A Singularidade Está Próxima
A Singularidade Está Próxima
A Singularidade Está Próxima
2018
EDITORA ILUMINURAS LTDA.
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Tel./Fax: 55 11 3031-6161
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SUMÁRIO
Agradecimentos,
Prólogo
O poder das ideias,
Capítulo 1
As seis épocas,
A visão linear intuitiva versus a visão exponencial histórica,
As seis épocas,
Época Um: Física e Química. Época Dois: Biologia e DNA. Época Três: Cérebros. Época
Quatro: Tecnologia. Época Cinco: A fusão da tecnologia humana com a inteligência humana.
Época Seis: O universo desperta.
A Singularidade está próxima,
Capítulo 2
Uma teoria da evolução tecnológica: a Lei dos Retornos Acelerados,
A natureza da ordem. O ciclo de vida de um paradigma. Desenhos fractais. Evolução
clarividente.
A Curva em S de uma tecnologia tal como expressa em seu ciclo de vida,
O ciclo de vida de uma tecnologia
A Lei de Moore e além,
A Lei de Moore: uma profecia autorrealizável? O quinto paradigma. Dimensões fractais e o
cérebro
Sequenciamento de DNA, memória, comunicações,
a internet e miniaturização,
Informação, ordem e evolução: Os insights de Wolfram e os autômatos celulares de Fredkin. A
inteligência artificial pode evoluir a partir de regras simples?
A Singularidade como imperativo econômico,
Pegue 80 trilhões de dólares —apenas por tempo limitado. Deflação... uma coisa ruim?
Capítulo 3
Atingindo a capacidade de computar do cérebro humano,
O sexto paradigma da tecnologia de computação: Computação molecular tridimensional e
tecnologias computacionais emergentes,
A ponte para a computação molecular em 3-D. Nanotubos ainda são a melhor aposta.
Computando com moléculas. Automontagem. Emulando a biologia. Computar com DNA.
Computar com Spin. Computar com luz. Computação quântica.
A capacidade de computar do cérebro humano,
Acelerar a disponibilidade do computador pessoal no nível humano. Capacidade da memória
humana.
Os limites da computação,
Computação reversível. Quanta inteligência tem uma pedra? Os limites da nanocomputação.
Marcar uma data para a Singularidade. Memória e eficiência computacional: uma pedra
versus um cérebro humano. Ir além do definitivo: picotecnologia e femtotecnologia, curvando
a velocidade da luz.
Capítulo 4
Projetando o software da inteligência humana: como aplicar a engenharia reversa no cérebro
humano,
Engenharia reversa do cérebro: Um panorama da tarefa,
Novas ferramentas para modelar e obter imagens do cérebro. O software do cérebro.
Modelagem analítica do cérebro versus a neuromórfica. Qual a complexidade do cérebro?
Modelando o cérebro. Descascar a cebola.
O cérebro humano é diferente de um computador?,
Os circuitos do cérebro são muito lentos. Mas ele é maciçamente paralelo. O cérebro combina
fenômenos analógicos e digitais. A maioria dos detalhes do cérebro é aleatória. O cérebro usa
propriedades emergentes. O cérebro é imperfeito. Contradizemos a nós mesmos. O cérebro
usa a evolução. Padrões são importantes. O cérebro é holográfico. O cérebro está
profundamente conectado. O cérebro tem, de fato, uma arquitetura de regiões. O design de
uma região do cérebro é mais simples do que o design de um neurônio. Tentando entender
nosso próprio pensamento: o ritmo acelerado da pesquisa.
Perscrutando o cérebro,
Novas ferramentas para digitalizar o cérebro. Melhorando a resolução. Digitalizar usando
nanorrobots.
Construindo modelos do cérebro,
Modelos subneurais: Sinapses e espinhas. Modelos de neurônios. Neurônios eletrônicos.
Plasticidade cerebral. Modelando regiões do cérebro. Um modelo neuromórfico: O cerebelo.
Outro exemplo: O modelo das regiões auditivas de Watts. O sistema visual. Outras obras em
andamento: Um hipocampo artificial e uma região artificial olivocerebelar. Entender funções
de nível mais alto: Imitação, predição e emoção
Fazer a interface entre cérebro e máquinas,
O ritmo acelerado da engenharia reversa do cérebro,
A escalabilidade da inteligência humana.
Uploading do cérebro humano,
Capítulo 5
GNR: três revoluções sobrepostas,
Genética: a interseção da informação com a biologia,
O computador da vida. Baby boomers de design. Podemos realmente viver para sempre?
RNAi (RNA de interferência). Terapias celulares. Chips de genes. Terapia somática de genes.
Revertendo doenças degenerativas. Combatendo as doenças do coração. Superando o câncer.
Revertendo o envelhecimento. Mutações no DNA. Células tóxicas. Mutações da mitocôndria.
Agregados intracelulares. Agregados extracelulares. Perda celular e atrofia. Clonagem
humana: A aplicação menos interessante da tecnologia da clonagem. Por que a clonagem é
importante? Preservar as espécies em risco de extinção e restaurar as extintas. Clonagem
terapêutica. Engenharia de células somáticas humanas. Resolvendo a fome mundial.
Clonagem humana revisitada.
Nanotecnologia: a interseção da informação com o mundo físico,
O montador biológico. Fazendo o upgrade do núcleo da célula com um nanocomputador e um
nanorrobot. Dedos gordos e grudentos. O debate recrudesce. Primeiros adotantes.
Energizando a Singularidade. Aplicações da nanotecnologia no meio ambiente. Nanorrobots
na corrente sanguínea.
Robótica: IA forte,
IA fora de controle. O inverno da IA. O jogo de ferramentas da IA. Sistemas especializados.
Redes bayesianas. Modelos de Markov. Redes neurais. Algoritmos genéticos (AGs). Busca
recursiva. Deep Fritz empata: Os humanos estão ficando mais inteligentes ou os
computadores estão ficando mais burros? A vantagem do hardware especializado. Deep Blue
versus Deep Fritz. Ganhos significativos no software. Os jogadores humanos de xadrez
estarão condenados? Combinando métodos. Uma amostragem da IA restrita. As Forças
Armadas e os serviços de inteligência. Exploração espacial. Medicina. Ciência e matemática.
Negócios, finanças e indústria. Indústria e robótica. Fala e linguagem. Lazer e esportes. IA
forte.
Capítulo 6
O impacto...,
Uma panóplia de impactos
... no corpo humano,
Uma nova maneira de comer. Redesenhando o sistema digestivo. Sangue programável. Com o
coração na mão, ou não. Então, o que sobra? Redesenhando o cérebro humano. Estamos
virando ciborgues. Corpo humano versão 3.0.
... no cérebro humano,
O cenário em 2010. O cenário em 2030. Torne-se outra pessoa. Projetores de experiências.
Amplie sua mente.
...sobre a longevidade humana,
A transformação para a experiência não biológica.bA longevidade da informação.
... na guerra: o paradigma de realidade virtual remoto, robótico, robusto, de tamanho reduzido,
Pó inteligente. Nanoarmas. Armas inteligentes. RV.
... no aprendizado,
... no trabalho,
Propriedade intelectual. Descentralização.
... no brincar,
... no destino inteligente do cosmos: Por que é provável que estejamos sozinhos no universo,
A equação de Drake. Os limites da computação revisitados. Maior ou menor. Expandindo-nos
além do sistema solar. A velocidade da luz revisitada. Buracos de minhoca. Alterando a
velocidade da luz. O Paradoxo de Fermi revisitado. O princípio antrópico revisitado. O
multiverso. Universos que evoluem. A inteligência como destino do universo. A derradeira
função utilitária. A Radiação Hawking. Por que a inteligência é mais forte do que a física. Um
computador na escala do universo. O universo holográfico.
Capítulo 7
Ich bin ein Singularitarian,
Ainda humano?
A questão vexatória da consciência,
Quem sou eu? O que sou eu?,
A Singularidade como transcendência,
Capítulo 8
GNR: Promessa e perigo profundamente entrelaçados,
Benefícios…,
... e perigos entrelaçados,
Uma panóplia de riscos para a existência,
O princípio da precaução. Quanto menor a interação, maior o potencial explosivo. Nossa
simulação é desligada. Penetras na festa. GNR: o foco adequado na questão da promessa
versus o perigo. A inevitabilidade de um futuro transformado. Abandono totalitário.
Preparando as defesas,
IA forte. Voltando ao passado?
A ideia do abandono,
Amplo abandono. Abandono em sintonia fina. Lidando com o abuso. A ameaça do
fundamentalismo. Humanismo fundamentalista.
Desenvolvimento de tecnologias defensivas e o impacto da regulamentação,
Proteção contra a IA forte “não amigável”. Descentralização. Energia espalhada. Liberdades
civis na era das batalhas assimétricas.
Um programa para a defesa GNR,
Capítulo 9
Respostas às críticas,
Uma panóplia de críticas,
A crítica da incredulidade,
A crítica de Malthus,
Tendências exponenciais não duram para sempre. Um limite virtualmente ilimitado.
A crítica do software,
A estabilidade do software. A capacidade de reação do software. Preço-desempenho do
software. A produtividade do desenvolvimento do software. A complexidade do software.
Algoritmos que se aceleram. A fonte básica dos algoritmos inteligentes.
A crítica do processamento analógico,
A crítica da complexidade do processamento neural,
A complexidade do cérebro. O dualismo intrínseco de um computador. Níveis e Loops.
A crítica dos microtúbulos e da computação quântica,
A crítica da tese de Church-Turing,
A crítica da taxa de defeitos,
A crítica do “bloqueio”,
A crítica da ontologia: um computador pode ter consciência?,
O Quarto Chinês de Kurzweil.
A crítica da divisão rico-pobre,
A crítica da provável regulamentação do governo,
A crítica do teísmo,
A crítica do holismo,
Epílogo,
Quão singular? A centralidade humana.
Apêndice,
A Lei dos Retornos Acelerados revisitada.
Recursos e informações de contato,
Notas,
Para minha mãe, Hannah,
que me forneceu a coragem de procurar
as ideias para enfrentar qualquer desafio.
AGRADECIMENTOS
Gostaria de expressar meu profundo reconhecimento a minha mãe,
Hannah, e a meu pai, Fredric, por terem apoiado todas as minhas
primeiras invenções e ideias sem questionar, o que me deu liberdade para
experimentar; a minha irmã Enid por sua inspiração; e a minha mulher,
Sonya, e meus filhos, Ethan e Amy, que dão sentido, amor e motivação a
minha vida.
Gostaria de agradecer as muitas pessoas talentosas e dedicadas que me
ajudaram com este projeto complexo.
Na Viking: meu editor, Rick Kot, que me deu liderança, entusiasmo e
editoração inspirada; Clare Ferraro, que me deu um forte apoio na
publicação; Timothy Mennel, que me deu revisão especializada; Bruce
Giffords e John Jusino, por coordenarem os muitos detalhes da produção
de um livro; Amy Hill, pela diagramação interna do texto; Holly Watson,
por seu trabalho eficiente de publicidade; Alessandra Lusardi, que foi uma
competente assistente de Rick Kot; Paul Buckley, por seu design de arte
claro e elegante; e Herb Thomby, que desenhou a atraente capa.
Loretta Barrett, minha agente literária, cuja orientação entusiástica e
astuta ajudou a orientar este projeto.
Dr. Terry Grossman, meu colaborador em assuntos de saúde e coautor
de Fantastic Voyage: Live Long Enough to Live Forever, por me ajudar a
desenvolver minhas ideias sobre saúde e biotecnologia através da troca de
uns 10 mil e-mails e por uma colaboração multifacetada.
Martine Rothblatt, por sua dedicação a todos as tecnologias discutidas
neste livro e por nossa colaboração no desenvolvimento de várias
tecnologias nessas áreas.
Aaron Kleiner, de longa data meu parceiro nos negócios (desde 1973),
por sua dedicação e colaboração em muitos projetos, incluindo este.
Amara Angelica, cujos esforços dedicados e inspirados orientaram nosso
time de pesquisa. Amara também usou suas notáveis habilidades de editar
para me ajudar a articular as complexas questões deste livro. Kathryn
Myronuk, cujos dedicados esforços em pesquisas, deram importante
contribuição para a pesquisa e as notas. Sarah Black contribuiu com
pesquisas específicas e habilidades editoriais. Meu time de pesquisas deu-
me uma assistência muito capaz: Amara Angelica, Kathryn Myronuk, Sarah
Black, Daniel Pentlarge, Emily Brown, Celia Black-Brooks, Nanda Barker-
Hook, Sarah Brangan, Robert Bradbury, John Tillinghast, Elizabeth
Collins, Bruce Damer, Jim Rintoul, Sue Rintoul, Larry Klaes e Chris
Wright. Assistência adicional foi fornecida por Liz Berry, Sarah Brangan,
Rosemary Drinka, Linda Katz, Lisa Kirschner, Inna Nirenberg, Christopher
Setzer, Joan Walsh e Beverly Zibrak.
Laksman Frank, por criar muitas das imagens e diagramas atraentes a
partir de minhas descrições e formatar os gráficos.
Celia Black-Brooks, por fornecer sua liderança nas comunicações e
desenvolvimento de projetos.
Phil Cohen e Ted Coyle, por implementarem minhas ideias para a
ilustração na página 367, e Helene DeLillo, pela foto da “Singularidade
está próxima” no começo do capítulo 7.
Nanda Barker-Hook, Emily Brown e Sarah Brangan, por me ajudarem a
administrar a extensa logística da pesquisa e dos processos editoriais.
Ken Linde e Matt Bridges, por me ajudarem com os sistemas
computacionais para manter progredindo suavemente o intrincado fluxo de
trabalho.
Denise Scutellaro, Joan Walsh, Maria Ellis e Bob Beal, por fazerem a
contabilidade deste projeto complicado.
A equipe de KurzweilAI.net, por me dar uma ajuda substancial para o
projeto: Denise Scutellaro, Joan Walsh, Maria Ellis e Bob Beal.
Mark Bizzell, Deborah Lieberman, Kirsten Clausen e Dea Eldorado, por
sua assistência na comunicação da mensagem deste livro.
Robert A. Freitas Jr., por sua detalhada revisão do material relacionado
à nanotecnologia.
Paul Linsay, por sua minuciosa revisão da matemática deste livro.
Meus leitores especializados, meus pares, por realizarem o serviço
inestimável de rever com cuidado o conteúdo científico: Robert A. Freitas
Jr. (nanotecnologia, cosmologia), Ralph Merkle (nanotecnologia), Martine
Rothblatt (biotecnologia, aceleração tecnológica), Terry Grossman (saúde,
medicina, biotecnologia), Tomaso Poggio (ciência do cérebro e engenharia
reversa do cérebro), John Parmentola (física, tecnologia militar), Dean
Kamen (desenvolvimento tecnológico), Neil Gershenfeld (tecnologia da
computação, física, mecânica quântica), Joel Gershenfeld (engenharia de
sistemas), Hans Moravec (inteligência artificial, robótica), Max More
(aceleração da tecnologia, filosofia), Jean-Jacques E. Slotine (ciência do
cérebro e cognitiva), Sherry Turkle (impacto social da tecnologia), Seth
Shostak (SETI — procura por inteligência extraterrestre — cosmologia,
astronomia), Damien Broderick (aceleração tecnológica, a Singularidade)
e Harry George (empreendimento tecnológico).
Meus hábeis leitores internos: Amara Angelica, Sarah Black, Kathryn
Myronuk, Nanda Barker-Hook, Emily Brown, Celia Black-Brooks, Aaron
Kleiner, Ken Linde, John Chalupa e Paul Albrecht.
Meus leitores leigos, por me fornecerem insights incisivos: meu filho,
Ethan Kurzweil, e David Dalrymple.
Bill Gates, Eric Drexler e Marvin Minsky, por darem autorização para
incluir seus diálogos no livro e por suas ideias, que foram incorporadas
nos diálogos.
Os muitos cientistas e pensadores cujas ideias e esforços estão
contribuindo para nossa base de conhecimentos humanos que se expande
exponencialmente.
As pessoas mencionadas acima me forneceram muitas ideias e
correções, que consegui realizar graças aos seus esforços. A
responsabilidade por quaisquer erros que tenham permanecido é
inteiramente minha.
PRÓLOGO
O poder das ideias
Acho que não há excitação que possa passar pelo coração do homem igual à sentida
pelo inventor quando vê alguma criação do cérebro caminhando para o sucesso.
Nikola Tesla, 1896, inventor da corrente alternada
Quando tinha cinco anos, tive a ideia de que me tornaria um inventor.
Tive a convicção de que ideias podiam mudar o mundo. Quando outras
crianças pensavam alto o que elas queriam ser, já sabia o que seria. O
foguete para a Lua que eu, então, construía (quase uma década antes do
desafio que o presidente Kennedy lançou ao país) não funcionou. Mas perto
de fazer oito anos, minhas invenções ficaram um pouco mais realistas,
como um teatro robótico com ligações mecânicas que podiam mover o
cenário e as personagens para dentro e para fora do campo de visão, e jogos
virtuais de beisebol.
Tendo fugido do Holocausto, meus pais, ambos artistas, queriam uma
criação mais secular, menos provincial e religiosa, para mim. Minha 1
As seis épocas
Primeiro construímos as ferramentas, depois elas nos constroem a nós.
Marshall McLuhan
O futuro não é mais o que costumava ser.
Yogi Berra
A evolução é um processo que consiste em criar padrões de ordem
crescente. Discutirei o conceito de ordem no próximo capítulo; a ênfase
nesta seção está no conceito de padrões. Creio que é a evolução de padrões
que constitui a história fundamental de nosso mundo. A evolução trabalha
indiretamente: cada estágio ou época usa os métodos de processar
informações da época anterior para criar a nova. Penso na história da
evolução — tanto biológica quanto tecnológica — como acontecendo em
seis épocas. Como iremos discutir, a Singularidade começará com a Época
Cinco e irá expandir-se da Terra para o resto do universo na Época Seis.
física sobre universos múltiplos especulam que novos universos são criados
regularmente, cada um com suas regras únicas, mas que a maioria deles
definha rapidamente ou então continua sem a evolução de qualquer padrão
interessante (tais como os criados pela biologia baseada na Terra) porque
suas regras não sustentam a evolução de formas cada vez mais complexas. 8
tempo.
Uma teoria supõe que o próprio universo começou com tal
Singularidade. Entretanto é interessante observar que o horizonte de
18
MOLLY, POR VOLTA DE 2004: Como vou saber quando a Singularidade estará
entre nós? Quero ter algum tempo para me preparar.
RAY: Por quê, o que você está planejando fazer?
MOLLY, 2004: Vejamos, para começar, quero passar meu currículo na sintonia
fina. Vou querer dar uma boa impressão às novas autoridades.
George, por volta de 2048: Oh, eu posso fazer isso por você.
MOLLY, 2004: Isso não é realmente necessário. Sou perfeitamente capaz de
fazer isso eu mesma. Posso também querer apagar alguns documentos —
sabe, onde estou insultando ligeiramente algumas máquinas que conheço.
GEORGE, 2048: Oh, as máquinas vão encontrá-los de qualquer jeito — mas
não fique preocupada, somos muito compreensivos.
MOLLY, 2004: Não sei por quê, mas isso não me tranquiliza totalmente. Mas
ainda gostaria de saber o que dizem as previsões.
RAY: Está bem, você vai saber que a Singularidade está vindo quando tiver
1 milhão de e-mails na sua caixa de entrada.
MOLLY, 2004: Humm, nesse caso, parece que estamos quase chegando lá.
Mas, falando sério, tenho dificuldade para acompanhar toda essa coisa
vindo em minha direção do jeito que está. Como vou conseguir acompanhar
o ritmo da Singularidade?
GEORGE, 2048: Você vai ter assistentes virtuais — na verdade, você só precisa
de um.
MOLLY, 2004: Que, suponho, vai ser você?
GEORGE, 2048: Ao seu dispor.
MOLLY, 2004: Isso é ótimo. Você vai cuidar de tudo, nem vai precisar me
manter informada. “Oh, não se preocupe em contar para a Molly o que está
acontecendo, de qualquer jeito ela não vai entender, vamos só deixá-la feliz
e no escuro.”
GEORGE, 2048: Não será assim, de modo algum.
MOLLY, 2004: Você quer dizer a parte feliz?
GEORGE, 2048: Queria dizer a parte de deixar você no escuro. Você vai
conseguir apreender o que estou querendo fazer se isso for o que desejar
realmente.
MOLLY, 2004: O quê, ficando...
RAY: Melhorada?
MOLLY, 2004: Sim, é isso que eu tentava dizer.
GEORGE, 2048: Bom, se nosso relacionamento vai ser assim, não será tão
ruim.
MOLLY, 2004: E eu devo querer ficar como sou?
GEORGE, 2048: Serei dedicado a você em qualquer caso. Mas posso ser mais
do que apenas seu serviçal transcendental.
MOLLY, 2004: Na verdade, você ser “apenas” meu serviçal transcendental não
soa tão mal.
CHARLES DARWIN: Se puder interromper, ocorreu-me que, quando a
inteligência da máquina for maior do que a inteligência humana, a máquina
estará em uma posição para projetar sua própria geração seguinte.
MOLLY, 2004: Isso não parece tão incomum. Máquinas são usadas para
projetar máquinas hoje.
CHARLES: Sim, mas em 2004 elas ainda são dirigidas por projetistas
humanos. Quando as máquinas estiverem funcionando em níveis humanos,
bom, então meio que fecha o circuito.
NED LUDD: E os humanos estarão fora do circuito.
37
de ter comprimido o arquivo de dados dessa maneira, será que se pode ter
absoluta certeza de que não há outras regras ou métodos que possam ser
descobertos para permitir que se expresse o arquivo em termos ainda mais
compactos? Por exemplo, suponha que meu arquivo seja simplesmente “pi”
(3,1415…) expresso com até 1 milhão de bits de precisão. A maior parte
dos programas de compressão de dados não conseguiria reconhecer essa
sequência e não iria comprimir os milhões de bits, já que os bits em uma
expressão binária são de fato aleatórios e, portanto, não têm padrões
repetidos de acordo com todos os testes de aleatoriedade.
Mas se pudermos determinar que o arquivo (ou uma porção do arquivo)
de fato representa pi, podemos facilmente expressá-lo (ou aquela porção
dele) de um modo muito compacto como “pi para 1 milhão de bits de
exatidão”. Uma vez que jamais se pode ter certeza de que não se deixou
passar alguma representação ainda mais compacta de uma sequência de
informações, qualquer quantidade de compressão apenas determina um
limite superior para a complexidade da informação. Murray Gell-Mann dá
uma definição de complexidade nessa linha. Ele define o “conteúdo
algorítmico da informação” (AIC, em inglês) de um conjunto de
informações como “o comprimento do programa mais curto que vai fazer
um computador padrão universal imprimir a cadeia de bits e depois parar”. 4
manipular objetos com uma “pegada potente” nem têm uma coordenação
motora bastante fina para escrever ou dar forma a objetos. Uma alteração
do ponto de articulação do polegar não aumentou significativamente a
complexidade do animal, mas, apesar disso, representou um aumento na
ordem, permitindo o desenvolvimento da tecnologia, entre outras coisas. A
evolução, porém, mostrou que a tendência geral para mais ordem resulta,
tipicamente, em maior complexidade. 9
Uma tendência similar pode ser vista nos transistores. Em 1968, dava
para comprar um transistor por um dólar; em 2002, um dólar comprava
cerca de 10 milhões de transistores.
Medida IBM 7094 c.1967 Notebook c.2004
Velocidade de processamento (MIPS) 0, 25 2.000
Memória principal (K bytes) 144 256.000
Custo aproximado (em dólares de 2003 $11.000.00 $2.000
Meu computador mais novo fornece 2 mil MIPS de processamento a um
custo que é aproximadamente 224 mais baixo do que o do computador que
usei em 1967. São 24 duplicações em 37 anos ou cerca de 18,5 meses por
duplicação. O tempo de duplicação diminui ainda mais se se considera o
aumento do valor aproximadamente 2 mil vezes maior da RAM, vastos
aumentos em armazenamento em disco e o conjunto mais potente de
instruções do meu computador de 2004, bem como vastas melhorias na
velocidade de comunicação, software mais potente e outros fatores.
Apesar dessa maciça deflação no custo de tecnologias de informação, a
demanda mais do que se manteve. O número de bits enviados dobrou a cada
1,1 ano, mais rápido do que o tempo de dividir pela metade em custo por
bit, que é de 1,5 ano. Como resultado, a indústria de semicondutores teve
30
RAM dinâmica de tamanho “half-pitch” (tamanho do menor chip) 5, 4 anos
RAM dinâmica (bits por dólar) 1, 5 ano
Preço médio do transistor 1,6 ano
Ciclo de custo-por-transistor de microprocessador 1, 1 ano
Total de bits enviados 1, 1 ano
Desempenho do processador em MIPS 1, 8 ano
Transistores em microprocessadores Intel 2 anos
Velocidade do microprocessador 3 anos
de cerca de dez dólares por par de bases em 1990 para uns poucos centavos
em 2004, e continua a cair rapidamente (ver figura abaixo). 44
Tem havido um suave crescimento exponencial na quantidade de dados
da sequência de DNA que têm sido colhidos (ver figura abaixo). Um
45
MOLLY 2004: Mas espere um pouquinho, você disse que eu iria ficar com 80
trilhões de dólares se eu lesse e compreendesse esta seção do capítulo.
RAY: Isso. Conforme meus modelos, se substituirmos a visão linear com a
visão exponencial mais adequada, os atuais preços de ações devem
triplicar. Já que existem 40 trilhões de dólares (estimativa conservadora)
94
usou príons como modelo por causa de sua força natural. Mas já que os
príons normalmente não conduzem eletricidade, os cientistas criaram um
versão geneticamente alterada contendo uma camada fina de ouro, que
conduz eletricidade com resistência baixa. Susan Lindquist, professora de
biologia do MIT, que encabeçou o estudo, comentou: “A maioria das
pessoas que trabalham com nanocircuitos está tentando construí-los usando
técnicas de fabricação que vem do alto para baixo. Nós achamos que
deveríamos tentar uma abordagem de baixo para cima e deixar a
automontagem molecular fazer o trabalho pesado para nós”.
A molécula, por excelência, que reproduz ela mesma é, claro, o DNA.
Pesquisadores da Universidade Duke criaram blocos construtivos chamados
“azulejos”, partindo de moléculas de DNA auto-organizadoras. Eles 24
DNA pôde realizar computações, bem como obter sua própria energia. Os
cientistas do Weizmann demonstraram uma configuração consistindo em
duas colheres cheias desse sistema líquido de supercomputação, que
continham 30 milhões de bilhões de computadores e realizou um total de
660 trilhões de cálculos por segundo (6,6 x 10 cps). O consumo de energia
14
Computar com Spin. Além de sua carga elétrica negativa, os elétrons têm
outra propriedade que pode ser explorada para memória e computação: spin
(giro). De acordo com a mecânica quântica, os elétrons giram em torno de
um eixo, parecido com o modo como a Terra gira em torno de seu eixo.
Esse conceito é teórico, porque se considera que um elétron ocupa um
ponto no espaço, portanto é difícil imaginar um ponto que não tem tamanho
mas que, apesar disso, gira. Entretanto, quando uma carga elétrica se
movimenta, ela provoca um campo magnético, que é real e pode ser
medido. Um elétron pode girar em uma de duas direções, descritas como
“up” (para cima) e “down” (para baixo), portanto essa propriedade pode ser
explorada para a alternância lógica ou para codificar um bit de memória.
A notável propriedade da spintrônica (girotrônica) é que não se precisa
de nenhuma energia para alterar o estado de spin de um elétron. O professor
de física Shoucheng Zhang, da Universidade Stanford, e o professor Naoto
Nagaosa, da Universidade de Tóquio, colocam a questão assim:
“Descobrimos o equivalente a uma nova ‘Lei de Ohm’ (a lei da eletrônica
que afirma que a corrente em um fio é igual à voltagem dividida pela
resistência) [...] (Ela) diz que o giro do elétron pode ser transportado sem
perda de energia, ou dissipação. Além disso, esse efeito acontece na
temperatura ambiente, em materiais já amplamente usados na indústria dos
semicondutores, como arsenieto de gálio. Isso é importante porque tornaria
viável uma nova geração de dispositivos de computação”. 28
cps, ou cerca de 10 cps por neurônio. Extrapolar isso para uma estimativa
4
cérebro inteiro.
Mais adiante será discutido o estado da engenharia reversa do cérebro
humano, mas está claro que se pode imitar a funcionalidade de regiões do
cérebro com menos computação do que seria necessária para simular a
operação não linear exata de cada neurônio e de todos os componentes
neurais (isto é, de todas as interações complexas que acontecem dentro de
cada neurônio). Chega-se à mesma conclusão quando se tenta simular a
funcionalidade de órgãos do corpo. Por exemplo, estão sendo testados
dispositivos implantáveis que simulam a funcionalidade do pâncreas
humano para regular os níveis de insulina. Esses dispositivos funcionam
40
medindo o nível de glucose no sangue e liberando insulina de modo
controlado para manter apropriados seus níveis. Embora sigam um método
similar ao do pâncreas biológico, eles não tentam simular cada ilhota e não
haveria razão para isso.
Todas essas estimativas resultam em ordens de grandeza comparáveis
(10 a 10 cps). Dado que a engenharia reversa do cérebro humano
14 15
acima. Blue Gene/L também terá perto de cem terabytes (cerca de 10 bits) 15
de 2018. Deve-se ter em mente que essa memória será milhões de vezes
mais rápida do que o processo eletroquímico de memória usado no cérebro
humano, e, portanto, será muito mais eficaz.
De novo, se a memória humana for modelada no nível das conexões
interneurais, a estimativa é maior. Pode-se estimar cerca de 10 bits por
4
Com base nas análises acima, é razoável esperar que o hardware que
pode emular a funcionalidade do cérebro humano esteja disponível por
aproximadamente de mil dólares por volta de 2020. Como será discutido no
capítulo 4, o software que irá replicar essa funcionalidade vai levar cerca de
uma década a mais. Entretanto, o crescimento exponencial do preço-
desempenho, capacidade e velocidade da tecnologia de hardware vai
continuar durante esse período, de modo que por volta de 2030 será preciso
uma aldeia de cérebros humanos (cerca de mil) para igualar uma
computação que vale mil dólares. Por volta de 2050, mil dólares de
computação vão ultrapassar o poder de processamento de todos os cérebros
humanos da Terra. É claro que esse número inclui aqueles cérebros que
ainda usam só neurônios biológicos.
Embora os neurônios humanos sejam criações fantásticas, não iríamos (e
não vamos) projetar circuitos de computação usando os mesmos métodos
vagarosos. Apesar da engenhosidade dos projetos evoluídos pela seleção
natural, eles são muitas ordens de grandeza menos capazes dos que
poderemos construir. Aplicando a engenharia reversa em nossos corpos e
cérebros, estaremos em posição de criar sistemas comparáveis que são
muito mais duráveis e operam milhares de milhões mais rápido do que
nossos sistemas evoluídos naturalmente. Nossos circuitos eletrônicos já são
mais de 1 milhão de vezes mais rápidos do que os processos eletroquímicos
dos neurônios, e essa velocidade continua aumentando.
A maior parte da complexidade de um neurônio humano é dedicada a
manter suas funções de suporte à vida, não sua capacidade de processar
informações. Em última análise, poderemos transferir nossos processos
mentais para um substrato computacional mais adequado. Aí então nossas
mentes não terão de ficar tão pequenas.
Os limites da computação
Se um computador dos mais eficientes trabalha o dia todo para computar um problema
de simulação de clima, qual é a menor quantidade de energia que deve ser dissipada de
acordo com as leis da física? Na verdade, a resposta é muito simples de calcular, já que
não está relacionada à quantidade de computação. A resposta é sempre igual a zero.
Edward Fredkin, físico 45
Já tivemos cinco paradigmas (calculadoras eletromecânicas, computação
baseada em relê, válvulas, transistores discretos e circuitos integrados) que
deram crescimento exponencial ao preço-desempenho e à capacidade de
computação. Cada vez que um paradigma chegava a seu limite, outro
paradigma tomava seu lugar. Já se podem ver os contornos do sexto
paradigma, que será trazer a computação para a terceira dimensão
molecular. Já que a computação é subjacente às bases de tudo o que
gostamos, da economia ao intelecto e à criatividade humanos, pode-se
muito bem ficar pensando: Existem limites definitivos para a capacidade de
matéria e energia realizarem computação? Se sim, quais são esses limites e
quanto tempo vai levar até que eles sejam alcançados?
Nossa inteligência humana baseia-se em processos computacionais que
estamos começando a entender. Em última análise, iremos multiplicar
nossos poderes intelectuais aplicando e estendendo os métodos da
inteligência humana ao usar a capacidade muito maior da computação não
biológica. Então, considerar os limites definitivos da computação, é
perguntar na verdade qual é o destino de nossa civilização?
Um desafio comum às ideias apresentadas neste livro é que essas
tendências exponenciais devem alcançar um limite, como normalmente
fazem as tendências exponenciais. Quando uma espécie chega a um novo
habitat, como no famoso exemplo dos coelhos na Austrália, seu número
cresce exponencialmente por um tempo. Mas eventualmente ela atinge os
limites da habilidade que aquele ambiente tem para suportá-la. Com
certeza, o processamento da informação deve ter restrições parecidas.
Acontece, que, sim, há limites para a computação baseados nas leis da
física. Mas estas ainda permitem que continue o crescimento exponencial
até que a inteligência não biológica seja trilhões de trilhões de vezes mais
potente que toda a civilização humana hoje, incluindo os computadores
contemporâneos.
Um dos principais fatores quando se consideram os limites
computacionais é a necessidade de energia. A energia necessária por MIPS
para dispositivos computacionais vem caindo exponencialmente, como é
mostrado na seguinte figura. 46
cálculos por segundo. Contudo, a pedra não requer entrada de energia nem
gera calor perceptível.
É claro que, apesar de toda essa atividade no nível atômico, a pedra não
realiza nenhum trabalho útil além de, talvez, agir como peso de papel ou
decoração. A razão disso é que a maior parte da estrutura dos átomos na
pedra é efetivamente aleatória. Se, por outro lado, as partículas forem
organizadas de uma maneira mais intencional, poderíamos ter um
computador frio, que consome zero energia, com uma memória de cerca de
mil trilhões de trilhões de bits e uma capacidade de processar 10 operações
42
imaginar tecnologias que fariam tudo para alcançar esse limite. Mas
podemos de pronto visualizar tecnologias que chegam razoavelmente perto
de fazer isso. Como o projeto da Universidade de Oklahoma mostra, já
demonstramos a habilidade de armazenar pelo menos cinquenta bits de
informação por átomo (embora apenas em um número pequeno de átomos,
até agora). Armazenar 10 bits de memória nos 10 átomos de um quilo de
27 25
deste capítulo. Devemos ter em mente, entretanto, que o modo como isso
vai funcionar não é começando com o último limite de 10 e trabalhando
50
(para cada 2,2 libras), os cientistas e engenheiros de então vão usar sua
vasta inteligência essencialmente não biológica para descobrir como chegar
a 10 , depois 10 e assim por diante. Minha expectativa é que chegaremos
43 44
fornece uma taxa geral de 10 cps, bastante para simular 100 mil cérebros
21
mal utilizados.
