Triangulação em SST Vol. 2 1

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Fabio Antônio da Silva Arruda

TRIANGULAÇÃO
EM SAÚDE E SEGURANÇA
DO TRABALHO
Gestão, Engenharia e Comportamento

volume 2

Editora Pascal
2020
2020 - Copyright© da Editora Pascal

Editor Chefe: Dr. Patrício Moreira de Araújo Filho

Edição e Diagramação: Eduardo Mendonça Pinheiro

Edição de Arte: Marcos Clyver dos Santos Oliveira

Revisão: Os autores

Conselho Editorial

Dr. José Ribamar Neres Costa

Dr. Will Ribamar Mendes Almeida

M.Sc. Carlos César Correia Aranha Júnior

Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP)


T821utili

Coletânea Triangulação em saúde e segurança de trabalho: gestão, engenharia e com-


portamento / Fabio Antônio da Silva Arruda (Organizador). 1ª edição. São Luís: Editora
Pascal, 2020.

386 f.; il. 2 v.

Formato: PDF
Modo de acesso: World Wide Web
ISBN: 978-65-80751-14-3
D.O.I.: 10.29327/511411

1. Saúde e segurança do trabalho. 2. Organização da segurança e saúde. 3. Enge-


nharia. 4. Gestão de segurança e saúde no trabalho. I. II. Título

CDD: 869.8
CDU: 331:316.776:331.07

O conteúdo dos artigos e seus dados em sua forma, correção e confiabilidade

são de responsabilidade exclusiva dos autores.

2020

www.editorapascal.com.br

[email protected]
APRESENTAÇÃO

Desde a época mais remota, grande parte das atividades às


quais o homem tem se dedicado apresenta uma série de ris-
cos em potencial, frequentemente concretizados em lesões que
afetam sua integridade física ou a sua saúde. Assim, o homem
primitivo teve sua integridade física e capacidade produtiva di-
minuídas pelos acidentes próprios da caça, da pesca e da guer-
ra, que eram consideradas as atividades mais importantes de
sua época. Posteriormente, quando o homem das cavernas se
transformou em artesão, descobrindo o minério e o metal, pôde
facilitar seu trabalho pela fabricação das primeiras ferramentas,
conhecendo também as primeiras doenças do trabalho provo-
cadas pelos próprios materiais que utilizava. O passo seguinte
foi ainda mais sangrento, pois o processo de industrialização
trouxe, junto com a evolução das novas e complexas máquinas,
muitos acidentes e doenças do trabalho para a população traba-
lhadora daquela época.
Na época atual, o trabalho humano vem se desenvolvendo sob
condições em que os riscos são em quantidade e qualidade mais
numerosos, a tecnologia e novas sistemáticas de trabalho im-
põe também novos desafios na busca diária de prover a própria
subsistência, como o risco psicossocial, síndrome de Burnout e
diversas outras psicopatias geradas pelo trabalho.
No Brasil registra-se um acidente do trabalho a cada 49 segun-
dos, isso corresponde a 4,7 milhões de acidentes de trabalho em
uma taxa de seis mortes a cada 100 mil trabalhadores somente
no mercado de trabalho formal no período de 2012 a 2018, co-
locando nosso pais como a quarta nação que mais acidenta tra-
balhador no mundo, atrás apenas da China, da Índia e da Indo-
nésia. Além do sofrimento, os acidentes do trabalho impactam
diretamente a economia na casa de R$ 22 bilhões, devido aos
afastamentos de empregados de suas funções após sofrerem
ferimentos durante o trabalho. Se fossem incluídos os casos de
acidentes em ocupações informais, esse número poderia chegar
a R$ 40 bilhões, segundo levantamento da Organização Inter-
nacional do Trabalho (OIT) e observatório de segurança e saúde
no trabalho do Ministério Público do Trabalho (MPT).
O caminho ainda é muito logo, mas é inegável que esforços
vêm sendo direcionados para esse campo, visando à redução do
número de acidentes e efetiva proteção do acidentado e seus
dependentes. As nações e empresas vêm se empenhando em
usar meios e processos adequados para proteção do homem no
trabalho, evitando acidentes e doenças que geram muito sofri-
mento, perdas financeiras, danos a reputação e ainda impactos
na produtividade e competitividade da empresa.
Esta obra apresenta a temática de saúde e segurança do traba-
lhador pela perspectiva da triangulação entre engenharia, ges-
tão e comportamento na ótica de profissionais e acadêmicos
que se dedicam no dia-a-dia a estudar e a desenvolver sistemas
e métodos para garantir integridade física, mental e social do
trabalhador, preservando-os dos riscos inerentes às tarefas do
cargo e ao ambiente físico onde as atividades laborais são de-
senvolvidas.

Sirva-se sem moderação desta obra!

Fabio A. S. Arruda
Organizador e coautor
SUMÁRIO

CAPÍTULO 1........................................................... 1

A UTILIZAÇÃO DO POWER BI COMO FERRAMENTA


PARA TOMADA DE DECISÃO EM SEGURANÇA DO
TRABALHO

Adrian Pestana Gomes

CAPÍTULO 2......................................................... 21

ESTRATÉGIA DE VENTILAÇÃO FORÇADA PARA


PROTEÇÃO DA SAÚDE DO TRABALHADOR

Artenísia Pinheiro Costa

CAPÍTULO 3......................................................... 47

REESTRUTURAÇÃO E QUALIFICAÇÃO DE POSTO


DE TRABALHO PARA ATENDIMENTO NORMAS DE
SAÚDE E SEGURANÇA

Everlin Regina Soares Nino

CAPÍTULO 4......................................................... 83

GESTÃO COMPORTAMENTAL APLICADA

Fabio Antônio da Silva Arruda


CAPÍTULO 5....................................................... 107

ANÁLISE DO PERFIL DE INCÊNDIOS FLORESTAIS NA


FLORESTA NACIONAL DE CARAJÁS

Francisco Junior Nascimento da Silva

CAPÍTULO 6....................................................... 127

ANÁLISE DE RISCOS DE SAÚDE E SEGURANÇA DO


TRABALHO EM LABORATÓRIOS

Ilmo Andreisson Marques Ribeiro

CAPÍTULO 7 ...................................................... 153

MAPEAMENTO E PADRONIZAÇÃO DE FONTES DE


ENERGIA PARA EFETIVIDADE DO BLOQUEIO

Leonardo Sileiran Ramos Leite

CAPÍTULO 8....................................................... 179

UTILIZAÇÃO DA MATRIZ SWOT COMO FERRAMEN-


TA DE AVALIAÇÃO DE SAÚDE E SEGURANÇA DO
TRABALHO

Luís Carlos Sousa da Hora

CAPÍTULO 9 ...................................................... 203

ANÁLISE DE RISCO PARA ATIVIDADE DE MOTORIS-


TAS DE APLICATIVOS

Luis Gustavo Santana Barros


CAPÍTULO 10..................................................... 227

PERCEPÇÕES E (DES)CONFORTO NO USO DE EPI


POR TRABALHADORES DE DIFERENTES ÁREAS
LABORAIS

Mayanne Camara Serra

CAPÍTULO 11..................................................... 247

REQUISITOS DE QUALIDADE PARA ELABORAÇÃO DE


PROCEDIMENTOS OPERACIONAIS DE SAÚDE E SE-
GURANÇA DO TRABALHO

Mélanie Martins Gonçalves

CAPÍTULO 12..................................................... 265

CULTURA PREVENCIONISTA E O ACIDENTE DE


TRABALHO: CONHECIMENTO E GESTÃO DE SEGU-
RANÇA E SAÚDE NO TRABALHO

Rogério de Abreu Silva

CAPÍTULO 13..................................................... 297

OTIMIZAÇÃO DE UM SISTEMA FORÇADO DE INSU-


FLAMENTO E EXAUSTÃO PARA CONTROLE TÉRMI-
CO DE AMBIENTE EM ADEQUAÇÃO AOS ÍNDICES DE
IBUTG DA NR-15

Ruan Carlos Corrêa Mendes


CAPÍTULO 14..................................................... 327

ADEQUAÇÃO DA NR 20 NA ELABORAÇÃO DE PROJE-


TO DE ENGENHARIA DE POSTO DE COMBUSTÍVEL

Thalita Carvalho Guimarães

CAPÍTULO 15 ................................................... 347

DIMENSIONAMENTO DE SISTEMA MECÂNICO DE


VENTILAÇÃO E EXAUSTÃO INDUSTRIAIS PARA
CONTROLE TÉRMICO DE AMBIENTE

Wesley da Cruz Gomes


1

A UTILIZAÇÃO DO POWER BI COMO


FERRAMENTA PARA TOMADA DE DECI-
SÃO EM SEGURANÇA DO TRABALHO

Adrian Pestana Gomes

Bacharel em Administração de Empresas pela Universida-


de Estadual do Maranhão (UEMA). Possui experiência em
desenvolvimento e operação de empreendimentos online,
onde fundou a empresa Crown Grifes Atualmente ocupa o
cargo de Estagiário de Nível Superior no Departamento de
Segurança Ocupacional da Empresa Vale S/A onde desem-
penha funções de gerenciamento de indicadores proativos
e reativos de saúde e segurança no trabalho, controle de
processos e Sistemas de Informação, principalmente com
aplicação do Power BI.
Triangulação em saúde e segurança do trabalho
Vol. 2

RESUMO

A
tecnologia da informação tornou-se um pré-requisito para
as organizações, as ferramentas que ela possibilita tor-
naram-se essenciais para o gerenciamento de seus pro-
cessos. No terminal portuário de uma empresa de mineração
estudada, utiliza-se o Power BI para a gestão dos assuntos rel-
acionados à Segurança do Trabalho, com o objetivo de apre-
sentar informações que possam contribuir para a tomada de
decisão na organização. O estudo configurou-se metodologica-
mente como qualitativo, descritivo e exploratório, e seus resul-
tados apresentaram que o objetivo da ferramenta está sendo
alcançado neste terminal e busca compreender de que forma
o Power BI pode contribuir para o processo decisório em um
terminal portuário de uma empresa de mineração em São Luís.

Palavra-Chave: Power BI; Processo Decisório; Segurança


do Trabalho;

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Fabio A. da S. Arruda

1. INTRODUÇÃO

Nas transações comerciais, para alcançar o sucesso é


necessário gerenciar as informações internas e externas de for-
ma inteligente. A informação deixa de ser um diferencial com-
petitivo, tornando-se um pré-requisito para o sucesso do em-
preendimento.
No entanto, a base de informações deverá ser organizada,
agrupada, de fácil acesso e rápido manuseio constantemente
atualizada, pois seu valor está diretamente ligado ao seu grau
de atualização, além de sua contextualização, proporcionando
assim a tomada de decisão mais precisa e com o menor tempo
possível.
Com isso, têm-se os Sistemas de Informações Gerenciais
como uma ótima alternativa para o agrupamento, tratamento
e controle de grandes bases de informações dentro das empre-
sas, sendo tratado como investimento que será recompensado
no planejamento e controle das operações empresariais.
Dentro da Tecnologia da Informação, as ferramentas de
Business Intelligence (BI) vêm ganhando espaço. Entre os tipos
de BI, um dos mais utilizados pelas organizações é o Power BI,
que simplifica a limpeza e o tratamento dos dados, permite a
criação de filtros e a visualização de forma atrativa e de fácil
entendimento.
O Power BI otimiza a gestão dos indicadores de Segu-
rança do Trabalho, fornecendo as informações necessárias para
a tomada de decisões no que diz respeito ao controle de riscos
e consequentemente prevenção de acidentes do trabalho. No
entanto, torna-se necessário que estas informações sejam bem
agregadas e disponibilizadas para as pessoas certas e no mo-
mento certo para que sua análise e posteriormente tomada de
decisão, seja feita corretamente.
Nesse contexto, a Segurança do Trabalho visa garantir um
estado de bem-estar físico e mental ao funcionário dentro da
empresa que trabalha, e se possível, fora dela. Em uma empre-

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Triangulação em saúde e segurança do trabalho
Vol. 2
sa de mineração os riscos ao trabalhador no desenvolvimento
de suas atividades são elevados. Dessa forma o uso de indi-
cadores de Segurança do Trabalho possibilita o planejamento,
controle e execução do trabalho, visando reduzir os riscos iner-
entes à tarefa a ser executada.
Assim, esta pesquisa tem como objetivo principal analisar
se a utilização do Power BI contribui ou não de forma eficaz
para a tomada de decisões na Segurança do Trabalho em um
Terminal Portuário de uma empresa de mineração em São Luís
do Maranhão.
Diante o exposto, torna-se evidente que para que sejam
elaborados planos de ação na área de Segurança do Trabalho, é
necessário tomar decisões baseadas em dados e informações,
com isso o Power BI apresenta-se como ótima alternativa para
transformar bancos de dados em informações coerentes e uti-
lizáveis pelas empresas. Portanto, o problema deste trabalho
define-se em: Como o Power BI pode ser utilizado como ferra-
menta estratégica na tomada de decisões de Segurança do Tra-
balho em um Terminal Portuário de uma empresa de mineração
em São Luís ?

2. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

Nesta seção serão apresentados os conceitos de dados,


informações e banco de dados que serão indispensáveis para
melhor compreensão do estudo. Também apresentaremos uma
breve introdução sobre os Sistemas de Informação Gerencias,
Business Intelligence, com o destaque a ferramenta Power BI,
objeto em estudo, além de Segurança do Trabalho.

2.1 Dados e Informação

Para melhor entendimento do estudo torna-se necessário


compreender os conceitos de dados, informação, conhecimen-
to, banco de dados .

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Fabio A. da S. Arruda

Dados são um conjunto de evidências relevantes sobre


algo que foi visto, que podem ser armazenados e organizados,
podendo ser coletados com ou sem a intervenção do ser huma-
no (SORDI, 2008).
Corrobora Cunha et al. (2015) acrescentando que os da-
dos deixaram de ser meros coadjuvantes nas organizações e
passaram a ser administrados e modelados para contribuir com
o sucesso das organizações. Com isso, tem-se como resultado
do armazenamento e tratamento dos dados, a informação, hav-
endo um acréscimo para a pessoa que recebe a informação.
Já a Informação é conceituada segundo Rabaça e Barbosa
(1995, p.335) como “o significado que um ser humano atribui a
dados, por meio de convenções usadas em sua representação”.
Nesse sentido, é válido dizer que não existe informações
sem dados, e os dados não passam de elementos brutos e sem
importância antes de se tornarem informação. Torna-se de suma
importância pois fica atrelada aos processos organizacionais,
contribuindo para as tomadas de decisão em todos os níveis da
empresa.
A troca de informações gera o conhecimento, que é o
entendimento de um conjunto de informações que possa con-
tribuir para realizar determinada atividade ou tomar uma de-
cisão (STAIR, 1998).
Dessa forma, Mattos (2005) contribui ao dizer que as infor-
mações estão ligadas à hierarquia das organizações e são clas-
sificadas em três tipos. O primeiro, as informações operacionais
que são usadas pela área operacional para obter conhecimento
sobre algo do passado ou presente. Já o segundo são as in-
formações gerencias, usadas pelo nível tático e o terceiro e o
último tipo são as informações executivas que são usadas pela
alta administração.
Complementa Oliveira (2002), que banco de dados é um
conjunto coerente de dados que juntos possuem algum sig-
nificado. Dentro das organizações, devem ser planejados para
atender a necessidade de cada empresa, além de estar bem
organizados e de fácil acesso para os colaboradores que podem

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Triangulação em saúde e segurança do trabalho
Vol. 2
acessar cada tipo de informação.

2.2 Sistemas de Informações Gerenciais

A necessidade dos Sistemas de Informação Gerenciais no


ambiente empresarial surgiu devido à crescente quantidade de
informações que a organização possui. As empresas têm neces-
sidade de um ambiente que as informações sejam confiáveis e
com isso possam contribuir para os processos da empresa (BA-
TISTA, 2004).
Alter (1992) diferencia Tecnologia da Informação de Siste-
mas de Informação, sendo a primeira expressão limitada à as-
pectos técnicos e a segunda relaciona-se também às pessoas,
processos e transformação da informação.
Dessa forma, os Sistemas de Informação Gerencias (SIG)
têm como objetivo gerar informação que possam auxiliar nas
tomadas de decisão, fazendo com que os dados coletados se-
jam transformados em informação.
Stair (1998) conceitua um sistema de informação como um
conjunto de elementos que coletam dados (entrada), manipu-
lam e armazenam (processamento), e difundem informações,
além de fornecer um mecanismo de feedback.
Destarte, para que um SIG seja efetivo precisa atender as
necessidades da empresa e estar alinhado com sua estratégia,
assim como, apresentar custos de implantação e manutenção
compatíveis com a realidade da organização e ter a possibili-
dade de sempre acompanhar os avanços tecnológicos.
A agregação de informações para cada nível hierárquico
da organização é feita de forma diferente, já que o tipo de in-
formações solicitadas e sua complexidade depende do cargo
(PEREIRA; FONSECA, 1997). Os SIGs possibilitam atividades
de planejamento e controle de operações, assim como a prop-
osição de soluções de problemas, sejam eles no nível operacio-
nal, gerencial ou estratégico (REZENDE;ABREU, 2006)
No entanto, a implantação do SIG possui alguns pontos

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Fabio A. da S. Arruda

de atenção. Para Balarine (2002) apesar de facilitar na trans-


formação de dados em informação e consequentemente con-
tribuírem para o processo decisório, o SIG pode demandar um
alto investimento inicial e investimentos contínuos em ma-
nutenção, além de mais se não for bem planejado pode também
gerar impactos negativos nos processos da empresa.

2.3 Business Intelligence

Os princípios do Business Intelligence (BI) não são re-


centes. Civilizações antigas como os egípcios e os persas uti-
lizavam informações obtidas com a observação da natureza
como os períodos chuvosos e de seca para beneficiar suas civi-
lizações, como saber os períodos ideais para o plantio e para as
construções de monumentos (BARBIERI, 2001).
Corrobora Elena (2011) que a primeira utilização do ter-
mo Business Intelligence (Inteligência de Negócios) foi feita at-
ravés do artigo “A Business Intelligence System” por Hans Peter
Luhn, um pesquisador da IBM na década de 50. Em seu texto,
ele propõe o desenvolvimento de um sistema que fosse capaz
de trabalhar com extensos bancos de dados e transformá-los
em informações significantes para as organizações.
Apesar da utilização dos princípios não serem recentes e
do início da utilização do termo, o conceito só surgiu na década
de 80 quando a Gartner Group publicou algumas aplicações e
ferramentas que ajudariam atividades gerenciais da empresa
e contribuiriam para a análise de dados e consequentemente à
tomada de decisão (EXTENDE SOFTWARE, 2010), conceituando
o BI como “...um termo guarda-chuva que inclui as aplicações,
infraestrutura e ferramentas e as melhores práticas que per-
mitem acesso e análise de informações para promover e otimi-
zar decisões e performance” (GARTNER, 2013).
A tecnologia atrelada à gestão do conhecimento tem-se a
definição de Business Intelligence (Inteligência de Negócios) que
é conjunto de ferramentas e estratégias que permitem a criação
de informações com base na análise de dados existentes, no
ramo empresarial pode ser desde informações de funcionários

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Triangulação em saúde e segurança do trabalho
Vol. 2
à definições de perfil de clientes (AHUMADA-TELLO et al, 2012)
Corrobora Oliveira e Pereira (2008):
O BI ajuda organizações a acessar informação
sintetizada de forma fácil para a tomada de decisão.
Nesse processo, o ato de transformar dados em
informações úteis e significativas, terá como destino
a distribuição destas informações para aqueles que
realmente precisarão delas e que poderão tomar
decisões corretas e na hora certa.

Diante do exposto observa-se que os termos e objetivos


empregados pelos autores supra citados são semelhantes. Cabe
ressaltar que na literatura que trata da temática em questão,
não existe um consenso entre os autores sobre uma definição
da ferramenta. Entretanto, no estudo será atribuído o conceito
mais utilizado que são dos autores Duan e Xu (2012) que dizem
que o BI representa “um processo de transformação de dados
brutos em informações utilizáveis para maior efetividade es-
tratégica, insights operacionais e benefícios reais para o proces-
so de tomada de decisão nos negócios” .
Para TDWI (2013) a ferramenta BI une dados, tecnologia
e conhecimento humano para otimizar o processo decisório e
que tem contribuído para o sucesso de várias empresas ao re-
dor do mundo. Na mesma linha de pensamento, Santos (2009)
denomina como uma junção de técnicas e ferramentas que irão
contribuir para a gestão empresarial.
O BI é constantemente colocado como uma das prioridades
de um negócio e identificado como uma tecnologia essencial
para investir, de acordo com pesquisas globais na Gartner (HO-
CEVAR; JAKLIC, 2010).
A relação entre as ferramentas de Business Intelligence e
os Sistemas de Informação Gerencial é que o primeiro extrai
dados e informações de diversos sistemas, gerencias ou não,
visando atender a necessidade do gestor e contribuir ao proces-
so decisório, ou seja, relaciona informações de diversas fontes,
incluindo de SIGs, e transforma em informações gráficas que
possam atender as necessidades do gestor (BURON, 2019).

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Fabio A. da S. Arruda

2.4 Power BI

O Power BI é uma ferramenta de análise de negócios que


permite ao usuário elaborar relatórios, visualizando o maior nú-
mero de informações e possibilitando o compartilhamento des-
sas informações com toda organização, ou apenas parte dela
(MICROSOFT, 2019).
Com um banco de dados é possível a criação de relatórios,
conforme mostra a figura 1.

Figura 1 - Exemplo de Relatório no Power BI Desktop

Fonte: Senhor Excel e Power BI (2019)

Os relatórios podem ser formados por mais de 33 tipos de


visualizações, como mostra a figura 2, dentre elas: gráficos de
barra, pizza, rosca, área, funil, tabela, matriz e entre outros,
são eles que permitem a transformação de dados brutos em
informações utilizáveis pela organização, e o conjunto destes
relatórios formam um workspace.

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Triangulação em saúde e segurança do trabalho
Vol. 2

Figura 1 - Exemplo de Relatório no Power BI Desktop

Fonte: Senhor Excel e Power BI (2019)

A ferramenta é composta por um aplicativo chamado de


Power BI Desktop, nele que são criadas as visualizações e pos-
teriormente os relatórios, um serviço de software chamado de
Serviço de Power BI, ele que permite a publicação de relatórios
em páginas da web. Além disso o Power BI disponibiliza aplica-
tivos móveis para IOS e Android (MICROSOFT, 2019)
Uma análise feita pelo Gatner Group (GATNER, 2013),
descreve o Power BI como uma das soluções com o menor
preço disponível, já que o Power BI Desktop, utilizado para cri-
ar relatórios, é gratuito, sendo cobrado uma taxa mensal ape-
nas para o Serviço de Power BI, utilizado para a publicação
de relatórios na web, taxa essa que varia se for para pessoa
física ou jurídica, dependendo da quantidade de usuários da
organização. Esta análise elege as três principais razões para
os usuários optarem pela ferramenta, são elas: facilidade de
utilização, baixo preço e boa quantidade de recursos especial-
izados no Power BI Desktop.

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Fabio A. da S. Arruda

2.5 Segurança do Trabalho

Entende-se por Segurança do Trabalho a garantia de um


estado de bem-estar físico e mental ao funcionário dentro da
empresa que trabalha, e se possível, fora dela. Pode ser en-
tendida como planejamento, controle e execução do trabalho,
visando reduzir os riscos inerentes à tarefa executada (OLIVEI-
RA, 2009).
O termo “segurança” no trabalho para OSHAS (2007), rep-
resenta as condições e os fatores que afetam o bem-estar não
só dos funcionários, mas também dos trabalhadores temporári-
os, pessoas de empresas contratadas e etc.
As Normas Regulamentadoras da Saúde e Segurança do
Trabalho (NR), supervisionadas pela Secretaria de Segurança e
Saúde do Trabalho (SSST), são de obrigação do empregador, e o
não cumprimento delas acarretará na aplicação de penalidades
previstas na legislação pertinente (NR 01). Com isso, torna-se
necessária um gerenciamento de Segurança do Trabalho por
parte das empresas, para atendimento das normas e bem-estar
de todos que trabalham naquele local.
Em outras palavras, o objetivo da Segurança do Trabalho é
planejar e executar controles, que possam prevenir ou reduzir a
possibilidade de ocorrer um acidente de trabalho, que para Bird
(1974, p. 184) é “um processo de eventos paralelos e consecu-
tivos que conduz a um ferimento como consequência”.Com isso,
os indicadores de Segurança Ocupacional aparecem como uma
boa alternativa de análise.
O principal objetivo de um indicador é retratar de forma
fidedigna a realidade que busca representar. Os principais indi-
cadores de segurança estão ligados à ocorrência de incidentes e
suas consequências que são chamados de indicadores reativos,
e indicadores de prevenção chamados de indicadores proativos
(LAPA, 2017).

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Triangulação em saúde e segurança do trabalho
Vol. 2

3. MÉTODO

Quanto a abordagem a pesquisa é do tipo qualitativa, pois


a pesquisa visa entender se o Power BI contribui ou não para
o processo de tomada de decisão, não visando uma represen-
tatividade numérica. Quanto aos objetivos, a pesquisa classi-
fica-se em Descritiva pois visa conhecer as características da
ferramenta Power BI e entender se pode ser utilizada como
ferramenta estratégica para tomada de decisões na Segurança
do Trabalho, e Exploratória pois buscou-se entender mais sobre
o Power BI, um objeto até então pouco estudado, realizando um
levantamento bibliográfico com a utilização de referências teóri-
cas já publicadas, tanto de maneira escrita quanto eletronica-
mente, para entendermos com mais profundidade os assuntos
estudados.
Quanto aos meios técnicos, a pesquisa se trata de um es-
tudo de caso, pois foi realizado um estudo amplo de um objeto
em um local determinado. O estudo foi feito em um terminal
portuário de uma empresa de mineração em São Luís devido
à facilidade do autor em ter acesso a aplicação da ferramenta
estudada e entrar em contato com seus funcionários. O univer-
so da pesquisa foi representado pelo total de Facilitadores de
Segurança do Trabalho das gerências do terminal portuário es-
tudado, correspondendo à 9 funcionários, e a amostra estudada
corresponde a 100% do universo.
Para obter as informações necessárias para a análise deste
trabalho, foi enviado aos facilitadores uma carta de apresen-
tação mostrando a finalidade da pesquisa, junto com um ques-
tionário composto por questões abertas e fechadas disponível
através do software Google Forms. A coleta de dados ocorreu
em outubro de 2019 em todas as nove gerências que compõe o
terminal portuário da empresa de mineração estudada.

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Fabio A. da S. Arruda

4. RESULTADOS E DISCUSSÃO

Fundada no início da década de 40, a mineradora estuda-


da iniciou seus trabalhos em Itabira, Minas Gerais, sendo uma
empresa estatal, e apenas no final da década de 90 foi privat-
izada. De forma lenta e gradual se expandiu e hoje atua em 13
estados brasileiros e nos cinco continentes, ocupando o status
de uma das maiores empresas do ramo de mineração do mundo
e tornando-se uma organização de capital aberto. No terminal
portuário estudado tem-se a figura do facilitador de Segurança
do Trabalho, que é a função dada a um funcionário de cada
gerência para realizar a gestão de todos os assuntos relaciona-
dos à Segurança do Trabalho.
Para o estudo da ferramenta Power BI, pegou-se uma
amostra utilizada por este terminal chamado de Power BI Co-
laboração, workspace criado pela Gerência de Segurança Ocu-
pacional contendo as informações de indicadores proativos e
reativos, ações tratativas de não conformidades, taxas de inci-
dentes, resultados de auditorias internas e externas etc.
Na primeira questão do questionário constatou-se que
44,44% trabalham em áreas de Manutenção Portuária, 33,33%
nas Operações Portuárias e 22,22% com Suporte Operacional.
Nota-se que todos os facilitadores estão envolvidos com ativ-
idades operacionais, fortalecendo a ideia de que este estudo
está sendo aplicado em uma ferramenta que tem a finalidade
de diminuição de riscos e consequentemente o número de aci-
dentes de trabalho.
Na segunda questão buscou-se saber sobre o tempo de
utilização da ferramenta por parte dos facilitadores, 55,56%
utilizam a mais de 12 meses, cerca de 22,22% utilizam de 10 a
12 meses e os outros 22,22% entre 6 a 10 meses. Levando em
consideração que o Power BI é interativo e de fácil manuseio,
o menor tempo de utilização observado, que corresponde de 6 a
10 meses, é o suficiente para o domínio da ferramenta e possuir
o usufruto de seus benefícios.
Na terceira questão foi questionado se os relatórios do Pow-
er BI Colaboração apresentam informações adequadas para

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Triangulação em saúde e segurança do trabalho
Vol. 2
suas necessidades, para 88,89% dos colaboradores as infor-
mações são totalmente adequadas e 11,11% consideram que
são parcialmente adequadas. Os relatórios do Power BI Colab-
oração foram desenvolvidos observando as dificuldades encon-
tradas pelas gerências em ter acesso à algumas informações,
como indicadores proativos e reativos e taxa de incidentes, o
que explica o percentual relevante de colaboradores que acredi-
tam que a ferramenta atende às suas necessidades.
A quarta questão possui o intuito de conhecer o nível de
confiabilidade das informações apresentadas. Cerca de 88,89%
acreditam que as informações são totalmente confiáveis e
11,11% as consideram parcialmente confiáveis. Torna-se váli-
do ressaltar que a confiabilidade das informações de qualquer
relatório do Power BI depende diretamente de onde são retira-
dos os bancos de dados, de qual Sistema de Informação etc. Ter
informações confiáveis é um requisito mínimo para a gestão de
qualquer assunto relacionado à Segurança do Trabalho e conse-
quentemente ao processo de tomada de decisão.
Na quinta questão buscou-se saber se os relatórios do
Power BI Colaboração contribuem para uma melhor tomada
de decisão em assuntos relacionados à Segurança do Trabalho.
Para 88,89% dos entrevistados as informações disponíveis nos
relatórios contribuem totalmente para uma melhor tomada de
decisão e de acordo com os 11,11% restantes contribuem par-
cialmente no processo decisório. Este é o principal objetivo das
ferramentas de Business Intelligence, utilizar dados, tecnolo-
gia e conhecimento humano para contribuir para o processo de
tomada de decisão. Diante disso, pode-se dizer que o Power BI
Colaboração atendeu a seu principal objetivo para com a área
operacional, auxiliar nos decretos relacionados à Segurança do
Trabalho.
Na questão seguinte foi questionado sobre os principais
benefícios que a implantação da ferramenta proporcionou, não
limitando o número de alternativas que poderiam responder. Os
resultados desta pergunta são observados no gráfico abaixo:

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Fabio A. da S. Arruda

Gráfico 1 - Quais os principais benefícios que a utilização do Power BI Co-


laboração proporciona?

Fonte: Dados da Pesquisa, 2019.

Todos os facilitadores marcaram como um dos benefícios


o apoio a tomada de decisão, totalizando nove respostas, con-
firmando a conclusão tirada sobre o resultado da questão an-
terior. Em seguida com oito respostas tem-se a disponibilidade
das informações nos relatórios. Logo abaixo, com sete respos-
tas, colocam a diminuição do tempo de trabalho e a facilidade
de exportar informação para outros formatos, como excel, txt
etc. A diminuição do tempo de trabalho se dá pelo fato da fer-
ramenta conseguir juntar inúmeros bancos de dados de vários
sistemas diferentes, fornecendo todas as informações de for-
ma integrada, sendo que a realidade antes da implantação da
ferramenta era que cada facilitador teria que entrar em cada
sistema utilizado pela organização, como SAP e SIGRI, e ex-
trair vários relatórios diferentes em formato de excel. Dentro de
cada gráfico ou visualização, é possível exportar a informação
em alguns formatos. Com cinco e quatro respostas tem-se re-
spectivamente a confiabilidade das informações, fortalecendo a
resposta da questão 4, e facilidade de acesso ao sistema, já que
ele está disponível na web para seu público-alvo.
Na sétima questão buscou-se saber se o Power BI Colabo-
ração trouxe mais benefícios que outras ferramentas utilizadas

15
Triangulação em saúde e segurança do trabalho
Vol. 2
na empresa como o SAP Lumira, utilizado para automatizar in-
formações e apresenta-las em visualizações interativas, e até
mesmo o Microsoft Excel, que muitas vezes é utilizado para
armazenar banco de dados e gerar gráficos que possa auxiliar
no processo de decisão, 88,89% dos interrogados concordam
totalmente e 11,11% concordam parcialmente. O Power BI
leva vantagem sobre estas outras ferramentas devido ao fato
de conseguir vários bancos de dados de muitos sistemas difer-
entes, comparando com as citadas acima a ferramenta da Mic-
rosoft poderia criar relatórios unindo as informações do Lumira
e do Excel.
Por último foi questionado se haveria alguma sugestão de
melhoria no painel do Power BI colaboração, 77,78% respond-
eram que não possuem sugestões de melhoria, 11,11% respon-
deram que poderiam ter mais informações sobre o Sistema de
Gestão Integrada de SSMA (SGI) e os outros 11,11% disseram
que alguns gráficos podem ser maiores para facilitar na monta-
gem dos materiais de apresentações de segurança da gerência.

5. CONSIDERAÇÕES FINAIS

O desenvolvimento deste estudo possibilitou entender se


Power BI pode ser utilizado como ferramenta estratégica na
tomada de decisões nos assuntos relacionados à Segurança do
Trabalho, e foi realizado um estudo de caso em um terminal
portuário de uma empresa de mineração. Dessa maneira, foi
possível perceber que os resultados da pesquisa se encaixam
nos aspectos que foram levantados no referencial teórico, prin-
cipalmente no que diz respeito à Business Intelligence e Power
BI.
De acordo com os objetivos propostos na pesquisa, pode-
se dizer que foram alcançados, esta afirmação torna-se possível
devido aos resultados alcançados no questionário que fora apli-
cado, concedendo a informação que o Power BI pode sim ser
utilizado como ferramenta estratégica no processo decisório nos
assuntos relacionados à Segurança do Trabalho. Nesse sentido,
pode-se afirmar que a implantação do Power BI trouxe consigo

16
Fabio A. da S. Arruda

inúmeros benefícios para a gestão de Segurança do Trabalho,


principalmente no que diz respeito no apoio ao processo de-
cisório. Por meio dele a empresa poderá gerenciar de forma
mais ágil e precisa os indicadores proativos e reativos, consul-
tar números e taxas de acidentes e gerenciar as tratativas para
tais.
Espera-se que esta pesquisa possa instigar outras empre-
sas a utilizar esta ferramenta para a gestão de seus indicadores
e processos e consequentemente auxiliar no processo de tom-
ada de decisões em assuntos relacionados ou não com a Segu-
rança do Trabalho e que desperte o interesse de outros pesqui-
sadores à utilizar como objeto de estudo o Power BI.

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20
2

ESTRATÉGIA DE VENTILAÇÃO
FORÇADA PARA PROTEÇÃO DA SAÚDE
DO TRABALHADOR

Artenísia Pinheiro Costa

Pós-graduada em Engenharia de Segurança do Trabalho


pela Universidade Estadual do Maranhão (UEMA), Gradu-
ada em Engenharia Química pela Universidade Federal do
Maranhão (UFMA) Atualmente atuando na área da Educa-
ção em instituições de São Luis/MA.
Triangulação em saúde e segurança do trabalho
Vol. 2

RESUMO

P
oluentes no ambiente ocupacional agridem a saúde do tra-
balhador causando danos a curto, médio e longo prazo,
além de trazer prejuízo para a indústria. Para que os riscos
químicos possam ser amenizados, a ventilação forçada diluidora
pode ser utilizada. Neste trabalho foi feito um estudo de caso,
onde a ventilação geral diluidora foi utilizada para minimizar os
efeitos de um poluente, o CO2. Para o estudo de caso proposto,
foi encontrado que para manter o ambiente salubre com con-
centrações de CO2 é necessário uma taxa de de renovação de ar
de 214 m3 de ar por hora e que o tipo de ventilação proposta é
totalmente aplicável.

Palavra-Chave: Ventilação; Poluente; Riscos.

22
Fabio A. da S. Arruda

1. INTRODUÇÃO

Sociedades modernas sofrem mudanças aceleradas re-


sultando em efeitos tanto na vida individual quanto coletiva.
Um desses efeitos é notado na quantidade de horas que um
indivíduo passa no ambiente de trabalho, exposto a uma var-
iedade de substâncias potencialmente danosas e que podem
causar doenças.
Compostos químicos nocivos suspensos no ar se encontram
na forma de sólidos, líquidos, gases, misturas, poeiras, fumos
e vapores. São capazes de causar efeitos tóxicos através da in-
alação (respiração), absorção (através do contato direto com a
pele), ou ingestão (comendo ou bebendo). Partículas suspensas
no ar que apresentam riscos químicos estão concentradas em
uma mistura na forma de névoas, vapores, gases, fumos ou só-
lidos. (OSHA, 2017). A emissão dessas partículas provenientes
de alguns processos de produção altera a composição do ar e
podem ser perigosos à saúde das pessoas expostas, comprom-
etendo a eficiência do trabalhador (CHAVES, 2012).
Para o controle da poluição do ar em ambientes residen-
ciais, de trabalho ou de lazer utiliza-se a ventilação, que é um
mecanismo que promove a diluição ou retirada de substâncias
poluentes visando à adequação aos limites de tolerância a níveis
aceitáveis ou recomendados (CHAVES, 2012)
O objetivo principal desse trabalho foi que, através de re-
visão bibliográfica, fosse comprovada a eficácia daventilação
geral diluidora.

23
Triangulação em saúde e segurança do trabalho
Vol. 2

2. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

2.1 Riscos Químicos e Seus Efeitos na Saúde do Tra-


balhador 

Produtos químicos se tornaram parte indispensável da vida


humana, sustentando atividades e desenvolvimento, preve-
nindo e controlando várias doenças, e aumentando a produ-
tividade da agricultura. Apesar de todos esses benefícios, pro-
dutos químicos, especialmente quando mal utilizados, causam
efeitos adversos na saúde humana e na integridade do meio
ambiente. Aplicações generalizadas de produtos químicos ao re-
dor do mundo aumenta o poder desses efeitos. O crescimento
das indústrias químicas, tanto em desenvolvimento quanto em
avaliação e gerenciamento de riscos a partir da exposição de
agentes químicos é uma das principais prioridades em busca
de princípios de desenvolvimento sustentável (SWAMINATHAN,
2011). 
De acordo com a Organização Internacional do Trabalho
estima-se em 2,4 milhões anuais os casos de morte relacio-
nados a doenças ocupacionais, o que corresponde a mais de
6000 mortes diárias. Mundialmente, existem cerca de 340 mil-
hões de acidentais ocupacionais e 160 milhões de vítimas de
doenças ocupacionais.
Produtos químicos de alta complexidade encontrados no
ambiente de trabalho necessitam de constante vigilância at-
ravés de um programa de saúde ocupacional para oferecer base
científica para decisões a fim de proteger a saúde humana con-
tra as consequências da exposição à essas substâncias no am-
biente ocupacional (SWAMINATHAN, 2011). 
A exposição de trabalhadores a agentes químicos nas in-
dústrias é regulamentada pela legislação brasileira, que esta-
belece parâmetros tais como, os limites de tolerância (em in-
glês,  Threshold Limit Values  – TLV) para exposição a agentes
químicos correspondente a uma jornada de 8 horas diárias. Os
limites máximos dos agentes químicos são definidos pela NR
15 destinada a atividades e operações insalubres (FORMIGONI,

24
Fabio A. da S. Arruda

2015) 

2.2 Toxicidade de Agentes Químicos 

Toxicologia é o estudo de venenos e como eles afetam o


corpo. Toxicidade é uma propriedade inerente a uma substância
química que causa lesão corporal ou doença em um organismo
vivo como o resultado de uma interação com um tecido vivo.
No entanto, todos os produtos químicos podem ser utilizados de
maneira segura se a exposição for mantida abaixo dos limites
toleráveis (LIM, 2014). 
Existem vários fatores que influenciam a toxicidade e os
efeitos à saúde de um agente químico. Nesses fatores estão
incluídos o estado físico, dose ou concentração, diâmetro aerod-
inâmico ou tamanho, rota de absorção, duração da exposição e
a presença de outros produtos químicos. Fatores pessoais tam-
bém determinam a susceptibilidade de um trabalhador a efeitos
adversos à um produto químico. Neles estão incluídos fatores
genéticos, idade, gênero, estado de saúde, hipersensibilidade,
hábitos pessoais de higiene, gravidez ou lactação (LIM, 2014). 

2.2.1 Mecanismos de Efeitos Tóxicos 

Existem maneiras diversas na qual produtos químicos po-


dem causar danos ou doenças em seres humanos (LIM, 2014): 
Irritantes: substâncias que podem causar danos à pele,
olhos ou ao sistema respiratório após uma única exposição. Es-
ses danos podem variar de pequenos, inicialmente invisíveis
danos após exposição à fracos irritantes até queimaduras quími-
cas após exposição de irritantes fortes, como substâncias cor-
rosivas. No entanto, exposição prolongada ou repetida a fracos
irritantes pode resultar em danos para a saúde tais como ec-
zema ou asma. Irritantes são onipresentes em vários setores e
ocupações. Podemos citar como exemplo de irritantes produtos
como sabão ou detergentes em produtos de limpezas, ácidos,

25
Triangulação em saúde e segurança do trabalho
Vol. 2
solventes, poeira de madeira. (EU-OSHA, 2019) 
Alergênicos: também conhecidos como sensitivos são
substâncias que podem causar hipersensibilidade (alergia) ao
sistema imunológico. Podemos citar como exemplo de alergêni-
cos ocupacionais como substâncias naturais como poeira, pelo
de animallatex, resina epóxica, tintas, adesivos, acrilatos, iso-
cianetos, metais como níquel e cobalto (EU-OSHA, 2019) 
Carcinogênicos: são químicos capazes de causar cânc-
er em seres humanos. Uma lista de produtos e substâncias
químicas foi preparada pela Agência Internacional de Pesquisa
sobre Câncer (IARC). (LIM, 2014) 
Mutagênicos: são substâncias químicas que podem alter-
ar as células do DNA (mutações), o que pode resultar em várias
doenças ou anormalidades em gerações futuras. Mutagênicos
tais como clorofórmio e óxido de etileno podem afetar células
do sistema reprodutivo (esperma e óvulos). Outros mutagênic-
os incluindo benzeno, chumbo, cloreto de vinila, podem afetar
células que não são parte do sistema reprodutivo (rins, fígado
ou células sanguíneas) (LIM, 2014). 
Teratogênicos: São agentes ambientais tais como dro-
gas, vírus, déficit de nutrientes elementos físicos ou químicos
que, ao entrarem em contato com embrião/feto podem causar
anomalias, gerando permanentes mudanças funcionais e mor-
fológicas no recém nascido (SHEPARD, 1982). Metil-mercúrio,
chumbo e xileno são alguns exemplos de teratogênicos quími-
cos. O feto entre 2 a 8 semanas estão entre os de maiores risco
(LIM, 2014) 

2.3 Risco Químico 

O risco é determinado pela forma de manipulação dos pro-


dutos químicos, a dispersão dos agentes no ambiente de trabalho
e ao nível de proteção disponível ao trabalhador. Como forma
de controle, pode ser efetuado a manutenção das condições ad-
equadas de temperatura dos processos, manter os ambientes
arejados a fim de dispersar os contaminantes e, em situações

26
Fabio A. da S. Arruda

de extrema geração de fumos e uso de solventes, ventilação


local exaustora. É importante também a utilização de luvas,
cremes protetores, óculos e vestimentas adequadas para prote-
ger o tecido cutâneo contra a exposição de solventes orgânicos
(SESI - 2012). 
 
2.4 Agentes Químicos 
 
Os agentes químicos são classificados em gases, vapores
e aerodispersóides (subdivididos ainda poeiras, fumos, névoas,
neblinas, fibras); os agentes químicos podem ser definidos como
todas as substâncias puras, compostos ou produtos (misturas)
que podem, de alguma forma, entrar em contato com o organ-
ismo do trabalhador (NR-9 do MTE).
Name  Exemplo  Descrição Tamanho 
Monóxido de Carbono Estado gasoso Invisível. Colorido à
Gas  à temperatura
Dióxido de Carbono  ambiente. altas temperaturas.

Fase gasosa de
uma substância
Acetona, Gasolina,
que é líquida Gotículas extramente
Vapor  Clorofórmio,
ou sólida à pequenas
Estireno, Iodo 
temperatura
ambiente.
Partículas sólidas
com uma relação Fibras inaláveis:
entre espessura 0.01 a 100 µm 
Fibras  Asbestos, sílica  e diâmetro.
Fibras são visíveis Fibras respiráveis: <
apenas em altas 10 µm 
concentrações. 

27
Triangulação em saúde e segurança do trabalho
Vol. 2

Sólido que foi


vaporizado e
condensado Partículas que
Solda ou fumos da
Fumos  (partículas variam entre 0.001
soldagem 
muito finas). µm to 1 µm 
Parcialmente
visível. 
Alguns materiais
O tamanho da
como substâncias
partícula varia
Poeira oriunda de químicas ou
de acordo com
concreto ou cimento produtos
a substância e
gerada através de farmacêuticos no
Poeiras  do processo.
esmerilhamento, estado sólido. A
Partículas inaláveis:
corte, esmagamento, concentração dessa
0.01 a 100 µm 
perfuração, etc.  poeira não é visível
Partículas
abaixo do Limite de
respiráveis: < 10 µm
Exposição. 

As gotículas
Soluções pulverizadas Partículas que
da solução são
tais como tintas, variam entre 0.01
Névoas  maiores do que
banhos de µm to 100 µm 
as de um vapor -
galvanoplastia, etc.   
partículas líquidas 
   
Tabela 1: Contaminantes e suas propriedades
Fonte: Adaptado de HEALTH AND SAFETY EXECUTIVE (2018)

28
Fabio A. da S. Arruda

2.5 Doenças ocupacionais causadas por agentes quí-


micos

2.5.1 Canceres ocupacionais

Câncer mata globalmente 8,2 milhões de pessoas e 14 mil-


hões de novos casos de câncer são detectados todos os anos
de acordo com WHO/IARC. A mortalidade aumentará 78% e a
incidência 70% até o ano de 2035 (TAKALA, 2015).
A associação entre exposição ocupacional e câncer ainda
não foi completamente determinada. Na maioria dos casos, ex-
posição ocupacional envolve uma combinação de fatores; so-
mente uma fração de fatores é reconhecida como carcinogênic-
os ocupacionais. No entanto, na maioria dos casos, existe uma
indicação de que houve um aumento no risco de desenvolvi-
mento de câncer associado com uma atividade laboral específi-
ca (BOFFETTA, 2003).
A exposição à produtos químicos em lugares abertos, em
casa e no trabalho pode aumentar o risco de adquirir câncer.
Certas substâncias químicas, incluindo benzeno, berílio, asbes-
to, cloreto de vinila e arsênico são carcinogênicos, o que sig-
nifica que comprovadamente, eles podem causar câncer no ser
humano. Na tabela 2 é mostrado cânceres e sua associação com
várias ocupações ou sua exposição ocupacional (ATSDR, 2019).
Exposição às substâncias químicas é considerada mais
perigosa no ambiente ocupacional pois ela ocorre geralmente a
altos níveis e por longos períodos. Por isso que algumas ativi-
dades demandam que os trabalhadores utilizem equipamentos
e roupas protetivas. As empresas devem notificar os funcionári-
os sempre que existirem substâncias que podem causar danos
à saúde (ATSDR, 2019).

29
Triangulação em saúde e segurança do trabalho
Vol. 2
Câncer  Substâncias ou Processos 
Arsênico, asbestos, cádmio, cromatos,
Pulmão  gaseificação do carvão, refinamento de níquel,
fundição, rádon, fuligem, sílica 
Produção e Alumínio, Indústria da borracha,
Bexiga 
produção de chumbo, 4-aminobifenil, benzidina
Fomaldeído, alcool isopropílico manufaturado,
Cavidade nasal gás mostarda, refinamento de níquel, poeira de
chumbo, poeira de madeira.
Laringe  Asbesto, alcool isopropílico, gás mostarda. 
Faringe  Formaldeído, gás mostarda. 
Mesotelioma Asbesto
Linfático e Hematopoiético Benzeno, óxido de etileno, herbicidas, raios-X 
Lábio Luz do Sol
Fígado  Arsênio, cloreto de vinila
Pele  Arsênio, óleo mineral, luz do sol 
Tabela 2: Tipos de câncer e possíveis causadores

Fonte: Adaptado de ASTDR (2019)

2.5.2 Principais patologias respiratórias de etiologia


profissional 

2.5.2.1 Silicose

A silicose é considerada uma das principais doenças cau-


sadas pela exposição à sílica cristalina, especialmente em am-
bientes de trabalho onde o contato com esse mineral é intenso.
No Brasil, a silicose é a doença pulmonar mais prevalente no
meio ocupacional. (REZENDE, 2014).
A poeira da sílica produz alterações fibrosas nos pulmões,
diminuindo a capacidade respiratória e a perda da elasticidade
do pulmão. (LI X, et. al., 2017) O alvéolo pulmonar enrijece
quando substituído pelas calosidades fibróticas tornando o paci-
ente mais suscetível a tuberculose (GARCIA, 2014).
Silicose é uma doença irreversível: quem contrai não tem

30
Fabio A. da S. Arruda

mais chance de cura. No estágio inicial os sintomas podem não


ser visíveis apresentando quadro assintomático, no entanto,
na forma mais avançada o paciente fica cansado facilmente ao
mínimo esforço realizado. É diagnosticada através de radiodiag-
nóstico. (GARCIA, 2014). 

2.5.2.2 Asbestose 

Amianto é o nome genérico dado a um grupo definido


comercialmente e legalmente de 6 minerais de fibrossilicato de
ocorrência natural que têm utilidade comercial e histórica. São
produtos como mancais de cobertura, linhas de suprimento de
água, mantas contra incêndio e materiais de isolamento, bem
como embreagens e lonas de freio (HSE, 2018). 
Asbestose é uma forma de pneumoconiose causada pela in-
alação de fibras de asbestos que é caracterizada pela inflamação
do tecido do pulmão. É uma condição crônica e irreversível em
que os sintomas, tipicamente, começam a se desenvolver déca-
das depois da exposição ao asbesto. Após o aparecimento de-
les, a vida cotidiana é afetada seriamente e é conduzida a várias
complicações que podem levar à morte. (HSE, 2018). 
Longos períodos de exposição são requeridos para que um
quadro de asbestose se desenvolva na vida de um indivíduo. Os
números atuais ainda são reflexos de altas exposições no pas-
sado (HSE, 2018).

2.5.2.3 Pulmão negro

É resultante da inalação de poeira de carvão em períodos


longos de exposição, geralmente em torno de 20 anos. Por mais
que a poeira do carvão seja inerte, ela se espalha por todo o
pulmão e toma a forma de manchas quando feita a radiografia.
É possível que a poeira de carvão obstrua as vias áreas. De 1
a 2% das pessoas com essa doença evoluem para uma forma
mais severa chamada de fibrose maciça progressiva, na qual se

31
Triangulação em saúde e segurança do trabalho
Vol. 2
formam grandes cicatrizes, de pelo menos 1,3 cm de diâmetro
nos pulmões como reação à poeira. (LARA, 2018) 
Em geral a pneumoconiose dos carvoeiros é simples e as-
sintomática. No entanto, pessoas portadoras dessa doença po-
dem sentir falta de ar com esforços leves, já que as vias aere-
as sçao afetas com bronquite ou enfisema. Fumantes são mais
suscetíveis à essas doenças. (LARA, 2018)

2.5.3 Asma ocupacional

É causada ou agravada através da exposição a substâncias


químicas, poeiras, animais e plantas no local de trabalho. Essa
exposição pode ocorrer através de inalação e contato com a
pele. Os sintomas da asma podem ocorrer durante o trabalho
ou até mesmo horas depois da saídado ambiente ocupacional,
ou até mesmo sem nenhum padrão de acontecimento. Pessoas
que nunca tiveram asma podem contraí-la no local de trabalho
e quem já apresentou quadros clínicos por anos anos podem
achar que se agrava devido à esposições citadas acima. Am-
bas as situações são consideradas asmas ocupacionais (OSHA,
2014).
Um grupo chamado de isocianetos são uma das mais co-
muns substâncias químicas que causam asma ocupacional. Ela
pode causar dano prolongado aos pulmões, dias de trabalho
perdidos e até mesmo morte (OSHA, 2014).

2.5.3.1 Doenças de pele ocupacionais 

A doença de pele ocupacional mais comum, em 50-80%


dos casos, é dermatite irritante de contato, o que é cinco vez-
es mais frequente do que dermatite alérgica de contato. Ela é
caracterizada pela inflamação da pele no local de contato com a
substância química. No entanto, uma forma mista dermatite de
contato (alérgica e irritante) também é frequente. Os principais
irritantes são água, detergentes, ácidos e substâncias alcalinas

32
Fabio A. da S. Arruda

de várias naturezas (FROSCH, 2011).


A dermatite irritante de contato é influenciada pelas proprie-
dades físicas e químicas da substância irritante, concentração,
modo de exposição, fatores relacionados e fatores ambientais,
Essas influencias levam à uma variedade de manifestações
clínicas desde ressecamento leve na pele e eritema até edema,
vesículas coalescentes, bolhas, pústulas e até necrose da pele
(EBERTING, 2014).
A dermatite de contato alérgica é uma alteração do siste-
ma imunológico de um indivíduo induzido por uma particular
substância sensibilizante, um alergênico de contato. Isso en-
volve uma fase em que a sensibilização não está clinicamente
aparente, também chamada de fase de indução, resultando na
expansão e um clone de células de um alergênico específico.
Nesse ponto, o indivíduo está imunologicamente sensibilizado.
Após a reexposição com o mesmo, ou em alérgeno/ antígeno
de reação cruzada, a fase de elicitação é desencadeada, levan-
do à ativação específica das células T com doença clinicamente
visível. As substâncias que induzem alergia de contato são sub-
stâncias químicas reativas, usualmente com peso molecular de
<500 Da, mas excepcionalmente com tamanhos que variam en-
tre 500 – 1000 Da (JOHANSEN, 2015).

2.6 Poluentes do ar na indústria

A qualidade do ar no interior de escritórios, escolas e em


ambientes ocupacionais é importante não só para o conforto
dos trabalhadores como para a sua saúde. Baixa qualidade do
ar interior tem sido atrelada a sintomas como dores de cabeça,
dificuldade de concentração e irritação dos olhos, nariz, gar-
ganta e pulmões. Além disso, alguns problemas de saúde es-
pecíficos tem sido ligados com contaminantes específicos do ar
ou ambientes fechados, tais como asma em ambientes úmidos
(OSHA, 2017). 
  Muitos fatores influenciam na qualidade do ar interno.
Entre esses fatores estão uma pobre ventilação, problemas no

33
Triangulação em saúde e segurança do trabalho
Vol. 2
controle da temperatura, alta ou baixa humidade, etc. (OSHA,
2017). Um ambiente com nível de oxigênio menor que 19,5%
apresenta uma deficiência desse gás, sendo contaminados
por aerodispersóides, gases, vapores que promovam riscos à
vida e à saúde ou situações que produzam efeitos nocivos a
longo prazo.

2.6.1 Amônia 

A amônia é um dos principais produtos químicos produzidos


globalmente (GILBERT; THORNLEY, 2010). Atividades agrícolas,
com a utilização de fertilizantes, e a pecuária se encontram en-
tre os maiores emissores. (GU et al., 2012). A amônia é a prin-
cipal matéria-prima dos fertilizantes nitrogenados. Durante o
carregamento de ureia nos navios, existem algumas perdas in-
evitáveis para o solo, que aop se volatilizar em dias quentes ou
úmidos, entra em contato com óxidos de enxofres presentes na
atmosfera. Quando a concentração é aumentada, consequente-
mente é aumentada a concentração de nitrato, que em conta-
to com o sangue, inicia o processo de oxidação da hemoglobi-
na, ocasionalmente uma diminuição do transporte de oxigênio
para os tecidos, interferindo na hematose alveolar.
 
2.6.2 CO2

Dióxido de Carbono (CO2) é um produto de combustão,


fermentação e respiração. Em uma sala normal, o percentual de
CO2 é baixo (0,04%). É um gás incolor, inodoro e não inflamável
que se acumula próximo ao chão, sendo 1,5 vezes mais pesado
que o ar. Essas características explicam o porque que ambien-
tes fechados são vulneráveis ao acúmulo de CO2, deslocando o
oxigênio local (ZABA et al., 2011).
Respirar uma alta concentração de CO2 resulta em uma
alta concentração de CO2 no sangue associado com um de-
créscimo do pH no sangue, resultando em uma adição chamada
de acidose. Todo esse processo produz efeitos no respiratório,

34
Fabio A. da S. Arruda

cardiovascular e no sistema nervoso central (ECKENHOFF R;


LONGNECKER , D., 1995). Além disso, pode causar inconsciên-
cia e parada respiratória em menos de 1 minuto de exposição
(IKEDA, N. 1989).
Estudos realizados na década de 80 mostraram que nos
Estados Unidos houveram 89 mortes por ano durante o trabalho
em espaços confinados. O número de acidentes ainda não di-
minuiu desde então. Estudos do ano de 2015 ainda estimam o
número de morte envolvendo espações confinados ainda estão
por volta de 90 por ano (OSHA, 2015).
 
2.6.3 GLP 

Gás Liquefeito de Petróleo (GLP) é um combustível em vários


setores. É uma mistura de várias substâncias, no entanto, pre-
dominantemente composta por propano, propileno e butanos, e
é um componente líquido a temperatura ambiente e moderadas
pressões. Quando armazenada em forma líquida, tem uma den-
sidade que é comparada com outros combustíveis líquidos de
hidrocarbonetos, que também são combustíveis, logo, tem van-
tagens sobre o gás natural em algumas aplicações. Como o gás
natural, a combustão do GLP pode resultar em baixas emissões
de poluentes regulamentados e gases de efeito estufa maiores
do que outros combustíveis líquidos de hidrocarbonetos (MOR-
GANTI, 2013). 
O GLP é uma substância altamente inflamável e mais den-
so que o ar acumulando-se próximo ao piso nas casas. GLP
líquido forma queimaduras frias quando entra em contato com
a pela ou olhos. Inalar o vapor de GLP a uma alta concentração,
mesmo que por períodos curtos pode causar desmaio e/ou
morte. Também, causa irritação no nariz e garganta, dor de
cabeça e nausea, vômito, tontura e perda de consciência. O
vapor de GLP pode causar tontura e engasgo em ambientes
fechado ou com pouca ventilação (EMAS, 2019).

Poeiras 

35
Triangulação em saúde e segurança do trabalho
Vol. 2

De acordo com SEGPLAN (2012), poeiras são aerodis-


persóises  que ficam em suspensão no ambiente ocupacional
e que podem ser mineirais, vegetais, alcalinas, incômodas ou
fumos metálicos: 
• Poeiras minerais: oriundas de diversos minerais, como
sílica, asbesto, carvão mineral, e provocam silicose
(quartzo),  asbestose  (asbesto),  pneumoconioses  (ex.:
carvão mineral, minerias em geral) 
• Poeiras vegetais: oriundas de tratamento industrial, por
exemplo, de bagaço de cana de açucar e de algodão e
que causam bagaçose e bissinose, respectivamente.  
• Poeiras alcalinas – oriundas de calcários, resultando em
doenças pulmonares crônicas tal como enfisema pulmo-
nar.
• Poeiras Incômodas: possíveis interações com outros
agentes agressivos já presentes no ambiente de tra-
balho podem ocorrer, potencializando os efeitos nocivos
à saúde. 
• Fumos metálicos: São oriundos do uso industrial de me-
tais como cumbo, manganês, ferro, etc., resultando em
intoxicações e doenças pulmonares obstrutivas crônicas. 
 
2.7 Ventilação e seus efeitos sobre o controle da po-
luição do ar na indústria

A ventilação é caracterizada como natural e forçada, ou


seja, a natural é proveniente das correntes naturais de ar, e a
forçada tem sua origem na utilização de ventiladores (axiais
ou centrífugos) para insuflamento ou exaustão empregados em
sistemas AVAC (MITCHELL; BRAUN, 2018)
A importância da ventilação está associada ao conforto tér-
mico, ao oferecer uma circulação eficiente do ar afim de pro-
porcionar condições de temperatura ideais para realização de

36
Fabio A. da S. Arruda

atividades sejam elas laborais ou não.


Porém a ventilação é muito utilizada para a diluição de
agentes, sejam eles de qualquer natureza. Mas com o foco prin-
cipal, agentes químicos, ponto objetivo deste trabalho.
Quando falamos de ventilação aplicada a fluidificação de
agentes químicos, aponta-se para a aplicação de sistemas de
insuflamento (ar entrando com uma determinada vazão) e ex-
austão (ar saindo com uma determinada vazão). É importante
salientar que não basta apenas designar a taxa de vazão para o
volume do local na qual o risco químico está inserido, mas deve-
se também conhecer a taxa de renovação de ar adequada para
o local (como afirma a Tabela 3) e informações específicas so-
bre o composto químico que circula no local onde deseja-se di-
minuir a sua concentração que está dispersa no ar no ambiente.
Recinto a ser Duração em minutos de Renovações de ar
ventilado cada renovação de ar por hora
Auditório 10 -3 10 -20
Salas de conferência 2,4 - 1,7 25 - 35
Restaurantes 10 -3 6 - 20
Escritórios 10-3 6 - 20
Oficinas 7,5 - 5 8 - 12
Cozinhas 3-2 20 - 30
Fundições 12 - 3 5 - 20
Casas de caldeira 3-2 20 - 30
Sanitários 7,5 - 3 8 - 20
Tabela 3: Renovações de Ar Recomendadas

Fonte: Adaptado MACINTYRE (2016)

A literatura nos oferece referências sobre taxas e concen-


trações toleráveis para substâncias e vazões adequadas para
diluição, como afirma a Tabela 4.

37
Triangulação em saúde e segurança do trabalho
Vol. 2

Volume de ar, em m³/h para


Solvente C (ppm)
diluir 0,5 kg/h do material
Acetona 400-500 380-470
Benzeno 50-100 1430-2850
Tetracloreto de
50-100 715-1450
carbono
Sulfureto de carbono 20 7150

Tabela 4: Concentrações Máximas Admissíveis no ar para alguns solventes

Fonte: Adaptado MACINTYRE (2016)

De acordo com MACINTYRE (2016) com a Ventilação Di-


luidora consegue-se: proteger a saúde do trabalhador com a
redução da concentração dos poluentes abaixo do nível de to-
lerância; melhora a eficiência e o conforto do trabalhador; pro-
tege equipamentos e materiais contra efeitos corrosivos do ar
carregado de certos poluentes.
O mesmo MACINTYRE (2016) demonstra uma formulação,
a qual seu objetivo principal é a vazão a ser removido do local.
Para obtenção do resultado da vazão exata a ser retirada do lo-
cal precisamos da massa do poluente, peso molecular, da tem-
peratura do ambiente e da respectiva pressão atmosférica (1).

Logo após encontrar a vazão a ser retirada, deve-se calcu-


lar a vazão a ser renovada em (2). É preciso conhecer a concen-
tração admissível C.

E para conhecer a vazão total a ser retirada do local (3)


basta multiplicar a vazão a ser renovada pelo coeficiente de se-
gurança adequado.

38
Fabio A. da S. Arruda

Logo o objetivo principal do controle do nível de poluição


do ar no ambiente seja ele fabril, em consequência da atividade
industrial, é adotar uma taxa viável de vazão para diluição e
exaustão do ar do ambiente.

