Manual de Ecologia e Gestao Ambiental
Manual de Ecologia e Gestao Ambiental
Manual de Ecologia e Gestao Ambiental
Fax: 23323501
E-mail: [email protected]
Website: www.isced.ac.mz
Agradecimentos
Elaborado Por: MSc. Marcelino Júlio Guente – Mestre em Gestão Integrada de Meio Ambiente, Qualidade e
Prevenção de Riscos Laborais pela Universidade Internacional Iberoamericana – Porto Rico, Licenciado em
Gestão Ambiental, Planificação e Desenvolvimento Comunitário pela Universidade Pedagógica de
Moçambique.
ÍNDICE Pág
Visão Geral 1
Bem vindo à Disciplina/Módulo de Ecologia e Gestão Ambiental................................... 1
Objectivos do Módulo ....................................................................................................... 1
Quem deveria estudar este módulo.................................................................................... 2
Como está estruturado este módulo................................................................................... 3
Ícones de actividade .......................................................................................................... 4
Habilidades de estudo ........................................................................................................ 4
Precisa de apoio? ............................................................................................................... 6
Tarefas (avaliação e auto-avaliação) ................................................................................. 7
Avaliação ........................................................................................................................... 7
Objectivos do Módulo
1
Favorecer uma compreensão mais global dos problemas
ambientais, dando-lhes a dimensão social e política que
realmente possuem.
2
Como está estruturado este módulo
Páginas introdutórias
Um índice completo.
Uma visão geral detalhada dos conteúdos do módulo,
resumindo os aspectos-chave que você precisa conhecer para
melhor estudar. Recomendamos vivamente que leia esta
secção com atenção antes de começar o seu estudo, como
componente de habilidades de estudos.
Outros recursos
3
Auto-avaliação e Tarefas de avaliação
Comentários e sugestões
Ícones de actividade
Ao longo deste manual irá encontrar uma série de ícones nas margens
das folhas. Estes icones servem para identificar diferentes partes do
processo de aprendizagem. Podem indicar uma parcela específica de
texto, uma nova actividade ou tarefa, uma mudança de actividade, etc.
Habilidades de estudo
4
com as quais esperamos que caro estudante possa rentabilizar o tempo
dedicado aos estudos, procedendo como se segue:
É impossível estudar numa noite tudo o que devia ter sido estudado
durante um determinado período de tempo; Deve estudar cada ponto da
matéria em profundidade e passar só ao seguinte quando achar que já
domina bem o anterior.
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tanto mas não aprende, cai em insegurança, depressão e desespero, por
se achar injustamente incapaz!
Precisa de apoio?
Caro estudante, temos a certeza que por uma ou por outra razão, o
material de estudos impresso, lhe pode suscitar algumas dúvidas como
falta de clareza, alguns erros de concordância, prováveis erros
ortográficos, falta de clareza, fraca visibilidade, páginas trocadas ou
invertidas, etc). Nestes casos, contacte os serviços de atendimento e
apoio ao estudante do seu Centro de Recursos (CR), via telefone, sms, E-
mail, se tiver tempo, escreva mesmo uma carta participando a
preocupação.
Uma das atribuições dos Gestores dos Centros de Recursos e seus
Assistentes (Pedagógico e Administrativo), é a de monitorar e garantir a
sua aprendizagem com qualidade e sucesso. Dai a relevância da
comunicação no Ensino a Distância (EAD), onde o recurso as TIC se torna
incontornável: entre estudantes, estudante – Tutor, estudante – CR, etc.
As sessões presenciais são um momento em que você caro estudante,
tem a oportunidade de interagir fisicamente com staff do seu CR, com
tutores ou com parte da equipa central do ISCED indigetada para
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acompanhar as sua sessões presenciais. Neste período pode apresentar
dúvidas, tratar assuntos de natureza pedagógica e/ou admibistrativa.
O estudo em grupo, que está estimado para ocupar cerca de 30% do
tempo de estudos a distância, é muita importância, na medida em que
permite lhe situar, em termos do grau de aprendizagem com relação aos
outros colegas. Desta maneira ficar’a a saber se precisa de apoio ou
precisa de apoiar aos colegas. Desenvolver habito de debater assuntos
relacionados com os conteúdos programáticos, constantes nos
diferentes temas e unidade temática, no módulo.
Avaliação
7
Você será avaliado durante os estudos à distância que contam com
um mínimo de 90% do total de tempo que precisa de estudar os
conteúdos do seu módulo. Quando o tempo de contacto presencial
conta com um máximo de 10%) do total de tempo do módulo. A
avaliação do estudante consta detalhada do regulamentada de
avaliação.
Os trabalhos de campo por si realizaos, durante estudos e
aprendizagem no campo, pesam 25% e servem para a nota de
frequência para ir aos exames.
Os exames são realizados no final da cadeira disciplina ou modulo e
decorrem durante as sessões presenciais. Os exames pesam no
mínimo 75%, o que adicionado aos 25% da média de frequência,
determinam a nota final com a qual o estudante conclui a cadeira.
A nota de 10 (dez) valores é a nota mínima de conclusão da cadeira.
Nesta cadeira o estudante deverá realizar pelo menos 2 (dois)
trabalhos e 1 (um) (exame).
Algumas actividades praticas, relatórios e reflexões serão utilizados
como ferramentas de avaliação formativa.
Durante a realização das avaliações, os estudantes devem ter em
consideração a apresentação, a coerência textual, o grau de
cientificidade, a forma de conclusão dos assuntos, as
recomendações, a identificação das referências bibliográficas
utilizadas, o respeito pelos direitos do autor, entre outros.
Os objectivos e critérios de avaliação constam do Regulamento de
Avaliação.
Introdução
8
Ecologia é uma ciência (ramo da Biologia) que estuda os seres vivos e suas
interações com o meio ambiente onde vivem. É uma palavra que deriva do
grego, onde “oikos” significa casa e “logos” significa estudo. Esta palavra
foi criada no ano de 1866 pelo biólogo e naturalista alemão Ernst Heinrich
Haeckel (PINTO, 2007).
A Ecologia também se encarrega de estudar a abundância e distribuição
dos seres vivos no planeta Terra. Esta ciência é de extrema importância,
pois os resultados de seus estudos fornecem dados que revelam se os
animais e os ecossistemas estão em perfeita harmonia. Numa época em
que o desmatamento e a extinção de várias espécies estão em
andamento, o trabalho dos ecologistas é de extrema importância.
Através das informações geradas pelos estudos da Ecologia, o homem
pode planeiar acções que evitem a destruição da natureza, possibilitando
um futuro melhor para a humanidade.(KORMONDY, 2009)
HISTÓRIA DA ECOLOGIA
9
predadores e presas, as relações competitivas entre espécies e o controle
populacional.
10
novo estágio no desenvolvimento dessa ciência - a ecologia dos sistemas,
que estuda a estrutura e o funcionamento dos ecossistemas.
EXERCÍCIOS DE AUTO-AVALIAÇÃO
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a) Ernst Heinrich Haeckel e Vito Volterra
b) Raymond Pearl , A. J. Lotka, e Vito Volterra
c) Konrad Lorenz e Nikolaas Tinbergen
d) Thomas Malthus e Raymond Pear
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Biosfera = Regiões do planeta onde existem seres vivos.
Biótopo = Área geográfica onde se encontra uma comunidade.
Cadeia alimentar = Representa a transferência de matéria e
energia que se inicia sempre por um organismo produtor e
termina em um decompositor. O fluxo é sempre unidirecional.
Ciclo biogeoquímico = Conjunto de processos físicos, químicos e
biológicos que permite aos elementos circularem entre os seres
vivos e a atmosfera, hidrosfera e litosfera.
Comunidade = Conjunto de populações de espécies diferentes
que vive em uma mesma área geográfica.
Conshumidores = Seres que não são capazes de produzir seu
próprio alimento e precisam alimentar-se de outro ser vivo para
obter sua energia (heterotrófico).
Decompositores = Seres que obtêm nutrientes e energia a partir
da decomposição da matéria orgânica.
Ecologia = Ciência que estuda as relações entre os seres vivos
entre si e destes com o meio ambiente.
Ecossistema = Local de interação entre seres vivos (factores
bióticos) e factores físicos e químicos (factores abióticos).
Espécie = Organismos semelhantes capazes de reproduzir-se e
produzir descendentes férteis.
Habitat = Local em que determinada espécie vive.
Nicho ecológico = Papel ecológico de uma espécie em uma
comunidade. Envolve seus hábitos alimentares, sua reprodução,
suas relações ecológicas e outras actividades.
Nível trófico = Posição que uma espécie ocupa em uma cadeia
alimentar.
Pirâmide ecológica = Representação gráfica do fluxo de energia e
matéria em um ecossistema.
População = Conjunto de seres vivos da mesma espécie que vive
em determinado local.
Produtores = Seres vivos capazes de produzir seu próprio
alimento (autotróficos).
Relações ecológicas = São as relações que os seres vivos
possuem uns com os outros. Essas relações podem ser entre
indivíduos da mesma espécie ou espécies diferentes.
Teia alimentar = Conjunto de cadeias alimentares interligadas.
BIOSFERA
O planeta Terra, até o momento, é o único planeta que conhecemos onde
é possível o desenvolvimento da vida. A grande biodiversidade ocorre
graças a um conjunto de factores, como a presença de água e de oxigênio.
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O planeta Terra pode ser dividido em quatro partes principais: a litosfera,
a hidrosfera, a atmosfera e a biosfera. Essa última relaciona-se com os
seres vivos do planeta e é foco de estudo da chamadaEcologia.
O que é a biosfera?
Quando estudamos os níveis de organização em Ecologia, podemos
perceber que o nível mais alto e complexo é a biosfera. Esse conceito diz
respeito a todos os ecossistemas existentes na Terra, ou seja, as regiões
do planeta onde encontramos seres vivos.
Como o planeta é extremamente diversificado em questões de ambiente,
é fácil perceber que a biosfera é complexa e possui composição variável.
Ela inclui ecossistemas presentes desde as mais altas montanhas até as
profundas fossas abissais marinhas, que podem atingir aproximadamente
10.000 metros de profundidade. Esses locais apresentam condições
ambientais diversificadas, bem como seres vivos bastante diferentes e
adaptados ao ambiente em que vivem.
A biosfera possui relação directa com a litosfera, hidrosfera e atmosfera,
haja vista que, sem solo, água e ar, não podem existir formas de vida e,
consequentemente, ecossistemas no nosso planeta. Além desses factores,
a manutenção dos ecossistemas depende diretamente do sol, sendo essa,
portanto, a fonte de energia fundamental para a biosfera.
RELAÇÕES ECOLÓGICAS
Todos os organismos interagem entre si, seja para cooperar uns com os
outros, seja para prejudicar. Facto é que nenhum organismo pode viver
sozinho e sempre há uma relação entre eles, relação essa que chamamos
de relação ecológica.
As relações ecológicas são divididas em dois grandes grupos principais: as
relações interespecíficas e as intraespecíficas. Quando falamos em
relações ecológicas interespecíficas, referimo-nos às relações que ocorrem
entre organismos de espécies diferentes, já as intraespecíficas ocorrem
entre indivíduos de mesma espécie.
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Competição interespecífica: A competição entre indivíduos de
espécies diferentes ocorre em razão da busca pelos mesmos
recursos. Isso ocorre quando os nichos ecológicos estão
sobrepostos. Um exemplo são as plantas que vivem muito
próximas umas das outras, que acabam competindo por água,
nutrientes e luz.
Herbivoria: Essa relação ocorre entre plantas e herbívoros. Um
exemplo são as girafas que se alimentam de plantas da savana
africana.
Predação: Relação que ocorre quando um ser vivo mata
(predador) e come outro de outra espécie (presa). Como exemplo,
podemos citar os tubarões que se alimentam de focas.
Parasitismo: Essa relação ocorre quando um organismo vive sobre
ou dentro de outra espécie, retirando desta seu alimento. O ser
vivo que vive e retira nutrientes do outro é chamado de parasita, e
o que abriga o parasita é chamado de hospedeiro. Um exemplo
dessa relação ocorre entre humanos e piolhos.
Mutualismo: É a relação em que duas espécies interagem
beneficamente. O mutualismo pode ser facultativo ou obrigatório.
Facultativo: Uma espécie ajuda a outra, porém cada uma pode
viver isoladamente. Como exemplo, podemos citar os pássaros que
se alimentam de carrapatos de alguns mamíferos.
Obrigatório: A relação entre as espécies é indispensável, dessa
forma, um organismo não vive isoladamente naquele local. Os
líquens são um exemplo de mutualismo obrigatório.
Comensalismo: Um organismo associa-se a outro em busca de
alimento. Nessa associação, nenhum dos organismos é prejudicado
e apenas o que consegue alimento é beneficiado. Um exemplo
tradicional é a rêmora que se alimenta dos restos de comida do
tubarão.
Inquilinismo: Uma espécie utiliza a outra para conseguir abrigo.
Um exemplo são as orquídeas que vivem sobre as árvores sem
causar nenhum prejuízo a elas.
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Colônia: Seres da mesma espécie vivem unidos fisicamente e
trabalham juntos em prol da sua sobrevivência. Como exemplo,
podemos citar as caravelas.
Sociedades: Assim como nas colônias, os seres da mesma espécie
vivem juntos e trabalham em prol do grupo com divisão do
trabalho. Entretanto, nesse caso, os seres não estão unidos
fisicamente. Como exemplo, podemos citar as abelhas.
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seguindo o exemplo da savana, a água, luz e solo da região, juntamente
aos seres vivos, formam o chamado ecossistema. Assim sendo, podemos
resumir esse nível de organização como a relação entre os factores
bióticos e abióticos de uma área.
Frequentemente os ecossistemas são divididos em aquáticos e terrestres
como forma de auxiliar o ensino e a compreensão, entretanto, sua
complexidade é bem maior e necessita de um estudo detalhado de todas
as interações que ali ocorrem. Como exemplo de ecossistemas, podemos
citar os jardins, os oceanos, as florestas tropicais e até mesmo um
pequeno aquário. O importante é que nesse local existam factores
bióticos e abióticos suficientes para que a vida seja mantida, formando um
sistema estável e autossuficiente.
Por fim, temos a biosfera, que é definida como o conjunto de todos os
ecossistemas existentes no planeta. Vale destacar que ela pode ser
considerada, em sua totalidade, como o maior ecossistema existente. Esse
nível engloba todos os locais onde existe vida, desde a área mais profunda
do oceano até as grandes florestas tropicais.
POPULAÇÃO E COMUNIDADE
A Ecologia é a ciência que estuda as relações existentes entre os seres
vivos e destes com o ambiente em que vivem. Para compreender essa
ciência, alguns conceitos devem ser aprendidos. Entre eles, dois são
extremamente importantes: população e comunidade.
