tabus e
questões relevantes à identidade. No que tange à literatura juvenil galega, Roig Rechou (2004) revela que do período da
metade da década de 90 até a atualidade, podemos observar grandes inovações na produção literária para jovens leitores, bem
como uma preocupação por parte dos mediadores para a difusão dessa literatura e, sendo assim, os temas e a materialidade
das obras sofreram avanços significativos. Nesse sentido, o intuito de nossa tese de Doutorado é realizar um estudo
comparativo entre a literatura juvenil brasileira e literatura juvenil galega no que concerne aos temas utilizados pelos dois
sistemas literários ao longo de suas trajetórias, selecionando, posteriormente, para o corpus de análise, narrativas literárias
contemporâneas. Portanto, nesta comunicação, privilegiaremos um recorte da parte histórica, da formação e do
desenvolvimento da literatura juvenil brasileira e galega, ressaltando semelhanças e divergências entre ambas.
COMPORTAMENTO PROSÓDICO DAS COMPARATIVAS DESGARRADAS
Resumo
Com base em Decat (2011), investiga-se, neste trabalho, o comportamento das cláusulas hipotáticas comparativas que ocorrem
isoladas como enunciado independente ou de “maneira solta”, sem vínculo com a oração nuclear, fenômeno que a autora
denominou de “desgarramento”. Partindo do conceito de unidade informacional, tal como postulado por Chafe (1980),
analisam-se, no corpus Roteiro de Cinema, disponível no site www.roteirodecinema.com.br, ocorrências de cláusulas
comparativas que se materializam linguisticamente na modalidade escrita do português do Brasil como estruturas de
“desgarramento”, constituindo, por si mesmas, unidades de informação à parte. Assim, com base no áudio dos filmes
analisados, objetiva-se, neste trabalho, analisar o comportamento prosódico de cláusulas hipotáticas comparativas desgarradas,
com o intuito de verificar se há diferenças entoacionais significativas entre essas cláusulas e as que se articulam formalmente à
cláusula nuclear. Para tanto, além dos pressupostos teóricos do Funcionalismo encontrados nos trabalhos de Chafe (1980),
Decat (2011) e Moura Neves (2003), serão utilizados, ainda, os princípios da Fonologia Entoacional, encontrados em
Pierrehumbert (1980) e Ladd (1996), e da Fonologia Prosódica, encontrados em Nespor e Vogel (1994) e Frota (2000). A
análise instrumental será realizada no programa computacional PRAAT, afim de que se verifique o comportamento dos
parâmetros prosódicos em toda a extensão dos sintagmas entoacionais dos quais as cláusulas fazem parte.
A VONTADE DE VERDADE EM A CAVERNA DE JOSÉ SARAMAGO
Resumo
Para o desenvolvimento da presente proposta de pesquisa pautaremos nos estudos da análise do discurso (AD) de linha
francesa e nos estudos realizados por Michel Foucault que, apesar de não ser analista do discurso, suas discussões são
relevantes para as pesquisas realizadas a partir desse escopo teórico. De acordo com a AD o sujeito é descentrado, clivado,
heterogêneo, apreendido em um espaço coletivo e não é constituído em uma individualidade e sim a partir de uma coletividade
que o subjetiva. Dessa forma, os discursos estão sempre em movência, pois sofrem a todo o momento alterações decorrentes
das mudanças históricas e das transformações sociais. Percebemos que a constituição dos discursos é envolvida por uma
gama de aspectos que apontam para a sua complexidade. Assim, Foucault, no decorrer de suas discussões esclarece que não
existem objetos pré-estabelecidos, tais como a loucura, a sexualidade e outros. Isso quer dizer que eles são construídos
discursivamente e que obedece a determinadas regras que são constituídas historicamente. Com isso, não existe uma
“verdade” verdadeira ou falsa, o que temos é uma construção discursiva. A partir das considerações proferidas acima, o objetivo
da apresentação será problematizar como se articula a constituição da subjetividade do sujeito Cipriano Algor personagem
central do romance A caverna (2000) de José Saramago, bem como a construção discursiva da “verdade” na obra em questão.
Nesse momento, buscaremos compreender como a constituição da subjetividade desse personagem está relacionada com uma
vontade de verdade, visto que no momento são questionadas algumas verdades e outras são postas no lugar.
O USO DESGARRADO DE CLÁUSULAS HIPOTÁTICAS CIRCUNSTANCIAIS NO PORTUGUÊS
Resumo
Este trabalho pretende investigar, com base nos pressupostos teóricos funcionalistas, o uso desgarrado de cláusulas hipotáticas
circunstanciais no português, especialmente no discurso escrito produzido por estudantes de Educação de Jovens e Adultos
(EJA). Instituído por Decat (1999), o rótulo desgarramento se refere a um fenômeno bastante frequente na língua, como mostra
o exemplo: “Parei no tempo, parecia que eu estava dormindo. Passando humilhação quando trabalhava na casa dos outros.
Minha mãe sempre disse para eu voltar a estudar, trabalhar de carteira assinada e me formar”. Exemplos como este não
encontram, no tratamento tradicional, uma análise que dê conta do seu real funcionamento nos discursos em que se inserem,
justamente pelo fato de a Gramática Tradicional apresentar somente um enfoque formal, com base, na maioria das vezes, na
língua escrita e no nível sentencial; some-se a isso o fato de a Nomenclatura Gramatical Brasileira (NGB) não tratar de certas
relações semânticas – caso do exemplo em destaque. No caso da EJA, especificamente, espera-se menor influência do
letramento escolar – e, portanto, das classificações impostas pela NGB – e maior liberdade por parte desses estudantes para
refletir acerca das relações existentes entre as orações. Assim, propõe-se uma caracterização um pouco mais ampla do
desgarramento que envolve a hipotaxe circunstancial, investigando, para isso, o tipo de relação que emerge entre as cláusulas,
bem como sua posição, sua forma e até mesmo a perspectiva discursiva em que estão inseridas. Em última instância, busca-se
somar reflexões sobre as práticas de produção textual e análise linguística inseridas no ensino de língua materna.
O TEATRO DIALÉTICO DOS ANOS 1990 NO COLETIVO ALFENIM: HISTÓRIA E NARRAÇÃO EM MILAGRE BRASILEIRO
Resumo
O presente estudo visa discutir as relações entre forma e conteúdo por meio de uma tradição dialética, que entende a forma
artística como conteúdo precipitado, ou seja, também com caráter histórico, mas com outra dinâmica, num ritmo mais lento e,
também, menos visível. Para tanto, pretende-se compreender a mediação entre formas artísticas e processos sociais a partir de
um estudo de uma peça teatral, a fim de apresentar algumas tensões e implicações históricas que o conduziram em direção ao
teatro épico. Tem-se como recorte as experiências do teatro brasileiro a partir da década de 1990, mais especificamente o
estudo da peça Milagre Brasileiro, do Coletivo de Teatro Alfenim, de João Pessoa (PB). Pretende-se apontar os recursos
estéticos desenvolvidos pelo grupo que proporcionaram o encurtamento da distância estética (Adorno) e, portanto, uma visão
mais crítica do espectador em relação ao processo de produção e de recepção da peça. A peça trata do período da ditadura
brasileira, justamente tentando dar voz ao desaparecido político, mas sem dramatizá-lo atribuindo-lhe uma história específica,
para não cair no perigo da identificação e sentimentalidade subjetiva. O que se pretende é olhar a história a contrapelo
(Benjamin), mantendo distância crítica sem perder a dor e o sofrimento desses insepultos, a espera por sua Antígona. Portanto,
esse processo se desenvolve a partir de uma leitura dos acontecimentos históricos sem a pretensão de criar um conflito
dramático tradicional. Essa discussão é das mais importantes para a releitura de um momento-chave de nossa história recente,
que vem sendo abafada até mesmo pela manutenção da lei da auto-anistia de 1979.
MANCHETES DE NOTÍCIAS SOBRE ABANDONO E INFANTICÍDIO: FÓRMULAS INDICIÁRIAS EM TORNO DOS GENÉRICOS
SOBRE A MATERNIDADE
Resumo
“Mulher joga filho na lixeira”. Manchetes como essa, que têm circulado com muita frequência nos mais diversos ambientes
midiáticos nos chamaram a atenção por vários motivos: pela regularidade com que têm aparecido desde o caso do bebê
encontrado na Lagoa da Pampulha, em 2006; pelos efeitos que causam nos interlocutores; e ainda pela relação com o
interdiscurso em torno da maternidade. Desse modo, neste trabalho pretendemos discutir parte da tese de doutoramento em
desenvolvimento intitulada “Mulher joga filho na lixeira: a discursivização da mulher-mãe na mídia a partir dos genéricos
discursivos e da psicanálise lacaniana”, sobretudo no que diz respeito à constituição do corpus, composto de 12 manchetes de
notícias sobre abandono ou infanticídio cometidos por mulheres em relação a seus filhos recém-nascidos ou pequenos, notícias
essas que foram divulgadas em portais da internet, em nível nacional. A "entrada" teórica que optamos para analisar esses
enunciados parte da Análise de discurso Pecheutiana (Pêcheux, 1975, 1981) e do conceito de genérico discursivo, proposto por
Tfouni (2004). Os genéricos discursivos podem ser compreendidos como fórmulas fixas que tendem a incluir algo particular e
torná-lo genérico, universal, tal como os provérbios, slogans e diferentes espécies de fórmulas encapsuladas. Os genéricos
apagam as marcas da enunciação, produzindo um efeito de sentido único, óbvio, natural. Desse modo, compreendemos o
funcionamento dessas manchetes como indícios de um processo discursivo em torno da maternidade que se ancora nos
genéricos que dão corpo ao interdiscurso.
MAPEAMENTO DOS ESTUDOS SOBRE O PIBID NA ÁREA DE LÍNGUA INGLESA: LACUNAS E PERSPECTIVAS
Resumo
O PIBID (Programa Institucional de Bolsas de Iniciação a Docência) teve seu surgimento no ano de 2010 com base em Lei nº
11.502/2007 que atribui a CAPES a indução e o fomento à formação para o magistério da educação básica. Além de este
programa ter um impacto na formação inicial de alunos licenciandos (JORDÃO, 2013; KADRI, 2013, 2014) também atinge a
formação continuada de professores da rede pública (MULIK, 2014). Nesse sentido, como forma de compreender os impactos
dessa política pública na educação brasileira, o objetivo deste trabalho consiste em mapear as pesquisas já realizadas sobre o
PIBID, especificamente dentro da área de língua inglesa. Para tanto, tomamos como base a biblioteca eletrônica Scielo, o
banco de teses e dissertações da CAPES e os anais dos dois principais eventos de linguística aplicada: CBLA (Congresso
Brasileiro de Linguística Aplicada) e o CLAFPL (Congresso Latino-Americano de Formação de Professores de Línguas) entre os
anos de 2011 e 2013. Além disso, relatamos duas publicações editadas pela Pontes no ano de 2013 que também abordam
questões relacionadas ao programa. Dentre os trabalhos/estudos pesquisados encontramos reflexões acerca do programa
principalmente relatando experiências nas escolas participantes, o desenvolvimento de atividades a partir de pressupostos
teóricos específicos e possíveis impactos na formação inicial. No entanto, ainda percebemos algumas lacunas sobre questões
que podem ser explorados para que seja possível compreender a dinâmica dessa política pública e o que ainda deve ser
implementados para que o PIBID traga impactos ainda mais positivos para a educação dentro de uma perspectiva
crítico-transformadora.
ALGUMAS REFLEXÕES SOBRE AS NARRATIVAS LITERÁRIAS E SUAS ADAPTAÇÕES PARA OS JOGOS ELETRÔNICOS:
POSSIBILIDADES PARA O LETRAMENTO LITERÁRIO
Resumo
Neste trabalho procuramos compreender produções ficcionais que se vinculam às inovações tecnológicas, especificamente os
jogos eletrônicos que são adaptações de obras literárias. A discussão é feita a partir da análise do jogo “O Cortiço”, parte
integrante do projeto “Livro e Game”, patrocinado pela Fundação Telefônica, que, por sua vez, contempla as adaptações de
outras duas obras além de “O Cortiço”, a saber, “Memórias de um Sargento de Milícias” e “Dom Casmurro”. Tais produções
objetivam promover o acesso à literatura brasileira por meio da cultura digital. Devemos considerar que o sistema literário é
composto por suas instâncias, que, conforme Lajolo e Zilberman (1999), operam pela adequação a uma determinada tecnologia
de produção e distribuição da literatura, por uma legislação regulamentadora, pela formulação de uma política educacional que
promova o letramento necessário para o consumo dos textos literários, e por uma “formação discursiva coesa e unitária, embora
às vezes polêmica, que legitima a literatura”, seja “atribuindo à literatura características de entidade autônoma e auto-suficiente”,
seja “identificando nela marcas do desenvolvimento histórico das forças produtivas”, tais práticas discursivas legitimam o valor da
literatura, institucional e socialmente. Desse modo, pretendemos discutir, neste trabalho, alguns aspectos que envolvem a
produção de jogos eletrônicos que objetivam o letramento e a valorização da obra literária enquanto bem cultural e procuramos
apontar alguns elementos desafiadores que permeiam o processo adaptativo de uma obra literária para um jogo eletrônico, em
termos de essência e funcionalidade.
A ENUNCIAÇÃO NO TEXTO DE TEATRO
Resumo
Este resumo tem por objetivo levantar algumas considerações a respeito da complexidade do processo enunciativo no texto de
teatro. O teatro é um trabalho escrito por um autor para ser dramatizado, ou seja, existem duas instâncias de texto: um texto
escrito para ser lido por um leitor e um texto para ser encenado por um ator e dirigido por um diretor, responsável por adaptar a
obra literária para o palco. Entendemos que a enunciação é “o ato de produção do discurso, é uma instância pressuposta pelo
enunciado (produto da enunciação)” nas palavras de Fiorin (2006, p.55). Consideramos que o discurso é um conceito idealizado
a partir de uma dupla perspectiva, primeiro enunciativa e depois material, o espaço e o tempo da enunciação. Para
compreendermos o significado de discurso no texto teatral, utilizamos os estudos conduzidos por Issacharoff em Le spectacle
du discours (1985). O autor salienta que é necessário entender o que singulariza o uso teatral da linguagem, a partir de
enunciados (dimensão verbal) até a dimensão não verbal (dimensão visual). No teatro, o discurso é literalmente posto em cena.
Dessa maneira, assumimos como discurso toda manifestação concreta da atividade da linguagem (verbal e não verbal),
realizada em situações e contextos diversos. Enquanto um enunciado comum remete diretamente a um contexto físico
perceptível, os textos literários constroem cenas enunciativas por meio de um jogo de relações internas no próprio texto. O
narrador de ficção é um ser textual, pois as características são definidas somente pela narrativa. No teatro, por outro lado, dizer
é fazer, pois a palavra dramática é posta em serviço da ação por meio da linguagem.
PERCURSOS E RUPTURAS DA LITERATURA BRASILEIRA: A POÉTICA DE PAULO LEMINSKI (1944-1989) E A BUSCA
POR UMA LINGUAGEM AUTÔNOMA
Resumo
A proposição aqui exposta pretende lançar perspectivas acerca do trabalho poético-ensaístico do poeta paranaense Paulo
Leminski (1944-1989), tendo em vista as discussões teóricas e críticas que lança acerca da Literatura Brasileira, do fazer
poético e principalmente questões que envolvem a linguagem enquanto campo de conflitos e experimentação cultural. Neste
sentido, temos como objeto de estudo científico alguns recortes de Ensaios e Anseios Crípticos (1997), numa tentativa de
destacar a constante preocupação do poeta no que se refere à língua – em especial a portuguesa, mas não exclusivamente – e
à linguagem poética, elementos que o inserem no campo da crítica e da história da literatura nacional, ressaltando a
contribuição significativa que suscita no desenvolvimento de um campo literário autônomo e culturalmente expressivo. Nas
décadas de 1960 e 1970, a Literatura Brasileira parece caminhar para uma descentralização tanto de produção poética quanto
da própria crítica. Inserido sob a alcunha de poesia marginal, a obra de Paulo Leminski emerge nos conflitos destas décadas, e
exige a retomada de questões fundamentais referentes à história da formação da Literatura Brasileira, sua crítica e a constante
movimentação dada à linguagem em busca de um campo literário autônomo. Assim, do mesmo modo que são necessárias
re-discussões sobre o conceito de Literatura Marginal, as obras de Paulo Leminski carecem de estudos mais pontuais,
principalmente se tratando de sua obra poética e ensaística; já que os estudos mais comuns a respeito do poeta estão focados
principalmente na experimentação da língua do romance-ideia Catatau (2011).
QUIEN ESCUCHA SU MAL OYE, DE JUANA MANUELA GORRITI - ANÁLISIS Y TRADUCCIÓN
Resumo
La autora argentina Juana Manuela Gorriti, que nació en 1818, en la provincia de Salta, y falleció en 1892, representó una figura
literaria relevante y reconocida no solo en su país de origen, sino también en Bolivia, Perú y en países de lengua inglesa. Sin
embargo, su obra todavía no fue traducida al portugués, lo que conlleva al poco conocimiento y citación de la obra de la autora
en trabajos académicos brasileños. En este sentido, con el fin de divulgar la autora y su obra, se creó en la Universidade
Federal do Rio Grande (FURG) el proyecto de investigación “Juana Manuela Gorriti: análisis y traducción”, coordinado por la
profesora Daniele Corbetta Piletti. Participan del proyecto estudiantes y profesores del curso de Letras Portugués-Español de la
Universidade Federal do Rio Grande. El proyecto, además de tener el objetivo de divulgar la obra de la autora por medio de la
traducción de su obra a la lengua portuguesa, posee fines didácticos, literarios, lingüísticos y culturales de enseñanza y
aprendizaje. Así, este trabajo objetiva presentar muestras de las traducciones hechas, relatos con relación al proceso de
traducción y un análisis literario del cuento “Quien escucha su mal oye”. En este sentido, en el proyecto, la traducción es
enfocada como un recurso didáctico capaz de permitir el desarrollo del aprendizaje de la lengua española como lengua
extranjera por parte de los estudiantes del idioma que integran el proyecto.
RASTROS DE VERDADE E FICÇÃO EM CORDILHEIRA DE DANIEL GALERA
Resumo
O que aconteceu no mundo e no Brasil que permitiu a formação de uma nova geração de escritores tão bem aceitos pelo
público e pelo mercado? Que história eles contam? Há arrojo literário em suas palavras? De que forma eles nos dizem? O que
suas obras testemunham? O que significa esse narrativa que parece despretensiosa, mas que ao mesmo tempo obriga o leitor
a seguir seus rastros, juntar as pistas (mesmo que falsas)? Em que medida o leitor, como cúmplice, é também vítima e
testemunha de seu tempo? Para analisar estes fenômenos, a obra escolhida de Daniel Galera foi “Cordilheira”, lançada pela
Companhia das Letras em 2008. Este livro faz parte de um projeto chamado “Amores Expressos”. A editora convidou e
contratou alguns autores brasileiros contemporâneos para passar uma temporada em alguma cidade, em sua maioria no
exterior, neste novo ambiente, os autores precisariam aprimorar o olhar para a realidade, a cultura, a ética, a vivência, o idioma,
os cheiros, a vida e, por fim, retornarem ao Brasil tendo escrito um livro com a temática do amor. Anita é a protagonista. Em
uma saga pela Argentina ela junta os estilhaços do seu corpo e da sua alma. Recolhe pistas no decorrer do caminho.
Reconhece suas palavras, testemunha um tempo diluído em perdas e desencontros onde o único meio de continuar viva é
através da reinvenção a linguagem, da compreensão de que comunicar é um desafio e assumindo os próprios fracassos, reais
ou ficcionais. O leitor também cruza a Cordilheira, é cúmplice neste processo de construção de sentido e é responsável por
estabelecer sua própria percepção deste momento literário e histórico.
AULAS DE CONVERSAÇÃO INDIVIDUALIZADAS EM LÍNGUA INGLESA: CONVERSA COTIDIANA OU FALA
INSTITUCIONAL?
Resumo
O presente estudo teve como principal objetivo verificar se as aulas de conversação em Língua Inglesa (LI) são capazes de
gerar, de fato, conversas que se assemelham a conversas cotidianas ou se caracterizam-se como fala institucionalizada. Para
tanto, em nosso referencial teórico, partiu-se dos postulados de Sacks, Schelegoff e Jefferson acerca das características mais
aparentes de fala-em-interação cotidianas, chamadas de “fatos gerais aparentes”. Além disso, apresentamos também as
características da fala-em-interação institucional, conforme mostram Drew e Heritage e Garcez. O corpus deste estudo
constitui-se de gravações em vídeo/áudio de aulas ministradas a 3 alunos particulares da pesquisadora. Tais aulas são
voltadas, principalmente, à prática oral. A análise foi conduzida à luz da ACE (Análise da Conversa Etnometodológica). Por
meio dela, pudemos constatar que, embora haja uma tentativa, por parte dos interagentes, em se manter uma organização
discursiva próxima da conversa cotidiana, há ainda muitas características da fala-em-interação institucionalizada nos contextos
de ensino/aprendizagem estudados.
CHAPEUZINHO VERMELHO E O NASCIMENTO DE CRIANÇAS LEITORAS
Resumo
O clássico Chapeuzinho Vermelho foi o ponto de partida para ações desenvolvidas com vinte e oito alunos de cinco anos, em
uma escola municipal de Rondonópolis-MT. O grupo vivenciou seis experiências a partir de diferentes gêneros e suportes. Por
meio da pesquisa-ação e da narração autobiográfica, objetivou-se desenvolver nas crianças uma imagem positiva de si;
aumentar as possibilidades de interação; e utilizar linguagens múltiplas. Primeiramente, as crianças foram convidadas a contar
a história sem o livro nas mãos e depois com este suporte, por fim, a pesquisadora realizou sua leitura e fizeram pinturas com
tinta gauche. O segundo momento privilegiou a contação coletiva do clássico a partir de um livro de imagens grafitadas; depois,
em duplas, desenharam cenas para a montagem de um livro. No terceiro bloco, foram lidas três versões do clássico e, ao se
surpreenderem com a possibilidade das diferenças, no quarto momento, criaram sua própria versão. Também assistiram ao
filme Deu a louca na Chapeuzinho e realizaram uma roda de conversa. Por fim, foi lido o livro Chapeuzinho Vermelho e o
arco-íris – uma história sem lobo. Inúmeros foram os ganhos: as crianças tiveram a oportunidade de ouvir e falar; houve a
criação do vínculo afetivo quando um dos alunos ao “ler”, muito tímido, necessitou do apoio moral da pesquisadora; além disso,
a presença do livro também foi estimulante. Enfim, os diferentes suportes e gêneros usados com a temática Chapeuzinho
Vermelho foram enriquecedores e oportunizaram observação, análise e criação artística, bem como que as crianças
“cutucassem” sua imaginação e desejassem vivenciar outras leituras, favorecendo, assim, o nascimento de leitores.
CRÔNICA NA WEB: REFLEXÕES SOBRE A MEMÓRIA NAS CRÔNICAS DE MARINA COLASANTI
Resumo
A crônica está presente nos meios de comunicação, principalmente no jornalismo impresso, mas também está nos portais de
notícia, nos blogs, nas redes sociais, enfim, na internet. A escrita cronística, texto híbrido que une jornalismo e literatura, ainda é
uma narrativa curta comprometida com o efêmero. Situamos nossa análise da crônica e seus suportes, nos voltando para a
web. Com o objetivo de discutir as possibilidades de publicação, como meio de intervenção nessa escrita e, assim estudar como
a crônica se comporta diante dos espaços onde está inserida. Tomamos como norte as crônicas de Marina Colasanti, onde a
memória se inscreve. A autora caracteriza-se por uma escrita multifacetada, tanto na produção de textos jornalísticos como
literários. Dessa forma, pretendemos fazer um diálogo da crônica publicada no jornal impresso, sua inserção no livro e na
internet. Utilizaremos algumas crônicas do livro Os últimos lírios no estojo de seda (2006) e do blog Marina Manda Lembranças.
Para essa discussão utilizaremos como referencial teórico: quanto à crônica, Jorge de Sá (2005), Massaud Moisés (1987), Flora
Bender e Ilka Laurito (1993). Sobre a relação de jornalismo e literatura, Gustavo de Castro e Alex Galeno (2002) e Marcelo
Bulhões (2007). No que diz respeito à Cibercultura, recorremos aos estudos de Pierre Lévy (1999) e André Lemos (2002). E
sobre a relação dos suportes textuais: o percurso do livro até revolução eletrônica com Roger Chartier (2009); a literatura e sua
relação com as novas mídias em N. Katherine Hayles (2009). Quanto aos estudos da memória recorremos à Ecléa Bosi (2001)
e Maurice Halbwachs (2012), este associa a memória a uma experiência social, coletiva.
O OUTRO MUNDO DE ADÉLIA PRADO: MEMÓRIA, INFÂNCIA E MÃE NA POÉTICA ADELIANA
Resumo
Este estudo tem enfoque na obra de Adélia Prado, escrita surgida no cenário literário brasileiro no decênio de 1970, trazendo à
baila uma nova atitude poética, caracterizada, sobretudo, pelo discurso configurado num tom prosaico, e representativo do
elemento mínimo sobre o qual a escritora constrói as interrelações dos seus seres ficcionais, que é o cotidiano provinciano.
Nesse discurso, em que a província é o espaço, o tempo vigente é o da memória, que possibilita ao sujeito uma mobilidade
dentro do próprio imaginário, de onde são recuperados lugares, objetos e seres referentes aos momentos da infância. Entre
esses seres, o que figura com mais frequência nessa obra é aquele cuja representação interessa a este trabalho, portanto o da
figura materna. Empreende-se aqui a tentativa de discutir qual o papel dessa personagem mãe na infância do eu lírico e
ficcional enunciador da poética adeliana, tendo por basilar a narrativa da novela Quero minha mãe (2005). Segue-se aqui uma
abordagem comparativa, recorrendo-se ao diálogo com autores que dissertam sobre infância, Literatura e constituição da
subjetividade, sejam Lauwe (1991), Coutinho (2012), Freud (1931/1933), entre outros. Em síntese, observou-se nesta discussão
que, na obra de Adélia, os fundamentos da personalidade e da sexualidade remetem à infância, e estão relacionados,
especialmente, à figura materna, ser rememorado pelo seu olhar de mando e medo, num texto carregado de culpa.
BUSCAS NA INTERNET: ALCANCES E LIMTES NAS PESQUISAS EM ANÁLISE DO DISCURSO
Resumo
Ao observar que a maioria das pesquisas recentes em análise do discurso apresentam, na sua parte metodológica, expressões
como “buscando no Google”, “pesquisando na internet”, “verificando em sites”, “analisando postagens em redes sociais”, inferi
que seria crucial aprofundar o modo como os analistas tratam os seus dados. Tais dados estão em diversas modalidades e
envolvem análises de pequenas frases, slogans, charges e outras formas de humor, cartazes, vídeos com propagandas etc.
Assim, considerando a natureza diversa dos dados e as novas práticas dos analistas, coletei um conjunto de publicações
representativas de trabalhos de pós-graduação (30), artigos de congresso (30) e capítulos de livros especializados (30) no
sentido de investigar como a exploração da internet com seus mecanismos de busca está sendo realizada. Examinei as
estratégias e os recursos empregados, comparando-os com possibilidades atuais e como atendem aos objetivos das pesquisas,
chegando aos seguintes itens a serem considerados para otimização do trabalho do analista: época em que o pesquisador
realizou seu trabalho e definição dos recursos digitais à disposição, cuidado com a interpretação de sintagmas e significantes de
diversas ordens (uso de filtros e postura do analista como um interpretante razoável), dados que são buscados em um campo e
obtidos em outro, buscas que podem requerer um determinado efeito (mas não são obtidas em locais significativos), referências
a itens não mais presentes na web e buscas considerando as pistas instantâneas de ferramentas de busca de modo muito
generalizado ou específico.
FINISMUNDO A ÚLTIMA VIAGEM E O PÉRIPLO HAROLDIANO
Resumo
O poema Finismundo a última viagem (CAMPOS, 1990), que narra a última viagem do heroi Odisseu; viagem esta que não é
retratada na Odisseia ([secVIII], 2011), de Homero, mas que foi apresentada por Dante Alighieri, na Divina Comédia
([aprox.1307-1321],1952), dialoga de modo íntimo e explícito com a tradição, recuperando temas homéricos, dantescos,
baudelaireanos e joicianos. Ao investigarmos os diálogos do poeta com a tradição literária, cuja influência é explicitamente
citada no corpo do texto, e a (re)significação contemporânea do mito de Ulisses, empreendida por Haroldo de Campos por meio
de uma leitura calcada na poética sincrônica, que atua na obra haroldiana, como provocação ao leitor, que é desafiado a reler
as obras clássicas no espaço contemporâneo de Finismundo, chamou-nos atenção a construção formal e utópica do poema,
que se contrapõe à proposta apresentada pelo próprio Haroldo de Campos em Depoimentos de Oficina (2002), onde ele afirma
ter imaginado Finismundo como poema “pós-utópico”. Dessa maneira, nossa proposta é investigar a estrutura formal do poema,
associando-a ao estudo crítico publicado por Haroldo de Campos em 1997, Poesia e Modernidade: Da Morte do Verso à
Constelação. O Poema Pós-Utópico, no qual ele afirma que não há mais espaço para as utopias. A nosso ver, Finismundo, o
poema transgressor de formas, sincrônico, concretista, deixa entrever que talvez haja no mínimo uma contradição entre o que
Haroldo diz como crítico e o que faz como poeta. (Bolsista CAPES)
#SOMOSTODOSMACACOS: UMA ANÁLISE DOS DESLIZAMENTOS DE SENTIDO SOBRE RACISMO NA MÍDIA
Resumo
No dia 27 de abril de 2014, o jogador de futebol Daniel Alves estava em campo quando foi atingido por uma banana. O ato
racista de um torcedor (e a resposta do jogador, que comeu a banana) gerou uma mobilização nas redes sociais. Iniciada por
outro jogador de futebol, Neymar, a hashtag #somostodosmacacos foi adotada por figuras populares, o que gerou respostas ora
de adesão ora de repulsa. Neste trabalho, ancorado na Análise de Discurso pêcheutiana, analisamos a repercussão do fato em
dois veículos midiáticos: as revistas Veja e Carta Capital. Entre as noções norteadoras da análise, trazemos a de Formação
Discursiva (Pêcheux, 2009), visto que é o que determina o que pode/deve ser dito e, ainda, como um objeto pode/deve ser
interpretado, ou seja, é de onde as palavras e expressões recebem seus sentidos. A partir dessa noção, trazemos a questão do
deslizamento, definido por Orlandi (2007) como condição para a constituição do sentido. Assim, tomando como corpus
sequências discursivas recortadas de artigos de revistas de posições editoriais distintas, a reflexão aqui proposta se centra nas
determinações e nos deslizamentos de sentidos. As sequências discursivas observadas, ao diferirem radicalmente entre si,
possibilitam sinalizar a existência não só de diferentes Formações Discursivas, mas também de uma relação de oposição que
leva a uma polissemia de concepções sobre o racismo, reveladas a partir de uma disputa por sentidos a respeito da hashtag
#somostodosmacacos.
A TRADIÇÃO RENOVADA DO POEMA EM PROSA NA CONTEPORANEIDADE
Resumo
O gênero “prosa poética” ou “poemas em prosa” está em constante mutação, por isso a relevância de levantar os dados sobre
os primeiros textos, fazer um percurso histórico e refletir sobre os conceitos de “prosa poética” e “poemas em prosa”, pois esses
estilos têm sido uma constante na literatura contemporânea, principalmente na obra de Nuno Ramos. Nessa perspectiva,
entende-se que pesquisar a tradição renovada do poema em prosa na obra de Ramos à luz de teóricos possa trazer à tona as
discussões em torno dessa tensão existente entre a prosa e a poesia, além de como essa fusão se realiza dentro da narrativa.
É importante salientar que o recorrente uso do estilo miniconto na literatura latino-americana já vem de uma longa tradição,
sendo que no Brasil os grandes pioneiros foram Oswald de Andrade, na década de 20, e Guimarães Rosa, nos anos 60. Essa
popularidade do texto curto demonstra uma fortaleza estética que só o imediatismo da realidade consegue sustentar. Devido à
existência dessa linha tênue entre a poesia que se impõe na narrativa e a prosa que acolhe a poesia, se torna mais difícil
demarcar o território no qual se encerra o poema em prosa e no qual tem início a prosa poética. O presente estudo pretende
focar na história da formação do poema em prosa e como esse gênero está sendo utilizado na contemporaneidade, por isso
houve a escolha pela leitura e análise da obra de Nuno Ramos e sua ligação com a obra de Charles Baudelaire. Com a análise
dessa ponte literária, numa perspectiva histórica, será possível compreender o processo de produção do estilo poema em prosa
na literatura do século XXI.
MOVIMENTOS DE MANUTENÇÃO/TRANSFORMAÇÃO NA POLÍTICA LINGUÍSTICA E EDUCACIONAL PARA SURDOS NO
BRASIL
Resumo
Esse trabalho lança olhar para o modo como linguagem e poder estão imbricados nas políticas linguísticas e educacionais para
os surdos no contexto brasileiro. Debates acerca da educação de surdos têm recentemente ganhado destaque no Brasil e o
ensino das línguas Libras e Língua Portuguesa tem ocupado centralidade nos processos que pretendem de algum modo intervir
frente às desigualdades sociais vivenciadas pelos surdos no contexto brasileiro. A lei que reconhece a Libras como meio legal
de comunicação e expressão no Brasil (Lei no 10.436/2002) e o decreto de sua regulamentação (Decreto nº 5.626/05)
trouxeram implicações que vislumbram em certa medida inovações nos processos de educação de surdos e colocam a Libras
como uma garantia de direito. Neste contexto, objetivo investigar, a partir de referenciais teórico-metodológicos da Análise
Crítica do Discurso (FAIRCLOUGH, 1992, 2003; VAN LEEUWEN, 2008), como ordens do discurso movimentam sentidos
acerca dos surdos e das línguas Libras e Língua Portuguesa em documentos que objetivam a formação de professores e
gestores para atuação com alunos surdos nas escolas da rede publica de ensino, produzidos pela Secretaria de Educação
Continuada, Alfabetização, Diversidade e Inclusão (Secadi), vinculada ao MEC. Esta análise integra um projeto maior de
pesquisa que investiga como ordens do discurso (gênero, discurso e estilo) moldam as práticas sociais institucionais de ensino
de línguas para surdos no Brasil e como esses discursos se relacionam com as dinâmicas de
reconhecimento/não-reconhecimento dos surdos no contexto brasileiro.
O GÊNERO FEMININO ENTRE SUJEITOS
Resumo
Escrever literatura requer um reconhecimento de valores e da matéria estética. Assim, juntamente com a prática de
representações humanas, há também a experimentação de diferentes pontos de vista. Quando a mulher desempenha o papel
de autora, cuja voz soa e ecoa a sua existência enquanto sujeito que expressa a consciência de si e do outro, as configurações
frente às desigualdades sociais ganham em exercício de liberdade e democracia. O conto de Nélida Pinõn “Ave do Paraíso”
narra uma estória de amor feita da presença e da ausência do homem na vida da mulher. Desse modo, cabe investigar a
maneira como as personagens são construídas pela voz autoral que apresenta a tensão emocional e abre o texto para
inusitadas possibilidades de leituras referentes à necessidade do gênero masculino para a configuração do feminino. Já o conto
“Despertar” de Heloísa Seixas, trata do momento de sonolência de uma mulher seguido de um forte apelo à consciência. O
presente estudo visa a investigação da representação de gênero e a sua (re) valorização social presentes nos contos. A análise
conta com a discussão do processo de “desnaturalização do gênero” proposta por Butler (1998) e a “dialética da
presença-ausência” apresentada por Derrida (2004).
ESTUDO FONOLÓGICO DA NASALIZAÇÃO DAS OCLUSIVAS EM POSIÇÃO DE CODA SILÁBICA EM MAWÉ
Resumo
A língua Mawé é uma língua isolada classificada como pertencente à família Mawé do tronco linguístico Tupi. Os índios Mawé
ocupam Terra Indígena Andirá-Marau, no médio rio Amazonas que abrange os municípios de Maués, Barreirinha e Parintins no
estado do Amazonas, e os municípios de Itaituba e Aveiro no estado do Pará. Autodenominam-se Sateré-Mawé, apresentam
uma organização cultural e social muito forte preservando a língua e os rituais de maneira bem definida apesar de mais de três
séculos de contato com os não indígenas. Os trabalhos sobre a língua se dividem naqueles feitos no passado por viajantes,
naturalistas e etnógrafos e os mais recentes são artigos sobre análise linguística pelo Summer Institute of Linguistic – SIL. Além
desses há também os trabalhos de Suzuki (1997), Franceschini (1999) e Silva (2005 e 2010). A fonologia da língua Mawé foi
descrita por Silva (2005 e 2010), estudo que teve como pressuposto teórico a abordagem fonêmica com base nos trabalho de
Kindell (1981) e Pike (1943 e 1947). O presente trabalho pretende contribuir com os estudos sobre a nasalização nas línguas
indígenas brasileiras, mais especificamente com os estudos da língua Mawé, subsidiando assim não só discussões acerca dos
sistemas ortográficos propostos para a língua Mawé, mas também discussões sobre o fenômeno da nasalização nas línguas
indígenas em geral. Tal análise será construída a partir da abordagem teórica de Piggot (1992 e 1996) e do conhecimento de
outras línguas Tupi e Tupi-Guarani, seguindo as abordagens de Costa (2003) para o Nhandewa-Guarani e Cardoso (2008) para
o Guarani-Kaiowá.
A IDEOLOGIA DE JORGE LUÍS BORGES EM TORNO DO GOVERNO PERONISTA PRESENTE EM SUA OBRA
Resumo
O governo Perón foi tema da ficção de vários escritores da América do Sul. Sua representação oscila entre a canonização e a
demonização. Outros, porém, de acordo com Burgos (2007) apontam para uma análise da fantasia que o próprio governo Perón
criou para si próprio, a fim de sustentar a ideologia que o embasa. Jorge Luís Borges está entre eles. Neste presente trabalho,
analisaremos a perspectiva ideológica de Borges em torno de Perón e dos mecanismos que usa para sustentar as ideias de seu
governo, considerado nacionalista e populista. O escritor argentino, anti peronista e antinacionalista convicto, discorda da ideia
de nacionalismo que o governo Perón prega, pois, na sua visão, é nocivo, porque estimula o ódio entre nações, diferentemente
do sentimento nacional benéfico, o qual reconhece sua verdadeira identidade, sem simulacros e fantasias. Essa ideia remete à
construção da identidade da Argentina como nação tendo como um de seus pressupostos o governo Perón e suas
características. Nesse contexto, pensamos no conceito de identidade postulado por Benedict Anderson (2008), o qual afirma
que não existe identidade nacional verdadeira ou falsa, mas sim, imaginada, pois não é possível conceber uma perspectiva que
defina todos os habitantes de um país. Logo, o Governo Perón construiu uma perspectiva imaginária enaltecedora do país e de
seu próprio mandato, populista e nacionalista. Desse modo, considerando a visão que Borges imprime em suas obras em torno
de Perón e de sua discordância com o nacionalismo pregado por ele, entendemos que o conceito de nacionalismo de Borges é
semelhante ao que Raymond Williams (2007) postula sobre nacionalismo.
SEQUÊNCIA DIDÁTICA PARA O TEXTO DRAMÁTICO: CONTRIBUIÇÕES AO ENSINO DE GÊNEROS
Resumo
Este trabalho integra uma pesquisa maior, em nível de doutorado, fundamentada na vertente didática do ensino de gêneros
(DOLZ, NOVERRAZ; SCHNEUWLY, 2004) e na proposta modular para produção de leitura e escrita de gêneros discursivos
(LOPES-ROSSI, 2002, 2006, 2011, 2012). O recorte selecionado para esta comunicação visa a apresentar atividades
desenvolvidas em uma sequência didática, em torno do gênero texto dramático, com alunos do 8º ano de uma escola da rede
pública de ensino, de Maringá-PR, nas aulas de língua portuguesa, totalizando 30h/a. A sequência didática buscou promover o
seguinte percurso de recepção/produção de textos: 1) assistir a uma peça em um teatro da cidade; 2) ler a peça de teatro a que
assistiu; 3) escrever, coletivamente, o próprio texto dramático; 4) encenar o texto que escreveu em um teatro da cidade. Para
atender cada um desses itens, foram elaboradas atividades organizadas em quatro módulos: I) motivação – atividades de
sensibilização do gênero proposto e de seu domínio discursivo (teatro); II) produção de leitura – atividades de reconhecimento e
apreensão das características do gênero; III) produção escrita – atividades de escrita do texto dramático e IV) circulação –
atividades para divulgação da produção escrita e da produção oral do texto dramático. A intervenção didática realizada permitiu
aos alunos uma vivência dramatúrgica completa, fazendo-os experimentar os papéis de plateia, leitor, autor, ator e produtor;
possibilitou, também, o desenvolvimento de habilidades linguístico-discursivas, comunicativas, interacionais e expressivas,
exercendo-as ao escreverem, de modo coletivo e reflexivo, o texto dramático que enceram.
AS PERSONAGENS FEMININAS AUTÔMATAS EM “O CAPITÃO MENDONÇA” DE MACHADO DE ASSIS, E O HOMEM DA
AREIA, DE E.T.A. HOFFMANN: UMA ANÁLISE COMPARATIVA
Resumo
O presente artigo consiste em uma análise do conto “O Capitão Mendonça”, de Machado de Assis (1839-1908), considerando-o
um texto “fantástico-estranho”, a partir do que Tzvetan Todorov aponta em Introdução à Literatura Fantástica, que permite o
reconhecimento da “narrativa encaixada” e da “narrativa encaixante” na obra machadiana em questão, além de marcas que
caracterizam o fantástico e mais especificamente, o estranho. Concomitantemente a essa análise do conto, apresento uma
comparação entre sua personagem feminina, Augusta, com a personagem feminina Olímpia, referente ao conto também
fantástico “O Homem da Areia”, do búlgaro E.T.A. Hoffmann (1776-1822), tratando-se ambas as personagens, de seres
autômatos, cujas características serão enfatizadas neste estudo. Diante principalmente dessa relação entre as duas
personagens autômatas, cujos olhos se apresentam como detalhes extremamente relevantes nas narrativas, torna-se clara a
influência que Hoffmann exerceu na elaboração dessa obra machadiana, que pertence ao período inicial de escrita desse
grandioso autor brasileiro.
AÇÃO INTERCULTURAL NA FRONTEIRA
Resumo
O conceito de fronteira como lócus multicultural e como constituidora de identidades flutuantes (ABDALA JUNIOR, 2012) é
latente em ações e práticas realizadas na Universidade Federal da Integração Latino-Americana, em Foz do Iguaçu. Com
estudantes de várias regiões do Brasil e dos mais diversos países da América Latina, a interação neste espaço multicultural é
repleta de conflitos e de ações interdisciplinares e interculturais. Esta comunicação pretende discutir aspectos teóricos e
práticos de atividades realizadas na disciplina Ação Intercultural e no grupo de pesquisa Interculturalidade e Alteridades. A
relação das abordagens sobre cultura(s) com os cruzamentos de valores da vida urbana e da mídia fornecem subsídios críticos
para analisarmos a interação na/da fronteira, transformando uma fronteira geopolítica em uma fronteira ficcional. Canclini (2001)
afirma que “todas as culturas são de fronteira” e desta forma, todas as fronteiras são privilegiadas por serem híbridas e
complexas. Assim, esta comunicação pretende focalizar aspectos híbridos e complexos de ações realizadas em um espaço
multicultural e plural.
O FIM DO SEGUNDO MILÊNIO POR IGNÁCIO DE LOYOLA BRANDÃO: A SOLIDÃO DO HOMEM EM “A MÃO PERDIDA NA
CAIXA DO CORREIO"
Resumo
Levando em consideração a fala de Hanna Arendt acerca da possibilidade de humanidade no mundo, que, segundo ela, tem o
âmago “na presteza em compartilhar o mundo com outros homens" (ARENDT apud BAUMAN, 2004, p. 177), o presente estudo
tem como proposta observar a representação do final do segundo milênio feita por Loyola Brandão e, mais precisamente, a
solidão do homem no conto “A mão perdida na caixa do correio”, publicado em O Homem que odiava segunda-feira (1999). O
texto selecionado nos sugere inúmeras possibilidades de estudo, como por exemplo, a exposição do cenário urbano paulistano,
o absurdo no cotidiano da metrópole, a incomunicabilidade entre os homens ou ainda o interesse monetário nas relações
humanas, mas selecionamos como eixos para o presente trabalho, justamente por nos debruçarmos na fala de Arendt, a
desconfiança e a consequente solidão do homem urbano. Ainda que a tarefa pareça extensa para um trabalho de curto fôlego
como esse, veremos que os eixos temáticos escolhidos se relacionam e justificam-se entre si no conto, pois o texto nos
apresenta o homem solitário na multidão, que vive por si porque desconfia do outro e se amedronta frente ao futuro incerto (não
há mais confiança na promessa pública de bem-estar): “O mundo pós-moderno está-se preparando para a vida sob uma
condição de incerteza que é permanente e irredutível” (BAUMAN, 1998, p.32). Para tanto, além de Bauman, nos utilizaremos
das considerações feitas por Walter Benjamin em "Charles Baudelaire: um lírico no auge do capitalismo" (1938) e Gilles
Lipovetsky em Os tempos hipermodernos (2004) e em A Era do vazio (2005).
SOLIDÃO A DOIS: UMA ANÁLISE DO CONTO "CASAIS", DE JOÃO A. CARRASCOZA
Resumo
João Anzanello Carrascoza é um dos principais nomes do conto brasileiro contemporâneo. Há na prosa do escritor a vida se
revelando no banal, no prosaico, como uma epifania. Além dos sentimentos velados que transpiram afeto em cada palavra dita
ou não dita, os textos são perpassados pelos encantos do cotidiano, manifestados em uma escrita simples, cuja leitura flui sem
esforço. Há poesia na prosa de Carrascoza, mas uma poesia ao rés do chão, voltada para o dia a dia, de olhar atento e sensível
ao que nos é comum. “Casais” vai um pouco na contramão do que é típico de Carrascoza - é um dos contos mais duros de toda
a produção do escritor. Nele, a rotina de um casal se desdobra em frases curtas e diretas, formando um quadro muito objetivo,
mas profundo, da vida a dois. Dessa forma, o espaço privado da família vira um lugar de solidão acompanhada, fazendo com
que a literatura funcione como um retrato incômodo da intimidade atual - cheia de contradições que, assim como os
personagens da narrativa, muitas vezes não queremos ver. A fim de dialogar texto literário com reflexões acerca da intimidade e
relações afetivas, foram utilizados como base principalmente os argumentos de Anthony Giddens, Zygmunt Bauman e Mary Del
Priore.
ASPECTOS TEMÁTICOS E FORMAIS DA CONTÍSTICA INICIAL DE SAMUEL RAWET: UMA LEITURA DE “O PROFETA”
(1956) E “DIÁLOGO” (1963)
Resumo
O presente trabalho propõe um estudo temático-formal dos contos “O profeta” e “Diálogo”, publicados, respectivamente, em
Contos do imigrante (1956) e Diálogo (1963), os dois primeiros livros do escritor Samuel Rawet (1929-1984). Pretendemos
identificar e analisar os procedimentos literários e os valores temático-formais da escrita de Rawet em sua produção inicial no
gênero conto. Em função disso, buscamos contemplar, também, um breve estudo desse gênero literário para, a partir daí,
particularizar a análise desses dois textos representativos da contística inicial de Rawet. Nosso estudo investigará a articulação
dos aspectos temáticos aos aspectos formais dos dois contos escolhidos. Abordaremos temas e motivos que, acreditamos,
sintetizam o temário dos livros em que estão inseridos como, por exemplo, a solidão, o silêncio e a incomunicabilidade. Quanto
aos aspectos formais, abordaremos os procedimentos literários empregados por Rawet, como, por exemplo, a linearidade ou
não da narrativa, o uso de monólogo interior e/ou fluxo de consciência, o maior ou menor grau de apreensão dos
acontecimentos na fábula, a construção da personagem, a elaboração das figuras de linguagem.
LEITURA E ESCRITA ATRAVÉS DO PROUCA: O ENSINO DE PORTUGUÊS MEDIADO POR COMPUTADOR NA ESCOLA
PÚBLICA
Resumo
O projeto “Caminhos da Leitura Virtual pelo RS/Brasil: PROUCA, universidade, e escolas em rede de ensino, pesquisa e
extensão”, desenvolvido ao longo de dois anos pela PUCRS (Pontifícia Universidade católica do Rio Grande do Sul), foi foco de
pesquisa sobre o ensino de Língua Portuguesa mediado por computador. Nesse sentido, este trabalho apresenta um recorte
dos resultados do projeto e evidencia o trabalho com textos instrucionais com alunos do 7º ano do Ensino Fundamental numa
proposta de ensino de leitura e escrita. A hipótese inicial era de que o ensino de leitura mediado por computador contribuiria
para o ensino da leitura em sala de aula, uma vez que as avaliações oficiais sobre a compreensão leitora apresentam
resultados insatisfatórios. Para tanto, um software foi desenvolvido e implantado nos computadores dos alunos de duas escolas
municipais, uma de Porto Alegre e outra de Novo Hamburgo, contempladas pelo programa do governo brasileiro Um
Computador por Aluno (UCA); os professores receberam formação teórica e prática sobre como ensinar português utilizando
tecnologias dessa natureza em sala de aula e os alunos fizeram testes antes e depois da aplicação do projeto. Os resultados
indicam em que medida a compreensão leitora evoluiu neste processo e revelam o desempenho dos alunos na leitura do
gênero textual proposto bem como a escrita deste gênero. Assim, a pesquisa trouxe como implicações o ensino de leitura de
textos instrucionais mediado por computador como um mecanismo que contribui para o aprimoramento da compreensão leitora
no uso de tecnologias para o ensino de Português nas escolas.
DISCURSO SOBRE VIOLÊNCIA: EFEITOS DE SENTIDO EM TORNO DO SIGNIFICANTE MADRASTA EM REVISTAS
SEMANAIS
Resumo
O objeto desse trabalho é o discurso espetacularizado da notícia sobre a violência no espaço urbano, em especial, os que
envolvem a violência familiar e a figura discursiva da madrasta e, para lançarmos olhares para o espetáculo que se evidencia
em forma de notícias dessa natureza nossas análises se darão a partir da constituição do arquivo mobilizado por nós que é
composto pelas reportagens que circularam em revistas semanais da mídia contemporânea e recortaram/interpretaram o
assassinato de Isabella Nardoni pelo pai e pela madrasta. Alicerçado nos pressupostos teóricos da Análise de Discurso de linha
francesa, de vertente pecheuxtiana, este trabalho tem por objetivo evidenciar os discursos de (memória) que sustentam e
atualizam discursos referentes à violência familiar, que funcionam como memória, sustentando/atualizando o discurso sobre,
que recobrem a atualidade. O corpus estrutura-se por reportagens de capa veiculadas pelas revistas semanais brasileiras, a
saber Veja, Época e IstoÉ e textos-imagem veiculados pelos semanários, em especial a Veja, que se utiliza de infográficos para
a reconstituição do crime. Essas materialidades, recortadas em função de nossos objetivos, discursivizam a cena do crime, a
madrasta, o pai e Isabella. Os discursos que sustentam e atualizam o efeito de atrocidade e o naturalizam estruturam-se por
enunciados-imagens, pela construção discursiva e imaginária da madrasta, advinda dos contos de fada.
NARRADOR, FOCALIZAÇÃO E TEMPO: DESVENDANDO SENTIDOS
Resumo
Embasados na teoria literária propomos a discutir o relacionamento entre narrador, focalização e tempo no interior de uma
trama. Para tanto, escolhemos os contos "A metamorfose" de Franz Kafka e "Insônia" de Graciliano Ramos; levando em
consideração, contudo, que tais narrativas apresentam os pontos de vista heterodiegetico e autodiegetico, respectivamente.
Neste sentido, estamos utilizando a terminologia realizada pelos estudos de Gérard Genette (1979). Na verdade, têm-se como
objetivo refletir acerca do narrador autodiegetico do conto de Graciliano Ramos, tendo em vista a maneira que tal ponto de vista
relaciona-se com o elemento tempo. Não obstante, no que se refere ao conto " A metamorfose", a análise caminhará na mesma
direção, porém o tempo estará intimamente ligado ao narrador heterodiegetico. Partimos da ideia de que o tempo mantém
relação direta com o narrador e a focalização, no entanto, quando se trata do foco narrativo autodiegetico, percebe-se um
distanciamento ideológico entre o eu narrador e o eu narrado, ao passo que quando o narrador se coloca em terceira pessoa o
elemento tempo apresenta modulações diferentes. Entretanto, quando atingimos as ideologias que perpassam o texto literário,
estamos contribuindo, também, com a valorização destas obras ficcionais. No que diz respeito aos métodos utilizados para
realização de semelhante trabalho, contaremos apenas com o recurso da pesquisa. Diante disso, acreditamos que a relevância
de uma pesquisa que tem como objeto um texto literário, está na possibilidade da valorização da literatura, mdiante o efeito de
sentido que um texto pode alcançar.
MOINHOS DE CONFETES: DIÁLOGOS TRANSCULTURAIS ENTRE MIGUEL DE CERVANTES, ROSA MAGALHÃES E
CÂNDIDO PORTINARI
Resumo
No amplo contexto dos estudos comparatistas preocupados com a análise das porosas fronteiras entre centro e periferia,
canônico e anticanônico, colonização e descolonialismo, erudito e popular, o trabalho se propõe a investigar o diálogo interartes
ensaiado pela artista plástica e carnavalesca Rosa Magalhães ao transportar para o universo da Marquês de Sapucaí (o
Sambódromo do Rio de Janeiro, lugar heterotópico e heterocrônico, nos termos de Foucault) uma adaptação (ou melhor é dizer
“tradução”?) da obra máxima de Miguel de Cervantes, O Engenhoso Fidalgo D. Quixote de La Mancha, no carnaval de 2010. O
enredo Dom Quixote de La Mancha, o cavaleiro dos sonhos impossíveis, de autoria da famosa realizadora carioca e defendido
pela escola de samba União da Ilha do Governador, transformou diferentes momentos do romance em fantasias e carros
alegóricos, dialogando, ao final, com a série de 21 desenhos elaborada por Cândido Portinari, na década de 1950 – e
posteriormente utilizada para ilustrar 21 poemas de Carlos Drummond de Andrade. Considerado uma “obra de arte total”
(Gesamtkunstwerk), na linha wagneriana, um desfile de escola de samba congrega as mais variadas formas de arte (música,
dança, pintura, escultura, teatro, literatura, etc.) e tece um emaranhado de referências cujo produto final é essencialmente
híbrido e polifônico – e quando o tema central de uma dada apresentação é um texto da envergadura de D. Quixote, o conjunto
ganha cores ainda mais instigantes, desvelando-se a possibilidade de ressignificação e construção de novas subjetividades
textuais, inapreensíveis em sua totalidade e profundamente desafiadoras ao olhar dialético de que fala Didi-Huberman.
UMA DISCUSSÃO TEÓRICA QUANTO AO CONCEITO DE CONSTITUIÇÃO IDENTITÁRIA DO APRENDIZ DE LÍNGUA
INGLESA.
Resumo
Pretende-se realizar uma reflexão teórica quanto à construção identitária do aluno de língua inglesa no contexto de instituto de
idiomas, uma vez que a sala de aula constitui-se em um espaço de atribuição de significados e de construção pessoal e social.
Como pano de fundo, a fundamentação teórica está embasada no conceito de sujeito pós-moderno, o qual se constitui em sua
historicidade, no já-dito sobre o que é ser aluno de língua inglesa. Aqui também entendemos a identidade não como fixa, mas
móvel, híbrida, heterogênea e constituída pela alteridade. Neste sentido, partindo do conceito de que o sujeito constitui-se pela
e na língua, não se pode falar em “dominar uma língua”, pois no momento em que passa a aprender a língua inglesa, o
sujeito-aluno constrói-se e também se reconstrói em outra língua e em outra cultura. Tal (re)construção provoca deslocamentos
identitários, devido justamente à demanda psíquica envolvida. Dessa forma, é possível afirmar que o aprendizado/ a aquisição
de uma língua estrangeira afeta o modo de ser, de se expressar e de ver o mundo do sujeito aprendiz de língua inglesa frente a
esses deslocamentos identitários que sofre.
A CONTRIBUIÇÃO DO LIVRO DIDÁTICO DE LÍNGUA PORTUGUESA PARA A LEITURA LITERÁRIA E O ENSINO DE
LITERATURA
Resumo
O lugar da leitura do texto literário na educação diz respeito a valores culturais, identitários e patrimoniais, por isso um dos
objetivos principais da escola deveria ser a de fomentar a iniciação e ampliação da educação literária. Entretanto, pesquisas
realizadas sobre o ensino de leitura literária e literatura (COSSON, 2006; KLEIMAN apud BUZEN, 2009; LAJOLO, 2001)
apontam e revelam que o livro didático de língua portuguesa (LDP) é ainda a principal fonte de atividades que servem de
alicerce para as práticas pedagógicas de leitura literária e ensino de literatura. Dada sua impôrtancia, torna-se objetivo dessa
pesquisa, avaliar de que forma a leitura literária vem sendo trabalhada no ensino médio. Para tanto, analisamos duas coleções
de livros didáticos que passaram pelo crivo do PNLD 2012 e que foram adotadas pela maioria das escolas do município de
Londrina/PR, com o intuito de verificar de que forma o enfoque didático dado contribui para a formação de comunidades de
leitores. Os dados levantados, nesse trabalho, demonstram que o livro didático, em muitos pontos, mostra-se como um
compêndio de fragmentos e/ou como um apanhado de informações historiográficas, sob uma simulada visão
sócio-interacionista, que não vão ao encontro do diálogo entre autor/ texto literário/leitor e que, em consequência disso, não
possibilitam que o aluno seja protagonista nesse processo.
A DAMA PÉ DE CABRA E O MEDIEVAL ROMÂNTICO
Resumo
A Dama Pé de Cabra, narrativa presente na coletânea Lendas e Narrativas, de 1851, ocupa um lugar singular na produção
literária de Alexandre Herculano, já que trata de um tema puramente fantástico e não usual dentro do universo ficcional de
Herculano, onde a personagem central é uma figura demoníaca sob a forma de mulher. Como escritor, Alexandre Herculano foi
influenciado pelas narrativas históricas de Walter Scott e Victor Hugo e por uma série de temas correntes dentro da
historiografia europeia romântica oitocentista. O interesse por narrativas lendárias, identificadas com a gênese e a formação dos
diversos povos da Europa, esteve presente no universo romântico europeu e essa motivação fez com que Herculano
resgatasse a lenda da Dama Pé de Cabra dos manuscritos medievais portugueses. Como estudioso da Idade Média
portuguesa, o nosso autor buscou traçar um amplo panorama da sociedade medieval, dando destaque para a compreensão do
funcionamento de suas instituições e de sua cultura material. Particularmente na Dama Pé de Cabra, Herculano dialoga com o
rico cabedal fantástico romântico e com a temática do maravilhoso medieval ibérico. Podemos dizer que a configuração de uma
Idade Média “romantizada” dentro da cultura romântica portuguesa nasceu com os escritos de Alexandre Herculano. O tema
medieval foi alvo constante dos interesses de Herculano, tanto sua obra especificamente historiográfica quanto os seus
trabalhos de cunho ficcional apresentam e discutem os problemas dessa Idade Média idealizada, que, para o nosso autor, ainda
permanecia viva e necessária para uma compreensão total da sociedade portuguesa de seu tempo.
O VERBO ACHAR: SUAS FUNÇÕES E SENTIDOS DENTRO DO LÉXICO HISTÓRICO DO PORTUGUÊS PARANAENSE.
Resumo
Este artigo, desenvolvido como Iniciação Científica, vinculado ao projeto Para uma História do Português Paranaense (PHPP),
do Departamento de Letras Vernáculas e Clássicas da Universidade Estadual de Londrina, visa identificar, analisar e comparar
com base nos pressupostos da Gramática funcionalista, o uso e os sentidos do verbo achar em duas sincronias (séculos XVIII e
XIX), usando como base a língua portuguesa registrada no Léxico Histórico do Português Paranaense (AGUILERA, inédito).
Para compor o corpus a ser estudado, utiliza-se uma amostra retirada de 734 documentos manuscritos oficiais
(correspondências eclesiásticas, notariais, cartas ao governo, petições) de autoria de brasileiros ou de portugueses radicados
no país, que retratam a linguagem escrita usada no início da formação do Brasil, no período entre os séculos XVII e XIX. Como
base teórica, destaca-se a Gramática de usos do português, de Maria Helena de Moura Neves e o Dicionário Aurélio. Este
subprojeto, portanto, se concretizará por meio de artigos e apresentações orais em eventos sociolinguísticos.
A ANÁLISE DO ESTILO NOS QUADRINHOS
Resumo
Conforme lembra Douglas Wolk, em seu livro Reading Comics (2007), há uma qualidade elusiva no desenho de quadrinhos: o
contrato com o leitor, que leva este a aceitar o universo diegético apresentado como realidade, suspendendo sua descrença (ao
menos durante a leitura), esconde a qualidade do desenho enquanto meio de expressão individual do artista. Isto é: ao vermos
o desenho de um personagem ou cena em um quadrinho, aceitamos essa representação como parte do universo diegético e
seguimos adiante a leitura. Preso o leitor ao desenvolvimento da trama, é fácil esquecer o fato de que cada desenho não é
apenas uma representação da realidade, mas também uma interpretação. A essa qualidade única e pessoal do desenho damos
o nome de traço, ou estilo – nomeamos a coisa antes mesmo que tivéssemos aprendido a entendê-la. Este estudo busca nas
teorias de Will Eisner, Scott McCloud, Douglas Wolk e outros autores da área uma base para a compreensão do elemento do
estilo nos quadrinhos – e também desenvolve uma linha de raciocínio própria a respeito. Sendo o tema extenso, elementos
como cores, uso de perspectiva, interação entre o icônico e o verbal, as propriedades da narrativa e a mudança entre os
quadros são mencionados com brevidade: o ponto central da investigação são os elementos básicos do desenho – isto é, a
construção das figuras e volume com base em linhas, sombras e pontos.
CONSCIÊNCIA TEXTUAL NAS RELAÇÕES ENTRE LEITURA E ESCRITA
Resumo
Historicamente, no ensino da leitura e da escrita, os aspectos temáticos preponderam sobre os lingüísticos. Isso faz com que os
professores preocupem-se primeiramente em eleger um tema e em torno dele organizar atividades de leitura e de escrita. Os
estudos sobre gêneros textuais trazem contribuições importantes, como a função social do texto, a sua situação de uso e as
marcas decorrentes da função e da situação (BAZERMAN, 2009). Consequentemente, no ensino, os professores se preocupam
em diversificar os gêneros e explorá-los em suas marcas (ADAM, 2008). Os estudos psicolingüísticos, por sua vez,
disponibilizam informações importantes sobre a compreensão leitora e o seu processamento cognitivo (GOODMAN, 1991) e
sobre a consciência sobre esses procedimentos (DEHAENE, 2009), posicionando a leitura como paradigma para a escrita
(SMITH, 2003). Como decorrência, os professores incluem em seus planos de aula atividades de compreensão de textos de
gêneros diversos. No entanto, esses dois caminhos teóricos ainda não estão presentes no ensino de modo convergente, o que
faz com que os professores não observem que, embora a relevância temática, no ensino de língua a relevância sobre os
processos lingüísticos deve preponderar, conferindo à leitura o papel de paradigma para a escrita, do que decorre a
necessidade de trabalho com o mesmo gênero textual nas atividades de compreensão leitora e de produção escrita e com o
desenvolvimento da consciência textual (GOMBERT, 1992). Nesta comunicação, essa perspectiva é explicitada e
exemplificada.
DO LIVRO PARA AS TELAS DO CINEMA: A LITERATURA E A ANIMAÇÃO EM HOWL’S MOVING CASTLE E HAURU NO
UGOKU SHIRO
Resumo
Nessa pesquisa, pensamos literatura a partir do que fora proposto por Machado (2000) e Foucault (2000). Assim, a literatura
possibilita uma interdisciplinariedade que nos permite articular teorias e conceitos em busca da compreensão de fenômenos
presentes no cotidiano como a mudança de materialidade de obras literárias para obras cinematográficas. No início do século
XXI, as narrativas representantes do gênero maravilhoso ganham destaque proporcionando a publicação e reedição de
históricas como Harry Potter de J. K. Rolling, O Senhor dos Anéis de J. R. R. Tolkien, As Crônicas de Nárnia de C. S. Lewis.
Todas essas obras de sucesso foram produzidas cinematograficamente e tem um lugar de origem comum, o Reino Unido, local
onde podemos encontrar o livro Howl's Moving Castle de Diana Wynne Jones, que constitui parte de corpus de análise desse
trabalho juntamente com sua tradução para o cinema intitulada Hauru no Ugoku Shiro, do diretor japonês Hayao Miyazaki.
Diante disso buscamos discutir o conto de fadas enquanto gênero literário segundo teorias delineadas por Bakhtin (2011) e a
animação de acordo com Graça (2006) e Lucena (2011). Como resultado observamos que a forma de representação ideal do
conto de fadas maravilhoso se caracteriza enquanto animação, uma vez que os dois suportes permitem que tudo aconteça
tendo aceitação do público. Percebemos ainda que o livro ao ser traduzido para as telas significa de forma diferente dando
origem a uma obra que ao mesmo tempo se configura como nova e se ancora no já dito.
EM 1808, AS (IM)POSSIBILIDADES DE SER JORNALISTA NO BRASIL
Resumo
A partir da Análise do Discurso francesa (AD), especialmente das contribuições arqueogenealógicas de Michel Foucault, o
presente estudo busca compreender quais são os sentidos colocados em funcionamento a respeito do sujeito jornalista quando
da implantação da imprensa oficial no Brasil, em 1808. Em um espaço de contradições, o país vê surgir a imprensa autorizada a
exercer o jornalismo, mas também focos de informação – por meio de materialidades como livros, relatos, impressos anônimos
e manuscritos – que buscavam resistir ao poder totalitário do governo: a palavra interditada impossível de ser dita no discurso
oficial e a palavra interditada que nunca deveria ser dita, mas que insiste em circular e (re)significar a realidade. Tal reflexão faz
parte dos estudos de doutoramento, que toma como corpus livros de historiadores que se debruçam sobre a história da
imprensa brasileira, para analisar discursivamente como nos enunciados colocados em circulação sobre essa história são
construídas identidades (im)possíveis para o jornalista. Enfim, busca observar como o jornalista é tomado como objeto do
discurso e subjetivado por práticas discursivas que lhe impõem “quem pode ser” e “o que deve fazer” o jornalista.
O LEVANTE CONTRA A COLÔNIA E O DESEJO DE SUPERAÇÃO DA REALIDADE COLONIAL EM POEMAS DE JOSÉ
CRAVEIRINHA: UMA PERSPECTIVA PÓS-COLONIALISTA
Resumo
José Craveirinha é considerado poeta-mor em Moçambique, sua pátria. Tal qual Camões, em Portugal, ele é tido como símbolo
literário identitário de sua nação. Envolvendo-se com o contexto de luta política anticolonialista em suas terras, sua poesia
recebe, em vários momentos, tom de revolta e recusa em relação à colônia e demarca tanto o sonho, quanto a busca de um
caminho em que seu povo (e ele próprio) liberte-se das amarras coloniais e possa seguir sem a imposição da supressão cultural
por muito sofrida. O presente trabalho busca, pois, em face primordialmente dos seus poemas “Aforismo”, “Grito negro” e
“Poema do futuro cidadão”, contextualizar sua manifestação anticolonialista em visa do pensamento pós-colonial, trazendo à
tona estudos comparados em face de bibliografias como o prefácio de Jean-Paul Sartre a “Os condenados da terra”, de Frantz
Fanon; “O local da cultura”, de Homi K. Bhabha; “La Idea de América Latina”, de Walter D. Mignolo; entre outras. Assim,
busca-se abranger o veio político da obra do poeta aqui estudado contribuindo para o entendimento da situação do povo
colonizado perante o colonizador, buscando, entrementes, no olhar do dito subalterno o seu levante contra a imposição cultural
e ideológica que o quer afligir.
A AUSENCIA DOS CONECTORES NAS RELAÇÕES IMPLÍCITAS DO TEXTO E SEU RECONHECIMENTO POR PARTE DO
INTERLOCUTOR
Resumo
Resumo: A presente pesquisa tem por objetivo proceder a investigação da analogia entre o material explícito e o implícito do
texto e sua coerência, ou ainda, verificar como essas relações entre os elementos textuais podem ser facilitadas ou
prejudicadas pela ausência de termos conectivos. Essa averiguação será realizada por meio do material adquirido do resultado
de entrevistas com alunos e professores de curso superior, e com base teórica fundamentada nos estudos das Relações
Retóricas do Texto (RST). A entrevista consiste na verificação, por parte dos entrevistados, de uma porção textual (na
modalidade escrita) que servirá de base para responderem um questionário. As respostas obtidas permitirão analisar se essas
relações foram reconhecidas por eles. Essas porções textuais foram extraídas do corpus de pesquisa do FUNCPAR (Grupo de
Pesquisas Funcionalistas do Norte/Noroeste do Paraná). São porções obtidas das transcrições de aulas de graduação, de
diferentes disciplinas e cursos, formadas, portanto, de elocuções formais, sendo esse o motivo pelo qual os entrevistados são
acadêmicos e professores universitários, uma vez que o corpus que originou o material para as entrevistas terem como público
alvo, pessoas com uma escolaridade mais desenvolvida. Os resultados obtidos ainda não foram todos compilados, mas
percebe-se até o momento que a compreensão, na maioria dos casos, não é prejudicada pela falta da sinalização por meio de
conectivos. O implícito do texto é reconhecido pelo destinatário do discurso, o qual consegue perceber qual a relação de sentido
estabelecida entre as porções, e às vezes, até o conectivo que foi retirado da porção textual.
PADRÕES SEMÂNTICOS E CATEGORIAIS INESPERADOS NOS AFIXOS DE MODO-TEMPO-ASPECTO (MTA) E
NÚMERO-PESSOA(NP)
Resumo
Como as marcas de MTA e NP são consideradas flexionais, seria esperado que tais afixos fossem totalmente estáveis em
termos de categoria e de significado. Em outras palavras, não seriam observadas irregularidades categoriais e semânticas
provenientes do acréscimo das marcas morfológicas para expressar tais significados gramaticais; estas marcas sempre
formariam verbos ao se concatenarem a temas verbais. Demonstraremos, no CIELLI, que as palavras morfologicamente
estruturadas com elementos de MTA e NP nem sempre são estáveis quanto à classe morfológica e ao significado
fundamentando-nos em critérios como lexicalização categorial, instabilidade categorial e lexicalização semântica. Como
exemplo de lexicalização categorial, podemos citar ‘tomara’, ‘formou’ e ‘demorou’ em dados como: “Falante 1: Vamos a uma
boate no fim de semana; Falante 2: Demorou”; “Falante 1: Topa entrar no meu time de futebol; Falante 2: Formou!”; “Falante 1:
Fulano tentará passar no Concurso pela terceira vez; acho que, dessa vez, ele passa; Falante 2: Tomara”. Esses dados
também passam por lexicalização semântica, visto que funcionam nos exemplos demonstrados acima como interjeições e não
verbos. Já quanto à instabilidade categorial, as formas de particípios são ótimos exemplos, visto que podem atuar como adjetivo
(‘a mulher cantada’), verbo (‘tinha cantado’) e até mesmo substantivo (‘a cantada’). Outros exemplos de particípios que
apresentam essa flutuação categorial são “imposto”, “visto”, “babado”, entre outros. Nosso trabalho realiza uma interface entre
morfologia, sintaxe e semântica, visto que tenta explicitar outros padrões semânticos e categoriais para afixos de MTA e NP.
CONSIGNAS DE TRADUÇÃO NO ENSINO DE LÍNGUA ESPANHOLA
Resumo
O objetivo deste trabalho é demonstrar o papel que exercem as práticas verbais no ensino por meio de consignas (DORA
RIESTRA, 2004) que consistem em operações mentais que realizam os alunos ao realizar tarefas, em um curso de espanhol
para fins específicos e refletir sobre as relações entre os três pólos do triângulo didático (DOLZ, GAGNON e DECÂNDIO , 2009)
constituídos pelo ensino, o aluno e a língua ensinada. Nesse eixo de ação, serão focalizados os tipos de atividades didáticas
que se desenvolvem no ensino, inserido em um contexto social e cultural determinado, assim como o conjunto de saberes que
são veiculados em gêneros textuais considerados instrumentos de referência para os aprendizes. Com base nessa reflexão,
focalizaremos as práticas sociais de referência dos aprendizes com o fim de promover, por meio do ensino da língua espanhola,
a apropriação de saberes técnicos e socialmente constituídos tomando os gêneros textuais como objetos de ensino (DOLZ &
SCHNEUWLY, 2004) e como megaferramentas no ensino/ aprendizagem que levam os aprendizes a apropriar-se da língua
alvo por meio de atividades significativas. Para a realização dessa pesquisa, a perspectiva teórica adotada foi a do
interacionismo sociodiscursivo (BRONCKART, 1999; DOLZ Y SCHNEUWLY, 2004; DORA RIESTRA, 2004) em diálogo com os
estudos da tradução (AZENHA JUNIOR , 2008; RODRIGUES, 2000; SOBRAL; 2008).
O CONCEITO DE TRAGÉDIA ELABORADO POR ALUNOS DO NÍVEL MÉDIO A PARTIR DA LEITURA DA ANTÍGONA, DE
SÓFOCLES
Resumo
Há, no Brasil, documentos parametrizadores que propõem uma reflexão acerca das práticas pedagógicas para o ensino da
literatura no nível médio: Orientações Curriculares para o Ensino Médio (OCEM, 2006), este de âmbito nacional; e, também, um
documento específico para o Estado da Paraíba – Referenciais Curriculares para o Ensino Médio da Paraíba (2006). Esses
documentos preveem um estudo da literatura a partir do contato com as obras literárias. Para isso, eles recomendam, dentre
outros gêneros, a leitura de tragédias com os alunos. Então, a partir da leitura integral da tragédia clássica grega Antígona, de
Sófocles, com alunos do 1º ano do ensino médio, esse trabalho tem como objetivo apresentar a percepção deles acerca do
trágico e o conceito de tragédia elaborado por eles a partir dessa experiência de leitura com o texto dramático. No que se refere
à tragédia grega, nos baseamos na teoria de Aristóteles (2005), nos estudos de Brandão (2002), Vernant e Vidal-Naquet (1991).
Para refletir acerca do ensino de literatura, nos embasamos nos documentos parametrizadores já citados; Colomer (2007) nos
auxilia a refletir sobre a leitura compartilhada e Petit (2008) acerca do papel do mediador. Os resultados da pesquisa revelaram
que é possível realizar a leitura integral de uma tragédia clássica com alunos do nível médio. A experiência de leitura
comprovou que esses alunos sentem-se à vontade para expressar a sua opinião quando a leitura é realizada de maneira
compartilhada e dialogada, participando ativamente do processo de significação do texto. Assim, percebem a literatura como
algo que não está tão distante da realidade deles.
A CORRESPONDÊNCIA ENTRE OCTAVIO PAZ E HAROLDO DE CAMPOS NO PROCESSO DE TRANSCRIAÇÃO DE
BLANCO
Resumo
Este trabalho tem por objetivo abordar a correspondência, ocorrida entre os anos de 1968 e 1986, entre dois poetas, críticos e
ensaístas, o mexicano Octavio Paz (1914-1998), e o brasileiro Haroldo de Campos (1929-2003), e que culminou no processo de
“transcriação” efetivado por Haroldo de Campos, do poema de Paz, Blanco, para o português. Tal contato resultou na obra
Transblanco (1ª edição de 1986; reeditada em 1994) e nela consta o poema Blanco, seu equivalente em português, Branco,
uma boa parcela da correspondência entre os dois escritores e um extenso material teórico. A relevância dessa investigação
motiva minha pesquisa de mestrado que será apresentada junto ao Pós-Graduação em Letras da Universidade Federal do Rio
Grande e que terá como foco o livro referido para dele fazer uma abordagem do fenômeno de tradução / transcriação enquanto
parte fundamental do estabelecimento de uma “tradição” (na acepção de T. S. Eliot), sobretudo na que Octavio Paz inicia
através de seus ensaios El arco y la lira (1956), Signos en Rotación (1965) e Los hijos del limo (1972).
A DRAMATURGIA DE ELISA MACHADO COMO INSTRUMENTO DE REFLEXÃO
Resumo
Com sede em Novo Hamburgo, o grupo de teatro Luz e Cena existe há trinta e cinco anos, com montagem de inúmeras peças
infantis, levadas a cidades do Rio Grande do Sul e a algumas cidades brasileiras. Conforme observa o crítico Antônio Hohlfeldt
(2003), o grupo “vem perseguindo com êxito a realização de espetáculos que abordam temas pedagógicos sob uma perspectiva
cômica, sem perder uma ótica crítica a respeito do assunto tratado”. Um pouco antes da virada do milênio, a atriz Elisa
Machado, formada pelo Departamento de Artes Dramáticas da Universidade Federal do Rio Grande do Sul, inicia a produção de
seu teatro para crianças e adolescentes, constituindo uma dramaturgia que se caracteriza pela reunião de texto, instrumentos,
música e dança. A comunicação pretende verificar como a dramaturgia de Elisa Machado, do período entre 1998 e 2010,
incorpora elementos da linguagem cênica do grupo Luz e Cena, que desde 1978 faz teatro infantil, certo de que não é apenas
um patamar para o teatro adulto profissional (YUNES, 1987).
INCORPORANDO O OUTRO ATRAVÉS DOS ATOS SOCIAIS.
Resumo
Há muito se sabe que a identidade depende da alteridade para se constituir. A assunção de uma identidade pressupõe desde o
início uma relação dual integradora: ser outro sem deixar de ser si mesmo. O pragmatismo clássico é uma das primeiras
correntes filosóficas a sustentar essa concepção de identidade. G. Mead, um dos arautos dessa onda, pregava que mente,
linguagem e self são processos emergentes nos atos sociais (WILEY, 1999; 2006). O organismo humano adquire uma
identidade pessoal porque é capaz de adotar as atitudes do outro em relação a ele e empregá-las para dar sentido a seus
próprios gestos (GILLESPIE, 2005; MEAD, 2008 [1913]). Conquanto plausível, a explicação de Mead carece de resultados
controlados. O objetivo aqui é esclarecer como tal processo emerge efetivamente, mediante a revisão de alguns achados
provenientes das pesquisas em ciências cognitivas. Para tanto, além da teoria do eu social (MEAD, 1934), aludida acima,
empregar-se-á a teoria da “cognição situada/corpórea” (BARSALOU, 2007). Mais que completar a explicação de Mead, esta é
evocada para lhe conferir uma dimensão empírica. Seus dados sugerem que a cognição é um fenômeno situado de muitas
maneiras, o conhecimento sendo representado em sistemas de modalidades específicas (percepção, ação e introspecção)
(KLEFER; BARSALOU, 2013). O conhecimento social são gestos alheios incorporados pelo sujeito em atos sociais e simulados
sempre que necessário para dar sentido às relações intersubjetivas (BARSALOU et alii, 2003). Mostrar-se-á que, quanto à
identidade, incorpora-se mais que simples gestos. Integra-se a “perspectiva social” contida neles; sem o que o eu seria incapaz
de se perceber como tal.
A CONSTRUÇÃO DO ADJETIVO E DO ADVÉRBIO EM TEXTOS NARRATIVOS DE ALUNOS DO ENSINO MÉDIO
Resumo
De acordo com Koch & Elias (2009, p.34), “a escrita não é compreendida em relação apenas à apropriação das regras da língua
[...], mas, sim, em relação à interação escritor-leitor”. Portanto, “a escrita é um trabalho no qual o sujeito tem algo a dizer e o faz
sempre em relação a um outro (o seu interlocutor) com um certo propósito” (KOCH & ELIAS, 2009, p.36). Nesta perspectiva
sociointeracionista, a língua é observada “em seu funcionamento social, cognitivo e histórico, predominando a ideia de que o
sentido se produz situadamente” (MARCUSCHI, 2008, p.60), ou seja, em um contexto. Sob esta ótica, o objetivo deste trabalho
é analisar o uso dos adjetivos adnominais, isto é, os que atuam no interior de um sintagma nominal (NEGRÃO; MÜLLER;
PEMBERTON; FOLTRAN. In: CASTILHO, 2008), bem como dos advérbios modalizadores, os quais “têm como característica
básica expressar alguma intervenção do falante na definição da validade e do valor de seu enunciado” (NEVES, 2000, p.244).
Em se tratando especificamente do adjetivo, destaque especial é dado à sua posição, uma vez que, para Neves (2000, p.203),
a posposição é mais frequente na linguagem comum e a anteposição dá o efeito de maior subjetividade. O corpus faz parte do
Projeto: Linguagem, sociedade, formação de professores: manifestações na diversidade – CNPq/CAPES, compreendendo
textos narrativos, produzidos por alunos do 2º ano do Ensino Médio de uma Escola pública do município de Cascavel/PR. Num
primeiro momento, pode-se dizer que há uma maior incidência de uso do adjetivo posposto, corroborando postulações de
Neves (2000). Como aporte teórico tem-se Castilho (2010) e Neves (2000), dentre outros, adequados à pesquisa.
TOPOFILIA E POÉTICA DE MANOEL DE BARROS: O SUJEITO FORA DO LUGAR
Resumo
O lugar participa da identidade do Ser. É essencialmente espaço apropriado afetivamente, numa relação de pertença (TUAN,
1980). Esta topofilia do sujeito media sua relação com o mundo e se expressa em ações. Aqui se objetivou um caminhar
compreensivo sobre a relação entre identidade e topofilia na poética de Manoel de Barros. Buscou-se as manifestações da sua
pertença ao Pantanal, sobretudo, quando fora dele, fora do seu lugar. Num primeiro momento, o indivíduo busca sua
sobrevivência no lugar, preservando e reforçando sua topofilia. No contexto em que se multiplicam as identidades (CASTELLS,
2000), o lugar se apresenta como referência fundamental, uma espécie de trincheira diante das pressões e desafios, sendo ao
mesmo tempo refúgio e resistência. Longe do Pantanal, Manoel experimenta o estar fora do lugar. A cidade, para o poeta,
parece querer anular sua identidade pantaneira. Em A voz de meu pai, Manoel discute a relação conflituosa do ser com a
cidade. Locus de vivências e desejos, a cidade é “ilegível” (FONSECA, 2009) e varia entre projeções e memórias. É a
intranquilidade da vida urbana que o transforma em “[u]m pequenino ser com a sua morte dentro” (BARROS, 1996, 103). A
cidade liga a personagem com cordões manipuladores e secretos, cuja vivacidade e independência não são acionadas. A
personagem, vazia de si e manipulada, com “seus braços descidos pelo caos do corpo” pede conforto e se rende, como um
corpo cansado de lutar: “Resfolegante como um boi, paro”. (BARROS, 1996, 104). Durante toda a trajetória do livro Poesias,
Manoel de Barros sinaliza sua fragmentação e seu posicionamento dúbio que o leva ora para o Pantanal ora para as
turbulências do Rio de Janeiro.
ANÁLISE DO DISCURSO E AUDIOVISUAL: NOVAS MATERIALIDADES EM FUNCIONAMENTO
Resumo
Nesta apresentação, alvitramos discutir questões inerentes à constituição da materialidade midiática no imo da Análise do
Discurso contemporânea, contemplando o funcionamento do audiovisual, mais especificamente na veiculação do discurso
publicitário de cursos de idiomas (língua inglesa), difundido no Brasil entre 2010 e 2013. Sendo assim, nosso referencial
teórico-metodológico fundamenta-se nos pressupostos teóricos da Análise do Discurso de linha francesa e da Semiologia
histórica em articulação com noções recorrentes nas obras de Michel Foucault. Além dessa proposta principal, outros objetivos
específicos a ela se agregam. Sobre o artefato sonoro, enfocamos as substâncias constitutivas do som. No que tange ao visual
e suas diferentes formas de manifestação, damos especial ênfase ao corpo e aos objetos presentes nas materialidades,
elementos que, ao nosso entender, merecem considerável atenção. De tal sorte, analisamos como o sujeito enunciador, no
discurso publicitário-institucional, significa o aprendiz brasileiro de língua inglesa e aspectos atinentes à aprendizagem dessa
mesma língua. Denominamos discurso publicitário-institucional aquele veiculado nos meios de comunicação (televisão e
internet) com fins publicitários e endossado pelos institutos de idiomas (de língua inglesa). Em linhas muito gerais, nossas
considerações parciais apontam para a relevância de se agregar os dispositivos de que tratam a semiologia, em especial no
que tange às substâncias da expressão, da voz e dos objetos constitutivos do audiovisual com, obviamente, a linguagem verbal.
A IMPRENSA DA PRIMEIRA REPÚBLICA NAS CRÔNICAS DE LIMA BARRETO
Resumo
No âmbito do romance, Lima Barreto abordou de modo contunde o universo da imprensa em Recordações do Escrivão Isaías
Caminha. Obra de estreia, publicada no formato de livro originalmente em 1909, já dava indícios inequívocos da presença de
um escritor combativo, disposto a enfrentar as temáticas mais ásperas com destemor e impetuosidade. Tal atitude fez com que
o romancista colecionasse um número expressivo de desafetos entre os “príncipes” da literatura e da imprensa carioca de
então, com especial destaque para Edmundo Bittencourt, proprietário do influente Correio da Manhã, que se sentiu
pessoalmente ofendido com a publicação do primeiro romance do escritor. Entretanto, as críticas ao papel da imprensa não se
resumiram à publicação do Isaías Caminha e alcançaram também a produção de cronista de Lima Barreto. Em diversas
crônicas publicadas nos mais variados veículos de comunicação, encontramos o romancista desabusadamente refletindo sobre
os limites e parcialidades da imprensa da Primeira República. O presente trabalho analisa –– com a sustentação teórica
fornecida pelas ideias da Análise do Discurso inspiradas no pensamento de Mikhail Bakhtin ? um conjunto de crônicas de Lima
Barreto que fazem um exame detido da imprensa da época, destacando os vícios e os modos de atuação da referida área.
Entre outras questões, chama especial atenção a coerência do escritor que, mesmo enunciando seu discurso de dentro do meio
jornalístico, jamais se curvou a qualquer outro compromisso que não fosse com sua produção escrita.
O PARADIGMA DE LUGAR NA ECOLOGIA DE SABERES
Resumo
O Presente trabalho objetiva analisar algumas categorias geográficas tais como espaço, terra, lugar, território e territorialidades
a partir da sua conceituação própria em Geografia Humanística, considerando possibilidades de correlações paradigmáticas das
mesmas categorias em Ecologia Humana, sobretudo por meio do conceito de habitat/habitar de Leff (2013). Nessa perspectiva,
visa-se ampliar e desenvolver os sentidos de lugar de habitar, copertença, coautoria de conhecimento e complexidade, em face
da diversidade epistemológica que considera as possibilidades e condições de outros saberes apresentadas pela ecologia dos
saberes (Santos, 2007), segundo a hipótese Derrida de que é possível rever conceitualmente os sentidos das palavras (Derrida,
2011, 2013;) em face da proposição de novos contextos indexicais da linguagem que correspondem a contextos existenciais
situados e implicados (Coulon, 2007), por exemplo, o ecológico na contemporaneidade em face da saturação da visão de
mundo descartiana.
O GÊNERO POLICIAL EM REVISTA: BALADA DA PRAIA DOS CÃES
Resumo
O gênero policial no século XX sofreu profundas transformações, as quais lhe trouxeram uma nova roupagem e consequente
longevidade, bem como fomentaram novas discussões que vieram ao encontro da revalorização deste gênero e em detrimento
de uma leitura redutora do mesmo, muitas vezes considerado menor. Na literatura portuguesa, a publicação do romance Balada
da praia dos cães, em 1982, por José Cardoso Pires, representa um marco na produção literária, já que consolida o trabalho de
renovação da narrativa policial iniciado em 1968 com a publicação de O Delfim. Cardoso Pires demonstra em sua prosa um
experimentalismo de estilo sofisticado, que traz reflexos de um barroquismo plasmado na estrutura literária densa de sua
Balada neopolicial. O romance em questão flerta com o gênero, portanto, mas o subverte e o redimensiona na medida em que
insere na narrativa vários níveis de vozes, relatos, fragmentos e outros ecos que são a um só tempo memória portuguesa e
invenção ficcional. Mais tarde, em 1987, José Fonseca e Costa traz para o cinema uma leitura do romance de Cardoso Pires,
com título homônimo, atitude de releitura semiótica que importa para este estudo, que se coloca no intervalo dialógico entre
romance e película, com vistas à compreensão da atualização do gênero policial na contemporaneidade.
ENTRE A MIMESE E O FACTUAL: CARACTERÍSTICAS DAS TRAGÉDIAS GREGAS NAS NOTÍCIAS SOBRE CRIMES
PASSIONAIS NO BRASIL
Resumo
Em um jogo de cumplicidade, o jornalismo e a sociedade mantêm relações mútuas de adaptação e singularidades entre eles: o
primeiro mescla o real e o imaginário no espaço urbano, alimentando a cultura, ao compor a realidade de uma maneira
particular. Enquanto isso, a sociedade recebe, com os noticiários, uma vasta cadeia de signos, que tem por objetivo manter um
elo entre o real e o imaginário, principalmente com acontecimentos relativos à morte e que suscitam comoção pública. Tendo
em vista as características próprias da tragédia grega, que por vezes são usadas nos meios de comunicação em massa para
causar, assim como no teatro grego, temor e compaixão em seus espectadores, o referido trabalho buscará aproximar aquilo
proposto por Sócrates, no livro “A república”, de Platão, sobre a tragédia, com as notícias que foram veiculadas na mídia, sobre
alguns casos de crime passional no Brasil, mais especificamente nos casos sobre a morte da atriz Daniella Perez, em 1992, no
Rio de Janeiro, e no caso Marcos Kitano, ocorrido em 2012 na cidade de São Paulo. Consideraremos aqui, o fato de que em
ambos os crimes, seus executores primeiramente alegaram motivos passionais para explicar o ato criminal, entretanto,
posteriormente tais alegações foram contestadas pelas promotorias, que afirmavam que os assassinatos foram antes motivados
por interesse estritamente financeiro. Assim, buscaremos fixar nossos pilares nos estudos sobre o discurso veiculado no
noticiário sensacionalista, mesclado às propriedades ditas anteriormente sobre a tragédia grega, presentes nos casos aqui
propostos, a fim de que possamos analisar o uso de tais características e seus efeitos na sociedade brasileira.
A INTERTEXTUALIDADE NAS CRÔNICAS DE SAMUEL BENCHIMOL EM AMAZÔNIA UM POUCO-ANTES E ALÉM-DEPOIS
Resumo
A noção de intertextualidade tem gerado inúmeras nuances conceituais, que extrapolam as barreiras impostas pela gramática
normativa, obstáculos limitadores dos modos de representação no “discurso de outrem”. Considerada como um fator de
coerência e textualidade, a intertextualidade pode ser entendida como a presença de outros textos em determinado texto, ou
seja, trata-se da possibilidade de os textos serem criados a partir de outro ou outros textos. Vendo-a sob este ponto de vista,
segundo Adam (2011), “designa a escrita ao mesmo tempo como subjetividade e como comunicatividade, ou melhor dizendo,
como intertextualidade; face a esse dialogismo, a noção de ‘pessoa-sujeito da escrita’ começa a diluir-se, para ceder o lugar a
uma outra, a de ‘ambivalência da escrita’”. A partir disso, o presente trabalho teve a seguinte questão norteadora: Como se dá o
processo de intertextualidade nas crônicas de Samuel Benchimol? Neste sentido, analisou-se como o estudioso Samuel
Benchimol, por meio da obra Amazônia um pouco-antes e além-depois, incorpora em suas crônicas “vozes de outrem”, por meio
do fenômeno intertextual. Para tanto, este trabalho tem na perspectiva da Linguística Textual seu suporte teórico, vista como um
dos critérios de textualidade de considerável relevância. Delimitou-se como percurso metodológico a pesquisa bibliográfica cuja
base teórica foi pautada nos seguintes autores: Adam (2011), Koch (2000) e Romualdo (2000). Constatou-se, assim, que as
definições da Linguística Textual sobre o fenômeno intertextual nas crônicas de Samuel Benchimol, todo texto/discurso trava
com outro(s) texto(s)/discurso(s) um diálogo/interação tendo seu sentido ampliado e/ou transformado
UM DIÁLOGO ENTRE A LITERATURA DE SAMUEL BECKETT E A PINTURA DE BRAM VAN VELDE: OS CONSTRUTORES
DE RUÍNAS
Resumo
Este trabalho propõe uma análise comparativa entre alguns textos curtos das décadas de 60 e 70 publicados pelo escritor
irlandês Samuel Beckett e algumas telas do pintor holandês Bram van Velde, tomando por pressupostos teóricos as reflexões de
autores como Tania Carvalhal, Sandra Nitrini, Mario Praz e Étienne Souriau. O projeto literário de Beckett assume contornos
mais claros justamente em seus célebres diálogos com Georges Duthuit, publicados em 1949, nos quais são comentadas as
pinturas de Pierre Tal Coat, André Masson e Bram van Velde. Ao refletir sobre a obra do pintor holandês, Beckett a elege como
uma das representações mais significativas do impasse vivido pelo artista moderno: a obrigação de pintar (ou, no caso da
literatura, escrever), mesmo sem saber ou ter como fazê-lo. Tal impasse, que leva à criação de uma arte erigida sobre o
princípio do fracasso, será adotado como mote contínuo por Beckett, que buscará sempre novos meios de lidar esteticamente
com a falha e com a impossibilidade. Dentro desse quadro de experimentos, demonstrando o débito de seu projeto para com a
arte de van Velde, o autor escreverá um texto curto chamado “La Falaise” (1975), para acompanhar uma exposição das telas do
holandês. Tanto nesse texto quanto em outros escritos no mesmo período, é possível verificar o quanto Beckett e van Velde,
mesmo que adotando expressões artísticas diversas, se aproximam em sua lida com o fracasso, e compõem, em última
instância, a figura de construtores de ruínas.
PARATOPIA E A PESSOA OM DEFICIÊNCIA NO MUNDO DO TRABALHO
Resumo
Considerando a proposta do simpósio de “sujeito, discurso e poder”, e seu respectivo eixo temático de número (6), que visa
discutir processos discursivos que colaboram para a construção de identidade pensando em identidades padronizadas, o
presente trabalho tem por objetivo entender e investigar a concepção de paratopia proposta pelo analista do discurso francês
Dominique Maingueneau através da inserção da pessoa com deficiência no mercado de trabalho. Esta pesquisa está inserida
na linha de pesquisa linguagem e trabalho e, mais amplamente, do ponto de vista teórico, apoia-se em conceitos propostos por
Schwartz (2010), a partir da perspectiva ergológica, tais como atividade de trabalho, norma, renormalização e debate de
valores, articulando-os àqueles pertinentes à perspectiva enunciativo-discursiva. Entenderemos como paratopia uma
“negociação difícil, entre o lugar e o não-lugar” (MAINGUENEAU,1995, p.28) do indivíduo que não encontra um grupo e busca a
produção de um discurso constituinte legítimo.
ENSINO SUPERIOR E FORMAÇÃO CONTINUADA DE PROFESSORES DE LÍNGUA EM CONTEXTOS BI/MULTILÍNGUES
PARANAENSES
Resumo
No Brasil, observam-se diversos contextos bi/multilíngues, dentre os quais os das comunidades indígenas (CAVALCANTI, 1999,
p. 2). Esses mesmos contextos podem ser observados em toda a extensão do estado do Paraná, o que torna evidente que a
situação linguística do estado exige maior atenção governamental, para que se proponha uma educação mais adequada, que
leve em consideração os direitos linguísticos de cada comunidade. Nesse sentido, neste trabalho propomos a investigação da
condição linguística do estado do Paraná, mais especificamente da forma como as escolas que se localizam em regiões
bi/multilíngues lidam com essa realidade, especialmente no que diz respeito à (não) elaboração e/ou (não) aplicação de
políticas linguísticas adequadas ao contexto a que elas se referem, para posterior proposição de formação continuada junto aos
docentes dessas escolas, a qual compreende inclusive o desenvolvimento da elaboração de materiais didáticos apropriados.
Em termos metodológicos, neste trabalho optamos por utilizar a pesquisa qualitativa, de perspectiva etnográfica (BOGDAN;
BIKLEN, 1994, p. 7). Até o presente momento, os resultados levantados permitem afirmar que, no estado, as práticas
político-pedagógicas, em geral, inclusive as do ensino superior, não consideram adequadamente (atendendo as necessidades e
desejos expressos pela comunidade) o bi/multilinguismo (e multiculturalismo) existente no estado.
O USO DE MARCADORES CONVERSACIONAIS NA FALA DA PRESIDENTE DILMA ROUSSEFF EM UMA ENTREVISTA
TELEVISIVA
Resumo
Este trabalho busca a analisar e identificar a ocorrência de marcadores conversacionais na construção do texto falado. O estudo
procura investigar e definir a função dos marcadores conversacionais por meio do corpus analisado. Os marcadores constituem
sinais que amarram o texto enquanto estrutura de interação interpessoal e asseguram o desenvolvimento contínuo do diálogo.
Além disso, ajudam a dar coesão e coerência ao texto, estabelecer a cordialidade, hesitação, aceitação e atenuar possíveis
ameaças à imagem dos interactantes em um evento comunicativo. Por isso, eles são frequentes em qualquer produção
interacional na qual há o envolvimento de dois ou mais falantes. Para atingir os objetivos propostos, evidenciamos a língua em
uso, sob a perspectiva social e comunicativa que concebe a linguagem como processo de interação. Quanto ao procedimento
metodológico, partimos da análise de áudio e transcrição de uma entrevista concedida pela presidente Dilma Rousseff ao
programa Mais Você, da Rede Globo de televisão. Para a realização da análise, esta pesquisa está fundamentada em aportes
teóricos da Análise da Conversação, baseadas em Marcuschi (1989), Koch (2010), Galembeck (1997), Urbano (1993), entre
outros. Assim, os resultados indicaram que alguns dos marcadores conversacionais são considerados modalizadores, visto que
podem modificar o valor e a força ilocutória dos enunciados. Isto é, em uma interação verbal, são necessários princípios
comunicativos que podem denotar incerteza, atenuar e diminuir a força ilocutória do que é dito, ou seja, o falante emprega
algumas estratégias para elaborar a fala e alcançar seus propósitos comunicativos.
A SAGA DOS BRUTOS: A ESCRITA SUBTERRÂNEA DE ANA PAULA MAIA
Resumo
A ficção de Ana Paula Maia se distancia dos tradicionais espaços ficcionais que a escrita de autoria feminina tende a encenar.
Na contramão de uma atmosfera caracterizada por uma urbanidade de classe média, edificada sob alicerces patriarcais e
sedimentada por relações de gênero, sua literatura suja, fétida, áspera, escura e podre busca iluminar os habitantes do
subterrâneo em seu cotidiano invisível e insensível. É dentro dessa polpa de subalternidade e de embrutecimento humano que
está imersa a trilogia “Entre rinhas de cachorros e porcos abatidos” (2009), “O trabalho sujo dos outros” (2009) e “Carvão
animal” (2011). A saga dos brutos, como é conhecida as três novelas em estilo pulp, permite questionar as potencialidades da
literatura como um discurso desestabilizador de práticas hegemônicas, afinal, ao lançar holofotes sobre o sujeito-dejeto,
podemos refletir sobre o questionamento de Spivak: Pode o subalterno falar? Nessa esteira é que encaminhamos esta
comunicação, que busca compreender as posições desses sujeitos de outros pertencimentos identitários e os significados
envolvidos nesses sistemas de representação.
CORRESPONDÊNCIAS CRUZADAS DE ROGER BASTIDE A MÁRIO DE ANDRADE E ARTHUR RAMOS (DE 1938 A 1939) :
UM INTELECTUAL FRANCÊS EM BUSCA DE SEUS MESTRES BRASILEIROS
Resumo
Aportando no Brasil em março de 1938, Roger Bastide logo estabelece relações com intelectuais brasileiros. Um dos primeiros
foi o icônico escritor Mário de Andrade, saudado pelo francês como grande “africanista”, faceta inabitual que não escapou ao
olhar de um estrangeiro. Em 27/05/1938, Bastide confessa numa carta o desejo de “penetrar as profundezas da alma negra”
com a ajuda de Mário a quem solicita colocá-lo em contato com o Arthur Ramos, “africanista” de renome internacional e assíduo
colaborador do Departamento de Cultura. Na primeira carta a Ramos, em 20/07/1938, o neófito Bastide, mais tarde autor de
obras seminais sobre as religiões negras, afirma que a “paixão” por esse tema nasceu da leitura das obras do antropólogo
alagoano e pede para ser iniciado por ele no mundo das “coisas afro-brasileiras”. Nos anos 1950, o francês reconhecia ter sido
aquele “mestre do estudos africanistas” o seu “mais precioso inspirador e (...) seguro dos guias”. Vários estudos tratam
isoladamente da obra dos três autores. No entanto, permanece inexplorada a correspondência que mantiveram entre si (A ? B;
B ? C; A ? C). Tais documentos jogam novas luzes sobre o tema aqui proposto além de sugerir reavaliações sobre o fluxo das
transferências de conhecimento e influência que, na década de 1930, colocam em destaque e em pé de igualdade os brasileiros
frente aos europeus aqui chegados para fundar uma cultura científica e acadêmica. Nesta comunicação, à luz das
correspondências cruzadas com Mário e Arthur, pretende-se observar como se dá a formação inicial do professor e sociólogo
francês por seus “mestres” brasileiros, graças aos quais construiu as bases de sua interpretação do Brasil.
A “CONFISSÃO” POLIFÔNICA DE LUIZ VILELA
Resumo
Em Problemas da Poética de Dostoievski (2002), Mikhail Bakhtin descreve a polifonia como uma estrutura dialógica em que
várias vozes equipolentes se manifestam em um único texto. Dessa forma, o discurso se constitui a partir de outros discursos,
ambos relacionados ao caráter ideológico representado pelos sujeitos em interação. A partir da polifonia, nos termos conceituais
propostos por Bakhtin, empreendemos análise acerca do processo polifônico presente no conto ”Confissão”, do livro Tremor de
Terra (1967), de Luiz Vilela. Assim, as informações implícitas em um texto, são como dispositivos que proporcionam ao leitor
possibilidades de conexões e de hipóteses a respeito do objeto intencionado. No conto "Confissão", as vozes são representadas
e demarcadas ideologicamente através da perspectiva do leitor e designadas como tema central: a confissão. Com isso, nossa
proposta visa identificar, também, como a polifonia se instaura diante da recepção estética do conto em questão. Nossa
fundamentação teórica, além do conceito de polifonia (BAKHTIN, 2002), se volta para as Teorias da Recepção, em especial
para a Estética da Recepção (JAUSS, 1994) e a Teoria do Efeito Estético (ISER, 1996; 1999a; 1999b).
PELOS "CAMINHOS DA TERRA" DE ENEIDA DE MORAES
Resumo
Durante grande parte da primeira metade do século XX, muitos escritores, artistas e ativistas filiados ao Partido Comunista
Brasileiro (PCB) viajaram até o mundo socialista, escrevendo, em seguida, relatos sobre as viagens que realizaram como forma
de divulgação dos ideais socialistas no Brasil. Dentre os comunistas que fizeram esse tipo de viagem, figura Eneida de Moraes
(1904-1971). No ano de 1959, a escritora paraense foi convidada a conhecer a União Soviética e a China, e publicou no mesmo
ano, artigos sobre a viagem no períódico Novos Rumos, os quais foram reunidos posteriormente reunidos no livro intitulado
Caminhos da Terra, no qual relata suas impressões sobre esses lugares. Este trabalho, portanto, objetiva analisar o relato de
viagem produzido por Eneida de Moraes, a fim de observar como a autora descreveu suas experiências nesses países, como
também refletir sobre as manifestações ideológicas presentes nesse relato, tendo em vista que a escritora era membro ativa do
Partido Comunista Brasileiro.
ANÁLISE DE UMA UNIDADE DIDÁTICA DE LEITURA E PRODUÇÃO DE TEXTO COM ARTIGO DE OPINIÃO PARA O
ENSINO FUNDAMENTAL
Resumo
Este trabalho descreve e analisa uma sequência de atividades de leitura e escrita com o gênero artigo de opinião, elaborada
para o nono ano, por mestrandas do programa de pós-graduação Mestrado Profissional em Letras. Ao ter como foco as práticas
linguageiras, leitura, escrita e análise linguística, optou-se pelo gênero artigo de opinião, tendo em vista uma polêmica recente
que suscitou muitas discussões: a utilização de animais domésticos, em especial, os cães, em experimentos da área da saúde.
Ancorados teórico-metodologicamente nos conceitos bakhtinianos de enunciado, dialogismo e gênero discursivo, orientamos as
mestrandas para produzirem atividades de leitura que priorizassem a reflexão acerca das condições de produção do enunciado
para, a partir dessa análise, proporem ao aluno do ensino fundamental questões que refletissem sobre o conteúdo temático, a
organização estrutural e o uso dos recursos linguísticos e seus efeitos de sentido. Em relação à produção de texto, foi-lhes
solicitada a produção de um comando de escrita nessa mesma perspectiva dialógica de linguagem. Diante das atividades de
leitura e de escrita elaboradas, consideramos que a apropriação dos elementos constitutivos de uma situação enunciativa e sua
inserção em uma dada esfera de produção mostraram-se melhores apropriados pelas professoras em detrimento à produção de
questões relativas à análise linguística.
SRA. JORGE B. XAVIER: A PROCURA DE SI
Resumo
Autora: Lílian Lima Gonçalves dos Prazeres Universidade Federal do Espírito Santo (UFES) CPF: 02398659526 Estudo da
representação de gênero na literatura brasileira. O presente trabalho inscreve-se como análise de caráter teórico-crítico da
representação do feminino na obra de Clarice Lispector, particularmente, no conto A procura de uma dignidade. Diante disso,
procurou-se analisar os papéis sociais de esposa e mulher idosa, representados pela protagonista da obra em estudo, a
Senhora Jorge B. Xavier, a partir da teoria literária feminista. Há, ainda, uma reflexão sobre o corpo envelhecido e as marcas
dessa etapa para a vida das mulheres. Toma-se como ponto de partida as teorias de gênero de autores consagrados na área
da crítica literária feminista, a exemplo de Toril Moi (2006), que em Teoría literaria feminista, traça o percurso histórico de
construção da crítica literária feminista e suas principais contribuintes; Elódia Xavier (2007), estudiosa brasileira adepta à crítica
literária, que estuda o corpo feminino em obras literárias; Nádia Gotlib (1995), que escreveu a biografia de Clarice Lispector,
apresentando contribuições importantes tanto no que se refere à vida quanto à obra da escritora em estudo; Eliane Blessmann
(2004), autora que debate os efeitos da velhice nas relações sociais. Além disso, analisa-se o labirinto, elemento mítico que
permeia o universo da personagem estudada, para tanto, teóricos como Mircea Eliade (1972), Jean Chevalier (1998), Joseph
Campbell (1990), dentre outros, serviram de suporte teórico.
O PAPEL DA REVISTA JOAQUIM NO CENÁRIO LITERÁRIO NACIONAL - DÉCADA DE 1940
Resumo
A década de 1940 foi marcada por significantes mudanças na estrutura da sociedade brasileira. Cidades como Curitiba, que até
então eram apenas centros administrativos regionais, passam a ganhar importância no setor industrial, iniciando um processo
de crescimento populacional que desencadeou o surgimento de novas metrópoles. Consequentemente, os círculos artísticos e
culturais descentralizam-se do eixo Rio-São Paulo e artistas dos novos polos surgem das sombras da obscuridade. Nesse
cenário, Dalton Trevisan cria a revista Joaquim, que representa, segundo alguns autores, a manifestação tardia do Modernismo
no Paraná, e que, de todas as revistas que circularam nesse período, foi a que mais se destacou. Além disso, Joaquim também
foi a porta de entrada para artistas como Dalton Trevisan e Poty Lazzarotto, que a partir de então passam a ter influência no
cenário nacional. Desta forma, podemos considerar a própria revista como parte de um processo de canonização desses
artistas. Esse trabalho tem como objetivo compreender a importância de Joaquim dentro de um contexto, não apenas regional,
mas também nacional, verificando sua repercussão. A metodologia adotada é a análise de textos publicados em jornais de
grande circulação na época e que fazem referência à revista, tais como Gazeta do Povo (PR), Revista do Globo (RS) e Folha da
Manhã (SP).
O ESPAÇO COMO EXPRESSÃO DA DISCORDÂNCIA OU DO ENTENDIMENTO: A ACTIVO NAS PRAÇAS, RUAS E
AVENIDAS
Resumo
Resumo
A língua falada pressupõe um contato direto com o falante, o que a torna mais espontânea, concreta, sem grande preocupação
gramatical e em constantes renovações. Essas renovações implicam variações linguísticas que sempre se mostraram
intrínsecas às práticas sociais. Apesar de ser considerada espontânea, a linguagem oral possui estrutura própria que se revela
de acordo com a situação de uso. Nessa perspectiva o presente estudo trata-se de uma análise preliminar do português falado
por bolivianos bilíngues que residem em Guajará-Mirim/Brasil. Discute aspectos sintáticos referentes aos pronomes clíticos,
sintagmas nominais e concordância verbal. Objetiva contribuir às pesquisas de língua materna, partindo do pressuposto de que
a variação linguística é um fato inerente a linguagem humana. Para tanto, realizou-se uma pesquisa de campo, na qual
entrevistou comerciantes do “Comercio Boliviano” falando português. Posteriormente fez-se a transcrição e análise dos dados.
Considera-se que este trabalho suscitou questões importantes às pesquisas de linguagem fronteiriça fornecendo dados para
compreensão de uma modalidade de língua na fronteira Brasil/Bolívia. Bem como, possibilitou identificar as circunstancias que
particularizam o falar dos imigrantes bolivianos que vivem no Brasil, evidenciando a presença de marcas sintáticas peculiares
neste falar.
FORMAÇÕES DISCURSIVAS E IDEOLOGIA EM TORNO DO MANUAL DO POLITICAMENTE CORRETO
Resumo
Abordamos, nesse trabalho, o discurso sobre a língua do manual do politicamente correto, significada como mais uma ação
coercitiva que busca o gerenciamento da língua. Três artigos de “formadores de opinião”, pertencentes a formações discursivas
que se imbricam e ao mesmo tempo se diferenciam, pelas distintas posições-sujeito, estruturam o corpus. Os chamados, pelos
autores do manual, de “formadores de opinião”, respondem pela autoria das três materialidades selecionadas e, a partir dessas
materialidades, recortamos sequências discursivas (SD's) a serem analisadas, com o objetivo de responder a seguinte questão
de pesquisa: Como nos discursos sobre o manual constroem-se efeitos evidências de que a língua é sempre heterogênea,
apesar das práticas coercitivas? O objetivo geral em torno dessa questão é compreender o funcionamento discursivo da língua
no manual, destacando os efeitos de sentidos que escapam ao seu gerenciamento e a sua uniformização, buscando identificar
os discursos e ideologias que sustentam essa prática. Nas materialidades analisadas, especialmente, na FD dos linguistas, em
que se inscreve Fiorin, há o funcionamento destacado da contradição, tendo em vista que o sujeito se posiciona em relação ao
politicamente correto, escapando à sua posição de linguista a quem caberia descrever a língua, sem posicionar-se em torno do
que é certo ou errado.
A METALINGUAGEM DA FÁBULA: UMA LEITURA DE FÁBULAS DE MONTEIRO LOBATO
Resumo
A fábula é um dos gêneros mais antigos e de forte presença popular. Essa popularidade, no entanto, não impede que ela seja
apreciada por pessoas de todos os lugares e classes sociais. Além disso, pode fazer parte do repertório literário de adultos e
crianças e adapta-se facilmente a qualquer faixa etária. A versatilidade e a brevidade da fábula conjugadas, simultaneamente, a
um princípio estrutural sólido, o qual, segundo Lima (1984), resume-se a três discursos interligados — o figurativo, o
metalinguístico e o temático —, podem, no entanto, explicar a aproximação histórica que sempre houve entre a fábula e o
público infantil. Entre outros motivos, foi também por essa razão que, em 1916, ao esboçar um projeto literário para crianças,
Monteiro Lobato (1882-1948) inspira-se na fábula e, mais tarde, em 1921, lança um livro exclusivo intitulado Fábulas de
Narizinho. Nos anos seguintes, a obra foi revisada e ampliada até que, em 1943, o autor acrescenta um segundo espaço
narrativo, no qual as personagens do Sítio comentam e avaliam as fábulas “ouvidas”. Em meio a esses comentários, também
desenvolvem uma metalinguagem do gênero, que coloca em destaque a forma da fábula: uma breve história (discurso
figurativo), a moralidade (discurso temático) e o discurso metalinguístico, que se revela na própria situação ficcional discursiva.
Destacam-se, ainda, a predominância de personagens animais, a falsidade científica e a origem da fábula. Portanto, esta
comunicação tem por objetivo abordar a presença da metalinguagem da fábula na obra Fábulas de Monteiro Lobato,
considerando que o quadro ficcional constituído por narradora e ouvintes guarda semelhanças com o espaço da sala de aula.
SAGA STAR WARS E MEMES DO STJ: UMA ANÁLISE BAKHTINIANA DO VERBO-VISUAL
Resumo
A imagem faz parte da vida do homem e, Bakhtin, ao propor uma nova maneira de enxergar a língua/linguagem nos deixou um
caminho a ser trilhado que possibilita não só a análise de enunciados verbais mas também, e especialmente, os visuais. Em
contexto de avanços tecnológicos, a contemporaneidade nos permite ter acesso a um mundo bastante imagético e provê
interações entre enunciados e discursos em formato muito mais dinâmico que o indivíduo já experienciou um dia, fazendo surgir
novas esferas de atividade em que esse sujeito interage. Inserida em uma das inúmeras esferas de atividade possíveis
reconhecemos o facebook como uma plataforma mediadora de discursos e diálogos que só veem à tona por meio de algum
gênero discursivo, nesse caso, constituídos por registros verbo-visuais. A partir dessa premissa e levando em consideração o
cunho social da linguagem em Bakhtin nos propomos a apresentar resultados parciais de pesquisa desenvolvida na
Universidade Federal de Goiás - Regional Catalão do Programa de Mestrado em Estudos da Linguagem. O trabalho diz respeito
à análise de discursos disseminados em memes jurisprudenciais veiculados em página de perfil público na rede social facebook
do Superior Tribunal de Justiça que estabelecem relações dialógicas com episódios da saga Star Wars ao verificarmos
recorrências temáticas e imagéticas da série nos memes analisados. Para isso, nos pautaremos na Análise Dialógica do
Discurso (ADD) desenvolvida pelo Círculo de Bakhtin no que se refere aos conceitos de dialogismo, gênero discursivo, signo
ideológico e sujeito, pois cremos que a partir desses signos o sujeito interage consigo mesmo, com o outro e com o mundo,
constituindo-se.
AS PRESCRIÇÕES MEDIADORAS DE AÇÕES EDUCACIONAIS NA REDE PÚBLICA DO PARANÁ
Resumo
A pesquisa em desenvolvimento no mestrado em Estudos da Linguagem (UEL) propõe-se a investigar o professor e seu
trabalho, analisando a linguagem e o que ela pode revelar das práticas docentes. Para tanto, propomos neste trabalho a
discussão sobre os textos prescritivos que constituem uma das dimensões do trabalho educacional, mais especificamente os
produzidos por instâncias oficiais, como as Orientações das Semanas Pedagógicas, e os autoprescritivos, como os Planos de
Trabalho Docente (PTD) à luz dos procedimentos de análise de textos do Interacionismo Sociodiscursivo. O desenvolvimento
profissional, sua história, seus impedimentos e a complexa situação do trabalho educacional são objetos de nossa pesquisa em
que buscamos compreender as atividades do professor, as prescrições que buscam direcionar essas atividades, a
(re)configuração da atividade nos gestos profissionais que se integram ao coletivo de trabalho e a adaptação e ajustamento
desses gestos aos contextos escolares particulares de atuação (NASCIMENTO, 2014); a responsabilidade assumida na
atividade (BRONCKART & MACHADO, 2004) e o desenvolvimento potencial das ferramentas mediadoras das ações docentes
(FRIEDRICH, 2012).
LITERATURA E LOUCURA: PERSONAGENS FEMININOS EM HOSPÍCIO É DEUS, DE MAURA LOPES CANÇADO
Resumo
A presente comunicação tem como objetivo discutir a relação das mulheres com a loucura, tendo o texto literário como um
suporte para essas inquietações. A autora mineira Maura Lopes Cançado passou boa parte de sua vida internada em
instituições psiquiátricas na cidade do Rio de Janeiro, e como um mecanismo de sobrevivência, a mesma desenvolveu a escrita
como uma tentativa de salvaguardar uma singularidade perdida desde o momento em que se despiu a roupa de cidadão e
vestiu-se o uniforme desbotado dos doentes do hospício. Por isso, como uma maneira de proteger-se da ameaça da loucura,
decide escrever, conseguindo dar voz a pacientes, transformando-as em personagens literários, eternizando-as assim. A
literatura também pode ser considerada um espaço de recriação da memória histórica, embutida nas tradições e raízes,
recuperadas pelo imaginário do artista. E, dessa forma, contribui para consolidação das dimensões culturais do local, traduzidas
nos mitos, crenças, linguagens, hábitos e comportamentos que constroem a imagem singular dos diferentes lugares e grupos
sociais. Hospício é Deus oferece um leque de personagens interessantes que merecem destaque, porém nesse espaço vamos
destacar as personagens femininas. É através das palavras que Maura utiliza que é possível construir o mundo fantástico da
literatura, tanto a vida dela quanto o de suas companheiras, são elementos crucias na reconstrução do mesmo. Afinal, as
palavras despertam o olhar e a imaginação dos que se aventuram pela sua leitura, e ao expor uma paciente transformando em
um personagem literário, a autora estaria deslocando o sujeito de um papel esquecido, à margem, para alguém que possui uma
vida.
O ACONTECIMENTO DISCURSIVO DA VIOLÊNCIA
Resumo
Tanto aceitamos em nosso imaginário que o brasileiro é “cordial”, “agradável”, que esquecemos a violência cotidiana que
atravessa o discurso cotidiano, e até “fingimos” não ver o acontecimento discursivo predominante na mídia – um corpo com uma
bala na cabeça, um cadáver com dois tiros no peito – esses fatos, que deveriam estar na consciência e discurso de todos, é
completamente esquecido, para a construção de um discurso ufanista de embelezamento das características do Brasil. Todos
esquecem de afirmar que o sujeito brasileiro é violento. O artigo estuda, através da materialidade discursiva do romance, a
constituição discursiva da violência na sociedade brasileira, a partir da seguinte questão norteadora: por que identificamos o
brasileiro como “cordial”, se as notícias, em diferentes mídias, direcionam o nosso olhar para um aumento hiperbólico da
violência? Desse modo, pretendemos analisar como, na contemporaneidade, os sujeitos de elite lidam com essa realidade;
meta essa especificada em dois objetivos: analisar a materialidade discursiva literária como uma ressonância do imaginário
social, e, consequentemente, analisar as personagens como individualizações de sujeitos históricos brasileiros. Utilizaremos,
em termos teóricos, os seguintes conceitos da Análise de Discurso de orientação francesa: o interdiscurso, a formação
discursiva, a posição-sujeito e o acontecimento discursivo.Os autores utilizados para esse embasamento serão os seguintes:
CAZARIN (2005), COURTINE (2009), PÊCHEUX (1990). Em nossa análise, serão obedecidas as seguintes etapas de análise:
dois recortes textuais e oito sequências discursivas, através de que serão compreendidas o discurso do brasileiro.
AS CICATRIZES DA MEMÓRIA NO NARRADOR DE NÃO FALEI, DE BEATRIZ BRACHER
Resumo
A intervenção relata resultados parciais de pesquisa em andamento, denominada “A literatura de Beatriz Bracher: para falar de
Não falei”, vinculada ao projeto “Ficção brasileira no século XXI” (UFPel/CNPq). A investigação tem por objetivo principal
analisar, a partir de leitura intertextual e interdiscursiva, corpus composto por narrativas de Beatriz Bracher e dessas com outros
textos, literários ou não, privilegiando a interpretação do romance Não falei (2004). Por meio de análise contrastiva, visando à
contextualização histórica e cultural, mobilizando proposições teóricas de outras áreas do conhecimento, como História,
Educação e Política, o viés condutor da análise de Não falei é o do contexto histórico-cultural da ditadura pós-golpe civil-militar
de 1964, pano de fundo da ação ficcional, rememorada quarenta anos depois, pelo personagem-narrador (o professor
universitário Gustavo), já que o presente narrativo é fixado no ano de 2004. A hipótese é a de que, ainda que não se trate de um
romance de testemunho, o texto resgata o clima dos anos de iniquidade no Brasil, pensando, a partir da célula mínima da
sociedade – a família e as pessoas próximas ao núcleo familiar, vistas em um cotidiano recortado do dia a dia de sujeitos
comuns (cidadãos brasileiros, “gente como a gente”) – os fatos e as consequências dos tempos de repressão e autoritarismo
que afetaram o país como um todo não só durante os vinte cinco anos de arbítrio mas que continuaram a repercutir na
formação da sociedade brasileira mesmo após a retomada da democracia, indo até os primeiros anos do primeiro governo Lula.
VESTIBULAR PARA OS POVOS INDÍGENAS NO PARANÁ: A ORDEM DO DISCURSO NA PROVA DE REDAÇÃO
Resumo
As comunidades indígenas são populações minoritárias com aspectos identitários específicos que as caracterizam como
diversas no que diz respeito à ordem social, cultural, econômica e política do não indígena. Dentre essas singularidades, o
multilinguismo têm mobilizado a atenção de diferentes campos de saber frente a problematizações das populações étnicas no
Paraná, tanto para o que se encontra compreendido no âmbito da língua adicional quanto no da materna, tema que se faz
presente nas discussões do GEDUEM (Grupo de estudos em Análise do discurso da UEM). O recorte desse estudo atém-se
sobre a prática discursiva Vestibular para os Povos Indígenas no Paraná realizado em 2005 e seu conjunto de provas de
redação, tal vestibular promove reflexões sobre as relações de força que compõem o movimento de inclusão x exclusão. Essa
pesquisa subsidia-se pelos fundamentos da Análise do Discurso de linha francesa e em seus desdobramentos no Brasil, em
especial, pelos procedimentos de exclusão na ordem do discurso (FOUCAULT, 1996), já que a memória discursiva e as
condições de existência enunciativa possibilitam a ressignificação do olhar indígena acerca do espaço institucional universitário.
Para tanto, as discussões debruçam-se sob os questionamentos: de que forma nessa prática discursiva as relações de forças
se estabelecem? De que modo as dispersões discursivas compõem regularidades entorno daquilo que o sujeito indígena
espera do vestibular, enquanto um espaço constituinte de um lugar institucionalizado e normalizador? Há uma voz indígena
constituindo esse discurso que aponta para um posicionamento coletivo, ou há a reprodução de discursos existentes sobre a
universidade?