3. MÉTODO

Este artigo é proveniente de um estudo sistemático sobre


as consequências de riscos químicos na saúde do trabalhador
e os efeitos da Ventilação associados a diluição desses agentes
para a melhoria de condições laborais no ambiente de trabalho.
Quanto aos procedimentos técnicos empregados nesta
obra de origem em pesquisas bibliográficas realizadas em liv-
ros, artigos, revistas especializadas e registros de cálculos de
estudos pré-elaborados que atendem aos objetivos desta obra.

4. RESULTADOS E DISCUSSÃO

Para o estudo em análise, o contaminante escolhido foi o


CO2, nas seguintes condições, adaptado de MACINTYRE (2016):
Uma indústria emprega CO2 como solvente de resinas e
preparo de resinas de vernizes. A experiência indicou que,
ocorre uma perda diária de 3 kg desse gás, numa jornada de
8 horas. A temperatura ambiente é de 30 ºC. No local onde se
situa a pressão atmosférica é de 750 mmHg. Calcular a vazão
de renovação de ar necessária.
Dados utilizados:
m = 3 Kg, 3kg/8hs = 0,375 Kg/h
Pm = 44,01 (peso molecular do CO2)
P = pressão atmosférica local = 750 x 13,6 = 10200 kgf/

39
Triangulação em saúde e segurança do trabalho
Vol. 2
C = 5000 ppm (concentração admissível de CO2)

1 ppm = m³/m³, logo 5000 ppm= m³/m³


K = fator de segurança (5)
É calculado o volume de CO2 evaporado e que deve ser
removido pelo ar utilizando a equação (1).

O ar a ser renovado será calculado aplicando-se a equação

Com o fator de segurança K=5, a vazão deverá ser

Logo, concluímos que a taxa de renovação de ar deve ser

de 214 para que os efeitos nocivos de exposição


possam ser minimizados.
O tipo de ventilação geral diluidora é totalmente aconsel-
hável nesse tipo de ambiente pois segue os requisitos de que o
componente tóxico precisa estar acima do limite de tolerância
de 500 ppm, 4000 ppm para o CO2. Para fumos e poeiras a ven-
tilação geral diluidora não é aplicável devido a quantidade de
ar requerida para a diluição do componente ser muito alta e os
componentes serem muito tóxicos (OLIVEIRA, 2019).

40
Fabio A. da S. Arruda

5. CONSIDERAÇÕES FINAIS

Neste artigo foram estudados os riscos químicos, assim


como seus efeitos nocivos na vida do trabalhador, tais como as
principais doenças por eles causados. Como parte da solução do
problema, a aplicação da ventilação geral diluidora foi proposta
como fim de minimizar os efeitos de um componente nocivo,
no caso o CO2, em uma indústria e qual seria a quantidade de
renovação de ar necessária para manter a concentração desse
componente dentro dos termo aceitáveis, < 4000 ppm.
Foi concluído que, para o estudo de caso proposto, uma

renovação de ar da ordem de 214 é necessário para man-


ter o ambiente ocupacional salubre e que o tipo de ventilação
proposto é totalmente aplicável.
Como sugestões para trabalhos futuros, a realização ex-
perimental de poluentes tais como fumaça, ou a mistura pro-
pano-butano se torna interessante devido a sua recorrência no
mercado.

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Fabio A. da S. Arruda

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45
3

REESTRUTURAÇÃO E QUALIFICAÇÃO
DE POSTO DE TRABALHO PARA
ATENDIMENTO NORMAS DE SAÚDE E
SEGURANÇA

Everlin Regina Soares Nino

Pós-graduada em Engenharia de Segurança pela Universi-


dade Estadual do Maranhão. Possui graduação sanduíche
pelo Programa Ciências Sem Fronteiras em Arquitetura e
Urbanismo pela Universidade Ceuma com extensão univer-
sitária em Portland State University – Oregon – EUA, como
bolsista da CAPES e PROUNI. Possui formação técnica de
nível médio em Construção Civil pelo Instituto Federal de
Educação Tecnológica do Maranhão. Trabalha em escritó-
rios de engenharia e em obras desde 2009. Atualmente,
presta serviço como responsável técnico em empresas de
direito privado e consultoria na área de arquitetura, cons-
trução, licitações e orçamentos e atua ainda como voluntá-
ria em educação infanto-juvenil nas horas vagas.
Triangulação em saúde e segurança do trabalho
Vol. 2

RESUMO

O
objeto deste estudo é uma edificação situada nos limites
de tombamento de proteção federal no Centro de São
Luís. Mesmo possuindo um valor histórico, o imóvel está
sendo usado como uma oficina de reparo de motocicletas e bi-
cicletas sem manutenção e nem adaptação ao seu novo uso. A
fim de se obter um ambiente laboral favorável à saúde e segu-
rança do trabalhador, seriam necessárias adequações, que não
ocorreram, gerando um espaço improvisado e desorganizado,
em péssimas condições de conservação e higiene, culminando
em um ambiente de trabalho insalubre, sem requisitos bási-
cos de saúde e segurança. Portanto, é necessário que haja a
reestruturação do espaço de trabalho em um novo layout, que
atenda as necessidades da oficina e siga as Normas de Saú-
de e Segurança do Trabalho sem comprometer a integração do
imóvel com o entorno. A metodologia aplicada constituiu-se
da observação do local durante o trabalho, fazendo-se medi-
ções e relatórios fotográficos, de pesquisas bibliográficas e em
artigos da internet sobre o assunto, de consulta às Normas Re-
gulamentadoras e de entrevistas não estruturadas com o dono
e funcionários da oficina. Em analise aos resultados obtidos e
aos riscos presentes, constatou-se que, além da renovação do
layout de trabalho, o imóvel precisaria de uma reforma com
substituição de todos os materiais de revestimento e acaba-
mento. Para isso, foram feitos estudos sobre os fluxos laborais,
levando em conta o atendimento ao cliente e o conforto do tra-
balhador, culminado em um projeto com um novo layout, aten-
dendo as expectativas de todos os envolvidos.
Palavras-chave: segurança; trabalho; historicidade.

48
Fabio A. da S. Arruda

1. INTRODUÇÃO

O Centro Histórico de São Luís possui um valor de identi-


dade cultural imensurável. Entretanto, muitos dos casarões que
representam a história dessa cidade tem se perdido no tempo,
abandonados e sem nenhuma utilização, ao passo que muitos
dos que estão sendo usados, são utilizados como prédios co-
merciais, porém sem um projeto de adequação e reabilitação
para este novo uso, o que acaba gerando espaços deficientes e
muitas vezes, por falta de manutenções e reformas, insalubres
e em condições precárias. O objeto deste estudo de caso tra-
ta-se de um desses imóveis, situado na Rua Jacinto Maia, an-
tes conhecida como Rua da Cascata, por ser bastante íngreme
(LIMA, 2002).
O imóvel é um casarão originalmente residencial, que ago-
ra vem sendo utilizado como ponto comercial sem nenhuma
manutenção e adequação ao seu novo uso, logo está se desgas-
tando cada dia mais e é necessário que haja uma intervenção
de melhoria urgentemente.
O objetivo geral do presente estudo é propor uma reorga-
nização e reestruturação funcional do layout do espaço de tra-
balho em acordo com as legislações aplicáveis, dentre elas as
Normas Regulamentadoras de Saúde e Segurança do Trabalho
e as Normas Técnicas, tendo ainda como objetivos específicos:
realizar um diagnóstico dos riscos inerentes a este ambiente
laboral, atender ao programa de necessidades de uma oficina
mecânica, adequando a edificação para o atual uso, conservan-
do suas características históricas e mantendo a integração com
o entorno, e proporcionar ao estabelecimento melhores condi-
ções de trabalho, potencializando o atendimento e oferecendo
um visual melhor da empresa.

49
Triangulação em saúde e segurança do trabalho
Vol. 2

2. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

O Centro Histórico da cidade de São Luís constitui-se um


importante legado par a humanidade, ele foi tombado em 1974
pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional - IP-
HAN. Em 1997, a Organização das Nações Unidas para a Edu-
cação, Ciência e Cultura - UNESCO o reconheceu como Patrimô-
nio Cultural Mundial. A capital cresceu conservando a malha
urbana do século XVII e seu conjunto arquitetônico original.
Há em torno de quatro mil imóveis tombados com proteção
estadual e federal remanescentes dos séculos XVIII e XIX. Daí
a necessidade de preservação e valorização dos prédios históri-
cos, que tem suas bases legais fundamentadas no Decreto Leg-
islativo n° 74, de 30 de junho de 1977, que aprova o texto da
Convenção Relativa à Proteção do Patrimônio Mundial, Cultural
e Natural, na Lei N° 8.313, de 23 de dezembro de 1991, dentre
outras.
Entretanto, unidades que antes eram residenciais têm sido
utilizadas como edificações comerciais (Figura 1), unidades de
prestação de serviços, dentre outras funções, porém a maio-
ria não é preservada e nem adaptada aos novos usos gerando
ambientes laborais diversas vezes insalubres e em condições
precárias, remontando à era industrial, em que as condições de
trabalho eram inexistentes.

50
Fabio A. da S. Arruda

Figura 1: Imagem da Rua Jacinto Maia no Centro Histórico de São Luís, a


maioria dos imóveis é comercial

Fonte: Autor (2019)

A preocupação com esses ambientes é duas vezes mais


importante; primeiro pelo fato de se tratarem de imóveis his-
tóricos e, segundo, por se tratarem de ambientes de traba-
lho em que, muitas vezes, não há as mínimas condições de se
trabalhar, gerando ambientes propícios a acidentes e doenças
ocupacionais.
A preocupação com a saúde e segurança do trabalhador re-
monta à era de antes de Cristo, em que estudiosos importantes
como Plínio, que citou, em sua obra, a “História Natural” o uso
de máscaras pelas pessoas que trabalhavam com chumbo; e Hi-
pócrates (460 – 370 a.C.)  que revelou da origem das doenças
ocupacionais dos trabalhadores de minas, já demonstravam in-
teresse no assunto (MULATINHO, 2001 apud Portal Educação).
Porém, foi com a era da Revolução Industrial, com tantos
trabalhadores mortos e mutilados, que a partir de 1802 foram
sendo criadas leis objetivando a melhoria das condições de tra-
balho. No Brasil, foi a partir do alastramento de doenças que
ceifaram muitas vidas, prejudicando a economia, que o Minis-

51
Triangulação em saúde e segurança do trabalho
Vol. 2
tério do Trabalho aprovou a Portaria n° 3.214, em 1978, a qual
instituiu as Normas Regulamentadoras de Segurança e Medici-
na do Trabalho (NR’s), como o intuito de minimizar as perdas
e prevenir acidentes ocupacionais (PEREZ, 2017). As normas
referentes à segurança e medicina do trabalho são regidas de
acordo com os artigos 154 a 201 da Consolidação das Leis do
Trabalho (CLT), da lei n° 6.514 de 22 de dezembro de 1977
(BRASIL, 2016).
Atualmente, as micro e pequenas empresas são impor-
tantes elos econômicos que geram muitos empregos e movi-
mentam a economia brasileira, mas são elas que apresentam
os maiores déficits em relação às condições de trabalho, tendo
pouca ou nenhuma preocupação com a saúde e a segurança do
trabalhador, seja por falta de interesse dos proprietários ou por
desconhecimento dos trabalhadores. Dentre os diversos ramos
que apresentam riscos consideráveis aos trabalhadores estão
as oficinas mecânicas.
Os principais riscos que podem ser encontrados no am-
biente de trabalho estão elencados na Portaria n° 25 de 29 de
Dezembro de 1994, segundo a tabela 1 a seguir:

GRUPO 1 GRUPO 2 GRUPO 3 GRUPO 4 GRUPO 5


VERDE VERMELHO MARROM AMARELO AZUL
Riscos Riscos Quí- Riscos Bio- Riscos Ergo- Riscos Aci-
Físicos micos lógicos nômicos dentes
Esforço físico Arranjo físico
Ruídos Poeiras Vírus
intenso inadequado
Levantamento
Máquinas e
e transporte
Vibrações Fumos Bactérias equipamentos
manual de
sem proteção
peso
Ferramentas
Exigência de
Radiações inadequadas
Névoas Protozoários postura inade-
ionizantes ou defeituo-
quada
sas
Radiações Controle rígido
Iluminação
não ioni- Neblinas Fungos de produtivi-
inadequada
zantes dade

52
Fabio A. da S. Arruda

Imposição de
Frio Gases Parasitas ritmos exces- Eletricidade
sivos
Trabalho em Probabilidade
Calor Vapores Bacilos turno e notur- de incêndio
no ou explosão

Substâncias,
compostas Jornadas de Armazena-
Pressões
ou produtos   trabalho pro- mento inade-
anormais
químicos em longadas quado
geral.

Monotonia e Animais peço-


Umidade    
repetitividade nhentos
Outras situa-
ções de risco
Outras situa-
que poderão
ções causado-
      ras de stresscontribuir
para a ocor-
físico e/ou
psíquico rência de
acidentes
Tabela 1 - Classificação dos principais riscos ocupacionais em grupos, de
acordo com a sua natureza e a padronização das cores correspondentes

Fonte: Portaria n° 25 de 29 de Dezembro de 1994. Adaptado pelo autor

Em relação aos acidentes de trabalho no Brasil, segundo o


Anuário Estatístico da Previdência Social Brasileira, no ano de
2017, ocorreram aproximadamente 549 mil acidentes do tra-
balho, dentre os quais do total de acidentes registrados com
Comunicado de Acidente de Trabalho (CAT), os acidentes típicos
representaram 75,50%; os de trajeto representaram 22,34% e
as doenças do trabalho representaram cerca de 2,15%, núme-
ros estes que vem caindo se comparados com os anos de 2015
(622.379) e 2016 (585.626) (BRASIL, DATAPREV, 2017).
No setor de oficinas mecânicas em geral, ainda segundo o
Anuário Estatístico da Previdência Social Brasileira, os números
de acidentes registrados são consideráveis, no setor de motoci-
cletas mais especificamente, em 2017, ocorreram cerca de 551
acidentes nos ambientes de trabalho, mais especificamente na
região nordeste foram identificados 92 acidentes, que represen-

53
Triangulação em saúde e segurança do trabalho
Vol. 2
tam aproximadamente 16,70% dos acidentes de todo o país, o
que é um número elevado, evidenciando a atenção que o setor
necessita, valendo ressaltar ainda que muitas empresas encon-
tram-se na irregularidade e não reportam acidentes, o que tor-
naria esse número ainda maior caso houvesse um controle mais
efetivo.
É obrigatória a aplicação das Normas Regulamentadoras
em qualquer ambiente de trabalho, bem como é de responsa-
bilidade do empregador informar ao trabalhador o risco ao qual
ele está exposto bem como a maneira de se proteger dele (Bra-
sil, Portaria 25, 1994).
A Norma Regulamentadora NR-06 (ENIT, 2018), estabe-
lece que Equipamento de Proteção Individual, ou EPI é “todo
aquele composto por vários dispositivos, que o fabricante tenha
associado contra um ou mais riscos que possam ocorrer simul-
taneamente e que sejam suscetíveis de ameaçar a segurança
e a saúde no trabalho”. A mesma ainda afirma que é dever
do empregador “fornecer aos empregados, gratuitamente, EPI
adequado ao risco, em perfeito estado de conservação e fun-
cionamento” e ainda ensiná-los como usar, higienizar e manter.
Para que haja a identificação do EPI adequado ao tipo de risco,
deve-se desenvolver o Programa de Prevenção de Riscos Am-
bientais ou PPRA (NR-09) e o Programa de Controle Médico de
Saúde Ocupacional ou PCMSO (NR-07), nos quais deverão ser
elencadas todas as atividades da empresa, identificando os ris-
cos, as medidas de mitigação, controle e eliminação desses ris-
cos, bem como os exames ocupacionais que monitorem a saúde
dos trabalhadores (PEREZ, 2017).
No Brasil, a cultura de prevenção de acidentes ocupacionais
ainda é vista, na maioria das vezes, apenas como um gasto de
alto custo para a maior parte das empresas, não sendo enten-
dida como um investimento, que a longo prazo, aumenta a pro-
dutividade diminuindo o número de interrupções no trabalho,
reduzindo os custos; porque embora necessite um investimento
inicial para implementação, gera menos gastos com licenças
e até com planos de saúde, uma vez que o valor diminui com
a redução da quantidade de sinistros, e ainda diminui a quan-
tidade de afastamentos evitando gastos de tempo e dinheiro

54
Fabio A. da S. Arruda

com novas contratações e novos treinamentos, gerando ainda


maior engajamento dos funcionários, que acabam por se senti-
rem mais valorizados e motivados a trabalhar em uma empresa
que se preocupa com eles, sem mencionar ainda a melhor visi-
bilidade da empresa perante a sociedade.

3. MÉTODO

Para a realização do presente estudo foram realizadas


pesquisas bibliográficas, que segundo Vergara (2014), ba-
seia-se em um estudo sistemático com consulta a livros, teses.
Dissertações, artigos em revistas especializadas e arquivos di-
sponíveis na internet, dando embasamento teórico acerca do
assunto abordado. Foi feita ainda uma pesquisa na biblioteca
do IPHAN, para ver o que poderia ser encontrado sobre o bem
em estudo.
Em relação ao procedimento, foi realizado um estudo de
caso, no qual foi feita uma pesquisa exploratória e descritiva,
por meio de entrevistas com o proprietário e com os funcionári-
os, observação e análise de fatos in loco, registros fotográficos,
com a finalidade de confrontar o que é assegurado nas Normas
Regulamentadoras e legislações pertinentes com as não confor-
midades presentes no local de estudo, bem com as sugestões
de adequação que serão dadas no decorrer do trabalho.
Em pesquisa quantitativa, foram realizadas medições de
ruído e de luminosidade no ambiente laboral para embasar mais
tecnicamente as adequações sugeridas e foi realizado também
levantamento das dimensões dos ambientes da oficina.

55
Triangulação em saúde e segurança do trabalho
Vol. 2

4. RESULTADOS E DISCUSSÕES

4.1. Histórico do bem e identificação da empresa

O imóvel está nos limites da Proteção Federal nas confor-


midades do Decreto-Lei nº 25 de 30 de novembro de 1937. O
espaço encontrava-se dividido entre duas atividades e dois lo-
catários distintos, uma parte estava sendo utilizada para comér-
cio de água de mineral e a outra parte é utilizada como uma
oficina mecânica de motos e bicicletas.
Entretanto, apesar dessa divisão interna, feita apenas com
uma divisória em PVC, a fachada é unificada e o proprietário da
oficina mecânica pretende ampliar seu espaço, alugando a out-
ra parte também, pois o espaço está insuficiente.
A planta do casarão continua original, o que é o ideal no
uso de edificações históricas, porém para que se requalifique
uma edificação outrora residencial em um ambiente laboral de
prestação de serviços de reparos mecânicos em motocicletas é
imprescindível que sejam executadas mudanças e adequações,
principalmente de layout e reforma, que o caso da oficina em
questão. Porém, não foram feitas nenhum tipo de adequações
necessárias para que o local funcionasse apropriadamente como
uma oficina mecânica o que faz com que tudo seja improvisa-
do, com pilhas de objetos espalhados e materiais totalmente
desgastados em péssimas condições de conservação e higiene.
Portanto, faz-se necessária uma intervenção, a fim de se revi-
talizar o imóvel preservando o seu valor de historicidade, bem
como oferecer aos trabalhadores do local as condições mínimas
de higiene e segurança no ambiente laboral.
A oficina possui quatro trabalhadores, o proprietário, mais
um mecânico e dois auxiliares. Além dos serviços de manutenção
e reparação de motocicletas e bicicletas, há ainda a venda de
peças. De acordo com o quadro 1 da NR 4, a atividade da em-
presa apresenta grau de risco 3 (item 45.43-9 - Manutenção e
reparação de motocicletas).

56
Fabio A. da S. Arruda

O movimento observado nos dias de visita não foi muito


grande, os principais equipamentos que se fazem uso no local
é um compressor de ar do tipo Motocompressor de Ar Dire-
to Motomil Jetmais 1/3 CV Bivolt, com potência de 240 Watts,
utilizado para os serviços de pintura, inflagem e calibragem
de pneus e um alinhador e desempenador hidráulico de rodas
manual. Sobre os materiais utilizados, observou o uso de fluí-
dos como óleos, gasolina, graxas e tintas em spray. As ferra-
mentas utilizadas são basicamente chaves e alicates de todos
os tamanhos e tipos.

4.2. Levantamento geral condições físicas

As condições físicas da edificação estão precárias, com


base nas observações in loco pode-se identificar diversas pato-
logias como revestimentos (azulejos) descolados, manchados
e descascados, bem como manchas e descascamentos na pin-
tura, vesículas formadas em grande parte do reboco e sujeiras
que podem ter sido ocasionadas pela ação da umidade na base
do revestimento, criando um ambiente propício para a ação de
agentes fungicidas, ferrugem nas esquadrias, forro danificado,
piso velho, desgastado. O que se percebe é que há pouca ou
nenhuma preocupação com a manutenção das instalações físi-
cas do local, porém conversando-se com o proprietário há o
desejo de fazer uma reforma com ampliação do espaço para
melhorar a qualidade de trabalho no local.
Em relação aos elementos constituintes do imóvel, nenhum
dos componentes de acabamento é original e estão em péssimo
estado de conservação e com patologias profundas, o revesti-
mento interno e externo deve ser todo feito novo, o que não oc-
asionará danos ao patrimônio, eliminando assim as patologias
encontradas.
A fachada atual possui traços estilísticos simplórios,
mas bem marcados, porém não possui elementos originais,
os azulejos decorativos e o revestimento de pedra foram
adicionados posteriormente à época de edificação. O atual
interior da edificação encontra-se em condições até piores que

57
Triangulação em saúde e segurança do trabalho
Vol. 2
as da fachada. Nenhum dos materiais visíveis do revestimento é
original e os mesmos também se encontram em estado de des-
gaste profundo, portanto, a melhor opção é a substituição dos
mesmos, conforme se é visto na Figura 2 (a, b e c).

Fgura 2: (a, b e c respectivamente) - Imagens das condições físicas atuais da oficina

Fonte: Autor (2019)

4.3. Resultados das medições

Foram realizadas medições de ruído e de iluminância. Nos


resultados de iluminância foi utilizado o luxímetro digital LD-
900 da marca Instrutherm, no salão maior da oficina, na área
de execução dos serviços foram encontrados resultados entre
294.6 lux para o ponto mais iluminado (Figura 3) e 78.7 lux
para o local mais crítico de iluminação. No salão menor, que fica
a parte de armazenamento de peças e bicicletas já consertadas,
foram encontrados resultados entre 42.3 lux para o ponto mel-
hor iluminado e 09.8 lux para o ponto mais crítico.
Para assegurar o conforto visual na realização das ativi-
dades laborais, a tabela 1 da ABNT NBR 5413/1992 estabelece
para a classe B, iluminância geral para área de trabalho, a ilu-

58
Fabio A. da S. Arruda

minância entre 500-750-1000 lux para tarefas com requisitos


visuais normais, trabalho médio de maquinaria, escritórios. Para
banheiros a NBR estabelece os valores entre 100-150-200 lux e
para área de armazenamentos gerais que não são utilizados fre-
quentemente, a norma define os valores entre 75-100-150 lux.

Figura 3: Luxímetro mostrando um dos resultados de iluminância obtidos

Fonte: Autor (2019)

Portanto, analisando-se os dados obtidos no interior da


oficina, tanto na parte de serviços quanto na parte de arma-
zenamento de materiais, até os pontos em que foram obtidos
os maiores resultados de iluminância encontram-se aquém dos
limites mínimos assegurados em norma, o que sugere uma in-
tervenção de adequação imediata.
Apenas para elucidar alguns conceitos que serão utilizados
para os cálculos de luminárias que serão propostas no novo
layout, conceitua-se iluminância como sendo a quantidade de
luz que é projetada sobre uma determinada e é medida em
lux, também pode ser vista como a intensidade de luz dentro
de um ambiente específico. Já lúmen é a unidade utilizada para
medir a emissão total de luz visível de uma fonte de luz, geral-
mente a quantidade de lúmens de uma luminária é diretamente
proporcional ao seu brilho. A relação entre lux e lúmen é dada
estabelecendo-se que um lux é igual a um lúmen por metro
quadrado, ou seja, 1 lux = 1 lúmen/m². 

59
Triangulação em saúde e segurança do trabalho
Vol. 2
O tipo de luminárias sugeridas para o novo layout do ambi-
ente de trabalho, foi feito com base nos dados citados anterior-
mente, o que gerou os seguintes resultados:
Considerando-se o mínimo estabelecido em norma de 500
lux/m² na área de execução dos serviços tem-se que a área
de 33,51m² necessitará de um total de 16.755 lúmens, ad-
otando-se uma luminária de LED de embutir de 25W, gerando
aproximadamente 2.250 lúmens por luminária, para a área do
salão serão necessárias em torno de 8 luminárias com estas
especificações para se atender a norma, a sugestão é que elas
sejam locadas iniciando-se na estação de trabalho, conforme
pode ser visto na Figura 4.
Na área do salão menor, espaço com menor fluxo, com-
posto no novo layout pela parte de armazenamento e pelo ban-
heiro, será considerado o valor de 150 lux, estabelecido em nor-
ma, logo será necessária para o banheiro apenas uma luminária
do tipo bulbo de LED de 5W, pois esta gerará aproximadamente
450 lúmens, atendendo a área do ambiente que precisaria de
378 lúmens. Na parte de armazenamento, foram propostas lo-
cação de 3 luminárias tipo bulbo de LED de 6W cada, gerando em
torno de 1.620 lúmens, atendendo a iluminância estabelecida
para a área do ambiente que seria de no mínimo 1.062 lúmens,
sugere-se a locação das luminárias em pontos estratégicos, que
também podem ser vistos na Figura 4.

60
Fabio A. da S. Arruda

Figura 4: Locação das luminárias conforme estudo

Fonte: Autor (2019)

Para as medições de ruído foi utilizado o dosímetro modelo


DOS-600 da marca Instrutherm, na qual foi acompanhada a
maior parte da jornada de trabalho, cerca de 70% (Figura 5).
Dentre os resultados obtidos, os picos de ruído foram detecta-
dos em dois momentos principais, nas ligações do compressor
de ar e no teste do motor de motocicletas, nos quais detec-
tou-se resultados como 91.8db e 80.5db. Nos demais momen-
tos da jornada de trabalho, ou seja, no nível médio de exposição
o valor obtido foi de 58.3db (LAvg) e no nível de exposição
normalizada, a média permaneceu em torno de 45.2 db (TWA).
De acordo com a NR 15, o nível máximo de ruído para uma
jornada de 8 horas a que um trabalhador pode ficar exposto

61
Triangulação em saúde e segurança do trabalho
Vol. 2
de maneira intermitente é de 85 dB, portanto, analisando os
dados obtidos, o ruído presente no local de trabalho está bem
abaixo do tolerável, pois ocorreram ultrapasse desse limite em
apenas dois momentos durante testes de motor de motocicleta,
que não duraram mais que 2 ou 3 minutos. Logo, a sugestão é
que nesses momentos de pico sejam utilizados os abafadores
de ruídos, para se assegurar ainda mais a saúde auditiva do
trabalhador.

Figura 5: Imagem do funcionário da oficina com o dispositivo de medição


de ruído

Fonte: Autor (2019)

Em relação à temperatura, por encontrar-se em posição


privilegiada, com a fachada de frente ao sul, o imóvel recebe
pouca incidência solar e favorece a ventilação natural, a qual
acaba sendo suficiente para a que a temperatura interna do
salão maior seja amena. No novo layout, as portas de rolo com
grandes vãos permanecerão na fachada, somente será acresci-
do um gradil baixo para isolamento fixo na lateral direita e um
de isolamento móvel na lateral esquerda que dá acesso a ram-
pa e o acesso principal continuará sendo pela porta do meio da
edificação. No salão menor, a temperatura também é agradável,
porém com a inserção do banheiro proposto, diminuirá mais o
cômodo, por isso é sugerido que seja colocado um ventilador de
parede, que é suficiente para a ventilação do ambiente, que é
pequeno e possui baixíssimo fluxo e também a instalação de um

62
Fabio A. da S. Arruda

sistema de exaustão para o banheiro que não possui contato


com a área externa.

4.4. Identificação dos riscos

Segundo Silva, 2003: “O risco pode ser definido de diver-


sas maneiras, porém, com uma consideração comum a todas
elas: a probabilidade de ocorrência de um evento adverso.”
Esse evento adverso pode ser o causador de inúmeros danos à
integridade e a saúde do trabalhador, focando-se em situações
que pudessem comprometer o trabalhador é que foi observado
o local de trabalho em questão.
Das observações, dois aspectos principais chamam aten-
ção, um é a degradação das instalações físicas, que ocasiona a
maior parte dos riscos existentes e a outra é que não há uso de
EPI, além da bota e vestimentas de mangas compridas e cal-
ças, que fazem as vezes de fardamento, em conversas com os
funcionários, observou-se que os mesmos não acreditam que as
atividades que desempenham possam gerar algum risco a sua
saúde, ou seja, a noção de higiene e de segurança do trabalho
é praticamente inexistente, o que por si só, já representa um
risco, porque a partir do momento em que não acredita-se que
há chance de algum acidente ocorrer, não há cuidados básicos
para que ele não ocorra.
Na categoria dos riscos físicos foi observado que as paredes
da oficina possuem muita umidade, possivelmente ocasionada
por infiltrações, gerando sujeira e desorganização, tornando o
ambiente propício para a propagação de agentes biológicos no-
civos, caracterizando os riscos biológicos, dentre eles bactérias,
fungos e parasitas, que em contato direto com o ser humano
podem gerar ou transmitir doenças.
No grupo dos riscos químicos foi identificada a presença de
poeira e o uso de substâncias químicas (Figura 6b), como tintas
em spray, óleos e graxas, sendo manuseadas sem EPI e arma-
zenadas de maneira inadequada.
Na classe de riscos ergonômicos, foi observado o levanta-

63
Triangulação em saúde e segurança do trabalho
Vol. 2
mento e transporte manual de peso, no caso de motocicletas
que tem que ser levadas ao interior da oficina, que apesar do
desnível não possui rampa. Foi visto também a postura inade-
quada, na hora de fazer serviços nas partes mais baixas das
motocicletas.

Figura 6: (a) Imagem das ferramentas de trabalho sem organização visual,


e (b) resto de graxas, óleos e outras substâncias armazenados inadequa-
damente.

Fonte: Autor (2019)

Na classificação de riscos de acidentes foi observada a ina-


dequação do arranjo físico, a iluminação precária, a falta de
organização dos materiais (Figura 6a) que se encontram es-
palhados e não foi visto nenhum extintor de incêndio no local,
como é um local que possui produtos químicos que também são
inflamáveis é importante que haja pelo menos um extintor de

64
Fabio A. da S. Arruda

incêndio.
Como pode ser visto, a maioria dos riscos encontrados está
relacionado a três pontos principais: à precariedade da estrutu-
ra física, o que pode ser resolvido com uma reforma e limpeza
geral; a falta de organização do layout do ambiente de trabalho,
para o qual será proposto um novo layout; e a falta de uso de
EPI, que pode ser resolvido com a entrega do EPI aos empre-
gados pelo empregador e pela conscientização dos mesmos em
relação ao uso dele. Em relação à falta de noção de segurança
do trabalho, foi sugerido ao empregador que fizesse o PPRA, no
caso, contratasse alguém para fazer e assim que fosse feito, o
mesmo fizesse reuniões com os funcionários para dar conheci-
mento a eles sobre os riscos aos quais eles estão expostos, bem
como sobre a importância do uso correto do EPI na realização
das tarefas.
Em relação à ausência do extintor, no novo layout foi re-
servado o local devidamente sinalizado, segundo as recomen-
dações da NR 23 e da NBR 13434, bem como foi feita a rota de
fuga e iluminação de emergência (NBR 10898), tudo devida-
mente sinalizado conforme recomendações da NR 26.
Como é um local pequeno, com uma área total de aproxi-
madamente 43,12m², seguindo as recomendações da NR 23,
um extintor do tipo ABC atende, tanto em questão da classe
de incêndio, quanto no quesito distância do extintor, uma vez
que em análise as maiores ocorrências neste ambiente podem
ser da classe B (incêndios ocorridos em combustíveis líquidos
ou gases combustíveis) e C (incêndios ocorridos em materiais
energizados) e bem em menor quantidade da classe A (incên-
dios ocorridos em materiais fibrosos ou combustíveis sólidos).
Logo o extintor do tipo ABC locado em ponto estratégico, con-
forme pode ser visto no novo layout é suficiente, pois segundo
a norma a distância máxima a ser percorrida para classe B e C
em risco médio é 15m, o que é atendido com um extintor.

65
Triangulação em saúde e segurança do trabalho
Vol. 2

4.5. Novo layout proposto

4.5.1. Conceito de intervenção

O Conceito da intervenção para apresentação do novo


layout justifica-se dentro da categoria de reabilitação de um
edifício, pois além de adequar o casarão ao seu atual uso, ainda
enfatiza a importância da recuperação e beneficiação da edifica-
ção, “resolvendo as anomalias construtivas, funcionais, higiêni-
cas e de segurança acumuladas ao longo dos anos, procedendo
a uma modernização que melhore o seu desempenho até próxi-
mo dos atuais níveis de exigência”, conforme conceitua a Carta
de Lisboa sobre a reabilitação urbana integrada.
A sugestão principal é conservar a fachada (Figura 7) e
criar interior mais moderno, utilizando da decoração e da am-
biência, a fim de causar um efeito de contraste entre o antigo
histórico e atual moderno.

Figura 7: Imagem da fachada atual

Fonte: Autor (2019)

66
Fabio A. da S. Arruda

Na fachada, será aplicado o princípio da autenticidade es-


tética que consiste em conservar as formas originais que se
resumem à pintura a base de água com cimalhas próximas à
cobertura, uma vez que não se tem registros que comprovem
a cor original da fachada, será escolhida uma cor neutra que se
encaixe harmoniosamente ao entorno existente. Isso será feito
porque é a fachada que identifica o bem como histórico por ser
o traço mais forte ainda existente. Porém, no interior, as cores
escolhidas para o novo layout foram basicamente preto, branco,
cinza, vermelho e amarelo fazendo um jogo de cores vibrantes
e neutros. Por se tratar de uma oficina de motos, algo que lem-
bra velocidade, há também detalhes que remetem às pistas de
corrida. Tudo aprovado pelo proprietário.

4.5.2. Programa de necessidades

Segundo Trein (2001), além do projeto em si, há a indis-


pensabilidade de um arranjo que contemple as reais necessi-
dades do cliente para o objeto edificado, esse arranjo é chamado
layout e ele possibilita o correto dimensionamento dos espaços
e garante que não restem espaços ociosos, de acordo com o
autor, por meio da organização do arranjo físico gráfico (layout
/ leiaute) é que móveis, máquinas, equipamentos, processos e
mão de obra serão distribuídos adequadamente no ambiente.
Foi baseado nessa ideia, bem como em conservar o fluxo de
funcionários e clientes da oficina é que se chegou ao layout fi-
nal. Foram feitos estudos preliminares baseados em como esses
movimentos acontecem dentro da oficina (Figura 8) de acordo
com as atuais necessidades dos clientes e funcionários.

67
Triangulação em saúde e segurança do trabalho
Vol. 2

Figura 8: Estudo preliminar – Configuração de identificação do fluxo atual

Fonte: Autor (2019)

Antes da execução do novo layout e para o mesmo fosse


realmente eficaz, foi feito ainda uma sugestão preliminar de
organização, baseado no fluxo atual e ainda pensando na mel-
hor maneira de alocar os maquinários e as ferramentas que
os profissionais precisavam para a execução de suas tarefas
(Figura 9), de forma que não houvessem alterações bruscas
no padrão da execução dos serviços, a fim de não prejudicar o
andamento dos mesmos.

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Fabio A. da S. Arruda

Figura 9: Estudo preliminar – Configuração da sugestão de nova


organização do fluxo

Fonte: Autor (2019)

De acordo com Cristina Coelho (2003), no artigo O Proje-


to de Intervenção em Bens Culturais Imóveis Arquitetônicos e
Urbanos:
(...) o programa de necessidades é formulado a
partir do uso proposto e se caracteriza pela relação
dos espaços e metragens quadradas necessários
ao desenvolvimento das atividades propostas. O
programa de necessidades deve ser organizado em
forma de fluxograma de modo a facilitar e ordenar o
raciocínio durante o processo de projetação.

Após algumas entrevistas com o proprietário do estabelec-


imento, pela análise das imagens e do que foi visto no cotidiano
da oficina, chegou-se ao seguinte programa de necessidades:
há a necessidade de um espaço para guardar as peças novas e
usadas, bem como um banheiro e armários para funcionários;

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Triangulação em saúde e segurança do trabalho
Vol. 2
um lugar para colocar as motos em espera e ou bicicletas; as
ferramentas devem estar em local de fácil acesso; deve-se ter
prateleiras para estocar óleos, graxas e outros fluidos. Deve-
se ter ainda um lugar de apoio, pode ser um balcão que tenha
bebedouro e cafezinho, e próximo a esse lugar um espaço para
espera de clientes com algumas cadeiras e um lugar para colo-
car papéis, dinheiro e etc. Após o estudo do programa e análise
dos fluxos, chegou-se ao organograma apresentando na Figura
10.

Figura 10: Organograma de relação fluxo e programa de necessidades

Fonte: Autor (2019)

4.5.3. Adequação de novo uso – setorização

Como na proposta serão adaptadas as instalações, do que


antes deveria ser uma residência, para o adequado funciona-
mento de uma oficina e, ainda, se baseará essas adequações
no que já existe dentro do estabelecimento, não haverá muitas
mudanças. Uma vez que o espaço atual encontra-se insuficien-
te, haverá a ampliação para a área lateral, atualmente desocu-
pada, na atual organização há o encontro de muitas atividades
no mesmo espaço e há também espaços ociosos. O estabele-
cimento divide-se em dois ambientes, em que o primeiro é o

70
Fabio A. da S. Arruda

salão principal, no qual acontece a maioria das atividades; os


clientes são atendidos e esperam, as vezes em pé e as vezes
sentados, porque o espaço é pouco; nele também são executa-
dos os serviços em motos e bicicletas, bem no meio do salão;
as peças também são armazenadas, de maneira desorganiza-
da; os funcionários lancham e descansam no mesmo ambiente
e peças são jogadas umas por cima das outras. No segundo
ambiente, por sua vez, há uma pia de inox comum, em que os
funcionários lavam as mãos, e armazenam seus pertences, há
um espaço com bicicletas em espera e há muito espaço ocioso.
No novo layout a setorização priorizará a conservação des-
ses movimentos dentro dos ambientes, mas de uma forma mais
organizada e funcional. No primeiro espaço, haverá dois aces-
sos, em que um ficará aberto sempre, pelo qual será o acesso
de pessoas em geral e o outro que será protegido por gradil mó-
vel, no qual haverá uma rampa para subida de motos, visto que
a edificação possui um desnível considerável em relação à rua,
sendo que a inclinação prevista é de 8,18% em atendimento à
NBR 9050, visando ainda evitar o carregamento de motos para
o interior pelos degraus de acesso. Próximo a este espaço ha-
verá o local reservado para o extintor de incêndio, haverá ainda
um armário para estoque de peças e ao lado pinos com suporte
para pneus, na parte abaixo dos pneus poderá ser guardada a
máquina de desempenar rodas.
No salão principal haverá ainda o atendimento aos clientes,
como sempre houve, porém no novo layout, os mesmos terão
cadeiras para sentar bem próximo ao acesso principal para man-
terem contato com a rua e distraírem-se enquanto os serviços
são realizados. Logo após esta parte, terá um balcão que serve
de estoque de peças novas e usadas encimado por prateleiras
também para peças novas. Em frente a eles terá uma área para
se trabalhar em uma moto, e uma área para uma moto em es-
pera. Ao lado do balcão principal, que será no lugar do balcão
existente, haverá um móvel com um frigobar em baixo e em
cima um espaço para cafeteira e bebedouro e etc.
No local da moto em espera haverá pinos com suporte para
pneus, pois muitos ficam jogados nesse mesmo espaço atual-
mente, em baixo deles poderá ser guardado o compressor. Ao

71
Triangulação em saúde e segurança do trabalho
Vol. 2
lado dessa área, mais centralizada, à frente da área de serviços
de motos, haverá um quadro na parede, no qual serão coloca-
das todas as ferramentas de maneira visível. Em baixo dele ha-
verá um móvel para apoio de ferramentas e colocação de fluídos
que estão em utilização, todos devidamente identificados e ro-
tulados segundo recomendações da NR 26. Na área de serviços
de motos, visando a ergonomia em atendimento a NR 17, será
colocado o elevador de motos para realização dos serviços de
maneira a evitar a postura inadequada do operador.
No segundo espaço, haverá um banheiro com chuveiro,
uma bacia sanitária e um lavatório atendendo plenamente aos
funcionários, visto que são todos do sexo masculino, asseguran-
do ainda os requisitos da NR 24. Ao lado do banheiro, ficarão os
armários para guarda dos pertences dos funcionários, em frente
a eles haverá prateleiras para estocagem de peças e materiais
e a frente delas, estará o local para bicicletas em espera. Todo
esse arranjo será figurado e justificado na configuração do novo
layout (Figura 11) e nas figuras em 3D que o seguem.

72
Fabio A. da S. Arruda

Figura 11: Configuração do novo layout proposto de acordo com os estudos


realizados

Fonte: Autor (2019)

Em relação aos materiais, como praticamente todo o re-


vestimento da edificação estava comprometido por conta das
patologias, a melhor solução é que seja feita a substituição de
todos os materiais de acabamento. A estrutura permanece a
mesma, pois não foram observadas patologias que a compro-
metessem.
Onde houver a substituição dos materiais, a mesma será
regida pelo critério de analogia parcial ou semelhança aos ma-
teriais originais e também com base nos tipos de serviço que
são realizados na oficina, como por exemplo, o piso cerâmico
existente, deve ser substituído por um piso cerâmico de quali-

73
Triangulação em saúde e segurança do trabalho
Vol. 2
dade e de fácil limpeza, na parte de serviços será colocado um
piso emborrachado para evitar quedas, uma vez que fluídos são
manuseados nesse espaço. Na rampa de acesso também se
indica o piso emborrachado. Para as paredes é recomendável a
aplicação de uma tinta lavável porque o manuseio de graxas no
local gera muita sujeira. No banheiro, o piso deve ser antider-
rapante e deve haver revestimento cerâmico nas paredes com
a finalidade de conservação da higiene, alguns desses materiais
já estão especificados no novo layout.
Para melhor identificação das vistas em 3D em imagens
renderizadas, abaixo está um esquema de identificação das vis-
tas (Figura 12), posicionado de acordo com a visão do ponto
de observação, sendo elas duas vistas do salão principal A e B
(Figuras 14 e 15), e uma planta baixa humanizada (Figura 13),
para que possa ser visto também o salão menor, que por conta
do tamanho não foi possível realizar uma vista isolada, tudo
para uma melhor visualização da projeção do novo layout.

Figura 12: Esquema para identificação das vistas

Fonte: Autor (2019)

74
Fabio A. da S. Arruda

Figura 13: Planta baixa humanizada, para melhor visualização do layout


proposto

Fonte: Autor (2019)

75
Triangulação em saúde e segurança do trabalho
Vol. 2

Figura 14: Imagem em 3D renderizada da vista A do layout proposto para melhor


visualização

Fonte: Autor (2019)

Figura 15: Imagem em 3D renderizada da vista B do layout proposto para


melhor visualização

Fonte: Autor (2019)

76
Fabio A. da S. Arruda

5. CONSIDERAÇÕES FINAIS

São Luís possui um vasto e incalculável patrimônio imóvel,


que por descaso e falta de manutenção e conservação está se
perdendo no tempo. Com a execução do presente trabalho,
pode-se vivenciar um pouco da realidade do Centro Histórico de
São Luís e perceber as reais condições em que o mesmo se en-
contra, nas quais muitos prédios históricos estão sendo utiliza-
dos como locais de trabalho sem adequação, gerando ambientes
impróprios à saúde e segurança do trabalhador, percebendo-se
que é necessária a fiscalização mais efetiva por parte do poder
público, nos quesitos de conservação de prédios históricos e de
saúde do trabalhador.
Pode-se também desenvolver as etapas primordiais de um
processo de intervenção em sítios históricos, entendendo-se
que além da preocupação com as instalações físicas de uma
empresa, os bens imóveis de natureza histórica precisam ser
preservados, conservados, restaurados e reabilitados para ten-
ham sua identidade preservada e gerem espaços adequados às
atividades que atualmente vem sendo desenvolvidas neles.
Pode-se entender um pouco da realidade das oficinas
mecânicas de pequeno porte, identificando suas necessidades e
limitações, em especial, no caso da oficina estudada, que pos-
suía um local desestruturado oferecendo muitos riscos aos tra-
balhadores, realidade esta que poderá ser mudada, seguindo-se
as soluções apresentadas neste trabalho.
Foi possível se observar que pouco ainda se é divulgado
sobre saúde e segurança nos locais de trabalho mais informais,
e ainda, o principal, notou-se duas importantes vantagens, den-
tre tantas, que a cultura prevencionista agrega às empresas,
que são: o maior engajamento dos funcionários em prestar um
melhor serviço a uma empresa que se preocupa com seu bem
estar e a notoriedade social que a preocupação com a saúde e
segurança do trabalho gera à empresa que a desenvolve.

77
Triangulação em saúde e segurança do trabalho
Vol. 2

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81
4

GESTÃO COMPORTAMENTAL APLICADA

Fabio Antônio da Silva Arruda

Doutorando em Gestão de Negócios; Mestre em Administração; MBA


Executivo em Gestão de Pessoas com pós-graduação nas áreas de En-
genharia de Produção, Gestão Estratégica, Gerenciamento de Projetos
com Ênfase em Riscos, Gestão de Saúde, Segurança do Trabalho e Meio
Ambiente; Bacharel em Administração de Empresas. É Professor de
cursos de pós-graduação e MBA em diversas Instituições nos Estados
do Maranhão e Pará. Atua há mais de 15 anos como Gestor de Pessoas
e Processos de Saúde e Segurança Ocupacional em uma empresa mul-
tinacional do segmento de mineração. Atua também como Conselheiro
Regional e Diretor de Desenvolvimento Profissional e Institucional do
Conselho Regional de Administração do Maranhão (CRA-MA). Coautor
dos livros “Coaching: A solução” e “Capital Intelectual” pela editora
SerMais, “Revolução” pela editora Literare Books e “Faces e Interfaces
da Multieducação” pela editora Dialógica. “Estratégias de Capacitação
X Acidente do Trabalho” pela editora Nelpa. Organizador da coletânea
“Triangulação em Saúde e Segurança no Trabalho: engenharia, gestão
e comportamento” pela Editora Pascal. Idealizador do Arruda Consult,
página eletrônica que modera temas na área de gestão, motivação e
carreira.
Triangulação em saúde e segurança do trabalho
Vol. 2

RESUMO

A
s empresas buscam investir cada vez mais em melhoria
contínua dos seus negócios, seja através da adoção de
novas tecnologias ou na inovação da forma de fazer, do
método ou de equipamentos, ou na gestão do capital huma-
no, neste contexto um programa de gestão comportamental se
apresenta como mais uma alternativa para a empresa atingir os
seus objetivos organizacionais. A metodologia de pesquisa se
utilizou de métodos mistos, assim combina pesquisa qualitativa
e quantitativa tendo como intensão generalizar os resultados
qualitativos, e aprofundar a compreensão dos resultados quan-
titativos. O objetivo deste estudo é analisar os resultados do
diagnóstico de clima e cultura elaborado para implementação
de um programa de gestão comportamental em uma empre-
sa do segmento de mineração. Os resultados apontam para a
importância da implantação do programa de gestão compor-
tamental para os resultados de segurança, ao mesmo tempo
salienta que a implantação deste tipo de programa é lenta e a
mudança de cultura leva anos para ocorrer, estima-se que pelo
menos 5 anos para a empresa mudar de um estágio para outro.

Palavra-Chave: Gestão Comportamental, Liderança, Se-


gurança

84
Fabio A. da S. Arruda

1. INTRODUÇÃO

O mercado de trabalho está em pleno desenvolvimento e


novas demandas surgem a todo tempo por parte dos mais di-
versos públicos, como empregados, sociedade, sindicatos, go-
verno, movimentos sociais, mídia, fornecedores e, principal-
mente, o cliente. Nesse contexto de complexidade, lançar um
novo olhar para avaliar os processos internos se torna neces-
sário para qualquer departamento da organização, pois realizar
a gestão de saúde e segurança no trabalho e prever medidas
de prevenção de acidentes e doenças do trabalho deixou de ser
“apenas” cumprimento de requisitos legais e passou a perten-
cer ao core business, ou seja, assume papel de destaque no
objetivo organizacional da empresa, assim sendo, as empresas
devem demonstrar proatividade frente a questões de prevenção
de acidentes, para isso é necessário realizar análises para com-
preender a importância da prevenção de acidentes ocupacionais
e da conscientização do trabalhador nas organizações.
Outra ação importante é classificar os fatores determinan-
tes para implementação e manutenção de um efetivo sistema
de gestão em saúde e segurança do trabalho. É sabido que para
prover melhoria em qualquer processo se faz necessária a iden-
tificação de métodos, processos e indicadores chaves de gestão
utilizados na prevenção de acidentes para direcionar as empre-
sas quanto aos fluxos a serem seguidos, realmente é necessário
lançar mão de uma abordagem multidisciplinar para combater
os acidentes do trabalho, pois eles ocorrem por fatores multi-
causais.
São várias as causas dos acidentes do trabalho, que vão
desde problemas de falta de investimento em infraestrutura,
passando pela falta de comprometimento da gestão, até a fal-
ta de capacitação dos empregados ao realizar determinada ta-
refa. Igualmente diversificada é a forma de prevenir aciden-
tes, na tentativa de obter sucesso, as empresas lançam mão
de diversas estratégias, tais como: fiscalização, treinamentos,
programas de monitoramento da rotina, acompanhamento de
indicadores, utilização de ferramentas proativas, mapeamento

85
Triangulação em saúde e segurança do trabalho
Vol. 2
de atividades, avaliação de eficácia, análise de riscos e vulne-
rabilidade, dentre outras medidas. Algumas destas ações são
altamente eficientes para prevenir acidentes do trabalho e ou-
tras apresentam baixo custo benefício, são muitas variáveis e
particularidades que devem ser observadas no processo.
O acidente do trabalho é um fenômeno complexo que atin-
ge a classe trabalhadora do Brasil. O segmento portuário está
entre os setores que mais geram acidentes do trabalho seja
pela baixa qualificação dos trabalhadores, seja pela precarieda-
de das condições de trabalho. Os acidentes do trabalho geram
dor e sofrimento e ainda impedem as empresas portuárias de
alcançarem a eficiência de seus processos, pois é impensável
falar em eficiência se o processo produtivo gera lesão e doenças
ao trabalhador em suas ocupações laborais.
As empresas buscam investir cada vez mais em melhoria
contínua dos seus negócios, seja através da adoção de novas
tecnologias ou na inovação da forma de fazer, do método ou
de equipamentos, e se percebe significativos avanços nas em-
presas relacionados a isso, porém há um fator primordial que
tem ‘sofrido’ com todas estas mudanças, o humano, e observa-
-se que os investimentos neste fator ainda não acompanham a
mesma evolução do que é feito no setor produtivo. As pessoas
na organização são o principal fator de sucesso ou insucesso
dos negócios. Elas são capazes de gerar resultados incríveis,
mas também podem fazer com que a empresa não saia do lu-
gar. Portanto se faz necessário que as empresas tenham pro-
gramas de desenvolvimento comportamental.
Alguns estudos comprovam que nas causas dos acidentes
de trabalho geralmente está envolvido o fator humano, dentre
outros fatores para isso, está a ausência ou deficiência de uma
cultura de segurança ou ainda não ter definido as estratégias
para consolidação desta cultura, o que contribui para o aumento
nas taxas de acidentes.
O objetivo deste estudo é a analisar os resultados do diag-
nóstico de clima e cultura elaborado para implementação de
um programa de gestão comportamental em uma empresa do
segmento de mineração.

86
Fabio A. da S. Arruda

Vários são os desafios enfrentados pelos líderes na condu-


ção de suas equipes para alcance dos resultados de segurança,
entre eles se destacam: equipe despreparada; não ter um plano
para alcance de resultados com suas equipes; muitas ferramen-
tas e procedimentos a serem seguidos; a própria preparação
(ou despreparo) dos líderes, a falta de uma política organiza-
cional voltada à segurança, as constantes mudanças organiza-
cionais; as necessidades dos empregados, entre outros, e tudo
isso é refletido no clima organizacional e nos resultados daquela
equipe.
Os resultados de uma equipe podem ser medidos pelos
indicadores de segurança, que envolvem todas as ferramentas
que podem gerar dados estatísticos e que podem ser usadas
para medir os resultados de segurança, o mais usual, mas não
que seja o mais importante nesse contexto de desenvolvimen-
to comportamental, é a taxa de acidentes. Indicadores podem
ser quaisquer ferramentas que demonstram como o trabalho de
gestão de um líder está indo quanto à segurança pessoal (taxa
de acidentes), ou do ambiente (taxa de condições inseguras)1
ou ainda a taxa de comportamentos seguros, que reflete o nível
do comportamento das pessoas2.
Os resultados devem ser mensurados periodicamente, mas
o clima organizacional é o principal indicador destes resultados.
Além dos resultados de segurança, outro indicador que pode ser
acompanhado é a taxa de absenteísmo.
Diante do exposto, propõe-se ter além dos programas es-
tabelecidos pela legislação (NRs) que tem foco principal na se-
gurança pessoal, para evitar ou controlar as ocorrências de aci-
dentes, ter um programa de desenvolvimento comportamental,
pautado na Psicologia Organizacional.

1 pode ser calculada através do mapeamento das condições de um


ambiente, usando-se a fórmula: TCI = (qt de condições inseguras / qt de
condições seguras) x 100. Para isso é importante um mapeamento prévio
das condições seguras para aquele ambiente, este denominador não muda.

2 pode ser calculado usando-se a fórmula: TCS = (qt de comporta-


mentos inseguros / qt de comportamentos seguros) x 100.

87
Triangulação em saúde e segurança do trabalho
Vol. 2

2. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

2.1 Programa de gestão comportamental

Um programa de desenvolvimento comportamental é um


conjunto de métodos e ferramentas estruturados e aplicados
em uma organização que tem por objetivo desenvolver habilida-
des em todos os níveis da estrutura organizacional, levando em
conta os aspectos do comportamento humano e os fenômenos
no ambiente de trabalho (Psicologia Organizacional), de forma a
gerar engajamento das pessoas para alcançar resultados.
A Psicologia Organizacional é caracterizada pela aplicação
dos princípios científicos da psicologia no ambiente do trabalho,
ou seja, estuda os comportamentos, as relações entre as pes-
soas e grupos, disposições, motivos, crenças, reações, atitudes,
significados, valores e sentimentos no contexto do trabalho e
das organizações. Através destes conceitos apresentados por
Zanelli (2004) vamos entender algo complexo que é o compor-
tamento das pessoas nas organizações, no contexto da segu-
rança do trabalho.
Para Arruda (2016) dentro do campo da pesquisa em psico-
logia da segurança do trabalho, o conceito de Clima e Cultura de
Segurança e seus processos de medições são parte importante
para o desenvolvimento de diagnósticos e o embasam teorica-
mente. Denison (1996) define clima como sendo uma situação
e suas ligações com pensamentos, sentimentos e comporta-
mentos dos membros de uma organização. É temporal e subje-
tivo e muitas vezes sujeito a manipulações diretas por pessoas
com poder e influência. Já cultura pode ser definida como sendo
a evolução do contexto, dentro do qual uma situação pode ser
incorporada. É enraizada na sua história, mantida pela coletivi-
dade e suficientemente complexa para resistir a muitas tentati-
vas de manipulação direta.
O trabalho é algo importante na vida das pessoas, além
de poder lhe proporcionar sustento, lhe confere dignidade, au-
toestima, interação social e nesse contexto a psicologia pode
atuar na melhor adaptação do ser humano ao seu ambiente

88
Fabio A. da S. Arruda

de trabalho, proporcionando qualidade de vida. Segundo Meliá


(1998), citado por Fanini e Rodrigues (2010, p.2) a “Psicologia
da Segurança no Trabalho”, é definida por como sendo “a parte
da psicologia que se ocupa do componente de segurança da
conduta humana”, é ela que permite compreender e atuar sobre
os elementos humanos da prevenção de acidentes do trabalho.
Vários são os fatores que influenciam o comportamento
humano nas organizações, neste artigo vamos nos limitar a
quatro, que são alvo deste programa de desenvolvimento com-
portamental, são eles: fatores psicológicos; sociais; cognitivos
e fisiológicos.
Os fatores psicológicos estão ligados ao campo emocional,
são os sentimentos, os desejos, os medos e fobias, as expecta-
tivas, as crenças pessoais, sobrecarga de emoções, distúrbios
emocionais e/ou doença mental.
Os fatores sociais estão relacionados às interações sociais,
é tudo aquilo que está “fora do corpo”, os estímulos que a pes-
soa recebe, sejam visuais, auditivos, cinestésicos, por exemplo:
a falta de incentivos por parte da liderança, o relacionamento
interpessoal; problemas familiares.
Os fatores cognitivos estão ligados com o processo de
aquisição de conhecimento (cognição), está relacionado ao ní-
vel de inteligência; à habilidade para compreensão; ao tempo
de reação a determinada situação; à atitude mecânica, aquelas
realizadas “no piloto automático”; à falta de conhecimento; à
falta de experiência; falta de orientação e/ou treinamento ina-
dequado etc.
Já os fatores fisiológicos estão relacionados à fisiologia hu-
mana, ou seja, ao funcionamento do organismo.
À medida que os indivíduos vão tendo suas experiências
de vida, esses fatores vão “moldando” a sua personalidade,
imputando-lhes o modo de se comportar diante das situações da
vida. E como o ser humano é um só, suas experiências de vida
são trazidas para o ambiente de trabalho. No próprio ambiente
de trabalho também vão adquirindo experiências que os levam
a adotar certos tipos de comportamento. No âmbito da segura,

89
Triangulação em saúde e segurança do trabalho
Vol. 2
podemos dizer que estes comportamentos podem ser seguros
ou inseguros. Segundo Fanini e Rodrigues (2010) o compor-
tamento seguro de um trabalhador, de um grupo ou de uma
organização é definido como sendo a capacidade de identificar
e controlar os riscos presentes numa atividade no presente, de
forma a reduzir a probabilidade de ocorrências indesejadas no
futuro, para si e para os outros.
É esta competência que deve ser desenvolvida e estimulada
nos processos educativos para que os comportamentos seguros
sejam mais frequentes no dia-a-dia de trabalho. Por exemplo:
uma pessoa que sempre entregou seus relatórios antes do pra-
zo, mas o fez à custa de horas extras, trabalho em casa e é
reconhecido por sua liderança pela sua entrega antecipada, vai
adquirir o hábito de fazer isso sempre, tendo a influência do fa-
tor social em seu comportamento.
O comportamento do indivíduo responde a um padrão: pri-
meiro, recebe o estímulo ou a informação (que tem base nos
fatores psicológicos, sociais, cognitivos e fisiológicos), depois
ele pratica o “ato”, resposta ao estímulo, é o comportamento –
aquilo que se observa, por fim há o reconhecimento, aquilo que
o indivíduo espera receber em função do ato praticado.
Se não for realizado a análise do “como” foi feito aquela
ação, o comportamento inadequado de fazer horas extras, com-
prometer o convívio social e familiar será reforçado e se tornará
um hábito. Para que isso seja inibido e se estabeleça um padrão
de comportamentos “saudáveis” no dia-a-dia laboral, deve ser
considerado no Programa de Desenvolvimento Comportamental
a análise do comportamento através do SORC.
Daniellou et al. (2010) apresenta que o SORC é uma
metodologia de análise comportamental usado na psicologia
cognitiva comportamental, que tem por objetivo melhorar os
comportamentos ou reforçar aqueles que já são positivos, dos
empregados nas organizações, para aprimorar o desempenho
das organizações e assim tornar os resultados sustentáveis. O
termo SORC, vem das iniciais das palavras em inglês.

90
Fabio A. da S. Arruda

Figura 1 – Definição de SORC

Fonte: Adaptado de Daniellou et al. (2010)

A repetição dos comportamentos dentro de uma organi-


zação é que vai moldando sua cultura. Segundo Daniellou et
al. (2010), a cultura é construída por meio da experiência com-
partilhada de práticas. A cultura da segurança se fundamen-
ta, assim, sobretudo, no engajamento pessoal dos membros da
direção e da gerência para favorecer a convergência entre as
mensagens e as práticas: o que é feito pelos gestores caminha
no mesmo sentido do que é preconizado para os operadores
da produção. O programa de desenvolvimento comportamental
deve auxiliar as organizações na implantação desta cultura para
a prevenção.
Brandão (2009) apresenta também o método ABC para
gestão do comportamento seguro tem muito de sua base teóri-
ca pautada na teoria da análise experimental do comportamen-
to conhecida também como Behaviorismo, desenvolvida por B.
F. Skinner (1904 -1990), que sugere que para todo comporta-
mento há consequências que agem de novo sobre ele, alterando
a probabilidade de ocorrência futura semelhante. Segundo Lar-
dner & Scaife (2006), o método ABC recebe seu nome devido
às três primeiras letras em inglês dos elementos básicos de sua
composição, conforme abaixo:
A- Antecedents ou antecedentes - todas as coisas que pos-
sam influenciar e funcionar como iniciador e catalisador
de comportamentos específicos.

91
Triangulação em saúde e segurança do trabalho
Vol. 2
B- Behaviour ou comportamento - refere-se ao comporta-
mento propriamente dito (que é observável e do inter-
esse específico para este trabalho).
C- Consequences ou consequências - refere-se às conse-
quências do comportamento para a pessoa envolvida.
As consequências tanto podem reforçar como dissuadir
a repetição dos comportamentos.

Figura 2 – Método ABC do Comportamento

Fonte: Adaptado de Lardner & Scaife (2006)

Ainda segundo Lardner & Scaife (2006) o método ABC do


comportamento traz como verdade as proposições de que o
comportamento é uma função das suas consequências; as pes-
soas fazem o que fazem devido ao que acontece quando eles fa-
zem; o que as pessoas fazem (ou não fazem) durante a jornada
de trabalho é o que é reforçado para elas em uma ação futura.

2.2 Programa Hearts and Minds

O processo de gestão comportamental pode ser avaliado


e aferido em níveis de maturidade, neste sentido, o trabalho
mais recente e completo desenvolvido até o momento é o do
programa Hearts and Minds, segundo Fanini e Rodrigues (2010)

92
Fabio A. da S. Arruda

este programa foi desenvolvido pelo Energy Institute de Lon-


dres em parceria com a Shell. Ele trabalha com um plano de
intervenção que se propõe a desenvolver os comportamentos
seguros tanto da liderança quanto da força de trabalho e da em-
presa em si; inclui a avaliação das organizações a partir da Teo-
ria da Matriz de Cultura de Segurança em que tais organizações
podem ser classificadas em 5 níveis, a partir da realização da
pesquisa qualitativa.

