Gestão Escolar Democratica Teorias e Praticas PDF
Gestão Escolar Democratica Teorias e Praticas PDF
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2
Universidade Federal de Uberlândia
Gestão Escolar
Democrática:
teorias e práticas
ISBN: 978-85-92592-89-9
3
Navegando Publicações Conselho Editorial
CNPJ – 18274393000197 Afrânio Mendes Catani – USP
Anselmo Alencar Colares – UFOPA
Carlos Lucena – UFU
Carlos Henrique de Carvalho – UFU
Dermeval Saviani – Unicamp
Fabiane Santana Previtali – UFU
Gilberto Luiz Alves – UFMS
João dos Reis Silva Júnior – UFscar
José Carlos de Souza Araújo – Uniube/UFU
José Claudinei Lombardi – Unicamp
José Luis Sanfelice – Univás/Unicamp
www.editoranavegando.com Lívia Diana Rocha Magalhães – UESB
[email protected] Mara Regina Martins Jacomeli – Unicamp
Uberlândia – MG Miguel Perez – Universidade Nova Lisboa – Portugal
Brasil Newton Antonio Paciulli Bryan – Unicamp
Ricardo Antunes – Unicamp
Robson Luiz de França – UFU
Teresa Medina – Universidade do Minho – Portugal
Tristan MacCoaw – Universit of London – Inglaterra
Valdemar Sguissardi - Unimep
Inclui bibliografia.
ISBN 978-85-92592-89-9
ISBN: : 85-68351-75-1
CDU: 37.014.53
4
UNIVERSIDADE FEDERAL DE UBERLÂNDIA
APOIO:
5
Sumário
Prefácio...................................................................... 9
Carlos Lucena
Lurdes Lucena
Apresentação ............................................................ 11
1. Gestão escolar democrática(GED):
problematizando... ............................................. 17
Antonio Bosco de Lima
2. Da democratização da sociedade e
da escola ................................................................... 31
José Luís Sanfelice
5. A profissionalização docente e
seus desafios ............................................................. 95
Elizabeth Gottschalg Raimann
6. O Plano de Ações Articuladas (Par) em
Uberlândia: a perspectiva de gestão
e planejamento ........................................................ 129
Sangelita Miranda Franco Mariano
Mariana Batista do Nascimento Silva
7
7. Gestão pública e planejamento educacional
no Brasil: contribuições do PDI ............................ 159
Márcia Guimarães de Freitas
8. Paradigmas predominantes
na pesquisa educacional ......................................... 197
Paulo Gomes Lima
8
PREFÁCIO
9
constituem meros espaços de legitimação de debates, cujos rumos
já foram decididos antes mesmo de sua realização? São espaços
privilegiados para a formação educativa de novas consciências
políticas ou meros espaços conservadores de legitimação de gru-
pos mais organizados? As questões anteriores se negam de forma
radical ou estão presentes em um mesmo processo?
Os profissionais da educação e interessados no tema em
questão encontrarão nesse livro respostas e talvez ainda mais per-
guntas. Trata-se de um livro polêmico, crítico e comprometido em
desnudar a realidade educativa sendo, por isso, leitura imprescin-
dível que contribuirá sobremaneira para o debate em questão.
Carlos Lucena
Lurdes Lucena
10
APRESENTAÇÃO
11
participa de decisões colegiadas, tem poder de controle social. É
este segundo postulado que setores da esquerda têm defendido
diuturnamente, advogando que uma sociedade somente é sau-
dável do ponto de vista biológico e social se as pessoas sentem-se
valorizadas, reconhecidas e tem poder de decisão. Enfim, é um
homo democraticus.
12
parceira com a Superintendência Regional de Uberlândia, atingiu
diretores, supervisores coordenadores e professores das escolas
que participaram do projeto.
13
disputa e desafio, pois centra-se nele, os modelos de organização
da escola, no qual a participação é fundamento e propicia para o
desenvolvimento da democratização escolar, e, portanto, de uma
gestão democrática na escola.
14
gelita Miranda Franco Mariano e Mariana Batista do Nascimento
Silva, foi desenvolvido numa perspectiva de avaliação demacro-
planejamento. Para tanto as autoras trabalham com os programas
educacionais instalados no período de 2007-2012: Plano de De-
senvolvimento da Educação, Plano de Metas Compromisso Todos
pela Educação e PAR, tidos enquanto ferramenta gerencial que
deveriam permitir a escola a melhorar os processos educativos,
mas que denota mais uma investida por parte do governo de
prosseguir com o processo de “descentralização”, ou melhor des-
concentração.
15
tica: problematizações e ações para implementação na Educação
Básica Estadual, cujos mentores foram Antonio Bosco de Lima e
Mariana Batista do Nascimento Silva. A opção ao anexar o pro-
jeto ao livro implica na socialização de um modelo de projeto de
formação continuada, levando-se em consideração que é dever e
obrigação do Estado fornecer formação para os trabalhadores da
educação, tomamos, então, que é dever da universidade pública
organizar e coordenar tal formação.
Organizadores
16
GESTÃO ESCOLAR DEMOCRÁTICA (GED):
PROBLEMATIZANDO
17
lo que importa para o processo investigativo é a problemati-
zação, não achar uma resposta imediata, uma verdade abso-
luta, mas problematizar o problema, a história, pensamento
presente na obra A Ideologia Alemã (1996).
18
alunos somente atuam de forma funcional e instrumental,
não participando das decisões substantivas da escola.
19
ção geral, da vida, nas relações sociais, a escola, campo da
educação formal tem relativa atribuições e responsabilidade
junto a outros setores (políticos, sindicais, comunitários, d.
o.) quanto a escolarização e aculturamento dos sujeitos, o
que implica formar sujeito e ducado e político para convi-
vências transformadoras.
20
Reconhecendo, assim, o modelo atual (última década do sé-
culo XX e primeira do século XXI) de fazer políticas educa-
cionais, pois, ainda vale a máxima na qual para vencer na
vida temos que dizer sim. Sim às agências de fomentos, as
bancas de concurso, a um modelo de Estado que atua entre
o controle do público e o enaltecimento do privado. Sim aos
órgãos centrais da educação que buscam legitimar práticas
sem dialogar com as escolas do sistema educacional.
22
do ensino fundamental qualitativo. Avaliações menos para
qualificar as escolas e os alunos, mais para sustentar um mo-
delo de resultados que somente interessa ao sistema centrali-
zador.
24
com os interesses coletivos e ilusoriamente tidos como co-
letivos, torna necessário o controle e a intervenção prática
através do ilusório interesse – ‘geral’ como Estado. (MARX
e ENFELS, 1996, P. 49).
25
um sacrilégio, pois dirão: será que vocês não percebem o
quanto avançamos; que a miséria declinou significativamen-
te, que hoje existe luz para quase todos, que quase todos têm
três refeições por dia? Enfim que as escolas podem respirar
mais tranquilamente?
2 Considerações
27
tóricos que a problematizem e que se preocupem com
a sua existência, tornando-a real.
4 “Hegel completou o idealismo positivo. Para ele, não apenas todo o mundo material
tinha se transformado num mundo dos pensamentos. Ele não se limita a registrar as
coisas do pensamento, mas procura também expor o ato de produção. [...] No sistema
de Hegel, as idéias, os pensamentos e os conceitosa produzem, determinam, dominam
a vida real dos homens, seu mundo material, suas relações reais.” (MARX e ENGELS,
1996, P. 18-19).
28
assim, a GED, enquanto criação dos sujeitos, estabelece
critérios e determinações para estes; tais critérios e determi-
nações podem ser transformadas, ressignificadas, revisiona-
das, enfim, são autoria, criações, invenções dos homens que
exercem controle sobre elas.
Precisamos criar, recriar, constituir implicações e pre-
ocupações para, além da aparência, ressifgnificar a GED
revelando a sua essência, estudando seu fenômeno e nos
organizando para direcionarmos a GED em uma concepções
prática de uma escola inclusiva, participativa, democrática,
com qualidade social e política.
Referências
29
DA DEMOCRATIZAÇÃO DA SOCIEDADE E
DA ESCOLA5
1 Introdução
5 Este texto foi divulgado anteriormente no livro PPP – participação, gestão e qualidade
da educação II, organizado por Antonio Bosco de Lima e editado pela Assis Editora em
2015.