A LITERATURA INFANTIL E JUVENIL NO PARANÁ: ESTADO DA QUESTÃO
Resumo
A literatura infantil e juvenil no Paraná: estado da questão insere-se em projeto mais amplo, Portal da Literatura Paranaense:
formação e consolidação de um campo literário, financiado pela Fundação Araucária/FA, que tem como objetivo levantar e
analisar momentos da formação e da consolidação do campo literário no Paraná (1850 – 2010), com o intuito de contribuir para
a compreensão do processo de escrita da história da literatura no Estado, no que se refere à produção de gêneros literários,
dramático, narrativo e lírico, bem como propiciar a interrelação com o sistema cultural brasileiro, de modo a fomentar a
divulgação da cultura paranaense em outras regiões do país. Nesta comunicação, além da justificativa, objetivos e metodologia,
apresentam-se os resultados da pesquisa, quais sejam: 1 – levantamento da produção infantojuvenil de escritores paranaenses
– nascidos no estado ou oriundos de outros estados, mas radicados no Paraná – para refletir sobre o estado da questão no que
se refere à formação do subsistema, enfatizando a capacidade que esses autores demonstram de interagir com o sistema
literário brasileiro, em um processo de assimilação e difusão cultural; 2 – produção de verbetes sobre os escritores
considerados no levantamento anterior.
A MASSA QUIMÉRICA EM DOIS CONTOS MACHADIANOS: "O PAÍS DAS QUIMERAS (CONTO FANTÁSTICO)" (1862) E
"UMA EXCURSÃO MILAGROSA" (1866)
Resumo
Na década de sessenta, Machado de Assis, ainda jovem, exercita-se na feitura de seus contos. Isto se torna notório quando
tomamos dois deles: “O País das Quimeras (conto fantástico)” (1862) e “Uma Excursão Milagrosa” (1866). Trata-se de uma
mesma fábula, porém narrada de formas diversas. No conto de 1866, houve modificações concernentes à introdução, ao
narrador e à conclusão. Objetiva-se neste trabalho buscar pelas possíveis causas destas modificações e detectar em que
medida estas modificações instauradas contribuíram para dar maior eficiência à obra, antecipando Machado de Assis posterior
a 1881 (Memórias Póstumas de Brás Cubas) e 1882 (Papéis Avulsos). Analisando sua temática, tanto em “O País das
Quimeras (conto fantástico)” quanto em “Uma Excursão Milagrosa” apresentam-se características insólitas, que configuram o
gênero fantástico. Abordando a ambiguidade que paira em toda a narrativa, igualmente se buscará pela maneira de ser do
insólito em cada um de seus contos. Está-se diante de contos fantásticos? Eis a questão a ser respondida.
O MÉTODO DE ANÁLISE ATIVA COMO BASE PARA A LEITURA DE O CONHECEDOR, DE LUÍS FERNANDO VERÍSSIMO:
PONTO DE PARTIDA PARA UMA PRÁXIS DE DIREÇÃO TEATRAL
Resumo
O presente trabalho utiliza o método de análise ativa, formulado por Konstantin Stanislávski, como ferramenta para análise do
conto O Conhecedor, de Luís Fernando Veríssimo; procurou-se, a partir disso, investigar o processo de desenvolvimento de
vida da obra através de subterfúgios pertinentes a tal método, tais como seus elementos estruturais e a criação da "novela da
vida" das personagens sob a óptica do diretor teatral. Trata-se do início da sistematização de um processo de construção cênica
que buscou transcender a mera ilustração da palavra, cujo desenvolvimento comprova a individualidade de cada espetáculo,
reforçando ideias presentes no conceito "fenômeno teatral" – na acepção de Anatol Rosenfeld – a partir da relação única entre
autor, diretor e ator. Deste processo, resultado da disciplina Direção Teatral I e do projeto de ensino EncenaAção: Estudos
Teórico-Práticos em Direção Teatral – ambos coordenados pela Professora Mestre Adriane Maciel Gomes e direcionados ao
terceiro ano da graduação em Artes Cênicas da Universidade Estadual de Londrina –, foi gerada a prática Mise en Sogno,
levada a público em outubro de 2012.
REPRESENTAÇÕES SOCIAIS DE BIBLIOTECAS ESCOLARES
Resumo
Mesmo com avanços, sabemos que as bibliotecas públicas municipais são, na prática, bibliotecas escolares, dando indícios de
certa homogeneização dos espaços. O interesse pela Literatura nas bibliotecas públicas e escolares está vinculado à
necessidade/obrigatoriedade da realização de tarefas. A relação dos estudantes com os textos literários nas bibliotecas públicas
e escolares reflete, portanto, a relação com a Literatura na sala de aula. Nesse universo amplo e controverso das práticas de
ensino e do papel dos espaços públicos de leitura, buscamos analisar as representações de bibliotecas no imaginário de
adolescentes estudantes. Partindo de referências como Aguiar (2006), Colomer (2003; 2007), Milanesi (2002) e Petit (2008;
2013), entre outros, nossa investigação mostrou que as bibliotecas estão ausentes do horizonte de muitos; estes espaços
aparecem quando se desloca da esfera do interesse e da motivação prazerosa para a esfera da obrigação. Mesmo assim, as
bibliotecas, para muitos, continuam sendo uma alternativa viável para o contato com os livros, evitando a procura desorientada
e os gastos. Investigar a relação entre os usuários de uma biblioteca e a literatura, seja por meio do contato solitário da leitura,
seja participando de um espetáculo, uma exposição ou de uma atividade qualquer, contribui à medida que propõe que a
biblioteca, como espaço de leitura, posicione-se ativamente entre o leitor e o livro.
REFLEXÕES SOBRE O PROCESSO DE CANONIZAÇÃO: UM OLHAR SOBRE ROSÁRIO FUSCO
Resumo
Rosário Fusco (1910-1977) foi escritor e crítico literário, bem como um dos organizadores, fundadores e colaboradores da
importante Revista Verde, um dos principais periódicos modernistas do país. Além disso, possui uma vasta produção literária,
que conta com poesia, teatro e romance, como é o caso de O agressor (1943) e a.s.a – associação dos solitários anônimos. O
primeiro foi publicado na Itália e obteve grande sucesso, sendo comparado a Kafka e Joyce. Contudo, no Brasil, Rosário Fusco
não recebeu a devida atenção da crítica literária e, assim, não foi reconhecido entre os grandes escritores de seu tempo. Isso
pode estar intimamente relacionado à relação conflituosa que possuía com a crítica e alguns intelectuais de sua época
(WERNECK, 2013), suas escolhas políticas e o fato de produzir textos literários que iam na contramão da ordem do discurso
(FOUCAULT, 1996) daquele período. Nesse sentido, essa comunicação pretende revisitar a vida e a obra do escritor Rosário
Fusco e pensar a respeito dos diversos fatores que o mantiveram afastado das bibliotecas, das universidades, da crítica literária
brasileira - instâncias legitimadores de poder e responsáveis pelo controle da interpretação (KERMODE, 1979) e,
consequentemente, pelos processos de formação canônica. Para que se discuta a produção de Fusco e o modo como ocorrem
os processos de canonização serão usados textos de Michel Foucault (1996), Pierre Bordieu (2009), Frank Kermode (1979),
Ioana Gruia (2007), Antonio Candido (1992), Alfredo Bosi (1994), Ronaldo Werneck (2013), Fábio Lucas (2003), Aricy Curvello
(2003), Nelson de Oliveira (2002), entre outros.
A INFLUÊNCIA DA ESCOLARIDADE NO USO DOS PRONOMES NÓS/A GENTE E TU/VOCÊ
Resumo
Neste artigo analisamos a influência da variável escolaridade no uso dos pronomes pessoais nós/a gente e tu/você no falar de
Concórdia – SC. Este estudo está apoiado, especialmente, nos pressupostos teóricos da sociolinguística variacionista. A
amostra foi constituída por 24 entrevistas, coletadas entre os anos de 2007 e 2010 e distribuídas por duas faixas etárias (26 a
45 anos; 50 anos ou mais); sexo (masculino; feminino) e três níveis de escolaridade (fundamental I; fundamental II; ensino
médio). Para a análise estatística dos dados coletados foi utilizado o pacote de programas VARBRUL (PINTZUK, 1988). Os
resultados a serem apresentados foram obtidos através da análise de um corpus com 1553 ocorrências dos pronomes nós/a
gente: 783 casos de a gente e 770 de nós, o que corresponde a um percentual de aproximadamente 50% para cada um dos
pronomes; já em relação aos pronomes tu/você, obtivemos 926 ocorrências, 512 (55%) de tu e 414 de você (45%), resultado
que parece indicar que o uso do pronome conservador tu ainda prevalece entre os falantes dessa cidade. A variável
escolaridade apresentou tendências opostas: na análise da variação nós/a gente, os falantes com nível mais elevado de
escolaridade, o nível médio, favoreceram o pronome canônico nós, enquanto no nível fundamental I e II o uso da forma
inovadora a gente predominou; já na análise da variação tu/você, o uso do pronome inovador você predominou entre os falantes
mais escolarizados, enquanto os menos escolarizados fizeram maior uso do pronome canônico tu.
“ANTECIPAÇÃO TERAPÊUTICA DE PARTO NÃO É ABORTO”: “ANTECIPAÇÃO TERAPÊUTICA DE PARTO NÃO É
ABORTO”
Resumo
Nesta apresentação, propomos uma análise crítica do discurso registrado no acórdão do Supremo Tribunal Federal sobre a
Arguição de Descumprimento de Preceito Fundamental (ADPF 46). A decisão atendeu o pedido da Confederação Nacional dos
Trabalhadores de Saúde para reconhecer a antecipação terapêutica de parto como um direito subjetivo das gestantes de feto
anencéfalo. Nosso objetivo é analisar os argumentos dos ministros e ministras sobre uma questão que afeta diretamente os
direitos sexuais e reprodutivos das mulheres. Assim, lançamos uma proposta de pesquisa transdisciplinar orientada sobre o
tripé linguagem-gênero-direito. Dos Estudos de Gênero emprestamos algumas fundamentações teóricas que versam sobre as
questões da mulher e do aborto, tema polêmico no âmbito jurídico e na sociedade e que é desqualificado como termo correlato
a “antecipação terapêutica de parto” no acórdão, embora a questão perpasse toda a decisão, gerando muitas seções
argumentativas. Da Análise de Discurso Crítica, apropriamo-nos de construções teóricas sobre os significados da linguagem e
recorremos às categorias de interdiscursividadade, pressuposição, implícito, vozes e agência, com as quais focamos os
esquemas argumentativos do acórdão. Por fim, no Direito situamos nosso objeto de estudo: a própria decisão sobre a questão
do aborto e dos direitos das mulheres. Nosso interesse principal é trazer ao olhar público os diálogos que são travados âmbito
da mais elevada corte da Justiça brasileira, o STF com suas disputas ideológicas e jogos de força.
FALA E ESCRITA EM QUESTÃO - UMA ESTRATÉGIA DE LEITURA DA CRÔNICA
Resumo
A crônica, ao ser tomada como objeto de estudo em sala de aula, oportuniza o contato com temáticas que são capazes de
desenvolver o diálogo e o senso crítico, favorecendo um processo formativo amplo. A partir de leituras de crônicas variadas, os
alunos reconhecerão os traços constitutivos que regem o gênero. Tendo isso em vista, podemos levá-los a observar que nossos
mundos particulares estão presentes no texto literário e vice-versa, gerando um sentimento de cumplicidade. É exatamente
dessa aproximação que surge a crônica. Ela é “ligeira”, subjetiva e construída sobre os alicerces de uma linguagem simples,
cotidiana. É nesse sentido que este trabalho tem como tema a observação das características da língua falada presentes na
crônica, gênero no qual ocorrências cotidianas são abordadas com o máximo de realismo e simplicidade. Tem-se como objetivo,
portanto, demonstrar que uma estratégia eficiente de leitura da crônica deve considerar a existência de características de fala e
escrita, empregadas intencionalmente a fim de melhor construir o efeito de sentido. Os procedimentos metodológicos utilizados
para atingir esse objetivo envolvem uma comparação entre fala e escrita, um levantamento das características da modalidade
falada da língua e a conceituação do gênero discursivo crônica. De posse dessas noções teóricas, analisa-se a crônica “Recado
ao senhor 903”, observando como as características da modalidade falada da língua são-lhe recorrentes e como isso colabora
para a construção do sentido desse gênero. Por meio dessa análise, demonstra-se que a existência do hibridismo fala/escrita é
uma característica que particulariza o gênero discursivo-literário crônica.
A LITERATURA NO ENEM: QUESTIONAMENTOS, PERSPECTIVAS E PROPOSTAS
Resumo
O Exame Nacional do Ensino Médio (ENEM) é uma realidade na vida de professores e alunos no nível médio. Sua prova, além
de seletiva para o ingresso de alunos nas Instituições de Ensino Superior é utilizada para medir desempenhos escolares ao fim
da Educação Básica. No ano de 2009 esse Exame adquiriu essa conotação seletiva e passou por um processo de mudanças
metodológicas e políticas. O texto que ora apresentamos tem como objeto de estudo as questões do ENEM, contidas nas
provas realizadas nos anos de 2009 a 2012; e, a Matriz de Referência, documento norteador das questões apresentadas pelo
exame. Intentamos observar o que propõem as questões de literatura no ENEM a partir da análise de algumas questões e como
essa proposta orienta a forma de abordagem do texto literário. Nossa pesquisa é de natureza documental tendo como foco de
análise as provas do ENEM de 2009 a 2012 e a Matriz de Referência para o referido exame. Apresentaremos, nesse estudo, a
análise das questões divididas em três categorias: Leitura de poemas: procedimentos de construção do texto; Leitura de
poemas: tendências historicistas; e, Questões de Identidade e Cultura Nacional. Como fundamentos teóricos, discutimos
primeiramente a formação de leitores literários e a necessidade de práticas metodológicas que auxiliem esse processo formativo
com vistas a apontar possibilidades de leituras adequadas aos leitores literários que se submetem ao Exame; em seguida,
analisamos a Avaliação e suas funções em um contexto de performatividade. Como resultados, identificamos que, com base na
teoria discutida e na Matriz de Referência do ENEM, as questões de literatura propostas nos exames de 2009 a 2012 estão, por
assim
PARA UMA ABORDAGEM DA ESCRITA INFANTIL: UMA REFLEXÃO SOBRE A JUSTAPOSIÇÃO
Resumo
Desenvolvido no Grupo de Pesquisa Estudos sobre a linguagem (GPEL/CNPq 400183/2009-9), este trabalho investiga o
comportamento da justaposição, tomada como marca da relação entre o oral/letrado e o falado/escrito, enquanto fatos
linguísticos e práticas sociais (CORRÊA, 1997, 2004), no contexto de aquisição de Tradições Discursivas (KABATEK, 2005) no
modo de enunciação escrito. O objetivo do trabalho é descrever e analisar os casos de justaposição de orações e termos, em
TDs distintas, buscando critérios para a sua caracterização e relação com as mesclas de TDs. Para tanto, adota-se um modelo
funcionalista de junção (HALLIDAY, 1985), fundado num arranjo bidimensional de relações não discretas, observadas nos
processos juntivos (RAIBLE, 2001), em que se entrecruzam o eixo tático e o das relações lógico-semânticas e cognitivas
(KORTMANN, 1997). O universo da investigação é constituído a partir do banco de dados que subsidia as pesquisas do GPEL,
composto de textos de alunos da primeira série do antigo Ensino Fundamental de uma escola pública e periférica de São José
do Rio Preto. Os resultados da análise, quantitativa e qualitativa, revelam que as justaposições, em contextos que permitem
inferências de relações semântico-cognitivas distintas, aparecem recorrentemente nos limites entre uma TD e outra – como
sintoma de mescla de TDs –, e mostram que, ao escolher o modo de “juntar” orações e termos, nos eixos sintagmático e
paradigmático, as crianças deixam pistas, nos textos, que indicam a heterogeneidade constitutiva da escrita e, intrinsecamente
associada a ela, a heterogeneidade constitutiva das tradições em que os textos estão inseridos.
ACERVO PNBE PARA O ENSINO MÉDIO: LEITURA PARA A ESCOLA OU PARA A VIDA?
Resumo
Em sua obra O professor e a literatura, Lígia Cademartori (2012) faz um questionamento importante sobre a lista de livros
indicadas ao vestibular: o perfil do público alvo (vestibulandos egressos do Ensino Médio) é um aspecto considerado no
processo de elaboração destas listas? Esta mesma questão pode ser apresentada à lista de livros que compõe o acervo do
PNBE (Programa Nacional Biblioteca da Escola), programa do governo federal que distribui obras literárias e de referência às
escolas públicas do país com o objetivo de fomentar a leitura e a formação de leitores. Tomando como parâmetro esta questão,
neste estudo propõe-se, em um primeiro momento, efetuar uma pesquisa observando quais obras pertencem ao acervo do
PNBE para o Ensino Médio do ano de 2013. Em seguida, busca-se analisar se estas obras de fato levam em consideração o
perfil do público leitor da faixa etária do Ensino Médio, bem como o universo de referência existencial e intelectual dos jovens
leitores como fator decisivo de recepção, como questiona Cademartori (2012).
EU CONTO EM LIBRAS E RECONTO NA LÍNGUA PORTUGUESA: A REESCRITA DO ALUNO SURDO
Resumo
As discussões sobre Alfabetização e Letramento do aluno surdo tornam-se importantes, uma vez que buscam encontrar
caminhos para que esse aluno compreenda e apreenda os conteúdos escolares. Sabe-se que esses alunos chegam à escola
com aquisição tardia da Língua de Sinais Brasileira e Língua Portuguesa; portanto, aprender a ler e escrever ainda são os
grandes desafios para os professores que lidam com as dificuldades de aprendizagem de discentes surdos em sala de aula. O
presente artigo tem como objetivo contribuir para as discussões sobre a aquisição da Libras para estes alunos surdos e o
aprendizado da Língua Portuguesa na modalidade escrita, nas séries iniciais. A oferta da literatura infantil na escola representa
estímulo forte à aprendizagem da leitura e da escrita, seja na forma de reconto ou produção textual. Essa atitude como proposta
de trabalho nas séries iniciais pode estimular o desenvolvimento psicológico, cultural, emocional, cognitivo e a criatividade do
educando. No primeiro ciclo de alfabetização – turma de alunos surdos, numa Escola Municipal de Belo Horizonte, a partir de
uma metodologia de análise global do texto e de atividades contextualizadas, o trabalho apresentado será baseado na literatura
infantil A Bonequinha Preta, numa proposta Bilíngue, tendo como língua mediadora a Libras e, como resultado final, a produção
escrita do reconto da obra de Alaíde Lisboa, uma das maiores escritoras mineiras.
CONSTRUÇÃO DO SUJEITO FEMININO NA FAMÍLIA PATRIARCAL EM "MORTOS OS PAIS" DE SONIA COUTINHO
Resumo
Resumo: Até meados do século XIX, quando o patriarcalismo era dominante, a condição feminina se resumia em dona de casa,
dama ou então procriadora. A ela, eram privados os direitos ao voto, à educação e ao reconhecimento social, enquanto os
homens eram privilegiados com incentivos aos estudos e formação profissional, pois seriam chefes de família ou então grandes
estudiosos reconhecidos na sociedade. A partir do século XIX, acontecimentos como o surgimento do feminismo, a conquista
do direito ao voto, deram à mulher a possibilidade de traçar, aos poucos, seu próprio destino, podendo assim negar-se ao
casamento, estudar e ocupar lugares privilegiados na sociedade. Importante ressaltar que hoje, em pleno século XXI, nem
todas as mulheres têm este privilégio. Muitas famílias continuam seguindo a tradição patriarcal. Partindo deste viés,
analisaremos, neste artigo, a construção do sujeito feminino no conto Mortos os pais, de Sonia Coutinho, publicado em 2005.
Na condição da mulher nos tempos coloniais serão observados os conceitos de Mary Del Priore e Ana Neotti seguindo para os
conceitos de Stuart Hall na questão da construção da identidade e Cecil Jeanine Albert Zinani, mais especificamente na
construção da identidade feminina.
FORMADORAS DE PROFESSORES DE INGLÊS EM UMA COMUNIDADE DE PRÁTICA: A RELEVÂNCIA DAS EMOÇÕES NO
PROCESSO DE SUA FORMAÇÃO CONTINUADA
Resumo
Tem-se resgatado o papel das emoções na formação dos alunos-professores e do respectivo formador, vinculando-as às crenças,
às reflexões e à construção de uma identidade profissional. Emoções são concebidas como disposições corporais dinâmicas
(MATURAMA, 2005) que, em consonância com o ser biológico, coordenam as ações dos sujeitos e definem os sistemas e o meio
nos quais eles existem, de forma que elas sempre se encontram subjacentes a todo sistema racional. Compreendendo
sentimentos, mudanças fisiológicas, comportamento expressivo e inclinações para agir (FRIJDA; MANSTEAD; BEM, 2000), seu
papel é salientado quando contrapostas às crenças, pois se essas orientam as ações, as emoções conseguem iniciá-las.
Destaca-se, assim, o papel do pertencimento aos grupos como elemento propulsor da participação. Esta, associada ao
acolhimento, é vista como primordial, já que precede a aprendizagem. Como precursoras de uma cultura de acolhimento e
confiança, sendo este um de seus atributos (HARA, 2009), comunidades de prática (CPs), por sua vez, constituem um lócus
alternativo para o desenvolvimento profissional bem como das emoções. Por conta de tal atributo, nosso objetivo é apresentar
como se configuram e se manifestam as emoções das participantes de uma CP de formadoras de professores de inglês em suas
interações durante as atividades de seus encontros de formação continuada. Os resultados apontam os tipos de emoções
identificados, o modo como são demonstrados pelas participantes e como elas reconhecem sua relevância para sua participação
na CP. Como conclusão, reafirmam-se a relevância das emoções para a constituição de CPs e o papel das CPs para a circulação
das emoções.
O PAPEL DA FORMAÇÃO DE PROFESSORES PARA O ENSINO DE PORTUGUÊS PARA SURDOS
Resumo
A presença do intérprete em sala de aula é suficiente para garantir o aprendizado da Língua Portuguesa para os alunos surdos?
Os docentes de Língua Portuguesa foram preparados, em sua formação inicial, para ensinar português a esses alunos? As
políticas de formação continuada têm sido capazes de prover as escolas de professores com conhecimento acerca das
singularidades linguísticas, metodológicas, curriculares, sociais e culturais, manifestadas pelos alunos surdos? A formação
docente é suficiente para garantir uma educação bilíngue nas escolas públicas brasileiras? É possível ensinar, ao mesmo
tempo, português para surdos e para ouvintes? Essas e outras questões que povoam o imaginário de vários professores de
Língua Portuguesa serão discutidas, por meio de uma reflexão acerca dos obstáculos que envolvem o ensino de português para
surdos, no cenário educacional brasileiro. Reflexão essa que se embasa nos resultados parciais de uma pesquisa de
pós-graduação stricto sensu, cujo objetivo é entender o papel da formação dos professores para o desenvolvimento e melhoria
do ensino de português para surdos. Acredita-se que a formação continuada de professores pode contribuir para a melhoria
e/ou mudança da prática pedagógica em um contexto dito inclusivo, contudo, isso parece não ser suficiente para garantir uma
educação bilíngue, dado a questões que extrapolam o fazer docente.
A MATERIALIDADE DE INFOGRÁFICOS E VÍDEOS DISPONIBILIZADOS NO SÍTIO ELETRÔNICO DA REVISTA VEJA:
CONSIDERAÇÕES SOBRE LEITURA E ENSINO
Resumo
Tendo em vista imagens em movimento colocadas em cena pelo sítio eletrônico da Revista Veja no formato tanto de
infográficos quanto de vídeos, o presente trabalho tem como meta refletir a respeito da textualização eletrônica, no espaço
jornalístico, como possível objeto símbolo a constituir práticas de leitura em contexto escolar. Outro aspecto que nos chama a
atenção diz respeito ao mito da informação jornalística que, sob um efeito de evidência, circula e participa da construção de
representações dominantes de que na internet se encontra todo tipo de informação que consegue circular com maior velocidade
e atingir sujeitos-leitores em larga escala. Com relação ao ensino, acreditamos que o texto eletrônico representa um novo
desafio para o analista do discurso, principalmente com aqueles que estrão com o foco voltado para o ensino da leitura de
língua materna. Uma vez que os alunos convivem em seu cotidiano com diferentes formas de linguagem (visual, sonora,
corporal, musical), esta pesquisa tem como foco apresentar propostas de prática de leitura, dentro de uma visão discursiva, nas
quais diferentes materialidades significantes (imagens, sons e vídeos) sejam pensadas em seus diferentes modos de significar.
Para tanto, é preciso considerar, no gesto analítico de tais discursividades, a interdependência entre a formulação na/pela
virtualidade (textualização) e a constituição dos sentidos (eixo da memória discursiva). Também, interessa-nos compreender em
que medida o discurso eletrônico da Revista Veja produz sentidos a partir da relação de convivência entre tais materialidades
significantes (som, cor, movimento, letra) e de que forma o ensino de leitura pode produ
MARCAS DA SUBJETIVIDADE EM RESENHAS CRÍTICAS DE GRADUANDOS DE LETRAS
Resumo
Nosso trabalho se destina a investigar, principalmente, a presença da visão crítica em atividades de produção de texto, mais
precisamente em resenhas críticas, de graduandos do curso de Letras – Português da Universidade Federal de Sergipe –
Campus Porº Alberto Carvalho, e está circunscrito à área da Análise do Discurso. No percurso de nossa pesquisa nos
atentaremos a observar a mudança de postura desses alunos, com relação ao gênero em questão, durante o período em que
estiverem cursando e após terem cursado disciplinas como: Produção e Recepção de Texto I e II, Introdução às Teorias do
Discurso, Laboratório para o Ensino de Gêneros Textuais e Fundamentos para o Ensino da Leitura e da Escrita – ou seja,
disciplinas que trabalham com as teorias ligadas ao funcionamento, estrutura e construção do texto e do discurso e que,
geralmente, cobram com mais frequência esse tipo de atividade (resenha), delimitando os seus conceitos, as abordagens
trabalhadas em seus programas e a importância destas na vida acadêmica desses graduandos, com o intuito de observar e
apontar as contribuições de tais disciplinas para a produção textual desses estudantes. Para tanto, iremos considerar e tentar
detectar, a partir das produções textuais coletadas, o conhecimento de mundo desses alunos, as suas noções acerca do gênero
em questão e a compreensão das teorias e dos textos trabalhados e recorrentes nas disciplinas.
O TRÁGICO EM SAPATO DE SALTO DE LYGIA BOJUNGA
Resumo
Neste texto, apresentam-se resultados parciais de pesquisa de pós-doutorado em Literatura. O objetivo é o de discutir aspectos
do trágico presentes em Sapato de Salto (2006) de Lygia Bojunga. A obra retrata a trajetória de Sabrina, criada em orfanato,
que é resgatada para trabalhar como babá em troca de casa e comida na casa de uma família burguesa. A menina, com
apenas 11 anos, pensa ter encontrado uma família, até ser estuprada recorrentemente pelo patrão. O destino de Sabrina
começa a ser traçado, principalmente, pela impossibilidade de lutar contra ele. No decorrer da narrativa, aparece a verdadeira
família de Sabrina, na figura da Tia Inês e de sua avó. Passam a morar juntas. Tia Inês é morta por um cafetão. Para não voltar
ao orfanato e sustentar a avó, Sabrina se prostitui, mas encontra na família de André Doria o apoio que necessitava. O erro de
Inês precisa ser reparado e a personagem trágica sente o peso do destino. O assassinato acontece na casa onde moram. A
teatralidade da cena provoca terror e compaixão no leitor, que se sente impotente diante da reviravolta do destino das
personagens. O destino de Inês carrega a tragicidade das personagens que caem em desmedida e por isso são punidas por um
destino trágico, contra o qual não conseguem lutar. As simbologias, presentes na narrativa, figuram-se, principalmente, no
sapato de salto e na pedra. Ao mesmo tempo em que os elementos trágicos levam as personagens à degradação, a partir do
décimo primeiro capítulo, denominado ”Novos caminhos”, Andrea Doria, Leonardo e principalmente Paloma atuam como
mediadores, auxiliando Sabrina em seu relacionamento consigo mesma e com o outro.
A PROPAGANDA DO BANCO DO BRASIL NO CONTEXTO DA DITADURA MILITAR: A REITERAÇAO DA IDENTIDADE
BRASILEIRA NO/PELO DISCURSO MIDIÁTICO
Resumo
O presente trabalho é fruto das análises realizadas em nossa tese de doutoramento em Estudos da Linguagem, tendo como
referencial teórico a Análise de Discurso de orientação francesa. Em específico, analisamos duas séries de propagandas sobre
o Banco do Brasil que circularam nas revistas Veja e Exame entre os anos de 1977 a 1979. O objetivo central é compreender,
no funcionamento da propaganda bancária, o processo de identificação do sujeito com a nação, em específico, do
sujeito/cidadão brasileiro com o Brasil. No período em questão, o país vivia uma das etapas da Ditadura Militar, na qual o
controle sobre os sujeitos foi disseminado nos diversos domínios que constituem os espaços da vida em sociedade: na
economia, na política, nos comportamentos e na produção identitária dos cidadãos. Assim sendo, os discursos das
propagandas analisadas mantém-se em uma constante tensão decorrente da relação contraditória entre práticas
capitalistas/(neo)liberais, nas quais o sujeito-de-direito é livre para fazer suas escolhas, e o poder autoritário e controlador
exercido pelo regime militar. A partir de dizeres já ditos (e esquecidos), a História do Brasil é recontada com a inclusão de um
novo personagem, o banco, e esse, ao buscar se legitimar, vai se dizendo num movimento entre o passado, presente e futuro.
Em meio à tensão estabelecida entre os ideais capitalistas e o cenário de censura e restrições estabelecido pelo Regime Militar,
as propagandas apontam para o sentido de necessidade/dependência do país (e de seus cidadãos) em relação ao banco e nos
permitem interpretar, por um efeito metafórico, que o Banco do Brasil é o Brasil.
PERCEPÇÕES DA METAMORFOSE: O SER E O ESTAR EM TRÊS TEMPOS
Resumo
Os personagens transformados de “Meu tio, o Iauaretê”, de João Guimarães Rosa, da Metamorfose de Kafka, e das
Metamorfoses de Ovidio apresentam percepções particulares de si e do seu espaço, que refletem a ruptura dos limites sociais
entre o humano e o não-humano, como uma expressão física da multiplicidade mental do homem. Nesta perspectiva,
questionamos, como se define o humano em cada uma das narrativas e nos voltamos para o que é excluído por esta definição,
o “não-humano. Partimos da concepção de que o não-humano consiste no olhar, dissociado dos limites entre a mente e o corpo
(TODOROV, 2004), para discutir aspectos em relação aos espaços sociais (SENNETT, 2013). As três metamorfoses
apresentam mais do que a mudança de forma do ser humano, se passam em um não-lugar que descaracteriza o humano e
também o não-humano, e ocorrem de maneira simbólica, visto que são os próprios homens, que determinam a metamorfose em
outros indivíduos que não são reconhecidos como seus iguais. Nesta perspectiva, lembramos que Todorov (2004) considera a
ruptura dos limites entre espírito e matéria, e nos textos que analisamos, é possível refletir sobre a ruptura entre o “sentir” e o
“ser”, ou entre “palavra” e “coisa” (TODOROV, 2004, p. 222), e como ele observa a respeito de Nerval, o pensamento torna-se
real, o que entendemos como uma transformação do processo mental em processo físico. Investigaremos se é possível
considerar que o processo de metamorfose, nos três textos citados, pode ser descrita da seguinte maneira, retornando aos
termos de Todorov: a sensação se transforma em ideia, a ideia em percepção de si e do espaço, a percepção se transforma em
palavra e a palavra em coisa.
RELIGIOSIDADE E A IMPORTÂNCIA DOS ANIMAIS NAS TRADIÇÕES XAMÂNICAS
Resumo
O presente trabalho tem como objetivo discutir a relevância dos animais e suas estreitas ligações com a religiosidade nas
tradições xamânicas. Para tanto, a análise partirá de três poemas da escritora americana Linda Hogan. Em “Bear”, “Mountain
Lion” e “The Fallen” podemos verificar como os animais são vistos como símbolos de energias que se manifestam dentro dos
seres humanos. O urso, o leão e o lobo, presentes respectivamente nos poemas, são exemplos de arquétipos de forças da
natureza que precisam ser trabalhadas para que haja harmonia e unificação entre todas as formas de vida. Partindo dos
apontamentos teóricos de Mircea Eliade, Vine Deloria Jr., Jamie Sams e David Carson e Ted Andrews, verificamos que a ideia
de Deus perpassa todas as religiões, porém no universo indígena não há uma separação entre o sagrado e o profano. Os
elementos e seres da natureza são tidos como nossos irmãos e como fontes de aprendizado. Na visão xamânica, os animais
propiciam uma ligação com a Mãe Terra e seus padrões de comportamento são capazes de nos transmitir mensagens ocultas e
lições de vida.
MANIFESTAÇÕES DO INSÓLITO EM “O TOMBO DA LUA”, DE MÁRIO DE CARVALHO
Resumo
No cenário contemporâneo, observa-se uma metamorfose dos significados entre real e irreal, tornando a construção do
metaempírico, segundo Furtado (1992), parte de uma realidade aparentemente comum. Na narrativa “O tombo da lua”
(CARVALHO, 2008, p. 23-26), convida-se o leitor – constructo ficcional – para que, “com os olhos bem abertos” (COUTO, 2009)
– como destacou Mia Couto em seus textos de opinião –, note o modo como o insólito irrompe naquele lugarzinho, um beco
lisboeta como outro qualquer. A construção de um cenário, cuja relação espácio-temporal se nutre da realidade referencial
exterior ao texto – caráter parasitário da ficção (ECO, 1994) –, remete à elaboração de um universo próprio de sentidos,
contagiados por uma personagem que rompe com os paradigmas de constituição da categoria narrativa. Nesse beco como
outro qualquer – que bem pode estar em Alfama quanto em Mouraria (CARVALHO, 2008) –, eventos insólitos manifestam-se
em cadeia, tangenciando o riso como forma de criticar situações insólitas que circundam as personagens que nele habitam. As
personagens emergem de rupturas do real empírico, e o narrador fala de um mundo desconcertado do qual elas fazem parte.
Neste ensaio, pretende-se discorrer acerca da construção das categorias básicas funcionais da narrativa em Mário de Carvalho,
percebendo como a gênese das personagens insólitas funde e confunde as margens de um universo consolidado pelas marcas
do insólito, do inesperado.
O CAMPO, OS RURAIS E OS RURALISTAS : ANÁLISE DE DOIS WEBSITES DE MINISTÉRIOS BRASILEIROS
Resumo
O Governo Federal brasileiro conta com dois Ministérios para lidar com as questões do campo: o Ministério da Agricultura,
Pecuária e Abastecimento (MAPA, cuja história remonta à Secretaria de Estado dos Negócios da Agricultura, Comércio e Obras
Públicas, iniciativa administrativa do Império) e o Ministério do Desenvolvimento Agrário (MDA, delineado desde 1982, em
decreto que instituiu o Ministério Extraordinário para Assuntos Fundiários, destinado a tratar do que não é escopo do MAPA).
Interessa-nos observar que, consideradas suas diferenças, ambos referem como objeto fundamental "o campo" e compõem,
assim, um espaço interdiscursivo polêmico. Analisando o website de cada um dos Ministérios, vemos que dois discursos
diferentes se caracterizam nos conteúdos temáticos, nas formas de navegação (menus, abas, categorias), nos materiais
verbo-visuais que mobilizam. Os leitores pressupostos são distintos, bem como o ethos do fiador de cada site. Aqui podemos
claramente verificar uma tese basilar da análise do discurso, a de que as palavras, termos e expressões têm seu sentido
condicionado pelos discursos de que participam. Portanto, um levantamento através da ferramenta de busca dos dois sites por
palavras como "campo", "agrário", "agrícola", "agricultura", ou por morfemas como "agro" conduzem a sentidos distintos, muitas
vezes irreconciliáveis, e é possível verificar que há um campo rural e outro ruralista. A condução desse levantamento de semas
tem de levar em conta as possibilidades de navegação, isto é, o modo de apropriação dos instrumentos digitais. Por isso, é
extremamente relevante o trabalho do analista como "interpretante razoável" (cf. Krieg-Planque, 2010).
A CONSTITUIÇÃO DO SUJEITO NA EDUCAÇÃO DO MST: UMA LEITURA PECHEUTIANA
Resumo
A proposta do presente trabalho é discutir a questão da forma sujeito dentro da proposta educacional do Movimento dos
Trabalhadores sem Terra. Para isso, utilizaremos os dizeres de Pêcheux (2009) e como corpus de análise o Dossiê MST
Escola: Documentos e estudos 1990-2001 (2005). A proposição de uma leitura dos processos de subjetivação que ocorrem
dentro do documento foi desencadeada pela reflexão pechetiana de que não é possível pensar em um sujeito único,
plenamente consciente e que, imerso em uma Formação Discursiva, é senhor do seu dizer e dono do sentido. Nesse contexto,
abordaremos as três categorias de subjetivação propostas por Pêcheux (2009) a partir da Formação Discursiva do MST,
especificamente, dos saberes sobre educação. E o que é o sujeito para Análise de Discurso? O terreno movediço onde o
conceito de sujeito existe não é ainda um lugar estável. Pêcheux (2009) trata o sujeito de maneiras diferentes de acordo com a
identificação ou não com os valores ideológicos. Os processos de subjetivação propostos pelo autor consideram a existência do
sujeito de três maneiras: a primeira diz respeito ao processo de interpelação do sujeito em sujeito do discurso por meio da
identificação plena (o assujeitamento), a segunda é o processo de desidentificação em que o sujeito questiona os saberes da
Formação Discursiva determinante e a terceira é a do sujeito da prática política revolucionária. Dessa forma, analisaremos
ocorrem o sujeito se constitui considerando as relações desiguais, antagônicas e contraditórias e complexas de inscrição,
reinscrição dos sujeitos no conjunto das práticas discursivas que, no presente estudo, trata-se das diretrizes educacionais do
MST.
GILBERTO FREYRE E JAYME GRIZ: REPRESENTAÇÕES DO INSÓLITO NA LITERATURA PERNAMBUCANA
Resumo
Esta comunicação objetiva analisar comparativamente Assombrações do Recife Velho e O Cara de Fogo, de Gilberto de Mello
Freyre e Jayme de Barros Griz. A ensaística dos autores pernambucanos contemporâneos permite esboçar um retrato
antropológico, histórico e sociológico do nordeste brasileiro. Centradas sobre o Recife “de portas adentro e portas afora”,
Assombrações do Recife Velho e O Cara de Fogo reúnem histórias provenientes do anonimato, entre o mundo urbano e o rural.
Da origem no fato histórico à inserção no mito, o espaço delimitado pelos relatos abrange desde o extinto povoado de
Fora-de-Portas, região que compreendia o caminho entre Recife e Olinda; e vai dos grandes engenhos em decadência, à
cidade que se moderniza sobre o desaparecimento do Recife oitocentista. Historicamente, essa topografia imaginária ergue-se
como um tributo à memória local sobre as ruínas dos casarões, engenhos e sobrados, habitados pelos espectros de barões do
império, sinhás e senhores de engenho, escravos e animais fabulosos que ressurgem diante dos vivos, na tentativa de
perpetuar um tempo fadado a desaparecer. Literariamente, pretende-se examinar, ao lado da função de transmissão da
memória social que evolui em confrontação com o mundo moderno, alguns elementos do Fantástico de tradição oral pertinentes
às duas obras. A análise parte da investigação das narrativas fantásticas que, originárias das crenças populares, se
apropriaram de elementos históricos e sociais para construir o mistério e o sobrenatural.
PROCEDIMENTOS DE CONTEXTUALIZAÇÃO E INTERAÇÃO EM HISTÓRIAS CONTADAS ORALMENTE – OS
MARCADORES CONVERSACIONAIS
Resumo
À luz da teoria da Análise da Conversação, a proposta que apresentamos tem como objeto de investigação uma gravação de
histórias infantis contadas em sala de aula para alunos de EF. O espaço de sala de aula e as situações que envolvem os
indivíduos que frequentam este ambiente requerem um cuidado especial com a necessidade de contextualização e interação
para que os objetivos do ensino-aprendizagem sejam atingidos; desenvolvemos um estudo a respeito de
mecanismos/procedimentos de produção do texto oral e constatamos que tais recursos favorecem o estabelecimento da
interação e, aqui, dispomo-nos, a apresentar alguns resultados, sugestões, questionamentos e buscar explicações para
questões reais do uso da linguagem ligadas à oralidade. Para isso, selecionamos, entre os diversos recursos da oralidade, os
marcadores conversacionais (MC’s). Nossa intenção é apresentar qual é a função dos MC’s em situação de contação de
história em sala de aula, haja vista que estudos realizados anteriormente afirmam que os MC’s têm papel definido no
estabelecimento e manutenção das relações interpessoais, que são os sinais de “tráfego” da conversação e que, além disso,
eles são capazes de promover a condução e a manutenção do tópico discursivo, favorecendo, assim, a “solidariedade
conversacional” entre os participantes da conversação, à medida que estabelecem e propiciam o dinamismo e a continuidade
da interação. Tomando por base os trabalhos já realizados, desenvolvemos essa pesquisa e, neste momento, dispomo-nos a
partilhar os resultados obtidos.
REPRESENTAÇÕES DE LEITURA EM AMBIENTE VIRTUAL DE APRENDIZAGEM
Resumo
Esta discussão resulta de minha experiência como tutora do Curso Projeto Integrado de Tecnologia no Currículo na Sala de
Aula – PITEC, no Polo de Cáceres-MT. O objetivo é discutir as representações de Leitura de educadores das redes públicas de
ensino que participam de cursos de formação continuada à distância. Tal inquietação surgiu a partir da análise dos comentários
postados pelos professores-cursistas na Plataforma E-PROINFO, em Espaço da Turma - Comunicação – Fórum, a partir da
discussão do Eixo Currículo, bem como, em relação a alguns questionamentos dos participantes a partir da leitura dos textos do
material no ambiente virtual. A proposta do Programa, os questionamentos dos cursistas, bem como, os comentários postados
no espaço Fórum me levaram ao seguinte questionamento: De que maneira as representações de leitura da formação
presencial influenciam no processo de leitura e significação no espaço virtual de formação continuada à distância? Para tal
investigação, tenho me pautado na metodologia qualitativa com foco na análise das produções dos cursistas, postadas na
plataforma E-proinfo e em entrevistas. Para fundamentar tais análises, respaldo-me em autores da Educação e Tecnologia, bem
como, da Linguagem, a saber: Buzato (2006), Moran (2009), Rojo (2009), Valente (1999), Chartier (1990, 1996, 1998), Cavallo
e Chartier (1998), Gregolin (1997), Ferreira (2004), Pêcheux (1997).
TRANSFERÊNCIAS DA LINGUAGEM ORAL PARA A ESCRITA: UM ESTUDO DISCURSIVO DO GÊNERO CARTA DE
APRESENTAÇÃO
Resumo
Trazemos reflexões acerca da linguagem oral e escrita, explorando, discursivamente, transferências dessa primeira modalidade
da língua para a segunda. A partir disso, apresentamos uma análise comparativa entre um texto de aluno do 5º ano do Ensino
Fundamental e um do 1º ano da graduação em Letras, identificando transferências da linguagem oral para a escrita, porém
apenas no plano do discurso. São reflexões inseridas em uma pesquisa de doutorado (em andamento), inscrita no Programa
Observatório da Educação – CAPES/INEP, no Projeto Formação Continuada para professores da educação básica nos anos
iniciais: ações voltadas para a alfabetização em municípios com baixo IDEB da região Oeste do Paraná. Em nossa tese,
trabalhamos com textos do gênero discursivo Carta de Apresentação, produzidos por alunos do 5° ano do Ensino Fundamental,
de cidades da região Oeste do Paraná. Nessas produções, além desse trabalho de identificação dessas marcas discursivas,
objetivamos tecer propostas de trabalho docente que atendam aos problemas apresentados, partindo da observação de como
tais aspectos são abordados didaticamente. Trata-se de uma investigação qualitativa em pesquisa educacional, do tipo
descritiva e interpretativa-crítica, com base no dialogismo e no interacionismo. Pautamo-nos em Bakhtin (2000, 2004), Brito
(1997), Bortoni-Ricardo (2005), Fávero (2003), entre outros.
UMA IMAGEM DO RIO DE JANEIRO NAS CRÔNICAS DE LIMA BARRETO
Resumo
O objetivo deste trabalho é apresentar uma leitura da cidade do Rio de Janeiro através das crônicas de Lima Barreto. Segundo
Beatriz Resende (1993), associar a literatura barretiana e o Rio de Janeiro vai além da relação entre escritor e o espaço
descrito. Se fica evidente nos romances, em especial nas Recordações do escrivão Isaías Caminha, um narrador-personagem,
mal escondido na pele do escritor Lima Barreto, empenhado em desvelar a sociedade de base escravista, há, também, nas
crônicas o compromisso de expor as “cidades” dentro da cidade do Rio de Janeiro na belle epóque. Desse modo, podemos ler
os textos do jornal como se fossem ensaios que desvelam o literato e sociólogo apaixonado pela terra natal. Vale dizer que o
Lima Barreto cronista conhece a história do Rio de Janeiro e aprofunda seus escritos nas imagens de “duas cidades” intrincadas
que se mostram pelas ações pontuais do poder público: no centro, um canteiro de obras; e no subúrbio, o espaço do abandono.
Nessa posição crítica, apenas aparentemente nostálgica, o cronista passa a entender a cidade como reflexo das ações dos
homens entrelaçados a seu tempo histórico, cujo espaço urbano vai além do simples habitat coletivo, tornando-se lugar de
(re)construções. Por conseguinte, nas suas crônicas, a cidade não aparece como território neutro cujo molde pode ser
desvinculado de ações humanas, da disputa pelo poder, e, principalmente, como reflexo de ideologias historicamente
construídas.
EVASÃO NO CURSO DE MATEMÁTICA: UM OLHAR FOUCAULTIANO SOBRE O CASO ESPECÍFICO DA UNIVERSIDADE
ESTADUAL DE MARINGÁ
Resumo
Esta pesquisa se propõe a identificar qual é o sujeito evadido do curso de matemática da Universidade Estadual de Maringá, à
luz da teoria de Michel Foucault, por meio da investigação acerca das causas da evasão. Tal pesquisa utilizará dados oficiais da
UEM acerca da evasão registrada no curso de Matemática nos últimos dez anos, aproximadamente cinquenta por cento. Os
dados oficiais tabulados pela universidade e o estudo de trabalhos científicos correlatos fornecem insumos para a elaboração
de entrevistas que serão realizadas com amostra estratificada dos acadêmicos evadidos nos últimos dez anos. O tratamento a
ser dado ao material coletado nas entrevistas se fundamentará na análise de discurso. Pretende-se com essa pesquisa elaborar
ancoragens entre as causas das evasões e condições sociais, educacionais, financeiras, geográficas, entre outras dos
acadêmicos. Com este estudo pretendemos dar voz aos sujeitos excluídos, que até então são apenas números em tabelas
estatísticas da universidade.
INTERAÇÃO NO MEIO VIRTUAL E DESENVOLVIMENTO DE CAPACIDADES DE LINGUAGEM
Resumo
Articulando formação inicial e continuada, esta pesquisa tem por objetivo investigar se a interação, mediada por gêneros do
meio virtual, em Ambiente Virtual de Aprendizagem, pode resultar em desenvolvimento de capacidades de linguagem (DOLZ,
PASQUIER e BRONCKART, 1993; CRISTOVÃO e STUTZ, 2011). Fundamenta-se também em estudiosos dos ambientes de
ensino e gêneros do meio virtual (DAVID et al, 2006; LÓPEZ e SEIN-ECHALUCE, 2006; ARAUJO e DIEB, 2009; LIMA, 2010;
MARCUSCHI e XAVIER, 2012; SILVA, 2011; CRISTOVÃO e ANJOS-SANTOS, 2013) que, diante da emergência de alguns
gêneros e de novos ambientes de ensino, desenvolvem pesquisas com o objetivo de analisá-los e de propor caminhos para um
fazer pedagógico mais eficaz. Para geração dos dados, realiza-se uma intervenção de cunho formativo que ocorre por meio de
um curso cujos participantes são dezesseis brasileiros em formação continuada, que atuam como professores de Língua
Espanhola em escolas pertencentes ao Núcleo Regional de Educação de Apucarana – PR e dezesseis argentinos em formação
inicial, alunos dos cursos de Profesorado de Español Lengua Materna y Extranjera ou Licenciatura en Español Lengua Materna
y Extranjera, da Facultad de Lenguas, da Universidad Nacional de Córdoba (UNC). A pesquisadora atua como organizadora e
tutora. O curso, intitulado Gêneros digitais e ensino de língua espanhola, ocorre na plataforma Moodle, sendo mediado, em sua
essência, pelo gênero fórum virtual educacional. Os resultados apontam que existe alta possibilidade de desenvolvimento das
capacidades de linguagem por meio do gênero fórum virtual educacional, sendo as atividades norteadoras essenciais para que
isto ocorra.
DISCURSOS QUE CIRCULAM NA INTERNET ACERCA DA EDUCAÇÃO DO SUJEITO-CRIANÇA
Resumo
Pensar na relação entre lei e família implica pensar na relação entre público e privado, espaços marcados por uma relação de
oposição e paradoxalmente, pela complementaridade. O espaço público urbano é o espaço do comum na vida política da
cidade. É o espaço da rua, de todos e de qualquer um, que entremeia sujeitos e sentidos em seus laços sociais. É neste espaço
que as casas são construídas e habitadas por diferentes sujeitos, que por sua vez, ocupam também diferentes lugares
(hierarquizados) no interior da instituição familiar, pois, para a teoria materialista do discurso, as relações entre sujeitos são
relações de sentidos. Assim, o sujeito-criança e aqueles que ocupam o lugar de pai/mãe já significam. Além disso, o espaço
urbano, logo, os sujeitos, é atravessado por discursos que circulam em vários suportes, como, por exemplo, na internet, uma
rede eletrônica que produz sentidos para aqueles que têm acesso ao interdiscurso. Partindo destas considerações, este
trabalho pretende analisar, pelo viés da Análise de Discurso de linha francesa, como o Projeto de Lei 7.672/2010, denominado
pela mídia “Lei da Palmada”, vem sendo discursivizado, em especial, num corpus constituído por uma materialidade que tem
circulado na internet, acerca da educação do sujeito-criança por aqueles que ocupam a posição de pais e/ou responsáveis.
Pretende-se também, verificar que memórias ressoam em tais discursos e quais efeitos de sentido produzem, partindo do ponto
de vista discursivo de que os sentidos se constituem no discurso, que por sua vez, é sustentado por outros, já ditos, imaginados
ou ainda possíveis.
A REFERÊNCIA ANAFÓRICA POR ENCAPSULAMENTO: GRAMÁTICA E DISCURSO
Resumo
O objetivo deste trabalho é analisar o funcionamento do encapsulamento anafórico, levando em consideração as instâncias em
que esse fenômeno se processa. Com base nos postulados da Gramática Discursivo Funcional, de Hengeveld e Mackenzie
(2008), este trabalho pretende mostrar que há uma instância da referenciação que se marca no Componente Gramatical e outra
– a da identificação da porção textual de um encapsulamento anafórico – que se resolve no Componente Contextual, postulado
conforme Hengeveld e Mackenzie (Inédito). Dialogando com dos trabalhos de Connlly (2007), Cornish (2009) e Stassi-Sé
(2012), esse trabalho aponta a necessidade de uma redefinição do Componente Contextual Essa proposta se confirma por meio
da análise de ocorrências de referência por encapsulamento encontradas em textos do gênero artigo de opinião que circulam
em duas revistas semanais (Veja e Caros Amigos Online). A análise dessas ocorrências aponta que o fenômeno da
referenciação anafórica por encapsulamento articula propriedades de natureza sociocognitiva, discursiva, semântica e
morfossintática e que algumas regularidades do seu funcionamento encontram explicação por meio dos níveis e camadas da
GDF.
A LITERATURA EXIGENTE EM Ó (2008)
Resumo
O trabalho em questão tem como principal intuito construir reflexões sobre o conceito de “Literatura Exigente” (2012) teorizado
por Leyla-Perrone-Moisés dentro da obra Ó (2008), de Nuno Ramos. Segundo a autora, neste texto publicado no caderno
Ilustríssima, da Folha de São Paulo de 25 de março de 2012, a literatura brasileira contemporânea exibe um traço recorrente
em seus autores que ela busca teorizar através deste conceito da literatura exigente. Entre os pontos fundamentais desta linha
de pensamento literário, Leyla Perrone Moisés destaca o confronto com os limites dos gêneros, a bagagem literária de seus
autores, somado ao sentido de “desconfiança geral”, a valorização dos restos e detritos (principalmente nos autores envolvidos
com as artes plásticas, como é o caso de Nuno Ramos), buscando uma linguagem despojada, sem afrouxamento na densidade
da trama, com destaque para as temáticas da morte e do pai nos textos. Portanto, pretendemos mostrar aqui o quanto estas
ideias teorizadas por Leyla Perrone-Moisés se encontram dentro do livro Ó, de Nuno Ramos, afirmando não só a importância
desta teorização para conhecer o período atual de nossa literatura, como também o valor que esta obra literária carrega.
CARTAS DO CAMPO DE BATALHA: FAREJANDO NA CORREPONDÊNCIA DE ERNEST HEMINGWAY O TRAUMA
DELINEADOR DE SUA OBRA
Resumo
No final de 1917, um entusiasmado Ernest Hemingway, então com 18 anos, decidiu se alistar na Cruz Vermelha para dirigir
ambulâncias nos campos de batalha da Primeira Guerra Mundial. No ano seguinte, foi ferido numa trincheira, enquanto
distribuía chocolates, cigarros e cartões postais aos combatentes. Segundo o crítico Philip Young, o morteiro que quase matou
Hemingway teve grande influência no autor que ele se tornou. Trata-se da conhecida “war-wound theory”, que associa o trauma
do ferimento de guerra às características da obra de Hemingway. A partir dessa interpretação, este trabalho busca na
correspondência de Ernest Hemingway os relatos de sua participação na guerra, principalmente as que se referem à explosão
que o vitimou. O objetivo é farejar nas cartas – um meio, como aponta Marcos Antonio de Moraes, marcado por “encenações”
do autor em face de seus interlocutores – os indícios desse trauma tão influente na obra de um dos gigantes literários do século
20. O grande aporte para o trabalho é o Hemingway Letters Project, que desde 2002 vem sendo desenvolvido pela
Pennsylvania State University. O projeto catalogou e compilou mais de 6 mil cartas do escritor, 85% delas inéditas. As missivas
estão sendo publicadas em 16 volumes. Até agora dois deles ganharam o prelo. O primeiro saiu em 2011 (The Letters of Ernest
Hemingway - Volume 1, 1907-1922). Serve de base para esse trabalho, além de postulados dos teóricos já citados e de Aleida
Assmann, autora de Os espaços da recordação.
DIÁLOGO ANGUSTIADO: FLORBELA ESPANCA E ANA CRISTINA CESAR
Resumo
Busca-se, neste artigo, rastrear no percurso literário de Florbela Espanca e Ana Cristina Cesar as estratégias de linguagem
poética voltadas ao testemunho de uma urgência de falar e dizer, num período que se estabelece do início do século XX e nos
seus anos 80. Ambas deixaram obras poéticas absolutamente singulares, abandonaram o espaço do privado e conquistaram o
espaço do público em diferentes contextos, mas equivalentes no cerceamento às mulheres, o que acaba configurando suas
criações como lugar poético de resistência. No espaço da escrita literária, releva-se a convergência, bem mais que temática,
das duas escritoras, a um mesmo ponto: angústia. Vidas angustiadas e interrompidas por vontade própria pelo suicídio. Assim,
a angústia, estado de impotência, impossibilidade, é conjugada em plenitude pelos dois sujeitos líricos, como verbo que
subsume, semanticamente, brevidade e permanência. Equivale a dizer: estabelecer os procedimentos poéticos que as definem
como portadoras de um tipo peculiar de angústia não apenas de natureza metafísica, mas provocada pelos determinantes
históricos e sociais de gênero a que estiveram submetidas. Em Florbela Espanca e Ana Cristina Cesar, a angústia é bem mais
que isso, é ênfase, é revelação não raro despudorada do Eu. Intimismo tenso e intenso.
A ESCRITA NA ESFERA ACADÊMICA: INVESTIGANDO PROCESSOS DE REVISÃO E REESCRITA NA PRODUÇÃO DO
GÊNERO PÔSTER
Resumo
Partindo do espaço fronteiriço instituído pela relação dos estudos sobre Letramento Acadêmico desenvolvidos em uma
perspectiva sociocultural (LEA, 1999; LEA & STREET, 2006; LILLIS, 2008, 2013; STREET, 1999, 2006, 2009) e as abordagens
linguístico-discursivas de fatos da linguagem, em especial, daqueles ligados à heterogeneidade enunciativa que fazem explodir
a transparência da linguagem e a unidade do sujeito, apresentaremos resultados parciais da pesquisa que temos desenvolvido
sobre produção escrita na esfera acadêmica. Mais precisamente, mostraremos a análise de uma atividade de produção textual
realizada por 20 alunos do primeiro ano de graduação do curso de Letras. Nessa atividade, os alunos foram solicitados a
produzirem um gênero acadêmico específico: o pôster. A justificativa para a escolha dessa produção textual deve-se ao fato de
que, na esfera acadêmica, quando os graduandos desenvolvem alguma pesquisa científica e desejam participar de algum
evento científico, eles são chamados a apresentarem seus resultados de pesquisa sob a forma de pôster. Além disso, os
estudos sobre letramento acadêmico (em contexto brasileiro) raramente têm se voltado para a investigação dessa prática
escrita no ensino superior. Em consonância com a proposta do simpósio, nosso objetivo central é mostrar análises dos
processos de reescrita e revisão que cercaram essa produção textual. Por fim, este trabalho se propõe a levantar discussões
sobre o ensino da escrita na esfera acadêmica.
GÊNERO DISCURSIVO FILME DE ANIMAÇÃO: UMA PROPOSTA DE CARACTERIZAÇÃO E INTERVENÇÃO
Resumo
Há mais de quinze anos, os documentos oficiais orientadores do ensino de Língua Portuguesa no Brasil vêm postulando que a
escola deve trabalhar com linguagens múltiplas e multiletramentos, como imagens, sons, linguagem verbal e não verbal, tendo
como eixo de articulação e progressão curricular o gênero discursivo. Para tanto, apontamos para textos enunciados verbais e
não-verbais do gênero discursivo filme de animação infantil, da esfera literária, como possibilidade de trabalho, enfocando as
dimensões postuladas por Bakhtin (2003) - conteúdo temático, construção composicional e marcas linguístico-enunciativas,
associadas, indissoluvelmente, às condições de produção. A escolha do gênero em pauta se justifica, pois um dos objetivos é
quebrar o estigma de que a utilização desses textos-enunciados devam ser usados, tão somente, para preenchimento de aula
vaga ou como mera ilustração. Para o presente trabalho, filiado à Linguística Aplicada e que se fundamenta nas concepções
filosófico-linguísticas do Círculo de Bakhtin e na proposta de didatização elaborada por Gasparin (2012), dialogando com o
Projeto de Pesquisa “Análise Linguística e Plano de Trabalho Docente: Gêneros das esferas literária, midiática e acadêmica”
(UEL), coordenado pela profa. Dra. Alba Maria Perfeito. Por fim, o objetivo do trabalho é apresentar resultados parciais de uma
pesquisa de mestrado que propõe a caracterização e posterior didatização para o ensino fundamental do gênero discursivo
filme de animação infantil.
A A CONSTITUIÇÃO DO CIBERSUJEITO NOS COMENTÁRIOS PUBLICADOS NO PORTAL DE NOTÍCIAS CGN
Resumo
Neste trabalho, trato dos comentários de leitores (cibersujeitos) sobre uma notícia que aborda um fato violento. Tenho como
objetivo discutir a constituição discursiva dos cibersujeitos a partir de comentários sobre uma matéria publicada no portal de
notícias CGN – Central Gazeta de Notícias, da cidade de Cascavel, Paraná. O foco desta abordagem está em pensar como
ocorre a constituição discursiva do cibersujeito ao comentar a violência noticiada no espaço virtual (ciberespaço). A abordagem
está fundamentada na teoria da Análise de Discurso Francesa. Contribuem para a análise os estudos de Dias (2004), Pêcheux
(2009) e Romão (2006). Foco o mecanismo no qual o cibersujeito, enquanto autor dos comentários, para comentar tem a
necessidade de lidar com a dispersão dos sentidos os quais o constituem sob o manto da evidência e unicidade. Todavia,
destaco a hipótese segundo a qual, no ciberespaço, a constituição do cibersujeito pode ocorrer de maneira sui generis. Para
fomentar as discussões, selecionei seis comentários de leitores, sendo, respectivamente, os três primeiros e os três últimos da
lista de comentários publicados até a data na qual efetuei a coleta do corpus.
A CRÔNICA E O ENSINO DE LITERATURA
Resumo
Nas esparsas discussões teóricas sobre a crônica, despontam com frequência questões que problematizam o trânsito do
debate para o terreno do ensino. Nos textos de Afrânio Coutinho, Antonio Candido, Eduardo Portella, Massaud Moisés e Davi
Arrigucci Júnior, para nos restringirmos a autores com maior projeção nos estudos deste gênero, há diversas referências às
ambivalências da crônica entre a literatura e o jornalismo, entre as páginas do livro e as páginas da imprensa, assim como
alusões às afinidades da crônica com estilos de época, como o Romantismo e o Modernismo, e aproximações e
distanciamentos da crônica, proporcionando o contraste com outras produções literárias como o conto, o poema e o ensaio.
Esses tópicos podem conduzir a dificuldades para a crônica, tanto no que se refere à precisão conceitual quanto no que diz
respeito à consolidação do gênero no cânone literário. Pretendo, com esta minha participação no simpósio, situar tais
discussões no território do ensino - o médio e o superior, em sua fase inicial -, demonstrando como, apesar de eventuais
dificuldades, lidar com a crônica pode representar relevantes contribuições para o convívio do estudante com o universo da
literatura.
O DIÁLOGO COM A FORMA MUSICAL "SONATA" EM AMAR, VERBO INTRANSITIVO, DE MÁRIO DE ANDRADE
Resumo
A literatura comparada inclui não somente o estudo da literatura além das fronteiras linguísticas e nacionais, mas também
qualquer estudo de literatura que relacione, pelo menos, dois diferentes meios de expressão. A presença de estruturas musicais
no relato verbal é um tema que tem sido discutido desde o início do desenvolvimento dos estudos comparativos entre as duas
formas de expressão artística, música e literatura. O grande número de referências musicais presentes no romance Amar, verbo
intransitivo, de Mário de Andrade, permitem o estabelecimento de relações entre música e literatura que nos podem levar a uma
elucidação do texto literário a partir da exploração de todas as suas variantes culturais. A música, em Amar, verbo intransitivo,
não cumpre uma simples função decorativa e nem está presente somente para criar atmosfera. Na verdade, na obra em
questão, torna-se clara a intenção do autor de se apropriar literariamente de formas musicais. A proposta deste trabalho é
colocar em evidência o diálogo com a forma musical "Sonata" presente no romance de Mário de Andrade. A "Sonata", uma
forma musical que atinge seu apogeu com Beethoven, caracteriza-se por uma Exposição, um Desenvolvimento e uma
Recapitulação. Em Beethoven a Recapitulação torna-se uma Conclusão. Esta variante da forma "Sonata" praticada por
Beethoven é a que permite o estabelecimento de relações com Amar, verbo intransitivo. A investigação da relação
Música/Literatura permite não somente um esclarecimento muito mais íntimo dos elementos que compõem a obra, a maneira
como são organizados e a interação entre eles, mas também da própria "proposta literária" do Mário de Andrade mentor do
Modernismo Heroico.
CORRESPONDÊNCIA DAS ARTES EM POEMAS DE EUGÊNIO DE ANDRADE: PALAVRA E IMAGEM NA “PINTURA” DO
SER.
Resumo
A inter-relação das artes propicia um alargamento dos horizontes, ao evocar um olhar crítico em constante movimento, capaz
de ver, sentir e (re) criar imagens concretas. Sob essa perspectiva, é elucidativo refletir sobre o diálogo presente entre poesia e
pintura. O poeta, sem o recurso da luz, linhas e cores, usa metáforas, adjetivação expressiva e figuras retóricas que remetem
ao texto plástico. A leitura da poesia de Eugênio de Andrade ilustra tais aproximações, além do que possibilita a reflexão
profunda acerca do homem e sua existência. Com o intuito de levantar questões referentes à visibilidade do texto, apresenta-se
uma leitura do poema Post Scriptum, de Eugênio de Andrade, ressaltando o poder imagético dos recursos poéticos presentes
na sua obra, na “pintura” da alma humana. A poética do autor corrobora a proposta da inter-relação das artes, ao aproximar
imagem e palavra, e, refletindo o contemporâneo, alude ao homem e à vida em plenitude. O cuidadoso arranjo das palavras
sugere imagens que decorrem do texto, possibilitando o diálogo com telas de pintores consagrados, dentre as quais a tela Gift
of Murs (1966) do pintor William Sergeant kendal, como um diálogo possível com o poema Post Scriptum. Essa proposta de
leitura pauta-se em leituras da estilística e retórica, discussões sobre a imagem presente no texto poético e teorias referentes ao
papel do leitor e os efeitos de sentidos. A leitura realizada visa discutir as imagens sugeridas pela linguagem poética de Eugênio
de Andrade e os recursos que permitem essa visualização. E, ainda, pretende-se elucidar os efeitos produzidos pela leitura do
poema e da tela, estabelecendo um diálogo texto-imagem.
ASPECTOS IMAGÉTICOS-DISCURSIVOS DA REDE FACEBOOK
Resumo
O trabalho que ora apresentamos destina-se à Análise de alguns aspectos discursivos relativos à composição imagética do site
Facebook, em destaque, o ícone da função “curtir” e a rede discursiva da qual ele participa. No entanto, para penetrar o
universo virtual até alcançarmos os fenômenos visuais/discursivos que propomos, é necessário lidar com um ambiente marcado
por constantes movimentos de expansão, reconstrução e adaptação de sua própria estrutura bem como dos domínios que ela
abriga, movimento aparentemente determinado por: a) surgimento de novas tecnologias relacionadas ao campo da Tecnologia
da Informação e informática; b) adaptações aos hábitos de consumo de informação de um determinado público. Para lidar com
esse locus de instabilidade material a pesquisa em andamento determina suas ferramentas teóricas à medida que é
desenvolvida. Para essa abordagem em que os aspectos imagéticos/discursivos da rede social eletrônica Facebook estarão em
foco tomaremos emprestadas, predominantemente, as contribuições da Análise do Discurso francesa. O corpus teórico aqui
apresentado também se vale das contribuições de outras disciplinas como o Design, Design Gráfico e Web Design, além das
produções de pesquisadores como Pierre Levy, Zygmunt Bauman e Jacques Derrida. Este trabalho faz parte da pesquisa
Limites enunciativos e a constituição do sujeito no Facebook: a ação “curtir” em andamento junto ao Programa de
Pós-graduação em Estudos Linguísticos na Universidade Federal de Uberlândia.
HELLBOY: A MITOPOÉTICA DO IMAGINÁRIO DE MIKE MIGNOLA
Resumo
O presente trabalho tem como propósito analisar o discurso do cartunista norte-americano Mike Mignola, nas histórias em
quadrinhos Hellboy – Sementes da Destruição, como reminiscência da remitologização na cultura ocidental do século XX e
manifestação literária pós-autônoma, expressando comportamentos, percepções e sentidos que dialogam com a mitocrítica
contemporânea, bem como vêm sendo apreendidas em abordagens como a de Peter Burke, no conceito de Hibridismo Cultural.
Utilizando de pesquisa bibliográfica, verifica-se que os enredos do universo ritualístico da personagem Hellboy correlacionam as
formas clássicas do mito com a realidade histórica que as concebeu, revelando os pormenores da narrativa mítica fundante
absorvida entre múltiplas camadas que constroem a linguagem artística atual. O protagonista vive em um mundo pontuado pelo
imaginário fantástico e convive com diversificadas manifestações de lendas e folclores de civilizações de outrora. A
ambientação soturna das tramas dá margem para situações limítrofes e redefinidoras da identidade demoníaca do protagonista,
sobretudo atuando sobre esquemas arquétipos da jornada do herói. Conclui-se que escritores, sociólogos, antropólogos,
psicólogos, historiadores, arqueólogos e poetas que lidam com os mitos, seja evidenciando ou resgatando-os, são chamados de
mitopoetas, pois transformam-se em provedores de novos mitos, e Mignola, na condição de quadrinista, também insufla em
seus enredos mapeamentos, registros, interpretações, desconstruções, criações e recriações de mitos, examinando suas
funções e influências, cotejando suas representações, idealizando e conservando o imaginário coletivo e pessoal de forma
própria.
A MEMÓRIA BÍBLICA E A TRADIÇÃO CRISTÃ E SUAS REPRESENTAÇÕES E INFLUXOS EM SONETOS BRANCOS - UMA
PERSPECTIVA DA MEMÓRIA CULTURAL NA POÉTICA DE MURILO MENDES.
Resumo
Abordarei um dos direcionamentos assumidos pela dimensão da memória em Murilo Mendes: a memória bíblica em Sonetos
Brancos (1946). Murilo Mendes, que foi reconhecido e é apontado na historiografia literária brasileira como um poeta
católico-visionário, fundiu em seu ofício poético o seu próprio e peculiar exercício religioso-cristão. Tal mescla pode ser
claramente percebida nos poemas doutrinários da obra, escrita com Jorge de Lima, Tempo e Eternidade (1935); embora,
posteriormente, sob o prisma estético-ideológico da filosofia de seu amigo, pintor e poeta, Ismael Nery, denominada
essencialismo, esta premissa religiosa, em variada intensidade, possa ser localizada em diversos momentos de sua obra. No
entanto, esta fusão se mostra, numa interessante configuração, em alguns dos poemas de uma de suas obras mais ignoradas –
Sonetos Brancos. Aqui, a imagética cristã perpassará os poemas de duas maneiras: a primeira delas pode ser observado em
poemas como “A Lição do Natal”, “Isaac ao Sacrifício”, “A Visitação” e “A Ressureição”, onde as referências religiosas se
configurarão numa apropriação de episódios bíblicos que funcionarão como moto lírico que servirá de base para uma
experimentação de caráter plástico, por parte do poeta; a segunda maneira pode ser vista praticamente em quase todos os
outros poemas da obra, onde a religiosidade se incumbirá, ao lado da imagística de teor visionário-surreal, da “inquietação”
reflexiva das composições. Para tal análise, apoio-me nas perspectivas teóricas expostas por Northrop Frye, em O Código dos
Códigos, e na obra de Robert Alter e Frank Kermode, O Guia Literário da Bíblia, entre outros teóricos e críticos.
O LAMPIÃO DE FERNANDO VILELA: NEM HERÓI, NEM FACÍNORA... DEMASIADAMENTE HUMANO.
Resumo
Este artigo pretende analisar a personagem Lampião no romance gráfico Lampião e Lancelote de Fernando Vilela com enfoque
em sua ambivalência. Na dualidade existente entre o sertão medieval e a Inglaterra medieval. Lampião, uma das personagens
mais retratada pelas artes brasileiras, geralmente é caracterizado ou como um herói ou como um facínora, ou seja, enquanto
para alguns autores, o cangaceiro é apresentado somente através de seu lado positivo de um revolucionário em luta contra o
coronelato, para outros, o seu lado negativo de um bandido sanguinário é ressaltado. Estas duas abordagens fazem como que
a personagem perca toda possibilidade de uma análise multi-interpretativa, o que a aproxima de uma visão cartesiana, onde se
procura encontrar a verdade atrás de uma certa aparência. O presente artigo também visa ampliar o âmbito das pesquisas
sobre traduções intersemióticas e culturais, através da reflexão sobre as complexas relações intermidiais entre duas
transposições da obra Ricardo III de William Shakespeare: a transposição brasileira para o palco de Ricardo III, de William
Shakespeare, e a versão Sua Incelença Ricardo III foi dirigida por Gabriel Vilela ( 2010), sendo que o espetáculo integra um
projeto cultural apoiado pela Petrobras do grupo potiguar “Clowns de Shakespeare". O grupo tem como principal linha de
pesquisa a comicidade na obra do dramaturgo inglês, que em sua concretização cênica subverte o protocolo tradicional ao
trazer o sertão medieval através de um espetáculo que mistura uma diversidade de estéticas que abrangem o teatro, a dança, a
música, a ópera e a pantomima,
O FIO CEGO DA GADANHA: CONSIDERAÇÕES ACERCA DO SOBRENATURAL NAS INTERMITÊNCIAS DA MORTE
Resumo
Partindo da súbita interrupção das atividades da morte por um período de sete meses em um único país não nomeado, o
romance As intermitências da morte (2005), pertencente à chamada terceira fase da obra do escritor português José Saramago,
oferece uma profunda reflexão acerca da necessidade do morrer como elemento constituinte da vida. Uma vez que a narrativa
se constrói a partir de acontecimentos insólitos e sobrenaturais, o presente artigo se constitui de uma leitura do romance sob o
viés do fantástico e do sobrenatural. Nesse sentido, o presente artigo apresenta uma leitura da obra pelo viés do fantástico e do
sobrenatural, discutindo as diferentes configurações do sobrenatural presentes no romance. Para tanto, adotamos
principalmente as reflexões de Tzvetan Todorov (2010) como ponto de partida para discorrer acerca do fantástico, chegando,
em seguida, às proposições de Francesco Orlando (2009) sobre os diferentes estatutos do sobrenatural na narrativa,
procurando perceber de que maneira se aplicam ao texto em questão.
SEJA MARGINAL, SEJA HERÓI”: TEMA E SIGNIFICAÇÃO EM ENUNCIADOS CONCRETOS
Resumo
A palavra, vista sob a luz da teoria bakhtiniana, tem dentro do âmbito verbal o papel de indicador mais sensível de
transformações sociais. Este indicador demonstra traços de identidade, estilo, alteridade e os aspectos ideológicos de um
determinado grupo. Neste trabalho em específico, analisaremos, do ponto de vista dialógico, o termo “marginal” que dá nome à
literatura marginal contemporânea brasileira cujos autores de destaque são Férrez, Sérgio Vaz, Sacolinha, entre outros. Esta
literatura possui como tema central as experiências dos sujeitos que vivem nas periferias dos grandes centros urbanos. As
palavras utilizadas no texto literário – que são indicadores sociais – carregam traços específicos como o uso de gírias e
expressões, por meio de uma forma despojada e simples de utilizá-las, traços da modalidade oral da língua e a junção de
elementos híbridos que podem ou não ser considerados literários. Todas essas características fazem menção e estão
intrinsecamente ligadas a vida, ao cotidiano, a realidade concreta daqueles que compartilham desses espaços. Assim,
pretendemos demonstrar à comunidade acadêmica como o termo “marginal” aparece tanto nas formas abstratas, nos
dicionários, quanto sua realização nas formas comunicativas, ou seja, nas formas de uso, destacando, principalmente, como
este termo aparece no âmbito estético, na arte. Analisaremos enunciados concretos, sejam eles verbais ou verbo-visuais em
que este termo apareça como, por exemplo, no poema-bandeira de Hélio Oiticica “Seja marginal, seja herói” e em cartazes de
divulgação da poesia marginal produzida na década de 70 cotejando-os às formas de aparição na atualidade, com esta nova
literatura.
O QUE DIZEM ESTES QUE ESTÃO DIZENDO? UMA ANÁLISE DISCURSIVA DE PRODUÇÕES TEXTUAIS EM SALA DE
AULA
Resumo
Sob o viés da análise de discurso de linha francesa, buscamos analisar as produções textuais realizadas em sala de aula pelos
alunos das turmas em que a autora realizou seu Estágio Supervisionado no Ensino Fundamental. Os educandos foram
estimulados a produzir textos referentes aos debates acerca de temas relacionados às diversas formas de violência.
Questionamos-nos: e se tomássemos esses textos como discursos, considerando suas condições de produção, seus efeitos de
sentido e que há um sujeito nesse/desse discurso? Este trabalho visa responder a essa questão e seus desdobramentos,
tomando como referencial teórico Orlandi, Pêcheux, Benveniste entre outros grandes teóricos da AD. O desenvolvimento do
trabalho em curso vem se dando através da leitura, debate e estudo individual orientado de textos teóricos concernentes a
questões de Análise de Discurso de linha francesa. Os textos selecionados visam amparar as discussões teóricas e a análise
discursiva e orientar a acadêmica na busca por respostas às questões propostas. Buscamos compreender e aprofundar
conceitos caros à AD como Sujeito (Pêcheux,ANO), Discurso e Linguagem (Orlandi) e Subjetividade (Benveniste). Essa base
teórica servirá para possibilitar a análise discursiva crítica dos discursos selecionados para esse estudo. Acreditamos que, ao
longo do desenvolvimento do estudo, novas referências bibliográficas se incorporarão a esse trabalho, pois o surgimento de
novas dúvidas, discussões e questionamentos são inerentes ao trabalho de pesquisa.
LITERATURA E ESCRITURA SAGRADA: RESSONÂNCIAS
Resumo
Esse ensaio parte do pressuposto de que as fronteiras da literatura do século XXI vêm se tornando cada vez mais fluidas,
acolhendo diversas áreas do conhecimento e estabelecendo intensos diálogos com elas. O romance Jerusalém, do escritor
angolano-português Gonçalo M. Tavares, estabelece interlocuções com diferentes áreas do conhecimento tais como a Filosofia,
a Antropologia, a Sociologia, a Psicologia e a Mística. Dentre a diversidade de campos, esse ensaio privilegia o colóquio entre a
literatura e a Bíblia, porque a literatura, ao tomar o homem como seu modelo, não pode prescindir daquilo que é mais abissal na
subjetividade humana: a ideia de Deus. Além disso, diante das evidências de que o ser humano tende, por natureza, à
transcendência, o estudo visa a demonstrar como o romance Jerusalém se torna espaço de traços, ressonâncias,
deslocamentos e paráfrases de passagens bíblicas. Como suporte teórico, para viabilizar o processo de investigação e análise,
convocam-se estudiosos como Northorp Frye e Mikhail Bakhtin. O artigo objetiva contribuir com a sequência do debate acerca
das formas como as passagens bíblicas continuam atuais e significativas para o homem angustiado do terceiro milênio.
ESTRATÉGIAS DE PROMOÇÃO DO PERFIL DE POLÍTICOS BRASILEIROS: A LEITURA COMO REQUISITO
Resumo
Na política são várias as formas de construção da autoimagem. Algumas competências que se espera do agente político são
sempre reiteradas em processos eleitorais ou durante o exercício do cargo político quando se visa a construir (ou desconstruir)
a sua imagem, tais como ter poder de decisão, assumir a responsabilidade, dar o exemplo etc.. Outras, por sua vez, são menos
comuns e ‘mais genéricas’, mas por sua possibilidade de substituir ou de representar metonimicamente essas competências,
são evocadas e exploradas com vistas a sua promoção ou a sua descredibilização. A prática de leitura é uma delas. Por meio
da análise de um heterogêneo conjunto de textos disponíveis na internet, de origens e gêneros diversos, mas cujo objetivo
comum é construir (ou desconstruir) a imagem de líderes políticos explorando suas representações como leitores (ou como
não-leitores), refletiremos sobre o funcionamento peculiar de discursos sobre a leitura no âmbito da política. Buscaremos
levantar e analisar algumas representações dos sujeitos políticos em relação ao exercício (ou não) dessa prática cultural, de
modo a refletir sobre a origem e a força desses discursos sobre a leitura, que de uma cultura a outra, sustenta dizeres, crenças
e práticas sobre o que é ser político e sobre o que é ser leitor. Para tanto, e subsidiados teoricamente pela Análise de Discurso
e pela História Cultural da leitura, analisaremos textos que articulam certas representações da leitura e do leitor à figura e às
ações de três políticos brasileiros em situação de liderança, a saber, dos ex-presidentes Fernando Henrique Cardoso e Luis
Inácio Lula da Silva e da atual presidente Dilma Rousseff.
O ESTABELICIMENTO DE CLASSES VERBAIS
Resumo
Neste trabalho, discutiremos procedimentos empregados para o estabelecimento de classes verbais e buscaremos mostrar o
quanto a definição dessas classes é subordinada ao critério adotado pelo pesquisador e à perspectiva teórica subjacente.
Entretanto, argumentamos em favor da validade desse procedimento de descrição gramatical, tendo em vista o potencial de
generalização que apresenta, e que a identificação de uma classe não pode ser sumariamente fechada, composta por
sinônimos estruturais perfeitos, pois isso inviabilizaria o estabelecimento das próprias classes verbais. Primeiro porque não deve
haver muitos sinônimos estruturais cuja especificação gramatical seja inteiramente coincidente e, em seguida, porque as
classes assim estabelecidas seriam compostas por um número tão restrito de itens que a abrangência de seu potencial de
explicação já não seria mais interessante em termos de um tratamento fenomenológico dos objetos de investigação linguística.
Classes verbais colocam em evidência a real dimensão de alguns fatos, como é o caso da alternância causativa, cujos
processos de causativização e de ergativização tornam a análise mais explícita, demonstrando que tal alternância age sobre
uma parcela da estrutura da língua e não é, como já se chegou a acreditar, comportamento idiossincrático deste ou daquele
verbo. Outros fatos, a exemplo da estrutura argumental selecionada, da ativação ou do disparo de conteúdo pressuposicional e
da formação regular ou inovadora de particípio, podem evidenciar que critérios de ordem sintática, semântica ou morfológica
também conduzem a delimitação de uma classe ao rearranjo coerente com relação ao componente da gramática focalizado.
O FANTÁSTICO EM "EMBARGO", DE JOSÉ SARAMAGO
Resumo
A comunicação proposta tem como objeto de análise o conto “Embargo”, inserido em Objecto Quase (1978), do escritor
português José Saramago, o qual é composto por seis narrativas breves caracterizadas como fantásticas e metafóricas,
destacando a relação entre o humano e os recursos materiais criados por esse. O conto selecionado para análise, de cunho
político e econômico, tem como enredo a personificação de um automóvel, numa sociedade em que a escassez de combustível
está presente. O objetivo desta comunicação é refletir sobre os aspectos insólitos encontrados por meio da análise das
categorias da narrativa: ação, espaço, tempo, personagens e foco narrativo, observando-se a presença de traços fantásticos,
por exemplo, na personificação do veículo e no envolvimento do leitor em um mundo a ele familiar, mas que se transformará ao
longo da leitura, apresentando-se como absurdo. O embasamento teórico-metodológico para tal análise encontra-se nos
estudos de Julio Cortázar e Remo Ceserani. Ademais, abordaram-se as temáticas trabalhadas no conto, salientando-se a
grande metáfora por meio da qual é composta uma crítica à sociedade consumista, focada nos bens materiais.
PERTO DO CORAÇÃO SELVAGEM: O DISCURSO LÍRICO NA NARRATIVA DE CLARICE LISPECTOR
Resumo
Clarice Lispector, em sua prosa inicial, Perto do coração selvagem, publicada em 1944, “vira do avesso” a tradição romanesca,
devido à diluição dos gêneros, à quebra do processo narrativo, à rarefação e à minimização do enredo, à ruptura do tempo
linear e espaço físico e, sobretudo, quanto à linguagem empregada, a qual é extremamente filosófica e intensamente lírica, visto
que a fusão desses dois elementos é o que a torna inovadora no quadro literário nacional, sendo apontada pela crítica como a
primeira experiência definida que se faz no Brasil do moderno romance lírico. Clarice, por meio de um narrador situado em um
espaço literário de introspecção, questiona a capacidade de expressão pela linguagem na relação entre o sujeito e a realidade.
Desse modo, o próprio lugar onde fala o narrador repercute no discurso lírico, pois o centro irradiador de suas reflexões
filosóficas é a poesia. Uma vez que uma narrativa no molde tradicional, com estruturas sintáticas bem definidas, não daria conta
dos conteúdos mais profundos da protagonista Joana, a autora opta por uma postura estilística permeada por reflexões
instauradas pela linguagem poética. Assim, o processo de “liricização” ocasiona a desagregação dos elementos componentes
da diegese narrativa. Nesse sentido, nosso trabalho propõe-se a aplicar o conceito de discurso lírico, em suas construções
sintático-semânticas, ao livro Perto do coração selvagem.
A TRANSFORMAÇÃO DO HERÓI PARADIGMÁTICO NO POEMA NARRATIVO MODERNO LAMPIÃO E LANCELOTE DE
FERNANDO VILELA
Resumo
Conforme se verifica nos poemas narrativos clássicos o herói é a representação paradigmática das idealizações sociais e
morais de uma época. Com o passar do tempo, percebe-se que ocorrem alterações significativas na sua estrutura,
aproximando-o do homem comum. Literariamente essa transformação ocorreu de forma gradual, delineando os avanços e
retrocessos de uma sociedade que sempre esteve em busca de um paladino que a representasse qualitativamente.
Apropriando-se dessa característica evolutiva do herói, Fernando Vilela em Lampião e Lancelote apresenta o perfil desse tipo
de personagem em seus extremos temporais. De um lado, como expoente do período clássico encontra-se Lancelote com
todos os atributos característicos de um cavaleiro do Rei, de outro, Lampião, da qual não se sabe se foi criminoso ou justiceiro.
O duelo travado entre ambos desemboca na alteração do herói clássico no cômico, como uma forma representativa de
adequação daquele herói idealizado em um personagem mais humano. Nesta obra de Vilela é possível compreender o herói,
como um dos elementos do poema narrativo que mais sofreu alteração com o transcorrer do tempo. Essas transformações
demonstram a transformação do poema narrativo e questionam afirmação de que esse gênero poético deixou existir e foi
absorvido pelo romance. O estudo dessa vertente do poema narrativo demonstra-se rica na obra de Fernando Vilela por abarcar
dois tipos de herói e a adequação necessária do clássico ao moderno tal como se demonstra no próprio poema narrativo
moderno em que ambos são inseridos. Tal análise se realizará com a verificação de sua estrutura e apresentação de
informações histórico- críticas.
A VIA-CRÚCIS DOS DESGRAÇADOS
Resumo
Um mundo de rutilância africana, dilatado, consumado em poesia: assim se revela "o remorso de baltazar serapião" (2006),
premiado romance do escritor angolano Valter Hugo Mãe. Com estilo inconfundível pela recusa às iniciais maiúsculas e aos
moldes formais de pontuação, o autor trabalha com uma linguagem densa, repleta de oralidade, cravada nos mais carnais e
primitivos sentidos da memória. E nos mais carnais e repletos sentidos de uma africanidade diluída em surrealismos e críticas
marcadas pela metáfora do medievo. A ancestralidade impera nas ações do protagonista, baltazar, desde a desconstrução
fisionômica/psicológica de sua amada à concepção de misoginia que transpassa a narrativa. Misoginia “às avessas”, pois o
eu-narrador não destrói apenas o feminino, o materno, mas, sobretudo, o código de humanidade que habita cada personagem.
Ao destruir a mãe, o escritor destrói as mais complexas e dogmáticas estruturas que circundam o sagrado, propondo um pacto:
adoremos ao totem, rechacemos o tabu. Perigoso território este, porém seu texto se abre com tamanha maestria e naturalidade
que aderimos respeitosamente à grotesca proposta. O tom da narração é primitivo, "de pedra", como se de um mundo distante,
de um "paraíso perdido" tal qual as telas de Bosch (cujos personagens usam máscaras africanas de Abdias do Nascimento) se
sagrassem, consumissem-se e nadassem em jardins profanos. Diga-se de passagem, a obra pode ser descrita como um
verdadeiro elogio ao "profano". Bruxas, reis, fidalgos e os desgraçados: todos parceiros, todos unidos, imolados e possuídos na
mesma dança convulsiva.
LGBT, UMA FÓRMULA DISCURSIVA PARA A DIVERSIDADE
Resumo
Justamente pelo fato de que “a noção de fórmula não é uma noção linguística, sendo, antes de mais nada, uma noção
discursiva e não existindo sem os usos que a tornam uma fórmula” (Krieg-Planque, 2010:81), acredita-se ser possível
conjecturar a sigla LGBT como fórmula discursiva. Por se tratar de um sintagma nominal composto por quatro unidades lexicais
simples que circulam em bloco, a primeira propriedade formulaica, a da cristalização, é atendida. A segunda propriedade, ou a
inscrição em uma dimensão discursiva, pode ser corroborada pelo levantamento das ocorrências do sintagma LGBT nos
diferentes meios e suportes em que circula. O funcionamento da fórmula como referente social, que corresponde à terceira
propriedade, possibilita designar e referir-se a uma comunidade caracterizada pela diversidade que, por meio do sintagma
LGBT, denota, ao mesmo tempo em que procura subverter, relações de poder historicamente marcadas. Perante um panorama
sociopolítico onde imperam a heteronormatividade e a lesbo, homo, bi e transfobia, a quarta e última propriedade indispensável
para que uma fórmula se constitua como tal, que diz respeito ao seu aspecto polêmico, faz-se mais do que presente no
sintagma LGBT. Porém, a partir do princípio de que as formas privilegiadas da noção de fórmula tenham um caráter relacional
em que se prezam categorias morfossintáticas específicas, estabelece-se uma problemática no que tange à elegibilidade de
LGBT ao status de fórmula. Sendo assim, parece ser profícuo, ao se propor um tensionamento da conceituação, discutir o que
deve ter mais peso na recolha de uma fórmula: se o formalismo linguístico ou as quatro propriedades basilares supracitadas.
IDENTIDADE, LEITURA E MEMÓRIA COLETIVA EM “O OUTRO PÉ DA SEREIA” DE MIA COUTO
Resumo
O presente estudo aborda o romance O Outro Pé da Sereia, de 2006, do moçambicano de Mia Couto. A análise se atém à
percepção, a partir do que propõe o enredo da obra, da tematização da leitura como forma de se reprocessar a memória
coletiva e a relação desta com o sagrado. No enredo de O Outro pé da sereia (2006), sobrepõem-se duas épocas distintas que
tratam simultaneamente de episódios atuais (2002), como a reconstrução do país africano após as guerras de descolonização,
e antigos (1560), como as grandes navegações portuguesas que objetivavam colonizar a costa índica da África. A protagonista
Mwadia Malunga encontra, às margens de um rio, documentos que contam a épica expedição do jesuíta D. Gonçalo da Silveira
no século XVI que tinha como intuito difundir o catolicismo em terras africanas recém colonizadas, bem como os relatos da
situação do escravo Nimi Nsundi nessa mesma expedição. Ao encontrar os escritos, Mwadia encontra também a estátua de
uma santa católica, objeto do culto tanto do religioso português como do escravo congolês. A partir de sua capacidade leitora,
Mwadia recupera e reproduz experiências passadas por meio da oralidade, revivenciando e ressignificando os conteúdos lidos
(seja os textos, seja a estátua) e, posteriormente, se apropriando de tais experiências, acaba definindo sua individualidade em
face da comunidade de que faz parte, com a sua tradição religiosa. Busca-se compreender no romance o diálogo entre história
e ficção, a partir da terização de Peter Burke. Analisam-se as representações da memória na ficção, com base nas
conceituações de Paolo Rossi e Maurice Halbwachs. Discute-se teoricamente a leitura, a partir da análise de Vincent Jouve.
OBJETOS DE ACORDO EM ANÚNCIOS DO “19 DE DEZEMBRO”
Resumo
Segundo Kabatek os estudos sobre a Tradição Discursiva podem ser considerados fundamentais para o estudo da história de
uma língua. Concordando com o autor, pretendemos unir esta área à área dos estudos Retórico-Argumentativos
(representados, sobretudo, por Perelman), para analisar anúncios no jornal “19 de Dezembro”, que circulou no Paraná, no
século XIX. A Tradição Discursiva, segundo Kabatek, é a repetição de um texto, ou de uma forma textual, ou, ainda, de uma
maneira particular de falar ou escrever, que adquire valor de signo próprio. Tendo isso em mente, esse material composicional
pode ou não perdurar ao longo da história do gênero em questão. As distintas formas de escrever podem criar tradições
discursivas diferentes, sendo que o uso ou não de certos elementos linguísticos são sintomas para determinar a tradição
discursiva a que eles pertencem. Sendo os elementos linguísticos também o material de estudo da Nova Retórica e da Teoria
da Argumentação, pretendemos colaborar para com os estudos da Tradição Discursiva, analisando os Objetos de Acordo na
argumentação que se apresenta nos anúncios do jornal “19 de Dezembro”. Perelman e Olbrechts-Tyteca dizem que os objetos
de acordo, que podem servir de premissa para a argumentação, são classificados em duas categorias: a) relativa ao real
(composta de fatos, verdades e presunções); e b) relativa ao preferível (composta pelos lugares do preferível, valores e
hierarquias). Nosso estudo faz parte do projeto de pesquisa Para a História do Português do Paraná (PHPP) e, para fazer jus a
uma análise da Tradição Discursiva, caminhará também para anúncios de jornais do século XIX, XX e XXI.
ATIVIDADES DE ANÁLISE LINGUÍSTICA: QUESTÕES DE METALINGUAGEM NO PROCESSO DE COMPREENSÃO
TEXTUAL
Resumo
Este trabalho, vinculado ao Projeto de Pesquisa “Língua Portuguesa: formação de professores e ensino-aprendizagem” (UFPA),
apresenta uma proposta de ensino de Língua Portuguesa (LP) voltada para a prática de análise linguística (AL). A proposta
procura englobar aspectos epilinguísticos e metalinguísticos no processo de compreensão textual, ancorados na visão
sócio-histórica da linguagem (BAKHTIN/VOLOCHINOV, 1992) e nas perspectivas dos gêneros discursivos (BAKHTIN, 2003) e
da variação e consciência linguísticas (BAGNO, 2007; DUARTE, 2008). Para tanto, preparamos um roteiro, no âmbito do
Projeto, para a construção de atividades de AL, inseridas no interior de um trabalho com um gênero discursivo específico. O
roteiro apresenta quatro itens a serem elaborados na seguinte ordem: a) partir do texto-enunciado que está sendo trabalhado;
b) inserir a teoria do elemento gramatical a ser trabalhado; c) propiciar reflexão sobre o efeito de sentido do elemento gramatical
em função do contexto de produção; d) propiciar reflexão sobre a estrutura e funcionamento do elemento gramatical. Sob esse
viés, desenvolvemos atividades, a partir do conto de fadas "Os gnomos e o sapateiro", que suscitaram discussões sobre temas
como relação entre língua e sociedade, estrutura morfológica e regras ortográficas, afetividade e pejoratividade, as quais
possibilitam compreender não apenas o enunciado concreto em foco, mas a utilização desses elementos em outros gêneros.
Assim, os resultados demonstram a importância de se considerar, na elaboração de atividades de AL, questões relacionadas à
estrutura e ao funcionamento da língua, já que estas permitem, ao aluno, a percepção da dinamicidade da LP.
A CONCEPÇÃO DE LEITURA DO PROFESSOR E EM MATERIAIS DIDÁTICOS DE 5ºANO
Resumo
RESUMO:A leitura é um dos meios pelos quais acontece a interação entre os seres humanos, além de promover a reflexão
sobre diferentes assuntos, favorecendo, assim, a formação de um leitor crítico. Nesse sentido, a leitura é algo fundamental para
todos os seres humanos, pois além de ampliar seu conhecimento de mundo, os capacita para as diferentes formas de
interação. É essa compreensão de leitura que deve ser trabalhada na sala de aula, a fim de garantir a formação de um leitor
proficiente. Partindo desse pressuposto, o objetivo desse artigo é refletir sobre as diferentes concepções de leitura que
cerceiam o ensino e relacioná-las com as atividades que estão sendo desenvolvidas em sala de aula, mais especificamente em
turmas de 5º anos da educação básica (anos iniciais) de uma escola da rede municipal de ensino de Cascavel – PR, cujo índice
do IDEB em 2011 configurou-se abaixo de 5. Tais reflexões fazem parte de um estudo de caso, desenvolvido como pesquisa de
Mestrado (em andamento). Para refletirmos sobre alguns dados que já foram gerados, faremos uma análise de planos de aula
de professores que atuam no 5º ano, para verificarmos qual a concepção de leitura que permeia o trabalho desenvolvido na sala
de aula. Para a análise, utilizamo-nos de Bakhtin (2003); Kleiman (2008); Menegassi e Angelo (2005); Rojo (2002), entre outros
que focalizam a reflexão sobre leitura. Tal pesquisa se inscreve no Programa Observatório da Educação – CAPES/INEP-por
configurar-se como um subprojeto do Projeto de Pesquisa e Extensão Formação Continuada para professores da educação
básica nos anos iniciais: ações voltadas para a alfabetização em municípios com baixo IDEB da região Oeste do Paraná
A NARRATIVA JUVENIL DE MARK TWAIN: UM ESTUDO SOBRE AS AVENTURAS DE TOM SAWYER
Resumo
Observando a complexidade da obra As Aventuras de Tom Sawyer e as limitações de um trabalho tão breve, o presente artigo
visa analisar aspectos da narrativa que dizem respeito às características da personagem juvenil, à figura do herói e ao papel do
leitor. Para fundamentação, serão utilizados conceitos de teóricos da literatura juvenil e textos de autores que abordam as
narrativas contemporâneas, uma vez que a obra de Mark Twain, embora escrita ao final do século XIX, apresenta, à frente de
seu tempo, características do adolescente que vive a contemporaneidade. O relato das aventuras de um protagonista que
rompe com padrões pré-estabelecidos personifica a figura de um herói que, através de um comportamento irrequieto, rebelde e
contestador conduz à reflexão sobre questões que contribuem para aumentar a consciência do leitor frente à discriminação
social e ao papel do adolescente e do jovem no mundo governado pelo adulto. Escrito em estilo claro e instigante, o romance
contém críticas à sociedade da época, utilizando para tanto, recursos como a fantasia e o humor. A narrativa contribui para a
formação do leitor na medida em que adota o ponto de vista juvenil representando e valorizando a forma de pensar e agir dessa
faixa etária em específico
AS MULHERES DE "BECOS DA MEMÓRIA": REFLEXÕES SOBRE GÊNERO E RAÇA NO AMBIENTE DA FAVELA
Resumo
Conceição Evaristo tem figurado no cenário literário brasileiro nos últimos anos como uma escritora comprometida em refletir
sobre sua realidade, apresentando em suas obras um olhar direcionado em relação aos marginalizados e excluídos,
afastando-se, dessa forma, de estereótipos tão comuns em nossa sociedade. O presente trabalho tem como objeto de estudo o
romance brasileiro Becos da Memória (2006) com o objetivo de compreender como a desigualdade social e racial permeia a
narrativa, modelando o silenciamento das mulheres negras num contexto específico - a favela. Através de um arcabouço teórico
formado por autores como Gayatri Spivak, Carole Boyce Davies, Trinh Minh-Há, Roland Walter, Eurídice Figueiredo, Edward
Said, entre outros, buscamos entender como os efeitos da colonização e da colonialidade do poder perpetuam nas relações
humanas (no convívio entre homem e mulher, patrão e empregado, branco e negro); e como um ambiente marginalizado vai
criando imagens negativas, desenvolvendo assim uma vida fadada ao fracasso. A trajetória de várias personagens femininas no
romance em questão revela o interesse de Evaristo em problematizar as questões de gênero, raça e trabalho, não apenas
apresentando a experiência sofredora das personagens (oferecendo o entendimento de que a favela é a nova senzala e os
moradores são os escravos livres - que não são livres de fato), mas principalmente por elaborar, a partir de Maria-Nova, um
desejo real de liberdade.
DISCURSO JORNALÍSTICO: FUNCIONAMENTO DO IDEOLÓGICO
Resumo
O objetivo do presente trabalho é analisar discursivamente a linguagem científica em textos jornalísticos, buscando saber como
funciona a ideologia. O corpus de análise constitui-se de dois textos da revista Veja, que enfocam a Copa do Mundo, intitulados:
“Dilma é só empolgação à espera de sua 'Copa das Copas'” e “Brasil, 100 dias para a Copa do Mundo.Sem dias a perder”,
ambos divulgados em 04 de março de 2014, encontrados no site http://veja.abril.com.br/noticia/esporte. Na perspectiva teórica,
a partir da qual realizamos o nosso gesto analítico, o sujeito do dizer sempre é interpelado pela ideologia e atravessado pelo
inconsciente e os sentidos sempre podem ser outros. Esse pressuposto instaura uma relação tensa entre a suposta objetividade
pretendida pelo texto jornalístico e a subjetividade não-subjetiva presente no texto jornalístico, o qual, em tese “deveria”
restringir à mensagem necessária para o entendimento do documento. Cabe ressaltar que a partir de estudos teóricos da
Análise de Discurso, aliando-se teoria aos objetivos da prática jornalística, veiculados pela revista Veja, com vistas a
problematizar a pretensa objetividade e como na/pela língua se constituem evidências de o sentido é homogêneo e de que o
sujeito não se atém ao que pode/deve dizer.
O USO DE TECNOLOGIAS NA ESCOLA PÚBLICA: NOVOS DESAFIOS PARA PROFESSORES E ALUNOS
Resumo
Através dos anos, o desenvolvimentos de novas tecnologias tem trazidos novos desafios para professores e alunos de escola
públicas brasileiras. As Novas Orientações Curriculares para o Ensino Médio - OCEM (Brasil, 2006), em seu caderno sobre
linguagens e suas tecnologias, sugerem que o ensino de línguas estrangeiras seja feito através do suporte das novas
tecnologias e do uso de atividades pautadas nas teorias de novos letramentos e letramento crítico (Soares, 2006 Mattos, 2011).
No entanto, muitos são os desafios enfrentados tanto por professores quanto por alunos. Este trabalho busca compreender a
evolução dos conceitos de tecnologia através dos anos, a importância do uso de novas tecnologias para o desenvolvimento da
cidadania na escola pública e a educação do aluno cidadão através do Letramento Crítico nas aulas de inglês como língua
estrangeira. Desta maneira, intenciona-se fazer desses desafios os instrumentos para a formação de aprendizes conscientes do
poder oferecido a eles através do uso adequado dessas novas tecnologias.
NOTAS À CORRESPONDÊNCIA JOÃO GUIMARÃES ROSA E JEAN-JACQUES VILLARD: CARTOGRAFIA DE UM
HORIZONTE LITERÁRIO
Resumo
Há mais de quarenta anos, Paulo Rónai já apontava a importância da correspondência de Guimarães Rosa com seus tradutores
para a compreensão da obra do escritor, pois suas respostas a eles representam, diz o crítico “uma exegese minuciosa da obra
roseana pela única pessoa capaz de dá-la” (RÓNAI, 1971). Sob outra perspectiva, porém, essas cartas podem contribuir para
desenhar o universo de recepção de seus livros no exterior ao longo dos anos 1960, pois as pessoas, instituições e
acontecimentos que as povoam permitem que se reconstitua o cenário dessa recepção. As notas que estamos redigindo para a
correspondência trocada entre João Guimarães Rosa e seu tradutor francês Jean-Jacques Villard, com o objetivo de precisar o
papel que cada um desses atores representou na publicação do escritor na França, permitem de fato cartografar esse horizonte
literário. Nesta comunicação gostaríamos de apresentar uma única nota a essa correspondência, a que se refere ao nome do
crítico e tradutor Armand Guibert. A partir dela, mostraremos, porém, a rede de pessoas e instituições que se ligam a esse
nome e que se vinculam à difusão de Guimarães Rosa e outros autores brasileiros e latino-americanos na Europa e nos
Estados Unidos dos anos 1960.
A “PRODUÇÃO” DE CORPOS (HOMO)SEXUAIS
Resumo
O objetivo deste trabalho é compreender, pelo dispositivo da sexualidade, a produção de efeitos de poder sobre os corpos
(homo)sexuais e como os discursos da mídia incidem por uma proposta de controle-estimulação, produzindo modos de
existência de si ou estilos de vida (homo)sexuais. Para tanto, buscaremos como aporte teórico a Análise de Discurso de linha
francesa e seus desdobramentos no Brasil, e tomaremos como operadores analíticos as noções foucaultianas de poder e o
dispositivo da sexualidade. O material de análise é constituído pelas campanhas publicitárias da Old Spice, P&G e da Natura
Cosméticos, ambas com circulação nacional. O discurso midiático, ao falar sobre o homossexual, reserva um lugar privilegiado
à sexualidade e às possíveis classificações desses corpos. Nessa perspectiva, pensar o poder e seus agenciamentos é dar
visibilidade às posições, às táticas e os efeitos sobre esses os corpos, num efeito gladiador entre poder e resistência, na
tentativa de adequá-los a uma normalização. A prática analítica empreendida sobre as duas materialidades midiáticas revela
que o processo de “produção” de corpos perpassa tanto o corpo biológico quanto o social inscrevendo-se nessa rede de
dispositivo da sexualidade em que o corpo que produz é o corpo que consome. Nessa trama, o discurso midiático faz viver um
modo vida e deixa morrer outro.
TIRAS CÔMICAS NA INTERNET: ASPECTOS DA CIRCULAÇÃO
Resumo
Sabemos que as tiras cômicas são textos curtos e que estão submetidas tanto ao domínio do humor quanto ao dos quadrinhos
e que antes eram quase exclusivamente publicadas em jornais, revistas e coletâneas de autores. As tiras cômicas, porém,
experimentam novas formas de circulação. Alguns autores desses textos os publicam em blogs, outros compartilham em seus
perfis de redes sociais. Analisando especificamente a circulação desses textos em redes sociais, especialmente no Facebook,
observa-se que as tiras circulam tanto integralmente quanto de forma recortada ou alterada. Pretende-se, neste trabalho, com
base nos pressupostos da Análise do Discurso de linha francesa, analisar tanto os efeitos de sentido produzidos com essa nova
circulação (e nesse caso têm importância os novos espaços de escrita que as redes sociais e a própria Internet propiciam ao
leitor) quanto os aspectos da autoria desses textos, tendo em vista que mesmo que as postagens dos textos sejam feitas pelos
seus próprios autores, estes textos “escapam” do domínio de seu autor e podem não só circular, mas sofrer alterações, por
exemplo. Observando um exemplo específico, e que se tornou sucesso na rede social citada, as tiras do personagem
Armandinho, pretende-se, ainda, analisar se aspectos formais das tiras (como a sua brevidade, por exemplo) configuram um
aspecto relevante para sua circulação bem-sucedida pelas redes sociais.
A DESMONTAGEM DO HERÓI: ELEMENTOS DO ÉPICO BRECHTIANO EM RODA VIVA E O BERÇO DO HERÓI
Resumo
O artigo se propõe a analisar a influência do teatro épico de Bertolt Brecht, dramaturgo alemão, na construção do herói moderno
brasileiro presente nas peças Roda Viva, de Chico Buarque e O Berço do Herói, de Dias Gomes. Em ambas presencia-se o
fenômeno que Rosenfeld, em O teatro épico, chama de despersonalização do indivíduo, a sua desmontagem e remontagem em
outra personalidade. Partindo da análise das características épicas em personagens despsicologizados, busca-se aqui uma
leitura crítica que vise destacar a figura do herói em contextos retratados tanto pela perspectiva alegórica do todo quanto pela
forte crítica à indústria cultural vigente. Em O Berço do Herói, onde o objetivo maior está em elucidar a chamada “crise do herói”
já exposta por Hegel e Nietzsche, destaca-se o confronto entre os caminhos do progresso e a decomposição moral dos
personagens. Em Roda Viva, presencia-se a lograda fabricação de um ídolo popular, partindo de sua ascensão ao
aniquilamento provocado pelas engrenagens do showbiz. Nos dois textos, os heróis são forjados e destruídos diante de nós, o
que, por si só, já desencadeia o evento épico teorizado por Brecht. Para compreender o espaço das peças no teatro brasileiro,
serve também como argumento o confronto de leituras críticas ou avaliações distintas sobre a relação entre texto e cena, como
se pode fazer pela encenação de Roda Viva dirigida por Zé Celso, com leituras que ora valorizam mais o texto do que a
encenação, ora o contrário.
O LUGAR DO NACIONAL E DO ESTRANGEIRO NA COLÔNIA SUÁBIA DE ENTRE RIOS
Resumo
O presente trabalho busca identificar os possíveis efeitos de sentidos que sinalizam para a divisão do espaço semiurbano, da
colônia suábia-germânica de Entre Rios, em Guarapuava-Pr. A colônia foi fundada na década de 1950 pelos suábios do
Danúbio e é marcada por traços que retomam de um lado a cultura germânica e, de outro, a cultura brasileira. Diante disso,
pensamos, discursivamente, o funcionamento da ideologia no que tange ao nacional e ao estrangeiro nesse espaço de
imigração, considerando-a como condição para a constituição de sujeitos e de efeitos de sentidos, uma vez que o indivíduo é
interpelado em sujeito pela ideologia. Filiamo-nos aos pressupostos teóricos da Análise de Discurso, de orientação francesa e, a
partir da noção de memória discursiva, pensamos/analisamos as designações vila dos brasileiros e colônia dos alemães, que
circulam nesse espaço semiurbano e nomeiam/dividem/delimitam sujeitos e espaços. Conclusões ainda preliminares apontam
para o funcionamento de duas formações discursivas, nas quais diferentes posições sujeitos funcionam. Dentre as duas FD´s,
há sempre uma que é dominante, evidenciando sujeitos e espaços ideologicamente desarmônicos. Além disso, as discussões
nos permitem tomar as designações como práticas sociais e discursivas, pelas quais os sujeitos se constituem e constituem
esse espaço, instaurando a contradição e a divisão, produzindo efeitos de pertencimentos dos sujeitos aos dois países: ao
Brasil – lugar empírico em que se encontram – e à Alemanha – a pátria que ficou para traz e que, talvez, por isso mesmo, seja a
Pátria ideal.
CULTURA REGIONAL E HISTÓRIA NACIONAL EM INCIDENTE EM ANTARES
Resumo
A primeira parte do romance Incidente em Antares, escrito por Erico Verissimo e publicado em 1971, narra o desenvolvimento
de uma pequena comunidade a partir da história das famílias Vacariano e Campolargo. Nesta cidade fictícia localizada na
Região das Missões, na fronteira com a Argentina, as personagens participam dos principais acontecimentos históricos dos
séculos XIX e XX, interagindo neles de forma direta (no plano da ação) e indireta (na leitura de jornais). Neste sentido, a cultura
regional, entendida como uma rede de relações entre indivíduos que pertencem a uma determinada região, sofre os efeitos da
matéria nacional, tornando-se aquela um espelho desta. Considerando-se Antares como um microcosmo do Rio Grande do Sul,
tendo em vista que os dramas de suas personagens (violência, disputa de poder, corrupção, modernidade, etc.) são os mesmos
que atingiram os habitantes de outras cidades no momento histórico representado, sejam elas do “interior” ou da “capital”, a
hipótese é de que a narrativa faz parte de um projeto romanesco maior, iniciado nos romances do “ciclo de Porto Alegre” e que
teve continuação em O tempo e o vento. Neste projeto, a representação da cultura e da identidade gaúcha passa
necessariamente por diferentes (micro)regiões e inclui distintos aspectos de regionalidade, nunca fechados ao nacional,
distanciando-se cada vez mais do regionalismo literário. Como aporte teórico, trabalha-se com os conceitos região sócio-cultural
(Berumen, 2005) e de regionalidade (Pozenato, 2003).
A POESIA VIRAL E A LÍRICA CONTEMPORÂNEA: QUESTÕES DE PRODUÇÃO E DISSEMINAÇÃO
Resumo
A reflexão sobre o cenário da literatura contemporânea não deve apenas levar em conta autores e obras, mas, também, os
meios de produção e disseminação nos quais tais autores e obras estão inseridos, buscando, assim, a compreensão de sua
natureza e de sua dinâmica comunicacional e cultural. O olhar lançado ao contexto mais amplo tende a desnudar facetas
inesperadas, seja em termos de redimensionamento do significado social e cultural da literatura nos dias de hoje, seja em
relação às questões de poética especificamente consideradas. Assim, apresentamos uma reflexão sobre as propostas de
poesia viral no Facebook (em especial casos inseridos dentro do contexto brasileiro), buscando elementos que traduzam tanto a
urgência de sua poética quanto sua própria condição de exemplo de uma poética da urgência. O resultado de semelhante
reflexão atinge de modo direto e incisivo tanto o pesquisador quando o professor de literatura, lançando-os em um contexto de
dúvidas e inseguranças decorrentes da vertiginosa exigência de atualização em todos os sentidos.
RODOLFO TEÓFILO E O NATURALISMO FANTÁSTICO
Resumo
A obra de Rodolfo Teófilo integra o naturalismo literário e sua particular caracterização e inserção no contexto brasileiro,
todavia, há uma evidente exacerbação do estilo. Em A Fome (romance publicado em 1890) há excessivas mortes, pessoas
devoradas por animais (às vezes vivas), canibalismo, ‘autocanibalismo’ etc.; já em Violação (novela publicada em 1899), um
menino tem de enterrar a própria irmã morta, cadáveres amontoados como lixo, putrefação e a terrível cena da consciência
pensante de um homem que, prostrado, pode ser enterrado vivo enquanto presencia dois celerados violarem sexualmente sua
noiva (possivelmente morta). A sucessão de ocorrências tétricas cria um estranho mundo no qual o naturalismo produz um fluxo
de acontecimentos que deságua no inverossímil, criando – paradoxalmente – uma atmosfera fantástica devido ao exagerado
empenho na ‘realidade’ do quadro por meio da crueza das cenas e da descrição cientificista. No entanto, trata-se de uma
espécie de naturalismo à brasileira, bastante particular, pois que, ao exacerbar as formas e técnicas de representação
naturalistas, o que se tem, como resultado, é o despedimento da ciência, a ruptura da verossimilhança e, consequentemente, a
saída de cena do realismo, concebido como representação teleológica e totalizante do mundo a partir das formas de
organização social e a ascensão de uma narrativa fortemente expressionista, em que o excesso dos fatos, acontecimentos,
cenas e descrições está organicamente atrelado à narração, de forma profundamente simbólica, mas o rigor científico é
destruído.
FALAR E ESCREVER - FRONTEIRAS E PERSPECTIVAS PARA A ALFABETIZAÇÃO.
Resumo
Com o intuito de aprofundar as considerações que se tem sobre a influência da fala no processo de alfabetização, trataremos,
neste trabalho, de questões relativas a alguns fenômenos linguísticos presentes na escrita de alunos em fase de alfabetização,
como a neutralização, o rotacismo, a monotongação e o apagamento do –r final, e, quais as dificuldades que acarretam para o
ensino de língua materna. Como sugestão, para buscar meios que amenizem tais questões, apresentaremos algumas
estratégias que podem ser seguidas por professores de vários níveis de ensino. Para tanto, discutimos a natureza das duas
modalidades da língua, fala e escrita e, propomos uma nova abordagem linguística, que as vê como meios para a realização de
duas atividades sociais, oralidade e letramento. Sendo assim, nos embasamos em autores importantes da área, como Mollica
(1998), Marcuschi (2010) e Cagliari (1997), que discutem o conceito de alfabetização numa abordagem social, levando em
consideração a constante influência da fala na escrita.
A REGIÃO SUDESTE E A VARIAÇÃO LEXICAL: SINALEIRO, SEMÁFORO OU SINAL?
Resumo
Assim como as demais línguas, o português brasileiro reflete especialmente em nível lexical a formação e as mudanças
linguísticas de uma comunidade de fala. Com base nos pressupostos teórico-metodológicos da Geolinguística Pluridimensional,
os quais norteiam o Projeto Atlas Linguístico do Brasil (ALiB), propomos dar enfoque aos estudos lexicais verificando as
designações para semáforo obtidas por meio das respostas dadas à questão 194 do Questionário Semântico-Lexical (QSL) do
ALiB (COMITÊ NACIONAL, 2001): “Na cidade, o que costuma ter em cruzamentos movimentados, com luz vermelha, verde e
amarela?”. O corpus constitui-se dos dados registrados em localidades do interior dos quatro estados da região Sudeste do
Brasil, os informantes são todos com nível fundamental de escolaridade e estratificados segundo as variáveis sexo e faixa
etária. Como objetivos, visamos: (i) fazer um levantamento das variantes registradas pelos informantes da região Sudeste do
Brasil; (ii) verificar quais fatores podem contribuir para a difusão de determinada variante; (iii) mapear a distribuição dessas
variantes e, se possível, (iv) traçar as áreas de isoléxicas. Pretendemos, assim, com a realização desta pesquisa contribuir para
os estudos acerca da diversidade linguística, além de colaborar para o mapeamento dos falares brasileiros.
LIVRO DIDÁTICO EM ANÁLISE: GÊNEROS DIGITAIS NO ENSINO DE LÍNGUA PORTUGUESA
Resumo
Este trabalho constitui-se como parte de uma pesquisa de mestrado em andamento cujo objetivo principal é analisar as
atividades propostas em livros didáticos a partir de gêneros digitais e investigar se tais instrumentos contribuem para o
letramento digital dos alunos. Nesse sentido, justifica-se o trabalho sob esse viés, pois dá oportunidade aos alunos de
desenvolver novas práticas de leitura e escrita, conhecer os novos gêneros pertencentes à mídia digital e ampliar a capacidade
de interagir com o meio social através desses instrumentos de comunicação trazendo assim novas descobertas e
aprendizagens na escola. Para isso, o trabalho ancora-se nas teorias do interacionismo sociodiscursivo, doravante (ISD), Dolz e
Schneuwly (2004), e ainda num dos expoentes dos estudos de gêneros textuais no Brasil, Marcuschi (2010). Para
investigarmos o modo como as atividades relacionadas aos gêneros digitais são abordadas pelo LD, tomamos como corpus da
pesquisa os livros Ensino Médio Zeta – Anglo Sistema de Ensino, unidades 7 e 8, respectivamente. Numa análise prévia,
observou-se que os livros didáticos adotados como corpus da pesquisa têm oferecido aos aprendizes atividades de escrita dos
gêneros digitais uma vez que os autores desses LD’s afirmam no manual do professor que as práticas de escrita abordadas no
apostilado têm como ponto de partida o estudo dos gêneros textuais. No entanto, pretende-se construir propostas mais
coerentes com as necessidades da escola que a apostila não contempla de forma satisfatória.
UM ESTUDO POLÍTICO E RELIGIOSO DO CONTO DE MIA COUTO “O CEGO ESTRELINHO”
Resumo
Cotejando o conto e a história bíblica, que acredito subjazer a narrativa, com a Guerra da Independência de Moçambique
parece num primeiro momento se referir a libertação dos povos judeus do reino do Egito, Efraim liberta o Cego Estrelinho de um
modo correlato ao de José, pelas fantasias e os sonhos, da mesma forma que o guia participara da guerra de independência de
Moçambique; Gigito Efraim no conto parece fazer um caminho semelhante ao de José, pai do Efraim bíblico, pois se ele no
conto fantasia a realidade, José, na Bíblia era considerado um sonhador, e foi isso que o salvou do cativeiro ao ser o intérprete
dos sonhos do faraó, revelando que as alegorias oníricas deste seriam realidades vindouras; esse aspecto demonstra que tanto
para as tribos de israel como para os povos de moçambique primeiro existem os sonhos depois a sua consumação na terra
prometida. Essa comparação parece ser a relação principal entre os personagens bíblicos José e Efraim e no conto de Mia
Couto Gigito e o Cego Estrelinho. Observemos que o Efraim na na história bíblica é um fundador das doze tribos, a principal de
todas de Israel, que as lideraria; Efraim no conto é fundador de um mundo fantástico, um abrirá o caminho mais tarde para o rei
Davi e o outro para o Cego Estrelinho, o que irá juntar, em estado de porvir, as populações de Moçambique numa terra que se
originou dos sonhos.
CORALINE DE NEIL GAIMAN: UM ESTUDO SOBRE O ROMANCE E SUA ADAPTAÇÃO PARA OS QUADRINHOS E PARA O
CINEMA
Resumo
Ao adaptar-se um texto, transportando-o de um suporte a outro, é inevitável que mudanças sejam feitas para que o texto
adaptado seja recebido pela nova mídia. O estudo aqui apresentado tem por objetivo analisar alguns dos recortes e modificações
feitos na transposição do romance Coraline (2002), do escritor inglês Neil Gaiman, para o suporte gráfico e para o suporte fílmico.
Para tal estudo temos por base as teorias de Robert Stam (2000) e de Linda Hutcheon (2011) sobre o conceito de fidelidade do
texto da adaptação ao texto adaptado além das teorias de Hutcheon a respeito do processo de adaptação. Temos também como
base teórica os comentários de Tiphaine Samoyault (2008) sobre as relações entre o hipotexto e o hipertexto e como é construída
a intertextualidade. Por meio da análise das obras em questão notamos, entre outras coisas, os diferentes modos como as
personagens são interpretadas e apresentadas ao leitor. Percebemos também os cortes e acréscimos apresentados pelas
adaptações em relação à narrativa do romance. Com base na análise feita é possível notarmos que o romance, a narrativa
gráfica e o filme, ao mesmo tempo em que apresentam inegáveis relações intertextuais, também se configuram enquanto textos
autônomos, significativamente independentes.
NO JOGO DE AMAR-TE A TI NEM SEI SE COM CARÍCIAS: UMA ANÁLISE DA FICÇÃO HISTÓRICA DE WILSON BUENO
Resumo
O artigo apresenta uma análise de Amar-te a ti nem sei se com carícias, ficção histórica do escritor paranaense Wilson Bueno.
Por sua característica lacunar, o romance nos fornece inúmeras possibilidades interpretativas, sugerindo ao seu leitor uma
atmosfera enigmática, difusa, como é a memória em seu estado bruto. Os conceitos de espaço de indeterminação e vazio
narrativo, de Vincent Jouve e Wolfgang Iser, além das categorias formuladas por Umberto Eco em Seis Passeios pelos Bosques
da Ficção, serão úteis à análise que se propõe por nos fornecerem as ferramentas para delimitar estratégias e recursos
literários empregados na composição do romance, mapeando assim os caminhos abertos por sua linguagem e procurando
desvendar o programa de leitura fornecido pela obra. Assim, o artigo buscará demonstrar que o romance de Bueno exige de
seu leitor, simultaneamente, uma leitura de progressão e compreensão, capaz de captar o mistério e a poesia de seu enredo,
bem como a linha de fuga traçada em relação ao conteúdo histórico da trama.
CNV: MEMÓRIA E HISTÓRIA PRODUZINDO SENTIDOS
Resumo
Este trabalho é parte de um projeto de doutoramento que visa analisar a lei que instaura a Comissão Nacional da Verdade
(CNV) - sancionada e decretada pela presidenta Dilma Rousseff -, a qual surge com o propósito de investigar violações dos
direitos humanos ocorridas no Brasil em um período em que o país sofreu um dos episódios mais lamentáveis de sua história: a
ditadura militar. A partir da teoria da AD, buscar-se-á analisar, por meio da lei que institui a CNV – lei 12.528 –, as
materialidades e as práticas discursivas que emergem neste acontecimento, sob quais regras se estabilizam e, também, quais
esquecimentos e silenciamentos foram engendrados. Isso significa tomar o texto-lei não só em sua forma - com seus “caputs”,
parágrafos, incisos -, mas “sobretudo como acontecimento”, o que implica observar aquilo que extrapola o linguístico, suas
contradições, suas falhas, as quais podem ser verificáveis na espessura material jurídica em determinado momento histórico. A
escolha de uma teoria discursiva se justifica por ser o discurso “o lugar em que se pode observar essa relação entre língua e
ideologia, compreendendo-se como a língua produz sentidos por/para os sujeitos” (ORLANDI, 2005, p. 17). Embora se pense a
lei integralmente, alguns pontos terão tratamento privilegiado, como as questões que tratam do direito à memória, à verdade
histórica e à reconciliação nacional, pois evidenciam sua opacidade enquanto materialidade linguística.