Figura 3 - Escada da cultura do modelo Hearts and Minds

Fonte: Fanini e Rodrigues (2010)

A figura acima detalha os níveis de cultura que podem ser


classificados em forma crescente, à medida que existe o au-
mento da consciência, confiança e responsabilidade em saúde e
segurança no trabalho a organização vai evoluindo e mudando
de estágio de maturidade, conforme descrito abaixo:
• Estágio Patológico é o mais básico de todos, onde a se-
gurança é uma das menores preocupações da empresa,
a produção é a maior e os acidentes são tratados como
responsabilidade unicamente da vítima;
• Estágio Reativo e aquele em que a vítima ainda é trata-
da como responsável única pelo acidente, cada um cui-
da de si próprio e onde as preocupações com melhorias
de segurança só acontecem após um acidente grave;

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Triangulação em saúde e segurança do trabalho
Vol. 2
• Estágio Calculador é um nível intermediário, onde a se-
gurança é considerada importante, existem programas
de incentivo a redução de taxa de acidentes que são
percebidos como falhas no “sistema”, mas há uma limi-
tação na interação entre aqueles que fazem as regras de
segurança e a força de trabalho, o que acaba por gerar
a opinião da força de trabalho de que a segurança mais
atrapalha do que ajuda;
• Estágio Pró Ativo é quando a gestão percebe que possui
alguma responsabilidade sobre os acidentes, a seguran-
ça é considerada uma prioridade e as habilidades dos
funcionários são valorizadas dentro da gestão de segu-
rança;
• Estágio Generativo é quando a preocupação com a se-
gurança é prioridade máxima, os sistemas e procedi-
mentos de segurança são revisados com frequência, os
funcionários cuidam de si próprios e dos outros também
e qualquer acidente fatal é visto como uma perda de um
membro da família).
O programa de gestão comportamental deve ser estrutura-
do de acordo com a maturidade da organização, para isso, o
primeiro passo é realizar um diagnóstico de clima e cultura or-
ganizacional. Tudo deve começar com a etapa de diagnósticos,
assim, segundo Zanelli (2004) os processos de diagnósticos são
fundamentais uma vez que oferecem a segurança de se es-
tar trabalhando com fontes de informações confiáveis evitan-
do, dessa maneira, especulações ou evidências baseadas em
histórias pessoais que não necessariamente representam o con-
texto organizacional. E é a partir dessas informações que um
plano de ação, proposta de intervenção ou tomada de decisão
deve se basear.

94
Fabio A. da S. Arruda

3. MÉTODO

O estudo se baseou em uma pesquisa com adoção de mét-


odos mistos, assim combina pesquisa qualitativa e quantitativa
e tem por objetivo generalizar os resultados qualitativos, ou
aprofundar a compreensão dos resultados quantitativos, ou cor-
roborar os resultados (qualitativos ou quantitativos). Segundo
Bryan (2006) as técnicas de coleta de dados predominantes, no
campo das ciências sociais, em relação aos métodos mistos são:
as entrevistas individuais não estruturadas, semiestruturadas e
estruturadas, grupos focais, questionários com ou sem opções
de resposta, observação participante etnográfica e revisão da
literatura. Em relação às técnicas de análise de dados associa-
dos com métodos mistos estão a análise de conteúdo, a análise
temática e as análises estatísticas. É importante destacar que
ao se referir à análise de conteúdo, aborda a quantificação de
dados qualitativos, tais como a quantificação das respostas da-
das por entrevistados.
O local de estudo foi um terminal portuário instalado na
baia de São Marcos na cidade de São Luis/Ma controlado e oper-
ado por uma empresa multinacional do ramo de mineração com
forte atuação na região norte e nordeste do Brasil.
O universo da pesquisa figura o efetivo total e empregados
na unidade que no período da pesquisa era de 2.111 emprega-
dos ativos, distribuídos em oito gerências. A figura 10 abaixo
apresenta a caracterização e resultados das amostras atingidas
na pesquisa.

95
Triangulação em saúde e segurança do trabalho
Vol. 2

Figura 04 – Distribuição, caracterização e resultados amostrais

Fonte: Dados da pesquisa

A fase quantitativa tinha uma meta de amostragem es-


tabelecida de 80% do universo total, para que houvesse o en-
volvimento do maior número de empregados, os dados analisa-
dos foram coletados através de questionário aplicado de forma
online para os empregados de todos os níveis hierárquicos su-
perou a meta estabelecida, alcançando 86% do efetivo, ou seja,
atingiu 1.813 empregados respondentes.
Já para a fase qualitativa foi estabelecida uma meta de
amostragem de 30% do universo total, pois foram empregadas
técnicas bem elaboradas de rodas de conversas com grupos
de empregados e entrevistas individuais com líderes separa-
damente, garantido aos participantes a confidencialidade dos
dados. Cada grupo foi composto por 8 a 15 empregados e teve
duração de cerca de 1 hora e meia. Com a prévia autorização
de todos os participantes, seus depoimentos foram registrados
para posterior análise, os depoimentos e opiniões expressas nos
diálogos não foram identificados. Esta fase atingiu o objetivo de
avaliar 30% do efetivo, ou seja, 623 empregados participaram
de entrevistas individuais ou dos 55 grupos de discussões que
tiveram para coletas de dados.

96
Fabio A. da S. Arruda

4. RESULTADOS E DISCUSSÃO

Assim, com o objetivo de identificar o nível de cultura de


segurança da organização e facilitar o desenvolvimento de
um plano de ação que atendesse as necessidades da empresa
dentro das contingências que influenciam seu desempenho de
segurança em parceria com uma empresa de consultoria em
gestão comportamental, foi iniciado o trabalho de diagnóstico de
gestão comportamental levando em considerações os seguintes
quesitos: Envolvimento e comprometimento da Liderança sob o
foco de Saúde e Segurança do Trabalho; Envolvimento e com-
prometimento dos colegas de trabalho sob o foco de Saúde e
Segurança do Trabalho; Envolvimento e comprometimento Pes-
soal em Saúde e Segurança do Trabalho; Efetividade das ações
e ferramentas preventivas da empresa quanto a Saúde e Segu-
rança.

Figura 05 - Etapas do diagnóstico de clima e cultura

Fonte: Dados da pesquisa

Como apresentado na figura 05 acima, o diagnóstico de

97
Triangulação em saúde e segurança do trabalho
Vol. 2
clima e cultura para os processos de gestão comportamental
iniciou com a definição de um comitê responsável pela aplicação
da pesquisa e posteriormente seguiu todas as etapas descritas
no quadro abaixo até a implementação do plano de ação de
gestão comportamental.

Gráfico 01 – Idade dos empregados respondentes

Fonte: Dados da pesquisa

O gráfico 01 apresenta a distribuição de idade dos empre-


gados respondentes, quando se pensa em gestão de gerações
dentro da organização, é importante perceber onde se encon-
tra a maior parcela dos empregados. Nessa pesquisa a maioria
da amostra encontra-se em torno da Geração Y (a partir de
1980 até início dos anos 90), de essência questionadora, embo-
ra se perceba a inserção da Geração Z (até 24 anos), de perfil
imediatista, e uma fatia da Geração X (a partir dos 31 anos),
de característica analítica e linear. É importante a busca pela
manutenção do equilíbrio entre essas gerações a fim de evitar
conflitos e manter um círculo de inovação. Quanto às gerações
e a forma de aprendizagem, as ações de saúde e segurança
no trabalho dentro site devem ser diversificadas com vivências
práticas, para atendimento deste público.

98
Fabio A. da S. Arruda

Gráfico 02 – Nível de escolaridade dos empregados respondentes

Fonte: Dados da pesquisa

Quanto à escolaridade, o gráfico 02 apresenta que 54%


dos empregados possuem formação de nível médio e que 46%
dos empregados já possuem ou estão cursando nível superior.
Em relação ao nível de escolaridade, destaca-se que quanto
mais preparados estão os colaboradores, melhor facilidade de
absorção cognitiva o que facilita em treinamentos e entendi-
mento dos padrões de segurança do trabalho.

99
Triangulação em saúde e segurança do trabalho
Vol. 2

Gráfico 03 – Tempo que empregados respondentes tem na empresa

Fonte: Dados da pesquisa

O gráfico 03 apresenta que a maior parte dos empregados


respondentes, 54% deles são empregados maduros com 4 a 7
anos de empresa, e que 8% tem menos de 1 anos de empresa e
na outra extremidade em relação aos empregados que possuem
mais tempo de casa equivalem a 23%. Quanto mais tempo de
empresa o empregado consegue conhecer melhor suas ativi-
dades, procedimentos e processos que favorecem a prevenção,
porém a tendência é que junto com a maturidade vem também
a autoconfiança que podem gerar catastróficas consequências
em SST.

100
Fabio A. da S. Arruda

Gráfico 04 – Tempo que empregados respondentes tem na função

Fonte: Dados da pesquisa

Percebe-se através do gráfico 04 acima apresentado que


77% dos empregados respondentes estão a mais de quatro anos
na função, pressupõe-se maior conhecimento dos processos e
atividades que desempenham pela perspectiva da experiência,
a permanência do empregado na mesma função por um longo
período é reflexo do apresentado no gráfico anterior.

101
Triangulação em saúde e segurança do trabalho
Vol. 2

Gráfico 05 – Turno de trabalho dos empregados respondentes

Fonte: Dados da pesquisa

No que diz respeito ao turno de trabalho dos empregados,


o gráfico 05 dispõe que existe um equilíbrio da quantidade de
empregados nos turnos de trabalho, o que indica a importância
de serem realizadas ações e presença da liderança que atendam
a todos os horários, respeitando a característica de cada turno.
A metodologia Hearts and Minds utiliza uma variedade de
ferramentas e técnicas para ajudar a organização a envolver
todos os funcionários na gestão de Saúde, Segurança e Meio
Ambiente (SSMA) como parte integrante dos seus negócios.

102
Fabio A. da S. Arruda

Figura 06 – Quadro de Tabulação da Pesquisa Hearts and Minds

Fonte: Dados da pesquisa

Observa-se na figura 06 acima na apresentação dos re-


sultados qualitativos obtido através das entrevistas que são
avaliados 17 quesitos do modelo Hearts and Minds que após
tabulados apresenta como resultado que a maior parte dos pro-
cessos da empresa se concentra no nível calculador, o que sig-
nifica um nível intermediário de gestão comportamental, onde
a segurança é considerada importante, existem programas de
incentivo a redução de taxa de acidentes que são percebidos
como falhas no “sistema”, mas há uma limitação na interação
entre aqueles que fazem as regras de segurança e a força de
trabalho, o que acaba por gerar a opinião da força de trabalho
de que a segurança mais atrapalha do que ajuda.

103
Triangulação em saúde e segurança do trabalho
Vol. 2

5. CONSIDERAÇÕES FINAIS

O programa de gestão comportamental deve ser desen-


hado de acordo com a maturidade da organização, para isso,
o primeiro passo é realizar um diagnóstico de clima e cultura
organizacional, analisar os resultados e elaborar o plano para
alavancagem dos resultados.
Cabe ainda destacar que mesmo com a adoção do pro-
grama as empresas podem ser surpreendidas com a ocorrên-
cia de acidentes, inclusive fatais, isso não deve ser motivo de
desacreditar no programa, deve-se sim, avaliar o programa
após a ocorrência para ver se não cabe melhorias, mas não se
deve abandoná-lo, nem tampouco mudar os rumos daquilo que
foi previamente planejado e estruturado. Os acidentes podem
ocorrer por “n” fatores e estes fatores devem ser analisados no
âmbito do programa.
O objetivo deste estudo era analisar os resultados do di-
agnóstico de clima e cultura elaborado para implementação de
um programa de gestão comportamental em uma empresa do
segmento de mineração, foi atingido e comprovados através do
material estudado, demonstrando a importância da implantação
do programa de gestão comportamental para os resultados de
segurança. É importante salientar que a implantação deste pro-
grama é lenta e a mudança de cultura leva anos para ocorrer,
estima-se que pelo menos 5 anos para a empresa mudar de um
estágio para outro, nesse período todas as etapas do programa
devem ser cumpridas e monitoradas pela alta liderança através
de um plano de ação consiste, sob pena de se voltar ao estágio
inicial. A implantação do programa exige esforços, em especial
dos líderes e aporte de investimentos para a efetiva implan-
tação das ações.
Entendendo os fatores psicológicos que afetam o compor-
tamento das pessoas, as empresas devem cuidadosamente
preparar seus líderes para liderar suas equipes e conduzi-las ao
alcance dos resultados.

104
Fabio A. da S. Arruda

Após análise dos dados referenciados, conclui-se que um


programa de gestão comportamental bem estruturado e alin-
hado aos valores da organização podem levar a resultados ex-
pressivos positivamente à segurança do trabalho e pode trazer
como ganhos: aumento do engajamento da liderança; melhoria
na capacitação da equipe de segurança para auxiliar a liderança
(influenciar comportamentos, estabelecer conexão com área e
contribuir com os resultados); melhoria nos resultados dos indi-
cadores de segurança, inclusive na taxa de acidentes; melhoria
no clima das equipes e na taxa de absenteísmo; estabelecimen-
to de uma cultura forte e sustentável em segurança e maior
segurança pessoal e operacional.

REFERÊNCIAS

ARRUDA, Fabio. A. da Silva. A contribuição da capacitação em saúde


e segurança como estratégia de prevenção de acidentes do trabalho
na operação portuária. (Dissertação de Mestrado). Universidade das
Américas, Fortaleza, 2016.

BRANDÃO, Flavio Eduardo. Metodologia de gestão do comportamento


seguro aplicada na redução dos acidentes de trabalho: estudo de caso
em uma indústria de cosmético (Dissertação de Mestrado). Universi-
dade do Estado do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, 2009.

BRYMAN, A. Integrating quantitative and qualitative research: how is


it done? Qualitative Research, USA, 2006.

DANIELLOU, F., SIMARD, M. e BOISSIÈRES, I. Fatores Humanos e


Organizacionais da Segurança Industrial: um estado de arte. França,
2010.

DENISON D. What is the Difference Between Organizational Culture


and Organizational Climate? A Native’s Point of View on a Decade of
Paradigm Wars. The Academy of Management Review, Volume 21.
Issue 3, 1996.

FANINI, Lucille; RODRIGUES, Aline Fatturi. Resultados pós interven-


ção em psicologia da segurança do trabalho em empresas de excelên-
cia. Comportamento: Curitiba, 2010.

105
Triangulação em saúde e segurança do trabalho
Vol. 2
MELIÁ, J.L. Un modelo causal psicosocial de los accidentes laborales
[A psychosocial causal model of work accidents]. Anuario de Psicolo-
gía, Espanha, 1998.

SPECTO P. (2006). Psicologia nas Organizações. Saraiva, Segunda


Edição: São Paulo, 2006.

ZANELLI C., ANDRADE J. E. B. e BASTOS A.V.B. (2004). Psicologia


Organizações e Trabalho. Artemed: Porto Alegre, 2014.

106
5

ANÁLISE DO PERFIL DE INCÊNDIOS


FLORESTAIS NA FLORESTA NACIONAL
DE CARAJÁS

Francisco Junior Nascimento da Silva

Especialista em Engenharia de Segurança do Trabalho pela Uni-


versidade Estadual do Maranhão, graduado em Engenharia de
Produção pela Universidade de Santo Amaro, é bacharel em Ad-
ministração Pública pela Universidade Federal do Pará. Possui
formação Técnica na área de Segurança do Trabalho e também
em Mineração pela Escola Técnica Vale dos Carajás. É professor
na Escola Técnica de Comércio Santa Luzia, nos cursos técnicos
de Segurança do Trabalho, Análises Clínicas e Enfermagem. Tem
mais de 11 anos de experiência atuando como prevencionista de
acidente no seguimento de mineração e ferrovia, onde parte da
sua carreira trabalhou diretamente em atendimentos de emer-
gências, isso lhe trouxe larga experiência prática em Sistema de
Comando de Incidente. Auditor Interno em Sistema de Gestão
Integrada, nas normas ISO 9001, ISO 14001 e ISO 45001.
Triangulação em saúde e segurança do trabalho
Vol. 2

RESUMO

É
sabido que todo e qualquer tipos de incêndios causam
danos graves. Quanto ao tipo de incêndios florestais, es-
tes comprometem o solo, a fauna, a flora e também, o ar
atmosférico com graves desdobramentos econômicos sociais e
paisagísticos. Neste artigo objetivou analisar os incêndios diver-
sos ocorridos na Floresta Nacional de Carajás, nos períodos de
2013 a 2018, identificando assim suas distintas características
e distribuições com vistas a subsidiar a elaboração de possíveis
planos de prevenções e combate a incêndios na unidade de con-
servação supra. De natureza crítico-analítica, este artigo recor-
reu a informações contidas no Banco de Dados Meteorológico
de Ensino e Pesquisa (BDMEP) do Instituto Nacional de Pesquisa
Espacial (INPE) e no Instituto Nacional de Meteorologia (IN-
MET), tendo como período correspondente os anos de 2013
a 2018. Os dados foram coletados e sobreposto com vistas a
desenvolver uma análise estatística descritiva e o consequente
procedimento de interpretação das informações. Como possível
benefício desta pesquisa tem-se a busca de subsídios que apon-
tem recomendações e sugestões factíveis a um direcionamento
de ações futuras na elaboração de plano de prevenção e com-
bate à incêndios florestais na Floresta Nacional de Carajás.

Palavra-Chave: Unidade de conservação; Incêndios flor-


estais, Monitoramento

108
Fabio A. da S. Arruda

1. INTRODUÇÃO

Os incêndios florestais são responsáveis por severos danos


ao meio ambiente principalmente ao solo, a vegetação, a fauna
e o ar atmosférico, como também a economia, ao paisagísti-
co e a sociedade de uma determinada área afetada, sobretudo
as diversas áreas que são protegidas no país (BORGES, et al
2011). Ecossistemas naturais podem ser facilmente alterados
pelo descontrole do fogo. O grau de alteração leva em conta
algumas especificações como intensidade, duração e frequência
dos incêndios (TEBALDI, 2013).
As ações do fogo em florestas nacionais protegidas devem
ser criteriosamente avaliadas, pois a preservação dos recursos
naturais devem ser prioridade máxima de tal forma que pro-
gramas de recuperação aos ambientes quando degradados ten-
ham o menor impacto possível (OLIVEIRA, 2017).
Dentre os Estados da Federação Brasileira, no que diz re-
speito aos incêndios florestais, Mato Grosso lidera o ranking,
acompanhado do Pará e Maranhão, que ocupa as posições na-
cionais de queimadas nos últimos dezoito anos, conforme mon-
itoramento realizado pelo Instituto Nacional de Pesquisas Espa-
ciais (INPE) (OLIVEIRA, 2017).
Infelizmente a grande maioria das Unidades de Conser-
vação (UCs) no país vem sendo alvo todos os anos pela ocor-
rência de incêndios (BONFIM et al., 2003). Não há dúvida que o
fogo é considerado como a maior ameaça para a preservação da
biodiversidade e dos processos ecológicos em áreas naturais.
Segundo Ribeiro (2004), os principais agentes causadores
de incêndios florestais no Brasil estão associados à atividade
desordenada de uso e ocupação do solo, sendo que a melhor
forma de reduzir essa ocorrência é por meio de ações educati-
vas de prevenção e conscientização ambiental.
A administração de unidades de conservação, que são ju-
risdições governamentais, tem trazido ocasiões únicas de diálo-
go entre setores da sociedade e instituições do conhecimento

109
Triangulação em saúde e segurança do trabalho
Vol. 2
em torno de questões prioritárias e mobilizadoras. Essa proprie-
dade foi refletida na elaboração do Plano Estratégico de Pesqui-
sa do Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade
(ICMBio), cuja construção foi identificada as principais ameaças
à conservação dos biomas brasileiros, às suas unidades de con-
servação, bem como oportunidades e estratégias de conser-
vação (OLIVEIRA, 2017).
Determinadas unidades de conservação absorvem certos
tipos de complexidade de gestão, como por exemplo as flor-
estas nacionais, que abrigam empreendimentos minerários. No
entanto, estas áreas apresentam melhores condições de capi-
tal, pois os recursos necessários para o bom funcionamento das
atividades ambientais estão ligadas diretamente ao processo de
licenciamento ambiental como forma de ação compensatória do
empreendimento. Como exemplo tem-se o caso da Floresta Na-
cional de Saracá-Taquera/Reserva Biológica do Rio Trombetas
e a Floresta Nacional de Carajás, localizada na maior província
mineral do mundo (BEZERRA, 2107).
O presente artigo objetivou analisar os incêndios diver-
sos ocorridos na Floresta Nacional de Carajás, nos períodos de
2013 a 2018, identificando assim suas distintas características
e distribuições com vistas a subsidiar a elaboração de possíveis
planos de prevenções e combate a incêndios na unidade de con-
servação supra.

2. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

Desde que o homem conheceu e aprendeu a dominar o


fogo, este recurso teve utilidade para vários fins, no preparo
de alimentos, para auxiliar nas caçadas, como também pode
ser utilizado no próprio aquecimento do homem, sobretudo nas
regiões úmidas e frias e principalmente para abertura de áreas
para o plantio agrícola. Desde então, o fogo passou a ser utiliza-
do com muita frequência como um instrumento agrícola, pois
o mesmo é barato, eficiente e acessível. Infelizmente a inten-
sidade, e o uso indiscriminado das queimadas na abertura de
áreas para agricultura modificar-se em um grave problema am-

110
Fabio A. da S. Arruda

biental (Soares; Batista, 2001)


Segundo Soares, Batista e Nunes (2009), incêndio florestal
é o alastramento livre ou descontrolado do fogo em florestas ou
diferentes formas de vegetação. Determinados aspectos influ-
enciam o comportamento dos incêndios florestais: tipo do ma-
terial combustível, tipo de relevo e condições meteorológicas.
O início da propagação pode ocorrer de causas naturais, como
descarga atmosférica, ou por intervenções humanas de caráter
acidental ou criminoso. Eles ocorrem principalmente no perío-
do de estiagem devido à baixa umidade relativa do ar e baixos
índices pluviométricos.
São os seis passos sobre a intervenção no combate de um
incêndio, segundo Soares e Batista (2001):
1. Detecção: tempo decorrido entre a ignição ou
início do fogo e o momento que ele é visto por
alguém;
2. Comunicação: tempo compreendido entre a
detecção do fogo e o recebimento da informação
pela pessoa responsável pela ação de combate;
3. Mobilização: Tempo gasto entre o recebimento
da informação da existência do fogo e a saída do
pessoal para o combate;
4. Deslocamento: tempo compreendido entre a saída
do pessoal de combate e a chegada da primeira
turma ao local do incêndio;
5. Planejamento para o combate: Tempo gasto
pelo responsável pelo combate para avaliar o
comportamento do fogo e planejar a estratégia de
combate;
6. Combate ao incêndio: tempo consumido na
operação de combate ou eliminação definitiva do
incêndio, incluído o rescaldo.

O primeiro passo do combate é a detecção, significa que


quanto maior for seu tempo, maiores serão os danos do incên-
dio, e maior também será a dificuldade para controlá-lo. Segun-
do Soares e Batista (2001), o esperado é que o fogo seja de-
tectado e pronunciamento ao combatente em menos de quinze
minutos, por isso é necessário que o sistema de alarme e co-

111
Triangulação em saúde e segurança do trabalho
Vol. 2
municação esteja operacional. O próximo passo, é a fase de
mobilização, agrupando integrantes do time com um mínimo de
pessoal capacitado e preparado para o combate. Todos deverão
utilizar seus EPIs específicos e conduzir os acessórios necessári-
os para o local da ocorrência.
De acordo com dados de Brasil (2016) a região Sudeste do
Pará é composta por 07 microrregiões, no qual Parauapebas-PA
é uma das que atualmente, tem elevada ocupação territorial
e no qual teve o surgimento de alguns municípios por meio
do Projeto Carajás, em 1981. A principal fonte econômica da
região está baseada sobretudo na exploração de minérios. Além
disso, existe evidência das operações de garimpos e madeirei-
ras, acarretando que essas atividades sejam as principais con-
tribuições pelos constantes focos de incêndios na região.
De acordo com esse panorama, Assis et al. (2014) comen-
ta que as geotecnologias aparecem de forma destacada como
um excelente recurso de auxílio na detecção das queimadas
podendo localizar, quantificar e analisar áreas onde ocorrem in-
cêndios.
Tendo em vista o grande avanço da ciência no advento da
tecnologia, sobretudo do conhecimento aeroespacial e georref-
erenciamento, para Tomzhinski, Coura e Couto (2011), várias
maneiras podem ser exploradas para detectar incêndios, por
exemplo: vigilância terrestre, posto de observação ou monito-
ramento por imagens de satélites. Contudo, para países com
maiores extensões territoriais o que acontece com o Brasil, a
técnica de sensoriamento torna-se mais aconselhável, pois tem
um custo menor e se torna mais rápido, sendo de total eficiên-
cia para viabilizar o controle dos focos.
Outro apoiador do uso das geotecnologias para monito-
ramento de focos de incêndio é Tomzhinski, Coura e Couto
(2011), que afirmam que as geotecnologias aparecem como um
extraordinário recurso que ajuda na caracterização dos incêndi-
os florestais, fornecendo localização, números de focos e fazer
estudos de análises espaço-temporais das áreas onde ocorrem
as queimadas.
A legislação ambiental no Brasil pode ser considerada como

112
Fabio A. da S. Arruda

uma das mais completas e sofisticas. Sua criação tem intuito de


preservar e resguardar o meio ambiente de maneira que seja
reduzido ao máximo qualquer ação que venha comprometer seu
ecossistema ou degradá-lo. Consultando a Constituição Federal
Brasileira, existe o artigo 225 que se refere ao Meio Ambiente
(BRASIL, 2018a).
Art. 225. Todos têm direito ao meio ambiente
ecologicamente equilibrado, bem de uso comum do
povo e essencial à sadia qualidade de vida, impondo-
se ao Poder Público e à coletividade o dever de
defendê-lo e preservá-lo para as presentes e futuras
gerações.
A Lei 12.651/2012, novo Código Florestal Brasileiro (BRA-
SIL, 2018b), revoga o Código Florestal Brasileiro de 1965 e
estabelece que a proteção do meio ambiente é obrigação do
proprietário mediante a manutenção de espaços protegidos de
propriedade privada, divididos entre Área de Preservação Per-
manente (APP) e Reserva Legal (RL).
O código penal no seu artigo 250 determina que causar
incêndio, expondo a perigo a vida, a integridade física ou ao
patrimônio de outrem é considerado crime de perigo comum,
com pena - reclusão, de 03 a 06 anos, e multa. No inciso II
do parágrafo 1º, exige o aumento de pena em um terço se o
incêndio for em lavoura, pastagem, mata ou floresta (BRASIL,
2018c).
A Lei de Crimes Ambientais, Lei nº 9.605, de 12 de fe-
vereiro de 1998, estabelece penas para danos provocados por
incêndios florestais (BRASIL, 2018d).
Art 41 – Provocar incêndio em mata ou floresta: Pena
– reclusão, de dois a quatro anos, e multa. Parágrafo
único. Se o crime é culposo, a pena é de detenção de
seis meses a um ano, e multa.
Art 42 - Fabricar, vender, transportar ou soltar balões
que possam provocar incêndios nas florestas e demais
formas de vegetação, em áreas urbanas ou qualquer
tipo de assentamento humano. Pena – detenção
de um a três anos ou multa, ou ambas as penas
cumulativamente.

113
Triangulação em saúde e segurança do trabalho
Vol. 2

Figura 01- Localização geográfica da Unidade de Conservação, Floresta


Nacional de Carajás, este mapa já traz os limites da floresta, criado em
2017, e pode-se ver a área já minerada na Serra Norte, em tom mais claro
de rosa.

Fonte: Bezerra (2017).

3. MÉTODO

O trabalho foi realizado através de uma pesquisa ex-


ploratória, com base nos dados do (BDMEP), Banco de Dados
Meteorológico de Ensino e Pesquisa, Instituto Nacional de Mete-
orologia, Banco de Dados de Queimadas do Posto de Previsões
de Tempo e Estudos Climáticos – CPTEC.
Estas informações são de utilidade pública e podem ser en-
contradas no site do órgão, em forma de shapefile. Dados me-
teorológicos de precipitação Pluviométrica e temperatura tam-
bém foram obtidos através da estação climática de referência
localizada na cidade de Parauapebas-PA (49º49’ W e 06º04’ S).

114
Fabio A. da S. Arruda

Já os dados de focos de calor foram adquiridos a partir de im-


agens termais do sensor MODIS (Moderate Resolution Imaging
Spectrodiometer) que está junto ao satélite AQUA_M-T, sendo o
satélite atual de referência do INPE (BRASIL, 2016).
Os dados e registros de ocorrências de incêndios florestais
foram coletados entre os anos de 2013 a 2018, obtidos da Ban-
co de Dados de Queimadas do INPE (BRASIL, 2018), foram
analisados para a definição das seguintes variáveis: número de
focos de queimadas, mês da ocorrência; distribuição anual dos
incêndios; causas das ocorrências, precipitação pluviométrica
e temperatura. Esses dados foram coletados e sobreposto para
facilitar através da análise estatística descritiva e iniciar o pro-
cedimento de interpretação das informações.

4. RESULTADOS E DISCUSSÃO

Conforme os dados coletados, na fase temporal de 06 anos,


foram detectados por meio do satélite AQUA_M-T, um total de
98 focos de calor dentro do território da Floresta Nacional de
Carajás. O ano com maior número de registros de incêndios foi
2017, acumulando quarenta e um focos de queimadas ating-
indo um percentual de 42% em relação aos outros cinco anos
pesquisados, sendo praticamente quase a metade de todos os
anos somados (BRASIL, 2019a).
Segundo Carvalho (2017) Na avaliação de cientistas, dois
anos consecutivos de seca e estiagem prolongada tornaram
os incêndios florestais mais graves. Clareiras abertas por ma-
deireiros; corte de árvores maiores e mais nobres, as chamadas
estruturantes das florestas; e desmatamento, que reduz a água
no subsolo, estão mudando o microclima da floresta: ela está
mais fragilizada e inflamável.
Em contrapartida o ano de 2018 foi o menor em número
de ocorrências, atingindo somente 3% dos índices. A média de
queimadas nos anos de 2013 a 2018 é de 16,3 focos de incên-
dio por ano, isso acontece devido 2017 ter sido um ano com
muitos focos registrados pelo satélite de referência. Outro pon-

115
Triangulação em saúde e segurança do trabalho
Vol. 2
to relevante percebido nas coletas de dados é que os meses que
mais registraram focos de incêndios florestais foram os períodos
de julho a outubro. Os quatros meses juntos somam 73% dos
focos registrados, fato esperado devido se tratar dos períodos
mais quentes e mais secos do ano. A partir desses dados pode-
se constatar uma certa tendência de existir focos de incêndios
nos períodos de julho a outubro, gerando uma probabilidade de
mais de 70% a chance de se ter uma ocorrência neste período
(BRASIL, 2019a).

Figura 02 - Distribuição anual dos focos de calor para os anos de 2013 a


2018

Fonte: INPE (BRASIL, 2019a)

116
Fabio A. da S. Arruda

Figura 03 - Mapas de detecção de focos de calor por sensores do satélite de


referência AQUA_M-T, para os anos de 2013 a 2018 na Unidade de Conser-
vação Federal, Floresta Nacional de Carajás.

Fonte: INPE (BRASIL, 2019a)

As principais causas dos incêndios florestais na Unidade de


Conservação, Floresta Nacional de Carajás, foram limpeza de
pastagem (66%), seguida de atos criminosos (22%), raios (8%)
e causas não identificadas (4%) de acordo com a classificação
utilizada pelo IBAMA nos registros de ocorrências de incêndios.
As causas de 92% dos incêndios conhecidos foram de natureza
humana. Esses dados evidenciam o uso do fogo em diversas
atividades ilegais na região. Portanto, destaca-se a necessidade
de ações prioritárias de políticas públicas associadas à educação
e à informação ambiental, com novas práticas de manejo do
solo, acompanhado de ações de fiscalização e sanções penais
para os incendiários, que praticam o ato por interesse próprio
(BRASIL, 2019b).
Santos (2010) descreve sobre a intencionalidade dos in-
cêndios que podem ser de ação dolosa ou culposa do causante.

117
Triangulação em saúde e segurança do trabalho
Vol. 2
As motivações são variadas, sendo as mais comuns a queima
não autorizada, ilegal e incontrolada de superfícies agrícolas,
piromania, vandalismo ou vinganças pessoais .

Figura 04- Principais causas dos incêndios florestais na Floresta Nacional de


Carajás.

Fonte: IBAMA , BRASIL, 2019b).

Embora os incêndios causados por raios tenham contri-


buído com apenas 8% da área dos registros, esses incêndios
atingem menores proporções, em razão das chuvas simultâ-
neas que lhes acompanham e beneficiam a eliminação dos fo-
cos, limitando-os a pequenas áreas. Os incêndios causados por
raios foram mais frequentes no período chuvoso, de novembro
a março, conforme dados de precipitação pluviométrica.
Tanto no período seco como no frio preponderam os in-
cêndios causados por queimas para limpeza de pastagem, que
fogem do controle dos fazendeiros e ultrapassam suas terras
adentrando para as áreas da Unidade de Conservação de Cara-
jás.
Segundo Bezerra (2017) no período de estiagem, os agri-
cultores da região utilizam o fogo para renovação de pastagens.
Outro fato negativo é que grande parte dos colonos não pos-
suem equipamentos adequados para a realização de queima-

118
Fabio A. da S. Arruda

das, além de desconhecerem os horários propícios, o calendário


de queima e sobretudo as técnicas especificas de controle do
fogo. Portanto, é necessário que o ICMBio e a empresa atual
responsável pela administração do Parque Zoobotânico que fica
na Floresta Nacional de Carajás, forneçam informações educa-
tivas sobre o manejo racional do fogo, minimizando os efeitos
negativos e otimizando os positivos, bem como conscientizar os
usuários de que nem sempre se deve aplicar o fogo, propondo
outras formas de manejo de pastagem.
Na região Norte brasileira, já se encontra a presença de
estação de seca no Leste da Amazônia e de chuvas intensas no
Oeste da Amazônia (HUGHES; SAUNDERS, 2002). Para o perío-
do analisado foram utilizadas informações provenientes do Ins-
tituto Nacional de Meteorologia (INMET) num período de trinta
anos. Com base nos dados médios de precipitação, é possível
categorizar que Carajás apresenta duas estações climáticas,
uma chuvosa e outra seca. A estação de seca corresponde aos
meses de menor precipitação, sendo de junho a agosto, en-
quanto que os outros meses de setembro a janeiro caracterizam
como estação chuvosa, devido acumularem grandes volumes
de chuvas.
No estudo, para a estação seca, houve um aumento da
temperatura do ar nos meses de agosto a setembro e no mes-
mo período, de forma inversa, houve uma queda em relação ao
período chuvoso, expondo temperatura média mensal de míni-
ma de 21,5ºC e máxima de 31ºC, umidade. Em análise dos da-
dos de precipitação média dos anos, destaca-se o mês de março
como o mais chuvoso, chegando a 287 mm ao ano, e o de Julho
com a maior predominância de estiagem, com 14 mm ao ano,
segundo dados do INMET (BRASIL, 2019a)

119
Triangulação em saúde e segurança do trabalho
Vol. 2

Tabela 01- Distribuição mensal da precipitação média pluviométrica (mm),


temperatura mínima e máxima durante 30 anos na região de Carajás.

Fonte: INMET (BRASIL, 2019c).

120
Fabio A. da S. Arruda

Figura 05 - Desenho gráfico correspondente aos índices de precipitação


média pluviométrica (mm), temperatura mínima e máxima durante os últi-
mos 30 anos na região de Carajás

Fonte: INMET (BRASIL, 2019c).

As ocorrências e intensificações de fenômenos climático/


meteorológicos pode aumentar drasticamente os riscos de focos
de incêndios florestais, causando grande alastramento devido
à redução de chuvas e baixa da umidade relativa do ar (CO-
CHRANE, 2003; SANTOS et al., 2011).
Assim, a Figura 2 apresenta que a prevalência no cresci-
mento de focos de calor na Unidade de Conservação, precisa-
mente na estação seca (junho, julho e agosto) em períodos de
estiagem com poucas precipitações. Isso comprova a existência
de uma relação preliminar entre o número de focos detecta-
dos e fatores meteorológicos, tais como, a pouca ocorrência
de precipitação pluviométrica, visto que nos meses aos quais
se observam os maiores registros de focos são os mesmos que
registraram os menores índices pluviométricos.

121
Triangulação em saúde e segurança do trabalho
Vol. 2

5. CONSIDERAÇÕES FINAIS

Conforme registros de incêndios encontrados na base de


dados do INPE e IBAMA observa-se que os focos de incêndios
têm se verificado com uma média de 16,3 ocorrências por ano.
Uma vez que foram observados grandes números de queimadas
na Floresta Nacional de Carajás, as ações de prevenção e com-
bate aos incêndios no local devem ser intensificadas para que
haja uma redução nos índices de incêndios florestais.
A análise do regime pluviométrico feita para a região con-
tribuiu para corroborar com a afirmativa da existência de duas
estações climáticas definidas, sendo uma de novembro a março
(úmida) e a outra de abril a outubro (seca). Em todos os anos
analisados, houve prevalência de aumento de focos de calor em
período de estiagem, com alta intensidade de focos nos meses
de julho, agosto e setembro. Por fim, concluiu-se que a apli-
cabilidade de monitoramento via satélite, tornasse importante
forma de identificação de focos de calor distribuídos em deter-
minadas áreas.
O grande número de incêndios causados foi de natureza
humana com 92% das causas dentre as quais está na sua maior
parte a limpeza de pastagem, motivo provável pela falta de eq-
uipamentos adequados para realização de queimadas, além de
desconhecerem as técnicas especificas de controle do fogo.
Portanto, o resultado deste trabalho é essencial para o di-
recionamento de ações futuras para a elaboração de um plano
de prevenção e combate de incêndios florestais na Floresta Na-
cional de Carajás

122
Fabio A. da S. Arruda

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Fabio A. da S. Arruda

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ica/index.php/BioBR/article/view/140 Acesso em: 15 de ago. 2019.

126
6

ANÁLISE DE RISCOS DE SAÚDE


E SEGURANÇA DO TRABALHO EM
LABORATÓRIOS

Ilmo Andreisson Marques Ribeiro

Especialista em Engenharia de Segurança do Trabalho pela


Universidade Estadual do Maranhão (UEMA); Pós-graduan-
do em MBA em Perícia, Auditoria e Gestão Ambiental; Ba-
charel em Engenharia Química pela Universidade Federal
do Maranhão (UFMA); Assessor Sênior, Engenheiro Quími-
co na Secretaria de Meio Ambiente e Recursos Naturais do
Maranhão; Auditor Interno da Qualidade; Vivência na área
de química ambiental e meio ambiente, energia e otimi-
zação computacional de processos químicos. Experiência
empresarial através da participação no Movimento Empre-
sa Júnior, com atuação na área de gestão de pessoas e
projetos.
Triangulação em saúde e segurança do trabalho
Vol. 2

RESUMO

L
aboratórios de ensino e pesquisa em universidades apresen-
tam diversos riscos aos estudantes, professores e técnicos
em suas atividades. Assim, é preciso elencar os riscos e atuar
em medidas de prevenção de acidentes, visando a manutenção
da saúde e segurança no trabalho. Este artigo teve como obje-
tivo avaliar 02 (dois) laboratórios utilizados para práticas de en-
sino e pesquisa dos cursos do Centro de Ciências Exatas e Tec-
nológicas da Universidade Federal do Maranhão - Campus São
Luís comparando-os com as normas e legislações de segurança
do trabalho. O uso da Análise Preliminar de Risco – APR sub-
sidiou a identificação de deficiências em relação a sinalização,
infraestrutura, materiais, equipamentos de proteção individuais
e coletivas e a proposição de medidas de controle.

Palavra-Chave: Segurança do Trabalho, Análise Prelimi-


nar de Risco, Laboratórios.

128
Fabio A. da S. Arruda

1. INTRODUÇÃO

As normas regulamentadoras (NR), relativas à segurança


e medicina do trabalho, são de observância obrigatória pelas
empresas privadas e públicas e pelos órgãos públicos de admin-
istração direta e indireta, bem como pelos órgãos dos poderes
legislativos e judiciários, que possuam empregados regidos pela
Consolidação das Leis Trabalhistas (CLT).
Aliado aos aspectos legais, a educação permite o indivíduo
assimilar práticas de prevenção a garantir o controle de situ-
ações potenciais de danos à saúde. Diversas ferramentas esta-
belecidas pela segurança do trabalho podem ser utilizadas para
o controle eficiente dos riscos existentes no ambiente de tra-
balho mediante descrição sucinta destes ambientes, evitando
situações adversas que podem acarretar prejuízos aos indivídu-
os e às organizações.
As Instituições de Ensino Superior (IES) no Brasil são de-
sprovidas de programas de desenvolvimento aplicado à segu-
rança do trabalho. Em diversas atividades, como os laboratórios,
apresentam alto risco seja por um reagente químico, incêndio,
eletricidade ou imperícia do próprio usuário, causando danos
materiais ou acidentes pessoais.
Professores, técnicos e estudantes que frequentam os
laboratórios, pelo fato de estarem em uma IES, um ambiente
aparentemente inofensivo, esquecem que toda atividade pos-
sui seus riscos inerentes e que medidas de prevenção e gestão
devem ser adotadas para preservação da saúde e segurança
do trabalho. Agrava-se este quadro, quando a maior parte dos
frequentadores desses locais são alunos e estes não possuem
vínculo empregatício nas universidades, eximindo da respons-
abilidade trabalhista pela IES.
Desse modo, é essencial que esses riscos sejam avalia-
dos e diagnosticados a fim de tornar o ambiente mais seguro.
Além disso, a avaliação dos riscos laboratoriais proporciona in-
formação aos trabalhadores e estudantes os possíveis riscos ex-

129
Triangulação em saúde e segurança do trabalho
Vol. 2
istentes e fomentam a participação e consciência preventiva e
mitigatória dos possíveis riscos.
A implantação dessas ações, visando o gerenciamento da
segurança nos locais de trabalho e ensino, promove a saúde
da comunidade acadêmica em geral. Ações essas que refletirão
em modo positivo para a formação dos estudantes e de grande
valor às empresas em que os profissionais ali formados futura-
mente irão atuar.
Este trabalho tem como objetivo realizar análise completa
das condições de risco de saúde e segurança do trabalho no
laboratório de processos de engenharia química e laboratório
central analítica da Universidade Federal do Maranhão (UFMA).
Para delimitar o trabalho foi utilizada a ferramenta de
gestão de riscos APR, que consiste em uma técnica simples,
mas eficiente para mapear situações de riscos e atividades que
não dispõem de procedimentos formais.

2. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

2.1 Segurança do trabalho em laboratórios universi-


tários

Segurança do trabalho é o conjunto de medidas técnicas,


educacionais, médicas e psicológicas, empregadas para preve-
nir acidentes, quer eliminando as condições inseguras do am-
biente, quer instruindo ou convencendo as pessoas da implan-
tação de práticas preventivas (CHIAVENATO, 1999).
Para Cardella (2008) segurança é um estado que reduz
as possibilidades de aparecimentos de eventos causadores de
danos e perdas ao homem ou organização. Estes eventos co-
mumente chamados de acidentes, que são as ocorrências in-
desejáveis que paralisam um fluxo de atividades de pessoas ou
processos industriais.
Percebe-se que a segurança do trabalho apresenta viés

130
Fabio A. da S. Arruda

prevencionista que centra os cuidados com os riscos em que os


trabalhadores estão expostos e na correção dos atos inseguros
praticados pelo trabalhador.
Rangel et al., 2014 descreve:
Os laboratórios universitários são ambientes de
trabalho particulares em função de seus objetivos, que
são voltados para o ensino, pesquisa e extensão. Nestes
ambientes laboratoriais estão presentes máquinas,
equipamentos e produtos químicos, considerados
fatores de risco em potencial. A implementação de
normas e procedimentos de segurança para as práticas
de ensino em laboratórios de engenharia é medida
de grande importância, contribuindo para minimizar
ou eliminar os riscos que envolvem as atividades
laboratoriais, comprometendo a qualidade do ensino,
a saúde e o meio ambiente.
Conforme Novaes (1986), os trabalhadores e estudantes
nos laboratórios químicos estão expostos não só não só os aci-
dentes que podem causar mutilações, mas também a produtos
químicos provenientes dos reagentes nos processos analíticos,
inclusive com o uso de digestores e reatores frequentemente
encontrados em laboratórios.
Desse modo, é importante a aplicação de ferramentas que
avaliam o atual estado de segurança nos laboratórios e imple-
mentação das medidas recomendadas que atenuam ou mitigam
os fatores de risco em potencial danoso à saúde, visto que a não
implementação destas refletem em agravo à saúde e segurança
do trabalho à comunidade acadêmica.

2.2 Metodologias de análise de riscos

A noção de risco tem a ver com a possibilidade de perda


ou dano. Os riscos podem estar presentes na forma de sub-
stâncias químicas, agentes físicos e mecânicos, agentes biológi-
cos, inadequação ergonômica dos postos de trabalho ou, ainda,
em função das características da organização do trabalho e das
práticas de gerenciamento das empresas, como organizações
autoritárias que impedem a participação dos trabalhadores,

131
Triangulação em saúde e segurança do trabalho
Vol. 2
tarefas monótonas e repetitivas, ou ainda a discriminação nos
locais de trabalho em função do gênero ou raça. (PORTO, 2010)
Segundo a OHSAS 18001 (2007), perigo é toda fonte, situ-
ação ou ato com potencial para provocar danos humanos em
termos de lesão ou doença ou uma combinação destes. Ex-
emplos de situações perigosas são a exposição de um produto
químico, uma máquina rotativa, chão escorregadio, uma área
com alta exposição, entre outros.
O Perigo pode ser um produto químico, uma máquina ro-
tativa, uma superfície quente, um chão escorregadio, uma área
ruidosa, uma área com alta temperatura, área energizada, en-
tre outros. Todos esses casos representam situações potenciais
para acontecer uma lesão e/ou doença onde aumenta-se com a
exposição.
Segundo Canter (1989), o gerenciamento de riscos com-
preende a implementação das estratégias de controle e pre-
venção, que são definidas a partir da avaliação da tecnologia
de controle disponível, da análise de custos e dos benefícios,
da aceitabilidade dos riscos e dos fatores sociais e políticos en-
volvidos.
O processo de gerenciamento de riscos pode ser entendido
como a utilização dos recursos humanos, materiais, financeiros
e tecnológicos de forma preventiva com objetivo de evitar aci-
dentes que possam causar danos à saúde dos trabalhadores e
impactos ambientais, sendo necessário identificação dos riscos,
planejamento de ações de bloqueio, ações preventivas, con-
trole e monitoramento e análise crítica para melhoria continua
e aprendizado (CALIXTO, 2006). Assim, o gerenciamento de
riscos inicia-se na concepção do projeto por meio da identifi-
cação das possíveis condições inseguras, desvios de processos,
camadas de proteção, falhas únicas e combinadas e possíveis
efeitos dos danos oriundos por um acidente.
Desse modo, é justificado a necessidade de utilizar diversas
técnicas de análise de riscos nas diversas fases do empreendi-
mento que são constituídas desde a geração da ideia do projeto
até a sua entrada em operação e por fim sua desativação (CA-
LIXTO, 2006).

132
Fabio A. da S. Arruda

Para realizar esta identificação de perigos e riscos, necessi-


ta-se utilizar técnicas, tais como Análise Preliminar de Riscos e/
ou o HAZOP (CARDELLA, 2008).

2.3 Análise preliminar de riscos (APR)

Para Scaldelai et al. (2011) a análise preliminar de riscos


tem por foco antecipar acontecimentos e situações que possam
colocar os colaboradores em risco, ou levar a ocorrência de aci-
dentes. Na APR são relacionadas possíveis ocorrências de riscos
e quais as medidas de controle que devem ser implementadas
para a não concretização destes riscos. Além disso, a APR deve
ser realizada para qualquer atividade que envolva eletricidade,
trabalhos em altura, atividades de corte a quente e soldagem,
espaço confinado e atividades que não possuam procedimentos.
Conforme Cardella (2008) a APR é uma técnica utilizada
para expressar os perigos e analisar os riscos, bem como men-
cionar as possíveis consequências dos riscos e as medidas de
controle que devem ser implementadas. De uma forma geral a
APR é a antecipação dos perigos, ela também é conhecida com
Análise Preliminar de Perigos – APP.
Para Scaldelai et al. (2011) a metodologia da APR deve ser
dividida em fases, conforme a Tabela 01.
FASE DESCRIÇÃO
Levantamento dos riscos: identificar, no local em que
1ª será realizado o trabalho, todas as condições que possam
contribuir para a ocorrência do acidente.

Ordenação dos riscos: estabelecer ligações entre os riscos



e o trabalho a ser realizado.

Implantação de medidas preventivas: a prioridade nesta


fase é propor o maior número possível de ações corretivas,

favorecendo a eliminação de todos os riscos e condições
inseguras avaliadas.

133
Triangulação em saúde e segurança do trabalho
Vol. 2
Priorizar e acompanhar a implantação das medidas
propostas: o grupo deve escolher a ordem com que
serão adotadas as medidas propostas. Para priorizar a
implantação das medidas, é importante que haja uma
avaliação das mesmas. Esta avaliação deve obedecer aos
seguintes critérios

• Que a medida tenha sua eficácia por longo


tempo;

• Que não se crie um novo risco;


4ª • Que não se imponham grandes mudanças
nas rotinas;

• Que possibilite a generalização e que possa


ser aplicada em outras áreas de trabalho;

• Que o custo seja viável;

• Que o prazo de implantação seja


determinado;

• Que a medida preventiva esteja em


conformidade com a lei.
Tabela 01 – Metodologia de uma Análise Preliminar de Riscos

Fonte: Adaptado de SCALDELAI et al. (2011)

Para Cardella (2008) existe uma metodologia para a elabo-


ração da APR, conforme descrito na Tabela 02, e um formulário
próprio de fácil compreensão.

Passo Descrição
Descrever o objeto de estudo fazendo a subdivisão
que se julgar adequado. Se o objeto é um processo,
estabelecer o diagrama de funções e analisar cada
1 passo. Numa viagem, por exemplo, é possível analisar
as etapas: deslocamento de casa ao aeroporto,
transporte aéreo, deslocamento do aeroporto ao hotel,
instalação no hotel.
2 Selecionar um elemento do objeto.

134
Fabio A. da S. Arruda

Selecionar um evento perigoso ou indesejável. Exemplo:


Na fase de deslocamento de casa para o aeroporto
3
poderá ocorrer um evento indesejável, ou seja, atrasa-
se.
Identificar as consequências do evento. Exemplo:
4
Quebra do táxi, sair atrasado, trânsito congestionado.

Estabelecer medidas de controle de risco e de controle


de emergência. Exemplos: Fazer uma lista de verificação
5 para evitar esquecimentos, sair com boa antecedência
e selecionar um táxi de qualidade. Utilizar um táxi com
rádio para a rápida substituição em caso de defeito.

6 Repetir o processo para outros eventos perigosos.


Selecionar outro elemento do objeto e repetir o
7
processo.
Tabela 02 – Metodologia para aplicação da APR

Fonte: Adaptado de CARDELLA (2008)

Conforme Amorim (2010), os resultados obtidos na Análise


Preliminar de Riscos devem ser registrados em uma planilha,
conforme Figura 01, na qual, para cada etapa do processo, de-
terminam os riscos, as causas, controles existentes, efeitos e
medidas corretivas e preventivas.

Análise Preliminar de Riscos (APR)


Empresa: Data:
Unidade de Análise:
Equipe (Nome/Área):
Efeito para
Descrição da Controles Ação Nova Nova Novo #
Situação de Risco Saúde e Freq Sev Risco
Situação de Risco Existentes recomendada Freq Sev Risco Cenário
Segurança

Figura 01 – Planilha modelo de APR

Fonte: Adaptado de ARRUDA (2018)

Após a obtenção dos resultados na Análise Preliminar de


Riscos, cada atividade de acidente foi classificada em uma cate-
goria de frequência (Freq), a qual indica a frequência que cada
atividade pode ocorrer, conforme apresentada na Figur­­a 02.

135
Triangulação em saúde e segurança do trabalho
Vol. 2

Figura 02 – Categorias de Probabilidade de Causa

Fonte: Adaptado de ARRUDA (2018)

As atividades foram classificadas em categorias de severi-


dade (leve, moderada, grave, crítica, catastrófica) fornecendo
uma indicação qualitativa de grau das consequências de cada
uma. Após determinar-se a frequência e a severidade do risco,
combinou-se as duas e obteve-se a categoria de risco (R) at-
ravés na Figura 03.

Figura 03 – Matriz de risco

Fonte: Adaptado de ARRUDA (2018)

136
Fabio A. da S. Arruda

De posse com a categoria de risco (R), utilizou a Figura


03, tabela de versão adaptada do modelo utilizado por Arruda
(2018), onde “Freq” é frequência e “Sev” é severidade para
apresentar comparativos dos riscos pré-medidas e pós-medi-
das, sendo possível a visualização das melhorias obtidas.

3. MÉTODO

O presente trabalho classifica-se como de natureza aplica-


da. Em relação aos seus objetivos, se trata de um estudo com
característica descritiva, pois está dentro de uma abordagem
quali-quantitativa, na qual há levantamento de dados. Em um
primeiro momento, foram realizadas revisões bibliográficas so-
bre Análise Preliminar de Risco (APR), buscando compreender e
aplicar o método.
Posteriormente, analisou-se as atividades laboratoriais
desempenhadas nos Laboratórios de Processos de Engenharia
Química e Central Analítica, na Universidade Federal do Mara-
nhão, e realizou-se uma APR, sendo o modelo utilizado adap-
tado por Arruda (2018) conforme apresentado na Figura 01,
para verificação do grau de risco da atividade. Após essa etapa,
aplicou-se a metodologia adaptado por Scaldelai et al. (2011)
referente a melhoria da segurança do ambiente. Em seguida
foi executada uma nova Análise Preliminar de Risco para verifi-
cação do novo grau de risco.

4. RESULTADOS E DISCUSSÃO

4.1 Análise de riscos no Laboratório de Processos de


Engenharia Química

A coleta de dados ocorreu no dia 28 de agosto de 2019,


durante o período vespertino. O laboratório está instalado no
Centro de Ciências Exatas e Tecnologias (CCET) da Universi-

137
Triangulação em saúde e segurança do trabalho
Vol. 2
dade Federal do Maranhão, em São Luís, Maranhão.
O Laboratório de Processos de Engenharia Química (LPEQ)
é utilizado para realização de aulas práticas das disciplinas de
Laboratório Aplicado a Engenharia Química I, II, III e IV para
o curso de Engenharia Química. No laboratório dispõe as se-
guintes unidades de práticas: trocadores de calor, bombas,
motores elétricos, reatores químicos, perda de carga em tubu-
lações, adsorção e extração de materiais em soluções (Figura
04).

Figura 04 - Visão geral do LPEQ, com ênfase na disposição de tomadas


aéreas.

Fonte: Autoria própria (2019)

O uso deste laboratório envolve a manipulação de produtos


químicos com uso de vidrarias, abordando titulações, reações
químicas, soluções químicas, aquecimento, entre outros.
Quanto aos equipamentos de proteção de combate a incên-
dio, o extintor de incêndio encontra-se no nível do piso, obstruí-
do por cadeiras e sem a devida sinalização de segurança (Figura
05). A sala do laboratório, bem como as demais dependências
do CCET não dispõe de hidrantes, iluminação de emergência e
sinalização de saída de emergência. Além disso, o forro de PVC
apresenta ameaça em caso de incêndio visto que o material é
combustível.

138
Fabio A. da S. Arruda

Figura 05 - Extintor de incêndio no chão e obstruído por cadeiras

Fonte: Autoria própria (2019)

O laboratório não fornece de modo regular equipamentos


de proteção individuais (EPI) aos estudantes e funcionários. Os
estudantes precisam levar o próprio jaleco para as práticas lab-
oratoriais e os funcionários precisam adquirir luvas e máscaras
para o exercício e segurança da profissão (Figura 06).

Figura 06 - Aula prática em curso

Fonte: Autoria própria (2019)

139
Triangulação em saúde e segurança do trabalho
Vol. 2

Quanto à instalação elétrica, o principal agravante é a dis-


posição de tomadas aéreas no local e de uso geral (TUG) em
vez de tomadas industriais devido à alta potência requerida pe-
los equipamentos. Apenas a unidade experimental “Trocador
de calor de placas” possui tomada industrial (Figura 07). Além
disso, não há procedimento padrão de registro de inspeção de
máquinas e equipamentos.

Figura 07 - Tomada industrial do trocador de calor de placas

Fonte: Autoria própria (2019)

Os produtos químicos são armazenados armário próprio


(Figura 08) e as soluções em frascos sem identificação legível,
concentração, fator estequiométrico e data de preparação e val-
idade. Não há a Ficha de Recomendação de Segurança do Pro-
duto Químico – FISPQ disponível no laboratório.

140
Fabio A. da S. Arruda

Figura 08 - Local de armazenamento de produtos químicos

Fonte: Autoria própria (2019)

A capela está de acordo com as recomendações de segu-


rança química, pois possui sistema de fechamento completo e
a saída do exaustor encontra-se fora do ambiente de trabalho.
Recomenda-se apenas que não sejam utilizadas para armaze-
nar vidrarias ou demais soluções. (Figura 09).

Figura 09 - Capela de exaustão com vidrarias

Fonte: Autoria própria (2019)

141
Triangulação em saúde e segurança do trabalho
Vol. 2

Os resultados da análise preliminar de risco – listados no


quadro a seguir mostram os riscos e o seu nível encontrado no
laboratório.
Análise Preliminar de Riscos (APR)
Empresa: Universidade Federal do Maranhão Data: 28/08/2019
Unidade de Análise: Laboratório de Processos de Engenharia Química
Equipe (Nome/Área): Ilmo Andreisson Marques Ribeiro Referência:

Efeito para
Descrição da Controles Ação Nova Nova Novo #
Situação de Risco Saúde e Freq Sev Risco
Situação de Risco Existentes recomendada Freq Sev Risco Cenário
Segurança

Ventilação
adequada,
isolamento da fonte
Temperatura elevada de calor, utilização
Queimadura de
da superfície externa Nenhum 8 4 32 de equipamentos de 3 4 12 1
primeiro grau
do banho térmico proteção individual
(p.ex. luvas
revestidas com
Contato com superfícies material isolante),
quentes

Aterramento elétrico
Ausência de da bomba e
aterramento elétrico Nenhum Choque elétrico 5 16 80 adequação do 2 16 32 2
em bomba sistema elétrico do
laboratório

Contato com superfície


energizada

Descarte das
Luva de
Limpeza de vidrarias vidrarias avariadas e
procedimento, Cortes na mão 13 2 26 8 2 16 3
avariadas substituição por
jaleco
novas vidrarias

Contato com superfícies


cortantes

Quadro 1 - Análise Preliminar de Risco do LPEQ

Fonte: Autoria própria (2019)

142
Fabio A. da S. Arruda

Análise Preliminar de Riscos (APR)


Empresa: Universidade Federal do Maranhão Data: 28/08/2019
Unidade de Análise: Laboratório de Processos de Engenharia Química
Equipe (Nome/Área): Ilmo Andreisson Marques Ribeiro Referência:
Efeito para
Descrição da Controles Ação Nova Nova Novo #
Situação de Risco Saúde e Freq Sev Risco
Situação de Risco Existentes recomendada Freq Sev Risco Cenário
Segurança

O técnico ou Retirada das


estudante pode tomadas aéreas e
Cortes,
colidir com o Nenhum 13 2 26 readequação para 2 2 4 4
contusões
equipamentos e com um sistema elétrico
as tomadas aéreas subterrâneo
Contato com partes fixas
de estruturas e
equipamentos

Ao operar unidades
de processo, o
Perda auditiva,
técnico está exposto Uso de protetor
Nenhum tonturas, 8 4 32 8 2 16 5
ao ruídos emitidos auricular
cefaleia
por bombas e
compressores

Emissão de ruídos pela


bomba

Instalação de filtro no
Ao operar a unidade
orifício de saída do
de leito fluidizado, o Ventilação Doenças
8 4 32 leito fluidizado; Uso 5 4 20 6
técnico pode aspirar natural (janelas) pulmonares
de máscara
partículas de sílica
respiratória

Exposição a poeira

Quadro 1 - Análise Preliminar de Risco do LPEQ (continuação)

Fonte: Autoria própria (2019)

143
Triangulação em saúde e segurança do trabalho
Vol. 2

Análise Preliminar de Riscos (APR)


Empresa: Universidade Federal do Maranhão Data: 28/08/2019
Unidade de Análise: Laboratório de Processos de Engenharia Química
Equipe (Nome/Área): Ilmo Andreisson Marques Ribeiro Referência:
Efeito para
Descrição da Controles Ação Nova Nova Novo #
Situação de Risco Saúde e Freq Sev Risco
Situação de Risco Existentes recomendada Freq Sev Risco Cenário
Segurança

Manter boa
iluminação no local.
O piso possui uma Contusão, Sinalizar o desnível
elevação de 5 cm em Inexistente hematomas, 5 2 10 com fita adesiva em 3 2 6 7
relação a outro piso fraturas cor chamativa
(amarela, por
exemplo)

Queda de mesmo nível

Rotulagem da
No preparo de Uso de EPI's
embalagem Confusão, dor
solução e uso desta adequados (jaleco,
com o nome do de cabeça,
no reator químico, o luvas, óculos de
componente febre, náusea,
técnico ou estudante 8 4 32 proteção, máscara). 3 2 6 8
químico sem a vomito, dor
pode entrar em Uso de capela de
concentração e abdominal,
contato com o azul laboratório para
data de diaforese
de metileno exaustão
fabricação
Contato com substância
tóxica

Ao descartar os
Uso de EPI's
produtos químicos, Confusão, dor
adequados (jaleco,
estes podem liberar de cabeça,
luvas, óculos de
vapores pelo febre, náusea,
Inexistente 8 4 32 proteção, máscara). 3 2 6 8
encanamento e vomito, dor
Colocação de bocal
contaminar o local abdominal,
no encanamento
onde o efluente é diaforese
para fechar o ralo
lançado
Ponto aberto de descarte
de produtos químicos

Quadro 1 - Análise Preliminar de Risco do LPEQ

Fonte: Autoria própria (2019)

Após a vistoria no local, percebeu-se 9 (nove) cenários


de risco que podem acarretar danos à saúde e segurança dos
usuários. Dentro dos cenários estudados, a maior deficiência
apresentada é relativa a estrutura e eletricidade onde estas
apresentaram maior nível de risco. Mediante a estes cenári-
os as recomendações propostas situam-se desde o uso devido
dos EPI’s (equipamentos de proteção individual) por parte dos
alunos, professores e técnicos até mudanças estruturais no lab-
oratório como a retirada de tomadas aéreas e manutenção de
boa iluminação e ventilação adequada.

4.2 Análise de riscos no laboratório Central Analítica

A coleta de dados ocorreu no dia 28 de agosto de 2019,

144
Fabio A. da S. Arruda

durante o período vespertino. O laboratório está instalado no


Centro de Ciências Exatas e Tecnologias (CCET) da Universi-
dade Federal do Maranhão, em São Luís, Maranhão.
A Central Analítica é um dos laboratórios que integram a
Central de Análises da Química (CAQ) e está localizado no Centro
de Ciências Exatas e Tecnologia da Universidade Federal do Ma-
ranhão (CCET). Ele atende aos programas internos de pesquisas
e desenvolvimento dos Departamentos de Química e Tecnologia
e à demanda externa de empresas estatais e privadas nas áreas
de Meio Ambiente, Forense, Alimentos e Combustíveis (Figura
10). Os principais equipamentos presentes no laboratório são
Cromatógrafo Líquido (Shimadzu); Espectrofotômetro Uv-vis
(Cary); Cromatógrafo Gasoso (Shimadzu); Espectrofotômetro
de Infravermelho (Shimadzu); Calorimetro de Varredura Dif-
erencial – DSC (Shimadzu); Espectrofotômetro de absorção
atômica (Varian), e ICP, equipamento que faz análise de traços
de metais.