6 Prof. Dr. Titular em História da Educação da UNICAMP. Aposentado e colaborador.
Pesquisador do Grupo de Estudos e Pesquisas História, Sociedade e Educação no
Brasil- HISTEDBR. Docente do Mestrado em Educação da UNIVÁS. E-mail: sanfeli-
[email protected]
7 Palestra proferida no II Seminário PPP: participação, gestão e qualidade da educação,
promovido pelo Grupo de Pesquisa Estado, Democracia e Educação (GPEDE). Uni-
versidade Federal de Uberlândia. Em 28 de fev. de 2015.
31
a mesma indagação deve ser feita: de que sociedade e de
que escola estamos tratando? Se estabelecermos as devidas
arestas conceituais, restaria o desafio maior: estabelecer as
relações dialéticas entre democratização, sociedade e escola.
2 Conceituando democracia
32
democracias liberais. A democracia direta foi a da Grécia
antiga, onde o “povo” governava de modo efetivo. Nas de-
mocracias contemporâneas, indiretas e representativas, cabe
ao povo poucas decisões, quase sempre, somente nos pro-
cessos, eleitorais. Os representantes eleitos representam, teo-
ricamente, o povo. Votar, portanto, faz parte de um processo
essencial da democracia. E, por democracia liberal entende-
-se certa limitação do poder do governo, com a vigência, por
exemplo, de uma Constituição e a garantia das liberdades
consideradas essenciais como a liberdade de expressão, den-
tre outras (OUTHWAITE; BOTTOMORE, 1996, p. 179-82).
33
interior do conjunto da sociedade e com ela) os propósitos
explícitos e acordados, por exemplo, na Constituição. Entre-
tanto, é bom lembrar que ao Estado é reservada a possibili-
dade da prática de uma violência legal.
3 Sociedade capitalista
35
Não posso caminhar na direção mais aprofundada
dessa análise, mas se perguntem: qual é a origem históri-
ca da propriedade privada dos meios de produção? Como
ocorreu esse processo em que tão poucos ficaram com qua-
se a totalidade das riquezas e a grande maioria ficou com
tão pouco? Aproveitem a oportunidade, quem ainda não o
fez, para realizarem a leitura de um clássico, por exemplo: F.
Engels, A origem da família, da propriedade e do Estado. É
bom relacionar a questão com o conceito de democracia:
será que a maioria do povo das sociedades capitalistas se de-
cidiu ser explorada no trabalho e viver um processo contínuo
de empobrecimento? Recentemente vimos que, em âmbito
mundial, as riquezas se concentraram mais e, consequente-
mente, a maioria das pessoas empobreceu.
36
va. As velhas indústrias nacionais foram aniquiladas e
continuam a sê-lo dia-a-dia. São suplantadas por novas
indústrias, cuja introdução se torna uma questão de vida
ou de morte para todas as nações civilizadas – indús-
trias que não utilizam matérias primas nacionais, mas
sim oriundas das regiões mais afastadas, e cujos pro-
dutos se consomem simultaneamente tanto no próprio
país como em todos os continentes. Em lugar das velhas
necessidades, atendidas pelos produtos do próprio país,
surgem necessidades novas que exigem, para a sua sa-
tisfação, produtos dos países longínquos e de climas os
mais diversos. Em lugar da velha auto-suficiência e do
velho isolamento local e nacional, surgem um intercâm-
bio generalizado e uma generalizada dependência entre
as nações. E isto se refere tanto à produção material
quanto à produção espiritual. Os produtos espirituais de
cada nação tornam-se patrimônio comum. A unilatera-
lidade e a estreiteza nacionais mostram-se cada vez mais
impossíveis; das inúmeras literaturas nacionais e locais
nasce uma literatura mundial (MARX; ENGELS, 1998,
p.8-9).
37
tecnológicas chegaram aos mais distantes lugares. O mundo
do trabalho se agudizou com o desemprego estrutural, com
o trabalhador flexível, com a precarização das condições de
trabalho, com o trabalho temporário, com a ampliação da
competitividade e outras mazelas que não podem ser solu-
cionadas pela lógica do capital. Nossas subjetividades foram
duramente afetadas pelo individualismo, pelo consumismo e
pela alienação resultante de forte despolitização e naturaliza-
ção que se passou a fazer da atual conjuntura. E, na lógica
(neo) liberal as pessoas são responsabilizadas pela situação
em que se encontram. Na busca de ajuda individualizada,
elas correm para as religiões e para a literatura de autoajuda.
38
sociedade cuja essência é a contradição. Por mais que se
queira desconfigurar tal realidade, com o uso de um discurso
ideológico que a mascara, é irrefutável que ainda é uma so-
ciedade de classes antagônicas e, portanto, onde permanece
a luta de classes. Podemos até discutir a nova estruturação
das classes sociais ou das suas frações, mas não é possível
ignorar a existência delas. Fica difícil conciliar a materialida-
de das sociedades capitalistas com o discurso da democracia
indireta, representativa e liberal.
40
No século XX assiste-se a uma grande expansão
da escola estatal em especial nos países mais industrializa-
dos. A marcha pela universalização, entretanto, foi sempre
marcada pela instrução dual: uma educação para formar as
elites e outra educação para formar as classes trabalhadoras.
Se as elites podem dispor de alternativas escolares fora da
educação estatal, não há muitas alternativas para as clas-
ses trabalhadoras. O Estado é, então, o educador do povo.
É o educador da maioria, mesmo que isso signifique uma
deseducação. A crítica à escola estatal, fruto da Revolução
burguesa, viria do pensamento marxista:
O marxismo não rejeita, mas assume todas as conquistas
ideais e práticas da burguesia no campo da instrução,
já mencionadas: universalidade, laicidade, estatalidade,
gratuidade, renovação cultural, assunção da temática do
trabalho, como também a compreensão dos aspectos li-
terário, intelectual, moral, físico, industrial e cívico. O
que o marxismo acrescenta de próprio é, além de uma
dura crítica à burguesia pela incapacidade de realizar es-
tes seus programas, uma assunção mais radical e conse-
qüente destas premissas e uma concepção mais orgânica
da união instrução-trabalho na perspectiva oweniana de
uma formação total de todos os homens (MANACOR-
DA, 1989, p. 296).
43
estatal, chamada de pública. Mas, desde os anos cinquen-
ta se assinalam mais intensamente os processos relaciona-
dos de urbanização e industrialização. Por consequência e
necessidades novas, amplia-se a oferta da escolaridade. A
ditadura civil-militar decorrente do Movimento de 64 repre-
sentou bem os interesses do capital ao fazer a Reforma uni-
versitária em 1968 e introduzir alterações na LDB em vigor,
com a Lei 5.692/1971, e sob a inspiração da Teoria do Ca-
pital Humano. A tendência privatizante da educação vem se
consolidando desde então. Na Nova República mais uma
LDB se instaurou, agora sob o manto do ideário (neo)liberal.
Com os presidentes FHC, Lula e Dilma, a política educacio-
nal tem mais continuidades do que rupturas. Mudam-se os
invólucros e não os conteúdos.
44
6 Considerações finais
46
Referências
47
ELEMENTOS DA GESTÃO DA
EDUCAÇÃO: DESAFIOS HOJE8
Ari Raimann9
1 Introdução
49
também envolver-se no combate a essa prática.
50
nota-se que o desafio de trabalhar efetivamente pela demo-
cratização da gestão está colocado, embora tal projeto não
ocorra por simples manifestação de idéias ou de desejos.
Tais desafios são significados por Ferreira (2000, p. 168), ao
observar que ” queremos um mundo mais justo e humano,
onde a equidade, a solidariedade e a felicidade existam em
todos os espaços e para todas as pessoas”.
51
mas cidadãos ‘participativos’, não mais trabalhadores,
mas colaboradores e adeptos do consenso passivo [...].