Uma população, em Ecologia, pode ser definida como um conjunto de
indivíduos de uma mesma espécie que vive em uma determinada área em
um determinado momento. Essa área pode ser a distribuição normal
desses organismos ou então um limite escolhido por um pesquisador que
estuda aquele grupo de seres. Sendo assim, uma população pode ser
também um grupo de indivíduos da mesma espécie que está sendo
estudado.
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com que alguns morram de fome, retornando assim a população ao
seu tamanho ideal.
COMENSALISMO
Nenhum organismo vivo sobrevive sem interagir com o outro, havendo
sempre algum tipo de relação. Essas interações são denominadas de
relações ecológicas e podem ocorrer entre organismos da mesma espécie
ou entre seres de espécies diferentes. Quando ocorrem entre organismos
de espécies diferentes, são chamadas de relações ecológicas
interespecíficas, mas quando ocorrem entre organismos da mesma
espécie, são chamadas de relações ecológicas intraespecíficas.
As relações ecológicas podem ser benéficas ou não para os envolvidos.
Quando uma relação ecológica beneficia um ser vivo, sem prejudicar o
outro, ou ambos são beneficiados, temos uma relação harmônica ou
positiva. Quando algum dos seres envolvidos é prejudicado, temos uma
relação desarmônica ou negativa.
O que é o comensalismo?
O comensalismo é uma relação que ocorre entre indivíduos de espécies
diferentes e apenas um organismo é beneficiado, mas o outro não é
prejudicado. Nesse tipo de interação, um organismo está à procura de
alimento.
Alguns autores consideram o inquilinismo, relação em que um organismo
serve de abrigo para outro, como uma forma de comensalismo. Vale
destacar, no entanto, que isso não é um consenso, pois muitos
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pesquisadores consideram como comensalismo apenas as relações de
alimentação que apresentam as características citadas.
Casos de comensalismo
O caso de comensalismo mais clássico que podemos citar é aquele que
ocorre entre a rêmora e o tubarão. Nessa relação, a rêmora, que possui
uma ventosa na região dorsal, fixa-se ao corpo do tubarão e alimenta-se
dos restos de comida que saem da boca do animal. Nessa relação, a
rêmora consegue alimento, entretanto, não prejudica o tubarão, uma vez
que não captura sua presa, mas, sim, os restos de sua alimentação.
Além da rêmora, podemos citar a relação entre abutres e alguns animais
carnívoros, como o leão. Essas aves ficam esperando o momento em que
os carnívoros terminam sua alimentação para se alimentarem dos restos
por eles deixados. Nesse caso, assim como na relação entre o tubarão e a
rêmora, o carnívoro não é prejudicado, pois já terminou sua refeição.
Por fim, podemos citar uma relação cada vez mais observada na sociedade
atual: o urubu e o homem. Em lixões a céu aberto, é possível verificar uma
grande presença de urubus que estão à procura do alimento descartado
pelo homem. Essa relação não prejudica o homem, mas garante a
alimentação dos urubus.
CANIBALISMO
O canibalismo é uma relação ecológica que ocorre quando um indivíduo
mata e alimenta-se de um ser de sua própria espécie. Apesar dessa
interação parecer um tanto quanto assustadora, ela é amplamente
difundida no reino animal, ocorrendo principalmente em locais onde as
populações encontram-se com um grande número de indivíduos e o
alimento apresenta-se em pouca quantidade.
Como o canibalismo ocorre entre indivíduos de uma mesma espécie,
classificamos essa interação como uma relação ecológica intraespecífica.
Essa relação pode ser classificada ainda como desarmônica, uma vez que
um dos indivíduos é prejudicado.
Exemplos de canibalismo
Um exemplo de canibalismo bastante conhecido é o realizado pela
aranha viúva-negra. Essa espécie alimenta-se dos machos no
momento da cópula, um tipo de canibalismo conhecido
como canibalismo sexual.
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Em algumas espécies de tubarão, observa-se um canibalismo também
muito intrigante que ocorre ainda no interior do útero materno. Nesses
animais, o mais forte alimenta-se do indivíduo mais fraco em um
canibalismo conhecido comocanibalismo intrauterino. Entre as espécies
que realizam esse tipo de canibalismo, podemos citar o tubarão-mangona.
Algumas espécies de animais não realizam canibalismo de maneira
frequente, como nos outros casos citados, mas asvariações em seu
habitat provocam esse comportamento. Esse é o caso dos ursos-polares,
que, em virtude do aquecimento global e da destruição de seu habitat,
enfrentam grandes problemas no que diz respeito à alimentação, fato que
tem desencadeado um aumento crescente nos casos de canibalismo.
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Relações intraespecíficas desarmônicas
Competição intraespecífica
Essa relação ecológica ocorre quando indivíduos de uma mesma espécie
competem por um mesmo recurso, como território, alimento, água ou até
mesmo luz solar. Um fato interessante é que nessa competição,
diferentemente da competição entre indivíduos de espécies diferentes
(competição interespecífica), pode ocorrer disputa por parceiros sexuais.
É importante destacar que plantas também realizam competição.
Indivíduos muito próximos uns dos outros competem, por exemplo, por
água e luz, o que pode levar alguns à morte. Para evitar a competição,
várias plantas angiospermas desenvolveram mecanismos para garantir a
dispersão de suas sementes.
Canibalismo: um organismo mata e alimenta-se de outro de sua própria
espécie. Esse hábito pode ser observado, por exemplo, na viúva-negra e
no louva-a-deus, em que a fêmea mata o macho logo após a cópula.
Existem ainda tubarões que possuem um canibalismo intrauterino, isto é,
um filhote alimenta-se do outro no interior do corpo materno.
COMPETIÇÃO
A competição é uma relação ecológica desarmônica que ocorre quando
organismos da mesma espécie ou de espécies diferentes competem por
um determinado recurso. Por essa razão, essa relação ecológica pode ser
intraespecífica ou interespecífica.
Competição intraespecífica
Em uma competição intraespecífica, todos os organismos que competem
por determinado recurso são da mesma espécie. A competição pode
ocorrer por diversos motivos, como demarcação de território, aumento
exagerado da população e diminuição de alimentos.
Imagine, por exemplo, que vários indivíduos herbívoros vivam em uma
mesma área e que, em determinada época do ano, as chuvas tornem-se
escassas, levando várias plantas à morte. Com o tempo, o grupo de
herbívoros iniciará uma série de disputas pelo pouco alimento disponível,
sendo esse um exemplo clássico de competição intraespecífica.
Não são apenas animais que competem por recursos. No caso das plantas,
por exemplo, a competição pode ocorrer em virtude da falta de água ou
até mesmo em busca de um pequeno local ao sol. É por isso que
normalmente algumas plantas morrem quando estão próximas a muitos
indivíduos.
Na competição intraespecífica, pode ocorrer também a competição por
parceiros para o acasalamento. Esse comportamento pode ser verificado
em várias espécies animais, como girafas e leões-marinhos. Apesar de a
luta ser travada pelos machos na maioria dos casos, em algumas espécies,
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as fêmeas brigam pelo macho. Esse caso é observado, por exemplo, em
alguns antílopes africanos.
Competição interespecífica
Nas competições interespecíficas, a luta por um recurso acontece entre
indivíduos de espécies diferentes. Essa luta pode ocorrer por território,
alimento, luz e água, por exemplo. Diferentemente da competição
intraespecífica, não há casos de disputas por parceiros sexuais.
Como exemplo de competição interespecífica, podemos citar a introdução
de uma espécie em um habitat. Essa nova espécie pode apresentar o
mesmo nicho ecológico que outra, desencadeando, portanto, a luta por
um mesmo recurso. A competição interespecífica pode resultar na
migração de uma das espécies para novas áreas ou até extinção de uma
delas.
CADEIA ALIMENTAR
Sabemos que na natureza são encontradas plantas, animais, bactérias e
diversos outros organismos. Esses seres necessitam de energia para
sobreviver, porém nem todos retiram essa energia do mesmo local ou
obtém-na da mesma forma.
Alguns seres são fotossintetizantes, como as plantas e algumas algas,
sendo, portanto, capazes de produzir seu próprio alimento por meio do
processo de fotossíntese. Já outros seres devem alimentar-se de outros
seres para obter energia. Existem ainda aqueles que obtêm energia a
partir da decomposição da matéria orgânica (decompositores).
Temos, portanto, seres que produzem seu alimento e seres que
necessitam capturar alimento. O primeiro grupo é chamado de seres
autotróficos, enquanto o segundo grupo é chamado de seres
heterotróficos. Também podemos chamá-los, dentro de uma cadeia
alimentar, de produtores e conshumidores, respectivamente.
Todos os seres vivos mantêm relações muito próximas entre si, um
servindo de alimento para outro. Essa sequência linear em que um
organismo serve de alimento para outro é a chamada cadeia alimentar.
Imaginemos um campo cheio de plantas, ou seja, de organismos
produtores. Essas plantas são comidas por uma lagarta, que, por sua vez,
serve de alimento para uma perereca. A perereca poderá então ser
comida por outro ser vivo, uma serpente, por exemplo.
22
Representação esquemática de uma cadeia alimentar
Seres autotróficos
23
Alguns organismos, chamados de autotróficos (do grego autós = “de si
mesmo” e trophos = “alimentador”) conseguem produzir seu alimento a
partir de substâncias inorgânicas, não necessitando, portanto, de ingerir
nenhum ser vivo. Nesse caso, temos seres vivos capazes de realizar
processos como a fotossíntese e a quimiossíntese.
Os organismos fotossintetizantes, como algas e plantas, são capazes de
utilizar a energia luminosa para produzir energia química e fixar o carbono
em compostos orgânicos. Organismos quimiossintetizantes, por sua vez,
são capazes de oxidar substâncias químicas e sintetizar seus compostos
orgânicos.
Como exemplo de organismos que possuem nutrição autotrófica,
podemos citar alguns exemplos de bactérias, alguns protistas e as plantas.
Seres heterotróficos
Organismos que possuem nutrição heterotrófica (do grego heteros =
“outro” e trophos = “alimentador”) necessitam de moléculas orgânicas
retiradas de outros seres vivos para a sua nutrição. Esses organismos
podem adquirir essas moléculas por meio de processos de absorção ou
ingestão, como é o caso dos animais.
A cadeia alimentar
Na cadeia alimentar, os organismos autotróficos ocupam o nível trófico
dos produtores. Esses organismos são a base de todas as cadeias
alimentares, independentemente do ecossistema analisado.
Os organismos heterotróficos, por sua vez, podem ocupar diferentes
níveis, sendo chamados de conshumidores ou decompositores. Os
conshumidores ingerem outros seres vivos, e os decompositores
conseguem matéria orgânica retirando-as dos restos dos seres vivos.
Como exemplo de conshumidores, podemos citar os animais; já de
decompositores, fungos e algumas bactérias.
24
Todos os seres vivos apresentam relações de alimentação no meio em que
vivem. Um gafanhoto, por exemplo, não é capaz de sobreviver sem se
alimentar dos vegetais de uma área, assim como um pássaro, que não vive
seu alimento, que pode ser, inclusive, o gafanhoto.
Todas as relações de alimentação em um ecossistema podem ser
representadas de duas maneiras: a cadeia alimentar e a teia alimentar.
Vamos aprender mais sobre cada uma dessas representações!
Cadeia Alimentar
A cadeia alimentar refere-se às representações das relações de
alimentação que existem em um determinado ecossistema. Nas cadeias, o
fluxo de energia é unidirecional, ou seja, é sempre em um mesmo
sentido. Veja um exemplo simples de cadeia alimentar:
Capim → Lagarta → Pássaro → Cobra
Níveis troficos
Os níveis tróficos são conjuntos de organismos que possuem hábitos
alimentares semelhantes, ocupando a mesma posição no ecossistema. As
plantas, por exemplo, produzem seu próprio alimento, pois são
organismos autotróficos. Assim, todas as plantas ocuparão o mesmo nível
trófico, pois apresentam hábitos alimentares semelhantes.
25
Produtores: Os organismos incluídos nesse nível trófico
apresentam em comum o facto de serem autotróficos. Isso quer
dizer que todos os organismos produtores são capazes de produzir
seu próprio alimento por meio de processos comofotossíntese e
quimiossíntese. Exemplos: plantas e algas.
Conshumidores: Os organismos que fazem parte desse nível trófico
são heterotróficos, ou seja, todos os organismos desse nível
alimentam-se de outro ser vivo. Os conshumidores que se
alimentam de produtores recebem a denominação de
conshumidores primários. Os que se alimentam de conshumidores
primários são chamados de conshumidores secundários. Já os que
se alimentam dos secundários são chamados de terciários e assim
sucessivamente.
Decompositores: organismos heterotróficos que realizam o
processo de decomposição, no qual devolvem nutrientes ao meio.
Como exemplo de decompositores, podemos citar bactérias e
fungos.
Teia alimentar
26
FOTOSSÍNTESE E SUAS REAÇÕES
27
O primeiro passo das reações de transdução é a absorção de energia
luminosa pela complexa antena do fotossistema II. Essa energia capturada
é então transferida para a molécula de clorofila P680 no centro de reação.
O elétrons energizados são transferidos do centro de reação para um
receptor de elétrons. Os elétrons retirados são substituídos por elétrons
de baixa energia provenientes do processo de fotólise (observe a equação
a seguir).
2H2O → 4e- + 4H+ + O2
EXERCÍCIOS DE AUTO-AVALIAÇÃO
28
1. Qual destes conceitos não faz parte dos conceitos básicos de ecologia:
a) Comunidade
b) Ecossistema
c) Sociedade
d) Todas opções estão correctas.
29
GESTÃO AMBIENTAL NAS EMPRESAS.
ISO 14000
O ISO 14000 é um conjunto de normas técnicas e administrativas que
estabelece parâmetros e diretrizes para a gestão ambiental para as
empresas dos sectores privado e público. Estas normas foram criadas pela
International Organization for Standardization - ISO (Organização
Internacional para Padronização).
30
Assim, novas series de situações ambientais começaram a surgir nas
empresas, como: invertidos e acionistas, que se interessou com as
positivas performances ambientais e econômicas. Começando então, não
só as pressões vindas do governo e do desejo social, mas também por
acionistas, compradores, bancos e conshumidores e/ou por concorrência.
Onde a empresa passa a ser orientada para o meio ambiente. O
relacionamento entre negócios e a Natureza é recíproco: negócios causam
efeitos no meio ambiente e este nos negócios, que podem ser afetados de
modo significativo na sua rentabilidade, reputação, no moral de seus
colaboradores, no relacionamento com clientes e na apreensão dos
investidores. (SOLITANDER, ET AL, 2002).