QUESTÕES DE MÉTODO: EDIÇÃO DE “CORRESPONDÊNCIA REUNIDA” DE ESCRITORES
Resumo
Esta comunicação apresenta resultados da pesquisa “Correspondances générales, correspondência reunida: pressupostos
metodológicos, críticos e interpretativos” (FAPESP), realizada no Centre de Recherches sur les Pays Lusophones (Universidade
de Paris 3, Sorbonne Nouvelle, Paris), sob a supervisão pós-doutoral da Profa. Dra. Claudia Poncioni. Tendo em vista a
alentada produção de correspondances générales, assim como a expressiva bibliografia sobre a prática de edições de cartas na
França, a pesquisa realizou, em uma primeira etapa, o levantamento de conjunto representativo de publicações de
“correspondências reunidas” de letrados franceses do campo literário, difundidas a partir da segunda metade do século XX. A
prospecção bibliográfica propiciou, na segunda etapa, a apreensão de diferentes pressupostos metodológicos, críticos e
interpretativos que fundamentam as edições. A comunicação tenciona refletir sobre esse amplo espectro de propostas de
publicação, considerando suas potencialidades e vicissitudes. A discussão levará em conta o trabalho de elaboração da vultosa
“correspondência reunida” do escritor modernista Mário de Andrade (1893-1945).
LITERATURA E IMPRENSA: ÁLVARO LINS E A RECEPÇÃO DA PRODUÇÃO DE GRACILIANO RAMOS NAS PÁGINAS DO
JORNAL
Resumo
Álvaro Lins (1912-1970), um dos maiores críticos brasileiros, colaborou na imprensa da primeira metade do século passado,
recepcionando assim grande parte da produção do momento. Estava em voga a crítica de rodapé que era propagada nos
jornais, o intelectual então se expressava por meio desse veículo de divulgação de ideias para, então, refletir e orientar o publico
leitor quanto às obras que surgiam no cenário cultural. Álvaro Lins foi um entre os influentes críticos atuantes nos jornais, sendo
que grande parte da realização literária passou por sua pena e, consequentemente, contribuiu na consagração de muitos
nomes. Nesse trabalho, focar-se-á assim em suas ponderações sobre a prosa de Graciliano Ramos (1892-1953), visto que o
crítico não deixou de se manifestar sobre a produção literária do escritor brasileiro. Em seus escritos, há avaliações sobre a
parte mais significativa da produção romanesca, abordando obras como Caetés (1933), São Bernardo (1934), Angústia (1936) e
Vidas Secas (1938). Assim sendo, ele não deixou de inferir sobre os pontos fracos e sobre as qualidades da ficção do autor. Em
dados momentos, realiza análises um tanto impressionistas, levantando fatos da biografia do escritor com o intento de explicar
seu universo literário. Contudo, notar-se-á que seu trabalho configura uma análise precisa concernente ao estilo, linguagem e
elementos da narrativa. Pontuar-se-á ainda que o crítico pernambucano foi um dos pioneiros na recepção crítica do romancista
alagoano, acompanhado todo seu percurso em nossas letras, de forma que seus apontamentos crítico-teóricos foram
significativos no processo de consagração e canonização do escritor em cotejo.
ESCRITURA DRAMATÚRGICA CONTEMPORÂNEA PELO VIÉS DA FÁBULA
Resumo
A presente proposta de comunicação visa debater e discutir como se configura na contemporaneidade a organicidade dramática
no texto teatral e colaborar para construção de ferramentas de interpretação desta escrita. Parte-se do princípio que o fazer
teatro, considerando-o em toda sua complexidade, incluindo o texto dramático, permite ao homem vivenciar suas fabulações e
construções subjetivas, tornando-as uma manifestação sensorial, relacional, de presença, de construção de imagens. E a fábula
é a ferramenta, o sistema organizacional que produz e constrói esse efeito simbólico, “é a combinação dos atos”, que no texto
dramático contemporâneo vem sofrendo uma crise paradigmática no sentido clássico do termo “ordem, extensão e completude”.
Dessa forma, para nortear nossa linha de raciocínio, partimos dos conceitos de fabula e de mythos postulados na Poética de
Aristóteles e reafirmados por Hegel, a partir do texto Estética, a fim de compreender a evolução do drama pelo viés da fábula,
partindo de sua forma pura, nas tragédias, e evoluindo respectivamente para as etapas que denominamos de fissura e
esgarçamento da organicidade dramática, até atingir um estágio limite daquilo que se constitui como fábula, o “belo animal” em
termos aristotélicos. A partir das considerações de Jean-Pierre Sarrazac sobre a fábula e sua crise no teatro contemporâneo e
considerando os caminhos que o teórico francês propõe para compreender esse fenômeno, propomos a análise da fábula nas
obras A terrível voz de Satã (2008), do inglês Gregory Motton, Pinokio (2012) e Fractal (2010), respectivamente dos brasileiros
Roberto Alvim e Patrícia Kamis.
A LEITURA NA PRÁTICA COTIDIANA DENTRO E FORA DA ESCOLA
Resumo
O intenso debate que tem sido travado dentro e fora da escola sobre as políticas de leitura, metodologias de incentivo e
fomento, bem como as estratégias adotadas no sentido de ampliar o público leitor nas escolas é a motivação desta
comunicação. Com efeito, buscar-se-á elencar algumas experiências e abordar um conjunto de dificuldades coletadas, tanto no
âmbito das salas de aula quanto fora dela: na família e na sociedade. Este debate levará a uma peculiar questão quando à
formação de novos leitores, em que a leitura tanto pode ser sinônimo de prazer, quanto de tortura. Quais os elementos internos
(no âmbito do espaço escolar) que interferem positiva e negativamente na formação de novos leitores e quais elementos
externos, sobretudo na família, que também interferem no desenvolvimento do hábito de leitura de crianças e adolescentes? Os
desafios da leitura tradicional na era digital é outra questão que será tratada nesta comunicação: como levar os alunos a
desenvolverem o gosto pela leitura literária frente às novas tecnologias?
O CRONISTA SEM MÁSCARAS: A DIMENSÃO DIALÓGICA DAS CRÔNICAS DE LIMA BARRETO
Resumo
A perspectiva pragmática e engajada conferiu aos romances de Lima Barreto o tom de crônica e de "documento histórico" de
uma época, tendo se tornado uma referência obrigatória para aqueles que estudam os primeiros anos de nossa vida
republicana (SEVCENKO, 1999). Por conta disso, o autor foi muitas vezes criticado pelo imediatismo de sua obra e pelo
suposto pouco trabalho estético da sua escrita. De outra forma, o romancista Lima Barreto era apontado como um “mero
cronista” que se aventurara pelo romance. Enquanto cronista, Lima Barreto aboliu ainda mais os disfarces ficcionais e fez das
páginas dos jornais e das revistas em que publicou ao longo de duas décadas uma arena de intervenção nos debates de sua
época (RESENDE, 1993). Pretendo discutir nesse trabalho como Lima Barreto potencializa a dimensão dialógica da escrita
construindo para si e para seus leitores a imagem do leitor-cidadão. Nesse sentido, pretendo analisar a imagem que o autor
projeta de seus supostos leitores e os diálogos que estabelece com o campo político, social e literário daquele início de século.
A HIPOTAXE CIRCUNSTANCIAL: UMA IMPORTANTE ESTRATÉGIA ARGUMENTATIVA
Resumo
Este trabalho propõe-se a analisar a importância de focalizar os mecanismos que ligam sintática, semântica e pragmaticamente
os enunciados uns aos outros. Nessa perspectiva, discutimos as relações de sentido estabelecidas pelos operadores
argumentativos no plano discursivo, mais especificamente, o tipo de proposição relacional que emerge da articulação das
cláusulas hipotáticas circunstanciais presentes em dois artigos de opinião, publicados pelo jornal Folha de São Paulo, na coluna
“Tendências/Debates”. Esses textos apresentam opiniões contrárias sobre uma mesma temática e são escritos por convidados
considerados autoridades no assunto colocado em discussão. Como o estudo das marcas linguísticas pode ser mais produtivo
se o texto, como um todo, for levado em consideração, a abordagem envolverá não só a microestrutura textual – estudo
apoiado na teoria de Ducrot (1987) –, mas também a macroestrutura – análise baseada na Semiolinguística, de Patrick
Charaudeau (2007). Constitui-se, também, como embasamento teórico deste estudo os conceitos sistêmico-funcionais de
Halliday (2004), no que tange à concepção da linguagem e às relações entre as cláusulas na composição textual. De acordo
com Koch (2007), o indivíduo, ao interagir por meio da linguagem, o faz, visando a estabelecer relações, causar efeitos,
desencadear determinados comportamentos. Para isso, vale-se dos enunciados que produz, orientando-os no sentido de
determinadas conclusões. Respaldados por Ducrot (1987), acreditamos que a orientação argumentativa tem, também, sua
materialização linguística nos conectores, que funcionam como uma ponte entre a língua e o discurso.
O LUGAR DA CRÔNICA BRASILEIRA
Resumo
O trabalho que pretendo apresentar está baseado no projeto que desenvolvo sobre a formação da crônica brasileira desde os
primórdios, na década de 1830, até o seu apogeu, nos anos 50 e 60 do século 20. Partindo da origem jornalística do gênero, e
considerando o seu desenvolvimento sempre atrelado às condições de produção características da imprensa periódica, que vão
dos aspectos materiais do texto (o lugar que ocupa na página do jornal, a serialidade, etc.) às exigências do trabalho efetivo do
redator-jornalista (a participação em determinados eventos, a temporalidade da escrita, etc.), passando pela posição discursiva
ocupada pela crônica em face de outras modalidades que compõem a paisagem impressa do jornal (o artigo de fundo, os
anúncios, a notícia, dentre outras), pretendo discutir três assertivas que, de certa maneira, fundamentaram as mais variadas
abordagens sobre a crônica desde o início e, sobretudo, durante o século 20, quais sejam, a de que se trata de um gênero
genuinamente nacional, a de que seria um gênero menor e, por fim, a de que é possível atribuir-lhe estatuto de literatura.
PIBID LETRAS-PORTUGUÊS – UMA PROPOSTA DE AÇÃO PARA O LETRAMENTO LITERÁRIO A PARTIR DA BIBLIOTECA
ESCOLAR
Resumo
Este trabalho se propõe a apresentar resultados parciais de pesquisa-ação feita a partir do Subprojeto PIBID Letras-Português da
Universidade Estadual de Maringá o qual, considera os contextos universitário e escolar em que os licenciandos apresentam
dificuldades no processo de transposição didática e no reconhecimento dos conteúdos formadores teórico-metodológicas de
língua portuguesa e de literatura, especialmente no que se refere ao ensino de leitura e letramento literário. Considerando
relevante ainda estabelecer um diálogo contínuo entre a universidade e a escola pública, em que o estudante de Letras possa ter
uma formação reflexiva da carreira docente, a partir do trabalho com a biblioteca escolar, nossa proposta visa oportunizar aos
licenciandos experiências metodológicas voltadas ao letramento literário em parceria com professores das escolas públicas,
construindo estratégias e propostas didáticas que despertem o gosto pela leitura do texto literário no estudante de Ensino
Fundamental 2. Sob esse panorama, propomos as seguintes ações: a) Diagnóstico do contexto educacional das escolas
participantes, especialmente no que tange à biblioteca escolar, seu acervo e sua acessibilidade aos educandos; b) investigação
do gosto e dificuldades dos educandos relação ao texto literário: gêneros, temas e estilos; c) seleção de enunciados literários
direcionados aos alunos do sexto ano do EF2 d) Produção de oficinas de letramento literário embasadas no pressuposto de que
ler é “inscrever-se na experiência do real e reconstruir-se como cidadão” e que leitura é “um ato interativo e de compreensão de
mundo” (MICHELETTI, 2000, p.17).
LÍNGUAS INDÍGENAS NO RCNEI E NOS MATERIAIS DIDÁTICOS BILÍNGUES: A IDENTIDADE LINGUÍSTICA
(DES)TERRITORIALIZADA
Resumo
Por existirem parâmetros específicos vigentes em políticas linguísticas que norteiam o ensino das línguas indígena e
portuguesa para as populações indígenas, há também condutas particulares institucionalizadas para uma identidade bilíngue. A
partir dessa particularidade, e no esteio da arqueogenealogia de Michel Foucault, este trabalho busca compreender como as
determinações para o exercício do bilinguismo, fundamentadas nos preceitos da Diversidade Cultural e calcadas na tríade
língua, cultura e memória, estabelecem a contradição que cerceia o papel social e político das línguas indígenas no Referencial
Curricular Nacional para as escolas Indígenas e em materiais didáticos utilizados em instituições escolares indígenas
paranaenses, e, assim, intervém na constituição identitária linguística do sujeito indígena. Por serem atribuídas funções às
línguas indígenas apenas nos limites territoriais da etnia, especificamente, para tratar de assuntos internos à comunidade, ao
mesmo tempo em que o uso de tais línguas fora das fronteiras delimitadas é suprimido, os materiais analisados apontam, nas
relações saber/poder, para a promoção da (des)territorialização geográfica e social das línguas indígenas nas proposições das
políticas linguísticas que visam promover o bilinguismo.
MENINO DE ENGENHO: AFINIDADES INTERARTÍSTICAS
Resumo
Este trabalho insere-se na proposta do Simpósio “Relações entre a literatura e outras artes: um diálogo permanente na
ampliação do sentido do texto”, que faz parte do 3º Colóquio Internacional de Estudos Linguísticos e Literários – CIELLI. O
artigo versa sobre o convívio interartístico promovido pelo romance Menino de Engenho de José Lins do Rego, conforme
historiografia literária, situado no Romance de 30 do Nordeste brasileiro. O estudo teórico-bibliográfico pautou-se no
pensamento de Brunel & Chevrel (2004), Pellegrini (2003), Plaza (2001), Souza (2006), dentre outros autores que tratam da
literatura e do sistema intersimótico entre as artes. Discutimos o romance Menino de Engenho e algumas de suas
manifestações artísticas que refletem a infância. O debate gira em torno de três segmentos: a narrativa literária, três ilustrações
presentes na 3ª edição do romance e a narrativa fílmica. As ilustrações apreciadas foram feitas, em 1959, pelo pintor Candido
Portinari para a 3ª edição do romance. O texto fílmico homônimo foi idealizado pelo roteirista-adaptador Álvaro Guimarães e
dirigido por Walter Lima Jr., em 1965. A discussão circunda as imagens da criança, assim observamos que essas imagens
apresentam elos que reconstroem significados, ora temos o drama psicológico do menino referido no discurso literário, ora a
ilustração que recupera essa particularidade, e, por último a narrativa fílmica que redimensiona o trágico olhar infantil. Este texto
pode ser considerado como resultado parcial de nossa pesquisa de tese. Portanto, traçamos reflexões variadas ao explorar os
textos literários de nosso estudo em diferentes âmbitos.
FELICIDADE E COLHEITA: O ESPAÇO COMO REVELADOR DA IDENTIDADE FEMININA
Resumo
A presente comunicação tem como objetivo analisar os contos Felicidade e Colheita, escritos por Katherine Mansfield e Nélida
Piñon respectivamente. Em ambos os contos destacamos o comportamento, falas e pensamentos das protagonistas. A análise
do corpus se baseará nas angústias e questionamentos existenciais que tais personagens fazem a respeito da sua identidade,
através da perspectiva do espaço. É interessante notar, através de uma leitura comparada, que os dois contos tematizam a
questão da identidade feminina, na medida em que ambas passam por um processo de autoconhecimento sem saírem
praticamente de casa. A casa, no entanto, é simbólica em ambos os casos, pois é nesse lugar aparentemente protetor que
visualizamos a instabilidade e o questionamento de ambas a respeito da superioridade do gênero masculino. Nesse sentido, o
espaço acompanha o processo de amadurecimento e resignação das personagens, ora se tornando mais acolhedor, ora se
tornando mais sombrio, porém sempre revelador da verdade que se esconde por trás de uma aparente satisfação. Como
embasamento teórico desse trabalho será utilizado Chevalier e Gheerbrant (1992), Bauman (2001), Hall (1996), Woodward
(2000) entre outros.
A SUBJETIVIDADE DO(A) SUJEITO-TRADUTOR(A) SOB A ÓTICA DA ANÁLISE CRÍTICA DO DISCURSO
Resumo
Considerando-se a atividade tradutória sobredeterminada por circunstâncias sócio-históricas e político-ideológicas, este artigo
pretende analisar marcas da subjetividade da sujeito- tradutora, a partir de algumas de suas escolhas lexicais durante o
processo tradutório. O objetivo principal desta reflexão é perceber os diferentes posicionamentos ideológicos, subjacentes à
interação, que permeiam os discursos em questão, desvelando marcas da subjetividade da tradutora do livro “Mulheres que
correm com os lobos: mitos e histórias do arquétipo da mulher selvagem”, Waldéa Barcellos. Para compor o corpus deste
trabalho foram selecionados recortes discursivos, a partir da materialidade linguística de trechos selecionados, da história de
Vasalisa, a sábia, no livro da terapeuta junguiana Clarissa P. Estés. O aporte teórico fundamenta-se na Análise Crítica do
Discurso e na perspectiva pós-moderna ou contestadora da Tradução. A análise dos dados permitiu-nos concluir que, enquanto
a autora se posiciona como sujeito que participa do universo feminino, o qual constitui a essência do livro como um todo; a
tradutora, por sua vez, ora se filia a enunciados do discurso da autora, ora parece buscar um apagamento de sua identidade de
gênero, por meio das escolhas que faz. Considerando-se que a invisibilidade do sujeito tradutor é uma utopia, entende-se que,
as escolhas deste sujeito conferem ao texto seu cunho pessoal de coautoria, outorgando ao trabalho suas marcas identitárias.
VIDAS EM TRAVESSIA: UMA ANÁLISE SOBRE A MEMÓRIA EM “NUR NA ESCURIDÃO”
Resumo
O romance Nur na Escuridão (2008), escrito por Salim Miguel, é um excelente exemplo das narrativas literárias
contemporâneas. Uma obra que dialoga com os diversos acontecimentos históricos importantes que aconteceram no cenário
brasileiro, enquanto o narrador mostra as dificuldades de uma família de imigrantes libaneses no Brasil. A obra revela o
processo de construção as identidades híbridas das personagens e as diversas travessias que a imigração impõe. A história de
idas e vindas, os deslocamentos, as fugas e os exílios, voluntários ou não, aparecem como alternativa para as pessoas que
buscam um lugar melhor para viver. Nesse sentido, o interesse deste artigo é fazer uma leitura da obra, e identificar o papel da
memória nos processos de deslocamento e da construção de novas identidades culturais híbridas, que são representados nas
linhas da narrativa. Para esse fim foram utilizados conceitos de hibridismo, etnicidade e memória coletiva. O estudo dessa obra
mostra fatos importantes sobre a vida dos imigrantes: os laços afetivos e familiares, a importância das práticas de preservação
da memória, a construção de uma identidade híbrida, entre costumes tão diversos. Ela nos faz questionar especialmente sobre
as nossas memórias também como indivíduos em deslocamento, a nossa posição, onde nos colocamos sobre um mundo em
constante travessia. Sua análise nos faz compreender a história de vida das personagens e, sobretudo também a nossa.
VOZES VELADAS: VELHICE E SUBALTERNIDADE EM CONTOS DE CLARICE LISPECTOR
Resumo
RESUMO: No conhecido texto “Can the subaltern speak?” (Pode o subalterno falar?), Gaiatry Spivak pontua que não basta
apenas falar pelos sujeitos subalternos, mas eles próprios precisam ser ouvidos, visto que, o silenciamento e a negação do
direito à fala constitui-se um forte elemento de subalternidade. Sob a ótica dessa estudiosa, a mulher subalterna é
marginalizada duplamente, pontuando assim uma problemática de gênero. O presente trabalho discute, a partir da temática da
velhice inserida nos contos “Grande Passeio”, e “Feliz Aniversário”, da escritora Clarice Lispector, a subalternidade acometida
aos sujeitos anciãos, mais exatamente no que concerne às mulheres idosas. Os contos escolhidos abordam a marginalização
enfrentada pela categoria dos velhos e como eles não têm vez e nem voz dentro dos grupos sociais em que estão inseridos,
cujas práticas resignam o idoso a um papel silencioso de “elemento tolerado” enquanto espera a morte. Para o presente estudo
recorreremos às leituras teóricas de autores que discorrem sobre questões relacionadas à subalternidade, como Almeida e
Siega (2013) Carvalho (2001), Spivak (2010); e estudiosos que exploram questões relacionadas à velhice, como Bosi (1994),
Elias (2001), Nóbrega (2008), dentre outros autores que corroboram com a temática abordada. PALAVRAS-CHAVE: VELHICE-
VOZ –SUBALTERNIDADE
ANÁLISE DE BASE EM CÓRPUS DAS DEFINIÇÕES DE EXPRESSÕES MULTIPALAVRAS COM O VERBO QUEDAR(SE) EM
DICIONÁRIOS DA LÍNGUA ESPANHOLA
Resumo
A Linguística de Córpus tem se desenvolvido consideravelmente nas últimas décadas e vem revolucionando a maneira de
investigar a língua sob a análise de evidências linguísticas reais. Esse avanço da Linguística de Córpus facilitou o trabalho dos
linguistas na verificação das hipóteses e na observação das evidências linguísticas reais. As Expressões Multipalavras (EMs) são
consideradas um elemento privilegiado da língua, pois refletem a cultura de uma comunidade linguística e demonstram o lado
vivo e dinâmico de uma língua em constante transformação. A definição de Expressão Multipalavra é ampla, pois engloba
diversos fenômenos linguísticos, o que faz com nem sempre seja possível a compreensão a partir da soma dos significados de
seus componentes. O dicionário é considerado uma importante ferramenta para a compreensão do léxico e do falar de um povo.
O foco dessa pesquisa é a análise das definições de expressões multipalavras que contêm formas do verbo quedar(se) em dois
dicionários monolíngues de Língua Espanhola, considerados referência por professores e aprendizes: o dicionário eletrônico
DRAE e o SALAMANCA. A investigação focaliza, primeiramente, as variações encontradas ao contrastar as definições presentes
em cada um dos dicionários mencionados. Além disso, estas definições são avaliadas, com base nas ocorrências destas
expressões multipalavra extraídas de um córpus de textos da língua espanhola disponível em linha, o Corpus del español. Os
parâmetros de avaliação são a suficiência e a eficácia das informações transmitidas ao consulente pelos dicionários, tendo em
vista uma compreensão das referidas expressões multipalavra, sobretudo por estudantes do espanhol como l
RELAÇÕES RETÓRICAS E RELAÇÕES DE CONSTITUÊNCIA NO NÍVEL INTRASSENTENCIAL
Resumo
Este trabalho apresenta uma discussão sobre as relações retóricas e as relações de "constituência", ou de "encaixamento", em
português. À luz da Teoria da Estrutura Retórica – RST, são examinadas as relações retóricas que emergem entre porções de
texto, ou "constituintes", no nível intrassentencial. À semelhança do que acontece no mecanismo de combinação de orações ou
de porções maiores de texto, considera-se que, dentro de enunciados correspondentes a um período simples, também se
instauram relações núcleo-satélite e multinucleares como postuladas pela RST. Para a discussão aqui proposta são levados em
conta constituintes participantes da relação núcleo-satélite, dentre os quais apontam-se os tradicionalmente chamados de
“adjunto” adverbial. São analisadas porções de texto que estabelecem algum tipo de relação adverbial dentro do período
simples, bem como aquelas porções cuja função adverbial é exercida em constituência com o verbo da oração, evidenciando
um mecanismo de 'encaixamento' na estrutura oracional canônica (S)V(O) em português. Nesse sentido, objetiva-se mostrar a
diferença entre aquilo que resulta de opção organizacional do falante na construção do enunciado e as relações de
"constituência" determinadas pelo sistema da língua. Assim, evidencia-se como profícua e esclarecedora uma diferenciação
entre, por exemplo, adjuntos adverbiais de dentro e de fora do sintagma verbal, ou seja, entre aqueles que são
constituintes/argumentos de um verbo e aqueles que estão em relação retórica, na função de satélite, com uma porção núcleo
dentro do período simples.
A FICÇÃO PORTUGUESA CONTEMPORÂNEA NA REVISTA COLÓQUIO-LETRAS - SEÇÃO “RECENSÃO CRÍTICA” (1971/N.
01 - 2013/N. 183)
Resumo
Propõe-se o estudo do gênero ficção presente em uma revista literária de grande prestígio e credibilidade, Colóquio Letras, por
meio de resenhas publicadas em sua seção "Recensão Crítica" de 1970 até hoje. O projeto A ficção portuguesa contemporânea
na Revista Colóquio-Letras - seção “Recensão Crítica” (1971/n. 01 - 2013/n. 183) pretende dar um panorama sobre autores e
obras de ficção publicadas no período referido, possibilitando ao estudante entrar em contato com os mesmos e com publicações
de ficção, motivando-o a ler as referidas obras e a se interessar por algum autor/obra/corrente crítica em particular. A pesquisa
resultará na elaboração de uma dissertação contemplando os seguintes itens: comentário acerca da Literatura Portuguesa da
segunda metade do século XX, a partir de livros da história da literatura portuguesa, contextualização sócio histórica sobre a
revista Colóquio Letras, considerações sobre o gênero resenha, anexos contendo fichas catalográficas informando o resumo da
obra resenhada, nomes de autores e obras mencionados, vida e obra do autor resenhado, palavras-chave, seções da revista,
nomes referenciados e tabelas diversas. Com resultado da pesquisa, espera-se contribuir para o estudo da literatura portuguesa
contemporânea juntamente com a história da imprensa periódica portuguesa, o aguçamento da sensibilidade crítica do leitor, a
reflexão sobre a prática do gênero acadêmico resenha, o conhecimento sobre o desenvolvimento da habilidade de leitura e
produção de textos, o progresso do gênero ficção em Portugal e o material de apoio para alunos e professores de Literatura
Portuguesa.
TRADIÇÕES AFRICANAS E CULTURA AFRO-BRASILEIRA NA LITERATURA INFANTOJUVENIL E SUA ABORDAGEM EM
SALA DE AULA
Resumo
A proposta deste trabalho é refletir sobre narrativas infantis e juvenis que colocam em destaque a temática relacionada às
tradições africanas ligadas à religiosidade, às lendas e aos mitos e à cultura afro-brasileira que resgata essas tradições em
contexto brasileiro. De que maneira as narrativas apresentam esses temas? Como abordá-las em sala de aula? Essas questões
iniciam as reflexões que se estendem aos modos de divulgação dessas obras no espaço da sala de aula. Destacam-se, para
análise, narrativas míticas como Ifá, o Adivinho de Reginaldo Prandi (2002) e Minhas contas de Luiz Antonio (2008); a narrativa
angolana Ynari: a menina das cinco tranças de Ondjaki (2010); a obra Histórias da Preta de Heloisa Pires Lima (1998) e o livro
Betina de Nilma Lino Gomes (2009). O diálogo teórico será estabelecido a partir dos estudos de Marisa Lajolo e Regina
Zilberman, quanto às considerações sobre literatura infantil; Reginaldo Prandi a fim de retomar as narrativas míticas dos orixás;
Stuart Hall para discussões sobre identidade e cultura.
MICROTOPONÍMIA DA REGIÃO DE BALSAS-MA: UM ESTUDO ECOLINGUÍSTICO PRELIMINAR
Resumo
Este trabalho apresenta um estudo preliminar da microtoponímia da região de Balsas, numa reflexão que parte da abordagem
ecossistêmica ou ecolinguística, uma nova teoria dos estudos linguísticos adotada pela Escola de Ecolinguística de Brasília. A
toponímia, um campo da onomástica, investiga e descreve os nomes de lugares. A microtoponímia dedica-se ao estudo dos
nomes dos lugares menores, sem independência administrativa, como povoados, vilas, fazendas, cantos, sertões (localidades
menos estruturadas do que uma fazenda). A análise do processo de nomeação dos lugares e de seus aspectos linguísticos
revela a inter-relação da língua e do ambiente em que ela é usada. Assim, o foco principal do trabalho é verificar as relações
Língua/População/Território (COUTO, 2013), em que se propõe que a microtoponímia em análise é influenciada pelo conjunto
de relações que envolvem esse trinômio. Cabe, para isso, investigar os indícios e marcadores mais reveladores nesse sistema,
considerando-se o que as estruturas morfossintáticas do conjunto denominador e das relações que podem ser identificadas em
relação a essa tríade e de que forma elas têm influenciado o processo denominador da região. Faz-se a classificação
(CASTRO, 2012; DICK, 11990, 1992; COUTO, 2007) mediante o levantamento dos microtopônimos na base de dados do IBGE,
nas cartas do Exército e por meio de visitas e entrevistas com sertanejos dessa região. Após identificar e catalogar os nomes de
acordo com sua classificação taxonômica, procura-se explicar o modo de escolha mental (Indivíduo/População) dos
microtopônimos (Língua) que nomeiam os aglomerados rurais (Território), por meio de gráficos comparativos.
APRENDIZAGEM COLABORATIVA E AFFODANCES NAS AULAS DE LÍNGUA PORTUGUESA PARA SURDOS
Resumo
Este estudo relata experiências de ensino vivenciadas no Laboratório Experimental de Ensino de Línguas para Surdos, na
Universidade Estadual de Montes Claros, com o objetivo de identificar affordances advindas da heterogeneidade composicional
das turmas. Pensando a cognição humana como fenômeno socialmente distribuído e situacionalmente engajado, é possível
considerar a ecologia da sala de aula como uma aliada que ocasiona o agenciamento de sujeitos para a promoção do
desenvolvimento do outro, em momentos de aprendizagem colaborativa. Em ocasiões de ensino de português em turmas
compostas por surdos em diferentes estágios de desenvolvimento, affordances podem ser estabelecidas a partir da
compreensão da distribuição dos processos cognitivos na sala de aula, propiciando oportunidades de aprendizagens não
previstas quando se considera a aprendizagem restrita ao indivíduo. Este estudo, portanto, relata e analisa situações de ensino
ocorridas em uma turma constituída exclusivamente por surdos (em diferentes níveis de desenvolvimento linguístico) e conclui
que a presença de monitores surdos nas aulas de português pode minimizar situações de incompreensão (tão comuns em
turmas heterogêneas), incentivar aprendizagens colaborativas e tornar o ensino de português menos impositivo e dissociado
das práticas de dominação ouvintistas.
A CONSTITUIÇÃO DA CENA URBANA EM LUCÍOLA: AS OPOSIÇÕES E AS CONTRADIÇÕES ENTRE O PRIVADO E O
PÚBLICO
Resumo
A partir dos pressupostos teóricos da Análise de Discurso, esta investigação centra-se nos sentidos produzidos para a casa e
para a rua, enquanto espaços privado e público, representados na cena urbana do romance Lucíola (1862), de José de Alencar,
e seus efeitos na significação do sujeito (masculino e feminino). A partir da constituição da cena urbana na materialidade
textual-literária, o espaço urbano se diz, é significado pelo gesto autoral. A ancoragem do questionamento está no fato de José
de Alencar ser, antes de escritor e autor da obra citada, um sujeito-autor atravessado pela ideologia, que se materializa pelas
condições de produção, que englobam o contexto imediato e as condições sócio-históricas. Buscamos compreender como
esses efeitos se instauram pelo que é visível e apresentado como um discurso saturado, a partir do qual se pode ler as
oposições entre esses espaços e seus efeitos de sentido em torno do sujeito e que discursos os sustentam na/pela língua na
história, resultando na constituição de um imaginário discursivo da casa e da rua e, consequentemente, do sujeito-feminino e do
sujeito-masculino no espaço urbano do século XIX. É relevante, o fato de José de Alencar ser brasileiro e inscrever-se em uma
formação discursiva europeia. Por ser, no exercício de sua função autoral, interpelado pela ideologia e atravessado pelo
inconsciente, essa filiação é relevante na constituição dos sujeitos-femininos a partir da casa, da rua e do espaço que eles
ocupam.
O CONTRADITÓRIO E O ANTAGÔNICO NA CONSTITUIÇÃO DE IDENTIFICAÇÕES/ANCORAMENTOS NO DISCURSO
POLÍTICO
Resumo
Os regimes políticos em toda e qualquer sociedade sustentam-se/ancoram-se em memórias (discursos de), que circularam em
tempos mais remotos, mas ressoam na atualidade e em atualidades (discursos sobre), preenchendo furos, atualizando
discursos, possibilitando a constituição de redes parafrásticas e por elas/nelas sinalizando para a polissemia, devido a
inscrições de sujeitos e de dizeres em diferentes regiões do saber. Esta comunicação centra-se nos movimentos sociais e
políticos ocorridos na América Latina, mais especificamente, no Chile, enfocando a eleição e queda de Salvador Allende e, na
Venezuela, a tentativa de golpe de Chávez e, posteriormente, as suas sucessivas participações e vitórias eleitorais, legitimadas
pelo voto popular. Os aportes teóricos da Análise de Discurso Brasileira sustentam nossas posições em relação aos discursos
como práticas e iluminam as análises, permitindo que perguntemos pelos efeitos de sentido e não pelos conteúdos. Nosso
objetivo é retomar as palavras de ordem que sustentaram cada um desses movimentos, buscando por meio delas, saber de que
modo um movimento retorna no outro, determinando funcionamentos e identificações instauradoras de contradições e rupturas,
decorrentes da inscrição dos discursos em domínios políticos e ideológicos, que como memória (discurso de), irrompem no eixo
da formulação e sustentam/negam efeitos de evidências e de sentido institucionalizados pela ordem desse discurso.
BAKHTIN E BRÁS CUBAS: A TESSITURA DA NEGAÇÃO NO DISCURSO MACHADIANO
Resumo
Relendo Bakhtin (1992), enfatizamos que o filósofo russo volta-se para a existência do ser humano como evento único,
alocando o foco central na linguagem. Na reflexão bakhtiniana a língua tem a propriedade de ser dialógica, numa perspectiva
que extrapola o sentido de diálogo face a face; como todo discurso não está voltado para o que seria a realidade ‘em si’, mas
para todos os discursos que a circundam, então toda palavra, ao mesmo tempo em que dialoga com outras palavras,
constitui-se por, atravessa e é atravessado por elas. Especificamente em relação ao dialogismo, portanto, observamos que
citação e negação, estratégias na construção do(s) sentido(s) do discurso, condicionariam, respectivamente, a heterogeneidade
constitutiva (inscrição do outro sem a marcação de tal presença) e a heterogeneidade mostrada (visível por meio de marcas
linguísticas, dentre elas, a negação) na cadeia discursiva. Nossa hipótese é que, no caso do discurso literário, essa tessitura de
heterogeneidades encadeadas permite o deslizamento da ‘negação’, tida como marca linguística explícita e presente, para seu
entendimento como estratégia constitutiva, implícita e ausente, do citado discurso. Para desenvolver o debate, desenhamos
uma discussão em três caminhos que se bifurcam: (1) o dado de que todos os enunciados são dialógicos, pois neles existe uma
dialogização interna da palavra (FIORIN, 2008); (2) o apoio no conceito freudiano de denegação (1925); e (3) a leitura do
capítulo “Das negativas”, em Memória Póstumas de Brás Cubas (1880), de Machado de Assis (1972).
O ENSINO DA LÍNGUA PORTUGUESA ESCRITA COMO SEGUNDA LÍNGUA PARA SURDOS
Resumo
Por quase um século, no Brasil, a língua de sinais foi proibida na educação de surdos, e , assim, a língua portuguesa era
ensinada como primeira língua. Para isso, os professores conduziam o processo de aprendizado dos alunos, começando por
vocábulos que depois eram combinados em estruturas frasais. Esta forma de ensino resultou em aprendizado mecânico da
língua, muitas vezes sem constituição de sentido. Com o reconhecimento da Língua Brasileira de Sinais (Libras), em 2002, e a
aprovação do Decreto 5626, em 2005, a Libras passou a ser considerada primeira língua dos surdos, por meio da qual serão
ensinadas todas as disciplinas, inclusive Língua Portuguesa. No ensino da Língua Portuguesa como segunda língua, o
conhecimento de mundo e de língua, adquirido na Libras deve servir como base para que os alunos possam atribuir sentido na
leitura e produzir sentido na escrita. Para isso, cabe ao professor interpretar na Libras os textos escritos em Língua Portuguesa,
bem como escrever na Língua Portuguesa o que os alunos produzem na Libras. Desta forma eles serão inseridos no
funcionamento linguístico-discursivo da Língua Portuguesa por meio da Libras. Visando ilustrar os efeitos desta proposta de
ensino da Língua Portuguesa, a autora analisa produções escritas de alunos surdos de uma escola bilíngue para surdos, em
São Paulo. Nelas observam-se vários indícios de que os alunos estão aprendendo a produzir textos em Língua Portuguesa,
ainda que evidenciem muitas dificuldades, decorrentes, principalmente, do pouco conhecimento da língua. A autora enfatiza a
importância da leitura para os alunos surdos, como possibilidade de ampliação do conhecimento de Língua Portuguesa.
BIOPODER E PRODUÇÃO DE VERDADE NA DITADURA MILITAR: UFANISMO EM PRODUÇÕES MUSICAIS
Resumo
O período de ditadura militar no Brasil caracteriza-se como um período de violência, suspensão de direitos civis e repressão
excessiva. No entanto, parte da sociedade se aliou ao governo e se conformou com essas medidas autoritárias, ao ponto de
hoje se falar em ditadura CIVIL militar. A hipótese que move este trabalho é a de que determinadas verdades foram construídas
para que a população passasse a acreditar que fosse necessário “salvar” o país do comunismo. Vários foram os enunciados
que circularam nessa época com o objetivo de exaltar o país e principalmente a necessidade do ufanismo. Slogans como
“Brasil, ame-o ou deixe-o” foram amplamente divulgados pela mídia oficial e muitas também foram as produções musicais
criadas com a mesma finalidade. O objetivo do trabalho ora proposto é analisar letras de músicas gravas nessa época. A
Análise do Discurso que tem em Michel Foucault seu principal sustentáculo servirá de embasamento para nossas reflexões. A
hipótese que sustenta este trabalho é a de que os dispositivos de disciplinamento que nos propomos a investigar procuram
fabricar determinados tipos de sujeitos, para que sejam mais “dóceis” às ações políticas impostas pelo Golpe Militar. Além da
relação que esse filósofo estabelece entre poder e saber, serão mobilizados os conceitos de governamentalidade, biopoder e
dispositivo, que também nos serão utéis para compreender as “verdades” fabricadas por essas canções.
GÊNERO CARTAZ E A COMPREENSÃO LEITORA
Resumo
Com base na compreensão do caráter dialógico da língua, na concepção sociointeracionista da linguagem e nos gêneros
discursivos como instrumentos de ensino, este estudo tem como objetivo apresentar uma análise da compreensão leitora de
alunos do 4º ano dos anos iniciais do Ensino Fundamental da rede pública de ensino, a partir do gênero cartaz, com o propósito
de contribuir com o desenvolvimento das práticas de leitura que promovam o letramento em leitura. Trata-se de uma parte dos
dados gerados dentro de uma Pesquisa de Mestrado – PROFLETRAS – em fase de andamento, caracterizando-se, assim,
como uma pesquisa qualitativa-interpretativista, do tipo etnográfico e pesquisa-ação, alicerçada pela Linguística Aplicada. Na
pesquisa, iremos analisar dados de um diagnóstico em leitura, a fim de propor intervenções didáticas que contribuam com a
formação de leitores competentes, investigando nossa prática pedagógica. Os sujeitos envolvidos serão alunos do 4° ano do
Ensino Fundamental de uma escola da rede municipal de ensino de Toledo, Paraná. Como a finalidade de nossa pesquisa é
diagnosticar as dificuldades de compreensão leitora dos alunos para propor situações intervenções didáticas para a superação
dessas dificuldades, a sua temática se inscreve no simpósio práticas de ensino em língua portuguesa: gêneros
discursivos/textuais em foco, pois objetivamos contribuir com propostas de ensino da leitura por meio de trabalhos com os
gêneros discursivos. Esta pesquisa encontra-se inserida dentro do Projeto vinculado ao Programa Observatório da Educação –
CAPES/INEP.
FORMAÇÃO HUMANA NA POESIA DO MATO-GROSSENSE MANOEL DE BARROS
Resumo
Esta abordagem busca apresentar parcialmente a pesquisa: Formação Humana na poesia do mato-grossense Manoel de
Barros, a qual investigou como a memória e o cotidiano agem enquanto substratos para a formação humana por intermédio da
poesia. Para tanto, destacou-se que a identidade e/ou identidades são construídas nas relações que tecemos com nossos
contextos, pautados nas subjetividades e que, portanto, não há como separar o ser humano das vivências cotidianas. A
pesquisa de cunho qualitativo adotou como procedimentos a investigação bibliográfica tendo como aportes teóricos as
discussões de Alfredo Bosi em: O ser e o tempo da poesia (2001); Octavio Paz no livro: O arco e a Lira (1982); Leyla Perrone
Moisés em: A Criação do Texto Literário (1990); Antonio Candido em: Literatura e Sociedade (2002) e O Direito à Literatura
(1995); bem como, as reflexões filosófico-teóricas de Jean Paul Sartre (2001, 2005), Maurice Merleau-Ponty (1999) e Gaston
Bachelard (1998, 2005), entre outros autores que apresentam as possíveis relações entre literatura e vida sociocultural. Para o
estudo realizamos: levantamento bibliográfico que contemplaram as indagações da pesquisa e investigação de metáforas
produzidas pelo poeta que abarcam o processo de inconclusão do ser humano. Estes estudos permitiram compreender a
produção de correlações entre a poesia de Manoel de Barros e a filosofia, pautada na fenomenologia do imaginário, a qual
evidencia a possibilidade de transcendência do ser humano pela essência poética.
O MENINO E O RIO: DO LIVRO PARA O VIDEOCLIPE, AS TRANSPOSIÇÕES INTERMIDIÁTICAS DA POESIA DE MANOEL
DE BARROS
Resumo
Considerando a relação de complementaridade entre as diversas formas de manifestação da arte, este trabalho propõe uma
leitura dos mecanismos de expressão artística derivados da poesia de Manoel de Barros (1916), mais precisamente de poemas
das obras Memórias Inventadas, de 2003, 2006 e 2008, Tratado geral das grandezas do ínfimo, de 2001 e Livro sobre nada, de
1996. São objetos de análise a música “O menino e o rio”, do CD Crianceiras (2011) de Márcio de Camillo, e o videoclipe de
mesmo título, veiculado a partir de 2012 em um canal de TV a cabo. Tal leitura norteia-se pelas proposições teóricas dos
estudos de intermidialidade de Claus Clüver (2006) e procura observar o diálogo entre a literatura, a música e o videoclipe,
como uma forma de relação interartística. Ao mobilizar produções de grande alcance mercadológico, o trabalho de transposição
intermidiática envolve e seduz o espectador, sensibilizando-o e levando-o para o universo da literatura, num esforço de
ampliação do público leitor de poesia.
O TOPÔNIMO AMARO LEITE: MEMÓRIAS E HISTÓRIA DE UM BANDEIRANTE, UM ARRAIAL, UMA RUÍNA.
Resumo
Dar nomes as coisas faz parte da cultura e das representações dos seres humanos, bem como da necessidade de “tomar
posse” a partir do processo de nomeação de um espaço. Tal ação envolve a relação e a interpretação que o sujeito faz do
espaço e de sua presença neste, resultando, assim, de uma prática intencional e mediada por valores. O objetivo deste artigo é
analisar e classificar o topônimo Amaro Leite. Nesse processo tornou-se necessário reconstruir a história não somente do
topônimo, mas do lugar e seus sujeitos, pois o topônimo possui uma carga simbólica, representativa que o torna interligado ao
contexto, as características geográficas e culturais. Pelas pesquisas realizadas até o momento, podemos afirmar que Amaro
Leite foi fundado pelo bandeirante Amaro Leite Moreira que empreendeu várias expedições de busca e apreensão de índios,
exploração e reconhecimento geográfico pelos sertões de Goiás, fundando por ocasião da última bandeira de que fez parte o
arraial. Ao menos inicialmente, fez-se uso de outros topônimos para fazer referência ao lugar. Todavia, o topônimo Amaro Leite
sempre foi usado, sendo que em alguns momentos usava-se os outros, também, não havendo, portanto, um período específico
de uso de cada um dos topônimos. A pesquisa segue em três frentes: leitura e análise de documentos disponíveis no Arquivo
Histórico Estadual de Goiás; leitura das produções dos viajantes e trabalho de campo. Com o trabalho de campo foram
coletadas narrativas junto aos moradores buscando compreender os processos que envolvem não somente o surgimento do
arraial, mas a sua transformação de um próspero arraial a ruína.
PROFESSOR FORMADOR E PROFESSOR EM FORMAÇÃO: UMA TEIA COLABORATIVA PARA APRENDIZAGENS E
DESENVOLVIMENTO
Resumo
Propomo-nos apresentar alguns dos resultados de nossa tese de doutorado, na qual discutimos o trabalho educacional tanto da
perspectiva de professores em formação (PF) quanto do formador de professores (FP). Adotamos como base
teórico-metodológica abordagens do interacionismo sociodiscursivo relativo ao ao agir de linguagem e ao trabalho docente
(BRONCKART, 1999, 2006 e 2008; MACHADO, 2004; 2009; 2011). Baseados nesse quadro teórico, de vertentes
epistemológicas sócio-histórico e cultural, embasamo-nos em Vygotsky (2001/2002); Leontiev (1998; 2004); Bronckart (2006;
2008). Nossa hipótese é a de que a interação entre FP e PF possa nos conduzir à compreensão dos Cursos de Formação (CF)
como propiciadores do desenvolvimento de capacidades docentes. Objetivamos, assim, averiguar o agir de linguagem dos
participantes. Nossos dados provém de um contexto de intervenção formativa para 20 professores das séries iniciais do EF I de
uma Rede Municipal. A pesquisa é de natureza qualitativa com características de pesquisa-ação participativa, tendo como base
a construção de Modelos Didáticos de Gêneros (MDG). Como resultado, obtivemos a elaboração de Projetos de Letramento
(PL) com características pertinentes à SD. O agir de linguagem detectado nos trechos discursivos, propiciou-nos algumas
interpretações que apontam para a continuidade da reflexão, tais como, a revisão dos planos de ação formativa para que os
CFs partam das reais necessidades e dificuldades docentes com acompanhamento feito por tutores e formadores de
professores, evitando as contradições entre teoria e prática, entre trabalho prescrito e trabalho real.
A ORDEM DO CORPO, A (DES)ORDEM DO DITO: DOS TERRORISTAS AOS BLACK BLOCS NAS CAPAS DA REVISTA
VEJA
Resumo
Maria Irenilce Barros Rodrigues CPF: 209555453-15 Universidade Federal de Uberlândia – UFU Laboratório de Estudos
Discursivos Foucaultianos – LEDIF Bolsista FAPEMIG - MG Este estudo tem como propósito analisar duas capas da Revista
Veja, uma de número 49, publicada em 13 de agosto de 1969, e a outra de número 34, publicada em 21 de agosto de 2013.
Para a condução das análises deste trabalho, dentro das materialidades selecionadas, tanto no que tange à ordem do corpo
quanto à do dizer, foram observadas as cores, os rastros, o rosto, além dos contextos históricos os quais tais materialidades
perpassaram, tendo em vista que uma Revista circulou no período da Ditadura Militar, no Brasil, e a outra já na fase da
Democracia. Este artigo se deterá, pois, naquilo que a capa apresenta, não como forma exaustiva de análise, mas como uma
das diversas possibilidades de olhar e interpretar esses dispositivos. Sabe-se, que os regimes de enunciabilidade e de
visibilidade tratam de leituras parafrásticas e polissêmicas, vetando, dessa forma, a impossibilidade da centralização do sentido.
A não fixidez do sentido é própria, também, da movência dos sujeitos, da exterioridade, dos processos históricos envolvidos,
dos acontecimentos e das descontinuidades. Ressalta-se que este estudo ancora-se nos aportes teóricos da Análise do
Discurso e da Semiologia Histórica, especificamente, à luz do pensamento de Michel Foucault (2013), Jacques Derrida (2012) e
Jean-Jacques Courtine (2011).
O CONTEXTO DE USO NAS OCORRÊNCIAS DO PROJETO DE EXTENSÃO DISQUE-GRAMÁTICA
Resumo
O objetivo é identificar e explicar situações nas quais o uso situado em função de um contexto sociocomunicativo funciona como
organizador das práticas de língua, mesmo quando a perspectiva prescritiva é predominante. No projeto de extensão
Disque-Gramática, as dúvidas/questões que afligem os usuários comuns emergem em função da urgência do uso, nas
diferentes situações sociocomunicativas. Certos aspectos do contexto de uso sinalizam a adequação de uma forma linguística.
De maio/2011 a dezembro/2013, uma amostra de duas mil ocorrências foi catalogada e agrupada em onze grupos: 1) questões
ortográficas; 2) concordância; 3) regência e crase; 4) pontuação; 5) verbos; 6) análise sintática (e uso) e frase/apoio em frase ou
texto; 7) outros aspectos morfológicos; 8) revisão de textos; 9) uso específico de expressões, latim (outras línguas) e etimologia;
10) pronomes; 11) consulta a dicionários monolíngues ou de sinônimos/antônimos e questões de estilística. Ao lado da
norma-padrão, representante da tradição e prescrição, circulam a normas culta e popular. Entretanto, percebe-se que: a) estas
normas linguísticas aparecem minoritariamente nas ocorrências e b) os falantes não percebem que há normas cultas e
populares no plural, porque tomam a singularidade como princípio de uso. Portanto, em meio à heterogeneidade linguística, a
homogeneidade ainda continua decisiva. Apesar disso, alguns casos em que o uso atua como fator determinante na resolução
dos problemas resistem.
A SEQUÊNCIA DIDÁTICA COMO INSTRUMENTO PARA O DESENVOLVIMENTO NA FORMAÇÃO INICIAL
Resumo
Este trabalho tem por objetivo apresentar os resultados da aplicação do procedimento da Sequência Didática como um possível
instrumento de ensino para o processo de formação inicial que tem como base os gêneros textuais para a organização das
ações formativas. Para tanto, pautamos nosso estudo nos pressupostos do Interacionismo Sociodiscursivo (ISD), no tocante ao
ensino de línguas com base em gêneros e no procedimento da Sequência Didática (BRONCKART, 2007, 2006, 2008;
SCHNEUWLY, DOLZ E NOVERRAZ, 2004; NASCIMENTO, 2009). Em relação à geração de dados, apresentaremos resultados
de análises das produções iniciais e finais dos alunos de um segundo ano do curso de Letras de 2013, de uma das
universidades públicas do interior do Paraná. Quanto aos procedimentos de análise, ancoramos nosso estudo na perspectiva do
ISD, bem como no ensino de línguas por meio dos gêneros textuais e na grade de avaliação diagnóstica das produções iniciais
e finais dos alunos. Assim, com base em Nascimento (2009), corroboramos a definição de Sequência Didática como um
instrumento fundamental para a aprendizagem e o desenvolvimento do futuro professor. As análises apontam para um
desenvolvimento em processo que pode revelar índices significativos na formação inicial.
O USO DE DIFERENTES GÊNEROS DE TEXTUALIDADE NO ENSINO DE LÍNGUAS
Resumo
Esta apresentação tem por objetivo constituir um olhar aproximado acerca da utilização de diferentes gêneros de textualidade
para o letramento no ensino de línguas. A partir da transposição dos preceitos teóricos bakhtinianos ao contexto de sala de
aula, o ensino de uma língua, seja esta materna ou estrangeira, a partir de gêneros textuais, constitui-se em um aparato
pedagógico que amplia a visão do estudante em relação à língua e à textualidade, já que pode percebê-la nas suas diferentes
formas de manifestação textual, seja escrita e oral. Explorar os diferentes gêneros também permite ao docente abordar
questões distintas em um mesmo conteúdo programático, explorar como significados são tecidos a partir das mais diversas
formas de estruturação retórica. O uso dos gêneros discursivos no ensino de línguas estrangeiras vem sendo preconizado há
anos pelos Parâmetros Curriculares Nacionais (PCN), afirmando que através dos gêneros é possível verificar e explorar a língua
estudada em seu uso real em diferentes contextos situacionais e manifestações contemporâneas. Por fim, esta apresentação
visa possibilitar um olhar ampliado aos principais aspectos de ordem teórica e prática que circunscrevem o desenvolvimento de
uma competência linguística a partir da prática tradutória.
PERSPECTIVAS PARA O ENSINO-APRENDIZAGEM DE LITERATURA NAS AMÉRICAS: O PAPEL DAS POÉTICAS NO
COMPARATISMO CULTURAL
Resumo
Partindo do pressuposto de que o ensino de literatura nas Américas exige uma postura que favoreça o trânsito por fronteiras
culturais diversas sem situar-se, fundamentalmente, a partir de um olhar abstrato e teórico, este estudo reflete sobre as
contribuições oferecidas pelo comparatismo cultural na efetivação de uma relação fecunda entre as obras artísticas, os produtos
culturais e as práticas sociais. Muito embora a palavra “comparar” carregue, necessariamente, em nosso sistema linguístico, a
ideia de valoração, esse estudo se exime da prerrogativa de infligir algum tipo de atributo de superioridade/inferioridade ou de
filiação a uma tradição universalista para centrar-se no diálogo das culturas que o fenômeno literário apreende. Assim,
considerando que cabe ao “comparatista cultural buscar criar novos conceitos, novas formas de ver o mundo” (NOLASCO,
2010, p. 77), esse estudo se propõe o estabelecimento de um agenciamento diferenciado para pensar o processo de
ensino-aprendizagem da literatura produzida nas Américas tendo como eixo as poéticas e a constituição de cartografias
estéticas. Nesse processo, advoga por uma postura que considera as impurezas, as contaminações e o hibridismo, juntamente
com as pressões do sistema social sobre o estatuto do objeto literário.
O QUE PODE E O QUE NÃO PODE: A INTERDIÇÃO DA PALAVRA NOS DISCURSOS PUBLICITÁRIOS
Resumo
Este trabalho se enquadra na temática produção de subjetividades em práticas discursivas midiáticas, tendo como objetivo fazer
uma análise discursiva da interdição da palavra em propagandas publicitárias censuradas pelo CONAR, a partir dos resumos
das decisões apresentados, por esse órgão de regulamentação, justificando a política de silenciamento, como forma de controle
da ordem que normatizam as relações sociais. Para tanto nos respaldamos nos fundamentos da Análise do Discurso a partir
das contribuições de Foucault (2008,1998) a fim de entender a relação entre saber e poder e de que forma se entrelaçam na
produção dos modos de objetivação e subjetivação, bem como compreender a atuação do discurso da interdição na produção
de efeitos disciplinadores de condutas sociais. A metodologia adotada neste estudo é de natureza qualitativa e interpretativa
diante das materialidades apresentadas, na tentativa de estudar as relações de poder situadas em um palco de confrontos das
estratégias de poder/resistência. Com base nas análises, observamos que os acontecimentos discursivos produzem
significados em nossa cultura que normalizam os sujeitos, através dos dispositivos de controle disciplinares, revestidos de
mordaças que eliminam as ameaças ao poder instalado.
A COLOCAÇÃO PRONOMINAL EM ESTRUTURAS COMPLEXAS
Resumo
A gramática tradicional prevê a colocação pronominal em situações específicas e as define de forma simplificada como ênclise,
próclise e mesóclise. Estudos constataram que, na oralidade, falantes brasileiros, utilizam diferentes colocações pronominais
em estruturas complexas, não previstas e não prescritas pela gramática tradicional: as posições pré, intra e pós complexo
verbal. Este se trata de um estudo qualitativo, realizado nas entrevistas e nas reportagens de capa da revista Veja, busca
investigar se a colocação pronominal em estruturas complexas em textos escritos formais, portanto, monitorados, segue ou não
as orientações da gramática tradicional, observando quais os clíticos mais utilizados, qual a relação entre a posição dos clíticos
e os gêneros textuais; nos textos do gênero entrevista, o fator sexo quanto ao posicionamento dos pronomes. Discutir-se-á a
importância do reconhecimento da variedade linguística como forma de democratizar e valorizar os diferentes falares no ensino
de língua, estabelecendo um paralelo entre o que prescreve a gramática tradicional e o uso efetivo da língua.
POESIA E SUBDESENVOLVIMENTO NO "POEMA SUJO" DE FERREIRA GULLAR
Resumo
A poesia brasileira a partir do Modernismo abre caminho para novas perspectivas de elaboração estética. Em seu famoso texto
de 1942, “O movimento modernista”, Mário de Andrade reconhece que a “atualização da inteligência artística brasileira” não se
confunde com “direito permanente à pesquisa estética”. A cisão entre essas esferas na mente do autor é representativa da
conquista da autonomia dos recursos formais em relação a uma reflexão sobre a matéria nacional em si. Essa separação,
legada pelos critérios modernistas de raiz internacional, é, ainda, um poderoso índice da naturalização da ideia de revolução
formal como essência da arte. Se Mário de Andrade defendia, àquela altura, a conjugação entre inovação estética e reflexão
sobre o tempo, as manifestações poéticas posteriores à década de 1940, muitas vezes, passariam a enfatizar apenas a forma
revolucionária, o que resultou, entre outros acontecimentos, na dissidência de Ferreira Gullar com a Poesia Concreta. A
trajetória poética e ensaística de Ferreira Gullar é permeada pela preocupação em denunciar o caráter ideológico de certas
tradições vanguardistas no Brasil. Do “Manifesto Neoconcreto” (1959) a "Vanguarda e subdesenvolvimento" (1969), o autor
procura elaborar uma conceituação de poesia nacional que não recaia em aceitação passiva da universalidade dos critérios
modernistas. Do ponto de vista de sua produção poética, porém, há uma tendência à polarização da ênfase. A partir da década
de 70, entretanto, sua poesia se voltará para uma busca de solução desse conflito. Este trabalho visa à leitura do "Poema sujo"
(1976), a partir da problemática gerada pelas disputas em torno de um conceito de poesia brasileira.
TRÁGICAS IMPRESSÕES: FACETAS DO SUICÍDIO NO JORNALISMO
Resumo
Este trabalho investiga por meio de revisão de literatura aspectos que permeiam o tratamento do tema suicídio no discurso
jornalístico e a influência do discurso literário na construção de orientações regulamentadas e subjetivas utilizadas pela
imprensa. Para tanto, o estudo discute sob o formato de artigo notícias sobre suicídio veiculadas na imprensa nacional e expõe
nuances que caracterizam a produção de sentido no jornalismo por meio da investigação de critérios éticos e de noticiabilidade,
além de apresentar um debate sobre o suicídio ainda com pouca inserção na pauta social. Como panorama, o estudo elenca
publicações a exemplo de Os Sofrimentos do Jovem Werther, de Goethe (2005) e Minhas Histórias dos Outros, de Ventura
(2005), a fim de relacionar determinados princípios norteadores da produção jornalística acerca do tema suicídio e a fusão de
linguagens (informativa e literária) presente nas resoluções adotadas pelos jornais. Neste âmbito, a obra Morreu na Contramão:
o Suicídio como Notícia, de Dapieve (2007), é referencial fundamental para o desenvolvimento deste trabalho, que também
conta com contribuições de Angrimani (1995) e Lage (2001), dentre outros.
ICONICIDADE LEXICAL NA ANÁLISE DE TEXTOS: UMA CONTRIBUIÇÃO PARA AULAS DE PORTUGUÊS
Resumo
Interpretar textos na ótica do discurso é investigar a iconicidade dos signos que os constituem. Signos linguísticos, nessa
perspectiva, são todos os elementos e arranjos capazes de produzir uma semiose a partir da relação imediata emergente da
sua participação nos textos. (cf. SIMÕES, 2009: p.73). Nesse sentido, a linguagem é um modo simbólico de mediação entre o
homem e a sua realidade natural e/ou social, num só tempo significando e produzindo o social. Nessa circunstância, a
materialidade do simbólico é o discurso (cf.ORLANDI, 2001: p.63) e a iconicidade é a instância do signo de onde se
depreendem os mecanismos e relações que vão servir de base para o construto teórico na interpretação dos textos (cf. Simões,
2009: pág. 62). Como lidar com isso no ensino da língua materna? De que modo esses conceitos e essa visão podem ser úteis
ao professor de Língua Portuguesa em sua prática de sala de aula? Com foco na iconicidade lexical, apresentaremos uma
sugestão didática de análise de textos, baseada na observação dos substantivos e/ou expressões substantivas, tendo em vista
os conceitos supracitados.
A PRODUÇÃO DE EFEITOS DE SENTIDOS NOS ESPELHOS DE TELEJORNAIS
Resumo
Este trabalho trata do discurso sobre os ESPELHOS de Telejornais. Para dar suporte à análise discursiva, temos como objetivo
identificar a produção de sentidos oriunda do sequenciamento das matérias veiculadas no programa televisivo, especificamente
no Jornal Nacional da TV Globo. Para tanto, esta pesquisa se fundamenta nos pressupostos teórico-metodológicos da Análise
do Discurso (AD) de Michel Pêcheux e interlocuções com Eni Orlandi, entre outros autores. Este estudo aponta ainda para a
impossibilidade do discurso neutro – mitificado nos manuais de telejornalismo (Paternostro, 2006) – mas, que produzem
sentidos a partir daquilo que apresentam e que silenciam (Orlandi, 2002), no tocante ao arranjo jornalístico. Vamos mostrar,
através da análise de reportagens exibidas no Jornal Nacional, da TV Globo, como é possível identificar no sequenciamento das
referidas reportagens, efeitos de sentidos sobre a discussão da redução da maioridade penal no Brasil, a partir de duas
realidades distintas.
O CRITÉRIO DE PLAUSIBILIDADE NA IDENTIFICAÇÃO DE RELAÇÕES RETÓRICAS NA MACROESTRUTURA TEXTUAL, A
PARTIR DA RST: DIFERENTES POSSIBILIDADES DE LEITURA, DIFERENTES POSSIBILIDADES DE ANÁLISE
Resumo
Este trabalho tem o objetivo de discutir os critérios de plausibilidade, na identificação de relações retóricas na macroestrutura de
gêneros textuais de base argumentativa, como artigo de opinião e resenha acadêmica, a partir da Teoria da Estrutura Retórica
(RST). Para apresentar com clareza alguns outros conceitos com os quais operamos neste estudo, propomos reflexões, ainda,
sobre o conceito de texto apresentado por Antunes (2010); as discussões de Backtin (1979) e Marcuschi (2010) acerca de
gêneros textuais e o conceito de coerência conforme Decat (2010) e outros teóricos. Vale ressaltar que nosso estudo funda-se
também na perspectiva de que ler é produzir sentido e de que a compreensão de um texto vai além dos fenômenos linguísticos,
pois se funda em atividades cooperativas e inferenciais, no dizer de Marcuschi (2010). Dessa forma, foram consideradas
diferentes análises de relações retóricas, nos gêneros selecionados, tendo em vista as proposições relacionais que emergem
entre partes da macroestrutura, Dijk (1996) do texto, adotando o julgamento da plausibilidade, por entendermos que uma porção
de texto pode admitir mais de uma análise.
O SUJEITO FEMININO NA OBRA NO TEMPO FRÁGIL DAS HORAS DE LUZILÁ GONÇALVES FERREIRA
Resumo
Buscamos neste trabalho analisar o sujeito feminino Antonia Carneiro da Cunha, personagem ressignificada na obra No tempo
frágil das horas( 2003) de Luzilá Gonçalves Ferreira, na perspectiva da metaficção historiográfica.Propomos, inicialmente, uma
discussão sobre e literatura e história à luz do pensamento de Hayden White e de outros teorizadores. Tendo em vista que o
aspecto a ser investigado é a subjetividade feminina na escritura de Luzilá a partir da perspectiva historiográfica. Delineamos a
contemporaneidade do entrecruzamento dos discursos histórico e ficcional de Luzilá com a pretensão de situar o lugar do
discurso de sua escritura por meio da metaficção historiográfica, categoria discutida por Linda Hutcheon que assevera que a
metaficção historiográfica tem por característica apropriar-se de personagens e/ou acontecimentos históricos sob a ordem da
problematização dos fatos concebidos como “verdadeiros”. Luzilá, ao reescrever a narrativa ficcional, utiliza-se da historiografia
oficial rompendo as fronteiras entre história e literatura que serão reconstruídas sob a égide da descentralização pós-moderna.
Para tanto, a verdade universal cede lugar para as verdades particulares. O romance de Luzilá “faz parte da postura
pós-modernista de confrontar os paradoxos da representação fictícia/histórica, do particular/geral/e do presente/passado. A
escrita de Luzilá é ao mesmo tempo fictícia, histórica e discursiva. Por isso é metaficcional. A realidade retratada constitui-se na
do próprio discurso e historiográfica, porque retrata a realidade de discursos passados. Com ela, passamos a ter contato com
as histórias dos perdedores, dos vencedores e dos descentrados.
“TÁ RINDO DE QUÊ?”: O DISCURSO DO HUMOR COMO REVELADOR DO PRECONCEITO EM COMÉDIAS STAND UPS
Resumo
Autora: Maria Verônica Anacleto Pontes Instituição: Universidade Federal da Paraíba CPF: 045 884 664 37 A prática de contar
histórias é algo bastante antigo presente nas sociedades. A cultura de cada região tem um papel fundamental na divulgação e
permanência de determinadas tipologias textuais orais. Dentre essas tipologias, pretendemos neste trabalho focalizar mais
especificamente textos de humor. É notório que entra na composição desses gêneros temáticas consideradas polêmicas ou
tabus por parte da sociedade na qual é materializado. Basta dedicar um pouco de atenção que se percebe que o preconceito
parece fornecer material abundante para os piadistas. Assim, temos como objetivos nesse trabalho analisar as estratégias
utilizadas pelo humorista de stand up na construção do texto de humor, bem como analisar como se relacionam as práticas
discursivas denunciadoras de intolerância e de preconceito com a cultura local onde se realiza o discurso do humor. A
abordagem que colocaremos em foco para a fundamentação deste trabalho é a da Análise do Discurso. Para tanto, as
concepções sintetizadas por Pechêux, Foucault, dentre outros autores nos parecem bastante relevantes. Numa análise
superficial, percebemos que quanto mais racista, sexista, regionalista mais sucesso tende a fazer. São constantes a figura do
negro, da loira, do homossexual, da mulher, do nordestino, dentre outros.
O LIVRO DIDÁTICO DE LÍNGUA INGLESA: UMA ANÁLISE SOB A PERSPECTIVA DE UMA PESQUISA COLABORATIVA
Resumo
Este artigo tem como objetivo fazer uma breve análise de uma unidade do livro didático de língua inglesa Upgrade da Editora
Richmond volume 1 do ano de 2010, aprovado pelo PNLD, sob a ótica da Teoria da Atividade Sócio-histórico-cultural (TASHC),
abordando as respectivas habilidades oral e escrita, inseridas no livro e a maneira como tais atividades ocorrem na prática da
sala de aula. Dessa forma, tal análise procura investigar se as atividades propostas no livro atendem a necessidades de
aprendizagem do aluno em determinado contexto de ensino. No âmbito do ensino de língua estrangeira, há muito se discutem
as abordagens e metodologias para se trabalhar as habilidades em sala de aula. Ao considerar a participação ativa e interativa
do aluno nas atividades em sala de aula, assume-se que o material didático deva respaldar-se por uma concepção de língua
como lugar de interação e o texto como um evento onde convergem ações linguísticas, cognitivas e sociais. São as bases que
fundamentam o aparato teórico de uma concepção de leitura como prática social, de interação entre aquele que lê e aquele que
escreve em domínios discursivos criados e compartilhados.
A LITERATURA E O MATERIAL DIDÁTICO EM PLA: BUSCANDO UMA IDENTIDADE PARA A SALA DE AULA
Resumo
As questões ligadas à produção de um material didático com mais qualidade para as aulas de Português Língua Estrangeira,
quase sempre têm por foco principal a eficácia dessas aulas e seus resultados práticos obtidos durante o processo de
ensino-aprendizagem. Pontos centrais como a construção identitária construída durante as aulas passam não raramente por
discussões transversais nas quais o foco é sempre a língua como traço de cultura. Sob esta perspectiva, inegável, o espaço da
sala de aula de PLA transformar-se-ia não apenas num continuum de informações, regras e procedimentos
método-didático-pedagógicos, mas num momento real de contato, intercâmbio e integração de culturas. Entretanto a forma
como a identidade cultural é abordada no material disponível atualmente (TAKAHASHI, 2008; MOURA, 2005; STERNFELD.
1996) não reflete em absoluto essa identidade mas, ao contrário, perpetua estereótipos e mesmo preconceitos amplamente
explorados e difundidos em artigos de revistas e jornais, por exemplo. Esta constatação está corroborada pelo levantamento
realizados pela Divisão e Promoção da Língua Portuguesa (DPLP – MRE) juntos aos professores dos Centros Culturais
Brasileiros (CCB), que ministram aulas de português língua estrangeira em diversas partes do mundo. Trabalhamos esta
comunicação a partir de um cruzamento da análise das demandas levantadas pelos questionários dos CCBs e de seis dos
principais livros adotados neste centros, Português Dinâmico, Tudo Bem?, Bem-Vindo, Fala Brasil, Terra Brasil e Avenida Brasil,
para a partir desse cruzamentos entender a problemática vivenciada pelos professores em suas salas de aula no território
estrangeiro.
A IDEOLOGIA NA ESTRUTURA DA OBRA LITERÁRIA INFANTO-JUVENIL: A FORMAÇÃO DE LEITORES
Resumo
Segundo Lucien Goldmann (1976), a literatura é fortemente influenciada pela sociedade, sendo ela a expressão de uma visão
social do mundo. No entanto, como considera Antonio Candido (2006), a obra de arte não é pura e unicamente social, deve-se
tomar como parte constituinte dela também a sua estrutura. Assim, é, por refletir em sua forma uma ideologia, que ela contribui
diretamente na formação de seus leitores. Em conseqüência desses fatos, essa comunicação objetiva apresentar parte de uma
pesquisa de Iniciação Científica que estudou porque e como essa ideologia se dá representada em narrativas destinadas ao
público infanto-juvenil, já que é evidente a relevância desta como instrumento de formação e compreensão da realidade
sócio-cultural pelos leitores jovens. Para tanto, foram utilizadas dez obras, dentre elas as premiadas pelo Prêmio Jabuti, da
Câmara Brasileira do Livro, na categoria narrativa juvenil, e os livros premiados pelo Prêmio Melhor para o Jovem, da Fundação
Nacional do Livro Infantil e Juvenil, nos anos de 2006 a 2010. A partir da análise da representação das personagens,
pretende-se observar as perspectivas ideológicas construídas da sociedade brasileira contemporânea no corpus estudado.
PRÁTICAS INOVADORAS NA FORMAÇÃO CONTINUADA: AS NTIC E A RESSIGINIFICAÇÃO DO TRABALHO DOCENTE
Resumo
De acordo com a União Internacional de Telecomunicações no ano 2000, no Brasil, 2,87% da população era usuário da
Internet. Dez anos depois, em 2012, esse número cresce para 49,85% (ITU, 2014). A popularização acesso à internet pode
parecer apenas um simples passo evolutivo na forma de nos comunicarmos globalmente, porém marca uma mudança na
maneira como buscamos e selecionamos informação para uso no dia-a-dia. Na busca por melhorar e aprimorar o trabalho
docente e da escola neste novo cenário, surgem práticas inovadoras, como o Proinfo (MEC) e o Life (Capes). É preciso, então,
lançar olhares críticos para este processo de transformação da escola. O presente trabalho propõe-se a analisar, sob a luz dos
estudos em formação de professores na era das NTIC (PAIVA, 2013; SIEMENS, 2006; PRENSKY, 2001; ALONSO, 2008), da
Formação Crítica (LIBERALI, 2010) e da Análise Crítica do Discurso (FAIRCLOUGH, 2003; GEE 2011; ROGERS, 2004), de que
forma estes projetos, na descrição de seus objetivos e propostas, articulam o aprimoramento dos saberes professores com vias
às NTIC. Espera-se debater quais são as implicações destas iniciativas para a concepção dos professores de uso pedagógico
de ferramentas tecnológicas. Resultados preliminares indicam que algumas das proposições apontam para a aglutinação de
ideologias globalizantes e hegemônicas representadas no fazer docente voltado à mercantilização do ensino.
TRADUÇÃO DE TEXTOS DE NOTÍCIAS: UM CORPUS PARALELO DOS ARTIGOS ELETRÔNICOS DA REVISTA DO
MERCOSUL
Resumo
Essa proposta se insere no campo dos Estudos da Tradução com base em corpora e objetiva trazer à discussão a experiência
da compilação de um corpus paralelo para o ensino da Língua Espanhola, especificamente a variante do Prata, para brasileiros.
A escolha se justifica por ser essa uma região de grande contato comercial e turístico com o Brasil, conformando o berço do
Mercosul, o que motivou a seleção de textos que, além de utilizarem as variantes linguísticas dos povos envolvidos nesse
acordo, estejam voltados para as trocas econômicas, na área do comércio, e interculturais. Portanto, mediante o alinhamento
sentencial de textos de notícias da revista bilíngue ‘Revista do Mercosul’, escritos em português com tradução ao espanhol,
cria-se uma base de dados útil para análise e reflexão da codificação linguística pela tradução, a qual poderá ser potencializada,
por exemplo, ao utilizar as diversas ferramentas do programa AntConc. Por se tratar de um estudo em fase experimental,
apresentaremos nesse artigo apenas uma seleção dos primeiros achados.
INTERSEMIOTICIDADE EM O MÁGICO DE OZ: A CONSTRUÇÃO DO FANTÁSTICO NAS LINGUAGENS VERBAL E
AUDIOVISUAL
Resumo
“O Maravilhoso Mágico de Oz” é um clássico infantil do início do século XX, muito conhecido pelo sucesso que obteve à época
do lançamento, e recebeu inúmeras adaptações teatrais e cinematográficas bem sucedidas. O presente trabalho tem por
objetivo discorrer sobre a adaptação intersemiótica do primeiro trecho do livro para o filme, que consiste na passagem de
Dorothy do Kansas para Oz, carregada pelo ciclone, e das primeiras impressões que a personagem tem do mundo mágico em
que se encontrará durante as aventuras narradas na obra, analisando as diferentes estratégias de construção de sentido em
cada umas dessas linguagens. Os efeitos de luz e cor que figuram nesta passagem, tanto no livro quanto no filme, introduzem o
fantástico na obra. Para tanto, utilizaremos as teorias da Semiótica francesa, trabalhando especialmente com conceitos de
enunciação nas linguagens verbal e audiovisual e de tradução intersemiótica. Além disso, faremos uma comparação desse
mesmo trajeto com a adaptação cinematográfica mais recente, “Oz: Mágico e Poderoso”, de roteiro original, em que foi utilizado
efeito semelhante ao do filme clássico de 1939 para mostrar o contraste entre o Kansas e Oz, que é tão bem descrito na obra.
A ABORDAGEM DO CICLO DE POLÍTICAS E O ENSINO DE LÍNGUA INGLESA NA EDUCAÇÃO INFANTIL BRASILEIRA
Resumo
O ensino de Língua Inglesa para crianças (LEC), tem expandido no Brasil nos últimos anos (cf. ROCHA, TONELLI e SILVA
2010). Porém a falta de uma legislação nacional dificulta o estabelecimento de alguns parâmetros para que tal ensino seja
regido com qualidade na Educação Infantil Pública (EIP), tendo como consequências modelos excludentes de uma "maioria",
que se torna uma" minoria", ao ser reconhecida como sujeito de direitos de uma educação reflexiva e atuante socialmente
(DCNEI, 2010), mas que diante de uma sociedade definida como global não as inclui no ensino de uma língua já considerada
mundial (RAJAGOPALAN, 2008). Diante destas considerações, pensar e/ou analisar modelos políticos faz-se necessário em
um segmento educacional brasileiro onde simplesmente não existe política fundamentada. Dessa maneira, o presente trabalho
pretende abordar o ensino de Língua Inglesa para Crianças dentro das perspectivas do plurilinguismo e dos multiletramentos
(ROCHA, 2010) fazendo alusão aos estudos das políticas cíclicas (BALL, 2008) com o intuito de discutir possíveis propostas à
elaboração de políticas no que diz respeito ao LEC.
PROCESSOS FANTASMÁTICOS NA ESCRITA POÉTICA: ANÁLISE DO CONTO “MARINA, A INTANGÍVEL” DE MURILO
RUBIÃO
Resumo
O artigo propõe uma leitura cruzada entre o conto “Marina, a Intangível” de Murilo Rubião (2010), questões acerca da escrita
trazidas por Maurice Blanchot presentes nos textos O espaço literário (1987), A parte do fogo (1997) e A conversa infinita 2: a
experiência limite (2007) e a primeira e a segunda parte de Estâncias: a palavra e o fantasma na cultura ocidental (2007) de
Giorgio Agamben. O conto rubiano narra as desventuras de José Ambrósio, um escritor em crise envolto no embate da criação
de um poema. Este processo desencadeia a fragmentação do poeta explícita através da aparição de um insólito duplo, tal figura
leva o escritor a colocar a sua própria condição, a linguagem e a escrita em questão. Por fim o poema só é realizado quando a
escrita cessa, e ao realizar-se desaparece instantaneamente, atestando o paradoxo que envolve a atividade criativa. Certos
pontos foram destacados durante a leitura do conto por apresentarem pontos de convergência com o pensamento de Blanchot,
entre estes destacam-se o paradoxo e as ambigüidades da produção artística e da experiência da escrita, a fragmentação
daquele que escreve e a questão da obra que se efetiva pelo seu desaparecimento. O eixo central da análise ancora-se na obra
de Agamben, as aproximações com o pensamento de Blanchot serão apresentadas de forma esporádica ao longo do texto.
Atestaremos a aproximação entre a condição do sujeito acidioso e melancólico ao escritor fictício José Ambrósio. Também há
convergências entre o poema buscado por José Ambrósio e o objeto de desejo do fetichista tal como apresentado por
Agamben.
AS OCORRÊNCIAS DA EXPRESSÃO DAÍ: COMPARAÇÃO ENTRE CIDADES DO INTERIOR DE SANTA CATARINA E
PARANÁ E SUAS RESPECTIVAS CAPITAIS.
Resumo
O presente estudo representa a continuidade da pesquisa de Iniciação Científica realizada sobre o uso do item lexical daí em
dados coletados pelo Projeto Atlas Linguístico do Brasil nas capitais dos estados do Paraná e de Santa Catarina cujos
resultados apontaram para o seguinte: (i) o item lexical daí pode ser empregado com vários significados, dependendo do
contexto em que ele está inscrito, não se limitando à classe de advérbio de tempo, conforme consta das gramáticas normativas;
(ii) ao contrário, o daí pode ser caracterizado no microdomínio da sequenciação, em que desempenha várias funções dentro do
discurso das falas curitibana e florianopolense; (iii) e pode servir para identificar marcas da fala feminina. Neste trabalho,
propõe-se uma análise das ocorrências do termo daí na fala de informantes das seguintes cidades: Londrina, Toledo, Lapa,
Guarapuava e Campo Mourão no Paraná; e Porto União, São Francisco do Sul, São Miguel do Oeste, Concórdia e Criciúma no
estado de Santa Catarina com o objetivo de verificar se o daí se mantém como um marcador da fala feminina, principalmente de
mulheres com 50 a 65 anos de idade e com o ensino superior, como mostraram os dados da pesquisa anterior (MARTINS,
2013). A análise fundamenta-se, principalmente, nos estudos de Tavares (2002/2006) acerca do uso de daí na fala
florianopolitana.
ENTRE ABISMOS E ESPELHOS: POR UMA TEORIA DA MISE EN ABYME
Resumo
Em linhas gerais, o procedimento da autotextualidade pode ser caracterizado como uma reduplicação interna da obra literária,
no sistema das relações possíveis dum texto consigo mesmo. Assim, surge o fenômeno da mise en abyme, espécie de
“autotexto particular”, conforme a nomenclatura do teórico Lucien Dallenbach. O termo abyme é oriundo da heráldica e alude ao
centro de um escudo, quando as peças aí inseridas portam dimensões menores, revelando um espaço de miniaturização de
figuras, configuração que levou o escritor francês André Gide (1869-1951) a perfilhar por analogia o procedimento do encaixe
narrativo. Não são poucos os estudiosos que se debruçaram sobre o procedimento da mise en abyme e sua especularidade,
haja vista a diversidade de expressões utilizadas, conferindo ao termo riqueza simbólica e estrutural advinda de domínios
artísticos diversos, tais como a literatura, a pintura, a psicanálise, a física e a publicidade. Nesse sentido, a presente
comunicação procurará refletir sobre este procedimento, partindo da literatura de Clarice Lispector (1920-1977) em narrativas
como A quinta história e A paixão segundo G.H, ambas publicadas em 1964. Em tais textos, prefigura-se o desdobramento en
abyme do enredo, permitindo ao leitor acompanhar a gênese de um tema recorrente na ficção clariceana, identificado pela
imagem especular das baratas. Como se vê, a mise en abyme desdobra-se em diversas formas de representação, dificultando,
por vezes, um consenso teórico entre os estudiosos. Nesse sentido, a presente comunicação tem por objetivo refletir acerca do
papel teórico da mise en abyme, evidenciando suas funções e consequências na obra de Clarice Lispector.
O PADRÃO DISCURSIVO SLOGAN EMPRESARIAL
Resumo
Neste trabalho, analisamos slogans empresariais coletados na cidade de Natal, no Rio Grande do Norte, compreendendo-os
como um padrão discursivo, isto é, como um pareamento de forma e função capaz de aglutinar as noções de tipo textual e
gênero textual. Os trabalhos encontrados até o momento indicam que a Análise do Discurso é a área que mais tem se
pronunciado a respeito dos slogans (slogans de produtos, e não de lojas/empresas, vale salientar), considerando-os, por meio
de análises apenas formais ou funcionais, como um gênero textual intrínseco à ideologia e à subjetividade. Pretendemos
extrapolar o âmbito da análise de um ou outro nível, abordando tais textos, simultaneamente, em seus aspectos formais e
funcionais. Desenvolvemos, dessa maneira, uma análise quali-quantitativa, objetivando, especificamente, analisar as
propriedades formais (fonéticas, morfológicas e sintáticas) e funcionais (semânticas, pragmáticas e discursivas) dos slogans,
bem como verificar e quantificar aspectos recorrentes envolvidos em sua construção, com vistas a captar padrões
configuracionais subjacentes à sua formação. Tomamos como base a Linguística Funcional Centrada no Uso, que conjuga a
tradição funcionalista norte-americana, representada por pesquisadores como Bybee (2010) e Traugott (2010), com a
Linguística Cognitiva, em especial, a corrente vinculada à gramática de construções, conforme postula Östman (2005), dentre
outros. Por meio dos resultados obtidos, ratificamos a relevância da interface entre os aspectos formais e funcionais na análise
dos usos linguísticos.
LEVANTAMENTO BIBLIOGRÁFICO DE PESQUISAS SOBRE O PROFESSOR-PESQUISADOR: FOCO NA ÁREA DE ENSINO
DE LÍNGUA INGLESA.
Resumo
A partir do que tem sido pesquisado no projeto, que se intitula “Levantamento bibliográfico de pesquisas sobre o
professor-pesquisador: foco na área de ensino de Língua Inglesa”, busca-se compreender a questão da influência da pesquisa na
formação de professores de Língua Inglesa, isto é, qual é a função da prática investigadora no contexto docente. Tendo isso em
vista, considera-se que por meio deste projeto poderão ser feitos levantamentos a respeito de pesquisas relacionadas a esse
processo de formação e também como estas investigações são construídas (BEIJAARD, et al., 2004). Além disso, estes
levantamentos estão sendo feitos por meio do site de banco de teses da CAPES, em que são digitados termos específicos
relativos ao objeto de pesquisa, por exemplo, “professor-pesquisador”, “Identidade professor-pesquisador”,
“Professor-pesquisador Língua Inglesa” e “Constituição Identitária professor-pesquisador Língua Inglesa.” A partir dos termos
expostos, estão sendo encontrados trabalhos feitos por professores de Língua Inglesa que possuem enfoque na pesquisa como
contribuinte da formação docente. Por meio desta seleção e análise de dados, espera-se contribuir para formar um panorama
sobre as pesquisas feitas por professores de Língua Inglesa e sobre a sua formação enquanto professores-pesquisadores.
PROFESSOR: AGENTE OU ATOR DE SUAS AÇÕES? DOS DOCUMENTOS ÀS AÇÕES PEDAGÓGICAS
Resumo
O atual programa de formação continuada docente oferecido pela Secretaria de Educação do Estado do Paraná, o
PDE-PARANÁ, apresenta teoricamente uma representação social do professor como um sujeito epistêmico. Ancorada no
aporte teórico-metodológico do Interacionismo Sociodiscursivo, analisei os textos prescritivos produzidos pelo Programa sobre o
trabalho do professor, para conhecer se na prática do processo formativo a representação social de sujeito epistêmico se
confirma. Em vistas de conhecer também qual a representação social que o professor tem de si, analisei os textos produzidos
pelos professores durante a participação deles no PDE-PARANÁ. Nesse sentido, pautada sob uma perspectiva discursiva, as
análises se centraram nas relações da linguagem sobre o trabalho, no trabalho e como trabalho, ou seja, na analise de textos
produzidos antes, durante e depois de tarefas do professor. Os resultados apontam divergências entre a concepção teórica e a
orientação prática, uma vez que os textos sobre o trabalho configuram, na prática, o professor como apenas um executor de
tarefas, a ele não é atribuído papel central na atividade formativa e pedagógica. Contudo, o professor, ao final do processo de
formação no PDE-PARANÁ, demonstra, em seus textos produzidos no trabalho, reconhecer sua responsabilidade e seu papel
de ator frente à melhoria da educação básica do estado.
A TRADUÇÃO DE TEATRO DE VANGUARDA VOLTADA PARA A ENCENAÇÃO
Resumo
Os estudos da tradução de teatro de maior fôlego até hoje desenvolvidos tendem a cair na tentação de ver a tradução como
uma maneira de interpretar o texto, mobilizar e apropriar-se dele para torná-lo legível para um leitor/espectador atual, como se a
recepção desse texto dependesse de tal procedimento. Assim, a proposta deste trabalho é partir de conceitos como o de “letra”,
de Antoine Berman, para pensar as qualidades de uma tradução que privilegia a palavra e acolhe o estrangeiro. Tais reflexões
partem do exercício da tradução de “Le Piège de Méduse”, única peça teatral escrita por Erik Satie. O artista, mais conhecido
como músico e pianista, escreveu um texto dramatúrgico de vanguarda, em 1913, considerado precursor do teatro do absurdo e
que apresenta características da linguagem nonsense. Neste caso específico, fica ainda mais evidente que não há um sentido
unívoco do texto, pois o nonsense tem como característica convidar o leitor para a interpretação e, em seguida, evitar a
sugestão de que há um significado mais profundo que pode ser obtido. Dessa forma, a tentação de traduzir para o teatro
facilitando a apreensão de sentido pelo espectador, sobretudo através da tentativa de encontrar equivalentes, significa negar a
estranheza do original e, assim, sacrificar o texto de partida e as possibilidades de leitura que ele pode propor. Se a tradução
em geral, que considera essas questões pontuadas, já pode pluralizar a produção de textos diversos, a tradução para o teatro é
capaz de produzir ainda mais textos quando chega à encenação, momento em que materialidades diversas são colocadas em
perspectiva no tempo e no espaço.
DO ÊXODO À PAIXÃO: DIÁLOGOS BÍBLICOS NA FICÇÃO PÓS-1964 DE CARLOS HEITOR CONY
Resumo
A ficção de Carlos Heitor Cony manteve desde o início uma forte relação com a esfera da religiosidade, por meio de alusões a
personagens ligados à Igreja, a temáticas relacionadas a esse universo, e a figuras míticas judaico-cristãs, em variados
amálgamas com o imaginário religioso e bíblico, configurados sobretudo pelo viés irônico e, mesmo, satírico. Mas, se já havia
esta característica, foi com Pessach: a travessia (1967) e com Pilatos (1974) que Cony delineou um diálogo mais nítido e
específico com determinadas narrativas bíblicas, marcando mais um dos traços inovadores representados por estas duas obras
diante da ficção precedente do escritor. É neste diálogo que vamos nos deter, analisando as formas pelas quais estes dois
romances se relacionam com os mitos bíblicos a que fazem referência já em seus títulos: o mito do Êxodo, no caso de Pessach,
e o da Paixão, em Pilatos. Assim, naquele romance, as relações com o Êxodo bíblico se fazem ver desde o início,
acumulando-se a fim de nos chamar atenção para sua relevância, ao mesmo passo que seu narrador-protagonista as ironiza,
turvando nossa percepção de que a sua trajetória no romance já estava, em certa medida, prefigurada. Por outro lado, em
Pilatos parece haver quase que uma completa ausência de imagens bíblicas, fazendo-nos pensar que o nome do romance
poderia mesmo ser quase fortuito. Mas, como o próprio Cony já nos ensinou, num quase pode caber muita coisa, e este caráter
fortuito, a uma análise mais detida, se desmorona. É sobre estes elementos que nossa leitura irá se debruçar, valendo-nos
muito das contribuições de Northrop Frye e das análises traçadas em nossa tese de doutorado, sobre a ficção de Cony.
PIRANDELLO DRAMATURGO, UM PENSADOR DO TEATRO.
Resumo
Luigi Pirandello (1867-1936) é um dramaturgo moderno que vem resistindo à passagem dos anos. As ideias do autor,
principalmente os questionamentos do drama e da arte teatral como tema central de suas peças, reverberam no teatro
contemporâneo. Na presente comunicação será analisada a peça Cada um a seu modo, pois os limites entre realidade e ficção
são colocados em questão, discussão que aparece no enredo, mas pelas indicações cênicas podemos pensar que o assunto
tratado ganha forma, não só textual, mas espetacular. Como indica a rubrica, a peça deve começar na rua, mas sem que isso
aparente fazer parte da encenação. Ao estabelecer esse “jogo”, os limites entre realidade e ficção se misturam, pois diante do
teatro deve ser vendida uma versão extraordinária de um jornal que anuncia o uso de fatos reais na construção da nova peça
de Pirandello. Lembremos que à época da estreia de Cada um a seu modo, o dramaturgo já era bastante conhecido do público,
possibilitando esse “jogo” entre realidade e ficção. O dramaturgo ao aplicar à forma dramática seus pressupostos filosóficos não
renova apenas a dramaturgia, mas provoca mudanças, também, na encenação e no modo de atuar, pois as críticas que ele
incorpora ao texto dramático, como os limites do teatro como representação do real, se materializam em cena. Portanto, o autor
anuncia conteúdos que servem de base para a revolução formal do teatro contemporâneo, tais como: a relação do espectador
com o espetáculo, afirmando ser possível outro relacionamento com o público no grande jogo teatral; desejo de engajar o
espectador na realização dramática; implosão do espaço da representação; desnudamento do fazer teatral.
COMPETÊNCIA SOCIOLINGUÍSTICA E INTERCULTURALIDADE NA AQUISIÇÃO DE LÍNGUA INGLESA
Resumo
O presente trabalho tem por objetivo abordar a competência sociolinguística e a interculturalidade em sala de língua
estrangeira/ adicional, mais especificamente a língua inglesa, pois a diversificação na prática da abordagem da cultura no
ensino de língua adicional é cada vez mais exigida devido à facilidade de intercâmbio de informações e comportamentos entre
falantes de diferentes línguas. Neste sentido, permeará este trabalho o conceito de cultura cotidiana e sua contextualização com
a aquisição da língua estrangeira além de se utilizar para ilustrar tal temática o Dia de São Patrício - relevante data
comemorativa irlandesa que vem sendo altamente difundida entre os países não falantes da língua inglesa e que envolve
aspectos culturais diacrônicos daquele povo. O embasamento teórico terá respaldo em autores como Byram; Fleming (2001),
Durão (1999, 2002a, 2002b), Ferreira (2005, 2007, 2012), Hinkel (1999), Kramsch (1998), Laraia (2006), Silva (2004) entre
outros, além de orientações do Quadro Europeu Comum de Referência para Línguas.
O DIALOGO ENTRE A PROSA DE CUNHATAÍ E A POÉTICA DE GUERRA ENTRE IRMÃOS
Resumo
A invasão dos paraguaios às terras da Província do Mato Grosso (1864 a 1870) levou o Paraguai a um enfrentamento com a
Tríplice Aliança (Argentina, Brasil e Uruguai), deflagrando a Grande Guerra, Guerra do Paraguai ou Guerra da Tríplice Aliança.
Caracterizado como um marco histórico, hoje, após um século e meio de seu acontecimento, ainda encontra-se entre os
fecundos temas pesquisados, explorados e debatidos, sendo decorrente em tantas obras conceituadas, tanto obras históricas
quanto literárias. E, por isso, também é o fio condutor que percorrerá a leitura reflexiva que nos propomos a fazer em torno da
obra poética intitulada Guerra entre irmãos (1993), da escritora sul mato-grossense (Campo Grande) Raquel Naveira e da obra
intitulada Cunhataí (2003), da escritora mato-grossense (Cuiabá) Maria Filomena Bouissou Lepecki. Ambas as escritoras
nasceram em terras pelas quais a Grande Guerra deixou seu rastro de dor, angústia e violência. É perceptível que, embora a
obra Guerra entre irmãos (1993) seja apresentada em forma de versos (subtítulo: “Poemas inspirados na Guerra do Paraguai”)
e a obra Cunhataí (2003), em forma de prosa (subtítulo: “Um romance da Guerra do Paraguai”), ambas já revelam em seus
próprios títulos a temática a que se propõem a discorrer. Nossa leitura reflexiva parte, então, desses dois documentos de
natureza fictícia que recuperam, pela ótica de cada uma dessas duas escritoras, a história da Guerra do Paraguai
reapresentada de forma diferenciada, literária, pluralizando a ‘verdade da história’ e fortalecendo a base de que tanto a história
quanto a literatura são construções discursivas que permitem reescrever o passado e recriá-lo como ficção.
A CIRCULAÇÃO DE SENTIDOS SOBRE O ÍNDIO NAS PRÁTICAS DISCURSIVAS TELEVISIVAS: IDENTIDADES E
DIVERSIDADE
Resumo
Dadas as condições históricas, a diversidade é constitutiva do brasileiro, sobretudo, no contexto das diferenças antropológicas,
políticas e culturais. Discursos sobre a diversidade tem sido promovidos na contemporaneidade, nos quais o fomento à
diversidade implica a conclamação dos diferentes a pertencimentos e identidades, tais como se propagam nas relações
interétnicas e interculturais, como aquelas estabelecidas entre indígenas e não indígenas. Relações que encontram na mídia
televisiva, especialmente nos telejornais, o campo para a inscrição de discursos que dão visibilidade aos modos de ser, pensar
e viver distintos e contraditórios dos diferentes povos que ocupam a condição de brasileiros. As práticas discursivas
circunscritas a essa mídia buscam promover a diversidade por meio de discursos de inclusão do indígena, por meio de um jogo
discursivo no qual o funcionamento das categorias saber, poder e verdade instituem regularidades nos modos de representação
das identidades e das manifestações culturais desse sujeito. Postas tais considerações, este trabalho tem por objetivo ressaltar
alguns resultados da pesquisa de mestrado intitulada “Identidades e diversidade sob governamentalidade: o índio brasileiro em
práticas discursivas televisivas contemporâneas”, sob fomento da CAPES/UEM, acerca das identidades indígenas na relação
com as identidades não indígenas em discursos que tomam a diversidade como forma de inclusão e colocam em visibilidade o
dispositivo teórico da contradição erigido por Foucault. Nessa comunicação, pautamo-nos nos estudos da Análise do Discurso,
especialmente nas proposições de Michel Foucault e nos Estudos Culturais.
NARRATIVA DE GAMES E SUAS IMPLICAÇÕES NO CAMPO LITERÁRIO
Resumo
Resumo
Como Nuyts (2005, p.5) afirma em seu artigo “Modal confusion: on terminology and the concepts behind it”, “modalidade
continua sendo uma das noções mais problemáticas e controversas: não há consenso sobre como defini-la e caracterizá-la."
Este fato impõe à análise tipológica a tarefa inicial de desenvolvimento de um conceito operacional de modalidade. Sendo
assim, o objetivo deste trabalho é verificar como a estrutura da oração proposta pelo Gramática Discursivo-Funcional (GDF -
Hengeveld & Mackenzie, 2008) e, em especial, a hierarquia semântica dela decorrente podem ajudar a estabelecer a distinção
entre modalidade e algumas outras categorias geralmente com ela confundidas. Dessa forma, foram analisados trabalhos
descritivos de 91 línguas indígenas do Brasil, em busca dos conceitos operacionais de modalidade. A análise dos dados
mostrou que, nessas obras (gramáticas, teses, dissertações e outros estudos descritivos), o conceito de modalidade é muito
variado, sendo possível identificar superposições entre modalidade e outras categorias. Mais ainda, a análise evidenciou que a
identificação dos valores semânticos estritamente modais fica condicionada ao tipo de expressão, lexical ou gramatical, que
essa categoria encontra na língua em análise. Ao apontar as superposições conceituais entre modalidade e subjetividade,
modalidade e modo, modalidade e tempo, modalidade e evidencialidade, este trabalho pretende contribuir para a identificação
de valores genuinamente modais.
BIBLIOTECA COMO INSTÂNCIA DAS MEMÓRIAS DE LEITURA: ENTRE A LITERATURA E O ENSINO
Resumo
Neste trabalho realizou-se uma pesquisa da história da formação das bibliotecas, junto à representação das memórias de
leituras literárias dos sujeitos escolares. Empreendeu-se o estudo acerca da trajetória de duas bibliotecas inseridas em escolas
da rede pública de ensino na comunidade periférica de Dourados-MS. Para isto, analisou-se a questão da formação de leitores,
mediante as práticas empreendidas na relação biblioteca, literatura e ensino, de maneira a refletir, por intermédio das vozes dos
professores e das educadoras da biblioteca, as questões da constituição do lugar da memória, da relação biblioteca e imagens
de leitura, representadas pelas práticas culturais socializadas por seus sujeitos escolares. Além, das memórias de leitura, fazem
parte do estudo, as discussões de autores como Chartier (1999), Lajolo (2009), Campello (2010), Silva, Ezequiel T. (2003),
Silva, Waldeck C. da (2003), entre outros autores da história da leitura, formação de leitores e bibliotecas. Primeiramente,
consideramos o fato de essas bibliotecas saírem da ilustração da planta arquitetônica da escola, para se fazerem presentes nas
atividades de ensino da Literatura, por intermédio do fomento de projetos de leitura literária. No entanto, ela ainda é exposta
periodicamente ao silêncio dos seus fazeres educativos de leitura, no que diz respeito à forma de subutilização do espaço e dos
serviços de formação de leitores.
O PROCESSO DE ESCOLARIZAÇÃO DE “BRASIGUAIOS” NO PANORAMA FRONTEIRIÇO E A REPRESENTAÇÃO DE
SUAS IDENTIDADES
Resumo
RESUMO: No mundo contemporâneo, é evidente a complexidade quando estão em foco questões referentes a identidades
linguísticas e culturais. Quanto mais se expande a dispersão de imigrantes pelo mundo, maior é o fluxo de mudanças e conflitos
de identidades. Torna-se complicado admitir, por exemplo, que a língua representa certo grupo social de determinado lugar,
pois a língua atravessa fronteiras, sejam elas visíveis ou metafóricas, atingindo qualquer espaço. Considerando o exposto, o
objetivo deste trabalho é verificar como são construídas as identidades dos alunos “brasiguaios” por meio do contato entre a
língua portuguesa, espanhola e guarani, a partir de um panorama fronteiriço. A geração de registros segue uma perspectiva da
pesquisa qualitativa/interpretativista, por se mostrar esta abordagem mais adequada, já que o trabalho tem como finalidade
focalizar significados locais em sua relação com as questões sociais mais amplas. As abordagens teóricas que sustentam a
análise neste trabalho se ancoram principalmente nos seguintes autores: Maher (2007), Travaglia (1998), Megale (2005),
Castell, (2003), Hall (2006), Semprini (1999), Santos & Cavalcanti (2008), Martins (2009) e Albuquerque (2010). A análise
evidenciou que não é possível falar de identidades unas, homogêneas, pois as identidades estão em permanente fluxo em sua
complexidade, sendo, de acordo com Santos & Cavalcanti (2008), passíveis de desconstrução em direção à perspectiva do
multifacetado, do provisório, da hibridização. Assim, os alunos “brasiguaios” se deparam, principalmente no contexto escolar,
com os “conflitos de identidades” (HALL, 2006).
AS REPRESENTAÇÕES SOCIAIS DE LEITURA DOS DOCENTES DE UMA INSTITUIÇÃO PÚBLICA FEDERAL
Resumo
O presente trabalho visa a identificar as Representações Sociais (RP) de leitura dos professores de Língua Portuguesa da
Universidade Tecnológica Federal do Paraná – Câmpus Campo Mourão, cujos alunos do ensino secundário vêm obtendo um
notável desempenho no ENEM, com destaque para as notas das redações. A abordagem teórico-metodológica deste artigo
está centrada no conceito de RP desenvolvido por Moscovici (2011) e Jodelet (2001), e no modelo ideológico de letramento,
desenvolvido por Street (1984), contrapondo o modelo tradicional, o autônomo. O corpus da análise se constitui de entrevistas
realizadas individualmente com os professores. Verificamos que as RSs relacionadas às escolhas dos textos para leitura dos
alunos são marcadas especialmente por textos literários, tanto em prosa como em verso devido à qualidade e organização da
linguagem. Segundo os docentes, os alunos devem ser expostos à leitura de gêneros que não fazem parte de seu cotidiano,
uma vez que eles tendem a não procurar textos com caráter mais reflexivo. A RP do modelo de leitura se enquadra no modelo
ideológico de letramento uma vez que os docentes instigam os alunos a transcenderem o texto a partir de seus conhecimentos
prévios para que eles percebam o que está subjacente às palavras do ator. Isso faz com que percebam que é possível transpor
os significados da leitura para seu próprio contexto social. Apesar das RPs de leitura dos docentes estarem atreladas à sua
formação específica em literatura, tais práticas não dependem de uma titulação específica, mas de um vislumbre da capacidade
que o aluno tem de se posicionar enquanto leitor crítico e de concebê-lo enquanto sujeito social.
TERRA CABOCLA: A AMAZÔNIA SOB O OLHAR FEMININO
Resumo
A prosa de ficção brasileira, que retratou a Amazônia nas primeiras décadas do século XX, marcou-se por uma tradição
segundo o paradigma de Euclides da Cunha de Á margem da história, obra publicada postumamente em 1909, em que o autor
agrupa sete textos sob o título Na Amazônia – Terra sem história. Nessa vertente, aparecem várias narrativas, de autoria
masculina, timbradas pelo signo terra, quais sejam:Terra imatura (1923), de Alfredo Ladislau;Terra verde (1925), de Adauto
Fernandes; Terra de Icamiaba (1931), de AbguarBastos, Terra de ninguém (1934), de Francisco Galvão. Destaca-se entre as
narrativas Terra cabocla (1928), de Juanita B. Machado, que passou longa temporada no Acre e chegou até as fronteiras
bolivianas, seguindo o marido em sua profissão. Nosso trabalho se propõe investigar em que medida, essa autora, que também
contribuiu com jornais paraibanos, nas 16 narrativas curtas do livro, traça uma obra original ou não, com proposta que
ultrapasse ou não o eco de Euclides da Cunha.
SER MULHER, SER ESCRITORA EM TEMPOS DE PATRIARCADO
Resumo
A literatura feminina paranaense tem ocupado espaços importantes nas discussões e pesquisas da academia. Ano após ano,
vem se multiplicando o painel de escritoras paranaenses graças ao esforço de pesquisadores interessados em lhes garantir
visibilidade e reconhecimento. Foram e são mulheres que têm a ousadia de revelar ao mundo seus pensamentos, sua visão de
mundo em seus escritos, seja narrativizando suas personagens, sua intimidade e/ou a confessionalidade. Dentre estas
escritoras destaco a poetisa Júlia da Costa. Figura enigmática, feminista ainda quando não se falava em feminismo, ela deixou
uma obra escrita atualmente pouco conhecida no ambiente acadêmico paranaense. Os poucos estudos publicados sobre a
escritora apontam para uma personalidade forte, decidida, ousada e denunciam uma mulher que viveu a frente de seu tempo. O
que a poesia dessa escritora denuncia? Qual o perfil de mulher seus escritos revela? Essas indagações propulsionam a leitura
da poesia de Júlia da Costa, na qual o leitor depara-se com temas que apontam para temas reveladores de uma escrita sobre
si. Esse trabalho tem como objetivo apresentar como transita a autorrepresentação na poesia de Júlia da Costa.
A MÚSICA COMO ELEMENTO FUNDANTE DO ROMANCE NORTEAMERICANO
Resumo
Dando continuidade ao projeto ‘A presença da música na obra literária’, desenvolvido por esta pesquisadora junto à UESPI, a
proposta deste estudo é verificar a representação de elementos musicais no romance de Nicholas Sparks (2010), A última
música, destacando a função desempenhada por esse elemento na narrativa, bem como sua classificação, com base na
história da música (Romantismo, Impressionismo...), na teoria da música (música, silêncio, som, pausa...), na organologia
musical (nome de instrumentos musicais) e na intertextualidade (nomes de compositores, personagens de dramas musicais
títulos ou trechos de peças musicais). Esta pesquisa fundamenta-se nas teorias da Literatura Comparada (Daniel-Henri
Pageaux), de maneira especial na intersemiose, através da leitura músico-literária (Frédérique Arroyas) e na intertextualidade
(Julia Kristeva), bem como da titrologia litero-musical (Leo Hoek). A pergunta norteadora da pesquisa é: como se justifica o título
do romance? A música poderia, portanto, configurar-se tanto como viés de apreciação como de sedução para o leitor do
romance, estabelecendo assim uma relação de complementaridade. Literatura e música cooperariamm uma com a outra na
composição da narrativa.
A CONSTITUIÇÃO DO PROFESSOR DE LÍNGUA PORTUGUESA EM FORMAÇÃO INICIAL E AS (RE)CONFIGURAÇÕES DE
SEU TRABALHO
Resumo
O presente trabalho tem o objetivo de analisar como se constitui, como profissional, o professor de Língua Portuguesa em
formação inicial e como ele constrói, em meio a um contexto de prescrições, de representações diversas e de trabalho real,
(re)configurações sobre sua atividade. Para tal análise, far-se-á uso do quadro teórico-metodológico do Interacionismo
Sociodiscursivo (ISD), pautado nos escritos de Bronckart (1999, 2006, 2008) e Machado (2004, 2007, 2009). A vinculação à
linha de pesquisa justifica-se pelo fato de se entender a linguagem como uma forma de produção social que permite aos homens
desenvolverem representações acerca do contexto no qual estão inseridos, assim como intervirem nesse meio, modificando-o e
a si mesmo. Nessa perspectiva, busca-se observar, a partir do ISD, as relações entre linguagem e trabalho docente que ocorrem
num contexto discursivo, no qual se desenvolvem atividades sociais, atividades de linguagem e ações de linguagem.
Focalizam-se, nesse sentido, as (re)configurações sobre o trabalho com ensino de língua materna construídas durante a
formação e efetivadas, sobretudo, no estágio, momento no qual o estudante de Letras entra em sala de aula – como professor –
pela primeira vez.
CRIANÇAS PEQUENAS E LIVROS DE IMAGEM: LEITURAS POSSÍVEIS EM SALAS DE AULA DE EDUCAÇÃO INFANTIL
Resumo
Crianças pequenas leem? O que e onde leem? Como desenvolvem competências para compreender, interpretar e valor obras
literárias? Tais questões e a constatação de crescente complexificação do mercado editorial brasileiro para este público tem nos
levado a pensar relações possíveis entre crianças pequenas e a literatura. Editores e ilustradores/escritores têm ampliado e
diversificado a oferta de gêneros e suportes literários, oferecendo uma maior variedade de obras a pais, professores e familiares
que são, potencialmente, os ‘compradores’ de livros infantis. Programas governamentais como o Programa Nacional Biblioteca
na Escola têm procurado avaliar, selecionar e distribuir um variado conjunto de obras para compor os acervos de bibliotecas
escolares. Nesta comunicação buscamos mostrar, a partir de trabalho com crianças de 3 e 4 anos de uma escola de educação
infantil pública em Presidente Prudente (SP), possíveis leituras de livros de imagem que compõem os acervos do PNBE
Literatura 2012 e 2014. Adotamos uma perspectiva de que a literatura (para crianças) é formadora e formativa e que sua
presença na educação infantil pode não estar ligada a um certo utilitarismo pedagógico, mas ao prazer e desfrute da obra
literária como aproximação (mediada ou não pelo adulto) ao território da leitura criativa e recreativa. Para este estudo nos
valemos dos estudos de autores que vem tensionando as conexões entre literatura e crianças pequenas. Preliminarmente,
inferimos que a ausência de texto verbal e a quase exclusiva presença de imagens permite à criança articular elementos
propostos pelos criadores dessas obras e suas vidas cotidianas traçando diferentes leituras e narrativas.
A PALAVRA É A IMAGEM: A CRIAÇÃO COMO PROCESSO INTERARTES EM O LUSTRE E ÁGUA VIVA, DE CLARICE
LISPECTOR
Resumo
Embora muito já tenha sido dito sobre a obra e o fazer ficcional de Clarice Lispector, este trabalho tem por objetivo analisar uma
de suas obras que ainda carece de maiores estudos, O lustre, em paralelo com o testo original e multifacetado de Água viva.
Dentre os comentários da fortuna crítica da autora, parece-nos válido destacar aqueles que fazem referência ao modo como a
escritora se vale da linguagem para apresentar a seus leitores palavras com grande poder de evocar imagens, mas imagens
incomuns, pouco usais, distantes de ideia simples ou simplista de figuração, retrato ou paisagem. O que Clarice propõe é uma
leitura a um só tempo poética e plástica de palavras em um texto desenhado sobre o papel, uma narrativa na qual o olhar atua
em suas múltiplas funções de percepção de sentidos, texturas, sensações, cores e lentos e complexos movimentos de linhas e
curvas ao perambular por entre palavras que se revestem de poder evocativo de grande intensidade. Afinal, seu texto é uma
matéria em metamorfose, uma proposta de ruptura que escapa às ideias mais ou menos definidoras de arte, literatura, gênero,
de modo que ressaltamos a importância de mais um olhar sobre sua escrita e a reflexão acerca do processo interartes que nela
percebemos.
POEPOESIA FEITA PELA MULHER DE HOJESIA FEITA PELA MULHER DE HOJE
Resumo
O trabalho feito por mulheres tornou-se objeto de investigação sistemática no séc. XX, ganhando visibilidade e dimensão com
os caminhos investigativos abertos pelos Estudos Culturais, oferecendo a possibilidade de percepção de que traços diferenciais
são valores que se tornam relativos e por isso passíveis de sentido. Tais questões trouxeram para o debate da literatura de
autoria feminina a compreensão de que o texto e o contexto fundem-se como processo estruturante na constituição da obra e
abrem novas frentes a iluminar outras possibilidades interpretativas, não apenas referente às questões estéticas. O contexto
não é apenas aquele sobre o qual a obra se debruça, mas também aquele sobre o qual o indivíduo é problematizado enquanto
autor. É nesta perspectiva que esta reflexão se interessa, sobre como a mulher-poeta se encontra na sua própria produção
literária. E sobre esta questão afirma Zolin , “é falar do lugar da mulher, é ter em vista seu horizonte de interesses, seus
desejos, suas necessidades e suas experiências”. Em especial, para este trabalho, destaca-se a poesia de Angélica Freitas,
“Uma mulher insanamente bonita”, publicado no Suplemento de O Estado de Minas Gerais, construída a partir de recursos
imagéticos que delineiam implicitamente o contraponto estabelecido em “uma mulher insanamente bonita” e seu alter ego “uma
mulher estranhamente bonita”. Esta apresentação procura entremear a análise estética, com os elementos culturais,
privilegiando a experimentação poética da autora, da linguagem, da “ironização”, de modo a contextualizar a identidade da
mulher – e autora.
A CONSTRUÇÃO DA IDENTIDADE DOS PERSONAGENS EM “A VELA AO DIABO”, DE GUIMARÃES ROSA.
Resumo
Este trabalho apresenta algumas ideias acerca da noção de identidade interligada à concepção do feminino em “A vela e o
diabo”, estória inserida na obra Tutaméia, de Guimarães Rosa. Trata-se da análise de algumas atitudes dos personagens
principais que, muitas vezes, subvertem o comportamento tradicional atribuído a homens e mulheres ao longo da História. A
narrativa se desenvolve a partir das dificuldades enfrentadas pelo casal Teresinho e Zidica, que vivem um relacionamento à
distância. Temendo a separação, devido às poucas notícias enviadas por Zidica, Teresinho resolve participar de novenas, no
intuito de rezar pelo bom andamento de seu relacionamento. O personagem, nesse período, achando pouco a simples
participação na novena, reportou-se a duas imagens: a de um santo, cujas feições eram indefinidas, e a de um anjo, de nome
Dlena, de carne e osso, que se tornou sua amiga, conselheira e companheira de todas as horas. Desse modo, discutiremos as
trocas de papéis vivenciadas por Teresinho e Zidica, a importância dada à personagem Dlena, como aquela que se comporta
feita mulher e anjo, e as formas de manifestação do santo incógnito, constantemente invocado pelo personagem central.
O SUJEITO-PROFESSOR E A LEITURA DISCURSIVA
Resumo
O objetivo dessa comunicação é apresentar uma pesquisa de mestrado que tem por objetivo refletir sobre a memória de leitura
dos professores de língua portuguesa do ensino médio das escolas públicas estaduais da cidade de Catalão-GO. Nesse
sentido, a pesquisa tem por objetivos específicos: i) analisar o posicionamento sócio-histórico-ideológico dos sujeitos
professores de língua portuguesa em relação à leitura; ii) investigar quais são os sentidos de leitura que emergem na memória
discursiva dos sujeitos professores; iii) analisar a interdiscursividade de possíveis discursos pedagógicos sobre leitura,
materializados nos dizeres dos sujeitos professores. O corpus da pesquisa foi coletado através de um questionário semi
estruturado proposto aos professores do ensino médio dessas escolas. Para analisar os discursos sobre leitura materializados
nos dizeres desses sujeitos-professores recorremos à noção de memória discursiva a partir de Achard (2010), Pêcheux (2009,
2012) e aos estudos de Chartier (1998, 2009) que nos fundamenta para pensarmos os pré-construídos e os interdiscursos que
constituem esses discursos sobre leitura. Como esses sujeitos fazem parte de um círculo institucional que envolve família,
comunidade escolar, universidades e sociedade em geral entendemos que a análise dialógica do discurso referendada em
Bakhtin(Volochínov) (2009) é imprescindível para refletirmos sobre os diálogos que constituíram esses
sujeitos-professores-leitores.
APLICAÇÃO DE CORPORA DE FALA ESPONTÂNEA NO ENSINO DE L2: O C-ORAL-ROM E O C-ORAL-BRASIL
Resumo
Resumo
Literatura InfantoJuvenil: Mito, Lenda e Memória (SISPROJ – Nº 20523) Marzo Queiroz dos Santos (Autor) Unidade
Acadêmica/UEA O presente trabalho tem como objetivoda literatura infanto-juvenil explorar as riquezas das narrativas indígenas
considerando que existe um acervo inferior de pesquisas sobre a esse temática. Dessa forma procurarmos através da
histografia de alguns autores que são baseados na cultura primitiva e antológicas desses povos retratar a sua grande
importância para construção de suas obras literária. A finalidade desse trabalho é contextualizar com a contemporaneidade
explicitando o uso do mito, lenda e memória em suas obras. A forma como mito apresenta nas obras é explorado de como pode
mudar a cultura e os pensamentos de um povo , e para que ele possa estar identificado com uma cultura ele precisar estar
presente , a lenda que faz parte do imaginário popular e a memória como registro fotográfico e visual como arquivo cultural O
que para definir suas concepções é preciso o auxílio de um arcabouço teórico que possa fortalecer nosso projeto de pesquisa
que encontramos nos livros de Neide Godim, Marcos Frederico Kruger, Everardo Rocha, MassaudMóises, Marcio Souza, Rony
Wasiri Guara onde o Mito é bem representados pelos seus teóricos. A presença das lenda temos os referências teóricos pelo
Padre Henrique Ugé, YaguarêYamãGuará,JaimeDiakara, Everardo Rocha. Os referências teóricos são analisados em 16 obras
que são usados como métodos de pesquisas bibliográficas, fichamentos e analises das obras da literatura infanto-juvenil
indígena. As coletadas de dados que sao apresentados dao um diferenciaçao nas palavras.
CRIAÇÃO POÉTICA VISIONÁRIA EM QUADRINHO AUTORAL
Resumo
A proposta deste artigo é analisar e descrever o processo criativo de uma história em quadrinhos autoral, intitulada O Todo, do
gênero fantástico-filosófico, também conhecido como poético filosófico, sob o prisma de artistas pesquisadores como Fayga
Ostrower, Stephen Nachmanovitch, George F. Kneller, dentre outros. Tal pesquisa faz parte da investigação realizada no
mestrado do Programa de Pós-Graduação em Arte e Cultura Visual, FAV-UFG e tem este que escreve como um dos criadores
das HQs (produção poética). No trabalho original, o intuito foi criar com os pesquisados, ao todo três autores. Neste artigo,
porém, o foco é o feito em conjunto com Gazy Andraus, um dos precursores do gênero - juntamente com os outros dois
investigados (Edgar Franco e Flávio Calazans). Dentre os vários modos possíveis de se criar uma história em quadrinhos,
chama atenção em O Todo o uso de Estados Não-Ordinários de Consciência (ENOC), o que, de certa forma, enquadra essa
HQ dentro do escopo da Arte Visionária. De modo geral, é possível observar, em primeira instância, como as diferentes
interpretações da realidade, mesmo tendo algo em comum, se transmutam para dar forma a algo único e ao mesmo tempo
universal. O intuito aqui, portanto, é investigar as múltiplas maneiras de se criar uma história em quadrinho, principalmente as
que rompem com a tradicional cartilha roteiro e desenhos.
O MUNDO (DES)CONHECIDO: O GROTESCO COMO FATOR DE ESTRANHAMENTO EM GASPARD DE LA NUIT, DE
ALOYSIUS BERTRAND
Resumo
Sigmund Freud, em seu artigo “O Estranho” (1919), analisa a profundidade das causas que sustentam a sensação de
estranhamento que surge, por vezes, em nossa mente. A transformação do familiar em elemento estranho é, comumente, vivida
frente ao grotesco, especialmente em sua compreensão e manifestação românticas. O grotesco, elemento ancestral da pintura,
teve seu conceito ampliado ao longo dos séculos aos mais diversos patamares das artes e da vida, tendo sido abraçado pelo
Romantismo enquanto veículo autêntico de expressão de seus anseios. Na medida em que viabilizava a construção de um Uno
Absoluto, anseio máximo dos poetas românticos, através da união híbrida dos mais diferentes elementos opositivos em um
corpo único, o grotesco também lhes permitia a ampliação de sua cosmovisão, dada a destruição das grandezas do mundo e de
seus consequentes paradigmas, como ressaltado por W. Kayser em seu O Grotesco. A obra em estudo, Gaspard de la Nuit
(1842), escrita por Aloysius Bertrand, constitui-se enquanto um recolho de poemas em prosa que vivificam a Idade Média em
seus mais diversos aspectos, do cotidiano ao imaginário popular. Os elementos insólitos são evocados na obra pelo prisma
individualista do eu-lírico em uma constituição grotesca sutil, que mescla a realidade ao imaginário em uma perspectiva única,
levando ao estranhamento do mundo, ampliando e questionando suas fronteiras e limites. Em contrapartida à visão racionalista
do Classicismo de então, a obra oferece um mundo misterioso e mutável, cuja realidade é constantemente assaltada por seres
como gnomos, ondinas, fantasmas, etc.
VELHOS VALORES E NOVOS TEMPOS NA OBRA DE ANA MARIA MACHADO: A AUDÁCIA DESSA MULHER
Resumo
Na obra de Ana Maria Machado, A audácia dessa mulher, assim como em muitos outros romances da literatura brasileira e
estrangeira, os papéis femininos são constituídos com características alimentadas pela arte da vida, politizando e
problematizando questões de forma consciente e inconsciente sobre os novos rumos da (con)formação do gênero feminino no
contexto socioeconômico e cultural. No romance de Ana Maria Machado, há quatro personagens femininas que delineiam seus
anseios e suas escolhas a partir do descortinar de uma vida, tendo como pano de fundo o século XIX, com todas as intempéries
que tolhiam a liberdade feminina, também o final do século XX, já com um olhar mais aguçado para a perspectiva de
paradigmas melhores para a mulher. Por meio de levantamento bibliográfico, serão recolhidos suportes teóricos sobre
elementos que envolvam o gênero feminino na construção da história da literatura. Acredita-se ser de grande contribuição para
a área dos estudos literários pesquisas que tratem das questões de gênero pertinentes à mulher, pois se existem mudanças no
campo socioeconômico e cultural estas, de alguma maneira, incidem sobre a formação e a transformação das personagens
femininas no texto literário e são, muitas vezes, retratadas por mulheres. A intertextualidade explícita com a obra "Dom
Casmurro" de, Machado de Assis também permitirá focar os paradigmas figura feminina na literatura.
TAL PAI TAL FILHO: UM ESTUDO DAS RELAÇÕES RETÓRICAS EM PROVÉRBIOS
Resumo
Os provérbios podem ser definidos como enunciados que representam a expressão do conhecimento e da experiência popular
traduzida em poucas palavras. Neste trabalho, objetiva-se analisar o provérbio “Tal pai tal filho” e de que forma as porções
textuais que o constituem estabelecem sentido. Para isso, foi utilizada a Teoria da Estrutura Retórica como referencial teórico,
tendo em vista que essa teoria procura observar como as porções textuais produzem coerência. O provérbio foi selecionado de
um texto da internet com o intuito de valorizar a língua em uso em vez de realizar uma análise isolada do contexto. Assim,
observou-se como as partes do texto no qual o provérbio se encontra podem contribuir para reafirmar a relação retórica
estabelecida no provérbio. Um estudo de provérbios, formados por enunciados justapostos e encontrados em textos diversos,
permite que não se limite a analisar as porções textuais apenas no nível sentencial, mas que se contemplem também as
relações implícitas e a situação discursiva.
AS MOBILIZAÇÕES DE RUA NAS CIDADES BRASILEIRAS: DISSIMETRIAS DO ESPECTRO IDEOLÓGICO
Resumo
Nesta comunicação visamos a apresentar uma investigação analítica sobre enunciados disseminados e imagens capturas
durante as mobilizações de rua, incitadas por meio de redes sociais na internet, que ocorreram em meados do ano de 2013 em
inúmeras cidades brasileiras. O trabalho de análise tem como perspectiva teórica a Análise de Discurso, formulada pelo coletivo
de intelectuais em torno do filósofo francês Michel Pêcheux entre as décadas de 1960 e 1980. O escopo desta pesquisa é
avançar na compreensão dos processos de resistência-revolta-revolução, no âmbito discursivo e ideológico, possivelmente
presentes nas mobilizações de revolta que se desencadearam de modo inusitado e que ainda produzem ressonâncias no
presente. Os objetos de análise serão recortados dos corporas discursivos tendo como base a questão em torno das posições
subjetivas atuantes nas ruas e as derivas interpretação em jogo. Por esta ótica, entendemos a rua não como palco de práticas
políticas preconcebidas (idealismo), mas como espaço em que os sujeitos revoltosos se constituem e podem vir a melhor
compreender a prática política na qual estão engajados.
