Manual Avaliação Nutricional em Pediatria

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CURSO DE NUTRIÇÃO
DISCIPLINA DE AVALIAÇÃO NUTRICIONAL

AVALIAÇÃO
NUTRICIONAL EM
PEDIATRIA

Elaboração: Lusyanny Parente Albuquerque


Cristiane Souto Almeida
Centro Universitário Estácio da Amazônia
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A criança está em fase constate crescimento e desenvolvimento. Este são


processos dinâmicos que se realizam ao longo do tempo e que pode ser
observado e quantificado mediante múltiplas medidas, em várias ocasiões,
seguindo orientações conforme a idade, gênero e fase de crescimento.

1PESO

As crianças maiores de dois anos de idade e os adolescentes são


pesadas em balança igual à do adulto, sendo a técnica também semelhante (ver
manual de avalição nutricional do adulto).

1.1CRIANÇAS MENORES DE DOIS ANOS DE IDADE

• As crianças menores de 2 anos devem ser pesadas e medidas sempre


completamente despidas e na presença da mãe/responsável, pois estes
devem auxiliar na retirada da roupa da criança e na tomada da medida.
• Lembre-se que uma fralda molhada pode representar até 20% do peso de
uma criança.

A balança pediátrica é o equipamento apropriado para crianças menores de


2 anos que ainda não ficam de pé com segurança. Certifique-se de que a balança
está apoiada sobre uma superfície plana, lisa e firme. Forre o prato com uma
proteção (papel destacável ou fralda) antes de calibrar a balança para evitar
erros na pesagem.

1.1.1BALANÇA PEDIÁTRICA MECÂNICA

1º Passo: Destravar a balança;


2º Passo: Verificar se a balança está calibrada (a agulha do braço e o fiel
devem estar na mesma linha horizontal). Caso contrário, calibrá-la, girando
lentamente o calibrador
3º Passo: Esperar até que a agulha do braço e o fiel estejam nivelados;
4º Passo: Após constatar que a balança está calibrada, ela deve ser travada;
5º Passo: Despir a criança com o auxílio da mãe ou responsável;
6º Passo: Colocar a criança sentada ou deitada no centro do prato, de modo a
distribuir o peso igualmente. Destravar a balança, mantendo a criança parada o
máximo possível nessa posição. Orientar a mãe ou responsável a manter-se
próximo, sem tocar na criança, nem no equipamento;
7º Passo: Mover o cursor maior sobre a escala numérica para marcar os
quilos.
8º Passo: Depois mover o cursor menor para marcar os gramas;
9º Passo: Esperar até que a agulha do braço e o fiel estejam nivelados;
10º Passo: Travar a balança, evitando, assim, que sua mola desgaste,
assegurando o bom funcionamento do equipamento;
11º Passo: Realizar a leitura de frente para o equipamento com os olhos no
mesmo nível da escala para visualizar melhor os valores apontados pelos
cursores.
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1.1.2BALANÇA PEDIÁTRICA ELETRÔNICA

1º Passo: A balança deve estar ligada antes de a criança ser colocada sobre o
equipamento. Esperar que a balança chegue ao zero;
2º Passo: Despir totalmente a criança com o auxílio da mãe/responsável;
3º Passo: Colocar a criança despida no centro do prato da balança, sentada ou
deitada, de modo que o peso fique distribuído. Manter a criança parada (o
máximo possível) nessa posição. Orientar a mãe/responsável a manter se
próximo, sem tocar na criança, nem no equipamento;
4º Passo: Aguardar que o valor do peso esteja fixado no visor e realizar a leitura.

1.1.3BALANÇAS PEDIÁTRICAS MECÂNICA E ELETRÔNICA

2ALTURA/COMPRIMENTO
As crianças maiores de dois anos de idade e os adolescentes têm a sua
altura aferida de forma semelhante a do adulto, sendo a técnica também
semelhante (ver manual de avalição nutricional do adulto).