Figura 10 – Visão geral do laboratório Central Analítica

Fonte: Autoria própria (2019)

Em modo similar ao anterior, o Laboratório Central Analítica


dispõe de aparato próprio para análise de metais, hidrocarbone-
tos e demais substâncias de interesse para as áreas abordadas
pelo setor.
Percebe-se que o duto de ventilação/exaustação e as linhas
de suprimento de gases industrias encontram-se inoperantes
no laboratório (Figuras 11 e 12). Conforme entrevista com os
técnicos químicos, que não desejam serem identificados, eles

145
Triangulação em saúde e segurança do trabalho
Vol. 2
geralmente recorrem ao uso de capela exaustora para a ren-
ovação do ar e uso de cilindros de gás disposto no mesmo ambi-
ente de trabalho (Figura 13) para uso do cromatógrafo gasoso,
espectrofotômetro de absorção atômica e ICP.

Figuras 11 e 12 - Duto de ventilação e linha de gases inoperantes

Fonte: Autoria própria (2019)

146
Fabio A. da S. Arruda

Figura 13 - Cilindro de nitrogênio presente no ambiente laboral

Fonte: Autoria própria (2019)

Quanto ao uso de EPI’s, a UFMA não os fornecem de modo


regular. Através de conversas com os funcionários, eles re-
lataram que sofrem zumbido e dor de cabeça ao final do dia,
principalmente quando a bomba do ICP está ativa. Desta forma,
é possível deduzir que a ausência de protetores auriculares e/
ou medidas atenuadoras de emissão de ruídos acarretam em
malefícios à saúde a curto prazo podendo gerar gravidade com
contato continuado à fonte de risco ao longo prazo.
Diferentemente ao LPEQ, os produtos químicos, bem como
as estantes e armários, são devidamente identificados com
nome e validade (Figura 14). O laboratório dispõe de FISPQ e
Procedimentos Operacionais Padrões aos pesquisadores.

147
Triangulação em saúde e segurança do trabalho
Vol. 2

Figura 14 - Bancadas com identificação

Fonte: Autoria própria (2019)

Os resultados da análise preliminar de risco – listados no


quadro a seguir mostram os riscos e o seu nível encontrado no
laboratório.
Análise Preliminar de Riscos (APR)
Empresa: Universidade Federal do Maranhão Data: 28/08/2019
Unidade de Análise: Laboratório Central Analítica
Equipe (Nome/Área): Ilmo Andreisson Marques Ribeiro Referência:

Efeito para
Descrição da Controles Nova Nova Novo #
Situação de Risco Saúde e Freq Sev Risco Ação recomendada
Situação de Risco Existentes Freq Sev Risco Cenário
Segurança

Dispor os cilindros em
local devidamente
Rotulagem da
ventilado, fora do
Presença de cilindros embalagem
ambiente laboral.
de gás no mesmo com o nome do Mal-estar,
Recuperação das
ambiente de trabalho componente desmaio,
5 8 40 linhas de gases 3 4 12 1
dos técnicos; Risco químico sem a asfixia; Cortes,
existentes no
de tombamento sobre concentração e contusões.
laboratório.
o trabalhador data de
Identificação legível da
fabricação
Emissão de gases e substância presente
vapores em cada linha de gás

Ao operar o
equipamento IPC, o Perda auditiva,
Uso de protetor
técnico está exposto Nenhum tonturas, 8 4 32 8 2 16 2
auricular
ao ruídos emitidos cefaleia
por bomba

Emissão de ruídos pela


bomba

Ao manuseio dos
equipamentos, o
adequação do sistema
técnico pode sofrer
Choque elétrico do
choque elétrico ou
Fita isolante elétrico; risco 5 16 80 equipamento ICP 2 16 32 3
gerar princípio de
de incêndio conforme normas
incêndio devido a
técnicas vigentes
precária ligação de
energia

Choque elétrico; incêndio

Quadro 2 - Análise Preliminar de Risco do Laboratório Central Analítica

Fonte: Autoria própria (2019)

148
Fabio A. da S. Arruda

Após a aplicação da metodologia da APR, detectou-se 3


(três) cenários em que configuram um nível de risco médio e
alto aos usuários. O maior risco é o choque elétrico proveniente
a precária ligação de energia do equipamento ICP à rede elétri-
ca inexistente. Mediante a este cenário e aos demais detect-
ados, foram propostas 3 (três) recomendações onde as mais
relevantes são a retirada dos cilindros de gás do laboratório e a
adequação da rede elétrica do laboratório.

5. CONSIDERAÇÕES FINAIS

Esta pesquisa possibilitou analisar as condições de risco de


saúde e segurança do trabalho em que os usuários (professores,
técnicos e estudantes) estão submetidos no laboratório de pro-
cessos de engenharia química e laboratório central analítica da
UFMA. Com isso, pode-se perceber a necessidade de implemen-
tação de medidas de controle propostas com vistas para elimi-
nação de fatores de risco e não conformidades ou minimização
destes a níveis toleráveis.
Para se atingir uma compreensão dessa realidade, defini-
ram-se dois objetivos específicos. O primeiro, de descrever as
principais atividades e riscos característicos dos laboratórios
químicos, demandou a aplicação da ferramenta APR in loco para
a caracterização e descrição de situações de riscos. Percebeu-se
que a maior deficiência apresentada é relativa a eletricidade e
estrutura, em especial à inoperação e/ou inexistência de equi-
pamentos de proteção coletiva nos dois laboratórios como siste-
ma de ventilação, lava-olhos e chuveiro de emergência, itens
fundamentais de segurança para ambientes com manuseio de
produtos químicos.
Após o levantamento dos riscos, recorreu-se à proposição
de ações que atenuam ou mitigam os riscos detectados nos
dois laboratórios. O procedimento atendia ao segundo objetivo
específico: propor recomendações de saúde e segurança do tra-
balho. Algumas medidas recomendadas foram a implementação
de sinalização de emergência nos ambientes, o uso devido dos
EPI’s por parte dos alunos, professores e técnicos e mudanças

149
Triangulação em saúde e segurança do trabalho
Vol. 2
estruturais nos laboratórios como a adequação da rede elétrica
e ventilação e disposição segura de produtos químicos.
Desta forma, os resultados obtidos apresentados aos pro-
fessores foram recebidos de forma satisfatória, servindo este
trabalho como norteador para a adequação dos espaços estu-
dados baseando em diretivas da saúde e segurança do trabalho.
Vale ressaltar que todos as informações são confidenciais e os
dados obtidos possuem finalidade exclusivamente acadêmica e
de publicação.
Em pesquisas futuras, pretende-se aplicar uma análise de
risco após a implementação das medidas recomendadas para
comprovação dos resultados obtidos.

REFERÊNCIAS

AMORIM, E. L. C. de. Ferramentas de Análise de Risco - Apostila do


curso de Engenharia Ambiental da Universidade Federal de Alagoas.
Maceió: CETEC, 2010

ARRUDA, Fabio A. da S. Apostila da Disciplina de Gerenciamento de


Riscos. São Luís: UEMA, 2018.

CALIXTO, Eduardo. Uma metodologia para gerenciamento de risco


em empreendimentos: Um estudo de caso na Indústria de petróleo.
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151
7

MAPEAMENTO E PADRONIZAÇÃO
DE FONTES DE ENERGIA PARA
EFETIVIDADE DO BLOQUEIO

Leonardo Sileiran Ramos Leite

Graduando do curso de Engenharia Elétrica; Formado em


Técnico em Segurança do Trabalho pelo SENAI; Atua há
mais de 10 anos na área de saúde e segurança do trabalho,
possui experiência na gestão de riscos para trabalhos em
sistemas elétricos onde coordenou por dois anos um grupo
técnico para adequação à NR 10 das instalações elétricas
nas Minas de Ferro Carajás; atualmente é representante
técnico na gestão dos procedimentos relacionados ao tra-
balho em sistemas elétricos e bloqueio e etiquetagem nas
Minas de Carajás da empresa Vale S/A.
Triangulação em saúde e segurança do trabalho
Vol. 2

RESUMO

C
om a evolução nas indústrias, reduziram-se as exposições
aos riscos de acidentes do trabalho durante as operações
de máquinas e equipamentos, uma vez que operam sem
precisar da força do homem. Porém, gerou-se um novo risco
relacionado à execução das atividades de manutenção por parte
dos empregados. Diante disso, as empresas precisam garan-
tir que máquinas ou equipamentos não entrem em operações
enquanto houver pessoas trabalhando. Para que isso ocorra, é
necessário conhecer todas as fontes de energia e como bloquear
cada uma delas, tarefa que parece bastante simples, afinal é
só desligar. Na prática não é tão claro assim, pois há muitas
variáveis que precisam ser estudadas, de modo a criar uma es-
tratégia robusta e garantir o estado de energia zero. O presente
estudo demonstrou que, sem um método bem desenvolvido, os
empegados ficam expostos tanto a fontes de energias perigosas
quanto sujeitos a algum acidente, materializando-se em uma
fatalidade.

Palavras-chave: Bloqueio e etiquetagem. Fontes de ener-


gias perigosas. Energia zero. Automação.

154
Fabio A. da S. Arruda

1. INTRODUÇÃO

A energia elétrica está presente em inúmeras atividades do


ser humano e tornou-se sinônimo de industrialização, progres-
so e conforto. O seu consumo nas indústrias e nos transportes
fornece, em termos práticos, a medida do grau de mecanização
e industrialização de um país, bem como o padrão de vida e de
desenvolvimento de sua população (MOTTA, 2008). Hoje, com
o domínio da ciência da eletricidade, o ser humano usufrui de
todos os seus benefícios.
Construídas as primeiras redes de energia elétrica, obteve-
-se várias vantagens, mas apareceram também vários proble-
mas de ordem operacional. Dentre eles, o que se considera mais
grave é o choque elétrico (SENAI, 2005). Outro problema que
surge é a partida inesperada no momento em que há pessoas
interagindo com máquinas e equipamentos.
No início, os trabalhos eram realizados exclusivamente pela
força humana ou animal. Depois vieram as primeiras máqui-
nas, que ainda necessitavam da forma humana para entrar em
operação, seja no maquinário a vapor ou de tecelagem. Com o
avanço da automação industrial, as máquinas e equipamentos
puderam entrar em operação de forma remota, bastando um
comando dado via computador, mesmo estando a quilômetros
de distância entre si.
Além de perdas intangíveis, o Brasil gasta, em média, R$
100 bilhões por ano com indenizações e tratamentos decorren-
tes de acidentes de trabalho. Somente o custo gerado pelos aci-
dentes entre trabalhadores de empresas com carteira assinada
que são notificados e identificados nas estatísticas oficiais, é es-
timado em cerca de R$ 70 bilhões (TRT, 2012). Embora não seja
possível identificar nos acidentes relatados quais estão ligados
à falha no processo de bloqueio e etiquetagem, as indústrias
conhecem o risco associado e precisam bloquear as fontes de
energias perigosas para garantir a segurança dos empregados.
O objetivo deste estudo, realizado na Usina de Tratamento

155
Triangulação em saúde e segurança do trabalho
Vol. 2
de Minério de Ferro em Carajás, é padronizar a execução do blo-
queio de máquinas e equipamentos, considerando todas as fon-
tes de energia associadas e a interferência dos equipamentos a
montante e a jusante. O bloqueio e etiquetagem das fontes de
energias perigosas é aplicado sempre que houver necessidade
de remover, mesmo que parcialmente, proteções de máquinas e
equipamentos. Ou quando o empregado coloca o corpo ou par-
tes do corpo próximo à zona perigosa de qualquer tipo de fonte
de energia: elétrica, mecânica, pneumática, hidráulica, térmica,
química etc.

2. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

2.1 Etapas da Revolução Industrial

O homem sempre buscou sustento através do seu trabalho,


desde quando este era totalmente executado pela sua força físi-
ca ou de animais. Em meados de 1760, tem início a primeira
Revolução Industrial, cuja característica principal é a mudança
nos processos produtivos. As primeiras máquinas são desen-
volvidas para as indústrias, com a tecelagem na vanguarda. A
Spinning Jenny foi uma das máquinas utilizadas nesta época
e, apesar de tornar o tear um processo mecanizado, ainda ne-
cessitava da força humana para que a máquina entrasse em
operação.

156
Fabio A. da S. Arruda

Figura 1- Spinning Jenny

Fonte: Mary Bellis (2019)

Já na segunda Revolução Industrial, a eletricidade, limitada


aos estudos dos físicos, passa a fazer parte dos processos in-
dustriais. Agora, as máquinas são capazes de entrar em opera-
ção por meio de comandos liga/desliga, tornando os processos
mais produtivos. Neste momento, o número de acidentes de
trabalho aumenta significativamente, em sua grande maioria
durante a intervenção em máquinas e equipamentos enquanto
estão em operação.
No filme “Tempos Modernos” (Modern Times, 1936) há uma
cena em que Charles Chaplin e outro operário estão realizando
uma manutenção e quando o equipamento começa a funcionar,
o operário fica dentro das engrenagens da máquina. Esta cena
é uma crítica às condições de trabalho e, caso acontecesse na

157
Triangulação em saúde e segurança do trabalho
Vol. 2
realidade, teria causado um acidente fatal. Nessa mesma épo-
ca, surgem em todo o mundo as primeiras regulamentações
para proteger a vida dos empregados.
Na terceira Revolução Industrial a automação começa
a fazer parte das indústrias. Até esse momento, os processos
eram praticamente todos mecanizados, sendo alguns semiauto-
máticos. Automação é diferente de mecanização. Esta consiste
simplesmente no uso de máquinas para realizar um trabalho,
substituindo assim o esforço físico do homem. Já a automação
possibilita executar o trabalho por meio de máquinas controla-
das automaticamente e, com ela, o risco de acidentes do tra-
balho devido à partida inesperada fica maior.

2.2 Normas trabalhistas relacionadas a bloqueio em


máquinas e equipamentos

Existem, atualmente, 35 Normas Regulamentadoras e,


dentre elas, destaca-se a NR – 12: Segurança no trabalho em
máquinas e equipamentos. No Brasil não há uma norma dedi-
cada exclusivamente ao bloqueio de máquinas e equipamentos.

2.2.1 NR - 12

Aprovada pela Portaria nº 3.214 de 8 de junho de 1978,


no seu artigo 12.1, estabelece que a norma regulamentadora e
seus anexos definem referências técnicas, princípios fundamen-
tais e medidas de controle nas fases de projeto e de utilização
de máquinas e equipamentos de todos os tipos, e ainda à sua
fabricação, importação, comercialização, exposição e cessão a
qualquer título, em todas as atividades econômicas.
Os artigos 12.11.3, 12.11.3.1 e 12.11.3.2, da NR-12, es-
tabelecem que:
12.11.3. A manutenção, inspeção, reparos, limpeza,
ajuste e outras intervenções que se fizerem
necessárias devem ser executadas por profissionais

158
Fabio A. da S. Arruda

capacitados, qualificados ou legalmente habilitados,


formalmente autorizados pelo empregador, com as
máquinas e equipamentos parados e adoção dos
seguintes procedimentos:
a) isolamento e descarga de todas as fontes de energia
das máquinas e equipamentos, de modo visível ou
facilmente identificável por meio dos dispositivos de
comando;
b) bloqueio mecânico e elétrico na posição “desligado”
ou “fechado” de todos os dispositivos de corte de
fontes de energia, a fim de impedir a reenergização,
e sinalização com cartão ou etiqueta de bloqueio
contendo o horário e a data do bloqueio, o motivo da
manutenção e o nome do responsável;
c) medidas que garantam que à jusante dos pontos
de corte de energia não exista possibilidade de gerar
risco de acidentes;
d) medidas adicionais de segurança, quando for
realizada manutenção, inspeção e reparos de
equipamentos ou máquinas sustentados somente por
sistemas hidráulicos e pneumáticos; e
e) sistemas de retenção com trava mecânica, para
evitar o movimento de retorno acidental de partes
basculadas ou articuladas abertas das máquinas e
equipamentos.

12.11.3.1. Para situações especiais de regulagem,


ajuste, limpeza, pesquisa de defeitos e inconformidades,
em que não seja possível o cumprimento das condições
estabelecidas no item 12.113, e em outras situações
que impliquem a redução do nível de segurança das
máquinas e equipamentos e houver necessidade de
acesso às zonas de perigo, deve ser possível selecionar
um modo de operação que:
a) torne inoperante o modo de comando automático;
b) permita a realização dos serviços com o uso de
dispositivo de acionamento de ação continuada
associado à redução da velocidade, ou dispositivos de
comando por movimento limitado;
c) impeça a mudança por trabalhadores não
autorizados;
d) a seleção corresponda a um único modo de
comando ou de funcionamento;
e) quando selecionado, tenha prioridade sobre todos
os outros sistemas de comando, com exceção da
parada de emergência; e
f) torne a seleção visível, clara e facilmente

159
Triangulação em saúde e segurança do trabalho
Vol. 2
identificável.

12.11.3.2. Ficam dispensadas do atendimento dos


subitens 12.11.3 e 12.11.3.1, as situações especiais
de manutenção, regulagem, ajuste, pesquisa de
defeitos e inconformidades que não ofereçam riscos
às pessoas envolvidas na realização destas atividades,
que não impliquem na redução do nível de segurança
e que não necessitem de acesso às zonas de perigo,
desde que executadas sob supervisão do empregador
ou pessoa por ele designada (NR-12).
.
2.2.2 Lei Nº 6.514, de 22 de dezembro de 1977

A referida lei altera o Capítulo V do Título II da Consoli-


dação das Leis do Trabalho, e traz modificações no que se refere
à segurança e medicina do trabalho (CORREA, 2011). Na seção
XI contempla-se três artigos, os quais abrangem a segurança
ao trabalhar com máquinas e equipamentos. O artigo 184 traz
o seguinte texto:
Art. 184 – As máquinas e os equipamentos deverão
ser dotados de dispositivos de partida e parada e
outros que se fizerem necessários para a prevenção
de acidentes do trabalho, especialmente quanto ao
risco de acionamento acidental. Parágrafo único –
É proibida a fabricação, a importação, a venda, a
locação e o uso de máquinas e equipamentos que não
atendam ao disposto neste artigo (BRASIL, 1977).

Já o artigo 185 determina que as intervenções de ma-


nutenção e ajustes da máquina sejam feitas com o equipamen-
to parado. Entretanto, diz sobre a necessidade de movimento
para alguns ajustes indispensáveis (BAHLS, 2013).
Art. 185 – Os reparos, limpeza e ajustes somente
poderão ser executados com as máquinas paradas,
salvo se o movimento for indispensável à realização
do ajuste.
Art. 186 – O Ministério do Trabalho estabelecerá
normas adicionais sobre proteção e medidas de
segurança na operação de máquinas e equipamentos,
especialmente quanto à proteção das partes móveis,

160
Fabio A. da S. Arruda

distância entre estas, vias de acesso às máquinas e


equipamentos de grandes dimensões, emprego de
ferramentas, sua adequação e medidas de proteção
exigidas quando motorizadas ou elétricas (BRASIL,
1977).

2.2.3 OSHA 1910.147 - The control of hazardous


energy (lockout/tagout)

A referida norma é a única destinada exclusivamente para


orientações de segurança no controle de energias perigosas. Ela
é aplicável nos Estados Unidos e utilizada como referência para
os fabricantes de dispositivos de bloqueio.

2.2.4 Requisitos internos

A Vale realizou um estudo para definir os processos com


maior risco de fatalidade e criou os RACs (Requisitos para Ativ-
idades Críticas). O quarto RAC, Bloqueio e etiquetagem, traz o
seguinte texto:
Aplicação
– Atividades em instalações, máquinas e equipamentos
em que seja necessário aplicar procedimentos de
bloqueio e etiquetagem, a fim de garantir o controle
do potencial de uma liberação de energia perigosa.

Requisitos para instalações e equipamentos


– As máquinas, equipamentos e instalações devem
permitir uso de dispositivos de bloqueio.
– Os dispositivos de bloqueio devem:
– Ser duráveis para o ambiente.
– Permitir uso de cadeado. Os cadeados devem ser de
chaves. É proibido o uso de cadeados de combinação.
– Ter integridade mecânica que não permita a sua
fácil violação.
– As etiquetas devem:
– Ser duráveis para o ambiente.
– Indicar o nome da pessoa, matrícula, área, telefone/
ramal e empresa.
– Indicar data, hora e razão do bloqueio.
– Seguir formato do procedimento local.

161
Triangulação em saúde e segurança do trabalho
Vol. 2
Requisitos para procedimentos
– Deve haver procedimentos locais para:
– Processo de bloqueio e etiquetagem (geral):
– Deve definir, no mínimo, responsabilidades, etapas,
formulários, passos no caso de mudanças, troca
de turnos, e critérios de exceção para retirada de
bloqueios.
– Cada máquina/equipamento:
– Deve contemplar, no mínimo, a identificação
das fontes de energia, pontos de bloqueio, passos
específicos, métodos de verificação e precauções
especiais. O teste de verificação de liberação de
energia residual deve ser realizado antes da realização
do serviço.
– Cada empregado deve instalar o seu cadeado
individual no dispositivo de bloqueio antes de iniciar
suas tarefas. É proibida a retirada do cadeado por
outros empregados.
– Nas ocasiões em que não for possível obter o estado
de energia zero um procedimento operacional de
segurança deve ser aprovado pelo gerente da área.
– É proibido danificar ou violar de qualquer forma
bloqueios aplicados em máquinas e equipamentos.
– No caso de perdas de chave ou ausência de algum
executante, devem ser aplicados os critérios de
exceção conforme procedimento local.
– As máquinas e equipamentos que sejam bloqueadas
devem ser verificados em termos de condições de
segurança antes do retorno às suas operações/
funcionalidades.

3. METODOLOGIA

Os procedimentos precisam fazer sentido aos executantes.


Estes precisam acreditar que irá ajudá-los a realizar a atividade
de forma mais efetiva. Portanto, todo estudo e implantação do
trabalho foram realizados por uma equipe multidisciplinar, com-
posta por empregados da operação, manutenção, elétrica, in-
strutores e SESMT.
O primeiro passo foi realizar uma pesquisa com os empre-
gados. Definiram-se seis perguntas para avaliar conhecimentos
importantes para o processo de bloqueio, sendo o mais rele-
vante se os empregados sabem o que bloquear, onde bloquear e

162
Fabio A. da S. Arruda

com quem tirar dúvidas sobre as fontes de energia envolvidas.


Para conseguir o mínimo de assertividade na pesquisa, uti-
lizou-se a equação 1.1 para determinar o tamanho da amostra.
Em função da ausência de estudos anteriores, adotou-se para
o valor de 0.5, que maximiza o valor da vadiança. Neste estudo
não há a intenção de alcançar uma alta precisão nas informa-
ções. Para tanto, adotou-se uma confiabilidade de 95% e uma
margem de erro de 7%. Aplicando esses valores na equação, o
resultado será uma amostragem de 196 pessoas.

A pesquisa foi realizada no período de 01/04/ 2017 à 30/05/


2017, nos postos de trabalho da Usina de Tratamento de Ferro
de Carajás. O pesquisador se direcionava ao local de trabalho,
apresentava o objetivo da pesquisa e os comandos das ques-
tões da pesquisa, visando à melhor compreensão. Posterior-
mente, distribuía os questionários, convidava os empregados
a responderem voluntariamente a pesquisa, que demorava em
média 10 minutos, não havendo necessidade de identificação.

4. RESULTADOS E DISCUSSÃO

4.1 Resultado da pesquisa e acompanhamento em


campo

O resultado da pesquisa demonstra que há um número el-


evado de empregados que trabalham sem portar o equipamen-
to bloqueado e com equipamentos que não possuem ponto para
instalação dos cadeados. Há um pequeno número de emprega-
dos que não conhecem todas as fontes de energias perigosas
nos equipamentos.

163
Triangulação em saúde e segurança do trabalho
Vol. 2

Pergunta Sim (%) Não (%)

Você já realizou alguma atividade sem realizar o bloqueio? 1,5 98,5

Você conhece todas as fontes de energia envolvidas nas suas


92 8
atividades?
Você busca informação sobre o que e onde bloquear em caso de
90 10
dúvidas? Se sim onde?

Todo equipamento possuir local para colocar o cadeado? 83 17

Você conhecer acidentes que aconteceram devido falta ou falha no


78 22
bloqueio?

Você já viu um colega realizar atividade sem bloquear 65 35

Figura 2- Dados da pesquisa

Fonte: Dados da pesquisa.

Tendo como base a pesquisa e o conhecimento de que o


processo de bloqueio não é tão simples e intuitivo, e com fim de
aprofundar o estudo, iniciou-se trabalho de acompanhamento
das grandes paradas para manutenção preventiva nas Usinas.
A equipe de engenharia sinalizou que as instalações possuem
vários tipos de energias perigosas em um único equipamento,
tais como: canhões de ar, sistemas hidráulicos, pneumáticos,
contrapeso de transportador, transportadores de correia inclina-
dos e energia elétrica. O local definido foi o subprocesso Brita-
gem Secundária e um transportador que possui canhão de ar.
Foi realizada uma análise prévia para identificar como de-
veria ser realizado o bloqueio nos equipamentos definidos. No
Britador deve ser bloqueado o equipamento a montante, a ju-
sante e o sistema hidráulico. No transportador, o equipamento
a montante e o sistema pneumático.
O regime de trabalho é em turnos de oito horas. Portanto,
em um dia, são três equipes trabalhando e uma folgando. As
manutenções preventivas acontecem mensalmente e, para ter
uma visão de como cada grupo de trabalho realiza os bloqueios,
foram dois meses de acompanhamento, de 08 às 17 horas.
Voltando à pesquisa, os empregados afirmaram saber

164
Fabio A. da S. Arruda

onde, o que bloquear e como tirar as dúvidas, porém, durante


o acompanhamento, os bloqueios aconteceram sem um padrão.
Na primeira preventiva em que foi realizado o acompanhamen-
to, havia três pessoas trabalhando na região de influência do
canhão de ar. Somente o transportador estava bloqueado e os
três executantes afirmavam que o acionamento de ambos está
interligado.
De fato, se bloquear o transportador, o canhão não entra
em funcionamento automaticamente. A frequência de disparo é
baseada no ciclo de operação do transportador, porém ele pode
ser acionado manualmente e, por este motivo, o canhão de ar
deve ser bloqueado. As demais equipes demonstraram não ter
esse conhecimento e, no britador, apenas uma equipe bloqueou
o equipamento a jusante. O conhecimento sobre o que e onde
bloquear era empírico, e divergia de equipe para equipe.
Em entrevistas, os empregados relataram que já haviam
presenciado atividades apertando somente a emergência dos
equipamentos. Esse tipo de desligamento não é caracterizado
como bloqueio efetivo.

4.2 Alinhamento de conceitos e revisão do fluxo do


procedimento de bloqueio

A observação em campo demonstrou que os conhecimen-


tos teóricos sobre bloqueio e etiquetagem não eram uniformes,
o que poderia influenciar no resultado da pesquisa. Pergunta-se,
então: quais outras condições similares existem em um proces-
so com mais de 3000 máquinas e equipamentos? Como cercar
todas as possibilidades de erro na definição dos bloqueios?
Ao analisar os processos, reuniram-se líderes, técnicos e
orientadores para conversar sobre bloqueio. Muitos conceitos
precisavam ser alinhados, desde o básico. O que é uma fonte
de energia perigosa? No exemplo de uma atividade de reparo
na correia, qual energia perigosa deve ser bloqueada? Todos re-
sponderam elétrica. A grande maioria dos bloqueios inicia com
o desligamento em uma subestação e isso induz ao erro. A en-

165
Triangulação em saúde e segurança do trabalho
Vol. 2
ergia perigosa liberada, neste caso, é a energia mecânica. Se
o transportador entrar em operação, o empregado pode, por
exemplo, cair em mesmo nível, nível diferente e pode ter um
membro preso entre as partes móveis. Porém, a fonte de ener-
gia bloqueada é elétrica.
Dessa reunião, um grupo de trabalho foi montado para atingir
todos os processos e subprocessos com uma reunião quinzenal,
que aconteceu no período de 01/08/2017 à 30/11/2017. Esses
encontros trouxe a definição de conceitos para construção do
procedimento, trazendo os alinhamentos apresentados a seguir.

4.2.1 Identificar as fontes de energia

Este foi o passo mais complexo do trabalho. Cada equi-


pamento é único e possui exposição às energias perigosas dif-
erentes, e o complexo Carajás é muito grande. Havia poucas
iniciativas para construção de uma matriz de bloqueio. Em 2011
houve uma ação para que as áreas de operação construíssem a
matriz de boqueio, que foi construída e gerou arquivo no forma-
to PDF com mais de 15 páginas, com menos de 30% de todas
as máquinas e equipamentos. O formato era bastante simples
e não falava onde o empregado deveria bloquear. Estava como
anexo do procedimento de limpeza industrial. Na revisão de
2015 o anexo foi removido.

Figura 3 - Inventário de fontes de energia

Fonte: Vale (2015).

Percebeu-se que, devido à dificuldade de pesquisa e de não


possuir cópias controladas na área operacional, o inventário foi

166
Fabio A. da S. Arruda

perdendo espaço, caiu em desuso e poucas pessoas lembra-


vam-se dele.
Utilizando a linha de raciocínio do inventário existente, foi
criada uma planilha com a descrição do equipamento, TAG, eq-
uipamento a montante, equipamento a jusante, o que e onde
bloquear para cada fonte de energia. Identificou-se sete tipos
de fontes de energia: elétrica, mecânica, hidráulica, pneumáti-
ca, química, térmica e radioativa. A grande maioria dos bloque-
ios está ligada às fontes de energia elétrica e mecânica.
Optou-se por dividir todos os participantes das discussões
em grupos e cada um assumiu a responsabilidade de construir a
matriz de bloqueio de um subprocesso. A construção da matriz
iniciou-se em 01/02/2018, após a conclusão das reuniões do
grupo. Todo conhecimento adquirido ao longo das reuniões foi
fundamental. A matriz foi construída em seis meses e o resul-
tado foi uma matriz robusta, trazendo confiabilidade nas infor-
mações. O local para arquivamento foi padronizado, assim como
definiram os responsáveis para atualização das informações.

4.2.2 Definir dispositivos de bloqueio

Apesar de possuir muitas possibilidades de interação entre


fontes de energia e interface com outros equipamentos, não
há uma variação grande de modelos de equipamentos. Foram
padronizados os dispositivos para bloqueios de válvula esférica
e de registro, de disjuntores, garras multiplicadoras e caixas de
travamento.
A padronização que exigiu um estudo maior foi a definição
do padrão de cadeado. Há uma infinidade de tipos de cadeado e
aplicações: com corpo e haste de plástico, com corpo de plásti-
co e haste metálica, com corpo e haste metálica, com haste em
cabo de aço, com segredo, com chaves diferentes (somente
uma chave por cadeado), com chaves iguais (uma chave para
mais de um cadeado), chaves-mestra, chaves com cilindros de
quatro ou seis pinos, e com retenção da chave (chave só sai
quando o cadeado está fechado). Qual o mais aplicável para

167
Triangulação em saúde e segurança do trabalho
Vol. 2
processo estudado?
O tipo de cadeado traduz o nível de violação. Em um local
com uma maturidade muito alta em saúde e segurança, uma fita
hellerman com uma etiqueta é suficiente para que todos saibam
que naquele equipamento há alguém trabalhando. A cultura e a
robustez dos dispositivos são inversamente proporcionais. Em
uma cultura baixa em segurança, o nível de robustez dos con-
troles deve ser muito grande. Considerando os pontos citados,
a complexidade das operações e a quantidade de mudanças que
o estudo traz ao processo, foi definido que os cadeados devem:
• possuir corpo metálico ou plástico com haste metálica;
• possuir em corpo e haste de plástico somente quando
houver o risco de contato, compartes energizadas e em
áreas classificadas;
• possuir somente uma chave;
• possuir chaves com cilindro de seis pinos e;
• possuir retenção da chave.

4.2.3 Teste de energia zero

Depois que as energias foram desligadas e os dispositivos


de bloqueio foram fixados, é necessário confirmar o estado de
energia zero. Ponto que parece simples e intuitivo, bastando
apertar o comando de partida que fica próximo ao acionamento
do equipamento. No entanto, não é tão simples assim.
Nesta etapa, a equipe de automação industrial entrou para
o grupo. Trouxe os conceitos necessários para o total entendi-
mento das opções existentes, de modo a garantir o estado de
energia zero. São quatro modos disponíveis:
• modo automático: máquinas e equipamentos operam
conforme a
• programação pré-estabelecida, totalmente automática.
O homem apenas acompanha o andamento do proces-

168
Fabio A. da S. Arruda

so;
• modo central: todo controle de parada e partida das
máquinas e equipamentos acontece remotamente via
sala de controle. Em campo é realizada somente parada
de emergência;
• modo local: este modo permite o teste no comando liga/
desliga próximo ao acionamento das máquinas e equi-
pamentos, porém mantém todos os intertravamentos;
• modo manutenção: permite o teste no comando liga/
desliga próximo ao acionamento das máquinas e equi-
pamentos, e ocorre um by-pass nos intertravamentos,
exceto a botoeira para parada de emergência.
Para minimizar a probabilidade de erro durante a operação,
é colocado um grupo de equipamentos no mesmo bloco. Isso
garante a sequência correta de partida e de parada das máqui-
nas e equipamentos.
Ao analisar detalhadamente o processo, chegou-se à con-
clusão de que não seria possível padronizar um único modo
para teste de energia zero. A Figura 4 mostra os equipamentos
SI-01, AL01, PN01, SP01, BR01, TR01, TR02 e TR03. Todos es-
tão no mesmo bloco. Para ilustrar o impacto de cada modo de
operação, avaliou-se alguns cenários. O primeiro é uma ativi-
dade de troca de rolos no TR02, atividade que não requer blo-
queio dos equipamentos a montante e a jusante.
Se o TR02 for colocado em modo manutenção, todos os
equipamentos do bloco vão parar. Consequentemente, todos
subprocessos a montante também. O tempo total de retorno à
produção contínua pode levar mais de 35 minutos e, se realiza-
do sem o conhecimento de todos, pode levar a problemas de
comunicação entre equipes. Em modo local, os intertravamen-
tos estão ativos. Logo, para que o teste seja efetivo, o TR09
deve estar em operação, mesmo que sem estar transportando
material. A mesma atividade em uma manutenção preventiva
acontece com todo subprocesso parado. O modo local não é
efetivo, portanto deve ser utilizado o modo manutenção.
A condição menos comum é caso do TR04, ele está em um

169
Triangulação em saúde e segurança do trabalho
Vol. 2
bloco isolado. Por isso, sempre deve ser utilizado o modo ma-
nutenção.

Figura 4 - Árvore de equipamentos de uma britagem secundária

Fonte: Dados da pesquisa.

Após o estudo dos modos de operação dos equipamentos,


foi definido que o teste de energia zero deve ser realizado pela
equipe que opera máquinas e equipamentos. Estes conhecem
as particularidades e qual modo será mais efetivo em cada mo-
mento da operação.

4.2.4 Trocas de turno e equipes

Com as energias desligadas, o teste de confirmação de efe-


tividade e o dispositivo que impede que o equipamento possa
ser religado inesperadamente, surge a preocupação de como se
comportar em trocas de turno e equipes. Verificou-se que, no
método que estava sendo utilizado, os equipamentos ficavam
desbloqueados durante essa troca. A equipe que estava saindo
tirava todos os seus bloqueios e a equipe que entrava refazia-o,

170
Fabio A. da S. Arruda

gerando o risco de que algum equipamento entre em operação


com proteções removidas e até desmontados. Para solucionar
esse problema, foi criado o conceito de bloqueio primário e blo-
queio secundário.
Bloqueio primário: é o bloqueio do equipamento. Essa
etapa é conduzida pela equipe que opera as máquinas e equipa-
mentos, pois são os que mais conhecem os modos de operação
e suas interfaces. Na parede das subestações foram fixadas
caixas de bloqueio (Figura 5). Após o desligamento do equipa-
mento e do teste de energia zero, o operador coloca a chave do
cadeado que trava a fonte de energia dentro de uma das caixas
primárias e realiza o seu travamento com um segundo cadeado
e com a etiqueta de bloqueio. A chave do segundo cadeado é
direcionada para uma sala destinada a gerenciar todos os blo-
queios.

Figura 5: Caixas primárias

Fonte: Dados da pesquisa

Bloqueio secundário: após a equipe de operação re-


alizar o travamento da caixa primária, o líder da equipe de ma-
nutenção coloca um cadeado nas furações laterais dessa caixa
com seu cadeado, cartão de identificação individual e etiqueta
de bloqueio, contendo informações de quais equipamentos es-
tão bloqueados. Abre-se uma caixa de bloqueio que vai para o

171
Triangulação em saúde e segurança do trabalho
Vol. 2
local onde a equipe executará a atividade e cada executante
coloca seu cadeado de bloqueio com seu cartão de identificação
individual. O bloqueio secundário também é chamado de blo-
queio de grupo.

4.2.5 Outras fontes de energia

O trabalho mostrou que 95% dos bloqueios iniciam com


o desligamento de uma fonte de energia elétrica. Há muitos
equipamentos mecânicos, hidráulicos, pneumáticos etc., porém
são energias residuais e foram detalhadamente identificadas
na matriz de bloqueio. Além disso, foi definido que, nos
procedimentos de execução da manutenção, devem ser previstos
os meios para realizar e retirar a energia residual.

4.2.6 Procedimento de bloqueio

As informações anteriores trouxeram os itens críticos


identificados durante as reuniões do grupo de trabalho, mas
outros pontos foram tratados. Dentre eles, cita-se a padroni-
zação da etiqueta de bloqueio, cartões de identificação individ-
ual, responsabilidades, proibições e conceitos gerais. O proced-
imento foi publicado e o treinamento aconteceu no período de
01/07/2017 à 30/12/2017, atingido todos os níveis e áreas da
Usina de Tratamento de Minério de Ferro em Carajás.
A fim de garantir a transição segura entre os procedimen-
tos, a mudança aconteceu de forma gradativa. Iniciou-se com
realização de bloqueio em pontos específicos e, à medida que
os empregados ganhavam confiança, expandiam-se para as de-
mais áreas da Usina. A transição completa durou oito meses,
iniciando logo após a conclusão dos treinamentos.
Em paralelo, foram realizadas campanhas, momentos para
tirar dúvidas e vídeos explicando o passo a passo da execução
do bloqueio e etiquetagem. Dessa forma, as instruções ficaram
claras e com elementos audiovisuais.

172
Fabio A. da S. Arruda

Máquinas e equipamentos que não possuíam pontos de in-


stalação de cadeados foram mapeados, definindo-se a estraté-
gia para adequar todos, com elaboração de projeto e validação
de engenharia.

4.3 Matriz de bloqueio na Ordem de Manutenção

Três meses após a implantação, foi realizada uma aval-


iação do cumprimento de todos os passos do procedimento. A
avaliação mostrou que a matriz de bloqueio estava caindo em
desuso. As equipes não viam valor agregado, muitos confiavam
no conhecimento empírico dos empregados mais experientes e
não consultavam a matriz de bloqueio.
Após estudar as opções para torná-la mais usual, optou-se
por colocar a matriz de bloqueio nas Ordens de Manutenção.
Analisou-se todo passo a passo e conteúdo das ordens de ma-
nutenção, verificando-se que colocar a informação da matriz de
forma simples era o passo que levava muito tempo. O sistema
de abertura de OM utiliza o formato TXT e a matriz de bloque-
io em formato de planilha. Um especialista em planilhas, que
já havia trabalho na abertura de ordens de manutenção, criou
uma lista suspensa com todos os equipamentos e, subdivididos
pelos processos e subprocessos, ao selecionar o equipamento,
as informações da matriz de bloqueio aparecem em uma única
célula (Figura 6). O criador das OMs escolhe o equipamento na
lista suspensa, dá um click no botão copiar e cola no campo es-
pecífico do sistema de abertura da OM.

173
Triangulação em saúde e segurança do trabalho
Vol. 2

Figura 6: Busca de equipamento para bloqueio de fontes de energia

Fonte: Dados da pesquisa.

Estudou-se o tempo antes e depois. Dependendo da quan-


tidade de equipamento, podia levar mais de quatro minutos para
organizar as informações na OM. Com a utilização do sistema
criado, independentemente do equipamento, não durava mais
do que 15 segundos. Parece pouco, se for considerado apenas
um equipamento, porém, em uma única parada de manutenção
temos mais de 1000 OMs abertas.
O sistema de busca por ativo tornou o processo de pesqui-
sa e abertura de OM com as informações de bloqueio mais efe-
tivas. Os empregados em campo começaram a receber as infor-
mações necessárias para realizar o bloqueio de todas as fontes
de energia, em todas as atividades.
Após a criação da matriz nas ordens de manutenção, foi
realizado um acompanhamento e identificado a sua utilização
e o bloqueio de todas as fontes de energia de forma adequada.
Os empregados viram sentido na matriz, inclusive para redução
no tempo de preparação das atividades. Quando recebiam a or-
dem de manutenção, sabiam exatamente a quais subestações
deveriam ir e quais dispositivos de bloqueio precisariam levar
ao local de trabalho.

174
Fabio A. da S. Arruda

5. CONSIDERAÇÕES FINAIS

Acidente em máquinas e equipamento é um problema


concreto que deve ser tratado com seriedade, e as empresas
devem buscar as melhores práticas de mercado. As normas
brasileiras pedem que bloqueio e etiquetagem sejam realiza-
dos, porém não guiam para um processo robusto e eficaz.
O estudo conseguiu identificar quais as fragilidades ex-
istentes no processo de bloqueio e etiquetagem na Usina de
Tratamento de Minério em Carajás e, com um grupo de trabalho
multidisciplinar, definir as padronizações necessárias para miti-
gar as possibilidades de falhas. A matriz de bloqueio nas ordens
de manutenção trouxe a garantia de que todos os empregados
terão o conhecimento de todas as fontes de energias perigosas
as quais eles estão expostos, a interferências de outros equipa-
mentos e se há necessidade de liberar alguma energia residual.
Os procedimentos são controles administrativos sujeitos
à decisão das pessoas se irão ou não cumprir. Há a necessi-
dade de monitoramento constante para garantir seu cumpri-
mento na íntegra e, dessa forma, deve ser realizado trabalho
de acompanhamento contínuo em todas as fases: planejamen-
to, preparação e execução. Esporadicamente, foram identifica-
dos desvios na fase de planejamento. Em alguns momentos,
os planejadores pularam a etapa de inserir as informações de
bloqueio e etiquetagem na ordem de manutenção, e os exe-
cutantes que identificavam essa falha se recusavam a realizar a
atividade.
A segurança está diretamente ligada à redução da ex-
posição das pessoas às condições perigosas. A indústria 4.0 traz
novas possibilidades para automatização e monitoramento dos
processos, diminui a interface homem x máquinas e aumen-
ta a confiabilidade de máquinas e equipamentos. Neste caso,
investir na indústria 4.0 é fundamental em todas as fases das
indústrias e pode trazer ganhos significativos na automatização
do processo de bloqueio e etiquetagem. Dessa forma, a probab-
ilidade de erro será muito menor e os empregados estarão mais

175
Triangulação em saúde e segurança do trabalho
Vol. 2
seguros durante a realização das atividades.

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Fabio A. da S. Arruda

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177
8

UTILIZAÇÃO DA MATRIZ SWOT COMO


FERRAMENTA DE AVALIAÇÃO DE
SAÚDE E SEGURANÇA DO TRABALHO

Luís Carlos Sousa da Hora

Especialista em Engenharia de Segurança do Trabalho pela


Universidade Estadual do Maranhão (UEMA), Graduando
em Engenharia de Petróleo e Gás pelo Centro Universi-
tário Augusto Motta (UNISUAM), Graduando tambem em
Engenharia de Produção pela Universidade Ceuma (UNI-
CEUMA), Atuou como Engenheiro orçamentista, gerencia-
dor de projetos arquitetonicos na area da construção civil,
assim como em contratos de licitações com orgãos de es-
feras Municipais, Estaduais e Federais por uma empresa do
ramo da construção civil. Atualmente é Projetista de FTTH
em uma grande empresa do ramo de telecomunicações em
São Luis/MA.
Triangulação em saúde e segurança do trabalho
Vol. 2

RESUMO

O
setor da construção civil em geral é um dos maiores gera-
dores de empregos e tem um papel muito importante para
com a sociedade como um todo. É de suma importância
que todas as empresas do ramo da construção civil entendam e
melhorem as condições de saúde e segurança no trabalho para
o bem estar dos seus colaboradores e consequentemente tenha
um ganho na produtividade, com uma satisfação muito maior
de todos que estão envolvidos dentro dos processos da empre-
sa. Este artigo científico propõe analisar de uma forma ade-
quada e eficaz todos os quesitos de segurança e saúde de uma
construtora de médio porte localizada na cidade de São Luís, no
estado do Maranhão, através da aplicação dos conceitos da ma-
triz SWOT, que tem como princípio a análise de quatro pontos
com relação às situações que envolvem os assuntos relaciona-
dos à SST. Com o intuito de analisar, descrever e depois apontar
os pontos positivos e negativos do processo dentro da empresa,
afim de ter um parâmetro para melhoria dos pontos positivos e
atacar de forma a diminuir os pontos negativos para que a em-
presa tenha ganho não só na redução de acidentes assim como
o aumento da qualidade de vida e condições de trabalho dos co-
laboradores. E também, consequentemente, no crescimento da
empresa, pois uma empresa que se preocupa com tais questões
é melhor vista em toda a sociedade.

Palavras Chaves: Gestão da Qualidade, Matriz SWOT,


Saúde e Segurança do Trabalho.

180
Fabio A. da S. Arruda

1. INTRODUÇÃO

Com o avanço das cidades e o aumento no número de con-


struções em todo o país a indústria construtiva tornou-se um
dos mercados que mais crescem e empregam não só no Brasil,
mas em todo o mundo. A chegada de grandes eventos como
olimpíadas e copa do mundo, trouxe o aumento do número de
obras e o investimento em infraestrutura e construção como
uma realidade naciona.
O crescimento no número de empreendimentos no setor de
construção criou um alerta, pois segundo o Ministério do Tra-
balho e emprego (MTE), o Brasil ocupa a 4º posição no ranking
de acidentes e afastamentos de trabalho em todo o mundo e o
setor da construção civil é um dos principais responsáveis por
estes números alarmantes, com uma média de mais de 40 mil
afastamentos por ano.
Por este motivo o setor de saúde e segurança do trabalhador
(SST) é um setor de vital importância dentro do cenário da
construção civil e tem uma importância não só na saúde do
trabalhador, mas também na melhoria das condições laborati-
vas, evitando que a empresa possa ser penalizada pelos órgãos
fiscalizadores. É importante que seja empregada a cultura de
saúde e segurança dentro das instituições e que as suas práti-
cas não sejam vistas como obrigatoriedade somente, mas como
parte fundamental para o bom desempenho do trabalho e o bem
estar do trabalhador.
Com o mercado exigente em relação à qualidade, tanto dos
produtos quanto dos serviços que são utilizados, a inserção de
ferramentas que melhorem este fundamento é essencial para
manter a empresa competitiva e livre de acidentes, pois a gestão
da qualidade é parte integrante do setor de segurança e utili-
za-se de seus fundamentos na busca da melhoria continua das
condições de trabalho e consequentemente da qualidade do que
se está produzindo.
No primeiro momento procurou-se realizar uma revisão de

181
Triangulação em saúde e segurança do trabalho
Vol. 2
literatura acerca dos assuntos que envolvem a construção civil,
gestão da qualidade e a utilização dos parâmetros de qualidade
dentro do setor, assim como a utilização da ferramenta Ma-
triz SWOT como forma de analisar as condições de SST dentro
de uma construtora, afim de apontar os pontos fortes, fracos,
oportunidades e ameaças que a mesma corre dentro do setor.
Neste cenário aqui delineado, o presente estudo tem como
objetivo avaliar as atividades relacionadas ao setor de SST den-
tro de uma empresa do ramo da construção civil, localizada na
cidade de São Luís, de modo que os resultados apontem sug-
estões de melhorias na forma de execução dos serviços e con-
sequentemente obras mais seguras e produtivas.

2. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

2.1 A evolução da gestão da qualidade

Segundo Martinele (2009), o termo qualidade é utilizado a


muitos anos na história da humanidade e para compreende-lo
de uma forma mais abrangente é necessário acompanhar desde
os artesões do início do século, pois estes tinham um controle
intenso de toda a linha de produção, já que eles lidavam desde
o atendimento do cliente, realizava a produção dos produtos
sobre medidas para os mesmos, fazia a tratativa e colhia infor-
mações dos produtos feitos, fazendo as vezes do que conhece-
mos hoje como a pós venda.
O entendimento de qualidade tem dentro da sua história
a questão automobilística para caracterizar o conceito, já que
no final do século XIX a então montadora Panhard e Levassor,
realizava a montagem dos seus veículos de acordo com a ne-
cessidade que o cliente expressava, fazendo assim mais uma
pincelada no conceito qualidade desde então (PALADINI, 2005).
Nesse período todos os mecanismos passaram a ser divido,
onde ao contrário dos processos artesanais, cada funcionário
era responsável por um procedimento, tornando-o assim um

182
Fabio A. da S. Arruda

“especialista” na sua área. O produto geral finalizado era um


produto de melhor qualidade atestado principalmente pela aval-
iação constante de elaboração dos supervisores.
Posteriormente um novo modelo desenvolvido por Taylor,
através do conceito de administração cientifica, montava a di-
visão de trabalho em pequenas partes com uma maior repetição
durante a jornada de trabalho. Onde o trabalhador de classe
operacional passou por sua vez a seguir aquilo que era man-
dado e sendo inspecionado durante a realização das suas ativi-
dades, gerando um maior grau de responsabilidade a atividade
inspeção (SLACK, 2009).
Difundindo esse conceito de aperfeiçoamento e qualidade,
surge a organization for standartization popularmente conheci-
da pela sigla (ISO) que possui como objetivo principal aprovar
e desenvolver normas internacionais de padronização em todos
os campos técnicos. Visa-se, portanto, garantir a qualidade dos
procedimentos e processos bem como dos produtos e serviços.
De acordo com Martinele (2009), nos meados da década de
50 surgiu um novo conceito muito importante para o bom enten-
dimento da qualidade. Este conceito foi elaborado por Armand
Feigenbaun e tinha como premissa a abordagem da qualidade
desde a criação de um produto. Com uma ideia altamente revo-
lucionária, buscou-se envolver todos os colaboradores, os níveis
da organização e os clientes em métodos de apresentar técni-
cas que garantissem a maior qualidade do produto e serviço, e
esta tinha o nome de controle da qualidade total (TQC).

2.2 Sistemas de gestão de qualidade (SGQ) – NBR/


ISO 9001

Sobre o termo a NBR/ISO 9001:2005 (ABNT, 2000a) clas-


sifica gestão da qualidade como um conjunto de ações inte-
gradas com a finalidade de controlar, coordenar e gerenciar as
questões de qualidade dentro de uma determinada organização,
um conjunto de procedimentos que, de forma conjunta, visa es-
tabelecer uma série de processos dentro da mesma.

183
Triangulação em saúde e segurança do trabalho
Vol. 2
Qualidade portanto é a característica de um determinado
produto em atender as necessidades que seu consumidor al-
meja gerando um grau de satisfação maior de um produto não
deva apresentar defeitos. Podendo ser classificado como quali-
dade de conformação e qualidade de projeto.
Segundo Paladini (2004), a qualidade de projetos é aquela
na qual se impõe as características do tal produto ou serviço e
a qualidade de conformação que vem a contemplar a realização
dos produtos como um todo. Com tudo, entende-se que as duas
se complementam como ideia central.
Quando um sistema de gestão de qualidade é realizado
com excelência traz consigo diversos resultados positivos, já
que a visão dos processos fica muito bem definida com a mel-
horia na comunicação entre os colaboradores. Obtêm-se a maior
motivação em realizar até as mais simples atividades e como
consequência o funcionário se torna muito mais comprometido
com os objetivos da empresa e a relação empresa x consumidor
resulta em um produto com melhores propriedades.
De acordo com Ohashi (2004), o termo certificação de
qualidade é um conjunto de procedimentos que tem como ob-
jetivo validar um sistema de gestão de qualidade, iniciando o
desenvolvimento dos quesitos de qualidade da organização e
busca por sobrevivência e qualidade no meio do mercado tão
competitivo, através dos princípios da NBR ISSO 9001 de lider-
ança, foco no cliente, abordagem do processo, envolvimento de
pessoas no processo, abordagem sistêmica e baseada em fatos,
benefício mutuo junto aos fornecedores e a melhoria continua.
A NBR ISO 9001:2005 (ABNT, 2000b) tem dentro dos
princípios de SGQ a abordagem de busca constante em atender
as necessidades dos seus clientes visando sempre a superação
das suas expectativas, a forma de se ter uma boa liderança a
ponto de manter todos os envolvidos no processo com o direcio-
namento no mesmo objetivo, foco em realizar as atividades at-
ravés de métodos pré estabelecidos tendo desta forma produto
como um todo, fazendo com que ele seja mais eficiente.

184
Fabio A. da S. Arruda

A ISO 9001, é uma das normas mais conhecidas das 21


normas existentes ao redor de todo o mundo e a sua abordagem
abriu um leque de diversas teorias com assuntos como saúde e
segurança no trabalho, meio ambiente, sustentabilidade, gestão
de ativos. Tendo nos dias atuais, mais de 1 milhão de empresas
certificadas ao redor do planeta (SLACK, 2009).

2.3. Gestão da qualidade na construção civil

Quando se aborda o SGQ dentro da construção civil, são


utilizados parâmetros de qualidade efetivamente direcionados
ao conjunto de operações realizadas dentro dos seus processos
produtivos. Desta forma, todos os responsáveis pelo controle
da produção dentro do canteiro e fornecedores se valem das
informações para busca incessante da melhoria dos processos
produtivos.
A indústria da construção civil é um setor muito impor-
tante dentro da sociedade, seja por seu volume de inversão,
capital circulante, número de pessoas empregadas e envolvidas
no processo, na utilidade dos seus produtos, enfim, em uma
infinidade de questões. Desta forma, busca-se um produto de
qualidade tanto para o consumidor quanto para o construtor. A
busca pela qualidade tornou–se uma questão primordial para
os profissionais que atuam na área da construção civil como um
todo (FILHO, 2016).
A questão produção dentro do ambiente da construção civil
envolve diversos fatores, entre eles a aplicação dos materiais
e os componentes fora do canteiro de obras, o planejamento e
o projeto a ser realizado. O nível de satisfação do cliente que
receberá um produto oriundo dos sistemas de gestão da qual-
idade depende muito da qualidade no qual se realiza o plane-
jamento e projeto, pois estes podem dizer muito sobre um ex-
celente produto final.
De acordo com a NBR (15575), na qual se representa
tecnicamente as necessidades da sociedade Brasileira no que
se refere a aquisição de imóveis, estabelece responsabilidades

185
Triangulação em saúde e segurança do trabalho
Vol. 2
bem definidas no que diz respeito a construtores, incorpora-
dores, projetistas, fabricantes de materiais, entre outros. Sendo
ela uma norma altamente técnica, na qual se estabelece vári-
os parâmetros técnicos para diversos setores dentro das edifi-
cações, sendo elas verticais ou não. Verifica–se o desempenho
acústico, térmico, a durabilidade e a vida útil das construções.
Ou seja, ela direciona uma norma na qual uma edificação deve
se adequar ao consumidor final.
Para a consolidação de sistema de qualidade dentro de uma
empresa do ramo da construção civil, é necessário primeiro im-
plementar dentro do universo das pessoas envolvidas dentro do
processo. É preciso que todos entendam claramente o que está
sendo feito e o porquê. É necessário que empresa tenha uma
visão macro do porquê está realizando o SGQ, pois provavel-
mente encontrará alguns problemas para a sua implantação
dentro da organização devido ao impacto que a sua reestru-
turação vai trazer.
Para que o SGQ possa ser duradouro dentro da organização,
precisa ter uma percepção dos problemas que irão acontecer,
visando montar estratégias para agir sob e os possíveis garga-
los devido a implementação e analisar o exemplo de outras em-
presas do ramo da construção para entender onde os problemas
geralmente aparecem e se ter um foco maior a atacá-los.
Segundo Andrey (2007), durante uma pesquisa com relação
as dificuldades encontradas pelas empresas da área da con-
strução civil na implantação de um SGQ dentro da área estão os
pontos apontados no quadro a seguir:

Problemas com a falta de uma política


elaborada de treinamento dos colabora-
COMPETÊCIA, CONSCIEN-
dores. Um habito não existente dentro
TIZAÇÃO E TREINAMENTO
da área, principalmente na área de qual-
idade.

186
Fabio A. da S. Arruda

O não habito de registrar a transição de


INSPEÇÃO E MONITORAMEN- materiais, principalmente de uma forma
TO DOS MATERIAIS E SERVI- documentada, tendo assim a falta do
ÇOS controle mais exato das matérias utiliza-
das nas obras.

DISPOSITIVOS DE A falta de calibração dos equipamentos


MONITORAMENTO utilizados nas atividades de construção

Tudo o que envolve a parte burocrática


CONTROLE DOCUMENTAL dentro da empresa, como os documen-
tos de controle interno e externos
Quadro1: Quadro de dificuldades na implantação de um SGQ na construção
civil

Fonte: Adaptado, Andrey, 2007

2.4. Matriz SWOT como ferramenta da qualidade

Matriz SWOT e um termo que surgiu em meados da década


de 60 em instituições de ensino de administração que viram o
foco em analisar dentro de um segmento escolhido suas forças
e também as suas fraquezas e ter uma visão das possíveis opor-
tunidades dentro do foco do estudo assim como das ameaças ao
redor do que se está analisando. (FAGUNDES, 2010).
A palavra SWOT e de origem americana e o seu significa-
do vem da palavra força (strenghts), fraquezas (weaknesses),
Oportunidades (Opportunities) e ameaças (Threats) e a junção
com a palavra matriz com o intuito de levar uma facilitação de
enxergas as suas características que são amplas e aplicados em
diversos tipos de situações afim de busca de melhoria (OLIVEI-
RA,2007).
A técnica de análise SWOT foi iniciada na década de 60 na
faculdade de Stanford nos Estados Unidos, onde a Priore era
utilizada os dados das empresas de maior porte e que se desta-
cavam na época, com objetivo de entender e analisar a causa

187
Triangulação em saúde e segurança do trabalho
Vol. 2
da falha da empresa estudada e chamavam a técnica de estudo
de análise SOFT. E analisaram – as da seguinte forma “ o que
se e bom no presente é satisfatório e o que e bom no futuro é
uma oportunidade” onde em 1965, finalmente recebeu o nome
de matriz SWOT.
De acordo com Oliveira (2007), ao entender os princípios
da matriz e perceptível que ela se direciona em 4 pontos a ser-
em focados no estudo, que são o de visualizar, entender e apon-
tar os pontos fortes, pontos fracos oportunidades e ameaças ao
objeto no qual ele será aplicado. E analisa o ponto forte como
sendo algo de especial que a organização possua e que lhe do
certo grau de vantagem as outras ou uma facilidade em execu-
tar um serviço, já o ponto fraco como sendo algo que lhe pro-
porciona uma desvantagem naquilo que se está executando e
ambas sendo de variáveis controláveis e as oportunidades são
situações que lhe proporcionem ganhos ou vantagens em exe-
cutar algo e as ameaças como algo que possam atrapalhar, um
gargalo que se possui dentro do que está praticando e ambas
sendo de uma força ambiental incontrolável.

Nos dias de hoje e de grande valia, que uma instituição seja


ela de qualquer ramo de atuação, que se faça de utilizar de fer-
ramentas que agreguem a ela um Plus a mais dentro do cenário
de competição que o mercado oferece, ainda mais quando toda
e qualquer organização tem a busca incessante de crescimento
da qualidade dos seus produtos e serviços. Onde as ameaças
e oportunidades estão inseridas no ambiente externo da orga-
nização, enquanto as forças externas no ambiente interno da
mesma.

Segundo Jones (2011), a matriz em sua essência e divi-


dida da seguinte maneira:
Ambiente Externo
• Oportunidades - sendo aquelas ações externas que não
se possui o controle sobre elas e que são positivas aos
objetivos da organização;

188
Fabio A. da S. Arruda

• Ameaças – sendo aquelas ações externas que não se


possuem controle sobre elas e que acabam vindo como
ameaças aos objetivos dentro do que se propõe.
Ambiente Interno
• Forças – item que deve mostrar quais são os aspectos
mais forte da organização, assim como as bases que le-
vam estes ponto ser um diferencial positivo na aplicação
da matriz.
• Fraquezas – este ponto e aquele onde se tem um gar-
galo com relação aos seus concorrentes, e um ponto no
qual se deve identificar e trata – lo para que este seja
um ponto forte no futuro ou se minimize ao máximo
seus efeitos.
Ainda de acordo com Jones (2011), a análise dos pontos
fortes e fracos são de suma importância para a obtenção do
sucesso da aplicação de tal analise e fica subtendia os pontos de
entendimento do que se são pontos fortes e fracos explicando -
as da seguinte maneira:
Pontos fortes
• Funcionários bem treinados e motivados;
• Qualidade de produtos e serviços;
• Prioridade de atendimento para alguns clientes espe-
ciais;
• Informatização da empresa agrega muito
Pontos fracos
• Expansão da carteira de clientes;
• Perda de clientes para concorrentes;
• Relação humana com colaboradores;
• Falta de liderança

189
Triangulação em saúde e segurança do trabalho
Vol. 2
Quando se possui o entendimento dos pontos fortes e fra-
cos do local onde se trabalha ou do objeto que deseja analisar,
a empresa terá uma vantagem competitiva muito grande onde
pode se trabalhar para se potencializar os pontos fortes e fo-
car em diminuir os pontos fracos dentro da sua organização.
As ameaças e oportunidades acabam sendo juntos aos outros
pontos.

3. RESULTADOS E DISCUSSÃO

A empresa objeto desta pesquisa, fica localizada na região


da Península da Ponta da Areia, no município de São Luís, no
estado do Maranhão. A obra possui um tamanho total de 10.000
metros quadrados, em uma construção vertical de 15 pavimen-
tos e a empresa conta com mais de 100 funcionários, sendo 82
deles diretos. A obra foi iniciada em meados de 2017 e tem pre-
visão de término para o início de 2020.

Foto 01- Fachada da edificação objeto de estudo

Fonte: Dados da pesquisa

Logo no primeiro contato realizado dentro das dependên-


cias da empresa, visou-se analisar todo o sistema de SST ad-
otado pela mesma, buscando-se coletar dados para realização
dos levantamentos de forma correta e colher o máximo de in-
formações possíveis para os dados desta pesquisa. Foi realizada
uma análise do programa de prevenção de acidentes (PPRA) e
diálogos com os integrantes dos Serviço especializado em segu-

190
Fabio A. da S. Arruda

rança e em medicina do trabalho (SESMT).


Foi realizada a análise do dia-a-dia de trabalho dos colab-
oradores da empresa pelo período de 1 semana para entender
a rotina trabalhista, assim como possíveis queixas e possíveis
hábitos inseguros.
Ao passar este tempo dentro da empresa realizando análise
e coletando dados, pôde-se adquirir uma visão bem detalhada e
especifica dos pontos a serem relevantes para uma boa análise
SWOT, com o intuito de mostrar todos os pontos fortes, fracos,
oportunidades e ameaças acerca dos processos da construtora.
Foram analisados diversos pontos relacionados à cultura de
SST dentro da empresa, com intuito de apontar pontos relacio-
nados as 4 vertentes básicas interligados a uma análise SWOT
dentro dos princípios da boa saúde e segurança de todos os
envolvidos nos processos da empresa.
A matriz SWOT, foi realizada de modo a analisar os pon-
tos críticos e positivos inerente a saúde e segurança dos tra-
balhadores assim como a de identificar as possíveis oportuni-
dades de melhoria dos seus processos, afim de impactar o
desenvolvimento a curto e longo prazo, já que a construtora
possui 4 empreendimentos para ser entregues nos próximos 5
anos.

