POLÍTICAS E PRÁTICAS de Formação de Professores
POLÍTICAS E PRÁTICAS de Formação de Professores
POLÍTICAS E PRÁTICAS de Formação de Professores
ANPAE
2019
ANPAE – Associação Nacional de Políticas e Administração da Educação
Presidente
João Ferreira de Oliveira
Vice-presidentes
Marcelo Soares Pereira da Silva (Sudeste)
Luciana Rosa Marques (Nordeste)
Regina Tereza Cestari de Oliveira (Centro-Oeste)
Terezinha Fátima Andrade Monteiro dos Santos Lima (Norte)
Elton Luiz Nardi (Sul)
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Erasto Fortes Mendonça - Diretor Executivo
Pedro Ganzeli - Diretor Secretário
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Editora
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Editora Associada
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João Ferreira de Oliveira, Universidade Federal de Goiás (UFG), Goiânia, Brasil
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Walter Esteves Garcia, Instituto Paulo Freire (IPF), São Paulo, Brasil
Comissão Organizadora
Ficha Catalográfica
OL48pp
ISBN: 978-85-87987-17-4
Formato: PDF, 457 páginas
Organizadores
João Ferreira de Oliveira - Professor titular da Universidade Federal de Goiás. Doutor em
Educação (USP), Brasil.
Lúcia Maria de Assis - Professora Associada da Universidade Federal de Goiás. Doutora
em Educação, (UFG) Brasil
Todos os arquivos aqui publicados são de inteira responsabilidade dos autores e coautores,
e pré-autorizados para publicação pelas regras que se submeteram ao XXIX Simpósio
Brasileiro de Política e Administração da Educação. Os artigos assinados refletem as opiniões
dos seus autores e não as da ANPAE, do seu Conselho Editorial ou de sua Direção.
Serviços Editoriais
APRESENTAÇÃO 17
João Ferreira de Oliveira
Lucia Maria de Assis
INTRODUÇÃO
A experiência que forma e transforma o sujeito na relação com o vivido, nos convida
a compreendê-la enquanto sentido existencial, pois é na sua essência o que nos acontece, o
que nos passa, o que nos toca. É sempre relativa ao indivíduo, segundo Larrosa, é “o modo
de habitar o mundo de um ser que existe”. (2014, p. 43).
CONCLUSÃO
REFERÊNCIAS
BAUMAN, Z. Vivemos tempos líquidos. Nada é para durar. In: ISTOÉ Entrevista, 2010
Disponível em http://www.istoe.com.br/assuntos/entrevista/detalhe. Acesso em
03/08/2018.
Este trabalho nasce das leituras indicadas no Plano de curso da disciplina “Políticas
Educacionais, Estado e Sociedade” 3 e dos debates frutíferos estabelecidos no espaço da pós-
graduação. A discussão, objetiva balizar as relações entre Escola, Política Educacional,
Formação de Professores, de modo a compreendermos a sintonia e ligação entre os
conceitos, uma vez que a incompreensão nos tem privado de conhecer efetivamente o que
chega no chão da escola, como chega e porque chega.
“No que tange à noção de Educação, entendemos que seu significado corresponde
a todo processo intencional de formação dos indivíduos (ou grupos).” (SANTOS, 2012, p.3),
nesse sentido a formação dos sujeitos tem uma finalidade que é atravessada por disputas,
jogos de interesse e relação de força, que de certa forma impede a efetivação de uma educação
de qualidade. Conhecer o funcionamento da política e economia, enquanto determinantes da
organização social, é condição indispensável para entendermos que a definição da política
educacional no que tange a formação docente, programas, currículos, avaliação, entre outros
aspectos, responde as transformações ocorridas no mundo do trabalho, assim como as
exigências do sistema capitalista que corriqueiramente orienta como deve ser organizada a
educação em países como o nosso.
As implicações e as transformações ocasionadas pela política educacional modificam
consideravelmente os espaços escolares e a atuação dos professores. As mudanças fazem
ministrada pela Professora Drª. Marilda de Oliveira Costa e Professor Dr. Leonardo Almeida da Silva.
25
com que os professores tenham sempre que está recomeçando o fazer docente, pelo que
apresenta Vieira (2012, p.29), “Estes se veem diante de um acúmulo de papéis, funções e
responsabilidades impostos por um processo de reforma sobre o qual não foram consultados
e que, ao que tudo indica, não sabem para onde caminha [...], interessante que as
modificações, via de regra, são para a educação básica, os professores executam as ações de
programas, que especialistas organizam para solucionar problemas da escola.
Vemos como um processo contraditório, confuso e ao mesmo tempo complexo,
uma vez que a experiência acumulada na docência, chão da escola, não pode ser
desconsiderada no ato de decisões que determinam o curso da política educacional. No
Estado democrático de direito, onde a pressão internacional, sem maiores resistências
políticas, dá o tom de como direcionar a educação no país, não pode internamente dividir
forças, mas buscar formas de superação das problemáticas históricas.
Políticas de formação de professores no Brasil se caracterizam por processos
descontínuos, a cada governo aparece uma proposta, a anterior jaz nos arquivos e surge
aquela que promete resolver o problema da educação, o que é um engodo, uma vez que as
propostas não vão atingir o cerne do problema, mas vem em pequenas doses que aliviam
momentaneamente, mas não solucionam em definitivo.
Segundo Borges (2013, p.56), “[...] a melhoria do processo de formação de
professores precisa de muito mais do que leis e decretos. É um grande desafio que exige
muito investimento, tempo, colaboração de todos, mudança de mentalidades
comprometimento de toda a sociedade”. Assim entramos no mérito de que leis e decretos
por si só não produzem o efeito esperado, o mais intrigante é que nem as pessoas interessadas
tem a percepção do que está subentendido nas entrelinhas desses documentos. São anos e
anos de interrupções das políticas de governo, ou seja, a cada novo governante é apresentada
uma nova proposta, com isso aquisição de outros materiais, descarte do já utilizado e um
gasto desnecessário, políticas de Estado que assumam o problema precisam ser efetivadas
no país.
De acordo com Torres (1995) “[...] o estado, como pacto de dominação e como
sistema administrativo autorregulado, exerce um papel central como mediador no contexto
da crise do capitalismo, especialmente nas contradições entre acumulação e legitimação”
(p.111), tais questões se relacionam diretamente com o que decidem para a educação, limites
e possibilidades no contexto de um capitalismo que avança e tem total controle sobre a
organização da educação.
26
Dessa forma, temos uma variedade de conceitos que fora do contexto, vistos
desagregados do conjunto não nos dizem o que está por trás do jogo chamado capitalismo
que tem no estado neoliberal a passagem para efetivação das suas políticas que objetivam a
acumulação, o lucro e um estado de desequilíbrio que separa cada vez mais os poucos
providos do grande número de desprovidos e deserdados do mundo. E tudo isso está
intimamente relacionado a educação, a formação e no que é pensado e efetivado para este
campo.
CONCLUSÕES
REFERÊNCIAS
PERONI, Vera. Política educacional e papel do Estado no Brasil dos anos 1990. São
Paulo: Xamã, 2003.
SANTOS, Pablo Silva M.B. dos. Guia prático da política educacional no Brasil: ações,
planos, programas e impactos. São Paulo: Cengage Learning, 2012.
4
Um personagem da mitologia grega que foi condenado a repetir eternamente a tarefa de empurrar uma
pedra até o topo de uma montanha, sendo que, toda vez que estava quase alcançando o topo, a pedra
rolava novamente montanha abaixo até o ponto de partida por meio de uma força irresistível, invalidando
completamente o duro esforço despendido.
5
É um pássaro da mitologia grega que, quando morria, entrava em auto-combustão e, passado algum
tempo, ressurgia das próprias cinzas.
28
VIEIRA, S.L.Políticas de formação em cenários de reforma. In: VEIGA, I.P.A e
AMARAL, A.L.(Orgs.) Formação de professores: políticas e debates. 5ª.ed. Campinas. SP:
Papirus, 2012.
´
29
- III -
INTRODUÇÃO
CONSIDERAÇÕES FINAIS:
REFERÊNCIAS:
6
Vídeo com o discurso de uma menina de 12 anos feito para delegados e chefes de Estado na
Rio 92. Disponível em: https://youtu.be/SlZi6iffOGc.
33
GASPARIN, J. L. Uma didática para a pedagogia histórico-crítica. 5. ed. Campinas:
Autores Associados, 2011.
PARO, Vitor Henrique. Gestão Escolar, Democracia e Qualidade de Ensino. Ed. Ática.
São Paulo, 1998.
SAVIANI, Dermeval. História das ideias pedagógicas no Brasil. 4. ed. Campinas, SP:
Autores associados, 2013.
(...)as opções que cada um de nós tem de fazer como professor, as quais
cruzam a nossa maneira de ser com a nossa maneira de ensinar e desvendar
na nossa maneira de ensinar a nossa maneira de ser. É impossível separar
o eu profissional do eu pessoal.(Nóvoa, 1992, p.17)
Nós criamos um Centro de Atendimento de Formação Profissional, então desde a pessoa que abria
a portaria até o grau mais alto falava a mesma língua, o centro buscava a capacitação de todos em serviço e
assim todos os setores conheciam o princípio da politica publica da Secretaria de Educação. Formamos o
treinamento para cozinheira, faxineira, engenheiro, arquiteto, professores, porque todos tinham que entender
o que era a Secretaria, os princípios e onde queríamos chegar. Perguntávamos estamos a favor de quem?
Secretária de Educação C. Q.
7Verdadeiros pois alguns administradores pensam que a história de rede publica educacional se faz
em quatro anos, menosprezando o já construído em anos anteriores
44
A Secretária de educação avalia a rede e aponta a inércia como um aspecto forte, a
conformidade com os estudos estava presente na cultura dos professores.
No prontuário das professoras lembra a Secretária:
Só havia um diploma, o de curso de magistério, poucas professoras tinham feito faculdade. Secretária
de Educação. C. Q.
Ações essas que apontavam para uma demanda, uma necessidade: a busca pela
aprendizagem docente. A pesquisa deu prioridade a investigar o caminho pela gestão e as
propostas de formação continuada propostas para a rede publica municipal.
Neste resumo expandido fizemos um recorte com falas da Secretária de Educação,
peça fundamental no trabalho desenvolvido e pesquisado.
No desenvolver das narrativas revelou-se uma proposta de política pública com foco
na formação docente com ações que fortalecem a construção histórica, pessoal e profissional,
fortalecendo a ideia de que não se pode separar o processo individual do coletivo. Esta
pesquisa nos aponta para a importância de construir projetos públicos que contemplem ações
para a diversidade dos docentes, o que viabiliza sentido e significado para uma prática
complexa, singular e transformadora.
REFERENCIAIS
FREIRE, P. Shor I. Medo e ousadia o cotidiano do professor. Rio de Janeiro Paz e Terra.
1986
NÓVOA, Antônio. (Org.) Profissão professor. 2. ed. Porto: Porto Editora, 1992.
45
- VI -
RESUMO
PRIMEIRAS PALAVRAS
[...] eu chego numa segunda às 7h30, para abrir a escola, desenvolver os turnos, as
aulas acontecerem e aí tu chega e vê um ninho de camoatim no portão. E ali tu tens
300 crianças que entram às 8h da manhã, e tu tens que tomar uma atitude naquele
momento: deixar as crianças entrarem, correndo riscos, ou gerar um outro
problema, suspendendo as aulas, chamar os bombeiros, chamar a secretária [...] isso
não estava no planejamento daquela segunda-feira (grifo nosso).
Com base nos estudos realizados, compreendemos que as ações de gestão da escola
constituem um campo fértil para a produção de conhecimento e que os saberes de
experiência na direção da escola precisam ser reconhecidos como referência à formação
acadêmica. Não podemos perder de vista a preocupação de Souza (2008) que, ao analisar a
produção do conhecimento e o ensino da gestão educacional no Brasil, destaca a necessidade
de que se articule, de modo mais apropriado, a formação acadêmica às razões práticas dos
sujeitos que atuam na gestão educacional.
É nesta direção que a continuidade da pesquisa aponta para o desenvolvimento de
práticas crítico-reflexivas (FREITAS; FORSTER, 2016), esperando contribuir para
disseminar a cultura das ações de gestão da escola como prática de investigação e
(trans)formação permanente, fortalecendo a identidade profissional de gestores/as
educadores/as.
REFERÊNCIAS
ALARCÃO, Isabel. (org.). Escola reflexiva e nova racionalidade. Porto Alegre: Artmed
Editora, 2001.
FREIRE, Paulo. A Educação na Cidade. São Paulo: Cortez, 1991.
FREITAS, Ana Lúcia Souza de.; FORSTER, Mari. Paulo Freire na formação de educadores:
contribuições para o desenvolvimento de práticas crítico-reflexivas. Educar em Revista,
Curitiba, Brasil, n. 61, p. 55-69, jul./set. 2016. Disponível em:
49
http://www.scielo.br/pdf/er/n61/1984-0411-er-61-00055.pdf Acesso: 03 jan.2019
MORAES, Roque; GALIAZZI, Maria do Carmo. Análise textual discursiva. Ijuí: Editora
UNIJUÍ, 2007.
PARO Vitor Henrique. Diretor escolar: educador ou gerente? – São Paulo: Cortez, 2015
(Coleção Questões da Nossa Época; vol. 56).
INTRODUÇÃO
DESENVOLVIMENTO
Achei muito difícil, me sentia sufocada para dar conta de uma turma mista
e o salário não compensava. (Prof. 08).
Em sala de aula a vida não é fácil. Os alunos indisciplinados , a falta de
recursos, mas amo o que faço. (Prof. 21).
CONCLUSÕES
REFERÊNCIAS
REFERÊNCIAS
FREIRE. Paulo. Educação como Prática de Liberdade. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1967.
59
- IX -
INTRODUÇÃO
REFERÊNCIAS
GALEFFI, Dante Augusto. Saberes plurais e difusão do conhecimento em educação: uma perspectiva
transdisciplinar. In: GURGEL, P. R. H. e SANTOS, Wilson Nascimento. Saberes plurais,
difusão do conhecimento e práxis pedagógicas. Salvador: EDUFBA, 2011.
63
GIL, Antônio Carlos. Como elaborar projetos de pesquisa. 4. ed. São Paulo: Atlas, 2002.
RIBEIRO, Núbia Moura; MENEZES, Ana Maria Ferreira; CAMPOS, Maria de Fátima
Hanaque. Difusão e Gestão do Conhecimento: conceitos, analogias, convergências e
divergências. In: Cognição: aspectos contemporâneos da construção e difusão do
conhecimento. Org. Alfredo da Matta e José Claudio Rocha. Salvador: EDUNEB, 2016.
64
-X-
INTRODUÇÃO:
CONCLUSÕES
REFERÊNCIAS
PARO, Vitor Henrique. Gestão democrática da escola pública. São Paulo: Ática, 2004.
Este trabalho tem como referência - projeto de pesquisa que consiste em acompanhar
a implantação e desenvolvimento do Projeto Institucional (PI) do Programa de Residência
Pedagógica (PRP), na forma de estágio curricular em uma Instituição de Ensino Superior
(IES) com estudantes dos cursos de Licenciatura em Pedagogia de uma Universidade do
munícipio de São Vicente/SP. A pesquisa visa alcançar também os professores preceptores
de uma escola de educação básica (ensino fundamental I) do mesmo munícipio. Para tanto,
os sujeitos, docentes-orientadores, estudantes-residentes, professores-preceptores e crianças
da sala de aula estagiada, serão acompanhados em ambos os espaços: escola e universidade,
buscando observar as experiências em campo, na forma de Pesquisa Qualitativa, utilizando
instrumentos como: observações com registros, análise documental e rodas de conversa, a
fim de compreender a qualidade da formação dos Residentes e as práticas pedagógicas dos
professores preceptores (nas escolas-campo), enfatizando a unidade teoria-prática, a
profissionalidade docente e o tema dos professores iniciantes. Intencionamos ainda
dimensionar os efeitos dessa política pública educacional em escolas de educação básica e as
ações de colaboração entre escola e universidade. A pesquisa em questão está em fase inicial,
elaborando revisão bibliográfica. A partir da análise preliminar desenvolvida desta revisão,
constatamos que não há pesquisas relacionadas ao PRP que proporcionem a visão das
crianças participantes sobre o programa. Consideramos que alcançar as vozes de todos os
sujeitos da pesquisa, inclusive as crianças das escolas-campo, será uma referência significativa
70
acerca dos impactos que o PRP e o projeto desenvolvido por residentes e professores-
preceptores promovem no âmbito escolar. Pretendemos, nas ações em campo, estabelecer
uma escuta e olhar sensível para com todos os sujeitos envolvidos no PRP, com o intuito de
realizar uma pesquisa que qualifique o PRP a partir da realidade total.
REFERÊNCIAS
CANÁRIO, Rui. A escola tem futuro? Das promessas às incertezas. Artmed, 2009.
GIL, Antônio Carlos. Métodos e técnicas de pesquisa social. 6º edição. São Paulo:
Editora Atlas, 2008.
GOMES, Marineide de Oliveira. Residência Pedagógica. In: SILVA JR, Celestino Alves da.
Por uma revolução no campo da formação de professores. São Paulo: Editora Unesp,
2015, p. 203-217
YIN, Rober K. Pesquisa qualitativa do início ao fim. Porto Alegre: Penso, 2016.
INTRODUÇÃO
[...] políticas públicas são ações que nascem do contexto social, mas que
passam pela esfera estatal como uma decisão de intervenção pública numa
realidade social, quer seja para fazer investimento ou para uma
regulamentação administrativa. Entende-se por políticas públicas o
resultado da dinâmica do jogo de forças que se estabelece no âmbito das
relações de poder, relações essas constituídas pelos grupos econômicos e
políticos, classes sociais e demais organizações da sociedade civil. Bonet
(2013, p. 17-18)
73
Estudos recentes sinalizam despreparo dos professores da EJA (Educação de Jovens
e Adultos) em vários municípios brasileiros como verificado em Capucho (2012), e Laffin e
Gaya (2012). Mediante esse descompasso formativo e, por conseguinte, (des)valorativo,
torna-se imperioso analisar como se configuram as políticas de seleção dos professores do
Peja- RJ, uma vez que não existe concurso público para essa modalidade no município.
DESENVOLVIMENTO
CONCLUSÃO
REFERÊNCIAS
Bourdieu, P., Capital cultural, escuela y espacio social. Buenos Aires: Siglo Veintiuno, 2012.
______. O poder simbólico. Rio de Janeiro, Bertrand Brasil; Lisboa, DIFEL, 1989.
______. A Economia das Trocas Simbólicas, São Paulo, Editora Perspectiva S.A., 2003.
TARDIF, M.; LESSARD, C.. O trabalho docente. Elementos para uma teoria da
docência como profissão de interações humanas. Petrópolis, RJ: Vozes, 2011.
76
- XIII -
INTRODUÇÃO
[...] insistimos que a extensão não seja tratada como uma tarefa
compulsória, mas antes, à semelhança do que ocorre com a pesquisa, uma
atividade que decorre naturalmente desse compromisso social de uma
instituição orientada pela superação das distâncias entre o saber científico
e popular. (MOITA; ANDRADE, 2009, p. 22)
Apoiando-nos nas ideias dos autores acima, concordamos que a extensão não pode
ser considerada como trabalho de menor valor na universidade, mas estar integrada às ações
de ensino e pesquisa. E nesse sentido, é preciso considerar que a extensão é um mecanismo
da aprendizagem, por isso mesmo ligada, indissociavelmente, ao ensino e à pesquisa.
(GOULART, 2004).
CONSIDERAÇÕES FINAIS
BRASIL. Plano Nacional de Extensão Universitária. Brasília, 2011. p. 1-5. Disponível em:
<http://pdi.ufabc.edu.br/wp-content/uploads/2011/09/Plano-Nacional-de-Extensão-
Universitária-2011-2020.pdf>. Acesso em: 20 dez. 2018.
DEMO, Pedro. Crise dos paradigmas na educação superior. Educação Brasileira, Brasília, v.
16, n. 32, p. 15-48, jan./jul. 1994.
INTRODUÇÃO
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Após a análise dos documentos, entendemos que, a partir das reformulações dos
currículos de formação de professores, seja possível uma atuação profissional dos docentes
que considere a organicidade da escola e a importância da consolidação dos princípios da
participação, da autonomia e da descentralização – associados à perspectiva democrática –
nas estratégias de gestão da escola. Entretanto, num cenário de descontinuidade no processo
de consolidação da gestão da escola numa perspectiva democrática, a formação para gestão
pode sofrer retrocessos, sem antes mesmo que as Diretrizes de 2015 venham a ser
completamente implementadas.
84
REFERÊNCIAS
_____ . Conselho Nacional de Educação. Resolução CNE/CP n. 02/2015, de 1º de julho de 2015. Brasília,
Define as Diretrizes Curriculares Nacionais para formação inicial em nível superior. Acesso 2019.
_____. Proposta Nacional para Base Nacional Comum da Formação de Professores da Educação Básica.
MEC, 2018. Versão Preliminar. Acesso 2019.
BRZEZINSKI, I. Pedagogo: delineando identidade(s). Revista UFG, julho 2001, Ano XIII,
no. 10, 2001.
LIBÂNEO, J.C. Organização e gestão da escola: teoria e prática. 6. ed. rev. e ampl. – São Paulo :
Heccus Editora, 2015.
INTRODUÇÃO
CONSIDERAÇÕES FINAIS
REFERÊNCIAS
INTRODUÇÃO
CONSIDERAÇÕES FINAIS
REFERÊNCIAS
SILVA, José Afonso da. Curso de Direito Constitucional Positivo. 28. ed. São Paulo:
Malheiros Editores LTDA, 2007.
95
- XVII -
INTRODUÇÃO
Gráfico 1
Percentual de Conteúdos Específicos - Curitiba
8%
25%
67%
Na ocasião, a prova conteve 100 assertivas, que precisavam ser classificadas em verdadeiras
ou falsas. Desse total, 60 eram relativas a conhecimentos específicos e, portanto, foram
consideradas nesta análise. Dentre as assertivas sobre conhecimentos específicos, 20
questões estavam ligadas a didática e metodologia; 15 foram relativas a psicologia aplicada à
educação e desenvolvimento infantil; dez, a organização do trabalho pedagógico (OTP); dez,
a currículo; e cinco a outras categorias
98
Gráfico 2
Percentual de Conteúdos Específicos - Londrina
8%
17% 33%
17%
25%
Outro município que teve a prova avaliada foi Maringá, o terceiro mais populoso
do estado do Paraná. A última prova na cidade foi aplicada em 2016, com 40 questões,
das quais 25 eram da área específica e foram consideradas nesta análise. Dentre essas, 14
questões exploraram legislações e diretrizes locais e nacionais; cinco, didática e
metodologia; três, conhecimentos a respeito de psicologia e desenvolvimento infantil;
duas, OTP; e uma tratou sobre currículo.
Com isso, constata-se que 56% da prova teve como foco as legislações e diretrizes
locais e nacionais; 20%, didática e metodologia; 12%, psicologia aplicada ao
desenvolvimento infantil; 8%, OTP; e 4% exploraram conhecimentos acerca de currículo.
O gráfico da sequência indica a relação.
99
Gráfico 3
Percentual de Conteúdos Específicos - Maringá
8%
4%
12%
56%
20%
Dessa forma, tendo-se por base a parte específica, o percentual de questões da área de
legislação e diretrizes locais e nacionais foi de 60%; a de metodologia e didática, 15%; as áreas
de psicologia e desenvolvimento infantil, currículo e OTP corresponderam, cada uma, a 5%
das questões da parte específica. Outras categorias somaram 10%, conforme se vê no gráfico
a seguir.
100
Gráfico 4
Percentual de Conteúdo Específicos - Ponta Grossa
Legislação e Diretrizes
Didática e Metodologia
Outras categorias
Psicologia e Desenvolvimento infantil
Currículo
5% 5%
5%
10%
15% 60%
Gráfico 5
Percentual de Conteúdos Específicos - Cascavel
Didática e Metodologia Legislação e Diretrizes
Currículo Outras categorias
OTP Psicologia e Desenvolvimento Infantil
7%
7% 7%
46%
13%
20%
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Gráfico 6
Conteúdos cobrados no geral
Legislações e Diretrizes
7% 5%
8% Didática e Metodologia
41%
11% Psicologia e
Desenvolvimento Infantil
28% Currículo
OTP
Outras categorias
Os dados emanados desta pesquisa contribuem para um refletir sobre o que tem
sido cobrado aos candidatos à carreira docente da área pública, em especial no que tange
ao ofício na primeira fase da segunda etapa da educação básica, qual seja, o ensino
fundamental. A partir do presente trabalho, com base em provas de concursos públicos
dos cinco municípios mais populosos do Paraná, verificou-se uma certa regularidade em
relação à natureza dos conteúdos cobrados dos candidatos à carreira docente pública.