2.1CRIANÇAS MENORES DE DOIS ANOS


O comprimento é a distância que vai da sola (planta) dos pés descalços, ao topo
da cabeça, comprimindo os cabelos, com a criança deitada em superfície
horizontal, firme e lisa. Deve-se retirar os sapatos da criança. Deve-se, também,
retirar fivelas ou enfeites de cabelo que possam interferir na tomada da medida.
1º Passo: Deitar a criança no centro do infantômetro, descalça e com a cabeça
livre de adereços;
2º Passo: Manter, com a ajuda da mãe/ responsável:
• A cabeça apoiada firmemente contra a parte fixa do equipamento, com o
pescoço reto e o queixo afastado do peito, no plano de Frankfurt;
• Os ombros totalmente em contato com a superfície de apoio do
infantômetro;
• Os braços estendidos ao longo do corpo.
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3º Passo: As nádegas e os calcanhares da criança em pleno contato com a


superfície que apoia o infantômetro;
4º Passo: Pressionar, cuidadosamente, os joelhos da criança para baixo, com
uma das mãos, de modo que eles fiquem estendidos. Juntar os pés, fazendo um
ângulo reto com as pernas. Levar a parte móvel do equipamento até as plantas
dos pés, com cuidado para que não se mexam;
5º Passo: Realizar a leitura do comprimento quando estiver seguro de que a
criança não se moveu da posição indicada.

2.2TÉCNICA DE AFEIÇÃO DO COMPRIMENTO

3PESO

Cálculo para peso aproximado de criança ( 3 aos 10 anos)

P=I x 2+9

Onde: P=peso em kg e I=idade em anos


Classificação do recém-nascido conforme o peso de nascimento
Classificação Peso (g)
Extremo baixo peso <1000
Muito baixo peso ao nascer 1.000 a 2.499
Baixo peso <2.500
Peso insuficiente 2.500 a 2.999
Peso adequado 3.000 a 4.499
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Peso elevado >4.500

Classificação de recém-nascido em relação ao peso e à idade gestacional


Pequeno para idade gestacional <p10
(PIG)
Adequado para idade gestacional Entre p10 e p 90
(AIG)
Grande para idade gestacional (GIG) >p90

4COMPRIMENTO
4.1Estimativa de estatura ideal aproximada de crianças entre 3 e 11 anos
de idade

A=[(n-3) X 6]+95

Onde: A=altura (cm) e n=número de anos (idade)


4.2Estimativa da estatura total pela altura do joelho

E(cm)=(2,69 x CJ) + 24,2

Onde: E=estatura e CJ=Comprimento do joelho


5ALVO PARENTERAL
• Na avaliação clínica do crescimento, o alvo parenteral (herança
genética) é um aspecto importante a ser considerado;
• Ele compara a altura da criança com a altura dos pais;

5.1A estatura- alvo parenteral pode ser calculada pelas fórmulas:

Meninas: (altura do pai - 13) + altura da mãe


2
Meninos: (altura da mãe + 13) + altura do pai_
2

Fonte: Kochi C, Lougui, 2006


*A precisão deste método é baixa, com margem de erro de 5cm para mais ou
menos.
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6ÍNDICES ANTROPOMÉTRICOS:
Peso para idade (P/I): reflete a massa corporal para idade cronológica e a
situação global da criança;
Estatura para idade (E/I): Expressa o crescimento linear da criança. Indica o
efeito cumulativo de situações adversas sobre o crescimento;
Peso para estatura (P/E): Expressa a harmonia do crescimento;
Índice de Massa Corpórea para idade (IMC/I): Relaciona o peso atual em
quilogramas com o quadrado da altura em metros.

Os índices antropométricos mais amplamente utilizados e recomendados


pela OMS e adotados pelo Ministério da Saúde na avaliação do estado
nutricional de crianças e adolescentes são:
Faixa etária Crianças de 0 a Crianças de 5 a Adolescentes
5 anos de idade 10 anos de (10 a 19 anos)
idade
Índices Peso para idade Peso para idade -
antropométricos Peso para - -
estatura
IMC idade IMC idade IMC idade
Estatura idade Estatura idade Estatura idade
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Classificação do estado nutricional de crianças menores de cinco anos de


para cada índice antropométrico, segundo recomendação do SISVAN
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Classificação do estado nutricional de crianças de 5 a 10 anos de idade


para cada índice antropométrico, segundo recomendação do SISVAN

Pontos de corte de IMC/I estabelecidos para adolescentes

7CURVAS DE CRESCIMENTO
As curvas são amplamente utilizadas no monitoramento de crescimento
de crianças e adolescentes (curvas – em anexo)
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8CIRCUNFERÊNCIA DO BRAÇO/BRAQUIAL

Os valores de referência da circunferência braquial são utilizados para


avaliar o crescimento muscular.
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9CIRCUNFERÊNCIA MUSCULAR DO BRAÇO

É considerada um bom indicador da massa proteico-somática, por refletir


a suficiente ou não ingestão proteica. Entretanto, a CMB avalia a reserva
muscular sem corrigir a massa óssea.