52
cheados de conceitos de “qualidade” e “gestão democráti-
ca”. Dentre eles citamos o Programa Nacional de Fortale-
cimento dos Conselhos Escolares (2004, p. 13), segundo o
qual a construção da gestão democrática deve ser vista como
“movimento permanente que não se decreta, mas resulta de
processos coletivos de tomada de decisão e de luta política
e, portanto, de participação”. No entanto, no bojo das ideias
em tais documentos, percebem-se elementos contraditórios,
como, por exemplo, como “indução”, que apontam para
princípios não democráticos: “instituir políticas de indução
para implantação de Conselhos Escolares”. (BRASIL/MEC,
2004, p. 13).
53
específico, a gestão da escola e sua relação direta com a qua-
lidade social da educação. Tal objetivo é, sem dúvida, por
demais relevante, pois é necessário pensar o desafio de tra-
balhar a gestão da educação comprometida com o interesse
público e isto implica apostar na ressignificação da escola, da
aula, do ensino, da aprendizagem e, por consequência, das
pessoas envolvidas nos processos formativos.
54
9) é preciso trabalhar para que “se desconstruam visões mer-
cantilizadas de currículo, do conhecimento e dos sujeitos do
processo educativo.” Enquanto algumas competências são
privilegiadas no processo, outras são secundarizadas, con-
forme o interesse mercantil. Este viés tem sido enfatizado na
atual sociedade mercantilizada.
55
ção com o bem-estar dos outros e com o bem comum.
5. Preocupação com a dignidade e os direitos dos indi-
víduos e com as minorias. 6. A compreensão de que a
democracia não é tanto um ‘ideal’ a ser buscado, como
um conjunto de valores ‘idealizados, que devemos viver
e que de vem regular nossa vida enquanto povo. 7. A
organização de instituições sociais para promover e am-
pliar o modo de vida democrática (APPLE & BEANE,
2001, p. 16).
56
seu conseqüente compartilhamento com os que fazem parte
da comunidade educativa e pelo enfrentamento crítico das
demandas postas em cada situação contextual.
57
posta de gestão compromete-se com a qualidade socialmen-
te referenciada porque se ocupa de ensinar na consideração
dos indivíduos que se localizam contextual e historicamente
com suas demandas. Portanto, as demandas não seriam as
do mercado, mas as de natureza humana.
58
Paro (1992, p. 39), a despeito do debate, coloca a
seguinte observação: “se concebermos a comunidade – para
cujos interesses a educação escolar deve-se voltar – como
real substrato de um processo de democratização das rela-
ções na escola, parece-me absurda a proposição de uma
gestão democrática que não suponha a comunidade como
sua parte integrante”. Quer dizer, percebemos que a apren-
dizagem (eixo central da escola) está em perigo? Precisamos
quebrar o estado confortável dos envolvidos no processo de
ensino. E quem são estes? São todos que executam uma
teoria (neste caso o PPP). Não há, portanto, como ficar tran-
qüilo, deixando a coisa correr.
59
para a vida?
63
versos setores da escola” é a posição do gestor B. Enquanto
isso, o gestor G entende que o perfil do gestor deve ser: “exe-
cutar o cargo com autoridade e não ser autoritário. Assim
o trabalho dos demais [...] possa ser realizado com amor e
respeito.” Percebe-se que é preciso fugir do modo autoritário,
afinal, o autoritarismo não deixou na história imagem boa a
não ser aos que, nos diversos contextos, detinham o poder.
Possivelmente desejando afastar qualquer entendimento no
rumo do autoritarismo e da insatisfação decorrente de ações
no grupo, o gestor G é da opinião de que a gestão da escola
precisa ser feita com “amor” e “respeito”. Desse posiciona-
mento, percebemos quão distante estão os gestores do en-
tendimento dos contextos. Esta opinião não é muito diferen-
te da anterior que enfatiza a necessidade da “harmonia” na
gestão escolar. Até aqui a preocupação com a qualidade da
educação não apareceu. Os depoimentos revelam até aqui
o cuidado com as relações no grupo e não necessariamen-
te com a gestão democrática. Entenda-se aqui a qualidade
advinda da educação que “garantia e a permanência e uma
formação com primor da qualidade social.” (LIMA, MAR-
QUES e SILVA, 2009, p. 183).
Considerações finais
66
de pessoas envolvidas na escola ou no sistema escolar. Nes-
te sentido, é relevante a posição de Saviani (1982) ao dizer
que “só é possível considerar o processo educativo em seu
conjunto sob a condição de se distinguir a democracia como
possibilidade no ponto de partida e democracia como reali-
dade no ponto de chegada” (SAVIANI, 1982, p.63).
E, finalmente, sugeridas referenciaispara uma atuali-
zação daqueles que se configuram nas organização do
trabalho escolar (OTE), anunciamos no decorrer deste
capítulo uma série de questões que problematizam a
educação, a OTE, o plano da participação, o campo da
gestão, enfim, questões as quais não respondi, mas que
importam terem respostas, e estas devem ser exauridas
por aqueles que se importam e se comprometem com
uma educação voltada para a qualidade e igualdade so-
cial, política e econômica. Eis um desafio por de come-
çar.
67
Referências
68
DOURADO, L. F. Políticas e gestão da educação básica no
Brasil: limites e perspectivas. Educação& Sociedade.
Campinas, v. 28, n. 100 – Especial p. 921-946, out. 2007.
70
A INTRODUÇÃO DO PROJETO POLÍTICO
PEDAGÓGICO NA POLÍTICA EDUCACIO-
NAL BRASILEIRA10
1 Introdução
10 Publicado originalmente no livro Este texto foi divulgado anteriormente no livro PPP
– participação, gestão e qualidade da educação II, organizado por Antonio Bosco de
Lima e editado pela Assis Editora, em 2015.
11 Docente da Universidade Federal da Grande Dourados. Contato: mariaalicearanda@
gmail.com
12 Servidor Técnico da Universidade Federal de Uberlândia. Contato: wander_matias_
[email protected]
71
Faculdade de Educação da Universidade Federal de Uber-
lândia, em Minas Gerais. Cabe registrar que foram lócus da
pesquisaduas escolas públicas situadas na Região do Triân-
gulo Mineiro (MG), sendo uma estadual (Município de Ara-
guari) e outra municipal (Município de Uberlândia).
72
cenário educacional brasileiro inicialmente como proposta
de abertura da escola para as massas e de sua articulação
com a comunidade, notadamente com o debate educacio-
nal das décadas de 1920 e 1930 (SPÓSITO, 2001). Desde
então, esteve presente, de um lado, como reivindicação, luta
e prática dos educadores e, de outro lado, como discurso e
política de governos.
73
Decorrente deste processo, em 1988, as forças sociais
democráticas inscreveram a gestão democrática como prin-
cípio do ensino público na Constituição da República Fe-
derativa do Brasil. Abriu-se, então, a possibilidade de, entre
diversas medidas, instituir-se a elaboração de um projeto
educacional no qual cada coletivo escolar definisse: que ho-
mem, que escola, que sociedade tem em vista. E, a partir
disso, decidisse: a organização da escola, do trabalho do-
cente e do ensino; a natureza das relações escolares; que
conhecimento e que saberes ensinar; o caráter das práticas
pedagógicas; as formas e meios de redimensionar a relação
escola e sociedade.
75
tividade e qualidade do ensino foram atribuídos, fundamen-
talmente, ao padrão de gestão vigente.
77
estrutural e sua extensão internacional” (p. 22). É um meio
que tem como fim histórico: “a reanimação do capitalismo
avançado mundial” (p.15).
78
de provisão da educação que, procurando manter o cará-
ter público da educação, não se restringiu à provisão esta-
tal clássica, envolvendo diversas formas de articulação entre
Estado e instâncias não estatais (setor privado, organizações
não governamentais e entidades comunitárias).
79
dominantes com o objetivo de formar um novo trabalhador
que, melhor qualificado, agora pela escola, e educado, pos-
sa trabalhar, de forma polivalente, nos postos de trabalho,
principalmente com as tecnologias mais avançadas; e de ou-
tro lado, os educadores, setores democráticos e progressistas
comprometidos com a transformação da sociedade, defen-
dendo uma escola que forme um novo homem, desenvolvi-
do em todas as suas potencialidades para o exercício efetivo
da cidadania, um homem que, ao mesmo tempo, conheça
a realidade fundamentada no critério da cientificidade e seja
crítico dessa realidade.
