Poesia e Melancolia A Invencao Da Vontade de Poten
Poesia e Melancolia A Invencao Da Vontade de Poten
Poesia e Melancolia A Invencao Da Vontade de Poten
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Poesia e melancolia.
A invenção da vontade
de potência?*
Guillaume Métayer**
1 Trata-se igualmente de uma referência a uma personalidade feminina superior, uma “divindade das
trevas” (“trübe Gottin”) que é uma “Amazona”, mas também “Triunfante e tigresa ao mesmo tempo”
(“Siegerin und Tigerin zugleich”) em uma associação de termos que anuncia as palavras-chaves dá
época de Assim falava Zaratustra e dos Ditirambos.
10| Cad. Nietzsche, Guarulhos/Porto Seguro, v.40, n.2, p. 9-32, maio/agosto, 2019.
Poesia e melancolia. A invenção da vontade de potência?
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Métayer, G.
Depois, em resposta à Rhode, na carta n° 77, de 6 maio de 1870: “Es hat mich gerührt, daß Du noch
an das Dürersche Blatt gedacht hast. Willst Du die Copie für mich erwerben?”.
5 Ludwig Völker (ed.), 1983.
6 L. Völker (ed.), 1983., p. 448 [Jean Lahor, 1866]. Tudo é sombra e escuro: “sombra”, “o sol se apaga
num céu negro” retorna duas vezes; a melancolia pensa que “tudo aqui retorna ao nada”, “que serve
então criar sem fim e construir”. Nietzsche toma o contrapeso desta pintura da vaidade.
7 Jean Lahor, 1871, p. 151-152.
8 Jean Lahor, 1871, p. 152.
12| Cad. Nietzsche, Guarulhos/Porto Seguro, v.40, n.2, p. 9-32, maio/agosto, 2019.
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9 Nachlass/FP Julho-Agosto de 1882, 1[106] “An die Freundschaft ” (“À amizade”), KSA 10.35
10 Nachlass/FP 1875 7[4], KSA 8.122 (“Freundschaft Göttin höre gnadig das Lied ”. Nietzsche falou dois
anos antes sobre a possibilidade de escrever um hino à amizade que permaneceu inacabado: “Nun,
so wollen wir denn unser Dasein weiterschleppen und den Vers meines Freundschaftshymnus singen,
welcher anfängt ‘Freunde, Freunde! haltet fest zusammen!’ Weiter habe ich das Gedicht doch noch
nicht: doch der Hymnus selbst ist fertig – und dies ist das metrische Schema [dessin] Preisausschreiben
an alle meine Freunde, darauf einen Vers zu dichten oder zwei! ”; Carta nº 307 à Erwin Rohde, 5
maio de 1873. Cf. Nietzsche, Hino à amizade (Hymne à l’amitié) [anthologie et trad. N. Waquet],
préface de G. Métayer, Paris, Rivages, “ Petite bibliothèque”, 2019.
11 O último verso do poema “An die Melancholie” (“Nun Göttin, Göttin laß mich – laß mich schalten!”)
pode ser aproximado do fim em forma de refrão do discurso de Tannhäuser à Vênus no Ato I da
ópera: “O Königin, Göttin! Lass mich ziehn!”.
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Métayer, G.
12 Guoth nunca é mencionado por Nietzsche e seu nome é ausente do catálogo de sua biblioteca.
13 Encontra-se também “Wo Klippen drohen” no poema “Melankolie” de Tieck. Ver L. Völker, 1983.
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14 “So lokt des Abends Dunkelheit / zur tieffen Ruhe schöner Nächte”. Ver L. Völker, 1983.
15 Cf. também o poema “ Melankolie ” de Tieck : “ Der Sonne Strahlen heiß und heißer glühen ”
(Tieck). Völker, 1983.
16 Além de Lenau, encontramos em Carl Gustav von Brinckmann, “An die Wehmut ” (“weinen / Kann
der Tugendhafte nur”, p. 96), em Ferdinand Raimund (“An die Dunkelheit”, p. 138-140:” Mich
drängt’s mit Macht, die Leier zu erfassen, / Dich zu beweinen, arme Dunkelheit ”).
17 L. Völker, 1983, p. 126.
18 Nunca citado por Nietzsche.
19 L. Völker, 1983, p. 136-137
20 Em Neuffer, no entanto, encontra-se uma forma de crueldade voltada contra si que não deixa de
anunciar o poema nietzschiano e o revestimento e sequela que o constitui “Nach einem nächtlichen
Gewitter” e sua implacável amazona: o poeta primeiro pede à deusa para poupá-lo, depois, diante
da ausência de resposta, para acabar com ele – a inclinação suicida do pessimismo já está presente.