REFERÊNCIAS
BRASIL. Lei de Diretrizes e Bases da Educação Brasileira (LDB) nº 9394, de 1996.
Estabelece as diretrizes e bases da educação nacional. Disponível em:
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/L9394.htm. Acesso em: Dez/2018.
BRASIL. Plano Nacional de Educação (PNE). Plano Nacional de Educação 2014- 2024:
Lei nº 13.005, de 25 de junho de 2014, que aprova o Plano Nacional de Educação (PNE) e
dá outras providências. – Brasília: Câmara dos Deputados, Edições Câmara, 2014.
103
- XVIII -
INTRODUÇÃO
Com o advento da sociedade burguesa, novos valores sociais e culturais são gestados:
a formação do homem passa a ser uma das prerrogativas de um projeto educativo
administrado pelo poder político que tem a escola como instituição chave para formar o
homem novo. (CAMBI, 1999).
Assim, a escola passou a ser concebida como instituição chave para a transformação
do homem e da sociedade. Essa mudança individual e social, almejada por meio da educação,
evidencia a necessidade de transformação das teorizações pedagógicas, dado a pedagogia
tradicional ser considerada inadequada para a formação desse novo homem.
Essa nova forma de conceber a educação traz implicações para a docência que afetam
diretamente o trabalho do professor em sala de aula. Por isso, procuramos problematizar
quais as reverberações do pensamento liberal no desenvolvimento da docência? Com a
finalidade de compreender as influências do pensamento liberal no desenvolvimento da
docência.
A metodologia utilizada para a realização desta investigação foi a pesquisa
bibliográfica. Segundo Severino (2007, p. 122), a pesquisa bibliográfica [...] “utiliza-se de
104
dados ou de categorias teóricas já trabalhadas por outros pesquisadores e devidamente
registradas. Os textos tornam-se fontes dos temas a serem pesquisados”. Ou seja, o
pesquisador realiza a sua investigação a partir das contribuições das pesquisas realizadas e
registradas em livros, artigos, teses, dissertações, etc.
Esse novo ideal de educação foi difundido na Europa e nos Estados Unidos, tendo
como característica comum a centralidade na atividade da criança. A infância passou a ser
concebida como uma fase de desenvolvimento não só motor, mas, também psíquico,
necessitando, portanto, de um trabalho pedagógico que potencializasse sua livre
manifestação, a qual é, por natureza, espontaneamente, ativa (CAMBI, 1999).
Dewey foi um dos mais importantes teóricos dos ideais liberais no campo
educacional. Ele considerava que na sala de aula faltava a vivência da organização social; tal
ausência era um dos principais problemas da escola humanística. Para Dewey (2002, p. 24)
“[...] a trágica debilidade da escola de hoje reside na sua ambição de preparar os futuros
membros do tecido social num meio em que as condições do espírito social faltam
visivelmente”.
Dewey (2002) criticou o papel dos professores, a falta de interatividade, o
formalismo, a importância da memorização, a competição entre os alunos e, acima de tudo,
105
o professor autoritário. Por isso, considerava que a escola não favorecia o desenvolvimento
integral do aluno, não valorizava a criatividade, não despertava o princípio da autonomia e
os ideais da democracia, valores considerados fundamentais para a pedagogia ativa.
CONCLUSÃO
O pensamento liberal ao problematizar as metodologias da pedagogia tradicional,
propôs uma revisão não só na forma de ensinar, mas também na concepção de
aprendizagem, de construção do conhecimento e de docência. Desde modo, influenciou a
prática pedagógica de muitos professores brasileiros e, ainda hoje, mantem relação com a
atualidade.
Na concepção liberal de educação a importância da escola reside no fato de contribuir
para o desenvolvimento da sociedade sem problematizar as questões econômicas, sociais e
políticas. Nesse aspecto, o professor deve se restringir a organizar as atividades pedagógicas
que atendam as necessidades e interesses dos alunos sem estabelecer relação com o contexto
social mais amplo.
REFERÊNCIAS
SOUZA, Joceli de Fátima Arruda. Referencial teórico e formação de professores: uma análise
necessária. In: MATOS, Neide da silva de; SOUZA, Joceli de Fátima Arruda; SILVA, João
Carlos da (org.). Pedagogia histórica-crítica: revolução e formação de professores.
Campinas, SP: Armazém do Ipê, 2018
SEVERINO, Antônio Joaquim. Metodologia do trabalho científico. 23ª ed. São Paulo:
Cortez, 2007.
108
- XIX -
INTRODUÇÃO
Nesse contexto de correlação de forças que coloca a educação brasileira sob a mira
de “grupos de intelectuais da classe empresarial com composição diversa, mas, que atuam
em comum como porta vozes desta classe” (Ruiz, 2017, p.16), focamos nosso trabalho no
programa Gestão para Aprendizagem que se constitui em uma parceria entre a Fundação
Lemann e ELOS Educacional, idealizadora do programa e especialista em gestão escolar e
formação de professores com vistas ao fortalecimento do ensino e da aprendizagem, das
políticas educacionais e da gestão das escolas.
Parafraseando Gleen Rikowski (1990) “as instituições de educação e de formação de
professores estão envolvidas na produção social da força de trabalho. Assim, quando são
privatizadas, as atividades, processos e formas pedagógicas envolvidas na produção de força
de trabalho também são necessariamente privatizadas” (p. 396). O autor ainda coloca que,
Concordamos com a conclusão da autora, uma vez que as frentes que constam no
sítio do Mathema, existe toda uma proposta sistêmica que direciona o programa, a saber:
“consultoria para as lideranças pedagógicas das secretarias, e implementação de estratégias
com foco na melhoria da aprendizagem. A segunda frente é a formação em gestão pedagógica
para técnicos de secretarias responsáveis pelo acompanhamento das escolas, diretores e
coordenadores pedagógicos, buscando formá-los para o uso de técnicas de gestão estratégica,
pedagógica e de sala de aula (www.fundacaolemann.gov.br). O terceiro pilar – formação em
didáticas específicas, tem como objetivo preparar formadores das secretarias, para que eles
possam repassar aos professores da rede um conhecimento das melhores estratégias de
ensino e aprendizagem em disciplinas específicas. É aí que entra o trabalho do Mathema, em
formato semipresencial, nos quais são discutidos conteúdo da Matemática e temas
relacionados à didática de ensino, como gestão para a sala de aula, metodologia,
avaliação, recursos e teoria da aprendizagem 10”
Considerando a missão da Fundação Lemann, podemos prever um alinhamento com
o que Ball e Olmedo (2013) chamam de “capitalismo social global”, o que viria a ser uma
tentativa de “solucionar velhos problemas sociais e de desenvolvimento baseadas no
mercado e fortalecidos por promotores de políticas e novos filantropos”, visto que, em curto
espaço de tempo, as grandes fundações estão se estabelecendo e ampliando suas redes de
relações, principalmente na área educacional.
No Gestão para Aprendizagem, o primeiro passo é trabalhar com uma
consultoria personalizada que ajuda a identificar os desafios e as oportunidades da
secretaria. A partir daí, desenha-se um plano estratégico para o desenvolvimento de uma
gestão pedagógica eficiente e capacitada para alcançar resultados de excelência.
CONCLUSÃO
10(https://mathema.com.br/uncategorized/mathema-e-parceira-da-fundacao-lemann-no-
programa-gestao-para-a-aprendizagem/).
111
paradigma para a educação, tanto no que diz respeito a prática dos gestores, como na prática
pedagógica dos professores.
Se considerarmos que o curso inicia com estudos sobre planejamento estratégico,
cujo teor abrange uma linguagem e metodologia direcionada as instituições de caráter
empresarial, o que vem a ser a nova concepção de gestão escolar focada na eficácia, ou seja,
na visão meritocrática onde os resultados prevalecem em detrimento da democratização da
aprendizagem. O trabalho do gestor, entre outras coisas, será de controlar os indicadores do
IDEB, garantindo o “melhor” resultado, estabelecendo uma competição entre escolas de um
mesmo sistema.
REFERÊNCIAS
https://mathema.com.br/uncategorized/mathema-e-parceira-da-fundacao-lemann-no-
programa-gestao-para-a-aprendizagem/ Acesso em 22 de set. de 2018.
112
- XX -
INTRODUÇÃO
Os dados da Prova Brasil (2015) nos apontam que, com relação à formação inicial,
44% dos diretores declararam ter graduação em Pedagogia e 43% cursaram outras
licenciaturas. Podemos considerar, assim, que a maior parte dos diretores das escolas públicas
no Brasil é oriunda de cursos de licenciatura, com predominância para o curso de Pedagogia.
A legislação educacional brasileira tradicionalmente estabeleceu a formação inicial de
administradores ou diretores escolares no âmbito da formação dos profissionais da educação.
A LDB de 1996 (Lei no 9.394/96), em seu Artigo 64, praticamente manteve as orientações
vigentes desde 1971, acrescentando a especificação do curso de graduação:
A intenção é que, nos quatro anos de curso, sejam dois anos de formação
comum e um ano de aprofundamento para cada etapa da educação a que
o professor queira se dedicar em sua carreira, como educação infantil,
alfabetização ou polivalência do terceiro ao quinto anos, por exemplo.
Também está prevista a possibilidade de cursar mais um ano de
especialização com foco em gestão escolar e outro de mestrado 11.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
REFERÊNCIAS
INTRODUÇÃO
O plano prevê que haja um esforço da União, Estados e Municípios para a divisão
das obrigações, além do estabelecimento de uma política nacional de formação dos
profissionais da educação, que foi instituída por meio do Decreto 8.752, de maio de 2016.
119
Assim, é possível citar a articulação de “ações das instituições de ensino superior vinculadas
aos sistemas federal, estaduais e distrital de educação, por meio da colaboração entre o
Ministério da Educação, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios”. Além disso,
descreve que os professores tenham formação na área de saber específica e o domínio de
técnicas e conhecimentos por parte desses profissionais (Brasil, 2016).
EMENDA CONSTITUCIONAL 95
Além disso, a emenda não permite a realização de concurso público que interfira nas
despesas. As progressões de carreira, ou o estabelecimento de novos planos de carreira, ficam
também vetados, para não aumentar as despesas.
Ao vincular a meta com a formação docente, é preciso frisar que o papel do professor
deve ser o um educador que consiga tanto instigar nos estudantes a curiosidade pelo saber,
bem como provocá-los para que reflitam sobre a sua realidade. “Aprender é uma aventura
120
criadora, algo, por isso mesmo, muito mais rico do que meramente repetir a lição dada”
(FREIRE, 2011, p. 77).
Por fim, além das reduções dos proventos dos docentes, a emenda também dificulta
a continuidade da formação, tendo em vista que não é possível ter aumento das despesas
acima da inflação. Nesse sentido, não é possível equilibrar as contas e investir na ampliação
das políticas públicas. Conforme demonstra Amaral (2017), o governo que assumiu em 2019
já pegou as restrições orçamentárias aprovadas há cerca de dois anos, sendo que faltam
somente cinco anos para atingir todas as metas previstas no PNE. Além disso, a lei não prevê
um teto para a amortização da dívida interna ou externa do Brasil. Sendo assim, houve uma
opção pelo controle das despesas na área social, trazendo menos investimentos, e nenhuma
imposição ou controle em relação ao capital.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
A partir do que foi analisado, é possível destacar que a emenda traz impactos no que
tange o cumprimento da meta 15 do PNE, pois não permite o aumento dos investimentos
em áreas sociais. Como resultados esperados, as perspectivas apontam para menos
investimentos na formação dos educadores brasileiros, o que interfere diretamente na
qualidade do processo de ensino e aprendizagem.
REFERÊNCIAS
AMARAL, Nelson Cardoso. Com a PEC 241/55 (EC 95) haverá prioridade para cumprir
as metas do PNE (2014-2024)? In: Revista Brasileira de Educação v. 22 n. 71 e227145
2017. Disponível em: http://www.scielo.br/pdf/rbedu/v22n71/1809-449X-rbedu-s1413-
24782017227145.pdf. Acesso em: 04 fev. 2019.
MARIANO, Cynara Monteiro. Emenda constitucional 95/2016 e o teto dos gastos públicos:
Brasil de volta ao estado de exceção econômico e ao capitalismo do desastre. Revista de
Investigações Constitucionais, Curitiba, vol. 4, n. 1, p. 259-281, jan./abr. 2017.
SILVA, João Paulo de Souza da. MEI, Danielle Scheffelmeier. O desmantelamento do direito
à educação no pós golpe. Revista Retratos da Escola, Brasília, v. 12, n. 23, p. 289-306,
jul./out. 2018.
122
- XXII -
INTRODUÇÃO
A análise feita parte do uso de metodologia teórica e parte da Base Nacional Comum
Curricular (BNCC) como ressignificadora da concepção do direito à educação como
proposta do Terceiro Setor. O direito à educação passar a ser entendido não como um direito
fundamental e sim como uma forma de direito ao ensino com qualidade na aprendizagem,
de conhecimento e habilidades essenciais e na idade certa, para todos os estudantes da
educação básica, isto é, desde a educação infantil até o ensino fundamental. Particularmente,
serão apontadas as possíveis influências das organizações do Terceiro Setor 15 na construção
dessa nova concepção do direito educacional da BNCC na formação continuada dos
professores e gestores com o uso de materiais orientadores.
DESENVOLVIMENTO
Segundo alguns movimentos sociais 16, a BNCC que se encontra vigente desde o início
do ano de 2018 para implementação tem uma história de constituição, prevista no
15 Aqui deve-se entender organizações do Terceiro Setor, como sendo as Associações e Fundações
mantidas, financeiramente, ou ligadas à filosofia do Segundo Setor, ou seja, do mercado. As
Associações e Fundações podem ser ainda qualificadas como Organizações Sociais (OS) ou
Organizações da Sociedade Civil de Interesse Público (Oscip’s).
16 O Movimento Todos pela Base Nacional Comum é um exemplo.
123
ordenamento jurídico brasileiro, desde a Constituição Federal de 1988, passando pela LDB
de 1996, até os debates e contribuições do Ministério de Educação (MEC), do Conselho
Nacional de Educação (CNE) e da sociedade civil organizada. Tudo perpassando uma
interpretação do que seja o direito constitucional fundamental que é o direito à educação em
seu viés de direito ao ensino de qualidade na aprendizagem de conhecimentos e habilidade
essenciais na idade certa. Porém, o que não se pode negar é que todo esse esforço de criação,
reinterpretação, implantação e implementação do que seja o direito à educação a partir da
BNCC vem orquestrado desde a década dos anos 90 com as políticas de Estado neoliberais.
Adotadas pelos governos brasileiros em maior ou menor ritmo, as políticas educacionais de
caráter neoliberal contam, no atual momento, com as contribuições das entidades do
Terceiro Setor, ligadas à educação, com a promoção de materiais formativos e informativos
a professores e gestores. Assim, aqui aborda-se de maneira sintética os estudos referentes ao
processo histórico de formação do Estado liberal moderno e suas contribuições para o modo
capitalista de produção nos dias atuais de características neoliberais, a partir da atuação do
Terceiro Setor e suas propostas para formação continuada de docentes e gestores que
atendam sua natureza.
De toda a análise feita, não tem-se como negar que o Estado moderno sempre
esteve na esteira do apoio ao modo capitalista de produção, seja no seu modelo político
liberal, de bem-estar ou no contemporâneo de caráter neoliberal. No cumprimento de
seu papel, o Estado intervém nas relações sociais de produção e de consumo, seja no
custeio direto de infraestruturas para escoamento da produção ou na relação
consumerista, seja no financiamento direto de empresas a juros subsidiados por bancos
estatais, ou no perdão das dívidas de empresas ou na isenção de impostos de instituições
privadas. Nesta última forma de agir, o Estado tem mantido contato mais direto por meio
de parcerias, com fundações ou associações das empresas privadas que no modelo
neoliberal recebem politicamente a denominação de Terceiro Setor. Este por sua vez,
visa substituir o Primeiro Setor em algumas demandas sociais, isto é, o Estado deixa de
agir diretamente no cumprimento de seus deveres constitucionais e legais e delega pelas
parcerias as atividades não-exclusivas o considerado espaço público não-estatal.
Se o Estado vem cumprindo, em seu processo histórico de desenvolvimento, o
papel de braço de apoio ao modo capitalista de produção desde a corrente de pensamento
liberal, com financiamento e fornecimento de infraestrutura para a circulação das
mercadorias e intermediação das relações sociais de produção, o Terceiro Setor pela
filosofia do pensamento neoliberal, precisar atender as demandas sociais pelo
124
afastamento do Estado dessas questões. Daí a necessidade constante dos aportes teóricos
para justificar essa atuação do Terceiro Setor. E como representantes diretos do mercado,
os movimentos sociais do Terceiro Setor de grandes empresas financeiras ou produtoras,
buscam se imiscuir na qualificação da mão-de-obra, cada vez mais para operacionalizar
as tecnologias de ponta necessárias para a produção e o consumo dos produtos, isto é,
das mercadorias.
Desse modo, as contribuições dos movimentos sociais do Terceiro Setor para
uma educação de qualidade, alinha-se com um currículo que trabalhe conhecimentos,
habilidades e competências para aqueles fins. Com isso, uma Base Nacional Curricular se
faz indispensável no propósito da adequação do perfil de formação do aluno e, antes, de
seus formadores, isto é, dos professores e gestores, com cursos de formação continuada.
Desde seu início dos trabalhos na construção da BNCC, até sua aprovação na
Terceira versão, os representantes do Terceiro Setor estiveram presentes e contribuíram
para a construção da nova BNCC, seja por meio de participação direta com sugestões na
elaboração de premissas de competências e habilidades, princípios ou valores que
deverão ser trabalhados pelos docentes junto aos alunos a partir da implementação da
BNCC, como o empreendedorismo, seja no acompanhamento ou financiamento dos
eventos onde se discutiu a BNCC junto a sociedade brasileira e em suas diferentes regiões
ou oferecendo cursos a distância com certificação e publicações de livros e materiais
didáticos de apoio, como, ainda, com cursos de formação continuada.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
REFERÊNCIAS
VICENTE, MM. História e comunicação na ordem internacional [online]. São Paulo: Editora
UNESP; São Paulo: Cultura Acadêmica, 2009. 214 p. ISBN 978-85-98605-96-8. Available
from SciELO Books http://books.scielo.org;
126
- XXIII -
Denilton S. Oliveira
UFRN – [email protected] 17
17
Mestrando do Programa de Pós-Graduação em Educação, PPGEd - UFRN.
18
Profa. Dra. do Programa de Pós-Graduação em Educação, PPGEd - UFRN.
127
contra hegemônico, para mudar o cenário da educação brasileira historicamente subordinada
aos interesses do capital mundial e das elites locais.
Daí a importância do professor na condução desse processo, apoiado por políticas
públicas e iniciativas governamentais que lhe proporcionem meios adequados de trabalho e
formação. A responsabilidade por sua formação para o uso das TIC, no entanto, tem sido
atribuída ao professor, constrangido a modificar seu perfil profissional, sem que lhe sejam
oferecidas as bases de sustentação para que as mudanças ocorram.
As políticas de inclusão digital e de formação docente têm seus objetivos
circunscritos aos interesses do capital, visto que, em geral, é priorizada a distribuição de
equipamentos e ações formativas que visam à mera instrumentalização técnica dos sujeitos.
Para que isso não ocorra, as TIC, ao serem integradas à prática pedagógica do professor,
precisam ser (re)significadas visando a promover a mediação dos processos de ensino-
aprendizagem sem se tornarem um fim em si mesmas (ALONSO, 2008). Nesse sentido,
passamos a analisar as políticas de formação continuada de professores para uso das TICs.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
As políticas públicas que se aplicam à formação de professores para uso das TIC,
basicamente restritas as promovidas pelo Proinfo, têm sido insuficientes. Essa insuficiência
não só é consequência simples e direta da falta de recursos, mas também cumpre um
propósito ideológico de dominação. A falta de recursos para a aplicação dessas políticas
constitui a afirmação desse propósito, porque os impostos recolhidos são sistemática e
prioritariamente usados para atender aos interesses do mercado.
Nenhum programa de melhoria da qualidade da educação ocorrerá sem a participação efetiva
dos professores e essa participação implica capacitação. Formação continuada é a palavra de
ordem quando o que se pretende é o uso efetivo das TIC na educação. A formação do
professor, entendida como elemento essencial para a consolidação de uma política de
inclusão digital, no contexto escolar, apresenta-se como uma exigência da sociedade do
conhecimento.
REFERÊNCIA
PARA CONCLUIR
REFERÊNCIAS
BALL, Stephen. Cidadania global, consumo e política educacional. In: SILVA, L.H. (Org.).
A escola cidadã no contexto da globalização. Petrópolis: Vozes, p. 121-137, 1998.
BOWE, Richard; BALL, Stephen J.; GOLD, Anne. Reforming education & changing
schools: case studies in Policy Sociology. London: Routledge, 1992.
INTRODUÇÃO
Quando recebíamos os alunos para a disciplina Gestão III, éramos solicitadas para
desenvolver atividades voltadas para o “como” fazer a gestão. Pediam modelos de
planejamento, roteiros de pauta de reunião, roteiro de projeto político pedagógico, modo de
preencher os formulários que vinham dos órgãos da administração central. Essas
expectativas eram embasadas nas práticas de tinham vivenciado em outros momentos do
curso e nos relatos de pessoas que já tinham concluído a formação.
139
A partir desse quadro, decidimos realizar uma prática docente que pudesse
desenvolver um processo de aprendizagem mais crítico, consistente e coerente com a
proposta educativa que estava pressuposta no projeto da Faculdade, verificando a
legitimidade da intervenção.
REFERÊNCIAS
REFERÊNCIAS
FORMAÇÃO ACADÊMICO-PROFISSIONAL DE
DOCENTES:
VIVÊNCIAS NO PROGRAMA RESIDÊNCIA
PEDAGÓGICA
INTRODUÇÃO
Educação Básica.
146
tem as competências como princípio básico formativo da educação; perspectiva essa com
foco na formação técnica, performática, do ensinar a fazer. Ao contrário, o planejamento da
UNIPAMPA foi participativo e coletivo, tendo como foco a inovação pedagógica. Inovação
essa concebida 22 como um conjunto de intervenções coletivas e participativas, que visam
estratégias de construção, execução e avaliação de objetivos, conceitos, metodologias,
tecnologias e espaços educacionais necessárias às transformações histórico-sociais de uma
comunidade escolar, com protagonismo dos envolvidos.
O PRP está organizado em quatro etapas, sendo: Etapa I - Formação do grupo de
preceptoras e residentes; Etapa II - Ambientação e contextualização da escola-campo; Etapa
III - Imersão e docência na escola-campo; Etapa IV - Relatório final, avaliação e socialização.
As etapas totalizam quatrocentos e quarenta horas. Até o momento, atuamos com as duas
primeiras etapas.
Nos encontros formativos entre professora orientadora, residentes e preceptoras, na
Etapa I, diferentes estratégias metodológicas foram implementadas, das quais emergiram
várias temáticas. Os residentes e preceptoras sistematizaram seus conhecimentos de forma
reflexiva, crítica e criativa com a elaboração de lapbooks individuais, socializados ao final da
etapa. Foi proposto também um caderno de anotações das reflexões, denominado “caderno
de ideias pedagógicas”.
Na Etapa II, os residentes foram divididos em três escolas-campo. Na ambientação
realizaram a contextualização dessas, análise dos projetos político-pedagógicos, entrevistas
com as equipes gestoras, observações dos contextos educativos e participação em reuniões,
entre outras ações educativas. Houve a socialização criativa das atividades, quando residentes
relataram o quanto estão se percebendo em processo formativo da identidade profissional
docente, assumindo-se nessa profissão tão importante, mas desvalorizada social e
economicamente.