Esse estado da computação no começo dos anos 2030, entretanto, não vai
representar a Singularidade, porque ainda não corresponde a uma profunda
expansão de nossa inteligência. Entretanto, em meados dos anos 2040,
aqueles mil dólares de computação serão iguais a 10 cps, assim a
26
Também se pode usar uma pedra para computar. Por exemplo, deixando
cair uma pedra de uma determinada altura, pode-se computar a quantidade
de tempo que leva para deixar cair um objeto dessa altura. É claro que isso
representa muito pouca computação: talvez 1 cps, o que significa que sua
eficiência computacional é de 10 . 42 70
(na verdade, mais perto de três libras do que de 2,2, mas, como estamos
lidando com ordens de grandeza, as medições estão bastante perto). Ele
funciona a uma temperatura mais alta do que uma pedra fria, mas ainda se
pode usar a mesma estimativa de cerca de 10 bits de capacidade teórica de
27
memória (estimando que se pode armazenar um bit em cada átomo). O
resultado é uma eficiência de memória de 10 . 9
computação com átomos. Mas limites nem sempre são o que parecem.
Novos entendimentos científicos têm um modo de empurrar para o lado
aparentes limites. Como um dos muitos exemplos disso, bem cedo na
história da aviação uma análise consensual dos limites da propulsão a jato
demonstrou que aviões a jato eram inviáveis. 71
picômetros).
Entretanto, nosso entendimento da matéria nessas escalas, especialmente
na faixa do femtômetro, não está bastante bem desenvolvido para propor
paradigmas de computação. Um Engines of Creation (livro fundamental de
1986 de Eric Drexler que forneceu as bases da nanotecnologia) para pico-
ou femtotecnologia ainda não foi escrito. Entretanto, cada uma das teorias
concorrentes sobre o comportamento da matéria e da energia nessas escalas
baseia-se em modelos matemáticos que são fundamentados em
transformações computáveis. Muitas das transformações na física fornecem
a base para a computação universal (ou seja, transformações a partir das
quais podem ser construídos computadores de uso geral), e pode ser que o
comportamento nas faixas de pico- e femtômetro também irá possibilitar
isso.
É claro que, mesmo que os mecanismos básicos da matéria nessas faixas
propicie a computação universal em teoria, ainda seria preciso inventar a
engenharia necessária para criar números maciços de elementos de
computação e aprender como controlá-los. Isso parece com os desafios que
progridem rapidamente no campo da nanotecnologia. Por agora, temos de
considerar especulativa a factibilidade de pico- e femtocomputação. Mas a
nanocomputação vai fornecer níveis maciços de inteligência; assim, se
houver uma possibilidade mínima de fazer, nossa inteligência futura
provavelmente irá descobrir os processos necessários. A experiência mental
que deveríamos estar fazendo não é se humanos, como os conhecemos hoje,
serão capazes de construir tecnologias de pico- e femtocomputação, mas se
a vasta inteligência futura baseada em nanotecnologia (que será trilhões de
trilhões de vezes mais capaz do que a inteligência humana biológica
contemporânea) será capaz de processar esses projetos. Embora eu acredite
ser provável que nossa inteligência futura baseada em nanotecnologia será
capaz de operar a computação em escalas menores do que a nanotecnologia,
as projeções neste livro referentes à Singularidade não dependem dessa
especulação.
Além de tornar menor a computação, podemos fazê-la maior, ou seja,
podemos reproduzir esses dispositivos muito pequenos em uma escala
maciça. Com a nanotecnologia plenamente concretizada, os recursos da
computação podem ser feitos para reproduzirem a si mesmos, podendo
assim converter rapidamente massa e energia em uma forma inteligente.
Entretanto, deparamos inesperadamente com a velocidade da luz, porque a
matéria no universo está espalhada por vastas distâncias.
Como se verá mais adiante, há pelo menos sugestões de que a velocidade
da luz pode não ser imutável. Os físicos Steve Lamoreaux e Justin
Torgerson, do Laboratório Nacional de Los Alamos, analisaram dados de
um velho reator nuclear natural que há 2 bilhões de anos produziu uma
reação de fissão durando várias centena de milhares de anos no que é
conhecido agora como África Ocidental. Examinando isótopos radioativos
75
Brun não fornece um projeto para tal dispositivo, mas estabelece que um
sistema assim é coerente com as leis da física. Seu computador para viajar
no tempo também não cria o “paradoxo do avô”, muitas vezes citado nas
discussões sobre viagem no tempo. Esse paradoxo muito conhecido aponta
que, se a pessoa A volta no tempo, ela poderia matar seu avô, fazendo com
que A não existisse, o que resulta em seu avô não ser morto por ela,
portanto A existiria e assim poderia voltar no tempo e matar seu avô e assim
por diante, ad infinitum.
O processo computacional de Brun de distender o tempo não parece
introduzir esse problema porque ele não afeta o passado. Ele produz uma
resposta determinada e não ambígua no presente para uma pergunta feita. A
pergunta deve ter uma resposta clara, e a resposta só é apresentada depois
que a pergunta é feita, embora o processo para determinar a resposta possa
ter lugar antes da pergunta ser feita usando o CTC. Por outro lado, o
processo poderia ter lugar depois que a pergunta é feita, e então usar o CTC
para trazer a resposta de volta para o presente (mas não antes de ser feita a
pergunta, porque isso iria introduzir o paradoxo do avô). Pode muito bem
haver barreiras fundamentais (ou limitações) para tal processo que ainda
não compreendemos, mas essas barreiras ainda têm de ser identificadas. Se
factível, iria expandir em muito o potencial da computação local. De novo,
todas as minhas estimativas das capacidades de computar e das capacidades
da Singularidade não dependem do pressuposto provisório de Brun.
Eric Drexler: Não sei não, Ray. Sou pessimista quanto aos prospectos da
picotecnologia. Com as partículas estáveis que conhecemos, não vejo como
pode haver uma estrutura em picoescala sem as pressões enormes
encontradas em uma estrela colapsada — uma anã branca ou uma estrela de
nêutrons —, e então você iria ter um naco sólido de uma coisa como metal,
mas 1 milhão de vezes mais denso. Isso não parece muito útil, mesmo se
fosse possível fazê-lo em nosso sistema solar. Se a física incluísse uma
partícula estável como um elétron, mas cem vezes mais maciça, seria uma
história diferente, mas a gente não conhece nenhuma.
RAY: Hoje manipulamos partículas subatômicas com aceleradores que estão
longe de reproduzir as condições de uma estrela de nêutrons. Além disso,
hoje estamos manipulando partículas subatômicas como elétrons com
dispositivos de mesa. Faz pouco, cientistas capturaram e pararam de chofre
um fóton.
Eric: É, mas que tipo de manipulação? Se contarmos manipular partículas
pequenas, então toda a tecnologia já é picotecnologia; porque toda a matéria
é feita de partículas subatômicas. Esmagar partículas juntas em aceleradores
produz entulho e não máquinas nem circuitos.
RAY: Eu não disse que resolvemos os problemas conceituais da
picotecnologia. Já anotei na agenda para fazer isso em 2072.
Eric: Ah, bom, então vejo que você me faz viver por muito tempo.
RAY: É sim, se você ficar na vanguarda dos insights de saúde e médicos e da
tecnologia, como tento fazer, vejo você em bastante boa forma por essa
época.
MOLLY 2104: Sim, um monte de vocês, baby boomers, chegou lá. Mas a
maioria não percebeu as oportunidades em 2004 para estender a
mortalidade humana tempo suficiente para aproveitar a revolução
biotecnológica, que atingiu seu ponto máximo uma década mais tarde,
seguida pela nanotecnologia uma década depois daquela.
MOLLY 2004: Então, Molly 2104, você deve ser extraordinária, considerando
que mil dólares de computação em 2080 podem realizar o equivalente a 10
bilhões de cérebros humanos pensando por 10 mil anos em questão de dez
microssegundos. Suponho que isso vai progredir ainda mais em 2104, e
também que você vai ter acesso a mais computação do que o equivalente a
mil dólares.
MOLLY 2104: Na realidade, milhões de dólares em média — bilhões quando
preciso deles.
MOLLY 2004: É bem difícil de imaginar.
MOLLY 2104: É, bom, acho que sou um tanto inteligente quando preciso.
MOLLY 2004: Na realidade, você não parece tão brilhante.
MOLLY 2104: Estou tentando ficar no seu nível.
MOLLY 2004: Espere um pouco, Dona Molly do futuro…
GEORGE 2048: Senhoras, por favor, vocês duas são muito charmosas.
MOLLY 2004: Bom, conte isso pra minha parceira aqui — ela acha que é 1
zilhão de vezes mais capaz do que eu.
GEORGE 2048: Ela está no seu futuro, você sabe. De qualquer jeito, sempre
achei que havia algo de especial em uma mulher biológica.
MOLLY 2104: É, e o que você sabe sobre mulheres biológicas?
GEORGE 2048: Já li muito sobre isso e me envolvi em algumas simulações
muito precisas.
MOLLY 2004: Está me ocorrendo que talvez vocês dois estejam deixando
escapar alguma coisa e não percebem.
GEORGE 2048: Não vejo como isso é possível.
MOLLY 2104: Com certeza, não.
MOLLY 2004: Não achei que vocês iam concordar. Mas existe uma coisa que
acho legal que vocês podem fazer.
MOLLY 2104: Só uma?
MOLLY 2004: Uma em que estou pensando. Você pode fundir seus
pensamentos com outra pessoa e, ao mesmo tempo, ainda manter separada
sua identidade.
MOLLY 2104: Se a situação — e a pessoa — for certa, então, sim, é uma coisa
muito sublime de fazer.
MOLLY 2004: Como se apaixonar?
MOLLY 2104: Como estar amando. É o jeito por excelência de compartilhar.
GEORGE 2048: Acho que você vai aceitar isso, Molly 2004.
MOLLY 2104: Você deve saber, George, já que foi a primeira pessoa com que
eu fiz isso.
CAPÍTULO 4
Projetando o software da inteligência
humana: como aplicar a engenharia
reversa no cérebro humano
Há boas razões para acreditar que estamos em um ponto de virada, e que será possível,
dentro das duas próximas décadas, formular um entendimento significativo da função
do cérebro. Essa visão otimista baseia-se em várias tendências mensuráveis e em uma
observação simples que tem sido comprovada repetidamente na história da ciência:
Avanços científicos são possibilitados por um avanço da tecnologia que nos permite ver
o que não conseguíamos ver antes. Por volta da virada do século XXI, passamos por
um ponto de virada perceptível tanto no conhecimento da neurociência quanto em
potência computacional. Pela primeira vez na história, sabemos coletivamente bastante
sobre nossos próprios cérebros e desenvolvemos uma tecnologia de computação tão
avançada que agora podemos empreender seriamente a construção de um modelo, em
tempo real, de alta resolução e verificável, de partes significativas de nossa
inteligência.
Lloyd Watts, neurocientista1
Agora, pela primeira vez, observamos com tanta clareza o cérebro trabalhando de
maneira global que devemos conseguir descobrir os programas gerais que estão por
trás de seus magníficos poderes.
J. G. Taylor, B. Horwitz, K. J. Friston, neurocientistas2
O cérebro é bom: é uma prova viva de que um determinado arranjo da matéria pode
produzir mente, raciocinar, reconhecer padrões, aprender, e muitas outras tarefas
interessantes. Portanto podemos aprender a construir novos sistemas tomando
emprestadas ideias do cérebro [...]. O cérebro é ruim: é um sistema evoluído, confuso,
onde um monte de interações acontece por causa de contingências da evolução [...].
Por outro lado, também tem de ser robusto (já que podemos sobreviver com ele) e ser
capaz de suportar variações bem grandes e afrontas ambientais, de modo que o insight
realmente valioso do cérebro pode ser como criar sistemas complexos resilientes que
bem organizem a si mesmos [...]. As interações dentro de um neurônio são complexas,
mas no nível seguinte neurônios parecem ser simples objetos que podem ser colocados
juntos, flexivelmente, em novas redes. As redes do córtex, localmente, são uma
verdadeira bagunça, porém, mais uma vez, no nível seguinte, a conectividade não é tão
complexa. Seria como se a evolução tivesse produzido uma porção de módulos ou
temas repetitivos que estão sendo reutilizados, e, quando os compreendermos e suas
interações, poderemos fazer algo parecido.
Anders Sandberg, neurocientista computacional, Royal Institute of Technology,
Suécia
Engenharia reversa do cérebro: Um panorama da
tarefa
A combinação de inteligência de nível humano com a inerente
superioridade de um computador em velocidade, precisão e habilidade de
compartilhar a memória será algo tremendo. Mas, até hoje, a maioria das
pesquisas e desenvolvimento de IA tem utilizado métodos de engenharia
que não estão necessariamente baseados no funcionamento do cérebro
humano, pela simples razão de que não tivemos as ferramentas exatas
necessárias para desenvolver modelos detalhados da cognição humana.
Nossa habilidade para aplicar engenharia reversa no cérebro — de ver
dentro dele, de modelá-lo e simular suas regiões — está crescendo
exponencialmente. Vamos entender, enfim, os princípios operacionais
subjacentes a toda a gama de nosso próprio pensamento, conhecimento que
nos fornecerá procedimentos potentes para desenvolver o software de
máquinas inteligentes. Iremos modificar, refinar e ampliar essas técnicas,
enquanto as aplicamos em tecnologias computacionais que são muito mais
potentes do que o processamento eletroquímico que tem lugar em neurônios
biológicos. Um benefício essencial desse projeto grandioso serão os
insights precisos que ele nos oferece sobre nós mesmos. Também vamos
ganhar novos modos potentes para tratar problemas neurológicos como
Alzheimer, derrame e deficiência sensorial e, em última análise, seremos
capazes de estender muito nossa inteligência.
•Os circuitos do cérebro são muito lentos. Demora tanto para recompor as
sinapses e estabilizar os neurônios (tempo necessário para que um neurônio
e suas sinapses recomponham-se depois do disparo do neurônio) que há
muito poucos ciclos disponíveis de disparo de neurônios para reconhecer
padrões. A visualização funcional por ressonância magnética (fMRI) e os
escaneamentos por magnetoencefalografia (MEG) mostram que juízos que
não dependem de resolver ambiguidades parecem ser feitos em um único
ciclo de disparo de neurônios (menos de vinte milissegundos), não
envolvendo em essência nenhum processo iterativo (repetitivo). O
reconhecimento de objetos ocorre em cerca de 150 milissegundos, de modo
que, mesmo se “vamos pensar”, o número de ciclos de operações é de
centenas ou, no máximo, de milhares, não bilhões, como com um
computador padrão.
•Mas ele é maciçamente paralelo. O cérebro tem conexões interneurais da
ordem de 100 trilhões, todas elas potencialmente processando informações
ao mesmo tempo. Esses dois fatores (pouco tempo de ciclo e paralelismo
maciço) resultam em certo nível de capacidade de computar para o cérebro,
como visto antes.
Hoje, os maiores computadores aproximam-se dessa escala. Os principais
supercomputadores (incluindo aqueles usados pelos motores de busca mais
populares) medem mais de 10 cps, o que corresponde à faixa mais baixa
14
cientista do cérebro Allan Snyder relatou que cerca de 40% de seus sujeitos
de teste ligados à TMS exibem novas habilidades significativas, muitas das
quais são notáveis, como habilidade para desenhar. 38
espacial do sistema óptico projetado será bastante alta para gerar imagens
de neurônios individuais e em um tempo de resolução de um milissegundo,
o que é suficiente para registrar o disparo de cada neurônio.
As versões iniciais são capazes de escanear, ao mesmo tempo, cerca de
cem células, a uma profundidade de até dez mícrons da câmera. Uma
versão futura fará a imagem de até mil células simultaneamente, a uma
distância de até 150 mícrons da câmera e com um tempo de resolução de
submilissegundos. O sistema pode digitalizar tecido neural in vivo (em um
cérebro vivo) enquanto um animal está realizando uma tarefa mental,
embora a superfície do cérebro deva ser exposta. O tecido neural é tingido
para gerar fluorescência dependente de voltagem, que é captada pela
câmera de alta resolução. O sistema de varredura será usado para examinar
os cérebros de animais antes e depois de aprenderem habilidades
perceptivas específicas. Esse sistema combina a resolução temporária
rápida (um milissegundo) do MEG, enquanto gera imagens de neurônios e
conexões individuais.
Também foram desenvolvidos métodos não invasivos para ativar
neurônios, ou até uma parte específica de um neurônio de maneira temporal
e espacialmente precisa. Uma abordagem envolvendo fótons usa uma
excitação direta de “dois fótons”, chamada de “microscopia de varredura a
laser de dois fótons” (two-photon laser scanning microscopy em inglês —
TPLSM). Isso cria um único ponto de foco no espaço tridimensional que
41
permite uma digitalização com resolução muito alta. Ela utiliza pulsos de
laser que duram apenas um milionésimo de um bilionésimo de segundo
(10 segundos) para detectar a excitação de sinapses únicas no cérebro
−15
terapias contra o câncer, abordagens parecidas podem ser usadas para abrir
as portas para nanorrobots que irão escanear o cérebro e melhorar nosso
funcionamento mental.
•Poderíamos contornar a corrente sanguínea junto com o BBB injetando
nanorrobots em áreas do cérebro que têm acesso direto ao tecido neural.
Como menciono abaixo, novos neurônios migram dos ventrículos para
outras partes do cérebro. Os nanorrobots podem seguir o mesmo caminho
de migração.
•Rob Freitas descreveu várias técnicas para os nanorrobots monitorarem os
sinais. Estes serão importantes tanto para a engenharia reversa dos
48
nosso cérebro com o de uma girafa, cuja estrutura não é tão diferente de um
cérebro humano, mas que claramente não tem a capacidade de entender
seus próprios métodos. No entanto, o sucesso recente no desenvolvimento
de modelos altamente detalhados em vários níveis — de componentes
neurais como sinapses a grandes regiões neurais como o cerebelo —
demonstra que construir modelos matemáticos precisos de nossos cérebros
e depois simular esses modelos com computação é uma tarefa desafiadora
mas viável quando os recursos dos dados estiverem disponíveis. Embora
modelos tenham uma longa história em neurociência, só faz pouco tempo
que se tornaram suficientemente abrangentes e detalhados para permitir
simulações baseadas neles para agir como experiências reais do cérebro.
Sete das doze imagens de onde o olho extrai uma cena e envia para o
cérebro.
Carver Mead foi pioneiro no uso de chips neurais especiais que utilizam
transistores em seu modo analógico original, que podem fornecer uma
imitação muito eficiente da natureza analógica do processamento neural.
Mead apresentou um chip que realiza as funções da retina e as
transformações iniciais no nervo óptico usando essa abordagem. 106
razões para selecionar essa região do cérebro em especial foi de que “ela
está presente em todos os vertebrados — é exatamente igual desde o
cérebro mais simples até o mais complexo”, explica Rodolfo Llinas, um dos
pesquisadores e neurocientista da Escola de Medicina da Universidade de
Nova York. “A suposição é de que ele é preservado (na evolução) porque
incorpora uma solução muito inteligente. Quando o sistema está envolvido
na coordenação motora — e queremos ter uma máquina que tenha controle
motor sofisticado — a escolha (de qual circuito imitar) é fácil.”
Um dos aspectos únicos do simulador do grupo é que ele usa circuitos
analógicos. Os pesquisadores acharam o desempenho substancialmente
melhor com bem menos componentes através do uso de transistores em seu
modo analógico original.
Um dos pesquisadores do grupo, Ferdinando Mussa-Ivaldi,
neurocientista da Universidade Northwestern, comentou sobre os usos de
um circuito olivocerebelar dos deficientes: “Pense em um paciente
paralisado. É possível imaginar que muitas das tarefas comuns — como
pegar um copo d’água, vestir roupa, tirar a roupa, mudar para uma cadeira
de rodas — poderiam ser executadas por assistentes robóticos, dando assim
ao paciente maior independência.”
uma apresentação em partes, cada uma das quais pode, então, ser dominada
através de um refinamento recursivo e iterativo.
A recursividade é a capacidade-chave identificada em uma nova teoria da
linguística. Nas teorias iniciais de Noam Chomsky sobre a linguagem em
humanos, ele citou muitos atributos comuns que explicam a similaridade
nas línguas humanas. Em um artigo de 2002, Marc Hauser, Noam Chomsky
e Tecumseh Fitch citam a “recursividade” como a explicação para a
faculdade de falar, única da espécie humana. A recursividade é a
113
humanos de inteligência, meus requisitos para fazer upload eram mais altos:
10 cps e 10 bits, respectivamente. A razão para as estimativas mais altas é
19 18
que as mais baixas baseiam-se nos requisitos para recriar regiões do cérebro
em níveis humanos de desempenho, enquanto as mais altas baseiam-se em
capturar os detalhes salientes de cada um dos nossos cerca de 10 neurônios 11
e 10 conexões interneurais. Quando o upload for factível, provavelmente
14
disponíveis por mil dólares no começo dos anos 2030, cerca de uma década
mais tarde do que os recursos necessários para a simulação funcional. Os
requisitos do escaneamento para fazer o upload também intimidam mais do
que “meramente” recriar os poderes gerais da inteligência humana. Em
teoria, seria possível fazer o upload do cérebro humano, capturando todos
os detalhes necessários, sem entender, obrigatoriamente, o plano geral do
cérebro. Na prática, entretanto, isso não parece funcionar. Entender os
princípios operacionais do cérebro humano vai revelar quais detalhes são
essenciais e quais são destinados a serem descartados. É preciso saber, por
exemplo, quais moléculas dos neurotransmissores são críticas e se é preciso
capturar níveis, posição e localização e/ou formato molecular. Como já foi
discutido, estamos, por exemplo, acabando de aprender que é a posição das
moléculas de actina e a forma das moléculas CPEB na sinapse que são
fundamentais para a memória. Não será possível confirmar quais os
detalhes que são cruciais sem ter antes confirmado que se compreende a
teoria operacional. Essa confirmação virá na forma de uma simulação
funcional da inteligência humana que passe no teste de Turing, o que
acredito que vai acontecer por volta de 2029. 119
é limitado, e assim, embora Einstein tocasse música, ele não foi um músico
renomado. Picasso não escreveu grandes poesias, e assim por diante. À
medida que o cérebro humano for recriado, não estaremos limitados em
nossa habilidade de desenvolver cada aptidão. Não teremos de
comprometer uma área para melhorar outra.
Também poderemos ganhar um insight quanto a nossas diferenças e um
entendimento dos distúrbios humanos. O que houve de errado com o
assassino em série? Afinal, isso deve ter algo a ver com seu cérebro. Esse
tipo de comportamento desastroso claramente não é o resultado de
indigestão.
MOLLY 2004: Sabe de uma coisa, duvido que sejam só os cérebros com que a
gente nasce que são responsáveis por nossas diferenças. E nossas batalhas
durante a vida, e todo esse monte de coisas que estou tentando aprender?
RAY: É, isso é parte do paradigma também, não? Temos cérebros que podem
aprender, desde quando aprendemos a andar e falar, até quando estudamos
química no colégio.
Marvin Minsky: É verdade que educar nossas IAs vai ser uma parte
importante do processo, mas a gente pode automatizar muito a educação, o
que vai acelerar as coisas. E lembrem, também, que quando uma IA
aprende alguma coisa, ela pode compartilhar depressa esse conhecimento
com muitas outras IAs.
RAY: Poderão acessar, na web, todo o nosso conhecimento
exponencialmente crescente, que vai incluir ambientes habitáveis, de
realidade virtual e imersão total, onde poderão interagir umas com as outras
e com humanos biológicos que estão se projetando, eles mesmos, nesses
ambientes.
SIGMUND: Essas IAs ainda não têm corpo. Como nós dois ressaltamos, a
emoção humana e grande parte de nosso pensamento são dirigidas a nosso
corpo e a satisfazer as necessidades sensoriais e sexuais dele.
RAY: Quem disse que não vão ter corpos? Como vou discutir na seção da
versão 2.0 do corpo humano, capítulo 6, teremos os meios para criar corpos
não biológicos, mas parecidos com os humanos, bem como corpos virtuais
na realidade virtual.
SIGMUND: Mas um corpo virtual não é um corpo real.
RAY: A palavra “virtual” é um tanto infeliz. Ela implica em “não real”, mas
a realidade é que um corpo virtual é tão real quanto um corpo físico em
tudo que importa. Pensem que um telefone é uma realidade virtual auditiva.
Ninguém acha que a própria voz nesse ambiente de realidade virtual não é
uma voz “real”. Com meu corpo físico hoje, não sinto diretamente o toque
de alguém no meu braço. Meu cérebro recebe sinais processados que
começam pelas terminações nervosas do meu braço, vão serpentear pela
medula espinhal, através do tronco encefálico, e subir para as regiões da
ínsula. Se meu cérebro — ou o cérebro de uma IA — recebe sinais
semelhantes ao toque virtual de alguém em um braço virtual, não se nota
nenhuma diferença.
Marvin: Lembrem que nem todas as IAs vão precisar de corpos humanos.
RAY: De fato. Como humanos, apesar de alguma plasticidade, tanto nossos
corpos quanto nossos cérebros têm uma arquitetura relativamente fixa.
MOLLY 2004: É, isso é chamado de ser humano, coisa com que você parece
ter um problema.
RAY: Na realidade, muitas vezes tenho um problema com todas as
limitações e a manutenção que requer minha versão 1.0 do corpo, sem falar
das limitações do meu cérebro. Mas aprecio de verdade as alegrias do corpo
humano. Meu ponto é que as IAs podem ter e vão ter o equivalente aos
corpos humanos tanto em ambientes reais quanto virtuais. Mas, como
Marvin enfatizou, elas não vão estar limitadas só a isso.
MOLLY 2104: Não vão ser só as IAs que ficarão livres das limitações da
versão 1.0 dos corpos. Humanos de origem biológica terão a mesma
liberdade tanto na realidade real quanto na virtual.
GEORGE 2048: Lembrem que não vai haver uma distinção clara entre IAs e
humanos.
MOLLY 2104: É, exceto pelos HSMO (Humanos do Subsolo Muito
Originais), é claro.
1 ∗ Equivalente à Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa). (N.T.)
CAPÍTULO 5
GNR: três revoluções sobrepostas
Há poucas coisas de que a geração atual se orgulha, e com razão, além das melhorias
maravilhosas que diariamente acontecem em todo tipo de aparelho mecânico… Mas o
que aconteceria se a tecnologia continuasse a evoluir muito mais rápido do que os
reinos animal e vegetal? Vai tirar nosso lugar na supremacia da terra? Assim como o
reino vegetal desenvolveu-se lentamente a partir do mineral, e, de modo semelhante, o
animal sucedeu ao vegetal, também agora, nestas últimas poucas eras, emergiu um
reino totalmente novo, de que ainda só vimos aquilo que um dia poderá ser
considerado como os protótipos antediluvianos da raça… Diariamente estamos dando
às máquinas mais potência e fornecendo, por todo tipo de dispositivos engenhosos,
aquele poder autorregulador, automático, que será em relação a elas o que o intelecto
tem sido para a raça humana.
Samuel Butler, 1863 (quatro anos depois da publicação de A origem das espécies, de
Darwin)
Quem será o sucessor do homem? A resposta é: nós mesmos estamos criando nossos
próprios sucessores. O homem vai tornar-se para a máquina aquilo que o cavalo e o
cachorro são para o homem; a conclusão sendo que as máquinas são, ou estão ficando,
vivas.
Samuel Butler, 1863, carta, “Darwin Among the Machines”1
A primeira metade do século XXI será caracterizada por três revoluções
que se sobrepõem — na genética, na nanotecnologia e na robótica. Estas
irão introduzir, naquilo a que me referi antes como Época Cinco, o começo
da Singularidade. Hoje, estamos nos estágios iniciais da revolução “G”. Ao
entender os processos de informação subjacentes à vida, começamos a
aprender a reprogramar nossa biologia para atingir a eliminação virtual das
doenças, a expansão dramática do potencial humano e o prolongamento
radical da vida. Mas Hans Moravec ressalta que, não importa quanto
sucesso tenhamos ao aplicar a sintonia fina em nossa biologia baseada em
DNA, os humanos continuarão sendo “robots de segunda classe”, ou seja, a
biologia jamais será capaz de igualar o que poderemos criar quando
entendermos totalmente os princípios operacionais da biologia. 2
Embora ainda não haja um consenso sobre como medir a idade biológica,
meus resultados nesses testes correspondiam às normas públicas para essa
idade. Portanto, de acordo com esse conjunto de testes, não envelheci muito
nos últimos dezesseis anos, o que é confirmado pelos muitos exames de
sangue que faço, bem como pelo jeito como me sinto.
Esses resultados não são por acaso; tenho sido muito agressivo ao
reprogramar minha bioquímica. Tomo 250 suplementos (pílulas) por dia e
recebo meia dúzia de terapias intravenosas toda semana (basicamente
suplementos nutricionais postos diretamente em minha corrente sanguínea,
evitando com isso que passem por meu aparelho gastrointestinal). Como
resultado, as reações metabólicas de meu corpo são completamente
diferentes do que seriam do outro jeito. Abordando isso como engenheiro,
16
O obstáculo principal que tem de ser superado para que a terapia gênica
seja aplicada em humanos é a colocação adequada de um gene em uma fita
de DNA e monitoração da expressão do gene. Uma solução possível é
inserir um gene relator de imagens junto com o gene terapêutico. Os sinais
da imagem iriam permitir uma supervisão de perto tanto da colocação
quanto do nível de expressão. 36
Revertendo o envelhecimento
É lógico supor que no início da evolução de nossa espécie (e dos
precursores de nossa espécie), a sobrevivência não teria sido auxiliada —
de fato, ela teria sido comprometida — por indivíduos que vivessem muito
mais do que os anos necessários para criar os filhos. Entretanto, pesquisas
recentes sustentam a chamada hipótese da avó, que sugere um efeito
contrário. Rachel Caspari, antropóloga da Universidade de Michigan, e
San-Hee Lee, da Universidade da Califórnia em Riverside, encontraram
provas de que a proporção de humanos vivendo para se tornarem avós (que,
nas sociedades primitivas, muitas vezes eram jovens de trinta anos)
aumentou constantemente nos últimos 2 milhões de anos, com um aumento
de cinco vezes mais do que aconteceu na era paleolítica superior (a cerca de
30 mil anos). Essa pesquisa tem sido citada para sustentar a hipótese de que
a sobrevivência das sociedades humanas foi auxiliada pelas avós, que não
só ajudavam a criar famílias grandes, mas também transmitiam a sabedoria
acumulada dos anciãos. Esses efeitos podem ser uma interpretação razoável
dos dados, mas o aumento geral da longevidade também reflete uma
tendência contínua de maior expectativa de vida que continua até hoje. Da
mesma forma, apenas um número pequeno de vovós (e uns poucos vovôs)
teriam sido necessários para terem os efeitos sociais que os proponentes
dessa teoria têm reivindicado, portanto essa hipótese não põe sensivelmente
em xeque a conclusão de que os genes que sustentaram um prolongamento
significativo da vida não foram selecionados.
Envelhecer não é um processo único, e envolve múltiplas alterações. De
Grey descreve sete processos básicos que estimulam a senescência, e ele
identificou as estratégias para reverter cada um deles.
eficiente das células e sofrem mutações em uma taxa mais alta do que os
genes do núcleo. Quando for dominada a terapia gênica somática, será
possível inserir múltiplas cópias desses genes no núcleo da célula,
fornecendo assim redundância (backup) para essa informação genética tão
vital. Na célula já existe o mecanismo que permite que as proteínas
codificadas no núcleo sejam importadas para as mitocôndrias, portanto não
é necessário que essas proteínas sejam produzidas nas próprias
mitocôndrias. De fato, a maioria das proteínas necessárias para o
funcionamento das mitocôndrias já está codificada pelo DNA do núcleo.
Pesquisadores conseguiram transferir genes da mitocôndria para os núcleos
em culturas de células.
tóxico seja ingerido pelas células do sistema imunológico, estas podem ser
destruídas pelas estratégias descritas acima para combater agregados
intracelulares.
é a razão fundamental para que a maioria dos fetos criados por esse método
não chegue a termo. Mesmo aqueles que chegam têm defeitos genéticos.
Dolly, a ovelha, desenvolveu um problema de obesidade quando adulta, e a
maioria dos animais clonados até agora tem tido problemas de saúde
imprevisíveis. 58
das células somáticas, quem tem diabetes tipo 1 será capaz de fazer células
das ilhotas pancreáticas a partir de suas próprias células, ou das células da
pele (transdiferenciação) ou das células-tronco adultas. Ele estaria usando
seu próprio DNA e aproveitando um suprimento relativamente inexaurível
de células, portanto, não seria necessária nenhuma droga contra a rejeição.
(Mas para curar definitivamente a diabetes tipo 1, também seria preciso
superar a enfermidade autoimune do paciente, que faz com que seu corpo
destrua as células das ilhotas.)
Ainda mais entusiasmante é a perspectiva de substituir os órgãos e
tecidos de uma pessoa por seus substitutos “jovens” sem usar a anestesia.
Introduzir células clonadas, com telômeros prolongados e DNA corrigido
em um órgão vai fazer com que elas se integrem com as células mais
velhas. Repetindo tratamentos desse tipo por um tempo, o órgão vai acabar
sendo dominado pelas células mais jovens. De qualquer modo, é normal
substituirmos nossas próprias células regularmente, então por que não fazer
isso com células jovens, rejuvenescidas, em vez das cheias de erros, com
telômeros encurtados? Não há motivo para que não se possa repetir esse
processo para cada órgão e tecido de nosso corpo, permitindo que fiquemos
progressivamente mais jovens.
NED LUDD: Se todo o mundo pode mudar seus genes, então todo o mundo
vai escolher ser “perfeito” em todos os sentidos, então não vai haver
diversidade, e ser excelente vai ficar sem sentido.
RAY: Não exatamente. É óbvio que os genes são importantes, mas nossa
natureza — habilidades, conhecimento, memória, personalidade — reflete a
informação do projeto em nossos genes, assim como nossos corpos e
cérebros se organizam através de nossa experiência. Isso fica logo evidente
em nossa saúde. Eu, pessoalmente, tenho uma disposição genética para
diabetes tipo 2, na verdade fui diagnosticado com essa doença há mais de
vinte anos. Mas hoje não tenho nenhuma indicação de diabetes porque
superei essa disposição genética como resultado de reprogramar minha
bioquímica através das escolhas de estilo de vida como nutrição, exercício e
suplementação agressiva. Com relação a nossos cérebros, nós todos temos
várias aptidões, mas nossos talentos reais são uma função daquilo que
aprendemos, desenvolvemos e vivenciamos. Nossos genes refletem apenas
predisposições. Pode-se ver como isso funciona no desenvolvimento do
cérebro. Os genes descrevem certas regras e restrições para padrões de
conexão interneural, mas as conexões reais que temos como adultos são
resultado de um processo de se organizarem com base em nosso
aprendizado. O resultado final — quem somos nós — é profundamente
influenciado tanto pela natureza (genes) quanto pela criação (experiência).