CMB (cm) = CB(cm) - (0,314x DCT)

Onde:
CB: Circunferência do braço/braquial
DCT: dobra cutânea tricipital
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9ÁREA MUSCULAR DO BRAÇO CORRIGIDA

Avalia a reserva muscular corrigindo a área óssea e reflete mais


adequadamente a verdadeira magnitude das alterações do tecido muscular do
que a CMB.

Masculino
AMCc(cm²) = [CB(cm) - π x DCT (mm)/10]² - 10= CMB²/ 4 π – 10

Feminino
AMCc(cm²) = [CB(cm) - π x DCT (mm)/10]² - 6,5= CMB²/ 4 π – 6,5

Onde:
CB: Circunferência do braço/braquial
DCT: dobra cutânea tricipital
Valor de π = 3,14
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10CIRCUNFERÊNCIA ABDOMINAL
Na infância e na adolescência os riscos associados ao excesso de
gordura abdominal ainda são poucos definidos. Nos casos de obesidade
encontrou-se correlação com morbidades como hiperinsulinemia de jejum e o
aumento das lipoproteínas plasmáticas.
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10DOBRAS CUTÂNEAS
• Utilizadas para aferir a adiposidade, baseando-se no princípio de que a
dobra mede as duas camadas de pele juntamente com a gordura
subcutânea de um ponto específico;
• Aproximadamente metade do conteúdo da gordura corporal localiza-se nos
depósitos adiposos subcutâneos;
• Dobras mais utilizadas em crianças e adolescentes são a dobra cutânea
tricipital (PCT) e a subescapular (PCSE);
• Essas medidas possuem referência em tabela por percentil isolada ou na
soma das duas pregas.
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11AVALIAÇÃO DO ESTÁGIO DE MATURAÇÃO SEXUAL

• O Ministério da Saúde e a Organização Mundial da Saúde, considera a


adolescência a faixa etária de 10 a 19 anos de idade;
• Na adolescência a puberdade caracteriza-se pelas transformações
anatômicas e fisiológicas, que incluem o crescimento, o desenvolvimento e
a maturação sexual;
• Os eventos da puberdade incluem o desenvolvimento dos caracteres
sexuais primários e secundários, as modificações na composição corporal
(decorrentes das ações hormonais), as alterações metabólicas e a
aceleração do crescimento estatural (crescimento ósseo)
• Na adolescência acontece o “estirão puberal” que dura cerca de 3 a 4 anos
e representa ganho de aproximadamente 50% do peso e 20-25% da
estatura;
• Para identificação do grau de maturação sexual é necessário que os
adolescentes sejam informados de que se trata da avaliação do estágio de
maturação sexual e que este influencia no diagnóstico nutricional. Depois,
é solicitado que o adolescente identifique em que estágio maturacional ele
se encontra, conforme o desenvolvimento puberal, de acordo com escala
de Tanner.
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11.1Desenvolvimento puberal masculino – critérios de Tanner


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11.2Desenvolvimento puberal feminino – critérios de Tanner


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12EXAMES BIOQUÍMICOS
O diagnóstico nutricional completo requer a avaliação de parâmetros
laboratoriais pertinentes. Em casos de crianças com patologias já
diagnosticadas, os exames iniciais são utilizados como parâmetros para verificar
a eficácia do tratamento clinico e dietoterápico. Os tipos de exames a serem
solicitados dependem da idade, do motivo da consulta, dos antecedentes
clínicos, da história dietética e do estado nutricional.