E a partir do ano 2000, vemos a cultura de negócios e desenvolvimento da
sustentabilidade e responsabilidade socioambiental ser uma grande
influencia, utilizando como ferramentas o Ecodesing (colocando o desing
na produção combinando com a saúde e segurança durante todo o ciclo
de vida dos processos da empresa) e Ecoeficiência (ação que agrega as
ações ambientais em todas as áreas da empresa).
Logo com todas essas especulações surgi a Gestão Ambiental Empresarial,
que foca o estudo de estratégias e economia através de uma boa
convivência entre natureza e empresa. Deste modo afetando não somente
o ambiente em que atua (interno), mas também o ambiente externo.
31
Os benefícios estratégicos são: melhorias na imagem, maior
produtividade, comprometimento do pessoal, melhoria nas relações com
os órgãos governamentais e melhor adequação aos padrões ambientais.
Dessa forma os benefícios tragos pela gestão ambiental fazem crescer
muito a utilização deste em empresas. Colocando também a motivação
que a ISO 14001, proporciona.
Hunter (2003) há seis descrições para uma SGA, entrar nos padrões da ISO
14001:
Estabelecimento de uma política ambiental;
Identificação das actividades, produtos e serviços da empresa, que
interajam com o meio ambiente;
Identificação das leis existentes;
Estabelecimento das prioridades da empresa e definição de
objectivos e metas de redução dos impactos ambientais;
Adaptação da estrutura da empresa para alcançar seus objectivos,
que contemple a definição de responsabilidades, a realização de
treinamentos, a comunicação e documentação; e
32
Checagem e ajuste do sistema de gestão ambiental, se for o caso.
33
Sumário
34
EXERCÍCIOS DE AUTO-AVALIAÇÃO
2. A Gestão Ambiental nas empresas começou a surgir e a implantar-se partir dos anos:
a) 60 e 70
b) 70 e 80
c) 80 e 90
d) 90.
35
UNIDADE Temática 1.4. EXERCÍCIOS deste tema
1. Ecologia é uma ciência (ramo da Biologia) que estuda os seres vivos e suas
interações com o meio ambiente onde vivem. A Ecologia é importante porque:
a) Se encarrega em estudar a abundância e distribuição dos seres vivos no
planeta.
b) Fornecem dados que revelam se os animais e os ecossistemas estão em
perfeita harmonia.
c) Minimiza os casos de desmatamento e a extinção de várias espécies
d) Todas as respostas anteriores estão correctas.
36
c) Podemos dividir a fotossíntese em dois processos básicos: as reações de
transdução de energia e as reações de fixação do carbono. (V)
d) As reações de fixação do carbono são aquelas que dependem de luz,
configurando a etapa tradicionalmente chamada de fase clara. (F)
e) As reações de transdução, por sua vez, são aquelas conhecidas
tradicionalmente como fase escura, entretanto. (F)
37
c) Desenvolver planos estratégicos ambientais às organizações, sempre
condizentes aos seus ramos de mercado e conceber, desenvolver,
implementar e documentar sistemas de qualidade tipo série ISSO-14000.
d) Todas as respostas anteriores estão correctas.
38
TEMA – II: CONCEITOS BÁSICOS DE GEOCIÊNCIAS E HIDROGEOQUÍMICA.
UNIDADE Temática 2.1. Ciências da Terra
UNIDADE Temática 2.2. Ciências do Sistema Terrestre
UNIDADE Temática 2.3. Hidrogeoquímica
UNIDADE Temática 2.4. EXERCÍCIOS deste tema
Introdução
Este é o segundo Tema e o mesmo irá tratar acerca dos Conceitos Básicos
de Geociências e Hidrogeoquímica. Este tema é composto por três
Unidades Temáticas nomeadamente: Ciências da Terra, Ciências do
Sistema Terrestre e Hidrogeoquímica.
Ciências da terra é um termo abrangente aplicado às ciências relacionadas
com o estudo do planeta Terra. As ciências da Terra reconhecem em geral
quatro esferas: a litosfera, a hidrosfera, a atmosfera e a biosfera,
correspondendo respectivamente às rochas, à água, ao ar e à vida.
A hidrogeoquimica é o estudo da composição química da água,
principalmente no que diz respeito a sais e outras substâncias orgânicas e
inorgânicas dissolvidas. Relaciona os teores destas substâncias a possíveis
danos ou benefícios à saúde de animais, vegetais, assim como sua sua
repercussão na qualidade do solo e dos processos industriais que utilizam
água.
39
CIÊNCIAS DA TERRA
As esferas da Terra
As ciências da Terra reconhecem em geral quatro esferas: a litosfera,
a hidrosfera, a atmosfera e a biosfera, correspondendo respectivamente
às rochas, à água, ao ar e à vida. Ocasionalmente são consideradas, como
parte das esferas da Terra a criosfera (correspondendo ao gelo) como
parte distinta da hidrosfera, e apedosfera (correspondente ao solo) como
uma esfera ativa de caráter misto.
2.1.1. ATMOSFERA
QUÍMICA ATMOSFÉRICA
Existem vários componentes químicos em suspensão no ar da
atmosfera principalmente na troposfera.
Esses componentes vão originar vários fenômenos atmosféricos. Existem
vários componentes químicos poluidores que são o dióxido de
enxofre, dióxido de carbono, metano, chumbo e alguns ácidos como o
sulfúrico. O dióxido de carbono, os fumos e o dióxido de enxofre vão servir
como núcleos de condensação e misturando-se com o nevoeiro numa
atmosfera húmidaa vão originar o smog e numa atmosfera seca a bruma.
40
A atmosfera é denominada de solução gasosa porque é uma mistura de
vários gases e dentre eles os que se encontram em maiores proporções
são: Nitrogênio, Oxigênio, Argônio, Neônio, e outros gases nobres.
Esses gases fazem parte da mistura de ar seco que está presente até uma
altura de 25 quilômetros, acima disso é possível encontrar outros
componentes gasosos como: dióxido de carbono, vapor de água e outros
de origem industrial (poluentes). Existem vários outros componentes
químicos poluidores do ar que são o dióxido de enxofre, metano, chumbo
e alguns ácidos como o sulfúrico.
CLIMATOLOGIA
A climatologia é um ramo das Ciências naturais que é estudado tanto
pela geografia, quanto pela meteorologia. Nos ensinos fundamental e
médio (Brasil), é estudada nas matérias de Ciências, Física e Geografia.
No tempo histórico, os primeiros estudos foram feitos por viajantes
europeus - sendo Sant'Anna de Neto o mais lembrado - rumo à América, e
consequentemente ao Brasil, com as seguintes preocupações: vinda da
coroa portuguesa para o Brasil, preocupações comsaúde pública por
problemas causados pela humidade excessiva e pela altíssima
temperatura, se comparada aos padrões europeus.
41
É importante o estudo dos diferentes fluxos de energia: horizontal e
vertical. O vertical reflete diretamente os resultados da radiação solar,
tendo essa, influência direta sobre os fluxos de energia horizontal: massas
de ar, frentes quentes e frias, centros de acção.
A radiação solar determina todo o sistema, podendo ser analisado pelos
seus elementos: temperatura, pressão e humidade, tendo grande
influência sobre as características biogeográficas, fenômenos
geomorfológicos, hidrológicos etc.
42
análises, ao menos diárias, do tempo, para assim considerar a análise
geográfica de um lugar.
METEOROLOGIA
A meteorologia é uma das ciências que estudam a atmosfera terrestre,
que tem como foco o estudo dos processos atmosféricos e a previsão do
tempo. Estuda os fenômenos que ocorrem na atmosfera e as interações
entre seus estados dinâmicos, físico e químico, com a superfície terrestre
subjacente.
Os estudos no campo da meteorologia foram iniciados há mais de dois
milênios, mas apenas a partir do século XVII a meteorologia progrediu
significativamente. No século seguinte, o desenvolvimento da
meteorologia ganhou um ímpeto ainda mais significativo com o
desenvolvimento de redes de intercâmbio de dados em vários países. Com
a maior eficiência na observação da atmosfera e uma mais rápida troca de
dados meteorológicos, as primeiras previsões numéricas do tempo
tornaram-se possíveis com o desenvolvimento de modelos
meteorológicos no início do século XX. A invenção docomputador e da
Internet tornou mais rápido e mais eficaz o processamento e o
intercâmbio de dados meteorológicos, proporcionando assim um maior
entendimento dos eventos meteorológicos e suas variáveis e,
conseqüentemente, tornou possível uma maior precisão na previsão do
tempo.
43
meteorologia pode se tornar uma ciência interdisciplinar quando se funde,
por exemplo, com a hidrologia, tornando-se a hidrometeorologia, que
estuda o comportamento das chuvas numa determinada região, ou pode
se fundir com a oceanografia, tornando-se a meteorologia marítima, que
visa ao estudo da relação dos oceanos com a atmosfera.
As aplicações da meteorologia são bastante amplas. O planejamento
da agricultura é dependente da meteorologia. A política energética de um
país dependente de sua bacia hidrográfica também pode depender das
previsões do tempo. Estratégias militares e a construção civil também
dependem da meteorologia, e a previsão do tempo influencia o cotidiano
de toda a sociedade.
HIDROMETEOROLOGIA
A hidrometeorologia é o ramo das ciências atmosféricas (meteorologia) e
da hidrologia que estuda a transferência de água e energia entre a
superfície e aatmosfera.
A hidrometeorologia também investiga a presença de água na atmosfera
em suas diferentes fases.
44
Tem como áreas afins a microfísica de nuvens (quentes e frias) e
a microfísica de precipitação, a meteorologia de latitudes médias e
a meteorologia tropical, a dinâmica da camada limite planetária (CLP),
os sistemas de medição meteorológicos (hidrometeorológicos), a
calibração instrumental e verificação de qualidade de medidas de
redes de medição (mesoescala, microescala,escala sinóptica etc), a
eletricidade atmosférica, a formação de tempestades e sistemas
precipitantes, a meteorologia sinóptica e de mesoescala.
Atualmente a hidrometeorologia tem dado atenção especial às
condições superficiais das áreas urbanizadas onde o impacto das
tempestades severas tem provocado consideráveis perdas materiais e
humanas.
PALEOCLIMATOLOGIA
Paleoclimatologia é o estudo das variações climáticas ao longo
da história da Terra. Para isso, são estudados vestígios naturais que
podem ajudar a determinar o clima em épocas passadas.
As observações meteorológicas com a ajuda de instrumentos, tal como
as conhecemos hoje em dia, datam de há 100 ou 200 anos,
dependendo do lugar. Este, porém, é um período muito curto
relativamente às alterações sofridas pelo clima ao longo dos tempos,
durante milhares ou até milhões de anos.
A história do clima pode ser deduzida através de evidências naturais [1],
tais como a composição do gelo, a estrutura de árvores petrificadas e
outros fósseis e dasrochas sedimentares.
Nos últimos dois bilhões de anos, o clima na Terra tem se comportado
de forma mais ou menos cíclica, com períodos frios,
chamados períodos glaciais, e períodos quentes, chamados períodos
interglaciais. Estas mudanças na temperatura são causadas por
diferentes aspectos, tais como perturbações na órbita da Terra, a
actividade solar, impactos de meteoros, erupções vulcânicas e a ação
humana.
2.1.2 BIOSFERA
BIOGEOGRAFIA
Biogeografia é o estudo da distribuição das espécies e ecossistemas no
espaço geográfico e através do tempo geológico. Organismos e as
comunidades biológicas variam de uma forma altamente regular ao
longo de gradientes geográficos de latitude, altitude, isolamento e
área de habitat.
Conhecimento da variação espacial nos números e tipos de
organismos é tão vital para nós hoje como foi para nossos primeiros
ancestrais humanos, como se adaptar a ambientes heterogêneos, mas
geograficamente previsíveis.
45
Biogeografia é um campo integrador de investigação que une
conceitos e informações de ecologia, biologia
evolutiva, geologia e geografia física. Pesquisas biogeográficas
modernas combinam informações e ideias de muitos campos,
desde as limitações fisiológicas e ecológicas sobre a dispersão do
organismo aos fenômenos geológicos e climatológicos que
operam em escalas espaciais globais e prazos evolutivas.
PALEONTOLOGIA
Paleontologia (do grego palaiós, antigo + óntos, ser + lógos, estudo) é
a ciência natural que estuda a vida do passado da Terra e o seu
desenvolvimento ao longo do tempo geológico, bem como os
processos de integração da informação biológica no registro geológico,
isto é, a formação dos fósseis. O cientista responsável pelos estudos
dessa ciência é denominado de paleontólogo.
A vida na Terra surgiu há aproximadamente 3,5 bilhões de anos e,
desde então, restos de animais e vegetais ou indícios das suas
actividades ficaram preservados nas rochas. Estes restos e indícios são
denominados fósseis e constituem o objecto de estudo da
Paleontologia.
46
ao estudo dos restos fossilizados dos organismos do passado. A
Paleontologia não procura apenas estudar os fósseis, procura também,
com base neles, entre outros aspectos, conhecer a vida do passado
geológico da Terra.
Uma vez que os fósseis são objectos geológicos com origem em
organismos do passado, a Paleontologia é a disciplina científica que
estabelece a ligação entre as ciências geológicas e as
ciências biológicas. Conhecimentos acerca da Geografia são de suma
importância para a paleontologia, entre outros, através desta pode
relacionar-se o posicionamento e distribuição dos dados coligidos pelo
globo.
PALINOLOGIA
Palinologia é a parte da Botânica que estuda os grãos de pólen,
esporos e outras estruturas com parede orgânica ácido-resistente,
conjuntamente chamados palinomorfos. Sua maior área de atuação é
o estudo da constituição, estrutura e dispersão do pólen e esporos,
incluindo os exemplares atuais (recentes) e fossilizados. Os
microfósseis orgânicos, também denominados de palinomorfos,
incluem cistos de dinoflagelados, ovos decopépodes, cutículas
vegetais, matéria orgânica amorfa, etc.
Os grãos de pólen constituem a parede do micrósporo das plantas,
mais o gametófito nela contido.
Os grãos de pólen são facilmente preserváveis em ambientes com
pouca oxigenação. Por serem muito resistentes, eles mantêm as suas
características externas (estrutura da exina) durante o processo de
fossilização. Por essa razão, o seu estudo permite resolver muitos
problemas que o estudo dos fósseis deplantas não resolve. A
resistência dessas estruturas deve-se graças à deposição em sua
parede externa (exina) de esporopolenina, um polímero orgânico
bastante resistente.
47
A paleontologia (a "ciência-mãe" que se ocupa dos fósseis em
geral) trabalha em estreita ligação com ageologia, que lhe deve
fornecer o processo em que determinada formação rochosa se
formou e em que altura da vida da Terra - datação.