Assim, quando tivermos a oportunidade de mudar nossos genes quando
adultos, não iremos apagar a influência de nossos genes iniciais.
Experiências anteriores à terapia gênica terão sido traduzidas pelos genes de
antes da terapia, portanto nosso caráter e nossa personalidade ainda serão
formados primordialmente pelos genes originais. Por exemplo, se alguém
adicionasse genes para aptidão musical a seu cérebro através da terapia
gênica, você não iria de repente tornar-se um gênio da música.
NED: Ok, eu entendo que os baby boomers de design não podem se livrar
completamente de seus genes pré-design, mas, como bebês de design, eles
vão ter os genes e o tempo para expressá-los.
RAY: A revolução dos “bebês de design” vai ser muito lenta; não será um
fator significativo neste século. Outras revoluções vão ultrapassá-la. Não
teremos a tecnologia para bebês de design pelos próximos dez a vinte anos.
À medida que for usada, será adotada gradualmente, e depois essas
gerações vão levar outros vinte anos para chegarem à maturidade. Por essa
época, estaremos nos aproximando da Singularidade, com a verdadeira
revolução sendo o predomínio da inteligência não biológica. Isso estará
muito além das habilidades de qualquer designer de genes. A ideia de bebês
de design e baby boomers é apenas a reprogramação dos processos de
informação na biologia. Mas ainda é biologia, com todas as suas profundas
limitações.
NED: Você está deixando escapar alguma coisa. Biológicos é o que somos.
Acho que a maioria das pessoas iria concordar que ser biológico é o
atributo, por excelência, do ser humano.
RAY: Hoje, isso é com certeza verdade.
NED: E pretendo conservá-lo assim.
RAY: Bem, se você fala por si mesmo, tudo bem. Mas se ficar biológico e
não reprogramar seus genes, você não ficará por aqui por muito tempo para
influir no debate.
proposta, o computador roda um programa que, por sua vez, constrói uma
cópia de ambos, o computador (incluindo seu programa de se autorreplicar)
e o construtor. Nesse nível a proposta descrita por Von Neumann é bem
abstrata — o computador e o construtor poderiam ser feitos de muitos
jeitos, bem como de diversos materiais, e poderiam até ser uma construção
matemática teórica. Mas ele levou o conceito um passo adiante e propôs um
“construtor cinemático”: um robot com no mínimo um manipulador (braço)
que iria construir uma réplica dele mesmo de um “mar de peças” em seu
meio. 73
É claro que o custo real seria o valor da informação que descreve cada
tipo de produto — isto é, o software que controla o processo de montagem.
Em outras palavras, o valor de tudo no mundo, inclusive objetos físicos,
seria baseado essencialmente na informação. Hoje não estamos muito longe
dessa situação, já que o conteúdo da informação nos produtos está
aumentando rápido, gradualmente aproximando-se de uma assíntota de
100% de seu valor.
O projeto do software que controla os sistemas de fabricação molecular
seria em si mesmo extensamente automatizado, bem semelhante ao projeto
de chips hoje. Os projetistas de chips não especificam a localização de cada
um dos bilhões de fios e componentes, mas sim aspectos e funções
específicas, que sistemas de projetar auxiliados por computadores (CAD)
traduzem em projetos reais de chips. De modo semelhante, os sistemas do
CAD iriam produzir o software do controle de fabricação molecular a partir
de especificações de alto nível. Isso incluiria a habilidade de usar a
engenharia reversa em um produto, escaneando-o em três dimensões e
depois gerando o software necessário para replicar suas aptidões gerais.
Em operação, o local central de armazenamento de dados iria enviar
comandos, ao mesmo tempo, para muitos trilhões (algumas estimativas
chegam a 10 ) de robots em um montador, todos recebendo a mesma
18
molécula, movido a energia solar, foi criado a partir de 58 átomos por Ben
Feringa da Universidade de Groningen, nos Países Baixos. Um progresso
84
como octaedros rígidos, que podiam ser usados como blocos para construir
estruturas tridimensionais elaboradas. Outra aplicação desse processo seria
utilizar os octaedros como compartimentos para levar proteínas, o que
Gerald F. Joyce, um dos pesquisadores do Scripps, chamou de um “vírus ao
contrário”. Os vírus, que também podem montar a si mesmos, em geral têm
uma camada externa de proteínas com o DNA (ou RNA) do lado de dentro.
“Com isso”, Joyce indicou, “em princípio, seria possível ter DNA do lado
de fora e proteínas do lado de dentro.”
Uma demonstração particularmente impressionante de um dispositivo em
nanoescala construído a partir do DNA é um robot bípede bem pequeno que
pode andar com pernas que têm dez nanômetros de comprimento. Tanto as 90
O debate recrudesce
muitas ferramentas que vão além dos SPMs e que podem manipular, de
modo confiável, átomos e fragmentos moleculares.
Em 3 de setembro de 2003, Drexler respondeu à resposta de Smalley a
sua carta inicial, aludindo mais uma vez ao extenso corpo de literatura que
Smalley deixa de consultar. Citou a analogia a uma fábrica moderna, só
109
exemplo, ele escreve que: “assim como não se consegue fazer com que um
rapaz e uma moça se apaixonem um pelo outro simplesmente empurrando-
os para ficarem juntos, não se consegue fazer com que aconteça uma
química com a precisão desejada entre dois objetos moleculares só com um
simples movimento mecânico. [Isso] não pode ser feito apenas amassando
juntos dois objetos moleculares”. De novo, ele reconhece que, de fato, as
enzimas realizam isso, mas se recusa a aceitar que tais reações possam
ocorrer fora de um sistema como o biológico: “Isso é porque eu o levei [...]
para falar da química real com enzimas reais. [Qualquer] sistema desses vai
precisar de um meio líquido. Para as enzimas que conhecemos, esse líquido
terá de ser a água, e os tipos de coisas que podem ser sintetizados dentro da
água não podem ser muito maiores do que a carne e o osso da biologia”.
O argumento de Smalley é do tipo “Hoje não tem X, portanto X é
impossível”. Muitas vezes encontramos esse tipo de argumento na área da
inteligência artificial. Há críticos que vão citar as limitações dos sistemas de
hoje como prova de que tais limitações são inerentes e jamais poderão ser
superadas. Por exemplo, esses críticos desconsideram a extensa lista de
exemplos contemporâneos de IA (ver a seção “Uma amostragem da IA
restrita”, na página 318) que representam sistemas comercialmente
disponíveis que funcionam e que eram apenas programas de pesquisa há
uma década.
Aqueles dentre nós que tentam projetar o futuro com base em
metodologias bem fundamentadas estão em desvantagem. Algumas
realidades futuras podem ser inevitáveis, mas ainda não se manifestaram,
portanto é fácil negá-las. Um pequeno corpo de pensamento no começo do
século XX insistia que era possível o voo mais-pesado-do-que-o-ar, mas os
céticos tradicionais podiam simplesmente apontar que, se era tão factível,
por que nunca tinha sido demonstrado?
Smalley revela pelo menos parte de seus motivos no final de sua carta
mais recente, quando escreve:
Primeiros adotantes
Energizando a Singularidade
energia hoje no mundo. Dessa energia, cerca de 33% vem do petróleo, 25%
do carvão, 20% do gás, 7% de reatores nucleares de fissão, 15% de
biomassa e hidrelétricas, e apenas 0,5% de tecnologias renováveis solares,
eólicas e geotérmicas. A maior parte da poluição do ar e contribuições
115
que a quantidade de energia que poderia ser produzida e usada sem afetar o
equilíbrio global da energia necessária para manter a atual ecologia
biológica (a que os climatologistas se referem como o “limite
hipsitérmico”) é de cerca de 10 watts. Isso iria permitir um número muito
15
Hoje a energia solar custa mais ou menos 2,75 dólares por watt. Várias 136
deixam sair a insulina mas não deixam entrar os anticorpos que destroem
essas células. Há muitos outros projetos inovadores desse tipo já sendo
feitos.
MOLLY 2004: Ok, então vou ter todos esses nanorrobots na minha corrente
sanguínea. Além de fazer com que eu fique sentada durante horas no fundo
da minha piscina, o que mais isso pode fazer por mim?
RAY: Vão conservar sua saúde. Vão destruir patógenos como as bactérias, os
vírus e as células de câncer, e não vão correr o risco das várias armadilhas
do sistema imunológico, como as reações autoimunes. Ao contrário do seu
sistema imunológico biológico, se não gostar do que os nanorrobots estão
fazendo, você pode dizer a eles para fazer algo diferente.
MOLLY 2004: Você quer dizer mandar um e-mail para os meus nanorrobots?
Assim: ô nanorrobots, parem de destruir aquelas bactérias no meu intestino
porque na realidade elas são boas para a minha digestão?
RAY: É, bom exemplo. Os nanorrobots estarão sob nosso controle. Eles irão
comunicar-se uns com os outros e com a internet. Hoje mesmo temos
implantes neurais (por exemplo, para a doença de Parkinson) que permitem
que o paciente baixe neles um novo software.
MOLLY 2004: Isso meio que faz a questão de vírus no software ficar muito
mais séria, não é? Agora mesmo, se sou atingida por um vírus ruim de
software, posso ter de rodar um programa para limpar os vírus e carregar de
volta meus backups, mas, se os nanorrobots na minha corrente sanguínea
receberem uma mensagem mal-intencionada, eles podem começar a
destruir minhas células sanguíneas.
RAY: É provável que essa seja mais uma razão para você querer células
sanguíneas robóticas, mas sua argumentação é válida. Mas isso não é uma
questão nova. Mesmo em 2004, já temos os sistemas de software que
controlam as unidades de terapia intensiva, aterrissam os aviões e guiam os
mísseis de cruzeiro. Portanto, a integridade do software já tem importância
fundamental.
MOLLY 2004: É verdade, mas a ideia do software rodando no meu corpo e no
meu cérebro parece mais assustadora. No meu computador pessoal, recebo
mais de cem mensagens de spam por dia, várias delas contendo vírus
maliciosos de software. Não fico muito à vontade com nanorrobots no meu
corpo recebendo vírus de software.
RAY: Você está pensando em termos de acesso convencional à internet. Com
as VPNs (redes particulares), hoje já temos o meio de criar firewalls
seguros — se não fosse assim, os sistemas cruciais contemporâneos seriam
impossíveis. Eles funcionam bastante bem, e a tecnologia da segurança da
internet vai continuar a evoluir.
MOLLY 2004: Acho que tem gente que iria discordar da sua confiança nos
antivírus.
RAY: Eles não são perfeitos, é verdade, e nunca serão, mas ainda teremos
outro par de décadas antes de softwares rodarem nos nossos corpos e
cérebros.
MOLLY 2004: Certo, mas os criadores de vírus também vão melhorar seu
ofício.
RAY: Vai ser um impasse tenso, não há dúvida. Mas os benefícios hoje
claramente superam os danos.
MOLLY 2004: Claramente quanto?
RAY: Bom, não tem ninguém defendendo seriamente que a gente acabe com
a internet porque os vírus de software são um problema tão grande.
MOLLY 2004: Com isso, eu concordo.
RAY: Quando a nanotecnologia estiver madura, vai resolver os problemas da
biologia ao vencer os patógenos biológicos, remover as toxinas, corrigir os
erros do DNA e reverter outras fontes do envelhecimento. Então vamos ter
de lidar com os novos riscos que ela introduz, assim como a internet
introduziu o perigo de vírus de software. Essas novas armadilhas vão incluir
o potencial da nanotecnologia de se autorreproduzir, ficar descontrolada,
bem como a integridade do software que controla esses nanorrobots
potentes, distribuídos.
MOLLY 2004: Você falou em reverter o envelhecimento?
RAY: Vejo que você já está escolhendo um dos benefícios principais.
MOLLY 2004: Então, como os nanorrobots vão fazer isso?
RAY: Para falar a verdade, nós vamos realizar a maior parte disso com a
biotecnologia, com métodos como a interferência no RNA para desligar os
genes destrutivos, com a terapia genética para alterar seu código genético,
com a clonagem terapêutica para regenerar suas células e tecidos, com
drogas inteligentes para reprogramar seus caminhos metabólicos e muitas
outras técnicas emergentes. Mas aquilo que a biotecnologia não consegue
realizar, teremos os meios para fazer com a nanotecnologia.
Molly 2204: Tal como?
RAY: Os nanorrobots poderão viajar pela corrente sanguínea, depois entrar
ou rodear nossas células e realizar vários serviços, como remover as
toxinas, limpar os detritos, corrigir os erros do DNA, consertar e restaurar
as membranas celulares, reverter a aterosclerose, modificar os níveis dos
hormônios, dos neurotransmissores e outros compostos químicos
metabólicos e uma miríade de outras tarefas. Para cada processo de
envelhecimento, podemos descrever um meio para que os nanorrobots
revertam o processo, até o nível de células individuais, componentes
celulares e moléculas.
MOLLY 2004: Então vou ficar jovem para sempre?
RAY: A ideia é essa.
MOLLY 2004: Quando você disse que eu posso conseguir isso?
RAY: Pensei que você estava preocupada com os antivírus dos nanorrobots.
MOLLY 2004: É, bom, tenho tempo para me preocupar com isso. Então qual
foi o prazo previsto?
RAY: Mais ou menos vinte a 25 anos.
MOLLY 2004: Tenho 25 agora, então vou envelhecer até uns 45 e depois ficar
nisso?
RAY: Não, não é exatamente essa a ideia. Você pode diminuir o ritmo do
envelhecimento até que este só se arraste, hoje mesmo, adotando o
conhecimento que já temos. Dentro de dez a vinte anos, a revolução
biotecnológica vai fornecer meios bem mais potentes para deter e, em
muitos casos, reverter cada doença e processo de envelhecimento. E não é
que não vai acontecer nada enquanto isso. A cada ano, vamos ter técnicas
mais potentes e o processo vai se acelerar. Aí a nanotecnologia vai acabar o
trabalho.
MOLLY 2004: É claro, é difícil para você fazer uma sentença sem usar a
palavra “acelerar”. E até qual idade biológica eu vou chegar?
RAY: Acho que você vai se acomodar perto dos trinta e ficar aí por um
tempo.
MOLLY 2004: Trinta parece muito bom. De qualquer jeito, acho que uma
idade um pouco mais madura do que 25 é uma boa ideia. Mas o que você
quer dizer com “por um tempo”?
RAY: Deter e reverter o envelhecimento é só o começo. Usar nanorrobots
para a saúde e a longevidade é só a primeira fase de introduzir a
nanotecnologia e a computação inteligente em nossos corpos e cérebros. O
resultado mais profundo é que vamos aumentar nossos processos de
pensamento com nanorrobots que se comunicam uns com os outros e com
nossos neurônios biológicos. Depois que a nossa inteligência não biológica
conseguir por o pé, por assim dizer, em nossos cérebros, ela vai ficar
subordinada à Lei dos Retornos Acelerados e vai se expandir
exponencialmente. Nosso pensamento biológico, por outro lado, está
basicamente atolado.
MOLLY 2004: Lá vem você de novo com coisas que se aceleram, mas, quando
isso realmente tomar impulso, pensar com os neurônios biológicos vai ser
bem vulgar em comparação.
RAY: Essa é uma boa afirmação.
MOLLY 2004: Então, dona Molly do futuro, quando foi que abandonei meu
corpo e meu cérebro biológicos?
MOLLY 2104: Veja bem, você não quer de verdade que eu soletre seu futuro,
não é? E de qualquer jeito, na realidade essa não é uma pergunta simples.
MOLLY 2004: Como é isso?
MOLLY 2104: Nos anos 2040, desenvolvemos os meios para criar
instantaneamente novas porções de nós mesmos, ou biológicas ou não
biológicas. Ficou evidente que nossa verdadeira natureza era um padrão de
informações, mas nós ainda precisávamos nos manifestar como alguma
forma física. Mas a gente poderia bem depressa mudar essa forma física.
MOLLY 2004: Como?
MOLLY 2104: Usando a nova fabricação MNT de alta velocidade. Assim, a
gente poderia, logo e depressa, reprojetar nossa instanciação. Então eu
poderia ter um corpo biológico uma hora e não ter em outra, depois ter de
novo, depois alterá-lo e assim por diante.
MOLLY 2004: Acho que estou entendendo.
MOLLY 2104: A questão é que eu iria poder ter meu cérebro biológico e/ou
meu corpo ou não ter. Não é o caso de abandonar alguma coisa, porque
sempre podemos pegar de novo alguma coisa que abandonamos.
MOLLY 2004: Então você ainda está fazendo isso?
MOLLY 2104: Umas pessoas ainda fazem isso, mas agora, em 2104, é um
pouco antiquado. Quer dizer, as simulações da biologia não são nada
diferentes da biologia real, então para que se preocupar com instanciações
físicas?
MOLLY 2004: É, é complicado, não é?
MOLLY 2104: É verdade.
MOLLY 2004: Tenho que dizer que parece estranho poder mudar a
incorporação física. Quer dizer, onde está a sua — a minha —
continuidade?
MOLLY 2104: É o mesmo que sua continuidade em 2004. Você também está
trocando suas partículas o tempo todo. É só seu padrão de informações que
tem continuidade.
MOLLY 2004: Mas em 2104 você pode também mudar seu padrão de
informações depressa. Ainda não consigo fazer isso.
MOLLY 2104: Na realidade, não é tão diferente. Você muda seu padrão — sua
memória, suas aptidões, suas experiências, até sua personalidade, com o
tempo — mas existe uma continuidade, uma essência que só muda aos
poucos.
MOLLY 2004: Mas eu achei que daria para mudar, dramaticamente, em um
instante, a aparência e a personalidade.
MOLLY 2104: É, mas isso é só uma manifestação superficial. Minha essência
real só muda aos poucos, como quando eu era você em 2004.
MOLLY 2004: Bom, muitas vezes eu gostaria bastante de mudar em um
instante minha aparência superficial.
Robótica: IA forte
Considere-se outro argumento apresentado por Turing. Até agora, construímos apenas
artefatos bem simples e previsíveis. Quando aumentarmos a complexidade de nossas
máquinas talvez haja surpresas nos esperando. Abaixo de certo tamanho “crítico”, não
acontece muita coisa; mas acima do tamanho crítico faíscas começam a voar. Pode ser
que o mesmo aconteça com cérebros e máquinas. Atualmente, a maioria dos cérebros e
todas as máquinas estão “subcríticos” — reagem aos estímulos externos de um modo
entediado e pouco interessado, não têm ideias próprias e só podem produzir frases
feitas —, mas uns poucos cérebros agora, e talvez algumas máquinas no futuro, são
supercríticos e têm um brilho próprio. Turing sugere que é só uma questão de
complexidade, e que acima de certo nível de complexidade aparece uma diferença
qualitativa, de modo que as máquinas “supercríticas” não serão nada parecidas com
as máquinas simples vistas até agora.
J. R. Lucas, filósofo de Oxford, em seu ensaio de 1961, “Minds, Machines, and
Gödel”157
Dado que a superinteligência um dia será tecnicamente factível, as pessoas irão
escolher desenvolvê-la? Essa questão pode bem ser respondida com segurança no
afirmativo. Associados com cada passo no caminho da superinteligência estão enormes
rendimentos econômicos. A indústria dos computadores investe enormes somas de
dinheiro na próxima geração de hardware e software, e vai continuar a fazê-lo
enquanto houver uma pressão competitiva e lucro. As pessoas querem computadores
melhores e softwares mais inteligentes, e querem os benefícios que essas máquinas
ajudam a produzir. Melhores medicamentos; desafogo para os humanos da necessidade
de executar trabalhos tediosos ou perigosos; divertimento — não tem fim a lista dos
benefícios ao consumidor. Ainda há um forte motivo militar para desenvolver a
inteligência artificial. E em nenhum lugar do caminho existe qualquer ponto de parada
natural onde os tecnofóbicos poderiam talvez argumentar que “até aqui, mas não
mais”.
Nick Bostrom, “How Long Before Superintelligence?”, 1997
É difícil pensar em algum problema que uma superinteligência não possa resolver, nem
ao menos nos ajudar a resolver. Doenças, pobreza, destruição do meio ambiente,
sofrimento desnecessário de todo tipo: são coisas que uma superinteligência, equipada
com a nanotecnologia avançada, seria capaz de eliminar. Além disso, uma
superinteligência poderia nos dar um tempo de vida indefinido, ou detendo e
revertendo o processo do envelhecimento através do uso da nanomedicina, ou
oferecendo a opção de fazer upload de nós mesmos. Uma superinteligência poderia
também criar oportunidades para que aumentássemos nossas aptidões intelectuais e
emocionais, e poderia nos auxiliar na criação de um mundo experimental muito
atraente onde poderíamos viver vidas dedicadas aos jogos, relacionando-nos uns com
os outros, vivenciando o crescimento pessoal e vivendo mais próximos de nossos ideais.
Nick Bostrom, “Ethical Issues in Advanced Artificial Intelligence”, 2003
Os robots herdarão a terra? Sim, mas eles serão nossos filhos.
Marvin Minsky, 1995
Das três revoluções primordiais subjacentes à Singularidade (G, N e R), a
mais profunda é R, que se refere à criação da inteligência não biológica que
supera a dos humanos não melhorados. Um processo mais inteligente vai
inerentemente superar um que é menos inteligente, tornando a inteligência a
força mais poderosa do universo.
Enquanto o R em GNR significa a robótica, a verdadeira questão
envolvida aqui é IA forte (inteligência artificial que excede a inteligência
humana). A razão padrão para enfatizar a robótica nessa formulação é que a
inteligência precisa de um corpo, de uma presença física, para afetar o
mundo. Não concordo com a ênfase na presença física, entretanto, porque
acredito que o interesse principal seja a inteligência. A inteligência vai
inerentemente encontrar uma maneira de influenciar o mundo, inclusive
criando seus próprios meios para a personificação e para a manipulação
física. Além disso, podemos incluir as aptidões físicas como uma parte
fundamental da inteligência; por exemplo, uma grande parte do cérebro
humano (o cerebelo, compreendendo mais do que metade dos nossos
neurônios) é dedicada a coordenar nossas aptidões e nossos músculos.
A inteligência artificial nos níveis humanos vai, necessariamente, exceder
em muito a inteligência humana por várias razões. Como já ressaltei, as
máquinas podem prontamente compartilhar seu conhecimento. Enquanto
humanos não melhorados, não temos os meios para compartilhar os vastos
padrões das conexões interneurais e os níveis de concentração dos
neurotransmissores que abrangem nosso aprendizado, conhecimento e
aptidões que não seja através da comunicação vagarosa, baseada na
linguagem. É claro que até esse meio de comunicação tem sido muito
benéfico, já que ele nos diferenciou dos outros animais, e tem sido um fator
que permitiu a criação da tecnologia.
As aptidões humanas só conseguem se desenvolver de maneiras que
foram encorajadas pela evolução. Essas aptidões, que estão baseadas
primordialmente no reconhecimento dos padrões maciçamente paralelos,
fornecem a habilidade para certas tarefas, como distinguir rostos, identificar
objetos e reconhecer os sons da linguagem. Mas não são adequadas para
muitas outras, como determinar padrões em dados financeiros. Quando
dominarmos totalmente os paradigmas de reconhecimento dos padrões, os
métodos das máquinas poderão aplicar essas técnicas a qualquer tipo de
padrão. 158
O inverno da IA
Há esse mito idiota por aí de que a IA falhou, mas a IA encontra-se em tudo que está à
volta das pessoas todos os segundos do dia. As pessoas só não percebem. Você tem
sistemas de IA em carros, ajustando os parâmetros dos sistemas de injeção de
combustível. Quando você aterrissa em um avião, seu portão é escolhido por um
sistema de programação de IA. Cada vez que você usa um pedaço de um software da
Microsoft, você lida com um sistema de IA, tentando descobrir o que você está fazendo,
tal como escrever uma carta, e ele é muito bom nisso. Toda vez que você assiste a um
filme com caracteres gerados por computador, trata-se de pequenos caracteres de IA
que se comportam como um grupo. Toda vez que você joga um video game, você está
jogando contra um sistema de IA.
Rodney Brooks, diretor do Laboratório de IA do MIT161
Ainda encontro gente que alega que a inteligência artificial definhou nos
anos 1980, argumento que é comparável a insistir que a internet morreu no
colapso das “.com” do começo dos anos 2000. Desde então, passando por
162
O jogo de ferramentas da IA
IA é o estudo das técnicas para resolver problemas exponencialmente difíceis em tempo
polinomial, ao explorar os conhecimentos sobre a área do problema.
Elaine Rich
Como mencionado no capítulo 4, só recentemente conseguiu-se obter
modelos bastante detalhados de como as regiões do cérebro humano
funcionam para influenciar os projetos de IA. Antes disso, na falta de
ferramentas com que pudessem perscrutar dentro do cérebro com bastante
resolução, engenheiros e cientistas da IA desenvolveram suas próprias
técnicas. Assim como os engenheiros da aviação não tomaram como
modelo para seus cálculos a habilidade de voar dos pássaros, esses métodos
iniciais da IA também não se basearam na engenharia reversa da
inteligência natural.
Aqui será revista uma pequena amostra dessas abordagens. Desde que
foram adotadas, elas cresceram em sofisticação, o que permitiu a criação de
produtos práticos que evitam a fragilidade e as altas taxas de erros dos
primeiros sistemas.
Sistemas especializados. Nos anos 1970, muitas vezes a IA era
equiparada a um método específico: sistemas especializados. Isso envolve o
desenvolvimento de regras lógicas específicas para simular os processos de
tomada de decisão dos peritos humanos. Uma parte essencial do
procedimento implica o conhecimento de engenheiros entrevistando peritos
em determinados campos, como médicos e engenheiros, para codificar suas
regras de tomar decisões.
Houve sucessos iniciais nessa área, como sistemas de diagnósticos
médicos que se saíam bem na comparação com os médicos humanos, pelo
menos em exames limitados. Por exemplo, um sistema chamado MYCIN,
que foi projetado para diagnosticar e recomendar um tratamento para curar
doenças infecciosas, foi desenvolvido durante os anos 1970. Em 1979, uma
equipe de peritos avaliadores comparou os diagnósticos e as recomendações
de tratamento de MYCIN com os dos médicos humanos e viu que MYCIN
saiu-se tão bem ou melhor do que qualquer dos médicos. 165
atualiza suas próprias regras com base em sua experiência. O First Union
Home Equity Bank em Charlotte, Carolina do Norte (Estados Unidos), usa
Loan Arranger, um sistema semelhante baseado em IA para decidir se
aprova ou não pedidos de hipoteca. 199
sobre que caminho tomar irão incluir nomes de ruas (por exemplo, “vire à
esquerda na rua Augusta, depois à direita na Avenida Brasil”). Os usuários
poderão fazer perguntas como “onde fica o restaurante italiano mais
próximo?”, ou podem inserir por voz locais específicos, pedir
esclarecimentos sobre as orientações e dar ordens ao próprio carro (como
“aumente o ar-condicionado”). O Acura RL também informará em sua tela
e em tempo real as condições do caminho e se há congestionamento. O
reconhecimento da fala afirma não levar em conta quem fala e não ser
afetado pelo som do motor, do vento e de outros barulhos. O sistema deverá
reconhecer 1,7 milhão de nomes de ruas e cidades, além de alguns mil
comandos.
A tradução de línguas por computador continua melhorando aos poucos.
Porque essa é uma tarefa de nível do teste de Turing — isto é, para obter
resultados em nível humano, ele requer uma total compreensão da
linguagem em nível humano — e será uma das últimas áreas de aplicação a
competir com o desempenho humano. Franz Josef Och, um cientista da
computação na Universidade da Califórnia do Sul, desenvolveu uma técnica
que pode gerar um novo sistema de tradução, entre qualquer par de línguas,
em questão de horas ou dias. Tudo que ele precisa é de uma “pedra de
209
IA forte
Se você entende uma coisa de um único jeito, você não a entende de jeito nenhum. Isso
porque, se algo dá errado, você fica atolado em um só pensamento que fica parado em
sua mente, sem lugar nenhum para ir. O segredo do significado de alguma coisa para
nós depende de como a ligamos com todas as outras coisas que conhecemos. É por isso
que quando alguém aprende alguma coisa “decorando”, dizemos que, na realidade, ela
não entendeu nada. Mas se houver várias representações diferentes, quando falha uma
abordagem, você pode tentar outra. É claro que fazer muitas conexões indiscriminadas
irá transformar seu cérebro num mingau. Mas as representações bem conectadas
deixam que as ideias circulem em sua mente para que você veja as coisas de muitos
pontos de vista, até que você ache uma que funciona para você. E é isso que queremos
dizer quando falamos em pensar!
Marvin Minsky213
O desempenho cada dia melhor dos computadores é como a água que vai alagando
devagar a paisagem. Há meio século, eles começaram a inundar as planícies baixas,
expulsando calculadoras humanas e escriturários, mas deixando no seco a maioria de
nós. Agora, a enchente atingiu o sopé das montanhas e nossos postos avançados ali
estão pensando em retirada. Sentimo-nos seguros em nossos picos, mas, no ritmo
presente, estes também ficarão submersos dentro de outro meio século. Proponho
construir arcas até esse dia chegar e adotar uma vida de navegantes! Mas, por
enquanto, temos de depender de nossos representantes nas terras baixas para que nos
digam como é, na verdade, a água.
Nossos representantes no sopé das montanhas relatam que os demonstradores de
teoremas e jogadores de xadrez mostram sinais de inteligência. Por que não recebemos,
das planícies baixas, há décadas, relatórios parecidos, quando os computadores
superaram os humanos na aritmética e na memorização? Na verdade, à época,
recebemos. Os computadores que calculavam como milhares de matemáticos foram
saudados como “cérebros gigantes” e inspiraram a primeira geração da pesquisa
sobre IA. Afinal, as máquinas estavam fazendo algo que exigia a inteligência humana,
concentração e anos de treinamento. Mas, agora, fica difícil recuperar aquela mágica.
Uma razão é que a estupidez que os computadores demonstraram em outras áreas nos
deixou com um julgamento preconceituoso. Outra razão está relacionada com nossa
própria incompetência. Usamos a aritmética ou mantemos registros de modo tão
esmiuçado e externo que ficam óbvios os pequenos passos mecânicos em um longo
cálculo, enquanto, muitas vezes, o panorama geral nos escapa. Como os construtores
do Deep Blue, vemos demais o interior do processo e deixamos de apreciar a sutileza
que ele pode ter no exterior. Mas existe uma falta de obviedade em tempestades de neve
ou tornados que emergem da aritmética repetitiva das simulações climáticas, ou na
pele enrugada dos tiranossauros, tal como deve ser calculada para os filmes de
animação. Poucas vezes chamamos isso de inteligência; “realidade artificial” pode ser
um conceito ainda mais profundo do que inteligência artificial.
As etapas mentais subjacentes a um bom jogo humano de xadrez ou a uma boa
demonstração de teorema são complexas e ocultas, deixando uma interpretação
mecânica fora de alcance. Aqueles que conseguem seguir o jogo naturalmente o
descrevem, pelo contrário, em linguagem mentalística, usando termos como estratégia,
compreensão e criatividade. Quando uma máquina consegue ser, ao mesmo tempo,
significativa e surpreendente do mesmo jeito abundante, também nos obriga a uma
interpretação mentalística. É claro que, em algum lugar dos bastidores, há
programadores que, em princípio, têm uma interpretação mecânica. Mas, mesmo para
eles, aquela interpretação perde consistência à medida que o programa que roda
preenche sua memória com detalhes volumosos demais para aqueles apreenderem.
Conforme a enchente for atingindo alturas mais populosas, as máquinas irão começar
a ter sucesso em áreas que um grande número de pessoas pode apreciar. O sentimento
visceral de uma presença pensante em máquinas ficará cada vez mais difundido.
Quando os picos mais altos estiverem cobertos, haverá máquinas que podem interagir
de modo tão inteligente quanto qualquer humano em qualquer assunto. A presença de
mentes nas máquinas ficará então evidente.
Hans Moravec214
Devido à natureza exponencial do progresso das tecnologias baseadas na
informação, muitas vezes o desempenho muda, rapidamente, de patético a
intimidador. Em muitos dos vários campos, como os exemplos da seção
anterior deixam claro, o desempenho da IA restrita já é impressionante. A
gama das tarefas inteligentes em que as máquinas podem agora competir
com a inteligência humana está expandindo-se continuamente. Em uma
charge que desenhei para The Age of Spiritual Machines, uma “raça
humana” na defensiva escreve painéis que declaram o que só gente (e não
máquinas) pode fazer. Jogados no chão, estão os papéis que a raça humana
215
sobre o teste de Turing com Mitch Kapor no site Long Now. A pergunta219
subjacente a nossa aposta de 20 mil dólares, que seriam doados à instituição
de caridade escolhida pelo ganhador, era: “Será que por volta de 2029 uma
máquina vai passar no teste de Turing?”. Eu disse sim; Kapor, não.
Levamos meses dialogando para chegar às regras complicadas para pôr em
prática nossa aposta. Por exemplo, definir “máquina” e “humano” não foi
uma questão simples. O juiz humano pode ter algum processo de
pensamento não biológico em seu cérebro? Ao contrário, pode a máquina
ter algum aspecto biológico?
Pelo fato de que a definição do teste de Turing varia de pessoa para
pessoa, as máquinas capazes de passar no teste não surgirão em um só dia, e
haverá um período de tempo em que serão ouvidas reivindicações de que
algumas máquinas ultrapassaram esse limite. Invariavelmente, essas
reivindicações do início serão desmascaradas por observadores que
dominam a matéria, inclusive, provavelmente, eu. Quando houver um
amplo consenso de que algo passou no teste de Turing, o limite real terá
sido alcançado há muito tempo.
Edward Feigenbaum propõe uma variação do teste de Turing que avalia
não a habilidade da máquina de passar por humana em um diálogo
informal, cotidiano, mas sua habilidade em se fazer passar por um perito
cientista em um campo específico. O teste de Feigenbaum (FT) pode ser
220
inevitável que nossas colegas células irão se juntar para que cada célula
possa especializar sua função. Como é agora, temos de fazer tudo por nós
mesmas: achar comida, digerir a comida, excretar os subprodutos dela.
AMIGO DA BACTÉRIA FUTURISTA: E depois?
BACTÉRIA FUTURISTA: Todas essas células vão desenvolver meios de se
comunicar umas com as outras que vão além da troca de gradientes
químicos que você e eu podemos fazer.
AMIGO DA BACTÉRIA FUTURISTA: Tá, então me conte de novo sobre aquele
superagrupamento futuro de 10 trilhões de células.