A CODA SILÁBICA EM TEXTOS DE CRIANÇAS EM PROCESSO DE AQUISIÇÃO DA ESCRITA
Resumo
Objetivo: Compreender as estratégias utilizadas pelas crianças do 1º e 2º ano do ensino fundamental para o registro não
convencional da coda silábica em suas produções gráficas no processo de aquisição da escrita. Métodos: Pesquisa qualitativa,
realizada com 12 alunos do 1º ano e 16, do 2º ano da rede pública do ensino fundamental de Salvador-BA, para os quais foram
aplicadas quatro atividades de escrita de diferentes gêneros textuais. Foi realizada a digitalização, identificação, seleção e
organização dos dados cujos registros fossem interpretáveis ortograficamente e relacionados às sílabas que apresentem na sua
estrutura a posição de coda preenchida. Resultados: Verificou-se maior porcentagem dos registros convencionais em relação
ao dos registros fora dos padrões ortográficos, apresentando o 2º ano, um maior número de acertos. Concernente às
estratégias, o maior número de ocorrência foi observado no 2º ano e na coda fricativa, sendo que a estratégia com maior
aparecimento foi a omissão. Conclusão: Os resultados ratificam a complexidade do registro da coda na escrita de crianças na
alfabetização, e neste processo, as “escolhas” realizadas para o registro, quando não convencionais, não foram aleatórias, ou
seja, as crianças selecionaram letras que, na maioria das vezes, poderiam ocupar esta posição.
LEITORAS DE BEST-SELLERS: O QUE DETERMINA SUAS ESCOLHAS?
Resumo
É comum ouvir falas a respeito do desinteresse cada vez maior das pessoas em torno da leitura. Entretanto, os números de
vendas de livros, principalmente aqueles destinados ao público jovem, têm aumentado vertiginosamente. Percebe-se, a partir
das obras constantes como as mais vendidas em listas semanais publicadas em algumas revistas, que as práticas de leitura
atuais se voltam para obras que fazem parte da considerada “literatura de massa’’. Em contrapartida, nas escolas, a resistência
às leituras das obras canônicas também tem aumentado. Diante disso, foi realizada a atual pesquisa que tem como corpus de
trabalho histórias pessoais de algumas leitoras que apresentam um interesse em comum: a predileção pela leitura de
best-sellers e livros de “autoajuda’’. O objetivo principal foi investigar as práticas de leitura das entrevistadas, com o propósito
maior de compreender os motivos que levam à preferência por tais livros, buscando conhecer a identidade dessas pessoas por
meio dos relatos de suas vidas. A análise demonstrou que um dos principais motivos para essas leitoras preferirem as obras da
“literatura de massa’’ é a linguagem, que se apresenta como mais atual, mais simples, tornando a narrativa mais dinâmica e
com melhor fruição. Os resultados desta pesquisa contribuem para dar luz às práticas de leitura atuais, que já não podem mais
ser desprezadas. Apesar das diversas críticas lançadas aos livros da “literatura de massa’’, estes têm se destacado entre os
preferidos dos leitores atuais. Essa pesquisa favorece a uma revisão de posturas e de olhares diante desses livros e dos atuais
leitores.
DIALOGISMO E DISCURSO DE HUMOR NA CRÔNICA "O CONVIDADO AGRADECE", DE CARLOS DRUMMOND DE
ANDRADE
Resumo
Com base na concepção de dialogismo apresentada por Mikhail Bakhtin, pretendemos analisar a crônica “O convidado
agradece”, de Carlos Drummond de Andrade, com o intuito de identificar, também, o discurso de humor presente na obra. Para
tanto, enveredaremo-nos pelos caminhos da Análise do Discurso de linha francesa, a qual considera os pressupostos deixados
pelo estudioso russo e seu círculo quanto ao discurso polifônico e aos aspectos dialógicos da linguagem. Além disso, a AD
norteia as escolhas feitas para este trabalho quanto ao humor, sobretudo referente à ironia que se constitui no texto
drummondiano. Assim, pode-se dizer que o dialogismo se refere tanto ao diálogo (o que evidencia a natureza interdiscursiva da
linguagem) quanto à interação estabelecida entre os interlocutores e o aspecto sócio-histórico que perpassa e marca os
sujeitos. Portanto, a presença do outro na relação dialógica é de fundamental importância, uma vez que esta só existe por conta
dessa imbricação entre o eu e o outro. Além disso, para Bakhtin, sentido e significação passam necessariamente pelo
dialogismo, daí a sua relevância, já que ambos necessitam dessa relação para acontecer. Juntamente com essas concepções
está o discurso de humor, pois este prevê, também, a presença do outro, ou seja, o outro é necessário para que o efeito de
sentido seja devidamente apreendido e, consequentemente, o riso seja efetuado. Esse trabalho está vinculado ao Projeto de
Pesquisa PAD – Pesquisas em Análise do Discurso, coordenado pela professora Rosemeri Passos B. Machado, na
Universidade Estadual de Londrina.
UMA EXPLICAÇÃO FUNCIONALISTA PARA A ORDENAÇÃO DE CONSTITUINTES EM INTERROGATIVAS DE CONTEÚDO
Resumo
As Interrogativas de Conteúdo (ou Interrogativas-Q) do português brasileiro (doravante PB) têm despertado, principalmente, a
atenção de formalistas chomskianos. Já a linguística funcional pouco tem voltado sua atenção para essa estrutura linguística.
Recentemente, alguns trabalhos, como este que aqui se apresenta, mostram o interesse, dentro de um quadro teórico
funcionalista, em descrever e sistematizar usos, funções e formas das Interrogativas de Conteúdo no PB. A atenção deste
trabalho se volta, especificamente, para a ordenação de constituintes nas Interrogativas de Conteúdo, isto é, para as posições
assumidas pelo constituinte interrogativo (inicial ou final) e pelo sujeito (pré ou pós-verbal) na oração interrogativa.
Diferentemente dos formalistas, que costumam caracterizar tal fenômeno por meio de operações transformacionais e
derivacionais, este trabalho, adotando os pressupostos teórico-metodológicos da Gramática Discursivo-Funcional
(HENGEVELD; MACKENZIE, 2008), explica as diferentes formas assumidas pelas Interrogativas de Conteúdo com base no
alinhamento entre formulação, ocorrida nos níveis Interpessoal e Representacional, e codificação, situada no nível
Morfossintático. Tomando dados de peças de teatro do século XIX e XX do PB, procura-se demonstrar, além disso, que a
ordenação do constituinte interrogativo em posição final é fruto de uma mudança no sistema de estruturação das Interrogativas
de Conteúdo, ligada, essencialmente, à mudança na disposição do sujeito no PB. O condicionamento para essa mudança está
na renovação/inovação da expressividade e das funções do sistema linguísticos, conforme definem Meillet (1948) e Lehmann
(2002).
LINGUAGEM EM CONTEXTO DE ESTÁGIO: MODOS DE AGIR, REPRESENTAR E SER EM DUAS EXPERIÊNCIAS DE
FORMAÇÃO INICIAL DE PROFESSORES ORGANIZADAS PELO CO-PLANNING
Resumo
Compartilhando do pressuposto desse simpósio em que a linguagem é o objeto de análise que emana das situações em
determinado contexto físico, social e subjetivo que constrói novas maneiras de representar e consequentemente novas
maneiras de agir, este trabalho, objetiva discutir a linguagem em contexto de estágio organizado por meio do referencial
teórico/metodológico {CO-ENSINO |DIALOGO COGERATIVO} (ROTH; TOBIN, 2001; ROTH; TOBIN, 2002) com foco nos
encontros intitulados Co-planning (SCATLEBURY; GALLO-FOX, 2008). Justifica-se a necessidade de olhar para a linguagem
nestes contextos principalmente neste momento histórico em que ações colaborativas se colocam como uma das possibilidades
para se diminuir o fosso entre teoria e prática e novas metodologias e arranjos para a formação de professores são criados. Os
dados aqui discutidos emanam dos trabalhos de PASSONI (2010 e 2012) e El Kadri (2014). Para tratar destes aspectos, os
percurso investigativo da linguagem nestes estudos vinculam-se à Análise do Discurso Crítica (ADC). Os resultados de Passoni
(2010) indicam que as potencialidades da intervenção realizada por meio do planejamento crítico-colaborativo de aulas de
inglês concretizam-se nas oportunidades de criação de capital social entre os participantes, por meio dos princípios da
alteridade e do cuidado com o outro. Já o estudo de El Kadri (2014) apontam que co-plannings são contextos essenciais para a
teoria por propiciarem novos modos de interação e diálogos mais simétricos e acarretam em novos modos de representar, agir e
ser de professores novatos.
O CORPO SOB CONTROLE – ANÁLISE DISCURSIVA DOS EPISÓDIOS DE NÃO CONTRATAÇÃO DE PROFESSORES
“OBESOS” NO ESTADO DE SÃO PAULO
Resumo
A comunicação insere-se no eixo cinco, já que considera o corpo como superfície discursiva para inscrição das relações de
poder/saber. Através das tramas da Análise do Discurso pensamos o corpo como local de inscrição, impregnado de história,
preocupação central da genealogia foucaultiana. Nossa proposta é analisar discursivamente dois episódios ocorridos no estado
de São Paulo, entre março e abril de 2014, nos quais dois professores foram impedidos de assumir cargo público, mesmo tendo
sido aprovados em concurso, por serem considerados “obesos”. Pretendemos evidenciar que o corpo obeso é da ordem do
construído e que sobre ele incidem saberes e poderes. Em 1975, a Organização Mundial da Saúde (OMS) designou a
obesidade como doença crônica, fruto de distúrbio alimentar que, ao longo do tempo, levaria o sujeito a acumular uma
quantidade de gordura que o impediria de executar as ações mais simples e corriqueiras do cotidiano, além de outros
problemas para o funcionamento orgânico. A dispersão do discurso da medicina suscitou toda uma rede discursiva que permitiu
ao Estado o controle do corpo, chegando a inviabilizar o exercício de uma profissão. A legitimação / institucionalização de
tabelas como a do IMC – índice de massa corporal – tende a objetivar os sujeitos em categorias generalizantes aumentando-se
assim a pressão e o controle sobre o sujeito. É como se o sujeito passasse do direito à salubridade para a obrigação de manter
determinado peso para que só assim pudesse conquistar seu espaço no mundo. Podemos pensar, então, que a decisão do
Estado pela não contratação é sustentada por uma construção histórica do que é ser obeso no século XXI.
A TRADIÇÃO E O NOVO: PERCURSOS MITOPOÉTICOS E HISTÓRICOS EM MIA COUTO
Resumo
Partindo do conto “Sangue da avó manchando a alcatifa”, de Mia Couto, apresentaremos algumas considerações sobre o mito
de origem e a questão da reelaboração do tempo presente pela busca do tempo sagrado. A existência “dessacralizada” de uma
família no contexto da pós-colonização é posta em cheque pela anciã, a avó, responsável por trazer ao tempo atual o sangue
das origens, representado pela marca de seu próprio sangue, que não desaparece de modo algum da alcatifa. Ao pensarmos
na questão da tradição dos povos africanos, que se vê ameaçada pela modernidade, é importante ressaltar a crítica realizada
pelo próprio escritor Mia Couto no texto “Que África escreve o escritor africano?”. A busca pela africanidade e pela construção
de uma identidade na literatura de Mia Couto passa pela mitopoesia e pelo diálogo realizado entre o novo e o passado, em uma
espécie de intercâmbio, sem excluir um ou outro, o que vai ao encontro das ideias de Manuel Rui durante sua apresentação no
Encontro Perfil da Literatura Negra.
MONTEIRO LOBATO: REFLEXÕES SOBRE A TEXTUALIDADE ELETRÔNICA EM A MENINA DO NARIZINHO ARREBITADO
(2011)
Resumo
Em 1920 foi lançado A menina do narizinho arrebitado, livro que abriu distintas veredas no cenário impresso de então. A primeira
delas é o fato de ser considerada a obra de Monteiro Lobato que o iniciou na literatura infantil e o tornou o primeiro nome
emblemático no sistema literário em questão, como um incentivador das letras infantis em terras brasileiras. Paralelamente, foi
também o primeiro capítulo a compor Reinações de Narizinho e agora, quase um século depois é o precursor da versão interativa
de livros nacionais. Em 2011, a Editora Globo publicou a versão touch para iPads. É, justamente, esta nova plataforma que se
apresenta o referido texto lobatiano que nos interessa discutir neste simpósio. Em um momento inicial nossas reflexões
comentarão sobre a dificuldade de levantamento das práticas sociais de leitura, em segundo tópico as formas de resistência que
a escrita se reveste para não deixar o mercado literário arrefecer, na sequência reflexões acerca da apresentação em iPad da
narrativa de Lobato e por último a necessidade de um leitor imersivo ou multimodal das tecnologias digitais.
O PERFIL SOCIOLINGUÍSTICO DE ASSIS CHATEAUBRIAND/ PR: UM ESTUDO SOBRE A REALIZAÇÃO DAS
CONSOANTES LATERAL E VIBRANTE ALVEOLAR
Resumo
Este trabalho tem o objetivo de apresentar resultados preliminares do estudo sobre a fala do município de Assis Chateaubriand.
As discussões são parte da pesquisa de Mestrado, do Programa de Pós-Graduação Stricto Sensu – Mestrado e Doutorado em
Letras/Unioeste. O município de Assis Chateaubriand está localizado no oeste do Paraná e faz divisa com localidades povoadas
por colonos sulistas, descendentes de alemães e italianos, na década de 1960. Por meio do método geoliguístico, a pesquisa
busca identificar e descrever as variantes para a lateral e a vibrante alveolar, em coda silábica, medial e final, e em encontros
consonantais. Considerando que a localidade apresenta um perfil sociolinguístico distinto dos municípios vizinhos, que
formaram núcleos de colonização alemães e italianos, pois foi colonizada por grupos vindos do sudeste e nordeste do Brasil, o
questionário semiestruturado fonético-fonológico e metalinguístico, que será utilizado para a realização dos inquéritos, busca
também identificar as crenças e atitudes linguísticas dos informantes sobre o falar local. A investigação amplia e aprofunda os
estudos que, desde a década de 1990, vêm descrevendo e mapeando as variedades do português falado na região. Com
relação ao rotacismo em encontros consonantais, acredita-se que não seja uma forma estigmatizada, mas, em algumas
situações, uma marca que indica a origem do grupo de falantes. O controle das variáveis sociais e linguísticas permitirá
compreender como a distribuição das variantes ocorre no interior dos grupos e da língua.
ESCOLHAS ESTILÍSTICAS NO CICLO DE CIRCUITO FECHADO, DE RICARDO RAMOS: IMPLICAÇÕES SOBRE A
CONDIÇÃO HUMANA.
Resumo
Tomando como corpus os contos Circuito Fechado 1, Circuito Fechado 2, Circuito Fechado 3, Circuito Fechado 4 e Circuito
Fechado 5, de Ricardo Ramos, publicados, inicialmente, em 1978, na obra que leva o mesmo nome, o presente trabalho
objetiva apresentar traços estilísticos recorrentes no conjunto composto por esses cinco enunciados. Para amparar, em
perspectiva teórica, a abordagem realizada, recorre-se, fundamentalmente, à visão sociodiscursiva de Fiorin (2008) e Bakhtin
(2011) a respeito de estilo no âmbito da linguagem verbal. Para desenvolver a análise, observa-se a recorrência estilística
presente nos contos, a incidência com que ela ocorre e as implicações de sentido oriundas dessa recorrência. Conclui-se que
as escolhas estilísticas materializadas nos enunciados objeto deste estudo remetem, no conjunto, para uma crítica ao
apagamento do sujeito como protagonista de suas ações, à massificação das identidades e à mecanização das atividades
sociais. Nesse sentido, as escolhas estilísticas situam o sujeito no cenário histórico, social e existencial da segunda metade do
século XX.
LER O QUE “ELES” LEEM: AS “BIBLIOTECAS” DE ESCRITORES PARA LEITORES EM FORMAÇÃO
Resumo
O trabalho pretende refletir sobre as possíveis leituras dos autores – identificáveis, seja explicitamente nas obras, por alusões
flagrantes, seja implicitamente, por elementos interpretáveis no texto literário – como forma de introduzir os leitores em
formação nas discussões que envolvem a criação artística e a multiplicidade de leituras que atuam no processo de elaboração
ficcional. Em outras palavras, o trabalho pretende discutir o quanto o processo criativo, na literatura, se “contamina” pela leitura
de produção artísticas vinculadas a múltiplas linguagens e códigos, dos escritos ao visuais, do sonoros ao cinematográficos,
dos tradicionais aos digitais - do que se denomina como “erudição” ao que se reconhece como por art. Nesse sentido, a
pesquisa pretende propor uma abordagem de estudo do texto literário não sacralizada por especificidades disciplinares ou por
outras delimitações que retirem do estudo da literatura a necessária dicção dialógica com as demais manifestações artística, na
condição de fontes ou de referências. Para tanto, será discutido o que compõe os acervos materiais dos autores, suas biblioteca
e livros, e imateriais, os resquícios de leitura inferíveis em sua produção escrita, da mesma forma como serão apresentados
elementos que participam de outros tipos de repertório, além do literário, como fonte ao escritores.
TERMINOLOGIA DO DOMÍNIO DOS PASSAPORTES FRANCESES: ESTUDO TERMINOLÓGICO E ELABORAÇÃO DE
GLOSSÁRIO MONOLÍNGUE FRANCÊS
Resumo
Um passaporte é um documento pessoal de identidade que protege legalmente seu portador no exterior e permite que entre em
países com os quais seu país de origem mantém relações. É necessária a permissão do governo emissor para que a pessoa
portadora desse possa sair do país e entrar em outro. O presente projeto de pesquisa tem como finalidade identificar a
terminologia de maior pertinência ao domínio dos passaportes franceses. Ele se insere em um projeto maior, coordenado pela
Profa Dra Lídia Almeida Barros, denominado LexTraJu, que estuda o léxico (e, sobretudo, a terminologia) predominante em
documentos submetidos à tradução juramentada. Estudar a terminologia desse documento e elaborar um glossário dos termos
neles encontrados é de grande importância social, visto que pode colaborar para uma melhor comunicação na área da
terminologia jurídica. O presente projeto de pesquisa pretende dar, então, uma contribuição a essa temática, identificando o
conjunto terminológico recorrente nos passaportes franceses e seus domínios e elaborando um glossário desses termos
selecionados. Devemos levar em consideração que efetuamos, em nível de Iniciação Científica (IC), pesquisa semelhante sobre
a terminologia dos passaportes em português, financiada pela FAPESP. Agora estamos propondo a realização de uma
pesquisa sobre a mesma temática em francês, o que nos permitirá obter elementos sobre a realidade sociocultural e
terminológica do domínio em francês. Os objetivos da pesquisa são identificar o conjunto terminológico de maior importância
nos passaportes da França e elaborar um glossário monolíngue francês dos termos de passaportes.
IDENTIDADES SOCIAIS FEMININAS EM CRISE: SER ALUNA E SER MULHER NA EDUCAÇÃO SUPERIOR A DISTÂNCIA
Resumo
No contexto da educação a distância, ramo em ampla ascensão quantitativa no Brasil, em um curso de graduação em Letras, o
corpo discente é composto, em sua maioria, por mulheres que têm de lidar com as atividades relacionadas à formação
acadêmica e, simultaneamente, transitar por todas as outras identidades sociais que lhes são requeridas. Nesse contexto,
muitas delas são desligadas do curso, tendo em vista que não conseguem desenvolver com sucesso as atribuições da vida e da
academia. Nossa intenção, nesse trabalho, é analisar a crise de identidade que envolve essa conjuntura e verificar quais
identidades concorrem com a de discente. Para consecução desse objetivo, partimos das ideias de Silva (2000), Torre (2002),
Woodward (2000), entre outros, tendo como base teórica e metodológica a Análise de Discurso Crítica, para analisar
solicitações de reintegração de alunas desligadas do curso de licenciatura em Letras EaD/UnB. Pretendemos refletir sobre as
crises identitárias e sobre os caminhos da constituição das identidades femininas na educação superior a distância, como um
recorte para a análise da constituição social da identidade feminina.
A SUBTRAÇÃO DO TEMPO UMA ANÁLISE DA CONSTRUÇÃO DO UNIVERSO TEMPORAL EM DETRIMENTO DA
CARACTERIZAÇÃO VOLITIVO-EMOCIONAL DE PAULO HONÓRIO EM SÃO BERNARDO DE GRACILIANO RAMOS.
Resumo
Os romances de Graciliano Ramos certamente já foram desbravados sob várias luzes teóricas. No entanto, é através do
dialogismo estético teórico promovido por Bakhtin que a voz de Paulo Honório é desvelada nessa proposta de trabalho. Aqui,
diante dos aspectos que constituem a articulação estética e das estratégias de articulação enunciativa, enxergamos a subtração
temporal articulada pelo narrador protagonista como princípio de construção verbal que, metalinguisticamente, tece o sudário do
protagonista, cujo destino é a solidão. Dessa forma, é que, nesse trabalho, à luz das teorias acerca da construção do tempo e
da personagem de ficção, procura-se analisar os processos que envolvem a articulação do tempo em virtude da caracterização
volitivo-emocional de Paulo Honório no romance São Bernardo de Graciliano Ramos. Sustentando-se nas teorias urdidas por
Mikhail Bakhtin na Estética da Criação Verbal (2003) e na nomenclatura estruturada por Gérard Genette em relação às
estratégias de manipulação temporal. Assim, articulamos um estudo que procurou evidenciar as relações de sentido resultantes
de tal manipulação em virtude da construção das características de Honório e da sua posição ético-cognitiva.
LEITURA E FORMAÇÃO DE PROFESSORES: ANÁLISE CRÍTICA ACERCA DA COMPREENSÃO TEXTUAL
Resumo
A leitura e os processos que a envolvem estão presentes em inúmeras atividades humanas, desde sociais, educacionais, entre
outras. A leitura e a escrita desempenham funções importantes e essenciais para a comunicação humana. No entanto, a escola
pode acabar invertendo a real finalidade dessas atividades e, ao invés de mediar os processos de leitura e sua compreensão
acaba por reduzi-la a manipulações mecanicistas de sentenças, sem que haja uma reflexão e até mesmo a compreensão de um
determinado texto. Em geral, os cursos de formação de professores, em especial, Letras e Pedagogia, nem sempre conseguem
formar leitores e formadores de leitores competentes, ou seja, leitores que ultrapassem a decodificação de palavras e frases,
para compreender mais profundamente o texto e os processos que envolvem as atividades de leitura e compreensão leitora.
Dessa forma, os objetivos do presente estudo consistem em promover uma análise crítica acerca dos processos que envolvem
a leitura e a formação de professores e de leitores nos cursos superiores. As reflexões aqui apresentadas fundamentam-se em
autores como: Smith (1999), Solé (1998), Kleiman (2002), Geraldi (1991), Chartier (2009), Rezende (2009), entre outros. Os
dados são discutidos em termos das implicações educacionais.
PARÁFRASE E QUALIDADES DISCURSIVAS COMO RECURSOS NA CORREÇÃO DE TEXTOS ESCRITOS
Resumo
A dificuldade enfrentada pelos professores de Língua Portuguesa na correção de textos pode ser expressa por
questionamentos como “o que corrigir?” ou “como corrigir?”. Normalmente, as correções recaem em aspectos da superfície
textual: na ortografia, na acentuação, na concordância. Dessa forma, ficam relegados os aspectos discursivos, a autoria e a
criatividade. Como consequência, vemos discursos esvaziados, escritos para ninguém, porém, aparentemente seguindo os
moldes ensinados na escola. Reconstruir a discursividade dos alunos sem perder de vista os aspectos formais pertinentes aos
gêneros discursivos e à norma-padrão da língua é o objetivo que norteia este projeto. Para tanto, uma correção adequada e que
realmente oriente os alunos nas reescritas de seus textos é fundamental. Retomando a literatura que descreve os tipos de
correção, apresentaremos um novo tipo, denominado correção misto-discursiva (CONCEIÇÃO, 2014), que tem como critério a
análise de quatro qualidades discursivas essenciais na construção de um texto: unidade temática, questionamento, objetividade
e concretude. Tentaremos agregar a este tipo de correção procedimentos parafrásticos, entendendo a paráfrase como uma
atividade metalinguística consciente que permite aos alunos um olhar acurado sobre os enunciados dos textos. A pesquisa, em
andamento, desenvolve-se em uma sala de aula do curso de Letras de uma universidade pública e pretende contribuir com a
formação inicial de professores da área, orientando-os nos processos de correção textual.
COLUNAS FEMININAS: UMA AMIZADE "ENTRE MULHERES"
Resumo
Clarice Lispector escreveu colunas femininas para jornais nas décadas de 50 e 60, para tais publicações usou pseudônimos.
Apenas recentemente as colunas foram publicadas em forma de livros, são eles, Correio feminino e Só para mulheres. Por meio
dessas páginas femininas, pretendo discutir questões relativas à amizade, já que as colunas me permitem traçar diversas
relações de amizades intelectuais. A primeira poderia ser acerca dos escritores que Lispector convoca para fazer parte de suas
páginas, ou a serem apresentados às suas leitoras. Temos, assim, as relações de Clarice Lispector e Lin Yutang, Katherine
Mansfield, Simone de Beauvoir e Virginia Woolf. Depois é possível relacionar a ficcionista com seus pseudônimos, Ilka Soares
(no jornal Diário da noite), Helen Palmer (em Correio da manhã) e Tereza Quadros (em Comício), a fim de se observar o que
cada um deles, ou o que cada uma dessas personae modificava a escrita de Clarice, em se tratando de temas. Dessa forma,
este artigo volta-se para a discussão dessas relações de amizade apresentadas, tomando como base os estudos da crítica
biográfica e os apontamentos de Francisco Ortega sobre amizade nos livros Para uma política da amizade: Arendt, Derrida,
Foucault e Genealogias da amizade.
A FORMAÇÃO DA PROTAGONISTA FEMININA NO ROMANCE AZUL-CORVO, DE ADRIANA LISBOA
Resumo
O romance como uma grande instituição sócio-literária, que projeta os ideais da classe burguesa, torna-se a expressão máxima
de modernidade, a partir do século XVIII. Esse gênero, tido como um fenômeno tipicamente alemão e masculino, ao mostrar o
processo de aperfeiçoamento do herói e a formação do seu caráter em meio à sociedade burguesa da época, apresenta passos
importantes como, entre outros, a viagem, os relacionamentos amorosos, a descoberta da vocação profissional. Esse conceito
começa a ser problematizado e, na atualidade, pode-se falar de um romance de formação que inclui as minorias étnicas, raciais
e sexuais. O objetivo desse trabalho é discutir as formulações teóricas acerca do Bildungsroman de autoria feminina no Brasil,
sobretudo a partir da obra precursora de Cristina Ferreira Pinto, de 1990, cuja análise de romances de autoras como Clarice
Lispector, balizam o caminho para uma reflexão fecunda sobre o romance de autoria feminina contemporâneo, como, entre
outros, Azul-Corvo, publicado por Adriana Lisboa, em 2010, obra que traz como núcleo narrativo central o deslocamento da
protagonista, ainda adolescente, do Rio de Janeiro ao Colorado, nos Estados Unidos, configurando-se como romance de
aprendizagem, ao mostrar seu processo de formação. Em meio ao sentimento de deslocamento e de tentativas de construção
de novas referências, evidencia-se a formação de Vanja, que se constitui de elementos importantes como a ausência/presença
da figura materna, a busca pelo pai biológico e o encontro afetivo com Fernando, a viagem do Brasil aos Estados Unidos e
depois no interior do Colorado, a revisão da história recente do país.
GÊNERO E FORMA: PENSAR O ROMANCE A PARTIR DE MARIA GABRIELA LLANSOL
Resumo
Ao receber o "Grande Prémio do Romance e da Novela", Maria Gabriela Llansol profere o discurso intitulado "Para que o
romance não morra", iniciando sua fala com os seguintes dizeres: "______escrevo,/ para que o romance não morra./ Escrevo
para que continue,/ mesmo se, para tal, tenha de mudar de forma,/ mesmo que se chegue a duvidar que ainda é ele,"
(LLANSOL, 1994, p.116). Colocando o romance como forma que a motiva escrever, a autora portuguesa segue refletindo sobre
o estado atual do romance e aquilo que considera ser a forma possível para que ele continue existindo, intitulada textualidade.
Contudo, antes de nos debruçarmos com mais afinco sobre o porvir do romance, Llansol nos deixa uma questão de base para
que todo o pensamento tecido acerca do assunto possa se desenvolver: há romance para além da forma? Se, como se pode
observar pelo fragmento trazido inicialmente, para que o romance sobreviva ele deve se transformar mesmo que tenha que
deixar seus elementos mais característicos de lado, o que de fato faz parte da natureza desse gênero? Desejamos, nesta
comunicação, expor a perspectiva de Maria Gabriela Llansol acerca o tema, no intuito de fomentar as discussões e ampliar a
perspectiva sobre o gênero.
CONSIDERAÇÕES ACERCA DA RELAÇÃO ARQUIVO/MEMÓRIA NA SUA DETERMINAÇÃO HISTÓRICA E IDEOLÓGICA
Resumo
Em nosso estudo consideramos como objeto material de pesquisa a revista acadêmica cuja especificidade a insere em
determinada ordem discursiva que se apoia sobre uma comunidade científica. Para Auroux (2008, p. 129-130), essas
comunidades são “normativas” e “têm uma função social geral de validação e legitimação” do conhecimento, ao mesmo tempo
em que eles as legitimam como lugar de constituição da cientificidade. Em nossa pesquisa, tomamos a universidade como lugar
de legitimação da pesquisa científica, função esta diretamente ligada à capacidade de produzir conhecimentos e formar
pesquisadores, segundo Guimarães (2004). Podemos dizer, então, que a escrita científica é um fato da linguagem da
universidade e que, assim, ela estará significando nesse espaço. De acordo com Altman (1998, p. 45), a publicação das revistas
acadêmicas, organizadas por intelectuais reconhecidos em suas áreas, “pressupõe certa compatibilidade com o que a
comunidade científica – ou, ao menos, parte dela – considera relevante”. Nesse sentido, a ordem discursiva a que pertence
cada revista é conduzida pela maneira como os modos de circulação funcionam, fazendo-a circular ou não circular, atendendo a
demandas ligadas aos domínios do institucional e do histórico. Procuramos aqui desenvolver algumas considerações acerca da
relação arquivo/memória na sua determinação histórica e ideológica. Levamos em conta aquilo que arquivo/memória/história
possuem em comum: a completude/incompletude potencial legitimada de um ou de outro modo pela instituição na qual nosso
objeto material de pesquisa se insere, estruturas sociais de produção/acumulação/distribuição de conhecimento, a instituição
acadêmico/científica.
AS DENOMINAÇÕES DE CLASSE E OS MOVIMENTOS DE SENTIDO NA TEXTUALIDADE: A IDENTIFICAÇÃO DA CLASSE
MÉDIA BRASILEIRA
Resumo
A reflexão que empreendo aqui se desenvolve procurando desnaturalizar os sentidos sedimentados para as denominações de
classe. A Presidência da República, representada pela Secretaria de Assuntos Estratégicos (SAE/PR) instituiu uma Comissão
responsável por definir a classe média brasileira e, a partir dos resultados do trabalho dessa Comissão, tem publicado,
trimestralmente, uma série de estudos intitulada “Vozes da (Nova) Classe Média”, que aborda diferentes aspectos desse grupo.
Procuro, a partir de minha filiação à perspectiva teórica da Semântica do Acontecimento, compreender como o Estado identifica
os sujeitos por meio de sua inclusão em classes (sociais? econômicas? socioeconômicas?) e, dessa forma, como significa o
pertencimento a uma classe. Para isso, analiso a reescrituração e a articulação das denominações de classe no conjunto de
documentos publicados pela Presidência. O trabalho é produtivo porque mostra como, a partir do gesto interpretativo que toma a
reescrituração, o sentido não se estabiliza nas diferentes retomadas do nome, o que permite refletir sobre as condições
sócio-históricas de construção dos referentes de classe em nossa sociedade e sobre o modo como o social aparece recortado
nas materialidades textuais-discursivas.
REALITY SHOW - O USO DAS ESTRATÉGIAS DE POLIDEZ NA CONQUISTA DA AUDIÊNCIA
Resumo
Este trabalho discute o papel exercido pelas estratégias de polidez em reality show, uma vez que pela própria natureza das
relações entre os participantes neste gênero televisivo, sabemos que há um constante movimento de ameaça e preservação
das faces. Para tanto, verifica-se quais as estratégias de polidez que são utilizadas na construção da imagem positiva com
vistas à conquista da audiência. A exposição inicia-se pela conceituação e caracterização dos conceitos de preservação da face
e polidez; a seguir, é discutido o papel que esses recursos exercem na conquista do interlocutor. O corpus deste trabalho é
constituído pela gravação do episódio denominado “Reunited” da segunda temporada do reality show “Ru Paul Drag Race”
veiculado no canal a cabo VHI nas quintas-feiras às 21h00min. Destacamos que o nosso corpus pode ser classificado como
conversação espontânea, pois, apresenta características básicas de uma conversa, tais como: falta de planejamento
antecipado, o envolvimento dos interlocutores entre si e com o assunto e a existência de um espaço compartilhado entre os
interlocutores. Assim, nos valemos das descrições da materialidade linguística e das interpretações qualitativas baseadas em
conceitos da Análise da Conversação. Finalmente, apresentaremos os resultados obtidos com a análise das estratégias de
polidez empregada pelos interlocutores, com o desejo de construir/ manter uma imagem positiva, assim como preservar aquilo
que não deseja revelar e consequentemente aumentar sua aceitação entre os telespectadores do programa.
ESTUDO MORFOSSEMÂNTICO DO PORTUGUÊS BRASILEIRO: AS FORMAÇÕES BOLSA-X
Resumo
ESTUDO MORFOSSEMÂNTICO DO PORTUGUÊS BRASILEIRO: as formações bolsa-x André Luiz Faria Universidade
Estadual do Sudoeste da Bahia CPF 04546468792 Palavras chave: Palavras Compostas, Semântica, Linguística Cognitiva
Neste artigo, analiso as construções bolsa-x em português, observando seus aspectos morfológicos e semânticos. Meu
propósito é explicar a motivação do mecanismo de formação de palavras conhecido por composição pós-lexical (LEE, 1995)
das construções N-N (a exemplo de ‘bolsa-família’, ‘bolsa-novela’, ‘bolsa-crack’), baseado no modelo denominado Morfologia
Construcional (BOOIJ, 2010). Para dar conta da relação entre o aspecto linguístico e o aspecto cultural das construções
analisadas, bem como da flexibilidade e da variabilidade do significado, utilizo o arcabouço teórico da Linguística Cognitiva
(LANGACKER, 1987, 1991; LAKOFF & JOHNSON, 1999) bem como as ponderações etnográficas de Bernárdez (2004). A
hipótese que esquadrinhará minha apresentação será é a de que a criação dos compostos N-N do PB constitui um processo
regular e previsível. Nos compostos analisados, percebe-se a emergência da relação semântica de finalidade ou da de causa
entre os constituintes da composição. Diferentemente do que se encontra na literatura de cunho estruturalista, o processo
composicional não se dá de forma idiossincrática (CÂMARA JR., 1970). Assumo que esse fenômeno é o resultado de
operações cognitivas, culturalmente motivadas pelo contexto político que levou à produção dos compostos aqui estudados. As
formações recentemente criadas parecem refletir as mudanças socioculturais por que vem passando o Brasil, com a ascensão
do Partido dos Trabalhadores (PT) ao poder.
PROCEDIMENTOS INTERTEXTUAIS NA OBRA DE MACHADO DE ASSIS
Resumo
Concordando que o texto vigora como um acontecimento e atentando para a sua forma procedimental, incluídos os processos
de sua realização e a participação efetiva de possíveis interlocutores no processo dinâmico que rege as interações existentes
entre escritas diversas, a presente proposta de participação no Simpósio “Texto, Contexto e Intertexto” visa, a partir de uma
leitura da recepção crítica recente de Machado de Assis, apresentar e comentar dois trabalhos que, especificamente, tratam de
questões intertextuais, a saber: Alusão e Zombaria: Citações e Referências da Ficção de Machado de Assis, de Marta de
Senna; e Machado de Assis: por uma poética de Emulação, de João Cezar de Castro Rocha. A primeira publicação referida
parte da pressuposição de que o escritor era também um grande leitor, dadas as recorrentes citações e referências
histórico-literárias no corpo de sua obra. A segunda trata detalhadamente de um procedimento particular utilizado por Machado,
ao reconhecer no eminente escritor a figura de um emulador que redimensionou no século XIX uma antiquíssima técnica
desenvolvida por escritores clássicos gregos e latinos, que consideravam outros autores como seus mestres e elaboravam
livremente seus próprios textos sem perder de vista as referências dos modelos originais.
O PERCURSO DE (TRANS)FORMAÇÃO DE UM OBJETO EM ANÁLISE DO DISCURSO
Resumo
O imediatismo contemporâneo promovido pelas novas tecnologias e pela internet impõe e afeta o ritmo de vida das pessoas,
dos profissionais, das instituições. No campo jornalístico, por exemplo, a necessidade, cada vez maior, de colocar rapidamente
em circulação fatos sociais, promove a fragmentação do conteúdo, aquilo que é produzido para o leitor não passa de um recorte
do acontecimento. Consequentemente, essa fragmentação promove a circulação de textos curtos, enunciados breves,
pequenos vídeos e pequenos áudios que compõem gêneros diversos na internet. Nesse sentido, observamos o aumento de
trabalhos de análise que selecionam como objeto enunciados breves, curtos e singulares sob o olhar de teorias discursivas.
Diante disso, a fim discutir como esses enunciados são coletados e passam a ser objeto de análise, utilizamos como corpus
alguns de nossos trabalhos publicados em periódicos ou que se encontram no prelo. Isso nos permitiu apresentar algumas
possibilidades metodológicas de coleta de corpora, que circulam no campo midiático e são divulgados, em sua grande maioria,
na internet. Embasamos nossas análises em trabalhos recentes de estudiosos contemporâneos da análise do discurso, como
Maingueneau (2010, 2012), Krieg-Planque (2009, 2011) e Paveau (2013). Dentre esses trabalhos, priorizamos os que abordam
os conceitos de sobreasseveração, pequenas frases, fórmula discursiva, aforizações, pré-discursos, etc. Sem a pretensão de
limitar ou impor um método para coleta de corpora em AD, oferecemos alguns caminhos que podem auxiliar,
metodologicamente, o momento de planejamento ou de elaboração de projetos de pesquisa.
O CONCEITO BAKHTINIANO DE LEITURA E A FORMAÇÃO DE PROFESSORES-MEDIADORES DE LEITURA LITERÁRIA
PARA O ENSINO MÉDIO
Resumo
Diferentes pesquisas apontam a fragilidade (teórica, metodológica, de repertório e prática) do trabalho com o texto literário em
sala de aula no Ensino Médio e a necessidade urgente de medidas eficazes de formação (inicial e continuada), com
acompanhamento e retorno dos resultados das formações realizadas. Diante disso, o presente trabalho tem por finalidade
discutir a necessidade, os percalços e as ações bem sucedidas na formação dos professores-mediadores de leitura literária
nessa fase da Educação Básica, discutindo a necessidade de embasamento teórico e ampliação de repertório literário dos
profissionais, tantos os em formação quanto os já em efetivo exercício. Sugere-se que essa formação seja embasada sob a
perspectiva dos conceitos bakhtinianos de leitura como interação verbal e de autor como agente estético, sendo a leitura
concebida como resposta ao trabalho do autor e não à intenção do escritor. Ainda, apresentamos a tese da leitura como
resposta tornada efetiva pela atuação eficaz do professor mediador, discutindo o papel da mediação do docente no processo de
interlocução entre o aluno-leitor e o autor instaurado nos textos literários. Ou seja, a concepção de leitura como resultado não
de um tripé (autor, texto, leitor), mas das quatro pernas de um andaime: autor, texto, professor, leitor. Buscamos apresentar
uma proposta de ensino de leitura como resposta ao trabalho do autor, sugerindo algumas formas possíveis de participação
efetiva dos professores como mediadores entre os autores instaurados nos textos e os leitores.
“GUERRA” DOS SEXOS: DO DISPOSITIVO DA ALIANÇA AO DISPOSITIVO DA SEXUALIDADE, QUEM TERIA VENCIDO NA
PRODUÇÃO MIDIÁTICA DE SUBJETIVIDADES?
Resumo
Esta comunicação enquadra-se na frente de pesquisa concernente à produção de subjetividades em práticas discursivas
midiáticas e literárias, na qual se vislumbra a possibilidade de problematizar os efeitos de verdade sobre a identidade de sujeitos
homem e mulher descrita na mídia impressa de massa. O aporte teórico pauta-se nos contributos da análise arquegenealógica
proposta por Michel Foucault (1982, 1985, 2009) para quem o dispositivo, cuja função estratégica evidencia a manipulação e a
tática, inscreve-se sempre em um jogo de poder. Assim, o corpus de análise para esta comunicação vale-sede um quadro
constituídopor recortes enunciativos acerca do tema tais como descritos na trilogia 50 tons de cinza (2012), no “guia de cura” A
ilusão dos 50 tons.(2012), assim como nos enunciados produzidos por mídias diversas como Época, Veja e Cláudia. Ao capturar
tais enunciados dispersos espacial e cronologicamente, foi possível apreender as condições de validade e de possibilidade do
saber midiático com relação ao sexo e à sexualidade desses sujeitos. Observou-se, ainda, que não há verdade a ser buscada
nas diversas etapas constitutivas do saber, mas sim discursos historicamente detectáveis que constroem verdades e possibilitam
o exercício do poder.
A DESTRUIÇÃO DA METAFÍSICA E O NASCIMENTO DE UM NOVO SUJEITO
Resumo
A comunicação pretende fazer um paralelo entre a noção destruição da história da metafísica de Heidegger e a noção de
história em Foucault, que se apresenta, ao menos inicialmente, neste último, como uma arqueologia. Na primeira parte, a partir
do parágrafo seis da obra Ser e Tempo de Heidegger evidencia-se o que este entende por destruição da história da metafísica,
procurando ressaltar o que é princípio epocal. Avança-se para a tarefa do pensamento via a noção de Gestell em Heidegger.
Quer-se com isso, mostrar o papel ocupado pelo sujeito e pela linguagem no pensamento de Heidegger. Já o segundo
momento centra-se especialmente na noção de episteme em Foucault para aproximar esta noção da de princípio epocal em
Heidegger, bem como da dita “diferença ontológica” configurada no filósofo francês através do caráter “empírico transcendental”
das ciências humanas. Com tal análise, pode-se avançar a noção de discurso em Foucault estabelecendo assim o papel
ocupado pelo sujeito na filosofia deste último. O intuito final é de mostrar a aproximação entre Heidegger e Foucault, já que
ambos partem da crítica ao estatuto ontológico da subjetividade e o modo pelo qual a análise dos dois filósofos tem aspectos
relevantes para pensar o papel do sujeito e da linguagem.
CRENÇAS E ATITUDES LINGUÍSTICAS: A LÍNGUA ALEMÃ, A LÍNGUA PORTUGUESA E O BRASILDEUTSCH
Resumo
O uso de uma língua ou variedade linguística relaciona-se intimamente com as crenças e atitudes linguísticas. A partir dessa
afirmação, o objetivo do presente trabalho é verificar as crenças e atitudes em relação à língua alemã, à língua portuguesa e ao
Brasildeutsch, em duas comunidades do Oeste do Paraná. Além disso, a partir desta verificação, também procurar-se-á
evidenciar como estas crenças e atitudes podem influenciar à utilização das línguas e variedade em questão. Para tanto, foram
realizadas entrevistas com descendentes de imigrantes alemães em duas comunidades do Oeste do Paraná – Marechal
Cândido Rondon e Santa Rita D´Oeste –, as quais foram analisadas segundo os pressupostos da sociolinguística e conceitos
dos estudiosos das crenças e atitudes linguísticas, como Lambert e Lambert (1972), Calvet (2002) e Aguilera (2008, 2010). As
análises apontam que os descendentes entrevistados, em sua maioria, avaliam positivamente a língua alemã, no entanto,
alguns admitiram que sentem vergonha de se declararem descendentes, especificamente os que não dominam o alemão
padrão. Também será analisado o motivo pelo qual observa-se uma mudança de atitudes, principalmente entre os mais jovens.
POÉTICAS DO VÍDEO: UMA ANÁLISE DA OBRA NOME DE ARNALDO ANTUNES
Resumo
Há um longo tempo a poesia dialoga fecundamente com outras artes. Nos anos de 1960 surge a videoarte, movimento que
impulsionou toda uma série de representações artísticas advindas do vídeo. A subversão do meio TV tão criticado na época foi
um estímulo à criação de obras emblemática, a exemplo de Global Grove do artista coreano Naum June Paik, entre outros.
Dessa forma, percebe-se a dinâmica existente no vídeo e a dialética arte/vídeo, explorando sua mobilidade e sua
multifuncionalidade, que consegue criar mais que uma expressão artística, mas uma teia delas: videoarte, videoescultura,
videoinstalação, videoperformance, videoteatro, videoclipe, videocarta, videotexto, videopoesia etc Assim, o trabalho tem como
objetivo apresentar a poesia na tela, mais especificamente a obra Nome (2005) de autoria de Arnaldo Antunes, pois embora o
autor “abuse” da palavra em seus videopoemas, inclusive sob a forma da escrita, a questão da palavra em sua poesia não é
tanto de ausência, mas de intersemiose. A palavra, escrita ou dita, incluída em um contexto específico que é inter por natureza,
fator este que faz com que haja uma quebra no hábito do letramento como monosemiose, a palavra em um contexto que apaga
todas as outras relações, como a página branca do livro.
JOSÉ SARAMAGO: A RECONSTRUÇÃO DA MEMÓRIA E O DIÁLOGO INTERARTES
Resumo
A relação entre História e ficção é um fator recorrente na escrita de José Saramago, em vários de seus romances ele realiza um
resgate da História, principalmente naqueles os quais alguns críticos consideram como pertencentes à 2ª fase classificando-os,
muitas vezes, como romances históricos, já que os temas estão centrados no resgate da história portuguesa (reconstrução da
memória). Dessa fase temos Levantado do chão (1980) que revela a miséria dos trabalhadores rurais da região do Alentejo, no
sul de Portugal, através da vida da família Mau-Tempo. Trata-se, neste caso, de uma denúncia vigorosa da exploração, do
desemprego e da miséria, e ao mesmo tempo, da tomada de consciência política por parte do trabalhador rural. Na tessitura
deste painel, verifica-se que narrador saramaguiano tem um olhar similar ao de alguns pintores ao narrar e descrever suas
cenas de modo que o leitor é capaz tanto de guardá-las na memória como se tivesse visto um quadro, quanto de relacioná-las
diretamente com algumas telas. Desta maneira, objetiva-se neste trabalho analisar em que medida o romance Levantado do
chão estabelece referências, seja de forma explícita ou implícita, com as artes visuais, para tanto levaremos em consideração
os conceitos de metapicturalidade textual e o de ekphrasis.
ENUNCIADOS CONCRETOS DO GÊNERO DISCURSIVO CANÇÃO: A MULTIMODALIDADE EM SALA DE AULA
Resumo
O estudo em tela traz uma abordagem dos enunciados concretos do gênero discursivo canção como objetos de ensino. Para
tanto, a pesquisa alicerça-se nos pressupostos dialógico-enunciativos de Bakhtin e seu círculo no tocante à teoria dos gêneros
discursivos. Ainda, esta pesquisa baseia-se nas atuais perspectivas de multiletramentos apresentados por Rojo
(2010-2012-2013), nos diálogos da Linguística Aplicada via Moita Lopes (2006) e nas discussões de Mendonça (2013) Buzen
(2012) e Dionísio (2013) acerca da multimodalidade discursiva. Tal proposta pretende realizar uma análise reflexiva do gênero
discursivo canção e seu caráter multimodal que contempla duas dimensões: a linguagem verbal e a linguagem não verbal
(musical). Por tratar-se, também, de um gênero discursivo presente nas esferas artístico-literária, cotidiana e escolar, este
trabalho apresenta uma abordagem do gênero em foco nas salas de aula, objetivando um ensino interdisciplinar e contemplador
das práticas de leitura e análise linguística contextualizada. Para a construção de tal encaminhamento metodológico, adotam-se
os enunciados concretos de Caetano Veloso. Tal escolha fundamenta-se na proposta de interdisciplinaridade veiculada pelas
Diretrizes Curriculares de Ensino (PARANÁ, 2008) que propõe a ligação entre as demais disciplinas do currículo da educação
básica – neste caso contempla as disciplinas de língua portuguesa, história e artes. Ainda, possibilitam a transposição de
contextos sócio-histórico-culturais distintos dos que permeiam a prática social dos discentes na atualidade. Nesse sentido,
pretende-se refletir uma nova prática no ensino de língua materna via gêneros discursivos multimodais.
SALOMÉ, DE JULES LAFORGUE: UMA RETOMADA PARÓDICA E IRÔNICA DA TRADIÇÃO JUDAICO-CRISTÃ.
Resumo
Sabe-se que figura de Salomé foi um dos mitos maiores na produção artística do fim do século XIX e uma fonte de inspiração
constante para os pintores, poetas e músicos da época. As retomadas e variações que celebraram a dançarina foram
numerosas. Jules Laforgue, poeta simbolista francês, foi um dos espíritos fascinados por ela. Ele retoma o mito judaico-cristão
na obra em prosa Moralités Légendaires, publicada em 1887, e o desvia de forma irônica e burlesca. As intenções paródicas de
Laforgue nos dão uma obra diferente, deformada, desmitizante. Para Genette (1982) esta novela pode ser lida como uma
fantasia neo-burlesca do conto Hérodiade, de Gustave Flaubert, pois é uma obra enigmática que se apresenta adiante de seu
tempo, surrealista avant la lettre. A construção da narrativa retoma o mito presente nos Evangelhos de São Mateus, São Marcos
e São Lucas, rompe com as expectativas do leitor no momento da caracterização dos personagens e no desfecho da trama, já
que, na novela do simbolista francês, Herodes é Emeraude-Archetypas, João Batista é Iaokanann, prisioneiro, destituído de
santidade e de poderes de vidente. É simplesmente um proletário do norte, instrutor de Salomé, que é desprovida de beleza
ideal e tampouco representa a figura da mulher fatal, além de ser apaixonada por Iaokanann. Como seu amor não é
correspondido, resolve pedir sua cabeça em uma bandeja. O desfecho, em harmonia com o tom paródico da obra, mostra
Salomé esfacelando-se no mar. Enfim, ver-se-á que se torna vítima de sua própria vítima, já que para jogar no oceano a cabeça
do degolado, ela calcula mal seu impulso e precipita-se nos rochedos.
"O JOÃO AMA MESMO A MARIA": DISCUTINDO ESCALARIDADE A PARTIR DO "MESMO"
Resumo
Este trabalho apresenta algumas considerações, levantadas durante pesquisa de mestrado, sobre a semântica do item lexical
“mesmo”, em português brasileiro (PB) – em particular, no que diz respeito ao seu caráter escalar. As descrições oferecidas
para o “mesmo”, em PB, o “même”, em francês, e o “even”, em inglês, envolvem a ideia de escalaridade, o que demanda
também tocar na questão da implicação. Kalokerinos (1995) chama atenção para isso a partir do exame das análises do
“mesmo” de Anscombre e Ducrot (1983), Fauconnier (1975, 1976). Kalokerinos afirma que toda a divergência entre esses
pontos de vista está em como cada um deles concebe o significado e a relação entre o significado linguístico e a lógica. Da
comparação entre esses autores, nos interessa particularmente a forma como essas propostas se comportam quando aplicadas
aos dados do PB, já que a bibliografia para o “mesmo” não é das mais extensas, contando apenas com duas análises que se
dedicam exclusivamente a esse item lexical – a saber, Vogt (1977) e Guimarães (2010). Pudemos observar confrontando as
considerações de cada autor que, ao que parece, o “mesmo” em PB tem peculiaridades – como, por exemplo, um papel
intensificador que não se verifica em outras línguas – que requerem um exame mais cuidadoso, a fim de encontrar uma análise
que de conta de forma mais unificada do item em questão. As propostas oferecidas até agora, seja em inglês, seja em francês,
sem dúvida, oferecem um excelente ponto de partida para pensar o português, no entanto, existem outras questões por trás do
“mesmo” que ainda não foram consideradas pela literatura.
NARRATIVA JUVENIL CONTEMPORÂNEA: A CONSTRUÇÃO DO UNIVERSO POLICIAL NAS OBRAS DE LUÍS DILL
Resumo
A narrativa juvenil brasileira das últimas décadas, constituindo um subsistema diferenciado do infantil, tem mostrado diferentes
facetas temáticas e formais, inclusive com a revitalização de gêneros literários, como o romance policial, contribuindo para
aproximar jovens leitores dessa produção. A partir dessa perspectiva, procuramos, no decorrer deste trabalho, com o apoio de
diferentes teorias e pesquisadores, observar e discutir modos de apropriação de elementos da narrativa policial, em obras do
escritor gaúcho Luís Dill. A fundamentação teórica, abrange estudos sobre a gênese do romance policial, sobre suas
modalidades textuais (romance de enigma, noir e de suspense), com respaldo nos estudos de Todorov (1979), Medeiros e
Albuquerque (1979), Reimão (1983), Boileau e Narcejac (1991), Chandler (2002), Carvalho (2006) etc., os quais foram de
grande importância para que pudéssemos estabelecer os pontos de contato entre o gênero policial e as narrativas juvenis
contemporâneas analisadas. Durante o processo analítico, destacamos que a relação estabelecida entre a narrativa policial e a
juvenil ocorre desde a inserção de temáticas violentas (morte, violência, criminalidade etc.), até a forma com que a obra literária
é construída, a atmosfera de mistério e investigação, a inserção das personagens jovens no papel do detetive e/ou do
criminoso, as pistas a serem investigadas, a presença de um crime, entre outros fatores, responsáveis não apenas por
aproximar os dois objetos estéticos, mas também por proporcionar ao jovem leitor, a partir do cotejamento entre dois mundos –
realidade e ficção, - o questionamento acerca de acontecimentos e emoções que o envolvem como ser-no-mundo.
A CISÃO IDENTITÁRIA NO CONTO “A MEETING IN THE DARK”
Resumo
Os impactos provocados pela colonização britânica na África foram devastadores na medida em que destituíram as bases que
fundamentavam a cosmogonia das sociedades africanas. A harmonia que governava tais sociedades foi quebrada pela
imposição de um novo modus vivendi totalmente estranho aos povos auctóctones. As consequências deste sistema colonial
refletiram-se, principalmente, na constituição dual da identidade do sujeito africano. Entendida nos termos de Hall (2000, 2004),
o conceito de identidade antes estável, transforma-se pelo discurso da modernidade, resultando num sujeito deslocado, em
constante articulação. Neste contexto, as sociedades africanas cujas bases estavam fundamentadas na tradição foram
diretamente impactadas pela modernidade colonialista, configurando o embate entre colonizado e colonizador. Esta temática foi
retratada pelo escritor queniano Ngugi wa Thiong’o no livro Secret Lives. O escritor problematiza o choque violento entre
colonizador e colonizado e os artifícios utilizados como ferramenta de dominação mental e ideológica. O conto intitulado “A
meeting in the dark” enfatiza o aspecto da cisão identitária que sofre o colonizado por meio da imposição da religião cristã que
domina cultural e epistemologicamente o sujeito africano, cuja cisma culmina em um fim trágico e revela as mazelas mais
profundas do conflito colonial na África.
IRONIA E SARCASMO EM DALTON TREVISAN
Resumo
É reconhecido como um importante contista da literatura brasileira por grande parte dos críticos do país. Entretanto, é avesso a
entrevistas e exposições em órgãos de comunicação social, criando uma atmosfera de mistério em torno de seu nome. Por
esse motivo recebeu a alcunha de "Vampiro de Curitiba", nome de um de seus livros. Assina apenas "D. Trevis" e não recebe a
visita de estranhos2 . Trevisan trabalhou durante sua juventude na fábrica de vidros de sua família (hoje falida) e chegou a
exercer a advocacia durante 7 anos, depois de se formar pela Faculdade de Direito do Paraná (atual UFPR). Quando era
estudante de Direito, Trevisan costumava lançar seus contos em modestos folhetos. Liderou o grupo literário que publicou, entre
1946 e 1948, a revista Joaquim. O nome, segundo ele, era "uma homenagem a todos os Joaquins do Brasil". A publicação
tornou-se porta-voz de uma geração de escritores, críticos e poetas. Reunia ensaios assinados por Antonio Cândido, Mário de
Andrade e Otto Maria Carpeaux e poemas até então inéditos, como "O Caso do Vestido", de Carlos Drummond de Andrade. A
revista também trazia traduções de Joyce, Proust, Kafka, Sartre e Gide e era ilustrada por artistas como Poty, Di Cavalcanti e
Heitor dos Prazeres. A publicação, que circulou até dezembro de 1948, continha o material de seus primeiros livros de ficção,
incluindo Sonata ao Luar (1945) e Sete Anos de Pastor (1948) - duas obras renegadas pelo autor. Em 1954 publicou o Guia
Histórico de Curitiba, Crônicas da Província de Curitiba, O Dia de Marcos e Os Domingos ou Ao Armazém do Lucas, edições
populares à maneira dos folhetos de feira.
CONTATOS ENTRE DUAS NARRATIVAS BÍBLICAS E A COMÉDIA DE ARISTÓFANES
Resumo
A impostura (alazoneia) jaz no coração da comédia de Aristófanes, sendo um aspecto tão prevalente que ela pode ser
considerada a contraparte cômica da hybris da tragédia. Falando da antiga comédia ática, pode-se afirmar que a base da ação
depende da disputa (agôn) entre um personagem irônico (eirôn), geralmente um herói em busca de uma utopia cômica, e o
impostor (alazôn), a figura cheia de charlatanice que teima em lhe atravessar o caminho. Essa oposição jaz mesmo no coração
da pesquisa dos gêneros e tradições literárias afins porque ela se presta bem às condições de abuso físico e verbal. Assim, a
narrativa irônica e de humor sutil de Jacó e Esaú, em Gênesis 27, e a disputa de Mardoqueu e Hamã, no livro de Ester, podem
ser vistas como representando precedentes orientais para o confronto clássico entre eirôn e o alazôn. Segundo Platão (Filebo
48c-d), o cômico contrasta com o autoconhecimento. Como o impostor não tem conhecimento de si mesmo, torna-se objeto de
ridículo. Rimos do impostor porque nos sentimos superiores a ele, mas, em contraste, rimos com o herói porque partilhamos do
conhecimento que este tem da situação. Uma das principais características do impostor é seu comportamento rígido (“tensão”),
produto de seu completo desconhecimento de si mesmo (BERGSON, 1924). Em contrapartida, o herói aristofânico apresenta
“elasticidade”, isto é, um comportamento flexível que demonstra sua genialidade. Faz-se, portanto, uma comparação dessas
funções cômicas tipicamente presentes em Aristófanes com os dois textos selecionados da narrativa bíblica a fim de constatar
pontos de contato e distanciamento entre as duas tradições.
MOBILIDADE DE VISÃO E DE VOZ EM NOVE NOITES, DE BERNARDO CARVALHO
Resumo
O narrador é elemento constitutivo fundamental para textos narrativos e se torna elemento emblemático em ficções com fortes
sugestões biográficas e autobriográficas. É o caso de Nove noites (2002), romance (?) de Bernardo Carvalho no qual a mistura
ostensiva entre ficção e realidade gera discussões sobre a ontologia dos fatos e também sobre sua estrutura. Nele há dois
narradores: Manoel Perna e um narrador principal não nomeado, que Pécora (2003), em sua resenha, denominou
narrador-jornalista. O primeiro é personagem referencial; o segundo se assemelha em muitos aspectos ao autor. Ambos, como
elementos estruturais, apresentam mobilidade considerável de visão e especialmente de voz, na constituição enigmática da
investigação a respeito do suposto suicídio de Buell Quain (1912-1939), antropólogo norte-americano que esteve entre
indígenas brasileiros no final da década de 1930. Como recurso estrutural, o narrador é aquele que narra. Voz e visão, no
entanto, pertencem sempre a ele? O objetivo deste trabalho é, valendo-se de Mieke Bal (2009) que retoma conceitos de
Genette (1979), apresentar conceitos e dispositivos que possibilitem uma análise mais detalhada (de caráter estrutural) das
possíveis vozes e visões que constituem o emaranhado narrativo enigmático de Nove noites.
A FIDELIDADE AO EVENTO NA TRAGÉDIA GREGA: UMA LEITURA LACANIANA DE PROMETEU ACORRENTADO
Resumo
Para Alain Badiou (1994) existe eternidade e indestrutibilidade no que ele conceitua como “processo de verdade”. O ser que
entra em contato com a verdade torna-se sujeito (imortal) e capacitado para promover um Evento (évenement), ao qual estará
irremediavelmente ligado por meio de sua fidelidade. Todavia, fidelizar-se à manifestação da verdade presume uma doação
total do ser, a disposição em abandonar a ordem preexistente, o que transforma os rumos de uma existência. Por meio da
participação no Evento de libertar a raça humana, com o ato de entregar aos humanos o fogo, a personagem Prometeu invoca
a grandeza de caráter, a escolha do certo em detrimento do fácil. Embora a obra trágica grega tenha sido produzida em
condições muito diversas do contexto hodierno em que se delineia o pensamento de Badiou (Ésquilo viveu entre 525/456 a.C.),
é possível ler o texto como a elevação da figura de Prometeu a um herói-símbolo da autenticidade, característica proeminente
apenas naqueles que resistem à passividade, promovendo algum tipo de transformação. A personagem mitológica encarna um
típico combatente contra as formas arbitrárias de autoritarismo, uma vez que não abre mão de seus pensamentos libertadores,
buscando alcançar um bem maior, ainda que, para isso, mantenha-se à mercê da tirania torturadora.
CRENÇAS DE ALUNOS-PROFESSORES DE LÍNGUA INGLESA: REFLEXÕES SOBRE TEORIA E PRÁTICA NA EDUCAÇÃO
DOCENTE INICIAL
Resumo
Este trabalho tem como objetivo discutir sobre crenças de alunos-professores (AP) de Língua Inglesa (LI) de um curso de Letras
Português/Inglês de uma universidade pública do estado do Paraná quanto ao ensino desse idioma no contexto público,
norteado pela abordagem teórico-metodológica proposta pelas Diretrizes Curriculares de Língua Estrangeira Moderna do Paraná
(DCE). Além disso, analisamos seus conhecimentos e reflexões sobre outras propostas pedagógicas no que tange o ensino e
aprendizagem de LI. Esta pesquisa justifica-se pela necessidade de se conhecer as crenças dos AP e, como elas podem
influenciar ou não suas práticas pedagógicas durante o processo de educação docente inicial. Quanto à coleta de dados,
aplicamos dois questionários, compostos de cinco perguntas, ambos de cunho dissertativo. A análise dos dados foi realizada
com base na Grounded Theory. Como contribuições, esperamos que esse trabalho possa beneficiar estudos na área de ensino e
aprendizagem de LI e, principalmente, os cursos de educação docente, com o intuito de que educadores de professores
percebam a relevância e necessidade de propiciar momentos de reflexões aos AP sobre suas próprias crenças e sobre
abordagens teórico-metodológicas para o ensino de LI. Ademais, esse estudo também poderá contribuir com uma educação
docente inicial mais crítica e reflexiva, onde os AP sejam capazes de questionar e refletir sobre as suas práticas pedagógicas e,
dessa forma, amenizar as lacunas existentes entre teoria e prática.
DIRETRIZES GOVERNAMENTAIS: ENTRE AS NORMAS E AS PRÁTICAS DO ENSINO DE LITERATURA NA ESCOLA
Resumo
Esta comunicação objetiva apresentar proposições sobre o ensino de literatura no nível médio presentes em normativas
governamentais, observando alguns aspectos específicos, a saber: o conceito de literatura nelas proposto, a(s) justificativa(s)
para o estudo da literatura, o modelo de leitura pressuposto como adequado para a leitura literária, os posicionamentos relativos
às leituras não escolares dos estudantes e, finalmente, como tais documentos se posicionam em relação ao exame vestibular
e/ou Enem. Serão objetos de investigação os seguintes documentos: 1) Lei de Diretrizes e Bases da Educação (2013), 2)
Parâmetros Curriculares Nacionais - Ensino Médio (2000), 3) Orientações Curriculares Nacionais para o Ensino Médio –
Linguagens, Códigos e suas Tecnologias (2006) e 4) Diretrizes Curriculares para a Educação Básica – Língua Portuguesa do
Estado do Paraná (2008). Os dados levantados serão discutidos a partir de autores que tematizaram a história da disciplina
literatura na escola brasileira (Razzini, 2000; Zilberman, 2005), observando que o Ensino Médio brasileiro surgiu de uma
preocupação propedêutica, ou seja, de preparar os estudantes para o acesso ao ensino superior. Além disso, a disciplina
literatura surge nos currículos do ensino secundário vinculada à disciplina Língua Portuguesa,tal como acontece até hoje,
evidenciando que a literatura parece não ter consistência suficiente para configurar disciplina autônoma na escola. Enfim, o
percurso histórico da disciplina Literatura na escola brasileira será utilizado como chave para a compreensão dos problemas do
ensino de literatura que emergem entre as normativas governamentais e as práticas escolares.
PROSTITUIÇÃO EM 140 CARACTERES: A VENDA DE SEXO NO TWITTER
Resumo
A partir dos diversos gêneros discursivos utilizados no meio digital, novos, híbridos ou (re)significados, o sujeito pode, nesses
lugares discursivos, movimentar sentidos, contribuir para fixá-los ou ainda inscrever suas marcas. A intenção deste artigo é
justamente perceber e analisar os sentidos que o sujeito coloca em circulação em ambientes colaborativos online,
especificamente no microblog Twitter. Considera-se, para tanto, as condições de produção dessa nova discursividade afetada e
mediada pela tecnologia, ou seja, como as próprias marcas do gênero influenciam, interferem na constituição do enunciado.
Assim, a partir de tweets retirados dos twitters: @acompanhantesbr, @garotasprograma e @GarotasDoRioRJ, tenciona-se
refletir sobre os efeitos de sentido que ecoam na materialidade linguística, relacionando-os com a memória sobre a prostituição
e observando sentidos outros sobre a prática. Utiliza-se como aporte teórico para refletir sobre esses enunciados a Análise de
Discurso de orientação francesa, pautando-se, principalmente, nos dizeres de Michel Pêcheux (1997, 1999, 2008).
A POLIFONIA NO CONTEXTO DA FORMAÇÃO CONTINUADA (PDE) DO PARANÁ
Resumo
O Programa de Desenvolvimento Educacional (PDE) do Estado do Paraná é considerado um dos maiores programas de
formação continuada do Estado, que tem por objetivo estabelecer o diálogo entre os professores da educação básica da rede
pública do Estado com os professores da Educação Superior, buscando produção de conhecimento e, consequentemente,
melhora na qualidade da prática de ensino das escolas públicas. Entendendo que a formação continuada é um momento no
qual o professor tem a possibilidade de adquirir e/ou ampliar conhecimentos teórico-metodológicos e, no caso específico do
PDE, tem a possibilidade de levar à prática pedagógica esses conhecimentos, e que é por meio das discussões teóricas
apresentadas em seus projetos de intervenção, bem como das suas produções didático-pedagógicas e seus artigos finais que
podemos perceber as vozes que constituem esse professor em situação de formação continuada, esta pesquisa objetiva: a)
verificar quais vozes permeiam a formação continuada de professores de escolas públicas de Guarapuava-PR, por meio da
análise de projetos de intervenção pedagógica, produções didático-pedagógicas e artigos finais elaborados e publicados por
esses professores na página oficial do Programa no período de 2012 a 2013; b) Analisar como se constitui cada uma dessas
vozes e quais suas relações nos materiais analisados. A análise dos materiais se fundamenta na Teoria Enunciativa
Bakhtiniana, tendo como base, principalmente, os conceitos de dialogismo, polifonia e responsividade.
A RELAÇÃO RETÓRICA DE FUNDO SINALIZADA EM INSERÇÕES PARENTÉTICAS EM LÍNGUA FALADA
Resumo
O objetivo deste trabalho é analisar a relação retórica de fundo que emerge em inserções parentéticas na língua falada. Para
isso, a pesquisa utilizará o corpus de pesquisa do Funcpar (Grupo de Pesquisas Funcionalistas do Norte/Noroeste do Paraná),
que são transcrições de aulas acadêmicas (elocuções formais), as quais já possuem papéis e posse de turno previamente
fixados, sem muitas marcas de interação. A concepção de língua falada considera que esta e a língua escrita não são
modalidades estanques, ou seja, organizam-se dentro de um contínuo tipológico, embora existam características específicas da
fala. Adotou-se, no trabalho, a teoria da RST (Rethorical Structure Theory), na qual parte-se da ideia de que, no texto, há
relações que se estabelecem por meio de suas partes, além das que são identificadas pelo seu conteúdo explícito. A relação
retórica de fundo tem por finalidade ampliar a compreensão do leitor sobre algo dito anteriormente, sendo encontrada nas
inserções parentéticas, que são estratégias de construção do texto, que também podem ser utilizadas com o mesmo objetivo. A
partir da análise do corpus, pretende-se apontar em quais tipos de inserções parentéticas sinalizam-se a relação de fundo e
descrever os meios linguísticos utilizados pelos interlocutores para evidenciar essa relação, quando marcadas formalmente.
O MITO SOBRE A COLUNA PRESTES: RELAÇÕES DE PODER ENTRE A HISTÓRIA TRADICIONAL E O RELATO
JORNALÍSTICO
Resumo
Todo discurso é uma construção de sentidos que parte de um contexto de produção. Seja ele histórico ou jornalístico, um
discurso jamais dá a dimensão total da realidade, pois é constituído por escolhas, seleções e olhares sobre a totalidade. A
memória sobre a Coluna Prestes é uma teia de sentidos que foram sendo construídos pela “história oficial”, cujos discursos
reverberaram a imagem de uma tentativa de revolução idealizada por um herói e seus bravos seguidores na luta por justiça e
melhores condições à população. Esse discurso que, sendo da ordem do acontecimento, é histórico, evidencia fatores positivos
sobre a Coluna Prestes. Porém, o mesmo fato pode produzir discursos nem sempre convergentes, já que resultam de novas
construções simbólicas, dependendo do ângulo em que é abordado e de seu recorte. Este trabalho tem como objetivo analisar o
episódio histórico da Coluna Prestes (1924-1927) por meio da abordagem do livro-reportagem de Eliane Brum “Coluna Prestes -
O Avesso da Lenda”, que reconstitui a revolta pelo viés de testemunhas ouvidas pela jornalista quase 70 anos depois. Em
oposição à “história oficial” contada a respeito da Coluna, abordaremos a vontade de verdade do discurso histórico e a relação
de poder que se estabelece entre a memória heróica do acontecimento e o “avesso” dessa lenda identificada nos depoimentos
reunidos no livro-reportagem. Nossa análise está fundamentada nos conceitos de discurso e poder do filósofo Michel Foucault.
Por meio deste aporte teórico, identificaremos transformações e deslocamentos na vontade de verdade do acontecimento por
meio da inversão da ordem do discurso.
FALANTES DE POLONÊS/ PORTUGUÊS- AÇÃO BILINGUE
Resumo
Falar duas línguas faz parte de um contexto histórico brasileiro, porém não como contexto escolar, mas sim, um contexto de um
processo de imigração durante o século XIX. Os brasileiros são filhos de imigrantes que ajudaram a colonizar o Brasil. Nessa
vinda em busca de terras prometidas, a cultura, os hábitos e inclusive a língua, fizeram parte do que podemos dizer hoje, do
fortalecimento das línguas brasileiras (2003). Os imigrantes estabelecidos e fortalecidos em comunidades, formaram grupos
escolares, igrejas entre outras ações, para que sua cultura e seu modo de viver não fosse esquecido. A língua muitas vezes era
ensinada nas escolinhas da comunidade. Durou pouco tempo até o período de Vargas em 1937(2010), da proibição das línguas
fazendo com que a população deixasse de falar na sua língua nativa e passasse a falar apenas a língua portuguesa.
Começamos então, o processo de massacre das línguas de imigrantes. Nos dias de hoje há políticas públicas de fortalecimento
dessas línguas e que ajudam a resgatar através da cultura e do discurso a língua materna dos descendentes de imigrantes.
Assim, a língua polonesa ocupa esse cenário também de resgate e valorização do falar duas línguas: polaca/ português ( do
BRASIL), ( 2010), denominada desse modo, pela comunidade de falantes. O presente artigo, busca apresentar esse resgate,
bem como apresentar ações de promoção de línguas consideradas minoritárias para que possamos pensar nas ações coletivas
de transformar um país com características monolingue, em um país que já tem e viveu seu período de contexto plurilingue, que
se perdeu com a partir da catequização dos índios.
PRÁTICAS DE LEITURA E ESCRITA DE RIBEIRINHOS ACRIANOS: UM ESTUDO SOBRE A PRODUÇÃO E CIRCULAÇÃO
DE MENSAGENS RADIOFÔNICAS
Resumo
A presente comunicação livre intenciona apresentar resultados de uma pesquisa sobre leitura e escrita de ribeirinhos acrianos,
mais especificamente de gêneros discursivos veiculados a emissoras de Rádio. A pesquisa teve por objetivo descrever os
gêneros discursivos produzidos por esses ribeirinhos, que por viverem um isolamento geográfico, desprovidos de energia
elétrica, têm como único meio de comunicação rádios mantidos a pilha e baterias. Procuramos compreender a esfera de
circulação e a materialização desses discursos, considerando os estudos de Bakhtin (1929, 1992) sobre linguagem e gêneros
discursivos, Foucault (1996, 1975) sobre materialidade dos discursos, o controle sobre o dizer e as esferas de circulação dos
discursos e Chartier (2003, 2008), sobre práticas de leitura/escrita e condições de produção. As análises dos textos produzidos
pelas comunidades ribeirinhas, indicaram características próprias desse gênero discursivo, em detrimento de sua esfera de
circulação, como também semelhanças com outros gêneros discursivos. Trata-se de gêneros primários, textos curtos, próximos
da conversação, que apresentam um hibridismo entre oralidade e escrita. O estudo permitiu o registo de práticas de leitura e
escritas peculiares a comunidades ribeirinhas, revelando condições de produções e esferas de circulação que em detrimento da
“modernidade” tendem a desaparecer, seu registo e compreensão contribui com a história da leitura e escrita acriana, que é
fortemente marcada por mitos e estereótipos.
JAULA DE ORO: (RE)AFIRMAÇÃO E (RE)CONSTRUÇÃO DA IDENTIDADE NACIONAL POR MEIO DA ESTRANGEIRA
Resumo
O atual processo de ensino e aprendizagem de uma Língua Estrangeira (LE) ou adicional é composto por várias dinâmicas que
outorgam ludicidade às aulas, possibilitando, aos docentes, a utilização de diferentes manifestações artísticas como recurso
didático. Nesse viés, a música é um dos principais materiais que os professores de idiomas estão adotando para ensinar a
estrutura e o uso dos conteúdos linguísticos e para promover debates sobre diversas temáticas, a fim de fomentar a criticidade
do discente e delinear a formação identitária do mesmo. Deste modo, considerando que a música é um bem cultural que faz
parte do cotidiano da maioria e que reflete contextos histórico, econômico, político e social, neste trabalho, objetivamos utilizar
do componente musical para fazer com que o aluno reflita sobre sua identidade por meio da cultura do Outro. Como sugestão
de atividades que versem sobre a questão identitária, selecionamos a canção Jaula de oro, pertencente ao grupo mexicano Los
Tigres del Norte, no intuito de impulsionar profícuas discussões na língua meta e, assim, desenvolver as habilidades orais e
argumentativas em consonância com a formação crítico-reflexiva do estudante. Para corroborar este estudo, apresentamos uma
revisão literária sobre alguns autores que nortearam nossa pesquisa, a saber: Fernandes (2008) e Saraiva e Pereira (2010) que
deslindam sobre a relevância do uso da música no ensino de línguas como elemento motivacional e, baseamo-nos, também em
Moita Lopes (1998, 2003) e Revuz (1998) que advogam em prol da importância das aulas de LE na (re)construção da
identidade do aprendiz.
DOIS IRMÃOS, UM MOSAICO CULTURAL: A RELAÇÃO ENTRE O ESPAÇO E A CARACTERIZAÇÃO DA IDENTIDADE NA
OBRA DE MILTON HATOUM
Resumo
Este trabalho tem como objetivo o estudo do romance contemporâneo Dois Irmãos, de Milton Hatoum, centrando-se na
caracterização dos espaços narrativos à medida que esses refletirão na caracterização das identidades dos personagens.
Estudaremos a diferença entre os irmãos gêmeos Omar e Yakub, evidenciando a identidade individual de cada um, sobretudo
os conflitos e o modo que as tensões irão refletir no espaço da narrativa da casa e paralelamente à cidade de Manaus. Por fim,
analisaremos o importante papel do narrador, Nael, evidenciado a complexidade da sua composição, tanto quanto a sua ligação
com os personagens e os espaços narrativos, mostrando como esses elementos externos formam um mosaico cultural e de que
forma a narrativa traz essas marcas sociais, políticas, econômicas e culturais que marcaram a cidade de Manaus do início do
século XX, sem deixar de abordar as relações familiares conflituosas, marcadas por profundas rupturas e que ganham forma à
medida que paradoxalmente e paralelamente a cidade vai se desenvolvendo juntamente com os personagens, dando um
sentido mais amplo para a obra analisada.
O INSÓLITO A FAVOR DO RISO NA TRILOGIA OS NOSSOS ANTEPASSADOS
Resumo
Fugindo do Neorrealismo italiano pós-guerra em vigência, Italo Calvino introduz elementos insólitos em sua narrativa, que se
caracteriza pela experimentação literária e pela leitura crítica, mas bem humorada, da sociedade. Na trilogia Os Nossos
Antepassados, cenários exóticos se constroem pelo distanciamento histórico e pelo maravilhoso, servindo de palco a
protagonistas modernos. Dessa mescla, surge um menino incompreendido e cobrado pela família, que só vai encontrar conforto
no rompimento com a comunidade, tornando-se O Barão nas Árvores (1957). Também as condições físicas dos personagens
são mágicas, como as metades de corpo e de temperamento dO Visconde Partido ao Meio (1952) e a imaculada e vazia
armadura dO Cavaleiro Inexistente (1959). Todavia, mais do que para encantar, o inusitado dos romances leva o leitor à
diversão, o que, para o autor, é a função social da literatura. Pretendemos, neste estudo, observar como o insólito favoreceu a
leveza da narrativa, proporcionando o riso gerador de reflexão e renovação.
AÇÕES DE FORMAÇÃO CONTINUADA E SEUS REFLEXOS NA SALA DE AULA: O TRABALHO COM OS GÊNEROS
DISCURSIVOS
Resumo
O tema dessa pesquisa se volta para as ações de formação continuada e seus reflexos no trabalho com os gêneros discursivos
por professores dos anos iniciais que participaram 100% de um processo de formação continuada direcionado ao ensino da LP
por meio de gêneros. Para isso, problematizamos a pesquisa a partir do seguinte questionamento: Como está a prática de
trabalho com os gêneros discursivos, em sala de aula, desenvolvida por professores do 5º ano do ensino fundamental, de um
determinado município, que já passaram 100% de um processo de formação continuada específica? Diante dessas
observações, o objetivo geral da pesquisa foi esquematizado no sentido de estabelecer relações entre o encaminhamento
didático-pedagógico de professores do 5º ano no trabalho com gêneros discursivos na sala de aula e as reflexões
teórico-práticas sobre esse tema, propiciadas em momentos de formação continuada. Para isso, estamos embasados
teoricamente em autores como Bakhtin (2003), Bakhtin/Volochinov (2004), Costa-Hübes (2008), Kleiman (2001, 2006) dentre
outros. Esse estudo se inscreve no âmbito da Linguística Aplicada sustentado pela pesquisa qualitativa de base etnográfica.
Todavia, nesse momento de análise, o foco das discussões está, especificamente, no resultado da observação de 16 horas/aula
de dois professores. Esta pesquisa se inscreve no Programa Observatório da Educação –CAPES/INEP – uma vez que atuamos
como pesquisadora voluntária dentro do Projeto Institucional intitulado Formação Continuada para professores da educação
básica nos anos iniciais: ações voltadas para a alfabetização em municípios com baixo IDEB da região Oeste do Paraná.
A REINVENÇÃO DO MONSTRUOSO NA LITERATURA FANTÁSTICA DE ÁLVARES DE AZEVEDO E EDGAR ALLAN POE
Resumo
Cíntia Rodrigues de Souza (UENP-Brasil) CPF: 08673537916 Natália Nunes Borda (UENP-Brasil) CPF: 42350817806 A
literatura do insólito, especificamente, do fantástico do terror ou gótico firmou-se no século XIX, no período do Romantismo, por
suas características do sobrenatural assombroso ao sugerirmistério e horror no contexto europeu. Neste sentido, uma das
primeiras obras, publicada na Inglaterra, foi a de Frankstein(1816-1817) de Mary Shelley, cujo impacto atingiu a leitores ávidos
pelo suspense. No Brasil, Noite na Taverna (1855), escrito por Álvares de Azevedo pode ser considerada a obra precursora do
fantástico gótico nacional, com alusão ao monstruoso. No transcorrer da história da literatura, percebe-se que essa modalidade
de insólito nunca deixou de existir, contudo, foi se transmutando de acordo com distintos contextos e épocas. É o que se
percebe na produção do norte-americano, Edgar Allan Poe, considerado um dos melhores escritores da narrativa policial. Poe,
além de ser exímio autor de histórias criminais, é perspicaz em criar narrativas fantásticas que aludem a ações monstruosas.
Neste trabalho, pretendemos analisar o conto Os crimes da Rua Morgue (1841), de Poe, cotejando-oàNoite na Taverna, de
Azevedo, à luz das teorias do fantástico, Todorov, Lovecraft, Roas, Rodrigues, dentre outros, na intenção de propor reflexões
sobre a força do imaginário coletivo na configuração do monstro e seus efeitos no leitor.
O USO DE ELEMENTOS VISUAIS EM TRADUÇÕES DE CANÇÕES PARA LÍNGUA BRASILEIRA DE SINAIS
Resumo
O presente trabalho apresenta um recorte da pesquisa de mestrado da autora que analisa traduções de canções para língua
brasileira de sinais (libras). Esse recorte tem como foco uma análise de diferentes elementos visuais empregados como
recursos de tradução (em especial, imagens) por tradutores como meios semióticos de tradução do texto de partida. O objetivo
do trabalho se pautou na identificação desses elementos, na quantificação dos mesmos e num comparativo reflexivo acerca do
uso desses recursos visuais empregados por tradutores sinalizantes ouvintes e por tradutores sinalizantes surdos. O trabalho
fundamentou-se em considerações de autores que refletem sobre o trabalho de tradução intersemiótica, tradução de canções
para línguas sinalizadas especificamente e, também, em considerações de autores que abordam sobre a visualidade inerente
do público alvo surdo, tanto em relação à sua experiência de percepção de mundo, como em relação à sua língua naturalmente
visual. O corpus de análise constituiu-se por vídeos - entendendo-se esse meio como uma forma de registro das línguas
sinalizadas - agrupados em três diferentes grupos de canções. A metodologia baseou-se em um mapeamento constituído por
cinco categorias identificadas de recursos e, a partir dela, foi possível identificar, quantificar e comparar os recursos tradutórios
visuais empregados. Os principais resultados apontaram um uso mais expressivo desses elementos visuais por parte de
tradutores sinalizantes surdos, entendendo que esses compartilham de mesma experiência visual, cultura e língua que o público
alvo das traduções.
ESTILHAÇOS COTIDIANOS: A VIOLÊNCIA EM 100 HISTÓRIAS COLHIDAS NA RUA (1996), DE FERNANDO BONASSI
Resumo
O local de partida para este trabalho é a obra de microcontos 100 histórias colhidas na rua, do escritor Fernando Bonassi,
publicada em 1996. O paulistano é dono de um cabedal de textos que vão de roteiros e adaptações de filmes a peças de teatro,
de romances de grande teor estético à literatura infantil – esta não dispensando o trato com a palavra. Cataloga, no objeto de
estudo deste artigo, de maneira pungente, 100 histórias de cenários da vida cotidiana, do mal estar citadino e de relações
pessoais. O retratado dos secos versos bonassianos é um Brasil de cimento de 18 anos atrás, mas que ainda parece atual.
Propõe-se aqui, pela análise de algumas dessas histórias, densas, ainda que curtas, visualizar a configuração da violência no
espaço da cidade. Para tanto, são utilizados textos de teóricos e críticos de literatura contemporânea como Karl Erik
Schollhammer, Beatriz Resende, Flávio Carneiro, Tânia Pellegrini, e estudiosos dos problemas e das reconfigurações da
contemporaneidade, como Zygmunt Bauman, Yves Michaud e Giorgio Agambem.
A RELAÇÃO ORAL/ESCRITO EM PRODUÇÕES TEXTUAIS INFANTIS
Resumo
Neste trabalho, partimos da constatação, feita em diferentes pesquisas (por exemplo, ABAURRE, 1992, CAGLIARI, 1993 e
CHACON, 2005), de que é um equívoco afirmar que, nos momentos iniciais do processo de aquisição da escrita, as crianças
“escrevem como falam”. Com base nessa constatação, propomos investigar a relação oral/escrito no processo de aquisição da
escrita infantil. De forma mais específica, pretende-se investigar como essa relação mostra-se no uso que crianças em processo
de aquisição da escrita fazem de verbos conjugados no imperativo. Para tanto, serão examinadas propostas de produções
textuais nas quais se solicitava de crianças a produção de gêneros discursivos da documentação e memorização das ações
humanas e/ou do domínio das instruções e prescrições (cf. DOLZ, NOVERRAZ, SCHNEUWLY, 2004) uma vez que se supõe
que, nesses gêneros, as possibilidades de usos de verbos no imperativo pelas crianças sejam maiores. Elegemos como
material de análise seis diferentes propostas de produções textuais, que resultaram em 194 produções textuais, nas quais
observamos aquelas que apresentavam usos convencionais e não convencionais do modo imperativo. Como resultados
parciais, observamos uma quantidade significativa de usos afirmativos do imperativo quando comparados aos usos negativos e,
ainda, que as ocorrências de verbos irregulares conduzem, na maioria das vezes, a usos não convencionais do imperativo.
MÚSICA, DISCURSO DE IDENTIDADE NACIONAL E DITADURA MILITAR NO BRASIL: UMA ANÁLISE ENTRE FOUCAULT E
BURKE
Resumo
Tem-se como objetivo neste trabalho buscar compreender momentos do período de ditadura militar no Brasil através da análise
do discurso de determinadas canções da época. Para isso nos embasamos em conceitos de Michel Foucault, tais como: discurso,
dispositivo e verdade, fazendo também um diálogo com Peter Burke e os conceitos de representação, evidência e vestígio. Tal
diálogo nos permite observar um discurso que tentava forjar uma identidade nacional em meio à ditadura militar, produzindo
verdades duvidosas em um processo histórico de extrema impunidade. Neste sentido, a música se apresenta como um
dispositivo na sociedade. Ateremos-nos por hora na canção “pra frente Brasil” de Miguel Gustavo, analisando os enunciados da
letra da música, mas também o que para Foucault e Certeau é extremamente importante ao pensarmos o discurso: o lugar no
tempo e o sujeito que fala. Por fim, pretende-se refletir e levantar questões pertinentes quanto ao processo que rememoramos
hoje neste ano de cinquentenário da ditadura militar no Brasil não nos esquecendo de que a cultura é uma importante
representação da sociedade e mais ainda, do sujeito.
LEITURA LITERÁRIA COMO RECURSO PARA ENSINO E APRENDIZAGEM DE LÍNGUA INGLESA ATRAVÉS DE
INTERTEXTOS: A EXPERIÊNCIA DO ESTÁGIO
Resumo
Este trabalho se propõe a apresentar os resultados de um estágio de observação que procurou encontrar respostas para
questionamentos como – Os professores de língua inglesa utilizam a literatura em suas aulas? Se sim, de que forma? Se não,
por quais motivos? Como isto influencia no ensino-aprendizado? Os alunos sentem-se mais motivados quando trabalham a
língua dentro do contexto literário? Como a literatura contribui para o processo de aquisição de segunda língua? – bem como
apresentar de que forma esta área de conhecimento tem sido trabalhada no estágio de regência pela mesma estagiária
observadora, visto que a intervenção está sendo realizada em uma das turmas observadas. Considerando as dificuldades e os
desafios que o professor de língua inglesa enfrenta, tais como salas superlotadas, falta de material de apoio, pouco tempo de
aula semanal, etc. é coerente prever que dificilmente será possível trabalhar com os alunos textos literários longos e complexos,
por isso as aulas do estágio de regência estão sendo realizadas com apoio de textos simples e curtos (poesia e excertos de
obras literárias), se valendo de adaptações e recursos visuais e seus vários intertextos (músicas, imagens, vídeos, etc.) que, na
maioria das vezes, é de conhecimento dos aprendizes e que melhor auxiliam na sua compreensão.
FORMAÇÃO INICIAL EM LETRAS: PRODUÇÃO ESCRITA A PARTIR DE GÊNEROS JORNALÍSTICOS
Resumo
Nossa proposta de comunicação tem por objetivo o relato de experiência com a produção escrita de acadêmicos de Letras. À
luz da perspectiva interacionista de linguagem, que encontra respaldo nas teorias dialógica e dos gêneros discursivos do círculo
de Bakhtin, e das bases teóricas da Linguística Aplicada sobre práticas discursivas, executamos projeto ligado ao Programa
Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência – PIBID, que propiciou a incursão de acadêmicos de Letras em escolas da rede
pública estadual, em trabalho com gêneros jornalísticos, a fim de promover o desenvolvimento das capacidades de linguagem
dos alunos da educação básica. Em uma das etapas do projeto, os acadêmicos puderam refletir sobre o processo de produção
textual escrita, bem como sobre a futura atuação de professores mediadores de práticas que envolvem esse processo. Para
tanto, como ferramenta didático-pedagógica, foi criado um jornal, que teve ao longo de um ano cinco edições e serviu para
mediar o processo de (re)conhecimento de instrumentos semióticos necessários para o aprimoramento da capacidade de
escrita dos iniciantes à docência. Como resultado, podemos defender a tese de que a produção escrita em situações
sociodiscursivas reais e significativas permite ao futuro professor conhecer as especificidades dos gêneros, que serão os
instrumentos de mediação nas aulas de línguas.
PRÁTICAS DE LEITURA E ANÁLISE LINGUÍSTICA: UMA PROPOSTA DE DIDATIZAÇÃO COM O GÊNERO ENSAIO
Resumo
O presente trabalho tem por objetivo apresentar uma proposta de análise do gênero discursivo ensaio, viabilizando práticas de
leitura e análise linguística, em contexto de formação docente inicial. Para tanto, como suporte teórico, recorre aos
pressupostos do Círculo de Bakhtin, em especial no que tange aos conceitos de interação, gêneros discursivos e de suas
dimensões; e ao encaminhamento metodológico proposto por Gasparin (2003), que organiza uma didática para a
pedagogia-histórico crítica, propondo a organização do ensino a partir de um plano de trabalho docente. No que concerne à
escolha do gênero em foco, deve-se ao fato de ser uma modalidade discursiva pouco conhecida, com poucas referências
teóricas e, quiçá, por isso, relativamente ausente da sala de aula. Sob tal enfoque, descrevemos o gênero ensaio da esfera
artístico-cultural, compreendendo seu tema, sua composição e seu estilo, juntamente às condições de produção, e escolhemos
como texto para análise o ensaio Sem eu, sem tu, nem ele, do escritor paranaense Paulo Leminski. Este estudo integra o
projeto de pesquisa Análise Linguística e Plano de Trabalho Docente: gêneros das esferas literária, midiática e acadêmica.
APROXIMAÇÕES DO INSÓLITO EM OBRAS LITERÁRIAS E PICTÓRICAS
Resumo
Na leitura de variadas obras do insólito o leitor pode fruir e sentir emoções diversificadas e intensas, devido à tessitura
articulada em produções distintas quer vigorem no realismo mágico, realismo maravilhoso, maravilhoso ou no fantástico. Em
termos de definições teóricas, Tzvetan Todorov defendeu a primazia da hesitação na concepção da literatura fantástica.
Carpentier afirmou que o fantástico literário embasava-se no insólito real das vivências culturais latino-americanas, nomeando-o
de realismo maravilhoso, como sinônimo de realismo mágico. Seymour Menton distinguiu o primeiro termo em relação ao
segundo. Caillois, por sua vez, enfatizou que, no universo maravilhoso, o encantamento era a regra suprema. Essas
especificidades da organização estética do insólito podem ser percebidas em produções literárias e em pinturas, a despeito de
serem engendradas com linguagens peculiares e específicas. A partir desses pressupostos, realizaremos, neste trabalho,
análises temáticas e formais, com ênfase em narrativas de Murilo Rubião e José J. Veiga e telas de Salvador Dalí, Marc Chagall
e Gustave Moreau, a fim de estabelecer paralelos entre elas quanto à pluralidade artística do insólito. Pretende-se, finalmente,
mostrar que as sistematizações da arte do fantástico e das modalidades afins revelam aproximações nas singularidades,
incorrendo em ricos efeitos na recepção.
OLIVER TWIST DE CHARLES DICKENS NAS COLEÇÕES CLASSICS ILLUSTRATED E EDIÇÃO MARAVILHOSA
Resumo
Esta apresentação relaciona as áreas de Estudos da Imagem e Estudos da Tradução, numa análise comparativa do clássico
Oliver Twist, de Charles Dickens, em duas versões para os quadrinhos. Trata-se, primeiramente, da adaptação do romance
para esse gênero, publicada em inglês, em 1945, na coleção Classics Illustrated (número 23) da editora Gilberton; e de sua
tradução, publicada no Brasil pela Editora EBAL, na coleção Edição Maravilhosa (número 63), em 1953. O estudo da tradução
de quadrinhos favorece a aproximação entre as mencionadas áreas, especialmente por envolver os diversos domínios em que
a imagem está em associação com o texto, na obra em quadrinhos, tais como o nível dos balões, das legendas, dos títulos e
dos paratextos linguísticos inseridos na imagem. No caso de Oliver Twist, aspectos da adaptação do original para os quadrinhos
em inglês (como quais partes foram privilegiadas da narrativa verbal e o papel das imagens na transmissão de conteúdo verbal,
por exemplo) e de sua tradução para o português (como a mudança do formato de colorido para preto e branco, a elevação do
registro coloquial original, o acréscimo de legendas de narrativa e a reestruturação dos quadros e balões, na página, entre
outros) podem ser observados em todos esses níveis. E, a respeito da publicação brasileira, ainda, podem ser discutidas
questões de público, de distribuição e recepção da obra, pertinentes à historiografia da tradução. São essas as principais
propostas para o trabalho.
A DESCOBERTA DA CRÔNICA POR CLARICE LISPECTOR
Resumo
O presente estudo pretende rever alguns aspectos da teoria da crônica e tentar pensá-los em diálogo aos textos de Clarice
Lispector, que escreveu para o Jornal do Brasil de agosto de 1967 a dezembro de 1973, escritos que foram reunidos
postumamente no volume A descoberta do mundo. Clarice mostrou-se, nessa empreitada, muito fiel ao seu projeto estético,
amplamente reconhecido em seus contos e romances, mesmo com a pouca intimidade com o novo fazer literário, declarada por
ela, e com a consciência da necessidade de comunicar com a clareza dos escritos dirigidos ao suporte do jornal. Escritora
enigmática nos caminhos da prosa ficcional que a consagrou, a Clarice cronista aos poucos se desvenda, mostrando o seu
mundo pessoal e subjetivo. Sua crônica pretende ser uma conversa descompromissada com o leitor e a escritora procura
libertar-se de artifícios que a possam afastar do público. A fluidez do texto dirigido ao periódico, que mostrou uma Clarice menos
complexa que a romancista comparece em parte em sua crônica, que parece ser experiência única, na medida em que revela
uma autoria em que transitam a densidade da ficcionista e a capacidade comunicativa da jornalista. As investigações aqui
presentes enfatizarão o fazer cronístico da autora que inovam o caráter desse gênero, empreitada a que Clarice acabou por se
lançar de tal forma que não encontrou ainda pares.
DORES E DELÍCIAS DE PROFESSORES DE LÍNGUAS NA PRÁTICA DA HORA-ATIVIDADE CONCENTRADA: UMA
ANÁLISE CRÍTICA DO DISCURSO
Resumo
A hora-atividade concentrada de professores de Língua Inglesa que consiste no espaço-tempo dentro da escola pública
utilizado para atividades pedagógicas sem interação com alunos. A partir de julho de 2013 os professores de escolas públicas
passaram a ter 30% de sua carga-horária destinada para a hora-atividade. A hora-atividade hoje faz parte do processo de
ensino-aprendizagem, pois nestes momentos os professores se reúnem para rever suas práticas pedagógicas e direcionar o
seu trabalho em sala de aula. Portanto, um momento de extrema importância para a qualidade na educação.No entanto, não
temos estudos sobre este tema nem tampouco direcionamentos sobre a hora-atividade na escola pública. Nesse sentido, a
pesquisa visa conhecer as crenças dos professores sobre a hora-atividade concentrada, pois com levantamento de tais crenças
será possível traçar rumos e significações para este espaço-tempo. Os dados foram coletados através de entrevistas, pois
acreditamos que o discurso sobre e na prática da hora-atividade nos poderá fornecer pistas das ideologias, das relações de
poder, de seus valores, pois entender a linguagem dos professores durante esta prática social situada, constituída socialmente.
È preciso conhecer as crenças dos professores, suas dores e delícias, para que então possa compreender suas práticas e, se
necessário, buscar alternativas de colaboração e emancipação. Os dados estão sendo analisados segundo os pressupostos da
Análise Crítica do Discurso (FAIRCLOUGH, 2001).
LÍNGUAS EM CONTATO
Resumo
A pesquisa Línguas em Contato no Contexto Sociolinguístico de Nova Santa Rosa é de caráter etnográfico interacionista com
base nos princípios da sociolinguística com o intuito de fazer um estudo da situação de Línguas em Contato, Alemão/Português
no município de Nova Santa Rosa – PR. O corpus é composto de narrativas de cinco adolescentes selecionados de um
questionário prévio para identificar falantes da Língua Alemã (LA). Segundo Heye (1986), a situação de línguas em contato
originou o Brasildeutsch, uma variedade “B” , que tem como superposta a variedade “A” o alemão padrão da Alemanha. Para o
autor o Brasildeutsch é uma variedade composta de elementos do português e de vários dialetos alemães (pomerano e outras
formas de platt) que se formou através de vários processos de mistura e nivelamento desses dialetos. No falar da variedade
Brasildeusch os informantes são protagonistas da história, revelam suas relações com o meio e organização comunitária. A
linguagem local, LA e LP, de forma simbólica são o resultado de ações na organização histórica de ocupação do espaço
geográfico no passado, 1950, por gaúchos e catarinenses descendentes de imigrantes alemães do século XIX. A ação da
colonizadora Maripá no Oeste do Paraná em vender pequenos lotes para ocupação rápida dos vazios geográficos estimulou a
agricultura familiar; organização de núcleos religiosos; de conhecidos e formação de grupos com alto grau de parentesco e
antiguidade. Esta estratégia de organização econômica e social propiciou ao falante redes de comunicação com o uso da LA e
da LP na mesorregião de Toledo – PR.
OS TEXTOS LITERÁRIOS E AS ADAPTAÇÕES PARA O CINEMA COMO EXPRESSÃO CULTURAL E RECURSO
FACILITADOR NA APRENDIZAGEM DE LÍNGUA ESTRANGEIRA MODERNA
Resumo
O presente trabalho tem por objetivo estabelecer uma inter-relação entre a literatura e o cinema nas aulas de Língua
Estrangeira Moderna, a fim de que as adaptações cinematográficas de obras literárias sirvam de novos estímulos aos
estudantes em adquirir o gosto pela leitura, observando na transposição de um gênero a outro, dentre os diversos aspectos, o
contexto sócio-histórico e cultural de ambos, as diferenças e particularidades na produção e circulação de cada um e as
variações da língua materializada nos discursos fílmicos, que possibilitam a prática da oralidade. Desse modo, os gêneros
discursivos que surgiram no último século, no contexto das mais diversas mídias, contribuem para o surgimento de novos
gêneros, que muitas vezes fazem parte do cotidiano dos estudantes. E é esta confluência de gêneros que Marcuschi denomina
de hibridização, que pretendemos incluir nesse estudo. Fundamentam também a discussão proposta, os estudos de Mikhail
Bakhtin sobre a formação dos gêneros discursivos As relações estabelecidas no universo da linguagem das obras literárias e
nas produções cinematográficas colaboram para que os estudantes dialoguem criticamente com outras culturas e contribuem
com a sua formação subjetiva como leitor autônomo e crítico. Pretende-se que esse trabalho contribua como proposta didática
aos professores de Língua Estrangeira no sentido de ampliar as estratégias da leitura e da oralidade.
SCRITAS DE AUTORIA FEMININA: ENTRE REDES E SOMBRAS
Resumo
A produção de autoria de mulheres esteve à margem, por várias razões, dentre elas o puro preconceito de uma sociedade
atrelada a valores patriarcais que reservava à mulher o papel de esposa e mãe. Assim, sua produção sempre foi avaliada como
deficitária em relação à norma de realização estética vista sob o ponto de vista masculino. Para Peggy Sharpe (1997), é comum
nas Literaturas Coloniais omitir ou subrepresentar relatos advindos da voz feminina, só em iniciativas mais atuais é que ocorrem
discussões em torno da identidade nacional advinda de várias vozes, inclusive a feminina. Atualmente, há o registro do início de
uma conscientização do sexo masculino à presença de um novo estilo de mulher na sociedade. Deve-se levar em conta, no
entanto, que muitas escritoras ainda se encontram à margem do mercado editorial,levando-as a procurar caminhos alternativos
para a prática de suas escritas.Assim, torna-se crescente o diálogo entre literatura com outras esferas da mídia, basta acessar a
internet que nos deparamos com inúmeras páginas onde muitas mulheres publicam seus escritos sobre si. Escrita que, assim
como a escrita de outros tempos, também expressa modos de ser e estar no mundo, de vivenciar e significar o corpo. Autoras
paranaenses, muitas vezes, utilizam o ciberespaço para publicar seus textos, escrevem para expressar suas ideias, contar a
sua história. Ocorre, dessa forma, um deslocamento e reconfiguração dos modos de escrita. A pesquisa analisa as obras das
escritoras paranaenses Carla Luma, Bárbara Lia e Deisi Perin, que utilizam blogues pessoais para publicarem seus escritos,
configurando, portanto, uma escrita não canônica.
AS MANIFESTAÇÕES POPULARES DE JUNHO DE 2013: O OLHAR DA ANÁLISE DO DISCURSO E ASPECTOS
SEMIOLÓGICOS E SEMÂNTICOS.
Resumo
Resumo
Na atividade real dos profissionais da educação encontra-se a multiplicidade e a complexidade de contextos da ação, o que
pode ser uma das causas da distância entre o trabalho “ideal” prescrito nos documentos oficiais e o trabalho “real” que é sempre,
em certa medida, singular. Assim, o objetivo geral desse trabalho é a busca pela compreensão da natureza das ações
desenvolvidas e do papel da linguagem na atividade educacional no contexto escolar em que estão presentes os instrumentos
disponibilizados pelo Portal Dia a Dia Educação, da Secretaria Estadual de Educação do Paraná (SEED-PR). O referencial
teórico utilizado está embasado no Interacionismo Sociodiscursivo (ISD- BRONCKART, 2006, 2008), em que o principal
instrumento semiótico a gerar desenvolvimento no ser humano é a linguagem, por isso é por meio dela (dos textos-discursos)
que se interpretam as condutas ativas ou o agir dos agentes produtores das práticas linguageiras situadas. Em decorrência, o
ISD estabelece definições para alguns termos, os quais foram utilizados na pesquisa; entre eles os termos ator e agente, e
noosfera (Chevallard (apud NASCIMENTO, 2010/2011) – trata-se da designação aos atores que pensam e agem sobre os
conteúdos a ensinar, numa interação entre os seguintes elementos: o sistema didático, o sistema de ensino e o ambiente “social”
da escola. Nesse sentido, procura-se compreender as representações de um professor de escola pública paranaense sobre seu
agir profissional.
PROJETO ESCOLA INTERCULTURAL DE FRONTEIRA: SONHO OU REALIDADE NA TRÍPLICE FRONTEIRA.
Resumo
O PEIF criado em 2005 por uma ação bilateral Brasil-Argentina, propõe a progressiva transformação das escolas de fronteira
em instituições interculturais que ofereçam aos seus alunos uma formação com base num novo conceito de fronteira, ligado à
integração regional e ao conhecimento e respeito pela cultura do outro. Este trabalho visa mostrar o processo trilhado pelo
Projeto Escola Intercultural de Fronteira (PEIF) e suas práticas pedagógicas, apontando a necessidade de novas políticas
linguísticas em virtude do plurilinguismo e pluriculturalismo existentes na região de fronteira, tendo em vista sua influência na
construção identitária dos seus habitantes. O PEIF é um meio com muitas possibilidades para que a educação intercultural se
concretize. Isto posto, busquei responder neste trabalho quais as características socioculturais e linguísticas da região de
fronteira Brasil-Paraguai-Argentina, como se processam as práticas pedagógicas das escolas de fronteira e quais conceitos de
linguagem, interculturalidade e identidade estão subjacentes às práticas pedagógicas do PEIF. Desenvolve-se tomando como
base o conceito de linguagem, cultura e identidade como múltiplas, dinâmicas, híbridas e em constante transformação
(SANTOS e CAVALCANTI, HALL, 2005; DAMKE, 1992, 2009; RAJAGOPALAN, 1998) e de políticas linguísticas adequadas ao
contexto sócio educacional. (CALVET, 2007; OLIVEIRA, 2009, 2003; HAMEL, 1999; SAVEDRA, 2003).
HOMOAFETIVIDADE – A CONDIÇÃO FATAL DE UM ETERNO EXILADO: O NATURAL E O CONTEMPORÂNEO
Resumo
Não se pode pensar em Literatura Brasileira sem considerar os escritos fantásticos do Naturalismo, bem como as contribuições
efetivas da Literatura Contemporânea. Buscando agregar estas duas modalidades, este artigo se atrelará, principalmente, a
analisar o conceito de exílio existente na obra “Bom Crioulo”, de Adolfo Caminha, publicada originalmente em 1895 e no conto
“Aqueles Dois”, de Caio Fernando Abreu, cuja primeira edição data de 1982, quase um século depois. Exatamente por se
aprofundar em questões inerentes ao ser humano, o conceito de exílio se encaixa com primazia no que diz respeito aos
aspectos da sexualidade humana. A heterossexualidade é considerada como a forma hegemônica da manifestação sexual do
indivíduo e, exatamente por deter este status superior, as ramificações dela são consideradas, no mínimo, perigosas. “A
literatura sobre o exílio objetiva uma angústia e uma condição que a maioria das pessoas raramente experimenta em primeira
mão” (SAID, 2003, p. 47). E é exatamente por essa questão rara que a maioria não tem acesso, que a homoafetividade,
condição que emerge quase que latentemente nas obras de Caminha e Abreu, pode ser considerada como uma forma de exílio.
A RETÓRICA NA ORALIDADE FORMAL: INTERFACE ENTRE COMUNICAÇÃO E LINGUÍSTICA
Resumo
O tratamento conferido à oralidade dentro dos estudos da linguagem tem se consolidado nos últimos anos, no entanto,
apresenta inúmeras discrepâncias quanto ao tratamento prático, haja vista que a compreensão da modalidade pelos estudantes
de língua e de comunicação tem sido confundida: ora tratada na perspectiva da oralização de textos, ora como técnica de
oratória. Assim, nosso objetivo consiste em, apoiados nos conceitos da Retórica, propor uma interface entre as teorias da
Linguística e da Comunicação a fim de definir gêneros da oralidade formal para além das instruções e dicas de “Como falar em
público?” ou “Como tornar sua apresentação irresistível?” sugerida em manuais de oratória. De modo específico, buscaremos
subsídios teóricos para abarcar a descrição da retoricidade presente na oralidade no que se refere à execução de gêneros
essencialmente argumentativos, a exemplo da conferência e a da palestra, e à etapa de planejamento, tão importantes para a
constituição do texto formal. Por se tratar de uma pesquisa em andamento, utilizamos o procedimento técnico bibliográfico de
natureza Aplicada, ancorados na proposta de relacionar os estudos da Retórica, de Aristóteles (2005; 2011), às técnicas de
comunicação, de Blinkstein (2003) e à etnografia e funcionamento de gênero, de Gumperz (1991; 1998) e de Goffman (1998),
entre outros. O resultado esperado é o de que o estudo da oralidade de comunicadores renomados possibilite a identificação de
estratégias linguísticas e retóricas melhores aceitas pelo público-alvo, chamado de “audiência” no evento de produção oral
formal.
POSSIBILIDADES NO ENSINO DE PORTUGUÊS ESCRITO COMO SEGUNDA LÍNGUA PARA ALUNOS SURDOS: EM
DISCUSSÃO A METODOLOGIA DE LETRAMENTO BILÍNGUE DE FERNANDES.
Resumo
As discussões a respeito das particularidades da aquisição da língua escrita por aprendizes surdos, usuários de língua de
sinais, tem sido objeto de diversas pesquisas, na área da educação e da linguística. Os processos implicados nesta aquisição
suscitam discussões, principalmente no âmbito do ensino, tendo em vista a necessidade de metodologias que amparem
professores que atuam junto a essa população. Nesse estudo, objetivamos a condução, por meio de intervenção pedagógica,
de uma proposta de letramento bilíngue para surdos. A pesquisa foi composta por dois momentos, o primeiro de caráter
bibliográfico e o segundo de natureza empírica. A pesquisa bibliográfica foi fundamentada em teóricos que interpretaram as
relações entre pensamento e linguagem, como LURIA e VIGOTSKI, bem como em autores da área da surdez, como
FERNANDES, QUADROS, SILVA, LODI entre outros. A pesquisa empírica foi desenvolvida por meio da realização e análise de
uma proposta de intervenção em leitura e escrita, junto a três alunos surdos, do 2º ano do ensino fundamental, em uma escola
bilíngue, localizada no noroeste do Paraná. Os resultados do estudo sugerem que a adoção de uma proposta de letramento
bilíngue para surdos favorece a apropriação do português escrito como segunda língua, e ainda o refinamento do desempenho
em primeira língua desses sujeitos.
ANÁLISE CONTRASTIVA DE MATERIAIS DIDÁTICOS E ENSINO DA DISSERTAÇÃO ESCOLAR
Resumo
O objetivo deste artigo é confrontar Livros Didáticos de Língua Portuguesa (LDP) e Apostilas Escolares (AE), com vistas ao
ensino da dissertação escolar quase duas décadas após a implantação da LDB (Lei 9.394/96), e quase uma década após os
materiais didáticos adequarem-se às Orientações Curriculares para o Ensino Médio (OCEM), divulgadas pelo MEC a partir de
2006.Nossa premissa básica seria que os LDP atenderiam mais aos preceitos sugeridos pela legislação educacional vigente, ao
passo que as AE deveriam estar mais voltadas para as tendências exigidas por exames como o ENEM. Assim, foram
escolhidas três coleções de LDP, nos quais a Produção Textual (PT) representava parte do conteúdo de Língua Portuguesa do
Ensino Médio, e três exemplos de AE ? estas voltadas para o ensino do texto em situação escolar. Desnecessário dizer que
todos os livros adotados tiveram chancela do Programa Nacional do Livro para o Ensino Médio (PNLEM). Serão aspectos
analisados em todas as obras:concepções teóricas adotadas, enfocando-se como as recentes teorias linguísticas de discurso,
gênero e texto aparecem nos materiais; metodologia usada no ensino da dissertação escolar, verificando-se a ordem e
relevância dos conteúdos abordados na obra, além de sua aplicabilidade; fundamentação teórico-metodológica para o professor
(Manual do Professor), analisando-se o tratamento discursivo dado à PT, os objetivos a cumprir, as propostas didáticas
sugeridas para o trabalho docente etc. e os critérios de avaliação verificando-se como os autores dos materiais didáticos tratam
da correção dos textos, explicando pontos importantes a serem observados tanto para professores como para alunos.
A PONTUAÇÃO NA AQUISIÇÃO DE TEXTOS ACADÊMICOS POR ALUNOS DE UM CURSO DE LICENCIATURA EM LETRAS
Resumo
Neste trabalho, analiso a pontuação em textos produzidos por alunos de uma disciplina voltada à escrita acadêmica, durante o
primeiro ano de um curso de Licenciatura em Letras. Parto da hipótese de que a forma como esses sinais aparecem nos textos é
reveladora do processo de aquisição da escrita desses universitários. Tomo tais produções como resultantes de um momento
particular desse processo, o qual, com base no interacionismo (DE LEMOS, 1997; 2001; 2002), entendo como um movimento
contínuo, não passível de finalização, que se dá na relação do sujeito simultaneamente com o outro, com a língua e consigo
mesmo, prevalecendo, a cada momento, um desses três elementos. Assumo ainda a escrita, por um lado, como um modo de
enunciação específico, com seu ritmo próprio, que é marcado pela pontuação (MESCHONNIC, 2006; CHACON, 1998); por outro,
como constitutivamente heterogênea (CORRÊA, 1998; 2004; 2006a; 2007), uma vez que marcas da fala estão nela presentes,
inclusive em forma de ruínas de gênero (CORRÊA, 2006b). Com a análise busco captar indícios da pontuação como marca
enunciativo-discursiva (CORRÊA, 2004) que desvelam a heterogeneidade da escrita (acadêmica) desses alunos, bem como do
movimento inerente ao seu processo de aquisição.
AS IMAGENS VISUAIS DE DONA BENTA NAS OBRAS INFANTIS DE MONTEIRO LOBATO
Resumo
No universo infantil lobatiano, Dona Benta aparece em quase todas as histórias criadas por Monteiro Lobato. No papel de
contadora de histórias, carrega na voz/palavra/memória a capacidade de seduzir o jovem ouvinte/leitor e de transformá-lo num
futuro leitor fluente e crítico; como mediadora de leitura entre o texto literário clássico, muitas vezes não destinado a crianças, e
o jovem leitor, no caso, os picapauzinhos, encanta por conquistar o público infantil com a leitura de clássicos; como gestora
competente do sítio onde vive ninguém supera sua organização ou discute suas ordens; como crítica da sociedade brasileira de
sua época, não esconde o que pensa das decisões políticas em vigência e, ainda, como avó tolerante das
aventuras/travessuras das crianças, acaba por participar, inclusive, de algumas viagens com a ajuda do pó mágico. Seriam
essas possíveis imagens que seu público-leitor fez/faz dela? E quais seriam as que as crianças do sítio faziam? Também nos
preguntamos sobre a materialidade da obra: Como as inúmeras imagens dessa personagem, ao longo dos anos e das edições,
potencializaram (e potencializam ainda) a leitura por parte dos jovens leitores? Como se deu a passagem das imagens dos
livros para os quadrinhos, o cinema e a televisão? Para a nossa apresentação no 3º Cielli, fizemos um pequeno recorte a partir
do que já estudamos, tendo em vista que o trabalho em questão faz parte de nossa tese de doutorado, e escolhemos as
imagens visuais de Dona Benta que aparecem na obra Furacão na Botocúndia, de Azevedo, Camargos e Sacchetta (Senac,
1997). A partir delas construiremos uma possível leitura sobre o imaginário visual dessas ilustrações presentes em tal obra.
A CONSTITUIÇÃO DE UM CORPUS PARA A ANÁLISE DA POLÊMICA EM TORNO DA DISLEXIA
Resumo
Com o objetivo de analisar a polêmica em torno da dislexia, a partir da proposta de análise do discurso polêmico de
Maingueneau (1984), consideramos, como parte do corpus, manchetes de notícias de jornais com os itens lexicais “dislexia” e
“disléxico” e sua reformulação, em geral presente no lide dessas notícias, com função explicativa, isto é, aquelas que participam
da “didaticidade das produções enunciativas” (Charaudeau e Maingueneau, 2014, p. 421). Nossa intenção foi analisar o
percurso dessas unidades de forma a relacioná-lo a uma fonte enunciativa, a fim de compreender como os principais jornais do
país têm divulgado o tema polêmico da dislexia, isto é, se e como têm dado voz aos dois posicionamentos discursivos, o “E”
(constituído predominantemente por enunciados de educadores e linguistas) e o “M” (constituído predominantemente por
enunciados de médicos, fonoaudiólogos e psicopedagogos). Para isso, pesquisamos no Google as entradas “dislexia”,
“disléxica” e “disléxico” somadas ao nome de cada um dos 20 jornais de maior circulação no Brasil, no período de janeiro de
2012 a abril de 2014. Em cada uma das notícias exibidas a partir dessa busca, analisamos as reformulações da palavra-chave.
Encontramos alguns textos que deixam claro que se trata de um tema polêmico, sem diálogo possível entre os dois
posicionamentos discursivos, mas a maioria das notícias parece desconhecer a polêmica e enuncia com base na semântica
global de um dos posicionamentos. Outras, embora em um número menor, sequer reformulam, explicam o item lexical usado na
manchete.
MOVIMENTO DE SUBJETIVAÇÃO DA CRIANÇA NA ESCRITA DE TEXTOS: ENTRE O TEXTO DO OUTRO E O TEXTO
PRÓPRIO
Resumo
As dificuldades enfrentadas por crianças na aquisição da escrita demarcam uma linha tênue entre o normal e o patológico.
Como a escrita está em constituição, falhas são esperadas e decorrem da própria entrada da criança na escrita, entrada essa
que não se dissocia da subjetividade e da intersubjetividade, nem da própria língua, estabelecendo trajetórias singulares. O
estudo focaliza o processo de inscrição da criança na escrita sob um enfoque teórico interacionista, como proposto por Cláudia
De Lemos, investigando os movimentos em direção à enunciação de textos de crianças que apresentam dificuldades no
processo de aquisição da escrita. O corpus foi constituído por textos escritos por crianças, entre oito e dez anos de idade, que
cursavam as duas últimas séries do primeiro segmento do Ensino Fundamental, encaminhadas para atendimento
fonoaudiológico. O aspecto eleito para análise foi a situação, recorrente nos dados coletados, em que ao serem solicitados a
escrever um texto, os sujeitos da pesquisa recorreram a cópia ou a repetição de um texto do outro. Discuto a cópia como um
movimento simultâneo de alienação no outro e de diferenciação do outro, necessário para que a criança ocupe um lugar na
enunciação escrita. Desse modo, busquei interpretar a cópia não como um movimento mecânico de reprodução de um texto já
dado, mas como a repetição de outros textos. Esse movimento é constitutivo do sujeito da aquisição da escrita e pode
possibilitar a sua entrada no funcionamento da escrita. Os sujeitos aparecem nos erros e rasuras das cópias, ou seja, por entre
a cópia, há indícios da relação da criança com a língua, com a escrita do outro e com a própria escrita.
PROCESSOS DE ADAPTAÇÃO NOS DIFERENTES ENREDOS DE NELSON RODRIGUES: O TEATRO E AS DEMAIS
LINGUAGENS
Resumo
Este trabalho tem por objetivo apresentar uma proposta de pesquisa do Programa de Pós-Graduação Stricto Sensu em Letras,
área de concentração em Linguagem e Sociedade, da Universidade Estadual do Oeste do Paraná – UNIOESTE, da linha de
pesquisa Linguagem Literária e Interfaces Sociais: Estudos Comparados. A partir do projeto, pretende-se investigar o valor
representativo da obra de Nelson Rodrigues para os estudos da Linguagem Literária, suas interfaces sociais e os processos de
adaptação em diferentes gêneros. Apesar de o autor possuir uma extensa obra, foi com a dramaturgia que Rodrigues se
transformou num dos maiores escritores do Brasil. As dezessete peças inovavam na abordagem de temas polêmicos e,
principalmente, na construção das complexas personagens. Grande parte dessa composição tem sido adaptada para o cinema
e televisão. Foram três décadas de produções que continuam ecoando em distintos campos da arte. A proposta de análise,
então, visa à interpretação desses enredos, com evidência para os fatores que atuam na organização da obra, bem como para
os elementos estéticos dos processos de adaptação dos textos. O objetivo é desvendar os efeitos expressivos que compõem
esses diferentes projetos ficcionais e analisar como essas composições dialogam com outras. A pesquisa será desenvolvida
com as contribuições teóricas de Carvalhal (2003), Kristeva (1974), Bakhtin (1929), dentre outros autores; além das obras de
referência: Uma teoria da adaptação (2013), de Linda Hutcheon, e O dramaturgo como pensador (1991), de Eric Bentley.
Ressalta-se que o viés de análise será aquele que considera toda a criação e recriação literária/artística como um novo projeto
estético.
PRATICAS DE ENSINO NA LÍNGUA PORTUGUESA: GÊNEROS DIGITAIS
Resumo
Este trabalho se perfaz sob a ótica do projeto de pesquisa aprovado no âmbito da proposta PIBIC-FA/2013, na qual se
fundamenta em estudos realizados no campo da Linguística Aplicada, principalmente no contexto sociocomunicativo bem como
em estudos voltados para as novas tecnologias computacionais e os gêneros digitais. Dessa forma, tal artigo objetiva
apresentar, primeiramente, breves considerações sobre os gêneros no domínio da mídia virtual, cujo propósito é pesquisar bem
como elencar os principais gêneros textuais da internet, analisando as diferenças inerentes as suas estruturas. Também,
verificar de que modo têm sido utilizados como objetos de ensino da língua materna por mostrarem-se adequados como
efetivas práticas comunicativas e sociais. Posteriormente, pretendemos elaborar uma Sequencia Didática (SD) com gêneros da
internet, visando ao desenvolvimento de atividades de leitura e escrita. Para tanto, destaca-se a importância da pesquisa frente
às exigências de um repensar metodológico do professor de língua portuguesa, bem como de um ensino que valorize os
gêneros presentes no contexto multimodal e proporcione novas formas de construção de sentido. Diante disso, partindo do
conceito de que a tecnologia digital modificou a forma de compreender um texto e que sua expansão proporcionou o surgimento
de novos gêneros textuais, bem como a adaptação e evolução de inúmeros outros, pretendemos, por esta razão, compor a
pesquisa, tendo como aporte teórico, estudiosos como: BAKHTIN (1997), BRONCKART (1996), MARCUSCHI (2004), DOLZ,
NOVERRAZ, SCHNEUWLY (2004), entre outros.