MICROPALEONTOLOGIA
A Micropaleontologia é a disciplina paleontológica que se ocupa do
estudo de fósseis de pequenas dimensões, apenas observáveis com o
auxílio de instrumentos de ampliação (microscópios ópticos e
electrónicos), ou seja, que se ocupa do estudo dos microfósseis (do
grego mikrós, pequeno + Paleontologia).
Ao contrário, por exemplo, da Paleozoologia ou da Paleobotânica
(disciplinas da Paleobiologia), a Micropaleontologia é definida não com
base num determinado grupo biológico, mas sim segundo critérios
estritamente metodológicos, directamente relacionados com a
especificidade do estudo dos microfósseis, devido às suas pequenas
dimensões.
2.1.3. HIDROSFERA
HIDROLOGIA
A hidrologia (do grego Yδωρ, hydor, "água"; e λόγος, logos, "estudo") é
a ciência que estuda a ocorrência, distribuição e movimentação
da água no planeta Terra. A definição actual deve ser ampliada para
incluir aspectos de qualidade da água, ecologia, poluição e
descontaminação.
GLACIOLOGIA
A glaciologia é o estudo das geleiras(português brasileiro) ou glaciares(português
europeu), ou mais geralmente, o estudo do gelo, sua composição (que
48
de gelo da Groenlândia (1,7 milhões de quilômetros quadrados) e da
Antártica (13,6 milhões de quilômetros quadrados).
O Centro Polar e Climático da Universidade Federal do Rio Grande do
Sul (UFRGS), em Porto Alegre, Brasil, é a principal instituição de
investigação glaciológica de língua portuguesa.
LIMNOLOGIA
A limnologia (do grego, limne - lago, e logos - estudo) é a ciência que
estuda as águas interiores, independentemente de suas origens
(estudadas pela hidrografia), mas verificando as dimensões e
concentração de sais, em relação aos fluxos de matéria e energia e as
suas comunidades bióticas.
A origem da limnologia normalmente reporta-se ao final do século XIX,
quando François Alphonse Forel iniciou os seus estudos no lago
Léman (lago de Genebra, Suíça). Muito embora a limnologia tenha sido
originalmente desenvolvida com o objectivo de estudar os ambientes
lacustres (lagos), na realidade, os ambientes estudados abrangem
todos os tipos de águas interiores: lagos, lagoas, reservatórios, rios,
açudes, represas, riachos, brejos, áreas inundáveis, águas
subterrâneas, colecções de água temporárias, nascentes e fitotelmos.
A compartimentação das áreas do conhecimento limnológico levou à
criação das linhas de pesquisa relacionadas ao estudos das formas
(isto é a extensão e profundidade) do ambiente lacustre, aos
aspectos abióticos da coluna de água, como as propriedades dinâmicas
da disponibilidade de luz, estratificação térmica e química, além das
características do sedimento.
HIDROGEOLOGIA
Hidrogeologia é o ramo das Geociências (ciências da terra) que estuda
as águas subterrâneas quanto ao seu movimento, volume, distribuição
e qualidade.
Conforme o tipo de rocha a água nela armazenada comporta-se de
maneira diferente. Em rochas porosas a velocidade de deslocamento e
capacidade de armazenamento são maiores que em rochas cristalinas.
49
Através da hidrogeologia é possível verificar a vazão de poço, a recarga
do aquífero e outras informações necessárias ao bom aproveitamento
e proteção destes depósitos subterrâneos de água. O ramo da
hidrogeologia que se dedica ao estudo da componente dinâmica das
águas subterrâneas é a hidrodinâmica,O ramo de hidrogeologia que se
dedica à componente química das águas subterrâneas é a
hidroquímica e o ramo que se dedica ao estudo da inter-relação
química entre as águas subterrâneas e as rochas é designado por
hidrogeoquímica.
Com base na mineralogia e no grau de alterabilidade dos minerais das
rochas é possível prever a qualidade química natural de uma água
subterrânea, a qual é definida pela importância relativa dos principais
elementos químicos dissolvidos que a água apresenta, sódica, cálcica
ou magnesiana, para os catiões, cloretada, bicarbonatada ou
sulfatada, para os aniões.
Outros ramos da hidrogeologia dedicam-se a tipos especiais de águas
(termais, minerais, por exemplo) ou a tipos de actividades específicas,
caso da hidrogeologia mineira, onde os estudos se centram na
tentativa de evitar que as águas subterrâneas prejudiquem o
funcionamento de minas (por vezes com fortes inundações que
prejudicam os trabalhos mineiros e têm consequências económicas
graves na indústria mineira). Esse mesmo ramo da hidrogeologia
dedica-se também ao estudo da contaminação mineira das águas
subterrâneas e ao estudo dos resíduos líquidos provenientes de
escombreiras, com o desenvolvimento de soluções que possam
minimizar ou evitar as consequências para o ambiente dos resultados
dessa contaminação (águas de mina).
HIDROGRAFIA
Hidrografia é uma parte da geografia física que classifica e estuda
as águas do planeta Terra.
O objecto de estudo da hidrografia é a água da Terra, abrange
portanto oceanos, mares, geleiras, água do subsolo, lagos, água da
atmosfera e rios. A maior parte da água está concentrada em oceanos
e mares – 1 380 000 000 km³ –, correspondendo a 97% da reserva
hídrica do mundo. As águas continentais possuem um volume total de
38 000 000 km³, valor que representa 2,7% da água do planeta Terra.
OCEANOGRAFIA
A Oceanografia (do grego ὠκεανός e γράφω significando oceano e
grafia, respectivamente), também conhecida como Oceanologia ou
Ciências do Mar, é uma ciência do ramo das geociências que se dedica
ao estudo dosoceanos e zonas costeiras sob todos os aspectos, desde
sua descrição física até a interpretação dos fenómenoque neles se
50
verificam e de sua interação com os continentes e com a atmosfera,
bem como também no que diz respeito aos processos que atuam
nestes ambientes.
A oceanografia se divide em quatro áreas principais, sendo elas:
oceanografia física, oceanografia química,oceanografia biológica e
oceanografia geológica. Nas subáreas destacam-se a paleoceanografia,
a biogeoquímicamarinha, a ecotoxicologia marinha, entre outros.
OCEANOGRAFIA QUÍMICA
Oceanografia química é o ramo da ciência oceanográfica que estuda os
aspectos químicos dos oceanos e seus ambientes de transição
(ex.: estuários). Ela descreve as características e propriedades químicas
da água do mar, bem como quantifica elementos e compostos
químicos envolvidos em diversos ciclos biogeoquímicos. Estuda
também os processos químicos que ocorrem no oceano e os fluxos de
materiais nas zonas de interação atmosfera-oceano, continente-
oceano e sedimento-oceano, fornecendo subsídios para uma melhor
compreensão do funcionamento da geosfera.
A oceanografia química pode ser subdividida em diversas disciplinas.
Entre elas pode-se destacar a poluição marinha, que identifica e
quantifica os efeitos negativos das ações antrópicas nos organismos
marinhos. Outras disciplinas dentro da oceanografia química incluem
geoquímica marinha, bioquímica marinha e físico-química marinha.
BIOLOGIA MARINHA
Biologia marinha é o estudo dos organismos que vivem em
ecossistemas de água salgada e das relações entre eles e com o
ambiente .
Os oceanos cobrem mais de 71% da superfície da Terra e, assim como
o ambiente terrestre é diverso, os oceanos também são. Por isso
encontramos as mais diferentes formas de vida no mar, desde
o plâncton microscópico, incluindo o fitoplâncton, de enorme
importância para aprodução primária no ambiente marinho, aos
gigantes cetáceos como as baleias.
PALEOCEANOGRAFIA
Paleoceanografia é o estudo da história dos oceanos no passado
geológico que diz respeito à circulação, química, biologia, geologia e os
padrões de sedimentação e produtividade biológica. Estudos
paleoceanográficos utilizando modelos de ambiente e diferentes
representações possibilitam que a comunidade científica a avaliar o
papel dos processos oceânicos no clima global, a re-construção do
clima passado em vários intervalos
51
OCEANOGRAFIA
A Oceanografia (do grego ὠκεανός e γράφω significando oceano e
grafia, respectivamente), também conhecida como Oceanologia ou
Ciências do Mar, é uma ciência do ramo das geociências que se dedica
ao estudo dosoceanos e zonas costeiras sob todos os aspectos, desde
sua descrição física até a interpretação dos fenómenoque neles se
verificam e de sua interação com os continentes e com a atmosfera,
bem como também no que diz respeito aos processos que atuam
nestes ambientes.
A oceanografia se divide em quatro áreas principais, sendo elas:
oceanografia física, oceanografia química,oceanografia biológica e
oceanografia geológica. Nas subáreas destacam-se a paleoceanografia,
a biogeoquímicamarinha, a ecotoxicologia marinha, entre outros
52
No Brasil, a profissão da geologia é regulamentada pelo Conselho
Federal de Engenharia e Agronomia(CONFEA) e fiscalizada pelos
Conselhos Regionais, instalados em todos os estados brasileiros.
GEOLOGIA ECONÓMICA
Geologia económica é um ramo da geologia que trata da detecção e
exploração de recursos minerais e energéticos. É um ramo do
conhecimento altamente interdisciplinar, necessitando, além do
conhecimento profundo de geologia em diferentes ramos, de noções
em disciplinas como economia, ecologia, política edireito.
GEOLOGIA DE ENGENHARIA
Geologia de engenharia é um ramo das ciências geológicas que se
dedica aos problemas e aplicações de conceitos geológicos no âmbito
da engenharia
GEOLOGIA AMBIENTAL
O Geólogo Ambiental possui como principais atribuições a
caracterização de zonas ambientalmente desqualificadas, que
coloquem em risco o homem o meio ambiente. Esta caracterização
tem em vista a qualidade ambiental do ar, do solo, da água quer
subterrânea e superficial, do ruído e a integração destas componentes
na a vida do homem. Nesta perspectiva o Geólogo Ambiental tem
como preocupação o ordenamento do território, e a previsão de locais
potencialmente sujeitos a catástrofes tais como sismos, tsunamis,
movimentos de massa, etc. Promove também a remediação de antigas
minas, depósitos abandonados de material mineiro (escombreiras),
e aterros.
GEOLOGIA HISTÓRICA
A geologia histórica pode ser definida como o uso dos princípios da
geologia para reconstruir e compreender a história da Terra. Em
particular, centra-se nos processos geológicos que modificam a
superfície e subsuperfície terrestres; e no uso da estratigrafia, geologia
estrutural e paleontologia para sequenciar no tempo a ocorrência
destes processos.Enfoca-se também na evolução de plantas e
animais durante diferentes períodos da escala de tempo geológico. A
descoberta daradioactividade e o desenvolvimento de vários métodos
de datação radiométrica na primeira metade do século XX forneceram
um meio de obter datações absolutas comparáveis com datações
relativas da história geológica.
Geologia econômica, a busca e extração de energia e matérias-primas,
é fortemente dependente de uma compreensão da história geológica
de uma área.Geologia ambiental, das quais se destacam os riscos
53
geológicos de terremotos e vulcanismo, também deve incluir um
conhecimento detalhado da geologia história.
GLACIOLOGIA
A glaciologia é o estudo das geleiras(português brasileiro) ou glaciares(português
europeu), ou mais geralmente, o estudo do gelo, sua composição (que
ASTROGEOLOGIA
A astrogeologia ou geologia planetária é uma ciência planetária cujo
estudo centra-se na geologia dos corpos celestes, tais como, planetas,
luas, cometas e meteoritos. Dado que o estudo das rochas se iniciou
com o estudo das rochas terrestres, e devido ao tipo de trabalho
científico realizado, a astrogeologia encontra-se extremamente ligada
à geologia terrestre.
O termo geologia é usada aqui em seu sentido mais amplo para
designar o estudo das partes sólidas dos planetas. Dessa forma, os
aspectos de geofísica, geoquímica, geodésia, cartografia, e outras
disciplinas relacionadas ao estudo de corpos sólidos estão incluídas no
termo geral, geologia.
SEDIMENTOLOGIA
Sedimentologia é a disciplina que estuda as partículas de sedimentos
derivados da erosão de rochas ou de materiais biológicos que podem
ser transportados por um fluido, levando em conta os processo
hidroclimatológicos, com ênfase à relação água-sedimento, ou outros
aspéctos geológicos.
54
ESTRATIGRAFIA
A Estratigrafia (do latim stratum e do grego graphia) é o ramo
da geologia que estuda os estratos ou camadas de rochas, buscando
determinar os processos e eventos que as formaram. Basicamente
segue o princípio da sobreposição das camadas.
O estudo e definições da estratigrafia numa escala global são
elaboradas pela The International Commission on Stratigraphy
(Comissão Internacional de Estratigrafia) que, por sua vez, é o maior
corpo científico dentro da International Union of Geological Sciences
(União Internacional das Ciências Geológicas)
GEOLOGIA ESTRUTURAL
A geologia estrutural estuda a geometria dos corpos rochosos, sua
distribuição espacial em três dimensões, e os processos de
deformação que produzem as estruturas geológicas.
As estruturas geológicas podem ser primárias, que são aquelas
originadas na formação das rochas sedimentares e ígneas, tais como a
estratificação sedimentar e estruturas de fluxo em magmas, e
tectônicas, que são originadas por deformação das rochas sob a ação
de forças.
GEOQUÍMICA
Geoquímica é uma ciência geológica que envolve o estudo da
composição química da Terra e de outros planetas, processos químicos
e reações que governam a composição de rochas, solos, corpos d'água
continentais e dos oceanos, e dos ciclos de matéria e energia que
transportam os componentes químicos da Terra pelo tempo e espaço.
A geoquímica é um ramo da geologia e da química, mas que se presta
imensamente a outras ciências, como a ecologia e a oceanografia
química.
A geoquímica tem duas funções principais que são: determinar as
abundâncias relativa e absoluta dos elementos na Terra; e estudar os
princípios que regem a distribuição e migração destes elementos.
Sendo assim, ela utiliza princípios da química como solução para
problemas no âmbito de geologia, permitindo um conhecimento mais
exato dos fenômenos químicos presentes na natureza de forma
quantitativa e qualitativa.
55
Geoquímica de Rochas;
Geoquímica dos Elementos Terras Raras;
Geoquímica Médica;
Geoquímica dos Isótopos;
Geoquímica Ambiental;
Geoquímica dos Solos;
Geoquímica de Exploração Mineral ou Prospecção Geoquímica;
Geoquímica de Sedimento de Corrente;
Geoquímica de Lateritas e Gossans, etc.
GEOMORFOLOGIA
Geomorfologia é um ramo da geografia que estuda as formas da
superfície terrestre. Para isso, tende a identificar, descrever e analisar
tais formas, entendidas aqui como relevos, assim como todos seus
aspectos genéticos, cronológicos, morfológicos, morfométricos e
dinâmicos, tanto pretéritos como atuais e naturais ou antropogênico.