BACTÉRIA FUTURISTA: Bom, conforme meus modelos, daqui a uns 2 bilhões
de anos uma grande associação de 10 trilhões de células vai formar um
único organismo e incluir dezenas de bilhões de células especiais que
podem se comunicar entre si com padrões muito complicados.
AMIGO DA BACTÉRIA FUTURISTA: Que tipo de padrões?
BACTÉRIA FUTURISTA: “Música”, por exemplo. Esses grandes bandos de
células vão criar padrões musicais e comunicá-los a todos os outros bandos
de células.
AMIGO DA BACTÉRIA FUTURISTA: Música?
BACTÉRIA FUTURISTA: É, padrões de som.
AMIGO DA BACTÉRIA FUTURISTA: Som?
BACTÉRIA FUTURISTA: Ok, veja desse jeito: essas sociedades de supercélulas
serão complicadas demais para entender sua própria organização. Elas vão
poder melhorar seu próprio projeto, ficando cada vez melhores e mais
rápidas. Elas vão reformar o resto do mundo à sua imagem.
AMIGO DA BACTÉRIA FUTURISTA: Agora, espere um pouco. Parece que vamos
perder a nossa bacteriumidade básica.
BACTÉRIA FUTURISTA: Mas não vai ter perda nenhuma.
AMIGO DA BACTÉRIA FUTURISTA: Sei que você fica dizendo isso, mas...
BACTÉRIA FUTURISTA: Vai ser um grande passo para a frente. É nosso destino
como bactérias. E, de qualquer jeito, ainda vão haver pequenas bactérias
como nós flutuando por aí.
AMIGO DA BACTÉRIA FUTURISTA: Tá, mas e o lado negativo? Quer dizer,
quanto dano podem causar as nossas colegas bactérias Daptobactéria e
Bdellovíbrio? Essas futuras associações de células com seu vasto alcance
podem destruir tudo.
BACTÉRIA FUTURISTA: Não é certeza, mas acho que vamos conseguir.
AMIGO DA BACTÉRIA FUTURISTA: Você sempre foi um otimista.
BACTÉRIA FUTURISTA: Olhe, a gente não tem de se preocupar com o lado
negativo ainda por um par de bilhões de anos.
AMIGO DA BACTÉRIA FUTURISTA: Está bem, então, vamos almoçar.
ENQUANTO ISSO, 2 BILHÕES DE ANOS DEPOIS...
NED LUDD: Essas inteligências futuras serão piores do que as máquinas
têxteis com que lutei lá atrás, em 1812. Então, a gente só tinha de se
preocupar com um único homem mais uma máquina fazendo o trabalho de
doze. Mas você está falando sobre uma máquina do tamanho de uma bola
de gude superando toda a humanidade.
RAY: Ela só vai superar a parte biológica da humanidade. Em todo caso,
essa bola de gude ainda é humana, mesmo que não biológica.
NED: Essas superinteligências não comem comida. Não respiram ar. Não se
reproduzem por sexo… Então, como elas são humanas?
RAY: Vamos nos fundir com nossa tecnologia. Já começamos a fazer isso em
2004, mesmo que a maioria das máquinas ainda não esteja dentro de nossos
corpos e cérebros. Nossas máquinas, apesar de tudo, aumentam o alcance
de nossa inteligência. Estender nosso alcance tem sido sempre a natureza de
ser humano.
NED: Olhe, dizer que essas entidades superinteligentes não biológicas são
humanas é como dizer que nós somos, basicamente, bactérias. Afinal, nós
também evoluímos a partir delas.
RAY: É verdade que um humano contemporâneo é uma coleção de células e
que somos um produto da evolução, aliás um produto de ponta. Mas
aumentar nossa inteligência usando a engenharia reversa, modelá-la,
simulá-la, reinstalando-a em substratos mais capazes, e modificando-a e
ampliando-a, é o novo passo em sua evolução. Era o destino da bactéria
evoluir para uma espécie criadora de tecnologia. E é nosso destino, agora,
evoluir para a vasta inteligência da Singularidade.
1 Geração nascida entre o final da Segunda Guerra Mundial (1945) e 1964
na Inglaterra, França, Estados Unidos, Canadá e Austrália. (N.T.)
2 ∗ No filme, são usados fragmentos do DNA de anfíbios para preencher o que falta no DNA de
dinossauro encontrado no inseto preservado em âmbar. (N.T.)
3 ∗ Famoso jogador americano de beisebol. (N.T.)
CAPÍTULO 6
O impacto...
O futuro penetra em nós para transformar-se em nós muito antes de acontecer.
Rainer Maria Rilke
Um dos maiores erros na ideia comum do futuro é que o futuro é uma coisa que
acontece para nós, não algo que criamos.
Michael Anissimov
“Brincar de Deus” é, na verdade, a expressão mais elevada da natureza humana. Os
anseios de melhorar a nós mesmos, de dominar nosso meio ambiente e encaminhar
nossos filhos pelo melhor caminho possível têm sido as forças motrizes fundamentais de
toda a história humana. Sem esses anseios de “brincar de Deus”, o mundo que
conhecemos hoje não existiria. Uns poucos milhões de humanos iriam viver nas
savanas e nas florestas, mantendo a custo uma existência de caçador-coletor, sem a
escrita, ou a história, ou a matemática ou sem reconhecer nem admirar a complexidade
de seu próprio universo e de seus próprios mecanismos internos.
Ramez Naam
Uma panóplia de impactos
Qual será a natureza da experiência humana quando a inteligência não
biológica predominar? Quais são as implicações para a civilização humano-
máquina quando a IA forte e a nanotecnologia puderem criar, à vontade,
qualquer produto, qualquer situação, qualquer ambiente que pudermos
imaginar? Enfatizo o papel da imaginação aqui porque o que
conseguiremos criar dependerá do que pudermos imaginar. Mas nossas
ferramentas para dar vida à imaginação são cada vez mais potentes.
Conforme a Singularidade se aproxima, teremos de reconsiderar nossas
ideias sobre a natureza da vida humana e redesenhar nossas instituições
humanas. Neste capítulo, iremos explorar algumas dessas ideias e
instituições.
Por exemplo, as revoluções entrelaçadas de G, N e R transformarão a
frágil versão 1.0 de nossos corpos na versão 2.0, muito mais durável e
capaz. Bilhões de nanorrobots irão se mover pela corrente sanguínea em
nossos corpos e cérebros. Nos corpos, eles irão destruir patógenos, corrigir
erros de DNA, eliminar toxinas e realizar muitas outras tarefas para
aumentar nosso bem-estar físico. Como resultado, poderemos viver
indefinidamente sem envelhecer.
No cérebro, os nanorrobots distribuídos maciçamente irão interagir com
nossos neurônios biológicos. Isso fornecerá uma realidade virtual de
imersão total, incorporando todos os sentidos, bem como correlatos
neurológicos de nossas emoções, de dentro do sistema nervoso. Mais
importante, essa conexão íntima entre nosso pensamento biológico e a
inteligência não biológica que estamos criando expandirá profundamente a
inteligência humana.
A guerra irá se mover na direção das armas baseadas em nanorrobots,
bem como em ciberarmas. O aprendizado será primeiro on-line, mas,
quando nossos cérebros estiverem on-line, poderemos baixar novos
conhecimentos e aptidões. O papel do trabalho será criar conhecimento de
todo tipo, música e arte e matemática e ciências. O papel do divertimento
será, bem, criar conhecimento, portanto não haverá uma distinção clara
entre trabalho e divertimento.
A inteligência na Terra e em volta dela continuará a se expandir
exponencialmente até chegarmos aos limites da matéria e da energia que
suportem a computação inteligente. Conforme nos aproximamos desse
limite em nosso canto da galáxia, a inteligência de nossa civilização se
expandirá para fora, no resto do universo, atingindo rapidamente a maior
velocidade possível. Entendemos essa velocidade como sendo a velocidade
da luz, mas há sugestões de que conseguiremos contornar esse limite
aparente (possivelmente tomando atalhos em buracos de minhocas, por
exemplo).
Corpo humano versão 3.0. Prevejo o corpo humano 3.0 — nos anos 2030
e 2040 — como uma renovação fundamental do projeto. Em vez de
reformar cada subsistema, nós (ambas as porções biológica e não biológica
de nosso pensamento, trabalhando juntas) poderemos renovar nossos corpos
baseados na experiência com a versão 2.0. Assim como foi a transição de
1.0 para 2.0, a transição para 3.0 será gradual e envolverá muitas ideias
concorrentes.
Um atributo que prevejo para a versão 3.0 é a habilidade de modificar
nossos corpos. Poderemos fazê-lo com muita facilidade em ambientes de
realidade virtual (ver a seção seguinte), mas também teremos os meios de
fazê-lo na realidade real. Iremos incorporar em nós mesmos a fabricação
baseada em MNT, portanto poderemos alterar rapidamente e à vontade
nossa manifestação física.
Mesmo com nossos cérebros em grande parte não biológicos, é provável
que conservemos a importância estética e emocional dos corpos humanos,
dada a influência dessa estética no cérebro humano. (Mesmo quando
ampliada, a porção não biológica de nossa inteligência ainda terá sido
derivada da inteligência humana biológica.) Isto é, é provável que o corpo
humano versão 3.0 ainda pareça humano pelos padrões de hoje, porém,
dada a plasticidade grandemente expandida que terão nossos corpos, as
ideias daquilo que constitui a beleza serão ampliadas com o tempo. As
pessoas já expandem seus corpos com piercings, tatuagens e cirurgia
plástica, e a aceitação social dessas alterações aumenta rapidamente. Já que
poderemos fazer alterações que serão prontamente reversíveis, é provável
que haja muito mais experiências.
J. Storrs Hall descreveu os projetos de nanorrobots, que ele chama de
“foglets”, em que eles podem juntar-se e formar uma grande variedade de
estruturas e alterar rapidamente a organização destas. São chamados de
“foglets” porque, se houver uma densidade suficiente deles em uma área,
podem controlar o som e a luz para formar sons e imagens variáveis. Em
essência, criarão ambientes de realidade virtual externamente (isto é, no
mundo físico) em vez de internamente (no sistema nervoso). Usando-os,
uma pessoa pode modificar seu corpo ou seu ambiente, embora algumas
dessas modificações na verdade serão ilusões, já que os foglets podem
controlar sons e imagens. Os foglets de Hall são um projeto conceitual
26
BILL (UM AMBIENTALISTA): Nessa coisa de versão 2.0 do corpo humano, será
que você não está descartando o que é importante junto com o que não é?
Você sugere substituir todo o corpo e o cérebro humano por máquinas. Não
sobra nenhum ser humano.
RAY: A gente não concorda com a definição de humano, mas exatamente
onde você sugere que se trace o limite? Aumentar o corpo e o cérebro
humano com intervenções biológicas ou não biológicas dificilmente é um
conceito novo. Ainda existe muito sofrimento humano.
BILL: Não tenho objeções quanto a aliviar o sofrimento humano. Mas
substituir um corpo humano por uma máquina para superar o desempenho
humano nos deixa como, bem, uma máquina. Temos carros que podem
andar no chão mais rápido do que um humano, mas não os consideramos
humanos.
RAY: O problema aqui tem muito a ver com a palavra “máquina”. Sua ideia
de máquina é a de alguma coisa que é muito menos valorizada — menos
complexa, menos criativa, menos inteligente, menos conhecedora, menos
sutil e flexível do que um humano. Isso é até razoável para as máquinas de
hoje, porque todas as que encontramos — como os carros — são assim. O
ponto central da minha tese, da revolução da Singularidade que se
aproxima, é que essa ideia de máquina — da inteligência não biológica —
vai mudar fundamentalmente.
BILL: Bom, é exatamente esse meu problema. Uma parte da nossa
humanidade são as nossas limitações. A gente não tem a pretensão de ser a
entidade mais rápida possível, nem de ter uma memória com a maior
capacidade possível, e assim por diante. Mas existe uma qualidade
indefinível, espiritual, em ser humano que uma máquina propriamente não
tem.
RAY: De novo, onde fica o limite? Os humanos já estão substituindo partes
de seus corpos e cérebros com peças de reposição que funcionam melhor
para executar suas funções “humanas”.
BILL: Melhor só no sentido de substituir sistemas e órgãos doentes ou
deficientes. Mas você está substituindo essencialmente toda a nossa
humanidade para aumentar a habilidade humana, e isso é inerentemente
desumano.
RAY: Então pode ser que a nossa discordância seja sobre a natureza de ser
humano. Para mim, a essência de ser humano não são nossas limitações —
embora tenhamos muitas —, é nossa capacidade de superar essas
limitações. A gente não ficou no chão. A gente nem mesmo ficou no
planeta. E a gente não se acomoda com as limitações de nossa biologia.
BILL: A gente tem de usar esses poderes tecnológicos com muito
discernimento. Além de certo ponto, estamos perdendo alguma qualidade
inefável que dá sentido à vida.
RAY: Acho que a gente concorda em que tem de reconhecer o que é
importante na nossa humanidade. Mas não há razão para celebrar nossas
limitações.
... no cérebro humano
Será que tudo que vemos ou somos não passa de sonho dentro de um sonho?
Edgar Allan Poe
O programador de computador é um criador de universos onde só ele impera. Nenhum
dramaturgo, nenhum diretor de cena, nenhum imperador, por mais poderoso que seja,
jamais exerceu essa autoridade tão absoluta para arrumar um palco ou um campo de
batalha e para comandar tropas ou atores tão inabalavelmente obedientes.
Joseph Weizenbaum
Um dia, dois monges discutiam sobre uma bandeira que se agitava ao vento. O
primeiro disse: “Afirmo que a bandeira se move, não o vento”. O segundo disse:
“Afirmo que o vento se move, não a bandeira”. Um terceiro monge passou e disse: “O
vento não se move. A bandeira não se move. Suas mentes se movem”.
Zen Parable
Suponha que alguém dissesse: “Imagine esta borboleta exatamente como ela é, mas
feia em vez de bonita”.
Ludwig Wittgenstein
O cenário em 2010. Os computadores que surgirem no começo da
próxima década ficarão essencialmente invisíveis: tramados em nossas
roupas, inseridos em nossos móveis e ambientes. Eles irão tirar proveito da
malha global (no que a World Wide Web irá se tornar quando todos os seus
dispositivos conectados se tornarem servidores que se comunicam,
formando desse modo vastos supercomputadores e bancos de memória) das
comunicações em alta velocidade e dos recursos computacionais. Teremos
uma largura de banda muito grande e comunicação sem fio com a internet o
tempo todo. Telas serão construídas nos óculos e lentes de contato, e as
imagens serão projetadas diretamente em nossas retinas. O Departamento
de Defesa dos Estados Unidos já está usando uma tecnologia nessa linha
para criar ambientes de realidade virtual para treinar soldados. Um
27
corpo físico. Afinal, o cérebro não sente seu corpo diretamente. Como
discutido no capítulo 4, os inputs do corpo — que compreendem umas
poucas centenas de megabits por segundo — representando as informações
sobre tato, temperatura, níveis de ácidos, o movimento da comida e outros
eventos físicos, fluem pelos neurônios da Lamina 1, depois pelo núcleo
posterior ventromedial, terminando nas duas regiões da ínsula do córtex. Se
forem codificados corretamente — e saberemos como fazer isso pela
engenharia reversa do cérebro —, o cérebro vai perceber os sinais sintéticos
como se fossem reais. Você poderia decidir mover seus músculos e
membros como eles normalmente fazem, mas os nanorrobots iriam
interceptar esses sinais interneurais, impedindo que seus membros reais se
movessem e, em vez disso, fariam com que se movessem seus membros
virtuais, ajustando adequadamente seu sistema vestibular e dando o
movimento e a reorientação apropriados para o ambiente virtual.
A web vai fornecer uma panóplia de ambientes virtuais para explorar.
Alguns serão recriações de lugares reais; outros serão ambientes
imaginários que não têm contrapartida no mundo físico. Alguns, de fato,
seriam impossíveis, talvez porque transgridam as leis da física. Poderemos
visitar esses locais virtuais e ter qualquer tipo de interação com outras
pessoas reais, bem como simuladas (é claro que afinal não haverá uma
diferença clara entre as duas), indo desde conversas de negócios e encontros
sensuais. “Designer de ambientes de realidade virtual” será uma nova
descrição de cargo e uma nova forma de arte.
Amplie sua mente. A aplicação mais importante dos nanorrobots dos anos
2030 será literalmente ampliar nossas mentes através da fusão da
inteligência biológica com a não biológica. O primeiro estágio será ampliar
nossos 100 trilhões de conexões interneurais muito lentas com conexões
virtuais de alta velocidade através da comunicação entre os robots. A
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MOLLY 2004: A realidade virtual de imersão total não parece muito atraente.
Quero dizer, todos esses nanorrobots correndo a esmo dentro da minha
cabeça, como pequenos insetos.
RAY: Não vai dar para senti-los, não mais do que você sente os neurônios
na sua cabeça ou as bactérias no seu aparelho digestivo.
MOLLY 2004: Na verdade, isso eu consigo sentir. Mas já agora posso ter
imersão total com meus amigos, sabe, só nos juntando fisicamente.
SIGMUND FREUD: Isso é o que eles costumavam dizer sobre o telefone
quando eu era jovem. As pessoas diziam: “Quem precisa falar com alguém
que está a centenas de milhas de distância quando você pode se encontrar
em pessoa?”.
RAY: Exato, o telefone é realidade virtual auditiva. Assim, a RV de imersão
total é basicamente um telefone de corpo inteiro. Dá para se encontrar com
qualquer pessoa a qualquer hora, mas para fazer mais do que só falar.
GEORGE 2048: Com certeza foi uma bênção para os trabalhadores do sexo;
não precisam sair de casa nunca. Ficou tão impossível traçar qualquer
limite significativo que as autoridades não tiveram escolha e legalizaram a
prostituição virtual em 2033. 2∗
GEORGE 2048: Ah, eu gostava mais de você como aquele inventor francês do
século XVIII, o que fazia relógios de bolso eróticos!
MOLLY 2004: Ok, agora me fale de novo sobre esse sexo virtual. Como é que
funciona exatamente?
RAY: Você está usando seu corpo virtual, que é simulado. Os nanorrobots
dentro e em torno de seu sistema nervoso geram os sinais codificados
apropriados para todos os seus sentidos: visual, auditivo, tátil é claro, e
mesmo olfativo. Da perspectiva do seu cérebro, é real porque os sinais são
tão reais quanto se os seus sentidos os estivessem produzindo a partir de
experiências reais. A simulação na realidade virtual normalmente seguiria
as leis da física, embora isso dependa do ambiente selecionado por você.
Se você for com outra ou outras pessoas, então essas outras inteligências,
sejam de pessoas com corpos biológicos ou não, também teriam corpos
nesse ambiente virtual. O seu corpo na realidade virtual não precisa ser
igual ao seu corpo na realidade real. De fato, o corpo que você escolhe
para você no ambiente virtual pode ser diferente do corpo que seu parceiro
escolhe para você ao mesmo tempo. Os computadores que geram o
ambiente virtual, os corpos virtuais e os sinais neurais associados iriam
cooperar para que as suas ações afetem a experiência virtual dos outros e
vice-versa.
MOLLY 2004: Então eu teria prazer sexual mesmo que de verdade não
estivesse, sabe, com alguém?
RAY: Bem, você estaria com alguém, só que não na realidade real e, é claro,
esse alguém pode nem mesmo existir na realidade real. O prazer sexual não
é uma experiência sensorial direta, é parecido com uma emoção. É uma
sensação gerada em seu cérebro, que reflete o que você está fazendo ou
pensando, igual à sensação de humor ou de raiva.
MOLLY 2004: Como a garota que você mencionou que achava tudo
engraçado quando os cirurgiões estimulavam um ponto determinado no
cérebro dela?
RAY: Exatamente. Há correlatos neurológicos de todas as nossas
experiências, sensações e emoções. Alguns estão localizados, enquanto
outros refletem um padrão de atividade. Em qualquer caso, seremos
capazes de dar forma e melhorar nossas reações emocionais como parte de
nossas experiências de realidade virtual.
MOLLY 2004: Isso poderia dar muito certo. Acho que vou acentuar minha
reação humorística em meus interlúdios românticos. Vai cair muito bem.
Ou talvez minhas respostas absurdas... meio que gosto disso também.
NED LUDD: Posso ver que isso está saindo do controle. As pessoas vão
começar a gastar a maior parte de seu tempo na realidade virtual.
MOLLY 2004: Acho que meu sobrinho de dez anos já está lá com seus video
games.
RAY: Eles ainda não são de imersão total.
MOLLY 2004: É verdade. A gente pode vê-lo, mas não tenho certeza de que
ele percebe a gente. Mas quando chegarmos ao ponto em que seus games
forem de imersão total não o veremos mais.
GEORGE 2048: Posso ver a sua preocupação se você estiver pensando nos
mundos virtuais ralos de 2004, mas não é um problema com nossos mundos
virtuais de 2048. Eles são muito mais atraentes do que o mundo real.
MOLLY 2004: É, como é que você sabe se nunca esteve na realidade real?
GEORGE 2048: Escuto bastante sobre ela. De qualquer modo, podemos
simulá-la.
MOLLY 2104: Bom, eu posso ter um corpo real a qualquer hora que eu
queira, não é grande coisa. Tenho de dizer que é bastante libertador não
ficar dependente de um corpo determinado, muito menos de um biológico.
Dá para imaginar, ficar toda ocupada com suas limitações e encargos sem
fim?
MOLLY 2004: É, dá para entender.
...sobre a longevidade humana
O mais notável é que, em todas as ciências biológicas, não existe uma pista sobre a
necessidade da morte. Se você disser que quer o movimento perpétuo, descobrimos leis
suficientes na física para ver que isso é absolutamente impossível ou que as leis estão
erradas. Mas ainda não foi encontrado nada na biologia que indique a inevitabilidade
da morte. Isso me sugere que ela não é, de jeito nenhum, inevitável, e que é apenas
questão de tempo até que os biólogos descubram o que está nos causando o problema e
como essa terrível doença ou transitoriedade universal do corpo humano será curada.
Richard Feynman
Nunca desista, nunca desista, nunca, nunca, nunca, nunca — de nada, grande ou
pequeno, enorme ou insignificante — nunca desista.
Winston Churchill
Imortalidade primeiro! Todo o resto pode esperar.
Corwyn Prater
A morte involuntária é um fundamento da evolução biológica, mas isso não a torna
uma coisa boa.
Michael Anissimov
Suponha que você seja um cientista de duzentos anos atrás e descobriu como diminuir
drasticamente a mortalidade infantil com uma higiene melhor. Você dá uma palestra
sobre isso, e alguém lá do fundo fica de pé e diz: “Espere um pouco, se fizermos isso
teremos uma explosão populacional!”. Se você responder: “Não, tudo vai ficar bem
porque todos vamos usar essas coisas absurdas de borracha quando fizermos sexo”,
ninguém teria levado você a sério. Mas foi exatamente o que aconteceu — o
anticoncepcional de barreira foi amplamente adotado (mais ou menos quando a
mortalidade infantil caiu).
Aubrey de Grey, geriatra
Temos o dever de morrer.
Dick Lamm, ex-governador do Colorado
Alguns de nós acham que isso é uma pena.
Bertrand Russell, 1955, comentando a estatística de que cerca de 100 mil pessoas
morrem todo dia por causas relacionadas com a idade38
A evolução, o processo que produziu a humanidade, tem um único objetivo: criar
máquinas de genes plenamente capazes de produzir cópias delas mesmas. Em
retrospecto, esse é o único modo pelo qual estruturas complexas como a vida teriam a
possibilidade de surgir em um universo não inteligente. Mas esse objetivo muitas vezes
entra em conflito com os interesses humanos, provocando a morte, o sofrimento e uma
curta duração da vida. O progresso passado da humanidade tem sido a história de
romper as restrições da evolução.
Michael Anissimov
É provável que a maioria dos leitores deste livro esteja por aqui para
vivenciar a Singularidade. Como foi revisto no capítulo anterior, os
progressos acelerados na biotecnologia permitirão que reprogramemos
nossos genes e processos metabólicos para desligar as doenças e os
processos de envelhecimento. Esse progresso incluirá avanços rápidos em
genômica (influenciando genes), proteômica (compreendendo e
influenciando o papel das proteínas), terapia genética (suprimindo a
expressão de genes com tecnologias como interferência no RNA e inserindo
novos genes no núcleo), projeto racional de drogas (formulando drogas que
visam mudanças precisas nos processos das doenças e do envelhecimento) e
clonagem terapêutica (alongando telômeros e corrigindo o DNA) de
versões rejuvenescidas de nossas próprias células, tecidos e órgãos, e
desenvolvimentos relacionados.
A biotecnologia irá ampliar a biologia e corrigir suas falhas óbvias. A
revolução da nanotecnologia sobrepondo-se a ela permitirá uma expansão
além das severas limitações da biologia. Como Terry Grossman e eu
afirmamos em Fantastic Voyage: Live Long Enough to Live Forever,
estamos ganhando rapidamente o conhecimento e as ferramentas para
manter e estender indefinidamente a “casa” que cada um de nós chama de
nosso corpo e cérebro. Infelizmente, a vasta maioria de nossos colegas baby
boomers não tem consciência de que não tem de sofrer e morrer no
decorrer “normal” da vida, como as gerações anteriores fizeram — se eles
vierem a assumir uma atitude agressiva, uma atitude que vá além da ideia
geral de um estilo de vida basicamente saudável (ver “Recursos e
informações de contato”, na página 561).
Historicamente, o único meio para que os humanos superem uma
duração de vida biológica limitada tem sido transmitir valores, crenças e
conhecimentos para as gerações futuras. Agora nos aproximamos de uma
mudança de paradigma no meio que teremos disponível para preservar os
padrões básicos de nossa existência. A expectativa de vida humana está
crescendo firmemente e irá acelerar com rapidez agora que estamos nos
estágios iniciais de aplicar a engenharia reversa nos processos de
informação subjacentes à vida e às doenças. Robert Freitas estima que
eliminar uma lista específica que abrange 50% de condições médicas
evitáveis iria ampliar a expectativa de vida humana em até 150 anos. Ao 39
Era Cro-Magnon 18
Egito Antigo 25
1400, Europa 30
1800, Europa Estados Unidos 37
1900, Estados Unidos 48
2002, Estados Unid0s 78
A longevidade da informação
“O horror daquele momento”, continuou o rei, “eu nunca, nunca, vou esquecer!” “Vai,
sim”, disse a rainha, “se você não anotar no papel.”
Lewis Carroll, Através do espelho
Dizem que as únicas coisas de que você pode ter certeza são a morte e os impostos —
mas não tenha muita certeza quanto à morte.
Joseph Strout, neurocientista
Não sei, Excelência, mas seja o que for que isso venha a ser, tenho certeza de que V.S.
vai tributá-lo.
Michael Faraday, respondendo a uma pergunta do ministro da Economia britânico sobre
que uso prático poderia resultar da sua demonstração do eletromagnetismo
Não vá tranquilo para dentro dessa noite,
Raiva, raiva dessa morte da luz.
Dylan Thomas3
A oportunidade de traduzir nossas vidas, nossa história, nossos
pensamentos e nossas aptidões em informação levanta a questão de quanto
tempo dura a informação. Sempre respeitei o conhecimento e reuni
informações de todo tipo quando criança, uma inclinação que
compartilhava com meu pai.
Como pano de fundo, meu pai era uma daquelas pessoas que gostam de
armazenar todas as imagens e sons que documentam sua vida. Quando
morreu precocemente com 58 anos, em 1970, herdei seus arquivos, que
conservo até hoje. Tenho a dissertação de doutoramento de 1938 do meu pai
na Universidade de Viena, que contém seus insights únicos sobre as
contribuições de Brahms para nosso vocabulário musical. Há álbuns de
recortes de jornal caprichosamente guardados de seus concertos musicais
quando era adolescente nas colinas da Áustria. Há cartas urgentes de e para
o patrono musical americano que financiou sua fuga de Hitler, logo antes de
a Noite dos Cristais e os acontecimentos históricos relacionados, na Europa
do final dos anos 1930, tornassem essa fuga impossível. Esses itens estão
no meio de dúzias de caixas envelhecidas contendo uma miríade de
lembranças, inclusive fotos, gravações musicais em vinil e fita magnética,
cartas pessoais e até contas velhas.
Também herdei sua inclinação para preservar os registros de minha vida,
portanto, junto com as caixas de meu pai, tenho várias centenas de caixas
com meus próprios papéis e pastas. A produtividade de meu pai, auxiliada
apenas pela tecnologia de sua máquina de escrever manual e papel-carbono,
não pode ser comparada com minha própria fecundidade, ajudada e
incentivada por computadores e impressoras velozes que podem reproduzir
meus pensamentos em todo tipo de permutações.
Guardadas em minhas próprias caixas, também há várias formas de mídia
digital: cartões perfurados, rolos de fitas de papel, fitas magnéticas digitais
e disquetes de vários tamanhos e formatos. Muitas vezes me pergunto se
essas informações continuam sendo acessáveis. Ironicamente, a facilidade
de abordar essa informação é inversamente proporcional ao nível de
adiantamento da tecnologia usada para criá-la. Com menos complicações
são os documentos em papel, que, embora mostrem sinais da idade, são
altamente legíveis. Apenas um pouco mais desafiadores são os discos de
vinil e as gravações analógicas em fita. Embora seja preciso algum
equipamento básico, ele não é difícil de achar nem de usar. Os cartões
perfurados são um tanto mais complicados, mas ainda se consegue achar
leitores de cartões perfurados e os formatos são descomplicados.
De longe, a informação mais difícil de recuperar é aquela contida em
fitas e discos digitais. Considere os desafios envolvidos. Para cada meio,
tenho de descobrir exatamente qual drive foi usado, se um IBM 1620 por
volta de 1960 ou um Data General Nova I por volta de 1973. Então, depois
de juntar o equipamento necessário, há camadas de software para tratar: o
sistema operacional apropriado, os drivers da informação do disco e
programas de aplicação. E quando surgem os muitos problemas inevitáveis,
inerentes a cada uma das camadas de hardware e de software, quem é que
vou chamar para me ajudar? Já é bastante difícil fazer com que os sistemas
contemporâneos funcionem, que dirá de sistemas cuja central de ajuda foi
dispersada há décadas (se é que algum dia existiu). Mesmo no Museu de
História do Computador, a maioria dos dispositivos em exposição parou de
funcionar faz muitos anos. 41
totalmente. Mesmo que os pontos magnéticos não possam mais ser lidos
pelo equipamento original, as regiões desbotadas poderiam ser melhoradas
por um equipamento adequadamente sensível, via métodos que são
análogos ao aprimoramento de imagem usado com frequência nas páginas
de velhos livros quando são escaneados. A informação ainda está ali, mas é
muito difícil de chegar até ela. Com muita dedicação e pesquisa histórica,
pode-se, na verdade, recuperá-la. Se houvesse uma razão para crer que um
desses disquetes contém segredos de imenso valor, provavelmente
conseguiríamos recuperar a informação.
Mas só a saudade não vai bastar para motivar alguém a se encarregar
dessa enorme tarefa. Digo isso porque previ esse dilema, imprimi em papel
a maioria dessas pastas antigas. Mas manter toda a nossa informação em
papel não é a resposta, já que os arquivos escritos apresentam seu próprio
conjunto de problemas. Mesmo que eu consiga prontamente ler até um
manuscrito de um século atrás se o estiver segurando na mão, achar um
documento dentre milhares de pastas organizadas só medianamente pode
ser uma tarefa frustrante e demorada. Pode levar uma tarde inteira para
localizar a pasta certa, sem mencionar o risco de dar um mau jeito nas
costas por carregar dúzias de caixas pesadas de arquivos. Usar microfilme
ou microfichas pode aliviar parte da dificuldade, mas permanece a questão
de localizar o documento certo.
Tenho sonhado em levar essas centenas de milhares de registros e
escaneá-los em uma base de dados pessoal maciça, o que permitiria utilizar
potentes métodos contemporâneos de busca. Até tenho um nome para essa
façanha — DAISI (Document and Image Storage Invention — Invenção
para Armazenar Imagens e Documentos) — e venho acumulando ideias
para isso há tempos. O pioneiro da computação Gordon Bell (ex-
engenheiro-chefe da Digital Equipment Corporation), DARPA (Defense
Advanced Research Projects Agency — Agência de Projetos de Pesquisa
Avançada da Defesa), e a Long Now Foundation também estão trabalhando
em sistemas para enfrentar esse desafio. 43
cursos on-line e com código-fonte aberto (ou seja, sem custo para uso não
comercial) por volta de 2007.
O Exército dos Estados Unidos já realiza todos os seus treinamentos não
físicos usando a instrução baseada na web. O material didático acessível,
barato e de qualidade cada vez maior, disponível na web também está
alimentando uma tendência para o homeschooling, ensino doméstico. 4∗
Agora, parte de (minha consciência) vive na internet e parece ficar lá o tempo todo
[...]. Um estudante pode ter um livro didático aberto. A televisão está ligada sem som
[...]. Eles têm música nos fones de ouvido [...] uma janela com tarefas escolares está
aberta, junto com o e-mail e o messenger [...]. Um estudante multitarefa prefere o
mundo on-line em vez do mundo cara a cara. “A vida real”, diz ele, “é só mais uma
janela.”
Christine Boese, relatando os achados do professor Sherry Turkle do MIT60
Em 1651, Thomas Hobbes descreve “a vida do homem” como “solitária,
pobre, repugnante, animalesca e curta”. Essa era uma avaliação justa da
61
... no brincar
A tecnologia é uma maneira de organizar o universo para que as pessoas não tenham
de vivenciá-lo.
Max Frisch, Homo Faber
A vida é uma aventura audaciosa ou não é nada.
Helen Keller
Brincar é só outra versão de trabalhar, e tem um papel integral na criação
humana do conhecimento em todas as suas formas. Uma criança brincando
com bonecas e blocos de construir está adquirindo conhecimentos criados
essencialmente através de sua experiência. As pessoas brincando com
movimentos de dança estão empenhadas em um processo criativo de
colaboração (considere os jovens nas esquinas das ruas dos bairros mais
pobres do país que criaram a break dance, que lançou o movimento hip-
hop). Einstein deixou de lado seu trabalho para o escritório suíço de
patentes e se dedicou a jogos mentais, o que resultou na criação de suas
teorias duradouras da relatividade especial e da relatividade geral. Se a
guerra é o pai da invenção, então a brincadeira é a mãe.
Já não há uma distinção clara entre video games cada vez mais
sofisticados e um software educacional. The Sims 2, jogo lançado em
setembro de 2004, usa personagens baseadas em IA que têm suas próprias
motivações e intenções. Sem um roteiro predefinido, as personagens
comportam-se de modo imprevisível, com a história surgindo de suas
interações. Embora considerado um game, ele oferece aos jogadores
insights sobre como desenvolver uma consciência social. Da mesma forma,
jogos que simulam esportes cada vez mais realistas fornecem aptidões e
entendimento.