O relato de uma preceptora ilustra esta etapa: “[...] A ambientação e análise do PPP
me ajudaram a conhecer melhor a escola, às vezes a rotina não nos permite que vejamos com
riqueza de ideias como está constituída e estruturado e o nosso espaço de trabalho.”. Um
residente manifesta que “[...] permitiu conhecer não apenas a estrutura física da escola, mas
sim compreender o contexto que a envolve. Local que atende comunidades pertencentes a
22 Essa perspectiva de inovação pedagógica resulta dos estudos do Grupo de Pesquisa em Inovação
Pedagógica na Formação Acadêmico-profissional de Profissionais da Educação
(GRUPI/UNIPAMPA).
147
uma realidade diferente das quais estamos habituados a conhecer em nossas práticas. E isso
torna essa experiência única. [...]”.
Nosso desafio é continuar nas demais etapas do projeto institucional do PRP com a
perspectiva de que os residentes atuem nas escolas-campo como protagonistas críticos e
inovadores na área de Ciências da Natureza; muito além do que preconiza o texto da política
governamental desse Programa.
REFLEXÕES FINAIS
REFERÊNCIAS
BALL, S. J.; MAGUIRE, M.; BRAUN, A. Como as escolas fazem as políticas: atuação
em escolas secundárias. Ponta Grossa: editora UEPG, 2016.
Fernanda da Silva
discente da Universidade Estadual do Oeste do Paraná – Unioeste/Cascavel.
[email protected]
INTRODUÇÃO
24
MAGNANI, 2012.
152
que nunca haviam brincado de perna de pau, por exemplo, puderam aprender ou ensinar
os/as colegas e brinquedistas. O escorregador, improvisado no gramado da instituição com
a ajuda de papelão, foi o brinquedo mais explorado por crianças de todas as idades. Até
professoras da Unioeste se aventuraram na brincadeira.
No ambiente interno do/da laboratório/brinquedoteca os participantes jogaram
diversos jogos, fizeram bonecos/as de pano e de tampinhas de garrafas PET. O teatro de
fantoche, realizado por um brinquedista com deficiência visual, que contou a sua história de
vida encantou as pessoas.
Após o encerramento da atividade os brinquedistas desmontaram a brinquedoteca,
arrumaram o laboratório e afirmaram que a experiência foi maravilhosa, pois houve muita
diversão, interação e cooperação. Os brinquedistas reconheceram que puderam unir teoria à
prática.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
REFERÊNCIAS
INTRODUÇÃO 25
Este projeto tem como objetivo geral estudar a prática da elaboração de uma tese.
Como os livros devem ser lidos? Qual a ordem mais adequada? Os gêneros de tese
em: experimental, quando é precedente de literatura científica e; tese bibliográfica, quando
trata de livros que auxiliam a falar.
Alguns livros são essenciais para este estudo. Os textos conceituam e contextualizam
os métodos científicos existentes para o desenvolvimento da pesquisa científica.
PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS
FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA
Nota: Agradecemos aos mestrandos pela participação e colaboração neste trabalho de pesquisa:
25
André Luiz Primo Bertoletti - UniCEUB/DF; Eveline dos Santos Guimarães – UniCEUB/DF;
Natália Costa Araujo - UniCEUB/DF e Victor Craviée Rêgo Brandão - UniCEUB/DF.
155
seguinte forma: Matemática, Astronomia, Física, Química, Biologia, Sociologia e Moral.
Após o conceito de Comte, surgiram diversas outras classificações, inspiradas em seu
raciocínio ou não. Ainda a definição do conceito de ciência adotada por Trujillo Ferrari
(2000) é de que “a ciência é todo um conjunto de atitudes e atividades racionais, dirigidas ao
sistemático conhecimento com objeto limitado, capaz de ser submetido à verificação”. (in
Lakatos e Marconi, 2000).
Umberto Eco (2007) recomenda que é preciso fornecer informações precisas sobre
as edições críticas e atenção ao citar autores antigos de fontes estrangeiras. Nada de
estabelecer equivalências fáceis entre termos de línguas diferentes. Menciona sobre o orgulho
científico e apresenta a coragem na redação e, quando chegar a hora de testar as ideias da
tese, “se não existe o sentimento de qualificação não se deve apresentar a tese”. Arremata
que se acaso uma pesquisa venha a ser apresentada é porque há o sentimento de preparação
com isso, não haverá o direito à atenuantes.
Em, “Como se faz uma tese em ciências humanas” relata uma última postura do
pesquisador: “modéstia e prudência servem para a preparação do texto, porém, durante a
apresentação do seu trabalho, orgulho e arrogância”. Ninguém deverá saber melhor tudo
aquilo que você dirá sobre o assunto! (Eco, 2007)
Como elaborar projetos de pesquisa? Pode-se definir pesquisa como o procedimento
racional e sistemático que tem como objetivo fornecer respostas aos problemas que são
propostos. A pesquisa é requerida quando não se dispõe de informação suficiente para
responder ao problema, ou então quando a informação disponível se encontra em tal estado
de desordem que não possa ser adequadamente relacionada ao problema (GIL, 2017).
Segundo Gil (2017), as pesquisas se classificam em dois grupos: razões de ordem
intelectual e razões de ordem prática. A primeira vem do intuito de conhecer pela própria
satisfação de conhecer. A segunda decorre do desejo de conhecer como fazer algo de maneira
mais eficiente ou eficaz. Diz que algumas características são importantes para que se tenha
um bom perfil pesquisador, lista as mais importantes e recomendadas: conhecimento do
assunto a ser pesquisado; curiosidade; criatividade; integridade intelectual; atitude
autocorretiva; sensibilidade social; imaginação disciplinada; perseverança e paciência;
confiança na experiência.
Aponta ainda que não existe uma regra que determina o que deve conter o conteúdo
de uma pesquisa. Normalmente isso se determina pelo tipo de problema a ser pesquisado e
também pelo estilo de seus autores. É necessário que o projeto esclareça como se processará
a pesquisa, quais as etapas que serão desenvolvidas e quais os recursos que devem ser
156
alocados para atingir seus objetivos. É necessário, também, que o projeto seja
suficientemente detalhado para proporcionar a avaliação do processo de pesquisa.
Rigorosamente, um projeto só pode ser definitivamente elaborado quando se tem o
problema claramente formulado, os objetivos bem determinados, assim como o plano de
coleta e análise dos dados.
O “Método nas ciências naturais e sociais: pesquisa quantitativa e qualitativa” foi
escrito por dois autores diferentes, cada um com a sua fundamentação sobre o assunto e
métodos científicos. Na primeira parte, GEWANDSZNAJDER discute, em quatro
capítulos, o método nas ciências naturais, apresentando conceitos básicos como o da lei,
teoria e teste controlado.
Começa com uma abordagem geral do método nas ciências naturais e um alerta sobre
a não concordância completa entre filósofos da ciência sobre as características do método
científico. Muitos concordam que há um método para testar criticamente e selecionar as
melhores hipóteses e teorias. Neste sentido diz que há um método científico, em que a
observação, a coleta dos dados e as experiências são feitas conforme interesses, expectativas
ou ideias preconcebidas, e não com neutralidade. São formuladas teorias que devem ser
encaradas como explicações parciais, hipotéticas e provisórias da realidade.
Em seguida trata-se dos pressupostos filosóficos do método científico, destacando
as características do positivismo lógico, segundo o qual o conhecimento factual ou empírico
deve ser obtido a partir da observação, pelo método indutivo, bem como as críticas aos
positivistas, cujo objetivo central era justificar ou legitimar o conhecimento científico,
estabelecendo seus fundamentos lógicos e empíricos
O texto estimula a crítica sobre a natureza dos procedimentos utilizados na pesquisa
científica. Destaca que a percepção de um problema deflagra o raciocínio e a pesquisa,
levando-nos a formular hipóteses e a realizar observações. Importantes descobertas não
foram totalmente casuais, nem os cientistas realizavam observações passivas, mas
mobilizaram-se à procura de algo, criando hipóteses ousadas e pertinentes, o que aproxima
a atividade científica de uma obra de arte.
O senso comum, formado pelo conjunto de crenças e opiniões, limita-se a tentar
resolver problemas de ordem prática. Assim, enquanto determinado conhecimento
funcionar bem, dentro das finalidades para as quais foi criado, continuará sendo usado. Já o
conhecimento científico procura sistematicamente criticar uma hipótese, mesmo que ela
resolva satisfatoriamente os problemas para os quais foi concebida. Em ciência procura-se
157
aplicar uma hipótese para resolver novos problemas, ampliando seu campo de ação para além
dos limites de objetivos práticos e problemas cotidianos.
Na outra metade do livro é discutida a questão do método nas ciências sociais, com
ênfase nas metodologias qualitativas, analisando seus fundamentos. Coloca que não há um
modelo único para se construir conhecimentos confiáveis, e sim modelos adequados ou
inadequados ao que se pretende investigar e que as ciências sociais vêm desenvolvendo
modelos próprios de investigação, além de propor critérios para orientar o desenvolvimento
da pesquisa, avaliar o rigor dos procedimentos e a confiabilidade das conclusões que não
prescindem de evidências e argumentação sólida. É analisada as raízes da crise dos
paradigmas, situando historicamente a discussão sobre a cientificidade das ciências sociais.
Enfatiza fatos que contribuíram para estremecer a crença na ciência, como os
questionamentos de Kuhn, nos anos sessenta, sobre a objetividade e a racionalidade da
ciência e a retomada das críticas da Escola de Frankfurt, referentes aos aspectos ideológicos
da atitude científica dominante.
Caracteriza-se a abordagem qualitativa por oposição ao positivismo, visto muitas
vezes de maneira ingênua. Na prática, observa-se com frequência a coexistência de
características atribuídas a diferentes paradigmas. Estuda-se o planejamento de pesquisas
qualitativas, discutem-se alternativas e sugestões, acompanhadas de exemplos que auxiliam o
planejamento e desenvolvimento de pesquisas. Diferentemente das quantitativas, as
investigações qualitativas não admitem regras precisas, aplicáveis a uma infinidade de casos,
por sua diversidade e flexibilidade. Diferem também quanto aos aspectos que podem ser
definidos no projeto. Enquanto os pós-positivistas trabalham com projetos bem detalhados,
os construtivistas sociais defendem um mínimo de estruturação prévia, definindo os aspectos
referentes à pesquisa, no decorrer do processo de investigação.
Para a autora, um projeto de pesquisa consiste basicamente em um plano para uma
investigação sistemática que busca uma compreensão mais elaborada de determinado
problema. Em qualquer cenário operado, o projeto deve indicar: o que se pretende investigar;
como se planejou conduzir a investigação; porque o estudo é relevante. Encerrando a obra,
destacando dois aspectos pertinentes à pesquisa sendo o primeiro a análise de pesquisas
anteriores sobre o mesmo tema e ou sobre temas correlatos e o segundo, discussão do
referencial teórico. Sendo a produção do conhecimento uma construção coletiva da
comunidade científica, o pesquisador formulará um problema, situando-se e analisando
criticamente o estado atual do conhecimento em sua área de interesse, comparando e
criticando abordagens teórico-metodológicas e avaliando o peso e confiabilidade de
158
resultados de pesquisas, identificando pontos de consensos, controvérsias, regiões de sombra
e lacunas que merecem ser esclarecidas. Posicionar-se-á quanto ao referencial teórico a ser
utilizado e seguirá o plano estabelecido.
Beaud (2007) em seu livro “A Arte da Tese: Como redigir uma Tese de Mestrado ou
de Doutorado, uma monografia ou qualquer outro trabalho Universitário” mostra como se
deve elaborar estes trabalhos científicos. Diz que de forma a sanar dúvidas no que concerne
a trabalhos acadêmicos, A Arte da Tese é um manual prático que visa sanar as dúvidas de
quem está adentrando no mundo dos trabalhos universitários. O livro traz de forma objetiva
um passo a passo de como esses trabalhos devem ser produzidos, desde o que é uma tese
até o que deveria ser feito após a tese, passando pela redação técnica como notas de rodapé,
referência bibliográfica, sumário e índice e questões mais abstratas como o amadurecimento
do trabalho na cabeça do autor. É importante mencionar que muitos dos procedimentos
mencionados no livro não são válidos no Brasil, dada a existência nas normas ABNT e por
esse motivo o trabalho deve ser compreendido, em algumas partes, como um elemento
norteador para quem não conhece o caminho a ser trilhado e não como guia infalível para a
execução dos trabalhos. É digno de nota e sinal de outros tempos a forma pragmática que o
autor usa para delimitar quem deve ou não prosseguir com uma tese, dado que com dez
questões rápidas e um método de avaliação quantitativa ele tenta identificar quem deve ou
não prosseguir com os trabalhos, ademais a obra busca ser um vade-mecum e mostra que o
trabalho acadêmico é, de fato, fruto de muita consistência intelectual e compreensão da
magnitude do trabalho a ser construído.
CONSIDERAÇÕES
O que se pôde perceber foi um grande envolvimento dos alunos no trabalho sobre a
pesquisa, principalmente com os autores citados. Isto é produtivo porque são alunos de
mestrado e este trabalho colabora na dissertação para obter o título.
REFERÊNCIAS
BEAUD, Michel. Arte da tese: Como preparar e redigir uma tese de mestrado ou doutorado,
uma monografia ou qualquer outro trabalho universitário. 3ª ed. Rio de Janeiro: Bertrand
Brasil, 2000.
ECO, Humberto. Como se faz uma tese. São Paulo. Perspectiva, 2007.
159
GIL, Antonio Carlos. Como elaborar projetos de pesquisa. 6. ed. São Paulo: Atlas, 2017.
LAKATOS, Eva; MARCONI, Marina. Metodologia científica. São Paulo. Atlas, 2000.
Enéas Machado
Universidade Católica de Santos
[email protected]
REFERÊNCIAS
ALVES, Zélia Mana Mendes Biasoli; SILVA, Maria Helena GF Dias da. Análise qualitativa
de dados de entrevista: uma proposta. Paidéia (Ribeirão Preto) , Ribeirão Preto, n. 2, p. 61-
69, julho de 1992.
BOURDIEU, Pierre. Esboço de uma Teoria da Prática. In: ORTIZ, Renato (Org.). A
sociologia de Pierre Bourdieu, São Paulo: Editora Ática, 1994, n. 39, p. 46-86. (Coleção
Grandes Cientistas Sociais).
_________. Razões práticas: sobre a teoria da ação. São Paulo: Papirus, 1996.
163
_________. La crise des identités: L’interpretation d’une mutation. Paris: PUF, 2000.
INTRODUÇÃO
DESENVOLVIMENTO
REFERÊNCIAS
INTRODUÇÃO
Este estudo busca situar o dirigente escolar no contexto das mudanças ocorridas no
processo de promoção da educação enquanto direito público subjetivo, que se desdobram
no dia a dia na escola.
Ao ressaltar a educação como um direito de todos, a Carta Magna reafirma o
princípio da igualdade, sem distinção de qualquer natureza (conforme prescrito no artigo 5°),
deixando claro para todos os que fazem a educação a perspectiva inclusiva que deve
prevalecer, de modo alcançar as pessoas em condições mais adversas de escolaridade.
Apesar desse entendimento universal em torno da educação, as garantias do direito não
se operam sem conflitos no campo da prática. Observam-se desafios de ordem operacional
sinalizados por significativos índices de distorção idade-série, elevados números de alunos
por sala de aula, além das taxas de evasão e repetência (em especial nas séries finais do ensino
fundamental e ensino médio).
As discussões oriundas dos desdobramentos do artigo 205 da Constituição Federal
produzem diversos efeitos cujas manifestações se entrecruzam no cotidiano escolar, exigindo
uma gestão capaz de lidar com as decorrências nas dimensões financeiras, administrativas e
pedagógicas da escola (CURY, 2006).
170
Este artigo apresenta elementos referentes ao papel do diretor no processo de
mediação das políticas educacionais que chegam à escola, discutindo suas concepções acerca
do que seja uma boa política educativa.
Nesta secção, apresentam-se as respostas dos diretores para a pergunta: “O que você
considera uma boa política educativa?”. As concepções descritas pelos diretores podem
sinalizar como as políticas são recepcionadas pela escola, assim como as pistas para se
compreender o princípio que rege as convergências e divergências com as políticas definidas
em nível macro.
2
5
Foco no aluno
2
Envolvimento da comunidade
Formação de professores
3 Outros
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Este artigo procurou situar o dirigente escolar no contexto das mudanças ocorridas
no processo de promoção da educação enquanto direito público subjetivo, que se
desenvolvem no dia a dia na escola.
As condições concretas dos espaços investigados influenciam de modo evidente a
compreensão de políticas educativas apresentada pelos dirigentes escolares. Nesses espaços
e sob a influência dessa compreensão, a territorialização das ações dos sujeitos acontece,
delimitando novas normas e formas.
No exercício cotidiano de promoção do direito à educação, através da mediação das
políticas educativas, os diretores recorrem de maneira decisiva a sua capacidade de simbolizar
e representar significados – capacidade essa adquirida em seu percurso de construção
identitária que envolve elementos individuais e coletivos. Um exemplo reside no fato de que
as estratégias para enfrentar a violência - que caracteriza a condição de vulnerabilidade social
das escolas da amostra - partem muito mais das ações criativas do diretor no intuito de gerar
diálogo com os grupos da comunidade do que da ingerência de qualquer tipo de política.
Num contexto em que o diretor é o mediador das políticas educacionais que chegam
à escola, a sua construção identitária está relacionada não somente aos mecanismos utilizados
para “reinterpretar” essas políticas, mas também à influência exercida sobre as pessoas que
participam desse processo no âmbito da gestão escolar.
Percebe-se, contudo, que há dificuldades por parte dos diretores escolares em
compreender a definição de políticas educativas, o que se configura como um desafio a ser
enfrentado na formação de gestores. Os discursos são convergentes no sentido de que o foco
deve ser a aprendizagem dos alunos, ainda que para isso sejam necessárias resoluções em
173
relação a variados fatores de influência direta ou indireta (como a participação das famílias,
a violência, a bonificação, etc.).
Assim como o direito à educação precisa ser “inscrito no coração das pessoas”, os resultados
deste estudo indicam que as políticas educativas também precisam. O empenho do diretor
escolar para promover a mediação dessas políticas contribui sobremaneira neste sentido.
REFERÊNCIAS
A gestão escolar efetivou por meio de parcerias com outros profissionais da rede e
da Universidade de Brasília- UnB um cronograma de ações para a formação de professores
em serviço. Foram realizados treze encontros com temas a partir do diagnóstico realizado na
semana pedagógica, a saber: Avaliação da psicogênese da língua escrita; Grafismo Infantil;
Oficina de blocos lógicos; Socialização de experiência: Projeto mulheres inspiradoras;
Criatividade no trabalho pedagógico; Oficina: Pedagogia sistêmica; A construção do número;
Oficina: programação neurolinguística; Projeto e sequencia didática; Produção textual;
Competências iniciais para leitura e escrita; Consciência fonológica e Construção de projetos
em Ciências.
Ao analisarmos a totalidade do espaço-tempo da coordenação pedagógica
percebemos que a formação continuada oferecida em serviço, trouxe a possibilidade da
participação dos docentes em todos os encontros, contribuindo para a troca de experiências
26
Art. 12 VII- estimular a formação continuada para o aprimoramento dos profissionais que atuam
na unidade escolar por meio de ações pedagógicas que favoreçam o seu desenvolvimento;
VIII- Garantir que as ações de formação continuada contribuam efetivamente para a aquisição das
aprendizagens;
176
e o estudo constante, não só dos conteúdos curriculares, como também, das formas de
intervir junto aos estudantes, garantindo o desenvolvimento das aprendizagens. Assim, a
escolha dos temas a partir de um diagnóstico local trouxe possibilidades de uma melhor
organização do trabalho pedagógico, desenvolvimento profissional e avanço das
aprendizagens.
REFERÊNCIAS
Fabio Perboni
(UFGD - [email protected])
REFERÊNCIAS
ALGUMAS CONSIDERAÇÕES
REFERÊNCIAS
FUNDAÇÃO TELEFÔNICA VIVO. Inova escola: práticas para quem quer inovar na
educação / Fundação Telefônica Vivo. São Paulo: Fundação Telefônica Vivo, 2016.
SAVIANI, D. Escola e Democracia. 4. ed. São Paulo: Autores associados; Cortez, 1981.
185
- XXXVI -
INTRODUÇÃO
DESENVOLVIMENTO
CONCLUSÃO
Este estudo revela que o PNAIC teve grande abrangência por alcançar todos os
professores alfabetizadores do país. É um programa que tem se efetivado no trabalho
pedagógico dos professores pesquisados porque há aproximações de suas práticas com às
orientações pedagógicas do programa visto que realizam muitas sugestões de atividades
oriundas dos encontros formativos. Mas, por outro lado, não demonstram realizar o
processo de reflexão sobre a prática docente, visto que, não toma a teoria como suporte para
o replanejamento da ação pedagógica.
As professoras se apoiam nas orientações práticas com mais facilidade, pelo fato de
serem imediatistas e facilitarem às intervenções que preconiza o programa. No entanto, essa
adequação assumida por elas se distancia do que o PNAIC propõe, ou seja, uma formação
que garanta uma prática docente consciente e intencional, que tenha como subsídio as teorias
estudadas para uma reflexão mais minuciosa sobre o processo de alfabetização e,
consequentemente, uma ressignificação no seu fazer pedagógico. As práticas docentes só
serão ressignificadas mediante processo de formação quando a teoria e a prática caminharem
juntas.
Por fim, a partir deste estudo percebemos que as políticas de formação docente
precisam partir do que os professores já sabem e do que precisam saber para mediar a
aprendizagem dos alunos no processo de alfabetização.
REFERÊNCIAS
GATTI, Bernadete A. Análise das políticas públicas para formação continuada no Brasil na
última década. Revista Brasileira de Educação, v.13, n.17, jan./abr., 2008.
189
LÜDKE, Menga; ANDRÉ, Marli E. D. A. Pesquisa em Educação: abordagens
qualitativas. São Paulo: EPU, 1986.
INTRODUÇÃO
A efetiva inclusão escolar e social de pessoas constitui uma questão complexa que
envolve múltiplos fatores. Dentre eles, o processo de formação docente, neste estudo
destacamos os professores como protagonistas das práticas pedagógicas inclusivas. Assim,
defende-se que para a inclusão escolar de alunos com deficiência o professor precisa
promover estratégias pedagógicas estimuladoras do desempenho acadêmico, da
comunicação, da socialização e expressão, além da participação no âmbito social a fim de
estimular a convivência coletiva e a aprendizagem.
A complexidade do ensinar, requer também que os educadores possam conhecer as
características de comportamentos favoráveis ao convívio social e processamentos sensoriais
de pessoas com deficiência, suas características. Assim compreendido, ao pensar em
planejamentos pedagógicos visando incluir alunos com deficiência os professores estarão
191
também contemplando os demais educandos com metodologias diferenciadas e processos
de interação sociocultural. Nosso objetivo é promover uma reflexão sobre as políticas de
inclusão e as práticas pedagógicas por elas desencadeadas. Nesse percurso, por meio de uma
análise de documentos, colaborar com um referencial de consulta, subsidiando estudos que
abordam os processos formativos de docentes. A intenção acadêmico-científica é também
contribuir com o rompimento de barreiras do conhecimento das especificidades e discutir
como instituir salas de aula de fato inclusivas.
AS DEMANDAS DA POLÍTICA E DA PRÁTICA PEDAGÓGICA NA ESCOLA
É pertinente destacarmos que os referenciais teóricos da psicologia do
desenvolvimento humano considera os processos de desenvolvimento cognitivos,
comportamentais e sociointeracionistas, como propulsores das aprendizagens humanas.
Assim, os referidos processos afetam todos os contextos educacionais. Desse modo, fica
compreendido que para incluir há necessidade de redimensionamento dos modos
pedagógicos de ensino para todos os alunos e principalmente para aqueles com deficiência,
tendo em vista o respeito à diversidade humana.
É sabido que 57,8 % das escolas brasileiras têm alunos com deficiência incluídos em
salas regulares e que nas regiões Nordeste e Norte estão os maiores percentuais; 94,3% e
90,7% respectivamente (INEP, 2017). Os dados nos fazem pensar que as salas de aulas
brasileiras requerem nova configuração, nas quais as práticas pedagógicas sejam refletidas à
luz do contexto da demanda de inclusão, uma vez que em salas de aula comuns há 796.486
alunos com necessidades educacionais especiais (NEE) e em classes especiais há registro de
174.886. Temos assim um total de 971.372 alunos com NEE (estimativa 2016/INEP-2017).
Essa demanda inquieta os professores, porque exigem práticas pedagógicas
ressignificadas à luz da inclusão escolar. Em universidades brasileiras, os pesquisadores
buscam maior conhecimento para a compreensão de como melhor ensinar as pessoas com
deficiência e assim fortalecer e apoiar práticas educativas escolares inclusivas.