O termo vem do grego: Γηος, geos (Terra), μορφή, morfé (forma) e
λόγος, logos (estudo, conhecimento).
A geomorfologia centra-se no estudo das formas das paisagens, mas
porque estes são o resultado da dinâmica da litosfera como um todo,
integra o conhecimento, em primeiro lugar de outros ramos da
geografia como a Climatologia, Hidrografia, Pedologia, Glaciologia,
Paleogeografia e, do outro lado, também integra contributos de outras
ciências, para incluir o impacto dos fenómenos biológicos, geológicos e
antrópicos no relevo.
Este ramo da ciência integra-se tanto na geografia física, como
na geografia humana, devido aos desastres naturais e às relações
homem-ambiente, e também na geografia matemática, no que diz
respeito à topografia).
GEOFÍSICA
Geofísica é o estudo da estrutura, da composição, das propriedades
físicas e dos processos dinâmicos da Terra. Diferente da Geologia cujo
estudo da Terra é feito via observações diretas das rochas, a Geofísica
investiga o subterrâneo através de medidas indiretas. Se subdivide em
global (pura) e de propecção (exploração ou aplicada).
Na Geofísica global ou pura podemos estudar os fenômenos físicos
que acontecem no planeta como terremotos, tsunamis, vulcões entre
outros. Já Geofísica de prospecção ou de exploração utilizamos
levantamentos/métodos como os sísmicos, elétricos,
eletromagnéticos, potenciais (magnético e gravimétrico),
radiométricos, geotérmicos etc. Além da perfilagem geofísica de
poços.
56
A investigação geofísica do interior da Terra consiste em fazer
medições na superfície ou próxima a ela. Estas medições são
influenciadas pela distribuição interna das propriedades (parâmetros)
físicas. A análise das medições pode revelar como é que as
propriedades físicas do interior da Terra variam vertical e
lateralmente. Grande parte do conhecimento terrestre, abaixo das
profundidades que se podem atingir por intermédio de furos, é
proveniente de observações geofísicas.
GEOCRONOLOGIA
A geocronologia é a ciência que utiliza um conjunto de métodos de
datação usados para determinar a idade das rochas, fósseis,
sedimentos e os diferentes eventos da história da Terra.
A estratigrafia e a paleontologia permitem uma geocronologia
relativa.
A radiocronologia é um dos métodos de geocronologia
absoluta.
GEODINÂMICA
Geodinâmica é o ramo da geofísica que se ocupa em estudar as
manifestações dinâmicas do interior de planetas telúricos, como
a Terra, que afetam especialmente a crosta e a superfície planetária
57
GRAVIMETRIA
A Gravimetria é a medida do campo gravitacional. A gravimetria é
importante quando a magnitude do campo gravitacional ou as
propriedades dos materiais que geram este campo são de interesse
em estudos normalmente relacionados à Geofísica e a Geodésia.
Em química, a gravimetria é uma análise que consiste na determinação
indirecta da massa de um ou mais constituentes de uma amostra.
Nentes do RSU, como o papel, o papelão, o plástico, o metal, a matéria
orgânica, dentre outros. Através da análise da composição deste
resíduo, pode-se estimar o potencial de recuperação dos materiais
encontrados, identificar fontes de geração de cada componente,
facilitar a escolha do equipamento de processamento, estimar
propriedades térmicas, avaliar a adesão da população a campanhas já
implantadas, identificar o volume gerado de cada material,definir as
possibilidades de destinação de cada parcela e o grau de
periculosidade do resíduo.
A composição dos resíduos sólidos de uma localidade varia de
comunidade para comunidade, de acordo com os hábitos de sua
população, o número de habitantes do local, seu poder aquisitivo, as
variações sazonais, o clima, o padrão de desenvolvimento, o estilo de
vida, o padrão de consumo, o nível educacional, dentre outros
factores. Esta multiplicidade de factores intervenientes na geração dos
resíduos faz com que a definição da sua composição se torne difícil e
ao mesmo tempo essencial.
SISMOLOGIA
Sismologia (do grego seismos, abalo + logos, tratado) é o estudo
dos sismos (ou terremotos) e, genericamente, dos diversos
movimentos que ocorrem na superfície do globo terrestre.
Esta ciência busca conhecer e determinar em que circunstâncias
ocorrem os sismos naturais assim como suas causas e
distribuição sobre o globo terrestre, a fim de prevê-los em tempo
e espaço (o que ainda não é possível). Como derivação do estudo
da distribuição e causa dos sismos, a sismologia usa métodos
sismológicos para realizar estudos da estrutura da Terra, desde a
superfície até o seu núcleo. A sismologia é um dos únicos
métodos geofísicos utilizado para estudar as camadas mais
profundas da Terra para compreender os mecanismos envolvidos
na tectônica global do nosso planeta.
Na maior parte dos casos, os sismos são devidos a movimentos ao
longo de falhas geológicas existentes entre as diferentes placas
tectônicas que constituem a região superficial terrestre, as quais se
movimentam entre si. Em Portugal, a sismologia desenlaçou-se graças
58
ao Marquês de Pombal que depois do Sismo de 1755 mandou fazer
um inquérito sobre tal com perguntas como: "Quando começou", "a
que horas acabou" e se "os animais tiveram comportamento
estranho". Para obter a resposta de algumas questões foi necessário
estudar o sismo.
GEOGRAFIA
A Geografia é a ciência que estuda o conjunto de fenómenos naturais
e humanos, os quais são aspectos da superfície da Terra, considerada
na sua distribuição e relações recíprocas. A Geografia estuda
a superfície terrestre. A origem etimológica do termo é derivada dos
radicais gregos geo = "Terra" + grafia = "escrita". Descreve as
paisagens que resultaram da relação entre o homem e a natureza.
Desde a mais altaantiguidade o homem se preocupava com o
conhecimento do espaço em que vivia (ambiente). Certas vezes esse
conhecimento era uma resposta desejada pela curiosidade. Outras
vezes tais conhecimentos tinham objectivos econômicos
ou políticos. O conhecimento sistematicamente abordado da Terra é o
objectivo específico da Geografia. A Geografia é uma disciplina que
nasceu na própria época em que surgiu o homem. Mas o homem só
categorizou a Geografia como ciência depois que a civilização
grega floresceu.
Na superfície da Terra são compreendidas quatro esferas: a atmosfera,
a litosfera, a hidrosfera e a biosfera. É o habitat, ou meio ambiente.
Nela vivem os animais (seres humanos e não humanos) e as plantas.
A superfície da Terra é conhecida pela sua habitabilidade. Na
superfície da Terra são apresentadas diversas características. Uma das
características de maior importância é a complexidade interativa dos
elementos físicos, biológicos e humanos. Dentre esses elementos
podemos citar o relevo, o clima, água, osolo, a vegetação, a
agricultura e a urbanização. Outra característica é o fato de que o
ambiente varia muito de um lugar para outro, conforme os lados
antagônicos: de um lado o calor dos trópicos e, por outro o frio
dasregiões polares, a aridez dos desertos ao contrário das humidade
das florestas equatoriais, a vastidão das planícies rebaixadas em
contraposição à ingremidade das montanhas e as superfícies geladas e
despovoadas em oposição às grandes metrópoles que ultrapassam os
milhões de habitantes. Outra característica ainda é o registro regular
dos certos fenômenos, como os climáticos. O registro regular dos
fenômenos climáticos faz com que sua distribuição espacial seja
generalizada por esses fenômenos climáticos. Os exemplos mais
verdadeiros são a medições térmicas e pluviométricas. As medições
térmicas e pluviométricas são os principais elementos climáticos para
a agropecuária e outras actividades feitas pelo homem.
59
Na geografia há quatro preocupações particulares. Primeiro,
onde o seu objecto se localiza. Segundo, como os fenômenos se
inter-relacionam (em especial o modo como a humanidade e
a território se relacionam, de modo igual que a ecologia).
Terceiro, a regionalização. E, quarto, as áreas correlatas. Pela
geografia são pesquisados os locais onde desenrola a vida
das pessoas, de como os locais se distribuem acima da superfície
terrestres e os factores de ambiente, cultura, economia e
factores que se relacionam à recursos da natureza. Todos esses
factores têm influência nessa distribuição. Trata-se de uma
tentativa de respostas e perguntas a respeito de como é possível
uma região ser reconhecida pela população, modus
vivendi, cultura e a respeito dos movimentos e relações ocorridas
entre os locais diferenciados. Foi sistematizada como disciplina
acadêmica em atribuição aos pesquisadores Alexander von
Humboldt e Carl Ritter, que viveram no Século XIX. O profissional
desta disciplina é o geógrafo.
GEOGRAFIA HUMANA
Geografia humana é uma ciência humana que se consagra ao estudo e
à descrição da interação entre a sociedade e o espaço. Ela ajuda o
homem a entender o espaço geográfico em que vive. Pode-se
compreender o objecto da geografia humana como sendo a leitura
crítica das percepções e transformações humanas sobre o espaço, no
transcorrer do tempo, assim como a incidência do espaço sobre a
sociedade, isto é, a relação do homem com o espaço, o homem
espacializado.
GEOGRAFIA FÍSICA
Geografia física é o estudo das características naturais existentes
na superfície terrestre, ou seja, o estudo das condições da natureza ou
paisagem natural.
A superfície da Terra é irregular e varia de um lugar para outro em
função da inter-relação dinâmica entre os factores entre si e
geográfica em conjunto com outros factores. A manifestação local
deste produto dinâmica é conhecida comopaisagem, que é em
Geografia um fenômeno de interesse particular, mesmo considera por
muitos a ser o objecto de estudo da geografia (Otto Schlüter, Siegfried
Passarge, Leo Waibel, Jean Brunes, Carl Sauer, entre outros).
Uma das teorias clássicas para explicação da evolução da paisagem
como produto da dinâmica da superfície terrestre, é denominada
teoria do ciclo geográfico (DAVIS, 1899). O ciclo geográfico começa
com o soerguimento do relevo, de proporções continentais, através de
60
processos geológicos (epirogênese, vulcanismo, orogênese, etc.). A
partir disso, os rios e o escoamento superficial começam a criar vales
com a forma de V entre as montanhas (a fase chamada "juventude").
Durante esta primeira etapa, o terreno é mais íngreme e mais
irregular. Ao longo do tempo, as correntes podem esculpir vales mais
amplos ("maturidade"). Por fim, tudo se tornaria uma planície
(senilidade) nivelada à menor altitude possível (chamada de "nivel do
base") Esta planície final foi chamada peneplanície por William Morris
Davis, que significa "quase plana".
61
acontece com os homens é muito difícil generalizar e
podem influenciar a favor ou contra a erosão.
Embora os vários factores que influenciam a superfície da Terra estão
incluídos na dinâmica do ciclo geográfico, factores geográficos só
contribuem para o ciclo de desenvolvimento e seu objectivo final, o
peneplano. Enquanto o resto dos factores (biológicos, geológicos e
sociais) interromper ou perturbar o ciclo de desenvolvimento normal.
RAMOS
A ciência da Geografia física estuda um componente específico do
campo o inter-relações entre factores geográficos. São muitos os ramos
que o incluem e entre eles estão os mais importantes que são:
Geomorfologia é a ciência voltada para o entendimento
da superfície da Terra e os processos pelos quais ela é formada,
tanto no presente como no passado. A Geomorfologia como um
campo possui vários subcampos que lidam com formas de relevo
específicas de vários ambientes, como geomorfologia
de deserto e a fluvial, entretanto, esses subcampos são unidos
pelos processos principais que os causam; em sua maioria,
processos tectônicos ou climáticos. A Geomorfologia pretende
entender a história e a dinâmica dos acidentes geográficos, e
predizer as mudanças futuras através da observação de campo,
experimentos físicos, e modelagem numérica (Geomorfometria).
Estudos recentes em geomorfologia são a fundação
da pedologia, um dos dois principais ramos da ciência do solo.
Hidrologia estuda predominantemente a quantidade e qualidade
da água em movimento e se acumulando na superfície da terra e
no solo e rochas próximas da superfície da água, e é tipificada
pelo ciclo hidrológico. Assim esse campo encompassa água
dos rios, lagos,aquíferos e, até certo ponto, geleiras, no qual o
campo examina os processos e dinâmicas envolvendo esses
corpos d'água. A hidrologia tem historicamente uma importante
conexão com a engenharia e com isso tem desenvolvido vários
métodos quantitativos em sua pesquisa; entretanto, também
possui um . Similar a maioria dos campos da geografia física, ela
tem subcampos que examinam corpos de água específicos ou
sua interação com outras esferas, como limnologia e
potamologia.
Glaciologia é o estudo das geleiras e mantos de gelo, ou mais
comumente, criosfera ou gelo e os fenômenos que envolvem o
gelo. A glaciologia agrupa os mantos de gelo como geleiras
continentais, e as geleiras como geleiras alpinas. Apesar das
pesquisas nas duas áreas serem similares com pesquisas sendo
62
realizadas tanto na dinâmica dos mantos como nas geleiras, a
pesquisa com os mantos tende a se preocupar mais com a
interação dos mantos com o clima, e a pesquisa com as geleiras
com o impacto da geleira no relevo. A glaciologia também possui
um vasto número de subcampos examinando factores e
processos envolvimento mantos de gelo e geleiras, como
hidrologia da neve e geologia glacial.
Biogeografia é a ciência que lida com os padrões geográficos da
distribuição das espécies e os processos que resultam nesses
padrões. O principal estímulo para o campo desde a sua
fundação tem sido a evolução, placas tectônicas e a teoria da
biogeografia insular. O campo pode ser amplamente dividido em
4 subcampos: biogeografia insular, paleobiogeografia,
filogeografia, zoogeografia (animais) efitogeografia (vegetais).
Climatologia é o estudo do clima, cientificamente definido como
a média das condições climáticas de um longo período de tempo.
Ela se difere da meteorologia, que estuda os processos
atmosféricos de curta duração, que são então examinados pelos
climatologistas para encontrar tendências e frequências em
padrões / fenômicos climáticos. A climatologia examina tanto a
natureza do clima micro (local) e macro (global) e as influências
naturais e antropogênicas sobre ele. O campo é também
subdividido largamente em climas de vários regiões e o estudo
de fenômenos específicos ou de períodos de tempo,
como climatologia de chuvas de ciclones tropicais e climatologia
urbana.
Pedologia é o estudo do solo em seu ambiente natural. É um dos
dois principais ramos da ciência do solo, o outro sendo
a edafologia. A pedologia lida principalmente com pedogênese,
morfologia do solo, e classificação do solo. Na geografia física, a
pedologia é amplamente estudada por causa das numerosas
interações entre o clima (água, ar, temperatura), vida no solo
(micro-organismos, planta, animal), materiais minerais sob o solo
(ciclos biogeoquímicos) e sua posição e efeito no relevo como
a laterização.