Por volta de 2020, a realidade virtual de imersão total será um vasto
playground de experiências e ambientes atraentes. Inicialmente, a RV terá
certos benefícios em permitir comunicações a longa distância com outros de
modo cativante e oferecendo uma grande variedade de ambientes a ser
escolhidos. Embora os ambientes não sejam completamente convincentes
no começo, no final da década de 2020 eles serão indistinguíveis da
realidade real e envolverão todos os sentidos, bem como correlações
neurológicas de nossas emoções. Quando entrarmos nos anos 2030, não
haverá uma distinção clara entre máquina e humano, entre realidade real e
virtual, ou entre trabalhar e brincar.
... no destino inteligente do cosmos: Por que é
provável que estejamos sozinhos no universo
O universo não é apenas mais esquisito do que supomos, mas mais esquisito do que
podemos supor.
J. B. S. Haldane
O que o universo está fazendo, questionando-se por meio de um de seus menores
produtos?
D. E. Jenkins, teólogo anglicano
O que o universo está computando? Até onde podemos dizer, ele não está produzindo
uma resposta única para uma pergunta única [...]. Em vez disso, o universo está
computando a si mesmo. Alimentado pelo software de Modelo Padrão, o universo
computa campos quânticos, elementos químicos, bactérias, seres humanos, estrelas e
galáxias. Enquanto computa, ele mapeia sua própria geometria de espaço-tempo com a
maior precisão permitida pelas leis da física. Computação é existência.
Seth Lloyd e Y. Jack Ng62
Nossa visão ingênua do cosmos, datando de antes de Copérnico, era de
que a Terra estava no centro do universo e a inteligência humana era sua
maior dádiva (logo depois de Deus). A opinião mais recente dos entendidos
é que, mesmo sendo muito baixa a probabilidade (por exemplo, uma em 1
milhão) de que uma estrela tenha um planeta com uma espécie criadora de
tecnologia, existem tantas estrelas (ou seja, bilhões de trilhões delas) que
deve haver muitas (bilhões ou trilhões) com tecnologia avançada.
Essa é a opinião que baseia o Seti — Search for Extraterrestrial
Intelligence, a busca por inteligência extraterrestre —, e é a opinião comum
dos especialistas hoje. Entretanto, há razões para duvidar da “suposição
Seti” de que a inteligência extraterrestre (ETI) seja predominante.
No gráfico, SERENDIP III e IV: Descobertas Casuais III e
Descobertas Casuais IV
Primeiro, considere a opinião comum de Seti. Interpretações comuns da
equação de Drake (ver abaixo) concluem que há muitas (bilhões) ETIs no
universo, milhares ou milhões em nossa galáxia. Só examinamos uma
porção mínima do palheiro (o universo), portanto nosso fracasso até hoje de
achar a agulha (um sinal da ETI) não deve ser considerada desencorajadora.
Outras providências para explorar o palheiro estão aumentando.
O seguinte diagrama de Sky & Telescope ilustra o objetivo do projeto Seti
ao traçar um esquema da capacidade dos esforços variados de
escaneamento contra três parâmetros principais: distância da Terra,
frequência da transmissão e fração do céu. 63
Sol). De acordo com minhas projeções (ver capítulo 3), nossa civilização
67
alcançará esse nível por volta do século XXII. Dado que o nível do
desenvolvimento tecnológico das muitas civilizações projetadas por muitos
teóricos do Seti deveria se espalhar por vastos períodos de tempo, deve
haver muitas bem mais avançadas do que nós. Portanto deveria haver
muitas civilizações do tipo II. De fato, houve tempo suficiente para que
algumas dessas civilizações colonizassem suas galáxias e alcançassem o
tipo III de Kardashev: uma civilização que aproveitou a energia de sua
galáxia (cerca de 4 x 10 watts, com base em nossa galáxia). Mesmo uma
37
f x f , onde:
c L
equação de Drake nos diz que há 1,25 milhão civilizações com rádio em
nossa galáxia. Por exemplo, Seth Shostak, astrônomo-chefe do Seti
Institute, estima que há entre 10 mil e 1 milhão de planetas na Via Láctea
que contêm uma civilização emissora de rádio. Carl Sagan estimava que
70
dessas estrelas têm planetas que podem sustentar a vida (n = 0,1 com base
e
com base no tempo muito longo que isso levou na Terra), que metade destas
usam o rádio (f = 0,5), e que a civilização média que usa o rádio tem
c
por volta de uma (1,25 para ser exato) civilização capaz de usar o rádio na
Via Láctea. E já conhecemos uma.
No final, com base nessa equação, é difícil achar um argumento forte a
favor ou contra a ETI. Se a fórmula de Drake nos diz algo, é que nossas
estimativas são extremamente incertas. Entretanto, o que de fato sabemos
agora é que o cosmos parece silencioso — isto é, não foi detectada
nenhuma evidência convincente de transmissões de ETI. A suposição por
trás do Seti é de que a vida — e a vida inteligente — é tão comum que deve
haver milhões, se não bilhões, de civilizações capazes de ter rádio no
universo (ou pelo menos dentro de nossa esfera de luz, que se refere a
civilizações emissoras de rádio que teriam enviado ondas de rádio bastante
cedo para que chegassem hoje na Terra). Entretanto, nem uma única delas
se fez notar pelo Seti até agora. Então, consideremos a suposição básica do
Seti relacionada ao número de civilizações capazes de ter rádio a partir da
perspectiva da Lei dos Retornos Acelerados. Como já discutimos, um
processo evolucionista acelera inerentemente. Além do mais, a evolução da
tecnologia é muito mais rápida do que o processo evolucionista
relativamente vagaroso que origina uma espécie criadora de tecnologia em
primeiro lugar. No nosso caso, em apenas duzentos anos, passamos de uma
sociedade pré-eletricidade, sem computadores, que usava cavalos como o
transporte terrestre mais rápido para as sofisticadas tecnologias da
computação e das comunicações que temos hoje. Como observado acima,
minhas projeções mostram que, dentro de mais um século, multiplicaremos
nossa inteligência por trilhões de trilhões. Portanto, apenas trezentos anos
teriam sido necessários para nos leva, dos primeiros indícios de tecnologias
mecânicas primitivas a uma vasta expansão de nossa inteligência e
habilidade para comunicar. Assim, depois que uma espécie cria a eletrônica
e uma tecnologia bastante avançada para emitir transmissões de rádio, só é
questão de um número modesto de séculos para que ela expanda
enormemente os poderes de sua inteligência.
Os trezentos anos que isso teria levado na Terra é um prazo
extremamente curto em uma escala cosmológica, dado que a idade do
universo é estimada em 13 a 14 bilhões de anos. Meu modelo conclui que,
72
Têm sido feitas estimativas técnicas para computar nessas escalas que
levam em consideração requisitos complexos do projeto, como uso de
energia, dissipação do calor, velocidade de comunicação interna, a
composição da matéria no sistema solar e muitos outros fatores. Esses
projetos usam computação reversa, mas, como ressaltei no capítulo 3, ainda
temos que considerar os requisitos de energia para corrigir erros e
comunicar resultados. Em uma análise do neurocientista computacional
Anders Sandberg, foi feita uma revisão da capacidade de computar de um
“objeto” computacional do tamanho da Terra chamado Zeus. O projeto
75
bits de armazenamento.
A computação já é um recurso amplamente distribuído — em vez de
centralizado —, e minha expectativa é de que a tendência continue para
maior descentralização. Entretanto, como nossa civilização aproxima-se das
densidades de computação previstas acima, é provável que a distribuição do
vasto número de processadores tenha as características desses projetos
conceituais. Por exemplo, a ideia das conchas Matrioshkas iria tirar a
máxima vantagem do poder solar e da dissipação de calor. Observe que os
poderes de computar desses computadores na escala do sistema solar serão
alcançados, de acordo com minhas projeções no capítulo 2, em torno do
final deste século.
análise porque não permite que a informação seja comunicada mais rápido
do que a velocidade da luz, e o que nos interessa, fundamentalmente, é a
velocidade da comunicação.
Outra sugestão curiosa de uma ação à distância que parece ocorrer em
velocidades muito maiores do que a velocidade da luz é o desemaranhar
quântico.
Duas partículas criadas juntas podem estar “emaranhadas
quanticamente”, ou seja, quando uma dada propriedade (como a fase de seu
giro) não é determinada em nenhuma das duas partículas, a solução dessa
ambiguidade das duas partículas ocorrerá ao mesmo tempo. Em outras
palavras, se a propriedade indeterminada for medida em uma das partículas,
também será determinada pelo mesmo valor exato na outra partícula,
mesmo que as duas tenham se distanciado muito. Surge algum tipo de
comunicação entre as partículas.
Esse desemaranhar quântico tem sido medido como muitas vezes a
velocidade da luz, quer dizer que a solução do estado de uma partícula
parece resolver o estado da outra partícula em uma quantidade de tempo
que é uma pequena fração do tempo que iria levar se a informação fosse
transmitida de uma partícula para a outra na velocidade da luz (em teoria, o
lapso de tempo é zero). Por exemplo, o dr. Nicolas Gisin da Universidade
de Genebra enviou fótons emaranhados quanticamente para direções
opostas, por fibras ópticas, através de Genebra. Quando os fótons estavam
distanciados por sete milhas, cada um encontrou uma placa de vidro. Cada
fóton tinha de “decidir” se atravessava a placa ou ricocheteava (o que
experiências anteriores com fótons não emaranhados quanticamente
mostraram ser uma escolha aleatória). Mas devido aos dois fótons estarem
emaranhados quanticamente, eles chegaram à mesma decisão no mesmo
momento. Muitas repetições deram o mesmo resultado. 81
minhoca mostrou que elas eram plenamente consistentes com a teoria geral
da relatividade, que descreve o espaço como sendo essencialmente curvo
em outra dimensão.
Em 1988, os físicos Michael Morris, Kip Thorne e Uri Yurtsever, do
Instituto de Tecnologia da Califórnia, explicaram com alguns detalhes como
esses buracos de minhoca poderiam ser fabricados. Respondendo a uma
85
bilhões de anos.
Em 2001, o astrônomo John Webb descobriu que a chamada constante de
estrutura fina variava quando ele examinou a luz de 68 quasares (galáxias
jovens muito brilhantes). A velocidade da luz é uma das quatro constantes
89
tão atraente que ela é o resultado consistente e inevitável de uma ETI ter
alcançado um estágio avançado de seu desenvolvimento, e, com isso,
explica o Paradoxo de Fermi.
Incidentalmente, eu sempre considerei muito pouco provável a ideia da
ficção científica de grandes naves pilotadas por criaturas enormes,
esponjosas, parecidas conosco. Seth Shostak comenta que “é uma
probabilidade razoável que qualquer inteligência extraterrestre que
detectemos seja uma inteligência de máquina, não uma inteligência
biológica como nós”. Na minha opinião, não é simplesmente uma questão
de seres biológicos enviarem máquinas (como fazemos hoje), mas sim que
qualquer civilização sofisticada o bastante para viajar para cá já teria, há
muito tempo, passado do ponto em que se fundiu com sua tecnologia, e não
precisaria enviar equipamentos e organismos fisicamente volumosos.
Se existirem, por que viriam para cá? Uma missão seria observação —
coletar conhecimentos (assim como nós observamos outras espécies na
Terra hoje). Outra seria procurar matéria e energia a fim de fornecer
substratos adicionais para sua inteligência em expansão. A inteligência e o
equipamento necessários para tal exploração e expansão (por uma ETI ou
por nós, quando chegarmos a esse estágio de desenvolvimento) seriam
extremamente pequenos, basicamente nanorrobots e transmissões de
informação.
Parece que nosso sistema solar ainda não se transformou no computador
de alguém. E se essa outra civilização só está nos observando para nos
conhecer melhor e decidiu ficar em silêncio, Seti não conseguirá encontrá-
la, porque se uma civilização avançada não quer que a percebamos, ela terá
sucesso com esse desejo. Lembre-se que tal civilização seria vastamente
mais inteligente do que nós hoje. Talvez ela se revele a nós quando
alcançarmos o próximo nível de nossa evolução, especificamente fundindo
nossos cérebros biológicos com nossa tecnologia, que é o mesmo que dizer
depois da Singularidade. Entretanto, dado que a hipótese Seti implique que
haja bilhões dessas civilizações altamente desenvolvidas, parece
improvável que todas elas tenham tomado a mesma decisão de ficar fora do
nosso caminho.
Por que a inteligência é mais forte do que a física. Há outra razão para
aplicar um princípio antrópico. Pode parecer altamente improvável que
nosso planeta esteja na liderança em termos de desenvolvimento
tecnológico, mas, como ressaltei acima, por um princípio antrópico fraco,
se não tivéssemos evoluído, não estaríamos aqui, discutindo essa questão.
À medida que a inteligência satura a matéria e a energia disponíveis, ela
transforma matéria burra em matéria inteligente. Embora a matéria
inteligente ainda siga nominalmente as regras da física, ela é tão
extraordinariamente inteligente que pode capturar os aspectos mais sutis
das leis para manipular a matéria e a energia à vontade. Então, iria pelo
menos parecer de que a inteligência é mais potente do que a física. Eu diria
que a inteligência é mais potente do que a cosmologia. Isto é, uma vez que
a matéria evolui para matéria inteligente (matéria totalmente saturada por
processos inteligentes), ela pode manipular outra matéria e outra energia
para fazerem o que ela quer (através de uma engenharia adequada potente).
Essa perspectiva, em geral, não é considerada nas discussões de cosmologia
futura. Supõem que a inteligência é irrelevante para eventos e processos em
escala cosmológica.
Depois que um planeta produz uma espécie criadora de tecnologia, e que
essa espécie cria a computação (como aconteceu aqui), é só questão de uns
poucos séculos para que a inteligência sature a matéria e a energia em sua
vizinhança e que comece a se expandir para fora pelo menos na velocidade
da luz (com algumas sugestões para se desviar desse limite). Essa
civilização então superará a gravidade (através de uma tecnologia enorme e
requintada) e outras forças cosmológicas — ou, para ser bem preciso, ela
vai manobrar e controlar essas forças — e formará o universo que ela quer.
Esse é o objetivo da Singularidade.
BILL GATES: Concordo 100% com você. O que eu gosto nas suas ideias é
que elas se baseiam na ciência, mas seu otimismo é quase uma fé religiosa.
Eu também sou otimista.
RAY: É, a gente precisa de uma nova religião. O papel principal da religião
tem sido racionalizar a morte, já que até aqui tinha muito pouca coisa de
construtivo que a gente podia fazer com ela.
BILL: Quais seriam os princípios da nova religião?
RAY: A gente vai querer manter dois princípios: um da religião tradicional
e um das ciências e artes seculares — da religião tradicional, o respeito
pela consciência humana.
BILL: É, a Regra de Ouro.
RAY: Certo, nossa moralidade e sistema legal estão baseados no respeito
pela consciência dos outros. Se eu machuco outra pessoa, isso é
considerado imoral e provavelmente ilegal, porque causei sofrimento a
outra pessoa consciente. Se eu destruir bens, se for minha propriedade, em
geral tudo bem, e a razão principal pela qual é imoral e ilegal se for a
propriedade de outra pessoa é porque provoquei um sofrimento, não no
bem, mas na pessoa que o possui.
BILL: E o princípio secular?
RAY: Das artes e ciências, é a importância do conhecimento. O
conhecimento vai além da informação. Conhecimento é a informação que
tem sentido para as entidades conscientes: música, arte, literatura, ciência,
tecnologia. Essas são as qualidades que vão se expandir a partir das
tendências de que estou falando.
BILL: A gente precisa ficar longe dessas histórias rebuscadas e esquisitas
das religiões contemporâneas e se concentrar em algumas mensagens
simples. A gente precisa de um líder carismático para essa nova religião.
RAY: Um líder carismático é uma parte do modelo antigo. É uma coisa de
que a gente quer ficar longe.
BILL: Tá, um computador carismático, então.
RAY: E que tal um sistema operacional carismático?
BILL: Isso a gente já tem. Então, tem Deus nessa religião?
RAY: Ainda não, mas vai ter. Depois que a gente saturar a matéria e a
energia do universo com inteligência, ele vai “acordar”, ser consciente e
terá uma inteligência sublime. Não consigo imaginar nada mais perto de
Deus.
BILL: Será inteligência de silicone, não inteligência biológica.
RAY: É, a gente vai transcender a inteligência biológica. Primeiro, a gente
vai se fundir com ela, mas no final a porção não biológica da nossa
inteligência é que vai predominar. Por falar nisso, ela não deve ser de
silicone, mas de alguma coisa como nanotubos de carbono.
BILL: Sim, eu entendo — só estou chamando de inteligência de silicone
porque as pessoas entendem o que isso quer dizer. Mas não acho que vai
ser consciente no sentido humano.
RAY: Por que não? Se a gente emular do jeito mais detalhado possível tudo
que vai no corpo e no cérebro humano e instalar esses processos em outro
substrato, e aí, é claro, expandi-lo muito, por que não seria consciente?
BILL: Vai ser consciente. Só acho que vai ser um tipo diferente de
consciência.
RAY: Talvez esse seja o 1% em que a gente não concorda. Por que seria
diferente?
BILL: Porque os computadores podem se fundir instantaneamente. Dez
computadores — ou 1 milhão de computadores — podem virar um
computador maior, mais rápido. Sendo humanos, a gente não pode fazer
isso. Cada um de nós tem uma individualidade distinta que não pode ser
transposta.
RAY: Isso é só uma limitação da inteligência biológica. A diferenciação
intransponível da inteligência biológica não é uma vantagem. A
inteligência “de silicone” pode funcionar dos dois jeitos. Os computadores
não precisam juntar suas inteligências e seus recursos. Eles podem
continuar sendo “indivíduos”, se quiserem. A inteligência de silicone pode
mesmo funcionar dos dois jeitos, fundindo e mantendo a individualidade —
ao mesmo tempo. Como humanos, a gente também tenta se fundir com
outros, mas nossa habilidade para fazer isso é passageira.
BILL: Tudo que vale a pena é passageiro.
RAY: É, mas é substituído por alguma coisa de valor ainda maior.
BILL: É verdade, é por isso que a gente precisa ficar inovando.
subjetiva daqueles que sustentam que não existe nada como experiência
subjetiva.
Precisamente porque não conseguimos resolver questões inteiras da
consciência por medições e análises objetivas (ciência), existe um papel
crítico para a filosofia. A consciência é a questão ontológica mais
importante. Afinal, se realmente imaginarmos um mundo onde não há
experiência subjetiva (um mundo onde há redemoinhos de coisas mas
nenhuma entidade consciente para vivenciá-los), esse mundo bem que
poderia não existir. Em algumas tradições filosóficas, tanto orientais (certas
escolas de budismo, por exemplo) quanto ocidentais (especificamente,
interpretações da mecânica quântica baseadas no observador), é exatamente
como se considera um mundo assim.
RAY: A gente pode discutir sobre que tipos de entidades são conscientes ou
podem ser. A gente pode questionar se a consciência é uma propriedade
emergente ou se é causada por algum mecanismo específico, biológico ou
não. Mas existe outro mistério associado à consciência, talvez o mais
importante deles.
MOLLY 2004: Sou toda ouvidos.
RAY: Bom, mesmo que a gente suponha que todos os humanos que parecem
estar conscientes estão de fato assim, por que minha consciência está
associada a esta determinada pessoa que sou eu? Por que estou consciente
dessa pessoa particular que leu os livros de Tom Swift Jr. quando criança,
envolveu-se com invenções, escreve livros sobre o futuro etc.? Toda manhã
quando acordo, tenho as experiências dessa pessoa específica. Por que eu
não fui Alanis Morissette ou outra pessoa?
SIGMUND FREUD: Hmm, então você gostaria de ser Alanis Morissette?
RAY: É uma proposta interessante, mas não é meu problema.
MOLLY 2004: Qual é seu problema? Eu não entendo.
RAY: Por que tenho consciência das experiências e decisões dessa pessoa
determinada?
MOLLY 2004: Porque, bobão, é quem você é.
SIGMUND: Parece que tem alguma coisa que você não gosta em você. Fale
mais sobre isso.
MOLLY 2004: Antes, Ray não gostava nem um pouco de ser humano.
RAY: Eu não disse que não gosto de ser humano. Disse que não gostava das
limitações, dos problemas e do alto nível de manutenção da versão 1.0 do
meu corpo. Mas isso não tem a ver com o que estou tentando fazer aqui.
CHARLES DARWIN: Você se pergunta por que você é você? Isso é uma
tautologia, não tem muito com que se preocupar.
RAY: Como muitas tentativas de expressar os problemas realmente “duros”
da consciência, isso parece sem sentido. Mas se você me pergunta com o
que me preocupo, esta é a razão: porque estou o tempo todo ciente das
experiências e sentidos dessa pessoa determinada? Quanto à consciência
das outras pessoas, eu aceito isso, mas não vivencio as experiências dos
outros, pelo menos não diretamente.
SIGMUND: Ok, a imagem está ficando mais nítida, agora. Você não vivencia
as experiências de outras pessoas? Já conversou com alguém sobre
empatia?
RAY: Olhe, agora estou falando da consciência de um jeito muito pessoal.
Sigmund: Isso é bom, continue.
RAY: Na verdade, esse é um bom exemplo do que normalmente acontece
quando as pessoas tentam travar um diálogo sobre a consciência.
Inevitavelmente a discussão se desvia para outro assunto, como psicologia
ou comportamento ou inteligência ou neurologia. Mas o mistério de por
que sou esta determinada pessoa é o que realmente me intriga.
CHARLES: Você sabe que você cria quem você é.
RAY: É, é verdade. Assim como nossos cérebros criam nossos pensamentos,
nossos pensamentos, por sua vez, criam nossos cérebros.
CHARLES: Então, você se fez, e é por isso que você é quem você é, por assim
dizer.
MOLLY 2104: A gente vivencia isso bem diretamente em 2104. Como sou não
biológica, consigo mudar quem eu sou bem depressa. Como já discutimos
antes, se me der vontade, posso combinar meus padrões de pensamento
com os de outra pessoa e criar uma identidade misturada. É uma
experiência profunda.
MOLLY 2004: Bom, dona Molly do futuro, a gente também faz isso lá nos dias
primitivos de 2004. A gente chama de apaixonar-se.
Quem sou eu? O que sou eu?
Por que você é você?
A pergunta implícita na sigla YRUU (Young Religious Unitarian Universalists),
organização de que fiz parte quando estava crescendo no começo dos anos 1960 (na
época, era chamada de LRY (Liberal Religious Youth)
Você é aquilo que procura.
São Francisco de Assis
Não conheço muitas coisas
Sei o que sei se você sabe o que quero dizer.
Filosofia é o texto que vem em uma caixa de cereais matinais.
Religião é o sorriso em um cachorro...
Filosofia é andar em pedras escorregadias.
Religião é uma luz na neblina...
O que eu sou é o que eu sou.
Você é o que você é ou o quê?
Edie Brickell, “What I Am”
Livre-arbítrio é a habilidade de fazer de boa vontade aquilo que tenho de fazer.
Carl Jung
A oportunidade do teórico quântico não é a liberdade ética do agostiniano.
Norbert Wiener13
Em vez de uma morte comum, prefiro ser mergulhado com uns poucos amigos em um
barril de vinho Madeira, até esse instante final, então ser chamado à vida pelo calor
solar do meu amado país. Mas, com toda a probabilidade, vivemos em um século muito
pouco avançado e perto demais da infância da ciência para ver tal arte levada à
perfeição em nosso tempo.
Benjamin Franklin, 1773
Uma questão relacionada, mas diferente, tem a ver com nossas próprias
identidades. Já falamos do potencial para fazer upload dos padrões de uma
mente individual — conhecimento, habilidades, personalidade, lembranças
— para outro substrato. Embora a entidade fosse agir exatamente como eu,
permanece a pergunta: é realmente eu?
Alguns dos cenários para um prolongamento radical da vida envolvem
reengenharia e reconstrução dos sistemas e subsistemas abrangidos por
nossos corpos e cérebros. Ao participar dessa reconstrução, será que me
perco pelo caminho? De novo, essa questão irá se transformar de um
diálogo filosófico secular em uma urgente questão prática nas próximas
décadas.
Então, quem sou eu? Já que estou mudando todo o tempo, sou apenas um
padrão? E se alguém copiar esse padrão? Eu sou o original e/ou a cópia?
Talvez eu seja essa coisa aqui — isto é, um grupo tanto ordenado quanto
caótico de moléculas que formam meu corpo e cérebro.
Mas há um problema com essa posição. O conjunto específico de
partículas que meu corpo e cérebro compreendem é, de fato, completamente
diferente dos átomos e moléculas que eu englobava havia bem pouco
tempo. Sabemos que a maioria de nossas células são trocadas em questão
de semanas, e mesmo nossos neurônios, apesar de perdurarem como células
diferentes por um tempo relativamente longo, mudam todas as moléculas
que os constituem em cerca de um mês. A meia-vida de um microtúbulo
14
É claro que Nate não tinha o ingrediente principal, plutônio, nem tinha
qualquer intenção de adquiri-lo, mas a reportagem criou ondas de choque
na mídia, sem falar das autoridades que se preocupam com a proliferação
nuclear. Nate contou ter encontrado 563 páginas da web sobre projetos de
bomba atômica, e a publicidade resultou em um esforço urgente para
removê-las. Infelizmente, tentar excluir informações da internet é como
tentar empurrar o oceano com uma vassoura. Alguns dos sites continuam
facilmente acessíveis até hoje. Não vou indicar nenhuma URL neste livro,
mas não são difíceis de achar.
Embora os títulos dos artigos acima sejam fictícios, pode-se achar
informações extensas na internet sobre todos esses tópicos. A web é uma
4
esta análise não pretende que esses números sejam exatos, indica apenas
uma grandeza aproximada.) Esse nanorrobot malévolo precisaria criar
cópias dele mesmo na ordem de 10 para substituir a biomassa, o que
39
poderia ser alcançado com 130 replicações (cada uma iria potencialmente
dobrar a biomassa destruída). Rob Freitas estimou um tempo mínimo para a
reprodução de aproximadamente cem segundos, assim 130 ciclos de
replicação iriam precisar de cerca de três horas e meia. Entretanto, a taxa
15
Categorias de riscos de Bostrom
Intensidade do risco
Moderada Profunda
Global Diminuição da camada de ozônio Existência em risco
Alcance Local Recessão Genocídio
Pessoal Roubo de carro Morte
Suportável Terminal
Preparando as defesas
Minha própria expectativa é de que as aplicações criativas e construtivas
dessas tecnologias irão predominar, como acho que fazem hoje. Entretanto,
precisamos aumentar amplamente nosso investimento em desenvolver
tecnologias especificamente defensivas. Como já mostrei, hoje estamos no
estágio crítico da biotecnologia, e chegaremos ao estágio em que
precisaremos implementar diretamente as tecnologias de defesa para a
nanotecnologia no final dos vinte anos iniciais deste século.
Não precisamos olhar além de hoje para ver a promessa e o perigo
entrelaçados do avanço tecnológico. Imagine como seria descrever os
perigos (as bombas atômica e de hidrogênio, para começar) que existem
hoje para pessoas que viveram há duzentos anos. Elas achariam loucura
assumir esses riscos. Mas quantas pessoas, em 2005, gostariam realmente
de voltar para as vidas curtas, brutas, cheias de doenças, pobres, propensas
ao desastre com que 99% da raça humana lutava havia um par de séculos? 27
trabalho duro caracterizava a maior parte das atividade humanas. Não havia
redes sociais de segurança. Porções substanciais de nossa espécie ainda
vivem desse modo precário, o que é, pelo menos, uma razão para continuar
o progresso tecnológico e a melhoria econômica que o acompanha. Só a
tecnologia, com sua habilidade para fornecer grandes melhorias na
capacidade e na acessibilidade, tem a escala para enfrentar problemas como
a miséria, a doença, a poluição e as outras preocupações primordiais da
sociedade hoje.
As pessoas muitas vezes passam por três estágios quando consideram o
impacto da tecnologia futura: admiração e encantamento com seu potencial
para superar velhos problemas; depois, uma sensação de pavor com o novo
conjunto de perigos sérios que acompanham essas novas tecnologias;
seguido, finalmente, pela conclusão de que o único caminho viável e
responsável é definir uma rota cuidadosa que pode realizar os benefícios
enquanto gerencia os perigos.
Nem é preciso dizer que já vivenciamos o lado negativo da tecnologia —
por exemplo, a morte e a destruição da guerra. As tecnologias rudimentares
da primeira Revolução Industrial empurraram para a extinção muitas das
espécies que existiam em nosso planeta há um século. Nossas tecnologias
centralizadas (como edifícios, cidades, aviões e usinas de energia) já
demonstraram ser inseguras.
As tecnologias “NBC” (nuclear, biológica e química, em inglês
chemical) da guerra têm sido usadas ou se ameaçou usá-las em nosso
passado recente. As tecnologias GNR muito mais poderosas ameaçam
29
forte ‘não amigável’”, pp. 478-479). São úteis para discutir, mas é
impraticável hoje elaborar estratégias que irão garantir de modo absoluto
que a IA futura encarne a ética e os valores humanos.
A ideia do abandono
Os principais avanços da civilização não fazem mais do que arruinar as civilizações
onde acontecem.
Alfred North Whitehead
Isso nos traz para a questão do abandono, que é a recomendação mais
controversa dos defensores do abandono como Bill McKibben. Acho que o
abandono no nível certo é parte de uma resposta responsável e construtiva
para os perigos genuínos que enfrentaremos no futuro. A questão,
entretanto, é precisamente esta: em que nível devemos abandonar a
tecnologia?
Ted Kaczynski, que ficou conhecido pelo mundo como o Unabomber,
queria que renunciássemos a toda ela. O que não é desejável nem factível,
31
Uma razão adicional para que a sociedade industrial não possa ser
reformada […] é que a tecnologia moderna é um sistema unificado em
que todas as partes dependem umas das outras. Não dá para livrar-se
das partes “ruins” da tecnologia e ficar só com as “boas”. Tome-se a
moderna medicina, por exemplo. O progresso na ciência médica
depende do progresso na química, na física, na biologia, na ciência da
computação e em outros campos. Os tratamentos médicos avançados
exigem equipamentos caros, de alta tecnologia, que só uma sociedade
progressista tecnológica e economicamente rica pode disponibilizar. É
claro que não se pode ter muito progresso na medicina sem todo o
sistema tecnológico e tudo que o acompanha.
O observador que estou citando, aqui, é, de novo, Ted Kaczynski. 33
para tornar a pesquisa biomédica tão segura quanto possível, mas o nosso
equilíbrio dos riscos está completamente distorcido. Milhões de pessoas
precisam desesperadamente dos avanços prometidos pela terapia genética e
outros avanços da biotecnologia, mas parece que elas têm um peso político
pequeno contra um punhado de mortes bem divulgadas causadas pelos
inevitáveis riscos do progresso.
Essa equação para equilibrar os riscos ficará ainda mais difícil quando se
considerarem os perigos emergentes dos patógenos criados pela
bioengenharia. O que se precisa é de uma mudança na atitude do público
sobre a tolerância quanto a riscos necessários. Apressar as tecnologias é
absolutamente vital para nossa segurança. Precisamos simplificar os
procedimentos reguladores para alcançar isso. Ao mesmo tempo, é
necessário aumentar em muito nosso investimento, explicitamente nas
tecnologias defensivas. No campo da biotecnologia, isso significa o rápido
desenvolvimento de remédios antivirais. Não haverá tempo para formular
contramedidas específicas para cada novo desafio que aparecer. Estamos
perto de desenvolver tecnologias antivirais mais generalizadas, como a
interferência no RNA, e elas precisam ser aceleradas.
Estamos tratando aqui da biotecnologia porque esse é o desafio e o limiar
imediatos que agora enfrentamos. Quando se aproximar o limiar da
nanotecnologia auto-organizadora, teremos de investir especificamente no
desenvolvimento de tecnologias defensivas nessa área, incluindo a criação
de um sistema imunológico tecnológico. Vejamos como funciona nosso
sistema imunológico biológico. Quando o corpo detecta um patógeno, as
células T e outras células do sistema imunológico se autorreproduzem
rapidamente para combater o invasor. Um sistema imunológico
nanotecnológico iria funcionar de modo parecido tanto no corpo humano
quanto no ambiente, e incluiria nanorrobots-sentinelas que poderiam
detectar nanorrobots autorreplicantes mal-intencionados. Quando fosse
detectada uma ameaça, os nanorrobots defensivos capazes de destruir os
intrusos seriam criados com rapidez (eventualmente através da
autorreprodução) para formar uma força defensiva eficaz.
Bill Joy e outros observadores têm ressaltado que um sistema
imunológico assim seria, ele mesmo, um perigo por causa das potenciais
reações “autoimunes” (isto é, os nanorrobots do sistema imunológico
atacando o mundo que eles deveriam defender). Entretanto, essa
42
MOLLY 2004: Certo, agora me mostre de novo aquele cenário furtivo — você
sabe, aquele em que os nanorrobots maus se espalham em silêncio pela
biomassa para ficar em posição, mas na verdade não se expandem para
destruir nada, até que acabem de se espalhar pelo mundo.
RAY: Bom, os nanorrobots iriam se espalhar em uma concentração muito
baixa, algo como um átomo de carbono por 10 na biomassa, portanto eles
15
A crítica da incredulidade
Talvez a crítica mais sincera do futuro que previ aqui seja a simples
descrença de que essas mudanças profundas possam chegar a ocorrer. O
químico Richard Smalley, por exemplo, descarta a ideia, como apenas
“boba”, dos nanorrobots serem capazes de executar missões na corrente
sanguínea humana. Mas a ética dos cientistas pede cautela na avaliação das
perspectivas para o trabalho atual, e essa cautela razoável infelizmente leva
muitos cientistas a se esquivarem de considerar o poder de gerações de
ciência e tecnologia muito além da fronteira de hoje. Com o ritmo da
mudança de paradigma ocorrendo cada vez mais rápido, esse pessimismo
enraizado não serve às necessidades da sociedade na avaliação das aptidões
científicas nas décadas futuras. Considere como a tecnologia de hoje iria
parecer incrível para as pessoas há um século.
Uma crítica relacionada baseia-se na noção de que é difícil prever o
futuro, e uma porção de previsões ruins de outros futuristas em eras
passadas pode ser citada para confirmar isso. Predizer qual empresa ou
produto vai ter sucesso é de fato muito difícil, se não impossível. A mesma
dificuldade ocorre ao predizer qual padrão ou projeto técnico vai
prevalecer. (Por exemplo, como vão se sair nos próximos anos os
protocolos de comunicação sem fio WiMAX, CDMA e 3G?) Entretanto,
como este livro tem argumentado extensamente, achamos tendências
exponenciais notavelmente precisas e previsíveis quando avaliamos a
efetividade geral (quando medida pelo preço-desempenho, largura de banda
e outras medidas de capacidade) das tecnologias de informação. Por
exemplo, o crescimento exponencial suave do preço-desempenho da
computação data de mais de um século atrás. Considerando que se sabe que
a quantidade mínima de matéria e energia necessária para computar ou
transmitir um bit de informação é infimamente pequena, pode-se prever,
com confiança, a continuação dessa tendência da tecnologia de informação
por, pelo menos, este próximo século. Além do mais, pode-se prever, de
modo confiável, a capacidade dessas tecnologias em tempos futuros.