O direito à educação na legislação defende que o aluno é um sujeito social e de direito.
Nos últimos 11 anos tem sido evidente a repercussão das políticas dentro da escola.
Reconhecemos que as leis favorecem, numa sociedade pouco inclusiva, a escolarização da
pessoa com deficiência. A Organização das Nações Unidas (ONU-1948) proclamou a
Declaração Universal dos Direitos Humanos, prevendo que todas as nações cumpram suas
determinações no que se refere ao direito de educação, lazer, moradia, saúde, entre outros
necessários para uma cidadania digna.
192
A Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDBEN, nº 4.024/61) estabelecia
que a educação das pessoas com deficiência deveria “preferencialmente” acontecer dentro
do sistema regular de ensino. O termo “preferencialmente” levantou questionamentos pela
interpretação de que nem todos deveriam ser recebidos no sistema regular de ensino. A
retificação veio com a Lei 5.692/71, no artigo 9, assegurando “tratamento especial” as
pessoas com necessidades especiais, embora não usasse esse termo. Então, passou-se a
compreender que a educação dessas pessoas deveria acontecer em escolas/salas especiais.
Em 1990, no Brasil, também foi criado o Estatuto da Criança e do Adolescente – ECA, Lei
nº 8.069/90, tornando obrigatório aos familiares matricularem seus filhos na rede regular de
ensino (grifo nosso).
Entre diversos tratados internacionais, destacamos o da Tailândia (1990), quando foi
publicada a Declaração Mundial sobre Educação Para Todos. Este documento colaborou
para implantação da educação inclusiva, visto que em seu art. 3 § 1 declara que é preciso
universalizar o acesso à educação, porém é preciso melhorar a qualidade e diminuir as
desigualdades, em seu art. 6, estabelece que o ambiente deve ser propício à interação entre
os estudantes e até mesmo com os adultos, e que nenhuma aprendizagem deva ocorrer de
forma isolada.
A Declaração de Salamanca (1995), elaborada na Espanha, é um documento pioneiro
nas políticas públicas para inclusão, noventa e dois governos e vinte e cinco organizações,
totalizando um número superior a trezentos participantes, colaboraram visando promover a
Educação para Todos. A demanda de legalização interferiu nas medidas que antes eram
tomadas por muitos países, inclusive o Brasil, que tratava as causas das pessoas com
deficiência, em caráter de campanhas, impulsionadas por familiares pleiteando o direito à
educação.
As Diretrizes Curriculares Nacionais para a Formação de Professores da Educação
Básica, pensada juntamente com as Diretrizes Nacionais para a Educação Especial, porém
por ser de competência da Câmara de Educação Superior do Conselho Nacional de
Educação – CES/CNE, só foi publicada em 2002 por meio da Resolução CNE/CP nº
1/2002 a qual em seu art. 2º prevê que as instituições de formação de professores devem
oferecer o preparo para o ensino, visando o aprendizado do aluno, o acolhimento à
diversidade (p. 1), dentre outros. No ano seguinte, 2003, o MEC instituiu o Programa
Educação Inclusiva visando “[...] a transformação dos sistemas de ensino em sistemas
educacionais inclusivos, [...] oferta do atendimento educacional especializado, [...]
acessibilidade (MEC/SEESP, 2007).
193
Os avanços na legislação continuaram nos anos seguintes, tanto mundial quanto
nacionalmente. Tais avanços são representados por Decretos regulamentando Leis,
publicação de Documentos, Programas Nacionais, implantação de Núcleos; todos com o
mesmo objetivo, de fazer com que as pessoas usufruam do direito à escolarização e de
qualidade.
O Plano de Desenvolvimento da Educação (PDE), lançado em 2007 reafirmou a
necessidade da implantação de Salas de Recursos Multifuncionais (SRM) e da formação de
professores para a educação especial, além de mudanças na estrutura física das escolas. A lei
garante que quando incluído em sala regular de ensino o aluno tem assegurado o direito de
acompanhante especializado e o diretor que rejeitar matrícula será punido com multa de três
a vinte salários mínimos.
CONCLUSÃO
Assim, importa expor que conforme a Lei Brasileira de Inclusão (LBI-2016) há
necessidade de “[...] adoção de medidas individualizadas e coletivas em ambientes que
maximizem o desenvolvimento acadêmico e social dos estudantes com deficiência [...]. A
LBI também destaca a necessidade de [...] pesquisas voltadas para o desenvolvimento de
novos métodos e técnicas pedagógicas [..]. A referida lei ainda acrescenta que haja [...]
planejamento de estudo de caso, de elaboração de plano de atendimento educacional
especializado, [...] e usabilidade pedagógica de recursos de tecnologia assistiva; (BRASIL,
2016, Cap. IV, Art. 28 INCISOS V, VI E VII ). A referida lei esclarece que o paradigma da
inclusão é um desafio a ser assumido pelas escolas brasileiras. As práticas educativas são
construções históricas, logo a inclusão escolar implica revisão não só das práticas
pedagógicas, mas do sistema escolar e de sua organização curricular.
REFERÊNCIAS
INTRODUÇÃO
Este artigo apresenta resultados preliminares de uma pesquisa mais ampla para
dissertação do Mestrado Profissional em Educação – Formação de Professores da Educação
Básica – PPGE, que vem problematizando e analisando as práticas pedagógicas
desenvolvidas pelas educadoras de uma creche em um município no Sul da Bahia. A
investigação, dentre outros, vem se debruçando acerca das políticas educativas que provocam
modificações na organização e desenvolvimento dessas práticas , desde os finais do século
XX; bem como o perfil e trajetória dessas profissionais que trabalham com os bebês; e como
vem ocorrendo a materialização das Diretrizes Curriculares Municipais (DCM)
implementadas no município, a partir de 2012.
O presente texto, que consiste em um recorte da pesquisa maior, tem como objetivo
dialogar com as profissionais da creche sobre sua trajetória profissional (como chegaram á
creche, como foi iniciado o trabalho, formação inicial e continuada, período de trabalho,
vínculo, entre outros) e o processo de materialização dessas políticas educativas na sua prática
pedagógica. Por fim, analisamos as falas iniciais dessas profissionais sobre concepções de
crianças e infâncias.
196
Para este artigo, seguimos norteados pela pesquisa-ação existencial sugerida por René
Barbier (2007) acrescida dos fundamentos teóricos e metodológicos orientados por Paulo
Freire (2005) na sua obra “Pedagogia do Oprimido”. As discussões teóricas foram
fundamentadas nos trabalhos de Haddad (1993), Kramer (1995), Cerisara (2002), entre
outros, bem como os marcos legais nacionais e locais que fazem parte da legislação brasileira.
CONSIDERAÇÕES PRELIMINARES
REFERÊNCIAS
BARBIER, René. A pesquisa-ação. Tradução de Lucie Didio. Brasília: Liber Livro Editora,
2007.
_____. Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional. LDB 9394/96. Brasília, DF:
Ministério da Educação, 1996.
_____. Estatuto da criança e do adolescente. (1990) 4ª. ed. Brasília: Câmara dos
deputados, Coordenação de publicações, 2003.
HADDAD, Lenira. A creche em busca de identidade. São Paulo: Edições Loyola, 1993.
KRAMER, Sonia. A política do pré-escolar no Brasil: a arte do disfarce. 5. ed. São Paulo:
Cortez,1995.
200
- XXXIX –
Gercina Dalva
SEEC/UERN
[email protected]
INTRODUÇÃO
DESENVOLVIMENTO
Nesse recorte, consideramos parte das análises sobre o ponto de vista dos cursistas
em relação à modalidade, metodologia do curso e à participação, com base em questionários
aplicados e o material postado nas ferramentas do ambiente virtual (fóruns e atividades),
articulados aos propósitos da pesquisa e ao referencial teórico e metodológico em que nos
apoiamos (BARDIN, 2011). No que se refere à modalidade educação a distância, de um total
de 40 cursistas, quatro (04) classificaram como excelente, como ótima seis (06) cursistas,
muito boa (12) e como boa, dezessete (17), dois (02) não devolveram o questionário. A
maioria classifica o curso como uma oportunidade, haja vista o fácil acesso e a flexibilização
dos horários de estudos, praticidade e objetividade no processo de formação. O curso “[...]
é uma oportunidade para graduados que não têm acesso à pós-graduação presencial por
questões como: tempo ou disponibilidade [para frequentar cursos] nas universidades
próximas” (GESTORES, TURMA 02, 2011). Desse depoimento depreendemos que estudar
constitui mais um desafio enfrentado diante das adversidades impostas ao gestor, o que
também é constatado na postagem do ambiente virtual. Fazer um curso desses e estando
202
gestor de uma escola o compromisso e a lealdade devem ser redobrados, pois o ativismo do
cotidiano escolar consome as horas e se não ficarmos atentos e estabelecermos prioridades
não atingiremos nenhum objetivo (MOODLE, 2011).
Nesse sentido, ao mesmo tempo em que a modalidade se apresenta como
oportunidade de crescimento profissional, torna as ações instrucionais instrumento de
adaptação do sujeito a sua própria realidade, sem ensejar-lhe formação para além dos saberes
no campo cognitivo e da troca de experiência suscitada pela prática social no que se refere a
sentimentos e valores (SILVA JÚNIOR; KATO; SANTOS, 2010). Essa lógica é subjacente,
também, aos depoimentos dos sujeitos ao justificarem que, embora o curso não oportunize
compartilhar ideias, tirar dúvidas de forma presencial, com o diálogo entre os sujeitos da
aprendizagem, “[...] proporciona ao estudante a aquisição do conhecimento por outros
mecanismos que possibilitam a gestão de tempo, ou seja, é uma modalidade prática de
especialização para quem está trabalhando no campo da gestão escolar” (GESTORES,
TURMA 04, 2011).
80%
de atividade.
Fonte: Base de dados. Elaborado pela autora (2015).
CONCLUSÃO
REFERÊNCIAS
SILVA JÚNIOR, João dos Reis; KATO, Fabíola B. Grello; SANTOS, Silva Alves dos.
Políticas públicas para formação de professores a distância: implicações políticas e teóricas.
In: SOUZA, Dileno Dustan Lucas de; SILVA JÚNIOR, João dos Reis; FLORESTA, Maria
das Graças Soares (Orgs.). Educação a distância: diferentes abordagens críticas. São Paulo:
Xamã, 2010.
REFERÊNCIAS
BAUMAN, Zygmunt. A sociedade individualizada: vidas contadas e histórias vividas. Trad. José
Gradel, Rio de Janeiro: Jorge Zahar Ed., 2008.
IMBERNÓN, Francisco. Formação continuada de professores. Trad. Juliana dos Santos Padilha.
Porto Alegre: Artmed. 2010.
208
- XLI -
INTRODUÇÃO
A Racionalidade Técnica
Compreende-se em Libâneo (2003) que este paradigma de formação tem suas raízes
no Iluminismo quando dá total centralidade à ciência, à razão e às teorias. A formação
docente nessa perspectiva visa apenas à aplicabilidade de teorias científicas sobre a realidade,
colocando o professor como aplicador, nesse sentido, a atividade deste profissional torna-se
[...] “sobretudo instrumental, dirigida para a solução de problemas mediante a aplicação
rigorosa de teorias e técnicas científicas”. (GÓMEZ, 1997, p. 96)
Quando se estabelece a superioridade da teoria em relação à prática, a realidade
restringe-se a um mero laboratório para testes de aplicabilidade conceitual. Ao tratar-se da
212
realidade concreta da vida escolar, a escola torna-se escola-laboratório. Para a sua efetivação
são necessários indivíduos que materializem as teorias, logo, nessa perspectiva, acredita-se
que o professor é o profissional ideal para o cumprimento de tal tarefa.
De maneira geral, tais teorias científicas são desenvolvidas por sujeitos alheios à
realidade escolar, como pesquisadores universitários que não são do campo da educação, ou,
profissionais do terceiro setor que desconhecem a realidade escolar. (CONTRERAS, 2002).
O reflexo da racionalidade técnica na formação de professores, consiste na
instrumentalização do processo formativo no qual se perde a capacidade de análise, de
criatividade e de reflexão do professor. Este paradigma não exige do professor o pensar sobre
a educação, já que se restringe à aplicação de teorias, pois parte do pressuposto que a teoria
não falha, pois é científica.
Outra consequência advinda da ausência de reflexão é a perda de identidade
docente, pois, perde-se a autonomia ao instrumentalizar o processo formativo, deixando o
docente a margem do desenvolvimento de teorias provenientes de pesquisas acadêmicas.
Perde-se também a percepção da complexidade da realidade por parte das pessoas que
formulam tais teorias científicas, já que são pessoas distantes da realidade escolar.
O paradigma de formação da racionalidade técnica (GÓMEZ, 1997), distancia a
concepção da execução. Desse modo, esta formação forma para competências, para o
aperfeiçoamento ou capacitação de professores que se apropriarão das teorias utilizando-as
(de maneira competente) na resolução de problemas, no processo de ensino-aprendizagem.
Nesse sentido, este processo parte do simples para o complexo, num
direcionamento linear de progressão formativa que, primeiramente, se preocupará com “o
que ensinar”, ou seja, o domínio dos conteúdos (regras e desenvolvimento) e,
posteriormente, “como ensinar”, como aplicar o que foi ensinado. (GÓMEZ, 1997).
Torna-se explícita a regulação/dominação do trabalho do professor introduzida por
meio deste tipo de formação, que desconsidera inúmeros fatores presentes e inegáveis a
respeito da vida escolar. Segundo Gómez (1997), não só a complexidade marca a realidade
213
escolar, mas também a incerteza, a instabilidade, a singularidade e o conflito de valores.
Todos estes aspectos evidenciam a arbitrariedade deste paradigma, ao qual fornece uma
formação empobrecida e desvinculada do compromisso real da educação, da escola e do
professor.
A RACIONALIDADE CRÍTICA
O docente não define a prática, mas [...], seu papel na mesma; é através de
sua atuação como se difundem e concretizam uma infinidade de
determinações provenientes dos contextos nos quais participa [...]. Sua
conduta profissional pode ser uma única resposta adaptativa às condições
e requerimentos impostos pelos contextos pré-estabelecidos, mas pode
entender-se a partir do ponto de vista crítico como a fonte de
interrogações e problemas que podem estimular seu pensamento e sua
capacidade para adotar decisões estratégicas inteligentes para intervir nos
contextos.
É por meio de uma formação crítica, permeada de momentos que levem a reflexões,
discussões, estudos que o professor perceberá as desigualdades e as injustiças sociais, tendo
a possibilidade de compreender as contradições, podendo a partir disto, desenvolver
individual e coletivamente práticas pedagógicas transformadoras.
30Adjetivo dado por Libâneo (2002), para mais detalhes ver o “Professor reflexivo no Brasil: outra oscilação
do pensamento pedagógico brasileiro?”.
215
indivíduo e enquanto grupo, elucidando quais são os princípios que influenciam as atitudes
e a prática pedagógica dentro da escola.
A formação docente sob a ótica da racionalidade crítica refuta a ideia de que a
identidade só se constitui sob aspectos estritamente singulares, isto é, que ao ter uma
identidade, o professor deixa de ser influenciado pela cultura que o rodeia. Compreende-se
que este processo ocorre ao contrário, já que no âmbito da escola é possível enxergar não
uma, mas diversas identidades.
Isso significa que ao observar-se a escola como uma instituição situada em
determinado contexto socioeconômico, com seu quadro de profissionais, com a comunidade
a que atende, identifica-se a singularidade, a identidade de tal instituição. Portanto, identidade
também tem a ver com a cultura, seja grupal ou individual.
Imbernón (2009) afirma o equívoco de se pensar em identidade docente
evidenciando apenas o “eu” do profissional, pois é preciso considerar a construção de uma
identidade a partir de todos, a fim de obter avanços na qualidade da educação.
Ao se instituir o princípio do coletivo é possível pensar em novos valores, novas
formas de trabalho, novas visões de mundo, produzir novos conhecimentos, partilhar
experiências bem-sucedidas, etc., olhando para si enquanto grupo e pensando sobre o que é
possível contribuir na transformação da realidade escolar.
Todos estes aspectos que compõem a identidade do professor geram perante ele o
seu reflexo, podendo fomentar desejos de mudança sobre o que está vendo ou o sentimento
de realização por sua profissionalidade. Porém, não é possível desenvolver a
profissionalidade do professor sem dar-lhe autonomia como eixo indispensável para o
desenvolvimento profissional docente 31.
A RACIONALIDADE PRÁTICA
31Para mais detalhes, ver Pérez Gómez (2000) “Compreender e transformar o ensino”.
32Refere-se aos direitos trabalhistas, expansão de vagas em instituições de ensino, planos de carreira,
promoções, acessão, etc. e de caráter humano no que diz respeito ao direito a educação, saúde,
saneamento básico, moradia, segurança, dentre outros.
216
Percebe-se neste movimento a manifestação de princípios políticos
democratizantes, ou seja, as pessoas passam a reivindicar direitos, assim como requerem
espaço, autonomia, reconhecimento, participação política, serem ouvidos, tomar decisões,
desenvolver sua criatividade, etc.
Em Contreras (2002), compreende-se que com o processo de industrialização,
modernização e globalização, era inevitável que o Estado se flexibilizasse, pois, perante o
novo cenário não mais haveria espaço para autoritarismo, controle extremo e monopólio
estatal, entendendo que esta nova sociedade se revoltaria, protestaria e não toleraria
opressões explícitas.
Os governantes políticos lançando mão destas reivindicações, utilizam-se das
solicitações requeridas pela sociedade, dando uma espécie de retorno perante suas exigências.
Porém, utilizando discursos sobre autonomia, democracia, participação, reflexão, qualidade
educativa, oportunidade, tomada de decisões, liberdade, profissionalismo, mérito, dentre
outros, o poder político desviou semanticamente 33 o significado destas palavras em prol de
seus interesses neoliberais.
O Estado neoliberal, utilizando-se deste desejo por um reconhecimento da
categoria docente, disseminou um novo discurso: o profissionalismo 34. Contreras (2002)
afirma que as disseminações desta concepção aconteceram simultaneamente ao processo de
desqualificação da própria categoria docente. Ou seja, ao tomar cada vez mais para si a
responsabilidade pela qualidade da educação, o professor isenta o Estado do compromisso
com a educação.
Este fenômeno se manifesta no ensino, quando se amplia a gama de conhecimentos
necessários, numa constante especialização dos conhecimentos (afunilando e especializando
conhecimentos científicos por meio de cursos de pós-graduação, capacitação, atualização, á
exemplo) por parte do professor. Neste sentido torna-se evidente a intenção estatal em
neutralizar seu próprio controle. Ao isentar-se de suas responsabilidades, acaba devolvendo
sutilmente a categoria docente, a responsabilidade majoritária que cabe ao Estado sobre a
educação.
33 Entende-se desvio semântico, como o uso de palavras que caracterizam concepções democráticas
emancipatórias, mas que na realidade são usadas apenas como uma espécie de “slogan” para as reais
intenções perversas do sistema econômico capitalista neoliberal, ao qual, engana a sociedade com
ilusão de que está se vivendo num tipo de igualdade social participativa, porém, a realidade é que
continuam a manipular os indivíduos.
34 Profissionalismo aqui, como conjunto de habilidades específicas de determinado campo, bem
35Para Contreras (2002), ao tirar-se a autonomia (dentre outros fatores) do professor por meio da
racionalização do trabalho o professor torna-se um subprofissional da educação.
219
Neste panorama de proletarização docente, o poder burocrático estatal intensifica-
se no campo educativo, sob a forma de parâmetros e/ou normativas educacionais que,
simultaneamente, emergem como mudanças de cima para baixo (hierarquizadas e sem a
participação dos atores escolares) em todos os níveis, até alcançar a realidade do professor e
do aluno.
O principal aspecto do processo de proletarização diz respeito à intensificação do
trabalho docente. Disto advém a necessidade dos professores correrem contra o tempo para
executar todas as tarefas previamente estabelecidas por outros personagens 36 (especialistas,
diretores, dentre outros).
Sobre o discurso da liberdade para tomada de decisões, a escola e seus atores vivem
a postos de apagar os incêndios, resolver problemas diariamente, sem poderem de fato
investir em tempos de reflexão partilhada e principalmente, para cada um exercer a função
que verdadeiramente cabe a si (ensino-aprendizagem, gestão de professores, relacionamento
entre escola-comunidade, etc.).
O paradigma da racionalidade prática ao mesmo tempo em que visa um perfil
específico de professores intenciona também, formar um modelo de aluno da pós-
modernidade, o padrão esperado do trabalhador neoliberal. Libâneo (2002) discute o papel
da educação no cenário da sociedade contemporânea, como fonte da produção de formação,
tecnologia e desenvolvimento econômico. Ou seja, a globalização vê na educação o
instrumento ideal para a manutenção do sistema capitalista neoliberal. Portanto, vê-se
determinadas características a serem formadas neste aluno-trabalhador, tornando explícita a
necessidade do ensino de conteúdos gerais para estudos mais específicos, úteis à produção
de conhecimento tecnológico.
Porém, além das características de um perfil científico, técnico e eficiente, a
racionalidade prática requer que a formação continuada de professores forme
comportamentos específicos em seus alunos-trabalhadores. Ao passo que se forme sujeitos
pré-moldados, ocorre na sociedade o fenômeno da exclusão, por meio da seletividade dos
indivíduos, gerando um novo processo de marginalização de uma maioria que não possui
condições que os permitam competir no mesmo nível de outros sujeitos. Neste novo
processo produtivo-tecnológico então, não haverá espaço para:
36Neste aspecto autores como Contreras (2002), Pérez Gómez (1997) e Libâneo (2003) discutem a
grande influência do campo da Psicologia como agente influenciador dos projetos de formação
continuada de professores.
220
[...] para o trabalhador desqualificado, com dificuldades de aprendizagem
permanentes, incapaz de assimilar novas tecnologias, tarefas e
procedimentos de trabalho, sem autonomia e sem iniciativa, que é
especializado em um ofício de não sabe trabalhar em equipe ̶ enfim, para
o trabalhador que, embora saiba realizar determinada tarefa, não é capaz
de verbalizar o que fazer (LIBÂNEO, 2002, p. 110).
37A respeito do conceito de ensino sob a ótica da qualidade total, Libâneo (2002), trata-a como uma
formação reduzida a um mercado educacional, a pedagogia da eficiência, da eficácia, da
produtividade, da competitividade.
221
CONSIDERAÇÕES FINAIS
REFERÊNCIAS
222
______. Uma análise crítica sobre a “reflexão” como conceito estruturante na formação
docente. Revista Educação e Sociedade, v. 29, n. 103, p. 535-554, maio/ago. 2008.
Disponível em: <http://www.cedes.unicamp.br>. Acesso em: 15 out. 2015.
223
- XLII -
INTRODUÇÃO
O MOVIMENTO DA FORMAÇÃO
REFERÊNCIAS
INTRODUÇÃO
Obtivemos o retorno dos onze questionários enviados, ou seja, 100% dos docentes
alunos. A identidade dos respondentes foi preservada e as respostas, quando mencionadas,
foram discriminadas pelo código alfanumérico de "Docente_1" até o "Docente_11",
escolhidos aleatoriamente, conforme os questionários respondidos retornavam para a caixa
postal de coleta deste autor.
A primeira questão, de caráter fechado e em forma afirmativa, procurou estabelecer,
segundo a ótica do respondente, possíveis alterações em suas práticas em sala de aula. Foram
ofertadas três respostas com a possibilidade de escolha de apenas uma. Os onze docentes
escolheram a terceira afirmativa, que era: "Não basta somente o educador ter domínio da
disciplina a ser lecionada, mas que também necessita ter didática para trabalhar seus
conhecimentos de forma clara e sucinta para o bom aprendizado do aluno.".
A segunda questão teve uma primeira parte fechada e depois aberta, com a solicitação
ao respondente para que comentasse. Procurou-se avaliar o C-ESP-DIDÁTICA-EAD pelo
olhar do aluno, se o mesmo correspondeu ao esperado. Sete docentes afirmaram que sim e
quatro que atendeu apenas parcialmente, nenhuma resposta negativa sobre a validade do curso
foi apresentada.