INSTITUCIONALIZAÇÃO DA LINGUÍSTICA NA REVISTA LETRAS DA UFPR: UM OLHAR ARQUEOGENEALÓGICO
Resumo
Considerando a discussão (7) - análise de corpora discursivos tendo em vista as noções de acontecimento, de arquivo e de
memória discursiva - este trabalho se pauta no método arqueogenealógico de Michel Foucault, mais especificamente nos temas
que recuperam a espessura história da constituição de verdades por meio do arquivo. Assim, a partir da leitura de determinado
arquivo, presente na Revista Letras da UFPR, procuramos rastrear práticas discursivas e regras de controle de sentidos que
determinam/normatizam a ordem dos enunciados e constituem, por sua vez, os saberes relacionados ao estudos linguísticos no
Brasil. Esse método, instaurado pelos jogos de saber-poder, nos oferece condições para investigar os saberes que embasavam
os anos iniciais da disciplina da Linguística e que definiram as possibilidades de reinscrição e transcrição de certos dizeres. A
partir de uma volta ao passado é possível trazer à tona os acontecimentos discursivos que permitiram a constituição de certos
percursos e não de outros. Desse modo, considerando a descontinuidade na história, trazemos excertos, fragmentos com o
intuito de dar a ver enunciados que formataram um campo de memórias discursivas, conservando, por vezes, dizeres que se
cruzam, mas também se ignoram e se excluem. As análises apontam para elementos constitutivos da configuração da
Linguística, nos quais alguns enunciados são apagados na memória devido às condições de existência que não possibilitavam
as suas irrupções.
VIVA O BRASIL! VIVA A TRABALHADORA! VIVA O TRABALHADOR BRASILEIRO! – UMA ANÁLISE DO DOS
PROFERIMENTOS DO DIA DO TRABALHO (2011-2014)
Resumo
O legado de Michel Pecheux em relação à sintaxe faz com que sejam suscitadas, ainda hoje, inúmeras questões relativas à
(im)possibilidade de compreender a segunda em estreita relação com a primeira. É, nessa direção, que buscando compreender
o funcionamento do discurso político da atual presidente do Brasil, este trabalho tem como enfoque a temática da sintaxe em
relação aos processos discursivos, considerando que ela parece constituir o mecanismo de articulação fundamental que permite
a compreensão desses processos na medida em que a sintaxe se mostra como sendo a via de acesso para a compreensão da
existência de efeitos de sentido em textos escritos. Nessa perspectiva, os proferimentos da atual presidente do Brasil em
comemoração ao Dia do Trabalho são analisados, na tentativa de (re)conhecer os efeitos de sentido suscitados pelos termos
acessórios da Gramática Tradicional , visto considerar que eles assumem papel primordial no processo de interpretação. Os
recortes de cada proferimento apontam uma recorrência representativa dos termos da oração supracitados e que eles não
funcionariam, nesse discurso, como acessórios, mas como termos que têm um funcionamento específico na demarcação da
posição política da presidente – não só em relação ao seu antecessor, mas em relação aos trabalhadores, por exemplo – bem
como (de)monstrar a lógica capitalista em que o trabalhador – “que tem motivos para comemorar” – está inserido. Em síntese,
os quatro proferimentos, da perspectiva em que são analisados, minimamente, (re)velam, de forma contraditória, visto a
presidente filiar-se partidariamente ao PT, a necessidade de o trabalhador se prestar à lógica capitalista do consumo.
POLÍTICAS EDUCACIONAIS DA DÉCADA DE 1990: AVANÇO OU ESTAGNAÇÃO?
Resumo
Resumo: A Literatura Brasileira, durante muito tempo, foi vítima de preconceito. Os textos literários que circulavam no sistema
de ensino brasileiro eram os europeus, a literatura nacional somente foi incluída nos conteúdos curriculares a partir de 1850.
Com o intuito de melhor compreender a história de seu ensino realizaremos uma pesquisa sobre a implantação da literatura
nacional no currículo escolar. Para tanto, serão consultados os documentos oficiais que regulamentam o ensino de língua
portuguesa e literatura no Brasil na década de 1990, período de significativas mudanças nas políticas públicas educacionais
brasileiras. Serão consultados leis, decretos, pareceres e resoluções que orientaram as alterações sucedidas na Educação
Básica brasileira tais como a promulgação da lei de Diretrizes e Bases da Educação Brasileira LDB 9394/96, os Parâmetros
Curriculares Nacionais, as Diretrizes Curriculares Nacionais com ênfase nas mudanças ocorridas no Ensino Médio. Pretende-se
verificar se os programas e exames implementados durante essa década contribuíram para a melhoria na qualidade da
educação brasileira. Assim como, compreender se o ensino de literatura tem sido contemplado nos exames oficiais: Exame
Nacional de Cursos, Exame Nacional do Ensino Médio e Sistema de Avaliação da Educação Básica – SAEB.
“FORMOSA, DOIDA, EXCESSIVA”: REPRESENTAÇÕES DE MARIA MONFORTE EM OS MAIAS SOB UM VIÉS FEMINISTA
Resumo
O presente trabalho visa analisar a personagem feminina Maria Monforte, do romance Os Maias, sob uma perspectiva feminista.
Publicado em 1888 pelo escritor português Eça de Queiroz, o romance constitui margem para se pensar a construção social de
“feminilidade” e refletir acerca da dicotomia tradicional que explica o universo a partir das designações de “feminino” e
“masculino”. Para esboçar esse propósito, busquei a abordagem da personagem queiroziana através de teorias sobre o
fenômeno da estereotipia, tendo em conta os modos de se colocar como leitor/leitora mediante análise de um texto. A princípio,
Maria Monforte pode ser lida através de alguns estereótipos, sendo enfáticos para o contexto deste trabalho os de “prostituta”,
“mãe desnaturada”, “escandalosa”, “romântica” e “mulher fatal”. Nesse nicho também será valioso o viés teórico apontado por
Monica Rector (1999) acerca das “mulheres interditas” ou merecedoras de um “destino trágico” . No campo literário, compete
ainda a discussão acerca das limitações apontadas por Eça de Queiroz quanto à educação da mulher burguesa – outro traço
relevante que delineia a complexidade da personagem e contribui para desconstrução da mesma.
PIETER BRUEGHEL E PEDRO JUAN GUTIÉRREZ: ARTISTAS DO COTIDIANO
Resumo
Retratar o cotidiano não é exclusividade do século XXI e tampouco pertence a um único universo de estudo. O pintor holandês
Pieter Brueghel, já no século XVI, chamava a atenção em seus quadros para ações do cotidiano, dando destaque ao ato de
comer, comumente omitido nas pinturas. No quadro “Casamento de camponeses” (1566-1567), por exemplo, a alimentação é
representada em seu desborde através de pessoas levando a comida à boca, o dedo aos vasilhames de comida e homens
caídos por causa do exagero no ato de comer e beber. Da mesma forma, Pedro Juan Gutiérrez, em seu livro “Trilogía sucia de
la Habana” (1998), destaca elementos do “baixo corporal” (BAKHTIN, 2010) como a própria alimentação, o sexo e a excreção,
que, ao aparecem naturalizados na narrativa, subvertem o modelo civilizatório vigente, que costuma restringi-los ao âmbito do
privado (ELIAS, 2011). A partir de um estudo comparativo entre estes dois artistas do cotidiano, o presente trabalho tem como
objetivo estabelecer relações entre as obras citadas, mostrando que, apesar de terem sido produzidas em circunstâncias
distintas, apresentam em comum uma espécie de “sedução” por representar aspectos baixos do humano e da vida em
sociedade, que pode ser percebida tanto na literatura quanto nas artes plásticas. (HORNE, 2011).
SOLTEIRÍSSIMO, SOLTEIRAÇO, SOLTEIRÉSIMO: UM CASO DE DESENCONTRO DAS PROPRIEDADES SEMÂNTICO
FORMAIS DA CONSTRUÇÃO SUPERLATIVA SINTÉTICA
Resumo
Resumo
Lendo a correspondência de José Martiniano de Alencar (1829-1877), deparamo-nos com um conjunto de quase trezentas
missivas de natureza e finalidade distintas: cartas autênticas, provenientes da vida real, e fictícias, destinadas à publicação. Tais
textos epistolares passaram pelas mãos de muitos receptores – destinatários primordiais ou leitores secundários – para quem o
epistológrafo reservava diferentes formas de pronunciar-se, adequando o discurso aos objetivos almejados em cada uma de
suas cartas. O escritor utilizou o talento de missivista de diferentes maneiras em sua vasta e diversificada obra, que inclui
também textos de teor jurídico e político. As cartas fizeram parte, inclusive, da elaboração de seu projeto literário, gerando
algumas das polêmicas mais conhecidas da história de nossa literatura. Com esta comunicação, pretendo refletir a respeito da
persona epistolar alencariana e pensar de que forma o criador de Ceci e Peri lançou mão de sua habilidade de escritor de
cartas também na construção de tramas romanescas, especialmente nas narrativas urbanas.
O QUE SE DIZ QUE SE GOSTA DE LER ANTES DE SABER O QUE SE DEVE DIZER
Resumo
Discutiremos os resultados de uma pesquisa sobre hábitos de leitura realizada em 2011 com alunos do primeiro ano do curso
de Letras da USP. Inicialmente, buscava-se identificar livros fundamentais à formação daqueles que poderíamos chamar de
“bons leitores”, os quais inclusive optaram pela carreira e Letras como decorrência do grande interesse por literatura.
Apresentaremos mudanças sofridas na hipótese inicial da pesquisa em função dos dados coletados. Mostraremos como alguns
livros indicados como mais importantes pelos estudantes (por exemplo a série Harry Potter de J.K.Rowling) estão distantes do
referencial canônico valorizado pelas escolas e universidades. Nesse sentido, estudantes que “defendem” seus gostos literários
juvenis, em contraposição à alta literatura, estruturam, por vezes, um discurso de resistência a um meio literário que, embora
pretensamente democrático, é bastante estreito em relação ao que deve ou não deve ser lido. A partir de dados da pesquisa e
de entrevista com alguns alunos, apontaremos o descompasso entre o discurso da crítica literária e as possíveis práticas
voltadas à formação de leitor. Questionamos se novos leitores não poderiam ser formados a partir de livros considerados de
baixa qualidade literária. Afinal, essas obras correspondem ao gosto e interesse verdadeiros de muitos leitores, não apenas ao
que alguns deles aprenderam a dizer que é “bom” ao longo de sua trajetória de escolarização.
O RECURSO DA CARNAVALIZAÇÃO COMO ELEMENTO ESTRUTURAL NA NOVA NOVELA HISTÓRICA LATINO-
AMERICANA
Resumo
RESUMO: Este texto parte de dissertação de mestrado concluida em 2008 e titulada Do Ascetismo em Dom Quixote a Borges:
Releituras da Nova Novela Histórica Latino-Americana, defendida no Programa de pós-graduação stricto sensu em Letras da
Unioeste. Pretende-se retomar estudos sobre o conceito de carnavalização e o romance polifônico, na perspectiva bakhtiniana,
considerando-se o potencial desta formulação teórica em aproximar os gêneros baixos, relacionados à cultura popular, e os
denominados gêneros superiores, a exemplo do romance moderno El Ingenioso Hidalgo Don Quijote de la Mancha (1605-1616)
de Miguel de Cervantes e Saavedra, considerada primeira obra representante deste gênero. Nessa pesquisa, a obra A Cultura
Popular na Idade Média e no Renascimento: o contexto de François Rabelais, de M. Bakhtin serviu de fundamentação teórica
para o estudo do impacto da cultura popular carnavalesca em Dom Quixote. Bakhtin organiza o estudo da carnavalização em
torno de determinadas características, como o texto paródico, elemento de desconstrução de alguns gêneros da Idade Média, o
louco como representante do espírito carnavalesco, e a presença de personagens e símbolos cômicos (simbologia dos nomes,
como Sancho Pança, que lembra o aspecto físico engraçado); uma tipologia de personagens fictícios típicos das novelas de
cavalaria bretã, como gigantes e diabos; as núpcias cômicas e a descrição de brincadeiras de mau gosto entre adultos. Todas
essas características integram um macro-semiótismo que se entende como carnavalesco no romance moderno de Cervantes
assim como, na Nova Novela Histórica Latino-Americana. (NNHLA).
A EXPRESSÃO DA PROPORCIONALIDADE EM PORTUGUÊS NA ABORDAGEM FUNCIONALISTA
Resumo
No âmbito da tradição gramatical posterior à NGB (Nomenclatura Gramatical Brasileira) são contemplados somente dois
procedimentos sintáticos para a estruturação do período sintático: subordinação e coordenação. Entretanto, alguns gramáticos
que publicaram seus compêndios antes da aprovação desse portaria indicavam a possibilidade de o período composto se
organizar também por justaposição e correlação. O resgate dessa proposta vem ao encontro deste trabalho, no qual se
pretende analisar a expressão da proporcionalidade em português, que, em alguns casos, manifesta-se sob a forma de orações
correlatas, não apenas subordinadas como preveem os gramáticos tradicionais pós-NGB. Ademais, a lista de conjunções
apresentadas por esses gramáticos já não reflete os usos reais - se é que refletiu algum dia - dos falantes quando estes
necessitam exprimir tal noção, por vezes, imbricada com a ideia de tempo. Partindo dos pressupostos teóricos do funcionalismo
norte-americano, de que são representantes Hopper e Traugott (1997), Lehmann (1998) e outros, intenta-se analisar, a partir de
dados reais extraídos do corpus Roteiro de Cinema , quais itens podem veicular a noção de proporcionalidade, a fim de oferecer
uma descrição da língua mais condizente com a realidade de seus usuários.
DISCURSO POLÍTICO E IDENTIDADE: ESTEREÓTIPOS, SIMULACROS E ETHÉ CONSTRUÍDOS EM TEXTOS
SINCRÉTICOS?
Resumo
As mutações históricas, o desenvolvimento social e a ampliação dos estudos discursivos possibilitaram estudiosos brasileiros
repensarem, aprofundarem e divulgarem outros conceitos teóricos para a Análise do Discurso. Em um dos trabalhos feitos por
Possenti (2009) é possível verificar que a identidade do sujeito é construída pelo outro, podendo ser positiva ou negativa, e traz
à tona estereótipos sociais. Pensando-se nestes conceitos, formulou-se a seguinte indagação: as identidades, os estereótipos,
os simulacros e o ethos também podem ser construídos em textos humorísticos sincréticos? O referido questionamento
propiciou que se relembrassem as transformações ocorridas na história da mulher, as mutações no discurso político, as
metodologias e a ampliação dos conceitos usados na Análise do Discurso para que neste trabalho se buscasse analisar como
são construídos os estereótipos e os simulacros das primeiras presidentas sul-americanas em alguns textos humorísticos
sincréticos (charges, cartuns, caricaturas e charges animadas) que circularam na internet entre os anos de 2006 a 2013. Nesta
comunicação pretende-se, ainda, demonstrar como conceitos e estudos discursivos produzidos por teóricos brasileiros podem
ser aplicados em outras materialidades, comprovando e ampliando a relevância do fazer científico contemporâneo. Para tanto,
mobilizou-se, principalmente, os conceitos de acontecimento e memória discursiva, estereótipo, simulacro, efeitos de sentido.
As análises apontaram o engendramento de simulacros das presidentas, revelando a existência de imagens que retomam a
incapacidade e a submissão femininas.
CIDADES MODERNAS. O RIO DE JANEIRO E BUENOS AIRES ATRAVÉS DAS CRÔNICAS DE LIMA BARRETO E AS
AGUAFUERTES DE ROBERTO ARLT.
Resumo
A cidade pela qual transitamos todos os dias nunca é uma única cidade. Conhecemos o mundo através das representações que
dele conseguimos fazer; Lima Barreto e Roberto Arlt percorreram, no final do século XIX e início do século XX, tanto o centro
quanto os subúrbios do Rio de Janeiro e de Buenos Aires. Nessas andanças, eles não só observaram as contradições do
chamado “progresso”, através de outras imagens que diferiam daquelas que o discurso oficial anunciava, mas também
denunciaram esses contrastes nos seus escritos, as crônicas e as Aguafuertes. Neste estudo analisarei como estes intelectuais
entenderam suas cidades, no contexto histórico da modernidade, através do trabalho que desenvolveram como cronistas.
Avaliarei, aliás, as percepções que ambos tiveram das transformações do espaço urbano, do cotidiano e dos novos hábitos dos
moradores do Rio de Janeiro e de Buenos Aires. Escolho as crônicas e Aguafuertes por considerá-las um objeto excelente para
compreender as imagens das cidades modernas. O gênero, filho do jornal, mas depois considerado literatura, apresenta um
caráter híbrido, como a vida cotidiana. Ao investir nas miudezas do cotidiano, as crônicas revelam sua grandeza e traduzem o
dinamismo do momento em que são produzidas. Em outras palavras, a velocidade que caracteriza o início do século XX está
impressa nesses escritos.
DE UMA PROPOSTA DE LEITURAS CRÍTICAS EM INGLÊS A UMA ETNOGRAFIA DIALÓGICA
Resumo
Esta comunicação enfoca reações de alunos do ensino médio de escola pública de Londrina-PR sobre proposta de ensino de
língua inglesa embasada em pressupostos de Leitura Crítica (HALLIDAY, 1989; FAIRCLOUGH, 1989; 1992) e Letramento
Crítico (FREIRE, 1967; 1987 [1970]; GEE, 1993; GIROUX, 1993). Os alunos foram convidados a participar de curso de leitura
em língua inglesa, o qual é parte de pesquisa de mestrado (FRANCESCON, 2014). Após as aulas de leitura em língua inglesa,
que visaram a proporcionar leituras críticas de textos multimodais do cotidiano, os alunos foram convidados a apresentarem
suas reações em relação às atividades de leitura realizadas durante as aulas e a análise feita pela professora-pesquisadora
sobre as respostas construídas por eles para essas atividades. A inclusão da voz dos participantes na pesquisa é uma das
considerações de seu caráter ético, no que concerne o relacionamento entre pesquisadora e participantes, caracterizado por
métodos interativos e dialógicos. Esses métodos proporcionaram o compartilhamento dos resultados do estudo com os
envolvidos no cenário da pesquisa. Essas características da investigação possibilitaram denominá-la etnografia dialógica
(FRANCESCON, 2014), por englobar procedimentos metodológicos etnográficos e características dialógicas que perpassaram a
pesquisa.
A TEORIA DA MULTIMODALIDADE: DISCUTINDO SUAS POSSIBILIDADES DE APLICAÇÃO NA PRODUÇÃO E LEITURA
DE QUADRINHOS
Resumo
Através deste trabalho, desejo propor uma reflexão teórica sobre os objetos ficcionais gráficos, entre eles as histórias em
quadrinhos, desde as intenções e procedimentos de produção até as operações que envolvem a sua leitura, tomando a teoria
da multimodalidade, proposta por Gunther Kress, por diretriz e por ponto de partida. Minha abordagem, entretanto, pretende ir
além da simples proposição das possibilidades de sua aplicação sobre os fenômenos semióticos que envolvem a sua produção
e leitura; é minha intenção, ao mesmo tempo, provocar um debate no que se refere a competência da abordagem multimodal
quando na investigação do complexo que envolve objetos culturais como quadrinhos, livros ilustrados e seus agenciamentos. A
teoria da multimodalidade, instalada confortavelmente no âmbito da sociossemiótica, corre o risco de limitar a investigação
desses objetos culturais aos seus efeitos meramente comunicativos e, com isso, ela menoriza ou oblitera aspectos
especialmente relevantes no caso a obra gráfica ficcional, cujo caráter artístico encontra-se justamente no seu potencial de
transfiguração dos dados comunicativos através de efeitos estéticos e poéticos, expandindo as possibilidades de apreciação e
de leitura para além da pura decodificação computativa.
SÂNDI EXTERNO: UMA ANÁLISE DE DADOS DE AQUISIÇÃO DE LÍNGUA ESPANHOLA POR BRASILEIROS EM SALA DE
AULA DE LÍNGUA ESTRANGEIRA.
Resumo
Os fenômenos de sândi externo no português brasileiro são tema de importantes estudos na área de fonologia e variação
lingüística. Tais fenômenos em contexto frasal são em número de três – ditongação, degeminação e elisão. Considerando a
relevância de estudos dessa ordem para a compreensão de processos fonológicos variáveis, este trabalho tem por objetivo
descrever e analisar os processos de sândi externo que ocorrem na fala de brasileiros, durante o processo de aquisição do
espanhol como língua segunda. Estudos apontam que há semelhanças e dessemelhanças entre o que ocorre em português e
em espanhol. A partir do estabelecimento de como funciona cada uma das línguas, da comparação de seus sistemas, bem
como da análise do corpus de falantes nativos do PB adquirindo espanhol em contexto formal de aprendizagem, que a presente
proposta busca descrever e analisar os processos de sândi externo que aparecem na aquisição do espanhol. O corpus
constituiu-se de dados de fala espontânea, coletados junto a informantes de diferentes níveis de espanhol como L2, graduandos
em Licenciatura em Letras habilitação Português-Espanhol da Universidade Federal de Pelotas – UFPel.
A LEITURA LITERÁRIA COMO COADJUVANTE NA CONSTRUÇÃO DA IDENTIDADE DO ALUNO SURDO
Resumo
A presente comunicação aborda o relato de experiência do projeto Lendo o mundo desenvolvido na Escola Municipal de
Educação de Surdos, na cidade de Angra dos Reis (RJ), durante o ano de 2013. O aluno surdo apresenta uma grande carência
no que se refere ao contato com o livro e a literatura de um modo geral. A diferença linguística torna-se, na maioria dos casos,
um fator que dificulta esse contato, contribuindo para seu afastamento do mundo da leitura, o que acarreta grandes dificuldades
no processo de sua construção como sujeito autônomo. O contato com o objeto livro e com a leitura proporcionados pelo
professor/mediador será responsável por despertar no aluno o hábito e o prazer da leitura dos diversos tipos de textos,
capacitando-o a ler o mundo a sua volta, contribuindo para a construção de sua autonomia e para o enriquecimento de sua
mundividência. Promover o acesso ao livro no espaço escolar em momentos fora da rotina da sala de aula, como o espaço da
biblioteca ou durante o recreio, juntamente atividades lúdicas relacionadas ao texto lido, contribui para a desmistificação da
leitura como um ato obrigatório e árduo, principalmente no contexto do aluno surdo e das dificuldades habituais em relação ao
português como segunda língua.
O DISCURSO POLIFÔNICO E O JOGO DO DUPLO EM CARREIRAS CORTADAS, DE BERNARDO AJZEMBERG
Resumo
Publicado em 1989, Carreiras Cortadas, de Bernardo Ajzemberg é um romance policial metanarrativo que chama a atenção do
leitor não só pelo suspense próprio do gênero, mas pelo intrincado jogo discursivo entre a voz do narrador e do autor. Nesse
romance em que o grande tema não é o crime, mas a imaginação, surge uma polifonia formada pelas camadas narrativas que
ora ecoam dos rascunhos do roteirista Gregório Pâncreas e as aventuras de seu personagem principal, ora do narrador
onisciente, que nos conduz aos pensamentos e ações do próprio Gregório Pâncreas. A relação entre verdade e ficção é
problematizada através de um duplo duplicado e encontra solução apenas no imaginário encontro das duas esferas, quando o
espaço da criação é invadido pela vida no fim da narrativa. Frente a essa desafiadora estrutura, propomos a leitura das
camadas desse romance através do conceito do duplo – de matriz psicanalítica e filosófica que representa as dualidades
existenciais do ser humano –, a fim verificarmos a forma como se constrói a polifonia nesse livro. Considerando a revisão feita
por Fiorin (2006) e Tezza (2003) que possibilitou pensar o conceito fora do âmbito do romance, tomamos aqui a polifonia como
uma manifestação discursiva em que um “eu” potencial do discurso revela múltiplas vozes que emulam uma coletividade,
refletindo os diferentes matizes da condição humana. Assim, consideramos que ao criar uma espécie de alter ego duplicado,
Ajzemberg discute o real/imaginário no discurso literário, problematizando o fazer literário em uma sociedade em que ainda
predomina a crença na representação realista como forma de buscar a verdade do homem e do mundo.
A CRÔNICA MACHADIANA NO CONTEXTO DA ABOLIÇÃO E DA PROCLAMAÇÃO DA REPÚBLICA.
Resumo
A crônica machadiana no contexto da Abolição e da Proclamação da República. Paulo Cezar Basilio Mestrando em Letras,
UNICENTRO O trabalho será apresentado a partir do estudo das crônicas de Machado de Assis que foram publicadas na série
“Bons Dias”, entre 1888 e 1889. O eixo central gira em torno do ponto de vista do leitor e da maneira como foi percebido o país
que se construía, moldado pelos eventos da Abolição da Escravatura e da Proclamação da República. No texto publicado
semanalmente no jornal, busca-se verificar como o cronista se posicionou, mesmo subliminarmente; os impactos percebidos na
realidade imediata; as perspectivas de futuro; o inconformismo com as limitações da época, encortinado pela ironia e pela
sutileza que aflora do mínimo do cotidiano. As pistas deixadas pela linguagem e pelo estilo serão fundamentais para se traçar
as medidas de alcance de uma narrativa que escava o passado, questiona seu tempo e indica os caminhos possíveis num
diálogo permanente com a posteridade. Para a concretização da pesquisa, as crônicas que tratam dos dois eventos históricos
serão submetidas a análises transdisciplinares e confluentes de vários campos do saber, entre eles, a análise literária, a
história, o jornalismo e a sociologia. Na análise, a fundamentação teórica terá por base as teses defendidas por Hans Robert
Jauss, na Estética da Recepção de Texto, em especial, no que concerne ao Horizonte de Expectativa, à Distância Estética, à
Sincronia e à Diacronia no processo de recepção do texto literário.
A CORREÇÃO INTERATIVA NO PROCESSO DE ESCRITA/REESCRITA DE TEXTOS
Resumo
O presente trabalho aborda sobre a correção interativa no ensino da produção textual, tendo a lista de constatações como
parâmetro no processo avaliativo. Nosso objetivo é demonstrar que essa forma de intervenção nos textos escolares pode
estabelecer um momento de interlocução entre alunos e professores, além de dar aos estudantes orientações sobre as
questões micro e macrotextuais. Para isso, desenvolvemos uma sequência didática em torno do gênero dissertação escolar,
buscando proporcionar uma verdadeira situação de interação verbal. O tema abordado nas dissertações foi a redução da
maioridade penal e no final do projeto os textos foram veiculados no ambiente escolar e fora dele. Para isso nos embasamos na
teoria textual de (BRONCKART, 2007) e nos estudos de (DOLZ e SCHNEUWLY, 2010) a respeito da didatização de gêneros
textuais. Nosso trabalho foi realizado com alunos do Ensino Médio de uma escola pública, em que foram analisadas as
habilidades linguístico/discursivas. Neste artigo, pois, utilizamos apenas os textos de um dos alunos para demostrar que houve
uma evolução entre a primeira e a última produção e que a correção interativa conscientiza o educando a respeito da
importância da reescrita para uma produção textual mais proficiente. Além disso, a intervenção interativa ajuda o educando a
internalizar as principais características e funções sociocomunicativas do gênero.
PROCEDIMENTOS DE CONTEXTUALIZAÇÃO EM TEXTOS JORNALÍSTICOS
Resumo
Este trabalho discute os procedimentos de contextualização, assim entendidos aqueles que são responsáveis pela inserção das
informações veiculadas no contexto (espaço sociocognitivo e cultural partilhado – ainda que parcialmente – pelos
interlocutores). Esses procedimentos são classificados quanto à modalidade: a) alusões (a acontecimentos históricos ou fatos
passados, fatos recentes, personagens históricos ou pessoas conhecidas, obras literárias ou artísticas);b) testemunhos
(discursos direto e indireto, inclusive aqueles extraídos de meios eletrônicos ou redes sociais); c) mapas, gráficos, tabelas,
fotografias, ilustrações. Esses procedimentos podem aparecer combinados (por exemplo, um testemunho pode fazer alusões a
fatos ou dados estatísticos, assim como a alusão pode remeter a uma foto ou um gráfico) e, do mesmo modo, verifica-se que os
procedimentos são complementares e existe um diálogo entre os recursos verbais e os visuais: fotos e ilustrações podem
corroborar as alusões e os testemunhos). O trabalho também discute o papel desses procedimentos na estruturação dos textos
e nas partes que os compõem (introdução dos textos, desenvolvimento do tópico, conclusão e também é exposto o papel de
elementos característicos dos textos jornalísticos, como a manchete, o ‘lied’, o medalhão. Os textos analisados são extraídos de
revistas semanais e jornais de circulação diária.
POSSE NOMINAL EM PANO: UM ESTUDO TIPOLÓGICO-FUNCIONAL
Resumo
De acordo com Schachter (1985, p.3), as partes do discurso podem ser classificadas de acordo com suas propriedades
gramaticais. Nesse ínterim, os nomes, conforme aponta Richards (1973), podem ser divididos em três classes principais, no que
se refere à posse nominal, a saber: (i) alienáveis; (ii) inalienáveis e (iii) opcionalmente alienáveis. Em nomes com significado
possessivo, Nichols (1988) defende que tais estruturas possuem uma única forma estrutural, translinguisticamente, que, por seu
turno, é endocêntrica (o núcleo tem a mesma distribuição que a construção integral), e envolve um nome possuído como núcleo
e um possuidor, que pode ser nome ou pronome, como modificador ou dependente desse núcleo. No que tange à estrutura, a
autora entende que a identificação do lugar ocupado pelo marcador de posse constitui um parâmetro suficiente para que se
determine a distribuição das oposições entre alienável/inalienável. Assim sendo, Nichols (1988) analisa o modo/a posição em
que o marcador de posse nominal irá emergir na sentença. De acordo com ela, do ponto de vista semântico, a posse alienável é
direito de propriedade adquirido social e economicamente, ao passo que a posse inalienável é inerente e, portanto, não
adquirida. Isso posto, o objetivo geral deste trabalho é descrever a categoria de posse nominal num conjunto de línguas
indígenas da família Pano (Matis, Shanenawa, Matsés, Shawã etc), no intuito de verificar de que modo essas línguas se
comportam, em termos da categoria aqui descrita, bem como traçar possíveis generalizações. Para tanto, utilizamos como
corpus de pesquisa as gramáticas descritivas das línguas indígenas listadas acima (disponíveis em PDF).
ALGUMAS RESPOSTAS SOBRE A LEITURA DE ADAPTAÇÕES LITERÁRIAS EM QUADRINHOS
Resumo
Esta comunicação se propõe a abordar o impacto da leitura de adaptações literárias em quadrinhos no ensino. A inserção
desse gênero, de cunho multimodal, tem se ampliado no meio educacional brasileiro nos últimos anos. Muito dessa difusão é
consequência da inclusão de versões quadrinizadas de clássicos literários em programas de incentivo à leitura ou de
composição de acervos escolares, caso específico do PNBE (Programa Nacional Biblioteca da Escola), mantido pelo governo
federal. De ampla repercussão e alto custo, os motivos que ancoram tais políticas ainda são nublados. As adaptações serviriam
de incentivo à leitura dos quadrinhos em si ou funcionariam como uma ponte para que o aluno migrasse para o texto literário
original? Após o contato com uma adaptação, qual seria o comportamento de leitura do estudante? Ele iria, de fato, sentir-se
incentivado a ler o romance em que a adaptação se baseou? Ou outro romance? São questões ainda não respondidas
cientificamente. A presente exposição se propõe a expor os resultados de pesquisa feita junto a estudantes de escolas públicas
dos ensinos Fundamental II e Médio de Guarulhos, cidade vizinha a São Paulo e segundo maior município paulista. A pesquisa
pôs um grupo de estudantes em contato com duas adaptações, “Sonho de uma Noite de Verão”, de William Shakespeare, e
“Dom Casmurro”, baseada no romance de Machado de Assis. O levantamento releva o comportamento de leitura dos alunos
após o contato com as obras e ajuda a responder, ainda que tardiamente, parte das perguntas feitas acima e que, de fato,
deveriam pautar políticas públicas de compras de adaptações em quadrinhos.
"CONTO ALEXANDRINO": A CRÍTICA AO CIENTIFICISMO LITERÁRIO EM MACHADO DE ASSIS
Resumo
As ciências experimentais estavam em voga no século XIX, especialmente no que diz respeito à aplicação do método
experimental às investigações científicas da Medicina e da Fisiologia, com os estudos pioneiros de Claude Bernard. Nesta
mesma época, no âmbito da literatura, surgia o Naturalismo, movimento literário que pretendia elaborar representações
totalizantes, neutras e objetivas do comportamento humano e social, fundamentadas pelo conhecimento científico proveniente
do positivismo, do determinismo materialista e, sobretudo, das ciências experimentais. A escola literária de Zola não é poupada
de críticas desde o seu início, uma vez que, ao aproximar o texto literário do documento científico para representar mazelas
sociais, são acusados ora de superficiais, ora de extravagantes. São conhecidas as veementes críticas, marcadas por uma
ironia sofisticada, que Machado de Assis dirige a Eça de Queirós, um dos principais representantes do movimento naturalista
em Portugal, quando da publicação de O Primo Basílio, em que qualifica o Naturalismo como “uma doutrina caduca, embora no
verdor dos anos”. Desse modo, pretendemos com este trabalho analisar, no “Canto Alexandrino”, a problematização que
Machado de Assis parece fazer das ciências experimentais e, por extensão, do cientificismo literário do Naturalismo, de modo
que possamos perceber na linguagem, nos métodos narrativos e nas estruturas formais do texto literário a construção de um
conto que não se reduz a uma crítica datada, mas, trabalhando com as potencialidades da ambiguidade e da ironia, permite
também a discussão de questões pulsantes, porque universais, como, por exemplo, os limites éticos da prática científica.
REPETIÇÕES DE PALAVRAS: ESTUDO CONTRASTIVO ENTRE O PORTUGUÊS E O INGLÊS, VIA LINGUÍSTICA DE
CÓRPUS
Resumo
A comunicação abordará aplicabilidade da Linguística de Córpus em estudos contrastivos entre os sistemas linguísticos, com
base numa pesquisa, em desenvolvimento desde 2012, que conduz um estudo comparativo entre as frequências de repetições
de palavras em inglês e em português. A partir do pressuposto de que em inglês não haja tanta preocupação com a repetição
de palavras, como no português, conforme atesta a pesquisadora Lourdes Bernardes Gonçalves, foram levantas hipóteses,
relativas à coesão textual e à ambiguidade lexical que, após empiricamente testadas, pudessem fornecer dados quantitativos,
os quais, se apostos às teorias de Hoey relativas às coocorrências lexicais e ao lexical priming, justificassem outra hipótese: a
de que a maior aceitação das repetições de palavras pelos falantes do inglês seja fruto de relações intrassistêmicas da língua,
as quais, no processamento cognitivo, têm efeitos neutralizantes na recepção destas repetições. Em sua dimensão empírica, a
pesquisa tem como aportes teóricos os estudos de Sinclair, Berber Sardinha, Xiao e McEnery, e as ferramentas do WordSmith
para investigação de um corpus paralelo bidirecional, com 854.167 palavras. Qualitativamente, a pesquisa adentra os campos
da linguística sistêmica, via estudos de Halliday, Hasan e Hoey, da tradução, via generalizações propostas por Baker e Olohan,
e da psicolinguística, através de estudos desenvolvidos por Hoey, Murphy e Klein, e estudos, relativos à linguística textual,
desenvolvidos por Marcuschi.
RELAÇÕES INTERMIDIAIS EM INCENDIES: PRISMA PARA A ABORDAGEM DE MATIZES DA LÍNGUA ESTRANGEIRA
Resumo
Ao longo desta comunicação, pretende-se analisar as relações intermidiais entre o texto teatral Incendies do dramaturgo e
encenador libanês Wadji Mouawad (2009) e a obra cinematográfica homônima quebequense (Denis Villeneuve, 2010), com a
finalidade de apresentar e discutir pistas para elaboração de sequências didáticas que permitam a abordagem da diversidade
linguístico-cultural no seio de uma mesma língua e a discursivização multimodal em Francês, língua estrangeira.
Fundamentando o trabalho no argumento de que les “français régionaux” ne sont pas autre chose que les formes réelles et
concrètes du français tout court (CHAMBON, 1997), discutiremos primeiramente a constituição de uma espécie de mosaico
francófono através da percepção analítica da pluralidade de “cores”, “tons” e “matizes”, trazidas pelo prisma das obras artísticas
escolhidas. Em seguida, evidenciaremos em suas respectivas materialidades o modo pelo qual se dá a construção do sentido,
demonstrando as diferenças entre os procedimentos narrativos teatrais e os cinematográficos. Por fim, analisando, por um lado,
as relações de consonância e/ou de dissonância entre os dois objetos semióticos e, por outro, as incidências da origem do
dramaturgo (Líbano) e daquela do cineasta (Québec) no nível do discurso proferido em língua francesa, indagaremos quais
processos transformaram a partitura textual teatral de maneira a atender às necessidades e potencialidades cinematográficas
sem desfigurar o sentido da ação teatral.
A PROSA POÉTICA DE CECÍLIA MEIRELES NA CRÔNICA DE VIAGEM: LUZ E SOM DE BOMBAIM
Resumo
O presente artigo parte de estudos em desenvolvimento, realizados no projeto de pesquisa CNPq-UFPA Literatura de Viagens:
Intertextualidade e Interdisciplinaridade nas Crônicas de Cecília Meireles, na UNIFESSPA, coordenado pelo Prof. Dr. Luís
Antônio Contatori Romano . A obra poética de Cecília Meireles conta com vasto número de estudos críticos, porém, estudos
sobre sua prosa, especialmente sobre as crônicas de viagem, ainda são escassos; este trabalho tem a intenção de contribuir
para lançar luz sobre as atividades de Cecília como cronista, realçando-se as qualidades poéticas da sua prosa. Este artigo
analisará uma crônica que resultou de uma viagem dessa poeta feita ao Oriente em 1953, mais especificamente à Índia. Por
meio de seu olhar lírico, observa ruidosos acontecimentos cotidianos na cidade de Bombaim, que posteriormente são narrados
na crônica “Luz e Som de Bombaim”, publicada no jornal carioca Diário de Noticias, em 1953. Por ser uma crônica, considerada
por alguns críticos um gênero menor, há necessidade de brevidade, pois é destinada originariamente aos jornais, mas a autora
estende-se um pouco mais e transfigura sensações vividas de forma bastante intensa, pormenorizando ações do cotidiano
indiano. Remeter-nos-emos à crônica “Meus ‘Orientes’”, publicada postumamente em 1980, na qual se encontram referências
sobre o imaginário, constituído a partir da infância, que Cecília tinha do Oriente e que a fizeram admirar tanto a Índia.
Basear-nos-emos em críticos e teóricos como: Alfredo Bosi (2007), Margarida Maia Gouveia (2007), Michael Onfray (2009).
DOLLY & DOLLY: AS PERSONAGENS DE ALICE MUNRO E LYGIA FAGUNDES TELLES
Resumo
Dois contos homônimos: um de Alice Munro, publicado em 2013 no Brasil, e outro, de Lygia Fagundes Telles, publicado em
1995, trazem perspectivas interessantes para o debate sobre a questão do gênero. Alice Munro, canadense ganhadora do
prêmio Nobel em 2013, tem seu livro Vida Querida traduzido no Brasil neste mesmo ano. Nessa obra, o conto escolhido é Dolly,
história que aparentemente fala sobre amor e morte. No diálogo aqui proposto, trazemos o conto Dolly, de Lygia Fagundes
Telles, incluído no livro A noite escura e mais eu, conto que também trabalha com a morte, mas de forma mais brutal, deixando
de lado sutilezas e abrindo espaço para um assassinato brutal. As Dollys que a leitora acompanha nessas duas leituras trazem
à tona as realidades femininas, seja no Brasil, Canadá, ou em qualquer outro país. As representações do mundo feminino, com
sua fragilidade e força, percorrem as narrativas no gênero conto, gênero que pode ser utilizado para debater a crítica feminista,
a escrita feminina e as suas representações. A crítica feminista, nesse contexto, pode ser enquadrada naquilo que Zolin define
como sendo a linha de pesquisa das representações de gênero da literatura e em outras linguagens, “investigação das
representações/construções de gênero na literatura e/ou em outras linguagens a partir de uma perspectiva crítica feminista”
(ZOLIN, 2009, p. 204). Dentro dessa perspectiva, as representações do feminino nos dois contos citados permitem traçar uma
breve discussão sobre a questão do gênero na escrita das duas autoras.
O FANTÁSTICO, O IMAGINÁRIO E O MARAVILHOSO EM CASTELLI DI RABBIA DE ALESSANDRO BARICCO
Resumo
No presente estudo, buscamos explorar as fronteiras do Fantástico, do Maravilhoso e do Imaginário na obra do escritor italiano
Alessandro Baricco intitulada Castelli di Rabbia, traduzida para o português como Mundos de Vidro. Com base nas leituras
realizadas, tentamos situar a obra corpus nas fronteiras dos três gêneros citados. Para nortear o trabalho, é de suma
importância ter em mente a forma como Baricco desenvolve seu texto, dialogando constantemente com autores como Benjamin
e Adorno, que discorrem, em suas obras, sobre o emudecimento do narrador na sociedade contemporânea (mais
especificamente a sociedade que se desenvolve a partir das duas Grandes Guerras) e como a Cultura de Massa gera um
imenso bombardeio de imagens sobre o sujeito, contribuindo, assim, para a manutenção de um cenário no qual o narrador
deixa de ser importante. Baricco busca empregar todos os recursos possíveis para valorizar a figura do narrador, a figura
daquele que resiste à este bombardeio de imagens, ao emudecimento. Para tal se vale de gêneros como o Fantástico e o
Maravilhoso, criando Quinnipak, cidade fictícia onde se passa a história de Castelli di Rabbia, dentro de um universo imaginário,
em que o inesperado e o insólito têm lugar. O autor cria alegorias para que o leitor aproxime a obra lida da realidade empírica,
para que seja encorajado a se espelhar nos personagens e em suas ações e formas de pensar.
A REPRESENTAÇÃO MITOLÓGICA NA OBRA O ALEGRE CANTO DA PERDIZ
Resumo
A representação mitológica na obra O Alegre Canto da Perdiz Pedro Manuel Napido (CAPES/PLE/UEM) CPF: 01299040900 A
presente comunicação é um recorte do projeto de doutorado que focaliza a representação mitológica na obra O Alegre Canto da
Perdiz de Paulina Chiziane e tem como objetivos (i) sinalizar as implicações do cristianismo na comunidade Elomwé que impede
a adoração de ídolos ou falsos deuses e (ii) demonstrar a essencialidade do mito da origem para a comunidade. Assim, a obra
considera a Zambézia como centro do cosmos que tem nos Montes Namuli o ventre do mundo. A metodologia adotada é a
revisão bibliográfica de CAMPBEL (1964) que apresenta a gênese dos mitos e ritos das diferentes comunidades; ELIADE
(1963) estuda o mito como designando uma “história verdadeira”; BURKERT(2001) mostra a essência, função e
desenvolvimento mitológico do classicismo ao cristianismo e para CAILLOIS(1950), no mito, veicula-se o sagrado como
mundividência incontestável do ser humano. A subversão da cultura local pela ocidental origina o sincretismo religioso porque a
comunidade não se dissocia das suas práticas herdadas dos seus antepassados e as duas culturas não se irmanam em muitos
dos seus princípios. Embasada nas concepções que as obras oferecem pode-se concluir que apesar da imposição do
cristianismo não se alterou a fé da comunidade Elomwé que acredita nos Montes Namuli como seu local de origem.
LITERATURA JUVENIL: POESIA É UMA REDE DE FIOS E VERSOS BORDADA POR POETAS BRASILEIROS E
PORTUGUESES
Resumo
O texto poético, de modo geral, mantém uma característica peculiar ao abordar temas que fazem parte do universo da criança e
do jovem, pois dialoga com a realidade próxima de seu leitor, sobretudo ao se referir às questões que dizem sobre as emoções,
as angústias, as sensações e os sonhos. O poema voltado para o público em pauta apresenta uma linguagem simples, lúdica e
bem elaborada, marcada por vários recursos poéticos como as rimas, os ritmos, as figuras de linguagem, a sonoridade e os
recursos visuais. Neste artigo, pretendemos analisar os aspectos temáticos recorrentes nas produções poéticas juvenis do
século XXI de autores brasileiros e portugueses, sobretudo os poetas preocupados em definir o que é poesia num processo
marcado pela metalinguagem e pela poeticidade. Entre eles Ninguém sabe o que é um poema (2005), de Ricardo Azevedo,
Ponto de tecer poesia (2010) de Sylvia Ortthof, Antologia de poemas para a juventude (2007) de Florbela Espanca e O livro
extravagante e outros poemas (2010) de José Jorge Letria. Além de outros escritores que tematizam a poesia como Roseana
Murray, José Paulo Paes, Marina Colasanti, Alice Ruiz S, entre outros. Notamos que os poetas estão preocupados em mostrar
a sua própria voz, num exercício artístico, crítico e reflexivo. Além disso, deparamo-nos com a questão da rubrica nos livros
endereçados a esse público - infantojuvenil, poesia e literatura -. De certo modo, há uma generalização do termo, incluindo
todas as faixas etárias conforme observado nos catálogos das editoras, como também nas fichas catalográficas dos livros. Isso
nos provoca um desconforto ao pensarmos se haveria uma poesia infantil, juvenil e uma poesia adulta.
ESTÉTICA DA MORTE: PAI E FILHO EM DAYTRIPPER
Resumo
O objetivo deste trabalho é reconhecer as estratégias narrativas presentes em Daytripper – de Fabio Moon e Gabriel Bá – no
desenvolvimento da poiesis no texto em função da fruição que conduz o drama entre pai e filho. A poiesis de Aristóteles,
revisitada por Jauss e somada à caracterização estética de Hegel, concebe a criação do indivíduo no sentido de apropriação da
realidade na conversão de um “sentir-se em casa, no mundo”, isto é, organiza-se a própria vida através da fruição da própria
criação, um prazer de poder se dizer (JAUSS, 2001). Brás, o protagonista da história, interage no texto com as suas diversas
mortes, permeadas pelas suas relações ao longo da sua vida, sendo a relação com o seu pai e com o seu filho um forte indício
da utilidade estética da morte, presente em toda a obra, como um fator de continuação, de progressão da vida. Brás morre em
cada capítulo, deixando somente obituários que, segundo a obra, são a sua única escrita sobre a sua própria vida (MOON; BÁ,
2011). Escrever o seu obituário, estetizar a sua própria morte e utilizar-se da sua relação pai e filho como fator de elemento
fruidor se mostra fundamental também para a condição estética do receptor da obra: figura essencial para os estudos de
estética da recepção.
PRESCRIÇÕES ENUNCIADAS NO REGULAMENTO DO PROGRAMA PIBID: UMA ÁNALISE DO TRABALHO PRESCRITO
AO PROFESSOR FORMADOR
Resumo
Nos últimos anos estamos vivenciando o crescimento de projetos e programas no âmbito das políticas públicas voltados à
formação inicial e continuada de professores (PIBID, PDE, Novos talentos, Prodocência e etc). As implementações recentes de
tais iniciativas as revelam como instâncias carentes de pesquisa, uma vez que, se evidencia a necessidade de compreender a
natureza e o abarcamento de tais propostas governamentais. Diante deste contexto, o objetivo desta comunicação é apresentar
uma análise do Regulamento do Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência - PIBID (2013) a fim de identificar que
prescrições são possíveis evidenciar no texto do regulamento. Defendemos a relevância de tal análise uma vez que, o
regulamento, norteia os editais de seleção dos subprojetos e consequentemente a elaboração destes, materializando-se assim
na formação inicial de professores nas universidades em todo país, portanto, tal regulamento se configura como um documento
prescritivo do trabalho do professor formador. Para a análise do documento nos ancoramos nos aportes teóricos do
interacionismo sociodiscursivo (ISD), mais especificamente nos utilizaremos do modelo de análise do agir do discurso de
Bronckart (1999); Bronckart e Machado (2004); Machado e Bronckart (2009) e estudos do ISD voltados à formação docente
(STUTZ, 2012; DENARDI, 2009; SZUNDY; CRISTOVÃO, 2008; CRISTOVÃO, 2007; 2005; 2002). Esperamos com esta análise
poder identificar que formação o programa pretende para o aluno-professor e que concepção formativa subjaz o documento.
UM ESTUDO SOBRE ALÇAMENTOS VOCÁLICOS EM MANUSCRITOS DOS SÉCULOS XVIII E XIX
Resumo
Esta pesquisa tem como proposta estudar as realizações gráficas da vogal média-alta /e/ para a vogal alta /i/, não final, em
manuscritos dos séculos XVIII e XIX, que constituem o banco de dados do Projeto Para uma História do Português Brasileiro,
na regional Paraná. Comumente, esse fato aparece na oralidade, em palavras como mintir, sintir, dispir, na maioria dos falares
do Brasil o que causa certa indagação quando aparecem transpostas na escrita, sendo alvo para muitas pesquisas que
almejam identificar e analisar esse fenômeno. Este estudo procura verificar as ocorrências das mudanças ortográficas
presentes em aproximadamente 60 fac-símiles da antiga vila de Curitiba, investigando os possíveis motivos que possibilitaram
os fatores de variação na época. O corpus foi constituído por 20 formas mediante a seleção de dados retirados de transcrições
já revisadas dos manuscritos citados. Utilizamos como base para a análise dos resultados, além de teóricos como Câmara
Junior (1970) e Viegas (1987), o estudo da Simetria no Sistema Vocálico do Português Brasileiro desenvolvido por Bisol (2010),
a respeito do fenômeno da neutralização, levando em consideração os possíveis resultados de palavras alçadas que se
relacionam com esse processo. Os documentos apresentaram palavras como desimpenho e requirimentto em que as letras e e
i alternavam-se na escrita, o que pode indicar que, na ausência de normas ortográficas para o Português, na época, a escrita
era feita segundo a intuição do escriba naquele momento e seu registro oral.
UM SUSPEITO IMPROVÁVEL, A CRÔNICA POLICIAL DE RUBEM FONSECA
Resumo
Rubem Fonseca é, notadamente, um dos maiores expoentes da literatura policial no Brasil, na medida em que é a partir do
gênero policial que propõe diferentes questões, como a metalinguagem, a presença da tradição literária nos autores
contemporâneos e como é a relação do escritor e sua função em uma sociedade pós-moderna, sem nunca descuidar da
narrativa policial, que é o pano de fundo de diversas obras suas. Como contista, também utiliza o gênero policial para debater
outras questões, sobretudo, a violência e as questões sociais. Mais recentemente, Rubem Fonseca se aventura em um outro
gênero: a crônica, porém, não abandona sua ligação com a literatura policial. Em seu primeiro livro de crônicas, O Romance
Morreu (2007), escreve uma dedicada ao gênero policial, contudo, como solucionar as questões pertinentes a esse gênero, em
uma crônica, sem perder a literariedade? Mesmo sendo a linguagem e a dimensão da crônica distintas daquelas dos outros
gêneros utilizados pelo autor; ele utiliza um aspecto que está presente em sua escrita desde os primeiros textos: a
intertextualidade. No entanto, como se trata de um novo gênero as relações intertextuais também serão distintas. São essas
relações que propomos a apresentar.
PROPOSTA DE UMA ESTRUTURA CONCEPTUAL PARA A ÁREA DA INCLUSÃO SOCIAL DAS PESSOAS COM
DEFICIÊNCIA
Resumo
A inclusão social das pessoas com deficiência é um tema que tem sido amplamente discutido em diversos campos do saber,
especialmente no campo das políticas sociais, educacionais e no espaço político-jurídico. Há um histórico de lutas pela
inclusão, que aponta para diversas concepções relacionadas ao modo como o deficiente é visto na sociedade, conforme a
época e, consequentemente, à cultura, à política, aos preceitos religiosos, aos valores éticos, à medicina, aos ideais de
sociedade. O crescimento desses ideais tem modificado a concepção da pessoa com deficiência, e tem mostrado que a
linguagem utilizada nessas concepções deve acompanhar todas as mudanças, no intuito de contribuir à integração e à
diminuição do preconceito e marginalização. Nesse contexto, surgem as reflexões e as tentativas de se levar ao público
(educadores, assistencialistas, sociólogos, familiares) um conjunto de termos adequados em todas as abordagens de assuntos
que envolvam as pessoas com deficiência. Para identificar a terminologia dessa área, é preciso seguir alguns passos
fundamentais, entre eles a elaboração de um estrutura conceptual, pois ela facilita tanto a compreensão das relações entre os
conceitos da área quanto o reconhecimento de seus termos, chamados Unidades de Conhecimento Especializado. Os
significados das UCEs não devem ser considerados isoladamente, pois eles fazem parte de uma rede de conceitos de um
domínio especializado, os quais mantêm diversos tipos de relação, formando um mapa conceitual, e o conteúdo das unidades
depende da situação de uso. Este trabalho, portanto, tem como objetivo apresentar uma proposta de estrutura conceptual da
inclusão das pessoas com deficiência.
CENOGRAFIA E ETHOS NO LIVRO DE HQ "DESTERRO": A CONSTRUÇÃO DA CENA DE SOBREVIVÊNCIA NUMA
COMUNIDADE.
Resumo
O olhar sobre a favela hoje é diferente. É um olhar mais curioso, e por que não, mais compreensivo também. Hoje podemos
dizer que há um “boom” de produções culturais dentro e sobre estas comunidades que estão sobre os focos de várias mídias.
Podemos pensar, por exemplo, em produções como os filmes Cidade de Deus (1997), Cidade dos Homens (2007), Era uma vez
(2008). Em romances como o próprio Cidade de Deus (1997), Capão Pecado (2000), Manual Prático do Ódio (2003), Falcão:
Meninos do Tráfico (2006) e Cabeça de Porco (2005). Em minisséries como Suburbia (2012). Em Documentários como Falcão:
Meninos do Tráfico (2006). Sem contar os inúmeros grupos de Rap espalhados pelas periferias de nosso país. Diante disso, o
objetivo do presente artigo é propor uma reflexão sobre o funcionamento e circulação de sentidos advindo da cultura da
periferia. Partindo de um corpus composto por um livro de HQ, intitulado Desterro, escrito por Ferréz e Demaio, procurou-se
observar o funcionamento e circulação de sentidos decorrentes das cenas narrativas construídas pelo livro. Também se
observou como os autores mobilizaram elementos das ruas para as legitimidades da cenografia e do ethos. Para tanto, partimos
de pressupostos elaborados pela Análise de Discurso de linha francesa, especificamente aqueles trabalhados por Maingueneau
(2004), (2008) e (2011).
O LUGAR DA INVESTIGAÇÃO DOS TOPOI NA LITERATURA CONTEMPORÂNEA
Resumo
A abordagem literária por meio da análise dos topoi, consagrada no domínio dos estudos da poesia tradicional, praticamente
não possui adeptos quando o corpus literário pertence à literatura compreendida do Modernismo aos dias atuais. Entre os
vários motivos passíveis de serem arrolados para justificar o relativo abandono dessa metodologia de estudo, um deles diz
respeito à suposta impossibilidade de aplicação de uma noção que pressupõe a permanência de fórmulas mais ou menos
estáveis de expressão literária (os topoi) a uma literatura inegavelmente marcada pela ruptura com os lugares-comuns do
passado. Vista mais de perto, a questão é menos simples do que tal colocação faz supor. O fato é que apesar da incontestável
atitude da modernidade artística em romper com o legado da tradição, esta, por sua vez, permanece atuante na literatura do
século XX aos nossos dias. A forma como tal atuação se dá é que não se deixa ver de maneira tão clara como, por exemplo, na
longa tradição poética baseada no princípio da imitatio clássica, onde o poeta se via no compromisso de se aproximar dos
modelos fornecidos pela tradição como forma de atestar sua “arte” por meio da qual poderia vazar seu “engenho”. Esta
comunicação propõe uma reflexão sobre os postulados acerca da legitimidade da investigação tópica tendo como corpus obras
contemporâneas. Para isso, serão re-discutidos os conceitos-chave dessa abordagem crítica bem como os principais autores
que contribuíram para instituir essa modalidade de investigação (desde o erudito alemão E. R. Curtius, passando por Raymond
Trousson até o brasileiro Segismundo Spina) tendo em vista a verificação do aporte teórico neles contido.
MALLARMÉ NA IMPRENSA PARANAENSE: O MODERNO NA IMPRENSA LITERÁRIA CURITIBANA.
Resumo
Este estudo apresenta uma análise da modernização da vida literária paranaense no fim do século XIX, tendo em vista a
recepção do poeta francês considerado como um dos principais ícones da modernidade, Stéphane Mallarmé. Para tanto, foram
feitas leituras da imprensa cultural da época: Breviário, Cenáculo, Pallium, Esphynge, Azul, A pena, O sapo, Stellario, Galáxia,
Turris Eburnea e Victrix bem como uma leitura extensiva dos principais representantes da poesia paranaense produzida nesse
período: Dario Vellozo, Emiliano Perneta e Silveira Neto. O movimento simbolista fin de siècle francês se inicia a partir da
publicação de As flores do mal (1857) de Charles Baudelaire, considerado o autor que abre as portas para a modernidade na
poesia. Stéphane Mallarmé, em seu poema Um lance de dados, irá levar essa modernidade às últimas consequências,
influenciando fortemente os diversos movimentos de vanguarda que irão explodir no início do século XX. Levando em
consideração a tardia emancipação paranaense de São Paulo em 1853, a restrita presença de público virtual, a precária
industrialização, a ausência de um mercado de bens intelectuais e de uma tradição literária local, pretendemos depreender em
que medida a crítica e a poesia paranaense tinha em vista o novo tipo de poesia produzida por Stéphane Mallarmé.
O OLHO E O CORPO EM "HOJE DE MADRUGADA", DE RADUAN NASSAR
Resumo
O presente trabalho analisa o conto "Hoje de Madrugada", de Raduan Nassar, escrito em 1970 e publicado na coletânea de
contos intitulada "Menina a Caminho" (1997). No conto, o íntimo de um casal é retratado pela visão do homem, que conta como
rejeita com indiferença as insinuações sexuais de sua mulher na madrugada anterior. A narração é marcada por descrições
imagéticas e sinestésicas e a referência ao olhar e o movimento do olho dos personagens é sempre enfatizada, revelando um
forte interesse na construção de imagens. Para tanto, o texto “O olho e o invisível” (1960), de Merleau-Ponty, que explora as
funções do olhar na percepção do si, do corpo e do mundo e sua relação com a pintura, nos dará embasamento teórico para o
entendimento dessas características. Na confluência do conto de Nassar com o artigo de Merleau-Ponty, surge a hipótese de
um narrador-personagem que percebe, pelo olhar, a impossibilidade de apropriação do que é visto, a consciência de que ver é
ter distância. Assim, rejeitando o outro, como faz com sua mulher, e na preparação das imagens poéticas, o
narrador-personagem exemplifica o olhar em Merleau-Ponty: "o vidente não se apropria do que vê, apenas se aproxima".
FORMAÇÃO DA SOCIEDADE E DA LITERATURA NO BRASIL: UMA DISCUSSÃO A PARTIR DE ROBERTO SCHWARZ E
CARLOS NELSON COUTINHO
Resumo
A discussão sobre a peculiaridade do desenvolvimento do capitalismo no Brasil é antigo, mas nunca saiu totalmente do debate,
pois muitas são as hipóteses interpretativas postas e repostas ao longo dos anos. Essa discussão, levada para o campo da
cultura e, mais especificamente, literário, produziu resultados interessantes e instigantes, dentre os quais destacamos a
produção teórica de Roberto Schwarz e Carlos Nelson Coutinho. O primeiro, valendo-se da tradição teórica vinculada à USP,
sobretudo via Antonio Candido e Fernando Henrique Cardoso, formula uma concepção original sobre a formação da sociedade
e da literatura, calcada na contraditória relação entre países periféricos e centrais, que tem como ponto de virada a forma como
os nossos escritores lidaram com esse dilema, cujo exemplo modelar é Machado de Assis (assim como alguns modernistas são
entendidos de forma bastante favorável). No caso de Coutinho, o ponto de partida é a conjugação dos conceitos de “via
prussiana” (de Lenin) e “revolução passiva” (de Gramsci). Embasando-se nos dois conceitos, nas noções de capitalismo tardio
que opera “pelo alto”, com exclusão das massas, Coutinho busca precisar de que forma, no interior desse processo de
“modernização conservadora”, se deu o desenvolvimento da literatura brasileira, que possui como estigma, em sua visão, a
repetição dos traços antipopulares do movimento social mais geral, com poucas, porém notáveis, exceções (casos de Lima
Barreto, Graciliano Ramos, entre outros). A partir das obras de Schwarz e Coutinho, realizaremos algumas considerações
procurando demarcar os aspectos em que se aproximam e se distanciam.
ANÁLISE LINGUÍSTICO-DISCURSIVA DE PROCESSO DO ARRANJO PRODUTIVO LOCAL (APL) DE SOFTWARE DO
SUDOESTE PARANAENSE
Resumo
O artigo em questão busca destacar os principais significados estabelecidos a partir da análise dos enunciados encontrados no
documento “APLs do Estado do Paraná: Arranjo Produtivo Local de software de Pato Branco, Dois Vizinhos e Região Sudoeste
do Paraná – estudo de caso” estabelecido pelo Instituto Paranaense de Desenvolvimento Econômico e Social. Neste estudo de
caso, elaborado pela entidade, é possível verificar a apresentação de dados e enunciados que qualificam o desenvolvimento do
estudo dos APLs na região, possibilitando ainda analisar os principais protagonistas e antagonistas encontrados nos processos
de aglomerados produtivos. através interpretação dos elementos que compõem o documento, é possível verificar análise do
discurso, no intuito de identificar os fatores mais relevantes deste quadro de prot(ant)agonismo, diante da releitura do o
processo escolhido e utilizando a linguagem como uma ponte para verificação de conflito e intervenções. Utilizando,
prioritariamente, a análise do discurso bakhtiniano, verifica-se os atores envolvidos no processo e suas respectivas interações,
considerando o ambiente e a linguagem.
PARTICIPAÇÃO E APRENDIZAGEM EM OFICINAS DE APRENDIZAGEM NO ENSINO MÉDIO: REFLEXÕES INICIAIS
Resumo
O conhecimento tornou-se multifacetado. A informação se altera continuamente, e o que era inédito pela manhã pode se tornar
obsoleto à noite. Nesse cenário, a participação e produção de conhecimento em sala de aula também mudaram, constituindo a
sala de aula contemporânea, segundo Rampton (2006). Perguntamo-nos então o que mudou nas salas de aula brasileiras a fim
de que estas consigam trabalhar com todo leque de informações dos alunos e formar pessoas aptas a produzir conhecimento e
não apenas reproduzi-lo? Este trabalho objetiva uma reflexão preliminar acerca da participação e aprendizagem a partir do
conceito de produção conjunta de conhecimento (ABELEDO, 2008) num cenário de organização alternativa da sala de aula
tradicional, que é a oficina de aprendizagem da rede de Colégios Sesi do Paraná. Inicialmente apresentaremos uma breve
revisão bibliográfica de pesquisas que buscaram descrever e analisar organizações da fala-em-interação diferentes da sala de
aula tradicional, em que há predomínio da sequência IRA. Os resultados das pesquisas recentes mostram que o conhecimento
é produzido em conjunto (KANITZ, FRANK, 2014; KANITZ, 2013), evidenciando que os participantes produzem conhecimento
conjuntamente conforme surgem problemas ou tarefas a serem resolvidos. Em seguida, tentaremos uma aproximação dessa
organização de produção conjunta de conhecimento com os pressupostos do fazer conjunto, do trabalho em equipe, do
aprender em equipe e dos desafios presentes na proposta pedagógica das oficinas de aprendizagem. O referencial
teórico-metodológico que subsidiará o trabalho é o da Análise da Conversa Etnometodológica (ACE).
O SUJEITO FEMINISTA À LUZ DA ANÁLISE DE DISCURSO CRÍTICA
Resumo
Esta comunicação tem por objetivo apresentar uma proposta de pesquisa realizada no Programa de Pós-graduação em Letras
da UFGD sobre o discurso feminista, pautando-se na Análise de Discurso Crítica como referencial teórico. Com o desejo de
demonstrar como se dará a investigação, analisar-se-á o texto “As feministas é que são chatas", hospedado no blogue Ficções
da Aline Valek. O texto, completamente sarcástico, faz uso de comparações para ironizar o fato de as feministas reivindicarem
seus direitos de liberdade de expressão e de lutarem contra o discurso machista de exploração da imagem e corpo feminino.
Abaixo do artigo de Valek, aparece um grande número de comentários, de diversos posicionamentos e visões: a favor e contra
o feminismo e, dentre estes, os que que entendem ou não a ironia e os que discursam ou sobre o tema ou sobre o conteúdo da
postagem. Esta é uma análise preliminar que dará início à pesquisa que tem como objetivo analisar outros sete blogues de
caráter feminista. O interesse pela pesquisa nasce da necessidade de se analisarem os discursos feministas que buscam, além
de uma mudança social que, por sua vez, implica em uma alteração discursiva sobre a constituição do sujeito feminino ,
também uma ressignificação dos conceitos que se têm sobre esse sujeito e a instalação de uma nova visão sobre ele.
HAMLET À LUZ DA SEMIÓTICA DA CULTURA
Resumo
A Semiótica da Cultura trabalha a ocorrência dos mais variados sistemas de signos que a linguagem teatral utiliza para a
constituição de um texto dramático. Baseando-nos em Tadeusz Kowzan (2006), a classificação desses sistemas é formada por
variadas representações, como a palavra, o cenário, o vestuário, etc. Tendo em mente que todos os signos reproduzidos no
teatro têm o objetivo de proporcionar uma comunicação, Kowzan denomina estes signos como artificiais, diferenciando-os dos
signos naturais. Para o autor, o signo artificial é aquele em que o emissor tem o intuito de comunicar de maneira voluntária,
diferentemente dos signos naturais, que são emitidos involuntariamente, como os fenômenos da natureza e os reflexos. Dessa
forma, este trabalho tem como propósito entender como os estudos semióticos, mais especificamente a Semiótica da Cultura,
constituem-se como arcabouço teórico para uma análise do texto teatral. Para isso, examinaremos a Cena II, do Ato II, em
Hamlet (2005), de William Shakespeare. Na cena em análise, o personagem Hamlet está representando um diretor de uma
atuação dramática a ser apresentada para a rainha. Assim, ao utilizar os sistemas de signos para estruturar a sua peça, Hamlet
organiza a linguagem teatral. Portanto, a partir de citações e interpretações de trechos da cena selecionada, tendo como
referências os estudos de Tadeus Kowzan e as elucidações explanadas por Irene Machado sobre a Semiótica da Cultura, em
seu livro Escola de Semiótica (2003), poderemos perceber como essa linguagem é constituída.
PUBLICIDADE E LITERATURA FANTÁSTICA
Resumo
A publicidade é um campo subordinado a múltiplas influências, no qual se configuram distintas linguagens. A publicidade
também opera estruturas narrativas que são análogas à composição da narrativa literária, utilizando elementos e signos de
outras materialidades e contextos – os chamados “intertextos” – para dar sentido às suas criações. O objetivo deste trabalho é
analisar as relações intertextuais estabelecidas com a literatura fantástica pela publicidade por meio de uma narrativa
igualmente fantástica. A literatura fantástica tem como base a hesitação entre o imaginário e a realidade, da mesma forma como
a narrativa publicitária opera sentidos abstratos para tornar o produto mais concreto. Deste modo, podemos considerar que a
publicidade contemporânea “rouba” elementos do gênero “narrativa fantástica”, pois, segundo Rocha (2010, p. 77) rompe o
cotidiano e estabelece uma forma de olhar para outra realidade. O fantástico age agregando sentidos em torno do produto,
criando uma biografia, tornando-o vivo (por meio de um nome e uma personalidade), a ponto de espelhar tão bem o público e
ser “humano” que parece ele a escolher, sorridente, seu consumidor.
SOBRE O MARAVILHOSO, O SAGRADO E O FANTÁSTICO EM O NOSSO REINO, DE VALTER HUGO MÃE
Resumo
Deve existir alguma relação entre a experiência estética e a experiência religiosa. Algo que se manifeste no plano do
desconhecido, pois ambos os objetos, o religioso e o estético, propõem ao sujeito um movimento de descoberta, compreensão
ou estranhamento. Rudolf Otto (2007), filósofo e teólogo alemão, em seu livro O sagrado, compreende a experiência divina
como uma manifestação de “algo que está fora” do ser humano. Algo além, desconhecido e inefável, que só pode ser descrito,
mas não definido pela razão. Isso também pode ser remetido ao que Maurice Blanchot (2011) afirmou ser a experiência do fora.
Para ele, a literatura é este espaço entre o mundo que vivemos e um outro mundo, “o outro de todos os mundos”, que está aqui
e além, um “entre-lugar” como denominou Antoine Compagnon (2010). Em o nosso reino, romance do escritor português Valter
Hugo Mãe, Benjamim é o narrador-personagem, um garoto que vive numa aldeia no interior de Portugal. É a partir de sua
cosmovisão que o leitor adentra em um mundo de estranhas criaturas, de tradições religiosas e patriarcais, onde a presença de
Deus é algo ao mesmo tempo assustador e consolador. A narrativa trata desse olhar infantil, que funda uma mistura entre a
realidade e a imaginação, tal qual o leitor não consegue saber, o que faz parte de uma e outra, acerca da presença religiosa no
cotidiano dos personagens. A tensão entre a realidade e a imaginação, entre o natural e o sobrenatural, no romance de Valter
Hugo Mãe, é o tema deste artigo, que pretende compreender a dimensão do fantástico ou maravilhoso, na esteira de autores
como Irlemar Chiampi (1980), Tzvetan Todorov (1977) e Filipe Furtado (1980).
O TRÁGICO E O REALISMO BURGUÊS: A LITERATURA COMO DESVELAMENTO DAS CONTRADIÇÕES SOCIAIS
Resumo
Tradicionalmente, considera-se o romance um desdobramento da epopeia. Para Hegel, e posteriormente Lukács, a realidade
burguesa já não comporta a totalidade épica (a comunhão sujeito-objeto, indivíduo-mundo), sendo o romance o gênero que
busca reconstruir essa totalidade - ainda que sem jamais alcançar o efeito da poesia épica. No entanto, o romance pode ser
interpretado como mais do que apenas um desdobramento da epopeia. Trata-se de um gênero híbrido, portanto composto de
formas diversas, capazes de proporcionar diferentes leituras para uma mesma obra. Partindo desse pressuposto, proponho
uma leitura do gênero romance a partir do conceito de trágico (tal como foi pensado pelo idealismo alemão). Schelling concebe
o trágico como oposição, conflito entre o indivíduo e a força de um poder objetivo (seja este natural ou social). Tal conflito, se
transportado para o contexto da sociedade positivista-determinista do século XIX, nos permite compreender a estética realista
como uma representação das contradições internas da organização social burguesa. Penso, mais especificamente, nos
romances cujo tema central é o adultério ("Madame Bovary" e "Anna Kariênina" os mais célebres entre eles) e de que forma
este tema expressa o papel subordinado da mulher no modelo estratificado da sociedade oitocentista. O desrespeito ao acordo
conjugal expõe o conflito, e o desfecho trágico da mulher adúltera mostra sua posição inexoravelmente subordinada ao poder
patriarcal. É por meio da tragédia que se desenvolve o processo dialético, o qual desvela as contradições internas dessa
organização social que se quer racional.
GUERRA DE CANUDOS: A PARÁFRASE E O REAL
Resumo
A literatura de cordel é uma modalidade poética muito comum ainda hoje no Nordeste brasileiroe sempre lançou mão de
fatos,figuras públicas e históricas e acontecimentos do dia-a-dia para apresentar a intenção de sua poesia.Não raro os autores
se valem de acontecimentos fantásticos ou trágicos e os colocam em forma poética. A Guerra de Canudos, ocorrida em 1897
no sertão da Bahia, foi objeto de obras literárias como Os Sertões de Euclides da Cunha e A Guerra do Fim do Mundo de Mario
Vargas Llosa.Entretanto a literatura de cordel também escreveu sobre essa insurreição:o acervo da Biblioteca Central da
Universidade Estadual de Londrina possui dois livretos sobre Canudos: Guerra de Canudos de Raimundo Santa Helena e
Euclides da Cunha e Os sertões de Gonçalo Ferreira da Silva.Essa pesquisa objetiva analisar as duas obras populares junto à
obra euclidiana e ao filme Guerra de Canudos de Sérgio Rezende lançado em 1997.Enquanto Euclides da Cunha divide a sua
obra nos seguintes tópicos: A Terra, O Homem e A luta, os autores populares iniciam os seus versos dirigindo-se aos leitores de
modo incisivo, recriando poeticamente as agruras da guerra e o sofrimento dos camponeses, como vemos nestes exemplos:
“Vou narrar pros meus leitores, Num trabalho consciente, A Campanha de Canudos, A maior do Continente... Milhares
assassinados,Vencidos, caluniados, Na História contundente...” (Raimundo Santa Helena); “ Quando um soco em nosso rosto,
é com ódio desferido, sentimos o nosso orgulho,tão mortalmente ferido, que sentimos mais dor nele, que no local
atingido.(Gonçalo Ferreira da Silva). Essa pesquisa vem demonstrar as ilações existentes entre a literatura popular a erudita e o
cinema.
O ‘QUARTO’ DE CAROLINA MARIA DE JESUS: ESPAÇO FÍSICO E IDEOLÓGICO
Resumo
Propõe-se uma discussão acerca do espaço ocupado pela escritora Carolina Maria de Jesus no cenário literário brasileiro
contemporâneo. A premissa que levantamos nasce de uma afirmação, em particular, feita no ensaio Um teto todo seu (1928
[1985]), de Virgínia Woolf. Neste texto, a escritora opta pela forma ficcional para, por meio da protagonista Mary Beton, defender
sua hipótese sobre a necessidade de se ter dinheiro e um quarto próprio para que de fato possa existir uma mulher escritora de
ficção. O termo ‘quarto’, apontado por Woolf, ganhará dimensões que ultrapassam o sentido de espaço físico e se materializará
como um espaço de intimidade, de interação e autoconhecimento – condições estas vistas como essenciais para a própria
história da escrita literária de autoria feminina. Diante disso, o que se pretende é uma reflexão sobre os escritos de Carolina
Maria de Jesus (Quarto de despejo (1960) e Pedaços da fome (1963)), levando-se em consideração aspectos da própria
trajetória da carreira desta escritora e do contexto sociopolítico e econômico brasileiro vigente; partindo da indagação acerca do
‘quarto’, enquanto espaço físico e ideológico, destinado à Carolina. São discussões feitas a luz de teóricos, tais como Lejeune
(2008), Viana (1995), Bakhtin (2003), Bachelard (1978), Delcastagnè (2002), Bueno (2006), entre outros.
IDENTIDADE E PRÁTICAS DE LETRAMENTO: REFLEXÕES ACERCA DE UMA ESCOLA MULTISSERIADA DO CAMPO.
Resumo
Resumo: Esta apresentação é um recorte da dissertação de mestrado que está sendo desenvolvida no Programa de
Linguagem, Identidade e Subjetividade/UEPG, que pretende realizar um estudo identitário sobre os alunos de uma escola do
campo multisseriada. Assim sendo, este trabalho tem como objetivo trazer reflexões teóricas e resultados parciais sobre
práticas de letramento e identidade sociais em escolas do campo. O referencial teórico adotado para a discussão sobre
identidade neste trabalho é (HALL, 2011; BAUMAN, 2005; MOITA LOPES, 2002). Para dar conta de discutir letramento nesse
contexto assumo a discussão acerca do modelo de letramento ideológico, em oposição ao modelo de letramento autônomo
(STREET, 2003), aliadas a autores como (KLEIMAN, 1995; KLEIMAN e MATÊNCIO, 2005) que tem trazido importantes
contribuições para práticas escolares. No que se refere às discussões sobre identidade e práticas de letramento no contexto de
escolas do campo trago as pesquisas de (JUNG, 2009; CAMPOS, 2003; CÂNDIDO, 2009), dentre outros. A geração de dados e
a análise dos dados gerados na pesquisa utilizam uma abordagem qualitativa, considerando a pesquisa do tipo etnográfico, por
meio de entrevista, questionário com a professora e alunos, observação de sala de aula, e também entrevistas em grupo focal
com os alunos. Como o trabalho está na fase inicial de geração de dados os resultados só serão trazidos parcialmente.
Espera-se que os resultados tragam importantes contribuições ao que sugere na formação de professor do campo, para a área
de letramento e identidade.
REPENSANDO A LEGENDAGEM: AS FRONTEIRAS ENTRE A TRADUÇÃO E A ADAPTAÇÃO.
Resumo
Pode-se afirmar que há muitas controvérsias entre diferentes concepções teóricas nos Estudos da Tradução quanto ao lugar
ocupado pela adaptação em relação à tradução. Para os estudiosos que seguem o pensamento mais tradicional acerca da
tradução, a prática da tradução e a prática da adaptação são dois processos distintos e separados, no qual o primeiro deve
manter fidelidade ao original e o segundo se distancia do original para privilegiar o público alvo. No entanto, para os estudiosos
da pós-modernidade, a tradução envolve reconstrução textual, alteração, modificação do original, de modo que a adaptação, ao
fazer adequações linguísticas e culturais para a melhor compreensão da mensagem pelo público receptor, aproxima-se muito
da tradução. Pensando nessas diferentes noções, nossa proposta nesse trabalho é lançar um novo olhar para a prática de
tradução de legendas. Faremos uma reflexão com o objetivo de avaliar as fronteiras entre o traduzir e o adaptar, assim como o
entrecruzamento que ocorre entre os dois processos, de modo a verificarmos qual seria o papel desempenhado pela adaptação
no processo de tradução para legendas. Por meio de fundamentações teóricas e exemplos práticos (com base em análises de
legendas do seriado The Simpsons ? Os Simpsons), buscaremos respostas para esses questionamentos.
O TOCADOR DE CHARAMELA DE ERASMO LINHARES: PROPOSTA DE DEMOCRATIZAÇÃO DA ARTE NO CLUBE DA
MADRUGADA E PONTOS DE ENCONTRO COM O ANARQUISMO
Resumo
O Clube da Madrugada foi um movimento literário amazonense nascido em 1951 na praça Heliodoro Balbi, mais conhecida
como Praça da Polícia. Nela, jovens intelectuais e boêmios discutiam sobre política e literatura no contexto da cidade de
Manaus, mostrando-se incomodados com a configuração elitista da cultura e interessados na criação de uma arte acessível e
politicamente compromissada. A produção literária dos autores do Clube da Madrugada é, portanto, relacionada com os
aspectos de uma literatura libertária, que visa romper com o acesso restrito à arte, bem como inovar na sua configuração
estética, quebrando padrões e normas ditadas pela Academia. É desse modo, portanto, que o presente artigo, o qual é um
resumo do Projeto de Iniciação Científica feito com o investimento da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Amazonas
– FAPEAM, propõe-se a analisar a coerência entre a produção literária de Farias de Carvalho, Erasmo Linhares e Astrid Cabral
e sua proposta política. Neste artigo foca-se a obra O tocador de Charamela de Erasmo Linhares, dentro da perspectiva da
sociocrítica, com Antonio Candido e estruturalista com Roman Jakobson. O projeto ainda tem como objetivo relacionar as
propostas artísticas libertárias trabalhadas pelo Clube da Madrugada, com a proposta Anarquista, utilizando como base os
teóricos Errico Malatesta e Pierre-Paul Prud'hon.
SENTIDOS DO DISCURSO HIP HOP: PRODUÇÃO DE SENTIDOS NA IMBRICAÇÃO ENTRE MATERIALIDADES VERBAIS,
SONORAS E IMAGÉTICAS
Resumo
O enfoque deste trabalho se lança sobre funcionamentos de discursos materializados na linguagem heterogênea do hip hop,
um movimento artístico-político desenvolvido na periferia como ferramenta de exposição de indignações ante as dificuldades
atravessadas por sujeitos historicamente ignorados pelo Poder Público. Ancorados no suporte teórico-metodológico da Análise
do Discurso (PÊCHEUX, 1975), situamos a linguagem na história que a determina e nos sujeitos, considerando as
materialidades discursivas em sua relação constitutiva com o socio-histórico, o que implica reconhecer a ilusão de transparência
da linguagem e do sujeito intencional como resultantes de um trabalho exercido pelo ideológico. A partir da relação
letra/imagem/musicalidade no clipe de rap “Causa e efeito” (BILL, 2011), intenta-se observar tensões entre posições discursivas
assumidas por quem fala e por quem é falado em dado lugar social, interessando o que é afirmado e o que é silenciado nas
projeções imaginárias que o rapper reproduz de si, dos seus e dos que significa como oponentes. Em face do atravessamento
do funcionamento do hip hop pelo de uma ferramenta de compartilhamento de vídeos, pretende-se discutir, na medida do
possível, problemáticas relativas à análise de distintas materialidades imbricadas em discursos veiculados numa plataforma
interativa da Internet, o Youtube.com. Com base em tudo que está em jogo quando do nascimento de uma expressão tão
abrangente, tocaremos em questões relativas à organização das cidades e ao processo ensino-aprendizagem em escolas das
periferias, a fim de que se coloque em cena uma série de fatores inerente ao sujeito que canta, dança, pinta e age
politicamente.
LÁZARO E SUA INFELIZ ETERNIDADE: DE RESSURRETO A DOMADOR DE CADÁVERES
Resumo
Durante o período de sua hegemonia político-espiritual, a Igreja Católica, por salvaguarda do ‘sacrum’ ou motivações menos
piedosas, manteve os livros bíblicos afastados dos possíveis leitores não professos ou ordenados, ou seja, extra-hierarquia,
ainda que o público de leitores-leigos pudesse ser diminuto. Na longa e lenta superação desse fato histórico, ao menos em
países colonizados sob o signo do catolicismo como o Brasil, vê-se hoje personagens dessa milenar biblioteca figurando em
páginas da literatura romanesca, mesmo em obras abertamente desatreladas do cultivo espiritual. Este conciso estudo busca,
em particular, analisar aspectos da curiosa transposição do Lázaro de Betânia, retratado no “Evangelho Segundo João”
(11,1-44), texto religioso da cultura judaico-cristã advindo do primeiro século d.C., para “A Divina Paródia”, de Álvaro Cardoso
Gomes, romance secular e brasileiro do século XXI que não demonstra preocupação religiosa, voltado ao intertexto paródico,
tão bem-humorado quanto crítico.
“FIQUEI DIAS PENSANDO NO LIVRO...” – A RECEPÇÃO DE TODOS CONTRA DANTE (2008), DE LUÍS DILL, PELO JOVEM
LEITOR
Resumo
Esta comunicação tem por objetivo analisar a recepção da obra Todos contra Dante (2008), de Luís Dill, por alunos de Sexto Ano
do Ensino Fundamental. Considerando que a literatura juvenil define-se principalmente por seu destinatário, submeter a obra ao
risco da leitura de seu leitor modelo pode contribuir para o estudo desse campo literário. A perspectiva teórica adotada é a da
Estética da Recepção, devido ao papel central que a atividade interpretativa do leitor nela desempenha. Além disso, é relevante,
principalmente para fins de educação literária, a ênfase dada por essa teoria à imprevisibilidade da articulação entre forma e
conteúdo como critério avaliativo do texto literário e à desestabilização das verdades conhecidas do leitor como efeito desejado.
Assim, em Todos contra Dante, a inovação na estrutura narrativa coloca o jovem diante de uma experiência de leitura
diferenciada, que lhe exige um esforço de compreensão consciente e desautomatizado. A experimentação formal deve-se
principalmente ao aproveitamento estético de certos ambientes virtuais, na tentativa de simular no papel a leitura hipertextual
própria da internet. Além disso, os diversos tipos de mediação narrativa que se mesclam ao longo do texto e a relação intertextual
estabelecida com o clássico A Divina Comédia, de Dante Alighieri, adensam a obra e a destacam qualitativamente em relação às
demais narrativas contemporâneas para jovens que enveredaram pela temática do tão propalado fenômeno do bullying. O
tratamento dado ao tema não é em absoluto informativo ou moralista; o desfecho trágico coroa a visão não protecionista e não
idealizada da juventude, cuja inteligência e sensibilidade são respeitadas.
SENTIDOS DISPERSOS NA CONSTITUIÇÃO DA IDENTIDADE LINGUÍSTICA E ÉTNICA NO VESTIBULAR INDÍGENA:
DIFERENÇA, DIVERSIDADE E DESIGUALDADE
Resumo
Essa comunicação tem por objetivo compreender o modo como as redações, produzidas pelos candidatos no X Vestibular para
os Povos Indígenas no Paraná (2010), imprimem a contradição da identidade linguística do indígena – ora como possibilidade
de (co)existência da(s) diferença(s), ora sob efeito da desigualdade, inferioridade e tutela das ações do Estado. A inquietação
emerge em um cenário conflituoso das relações sociais e políticas entre indígenas e não indígenas e a partir do modo como as
noções que constituem o termo diferença são contraditórias. Ao por à prova a soberania dos sentidos nos quais esse termo está
inscrito, nos deparamos com a polissemia que se projeta pelos efeitos da diversidade e/ou da desigualdade. A primeira implica
no respeito ao outro, enquanto a segunda na intolerância. Tais equívocos indicam que a inconsistência de definição do termo
diferença produz efeito(s) no social como exclusão, intolerância e, principalmente, desrespeito ao indígena e se estende a sua
língua. O paradoxo sob o qual a diferença é discursivizada fragiliza o teor do princípio de igualdade que rege a Diversidade
Cultural e a cidadania. Nesse espaço em que se busca suspender a soberania do significante diferença, os eixos crítico e
genealógico fazem operar no discurso certos princípios que lhe possibilitam encontrar o verdadeiro da época, justamente
porque esses princípios obedecem a regras, por sua vez, conformadas a um controle sobre essa produção do discurso,
mecanismos que lhe fixam os limites. Para tanto, pautamo-nos na Análise do Discurso, orientada pelas noções foucaultianas,
no escopo teórico da Linguística e dos Estudos Culturais.
COMPLEXIDADES CONSTITUINTES DO TRABALHO E DA IDENTIDADE DE PROFESSOR-PESQUISADOR: DELINEANDO O
PERFIL ACADÊMICO-PROFISSIONAL
Resumo
Quem são os professor-pesquisador em linguística aplicada no Brasil? Ideias convergentes emanam de pesquisas de
pós-graduação (mestrado e doutorado) em todo o país, tratando de identidades, como instâncias fluídas e múltiplas,
discursivamente constituídas (GAMERO, 2011). Convergente com essas premissas e, partindo do pressuposto de que a
identidade de pesquisador é constituinte da identidade profissional do professor, o escopo desta pesquisa se propõe a delinear o
perfil da classe de professores-pesquisadores em ensino de língua inglesa em Linguística Aplicada. O objetivo mais amplo da
investigação que ampara este estudo - doutorado em andamento – é investigar elementos constitutivos das complexidades do
trabalho do professor-pesquisador. Desde modo, delimitamos nesta comunicação a apresentação dos resultados parciais de um
dos instrumentos de geração de dados (um questionário virtual), aplicado a pesquisadores alocados em universidades estaduais e
federais do Brasil e analisado quantitativamente.
REESCRITA E ETNOGRAFIA
Resumo
Nesta apresentação pretendo discutir algumas contribuições da abordagem etnográfica para os estudos sobre reescrita de
textos. Com base no conceito de “história do texto” proposto por Theresa Lillis (2008), proponho que os estudos sobre reescrita
de textos incorporem uma perspectiva etnográfica em suas análises, de modo a possibilitar um acompanhamento das escritas
incluindo as interações ocorridas em torno dos textos escritos. Além disso, essa possibilidade de abordagem também baseia-se
em uma concepção dialógica de linguagem que, no contexto de ensino, pode contribuir para um maior entendimento dos
percursos dos escreventes em seus textos, contraria a uma abordagem monológica, que privilegia apenas a visão de um sujeito
no processo da escrita. Para ilustrar a abordagem proposta, apresento a análise de um episódio de reescrita de texto por
estudante universitário, em que é possível acompanhar o percurso da escrita a partir de comentários de seus colegas, leitores
do texto, além das respostas dadas pelo autor do texto aos comentários feitos.
CARNAVALIZAÇÃO E GROTESCO EM DOIS CONTOS DE LUIZ VILELA
Resumo
O escritor mineiro Luiz Vilela, em diferentes momentos de sua trajetória de ficcionista, abordou temas religiosos sob a ótica
satírica, seja em novelas como O Choro no Travesseiro (1979) ou Bóris e Dóris (2006), seja em romances como Graça (1989)
ou Perdição (2011), seja em contos como “Espetáculo de fé”, da coletânea Tremor de Terra (1967), ou “Freiras em férias”, de A
Cabeça (2002). Neste trabalho, voltamo-nos para o contista, para verificar, nos dois contos elencados, ainda que com menções
a outras narrativas de Vilela, os conceitos do Círculo de Bakhtin relacionados à carnavalização e ao realismo grotesco, para
verificar os efeitos construídos pelos contos e, a partir da ideologia subjacente a eles, indiciar aspectos da cosmovisão autoral.
A nosso ver, a dessacralização do religioso, a invocação de elementos do baixo ventre e as muitas cenas que descrevem um
mundo que parece às avessas indicam, pelo riso literário, crítica de costumes, crítica às instituições religiosas e efeito derrisório
que visa o cerne do humano, em suas contradições como sujeito e na sua instável identidade social.
TRADUÇÃO DE EFEITOS SONOROS NA LEGENDAGEM PARA SURDOS E ENSURDECIDOS: UMA ANÁLISE MULTIMODAL
Resumo
Uma produção fílmica é um texto polisemiótico que utiliza e combina recursos multimodais. Cada um desses recursos gera
significação individualmente para compor o todo (Baldry e Thibault, 2005). É o caso da a trilha sonora de um filme, a qual pode
moldar a maneira como recebemos suas imagens e seus diálogos. Isso é ainda mais perceptível, segundo Bordwell (2008),
quando a trilha sonora pode antecipar um elemento e chamar a atenção para determinado objeto, acontecimento ou fenômeno.
Sem o auxílio da legenda para surdos e ensurdecidos (LSE), o espectador surdo não tem acesso a esse recurso cinematográfico.
A transcrição multimodal (TM) proposta por Baldry e Thibault (2005), a qual descreve separadamente todos os meios semióticos
de um filme, auxilia na análise do significado do som para o filme. Por meio da TM, foram analisadas as legendas de efeitos
sonoros do curta-metragem Uma vela para Dario, e foi possível perceber que os sons legendados não interagem de forma direta
com a cena e podem, algumas vezes, causar confusão no espectador que procura ligar imagem e legenda. Este estudo pôde
concluir que a transcrição multimodal pode ajudar na confecção de legendas de efeitos sonoros, pois o olhar das imagens ajuda a
compreender quais são e quando as informações adicionais devem ser inseridas.
ANÁLISE DE NECESSIDADES: DELINEANDO O CONTEXTO DE APLICAÇÃO DE UM CURSO PARA ALUNOS EM
SITUAÇÃO DE VULNERABILIDADE SOCIAL
Resumo
O uso da ferramenta questionário em pesquisa qualitativa e nas Ciências Sociais em geral se caracteriza como um dos
instrumentos mais utilizados para coleta de dados (FODDY, 1994; DÖRNYEI e TAGUCHI, 2003). Muitas vezes, tais
questionários são aplicados com o intuito de mapear informações essenciais sobre determinado contexto, bem como as
necessidades de ensino-aprendizagem dos envolvidos; tais questionários são comumente chamados de Análise de
Necessidades. O objetivo dessa comunicação é apresentar os perfis identificados nas respostas a um questionário de análise
de necessidades aplicado a jovens de 12 a 20 anos, em situação de vulnerabilidade social, membros de um projeto de
cidadania em uma escola pública do norte do Paraná. Os questionários foram aplicados aos alunos e após a tabulação dos
dados, buscou-se analisar as características do contexto em questão a partir da perspectiva do Interacionismo Sociodiscursivo
(BRONCKART, 2003). Por meio das respostas obtidas, foi possível traçar metas para posterior intervenção no contexto citado e
planejar um curso de inglês a ser oferecido aos membros do projeto voltado para suas necessidades específicas.
A DIACRONIA DOS ESQUEMAS DE JUNÇÃO DA RELAÇÃO DE TEMPO EM TESTAMENTOS DO RIO GRANDE DO NORTE
E DE SÃO PAULO
Resumo
O presente Plano de Trabalho pesquisa a diacronia dos esquemas de junção das relações de tempo em testamentos paulistas e
potiguares dos séculos XVIII, XIX E XX, nos quais busca-se examinar os nexos coesivos da junção entendido como o
estabelecimento de relações semânticas. O corpus utilizado é composto por testamentos coletados e transcritos pela professora
Dra. Alessandra Castilho e bolsistas do projeto Para a História do Português Brasileiro (PHPB). O principal objetivo é a descrição
diacrônica dos esquemas de junção nesses testamentos. Com base em outros trabalhos, esse presente Plano de Trabalho
procura determinar a relação entre os juntores que se encontram em um texto e a Tradição Discursiva (Koch, 1997) à qual o
texto pertence, podendo afirmar, pelo menos segundo os primeiros estudos, que existe uma clara correlação. Esta correlação é
por um lado qualitativa, quer dizer que em uma TD de finalidade determinada vai aparecer uma série de nexos que
correspondem ao conteúdo expresso nesse texto. Mas a possibilidade de distinguir diferentes TD dá-se ainda muito mais
quando se introduz um elemento de quantidade relativa, contando o número relativo de juntores que aparecem em um texto. Os
dois fatores concluem a seguinte hipótese de trabalho: Os esquemas de junção de um texto (“juntores” que contêm e freqüência
relativa) são sintomas para determinar a tradição discursiva a que pertence” (Kabatek 2006, p. 519).
SANTIAGO NAZARIAN E SEU EXISTENCIALISMO BIZARRO: ALGUMAS CONSIDERAÇÕES SOBRE A OBRA
MASTIGANDO HUMANOS
Resumo
Santiago Nazarian é um autor brasileiro da chamada Geração 00. Em 2007, foi eleito um dos autores jovens (com menos de 39
anos) mais importantes da América Latina pelo júri do Hay Festival em Bogotá (Bogotá 39), Capital Mundial do Livro. Apesar de
jovem, o autor já tem oito livros publicados – sete romances e um livro de contos. Seu projeto literário tem um estilo que mistura
referências clássicas da literatura existencialista, suspense, filmes de terror trash, erotismo, androginia, répteis, elementos
urbanos e referências da cultura pop – estilo classificado pelo próprio autor como um “existencialismo bizarro”. Mastigando
humanos (2006), descrito por ele como “um improvável romance psicodélico narrado por um jacaré de esgoto” é sua quarta
obra publicada e tem sua importância marcada por dois fatores: foi adotada pelo Programa Nacional Biblioteca na Escola
(PNBE) em 2008; e, em 2013, tornou-se leitura obrigatória do vestibular da Universidade Estadual da Paraíba (UEPB). Tais
fatos demonstram que o autor tem uma obra com valor estético e temático que valem uma apreciação acadêmica. Sendo assim,
além de apresentar o autor e alguns elementos de seu estilo literário, a presente pesquisa tem como objetivo fazer algumas
considerações, em particular, sobre a obra Mastigando Humanos, como forma de exemplificar sua excentricidade e ousadia
literária.
A ESCRITA FEMININA DE EMILY BRONTË
Resumo
Esta comunicação tem por objetivo apresentar resultados da minha pesquisa de Iniciação Científica cuja proposta é a análise da
construção da escrita feminina no romance de Emily Brontë, O Morro dos Ventos Uivantes, único publicado pela autora, em
1847 sob o pseudônimo masculino de Ellis Bell. A contextualização da história é o Século XIX, período em que o Romance está
em ascensão na Inglaterra e época em que o papel da mulher ainda se configurava como “Anjo do Lar”. A mulher não tem
autonomia, não pode exercer nenhuma atividade fora de casa. Ela deveria servir de inspiração para os artistas, nunca poderia
ser a artista. As mulheres que ousaram escrever tiveram suas obras consideradas inferiores e até sem valor.Esta análise visa
reconhecer os pontos da escrita de Emily Brontë em que é possível identificá-la como uma obra de autoria feminina, apesar do
subterfúgio do pseudônimo masculino. A metodologia empregada é a pesquisa bibliográfica com o suporte da teoria de autoria
feminina. Analisar a escrita de Emily Brontë do ponto de vista feminista, para que se possa compreender a escrita feminina e
ideais femininos em uma época em que a mulher era privada de seus direitos, deve-se entender que a escritura feminina não
pode ser somente aquela que é ou foi assinada por um nome de mulher. Remete muito mais à linguagem, experiências, e a
compreensão até onde a mulher é capaz de chegar, criativamente, racionalmente, intelectualmente, conforme os ensinamentos
de Peggy Kamuf, em “Escrever como mulher”. Através dessa análise pretende-se compreender através da escrita o anseio pela
liberdade e pela crítica a esse período em questão.
INTERAÇÃO VIRTUAL DE PROFESSORES DE E/LE – ESPANHOL LÍNGUA ESTRANGEIRA – A UTILIZAÇÃO DE UMA REDE
SOCIAL COMO AMBIENTE COLABORATIVO DE ENSINO/ APRENDIZAGEM.
Resumo
O presente trabalho descreve a pesquisa que está sendo desenvolvida por uma aluna do Programa de Doutorado em Letras da
Universidade de Caxias do Sul (UCS) e do Centro Universitário Ritter dos Reis (UniRitter). Esta pesquisa começou a ser
desenvolvida no ano de 2013 e sua área de concentração refere-se à Leitura e Processos de Linguagem. Este projeto propõe o
estudo da interação e dos modos de contextualização, entre professores de E/LE em ambiente virtual sobre o processo de
ensino/aprendizagem. O estudo centra-se em observar como uma rede social pode ser utilizada pelos professores como um
ambiente colaborativo de ensino/ aprendizagem. Para realizar este estudo, serão analisadas as postagens realizadas pelos
professores através de sua participação em um grupo fechado da rede social Facebook. O trabalho se fundamenta nos estudos
de Lev. S. Vygotsky no que concerne à aprendizagem, ao uso de instrumentos como mediadores entre alunos e professores com
vistas à aprendizagem e à forma como são propostas atividades considerando a Zona de Desenvolvimento Proximal. Este estudo
busca fundamentação em Mikhail Bakhtin no que se refere ao sujeito a partir da linguagem, das relações dialógicas e da
alteridade. São considerados os estudos de Manuel Castells para fundamentar sobre a influência das TIC`s na constituição da
subjetividade e nas formas de relação social. Trata-se de uma pesquisa de caráter qualitativo e exploratório através de um estudo
de caso, com a combinação de dados teóricos e empíricos.
PERFIL DE LEITORES INGRESSANTES NO INSTITUTO FEDERAL DE RONDÔNIA - CÂMPUS JI-PARANÁ
Resumo
A pesquisa tem por escopo principal identificar o perfil dos leitores ingressantes nos cursos técnicos integrados ao ensino médio
do Instituto Federal de Rondônia, câmpus Ji-Paraná, verificando a função social da leitura para esses alunos. Para atingir esse
objetivo, valemo-nos de pesquisas bibliográficas e de campo. Embasamo-nos, principalmente, em Bamberger (2002), Bakhtin
(1981;1992), Geraldi (2001), Kleiman (1999;2002), Lajolo (1982), Silva (2000) e Soares (2003;2004). Como instrumento de
coleta de dados, utilizamos o questionário com perguntas mistas que nortearam as análises para os seguintes aspectos: a) o
grau de importância da leitura; b) tempo de dedicação; c) gêneros preferidos; d) influências na formação do leitor. Os resultados
apresentam as percepções dos alunos investigados quanto ao valor que atribuem à leitura e aos gêneros escolhidos, bem como
apontam os impactos causados pela influência do meio social dos leitores investigados, no que tange à família e à escola. Os
dados analisados suscitaram reflexões que contribuíram para ações voltadas à formação de leitores na escola, assim como a
reorganização dos espaços de leitura e a promoção de atividades envolvendo a comunidade escolar. Uma dessas ações
refere-se ao Clube de Leitura cujo objetivo é discutir sobre a construção da identidade do leitor. Espera-se, com os resultados
dessa pesquisa, envolver não só os professores de língua materna, mas toda a comunidade escolar com o fito de possibilitar a
adoção de práticas de leitura norteadas pelo letramento.
PERCEPÇÃO, APRECIAÇÃO E PRÁTICAS DE LEITURA EM CONTEXTO ESCOLAR: REFLEXÕES SOBRE A LEITURA DOS
ALUNOS DE ENSINO FUNDAMENTAL DE UMA ESCOLA ESTADUAL EM FOZ DO IGUAÇU
Resumo
Pretendo apresentar reflexões oriundas de uma sistematização dos dados etnográficos iniciais, obtidos durante uma experiência
de pesquisa e de interlocução entre professores e alunos de ensino fundamental e médio, em uma escola estadual em Foz do
Iguaçu. O objetivo dessa experiência etnográfica foi o de levantar pistas para compreender a dissonância entre o sistema de
avaliação escolar nacional e as práticas de leituras dos alunos dessa escola, a ela submetidos. Uma das estratégias foi a
realização de leituras em uma sala de aula, juntamente com alunos e com uma professora, de títulos por ele escolhidos. Os
problemas ligados à percepção e à apreciação, do ponto de vista da “distinção” dos gêneros, que separa grupos sociais pelo
“gosto” foram o ponto de partida, mas foi também o da suspeita de que esses alunos não poderiam estar alheios à exposição das
mídias contemporâneas e às narrativas veiculadas por elas, associadas tanto mais ao “mau gosto” popular quanto mais bem
sucedidas comercialmente. A pergunta, então, foi deslocada e direcionada para a busca das razões desse sucesso e uma pista
para compreende-la foi sugerida pelos desdobramentos dos estudos sobre a imaginação melodramática. O melodrama é
conhecido nos estudos literários como um gênero estético com ingredientes fáceis, explorados intensa e ilimitadamente como,
por exemplo, o sentimentalismo, a comicidade ocasional, assassinatos, mistério, e suspense, narrados com linguagem
despojada e de imediato entendimento.
ENCONTROS E DESENCONTROS DO DISCURSO: A CONSTITUIÇÃO DO SUJEITO ADOLESCENTE
Resumo
O modo de produção capitalista e as formas desenfreadas de consumo advindas desse sistema explicam a emergência da
violência. As taxas de criminalidade crescem indiscriminadamente em nossa sociedade e, com isso, o foco de atenção recai
sobre os autores de atos que divergem da ordem social estabelecida e que instituem ações que são socialmente qualificadas
como transgressoras. A população infanto-juvenil não passa ilesa por esse processo, uma vez que ela também é atingida direta
e indiretamente pelas mazelas sociais e pelas contradições do sistema capitalista, de modo que acaba de, alguma forma,
incorrendo em atos infracionais e/ou sendo vítimas deles. Nesse cenário, há, na sociedade moderna, vários registros de atos
infracionais cometidos por adolescentes e a incidência de tais registros se materializa de forma regular na mídia. Esse espaço
do dizível propicia a circulação, repetição e deslocamentos de discursos referentes ao adolescente em conflito com a lei –
sujeito esse que é alvo de políticas pontuais de atendimento e de ressocialização. Nessa conjuntura, o presente trabalho
pretende instaurar uma reflexão acerca da produção de sentidos posta em jogo sobre o sujeito adolescente autor de ato
infracional no Programa Encontro com Fátima Bernardes, transmitido pela Rede Globo no ano de 2013. A temática do referido
programa girava em torno na polêmica da redução da maioridade penal e concedeu destaque à figura do sujeito da
socioeducação e também ao Sistema Socioeducativo. Desse modo, a nossa finalidade é traçar um gesto de leitura que
vislumbre, na cena enunciativa do programa, o viés discursivo operando e fazendo sentido sobre o adolescente em conflito com
a lei.
APARTAÇÃO, POBREZA E EMPODERAMENTO: A INTERIORIZAÇÃO DE DISCURSOS QUE LEGITIMAM PRÁTICAS DE
COERÇÃO EM CONTEXTO DE FAVELAS BRASILEIRAS
Resumo
O presente trabalho trata-se de uma análise discursiva crítica de dados sobre a situação vivenciada por crianças e adultos de
favelas brasileiras, no tocante ao empoderamento de chefes do tráfico e ao fortalecimento desses como figuras de poder
paralelo ao Estado brasileiro na atualidade. Para tanto, inicialmente, faço uma análise do perfil do Estado brasileiro
(BOURDIEU, 2008; BUARQUE, 1993; DURKHEIM, 1979; FONSECA JR, 1998), colocando em relevo sua atuação demitida
(BOURDIEU, 2008), para em seguida empreender uma análise discursiva dos dados (CHOULIARAKI; FAIRCLOUGH, 1999;
FAIRCLOUGH, 2001; RESENDE; RAMALHO, 2006; THOMPSON, 2009; VIEIRA; SILVA, 2002), a fim de desvelar situações de
legitimação do poder do tráfico, soberania de figuras coercivas, bem como a interiorização de discursos que colocam crianças e
adultos em situações de risco, uma vez que estes naturalizam a apartação social (BUARQUE, 1993) e se envolvem em situação
desfavoráveis e assimétricas em relação ao poder do tráfico. Os dados analisados foram extraídos de um documentário e uma
reportagem jornalística sobre o tráfico de drogas em favelas brasileiras, as quais exemplificam as representações que as mídias
brasileiras têm sobre essa característica da organização social brasileira na atualidade. Após análise, empreendo
considerações finais sobre os resultados encontrados, assim como possíveis contribuições que pesquisas dessa natureza têm
em desvelar situações desfavoráveis, com vistas a buscar o empoderamento de sujeitos assujeitados (MUSSALIM, 2003) por
fatos sociais (DURKHEIM, 1979) sustentados por discursos ilegítimos.
A UTILIZAÇÃO DAS TICS NA FORMAÇÃO DE FUTUROS DOCENTES
Resumo
Os avanços na utilização das novas tecnologias nas atividades da vida moderna são notáveis, em especial, no processo de
ensino-aprendizagem. No caso da educação brasileira, a utilização das TICs (Tecnologia da Informação e Comunicação) tem
sido essencial para a educação em todos os níveis, especialmente para que haja um avanço e melhoria dos indicadores
educacionais. Fica evidente, assim, que para o avanço e melhoria dos indicadores educacionais o uso das TICs tem tido um
papel fundamental. Entretanto, os ritmos atuais de constante inovação tecnológica parecem não ser compatíveis com o contexto
da educação, apesar das pressões que as instituições de ensino têm passado no sentido de se adequarem à sociedade da
informação. Nesse contexto, um dos objetivos desse artigo é investigar e observar o uso das TICs fora e dentro de sala de aula
pelos alunos do curso de Letras Inglês. A metodologia a ser utilizada será pesquisa de campo e pesquisa bibliográfica. Para o
desenvolvimento desse trabalho, serão discutidas brevemente as principais teorias da sociedade da informação (FREIRE, 2008
e CASTELLS, 2001) que nos remete ao ensino crítico e vinculado a contexto do aluno em formação docente. Será utilizada a
pesquisa qualitativa com a aplicação de questionários. Os resultados parciais demonstram que os alunos entendem as novas
tecnologias como aliadas do processo de ensino-aprendizagem de línguas. Com base nos resultados deste estudo, espera-se
alargar o conhecimento crítico desta realidade social, tendo em vista que o aumento do número de educadores e instituições
que consideram o uso das TICs importante para o ensino, entendem que nos encontramos em uma época de educação mista,
fle
E CHICO BENTO CHEGA À FACULDADE: ASPECTOS SOCIOLINGUÍSTICOS, SEMIÓTICOS E DISCURSIVOS DA REVISTA
“CHICO BENTO MOÇO”
Resumo
Durante muitos anos, as histórias e tirinhas do personagem Chico Bento foram usadas nas aulas de língua portuguesa, a fim de
exemplificar a diversidade linguística que há no nosso país. Alguns professores, infelizmente, utilizaram-nas como pretexto para
o ensino da norma-padrão, perdendo, assim, a oportunidade de ensinar as variedades linguísticas no ambiente escolar. Em
2013, Maurício de Souza lançou a versão jovem do Chico Bento, denominada “Chico Bento Moço”, na qual o protagonista vai
para a cidade estudar e, consequentemente, buscar novas oportunidades. O objetivo do nosso artigo é estudar, primeiramente,
como se dá a passagem roça-cidade, tendo em vista contínuos como a urbanização, a oralidade/letramento e a monitoração de
estilo. A nosso ver, a mudança de espaços não só trouxe uma “adequação”, tal como formulada por Dell Hymes (1966),
realizada pelo personagem por meio da linguagem verbal, mas também uma mudança significativa na linguagem não verbal, por
meio da descrição que caracteriza o Chico Bento jovem. Por fim, analisar-se-á o discurso desse novo Chico Bento, tendo em
vista as novas condições sociodiscursivas em que ele se insere neste “novo começo”, como bem frisa o autor da revista.
AS MÁXIMAS CONVERSACIONAIS COMO ESTRÁTEGIA DE DEFESA EM INTERROGATÓRIO JUDICIAL
Resumo
Considerando que o instituto interrogatório do acusado é a primeira oportunidade que alguém tem de, perante a autoridade
judiciária, fornecer a sua versão dos fatos, pode-se entender que por ele o interrogado pode defender-se ou assumir a culpa
pelo delito. Por outro lado, há uma autoridade buscando o esclarecimento dos fatos. Concebendo, então, o interrogatório do
acusado como uma interação institucionalizada, conforme explicado por Marcuschi (1988 apud ESPÍNDOLA, 1998), percebe-se
nele um papel ativo do usuário, o qual, mais do que apenas dizer, produz uma ação, a de defender-se. Neste sentido, este
estudo insere-se no campo da pesquisa pragmática para analisar um interrogatório, prestado, em 2012, à 7ª Vara Criminal da
Comarca de Natal-RN, que constituiu em delação premiada, isto é, em um acordo entre Ministério Público e réu, no qual são
feitas confissão do crime e entrega dos demais partícipes, em troca da redução da pena, investigando como interrogados fazem
uso das máximas conversacionais (GRICE, 1975), aplicando-as ou violando-as, para dissuadir a acusação. A partir da análise
quantitativa e qualitativa dos dados foi possível perceber que, embora vários casos de infração às máximas tenham sido
verificados, a manutenção delas foi predominante, corroborando a ideia de que a não observância à(s) máxima(s) é utilizada
estrategicamente pela defesa, quando se deseja confundir as autoridades na construção do caso para aplicação da pena.
Verificaram-se, então, indícios de que a utilização das máximas de Grice (1975), seja a aplicação ou a infração, pode ser
concebida como recurso estratégico de defesa em interrogatórios judiciais.
DIÁLOGOS ENTRE TEATRO E CANÇÃO NA TRADIÇÃO BRASILEIRA
Resumo
Genericamente, podemos dizer que as formas artísticas brasileiras são atravessadas por musicalidade. A influência oral
engendrada pela formação étnica explicaria em termos sociológicos o fenômeno que fez do Brasil um país cuja canção popular
é reconhecida mundialmente por sua qualidade e potência. A poesia musicada estilhaça as fronteiras entre as linguagens
artísticas, propondo uma “malha de permeabilidades”, como denomina José Miguel Wisnik. Se Wisnik fala de uma
interpenetração entre música e literatura, incluímos neste conceito o teatro, que, desde os registros mais rudimentares de nossa
historiografia, esteve imbricado com as manifestações cancionais. Este trabalho traz reflexões sobre as constantes trocas que
teatro e canção popular estabeleceram ao longo da tradição brasileira, com foco em três momentos emblemáticos: os primeiros
séculos da colonização, o teatro “ligeiro” (sobretudo a Revista, que fez imenso sucesso a partir de meados do século XIX) e os
musicais políticos da década de 1960. Ao cruzar bibliografias de ambas as áreas, num esforço por reunificar uma história que
foi segregada, percebemos um movimento dialógico interessante: se num primeiro momento o teatro musicado lançou e
divulgou as canções, o fluxo inverte-se no século XX, com a transformação da música popular em fenômeno de massa - lundus,
maxixes, serestas e sambas passam a ditar os sucessos que sobem aos palcos. Em meados do mesmo século, temos a cisão
do universo cênico-musical, basicamente, entre os shows de boates (herdeiros do teatro “ligeiro”) e o movimento de renovação
do gênero com as peças políticas.
OSWALDO GOELDI: PRÉ-LEITOR, ILUSTRADOR E (TAMBÉM) TRADUTOR DE DOSTOIÉVSKI
Resumo
Berthold Zilly, em seu artigo “O Tradutor Implícito: Transilingualidade e Transculturalidade em Os Sertões”, afirma, a partir do
conceito de leitor implícito desenvolvido por Wolfgang Iser, ser o tradutor antes de tudo um leitor. Para o teórico alemão, o
tradutor é um “leitor por excelência”, haja vista ser ele “um Vor-leser em vários sentidos, ou seja, um pré-leitor e pró-leitor,
aquele que lê antes dos outros e pelos outros, sendo ao mesmo tempo um recitador, aquele que lê a voz alta para os outros,
para uma audiência, prefigurando a sua compreensão do texto, espécie de preletor, que ensina como se deve ler” (ZILLY, 2001,
p.347). E já que, segundo sua concepção, “o papel do leitor previsto dentro do texto teria como corolário o do tradutor
igualmente previsto, embora menos manifesto [...]”(op.cit., p.355), pode-se perguntar se o papel do ilustrador, em muitos
aspectos, não se assemelharia aquele previsto ao próprio tradutor; ou seja, se a atividade literária e tradutória, a posteriori, não
engendraria a tarefa ilustradora. A partir dessas considerações, o objetivo da comunicação aqui proposta é o de refletir a
respeito do trabalho de leitor-ilustrador-tradutor que Oswaldo Goeldi desempenha na obra de Dostoiévski – sobretudo no
romance O Idiota –, indagando até que ponto o artista carioca revela, por meio do processo intersemiótico com o qual opera,
aquilo que em palavras forma-se de maneira abstrata e subjetiva e, por conseguinte, o quanto essa “transmutação”
(JAKOBSON, 1995) imbrica-se e se imiscui na “interação entre texto e leitor”(ISER, 1999) realizada no ato da leitura.
LORDE, DE JOÃO GILBERTO NOLL E UMA APRENDIZAGEM OU O LIVRO DOS PRAZERES, DE CLARICE LISPECTOR:
IDENTIDADES FRAGMENTADAS.
Resumo
O presente trabalho tem como objetivo identificar características e pontos de convergências entre as obras Lorde, de João
Gilberto Noll, e Uma aprendizagem ou o livro dos prazeres, de Clarice Lispector. Apoiando-se na metodologia comparatista,
entre eles Pierre Brunel, foi possível identificar temas recorrentes nas obras estudadas, com suas particularidades e
semelhanças. O estudo centrou-se no que concerne aos aspectos da fragmentação da identidade, e a busca do sujeito por si
mesmo, temas recorrentes em nossa literatura contemporânea. Através de pesquisas bibliográficas, entre elas, A identidade
cultural na pós-modernidade, de Stuart Hall, verificou-se o comportamento dos protagonistas, em relação às várias
problemáticas de suas identidades fragmentadas e a busca conflituosa na tentativa de um encontro consigo mesmo e com o
outro. Concluímos, porém, tratar-se de uma procura impossível, visto que no mundo atual temos que estabelecer uma
convivência com várias identidades algo mais pertinente em nossa contemporaneidade.
QUANDO A VIDA VIRA SONHO: UM OLHAR SOBRE O EFEITO DA AUTOFICÇÃO NO TEATRO
Resumo
Quando Philippe Lejeune (2008, p. 33) conceitua a autobiografia, ele deixa claro que se trata de uma “narrativa retrospectiva em
prosa que alguém faz de sua própria existência”. Logo, o teórico afirma ser impossível a existência de um teatro autobiográfico.
Entretanto, percebemos na história do teatro a presença de algumas tentativas de se colocar o autor em cena, quer seja por
meio de sua história encenada, quer seja pela performance de um ator que impõe sua visão do mundo e fala de si mesmo
(PAVIS, 2008, p. 375). Além desses, há os exemplos das narrativas de vida, da confissão impudica e dos jogos com a
identidade. Tais exemplos ajudaram a configurar, de certa forma, o contemporâneo teatro autoficcional, isto é, peças que,
utilizando material autobiográfico, criam uma ficção/ilusão teatral que, em uma espécie de novo jogo, brincam com o
espectador, plantando nele a dúvida metateatral: é encenação ou não? Esta comunicação tem como objetivo analisar o
fenômeno autoficcional no teatro brasileiro, citando alguns exemplos e se demorando um pouco mais nas peças Pode ser que
seja só o leiteiro lá fora, de Caio Fernando Abreu, e Luis Antônio-Gabriela, de Nelson Baskerville.
LUGARES ENTRE: A CRÔNICA POLÍTICA DE CARLINHOS OLIVEIRA NO JORNAL DO BRASIL DURANTE OS ANOS DE
CHUMBO
Resumo
José Carlos de Oliveira, ou Carlinhos Oliveira, foi cronista do Jornal do Brasil de 1961 a 1984. Atuou, assim, durante os
sombrios anos da ditadura militar iniciada em 1964. Este trabalho analisa a construção textual de algumas de suas crônicas que
tematizam questões políticas publicadas no periódico. Algumas delas lidam diretamente com a repressão, a censura e a
atuação de grupos políticos posicionados de diversos lados no cenário brasileiro. Carlinhos Oliveira possuía um texto às vezes
pouco claro, escorregadio, com posições nem sempre aparentes, ora ambíguas, ora críticas, ora conformistas. Esta é uma
reflexão inicial sobre seu construto textual, como forma de investigação de mecanismos enunciativos e efeitos de sentido em
suas crônicas. Busca-se compor um comparativo que permita identificar características e recorrências em sua escrita. Parte-se
de três crônicas que abordam a ditadura militar e o contexto político da época, selecionadas entre os anos de 1970 e 1979, para
a análise enunciativa, elaborada no quadro de constituição da cena, seguindo-se em especial Maingueneau (1997; 2004; 2008;
2010) e Fiorin (1996) no trato da enunciação, do discurso e do ethos discursivo. Discute-se a crônica jornalística em termos
genéricos e a enunciação como aspecto capaz de enriquecer as abordagens dos sentidos no texto, os posicionamentos do
sujeito enunciador com relação ao seu enunciado e seu interlocutor. A partir da análise, pode-se discutir os posicionamentos do
autor em questões delicadas do momento, recorrentes em sua produção, ao mesmo tempo que estabelece-se uma primeira
visão de ethos e estilo (MOTTA E SALGADO, 2011; AMOSSY, 2008).
NARRATIVAS DA ANTIGUIDADE: LUCIANO DE SAMÓSATA E AS NARRATIVAS DO PENTATEUCO
Resumo
O objetivo deste trabalho é correlacionar narrativas da Antiguidade. De um lado Luciano de Samósata, estimulador da tradição
da Sátira Menipéia, de outro as narrativas bíblicas do Pentateuco (Torá no Judaísmo). Primeiramente estas duas correntes se
aproximam pelo fato de serem Orientais. Luciano nasceu Síria, na atual região de Samsat, - província de Ad?yaman, Turquia.
As primeiras narrativas bíblicas do Pentateuco são oriundas do Oriente Médio. Além da proximidade geográfica, ou melhor,
justamente por terem em comum um berço no Oriente Médio, as narrativas literárias de Luciano e as narrativas do Pentateuco
carregam visões bastante similares. Ambas possuem lógicas narrativas diferentes da greco-romana em voga na antiguidade.
Auerbach observa muito bem as diferenças entre a lógica Bíblica e a lógica Odisséia. Da mesma forma, Bakhtin nos aponta de
que maneira Luciano - dentro da Sátira Menipéia - prezou por narrar de forma contrastante com as narrativas oficiais, isto é,
contrastante com as narrativas de Homero. Considerando tais elementos, buscaremos neste estudo apontar e analisar de que
maneira a Luciano de Samósata e o Pentateuco bíblico se aproximam e se configuram como uma forma de pensamento se
infiltrou na literatura e no mundo ocidental.
A PERCEPÇÃO/REPRESENTAÇÃO DA MULHER/MÃE NO CONTO “A PONTE NA CALIFÓRNIA”, DE TEOLINDA GERSÃO
Resumo
Teolinda Gersão, escritora portuguesa contemporânea, tende a se desvincular dos discursos que buscam estabelecer
distinções entre a escrita masculina e a escrita feminina, a fim de evitar uma compreensão reducionista de seu processo
criativo. Nesse sentido, o pensamento da autora vai ao encontro daquilo que propõe a estudiosa Isabel Allegro de Magalhães
(1995). Segundo ela, no domínio da literatura, seria mais oportuno falar do “sexo dos textos” do que do sexo de quem escreve.
Portanto, nesta comunicação, num primeiro momento, iremos estabelecer o diálogo entre essa premissa e a compreensão da
própria autora sobre a escrita de autoria feminina, baseados em depoimentos e entrevistas concedidas sobre o assunto. Num
segundo momento, analisaremos a representação da mulher/mãe no conto “A Ponte na Califórnia”, presente no livro A mulher
que prendeu a chuva e outras histórias (2007), tendo como ponto de partida a topoanálise, a partir de uma categoria do espaço
narrativo: o espaço como focalização (Soethe, Brandão, 2007), que consiste na experiência de percepção das personagens a
respeito daquilo que as cerca. Veremos que a percepção do filho, narrador-personagem do conto, no decorrer do texto,
desconstrói a figura da mulher/mãe imposta pelo ideal familiar concebido pela ideologia patriarcal. Tal aspecto nos dá indícios
de que a escrita literária de Teolinda Gersão corrobora a desmistificação/dessacralização da figura da mulher idealizada por
uma sociedade machista e patriarcal, mesmo a autora negando qualquer tipo de comprometimento direto com a causa.
UM ESTUDO DESCRITIVO DOS GÊNEROS DO PRIMEIRO CADERNO E DA FOLHA 2 DA FOLHA DE LONDRINA
Resumo
Este trabalho é resultado de pesquisas realizadas durante a participação nos projetos de Iniciação Científica Inventário dos
gêneros do Primeiro Caderno da Folha de Londrina para fins de transposição didática e Um estudo dos gêneros do caderno
“Folha 2” da Folha de Londrina: primeira etapa da transposição didática externa, sob a orientação da Profa. Dra. Eliana Merlin
Deganutti de Barros. A finalidade dos projetos de IC é realizar um inventário dos gêneros do “Primeiro Caderno” e da “Folha 2”
do jornal Folha de Londrina para fins de transposição didática. Para a realização do inventário estipulou-se três etapas: 1)
identificação preliminar dos gêneros dos Cadernos; 2) estudo bibliográfico dos gêneros que compõem, supostamente, esses
cadernos; 3) análise do contexto de produção dos gêneros identificados e da esfera jornalística. Como fundamentação teórica, o
projeto pauta-se no estudos dos pesquisadores de Genebra vinculados ao Interacionismo Sociodiscursivo (ISD), sobretudo, em
sua vertente didática. Para esta comunicação o objetivo é apresentar sínteses dos resultados desse mapeamento, com o intuito
de que os gêneros estudados possam ser objeto de ensino da Língua Portuguesa em projetos didáticos de escolas da região,
sobretudo, em parceria com o Programa Institucional de Bolsas de Iniciação à Docência (PIBID). Espera-se também fomentar
as pesquisas voltadas para a transposição didática dos gêneros jornalísticos.
ELEMENTOS RELIGIOSOS E CONSTRUÇÃO DE IDENTIDADES NA LITERATURA BRASILEIRA
Resumo
O estudo realizado visa analisar o deslocamento e (re)articulação de símbolos e elementos religiosos nas obras Auto da
Compadecida (1957), de Ariano Suassuna, e O santo que não acreditava em Deus (1981), de João Ubaldo Ribeiro, buscando
discutir como esses elementos, sobretudo a figura divina, são ressignificados em relação aos personagens e contextos sociais
de afirmação e crise/crítica da modernidade no Brasil. Sabe-se que assim como a religião e a filosofia, a literatura preocupa-se
com as grandes interrogações sobre a vida e o universo (CASTAGNINO, 1969; MACHADO, 1969; OLSEN, 1979). Ariano
Suassuna e João Ubaldo Ribeiro problematizam o lugar e o papel da religião cristã tradicional no Brasil, desconstruindo
conceitos e dessacralizando elementos pretensamente intocáveis, em um movimento ao mesmo tempo herdeiro e crítico da
própria modernidade. Utilizando-se de recursos da retórica como o humor e a ironia, ambos os autores retratam Deus, os
Santos e a Igreja de forma dessacralizada, representando o sujeito universal e seus percalços, mas, sobretudo, a sociedade
brasileira moderna e suas dinâmicas de constituição e deslocamento de identidades.