Prever o caminho de uma única molécula em um gás é essencialmente
impossível, mas certas propriedades do gás como um todo (composto por
muitíssimas moléculas interagindo caoticamente) podem ser previstas com
confiança através das leis da termodinâmica. Do mesmo modo, não é
possível predizer de maneira confiável os resultados de um projeto ou
empresa específicos, mas a capacidade geral da tecnologia da informação
(que compreende muitas atividades caóticas) pode, apesar de tudo, ser
prevista com segurança pela Lei dos Retornos Acelerados.
Muitas das tentativas furiosas de argumentar porque as máquinas —
sistemas não biológicos — jamais podem ser comparadas com humanos
parecem ser alimentadas por essa reação básica de incredulidade. A história
do pensamento humano é marcada por muitas tentativas de rejeitar ideias
que parecem ameaçar o consenso de que nossa espécie é especial. O insight
de Copérnico, de que a Terra não era o centro do universo, encontrou
resistência, bem como o de Darwin, de que éramos uma evolução apenas
ligeira de outros primatas. A ideia de que as máquinas poderiam igualar-se e
até mesmo superar a inteligência humana parece, mais uma vez, colocar em
dúvida o status humano.
Na minha opinião, apesar de tudo, há alguma coisa essencialmente
especial sobre os seres humanos. Fomos a primeira espécie na Terra a
combinar uma função cognitiva e um apêndice oponível efetivo (o polegar),
portanto fomos capazes de criar a tecnologia que iria ampliar nossos
próprios horizontes. Nenhuma outra espécie na Terra conseguiu isso. (Para
ser preciso, somos a única espécie sobrevivente neste nicho ecológico —
outros, como os neandertais, não sobreviveram.) Como mostrei no capítulo
6, ainda estamos por descobrir outra civilização assim no universo.
A crítica de Malthus
Tendências exponenciais não duram para sempre. O exemplo metafórico
clássico das tendências exponenciais que dão errado é conhecido como “os
coelhos da Austrália”. Uma espécie que chega a um novo habitat acolhedor
aumentará seu número exponencialmente até atingir o limite da capacidade
desse meio ambiente para sustentá-la. Chegar perto desse limite do
crescimento exponencial pode até provocar uma redução geral no número
de indivíduos — por exemplo, os humanos que percebem o alastramento de
uma praga podem procurar erradicá-la. Outro exemplo comum é um
micróbio que pode crescer exponencialmente no corpo de um animal até
que chegue a um limite: a habilidade desse corpo para sustentá-lo, a
resposta do sistema imunológico do animal ou a morte do hospedeiro.
Até mesmo a população humana está agora chegando ao limite. As
famílias das nações mais desenvolvidas empregam o planejamento familiar
e têm padrões relativamente altos para os recursos que querem dar aos
filhos. Como resultado, a expansão da população no mundo desenvolvido
em grande parte parou. Enquanto isso, as pessoas (nem todas) nos países
subdesenvolvidos continuam a ter famílias grandes como meio de
seguridade social, esperando que ao menos um filho sobreviva bastante
tempo para sustentá-las na velhice. Entretanto, com a Lei dos Retornos
Acelerados fornecendo mais ganhos econômicos amplamente espalhados, o
crescimento geral da população humana está desacelerando.
Então será que não há um limite para as tendências exponenciais
comparável ao que estamos testemunhando para as tecnologias da
informação?
A resposta é sim, mas não antes que aconteçam as profundas
transformações descritas por este livro. Como discuti no capítulo 3, a
quantidade de matéria e energia necessária para computar ou transmitir um
bit é infinitamente menor. Usando portas lógicas reversíveis, a entrada de
energia só é necessária para transmitir resultados e corrigir erros. Além
disso, o calor liberado por cada computação é imediatamente reciclado para
alimentar a computação seguinte.
Como mostrei no capítulo 5, os projetos baseados em nanotecnologia
para virtualmente todas as aplicações — computação, comunicação,
fabricação e transporte — vão exigir substancialmente menos energia do
que hoje. A nanotecnologia também facilitará a captura de fontes de energia
renovável como a luz do sol. Poderíamos ter todas as nossas necessidades
projetadas de energia de 30 trilhões de watts em 2030 com o poder do sol se
capturássemos apenas 0,03% (três décimos de milésimos) da energia do sol
que atinge a Terra. Isso será factível com painéis solares extremamente
baratos, leves, eficientes, feitos pela nanoengenharia, com nanocélulas de
combustível para armazenar e distribuir a energia capturada.
Um limite virtualmente ilimitado. Como já foi abordado no capítulo 3,
um computador de 2,2 libras perfeitamente organizado, usando portas
lógicas reversíveis, tem cerca de 10 átomos e pode armazenar cerca de 10
25 27
bits. Só considerando as interações eletromagnéticas entre as partículas, há
pelo menos 10 mudanças de estado por bit por segundo que podem ser
15
Seth Lloyd. Então, sim, há limites, mas eles não são muito limitantes.
A crítica do software
Um desafio comum à factibilidade da IA forte, e portanto à
Singularidade, começa diferenciando as tendências quantitativas das
qualitativas. Esse argumento reconhece, em essência, que certas
capacidades de força bruta, como a capacidade da memória, a velocidade
do processamento e a largura de banda das comunicações, estão
expandindo-se exponencialmente, mas sustenta que o software (isto é,
métodos e algoritmos) não está.
Esse é o desafio do hardware contra software, e é um desafio
significativo. Por exemplo, Jaron Lanier, pioneiro da realidade virtual,
caracteriza minha posição e a de outros chamados totalitários cibernéticos
como os que vamos acabar de descobrir o software de algum jeito não
especificado — uma posição a que ele se refere como “deus ex machina”
do software. Entretanto, isso ignora o cenário específico e detalhado que
2
organismos maiores, as rodas, é claro, não são muito úteis sem estradas, o
que explica que não haja rodas evoluídas biologicamente para o transporte
bidimensional de superfície. Entretanto, a evolução gerou uma espécie que
15
criou tanto as rodas quanto as estradas, portanto ela teve êxito na criação de
muitas rodas, embora de modo indireto. Não há nada errado com os
métodos indiretos; são usados o tempo todo na engenharia. De fato, o modo
indireto é como a evolução funciona (ou seja, os produtos de cada estágio
criam o estágio seguinte).
A engenharia reversa do cérebro não se limita a replicar cada neurônio.
No capítulo 5, mostrei como regiões substanciais do cérebro, contendo
milhões ou bilhões de neurônios, podiam ser modeladas executando
algoritmos paralelos que são equivalentes funcionalmente. A factibilidade
dessas abordagens neuromórficas tem sido demonstrada com modelos e
simulações de umas dúzias de regiões. Como já expus, muitas vezes isso
resulta na redução substancial das necessidades computacionais, como foi
mostrado por Lloyd Watts, Carver Mead e outros.
Lanier escreve que “se alguma vez houve um fenômeno complexo,
caótico, nós somos ele”. Concordo com isso, mas não o vejo como um
obstáculo. Minha própria área de interesse é a computação caótica, que é
como fazemos o reconhecimento de padrões, que, por sua vez, é o núcleo
da inteligência humana. O caos faz parte do processo do reconhecimento de
padrões — ele impulsiona o processo —, e não há razão para que não
possamos aproveitar esses métodos em nossas máquinas assim como eles
são utilizados em nossos cérebros.
Lanier escreve que “a evolução evoluiu, introduzindo o sexo, por
exemplo, mas a evolução nunca achou uma maneira de ter uma velocidade
que não fosse muito baixa”. Mas o comentário de Lanier só se aplica à
evolução biológica, não à evolução tecnológica. É precisamente por isso
que ultrapassamos a evolução biológica. Lanier ignora a natureza essencial
de um processo evolutivo: este acelera porque cada estágio introduz
métodos mais potentes para criar o estágio seguinte. Nós fomos, de bilhões
de anos para os primeiros passos na evolução biológica (RNA), para o
ritmo rápido da evolução tecnológica hoje. A World Wide Web surgiu em
uns poucos anos, bem mais rápido do que, digamos, a explosão cambriana.
Esses fenômenos são todos parte do mesmo processo evolutivo, que
começou lento, agora vai relativamente mais rápido e, dentro de umas
poucas décadas, irá estonteantemente rápido.
Lanier escreve que “todo empreendimento da Inteligência Artificial está
baseado em um erro intelectual”. Até o momento em que os computadores
pelo menos igualem a inteligência humana em todas as dimensões, sempre
será possível que os céticos digam que o copo está meio vazio. Cada nova
realização da IA pode ser descartada ao apontar outros objetivos que ainda
não foram alcançados. De fato, esta é a frustração do profissional da IA:
quando um objetivo da IA é alcançado, deixa de ser considerado como
estando dentro do campo da IA e, em vez disso, torna-se apenas uma
técnica geral útil. Portanto, a IA é considerada muitas vezes como o
conjunto de problemas que ainda não foram resolvidos.
Mas as máquinas estão, de fato, aumentando sua inteligência, e a gama
de tarefas que elas podem realizar — tarefas que antes exigiam a atenção
inteligente de um humano — cresce rapidamente. Como foi mostrado nos
capítulos 5 e 6, hoje há centenas de exemplos da IA operacional restrita.
Como um exemplo dentre muitos, assinalei, na seção “Deep Fritz
empata” na página 313, que o software de xadrez no computador não
depende mais da força bruta computacional. Em 2002, Deep Fritz, rodando
em apenas oito computadores pessoais, teve um desempenho igual ao de
Deep Blue da IBM em 1997, com base nas melhorias de seus algoritmos de
reconhecimento de padrões. Podem-se ver muitos exemplos desse tipo de
melhoria qualitativa na inteligência do software. Entretanto, até que chegue
o tempo em que toda a capacidade intelectual humana esteja emulada,
sempre será possível minimizar o que as máquinas podem fazer.
Quando alcançarmos modelos completos da inteligência humana, as
máquinas conseguirão combinar os níveis humanos flexíveis, sutis, do
reconhecimento de padrões com as vantagens naturais da inteligência da
máquina na velocidade, na capacidade de memória e, mais importante, na
habilidade de compartilhar rapidamente o conhecimento e as aptidões.
A crítica do “bloqueio”
Jaron Lanier e outros críticos têm mencionado a perspectiva de um
“bloqueio”, uma situação em que as velhas tecnologias resistem sair do
lugar por causa dos grandes investimentos nas estruturas que as sustentam.
Eles argumentam que sistemas de suporte onipresentes e complexos têm
bloqueado a inovação em setores como o de transportes, que não viram o
rápido desenvolvimento visto na computação. 33
Pode ser que organismos bem simples como cupins ou lesmas tenham
consciência [...]. O essencial é reconhecer que a consciência é um
processo biológico como a digestão, a lactação, a fotossíntese ou a
mitose, e deve-se procurar sua biologia específica assim como se
procura a biologia específica desses outros processos. 38
Eu respondi:
Sim, é verdade que a consciência emerge dos processos biológicos do
cérebro e do corpo, mas há, pelo menos, uma diferença. Se eu faço a
pergunta: “Um determinado ente emite dióxido de carbono?”, posso
responder a essa pergunta através de medições objetivas claras. Se eu
faço a pergunta: “Esse ente tem consciência?”, posso fornecer
inferências — possivelmente fortes e convincentes — mas nenhuma
medição objetiva clara.
Agora, quando você diz que uma lesma pode ter consciência, acho que
você está dizendo o seguinte: que podemos descobrir certa base
neurofisiológica para a consciência (chame de “x”) em humanos, de
modo que, quando essa base estivesse presente, os humanos teriam
consciência e, quando não estivesse presente, os humanos não teriam
consciência. E, então, se nós a encontrássemos em uma lesma,
poderíamos concluir que ela tem consciência. Mas essa inferência é só
uma forte sugestão, não é uma prova da experiência subjetiva por
parte da lesma. Pode ser que os humanos tenham consciência porque
eles têm “x”, bem como alguma outra qualidade que, essencialmente,
todos os humanos compartilham (chame de “y”). O “y” pode ter a ver
com o nível humano de complexidade ou algo que tem a ver com o
modo como somos organizados, ou com as propriedades quânticas de
nossos microtúbulos (embora isso possa ser parte do “x”) ou algo
totalmente diferente. A lesma tem o “x” mas não tem o “y” e, assim,
pode não ter consciência.
Talvez o aspecto mais interessante desse édito do conselho seja impor uma
restrição como direito. No mesmo espírito, suponho que o conselho iria
defender o direito humano de não ser curado de uma doença natural através
de meios não naturais, assim como ativistas “protegeram” nações africanas
morrendo de fome da indignidade de consumir colheitas geneticamente
modificadas. 42
A crítica do teísmo
Outra objeção comum vai explicitamente além da ciência para sustentar
que existe um nível espiritual que é responsável pelas aptidões humanas e
que não é penetrável por meios objetivos. William A. Dembski, célebre
filósofo e matemático, condena a visão de pensadores como Marvin
Minsky, Daniel Dennett, Patricia Churchland e Ray Kurzweil, que ele
chama de “materialistas contemporâneos” que “veem os movimentos e as
modificações da matéria como suficientes para prestar contas de
mentalidade humana”. 44
Nem é preciso enfatizar que todo o objetivo deste livro é que muitas de
nossas suposições carinhosamente conservadas sobre a natureza das
máquinas e também de nossa própria natureza humana serão postas em
questão nas próximas décadas. A concepção de “história” de Dembski é só
outro aspecto de nossa humanidade que deriva necessariamente da riqueza,
da profundidade e da complexidade de sermos humanos. Pelo contrário, não
ter uma história no sentido de Dembski é apenas só outro atributo da
simplicidade das máquinas que conhecemos até este momento. É
precisamente minha tese de que as máquinas nos anos 2030 e além terão
uma complexidade e riqueza de organização tão grandes que seu
comportamento deixará evidentes as reações emocionais, as aspirações e,
sim, a história. Então Dembski está meramente descrevendo as máquinas
limitadas de hoje e pressupondo que essas limitações são inerentes, uma
linha de argumentação equivalente a afirmar que “as máquinas de hoje não
são tão capazes quanto os humanos, portanto as máquinas jamais irão
alcançar esse nível de desempenho”. Dembski está apenas supondo sua
conclusão.
A visão de Dembski da habilidade das máquinas para entender sua
própria história limita-se a elas “acessarem” itens no armazenamento.
Entretanto, as máquinas futuras terão não apenas um registro de sua própria
história, mas também a habilidade para entender essa história e refletir
sobre ela. Quanto a “itens que representam ocorrências espúrias”, com
certeza pode-se dizer o mesmo sobre nossas lembranças humanas.
A longa discussão de Dembski sobre a espiritualidade resume-se assim:
Dembski afirma que um ente (por exemplo, uma pessoa) não pode
perceber a presença de Deus sem que Deus aja sobre ela, mas Deus não
pode agir sobre uma máquina, portanto uma máquina não pode perceber a
presença de Deus. Esse raciocínio é totalmente tautológico e centrado no
humano. Deus só conversa com humanos e apenas com os biológicos. Não
tenho problemas com Dembski adotar isso como uma crença pessoal, mas
ele deixa de fazer o “caso forte” que promete, que “humanos não são
máquinas — ponto, parágrafo”. Como fez Searle, Dembski só pressupõe
sua própria conclusão.
Como Searle, parece que Dembski não consegue apreender o conceito
das propriedades emergentes dos complexos padrões espalhados. Ele
escreve:
A crítica do holismo
Outra crítica comum diz o seguinte: as máquinas são organizadas como
hierarquias rigidamente estruturadas de módulos, enquanto a biologia
baseia-se em elementos holisticamente organizados, em que cada elemento
afeta todos os outros. As capacidades únicas da biologia (como a
inteligência humana) podem resultar somente desse tipo de projeto
holístico. Além disso, só os sistemas biológicos podem usar esse princípio
de projeto.
Michael Denton, biólogo na Universidade de Otago na Nova Zelândia,
aponta as aparentes diferenças entre os princípios do projeto de entes
biológicos e os das máquinas que ele conheceu. Denton descreve com
eloquência os organismos como “auto-organizadores, [...] autorreferentes,
[...] autorreplicantes, [...] recíprocos, autoformadores e [...] holísticos”. Ele
45
A Singularidade, como foi tratada neste livro, não atinge níveis infinitos
de computação, memória ou qualquer outro atributo mensurável. Mas
atinge, com certeza, vastos níveis de todas essas qualidades, inclusive a
inteligência. Com a aplicação da engenharia reversa no cérebro humano,
poderemos aplicar os algoritmos paralelos, auto-organizadores, caóticos da
inteligência humana a substratos computacionais enormemente poderosos.
Essa inteligência, então, estará apta para melhorar seu próprio projeto, tanto
de hardware quanto de software, em um processo iterativo que acelera
rapidamente.
Mas ainda parece haver um limite. A capacidade do universo de sustentar
a inteligência parece ser de apenas 10 cálculos por segundo, como expus
90
decididamente finitos.
É claro que a capacidade de uma inteligência dessas pode parecer infinita
para todos os efeitos de nosso nível atual de inteligência. Um universo
saturado de inteligência a 10 cps seria 1 trilhão de trilhões de trilhões de
90
Mas acontece que nós somos centrais, afinal. Nossa habilidade para criar
modelos — realidades virtuais — em nossos cérebros, combinada com
nossos polegares aparentemente modestos, tem sido suficiente para
introduzir outra forma de evolução: a tecnologia. Esse desenvolvimento
permitiu a continuação do ritmo acelerado que começou com a evolução
biológica. Ela vai continuar até que todo o universo esteja ao alcance de
nossas mãos.
APÊNDICE
A Lei dos Retornos Acelerados revisitada
A seguinte análise fornece a base para entender a mudança evolutiva
como um fenômeno de duplo exponencial (isto é, um crescimento
exponencial em que a taxa de crescimento exponencial — o expoente —
está, ela também, crescendo exponencialmente). Descreverei aqui o
crescimento do poder da computação, embora as fórmulas sejam similares a
outros aspectos da evolução, especialmente tecnologias e processos
baseados em informação, inclusive nosso conhecimento da inteligência
humana, que é uma fonte primária do software da inteligência.
Estamos interessados em três variáveis:
V: Velocidade (isto é, potência) da computação (medida em cálculos por
segundo por custo unitário)
W: Conhecimento mundial no que se refere a projetar e construir
dispositivos
computacionais
t: Tempo
A solução disso é:
A solução disso é:
Análise Três
Considerando os dados para os dispositivos
de calcular e computadores durante o
século XX:
Seja S = cps/$1K: cálculos por segundo por
mil dólares
Os dados de computação do século XX
correspondem a:
segundo
Raça humana = 10 bilhões (10 ) de 10
segundo
Alcançaremos a capacidade de um cérebro
humano (10 cps) a um custo de mil dólares
16
valor para mim aumenta, mas não dobra. Pode-se mostrar que uma
estimativa razoável do valor de uma rede para cada usuário é proporcional
ao logaritmo do tamanho da rede. Assim, seu valor geral é proporcional a n
X log(n).
Se, pelo contrário, a taxa de crescimento inclui um efeito logarítmico de
rede, temos uma equação da taxa de mudança que é dada por:
KurzweilAI.net
Também o convido a visitar nosso premiado web site, KurzweilAI.net,
que inclui mais de seiscentos artigos de mais de uma centena de “grandes
pensadores” (muitos dos quais são citados neste livro), milhares de notícias,
listas de eventos e outros recursos. Nos últimos seis meses, tivemos mais de
1 milhão de leitores. Memes em KurzweilAI.net incluem:
•A Singularidade
•As máquinas irão tornar-se conscientes?
•Vivendo para sempre
•Como construir um cérebro
•Realidades virtuais
•Nanotecnologia
•Futuros perigosos
•Visões do futuro
•Ponto/contraponto
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Para quem quiser otimizar sua saúde hoje e aumentar ao máximo suas
perspectivas de viver bastante para realmente testemunhar e vivenciar a
Singularidade, visite Fantastic-Voyage.net e RayandTerry.com. Desenvolvi
esses sites com Terry Grossman, médico, meu colaborador em questões de
saúde e coautor de Fantastic Voyage: Live Long Enough to Live Forever.
Esses sites contêm informações extensas sobre melhorar a saúde com os
conhecimentos de hoje, de modo que o leitor poderá gozar de boa saúde
física e mental quando as revoluções da biotecnologia e da nanotecnologia
estiverem totalmente maduras.
e a Porta Feynman, uma porta de lógica universal, com duas entradas e três saídas reversíveis.
<http://www.sciencentral.com/articles/view.php3?language=english&type=article&article_id =
218392247>.
127. Louise Knapp, “Booze to Fuel Gadget Batteries”, Wired News, 2 abr. 2003,
<http://www.wired.com/news/gizmos/0,1452,58119,00.html>, e o press release da Universidade de
St. Louis, “Powered by Your Liquor Cabinet, New Biofuel Cell Could Replace Rechargeable
Batteries”, 24 mar. 2003, <http://www.slu.edu/readstory/newsinfo/2474>, referindo-se a Nick Akers
e Shelley Minteer, “Towards the Development of a Membrane Electrode Assembly”, apresentado no
encontro nacional da American Chemical Society, Anaheim, Estados Unidos (2003).
128. “Biofuel Cell Runs on Metabolic Energy to Power Medical Implants”, Nature Online, 12 nov.
2002, <http://www.nature.com/news/2002/021111/full/021111-1.html>, referindo-se a N. Mano, F.
Mao e A. Heller, “A Miniature Biofuel Cell Operating in a Physiological Buffer”, Journal of the
American Chemical Society, n. 124, pp. 12962-63, 2002.
129. “Power from Blood Could Lead to ‘Human Batteries’”, FairfaxDigital, 4 ago. 2003. Disponível
em: <http://www.smh.com.au/articles/2003/08/03/1059849278131.html?oneclick=true>. Para ler
mais sobre as células de combustível de micróbios: <http://www.geobacter.org/research/microbial/>.
O laboratório BioMEMs de Matsuhiko Nishizawa fez o diagrama de uma microcélula de
combustível: <http://www.biomems.mech.tohoku.ac.jp/research_e.html>. Esse artigo curto descreve
o trabalho em uma fonte de energia implantável, não tóxica, que agora pode produzir 0.2 watts:
<http://www.iol.co.za/index.php?set_id=1&click_id=31&art_id=qw111596760144B215>.
130. Mike Martin, “Pace-Setting Nanotubes May Power Micro-Devices”, NewsFactor, 27 fev. 2003.
Disponível em: <http://physics.iisc.ernet.in/~asood/Pace-
Setting%20Nanotubes%20May%20Power%20Micro-Devices.htm>.
131. “Finalmente, é possível deduzir um limite para a massa total dos nanorrobots ativos no planeta,
considerando o balanço energético global. O total da insolação solar recebida na superfície de Terra é
~1.75 x 1017 watts (ITerra ~ 1370 W/m2 ± 0,4% na incidência normal)”, Robert A. Freitas Jr.,
Nanomedicine, v. 1, Basic Capabilities, seção 6.5.7, “Global Hypsithermal Limit” (Georgetown:
Landes Bioscience, 1999), pp. 175-76. Disponível em:
<http://www.nanomedicine.com/NMI/6.5.7.htm#p1>.
132. Isso presume 10 bilhões (1010) de pessoas, uma densidade de energia para os nanorrobots de
cerca de 107 watts por metro, o tamanho do nanorrobot de um mícron cúbico, e um consumo de
energia de cerca de 10 picowatts (1011 watts) por nanorrobot. O limite hipsitérmico de 1016 watts
implica cerca de dez quilos de nanorrobots por pessoa ou 1016 nanorrobots por pessoa. Robert A.
Freitas Jr., Nanomedicine, v. 1, Basic Capabilities, seção 6.5.7, “Global Hypsithermal Limit”
(Georgetown: Landes Bioscience, 1999), pp. 175-76. Disponível em:
<http://www.nanomedicine.com/NMI/6.5.7.htm#p4>.
133. Por outro lado, a nanotecnologia pode ser projetada para ser extremamente eficiente em energia,
em primeiro lugar, assim a recaptura de energia seria desnecessária e impossível porque haveria
relativamente pouca dispersão de calor a ser recapturada. Em um comunicado particular (jan. 2005),
Robert A. Freitas Jr. escreve: “Drexler (Nanosystems, p. 396) afirma que a dissipação de energia
pode ser, em teoria, tão baixa quanto Ediss ~ 0,1MJ/kg ‘se se presumir que o desenvolvimento de um
conjunto de processos mecanoquímicos capazes de transformar moléculas de matéria-prima em
estruturas de produtos complexos usando apenas etapas de confiança, quase reversíveis’, 0,1 MJ/kg
de diamantes corresponde a mais ou menos o ruído térmico mínimo na temperatura ambiente (por
exemplo, kT ~ 4 zJ/átomo a 298 K)”.
134. Alexis De Vos, Endoreversible Thermodynamics of Solar Energy Conversion (Londres: Oxford
University Press, 1992), p. 103.
135. R. D. Schaller e V. I. Klimov, “High Efficiency Carrier Multiplication in PbSe Nanocrystals:
Implications for Solar Energy Conversion”, Physical Review Letters, v. 92, n. 18, p. 186601, 7 maio
2004.
136. National Academies Press, Commission on Physical Sciences, Mathematics, and Applications,
Harnessing Light: Optical Science and Engineering for the 21st Century, (Washington: National
Academy Press, 1998), p. 166,. Disponível em:
<http://books.nap.edu/books/0309059917/html/166.html>.
137. Matt Marshall, “World Events Spark Interest in Solar Cell Energy Start-ups”, Mercury News, 15
ago. 2004. Disponível em: <http://www.konarkatech.com/news_articles_082004/b-silicon_valley.php
e http://www.nanosolar.com/cache/merc081504.htm>.
138. John Gartner, “NASA Spaces on Energy Solution”, Wired News, 22 jun. 2004. Disponível em:
<http://www.wired.com/news/technology/0,1282,63913,00.html>. Ver também Arthur Smith, “The
Case for Solar Power from Space”. Disponível em: <http://www.lispace.org/articles/SSPCase.html>.
139. “The Space Elevator Primer”, Spaceward Foundation. Disponível em:
<http://www.elevator2010.org/site/primer.html>.
140. Kenneth Chang, “Experts Say New Desktop Fusion Claims Seem More Credible”, New York
Times, 3 mar. 2004, <http://www.rpi.edu/web/News/nytlahey3.html>, referindo-se a R. P.
Taleyarkhan, “Additional Evidence of Nuclear Emissions During Acoustic Cavitation”, Physical
Review E: Statistical, Nonlinear, and Soft Matter Physics, v. 69, n. 3, parte 2, p.036109, mar. 2004.
141. O método original de fusão a frio de Pons e Fleischman usando eletrodos de paládio não está
morto. Defensores entusiastas têm prosseguido com a tecnologia, e o Departamento de Energia dos
Estados Unidos anunciou em 2004 que estava fazendo uma nova revisão formal das pesquisas
recentes nesse campo. Toni Feder, “DOE Warms to Cold Fusion”, Physics Today, abr. 2004.
Disponível em: <http://www.physicstoday.org/vol-57/iss-4/p27.html>.
142. Akira Fujishima, Tata N. Rao e Donald A. Tryk, “Titanium Dioxide Photocatalysis”, Journal of
Photochemistry and Photobiology C: Photochemistry Review, n. 1, pp. 1-21, 29 jun. 2000; Prashant
V. Kamat, Rebecca Huehn e Roxana Nicolaescu, “A ‘Sense and Shoot’ Approach for Photocatalytic
Degradation of Organic Contaminants in Water”, Journal of Physical Chemistry B, n. 106, p. 788-94,
31 jan. 2002.
143. A. G. Panov et al., “Photooxidation of Toluene and p-Xylene in Cation-Exchanged Zeolites X,
Y, ZSM-5, and Beta: The Role of Zeolite Physicochemical Properties in Product Yield and
Selectivity”, Journal of Physical Chemistry B, n. 104, pp. 5706-14, 22 jun. 2000.
144. Gabor A. Somorjai e Keith McCrea, “Roadmap for Catalysis Science in the 21st Century: A
Personal View of Building the Future on Past and Present Accomplishments”, Applied Catalysis A:
General, v. 222, n. 1-2, pp. 3-18, 2001, Lawrence Berkeley National Laboratory número 3.LBNL-
48555. Disponível em: <http://www.cchem.berkeley.edu/~gasgrp/2000.html> (publicação 877). Ver
também Zhao, Lu e Millar, “Advances in Mesoporous Molecular Sieve MCM-41”, Industrial &
Engineering Chemistry Research, n. 35, pp. 2075-90, 1996. Disponível em:
<http://cheed.nus.edu.sg/~chezxs/Zhao/publication/1996_2075.pdf>.
145. Relatório de NTSC/NSET, National Nanotechnology Initiative: The Initiative and Its
Implementation Plan, jul. 2000. Disponível em: <http://www.nano.gov/html/res/nni2.pdf>.
146. Wei-xian Zhang, Chuan-Bao Wang e Hsing-Lung Lien, “Treatment of Chlorinated Organic
Contaminants with Nanoscale Bimetallic Particles”, Catalysis Today, n. 40, pp. 387-95, 14 maio
1988.
147. R. Q. Long e R. T. Yang, “Carbon Nanotubes as Superior Sorbent for Dioxin Removal”, Journal
of the American Chemical Society, v. 123, n. 9, pp. 2058-9, 2001.
148. Robert A. Freitas Jr., “Death Is an Outrage!”, apresentado na Fifth Alcor Conference on
Extreme Life Extension, Newport Beach, Estados Unidos, 16 nov. 2002. Disponível em:
<http://www.rfreitas.com/Nano/DeathIsAnOutrage.htm>.
149. Por exemplo, a quinta conferência anual de BIOMEMS, jun. 2003, San Jose. Disponível em:
<http://www.knowledgepress.com/events/11201717.htm>.
150. Primeiros dois volumes de uma série planejada de quatro volumes: Robert A. Freitas Jr.,
Nanomedicine, v. I, Basic Capabilities (Georgetown: Landes Bioscience, 1999); Nanomedicine, vol.
IIA, Biocompatibility (Georgetown: Landes Bioscience, 2003). Disponível em:
<http://www.nanomedicine.com>.
151. Robert A. Freitas Jr., “Exploratory Design in Medical Nanotechnology: A Mechanical Artificial
Red Cell”, Artificial Cells, Blood Substitutes, and Immobilization Biotechnology, n. 26, pp. 411-30,
1998. Disponível em: <http://www.foresight.org/Nanomedicine/Respirocytes.html>.
152. Robert A. Freitas Jr., “Microbivores: Artificial Mechanical Phagocytes using Digest and
Discharge Protocol”, pré-impressão de Zyvex, mar. 2001,
<http://www.rfreitas.com/Nano/Microbivores.htm>; Robert A. Freitas Jr., “Microbivores: Artificial
Mechanical Phagocytes”, Foresight Update, n. 44, pp. 11-3, 31 mar. 2001,
<http://www.imm.org/Reports/Rep025.html>; ver também imagens de microbívoros na
Nanomedicine Art Gallery:
<http://www.foresight.org/Nanomedicine/Gallery/Species/Microbivores.html>.
153. Robert A. Freitas Jr., Nanomedicine, v. I, Basic Capabilities, seção 9.4.2.5, “Nanomechanisms
for Natation” (Georgetown: Landes Bioscience, 1999), pp. 309-12. Disponível em:
<http://www.nanomedicine.com/NMI/9.4.2.5.htm>.
154. George Whitesides, “Nanoinspiration: The Once and Future Nanomachine”, Scientific
American, v. 285, n. 3, pp. 78-83, 16 set. 2001.
155. “De acordo com a estimativa de Einstein para o movimento browniano, depois que passou um
segundo na temperatura ambiente, uma molécula fluídica de água percorreu, em média, uma
distância de ~50 mícrons (~400 mil diâmetros moleculares), enquanto um nanorrobot de um mícron
mergulhado nesse mesmo fluido deslocou-se por apenas ~0,7 mícrons (só ~0,7 do diâmetro do
dispositivo) durante o mesmo período de tempo. Portanto, o movimento browniano é, no máximo,
uma fonte menor de erros de navegação para os nanorrobots médicos móveis.” Ver K. Eric Drexler et
al., “Many Future Nanomachines: A Rebuttal to Whitesides’ Assertion That Mechanical Molecular
Assemblers Are Not Workable and Not a Concern”, um Debate sobre os Montadores, Institute for
Molecular Manufacturing, 2001. Disponível em:
<http://www.imm.org/SciAmDebate2/whitesides.html>.
156. Tejal A. Desai, “MEMS-Based Technologies for Cellular Encapsulation”, American Journal of
Drug Delivery, v. 1, n. 1, pp. 3-11, 2003, sumário disponível em:
<http://www.ingentaconnect.com/search/expand?
pub=infobike://adis/add/2003/00000001/00000001/art00001>.
157. Conforme citado por Douglas Hofstadter em Gödel, Escher, Bach: An Eternal Golden Braid
(Nova York: Basic Books, 1979).
158. O autor dirige uma empresa, FATKAT (Financial Accelerating Transactions by Kurzweil
Adaptive Technologies), que aplica o reconhecimento computadorizado de padrões nos dados
financeiros para tomar decisões de investimento na bolsa, <http://www.FatKat.com>.
159. Ver a discussão no capítulo 2 sobre melhorias do preço-desempenho na memória de
computadores e nos aparelhos eletrônicos em geral.
160. A IA fora de controle se refere a um cenário em que, como Max More descreve, “máquinas
superinteligentes, inicialmente usadas para benefício humano, logo nos deixarão para trás”. Max
More, “Embrace, Don’t Relinquish, the Future”. Disponível em:
<http://www.KurzweilAI.net/articles/art0106.html?printable=1>. Ver também a descrição de Damien
Broderick de “Seed AI”: “Uma IA que melhora a si mesma poderia rodar gélida e vagarosamente em
um substrato mecânico limitado. Enquanto ela tiver a capacidade de melhorar a si mesma, em algum
ponto ela irá fazê-lo convulsivamente, rompendo qualquer engarrafamento arquitetônico para
projetar seu próprio hardware melhorado, talvez até construí-lo (se lhe permitirem controlar as
ferramentas em uma fábrica)”. Damien Broderick, “Tearing Toward the Spike”, apresentado em
“Australia at the Crossroads? Scenarios and Strategies for the Future” (31 abr. a 2 maio 2000),
publicado em KurzweilAI.net , em 7 maio 2001. Disponível em:
<http://www.KurzweilAI.net/meme/frame.html?main=/articles/art0173.html>.