Paleogeografia investiga e reconstrói a geografia do passado e
sua evolução através do exame do material preservado em
registros estratográficos, paleosolos, accidentes geograficos
relictos, fosiles, etc. De grande importância para o resto da
geografia física que serve para entender melhor a dinâmica atual
da geografia do nosso planeta. O uso desses dados tem resultado
em evidências de deriva continental, placas tectônicas e super
continentes, que por sua vez têm suportado teorias
paleogeográficas como o ciclo geografico.O campo pode ser
63
amplamente dividido em 4 subcampos: paleoclimatologia,
paleobiogeografia, paleohidrologia e paleopedologia.
Orografia. Parte da geografia física que trata da descrição e
estudo das montanhas.
Geografia litorânea. É dedicado ao estudo da dinâmica das
paisagens costeiras.
A geografia astronômica ou areografia é o estudo da superfície
de planetas sólidos como Vênus, Marte e Mercúrio. Também é o
estudo dos satélites que certos planetas possuem, caso da Lua de
nossa Terra. Ainda são estudos incipientes devido a falta, ou
poucos dados que se tem sobre os planetas e satélites do
Sistema Solar.
64
EXERCÍCIOS DE AUTO-AVALIAÇÃO
O ar A litosfera
À vida A hidrosfera
À água A atmosfera
Às rochas A biosfera.
65
UNIDADE Temática 2.2. Ciências do Sistema Terrestre
CARTOGRAFIA
Cartografia é a actividade que se apresenta como o conjunto de estudos
e operações científicas, técnicase artísticas que, tendo por base os
resultados de observações diretas ou da análise de documentação,
voltam-se para a elaboração de mapas, cartas e outras formas de
expressão ou representação de objectos, elementos, fenômenos e
ambientes físicos e socioeconômicos, bem como a sua utilização. [nota 2]
A palavra cartografia foi introduzida pelo historiador português Manuel
Francisco Carvalhosa, 2º Visconde de Santarém, numa carta datada de 8
de dezembro de 1839, de Paris, e endereçada ao historiador
brasileiroFrancisco Adolfo de Varnhagen, vindo a ser internacionalmente
consagrado pelo uso.
A cartografia encontra-se no curso de uma longa e profunda
revolução, iniciada em meados do século XX, e certamente a mais
importante depois do seu renascimento, que ocorreu nos séculos XV
e XVI. A introdução dafotografia aérea e da detecção remota, o
avanço tecnológico nos métodos de gravação e impressão e, mais
recentemente, o aparecimento e vulgarização dos computadores,
vieram alterar profundamente a forma como os dados geográficos
são adquiridos, processados e representados, bem como o modo
como os interpretamos e exploramos.
66
Cartografia matemática é o ramo da cartografia que trata dos
aspectos matemáticos ligados à concepção e construção dos
mapas, isto é, das projecções cartográficas. Foi desenvolvida
a partir do final do século XVII, após a invenção do cálculo
matemático, sobretudo por Johann Heinrich Lambert e
Joseph Louis Lagrange. Foram especialmente relevantes,
durante o século XIX, os contributos dos matemáticos Carl
Friedrich Gauss e Nicolas Auguste Tissot.
Cartometria é o ramo da cartografia que trata das medições
efetuadas sobre mapas, designadamente a medição de
ângulos e direções, distâncias, áreas, volumes e contagem de
número de objectos.
GEOINFORMÁTICA
Geoinformática é o nome dado à ciência e à tecnologia que desenvolve
e usa a infraestrutura da ciência da informação para abordar problemas
das áreas dageografia, geociências e tópicos diversos e relacionados do
âmbito da engenharia.
A geoinformática é descrita como a "ciência e tecnologia que lida com a
estrutura e carácter da informação espacial, a sua recolha, classificação
e qualificação, o seu armazenamento, processamento, exibição e
disseminação, incluindo a infraestrutura necessária para assegurar o uso
desta informação" ou "a arte, ciência ou tecnologia que lida com a
aquisição, armazenamento, produção, processamento, apresentação e
disseminação da informação geográfica".
67
GEOESTATÍSTICA
Geoestatística é um ramo da Estatística Espacial que usa o conceito de
funções aleatórias para incorporar a dependência espacial aos modelos
para variáveis geo-referenciadas. Sob determinadas hipóteses, torna-se
possível fazer inferências e predições a partir de amostras. Vários
métodos e técnicas foram desenvolvidos ao longo dos últimos cinquenta
anos, através destas técnicas, dentre as quais se destacam a krigagem e
a simulação estocástica, é possível calcular um valor de uma dada
propriedade (fácies, permeabilidade, porosidade etc.) para cada centro
da célula de uma malha tridimensional, valor este condicionado aos
dados existentes (dados de poços, sísmica, etc.) e a uma função
de correlação espacial entre estes dados.
Em várias áreas das Ciências da Terra, as variáveis não apresentam um
padrão de distribuição requerido pela estatística clássica como
normalidade e independência dos dados. Os modelos da estatística
clássica estão geralmente voltados para a verificação da distribuição
de freqüência dos dados, enquanto a geoestatística incorpora a
interpretação da distribuição estatística, assim como a correlação
espacial das amostras. Este aspecto da geoestatística está intimamente
associado com a distribuição estatística dos dados no espaço.
Assim, os métodos geoestatísticos fornecem um conjunto de
ferramentas para entender a uma aparente aleatoriedade dos
dados, mas com possível estruturação espacial, estabelecendo,
desse modo, uma função de correlação espacial. Esta função
representa a base da estimativa da variabilidade espacial em
geoestatística.
Um exemplo muito simples mostra a diferença entre a estatística e a
geoestatística, considerando os seguintes valores:
Amostra 1: 1 – 7 – 3 – 6 – 2 – 9 – 4 – 8 – 5
Amostra 2: 1 – 3 – 5 – 7 – 9 – 8 – 6 – 4 – 2
GEODÉSIA
O termo geodésia (português brasileiro) ou geodesia (português europeu) (do grego
Γεωδαισία, composto de γη, "terra", e δαιζω, "dividir") foi usado, pela
primeira vez, por Aristóteles (384-322 a.C.), e pode significar tanto
'divisões (geográficas) da terra' como também o ato de 'dividir a terra'
(por exemplo entre proprietários). A geodésia é, ao mesmo tempo, um
68
ramo das Geociências e uma Engenharia, que trata do levantamento e
da representação da forma e da superfície da terra (Definição clássica
de Helmert), global e parcial, com as suas feições naturais e artificiais e o
campo gravitacional da Terra.
O termo geodésia também é usado em Matemática para a medição e o
cálculo acima de superfícies curvas usando métodos semelhantes
àqueles usados na superfície curva da terra.
Em Física, Geodésia é o nome da trajetória reta no espaço curvo, de
corpos como a Terra. Isso acontece em função da gravidade.
TOPOGRAFIA
Topografia (do grego τόπος, topos, que significa "lugar", "região",
e γράφω, grapho, que significa "descrever", portanto "descrição de um
lugar") é a ciência que estuda todos os acidentes geográficos definindo a
sua situação e localização na Terra ou outros corpos astronómicos
incluindo planetas, luas, e asteroides. É ainda o estudo dos princípios e
métodos necessários para a descrição e representação das superfícies
destes corpos, em especial para a sua cartografia. Tem a importância de
determinar analiticamente as medidas de área e perímetro, localização,
orientação, variações no relevo, etc e ainda representá-las graficamente
em cartas (ou plantas) topográficas.
A topografia é também instrumento fundamental para a implantação e
acompanhamento de obras de todo o tipo, como as de projeto viário,
edificações, urbanizações (loteamentos), movimentos de terras, etc.
O termo só se aplica a áreas relativamente pequenas, sendo utilizado o
termo geodesia quando se fala de áreas maiores. Para isso são
usadas coordenadas que podem ser duas distâncias e uma elevação, ou
uma distância, uma elevação e uma direção.
É também muitas vezes utilizado como ciência necessária à
caracterização da intensidade sísmica num dado local, visto que só em
locais onde a topografia é conhecida, é que são possíveis identificações
de intensidade.
69
Ciências do solo - debruçam-se sobre a camada mais exterior da
crosta terrestre que é submetida a processos que levam à
formação de solo (ou pedosfera). As sub-disciplinas principais são
a pedologia e a edafologia.
Oceanografia , Hidrologia e Limnologia - descrevem os domínios
da água salgada e da água doce respetivamente (que compõem
a hidrosfera). As principais disciplinas são a hidrogeologia e a
oceanografia biológica, física e química. Na estrutura da UIGG
estão associadas à geofísica, excetuando as especialidades
químicas e biológicas.
Glaciologia - refere-se ao estudo das zonas da Terra cobertas
por gelo (ou criosfera).
Ciências da Atmosfera - estudam as zonas gasosas da Terra
(atmosfera) situadas entre a superfície e a exosfera. As sub-
disciplinas principais são ameteorologia, climatologia e
aeronomia.
Geografia relaciona as diversas esferas da Terra no intuito de
compreender o espaço, que é seu objecto de estudo, tem como
intuito compreender as interações existentes entre todos os
elementos do local, para entre outras finalidades interpretar
a paisagem regional e global, o específico e o todo, de um
determinado espaço. A Geografia pode ser vista como ciência
humana pois relaciona o homem com a natureza, e também é
vista como ciência natural pois tem como objecto de estudo
o Espaço, entendido como o espaço concreto da superfície
terrestre.
70
área ocorre uma grande sobreposição com a física do estado
sólido, química dos cristais e ciência dos materiais.
Paleoceanografia e Paleoclimatologia - usam as propriedades
dos sedimentos, amostras de gelo antigo e de materiais
biológicos para inferir das características dos oceanos, clima e
atmosfera no passado.
Meteorologia - descreve, explica e prevê o tempo baseando-se
principalmente na interação entre oceanos e atmosfera.
Climatologia - descreve e explica o clima em termos das
interações entre as várias esferas (litosfera, pedosfera,
hidrosfera, atmosfera e biosfera).
Química atmosférica - descreve, explica e prevê a composição
química da atmosfera tendo em conta sobretudo as interações
entre a atmosfera, oceanos, biosfera e efeitos produzidos pelo
Homem.
71
EXERCÍCIOS DE AUTO-AVALIAÇÃO
1. A palavra Cartografia foi introduzida pel primeira vez por um historiador cujo
nome é:
a) Francisco Adolfo de Varnhagen
b) Johann Heinrich Lambert
c) Manuel Francisco Carvalhosa
d) Nicolas Auguste Tissot.
3. A ciência que relaciona o homem com a natureza, bem como que tem como
objecto de estudo o Espaço, entendido como o espaço concreto da superfície
terrestre chama-se:
a) Geografia
b) Biologia
c) Ecologia
d) Teologia
72
É a ciência que estuda todos os acidentes
geográficos definindo a sua situação e localização
Topografia
na Terra ou outros corpos astronómicos
incluindo planetas, luas, e asteroides.
73
UNIDADE Temática 2.3. Hidrogeoquímica
HIDROGEOQUÍMICA
Água e Saúde
Existem padrões muito bem conhecidos de relacionamento entre a
incidência de moléstias no homem e nos animais, com a abundância ou
deficiência de elementos maiores, menores e traços no meio ambiente,
particularmente nas águas. Exemplos são: a relação entre o bócio
(hipertrofia da tireoide) e a deficiência em iodo; anemias severas, nanismo
e hiperpigmentação da pele e a deficiência em zinco; fluorose esqueletal e
dentária e excesso de flúor; maior incidência de cáries dentárias e
deficiência em flúor; anencefalia e mercúrio; inapetência e selênio. Outras
correlações com aceitação controversa ocorrem, como por exemplo, entre
a dureza da água e algumas moléstias cardiovasculares; entre o chumbo e
a esclerose múltipla, entre o cádmio e a hipertensão e arteriosclerose;
entre uma gama ampla de elementos e diversos tipos de câncer. Contudo
estes relacionamentos são possíveis quando as manifestações clínicas são
evidentes por estarmos diante de exposições anormais a produtos
resultantes de actividades humanas. Muitas vezes o desequilíbrio em
elementos traços se manifesta em debilitações subclínicas, sendo de difícil
diagnose.
Contudo, os relacionamentos entre o teor dos elementos e substâncias
químicas, e a saúde do homem e dos animais podem ser dificultados por
questões relativas à mobilidade e à dispersão destes elementos e
substâncias, governadas pelos princípios da geoquímica e da dinâmica das
águas superficiais e subterrâneas. Factores como o pH, tipo e abundância
de argilo-minerais, teor de matéria orgânica, hidróxidos de ferro,
manganês e alumínio, reactividade química, gradientes hidráulicos,
porosidade e permeabilidade necessitam ser considerados nestes tipos de
estudo. Muitas vezes os efeitos tóxicos de uma substância se manifestam
distante de sua introdução no meio ambiente, podendo se dar em áreas
pontuais ou ao longo de estruturas geológicas lineares, como falhas. Em
74
alguns casos, o produto da degradação de uma substância é mais tóxico e
mais persistentes no solo do que a substância original.
Na medida em que hoje tem-se como ideal a ser atingido o uso auto
sustentado do meio ambiente, torna-se extremamente importante que
um grande número de perguntas tenham respostas satisfatórias, o que só
se conseguirá com investimentos em pesquisas técnicas e científicas.
É de se salientar que, neste particular, muito do conhecimento
desenvolvido em países ricos não se aplica diretamente ao nosso caso, em
virtude de diversas diferenças de climas, solos e coberturas vegetais.
Devido à sua estrutura molecular dipolar a água é um forte solvente
(solvente universal). Nas águas naturais este poder de dissolução é muito
aumentado pela presença de ácido carbônico, formado pelo gás carbônico
dissolvido, e ácidos orgânicos, principalmente húmicos, produzidos pela
actividade dos seres vivos ao nível do solo. Num país tropical como o Brasil
a abundância de água (humidade) e seu conteúdo em ácidos se coloca
como o principal responsável pelo intemperismo das rochas, dando
origem a mantos de decomposição (regolito) com espessura de dezenas
de metros. Todas as águas naturais possuem, em graus distintos, um
conjunto de sais em solução, sendo que as águas subterrâneas possuem,
em geral, teores mais elevados dos que as águas superficiais, por estarem
intimamente expostas aos materiais solúveis presentes no solo e nas
rochas. A quantidade e tipo de sais presentes na água subterrânea
dependerá do meio percolado, do tipo e velocidade do fluxo subterrâneo,
da fonte de recarga do aquífero e do clima da região. Em áreas com alto
índice pluviométrico a recarga constante dos aquíferos permite uma maior
renovação das águas subterrâneas, com a consequente diluição dos sais
em solução. Diferentemente, em climas áridos a pequena precipitação
leva a uma salinização na superfície do solo através da evaporação da
água que sobe por capilaridade. Por ocasião das chuvas mais intensas os
sais mais solúveis são carreados para as partes mais profundas do aquífero
aumentando sua salinidade. Isto é o que acontece no Nordeste Brasileiro,
onde , em muitas áreas, o problema consiste muito mais na salinização
excessiva da água do que na inexistência da mesma.