INSERINDO CRIANÇAS DE ANOS INICIAIS NO UNIVERSO LITERÁRIO: UMA PROBLEMÁTICA A SER REPENSADA
Resumo
O objetivo deste trabalho é expor as práticas de incentivo à leitura, promovidas pelo projeto “Oficina de contação: a formação de
leitores”, realizadas com alunos de anos iniciais de uma escola de Rio Grande. O referido projeto tinha por objetivo despertar o
interesse pela leitura e trabalhar a criatividade dos alunos, para assim, desenvolver a expressão oral e escrita das crianças e
aguçar o hábito de leitura. Com base no que afirma Zilberman (1991), é delegada à escola a função de despertar na criança o
gosto pela leitura, e isso tem se tornado cada vez mais complexo já que muitos professores utilizam textos literários como mero
pretexto para o trabalho com língua portuguesa, esquecendo-se das riquezas que o mesmo carrega. O trabalho com o texto
literário não pode resumir-se ao ensino de gramática, é preciso compreender que o texto em si já possui importância e que a
literatura não precisa estar sempre interligada com o ensino dessa gramática. Ao ler o aluno desenvolve o seu raciocínio e
imaginação. Portanto, é preciso que se entenda que o trabalho com o texto literário possui a sua própria finalidade, não sendo
dependente sempre de algum conteúdo gramatical.
VIAGEM ATRAVÉS DO REDEMOINHO: A NARRATIVA FANTÁSTICA E ENCICLOPÉDICA DE MIGUEL GULLANDER
Resumo
A comunicação objetiva demonstrar a narrativa fantástica do escritor português Miguel Gullander na obra Perdido de volta, e de
como essa ficção apresenta, além do fantástico, uma construção textual que se assemelha a uma viagem enciclopédica por
inúmeras culturas, fazendo-se uma espécie de grande livro-mundial do viajante. O cruzamento entre o fantástico e a perspectiva
enciclopédica amplia o conceito pós-moderno de desconstrução da própria estrutura narrativa, assim como amplifica o conceito
de estranhamento por desfazer a linearidade de espaço, tempo e memória. O estudo tem como base a proposta conceitual de
fantástico por Tzvetan Todorov e seus derivados: o estranho e o maravilhoso. Unido a esses conceitos, apropria-se a ideia de
viajante-transcultural como leitmotiv da narrativa. Perdido de volta resulta em um mapeamento de uma constelação de mitos e
lendas, antigas e contemporâneas, orais e escritas narradas pela perspectiva da escrita fragmentada pós-moderna em que a
representação do mundo deixou de existir como reflexo do real para se tornar o intertexto fantástico de um mundo da escrita. O
mundo grafado com tinta e papel, que é o universo da biblioteca, de que falava Jorge Luis Borges. Por isso, a narrativa de
Miguel Gullander é a cintilação de um micro-cosmos textual que compreende desde a bíblia, o i ching, Peter Pan, o rock, a
tecnologia de ponta, as histórias das avós africanas, a cultura de massa, o mito de Prometeu, a teoria da dependência, sempre
em tom politicamente incorreto, irônico e cético. Esse personagem-escritor desmistifica os lugares comuns da cultura
contemporânea, inclusive da própria arte atual.
CARTAS DO NORTE - EUCLIDES DA CUNHA E AS CORRESPONDÊNCIAS SOBRE A AMAZÔNIA
Resumo
Em 1904 Euclides da Cunha partiu para o Norte do país como comissionário, em nome do Barão de Rio Branco, em uma
missão mista entre Brasil e Peru para o reconhecimento do Alto Purus com o objetivo de estudar essa região amazônica e
delimitar a linha de fronteira entre esses dois países que se encontravam em conflitos. Nessa expedição Euclides - como
homem das letras e de ciências, aproveitou o momento e a situação e colheu farto material que necessitava para a feitura de
um novo e sensacional livro sobre o sertanejo e sua atividade nos sertões alagados e solitários do extremo norte, que foi
publicado postumamente como À Margem da História. Nessa missão, que durou em torno de um ano, Euclides escreveu várias
cartas de Belém e Manaus para o Barão de Rio Branco e seus colegas intelectuais do Rio de Janeiro. Essas cartas contêm, no
seu bojo, um farto e rico material sobre a vida de Belém, Manaus, os sertanejos - como seringueiros - na região do Alto Purus e
impressões sobre literatura e vida cultural e social do Brasil, que mais tarde encontramos melhor detalhado em ensaios e
artigos que foram reunidos em livros como À Margem da História, Contrastes e Confrontos e Peru versus Bolívia. O objetivo
dessa comunicação é apresentar as impressões e o rico material que Euclides da Cunha imprimiu nessas cartas escritas no
norte de país e depois no Rio de Janeiro sobre a região amazônica que mais tarde tornou-se importante material de sua obra de
análise da Amazônia e do seringueiro.
DAS FÓRMULAS E/OU PEQUENAS FRASES ÀS AFORIZAÇÕES EM POLÍTICA: QUESTÕES TEÓRICO-ANALÍTICAS
SOBRE O “VOLTA, LULA!”
Resumo
Numa rápida procura no site de buscas Google é possível constatar que o enunciado “Volta, Lula! ocorre 6920000 vezes. Essa
pequena frase desde a sua irrupção passou a estar presente nos mais variados tipos de texto e de gênero e na “boca” dos mais
diferentes enunciadores, inscritos em distintos posicionamentos discursivos. Uma vista d’olhos na literatura pertinente sobre as
pequenas frases na política nos mostra que essa temática embora bastante relevante tanto para os estudos da ciência política e
da comunicação quanto para as ciências da linguagem ainda foi pouco tratada, sobretudo no espaço acadêmico brasileiro.
Nossa preocupação inicial nesta comunicação é compreender o que faz do “Volta, Lula!” uma espécie de pandemia discursiva
(verbal e icônica) com quase sete milhões de ocorrências. Mais especificamente, nesta apresentação, com base nos trabalhos
de Krieg-Planque (2003, 2008, 2010 e 2012) acerca das fórmulas discursivas e de Maingueneau (2007, 2010a, 2010b, 2011 e
2012), sobre a teoria das “frases sem texto”, buscaremos compreender as propriedades lingüístico-discursivas do enunciado de
pequena extensão “Volta, Lula!”, bem como de algumas de suas variantes icônicas como “Volta, Lulla e traga de volta os R$
10,6 bilhões que você emprestou para o Eike Batista!”. Ademais, buscaremos descrever, por um lado, os cotextos e os
contextos pelos quais esse enunciado e algumas de suas variantes circulam no espaço midiático digital brasileiro mais
detalhadamente nos jornais Folha de S. Paulo e Estadão e em alguns sites especializados em política - entre os meses de abril
a agosto de 2014 - e por outro, as razões conjunturais que possibilitaram emergência de tal enunciado.
A MEMÓRIA DA ESCRAVIDÃO EM “A MAIS REMOTA LEMBRANÇA” (1994), DE FRED’AGUIAR
Resumo
O presente trabalho tem por objetivo analisar a obra “A mais remota lembrança”, de Fred D’Aguiar com base na teoria
pós-colonial, teoria esta que permite a análise crítica do colonialismo a partir de diversos campos, entre eles a literatura. A
presente obra permite uma análise rica da colonização e suas nuances, além de permitir a aplicação da teoria da memória
coletiva a partir dos diversos relatos que compõem a obra. Neste sentido, ao aplicarmos as teorias em questão, mostraremos
como se deu as relações coloniais dentro do contexto sócio-histórico da obra, além de compreender como se desenvolveu a
memória individual de cada um dos personagens acerca da fuga, delação e morte do escravo Chapel, bem como cada uma
dessas memórias contribuiu para a construção da memória coletiva. Além disso, para compreendermos a construção das
memórias, também analisaremos como cada personagem age ou reage diante da colonização. Para tanto, nos ateremos a
teóricos como Bonnici (2005); Ashcroft et al. (1995 e 2000), além de Halbwachs (2006); Le Goff (1994); Seligmann-Silva (2006),
entre outros que abordam o pós-colonialismo e a memória. Desta forma, estaremos não só buscando compreender como a
colonização afetou os sujeitos colonizados, como também compreender como suas memórias foram construídas a partir do
impacto da colonização.
A TEXTUALIDADE NOS QUADRINHOS: A QUESTÃO DAS MODALIDADES DE EXPRESSÃO E A CONSTRUÇÃO DA SUA
LEITURA INTERPRETAÇÃO
Resumo
O debate a respeito da natureza dos quadrinhos enquanto artefato cultural híbrido não contribui para uma cultura de letramento
adequada à apropriação dos quadrinhos como ferramenta pedagógica. A ideia de compreender os quadrinhos enquanto um
artefato híbrido serve para, além do seu entendimento como gênero discursivo, para a manutenção da divisão entre cultura alta
e baixa, uma vez que a primeira comportaria aqueles artefatos puros, restando aos artefatos híbridos sua interpretação
enquanto impuros. Nota-se rapidamente o quanto esta caracterização dos quadrinhos conduz a não apenas um, mas vários
becos sem saída interpretativos. A caracterização dos quadrinhos enquanto um gênero do discurso ou artefato cultural híbrido
só possui valor epistêmico se for ampliada com a especificidade das modalidades de expressão. A compreensão dos
quadrinhos como um texto complexo no sentido de que incorpora em sua constituição textual, isto é, em sua textualidade uma
série de modalidades semióticas de expressão possibilita a sua utilização nas práticas pedagógicas de letramento enquanto
forma textual autônoma, sem a necessidade de pretextos que justifiquem sua utilização como uma espécie de recurso de
passagem para a leitura de textos valorizados culturalmente na praticas pedagógicas de letramento. O objetivo principal desta
proposta é o de especificar a natureza da textualidade dos quadrinhos enquanto produto da sua composição multimodal, isto é,
da sua composição e interpretação por meio da utilização de uma série de modalidades cognitivo-semióticas hierarquizadas no
texto dos quadrinhos de modo a que sua interpretação conduza à complexidade que seus significados potenciais constituem.
SÁTIROS E FAUNOS: O MUNDO POVOADO DE SERES INSÓLITOS
Resumo
Este trabalho discute a presença do sátiro e do fauno em obras de diversas linguagens artísticas como elementos centrais na
construção de um mundo insólito. Citamos como exemplo aqui a fotografia Sátiro, de Joel-Peter Witkin e a narrativa
cinematográfica Labirinto do Fauno, do diretor Guillermo del Toro. Em literatura, o texto escolhido é o poema L’Après-midi d’um
faune, de Stephane Mallarmé. A reflexão teórica ocorre aqui a partir dos estudiosos do fantástico, do estranho, do absurdo e do
grotesco, além do próprio insólito. Apesar de serem reflexões díspares, todas essas categorias artísticas, vistas como
fenomenológicas, estão interseccionadas à luz do que Victor Chklovski denomina em seu “A arte como procedimento” como
estranhamento. Tal conceito permeia a obra de arte através da geração de um mal estar ao receptor da obra. Se tal mal estar
não está vinculado diretamente aos fenômenos descritos acima, indiretamente a construção de um mundo real absolutamente
vinculado ao irreal, é fator de estranhamento central na construção da arte desde o século XIX. Assim, o estranhamento,
conceito que considera a recepção da obra de arte, se mescla aos outros fenômenos referidos anteriormente para que as três
obras de arte escolhidas aqui para análise proporcionem um efeito de estranheza, intimamente associado ao insólito.
O DIABO RESIDUAL EM GRANDE SERTÃO: VEREDAS
Resumo
Este trabalho tem por escopo analisar os aspectos residuais do Diabo presentes no romance Grande Sertão: Veredas (1956),
de Guimarães Rosa, mormente no que se refere à personagem Riobaldo, indivíduo atormentado pela incerteza de ter
consumado um pacto com o Diabo – ao mesmo tempo em que duvida da existência do Arrenegado. Para tanto, ancoramo-nos
na Teoria da Residualidade, proposta teórico-investigativa sistematizada por Roberto Pontes, da Universidade Federal do
Ceará, que se baseia no princípio de que toda cultura contém resíduos de outros tempos e espaços. Nessa perspectiva,
trabalhamos com os conceitos de resíduo, mentalidade, hibridação cultural e cristalização. O Diabo é uma das imagens centrais
do universo cristão ocidental, e tem percorrido o imaginário popular nas mais diferentes épocas. A aparência benévola que no
Principio coube ao Diabo, pela condição de anjo caído, cede lugar à de terrível monstro, descrito com aspectos malignos e
híbridos, próprios de sua condição espiritual. Essa representação evoluiu no período medieval, sendo alvo de intensos debates
teológicos, até tornar-se o grande inimigo de Deus, e consequentemente, da cristandade. Enfim, nosso trabalho, busca mostrar,
pelo viés da residualidade, a existência da mentalidade demoníaca no texto rosiano.
A INTERTEXTUALIDADE COMO MECANISMO QUE ASSEGURA EFEITO DE REAL EM NOTÍCIAS FALSAS
Resumo
A proposta deste estudo é analisar como a intertextualidade contribui para assegurar efeito de real em notícias falsas escritas
pelo humorista e blogueiro Fábio Flores. Reproduzindo técnicas do texto jornalístico, foram divulgadas em 2011 na internet e
compartilhadas como sendo verdadeiras por blogs, sites do Brasil e do exterior, incluindo de veículos de comunicação
tradicionais. Entendemos que a intertextualidade contribuiu para esse efeito de real, que, segundo Roland Barthes (1984), é
sustentado por determinadas marcas ou estruturas – no caso do nosso objeto de investigação e pesquisa, entendemos essas
marcas como os intertextos. Para atender os objetivos propostos, será conceituada a intertextualidade e também caracterizados
os tipos de intertextualidade estilística e tipológica, na perspectiva de Koch, Bentes e Cavalcante (2007), e como estão
presentes nos textos analisados. Também serão descritos os elementos da estrutura do texto jornalístico e o conceito de
objetividade, pois funcionam como intertextos que aparecem nas notícias falsas e que atuam na produção de sentidos. As
marcas textuais desse gênero estão presentes nas notícias falsas e remetem o interlocutor a uma memória de credibilidade
jornalística, que resulta na ausência de questionamento da veracidade dos supostos fatos. No relato de absurdos, os textos
foram construídos de modo a gerar efeito de real pela suposta reprodução do ideal de objetividade, atendendo a tese da
neutralidade e imparcialidade. Teríamos intertextualidade estilística e tipológica nessas falsas notícias e o interlocutor
reconhece os textos como sendo jornalísticos pela forma que emoldura o conteúdo.
ESCRITAS DE SÃO JORGE: UM PERCURSO DIALÓGICO DE UM IMAGINÁRIO ENTRE PORTUGAL E BRASIL.
Resumo
Este estudo teve como foco de análise as narrativas escritas em torno do mito de São Jorge, manifestação popular entre Brasil
e Portugal, fixado no Romancero ibérico, e que se desenvolve atualmente em hinários da igreja, na literatura de cordel e na
reza. Esta dialogia discursiva fundada a partir de narrativas medievais em torno do nome do santo guerreiro, é entrecortado
arquetipicamente por sua face correspondente africana, Ogum, que constitui o imaginário religioso brasileiro e mestiço. O
estudo teve como perguntas mobilizadoras: que significantes imagéticos textuais estão presentes no mito de São Jorge? Como
essas imagens se articulam com as vozes que constituem o modus vivendi dos que entoam os cantos e as rezas em torno de
São Jorge? Com o objetivo de analise, foi utilizado narrativas do mito coletada no século XIII por Jacopo Vareze, textos do
Romancero Ibérico, coletado nos anos de 1987 por Manoel da Costa Fontes na província de Trás-os-Montes em Portugal, texto
de hinários católicos compartilhados em redes sociais e texto de literatura de cordel. Para isso, elegeu-se como base
epistemológica, as teorias da antropologia do imaginário, com os autores: Gaston Bachelard, Gilbert Durand; uma historiografia
da escrita, dos suportes textuais a partir de Roger Chartier, Paul Zumthor, Alberto Manguel, Jacques Le Goff, Paul Ricoeur e a
abordagem dialógica entre gêneros textuais através dos estudos de Mikhail Bakhtin. Este referencial teórico permitiu analisar o
arquétipo do guerreiro e seu desdobramento na oralidade, fixada pela escrita. Assim, espera-se que possamos contribuir com
os conhecimentos sobre o tema, ampliando a nossa compreensão da sociedade e de nós mesmos.
CORRELAÇÃO ENTRE TEMPO TOTAL DE LEITURA E COMPREENSÃO LEITORA EM ESCOLARES DA EDUCAÇÃO
BÁSICA
Resumo
É inquestionável a importância da competência compreensão leitora no mundo moderno, este estudo objetiva investigar a
correlação existente entre as variáveis tempo total de leitura e compreensão leitora em escolares da educação básica. A
hipótese que subjaz este estudo é da correlação negativa estatisticamente significativa entre essas variáveis. O que sustenta
essa hipótese é o argumento na literatura científica sobre o assunto de que os recursos atencionais, essencialmente limitados,
são bastante requisitados quando da não automatização da correspondência grafema-fonema (DEHAENE, 2012; BOUJON E
QUAREAU, 2000; MOUSINHO et al., 2009; SALES e PARENTE, 2004). A automatização, por sua vez, diminui a demanda de
recursos cognitivos para esse processo redirecionando-os para outras funções, aumentando índices de compreensão leitora.
Participaram desse estudo 60 estudantes da educação básica entre 8 e 15 anos, 30 deles em classes pós-alfabetização e
outros 30 em séries finais do ensino fundamental. Observou-se que houve correlação negativa em ambos os grupos
pesquisados, ou seja, conforme diminuía o tempo total de leitura aumentavam os índices de compreensão leitora. Chegou-se a
conclusão de que a compreensão leitora se correlaciona negativamente com o tempo total de leitura, contudo, outros elementos
merecem ser considerados para melhor entendimento do fenômeno da compreensão: prosódia e corretude.
UM TEXTO CIGANO: CARMEN E A MULTIMODALIDADE A SERVIÇO DA LITERATURA
Resumo
Quando Prosper Mérimée iniciou a publicação de sua novela Carmen em capítulos na Revue de Deux mondes (1845),
provavelmente não imaginava que, ainda em seu tempo, a realidade midiática e multimodal se apropriaria de sua novela e de
sua paixão pelo mundo cigano. Uma das adaptações mais conhecidas de sua obra é a ópera homônima de Georges Bizet,
apresentada pela primeira vez em 1875. Em 2012, as edições Delcourt publicaram a adaptação da novela em história em
quadrinhos. O texto de Mérimée, como se pode comprovar, suscita novas obras a partir de um tema que foi tão caro ao autor. A
multimodalidade aqui ajuda a difundir a versão literária de Carmen e proporciona, muitas vezes, modos mais imediatos de
alcançar o público. Essa apropriação multimodal e multimidiática dos textos, que encena novas formas de articulação da língua
e do literário, traduz-se em sala de aula em novas perspectivas didáticas e em novas ferramentas para a construção da língua
como forma de expressão. A incorporação desses novos modos de letramento na prática de sala de aula se torna mais urgente
e desejável visto que a nova geração se encontra quotidianamente imersa em um ambiente de textos multissemióticos,
multimodais e hipermídiaticos. Como nos lembra Rojo (2012), “os textos compostos de muitas linguagens (ou modos, ou
semioses) exigem capacidades e práticas de compreensão e produção de cada uma delas (multiletramentos) para fazer
significar.” Essa comunicação apresenta uma nova maneira de utilizar a novela Carmen e suas versões multimodais junto a
aprendizes de curso de francês língua estrangeira (FLE).Carmen, multimodalidade, multiletramento
O ESTATUTO DE LITERATURA INFANTO-JUVENIL: O CASO DE HISTÓRIAS DE ALEXANDRE
Resumo
Este trabalho propõe um olhar sobre o livro de literatura infanto-juvenil Histórias de Alexandre (1944), do escritor alagoano
Graciliano Ramos, a partir de dois caminhos. Primeiramente, a revisão bibliográfica da crítica (BRAYNER, 1977; CRISTÓVÃO,
2003; MOURÃO, 2003) nos fornecerá elementos de interesse para a compreensão desta obra, que se encontra em um
momento de produção ainda pouco estudado na obra de Graciliano - posterior a seu importante conjunto de romances e
anterior a sua produção de caráter autobiográfico. Em seguida, com base na teoria e na crítica da literatura infantil (LAJOLO &
ZILBERMAN, 1988; CUNHA, 2003; HUNT, 2010), iremos analisar as relações hierárquicas estabelecidas entre literatura e
literatura infanto-juvenil e levantar questões acerca do estatuto de Histórias de Alexandre e o seu papel no apagamento das
discussões críticas acerca desse livro. Finalmente, iremos propor uma análise que dilua as fronteiras restritas entre literatura e
literatura infanto-juvenil.
LISÍSTRATA, DE ARISTÓFANES, EM FONTE DAS MULHERES
Resumo
LISÍSTRATA, DE ARISTÓFANES, EM FONTE DAS MULHERES Rosana Araújo da Silva AMORIM Universidade Federal da
Bahia – UFBA CPF: 67697704587 Literatura e cinema, como formas de expressão artística, têm dialogado de maneira cada vez
mais próxima. A literatura tem circulado por outras mídias e expressões artísticas. Ela tem servido como fonte inspiradora para a
produção de diversos filmes e, esta prática, embora bastante antiga, continua crescendo a cada dia. Por outro lado, o cinema
também tem influenciado o modo cinematográfico e imagético como as obras literárias vêm sendo construídas. Ao pensar em
uma nova versão para determinada obra, a recriação de um determinado texto de saída, precisa deixar de lado a preocupação
com a fidelidade, o novo texto, o texto de chegada surge como uma nova adaptação. A comunicação objetiva mostrar o filme
“Fonte das Mulheres” de Radu Mihaileanu como uma tradução intersemiótica da comédia grega “Lisístrata” de Aristófanes. O
estudo propõe uma analise tendo como base a linguagem, pois a partir da linguagem é que se percebe a construção do outro.
Através do discurso do outro se recria um novo discurso como afirma Bakhtin. Na comédia, Lisístrata recomenda uma greve de
amor com o objetivo de por um fim às guerras entre atenienses e espartanos. O filme está centrado na greve de sexo, insinuada
pela jovem muçulmana Leila, com a intenção de propor um fim à exploração feminina de uma pequena vila. Isso significa dizer
que o processo da análise contrastiva entre texto literário “Lisístrata” e o texto fílmico “Fonte das Mulheres” mostra que a velha
oposição, livro/filme tende a transformar-se cada vez mais numa relação de semelhança.
POLÍTICAS LINGUÍSTICAS: QUESTÕES INTRODUTÓRIAS PARA PESQUISAS EM CONTEXTOS MULTILÍNGUES
Resumo
Resumo: Este texto é resultado de discussões e reflexões de uma disciplina cursada no primeiro semestre de (2014), na
Unicamp, denominada “Tópicos em Multiculturalismo, Plurilinguismo e Educação Bilíngue I”, Portanto, meu objetivo, neste texto,
é propor uma reflexão sobre alguns conceitos utilizados em políticas linguísticas e que são extremamente relevantes em
pesquisas, principalmente as realizadas em contextos multilíngues. De acordo com Calvet (2007, p. 11), “[...] o poder político
sempre privilegiou essa ou aquela língua, escolhendo governar o Estado numa língua ou mesmo impor à maioria a língua de
uma minoria”. Sendo assim, este trabalho se apresenta dividido em duas partes: na primeira, são discutidos os diferentes
conceitos utilizados em políticas linguísticas, partindo de concepções unidimensionais como a de Blommaert (2006), Hornberger
(2006), Ricento (2006), Maher (2013), Nicolaides (2013); e na segunda parte, é apresentada uma pesquisa realizada por
Canagarajah (2005), em contexto multilíngue, onde o autor expõe os desafios enfrentados em uma pesquisa de resistência.
LITERATURA INFANTIL: IMAGINÁRIO E ENSINO NO CONTEXTO DE MATO GROSSO
Resumo
A leitura na escola não deve estar desligada do contexto em que o leitor está inserido. Sabemos que a educação conservadora
não contemplou o mundo do aluno na leitura, por isso tornou a exclusão um modelo de ensino. A diversidade cultural nunca se
ausentou do gênero destinado às crianças. O tratamento tem se modificado, diante da importância conferida aos estudos
culturais e das novas necessidades da política educacional que hoje se volta ao trabalho com a diversidade. Edições destinadas
ao público infantil e jovem trazem temas e situações vivenciadas em diferentes estados e regiões do Brasil. Mato Grosso
apresenta edição restrita de obras destinadas às crianças, mas que traz a preocupação de apresentar uma linguagem que
corresponde ao universo da criança, como também imprime, em sua estrutura literária, as marcas culturais e sociais da região.
Autores como Ivens Scaff transpõem para o plano do literário elementos da diversidade, criando personagens que vivenciam
situações de identificação do leitor mirim. Desse modo, respondem favoravelmente à visão da literatura enquanto uma forma de
autorrepresentação do imaginário antropológico e cultural. A seleção de textos deve contemplar a diversidade cultural e os
valores da comunidade de leitores como forma de atenuar a exclusão. Portanto, devem estar inclusas as narrativas indígenas e
populares da região, a fim de que a identidade e memória dos povos da floresta, a cultura ameríndia e a cultura mato-grossense
sejam constitutivas do processo de formação do leitor. Esta pesquisa trabalha em dimensão sociointerativa e visa amenizar a
dissociação e a exclusão cultural que os alunos vivenciam nas aulas de literatura.
MULTIMODALIDADE E A ESTRUTURA RETÓRICA: UMA ASSOCIAÇÃO POSSÍVEL PARA A ANÁLISE DE ANÚNCIOS
PUBLICITÁRIOS
Resumo
É necessário um estudo sobre a associação entre RST e Multimodalidade em anúncios publicitários. É possível perceber que
essas duas teorias têm pontos em comum quando se consideram os elementos que servem à estrutura argumentativa desse
gênero. A união dos postulados defendidos por uma e outra teoria traz mais profundidade à análise ao se afirmar que uma
relação de sentido entre um conteúdo proposicional elencado pela estrutura retórica pode ser reforçado pelos aspectos da
Multimodalidade que constiutuem os anúncios publicitários . Baseando-se na RST, teoria de fundamentos funcionalistas que
procura descrever como se estabelecem as relações de coerência em porções textuais, e os postulados defendidos pela
Multimodalidade, é fundamental que se analisem aos procedimentos argumentativos de que se valem os anúncios publicitários
para que se construa um texto que atinja seu objetivo: o convencimento. A relação proposta entre essas duas teorias é
adequada em se considerando a análise do multimodal em sua abrangência visual e verbal, assim como as relações que
emergem em uma análise fundamentada na RST, também de abrangência visual e verbal. Partindo-se do pressuposto de que
tanto texto verbal quanto texto visual, isoladamente ou em conjunto, contribuem para a proposta dos anúncios publicitários é
que se sustenta a ideia de que uma associação entre Multimodalidade e RST é possível tendo muito a adicionar aos estudos de
análise anúncio publicitário. Nenhum elemento de anúncios publicitários pode ser desconsiderado quando se pretende
desvendar o que há por trás desse gênero que, além de seduzir, proporciona um elo de interação entre quem o produz e quem
o lê.
JORNAL COMUNITÁRIO ONLINE: A VOZ DO BEIRU EM TEXTOS ESCRITOS, ORAIS E EM IMAGENS DIGITAIS
Resumo
A pesquisa insere-se na área de Letras, e refere-se ao estudo interpretativo de base etnográfica das manifestações de escrita
que constituem o cotidiano de um grupo de sujeitos que moram no bairro do Beiru, em Salvador/BA, e que editam o jornal
comunitário digital do local. Baseia-se no conceito de escrita enquanto um conjunto sócio-histórico de práticas que fazem parte
das atividades sociais destes em contextos diversos referentes à família, escola, espaços comunitários, redes sociais e
comunidades virtuais. Considera a multiplicidade dos gêneros do discurso que fazem parte do jornal virtual, suas relações com
a oralidade, outras linguagens ou semioses, tendo em vista: o processo conjunto de edição de textos e imagens, as
experiências pessoais com a língua escrita de seus redatores, particularmente interessados no enfoque de políticas afirmativas
e culturais locais, e a contrapartida do público leitor que via a comunicação e o diálogo pela internet através de textos, faz
emergir identidades, memórias e saberes sociais diversos. Ancorada na Sociolinguística, a realização do estudo de caso de
abordagem qualitativa tem como referência a pesquisa de campo, e portanto dados primários ou inéditos e a pesquisa
conceitual ou teórica da língua, contribuições essenciais na formação do estudante da área de Letras e aos estudos, até agora
insipientes, sobre as escritas que circulam nos diversos bairros de Salvador e suas ressonâncias na comunidade virtual.
O CARÁTER DIALÓGICO-POLIFÔNICO DA CRÔNICA DE MILTON HATOUM: VOZES CRUZADAS EM "UM SOLITÁRIO À
ESPREITA"
Resumo
A comunicação que ora se apresenta visa tratar do aspecto dialógico-polifônico na crônica de Milton Hatoum, recorrendo à
noção de consciências independentes imiscíveis e de enunciado concreto de Bakhtin. Partindo da relação entre língua e
literatura, entendemos que o texto literário encerra a possibilidade de análise da língua num plano metalinguageiro.
Colocando-se como manifestação de gênero, numa perspectiva de mundos possíveis, apresenta o aspecto dialógico-polifônico
da linguagem. Beth Brait (2010) refere-se à visão do círculo baktiniano ao afirmar que a relação entre língua e literatura constitui
conceito importante na percepção dialógica da linguagem e base para seu estudo. Sob essa perspectiva, aplicar-se-ão os
fundamentos bakhtinianos acerca da dialogia e polifonia em Um solitário à espreita, cuja estrutura basilar é o diálogo, do autor
amazonense Milton Hatoum. Para tanto, faz-se necessário pensar ainda na visão de enunciado concreto construída por Bakhtin
e entendida como a relação entre processo e produto da enunciação, em que se encontram envolvidos não só a materialidade
linguística, mas os elementos do contexto de enunciação. Considerando que o enunciado concreto pressupõe uma autoria, a
relativização da autoria nos permite realizar uma análise baseada na tomada do diálogo que se desenvolve no texto como grupo
de vozes que se inter-relacionam dialógica e polifonicamente no contexto da crônica tendo suas personagens como “autores”.
Assim, cada querer dizer que a personagem assume dentro da narrativa representaria um enunciado concreto, manifestando
vozes 'equipolentes' carregadas de informações sócio-históricas.
UMA PROPOSTA DIDÁTICO-PEDAGÓGICA COM OS PROCESSOS DE ESCRITA E REESCRITA NO GÊNERO ARTIGO DE
OPINIÃO
Resumo
Sabendo que a escrita é fruto do trabalho humano/social, tecnológico, histórico e ideológico, cujo domínio possibilita
desenvolvimento ao homem e à sociedade, e que cabe à escola o seu ensino e aprendizagem, propomos uma práxis com os
processos de escrita no gênero artigo de opinião; coerente à concepção interacionista de linguagem, de ensino produtivo,
compreendendo que a escrita de gêneros discursivos passa por várias etapas de trabalho, exigindo do produtor do texto um
bom conhecimento sobre o funcionamento real da linguagem. Assim, estudaremos os aspectos sócio-histórico, ideológicos,
linguístico/discursivos, constituintes/característicos desse gênero, seu contexto: situações/condições de produção,
circulação/recepção, conteúdo temático, estilo e construção composicional; explorando artigos já produzidos, culminando no
planejamento, produção, revisão, correção e reescrita de artigos, propiciando ao estudante uma prática de escrita congruente
ao uso real da língua. Para isso, ancoramo-nos nas contribuições do Círculo de Bakhtin (2003, 2009, 2011) acerca do
funcionamento da linguagem, dialogia e gêneros discursivos; nos estudos da Linguística Aplicada acerca da escrita, de autores
como Antunes (2003), Fiad e Mayrink-Sabinson (2004) da escrita como trabalho, na concepção de ensino produtivo; em Geraldi
(1997, 2002, 2004) que propõe a análise linguística no processo de reescrita do texto produzido pelo estudante; em Menegassi
(1998), Serafini (2004) e Ruiz (2010), fundamentando as operações de revisão e reescrita; e, nos estudos de Koch (1990, 1995,
2008) e Marcuschi (2008), representantes da teoria da Linguística Textual.
O ROMANTISMO NO LIVRO DIDÁTICO: MODO DE LEITURA E CONCPÇÃO DE LITERATURA
Resumo
Neste trabalho, entende-se que uma leitura expressiva da literatura pode desempenhar um papel substantivo na emancipação
do aluno leitor. Por isso, a proposta é investigar quais conceitos de literatura perpassam o ensino dessa disciplina no ensino
médio, e mais especificamente o veiculado pelo livro didático. A fim de identificar possíveis interferências dos atores envolvidos
no processo de criação da literatura escolar, a pesquisa tem como objetivo primeiro discutir que tipo de leitura está proposto no
ensino da literatura destinado à segunda série do Ensino Médio. Para tanto, analisa-se a abordagem da escola romântica
contida no atual livro didático Português: contexto, interlocução e sentido (2009), referendado pelo MEC, por meio do selo do
PNLEM. À luz do referencial teórico e das orientações oficiais para o Ensino Médio, descrevem-se diferentes aspectos, tais
como a organização dos conteúdos, os exercícios de aplicação e os procedimentos textuais e paratextuais apresentados no
livro pesquisado. A base teórica evidencia a concepção cultural da leitura, na perspectiva de Roger Chartier; de
transtextualidade, de Gerald Genette; bem como estudos críticos da leitura de Regina Zilberman, Mariza Lajolo e Márcia Abreu.
A análise dos dados apresentados na tessitura do discurso didático, possibilitou verificar ideologias que perpassam a produção
desse gênero e conferir que no processo de reprodução da leitura literária pelo livro didático ocorre um cerceamento de leitura
que ao legitimar apenas a abordagem historiográfica da literatura direciona leitores para apenas esse modo de entendê-la e não
contribui para a emancipação dos mesmos.
CONSTRUÇÕES COM TANTO QUE; ALGUMAS CONSIDERAÇÕES
Resumo
Este trabalho tem por objetivo apresentar considerações acerca da construção tanto...que em estruturas tradicionalmente
consideradas consecutivas. Na tradição gramatical, as orações consecutivas estão entre as denominadas orações
subordinadas adverbiais, todavia estudos funcionalistas têm enquadrado essas construções nas chamadas orações
correlativas, ou seja, orações que possuem dois elementos correlacionados, ficando um na primeira oração e outro na segunda
oração. Os autores que consideram a correlação dividem-se em dois grupos: o primeiro, constituído pelos que incluem a
correlação em um processo sintático distinto da subordinação e da coordenação, como Oiticica (1952) e Castilho (2010), e o
segundo, constituído pelos que consideram a correlação parte tanto do processo de subordinação quanto de coordenação,
como Neves (2000) e Azeredo (2008). Nas consecutivas com tanto que, há uma estrutura correlativa, pois tanto, o qual funciona
como quantificador ou intensificador de um verbo ou de um nome, está diretamente correlacionado a que, constituindo a relação
semântica de causa e consequência. Ressalte-se que, no português atual, há uma tendência no uso dessa construção com
esses elementos em adjacência, ou seja, lado a lado, introduzindo oração, além de ocorrências com suas variantes tanto é
assim que e tanto é que. Assim, a partir de uma perspectiva funcional, este trabalho apresenta algumas reflexões em relação às
diferentes abordagens atribuídas a essas construções.
A VIOLÊNCIA SEXUAL EM IMAGENS E(M) DISCURSO
Resumo
Nos últimos anos, os casos de estupro, tanto no Brasil como em outros países, passaram a ser denunciados com maior
frequência e têm sido contabilizados por segundo. Diante da urgência deste problema, a sociedade tenta encontrar os culpados
pela crescente estatística. Para compreender os discursos a respeito da violência sexual sofrida por mulheres, esta análise
parte da materialidade discursiva de dois recortes em que enunciados e imagens trazem à tona o tema estupro: em um folheto
de uma campanha de segurança que circulou na Inglaterra, em 2012 e duas fotos de um caso de estupro de uma criança,
ocorrido no Brasil, na cidade de Maringá, em 2011. O discurso que se apresenta no folheto verbo-visual é um alerta às
mulheres (uma orientação), enquanto as fotos demonstram o desfecho de uma história de estupro seguido de morte. Nos dois
casos, de diferentes maneiras, as imagens em discurso mostram a vítima como culpada. O problema da pesquisa é
compreender como se constituem esses discursos a respeito da culpabilidade das vítimas de estupro e não outros e que
práticas discursivas se apresentam nesses regimes do dizer e do olhar as imagens, embasando-se na perspectiva dos estudos
foucaultianos a respeito de enunciados ancorados na biopolítica e no biopoder, além de estudos sobre leituras de imagens.
IMAGENS DO PODER: “A FUGA DAS GALINHAS”
Resumo
O cine de animação que tem como título em inglês “chicken run” e em português “A fuga das galinhas”, criado por Wallace&
Gromit pela Dreamnworks Animation SKG, conta a história de galinhas que vivem numa granja e que serão enviadas para uma
cooperativa. Essas galinhas, lideradas por Ginger e por Rocky, planejam a fuga da granja, mas para isso precisarão saber voar.
Toda a história gira em torno desta fuga. Embora, em um primeiro momento, o filme focalize o poder dos donos da granja sobre
as galinhas, como um exercício de vigilância e de punição centralizado, a luta das galinhas sobre o poder exercido, mostra-se
como uma resistência para com a multiplicidade de relações de forças, já que há fios tensivos entre as instâncias do poder.
Nesta ordem de disposição das instâncias do poder, a vigilância, a punição e o capital funcionam como propulsores da
liberdade, da autonomia sobre a própria vida e da consciência social, advindos da resistência dos sujeitos que trazem como
condições de possibilidade a existência do ser. O poder existe enquanto prática e como relações que são estabelecidas
socialmente e que, por causa disso, na sua prática, pode trazer a positividade das condições de possibilidade do ser. Diante
disso, o propósito deste trabalho é apresentar o poder como aquele que reprime, que recalca, que censura, mas também o
poder que possui uma “eficácia produtiva”, como diria Michel Foucault. E interessante é pensar que nesta materialidade fílmica,
supostamente dirigida ao público infantil, temos a possibilidade das imagens do poder não como uma história meramente
engajada, mas como uma arte que propicia o engajamento.
DA FORMA AO CONTEÚDO – JUDAS NA SALA DE AULA
Resumo
O texto literário dramático pode manifestar conteúdos singulares porque não representa uma realidade nem uma moralidade,
mas uma ação que apresenta uma potencialidade ficcional literária. O texto dramático é escrito para ser representado no palco;
caso contrário, ele exercerá somente sua função literária. Desenvolver o estudo e a análise da forma dramática como uma
expressão de comunicação e linguagem dentro dos gêneros literários é extremamente pertinente tendo em vista os estudos
mais recentes da teoria das letras e mais particularmente dos estudos da teoria da forma dramática. O estudo e investigação da
leitura do texto dramático nos vários níveis de escolarização é extremamente relevante, tendo em vista que este gênero desde a
antiguidade clássica permeia a vida do ser humano. Partindo desses pressupostos, o presente estudo visa a discutir a relação
forma e conteúdo do texto dramático, mais especificamente a partir de uma experiência realizada junto a um grupo de
estudantes do Ensino Médio, a partir da leitura da peça O Judas em Sábado de Aleluia, de Martins Pena.
A PRÁTICA DA LEITURA NA ESCOLA E A PERSPECTIVA BAKHTINIANA: UM DIÁLOGO POSSÍVEL
Resumo
RESUMO: Este artigo pretende trazer uma reflexão sobre o trabalho com a linguagem na perspectiva interacionista, tomando
como abordagem metodológica a prática da leitura a partir dos gêneros discursivos, com base nos estudos de
Bakhtin/Volochinov (2004), com apoio de outros autores que dialogam com tais pressupostos teóricos, como Brait (2006, 2008),
Marcuschi (2008), entre outros. Com base nesse aporte teórico, selecionamos um anúncio publicitário que constituirá o objeto
de análise, a partir da orientação metodológica proposta por Bakhtin, procurando verificar e destacar o conteúdo temático,
apreendido a partir da compreensão do contexto de produção, a construção composicional e o estilo. Para a análise, serão
considerados também alguns aspectos sobre o gênero anúncio publicitário, para maior compreensão do conteúdo temático,
além dos elementos discursivos e linguísticos que permitam perceber a linguagem em sua função real, num contexto de
comunicação. Como estamos inseridas, como bolsista CAPES/INEP no Projeto de Pesquisa Formação Continuada para
professores da educação básica nos anos iniciais: ações voltadas para a alfabetização em municípios com baixo IDEB da
região Oeste do Paraná, nosso intuito é o de apontar caminhos aos docentes para o trabalho com a leitura, de forma a romper
com atividades mecânicas ainda desenvolvidas no processo de formação do leitor durante a Educação Básica.
ANAHY DE LAS MISSIONES E O SÉCULO XIX; UM ESTUDO DE CASO
Resumo
Ao assistir o longa metragem Anahy de Las Missiones nos deparamos com uma mulher que carrega consigo o rastro de uma
guerra; uma mãe farrapa. No entanto, temos na obra cinematográfica o que seria o paradoxo para os perfis femininos da época.
A linguagem poética e a paisagem do pampa gauchesco contribuem ainda mais para analisarmos o quão desconstrutivo é a
personagem Anahy. O presente trabalho analisa dentro dos conceitos da autoteorização, estética e estudos culturais e de
gênero, até que ponto a personagem é um indicativo de mudanças para a representação de perfis femininos dentro da década
de 1835/45 e seu conjunto de sistematizações simbólicas. Um filme que não se limita apenas a narração de fatos e, neste
trabalho, procura-se discutir a sua razão de ser. A teoria de: Judith Butler; Stuar Hall, Zygmunt Baumann; Tomaz Tadeu da
Silva, entre outros, farão parte do suporte teórico deste trabalho. Um filme que nos diz muito mais sobre a época em que foi
lançado do que sobre a época que representa, pois retoma o discurso histórico, reapresenta e rediscute.
MEMÓRIA, FICÇÂO E A ESCRITA FEMININA EM VOLTAR A PALERMO
Resumo
Este trabalho apresenta como objeto de análise o livro Voltar A Palermo de Luzilá Gonçalves Ferreira. A narrativa da obra
ancora-se em memórias de uma professora brasileira que ao voltar a Palermo, pequeno bairro de Buenos Aires, relembra o que
ali viveu há vinte anos durante a ditadura militar. Em meio aos relatos que fluem de suas lembranças, ela conta o motivo que a
fez voltar, suas esperanças e a vontade de reviver o amor que abandonou. Ignorando a ação do tempo sobre todos que fizeram
parte de sua história ela procura pelo homem que só permaneceu o mesmo, em suas recordações. Como pano de fundo
presenciamos o período histórico de opressão no Brasil e na Argentina, bem como a figura feminina nesse contexto. Esse tipo
de literatura segundo Georges May (1979), pode ser definida como uma narrativa onde se destaca um fundo histórico cultural
filtrado pela memória e pela subjetividade de um “eu” social. Pretende-se, portanto, analisar a escrita memorialística, feminina e
ficcional da autora, dentro do contexto histórico em que a obra está inserida, baseando-se entre outros, nas teorias de Lejeune,
Gass, Mathias, Clara Rocha e Viana.
CENA CULTURAL DOS ANOS 70: POESIA E CONTRACULTURA
Resumo
O trabalho pretende discutir os valores agenciados com a chamada Poesia Marginal no âmbito da produção literária e da cultura
brasileiras. A análise toma por base a relação visceral entre vida e arte, determinante para a definição de poesia “colada com a
vida” que extrai da prática mais cotidiana uma proposta poética de comunicação fácil e ligeira. Para tanto, analisa-se o
movimento da contracultura vivenciado fortemente nas décadas de 1950/60 pelos americanos, como uma vertente sociocultural
que impulsionou variados modos de o artista estar no mundo. E nessa perspectiva contraculturalista, a geração dos anos 70
aparece marcada pela efervescência de manifestações individuais e a consequente abertura para dicções poéticas díspares.
Esse movimento produz uma via bastante propícia a exercícios diversos de subjetividade, de resistência ao autoritarismo e de
apelo à liberdade de expressão, só para citar algumas características em voga. Para pensar essa poesia no contexto de uma
época tão ambígua em que desbunde e interdição política ditam protocolos e experiências divergentes, utilizaremos textos
críticos de Glauco Mattoso, Flora Süssekind, Silviano Santiago, Ana Cristina Cesar e Paulo Leminski.
BLOGS: ESPAÇO ABERTO PARA A FORMAÇÃO DE LEITORES
Resumo
As novas gerações encontram, nos meios digitais, um mundo novo que os atrai; identificam-se com a rapidez, a fluidez e a
possibilidade de ir além do que pode ser visto a cada mudança de tela. Segundo Bauman (2001), as gerações atuais não se
prendem, porque são fluidas, “escorrem”, “liquidificam-se”. Formar leitores nesta sociedade exige um estudo sobre as relações
que são estabelecidas entre leitores e o meio pelo qual o leitor chega ao texto literário, em especial quando se trata de leitores
de literatura juvenil. A especificidade do termo requer, por si só, uma reflexão mais profunda quando considerados o avanço do
mercado editorial e o trabalho com as obras em sala de aula. O distanciamento entre tais polos revela a necessidade de se
pensar o ensino de literatura juvenil, levando em conta novas formas de mediação. Nesse sentido, o ciberespaço constitui-se
ambiente favorável para a formação de leitores, considerando a familiaridade do público juvenil ao ambiente virtual. Entre os
espaços destinados à apresentação dos textos literários, o blog destaca-se com grande potencial para atuar como mediador de
leitura, considerando a interação entre leitores e entre autor-leitor, a possibilidade de multiplicação de opiniões, o apagamento
das fronteiras geográficas e a constante atualização. Pretende-se demonstrar como o blog pode ser utilizado como mediador de
leitura, tomando como ponto de partida a análise do conteúdo de blogs direcionados aos leitores juvenis.
O DIÁLOGO NO TEXTO DA CRIANÇA
Resumo
Inserida no campo dos estudos de aquisição de linguagem, este trabalho teve o objetivo de conceber uma maneira de pensar o
diálogo na escrita da criança e, deste modo, apreender algo mais singular da relação sujeito/linguagem dando ênfase às
relações com o outro, aqui compreendido como instância da língua constituída. Para tanto, foram identificadas marcas
linguísticas que emergiram nos textos das crianças e que possibilitaram uma discussão acerca da estruturação da linguagem
escrita. Indícios do diálogo com os vários discursos orais e escritos, com o próprio texto e com a própria oralidade da criança
foram concebidos como sinalizadores das relações entre enunciados, da partilha de sentidos e das relações entre aspectos da
própria língua que, por sua vez, sinalizam para a captura da criança pela ordem do simbólico e, portanto, pelo funcionamento da
linguagem escrita. O quadro teórico-metodológico que orienta a análise está pautado em autores como Cláudia Lemos (1995,
1998, 2002, dentre outros), sobre a aquisição da linguagem, Jacqueline Authier-Revuz (2004) e o conceito de heterogeneidade
mostrada e constitutiva e Capristano (2007) sobre a trajetória da criança em direção à escrita convencional. As análises
permitiram conceber os indícios do diálogo na escrita como reveladores de certos aspectos como: a inserção da criança no
registro do simbólico e do imaginário; a relação do texto da criança com as instâncias da língua constituída; o alçamento da
criança à posição do outro para se constituir como sujeito escrevente; o momento em que a criança toma distância do próprio
texto e é afetada por ele e; as possibilidades de emergência sempre latentes no texto da criança.
PRÁTICAS DE LETRAMENTO DIGITAL NA FORMAÇÃO DE PROFESSORES DE LÍNGUA PORTUGUESA
Resumo
Com a abundância dos espaços eletrônicos de interação na atualidade e o processo de evolução da educação a distância,
percebe-se a constante busca para que estes espaços sejam cada vez mais utilizados para melhorar e facilitar o processo de
ensino e aprendizagem, inclusive para a modalidade presencial. Tendo em vista estes espaços de interação, neste caso o
moodle (ambiente virtual de ensino aprendizagem), este trabalho teve como objetivo desenvolver metodologias que
possibilitassem aos alunos envolvidos na disciplina de Laboratório de leitura e produção de textos, do curso de Letras
Português e Literaturas de Língua Portuguesa - UNICENTRO, o contato com as TIC (Tecnologias de Informação e
Comunicação), em especial, com a linguagem hipertextual. Para tanto, a pesquisa foi ancorada em autores da teoria do
letramento e da linguística textual, tais como: Street (1999), Kress (1997; 2003), Signorini (2012); Marcushi e Xavier (2004) e
Koch (2009). O encaminhamento desta pesquisa foi divido em duas etapas. A primeira consistiu no planejamento e execução
da disciplina on-line. A segunda foi pautada numa análise interpretativa dos das atividades e participações dos alunos no
ambiente virtual de Ensino- aprendizagem (AVEA). Os resultados do trabalho mostram que as atividades e participações feitas
pelos alunos no ambiente permitiram evidenciar que a escolha de trabalhar com a linguagem hipertextual na disciplina de
Laboratório de leitura e produção de textos, auxilia os alunos, enquanto indivíduos e grupos, na capacidade de fazer ligações
mais proveitosas entre linguagem, saber e poder, não sendo apenas meros consumidores de produtos tecnológicos.
RESISTÊNCIA E ALTERIDADE NAS PERSONAGENS FEMINAS NA OBRA DESONRA DE J.M. COETZEE
Resumo
Este trabalho tem como proposta a análise do romance sul-africano Disgrace de J. M. Coetzee (1999), traduzido para o
português como Desonra (2000), por José Rubens Siqueira, pela editora Companhia das Letras. O livro contempla o contexto
do mundo pós-colonial marcado pela inversão de poderes com o fim do apartheid e pelo pelo deslocamento do homem branco
no mundo sul-africano. Além de abordar a exploração da mulher negra pelo homem branco e, na contraposição, a mulher
branca violentada pelo homem negro. Pretende-se verificar na obra, como aparecem noções sobre identidade, alteridade e
resistência na literatura e cultura, a partir de estudos de Homi Bhabha (2005), Stuart Hall (2003), Bosi (2002), Thomas Bonicci
(2009), entre outros. No romance Desonra (2000) observa-se que, além da representação do processo de subjugamento da
mulher em uma sociedade patriarcal, outra história se emaranha nos textos: a história da colonização da região onde se localiza
a África do Sul. Este é o recorte selecionado para a análise e reflexão neste capítulo. O romance é narrado em terceira pessoa
por um narrador que emite juízos de valor sobre as ações das personagens, deixando à mostra um posicionamento crítico sobre
as ações que narra e que simbolicamente representam aspectos da história oficial do processo de “(des) colonização” da África
do Sul pós-apartheid. Coetzee, ao pensar este novo cenário, constrói uma narrativa de resistência que, de acordo com Bhabha
(2003), ultrapassa o pensar das tradições ou a busca pelas origens da sociedade, mas orienta-se pelo “além”, de perceber o
estranho e demonstrar este processo de “estranhamento” que orienta as novas relações socias interculturais.
DIÁLOGOS ENTRE LITERATURA E HISTÓRIA – CONVERGÊNCIAS E DIVERGÊNCIA DE DISCURSO
Resumo
O diálogo entre a história e a literatura nos remete à Antiguidade quando ambas compunham uma só forma de registrar o
passado. O discurso, mesclado pela ficção e pela “verdade”, era largamente aceito até o momento em que se passou à
preocupação de registrar os fatos como eram ou próximo daquilo que acreditava ter ocorrido, causando, assim, rupturas entre
as duas áreas. Percebe-se, desse modo, que a literatura e a história sempre tiveram um profundo e conflituoso diálogo pautado
em uma relação de embates e contribuições mútuas que possibilitaram a constituição de ambas, imprimindo-lhe novas
possibilidades de percepção e outras tantas perspectivas. Pensando no legado dessa relação, este trabalho centra a atenção,
enfatizando, especificamente, os resultados que o embate gerou dentro do universo latino-americano no que se refere ao
questionamento das verdades, na construção e desconstrução de imagens e no próprio revisionismo do passado. Portanto,
destaca-se, neste estudo, o romance histórico como gênero que atua como questionador das verdades ao propor a reescrita do
passado e de promover a discussão sobre fontes e referências, além de também enriquecer a própria história, pois, na sua
criação, ele dá voz àqueles que foram silenciados e excluídos dos registros oficiais e ainda propõe novas e inusitadas
perspectivas sobre o passado. Tal processo artístico desmistifica a ideia construída pela historiografia sobre a existência de
uma única “verdade” referente aos eventos passados e, ainda, demonstra que o que já foi escrito sobre esses eventos está
registrado por discursos que se utilizam das formas de linguagem que buscam legitimar uma ou outra visão sobre os fatos.
ESCOLA INCLUSIVA: NA TEORIA E/OU NA PRÁTICA
Resumo
Este artigo tem por objetivo apresentar resultados parciais sobre o processo de inclusão escolar de estudantes com
necessidades educacionais especiais (NEE), em particular, as pessoas com deficiência auditiva: bilateral; parcial ou total (D.A),
e pessoas com surdez, pois foi a temática que nos despertou interesse devido à inquietude gerada após presenciar e observar
situações não condizentes com o pleno exercício e processo inclusivo, visando tecer contribuições discursivas e práticas
enriquecedoras no âmbito da educação inclusiva partindo da análise de alguns “sinais indiciários” impressos em alguns
enunciados veiculados pelo Decreto nº 5.626, de 22 de dezembro de 2005, que regulamenta a Lei nº 10.436, de 24 de abril de
2002, que dispõe sobre a Língua Brasileira de Sinais (LIBRAS), incluindo também, a análise do questionário aplicado a todos os
profissionais da educação atuantes na Escola Estadual Afonso Pena, situada na cidade de Três Lagoas no Estado de Mato
Grosso do Sul. Para analisar o processo discursivo instaurado, fundamentamo-nos nos seguintes conceitos: memória
discursiva, disposto por Foucault (1971) e acontecimento linguístico, estabelecido por Possenti (1993). De um lado, as
instituições legais responsáveis pela inclusão social sancionam leis favoráveis ao processo inclusivo e desperta a atenção da
sociedade para a importância de se pôr em prática os direitos a eles concedidos. De outro, a memória discursiva ramificada ao
acontecimento linguístico, que tem como uma de suas funções apagarem todo e qualquer acontecimento que tenha como
objetivo geral desestabilizar e se inscrever no paradigma da “ordem do discurso”.
HUMOR: O CRISTIANISMO EM CHARGES
Resumo
O presente trabalho pretende analisar o humor presente em algumas das charges feitas por cartunistas cristãos em sites
especializados, outras charges publicadas em sites não cristãos, por cartunistas consagrados para entender como o riso está
presente no cristianismo on line. Em verdade em verdade vos digo que eu gostaria de usar como título deste artigo Por Deus é
Humor, mas a mentira me condenará (não quero ser chamada de vaca de Basã) e a verdade me libertará, não pude roubar esta
genialidade que é o nome do site, cujo domínio pertence ao humorista e Pastor Jasiel Botelho, Missionário da Sepal e Professor
de Teologia da FLAM. Sigamos, por que Deus é Humor! To be, or not to be: that is the question, já afirmava Shakespeare num
parte de Hamlet. Homo ludens ou homo rides eis outra questão que nos interessa neste momento. A serpente enganou Eva,
que enganou a Adão que acusou Eva que acusou a Serpente. Sara riu da promessa de YHVH lhe dar ao filho na sua velhice.
Jacó enganou a Isaac, roubou a primogenitura de ser irmão Esaú e se fez passar por ele perante o seu pai. Mais tarde Jacó é
enganado por Labão que lhe dá como esposa Lia no lugar da amada Raquel. As matriarcas disputam a atenção sexual do
Patriarca colhendo Mandrágoras, uma espécie de Viagra da época. O Patriarca também é enganado por seus filhos, liderados
por Judá que vendem José como escravo para mercadores do Egito.
DO PECADO À (FALTA DE) REDENÇÃO: O JOGO ENTRE PALAVRAS, IMAGENS E SUGESTÕES EM "DESONRA"
Resumo
A partir dos fundamentos da literatura comparada as relações entre literatura, outras artes e mídias tem recebido destaque na
contemporaneidade. O cinema, desde seu surgimento alimentou-se em muitos momentos da literatura para construir suas
narrativas, produzindo o que se convencionou chamar de adaptação cinematográfica. Assim, realizando o percurso livro-filme –
e na atualidade também o percurso inverso – criam-se diferentes leituras sobre um mesmo texto, ampliando as possibilidades
interpretativas do leitor/espectador. Com base nessa perspectiva e valendo-se de teóricos como Genette, Stam e Hutcheon, o
artigo objetiva analisar a adaptação cinematográfica da obra Desonra, de J.M. Coetzee, sob a perspectiva da personalidade
ambígua do personagem David Lurie. Lurie oscila entre o bem e o mal, já que não demonstra remorso ao ser acusado de abuso
sexual por parte de uma aluna, ao mesmo tempo em que se vê em conflito ao testemunhar o estupro da própria filha. A partir
disso é possível, com base em Michel Foucault - do corpo enquanto instrumento de poder -, verificar de que maneira livro e
filme representam um personagem que mantém em si o sagrado e o profano, em um jogo no qual não se é condenado, mas
também não se encontra redenção. Da mesma forma, se observa de que maneira o filme transforma em imagens o que é dito
na obra, tanto em palavras explícitas, quanto no terreno da sugestão.
OS JORNAIS GAZETA DO POVO E FOLHA DE LONDRINA: UMA ABORDAGEM SEMIÓTICA.
Resumo
O presente trabalho apresenta os resultados parciais do projeto “O estilo dos jornais paranaenses: uma abordagem semiótica”
desenvolvido com o apoio da Fundação Araucária. O projeto partiu da seguinte indagação: qual é o estilo dos jornais do
Paraná? Como critério para resolver essa problemática, partiu-se do pressuposto de que a imagem do jornalismo paranaense
estaria inscrita nos jornais de maior circulação, numa amostra que seria capaz de representar todo o estado.Faremos uma
análise do estilo dos textos dos dois principais jornais impressos do estado do Paraná, Folha de Londrina e Gazeta do Povo,
tomando como referencial teórico os estudos enunciativos (enunciador versus enunciatário) da semiótica francesa. Para fazer
um estudo do éthos de jornais, será tomado como objeto de análise os dois principais veículos de comunicação impresso do
estado do Paraná: A Folha de Londrina e Gazeta do Povo, observando as principais características, na edição dos dias 07/04 à
13/04/13, de ambos. Para análise, será usada como fundamentação teórica a semiótica francesa por meio dos estudos
enunciativos: a relação entre enunciador e enunciatário. Espera-se que a partir dessa análise seja possível identificar a
distinção entre o enunciador e enunciatário de ambos. Utilizaremos como material de análise a capa, e os cadernos de cultura e
política, além da coluna social.
A FORMA JURÍDICA “TESTEMUNHO” E A PRODUÇÃO DA “VERDADE” PELOS DISPOSITIVOS DO DIREITO
PROCESSUAL PENAL BRASILEIRO E DO DIREITO CANÔNICO
Resumo
Neste trabalho, objetivamos analisar o testemunho, com base no livro “A verdade e as formas jurídicas”, especialmente na
segunda conferência, em que Michel Foucault discute a antiga peça de Sófocles, Édipo-Rei, e enfatiza as relações de
saber-poder para a produção da verdade nas formas jurídicas. Por meio da análise de depoimentos de sujeitos que ocupam o
lugar de testemunha, verificamos que os saberes-poderes institucionalizam a verdade que prevalece num litígio e, desta forma,
dão a ver seus modos de produção histórica em meio às redes de saber-poder. É saber, porque adveio de um embate de
verdades e é poder porque impõe uma das verdades de forma coercitiva. Este poder, por sua vez, é encontrado capilarizado
nos lugares ocupados pela testemunha, assim como é encontrado em todas as partes neste embate de verdades: no juiz, no
sacerdote, no corpo de jurados, na igreja, no réu. A função da testemunha - um desses polos de poder - é regulamentada pelo
legislador penal brasileiro, bem como pela Igreja Católica nos códigos específicos e cumpre o mesmo papel de juramento da
verdade e fidelidade aos fatos concretos, ciente de que o falseamento desta verdade incorrerá em punição pelo Estado contra
ela. Em síntese, buscamos, neste trabalho, verificar como os dispositivos - legislação penal referente ao Tribunal do Júri
(discurso jurídico) e o direito canônico (discurso religioso) - tratam da forma jurídica “testemunho” para a produção da verdade
nos ritos específicos, por meio de regras institucionais que se cruzam entre as materialidades jurídica e religiosa
PROCEDIMENTOS DE ENSINO DE LITERATURA: MODELOS ESCOLARES E DIGITAIS
Resumo
O objetivo do presente trabalho é investigar os modelos escolares e digitais de ensino de literatura. Para a realização dessa
pesquisa, compreendemos o conceito de letramento como um conjunto de práticas sociais que utilizam a escrita como um
sistema simbólico, que o usam com finalidades específicas e em contextos específicos. Também adotamos o conceito a
literatura como fato social, isto é, a noção de que a literatura se constrói a partir de sua relação com o social, a qual abriga
instâncias, instituições e indivíduos acercados por condições econômicas, culturais e históricas específicas. Foram analisados
materiais didáticos destinados ao ensino médio de escolas públicas da cidade de Umuarama/PR e a rede social SKOOB. Os
materiais didáticos, com o objetivo de formar um tipo específico de bem cultural ou uma concepção de literatura com foco na
nacionalidade, adotam ou recorrem a certos mecanismos de ensino como, por exemplo, resumos de obra, inserção do discurso
da crítica especializada, biografias de autores e periodização literária. De outro lado, com finalidade mais comercial, a rede
social SKOOB, ainda que esteja no domínio virtual, utiliza os mesmos procedimentos, formando, assim, um modelo de
letramento literário digital. Conclui-se, portanto, ainda que os objetivos do material didático e da rede social SKOOB sejam
distintos, os dois meios utilizam determinadas regras ou procedimentos que os fazem participar da mesma ordem discursiva: a
literária.
(RE)DESCOBRINDO OS MÉTODOS: UMA REFLEXÃO SOBRE A COMPETÊNCIA LINGUÍSTICO-COMUNICATIVA
ADQUIRIDA POR ESTUDANTES DE LÍNGUA INGLESA ORIUNDOS DA ABORDAGEM DE ENSINO COMUNICATIVA E DO
MÉTODO AUDIOLINGUAL
Resumo
O processo de ensino/aprendizagem de uma segunda língua é complexo e tem gerado muitos estudos em busca do tão
almejado “método perfeito”, pois muitas deficiências foram apontadas aos já existentes. Um dos métodos mais criticados pelos
pesquisadores tem sido o audiolingual, por seus exercícios estruturais repetitivos e pela incapacidade de levar os alunos a
estágios mais avançados de uso da língua. Em contrapartida, a abordagem comunicativa, apesar de também ser criticada pela
artificialidade das situações comunicativas criadas em sala de aula e pela dificuldade na criação de situações reais de interação,
ainda possui larga aceitação entre pesquisadores.em ainda é considerada superior e se destaca em relação aos outros
métodos e abordagens. A busca pelo método ideal levou ao surgimento do chamado ecletismo, o qual reuniria características
de diversos métodos e abordagens em busca de acelerar e otimizar o processo de ensino. Apesar dessa proposta, as escolas
ainda tendem a preservar o uso de apenas um método em sala de aula, sem a presença de ecletismos. A partir das críticas e
oposições apontadas, especialmente, ao método audiolingual, da constatação da impossibilidade de existência de um método
perfeito e, tomando como princípio base que, o processo de ensino/aprendizagem se realiza em sala de aula, pois é de onde
deveria advir e culminar toda a teoria, o presente trabalho pretende discutir se haveria realmente uma diferenciação na
qualidade da competência linguístico-comunicativa resultante da opção metodológica utilizada. Afinal, o método/abordagem
realmente define a qualidade do desempenho oral dos aprendizes da L2?
INVESTIGANDO OS VALORES MODAIS DO VERBO AUXILIAR ‘DEVER’ NO PORTUGUÊS FALADO
Resumo
Este trabalho tem por objetivo investigar as características sintáticas, semânticas e pragmáticas do verbo auxiliar modal 'dever'
em dados do português falado pertencentes a amostras extraídas do Banco de Dados IBORUNA. Considerando a modalidade
como a expressão da atitude do falante frente ao enunciado produzido, o trabalho desenvolve-se orientado por uma abordagem
funcionalista da linguagem, mais precisamente a Gramática Funcional de linha holandesa. Essa adoção deve-se ao fato de que
as manifestações da modalidade, presentes no emprego do verbo 'dever' como auxiliar, estão relacionadas às atitudes do
enunciador, o que torna necessário um tratamento que leve em conta a língua em uso, considerando que nela se manifestam
de modo conjunto a sintaxe, a semântica e a pragmática. Para a realização da análise, parte-se da classificação de modalidade
proposta por Hengeveld (2004) que leva em consideração dois parâmetros principais: o alvo da avaliação, ou seja, a parte do
enunciado que é modalizada (participante, evento ou proposição), e o domínio semântico da avaliação, que considera cinco
tipos de modalidade (facultativa, deôntica, epistêmica, volitiva e evidencial). Além desses dois parâmetros principais de análise,
investigam-se outros aspectos que podem interferir no tipo de modalidade, como as características do sujeito (pessoa,
animacidade, agentividade), tempo e modo verbal, influência da negação e de outros elementos modalizadores antepostos ao
modal. A proposta de análise está em consonância com Silva-Corvalán (1995) e com Neves (2000, 2006), que ressaltam a
importância do contexto no tratamento dos valores modais expressos por esse e por outros auxiliares modais.
POESIA NA ESCOLA: ENCONTROS E DESENCONTROS DA PRÁTICA PEDAGÓGICA
Resumo
Esta pesquisa busca investigar como se processam, a partir do paradigma tradicional no ensino da literatura, as práticas
instituídas nas escolas e como elas aproximam ou afastam os alunos de uma aprendizagem ou da apropriação do texto poético.
A poesia e a escola têm vivido uma relação que foi historicamente se degradando, razão porque se torna necessário questionar
a relação do professor e do aluno com ao ensino da poesia e como ela é compartilhada na prática de ensino na sala de aula.
Um dos objetivos desse trabalho será discutir o problema da formação do professor de literatura e como é a sua prática
pedagógica. A compreensão dos encontros e desencontros entre a teoria e prática da abordagem do texto literário ajuda a
esclarecer o que o professor apreende na sua formação e como ela é aplicada na Escola, vale dizer, repensar as metodologias
de ensino de literatura, especificamente com relação ao gênero poesia a partir de novas teorias que valorizem o pensar e o
desenvolvimento cognitivo do educando. O conhecimento de estudos atuais de pesquisadores e a relevância de suas
descobertas sobre propostas metodológicas aplicadas ao ensino da literatura são fundamentais no sentido de cada vez mais
podermos ampliar o olhar em direções, às vezes nem pensadas pelo professor. É importante destacar as teorias da área de
educação, especificamente com a obra de Lev Vigotsky, que foi sem dúvida um ponto de referência, um novo olhar sobre o
tema pesquisado. O objetivo será encorajar o professor a perceber melhor como romper a cadeia do cotidiano e imprimir novo
vigor em direção ao encontro entre Poesia e Escola.
AUGUSTO DOS ANJOS: MODERNO SIM SENHOR!
Resumo
O presente trabalho se interessa pelas relações teóricas e metodológicas entre a teoria do revisionismo dialético proposta por
Harold Bloom e a antropofagia proposta por Oswald de Andrade (1890-1954). Ressaltamos as relações entre as duas teorias de
produção e apropriação poética, argumentando que o processo antropofágico proposto por Oswald de Andrade já se encontra
plenamente realizado na poética de Augusto dos Anjos (1884-1914) e que o processo denominado por Bloom de revisionismo
dialético é, em muitos de seus processos, o antropofagismo proposto por Oswald de Andrade. A novidade de Bloom consiste
em sua teoria sobre a natureza do agon poético e na formulação do mapa de desleitura, não no processo de apropriação
poética. Augusto devorou e digeriu, salivou, cuspiu e vomitou a matéria poética europeia e mesmo oriental. Algumas
características do modernismo antecipadas na poética de Augusto, inclusive apontadas por Lúcia Helena (A cosmo-agonia de
Augusto dos Anjos, 1984.) são o: descaso para com o tratamento do material poético do ponto de vista do belo (p. 23), inclusão
de elementos até então considerados a-poéticos, “intromissão do prosaico” (p. 24), “presença da terra e do telus” que foram
matéria do modernismo brasileiro (p. 24); “re-inscrição crítica da história da colonização americana vista do ângulo do
colonizado” (p. 24), tratamento antropofágico do material do mundo; uso do non-sense e de recursos impressionistas,
manifestado “em um novo modo de captar a realidade” (p. 26). O tratamento poético dado por Augusto a muitos conteúdos
(pobreza rural, desmandos dos poderosos, tratamento da natureza e todos os seres, sofrimento das formas vivas, solidão
humana, necess
A LITERATURA CANÔNICA, A TRIVIAL E OS DIVERSOS SUPORTES NA FORMAÇÃO DO LEITOR DE ENSINO PÚBLICO
Resumo
A preocupação constante de pesquisadores e professores com a literatura e sua abordagem a uma geração altamente inserida
neotecnologicamente, as discussões que este fenômeno proporciona no meio acadêmico sempre envolvendo questões como a
valoração e a interferência desta na apresentação de obras literárias aos discentes dos ensinos fundamental e médio são
postas em debate nesta comunicação que visa promover reflexão a respeito do fato de textos literários estarem cada vez mais
se tornando acessíveis aos jovens por intermédio de outros suportes que não o livro impresso de forma tradicional, bem como o
fato de cada arte ter suas próprias especificidades quanto à estética e julgamento de valor e se estas mudanças interferem no
objetivo maior das perspectivas de formação do aluno/leitor. Para tanto, traz o levantamento feito a partir de uma coletânea de
produções didáticas realizadas a partir deste viés metodológico por educadores do Paraná e aborda uma breve análise
comparativa entre o texto escrito de O morro dos ventos uivantes, da inglesa Emily Brontë, e sua adaptação cinematográfica,
para exemplificar a complexa posição do educador como mediador de textos literários canônicos, exigidos pelos currículos
escolares, à jovens acostumados a uma leitura trivial que normalmente são apresentadas pela indústria cultural em múltiplos
suportes e em diálogos diversos com outras artes.
"CONTOS NEGREIROS" EO VIDEOCLIPE "MINHA ALMA": POSSÍVEIS RELAÇÕES
Resumo
O presente artigo tenciona estabelecer relações existentes em duas formas de linguagem: primeiramente a literária, através do
livro de contos de Marcelino Freire, Contos Negreiros, e posteriormente a visual, presente no clipe musical Minha Alma, do
grupo O Rappa. As características similares existentes entre os contos “Solar dos Príncipes” e “Esquece”, especificamente,
junto com o videoclipe “Minha Alma (A paz que eu não quero)”, são inúmeras, tanto em relação à temática, quanto à forma
utilizada por ambos para explicitar a degradação, o descaso, a humilhação, a crueldade e todas as injustiças sociais e raciais
que se fazem presentes no cotidiano dos negros e, principalmente, de jovens negros da sociedade brasileira. Além dessas
particularidades, as obras apresentam uma proximidade significativa, ainda que em linguagens distintas, possibilitando assim, a
unificação das duas obras e a pluralização das questões de cunho racial e social a partir delas. Objetiva-se, portanto, realizar
uma reflexão e analisar a representação do negro nessas formas artísticas, assim como, perscrutar os elementos
concomitantes presentes nas duas obras.
"ESSA ESTRANHA ÁGUA FIANDO PEDRAS": CONFIGURAÇÕES DO IMAGINÁRIO POÉTICO EM OLGA SAVARY
Resumo
A lírica de Olga Savary configura-se em torno de um sistema dinâmico de imagens primordiais arquetípicas, dentre elas, o
elemento água. O arquétipo, aqui, propõe uma arquitetura do imaginário do movimento, da erotização da palavra como aposta
passional, de uma imaginação poética de rasura, de êxtase e de revide no que concerne ao corpo como emblema de
legitimidade. No ato criador de Olga, irrompem, em fusão, o estético e o agonístico como índices de uma consciência poética
que dá sinal explícito de pertença repertoriada por singularidades expressivas e um investimento de ressignificação do feminino,
que singularizam a sua dicção. Esta comunicação, portanto, enseja uma leitura da poesia savaryana, tendo como corpus alguns
poemas que compõem Repertório selvagem (1998), sua obra reunida, e apoiando-se em um diálogo que julga rentável entre
teoria da poesia, crítica do imaginário e a crítica feminista de literatura, ensejando rastrear o texto como metáfora de
experiências históricas e literárias, mapeadas tanto na reprodução de discursos misóginos quanto para a recriação de um lócus
enunciativo libertário. A poética de Savary espraia um horizonte poético e político em torno de corpo feminino que se apresenta
sáfico, transgressor, bacante, fantasista e avesso a demarcações. A constância de uma escrita do corpo põe em evidência uma
leitura do desejo pela ruptura dos limites da ideologia falocêntrica, remetendo a subjetividade lírica à arena de constituição de
discursos e estratégias de novas formas de agenciamento existencial. Nesse repertório poético-político situa-se o magma de
Savary, seu rigor de enigma, sua lição de águas.
UMA DESCRIÇÃO GEOSSOCIOLINGUÍSTICA DAS VARIANTES PARA A VIBRANTE ALVEOLAR EM CODA SILÁBICA NO
OESTE DO PARANÁ
Resumo
Este trabalho tem o objetivo de apresentar uma análise da descrição das variantes para a vibrante alveolar em coda silábica
final e no interior da palavra na fala do Oeste paranaense. Os dados foram coletados por Busse (2010) para o Estudo
Geossociolinguístico da Fala do Oeste do Paraná. A descrição das variantes a partir da sua distribuição diatópica e sociocultural
busca identificar áreas que possam ser caracterizadas por sua heterogeneidade com relação aos registros dos fenômenos de
inovação e preservação linguística. Nos registros do Atlas Linguístico do Paraná/ALPR (AGUILERA, 1994), é possível observar
que as ocorrências das variantes para a vibrante alveolar em coda silábica indicam a segmentação da região em duas áreas: (i)
uma de transição linguística, em que formas inovadoras, como a retroflexa e a velar, coocorrem com as variantes dos falantes
sulistas (tepe e a vibrante múltipla), e outra de manutenção das variantes dos colonizadores sulistas. A descrição das variantes
deu-se a partir dos princípios da Dialetologia Pluridimensional no que tange à escolha da rede de pontos (nove localidades que
registram em sua história a presença de colonos sulistas), à seleção dos informantes (com o desdobramento da dimensão
sociocultural nas dimensões diassexual, diageracional e diastrática) e à cartografia. Os dados podem ser tomados como
indícios do estado da fala no interior da dinâmica e complexa relação entre língua(s), falares, sociedade e cultura.
COMPOSICIONALIDADE LINGUÍSTICA E DA REFERENCIAÇÃO NAS RELAÇÕES LEXICAIS: A SIGNIFICAÇÃO E O HUMOR
Resumo
Visa ao estudo das combinações e das relações lexicais na construção da significação em tiras de humor, numa abordagem
denotacional da língua. Descreveremos as relações lexicais mobilizadas na construção da significação em textos de humor.
Também delinearemos como o jogo linguístico é estabelecido para o direcionamento do leitor à formação de juízos de valor de
verdade, do sentido a referencia e deles à significação. O reconhecimento das combinações linguísticas em textos de humor é
produto de um recorte de pesquisa realizada para dissertação, versando sobre a importância da compreensão destes
mecanismos lógicos da língua, reincidentes nos textos de humor, como principio norteador para o desenvolvimento da
competência leitora. Partimos do pressuposto de que a compreensão é algo construído, visto que a significação é produto das
várias relações lexicais, nas quais “o significação que uma expressão complexa é função do significado de suas partes e do modo
pelo qual estão combinadas (BASSO, 2013)” e, por ser a estrutura linguística potencialmente infinita, cabe ao leitor compreender
como ocorrem essas combinações para chegar à significação. São dimensionados os resultados de análises relativas às
combinações lexicais direcionadoras da referenciação em sentenças complexas e responsáveis pela construção do humor. Como
base teórica da pesquisa, nos reportamos a Basso (2013), Ilari e Geraldi (2003), Chierchia (2003), Oliveira (2001), Lyons (1979),
dentre outros. A discussão do recorte do corpus aponta para a importância acerca da compreensão da relação entre significação e
léxico como trajeto à leitura.
CONSIDERAÇÕES DE FATORES HISTÓRICOS, GEOGRÁFICOS E SOCIAIS RELEVANTES À ELABORAÇÃO DO ATLAS
SEMÂNTICO-LEXICAL DA REGIÃO PAULISTA DO MÉDIO TIETÊ
Resumo
Nesta comunicação, quer-se expor considerações preliminares acerca de fatores geográficos, históricos e sociais de dez
municípios — Araçariguama, Capivari, Itu, Piracicaba, Pirapora do Bom Jesus, Porto Feliz, Santana de Parnaíba, São Roque,
Sorocaba e Tietê — integrantes da região paulista do Médio Tietê sob o filtro do que seria relevante à elaboração do atlas
semântico-lexical da região citada, projeto de pesquisa de doutoramento iniciado neste ano (2014) no âmbito da USP. A
investigar as variações semântico-lexicais diatópicas no campo de abrangência da pesquisa, aplicando-se o Questionário
Semântico-Lexical versão 2001 do Projeto Atlas Linguístico do Brasil, o estudo pretende, preliminarmente à recolha de dados,
contemplar os aspectos geográficos, históricos e sociais, e o fará tendo como ponto de partida as considerações de mesma
natureza realizadas no Atlas semântico-lexical da região norte do Alto Tietê (ReNAT) - São Paulo por Soares (2012), dada a
proximidade das localidades, mas sobretudo o que estudos dialetais recentemente realizados nas localidades revelam (Santana
de Parnaíba: Mota 2007; Capivari: Garcia 2009; Piracicaba: Pires 2008, Brito 2013; por exemplo). Esta pesquisa cumprirá uma
das tarefas do projeto maior "História e variedade do português paulista às margens do Anhembi" (quanto à elaboração de atlas
linguísticos da região do Médio Tietê), que, por sua vez, integra o "Projeto de História do Português Paulista" (PHPP - Projeto
Caipira), Projeto Temático/FAPESP, processo 2011/51787-5 (AU).
O QUERER DIZER DOS DISCENTES ACERCA DA DISCIPLINA DE LÍNGUA BRASILEIRA DE SINAIS NOS CURSOS DE
FORMAÇÃO DOCENTE
Resumo
O presente estudo tem como objetivo apresentar dados preliminares sobre uma pesquisa realizada, durante a disciplina de
Língua Brasileira de Sinais, no ano letivo de 2013/2 com os discentes dos cursos de Licenciatura, notadamente, Física, Química
e Matemática da Faculdade de Ciências Naturais e Matemática da Universidade Federal de Mato Grosso, Campus Sinop. Para
coleta dos dados, elaboramos um questionário aberto com 12 questões, indagando os entrevistados acerca da Libras como
disciplina obrigatória — a relevância da referida disciplina na grade curricular e sua carga horária — e as possíveis implicações
na Educação Básica. Além disso, perguntamos, ainda, sobre o que significa Libras e ser surdo, enfatizando se há diferença
entre deficiente auditivo e surdo. Entendemos que a discussão acerca de tais questões é relevante porque, atualmente, em sala
de aula, há um percentual, ainda que irrisório, de alunos surdos cuja língua materna é a Libras. É imprescindível, portanto, que
o professor dialogue com esses alunos em sua língua materna, visto que esta os constitui social e historicamente.
Pretendemos, assim, analisar os enunciados desses futuros professores sobre a surdez, o surdo e a Libras, para assim,
desvelarmos, em seu querer dizer, as imagens criadas e assumidas por esses sujeitos para o ensino de Libras e para os
alunos-surdos. A perspectiva assumida para análise é o viés enunciativo-discursivo de Mikhail Bakhtin e o Círculo, cujas
categorias de análise usadas para compreensão do querer dizer dos discentes são: signo ideológico (BAKHTIN/VOLOCHINOV,
2009[1929]), enunciado concreto e relações dialógicas (BAKHTIN, 1952-1953).
UMA POLÍTICA PÚBLICA BRASILEIRA: O PNBE E SEUS NÚMEROS
Resumo
Quando se pensam em políticas públicas no Brasil, voltadas para o livro e para a leitura, percebe-se que são muito recentes,
principalmente, pelo fato da necessidade de serem vistas sob a ótica de um mercado como um todo, ou seja, com
criadores/produtores, círculo de produção industrial, divulgação, distribuição e consumidores, o que ainda causa certo
desconforto naqueles que veem a literatura apenas como arte. No caso do livro, ainda é preciso incluir nessa lista a
necessidade do hábito de leitura e de ações para o fomento da leitura. Não há dúvida de que o Brasil perseguiu durante o
século XX a construção de uma política pública cultural voltada para a formação do hábito de leitura. No entanto, os objetivos
dessa política não ficaram claramente definidos, pois, encontravam-se divididos entre o Ministério da Educação (MEC) e o
Ministério da Cultura (MinC). Pelo fato do MEC efetuar a compra de materiais didáticos para as escolas públicas brasileiras,
coube a ele também fazer o mesmo em relação a obras literárias, surgindo, nesse contexto, o PNBE. Dessa forma, esse
trabalho, fruto de um recorte da tese de doutorado em andamento da autora, procura montar um panorama dos números que
envolvem o funcionamento do Programa Nacional Biblioteca da Escola (PNBE) em toda a sua extensão, de 1998 a 2014. Desse
modo, serão apresentados contrapontos entre número de alunos e de escolas atendidas, valor total do investimento feito pelo
governo federal em cada uma das edições do programa, bem como quantidade de títulos e de coleções distribuídos. Todos
estes dados, portanto, buscam demonstrar a dimensão do PNBE, enquanto uma política pública de leitura de fato.
ADOLESCÊNCIA, REBELDIA E SOCIEDADE NA LITERATURA E NO CINEMA: IGBY GOES DOWN COMO HIPERTEXTO DE
THE CATCHER IN THE RYE
Resumo
A hipertextualidade consiste em um processo de transformação ou recriação no qual um texto é levado a dialogar com outro
texto, seja em seus aspectos narrativos, temáticos ou contextuais. Se encararmos o texto como um conjunto de signos de
qualquer natureza, podemos estender o seu conceito não só às estórias da literatura como àquelas também contadas no cinema.
Nesta perspectiva, nosso artigo tem como objetivo uma comparação entre o romance The Catcher in the Rye (1951), de J. D.
Salinger, e o filme Igby Goes Down (2002), de Burr Steers, a partir da teoria da hipertextualidade, desenvolvida por Gerard
Genette. Ambos mostram um adolescente realizando uma jornada de amadurecimento, permeada de expulsões escolares,
fugas, conflitos familiares e amorosos e referências adultas fracassadas. Sufocados pelos valores que os cercam, Holden e Igby,
os protagonistas, decidem mudar o rumo de suas vidas, buscando a própria identidade longe de casa quando percebem a
superficialidade das atitudes humanas. Como hipóteses, partimos da caracterização do texto de ficção e da adaptação literária
para o cinema. Para analisar a representação da adolescência em diferentes épocas, destacamos o comportamento dos
protagonistas em suas relações escolares, amorosas e familiares, usando trechos das duas narrativas. Por fim, percebemos que
Igby Goes Down não pretende ser uma adaptação de The Catcher in the Rye, pois o hipertexto permite uma leitura independente
do hipotexto, sendo possível a compreensão do filme sem o conhecimento prévio do romance, ainda que personagens de um
possam levar ao reconhecimento de personagens do outro.
IMPLICAÇÕES SOBRE OS NOVOS ESTUDOS DE LETRAMENTOS NA FORMAÇÃO DE PROFESSORES DE LÍNGUAS
Resumo
Este trabalho define-se como uma reflexão teórica, e tem como objetivo verificar as implicações de letramentos na formação de
professores (as) de línguas no contexto educacional. Tendo em vista a discussão para um melhor entendimento e
esclarecimento para que, futuramente possam realizar-se possíveis investigações sobre o modo de como pode ser tratado o
ensino no que diz respeito ao letramento, levando em conta a multiplicidade cultural no contexto escolar. O referencial teórico
será construído no que concerne sobre os Novos Estudos de Letramento, identidades, linguagem/língua e poder (STREET,
2003; KLEIMAN, 1994, 1995, 2000, 2008, 2010; SIGNORINI, 1994; KALANTZIS E COPE, 2008; ROJO, 2009; PENNYCOOK,
2010; BAUMAN, 2009; HALL, 2001; MOITA LOPES, 2002; RAJAGOPALAN, 2003; FERREIRA 2006; BOURDIEU, 2008).
Também serão utilizados os Documentos Oficiais, Parâmetros Curriculares Nacionais (PCNs, 1998) e as Diretrizes Curriculares
da Educação Básica do Paraná (DCE, 2008), ambos de Língua Portuguesa. A metodologia utilizada para efetivação desta
reflexão foi de cunho bibliográfico. Concluiu-se que, numa sociedade desigual, há necessidade de se criar possibilidades no
ensino, para que os alunos (as) percebam de modo crítico que há incutido relações de poder, nos diversos discursos que
circulam em todo meio social, de modo que, exerçam também voz participativa e possam (re) definir suas identidades como
também suas histórias.
TRADUÇÃO, ENSINO E CONDICIONANTES CULTURAIS EM UM CORPUS JORNALÍSTICO BILÍNGUE E COMPARÁVEL.
Resumo
A tradução se faz indispensável para a universalização da cultura e são os textos traduzidos que ampliam a forma como cada
grupo social visualiza o Outro. Nesse sentido, textos jornalísticos ganham visibilidade por divulgar e fazer transitar notícias em
diferentes contextos culturais e também pela possibilitar pesquisas com corpus comparável. Este pode ser constituído de textos
assumidamente traduzidos ou comparáveis em ambiente online ou impresso que, ao evidenciarem deslocamentos de enfoque
em diferentes situações de recepção, ampliam as fronteiras da tradução dos limites do texto para o fato gerador da notícia.
Deslocado em contextos transculturais, o corpus gera diferentes traduções ou representações culturais para o fato noticioso,
ancoradas no funcionalismo alemão para os estudos tradutórios. Isso nos possibilita trabalhar com elementos modalizadores
(sintaxe) e condicionantes culturais (léxico) sobre um corpus de textos comparáveis das revistas Veja (contexto brasileiro) e
TIME (contexto norte-americano). Pensando, portanto, a tradução vinculada ao ensino de línguas, os textos jornalísticos propõe
algumas discussões, a saber: i) informações são linguisticamente construídas validando hipóteses de neutralidade e isenção
nos relatos jornalísticos, ii) provocam diferentes recepções ao aproximar o fato do leitor final através de marcadores culturais, iii)
a tradução é um ato comunicativo que não deriva, necessariamente, de um texto-fonte e, iv) vai além da mera prática
pedagógica para favorecer reflexões sobre processos políticos e culturais, o papel do leitor e a conscientização sobre o
emprego da língua estrangeira em estudo.
LITERATURA E MÚSICA: UMA ANÁLISE DE CANÇÕES DO PROJETO MUSICAL WILLIAM SHAKESPERARE’S HAMLET
ADAPTADAS DA TRAGÉDIA SHAKESPEARIANA
Resumo
Principalmente focada na relação entre o texto escrito com outro meio artístico – literatura e pintura, literatura e cinema,
literatura e música – a relação interartes volta seus olhos para a ligação entre duas (ou mais) linguagens estéticas diferentes.
Entretanto, a relação entre a literatura e música ainda não é um campo muito explorado, exceto quanto se trata da relação entre
literatura e gêneros musicais eruditos. No que se refere a gêneros ditos populares, a união desses dois mundos parece não ser
um tema que chame à atenção dos estudiosos, menos ainda se pensarmos na vertente do gênero musical heavy metal, visto
como um gênero underground, relacionado, na maioria das vezes, de forma estereotipada, à violência, drogas ou a cultos
satânicos. Contudo, nos veio a conhecimento um projeto brasileiro que transporta para a música, mais especificamente, o metal
(e suas várias vertentes), uma das tragédias humanas mais conhecidas da literatura canônica: Hamlet, de Shakespeare. O
projeto, lançado em 2001, intitulado William Shakesperare’s Hamlet, de iniciativa da Die Hard Records, apresenta 19 faixas; 15
delas são cantadas por 14 bandas do cenário heavy metal brasileiro a fim de contar e cantar a história de Hamlet. Entremeio às
15 canções, são interpretadas 4 vinhetas que as separam em ‘4 atos’. Assim, esse trabalho tem o objetivo de discorrer sobre o
projeto, mas, especificamente, analisar a canção The King’s Return, interpretada pela banda Krusader, a ‘vinheta’ que a
antecede, Villainy, e suas respectivas relações com a tragédia shakespeariana. Para tanto, utilizar-se-á Clüver (2007), Kress
(2006), Hutcheon (2011), Walsen (1993), Oliveira (2002) e Costa (2007).
GUINÉ-BISSAU: OS IDEAIS DE UMA NAÇÃO EM CONSTRUÇÃO ATRAVÉS DO POÉTICA DO ESCRITOR VASCO CABRAL.
Resumo
A modernidade é o fio condutor da história das sociedades modernas, pelo prisma do racionalismo. Os europeus “conquistaram”
o continente o africano, o imperialismo levou a “luz da razão” e sua forma de pensar aos novos povos. Esse pensar baseado no
prisma do racionalismo fez com que a cultura, a religião e a população dos indígenas africanos não fossem respeitados. O
colonialismo deixou marcas no continente africano, marcas essas sentidas na literatura de Guiné-Bissau, país este conhecido
antes da independência como Guiné Portuguesa, deixando claro, em seu próprio nome, a marca do português. Este pequeno
país localizado na costa ocidental africana, teve suas fronteiras demarcadas pelo colonizador, que não respeitou seus aspectos
sociais, geográficos ou mesmo culturais, e fez com que fosse necessário a reconstrução do sentimento de nação e de unidade.
Foi exatamente essa proposta de reencontro entre população nativa e a liberdade, que Amílcar Cabral, um dos líderes do PAIGC
(Partido pela libertação de Guiné-Bissau e -Verde), tentou realizar em Guiné-Bissau. Um pais com cerca de oito etnias, com
influências religiosas animistas, mulçumanas e cristãs, com seus vários dialetos, sua língua crioula e a língua portuguesa imposta
pelo colonizador. Esse sentimento de formação de nacionalidade se ancora no sentimento de liberdade, anseio este presente na
população guineense é mais forte que todas as suas diferenças culturais. É neste contexto que nasce a poesia de Vasco Cabral,
e é por meio da análise de seus poemas “Deixa-nos caminhar”, “PAIGC” e o “Passado e o Presente” que analisaremos as
sequelas e as ideologias que perpassam o processo de libertação da Guiné-Bissau.
A CAPITU DE DALTON TREVISAN
Resumo
A narrativa de Dom Casmurro de Machado de Assis manifesta, desde a sua publicação em 1899, um potencial produtor tanto
de discursos de crítica como de criação literária. Logo na entrada do século XXI, em 2003, Dalton Trevisan volta ao velho
Machado no conto intitulado Capitu sou eu. À primeira leitura, a aventura amorosa da professora de literatura poderia ser
compreendida como uma reedição da queda de Capitu, afirmando assim o adultério em Dom Casmurro. No entanto, o contexto
das aulas de literatura ministradas pela protagonista, os paralelos e diferenças entre a sua aventura e a de Capitu, assim como
a alusão a outro grande romance de adultério do século XIX, Madame Bovary, de Gustave Flaubert, trazem para o conto um
efeito de discurso crítico, na medida em que seu desenvolvimento configura-se como uma abordagem interpretativa do romance
Dom Casmurro. Esta apresentação pretende, então, discutir a interpretação proposta para o romance Dom Casmurro no conto
Capitu sou eu, de Dalton Trevisan.
A RESSACRALIZAÇÃO EM O SEGREDO DA MORTA, DE ANTONIO DE ASSIS JUNIOR
Resumo
Dentro da concepção tradicional, a religião é um dos elementos fundamentais para o entendimento da cultura africana. Segundo
Souza, “a religião estava presente no exercício do poder, na aplicação das normas de convivência do grupo, na garantia da
harmonia e do bem-estar da comunidade.”(2006, p.45). Portanto, esse trabalho objetiva analisar a religião e a ressacralização
do poder em O segredo da morta – romance de costumes angolenses, de Antonio de Assis Junior; pois seu enredo trata de um
ritual religioso, um velório. Nessa representação estética, o autor angolano reconfigura o aspecto religioso tradicional para uma
concepção moderna e híbrida, evidenciando estratégias subversivas do colonizador que sustentaram a mudança da
centralização do poder religioso na sociedade colonial. Durante a dominação, a metrópole definiu-se a partir de uma concepção
eurocêntrica da realidade, depreciando o nativo e sua cultura. Dessa forma, o comportamento moderno em Angola configura-se
a partir de uma “dupla tradição”: africana e europeia
ESCRITA FEMININA SOB A SHOAH: O CASO DE HÉLÈNE BERR
Resumo
A literatura sob a Shoah é um caso à parte nos estudos literários. O que poderia ser considerado texto literário em escritos
produzidos sob forte impacto emocional, tortura, condições ignóbeis? O que seria viver em um campo de concentração para
uma mulher? Como registrar essa vivência? Percebe-se um número maior de escritos femininos durante esse período da
História, ao menos nos escritos em língua francesa. Hélène Berr era uma jovem judia de 20 anos, que vivia em Paris e tinha
todos os sonhos normais para uma moça da sua idade. Repentinamente, seu cotidiano tranquilo foi assaltado pela ocupação
nazista na França e todas as suas impressões, desde antes de sua prisão e ida ao campo de concentração são registradas em
uma espécie de diário, chamado Journal e publicado em 2008. A única obra de Berr é considerada alta literatura e prefaciada
por Patrick Modiano. Nosso objetivo é mostrar os traços da literatura dita feminina na escritura de Berr e de outras mulheres que
sucumbiram nos campos de concentração ou que sobreviveram e relataram a limitação daqueles dias sob a Shoah.
TRADIÇÃO ORAL E RELIGIOSIDADE NAS LITERATURAS AFRICANAS DE LÍNGUA PORTUGUESA
Resumo
Os povos de tradição oral se pautam pelo sagrado. Sagrado que se manifesta através de rituais que, além da performance,
contam com a magia das palavras. Nas literaturas africanas de língua portuguesa, a ênfase aos rituais oriundos das religiões de
cunho animista, é muito freqüente. No entanto, a abordagem que é feita também demonstra o sincretismo religioso constituído
pelo imbricamento entre estas religiões e o cristianismo, não somente imposto pelo colonizador, bem como, pelas igrejas
pentecostais. A religiosidade dos povos cujas culturas são oriundas da tradição oral é algo extremamente sério, uma vez que
não apenas faz parte da vida, mas rege-a; é tão necessária como o ar que respiram ou a água que lhes é fundamental para a
sobrevivência. O sagrado que, como já foi dito, rege a vida nestas sociedades, é cada vez mais questionado, tendo em vista
que este pressuposto, para eles, não é apenas um complemento em suas vidas, ou seja, “O africano é um ser ‘profunda e
incuravelmente crente, religioso’. Para ele, a religião não é simplesmente um conjunto de crenças mas, um modo de vida, o
fundamento da cultura, da identidade e dos valores morais. A religião constitui um elemento essencial da tradição a contribuir na
promoção da estabilidade social e da inovação criadora. (K. NKRUMAH apud TSHISHIKU, Tshibangu, 2010) As narrativas do
escritor moçambicano Mia Couto e do escritor angolano, Boaventura Cardoso, são portadoras destas premissas. Demonstrar
como isso ocorre nestas narrativas é o objetivo desse trabalho.
LIMITES E POSSIBLIDADES PARA O SUJEITO NO ENSINO DE LÍNGUA PORTUGUESA ATRAVÉS DOS GÊNEROS
Resumo
Sobretudo em decorrência da publicação dos Parâmetros Curriculares Nacionais, as teorias dos gêneros textuais/discursivos
têm recebido particular atenção tanto em pesquisas acadêmicas - especialmente no escopo da Linguística Aplicada, como no
ensino escolar. O trabalho com a língua na escola, a partir desse adentramento do viés enunciativo-discursivo da linguagem,
passa a ser considerado como possibilidade de manifestação e ampliação da subjetividade do indivíduo (PERFEITO, 2005).
Essa possibilidade consiste em inegável avanço em termos de perspectiva da linguagem, dado que se passa a considerar a
relação da língua com a sociedade e o sujeito, a partir de situações reais de uso. Entretanto, cumpre considerar que, ao
adentrar a sala de aula, qualquer teoria sofre a transmutação das propriedades de um objeto de estudo para as de um objeto de
ensino, o que significa que há implicações nesse caminho. Nesse artigo, teço reflexões sobre uma das consequências dessa
transmutação: o lugar do aluno enquanto sujeito da linguagem. Ou seja, o objetivo principal deste trabalho é discutir sobre o
papel da entrada das teorias dos gêneros, especificamente a dos gêneros do discurso (BAKHTIN, 1988; 2003; 2004), como
objeto de ensino de línguas na escola, no que tange à consideração do indivíduo como sujeito da linguagem. A partir da
perspectiva de sujeito em Bakhtin (2003, 2004), analiso as apreciações de uma estudante do 4o ano do ensino fundamental a
respeito de atividades escritas que lhe foram solicitadas pela escola. A partir da análise, são apontados alguns limites e
possibilidades para a manifestação e ampliação da subjetividade no ensino de língua portuguesa através dos gêneros.
ENTRE A CRÍTICA E A CRÔNICA: A COLABORAÇÃO DO DR. SEMANA/MACHADO DE ASSIS NA SEMANA ILUSTRADA
(1860-1876).
Resumo
Autor: Sílvia Maria Azevedo Instituição de origem: Faculdade de Ciências e Letras - UNESP/Assis CPF do proponente:
528.083.358-49 Ao tempo em que colaborou na revista de caricaturas Semana Ilustrada, Machado de Assis, sob o pseudônimo
de D. Semana, foi autor de uma série de crônicas que alojavam em seu interior uma modalidade de crítica que Raimundo
Magalhães Júnior chamou de “crítica às avessas”, e que consistia em elogiar textos que eram péssimos do ponto de vista
literário. Na prática da “crítica às avessas, no interior da crônica, Machado de Assis recupera, por um lado, a matriz original da
crônica que, sob o nome de folhetim, habitava o rodapé dos jornais, e abrigava um pot-pourri de assuntos, entre eles a crítica,
por outro lado, em consonância com o espírito irônico e humorístico da Semana Ilustrada, remete à tradição luciânica, de
caráter parodístico, que encontra eco nas crônicas machadianas. A confluência dessas duas tradições nas crônicas do Dr.
Semana/Machado de Assis, publicadas no jornal Semana Ilustrada, e nas quais predominam o humor corrosivo e a crítica
ácida, é a proposta de minha apresentação.
UM FUNCIONAMENTO DA LEITURA: O MOVIMENTO DE ESQUEMATIZAÇÃO
Resumo
O modo como a mídia põe em circulação as formulações visuais na sociedade contemporânea pelos jornais, pela TV, pelo
cinema, pela internet, entre outros meios, mostra a consequência de se analisar infográficos. Ao folhearmos uma revista ou
jornal e navegarmos pela rede eletrônica nos deparamos com esse material cuja composição específica nos leva imediatamente
a observar a diferença entre ele e outros materiais com formulação estritamente verbal. À primeira vista, sua organização
peculiar nos desafia e instiga e um produtivo questionamento se constitui: Ler um infográfico é como ler um texto somente com
formulação verbal? Problematizando as práticas de leitura, vemos que no curso indefinido da injunção à interpretação
buscamos, também, preencher as faltas que ela demanda, e esse preenchimento, no caso do objeto discutido, o infográfico, se
realiza por meio de um procedimento específico, que designamos como movimento de esquematização. Tal movimento se
constitui a partir da imbricação simultânea de a) formulações verbais, b) tabelas e gráficos estatísticos, setas, pontilhados e c)
ordenação numérica e alfabética, que produzem, simultaneamente, efeitos de relevância: ao selecionar temas e formas de dizer
sobre esse tema, inevitavelmente são deixados outros de fora, constituindo-se relevância ao que foi selecionado e posto em
estado de leitura; efeitos de síntese, conforme formulação visual materializada em gráficos estatísticos e imagens e efeitos de
ordenação, conforme organização numérica e alfabética, formulação estatística e flechas que indicam os trajetos de leitura.
Nessa comunicação, pretendemos mostrar como chegamos à compreensão desse funcionamento da leitura.
A INFLUÊNCIA CULTURAL NA FORMAÇÃO DAS PERSONAGENS NO ROMANCE NIHONJIN DE OSCAR NAKASATO
Resumo
A pluralidade de etnias possibilita uma análise de uma sociedade multicultural e que está em constante transformação, e que
acaba se refletindo na literatura, ao proporcionar uma amplitude de perspectivas que abordam diversas manifestações e relatos
dos agentes dessas várias culturas. Sob essa perspectiva, a abordagem do estudo do livro Nihonjin de Oscar Nakasato tentará
analisar as relações culturais e sociais que permeiam os contatos entre as personagens principais da narrativa, principalmente,
entre as relações entre pai, Hideo, e seu filho, Haruo, que são sujeitos que passam pelo processo da diáspora (Brah, 2002), e
que no desenvolver da narrativa colocam questões internas que se relacionam com o sentido de pátria, da "Homeland" (Reis,
2004), e se expande até um nível mais ideológico, como o próprio nacionalismo. Esses conflitos que ambas as culturas a
brasileira e nipônica causam no individuo e nas personagens do romance uma ruptura e necessidade de diversas escolhas, o
que resulta em uma "crise de identidade" (Hall, 2003), uma identidade fragmentada, ou que necessita definir uma identidade
própria, mas que esbarra sempre nos grandes aspectos culturais e nos valores nacionais e éticos que estão inseridas em cada
sociedade. Todos esses aspectos estão mais ou menos presentes na vida das personagens, deixando marcas profundas e
direcionando suas ações.
O PÓS-COLONIALISMO, A RELIGIÃO, A RELIGIOSIDADE E O SAGRADO: UMA ENCRUZILHADA DE PODERES
Resumo
As literaturas pós-coloniais têm uma estética própria em reinterpretar textos históricos e literários, a fim de investigar as
estratégias, as lacunas e a subversão no inter-relacionamento colonial. Entretanto, quando o tema nos estudos das narrativas
pós-coloniais é a religião e religiosidade, a análise deve se pautar não privilegiando uma análise puramente teológica e mística,
mas uma abordagem dos aparatos e da fenomenologia religiosa como uma estratégia de criação literária ou estratégia estética
própria do pós-colonialismo, ou seja, a partir do confronto de classe, levado, entretanto, às esferas do sagrado, em que as
religiosidades descritas no texto é problematizada no âmbito do colonizador e do colonizado com um viés da luta política,
simbólica e da ambivalência ideológica inerente do ambiente colonial. Logo, os estudos pós-coloniais, a religião, a religiosidade
e o sagrado, formam uma encruzilhada de poderes. Desta forma, esta comunicação visa abordar e problematizar os fenômenos
religiosos nas literaturas pós-coloniais, e suas possíveis estratégias de leitura.
A FUNÇÃO ENUNCIATIVA DA PONTUAÇÃO E SUA RELAÇÃO COM O RITMO DA ESCRITA NO GÊNERO DISCURSIVO
NOTÍCIA DE DIVULGAÇÃO CIENTÍFICA
Resumo
A pontuação é um dos aspectos da linguagem que é fundamental para a escrita. Entretanto, a sua abordagem no ensino tem
privilegiado a nomenclatura e o viés sintático. Além disso, há a tendência de relacionar a pontuação com a oralidade, como se
os sinais reproduzissem na escrita aspectos prosódicos. Fica evidente que essa forma de abordagem não tem dado conta de
todos os usos dos sinais de pontuação. Afinal, são recorrentes as transgressões às normas que diversos textos apresentam em
se tratando do uso desses sinais e, além disso, estudos têm comprovado que a pontuação reflete um ritmo que é específico da
linguagem escrita. Sendo assim, o presente trabalho teve como objetivo refletir sobre alguns aspectos relacionados à pontuação
para, dessa forma, propor uma maneira mais pertinente de olhar para os usos desses sinais. Para tanto, consideramos suas
funções enunciativas, que se relacionam às condições de produção do texto. Defendemos também que os usos da pontuação
estão ligados a um ritmo próprio da escrita, que não deve ser confundido com a rítmica da fala. Tendo em vista essa linha de
pensamento, partimos de uma prática real de linguagem ao analisar a pontuação de notícias de divulgação científica das
revistas Superinteressante e Galileu, buscando detectar indícios que nos permitissem inferir em que medida a forma de pontuar
dos autores se relaciona ao gênero discursivo em questão e revela, portanto, as funções enunciativas dos sinais de pontuação,
ou seja, as intenções que perpassam seus usos, levando em conta as condições de produção do texto. Procuramos evidenciar
também qual relação se pode estabelecer entre os usos dos sinais de pontuação e o ritmo da escrita.
O USO DE LISTAS DE FREQUÊNCIAS, GERADAS A PARTIR DOS PRINCÍPIOS DA LINGUÍSTICA DE CORPUS, NO
APRENDIZADO DE LÍNGUAS
Resumo
Uma lista de frequência é uma lista de lexias organizada a partir do que é mais comum, para o que é menos comum em um
banco de dados que se propõe a ser representativo de uma determinada área, como a medicina, por exemplo. A linguística de
corpus, que é a área da linguística que se ocupa da coleta e análise de corpus, isto é, um conjunto de dados linguísticos
coletado criteriosamente para ser objeto de pesquisa linguística, fornece informações sobre as lexias pesquisadas a partir de
seus usos em situações reais, com a importante característica de mantê-las em seus contextos. Uma das capacidades da
linguística de corpus é a geração de listas de frequência, em que a presença frequente de determinadas lexias se mostra ser de
importância capital no aprendizado, pois somente com o conhecimento do significado destas lexias é que se pode compreender
o contexto e, por extensão, o sentido mais profundo do texto (ou textos) em que as lexias aparecem, resultando em maior
compreensão da língua pelo estudante. Com o uso de uma lista de frequência é possível que um estudante de língua consiga
otimizar seu estudo, pois pode dar prioridade para as lexias mais comuns e úteis. Além disso, as listas de frequência podem ser
úteis para quem planeja materiais de estudo, considerando o uso de lexias com base no nível de conhecimento dos alunos.
O GÊNERO SOCIAL E O GÊNERO DISCURSIVO NA PRÁTICA DE ANÁLISE LINGUÍSTICA
Resumo
O presente trabalho faz parte de uma pesquisa maior intitulada “Representações de gênero no livro didático de Língua
Portuguesa” e do Grupo de estudos sobre linguagem e relações de gênero. O recorte que será apresentado pretende promover
uma reflexão acerca de questões ligadas ao gênero social (LOURO, 1997; VIANNA e UNBEHAUM, 2004) por meio da prática
de análise linguística (BRASIL/PCNs, 1997; PARANÁ/DCEs, 2008; MENDONÇA, 2006; COSTA-HÜBES, 2010) do gênero
discursivo reportagem presente na coleção de livros didáticos de L.P.“Singular & Plural – leitura, produção e estudos da
linguagem” (FIGUEIREDEO, L.; BALTHASAR, M.; GOULART, 2012). O objetivo é demonstrar como questões de ordem
discursiva do gênero são tão relevantes quanto as de superfície da linguagem para o ensino de Língua Portuguesa. Com isso,
abre-se uma perspectiva de prática de letramento crítico (KLEIMAN, 1995; ROJO, 2009) para professores e professoras e,
consequentemente, oportunidades de aprendizagem e de reflexão para os alunos. Os resultados pretendem demonstrar como é
possível observar sistematicamente os usos linguísticos para a construção do feminino como fator de desigualdade nas
relações de gênero.
CAIO F. - UM BIÓGRAFO DE SEU TEMPO?
Resumo
O presente trabalho está inserido no projeto “Crítica e Imaginário na Literatura Sul-rio-grandense” que tem como um de seus
objetivos verificar como se estabelece a relação entre o imaginário e a literatura produzida no Rio Grande do Sul. A análise das
obras literárias tem como referencial teórico os estudos sobre o imaginário realizados por Gilbert Durand. A partir da perspectiva
da Teoria do Imaginário analisam-se três textos do escritor sul-rio-grandense Caio Fernando Abreu: a crônica “Em nome dos
dragões”, pertencente ao livro A vida gritando nos cantos, e os contos “Cavalos Brancos de Napoleão”, da obra O Inventário do
Ir-remediável, e “Ascensão e Queda de Robhéa, Manequim & Robô”, publicado em O ovo apunhalado. O escritor
sul-rio-grandense ao longo de sua carreira mostra-se bastante crítico em relação à sociedade contemporânea, ao
comportamento do homem e à sua condição diante de um mundo fragmentado e mecanizado. Caio Fernando Abreu utiliza-se
de um universo simbólico para recriar a sociedade em seus textos, por isso, enfoca-se a Teoria do Imaginário para analisar
como se estabelece a relação entre escritor, sociedade e imaginário nos dois contos e na crônica. A escolha dos três textos
produzidos em épocas diferentes é proposital, sendo também relevante para a análise simbólica o contexto em que a obra foi
produzida, bem como dados sobre a produção literária do escritor Caio Fernando Abreu. Ler a obra desse escritor
sul-rio-grandense nos permite compreender não só suas impressões sobre a vida, mas também compreender o contexto sócio
histórico em que o autor viveu.
(RE)PENSANDO O DISCURSO POÉTICO CONTEMPORÂNEO NUMA PERSPECTIVA BAKHTINIANA
Resumo
Esse trabalho busca tecer uma reflexão sobre os principais pontos teóricos que envolvem a compreensão do discurso poético e
romanesco na obra bakhtiniana, utilizando, para este fim, uma (re)leitura de alguns poemas contemporâneos. Recorremos a
noções como a de material, conteúdo e forma artística, autoria, gênero do discurso, objeto estético e obra exterior, formas
arquitetônicas e composicionais, buscando compreender o enunciado poético como participante do processo dialógico da
comunicação verbal, especialmente instaurado na esfera artística. Para tanto, partimos das críticas tecidas por Bakhtin e o
Círculo à estética material e ao Formalismo Russo nas obras O problema do Conteúdo, do Material e da Forma na Criação
Literária (1924), O discurso no romance (1934-1935) e O método formal nos estudos literários (1928). Num esboço inicial,
pudemos traçar três caminhos que se entrecruzam: 1) as considerações do Círculo sobre as relações entre ética e estética, com
vistas a uma contribuição para esta última, no que concerne à apreciação das manifestações artístico-literárias; 2) a formulação
de uma concepção de linguagem ligada à proposição de uma estética – a do ato de autoria, a partir da qual, a nosso ver, o
discurso poético e suas realizações podem ser relidos legitimamente; 3) as formulações sobre o discurso romanesco que,
contribuindo de forma definitiva para a teoria do romance, ainda oferecem subsídios para a compreensão do discurso poético.
Com este estudo, pudemos observar que Bakhtin nos fornece, revolucionariamente, outros elementos para que possamos
pensar o poético para além da análise das formas, das imagens-tropo e das configurações rítmicas e sonoras.
O TEXTO LITERÁRIO E AS ESTRATÉGIAS DE LEITURA NO LIVRO DIDÁTICO: ESTUDO DE CASO DO EXEMPLAR
PORTUGUÊS LINGUAGENS – 6.º ANO
Resumo
O livro didático é uma ferramenta acessível a alunos e professores das escolas da rede pública de ensino, por isso, é possível
trabalhar diversos gêneros discursivos através dele. Mas um dos gêneros que seguidamente gera questionamentos sobre sua
inserção no livro didático é o literário. Assim, esta comunicação justifica-se pela análise-reflexiva sobre o livro didático como
objeto para a prática de leitura e o desenvolvimento das competências de compreensão e interpretação de textos. Nesse
sentido abrange a análise da forma de apresentação dos textos literários, de acordo com suas especificidades, e das
estratégias de leitura propostas no livro didático Português Linguagens – 6.º ano, de William Roberto Cereja e Thereza Cochar
Magalhães, para o desenvolvimento de competências leitoras. A escolha deste livro didático justifica-se pelo fato de ter sido o
mais requisitado dentre os indicados pelo Plano Nacional do Livro Didático (PNLD 2014) pelos professores da rede pública de
ensino em âmbito nacional. O recorte adotado diz respeito às atividades cujo objeto caracteriza-se como gênero do discurso
literário; assim, procede-se à análise as seções Estudo do texto – subdividida em “Compreensão e interpretação”, “A linguagem
do texto” e “Trocando ideias” – e Produção do Texto. Como pressupostos teórico-metodológicos, são analisadas as estratégias
de leitura segundo Isabel Solé e Delaine Cafiero, pois, segundo esta autora, é possível trabalhar tanto a compreensão do texto
quanto a materialidade linguística.
O DISCURSO OFICIAL E O ENSINO DE LÍNGUAS ESTRANGEIRAS NO BRASIL: UMA REFLEXÃO SOBRE O HIATO ENTRE
AS PRESCRIÇÕES LEGAIS E A ESCOLA PÚBLICA
Resumo
Este trabalho faz uma reflexão sobre o discurso do ensino da língua estrangeira (ELE) no contexto atual brasileiro, como
resultado de um processo sócio-histórico-ideológico. Tendo como dispositivo teórico-metodológico a Análise do Discurso
Pecheutiana, este estudo busca refletir de que forma a falta de êxito desta modalidade educacional tem sido justificada no âmbito
escolar, cuja “ineficácia” se encontra bem estabelecida. Por meio da análise das prescrições oficiais que têm regido o ELE no
país, o presente estudo parte de 1931, momento em que a educação básica foi sistematizada em nível nacional, até as OCEM de
2006. Convém ressaltar que, ainda que tais documentos busquem uma consonância com as teorias linguísticas e pedagógicas,
vemos uma discrepância entre a idealização do ensino que estes documentos almejam e a inadequação da realidade de sala de
aula. No processo de análise, esta incoerência aparece sustentada por uma tríade de justificativas envolvendo diferentes
instâncias do âmbito escolar, deixando entrever que o ensino é afetado não somente por questões pedagógicas, mas, sobretudo,
por contextos mais amplos, que determinam o desenho do quadro geral da educação de um país e que o impermeabiliza a
mudanças verdadeiramente significativas.
AS RELAÇÕES RETÓRICAS DOS TÓPICOS DISCURSIVOS NA ORGANIZAÇÃO DO SERMÃO BÍBLICO
Resumo
Com o objetivo de descrever a organização textual de sermões bíblicos, adotamos como fundamento teórico do trabalho a
Teoria da Estrutura Retórica (RST), e como categoria de análise, selecionamos o tópico discursivo, tal como postulado nos
estudos de textos falados sob a orientação do Grupo de Organização Textual-Interativa. A RST contribui no sentido de
descrever as relações estabelecidas entre porções do texto. Nesse sentido, a organização acontece pela constituição dessas
partes em relação, formando as partes maiores, compreendendo o texto todo (MATTHIESSEN; THOMPSON, 1988). Com o
intuito de demonstrar as relações existentes na macroestrutura textual que contribuem também para a organização temática do
texto, foram analisados três sermões bíblicos, tendo cada um uma estrutura diferente. O corpus foi coletado em uma igreja
evangélica na cidade de Maringá-PR. Verificou-se que a identificação das relações retóricas dos tópicos discursivos favorece a
visualização do tema e das suas divisões. Dessa forma, acredita-se que, por se tratar de organização textual, a articulação
proposta entre a teoria (RST) e a categoria de análise (tópicos discursivos) possa contribuir na produção, não somente de
sermões, mas de outros gêneros falados que requerem um planejamento prévio, como, por exemplo, aulas, palestras, ou até
mesmo gêneros da modalidade escrita.
ÉTICA EM PESQUISAS VOLTADAS À EDUCAÇÃO INICIAL DE PROFESSORES DE INGLÊS PARA O LETRAMENTO
CRÍTICO
Resumo
Chega de pesquisa para mostrar déficits de professores em qualquer estágio de sua preparação profissional. Há resultados de
pesquisa realizadas em contextos de educação inicial que trazem evidências de desenvolvimento de leitura crítica de realidades
sociais e profissionais por alunos de curso de Letras. Há também pesquisa conduzida junto a alunos do ensino Médio que
aponta práticas de leituras em diferentes níveis, incluindo o crítico, que é o tão defendido na Linguística Aplicada. Em lugar de
descrever essas pesquisas, esta comunicação irá explorar tão somente a questão de ética(s) de quem produziu tais
conhecimentos. Assim, primeiramente, serão expostos conceitos sobre ética e suas implicações epistemológicas, ontológicas e
metodológicas. Em seguida, será apresentada compilação de dados a ser exposta por meio sinótico. Para finalizar, excertos
ilustrativos serão utilizados a fim de sustentar um rol de questões sobre ética e sobre pesquisa no campo da educação crítica de
professores de língua estrangeira.
A REPRESENTAÇÃO FEMININA NA POESIA DE ALFONSINA STORNI
Resumo
A REPRESENTAÇÃO FEMININA NA POESIA DE ALFONSINA STORNI Adriana Dias da SILVA (G – UEL, Bolsista da
Fundação Araucária) (CPF:077.096.739-61) O presente trabalho apresenta os resultados parciais obtidos na pesquisa de
iniciação científica “Estudo sobre a representação feminina na obra poética de Alfonsina Storni (1892-1938)”, desenvolvida
desde agosto de 2014 no Centro de Letras e Ciências Humanas da UEL. O objetivo desta comunicação é tecer algumas
reflexões sobre a escritura da autora argentina Alfonsina Storni, principalmente no que tange à questão da representação da
figura feminina em sua obra poética. Além disso, pretende-se neste trabalho fazer uma reflexão sobre a bibliografia crítica em
torno da poesia de Storni, na tentativa de entender os motivos que levaram a crítica contemporânea a reduzir a importância da
atuação de Alfonsina no cenário literário argentino na primeira metade do século XX. Para isso, serão analisados alguns
poemas da escritora argentina, assim como alguns estudos realizados por Alicia Salomone. No que se refere aos trabalhos
sobre a obra de Alfonsina Storni, cabe ressaltar que, além de não representarem um número significativo, a maioria deles
oferece pouca profundidade de análise. Já no que diz respeito à obra poética de Storni, percebe-se que a escritora reivindica
novos espaços para o universo feminino, representado em sua poesia a partir da troca de papeis sociais, em que a mulher
deixa o estado de passividade na conquista amorosa e passa a observar e desejar a figura masculina.
A INSTITUCIONALIZAÇÃO DA CIÊNCIA NO BRASIL: A ESCRITA CIENTÍFICA NOS DOCUMENTOS OFICIAIS, NOS
DISCURSOS DA CAPES E DO CNPQ
Resumo
Este trabalho é parte constituinte de um estudo maior que busca analisar as práticas de letramento acadêmico envolvidas na
produção do gênero artigo científico em periódicos nacionais A1, das diferentes áreas do conhecimento (Ciências Biológicas,
Ciências Exatas e da Terra, Linguística, Letras e Artes, Engenharias, Ciências da Saúde, Ciências Humanas, Ciências Sociais),
demarcando o caráter heterogêneo do discurso escrito acadêmico, em detrimento do discurso que postula a homogeneização
da escrita na área científica, opondo-se à visão de letramento autônomo. Fundamentando-se em discussões recentes sobre o
letramento acadêmico feitas por estudiosos dos Novos Estudos do Letramento (STREET, 1984; GEE, 1996; LEA E STREET,
1998; LILLIS, 1999, entre outros) e na concepção dialógica de linguagem segundo os princípios teóricos da Linguística
Aplicada, este estudo apresenta um levantamento dos discursos oficiais que circundam a prática da escrita na comunidade
científica brasileira, refletindo-se, consequentemente, nos periódicos científicos. Sendo assim, destacam-se os principais
documentos oficiais que regem a prática da produção escrita científica, a saber a Constituição Federal (CF, 1998), a Lei de
Diretrizes e Bases da Educação (LDB, 1996), o Plano Nacional da Educação (PNE, 2010), assim como os discursos postulados
pela Capes e pelo CNPq. Por meio desse levantamento, serão relacionados os dados entre discursos oficiais e discursos dos
periódicos científicos de cada área selecionados para análise, demarcando-se de que forma estes respondem ao discurso
oficial.
DO FATO NOTICIOSO À CRÔNICA: REFLEXÕES DO COTIDIANO BRASILEIRO
Resumo
A crônica é um gênero que circula entre o jornalismo e a literatura. Filha do jornal e presente nesse veículo, divide espaço com
as notícias e matérias sisudas e pesadas que nos colocam diante dos olhos diariamente. Apesar disso, traz um tom tão
diferente disso tudo, como quem não se deixasse contagiar pelo peso do dia a dia. Isso não quer dizer que a crônica não tenha
compromisso com a realidade. São os fatos da realidade que a alimentam e a tornam tão singular. O presente trabalho pretende
discutir a respeito de crônicas cujos temas foram retirados de notícias jornalísticas, especificamente, os textos de Moacyr Scliar
reunidas no livro Histórias que os jornais não contam e que partiram de notícias publicadas no jornal Folha de São Paulo entre
2004 e 2008. Nosso intuito é observar como o cronista desenvolve os temas apresentados nas notícias, transformando fatos
noticiosos em literatura. Além disso, levando em consideração que as crônicas foram agrupadas em livro, pretendemos também
refletir sobre o fato de, mesmo se nutrindo da notícia, datada e efêmera, se deslocar para o livro e marcar sua permanência.
CONFLITOS, TENSÕES E FRUSTRAÇÕES NA APRENDIZAGEM COLABORATIVA DE LÍNGUA ESTRANGEIRA EM REGIME
DE TANDEM
Resumo
Este trabalho é um estudo de caso de uma parceria de tandem presencial constituída por uma colombiana, aprendiz de
português em uma cidade do interior do estado de São Paulo, e uma brasileira, aprendiz de espanhol e estudante de um curso de
graduação em Letras de uma universidade pública paulista. A concepção do tandem não é a de um método, mas de um contexto
de aprendizagem em que cada um dos membros da dupla é ao mesmo tempo, aluno da língua estrangeira que deseja aprender e
modelo linguístico (expert) da própria língua materna (SWAIN e LAPKIN, 1994, 1998, 2001). Nesse contexto, os membros da
parceria devem observar os princípios de reciprocidade, autonomia e uso equilibrado das línguas (BRAMMERTS, 1996; TELLES
e VASSALLO, 2009), com o compromisso de proporcionar, na mesma medida, tudo quanto se recebe. Mesmo que o tandem seja
caracterizado como um contexto colaborativo que envolve duas línguas e duas culturas, é possível que em essa troca linguística
e cultural o aprendiz passe por situações que lhe causem sentimentos de estranhamento, frustração e, até mesmo, ira
(FIGUEIREDO, 2006; PAIVA, 2008; BROWN, 2000). Com base nestes pressupostos, o projeto pretende encontrar a presença de
conflitos, tensões e frustrações durante o processo da aprendizagem em colaboração, analisando como eles são resolvidos ou
não durante o processo de negociação e o modo como isso impactaria na relação da parceria e no processo de aprendizagem da
LE.