161. David Talbot, “Lord of the Robots”, Technology Review, abr. 2002.
162. Heather Havenstein escreve que as “ideias infladas geradas por escritores de ficção científica
sobre a convergência de humanos e máquinas denegriu a imagem da IA nos anos 1980 porque a IA
era vista como não alcançando seu potencial”. Heather Havenstein, “Spring Comes to AI Winter: A
Thousand Applications Bloom in Medicine, Customer Service, Education and Manufacturing”,
Computerworld, 14 fev. 2005. Disponível em:
<http://www.computerworld.com/softwaretopics/software/story/0,10801,99691,00.html>. Essa
imagem manchada levou ao “AI Winter” [Inverno da IA], definido como “um termo criado por
Richard Gabriel para o rompimento (cerca de 1990-1994?) da onda de entusiasmo pela linguagem
Lisp da IA e pela própria IA, que se seguiu à expansão repentina dos anos 1980”. Duane Rettig
escreveu: “... as empresas viajaram na grande maré da IA no começo dos anos 1980, quando grandes
companhias despejaram bilhões de dólares na promoção exagerada da IA, que prometia máquinas
pensantes em dez anos. Quando as promessas mostraram-se mais difíceis do que se pensou
originalmente, a maré da IA se abateu, e Lisp abateu-se junto com ela por causa de sua associação
com a IA. Falamos nisso com sendo o Inverno da IA”. Duane Rettig citada em “AI Winter”.
Disponível em: <http://c2.com/cgi/wiki?AiWinter>.
163. O programa de computador The General Problem Solver (GPS — o Grande Solucionador de
Problemas), escrito em 1957, foi capaz de resolver problemas através de regras que permitiam que o
GPS dividisse o objetivo de um problema em vários subobjetivos, e depois verificasse se chegar a um
determinado subobjetivo, deixava o GPS mais próximo de resolver o objetivo geral. No começo dos
anos 1960, Thomas Evan escreveu ANALOGY, um “programa [que] resolve problemas analógico-
geométricos na forma A:B::C:? extraídos de testes de QI e vestibulares”. Boicho Kokinov e Robert
M. French, “Computational Models of Analogy-Making”. In: L. Nadel (org.), Encyclopedia of
Cognitive Science, v. 1 (Londres: Nature Publishing Group, 2003), pp. 113-8. Ver também A. Newell,
J. C. Shaw e H. A. Simon, “Report on a General Problem-Solving Program”, Proceedings of the
International Conference on Information Processing (Paris: Unesco House, 1959), pp. 256-64;
Thomas Evans, “A Heuristic Program to Solve Geometric-Analogy Problems”. In: M. Minsky (org.),
Semantic Information Processing (Cambridge: MIT Press,1968).
164. Sir Arthur Conan Doyle, “The Red-Headed League”, 1890. Disponível em:
<http://www.eastoftheweb.com/short-stories/UBooks/RedHead.shtml>.
165. V. Yu et al., “Antimicrobial Selection by a Computer: A Blinded Evaluation by Infectious
Diseases Experts”, JAMA, v. 242, n. 12, pp. 1279-82, 1979.
166. Gary H. Anthes, “Computerizing Common Sense”, Computerworld, 8 abr. 2002. Disponível
em: <http://www.computerworld.com/news/2002/story/0,11280,69881,00.html>.
167. Kristen Philipkoski, “Now Here’s a Really Big Idea”, Wired News, 25 nov. 2002,
<http://www.wired.com/news/technology/0,1282,56374,00.html>, apresentando um relatório sobre
Darryl Macer, “The Next Challenge Is to Map the Human Mind”, Nature, n. 420, p. 121, 14 nov.
2002; ver também uma descrição do projeto em: <http://www.biol.tsukuba.ac.jp/~macer/index.html>.
168. Thomas Bayes, “An Essay Towards Solving a Problem in the Doctrine of Chances”, publicado
em 1763, dois anos depois de sua morte em 1761.
169. Filtro de spam SpamBayes: <http://spambayes.sourceforge.net>.
170. Lawrence R. Rabiner, “A Tutorial on Hidden Markov Models and Selected Applications in
Speech Recognition”, Proceedings of the IEEE, n. 77, pp. 257-6, 1989. Para um tratamento
matemático dos modelos de Markov, ver: <http://jedlik.phy.bme.hu/~gerjanos/HMM/node2.html>.
171. Kurzweil Applied Intelligence (KAI), fundada pelo autor em 1982, foi vendida em 1997 por 100
milhões de dólares e agora é parte de ScanSoft (antes chamada de Kurzweil Computer Products, a
primeira empresa do autor, que foi vendida para a Xerox em 1980), agora uma empresa pública. KAI
introduziu o primeiro sistema comercial de reconhecimento de fala com um grande vocabulário em
1987 (Kurzweil Voice Report, com um vocabulário de 10 mil palavras).
172. Aqui está a estrutura básica para um algoritmo neural de rede. Muitas variações são possíveis, e
o projetista do sistema tem de fornecer certos parâmetros críticos e métodos, detalhados a seguir.
Criar uma solução de redes neurais para o problema envolve os seguintes passos:
• Definir o input.
• Definir a topologia da rede neural (isto é, as camadas de neurônios e as conexões entre os
neurônios).
• Treinar a rede neural com exemplos do problema.
• Rodar a rede neural treinada para resolver novos exemplos do problema.
• Abrir o capital de sua empresa de redes neurais.
Esses passos (exceto o último) estão detalhados abaixo:
O input do problema
O input do problema das redes neurais consiste em uma série de números. Esse input pode ser:
• Em um sistema visual de reconhecimento de padrões, um arranjo bidimensional dos
números, representando os pixels de uma imagem; ou
• Em um sistema auditivo de reconhecimento (por exemplo: a fala) , um arranjo bidimensional
de números representando um som, em que a primeira dimensão representa parâmetros do som
(isto é, componentes da frequência) e a segunda dimensão representa diferentes pontos no
tempo; ou
• Em um sistema arbitrário de reconhecimento de padrões, um arranjo n-dimensional de
números representando o padrão do input.
Definir a topologia
Para montar a rede neural, a arquitetura de cada neurônio consiste em:
• Inputs múltiplos em que cada input está “conectado” ao input de outro neurônio ou a um dos
números do input.
• Em geral, um único input que está conectado ao input de outro neurônio (que em geral está
em uma camada mais alta) ou ao input final.
Configurar a primeira camada de neurônios
• Criar N0 neurônios na primeira camada. Depois, “conectar” cada um dos múltiplos inputs
desses neurônios a “pontos” (isto é, números) no input do problema. Essas conexões podem
ser determinadas aleatoriamente ou usando um algoritmo evolucionário (ver abaixo).
• Atribuir uma “força sináptica” inicial para cada conexão criada. Esses pesos podem começar
todos iguais, serem atribuídos aleatoriamente, ou podem ser determinados de outro jeito (ver
abaixo).
Configurar camadas adicionais de neurônios
Estabeleça um total de M camadas de neurônios. Estabeleça os neurônios de cada camada.
Para a camada i :
• Criar Ni neurônios na camada i. Para cada um desses neurônios, “conectar” todos os
múltiplos inputs do neurônio aos outputs dos neurônios da camadai – 1 (ver variações abaixo).
• Atribuir uma “força sináptica” inicial para cada conexão criada. Esses pesos podem começar
todos iguais, serem atribuídos aleatoriamente, ou podem ser determinados de outro jeito (ver
abaixo).
Os outputs dos neurônios da camadaM são os outputs da rede neural (ver variações abaixo).
Os testes de reconhecimento
Como trabalha cada neurônio
Depois do neurônio estabelecido, ele faz o seguinte para cada teste de reconhecimento:
• Cada input com peso é computado ao multiplicar o output do outro neurônio (ou input
inicial) a que está conectado o input deste neurônio pela força sináptica dessa conexão.
• Todos os inputs com peso são somados.
Se essa soma for maior do que o limite de disparo desse neurônio, então se considera que esse
neurônio dispara e seu output é de 1. Se for o contrário, seu output é zero (ver variações abaixo).
Faça o seguinte para cada teste de reconhecimento.
Para cada camada, da camada0 à camadaM:
Para cada neurônio na camada:
• Some seus inputs com peso (cada input com peso = output do outro neurônio (ou input
inicial) ao que o input desse neurônio está conectado, multiplicado pela força sináptica.
• Se a soma dos inputs com peso for maior do que o limite do disparo desse neurônio,
estabeleça o output desse neurônio = 1, caso contrário, = 0.
Treinar a rede neural
• Rode testes de reconhecimento repetidas vezes em amostras de problemas.
• Depois de cada teste, ajuste as forças sinápticas de todas as conexões interneurais para
melhorar o desempenho da rede neural nesse teste (ver abaixo como fazer isso).
• Continue esse treinamento até que a taxa de precisão da rede neural não melhore mais (isto é,
atinja uma assíntota).
Decisões-chave do projeto
• No esquema simples acima, o projetista desse algoritmo de rede neural precisa determinar no
início:
• O que representam os números do input.
• A quantidade de camadas de neurônios.
• A quantidade de neurônios em cada camada. (Não é necessário que todas as camadas tenham
o mesmo número de neurônios.)
• A quantidade de inputs de cada neurônio em cada camada. A quantidade de inputs (isto é, de
conexões interneurais) também pode variar de neurônio para neurônio e de camada para
camada.
• A “fiação” real (isto é, as conexões). Para cada neurônio em cada camada, consiste em uma
lista dos outros neurônios, cujos outputs constituem os inputs deste neurônio. Essa é uma área
fundamental do projeto. Há várias maneiras possíveis de se fazer isso:
(i) Conectar a rede neural aleatoriamente; ou
(ii) Usar um algoritmo evolucionário (ver abaixo) para determinar a melhor fiação possível; ou
(iii) Usar o bom senso do projetista para determinar a fiação.
• As forças sinápticas iniciais (isto é, pesos) de cada conexão. Há várias maneiras possíveis de
fazer isso:
(i) Determinar o mesmo valor para as forças sinápticas; ou
(ii) Determinar valores diferentes aleatórios para as forças sinápticas; ou
(iii) Usar um algoritmo evolutivo para determinar o melhor conjunto possível de valores
iniciais; ou
(iv) Usar o bom senso do projetista do sistema para determinar os valores iniciais.
• O limite de disparo de cada neurônio.
• O output. O output pode ser:
(i) os outputs da camadaM de neurônios; ou
(ii) o output de um único neurônio, cujos inputs são os outputs dos neurônios na camadaM; ou
(iii) uma função (por exemplo, uma soma) dos outputs dos neurônios da camadaM; ou
(iv) outra função dos outputs de neurônios em camadas múltiplas.
• Como as forças sinápticas de todas as conexões são ajustadas durante o treinamento dessa
rede neural. Essa é uma decisão-chave do projeto e é objeto de muitas pesquisas e discussões.
Há várias maneiras de se fazer isso:
(i) Para cada teste de reconhecimento, aumentar ou diminuir cada força sináptica por um valor
fixo, de modo que o output da rede neural fique o mais próximo da resposta certa. Uma
maneira de fazer isso é tanto aumentar quanto diminuir e verificar qual tem o efeito mais
desejável. Isso pode ser demorado, assim existem outros métodos para tomar decisões locais
sobre aumentar ou diminuir cada força sináptica.
(ii) Existem outros métodos estatísticos para modificar as forças sinápticas depois de cada
teste de reconhecimento, de modo que o desempenho da rede neural nesse teste chegue o mais
perto possível da resposta certa. Note que o treinamento da rede neural irá funcionar mesmo
que as respostas dos testes de treinamento não sejam todas corretas. Isso permite usar dados de
treinamento do mundo real que podem ter uma taxa inerente de erros. Uma chave para o
sucesso de um sistema de reconhecimento baseado em redes neurais é a quantidade de dados
usados para o treinamento. Em geral, precisa-se de uma quantidade bem substancial para obter
resultados satisfatórios. Assim como estudantes humanos, a quantidade de tempo que uma
rede neural gasta com seu treinamento é um fator-chave para seu desempenho.
Variações
Muitas variações do que está acima são factíveis:
Há maneiras diferentes para determinar a topologia. Em especial, a fiação interneural pode ser feita
aleatoriamente ou usando um algoritmo evolucionário.
Há maneiras diferentes para determinar as forças sinápticas iniciais.
• Os inputs dos neurônios na camadai não precisam necessariamente vir dos outputs dos
neurônios na camadai−1. Ou os inputs dos neurônios de cada camada podem vir de qualquer
camada inferior ou de qualquer camada.
• Há maneiras diferentes para determinar o output final.
• O método descrito acima resulta em um disparo “tudo ou nada” (1 ou 0) chamado de não
linearidade. Há outras funções não lineares que podem ser usadas. Em geral, usa-se uma
função que vai de 0 a 1 de um modo rápido, mas mais gradual. E também os outputs podem
ser números diferentes de 0 e 1.
• Os diferentes métodos para ajustar as forças sinápticas durante o treinamento representam
decisões-chave para o projeto.
O esquema acima descreve uma rede neural “sincrônica”, em que cada teste de reconhecimento
avança computando os outputs de cada camada, começando com a camada0 até a camadaM. Em um
sistema realmente paralelo, em que cada neurônio opera independente dos outros, os neurônios
podem operar “assincronicamente” (ou seja, independentemente). Em uma abordagem assincrônica,
cada neurônio está constantemente escaneando seus inputs e dispara sempre que a soma de seus
inputs com peso ultrapassa seu limite (ou o que especifica sua função de output).
173. Ver o capítulo 4 para uma análise detalhada da engenharia reversa do cérebro. Como um
exemplo da progressão, S. J. Thorpe escreve: “Na realidade, nós só começamos o que certamente
será um projeto demorado cujo objetivo é aplicar a engenharia reversa ao sistema visual dos
primatas. Até o momento, apenas exploramos umas arquiteturas muito simples, envolvendo
essencialmente apenas arquiteturas do tipo feedforward abrangendo uma quantidade relativamente
pequena de camadas [...]. Nos próximos anos, estaremos empenhados em incorporar tantos truques
computacionários usados pelo sistema visual dos primatas e humanos quantos possível. Mais
precisamente, parece que, ao adotar a abordagem do neurônio de fuso, logo será possível desenvolver
sistemas sofisticados capazes de simular redes neuronais muito grandes em tempo real”. S. J. Thorpe
et al., “Reverse Engineering of the Visual System Using Networks of Spiking Neurons”, Proceedings
of the IEEE 2000 International Symposium on Circuits and Systems, v. IV (IEEE Press), pp. 405-8.
Disponível em: <http://www.sccn.ucsd.edu/~arno/mypapers/thorpe.pdf>.
174. T. Schoenauer et al. escrevem: “Pelos últimos anos, uma grande diversidade de hardware para
redes neurais artificiais (ANN — Artificial Neural Networks) tem sido projetada [...] Hoje, pode-se
escolher dentre uma ampla gama de hardware de redes neurais. Os projetos diferem em termos de
abordagens arquitetônicas, como neurochips, placas de aceleração e neurocomputadores de
multiplacas, bem como relativos ao propósito do sistema, como os algoritmos ANN e a versatilidade
do sistema [...] Neurohardware digital pode ser classificado por: (sic) arquitetura do sistema, grau de
paralelismo, compartilhamento normal de rede neural por processador, rede de comunicação
interprocessador e representação numérica”. T. Schoenauer, A. Jahnke, U. Roth e H. Klar, “Digital
Neurohardware: Principles and Perspectives”, Proc. Neuronale Netze in der Anwendung — Neural
Networks in Applications NN’98, Magdeburgo, convidado (fev. 1998), pp. 101-6. Disponível em:
<http://bwrc.eecs.berkeley.edu/People/kcamera/neural/papers/schoenauer98digital.pdf>. Ver também
Yihua Liao, “Neural Networks in Hardware: A Survey” (2001), em:
<http://ailab.das.ucdavis.edu/~yihua/research/NNhardware.pdf>.
175. A seguir, um esquema básico para um algoritmo genético (evolucionário). São possíveis muitas
variações, e o projetista do sistema precisa fornecer certos métodos e parâmetros críticos, detalhados
abaixo.
O ALGORITMO EVOLUCIONÁRIO
Criar N “criaturas” de solução. Cada uma tem:
• Um código genético: uma sequência de números que caracterizam uma solução para o
problema. Os números podem representar parâmetros críticos, etapas de uma solução, regras
etc.
Para cada geração da evolução, faça o seguinte:
• Faça o seguinte para cada uma das criaturas das N soluções:
(i) Aplique a solução dessa criatura de solução (como representada por seu código genético)
ao problema ou ambiente simulado.
(ii) Avalie a solução.
• Tome as criaturas L de solução com a maior avaliação para sobreviver na geração seguinte.
• Elimine as criaturas (N — L) de solução não sobreviventes.
• Crie novas criaturas (N — L) de solução a partir das criaturas L de solução sobreviventes
através de:
(i) Fazer cópias das criaturas L sobreviventes. Introduzir pequenas variações aleatórias em
cada cópia; ou
Criar criaturas de solução adicionais combinando partes do código genético (usando a
reprodução “sexual” ou combinando porções dos cromossomos) das criaturas L sobreviventes;
ou
(ii) Combinar (i) e (ii).
• Determinar se a evolução continua ou não:
Melhoria = (maior avaliação desta geração) — (maior avaliação a geração anterior)
Se a melhoria < limite da melhoria, então acabou.
• A criatura de solução com a maior avaliação da última geração da evolução tem a melhor
solução. Aplicar a solução definida por seu código genético ao problema.
Decisões-chave para o projeto
No esquema simples acima, o projetista precisa determinar no começo:
• Parâmetros principais:
N
L
Limite da melhoria
• O que representam os números do código genético e como a solução é computada do código
genético.
• O método para determinar as criaturas N de solução na primeira geração. Em geral, essas só
precisam ser tentativas “razoáveis” de solução. Se essa primeira geração de soluções estiver
muito avançada, o algoritmo evolucionário pode ter dificuldade para chegar a uma solução
boa. Muitas vezes, vale a pena criar as criaturas iniciais de solução como sendo razoavelmente
diversificadas. Isso ajudará a prevenir que o processo evolucionário apenas ache uma solução
“localmente” ótima.
• Como são avaliadas as soluções.
• Como se reproduzem as criaturas de solução sobreviventes.
Variações
São factíveis muitas das variações acima. Por exemplo:
• Não é preciso que haja um número fixo de criaturas de solução sobreviventes (L) de cada
geração. A(s) regra(s) de sobrevivência podem permitir um número variável de sobreviventes.
• Não é preciso haver um número fixo de novas criaturas de solução criadas em cada geração
(N — L). As regras de procriação podem ser independentes do tamanho da população. A
procriação pode estar relacionada com a sobrevivência, permitindo desse modo que as mais
aptas criaturas de solução procriem mais.
• A decisão sobre continuar evoluindo ou não pode ser variada. Ela pode levar em
consideração mais do que somente a criatura de solução com a avaliação mais alta da geração
mais recente. Ela também pode considerar uma tendência que vai além das últimas duas
gerações.
176. Sam Williams, “When Machines Breed”, 12 ago. 2004. Disponível em:
<http://www.salon.com/tech/feature/2004/08/12/evolvable_hardware/index_np.html>.
177. Aqui está o esquema básico (descrição do algoritmo) da busca recursiva. Muitas variações são
possíveis, e o projetista do sistema precisa fornecer certos parâmetros críticos e métodos, detalhados
abaixo.
O ALGORITMO RECURSIVO
Defina uma função (programa) “Pick Best Next Step” (escolha a melhor etapa seguinte). A função
devolve um valor de “SUCESSO” (resolvemos o problema) ou “FRACASSO” (não resolvemos o
problema). Se a função devolver um valor de SUCESSO, ela também devolve a sequência de etapas
que resolveram o problema.
PICK BEST NEXT STEP faz o seguinte:
• Determina se o programa pode escapar de recursões continuadas neste ponto. Este tópico e
os dois seguintes lidam com essa decisão de escapar.
Primeiro, determine se o problema agora foi solucionado. Uma vez que essa chamada a Pick Best
Next Step provavelmente veio da própria chamada do programa, podemos agora ter uma solução
satisfatória. São exemplos:
(i) No contexto de um jogo (por exemplo, xadrez), o último movimento nos permite ganhar
(com um xeque-mate).
(ii) No contexto de resolver um teorema matemático, a última etapa demonstra o teorema.
(iii) No contexto de um programa artístico (por exemplo, um computador poeta ou
compositor), a última etapa combina com os objetivos para a palavra ou a nota seguinte.
Se o programa tiver sido resolvido satisfatoriamente, o programa devolve um valor de “SUCESSO” e
a sequência de etapas que causaram o sucesso.
• Se o problema não foi resolvido, determine se uma solução agora é impossível. São
exemplos:
(i) No contexto de um jogo (como xadrez), esse movimento nos faz perder (xeque-mate para o
adversário).
(ii) No contexto de demonstrar um teorema matemático, esse passo infringe o teorema.
(iii) No contexto de uma criação artística, esse passo infringe os objetivos para a palavra ou
nota seguinte.
Se a solução neste ponto for considerada impossível, o programa devolve um valor de
“FRACASSO”.
• Se o problema não foi resolvido nem considerado impossível neste ponto da expansão
recursiva, determine se a expansão deve ser abandonada. Isso é um aspecto fundamental do
projeto e leva em consideração a quantidade limitada de tempo de computador que temos para
gastar. São exemplos:
(i) No contexto de um jogo (como xadrez), esse movimento põe nosso lado suficientemente “à
frente” ou “atrás”. Determinar isso pode não ser tão simples, e é a decisão primária do projeto.
Entretanto, abordagens simples (como somar valores de peças) ainda podem dar bons
resultados. Se o programa determinar que nosso lado está bastante à frente, Pick Best Next
Step devolve de modo semelhante uma determinação de que nosso lado ganhou (isto é, um
valor de “SUCESSO”). Se o programa determinar que nosso lado está bastante atrás, Pick Best
Next Step devolve de modo semelhante uma determinação de que nosso lado perdeu (isto é,
um valor de “FRACASSO”).
(ii) No contexto de resolver um teorema matemático, esse passo envolve determinar se é
provável que a sequência de passos na prova não vá fornecer uma prova. Se for isso, esse
caminho deve ser abandonado e Pick Best Next Step devolve de modo semelhante uma
determinação de que esse passo infringe o teorema (isto é, um valor de “FRACASSO”). Não
há um equivalente “soft” do sucesso. Só podemos devolver um valor de “SUCESSO” quando
tivermos realmente resolvido o problema. Essa é a natureza da matemática.
(iii) No contexto de um programa artístico (como um computador poeta ou compositor), esse
passo envolve determinar se é provável que a sequência de passos (como as palavras em um
poema, notas em uma música) não irá satisfazer os objetivos do passo seguinte. Se for isso,
este caminho deve ser abandonado, e Pick Best Next Step devolve de modo semelhante uma
determinação de que esse passo infringe os objetivos para o passo seguinte (isto é, um valor de
“FRACASSO”).
• Se Pick Best Next Step não devolveu (porque o programa não determinou sucesso nem
fracasso nem determinou que esse caminho devesse ser abandonado nesse ponto), não
escapamos da expansão recursiva contínua. Neste caso, geramos uma lista de todos os passos
seguintes possíveis. É aqui onde entra a formulação precisa do problema:
(i) No contexto de um jogo (como xadrez), isso envolve gerar todos os movimentos possíveis
para o “nosso” lado na situação corrente do tabuleiro. Envolve uma codificação direta das
regras do jogo.
(ii) No contexto de achar uma prova para um teorema matemático, isso envolve fazer uma lista
dos axiomas possíveis ou de teoremas demonstrados previamente que possam ser aplicados
neste ponto da solução.
(iii) No contexto de um programa cibernético de arte, isso envolve fazer uma lista de possíveis
segmentos de palavras/notas/linhas que poderiam ser usados neste ponto.
Para cada passo seguinte possível desses:
(i) Crie a situação hipotética que iria existir se este passo fosse implementado. Em um jogo,
isso quer dizer o estado hipotético do tabuleiro. Em uma prova matemática, isso quer dizer
adicionar este passo (por exemplo, axioma) à prova. Em um programa de arte, isso quer dizer
adicionar este segmento de palavra/nota/linha.
(ii) Agora chame Pick Best Next Step para examinar essa situação hipotética. É aqui, é claro,
que entra a recursividade porque agora o programa está chamando a si mesmo.
(iii) Se a chamada acima a Pick Best Next Step devolve um valor de “SUCESSO”, devolve da
chamada a Pick Best Next Step (onde agora estamos) também um valor de “SUCESSO”. Caso
contrário, considere o passo seguinte possível.
Se todos os passos seguintes possíveis foram levados em consideração sem que se achasse um passo
que resultasse em uma devolução do chamado a Pick Best Next Step com um valor de “SUCESSO”,
então devolva esse chamado a Pick Best Next Step (onde estamos agora) com um valor de
“FRACASSO”.
Fim de PICK BEST NEXT STEP
Se o chamado original a Pick Best Next Move devolve um valor de “SUCESSO”, ele também
devolverá a sequência correta de passos:
(i) No contexto de um jogo, o primeiro passo nesta sequência é o movimento seguinte que
você deve fazer.
(ii) No contexto de uma prova matemática, toda a sequência de passos é a prova.
(iii) No contexto de um programa cibernético de arte, a sequência dos passos é sua obra de
arte.
Se a chamada original a Pick Best Next Step devolve um valor de “FRACASSO”, você tem de voltar
à prancheta.
Decisões-chave do projeto
No esquema simples acima, o projetista do algoritmo recursivo tem de determinar o seguinte no
princípio:
• A chave de um algoritmo recursivo é a determinação por Pick Best Next Step de quando
abandonar a expansão recursiva. Isso é fácil quando o programa tiver alcançado um sucesso
nítido (como um xeque-mate no xadrez ou a solução indispensável para um problema
matemático ou combinatório) ou um fracasso nítido. É mais difícil quando ainda não se
alcançou uma vitória ou uma derrota nítidas. Abandonar uma linha de investigação antes de
um resultado bem claro é necessário porque, de outro modo, o programa poderia rodar por
bilhões de anos (ou, pelo menos, até que acabe a garantia de seu computador).
• O outro requisito primário para o algoritmo recursivo é uma codificação clara do problema.
Em um jogo de xadrez, isso é fácil. Mas em outras situações nem sempre é tão fácil chegar a
uma definição clara do problema.
178. Ver Kurzweil CyberArt, <http://www.KurzweilCyberArt.com>, para uma maior descrição do
Cybernetic Poet de Ray Kurzweil e para baixar uma cópia gratuita do programa. Ver a patente U.S. n.
6.647.395, “Poet Personalities”, inventores: Ray Kurzweil e John Keklak. Resumo: “Um método
para gerar uma personalidade de poeta, incluindo a leitura de poemas, cada um contendo texto,
gerando modelos de análise, cada modelo de análise representando um dos poemas e armazenando os
modelos de análise em uma estrutura de dados de personalidade. A estrutura de dados de
personalidade inclui também pesos, cada um destes associados a cada modelo de análise. Os pesos
incluem valores inteiros”.
179. Ben Goertzel: The Structure of Intelligence (Nova York: Springer-Verlag, 1993); The Evolving
Mind (Gordon and Breach, 1993); Chaotic Logic (Plenum, 1994); From Complexity to Creativity
(Plenum, 1997). Para um link para os livros e ensaios de Ben Goertzel, ver:
<http://www.goertzel.org/work.html>.
180. KurzweilAI.net (http://www.KurzweilAI.net) fornece centenas de artigos de uns cem “grandes
pensadores” e outros textos sobre “inteligência acelerada”. O site oferece um boletim diário ou
semanal sobre os mais recentes desenvolvimentos nas áreas cobertas por este livro. Para assinar,
preencha seu endereço de e-mail (que não será compartilhado com ninguém) na home page.
181. John Gosney, Business Communications Company, “Artificial Intelligence: Burgeoning
Applications in Industry”, jun. 2003. Disponível em:
<http://www.bccresearch.com/comm/G275.html>.
182. Kathleen Melymuka”, Good Morning, Dave . . .”, Computerworld, 11 nov. 2002. Disponível
em: <http://www.computerworld.com/industrytopics/defense/story/0,10801,75728,00.html>.
183. JTRS Technology Awareness Bulletin, ago. 2004. Disponível em:
<http://jtrs.army.mil/sections/technicalinformation/fset_technical.html?tech_aware_2004-8>.
184. Otis Port, Michael Arndt e John Carey, “Smart Tools”, primavera 2003. Disponível em:
<http://www.businessweek.com/bw50/content/mar2003/a3826072.htm>.
185. Wade Roush, “Immobots Take Control: From Photocopiers to Space Probes, Machines Injected
with Robotic Self-Awareness Are Reliable Problem Solvers”, Technology Review, dez. 2002-jan.
2003. Disponível em: <http://www.occm.de/roush1202.pdf>.
186. Jason Lohn citado no boletim da Nasa “Nasa ‘Evolutionary’ Software Automatically Designs
Antenna”. Disponível em:
<http://www.nasa.gov/lb/centers/ames/news/releases/2004/04_55AR.html>.
187. Robert Roy Britt, “Automatic Astronomy: New Robotic Telescopes See and Think”, 4 jun.
2003. Disponível em:
<http://www.space.com/businesstechnology/technology/automated_astronomy_030604.html>.
188. H. Keith Melton, “Spies in the Digital Age”. Disponível em:
<http://www.cnn.com/SPECIALS/cold.war/experience/spies/melton.essay>.
189. “United Therapeutics (UT) é uma empresa de biotecnologia focada no desenvolvimento de
terapias crônicas para doenças graves em três áreas terapêuticas: cardiovascular, oncologia e doenças
infecciosas”, <http://www.unither.com>. Kurzweil Technologies trabalha com a UT para desenvolver
análises baseadas em reconhecimento de padrões tanto do monitoramento “Holter” (registro de 24
horas) quanto do monitoramento “Event” (trinta dias ou mais).
190. Kristen Philipkoski, “A Map That Maps Gene Functions”, Wired News, 28 maio 2002.
Disponível em: <http://www.wired.com/news/medtech/0,1286,52723,00.html>.
191. Jennifer Ouellette, “Bioinformatics Moves into the Mainstream”, The Industrial Physicist, out.-
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192. Port, Arndt e Carey, “Smart Tools”.
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216. Ver capítulo 2, notas 22 e 23, sobre o International Technology Roadmap for Semiconductors.
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220. Edward A. Feigenbaum, “Some Challenges and Grand Challenges for Computational
Intelligence”, Journal of the Association for Computing Machinery, n. 50, pp. 32-40, jan. 2003.
221. De acordo com a teoria endossimbiótica serial da evolução eucariota, os ancestrais das
mitocôndrias (as estruturas nas células que produzem energia e têm seu próprio código genético de
treze genes nos humanos) eram originalmente bactérias independentes (ou seja, não parte de outra
célula) semelhantes à bactéria Daptobacter de hoje. “Serial Endosymbiosis Theory”. Disponível em:
<http://encyclopedia.thefreedictionary.com/Serial%20endosymbiosis%20theory>
Capítulo 6: O impacto...
1. Donovan, “Season of the Witch”, Sunshine Superman (1966).
2. As razões para a redução de mão de obra agrícola incluem a mecanização, que reduziu a
necessidade do trabalho humano e animal, as oportunidades econômicas, que foram criadas nas áreas
urbanas durante a Segunda Guerra Mundial, e o desenvolvimento de técnicas agrícolas intensivas,
que exigiam menos terra para colheitas semelhantes. Ministério da Agricultura dos Estados Unidos,
Serviço Nacional de Estatísticas Agrícolas, Tendências na Agricultura dos Estados Unidos, em:
<http://www.usda.gov/nass/pubs/trends/farmpopulation.htm>. A produção assistida por computador,
a produção just-in-time (que resulta em um estoque menor) e a fabricação offshore para reduzir
custos são alguns dos modos que contribuíram para a perda de empregos fabris. Ver U.S. Department
of Labor, Futurework: Trends and Challenges of Work in the 21st Century. Disponível em:
<http://www.dol.gov/asp/programs/history/herman/reports/futurework/report.htm>.
3. Por exemplo, ver Natasha Vita-More, “The New [Human] Genre Primo [First] Posthuman”,
palestra feita em Ciber@RT Conference, Bilbao, Espanha, abr. 2004. Disponível em:
<http://www.natasha.cc/paper.htm>.
4. Rashid Bashir resume em 2004:
Também se fez muito progresso na micro e na nanotecnologia terapêutica [...]. Alguns
exemplos específicos incluem (1) dispositivos implantáveis baseados em silicone que podem
ser estimulados eletricamente para abrir um orifício por onde drogas pré-carregadas podem ser
liberadas; (2) dispositivos de silicone com polímeros ativados eletricamente que podem agir
como uma válvula ou músculo para liberar drogas pré-carregadas; (3) microcápsulas com base
em silicone com membranas nanoporosas para a liberação de insulina; (4) partículas de
polímeros (ou hidrogel) que podem ser pré-carregadas com drogas e depois forçadas a se
expandirem quando expostas a condições ambientais específicas, tais como uma mudança de
pH, liberando a droga pré-carregada; (5) nanopartículas de metal revestidas de proteínas, que
podem ser aquecidas por energia óptica externa, aquecendo e danificando localmente células e
tecidos não desejados etc.
R. Bashir, “BioMEMS: State-of-the-Art in Detection, Opportunities and Prospects”, Advanced Drug
Delivery Reviews, v. 56, n. 11, pp. 1565-89, 22 set. 2004. Impressão disponível em:
<https://engineering.purdue.edu/LIBNA/pdf/publications/BioMEMS%20review%20ADDR%20final.pdf>.
Ver também Richard Grayson et al., “A BioMEMS Review: MEMS Technology for Physiologically
Integrated Devices”, IEEE Proceedings, v. 92, pp. 6-21, 2004.
5. Para as atividades da International Society for BioMEMS and Biomedical Nanotechnology, ver:
<http://www.bme.ohio-state.edu/isb>. As conferências da BioMEMS também estão relacionadas no
SPIE: <http://www.spie.org/Conferences>.
6. Os pesquisadores usaram uma nanopartícula de ouro para monitorar o açúcar no sangue de
diabéticos. Y. Xiao et al., “‘Plugging into Enzymes’: Nanowiring of Redox Enzymes by a Gold
Nanoparticle”, Science, v. 299, n. 5614, pp. 1877-81, 21 mar. 2003. Ver também T. A. Desai et al.,
“Abstract Nanoporous Microsystems for Islet Cell Replacement”, Advanced Drug Delivery Reviews,
v. 56, n. 11, pp. 1661-73, 22 set. 2004.
7. A. Grayson et al., “Multi-Pulse Drug Delivery from a Resorbable Polymeric Microchip Device”,
Nature Materials, n. 2, pp. 767-72, 2003.
8. Q. Bai e K. D.Wise, “Single-Unit Neural Recording with Active Microelectrode Arrays”, IEEE
Transactions on Biomedical Engineering, v. 48, n. 8, pp. 911-20, ago. 2001. Ver o debate sobre o
trabalho de Wise em J. DeGaspari, “Tiny, Tuned, and Unattached”, Mechanical Engineering”, jul.