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Escrever com o pé
Eu não escrevo somente com a mão:
O pé também quer constantemente ser escritor.
Ele corre firme, livre e valente,
Ora pelos campos, ora sobre o papel.
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21 “Eu sentei no tronco de uma coluna; e ali, o cotovelo apoiado sobre o joelho, a cabeça apoiada
sobre a mão, ora levando meus olhos sobre o deserto, ora fixando-os nas ruínas, eu me entregava a
um devaneio profundo” (Volney, 1791, p. 5).
22 Cf. por exemplo “Alfonso” (3 [1]), Nietzsche, Poèmes complets, 2019, p. 129.
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23 L. Völker, 1983.
24 Cf. por exemplo Nachlass/FP Início 1856 – Janeiro 1857, 2 [3], Poèmes complets, 2019, p. 97-99.
25 Cf. também Christoph Landerer e Marc-Oliver Schuster, 2005, p. 246-55.
26 Carta n° 659 28 de agosto de 1877.
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29 Entre outros exemplos, pode se citar os incríveis terze rime (Nachlass/FP Março- agosto de 1861,
10 [7]), e sua atmosfera digna do Monge (The Monk) de Lewis (1796).
30 Bachelard, 1943, p. 146-185.
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Métayer, G.
31 Cf. Nietzsche, 2019, “ Busslied ”, Poèmes complets, éd. G. Métayer, p. 241-242, datado de Pforta
1857 (9 [12]).
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32 Cf. também seu poema 6[26] de abril a outubro de 1859; “Im grünen Walde möcht ich sterben ”,
(Nietzsche, 2019, p. 215).
33 Nachlass/FP Outono de 1881, 12[52].
34 http://www.penseesdepascal.fr/Transition/Transition5-moderne.php
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26| Cad. Nietzsche, Guarulhos/Porto Seguro, v.40, n.2, p. 9-32, maio/agosto, 2019.
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– daß der Wille zur Macht es ist, der auch die unorganische Welt führt,
oder vielmehr, daß es keine unorganische Welt giebt. Die „Wirkung
in die Ferne “ist nicht zu beseitigen: etwas zieht etwas anderes heran,
etwas fühlt sich gezogen. Dies ist die Grundthatsache: dagegen ist die
mechanistische Vorstellung von Druck und Stoß nur eine Hypothese
auf Grund des Augenscheins und des Tastgefühls, mag sie uns als eine
regulative Hypothese für die Welt des Augenscheins gelten!
– daß, damit dieser Wille zur Macht sich äußern könne, er jene Dinge
wahrnehmen muß, welche er zieht, daß er fühlt, wenn sich ihm etwas
nähert, das ihm assimilirbar ist (Nachlass/FP Abril–Junho de 1885, 34
[247], KSA 11.503-504).
37 A este respeito, outro poeta francês poderia ser evocado aqui, Mallarmé e seu cisne cuja agonia é
“Pelo espaço infligido ao pássaro que o nega”.
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38 Cf. Nachlass/FP Verão-Outono de 1884, 26[275], KSA 11.222: “[…] Die Unlust ist ein Gefühl bei
einer Hemmung: da aber die Macht ihrer nur bei Hemmungen bewußt werden kann, so ist die Unlust
ein nothwendiges Ingrediens aller Thätigkeit (alle Thätigkeit ist gegen etwas gerichtet, das überwunden
werden soll) Der Wille zur Macht strebt also nach Widerständen, nach Unlust. Es giebt einen Willen
zum Leiden im Grunde alles organischen Lebens (gegen ‘Glück’ als ‘Ziel’)”.
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[…] unverrückt
nach Leben, Leben, Leben lechze!
Aber was ist Leben? Hier thut also eine neue bestimmtere Fassung des
Begriffs ‘Leben’ noth: meine Formel dafür lautet: Leben ist Wille zur Macht
(Nachlass/FP Outono 1885- outono 1886, 2[190], KSA 12.61).
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41 Op. cit., p. 10.
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Referências bibliográficas
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Métayer, G.
VOLNEY, C. F. Les Ruines ou Méditations sur les révolutions des empires, ch. I,
“Le voyage”, Paris, Desenne-Volland-Plassan, 1791.
Recebido em 04/03/2019
Aceito em 12/05/2019
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