A terceira questão aberta era direta ao aluno egresso e reforçava também o escopo
deste estudo: qual(is) a(s) contribuição(ões) do curso realizado para a sua formação como
docente? Havia também a possibilidade de o respondente não encontrar nenhuma
contribuição. Foram expostas diversas contribuições, mas devido ao número restrito de
páginas deste resumo ampliado, citamos apenas o Docente_6 que realçou que “o curso
contribuiu para uma mudança na minha relação com os alunos”.
A quarta e última questão foi bem ampla, os docentes-alunos poderiam escrever as
suas observações, críticas, comentários e até sugestões. Como todos os respondentes
preencheram as suas respostas, este autor resolveu fazer uma costura textual em que foram
reunidos os principais comentários, independentes se contribuições positivas ou questões
negativas, observados durante o desenvolvimento do curso.
"Apesar de ser um curso a distância, ele requereu grande dedicação em termos de horas de estudo e preparação
das atividades. O curso é fundamental para o docente, especialmente, o instrutor, pois fornece uma nova visão
do processo, com o emprego de conhecimento científico da Didática, o uso de ferramentas e técnicas
231
comprovadamente de sucesso. O curso apresentou técnicas bastante claras, técnicas que, na maioria dos casos,
eu até já usava, contudo, fui capaz de mapeá-las melhor. Acredito que poderia ser incluído um Módulo no
Curso contendo o estudo sobre o papel do aluno no processo ensino-aprendizagem. Outro problema observado
referiu-se a dificuldade de adaptação a um curso a distância, inédito em minha carreira."
CONSIDERAÇÕES FINAIS
REFERÊNCIAS
INTRODUÇÃO
Este artigo busca compreender os sentidos que o imaginário do bumba meu boi
apresenta no cotidiano da escola pública CE Raimundo Araújo de Chapadinha-MA, a partir
das narrativas de professores e alunos. Para isso, adotamos como pilares epistemológicos a
Sociologia do Cotidiano de Maffesoli (2016, 2010), a Antropologia da Complexidade de
Morin (2000, 2003, 2014) e a Antropologia do Imaginário de Durand (2011, 2012), a fim de
refletir sobre o imaginário do bumba meu boi nas práticas docentes e nas políticas de
formação maranhense. Iniciamos com a discussão sobre o papel bumba do meu boi no
cenário cultural do Maranhão, no ambiente escolar e nas políticas formativas dos professores
no estado. Em seguida, refletimos sobre o estatuto da imagem na cultura ocidental
iconoclasta e suas consequências para o campo da educação. Finalmente apresentamos os
resultados parciais de uma experiência em sala de aula envolvendo alunos e professores da
escola pública CE Raimundo Araújo, no município de Chapadinha-MA, verificando o
potencial formativo das imagens simbólicas produzidas a partir da interação com a obra do
poeta e cantador maranhense de bumba meu boi de orquestra, Donato Alves. Acreditamos
que este estudo se faz relevante por buscar compreender como professores e alunos
ressignificam (reconstroem) concepções, representações e imagens do bumba meu boi no
espaço escolar. Permite também pensar o imaginário do Bumba meu boi do Maranhão nas
políticas públicas de formação como uma forma de resistência e também um caminho para
que a dimensão poética possa, ao lado da dimensão prosaica, acontecer na escola, pois, como
afirma Morin (2014, p.36) poesia e prosa constituem “o tecido da nossa vida”.
233
O BUMBA MEU BOI NO CONTEXTO SOCIOCULTURAL MARANHENSE
O imaginário neste artigo pode ser compreendido como “conjunto das imagens e
relações de imagens que constitui o capital pensado do homo sapiens” (DURAND, 2012,
p.18). Foi com base nesse referencial que realizamos em 2016 uma “Oficina de Devaneios”
com professores e alunos do CE Raimundo Araújo, em Chapadinha-MA. A atividade de
sensibilização com as imagens presentes nas toadas de Donato Alves mostrou que estudantes
e professores conectaram-se com seu interior e depois exteriorizaram seus sentimentos em
novas representações. A experiência revelou também que o trabalho com as imagens abre
novas possibilidades de ensinar e aprender, marcadas pela interação. E foi a força simbólica
dessas novas imagens produzidas que acentuaram a crença de que uma educação da
sensibilidade, entendida aqui uma educação dos sentidos que nos conectam com o mundo
(JÚNIOR, 2000) - é possível no contexto do Maranhão.
REFERÊNCIAS
DUARTE JÚNIOR, João Francisco. O sentido dos sentidos: a educação (do) sensível.
2000. 234 f. Tese (Doutorado) - Curso de Pedagogia, Faculdade de Educação, Universidade
Estadual de Campinas, Campinas, 2000.
_________. O imaginário: ensaio acerca das ciências e da filosofia da imagem. 5. ed. Rio
de Janeiro: DIFEL, 2011.
MORIN. E. Os sete saberes necessários à educação do futuro. 2. ed. São Paulo: Cortez,
2000.
235
__________. Amor, poesia, sabedoria. Tradução de Edgard de Assis Carvalho. 7. ed. Rio
de Janeiro: Bertrand Brasil, 2014, 70 p.
INTRODUÇÃO
38Os resultados aqui destacados são sínteses realizadas a partir da fala de 18 (dezoito) alunos cursistas
que participaram da pesquisa (cerca de 80% dos alunos da primeira turma concluinte do curso de
Pedagogia//Parfor de um dos Campus da Universidade Estadual do Rio grande do Norte.
238
DESENVOLVIMENTO
CONCLUSÃO
REFERÊNCIAS
BAKHTIN, Mikhail. Estética da criação verbal. São Paulo: Martins Fontes, 2003.
INTRODUÇÃO
DESENVOLVIMENTO
CONCLUSÃO
REFERÊNCIAS
INTRODUÇÃO
CONCLUSÃO
REFERÊNCIAS
Janete Palazzo
Consultora independente de Educação
[email protected]
INTRODUÇÃO
Para chegar aos custos totais, o valor individual de cada item foi multiplicado pela
duração de cada curso (sete semestres o de Pedagogia; seis, o de Matemática e dez, o de
Direito), atribuindo a cada semestre 20 semanas letivas e cinco meses. Desse modo, nas
estimativas apresentadas, não se consideram reprovações ou desistências no decorrer do
curso, o que, certamente, implicaria em mais altos custos.
A tabela 1 mostra que, proporcionalmente, os custos com as mensalidades em relação
aos custos médios semestrais foram muito próximos para ambos os grupos (63,4% para os
licenciandos e 63,8% para os alunos de Direito), embora as mensalidades do curso de Direito
fossem superiores às das Licenciaturas em quase duas vezes. Os custos totais no semestre
foram, para os licenciandos, quase a metade dos de Direito, com pequenas variações
percentuais nos indiretos. Em conformidade com a sua capacidade financeira, as
252
mensalidades eram menores e os custos indiretos as acompanhavam. Em todos os itens, com
exceção das cópias, os gastos dos estudantes de Direito eram superiores aos do outro grupo,
em valores absolutos.
Licenciaturas Direito
% sobre o total % sobre o total
REFERÊNCIAS
ALMEIDA, Jane Soares de. Mulher e educação: a paixão pelo possível. São Paulo: UNESP,
1998.
BARBOSA, Andreza. Os salários dos professores brasileiros: implicações para o trabalho docente.
Brasília: Líber Livro, 2011.
______. Implicações dos baixos salários para o trabalho dos professores brasileiros. Revista
Educação e Políticas em Debate, Uberlândia, v. 2, n. 2, p. 384-408, jul./dez. 2012.
254
BASTOS, Aurélio Wander. O ensino jurídico no Brasil. Rio de Janeiro, Lúmen Juris, 2000.
LORTIE, Dan C. Schoolteacher. 2. ed. Chicago: The University of Chicago Press, 2002.
TARTUCE, Gisela Lobo B. P.; NUNES, Marina M. R.; ALMEIDA, Patrícia Cristina Albieri
de. Alunos do ensino médio e atratividade da carreira docente no Brasil. Cadernos de Pesquisa,
São Paulo, v. 40, n. 140, p. 445-477, maio/ago. 2010.
VERHINE, Robert E.; MAGALHÃES, Ana Lúcia F. Quanto custa a educação básica de
qualidade? Revista Brasileira de Política e Administração da Educação, Recife, v. 22, n. 2, p. 229-
252, jul./dez. 2006.
255
- XLIX -
INTRODUÇÃO
Foi a partir da década de 1960 que a educação escolar passou a abrigar todas as
crianças do nosso país. A ampliação das vagas passou a exigir uma nova forma de atuação da
escola pública e do diretor. Assim, para atingir esse ideal é preciso que a gestão se faça de
forma democrática e participativa, destacando a importância da figura do diretor.
Concordando com os pressupostos democráticos anunciados por Libâneo; Oliveira;
Toschi (2012), este trabalho, síntese de minha dissertação de mestrado, buscou responder a
questão: como se dá a formação do diretor de escola que tem como pressuposto os princípios
democráticos?
Para desenvolvê-lo buscamos a autobiografia dentro do que Josso (2006) propõe.
Assim, minha dissertação foi pensada e sintetizada sobre quatro eixos básicos: eu, enquanto
aluno; eu, enquanto professor; eu, como diretor escola e, finalmente, eu, diretor e a
comunidade escolar.
Em cada eixos procurei resgatar a história social do momento; tentei resgatar os
fatores históricos da educação; trouxe para apoiar e significar a reflexão, alguns pensadores
da época que contribuíram para elucidar a educação e o papel do diretor.
256
DESENVOLVIMENTO: DOS “EUS” JOÃO PARA O “EU” DIRETOR
Para esta caminhada duas questões foram necessárias: como na história de minha
vida se constituiu a formação do Diretor de Escola pública que sou? E, como me constitui
como diretor com tendências democráticas preocupado com a qualidade do ensino? Na
tentativa de responde-las rememorei fatos de minha vida que estavam dispersos entre uma
lembrança e outra, mas, mais que isto, fui percebendo que nossa existência e fruto de escolhas
que vão formando e constituindo os “eus” de nossa existência.
A narrativa iniciou com minha caminhada rumo à escola primária, primeiro contato
com o saber instituído. Esta passagem pelo Grupo Escolar me fez entender que os saberes
que me foram propostos eram frutos de reflexões acadêmicas e tentativas de atender a um
período histórico específico e peculiar, a ditadura militar brasileira. Segui a história e cursei o
ginásio profissionalizante. Desfiz escolhas e cursei colegial agropecuário, trabalhei na área;
desfiz esta escolha e fiz a de ser seminarista, cursei filosofia e teologia, desfiz a escolha clerical
e mantive a filosofia e fui ser professor.
Como professor vivenciei escolas que o diretor não soube de minha existência e eu
não soube da dele. Eu entrava e saia da escola observado por um inspetor de alunos que
abria e fechava os portões e que a mim se dirigia com um “boa noite”, dava minhas aulas
sem conhecer Coordenador, Projeto Pedagógico e Calendário Escolar. Vivenciei escolas em
que o diretor me recebeu no primeiro dia de aula, sentou comigo e dividiu suas preocupações
e me ajudou a planejar. Me ensinou a ser professor.
Conheci diretor que apenas lamuriava o tempo passado, chorando as ditas “perdas”
que a educação sofrera ao se renovar, era amargo! Mas conheci diretor que se sentava como
os professores nas Reuniões Pedagógicas, que estudava conosco apoiando e ensinando a ver
o aluno como um todo e não restrito a um ou outro saber acadêmico.
Todas estas experiências permaneceram em minha memória e foram me
constituindo.
De Professor para Diretor de Escola foi um salto, frutos de uma conquista que não
é só minha, mas participam meu pai e minha mãe.
Assim, em junho de 1998 ingressei como Diretor de Escola e cheguei à EE Francisco
Whitacker, município de Anhumas/SP. Temeroso e inseguro, dei meus primeiros passos sem
saber ao certo o rumo que tomaria. Tinha mais dúvidas que certezas, na verdade as únicas
convicções que trazia eram as que adquirira no caminhar de minhas estradas: é preciso ouvir
e fazer junto.
257
Me abri para o diálogo. Me propus a caminhar junto. Com o tempo aprendi que
minha posição de diretor ajudaria a conquistar caminhos melhores e mais frutuosos para os
que buscavam o conhecimento. Formamos grupo de estudo com pais e funcionários para
entendermos as mudanças da SEE/SP, discutia com a Coordenação e com os professores
nas reuniões pedagógicas.
Depois passei oito meses na direção da escola Arruda Mello, de Prudente. Escola
grande, central, com problemas múltiplos e diferentes dos que enfrentara na escola anterior.
Do Arruda Mello voltei para Anhumas, mas poucos meses depois fui convidado para
dirigir o CEFAM (Centro de Formação e Aperfeiçoamento do Magistério). Neste os
problemas sociais eram menores e os administrativos pequenos, mas, o desafio pedagógico
gigantesco. Então precisei aprender a ser diretor pedagógico. Assim, fui aprendendo entre
uma e outra reunião pedagógica.
Após o encerramento do CEFAM em 2005, passei alguns meses na Diretoria de
Ensino e fui removido para a EE Francisco Pessoa, localizada no bairro Ana Jacinta de
Prudente, a cerca de 10 km do centro da cidade.
Cheguei ansioso, com frio na barriga, mas não temia como temi quando ingressei,
tinha convicções mais amadurecidas, mas não fui afoito. Primeiro analisei e conheci a escola,
seus alunos, professores, funcionários e comunidade. Ouvi mais do que fiz; constitui uma
equipe de trabalho afinada nos mesmos ideais e convicções, comecei a agir e não mais
separava o administrativo do pedagógico.
Não conseguimos um grêmio estudantil forte, mas por um tempo reunimos escolares
e comunidade e discutimos as preocupações comuns; conseguimos parceria com a
universidade que refletiu conosco as dificuldades do processo educacional.
Mas foi preciso mudar e desde 2011 estou na escola Arlindo Fantini, localiza num
bairro próximo ao centro de Prudente, mas marcado por grande diferença social e problemas
semelhantes aos encontrados no Ana Jacinta.
Já contava com treze anos como Diretor de Escola e com a experiência de quatro
diferentes escolas, por isto fui menos cauteloso e temeroso. Atendi de pronto o
administrativo que precisava de acertos severos, mas caminhei com o pedagógico ouvindo e
refletindo com os alunos e com os professores.
Com o passar do tempo formamos uma equipe gestora que trabalha bastante afinada.
Passamos a ter um Grêmio atuante que trabalha em concordância aos interesses dos alunos.
Os afazeres administrativos se reduziram à normalidade e pudemos dar maior ênfase ao
pedagógico.
258
Conseguimos manter bom diálogo e cumplicidade como os pais, que participam com
mais assiduidade nas reuniões. Há falhas porque não conseguimos dar conta de todos os
afazeres, não conseguimos acompanhar de perto as aulas dos professores para dar-lhes
suporte; falta olhar o noturno para que não se percam na evasão e retenção.
Entendemos que o exercício democrático foi acontecendo ao longo da caminhada
através dos encontros que fazemos com os diversos segmentos da escola; ao nos reunirmos
em ATPC e em planejamento de forma coletiva ouvindo e refletindo com alunos e pais de
alunos; encontros com líderes de sala; reuniões corriqueiras com o Grêmio e semanais com
a equipe pedagógica. Acreditamos que todos estes são espaços de construção do coletivo e
exercício de gestão que se pretende democrática.
Finalmente, passados sete anos de trabalho posso dizer que o diálogo foi
restabelecido, que caminhamos construindo juntos. Pelas falas e avaliações realizadas junto
à comunidade percebemos que o caminho se faz no e pelo exercício democrático e com vista
a educação com mais qualidade.
ALGUMAS CONSIDERAÇÕES
Depois de debruçar-me neste estudo percebo que por mais que entenda ser minha
caminhada uma busca por educação de qualidade para todos por meio do exercício
democrático, ainda há muito a ser feito, pois o exercício democrático se faz no caminhar, no
refletir conjunto.
Igualmente é o ser Diretor de Escola. Não se faz um Diretor apenas nos bancos
acadêmicos, mas também não se faz sem estes saberes. O saber acadêmico e pedagógico nos
permite encurtar caminhos e facilita escolhas. Porém, o saber sem a realidade, sem o chão da
escola, não produz os efeitos desejados. Ser Diretor de Escola é uma construção cotidiana,
de leitura diária da escola e dos problemas reais que nela se apresenta.
Quanto às questões levantadas e que deram o impulso necessário a estas reflexões
creio que com segurança posso afirmar: me fiz ao longo de minhas experiências de vida e, à
medida que fui me fazendo, meus olhares foram se transformando, fui aprendendo a ler os
fatos e a história diferentemente e me constitui no Diretor de Escola que sou, que possui
convicções democráticas e acredita na educação de qualidade para todos.
259
REFERÊNCIAS
LIBÂNEO, José Carlos; OLIVEIRA, João Ferreira de; TOSCHI, Mirza Seabra. Educação
Escolar: políticas, estrutura e organização. 10 ed. revista e ampliada. São Paulo: Cortez, 2012.
543p.
260
- L-
INTRODUÇÃO
METODOLOGIA
O estudo é na abordagem qualitativa do tipo bibliográfico que Gil (2010, p. 29) assim
descreve: a pesquisa bibliográfica é elaborada com base em material já publicado. Tradicionalmente, esta
modalidade de pesquisa inclui material impresso, como livros, revistas, jornais, teses, dissertações e anais de
eventos científicos, consistindo na revisão bibliográfica do tema selecionado para estudo, análise e reflexão da
temática.
DESENVOLVIMENTO
CONSIDERAÇÕES FINAIS
REFERÊNCIAS
BRASIL. Presidência da Respública. Casa Civil. Subchefia para Assuntos Jurídicos. MEC.
Lei nº 9.394/1996
GIL. Antonio Carlos. Metodologia do Ensino Superior. São Paulo Atlas, 2010.
PARO, Vitor Henrique. Escritos Sobre Educação. São Paulo: Xamã, 2001.
“O virtual não se opõe ao real, mas somente ao atual. O virtual possui uma
plena realidade enquanto virtual. Do virtual é preciso dizer exatamente o
que Proust dizia dos estados de ressonância: ‘reais sem serem atuais, ideais
sem serem abstratos’; e simbólicos sem serem fictícios. O virtual deve até
ser definido como uma estrita parte do objeto real como se o objeto tivesse
uma de suas partes no virtual e nele mergulhasse como uma dimensão
objetiva.”
REFERÊNCIAS
“Quem não planeja não executa; quem não mede não sabe de nada.
” A TESE (Tecnologia Empresarial Socioeducacional) foi
desenhada para levar esses conceitos gerenciais para o ambiente
escolar e permitir ao Gestor o atingimento dos seus objetivos de
maneira estruturada e previsível. Eu considero esta metodologia a
espinha dorsal do processo de transformação da escola pública
brasileira, tão mal planejada, tão mal gerida e que produz, como
consequência, resultados tão pífios.
REFERÊNCIAS
SILVA Jr. C.A. A ESCOLA PÚBLICA COMO LOCAL DE TRABALHO. SP, Cortez,1993.
273
- LIII -
INTRODUÇÃO DO PROBLEMA
DESENVOLVIMENTO
CONCLUSÃO
LASCOUMES, P.; GALÈS, P. L. A ação pública abordada pelos seus instrumentos. Revista
Pós Ciências Sociais. v.9, n.18, jul/dez. 2012.
INTRODUÇÃO
O presente artigo tem como objetivo analisar como o professor de matemática está
vivenciando as relações de trabalho no âmbito da instituição escolar. Neste sentido, este
estudo se pautou na metodologia da pesquisa qualitativa ao buscar compreender nas
produções acadêmicas dos professores, da área específica da matemática, a lógica do trabalho
docente, a partir dos anais de um evento. O percurso metodológico se iniciou com a escolha
dos Anais do Evento Encontro Nacional de Educação Matemática (XII ENEM), ocorrido
em 2016. Duas perspectivas foram determinantes para a escolha do referido evento. A
primeira perspectiva foi a relevância do evento no campo educacional nacional, que já se
encontrava na décima segunda edição. Na segunda, a disponibilidade das Comunicações
Orais aprovadas no sítio eletrônico, que proporcionam o conhecimento público do mesmo,
como também a consulta sobre a temática abordada que foi: A Educação Matemática na
Contemporaneidade: desafios e possibilidades. No XII ENEM a proposta do evento foi
colocar em discussão as novas temáticas e tendências que perpassam a Educação Matemática,
tanto no campo profissional, como campo de pesquisa.
279
Vale salientar que a formação docente, bem como a sua atuação tem exigido
constantes mudanças e que as análises construídas pelos profissionais da área demarcam
esses novos câmbios que se estabelecem frente ao trabalho do professor.
A ATUAÇÃO DO DOCENTE
O exercício da docência a cada tempo tem se configurado como complexa, pelo fato
de abranger as novas solicitações que prevê: “[...] o exercício integrado e indissociável da
docência na educação básica, incluindo o ensino e a gestão educacional, e dos processos
educativos escolares e não escolares [...]” (BRASIL, 2015, art. 13).
Ser professor nos dias atuais não é algo tão simples, embora muitos ao pensarem
utilizando apenas de referenciais antigos se expressam que ser professor é entrar numa sala
de aula e ensinar. Entretanto, com as mudanças na cultura organizacional das escolas, o
aumento dos processos burocráticos tem impedido o professor de ser apenas o dono do
espaço da sala de aula, mas ele passa a ter a necessidade de dialogar com as outras partes,
passa a fazer parte do processo de gestão da escola.
O Conselho Nacional de Educação, por meio da Resolução n. 2 de 1º de julho de
2015 definiu as Diretrizes Curriculares Nacionais para a formação inicial em nível superior,
dentre os quais o Curso de Licenciatura em Matemática se insere. Dessa forma, em seu § 4º
do artigo 3º esclarece que
CONCLUSÃO
REFERÊNCIAS:
SILVA, Maria Benedita Barbosa da; SANTOS, Antônia Edna Silva dos; PINTO, Elane
Ferreira. um estudo de caso dos professores de matemática formados na Universidade do
Estado do Pará nos anos de 2010 a 2014. In: XII Encontro Nacional de Educação
Matemática, 2016, São Paulo. Anais [...]. São Paulo: SBEM, 2016. Disponível em:
http://www.sbembrasil.org.br/enem2016/anais. Acesso em: 11 fev. 2019.
283
- LV -
DIRETORES ESCOLARES:
REFLEXÕES SOBRE O PERFIL ALMEJADO NOS
EDITAIS DE SELEÇÃO
INTRODUÇÃO
A seleção dos editais da amostra se deu mediante a consulta online aos editais
como arquivos separados e/ou no Diário Oficial de seus estados, sendo analisados editais
do período de 2005 a 2015 que estão disponíveis em domínio público.
Ano 2007 2008 2009 2011 2012 2013 2014 2015 TOTAL
Quantidade 1 2 1 5 2 8 3 13 35
Os editais de seleção analisados revelam que com o passar do tempo o foco das
seleções tem sido ampliado e a cada ano são acrescidos aspectos considerados importantes
para a assunção ao cargo de diretor.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
REFERÊNCIAS
INTRODUÇÃO
Este artigo apresenta pesquisa de caráter exploratório, que tem como objetivo
compreender como os conceitos de justiça e democracia de escolares refletem o
entendimento de suas vivencias na escola.
Nos anos 70 do século XX, o conceito de justiça toma força, associando-se ao
princípio da igualdade e compatibilizado com o da liberdade (ESTEVÃO: 2001). Ou seja, é
justo tudo aquilo que proporciona a igualdade de oportunidades, de distribuição de bens
quando promove e/ou preserva a liberdade do indivíduo inserido socialmente. Tal relação
carregam em si mesmas um corpo de tensões, referentes aos interesses e necessidades
pautadas no direito (individual e coletivo) dos cidadãos.
Estêvão (op.cit), assim como Rancière (2014), estimulam a ampliar a compreensão
da aplicação da justiça e da democracia no âmbito escolar.
Como e quando uma escola é justa? Será que uma escola justa é também uma escola
democrática? De qual justiça se fala quando se pensa em uma instituição educativa? Nos
41Tal distinção se justifica pela compreensão de que só aqueles reconhecidos pela burocracia estatal
e que usufruem dos direitos civis e políticos são de fato cidadãos.