Foto 02 - Trabalhador exercendo trabalho em altura

Fonte: Dados da pesquisa

191
Triangulação em saúde e segurança do trabalho
Vol. 2

3.1. Análise SWOT da empresa

Figura 01 - Matriz SWOT da empresa da construção objeto de estudo

Fonte: Dados da pesquisa

192
Fabio A. da S. Arruda

3.1.1. Análise de forças

Conforme apresentado no quadro 02 acima, como força na


matriz SWOT de SST foram realizadas a seguinte constatações:

• PPRA bem elaborado


Constatou-se que o PPRA e um item de muita força dentro
da empresa, pois ele e bem elaborado, rico em detalhes iner-
entes a saúde e segurança dos trabalhadores e que aponta de
forma clara e concisa os riscos que o ambiente pode proporcio-
nar aos seus colaboradores. Deixando claro as ações a serem
tomadas paar diminuição dos riscos de acidentes, tornado o
ambiente bem seguro.

• Baixo número de acidentes


Analisou-se que outro ponto de força da empresa e número
baixo de acidentes graves a mais de 5 anos dentro da empresa,
que possui mais de 9 edificações construídas ao longo destes
anos. E deve ser abordado como um ponto positivo, temos a
construção civil como um dos setores que mais tem acidentes
e mortes dentro Brasil, e por isso este e um ponto que se deve
ser comemorado e apontado com um ponto de força dentro da
instituição.

• Técnica de SST
Analisou-se a atuação da técnica de saúde e segurança
do trabalho como outro ponto forte dentro da empresa. Ele e
bem eficaz em seu trabalho, realizando rondas constantes de
no máximo 1 em 1 hora, por todos os setores do canteiro tal
como realiza conversas rotineiras sobre a importância do uso
dos EPI´S e EPC´S aplicando advertências e punições quando
necessário.

193
Triangulação em saúde e segurança do trabalho
Vol. 2
O fato dela está dentro da empresa a mais de 6 anos e um
diferencial, pois tem a confiança da alta gerencia e também dos
engenheiros responsáveis, que não atrapalham as ações de se-
gurança realizadas por ela.

• CIPA atuante
Verificou-se que os membros da Comissão interna de pre-
venção de acidentes têm um papel muito importante em man-
ter uma rotina segura de seus colaboradores, realizando um
rodizio de inspeção entre o canteiro de obras e diálogos curtos
em campo, assim como espalhado em todo o canteiro assim
como a fiscalização dos itens de segurança que compõe o can-
teiro como um todo.
Uma ação bem legal analisa – da dentro do canteiro e o da
colocação dos mapas de risco em todos os lugares do canteiro
e banners com dizeres e referente a segurança com dizeres
como: “a nossa missão e a de fazer o seu ambiente de trabalho
o mais seguro e agradável possível” e “ O trabalho engrandece
o homem e a segurança engrandece a vida”.

3.1.2. Análise das fraquezas

Conforme apresentado no quadro 01, constatou – se as se-


guintes fraquezas na matriz SWOT de SST e foram destacados
os seguintes pontos:
• Presença do engenheiro de Segurança dentro do can-
teiro
Constatou-se que o engenheiro de segurança e saúde do
trabalho responsável pela obra não fica no canteiro, e este e um
ponto que pode causar dores de cabeças futuras. Pois apesar
da técnica ser muito eficiente, ela não possui um conhecimento
mais amplo do processo, visão essa que cabe a um engenheiro
de SST.
Apesar da empresa hoje contar com um número menor
que 100 de trabalhadores nos dias atuais, que foi o tempo de

194
Fabio A. da S. Arruda

analise deste trabalho, ela já teve um período de possuir 250


trabalhadores diretos trabalhando no canteiro sem a presença
do Engenheiro de Segurança responsável, o que e passível de
multa e sanções trabalhistas.

• Falta da ferramenta de dialogo semanal (DSS)


Constatou-se que um ponto de fraqueza da empresa com
relação aos assuntos inerentes a segurança e saúde do tra-
balhador são os diálogos semanais de segurança, que poderi-
am agregar de forma significativa no combate a pequenos aci-
dentes, os considerados não graves e também como forma de
internaliza as rotinas de segurança para com os trabalhadores.
A ponto deles enxergarem o ponto, não como uma obrigação,
mas como algo comum e rotineiro na vida laborativa deles.

• Diálogos de SST para a alta gerencia da construtora


Constatou – se que a alta gerencia não possui a rotina de
participação dos assuntos inerentes a saúde e segurança dos
trabalhadores, apesar de possuir uma equipe própria para isto
e importante que a alta gerencia participa de diálogos com os
responsáveis diretos pela SST dos colaboradores. Até para que
eles entendam a importância de um DSS dentro da rotina, afim
de não olhar o mesmo como um tempo de não trabalho, mas
como um ganho de conhecimento e de evitar prejuízos futuros
com um acidente ou doença.
Serve para trazer a alta gerencia para próximo aos colab-
oradores, e fazer enxergar os pontos de risco que a atividade
oferece e entender que atividades fora canteiro e execução de
serviço, servem também para ganho de produtividade e satis-
fação dos colaboradores.

• Não adoção do PCMSO


Constatou-se que a empresa não utiliza a ferramenta
PCMSO, que e o programa de controle médico e de saúde ocu-

195
Triangulação em saúde e segurança do trabalho
Vol. 2
pacional, pois foi constatado através de conversas informais
com os colaboradores que os exames periódicos acaba sendo um
ponto fraco dentro da empresa. A importância do programa e
que ele realiza o controle mais rígido com relação aos exames
ocupacionais dos colaboradores afim de evitar doenças ocasion-
adas por LER e DORT. Como escolioses e outras doenças ocupa-
cionais.
O programa e um diferencial positivo nas grandes organi-
zações e faria muito bem a construtora, não só pelo grau de ris-
co das atividades exercidas, mas para a satisfação e segurança
que o trabalhador exerce suas atividades laborativas.

3.1.3 Oportunidades

Com relação as oportunidades que a empresa possui como


um diferencial positivo para com os assuntos relacionados a or-
ganização, são:

• Estrutura da empresa
Verificou-se que a empresa possui uma ótima estrutura de
instalações, com auditório e sede ampla assim como um bom
aporte financeiro, e vive em constante crescimento, apesar da
queda que acometeu o setor, a empresa se manteve como a
única empresa do setor que se mantem em uma constante de
serviços.
Este fato e relevante para a empresa aproveitar a sua boa
visibilidade para atrair o que há de bom no setor, e se aproveit-
ar da estrutura para oferecer sempre o melhor nos aspectos de
saúde e segurança do trabalho.
Disponibilidades de Empresas na cidade disponível para
parcerias em SST

Constatou – se que a empresa não possui parceria com in-


stituições que agregariam muito a empresa para com os assun-

196
Fabio A. da S. Arruda

tos relacionados a SST. Empresas como o SESC e SENAI com


palestras e eventos sobre assuntos relacionados, instituições de
ensino técnico profissionalizantes e universidades que prestari-
am estagiários e profissionais para agregar para com a empresa.
Além de agregar aos aspectos direcionados aos assuntos de
saúde e segurança a parceria acaba aumentando a visibilidade
positiva das empresas para com a sociedade, tornando notório
a preocupação dela com os assuntos inerentes a SST.

• A utilização de software de gestão para a melhoria dos


procedimentos de SST
Constatou-se que a empresa não se utiliza da tecnologia
como ferramenta como forma de aumento da qualidade e isto
e um grande diferencial nas empresas que possuem uns níveis
próximo da perfeição com relação aos assuntos acerca da saúde
e segurança do trabalho. E essencial para um maior controle
das ações e atividades, tendo em vista que toda atividade que e
realizada de uma forma informatizada, tem uma resposta muito
melhor dos seus processos.
Existem softwares que lincam as atividades de controle de
saúde e segurança dos seus trabalhadores com o e- social, que
hoje em dia e uma das obrigações que as empresas precisam
prestar em todo o território nacional.

• Obter maior visibilidade e divulgar os resultados de SST


Analisou-se que a empresa não realiza divulgação dos seus
números de acidentes graves. A empresa tem números muito
bons dos aspectos de segurança do trabalho e estes não são
divulgados, e esse tema e muito pertinente para a boa visibili-
dade da empresa perante a sociedade como um todo.
Uma empresa que está a mais de 5 anos sem ocorrência de
acidentes graves, não pode deixar de celebrar e divulgar estes
números. Em tempos que o assunto e altamente difundido pela
sociedade e veículos de informação.

197
Triangulação em saúde e segurança do trabalho
Vol. 2
Este ponto deve ser divulgado e ser um motivo de orgulho
da empresa, que possui rede social ativa e pode fazer a divul-
gação dos seus resultados, para que a sociedade entenda que
a empresa possui valores de preocupação com a saúde e segu-
rança dos seus colaboradores.

3.1.4 Ameaças

Na matriz constatou-se alguns pontos de ameaças para


com os assuntos inerentes a SST dentro da empresa e os mes-
mos são citados a seguir:
• Riscos de multas e passivos trabalhistas pelo não aten-
dimento de itens de SST
Verificou-se que a empresa e muito atenta para com os
assuntos relacionados a SST, mas em alguns aspectos pode ser
penalizada. Como no início da sua obra não possuir um engen-
heiro de segurança, quando se possui mais de 200 trabalhadores
diretos. Como e evidenciado na NR4 com relação a obrigatorie-
dade do engenheiro de segurança nestas condições.
O Conselho regional de engenharia (CREA) e o Ministério
do Trabalho e emprego (MTE) são órgãos que pegam pesado
com relação a estas questões, e uma notificação junto a estes
órgãos não e uma boa para qualquer instituição, e o cuidado
deve ser redobrado, pelo número de acidentes que existem na
categoria.

• Maior controle de exames e documentos após a obriga-


toriedade do e-Social
Constatou-se que a empresa não possui um controle rígido
com relação a exames periódicos e alguns assuntos inerentes a
obrigatoriedade exigida pelo e-Social. E preciso ser muito cuida-
do com os seguintes pontos:
• S-1060: Tabela de Ambientes de Trabalho;
• S-2210: Comunicação de Acidente de Trabalho (CAT);

198
Fabio A. da S. Arruda

• S-2220: Monitoramento de Saúde do Trabalhador;


• S-2221: Exame Toxicológico do Motorista Profissional;
• S-2245: Treinamentos e Capacitações
Estas são as informações de obrigatoriedade da empresa
referentes ao trabalhador e que são registradas periodicamente
no e – social. E foi um ponto no qual percebeu –se uma pequena
fragilidade da empresa.

• Competitividade
E fato que nos dias de hoje, a facilidade em acesso as infor-
mações facilitam muita a vida das pessoas. E por este motivo,
a concorrência se tornou ainda maior, pelo simples fato de se
colher informações com mais facilidade.
É de suma importância que a empresa, que possuem pou-
cos pontos a se ajustar, pense em faze – lós, antes que a con-
corrência utilize da fraqueza existente, para prejudicar de algu-
ma forma, uma empresa que está despontando no segmento a
mais de 5 anos.

4. CONSIDERAÇÕES FINAIS

Os postos de serviços de revenda varejista de combustíveis


automotivos possuem atividades e equipamentos específicos e
com grau de risco de incêndio ou explosão bastante elevados.
Neste sentido, os projetos de engenharia, que são documentos
capazes de certificar a segurança para instalações em geral e
que são requisitos para instalações especiais, como nosso obje-
to de estudo, tornam-se itens imprescindíveis para uma correta
implantação das instalações, sendo instrumentos de prevenção
de acidentes, quando executados de acordo com as normas es-
tabelecidas.
Desde o projeto inicial, é necessário considerar as medidas
que controlem os perigos de incêndio e/o explosão e para atender
à essa necessidade as normas, legislações e recomendações

199
Triangulação em saúde e segurança do trabalho
Vol. 2
técnicas devem ser cumpridas rigidamente. Esta pesquisa bus-
cou contribuir para os estudos da NR 20 voltados para os proje-
tos de engenharia em postos de combustíveis e a verificação do
seu efetivo cumprimento.
O objetivo da pesquisa era avaliar a implementação dos
requisitos da NR 20 para projetos de instalações de postos de
combustíveis localizados na cidade de São Luís no estado do
Maranhão. Concluímos que o objetivo foi atendido uma vez que
foi elaborado um instrumento de coleta de dados com o consol-
idado de 12 itens da NR 20 aplicáveis a projetos de engenha-
ria de postos de combustíveis, sendo que este instrumento foi
suficientemente capaz de possibilitar ao pesquisador analisar a
aplicabilidade dos itens em 5 postos de combustíveis na cidade
de São Luís, Maranhão, fornecendo informações relevantes so-
bre o nível de atendimento da legislação aplicável.
Os resultados desta pesquisa ao avaliar o ckeck list da
NR20 nos postos selecionados, sugerem que os postos de com-
bustíveis possuem pontos de atenção, pois apresentaram itens
parcialmente atendidos ou não atendidos. Os Postos 01 e 02
apresentaram um resultado de atendimento aos itens de 83%,
de atendimento parcial aos itens de 8% e de não atendimen-
to de 8%, enquanto os Postos 03, 04 e 05 apresentaram um
percentual maior de atendimento aos itens, de 92% e de não
atendimento de 8%.
Concluiu-se ao avaliar os resultados que os Postos 01 e
02 atendem parcialmente ao item de plantas, desenhos e es-
pecificações técnicas dos sistemas de segurança da instalação
e não atende ao item de identificação das áreas classificadas
da instalação, para efeito de especificação dos equipamentos
e instalações elétricas. Já os demais postos, 03, 04 e 05, não
atendem ao segundo item mencionado. Em todos os casos,
recomenda-se que sejam adequados os itens de acordo com a
Norma Regulamentadora a fim de melhor documentar e prote-
ger a integridade física das pessoas envolvidas nas atividades.
Os resultados da pesquisa exigem confidencialidade, porém o
pesquisador transmitiu aos representantes dos estabelecimen-
tos pesquisados as não conformidades detectadas e as orien-
tações a serem seguidas para sanar os pontos de oportunidades

200
Fabio A. da S. Arruda

quanto ao não atendimento à norma.


Esta pesquisa também tem uma contribuição secundária
importante, pois consta-se que o objeto de estudo desta pesqui-
sa possui um limitado referencial bibliográfico, deste modo este
estudo também servirá de fontes de dados para futuras pesqui-
sas relacionadas ao tema discutido.
A preocupação com a prevenção de acidentes do trabalho
deve estar nas pautas estratégicas de todos na empresa, pois
realizar gestão de saúde e segurança no trabalho é realizar
gestão de pessoas, principal ativo das organizações. Foi vis-
to nesta pesquisa que a NR 20 estabelece os critérios míni-
mos para garantia da segurança nas instalações de postos de
combustíveis e que são itens suficientemente capaz de conferir
maior proteção para os ativos e pessoas envolvidas no proces-
so. Desse modo, investir no atendimento da NR20 em postos de
combustíveis desde da fase de projeto de engenharia é investir
diretamente na prevenção de acidentes em todas as fases de
operação do negócio.

REFERÊNCIAS

ABNT. ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR ISSO


9001:2015 Sistemas de gestão da qualidade – Requisitos. Rio de Ja-
neiro: ABNT 2000 c.

ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. Edifícios habita-


cionais de até cinco pavimentos – Desempenho: NBR 15575, Rio de
Janeiro, 2008

JONES; Gareth; Jennifer. Fundamentos da administração contem-


porânea. 4º Ed. São Paulo: Bookman, 2011.

MARTINELLI, B.F. Gestão da Qualidade Total, 2009

PALADINI, E. P. Avaliação estratégica da qualidade. 2. ed. São Paulo:


Atlas, 2011.

SLAACK, CHAMBERS, JHONSTON; Administração da produção.3.ed.


São Paulo. Atlas, 2009.

201
Triangulação em saúde e segurança do trabalho
Vol. 2
FAGUNDES, R. A. “Matriz Swot” do Brasil. Disponível em: www.ad-
ministradores.com.br. Acesso em 08 de outubro de 2019

FILHO, H. R. P. A qualidade no setor da construção civil. Banas Qual-


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OHASHI, E.A.M.; MELHADO, S.B. A importância dos indicadores de


desempenho nas empresas construtoras e incorporadoras com certifi-
cação ISO 9001:2000 In: ENCONTRO NACIONAL DE TECNOLOGIA DO
AMBIENTE CONSTRUÍDO, X., 2004, São Paulo. Anais... Porto Alegre:
ANTAC, 2004.

OLIVEIRA. D.P.R. Planejamento estratégico: Conceitos, Metodologias


e Praticas. 23º Ed. São Paulo, 2007.

JONES, Gareth; GEORGE, Jennifer; Fundamentos da Administração


Contemporânea. 4ª Ed. São Paulo: Bookman, 2011.

OLIVEIRA, D.P.R. Planejamento Estratégico: conceitos, metodologia e


práticas. 23ª. Ed. São Paulo: Atlas, 2007.

202
9

ANÁLISE DE RISCO PARA ATIVIDADE DE


MOTORISTAS DE APLICATIVOS

Luis Gustavo Santana Barros

Especialista em Engenharia de Segurança do Trabalho pela


Universidade Estadual do Maranhão (UEMA). Bacharel em
Engenharia Mecânica pela Universidade Estadual do Mara-
nhão. Licenciatura em Matemática pelo Centro Universi-
tário Internacional (UNITER). Graduando em Engenharia
Civil pela Universidade CEUMA. Responsável Técnico e En-
genheiro Mecânico na empresa Itaúna Serviços e Constru-
ções LTDA em São Luis/MA.
Triangulação em saúde e segurança do trabalho
Vol. 2

RESUMO

E
ste trabalho analisa a problemática relacionada às condi-
ções de trabalho dos motoristas de aplicativos que sofre
com a exposição a diversos fatores que podem influenciar
na saúde dos trabalhadores, desde as condições sociais, eco-
nômicas e organizacionais até os fatores de riscos ambientais:
físicos, químicos e biológicos, organizacionais, ergonômicos e
mecânicos. Levando em consideração os riscos encontrados
nessa situação de trabalho e os possíveis prejuízos que podem
ser causados à saúde desses profissionais, foi realizada uma
Análise Preliminar do Risco para determinar o potencial danoso
desses riscos, a fim de antecipá-los e estabelecer medidas de
controle para os casos mais emergenciais. Foram identificados
riscos de índice 05, o mais alto para esse tipo de análise, com-
provando a criticidade dessa atividade e a necessidade de uma
maior atenção em relação a essa nova profissão, tanto por parte
das empresas, na realização de atividades de promoção à saúde
dos trabalhadores, quanto da sociedade em geral, no desenvol-
vimento de estudos e políticas que permitam uma melhor qua-
lidade de vida para os mesmos.

Palavras-chave: Análise de Risco. APR. Motorista de apli-


cativo.

204
Fabio A. da S. Arruda

1. INTRODUÇÃO

Nos dias atuais a tecnologia entra no mercado para facili-


tar a vida das pessoas e numa dessas dificuldades de pegar um
taxi Travis kalanick e Garrett Camp tiveram uma simples ideia,
aperta um botão e consegui um carro. O que começou como
um aplicativo para solicitar carros pretos Premium em algumas
áreas metropolitanas está agora mudando a logística no setor
de transporte em cidades de todo o mundo.
O trabalho desenvolvido pelos motoristas de aplicativos tem
grande importância para o desenvolvimento da sociedade e das
atividades econômicas onde operam. Estes profissionais estão
expostos a riscos advindos de diferentes fontes que afetam a
sua segurança e a responsabilidade que possuem no transporte
diário de passageiros. Dos profissionais que trabalham no trân-
sito, os motoristas de aplicativos lidam com diferentes tipos de
pessoas em uma rotina de deslocamento contínuo e repetitivo,
em um ambiente de trabalho (vias e tráfego) na Região Metro-
politana de São Luís - MA, em que estão inclusos os municípios
de São Luís, Ribamar, Paço do Lumiar. A Região Metropolitana
de São Luís – MA dispõe atualmente de mais de 3 mil veículos
cadastrados, com uma média de quase 100 mil pessoas cadas-
tradas em aplicativos de transporte (dados referentes aos últi-
mos 12 meses).
Os motoristas de aplicativos trabalham em jornadas de tra-
balho que podem passar de 8 horas diárias, sem uma lei que
regula as horas de jornadas de trabalho da profissão de mo-
torista de aplicativos, o que pode ocasionar um incremento na
quantidade de acidentes de trabalho dentre estes profissionais,
aumentando também a ocorrência de doenças ocupacionais.
O objetivo deste trabalho é analisar os riscos apresentados
pela profissão de motoristas de aplicativos da região metropoli-
tana de São luís – MA, através da observação e da aplicação de
um questionário.

205
Triangulação em saúde e segurança do trabalho
Vol. 2

2. APLICATIVOS PARA TRANSPORTE

Quando falamos em aplicativos de transporte, alguns apli-


cativos surgem nas nossas cabeças. Uma pesquisa realizada em
2017 pelo IBOPE Conecta revelou os aplicativos de transporte
mais usados no Brasil.
Na liderança disparada estava a Uber com 54% das
preferências dos internautas brasileiros. Em segundo está a 99,
com 12% e Cabify aparecem com 5% (IBOPE, 2017).
O aplicativo de transporte no Brasil foi fundado em 2009.
Seus criadores foram os engenheiros Travis Kalanick e Garrett
Camp (FERREIRA, 2017).
Ambos eram amigos e estavam participando de um evento
de tecnologia em Paris. Durante a estadia na cidade eles es-
tavam com dificuldades de encontrar um táxi. Foi quando teve a
ideia de juntar o conceito de motoristas particulares, algo antes
muito caro, com a de táxi. Uma espécie de serviço de motoris-
tas particulares compartilhados (FERREIRA, 2017).
Quando retornaram para a cidade que moravam, São Fran-
cisco começou a montar o projeto. Em março de 2009 começou
a funcionar a Uber Cab. Em junho de 2010, o app funcionava
apenas com carros de luxo (MUNIZ, 2018).
O primeiro passo foi atrair motoristas, que geralmente tra-
balhavam com parcerias com estabelecimentos. Os brasileiros
que trabalhavam como motoristas e taxistas na Califórnia foram
um dos primeiros a aderir à Uber.
A ideia inicial da Uber era trabalhar somente com carros
luxuosos, a Uber Black que conhecemos hoje. Tanto que ini-
cialmente o custo de um Uber era 5x maior do que a do Táxi.
Por isso, seu público alvo era empresário e pessoas ricas, que
gostavam da comodidade do veículo, de pedir um transporte e
não precisar pagar com dinheiro, já que o pagamento era feito
pelo cartão.As polêmicas de regulamentação que a Uber viveu
foi algo positivo para eles. Afinal de contas, ganhavam visibili-
dade sem gastar um real, Agora a Uber está avaliada em mais

206
Fabio A. da S. Arruda

de 50 bilhões de dólares (MUNIZ, 2018).


A 99 é o primeiro Unicórnio brasileiro. Isso quer dizer que
a empresa foi avaliada em mais de um bilhão de dólares, valor
pela que ela foi vendida para os chineses da Didi.
Ela foi fundada em 2012 pelos engenheiros brasileiros Ariel
Lambrecht, Renato Freitas e Paulo Veras. Durante uma viagem
para a Alemanha, um dos fundadores descobriu os apps para
táxi. Começou o projeto em agosto de 2012 (MUNIZ, 2018).
A Cabify nasceu na Espanha em 2011. Seu fundador foi o
empresário Juan de Antonio. Durante suas viagens para Ásia e
América Latina, ele encontrava muitas dificuldades pelo preço
de táxi. Ele buscava negociar o preço das corridas com os mo-
toristas, para que eles não usassem o taxímetro (MUNIZ, 2018).
O protótipo da Cabify começou a atuar em Madrid e Barce-
lona, na Espanha. Logo, investidores dos Estados Unidos entr-
aram no negócio. Em cerca de 6 semanas após seu lançamento,
a Cabify contava com 20 mil usuários e 3 mil corridas realizadas.
No início o foco da Cabify era exclusivamente carros mais
luxuosos, mais caros que táxi. Só em junho de 2013 que foi
lançado o Cabify Lite, com carros menos luxuosos e preços
menores que o táxi (MUNIZ, 2018).

2.1 Análise preliminar de riscos

O risco como a possibilidade de ocorrência de danos ao


processo e à saúde do trabalhador, ou seja, a probabilidade de
ocorrência de eventos indesejados. E o perigo é um conjunto de
eventos que possui capacidade de provocar danos às pessoas
e processos, que pode serem oriundos de diversos cenários.
(GARCIA et. al., 2013 e MATTOS; MÁSCULO, 2011).
A análise Preliminar de Risco (APR) é um método para aná-
lise e gestão dos riscos nos processos de trabalho que pode
ser aplicado no momento da concepção ou durante inspeções
de segurança para identificar e quantificar novos riscos de aci-
dentes. Tem por objetivo principal a antecipação dos riscos e o

207
Triangulação em saúde e segurança do trabalho
Vol. 2
estabelecimento de medidas de controle, para aqueles conside-
rados mais prioritários ou emergenciais. É uma ferramenta de
auxílio no processo de gerenciamento dos riscos em organiza-
ções e situações de trabalho (BARBOSA FILHO, 2011).
O método consiste na identificação dos riscos e perigos, si-
tuações e prováveis danos (Tabela 1); e na classificação destes
em termos da probabilidade e da gravidade de suas consequên-
cias (Quadro 1). A escala de risco utilizada varia do índice mais
baixo (1) – risco baixo ou desprezível, para o risco mais alto (5)
– risco grave ou crítico (MATTOS; MÁSCULO, 2011).

Analise preliminar de riscos – Origem:


Identificação dos riscos Avaliação dos riscos
Riscos Danos Recomendações P G Riscos

Tabela 1- Modelo da APR

Fonte: Modelo adaptado de Mattos e Másculos (2011).

Ao preencher o formulário (Tabela 1) com os riscos e danos,


devem-se avaliar os riscos com a seguinte escala: Gravidade –
BAIXA (B) danos materiais e prejuízo ao processo, MÉDIA (M)
doenças ocupacionais e lesões menores e ALTAS (A) morte e
lesões incapacitantes; e Probabilidade – BAIXA (B) improvável
acontecer, MÉDIA (M) provável que ocorra e ALTA (A) espera-se
que ocorra (MATTOS; MÁSCULO, 2011).

A 3 5 5
M 2 4 5
Gravidade

B 1 2 3
B M A

Probabilidade

Quadro 1 – escala para avaliação de riscos

Fonte: Adaptado de Mattos e Másculos (2011)

208
Fabio A. da S. Arruda

Classes de riscos
1 Baixo ou desprezível
2 Médio baixo
3 Médio
4 Médio alto
5 Alto ou crítico
Quadro 2 - escala para avaliação de riscos.

Fonte: Adaptado de Mattos e Másculos, (2011)

A classificação das condições encontradas é feita de modo


subjetivo, em que o julgamento dos analistas é essencial para a
veracidade dos resultados. Desta forma é preciso também ba-
sear-se em normas e recomendações para o preenchimento do
formulário de APR (BARBOSA FILHO, 2011). Para a condução da
APR é preciso seguir os seguintes passos (GARCIA et. al. 2013):
a) Descrever o objeto de estudo, procedendo com sub-
divisões que julgar necessário. Identificar situações,
perigos e danos;
b) Classificar os riscos encontrados de acordo com o quadro
01. ,
c) Interpretar os resultados obtidos, em concordância com
a classe de risco do quadro 01.
d) Estabelecer medidas de controle para os riscos.

3. MÉTODO

Este artigo tem como base em uma pesquisa quantitativa e


bibliográfica com a utilização de livros, revistas, artigos acadêmi-
cos e sites. Segundo Fonseca (2002, p.32) a pesquisa bibliográ-
fica é feita a partir do levantamento de referências teóricas já
analisadas, e publicadas por meios escritos e eletrônicos, como
livros, artigos científicos, páginas de web sites.

209
Triangulação em saúde e segurança do trabalho
Vol. 2
O presente estudo foi realizado a partir da observação
e de uma pesquisa através da aplicação de um questionário
semiaberto elaborado pelo autor, sendo organizado no Google
forms e divulgado o link através de Whatsapp unicamente para
motoristas de aplicativos sobre as condições de trabalho, das
jornadas de trabalho, do ambiente do trabalho, das condições
de trafego dentre outros diversos fatores que podem aumentar
algum risco aos motoristas de aplicativos na Região Metropoli-
tana de São Luís – MA. Foram observados e aplicados um ques-
tionário aos motoristas de aplicativos da Região Metropolitana
de São Luís – MA.
As condições registradas foram através das observações
e do questionário aplicado aos motoristas de aplicativos. Para
avaliar os riscos, foi utilizado o modelo de Análise Preliminar de
Risco (APR) descrito em Mattos e Másculo (2011).
Foram observados e aplicados questionários a 103 motor-
istas de aplicativos da região metropolitana de São Luís, que
responderam voluntariamente ao questionário aplicado.

4. RESULTADOS E DISCUSSÃO

Segundo os dados do questionário aplicado aos motoris-


tas de aplicativos da região metropolitana de São Luís – MA,
podemos perceber através das observações e do questionário
aplicado aos motoristas de aplicativos que eles estão expostos
a diversos riscos em relação à saúde e segurança do trabalho.

210
Fabio A. da S. Arruda

Gráfico 1 – distribuição das idades dos motoristas de aplicativos da região


metropolitana de São Luís - MA.

Fonte: Dados da pesquisa

No gráfico 1 observamos os que tem idade entre 18 e


30 anos representam 46,6%, os que tem idade entre 30 e 40
anos representam 31,1%, os que tem idade entre 40 e 50 anos
representam 13,6% e os que tem idade acima de 50 anos são
apenas 8,7%. Isso significa que a grande maioria dos motorista
de aplicativos da região metropolitana de são luis são jovens.

Grafico 2 - tempo de habilitaçao de motorista de aplicativos.

Fonte: Dados da pesquisa

No gráfico 2 observamos os que tem habilitação entre 1 a


5 anos que representam 27,5%, 5 a 10 anos que representam

211
Triangulação em saúde e segurança do trabalho
Vol. 2
29,4%, 10 a 20 anos que representam 28,4%, e os que têm
acima de 20 anos de habilitação representam apenas a 14,7%.

Gráfico 3 – Região em que residem motoristas de aplicativos.

Fonte: Dados da pesquisa.

No gráfico 3 73,8% reside na cidade de São Luís, 15,5%


representam os motorista de aplicativos que reside na cidade
de São José de Ribamar e 10,7% representam os motoristas
que reside os motoristas de aplicativos que reside na cidade de
Paço do Lumiar.

Gráfico 4 - Motoristas de aplicativos que receberam treinamento ou orien-


tação sobre riscos da profissão de motoristas de aplicativos.

Fonte: Dados da pesquisa.

No grafico 4 71,8% dos entrevistados disseram que não


receberam nenhuma orientação ou treinamento sobre os riscos

212
Fabio A. da S. Arruda

da profissão de motoristas de aplicativos e 28,2% disseram que


receberam sim alguma orientação ou treinamento.

4.1 Riscos físicos

Gráfico 5 - Assalto durante o trabalho como motorista de aplicativos.

Fonte: Dados da pesquisa.

No gráfico 5, a grande maioria dos motoristas de aplica-


tivos da região metropolitana de São Luís que corresponde a
53,9% dos entrevistados nunca foi assaltada, mas 46% dos
entrevistados pelo menos foram assaltados uma vez. Isso indi-
ca um alto índice de risco na segurança no trabalho para esses
motoristas de aplicativos da região metropolitana de São Luís.
De acordo com Oliveira e Oliveira (2011), um fator de risco
também relevante no desenvolvimento do trabalho do motor-
ista é a exposição à violência urbana e as incertezas quanto à
própria segurança durante a jornada.

213
Triangulação em saúde e segurança do trabalho
Vol. 2

Gráfico 6 - motoristas de aplicativos que tiveram desentendimento com


passageiros com riscos de agressão.

Fonte: Dados da pesquisa

No gráfico 6 48,5% dos motoristas de aplicativos nunca


tiveram nenhum desentendimento com passageiro com risco de
agressão, mas infelizmente a grande maioria que corresponde
a 51,5% dos entrevistados já teve pelo menos um desentendi-
mento com risco de agressão com passageiros. Isso demonstra
que esses trabalhadores estão com risco constante no seu dia
a dia de trabalho. Estes riscos podem provocar lesões físicas
parciais ou permanentes, tensão nervosa.
No desenvolvimento das suas atividades, os motoristas de
aplicativos estão expostos a ruídos provenientes do trânsito,
dos passageiros. Estes riscos podem provocar a perda parcial
ou permanente da audição, dores de cabeça, tensão nervosa,
estresse e hipertensão arterial (OLIVEIRA e OLIVEIRA, 2011).
As exposições ao sol e às altas temperaturas dentro do vei-
culo trazem a tona sintomas de maior fadiga, perdas líquidas e
de sais minerais que comprometem o estado geral dos trabalha-
dores. Levam aos distúrbios cardiocirculatórios, irritabilidade,
torpor, sonolência, perda da concentração e reflexos, etc. Tais
condições podem provocar além de tudo a adoção de posturas
inadequadas na condução do trabalho, desrespeito às leis de
trânsito, falta de cuidado ao dirigir e aumenta em muito o risco
de acidentes (TAVARES, 2010).

214
Fabio A. da S. Arruda

4.2 Riscos Químicos

Gráfico 7 – Motoristas de aplicativos que trocam o filtro de ar condicionado


do seu veiculo.

Fonte: Dados da pesquisa

No gráfico 7, 9,8% disseram que nunca trocaram o filtro


de ar condicionado de seu veiculo, 25,5% disseram que trocam
uma vez por ano, 25,5% disseram que trocam duas vezes por
ano, 39,2% disseram que trocam mais de duas vezes por ano.
No interior do veículo, os motoristas tem contato com
os poluentes derivados do processo de combustão dos com-
bustíveis (monóxido de carbono) dos veículos no trânsito; com
a poeira presente no ar (pó de asfalto) e com graxa, com a
não troca do filtro de ar condicionado e outras substâncias do
próprio carro. O contato com estes compostos pode ocasionar
quadros de alergias, irritação na pele e nos olhos e até doenças
respiratórias.

215
Triangulação em saúde e segurança do trabalho
Vol. 2

Gráfico 8- Motorista de aplicativos que já usou algum medicamento, álcool


ou energético enquanto trabalhava.

Fonte: Dados da pesquisa.

No gráfico 8, 94,2% dos motoristas de aplicativos entrev-


istados disseram que nunca usaram algum medicamento ou ál-
cool enquanto trabalhavam, mas 5,8% disseram que já usaram
uma vez.
Tavares (2010) destaca ainda que hábitos dos motoristas
representam um risco a mais para o desempenho de suas ativ-
idades e de sua saúde, tais como o consumo por vezes regular
de substâncias estimulantes, anestesiantes e/ou depressivas do
sistema nervoso central (bebidas alcóolicas, remédios para dor,
etc.), também aumentam o risco de acidentes de trabalho e
doenças ocupacionais.

216
Fabio A. da S. Arruda

4.3 Riscos Ergonômicos

Gráfico 9 – Quantidade de horas trabalhada por dia dos motoristas de apli-


cativos.

Fonte: Dados da pesquisa.

No gráfico 9 10,7% disseram que trabalhavam de 1 a 4


horas por dia, 15,5% disseram que trabalhavam de 4 a 6 horas
por dia, 26,2% disseram que trabalhavam de 6 a 8 por dia,
28,2% disseram que trabalhavam de 8 a 10 horas por dia e
19,4% disseram que trabalhavam acima de 10 horas por dia.
Podemos observar 47,6% dos entrevistados trabalham acima
de 8h por dia.
Os motoristas estão expostos a uma sobrecarga psíquica
e cognitiva, ao operarem um grande número de informações
como condições das vias, sinalização, situação do trânsito e ain-
da sob a alta responsabilidade de conduzir pessoas das mais
diferentes personalidades, que frequentemente geram confli-
tos, acarretando num alto nível de estresse (OLIVEIRA; OLIVEI-
RA, 2011).
A rotina de trabalho é intensa, monótona e repetitiva. As
posturas assumidas, em geral consequências da inadequação
da cadeira com as medidas do trabalhador, podem gerar dores
na coluna, braços e ombros, haja vista que o trabalho é realiza-
do totalmente na posição sentado (MENDES, 2013). Os tempos
de pausa, nem sempre suficientes para a troca adequada de
postura e movimentação corporal; e as estruturas de apoio não

217
Triangulação em saúde e segurança do trabalho
Vol. 2
oferecem condições higiênicas para a utilização.
Há, ainda, um controle rígido próprio da produtividade.
Muitos dos motoristas de aplicativos trabalham também em
turnos alternados, fator que pode impactar negativamente em
seu ciclo circadiano, e também desencadear doenças psíquicas
e emocionais.
Outro fator de risco ergonômico observado foi a variação
de iluminação. Durante o turno diurno, a luminosidade proveni-
ente do sol é intensa e aumentando também a sensação térmi-
ca dentro do veículo; os raios luminosos refletem-se nos para
brisas dos carros e causam desconforto, ofuscamento e incômo-
do a visão destes profissionais.
Mendes (2013) relata o risco de desenvolvimento de catara-
ta em virtude do contato com altos níveis de iluminação. E no
caso noturno, são os faróis altos em combinação com a baixa
iluminação em algumas vias que geram o desconforto, podendo
causar inclusive fortes dores de cabeça.

4.4 Riscos Mecânicos

Gráfico 10 – motoristas de aplicativos que já sofreram acidente de transito


enquanto trabalhavam.

Fonte: Dados da pesquisa.

218
Fabio A. da S. Arruda

No gráfico 10 45,1% disse que nunca sofreram nenhum


acidente de trânsito enquanto trabalhavam como motorista de
aplicativos, mas 54,9% disseram que já sofreram pelo menos
uma vez acidente de transito enquanto trabalhavam. Estes
riscos podem provocar lesões físicas parciais ou permanentes e
pode haver vitimas fatais.
O risco de acidente em virtude do trânsito. Os números
registrados anualmente, inclusive de mortes, são crescentes a
cada ano e podem ser ocasionados por vários fatores, desde as
condições da via, dos veículos, e ainda ao clima, não excluindo
também a possibilidade de erro humano (TAVARES, 2010). Ac-
identes podem causar mortes, ferimentos ou danos psíquicos,
em todos os casos, trazendo prejuízo à saúde dos trabalhadores.

Gráfico 11 - motoristas de aplicativos que respeitam as sinalizações de


transito enquanto trabalha.

Fonte: Dados da pesquisa.

No gráfico 11 a grande maioria dos entrevistados corre-


sponde a 97,1% responderam que respeitam sim as sinalizações
de transito da região metropolitana de São Luís.

219
Triangulação em saúde e segurança do trabalho
Vol. 2

Gráfico 12- motorista de aplicativos que já se estressou com o transito da


sua região enquanto trabalha.

Fonte: dados da pesquisa.

No gráfico 12 94,1% dos entrevistados responderam que


já se estressaram com o transito de sua região enquanto tra-
balhavam.

4.5 Análise Preliminar de Riscos (APR)

Foi realizada uma pesquisa de campo em relação a segu-


rança do trabalho dos motoristas de aplicativos, onde foram
identificados os riscos apresentados na tabela abaixo.

Avaliação de
Identificação dos Riscos
Riscos
Recomenda- Ris-
Riscos Danos P G
ções cos
Problemas na Fazer exercícios
1. Posturas
coluna, hérnia de físicos pelo me-
inadequadas A M 5
disco, dores, dor nos duas vezes
de cabeça. por semana

220
Fabio A. da S. Arruda

2.Excesso de
Ofuscamento, Usar óculos es-
iluminação
dores de cabeça. curos e protetor M B 2
natural (luz do
solar.
sol).
Ofuscamento,
3.Iluminação dores de Diminuição das
advinda dos cabeça, em jornadas de tra-
M B 2
faróis de outros casos extremos balho no perío-
veículos. catarata. do noturno.

Irritação,
4.Sobrecarga
estresse,
psíquica e
impaciência, Diminuição da
cognitiva pelo
diminuição da jornada de tra- M B 2
excesso de
capacidade de balho.
viagens.
atenção.

Respeitar as leis
Lesões de trânsitos e
5. Acidentes de
permanentes ou sinalizações,
trânsito. M A 5
fatais manter as ma-
nutenções em
dias do veiculo.
Problemas na
6. Consumo
concentração
de substâncias
e atenção que
estimulantes,
inviabilizam a Não usar. M M 4
anestesiantes e/
atividade de
ou depressivas.
dirigir.

Doenças
respiratórias, Manutenção em
dor de cabeça, dias do veiculo,
irritação, escolha locais
7. Poluição intoxicação, confiáveis para
do trânsito confusão, abastecer, evi-
A M 5
(monóxido de vertigem, tar trafegar em
carbono). distúrbios ponto morto,
visuais, náuseas desligue o carro
e diminuição da sempre que
capacidade física. possível.

221
Triangulação em saúde e segurança do trabalho
Vol. 2

Beber muito
Irritabilidade,
líquidos para
cansaço, aumento
8. Calor elevado evitar desi-
da pressão
provocado pela dratação, usar M B 1
sanguínea, suor
exposição ao sol. roupas leves e
excessivo.
claras, usar pro-
tetor solar.
9. Agressão Evitar desen-
física. Lesões físicas. tendimento com M A 5
os clientes.
Evitar regiões
Problemas com alto índice
10. Assaltos,
psicológicos, crise de M A 5
furtos.
do pânico. Assaltos e fur-
tos.
11. Ruídos Perda auditiva,
elevados dores de cabeça,
provenientes do tensão nervosa, Usar protetor
A M 5
dos passageiros e estresse, falta de auricular.
do trânsito. concentração.

Tabela 2 - Análise Preliminar de Riscos (APR)

Fonte: Dados da pesquisa.

Os riscos considerados mais graves foram as agressões


físicas, assaltos, furtos, ruídos, posturas inadequadas assum-
idas em virtude do posto de trabalho, a poluição proveniente
dos veículos no trânsito e os acidentes envolvendo colisões en-
tre veículos e/ou pedestres. Estes resultados tem relação com
os estudos encontrados na literatura (OLIVEIRA e OLIVEIRA,
2011) e apontam a necessidade de medidas de controle para a
melhoria de condições de trabalho destes profissionais.
Mattos e Másculo (2011) descrevem os riscos como físicos,
químicos, biológicos, mecânicos e ergonômicos, os quais po-
dem ser avaliados qualitativamente através da Análise Prelim-
inar do Risco (APR). Esta é uma ferramenta que quantifica os
riscos em termos da probabilidade de sua ocorrência e da grav-
idade, servindo como um instrumento que auxilia na gerência
de riscos em uma atividade de trabalho. Alguns autores (MELO

222
Fabio A. da S. Arruda

et. al., 2014; GARCIA et. al. 2013) utilizaram a APR em seus
estudos para determinar o potencial danoso dos riscos encon-
trados em situações de trabalho, ratificando mais ainda eficácia
do uso desta ferramenta para gerenciar os riscos encontrados.
Desta forma, o objetivo desse estudo é o de analisar os riscos
encontrados na atividade de trabalho de motoristas aplicativos
na Região Metropolitana de São Luís - MA, através da aplicação
de uma Análise Preliminar de Risco (APR).

5. CONSIDERAÇÕES FINAIS

Neste trabalho foi constatado que é necessário que profis-


sionais da saúde e segurança do trabalho estejam atuando em
parceria com os sindicatos de motoristas de aplicativos, com as
empresas parceiras para da uma assistência aos motoristas de
aplicativos, pois estão expostos a diversos riscos no trabalho
diariamente.
Melhorias voltadas às condições de trabalho dos motoris-
tas de aplicativos trazem melhorias positivas para toda a so-
ciedade. Os passageiros receberão uma melhor prestação de
serviço, os usuários de outros tipos de transporte conviverão
de forma mais harmônica no trânsito e os trabalhadores terão
melhores condições de saúde.
O objetivo deste trabalho foi analisar os riscos apresenta-
dos pela profissão de motoristas de aplicativos da região metro-
politana de São luís – MA, através da observação e da aplicação
de um questionário os motoristas de aplicativos da região met-
ropolitana de são luís na sua grande maioria tem idade entre
18 e 30 anos, não recebeu nenhuma orientação ou treinamento
das suas empresas parceiras sobre os riscos de sua profissão,
já sofreram pelo menos um acidente de trânsito, já tiveram
pelo menos um desentendimento com passageiro com risco de
agressão e quase a metade dos motoristas de aplicativos en-
trevistados já foram assaltados pelo menos uma vez.
Os profissionais da saúde e segurança no trabalho estarão
atentos à saúde dos motoristas de aplicativos, realizando a pro-

223
Triangulação em saúde e segurança do trabalho
Vol. 2
moção da saúde e prevenção de riscos e doenças ocupacionais,
através da investigação das condições de trabalho e atividades
dos motoristas de aplicativos e suas consequências à saúde.
É importante dar treinamento e orientações aos motoristas de
aplicativos sobre todos os riscos apresentados na APR descrita
no estudo aplicado.
Este artigo é objeto de estudo diante uma profissão nova
que surgiu através do advento das tecnologias tendo atual-
mente poucas referências nessa área de aplicação. O estudo foi
feito para que possa servir como referência futuramente para
pesquisadores.

REFERÊNCIAS

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FERREIRA, Michele. Redação Autoesporte. UBER: conheça a história


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abr. de 2017. Disponível em <https://revistaautoesporte.globo.com/
Noticias/noticia/2017/04/uber-conheca-historia-e-polemicas-da-em-
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GARCIA, Joel Gomes et al. Utilização das ferramentas de segurança:


análise preliminar de risco, auditoria comportamental e padronização.
In: XXXIII Encontro Nacional de Engenharia de Produção, Salvador
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IBOPE, Conectai Express, 2017. Aplicativos de mapas e GPS utili-


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MELO, Maria Bernadete Fernandes Vieira et al. Análise preliminar de


risco como ferramenta de redução da ocorrência de acidentes. In:
International Symposium on Occupational Safety and Hygiene, Guim-
arães, Portugal. 2014.

224
Fabio A. da S. Arruda

MENDES, R. Patologia do Trabalho – volume 1. 3ed. São Paulo: Edi-


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MUNIZ, Bruno. A história da Uber, 99 e Cabify. Drivermachine, 2018.


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OLIVEIRA, Milena Silva de; OLIVEIRA, Ivanete da R. S. As condi-


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balho, Faculdade Redentor de Três Rios – RJ. 2011. Disponível em:
< http://www.posgraduacaoredentor.com.br/hide/path_img/conteu-
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TAVARES, Flávia de Andrade. Estresse em motoristas de transporte


coletivo urbano por ônibus. Dissertação (Mestre em Psicologia Aplica-
da), Programa de Pós Graduação em Psicologia da Universidade Fede-
ral de Uberlândia. 2010. Disponível em: < http://www.webposgrad.
propp.ufu.br/ppg/producao_anexos/014_DissertacaoFlaviadeAndra-
deTavares.pdf > Acesso em: 06. Jul. 2019.

225
10

PERCEPÇÕES E (DES)CONFORTO NO
USO DE EPI POR TRABALHADORES DE
DIFERENTES ÁREAS LABORAIS

Mayanne Camara Serra

Mestranda em Design pela Universidade Federal do Ma-


ranhão (UFMA), Especialista em Higiene e Segurança do
Trabalho (UNYLEYA), Engenheira Produção (UEMA) e téc-
nica em Design de Produto (CEFET-MA/IFMA). Titular de
patente depositada no INPI. Possui experiências profissio-
nais em atividades administrativas e de produção; expe-
riências acadêmicas em Empresa Júnior, em produção de
artigos, além de organização e participação de eventos
acadêmicos.
Triangulação em saúde e segurança do trabalho
Vol. 2

RESUMO

E
ste artigo tem como objetivo analisar percepções de tra-
balhadores de diferentes áreas laborais acerca dos Equipa-
mentos de Proteção Individual (EPI). Com a aplicação de
questionário online semiestruturado, enfatizados nos incômo-
dos e dificuldades associados ao uso de EPIs, foram obtidos re-
sultados oportunos a partir da participação de pessoas de vários
estados brasileiros, distribuídos em ramos produtivos, prevale-
cendo o da indústria. Dos desconfortos que se preponderam do
levantamento realizado, há as dificuldades em segurar objetos
com luvas, interferências na visão com óculos de proteção, peso
de botas e calor com luvas e vestimentas de segurança. Diante
disso, evidencia-se a necessidade de que os EPIs sejam revistos
no aspecto projetual, fabril e de usabilidade a fim de melhorar
a saúde, segurança e produtividade no trabalho.
Palavras chave: Áreas laborais, Equipamentos de Proteção
Individual, Segurança do Trabalho.

228
Fabio A. da S. Arruda

1. INTRODUÇÃO

Está na abrangência da Segurança do Trabalho, juntamente


com a Medicina do Trabalho e Ergonomia, a identificação de fa-
tores de risco quanto a acidentes e doenças ligadas ao exercício
da profissão. Não delimitando-se à identificação, também deve
ocorrer a análise e medidas prévias de intervenção para evitar
repercussões negativas na saúde dos trabalhadores. Assim sen-
do, pode-se afirmar que a Segurança do Trabalho alcança o seu
propósito quando consegue proporcionar um ambiente laboral
seguro e saudável, tanto para os empregados, como também
para o empregador (BARSANO e BARBOSA, 2018).
Antes de tudo, a Segurança do Trabalho deve identificar
e atuar na eliminação de riscos. Em caso de impossibilidade
dessa eliminação, devem ser previstas medidas de proteção,
que são os Equipamentos de Proteção Coletiva (EPC) e Equipa-
mentos de Proteção Individual (EPI). Quanto a esses últimos,
há o agrupamento de acordo com o tipo de risco e a parte do
corpo em que deve ser usado, da seguinte forma: proteção da
cabeça (capacetes); proteção visual e facial (óculos e viseiras);
proteção auditiva (protetores auriculares ou abafadores de
ruídos); proteção respiratória (filtros e máscaras); proteção de
pernas e pés (botas, sapatos específicos e botinas); proteção de
mãos e braços (luvas e mangotes); e proteção contra quedas
(cintos de segurança e cinturões) (BARSANO, BARBOSA e SOA-
RES, 2014; ROJAS, 2015).
No Brasil há a Norma Regulamentadora (NR) de número 6
que obriga as empresas a fornecerem EPIs gratuitos e em con-
formidades com os riscos das atividades desempenhadas nas
situações em que medidas de proteção coletivas forem insufi-
cientes, além de trazer requisitos de comercialização e respon-
sabilidades em relação aos produtos de proteção em abordagem.
Como incremento de rigor à NR 6 há também a Consolidação
das Leis do Trabalho (CLT) reiterando sobre a essencialidade
dos EPIs, que não devem ser vistos como elementos que capa-
zes de impedir acidentes, mas sim que podem atenuar efeitos
físicos no trabalhador em caso de acidentes ou riscos de adoe-

229
Triangulação em saúde e segurança do trabalho
Vol. 2
cimentos (OLIVEIRA, 2018).
Entretanto, na realidade é fácil notar o contrário do que
preconiza a NR 6, pois em diversas empresas pode ser consta-
tado o uso do EPI como primeira medida de segurança fornecida
aos colaboradores, o que deve ser corrigido imediatamente. Em
adição, é indispensável pensar no conforto e agrado do traba-
lhador para evitar resistência quanto ao uso de EPIs e, assim,
também não interferir na produtividade. Como há um relati-
vo amplo conjunto de dispositivos de segurança, deve-se ava-
liá-los bem de acordo com os critérios de proteção, facilidade
de manutenção e durabilidade. Desta forma, pode-se obter um
ambiente laboral com trabalhadores devidamente protegidos e
produtivos (MERINO et al., 2017).
Pode-se dizer que o enfoque sobre os EPIs na segurança do
trabalho se pauta em aspectos técnicos, aspectos educacionais
e aspectos psicológicos. Na primeira forma, o EPI em termos de
modelo deve ser definido tecnicamente em função das ativida-
des, dos riscos ocasionados e da necessidade de conforto do tra-
balhador. Quanto aos aspectos educacionais, a importância do
EPI para os trabalhadores deve passar por uma conscientização
que vai além dos treinamentos; isto é, é imprescindível educar
sobre a finalidade e a forma correta de utilização dos itens de
segurança. E no que concerne aos aspectos psicológicos, que
complementam os educacionais, é importante a atuação para
que o trabalhador entenda o uso do EPI como algo indispensá-
vel e inerente à sua função e não como imposição, de tal forma
que não rejeite o uso (MATTOS e MÁSCULO, 2019).
Não é incomum detectar o desinteresse de trabalhadores
em relação ao uso de EPIs, o que pode indicar que não há o
adequado fornecimento de informações acerca da indispensa-
bilidade dos dispositivos de segurança. Muitos trabalhadores
tendem a apresentar queixas quanto ao desconforto e quanto
às dificuldades de tarefas supostamente causados pelos EPIs.
Diante disso, fica latente que há pouco reconhecimento da gra-
vidade dos riscos em que muitos trabalhadores estão expostos
(DIAS e ARAÚJO, 2015).
Por outro lado, as manifestações de desconfortos e de in-
terferências em produtividade por trabalhadores em relação aos

230
Fabio A. da S. Arruda

EPIs não devem ser negligenciadas. Neste aspecto, vale inse-


rir as considerações de Meirelles, Veiga e Duarte (2016) sobre
os EPIs não serem isentos de falhas de concepção, visto que
são medidas de segurança provisórias, delimitando-se a um ou
poucos riscos de forma isolada e não à exposição de riscos por
diferentes fatores. Para corroborar com isso, os autores elen-
cam estudos publicados na literatura que evidenciam deficiên-
cias nos EPIs em termos de inadequações antropométricas, dis-
crepâncias de cargas fisiológicas, necessidades de mais testes
laboratoriais quanto ao nível de proteção, dentre outros fatores.
Tendo em vista o discorrido até então, pode-se caracterizar
como oportuno o desenvolvimento de estudo pautado na com-
pilação de compreensões e opiniões de trabalhadores de dife-
rentes áreas quanto aos EPIs, que é o que respalda a realização
da pesquisa abordada neste artigo. Para traduzir a problemática
basilar deste estudo, tem-se o seguinte questionamento: quais
os principais inconvenientes do uso de EPIs segundo trabalha-
dores de distintas áreas profissionais? Ademais, como objetivo
formal da pesquisa, tem-se: analisar percepções de trabalhado-
res de diferentes áreas laborais acerca dos EPIs.

2. MATERIAIS E MÉTODOS

Em síntese, este artigo contém a reunião de considerações


e percepções de trabalhadores de várias localidades do Brasil
acerca do uso de EPIs. A forma de desenvolvê-lo faz com que
o estudo aqui abordado seja enquadrado como pesquisa des-
critiva, de levantamento, de abordagem quanti-qualitativa e de
natureza aplicada. Esta classificação se respalda no lecionado
por Lakatos e Marconi (2017) e Turrioni e Mello (2012).
O instrumento de coleta de dados consiste em questionário
aplicado por meio de formulário online compartilhado na rede
social profissional LinkedIn e através de e-mails. Desta forma,
foram obtidos 223 formulários respondidos validamente.
Ressalta-se que o período de coleta de dados se iniciou
em setembro de 2018 e se finalizou em julho de 2019. Outra
informação relevante é que o questionário é majoritariamente

231
Triangulação em saúde e segurança do trabalho
Vol. 2
estruturado e formado por perguntas objetivas que requerem a
assinalação de alguma das alternativas de respostas disponibi-
lizadas.
Dentre as questões do formulário, estava a solicitação da
caracterização profissional em termos de estar trabalhando, de
ser autônomo, trabalhar em setor público ou privado. Além dis-
so, também foram solicitadas informações quanto aos seguintes
aspectos: o estado de origem em que trabalha; a especificação
da função atual ou anterior (em caso de estar desempregado);
a área em que se insere profissionalmente; a indicação de uso
de EPIs no momento atual ou anterior; a indicação dos tipos de
EPIs utilizados; a percepção de interferências na produtivida-
de pelos EPIs; indicação de incômodos sentidos, dentre outras
questões afins, mas, por último, foi deixado o espaço livre para
que os respondentes escrevesses as opiniões pessoais acerca
dos EPIs.
Com o uso dos formulários online, as respostas são auto-
maticamente enviadas a uma planilha, também online, que foi
trabalhada no Microsoft Excel para reunião e organização de
dados. Após isso, a análise estatística e geração de tabelas e
gráficos com os dados obtidos auxiliaram na composição dos
resultados da pesquisa. Já quanto à última questão, que é livre,
todas as respostas foram analisadas individualmente para es-
colha de algumas e retirada de destaques oportunos de apre-
ciação neste estudo.
De início, quantitativamente, os resultados trazem um
breve perfil da amostra em termos de unidade federativa em
que os participantes trabalham, bem como a área laboral em
que se inserem. Após isso, os resultados prosseguem com a
indicação de percepções acerca da essencialidade de EPIs e da
indicação do uso desses dispositivos, tornando a continuação
dos resultados delimitados aos respondentes que indicaram o
uso de EPI na função atual ou em função anterior. Desta forma,
a amostra de 223 respondentes se reduziu para 122 quanto às
últimas questões.
De antemão, salienta-se que não foi possível detectar cor-
relações significativas entre determinadas características de
respondentes e semelhanças de respostas, pois a amostra é

232
Fabio A. da S. Arruda

formada por trabalhadores de diferentes áreas laborais e difer-


entes estados do país, mas sem proporcionalidade. Contudo, o
estudo suscita considerações relevantes a partir de abordagem
qualitativa e pelo fato da discussão dos resultados ser acom-
panhada de outras pesquisas publicadas na literatura.
3. Resultados e discussão
Para início da compreensão do perfil da amostra deste es-
tudo, destaca-se que a distribuição de respondentes por estado
em que trabalham segue os seguintes percentuais: 72,7% são
do Maranhão; 2,7% são de São Paulo; Santa Catarina, Am-
azonas e Minas Gerais apresentaram o percentual de 0,9%
cada um; Paraíba, Paraná e Pará correspondem ao percentual
de 0,5% cada estado; e os 20,6% restantes da amostra com-
preendem trabalhadores que se encontravam desempregados
quando responderam o questionário.
Em relação à situação laboral dos respondentes, a Tabela
1 traz a distribuição dos integrantes da amostra. Assim sen-
do, percebe-se a preponderância de pessoas que trabalham no
setor privado.

Situação empregatícia Percentual


Trabalho em empresa privada 44,4%
Trabalho em setor público 26,9%
Sou autônomo(a) 8,1%
No momento não estava traba-
20,6%
lhando
Tabela 1 - Distribuição da amostra em função da situação empregatícia

Fonte: Dados da pesquisa (2019)

Em continuação, a questão correspondente à área laboral


em que os respondentes se inserem profissionalmente também
abrangia os que possuíam apenas formação na área, mesmo
que não estivessem trabalhando. Desta forma, tem-se a Tabela
2, que traz as áreas mais indicadas, sendo a industrial a mais
expressiva.

233
Triangulação em saúde e segurança do trabalho
Vol. 2

Área em que se insere


Percentual
profissionalmente
Industrial 27,8%
Setor Público 16,1%
Educação 13,9%
Prestação de serviços 13,5%
Construção Civil 7,2%
Comércio 6,7%
Agropecuária 6,3%
Área da Saúde 4,0%
Florestal 1,8%
Portuário 0,5%
Outra 2,2%
Tabela 2 - Distribuição da amostra em função da área laboral

Fonte: Dados da pesquisa (2019)

Conforme já mencionado, foi solicitada a indicação da per-


cepção de todos os respondentes quanto à necessidade dos
EPIs em suas respectivas atividades de trabalho. Como demon-
stração das respostas para essa solicitação, há o Gráfico 1.

Gráfico 1 - Opiniões sobre a necessidade de EPIs no âmbito das atividades

As indicações dos participantes no questionário quanto a


utilizarem ou não EPIs em suas atividades profissionais se dis-
tribuem conforme o Gráfico 2.

234
Fabio A. da S. Arruda

Gráfico 2 – Utilização de EPIs nas atividades laborais

Na comparação de respostas entre quem indicou que “todos


os EPIs são necessários”, foi percebido que uma quantidade sig-
nificativa de pessoas não utiliza EPIs em suas atividades, deix-
ando claro que há uma considerável parcela de trabalhadores
conscientes da importância dos dispositivos de segurança em
abordagem, mesmo que muitos destes trabalhadores não uti-
lizem EPIs. Outro aspecto relevante é que todos os que respon-
deram que “nenhum EPI é necessário” são trabalhadores cu-
jas atividades não requerem a utilização desses dispositivos de
segurança. Já quanto aos que indicaram que “somente alguns
EPIs são realmente necessários”, a maioria indica que não utili-
za EPI, o que leva à inferência de que entre os respondentes há
quem sinta necessidade de usar alguns desses equipamentos
de proteção.
A partir deste ponto, os resultados se delimitam a apenas
os respondentes que referiram utilizar EPI ou já ter utilizado
em função anterior. Dentre uma das questões do formulário, foi
pedido aos participantes que indicassem todos os EPIs que utili-
zavam, sendo possível assinalar mais de um item. Devido a isto,
houve alta variedade de tipos de respostas para essa questão,
desde quem utilizava apenas bota de segurança, até quem utili-
zava todos os itens listados, inclusive itens que foram descritos
manualmente, o que torna inviável a apresentação de todos os
resultados. Contudo, os EPIs mais assinalados são os da Tabela
3, em que se destacam as botas de segurança, seguidos dos
óculos de proteção e capacete.

235
Triangulação em saúde e segurança do trabalho
Vol. 2

Quantidade de indica-
EPIs mais asinalados
ções
Bota/Calçados De Segurança 101
Óculos 91
Capacete 87
Luvas 78
Protetor Auricular 70
Máscara 49

Tabela 3 – EPIs mais assinalados como usados pelos respondentes

Fonte: Dados da pesquisa (2019)

De acordo com o já abordado, a NR 6 determina que se-


jam realizados treinamentos específicos sobre o uso de EPIs aos
trabalhadores. Tendo em vista isso, foi buscado identificar se
os participantes do estudo passaram por esses treinamentos, o
que fez gerar o resultado do Gráfico 3, pelo qual se percebe que
o percentual de pessoas que não participaram dos treinamentos
chama à atenção mesmo não sendo o mais elevado.

Gráfico 3 - Participação de treinamentos quanto ao uso de EPIs

É importante reiterar que os EPIs não evitam acidentes e


adoecimentos, apenas atenuam alguns efeitos de exposição ao
risco. Para auxiliar no entendimento disso, há o resultado do
Gráfico 4, em que é possível notar que, embora em menores
percentuais, há pessoas que já se acidentaram ou se adoece-
ram mesmo utilizando os dispositivos de segurança individual.

236
Fabio A. da S. Arruda

Gráfico 4 – Pessoas que já se acidentaram ou adoeceram mesmo com o


uso de EPIs

No questionário foi solicitada a indicação pelos respon-


dentes sobre já terem se acidentado ou adoecido em situações
nas quais não estavam utilizando EPIs. Os resultados dessa
questão constam no Gráfico 5, em que os resultados se aproxi-
mam dos da questão anterior.

Gráfico 5 – Pessoas que já se acidentaram ou adoeceram em situações em


que não usavam EPIs

Entrando no enfoque deste estudo, uma das questões do


formulário apresentava a seguinte expressão: “O(s) EPI uti-
lizado(s) atrapalha(m) de alguma maneira a sua produtividade
no trabalho”. Com isso, foram apresentadas alternativas sobre
concordar ou discordar com a expressão conforme uma escala
Likert, gerando os resultados que constam no Gráfico 6, em que
prevaleceram as respostas discordantes.

237
Triangulação em saúde e segurança do trabalho
Vol. 2

Gráfico 6 – Percepções sobre o uso de EPI atrapalhar de alguma forma na


produtividade

Em seguida, o questionário apresentava uma lista de pos-


síveis incômodos que poderiam ser associados ao uso de EPIs.
Além disso, havia a opção “não sinto nenhum incômodo”, que
foi assinalada por apenas 40% da amostra de pessoas que in-
dicaram usar ou já ter usado EPIs, como demonstra o Gráfico 7.