81
cratização da educação, desta feita regida por uma lógica
economicista.
82
ricas. Propõe que haja rupturas com as questões presentes,
portanto traz promessas para o futuro.
83
ambas preceituadas pela CF de 1988 e pela LDB de 1996,
porém segundo a lógica da modernização perceptível no
projeto neoliberal de sociedade.
84
5 Fundamentos teóricos do PPP
87
para a organização e gestão da educação, os teóricos críticos,
a partir de questionamentos dos fundamentos positivistas e
funcionalistas da administração tradicional, concebem a tra-
dição interacionista do conflito como antítese da tradição
funcionalista do consenso, argumentando que esta última
não tem sido capaz de oferecer elementos que expliquem
“fenômenos do poder, da ideologia, da mudança e das con-
tradições que caracterizam o sistema educacional no contex-
to da sociedade contemporânea” (SANDER, p. 94), conside-
rando que em todos esses elementos citados está vinculado
o “conceito político de sociedade e de qualidade de vida e
de educação que implica uma preocupação com a emanci-
pação humana e a transformação social” (SANDER, p. 94).
6 Considerações
90
Referências
93
VEIGA, I. P. A. Inovações e Projeto Político-Pedagógico:
uma relação regulatória ou emancipatória? Caderno Ce-
des. Campinas, v. 23, n. 61, p. 267-281, dezembro 2003.
94
A PROFISSIONALIZAÇÃO DOCENTE E
SEUS DESAFIOS13
1 Introdução
13 Este capítulo foi divulgado anteriormente em forma de anais de evento: Educere: XII
Congresso Nacional de Educação. PUCPR, de 26 a 29 de outubro de 2015.
14 Doutoraem Educação: Políticas, saberes e práticas educativas. Professora Adjunta da
Universidade Federal de Goiás/ Regional Jataí (UFG/REJ). Integrante dos grupos de
pesquisa: Núcleo de Pesquisa Formação de Professores e Práticas Educativas /UFG e
Grupo de Pesquisa Estado, Democracia e Educação/UFU. E-mail: elizabethraimann@
gmail.com
95
2008), mas também por ser um agente de mudança na de-
mocratização da sociedade brasileira (FREITAS, 2002).
97
A pesquisa, de cunho documental, pautou-se na
Análise Crítica do Discurso (ACD) com as contribuições de
Fairclough (2001) que discute a incorporação do discurso
empresarial e mercadológico no discurso educacional. Expli-
ca o autor que devido às transformações no mercado, estas
afetaram áreas da vida social, como a educação e saúde,
por exemplo, levando a “relexicalizações de atividades e re-
lações […] aprendizes como ‘consumidores’ ou ‘clientes’,
cursos como ‘pacotes’ ou ‘produtos’ […] e a ‘colonização’
da educação por tipos de discurso exteriores, incluindo os
da publicidade, os da administração e os da terapia” (FAIR-
CLOUGH, 2001, p. 25, grifo do autor).
98
E, por fim, a análise da profissionalização docente no con-
texto da Política Nacional de Valorização do Magistério da
Educação Básica e seus desdobramentos.
99
caracterizam como aquelas que englobam desde a prepara-
ção das aulas, planejamento escolar, relação quantidade alu-
nos por professor, até a luta por salários mais dignos, dentre
outras; e as condições subjetivas envolvem a sua formação e
qualificação, dentre outras questões.
100
Um movimento ideológico, na medida em que repousa em no-
vas representações da educação e do ser do professor no interior
do sistema educativo. É um processo de socialização, de comu-
nicação, de reconhecimento, de decisão, de negociação entre
projetos individuais e os dos grupos profissionais. Mas é também
um processo político econômico, porque no plano das práticas e
das organizações induz novos modos de gestão do trabalho do-
cente e de relações de poder entre grupos, no seio da instituição
escolar e fora dela (NÚÑEZ; RAMALHO, 2008, p. 4).
101
Para Enguita, a profissionalização não corresponde
ao sentido de formação, de qualificação e de conhecimento,
mas “como expressão de uma posição social e ocupacional,
da inserção em um tipo determinado de relações sociais de
produção e de processo de trabalho” (ENGUITA, 1991, p.
41).
102
ção para a sua profissionalização aponta para os conflitos
que se desenvolvem entre eles e o Estado capitalista liberal,
incidindo na própria concepção de educação que cada um
deles tem.
103
valorização docente procuraram articular a dimensão profis-
sional, a dimensão política e a dimensão epistêmico-herme-
nêutica da ação educativa.
104
forme a Nova Gestão Pública propõe (BRESSER-PEREIRA,
2010).
105
Nesse contexto da globalização, da sociedade e eco-
nomia do conhecimento, o professor é uma das peças fun-
damentais para a promoção de uma educação que permita
ao aluno/usuário/cliente a consumir e a produzir. Nesse viés,
a relação aluno/usuário/cliente é o que Fairclough (2001) ca-
racteriza como uma colonização do discurso empresarial e
mercadológico na área educacional.
108
gia do gerencialismo e objetiva à “desintelectualização do
professor que, segundo ela, além de ser um indício de sua
proletarização, modela um novo perfil de profissional, com-
petente tecnicamente e inofensivo politicamente, um expert
preocupado com suas produções, sua avaliação e suas re-
compensas” (SHIROMA, 2003, p.10).
109
sições internacionais.
110
ternacional sobre Políticas de Profissionalização Docente,
obteve o apoio de diversas entidades representativas como
o MEC, Conselho Nacional dos Secretários de Educação
(CONSED), UNESCO, da Secretaria de Educação do Esta-
do do Rio de janeiro e da Fundação Lemann (BALZANO,
2007).
112
Nesse sentido, Campos (2007) recomenda que, para
que a docência seja reconhecida, valorizada e fortalecida, a
profissão não deve ser somente objeto de prioridade das po-
líticas públicas, mas que tenha vários setores e atores envol-
vidos nesse processo, sendo eles: os meios de comunicação,
as organizações e os movimentos sociais, além de setores
governamentais. Tal proposição foi, posteriormente, incor-
porada à “Carta do Rio de Janeiro” e também ao Plano de
Metas do PDE.
116
frente a uma nova sociabilidade, problematiza o papel da
educação e da escola para o mundo contemporâneo e argu-
menta, “hoje é preciso nos perguntar se a escola será a insti-
tuição socializadora do futuro e se a formação das gerações
futuras exigirá esse mesmo desenho institucional” (TEDES-
CO, 2002, p. 22). Na sua avaliação, “Se é preciso educar-se
ao longo da vida, então todos somos alunos. Em períodos de
mudanças radicais no modo de produção e nas relações so-
ciais, o velho conhecimento não ajuda, mas sim atrapalha”
(TEDESCO, 2002, p. 40).
117
Tedesco reconhece o conhecimento como uma vari-
ável importante na explicação de novas formas de organiza-
ção social e econômica e alinha-se à proposição de Delors
(2002) que, em seu relatório, reforça a importância que o
conhecimento tem para a economia e o desenvolvimento
sustentável. Além disso, o relatório de Delors (2002) apon-
ta para a importância do papel do professor que deverá ter
competência pedagógica, profissionalismo e devotamento,
assim como qualidades humanas, como autoridade, empa-
tia, paciência e humildade.
119
O governo de Lula trouxe algumas mudanças, “ino-
vações”, na educação e o PDE as sintetizou aglutinando o
que já estava em andamento e o que ainda seria implanta-
do. Porém, tais mudanças “inovadoras” ficaram no campo
das reformas, ou seja, ancoradas ao ideário capitalista. Os
programas e ações implementadas mantiveram-se dentro do
viés pragmatista, gerencialista e economicista da educação.
5 Considerações
120
TIC, ser flexível diante da reestruturação do mundo do tra-
balho.