290
Assim a instituição escola deve ser um espaço de práticas justas, pela sua função social
e a escolarização tem por base, a igualdade de oportunidade dispensada a cada estudante
capaz de garantir a inclusão na sociedade de consumo. No entanto, este não nos parece ser
um princípio do sistema educacional brasileiro, sobretudo quando se atribui à escola “o
objetivo de conciliar a eficácia econômica e a justiça social” (ESTÊVÃO, 2001, p. 61).
O que se tem verificado são práticas nas quais as relações interpessoais e pedagógicas
vivenciadas nas escolas, privilegiam interesses particulares de maneira hierarquizada e
discriminatória. Nada democráticas, embora Rancière (2014, p. 68) evidencie que “não existe
governo democrático propriamente dito”. Portanto, tal como o conceito de justiça, é preciso
se ter clareza sobre o de democracia, de qual tipo de democracia está se falando e/ou
desejando para que ela possa ser efetivada e percebida.
O senso comum aponta que ao restringir a democracia como simples direito
individual, desvirtua-se o seu sentido e desconhece-se como devem ser efetivamente
implantadas as políticas de um governo democrático. Tal entendimento é o que embasa a
definição e interpretação de justiça e de justiça na escola. Dito de outra forma, confunde-se
interesses democráticos com a liberdade individual como se bastasse ser cidadão para ser
reconhecido como igual.
Conforme o autor supracitado “é isso que implica o processo democrático: a ação de
sujeitos que, trabalhando no intervalo das identidades, reconfiguram as distribuições do
privado e do público, do universal e do particular” (ibid, p. 80) e cujas distribuições jamais
serão equitativas porque definidas pelas minorias detentoras de capital e poder.
Uma nova questão se anuncia, quando reconhecemos que há o compromisso com a
distribuição igualitária das riquezas, com a promoção de uma sociedade de iguais,
particularmente veiculados através da escola. Derouet (2010, p. 1010-1), pergunta: “será que
a escola não caiu na própria armadilha: pôr em primeiro plano o objetivo de igualdade de
chances”? De que chances estamos falando? Talvez a de acesso a escolarização pública e
gratuita. Mas o que de fato pode ser feito quando se promove o acesso, mas não a
permanência? Ou, quando por razões diversas, sejam elas econômicas, estruturais e/ou
pedagógicas se oferecem distintos projetos pedagógicos e com qualidades ainda mais
questionáveis definidas quase que exclusivamente por critérios de pertencimento.
Este autor, apoiado em Bourdieu e Passeron, esclarece que a escola da república é
indiferente às diferenças dos sujeitos que nela estão convocando a trazer para o debate e para
o fazer da escola a ruptura, que precisa ser radical, que seja capaz de atuar em consonância
com as particularidades dos lugares e das circunstâncias onde está inserida. (ibid, p. 1012), sem
291
isso a escola não será justa. A ideia “de igualdade de oportunidades e da democratização viria
a impor assim, mais tarde, a instauração progressiva de um sistema unificado, atribuindo-se
à escola o obcjetivo de conciliar a eficácia econômica e a justiça social [...]” (ESTEVÃO,
2004, p. 61). Caso contrário estaria fadada a ser muito mais geradora da desigualdade do que
um espaço promotor de igualdade.
CONCLUSÃO
REFERÊNCIAS
INTRODUÇÃO DO PROBLEMA
METODOLOGIA
RESULTADOS E DISCUSSÃO
CONSIDERAÇÕES FINAIS
A partir das análises realizadas observa-se que nos últimos anos houve um aumento
considerável de publicações sobre o estágio supervisionado curricular em licenciatura.
Contudo, tais publicações ainda são publicadas em revistas com menor escopo.
295
Além disso, das treze revistas analisadas, sete não apresentaram publicações sobre o
estágio. Deste modo, observa-se pouco interesse dos periódicos da área em publicar artigos
voltados à licenciatura, dando maior importância aos conceitos relacionados a fisiologia,
saúde e ao esporte de auto rendimento.
Observamos que a Motrivivência e Journal of Physical, foram a que mais publicaram
artigos sobre o Estágio Supervisionado em Educação Física Licenciatura. Da mesma forma
as regiões Sul e Sudeste foram as que mais apresentaram autores sobre o tema, possuindo
direta ligação com a quantidade de programas de pós-graduação lato sensu, tendo em vista
que essas regiões apresentam a maior quantidade de programas. Da mesma maneira
concluímos que o aluno estagiário vem se tornando o principal objetivo dos pesquisadores
que estudam o estágio na Educação Física Licenciatura.
REFERÊNCIAS
GEOCAPES. Sistema de Georreferências da Capes. Brasília, DF: Capes, 2018. Disponível em:
<http://geocapes.capes.gov.br/geocapes2/>. Acesso em: 3 dez. de 2018
INTRODUÇÃO
DESENVOLVIMENTO
Para um contato inicial com o Inglês científico, alguns alunos foram incentivados a
participar do concurso de astronomia do Laboratório Nacional de Astronomia (LNA). Nesse
concurso os estudantes tiveram que escolher um objeto para ser fotografado pelo telescópio
do LNA no Chile. Para tal, eles precisaram consultar o catálogo astronômico Messier, além
de consultar sobre o objeto escolhido. Esse catálogo está disponível online e é totalmente em
inglês, portanto os alunos tiveram que compreender as informações acerca de cada objeto
escolhido e verificar se ele estava nas normas do concurso. Outro catálogo em língua inglesa
consultado no concurso do LNA foi o SIMBAD (Set of Identifications Measurements and
Bibliography for Astronomical Data).
A outro grupo de alunos foi apresentado um artigo científico em inglês em que é
mencionada uma enorme quantidade de anomalias da água, ou mais especificamente: 66
299
anomalias de caráter termodinâmico, dinâmico, e de propriedades estruturais. Ademais, há
uma referência neste mesmo artigo, também em língua inglesa, de um site onde as anomalias
estão enumeradas. Ao que foi solicitado aos alunos que fizessem a leitura e tradução e
escolhessem anomalias e as replicassem. Os resultados das pesquisas e dos experimentos
foram apresentados no V Workshop de Ensino, Pesquisa, Extensão e Inovação do Instituto
Federal de Mato Grosso (WorkIF).
Uma proposta feita a um terceiro grupo de alunos foi sobre o tema hipertermia
magnética e a cura do câncer. Neste caso, como os artigos são muito complexos, foram
distribuídos textos em português também. Os textos em inglês foram apenas pincelados e
correlacionados com a pesquisa acrescentando e complementando informações a fim de
ampliar os conhecimentos dos alunos sobre a temática. A primeira parte dessa atividade
consistiu em uma revisão bibliográfica sobre o que é a hipertermia magnética e como ela se
aplica no tratamento do câncer. Foram consultados artigos científicos, teses de doutorados
e foi entrevistado o doutorando em Física, na especialidade de Física Médica, Dr. Victor Raul
Romero Aquino, da Universidade Federal de Goiás. Os resultados das pesquisas também
foram apresentados no V WorkIF.
Por fim, outro tema distribuído foi sobre a origem da água na Terra. Também foram
entregues artigos para leitura e consulta, tais como Ocean-like water in the Jupiter-family comet
103P/Hartley. Além disso, o desenvolvimento desse trabalho foi feito por intermédio de
pesquisas bibliográficas em livros escritos em português e inglês. Também foram consultados
documentários sobre o tema proposto de forma a expandir as discussões em sala de aula
sobre o assunto.
CONCLUSÃO
REFERÊNCIAS
PAIVA, Vera Lúcia Menezes e (org). Ensino de língua Inglesa: reflexões experiências. São
Paulo: Pontes, 2005.
VALADARES, Eduardo de Campos. Física mais que divertida. Belo Horizonte: Editora
da UFMG, 2002.
302
- LIX -
Lucinéia Contiero
(DPEC/UFRN - [email protected])
INTRODUÇÃO
PERCURSO
CONCLUSÃO
REFERÊNCIAS.
BRUNER, J. Realidad mental y mundos posibles: los actos de la imaginación que dan sentido a la experiencia.
Barcelona: Gedisa,1997.
APRESENTAÇÃO
EM BUSCA DA COMUNIDADE
A opção que se fez por essa escola rural, como comunidade pobre, permitiu-se
compreender as interações entre os grupos sociais e como estes interagiam na escola.
Tomou-se o sentido de comunidade buberiana como união de pluralidades concretas que se
relacionam entre si, que formam uma aliança, promovem a pessoa e faça com que ela se sinta
um membro útil diante das modalidades sociopolíticas (BUBER, 2012).
O resgate do espaço comum, como um bem comum, inclui uma camada social que
está excluída dos benefícios políticos, sociais e culturais de nosso país. Nesse sentido, essa
escola rural demonstrou que facilitava o exercício de convivência entre pessoas de todos os
níveis sociais.
Teixeira (2009, p. 53) resgata a natureza da escola pública como espaço comum, pois
para ele “a escola pública é por excelência a escola da comunidade, a escola mais sensível a
todas as necessidades dos grupos sociais e mais capaz de cooperar para a coesão e a
integração da comunidade como um todo”. Nessa linha de pensamento, a escola rural passou
a mensagem de que vivenciava o lugar comum, o território das conquistas efetivas do bem
comum. Exemplo disso foi o depoimento de uma professora, ao afirmar que o ambiente da
escola “traduzia o que se acredita de uma escola pública de qualidade. Essa escola conversa com a família,
com a localidade. O espaço público que a gente imagina pode ser solidário um com o outro”.
Esse depoimento explica, em parte, o sucesso de alunos provenientes de famílias e
contextos socialmente pobres, como ratifica Lahire (1997) ao estudar uma população escolar
em meios populares, de que o poderoso efeito da presença de adultos na vida dos estudantes
pode exercer disposições escolarmente harmoniosas a todo instante, marcando importância
no desenvolvimento escolar desses. Parte do sucesso escolar das crianças da escola rural
também estaria relacionada a presença de pelo menos um membro da família em quem elas
podiam se apoiar em suas experiências escolares.
308
A comunidade da escola rural apresentou, também, aspectos de enraizamento do
lugar. Como afirma Weil (2001, p. 43): uma vez que “um ser humano tem raiz por sua
participação real, ativa e natural na existência de uma coletividade que conserva vivos certos
tesouros do passado e certos pressentimentos de futuro”. Com isso, as relações vivenciadas
com os colaboradores da escola rural indicaram valores perenes de se viver em comunidade,
apresentando características mais voltadas ao coletivo, à solidariedade. Com efeito, as
relações humanas se pautaram no convívio, no respeito às individualidades e ao enraizamento
no lugar.
A relação comunitária entre as famílias rurais e a escola evidenciou-se desde
o início da pesquisa de campo. As pessoas que compunham esta comunidade apresentaram
atitudes voltadas à solidariedade, autocompreensão, abertura ao outro, humildade, luta em
viver. As famílias nutriam parceria com a escola em benefício da educação dos filhos.
Demonstraram estar voltados para o outro, estando presentes mutuamente, o que
desembocou na virtude de ser pobre valorativamente, conforme o imperativo ético.
A escola ao fazer a opção verdadeiramente pela pessoa do pobre respondeu
às mudanças, venceu dificuldades, superou fracassos e realizou práticas pedagógicas
libertadoras, com serenidade e paciência.
Nesse sentido, o trabalho de gestão foi lapidar, por consolidar práticas pedagógicas
em benefício da comunidade. Como dizem Silva, Paolis e Oliveira (2018, p. 193), o gestor
educacional deve garantir “direitos públicos que estão sob sua responsabilidade, como o
acesso à escola e o direito de aprendizagem” dos estudantes. Portanto, constatou-se que as
práticas educativas nessa escola apontaram para a esperança, para os sonhos possíveis, para
um outro tipo de ensinamento que privilegiava a dimensão da solidariedade.
ALGUMAS CONCLUSÕES
REFERÊNCIAS
BARDIN, Laurence. Análise de conteúdo. – 4. ed. rev. atual. – Lisboa: Edições 70, 2013.
BUBER, Martin. Sobre comunidade. – 2. reimp. - São Paulo: Perspectiva, 2012. (Debates;
203).
LAHIRE, Bernard. Sucesso escolar nos meios populares: as razões do improvável. São
Paulo: Ática, 1997. (Fundamentos; 136).
PRESTES, Zoia Ribeiro. Quando não é quase a mesma coisa: análise de traduções de
Lev Semionovitch Vigotski no Brasil. Repercussões no campo educacional. 2010, 258 f. Tese
(Doutorado). Universidade de Brasília, Brasília, 2010.
SILVA, Maria Abádia da; PAOLIS, Marcela de; OLIVEIRA, José Rogério de. Ética e moral
na gestão escolar: dilemas na atuação dos diretores. In: SILVA, Maria Abádia da; PERIERA,
Rodrigo da Silva. Gestão escolar e o trabalho do diretor. Curitiba: Appris, 2018. p. 181-
197. (Políticas Pública de Educação).
310
TEIXEIRA, Anísio. Educação é um direito. – 4 ed. - Rio de Janeiro: Editora UFRJ, 2009.
(Anísio Teixeira; 7).
INTRODUÇÃO
Souza (2018) alerta que o discurso da teoria reflexiva é ambivalente e sedutor, em que
se transmite a ideia de um mundo construído coletivamente, apoiando-se em alguns preceitos
do materialismo histórico dialético, porém não estar comprometida com a transformação
social e da base material, no entanto seu alinhamento com o modelo de sociedade capitalista
escamotea sua finalidade que nada mais é que a manutenção e perpetuação das estruturas
existentes. Portanto,
Nesse sentido, se faz urgente pensar em uma base teórica de formação de professores
em que a educação seja concebida como instrumento de transformação da sociedade,
considerando que a educação socialista persegue a formação multilateral o que “implica na
articulação do trabalho, da educação e da formação humana por meio do princípio educativo
do trabalho na perspectiva da emancipação humana das amarras da formação capitalista
unilateral. (SANTOS, 2017, p. 11).
Na pedagogia socialista há uma defesa da ligação da escola com a atualidade por
entender que a escola precisa estar calçada em seu tempo histórico, logo as crianças de agora
precisam estar em uma escola que a possibilite contato com as demandas e angustias e de seu
314
tempo para que assim possam contribuir para as mudanças sociais, políticas e culturais
próprias de seu tempo.
CONCLUSÃO
REFERÊNCIAS
FREITAS, Luiz Carlos de. A luta por uma pedagogia do meio: revisitando o conceito.
In:. A comuna escolar. Pistrak, Moisey M. Trad. Luiz Carlos de Freitas e Alexandra Marenich.
1ª Ed. São Paulo: Expressão Popular, 2009.
SANTOS, Franciele Soares dos. Pedagogia socialista Russa: das propostas e experiências
escolares às dimensões educativas. Disponível em:
< midas.unioeste.br/sgev/eventos/463/downloadArquivo/20229>. Acesso em: 27 de nov.
de 2017.
316
- LXII -
INTRODUÇÃO
CONSIDERAÇÕES FINAIS.
REFERÊNCIAS
[4] LIPING MA. Saber e ensinar matemática elementar. Ed. Gradiva, 2009.
42
Universidade Federal de São Paulo -UNIFESP
Grupo de Pesquisa “Docência em suas múltiplas dimensões” - PEPG Educação: História, Política,
Sociedade. PUC-SP.
43
Universidade Federal do Rio de Janeiro - UFRJ
Grupo de Pesquisa “Docência em suas múltiplas dimensões” - PEPG Educação: História, Política,
Sociedade. PUC-SP.
324
professores que coordena. De acordo com a avaliação das equipes de gestão entrevistadas,
os estagiários trazem valiosas contribuições à escola que, muitas vezes, acaba instituindo
algumas das práticas sugeridas em suas intervenções. Esse modelo de estágio ao longo da
formação inicial possibilita o contato direto com o campo empírico, concebendo o exercício
profissional como um “[...] momento de construção de conhecimento, através da reflexão,
análise e problematização desta, e o reconhecimento do conhecimento tácito [...]”
(PIMENTA, 2002, p. 19). Trata-se de um conhecimento marcado pela especificidade de ser
construído e reconstruído cotidianamente pela interação dos profissionais da educação em
parceria com os estagiários (docentes em formação) e com os discentes. Especificidade esta
que torna este conhecimento tão vívido, intenso, dinâmico e impactante no processo de
formação docente, seja a inicial ou mesmo a continuada.
É importante destacar que, por mais que esse tipo de conhecimento contribua e
enriqueça de forma significativa a formação docente, ele isoladamente não é suficiente, pois
o cotejo com as bases teóricas é que alimenta as análises da realidade e potencializam, bem
como estruturam, a construção de um pensamento crítico-reflexivo tão necessário à prática
docente em todos as esferas: docentes em formação, docentes formadores e docentes em
exercício na Educação Básica.
Com relação ao trabalho docente, as equipes de gestão apontam, dentre os maiores
problemas enfrentados pela rede pública do município de Guarulhos, excessivo número de
faltas de professores; falta de espaços para realizar atividades que ficam restritas à sala de
aula; burocracia enfrentada tanto pela equipe de gestão quanto docente, devido a alta
demanda de papeis e relatórios a serem preenchidos; limites na formação pedagógica dos
professores e falta de interesse em buscar novidades. Assim, destacamos a importância de a
universidade ir até a escola. Cabe destacar que os cursos oferecidos pela Universidade só têm
boa adesão docente se forem caracterizados nos moldes aceitos para a contagem de pontos
para a progressão funcional ou se forem durante a hora atividade, quando a presença do
professor na escola é obrigatória.
A partir dessas colocações, a demanda apontada por coordenadores e diretores
escolares foi prioritariamente a necessidade de formação continuada em Língua Portuguesa
e Matemática. Duas escolas eram de Educação Infantil e passaram a atender também alunos
de ensino fundamental. As entrevistas apontam que os professores sentem-se inseguros para
tratar de conteúdos mais sistematizados que anteriormente não eram exigidos. Com base em
outros relatos, docentes da universidade ofereceram formação aos professores da escola a
partir de temas demandados por eles, entre os quais: Indisciplina, Educação Ambiental,
325
Produção Textual e Alfabetização, além de palestras e oficinas de Artes. Outro ponto a
destacar é que as equipes gestoras apresentam-se abertas ao que a Universidade puder trazer
de novidades e destacam o que estava sendo oferecido naquela ocasião, como Curso de
Contação de Histórias para crianças ouvintes e surdas; Curso sobre Corpo e Movimento na
Educação Infantil; oficinas durante a Hora Atividade com leituras e exercícios voltados às
crianças com paralisia cerebral, em um projeto que envolveu, até aquele momento, oito
alunas. A oferta destes cursos reafirma a necessidade de docentes e demais funcionários
quanto ao domínio sobre certas demandas que têm se feito presentes cotidianamente nas
escolas. Segundo Pérez Gómez, uma das demandas mais constantes “[...] do professorado
na atualidade é sua sensação de sufocação, de saturação de tarefas e responsabilidades, para
fazer frente às novas exigências curriculares e sociais que pressionam a vida diária da escola”.
(2001, p. 175).
É visível que muitas das demandas e exigências advindas das políticas públicas,
sobretudo, no que se refere às políticas de formação continuada de professores, não possuem
espaços e contextos que favoreçam sua implementação, materializando-se em um hiato entre
o legal (as políticas e suas determinações) e o real (o contexto escolar e suas condições
objetivas). Daí o esforço de muitas universidades em propiciar vivências formativas docentes
por meio de propostas de estágios diferenciadas, que buscam congregar a observação, com
a participação e a regência, sem perder de vista o diálogo entre a teoria com a prática. Afinal,
como aponta Paulo Freire: “A reflexão crítica sobre a prática se torna uma exigência da
relação Teoria/ Prática sem a qual a teoria pode ir virando blá-blá-blá e a prática, ativismo”.
(2016, p.24). Não obstante, de nada adianta investir numa especificidade da escola se outros
desafios não forem vencidos numa visão mais abrangente, com políticas públicas que
valorizem os professores em serviço, mas também em sua formação inicial; que devolvam à
escola sua principal função: trabalhar o conhecimento com crescente complexidade
(YOUNG, 2007), com bases científicas que permitam maiores aproximações entre o
aprendizado e o desenvolvimento (Vygotsky, 1989). É notório que o processo de “[...]
profissionalização continuada, em âmbito institucional, vem demonstrando o espaço que um
projeto coletivo pode ocupar na revisão das práticas pedagógicas por meio da reflexão
sistemática da ação docente” (PIMENTA et al, 2002, p. 219). Trata-se aqui de uma
possibilidade e de um espaço institucionalizado e, ao mesmo tempo instituído, de uma
retomada dos saberes e fazeres docentes de forma reflexiva, tanto na perspectiva dos
formandos/ licenciandos quantos dos formadores, sejam elas professores universitários, das
academias, sejam elas professores da escola básica. Todos/as igualmente responsáveis e
326
partícipes com a qualidade da educação brasileira, em especial, a educação pública em todos
seus níveis e modalidades. Por isso, a necessidade de um projeto de estágio que efetivamente
promova o diálogo com a realidade, ou seja, que aproxime, de forma consciente e refletida,
o estudante com seu futuro campo de atuação, no caso aqui a escola, com toda a
complexidade, diversidade e potencialidade que lhes são inerentes.
REFERÊNCIAS
LAVILLE, C; DIONNE, J. A Construção do Saber. Porto Alegre: Artes Médicas Sul Ltda.;
Belo Horizonte: Editora UFMG, 1999.
PIMENTA, Selma Garrido. Professor reflexivo: construindo uma crítica. In: PIMENTA,
Selma Garrido; GHEDIN, Evandro (org.). Professor reflexivo no Brasil: gênese e crítica
de um conceito. 2 ed. São Paulo: Cortez, 2002, p. 17-52.
YOUNG, Michael. Para que servem as escolas. Revista Educação e Sociedade. Campinas,
vol. 28, n. 101, p. 1287-1302, set./dez. Disponível em http://www.cedes.unicamp.br
327
- LXIV -
REFERÊNCIAS
FREIRE, P. Pedagogia do oprimido. 49. ed. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 2010.
FREIRE, Paulo. Carta de Paulo Freire aos professores – Ensinar, aprender: leitura do
mundo, leitura da palavra. Estudos Avançados, 15, 42, p. 259-268, 2001. Disponível em:
http://www.scielo.br/pdf/ea/v15n42/v15n42a13.pdf. Acesso em 10 fev. 2019.
INTRODUÇÃO
CONSIDERAÇÕES FINAIS
REFERÊNCIAS
BOURDIEU, P. A economia das trocas simbólicas. 5. ed. São Paulo: Perspectiva, 1998b.
INTRODUÇÃO DO PROBLEMA
DESENVOLVIMENTO
A ação ocorreu no ano de dois mil e dezoito, momento em que se reuniu com os
professores e gestores da escola a fim de trabalhar a técnica de Modelagem Matemática. A
análise dos resultados do trabalho foi realizada com base nos dados coletados e discutida
337
com os subsídios teóricos utilizados, que se encontram no campo da gestão educacional e
escolar (FERREIRA, 2007; VEIGA,1997) e do ensino de matemática (KNIJINIK, 1995;
D’AMBRÓSIO, 1990). As experiências desenvolvidas, utilizando a Modelagem Matemática
como estratégia de ensino na gestão escolar, em sala de aula, foram baseadas no tema de
alimentação, para as atividades desenvolvidas no projeto de extensão realizado, tendo em
vista que a Modelagem Matemática pressupõe que o tema a ser trabalhado deve ser oriundo
de práticas do cotidiano e proposto pelo professor ou estudantes. Os conteúdos de
porcentagem, tabelas, gráficos e operações fundamentais puderam ser estudados através da
construção de modelos matemáticos, no uso das tecnologias de informação discutindo como
na gestão das aulas, nos assuntos relacionados ao tema.
CONCLUSÕES
REFERÊNCIAS
VEIGA, Ilma Passos. Escola Espaço do Projeto Político Pedagógico. Papirus, 1997.
339
- LXVII -
INTRODUÇÃO
DESENVOLVIMENTO
CONCLUSÕES
REFERÊNCIAS
Maurício Fagundes
UFPR. [email protected]
INTRODUÇÃO
A pesquisa participante é defendida por muitos autores, mas tem como principal
referência Carlos Rodrigues Brandão, que baseado na obra de Paulo Freire, defende a
possibilidade da aprendizagem coletiva, onde não há objeto de estudo, mas sujeitos que
estudam e que juntos aprendem.