A CONCEPÇÃO DO RISO COMO MANIFESTAÇÃO DO GROTESCO EM HILDA HILST
Resumo
Um dos temas mais recorrentes na obra da escritora brasileira Hilda Hilst versa em torno da expressão do riso como parte
integrante da composição do grotesco caraterizador de seus personagens. Em praticamente toda sua produção narrativa,
percebe-se um desfile de personagens que oscilam propositadamente entre o trágico e o cômico; muitas vezes conduzindo o
leitor a um tipo específico de questionamento que atravessa a ideia de uma paródia, ou uma diversão comum, quando não um
humor "esculachado", e adentra o universo das questões mais sofisticadas. Nesse artigo, procuraremos analisar, tomando como
principal tópico catalisador o peculiar humor hilstiano que se deflagra de maneira crítica e agressiva em toda o seu trabalho, a
ironia que se desvela na obra "O caderno rosa de Lori Lambi", texto que integra a denominada "Tetralogia Obscena" da
escritora. Além de nos fundamentarmos em teóricos que tratam especificamente do tema do riso e da carnavalização como
Bakhtin e Georges Minois, não prescindiremos de autores que estudam a obra hilstiana como um conjunto coerente de posturas
críticas frente à sociedade de seu tempo, como Pécora, Moraes, Bezerra, entre outros.
OS TEXTOS IMPRESSOS E DIGITAIS NA FORMAÇÃO LEITORA EM LÍNGUA INGLESA
Resumo
Há algum tempo, definia-se texto como escritos que se utilizavam de uma determinada linguagem. Hoje, diante da variedade de
textos que são produzidos e que circulam no meio social, não podemos mais considerar apenas essa concepção. Defendemos
aqui, texto como qualquer produção linguística, falada, escrita ou multimodal que possa fazer sentido em situações de
comunicação humana. Assim, a leitura consiste em uma prática social que acontece nos diferentes espaços. Com a criação e
expansão da Internet, os textos passam a se materializar também nos ambientes digitais, o que acabou gerando a necessidade
da leitura também no suporte digital. Consideramos que, no processo de aprendizagem de uma língua estrangeira como o
Inglês, os estudantes precisam lidar com a leitura em ambos os suportes e, o professor precisa promover atividades de leitura
de textos digitais que auxiliem os estudantes a operacionalizar esses textos, mostrando-os que os sentidos não estão prontos
no texto. Pensando nessas questões que refletem o uso desses textos, discutimos aqui como os textos impressos e digitais
podem contribuir para a formação leitora dos estudantes de línguas, particularmente de Inglês como língua estrangeira.
Inúmeros estudos, tais como os realizados por Coscarelli (2011), Zilberman (2011), Pereira (2011) e Andrade (2011) têm
demonstrado que as condições de leitura na tela passam a exigir dos leitores outras habilidades para transitar pelos textos
digitais. Nesse sentido, discutimos e analisamos a importância do trabalho com textos em ambos os suportes, para verificar em
que medida contribuem para a formação do estudante- leitor.
REVELAÇÕES DO PROCESSO DE CONSTRUÇÃO DE UM RESUMO ACADÊMICO SOBRE QUESTÕES DE ESTILO
INDIVIDUAL E ESTILO DE GÊNERO
Resumo
O propósito deste trabalho é investigar o gênero resumo acadêmico do ponto de vista de sua criação, de sua gênese. Como
nasce um resumo? Esta é uma de nossas questões. Estamos encarando a produção escrita como resultado de um processo de
construção que inclui várias operações de reescrita, como apagamentos, inserções, permutas, etc., até que o escrevente
chegue ao texto que ele considere acabado. A partir de dados do processo de construção de um resumo elaborado por uma
dupla de estudantes do curso de Letras de uma instituição baiana de ensino superior, procuramos verificar a relação que o
estilo individual mantém com o estilo do gênero textual. Partimos da hipótese aventada por Bakhtin de que existe um “um
vínculo indissolúvel, orgânico” entre estilo e gênero. Portanto, não se deve estudar o estilo sem levar em consideração o
conceito de enunciado e de gênero. Bakhtin sugere que há gêneros que não permitem muitas inovações, como um
requerimento, por exemplo, mas há outros mais flexíveis a entradas subjetivos, como os gêneros literários. Em relação ao
gênero resumo, questionamos: será ele um gênero mais padronizado, ou ele dá margem para que o sujeito apareça? O texto foi
escrito conjuntamente com o objetivo de registrar a conversa mantida entre os sujeitos a respeito do texto que estavam
produzindo. Essa conversa, juntamente com uma entrevista posterior que fizemos com a dupla, questionando-a a respeito das
operações de reescrita que fizeram, acrescentou dados valiosos sobre a apreensão desse gênero do discurso, constituindo
nossos dados processuais.
PRESCRIÇÕES NACIONAIS PARA O TRABALHO DOCENTE DO TUTOR FORMADOR EM EAD
Resumo
Objetivo contribuir para uma reflexão sobre o papel do tutor formador da Educação a Distância mediante a análise e a
identificação das representações construídas sobre seu trabalho nos documentos nacionais, prescritivos, como a LDB 9.394/96
e o Decreto 5622/2005, que regulamentam sua profissão; no documento expedido pelo Sistema UAB (Universidade Aberta do
Brasil), que prescreve as atividades da tutoria, nos Referenciais de Qualidade para Educação Superior a Distância (BRASIL,
2007), documento norteador para a elaboração de propostas para cursos e sistemas de educação a distância, e nos editais
para candidatos ao cargo de tutores de uma IES regional (UEM), integrada a esse sistema. Tomando como referencial teórico o
Interacionismo Sociodiscursivo (ISD) (BRONCKART, 2003; 2005), apresento: (i) excertos representativos desses documentos
referentes às atividades a serem desempenhadas na tutoria em EaD; (ii) análises desses excertos com base no referencial
teórico do ISD. Intenciono conhecer como é a representação do tutor formador nesses documentos considerando a premissa do
ISD de que o contexto interacional em que a profissão em análise se insere deve ser analisado e considerando ainda que essa
profissão de tutor está em ascensão devido à proliferação dos cursos a distância no país a partir da década de 1990.
A EMERGÊNCIA DO INSÓLITO N’A MÁQUINA DE FAZER ESPANHÓIS: O FANTÁSTICO E O SINISTRO COMO
DERIVAÇÕES DO REMORSO
Resumo
Annie Tarsis Morais Figueiredo Universidade Estadual da Paraíba 08785412414 A obra A máquina de fazer espanhóis, do
escritor afro-lusitano Valter Hugo Mãe apresenta uma percepção acerca do insólito a partir do protagonista Sr. Silva, um
barbeiro português de oitenta e quatro anos. O percurso desse personagem – passado superado, futuro emergente – expressa
como do ressentimento ao remorso pode-se dar uma experiência existencial fantástica, sobretudo inusitada, próprio do curso da
vida. Partindo de uma experimentação onírica, A máquina de fazer espanhóis problematiza as fronteiras entre realidade e
ficção, onde a dor retida pela memória manifesta-se no primeiro momento como estímulo para a possibilidade, no segundo
como fecundação de uma nova vida. A primeira vista, os pássaros negros vislumbrados por Sr. Silva simbolizam a culpa de uma
vida censurada pelo medo, como elemento corrosivo da alma; posteriormente eles se convertem em signos de encanto e força.
Sendo assim, o insólito é um tema implícito na narrativa de Hugo Mãe, pois a partir dele que o autor consegue problematizar
isto que denominamos por identidade a partir de um jogo em que o fantástico/ficcional dialogam com a história/realidade. Esta
pesquisa, de cunho bibliográfico, apoiou-se nas contribuições de García (2012 e 2013) para se pensar o insólito que permeia a
narrativa, como também Friedrich Nietzsche (2009) para problematizar a questão do remorso. Desta forma, o trabalho nos
aponta que as situações insólitas são transfigurações do sentimento de culpa do Sr. Silva, e para compreender esta culpa
faz-se necessário mergulhar no universo simbólico da narrativa de Hugo Mãe.
CONDUZIR CONDUTAS: UMA ANÁLISE DE DISCURSOS POLÍTICOS DE POSSE PRESIDENCIAL
Resumo
Este presente trabalho tem como objetivo analisar como os discursos políticos, especificamente os de posse presidencial, são
construídos, quais os enunciados são utilizados para se fazer referência à noção de nação e se eles são ou não direcionados
para conduzir a conduta da população. Para tentar responder estes questionamentos serão analisados, inicialmente, três
discursos sendo eles: Dilma Rousseff, Getúlio Vargas e Médici. Nossa análise promove um recorte histórico bem específico,
abrangendo momentos diferentes e muito distantes. Para justificar este recorte, recorremos à noção de nova história que afirma
que a história deve ser vista em suas descontinuidades e que a partir destas, devemos observar as diferenças existentes.
Basicamente, é isso que tentaremos fazer. Confrontaremos momentos distintos tentando observar como as questões
supracitadas ocorrem em cada um deles e quais as diferenças encontradas. Para proceder a análise, nos basearemos nos
estudos do filósofo francês Michel Foucault, principalmente nas suas noções de enunciado, governamentalidade e biopoder.
Estes três pilares sustentarão toda análise proposta. Tentaremos mostrar como estes discursos são construídos, quais os
enunciados são utilizados (como eles são retomados, resignificados) e se os discursos são construídos numa tentativa de
mostrar quais escolhas devem ser feitas pela população e como a mesma deve agir.
UMA APRENDIZAGEM CHEIA DE RITMO APESAR DE SABER QUE NINGUÉM APRENDE SAMBA NO COLÉGIO
Resumo
Este trabalho se propõe a relatar a experiência de uma sequência didática elaborada e desenvolvida com alunos do 5º ano (10
a 12 anos de idade) do Colégio Pedro II- Campus Tijuca I, em 2014, cujo eixo vertical inseria-se dentro de um Projeto
Interdisciplinar de apresentar e discutir o Carnaval como uma manifestação de cunho popular e multicultural. A partir desse
objetivo principal, desdobraram-se várias sequências didáticas e projetos menores nos diferentes anos de escolaridade do 1º
segmento, que tinham como ponto de encontro abordar o carnaval de rua carioca e sua história, uma vez que esta última
encontra-se vinculada ao espaço onde se localizam a escola e a moradia da maioria do alunado: Tijuca e adjacências. A partir
da leitura do livro Ninguém aprende samba no colégio, da autora Christina Dias, foi traçada uma sequência didática que
envolveu atividades como: leitura dos livros Tequinho, o menino do samba e Tequinho e o ensaio da bateria, da autora Neusa
Rodrigues; pesquisa sobre a vida e a obra de Noel Rosa e demais compositores que atuaram como seus parceiros; pesquisa
sobre a vida no Rio de Janeiro dos anos 20 e 30; análise das principais canções de Noel Rosa; audição das mesmas; criação
de paródias e decalques das letras; além de uma dramatização de quatro canções de Noel escolhidas pelos alunos, entre
outras. Essas atividades tiveram como norte o entendimento da escola como um dos entornos principais que configuram a
criação e a consolidação dos hábitos leitores em crianças e jovens, segundo as teorias de COLOMER (2004, 2009 e 2010),
MANRESA (2013), FITTIPALDI (2010) e BALLESTEROS (2007).
UMA PROPOSTA DE LEITURA/ANÁLISE LINGUÍSTICA COM O CONTO A MOÇA TECELÃ, DE MARINA COLASANTI
Resumo
Este trabalho tem por objetivo apresentar uma proposta de leitura/ análise linguística via texto-enunciado do gênero discursivo
conto de fadas contemporâneo, mais precisamente o conto A moça tecelã (1991), de Marina Colasanti. Segundo Bakhtin
(2003), o dialogismo é um fenômeno natural de todo discurso vivo, é o modo de funcionamento real da língua. Para o autor, um
discurso sempre responde a outro(s) e suscitará sempre uma resposta(s), dando continuidade à grande cadeia de comunicação
discursiva. Assim como os enunciados constituem-se a partir de outros, novos gêneros também surgem a partir de outros já
existentes, respondendo às necessidades enunciativas, prestando-se a novas finalidades sociais. Assim, à busca de
regularidades do gênero em estudo, focando o processo pedagógico de análise linguística, realizamos, de forma
contextualizada, uma análise da dimensão estilo bakhtiniana, abordando atividades epilinguísticas, como fim, e metalinguísticas,
como meio, além de outras dimensões bakhtinianas dos gêneros (conteúdo temático e construção composicional),
considerando, no processo de leitura, sobretudo, a intenção discursiva e o contexto extraverbal da enunciação. Feito isso,
elaboramos uma proposta de encaminhamento didático, fundamentada na teoria dos gêneros discursivos (Bakhtin, 2003),
tomando a proposta metodológica de Gasparin (2009) como fio condutor do processo de transposição didática.
HUMOR E TRADIÇÃO JUDAICA NAS OBRAS MANUAL DA PAIXÃO SOLITÁRIA E OS VENDILHÕES DO TEMPLO, DE
MOACYR SCLIAR
Resumo
A obra de Moacyr Scliar tem no judaísmo, mais especificidade no humor judaico, incluindo as narrativas bíblicas, uma de suas
principais fontes. Numa relação de clara intertextualidade e reescritura, Scliar amplia a narrativa bíblica a partir de uma longa
tradição literária e religiosa, que tem no judaísmo uma fonte permanente. Ao ler a Bíblia como literatura, não como livro sagrado
da religião, Scliar usa não somente uma tradição moderna da ironia, caracterizada pela crítica à tradição religiosa. O humor, o
riso e o paródico em Scliar não se encontram somente no âmbito da crítica moderna, antes se deixam conduzir pela própria
tradição religiosa judaica que aprendeu a rir do seu Deus e que torna os personagens considerados sagrados e intocáveis na
religião objeto da carnavalização e do riso. A perspectiva que orienta, portanto, a apresentação do trabalho é o resgate da
própria tradição judaica na obra de Scliar como elemento constitutivo de sua narrativa. Recorrendo aos teóricos Robert Alter e
Erich Auerbach, sem deixar de considerar as interpretações do próprio Scliar sobre o judaísmo, o trabalho focará a análise nos
dois livros mencionados no título.
DISPOSITIVOS DE PODER E PRÁTICAS DE SUBJETIVAÇÃO NA ATUALIDADE
Resumo
Em muitas esferas sociais, deparamos com discursos, como no campo da música, por exemplo, que criticam, resistem e/ou
contestam a lógica da produtividade voltada para a visibilidade e manutenção de alto status social. Esses discursos, ao mesmo
tempo em que se caracterizam por tal resistência, materializam-se nos produtos que integram e/ou visam a integrar certas
práticas discursivas da atualidade. Diante disso, este estudo tem como meta problematizar como determinados discursos e
dispositivos de poder, opõe-se a essa lógica e atuam na produção de sujeitos na atualidade. Para tanto, pretendemos estudar a
conexão entre o conceito de discurso e dispositivos de poder em Michel Foucault e sua articulação com Análise do Discurso
(AD) a partir de enunciados de diferentes produções contemporâneas, tais como canções de alguns compositores de destaque
(Arnaldo Antunes, André Abujamra, Zeca Baleiro, etc), peças publicitárias, dentre outros que poderão aparecer ao longo da
pesquisa. Nesse sentido, mobilizaremos conceitos da AD que tem com a obra de Michel Foucault um diálogo mais estreito; em
especial, os conceitos de enunciado, discurso, dispositivo e práticas de subjetivação, tendo em vista a proficuidade desses
conceitos com os estudos discursivos. Como objeto de análise, recorreremos a letras de canções de Zeca Baleiro com o
objetivo de problematizar como os dispositivos de lazer, consumo e visibilidade social, materializados nos discursos das
canções, refletem sobre elementos vinculados a sociedade atual, moldada por uma subjetividade capitalística, na qual a
constituição do sujeito se vê enredada às técnicas do biopoder que marca a sociedade de controle.
O EXCESSO DE TEORIA E O DESEJO DA PRÁTICA: CONSIDERAÇÕES SOBRE A IDENTIDADE DO PROFESSOR DE
LÍNGUA PORTUGUESA
Resumo
Este trabalho pretende contribuir com as discussões concernentes às polêmicas sobre a identidade dos alunos dos cursos de
Letras em relação ao magistério. Não raras vezes, tais polêmicas remetem ao fato de os cursos de formação de professores de
Língua Portuguesa oferecerem pouca prática pedagógica em relação à carga horária destinada à teoria, o que promoveria o
desenvolvimento de identidades conflituosas, uma vez que os professores em formação não saberiam o que é ser professor e
desconheceriam a realidade do trabalho docente, mesmo estando em um curso de licenciatura. Com a adequação dos
currículos dos cursos de Letras às novas diretrizes curriculares oficiais apresentadas pelo Ministério da Educação, houve
aumento da carga horária destinada às atividades relacionadas à prática docente desses cursos, de forma que mudanças
significativas eram esperadas. Contudo a experiência de oito anos como professora responsável pelo Estágio Supervisionado
nos tem mostrado que o aumento da carga horária para a abordagem de questões práticas não tem surtido o impacto almejado
na formação do professor de Língua Portuguesa. Isso indica, portanto, que outros fatores contextuais envolvem o assunto, o
que requer ainda mais comprometimento das instituições de ensino superior no processo de formação docente.
QUEM TEM MEDO DE WALTER WHITE? A VIOLÊNCIA E A IDENTIDADE HISTÉRICA NA SÉRIE TELEVISIVA "BREAKING
BAD"
Resumo
Sucesso de público e crítica, a série televisiva estadunidense "Breaking Bad" (2008-2013) pode atribuir parte do seu êxito não
somente à narrativa instigante que conta a ascensão e queda de Walter White (Bryan Cranston), professor de Química que
passa a produzir e a comercializar drogas para financiar o próprio tratamento médico, mas à exposição de uma sociedade que
reprime, e ao mesmo tempo, estimula a violência como modo de sobrevivência. Tal cenário faz com que os vivenciem uma
espécie de ficção simbólica para transitarem entre as várias camadas que formam esta sociedade violenta. Walter White
assume, ao longo da série, um posicionamento que o jargão psicanalítico classificaria de histérico, à medida que ele questiona
tal ficção simbólica. Entretanto, em um pano de fundo mais amplo, pode se perceber que esta identidade histérica é moldada
pelo contexto histórico e social. Analisando "Breaking Bad" à luz do Materialismo Lacaniano, corrente teórica desenvolvida pelo
filósofo esloveno Slavoj Žižek (1949-), que pela união da psicanálise com o marxismo propõe nova leitura sobre o Materialismo
Histórico, o presente trabalho tenta interpretar o microcosmo apresentado pela série, assim como o seu papel em construir e
alimentar a identidades fragmentada do seu protagonista, representante de uma contemporaneidade enviesada pela violência
muitas vezes sutil.
A LUA E OS HOMENS. UM MITO NO FANTÁSTICO DE MURILO RUBIÃO
Resumo
Murilo Rubião foi durante muito tempo figura à parte na prosa brasileira moderna. Entretanto, de tempos para cá, seu lugar foi
se configurando graças à leitura mais ampla que seus contos receberam, bem como pela interpretação fecunda de alguns
ensaios sobre o autor, como os de Davi Arrigucci Jr., que acabaram criando veios de leitura e entrada na obra. Um dos temas
realmente centrais dos contos de Rubião é a questão da sexualidade, ali tratada por vezes de modo aberrante, tema que parece
se casar à perfeição com a representação fantástica (ou insólita, de modo geral). Entretanto, a sexualidade se mostra na obra
com diferentes implicações em função de cada caso analisado. Se tomarmos o pequeno e belo conto "A lua", é possível no
hermético das imagens encontrar implicações fundas da obra, pois o conto parece encenar o mito do andrógino na figura da
personagem central, Cris. Seu enigma imanta de um lado a violência do narrador e, de outro, a identificação da meretriz. Assim,
mais do que uma alegoria cristã, o mito do andrógino parece apontar para a problematização da sexualidade no plano social,
responsável em muito pela violência, de um lado, e degradação de mercado, de outro, asepctos facilmente desdobráveis na
obra do autor. E no centro, perdido, a figura estranha e enigmática do ser completo e intangível. Para confirmar essa possível
interpretação, é preciso acompanhar passo a passo essa personagem, vendo os detalhes do pequeno e notável conto do autor.
LITERATURA E OUTRAS ARTES: UM DIÁLOGO ENTRE POESIA E PINTURA NO LIVRO “DA MORTE. ODES MÍNIMAS”
(2003), DE HILDA HILST.
Resumo
Este artigo tem como intuito analisar um poema da obra Aquarelas de Hilda Hilst (1930- 2004), parte integrante do livro Da
morte. Odes mínimas. Para tal estudo analisaremos o quarto poema por meio de uma análise comparativa, objetivando mostrar
que tanto a linguagem quanto a gravura anexada ao lado do poema compartilham de uma mesma ideia. Dentro desse aspecto,
entendemos que a poesia e pintura possuíam características distintas para Hilda Hilst, por isso a comparação proposta será
feita respeitando o meio de expressão de cada arte. A relação entre literatura e pintura vem sendo alvo de estudos ao logo dos
tempos por vários autores, Horácio, por exemplo, vem aproximar a literatura a outras artes, assemelhando-as, pois para ele, a
poesia e a pintura são “artes irmãs”, visto isso, a literatura comparada não deixa de ser “... uma forma específica de interrogar
os textos literários na sua interação com os outros textos, literários ou não, e outras formas de expressão cultural e artística”
(CARVALHAL, 2010, p.74), ou seja, a comparação entre as artes existe, e a melhor forma de se comparar é aquela cuja análise
fundamenta-se nos próprios objetos de arte e suas devidas relações estruturais, percebendo suas supostas individualidades
para então ver o que elas têm em comum. A partir desta ideia mostraremos o diálogo que há entre a poesia e a pintura dentro
da obra Aquarelas de Hilda Hilst, demonstrando as relações entre a literatura e outras artes, na verdade a pintura nesta obra
parece ser uma forma de construção de significado, a pintura assume a arte de revelar as vontades do eu-lírico dentro do
poema.
MARCADORES “HEDGES” QUE FUNCIONAM COMO ELEMENTOS DE ATENUAÇÃO NA LÍNGUA INGLESA FALADA
Resumo
Este trabalho advém da participação no grupo de pesquisa “Estudos da Língua Falada”, cadastrado no CNPq (UFMS/CPTL) e
do projeto de pesquisa “Polidez, atenuação e preservação da face no inglês e no português falados” (UFMS/CPTL). Neste
estudo, pretendemos discutir o uso dos marcadores hedges que funcionam como elementos de atenuação na língua inglesa
falada, evidenciando, especialmente, aqueles que expressam incerteza ou imprecisão no texto conversacional. O aporte teórico
tem como base os conceitos da Análise da Conversação, e a noção de “hedge” aqui adotada é a formulada por Brown e
Levinson (1987), aliada aos estudos de Rosa (1992). O corpus é constituído por gravações de entrevistas exibidas em
programas do gênero Talk Show, com a subsequente realização das transcrições para a análise dos dados. Cabe salientar que
os “hedges” exercem um papel relevante na interação verbal, pois colaboram para atenuar o valor ilocutório dos enunciados,
diminuindo o comprometimento do falante em relação aos conceitos emitidos.
O TEATRO DO SÉCULO XIX NO EXTREMO SUL BRASILEIRO: JOSÉ MANUEL REGO VIANA E MANUEL JOSÉ DA SILVA
BASTOS
Resumo
A presente comunicação visa analisar e divulgar a publicação de dois textos teatrais publicados na cidade de Rio Grande: Os
jesuítas ou O bastardo d´el Rey (1848), de José Manoel Rego Viana, e O castelo de Oppenheim ou O tribunal secreto (1849),
Manoel José da Silva Bastos. Esses textos foram resgatados durante a pesquisa “Formação e consolidação do sistema literário
em Rio Grande”, desenvolvida no Instituto de Letras e Artes da Universidade Federal do Rio Grande, desde 2006, tem buscado
catalogar, recuperar e divulgar o início dessa literatura local, retomando autores e livros perdidos e esquecidos em bibliotecas e
hemerotecas. Dessa forma, através não só de fontes primárias, como também de outras fontes disponíveis, tem-se formado
melhor uma noção de quem e como se publicava literatura nos jornais e nas tipografias locais. Como ocorre, em geral, a história
do livro está associada ao jornal e, em Rio Grande, isso também ocorreu, pois os primeiros livros saíram das tipografias feitas
para a impressão de jornais locais, tal como ocorreu com as duas obras em questão.
O GÊNERO DISCURSIVO ARTIGO DE OPINIÃO E POSSIBILIDADES DE LEITURA E DE ESCRITA: A SEQUÊNCIA DIDÁTICA
COMO METODOLOGIA DE TRABALHO
Resumo
Pautado nos estudos do Círculo de Bakhtin, consequentemente, na concepção sócio-histórica e dialógica de linguagem e nos
gêneros discursivos como objeto de ensino, este trabalho tem por objetivo apresentar uma proposta de pesquisa cujo intuito é
explorar o gênero discursivo artigo de opinião como um instrumento de ensino da linguagem em turmas do 8º ano do ensino
fundamental. Assim, sua temática se inscreve na contribuição dos gêneros discursivos para o desenvolvimento da leitura e da
escrita nos Anos Finais do Ensino Fundamental, a fim de proporcionar o desenvolvimento linguístico-discursivo desses alunos.
Trata-se, assim, de uma pesquisa qualitativa, de cunho etnográfico, configurada na pesquisa-ação, uma vez que iremos investigar
nossa prática docente. Os sujeitos envolvidos serão alunos do 8º ano de uma escola pública do município de Toledo – PR, com a
qual desenvolveremos uma proposta de ensino por meio do gênero artigo de opinião, no qual exploraremos seus elementos
constituintes: o conteúdo temático, o estilo e a construção composicional, segundo orientações de Bakhtin/Volochinov (2004), e
Bakhtin (2003). Como nosso propósito é ampliar a capacidade argumentativa dos alunos, a ênfase maior recairá sobre o estilo e a
construção composicional do gênero. Com essa proposta de ensino, almejamos contribuir para a melhoria da capacidade
linguístico-discursiva dos alunos e ampliar seu domínio argumentativo.
SOBRE CORPORA E ANÁLISE DISCURSIVA EM UM CURSO DE LETRAS EAD
Resumo
Com a institucionalização da Universidade Aberta do Brasil (UAB) em 2005, cursos de graduação e pós começaram a ser
criados, ampliando a oferta e o acesso ao ensino superior. Nesse período de funcionamento do programa, ao mesmo tempo em
que práticas de ocupação e utilização de espaços e ferramentas digitais, em diferentes suportes, de maneira geral, foram se
(re)constituindo, também uma cultura de ensinar/aprender a distancia, nos moldes UAB, vem sendo construída. Essa cultura,
portanto, ao mesmo tempo em que se relaciona àquilo que é da web, às práticas digitais de linguagem como elas vêm sendo
possíveis, também se relaciona a processos de educação formal institucionalmente legitimados, que respeitam designs, modos
e formas de ocupação e visibilidade nos espaços digitais oficiais desse tipo de ensino. Neste trabalho, propõe-se uma reflexão
sobre recortes de pesquisa, escolha e análise de corpora para a pesquisa discursiva em um curso de graduação do tipo UAB,
em Letras, na área de língua inglesa. O objetivo é discutir e refletir sobre como as determinações institucionais do curso,
incluindo aqui as da língua inglesa, incidem sobre os processos educativos, e sobre como essas e outras determinações em
funcionamento podem ser analisadas em um estudo discursivo. Busca-se compreender, portanto, a partir de uma perspectiva
discursiva materialista, em seu atravessamento por teorias em estudos culturais e em linguística aplicada, por exemplo, quais
são as próprias condições de produção da pesquisa, quais são os dispositivos e mecanismos teóricos que respondem
adequadamente à demanda do corpus, que tipos de memórias estão em jogo, e como tudo isso diz de certa cultura digital.
TO BE OR NOT TO BE A TEACHER: DISCURSOS DE PROFESSORES DE LÍNGUA INGLESA EM FORMAÇÃO INICIAL
SOBRE A PROFISSÃO PROFESSOR
Resumo
Narrar nossas histórias por meio de memórias e narrativas autobiográficas contribui para que compreendamos melhor nossas
trajetórias – pessoal e profissional. Nessa perspectiva, a pesquisa narrativa tem despontado como alternativa metodológica para
pesquisa sobre a formação de professores, isso porque, segundo assevera Telles (1999) e Clandinin e Connely (2011), além de
pesquisas desta natureza promoverem reflexões e ressignificações para os futuros professores, evidenciam as trajetórias, os
contornos e as nuances do processo de sua construção identitária. A partir disso, apresento neste artigo a pesquisa narrativa na
formação inicial de professores de Língua Inglesa, participantes do Pibid, e discuto com base nos novos estudos do letramento
e nos estudos sobre identidade Hall (2009), a influência de suas trajetórias de vida na percepção que o grupo apresenta sobre a
profissão professor. A metodologia inclui a realização de entrevistas e elaboração de narrativas autobiográficas, instrumentos
que tem evidenciado como os futuros professores vêem a profissão professor e como se projetam na condição de professores a
partir de suas trajetórias de aprendizagem da Língua Inglesa e dos modelos de professores com os quais conviveram.
DESTACAMENTO-AFORIZAÇÃO EM “DIÁRIO DA DILMA”, SEÇÃO DA REVISTA PIAUÍ
Resumo
Uma seção fixa da revista Piauí é “Diário da Dilma”, obviamente ficcional, no qual se registram avaliações de acontecimentos,
opiniões de todos os tipos, com alguma ênfase sobre banalidades, avaliações de auxiliares de seu trabalho e de outras
personagens do mundo político ou midiático. Há inúmeras anotações de óbvio caráter “privado” e muitas passagens cômicas.
Chamam particular atenção, até porque são os títulos da seção, como se fossem manchetes, frases destacadas/aforizações.
Frequentemente, trata-se de ditados populares ou adaptações deles, tais como “Urubu que vai à praia volta de papo seco”,
“Malandra é a vaca que já nasce malhada pra não ter que fazer academia”, “Malandro é o Curupira, que só faz gol de
calcanhar”, “Em terra de Saci, qualquer chute é voleio”, “Em lagoa que tem piranha, macaco bebe água de canudo” etc. O
trabalho tem os objetivos de tratar brevemente de algumas questões teóricas relativas à questão do destacamento (e da
aforização) e de analisar um pequeno conjunto dessas frases. A análise destacará o tom ou ethos das frases a partir da
hipótese de que evocam o ethos prévio da presidenta Dilma Roussef, já que seu propalado “mandonismo” é compatível com o
ethos aforizante destas frases, menos solene do que "decidido", como se nãpo admitissem réplica, oque se coaduna também
com a citação da Sabedoria popular. Outro destaque será para o efeito de humor de tais frases, cuja “máquina” demanda uma
análise explícita, embora possa parecer menos relevante. Por exemplo: “gol de calcanhar” e “voleio” são associados ao
Curupira (que anda de costas e, portanto, só pode chutar de calcanhar) e ao Saci (que, tendo uma perna só, necessariamente
deve ficar no ar – o
LEITURA LITERÁRIA: A PROVA DE LITERATURA EM LÍNGUA PORTUGUESA NO PROCESSO SERIADO PAS-UEM
Resumo
Esta comunicação objetiva apresentar dados de uma pesquisa que analisou as questões da prova de Literatura em Língua
Portuguesa do PAS-UEM (Programa de Avaliação Seriada), verificando como se constituem as questões de literatura desta
prova enquanto uma prática de letramento. Foram utilizados como corpus da pesquisa as questões de literatura do PAS
aplicadas nos anos de 2011 a 2013, totalizando 40 questões. A análise apontou para o fato de que as provas de literatura deste
concurso pressupõem um leitor especializado, capaz de reconhecer os artifícios de ficção usada pelos autores, pressupondo
um leitor preparado para reconhecer as convenções da escrita literária e as convenções dos estilos estéticos e individuais
empregados dos autores nos textos literários, caracterizando-se, portanto, como uma leitura literária, como apontam Hansen
(2005), Aguiar (2000), Candido (1981). Trata-se, portanto, de uma leitura particular, típica do ambiente escolar e acadêmico que
em muito se difere das leituras realizadas em outros espaços sociais. A prova de literatura do concurso, portanto, é condizente
com o programa estipulado pelo concurso e se atém às obras indicadas como leitura obrigatória. Questiona-se, entretanto, se a
escola consegue, em meio a várias de suas dificuldades (questões de tempo, preparo docente e o próprio status da disciplina
literatura na escola brasileira), preparar o estudante para esta prova e se ela, de fato, se constitui em estratégia de formação de
leitores. Tais questões serão discutidas nesta comunicação.
GÊNERO DISCURSIVO: RELATÓRIO DESCRITIVO DE AVALIAÇÃO
Resumo
A metodologia utilizada neste trabalho é a qualitativa interpretativa, com vistas à análise de relatórios descritivos individuais de
alunos da III fase do I Ciclo, produzidos por professores de Língua Portuguesa, regentes de turma, atuantes em três escolas
estaduais do município de Cáceres no ano de 2010. Nossos objetivos são levar o professor a reconhecer esse instrumento de
registro de avaliação, enquanto gênero discursivo, com características específicas, quanto ao conteúdo, forma composicional e
estilo, que circula na esfera escolar e se destina a um determinado público: pais, professores, alunos, coordenadores
pedagógicos e técnicos da Superintendência do Ensino Básico – SUEB/SEDUC/MT. Compreendemos que esse registro deve
refletir a aprendizagem e o desenvolvimento individual do aluno, como o professor ensina e como o aluno aprende. Portanto, é
um instrumento que possibilita mostrar a prática do professor, seus objetivos e, acima de tudo, a forma como ele avalia. Para
tanto, dialogamos com Bakhtin (]1952-53/1979] 2003), Marcuschi (2008), Geraldi (2003) e Lopes-Rossi (2006), na perspectiva
enunciativa discursiva; também com autores da educação que tratam da avaliação escolar como Freitas (2003), Hoffmann
(2005), Esteban (2003), Oliveira & Bossa (2005) e Amaral (2006).
GRAMATICALIZAÇÃO DE PREDICADOS ADJETIVAIS EPISTÊMICOS
Resumo
Analisamos construções com orações subjetivas, especificamente aquelas com núcleo adjetival, como É lógico que vai chover.
Tradicionalmente, considera-se que o predicado adjetival pode encaixar a oração subjetiva por meio de verbos cópula, os quais
carregam as noções gramaticais de tempo/modo. Observa-se, porém, que a estrutura básica composta por cópula + adjetivo +
oração subjetiva vem se apresentando como: (01) a. Lógico que vai chover. b. Vai chover, lógico c. Lógico, vai chover À
ausência de cópula na oração matriz soma-se aí um novo comportamento do adjetivo, que passa a ter a função de modificador,
estágio alcançado quando há a perda do complementizador que une a oração principal à subjetiva. Com essas transformações,
o complexo oracional se torna uma sentença simples modificada por um advérbio de sentença, o que nos parece indicativo de
dois processos específicos de mudança linguística: a Gramaticalização do adjetivo encaixador e a Dessentencialização da
oração matriz. Interessa-nos também o papel semântico do adjetivo, partindo da observação de que aqueles que se sujeitam às
transformações estão ligados a formas específicas de avaliação por parte do falante. Por meio da análise de entrevistas do
banco de dados Iboruna e de textos da versão on line do caderno Ilustrada do jornal Folha de São Paulo, observamos que os
processos de mudança ocorrem principalmente com construções que envolvem adjetivos epistêmicos, que sempre se vinculam
a orações encaixadas com verbo na forma finita, mais propícias a se tornarem orações absolutas. O uso sugere o
compartilhamento de informações entre falante e ouvinte e evidenciam a natureza dialógica do discurso.
PRÁTICAS DE LEITURA NA BIBLIOTECA ESCOLAR E A FORMAÇÃO DE LEITORES
Resumo
Esse trabalho apresenta uma discussão acerca da concepção de biblioteca escolar como espaço privilegiado na promoção da
leitura literária e sua relação com a problemática dos textos literários em seus diversos gêneros e suportes. Defende que a
promoção da leitura literária deve ser compreendida dentro de uma articulação com o entorno social e a proposta pedagógica
da escola considerando o valor da leitura, bem como, o papel da fruição no planejamento escolar. Do ponto de vista da
circulação, há crescente aumento de textos atraentes disponibilizados pelas editoras. No entanto, apesar do interesse que
despertam pela diversidade de livros e dos gêneros literários em diferentes suportes, o empenho dos editores, autores e
ilustradores em tornar a leitura atraente e prazerosa encontra nas práticas escolares obstáculos capazes de frustrar o propósito
em aproximar os leitores da leitura literária. Por conta de exigências impostas pela educação formal que costuma primar pelo
caráter didático ao invés da fruição, a leitura literária corre o risco de ser identificada com as demais práticas escolares,
sucumbindo às condições gerais que afastam os futuros leitores desse tipo de leitura. Nesse contexto, o foco dessa análise é
compreender os processos existentes na formação de leitores a partir dos pressupostos teóricos da Estética da Recepção e a
maneira como a prática cultural no espaço da biblioteca pode ser desenvolvida para que ela possa cumprir com seu papel de
instituição social que forma leitores. Para os propósitos desse trabalho será utilizada a abordagem de Edmir Perrotti ao tratar
questões de ação cultural na promoção da leitura e de Tereza Colomer ao mencionar a biblioteca.
SOBREASSEVERACÕES NA MÍDIA ONLINE: ARTICULAÇÃO DE CONCEITOS EMERGENTES E ESTABILIZADOS
Resumo
Uma contínua retomada de dizeres caracteriza o funcionamento de grande número de notícias que atribuem uma fala a outrem.
Compreender essas retomadas implica considerar uma sofisticada maquinaria midiático-discursiva em cujo funcionamento
intervêm fatores e atores diversos, sistemicamente envolvidos na obtenção, triagem, interpretação e circulação das
informações. Produto dessa maquinaria, as notícias calcadas em relatos de fala fazem emergir antigas questões em torno de
citações, tópico já há certo tempo abordado por diversos pesquisadores, dentre os quais destacamos Authier-Revuz, que
ancora seus estudos na concepção do duplo dialogismo bakhtiniano e na abordagem psicanalítica do sujeito. Essa maquinaria
também faz emergir problemáticas como as sobreasseverações, as cenas da enunciação, o ethos discursivo, as aforizações e
as pequenas frases, conceitos desenvolvidos e articulados por Dominique Maingueneau, com vistas a compor um corpo teórico
que permita abordar o aparecimento e a circulação de materiais linguísticos, dentre os quais destacamos a notícia online, objeto
desta comunicação. Com o objetivo de observar o funcionamento da maquinaria discursiva que produz notícias online baseadas
em relatos de fala, abordamos os enunciados destacados, focalizando as noções de sobreasseveração e aforização. Em um
primeiro momento, aproximamos essas noções das de heterogeneidade constitutiva e mostrada, enfatizando as
não-coincidências do dizer; em seguida, aproximamos citações e sobreasseverações da questão do silenciamento, que, ao lado
da inclusão de informações, funciona como manobra discursiva da referida maquinaria midiática.
RELAÇÕES INTERTEXTUAIS ENTRE O LIVRO ORGULHO E PRECONCEITO E O FILME O DIÁRIO DE BRIDGET JONES
Resumo
Sônia Berveglieri - (PLE/UEM) - CPF: 973.732.069-72 O presente estudo teórico-analítico propõe fazer uma leitura textual de
duas materialidades o livro Orgulho e Preconceito e o filme O diário de Bridget Jones, visando um movimento
descritivo-interpretativo em que trabalha as questões heterogêneas na constituição da materialidade textual. Trata-se de
analisar as relações intertextuais entre esses dois textos, para observar quais os efeitos de sentido foram atingidos ao fazer
esse movimento. Por questões de delimitação, esta problemática centra-se na constituição das protagonistas dos respectivos
textos. Assim, à luz das teorias do texto e considerando contribuições da teoria literária e da linguagem cinematográfica, é
possível notar efeitos de sentidos alcançados, em que semelhanças são mantidas, as quais são confirmadas pela apresentação
do enredo, o que configura em um conteúdo parafrástico. No entanto, quando o foco reside nas protagonistas dos textos
analisados, o efeito de sentido é outro. A mulher contemporânea, representada por Bridget Jones, é uma identidade em crise
que vive os conflitos de sua época. Desse modo, a mulher em O diário de Bridget Jones já não é a mesma de Orgulho e
Preconceito, porém carrega ainda o desejo de encontrar o homem ideal. Tem-se, então, uma paródia, a qual se justifica pelo
deslocamento temporal entre essas duas materialidades.
A TEORIA SEMIÓTICA E A PERSPECTIVA DE GÊNERO NO ENSINO: LEITURA E ANÁLISE LINGUÍSTICA
Resumo
A abordagem de diferentes gêneros no contexto escolar vem sendo requisitada desde a publicação dos Parâmetros
Curriculares Nacionais (PCN - 1998) e, reiterada em outros documentos norteadores do ensino tais como as Diretrizes
Curriculares da Educação Básica do Estado do Paraná (DCEs – 2008). A concepção de gênero defendida por Bakhtin,
incorporada aos documentos citados, trouxe para a escola a necessidade de se integrar ao trabalho de leitura atividades que
envolvam a reflexão acerca da linguagem (atividades epilinguísticas) e, posteriormente, priorizem um trabalho sistematizado
acerca da língua (atividades metalinguísticas), dessa forma, focalizando uma abordagem entendida como análise linguística.
Sendo assim, neste trabalho nosso objetivo é propor um estudo do conto “o bife e a pipoca”, de Lygia Bojunga, considerando as
contribuições Bakhtinianas acerca do gênero. Todavia, para dar conta dos sentidos internos do texto, recorreremos à teoria
Semiótica, de linha francesa, proposta por Greimas. Enquanto arcabouço teórico-metodológico, a Semiótica visa a dar conta
dos sentidos imanentes, de diferentes textos, por meio da proposta do percurso gerativo do sentido. Entretanto, nosso estudo
não focaliza apenas questões acerca do plano do conteúdo, mas busca articular a produção de sentidos entendendo o conto
como um gênero, da esfera literária, que possui conteúdo temático, construção composicional e estilo. Como contribuição deste
estudo, espera-se possibilitar/nortear a abordagem do conto, por professores, no desenvolvimento de atividades de leitura e
análise linguística no contexto escolar.
QUANDO O PALCO NARRA A HISTÓRIA: A COLONIZAÇÃO DE LONDRINA EM BODAS DE CAFÉ, DE NITIS JACON
Resumo
O Grupo PROTEU (Projeto de Teatro Experimental Universitário) foi criado em 1978 por Nitis Jacon com o objetivo não só de
fomentar a cena teatral londrinense, mas também ser terreno sobre o qual atividades reflexivas (seminários, cursos de
formação, atividades de ensino) pudessem germinar. Os espetáculos e textos produzidos pelo grupo, cuja dramaturgista é Nitis
Jacon de Araújo Moreira, possuem algumas marcas recorrentes como temáticas históricas, diálogos intertextuais, recursos
metateatrais e inspiração no teatro épico brechtiano tanto no aspecto formal quanto na abordagem crítica da realidade política,
social e econômica. O texto analisado neste trabalho – Bodas de café, de 1984 (data provável) – é inédito, como, aliás, todos os
demais textos do grupo e da dramaturgista. Nele traça-se um painel da colonização inglesa na cidade de Londrina de 1930 até
1980 (temática histórica) recorrendo à estrutura da mise en abyme (peça dentro da peça, procedimento metateatral), pois a
situação da peça moldura é a de um grupo de teatro universitário às voltas com a montagem de uma peça sobre a formação de
Londrina, o que resulta numa estrutura fragmentada, em que os atores acabam sendo comentadores da própria ação histórica,
provocando distanciamento e reflexão crítica sobre a matéria histórica colocada em cena (recurso do teatro épico brechtiano).
Esta pesquisa faz parte do projeto “Contribuições para a história da dramaturgia e do teatro londrinenses”, desenvolvido na
Universidade Estadual de Londrina sob coordenação de Sonia Pascolati.
LEITURA FICCIONAL FEITA POR ADOLESCENTES: COMPASSOS E DESCOMPASSOS ENTRE A ESCOLA E A VIDA
SOCIAL
Resumo
A presente comunicação propõe uma investigação sobre como os estudantes adolescentes interagem nas práticas de leitura
em contextos escolares e não escolares. A hipótese de trabalho é de que as práticas de fomento à leitura de modo geral, e da
literária, exigidas pela Escola, desconsideram as leituras realizadas pelos adolescentes em âmbito não escolar, tratando-as
como leituras não adequadas ou, como dizem as OCNEM (2006), como escolhas de leitura "anárquicas". É notório que a
indústria cultural ou cultura de massa influenciam na formação do gosto pela leitura dos adolescentes, porém, pouco se sabe
sobre as leituras realizadas fora do âmbito escolar e como se dão essas práticas de letramento e os modos de apropriação
desses textos por leitores adolescentes. Buscar-se-á, portanto, nesta comunicação identificar o perfil e o hábito de leitura dos
adolescentes em bibliotecas não escolares e a motivação deles para a leitura e a recepção das práticas de formação de leitura
em contexto escolar. Para tanto, realizou-se um levantamento de dados, por meio da aplicação de questionários
semiestruturados, que foram aplicados a alunos de 12 e 14 anos de escolas públicas e particulares e leitores de bibliotecas
municipais das cidades de Cornélio Procópio e Paranavaí. Nesta comunicação, serão apresentados os dados obtidos e
algumas análises sobre as relações entre as leituras de narrativas no espaço e escolar e em espaços não-escolares.
O LUGAR DA CRÍTICA LITERÁRIA HOJE
Resumo
A discussão sobre a problemática da teoria da literatura e o conceito de seu objeto na contemporaneidade, face às abordagens
do texto literário, ganha outro contorno devido à dinâmica de mercado que hoje pesa sobre a produção literária brasileira.
Considera-se, assim, que o exercício da leitura crítica não pode negar que a literatura contemporânea representa certas
condições de enunciação, vinculadas às regras de produção e recepção do campo literário atual. Assim sendo, os padrões
puramente estéticos, a que certa tradição crítica se vincula, tendem a serem relativizados numa perspectiva frente a uma
compreensão global e cultural de determinada obra literária. Objetiva-se, portanto, analisar a representação que assumem
alguns estudiosos, como Beatriz Resende (2008), Flavio Carneiro (2005), Karl Erik Schøllhammer (2011), Tania Pellegrini
(1999) e Miguel Sanches Neto (2014) que se aventuram em analisar o lugar da crítica literária hoje, bem como algumas obras
compreendidas como contemporâneas, alimentando, desta forma, um processo de crítica literária e legitimação ou não desta
produção.
O BUCH DER LIEDER DE HEINRICH HEINE E O CICLO DE CANÇÕES DICHTERLIEBE DE ROBERT SCHUMANN: AS
RELAÇÕES ENTRE POESIA E MÚSICA
Resumo
Neste trabalho, propomos uma análise – de uma vasta gama de possibilidades – do Dichterliebe (comumente traduzido por O
Amor do Poeta), de Robert Schumann, e do Lyrisches Intermezzo, do Buch der Lieder de Heinrich Heine. Schumann escolheu
dezesseis dentre sessenta e cinco poemas de Heinrich Heine para compor o Dichterliebe. Os poemas de Heine – poeta/autor
relacionado, na maioria das vezes, ao movimento literário alemão Junges Deutschland – que compõem este ciclo são de cunho
romântico e estão presentes em sua obra Buch der Lieder (Livro das Canções), na parte intitulada Lyrisches Intermezzo. O
próprio título desta parte que abriga os sessenta e cinco poemas de Heine sugere uma relação equilibrada entre literatura e
música: lyrisches (referência direta à literatura) e Intermezzo (um termo emprestado da música), o que pode ter motivado Robert
Schumann – um dos gênios do Romantismo musical alemão, com uma obra musical em constante diálogo com a fantasia – a
escolher desta parte, e não de outras, do mesmo livro, os dezesseis poemas para a composição de seu ciclo. Através de uma
minuciosa análise dos sessenta e cinco poemas do Lyrisches Intermezzo e dos dezesseis poemas que compõem o
Dichterliebe, este trabalho propõe-se a demonstrar se há coincidências, no tocante à linha temática, à gradação e à sequência
de afetos do eu-lírico, entre a totalidade dos poemas do Lyrisches Intermezzo e dos dezesseis poemas do Dichterliebe.
AS PELEJAS DE OJUARA E O HOMEM QUE DESAFIOU O DIABO: DO CORDEL AO CINEMA
Resumo
Este trabalho mostra como o cinema incorpora elementos da oralidade presentes na cultura popular encontrados nos folhetos
de cordel. Sendo manifestações culturais que se inter-relacionam através da imagem, verifica-se que o cordel trabalha o
imaginário do leitor partindo de elementos que fazem parte da realidade do público. Enquanto, o filme é a escritura através de
imagens físicas, utilizando recursos estéticos como: figurino, cenário, efeitos especiais, interpretação de atores. O cinema traz
imagens prontas e desperta no espectador sentimentos, reações em consonância com a literatura. O corpus centraliza-se no
filme O homem que Desafiou o Diabo de Moacyr Goes e no livro As pelejas de Ojuara de Nei Leandro de Castro. Observa-se o
dialogismo e intertextualidade existente entre eles. O filme toma para si personagens e acontecimentos advindos do livro que
trabalha com elementos característicos do Nordeste. O cinema, além da linguagem visual, utiliza-se da técnica (montagem das
imagens), do sonoro (músicas, ruídos, tons) e do audiovisual (relação entre imagens e sons). Gênero que toma uma
significação maior ao transpor o texto literário à linguagem cinematográfica, a expressar a leitura em suas múltiplas modalidades
e estratégias de representação. Verificou-se que o cordel exprime acontecimentos da sociedade que vem sendo utilizado pelo
cinema, e dessa forma o público é sensibilizado duas vezes, pelo formato do cinema e pela familiaridade com as narrativas
populares. Logo, este trabalho visa discorrer sobre as relações existentes nas linguagens, literária e cinematográfica. Tem como
base teórica os estudiosos Guaranha (2007), Castro (2006), Bakhtin (1999), Marcuschi (200
ANÁLISE DA PRODUÇÃO TEXTUAL EM PORTUGUÊS COMO SEGUNDA LÍNGUA DE ESTUDANTES SURDOS DO ENSINO
MÉDIO
Resumo
A inclusão de estudantes surdos nas escolas comuns da educação básica tem sido caracterizada, oficialmente, como uma
proposta em que a língua brasileira de sinais e a língua portuguesa figurem como línguas de instrução utilizadas no
desenvolvimento de todo o processo educativo, aliados aos serviços de tradutor/intérprete de Libras/Língua Portuguesa e
atendimento educacional especializado (AEE), no contraturno. Essa diretriz pressupõe que a educação bilíngue seria
assegurada ao longo da educação básica, promovendo não apenas o acesso à Libras, desde a educação infantil, como o
letramento de estudantes surdos e o domínio da modalidade escrita da língua portuguesa como segunda língua. A despeito do
que está previsto nas diretrizes políticas do Ministério de Educação, o monolinguismo em língua portuguesa é a realidade do
contexto escolar, com precariedade de apoios especializados e a adoção de encaminhamentos metodológicos equivocados no
ensino de português como segunda língua para estudantes surdos. Diante desse descompasso, este trabalho tem como objetivo
apresentar considerações acerca dos fundamentos teóricos envolvidos nas práticas de letramento no contexto da educação
bilíngue, com apoio em categorias de análise fundadas na concepção dialógica de linguagem, conforme debatidas por Bakhtin
(1988, 1990, 1992) e outros autores. A partir da análise de textos, a pesquisa buscou delinear o mapa social e os níveis de
letramento de estudantes surdos das escolas do ensino médio da rede pública de Curitiba e Região Metropolitana.
UM QUILOMBO LITERÁRIO: MESMAS VOZES, OUTROS TONS...
Resumo
Este trabalho parte de pressupostos únicos refletidos no discurso da mulher na literatura, limitando-os ao discurso da mulher
negra acadêmica. A relevância do estudo se deve aos inúmeros debates teóricos quanto à possibilidade da mulher, enquanto
escritora, transparecer em seu discurso literário traços distintos que revelam sua natureza. Levando adiante essa premissa,
busca-se averiguar como a mulher negra expressa seu discurso abrangendo não apenas a natureza peculiar feminina como sua
vivência carregada de estigmas relativos à sua raça. Para tal, analisam-se duas escritoras contemporâneas, Conceição Evaristo
e Miriam Alves, as quais mostram marcas do conflito enfrentado na busca de uma independência acadêmica, literária,
demonstrada claramente no seu discurso, provando, a princípio, a hipótese da impossibilidade de separação entre vivência e
discurso da escritora negra acadêmica.O procedimento metodológico consiste em leitura, discussão e análise de obras das
referidas autoras proeminentes a partir de teorias dos estudos culturais e de críticos literários que se debruçaram sobre o tema.
SOLIDÃO, LOUCURA E MORTE: A REPRESENTAÇÃO FEMININA EM “AS FORMIGAS” DE AUGUSTA FARO
Resumo
Ainda que estejamos vivendo tempos mais modernos, em que os papéis sociais já possam ser invertidos com um pouco menos
de espanto por parte de certa camada da sociedade, a expressão social (o modo como cada indivíduo se movimenta dentro das
exigências cotidianas de uma sociedade) de cada ser humano dependeria, em tese, do seu sexo ou, ao menos, daquilo que se
espera a partir da condição sexual com que se nasceu: feminina ou masculina. Cada uma dessas condições deveria levar a um
tipo de comportamento, principalmente no que se refere à sexualidade e, no caso da condição feminina, o casamento, junto
com a maternidade, são apresentados como normas sociais a serem seguidas. Estar solteira, após uma determinada idade,
gera desconfiança e cobrança por parte da sociedade e como lidar com essa situação? Tal temática se faz presente nas treze
narrativas presentes na coletânea Friagem (2000), de autoria de Augusta Faro. Para esse trabalho, tomaremos como objeto de
estudo o conto “As formigas” que traz uma protagonista que passa pelo processo da solidão, da loucura e da morte por não
corresponder aos padrões sociais que esperam dela, a de ser uma mulher casada e mãe.
SEMELHANÇAS, DIFERENÇAS E ATUALIDADE FORMAL EM PEDREIRA DAS ALMAS E VEREDA DA SALVAÇÃO DE
JORGE ANDRADE.
Resumo
Este trabalho tem como objetivo fazer uma análise de duas peças de Jorge Andrade, Pedreira das Almas e Vereda da
Salvação, peças essas pertencentes ao ciclo Marta, a Árvore e o Relógio, o qual é composto por 10 peças e tem como objetivo
traçar um panorama social brasileiro. Com isso, inicia-se com o auge e a decadência da era do ouro em Minas Gerais,
abordando a questão da cobiça por terras produtivas em São Paulo, e o início do ciclo do café. A análise será baseada
elementos que se assemelham, como por exemplo, ligação entre os ciclos, personagens, elementos que dão nome ao ciclo,
histórias verídicas recriadas para o teatro, tom messiânico, presença do trágico e busca pela libertação e, também que se
diferenciam, como estrutura, ponto de vista e comando da ação. A partir da análise pretende-se compreender como ocorre
atualidade formal na obra de Jorge Andrade. Dessa forma, o método utilizado será qualitativo, fundamentado na análise das
peças e interpretações de textos relativos ao tema. Em suma, o artigo tem como objetivo analisar peças teatrais de Jorge
Andrade como forma de mostrar a atualidade formal de sua obra, a qual é uma das mais orgânicas e consequentes tanto do
nosso teatro como de nossa literatura.
A ESCOLA E SEU PAPEL COMO (RE) CONSTRUTORA DAS IDENTIDADES SOCIAIS DE RAÇA
Resumo
O objetivo deste trabalho é refletir a respeito das identidades sociais de raça na escola, tendo em vista que a escola é a agência
de letramento que permanecemos muitos anos de nossas vidas, compartilhando experiências, vivências e aprendizados. Ao
passo que vamos nos tornando sujeitos letrados (KLEIMAN, 2004), também nos identificamos (ou não) com a realidade escolar,
com os colegas, professores, com o material didático utilizado e, por meio deste processo histórico e social vamos (re)
construindo nossas identidades sociais. Desta maneira as identidades sociais de raça, também são percebidas na alteridade, no
reconhecimento do “diferente” e nem sempre esse processo se dá de forma harmoniosa. Pesquisas têm apontado o quão
conflituosa estas questões têm se tornado, e isso demonstra a necessidade da continuidade de reflexões a respeito da temática
racial no contexto escolar para que assim se desmistifique o mito da democracia racial, primando pelo respeito e a igualdade de
direitos. A metodologia deste trabalho se pautará em análise bibliográfica, a partir de aportes teóricos para auxiliar nas reflexões
traremos alguns autores como Moita Lopes (2002), Norton (2007) e Hall (2004), identidades sociais de raça, Ferreira (2011),
Ferreira (2012), Gomes (2005), Guimarães (2000) ensino crítico hooks (1994), Ferreira (2009), Pennycook (2001), Street(2003)
dentre outros que venham a contribuir com este trabalho. Como resultados, esperamos contribuir para as reflexões a respeito
das questões raciais em sala de aula, demonstrando que a escola tem um papel de suma importância neste sentido, concluindo
com a idéia de que um ensino mais crítico e reflexivo poderia contribuir para a const
REPRESENTAÇÕES DA FRANCOFONIA: UMA ABORDAGEM CRITICA SOBRE LIVROS DIDÁTICOS UTILIZADOS NA
FORMAÇÃO DE PROFESSORES DE FLE
Resumo
O presente trabalho trata da representação social e lingüística no âmbito da francofonia, na perspectiva da Representação
Social, nos seguintes materiais didáticos: o método Alter Ego 1, o método Version Originale 1 e os materiais elaborados pelos
professores da UERJ e da UFRJ. A pesquisa enquadrando-se na área de Linguística Aplicada e está centrada em questões de
políticas linguísticas em livros didáticos de Francês Língua Estrangeira (FLE). De acordo com Moscovici, a representação social
é uma modalidade de conhecimento particular que tem por função a elaboração de comportamentos e a comunicação entre
indivíduos. E, sobre representação linguística, Petitjean (2009, p. 44) afirma que “a representação linguística aparece como uma
representação social verbalizada [...] ela se organiza de maneira coerente em torno de um princípio comum que aparece na
característica fundamentalmente interativa da representação linguística”. O objetivo do trabalho é refletir sobre a construção de
representações da francofonia pelos professores de FLE através do uso de materiais didáticos direcionados para o ensino de
FLE e utilizados em cursos de formação de professores de instituições de ensino superior do Rio de Janeiro e de Sergipe. Para
isso, contamos com analise dos materiais didáticos que compõem o corpus com base em preceitos teóricos e com experiências
dos envolvidos na utilização desses materiais através de questionários. Por se deter nas ocorrências de políticas e
representações no âmbito do manual didático utilizado em universidades para os cursos de licenciatura, o projeto oferece
contribuições para a área de formação de professores de FLE.
CONSIDERAÇÕES SOBRE A MANUTENÇÃO DO ETHOS PATERNAL UTILIZADO PELO EX-PRESIDENTE LULA EM
RELAÇÃO À PRESIDENTE DILMA ROUSSEFF
Resumo
O ex-Presidente do Brasil, Luiz Inácio Lula da Silva, em suas manobras políticas, sempre apresenta seu ethos comunicativo
como o pai político da Presidente Dilma Rousseff. Como bom exemplo deste procedimento retórico, esta comunicação traz, em
primeira instância, a análise de uma charge criada em 2011 que ridiculariza esta proteção afetiva relacionada à Presidente.
Agora, em 2014, quando começam os preparativos para as eleições presidenciais, o ethos do “Lula pai” mostra-se novamente.
Lula e Dilma trocam, em várias sentenças, turnos conversacionais nos quais, lá está ele, mostrando-se como o preceptor do
trabalho dela. Esta atuação é prejudicial a nossa nação. Indica um discurso retórico intencional, cuja ambição é dar à população
a ilusão de segurança, mediante o doar-se de um ex-Presidente que ainda cuida do modo como a atual Presidente governa o
país, dado que ela não tinha experiência política nessa delicada posição de comando e, portanto, ainda necessita de seu zelo
prudente no sentido de que o bom trabalho seja mantido. Este trabalho ainda alega que os cidadãos, ao viverem sob os ardis
dessas manipulações retóricas, são levados a aceitar uma situação de dependência e lealdade em cumplicidade benevolente
entre o Estado e a sociedade, isso gera uma infantilização cultural que restringe a identidade nacional e a soberana
democracia, fatores imprescindíveis ao relacionamento saudável entre os cidadãos e seus representantes. Finalmente, ainda é
preciso dizer, as charges representam uma das vozes da mídia de vital importância para efetivas denúncias contra incorreções
políticas quando seus leitores são capazes de decifrar, criticamente, esses ambíguos discursos políticos.
A LITERATURA INFANTIL COMO FORMA DE INCLUSÃO SOCIAL
Resumo
É na infância que o indivíduo constrói valores para a vida toda e, portanto, a literatura infantil tem como principais objetivos
formar leitores e ajudar no desenvolvimento de uma criança, fazendo assim com que ela consiga trazer o texto para a sua
realidade, consiga refletir sobre o assunto trabalhado e desenvolva um senso crítico. O objetivo da presente proposta é
trabalhar a inclusão social a partir da coleção “Era uma vez um conto de fadas incluso”, de Cristiano Refosco, em que o autor
faz uma releitura de onze contos de fada, dando uma nova aparência aos personagens clássicos da literatura infantil – tal como
uma Chapeuzinho Vermelha cadeirante ou um João do pé-de-feijão sem braços – e mostrando os verdadeiros valores e sua
importância. Sendo assim, o foco principal é destacar a importância de se trabalhar a inclusão social em sala de aula e como
isso pode ser feito através da literatura, mostrando que ser diferente faz parte e que todos podemos viver nosso conto de fadas
e ter um final feliz!
AS REPRESENTAÇÕES DO DESENCANTAMENTO MODERNO EM ÁLVARO DE CAMPOS E RAINER MARIA RILKE
Resumo
A comunicação que ora se propõe visa demonstrar o contraste das representações do desencantamento do mundo moderno
em “Hora grave”, de Rainer Maria Rilke e “Tenho uma grande constipação”, de Álvaro de Campos. As transformações
ocasionadas pelo advento do capitalismo de mercado, do progresso técnico e do desenvolvimento científico ecoam na
sensibilidade, na individualidade e nas diferentes formas de sociabilidade vivenciadas pelos homens. Como afirma Marx: “A
burguesia não pode sobreviver sem revolucionar constantemente os instrumentos de produção, e com eles as relações de
produção, e com eles todas as relações sociais.” (MARX apud BERMAN, 2011, p. 31). A valorização do industrialismo, da
urbanização e das inovações tecnológicas em geral em detrimento das relações humanas levou à reificação, rebaixando o
homem, suas relações e o mundo que o cerca a um status de mercadoria e eliminando a liberdade, os traços espirituais, o
sentido, enfim, a unidade entre o indivíduo e o universo. Ao experimentar essa ruptura com o mundo, o sujeito passa a buscar o
outro, e o ponto de identificação entre os homens passa a ser justamente a fratura. Tanto em “Hora grave”, quanto em “Tenho
uma grande constipação”, o desencantamento é marcadamente representado, entretanto, em Rilke, é feita uma representação
trágica da perda de sentido como fator de ligação entre os homens. Ao passo que, em Campos, a ironia do sujeito poético
chega a escarnecer aquilo que o homem se tornou a partir de sua cisão com o mundo. O trabalho propõe-se, então, a olhar
para as duas obras de modo a pensá-las a partir da representação do desencantamento que acomete o homem e,
consequentemente, a arte na modernidade.
O TEMPO MÍTICO NO CINEMA: A CIRCULARIDADE NARRATIVA DO FILME “ANTES DA CHUVA”
Resumo
O filme é produto cultural que passa por um processo de decodificação e recodificação pelo espectador, envolvendo
imaginação, razão, linguagem, emoções, devaneios e memória (ALMEIDA, 1999). Esse percurso reminiscente, mediado pela
narrativa fílmica, compõe uma seminal realidade simbólica da qual nasce uma de suas principais subjetividades: o tempo. A
linguagem audiovisual, composta pela sequência de sons e imagens em movimento, insere o espectador em diversas
temporalidades simultaneamente: o tempo real-histórico, o tempo fílmico e o tempo imaginário, basicamente, um olhar do
presente pendular entre a duração (passageira) do registro técnico do passado e a duração (permanente) da e na memória.
Para entender os entrelaçamentos das distintas temporalidades, recorremos à definição de tempo por dois autores: Eliade
(1992) e Tarkovski (1998). O primeiro autor designa o tempo pelo olhar da antropologia, o relaciona ao mito e o divide em
profano e sagrado. Para Tarkovski, também coexistem dois tempos: o tempo registrado na tela e o tempo da vida. Assim,
analisaremos o filme anglo-macedônico, Antes da Chuva (Before the Rain, 1994), do diretor Milcho Manchevski, buscando
interpretar, de maneira ensaística, os entrelaçamentos dessas distintas temporalidades.
O DIZER DA INSTITUIÇÃO JORNALÍSTICA
Resumo
Vamos analisar neste trabalho, a partir de estudos desenvolvidos por Mariani (1998,1999), e Guimarães (1995, 2002), a
Instituição Jornalística. A questão levantada por nós leva em consideração o avanço midiático, constitutivo de uma sociedade
conectada. Sobretudo, nos interessa compreender o funcionamento específico do modo de dizer sobre da Instituição
Jornalística. Essa reflexão consiste em um procedimento analítico que nos coloca, a partir de sua materialidade linguística,
lugares sociais de dizer distintos. Lugares que, de um lado apresenta sentidos já cristalizados da jurisprudência de dizer da
Instituição, o lugar social do dizer da neutralidade, entendido como o lugar de comunicar, informar, mas não opinar. De outro,
apresenta o rompimento desta jurisprudência, o lugar social de dizer da parcialidade da Instituição. A partir desse deslocamento
de sentido, construído enunciativamente, analisamos o conflito semântico da dualidade imparcialidade x parcialidade, conflito
que desloca o sentido já pacificado como jurisprudência da Instituição, o da imparcialidade do discurso jornalístico.
INTERTEXTUALIDADE NO DISCURSO PUBLICITÁRIO: CATIVANDO COM AS PALAVRAS
Resumo
Para promover a interação, os falantes da língua portuguesa usufruem da linguagem que é utilizada para falar, argumentar,
convencer, interagir. E, para concretizar essas ações, diversos fatores de textualidade são mobilizados. Um desses
mecanismos será estudado nesta comunicação: a intertextualidade que sempre faz referência a um texto (verbal ou não verbal)
anteriormente construído, portanto necessita, por parte do leitor, de um conhecimento prévio para alcançar, satisfatoriamente, a
comunicação desejada. Assim, a cada dia, as propagandas de revista são lançadas com ideias altamente criativas e usufruem
de diversos fatores de textualidade, principalmente a intertextualidade, para cumprir com o seu objetivo de persuadir o
interlocutor do texto. Pretendemos mostrar, neste trabalho, por meio do aparato de alguns estudiosos da Linguística Textual e
da Semântica Argumentativa a presença e elementos intertextuais, tanto explícitos quanto implícitos em propagandas diversas
retiradas de revistas de divulgação nacional.
O IMAGINÁRIO E AS INTERFACES COM O FANTÁSTICO E O MARAVILHOSO EM CITY, DE ALESSANDRO BARICCO
Resumo
O presente trabalho tem a finalidade de estabelecer os limites entre os conceitos de Fantástico, Imaginário e Maravilhoso na
literatura embasando-se em estudiosos como Todorov, Ceserani e Volobuef, Laplantine e Furtado, e de verificar quais entre
esses “modos” ou “gêneros” se realizam na obra City, traduzida no Brasil com título homônimo, publicada em 1999 pelo autor
italiano Alessandro Baricco. Além disso, utiliza-se dos estudos de Fantin, Sanches e Mataraggi, que apresentam reflexões
acerca de várias obras do autor italiano, para constatar como temas recorrentes nos trabalhos de Baricco, como a força
construtiva do narrar e a resistência do ser humano diante de pressões do meio, podem ser vislumbrados no corpus estudado.
Partindo dos objetivos citados, estabelece-se como o Fantástico, o Imaginário e o Maravilhoso estruturam a construção
narrativa, tendo em vista a imaginação do menino Gould, personagem principal de City, abandonado pela mãe que está
internada em um hospício e pelo pai que está na guerra. Ele vive em companhia de sua babá Shatzy, que cria histórias de
bangue-bangue, e seus amigos imaginários, Diesel e Poomerang. Essa construção narrativa confere ainda à obra de Baricco
características contemporâneas muito valorizadas por Calvino – leveza, rapidez, exatidão, visibilidade e multiplicidade.
ROTACISMO NO FALAR LONDRINENSE E CURITIBANO
Resumo
Neste estudo ancorado nos pressupostos teórico-metodológicos da Geossociolinguística, busca-se compreender a alternância
entre as liquídas /l/ e /r/ em coda silábica (bolsa ~ borsa, anzol ~ anzor) ou em ataque complexo (placa ~ praca, bicicleta ~
bicicreta). Este processo fonológico, denominado de rotacismo, não é recente e sofre estigmatização, pois, segundo Amadeu
Amaral (1982, p.82), está presente no falar brasileiro desde o início do século e é “um dos vícios de pronúncia mais radicados
do falar paulista, sendo mesmo frequente entre muitos dos que se acham, por educação ou posição social, menos em contacto
com o povo rude.” (AMARAL, 1982, p. 82). Muito tempo se passou desde a pesquisa de Amadeu Amaral, o acesso à
escolarização tornou-se mais abrangente, por isso, de acordo com Troyer (2013), este fenômeno linguístico parece estar restrito
a pessoas com menos escolarização e de uma faixa etária mais elevada. Neste sentido, a presente pesquisa, objetiva, então,
investigar a sua ocorrência no falar de Londrina e de Curitiba, municípios paranaenses, com base nos dados coletados pela
equipe do ALiB (Atlas Linguístico do Brasil, 1996), entre informantes estratificados quanto ao sexo (masculino e feminino) e à
faixa etária (18 a 35 anos e acima de 55 anos de idade), todos com ensino fundamental incompleto. Além disso, busca-se,
também, identificar quais contextos linguísticos e extralinguísticos interferem no uso do referido fenômeno.
TRABALHO ANÁLOGO À ESCRAVIDÃO E DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL: A RELAÇÃO ENTRE FÓRMULAS
DISCURSIVAS E IMAGENS DIFUNDIDAS EM NOTÍCIAS PELA MÍDIA
Resumo
Este estudo, embasado nos pressupostos teóricos da Análise do Discurso de orientação francesa, tem por objetivo analisar
discursivamente como a mídia apresenta os sintagmas trabalho análogo à escravidão e desenvolvimento sustentável. Faremos
o cotejamento entre eles e seus elementos visuais que os acompanham nas notícias, principalmente no que tange à busca por
indícios de que tais imagens, se e quando houver, possam ser consideradas também como complementares aos sentidos que
pretendem ser atribuídos às fórmulas ou, ainda, em que medida essas imagens podem influenciar tais discursos. Ou seja,
verificaremos como tais sintagmas, embora formalmente estáveis do ponto de vista da descrição e da explicação linguística,
põem-se a funcionar pelos deslizamentos de sentidos produzidos pela mídia ao utilizar de elementos visuais nos discursos do
espaço público como um lugar discursivo, podendo ser compreendido como uma fórmula. Para tanto, recorremos a um corpus
constituído por notícias veiculadas online por jornais de grande circulação, mais precisamente Folha de S. Paulo (Folha) e O
Estado de S. Paulo (Estadão). Como recorte temporal para esta análise delimitamos o período histórico de janeiro de 2002 a
dezembro de 2013. E para dar conta de nosso objetivo, nos apoiamos principalmente, dado o caráter heurístico de suas
pesquisas, na analista francesa Krieg-Planque (2010) que estabelece como critérios para que uma sequência linguística possa
ser considerada uma fórmula os seguintes funcionamentos linguístico-discursivos: a) se caracteriza por uma cristalização; b) se
inscreve numa dimensão discursiva; c) funciona como um referente social e d) comporta um aspecto polêmico.
O VAI E VEM DO PESQUISADOR
Resumo
O objetivo desta comunicação é refletir sobre a atividade de trabalho do pesquisador no momento da formulação de seu corpus.
Para tal, nos apoiaremos nos pressupostos da Análise do Discurso francesa e também na abordagem ergológica, está última
conforme proposta por Yves Schwartz. Acreditamos, assim, que para que haja uma construção de corpora que não
desconsidere as especificidades dos processos discursivos, devemos nos portar como analistas do discurso - ergólogos, o que
significa realizar um constante vai e vem entre a aderência, ou seja, o "aqui/agora" do que nos propomos a analisar, e a
desaderência, ou seja, nossos pressupostos teóricos. Dessa maneira, acreditamos que construiremos uma corpora de acordo
com o que Possenti (2009, p.25) considera como "dado do bom, dado mesmo", o qual, ao contrário do "corpus herdado", não se
encaixa claramente nos princípios da teoria, mas a tensiona, a coloca à prova, provocando em nós um desconforto intelectual
(Schwartz & Durrive, 2007) que nos direcionará ao avanço teórico e também metodológico. Este trabalho é uma parte de minha
dissertação defendida em 2014, construída no interior do grupo Atelier - Linguagem e Trabalho.
RAÍZES E IDENTIDADE DE MIGRANTES TRABALHADORES RURAIS DO CENTRO-SUL NO ACRE: UMA ANÁLISE A
PARTIR DA LINGUAGEM METAFÓRICA
Resumo
A linguagem é um dos principais símbolos de uma cultura. Sem linguagem não há possibilidade de definição de identidades, de
território de pertencimento, de análise das relações de trabalho, de processos de desenraizamentos, enraizamentos,
reenraizamentos de um povo e principalmente, do estabelecimento de comunicação entre povos. Embora haja quem argumente
existir um encurtamento de fronteiras pela ampliação das formas de comunicação advinda da globalização, esse encurtamento
de fronteiras ocorre de modo distinto a depender da classe social a que as pessoas pertencem. Ricos têm acesso à internet,
bons filmes, livros, músicas, jornais, documentários, fotografias, diálogos que se pautam nos códigos formais da língua materna
e em alguns casos, em uma segunda língua. Aos pobres, sobra a linguagem das águas, dos rios, dos kenês e de uma oralidade
carregada de metáforas e cacófatos. Esse artigo visa, portanto, analisar as raízes e identidades de migrantes trabalhadores
rurais do centro-sul no Acre evidenciadas por meio de metáforas presentes nos depoimentos de trabalhadores rurais em quatro
projetos de Reforma Agrária, reforçando assim, o valor literário e linguístico das metáforas para a preservação da memória e
identidade. O estudo enquadra-se nos estudos culturais tal como defendidos por Raymond Williams (1979) e Thompson (1998).
ANÁLISE DAS PRINCIPAIS COLOCAÇÕES DOS TERMOS “ALTA” E “AUMENTO” A PARTIR DE UMA ABORDAGEM
BASEADA EM CORPUS
Resumo
Os padrões de uso de uma palavra e sua descrição não podem ser considerados apenas uma questão sintática, mas também
uma questão colocacional (PARTINGTON, 1998; SINCLAIR, 1987). Ao analisar as colocações de um termo pode-se observar
as associações que este pode assumir com outros itens lexicais em determinado contexto. Desta forma, o objetivo deste estudo
é analisar as principais colocações dos termos “alta” e “aumento” de maneira que possibilite a seleção dos respectivos
correspondentes tradutórios na língua inglesa, no contexto da área de economia. Uma análise que é baseada nos conceitos de
frequência e probabilidade. Foi compilado um corpus comparável com textos extraídos de meios de comunicação conhecidos,
jornais e revistas online, publicados no período da crise econômica de 2008. Para análise destes termos foram empregados
recursos computacionais a fim de determinar os padrões de uso associados aos seus significados, mais precisamente o
programa WordSmith Tools. Para a seleção destes termos foi utilizado um corpus de referência que é comparado ao corpus de
estudo através de um teste de significância, o qual avalia a diferença nas frequências relativas de cada uma das ocorrências no
corpus e seleciona as ocorrências com diferenças estatisticamente significativas, listadas como palavras-chave.
SIGMUND FREUD E ARTHUR SCHNITZLER: TROCAS EPISTOLARES E A QUESTÃO DA INFLUÊNCIA ENTRE A
PSICANÁLISE E A LITERATURA
Resumo
Pretende-se, no presente trabalho, repensar a questão da influência entre a psicanálise e a literatura moderna. Nosso ponto de
partida será uma série de cartas trocadas entre pensadores da Viena de fin-de-siècle, com especial destaque às figuras de
Sigmund Freud e Arthur Schnitzler. Se comumente se afirma que o pai da psicanálise teria sido elemento desencadeador de
renovações estéticas que caracterizariam a arte moderna, buscaremos questionar a validade deste modo de pensamento que
poderia situar, se levado às últimas consequências, a produção narrativa ficcional como elemento meramente ilustrador de
pressupostos de outras áreas do conhecimento. Interessa-nos, aqui, pensar os modos pelos quais as diferentes disciplinas se
articulam na mediação entre seus discursos e o Lebenswelt (mundo vivido), conforme conceituação de Wolfgang Iser,
considerando-as tanto em sua autonomia quanto nas relações que estabelecem entre si e que alteram o rumo de seu
desenvolvimento. Com esta visada às cartas trocadas pelos protagonistas dos movimentos aqui tematizados, não se pretende
alterar ordenamentos pré-estabelecidos no que concerne a relações de influência, mas sim centralizar outras formas de
questionamento referentes ao diálogo entre áreas distintas.
LOUCURA E EXPERIÊNCIA HISTÓRICA EM MACHADO DE ASSIS
Resumo
Com o passar dos séculos e a atenção cada vez mais redobrada aos problemas sociais, a loucura foi ganhando espaço e
tornando-se objeto de estudos. Aquele homem que não correspondesse à normalidade dos indivíduos, considerado alienado ou
alheio ao meio em que vive já era, imediatamente taxado como tolo ou louco. Estes estudos e atenções referentes à loucura
ganharam força aqui no Brasil no século XIX, época em que Machado de Assis transformava em texto o retrato social brasileiro.
Foi criado o hospício Pedro II, metaforizado como Casa Verde na obra O Alienista do referido autor. Houve uma relação direta
entre a medicina e o poder político, estabelecendo estas relações de poder para a conquista de um status social mais
aproximado com o europeu. E a partir de crônicas -textos que, sem pretensões de ficarem perpetuados, analisava o meio social
e fatos cotidianos, ao mesmo tempo apresentando um cunho transformativo ao que estava sendo colocado em evidência - de
Machado de Assis, presentes na seleção A Semana, será possível perceber as críticas tecidas em relação ao embate político e
cientificista da época a partir da perspectiva do autor. Este, que se colocará em ambos os lados para perceber as
peculiaridades envolvidas na relação de poder sobre o alienado e seu lugar de reclusão.
GILBERTO FREYRE: ENTRE A CIÊNCIA E A ARTE
Resumo
O trabalho refletirá a estrutura da obra Casa-grande & senzala, de Gilberto Freyre, e seus efeitos de sentidos a partir da
constatação de que se trata de um discurso híbrido, que dialoga com diversas formas discursivas. A obra freyreana fez uma das
interpretações mais ricas, inovadoras, polêmicas e contraditórias do Brasil. Para afirmar e comprovar que a sociedade e a
cultura brasileiras são de naturezas híbridas, o autor constrói também um texto híbrido, que dialoga com diversas formas de
representação, estabelecendo, assim, uma comunhão perfeita entre o seu objeto de investigação e o texto que o representa.
Como suporte teórico, utilizam-se os estudos de Mikhail Baktin que apontam para as características básicas da cosmovisão
carnavalesca relacionadas ao gênero sério-cômico. Destacaremos ainda a estrutura aberta de Casa-grande & senzala, isto é,
sua capacidade de apontar para inúmeras questões e não fechar em uma única conclusão. É uma obra que possui ramificações
de sentidos diversos, capazes de estimular interpretações, análises e críticas de todas as tendências. Tais características se
devem muito à aproximação do discurso científico com a narrativa literária, tornando a obra uma espécie de “literatura em
potência”, como matriz de visão cultural do Brasil que teve desdobramentos no campo literário.
GÊNEROS DA ESFERA JORNALÍSTICA NO LIVRO DIDÁTICO
Resumo
De acordo com Bakhtin (1997), o emprego da língua ocorre através de enunciados concretos e únicos, proferidos pelos
integrantes dos vários campos da atividade humana. Tais enunciados materializam-se nos gêneros do discurso, textos
produzidos pelas diferentes esferas, dentre as quais a esfera jornalística – cuja função é informar e comentar acontecimentos
sociais diversos. A grande variedade de gêneros dessa esfera (notícia, reportagem, entrevista, artigo, editorial, entre outros) e
suas funções sociais denotam sua importância para uma melhor compreensão da sociedade. Partindo desse pressuposto, e
levando em conta as orientações dos documentos oficiais para o trabalho com gêneros no ensino de Língua Portuguesa, esta
pesquisa, que se insere no Programa Observatório da Educação – CAPES/INEP – no projeto intitulado Formação continuada
para professores da Educação Básica nos anos iniciais: ações voltadas para a alfabetização em municípios com baixo IDEB na
região oeste do Paraná, procurou verificar quais gêneros da esfera jornalística o livro didático do 5º ano da Coleção Buriti,
listado no PNLD 2012, e adotado pelo município de Diamante do Sul/PR, contempla em suas páginas. Verificou-se que o
gênero reportagem se destacou em quantidade, aparecendo mais vezes que os demais. Assim, além de revisão bibliográfica, a
quantificação e identificação dos gêneros jornalísticos apresentados no livro didático, procurou-se analisar as atividades
propostas para o gênero reportagem, no sentido de averiguar se dialogam com a proposta interacionista de ensino de Língua
Portuguesa, conforme apregoam os documentos pedagógicos que orientam o ensino dessa disciplina.
RASURAS LIGADAS À SEGMENTAÇÃO DE PALAVRAS NA ESCRITA INFANTIL
Resumo
Fundamentados na perspectiva teórica assumida por Capristano (2013, 2014) para o exame de rasuras ligadas à segmentação
e em trabalhos de Corrêa (2004 e 2013) sobre a heterogeneidade da escrita, esta pesquisa teve por objetivo apresentar e
descrever possíveis fatores que concorrem para a emergência de rasuras ligadas à segmentação, em produções textuais
elaboradas por crianças da primeira etapa do Ensino Fundamental I. Para tanto, foram analisados 364 rasuras em
segmentação, identificadas ao longo de 1699 produções textuais, coletadas a partir de 55 diferentes propostas, ao longo de
quatro anos. Nessas rasuras foram observados dois gestos de escrita do escrevente: antes e após o rasuramento, avaliando as
direções seguidas. Dentre os resultados, foram identificadas 364 rasuras ligadas à segmentação, cujos caminhos preferenciais,
indiferentemente da série, partem de uma escrita hipossegmentada, ancorada em práticas orais, rumo a uma escrita
convencional, fruto de influência das práticas letradas. Nos registros finais hipersegmentados, na maioria das ocorrências houve
a disjunção da sílaba pretônica, interpretada como clítico separado de uma pseudopalavra. Nos registros finais
hipossegmentados, clítico seguido de palavra prosódica foi interpretado como sílaba pretônica, criando palavras que atendiam
ao padrão silábico do português brasileiro. A criança, ao longo da aquisição da escrita, quando precisa definir onde alocar
espaços em branco, lida com conflitos inerentes à heterogeneidade da língua (e da escrita) e, para resolvê-los, ancora-se em
diferentes influências das práticas orais, mas, no caso das rasuras, principalmente em influências advindas das práticas
letradas.
A HETEROGENEIDADE DOS GÊNEROS EM PRODUÇÕES TEXTUAIS INFANTIS
Resumo
Este trabalho parte do encontro com dois outros que exploram, de formas diferentes e complementares, a noção de gênero
discursivo formulada em Bakhtin (2003): o de Corrêa (2013) e o de Capristano e Oliveira (2014). Com base nas propostas
esboçadas nesses dois trabalhos, temos como objetivo analisar produções textuais de crianças em processo de aquisição da
escrita com o intuito de encontrar pistas da heterogeneidade dos gêneros discursivos, com o enfoque na estrutura
composicional. Ou seja: pretendemos buscar, nessas produções, “ruínas”, “resquícios”, da estrutura composicional de outros
gêneros (que não o solicitado), evidenciando, a partir disso, a relação intergenérica que se institui como marca da
heterogeneidade constitutiva dos gêneros discursivos. Para cumprir com esses objetivos, utilizaremos como material de análise
285 produções textuais, produzidas por crianças que cursavam a antiga quarta série do Ensino Fundamental I. Essas
produções são fruto de 5 propostas de produção textual diferentes. Cada uma dessas propostas explora um dos tipos de
capacidade dominante, tal como proposto por Dolz; Noverraz; Schneuwly (2004). A análise, de cunho qualitativo, será pautada
em pressupostos teórico-metodológicos do paradigma indiciário (GINZBURG, 1986).
A REDESCOBERTA DO ESPAÇO PÚBLICO NAS CRÔNICAS DE CLARICE LISPECTOR
Resumo
Clarice Lispector foi consagrada como escritora pela sua capacidade de representar o universo psicológico dos personagens,
utilizando através do “fluxo de consciência” a exploração do seu “eu” mais profundo. Sendo assim, criou-se uma equivocada
classificação, que geralmente a exclui da literatura dita engajada ou social e que deixa em segundo plano a abordagem de
espaços concretos e públicos em sua obra, visto que se privilegia o espaço privado. Diante disso, o trabalho visa ressaltar os
textos em que Clarice explora o espaço público, como meio de identificação do outro e de si mesma. A relação da escritora com
o espaço público é permeada por sua vivência transitória: ela nasceu em Tchechelnik na Ucrânia e veio ao Brasil na primeira
infância; após casar-se com Maury Gurgel Valente, mudou-se para o exterior, vivendo fora do Brasil de 1944 a 1959. Esse
período de vivência exílica proporcionou a experiência do contato com o estrangeiro resultando em um processo de
deslocamento, descontinuidade e estranhamento com o outro e o espaço. Tal vivência se tornará matéria literária para as
crônicas de Berna, publicadas no Jornal do Brasil entre 1967 e 1973 e reunidas no livro A Descoberta do Mundo. Neste trabalho
buscaremos mostrar como estas crônicas refletem a dialética entre o universo íntimo da autora e o espaço público de Berna,
resultando em um discurso também biográfico, mas essencialmente literário.
A CONSTRUÇÃO DO FEMININO NA LITERATURA: REPRESENTANDO A DIFERENÇA
Resumo
Tradicionalmente, as mulheres foram, nas esferas que abrangem o social, o histórico, o político e o estético, consideradas como
inferiores ao sexo masculino. Em virtude da política do patriarcalismo, a mulher foi silenciada, excluída e vitimada por
preconceitos e estereótipos lançados em sua imagem ao longo da história. Quando se trata da mulher negra a situação é ainda
mais complicada. Se à mulher branca cabia o silenciamento e o subjugamento social, o espaço reservado à mulher negra era
muito mais inferiorizado. Com base nesta perspectiva, a literatura de autoria feminina suscita um novo olhar sobre a produção
literária produzida desde meados do século passado até os dias de hoje. Vista de forma não valorativa, tanto no campo literário
como cultural, a experiência vivida até então pela mulher justifica o surgimento, em meados do século XX, de ações no sentido
de conscientizar os indivíduos da necessidade de desconstruir a opressão e a marginalização da mulher. Com base no romance
“Um defeito de cor”, de Ana Maria Gonçalves, torna-se possível refletir sobre o lugar conferido à produção literária
afrodescendente dentro da formação da literatura de autoria feminina brasileira, e ainda sobre o modo como se edifica a
representação da mulher negra, bem como as marcas “acorrentadas” em sua identidade e em sua corporalidade.
O SENTIDO ARGUMENTATIVO ESTRUTURAL VERSUS CONTEXTUAL: ANÁLISE DE OCORRÊNCIAS DE VELHO E IDOSO
EM DISCURSOS
Resumo
Este trabalho focaliza o estudo dos sentidos das entidades linguísticas, caracterizados como estrutural ou contextual, com base
numa semântica argumentativa, mais precisamente na Teoria dos Blocos Semânticos (TBS), desenvolvida por Ducrot e Carel. É
frequente o entendimento de que argumentação interna (AI) significa estrutural e de que argumentação externa (AE) significa
contextual. Pretende-se mostrar, com a análise de ocorrências das palavras velho e idoso em discursos, que, no marco da TBS,
essas duas oposições estrutural-contextual e interna-externa se cruzam, o que significa que tanto as AI quanto as AE podem ser
contextuais ou estruturais. Acredita-se que, com esses conceitos se possam compreender mudanças de sentido como a
mostrada por Eliane Brum, na crônica analisada Me chamem de velha, quando manifesta “Acho que ‘idoso’ é uma palavra
‘fotoshopada’ – ou talvez tenha sido feito um ‘lifting’ completo na palavra ‘velho’.” Fenômenos como este, que atingem as
entidades linguísticas, não significam que a língua imponha uma ideologia, pelo contrário, como esclarece Ducrot na semântica
linguística que desenvolve, a língua deixa certa liberdade ao usuário, uma vez que se adapta à ideologia da sociedade,
funcionando graças a ela. Em síntese, a língua necessita da ideologia.
O MEIO AMBIENTE NOS ARQUIVOS URBANOS
Resumo
Esta comunicação tem como objetivo discutir os conceitos de arquivo e memória discursiva em uma pesquisa que busca
trabalhar diferentes materialidades do/no arquivo, considerando relações entre elas. O corpus desta pesquisa se constitui de
material variado (narrativas de origem, fotografias, depoimentos), organizado em etapas, abordando uma memória ambiental
através da relação entre rio e cidade. Apoderando-me do fato de que muitas cidades brasileiras ergueram-se em locais
ladeados e/ou cortados por rios, a pesquisa mostrou-me ser a investigação sobre a memória do rio um ponto de interesse para
tocar o real da memória da cidade, compreendendo em especial elementos significantes de um processo de urbanização, em
sua relação com o chamado meio ambiente, e o modo como nele os sujeitos se produzem (urbanos, caipiras etc.). Trata-se de
refletir acerca do meio ambiente como elemento presente no (presentificado pelo) urbano, meio ambiente que figura neste
estudo através do rio (um dado rio), como parte de uma cidade. Os gestos de nomeação (topônimos, legendagem...) mostram o
rio, sua significação, sobredeterminada pelos discursos urbanos que se propagam: língua indígena e discurso religioso
(capelas, nomes de santo associados/ contrapostos a nomes indígenas...), discurso urbanista (enchentes, pontes, obras
públicas...), discurso ambiental (poluição) etc. O objetivo na comunicação é discutir os conceitos de AD mencionados acima -
memória discursiva e arquivo -, confrontando com o material pesquisado, em sua diversidade.
OS ALFAZETES: A TRADUÇÃO E O PÉ DA LETRA DE UM ABECEDÁRIO IRREVERENTE
Resumo
A tradução de livros infantis costuma ser mais domesticadora que a tradução de literatura em geral, pois se supõe que seu
público preferencial sejam "leitores em formação" (Hunt, 2006), ainda sem maturidade ou conhecimento suficientes para
apreender determinados conceitos ou marcas culturais. Quando a ilustração assume papel elucidador, é possível evitar
explicitações ou adaptações; mas por vezes a ilustração comanda o texto e a adaptação se impõe, como veremos na tradução
para o português de 'The Alphazeds', abecedário escrito e ilustrado pelos designers norte-americanos Shirley e Milton Glaser.
As personagens dessa recriação do Gênesis são as letras do alfabeto, desenhadas em fontes e cores diversas e com
personalidades distintas umas das outras. Há letras agressivas, acanhadas, confusas, invejosas, e suas iniciais personificam
essas características: Angry A, Bashful B, Confused C, etc. Como as iniciais dos qualificativos em inglês devem ser traduzidas
ao pé da letra ao português, restou à tradutora adaptar o qualificativo em si. Mas, como se não bastasse, os gêneros também
diferem: há personagens femininas, masculinas e não identificadas. Enquanto em inglês os adjetivos são invariáveis, em
português a maior parte varia conforme o gênero, explicitando-o. Adotar o feminino para todas as personagens (já que todas
são letras) eliminaria a diversidade de gêneros existente no original e 'camuflaria' a atração entre duas letras do mesmo sexo,
sugerida sutilmente pela autora. No presente trabalho apresento e discuto as soluções encontradas, e o processo de
negociação com a casa editora que, para a edição espanhola, preferiu adotar o gênero feminino para todas as letras.
A REVOLUÇÃO DOS CRAVOS EM A NOITE, DE JOSÉ SARAMAGO, E OS MARGINAIS E A REVOLUÇÃO, DE BERNARDO
SANTARENO.
Resumo
O ano de 2014 marca o aniversário de 40 anos da Revolução dos cravos, movimento que livrou Portugal de uma violenta
ditadura que governou o país com mãos de ferro por décadas a fio, acumulando denúncias de violação aos direitos humanos e
que foi responsável por manter Portugal em uma grave situação de estagnação econômica. O 25 de abril de 1974 entraria para
história, portanto, como o dia em que o país volta à democracia. Contudo, dada a característica do movimento, liderado por
capitães do exército, e dado também algum distanciamento temporal, a Revolução de abril passa a ser vista de diferentes
perspectivas ideológicas. Nesse sentido, o presente trabalho busca colocar em discussão duas visões expressas no teatro
português acerca do movimento revolucionário, bem de como suas consequências para os diversos segmentos da sociedade.
Tanto a peça A noite, de José Saramago, quanto a série Os marginais e a revolução, de Bernardo Santareno, composta por 4
peças curtas – todos textos publicados ainda na década de setenta –, fazem referência direta à Revolução dos cravos. A
proposta aqui é refletir como os dois autores, cada um a seu modo, compõem um modelo de representação de indivíduos
marginalizados pelo sistema. Enquanto Saramago parece apresentar uma saída utópica, em que a revolução significa uma
esperança de libertação em todos os níveis, Bernardo Santareno sinaliza uma visão distópica, em que certos indivíduos são
deixados para trás, como restos de uma grande festa, despercebidos pela maioria eufórica.
PROCESSO DE ESCRITA E ESTRATÉGIAS DE REVISÃO E REESCRITA EM LÍNGUA FRANCESA
Resumo
O processo de escrita em língua estrangeira é circundado por questões de linguagem dependentes das variantes linguísticas e
culturais que envolvem a relação entre língua materna e língua estrangeira. As pesquisas aplicadas demonstram como as
estruturas linguísticas e discursivas da língua materna podem interferir negativamente na aprendizagem da língua estrangeira.
Ao longo de nossos estudos, procuramos estudar caminhos didático-pedagógicos que possam amenizar as transferências que
produzem os erros e favorecer o desenvolvimento de estratégias compensatórias. Nessa comunicação oral, pretendemos
destacar os elementos complicadores do processo de escrita advindos da relação língua materna versus língua estrangeira e
apresentar o resultado da tentativa de nova abordagem para o ensino da escrita em língua francesa por meio dos estudos dos
gêneros sinopse de filmes e anúncios publicitários. Para tanto, refletimos sobre o processo da escrita e destacamos suas
especificidades no âmbito da língua estrangeira, discutimos sobre a importância da abordagem sócio discursiva no
desenvolvimento da habilidade escrita e apresentamos a análise da aplicação de sequências didáticas em grupos de ensino de
língua francesa dando destaque para as estratégias de revisão e reescrita empenhadas pelos aprendizes.
OGUM E BESOURO MANGANGÁ: O MITO AFRICANO INTEGRADO AOS RELATOS FANTÁSTICOS ACERCA DO
CAPOEIRISTA BRASILEIRO
Resumo
Manoel Henrique Pereira, brasileiro, baiano de Santo Amaro da Purificação, foi processado criminalmente, na década de 20,
pela prática da capoeira, proibida pelo governo. Também atuou como líder trabalhista, protegendo os explorados nos engenhos
da Bahia. Atualmente seu nome, Besouro Mangangá, protagoniza diversas cantigas nas rodas de capoeira, cujas façanhas são
enaltecidas pelos jogadores contemporâneos. O objetivo deste trabalho é demonstrar como a história do capoeirista, símbolo de
resistência escrava brasileira, está impregnada de elementos notadamente religiosos, de matriz africana, existentes nas
narrativas sobre a divindade Ogum. A análise tem como objeto as narrativas orais, colhidas e citadas na obra Feijoada no
Paraíso, de Marco Carvalho, cujo narrador, em primeira pessoa, encarna o próprio Besouro. Como referencial teórico, adota-se
o conceito de mito segundo o mitólogo e filósofo romeno Mircea Eliade, considerado um grande estudioso dos mitos e um dos
fundadores da história moderna das religiões; os estudos do filósofo alemão Ernst Cassirer, neokantiano que desenvolveu uma
filosofia da cultura como uma teoria dos símbolos; o conceito de lenda, do brasileiro Câmara Cascudo, historiador e antropólogo
que pesquisou as manifestações culturais brasileiras; a concepção de orixás, segundo a tradição religiosa africana Iorubá.
PERCURSOS DA SIGNIFICAÇÃO: UM OLHAR SOBRE A IDENTIDADE DO ALUNO ASSENTADO
Resumo
PERCURSOS DA SIGNIFICAÇÃO: UM OLHAR SOBRE A IDENTIDADE DO ALUNO ASSENTADO Terezinha Coelho de Souza
(UFGD) 40484653172 Rita de Cássia A Pacheco Limberti (UFGD) 01983667870 Este trabalho de pesquisa pretende analisar, a
partir dos pressupostos teóricos da Análise do Discurso, os relatos produzidos por estudantes do Ensino Médio, pertencentes a
três Assentamentos da Reforma Agrária denominados Guanabara, pertencente ao município de Amambaí, Sebastião Rosa da
Paz e Padre Adriano, ambos localizados a oito quilômetros da cidade, no município de Juti-Ms. As crianças e adolescentes dos
assentamentos deslocam-se para estudar em uma escola localizada na zona urbana da cidade de Juti. O fato incide
diretamente na problemática da construção de identidade, constituindo-se objeto desta pesquisa. Dessa forma, coloca-se a
seguinte questão: como esses sujeitos que vivem uma situação de alteridade com o outro, em um espaço diferente daquele em
que ele está inserido, ou seja, como o aluno morador nos assentamentos da Reforma Agrária, estudante da escola pública na
área urbana, constrói a sua identidade a partir da relação com os colegas da turma, que moram e estudam na zona urbana do
município. As reflexões a serem apresentadas abordarão o inicio do percurso da pesquisa que consiste na análise de
entrevistas realizadas com esses estudantes. PALAVRAS-CHAVE: Análise de Discurso; Identidade, subjetividade
OS GÊNEROS DISCURSIVOS NA SALA DE AULA: PROPOSIÇÕES TEÓRICO-PRÁTICAS
Resumo
Adotar os gêneros discursivos como instrumentos para os estudos da língua significa orientar-se a partir de uma concepção
interacionista, a qual compreende as práticas discursivas como propulsoras de qualquer reflexão sobre os diferentes usos da
linguagem. Essa premissa sustenta-se nos estudos bakhtinianos que foram, de certa forma, transladados para o campo didático
por meio de reflexões propostas inicialmente por Geraldi (1984, 1991), quando apresenta uma concepção de linguagem como
forma de interação. Dialogando com esses preceitos teóricos, o propósito é socializar um projeto de pesquisa e extensão
desenvolvido com o apoio do Observatório da Educação – CAPES/INEP – entre os anos de 2011 e 2014, no âmbito do
Programa de Pós-graduação Stricto Sensu em Letras da UNIOESTE. Tal projeto, inscrito sob o título de Formação Continuada
para professores da educação básica nos anos iniciais: ações voltadas para a alfabetização em municípios com baixo IDEB da
região Oeste do Paraná, focalizou além de temáticas específicas voltadas à leitura, reflexões sobre o trabalho com os gêneros
na sala de aula, compreendendo-o como um instrumento favorável à alfabetização e à apropriação da linguagem escrita. Assim,
nesse espaço de socialização, o objetivo é apresentar alguns posicionamentos teóricos e encaminhamentos didáticos
assumidos pelos pesquisadores no âmbito do projeto de pesquisa e extensão, durante as ações de formação continuada e de
pesquisa. Os resultados obtidos pelo projeto revelam um comprometimento maior do professor em relação ao trabalho com
gêneros na sala de aula, embora denunciem, por outro lado, a necessidade de maior investimento na formação do docente.
DITADURA MILITAR, VIOLÊNCIA E POESIA: UMA ANÁLISE DE “OS ESCORPIÕES DO SOL”, DE ROBERTO PIVA.
Resumo
Segundo Bosi (2002), o termo resistência é originário do campo da ética e seu sentido apela para uma determinada força que
luta e resiste contra outra força. Quando se trata de ditadura militar no Brasil, é sabido que vários artistas nessa época
resistiram contra um poder opressor e arbitrário que se instalou durante o período, principalmente no que se refere à censura.
Tratando-se desta literatura, o presente trabalho tem, como objetivo, a discussão e análise do poema "Os escorpiões do sol", de
Roberto Piva, presente no livro "Coxas - sex fiction & delírios", com vistas à elucidar como as características do texto piviano,
tanto em termos de expressão quanto conteúdo, relacionam-se com o momento histórico em que o país se encontrava. É
importante destacar que o livro no qual se encontra o poema foi publicado em 1979, ano em que o Brasil ainda estava sob o
regime militar, porém caminhando para uma abertura política e cultural. Acerca das abordagens teóricas, os textos de base
serão os de Bosi (2002), Ginzburg (2012) e Seligman (2012), os quais refletem sobre a questão da violência, da repressão e da
história na escrita literária.
O INDÍGENA NO DISCURSO ACADÊMICO: REFLEXÕES SOBRE A TENSÃO DOS SENTIDOS NO TEXTO MULTIMODAL – O
VERBAL E O FOTOGRÁFICO
Resumo
Esse trabalho tem como objeto de estudo as fotografias e o texto verbal a elas imbricado presentes no caderno temático bilíngue
“Palavras escritas sobre as plantas e animais da Terra Indígena Ivaí – PR”. Esse material, resultado do Projeto “Implantação do
Plano de Gestão Ambiental da Terra Indígena Ivaí”, sob a responsabilidade do Programa Interdisciplinar de Estudos de
Populações – Laboratório de Arqueologia, Etnologia e Etno-História da Universidade Estadual de Maringá, foi escrito em
Português e Kaingang e ilustrado por desenhos produzidos por crianças da escola da comunidade Ivaí e por fotografias
registradas por pesquisadores do projeto de Gestão Ambiental. Tais imagens constituem-se em discursos que produzem efeitos
de sentidos sobre os sujeitos e sobre o lugar que eles ocupam. Subsidiados pela Análise do Discurso Francesa, permeada pelos
conceitos teóricos erigidos por Foucault, propomo-nos apresentar e discutir análises que empreendemos sobre algumas
fotografias e partes do texto verbal presentes no caderno temático, a fim de por em movimento sentidos sobre a constituição
identitária dos sujeitos ali destacados, os indígenas e, sobretudo, sobre a Terra Indígena como lugar de pertencimento e/ou
segregação. Os discursos representados neste corpus são mobilizados pelos princípios norteadores do verdadeiro desta época, o
desenvolvimento sustentável e instaurados nesta comunidade indígena pelos trabalho e discurso científico da academia. Tais
princípios, em emergência, instauram uma ética na qual o sujeito deve se significar por uma condição de respeito à diversidade e
preservação ambiental.
MEDIAÇÕES ENTRE LITERATURA E PROCESSO SOCIAL: CONSIDERAÇÕES SOBRE A RECEPÇÃO DA PEÇA AUTO DOS
NOVENTA E NOVE POR CENTO, DO CPC, PELO TUM-MARINGÁ
Resumo
A crítica sobre uma obra de arte pressupõe refletir sobre ela enquanto produto de um determinado contexto histórico e social,
embora não se limite a isso. Isso porque analisar uma manifestação artística ou cultural envolve não sobre a reflexão sobre seus
elementos formais e estruturais, que o diferenciam da linguagem denotativa cotidiana, mas interpretá-la dialeticamente em
consonância com os fatos sociais, cabendo à crítica literária esse papel mediador. É a partir desse pressuposto, amplamente
discutido no Brasil a partir do desenvolvimento de uma crítica literária socialmente orientada, que se pretende debater nesse
artigo as estratégias utilizadas pelo Teatro Universitário de Maringá ao adaptar em 2008 a peça “Auto dos Noventa e Nove por
Cento”, do Centro Popular de Cultura (CPC), escrita coletivamente em meados dos anos 1960. A retomada de um teatro de
tradição dialética será compreendida na sua interação com o contexto social de sua recepção, no final dos anos 1990 em
Maringá, pelo TUM – Teatro Universitário de Maringá.
SIGNIFICAÇÃO EM AVENIDA BRASIL: O PERCURSO GERATIVO DE SENTIDO DE CARMINHA
Resumo
Este trabalho está vinculado aos estudos desenvolvidos no projeto de pesquisa "Leitura semiótica da telenovela: tensão
narrativa e suspense", da Universidade Estadual de Londrina. Tomando como base os pressupostos teóricos propostos por A.
J. Greimas no livro Semântica estrutural e por Greimas & Courtés no Dicionário de semiótica, objetiva-se analisar, não pela
relação existente entre os signos, mas por meio do processo de significação que os gera, o percurso gerativo de sentido da
personagem Carminha, da telenovela Avenida Brasil (2012), escrita por João Emanuel Carneiro. A partir da descrição da
performance, isto é, da mudança de estados da narrativa, bem como da análise de papéis narrativos, fases de manipulação e
de competência do sujeito, e da observação de valores inscritos em objetos, da junção e disjunção, e da oposição de elementos
das categorias semânticas eufóricas e disfóricas, presentes no nível fundamental do texto, pretende-se esclarecer como a
semiótica de linha francesa concebe o processo de significação textual. Considerando aspectos relevantes para a recepção do
texto teledramatúrgico e, também, a inserção de textos sincréticos e midiáticos no contexto de ensino-aprendizagem de língua
portuguesa, busca-se viabilizar o trabalho com o gênero telenovela em sala de aula, em nível médio.
A CONSTRUÇÃO DA MEMÓRIA NAS REPORTAGENS “DESCULPEM O TRANSTORNO ESTAMOS MUDANDO O BRASIL” E
“A LINGUAGEM DOS PROTESTOS”
Resumo
Para Análise de discurso de origem francesa (postulados de Pêcheux e Orlandi), o interdiscurso refere-se à memória discursiva e
à exterioridade constitutiva da linguagem, que formulam o discurso; e o arquivo distingue-se como memória institucionalizada e
trajeto de leitura de novos sentidos com relação ao dizer do discurso. Em AD, considera-se que o espaço entre o interdiscurso
(memória constitutiva) e o arquivo (memória institucionalizada), propiciam a possibilidade de gestos de leitura e interpretação de
sentidos do corpus a ser analisado. Quando entramos nos caminhos da memória, na perspectiva discursiva do tema, devemos
considerar, primeiramente, que esta memória pode ser construída em vertentes fundamentais, nesse sentido, em Orlandi, temos
que: “O interdiscurso é todo o conjunto de formulações feitas e já esquecidas que determinam o que dizemos.” (ORLANDI, 2005,
p. 33). Esse trabalho de leitura discursiva pretende refletir acerca da construção da memória discursiva e do arquivo em
reportagens da revista Leituras da História (“Desculpem o transtorno estamos mudando o Brasil”) e da revista Língua Portuguesa
(“A linguagem dos protestos”), considerando os discursos decorrentes dos protestos no Brasil que retomam e legitimam discursos
construídos na época da Ditadura Militar e dos Caras pintadas, reproduzindo, desse modo, por meio do interdiscurso e do arquivo
a construção da história e da memória do Brasil.
APRENDIZADO DA LEITURA E DA ESCRITA EM AMBIENTE VIRTUAL E AMBIENTE NÃO-VIRTUAL
Resumo
A presente comunicação apresenta os resultados de um pesquisa realizada com o objetivo de verificar o aprendizado da leitura
e da escrita dos alunos da 5ª série do Ensino Fundamental de uma Escola Estadual de Porto Alegre. Neste trabalho, a leitura
consiste no uso de dois processamentos cognitivos, bottom-up e top-down, e no desenvolvimento de estratégias de leitura
(Leffa, 1996; Goodman, 1991) que, nesta pesquisa, estão apoiadas nas regras de coesão lexical e coesão gramatical (Halliday
& Hasan, 1976) e na coerência textual (Charolles,1978). A escrita é considerada como um processo vinculado ao de leitura, na
medida em que melhor desempenho em leitura evidencia bom desempenho também na escrita. A metodologia da pesquisa
envolveu a elaboração e aplicação de atividades de compreensão leitora em ambiente virtual e ambiente não-virtual pelos
alunos. Esses materiais foram desenvolvidos em situação de oficina com cada participante envolvido. As oficinas com os
acadêmicos de Letras (10h) promoveram o aprofundamento dos conhecimentos teóricos que embasam o trabalho e o
desenvolvimento da competência de condução pedagógica do trabalho com as crianças. As oficinas com os alunos (20h)
envolveram o uso dos dois ambientes, com monitoramento individual pelos acadêmicos. Os dados alcançados evidenciam:
melhor desempenho em leitura e escrita pelos alunos da 5ª série; e apropriação de conhecimentos sobre conteúdos e
procedimentos de ensino da leitura e da escrita pelos acadêmicos de Letras. Esses resultados permitem afirmar que o
desenvolvimento de atividades de leitura em ambiente virtual e ambiente não-virtual constitui um caminho para o aprendizado
da leitura desses alunos.
ROMANCE E GÊNEROS BÍBLICOS: UMA LEITURA DE DOIS IRMÃOS (2000), DE MILTON HATOUM
Resumo
De acordo com Mikhail Bakhtin, o gênero romance está em constante construção, podendo ser considerado o único gênero
ainda inacabado. O autor também afirma que o romance reinterpreta outros gêneros, dando-lhes “novo tom”. Diante disso
lançamos olhares para o romance Dois irmãos (2000), de Milton Hatoum, analisando as relações entre os vários gêneros, mas
em especial, os gêneros presentes na Bíblia (como narrativas em geral, parábolas e poesias). Baseamo-nos em Alter &
Kermode, onde os textos bíblicos auxiliam a compreender a evolução do ser humano, de suas crenças e de sua cultura. Para
esses autores, a literatura ocidental está plenamente atravessada pelos temas e pela linguagem bíblica. Propomos assim,
transpor a conhecida influência machadiana sobre Milton Hatoum, com Esaú e Jacó (1904), os eternos irmãos rivais, expondo
outras influências e de que forma elas são abordadas em sua obra. Para tanto, além Alter & Kermode (1997) e Bakhtin (2010),
utilizaremos contribuições de Adorno (2003), Auerbach (1976), Benjamin (1994) e Robert (2008).
LEITURA E HIPERTEXTO: UTOPIA DESEJADA?
Resumo
É possível pensar a leitura de várias maneiras. O desenvolvimento de novas tecnologias de informação e comunicação e da
chamada “cibercultura” torna instável nosso conhecimento sobre as práticas de ler e escrever? Alguns autores defendem que
essas tecnologias revolucionam as práticas de leitura e escrita e outros afirmam que se trata de uma evolução que acarreta
algumas mudanças nessas práticas, mas não propriamente uma “revolução”. O objetivo do presente trabalho é, dessa forma,
contribuir para a reflexão sobre a formação e desenvolvimento de novos gestos de leitura. Reflexão que ganha sempre novos
contornos na prática docente. Os leitores observados no âmbito desse trabalho são especialmente os ingressantes dos cursos
de licenciatura que frequentam as disciplinas de Leitura e Produção Textual. Esse texto, então, compõe a grande trama de
todos os que têm feito reflexões sobre a leitura na atualidade. Mais especificamente sobre o que acontece nas práticas
educativas institucionais quando o texto passa a ser hipertexto, o suporte, a tela e o letramento, o digital.
A MALA DE JORGE AMADO: 1941 - 1942
Resumo
Este trabalho é resultado da minha inserção no projeto A mala de Jorge Amado – 1941 e 1942 , orientado pela prof. Dra. Tânia
Regina Oliveira Ramos. A pesquisa vem sendo feita desde 2011, quando iniciamos o processo de leitura e catalogação do
Acervo Jorge Amado, que em 2013 transformou-se em meu Trabalho de Conclusão de Curso. Com a concessão da bolsa de
Iniciação a Pesquisa Científica, demos continuidade e fizemos releituras da pesquisa já realizada e, hoje, toma nova forma
como meu objeto de estudo no Mestrado. A pesquisa centrou-se no arquivo doado ao nuLIME (núcleo Literatura e Memória),
com aproximadamente 1.400 páginas de, sobre ou contextualizando a produção literária de Jorge Amado no (auto)exílio em
1941 (Buenos Aires) e 1942 (Montevidéu), documentos que esclarecem, especialmente, as tratativas da escrita da biografia de
Luiz Carlos Prestes e o papel político do Partido Comunista Brasileiro no período. A leitura do acervo se deu, preliminarmente,
sob os conceitos de memória manipulada e esquecimento, de Paul Ricœur, juntamente com uma reflexão sobre o contexto da
época e sobre a importância das fontes para a história da literatura e para a história política do Brasil durante o Estado Novo,
além de sua importância para o preenchimento biográfico do escritor baiano e para a criação de redes possíveis no
entendimento de sua obra publicada e inédita no período. O acervo deixa pistas pelo caminho, como migalhas de pão. Cabe a
nós seguir a trilha e desvendar seus mais variados caminhos, que fazem parte da história da política e literária do Brasil.
SEMANTICA DE FRAMES E SUA CONTRIBUIÇÃO NA FORMAÇÃO DA AUTOIMAGEM DO ALUNO DE LINGUA
PORTUGUESA
Resumo
Este trabalho propõe-se a apresentar os resultados obtidos pelo macroprojeto Ensino de Língua Portuguesa: Da formação
docente à sala de aula (MIRANDA, 20--, 2013), que está integrado à linha de pesquisa Linguística e Ensino de Língua do PPG
em Linguística da UFJF e ao projeto lexicográfico Framenet Brasil em sua linha de pesquisa Frames e Ensino. Ao longo desses
anos, o projeto vem delineando, através de estudos de caso, o “mapa da crise” dos padrões interacionais e linguísticos no
cenário escolar. A pesquisa demonstra os indicadores das práticas pedagógicas de sucesso e fracasso no Ensino de Língua
Portuguesa, buscando equacionar a relação entre Clima Escolar e o processo de profissionalização de docentes de Língua
Portuguesa. Para tanto, recorta como objeto investigativo os discursos discentes e docentes sobre as experiências vividas
nestas cenas educacionais. Utilizou-se como instrumento investigativo a análise do discurso (relatos escritos) de 188 alunos, do
nono ano do ensino fundamental e do segundo ano do ensino médio, de sete escolas da rede Estadual de Ensino da cidade. A
pesquisa foi dividida em duas partes: a primeira parte buscou investigar como os sujeitos constroem sua identidade enquanto
alunos de Língua Portuguesa e a segunda propôs aos mesmos a realização de uma narrativa (escrita), para contar sua história
como alunos dessa disciplina. Os procedimentos de análise baseiam-se no aporte teórico da Linguística Cognitiva, da
Semântica de Frames (FILMORE, 1982) e do projeto lexicográfico FrameNet. A partir da análise dos frames promoveu-se a
análise semântica da autoimagem discente que é, em seguida, interpretada à luz de uma moldura teórica multidisciplinar.
O RETRATO DRUMMONDIANO DA MULHER PATRIARCAL
Resumo
Acompanhando as mudanças sociais em torno da figura da mulher, nota-se que a postura adquirida pelo homem em relação a
ela, deu-se pela reprodução do modelo cultural europeu. Hoje já não se observa com tanta ênfase tal comportamento, como na
época do Brasil colônia até meados do século XIX. As mulheres, desde muito jovens, já eram incumbidas da “profissão do lar”,
nascidas e criadas com uma única finalidade: o casamento e, por conseguinte, a reprodução. Em um cenário repressor, rígido e
tradicionalista, busca-se, através da análise de poemas de Carlos Drummond de Andrade, indícios da subjetividade feminina
diante da imposição da sociedade patriarcal vigente no início do século XIX. Através da linguagem poética, o autor tira o retrato
da mulher, realçando na imagem dela, os efeitos das imposições e de que maneira ela poderia se libertar estando presa a um
sistema em que dificilmente sua imagem “imaculada” era mostrada quanto menos a sua voz se podia fazer ouvida. Para tanto,
são selecionados seis poemas da trilogia Boitempo, em que o poeta remonta a sociedade patriarcal da época mencionada. Tais
poemas propiciam a constituição de cenas do cotidiano da mulher reprimida, de tal modo que o seu mundo particular e subjetivo
é ramificado em outras subjetividades que a ela se conectam. Em síntese, a pesquisa parte de um estudo puramente analítico,
tendo como princípio o texto literário.
LEITORES DE LITERATURA NO ENSINO MÉDIO: O CASO DO MAGISTÉRIO
Resumo
O projeto “A leitura e os jovens leitores: práticas de letramento no Norte Pioneiro-PR”, contando com apoio institucional da
Fundação Araucária (PR), vincula-se ao grupo de pesquisa “Crítica e Recepção Literária” (CRELIT), Centro de Letras,
Comunicação e Artes (CLCA) da Universidade Estadual do Norte do Paraná (UENP), campus Cornélio Procópio. A hipótese de
trabalho pauta-se na experiência desta coordenação do projeto com disciplinas de formação docente, estágio supervisionado e
programas como o Programa de Desenvolvimento Educacional (PDE), do Estado do Paraná; Programa Institucional de Bolsa
de Iniciação à Docência (PIBID/CAPES), os quais permitiram o estabelecimento de relações positivas entre a Universidade e a
Escola, em busca de soluções para problemas educacionais amplos. Isso permitiu a aproximação com o Colégio Estadual
Cristo Rei, um dos poucos redutos de ensino do “Magistério” – professores para atuação na Educação Infantil e Ensino
Fundamental I – ainda em funcionamento no Estado do Paraná. Justamente por serem alunos que atuarão, ao término do
curso, nas séries iniciais, a relação desses jovens leitores com a leitura de literatura interessa particularmente ao projeto pela
dimensão que essa relação terá mediante o trabalho a ser realizado, futuramente, na formação de crianças leitoras.
EU LEIO, TU LÊS, ELES LEEM – LEITURIZAR, EIS A QUESTÃO
Resumo
O principal intuito desta comunicação é apresentar algumas reflexões acerca dos resultados obtidos com a realização do projeto
“Leitura e sociedade: textos de gêneros discursivos variados atrelados a projetos sociais”. Sob a orientação de Lúcia Peixoto
Cherem (DELEM – UFPR), tal projeto de IC (Edital 2013-2014 – Fundação Araucária) foi fundamentado a partir da hipótese de
que é possível modificar a relação ineficaz que a escola muitas vezes estabelece com o universo da escrita se a leitura estiver
vinculada a atividades reais e significativas do ponto de vista dos discentes. Por este motivo, este projeto pretendeu formular e
desenvolver práticas de letramento – a partir de uma constante e concomitante integração entre teoria e prática – nas quais a
apropriação dos processos de leitura e escrita permitisse, além de desenvolver e aprimorar o desempenho do ato de ler do
ponto de vista neurofisiológico e cognitivo, estimular a visão de leitura como uma prática social que influencia a visão de mundo
do sujeito leitor, tornando-o socialmente autônomo e crítico. Para tanto, assinalamos desde o início a importância da pluralidade
textual como um dos fatores que favorecem o processo de leiturização, uma vez que o acesso aos mais variados gêneros
discursivos produzidos socialmente garante ao aluno a formação de um repertório de leitura amplo e diversificado. Como
referenciais teóricos imprescindíveis para a presente pesquisa, menciono FOUCAMBERT (1994; 2008), FREIRE (1982),
SOARES (2004), BAKHTIN (1979) e ZILBERMAN (1988), dentre outros.
QUADRINHOS NO PNBE - ENTRE A ADAPTAÇÃO E O AUTORAL
Resumo
Desde 2006 o Programa Nacional Biblioteca na Escola (PNBE) disponibiliza parte de sua verba para a aquisição de histórias em
quadrinhos. Dentre as obras selecionadas para preencher essas prateleiras das bibliotecas nacionais há uma grande
quantidade de adaptações de cânones literários para o formato de quadrinhos. Uma quantidade, inclusive, muito maior do que a
de quadrinhos autorais. Um dos motivos dessa quantidade desproporcional é que o próprio edital do programa inclui essas
adaptações na descrição dos livros que eles aceitam na seleção e pretendem adquirir. As consequências disso são variadas. As
editoras, incentivadas pela alta tiragem exigida pelo governo, aumentaram as publicação de adaptações; os artistas,
visualizando a oportunidade, focaram suas produções nesse segmento; os professores, com esse material em mãos, não
tiveram um direcionamento definido para trabalhar em sala de aula, mas e os leitores, público alvo do programa, como recebem
os quadrinhos e as adaptações literárias nesse formato? O presente trabalho, além de discutir e contextualizar o atual universo
brasileiro dos quadrinhos - com dados mercadológicos, autores, prêmios e estudos -, pretende analisar, embasado na Estética
da Recepção, como os leitores, usuários da rede social de literatura Skoob, leram a adaptação em quadrinhos para Dom
Casmurro, de Felipe Greco e Mario Cau - que foi adquirida pelo PNBE no último edital -, e comparar com a repercussão, na
mesma plataforma, de Daytripper, aclamado quadrinho autoral dos irmãos Fábio Moon e Gabriel Bá.
LOCUS RETÓRICO PERSPECTIVÍSTICO: A PERSPECTIVA NIETZSCHIANA ACERCA DA LINGUAGEM
Resumo
Thiago Gomes da Silva Universidade Estadual da Paraíba CPF - 07791678489 O presente artigo procura expor as teses de
Friedrich Nietzsche (1844 – 1900) sobre a linguagem, considerações extraídas, sobretudo, da coletânea de textos juvenis Da
Retórica; fragmentos atribuídos ao período de atividade docente do filósofo. Partindo da ideia de juventude que atesta que a
linguagem é uma atividade essencialmente metafórica e retórica, extremamente marcada pelo advento da República – ao
menos nas civilizações greco-romanas – busca-se estabelecer uma ponte entre essa tese com as apreciações do período de
maturidade da obra nietzschiana. Com o amadurecimento do seu pensamento, Nietzsche foi levado a admitir que entre homem
e cosmos existiria apenas uma relação proporcional mediada pela interpretação, a manifestação das condições de conservação
e potencialização da face de vida em questão. O cosmos como um infinito texto-mundo de possibilidades passaria a ser
compreendido como um fluxo de relações assumidas a partir de uma pluralidade de centros perceptivos, a multiplicidade de
faces do vir a ser. Atividades humanas como a interpretação e a representação, em suma, o instinto de conhecimento, não
nutririam teor algum de imparcialidade ou de autonomia, mas seriam edificações naturalmente retóricas condicionadas pelo que
lhes é marcante em vida. Tais manifestações seriam apenas reflexos daquilo que Nietzsche viria a denominar por vontade de
poder.