121
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128
PLANO DE AÇÕES ARTICULADAS (PAR)
EM UBERLÂNDIA: A PERSPECTIVA DE
GESTÃO E PLANEJAMENTO
1 Introdução
129
A necessidade de produção de políticas públicas com-
prometidas com o desenvolvimento econômico e social do
Brasil desencadeou inúmeras ações do governo no período
de 2003 a 2010. Uma das principais políticas foi o Programa
de Aceleração do Crescimento (PAC). Lançado em janeiro
de 2007, o PAC é um programa que incorpora um conjunto
de políticas econômicas planejadas, e que buscava acelerar
o crescimento econômico do Brasil. Diante dos objetivos
delimitados pelo PAC, os vários ministérios apresentaram
projetos comprometidos com ações concretas para a execu-
ção do referido programa. Em se tratando do Ministério da
Educação, este lançou, em 24 de abril de 2007, o Plano de
Desenvolvimento da Educação (PDE).
130
de atuação do Ministério da Educação (MEC), incorporan-
do os níveis e modalidades de ensino, além de medidas de
apoio e de infraestrutura. No Plano de Metas Compromisso
“Todos Pela Educação” trata-se do estabelecimento de 28
metas para a melhoria na qualidade da educação brasileira;
do estabelecimento do Ideb; do termo de adesão voluntária
dos Municípios, Estados e Distrito Federal ao Compromisso;
e por fim, versa sobre o Plano de Ações Articuladas (PAR)
como requisito para recebimento da assistência técnica e fi-
nanceira dos entes participantes do Compromisso.
131
a segmentação territorial constitutiva da educação pública;
a diminuição da responsabilidade da União com a edu-
cação; a proliferação de programas desarticulados entre
si, vinculados à mudança da gestão escolar e à melhora
da aprendizagem no ensino fundamental; a privatização
acelerada da educação superior na década de 1990; a au-
sência de um regime de colaboração no processo de muni-
cipalização deslanchado dez anos atrás [...]. (KRAWCZYK,
2008, p. 800).
132
da política governamental. Conforme Ferreira (2013, p. 67)
épossível assinalar que
É política a decisão de planejar, no sentido de que, por inter-
médio da definição dos planos, se alocam valores e objetivos
juntamente com recursos financeiros e se redefinem as formas
como esses valores e objetivos são propostos e distribuídos.
Conquanto tais decisões atendamaos interesses hegemônicos,
os critérios tendem a assumir um caráter racional, a partir de
regras e procedimentos ditados por técnicos, em contraposi-
ção ao modo tradicional anteriormente dominante praticado
por meio de influências entre as esferas do governo.
133
jamento como uma perspectiva de estratégia coordenada a
fim tornar a execução de algo, está localizada originalmente
na esfera militar, pois a primeira referência sobre o plane-
jamento estruturado é atribuída à Sun-tzu, autor de “A arte
da guerra” escrito em 500 ac. O conceito de estratégia am-
pliou-se a partir de Maquiavel, sendo compreendido como
a condução da execução das operações reais. Não obstan-
te, no século XX tal concepção começou a ser desenvolvida
no campo empresarial, “[...] A incorporação dos conceitos
e métodos do pensamento estratégico às práticas do plane-
jamento gerou uma nova abordagem chamada de planeja-
mento estratégico, mais recentemente também denominado
planejamento estratégico corporativo”. (PARENTE FILHO,
2010, p. 34).
134
se modelo nas propostas implementadas na extensão gover-
namental, tendo em vista que os princípios do pensamento
estratégico conduz a ação de atores que tenham capacidade
de interagir em situações conflituosas, cujos interesses são
opostos, imprimindo-lhes a necessidade de fazer escolhas ra-
cionais no intuito de atingir os objetivos propostos.
135
aproveitamento dos recursos. Esse processo de responsabi-
lização e prestação de contas está fundamentado em prin-
cípios abarcados pelas empresas privadas na condução de
um planejamento estratégico, via táticas e estratégias, cuja
gestão está focalizada no objetivo concreto de garantir efi-
ciência e eficácia no alcance dos resultados esperados, com
avaliações de desempenho e controle das ações individuais
e coletivas.
137
ração do projeto político pedagógico, respeitadas as espe-
cificidades de cada escola;
138
metas de evolução do Ideb. (BRASIL, 2007, p. 1).
139
No que diz respeito aos recursos a condição estabe-
lecida pelo governo para o acesso à assistência técnica e
financeira dos entes que assumiram o Compromisso foi a
adesão ao Plano de Ações Articuladas (PAR). O PAR é en-
tendido como mecanismo de intervenção do governo fede-
ral nos municípios que assinaram o Plano de Metas. Constru-
ído com a participação dos gestores, técnicos e educadores
locais, resguarda a autonomia e a organicidade das ações,
delega autonomia aos entes municipais e tem como concep-
ção iniciar as ações por meio de diagnóstico que permite a
análise detalhada do sistema educacional. Portanto, o PAR
é compreendido como parte operacional do PDE e do Plano
de Metas, constituindo-se como um instrumento de plane-
jamento e gestão, ao estabelecer ações de responsabilidade
partilhada entre Estado, município e União.
142
e análise técnica. Sendo que os dois primeiros ocorrem no
município e o terceiro é realizado pelo MEC e o Fundo Na-
cional do Desenvolvimento da Educação (FNDE).
143
De acordo com os entrevistados as atividades
desenvolvidas pela Secretaria Municipal de Educaçãono
período anterior ao PAR não podem ser consideradas como
atividades sem uma sistematização em sua condução,
todavia, destacam que não existia um alinhamento entre
os diversos órgãos responsáveis pelo desenvolvimento
do trabalho na SME. Se por um lado, é possível
constatar uma vinculaçãomais estreita entre os diversos
setores envolvidos na efetivação da educação do munícipio
e gerenciamento do PAR, também se observa uma relação
muito próxima entre a organização do trabalho educativo
da SME e os princípios do planejamento estratégico.
Eu vejo uma contribuição no sentido de aproximar mais o
trabalho em si. E ele todo já era desenvolvido pelaSecreta-
ria Municipal de Educação. Mas, era desenvolvimento as-
sim, se era formação de professores, ficava lá no Cemepe,
se era rede física, ficava com o pessoal de rede física, se era
alguma coisa para implementar a merenda escolar, ficava
com o grupo da parte da alimentação escolar. Então o Pla-
no na verdade, ele veio para otimizar esses trabalhos que
eram feitos por seguimentos dentro da Secretaria. Então
tudo começou a ser desenvolvido com uma maioreficiên-
cia. O PARveio buscar essa aproximação desses segui-
mentos dentro da Secretaria para realmente, à época,
nós aprendermos a trabalhar mais em equipe. Porque real-
mente tinha essa necessidade [...]Porque o trabalho em si,
ele era feito, só que era feito de forma fragmentada. Então
o PAR ele serviu pra unir maisos trabalhos, as frentes de
trabalho dentro da secretaria [...] basicamente havia uma
equipe responsável que planeja as ações , por exemplo,
o Cemepe era responsável pela formação de professores.
Então a equipe fazia o projeto, descrevia qual era o objeto,
o plano de trabalho, o prazo de execução e os recursos
144
necessários, normalmente, esse trabalho era desenvolvi-
do junto com a equipe da assessoria financeira da SME.
Após, colocávamos na mão do prefeito, que recorria/pedia
ao seus pares (parlamentares da região) que buscassem re-
cursos para executar aquele projeto. Se a proposta era na
área de construção, na rede física, a equipe da assessoria
administrativa, manutenção e apoio era responsável pela
parte de construção e manutenção da rede física. Então,
basicamente era assim que se fazia. Não tinha uma equipe
exclusiva paraplanejamento e formatação de projetos den-
tro da secretaria. (Entrevistada 1 – técnico representante
da Secretaria Municipal de Educação, 14 dez. 2014).
145
Esse rearranjo permite a obtenção de uma visão do
conjunto de ações, característica do planejamento estratégi-
co, o qual, segundo Parente Filho (2010), exige um formato
específico de formulação, implementação, acompanhamen-
to e avaliação, implicando em: a) adesão e adoção de deter-
minados princípios básicos, b) aplicação sistemática de um
método de planejamento que cumpre os diferentes níveis
institucionais e o cálculo de curto, médio e longo prazos.