Nessa direção, Freire (1981, p. 36) afirma que
ter no agente que pesquisa uma espécie de gente que serve. Uma gente aliada,
armada dos conhecimentos científicos que foram sempre negados ao
povo, àqueles para quem a pesquisa participante – onde afinal pesquisadores-
e-pesquisados são sujeitos de um mesmo trabalho comum, ainda que com
situações e tarefas diferentes.
Em assim sendo, no que diz respeito a escola, quem conhece a realidade vivida de
forma intensa, são os seus docentes e os seus discentes, cabendo ao pesquisador em diálogo
com estes, ir participando desse cotidiano para também conhecer, para então, propor
345
alternativas e estratégias de práticas docentes, em um processo em que todos pensam e
propõem caminhos.
Pela pesquisa participante, Freire (1996) afirma que fazendo pesquisa, educo e estou
me educando, pesquisar e educar se identificam em um permanente e dinâmico movimento.
O movimento proposto de discutir com os professores e que estes compreendam que suas
práticas, se assim pensadas e pautadas em concepções teóricas críticas, pode ser fruto para
novas ações-reflexões-ações, bem como de futuras pesquisas, o que é muito significativo.
O autor destaca ainda que, na pesquisa participante, para que haja a existência de
um processo e um “produto final”, estes não podem resultar de um para-elese nem um para-
mim, mas sim, num resultado de algo fluido e diferenciadamente partilhável: um entre-nós.
A finalidade de qualquer ação educativa, para Brandão (2017) seguido da produção
de novos conhecimentos, aumenta a consciência e a capacidade de iniciativa transformadora
dos grupos com quem trabalhamos. Assim sendo, o verdadeiro sentido dado à educação,
será quando for reconhecida como um ato dinâmico e permanente de conhecimento
centrado na descoberta, análise e transformação da realidade das pessoas que nela vivem.
Um dos pontos principais da pesquisa participante, como processo de investigação
e de formação, é que ela inverte o ponto de partida destes mesmos processos quando
comparados à perspectiva tradicional, ou seja, se parte da realidade vivida pelo grupo e de
sua percepção sobre essa realidade, externando o que percebem de limites e possibilidades.
Tendo realizado a escuta atenta, torna-se possível construir um quadro preliminar dessa
346
situação, coletivamente, passa-se a construção da busca de conhecimentos que possam
dialogar com essa realidade na perspectiva de sua superação.
Nesse processo, está se desenvolvendo a formação docente continuada e o
planejamento de ações didático-pedagógicas para o enfrentamento de tais situações-limites.
Porém, não como um processo estanque, mas construindo o entendimento de que a
educação é um processo dinâmico e permanente de conhecimentos centrados na busca, na
descoberta, na análise e transformação da realidade pelos seus sujeitos. Pois, assim como o
problema ou a situação-problema é interno, localizado em um local/escola específica, sua
solução ou soluções terão muito mais possibilidade de sucesso se forem orgânicas desse
mesmo lugar. Isto não significa negar outros conhecimentos, mas entender que não há
possibilidade de pura transferência, portanto esses conhecimentos servem de referência para
a construção de novos conhecimentos, mesmo que aportados nesses.
CONSIDERAÇÕES POSSÍVEIS
A partir desses pressupostos, entendemos que este caminho metodológico uma vez
assumido coletivamente, irá desenvolver com os professores e estudantes, não um processo
de tutela, que os remeteria na busca de outro tutor ou de outra “bengala” no término de cada
processo de formação, mas um processo de construção de autonomia e empoderamento
docente, em que eles de posse e entendimento da proposta da pesquisa participante, terão
subsídios e ferramentas que os encaminharão a permanentes ações-reflexões e novas ações
sobre seus problemas, como forma de desenvolver suas docências e práticas pedagógicas,
fazendo sentido às suas vidas e as vidas de seus estudantes, portanto, transformando
qualitativamente os resultados de suas práticas docentes, do ensino e da aprendizagem.
347
REFERÊNCIAS
Neste artigo temos como objetivo analisar a situação docente no estado do Pará no
período de 2007-2016 a partir dos dados do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas
Educacionais Anísio Teixeira (INEP) para evidenciar questões sobre a condição docente no
estado do Pará e relacionar seus impactos no campo das políticas de formação docente. A
pergunta problema é: Como se configura a condição docente no estado do Pará no período
de 2007 a 2016 e como repercute no campo das políticas de formação docente? A
metodologia é de cunho bibliográfico e documental e tem como base teórica os estudos
sobre a formação docente, entre os quais: Freitas (2003, 2007, 2014), Maués (2003).
Em 2007, foi divulgado o resultado do IDEB, e o Estado do Pará tinha um dos piores
índices educacionais do país (3,1). A Rede Estadual de Ensino foi a que apresentou o mais
baixo índice (2,8), e este resultado foi associado à falta de qualificação dos docentes da rede
pública. Pensando em melhorar tais índices, a Secretaria de Estado de Educação do Pará
(SEDUC-PA) realizou um diagnóstico minucioso, por meio do Plano de Ações Articuladas
(PAR), a partir dos dados preliminares do Censo de 2007, da qualificação desses
profissionais, identificando a demanda por formação de professores em curso superior nas
redes públicas de ensino municipal e estadual. A conclusão do diagnóstico da SEDUC foi
que apenas 10% dos docentes que atuam na Educação Básica no Estado do Pará possuem
formação inicial adequada às funções que exercem, e os demais necessitam de formação
inicial em nível de graduação ou, apesar de possuí-la, atuam em área diferente de sua
formação inicial, o que explicaria “os baixos índices da educação no estado do Pará” (PARÁ,
2009, p.05).
O diagnóstico do PAR, com dados do EDUCACENSO de 2007, aponta que haviam
39.101 mil funções docentes sem formação superior, 20.430 tinham licenciatura, porém não
349
atuavam na disciplina em que possuíam habilitação, e 3.313 eram bacharéis atuando na
Educação Básica. Assim, o quadro docente no Pará era de 62.844 mil funções docentes, nas
redes municipal e estadual, sem a devida qualificação, enquanto que apenas 12.300 possuíam
licenciatura adequada à função que exerciam (PARÁ, 2009).
A limitação da qualificação dos professores no Estado do Pará exigia uma ação
pontual do Estado quanto ao avanço da promoção da formação em nível superior adequada.
A demanda da Rede Estadual de Ensino envolvia um contingente de cerca de 4.000
professores sem a qualificação adequada, enquanto a demanda das redes municipais (todos
os 144 municípios) atingia o quantitativo de 58 mil professores (PARÁ, 2009). Portanto, o
estado deveria, por meio do Plano Nacional de Formação de Professores para a Educação
Básica (PARFOR-PA) capacitar mais de 40 mil professores que não têm a formação exigida
pela Lei nº 9.394/96, tanto em formação inicial, por meio de cursos de graduação quanto
pelo incentivo à formação continuada, à pós-graduação (lato e stricto sensu), direcionada
também para os que lecionavam em outra área de formação, meta que deveria ser alcançada
até 2017.
Na Tabela 1 apresentamos a evolução da qualificação dos docentes que atuam na
Educação Básica no estado de acordo com a escolaridade no período de 2007 – 2016.
REFERÊNCIAS
PARÁ, Governo do Estado do. Lei n° 8.186, de 23 de junho de 2015. Aprova o Plano
Estadual de Educação - PEE e dá outras providências. Diário oficial do Estado nº 32913,
quarta-feira, 24 de junho de 2015.
353
- LXX -
INTRODUÇÃO:
CONSIDERAÇÕES FINAIS
NÓVOA, Antônio. Nada substitui um bom professor: propostas para uma revolução no
campo da formação de professores. In: GATTI, Bernadete Angelina. [et al]. Por uma
política nacional de formação de professores.1ª ed. – São Paulo: Editora Unesp, 2013.
TARDIF, Maurice; LESSARD, Claude. O trabalho docente: elementos para uma teoria
da docência como profissão de interações humanas. 3ª ed. Petropólis, RJ: Vozes, 2007.
358
- LXXI -
INTRODUÇÃO
CONCLUSÃO
Foi possível, a partir deste estudo, perceber que a disciplina Prática Pedagógica como
integrante da base curricular e o PARFOR, constitui-se como uma importante possibilidade
de qualificação, aprimoramento e aprofundamento dos saberes necessários ao exercício da
docência, das reflexões acerca da formação de professores, de suas práticas pedagógicas e
para a ressignificação do processo de ensino e de aprendizagem.
Apoiado no referencial teórico aqui já apresentado, bem como nas inquietações feitas
por parte da turma, este trabalho trouxe subsídios que comprovam ser a formação inicial de
professores um dos caminhos mais eficientes para que se constitua uma Educação Básica de
qualidade, na qual professores, alunos e sociedade se sintam comprometidos com o processo
educativo. Percebemos, desse modo, que é no diálogo, na partilha de saberes, no respeito
aos saberes do outro, no convívio com a diversidade que se desenvolve a capacidade de
intervir no mundo. Nesse sentido, Freire (1998) afirma ser importante estar aberto ao
contorno geográfico, social dos educados sem o que se tornaria impossível ensinar ou formar
cidadãos.
REFERÊNCIAS
INTRODUÇÃO
Assim, não concebemos uma criança em abstrato, por essa razão não falamos de um
conceito universal de criança e infância. O conceito de crianças e infâncias na
contemporaneidade é fruto de um longo processo histórico, ocorrido no mundo ocidental;
porque “nem sempre” a infância teve a feição atual.
CONCLUSÕES PRELIMINARES
REFERÊNCIAS
BARBIER, René. A pesquisa-ação. Tradução de Lucie Didio. Brasília: Liber Livro, 2007.
BRASIL. Constituição da República Federativa do Brasil, In: Vade Mecum Saraiva, 15ª
ed. São Paulo: Saraiva, 2016.
FREIRE, Paulo. Pedagogia do oprimido. 41ª ed. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 2005b.
INTRODUÇÃO
RESULTADOS E DISCUSSÕES
Essa rápida e expressiva expansão nos dá indícios de que a educação está refém de
processos formativos cada vez mais técnicos e com fim nas exigências mercadológicas
impostas pelo sistema do capital. Com base nesse levantamento, vale ressaltar a concepção
de Lima et. al. (2017. p.112), que assevera que interferência neoliberal busca
370
permanentemente o esvaziamento da escola e da educação, de forma que interfere na sua
produção de conhecimento, bem como, na definição seus conteúdos, objetivos e finalidades.
No contexto regional do Norte, os mestrados profissionais inspiram apreensão, uma vez
que representam um crescimento significativo podendo em um futuro próximo se igualar,
ou mesmo, superar os números de mestrados acadêmicos em funcionamento na região. Isso
significa que a formação docente e a educação podem estar atravessando por um processo
de esvaziamento, que promove um cenário interessante para o sistema hegemônico. Isso
pois, há a necessidade de possuir mão de obra qualificada para atender às necessidades de
um mercado muitíssimo exigente, à medida que deseja-se manter a sociedade “sob controle”
diante da sistemática política e econômica proposta pela hegemonia.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
REFERÊNCIAS
OLIVEIRA, Maria Marly de. Como fazer pesquisa qualitativa. 6. ed. Petrópolis: Vozes,
2007.
Clodoaldo Shreiber
PPG/UNICENTRO-PR
[email protected]
INTRODUÇÃO
DESENVOLVIMENTO.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
O presente trabalho teve ótimo resultado, pois aqui pode-se perceber as dificuldades
de cada acadêmico que muitas das vezes interpretavam mal as mensagens via moodle
enviadas a eles, como as mensagens não apresentam o acompanhamento do corpo e toda as
suas manifestações e nem as tonalidade da voz de quando se fala, invisível para quem as lê
muitas da vezes os aluno se sentiam ofendidos, perdido e o que era um incentivo tornava-se
um problema.
Os grupos de estudos não apenas clareou o entendimento dos textos em estudos,
mas muitas das vezes ultrapassou o número de horas de cada encontro porque os alunos
precisavam de momentos para falarem de suas dificuldades frente à EAD.
Pode-se afirmar que todos os encontros foram ricos em conteúdo e principalmente
incentivou os alunos envolvidos no curso a continuarem com a sua formação acadêmica,
muitos estavam em sua primeira graduação e tudo os assustava, no entanto os grupos levam
os alunos a superarem e enfrentarem as dificuldades.
REFERENCIAS.
CEBULSKI Márcia Cristina introdução à história do teatro no ocidente dos gregos aos
nossos dias. EDITORA UNICENTRO. Guarapuava.
INTRODUÇÃO
Autores como Silva Júnior (2015), Dagnino (2004), Dardot e Laval (2016), Dasso
Júnior (2006) e Oliveira (2015) asseveram que a crescente adoção, no setor público
educacional brasileiro, do modelo de gestão privada, fez com que as reformas na gestão
dessem ênfase às avaliações em larga escala, à redefinição dos currículos e ao financiamento,
atingindo fortemente as escolas.
Desse modo, a NGP vem se cristalizando nas políticas que buscam, à sua maneira,
autonomia, descentralização, participação, prestação de contas, mensurações e rankings de
desempenho, contratos de gestão, separação entre atividades de planejamento e de execução
e accountabillity.
Nesse cenário, os gestores escolares são cobrados a dar respostas a todas as demandas
da administração central e da sociedade, mesmo que as condições oferecidas sejam
insuficientes, e que não haja clareza do que se espera da escola. Sua subjetividade, nesse
processo, é fortemente atingida, conforme se vê nos relatos a seguir, retirados da Dissertação
da autora (BERTOCHI, 2016) e de um levantamento de expectativas de diretoras de escola,
feito em 2017, em um município paulista, em relação à formação continuada. São destacados,
nos relatos, a crise de identidade profissional e o sentimento de insegurança.
Quanto à crise de identidade, assim se expressa Nívea: algumas de nós [...] se
autodenominam como um secretário, com um salário um pouco melhor, nada mais que isso. A gente não se
sente diretora (BERTOCHI, 2016, p.148). Maria reforça:
[...] sou meio leiga em alguns termos, mas gostaria de algo que abordasse
“gestão de conflitos de funcionários”; “aumento e melhoria das ações”
[...]. Não queria dizer isso, mas: “aumento da produtividade” (Patrícia, não
me entenda como uma capitalista insana). Por favor, não abra isso com as
383
nossas parceiras, mas gostaria de algo que nos deixasse realmente mais
profissionais, empoderadas da nossa função.
[...] Gostaria de mais textos no sentido de... não soluções, mas de como
agir diante de situações que “vão” para a gestão; temos que resolver;
mesmo não sendo da nossa competência, temos que dar jeito. [...] Tenho
que me apropriar mais disso, pois há a questão da participação de todos,
mas é muito complicado, pois em vários casos existe o não querer do
outro, e a gente cansa um pouco de insistir e o outro não vem ao nosso
encontro, e aí – talvez é isso que se almeja nossa mudança de postura –
temos que ir ao outro.
Roberta, por sua vez, assinala: “Estar entre os pares e discutir questões que muitas vezes são
angustiantes, me deu mais segurança enquanto classe.”
Os dilemas dos gestores são, em parte, suscitados pelo confronto das racionalidades
burocrática e da NGP, o que gera sentimentos de desqualificação, desempoderamento,
desprofissionalização e autoculpabilização, pois eles precisam responder a demandas
crescentes, contraditórias e, não raro, alheias à capacidade da escola. Exigem-se das escolas
práticas democráticas, redução de custos, bons índices de aprendizagem dos alunos, etc, Mas
isso não é bem assimilado como valores positivos, tornando-se mera imposição de
modernização da gestão.
384
CONSIDERAÇÕES FINAIS
REFERÊNCIAS
SILVA JR., C. A. Para uma teoria da escola pública no Brasil. Marília: MT3 Edições e
Treinamento, 2015.
386
- LXXVII -
INTRODUÇÃO
A escolarização dos alunos com deficiência tem sido um dos assuntos mais estudados
e debatidos no campo educacional na atualidade. Estudam-se práticas, recursos e posturas
que devem ser adotadas por professores a fim de que esse público-alvo, que hoje não luta
apenas pelo acesso e permanência na escola, mas por oportunidades iguais de acesso ao
conhecimento, aprenda os conteúdos ministrados.
Durante muito tempo, porém, a atenção e a responsabilidade pelo o sucesso ou não
da trajetória escolar dos alunos com deficiência, restringiu-se muito à figura do professor,
entendido como a chave para um processo de inclusão eficaz. Porém, em estudos e
aprofundamentos sobre a temática da escolarização desse público-alvo, verificamos que o
sucesso do processo de inclusão depende muito da administração de políticas públicas
eficientes e nos referindo à escola, de uma gestão participativa, consciente e democrática.
O processo de escolarização dos alunos com deficiência visual no Brasil foge a essa
realidade. Esse público-alvo, que de acordo com Censo Escolar de 2017 era constituído por
FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA
CONCLUSÃO
Através das nossas análises, entendemos que faltam formações específicas a respeito
de políticas e programas voltados para a educação especial destinadas aos gestores escolares
e por isso, os mesmos acabam delegando a função de comprar equipamentos e organizar as
salas de recursos, para os professores da educação especial. Dessa forma, o gestor acaba por
eximir-se da responsabilidade para com o processo de ensino-aprendizagem dos alunos
público-alvo da educação especial.
Para que as nossas escolas sejam de fato inclusivas, além de uma abertura do gestor
escolar à própria comunidade, faz-se necessário a criação de políticas educacionais, por parte
do poder público, que garantam processos democráticos de escolha dos gestores escolares,
pois entendemos que uma escola só pode ser de fato inclusiva, se a mesma for democrática,
contando com a participação no processo de ensino-aprendizagem de toda a comunidade
escolar.
REFERÊNCIAS
SAVIANI, Dermeval. Escola e democracia. 8 ed. Campinas, SP: Autores associados, 1985.
391
- LXXVIII -
Rosilene Lagares 48
[email protected]
INTRODUÇÃO DO PROBLEMA
DESENVOLVIMENTO
Teixeira (2010) e Ribeiro (2010) são duas grandes referências teóricas na discussão
da escola em tempo integral na perspectiva do movimento escolanovista.
Um elemento perceptível no constructo teórico de Teixeira (2010) é a concepção
negativa do ato de ensinar e suas variações, como exemplo, a negação da transmissão do
conhecimento, da teoria, da razão, do saber sistematizado. O autor chega a tratar de forma
pejorativa a capacidade racional e intelectual, “[...] Os pontos de vista do racionalismo ou do
intelectualismo operam sobre o velho dualismo de natureza e experiência [...]”,
supervalorizando a experiência, o “aprender a aprender” (TEIXEIRA, 2010, p.34).
Chagas, Silva e Souza (2012, p.78) destacam as formulações de Darcy Ribeiro e a
relação da sua produção enquanto “herança” escolanovista de Anísio Teixeira: “O
movimento escolanovista influenciou diretamente Darcy Ribeiro e o transformou em um
dos seus herdeiros mais ilustres, empunhando essa bandeira renovadora até o final da sua
vida.”
Essa influência, que é destacada por Freitas e Galter (2007), não ficou restrita ao
século XX, pois o debate sobre escola em tempo integral que voltou a figurar como central
nas duas primeiras décadas do século XXI deu continuidade às filiações teóricas do passado,
como por exemplo, nas ideias de Cavaliere (2002) e Moll (2012).
Nenhum dos autores citados que discute a temática fez relações entre limitações e
equívocos produzidos pelas propostas assentadas na teoria escolanovista que sustentam a
definição das políticas educacionais para a escola em tempo integral, nos séculos XX ou XXI.
No que diz respeito às políticas educacionais de formação professores, segundo Arce
(2001) e Mazzeu (2011), se formos às origens da filiação das teorias do “professor reflexivo”,
de Novoa e Schon; da “pedagogia das competências”, de Perrenoud; do “construtivismo”,
de Piaget; da “epistemologia da prática”, de Tardif; entre vários outros, chegaremos a matriz
“métodos ativos” com origem no escolanovismo de John Dewey.
393
Ainda, segundo Mazzeu (2011) e Arce (2001), oficialmente, é por meio dos
Parâmetros Curriculares Nacionais de 1997, dos Referenciais para Formação de Professores
de 1998 e das Diretrizes Curriculares Nacionais para a Formação de Professores da Educação
Básica de 2001/2002, que as pedagogias do “aprender a aprender” tornam-se fundamentos
da Política Educacional brasileira.
No início do século XXI, dois 49 acontecimentos e documentos demonstram que as
pedagogias do “aprender a aprender” continuam subsidiando a Política Educacional no
Brasil, sendo a Lei nº 13.415/2017 50 (BRASIL, 2017), que reforma o Ensino Médio, e a
implementação da Base Nacional Comum Curricular.
CONCLUÇÕES
REFERÊNCIAS
Formação Inicial e Continuada dos Profissionais do Magistério da Educação Básica, tendo por base
o Parecer CNE/CP 02/2015, aprovado em 9 de junho de 2015 e homologado pelo MEC em 24 de
junho de 2015 (DOURADO, 2015). Mas como a reforma do ensino médio e a BNCC condicionam
de forma a desqualificar a política de formação de professores(as), concluímos que tornam as “novas
Diretrizes” letra morta.
50 Reforma implementada por meio da Medida Provisória 746/2016 (BRASIL, 2016), significando
que o Governo de Michel Temer foi incapaz de seguir o rito da democracia burguesa. Ainda, com a
Medida Provisória não existiu o debate sobre a sua viabilidade, e sim a imposição as suas mudanças
nefastas para o ensino médio brasileiro.
394
ARCE, Alessandra. Compre o kit neoliberal para a educação infantil e ganhe grátis os dez
passos para se tornar um professor reflexivo. Educação & Sociedade, ano XXII, nº 74,
Abril/2001.
CAVALIERE, Ana Maria Villela. Educação integral uma nova identidade para a escola
brasileira? Educação & Sociedade, Campinas, vol. 23, n. 81, p. 247-270, dez. 2002.
CHAGAS, Marcos Antonio M. das; SILVA, Rosemaria J. Vieira; SOUZA, Silvio Claudio.
Anísio Teixeira e Darcy Ribeiro: contribuições para o debate atual. MOLL, Jaqueline (Org.).
Caminhos da Educação Integral no Brasil: direito a outros tempos e espaços educativos.
Porto Alegre: Penso, 2012.
FREITAS, Cezar Ricardo de; GALTER, Maria Inalva. Reflexões sobre a educação em tempo
integral no decorrer do século XX. Educare et educare, UNIOESTE CAMPUS D E
CASCAVEL, Vol. 2 nº 3 jan./jun. 2007.
GOMES, Candido Alberto. Darcy Ribeiro. Recife: Fundação Joaquim Nabuco, Editora
Massangana, 2010.
INTRODUÇÃO
CONSIDERAÇÕES FINAIS
ALMEIDA, Maria Isabel de. Desenvolvimento profissional docente: uma atribuição que
também é do sindicato. In: Reunião Anual da Associação Nacional de Pós-Graduação
e Pesquisa em Educação, 23., 2000, Caxambu. Reuniões Anuais... Caxambu: ANPED,
2000. Trabalho disponível em http://23reuniao.anped.org.br/textos/0412t.PDF Acesso em
12 abr 2017.
SOUZA, Aparecida Neri de. Sou professor, sim senhor! Representações, sobre o
trabalho docente, tecidas na politização do espaço escolar. 1993. 287 f. Dissertação
(Mestrado em Educação) - Faculdade de Educação, Universidade Estadual de Campinas,
Campinas.
401
- LXXX -
51Possui 65 páginas, constituída por quatro capítulos: estado da arte da formação de professores; visão sistêmica
da formação; matriz de competências profissionais; limites e indicações.
402
A BNCC (2017/2018) é um documento normativo que define um conjunto de
aprendizagens essenciais, as quais todos os alunos da Educação Básica devem desenvolver.
Estas aprendizagens essenciais foram delineadas a fim de garantir o desenvolvimento de dez
competências gerais, aliás, o conceito de competências é nuclear no referido documento.
Este tem o fito de servir como referência nacional para a elaboração de currículos dos
sistemas escolares municipais, estaduais e distrital.
O governo Temer, cenário destas mudanças curriculares, foi caracterizado pela adoção
de uma política de intensificação da reforma administrativa do Estado, com retomada de
políticas neoliberais mediante ajustes e reformas do capital. O fito dessa retomada foi tornar
o Estado brasileiro mais ativo, denominado de “Estado funcional” e agente de
desenvolvimento econômico. Para tanto, adotaram-se reformas estruturais, as quais exigiram
alterações e aprovações de legislações (PMDB, 2015).