75
profundas. Em regiões vulcânicas ou de falhamentos profundos águas
aquecidas podem aflorar na superfície dando origem às fontes termais.
Côr
A cor de uma água é consequência de substâncias dissolvidas. Quando
pura, e em grandes volumes, a água é azulada. Quando rica em ferro, é
arroxeada. Quando rica em manganês, é negra e, quando rica em ácidos
húmicos, é amarelada. A medida da cor de uma água é feita pela
comparação com soluções conhecidas de platina-cobalto ou com discos de
vidro corados calibrados com a solução de platina-cobalto. Uma unidade
de cor corresponde àquela produzida por 1mg/L de platina, na forma de
íon cloroplatinado. Especial cuidado deve ser tomado na anotação do pH
em que foi realizada a medida, pois sua intensidade aumenta com o pH.
Da mesma forma a cor é influenciada por matérias sólidas em suspensão
(turbidez), que devem ser eliminadas antes da medida. Para águas
relativamente límpidas a determinação pode ser feita sem a preocupação
com a turbidez. Neste caso a cor obtida é referida como sendo aparente.
Em geral as águas subterrâneas apresentam valores de cor inferiores a
5mg de platina.
Para ser potável uma água não deve apresentar nenhuma cor de
considerável intensidade. Segundo a OMS o índice máximo permitido deve
ser 20mg Pt/L.
Odor e sabor
Odor e sabor são duas sensações que se manifestam conjuntamente, o
que torna difícil sua separação. O odor e o sabor de uma água dependem
dos sais e gases dissolvidos. Como o paladar humano tem sensibilidade
distinta para os diversos sais, poucos miligramas por litro de alguns sais (
ferro e cobre por exemplo) é detectável, enquanto que várias centenas de
miligramas de cloreto de sódio não é apercebida. Em geral as águas
subterrâneas são desprovidas de odor. Algumas fontes termais podem
exalar cheiro de ovo podre devido ao seu conteúdo de H 2S (gás sulfídrico).
Da mesma maneira águas que percolam matérias orgânicas em
decomposição (turfa por exemplo) podem apresentar H 2S.
76
Cloreto de sódio (Nacl) Salgado
Turbidez
É a medida da dificuldade de um feixe de luz atravessar uma certa
quantidade de água. A turbidez é causada por matérias sólidas em
suspensão (silte, argila, coloides, matéria orgânica, etc.). A turbidez é
medida através do turbidímetro, comparando-se o espalhamento de um
feixe de luz ao passar pela amostra com o espalhamento de um feixe de
igual intensidade ao passar por uma suspensão padrão. Quanto maior o
espalhamento maior será a turbidez. Os valores são expressos em
Unidade Nefelométrica de Turbidez (UNT). A cor da água interfere
negativamente na medida da turbidez devido à sua propriedade de
absorver luz . Segundo a OMS (Organização Mundial da Saúde), o limite
máximo de turbidez em água potável deve ser 5 UNT. As águas
subterrâneas normalmente não apresentam problemas devido ao excesso
de turbidez. Em alguns casos, águas ricas em íons Fe, podem apresentar
uma elevação de sua turbidez quando entram em contato com o oxigênio
do ar, pois ocorre uma oxidação com a formação de compostos que ficam
em suspensão e dão à água uma cor escura, chegando a ficar parecida
com café.
Sólidos em Suspensão
Corresponde à carga sólida em suspensão e que pode ser separada por
simples filtração ou mesmo decantação. As águas subterrâneas em geral
não possuem sólidos em suspensão e quando um poço está produzindo
água com significativo teor de sólidos em suspensão é geralmente como
consequência de mal dimensionamento do filtro ou do pré-filtro ou
77
completação insuficiente do aquífero ao redor do filtro. Em aquíferos
cársticos e fissurais as aberturas das fendas podem permitir a passagem
das partículas mais finas (argila, silte) aumentando assim o conteúdo em
sólidos em suspensão.
Condutividade Elétrica
Os sais dissolvidos e ionizados presentes na água transformam-na num
eletrólito capaz de conduzir a corrente elétrica. Como há uma relação de
proporcionalidade entre o teor de sais dissolvidos e a condutividade
elétrica, podemos estimar o teor de sais pela medida de condutividade de
uma água. A medida é feita através de condutivímetro e a unidade usada
é o MHO (inverso de OHM, unidade de resistência). Como a condutividade
aumenta com a temperatura, usa-se 25ºC como temperatura padrão,
sendo necessário fazer a correção da medida em função da temperatura
se o condutivímetro não o fizer automaticamente. Para as águas
subterrâneas as medidas de condutividade são dadas em microMHO/cm.
OBS: No Sistema Internacional de Unidades, adotado pelo Brasil, a
unidade de condutância é siemens, abreviando-se S (maiúsculo). Para as
águas subterrâneas o correto seria nos referirmos a microsiemens por
centímetro (μS/cm).
Dureza
A dureza é definida como a dificuldade de uma água em dissolver (fazer
espuma) sabão pelo efeito do cálcio, magnésio e outros elementos como
Fe, Mn, Cu, Ba etc. Águas duras são inconvenientes porque o sabão não
limpa eficientemente, aumentando seu consumo, e deixando uma película
insolúvel sobre a pele, pias, banheiras e azulejos do banheiro. A dureza
pode ser expressa como dureza temporária, permanente e total.
Dureza temporária ou de carbonatos: É devida aos íons de cálcio e de
magnésio que sob aquecimento se combinam com íons bicarbonato e
carbonatos, podendo ser eliminada por fervura. Em caldeiras e tubulações
por onde passa água quente (chuveiro elétrico por exemplo) os sais
formados devido à dureza temporária se precipitam formando crostas e
criando uma série de problemas, como o entupimento.
Dureza permanente
É devida aos íons de cálcio e magnésio que se combinam com sulfato,
cloretos, nitratos e outros, dando origem a compostos solúveis que não
podem ser retirados pelo aquecimento.
Dureza total
É a soma da dureza temporária com a permanente. A dureza é expressa
em miligrama por litro (mg/L) ou miliequivalente por litro (meq/L) de
78
CaCO3 (carbonato de cálcio) independentemente dos íons que a estejam
causando.
Alcalinidade
É a medida total das substâncias presentes numa água, capazes de
neutralizarem ácidos. Em outras palavras, é a quantidade de substâncias
presentes numa água e que atuam como tampão. Se numa água
quimicamente pura (pH=7) for adicionada pequena quantidade de um
ácido fraco seu pH mudará instantaneamente. Numa água com certa
alcalinidade a adição de uma pequena quantidade de ácido fraco não
provocará a elevação de seu pH, porque os íons presentes irão neutralizar
o ácido. Em águas subterrâneas a alcalinidade é devida principalmente aos
carbonatos e bicarbonatos e, secundariamente, aos íons hidróxidos,
silicatos, boratos, fosfatos e amônia.
Alcalinidade total é a soma da alcalinidade produzida por todos estes íons
presentes numa água. Águas que percolam rochas calcárias (calcita =
CaCO3) geralmente possuem alcalinidade elevada. Granitos e gnaisses,
rochas comuns em muitos estados brasileiros, possuem poucos minerais
que contribuem para a alcalinidade das água subterrâneas. A alcalinidade
total de uma água é expressa em mg/L de CaCO 3.
pH
É a medida da concentração de íons H+ na água. O balanço dos íons
hidrogênio e hidróxido (OH-) determina quão ácida ou básica ela é. Na
água quimicamente pura os íons H+ estão em equilíbrio com os íons OH- e
seu pH é neutro, ou seja, igual a 7. Os principais factores que determinam
o pH da água são o gás carbônico dissolvido e a alcalinidade. O pH das
águas subterrâneas varia geralmente entre 5,5 e 8,5.
79
composição da água e das rochas preponderantes na área. É necessário,
contudo, frisar que o comportamento geoquímico dos compostos e
elementos é o factor preponderante na sua distribuição nas águas. Desta
forma o sódio e o potássio, dois elementos que ocorrem com
concentrações muito próximas na crosta continental (vide tabela abaixo)
participam em quantidades sensivelmente diferentes nas águas
subterrâneas.
Composição Média da Crosta Continental
SiO2 61,9%
Al2O3 15,6%
CaO 5,7%
FeO 3,9%
MgO 3,1%
Na2O 3,1%
K2O 2,9%
Fe2O3 2,6%
TiO2 0,8%
P2O5 0,3%
MnO 0,1%
80
Bário (Ba)
O Bário é um elemento raro nas águas naturais, em teores de 0,0007 a 0,9
mg/L. As principais fontes naturais são: Intemperismo e erosão de
depósitos naturais, normalmente veios, onde ocorre na forma de barita
(Ba SO4), ou feldspatos ricos em Ba. Entre as actividades humanas que
introduzem bário no meio ambiente, podemos citar: Perfuração de poços,
onde é empregado em lamas de perfuração; produção de pigmentos,
fogos de artifício, vidros e defensivos agrícolas. Pela resolução 20 do
CONAMA, o limite permitido de Ba em águas de abastecimento, é de 1,0
mg/L. É um elemento muito tóxico acima deste teor. Sua ingestão provoca
elevação da pressão sanguínea, por vasoconstrição e bloqueio do sistema
nervoso.
Cádmio (Cd)
Normalmente está presente nas águas naturais em pequenas
concentrações, geralmente inferiores a 0,001 mg/L. As principais fontes
humanas de liberação de cádmio são: Combustíveis fósseis, pigmentos,
baterias, soldas, equipamentos eletrônicos, lubrificantes, acessórios
fotográficos, defensivos químicos, corrosão de tubos galvanizados e
refinarias de minérios. É um metal de elevado potencial tóxico, que se
acumula em organismos aquáticos, o que possibilita sua entrada na cadeia
alimentar, podendo chegar ao homem. Sua ingestão provoca disfunção
renal, hipertensão, arterosclerose, inibição no crescimento, doenças
crônicas em idosos e câncer. Segundo a Resolução 20 do CONAMA, o teor
máximo permitido é 0,001mg/L.
Cálcio (Ca+)
O teor de cálcio nas águas subterrâneas varia, de uma forma geral, de 10 a
100mg/L. As principais fontes de cálcio são os plagioclásios cálcicos,
calcita, dolomita, apatita, entre outros. O carbonato de cálcio é muito
pouco solúvel em água pura. O cálcio ocorre nas águas na forma de
bicarbonato e sua solubilidade está em função da quantidade de gás
carbônico dissolvido. A quantidade de CO2 dissolvida depende da
temperatura e da pressão, que são, portanto, factores que vão determinar
a solubilidade do bicarbonato de cálcio.
A reação resultante é a seguinte: Ca CO3 + CO2 + H2O → Ca (CO3)2 H2
Toda variação de temperatura e de pressão que levam à modificação do
CO2 dissolvido na água refletirá sobre seu conteúdo em Ca. No caso das
águas subterrâneas estas variações ora levam à solubilização do carbonato
de cálcio, ora levam à sua precipitação. A incrustação de um filtro de poço
por Ca CO3 é uma das consequências deste processo.O cálcio é o principal
elemento responsável pela dureza de uma água.
81
Chumbo (Pb)
Apesar de não ser um elemento comum nas águas naturais, o chumbo
tem sido responsável por sérios problemas de intoxicação, devido ao fato
de que é introduzido facilmente no meio ambiente a partir de uma série
de processos e produtos humanos, tais como: encamentos e soldas,
plásticos, tintas, pigmentos, metalurgia. Em países em que o chumbo
tetraetila é adicionado à gasolina, esta é uma das principais fontes de
poluição por este elemento. No Brasil, seu uso na gasolina foi substituído
por álcool etílico. Recentemente a imprensa noticiou a presença de
chumbo na água de abastecimento do bairro de Copacabana, oriundo de
antigos encanamentos de chumbo.
É um metal que tem efeito cumulativo no organismo, provocando uma
doença crônica chamada saturnismo, hoje mais comum em trabalhadores
que estão muito expostos à contaminação. No passado a taxa de
intoxicação era muito elevada devido ao uso de canecas e vasilhames de
chumbo. Os efeitos da intoxicação por chumbo são: tontura, irritabilidade,
dor de cabeça, perda de memória. A intoxicação aguda caracteriza-se pela
sede intensa, sabor metálico na boca, inflamação gastro-intestinal,
vômitos e diarreias. Em crianças, o chumbo provoca retardamento físico e
mental, perda da concentração e diminuição da capacidade cognitiva. Em
adultos são comuns problemas nos rins e aumento da pressão arterial.
Cloretos (Cl-)
O cloro está presente em teores inferiores a 100mg/L. Forma compostos
muito solúveis e tende a se enriquecer , junto com o sódio, a partir das
zonas de recarga das águas subterrâneas. Teores anômalos são
indicadores de contaminação por água do mar, e por aterros sanitários.
82
Cobre (Cu)
O cobre é um elemento que ocorre, em geral, em baixas concentrações na
água subterrânea, devido sua pequena solubilidade. Nas águas superficiais
são, normalmente, bem menores que 0,020 mg/L e nas águas
subterrâneas é inferior a 1µg/L. A ingestão de altas doses pode acarretar,
no homem, irritação e corrosão da mucosa, problemas hepáticos, renais,
irritação do sistema nervoso e depressão. Os portadores da Doença de
Wilson podem ser seriamente afetados pela presença de cobre na água.
As actividades humanas responsáveis pela introdução de cobre na água
são: corrosão de tubos de cobre e de latão por águas ácidas, algicidas,
fungicidas usados na preservação da madeira e indústria de mineração,
fundição, galvanoplastia e refino. Segundo a Resolução 20 do CONAMA, o
teor máximo permitido em águas de abastecimento público é 0,5 mg/L.
Para os portadores da Doença de Wilson, este teor tem substancialmente
menor, porque eles não conseguem eliminar o cobre do organismo, que
tem, pois, um efeito cumulativo nestes pacientes.
Doença de Wilson
É uma enfermidade genética que afeta uma entre cada 30 000 pessoas no
mundo, que se caracteriza pelo acúmulo de cobre no organismo (fígado e
cérebro), e, quando não diagnosticada precocemente leva a efeitos
desastrosos. Apesar do cobre, em pequenas quantidades, ser benéfico
para a maioria das pessoas, os portadores da Doença de Wilson, não
conseguem excretá-lo do organismo. A partir do momento que nascem o
cobre começa a se acumular no fígado e cérebro. Os sintomas
normalmente começam a aparece na adolescência e são: icterícia,
hepatite, vômito com sangue, entumescimento e dores no abdômen.