VARIANTES LEXICAIS PARA SEMÁFORO: UMA ANÁLISE GEOLINGUÍSTICA NOS ESTADOS QUE COMPÕEM A REGIÃO
SUL DO BRASIL
Resumo
Este trabalho tem como objetivo descrever e analisar as respostas dadas pelos informantes do Projeto ALiB (Atlas Línguístico
do Brasil) para a pergunta número 194 do Questionário Semântico Lexical (QSL), assim formulada: “Na cidade, o que costuma
ter em cruzamentos movimentados, com luz vermelha, verde e amarela?”. O corpus constitui-se de 06 unidades léxicas
coletadas em 39 localidades do interior dos Estados da Região Sul do Brasil: Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul, junto
a falantes estratificados segundo as variáveis sexo, faixa etária e escolaridade. Em cada ponto foram entrevistados quatro
informantes: dois homens e duas mulheres, de duas faixas etárias (de 18 a 30 anos e de 50 a 65 anos), com o nível
fundamental de escolaridade. Com base nos princípios da Dialetologia, da Geografia Linguística e da Lexicologia, é possível
estabelecer as áreas pelas quais se distribuem as variantes lexicais mais frequentes: semáforo, sinaleiro, sinaleira, farol, sinal e
farolete. Este estudo tem por escopo contribuir para a descrição da Língua Portuguesa falada nessa região do país, buscando
verificar as influências de fatores sociais, econômicos, históricos e culturais que atuam sobre a variação registrada nos falares
regionais do Sul.
EM LIBERDADE: O TESTEMUNHO EM MEIO AO HISTÓRICO E O FICCIONAL EM MOMENTOS DE AUTORITARISMO
Resumo
O romance Em liberdade (1981), do escritor e ensaísta brasileiro Silviano Santiago, traz para seu enredo o personagem
histórico e literário Graciliano Ramos no espaço do Rio de Janeiro em 1937, período em que vigorou a Ditadura Getulista. A
obra, que ultrapassa as fronteiras entre a ficção, a biografia e a autobiografia, é apresentada por meio de um diário de
Graciliano Ramos, no qual o escritor alagoense conta suas primeiras experiências de liberdade, seus problemas e suas
frustrações após passar quase um ano como preso político. Ao inserir em seu enredo figuras emblemáticas como Cláudio
Manuel da Costa, Graciliano Ramos e Wladimir Herzog, Santiago - que ainda escreve sob o regime ditatorial - se embrenha em
realizar uma revisão de momentos problemáticos da história política brasileira, a saber: a Inconfidência Mineira no século XVIII,
a ditadura Getulista na década de 1930 e a Ditadura Militar nos anos de 1960. Assim sendo, o presente trabalho busca
investigar como as fronteiras entre a história oficial são amalgamadas ao relato ficcional, o que, concomitantemente, permite
que ocorra um repensar sobre o ato de testemunhar e de escrever sobre os momentos repressivos e autoritários do passado
brasileiro.
O TRICKSTER E A SOBREVIVÊNCIA DA CULTURA EM MAÍRA, DE DARCY RIBEIRO.
Resumo
O presente trabalho tem como perspectiva teórica os estudos culturais e propõe uma análise acerca do papel do mito na cultura
e na representação do indígena em Maíra (1987), romance de Darcy Ribeiro. A obra apresenta três linhas narrativas
justapostas: do índio, do branco e dos seres sobrenaturais. O estudo de tais elementos aborda as condições nas quais o mito e
a cultura dos índios sobrevivem ao contato avassalador da “civilização”. Por meio do recorte analítico, centrado nos capítulos
onde o deus Maíra é protagonista, o trabalho visa discutir como a narrativa mítica dialoga com a dimensão social, natural e
humana, relativas aos índios mairuns, bem como a cosmogonia se desenvolve nesses vieses no romance. Os mitos são
construtores da cultura indígena, representada no universo da tribo mairum, condenada ao abraço destrutivo da civilização. O
deus Maíra, e seu irmão, Micura, são observados por meio dos elementos que os ligam à figura do trickster, recorrente em
variadas tradições religiosas, onde se destaca o dualismo do caráter essencialmente divino e humano do mito na comunidade
indígena.
ADJETIVOS: ASPECTOS MORFOSSINTÁTICO-SEMÂNTICOS EM "NOTAS DE FALECIMENTO"
Resumo
Este trabalho é resulto da pesquisa realizada no programa de Mestrado em Linguagem, Identidade e Subjetividade - UEPG,
onde foi analisada a posição dos adjetivos em Notas de Falecimento (NF) de padres e freiras, publicadas no jornal Prácia. A
relevância desta pesquisa consiste, além de enfatizar o uso e emprego dos adjetivos na construção do texto das Notas, em
contemplar análise de textos que possuem cunho histórico e a representatividade desses escritos exercida na comunidade de
descendentes de imigrantes ucranianos em Prudentópolis - PR e região. Esta pesquisa tem como aporte teórico: Bechara
(2009), Castilho (2010) e Neves (2011), entre outros que discutem sobre a anteposição e posposição do adjetivo na construção
de sintagmas nominais. A análise da relação estabelecida entre o substantivo e o adjetivo a partir da posição anteposta ou
posposta foi observada tanto nas Notas que noticiavam o falecimento de padres quanto no de freiras. Ao longo das NF das
freiras, é possível identificar a ênfase para a posposição, quando descrita a biografia da falecida, o que é representada como
uma ordem menos marcada na Língua Portuguesa (CASTILHO, 2010). Os casos de anteposição encontrados nessas NF, em
sua maioria, descrevem os trabalhos prestados à Igreja e à comunidade. Quanto às NF dos padres, o adjetivo aparece
anteposto e/ou posposto, independentemente da sua função como religioso ou em suas ações como pessoa comum. Assim, foi
possível analisar o emprego dos adjetivos e como as NF são organizadas na descrição de religiosos, associando fatos
familiares e religiosos, outras apenas se detendo em aspectos religiosos, ou seja, na atividade que o falecido exerceu na
comunidade.
A PRESENÇA DE XANGÔ EM TENDA DOS MILAGRES
Resumo
A presença da religiosidade nas obras de Jorge Amado é inquestionável. O escritor imprime esse aspecto em suas obras de
maneiras diversas, mas ele sempre está lá. Orixás e santos marcam presença sincrética e maravilhosa, pois, em várias obras, o
espírito habita entre os mortais sendo isso absolutamente natural, ainda mais na Bahia. O sincretismo religioso se apresenta
nos enredos assim como a mestiçagem: em harmonia plena. Em “Tenda dos milagres”, particularmente, Amado confere ao
enredo a presença de Xangô de diferentes maneiras, mas que atestam a influência direta do orixá, especialmente em Pedro
Archanjo, o protagonista. O Ojuobá (os olhos de Xangô), que é Archanjo, terá, na história, momentos decisivos por receber essa
incumbência. Seus olhos são responsáveis por adiantar e avisar sobre muitos acontecimentos que poderiam ameaçar o povo
de santo. Com outros Orixás e passeando pela vida baiana, Xangô e seu Ojuobá ocupam papel de destaque nessa obra
amadiana. Justamente salientar as nuances dessa atuação é o que o presente artigo pretende analisar.
O PIBID EM FOCO: UMA ANÁLISE DE DIÁRIOS REFLEXIVOS NA FORMAÇÃO DOCENTE
Resumo
Esta comunicação tem por objetivo apresentar uma análise dos textos articulados nos espaços de formação constituídos pelo
Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência (PIBID) – de modo particular, no subprojeto de Letras-inglês da
Universidade Estadual de Londrina, no ano de 2012. A partir dos referenciais teóricos da Teoria da Atividade
Sócio-Histórico-Cultural (ENGESTRÖM, 1999; 2008; 2011) e da Análise de Discurso Crítica (FAIRCLOUGH, 2001; 2003),
buscou-se investigar os movimentos de resistência e/ou mudança nas práticas sociais vivenciadas, em que o grupo de
professores envolvidos (06 professoras novatas, 01 professor colaborador e 01 professora pesquisadora) busca se reconhecer,
ter voz e ocupar papéis e espaços no âmbito da práxis colaborativa adotada. Os dados analisados neste trabalho foram
coletados por meio de vinte diários reflexivos referentes a quatro encontros semanais do grupo em 03/03, 13/03, 20/03 e 27/03,
respectivamente. A atividade de elaboração dos diários, aqui entendida como potencializadora de aprendizagem expansiva
(ENGESTRÖM, 1999), caracterizou-se como relatos individuais sobre os pensamentos, insights, dúvidas e questionamentos em
relação aos assuntos discutidos em cada encontro. Os resultados da investigação sugerem que o engajamento nas diversas
ações do grupo contribuiu para a (re)constituição identitária e o desenvolvimento profissional na formação inicial e continuada
de professores.
O RETRATO DE ROBIN GOODFELLOW: UMA ADAPTAÇÃO PARA QUADINHOS DE SONHO DE UMA NOITE DE VERÃO
Resumo
O objetivo deste trabalho é fazer uma análise da adaptação para quadrinhos da peça "Sonho de uma noite de verão", de William
Shakespeare, feita pelo autor Neil Gaiman para a série quadrinística "Sandman". A adaptação compõe um dos capítulos da
série mas não é a única adaptação de um texto shakespeariano da série; Tanto as peças shakesperianas quanto o próprio autor
e sua trupe teatral são parte integrante da diegese e do universo construído ao longo da série. Entretanto, a análise se
encarrega especialmente da transposição da peça para uma nova mídia e da construção de Puck que, ao ser transferido do
texto teatral para as páginas da HQ ganha uma importância maior, se tornando a personagem principal da narrativa
imagética-textual. A análise também leva em consideração as semelhanças e discordâncias existentes entre os dois textos, a
intertextualidade entre as obras e o autor teatral e como as diferenças estruturais existentes entre as duas mídias permite a
criação de uma nova obra. Explora-se ainda os motivos pelos quais a persona de Shakespeare e sua histórias ainda são tão
relevantes para a Literatura. A metodologia de investigação baseia-se principalmente nos textos teóricos sobre quadrinhos de
Will Eisner (2010) e Moacy Cirne (1972) e na teoria da adaptação elaborada por Linda Hutcheon (2011).
A TERMINOLOGIA INTERDOMÍNIOS DAS CERTIDÕES DE CASAMENTO FRANCESAS
Resumo
Estudar a terminologia desse documento é de grande importância social, visto que pode colaborar para uma melhor
comunicação na área da terminologia jurídica. Nesse sentido, nossa pesquisa pretendeu dar uma contribuição a essa temática,
identificando o conjunto terminológico recorrente nas certidões de casamento francesas. No decorrer de nossa pesquisa,
encontramos termos oriundos de diversas áreas em que o homem desenvolve suas atividades. Esses domínios dos quais os
termos são oriundos são chamados, por nós, de “domínios de origem”. Vale ressaltar que a identificação da origem dos termos
se deu por meio da nossa consulta a dicionários especializados. Em outras palavras, a presença do termo em um dicionário de
Administração, por exemplo, é indício de que se trata de um termo desse domínio. Assim sendo, classificamos os termos por
meio desse recurso. A partir dos dados levantados em nossa pesquisa, verificamos que os termos de outros domínios ocorrem
nas certidões de casamento em função da comunicação necessária de algum fato concernente a esses domínios, como por
exemplo, um dos termos do domínio de Economia que aparece nos documentos para informar o valor a ser pago,
provavelmente, pela nova requisição da certidão. Assim sendo, o objetivo da presente apresentação consiste em mostrar as
análises realizadas quanto à explicação da ocorrência de determinado domínio no documento em questão e, com isso, provar
que o empréstimo de termos entre diferentes domínios de especialidade é possível e, muitas vezes, necessário.
AS ESTRATÉGIAS COMUNICATIVAS RELACIONADAS À POSIÇÃO DAS ORAÇÕES CONCESSIVAS INTRODUZIDAS POR
“AUNQUE”
Resumo
As Gramáticas Tradicionais de língua espanhola relacionam as orações concessivas apenas com a possibilidade de criarem um
obstáculo ao que é dito na oração principal. Contudo, ao observarmos as posições ocupadas pelas concessivas introduzidas
pela conjunção “aunque”, é possível perceber que o fato de estas orações aparecerem antepostas ou pospostas está
relacionado às estratégias produzidas pelo falante para atingir seus objetivos comunicativos. Flamenco García (2000) defende
que a oração concessiva anteposta polemiza a respeito de um discurso prévio emitido ou pressuposto pelo interlocutor;
enquanto a concessiva posposta adianta uma possível objeção do ouvinte. Logo, a inversão de posição das orações
concessivas implicaria construções com sentidos diferentes, que não são considerados na visão tradicionalista. Neves (2000)
também argumenta que as orações concessivas antepostas carregam a informação mais conhecida pelo interlocutor, ocupando,
por isso, uma posição mais tópica; já as concessivas pospostas ora atuariam como ressalva ou adendo a um ponto particular do
enunciado. Este trabalho, portanto, objetiva investigar as estratégias comunicativas vinculadas à posição das orações
concessivas introduzidas por “aunque” que se manifestam em cada camada de atuação proposta pela teoria da Gramática
Funcional de Dik (1997) e por Crevels (1998). Para tanto, utilizaremos como córpus as entrevistas orais de Alcalá de Henares e
de Granada pertencentes ao projeto PRESEEA. Visamos, por meio deste trabalho, ampliar os conhecimentos sobre as orações
concessivas, bem como contribuir para o desenvolvimento das pesquisas funcionalistas. (Apoio: CAPES)
PALAVRAS, POESIA E (IN)AÇÕES: A PRESENÇA DO TEATRO SIMBOLISTA NO FINAL DO SÉCULO XIX.
Resumo
Quando se pensa em Arte Simbolista, especialmente em literatura, o que pode vir primeiramente à mente é a existência e
supremacia da poesia em relação a outros gêneros literários. É habitual considerar no movimento dos símbolos única e
principalmente a poesia que se caracteriza por hermetismo, musicalidade, presença de misticismo, símbolos e sugestões que
convidam o leitor a tentar desvendar os mistérios profundos da linguagem. Ora, se existe a presença marcante da poesia
simbolista na história da literatura, é curioso pensar se, assim como ela, os outros gêneros literários se fazem presentes na
estética literária do final do século XIX. A essa indagação, felizmente, a resposta é positiva. Ainda que não tão divulgados,
quando comparamos com o alcance da poesia, a prosa e o teatro são expressões de significativa qualidade literária que aos
pressupostos estéticos simbolistas. Tendo em mente tal presença, este trabalho se voltará para o teatro simbolista, o teatro
poético que lançou chamas às cenas teatrais no final do século XIX e que muito instigou as artes dramáticas contemporâneas.
O ESTILO LITERÁRIO DE NASSAR E A RECEPÇÃO CRÍTICA DO ROMANCE LAVOURA ARCAICA
Resumo
Raduam Nassar estreia em 1975 com a publicação do romance Lavoura Arcaica. Sua aceitação é bastante prestigiada já que a
obra apresenta um assunto familiar de tom agonizante a trágico em linguagem retórica lírica. Tal estilo cativou e ainda continua
a cativar os leitores, posicionando-a em um contexto de gosto universal. O romance ainda foi premiado em concursos literários
e apresentou-se como corpus de várias pesquisas de mestrado e doutorado. A recepção crítica em relação ao autor e obra
esteve presente não somente nos bancos acadêmicos, mas, também na mídia jornalística, o que nos faz pensar na questão de
gosto e receptividade de uma obra literária. Esses envolvimentos nos trazem algumas indagações: O que dizer de uma
literatura que instaura os desejos de investigação? Será pela temática tenebrosa e antirreligiosa banhada de tragédia e lirismo?
A partir de Lavoura arcaica, nasce um dos mais importantes autores da literatura brasileira, comparado, por muitos críticos, a
Clarice Lispector e a Guimarães Rosa, que mais tarde publica Um copo de cólera, em 1978, e uma coletânea de contos, Menina
a caminho, em 1997 que não deixam de ter uma temática esplêndida e chocante com toque subjetivo e lírico. Muitos
questionaram a classificação do romance, devido à atmosfera carregada por ter um assunto grotesco lavorando o universo
tradicional com uma linguagem inovadora que perpassa o interdito e que funde prosa e poesia, além do narrador viver em um
mundo agônico, devido à condição que lhe é posta: a família vive o tradicional e o filho se agoniza por não querer viver tais
regras impostas. Perante o exposto, o presente artigo busca analisar o estilo nassariano com foco no romance
LITERATURA E AMIZADE NA CORRESPONDÊNCIA ENTRE MADELEINE DE SCUDÉRY E JEAN-BATISTE BOISOT
Resumo
Este trabalho analisa a correspondência entre Madeleine de Scudéry e Jean Batiste Boisot nas décadas de 1680 e 1690. Ela foi
uma escritora de grande influência nos espaços letrados franceses e que alcançou enorme sucesso na venda de seus livros.
Ele foi um abade erudito, conhecido por sua vasta coleção de livros antigos. O estudo da correspondência entre essa escritora e
seu amigo permite-nos observar as trocas literárias e afetivas entre um homem e uma mulher de letras na França do século
XVII, possibilitando verificar a amizade e o intercâmbio literário como aspectos complementares nas relações interpessoais
desse período. São recorrentes nessas cartas os comentários sobre livros, leituras e a própria produção literária tanto de
Madeleine quanto de Boisot, que também escrevia. Era muito frequente que eles se enviassem versos, não só de sua própria
autoria, mas também de outros autores, e que os comentassem e os julgassem. Por outro lado, são recorrentes as cobranças
afetivas, de atenção e de carinho, ou mesmo a demonstração de ciúme. Assim, podemos verificar que a troca de
correspondências foi uma prática favorável para um tipo específico de criação literária daquela época, que era uma criação
coletiva, tanto quanto para a manutenção de longas amizades entre homens e mulheres, o que era uma experiência nova no
princípio da modernidade.
JULIA DA COSTA E HILDA HILST: ENTRE A BEATARIA E LIBERTINAGEM
Resumo
Resumo: O presente artigo recebe esse título em alusão a um termo cunhado por Souza (2002) em seu estudo sobre
sexualidade e o erotismo na história do Brasil. Como corpus de trabalho selecionaram-se poemas de autoras distanciadas no
que tange ao aspecto temporal e temático: a poetisa paranaense do século XIX, Julia da Costa; e da contemporânea Hilda Hilst.
Apostou-se na análise dos textos não apenas em nível formal, mas, sobretudo, em relação à temática do erotismo e da
libertação sexual que ambos escondem-pregam. Julia da Costa, “a beata”; e Hilda Hilst, “a libertina”. Para que tais conceitos
não ficassem com a pecha de estereótipos, as leituras, primeiramente, amparam-se num breve histórico sobre o movimento
feminista no século XX. Passou-se então ao estudo do eu-lírico expresso nos poemas e sua manifestação em relação ao objeto
amado. Por fim, optou-se trabalhar com o olhar do “erotismo” e sentimento “velado” para expressar a sexualidade de ambas as
autoras, muito além do clássico verbete sexista, cunhado unicamente na questão do gênero.
A BUSCA DA HOMEGENEIZAÇÃO DO SUJEITO DO DISCURSO: A EXALTAÇÃO DO INDIVIDUALISMO
Resumo
A discussão sobre a problemática do sujeito, do ponto de vista da AD pecheutiana, parte do pressuposto fundamental que
determina o sujeito e qualquer discurso, que é o caráter histórico de toda e qualquer prática humana. Os conceitos de
esquecimento 1 e 2, por sintetizarem as determinações ideológicas e inconscientes que constituem o sujeito na/da linguagem,
estão diretamente relacionados com o impedimento/possibilidade da originalidade (autoria) no discurso, isto é, com a relação
entre estrutura e acontecimento. Os efeitos das figuras de linguagem, constitutivas da língua - como diz ORLANDI (2004)-,
mostram que há sempre, pelo menos, um outro sentido sendo produzido. Na sociabilidade atual, tenta apagar as contradições
sociais, principalmente as determinações de classe, que respondem pelo lugar das formações ideológicas a que se filiam os
discursos, exaltando o consenso como a forma básica da sociabilidade. Exalta-se o sujeito livre e decidido, completo, capaz de
realizar o que quiser. Oferece-se ao sujeito a possibilidade de conquistar tudo e, em contrapartida, aqueles que não conseguem
(a maioria) são culpabilizados, sob a alegação de que são incapazes de ser empreendedores. VOCÊ PODE é o discurso feito
acontecimento, neste início da segunda década do século XXI. O tipo de estratégia explícita nessa propaganda é exemplar do
funcionamento ideológico neoliberal, que precisa criar subjetividades que se percebam como autônomas, mas sigam as regras
que o próprio sistema determina.
A CULTURA, A POLÍTICA E O COTIDIANO FLUMINENSE EM CRÔNICA DE DANTAS JÚNIOR, NA REVISTA ILUSTRADA
Resumo
Lançada pelo desenhista, ilustrador e caricaturista ítalo-brasileiro, Ângelo Agostini (1843-1910), a Revista Ilustrada publicada no
Rio de Janeiro, entre 01 de janeiro de 1876 a agosto de 1898, divulgava teses liberais como o fim da escravidão, a proclamação
da República e o incentivo ao desenvolvimento do setor industrial. Para tanto, utilizava crônicas, charges e caricaturas da época
como recurso dos mais significativos para expor, questionar costumes, comportamento e sugerir modelos ideológicos das teses
que defendia a seu público: fosse este leitor ou analfabeto. Nosso objetivo, nesta comunicação, é refletir sobre crônicas nela
inseridas, escritas por José Ribeiro Dantas Júnior, durante os primeiros anos que a Revista foi impressa (1876-1884),
procurando verificar o modo como tais crônicas abordam o público leitor da folha, bem como analisar aspectos peculiares ao
cotidiano fluminense do período, nelas presentes, particularmente, os aspectos relacionados ao ambiente cultural e político da
cidade.
A INFORMATIVIDADE NOS TEXTOS PRODUZIDOS PELOS FORMANDOS DO CURSO DE SECRETARIADO EXECUTIVO.
Resumo
Benedito José Calixto – Unioeste CPF:36981990920 Resumo Considerando que mesmos os estudantes universitários ainda
apresentam dificuldades em estabelecer a coerência e as relações de sentidos do texto, esse projeto pretende avaliar a
produção textual dos formandos do curso de bacharelado em Secretariado Executivo, tomando como categoria analítica a
continuidade a informatividade. Nesse contexto a pergunta subjacente às questões da linguística textual, da competência
discursiva e do desempenho linguístico na produção de textos é qual o grau de informatividade e como é aplicada (ou não) nos
textos produzidos por estudantes universitários? O marco teórico será fundamentado por meio dos autores Marcuschi, Koch,
Beaugrand e Dressler, Halliday e Hassan, Bastos, Fávero e Koch, Travaglia entre outros. Pautado no pressuposto qualitativo,
orientando-se pelas pesquisas qualitativas e interpretativistas, com foco principal na descrição de um processo por meio da
geração de dados. Para atender aos objetivos propostos, serão utilizados os textos produzidos pelos estudantes universitários.
O foco dessa pesquisa será no processo de identificação semântico-lexical do desenvolvimento, ou não, da informatividade
textual, analisando-se a produção textual como coadjuvante no processo de aquisição da construção dos sentidos e da
coerência textual. Busca-se, assim, contribuir para a melhoria de práticas pedagógicas voltadas para a produção textual dos
acadêmicos.
ENTRE O FANTÁSTICO E O ALEGÓRICO: BREVE ANÁLISE DO CONTO A VIDA ETERNA, DE MACHADO DE ASSIS
Resumo
A presença de eventos insólitos nas narrativas supõe um universo extramamente amplo, já que o termo abarca uma série de
gêneros, tais como: o fantástico, o maravilhoso, o realismo maravilhoso, entre outros. Neste trabalho trataremos
especificamente do fantástico, que é o termo utilizado por alguns estudiosos para classificar alguns contos de Machado de
Assis. Os chamados contos fantásticos de Machado de Assis podem variar segundo a concepção de cada autor, mas todos
eles apresentam algo em comum: o universo instigante, no qual o leitor pode mergulhar nas “estranhezas” exploradas pelo
autor, seja para crer, para hesitar ou para carregar consigo uma eterna dúvida. O trabalho objetiva apresentar um breve estudo
do conto A Vida Eterna (1970), levantando para isso algumas proposições a respeito dos elementos fantásticos e (ou)
alegóricos que estão presentes no conto e, verificar se é possível que essas duas diferentes possibilidades possam trabalhar
em conjunto sem que uma anule a outra. Para esse estudo recorreremos às concepções do fantástico do teórico Tzvetan
Todorov em Introdução à Literatura Fantástica (1975), a concepção de alegoria de Zenilda Grawunder em A palavra mascarada:
sobre a alegoria (1996) e o estudo de Luiz Roncari em O Cão do sertão: Literatura e engajamento: ensaios sobre Guimarães
Rosa, Machado de Assis e Carlos Drummond de Andrade (2007).
UM PANORAMA SOBRE AS RELAÇÕES ENTRE TEXTOS LITERÁRIOS E A AVALIAÇÃO DA APRENDIZAGEM EM
PROCESSO DE LÍNGUA PORTUGUESA DA SECRETARIA DA EDUCAÇÃO DO ESTADO DE SÃO PAULO
Resumo
A Secretaria da Educação do Estado de São Paulo implantou em 2011 a Avaliação da Aprendizagem em Processo, de caráter
diagnóstico, que tem como principais objetivos: acompanhar a aprendizagem dos alunos de forma individual, demonstrando de
modo quanti-qualitativo índices de rendimento a partir de habilidades desenvolvidas, bem como fornecer subsídios aos
docentes de Ensino Fundamental e Médio para que possam criar estratégias para modificar ocorrências de baixo desempenho.
Em sua primeira edição, a avaliação atingiu alunos de 6º ano do EF e 1ª série do EM e, aos poucos, foi inserindo as demais
turmas, sempre acontecendo nos dois semestres letivos, aplicando prova de produção de texto e de múltipla escolha de Língua
Portuguesa e Matemática. A avaliação de Língua Portuguesa é composta por questões de quatro alternativas e segue
conteúdos e habilidades do Currículo Oficial do Estado que também estão previstos em avaliações externas como a Prova
Brasil, o Exame Nacional do Ensino Médio (ENEM) e o Sistema de Avaliação de Rendimento Escolar do Estado de São Paulo
(SARESP). A partir desse contexto, este trabalho tem o intuito de verificar quais gêneros literários estão contemplados na
Avaliação da Aprendizagem em Processo de questões objetivas de Língua Portuguesa e de que forma são propostas a leitura e
a compreensão desses textos na perspectiva do letramento literário.
PARA ALÉM DO ESPAÇO DE ENSINO/APRENDIZAGEM: AS SALAS DE AULA COMO LUGAR DE CONSTITUIÇÃO
IDENTITÁRIA
Resumo
Sob a ótica dos Estudos Culturais (EC) é possível analisar as representações e as questões identitárias a partir dos discursos
proferidos, uma vez que linguagem é entendida como constituidora de identidades. Agrego a este estudo uma perspectiva
teórica que entenda a linguagem do ponto de vista político da educação, a Linguística Aplicada Transdisciplinar (LA
Transdisciplinar), com intuito de analisar as identidades construídas em espaços sociais como a sala de aula. Desse modo, este
trabalho pretende, a partir de discursos de acadêmicos do primeiro semestre do curso de Bacharelado em Letras – habilitação
Redação e Revisão de Textos da UFPel, mapear a identidade de um sujeito que ocupa a posição de engajado politicamente.
Para tanto, serão analisados os discursos oriundos das Aulas de Oratória, atividade avaliativa em que os discentes abordaram
um tema livre, tendo como princípio, portanto, o fato de que a linguagem serve como um mecanismo que constitui e que exerce,
assim, um papel privilegiado na construção e na circulação do significado. Serão elencados, dessa maneira, os pressupostos
teóricos que entendem a linguagem como prática de representação embasados em autores como Hall (1997, 2000, 2011),
Moita-Lopes (2001, 2006), Pennycook (2006), Silva (1995, 2000), dentre outros teóricos que discutem as questões identitárias e
a relação entre identidade e diferença.
REVOLUÇÃO/APROPRIAÇÃO OU MAIS UMA MONTAGEM UNIVERSITÁRIA DA PEÇA MARAT/SADE DE PETER WEISS
Resumo
Nesse artigo estudamos os conceitos contemporâneos de revolução e apropriação relacionados a um processo de construção
de um espetáculo experimental acadêmico realizado por estudantes da IV Turma da Graduação em Artes Cênicas da
Faculdade de comunicação Artes (FACALE) e Letras da Universidade Federal da Grande Dourados (UFGD). O texto escolhido
como base para a montagem de 2013/2014 dos estudantes foi a obra Perseguição e Assassinato de Jean-Paul Marat
representados pelo grupo teatral do hospício de Chareton sob a direção do Senhor de Sade ou simplesmente Marat/Sade como
é usualmente nomeada, escrita pelo dramaturgo alemão Peter Weiss e encenada pela primeira vez em 1963. As leituras iniciais
do texto em sala de aula suscitaram questionamentos sobre o conceito de revolução e suas ressignificações ao longo da
história o que demandou uma pesquisa sobre a importância da Revolução Francesa e de outras revoluções históricas,
principalmente no tocante a projetos revolucionários artísticos para a visão de mundo contemporânea. Na arte, a ideia de
revolução compreende não apenas a inovação e a ruptura com estéticas tradicionais, mas também a apropriação, a reciclagem
e a tradução cultural de obras de autores de todas as épocas. Em suma, os elementos da encenação do Marat/Sade da UFGD
e as “soluções” cênicas empregadas na produção do espetáculo são apresentados nesse artigo como resultado de um
processo coletivo e contínuo de apropriação de linguagens e obras contemporâneas.
COMO MAUPASSANT LIA AS CARTAS DE SUAS LEITORAS
Resumo
Já é consenso entre os estudiosos que se dedicam à epistolografia do século XIX que a missiva marca fortemente a imprensa
parisiense em vários aspectos. Novas modalidades de escrita midiática surgem com as cartas reais que alimentam “o correio do
leitor”, ou com a carta aberta publicada por ocasião de alguma questão ou acontecimento polêmico. O escritor-jornalista, por
sua vez, se apossa da carta para dialogar com o leitor e, por meio de procedimentos poéticos e estéticos, insere-a em suas
crônicas ou reportagens. Concede-lhe a função de elemento narrativo quando, ao se calar por um instante, cede o espaço à voz
de seu leitor e à sua carta. Considerado um dos grandes cronistas de seu tempo, Guy de Maupassant (1850-1893) escreve 250
crônicas entre 1880 e 1884, principalmente para dois jornais parisienses Le Gaulois e o Gil Blas. O teor de seus textos
jornalísticos, bem como a sua fama de sedutor, provoca a verve de seu leitor, ou melhor, de suas leitoras que nem sempre
revelam suas identidades. Anônimas ou não, são elas e suas cartas que vão levar o autor a lhes responder na intimidade de
sua vida privada e a compor algumas crônicas, centradas na figura e na carta da leitora desconhecida. No inicio de 1881,
Maupassant escreve no jornal Le Gaulois a crônica intitulada “Les inconnues”. Dois anos depois, publica o mesmo texto
revisado no Gil Blas. Enfim, em 1885, no conto chamado “Une lettre”, o escritor retoma mais uma vez o tema do correio das
leitoras. Trata-se aqui de analisar esses textos para mostrar como Maupassant, em um ato metalinguístico, avaliava essa
prática aparentemente comum na segunda metade do século XIX e como reagia a ela.
A IDENTIDADE (PÓS)ESCRAVOCRATA E (PÓS)COLONIALISTA NA POESIA LUSOFONA: AS TEMÁTICAS POÉTICAS DE
SOLANO TRINDADE E XANANA GUSMÃO
Resumo
As manifestações poéticas afro-brasileiras e asiáticas de expressão em língua portuguesa do século XX vão além do simples
fazer poético. Do Timor-Leste, o poeta Xanana Gusmão retrata a construção de uma identidade nacional, através da
representação de lendas e mitos fundadores do imaginário timorense, além de expressar em sua obra forte carga simbólica
pós-colonial. Do Brasil, o poeta Solano Trindade usou sua poesia como arma de luta contra o racismo e a favor do estudo da
cultura afro-brasileira, sendo considerado como o criador da poesia "assumidamente negra" no país. Indo a contrapelo da
poesia canônica, buscando, encontrando e construindo uma identidade timorense/afro-brasileira, esses dois poetas
aproximam-se e distanciam-se em características poéticas. Gusmão, cavando nas raízes ancestrais do povo timorense para
encontrar o pertencimento nacional de individuo nas veias de um coletivo primitivo. Trindade, usando os versos como armas de
batalha e as palavras como gritos de denúncia das atrocidades e malignidades da escravatura e do colonialismo. Este trabalho
tratará sobre a averiguação de marcas da poesia moderna junto com a associação de diversas temáticas, entre elas uma
identidade timorense/afro-brasileira, (pós)escravocrata/(pós)colonialista, nacional e ancestral, na obra de ambos os poetas.
Como objeto de estudo serão, selecionados alguns poemas icônicos de maior destaque de Solano Trindade, e, poemas
provenientes do livro Mar meu – poemas e pinturas de Xanana Gusmão.
O TEMPO E O OURO EM A DREAM WITHIN A DREAM DE EDGAR ALLAN POE
Resumo
A obra lírica de Edgar Allan Poe é, ainda hoje, cercada de aparentes mistérios. Não apenas um autor americano romântico, mas
um símbolo do que viria ser a escrita moderna, segundo Dostoiévski, ele escreveu com a habilidade de um verdadeiro artesão
de palavras, mesmo que contestado por críticos de grande respeito como Ezra Pound. Os temas abordados pelo autor, tanto na
prosa quanto na poesia são relacionados com morte, doença, perda, entre outros negativismos, por isso ele é considerado por
Baudelaire um dos primeiros modernistas. Na prosa há a exploração da fantasia psicológica e do misticismo, já na poesia vê-se
a influência de Lord Byron e do romantismo inglês. É considerado um autor gótico do romantismo americano e sua influência na
contemporaneidade é extensa, seus poemas e contos são representados em músicas, filmes, séries e até mesmo em desenhos
animados. Neste trabalho, mostra-se pelo viés histórico o trabalho cultural e humanista de Edgar Allan Poe a partir de uma
análise minuciosa do poema A Dream Within a Dream. É possível detectar no poema do autor romântico os sofrimentos da
modernidade no povo estadunidense e o idealismo desafiante da época: a busca do sonho americano. Poe concebe um homem
tomado de paradoxos, que vê o tempo passar e sabe que o mundo ficará e permanecerá igual mesmo quando ele já tiver
morrido, ele concebe o homem que morre de miséria por buscar a riqueza. Muito mais que um contista fantástico, ele nos
mostra em A Dream Within a Dream uma clareza de que podemos considerá-lo um poeta de múltiplas facetas e interpretações.
O ENSINO DE LÍNGUA PORTUGUESA PARA SURDOS EM UMA PERSPECTIVA BILÍNGUE: RELATO DE EXPERIÊNCIA
Resumo
Este artigo apresenta reflexões acerca do ensino de Língua Portuguesa (doravante LP) para surdos em uma perspectiva
bilíngue. O relato aqui compartilhado parte da experiência no ensino de LP no Curso Técnico Integrado de Comunicação Visual
do Instituto Federal de Santa Catarina, Campus Palhoça Bilíngue. O referido curso se iniciou no primeiro semestre de 2014 e
tem entre os discentes, surdos e ouvintes. Para atender à singularidade linguística do aluno surdo, a turma é separada em dois
grupos – ouvinte e surdos. A adaptação para a disciplina de Língua Portuguesa fez-se necessária, em virtude da metodologia
diferenciada, sendo em uma turma voltada para o ensino de L1 (língua materna) e outra em L2 (segunda língua). Além disso, as
aulas de Língua Portuguesa para surdos são realizadas em Libras, a fim de garantir o direito do surdo à educação bilíngue,
tendo a Libras como língua materna e a Língua Portuguesa como segunda língua, conforme garante o Decreto nº 5626 de 22
de dezembro de 2005. Nesse sentido, o presente artigo focaliza as discussões nas seguintes questões: a) Percursos
metodológicos adotados no ensino de Língua Portuguesa como segunda língua e segunda modalidade; b) A visão do aluno
surdo acerca da proposta bilíngue de ensino de LP e c) Os desafios encontrados no decorrer da disciplina. Este trabalho
pretende provocar reflexões acerca do ensino de Língua Portuguesa para surdos em um contexto bilíngue (Libras e Português
escrito) e contribuir para as práticas pedagógicas dos profissionais envolvidos na educação dos surdos.
O INDIGENISMO E O SAGRADO NA NARRATIVA REAL-MARAVILHOSA
Resumo
Quando utilizamos a nomenclatura realismo maravilhoso, toda uma acepção histórica está envolvida. A possibilidade da
não-disjunção entre o real e o maravilhoso se dá quando nos voltamos ao lugar de enunciação cujos escritores se filiam a tal
movimento. Chiampi (1983) retoma a origem do maravilhoso na narrativa latino-americana e as primeiras narrativas remontam
ao período pré-colonização. O maravilhoso associado às terras além-mar habitava o imaginário europeu já há séculos antes do
descobrimento. Após a colonização, com a heterogeneidade cultural que unia religiões indígenas, africanas e judaico-cristãs, o
imaginário latino-americano é povoado pelo maravilhoso como parte do cotidiano. O rito, o milagre e as aparições são
constantes nos diálogos domésticos. É nesse contexto que se desenvolve um gênero que retrata tais acontecimentos de
maneira realista, sem o espanto e o medo presentes na narrativa fantástica, de acordo com Todorov (1981). Tendo em vista tal
contexto, nos debruçaremos sobre a narrativa Los Rios Profundos (1958) de José Maria Arguedas. O autor peruano retrata as
peripécias do menino Ernesto, que transita entre a vida infantil e adulta deparando-se com diversos acontecimento
maravilhosos que são retratados como parte da vida diária dessa personagem. A presença de igrejas é recorrente em toda
narrativa, tanto como forma arquitetônica tanto como presença cultural e mágica. Os ritos indígenas também são retratados e a
comparação é feita pelo próprio narrador. A partir desse romance, pretendemos nesse estudo discutir a presença do religioso
na narrativa real maravilhosa, bem como os conceitos de transculturação na América Latina.
ENTRE PALAVRAS, RITMOS E IMAGENS
Resumo
A presente pesquisa tem por objetivo estudar como as relações entre palavras, ritmos e imagens, no poema, podem contribuir
para o enriquecimento da linguagem literária e para a apreensão de sentidos. O ritmo, um elemento característico da música,
quando configurado no poema, contribui para a abstração e favorece a construção das imagens. Assim, a música é som e o
poema também é som. Na primeira, é animado por um movimento uniforme de produção sonora e, na segunda, pela escolha e
combinação das palavras organizadas no discurso que, por sua vez, é carregado de imagens e, assim como o ritmo, evocam
aspectos sensíveis para além do texto. Fundamentam a pesquisa os estudos de Pound (2003) sobre os recursos poéticos:
melopeia, fanopeia e a logopeia, os de Octavio Paz (1982) sobre linguagem, ritmo e a imagem. Também são importantes as
contribuições de Souriau (1983) sobre A Correspondência das Artes, os estudos de Oliveira (2002) sobre Literatura e Música e
os estudos sobre poesia, de Trevisan (2000) e Alfredo Bosi (2000).
COMO ANDA A FORMAÇÃO DOS PROFESSORES DE LETRAS DE TRÊS LAGOAS?
Resumo
Neste trabalho, pondera-se, a título de hipótese, que os novos colegas professores de Línguas e literatura se sentem inseguros
ao adentrarem a sala de aula, o que demanda cursos de educação continuada e ou capacitação para o magistério na escola
pública, o que não seria assim tão necessário se tivessem uma formação mais adequada. Para atenuar o problema, o governo
federal, pelo sistema de bolsas de fomentação à pesquisa, fornece as bolsas de iniciação científica que funcionam entre alunos
do curso de letras e professores pesquisadores que pretendem interferir no processo de aquisição da linguagem, seja em língua
portuguesa ou em língua inglesa. Essas pesquisas servem para diagnosticar problemas neste processo e oferecer algumas
soluções para os mesmos. Dentro desta perspectiva, para se verificar essa hipótese, pretende-se realizar pesquisas de campo
de ordem quantitativa e qualitativa, seguindo o modelo estabelecido por Elizabeth Teixeira, em “As Três Metodologias” (2011)
junto aos professores que se formaram nos últimos três anos e que estão atuando na rede pública de ensino de Três Lagoas.
Formulários de respostas objetivas ou dissertativas serão aplicados aos novos formandos e um teste de proficiência nas
habilidades de escrita, leitura, fala e gramática da Língua Inglesa, bem como de seus hábitos de leitura acadêmica, leitura
crítica ou não bem como das ferramentas apresentadas ao longo do curso como recursos dessas leituras tanto em língua
portuguesa quanto em língua inglesa. Com o resultado destas pesquisas, tabuladas em gráficos a serem divulgadas nesta
sessão de pôsteres, mesmo que parcialmente.
O CREPÚSCULO DO MACHO: UM RELATO DE UM EX-EXILADO NOS ANOS 197O
Resumo
Esta comunicação tem como objetivo apresentar breves considerações a respeito do projeto de pesquisa, iniciado recentemente
no Mestrado em Letras da UFGD, que investigará a relação entre a obra memorialística de Fernando Gabeira e as músicas de
Raul Seixas, no contexto da ditadura militar brasileira (1964-1985). Nessa apresentação, faremos uma breve análise da obra O
Crepúsculo do Macho (1980), de Fernando Gabeira, que é uma continuação de O Que é Isso Companheiro? (1979), e faz parte
da trilogia escrita para narrar sua participação no sequestro do embaixador americano Charles Burke Elbrick, durante a ditadura
militar no Brasil. Bruno Barreto, anos depois (1997) adaptaria O Que é Isso Companheiro? ao registro cinematográfico.O
Crepúsculo do Macho narra o exílio de Gabeira no Chile e na Suécia e, juntamente com Entradas e Bandeiras (1981), completa
a trilogia em que o autor aborda seu retorno ao Brasil, o abandono da ideologia marxista e uma nova visão de vida. Antes de
iniciarmos a análise da obra, comentaremos brevemente sobre a vida do autor, pois seu contato com o jornalismo, com as
ideologias de esquerda e com a resistência à ditadura militar provocaram sérias mudanças em sua vida, culminando com o
exílio que o forçou a percorrer vários países, tais como Chile, Cuba, Argélia e Suécia, dentre outros. Pode-se concluir, pois
sobre a importância dessa trilogia de Fernando Gabeira sem maiores dificuldades. Do ponto de vista da teoria literária,
igualmente ele se coloca no âmbito daqueles modelos contemporâneos que mesclam a herança maior do romance ocidental e
do jornalismo, especialmente chamado novo jornalismo.
O FILME AS PALAVRAS: A MATERIALIDADE DA LITERATURA NO CINEMA
Resumo
As palavras, roteiro e direção de Brian Klugman e Lee Stemthal, lançado em 23 de novembro de 2013 nos Estados Unidos, é
um filme com um enredo contemporâneo que resgata, em determinado momento, o final da segunda guerra mundial, a
dificuldade nos relacionamentos humanos, mas acima de tudo leva o espectador a refletir sobre a busca da celebridade como
escritor, a apropriação indébita de um texto e as consequências desse crime. Rory Jansen [Bradley Cooper] é casado com Dora
[Zoe Saldana] e sonha em publicar seu próprio romance, mas suas tentativas são todas frustradas por sua própria inaptidão.
Um dia, em uma pequena loja de antiguidades, ele encontra uma pasta com um manuscrito amarelado. Ao ler o texto, Rory fica
fascinado e decide transcrevê-lo palavra por palavra para o computador, copiando até os erros que haviam sido datilografados
pelo autor do velho manuscrito, e o apresenta como se fosse seu na editora na qual trabalha. O livro é publicado e se torna um
sucesso de vendas. No entanto, a vida de Rori sofre uma reviravolta quando conhece um senhor idoso [Jeremy Irons] que lhe
conta a história por trás do velho manuscrito. Essa trama é envolvida por outra, onde o romancista Clayton Hammond [Dennis
Quaid], em uma sessão de leitura, encontra uma fã apaixonada, Daniella [Olivia Wilde], e, de forma ostensiva, a procura depois
da sessão e parece querer revelar que seu romance é uma farsa. O filme trata, portanto, da materialidade da literatura no
contexto cinematográfico e estabelece um diálogo profícuo entre as duas mídias.
DIÁLOGOS INSÓLITOS EM TORNO DE “L’APRÈS-MIDI D’UN FAUNE”: MALLARMÉ, MANET, DEBUSSY, NIJINSKI E BAKST
Resumo
Tendo em vista a primeira edição de “L’Après-Midi d’un Faune”, do poeta Stéphane Mallarmé (1842-1898), ilustrada pelo pintor
Édouard Manet (1832-1883) e publicada em Paris, no ano de 1876, bem como a obra sinfônica “Prélude à l’Après-Midi d’un
Faune”, composta por Claude Debussy (1862-1918), entre 1892 e 1894, a partir do poema de Mallarmé e, por fim, o balé em um
ato “L’Après-Midi d’un Faune”, do coreografo russo Vaslav Nijinski (1890-1850), com cenários e figurinos de Léon Bakst
(1866-1924), elaborado para a sinfonia de Debussy em 1912, o presente trabalho pretende discutir o diálogo entre as diferentes
linguagens destas obras, na conjuntura da poética simbolista e do movimento impressionista. Obras que desde suas primeiras
aparições públicas suscitaram revolta e incompreensão, na mesma medida em que causaram encanto e admiração, devido ao
caráter inovador e irreverente em seu trabalho artístico. Além disso, na medida em que parecem propícias para evocar a
atmosfera fantástica em torno das representações do fauno e das ninfas, seja por meio de palavras, traços, notas, movimentos ou
cores, em um constante processo de leituras e releituras em mise en abyme, parecem interessantes para discutir as variadas
formas de manifestação do insólito, suas confluências e divergências, em torno da figura fantástica e mitológica do fauno a
despertar, idealizada por Mallarmé, naquele que viria a ser considerado um dos maiores poemas da literatura francesa.
DISPOSITIVO DE SABER-PODER E A PRÁTICA DISCURSIVA MÉDICA: O DSM-IV E O DIAGNÓSTICO DE TDAH
Resumo
Este trabalho apresenta um recorte da tese “Operacionalização do conceito de dispositivo na construção discursiva do TDAH” e
tem por objetivo analisar como, segundo a ótica do dispositivo de saber-poder, é constituída a prática discursiva médica e o
diagnóstico de Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade (TDAH) no Diagnóstico de Saúde Mental IV (DSM-IV),
publicado em 1994. Considerando as instituições e as posições de onde os sujeitos falam, faz-se necessário introduzir a
discussão sobre a relação saber-poder e a ordem do olhar que perpassam esses locais constituídos sócio-historicamente para
que, segundo a temática do poder em perspectiva foucaultiana e daquilo que constitui o dispositivo, seja possível a observação
e a descrição das linhas de força, de visibilidade e de enunciabilidade desses discursos sobre a hiperatividade, ou seja, o que é
possível de ser dito pelos profissionais que diagnosticam e tratam este sujeito da educação: o aluno hiperativo. Tendo em vista
a discussão sobre como, segundo a noção de dispositivo, os discursos sobre o TDAH são formulados, uma vez que este sujeito
é tomado enquanto objeto de um saber-poder médico, nosso objetivo será o de expor o processo de formação do dispositivo de
saber-poder médico, bem como as regras discursivas que dão corpo a essa prática. Este trabalho mobiliza a noção foucaultiana
de dispositivo como instrumento teórico para a reflexão e aprofundamento dessa questão, uma vez que a retomada desse
conceito é necessária para a verificação de como os discursos sobre o aluno hiperativo são produzidos e legitimados por
dispositivos de poder e de saber que promovem construções identitárias desse sujeito da educação.
LITERATURA INFANTIL E ESTRATÉGIAS DE LEITURA: UMA PROPOSTA DE PRÁTICAS PARA O LETRAMENTO
Resumo
A constatação dos baixos índices de letramento no contexto educacional brasileiro através dos últimos dados revelados pelo
Programa Internacional de Avaliação de Alunos (PISA) tem provocado atualmente inúmeras discussões, tanto em esferas
governamentais como no ambiente acadêmico e escolar, na tentativa de vencer essa triste realidade. Nesta direção, há uma
grande produção de pesquisas pautadas na questão da importância da formação de leitores, do ato de ler e dos assuntos
relacionados ao letramento com vistas à superação da situação supracitada (ECO, 1986; JOLIBERT, 1991; KLEIMAN, 1995;
SOLÉ, 1998; COSSON, 2008; SOARES, 2008; entre outros). Sendo assim, o presente trabalho trata-se de um ensaio teórico,
pautado nessas pesquisas. Para tanto, preconizamos inicialmente a discussão das bases da promoção do letramento ao
descrevermos a relação entre alfabetização, letramento e ensino da leitura e, posteriormente, a contribuição da literatura infantil
para inserção no mundo social das letras e, por fim, apontamos algumas sugestões de ensino visando à formação do sujeito
letrado através da proposta de utilização de estratégias de leitura nas classes do primeiro ciclo do ensino fundamental.
AS INTERFACES ENTRE O FANTÁSTICO, O MARAVILHOSO E O IMAGINÁRIO EM OCEANO MAR, DE ALESSANDRO
BARICCO
Resumo
Esta pesquisa de Iniciação Científica, intitulada “As interfaces entre o Fantástico, o Maravilhoso e o Imaginário em Oceano Mar,
de Alessandro Baricco”, tem por finalidade verificar os limites entre o Fantástico, o Imaginário e o Maravilhoso na Literatura, a
partir dos estudos de Todorov, Ceserani e Volobuef, entre outros, e verificar quais entre esses “gêneros” ou “modos” se
realizam em Oceano mare, traduzido no Brasil como Oceano mar, publicado em 1997, pelo autor italiano Alessandro Baricco.
Além disso, busca compreender como os temas principais das obras do autor como a força construtiva do narrar e a resistência
do ser humano diante de pressões do meio, entre outros, podem ser vislumbrados no corpus estudado O corpus desta
pesquisa, Oceano Mare, publicado em 1993, é dividido em três partes: Estalagem Almayer, O ventre do mar e Os cantos do
retorno. O que faz este romance ser uma obra particular é o estilo de narrativa empregado pelo autor, por mais que a maioria de
suas obras conte com o estilo marcante do autor, é em Oceano Mare que Baricco combinará inúmeros estilos de narrativa em
um só livro, variando-os conforme a emoção e a mensagem que deseja transmitir ao leitor, de maneira a formar uma alegoria
sobre como Baricco enxerga o próprio mar: imenso, forte, capaz de destruir, mas também pacífico, sábio, mágico graças a
justamente esta alternância de narrativas e histórias que estão presentes em cada capítulo do livro e assim, podemos enxergar
o mar por diferentes prismas.
AL BERTO E CIORAN: ENTRE A MELANCOLIA E O DESESPERO
Resumo
Esse trabalho objetiva, a partir da poesia do poeta português Al Berto estabelecer relações com as ideias do pensador, nascido
na Romênia e radicado na França, Emil Cioran. O poeta português delineia escritos em que a temática da melancolia transversa
a palavra. Dessa forma, é interesse dessa pesquisa debruçar-se sobre as construções melancólicas da poética albertina, a fim
de propor possibilidades de leituras. O diálogo com os escritos de Cioran corrobora esse intuito de ampliar as alternativas
interpretativas dos poemas a serem estudados. Salsugem (1985) e Horto de Incêndio (1997) foram elegidos como o corpus da
pesquisa por apontarem diversas manifestações melancólicas da poesia albertiana. O discurso melancólico, nos poemas de Al
Berto, recorre às reminiscências e se depara com um corpo dilacerado, que se encontra contíguo às palavras escritas na
existência de papel. A dor e o sofrimento, para Cioran, levam a vida a seu cume, tornam-a verdadeiramente interessante e a
direcionam para o lirismo e para a poesia. Dessa forma, a contradição, o caos e a angústia são valorizadas em detrimento da
ordem e do sistema: ocupar os cumes do desespero é viver a potencialidade da existência. Emil Cioran inaugura pensamentos
orgânicos e viscerais; a noção de sistema e Filosofia são ideias execradas por Cioran, que vê, também, inutilidade na História.
Pretende-se, portanto, a partir dessas ideias do pensador romeno, que orbitam em torno da melancolia, da angústia e da
tristeza empreender uma interlocução com a poesia de “incêndio” de Al Berto.
A FORMALIZAÇÃO ÉPICA DA MERCANTILIZAÇÃO DO SUJEITO NA PEÇA AUTO DOS BONS TRATOS, DA CIA DO LATÃO
Resumo
O presente trabalho, fundamentado no conceito do teatro épico-dialético e na relação entre literatura e processos de historicidade,
tem por objetivo estudar a peça Auto dos Bons Tratos (2002) pertencente à dramaturgia da Companhia do Latão, grupo
representativo de um contexto sócio-histórico específico de retomada do teatro dialético no Brasil a partir dos anos 1990. A peça
tematiza o processo de escravização dos índios, em 1546, pelo primeiro donatário da capitania de Porto Seguro que, adepto da
ideologia progressista, entra em uma disputa ideológica com a Igreja por ser contrário aos feriados de dia santo. No entanto, na
prisão, tem uma visão a respeito da cordialidade que o indica o modo ideal de se relacionar com os seus escravos e funcionários,
para tê-los sempre dóceis. A peça mostra-se, assim, reveladora de um momento histórico específico do processo de implantação
do capitalismo em solo brasileiro e de suas consequências, como a sua atualização por meio da cordialidade e a mercantilização
do homem. Além disso, este tema é expresso formalmente por meio da apropriação crítica do auto, forma teatral consagrada, o
que direciona também a um estudo das formas épicas, sem as quais a temática, ainda que histórica e política, se veria vazia de
sentido. Sob a perspectiva do teatro épico-dialético é possível que a peça, mesmo situada historicamente no tempo passado,
refira-se à questões do mundo contemporâneo e expresse a politização inerente a todo material estético.
UM ACONTECIMENTO DISCURSIVO DO SÉCULO XIX: A CRIAÇÃO DE UMA SECA
Resumo
O presente trabalho procura compreender como algumas cartas do periódico cearense O Retirante, de 1877, enquanto objetos
literários, regrados retoricamente, ajudaram na construção da história da seca na antiga região Norte, ainda no século XIX.
Podemos observar como essas missivas se constituem, do ponto de vista discursivo, como um dos objetos decisivos para a
construção de sentidos e interpretação desse fenômeno climático. Uma vez que há uma relação possível e necessária que se
faz da dispersão para a unidade e é na dispersão dos textos que se constituem os discursos, notamos o grande uso de
argumentos retóricos utilizados pelos leitores-escritores, com a clara intenção de instaurar no público leitor, com ampla
receptividade, uma sensibilidade e uma representação sobre aquele espaço sertanejo. Para tanto, refletimos com autores como
Bakhtin (1993), Barbosa (2007), Barthes (1970; 1985), Certeau (2014), Chartier (2002; 2011), Pêcheux (1997), Roquette (1860)
entre outros, que nos ajudaram a entender como a pluralidade das imagens levantadas por esse objeto, a missiva publicada na
imprensa Oitocentista, foi capaz de corroborar na sedimentação de um discurso sobre uma determinada região do país.
AS REPRESENTAÇÕES DOS PROFISSORES DO ENSINO MÉDIO SOBRE A PROPOSTA DO ENSINO MÉDIO INOVADOR
(PROEMI)
Resumo
O Programa Ensino Médio Inovador – ProEMI (MEC-SEB), é uma estratégia para a reestruturação dos currículos do Ensino
Médio e atender às demandas da sociedade contemporânea, integrando nas atividades curriculares as dimensões do trabalho,
da ciência, da cultura e da tecnologia e contemplando as diversas áreas do conhecimento entre as quais a Iniciação à
Científica; Comunicação e uso de Mídias; Cultura Digital e Leitura e Letramento. Entre os objetivos da nossa pesquisa está o de
conhecer as crenças de professores de LP do EM sobre as “inovações” propostas por esse Programa. Partindo dos
pressupostos do interacionismo sociodiscursivo (BRONCKART, 2003; 2006), as práticas discursivas nos contextos educacionais
tem contribuído para a compreensão o contexto educacional. Nessa perspectiva, os dados desta apresentação se concentram
no foco das representações dos professores sobre a proposta do ProEMI, buscando contribuir para o avanço da compreensão
das competências como processo que resulta na constituição da profissionalidade do professor.
“AMELY” E “DEPREZINHA”: MULHERES DE VERDADE? IDENTIDADES MÓVEIS NA CONTEMPORANEIDADE
Resumo
O entendimento sobre o que é feminismo tem a origem na ação política das mulheres; em que mulheres tornam-se sujeitos
históricos da transformação de sua própria condição social. Os feminismos, na atualidade, designam ações coletivas, individuais
e existenciais para manifestar interesses voltados à esfera da mulher. Além disso, procuram construir uma proposta ideológica
para modificar o paradigma de sua situação de exclusão de poder e subordinação perante a sociedade. Pryscila Vieira,
cartunista paranaense, utiliza-se da linguagem verbo-visual para construir suas personagens, que estão ligadas a uma série de
fatores culturais e sociais e, dessa forma, a cartunista (re)descobre o universo opressor na qual estão inseridas. As mulheres
retratadas nos cartuns fogem aos estereótipos e entram em confronto, mesmo que de maneira velada, com a sociedade
patriarcal. São mulheres que se sentem à margem, e o sentimento de não pertencimento ao mundo em que vivem é
representado por um discurso irônico e bem humorado. A pesquisa analisa como se esquadrinham as identidades das
personagens Amely e Deprezinha nos cartuns de Vieira.As definições/conceitos de gênero presentes nas discussões de Scott
(1999) e Butler (2010) corroboram com a perspectiva construtivista social, elas destacam que tanto o sexo quanto o gênero são,
em primeiro lugar, formas de saber, isto é, conhecimentos a respeito dos corpos, das diferenças sexuais etc. A concepção de
gênero está fortemente presente nos símbolos, representações culturais, nas normas e doutrinas, organizações sociais, nas
identidades subjetivas.
A MUDANÇA DE CÓDIGO NA REPRESENTAÇÃO DA IDENTIDADE DO FALANTE BILÍNGUE.
Resumo
O presente trabalho discute a formação identitária de uma falante bilíngue português / espanhol, residente em uma região de
fronteira. Com base nos estudos de Gumperz (1982), podemos observar que a mudança de código linguístico constitui-se em
um recurso de identificação do sujeito. Este é um estudo de caso no qual a geração de registros foi realizada através de
entrevistas que foram gravadas em áudio e vídeo. O sujeito entrevistado é uma brasileira, filha de pai argentino e mãe
brasileira, que viveu durante muito tempo na Argentina, tendo voltado ao Brasil há aproximadamente 15 anos. Vivendo na
fronteira Brasil, Paraguay e Argentina, onde a troca de código linguístico é constante, a entrevistada usa essa possibilidade
como uma forma de identificar-se mais com a cultura brasileira ou argentina. Desse modo, na primeira parte desse trabalho há
uma apresentação da metodologia adotada e na sequência, com base em autores como Fairclough (2001), Gumperz (1982),
Hall (2009), Woodward (1009), entre outros, discute-se como a identidade da entrevistada é revelada através de sua fala.
O SIMBOLISMO E A CRÍTICA LITERÁRIA NA GAZETA DE NOTÍCIAS(1890-1900)
Resumo
No século XIX, o cenário literário brasileiro caracterizou-se pelo surgimento de diferentes manifestações. Ao final desses anos,
a poesia nacional flertou com duas estéticas provenientes da França: o Parnasianismo e o Simbolismo. Os versos dos
representantes do Parnaso foram aclimatados, pois prezavam um discurso que exaltava a oratória e a precisão formal. Em
contrapartida, diferentemente do que ocorreu em território francês, os temas e incursões particulares ao Simbolismo não
alcançaram o mesmo êxito. No Rio de Janeiro, então Capital Federal e reduto da efervescência literária, tal movimento não se
estendeu a diversos agrupamentos e folhas, o que ocorrera em Paris e se ilustrou em revistas como o Mercure de France. O
objetivo deste trabalho é o de analisar a recepção crítica do Simbolismo na Gazeta de Notícias entre os anos de 1890 e 1900,
por meio de investigação de textos pertinentes ao embate parnasiano-simbolista que constam desse periódico. Fundada em
1875, a Gazeta foi um importante jornal de seu tempo. Além disso, aliou a notícia à divulgação da poesia, entre outros gêneros,
e contou com colaboradores de renome, como Olavo Bilac e Machado de Assis, que desempenhou um importante papel na
avaliação dos versos parnasianos e simbolistas.
CANÇÃO, PARA QUÊ? UMA ANÁLISE DA ABORDAGEM AO GÊNERO PELOS LIVROS DIDÁTICOS
Resumo
Este artigo tem como objetivo investigar qual o tratamento conferido ao gênero textual canção pelos livros didáticos de língua
portuguesa. Nossa premissa, norteada pelos pressupostos do Interacionismo Sociodiscursivo, é a de que embora esse gênero
esteja constantemente presente nesses materiais e faça parte de diferentes situações de interação comunicativa, ele não seria,
propriamente, um gênero a ser concebido em uma dupla possibilidade de abordagem escolar, sendo conteúdo escolar a ser
ensinado pelo professor ao aluno, e guia do professor para o ensino das dimensões, das especificidades de um gênero e de
suas operações de uso. O que se justifica diante do fato de que o professor de língua portuguesa não dispõe de formação para
o trabalho com um dos elementos que compõem a canção, o seguimento musical. Os resultados da investigação, realizada na
Coleção “Português – Linguagens” (CEREJA & MAGALHÃES, 2005), destinada ao Ensino Médio, apontam que o gênero
canção pode ser frequentemente confundido com outros gêneros, tanto nas nomenclaturas utilizadas, como nas propostas de
abordagem. Apontam ainda que o trabalho com o gênero letra de música/canção pode ser muito válido, já que, sendo esse um
seguimento verbal, poderá ser trabalhado pelo professor de língua portuguesa.
PATINHO SURDO: TRADUZINDO A IDENTIDADE DE UM GRUPO E AS POSSÍVEIS IMPLICAÇÕES DESSA OBRA NA
FORMAÇÃO DO LEITOR SURDO
Resumo
A tradução é um processo natural do ser humano, sendo a própria percepção do mundo ao nosso redor uma forma de tradução.
Tudo aquilo que vemos, sentimos ou percebemos é traduzido em signos até chegar à mente humana, signos estes que irão, por
sua vez, estruturar outros processos, como o pensamento ou a comunicação. Atualmente, os estudos da tradução ganham
força e percebemos que tomam diferentes caminhos, permeando a sociedade como um todo. Presenciamos o momento no qual
indivíduos de identidade surda passam a perpetuar sua cultura por meio da tradução de clássicos literários e,
concomitantemente, presenciamos a emergência da Literatura Surda. Neste panorama, a literatura adquire o papel de difusão
cultural, viabilizando o acesso às expressões linguísticas e artísticas decorrentes da experiência visual. Uma das obras que
englobam o universo literário dessa comunidade é o livro Patinho Surdo, de Karnopp e Rosa (2005), uma releitura do clássico
Patinho Feio, de Andersen. É inegável que o emprego do adjetivo surdo no título de tal tradução, além de por em evidência uma
identidade até então não realçada e pouco percebida, traz importantes implicações sociais, culturais e principalmente
identitárias ao campo crítico-literário. Dessa forma, este artigo visa refletir sobre as possíveis implicações de tal obra na
formação leitor surdo.
SABER OUVIR, SABER DIZER: DELIBERANDO EM AULAS DE PRODUÇÃO ORAL EM LI
Resumo
A constituição brasileira assegura o exercício dos direitos de uma sociedade pluralista em que a liberdade de expressão
prevaleça (BRASIL, 1998). Com isso em mente, tomamos como contexto uma turma do segundo ano do curso de Letras
Estrangeiras Modernas da Universidade Estadual de Londrina, com a qual foi implementado um plano de aula com foco em
discussões de tópicos controversos e no valor da negociação em uma sociedade civil. O objetivo desta oficina é socializar tal
proposta e compartilhar alguns de seus resultados. Foi possível observar, além da capacitação linguística dos alunos, alvo da
disciplina, a compreensão sobre o papel da discussão, do debate e do fórum deliberativo em um contexto democrático e a
conscientização de que a liberdade de expressão não é suficiente para uma atuação democrática. É preciso, também, um
exercício continuo de ouvir e respeitar opiniões diversas, seja em língua materna ou estrangeira. Assim, a proposta possibilita
desenvolver nos alunos de graduação as competências referentes à compreensão do papel da escola na sociedade como
apresentado nas Diretrizes Curriculares Nacionais para a Formação de Professores (BRASIL, 2002).
A DIALÉTICA NO TEATRO INFANTIL BRASILEIRO
Resumo
Uma vez que o teatro infantil se constrói paralelamente à história do teatro não-infantil, é preciso considerar que aquele se faz
pelas mãos de um autor que já não participa mais do universo sobre o qual se propõe escrever: o infantil. Considerar, portanto,
a princípio a diferença etária entre quem produz a peça teatral e o público ao qual se destina é o ponto de partida para se
compreender com maior clareza a ideologia que permeia os textos dessa natureza. Nisso se estabelece a dialética crucial,
presente não só no teatro infantil, como em toda a produção literária pertencente a esse veio: universo adulto versus universo
infantil. É esse movimento dialético que compõe o tecido pelo qual as peças de teatro infantil, no Brasil, são produzidas desde
suas origens. Ainda que esse tecido oscile entre uma tendência didatizante e outra mais artística, de cunho libertário, o caráter
formador permanece em ambas. Ou seja, a tônica na ideologia que se promove por meio do teatro infantil ao expectador/leitor
se faz sentir pela pulsação dialética entre o universo adulto e o infantil, que ora se entrechocam, ora se complementam, numa
tentativa constante de formar o indivíduo, seja pelo reforço de valores, seja pelo seu rompimento. Nessa vertente investigativa é
que se pretende analisar com cautela obras expoentes de Sylvia Orthof, em Eu chovo, tu choves, ele chove, e Maria Clara
Machado, em Os cigarras e os formigas, autoras de peças infantis que promovem a ruptura de valores que sua própria ideologia
adulta se esforçaria em manter.
A LINGUÍSTICA DE CORPUS E OS HETEROSSEMÂNTICOS NO PAR DE LÍNGUAS ESPANHOL/PORTUGUÊS
Resumo
Observando alunos do Ensino Médio, ao fazerem uso de ferramentas de tradução como: dicionários impressos e/ou online,
constatou-se que os causadores de equívocos no âmbito lexical seriam os heterossemânticos (do espanhol para o português
brasileiro). Bechara e Moure (1998) afirmam que é necessário ter atenção nas semelhanças entre as palavras de línguas
distintas. "Isso porque, ao lado dos cognatos, encontramos também, comparando o léxico de línguas diferentes, os falsos
cognatos” (1998, p.10). Segundo Ulsh (in Krebs, 2007), a ‘semelhança’ entre a Língua Espanhola e a Língua Portuguesa
proporciona a ilusão de que falar Espanhol é fácil e o aprendiz se considera falante de Espanhol, porém essa falsa facilidade faz
com que haja a prática do “portunhol”. E uma maneira que se propõe trabalhar esse “portunhol”, seria o uso do corpus, o que de
acordo com a autora Gerber (2007), em se tratando de língua, é preciso ter em mente que um corpus é uma amostra de uma
população. “Isso não impede a eficiência de trabalhar com corpus linguístico, pois já se sabe o quão revelador ele pode ser...”
(p.179, 180). Sabe-se que o desenvolvimento recente da tecnologia informática e da Linguística de Corpus, propicia avanços
expressivos como inovação metodológica e possibilidade de consulta a uma grande quantidade de informação que antes era
inacessível. Nas últimas décadas, graças ao surgimento de programas de computador capazes de analisar grandes massas de
dados, tem sido viável e cada vez mais frequente o uso de corpora na análise linguística. Pretende-se refletir sobre a tradução
como ferramenta de ensino de línguas, assim como sobre o emprego de novas tecnologias utilizadas na sala de aula.
UMA ANÁLISE DO GENÊRO INFOGRÁFICO NO LIVRO DIDÁTICO
Resumo
Ensino Médio brasileiro desde a instauração do nosso regime democrático vem sofrendo mudanças drásticas como tentativa de
alavancar um salto, analisar o uso do infográfico nas escolas públicas implica considerar determinadas preliminares como a
desigualdade social,e a própria noção de educação básica a fim de descontextualizar as políticas de avaliação, focalização,
descentralizaçãoqualitativo e, por conseqüência melhorar os resultados das avaliações nacionais. Entretanto, o maior desafio
da educação média brasileira está na questão do significado dessa etapa: uma mera passagem para o ensino superior ou
inserção social com aquisição de conhecimentos? Nessa problemática, o PROEMI (Programa Ensino Médio Inovador)tem a
finalidade de proporcionar diferentes formas de organização curricular,e, sobretudo, estabelecer princípios orientadores para
garantia de uma educação eficaz nesse nível da escolaridade. Com foco nas atividades do Ensino Médio assim contextualizado,
o objetivo de nosso trabalho é o de investigar, descrever e planejar projetos didáticos com gêneros textuais que possam
organizar atividades didáticas para o trabalho com a leitura, a escrita, a produção oral e escrita e a análise linguística,dentro de
um livro didático No presente artigo, apresentamos resultados parciais de análise do gênero textual reportagem com infográfico
dentro de um livro didático aprovado pelo PNLD 2014.
JOÃO GILBERTO NOLL E A POMOSSEXUALIDADE
Resumo
João Gilberto Noll é um autor bem conhecido por compor narradores autodiegéticos deambulantes, brumosos, porosos e
fragmentados; muitos de difícil apreensão sexual o que os torna criativamente subjetivos e móveis. A obra a ser analisada aqui,
Solidão Continental (2012), não é diferente em relação à tradição formal nolliana, mas na relação entre essa tradição com o
renovado escopo conteudístico presente nela. Através desse escopo se evidencia uma pletora de seres ficcionais, os quais vêm
sendo desenvolvidos paulatinamente desde o levante de Stonewall (1969), cuja transitoriedade sexual e, quiçá, erótica é
acentuada e de difícil definição. Esta indefinibilidade sexual/ erótica está sendo chamada de pomossexualismo por autores
americanos tais como Carol Queen e Lawrence Schimel. Por isso, o objetivo deste artigo é o de analisar mais minuciosamente
como se edifica a composição tradicional do narrador nolliano autodiegético através das características pomossexuais mais
marcantes. Isso tudo por meio das construções narrativas acerca do narrador (modo e voz) de Gérard Genette, focando o
narrador/personagem, João Bastos.
DO MODERNISMO À (PÓS)-MODERNIDADE: UM CAMINHO PARA A LITERATURA ITALIANA CONTEMPORÂNEA
Resumo
Frente novas discussões que acercam a Pós-modernidade, é necessário que se faça um estudo sobre suas fontes, sobre como
chegamos à ela, ou seja, como se deu o pós-modernismo. Tal complexidade contemporânea não abarca somente o campo da
literatura, mas suas características e fundamentos se estendem por todas as áreas do conhecimento, permitindo assim que a
filosofia, psicologia, história, estudos sociais entre outras ciências, também construam seus pressupostos teóricos e analíticos
entorno a esse determinado período surgido na segunda metade do século XX, mais especificamente a partir da década de ’70.
Temos então os Estudos Culturais. O fato é que não se pode determinar um período sem saber sua raiz, ou seja, como tal
período se consolidou e se afirmou como pós-modernismo? Visto que no Brasil, mesmo que a proposta base do modernismo
fosse criar uma literatura completamente brasileira, algumas obras como Macunaíma, de Mario de Andrade, resgatou o
indianismo que caracterizava o romance alencariano do século XIX. Seria o pós-modernismo uma escola independente com
outras características e propostas ou uma ‘evolução’ do próprio modernismo? O presente trabalho não se baseará na literatura
brasileira, porém versa sobre a literatura italiana de ontem e de hoje, visto que algumas obras contemporâneas apresentam
aspectos semelhantes aos já observados no início do século XX. Assim, a partir de escritores modernistas como Luigi Pirandello
e Italo Svevo, temos como proposta estruturar um raciocínio teórico-literário que nos traz até a atual literatura de Alessandro
Baricco, compreendendo nesse espaço de tempo teóricos como Raymond Williams e outros autores como Italo Calvino.
A SIMBOLOGIA DO FELINO EM “MAX AND THE CATS” DE MOACYR SCLIAR E “LIFE OF PI” DE YANN MARTEL
Resumo
Apoiando-se no projeto de pesquisa em desenvolvimento sob o financiamento da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado
de São Paulo (FAPESP), cujo objetivo principal é a comparação entre os temas abordados em "Life of Pi" (2001), de Yann
Martel e "Max and the Cats" (1981) de Moacyr Scliar, esta apresentação tem o intuito de analisar e comparar a figura do felino
selvagem em obras de envergaduras distintas. "Life of Pi" e "Max and the Cats" são obras de travessias, nas quais os
protagonistas enfrentam naufrágios que mudam suas vidas e os põem em frente ao desafio de sobreviver ao oceano com a
presença de um felino de grande porte a seu redor. O "leitmotiv", a princípio, é o mesmo em ambos os romances; contudo as
narrativas tomam vieses diferentes: em "Life of P"i a fábula formula alegoria aos anseios e crenças da humanidade, sobretudo
em aspecto religioso, enquanto seu precursor, "Max and the Cats" de Moacyr Scliar, faz um paralelo da história alemã com as
conjunturas do Brasil no momento de publicação do romance, a saber, a ditadura civil-militar. Tem-se então um romance de
caráter denunciatório e artístico - "Max and the Cats"-, e outro que segue as tendências da literatura best-seller que aborda o
esoterismo e adere à transparência que a percepção do leitor atravessa durante suas longas páginas e formato próprio para
consumo -"Life of Pi"-. Através de métodos da Literatura Comparada e da análise de símbolos, será feito o estudo do principal
elo dos respectivos romances – o felino -, a fim de vermos que mesmo com o evidente diálogo entre as obras, ambas têm seu
próprio cunho e a mesma fábula pôde ser usada abordando temas distintos.
SEXUALIDADE, "NÁUSEA" E O “BAIXO”, NO CONTO “VIAGEM DE NÚPCIAS”, DE RUBEM FONSECA
Resumo
A apresentação tem como objetivo apresentar o estudo de três temas no conto “Viagem de núpcias”, de Rubem Fonseca: a) as
relações conjugais e seus vínculos com a sexualidade com suas ambiguidades na convivência cotidiana; b) a passagem do
bloqueio sexual para uma libertação através da “náusea” (no sentido de que certa angústia que gera um momento de reflexão e
por sua vez culmina em uma epifania); c) essas relações através do contato com o “baixo” (excremento) que provoca a
revelação da essência humana, conforme Bakhtin. Podemos perceber no decorrer do estudo o enraizamento ainda nítido das
ideologias do patriarcalismo e da cultura judaico-cristã, em que a mulher é vista como subordinada ao homem, mesmo
buscando sua independência. Percebemos que a hierarquia sexual ainda não se dissolveu socialmente, e que essa
dependência provoca bloqueios, não só sexuais, tanto no homem quanto na mulher. De acordo com a reflexão sobre a “náusea”
é a manifestação do corpo perante uma forma emocional violenta da angústia, e revela o absurdo. É um estado excepcional e
passageiro que muda a existência do ser. Utilizando-se deste recurso, Fonseca faz com que o seu personagem sinta essa
“náusea” existencial e através dela possa contemplar uma epifania sobre a existência do outro. E que com a contemplação do
“baixo” o personagem redescobre a sua essência e a do outro, pois através do reconhecimento de seu reverso o homem tem a
possibilidade de superar as ideologias que o afastam de viver de uma forma mais libertária e humana.
O CORPO IDEOLÓGICO DO POEMA: UM RECINTO DE LUTA EM LUIZA NETO JORGE
Resumo
Neste trabalho propõem-se fazer um estudo direcionado à abordagem do corpo erótico na poesia da portuguesa Luiza Neto
Jorge, no livro Corpo Insurrecto e Outros Poemas, organizado por Floriano Martins, ressaltando a temática revoltosa do corpo
do poema em relação com o corpo condicionado pela história. Esta proposta tem como intenção considerar a corporeidade do
poema como um sujeito, neste caso o sujeito feminino, em relação a sua identidade, seus limites e sua relação com os outros,
com o poema como ato sexual, inserido em outro corpo, e seus limites no tempo e no espaço. O sujeito proposto, ou a
linguagem, necessita quebrar os preceitos que aprisionam o ser mulher e o ato criativo da escrita, desenvolvendo uma relação
entre a ruptura da linguagem e a ruptura dos dogmas sociais e estéticos, entre a realidade hostil e estereotipada imposta à
mulher ocidental, como ainda a reconstrução da linguagem e da identidade nos tempos da opressão das ditaduras. Para isso,
utiliza-se como fundamentação teórica sobre o erotismo as ideias de Georges Bataille no livro O Erotismo, bem como as de
Octavio Paz, no livro A Dupla Chama, o qual propõe a investigação da relação do sujeito com o mundo baseada na erotização
da linguagem. Complementa-se a base teórica com as ideias de Roland Barthes, no livro Aula, que discorre sobre as relações
da linguagem como um ato de despoder, em decorrência de se verificar esse tema nos versos da poetisa, cuja obra se estuda.
Este estudo faz parte do projeto de iniciação científica – PIBIC, desenvolvido na Universidade Federal do Amazonas (UFAM),
com bolsa pelo Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq).
POESIA NAS RUAS DE MANAUS – FANZINES E PROCESSO DE PRODUÇÃO
Resumo
O presente estudo apresenta uma análise acerca do processo de produção dos periódicos independentes intitulados fanzines,
em Manaus, no Amazonas. A pesquisa Fanzine em Manaus - criação coletiva e produção literária, que é um projeto de Iniciação
Científica – PIBIC, teve como embasamento teórico o conjunto de técnicas da Análise de Conteúdo, norteada pela teoria de
Laurence Bardin, perpassando o levantamento catalográfico das condições de produção, análise inferencial acerca da função
expressiva do gênero poesia nas publicações e, por conseguinte, uma análise discursiva, a fim de compreender o sujeito
produtor do discurso, bem como seu espaço social. A pesquisa sustentou-se com o referencial teórico sobre a Literatura
Marginal de Paulo Roberto do Patrocínio (2013), Escritos à Margem; e para fundamentar a teoria literária foram referências
Antônio Cândido (2013), Formação da Literatura Brasileira, e Hans Robert Jauss (1979), A literatura e o leitor. O estudo está em
andamento pela Universidade Federal do Amazonas – UFAM, com bolsa da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do
Amazonas - FAPEAM.
LETRAMENTO CRÍTICO NA ESCOLA PÚBLICA ATRAVÉS DA LITERATURA INGLESA
Resumo
Como proposto nas Orientações Curriculares para o Ensino Médio - OCEM (BRASIL, 2006) o ensino de língua inglesa nas
escolas públicas tem sido muito discutido a partir dos documentos oficias que propõem o ensino crítico e a formação do
cidadão. Alguns trabalhos discutem a importância da literatura para o ensino de língua estrangeira, além de outros fatores que
contribuem para a formação crítica do indivíduo. Porém, a escola pública brasileira apenas oferece espaço à literatura para o
ensino de língua portuguesa, e a língua estrangeira se ocupa apenas do aspecto linguístico. A partir da experiência de
acompanhar uma professora de escola pública de Belo Horizonte por três meses, como parte de um projeto de pesquisa
realizado na Universidade Federal de Minas Gerais este trabalho propõe investigar o espaço que a literatura pode obter na sala
de aula de língua estrangeira. Além das diversas oportunidades de estudar a língua nas obras clássicas da literatura e os
diversos temas presentes nelas que oferecem oportunidades de reflexão, também se deve ressaltar a imperdível oportunidade
que se encontra de fazer letramento crítico a partir do estudo da literatura de língua inglesa. O trabalho analisa a experiência de
acompanhar uma professora de inglês inserindo literatura inglesa no currículo de uma escola pública e discutindo temas
transversais através dos temas literários propostos. A análise será feita com base nos referenciais teóricos dos estudos críticos
dos letramentos, conforme postulam Monte Mór (2010), Duboc (2011), Festino (2011) e Wielewicki (2010, 2011).
TRÊS SOMBRAS E O CONTO DA ILHA DESCONHECIDA: QUADRINHOS E JOSÉ SARAMAGO NA EDUCAÇÃO BÁSICA
Resumo
Formar leitores, na Educação Básica, é um desafio, principalmente no primeiro ano do Ensino Médio, momento em que, pela
primeira vez na vida escolar, o aluno depara-se com a disciplina Literatura. Nessa circunstância – seguindo os conteúdos
programadas para a série –, o professor deve apresentar um conceito de literatura (mesmo que ele seja múltiplo), bem como as
definições de gêneros literários. Apropriando-se dos pressupostos do letramento literário para priorizar a formação de leitores
(isto é, a experienciação efetiva da leitura), proponho um projeto de leitura ancorado no estudo das simbologias, sempre
assinalando-as como meios de representação. Para tanto, duas obras apresentam-se como ideais: “Três sombras”, de Cyril
Pedrosa, e “O conto da ilha desconhecida”, de José Saramago. Partimos, dessa forma, de uma graphic novel (leitura de
imagens, essencial na contemporaneidade) e chegamos à leitura de um autor português canônico, cuja forma narrativa
apresenta acepções bastante pertinentes para pensarmos, por exemplo, a literatura contemporânea. Em ambas as obras, a
tendência à fábula e à metaforização é o grande tom explorado, permitindo, pois, aos alunos verificarem a capacidade de
simbologia da Literatura e da narrativa, sempre ancorados em elementos teóricos – neste projeto, especificamente a obra
“Dicionário de simbologia”, de Manfred Lurker.
O GROTESCO NA POESIA DE AUGUSTO DOS ANJOS
Resumo
Cássia Alves da Silva Universidade Federal do Ceará CPF: 620813733-00 No presente trabalho, trazemos uma investigação
sobre o grotesco na poesia de Augusto dos Anjos. Para tanto, traçamos um panorama geral do grotesco, tendo como base
teórica a obra O grotesco: configuração na pintura e na literatura, de Wolfgang Kayser. Nesse momento, dialogamos também
com Victor Hugo e seu tratado sobre o grotesco e o sublime, bem como com as ideias de Mikhail Bakhtin em A Cultura Popular
na Idade Média e no Renascimento: o contexto de François Rabelais. Depois, abordamos o grotesco romântico, observando de
que forma ele dialoga com o espírito romântico. Em seguida, fazemos um pequeno panorama da obra de Augusto dos Anjos,
apresentando um pouco das características de sua poesia. Por fim, analisamos alguns poemas do autor. Durante a análise,
observamos os elementos do grotesco, sobretudo advindos da época romântica, sem esquecer também de outras épocas.
Dessa forma, mostramos o prolongamento e a ampliação do espírito romântico no início do século XX brasileiro, utilizando
como base os estudos residuais empreendidos por Roberto Pontes no primeiro capítulo do livro O jogo de duplos na poesia de
Sá-Carneiro, no qual o autor explica de que forma é possível a atualização ou cristalização dos elementos de uma época em
outra.
AS RELAÇÕES TEXTO/ IMAGEM NAS OBRAS ILUSTRADAS POR MÁRCIA SZÉLIGA
Resumo
As relações texto/ imagem nas obras ilustradas por Márcia Széliga Uma das características mais marcantes do livro escrito para
crianças é a presença preponderante das ilustrações. A cada dia a importância do ilustrador, alçado à condição de autor, tem
sido reconhecida pelas editoras e pelo público em geral. Recentemente, Roger Melo, ilustrador brasileiro, ganhou o prêmio
Hans Christian Andersen, pelo reconhecimento de sua obra. Máricia Széliga é uma ilustradora paranaense, cujo trabalho tem se
destacado no contexto das obras publicadas para o público infantil. Como parte de um projeto maior, em que autores de obras
para crianças, que produzem no Paraná são estudados, o nome de Márcia Széliga surge como uma opção para que se valorize
o artista que se dedica à ilustração de textos para crianças. Esta comunicação pretende rastrear o trabalho dessa artista e
analisar como a relação ilustração/texto se dá nos livros ilustrados por ela.Para isso, serão utilizados textos de Ricardo
Azevedo, Ângela Lago e outros autores que discutam o tema. P Serão selecionadas cinco obras dessa autora, para que se
possa entender como se constroem as marcas da obra de Márcia Széliga.
INTERVENÇÃO EM CASOS DE DISLEXIA: UMA REVISÃO DE LITERATURA
Resumo
Os alunos com diagnóstico de dislexia apresentam déficits de aprendizagem de leitura e escrita equiparada ao rendimento de
outras crianças com a mesma idade e período escolar. Desse modo, o presente trabalho tem como objetivo revisar a literatura
científica acerca das estratégias de intervenção mais utilizadas na minimização da dificuldade de aprendizado da leitura e da
escrita de alunos considerados com dislexia. Segundo a maior parte das pesquisas analisadas para esta revisão, a origem
dessa dificuldade repousa num déficit no processamento fonológico. Entretanto, com o intermédio de mecanismos de
intervenção há possibilidades de superação de tais limitações, a fim de que a criança minimize sua dificuldade de aprendizado.
Em relação a essas estratégias de intervenção observaram-se divergências e convergências nos estudos explorados.
Verificou-se avanço significativo nos estudos que exploram o desenvolvimento de habilidades de consciência fonológica,
aspecto nefrálgico em cérebros disléxicos, sendo este considerado plausível pela maioria dos estudos.
A (DES-)ORDEM NA CIDADE: ‘ROLEZINHOS’ E ESPAÇO URBANO
Resumo
Na cidade – espaço significante por excelência – (con-)vivem sujeitos afetados pela ideologia e atravessados pelo inconsciente,
que ao mesmo tempo em que se significam, também a significam. Logo, tomar o espaço urbano como objeto de estudo implica
pensar na sua divisão/organização por esses sujeitos, pois ele lhes determina a forma de vida (ORLANDI, 2004). Este trabalho,
ancorado na Análise de Discurso, tal como fundada por Pêcheux, na França, e retorializada por Orlandi, no Brasil, busca
verificar como foram discursivizados, em materialidades significantes que circularam na mídia escrita, os “rolezinhos”,
movimento cujo objetivo inicial era promover, via rede sociais, encontros entre os ídolos das periferias das grandes cidades e
seus fãs, em espaços de domínio público, como, por exemplo, nos shoppings centers. No imaginário em funcionamento na
nossa formação social, que se diz/quer ‘igualitária’, esses espaços públicos podem ser frequentados por todos, entretanto, têm
sido servido como ‘palco’ da luta de classes, verdadeiros campos de litígio, nos quais se levam “muros virtuais”, que acentuam
ainda mais as diferenças entre as classes sociais, potencializando a violência, ainda que simbólica, e gerando a exclusão e a
segregação social. As análises empreendidas deram visibilidade à contraidentificação, pois os sujeitos que participam desses
movimentos, ao produzirem seu discurso, se inscrevem na formação discursiva que lhes é própria, assumindo a posição-sujeito
de moradores da periferia, contudo, entendem que a separação do espaço público não é legítima e passam a defender o direito
de ocupar os mesmos espaços frequentados por aqueles a quem designam de ‘burgueses’.
FOTOGRAFIAS ROUBADAS E HISTÓRIAS USURPADAS: QUANDO O HOMEM CONTA A HISTÓRIA DA MULHER
Resumo
Os estudos de gênero caracterizam-se pelo trabalho com questões referentes à relação entre mulheres e homens e, neste
escopo, procura observar as mulheres em seus diversos aspectos, destacando-se o aspecto pessoal como contraponto ao lugar
social ocupado por elas. Esta observação destes grupos socialmente antagônicos, que disputam espaço social e poder,
permite-nos, de forma mais ampla, identificar o modo como a atuação feminina tem contribuído para as mudanças ocorridas na
sociedade a partir da movimentação delas e de suas reivindicações por igualdade e liberdade. Em uma tentativa de resgatar a
história das mulheres, ignorada pelos homens que escreveram a história oficial, a crítica feminista ocupou-se de mudar o foco
de sua visão para dar visibilidade e revalorizar a história das mulheres que havia ficado à margem. A intervenção masculina que
hierarquizou os grupos sexuais/sociais, colocando o grupo dos homens em posição superior, apenas ofuscou a história que se
escrevia às margens, pelas mulheres, mas não foi capaz de anulá-la. Este estudo tem, por objetivo, observar no conto “A
hundred and eleven years without a chauffeur”, de Muriel Spark, o quanto a interferência dos homens pode ser reconfigurada
pelas mulheres, de modo que possam reescrever sua própria história, revalorizando seu mundo, suas vivências, dando-lhes
visibilidade e espaço social.
OS CONTADORES DE HISTÓRIAS NA LITERATURA INFANTIL BRASILEIRA CONTEMPORÂNEA
Resumo
Esta comunicação tem como objetivo discutir as representações de personagens contadores de histórias na literatura infantil
brasileira contemporânea, com o foco na tradição oral e na convivência entre idosos e crianças que, apesar das diferenças
etárias, conseguem construir relações igualitárias. Para tanto, investiga em que medida as narrativas selecionadas recuperam
as vozes e as histórias das personagens idosas, observando se as experiências desses sujeitos são valorizadas. Ao resgatar a
função social do idoso nas narrativas infantis, por meio das lembranças e histórias conta¬das, este estudo busca revelar a
presença da narrativa oral na literatura infantil, que é evidenciada, principalmente, em alguns escritores que trazem as vozes
dos contadores de histórias, conferindo-lhes o papel de narradores, assim como as relações igualitárias construídas entre
velhos e crianças sem desconsiderar as diferenças, o que torna possível a coeducação de gerações e o aprendizado com a
sabedoria descartada pela modernidade. Além disso, é possível identificar, ainda que preliminarmente, com que concepções de
velhice os editores operam.
OS DISPOSITIVOS ÉPICOS NA ARTICULAÇÃO FORMAL ENTRE MACUNAÍMA E ÓPERA DO MALANDRO
Resumo
Propomos para essa comunicação realizar uma leitura das obras Macunaíma, de Mário de Andrade (1928) e Ópera do
Malandro, de Chico Buarque (1978) que mesmo pertencendo a gêneros diferentes, sendo esta uma peça teatral e aquela um
romance-rapsódia, apresentam pontos de consonância pela crítica estética e social que ambas realizam em sua forma e
conteúdo. Esse trabalho é parte de nossa dissertação de mestrado, a qual será dividida em três partes. Num primeiro momento
estudaremos Macunaíma, analisando os elementos críticos das idealizações do país e dos gêneros literários consagrados, por
uma estrutura épica paródica e dialética que compõem a obra, em todas as categorias como tempo, espaço, personagem,
enredo etc. Em especial o personagem Macunaíma, que se filia à uma série de personagens volúveis e sem caráter em nossa
literatura, que tem ligações com o conceito de malandragem como tecido por Candido. Num segundo momento, veremos como
essa perspectiva crítica ganha força nos anos 1960 no teatro brasileiro, em grande medida pela irrupção do teatro épico em
grupos brasileiros como o Arena e o Oficina. Por fim, dessa linhagem surge a obra de Chico Buarque, em especial à Ópera do
Malandro, analisando seus dispositivos épicos e fragmentários para estabelecer uma articulação formal desta com o
Macunaíma de Mário de Andrade.
A DRAMATURGIA DE SYLVIA ORTHOF: BRINCAR COM O TEATRO EM SALA DE AULA
Resumo
O presente trabalho, parte da obra dramatúrgica “A viagem de um barquinho”, de Sylvia Orthof, para propor a leitura e o uso
lúdico da literatura dramática, com as crianças, em sala de aula. Abordando os elementos fundamentais da construção
dramática, a questão temática, a instauração do conflito, o treino de papeis, o imaginário e o humor como soluções cênicas
possíveis e o duplo papel do leitor-ator, o trabalho dialoga com os aportes teóricos fornecidos por Renata Pallottini e Joseph
Dana, estudiosos da dramaturgia; por Constantin Stanislavski e Maria Clara Machado, teóricos do teatro e teatro infantil,
respectivamente; por Bertold Brecht e Ilo Krugli em suas abordagens sobre o teatro didático; por Gianni Rodari em sua proposta
de confecção de uma gramática da fantasia; por Augusto Boal e Tadeusz Kantor em suas contribuições para a criação literária e
teatral. Por fim, o trabalho ainda propõe uma comparação entre o texto narrativo e o texto teatral escritos pela mesma Sylvia
Orthof, dialogando com estudos de Maria Helena Kühner , Ana Pelegrín e Flávio Desgranges, pesquisadores da área.
A TRADUÇÃO INTERSEMIÓTICA EM VESTIDO DE NOIVA: DO TEATRO PARA O CINEMA
Resumo
O conceito de intermidialidade pertence a cultura contemporânea, na qual cada vez mais as palavras e imagens estão
inter-relacionadas. O crescente avanço dos estudos interartes contribui para promover o estudo das diferentes mídias e a
literatura. Nesse sentido, a partir do conceito de tradução intersemiótica, este artigo tem por objetivo estabelecer a relação
intermidiática entre a peça Vestido de Noiva e sua tradução para o cinema, realizada em 2006, por Joffre Rodrigues. A análise
faz uso do método indutivo, por meio de uma triangulação entre a pesquisa documental, bibliográfica e levantamento. Busca-se
inicialmente, investigar a utilização de técnicas experimentais que traduzem os mecanismos da memória como recurso de
construção textual, que, por sua vez, promovem a teorização de que Vestido de Noiva também pode ser interpretada como uma
peça de memória. A partir disso, é traçado um paralelo entre as técnicas dramatúrgicas e cinematográficas a fim de representar
os processos do fluxo da consciência.
RELIGIÃO EM PAUTA EM KIMPA VITA, A PROFETIZA ARDENTE DE JOSÉ MENA ABRANTES .
Resumo
Na peça Kimpa Vita, a profetiza ardente, o dramaturgo angolano José Mena Abrantes revisita uma personagem cuja história é
real e parece retirada da ficção, tamanha a quantidade de eventos espetaculares que parecem ter acompanhado a sua
existência vitoriosa e trágica. Conta-se que um dia a jovem ficou gravemente doente, e permaneceu enferma por sete dias.
Quando pensava que desfaleceria, repentinamente, se acalma e vê claramente um homem que se apresenta como Santo
Antônio dizendo-lhe que tinha sido enviado por Deus para possuir a sua mente e ajudá-la a pregar para a população em prol da
restauração do reino do Congo. Após a aparição, a jovem curou-se abruptamente e levantou da cama pronta para cumprir sua
missão. Se foi um delírio ou não, não se sabe, mas o fato é que a jovem mulher reuniu uma multidão de seguidores e criou um
movimento de resistência que perdurou mesmo após a sua morte, apesar de violentamente reprimido por autoridades políticas
e religiosas. Em 1976 Kimpa Vita foi condenada a morrer queimada em uma fogueira como uma herética, contudo,o seu ideal
não se tornaria cinzas, permanecendo vivo entre seus fiéis seguidores. O presente trabalho analisa a personagem recriada por
Abrantes enquanto símbolo da resistência negra e da revitalização da cultura e religião tradicional africana. A peça nos permite
refletir a respeito do dúbio papel do catolicismo durante o período da colonização, suas intenções mascaradas e a simbiose do
cristianismo com as religiões tradicionais, fator que propicia uma reinterpretação do mesmo a partir da mundividência africana, o
que vai totalmente contra os interesses coloniais.
A PRODUÇÃO TEXTUAL DO ABSTRACT SOB A PERSPECTIVA DIALÓGICA DO DESEMPENHO DISCURSIVO NA ESCRITA
Resumo
No contexto acadêmico, inúmeras práticas de letramento em língua inglesa evidenciam-se. O estudante universitário tem a
oportunidade de apresentar trabalhos em eventos ou revistas internacionais por meio da produção de abstracts. No entanto, nem
sempre apresenta o domínio da língua estrangeira ou utiliza estratégias adequadas para a escrita deste gênero textual. Neste
contexto, surge o seguinte questionamento: O uso de uma metodologia diferenciada para o desenvolvimento da habilidade escrita
poderia tornar o desempenho dos alunos mais eficaz? Para responder a esta pergunta, implementaremos uma pesquisa-ação
com o objetivo de promover o letramento acadêmico de sujeitos participantes de um Curso de Língua Inglesa Instrumental
oferecido pelo Centro de Línguas de uma universidade pública. A abordagem teórica sustentar-se-á numa perspectiva dialógica
para o ensino dos gêneros textuais, com ênfase na escrita e reescrita de abstracts a partir de uma visão discursiva a respeito do
ensino de produção textual escrita. A análise dos dados seguirá os aportes do paradigma indiciário e terá como critério de análise
as quatro qualidades discursivas propostas por Guedes (1994) como necessárias para a construção de um texto: unidade
temática, questionamento, objetividade e concretude. Esperamos com a pesquisa contribuir para a produção eficaz de textos do
gênero abstract. Dessa forma, os sujeitos poderão utilizar esse conhecimento para a submissão de trabalhos em eventos
científicos internacionais, publicações em revistas internacionais, assim como para dar continuidade à sua formação em cursos de
pós-graduação.
DANTE: HAMLETIANIZADO E TRANSCRIADO
Resumo
A obra shakespeariana, em especial a peça Hamlet, possui várias transmutações extraliterárias e é nesse ambiente onde os
signos são produzidos e reproduzidos que as contribuições da Semiótica Peirciana no meio literário propicia aos estudos
comparados uma nova forma de analisar obras literárias como comunicação, não como algo estático, que representa a
linguagem apenas com fins estéticos ao desconsiderar o seu caráter comunicativo. Fugindo assim dos paradigmas da visão
cosmopolita do século XIX que visava um estudo de obras análogas ao analisar a televisão como uma forma de expressão
artística análoga ao cinema ao se considerar a representação dinâmica das imagens e o som, podemos utilizar a televisão para
traduzir os signos explícitos e implícitos da peça Hamlet através de suas relações diagramáticas e analogias estabelecidas de
forma inteligível. Através das ponderações sobre os estudos semióticos, imagem e o processo de significação icônico na
televisão, focando na comparação da personagem literária com da televisão, fazendo um recorte para centrar as ponderações
de acordo com a semiose dos signos nesse contexto interartes ao analisar o diálogo intertextual ao comparar as personagens
Hamlet e Dante entre a peça Hamlet e a minissérie Som e Fúria, dirigido por Fernando Meirelles. Este trabalho propõe uma
análise que adotará como quadro teórico as proposições de Andrew (2002), Ferraz Júnior (2012), Nöth (2003), Peirce (1989),
Pignatari (1979), Plaza (2003), Santaella (2004) e Xavier (1983).
A FICCIONALIZAÇÃO DO PROCESSO DE LEITURA
Resumo
Umberto Eco trabalha com os conceitos de leitor-empírico e leitor-modelo, sendo, o primeiro, qualquer pessoa que lê um texto
(um sujeito localizado historicamente, em determinada sociedade); já leitor-modelo é uma projeção idealizada de um leitor que
seja capaz de acompanhar o raciocínio do autor. O autor lembra, ainda, que, frequentemente, não é o leitor que decide entrar
num mundo ficcional: de repente ele se vê dentro desse mundo. Partindo dessa premissa, é interessante estudar o modo como
a ficção retrata esse processo em que o leitor preenche espaços vazios, elenca e refuta hipóteses, emociona-se e fica
indignado, em que é construtor de sentidos e, muitas vezes, desvia-se do percurso previamente traçado pelo escritor. Em outras
palavras, este estudo procura analisar como a ficção representa o processo de leitura, como o leitor é inserido no contexto
ficcional. Para tanto, foram selecionadas duas narrativas infantojuvenis: Paisagem, da escritora brasileira Lygia Bojunga, e
História sem fim, do escritor alemão Michel Ende.
A TECNOLOGIA E AS REPRESENTAÇÕES DO SUJEITO VIRTUAL/REAL NO CICLO INTERMEDIÁRIO DO CURSO MÍDIAS
NA EDUCAÇÃO
Resumo
Resumo
Este trabalho tem por objetivo pensar a produção poética de Ana Cristina Cesar a partir da hipótese de que seu engajamento
político e intelectual, durante os “anos de chumbo”, não se pautava na mera denúncia do real, mas antes nas reflexões sobre o
próprio fazer literário. Partindo de algumas ideias desenvolvidas por Theodor Adorno em “Palestra sobre lírica e sociedade”
(2003), demonstramos em que medida a poeta deu conta do momento social em que vivia sem necessariamente recorrer a uma
crítica explícita contra a ditadura militar. Para isso, num primeiro momento, situamos a poeta junto ao seu contexto de produção,
ressaltando aspectos relevantes de sua poética, que chama bastante atenção para o forjamento da intimidade e do forte
tensionamento entre o real e o ficcional. Em seguida, abordamos características de poetas e movimentos da tradição poética
brasileira moderna, com o intuito de estabelecer pontos de filiação e influência em sua obra. Em um segundo momento,
discutimos o tipo de engajamento literário desenvolvido por Ana Cristina - que, constantemente, buscou desautomatizar a
linguagem a partir da mescla de registros discursivos – analisando alguns de seus textos jornalísticos e acadêmicos publicados
em Escritos no Rio (1993). Ao optar pela politização dos afetos e pela pessoalização da política (MORICONI, 1996), Ana
Cristina Cesar posicionou-se à margem de uma simples militância partidária, atitude assumida por boa parte da classe artística
naquele contexto.
A INTERPRETAÇÃO DE FILMES CULT POR ALUNOS DO ENSINO MÉDIO HABITUADOS A FILMES COMERCIAIS
Resumo
Esta comunicação apresenta resultados de uma pesquisa que consiste na interpretação de filmes cult (não comerciais) e
posterior produção de textos de variados tipos por alunos do Ensino Médio, de uma escola pública de São José dos Campos,
SP. Habituados a assistirem basicamente filmes comerciais, produzidos nos EUA, diversos aspectos da narrativa e linguagem
cinematográficas comuns a filmes cult passam despercebidos pelos alunos. Fundamentada no quadro de referências teórico da
análise de discurso, os conceitos mobilizados para análise dos filmes e das produções dos alunos são principalmente o de
“discurso”, “texto” e “interpretação”, considerando que os filmes comportam as linguagens visual e verbal. O desenvolvimento da
pesquisa consiste na exibição de filmes, seguida de exposições dialogadas do professor com os alunos sobre as características
dos filmes, com ênfase para a estrutura narrativa e para os aspectos da linguagem cinematográfica, como posição de câmera,
iluminação, planos de filmagem, cenário, atuação dos atores, dentre outros. Na seqüência, os alunos produzem textos variados
sobre os filmes, por meio dos quais, juntamente com os registros dos diários de pesquisa, é possível observar algumas
mudanças nesses alunos na maneira de interpretar tanto os filmes como textos verbais. Com esses resultados, pudemos
perceber, a necessidade de um trabalho sistemático junto aos alunos a fim de mobilizá-los para a apreciação de filmes variados,
o que poderá ampliar largamente a capacidade deles de interpretação textual e de imagens. (Esta pesquisa conta com o apoio
da FAPESP, processos 2011/51271-9; 2012/10792-9, 2012/10827-7, 2013/19720-3, 2013/19718-9).
WALTER BENJAMIN, A IMAGEM E O SURREALISMO
Resumo
Uma das principais questões presentes no Primeiro Manifesto do Surrealismo é a da composição da imagem. André Breton,
partindo de uma formulação de Pierre Reverdy que dizia que da aproximação de duas realidades afastadas nasceria uma
imagem forte, uma nova realidade poética, especula sobre os diferentes tipos de imagens surrealistas e formula a conhecida
ideia de que essas imagens desconcertam nossas mentes, e que “desconcertar a mente é o mesmo que torná-la consciente de
seu erro”. Tais formulações encontram certa ressonância nas propostas de Walter Benjamin ao procurar a transitoriedade
moderna e seu estado primitivo em imagens (ou sobreposições de imagens) que revelem o hiato entre o signo e o referente. Em
outras palavras, ao invés de fundir signo e referente em uma totalidade ilusória, o que deveria-se buscar, em seu entender, ao
contrário, seria colocar essa totalidade em questão. Assim, se alcançaria a desmitificação dos objetos e, portanto, a sua
apreensão crítica. Para Benjamin, a transitoriedade da verdade se expressaria nessas imagens, compostas dos extremos
contraditórios, e que poderiam conter um potencial criativo. Ora, a aproximação que fazemos de Benjamin e os surrealistas não
é gratuita. Walter Benjamin declarou que a concepção para seu inacabado livro das passagens foi inspirada em um livro de
Aragon. O mais interessante, no entanto, é observar que Benjamin procura, no seu Passagen-Werk, desenvolver as mesmas
qualidades que enxergava no Surrealismo. A presente proposta é de buscar, então, a reverberação da formulação da imagem
surrealista em alguns aspectos do pensamento de Walter Benjamin.
FRAMES E CONSTRUÇÕES EM CONTRASTE: ANÁLISES CONTRASTIVAS ENTRE A DCI-CXN E A IRM-CXN PARAUM
ALINHAMENTO ENTRE CONSTRUCTICONS MULTILÍNGUES
Resumo
Este trabalho intenciona apresentar a pesquisa de mestrado que vem sendo desenvolvida no âmbito do projeto “Frames e
Construções em Contraste”, subprojeto da FrameNet Brasil, o qual visa a investigar construções do PB com base em uma
abordagem contrastiva dentro do objetivo maior de implementar um Constructicon – repertório sintático online. Assim, temos o
intuito de verificar o funcionamento do Constructicon, bem como as possíveis alterações necessárias para aprimorá-lo de modo
a torná-lo multilíngüe. Com esse intuito, elegemos, inicialmente, a construção de Dativo com Infinitivo (DCI-Cxn), descrita na
base de dados da FN-Br, a qual tem como equivalente no Inglês, a Infinitival Relative Modal Construction (IRM-Cxn). Ambas
apresentam estrutura sintática semelhante (um complemento nominal que se liga a uma sentença relativa) além de semântica
equivalente – a de habilitação para realização de um propósito. No entanto, em um levantamento preliminar em um corpus do
Português do Brasil, verificamos que certas sentenças apresentam sentido deôntico, e não o sentido habilitativo padrão. Com
base nisso, buscamos verificar as possibilidades encontradas através da aplicação de um questionário de julgamento de
similaridade a falantes nativos do PB. A partir dos resultados obtidos, pretendemos, ainda, comparar as restrições encontradas
com as propostas por Fillmore (2006) para a IRM-Cxn. Em nossas observações até agora, pudemos levantar alguns resultados
preliminares, os quais apontam que a diferença semântica dentro da DCI-Cxn parece se dever ao frame evocado pelo núcleo
nominal da DCI-Cxn, a qual, embora mantenha o caráter habilitativo, passa a indicar um forte sentido de obrigação.
CONCEPÇÕES DE PROFESSORES SOBRE O USO DAS TECNOLOGIAS COMO FERRAMENTA DE ENSINO DE LÍNGUA
PORTUGUESA
Resumo
A inserção das Tecnologias de Informação e Comunicação (TIC) de forma acelerada em todos os campos da sociedade tem
promovido formação de uma cultura globalizada e, consequentemente, influenciado a forma de aprender dos sujeitos. Nesse
contexto, a formação de professores inseridos nessa realidade tem sido, nos últimos anos, tema bastante debatido nas
academias, por grupos preocupados em encontrar uma proposta de educação que dê conta de formar com qualidade e
competência um profissional para atuar na docência com saberes diversos e necessários aos novos desafios da sociedade da
informação. Nesse sentido, a presente pesquisa propõe-se a investigar, por meio de questionário semiaberto, o grau de
conhecimento que os professores de língua portuguesa têm sobre o uso das TIC em sua prática pedagógica e seu
conhecimento de hipertexto. O estudo foi conduzido seguindo os princípios da pesquisa descritiva e de campo, por meio da
utilização da metodologia quantitativa e qualitativa. Participaram do estudo professores de língua portuguesa que atuam nas
escolas públicas estaduais da cidade de Londrina (PR). Após apreciação dos dados apresentados infere-se que as iniciativas
dos programas oficiais são válidas, no que diz respeito ao desenvolvimento de programas e ações para a qualidade da
educação. Mas tais ações e programas ainda estão distantes da realidade educacional e das possibilidades de envolvimento
dos professores. Além disso, pelas respostas dos professores que participaram dessa pesquisa, há uma enorme lacuna entre o
que é proposto e o que é efetivamente desenvolvido nas escolas.
PRÁTICAS DE LÍNGUA PORTUGUESA: RELATO DE UM PROJETO DE LETRAMENTO LITERÁRIO
Resumo
RESUMO: Na literatura especializada sobre o ensino da leitura, tem sido citada com frequência uma obra de Bakhtin, em que o
autor dirige severas críticas contra um certo modo de ensinar a ler, valorizando o papel relevante de uma leitura baseada na
"compreensão ativa do texto". Para ele, só a compreensão ativa nos permite apreender o tema, pois a evolução não pode ser
apreendida senão com a ajuda de um outro processo evolutivo. Assim, a leitura passiva opõe-se à leitura ativa, que pode ser
caracterizada como a negação da leitura monológica e a afirmação do "caráter dialógico constitutivo da linguagem". (BAKHTIN/
VOLOCHINOV, 1979). Reconhecendo que o lugar da leitura literária na educação diz respeito a valores culturais, identitários e
patrimoniais que devem permear o imaginário simbólico das novas gerações é que, em 2013, foi desenvolvido, em uma de uma
escola da rede pública de ensino básico, do município de Londrina-PR, um Projeto de “Letramento Literário” (COSSON, 2006)
que culminou em uma apresentação artística e deu origem a uma Mostra Teatral, denominado MOTEJA. O objetivo desse
trabalho foi o de socializar os resultados obtidos neste projeto de letramento, o que nos levou a concluir que as atividades
artísticas durante o desenvolvimento escolar do aluno permitem o seu protagonismo tanto em frente ao ambiente da escola
como social e também um visível crescimento de sua percepção artística.
O ENSINO DE GRAMÁTICA NUMA CONCEPÇÃO INTERACIONISTA SOCIODISCURSIVA – UM CAMINHO POSSÍVEL
Resumo
O objetivo deste trabalho é apresentar discussões em torno do ensino da gramática nas aulas de língua estrangeira – inglês no
contexto da escola pública do estado do Paraná. O referencial teórico adotado pauta-se por uma concepção interacionista
sociodiscursiva da linguagem e do ensino de línguas: Bronckart (2006, 2010, 2012), Schneuwly e Dolz (1996, 2004), Cristovão
(2001, 2007, 2008), bem como por estudiosos da língua materna, os quais têm trazido grandes contribuições para o ensino da
gramática em língua portuguesa, podendo ser também transpostas para o ensino da língua estrangeira - inglês, a saber: Geraldi
(1991, 1997, 1999), Travaglia (2000), Perfeito (2005, 2007 ). O estudo, com enfoque na análise linguística, foi realizado a partir
de dois aspectos: a) como as atividades de análise linguística foram propostas em uma Sequência Didática sobre os gêneros
textuais comics, comic strip e political cartoon; b) como se deu a transposição didática da referida sequência didática, a partir de
sua implementação por dois professores atuantes em turmas do Centro de Línguas Estrangeiras Modernas – CELEM. Os
resultados obtidos possibilitaram um olhar crítico sobre esse possível instrumento de ação docente - a sequência didática, na
medida em que pode promover um trabalho com a análise linguística de modo contextualizado e significativo, a partir do
desenvolvimento das capacidades de linguagem - capacidade de significação, capacidade de ação, capacidade discursiva e
capacidade linguístico-discursiva.
DESCONSTRUÇÃO DO ESTEREÓTIPO DA BELEZA FEMININA AMAZÔNICA: UMA LEITURA EM DOIS IRMÃOS
Resumo
No pensamento coletivo, há assimilação da beleza feminina amazônica com traços indígenas, uma concepção de beleza
desfragmentada da consciência dos episódios histórico-culturais amazônicos: Cabanagem, Ciclo da Borracha, implantação da
Zona Franca, os quais trazem, para a Amazônia, nordestinos, europeus, orientais. Com intuito de desconstruir esta visão,
recorremos ao romance Dois Irmãos de Milton Hatoum e a campanhas publicitária de 1939 a 1970 para investigar os porquês
deste pensamento uma vez que urge a necessidade de mostrar que Amazônia é uma região multifacetada, que não apresenta
apenas uma identidade, mas o complexo de várias identidades. Deste modo, foram escolhidas as personagens Domingas,
Pau-mulato e Lívia que apresentam diferentes traços físicos e campanhas publicitárias da década 30 a 70 para análise dos
perfis femininos, numa investigação à luz do pensamento complexo de Morin (2011) e da teoria da residualidade de Roberto
Pontes (1999). Ao fim do artigo, discute-se sobre esta beleza indígena sustentada pelas mídias e pelo restante do Brasil apesar
da realidade histórica amazônica e do que podemos observar pela Literatura.
JÁ, AINDA E PRESSUPOSIÇÕES NA ESCRITA INFANTIL
Resumo
O objetivo desta comunicação é apresentar uma análise de construções argumentativas identificadas em um corpus de escrita
infantil que já foi intensamente estudado no que diz respeito às construções argumentativas mais clássicas, do tipo X conectivo
X, especialmente com conectivos como porque, então, mas e apesar de. Proponho dar continuidade a esse estudo,
investigando construções que não envolvam encadeamentos argumentativos do tipo mencionado, mas construções com já e
ainda em enunciados que funcionam argumentativamente, assim como expressões nominais que veiculam pressuposição. Não
se trata aqui de pensar a argumentação em termos retóricos, mas como parte do funcionamento linguístico-discursivo, na
esteira do que propõe Ducrot nas diferentes versões da Teoria da Argumentação na Língua. No entanto, tampouco cabe
descrever a linguagem da criança por comparação à linguagem do adulto, buscando naquela o espelho desta. Certamente, há
muitas semelhanças entre elas; no entanto, mesmo quando são as semelhanças que saltam aos olhos, as especificidades da
fala e da escrita infantil se deixam ver na estruturação do seu texto, nas escolhas que conduzem seu dizer. O objetivo deste
trabalho é compreender as especificidades por trás das semelhanças. Para observar essas diferenças e caracterizar o que
ocorre na escrita da criança, é preciso considerar a imprevisibilidade e a heterogeneidade da linguagem que são constitutivas
da linguagem infantil. Neste trabalho, considero as mudanças na relação da criança com sua língua como “mudanças de
posição relativamente à fala do outro, à língua e, em consequência, em relação à sua própria fala” (C. Lemos, 2002, p.56).
O TEXTO DE HUMOR E O LIVRO DIDÁTICO DE LÍNGUA PORTUGUESA
Resumo
A presente comunicação tem por objetivo a divulgação de alguns resultados obtidos com a pesquisa sobre a presença do
humor verbal e o seu aproveitamento no livro didático de Língua Portuguesa (ROCHA, 2013). Elegemos o livro didático como
corpus de nossa pesquisa por ele ainda se constituir um dos principais recursos didáticos utilizados em sala de aula (embora
sofra recorrentes críticas por suas inadequações conceituais ou metodológicas) e por identificarmos presença expressiva de
textos humorísticos nessas obras (alguns livros apresentam capítulos inteiros dedicados ao humor). Nosso corpus é constituído
por coleções de livros didáticos distribuídos pelo PNLD (Programa Nacional do Livro Didático), servindo para a análise de como
o humor verbal, e por extensão o texto de humor, vem sendo abordado por tais obras didáticas. Em nossa pesquisa, realizamos
um levantamento dos principais gêneros textuais de humor encontrados e de como são aproveitados didaticamente pelos livros
didáticos (se servem como pretexto para o ensino de gramática; se ocorre a sua utilização nas atividades de produção textual,
por exemplo). Como consideramos o texto (seja verbal, seja não verbal; seja oral, seja escrito) um objeto concreto, dotado de
materialidade, podemos reconhecer neles marcas e pistas. Por essa razão, apresentamos também uma proposta de análise do
texto humorístico sob a perspectiva semiótica, reconhecendo a iconicidade presente nos textos (SIMÕES, 2009). Como
referenciais teóricos utilizados em nossa pesquisa, podemos citar ainda Batista; Rojo; Zúñiga (2005), Bezerra (2003), Bunzen e
Rojo (2005), que se dedicaram a investigar mais detidamente o livro didático de Língua Portuguesa.
O FEMININO NA PEÇA THE PLOUGH AND THE STARS (1926), DE SEAN O'CASEY
Resumo
Com o foco no contexto histórico irlandês, o trabalho analisará a figura feminina nas respresentações teatrais que
contextualizaram a insurreição irlandesa de 1916, conhecida como Easter Rising. O estudo das personagens femininas nessas
performances será focado na representação da identidade produzida e ditada por um período de intenso nacionalismo, que
construiu uma imagem de mulher “mãe sacrificial”. Por meio da análise de The Plough and The Star (1926), de Sean O’Casey,
peça central do estudo, constata-se uma alteração comportamental da identidade feminina, revelando uma possível
desconstrução do estereótipo feminimo existente durante a revolução de 1916. Para fins de comparação o trabalho abordará
também algumas peças que retrataram a identidade feminina dentro dos moldes nacionalistas. A teoria sobre produção de
identidade utilizada durante a investigação trata sobre o conceito da possibilidade de interrupção das identidades hegemônicas
por meio de um processo de repetibilidade, nesse caso de um discurso nacionalista, que produz atos performativos (BUTLER,
1997,2006) reforçando as diferenças instauradas e produzindo novas e renovadas identidades.
MEU PÉ DE LARANJA LIMA: UM DOCE RELATO
Resumo
Cláudia Regina Bachi Secretaria de Estado da Educação - SP 06724088801 Ler é um ato que necessita ser aprendido,
portanto, ensinado. Para Solé (1998), a leitura deve ter caráter de “atividade voluntária e prazerosa” que deve ser considerado
ao ensinar o aluno a ler. Os PCN (1998) entendem leitura como “processo no qual o leitor realiza um trabalho ativo de
compreensão e interpretação do texto”. Assim, é importante o uso de estratégias que permitam o controle da leitura e tomada
de decisões. Avaliações externas apontam que a proficiência leitora de alunos brasileiros ainda é insuficiente, mesmo que
identificado algum avanço. Diante disso, a SEE-SP lança, em 2008, o projeto “Apoio ao Saber”, que distribui obras literárias aos
alunos dos Anos finais do Ensino Fundamental e Ensino Médio como doação. Intencionando a formação do leitor proficiente e
autônomo, o projeto “Meu pé de laranja lima: um doce relato” é desenvolvido com alunos do 7º ano, tendo como objetivo a
ampliação do repertório cultural, sensibilização para o aspecto estético e humanizador do texto literário. A escolha da obra se
deu por ser este um dos livros que compõem o kit “Apoio ao saber” de 2013. O projeto é composto por oficinas de leitura
baseadas nas estratégias sugeridas por Girotto e Souza (2010), que propõem atividades de conexões, inferências,
visualizações, sumarizações e sínteses. Os registros das atividades são publicados em blogs que garantem a circulação dos
textos produzidos. Pretende-se com este projeto, a ampliação de habilidades leitoras que possibilitem ao leitor humanizar o
meio em que vive, transformando-o e sendo transformado.
A RELAÇÃO ENTRE A PALAVRA E A IMAGEM NA OBRA SONGS OF INNOCENCE AND OF EXPERIENCE, DE WILLIAM
BLAKE
Resumo
William Blake foi um poeta, gravador, pintor e desenhista do século XVIII. Através de seu método de impressão chamado
Illuminated Printing, gravava texto e imagem em uma mesma matriz de cobre. Relacionava, assim, duas artes que juntas
formariam uma só composição: poesia e pintura. Para ele, a imagem poderia acrescentar à interpretação do verbo, ou até
mesmo modificá-la, e vice-versa. Essa associação está clara em sua obra Songs of Innocence and of Experience, escrita entre
1789 e 1794. Nela, nem gravura e nem poema possuem uma posição privilegiada, ou de destaque. Em busca de uma
taxonomia para classificar o trabalho de Blake, recorremos aos Estudos Interartes que apareceram no final do século XX dentro
da tradição comparatista. Nessa perspectiva, adotamos nomenclaturas desenvolvidas por Claus Clüver e Leo Hoek. Para
Clüver, esse tipo de texto pode ser considerado mixed-midia, pois contem signos complexos em mídias diferentes e não possui
alto grau de coerência ou auto-suficiência separadamente. De acordo com outra classificação, desta vez sugerida por Hoek,
esse tipo de construção pode receber o nome de discours mixte, em que há a combinação de textos separáveis, não
autossuficientes, compostos em sistemas sígnicos diferentes, porém em meios iguais. Ao analisarmos a obra de Blake,
consideramos que ele compôs peças únicas, que apresentam um conjunto de signos, retratados em meios semióticos
diferentes, e que se separados perdem sua força semântica, demonstrando assim que as imagens que ele compunha não eram
repetições do conteúdo dos textos, nem os poemas eram escritos a partir de ilustrações. Todos esses aspectos faziam parte do
corpo de uma só criação.
ACESSO A DADOS SOBRE MULTILINGUISMO NO BRASIL: ESTUDO PRELIMINAR
Resumo
Realizamos uma discussão sobre a disponibilização online de dados sobre as pesquisas acadêmicas desenvolvidas no Brasil, a
partir da estrutura da Plataforma Lattes do CNPq. Apresentamos a lei 12.527 (de 2011) sobre acesso à informação,
considerando a transparência dos dados sobre as pesquisas realizadas em instituições públicas brasileiras. Ressaltamos a
importância de trabalharmos com dados abertos, e algumas etapas que ainda precisam ser implementadas nas bases
acadêmicas para alcançarmos um padrão dinâmico de transparência na disponibilização pública de informações ligadas à
pesquisa. Esta discussão se dá em virtude de uma primeira abordagem de mineração de dados sobre a temática do
multilinguismo nos registros publicos de pesquisas e grupos de pesquisas brasileiros, presentes na plataforma Lattes do CNPq.
Dentro deste projeto atualmente financiado pela Fapesp, apresentamos o método de coleta de dados utilizado para acesso a
este tema transversal. Através da lexicometria (inspirada no trabalho de André Salem e Serge Fleury -TAL/SYLED/Univ. PARIS
3 - analisamos os primeiros dados colhidos, e tecemos considerações para o desenvolvimento de análise de corpus.
A REPRESENTAÇÃO DA SEXUALIDADE FEMININA EM ESTRELA NUA - AMOR E SEDUÇÃO, DE MARIA ADELAIDE
AMARAL
Resumo
Durante muito tempo, a mulher vem sendo representada nas artes e na Literatura, como também na sociedade, por meio de
estereótipos correspondentes aos moldes tradicionais, ora inferiorizadas pela cultura patriarcal, ainda dominante nos nossos
meios, ora como “objeto sexual”, geralmente como sedutora, tentadora e pecaminosa. Nesse ponto, não é difícil notar que essa
representação da mulher é feita frequentemente pela literatura canônica. Tendo isso em vista, pretende-se investigar como a
representação da mulher, e, em especial, a representação da sua sexualidade está sendo feita pela escrita de autoria feminina
contemporânea. De modo mais específico, objetiva-se realizar uma análise sobre como é feita essa representação e de que
forma ela contribui para a construção identitária da protagonista na obra Estrela nua - Amor e sedução, de Maria Adelaide
Amaral, publicada em 2003, pela editora Record na coleção Amores extremos. Para tal estudo, serão utilizados conceitos
teóricos baseados na Crítica Feminista.