12.1Proteínas séricas que podem ser utilizadas na avaliação nutricional


EXAME MEIA-VIDA VALORES DE CONSIDERAÇÕES
REFERÊNCIA
Reduzido:
Albumina 18-20 dias Pré-termo:2,5-4,5g/dl resposta na fase
Termo:2,5-5,0g/dl aguda (infecção,
1-3mese:3,0-4,2g/dl inflamação e
3-12meses:2,7-5,0g\dl trauma), disfunção
>1ano:3,2-5,0g/dl hepática, renal,
enteropatia
perdedora de
proteína.
Alterada pela
hidratação
Reduzido:
Pré- albumina 2-3 dias 20-50mg/dl disfunção hepática,
fibrose cística,
hipertireodismo,
infecção e trauma.
Reduzido:
Transferrina 8-9 dias 180-260mg/dl inflamação,
disfunção hepática
Elevado:
deficiência de ferro
Alterado pela
hidratação
Reduzido:
Proteína 12 horas 30-40µg/ml disfunção hepática,
transportadora deficiência de
de retinol zinco, vitamina A e
infecção
Elevado: doença
renal
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12.2Vitamina, oligoelementos e minerais


EXAME VALORES DE CONSIDERAÇÕES
REFERÊNCIA
Retinol >105µmol/l Reduzido: disfunção hepática e
deficiência de zinco
Zinco >70µg/dl Reduzido: hipoalbunemia
plasmático
Vitamina E <11anos: 7-35 µmol/l Influenciada pelo perfil lipídico
sérica >11 anos: 14-42 µmol/l
Vitamina D Verão: 15-80 µg/dl Reduzido: uso de medicamento
(25-OH Inverno: 14-42 µg/dl anticonvulsivante
plasmático)
Vitamina C 22,7-85,2 µmol/l
plasmática
Vitamina B12 147-616 pmol/l Deficiência de folato

Folato sérico Neonatos: 11-147nmol/l Uso de medicamentos


Lactentes: 34-125nmol/l
2-16 anos:11-48 nmol/l
>16 anos: 7-45nmol/l

Não reflete de forma direta os


Cálcio total 8,0-10,5mg/dl estoques corporais e esta reduzido
na hipoalbunemia
Biologicamente ativo nem sempre
Cálcio 1,20-1,37mmol/l se relaciona com cálcio total. A
ionizável sua determinação direta é muito
mais rigorosa e reflete com
segurança o cálcio livre.
Fósforo 4,0-7,0mg/dl Sofre queda importante na
síndrome da realimentação, que
pode acontecer em crianças com
desnutrição no início da terapia
nutricional.
Fonte: Koletzko(2008)
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12.3Valores habitualmente utilizados para abordagem de anemia e


deficiência de ferro
EXAME VALORES DE CONSIDERAÇÕES
REFERÊNCIA
Hemoglobina <11,0g/dl Indicativo de anemia
Hematócrito <33% Indicativo de anemia
Volume <75fl Indicativo de anemia microcítica
corpuscular
médio
Índice de <12% Depleção funcional de ferro
saturação de
transferrina
Capacidade de <200 mcg/dl Incentivo da presente de doença
ligação do infecciosa e/ou inflamatória
ferro total
Ferritina <12ng/ml Depleção dos estoques de ferro
Receptor de <28nmol/l Depleção de ferro funcional
transferrina
Fonte: Samour, 2005
12.4Concentração de hemoglobina e hematócrito abaixo dos quais se
considera anemia, por sexo e faixa etária
Concentração de Hematócrito (<%)
hemoglobina (<g/dl)
Criança (idade em anos)
1 -1a 11m 11,0 32,9
2 - 4a 11m 11,1 33,0
5- 7a 11m 11,5 34,5
8-12 11,9 34,4

Meninos (idade em anos)


12 – 14 a 11m 12,5 37,3
15 – 18 13,3 39,7
Maior de 18 anos 13,5 39,9

Meninas (não gestante e


não nutriz)
12 – 14 a 11m 11,8 35,7
15 – 18 12,0 35,9
Maior de 18 anos 12,0 35,7

Fonte: CDC, 1989


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12.5Valores de referência para perfil lipídico em crianças e adolescentes


(acima dos dois anos de idade)
Lipoproteína Desejáveis Limítrofes Aumentados
(mg/dl)
Colesterol total <150 150-169 >170
LDL-C <100 100-129 ≥130
HDL-C ≥150 ≥45 -
Triglicerídeos <100 100-129 ≥130
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13EXAME FÍSICO
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