O objetivo do planejamento da educação no municípioan-
tes do PAR eram ações muito isoladas [...] a intenção foi
pegar essas diversas dimensões formativas que eram iso-
ladas e dentro desse documento do PAR centralizar essas
ações para obter um resultado mais efetivo. (Entrevistado
2 – Inspetora representante do CME, 05 fev. 2016).
146
dimensões que afetam a educação diretamente. As ações
passam a ser mais ordenadas, ele não permite que sejam
isoladas. (Entrevistada4 - Assessora administrativa repre-
sentante da SME, 19 mar. 2016).
147
os alunos irão chegar a essa escola e muitas veze entra
também o transporte escolar (caminhos da escola) que nós
também solicitamos. É um planejamento que englobatam-
bém a formação de profissionais, como a formação con-
tinuada para os profissionais que irão atuar nessa mesma
escola. O planejamento no município, as ações do muni-
cípio são feitasa partir do PAR, é o que nós seguimos,
não há um planejamento paralelo. Tudo isso está associa-
do com a qualidade da educação. (Entrevistada 5 - Técni-
co representante da Secretaria Municipal de Educação,19
mar. 2016).
148
social, sobre a necessidade de aplicação dos recursos econô-
micos em ações planejadas”. (FERREIRA, 2013, p. 77).
O PAR a meu ver é isso, um raio-x das escolas para ver
onde e em que o governo precisava investir. Estava num
período do governo que ele precisava calcular onde ele
iria investir ou seja, um planejamento para saber sobre
a necessidade de investimento, construção e reforma de
escola, formação, cobertura de quadras, materiais peda-
gógicos. (Entrevistado 3 - representante do Fundeb, 05 fev.
2016).
149
entre o centro e a periferia preconiza uma dicotomia entre
centralização e descentralização e que a “emergência do lo-
cal se faz de modo pouco uniforme, com ritmos e amplitude
diversos, no quadro de políticas mistas que combinam os
dois movimentos, reforço do centro e da periferia, em áreas e
domínios distintos” (Barroso, 2013, p. 17). Portanto, o local
é reconhecidocomo lugar de aplicação, de participação, de
interdependência no confronto de lógicas tão diversas, em
que por um lado buscam preservar o papel do Estado, por
intermédio da contextualização territorial das políticas e do
incentivo à sua modernização e por outro lado objetivam a
sua diminuição, numa visão neoliberal.
150
dai, são criados mecanismos a fim de viabilizar isto em
diversos aspectos e dentre eles nós iremos optar de acordo
com as necessidades do município no prazo determina-
do. Na verdade já tem tudo no PAR, não criamos nada,
você vai apenas escolher o que precisa dentro do que está
disponível, apenas dentro do que está disponível. (Entre-
vistado 4 - Assessora administrativarepresentante da SME,
19 mar. 2016).
151
são submetidos a um processo em que “adopção da norma
é precedida por um processo de audição e concertação com
os atores e organizações envolvidos no objecto de regula-
ção”. (JUSTINO; BATISTA, 2013, p. 49).
O MEC consegue controlar tudo. Quando solicitamos
construção de novas escolas,eles olham ao redor todinho.
Operímetro é avaliado por eles. Entram e observam tudo.
Eeles nos enviam as suas recomendações. Se é possível
ou não. Onde pode ser construído. Tudo controlado. Mas
aiestudamos e temos a possibilidade de apresentar outro
projeto. No meu entendimento, sob o ponto de vista técni-
co, é excelente. Com o PAR, o governo federal possui con-
trole sobre as execução das políticas, cumprindo o papel
do Estado, intervindo, atuando,um meio de intervenção
e atuação do Estado, visão contrária de alguns governos
que já tivemos. (Entrevistada 4 -Assessora administrativa
representante da SME, 19 mar. 2016).
152
[...] até mesmo a liberação de recursos é feita por esse
sistema(SIMEC) e eles possuem um controle da solicitação
para evitar fraudes, por exemplo se nós pedimos recur-
sos para cobertura de quadras esportivas, eles verificam
previamente se determinada escola realmente não possui
quadra coberta. Eles mandam o recurso e acompanham
tudo pelo sistema. É assim, tem um sistema tecnológico
violento que entra e fiscaliza dentro da própria escola. Eles
sabem se você solicita alguma coisa quenão está de acor-
do com a realidade. Por exemplo, se eu peço alguma coisa
que a escola já tem,eles respondem dizendo que não vão
liberar porque a escola já possui o que foi solicitado . É
online, em tempo real. Há um cruzamento de dados com
controle total. (Entrevistada 4 - Assessora administrativare-
presentante da SME, 19 mar. 2016).
153
alterado, e passagem dele, não há como, trava tudo. Ai a
dinâmica será devolver o dinheiro. E para essa devolução
vai para a Câmara de vereadores. A Câmara pergunta o
motivo da devolução do dinheiro. Respondemos: por in-
competênciade vocês que não viabilizaram. Ai entra dispu-
ta política, partidária, ideológica, papel do Estado. Como
o estado vai intervir. Tudo isso entra. É um processo em
disputa. Tudo isso entra em jogo no processo. (Entrevista-
da 4 -Assessora administrativa representante da SME, 19
mar. 2016).
Considerações finais
154
ses entes em relação às prioridades de execução; além, evi-
dentemente, de permitir um maior controle social por parte
da população.
155
za das relações estabelecidas entre o município e a União por
intermédio dos políticos locais que representavam os interes-
ses da região. A lógica do clientelismo sempre foi utilizada
como estratégia dos grupos políticos para capitanear recur-
sos financeiros sob a forma de barganha, tanto com a União
quanto com a esfera local. Em vista disso, as instâncias locais
ficam “reféns” dos interesses privados e do tráfico de influên-
cias dos sujeitos e interesses político-partidários, que não ne-
cessariamente coadunam com as preocupações e demandas
sociais.
156
Referências
157
pectiva, Florianópolis, v. 29, n. 1, p. 69-96, jan./jun. 2011.
Disponível em: <http://www.perspectiva.ufsc.br>. Acesso
em: 30 set. 2015.
158
GESTÃO PÚBLICA E PLANEJAMENTO
EDUCACIONAL NO BRASIL: CONTRIBUI-
ÇÕES DO PDI
1 Introdução
159
dos princípios que regulam alógica de funcionamento dos
fastfoods a espaços institucionais. Utilizaremos essa metáfo-
ra para nos referimos às universidades; estas tendem a ser
pensadas e reestruturadas mediante padrões produtivistas e
empresariais.
161
pretendemos neste trabalhorefletir sobre o planejamento ins-
titucional, sobre o seu instrumento, ou referencial norteador
– o PDI e também sobre o SINAES, no qual o PDI se insere.
Consideramos relevante, verificar as mudanças que ocorre-
ram no ensino superior na conjuntura atual que propiciaram
o surgimento do SINAES e do PDI como estratégias de re-
gulação e normatização do ensino e que produzem efeitos
significativos no cotidiano institucional.
164
principais implicações do liberalismo, no século XIX, aparece
na educação e na cultura do perigo, podendo-se citar: apare-
cimento da literatura policial, campanhas relativas à doença
e à higiene, sexualidade e medo da degeneração, degenera-
ção do indivíduo, da família, da raça, da espécie humana.
165
do governo em que o liberalismo se confrontará com várias
perguntas, dentre elas o “para que governar?”. Assim, nesse
modelo de governar, é inaugurada uma insatisfação perma-
nente com a ação de governar.
166
nomia de mercado sem “lasser-faire” (deixar fazer), ou seja,
uma política ativa sem dirigismo, e sim atuar sob o signo de
uma vigilância, de uma atividade, de uma intervenção per-
manente. Portanto, o desafio do neoliberalismo é que “[...]
não se trata de liberar um espaço vazio, mas de relacionar, de
referir, de projetar numa arte geral de governar os princípios
formais de uma economia de mercado” (Ibidem, p. 181).
167
Foucault (2008) afirma que o neoliberalismo não pro-
cura obter uma sociedade submetida ao efeito mercadoria
e, sim, uma sociedade que se submeta à concorrência, uma
sociedade empresarial. Assim, institui certas normas que ob-
jetivam posicionar os sujeitos dentro de uma rede de saberes.