Gráfico 7 - Pessoas que indicaram sentir algum incômodo durante o uso de


EPI

Como uma quantidade bastante considerável de pessoas


indicou sentir ao menos um incômodo, é válido especificar os ti-
pos de incômodos mais preponderantes. Para tanto há a Tabela
4, na qual se destacam as dificuldades em segurar objetos com
luvas e em enxergar com óculos, além do peso com o uso de
botas de segurança e calor com luvas. Ressalta-se que houve
uma série de combinações de indicações de incômodos, uma
vez que era permitido assinalar mais de uma alternativa, sendo
possível também especificar manualmente. Portanto, o resulta-
do da Tabela 4 abrange apenas os incômodos prevalentes.

238
Fabio A. da S. Arruda

Tipos de incômodos Quantidade de


indicações
Dificuldades em segurar objetos com luvas 26
Dificuldades em enxergar com óculos 22
Peso com uso de bota 22
Calor com luvas 17
Calor com vestimentas de segurança 14
Aperto de protetor auricular 14
Dificuldades em enxergar com máscara 6
Aperto de capacete 5
O capacete se move por ser grande 5
Tabela 4 – Tipos de incômodos decorrentes do uso de EPIs mais assinala-
dos

Fonte: Dados da pesquisa (2019)

Por fim, destacando algumas das respostas ao espaço livre


deixado para coleta de opiniões e sugestões acerca dos equipa-
mentos de proteção individual, um especialista em projetos da
área industrial deixou enfatizado que “mais [do] que obrigação
por questões normativas, é preciso que se eduque (trabalhar
questões culturais), para que se entenda que os EPI estão aí
para garantir nossa segurança, e não evitar punições”. Com esta
contribuição, supõe-se que o referido profissional percebe que
o uso de EPIs é mais notado como algo para o cumprimento de
normas e não necessariamente para a segurança do trabalho.
Das respostas livres, há a recomendação de um Engen-
heiro Agrônomo, que destaca sobre a necessidade de “desen-
volver EPI com materiais leves e resistentes”. Outro Engenheiro
Agrônomo, atuante no setor público, discorreu que “os EPIs de-
veriam passar por um processo de customização ou ser per-
sonalizados”. Para complementar, outro profissional do campo
da Agropecuária, porém de nível técnico, deixou escrito que os
EPIs “são muito necessários e a empresa deve oferecer e exigir
o seu uso onde convier; deve também procurar adequá-los ou
substituí-los quando houver desconforto pelo uso dos mesmos”.
Alguns trabalhadores respondentes deixaram sugestões
para melhorias dos EPIs no espaço livre do questionário. Essas

239
Triangulação em saúde e segurança do trabalho
Vol. 2
sugestões estão elencadas a seguir:
• “Existe pouca ênfase das indústrias em EPI’s para colu-
na e o uso de EPI deve ser visto como último recurso;
primar por eliminação de processos desnecessário ou
automatizar para que haja o mínimo de intervenção hu-
mana” (Técnico de manutenção industrial do setor pú-
blico);
• “No meu campo de atuação, o que nós necessitamos
no momento é de calçados, uniforme e capas de chuva”
(Agente Comunitário de Saúde do setor público);
• “Óculos apropriados para pessoas que usam óculos de
grau” (Funcionário do setor público);
• “Salvam vidas, poderiam ter uma anatomia um pou-
co melhor e prestarem mais a ventilação nós mesmos”
(Gestor da Construção Civil).
Iniciando a discussão dos resultados deste trabalho, deve-
-se sublinhar que a dificuldade em segurar objetos com luvas
pode ser caracterizada como o desconforto mais frequente en-
tre os respondentes. Quanto às luvas enquanto EPI, pode-se
apontar os estudos de Fernandes et al. (2017) sobre profis-
sionais de saúde, que desenvolvem suas atividades com EPIs
bastantes específicos para a área laboral em que se inserem. Os
autores destacam que muitos profissionais de enfermagem de
um hospital brasileiro tendem a não utilizar todos os EPIs dis-
ponibilizados, havendo maior adesão às luvas devido à natureza
das atividades com alto risco biológico.
Por outro lado, nos estudos de Barros et al. (2016), também
desenvolvido com profissionais de enfermagem, o uso de luvas
foi indicado como possível causador de acidentes com agulhas.
Além disso, os autores detalham que o desconforto é um dos
principais fatores que aumentam a resistência ao uso de EPIs
pelos profissionais de enfermagem mesmo existindo protocolos
que indicam como imprescindíveis o uso desses itens de prote-
ção individual. Quanto ao exposto, resultados e campo laboral
semelhantes constam nos estudos Porto e Marziale (2016).
Sobre a dificuldade em enxergar com óculos de segurança,

240
Fabio A. da S. Arruda

detectada neste estudo como entre os tipos incômodos mais


referidos, há semelhança na pesquisa de Oliveira, Machado e
Gama (2013), que realizam um levantamento sobre a adesão
às medidas de biossegurança por socorristas do Corpo de Bom-
beiros Militar de Belo Horizonte – MG. Nos resultados dos auto-
res, há relatado que, dentre as dificuldades em usar óculos de
proteção, os socorristas informaram o baixo desempenho em
avaliações de vítimas por interferências na visão. Da pesqui-
sa destes autores, aproveita-se para destacar que as máscaras
também não apresentaram alta adesão devido ao embaçamen-
to em óculos de grau, interferência na comunicação falada, sen-
sação de sufocamento e crença de falta de importância do uso.
Após a apresentação dos resultados da presente pesqui-
sa, em que se percebe que são consideráveis os desconfortos
por calor causados ou agravados por EPIs, pode-se fazer uma
ponte com resultados de outros estudos publicados, como o de
Meirelles, Veiga e Duarte (2016). Os autores explicam sobre
as frequentes queixas de trabalhadores do campo agropecuário
pelo uso de EPIs em dias quentes. Segundo os autores, esse
desconforto térmico decorre da deficiência na circulação de ar
no corpo de trabalhadores rurais que, em geral, realizam fun-
ções em situações já naturalmente insalubres. Além desse des-
conforto, os autores citam o agravante da forte possibilidade
dos EPIs auxiliarem na contaminação por agrotóxicos, deixando
clara uma deficiência de projetos de determinados EPIs para
trabalhadores rurais, o que também é abordado nos estudos de
Silva et al. (2017).
De forma relativamente semelhante aos dois estudos su-
pracitados, Veiga et al. (2017) abordam em sua pesquisa que
trabalhadores do setor extrativista não possuem o hábito de
usar equipamentos de segurança e ainda referem dificuldades
no desempenho das tarefas por interferências dos EPIs no âm-
bito tátil. Com esse entrave na produtividade pelos EPIs, é au-
mentada a resistência ao uso dos dispositivos de segurança.
Para sanar isso, os autores sugerem o desenvolvimento de
equipamentos que forneçam a segurança necessária aos tra-
balhadores, em especial às suas mãos, mas que também não
interfiram na superfície de contato dos itens que devem ser
manuseados.

241
Triangulação em saúde e segurança do trabalho
Vol. 2
Em relação ao uso de botas ou calçados de segurança no
levantamento abordado neste artigo, os incômodos mais refer-
enciados se baseiam no peso do calçado. Nos estudos de Melo,
Gomes e Sá (2014) com funcionários operacionais de uma uni-
dade de alimentação e nutrição, o desconforto quanto ao uso de
botas não consistiu no peso destas, mas sim no formato. Neste
aspecto, os autores salientam sobre o chamado “sofrimento cri-
ativo”, pelo qual os trabalhadores chegavam a cortar o cano da
bota e a utilizarem plásticos para atenuar os desconfortos que
sentiam pelo uso do referido EPI para proteção dos pés.
No levantamento do estudo abordado neste artigo, houve
bastante discordância quanto ao uso do EPI causar alguma in-
terferência na produtividade, porém isso, de certa forma, não
condiz com o fato de a maioria dos respondentes indicar que
sente algum incômodo. No que concerne à interferência na pro-
dutividade pelo uso de EPIs no setor industrial, deve-se citar os
estudos de Souza, Gasques e Luz (2019) quanto a colaboradores
de uma indústria metalúrgica. Os autores constataram que há
conformidades no fornecimento de EPIs pela empresa, porém
os funcionários pouco utilizam os equipamentos. Na justificativa
para a baixa adesão ao uso dos EPIs, os trabalhadores indicam
a limitação e impacto negativo na agilidade mesmo com todos
os funcionários cientes da importância dos equipamentos para
a segurança do trabalho.
O desconforto causado pelos EPIs também foi detectado
nos estudos de Souza (2017), que se delimita aos trabalhadores
da Construção Civil, que, segundo a autora, é um dos ramos
produtivos mais perigosos para o trabalho no Brasil. Conforme
discorrido pela autora, os operários tendem a resistir quanto ao
uso de EPIs com a alegação de desconforto ou por não se adap-
tarem ao uso durante a realização das atividades.
Em face do apresentado, percebe-se que os EPIs deman-
dam atenção que vai além do aspecto normativo. Não se deve
somente fornecer e cobrar pelo uso desses produtos, pois se
demonstra imperativo favorecer a escuta ao trabalhador para
sanar inconvenientes relacionados aos EPIs para que seja pro-
movida a tríade segurança-conforto-produtividade. Ademais, os
resultados do estudo sugerem que é bastante válido que EPIs

242
Fabio A. da S. Arruda

passem por contínuas revisões no aspecto projetual, fabril e de


usabilidade com vistas a resultar em equipamentos de proteção
cuja adesão seja mais efetiva.

4. CONSIDERAÇÕES FINAIS

Através do estudo descrito neste artigo, foram reunidas


percepções e opiniões de trabalhadores de alguns estados bra-
sileiros em relação à utilização de EPIs, com enfoque em incô-
modos causados pelos dispositivos da temática, o que compro-
va o alcance do objetivo inicialmente formulado para o estudo.
Respondendo à pergunta direcionadora de pesquisa, podem ser
citados como principais inconvenientes do uso de EPIs por tra-
balhadores brasileiros as dificuldades em segurar objetos com
luvas, interferências na visão com óculos de proteção, peso de
botas e calor com luvas e vestimentas de segurança.
Os resultados do estudo alertam para cenários em que EPIs
estão interferindo na qualidade de vida no trabalho através de
incômodos que podem impactar até na saúde, como o calor,
sendo que esses desconfortos podem estar erroneamente na-
turalizados em muitas situações. Para mudar isso, é importante
fomentar uma relação de proximidade com o trabalhador e com
as tarefas que realiza para a adequada identificação de descon-
fortos e dificuldades no uso de EPI ou no desempenho da função
devido aos dispositivos de segurança.
Com a devida escuta dos trabalhadores, pode ser possível
até mesmo gerar EPIs eficientes e confortáveis ainda não pen-
sados. Para exemplificar isso, pode-se retornar à sugestão de
um respondente para que óculos de proteção sejam mais bem
adaptáveis a pessoas que usam óculos de grau e a outro partici-
pante do estudo que chegou a mencionar sobre EPI para coluna.
Outra conclusão importante é que os resultados quanto a
acidentes e adoecimentos, mesmo com o uso de EPI, compro-
vam o que consta nas normas sobre esses dispositivos não se-
rem capazes de evitar eventos externos prejudiciais aos traba-
lhadores. Com isso, fica respaldado o maior enfoque que deve
ser dado às medidas prévias de eliminação de riscos e aos Equi-

243
Triangulação em saúde e segurança do trabalho
Vol. 2
pamentos de Proteção Coletiva.
Com a pesquisa desenvolvida, é deixado recomendado que
EPIs devem ser revistos no âmbito de materiais, especifica-
ções, projeto, fabricação e formas de uso. Assim, ficam suge-
ridos como trabalhos futuros as investigações pormenorizadas
quanto aos incômodos mais prevalentes neste estudo a fim de
subsidiar pesquisas que se desdobrem no desenvolvimento de
adaptações e melhorias nos EPIs atuais. Desta forma, pode ser
promovido um cenário laboral com trabalhadores efetivamente
realizando as suas atividades com conforto, eficiência e segu-
rança.

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245
11

REQUISITOS DE QUALIDADE PARA


ELABORAÇÃO DE PROCEDIMENTOS
OPERACIONAIS DE SAÚDE E
SEGURANÇA DO TRABALHO

Mélanie Martins Gonçalves

Mestranda em Meio Ambiente pela Universidade Ceuma;


Especialista em Engenharia de Segurança do Trabalho
pela Universidade Estadual do Maranhão (UEMA); MBA
em Qualidade e Produtividade pela Faculdade de Negócios
pela Faculdade FAENE; Garduada em Engenharia Ambien-
tal pela Universidade do Ceuma; Possui Curso de Exten-
são em Docência Superior e Metodologias Ativas. Atuou na
área de Infraestrutura, Saneamento e Recursos Hídricos.
Atualmente é pesquisadora CNPq – Linha de pesquisa em
Química Tecnológica e Ambiental através do Programa de
Mestrado.
Triangulação em saúde e segurança do trabalho
Vol. 2

RESUMO

E
sse trabalho teve como tema os requisitos de qualidade
para elaboração do Procedimento Operacional Padrão
(POP), abordando o quanto a padronização é essencial para
o crescimento das organizações. As atividades do processo ad-
ministrativo de uma organização devem acontecer sequencial-
mente e seguir normalmente para sua finalidade, com a busca de
qualidade. O presente trabalho trata-se de uma pesquisa quali-
tativa, descritiva e bibliográfica e teve como objetivo descrever
os requisitos de qualidade para um Procedimentos Operacionais
Padrão mais eficiente para o setor operacional da instituição
e assim sugerir sua implementação. Com isso, foram levanta-
dos aspectos necessários para sua elaboração, de acordo com
o que deve conter, e as vantagens após a utilização. Baseado
nas atividades realizadas pelos profissionais responsáveis cri-
ou-se os procedimentos para o setor operacional, classificando
os requisitos de maior relevância. A educação contínua permite
entendimento deste manual, e através de auditorias realizadas
podem atingir as certificações. Os resultados apontam que é
preciso estar atento aos métodos de padronização, atribuindo
qualidade em busca de desenvolvimento pessoal e da organi-
zação. As ferramentas de qualidade fazem a diferença, portanto
a sugestão do POP trará resultados positivos se implantados.
Palavras Chaves: Requisitos de Qualidade. Procedimen-
tos. Saúde e Segurança no Trabalho

248
Fabio A. da S. Arruda

1. INTRODUÇÃO

O gerenciamento de riscos corporativos trata de riscos e


oportunidades que afetam a criação ou a preservação de val-
or, sendo definido como um processo conduzido em uma or-
ganização pelo conselho de administração, diretoria e demais
empregados, aplicado no estabelecimento de estratégias e for-
muladas para identificar em toda a organização eventos em po-
tencial, capazes de afetá-la, e administrar os riscos de modo a
mantê-los compatíveis com o apetite a risco da organização e
possibilitar garantia razoável do cumprimento dos seus objeti-
vos.
A segurança do trabalho é um agrupamento de procedi-
mentos, tecnologias e um conjunto de ciências que objetivam
promover a proteção do trabalhador no seu local de trabalho.
Essa ciência visa a redução dos acidentes de trabalho que po-
dem causar lesões, temporárias ou permanentes, afastamen-
tos, doenças ocupacionais ou até podem levar o trabalhador a
óbito.
Acredita-se que o tema proposto para o trabalho é essen-
cial para as empresas, pelo fato de proporcionar padronização
em suas atividades, auxiliando na qualidade, segurança com o
passo a passo de cada atividade a ser realizada, descrevendo
os benefícios que podem ser adquiridos por sua implementação.
Desta forma, as atividades do processo administrativo de
uma organização devem acontecer sequencialmente e seguir
normalmente para sua finalidade, com a busca de qualidade,
eficiência através da participação com órgãos que proporcionam
a sequência funcional em atividades técnicas e administrativas,
além disso, ter certeza da logística operacional organizada, para
o apoio necessário e satisfação da equipe. (BORBA; LISBOA,
2006).
Assim sendo, a razão pela qual foi escolhido este tema, Pro-
cedimento Operacional Padrão (POP), foi a intenção de demon-
strar sua importância e aplicabilidade para a instituições com
responsabilidade em Saúde e Segurança do Trabalho, sugerindo

249
Triangulação em saúde e segurança do trabalho
Vol. 2
assim, esta ferramenta para qualidade de seus serviços opera-
cionais. Partiu-se do princípio de que condições padronizadas
clareiam a mente do colaborador para realizar um bom trabalho,
evitando falhas no processo. E segundo Chiavenato (2010), o
processo padronizado reduz retrabalhos e desperdícios para as
instituições.
Nesse sentido, o presente trabalho tem como objetivo
identificar requisitos de qualidade essenciais para procedimen-
tos operacionais de saúde e segurança do trabalho.
Desta forma, as empresas podem buscar melhores práticas
para alcançar sua meta, além de contribuir nas integrações e
no dia a dia de trabalho, com base neste instrumento de quali-
dade alcançar bons resultados. Para que procedimentos sejam
utilizados com segurança, devem ser revisados, assinados, dat-
ados e de fácil entendimento para saber quando, como e o que
fazer. (VIEIRA FILHO, 2010). Portanto, é fundamental para todo
profissional conhecer os processos básicos para prestar um bom
atendimento aos clientes.

2. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

2.1. Procedimento Operacional Padrão

A grande quantidade e complexidade de processos e op-


erações dentro de uma planta industrial exige do operador rig-
orosa atenção e habilidade para desenvolver a função exigida.
Como princípios de qualidade podemos destacar a satisfação
do cliente, a constância de objetivos, o gerenciamento de ativ-
idades, a contínua busca pela melhoria, garantia de qualidade,
diminuição de erros e o fluxo de informação. Logo para que um
produto ou serviço, de qualidade, seja entregue ao cliente foi
necessário a criação de uma metodologia padrão que seja cum-
prida pelo operador.
Segundo Angela Lakwete (2005) essa metodologia padrão
foi primeiro observada, de uma forma primitiva, em meados do
século XVIII, durante a Revolução Industrial, quando Eli Whit-
ney, um engenheiro mecânico, desenvolveu a mecanização na

250
Fabio A. da S. Arruda

produção do algodão e a partir daí, com um olhar diferente


para a produção industrial, deu início ao sistema americano de
produção. Esse sistema consiste na produção em larga escala
através de uma linha de montagem sempre idêntica, com um
operador e o auxílio de alguns maquinários. O que diferencia-
va esse sistema do artesanal, anteriormente empregado nas
indústrias, era que esse novo não exigia do operário um con-
hecimento técnico específico, ele precisaria apenas aprender a
manusear as máquinas e saber o fluxo da linha de produção,
previamente planejado.
Evoluindo historicamente, pode ser observado o surgimen-
to do Taylorismo, uma teoria que empregava o operador com
um especialista do trabalho. Ao invés de um operador ser re-
sponsável por toda uma linha de produção, cada operador era
direcionado a uma atividade específica dentro da linha e assim
surgiu a especialização do trabalho. Tornando a produção mais
organizada, mais ágil, mais especializado e dando ao empre-
gador a possibilidade de cobrar por tempo de produção, com o
objetivo de ter o máximo de produção em menos tempo.
Thompson (1987) afirmava que apesar de todas essas te-
orias, ao final da linha de produção e na entrega do produto ao
cliente, ainda eram observados muitos erros, produtos fora do
padrão pré-estabelecido e uma produção excessiva além da de-
manda. Adequando essas teorias, Henry Ford, dono de uma in-
dústria automobilística, desenvolveu em sua fábrica um sistema
de produção em massa com especialização de atividade, com
a finalidade de reduzir os custos de produção e assim diminuir
o valor do produto final. Porém o Fordismo acabou não indo a
frente, pois a população não tinha como consumir em massa o
que estava sendo produzido.
Para melhorar esse desempenho, obter resultados satis-
fatórios e entregar ao cliente produtos e serviços dentro de um
modelo de qualidade, é notado desde o tempo da revolução
industrial a necessidade de uma padronização de atividades e
inspeção de qualidade, o que levou os empregadores à criação
do procedimento operacional padrão (POP) ou procedimento de
realização de operação (PRO) que é um documento que apre-
senta um conjunto de instruções e normas para realização de

251
Triangulação em saúde e segurança do trabalho
Vol. 2
uma atividade, dentro de uma organização, de forma sistêmica
e que tem por objetivo tornar a atividade segura, de qualidade
e eficiente.
A padronização desses procedimentos, a determinação de
etapas, a descrição detalhada das operações e a especificação
de trabalho dá ao operador maior segurança para realizar ativi-
dades, mas também dá maior responsabilidade em cumprir ex-
atamente o que é proposto.
De forma direta o POP é um manual que apresenta um pas-
so-a-passo de uma atividade rotineira, trazendo uniformidade
na execução de uma função, podendo ele se apresentar de for-
ma escrita, eletrônica ou figurativamente, sendo de fácil acesso
e entendimento para os que o utilizarão para desempenhar uma
atividade.

2.2. Relevâncias dos procedimentos para a saúde e


segurança do trabalho

Chiavenato (2010) destaca que a divisão do trabalho con-


duziu para produtividade e para os rendimentos com eficiên-
cia, reduzindo assim os custos tanto na mão de obra quanto
materiais. Sendo assim, pode-se afirmar que os procedimentos
aliados a saúde e segurança do trabalho (SST) trazem ao em-
pregador garantias de qualidade e economia.
A padronização surge como uma atividade organizacio-
nal com o intuito de criar, aplicar e inspecionar padrões que
originam produtos e serviços de forma repetida e planejada,
atendendo a demanda e a necessidade dos clientes; sendo
uma atividade sistemática, é preciso definir quando elaborar e
quando utilizar um padrão e para que isso ocorra é necessário
uma decisão muito importante: definir com critérios explícitos
quando precisamos ou não elaborar padrões. Essa decisão pode
ser tomada, por exemplo, quando uma atividade mal realizada
entrega um produto ou serviço com defeito, quando essa
atividade ultrapassa o custo estimado, ou quando realizada co-
loca em risco as pessoas ou meio ambiente.

252
Fabio A. da S. Arruda

Ao estabelecer esses critérios determinamos parâmetros


rígidos que devem ser cumpridos na execução das atividades,
isso traz como benefício ao empreendimento itens essenciais
para que uma organização moderna. Mesmo quando um ope-
rador tiver a impressão de estar realizando a atividade correta-
mente, o POP garantirá que há uma consistência na realização
padrão da atividade. Isso garante a efetividade no desempenho
das funções.
A diminuição de custos, ocorre de forma natural por con-
ta da organização através da padronização. O melhoramento
do processo, adequando a oferta do produto pela demanda no
mercado, também contribui para a minimização de custos.
Carpinetti (2010) ressalta que as empresas podem docu-
mentar suas atividades através da padronização que se faz ne-
cessária, sendo o suporte de qualidade e ainda, reduz retra-
balhos e perdas, facilita a comunicação e compreensão para
obter treinamento dos funcionários, favorecendo a prática dos
processos.
O gerenciamento da produção através da padronização
evita a saída de produtos e serviços fora do padrão de quali-
dade, traz credibilidade e garantia de que qualquer pessoa que
execute tal função ou atividade a desempenhe da mesma forma
apresentando os mesmos resultados de qualidade.
O POP é criado baseado em estudos e experimentos, as-
sim é desenvolvida a melhor forma para realizar uma ativida-
de, diminuindo todos os riscos que a envolvam, seja ele risco
financeiro, risco ambiental, risco ocupacional, ou qualquer outro
que possa ser observado dentro do ambiente industrial. Sendo
o risco ocupacional o de maior preocupação por existir a pro-
babilidade de um trabalhador ser exposto e sofrer algum dano
resultante de sua atividade profissional.
Através do mapeamento das atividades que ocorre no de-
senvolvimento dos procedimentos operacionais torna-se muito
mais fácil aos gestores a visualização dos riscos e a tomada
de medidas de segurança efetivas que minimizem ou zerem os
riscos da atividade aos colaboradores, podendo implementar
medidas protetivas como uso de EPIs e EPCs ou até mesmo

253
Triangulação em saúde e segurança do trabalho
Vol. 2
modificando a realização da atividade quando observado o grau
do risco muito elevado.

2.3. Requisitos de eficiência e eficácia para procedi-


mentos de SST

O processo que garante a qualidade aos procedimentos


operacionais deve cumprir etapas essenciais de planejamento,
desenvolvimento, verificação e implementação.
Portanto, o padrão é a base para o dia a dia dos colab-
oradores, com o planejamento verificam-se resultados com as
metas conquistadas, a rotina dos procedimentos de trabalho
padronizado pelas tarefas prioritárias. (Falconi, 2004)
A elaboração desse documento inicia a partir do mapea-
mento de um processo específico onde seja contemplado todos
os passos para a realização de tal atividade. Para que isso ocor-
ra é indispensável que haja o envolvimento dos responsáveis
pela execução da atividade, pois saberá́ os detalhes essenciais
ao realizar a tarefa, durante essa etapa também será possível
verificar os pontos críticos na realização das atividades e os op-
eradores poderão propor alternativas ou meios mais seguros de
execução,
De acordo com Vieira Filho (2010), o envolvimento dos co-
laborados e operadores que excutam a atividade na elaboração
dos procedimentos traz maior comprometimento da equipe
como um todo na realização das atividades, daí a importância
em montar uma equipe multidisciplinar na elaboração.
Segundo Gourevitch, os POPs tem que estar a mão do op-
erador e podem ser disponibilizados de forma física em papel ou
em meio eletrônico, mas o importante é que ele esteja sempre
disponível ao operador e o mais atualizado possível, devendo
haver revisões periódicas para que a atividade seja sempre re-
alizada da melhor forma. Os procedimentos devem se apresen-
tar de forma clara e explicativa para que não haja dúvidas na
realização da tarefa.
Outro aspecto que pode ser destacado, conforme Goure-

254
Fabio A. da S. Arruda

vitch (2008), é que para elaboração do POP é necessário que


haja bastante atenção para que o procedimento seja realmente
elaborado de forma integral e não haja cópias de documentos
já existentes e/ou transferências de procedimentos de outras
atividades desempenhadas, o documento precisa ser elaborado
com originalidade e exclusividade para tal atividade seleciona-
do.
Quando finalizada a elaboração do documento é necessário
que haja a divulgação deste para toda a equipe envolvida na
atividade, essa divulgação pode ser feita por meio de trein-
amentos presenciais, online ou outra forma educativa que a
instituição utilize, mas que comprove o alcance da divulgação.
Carpinetti (2010) traz em evidência que as empresas po-
dem documentar suas atividades através da padronização que
é necessária, assim sendo o suporte de qualidade e podendo
reduzir retrabalhos, facilitando a comunicação e compreensão
para obtenção de treinamento para os funcionários, facilitando
o desenvolvimento das atividades.
De acordo com Chiavenato (2009), qualquer procedimen-
to que for realizado simples ou complexo precisam do preparo
dos colaboradores para realizar diversas tarefas do seu cargo,
oferecendo desenvolvimento contínuo para várias funções, as-
sim, “Mudar a atitude das pessoas seja para criar um clima
mais satisfatório entre elas ou para aumentar-lhes a motivação
e torná-las mais receptivas às novas técnicas de gestão”. Desta
forma as habilidades para padronização necessitam do trein-
amento, com organização e objetivos determinados, de forma
contínua e eficiente.

3. MÉTODO

Este estudo caracteriza-se como uma pesquisa qualita-


tiva. Para o desenvolvimento deste artigo através do método
escolhido foram utilizados estudos documentais, levantamento
bibliográfico, assim como o desenvolvimento da análise do Pro-
cedimento Operacional Padrão a partir de caso concreto. As-
sim descrevendo os itens fundamentais para que seja feito uma

255
Triangulação em saúde e segurança do trabalho
Vol. 2
análise dos requisitos de qualidade para um POP apropriado e
sugerir ao setor operacional o melhor produto desta pesquisa.
Os documentos e procedimentos que serão analisados
foram fornecidos por uma empresa responsável por análises
laboratoriais físico-químicas e microbiológicas em águas e solos
que atua no estado do Maranhão. Esta empresa tem como obje-
tivo cumprir requisitos legais obrigatórios com fins ambientais.

4. RESULTADOS E DISCUSSÃO

A empresa estudada atua no mercado do estado do Maran-


hão a 15 anos, dando suporte técnico e consultoria para outras
empresas que precisam apresentar junto aos órgãos estadu-
ais e/ou municipais relatórios referentes a qualidade das águas
em cumprimento da Política Estadual de Recursos Hídricos, Lei
nº8.149 de junho de 2004, que dispõe sobre a política de recur-
sos hídricos e o sistema de gerenciamento integrado de recur-
sos hídricos e dá outras providências.
Os parâmetros físico-químicos e microbiológicos que são
exigidos dentro da Lei nº8.149 são regidos dentro da Resolução
nº357 de 17 de março de 2005, do Conselho Nacional do Meio
Ambiente, que dispões sobre a classificação dos corpos de água
e diretrizes ambientais para o seu enquadramento, bem como
estabelece as condições e padrões de lançamento de efluentes
e dá outras providências.
Dada todas essas exigências legais, vê-se a necessidade de
procedimentos seguros e que garantem qualidade aos relatórios
que serão emitidos para as empresas solicitantes.
Com base nas análises desta pesquisa foi elaborado o ins-
trumento abaixo de coleta de dados em formato de checklist
com os elementos críticos de qualidade para um procedimento
de saúde e segurança.
Esses elementos podem ser verificados de acordo com o
quadro a seguir:

256
Fabio A. da S. Arruda

Checklist de Requisitos de Qualidade para Procedimentos


Operacionais Padrão
Procedimentos
Critérios de Qualidade Definidos Avaliados
POP
POP 01
Autor 02 -
- Físi-
  Requisito referên- Objetivo Micro-
co-quí-
cia bioló-
mico
gico
Identificar a ati-
vidade, objetivo
Cabeçalho de Falconi,
1 e subsídios para 100% 100%
identificação 2004
realização da
mesma
Ter contruibui-
Elaboração
ção dos envolvi-
do documen- Vieira
dos na atividade
2 to por equipe Filho, 50% 50%
desde o nível
multidiscipli- 2010
tático até o ope-
nar
racional
Ser compreensí-
vel por todos os
Linguagem
Falconi, envolvimentos
3 clara e obje- 100% 100%
2004 na atividade,
tiva
sem gerar dúvi-
das na execução
Detalhar as ati-
Descrição do Falconi,
4 vidades a serem 50% 100%
passo a passo 2004
realizadas
Destacar os
Levantamen-
pontos de maior
to dos pontos Falconi,
5 atenção durante 50% 100%
críticos da 2004
realização da
atividade
atividade
Qualificar e
Capacitação e nivelar toda a
Carpine-
6 treinamento equipe quanto 100% 100%
tti, 2010
da equipe a realização da
atividade

257
Triangulação em saúde e segurança do trabalho
Vol. 2

Disponibilizar
em papel ou
Acesso do Goure-
meio eletrôni-
7 operador ao vitch, 100% 100%
co, mas sempre
documento 2008
acessível ao
operador
Criar seu pró-
Originalidade Goure-
prio procedi-
8 e exclusivida- vitch, 0% 33%
mento para
de 2008
cada atividade
Chia- Revisar de for-
Validade /
9 venato, ma periódica os 50% 50%
Atualização
2009 procedimentos
Verificar pe-
Chia- riodicamente
Educação con-
10 venato, a equipe, seu 75% 75%
tínua
2009 desempenho e
envolvimento
Atendimento médio dos requisitos de
  68% 81%
qualidade
Quadro 1 – Instrumento de coleta e análise de dados

Fonte: Dados da pesquisa (2019)

Legenda do check-list
Procedimento como um todo De cada item
100% - Atendimento pleno dos requisitos 100% - Atendimento
de qualidade para procedimentos de SST pleno do itém
75% - Atendimen-
75% a 99% - Atendimento parcial dos to parcial superior do
requisitos de qualidade para procedimen- item
tos de SST 50% - Atendimento
médio do item
33% - Atendimento
Menor 75% - Atendimento insuficiente insuficinte do itém
dos requisitos de qualidade para procedi-
mentos de SST 0% - Não atende o
item
Quadro 2 – Legenda dos dados do Quadro 1

Fonte: Dados da pesquisa (2019)

258
Fabio A. da S. Arruda

Como observado no quadro 1, foi avaliado o POP 01, ref-


erente aos procedimentos físico-químicos e pôde ser comtem-
plada sua eficiência em cumprir 100% nos seguintes requisitos
de qualidade: cabeçalho e identificação do procedimento, lin-
guagem clara e objetiva, capacitação e treinamento da equipe e
acesso do operador ao documento.
Em contrapartida o POP 01 obteve 0(zero) de eficiência no
item originalidade e exclusividade. Ao fazer a análise documen-
tal na empresa foi percebido que este procedimento é copiado
de uma outra instituição localizada em outro estado, do mesmo
ramo, que desenvolve as mesmas análises obedecendo as mes-
mas legislações.
No procedimento de análises físico-químicas alguns passos
para realização da atividade não foram descritos, em alguns
momentos no manual é encontrado apenas itens de referência
para pesquisa em caso de dúvidas, o que deixa o operador vul-
nerável e também acaba ocultando de forma indireta possíveis
pontos críticos na realização da atividade.
Já no POP 02, que se refere aos procedimentos das análises
microbiológicas foram observados os seguintes itens que cum-
prem 100% dos requisitos de qualidade: cabeçalho de identifi-
cação, linguagem clara e objetiva, descrição do passo a passo,
levantamento dos pontos críticos da atividade, capacitação e
treinamento da equipe, acesso do operador ao documento.
No POP 02 nenhum requisito recebeu percentual mínimo,
apresentando assim melhores resultado em comparação com o
POP1.
Quanto ao item originalidade e exclusividade o POP 02 se
diferencia pois foi necessário haver mudanças no procedimento
de origem devido a diferentes requisitos legais exigidos quanto
aos parâmetros microbiológicos. Essa diferença de parâmetros
se dá por conta de peculiaridades da vegetação, do solo e do
clima que acabam se alterando de região para região.
Nos dois procedimentos foi observado a ausência de uma
equipe multidisciplinar na elaboração do documento, onde foram

259
Triangulação em saúde e segurança do trabalho
Vol. 2
usadas apenas referências bibliográficas, em nenhum momento
a equipe operacional foi consultada para elaboração do manual.
Quanto a validade e atualização foi observado nos dois pro-
cedimentos que as referências são bastante antigas e os pro-
cedimentos são implementados durante muitos anos sem uma
validade pré-estabelecida, a revisão do procedimento só ocorre
quando há alguma alteração nos procedimentos de referência.
Quanto a educação contínua, mesmo não havendo uma
revisão periódica dos procedimentos a empresa se preocupa
com a capacitação e habilitação dos seus funcionários e assim
oferece a eles oportunidades de aprendizado nas suas áreas de
atuação através de workshops, treinamentos online e palestras
educativas.
Após o estudo das avaliações feitas através do checklist
é possível observar que o procedimento POP 01, referente as
análises físico-químicas, atende apenas 68% dos requisitos o
que o torna o seu atendimento insuficiente aos requisitos de
qualidade.
Enquanto isso o procedimento POP 02, que trata das aná-
lises microbiológicas, tem sua avaliação aos requisitos de qual-
idade atendida de forma parcial, com um percentual de 81%.

5. CONSIDERAÇÕES FINAIS

O Procedimento Operacional Padrão é um documento que


se apresenta como uma ferramenta de qualidade que descreve
de forma detalhada as instruções de trabalho, através de uma
sequência. Apresenta todas as medidas necessárias para a re-
alização de uma atividade. Sua importância é principalmente
tornar a realização da atividade segura e eficiente, atingindo os
padrões de qualidade previamente estabelecidos, independen-
temente de quem esteja realizando tal atividade. Os POPs foram
elaborados para auxiliar no controle e organização identificando
tarefas e responsabilidades para evitar erros no processo.
Dessa forma, o que motivou esta pesquisa foi a intenção de
demonstrar a importância e aplicabilidade dos procedimentos

260
Fabio A. da S. Arruda

de segurança para a instituição pesquisada, sugerindo assim,


esta ferramenta para qualidade de seus serviços. Partiu-se do
princípio de que condições padronizadas clareiam a mente do
colaborador para realizar um bom trabalho, evitando falhas no
processo.
Essa pesquisa tem por objetivo a identificação de requisit-
os de qualidade essenciais para procedimentos operacionais de
saúde e segurança do trabalho, logo considera-se atendido tal
objetivo visto que foram levantados 10 (dez) requisitos de qual-
idade por meio de revisões de literatura, artigos e publicações
na área de Gestão da qualidade, Procedimentos de saúde e se-
gurança, Planejamento estratégico, Gerenciamento de riscos e
através destes elaborado checklist para avaliação de procedi-
mentos existentes e para elaboração de novos procedimentos.
Com a realização deste estudo, verificou-se a importân-
cia das ferramentas de qualidade nas organizações de trabalho,
pois precisam estar em constante aprimoramento, acompan-
hando as atividades e até mesmo as evoluções tecnológicas
referentes ao seu setor. Desta forma pode ser observado que
os investimentos dos gestores em melhorias de processos e em
novos métodos, facilitam atender suas expectativas, com resul-
tados satisfatórios tanto para colaboradores quanto para clien-
tes envolvidos.
Destaca-se que o Procedimento Operacional Padrão é o in-
strumento escolhido para sugerir ao setor operacional das orga-
nizações. Os resultados desta pesquisa apontam a necessidade
das instituições em adotar a padronização como ferramenta de
qualidade, auxiliando na gestão de processos, no controle de
qualidade e na orientação dos profissionais quanto a realização
das atividades descritas conforme normas e diretrizes da insti-
tuição.
Como contribuição dessa pesquisa foi desenvolvido uma
ferramenta de análise de qualidade, o checklist demostrado no
Quadro 1, que auxiliará gestores no processo de melhorias em
suas atividades, onde poderá ser analisado os documentos já
existentes e sua real eficiência e eficácia através dos percen-
tuais de atendimento aos requisitos de qualidade e também o
checklist servirá como um norteador para elaboração de novos

261
Triangulação em saúde e segurança do trabalho
Vol. 2
procedimentos a partir do momento que se fizer conhecido.
Dessa forma, os POPs serão elaborados de forma eficiente
para auxiliar no controle, na organização e na identificação de
tarefas e responsabilidades, com detalhes para evitar erros no
processo.
Por meio do desenvolvimento deste estudo, atingindo o ob-
jetivo proposto, percebe-se os benefícios do POP e o quanto é
importante implantá-lo. A instituição pode conquistar acredi-
tações, por intermédio de auditorias que supervisionam se o
ambiente está de acordo com os padrões de qualidade exigidos.
Por fim, o POP proporciona segurança para o setor operacio-
nal desenvolver suas atividades, sendo necessária atualização e
fácil acesso destes manuais de padronização, e assim, permite
confiança ao exercer funções de outro colaborador quando o
mesmo faltar ou entrar em férias, sem que haja impactos na
produção ou até mesmo na manutenção de equipamentos.
As informações desta pesquisa são confidencias, sendo uti-
lizadas somente para fins acadêmicos. Porém as oportunidades
de melhoria observadas através do estudo e o checklist de req-
uisitos de qualidade foram disponibilizados para a empresa es-
tudada e empregado como metodologia para aprimoramento
dos seus procedimentos e como técnica de elaboração para no-
vos procedimentos dentro dos padrões de qualidade.
A metodologia usada oferece definição de vários autores,
descrições seguindo o mesmo objetivo. Logo, é sugerido a con-
tinuidade desse estudo em outros trabalhos para que a metod-
ologia de padronização seja implantada, e também recomen-
da-se implantação em outros setores empregando a qualidade,
para assim, assim como a utilização do checklist nessas imple-
mentações, a fim de favorecer o desenvolvimento das organi-
zações.
Conclui-se que é preciso estar atento aos métodos de pa-
dronização, atribuindo requisitos de qualidade em busca de
desenvolvimento da organização. As ferramentas de qualidade
fazem a diferença, portanto as sugestões para elaboração do
POP trará resultados positivos se implantados

262
Fabio A. da S. Arruda

REFERÊNCIAS

BRASIL. Lei Federal Nº 9.433, de 08 de janeiro de 1997. Institui a


Política Nacional de Recursos Hídricos, cria o Sistema Nacional de Ge-
renciamento de Recursos Hídricos, regulamenta o inciso XIX do art.
21 da Constituição Federal, e altera o art. 1º da Lei nº 8.001, de 13
de março de 1990, que modificou a Lei nº 7.990, de 28 de dezembro
de 1989.

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técnicas. 1. ed. São Paulo: Atlas, 2010. 241

CHIAVENATO, Idalberto. Planejamento Estratégico. 2. ed. Rio de Ja-


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perfeita. Rio de Janeiro: Qualitymark. 1997.

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FALCONI, Vicente Campos. Gerenciamento da Rotina do Trabalho do


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drão: uma história de guerra. São Paulo: Companhia das Letras, 2008.

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Antebellum America. [S.l.]: Johns Hopkins University Press; 2005.

LONGLEY, Robert. Historical Significance of the Cotton Gin. Texas;


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MARANHÃO. Lei estadual Nº 8.149, de 23 de junho de 2004. Dispõe


sobre a Política estadual de Recursos Hídricos, o Sistema de Gerencia-
mento Integrado de recursos hídricos, e dá outras providências.

MONTES, Eduardo. Introdução ao Gerenciamento de Projetos, 1ª Ed.


São Paulo; 2017.

263
Triangulação em saúde e segurança do trabalho
Vol. 2
VIEIRA FILHO, Geraldo. Gestão da qualidade total: uma abordagem
prática. 3. ed. Campinas, São Paulo: Alínea, 2010.

THOMPSON, E. P. A Formação da Classe Operária Inglesa. São Paulo:


Paz e Terra; 1987.

264
12

CULTURA PREVENCIONISTA E O
ACIDENTE DE TRABALHO:
CONHECIMENTO E GESTÃO DE
SEGURANÇA E SAÚDE NO TRABALHO

Rogério de Abreu Silva

Doutor em Agronomia-Ciência do Solo pela UNESP-Câmpus de Jaboticabal.


Jaboticabal-SP; Mestre em Educação-Pedagogia Profissional pela Universidad
de Ciencias Pedagógicas “Héctor Alfredo Pineda Zaldívar”. La Habana – Cuba.
Especialização em: Engenharia de Segurança do Trabalho pela Universida-
de Estadual do Maranhão (UEMA); Formação e Especialização Acupuntura.
Associação Brasileira de Acupuntura (ABA). Faculdade Einstein (FACEI)-Polo
São Luís; Educação Ambiental e Gestão Participativa de Recursos Hídricos.
Instituto Federal de Educação Ciência e Tecnologia do Maranhão-IFMA; Educa-
ção Profissional Integrada com a Educação Básica na Modalidade EJA-PROEJA.
Instituto Federal de Educação Ciência e Tecnologia do Maranhão (IFMA); Enge-
nharia Ferroviária. Instituto Federal de Educação Ciência e Tecnologia do Ma-
ranhão (IFMA); Instalações Prediais. Centro Federal de Educação Tecnológica
de Minas Gerais- CEFET/MG; Metodologia do Ensino de Projetos-Planejamento
e Representação do espaço Arquitetônico. Centro Federal de Educação Tecno-
lógica de Minas Gerais (CEFET/MG); Planejamento Educacional - Associação
Salgado de Oliveira de Educação e Cultura (ASSOEC)-Polo São Luís; Gradu-
ação em: Ciências Econômicas-Universidade Federal do Maranhão (UFMA);
Engenharia Civil – Universidade Estadual do Maranhão (UEMA); Licenciatura
em Disciplinas Profissionalizantes/ Administração-Universidade Federal do Ma-
ranhão; Direito-Universidade Federal do Maranhão (UFMA); Psicologia-Univer-
sidade Federal do Maranhão (UFMA).
Triangulação em saúde e segurança do trabalho
Vol. 2

RESUMO

É
sabido que a cultura prevencionista, o conhecimento e a
gestão de segurança e saúde no trabalho contribuem efi-
cazmente na prevenção dos riscos de acidente de trabalho,
bem como promovem a saúde e a segurança do trabalhador,
conduzem a melhoria, os resultados operacionais e a imagem
da empresa. Foi objetivo deste artigo compreender o perfil, a
trajetória acadêmica e a percepção dos graduandos de Enge-
nharia Civil do IFMA-Campus São Luís/Monte Castelo, acerca
da cultura prevencionista e da prevenção de acidente de traba-
lho, identificando suas distintas concepções acerca do por que
ocorrem acidentes de trabalho e que possíveis procedimentos
podem e devem ser tomados no intuito de mitigar a possibilida-
de de ocorrência de acidentes de trabalho no ambiente laboral.
Foi universo pesquisado os graduandos matriculados no segun-
do semestre letivo de 2019 no curso de Engenharia Civil do
IFMA-Monte Castelo. Realizou-se estudo observacional descri-
tivo do tipo transversal com o universo eleito. Para composição
da amostra, foi utilizada técnica não probabilística por acessi-
bilidade. A amostragem foi não probabilística, por conveniên-
cia. A aplicação do questionário deu-se durante cinco dias leti-
vos, terceira semana de setembro de 2019, e foi realizado via
formulário eletrônico da plataforma Google Forms (ferramenta
para formulários on-line do Google). Concluiu-se que houve de-
monstração de conhecimento mediano acerca das razões que
provocam a ocorrência de acidentes de trabalho, bem como o
que pode ser feito para a prevenção, quer na perspectiva do
trabalhador, quer na do empregador, de acidente no ambiente
laboral, tais como a aplicação das medidas de segurança coleti-
vas e individuais inerentes à atividade desenvolvida.

Palavras-chave: Riscos. Segurança. Prevenção.

266
Fabio A. da S. Arruda

1. INTRODUÇÃO

Tido como todo e qualquer acontecimento imprevisto, ca-


sual ou não, ou mesmo um acontecimento intempestivo que
gera danos, estragos, prejuízos, avarias, e/ou mesmo ferimen-
tos nas pessoas envolvidas, o acidente, em geral, traz conse-
quências indesejáveis. Pode-se assim depreender que um aci-
dente não é simples obra do acaso, sendo possível inferir que
este acontecimento pode ser previsto. E se algo pode ser pre-
visível, esse algo pode e deve ser evitado.
O acidente, qualquer que seja ele, não existe por si só; tem
sempre uma causa anterior, uma razão lhe dá motivo. Os aci-
dentes são, de certo modo, o resultado da conjunção de razões
distintas, como a falha humana, matéria ou mesmo causa nat-
ural.
Assim, a problemática do acidente de trabalho constitui
sério problema de saúde pública, haja vista atingir excessivo
número de trabalhadores, com severos desdobramentos para
toda a teia socioprodutiva: família, sociedade, governo e o pro-
cesso produtivo (a empresa) que eleva seus custos buscando
suprir as perdas oriundas desse contexto.
Observa-se contemporaneamente, segundo Vale e Silva
(2011), tanto o surgimento de novas patologias relacionadas
ao mundo laboral como também a persistência de causas já
consagradas, as quais têm seu ambiente nas organizações em-
presariais. Sistemas produtivos arcaicos ainda coexistem com
processos produtivos tecnologicamente avançados. Neste am-
biente, os agravos relacionados ao trabalho revestem-se de no-
vos significados e determinações ao mesmo tempo que indicam
a necessidade de superar problemas antigos.
Portanto, é condição basilar que o trabalhador goze plena-
mente de sua saúde física e mental ao final da jornada diária
de trabalho e, para tanto, é necessário que o ambiente laboral
(o empregador) faça cumprir distintos procedimentos e normas
de saúde e segurança, contemplados em lei, como também tor-

267
Triangulação em saúde e segurança do trabalho
Vol. 2
na-se capital que o empregado os conheça e percebam a real
necessidade de respeitá-las.
A ausência de uma cultura prevencionista suscita a mani-
festação de ambiente propício a tragédias e acidentes laborais.
O desenvolvimento dessa cultura deve aflorar de forma impres-
cindível no cotidiano do gestor e, principalmente, do trabalha-
dor como um direito fundamental que lhe pertence.
É questionável o porquê de determinados trabalhos serem
realizados de formas inseguras, não obedecendo ao que precei-
tua a legislação vigente no Brasil, que contempla a Segurança
e Saúde do Trabalho. Atitudes percebíveis, como não acatar,
não acreditar, fingir e mesmo burlar, geralmente culminam em
malefícios ao trabalhador, às famílias e ao país, visto que to-
dos, indistintamente padecem dos males e das consequências
dos danos advindos dos acidentes e de doenças relacionadas ao
universo do trabalho.
A intensa transformação que perpassa a economia mundial
tem suscitado aumento considerável da competitividade entre
as empresas, e estas são motivadas a uma contínua busca por
novas ferramentas de gestão que possam auxiliar na melhoria
de seus processos.
A busca por distintos sistemas de gestão, como, por exem-
plo, o de qualidade, de meio ambiente, de segurança e saúde do
trabalho, entre outros, apontam para um real desejo do aumen-
to da qualidade dos produtos e serviços oferecidos, no desen-
volvimento sustentável e, consequentemente, no crescimento
da lucratividade, transformando assim as exigências de merca-
do em vantagens competitivas.
Desse modo, o bom desempenho em Segurança e Saúde
no Trabalho torna-se, nesse contexto, decisivo para as organi-
zações uma vez que tal desempenho contribui na supressão dos
riscos de acidentes, colaborando assim com a saúde e a segu-
rança dos trabalhadores, promovendo a melhoria dos resulta-
dos operacionais e da imagem da organização.
Sabe-se que o desenvolvimento de maior sensibilização,
percepção e conscientização, bem como melhor capacitação de

268
Fabio A. da S. Arruda

profissionais, tanto nos bancos escolares quanto no ambiente


laboral, são as melhores formas de se prevenirem acidentes de
trabalho.
A estas atitudes de ampliação do conhecimento devem ser
acrescidas também a aplicação de todas as medidas de segu-
rança coletiva e individual inerentes à atividade desenvolvida,
aprimorando assim a gestão de segurança e saúde no trabalho
e, consequentemente, a qualidade de vida do trabalhador e de-
mais benefícios daí advindos.
Em face do exposto foi objetivo deste artigo compreender
o perfil, a trajetória acadêmica e a percepção dos graduandos
de Engenharia Civil do IFMA-Campus São Luís/Monte Castelo,
acerca da cultura prevencionista e da prevenção de acidente de
trabalho, identificando suas distintas concepções acerca de por
que ocorrem acidentes de trabalho e que possíveis procedimen-
tos podem e devem ser tomados no sentido de mitigar a pos-
sibilidade de ocorrência de acidentes de trabalho no ambiente
laboral. Foi universo pesquisado os graduandos matriculados no
segundo semestre letivo de 2019 no curso de Engenharia Civil
do IFMA-Monte Castelo.

2. REVISÃO DE LITERATURA

Acidentes de trabalho constituem grave problema de saúde


pública, visto acometerem elevado número de trabalhadores.
Tais acidentes comumente incapacitam parcial ou totalmente
o trabalhador, o que acarreta graves consequências sociais e
econômicas.
Com a histórica evolução dos direitos sociais, inclusive com
defesa do direito à vida, direito indisponível no arcabouço legal
brasileiro, tem-se neste, também a defesa da integridade física
do trabalhador.
A Constituição Federal do Brasil (CF/1988) contempla a
temática acidente de trabalho no artigo 7º quando preceitua
(BRASIL, 2019a):

269
Triangulação em saúde e segurança do trabalho
Vol. 2
Art. 7º São direitos dos trabalhadores urbanos e
rurais, além de outros que visem à melhoria de sua
condição social:
[...]
XXII - redução dos riscos inerentes ao trabalho, por
meio de normas de saúde, higiene e segurança;
XXVIII - seguro contra acidentes de trabalho, a cargo
do empregador, sem excluir a indenização a que está
obrigado, quando incorrer em dolo ou culpa;
XXXIII - proibição de trabalho noturno, perigoso ou
insalubre aos menores de dezoito anos e de qualquer
trabalho a menores de quatorze anos, salvo na
condição de aprendiz;
XXXIV - igualdade de direitos entre o trabalhador
com vínculo empregatício permanente e o trabalhador
avulso; [...]

A Organização Internacional do Trabalho (OIT) conceitua


acidente de trabalho como acidente que seja consequência do
trabalho ou ocorra durante o trabalho e que provoque lesões
mortais ou não mortais, como, por exemplo, uma queda em
altura ou o contato com máquinas em movimento. Concebe
doença profissional como algo que se refere a qualquer doen-
ça contraída devido à exposição a perigos decorrentes de uma
atividade laboral, por exemplo, asma como consequência da
exposição a partículas de pó de madeira ou compostos químicos
(OIT, 2015).
Com vistas ao desenvolvimento de um programa de pro-
moção à saúde no trabalho, Binder e Almeida (1997) apontam
o quão é capital que os trabalhadores busquem conhecimentos
básicos sobre o desempenho humano e os fatores identificados
como capazes de alavancar a probabilidade de erros. Estes au-
tores destacam distintos fatores e situações, quais sejam: in-
terrupções momentâneas nas atividades laborais, pressões por
bater metas, fadiga, confiança excessiva na memória, ausência
de familiaridade nas ações executadas pelos profissionais, ge-
renciamento inadequado entre trabalhadores, ambiguidades na
rotina de procedimentos e outros.
Por outro lado, é essencial a proteção dos direitos do ho-
mem mediante um regime de direito, para que ele não seja
compelido, em supremo recurso, à revolta contra a tirania

270
Fabio A. da S. Arruda

e a opressão, especifica a Declaração Universal dos Direitos Hu-


manos (ONU, 1948) que:
- Artigo III - Toda pessoa tem direito à vida, à liberdade
e à segurança pessoal.
- Artigo XXIII,1 - Toda pessoa tem direito ao
trabalho, à livre escolha de emprego, a condições
justas e favoráveis de trabalho e à proteção contra o
desemprego.

O conceito legal de acidente do trabalho, contemplado na


legislação brasileira, é definido pela Lei nº 8.213, de 24 de julho
de 1991, com a seguinte redação dada pela Lei Complementar
nº 150, de 2015 (BRASIL, 2015):
Art. 19. Acidente do trabalho é o que ocorre pelo
exercício do trabalho a serviço de empresa ou de
empregador doméstico ou pelo exercício do trabalho
dos segurados referidos no inciso VII do art. 11
desta Lei, provocando lesão corporal ou perturbação
funcional que cause a morte ou a perda ou redução,
permanente ou temporária, da capacidade para o
trabalho.
§ 1º A empresa é responsável pela adoção e uso
das medidas coletivas e individuais de proteção e
segurança da saúde do trabalhador.
§ 2º Constitui contravenção penal, punível com multa,
deixar a empresa de cumprir as normas de segurança
e higiene do trabalho.
§ 3º É dever da empresa prestar informações
pormenorizadas sobre os riscos da operação a
executar e do produto a manipular.

Para além da conceituação supra de acidente de trabalho


típico, tem-se que, por expressa determinação legal, as doenças
profissionais e/ou ocupacionais equiparam-se a acidentes de
trabalho. Os incisos do art. 20 da Lei nº 8.213/1991, assim as
conceitua (BRASIL, 2015):
Art. 20. Consideram-se acidente do trabalho, nos
termos do artigo anterior, as seguintes entidades
mórbidas:
I - doença profissional, assim entendida a produzida
ou desencadeada pelo exercício do trabalho peculiar
a determinada atividade e constante da respectiva

271
Triangulação em saúde e segurança do trabalho
Vol. 2
relação elaborada pelo Ministério do Trabalho e da
Previdência Social;
II - doença do trabalho, assim entendida a adquirida
ou desencadeada em função de condições especiais
em que o trabalho é realizado e com ele se relacione
diretamente, constante da relação mencionada no
inciso I.

Preceitua também o art. Art. 20 da Lei nº 8.213/1991 o


que não são consideradas doenças do trabalho (BRASIL, 2015):
Art. 20 [...]
§ 1º Não são consideradas como doença do trabalho:
a) a doença degenerativa;
b) a inerente a grupo etário;
c) a que não produza incapacidade laborativa;
d) a doença endêmica adquirida por segurado
habitante de região em que ela se desenvolva, salvo
comprovação de que é resultante de exposição ou
contato direto determinado pela natureza do trabalho.
§ 2º Em caso excepcional, constatando-se que a
doença não incluída na relação prevista nos incisos I
e II deste artigo resultou das condições especiais em
que o trabalho é executado e com ele se relaciona
diretamente, a Previdência Social deve considerá-la
acidente do trabalho.

Para Binder e Almeida (1997), acidentes de trabalho são


resultantes de fenômenos sociais devido à maneira como estão
inseridos os trabalhadores no processo de produção, bem como
também expressam correlações de forças existentes na socie-
dade, configurando fenômenos socialmente determinados.
Tem-se ainda que acidente do trabalho é a contingência que
ocorre pelo exercício de trabalho a serviço do empregador ou
pelo exercício de trabalho dos segurados especiais, provocando
lesão corporal ou perturbação funcional que cause a morte ou
a perda ou redução, permanente ou temporária, da capacidade
para o trabalho (MARTINS, 2018).
Entende-se que o conceito legal tem uma aplicação mais
corretiva voltada basicamente para as lesões ocorridas no tra-
balhador, enquanto o conceito prevencionista é mais amplo,
voltado para a prevenção, e considera outros danos, além dos

272
Fabio A. da S. Arruda

físicos.
No tocante ao conceito prevencionista de acidente de tra-
balho, Vianna (2019) concebe-o como qualquer ocorrência não
programada, inesperada ou não, que interrompe ou interfere no
processo normal de uma atividade, trazendo como consequên-
cia isolada ou simultaneamente perda de tempo, dano material
ou lesões ao homem.
Portanto, mesmo ocorrências que não resultem lesões ou
danos materiais devem ser encaradas como acidente do tra-
balho. Este conceito prevencionista acontece quando um acon-
tecimento imprevisto e indesejável interrompe o andamento
normal do trabalho. Tal acontecimento está diretamente rela-
cionado com o trabalho e pode ou não gerar uma lesão no tra-
balhador.
Preceitua o art. 157 da Consolidação das Leis do Trabalho
(BRASIL, 2017):
Cabe às empresas:
I. Cumprir e fazer cumprir as normas de segurança e
medicina do trabalho;
II. Instruir os empregados, através de ordens de
serviço, quanto às precauções a tomar no sentido de
evitar acidentes do trabalho ou doenças ocupacionais;
III. Adotar as medidas que lhe sejam determinadas
pelo órgão regional competente;
IV. Facilitar o exercício da fiscalização pela autoridade
competente.

A responsabilidade criminal quando do acidente de trabalho


está também tipificada na Lei nº. 8213/1991 (BRASIL, 2015):
Art. 19 § 2º Constitui contravenção penal, punível
com multa, deixar a empresa de cumprir as normas
de segurança e higiene do trabalho.

Vale salientar que cresceu nos últimos anos o número de


vitimados por acidentes de trabalho no Brasil. No ano de 2018
a quantidade de trabalhadores que morreram no ambiente de
trabalho ou a caminho deste, o chamado acidente de trajeto, foi
significativa. Segundo dados do Observatório Digital de Saúde

273
Triangulação em saúde e segurança do trabalho
Vol. 2
e Segurança do Trabalho, mantido do Ministério Público do Tra-
balho-MPT (BRASIL, 2019b), dois mil e vinte e dois empregados
formais ou autônomos registrados no sistema da Previdência
Social morreram por conta de acidentes de trabalho. Dados es-
tes que não consideraram as mortes em serviço de funcionários
públicos estatutários, como policiais que morreram durante o
trabalho, nem de trabalhadores informais, visto que foram obti-
dos nos registros de acidentes feitos na Previdência Social.
Ressalta-se que na época ainda vigorava o acidente de tra-
jeto tendo em vista que este deixou de ser considerado acidente
de trabalho a partir da Medida Provisória nº 905/2019 (BRASIL,
2019c), que revogou a alínea ‘d’ do inciso IV do caput do art. 21
da Lei nº. 8.213/1991.
Apesar das consequências negativas, a problemática
histórica de acidentes de trabalho recebe insuficiente atenção
por parte das políticas sociais no Brasil. Evidência disso é a
má qualidade dos dados oficiais sobre a mortalidade e mor-
bidade por acidentes de trabalho, reconhecidamente subesti-
madas. Isso ocorre tanto por inadequações do sistema de reg-
istro quanto pela parcialidade da cobertura, ainda restrita aos
trabalhadores com carteira assinada (CONCEIÇÃO et al., 2003).
Para Almeida Jr. (2018), o Sistema de Proteção ao tra-
balhador está presente em diversos cômputos legais, tais como:
no ordenamento jurídico pátrio, nas convenções da Organização
Internacional do Trabalho (OIT), nos princípios de Direito, na
Constituição Federal brasileira, nas Normas Regulamentadoras
(NRs).
Conforme Almeida Jr. (2018), na organização tem-se como
Sistema de Proteção ao trabalhador a Comissão Interna de Pre-
venção de Acidentes (CIPA), que tem por objetivo a prevenção
de acidentes e doenças relacionadas ao trabalho, bem como o
Serviço Especializado em Engenharia de Segurança e em Me-
dicina do Trabalho (SESMT). Trata-se de uma equipe de profis-
sionais da saúde estabelecida nas empresas para proteger a
integridade física dos trabalhadores e ainda as Empresas de
assessoramento.
Ainda segundo Almeida Jr. (2018), fora da empresa, o

274
Fabio A. da S. Arruda

Sistema de Proteção ao trabalhador está presente na Inspeção


do Trabalho, órgão ligado ao Ministério da Economia, que tem
por objetivo assegurar a todos os brasileiros o efetivo acesso ao
direito social ao trabalho, tem-se ainda o Ministério Público do
Trabalho e Justiça do Trabalho, entre outros.
É oportuno lembrar que acidentes de trabalho geram con-
sequências distintas tanto para o trabalhador como para o em-
pregador e ainda para a sociedade. Claro é que um acidente
pode gerar incapacidade. Como possíveis consequências para o
trabalhador acidentado, entre outras, tem-se: a perda da vida
ou mesmo da integridade física, a incapacidade laboral total
ou parcial, a dificuldade de readaptação ou recolocação, perdas
com promoção, continuidade na empresa e outras, a diminuição
de renda da família, a perda ou mesmo a diminuição do convívio
social, os gastos com médicos, remédios, assistência e outros e
ainda cujas consequências para estas pessoas vão muito além
do aspecto financeiro.
De acordo com Almeida Jr. (2018), o empregador também
sofre consequências. Pode-se destacar, dentre outras, as con-
sequências de ordem trabalhista, administrativa, tributária, ci-
vis, previdenciária, além das penais e econômicas. Como danos
civis, este autor destaca que a Constituição Federal brasileira
(BRASIL, 2019a) fulcra tais ocorrências nos art.5º, inciso V e X
e o art.7º, inciso XXVIII.
No Código Civil este autor cita os arts. 186, 187 e o 927,
enfatizando que preceitua este cômputo legal que haverá obri-
gação de reparar o dano, independentemente de culpa, nos ca-
sos especificados em lei, ou quando a atividade normalmente
desenvolvida pelo autor de dano implicar, por sua natureza, ris-
cos para os direitos de outrem.
Como possível contravenção penal a ser praticada pelo em-
pregador, Almeida Jr. (2018) destaca o que tipifica a Lei nº.
8.213/91 em seu art. 19, § 2º, que pode o empregador incorrer
no crime de homicídio culposo tipificado no Código Penal, art.
121 e no crime de lesão corporal fulcrado no art. 129 do C.P.
e exposição de outrem a perigo que também consta no Código
Penal em seu art. 132.