Em meio a estas transformações e retomada neoliberal é preciso alterar as políticas
para a formação do professor que, na perspectiva dos governantes, é fator determinante no
desempenho dos alunos, bem como para empreender as reformas previstas. A BNC-
Formação de Professores é um exemplo desta mudança. A Proposta para Base Nacional Comum
da Formação de Professores da Educação Básica objetiva aprovar a Base que orientará os currículos
das instituições formadoras e a formação continuada, incumbência dos entes federativos.
Consoante o documento, esta Base poderá modificar o estabelecido nas Diretrizes
Curriculares Nacionais para a formação inicial em nível superior e continuada, Resolução
CNE/CP Nº 2 de 01 de julho 2015, a qual definiu princípios, fundamentos e dinâmica
formativa a serem observados nas políticas de formação, no planejamento, nos processos de
avaliação e de regulação das instituições formadoras. Cabe ressaltar que, além de recente, a
construção destas Diretrizes contemplou debates de eventos, conferências e diálogos com
instituições de ensino superior, conselhos estaduais de educação e entidades sindicais
(DOURADO, 2015).
Optou-se por investigar, especificamente, a questão das competências porque essa
categoria é concebida como paradigma dominante na educação brasileira e orientadora da
organização de currículos. A matriz de competências profissionais proposta no documento
envolve conhecimento, prática e engajamento. O conhecimento é valorizado vinculado à
prática. Foca-se no conhecimento adquirido pela prática e um exemplo disso é a proposta
de, desde o primeiro ano da graduação, inserir o licenciando em instituições escolares.
Critica-se a atual organização dos cursos de formação:
403
[...] é preciso melhorar a formação de professores e que ela deve ter foco
na prática. Não é mais possível ignorar que nossos cursos são
extremamente teóricos e não têm respondido às demandas da
contemporaneidade, aos resultados de aprendizagem e ao ensino de
habilidades previstas na BNCC (BRASIL, 2018, p. 30).
REFERÊNCIAS
PMDB. Uma ponte para o futuro. Brasília: Fundação Ulysses Guimarães, 2015.
Disponível em: <https://www.fundacaoulysses.org.br/wp-
content/uploads/2016/11/UMA-PONTE-PARA-O-FUTURO.pdf>. Acesso em: 07 ago.
2017.
405
- LXXXI -
INTRODUÇÃO
RESULTADOS E DISCUSSÕES
A pesquisa contou com a participação de dez professoras, sendo que a idade dessas
profissionais varia entre 31 a 56 anos. Sobre a rede de atuação, tivemos 6 professoras, na
cidade de Mariana-MG, atuando na rede estadual e 4, em Ouro Preto-MG, na rede Municipal.
Ressaltamos que todas as professoras atuam nos anos iniciais do Ensino Fundamental
I, do primeiro ao quinto ano. As questões relativas à formação continuada, abordadas nos
questionários, serão destacadas na sequência.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
REFERÊNCIAS
ANDRÉ, Marli Eliza Dalmazo Afonso de. Formação de Professores no Brasil (1990-1998).
Brasília: MEC/Inep/Comped, 2002.
MAIA, Eliana do Nascimento Libanio; ARAÚJO, Regina Magna Bonifácio de. A formação
contínua de professores que atuam na EJA na região dos Inconfidentes. 12° Reunião
Científica Regional Sudeste da ANPED: Diálogos entre a pesquisa e as políticas de educação na
atualidade. 512-518 p. UFES, Vitória: 2016.
410
- LXXXII –
INTRODUÇÃO
A Educação Infantil tem as suas peculiaridades e geri-la é uma tarefa que exige a
compreensão dessas singularidades. Isso requer da equipe gestora, em algum momento, um
exercício de autoconhecimento, identificando, em si, potencialidades e fragilidades, para que
possa buscar o conhecimento necessário e continuidade às tarefas da gestão.
As incumbências são complexas. Além do trabalho burocrático, ainda estão
imbricadas outras tarefas que demandam sensibilidade, capacidade de fundamentar suas
decisões e reconhecimento da importância do seu papel político e social, sem se distanciar
de suas obrigações legais, o que corrobora a ideia de Libâneo (2005, p. 77) ao afirmar que
“[...] a unidade social que reúne pessoas que interagem entre si, intencionalmente, e que opera
através de estruturas e processos próprios, a fim de alcançar os objetivos da instituição.”
Dessa forma, o intento dessa pesquisa é compreender como a gestora da Educação
Infantil constitui sua identidade, nesta nova tarefa em sua trajetória.
Assim sendo, apresentaremos possibilidades de reflexão que contribuirão para os
posteriores debates sobre o tema desta pesquisa.
411
DESENVOLVIMENTO
Para atender aos objetivos desta pesquisa, entendemos ser relevante tratar dos
seguintes temas: a identidade profissional e como se constitui o processo de gestão
democrática no espaço escolar. Faz-se necessário, então, compreender alguns aspectos que
foram, ao longo do tempo, constituindo a identidade do profissional docente.
A identidade profissional não está separada da própria identidade humana. É preciso
considerá-la articulada às vivências familiares, sociais e da vida escolar. (ARROYO, 2000). A
constituição identitária tem inúmeras vertentes explicativas em áreas distintas, como
sociologia, psicologia e educação. Para Ciampa (2007), é um processo social, ou seja, não se
dá individualmente e, sim, em espaços coletivos. Neste estudo, será analisada pelo viés de
um processo continuo de transformação, uma espécie de fazer e desfazer, constituir e
desconstituir a si mesmo, onde o sujeito busca dizer ao outro: este sou eu. Mas, acima de
tudo, diz para si mesmo: este sou eu. É nesta característica que está a complexidade do
processo, onde o sujeito precisa fazer uma jornada, ora sozinho, ora em parceria com aqueles
que estão inseridos no seu contexto, visto que:
Segundo Lück (2009, apud CASTIGLIONI, 2011, p.12), “[...] de todas as dimensões da
gestão escolar, a gestão pedagógica é a mais importante, pois está mais diretamente envolvida
com o foco da escola que é o de promover aprendizagem e formação dos alunos.” É a este
objetivo que a gestão busca se aproximar.
413
METODOLOGIA
CONCLUSÃO
Mediante os dados encontrados nas categorias analisadas foi possível pensar que
dialogar e refletir sobre a gestão na educação infantil é relevante e necessário, pois embora já
se tenha avançado neste tema, ainda se carrega os resquícios históricos, não tão distantes, de
caráter assistencialista. Como com todos os progressos que já tivemos os problemas acabam
sendo os velhos desafios de sempre. E ainda cabe pensar nos desafios para ingressar na
trajetória como gestora, inicialmente, sem parâmetros técnicos para se embasar.
Por fim, considerando que as gestoras foram constituindo suas identidades mediante
a troca de experiências e no trabalho coletivo, pode-se pensar a partir daí na criação de
mecanismos facilitadores para que haja espaços de interação e formação.
414
REFERÊNCIAS
Romilda Teodora
Ens –PUCPR– [email protected]
INTRODUÇÃO
DESENVOLVIMENTO
CONCLUSÃO
REFERÊNCIAS
BALL, S. J.; MAGUIRE, M.; BRAUN, A. Como as escolas fazem as políticas: atuação em escolas
secundárias. Trad. Janete Bridon. Ponta Grossa: Editora UEPG, 2016.
BRASIL. Pacto nacional pela alfabetização na idade certa. Brasília, DF, MEC, 2012. Disponível em:
<http://pacto.mec.gov.br/index.php>. Acesso em: 02 jan. 2019.
IBGE: Notícias. Analfabetismo cai em 2017, mas segue acima da meta para 2015. Disponível
em:<https://agenciadenoticias.ibge.gov.br/agencia-noticias/2012-agencia-de
noticias/noticias/21255-analfabetismo-cai-em-2017-mas-segue-acima-da-meta-para-2015>
Acesso em 02 de janeiro de 2019.
MÉSZÁROS, I. A educação para além do capital. Trad. Isa Tavares. São Paulo: Boitempo, 2005.
419
POSSA, L. B.; BRAGAMONTE, P. L. de A. Efeitos das políticas internacionais e a
emergência do PNAIC – PACTO no Brasil. Roteiro, Joaçaba, v.43,n1, p.155-184, jan/abr,
2018.
REFERÊNCIAS
INTRODUÇÃO
Bolsista CAPES.
424
avaliação da formação continuada ofertada pelo PNEM, bem como o fim do programa
diante do contexto da Reforma do Ensino Médio.
A base da docência se constitui pela formação inicial. E por meio dela que o
profissional desenvolve as condições para exercer a atividade educativa e constitui as bases
de sua profissionalidade e de sua profissionalização (GATTI; BARRETO; ANDRÉ, 2011).
No entanto, a formação docente não se finda com a formação inicial, fazendo-se necessária
uma formação constante para novos conhecimentos, experiências e habilidades, podendo ser
compreendida também como uma formação permanente.
Diante do exposto, constata-se a relevância da formação continuada ao longo da
profissão docente, tornando-se necessária que seja considerada como “[...] um aprendizado
profissional ao longo da vida, o que implica envolvimento dos professores em processos
intencionais e planejados, que possibilitem mudanças em direção a uma prática efetiva em
sala de aula” (ANDRÉ, 2010, p. 176).
A formação desenvolvida nas escolas com os professores de ensino médio, na
modalidade presencial nos anos de 2014 e 2015, teve como tema: “Sujeitos do Ensino Médio
e Formação Humana Integral” (BRASIL, 2016). Durante sua vigência, a formação do PNEM
foi mediada pelos orientadores de estudo, profissionais escolhidos em processo seletivo
público, em suas respectivas unidades escolares, atendendo aos requisitos da Portaria
1.140/2013 (BRASIL, 2013).
Sendo assim, na Gerência Regional de Educação de Chapecó (GERED), obteve-se
a relação das vinte e oito escolas envolvidas com o PNEM que ofertavam o ensino médio.
Destas, foram selecionadas as dez que tinham o maior número de professores que
participaram da formação, a fim de localizar os orientadores de estudo para a realização da
pesquisa. Obteve-se um total de doze orientadores, pois em duas escolas, o número de
professores era de aproximadamente quarenta sujeitos, considerado um número alto,
demandando que a formação fosse mediada por dois orientadores. A coleta de dados ocorreu
por meio de entrevista semiestruturada, aplicadas individualmente aos colaboradores. Os
dados foram analisados com base em Bardin (1979).
Os orientadores de estudo que participaram da pesquisa, avaliaram de forma positiva
a formação continuada ofertada pelo PNEM, justificando que a mesma oportunizou ao
professor do ensino médio o estudo e a reflexão sobre sua prática pedagógica (ZARDO
425
MORESCHO, 2017). Consideraram que a qualidade da formação foi muito boa, destacando
que se tratou realmente de uma formação continuada “Na escola, a gente fez uma avaliação ao
final da formação e o coletivo de professores avaliou que foi uma das melhores formações que eles já fizeram”
(OE5) 55.
Além de destacar a importância dos temas e conteúdos presentes nos cadernos do
PNEM, os orientadores de estudo sinalizaram a qualidade do material, reconhecida na leitura,
estudo e discussão realizada entre os professores de cada escola, ao mesmo tempo em que
debatiam os problemas da realidade escolar “[...] tinham conteúdos muito bons, com uma leitura que
trazia muito conhecimento, que proporcionou muitos debates” (OE5).
Segundo os orientadores de estudo, a formação continuada ofertada aos professores
do ensino médio não é um fato comum, pois geralmente, os professores do ensino
fundamental são os contemplados com a formação em serviço (ZARDO MORESCHO,
2017). Esse fator evidencia a importância que o PNEM teve para a formação do professor
do ensino médio e, consequentemente, para o estudante “Penso que o PNEM foi [...] uma
oportunidade para os professores estarem se atualizando um pouco, conhecendo e desenvolvendo um novo olhar
em relação ao aluno, em relação às formas de aprendizagem e ensino” (OE6).
Conforme os relatos dos orientadores de estudo, após a primeira e a segunda etapa
do PNEM, realizadas nos anos de 2014 e 2015, uma suposta terceira etapa da formação era
aguardada. No entanto, o PNEM foi interrompido, fato lamentado pelos orientadores de
estudo “Nós esperávamos que continuasse, pois as mudanças mais significativas iriam acontecer com a
continuidade do PNEM” (OE5). Com a finalização da formação, os docentes perderam o
tempo que lhe era destinado ao diálogo e articulação de um trabalho interdisciplinar “[...] era
um momento que proporcionava o diálogo entre os professores que conseguiam trocar informações sobre o que
trabalhavam e o que poderiam trabalhar juntos” (OE1).
O PNEM foi interrompido no ano de 2015, sem informações oficiais sobre a
possibilidade de sua continuidade. No entanto, a certeza da finalização do programa ocorreu
no ano de 2016, após o impeachment da Presidenta Dilma Rousseff, com sanção da Medida
Provisória 746 pelo presidente Michel Temer e que hoje vigora na Lei 13.415/2017, de 16
de fevereiro de 2017 (BRASIL, 2017), que instituiu a Reforma do Ensino Médio (ZARDO
MORESCHO, 2017).
CONSIDERAÇÕES
Diante das percepções dos orientadores de estudo sobre o PNEM, observou-se que
o programa foi avaliado positivamente, pois contribuiu com mudanças significativas nas
escolas em que foi realizado, como a aproximação entre os professores, permitindo
discussões, reflexões, planejamento e problematização das dificuldades da escola, e para que
estes, se motivassem à incrementar mudanças no espaço escolar. Diante do exposto pelos
orientadores de estudo, observa-se que, a formação dos professores foi interrompida com o
término do programa, ação que teve como consequência, a interrupção de todo um trabalho
que era impulsionado pela formação continuada.
REFERÊNCIAS
______. Pacto Nacional pelo Fortalecimento do Ensino Médio. 2016. Disponível em:
http://pactoensinomedio.mec.gov.br/index.php?option=com_content&view=
article&id=22. Acesso em: 09 jun. 2016.
INTRODUÇÃO
A alfabetização foi incluída como prioridade na lista de ações para os cem primeiros
dias do governo do presidente Jair Bolsonaro. A Ação 12 do documento “Metas nacionais
prioritárias- Agenda de 100 Dias de Governo”, propõe “o lançamento de um programa
nacional de definição de soluções didáticas e pedagógicas para alfabetização, com a
proposição de método para redução do analfabetismo a partir de evidências científicas”
(BRASIL, 2019). Carlos Francisco Nadalim, Secretário de Alfabetização, será o responsável
por apresentar as diretrizes do programa “Alfabetização Acima de Tudo”. Contudo, sabe-se
da “simpatia” do secretário com relação aos métodos fônicos, e, talvez, a perspectiva do
mesmo seja retomar o debate para a questão do “método”.
Nesse contexto de influência e de produção de texto, a Associação Brasileira de
Alfabetização (ABAlf), em resposta, lançou um Manifesto público apoiado por várias outras
entidades dirigido ao Ministro da Educação, no qual afirma a necessidade de considerar a
alfabetização como um “direito social que fomenta inúmeros outros direitos”. Para a ABAlf
(2019), historicamente vem sendo consolidada uma pedagogia da alfabetização multifacetada
em que “todos os métodos tiveram que lidar com as lógicas que compõem o sistema
alfabético” (ABALF, 2019, p. 2).
ALGUMAS CONSIDERAÇÕES
BOWE, R.; BALL, S.; GOLD, A. Reforming education & changing schools: case studies
in Policy Sociology. London: Routledge, 1992.
BRASIL. Ministério da Casa Civil. Metas nacionais prioritárias. Agenda de 100 Dias de
Governo. Brasília, 2019. Disponível em: <http://www.casacivil.gov.br/central-de-
conteudos/downloads/100-dias-tabela-reformatada-com-17.pdf/view>. Acesso em: 10
fev. 2019.
INTRODUÇÃO
DESENVOLVIMENTO
O uso de tecnologias digitais na educação não é mais uma escolha desde que a
informação e a comunicação têm se dado de forma cada vez mais frequente por esses meios.
Assim, a discussão já saiu do âmbito do “se devem ou não estar na sala de aula”, para como
se deve colocá-los e usá-los e o que passa a ser a sala de aula nesse contexto.
Kenski (2008) alerta que as TICs podem ou não ser revolucionárias na mediação
entre os envolvidos e o conhecimento, pois sempre importam muito mais as pessoas no
processo que os meios tecnológicos.
A Resolução Nº 02, trabalha na mesma perspectiva ao trazer a formação dos
profissionais do Magistério por núcleos, áreas e campos ou componentes curriculares numa
perspectiva interdisciplinar, mais ampla que as disciplinas, e ao estabelecer a pesquisa como
princípio pedagógico e o uso competente das tecnologias de informação e comunicação para
a prática pedagógica, como um de seus objetivos (cap. II, art. 5º).
Ao tratar da interdisciplinaridade, Frigotto (2008) insta à discussão de que é preciso
ultrapassar a ênfase que se tem dado a ela como método de investigação ou técnica didática,
afirmando-a como necessidade histórica inerente à produção humana, do produzir-se
humano e do conhecimento sobre si e sua realidade.
Assim, as várias áreas ou campos são dimensões do humano e inter-relacioná-las na
produção ou investigação do conhecimento é imprescindível. Ou seja, o fato de separar com
vistas a aprofundar estudos, especificando e aprimorando objetos, não tira do mesmo a
determinação humana, una e diversa.
Utilizando o raciocínio de Kosisk, Frigotto (2008) diz que o sentido que se dá a
interdisciplinaridade como recurso didático com função de encontrar conexões entre as áreas
diversas, não é um problema de falta de desenvolvimento técnico ou científico e sim a
maneira própria da sociedade desigual e cindida manifestar-se também como produção ou
pesquisa.
Da mesma forma quando se trata do uso das recentes tecnologias de informação e
comunicação, pensa-se logo numa disciplina específica e no laboratório de informática. Isso
leva a uma tentativa de ligação formal, mecânica e aleatória, como se o próprio humano não
fosse interdisciplinar, uno e diverso, e como se a tecnologia não fizesse parte dessa formação.
434
Kenski (2008, p. 11) afirma que a escola tradicional restringe a integração com a
informação por meio de programas, currículos e temporalidade e que o ensino mediado por
tecnologias rompe com as estreitas dimensões de espaço, possibilitando novas relações entre
estudantes - conhecimento - professores, o que coaduna com a proposição da Resolução de
formação de professores por nucleamentos.
DEMO (2011) ao defender a formação permanente do professor, desconstruindo
qualquer tipo de ensino apenas instrucionista, defende a formação virtual, conectando grupos
e conhecimentos em tempos e espaços distintos, dando ao professor um perfil de estudar
sempre e com regularidade. Esperando-se que o professor seja a “imagem viva de quem sabe
aprender, estudar, pesquisar, elaborar, para poder construir tais efeitos nos alunos.” (DEMO,
2011, p.124).
Para tanto, as condições de trabalho do professor, incluindo acesso às tecnologias
como tempo de estudo, precisam ser resposta de uma séria política pública, que pode
começar pela implementação das atuais diretrizes previstas na Resolução Nº 02/2015.
CONCLUSÃO
Tecnologias das mais diversas características não são inerentemente nem boas nem
más, nem educativas, nem revolucionárias. São os humanos que as utilizam que lhes dão esse
caráter. Fazê-lo depende, não apenas de vontade ou motivação, mas de conhecimento
(contextual e técnico), condições e trabalho coletivo.
Assim, a tecnologia é um meio eficiente para a formação integral, permanente e de
qualidade dos professores. A legislação que a orienta traz um caráter de integração e
interdisciplinaridade que passa pelo “uso competente das Tecnologias de Informação e
Comunicação (TIC) para o aprimoramento da prática pedagógica e a ampliação da formação
cultural dos (das) professores (as) e estudantes” (RESOLUÇÃO Nº 02/2015, cap. II. art. 5º,
inciso VI).
Considera-se que a legislação e os principais agentes envolvidos estão não só em
estado de prontidão, como tem feito o que encontra-se ao alcance para dar qualidade ao
trabalho. É preciso, no entanto, questionar se num momento de tanta fluidez e flexibilidade
em relação à formação escolar, a lei não será alterada sem ter sido executada e se as
tecnologias continuarão sendo malbaratadas pelo uso superficial e irresponsável.
435
REFERÊNCIAS
Janet Palazzo
Consultora independente de educação
[email protected]
INTRODUÇÃO
CONCLUSÃO
440
REFERÊNCIAS
ANTUNES, C. Jogos para estimulação das inteligências múltiplas. 11. ed. Rio de
Janeiro: Vozes, 1998.
INTRODUÇÃO
CONSIDERAÇÕES FINAIS
REFERÊNCIAS
VALENTE, Lucia de Fatima; MOREIRA, Maria Simon; SANTOS, Fernando Henrique dos,
Nas trilhas do planejamento educacional e seus contornos nas políticas de educação no
Brasil. RBPAE. Goiânia. V.32, p. 25-45, 2016.
446
- XC -
Souza,Therezinha Coelho de
Universidade de Vassouras- Vassouras, RJ- Brasil
[email protected]
INTRODUÇÃO
METODOLOGIA
RESULTADOS E DISCUSSÕES
CONCLUSÕES
REFERÊNCIAS
BRASIL, MEC. (1996). Lei de diretrizes e bases da educação nacional. Lei nº 9.394, 20
de dezembro de 1996.
______. Os professores e as histórias da sua vida. In: Nóvoa, A. (org.) Vidas de professores.
Portugal. Porto, 1995.
450
GOMES, M.O. Residência educacional. In: GATTI, Bernardete Angelina et al. Por uma
revolução no campo da formação de professores. São Paulo: Editora Unesp, 2015, p. 203
– 217.
Carmem Waldow
. Instituto Federal do Paraná (IFPR)
[email protected].
Nessa perspectiva, o curso manteve-se por mais de quatro décadas naquela instituição
que, neste interim, tornou-se FACIPAL (Faculdades Integradas de Palmas), em 2001, ao
incorporar a FACEPAL (Faculdades Reunidas de Palmas), criada em 1979; e,
posteriormente, UNICS (Centro Universitário Católico do Sudoeste do Paraná), em 2004,
todas mantidas pelo Centro Pastoral, Educacional e Assistencial Dom Carlos – CPEA,
formando professores e especialistas para atuar na Educação Básica em um amplo território,
abrangendo as regiões Sul-Sudoeste paranaense, Oeste catarinense e Noroeste gaúcho.
Entretanto, em 17 de março de 2010 a instituição foi federalizada por meio de ato
oficial de desapropriação dos bens imóveis e laboratoriais do Campus II do Centro
Universitário Católico do Sudoeste do Paraná – UNICS e a Instalação do Instituto de
Educação, Ciência e Tecnologia do Paraná - IFPR. Em 14 de junho daquele ano, a Secretaria
de Educação Superior do Ministério de Educação, através da Portaria nº 728/2010, publicada
no DOU nº 112 de 15/06/10, aprovou a incorporação dos cursos e alunos pelo IFPR, e
declarou extinto o UNICS. O IFPR, conforme a Lei de criação nº 11.892, de 29/12/2008,
tem como missão ofertar 20% de seus cursos em Licenciaturas para alavancar a formação de
professores. Contudo, incorporar um curso de Pedagogia no IFPR não foi algo típico; a
partir de então, para que continuasse em oferta, esta Licenciatura teve que travar várias
batalhas para legitimar sua permanência no quadro de cursos da Instituição. Várias
adversidades foram enfrentadas no período da sua implantação, como a tentativa de
transformá-lo em curso EAD e, sobretudo, a falta de professores em número suficiente foi
um grande entrave por um longo período. Novamente, o protagonismo da comunidade,
especialmente a discente, e a premente necessidade da formação de professores, figurou
como argumento principal garantindo a continuidade do curso no campus, ofertado
presencialmente.
457
Desse modo, damos continuidade ao desafio expresso na missão do CPEA,
mantenedora da antiga FAFI, que era de ofertar educação para a população mais carente, na
perspectiva da formação humana. O objetivo do IFPR, além de promover o
desenvolvimento socioeconômico local e regional, também visa garantir o acesso ao ensino
superior gratuito na perspectiva da formação omnilateral, em todos os aspectos da vida
humana; numa proposta de escola unitária, que alia conhecimento técnico, profissionalizante
ao conhecimento clássico-humanista. Nesse sentido, nos questionamos sobre quais são os
desafios atuais do IFPR na formação de pedagogos para a docência e a gestão, propondo-
nos a continuar o trabalho na perspectiva da formação emancipatória.
REFERÊNCIAS