O seu foco é manter o interesse em cada um desses sujeitos
para que se fixem em redes sociais e de mercado. Para o
neoliberalismo, “[...] não é suficiente controlar as condutas,
mas é fundamental que elas sejam orientadas de modo que
cada sujeito crie novas necessidades de consumo – pessoais
e coletivas – seja capaz de gerir, com competência suas esco-
lhas e ofertas” (RECH, 2010, p. 90).
168
a utilização de novas estratégias, regras que resultam em três
mudanças importantes que caracterizam essa nova lógica
neoliberal. Conforme Rose (1996), a primeira dessas mu-
danças refere-se a uma nova relação entre os experts e a po-
lítica, pois o neoliberalismo cria novas técnicas para exercer
um controle crítico sobre a autoridade no lugar de conceder
aos experts uma autoridade que não podia ser questionada.
Assim, nos programas neoliberais, exemplos como auditoria,
técnicas de contabilidade e orçamentárias ganham destaque.
A segunda mudança refere-se a “[...] uma nova pluralização
das tecnologias sociais, que produz uma desgovernamentali-
zação do Estado e uma desestatização do governo” (Ibidem,
p. 35). O autor esclarece que diversas entidades, empresas,
organizações passam a exercer funções que eram de res-
ponsabilidade dos órgãos estatais, ou seja, “[...] houve uma
proliferação de organizações não governamentais quase
autônomas que assumiram [...] funções regulamentadoras,
de planejamento e de funções educativas” (Ibidem, p. 36).
Como exemplos de tais práticas, podemos citar a educação.
É sabido que, no caso de escolas e mesmo ONGs, embora
o Estado conceda certa autonomia de poder a essas organi-
zações para construírem e executarem propostas pedagógi-
cas que melhor se ajustem às demandas e necessidades de
suas comunidades, ele, o Estado, mantém o controle de suas
condutas, governando de outra forma, através do que Rose
(1996) chamou de “instrumentalização de uma autonomia
regulada”. É possível verificar, nas práticas pedagógicas de-
senvolvidas nas escolas atuais, uma série de procedimentos
169
que não as regulam diretamente e, sim, regulam-nas à dis-
tância através do controle dos resultados e da quantificação
da aprendizagem dos alunos. “São as conhecidas avaliações
em larga escala que não modificam diretamente a propos-
ta pedagógica da escola, mas mediante a mensuração dos
resultados produzidos, a própria escola reconfigura sua pro-
posta de trabalho” (LOCKMANN, 2010, p. 59).
173
de 1930, pela atuação dos educadores conhecidos como
pioneiros da educação, já se amadurecia a ideia de planejar
a educação brasileira, sendo que a Constituição de 1934 de-
legou a competência de elaborar o futuro plano educacional
ao recém-criado Conselho Nacional de Educação.
177
Com a eleição de Fernando Henrique Cardoso a pre-
sidente, o governo, em 1995, fez o detalhamento das pro-
postas de Governo contidas no documento “Mãos-à-obra,
Brasil”. Fonseca (2009) esclarece que o plano estimulava a
concessão de serviços públicos à iniciativa privada e a trans-
ferência de atividades de responsabilidade do Estado para a
iniciativa privada. O planejamento estratégico, em sua mo-
dalidade gerencial, foi o instrumento escolhido para organi-
zar as ações de forma racional e descentralizada.
179
mandato do governo Lula (2002-2006), se processaram me-
diante a criação de leis e decretos que apontavam mais para
a continuidade do que para a descontinuidade das políticas
anteriores” (PEREIRA, 2008, p. 87). Com o SINAES, veri-
ficou-se a necessidade de introduzir, como parte integrante
do processo avaliativo das Instituições de Educação Superior
(IES), o seu planejamento estratégico, sintetizado no que se
convencionou chamar de Plano de Desenvolvimento Institu-
cional (PDI).
183
Alguns outros dispositivos legais de orientação
à elaboração do PDI são: o Decreto n. 2.494/199820
que, em seu capítulo II, Art. 12, estabelece que o pe-
dido de credenciamento da instituição deva ser for-
malizado junto ao órgão responsável, mediante cum-
primento de requisitos, sendo um deles o Plano de
Desenvolvimento Institucional. O Decreto n. 5.224/200421,
em seu Art. 21, § 1º, estabelece que o credenciamento e o
recredenciamento dos CEFET ficam condicionados à apro-
vação do plano de desenvolvimento institucional e à ava-
liação dos indicadores de desempenho. A Portaria MEC n.
1.466/200122 estabelece, em seu Art. 4º, que os pedidos de
autorização de cursos superiores fora de sede deverão ser
apresentados à Secretaria de Educação Superior, SESu, do
MEC, acompanhados de projeto contendo, dentre outros tó-
picos, o plano de desenvolvimento institucional, detalhando
o projeto de expansão e melhoria do ensino por um período
mínimo de cinco anos (BRASIL, 2001).
184
14 e 15, que a avaliação institucional será o referencial bási-
co para o processo de credenciamento e recredenciamento
das instituições e que será analisado pela Comissão Exter-
na de Avaliação (CPA), informações e documentos, sendo
um deles o PDI. A Portaria MEC n. 3.643/2004, em seu art.
1º, estabelece que deverão ser protocolizados, por meio do
Sistema de Acompanhamento de Processos das Instituições
de Ensino Superior - SAPIEnS/MEC, todos os processos de
credenciamento e recredenciamento de instituições de edu-
cação superior (IES), para oferta de cursos de pós-graduação
lato sensu, oferta de cursos superiores a distância, de auto-
rização, reconhecimento e renovação de reconhecimento de
cursos superiores, desativação de cursos, descredenciamen-
to de instituições, Plano de Desenvolvimento Institucional
(PDI), aditamento de PDI, além de outros processos afins.
185
ção Específica, ou seja, cursos sequenciais presenciais. [...]
O PDI deve considerar a missão, os objetivos e as metas
da instituição, bem como as propostas de desenvolvimento
das suas atividades, definindo claramente os procedimen-
tos relativos à qualificação do corpo docente[...]. (BRASIL,
2009, p. 56-57).
186
objetivos e metas (com descrição dos objetivos, quantifica-
ção das metas com cronograma).
187
V – Organização Administrativa da IES – estrutura
organizacional, instâncias de decisão e organograma institu-
cional e acadêmico, órgãos colegiados (competências e com-
posição), órgãos de apoio às atividades acadêmicas.
188
pessoas que determinam o perfil da IES. Do PDI emanam
as diretrizes norteadoras do agir institucional, conjuntamente
ao Regimento que o apoia nas orientações nucleares”.
190
e uma fonte de valores” (ARAÚJO, 1996, p. 75). Portanto,
as IES constituem uma estrutura de muitas complexidades,
por servir a várias clientelas e não apenas a uma, por con-
flitos de poder, por prestar serviços a vários mercados. Tal
fato caracteriza as organizações acadêmicas fragmentadas
em grupos com aspirações, valores, expectativas e crenças
diferentes, e essas diferenças se fazem presente nas decisões
sobre os rumos da organização, ou seja, no seu processo de
planejamento.
191
capaz de dar suporte às decisões sobre missão, objetivos,
metas e estratégias, constitui um instrumento gerencial de
enorme significação.
192
a inviabilidade do planejamento estratégico e sim apontar
a necessidade de repensar a própria atividade do planeja-
mento em uma IES, para se criar condições objetivas e de
legitimação dessa atividade. Do contrário, o planejamento
estratégico, aqui consubstanciado no que se convencionou
chamar de PDI, será somente mais um documento burocrá-
tico exigido pelo MEC, reformulado a cada cinco anos.
Referências
193
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196
PARADIGMAS PREDOMINANTES NA PES-
QUISA EDUCACIONAL
1 Introdução
197
instrumentos, tipos e formas de coleta de dados) na re-
solução dos problemas levantados; 4) proporciona uma
epistemologia na qual as tarefas precedentes possam ser
consideradas como princípios organizadores para a rea-
lização do ‘trabalho normal’ de uma disciplina.