275
Triangulação em saúde e segurança do trabalho
Vol. 2
Segundo Oliveira (2011), tanto o Código Civil como o Códi-
go Penal brasileiro contemplam que não cabe qualquer repara-
ção civil ou processo penal quando o acidente tiver por motivo
‘culpa exclusiva da vítima’ bem como nas hipóteses de caso
fortuito ou de força maior.

3. MATERIAL E MÉTODOS

O universo pesquisado neste artigo foram graduandos


matriculados no segundo semestre letivo de 2019 no curso
de Engenharia Civil do IFMA-Campus São Luís Monte Caste-
lo, conforme dados obtidos no Sistema Acadêmico (Sistema
Q-Acadêmico) desta Instituição de Ensino.
Foi realizado estudo observacional descritivo do tipo trans-
versal com o universo eleito para a presente pesquisa. Para
composição da amostra foi utilizada técnica não probabilísti-
ca por acessibilidade. A amostragem foi não probabilística por
conveniência. Foram excluídos desta pesquisa os graduandos
afastados, os de matrícula trancada bem como os evadidos.
Obtiveram-se trinta e dois e meio por cento (32,5%) do uni-
verso pesquisado como respondentes participantes do presente
estudo.
A aplicação do questionário com vista à coleta de dados
se deu entre os dias vinte e três a vinte e sete de setembro
de 2019, perfazendo um total de cinco dias. Este utilizou o se-
guinte endereço eletrônico: <https://docs.google.com/forms-
/d/1C9Xr_eXSk5EYFHfLjl2MK74JoYWLt26-Wrm8YANIOM/edit>.
Para a divulgação do questionário foram utilizadas redes
de contatos sociais, como o aplicativo para celulares multiplata-
forma para troca de mensagens (WhatsApp), inclusive solicitan-
do a propagação da pesquisa. Esta foi realizada via formulário
eletrônico da plataforma Google Forms (ferramenta para for-
mulários on-line do Google).
O questionário utilizado foi composto por seis perguntas
pré-elaboradas do tipo semiaberto (perguntas objetivas e sub-
jetivas). Neste instrumento de pesquisa buscou-se compreender

276
Fabio A. da S. Arruda

o perfil, a trajetória acadêmica e a percepção dos graduandos


de Engenharia Civil do IFMA-Campus São Luís/Monte Castelo,
acerca da cultura prevencionista e da prevenção de acidente de
trabalho e as concepções destes graduandos acerca do porquê
das ocorrências de acidentes de trabalho e que possíveis pro-
cedimentos podem e devem ser tomados para evita-los.
As respostas obtidas foram guardadas em conta pessoal
no www.docs.google.com, e ficaram dispostas em planilhas e
gráficos para a devida análise descritiva estatística.
De acordo com os critérios de classificação dos tipos de
pesquisas propostos por Vergara (2006), estas são classificadas
quanto aos fins e quanto aos meios. Quanto aos fins, o presente
projeto de pesquisa identifica-se como do tipo descritiva, visto
que estabelecerá relações de variáveis de perfis e hábitos rela-
tivos ao uso do smartphone.
Quanto aos meios, esta pesquisa foi do tipo bibliográfico,
pois teve como base teórica livros, artigos científicos e meios
eletrônicos.
Com relação ao universo e à amostra da pesquisa, segundo
Vergara (2006):
[...]. Entende-se por população [...] um conjunto
de elementos (empresas, produtos, pessoas, por
exemplo) que possuem as características que serão
objeto de estudo.
População amostral ou amostra é uma parte do
universo (população) escolhida segundo critério de
representatividade.

Todos os aspectos éticos preceituados foram devidamente


acatados. Não houve necessidade de apreciação da pesquisa
pelo ao Comitê de Ética em Pesquisa. Ficaram garantidos o sig-
ilo e a privacidade do pesquisado, bem como as informações
obtidas. A equipe pesquisadora se responsabilizou pela guarda
e confidencialidade dos dados obtidos e estes foram utilizados
exclusivamente na elaboração do presente artigo.

277
Triangulação em saúde e segurança do trabalho
Vol. 2

4. RESULTADOS E DISCUSSÃO

Ao serem indagados sobre o gênero, 27% informaram que


pertencem ao sexo feminino e 78% ao sexo masculino. Não
houve resposta ‘outro’ (Gráfico 1).

Gráfico 1. Gênero.


Foi objeto de estudo deste artigo amostra do universo de
graduandos em Engenharia Civil do IFMA-Monte/Castelo, e ob-
jetivou-se suscitar a problemática da ocorrência de acidentes de
trabalho, e o que pode ser feito para se prevenir tal ocorrência.
Pôde-se perceber a predominância de respondentes do sexo
masculino entre os pesquisados. Denota que, mesmo que o es-
paço socioeconômico, hoje ocupado pelas mulheres no mercado
de trabalho e em outras espaços sociais, as quais têm ocupado
o seu devido lugar de direito histórico, na área de formação
profissional pesquisada ainda não se percebe motivos para co-
memorar tal fato, haja vista os dados obtidos.
Segundo dados obtidos junto à Organização Internacional
do Trabalho (OIT, 2018), as mulheres estão mais presentes nas
vagas de emprego, porém ainda aquém da presença masculina.
Dados estes corroborados por Carvalho e Oliveira quando da
Pesquisa de Condições Socioeconômicas e Violência Domésti-

278
Fabio A. da S. Arruda

ca e Familiar contra a Mulher (PCSVDFMulher) que culminou


com o Relatório Executivo II - Primeira Onda (2016): Violência
Doméstica e seu Impacto no Mercado de Trabalho e na Produ-
tividade das Mulheres, a qual aponta o crescimento da ocu-
pação feminina em postos formais de trabalho de 40,8% em
2007 para 44% em 2016.
A realidade das vagas de emprego ocupadas pelas mul-
heres, ainda que mais presentes que antes, situa-se aquém da
presença masculina e também conflita com o que aponta os
dados da PNAD Contínua (Pesquisa Nacional por Amostra de
Domicílios Contínua) 2018. Segundo este Instituto, o número
de mulheres no Brasil é superior ao de homens. A população
brasileira é composta por 48,3% de homens e 51,7% de mul-
heres (BRASIL, 2018).
Em relação à idade, 33% dos respondentes concentr-
aram-se na faixa etária de 16 a 20 anos, 58%, entre 21 a 25
anos, 7%, entre 26 e 30 anos. Não foram obtidas respostas
entre as faixas etárias de 31 a 35 anos, 36 a 40 anos e mais de
40 anos (Gráfico 2).

Gráfico 2. Faixa etária

Nesta pesquisa foi observada que a predominância dos re-


spondentes (58%) concentrou na faixa etária 21-25 anos. Stein
(2017), em estudo baseado em dados do Censo da Educação
Superior de 2015, elaborado pelo Instituto Nacional de Estudos

279
Triangulação em saúde e segurança do trabalho
Vol. 2
e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (INEP), e considerando
os alunos de graduação em todo o Brasil com matrícula ativa
durante o ano de 2015, obteve este pesquisador que o curso de
Teologia é o preferido entre os alunos mais maduros. A média
de idade dos estudantes é de 36,8 anos. Já o curso Ciência e
Tecnologia é o que atrai os alunos mais jovens, com uma média
de idade de 22,3 anos.
Ainda segundo o Censo da Educação Superior de 2015 elab-
orado pelo INEP em 2015, Stein (2017), encontrou, no tocante
à média de idade dos alunos nos cem maiores cursos de grad-
uação, que o curso de Engenharia Civil tem a média de idade
dos alunos de 24,6 anos. Este curso ficou na 67ª posição com
a média de idade nesta pesquisa. Este artigo encontrou maior
concentração de respondentes na faixa etária que contempla a
média de idade dos alunos apontada pelo INEP 2015.
Stein (2017) encontrou ainda um graduando de Engenharia
Civil da Universidade de Caxias do Sul (UCS) com quinze anos
de idade. Segundo este autor, o graduando mais velho matric-
ulado em curso de nível superior tinha noventa e dois anos, na
época, e cursava Direito na UNIFRA.
Quando questionados acerca do tempo que estavam no cur-
so de Engenharia Civil, 9% afirmaram que cursavam há menos
de 1 ano, 27%, entre 1 e 2 anos, 6%, entre 3 e 4 anos e 36%,
com mais de quatro anos de curso (Gráfico 3).

Gráfico 3. Tempo cursando Engenharia Civil

280
Fabio A. da S. Arruda

Esta pesquisa encontrou que 36% dos graduandos pesqui-


sados têm mais de quatro anos de curso, ou seja, próximos da
conclusão. É comum o curso de Engenharia Civil apresentar-se
entre os mais procurados e concorridos nos processos seleti-
vos das universidades públicas e privadas brasileiras. Inúmeros
estudantes procuram esta graduação em função da alta pos-
sibilidade de empregabilidade, haja vista sua elevada deman-
da, bem como os possíveis bons salários dos engenheiros, o
que também atrai pretensos graduandos para esta formação
acadêmica, bastante valorizada em função da sua importância
e significância social.
O setor da construção civil cresceu de forma célere por
diversos anos, gerando intensa oportunidade de emprego e tra-
balho. Houve, porém, segundo Furletti e Vasconcelos (2019),
um recente recuo em função da crise econômica que perpassa o
país, proporcionando queda em suas atividades com reflexo para
o mercado de trabalho da construção civil. Porém esse mercado
ainda é bastante atraente e tende a crescer novamente, tendo
em vista a demanda nacional por seus serviços.
O curso de Engenharia Civil é uma graduação com titulação
de bacharelado e exige habilidade com cálculos, fórmulas, de-
senhos e projetos diversos. Os graduandos são preparados para
desempenhar atividades de planejamento, projeto, direção,
vistoria e avaliação de obras e serviços referentes a edificações,
sistemas de transportes, abastecimento de água, drenagem e
outras atividades correlatas. São necessários cinco anos de es-
tudos para concluir a carga horária mínima estabelecida pelo
Ministério da Educação (BRASIL, 2019d). Este determina que
o curso tenha carga horária mínima de três mil e seiscentos
horas.
A graduação em Engenharia Civil ofertada pelo IFMA-Monte
Castelo disponibiliza setenta e duas disciplinas em sua grade
curricular, distribuídas em dez períodos e 4.905 horas (quatro
mil novecentas e cinco horas). Tem a graduação de Engenha-
ria Civil o objetivo de dotar o profissional engenheiro civil de
habilidades e competências para absorver e desenvolver novas
tecnologias, para a identificação e resolução de problemas na
área de construção civil, considerando seus aspectos políticos,

281
Triangulação em saúde e segurança do trabalho
Vol. 2
econômicos, sociais, ambientais e culturais. (IFMA, 2013).
A disciplina Segurança no Trabalho é ofertada no sétimo
período desse curso no IFMA, com carga horária de 60 horas
(sessenta horas), perfazendo somente 1,22% da carga horária
do curso. Algo que se considera ínfimo, haja vista o volume de
conteúdo e importância desse conhecimento para o pleno e bom
gerenciamento de uma obra de construção civil, a qual deve
primar por reduzir os dados estatísticos que a apontam com
elevado índice de acidentes trabalho.
Quando questionados se já haviam participado de algum
treinamento/ formação, se cursaram ou mesmo estão cursando
alguma disciplina voltada para a temática Segurança do Tra-
balho e Saúde Ocupacional, 20% afirmaram estar cursando,
24% disseram que sim, que já tinham feito algum curso/tre-
inamento nesta área de formação e 56% afirmaram que não,
que ainda não tinham feito nenhum curso/disciplina nesta área
(Gráfico 4).
A indústria da construção civil contempla distintas ativi-
dades e tem como objetivo transformar o ambiente natural em
busca da oportunização de melhor qualidade de vida para o ser
humano. Porém, ainda que traga contribuições ímpares para
a vida humana e à economia do país, há um triste índice que
se faz presente nesse setor econômico de produção: o elevado
índice de acidentes de trabalho e doenças ocupacionais advin-
das das atividades de construção.

Gráfico 4. Participação atual ou pretérita em treinamento/formação ou dis-


ciplina de Segurança do Trabalho e Saúde Ocupacional.

282
Fabio A. da S. Arruda

Dispõe a Portaria nº 915, de 30 de julho de 2019, que apro-


vou a nova redação da Norma Regulamentadora nº 01 (NR-01),
no que concerne às Disposições Gerais, aprovada pela Portaria
MTb nº 3.214, de 08 de junho de 1978, que passou a vigorar
com a redação constante do Anexo I desta Portaria supra, a
qual concebe em seu art. 1.4 distintos Direitos e deveres, (BRA-
SIL, 2019e):
[...]
1.4.4 Todo trabalhador, ao ser admitido ou quando
mudar de função que implique em alteração de risco,
deve receber informações sobre:
b) os meios para prevenir e controlar tais riscos;
1.4.4.1 As informações podem ser transmitidas:
a) durante os treinamentos;
b) por meio de diálogos de segurança, documento
físico ou eletrônico.

A temática de segurança e saúde do trabalho na construção


civil demanda a necessidade de não se limitar tão somente à
leitura de uns poucos livros voltados à temática de segurança.
Concebe Peinado (2019) que necessário se faz a continui-
dade dos estudos nessa área, tais como: recorrer às diretrizes
trazidas nas Normas Regulamentadoras (NRs) do Ministério do
Trabalho, às Recomendações Técnicas de Procedimentos (RTPs)
e às Normas de Higiene Ocupacional (NHO) da FUNDACENTRO,
aos manuais publicados pela CBIC e pelo SESI, dentre diversos
outros materiais e textos normativos que abordam o tema. Tam-
bém torna-se de capital importância a participação em eventos
e cursos direcionados à temática, a realização de especialização
em Engenharia de Segurança do Trabalho, de modo a camin-
har-se, enquanto meio técnico, na busca pelo aprimoramento
de prática voltadas à segurança e à saúde do trabalhador nas
atividades da construção.
Como penúltimo questionamento perguntou-se: Por que,
na sua concepção, ocorrem acidentes de trabalho?. Foram acol-
hidas inúmeras contribuições por parte dos respondentes, bem
como comentários e sugestões. É oportuno destacar que houve
redundância acerca das recomendações apontadas.

283
Triangulação em saúde e segurança do trabalho
Vol. 2
Tabela 1. Razões/motivos causadores de acidentes de trabalho.

Pôde-se perceber que, entre os respondentes, houve signi-


ficativo quantum indicando que os acidentes de trabalho ocor-
rem precipuamente por ‘descuido do trabalhador’, por ‘falta de
cuidado do trabalhador’, por ‘despreparo do trabalhador’, por
‘imprudência, imperícia e/ou negligência do trabalhador’, por
‘falta/negligência no uso do EPIs (adequados) e ausência de
EPCs, por ‘excesso de autoconfiança’ do trabalhador’, ‘porque
fica muito distraído, não prestando a devida atenção no que faz’.
A Norma Regulamentadora 6 (NR 6) (BRASIL, 2019f) des-
taca em seu art. 6.1 que, para os fins de aplicação desta Norma,
considera-se Equipamento de Proteção Individual todo dispo-
sitivo ou produto, de uso individual utilizado pelo trabalhador,
destinado à proteção de riscos suscetíveis de ameaçar a segu-
rança e a saúde no trabalho.
Geralmente os locais de trabalho mais críticos e perigosos
são os que demandam o uso de equipamentos de proteção in-

284
Fabio A. da S. Arruda

dividual (EPIs) e equipamentos de proteção coletiva (EPCs). É


notório que uma das principais causas de acidentes de trabalho
na construção civil são a falta de EPCs e EPIs. Via instalação e
utilização destes recursos, os acidentes de trabalho poderiam
ser mitigados. Assim, necessário se faz uma atuante fiscaliza-
ção legal dos canteiros de obras.
A presença de equipamento de proteção individual não ne-
cessariamente previne a ocorrência de acidentes de trabalho.
Segundo Pantaleão (2019), o EPI será obrigatório somente se o
EPC não atenuar os riscos completamente, ou se oferecer pro-
teção parcialmente.
O EPC, segundo Pantaleão (2019), não depende da von-
tade do trabalhador para atender suas finalidades. Assim, este
tem maior preferência pela utilização do EPI, já que colabora no
processo, minimizando os efeitos negativos de um ambiente de
trabalho que apresenta diversos riscos ao trabalhador.
O uso do EPI só deverá ser feito quando não for possível
tomar medidas que permitam eliminar os riscos do ambiente
em que se desenvolve a atividade, ou seja, quando as medidas
de proteção coletiva não forem viáveis, eficientes e suficientes
para a atenuação dos riscos e não oferecerem completa proteção
contra os riscos de acidentes do trabalho e/ou de doenças
profissionais e do trabalho (PANTALEÃO, 2019).
Em amostragem significativa dos respondentes, também
concebem que ‘o empregador, por si só, é o responsável pelo
acidente’. Concebem estes que os ‘acidentes de trabalho ocor-
rem por irresponsabilidade do empregador’, por falta/ausência
de fiscalização’, por ‘falta de cuidado do gestor que só quer eco-
nomizar e lucrar’, ainda que ‘o empregador não fornece os EPIs
adequados’ e ‘tão pouco exige o uso de EPIs’.
Vilela, Iguti e Almeida (2004) referem a falta de adequação
dos ambientes de trabalho e tarefas entre o indivíduo e as fun-
ções exercidas no trabalho como as causas de atos inseguros
por parte dos trabalhadores que levariam aos acidentes. Esse
fato pode ser devido a diferenças individuais, como sexo, idade,
tempo de reação aos estímulos, coordenação motora, estabili-
dade emocional, nível de inteligência, grau de atenção, percep-

285
Triangulação em saúde e segurança do trabalho
Vol. 2
ção, entre outras.
Além disso, para Almeida e Binder (2004), problemas pes-
soais (familiares, distúrbios emocionais e preocupações), inter-
rupções (chamado de colegas, intercorrência) e/ou excesso de
pressão de tempo para a execução das atividades também de-
vem ser levados em consideração.
O questionário se encerra com acolhimento de sugestões
dos pesquisados acerca de possíveis ações a serem desenvolvi-
das no tocante à prevenção da ocorrência de acidentes de tra-
balho e doenças ocupacionais. Vale destacar que aqui também
houve redundância nas respostas acerca das ações sugeridas
quando da prevenção da ocorrência de acidentes de trabalho.

286
Fabio A. da S. Arruda

Tabela 2. Ações sugeridas como prevenção da ocorrência de acidentes de


trabalho

Dentre as sugestões colhidas, destaca-se, significativa-


mente, a indicação do a indicação do ‘uso de Equipamentos de
Proteção Individual (EPIs) necessários e adequados’. Torna-se
oportuno destacar que a NR 6-Equipamento de Proteção Indi-
vidual (BRASIL, 2019f), fulcra:
6.3 A empresa é obrigada a fornecer aos empregados,
gratuitamente, EPI adequado ao risco, em perfeito
estado de conservação e funcionamento, nas seguintes
circunstâncias:
a) sempre que as medidas de ordem geral não
ofereçam completa proteção contra os riscos de

287
Triangulação em saúde e segurança do trabalho
Vol. 2
acidentes do trabalho ou de doenças profissionais e
do trabalho;
b) enquanto as medidas de proteção coletiva estiverem
sendo implantadas; e,
c) para atender a situações de emergência.

Jaques (2019) cita que para que o uso de EPI seja consid-
erado na fundamentação do atendimento ao critério de eficácia
como um recurso válido de prevenção e ainda forneça suporte
legal (trabalhista e previdenciário) ao empregador e aos profis-
sionais de SST e HSO, os seguintes requisitos devem ser aten-
didos:
a) controle de fornecimento com recibo de entrega;
b) procedimentos da empresa para uso, conservação, hi-
gienização, manutenção e descarte;
c) seleção técnica do modelo e tipo corretos, com cálculos,
quando aplicáveis, como, por exemplo, para a proteção
auditiva e respiratória;
d) verificação de validade do Certificado de Aprovação do
MTPS no ato da compra;
e) treinamento periódico quanto ao uso correto e adequa-
do a cada tipo;
f) requisito de uso em 100% do tempo nos locais onde for
recomendado, seja em placas de aviso ou em procedi-
mentos da empresa;
g) periodicidade de reposição conforme recomendações
dos fabricantes e de boas práticas incluídas em proced-
imento da empresa;
[...]
Dentre as sugestões colhidas, destaca-se a indicação da
‘falta de informação/conhecimento/treinamento, despreparo
do trabalhador’. Cabe apontar que, no pensar de Chiavenato
(2015), treinamento/formação deve ser ação constante e inin-
terrupta. Mesmo quando pessoas apresentam excelente desem-
penho, alguma orientação visando à melhoria das habilidades e

288
Fabio A. da S. Arruda

competências sempre deve ser introduzida ou incentivada.


Os respondentes da presente pesquisa também citaram de
forma significativa a ‘maior fiscalização por parte da Empresa
(ser mais rigorosa)’, bem como maior sensibilização e conscien-
tização dos trabalhadores (campanhas de)’.
Para Rasmussen (1997), gerentes e supervisores buscam
motivar seus funcionários e operários por meio da educação, do
treinamento ou ‘controlando’ seus comportamentos com regras
e equipamentos de segurança.
Mesmo com a existência de uma grande quantidade de nor-
mas e regulamentações relacionadas à segurança e à saúde do
trabalhador, verifica-se que ainda é necessário criar a consciên-
cia de que a atuação nessas áreas é primordial e que merece
grande atenção por parte dos responsáveis por uma obra, uma
vez que a integridade do trabalhador deve ser preservada.
Deve-se conhecer e adotar os requisitos de Segurança e Saúde
no Trabalho (SST) trazidos em normas, recomendações técnicas
e manuais de boas práticas, além de atuar na implementação
de um Sistema de Gestão da Segurança e Saúde do Trabalho
(SGSST) e buscar inovações aplicáveis ao setor (PEINADO,
2019).

5. CONSIDERAÇÕES FINAIS

A evolução das relações humanas e do trabalho advinda


da busca de qualidade de vida por parte do ser humano sempre
esteve calcada na busca de métodos e processos que permitam
maior e melhor produção de bens e serviços que atendam
prontamente suas necessários. Nesse contexto, a construção
civil é o setor de produção que cresce de forma mais célere
quando se convive com algum apogeu econômico gerando, em
decorrência, desenvolvimento e crescimento das cidades.
Porém, quando a temática é segurança do trabalho e saúde
do trabalhador, distintos dos demais setores econômicos de
produção, a indústria da construção civil se apresenta com uma
série de singularidades que necessitam ser observadas. Dentre

289
Triangulação em saúde e segurança do trabalho
Vol. 2
estas, destacam-se a alta rotatividade dos profissionais, bem
como a baixa capacitação e qualificação destes métodos obso-
letos de trabalho (que não necessariamente primam por segu-
rança), alternância da natureza do serviço em função da etapa
da obra e ainda a histórica falta de tradição na consecução de
projetos de segurança.
O setor de produção da construção civil é complexo. De-
manda eficiência e eficácia em todas as etapas de suas ativida-
des. A intensa exposição do profissional a condições de riscos e
perigos constantes torna a indústria da construção civil respon-
sável por um elevado número de acidentes de trabalho e doen-
ças ocupacionais que ocorrem no ambiente laboral.
É direito fundamental do trabalhador, calçado inclusive nos
preceitos normativos legais, que este pode e deve usufruir de
uma qualidade de vida saudável, o que suscita, consequente-
mente, maior preocupação com as condições do trabalho em
prol da segurança e da saúde profissional do trabalhador.
Contudo sempre objetivando o crescimento célere da pro-
dutividade, o homem enfatiza o uso dos recursos e desenvolvi-
mento das organizações e, comumente, subestima o desgaste
físico e mental, gerado tanto pelas atividades realizadas quanto
por fatores diversos que findam por refletir no possível surgi-
mento e crescimento de acidentes de trabalho e de doenças
ocupacionais.
É a segurança no trabalho fundamental para a eficiência e
eficácia das atividades laborais assim como para a vida e a saú-
de do trabalhador e o bem-estar de seus dependentes e ainda
para toda a teia produtiva: empresa, sociedade e governo. As-
sim, conhecimento e gestão de segurança e saúde no trabalho,
no que tange à cultura prevencionista e à prevenção de aciden-
te de trabalho, é algo precípuo no atendimento das exigências
mínimas de saúde e segurança, necessário ao exercício do direi-
to do profissional a um ambiente laboral seguro e saudável para
a realização de suas atividades.
É sabido que o objetivo da segurança no trabalho e saúde
ocupacional é desenvolver ações preventivas e corretivas, bus-
cando mitigar ou mesmo suprimir agravos à saúde do trabalha-

290
Fabio A. da S. Arruda

dor no ambiente laboral.


Propõe-se também envolver a todos, trabalhadores e ges-
tores em busca da maior eficiência e eficácia do ambiente e do
processo de trabalho, além de uma melhor qualidade de vida
e de trabalhos a todos os profissionais, indistintamente de sua
formação, categoria e/ou atribuição na teia do processo produ-
tivo.
Por fim, algo torna notório: em caso de acidentes, ‘todos
pagam a conta’. Para o trabalhador e sua família uma tragédia,
para o empregador, o componente econômico, para a sociedade
e o governo, um alto custo. Ou seja, todos, indistintamente,
têm seu quantum de prejuízo. É pertinente afirmar que pre-
venção de acidentes do trabalho deveria ser considerada como
política de Estado.

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295
13

OTIMIZAÇÃO DE UM SISTEMA FORÇADO


DE INSUFLAMENTO E EXAUSTÃO PARA
CONTROLE TÉRMICO DE AMBIENTE EM
ADEQUAÇÃO AOS ÍNDICES DE IBUTG DA
NR-15

Ruan Carlos Corrêa Mendes

Graduado em Engenharia Mecânica pela Universidade Estadual do Maranhão


(UEMA, 2007), MBA em Gerenciamento de Projetos pela Fundação Getúlio
Vargas (FGV, 2010), Licenciatura Plena pela Universidade do Sul de Santa
Catarina (UNISUL, 2010), Pós Graduado em Metodologia do Ensino na Edu-
cação Superior (UNINTER, 2016), Mestrado em Engenharia de Produção pelo
Instituto Tecnológico de Aeronáutica (ITA, interrompido em 2017), Pós Gradu-
ando em Engenharia de Segurança do Trabalho pela Universidade Estadual do
Maranhão (UEMA, previsão de conclusão 2019). Professor Substituto do Curso
de Engenharia de Pesca e Engenharia de Produção (UEMA, 2014 à 2016). Atu-
almente Professor substituto do Curso de Engenharia Mecânica e Engenharia
de Produção na Universidade Estadual do Maranhão (UEMA, 2019 à 2020).
Professor Substituto do Instituto Federal do Maranhão – Campos Centro His-
tórico (IFMA, 2019 à 2020). Já atuou como instrutor de aprendizagem Indus-
trial na área de metalomecânica e consultor em STI – Serviços Tecnológicos e
Inovação pelo SENAI-MA (2007 à 2018). Tem experiência em Gestão de Pro-
jetos, Consultoria em Empresas do setor Industrial, Elaboração de Projetos de
Estruturas Metálicas em CAD (Computer Aided Designer), Realização de Trei-
namentos em NR-13, com o intuito de apoiar no desenvolvimento e sustenta-
bilidade do setor Industrial. Contribuiu com o SENAI-MA no desenvolvimento
de projetos inovadores, consultoria nas empresas. Atualmente é responsável
técnico pelas empresas Prothege il e INFIX.
Triangulação em saúde e segurança do trabalho
Vol. 2

RESUMO

A
s Lavanderias são empreendimentos com intuito de ofere-
cer à comunidade serviço de higienização têxtil e vestuário
para as Empresas e comunidades em geral, podendo ser
domesticas, hospitalares, hoteleiras, decorativas, uniformes/
EPI’s, Jeans/Denim e de PetShop. Nesses ambientes possui se-
tores de secagem de roupas onde os funcionários submetem-se
a altas temperaturas dos secadores industriais. Este artigo se
trata de um estudo de caso em uma Lavanderia situada na ci-
dade de São Luís – MA, mais precisamente no setor produtivo
da Lavanderia (área de secar e passar), onde se constatou que
os Auxiliares de lavanderias trabalham com maquinários que
dissipam muito calor, cujos valores de temperaturas ultrapas-
sam os valores recomendados pela Norma NR 15 – Atividades e
Operações Insalubres (em média 30,1°C). Mesmo com os EPI’s
utilizados e treinamentos realizados para esses funcionários, e
ventilação natural, o ambiente apresentado nesse local possui
temperaturas elevadas nesse posto de trabalho, devido a dis-
sipação de calor dos equipamentos, tendo ainda outras contri-
buições. O atendimento à NR – 15 para o controle térmico de
ambientes se faz necessário tanto para a melhoria de produ-
tividade quanto o bem-estar das pessoas, impactando assim
positivamente na produção, desempenho dos colaboradores e
conservação dos equipamentos e máquinas gerando maior ren-
dimento e vida útil. Após análise realizada por profissional ha-
bilitado através de Laudo Técnico, foi constatado que os limites
de tolerância para exposição ao calor estão acima dos limites
previstos no Anexo III da NR-15 e com isso foi realizado uma
otimização e melhoria através do dimensionamento de um sis-
tema mecânico de ventilação e exaustão com a implantação de
Projeto, com objetivo de as condições de temperatura na La-
vanderia tornando o ambiente salubre para os funcionários que
ali tiram sua renda familiar, evitando, também, problemas com
os Órgãos do Trabalho e prejuízos com pagamento do adicional
de insalubridade conforme define a NR – 15.
Palavra-Chave: Lavanderia; Ventilação Mecânica; Ex-
austão Mecânica

298
Fabio A. da S. Arruda

1. INTRODUÇÃO

Nos dias atuais, estima-se a existência de aproximada-


mente 23 mil lavanderias ativas no Brasil, considerando apenas
as que oferecem o serviço de lavanderia. Nestes quantitativo
excluem as lavanderias internas de hotéis, hospitais, próprias,
casas de detenção, casas de repouso, cabelereiros dentre out-
ras (ANEL, 2019).
Estima-se que atualmente (2018), apenas 3% da popu-
lação brasileira utiliza os serviços de lavanderia profissionais.
Esse número deverá atingir 10% da população até 2030. Esses
números mostram que a economia está em um processo de
transformação do “ter”, para “usufruir”, ou seja, a economia do
futuro, será a economia de serviços (ANEL, 2019)
Os últimos dados estatísticos, publicados no Anuário Es-
tatístico da Previdência Social (AEAT, 2017), apontam que em
2017 foram registrados aproximados 550 mil acidentes do tra-
balho, entre os trabalhadores assegurados da Previdência So-
cial. Quantidade de acidentes do trabalho, por situação do reg-
istro e motivo, segundo a Classificação Nacional de Atividades
Econômicas (CNAE 9601 – Atividade Principal: Lavanderias,
Grau de Risco 2), apontam 564 acidentes com a existência de
riscos ocupacionais específicos, as questões de saúde e segu-
rança do trabalhador passam a ser um elemento de destaque
na gestão do negócio e um diferencial competitivo para as in-
dústrias.
Uma das preocupações em manter o bem-estar em ambi-
ente de Lavanderia se dá pela utilização de máquinas que geram
calor como: secadoras e calandras de passar roupas. O objetivo
da Lavanderia é atender as demandas de serviço, oferecendo
um atendimento diferenciado e comprometidos com a quali-
dade, de forma a expandir no mercado de serviço de lavanderia.
E nessa instalação industrial, a ventilação e circulação do ar no
ambiente tem por finalidade o controle das concentrações de

299
Triangulação em saúde e segurança do trabalho
Vol. 2
contaminantes, poluentes, e na adequação das faixas de tem-
peratura de trabalho interno melhorando a produtividade e tor-
nando o ambiente mais salubre de forma a atender as normas
vigentes no Brasil. O sistema de ventilação, exaustão ou refrig-
eração é comumente usada no conforto térmico tanto em ambi-
entes residências, comerciais e ou industriais, com o propósito
de atender e manter as condições de conforto e salubridade
nesses ambientes frequentados, sejam pessoas que estejam
em seu exercício laboral ou não, termicamente agradáveis, nem
muito quente nem muito frio, proporcionando assim melhores
rendimentos e sensações térmicas, além de manter uma boa
circulação e troca de ar com o intuito de manter o ambiente em
condições saudáveis.
Vale ressaltar que a Lavanderia possui muitas máquinas e
equipamentos que consomem muita energia e utilizam muito
calor no seu processo fabril, e para facilitar o desempenhar de
seus funcionários é necessário aplicar uma eficiente circulação
de ar sem comprometer no rendimento destas máquinas na sua
planta fabril, otimizando o consumo de energia pela dissipação
e perda de calor das mesmas, sem afetar em sua durabilidade,
confiabilidade e consumo de energia, com o ensejo tornar a
atividade laboral de seus operários de forma mais adequada
e arejada, de maneira que venha prevenir eventuais doenças
ocupacionais em detrimento do calor excessivo.
Os trabalhadores envolvidos na Lavanderia são auxilia-
res de lavanderia e atuam em local fechado em alvenaria com
revestimento em reboco e acabamento em pintura látex, piso
em cimento polido industrial, com ventilação e iluminação ar-
tificial através de exaustores industriais aéreos, lâmpadas flu-
orescentes e natural através de abertura lateral na edificação,
e que são submetidos a elevadas temperaturas provenientes
da exposição às calandras e secadores. Foram levantadas tem-
peraturas de calor acima do permitido para atividades de Aux-
iliares de Lavandeiras com os seguintes valores: 29,33; 29,8 e
31,12 °C, valores esses acima do permitido para a NR 15 em
Anexo III no Quadro II.
Esse calor excessivo vem gerando desconforto durante a
atividades laborais dos trabalhadores, principalmente nos perío-

300
Fabio A. da S. Arruda

dos mais quentes de nossa região, um dos sintomas causados


por esta exposição são: desidratação, males respiratórios, dores
de cabeça, doenças infeciosas (gripe e resfriado), muitas câim-
bras, insolação, náuseas, cefaleia, tontura, fraqueza, irritabili-
dade, sede e transpiração intensa.
A exposição ao calor radiante é a principal fonte causadora
de risco ocupacional. O conforto térmico proporciona ao tra-
balhador condições adequadas para a realização de suas tarefas
laborais, garantindo qualidade e eficiência e precisão. O descon-
forto térmico causa estresse que pode interferir no rendimento
da produção e expondo o trabalhador a uma maior suscetibili-
dade ao risco de acidente.
Contudo, para encontrarmos uma solução viável tecnica-
mente e financeiramente, lançamos o referido trabalho com o
objetivo de elaborar um projeto sustentável através do dimen-
sionamento de um sistema mecânico de ventilação e exaustão
a fim de melhorar as condições térmicas presentes no ambiente
interno da Lavanderia para melhorar as atividades laborais e ga-
rantir melhores condições à saúde dos trabalhadores expostos
e a confiabilidade e credibilidade do sistema implantado, man-
tendo o ambiente salubre, com o mínimo de perdas de energia.

2. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

O presente Artigo fundamenta-se pelas informações ob-


tidas na literatura sobre as normas de atividades e operações
insalubres (NR-15), Sistemas de Ventilação e Conforto Térmico
nas Lavanderias, apresentando um projeto de intervenção para
melhoria das condições de conforto térmico no ambiente de tra-
balho da Lavanderia.

2.1 Ventilação Industrial

A importância da presença do ar nos ambientes de tra-


balho, além da sua importância para o metabolismo humano,

301
Triangulação em saúde e segurança do trabalho
Vol. 2
ele estabelece a temperatura natural do ambiente proporciona-
ndo a sensação de conforto térmico, bem como o controle de
processos industriais e controle ambientais (MACINTYRE, 2013)
A movimentação do ar no ambiente de trabalho é conheci-
da como ventilação, que pode ser provocada por meios naturais
ou artificiais e de ser planejada, executada e modificada, quan-
do necessários, para promover a prevenção de danos a saúde,
segurança e conforto dos trabalhadores.
Esta movimentação do ar entre dois pontos, por meios
naturais ou mecânicos, processa-se pelo estabelecimento de
uma diferença de pressão entre eles. Para obter um ambiente
salubre, o ar pode, também, ser condicionado artificialmente.
O condicionamento do ar é o que artificialmente. O condiciona-
mento do ar é o processo de tratamento de modo a controlar,
simultaneamente, a temperatura, a umidade, a pureza e a dis-
tribuição do ar, a fim de atender às necessidades de salubridade
do ambiente, sendo ocupado ou não pelo homem.
Como ventilação industrial entende-se o processo de retirar
ou fornecer ar por maios naturais ou mecânicos, de um recinto
fechado. O processo de ventilação tem por finalidade de limpar
e controlar as condições do ar, para que os homens e máquinas
convivam num espaço sem prejuízo de ambas as partes.
A função da Ventilação em ambientes de trabalho são: con-
trolar os contaminantes (que provocam doenças, causas tra-
balhistas, pressões dos órgãos ambientais, danos a imagem
etc); controle térmico e prevenção de graves sinistros, como
explosões e grandes acidentes ambientais. A simples renovação
de ar nesses ambientes não significa que este trona-se à salu-
bre. É necessário que o ar seja distribuído de tal forma que a
taxa de contaminantes seja a mesma em todos os pontos. O
conhecimento da forma como o ar externo, por intermédio da
turbulência, mistura-se com o ar interno é de fundamental im-
portância no projeto do sistema de ventilação.
Segundo Lisboa (2007) a “ventilação se define como um
processo de tratamento de ar por meios mecânicos ou naturais,
ou seja, a movimentação intencional do ar de forma planejada
a fim proporcionar o tratamento de ar.”

302
Fabio A. da S. Arruda

Para Macintyre (2013), a ventilação aplicada no setor in-


dustrial é chamada de ventilação industrial. Seu objetivo é con-
trolar a temperatura, a velocidade, a umidade, a concentração
ou remoção de agentes poluentes do ar de um recinto fechado.
O objetivo principal do estudo de ventilação industrial em
conformidade com a colocação inicial, é desenvolver técnicas
para o controle das correntes de ar a serem introduzidas ou re-
tiradas de um recinto afim de mantê-lo salubre, com o mínimo
de perdas de energia (VALLE e MELO, 1992). Grande parte das
industrias geram resíduos e desperdícios que, não sendo trata-
dos, irão poluir a atmosfera. Daí a necessidade de sistemas de
ventilação industrial bem eficazes.
A ventilação Industrial pode ser classificada conforme im-
agem abaixo:

Figura 1: Classificação da Ventilação Industrial

Fonte: Adaptado de ACGIH (2013)

A ventilação é um dos métodos disponíveis para controle


de um ambiente ocupacional, onde consiste em movimentar o
ar num ambiente através de ventiladores que pode ser chamada
também de ventilação mecânica onde se aplica energia em mo-
tor e este faz funcionar aletas ou hélices que giram e empurram
o ar, gerando um fluxo e fazendo a circulação do ar. A ventilação
industrial é dividida em dois grandes grupos: Ventilação Geral
Diluidora e Ventilação Local Exaustora (MACINTYRE, 2013).

303
Triangulação em saúde e segurança do trabalho
Vol. 2

2.2 Conforto Térmico

A norma ISO 7730 define conforto térmico como “É o esta-


do de alma que expressa satisfação com o ambiente térmico”.
E conforto térmico também pode ser definido como o estado
mental que expressa satisfação do homem com o ambiente tér-
mico que o circunda”. ASHRAE (American Society of Heating,
Refrigeration and Air Conditioning Engineers).
O conforto térmico está relacionado à busca intuitiva do
sentir-se bem natural do homem. Várias pesquisas desenvolvi-
das em laboratório e em campo têm verificado a relação entre
o conforto térmico e o desempenho dos indivíduos (FANGER,
1970).
Embora a redução da performance humana sob calor ou
frio seja ainda uma questão pouco clara ou conclusiva, confor-
me se pode notar no estudo realizado por Woods e Winakor em
uma lavanderia de um hospital nos Estados Unidos (WOODS et
al., 1981), suspeita-se que a performance perceptiva, manual e
intelectual é geralmente maior na presença de conforto térmico
(XAVIER, 1999).
No Brasil, a preocupação com o conforto térmico é recente.
Começou a ser levada em conta pela construção civil a partir de
2005, quando entrou em vigor a norma NBR 15220 - Desem-
penho térmico de edificações, da ABNT (Associação Brasileira
de Normas Técnicas). Dividida em cinco partes, ela conduziu o
setor a desenvolver pesquisas sobre materiais adequados para
cada tipo de clima e, sobretudo, adaptar os projetos a concei-
tos como fator de calor solar, ventilação cruzada e resistência
térmica.
De acordo com a ISO 7730 – Conforto Térmico, o calor
produzido no corpo é determinado pelo nível de atividade da
pessoa, sendo também variável com a idade e o sexo. Este
calor é trocado com o ambiente exterior por condução, convec-
ção, radiação e evaporação. A condução não assume geralmen-
te grande relevância. A convecção depende da temperatura e
velocidade do ar exterior. A radiação depende da temperatura
média radiante e a evaporação depende da humidade do ar e

304
Fabio A. da S. Arruda

da sua velocidade.
Os parâmetros mais importantes do conforto térmico sub-
dividem‐se em duas classes:
• Parâmetros individuais: Atividade e Vestuário;
• Parâmetros ambientais: Temperatura do ar; Umidade
do ar; Velocidade do ar e Temperatura média radiante.
Portanto garantir um local termicamente favorável traz
muitos benefícios para os trabalhadores e evita incômodos oc-
asionados pela condição insalubre proveniente do calor como:
distúrbios funcionais capazes de afetar o corpo; fadiga; sonolên-
cia; diminuição do desempenho físico e desatenção podendo oc-
asionar acidentes. Em contrapartida, ambientes térmicos frios
podem levar à agitação, o que por sua vez diminui a cautela e a
concentração, principalmente em atividades intelectuais (KRO-
EMER & GRANDJEAN, 2005). O ideal é trabalhar nos limites tol-
eráveis para as operações dentro da lavanderia.

3. MÉTODO

Este artigo é proveniente de um estudo de caso realizado


após análise do estresse térmico em uma lavanderia da cidade
de São Luís – MA. Onde a relação deste estudo baseia-se de da-
dos exploratório, por tratar-se de uma análise preliminar, reali-
zando coleta de dados junto com levantamento de informações,
o roteiro para desenvolvimento desse artigo foi: Avaliação Pre-
liminar do Local, Medição de Conforto Térmico através da Taxa
de IBUTG (nesse caso não conforme com a legislação); Red-
imensionamento do Sistema de Ventilação; Qual a Tempera-
tura de Trabalho Desejada na Lavanderia?; Calculo da Carga
Térmica e Vazão Desejada para ser retirada do ambiente de
trabalho; Qual a temperatura à atingir?; Refazer o cálculo de
IBUTG para atestar as novas condições de trabalho na Lavande-
ria, para otimizar os riscos físicos quanto à temperatura elevada
presente no ambiente.
Quanto ao procedimento técnico é uma pesquisa bibliográ-

305
Triangulação em saúde e segurança do trabalho
Vol. 2
fica desenvolvida a partir de levantamentos de referências teóri-
cas já analisadas, e publicadas por meios escritos e eletrônicos,
como livros, artigos científicos, páginas de web sites, para per-
mitir conhecer melhor sobre o assunto em questão. Existem,
porém, pesquisas científicas que se baseiam unicamente na
pesquisa bibliográfica, procurando referências teóricas publica-
das com o objetivo de recolher informações ou conhecimen-
tos prévios sobre o problema a respeito do qual se procura a
resposta (FONSECA, 2002). Um estudo de caso é um proces-
so de averiguação de cunho científico, munido de benefícios e
percalços próprios segundo a tipologia da pesquisa buscando a
resposta de uma única questão (YIN, 2010).
Por fim, do ponto de vista da abordagem do problema a
pesquisa possui um caráter quali-quantitativa, onde serão
apresentados os resultados com base em análises visuais, per-
cepções acerca do problema e quantificação da temperatura e
do índice que mede o estresse térmico por calor, realizada por
observação de forma direta, com apontamento manuscritos e
registros fotográficos e aferição de aparelhos de medição de
calor, bem como o diagnóstico de agentes nocivos à saúde e
integridade física dos trabalhadores, além da caracterização de
atividades especiais que possam gerar aposentaria em decor-
rência da incidência de sua caracterização e consequente paga-
mento do adicional devido.

3.1 Local do Estudo

A pesquisa foi realizada em uma Lavanderia na cidade de


São Luís (MA), especificamente no setor de produção da Em-
presa no processo de lavagem industrial de uniformes e toa-
lhas contínuas que exige esforço físico, com jornada diária de
trabalho de 8 horas, sendo expostos aos mais variados riscos
ocupacionais, como temperatura, ruído, iluminação e inalação
e contato com substâncias químicas. O local possui cerca de
193,60 m² com 13,0 metros de comprimento e 14,90 metros
de largura, o pé direito do ambiente possui variação de 7,0 m
até 7,35 m no centro do galpão. O ambiente possui paredes nas
fachadas Leste e Oeste com 9 cm de espessura com tijolos de
306
Fabio A. da S. Arruda

6 furos em argamassa comum de tom claro, já as paredes Norte


e Sul não recebem incidência solar. O teto é construído de es-
trutura metálica com cobertura em telha de fibro-cimento sem
forro e espessura da telha de 0,7 cm. A temperatura Leste e
Oeste possui 33°C e a Temperatura Máxima de Trabalho Interna
Medida foi de 31,12°C. A temperatura interna para projeto é de
29°C. O ambiente não possui janelas nas laterais, apenas 4 Co-
bogó Meia-Lua (Pré Moldados) com medidas de 1,80 m x 2,40
m, sendo dois em cada lado (Leste e Oeste). Possui dois portões
Metálicos de correr de 2,50 m x 2,90 m na parede Leste. Nesse
ambiente trabalham cerca de 10 colaboradores. A iluminação é
toda artificial com 32 lâmpadas fluorescentes tubulares de 40
W de potência com reator para cada par de lâmpadas. Nesse
local, estão concentrados todos os maquinários de Lavanderia,
conforme demonstrado nas figuras 2 e 3.

Figura 2 – Planta baixa do setor em estudo

Fonte: CM Celso Marques Levantamento Arquitetônico da Lavanderia - São


Luís (MA).

307
Triangulação em saúde e segurança do trabalho
Vol. 2

Figura 3 – Salão de Secar e Passar da Lavanderia em São Luís-MA

Fonte: do autor

Segue abaixo o fluxograma de atividades do processo de


Lavagem adotado pela empresa em estudo, conforme figura 4:

308
Fabio A. da S. Arruda

Figura 4 – Fluxograma da Lavanderia em São Luís-MA

Fonte: Adaptado por Castelli (2003, pag. 88)

3.2 Cálculo da Carga Térmica da Lavanderia

Para podermos realizar o dimensionamento dos dutos,


seleção dos equipamentos de insuflação e exaustão ideais e
outras variáveis pertinentes, antes devemos realizar o cálculo
de carga térmica do local bem como a vazão de ar necessária
para a retirada da massa de ar quente presente no local (LIED,
2011). Antes de darmos início aos cálculos é necessário deter-
minar a área e o volume do setor de produção da Lavanderia
local esse que será avaliado as condições térmicas de trabalho.
Para que possamos definir a carga térmica de um ambiente
devemos efetuar os seguintes cálculos:

309
Triangulação em saúde e segurança do trabalho
Vol. 2

A área do local foi calculada através da equação 1, por


apresentar um prisma retangular irregular, foi feito primeira-
mente o cálculo da base média do trapézio.

(1)
Onde: A - é a área da base [m²]
bm - é a base média do trapézio [m²]
h - é a altura da base [m].

Figura 5 – Esboço do Salão de Lavar e Passar da Lavanderia

Fonte: Do autor

Aplicando os valores da planta, calcula-se a área da base


(2) e do piso (3) temos:

(2)
Área da Base do Piso é dado pela seguinte:

(3)

310
Fabio A. da S. Arruda

3.3 Cálculo do volume do local

O volume total do setor (galpão da produção) foi calculado


multiplicando a área da base (trapézio) pela profundidade do
galpão de acordo com a seguinte formula 4:

(4)
Onde: V – é o volume do setor [m³];
Ab – é a área total do trapézio [m²];
P – é a profundidade do galpão [m].

Aplicando os valores da planta do setor na equação 2, te-


mos:

3.4 Cálculo da Carga Térmica

A tabela apresentada abaixo sintetiza o cálculo da Carga


Térmica Total do salão de Secar e Passar da Lavanderia em es-
tudo de acordo com as seguintes formulas:

311
Triangulação em saúde e segurança do trabalho
Vol. 2

312
Fabio A. da S. Arruda

Tabela 1. Calculo de Carga Térmica da Lavanderia - Setor de Lavar e Passar

Fonte: do autor

313
Triangulação em saúde e segurança do trabalho
Vol. 2

3.5 Cálculo da vazão de ar necessária para remover


o calor sensível do setor

a. Volume de ar a ser insuflado para remover calor


formado no recinto

De posse dos valores de carga térmica, podemos calcular a


vazão necessária de ar para que se remova o calor formado no
recinto através da equação 5 a seguir.

(5)
Para tanto, devemos conhecer a temperatura de bulbo seco
do ar de insuflamento (que para o nosso caso é de 33 °C ou
91,4 °F) e a temperatura de bulbo seco que se deseja alcançar
no recinto (29 °C ou 84,2 °F). Assim temos:

b. Vazão de ar necessária para taxa de renovação de


ar

Para cada local específico existe uma taxa de renovação de


ar recomendada, portanto, faz-se necessário calcular também
a vazão de ar levando em consideração a taxa de renovação
requerida através da equação 6.

(6)

Onde: V – é o volume do setor em estudo e


CR – é o valor em minutos do ciclo de renovação recomen-
dada para o recinto.

314
Fabio A. da S. Arruda

Para calcularmos o valor do ciclo de renovação é necessário


o conhecimento dos valores das taxas de renovação para cada
recinto, conforme a tabela 2.

Trocas de ar por hora


Tipo de sala ou ocupação
Baixa Alta
Lavanderia com passagem de
10 120
roupa com tábua a vapor
Tabela 2 – Trocas de ar para uma ventilação do ambiente

Fonte: Patty, F., Industrial Hygiene and Toxicology, 2ª edição, Interscience Publishers,
1967

Como não encontramos na tabela área funcional exata-


mente igual ao nosso setor, consideramos para nosso estudo a
área sala de depósito e uma taxa de renovação com valor de 10
trocas por hora. Ademais, devemos calcular o tempo para cada
ciclo de renovação utilizando a equação 7.

(7)

Assim, encontramos o valor de 6 minutos necessários para


que seja realizado 1 ciclo de renovação. Portanto, podemos
calcular o valor da vazão necessária aplicando os valores na
equação 8.

(8)

Devemos comparar os valores obtidos nos itens 4.4.a e


4.4.b e escolher entre eles o que possuir a maior vazão. Portan-
to, em nosso caso, o valor a ser utilizado é de 628 m³/min ou
37680 m³/h.

315
Triangulação em saúde e segurança do trabalho
Vol. 2

3.6 Realização do Cálculo de IBUTG

A exposição ao calor deve ser avaliada através do “Índice


de Bulbo Úmido-Termômetro de Globo” (IBUTG) definido pelas
equações 9 e 10 que seguem:
Para ambientes internos ou externos sem carga solar:
𝐼𝐵𝑈𝑇𝐺 = 0,7𝑇𝑏𝑛 + 0,3𝑇𝑔 (9)

Para ambientes externos com carga solar:


𝐼𝐵𝑈𝑇𝐺 = 0,7𝑇𝑏𝑛 + 0,1𝑇𝑏𝑠 + 0,2𝑇𝑔 (10)
Onde: Tbn – temperatura de bulbo úmido natural
Tg - temperatura de globo
Tbs – temperatura de bulbo seco

Regime de trabalho inter- Tipo de atividade


mitente com descanso no
próprio local de trabalho Leve Moderada Pesada
(por hora)
Trabalho Contínuo Até 30,0 Até 26,7 Até 25,0
45 minutos de trabalho 30,1 a 25,1 a
26,8 a 28,0
15 minutos de descanso 30,6 25,9
30 minutos de trabalho 30,7 a 26,0 a
28,1 a 29,4
30 minutos de descanso 31,4 27,9
15 minutos de trabalho 31,1 a 28,0 a
29,5 a 31,1
45 minutos de descanso 32,2 30,0
Não é permitido o trabalho Acima de Acima de Acima de
sem a adoção de medidas
adequadas de controle 32,2 31,1 30,0
Tabela 3: Limites de Tolerância para exposição ao calor, em regime de tra-
balho intermitente com períodos de descanso no próprio local de prestação
de serviço.

Fonte: Adaptado NR-15 – Anexo III (ATLAS, 2019)

316
Fabio A. da S. Arruda

Os períodos de descanso serão considerados tempo de


serviço e considera-se como local de descanso, ambiente termi-
camente ameno, com o trabalhador em repouso ou exercendo
atividade leve. De acordo com o Quadro Nº 2 do Anexo Nº 3
da NR-15 os limites de tolerância para exposição ao calor, em
regime de trabalho intermitente com período de descanso em
outro local, são medidos através da taxa Metabolismo – M, na
equação 11.

(11)

Onde: M – Taxa de metabolismo médio ponderado para


uma hora
Mt – Taxa de metabolismo no local de trabalho
Tt – Soma dos tempos, em minutos, em que se perman-
ece no local de trabalho
Md – Taxa de metabolismo no local de descanso
Td – Soma dos tempos, em minutos em que se perman-
ece no local de descanso.

M Kcal/h) Máximo IBUTG


175 30,5
200 30,0
250 28,5
300 27,5
350 26,5
400 26,0
450 25,5
500 25,0
Tabela 4: Limite de Tolerância

Fonte: Adaptado NR-15 – Anexo III (ATLAS, 2019)

317
Triangulação em saúde e segurança do trabalho
Vol. 2

Onde: IBUTG – é o valor IBUTG médio ponderado para uma


hora
IBUTGt – valor do IBUTG no local de trabalho
IBUTGd – valor do IBUTG no local de descanso
Tt e Td – como anteriormente definidos As taxas de me-
tabolismo
Mt e Md serão obtidas consultando-se o Quadro Nº 3 do
Anexo Nº 3 da NR-15.
Foram realizadas medições nos colaboradores que ficam
mais expostos ao calor e os valores obtidos foram:

Tabela 5: Cálculo do IBUTG da atividade de Auxiliar de Lavanderia (Calan-


dra).

Fonte: do autor

318
Fabio A. da S. Arruda

Tabela 6: Cálculo do IBUTG da atividade de Auxiliar de Lavanderia (Calan-


dra).

Fonte: do autor

319
Triangulação em saúde e segurança do trabalho
Vol. 2

Tabela 7: Cálculo do IBUTG da atividade de Auxiliar de Lavanderia (Secado-


ra).

Fonte: do autor

320
Fabio A. da S. Arruda

4. RESULTADOS E DISCUSSÃO

Para atender aos preceitos legais, expectativas e ansei-


os do empresário para com a legislação da NR-15 Atividades e
Operações Insalubres, foi realizado uma LTCAT por profission-
al habilitado com a finalidade documentar a existência ou não
de agentes nocivos presentes no ambiente laboral, para fins
previdenciários, esses agentes podem ser: Físicos, Químicos e
Biológicos capazes de prejudicar a saúde do trabalhador. Pri-
meiramente foi realizado uma avaliação da exposição ao calor
por três trabalhadores, através da determinação do IBUTG e
da Taxa de Metabólica durante um intervalo de 60 minutos cor-
ridos, considerando o horário mais crítico (às 14:00 horas do
dia 15 no mês de Abril) em relação à exposição ao calor, real-
izada no Salão de Secar e Passar da Lavanderia onde consta-
tou-se os seguintes valores IBUTG: 29,33°C; 29,8°C e 31,12°C
de Estresse Térmico valores muito próximo e acima do valor de
referência máximo para um Metabolismo de 220 Kcal que é de
IBTUGMáx = 29,55°C, tornando assim o local em condições
insalubre no agente Físico (Calor) – Gráfico 1 . Portanto mere-
cendo destaque para atuação e intervenção da Engenharia at-
ravés de projeto que venha a mitigar ou reduzir essa situação
insalubre de trabalho, como alternativa de solucionar e reduzir
essas temperaturas desse estudo de caso.

Gráfico 1: Avaliação de Estresse Térmico Inicial

Fonte: Do autor

321
Triangulação em saúde e segurança do trabalho
Vol. 2

O calor excessivo presente nesta Lavanderia acima do


limite exige das máquinas maiores esforços, gerando assim
maior consumo de energia, danos e prejuízos financeiros para
o empresário, além de provocar problemas de natureza psi-
cológicas (incômodo e mal-estar); psicofisiológicas (aumento
da sobrecarga do coração e aparelho circulatório) e patologias
(agravamento de doenças), comprometendo com a qualidade
e o tempo de entrega das roupas, lençóis, aventais e Farda-
mentos (EPI’S). Essas atividades são realizadas por Auxiliares
de Lavanderia que executam as tarefas: pesagem, conferên-
cia, triagem, centrifugação, lavagem das roupas recebidas na
empresa, secagem, dobragem, engomar, embalar e despachar
as roupas; limpeza e lavagem dos equipamentos do ambiente
de trabalho, bem como a conservação dos mesmos; entre out-
ras atividades inerentes ao cargo. Consequentemente são esses
funcionários que trabalham diretamente com as secadoras e
calandras e se expõem a esse ambiente insalubre durante o seu
período de permanência no local.
A proposta de um sistema a ser adotado para essa Lavan-
derias é de Insuflação e Exaustão Mecânica através de dutos,
consegue-se assim uma ventilação mais confortável tanto em
relação à qualidade do ar que entra, quanto a distribuição do
ar no local em estudo. Trata-se, portanto de um sistema misto
de ventilação, que utiliza a combinação de ventilação por insu-
flação e por exaustão conforme figura 6 abaixo.

Figura 6: Sistema de insuflação e exaustão mecânica.

Fonte: MACINTYRE, Archibald (1990) -2ª Ed, pág. 73.

322
Fabio A. da S. Arruda

Não pode ser adotado o sistema de refrigeração com Ar


condicionado por causa dos secadores que funcionam a gás e
possui uma grelha na parte superior das mesmas para que com
esse calor possa ser adicionado dentro das mesmas com o in-
tuito de realizar a troca térmica e secagem das roupas. E foi
descartado essa possibilidade em detrimento ao sistema das
secadoras à gás que eventualmente geraria um consuma maior
de energia para retirada de calor do ambiente. Com a adoção
do novo sistema e otimização do já existente foi realizado uma
nova avaliação de IBUTG onde se constatou que os níveis foram
alcançados e ficaram abaixo do limite máximo de IBUTG Max que
é 29,5°C os valores analisados estão contidos no gráfico 2 abai-
xo.

Gráfico 2: Avaliação de Estresse Térmico – Final

Fonte: do autor

Portanto os valores encontrados de IBUTG foram: 28,26°C;


28,44°C e 26,57°C. Valores esses bem abaixo do limite máxi-
mo.

323
Triangulação em saúde e segurança do trabalho
Vol. 2

5. CONSIDERAÇÕES FINAIS

Em presença dos dados exibidos, o projeto de insuflação


e exaustão mecânicas para o conforto térmico e otimização do
sistema de ventilação do setor de secagem e dobramento da
Lavanderia, teve como objetivo, a otimização do sistema de
ventilação conforme normas vigentes, acolhendo os valores mí-
nimos da taxa de renovação de ar, relevando a indispensabili-
dade das trocas de ar, acarretando em um ambiente ameno aos
colaboradores enquanto sua permanência no local de trabalho.
Portanto foram efetuados os cálculos de carga térmica,
vazão necessária, velocidade do ar insuflado, para melhor aten-
der as especificações técnica de aquisição de ventiladores ca-
pazes de suprir os requisitos do projeto de conforto térmico.
Todavia é pouco provável que todos os colaboradores se sintam
confortáveis na área de lavagem devido às variáveis, inclusive
biológicas, que variam entre os indivíduos referente a conforto
térmico.
O sistema de insuflação é simples, apenas com exaustores
ligados à uma tubulação com a capacidade de retirada de ar
equivalentes à insuflação de ar calculada e deve ser instalado
nas paredes do lado oeste, ou seja, posição contraria aos insu-
fladores, para melhor funcionamento do sistema.
Nesse contexto, o estudo confirmou a necessidade do pro-
jeto e instalação de um sistema de insuflação e exaustão me-
cânicas a fim de se obter a temperatura de IBUTG adequada á
norma NR-15 para um metabolismo de 220 e, por conseguinte,
satisfazer as condições relacionadas a conforto térmico dos co-
laboradores na área de produção da lavanderia.
Ademais, destaca-se a importância deste trabalho como
instrumento para auxílio na implantação e conservação de me-
didas de controle de riscos físicos em ambientes de trabalho,
uma vez que o procedimento proposto e utilizado nesta pes-
quisa poderá ser utilizado para quantificar e avaliar a eficácia
de sistemas de ventilação instalados em outras empresas do
mesmo seguimento.

324
Fabio A. da S. Arruda

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326
14

ADEQUAÇÃO DA NR 20 NA ELABORAÇÃO
DE PROJETO DE ENGENHARIA DE POSTO
DE COMBUSTÍVEL

Thalita Carvalho Guimarães

Especialista em Engenharia de Segurança do Trabalho, pela


Universidade Estadual do Maranhão (UEMA), MBA em Geren-
ciamento de Obras, Qualidade e Desempenho da Constru-
ção, pelo Instituto de Pós Graduação (IPOG), Pós-graduanda
em Gestão de Projetos pela Faculdade Venda Nova do Imi-
grante (FAVENI), Engenheira Civil pela Universidade Ceuma
(UniCEUMA), Experiência em NR 20 (Líquidos e Combustíveis
inflamáveis), atuação na área de segurança do trabalho e
elaboração de projetos de engenharia de postos de combustí-
veis, atua como supervisora de segurança do trabalho na área
de construção civil e montagens industriais eletromecânica.
Triangulação em saúde e segurança do trabalho
Vol. 2

RESUMO

E
sta pesquisa foi desenvolvida com o objetivo de avaliar a
aplicação da Norma Regulamentadora de número 20 para
projeto de instalações, em postos de serviços de revenda
varejista de combustíveis derivados de petróleo, álcool com-
bustível e outros combustíveis automotivos localizados em São
Luís, Maranhão e para isso foram extraídos 12 itens da referida
norma onde a partir dos mesmos elaborou-se um instrumento
de coleta de dados capaz de verificar o cumprimento de cada
item. Como resultado, observou-se o não cumprimento, por to-
dos os postos, de um mesmo item da norma e para 02 postos
acrescentou-se mais um item de projeto não conforme. A partir
dos resultados, foi possível orientar os responsáveis por cada
estabelecimento quanto ao cumprimento dos itens que não
foram atendidos durante a análise dos quesitos.

Palavra-Chave: Postos de Combustíveis. Projetos de En-


genharia. NR20

328
Fabio A. da S. Arruda

1. INTRODUÇÃO

Considerando que os postos de combustíveis são áreas que


apresentam elevado risco potencial de acidentes, é necessário
que sejam observadas uma série de situações para que garanta
a saúde e a segurança de todas as pessoas envolvidas no pro-
cesso, sejam funcionários ou consumidores. Os postos de com-
bustíveis estão passíveis das legislações competentes à saúde
se segurança do trabalho, se destacando a Norma Regulamen-
tadora (NR) de nº20 que determina os requisitos mínimos que
devem ser implantados para garantir que o local de trabalho
garanta a qualidade de vida do trabalhador.
Para que sejam atendidos os requisitos da referida Norma
Regulamentadora, vários documentos devem ser apresentados
à fiscalização, que somados formam o Prontuário da Instalação,
onde uma de suas divisórias se refere ao projeto da instalação
que abrange todos os itens da fase de projetos para atender às
exigências normativas.
No Brasil, no período de 2012 a 2018 para o setor de
comércio varejista de combustíveis para veículos automotores
foram registrados o número expressivo de 15.851 comunicados
de acidentes do trabalho de acordo com a FUNDACENTRO em
seu observatório de segurança e saúde no trabalho.
A NR20 tem como objetivo estabelecer os requisitos mín-
imos para a gestão de segurança e saúde no trabalho a fim
de minimizar os riscos de acidentes decorrentes das atividades
abrangidas pela norma, de extração, produção, armazenamen-
to, transferência, manuseio e manipulação de inflamáveis e
líquidos combustíveis, desde a fase de projeto até a desativação
da instalação.
Tendo em vista a necessidade de cumprimento da norma,
faz-se necessário a verificação da aplicação efetiva das normas
em postos de combustíveis, o objetivo desta pesquisa é aval-
iar a implementação dos requisitos da NR 20 para projetos de
instalações de postos de combustíveis localizados na cidade de

329
Triangulação em saúde e segurança do trabalho
Vol. 2
São Luís no estado do Maranhão, Brasil.
A adequação da NR 20 permite que o estabelecimento ope-
re com uma maior segurança na prevenção de acidentes e no
controle de falhas que possam ser ocasionadas pelas condições
de suas instalações, além de evitar infrações ou embargos pro-
movidos por órgãos de fiscalização.

2. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

2.1 Projetos de Engenharia

Segundo BAZZO (2006), projeto ou design, em engenha-


ria, consiste em um conjunto de ações para resolver um proble-
ma e envolve ciência e arte, conhecimentos econômicos, éticos
e sociais, além de conhecimentos dos mais diversos assuntos
do saber humano, que implica experiência de quem o desen-
volve, com o objetivo de atender às necessidades da sociedade,
assim podendo ser considerado como a essência da engenharia.
Assim, entende-se por ciência, as técnicas e métodos a ser-
em empregados no projeto, enquanto a arte envolve as mani-
festações de ordem estética a partir de percepções, emoções e
ideias.
Sintetizando o entendimento do autor, o processo de elabo-
ração de um projeto se resume em sete passos descritos abaixo:
• Identificação de uma necessidade, que pode surgir de
muitas maneiras, mas geralmente surge da vontade de
redução de custos, de melhoria de desempenho de siste-
mas, ou simplesmente para satisfazer o consumidor.
• Definição do problema, onde é necessária uma análise
mais objetiva e específica do problema, originando em
uma questão concreta. Este é considerado um dos pas-
sos mais críticos, pois são essas análises que irão orien-
tar a resposta e a busca das soluções. Um problema mal
formulado pode colocar todo o trabalho em risco.

330
Fabio A. da S. Arruda

• • Coleta de informações, nesta etapa, quanto mais


vinculo o projetista tiver com a área do projeto que está
sendo executado, mais informações ele terá acesso e/ou
facilidade em buscar, como por exemplo, projetos sim-
ilares, catálogos de fabricantes, referências bibliográfi-
cas, manuais, literatura técnica, etc. Estas informações
devem ser coletadas de acordo com a especificidade do
projeto, com a sua utilização, recursos disponíveis, den-
tre outras.
• Concepção, sendo talvez a parte mais atraente do pro-
jeto, nesta fase são aplicados todo o acervo de conhe-
cimento técnico e científico do projetista, além de dar
vazão à imaginação criadora. Nela são especificados
os elementos que resultam no produto final, que satis-
fazem as necessidades identificadas.
• Avaliação, envolve uma análise completa do projeto,
que pode ser feita com testes de simulação, modelos
experimentais. É interativa, assim como na fase de con-
cepção e permite guardar essas informações para serem
utilizadas em projetos futuros, como parâmetros. Em
resumo, quando a avaliação da concepção da solução
não for satisfatória, o fluxo retorna para a fase anterior,
quando for satisfatória, avança para a etapa seguinte de
especificação da solução final.
• Especificação da solução, fase onde são estabelecidas
pormenorizadamente as especificações de engenharia
para as soluções encontradas.
• Comunicação, que se caracteriza por todas as infor-
mações do projeto, sejam relatórios técnicos, esquemas
detalhados, memorial descritivo, cronograma, orçamen-
to, memoria de cálculo, orçamento, lista de materiais e
outras informações.
Cada projeto é único e possui uma história particular de
acordo com as suas características, contudo é possível imple-
mentar essas fases descritas acima como um guia para a sua
elaboração. Seguir os passos do processo de elaboração de um
projeto, é pré-requisito para o sucesso deste, onde cada fase

331
Triangulação em saúde e segurança do trabalho
Vol. 2
precisa ser trabalhada minuciosamente, de modo a não apre-
sentar furos de informações que dificultem o desenvolvimento
da fase seguinte.
Os projetos de engenharia, de acordo com a classificação
por setor (construção), podem ser desde projetos de nível
de complexidade menor a níveis maiores, que necessitam de
equipes multidisciplinares para conceber, cada disciplina com
níveis de informações que variam de acordo com a magnitude
do projeto a ser desenvolvido. Podem ser projetos residenciais,
comerciais, de pontes, ferrovias, estradas, dentre outros e vão
desde o projeto conceitual até o as-built, assim tipificado por
Vignoli (2018).
A previsão de custos, a segurança em atender a expectati-
va do cliente utilizando todo o conhecimento técnico para ilus-
trar a solução adotada, são umas das vantagens que se pode
obter ao optar por elaborar um projeto de engenharia desde a
criação da ideia principal a ser desenvolvida.
Apesar de ser ainda ser uma situação pouco considerada, a
conexão do projeto de engenharia com a segurança do trabalho
é essencial. Em uma pesquisa realizada por BEHM (2005), após
analisar 224 casos de fatalidades em acidentes de trabalho, foi
constatado que 42% desses acidentes poderiam ter os seus
riscos eliminados ainda na fase de projeto. Colaborando com
este entendimento Pereira Filho (2011) destaca que considerar
os requisitos de Saúde e Segurança do Trabalho durante todo o
ciclo de vida da edificação, desde a fase de projeto, passando
pela execução, até a chegada ao usuário final, configura uma
alternativa viável e necessária para prevenção de acidentes do
trabalho.
Como vimos, o projeto de engenharia traça a sistemática
de concepção de qualquer estrutura ou instalação, nesse tra-
balho nos interessa detalhar projetos de engenharia aplicados
especificamente a postos de combustíveis.

332
Fabio A. da S. Arruda

2.2 Postos de Combustíveis

Posto revendedor de combustível, segundo Brasil (2000)


através da resolução do Conselho Nacional de Meio Ambiente
(CONAMA) 273, são instalações onde se exerce a atividade
de revenda varejista de combustíveis líquidos derivados de
petróleo, álcool combustível e outros combustíveis automoti-
vos, dispondo de equipamentos e sistemas para armazenamen-
to de combustíveis automotivos e medidores.
Os postos de combustíveis fazem parte hoje da rotina de
boa parte da população, considerando o aumento significati-
vo da aquisição de veículos para transporte pessoal. São mais
que apenas postos de abastecimento, uma vez que oferecem
à sociedade, serviços como troca de óleo, lavagem de carros,
venda de artigos diversos em lojas de conveniência, serviços de
manutenção veicular como alinhamento, balanceamento etc.,
proporcionando um melhor atendimento às necessidades dos
consumidores.
De acordo com o SEBRAE (2013), a estrutura básica deve
contar com uma área mínima de 900 m², se localizado numa
região urbana. Já os postos rodoviários precisam de, pelo menos,
5.000 m², pois deverão contar com grandes coberturas, esta-
cionamento amplo para caminhoneiros, banheiros confortáveis
com chuveiros, churrascaria, lanchonete e até hotel.
Em relação aos equipamentos a serem implementados,
eles dependerão substancialmente da estrutura que vai ser
montada. Vai variar de acordo com o processo e mecanismo de
trabalho adotado. Um projeto básico, segundo o Sebrae, geral-
mente é contemplado com os equipamentos listados abaixo:
• Tanques subterrâneos para armazenar combustíveis;
• Bombas e filtros de combustível;
• Compressores de ar para alimentação de elevadores;
• Balança de ar;
• Equipamento de lubrificação e limpeza em geral;

333
Triangulação em saúde e segurança do trabalho
Vol. 2
• Calibrador de pneus;
• Mangueiras e máquina de troca de óleo;
• Equipamentos de lubrificação, com graxarias, pneumáti-
cas, pistolas de pulverização, braços giratórios, distribui-
dores de óleos de diferencial e caixa de engrenagens;
• Máquinas para lavagens de veículos;
• Elevadores hidráulicos.

Figura 1: Esquema ilustrativo de um posto de combustível

Fonte: Brasil Postos (2016)

Os postos revendedores de combustíveis possuem estru-


turas e equipamentos específicos, como tanques subterrâneos
capazes de armazenar grandes quantidades de tipos diferentes
de combustíveis como gasolina, diesel e etanol e estão cada vez
mais avançados, agregando diversos serviços, com uma com-
pleta infraestrutura para atender às necessidades dos clientes.
Considerando um dos fatores de extrema importância para
este tipo de empreendimento, é necessário fazer uma análise

334
Fabio A. da S. Arruda

das potencialidades do local escolhido para a sua construção,


tais como: tráfego, acesso, possibilidades de crescimento de-
mográfico do comércio das imediações, etc.
Conforme apresentado pela ANP (2018), em seu segundo
Anuário Estatístico Brasileiro do Petróleo, Gás Natural e Bio-
combustíveis, ao fim de 2017, 41.984 postos revendedores de
derivados de petróleo operavam no País. Desses, 38,8% se lo-
calizavam no Sudeste; 25,5% no Nordeste; 19% na Região Sul;
8,8% no Centro-Oeste; e 8% na Região Norte. No maranhão
somavam a quantidade de 1.481 postos revendedores, corre-
spondendo a 3,5% do total no Brasil.
Esses tipos de instalações, como bem é delineado pela
Brasil (2000), possuem características específicas e altamente
perigosas, como o elevado risco de incêndio e explosões e por
serem comumente localizadas em áreas densamente povoadas.
Lopes (2017), destaca que durante a atividade de abastecimen-
to, a saúde humana sofre grande impacto, pois o trabalhador
também é exposto ao risco químico proveniente das substâncias
contidas nos combustíveis, extremamente prejudiciais à saúde.
Para prevenir esses riscos devem ser adotadas medidas de
prevenção, Brasil (1977) com a lei de N° 6.514 foram criadas
as Normas Regulamentadoras (NRs) do extinto Ministério do
Trabalho e Emprego (MTE), e para este caso, se destaca a NR
nº 20 que trata sobre líquidos combustíveis e inflamáveis, onde
os atendimentos a requisitos legais devem ser observados a
partir da fase de concepção do projeto de engenharia de posto
de combustível.

2.3 Requisitos da NR 20 para projetos de postos de


combustíveis

A NR 20 determina os requisitos mínimos para a gestão da


segurança e saúde no trabalho para a prevenção de acidentes
originados das atividades que envolvam inflamáveis e líquidos
combustíveis. Segundo Brasil (1977) esta norma abrange as
atividades de extração, produção, armazenamento, transferên-

335
Triangulação em saúde e segurança do trabalho
Vol. 2
cia, manuseio e manipulação de inflamáveis e líquidos com-
bustíveis, desde a fase de projeto até a desativação da insta-
lação. Para o efeito desta norma, define-se líquidos inflamáveis
como líquidos que possuem ponto de fulgor ≤ 60° C, gases
inflamáveis são gases que inflamam com o ar a 20° C e a uma
pressão padrão de 101,3 kPa e líquidos combustíveis são líqui-
dos com ponto de fulgor > 60°C e ≤ 93°C.
Os postos de serviços com inflamáveis e/ou líquidos com-
bustíveis são instalações classificadas como Classe I, de acordo
com a Tabela 1 da referida Norma Regulamentadora.

Figura 2: Classificação das instalações conforme NR 20

Fonte: Brasil (1977)

Ainda segundo Brasil (1977) as instalações devem ser pro-


jetadas considerando os aspectos de segurança, saúde e meio

336
Fabio A. da S. Arruda

ambiente que impactam sobre a integridade física dos tra-


balhadores previstos nas normas regulamentadoras, normas
técnicas nacionais e, na ausência ou omissão destas, nas nor-
mas internacionais, convenções e acordos coletivos, bem como
nas demais regulamentações pertinentes em vigor.
Para implementação de projetos de postos de combustíveis,
que como apresentado são enquadrados como de classes I,
BRASIL (1977) especifica no item NR 20.5 os quesitos que de-
vem ser considerados no projeto de instalação:
20.5.2.1 a) Descrição das instalações e seus
respectivos processos através do manual de operação;
20.5.2.1 b) Planta geral de locação das instalações;
20.5.2.1 c) Características e informações de
segurança, saúde e meio ambiente relativas aos
inflamáveis e líquidos combustíveis, constantes nas
fichas com dados de segurança de produtos químicos,
de matérias primas, materiais de consumo e produtos
acabados;
20.5.2.1 f) Plantas, desenhos e especificações técnicas
dos sistemas de segurança da instalação;
20.5.2.1 g) Identificação das áreas classificadas
da instalação, para efeito de especificação dos
equipamentos e instalações elétricas;
20.5.2.2. No projeto, devem ser observadas
as distâncias de segurança entre instalações,
edificações, tanques, máquinas, equipamentos, áreas
de movimentação e fluxo, vias de circulação interna,
bem como dos limites da propriedade em relação a
áreas circunvizinhas e vias públicas, estabelecidas em
normas técnicas nacionais;
20.5.2.3. O projeto deve incluir o estabelecimento
de mecanismos de controle para interromper e/ou
reduzir uma possível cadeia de eventos decorrentes
de vazamentos, incêndios ou explosões;
20.5.3. Os projetos das instalações existentes devem
ser atualizados com a utilização de metodologias de
análise de riscos para a identificação da necessidade
de adoção de medidas de proteção complementares;
20.5.4. Todo sistema pressurizado deve possuir
dispositivos de segurança definidos em normas
técnicas nacionais e, na ausência ou omissão destas,
em normas internacionais;
20.5.5. Modificações ou ampliações das instalações
passíveis de afetar a segurança e a integridade física
dos trabalhadores devem ser precedidas de projeto

337
Triangulação em saúde e segurança do trabalho
Vol. 2
que contemple estudo de análise de riscos;
20.5.6. O projeto deve ser elaborado por profissional
habilitado;
20.5.7. No processo de transferência, enchimento de
recipientes ou de tanques, devem ser definidas em
projeto as medidas preventivas para:
a) eliminar ou minimizar a emissão de vapores e
gases inflamáveis;
b) controlar a geração, acúmulo e descarga de
eletricidade estática.
Os requisitos acima citados configuram parte obrigatória
no prontuário da instalação e o cumprimento destes vai além do
ônus para o empregador, possibilita uma oportunidade de pro-
porcionar um ambiente de trabalho seguro. As evidências para
o cumprimento destes itens, como as plantas, as especificações
técnicas e as Fichas de Segurança de Produto Químico (FISPQ),
devem estar disponibilizadas em local de fácil acesso para os
funcionários e para a fiscalização.

3. MÉTODO

3.1 Implementação dos requisitos da NR 20 em pro-


jetos de postos de combustíveis

O estudo em tela se dedicou em estudar a aplicação dos


requisitos determinados na NR20 em projetos de postos de
combustíveis, em uma avaliação quantitativa em 5 postos de
combustíveis na cidade de São Luís/Ma, os estabelecimentos
foram escolhidos aleatoriamente entre os bairros para ter maior
representatividade da cidade. O pesquisador apresentava o ob-
jetivo do estudo e aplicava o instrumento de coleta de dados,
em seguida os dados foram tabulados, analisados e apresenta-
dos os resultados.

338
Fabio A. da S. Arruda

Figura 3: Mapa de identificação dos postos avaliados nesta pesquisa

Fonte: Dados da pesquisa

Todos os postos foram avaliados nesta pesquisa por 12


requisitos da NR 20 utilizados estabelecidos para garantir se-
gurança nos postos de combustíveis nas fases projeto de insta-
lação.
O pesquisador para atender os objetivos da pesquisa
elaborou um instrumento de coleta de dados quantitativo para
identificar, juntamente com o responsável pelo posto de com-
bustível, as práticas relativas à segurança do trabalho adotadas
na fase inicial, a fase de projeto, em conformidade com os itens
da Norma Regulamentadora., abaixo é apresentado em formato
de ckeck list. O instrumento é composto pelos quesitos da NR20
exigidos na norma para a fase de projetos de engenharia para
as instalações de postos de combustíveis. Após a fase de cole-
ta de dados em campo, o pesquisador tabulou e consolidou os
dados. Os resultados desta pesquisa são a seguir apresentados.

339
Triangulação em saúde e segurança do trabalho
Vol. 2

340
Fabio A. da S. Arruda

4. RESULTADOS E DISCUSSÃO

Após realizar os levantamentos de campo e realizar análise


documental nos cinco postos de combustíveis, os resultados da
avaliação foram tabulados no quadro a seguir apresentado.

Quadro 1: Tabulação dos resultados da pesquisa

Fonte: Dados da pesquisa

341
Triangulação em saúde e segurança do trabalho
Vol. 2

Realizando uma avaliação dos resultados do Quadro 1 acima,


verifica-se que o Posto 01, obteve uma avaliação de 83% de atendimento
aos itens que devem ser considerados no projeto de instalações. O
atendimento ao item de plantas, desenhos e especificações técnicas dos
sistemas de segurança da instalação, foi parcial, tendo em vista que o
posto não portava as plantas do sistema de segurança da instalação,
o qual garante que os equipamentos e sistemas de segurança sejam
preservados e manipulados de acordo com as características de seus
fabricantes, a fim de tornar o processo de funcionamento do posto mais
seguro, resguardando a saúde dos indivíduos e conservando o meio
ambiente.
Ainda sobre os resultados do Posto 01, quanto ao item identificação
das áreas classificadas da instalação, para efeito de especificação dos
equipamentos e instalações elétricas, não houve o cumprimento, pois,
o estabelecimento não apresentava o projeto de identificação das áreas
classificadas, conforme as instruções dadas na norma da ABNT NBR
14639 (Posto de serviço – Instalações Elétricas).
Assim como o posto 01, o posto de número 02 obteve um
percentual de atendimento aos quesitos igual a 83%, cujo resultado
corresponde aos mesmos itens não atendidos do posto anteriormente
avaliado.
Já os Postos 03, 04 e 05, apresentam um percentual de
atendimento maior, pois apenas um único item, que se refere ao
atendimento à norma ABNT NBR 14639, não foi atendido. O posto não
possui o projeto identificando as áreas classificadas, totalizando assim
um percentual de 92% de cumprimento aos itens avaliados da NR20.
Esta planta deve ser elaborada com as áreas classificadas demarcadas
e deve ser exposta para todos os funcionários e pessoas envolvidas
nos processos do posto, com o objetivo de certificar que em áreas com
concentração e vapores inflamáveis existam procedimentos que adotem
ações preventivas e de controle de acidentes.

342
Fabio A. da S. Arruda

Gráfico 1: Percentual de atendimento check list de NR20 para projetos de


implementação de Postos de Combustíveis

Fonte: Dados da pesquisa

Em todos os postos avaliados foi possível analisar plenamente


todos os quesitos considerados nesta pesquisa, sendo que conforme o
gráfico 1 apresenta, os postos 03, 04 e 05 obtiveram 92% de atendimento
ao check list de NR20 para projetos de engenharia, enquanto os
postos 01 e 02 obtiveram 82% de atendimento. Foi observado que o
item identificação das áreas classificadas da instalação, para efeito de
especificação dos equipamentos e instalações elétricas, não foi atendido
em nenhum dos postos. A justificativa apresentada pelo não cumprimento
do item em questão foi que o Corpo de Bombeiros do estado não cobra
a obrigatoriedade da apresentação da planta de identificação das áreas
classificadas para a liberação do certificado de aprovação.

343
Triangulação em saúde e segurança do trabalho
Vol. 2

5. CONSIDERAÇÕES FINAIS

Os postos de serviços de revenda varejista de combustíveis


automotivos possuem atividades e equipamentos específicos e com
grau de risco de incêndio ou explosão bastante elevados. Neste sentido,
os projetos de engenharia, que são documentos capazes de certificar
a segurança para instalações em geral e que são requisitos para
instalações especiais, como nosso objeto de estudo, tornam-se itens
imprescindíveis para uma correta implantação das instalações, sendo
instrumentos de prevenção de acidentes, quando executados de acordo
com as normas estabelecidas.
Desde o projeto inicial, é necessário considerar as medidas que
controlem os perigos de incêndio e/o explosão e para atender à essa
necessidade as normas, legislações e recomendações técnicas devem
ser cumpridas rigidamente. Esta pesquisa buscou contribuir para os
estudos da NR 20 voltados para os projetos de engenharia em postos
de combustíveis e a verificação do seu efetivo cumprimento.
O objetivo da pesquisa era avaliar a implementação dos requisitos
da NR 20 para projetos de instalações de postos de combustíveis
localizados na cidade de São Luís no estado do Maranhão. Concluímos
que o objetivo foi atendido uma vez que foi elaborado um instrumento
de coleta de dados com o consolidado de 12 itens da NR 20 aplicáveis
a projetos de engenharia de postos de combustíveis, sendo que este
instrumento foi suficientemente capaz de possibilitar ao pesquisador
analisar a aplicabilidade dos itens em 5 postos de combustíveis na
cidade de São Luís, Maranhão, fornecendo informações relevantes
sobre o nível de atendimento da legislação aplicável.
Os resultados desta pesquisa ao avaliar o ckeck list da NR20 nos
postos selecionados, sugerem que os postos de combustíveis possuem
pontos de atenção, pois apresentaram itens parcialmente atendidos
ou não atendidos. Os Postos 01 e 02 apresentaram um resultado de
atendimento aos itens de 83%, de atendimento parcial aos itens de
8% e de não atendimento de 8%, enquanto os Postos 03, 04 e 05
apresentaram um percentual maior de atendimento aos itens, de 92% e
de não atendimento de 8%.
Concluiu-se ao avaliar os resultados que os Postos 01 e 02
atendem parcialmente ao item de plantas, desenhos e especificações
técnicas dos sistemas de segurança da instalação e não atende ao item
de identificação das áreas classificadas da instalação, para efeito de

344
Fabio A. da S. Arruda

especificação dos equipamentos e instalações elétricas. Já os demais


postos, 03, 04 e 05, não atendem ao segundo item mencionado. Em
todos os casos, recomenda-se que sejam adequados os itens de
acordo com a Norma Regulamentadora a fim de melhor documentar e
proteger a integridade física das pessoas envolvidas nas atividades. Os
resultados da pesquisa exigem confidencialidade, porém o pesquisador
transmitiu aos representantes dos estabelecimentos pesquisados as
não conformidades detectadas e as orientações a serem seguidas para
sanar os pontos de oportunidades quanto ao não atendimento à norma.
Esta pesquisa também tem uma contribuição secundária
importante, pois consta-se que o objeto de estudo desta pesquisa possui
um limitado referencial bibliográfico, deste modo este estudo também
servirá de fontes de dados para futuras pesquisas relacionadas ao tema
discutido.
A preocupação com a prevenção de acidentes do trabalho deve
estar nas pautas estratégicas de todos na empresa, pois realizar gestão
de saúde e segurança no trabalho é realizar gestão de pessoas, principal
ativo das organizações. Foi visto nesta pesquisa que a NR 20 estabelece
os critérios mínimos para garantia da segurança nas instalações de postos
de combustíveis e que são itens suficientemente capaz de conferir maior
proteção para os ativos e pessoas envolvidas no processo. Desse modo,
investir no atendimento da NR20 em postos de combustíveis desde da
fase de projeto de engenharia é investir diretamente na prevenção de
acidentes em todas as fases de operação do negócio.

REFERÊNCIAS

AGÊNCIA NACIONAL DO PETRÓLEO. Anuário estatístico brasileiro


do petróleo, gás natural e biocombustíveis: 2018. Rio de Janei-
ro, 2018.

ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 14639:


Postos de Serviço – instalações elétricas. Rio de Janeiro, 2001,
23p.

BEHM, M. Linking construction fatalities to the design for con-


struction safety concept. Safety Science v. 43, p. 585-611, 2005.

BRASIL. Resolução CONAMA n° 273, de 29 de novembro de 2000.

345
Triangulação em saúde e segurança do trabalho
Vol. 2
Estabelece diretrizes para o licenciamento ambiental de postos de
combustíveis e serviços e dispõe sobre a prevenção e controle da po-
luição. Publicado no D.O.U. de 8 de janeiro de 2001.

_______. Portaria nº 3214 de 08 de junho de 1978. Aprova as


Normas Regulamentadoras do Ministério de Estado do Trabalho, no
uso de suas atribuições legais, considerando o disposto no art. 200,
da Consolidação das Leis do Trabalho, com redação dada pela Lei nº
6.514, de 22 de dezembro de 1977. Brasília, 1978

FEDERAÇÃO NACIONAL DO COMÉRCIO DE COMBUSTÍVEIS E DE LU-


BRIFICANTES. Guia de referência para implementação da NR 20
em postos de serviços. Rio de Janeiro, 2019

FILHO, José Ilo Pereira. Protocolo para Integração de Requisitos


de Saúde e Segurança do Trabalho ao Processo de Desenvolvi-
mento do Produto da Construção Civil (PISP). 2011. 228f. Tese
de Doutorado – Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Porto
Alegre, 2011.

LOPES, C. R. S. Risco no trabalho em postos de combustíveis.


Londrina, 2017

PEREIRA, L. T. V.; BAZZO, W. A. Introdução à Engenharia: concei-


tos, ferramentas e comportamentos Introdução à engenharia:
4. ed. Florianópolis: Editora da UFSC, 2006.

SERVIÇO BRASILEIRO DE APOIO ÀS MICRO E PEQUENAS EMPRESAS.


Postos de combustíveis. Santa Catarina, 2019

VIGNOLI. R. Os tipos de projetos. ISPBLOG. São Paulo. 2018.

346
15

DIMENSIONAMENTO DE SISTEMA
MECÂNICO DE VENTILAÇÃO E
EXAUSTÃO INDUSTRIAIS PARA
CONTROLE TÉRMICO DE AMBIENTE

Wesley da Cruz Gomes

Engenheiro Mecânico, formado pela Universidade Estadual do


Maranhão – UEMA (2017), onde, nesta mesma instituição, con-
cluiu a especialização em Engenharia de Segurança do Trabalho
(2019). É técnico em Metalurgia e Materiais (2012) e Mestran-
do do Programa de Pós-graduação em Engenharia de Materiais
- PPGEM, com ênfase no desenvolvimento e caracterização de
concretos de pós reativos à base de rejeito de bauxita oriunda
do processo Bayer (lama vermelha), ambos pelo Instituto Fe-
deral de Educação, Ciências e Tecnologias do Maranhão – IFMA.
Está cursando sua segunda graduação, Formação Pedagógica
– Matemática, pela Universidade Cruzeiro do Sul - UNICSUL e,
atualmente, responde como responsável técnico na área de en-
genharia mecânica, principalmente em execuções de projetos de
climatização, em uma empresa de construção civil em São Luís
do Maranhão.
Triangulação em saúde e segurança do trabalho
Vol. 2

RESUMO

A
s centrais de abastecimento farmacêuticas (CAF) são
pontos estratégicos destinados a operações logísticas
de gestão de medicamentos tais como: armazenamen-
to, movimentação e distribuição. Nesses locais, comumente,
um setor é destinado à guarda de medicamentos de alto custo,
que necessitam estar sob baixas temperaturas para manter sua
eficácia. No caso em estudo, este armazenamento é realizado
em minicâmaras reguladas em temperaturas que variam de 2
°C a 8 °C. Apesar de os medicamentos estarem no interior dos
refrigeradores mantendo, assim, a temperatura adequada, o
ambiente onde estes estão localizados sofre com as temperatu-
ras elevadas da sala devido às altas cargas térmicas presentes,
principalmente, pela dissipação de calor dos equipamentos re-
frigeradores, tendo ainda outras contribuições. O controle tér-
mico de ambientes se faz necessário tanto para o bem-estar
das pessoas, impactando assim em sua produtividade (laboral
ou não), quanto na conservação e desempenho de máquinas e
equipamentos refletindo em seu melhor rendimento e vida útil.
Através desta problemática, realizamos o dimensionamento de
um sistema mecânico de ventilação e exaustão a fim de tornar a
sala de armazenamento de medicamentos de alto custo dentro
de temperaturas salubres para os funcionários que ali atuam
e transitam, evitando, também, o superaquecimento dos com-
ponentes dos equipamentos refrigeradores, propiciando maior
durabilidade aos mesmos.

Palavra-Chave: Ventilação industrial mecânica; Exaustão


industrial mecânica; CAF.

348
Fabio A. da S. Arruda

1. INTRODUÇÃO

O conforto térmico é definido como a condição mental que


expressa satisfação do indivíduo com o ambiente térmico que o
circunda (ASHRAE apud MÜLHMANN et al., 2011). Existe uma
diferença fundamental entre manter o bem-estar em uma re-
partição pública, em uma instalação industrial e em uma resi-
dência. Numa instalação industrial, a ventilação do ambiente
tem por finalidade o controle das concentrações de poluentes,
controle das faixas de temperatura e conforto térmico. A ven-
tilação neste caso pode consistir em passar simplesmente uma
corrente de ar exterior, supostamente não contaminada, ou me-
lhor, não poluída, pelo interior do recinto diminuindo assim a
concentração do poluente, ou contaminante, a uma taxa aceitá-
vel pelo organismo humano.
A taxa de renovação do ar e a qualidade da atmosfera in-
terna são fatores cada vez mais pesquisados devido à sua im-
portância para o bem-estar dos colaboradores e seu impacto
na produtividade. A Agência Europeia do Meio Ambiente, por
exemplo, possui centros específicos para divulgar e estudar
a qualidade do ar em recintos fechados e seus impactos nas
pessoas.
Usada no conforto térmico como em residências e repar-
tições, um sistema de ventilação, exaustão e/ou refrigeração
se norteia na condição de manter o ambiente frequentado por
indivíduos, sejam pessoas que estejam em seu exercício laboral
ou não, em temperaturas agradáveis, nem frio e nem quente,
buscando com isso melhores rendimentos e sensação térmica,
além de manter o ar em condições saudáveis.
Uma boa circulação de ar, resulta também, em locais que
possuam máquinas trabalhando como em oficinas, salas de co-
mando, dentre outras, um melhoramento no rendimento des-
tas, prevenindo-as de trabalhar em esforço excessivo afetando
sua durabilidade e consumo energético.
Em um dos setores de uma central de abastecimento far-

349
Triangulação em saúde e segurança do trabalho
Vol. 2
macêutica (CAF) estatal, nosso estudo de caso, o armazena-
mento de medicamentos com um alto valor agregado (de 20 a
30 milhões de reais em média) e que, necessariamente, devem
estar submetidos à baixas temperaturas (entre 2 ºC e 8 °C ),
são guardados em equipamentos refrigerados que os mantém
em sua faixa ideal de temperatura de conservação. Ambientes
como este geram uma elevada massa de ar quente na parte
superior da edificação devido à grande dissipação de calor pelos
vários equipamentos ali locados.
O calor excessivo presente neste recinto exige das maqui-
nas refrigeradoras maiores esforços de trabalho, gerando danos
e refletindo em prejuízos financeiros com a maior frequência
de manutenções necessárias, além de comprometer o abasteci-
mento local e regional dos medicamentos. Não bastando, cinco
funcionários, que trabalham diretamente suprindo esses refri-
geradores, se expõem ao ambiente insalubre durante o seu pe-
ríodo de permanência no local.
Deste modo, buscando uma solução que seja viável do
ponto técnico e financeiro, lançamos o referido trabalho com o
objetivo de dimensionar um sistema mecânico de ventilação e
exaustão a fim de melhorar as condições térmicas presentes,
beneficiando a saúde dos trabalhadores expostos, o acervo pa-
trimonial estatal e a confiabilidade do sistema de abastecimen-
to.

2. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

2.1 Sistemas de ventilação

A ventilação está presente em várias atividades humanas,


em diversas aplicações, tais como: melhoramento das condições
de conforto térmico, controle de processos produtivos industri-
ais e controle ambiental (MACINTYRE, 2013).
Segundo Lisboa (2007) a “ventilação pode ser definida
como a movimentação intencional do ar de forma planejada a
fim de atingir um determinado objetivo.”

350
Fabio A. da S. Arruda

Para Macintyre (2013), a ventilação aplicada no setor in-


dustrial é chamada de ventilação industrial. Seu objetivo é con-
trolar a temperatura, a velocidade, a umidade, a concentração
ou remoção de agentes poluentes do ar de um recinto fechado.
A ventilação industrial é dividida em dois grandes grupos:
Ventilação Geral Diluidora e Ventilação Local Exaustora (MAC-
INTYRE, 2013).

2.1.1 Ventilação Geral Diluidora

A Ventilação Geral Diluidora (VGD) consiste em fornecer


ar para um recinto, em remover ar deste ambiente, ou ambos
simultaneamente (ACGIH, 2013).
A VGD pode ser natural, quando realizada por meio das
correntes convectivas de ar presentes no recinto ou forçada,
quando realizada por meio de equipamentos mecânicos (OL-
IVEIRA, 2016). A figura 1 ilustra os tipos de VGD.

Figura 1 – Tipos de Ventilação geral diluidora


Fonte: Adaptado de ACGIH (2013)

Na concepção de Lisboa (2007), a VGD é empregada para


melhoria das condições de conforto térmico e para diminuição
da concentração de poluentes de baixa toxicidade no ambiente
até os limites permitidos.

351
Triangulação em saúde e segurança do trabalho
Vol. 2
Este tipo de ventilação também pode ser utilizado para a
redução de atmosferas explosivas, nestes casos, o insuflamen-
to de ar possibilita a diminuição da concentração do agente,
mantendo-a abaixo do limite inferior de explosividade (ACGIH,
2013).
No julgamento de Macintyre (2013), se a toxicidade e a
taxa de geração do poluente forem altas, a VGD não deverá ser
utilizada, visto que necessitará de uma grande renovação de
ar e, mesmo assim, não será capaz de neutralizar a ação dos
agentes nocivos.
Segundo Clezar e Nogueira (2009), os elementos básicos
de um sistema de VGD são: tomadas de ar exterior, dutos de
condução do ar, ventiladores ou exaustão, filtros e bocas de in-
suflamento.
Os sistemas de VGD possuem as seguintes limitações: a
quantidade de poluentes gerados não pode ser elevada, os tra-
balhadores têm que estar longe da fonte de emissão de polu-
entes, a toxicidade e a distribuição dos poluentes no ambiente
deve ser, respectivamente, baixa e uniforme (ACGIH, 2013).
Os sistemas de VGD deverão ser implantados, preferen-
cialmente, na ocorrência das seguintes situações: quando não
há exposição excessiva, quando o poluente não é altamente
tóxico e quando os custos de fornecimento de ar não são eleva-
dos e quando existir a garantia do transporte do poluente até o
ponto de exaustão ou na impossibilidade de implantação de um
sistema de ventilação local exaustora (OLIVEIRA, 2013).
De acordo com Clezar e Nogueira (2009), a ventilação ger-
al diluidora deve ser utilizada nos ambientes de trabalho onde
as fontes de geração dos poluentes não estão em pontos esta-
cionários, ou seja, não são perfeitamente localizadas.

2.1.2 Ventilação Local Exaustora

Um Sistema de Ventilação Local Exaustora (SVLE) captura


o ar poluído diretamente (ou próximo) da fonte, evitando que

352
Fabio A. da S. Arruda

poluentes alcancem a zona de respiração do trabalhador (MOR-


TEZA et. al., 2013).
Um SVLE é a aplicação mais comum e mais eficaz para
controlar a exposição ocupacional a produtos químicos nocivos,
quando bem concebidos, implantados e operados, são suficien-
tes para proteção do trabalhador (ACGIH, 2013).
Em muitas aplicações, a utilização do SVLE é suficiente
para dispensa da utilização do equipamento de proteção indi-
vidual pelo trabalhador (WHS, 2013).
Destaca-se que além da proteção do trabalhador contra
agentes nocivos, o SVLE também promove melhorias no con-
forto térmico do ambiente laboral, pois remove uma parcela da
carga térmica gerada no processo (OLIVEIRA, 2016).
Ademais, o SVLE pode ser utilizado para recuperar pro-
dutos ou subprodutos dispersos durante o processo produtivo,
para manutenção do asseio do ambiente laboral e, ainda, auxil-
iar na proteção de máquinas e produtos produzidos, por exem-
plo, na preservação da pintura e acabamento de produtos.
Conforto térmico
O conforto térmico é um acontecimento complexo e, por-
tanto, é difícil de satisfazer todos os que se encontram no mes-
mo local, isto acontece devido às grandes diferenças entre as
pessoas, tanto fisiológicas como psicológicas (SCHELLEN et. al.,
2012).
A Agência Europeia para a Segurança e Saúde no Trabalho,
por meio de um relatório do Observatório de Riscos do ano de
2005, identifica o desconforto térmico como um risco aflorante,
citando ainda que a consequência do conforto térmico no estres-
se e no bem-estar dos colaboradores não tem sido devidamente
examinado, ou seja, é imprescindível dar mais seriedade a este
risco. Além disto, expõe analogias entre o ambiente térmico e
a produtividade dos trabalhadores e a incidência de acidentes e
doenças profissionais.
Segundo a OMS (Organização Mundial da Saúde), existe
uma temperatura considerada ideal para espaços fechados e

353
Triangulação em saúde e segurança do trabalho
Vol. 2
ela pode variar de 23°C a 26°C. Por outro lado, a Anvisa (Agên-
cia de Vigilância Sanitária), separa a temperatura ideal por es-
tações e indica de 23ºC a 26ºC para o verão e 20ºC a 23ºC
para o inverno. Há tabelas ainda mais específicas que indicam
uma temperatura ideal para cada tipo de ambiente de trabalho,
o que se torna ainda mais assertivo, tendo em vista que estas
observam a especificidade de cada posto.
Um ambiente termicamente incômodo pode ocasionar
distúrbios funcionais capazes de afetar todo corpo. Ambientes
termicamente quentes podem acarretar em fadiga e sonolência,
à diminuição do desempenho físico e à ampliação da possibili-
dade de erros. Em contrapartida, ambientes térmicos frios po-
dem levar à agitação, o que por sua vez diminui a cautela e a
concentração, principalmente em atividades intelectuais (FON-
SECA, 2015).
Impacto do ambiente térmico na produtividade
Toda atividade humana é afetada pelo meio ambiente de
trabalho em que é concebida. A produção é um dos elementos
mais significativos que influencia o desempenho completo de
uma instituição, de pequenas a grandes empresas (FONSECA,
2015). Portanto, observa-se um aumento no interesse em com-
preender de que maneira o ambiente térmico pode influenciar a
produtividade laboral.
Ambientes termicamente frios, quentes ou moderados po-
dem acarretar comportamentos físicos e psicológicos em todo
ser humano, entretanto, há muita contraditória e carências no
que nos leva à esclarecimentos concretos sobre as implicações
do desconforto térmico na produtividade.
O julgamento dos trabalhadores é, hoje em dia, um influ-
ente fator respeitado neste esforço, uma vez que, a sua per-
cepção poderá estar relacionada com os seus comportamentos.

354
Fabio A. da S. Arruda

3. MÉTODO

Através de um estudo de caso, com o bom emprego dos


procedimentos propostos neste trabalho, avaliamos a situação
a qual está submetida a sala de armazenamento de medica-
mentos de alto custo desta CAF com um olhar amplo, observan-
do não apenas os riscos reclamados pelos funcionários que ali
atuam, mas todo um contexto geral.
De acordo com Steiner (2011), um estudo de caso é um pro-
cesso de averiguação de cunho científico, munido de benefícios
e percalços próprios segundo a tipologia da pesquisa buscando
a resposta de uma única questão. Mesmo com seus limites, um
estudo de caso é uma boa metodologia para o entendimento de
um elemento de estudo característico. A seguir um fluxograma
da metodologia aplicada é apresentado.

Figura 2 – Fluxograma da metodologia aplicada


Fonte: Autor (2019)

355
Triangulação em saúde e segurança do trabalho
Vol. 2

3.1 Caracterização do setor

Nossa pesquisa fora realizada em uma central de abaste-


cimento farmacêutico (CAF), mais especificamente em um de
seus setores destinados ao armazenamento de medicamentos
de alto custo que necessitam estar temperaturas baixas, va-
riando entre 2 ºC e 8 ºC. Para tal, são utilizadas 21 minicâma-
ras de refrigeração destinadas à este fim que, comumente, são
chamadas de geladeiras.
Nesse setor, as minicâmaras são locadas de maneira perfi-
ladas umas em relação as outras, conforme a figura 2 e figura
3, e as únicas formas de entrada de ar são pelas portas e algu-
mas aberturas pequenas nas paredes onde antes existiam ban-
deiras de vidros que tiveram seus vidros retirados na tentativa
de amenizar a situação do calor.

Figura 3 – Planta baixa do setor em estudo


Fonte: Autor (2019)

356
Fabio A. da S. Arruda

Figura 4 – Setor de armazenamento dos medicamentos


Fonte: Autor (2019)

Esses medicamentos, segundo dados da própria compan-


hia, possuem um valor estimando de 20 a 30 milhões de reais e
são fornecidos à população enferma através dos hospitais mu-
nicipais, regionais e farmácias de medicamentos especializados.
As temperaturas e umidades instantâneas desse setor são
monitoradas várias vezes ao dia através de termômetros dig-
itais instalados por toda a área, tamanha sua importância de
funcionamento.
Os funcionários que necessitam acessar a área para exer-
cer as atividades de carregamento das minicâmaras, conferên-
cias e entregas dos medicamentos são expostos rotineiramente
ao calor excessivo, o que é motivo de constante insatisfação dos
mesmos.
O uso da maior quantidade possível de minicâmaras de
refrigeração é necessário para que se mantenha a eficácia das
medicações e sua confiabilidade, porém, com a quantidade de
calor que no setor se acumula, os refrigeradores têm seus siste-
mas mecânicos forçados a trabalhar de forma excessiva, con-
sumindo mais energia e reduzindo sua vida útil.

357
Triangulação em saúde e segurança do trabalho
Vol. 2
Na tentativa de amenizar, parcialmente, a condição a que
estavam expostos, foram instalados quatro ventiladores de
parede do tipo tufão (5m³/s de vazão). Entretanto, a sensação
térmica percebida pelos colaboradores não sofreu alteração, o
que foi comprovado, posteriormente, pelas medições dos ter-
mômetros do local. Foi verificado que não houve um decréscimo
nas temperaturas anteriormente medidas e como consequência
outro risco físico se instaurou: o ruído excessivo gerado pelo
uso dos ventiladores.
A iluminação do local é realizada através de lâmpadas tu-
bulares com reatores, o que também contribui com a emissão
de calor.

3.2 Dimensionamento do sistema mecânico de venti-


lação e exaustão

Para podermos realizar o dimensionamento dos dutos,


seleção dos equipamentos de insuflação e exaustão ideais e
outras variáveis pertinentes, antes devemos realizar o cálculo
de carga térmica do local bem como a vazão de ar necessária
para a retirada da massa de ar quente presente no local (LIED,
2011).

4. RESULTADOS E DISCUSSÃO

4.1 Determinação da carga térmica

a. Cálculo da área do local

A área total do local foi calculada dividindo-se a planta do


setor em dois retângulos menores e somando-se as duas áreas.
A área é dada através da equação

358
Fabio A. da S. Arruda

Onde: A1 - é a área do primeiro retângulo;


b1 - é a base do primeiro retângulo e
h1 - é a altura do primeiro retângulo.

Aplicando os valores da planta, temos:

𝐴1 = 19 𝑚 𝑥 10 𝑚 = 190 𝑚²
Para o cálculo da área do segundo retângulo repte-se o
mesmo procedimento realizado para o primeiro retângulo assu-
mindo os valores da outra área.

Obtém-se a área total somando as duas áreas anterior-


mente calculadas:

𝐴(𝑡𝑜𝑡𝑎𝑙) = 190 𝑚2 + 11,48𝑚² = 201,48 𝑚²

b. Cálculo do volume do local

O volume total do setor é dado pela equação 2 a seguir:


V = A(total) x PD (2)

Onde: V – é o volume do setor;


A(total) – é a área total do setor;
PD – é o pé direito do setor.

359
Triangulação em saúde e segurança do trabalho
Vol. 2
Aplicando os valores da planta do setor na equação 2, te-
mos:
V = 201,48 m² x 2,90 m = 584,29 m³

c. Carga por insolação através dos vidros

Não se aplica, uma vez que não há componentes de vidro


em exposição direta aos raios do sol.

d. Carga por insolação através das paredes

Não se aplica, uma vez que não há paredes em exposição


direta aos raios solares.

e. Condução e transmissão de calor através de pare-


des

C(paredes) = A(paredes) x U x (ΔT) (3)

Onde: A(paredes) – é a área total de paredes do setor;

1
U= , sendo “k” o coeficiente de condutibilidade térmi-
𝐾
ca (para alvenaria equivale à 0,77);
ΔT – é a variação de temperatura entre o ambiente externo
e interno.
Aplicando os valores das áreas das paredes do setor e re-
tirando-se os valores correspondentes às portas e janelas, te-
mos:

360
Fabio A. da S. Arruda

𝐴(𝑝𝑎𝑟𝑒𝑑𝑒𝑠)
= [2 𝑥 (19 𝑚 𝑥 2,90 𝑚) + 2 𝑥 (10 𝑚 𝑥 2.90 𝑚)
− 2 𝑥 (0,80 𝑚 𝑥 2,10 𝑚) – 3 𝑥 (1,25 𝑚 𝑥 2,10 𝑚)

𝐴(𝑝𝑎𝑟𝑒𝑑𝑒𝑠) = 156,96 𝑚²

Para o valor de U, temos:

1
𝑈𝐴𝑙𝑣𝑒𝑛𝑎𝑟𝑖𝑎. = = 1,2
0,77
A temperatura medida no interior do setor pelos termômet-
ros digitais instalados pela empresa é de Ti = 33 ºC e a tem-
peratura exterior é Te = 35 ºC.
ΔT = (35 ºC – 33 ºC) = 2 ºC
Aplicando os valores encontrados na equação 3, temos:

𝐶(𝑝𝑎𝑟𝑒𝑑𝑒𝑠) = 156,96 𝑚2 𝑥 1,2 𝑥 2 °𝐶 = 376,71 𝐾𝑐𝑎 𝑙⁄ℎ

f. Transmissão através do teto

Para a transmissão através do teto, utilizamos a equação


3. O teto do setor é fabricado com laje de concreto e sua área
possui o mesmo valor da área do local.
A(teto) = 201,48 m²
Para o material concreto, o valor de K = 0,60, portanto o
valor de U é dado através de:

361
Triangulação em saúde e segurança do trabalho
Vol. 2

1
𝑈 = = 1,6
0,60
Assim, podemos calcular a condução através do teto por:
C(teto)= 201,48 m^2 x 1,6 x 2°C = 644,73 Kcal/h

g. Carga interna de iluminação

No setor em estudo, há 44 lâmpadas fluorescentes tubu-


lares de 40 W de potência cada, utilizando reatores para cada
par de lâmpadas.

𝐶(𝑖𝑙𝑢𝑚𝑖𝑛𝑎çã𝑜) = 𝛴𝑃 𝑥 0,875 𝑥 1,2 (4)

Onde: 𝛴𝑃 - é o somatório das potências relacionadas à

iluminação;
0,875 - é a constante de transformação de W para Kcal/h;
1,2 - é a constante relacionada ao tipo de iluminação (com
reator).

Aplicando-se os valores na equação 4, temos:


C(iluminação) = (44 x 40 W) x 0,875 x 1,2 = 1848 Kcal/h

h. Calor sensível e latente liberado pelos ocupantes

Segundo informações coletadas na empresa, em média,


cinco funcionários fazem os trabalhos de abastecimentos das
minicâmaras, conferência e entrega de medicamentos. A car-
ga térmica referente às pessoas é dada através da equação 5.

362
Fabio A. da S. Arruda

𝐶(𝑝𝑒𝑠𝑠𝑜𝑎𝑠) = [𝑁(𝑝𝑒𝑠𝑠𝑜𝑎𝑠) 𝑥 𝐶𝑠 + 𝑁(𝑝𝑒𝑠𝑠𝑜𝑎𝑠) 𝑥 𝐶𝐿] 𝑥 0,875 (5)


Onde: N(pessoas) – é o número de pessoas que estão ex-
postas ao setor;
CS – Calor sensível liberado por uma pessoa (NBR 16.401);
CL – Quantidade de calor latente liberada por uma pessoa
(NBR 16.401);
0,875 – é a constante de transformação para Kcal/h.

Aplicando-se os valores correspondentes na equação 5, te-


mos:
C(pessoas) = [(5 x 75 Kcal/h) + (5 x 55 Kcal/h)] x 0,875
= 568,7 Kcal/h

i. Calor sensível de equipamentos

Há no setor 21 minicâmaras de refrigeração e 4 ventila-


dores do tipo tufão. A relação de minicâmaras de refrigeração
está disposta na tabela 1 a seguir.

Potência Total
Marca BTU/h KCal/h Quantidade
(HP) (KCal/h)
Gelopar 0,73 2044 515,40 02 1030,80
Frilux 0,67 1876 473,06 11 5203,66
Indrel 0,33 924 233,00 06 1398,00
Refrimate 0,73 2044 515,40 02 1030,80
Tabela 1 – Inventário das minicâmaras de refrigeração do setor
Fonte: Autor (2019)

A carga térmica total liberada pelas minicâmaras de refrig-


eração é dada pelo somatório das cargas de cada refrigerador
individual:

363
Triangulação em saúde e segurança do trabalho
Vol. 2

C(refrig.)=1030,8 KCal + 5203,66 KCal+ 1398,00 KCal+


1030,80 KCal
C(refrig.)= 8.663,26 Kcal/h
Existem, no setor, quatro ventiladores de 370 W de potên-
cia cada. Entretanto, eles não serão contabilizados na carga
térmica haja vista que estamos buscando um substituto para o
sistema existente.

j. Calor devido à ventilação ou infiltrações para o am-


biente

Primeiro deve-se calcular o volume total de ar necessário


para se obter uma boa ventilação, para isso utilizamos uma das
seguintes equações:

𝑉 𝑣𝑒𝑛𝑡𝑖𝑙𝑎çã𝑜 = 𝑁 𝑝𝑒𝑠𝑠𝑜𝑎𝑠 𝑥 7,5 𝑐𝑓𝑚 (em caso de não haver fumantes)


𝑉 𝑣𝑒𝑛𝑡𝑖𝑙𝑎çã𝑜 = 𝑁 𝑝𝑒𝑠𝑠𝑜𝑎𝑠 𝑥 15 𝑐𝑓𝑚 (em caso fumo moderado) (6)
𝑉 𝑣𝑒𝑛𝑡𝑖𝑙𝑎çã𝑜 = 𝑁 𝑝𝑒𝑠𝑠𝑜𝑎𝑠 𝑥 40 𝑐𝑓𝑚 (em caso de fumo intenso)

Para ambientes ocupados por não fumantes, deve-se adot-


ar um fator de 7,5; portanto:
V(ventilação)=5 x 7,5=37,5 cfm= 1,062 m^3/min

Após, calcula-se a vazão de Infiltração aproximada dada


pela equação 7:

𝑉 (𝑓𝑡³) 𝑥 𝐼
𝑉(𝑖𝑛𝑓𝑖𝑙𝑡𝑟𝑎çã𝑜) = (7)
60

Onde: V - é o volume do setor e deve ser dado em pés³;


I = 1 (para apenas uma parede externa);
I = 1,5 (para duas paredes externas);
364
Fabio A. da S. Arruda

I= 2 (para três ou mais paredes externas).


O nosso setor não possui nenhuma parede externa, porém
adotamos o valor de I = 1, para não zerar a equação e tendo em
vista que suprindo uma situação superior, as inferiores também
estarão sendo supridas.
20628,5 𝑥 1
V infiltração = 60
= 343,80 cfm = 9.735 m3/min

Entre os dois valores encontrados o maior será denomina-


do fator F e será utilizado na equação 9, portanto, 343,80 cfm
(9.735 m³/min).
Após, deve-se encontrar o índice G (tabela 7.10, MANCI-
TYRE) levando em consideração a temperatura de bulbo úmido
do local (TBU) que, para nosso caso, é de 82 °F (28 °C).
Interpolando-se os valores na referida tabela, encontramos
o valor de G = 57 e então substituímos o valor na equação 8, a
seguir, para determinarmos a carga térmica de infiltração.

C(infiltração) = F x G (8)

Aplicando-se os valores encontrados, temos:


Q(infiltração) = 343,80 cfm x 57 = 19.596,60 BTU/h
=4.899,15 Kcal/h

k. Carga térmica total

A carga térmica total é dada pelo somatório de todas as


cargas térmicas encontradas nos itens anteriormente nos itens:
e, f, g, h, i, j.

(9)

365
Triangulação em saúde e segurança do trabalho
Vol. 2

Ctotal = 376,71 kcal/h + 644,73 kcal/h+ 1848,00 kcal/h+


568,7 kcal/h+ 8663,23 kcal/h+ 4899,15 kcal/h
C(total) = 17.000,52 Kcal/h ou 66.302,028 Btu/h

De posse deste valor, caso a empresa possua o interesse


em climatizar todo o setor já poderíamos indicar, por exemplo,
a capacidade dos sistemas de ares condicionados necessários,
entretanto, como constatamos presencialmente, esta solução
só poderia ser aplicada caso o transformador existente atual-
mente fosse substituído por um de maior porte, uma vez que o
atual não suportaria a carga e esta solução também traria um
aumento elevado no consumo energético.

3.2 Cálculo da vazão de ar necessária para remover


o calor sensível

a. Volume de ar a ser insuflado para remover calor


formado no recinto

De posse dos valores de carga térmica, podemos calcular a


vazão necessária de ar para que se remova o calor formado no
recinto através da equação 10 a seguir.

Q = (C(total) / (1,08 x (ΔT (°F))) (10)

Para tanto, devemos conhecer a temperatura de bulbo seco


do ar de insuflamento (que para o nosso caso é de 35 °C ou 95
°F) e a temperatura de bulbo seco que se deseja alcançar no
recinto (28 °C ou 82,4 °F). Assim temos:

366
Fabio A. da S. Arruda

66.302,028
𝑄 = = 4.872,28 𝑐𝑓𝑚 = 137,96 𝑚3 ⁄
1,08 𝑥 (95 − 82,4)

b. Vazão de ar necessária para taxa de renovação de


ar

Para cada local específico existe uma taxa de renovação de


ar recomendada, portanto, faz-se necessário calcular também
a vazão de ar levando em consideração a taxa de renovação
requerida através da equação 11.
Q = V / CR (11)

Onde: V – é o volume do setor em estudo;


CR – é o valor, em minutos, do ciclo de renovação recomen-
dada.

Para calcularmos o valor do ciclo de renovação é necessário


o conhecimento dos valores das taxas de renovação para cada
recinto, conforme a tabela 2.
Área funcional Taxa de renovação (trocas /
hora)
Fundições 05 – 20
Pequenas oficinas 10 – 12
Salas de depósito 02 – 15
Restaurantes 06 – 12
Tabela 2 – Valores de taxa de renovação de ar
Fonte: Adaptado de ASHRAE (1997)

Como não encontramos na tabela área funcional exata-

367
Triangulação em saúde e segurança do trabalho
Vol. 2
mente igual ao nosso setor, consideramos para nosso estudo a
área sala de depósito e uma taxa de renovação com valor de 10
trocas por hora. Ademais, devemos calcular o tempo para cada
ciclo de renovação utilizando a equação 12.

CR = 60 minutos / TRA (12)

60 𝑚𝑖𝑛𝑢𝑡𝑜𝑠
𝐶𝑅 = = 06 𝑚𝑖𝑛𝑢𝑡𝑜𝑠
10 𝑟𝑒𝑛𝑜𝑣𝑎çõ𝑒𝑠

Assim, encontramos o valor de 6 minutos necessários para


que seja realizado 1 ciclo de renovação. Portanto, podemos
calcular o valor da vazão necessária aplicando os valores na
equação 11.

𝑉 584, 29 𝑚³
𝑄 = =
𝐶𝑅 06 𝑚𝑖𝑛𝑢𝑡𝑜𝑠

Q = 97,38 m³/min

Devemos comparar os valores obtidos nos itens 2.2.2 e


2.2.3 e escolher entre eles o que possuir a maior vazão. Portan-
to, em nosso caso, o valor a ser utilizado é de 137,96 m³/min
ou 8277,60 m³/h.

3.3 Dimensionamento de dutos de condução de ar

No pressuposto de termos um sistema de ventilação


mecânica feita através de dutos, devemos dimensioná-los. Esse
dimensionamento é interessante, pois gera pouco ruído no setor
a ser ventilado, uma vez que o ventilador se localiza na área ex-
terna da edificação.

368
Fabio A. da S. Arruda

Existem três métodos de dimensionamento e a sua escolha


depende, basicamente, do tamanho do sistema de dutos a ser
projetado: o método da velocidade deve ser utilizado em siste-
mas pequenos, o método de igual perda de carga é utilizado
para sistemas medianos e o método da recuperação estática em
sistemas grandes e com altas pressões.
Por se tratar de um sistema considerado pequeno e sim-
ples, optamos por utilizar o dimensionamento pelo método das
velocidades.
Primeiramente, devemos executar um diagrama unifilar
para o setor, a figura 4 a seguir nos demonstra este diagrama.

Figura 5 – Diagrama unifilar da rede de ventilação

Fonte: Autor (2019)

Conforme calculado no item 3.1.2 (a), a vazão necessária


para a retirada do calor gerado no recinto é de aproximada-
mente 137,96 m³/min ou 8277,60 m³/h. Optamos por três saí-
das de insuflamentos para que o ar fosse distribuído no local
de forma mais uniforme. Dividindo-se o valor da vazão total

369
Triangulação em saúde e segurança do trabalho
Vol. 2
(8277,60 m³/h) pela quantidade de insufladores, temos um val-
or de 2759,2 m³/h sendo insuflado por cada saída.
Para determinarmos a vazão de ar em cada seção do duto,
devemos realizar o somatório das mesmas do último ponto de
insuflamento (seção 𝐶𝐷 ) à seção inicial de insuflamento que

corresponde ao trecho do ventilado ao insuflador 1 (seção 𝐴𝐵

). Devemos, então, transformar os valores das vazões em m³/s


a fim de facilitar cálculos.
A velocidade indicada para o nosso sistema deve estar entre
5 e 6,5 m/s (conforme tabela 13 da NB 10 – NBR 16.401/2008).
Optamos pela velocidade de 5 m/s em todas as seções da tu-
bulação.
Em seguida, as vazões são divididas por suas respectivas
velocidades obtendo-se, assim, os valores referentes às áreas
(m²). De posse dos valores das respectivas áreas das seções
da tubulação, podemos calcular os valores das dimensões com-
primento e altura para seções quadradas ou retangulares e
diâmetro para seções circulares. Em nosso caso, utilizaremos
seções retangulares e fixamos o valor da altura da tubulação
em 0,40 m, tendo em vista as limitações existentes no recinto.
A seguir, a tabela 3 nos apresenta os dados dimensionados
para cada seção da tubulação de acordo com a metodologia
acima descrita.

Tabela 3 – Dimensionamento do sistema de dutos


Fonte: Autor (2019)

Uma representação gráfica da geometria da tubulação di-

370
Fabio A. da S. Arruda

mensionada é demonstrada logo a seguir na figura 5.

Figura 6 – Vista superior do sistema de dutos de ventilação em 2D


Fonte: Autor (2019)

Para uma melhor visualização das proporções dimensionais


calculadas, a figura 6 nos apresenta um esquema gráfico em
3D.

Figura 7 – Representação do Sistema de dutos de ventilação 3D


Fonte: Autor (2019)

371
Triangulação em saúde e segurança do trabalho
Vol. 2

3.3.1 Cálculo da massa de chapas

O cálculo da massa de chapas utilizadas se torna essen-


cial, pois com esta podemos fazer uma análise dos esforços
necessários à laje.
A fim de simplificar nossos cálculos, as partes curvas e as
reduções do duto serão consideradas retas.
A priori, para se calcular o valor da área (em m²) de cada
seção, levamos em consideração o perímetro da seção e multi-
plicamos pelo comprimento desta. Para o cálculo do volume das
seções o valor da área deve ser multiplicado pela espessura da
chapa. Em nosso caso, consideramos o valor dessa espessura
de 0,79 mm. De posse do valor do volume de chapas de cada
seção, a massa das chapas pode ser obtida multiplicando-se o
valor do volume (em m³) pela densidade do aço (adotada por
nós 7.600 Kg/m³).
A seguir, na tabela 4, nos é mostrado os valores calculados
para cada elemento.

Tabela 4 – Dimensionamento dos dutos de ventilação


Fonte: Autor (2019)

O valor calculado da massa de chapas é de 341,91, habit-


ualmente, os projetistas utilizam um acréscimo de 20% sobre
este valor como fator de segurança. Com este acréscimo o valor
da massa de chapas é de aproximadamente 416,30 Kg. Por-
tanto, a estrutura da laje deste recinto deve suportar este peso
para que o sistema possa ser utilizado.

372
Fabio A. da S. Arruda

4. CONSIDERAÇÕES FINAIS

O projeto de ventilação e exaustão industriais mecânicas


para o conforto térmico e manutenção da durabilidade dos equi-
pamentos refrigeradores do setor de armazenamento de medi-
camentos de alto custo, teve como objetivo, o dimensionamen-
to do sistema conforme norma em vigor (NBR 16.401/2008),
acolhendo os valores mínimos da taxa de renovação de ar (2 a
15 m³/h para salas de depósitos), relevando a indispensabilida-
de das trocas de ar, acarretando em um ambiente ameno aos
colaboradores enquanto sua permanência no recinto avaliado.
Levando em consideração os cálculos de dimensionamen-
to de dutos, vazão de insuflação necessária (137,96 m³/min),
velocidade do ar insuflado (5 m/s), deve-se selecionar, dentre
fornecedores disponíveis, equipamentos que supram as conve-
niências do projeto. É praticamente impossível que todos os co-
laboradores se sintam confortáveis em um recinto devido às va-
riáveis, inclusive biológicas, que intervêm no conforto térmico.
O sistema de exaustão é simples, apenas com exaustores
ligados à uma tubulação com a capacidade de retirada de ar
equivalentes à insuflação de ar calculada (137,96 m³/min) e
deve ser implementado na parede oposta à instalação dos insu-
fladores para um melhor funcionamento do sistema.
Fazendo uma análise ao atual cenário, os ventiladores ins-
talados no local (Marca Ventisol de 1 metro de diâmetro e 5 m³/s
de vazão de insuflamento cada) conseguem insuflar a quantida-
de necessária de vazão calculada, porém não se tornam eficazes
na função de retirada total da massa de ar quente produzida
(17.000,52 KCal/h) pela falta de um sistema de exaustão, além
de produzirem ruídos excessivo, causando desconfortos ainda
maiores aos trabalhadores. Como orientação, é interessante,
também, que as luminárias fluorescentes com reatores sejam
substituídas por luminárias LED, a fim de diminuir a carga tér-
mica do local.
Nesse contexto, o estudo confirmou a necessidade do pro-

373
Triangulação em saúde e segurança do trabalho
Vol. 2
jeto e instalação de um sistema de ventilação e exaustão indus-
triais mecânicas a fim de se obter o funcionamento correto das
máquinas de refrigeração e, por conseguinte, sua eficácia, bem
como a produção de melhores condições para os trabalhadores
que ali atuam.
Ademais, destaca-se a importância deste trabalho como
instrumento para auxílio na implantação e conservação de me-
didas de controle de riscos físicos em ambientes de trabalho,
uma vez que o procedimento proposto e utilizado nesta pesqui-
sa poderá ser utilizado para quantificar e avaliar a eficácia de
sistemas de ventilação instalados em outras empresas/setores.

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