2001, <http://www.memagazine.org/backissues/july01/features/tinytune/tinytune.html>; K. D. Wise,
“The Coming Revolution in Wireless Integrated MicroSystems”, Digest International Sensor
Conference 2001 (convidado ao plenário), Seoul, out. 2001. Versão digital (13 jan. 2004):
<http://www.stanford.edu/class/ee392s/Stanford392S-kw.pdf>.
9. “‘Microbots’ Hunt Down Disease”, BBC News, 13 jun. 2001. Disponível em:
<http://news.bbc.co.uk/1/hi/health/1386440.stm>. As micromáquinas baseiam-se em ímãs
cilíndricos; ver K. Ishiyama, M. Sendoh, e K. I. Arai, “Magnetic Micromachines for Medical
Applications”, Journal of Magnetism and Magnetic Materials, v. 242, n. 45, parte 1, pp. 41-6, abr.
2002.
10. Ver o comunicado de imprensa dos Sandia National Laboratories, “Pac-Man-Like Microstructure
Interacts with Red Blood Cells”, 15 ago. 2001,
<http://www.sandia.gov/media/NewsRel/NR2001/gobbler.htm>. Para a resposta, ver um artigo de D.
Wilson, “Microteeth Have a Big Bite”, 17 ago. 2001, <http://www.e4engineering.com/item.asp?
ch=e4_home&type=Features&id=42543>.
11. Ver os livros de Freitas: Nanomedicine, v. 1, Basic Capabilities (Georgetown: Landes Bioscience,
1999) e Nanomedicine, v. 2A, Biocompatibility (Georgetown: Landes Bioscience, 2003), ambos
disponíveis on-line, sem custo, em: <http://www.nanomedicine.com>. Ver também a página
Nanomedicine, de Robert Freitas no Foresight Institute, que traz uma lista de suas obras técnicas
atuais: <http://www.foresight.org/Nanomedicine/index.html#MedNanoBots>.
12. Robert A. Freitas Jr., “Exploratory Design in Medical Nanotechnology: A Mechanical Artificial
Red Cell”, Artificial Cells, Blood Substitutes, and Immobilization Biotechnology, v. 26, pp. 411-30,
1998. Disponível em: <http://www.foresight.org/Nanomedicine/Respirocytes.html>.
13. Robert A. Freitas Jr., “Clottocytes: Artificial Mechanical Platelets”, Foresight Update, n. 41, pp.
9-11, 30 jun. 2000. Disponível em: <http://www.imm.org/Reports/Rep018.html>.
14. Robert A. Freitas Jr., “Microbivores: Artificial Mechanical Phagocytes”, Foresight Update, n. 44,
pp. 11-3, 31 mar. de 2001. Disponível em: <http://www.imm.org/Reports/Rep025.html ou
http://www.KurzweilAI.net/meme/frame.html?main=/articles/art0453.html>.
15. Robert A. Freitas Jr., “The Vasculoid Personal Appliance”, Foresight Update, n. 48, pp. 10-2, 31
mar. 2002. Disponível em: <http://www.imm.org/Reports/Rep031.html>; artigo inteiro: Robert A.
Freitas Jr. e Christopher J. Phoenix, “Vasculoid: A Personal Nanomedical Appliance to Replace
Human Blood”, Journal of Evolution and Technology, n. 11, abr. 2002. Disponível em:
<http://www.jetpress.org/volume11/vasculoid.html>.
16. Carlo Montemagno e George Bachand, “Constructing Nanomechanical Devices Powered by
Biomolecular Motors”, Nanotechnology, n. 10, pp. 225-31, set. 1999; “Biofuel Cell Runs on
Metabolic Energy to Power Medical Implants”, Nature, 12 nov. 2002,
<http://www.nature.com/news/2002/021111/full/021111—1.html>, fazendo um relatório em N.
Mano, F. Mao e A. Heller, “A Miniature Biofuel Cell Operating in a Physiological Buffer”, Journal
of the American Chemical Society, n. 124, pp. 12962-3, 2002; Carlo Montemagno et al., “Self-
Assembled Microdevices Driven by Muscle”, Nature Materials, v. 4, n. 2, pp. 180-4, fev. 2005,
publicado eletronicamente em 16 jan. 2005.
17. Ver o web site de Lawrence Livermore National Laboratory, <http://www.llnl.gov>, para
informações atualizadas sobre essa iniciativa, junto com o web site de Medtronic MiniMed,
<http://www.minimed.com/corpinfo/index.shtml>.
18. “A comunicação direta de cérebro-a-cérebro [...] parece mais coisa dos filmes de Hollywood do
que de relatórios do governo — mas estes estão entre os avanços previstos em um recente relatório
do U.S. National Science Foundation and Department of Commerce.” G. Brumfiel, “Futurists Predict
Body Swaps for Planet Hops”, Nature, v. 418, p. 359, 25 jul. 2002.
Estimulação profunda do cérebro, pela qual a corrente elétrica de eletrodos implantados influencia a
função cerebral, é um implante neural aprovado pela FDA para o Mal de Parkinson e está sendo
testado para outras desordens neurológicas. Ver Al Abbott, “Brain Implants Show Promise Against
Obsessive Disorder”, Nature, v. 419, p. 658, 17 out. 2002, e B. Nuttin et al., “Electrical Stimulation
in Anterior Limbs of Internal Capsules in Patients with Obsessive-Compulsive Disorder”, Lancet, v.
354, n. 9189, p. 1526, out. 1999.
19. Ver site do Retinal Implant Project, <http://www.bostonretinalimplant.org>, que contém uma
gama de recursos, inclusive artigos recentes. Um desses artigos é: R. J. Jensen et al., “Thresholds for
Activation of Rabbit Retinal Ganglion Cells with an Ultrafine, Extracellular Microelectrode”,
Investigative Ophthalmalogy and Visual Science, v. 44, n. 8, pp. 3533-43, ago. 2003.
20. A FDA aprovou o implante da Medtronic para esse fim em 1997 só para um lado do cérebro; foi
aprovado para ambos os lados do cérebro em 14 de janeiro de 2002. S. Snider, “FDA Approves
Expanded Use of Brain Implant for Parkinson’s Disease”, U.S. Food and Drug Administration, FDA
Talk Paper, 14 jan. 2002. Disponível em:
<http://www.fda.gov/bbs/topics/ANSWERS/2002/ANS01130.html>. As versões mais recentes
permitem o upgrade dos softwares pelo exterior do paciente.
21. A Medtronic também fabrica um implante para paralisia cerebral. Ver S. Hart, “Brain Implant
Quells Tremors”, ABC News, 23 dez. 1997. Disponível em:
<http://nasw.org/users/hart/subhtml/abcnews.html>. Ver também o website da Medtronic:
<http://www.medtronic.com>.
22. Günther Zeck e Peter Fromherz, “Noninvasive Neuroelectronic Interfacing with Synaptically
Connected Snail Neurons Immobilized on a Semiconductor Chip”, Proceedings of the National
Academy of Sciences, v. 98, n. 18, pp. 10457-62, 28 ago. 2001.
23. Ver R. Colin Johnson, “Scientists Activate Neurons with Quantum Dots”, EE Times, 4 dez. 2001.
Disponível em: <http://www.eetimes.com/story/OEG20011204S0068>. Pontos quânticos também
podem ser usados para imagem; ver M. Dahan et al., “Diffusion Dynamics of Glycine Receptors
Revealed by Single-Quantum Dot Tracking”, Science, v. 302, n. 5644, pp. 442-5, 17 out. 2003; J. K.
Jaiswal e S. M. Simon, “Potentials and Pitfalls of Fluorescent Quantum Dots for Biological
Imaging”, Trends in Cell Biology, v. 14, n. 9, pp. 497-504, set. 2004.
24. S. Shoham et al., “Motor-Cortical Activity in Tetraplegics”, Nature, v. 413, n. 6858, p. 793, 25
out. 2001. Para o comunicado de imprensa da Universidade de Utah, ver “An Early Step Toward
Helping the Paralyzed Walk”, 24 out. 2001. Disponível em:
<http://www.utah.edu/news/releases/01/oct/spinal.html>.
25. As observações de Stephen Hawking, que foram mal traduzidas por Focus, foram citadas em
Nick Paton Walsh, “Alter Our DNA or Robots Will Take Over, Warns Hawking”, Observer, 2 set.
2001. Disponível em: <http://observer.guardian.co.uk/uk_news/story/0,6903,545653,00.html>. A
tradução ruim muito divulgada dizia que Hawking estava avisando contra desenvolver uma
inteligência maior do que a humana nas máquinas. Na verdade, ele defendia a pressa em estreitar a
relação entre as inteligências biológica e não biológica. Hawking forneceu as citações corretas para
KurzweilAI.net (“Hawking Misquoted on Computers Taking Over”, 13 set. 2001, em:
<http://www.KurzweilAI.net/news/frame.html?main=news_single.html?id%3D495>).
26. Ver nota 34 do capítulo 1.
27. Um exemplo, Nomad para utilização militar, foi produzido por Microvision, uma companhia
sediada em Bothell, Washington. Ver: <http://www.microvision.com/nomadmilitary/index.html>.
28. Olga Kharif, “Your Lapel Is Ringing”, Business Week, 21 jun. 2004.
29. Laila Weir, “High-Tech Hearing Bypasses Ears”, Wired News, 16 set. 2004. Disponível em:
<http://www.wired.com/news/technology/0,1282,64963,00.html?tw=wn_tophead_4>.
30. Tecnologia Hypersonic Sound, <http://www.atcsd.com/tl_hss.html>; Audio Spotlight,
<http://www.holosonics.com/technology.html>.
31. Phillip F. Schewe e Ben Stein, American Institute of Physics Bulletin of Physics News, v. 236, 7
de agosto de 1995. Disponível em: <http://www.aip.org/enews/physnews/1995/physnews.236.htm>.
Ver também R. Weis e P. Fromherz, “Frequency Dependent Signal-Transfer in Neuron-Transistors”,
Physical Review E, v. 55, pp. 877-89, 1997.
32. Ver nota 18 acima. Ver também J. O. Winter et al., “Recognition Molecule Directed Interfacing
Between Semiconductor Quantum Dots and Nerve Cells”, Advanced Materials, n. 13, pp. 1673-7,
nov. 2001; I. Willner e B.Willner, “Biomaterials Integrated with Electronic Elements: En Route to
Bioelectronics”, Trends in Biotechnology, n. 19, pp. 222-30, jun. 2001; Deborah A. Fitzgerald,
“Bridging the Gap with Bioelectronics”, Scientist, v. 16, n. 6, p. 38, 18 mar. 2002.
33. Robert Freitas analisa esse cenário: Robert A. Freitas Jr., Nanomedicine, v. 1, Basic Capabilities,
seção 7.4.5.4, “Cell Message Modification” (Georgetown: Landes Bioscience, 1999), pp. 194-6,
<http://www.nanomedicine.com/NMI/7.4.5.4.htm#p5>, e seção 7.4.5.6, “Outmessaging to Neurons”,
pp. 196-7, <http://www.nanomedicine.com/NMI/7.4.5.6.htm#p2>.
34. Para descrições do projeto Ramona, inclusive vídeos da apresentação da realidade virtual na
conferência TED e um vídeo dos bastidores, “Making of Ramona”, ver “All About Ramona”.
Disponível em: <http://www.KurzweilAI.net/meme/frame.html?m=9>.
35. I. Fried et al., “Electric Current Stimulates Laughter”, Nature, v. 391, n. 6668, p. 650, 12 fev.
1998. Ver Ray Kurzweil, The Age of Spiritual Machines (Nova York: Viking, 1999).
36. Robert A. Freitas Jr., Nanomedicine, v. 1, Basic Capabilities, seção 7.3, “Communication
Networks” (Georgetown,: Landes Bioscience, 1999), pp. 186-8,
<http://www.nanomedicine.com/NMI/7.3.htm>.
37. Allen Kurzweil, The Grand Complication: A Novel (Nova York: Hyperion, 2002); Allen
Kurzweil, A Case of Curiosities (Nova York: Harvest Books, 2001). Allen Kurzweil é meu primo em
primeiro grau.
38. Como citado em Aubrey de Grey, “Engineering Negligible Senescence: Rational Design of
Feasible, Comprehensive Rejuvenation Biotechnology”, Kronos Institute Seminar Series, 8 fev.
2002. Apresentação em PowerPoint disponível em: <http://www.gen.cam.ac.uk/sens/sensov.ppt>.
39. Robert A. Freitas Jr., “Death Is an Outrage!” apresentação na 5a Conferência Alcor sobre
prolongamento extremo da vida, Newport Beach, Estado Unidos, 16 nov. 2002. Disponível em:
<http://www.rfreitas.com/Nano/DeathIsAnOutrage.htm>, publicado em KurzweilAI.net, 9 jan. 2003:
<http://www.KurzweilAI.net/articles/art0536.html>.
40. Cro-magnon, “30 years or less, often much less…”:
<http://anthro.palomar.edu/homo2/sapiens_culture.htm>.
Egito: Jac J. Janssen citado em Brett Palmer, “Playing the Numbers Game”, em Skeptical Review,
publicada on-line em 5 de 2004, em: <http://www.theskepticalreview.com/palmer/numbers.html>.
Europe 1400: Gregory Clark, The Conquest of Nature: A Brief Economic History of the World
(Princeton University Press, a ser publicado em 2005), capítulo 5, “Mortality in the Malthusian Era”.
Disponível em: <http://www.econ.ucdavis.edu/faculty/gclark/GlobalHistory/Global%20History-
5.pdf>.
1800: James Riley, Rising Life Expectancy: A Global History (Cambridge, Inglaterra: Cambridge
University Press, 2001), pp. 32-3.
1900: <http://www.cdc.gov/nchs/data/hus/tables/2003/03hus027.pdf>.
41. Originalmente, o museu localizava-se em Boston e agora está em Mountain View, Califórnia,
Estados Unidos, <http://www.computerhistory.org>.
42. Lyman e Kahle sobre armazenamento de longo prazo: “Enquanto o papel de boa qualidade dura
quinhentos anos, as fitas de computador duram dez. Enquanto houver organizações ativas para fazer
cópias, manteremos nossas informações em segurança, não temos um mecanismo eficaz para fazer
quinentos anos de cópias de materiais digitais...” Peter Lyman e Brewster Kahle, “Archiving Digital
Cultural Artifacts: Organizing an Agenda for Action”, D-Lib Magazine, jul.-ago. 1998.
Stewart Brand escreve: “Por trás de todo novo e quente computador que funciona, está um rastro de
corpos de computadores extintos, de mídias extintas de armazenamento, de aplicações extintas, de
arquivos extintos. Bruce Sterling, escritor de ficção científica, refere-se a nossa época como “a Idade
de Ouro das mídias mortas, a maioria com uma idade útil de funcionamento igual a um pacote de
Twinkies (que são parecidos com bolinho Ana Maria)”. Stewart Brand, “Written on the Wind”,
Civilization Magazine, nov. 1998 (“01998” na terminologia Long Now), disponível em:
<http://www.longnow.org/10klibrary/library.htm>.
43. O projeto nessa linha do Information Processing Technology Office da DARPA é chamado de
LifeLog, <http://www.darpa.mil/ipto/Programs/lifelog>; ver também Noah Shachtman, “A Spy
Machine of DARPA’s Dreams”, Wired News, 20 maio 2003,
<http://www.wired.com/news/business/0,1367,58909,00.html>; o projeto de Gordon Bell (para a
Microsoft) é MyLifeBits,
<http://research.microsoft.com/research/barc/MediaPresence/MyLifeBits.aspx>; para a Long Now
Foundation, ver <http://longnow.org>.
44. Bergeron é um professor assistente de anestesiologia na Harvard Medical School e é autor de
livros como Bioinformatics Computing, Biotech Industry: A Global, Economic, and Financing
Overview e The Wireless Web and Healthcare.
45. A Long Now Foundation está desenvolvendo uma possível solução: o Disco Rosetta, que conterá
arquivos extensos de texto em línguas que podem ser perdidas em um futuro distante. Eles planejam
usar uma tecnologia única de armazenamento baseada em um disco de níquel que pode armazenar até
350 mil páginas por disco, com uma estimativa de vida de 2 mil a 10 mil anos. Ver Long Now
Foundation, Library Ideas. Disponível em: <http://longnow.org/10klibrary/10kLibConference.htm>.
46. John A. Parmentola, “Paradigm Shifting Capabilities for Army Transformation”, convidado a
apresentar uma palestra no simpósio europeu da SPIE sobre óptica/fotônica na segurança e defesa, 25
a 28 out. 2004; disponível em Bridge, v. 34, n. 3, out. 2004:
<http://www.nae.edu/NAE/bridgecom.nsf/weblinks/MKEZ-65RLTA?OpenDocument>.
47. Fred Bayles, “High-Tech Project Aims to Make Super-soldiers”, USA Today, 23 maio 2003,
<http://www.usatoday.com/news/nation/2003-05-22-nanotech-usat_x.htm>; ver o web site do
Institute for Soldier Nanotechnologies: <http://web.mit.edu/isn>; Sarah Putnam, “Researchers Tout
Opportunities in Nanotech”, MIT News Office, 9 out. 2002,
<http://web.mit.edu/newsoffice/2002/cdc-notech-1009.html>.
48. Ron Schafer, “Robotics to Play Major Role in Future Warfighting”,
<http://www.jfcom.mil/newslink/storyarchive/2003/pa072903.htm>; Dr. Russell Richards,
“Unmanned Systems: A Big Player for Future Forces?”, Unmanned Effects Workshop no Applied
Physics Laboratory, Johns Hopkins University, Baltimore, Estados Unidos, 29 jul. a 1o ago. 2003.
49. John Rhea, “NASA Robot in Form of Snake Planned to Penetrate Inaccessible Areas”, Military
and Aerospace Electronics, nov, 2000. Disponível em:
<http://mae.pennnet.com/Articles/Article_Display.cfm?
Section=Archives&Subsection=Display&ARTICLE_ID=86890>.
50. Lakshmi Sandhana, “The Drone Armies Are Coming”, Wired News, 30 ago. 2002,
<http://www.wired.com/news/technology/0,1282,54728,00.html>. Ver também Mario Gerla, Kaixin
Xu e Allen Moshfegh, “Minuteman: Forward Projection of Unmanned Agents Using the Airborne
Internet”, IEEE Aerospace Conference 2002, Big Sky, Estados Unidos, mar. 2002:
<http://www.cs.ucla.edu/NRL/wireless/uploads/mgerla_aerospace02.pdf>.
51. James Kennedy e Russell C. Eberhart, com Yuhui Shi, Swarm Intelligence (San Francisco:
Morgan Kaufmann, 2001). Disponível em: <http://www.swarmintelligence.org/SIBook/SI.php>.
52. Will Knight, “Military Robots to Get Swarm Intelligence”, 25 abr. 2003. Disponível em:
<http://www.newscientist.com/news/news.jsp?id=ns99993661>.
53. Ibid.
54. S. R.White et al., “Autonomic Healing of Polymer Composites”, Nature, v. 409, pp. 794-7, 15
fev. 2001, <http://www.autonomic.uiuc.edu/files/NaturePaper.pdf>; Kristin Leutwyler, “Self-Healing
Plastics”, ScientificAmerican.com, 15 fev. 2001, <http://www.sciam.com/article.cfm?
articleID=000B307F-C71A-1C5AB882809EC588ED9F>.
55. Sue Baker, “Predator Missile Launch Test Totally Successful”, Strategic Affairs, 1o abr. 2001.
Disponível em: <http://www.stratmag.com/issueApr-1/page02.htm>.
56. Ver a lista de cursos da OpenCourseWare em: <http://ocw.mit.edu/index.html>.
57. Brigitte Bouissou citada nas páginas adicionais de citações do MIT OpenCourseWare em:
<http://ocw.mit.edu/OcwWeb/Global/AboutOCW/additionalquotes.htm>, e Eric Bender, “Teach
Locally, Educate Globally”, MIT Technology Review, jun. 2004. Disponível em:
<http://www.techreview.com/articles/04/06/bender0604.asp?p=1>.
58. Kurzweil Educational Systems, <http://www.Kurzweiledu.com>, fornece o sistema Kurzweil
3000 de leitura para pessoas com dislexia. Ele pode ler qualquer livro para o usuário enquanto
ressalta o que está sendo lido em uma imagem em alta resolução da página. Inclui uma gama de
recursos para melhorar a habilidade de leitura dos usuários.
59. Conforme citado por Natasha Vita-More, “Arterati on Ideas”, <http://64.233.167.104/search?
q=cache:QAnJsLcXHXUJ:www.extropy.com/ideas/journal/previous/1998/02-
01.html+Arterati+on+ideas&hl=en> e <http://www.extropy.com/ideas/journal/previous/1998/02-
01.html>.
60. Christine Boese, “The Screen-Age: Our Brains in our Laptops”, CNN.com, 2 ago. 2004.
61. Thomas Hobbes, Leviathan (1651).
62. Seth Lloyd e Y. Jack Ng, “Black Hole Computers”, Scientific American, nov. 2004.
63. Alan M. MacRobert, “The Allen Telescope Array: SETI’s Next Big Step”, Sky & Telescope, abr.
2004. Disponível em: <http://skyandtelescope.com/printable/resources/seti/article_256.asp>.
64. Ibid.
65. Ibid.
66. C. H. Townes, “At What Wavelength Should We Search for Signals from Extraterrestrial
Intelligence?”, Proceedings of the National Academy of Sciences USA, v. 80, pp. 1147-51, 1983; S.
A. Kingsley em The Search for Extraterrestrial Intelligence in the Optical Spectrum, v. 2; S. A.
Kingsley e G. A. Lemarchand (orgs.), Proc. WPIE, v. 2704, pp. 102-16, 1996.
67. N. S. Kardashev, “Transmission of Information by Extraterrestrial Civilizations”, Soviet
Astronomy, v. 8, n. 2, pp. 217-20, 1964. Resumido em Guillermo A. Lemarchand, “Detectability of
Extraterrestrial Technological Activities”, SETIQuest, v. 1, n. 1, pp. 3-13. Disponível em:
<http://www.coseti.org/lemarch1.htm>.
68. Frank Drake e Dava Sobel, Is Anyone Out There? (Nova York: Dell, 1994); Carl Sagan e Frank
Drake, “The Search for Extraterrestrial Intelligence”, Scientific American, pp. 80-9, maio 1975. Mais
informações sobre a equação de Drake podem ser encontradas em:
<http://www.activemind.com/Mysterious/Topics/SETI/drake_equation.html>.
69. Muitas das descrições da equação de Drake expressam fL como a fração da vida do planeta em
que ocorrem as transmissões de rádio, mas isso deveria ser mais bem expressado como uma fração da
vida do universo, já que, na verdade, não interessa há quanto tempo existe esse planeta; em vez disso,
interessa a duração das transmissões de rádio.
70. Seth Shostak fez “uma estimativa de 10 mil a 1 milhão de transmissores de rádio na galáxia”.
Marcus Chown, “ET First Contact ‘Within 20 Years’”, New Scientist, v. 183, n. 2457, 24 jul. 2004.
Disponível em: <http://www.newscientist.com/article.ns?id=dn6189>.
71. T. L. Wilson, “The Search for Extraterrestrial Intelligence”, Nature, 22 fev. 2001.
72. A maioria das estimativas tem sido entre 10 e 15 bilhões de anos. Em 2002, as estimativas
baseadas em dados do telescópio espacial Hubble estavam entre 13 e 14 bilhões de anos. Um estudo
publicado pelo cientista Lawrence Krauss da Universidade Case Western Reserve e por Brian
Chaboyer da Universidade de Dartmouth aplicou uns achados recentes sobre a evolução das estrelas
e concluiu que havia 95% de confiança de que a idade do universo fica entre 11,2 e 20 bilhões de
anos. Lawrence Krauss e Brian Chaboyer, “Irion, the Milky Way’s Restless Swarms of Stars”,
Science, v. 299, pp. 60-2, 3 jan. 2003. Pesquisas recentes da Nasa definiram a idade do universo em
13,7 bilhões de anos, mais ou menos 200 milhões. Disponível em:
<http://map.gsfc.nasa.gov/m_mm/mr_age.html>.
73. Citado em Eric M. Jones, “‘Where Is Everybody?’: An Account of Fermi’s Question”, Los
Alamos National Laboratories, mar. 1985. Disponível em:
<http://www.bayarea.net/~kins/AboutMe/Fermi_and_Teller/fermi_question.html>.
74. Primeiro, considere a estimativa de 1042 cps para o laptop frio mais recente (como no capítulo 3).
Pode-se estimar a massa do sistema solar como aproximadamente a mesma massa do Sol, que é de 2
× 1030 quilos. Um vinteavos de 1% dessa massa é 1027 quilos. A 1042 cps por quilo, 1027 quilos
forneceriam 1069 cps. Usando a estimativa de 1050 cps para o laptop quente mais recente, chega-se a
1077 cps.
75. Anders Sandberg, “The Physics of Information Processing Superobjects: Daily Life Among the
Jupiter Brains”, Journal of Evolution and Technology, n. 5, 22 dez. 1999. Disponível em:
<http://www.jetpress.org/volume5/Brains2.pdf>.
76. Freeman John Dyson, “Search for Artificial Stellar Sources of Infrared Radiation”, Science, v.
131, pp. 1667-8, 3 jun. 1960.
77. Citado em Sandberg, “Physics of Information Processing Superobjects”.
78. Em 1994, foram despachadas 195,5 bilhões de unidades de chips semicondutores; em 2004,
foram 433,5 bilhões. Jim Feldhan, presidente, Semico Research Corporation. Disponível em:
<http://www.semico.com>.
79. Robert Freitas tem sido um pioneiro defensor do uso de sondas robóticas, especialmente as
autorreplicantes. Ver Robert A. Freitas Jr., “Interstellar Probes: A New Approach to SETI”, J. British
Interplanet. Soc., n. 33, pp. 95-100, mar. 1980,
<http://www.rfreitas.com/Astro/InterstellarProbesJBIS1980.htm>; Robert A. Freitas Jr., “A Self-
Reproducing Interstellar Probe”, J. British Interplanet. Soc., n. 33, pp. 251-64, jul. 1980,
<http://www.rfreitas.com/Astro/ReproJBISJuly1980.htm>; Francisco Valdes e Robert A. Freitas Jr.,
“Comparison of Reproducing and Nonreproducing Starprobe Strategies for Galactic Exploration”, J.
British Interplanet. Soc., n. 33, pp. 402-8, nov. 1980,
<http://www.rfreitas.com/Astro/ComparisonReproNov1980.htm>; Robert A. Freitas Jr., “Debunking
the Myths of Interstellar Probes”, AstroSearch, v. 1, pp. 8-9, jul.-ago. 1983,
<http://www.rfreitas.com/Astro/ProbeMyths1983.htm>; Robert A. Freitas Jr., “The Case for
Interstellar Probes”, J. British Interplanet. Soc., n. 36, pp. 490-5, nov. 1983,
<http://www.rfreitas.com/Astro/TheCaseForInterstellarProbes1983.htm>.
80. M. Stenner et al., “The Speed of Information in a ‘Fast-Light’ Optical Medium”, Nature, v. 425,
pp. 695-8, 16 out. 2003. Ver também Raymond Y. Chiao et al., “Superluminal and Parelectric Effects
in Rubidium Vapor and Ammonia Gas”, Quantum and Semiclassical Optics, n. 7, p. 279, 1995.
81. I. Marcikic et al., “Long-Distance Teleportation of Qubits at Telecommunication Wavelengths”,
Nature, v. 421, pp. 509-13, jan. 2003; John Roach, “Physicists Teleport Quantum Bits over Long
Distance”, National Geographic News, 29 jan. 2003; Herb Brody, “Quantum Cryptography”, em “10
Emerging Technologies That Will Change the World”, MIT Technology Review, fev. 2003; N. Gisin
et al., “Quantum Correlations with Moving Observers”, Quantum Optics, p. 51, dez. 2003; Quantum
Cryptography exhibit, ITU Telecom World 2003, Genebra, Suíça, 1o out. 2003; Sora Song, “The
Quantum Leaper”, Time, 15 mar. 2004; Mark Buchanan, “Light’s Spooky Connections Set New
Distance Record”, New Scientist, 28 jun. 1997.
82. Charles H. Lineweaver e Tamara M. Davis, “Misconceptions About the Big Bang”, Scientific
American, mar. 2005.
83. A. Einstein e N. Rosen, “The Particle Problem in the General Theory of Relativity”, Physical
Review, v. 48, p. 73, 1935.
84. J. A.Wheeler, “Geons”, Physical Review, v. 97, pp. 511-36, 1955.
85. M. S. Morris, K. S. Thorne e U. Yurtsever, “Wormholes, Time Machines, and the Weak Energy
Condition”, Physical Review Letters, v. 61, n. 13, pp. 1446-9, 26 set. 1988; M. S. Morris e K. S.
Thorne, “Wormholes in Spacetime and Their Use for Interstellar Travel: A Tool for Teaching General
Relativity”, American Journal of Physics, v. 56, n. 5, pp. 395-412, 1988.
86. M. Visser, “Wormholes, Baby Universes, and Causality”, Physical Review D, v. 41, n. 4, pp.
1116-24, 15 fev. 1990.
87. Sandberg, “Physics of Information Processing Superobjects”.
88. David Hochberg e Thomas W. Kephart, “Wormhole Cosmology and the Horizon Problem”,
Physical Review Letters, v. 70, pp. 2265-8, 1993,
<http://prola.aps.org/abstract/PRL/v70/i18/p2665_1>; D. Hochberg e M.Visser, “Geometric Structure
of the Generic Static Transversable Wormhole Throat”, Physical Review D, v. 56, p. 4745, 1997.
89. J. K.Webb et al., “Further Evidence for Cosmological Evolution of the Fine Structure Constant”,
Physical Review Letters, v. 87, n. 9, p. 091301, 27 ago. 2001; “When Constants Are Not Constant”,
Physics in Action, out. 2001. Disponível em: <http://physicsweb.org/articles/world/14/10/4>.
90. João Magueijo, John D. Barrow e Haavard Bunes Sandvik, “Is It e or Is It c? Experimental Tests
of Varying Alpha”, Physical Letters B, v. 549, pp. 284-9, 2002.
91. John Smart, “Answering the Fermi Paradox: Exploring the Mechanisms of Universal
Transcension”, <http://www.transhumanist.com/Smart-Fermi.htm>. Ver também
<http://singularitywatch.com> e sua biografia em
<http://www.singularitywatch.com/bio_johnsmart.html>.
92. James N. Gardner, Biocosm: The New Scientific Theory of Evolution: Intelligent Life Is the
Architect of the Universe (Maui: Inner Ocean, 2003).
93. Lee Smolin em “Smolin vs. Susskind: The Anthropic Principle”, Edge, n. 145,
<http://www.edge.org/documents/archive/edge145.html>; Lee Smolin, “Scientific Alternatives to the
Anthropic Principle”, <http://arxiv.org/abs/hep-th/0407213>.
94. Kurzweil, Age of Spiritual Machines, pp. 258-60.
95. Gardner, Biocosm.
96. S. W. Hawking, “Particle Creation by Black Holes”, Communications in Mathematical Physics,
v. 43, pp. 199-220, 1975.
97. A aposta original está em <http://www.theory.caltech.edu/people/preskill/info_bet.html>. Ver
também Peter Rodgers, “Hawking Loses Black Hole Bet”, Physics World, ago. 2004. Disponível em:
<http://physicsweb.org/articles/news/8/7/11>.
98. Para chegar a essas estimativas, Lloyd tomou a densidade observada da água — cerca de um
átomo de hidrogênio por metro cúbico — e computou a energia total no universo. Dividindo esse
número pela constante de Planck, ele obteve cerca de 1090 cps. Seth Lloyd, “Ultimate Physical Limits
to Computation”, Nature, v. 406, n. 6799, pp. 1047-54, 31 ago. 2000. Versões eletrônicas (a versão 3,
datada de 14 fev. 2000) disponíveis em: <http://arxiv.org/abs/quant-ph/9908043> (31 ago. 2000). O
link a seguir exige pagamento para permitir o acesso: <http://www.nature.com/cgi-taf/DynaPage.taf?
file=/nature/journal/v406/n6799/full/4061047a0_fs.html&content_filetype=PDF>.
99. Jacob D. Bekenstein, “Information in the Holographic Universe: Theoretical Results about Black
Holes Suggest That the Universe Could Be Like a Gigantic Hologram”, Scientific American, v. 289,
n. 2, pp. 58-65, ago. 2003. Disponível em: <http://www.sciam.com/article.cfm?articleID=000AF072-
4891-1F0A-97AE80A84189EEDF>.
Epílogo
1. Conforme citado em James Gardner, “Selfish Biocosm”, Complexity, v. 5, n. 3, pp. 34-45, jan.-fev.
2000.
2. Na função y = 1/x, se x = 0, então a função é literalmente indefinida, mas podemos mostrar que o
valor de y excede qualquer número finito. Podemos transformar y + 1/x em x = 1/y trocando o
numerador e o denominador de ambos os lados da equação. Então, se atribuirmos um número finito
grande a y, podemos ver que x torna-se muito pequeno, mas não 0, não importando quão grande fica
y. Assim, o valor de y em y = 1/x pode ser visto como superando qualquer valor finito de y se x = 0.
Outro modo de expressar isso é que podemos superar qualquer valor finito possível de y,
determinando que x seja maior do que 0 mas menor do que 1 dividido por aquele valor.
3. Com estimativas de 1016 cps para uma simulação funcional do cérebro humano (ver capítulo 3) e
cerca de 1010 (abaixo de 10 bilhões) de cérebros humanos, isso resulta em 1026 cps para o total de
cérebros humanos biológicos. Então, 1090 cps excede esse número por um fator de 1064. Usando um
número mais conservador de 1019 cps, que estimei necessário para simular cada não linearidade em
cada componente de neurônio (dendrito, axônio etc.), chega-se a um fator de 1061 cps. Um trilhão de
trilhões de trilhões de trilhões de trilhões é 1060.
4. Veja as estimativas na nota anterior; 1042 cps excedem isso por um fator de 10 mil trilhões (1016).
5. Stephen Jay Gould, “Jove’s Thunderbolts”, Natural History, v. 103, n. 10, pp. 6-12, out. 1994;
capítulo 13 em Dinosaur in a Haystack: Reflections in Natural History (Nova York: Harmony
Books, 1995).
1 Como é agora frequente, o site mencionado por um autor como possibilidade de ampliação do
assunto por ele tratado pode não mais estar acessível. Esse é, de resto, um traço distintivo entre a
cultura do livro e do papel impresso e a cultura computacional. Um livro impresso permaneceu e
ainda permane-ce acessível por dezenas e dezenas de anos ou séculos; a duração e preservação de
qualquer tipo de informação virtual, como a dos sites de internet, é uma incógnita. E, não raro,
motivo de decepção... (N.T.)
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