200
Posso fazer uma pesquisa que utiliza basicamente da-
dos quantitativos, mas na análise que faço destes dados,
estará sempre presente o meu quadro de referência, a
minha postura e, portanto, a dimensão qualitativa. As
perguntas que faço no meu instrumento estão marcadas
pelos meus valores, minha postura teórica, minha con-
cepção de mundo. Ao reconhecer esta marca dos valores
do pesquisador no objeto pesquisado eu me distancio
de uma postura positivista, muito embora eu esteja tra-
balhando com a quantificação.
201
3 Sobre o paradigma qualitativo
202
capacidade de observação e interação com o grupo de in-
vestigadores e com os atores sociais envolvidos”. Por isso,
podemos situar a pesquisa qualitativa como uma estrutura
que nos apresenta um padrão cíclico, isto é, sempre pronto a
considerar novos elementos do contexto estudado, conforme
vemos na Figura 2.
FIGURA 2
PADRÃO CÍCLICO DA INVESTIGAÇÃO QUALITATIVA
203
repensar investigativos”. Arouca (1999) vê a pesquisa quali-
tativa como enfoque imprescindível, sem o qual o estudo do
contexto do objeto a ser trabalhado se tornaria “[...] de pou-
co valor, uma vez que o estudo da realidaderequer uma pos-
tura de indagação (como, por quê...), sendo essa a diretriz
que orientará o problema, objetivos e justificativas. Arouca
complementa que “a pesquisa qualitativa éo veículo de va-
lorização do texto e do contexto do objeto social, enquanto
tal”.
Minayo (1996 a, 1996b), Triviños (1987), Alves
(1991), Bogdan&Biklen (1994), Arouca (1999), Denzin&
Lincoln (1994), Patton (1996), Cook &Reichardt (1986) en-
tre outros, entendem a pesquisa qualitativa como um todo
maior no qual várias tipologias são consideradas: pesquisa
etnográfica, estudo de campo, interacionismo simbólico, es-
tudo qualitativo, perspectiva interna, etnometodologia, pes-
quisa qualitativa e fenomenológica, pesquisa naturalística,
entrevista em profundidade, ecológica, descritiva. Esses au-
tores observam que a preocupação básica da pesquisa qua-
litativa é contextualizar o objeto de estudo numa realidade
social dinâmica, intertextualizando relações, interações e im-
plicações advindas daquela, objetivando uma análise mais
profunda e significativa do objeto.
204
mutuamente e constitui com eles uma nova totalidade
(com múltipla determinações) na qual o que antes apa-
recia como opostos, forma agora uma unidade que os
compreende e explica. Assim, avança do simples (de-
terminações) para o complexo (totalidade) ou ainda, do
abstrato para o concreto (pensado). (FREITAS, 1991,
p.267)
FIGURA 3
PADRÃO BÁSICO DA INVESTIGAÇÃO DIALÉTICA
205
É justamente a tendência dialética que propicia, na pes-
quisa científica, a proposição da unidade do então conhecido
conflito paradigmático “quantidade – qualidade”, pois “... o uso
da quantificação na investigação educacional – e de modo
geral nas ciências em geral – não exclui de modo algum a
qualificação e esta não exclui aquela” (GATTI, 1986, p.70).
De acordo com a autora, a unidade é primada pela indisso-
ciabilidade dos dois enfoques, exercendo cada um, partes
da totalidade que não podem e não devem serconsideradas
unilateralmente, dado que:
Quantidade e qualidade são na pesquisa inseparáveis.
Um conjunto de dados numérico em si não tem senti-
do algum. Seu sentido é dado pela escolha teórica de
uma forma de coleta, em função de determinados ob-
jetivos ou hipóteses; o tratamento desses dados é feito
em decorrência da natureza do problema que se está
examinando e este tratamento só adquirirá sentido atra-
vés de uma análise interpretativo-inferencial, portanto,
do tipo qualitativo, sem o que os dados continuam a ser
um amontoado de números, só isso. Ou seja, o avanço
das conclusões só se dá se nos descolamos dos números
em si e desvelamos o seu significado em determinado
contexto. A quantidade só revela alguma coisa quando a
ela atribuímos uma qualidade (Ibidem).
206
objetos e fenômenos, entendendo-os numa totalidade con-
creta de uma realidade diversa e essa considerando o sujeito
cognoscente como ser que age de forma objetiva e prática,
movendo a história e movendo-se com a história, bem como
com os outros homens, “tendo em vista a consecução dos
próprios interesses, dentro de umdeterminado conjunto de
relações sociais”.
207
Considerações finais
208
QUADRO 1
CARACTERÍSTICAS DAS ABORDAGENS QUANTITATIVA, QUALITATIVA E DIALÉTICA
209
210
211
212
FONTE: BOGDAN & BIKLEN (1994, p.72-74), KOPNIN (1978), KOSIK ( 1976), GADOTTI (1983), ARANHA
& MARTINS (1993).
Referências
213
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CHARDT, C. S (org.). Métodos cualitativos ycuantitati-
voseninvestigaciónevaluativa. Madrid, EdicionesMorata,
1986.
214
SEVERINO, Antonio Joaquim. Metodologia do trabalho
científico. 20ª ed. Ed. Revista e ampliada. São Paulo: Cor-
tez: Autores Associados, 1996.
215
PROJETO GESTÃO ESCOLAR DEMOCRÁTICA:
PROBLEMATIZAÇÕES E AÇÕES PARA
IMPLEMENTAÇÃO NA EDUCAÇÃO BÁSICA
ESTADUAL
1 JUSTIFICATIVA
217
registradas naquele momento, a normatização e normaliza-
ção de acesso e de permanência, influindo fortes manifesta-
ções de universalização da Educação Básica, principalmente
o Ensino Fundamental e de ampliação de oferta de vagas no
Ensino Médio e na Educação Superior. O advento do Plano
Decenal de Educação de 1992, da atual LDB 9.394/1996,
218
atingimento da equidade e qualidade na educação da cre-
che a pós-graduação, ao processo de gestão dos sistemas
de ensino e à ampliação do acesso à escola.
219
participação. Percebemos que estes quesitos são organica-
mente articulados e indissociáveis.
2 OBJETIVOS
221
b) atuar como gestor do campo pedagógico e do cam-
po administrativo, promovendo a qualidade social na
rede escolar, levando em conta a transparência, o tra-
balho coletivo e a participação da comunidade nas
decisões;
3 PÚBLICO ALVO:
3.1 Destinatários:
222
res da SEE/MG);
4 DESENVOLVIMENTO
4.1 Metodologia
223
estas foram indicadas pela SRE por participarem do Projeto
Pedagógico Inovadores da SEED29.
224
Pré-encontro: 8 horas dedicadas a realização de es-
tudos dirigidos e discussões que serão conduzidas por um
membro de cada escola, cujo tema será foco no encontro
presencial seguinte.
Cronograma
225
materiais disponíveis: vídeos, links, músicas, notícias, relatos
de experiências, artigos etc.
• Função: Oficineiros.
4.5 Avaliação
227
preencheram uma ficha autoavaliativa que tem como
objetivo promover a autorreflexão (esta ficha pode
compor o portfólio do grupo).
228
A prática da autoavaliação por alunos de todas as idades
requer o desenvolvimento da habilidade crítica. O por-
tfólio é um processo pelo qual eles próprios selecionam
suas melhores produções, o que torna essa habilidade
fundamental. Para isso precisam conhecer e compreender
os critérios que usarão para avaliar seus trabalhos. (...) A
avaliação por meio de portfólio exige que os alunos não
só conheçam, mas até participem da sua formulação, para
que aprendam a desenvolver seus próprios critérios e a
analisar seu desempenho. (VILLAS BOAS, 2007, p.55)
229
de gestão democrática;
Referências
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232
POSFÁCIO
233
mentalizar professores, coordenadores e gestores, todos tra-
balhadores da educação, cujo objetivo comum é lutar por
uma escola pública, laica, democrática e de qualidade social-
mente referenciada para todos.
Elizabeth G. Raimann
Ari Raimann
Docentes da UFG
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Título: Gestão Escolar Democrática: teorias e práticas
Organizadores:
Antonio Bosco de Lima
Mariana Batista do Nascimento Silva
Navegando Publicações
CNPJ – 18274393000197
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Uberlândia – MG
Brasil
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