Pertubações neurológicas podem levar a tremores, dificuldade de andar,
falar e nadar. O acúmulo do cobre no cérebro leva a vários estágios de
doenças mentais, incluindo tendências suicidas, depressão e
agressividade. Nas mulheres, pode ocorrer irregularidades no ciclo
menstrual e infertilidade. A doença leva à morte se não for diagnosticada
e tratada. Uma dificuldade no diagnóstico é a semelhança com outras
doenças de fígado.
O tratamento, que deve ser continuado, leva a resultados muito positivos
quando a doença é diagnosticada precocemente. Os principais remédios
são substâncias que bloqueiam a absorção do cobre no trato intestina,
como o acetato de zinco, ou ajudam o organismo a excretá-lo. Os
portadores desta doença devem evitar águas com mínimos teores de
cobre e selecionar alimentos, na medida que alguns são muito ricos em
cobre, como fígado bovino, suíno e ovino, frutos do mar, entre outros.
83
Ferro (Fe-)
É um elemento persistentemente presente em quase todas as águas
subterrâneas em teores abaixo de 0,3mg/L. Suas fontes são minerais
escuros (máficos) portadores de Fe: magnetita, biotita, pirita, piroxênios,
anfibólios. Em virtude de afinidades geoquímicas quase sempre é
acompanhado pelo Manganês. O ferro no estado ferroso (Fe²+) forma
compostos solúveis, principalmente hidróxidos. Em ambientes oxidantes o
Fe²+ passa a Fe³+ dando origem ao hidróxido férrico, que é insolúvel e se
precipita, tingindo fortemente a água. Desta forma, águas com alto
conteúdo de Fe, ao saírem do poço são incolores, mas ao entrarem em
contato com o oxigênio do ar ficam amarelada, o que lhes confere uma
aparência nada agradável. Apesar do organismo humano necessitar de até
19mg de ferro por dia, os padrões de potabilidade exigem que uma água
de abastecimento público não ultrapasse os 0,3mg/L. Este limite é
estabelecido em função de problemas estéticos relacionados à presença
do ferro na água e do sabor ruim que o ferro lhe confere. O ferro, assim
como o manganês, ao se oxidarem se precipitam sobre as louças
sanitárias, azulejos, roupas, manchando-as. Águas ferruginosas são
aeradas antes da filtração para eliminar o ferro. Outra forma de evitar os
inconvenientes da precipitação de sais deste elemento químico é usar
substâncias complexantes, à base de fosfato, que encapsulam as
moléculas dos sais de Fe e Mn, formando compostos estáveis, não
oxidáveis nem através de forte cloração, e desta forma mantendo-as
permanentemente em solução. O inconveniente deste processo é que ele
não elimina o ferro e o manganês presentes na água, e ainda adiciona
mais produto químico (fosfatos) à mesma. Estas substâncias complexantes
são também usadas para evitar a precipitação de sais de Ca e Mg em
águas duras, evitando as indesejáveis incrustações, e diminuindo o
consumo de sabão.
Flúor (F-)
O flúor é um elemento que ocorre naturalmente e em pequenas
quantidades nas águas naturais (0,1 a 2,0mg/L). É produto do
intemperismo de minerais no qual é elemento principal ou secundário:
fluorita, apatita, flúor-apatita, turmalina, topázio e mica. O flúor liberado
84
pelo intemperismo destes minerais passa para as soluções aquosas
supergênicas na forma do íon fluoreto, de alta mobilidade. Diversamente
de outros halogênios ele pode formar complexos estáveis com elementos
como Al, Fe, B e Ca. Desta forma no ciclo geoquímico o flúor pode ser
removido das águas pela coprecitação com óxidos secundários de Fe,
podendo também ser complexado tanto com o Fe como com o Al na
forma de fosfatos. Como produto da ação humana o flúor é originado de
actividades industriais: siderurgia, fundições, fabricação do alumínio, de
louças e esmaltados, vidro, teflon, entre outras. Estas actividades são
responsáveis pela sua introdução no ciclo hidrológico pelo lançamento na
atmosfera ou em corpos hídricos superficiais. Na forma de
clorofluorcarbono (CFC) o flúor foi amplamente utilizado como propelente
de aerossóis. Este uso está em declínio devido a restrições legais, pois o
CFC agride e destrói a camada de ozônio que circunda a Terra. É sabido
que o flúor, em pequenas quantidades, é benéfico à saúde humana,
principalmente em crianças, promovendo o endurecimento da matriz
mineral dos dentes e esqueleto e tem se mostrado como o agente
químico mais eficiente na prevenção da cárie dentária, daí sua adição nos
sistemas de abastecimentos públicos de água ser uma prática muito
difundida. Contudo, acima de certos teores, passa a ser prejudicial,
causando fluorose dental e esquelética, tanto em seres humanos como
em animais. A fluorose se caracteriza pelo escurecimento dos dentes e a
perda de resistência dos dentes e ossos. Os teores máximos permitidos
são estabelecidos em função da idade do conshumidor e da quantidade de
água ingerida diariamente. Nos países tropicais, onde a ingestão diária de
água é maior, admite-se que se deva ser mais rigoroso no controle de
flúor nas águas de abastecimento público. Segundo a Organização
Mundial da Saúde o teor de flúor estabelecido como ótimo na água
potável varia entre 0,7 a 1,2mg/L, segundo as médias de temperaturas
anuais (18 ° C=1,2mg/L, 19-26 ° C=0,9mg/L, 27 ° C=07mg/L).
Magnésio (Mg²+)
O magnésio é um elemento cujo comportamento geoquímico é muito
parecido com o do cálcio e, em linhas gerais, acompanha este elemento.
Diferentemente do cálcio, contudo, forma sais mais solúveis. Os minerais
mais comuns fornecedores de magnésio para as águas subterrâneas são:
biotita, anfibólios e piroxênios. Estes minerais são mais estáveis diante do
intemperismo químico, do que os minerais fornecedores de cálcio, por
isso seu teor nas águas subterrâneas é significativamente menor do que
aquele. Em região de rochas carbonáticas, o mineral dolomita é um
importante fornecedor de Mg. Nas águas subterrâneas ocorre com teores
entre 1 e 40mg/L. O magnésio, depois do cálcio, é o principal responsável
pela dureza das águas.
85
Na água do mar o magnésio ocorre em teores de cerca 1400 mg/L, bem
acima do teor de cálcio (cerca de 480mg/L). Em águas subterrâneas de
regiões litorâneas, a relação Mg/Ca é um elemento caracterizador da
contaminação por água marinha.
Manganês (Mn+)
É um elemento que acompanha o ferro em virtude de seu comportamento
geoquímico. Ocorre em teores abaixo de 0,2mg/L, quase sempre como
óxido de manganês bivalente, que se oxida em presença do ar, dando
origem a precipitados negros.
Níquel (Ni)
O teor de níquel nas águas está ao redor de o,1 mg/L. Concentrações
superiores a 11,0 mg/L podem ser encontradas em áreas de mineração. As
principais fontes antropomórficas de níquel são: queima de combustíveis
fósseis, fundição e ligas, galvanoplastia. No ser humano, altas doses levam
à intoxicação, afetando nervos, coração e sistema respiratório. Pode
causar dermatites em pessoas sensíveis. Segundo a Resolução 20 do
CONAMA, o teor máximo permitido em águas de abastecimento é 0,025
mg/L.
Nitrato (NO3- )
O nitrogênio perfaz cerca de 80 por cento do ar que respiramos. Como um
componente essencial das proteínas ele é encontrado nas células de todos
os organismos vivos. Nitrogênio inorgânico pode existir no estado livre
como gás, nitrito, nitrato e amônia. Com exceção de algumas ocorrências
como sais evaporíticos, o nitrogênio e seus compostos não são
encontrados nas rochas da crosta terrestre. O nitrogênio é continuamente
reciclado pelas plantas e animais. Nas águas subterrâneas os nitratos
ocorrem em teores em geral abaixo de 5mg/L. Nitritos e amônia são
ausentes, pois são rapidamente convertidos a nitrato pelas bactérias.
Pequeno teor de nitrito e amônia é sinal de poluição orgânica recente.
Segundo o padrão de potabilidade da OMS, uma água não deve ter mais
do que 10mg/L de NO3-.
No sistema digestivo o nitrato é transformado em nitrosaminas, que são
substâncias carcinógenas. Crianças com menos de três meses de idade
possuem, em seu aparelho digestivo, bactérias que reduzem o nitrato a
nitrito. Este se liga muito fortemente a moléculas de hemoglobina,
impedindo-as de transportarem oxigênio para as células do organismo. A
deficiência em oxigênio leva a danos neurológicos permanentes,
dificuldade de respiração (falta de ar) e em casos mais sérios à morte por
asfixia. Aos seis meses de idade a concentração de ácido hidroclórico
aumenta no estômago, matando as bactérias redutoras de nitrato.
86
Pesquisa realizada pela USEPA ( U. S. Environmental Protection Agency) no
decorrer do ano de 1992, em todo território norte-americano, constatou
que cerca de 75 000 crianças com menos de dez meses de idade estavam
expostas ao consumo de água com mais de 10 mg/L de nitrato. No Brasil,
não se tem idéia da extensão do problema. Aparentemente, aqui o
problema está mais associado a poços poluídos por esgotos domésticos do
que ao uso intensivo de fertilizante.
Potássio (K+)
O potássio é um elemento químico abundante na crosta terrestre, mas
ocorre em pequena quantidade nas águas subterrâneas, pois é facilmente
fixado pelas argilas e intensivamente conshumido pelos vegetais. Seus
principais minerais fontes são: feldspato potássico, mica moscovita e
biotita, pouco resistentes aos intemperismo físico e químico. Nas águas
subterrâneas seu teor médio é inferior a 10mg/L, sendo mais frequente
valores entre 1 e 5mg/L.
Sódio (Na+)
O sódio é um elemento químico quase sempre presente nas águas
subterrâneas. Seus principais minerais fonte (feldspatos plagioclásios) são
pouco resistentes aos processos intempéricos, principalmente os
químicos. Os sais formados nestes processos são muito solúveis. Nas
águas subterrâneas o teor de sódio varia entre 0,1 e 100mg/L, sendo que
há um enriquecimento gradativo deste metal a partir das zonas de
recarga. A quantidade de sódio presente na água é um elemento limitante
de seu uso na agricultura. Em aquíferos litorâneos, a presença de sódio na
água poderá estar relacionada à intrusão da água do mar. Segundo a OMS,
o valor máximo recomendável de sódio na água potável é 200mg/L
87
EXERCÍCIOS DE AUTO-AVALIAÇÃO
88
5. Nas afirmações abaixo coloque V nas afirmações Verdadeiras e F nas afirmações
Falças.
a) Doença de Wilson é uma enfermidade genética que se caracteriza pelo
acúmulo de cobre no organismo (fígado e cérebro), e, quando não
diagnosticada precocemente leva a efeitos desastrosos.
b) O cobre em pequenas quantidades é benéfico para a maioria das
pessoas.
c) Os sintomas normalmente começam a aparece na velhice e são:
icterícia, hepatite, vômito com sangue, entumescimento e dores no
abdômen.
d) O acúmulo do cobre no cérebro leva a vários estágios de doenças
mentais, incluindo tendências suicidas, depressão e agressividade.
e) A doença leva à morte se for diagnosticada e tratada.
f) Os principais remédios são substâncias que bloqueiam a absorção do
cobre no trato intestina, como o acetato de zinco, ou ajudam o
organismo a excretá-lo.
g) Os portadores da doença de Wilson devem consumir as águas com
mínimos teores de cobre, bem como consuir alimentos somente ricos
em cobre.
89
Sumário
90
UNIDADE Temática 2.4. EXERCÍCIOS deste tema
91
c) O balanço dos íons hidrogênio e hidróxido (OH-) determina quão ácida
ou básica ela é.
d) Todas as opções estão correctas.
92
b) Mudara lentamente.
c) Mudará instantaneamente.
d) Elevava porque os íons presentes irão neutralizar o ácido.
93
TEMA – III: CONCEITOS BÁSICOS DE HIDROLOGIA.
UNIDADE Temática 3.1. Hidrografia e hidrologia.
Introdução
94
HIDROGRAFIA E HIDROLOGIA
95
EXERCÍCIOS DE AUTO-AVALIAÇÃO
96
UNIDADE Temática 3.2. Humidade do solo e evaporação.
Águas subterrâneas.
A água que se infiltra através das camadas permeáveis do solo e se
acumula ao chegar a uma camada inferior impermeável constitui o que se
chama de lençol subterrâneo freático ou superficial. Os lençóis aqüíferos
profundos são normalmente constituídos de camadas permeáveis
compreendidas entre dois estratos impermeáveis. A água chega ao estrato
permeável por pontos onde este aflora, por efeito da erosão ou pela
97
forma das camadas. A superfície de equilíbrio de um lençol aqüífero
determina as sinuosidades do terreno.
As camadas aqüíferas livres são lençóis freáticos ou profundos que não se
mantêm sob pressão, devido à existência de um trecho impermeável ou
menos permeável que a camada aqüífera. Quando esse trecho existe, a
camada se chama lençol aqüífero cativo. Nesse caso, a água tende a sair
por qualquer abertura natural ou artificial do teto. A esse grupo
pertencem as camadas artesianas, cujas águas, ao saírem, alcançam uma
altura superior ao nível do solo. Chama-se zona de alimentação de um
lençol aqüífero a superfície do terreno onde se produz a infiltração.
98
realiza o estudo hidrológico de toda a bacia, pode-se expressar o volume
total de águas em função do tempo, obtendo-se uma curva. Esse gráfico
permite conhecer características da bacia que afetam a distribuição das
precipitações e, portanto, a alimentação das correntes superficiais e
subterrâneas. Os gráficos de curto prazo servem para análise e previsão da
magnitude e da freqüência das cheias, e são básicos para o controle das
enchentes.
O estudo dos cursos d`água e de suas tendências de longo prazo, quanto à
quantidade e à qualidade das águas, emprega-se para projetos de
irrigação, obras hidráulicas, distribuição de água potável e outras formas
de aproveitamento hidráulico. A hidrologia também estuda os lagos, que
são acumulações de água em depressões das mais diferentes origens:
falhas tectônicas, crateras vulcânicas, circos escavados por geleiras etc.
Geralmente são alimentados por rios e deságuam em outro rio que
desemboca no mar.
Medições
A hidrologia tradicional baseava-se na observação direta, na experiência e
na intuição pessoal. As modernas pesquisas hidrológicas, porém, recorrem
cada vez mais a modelos matemáticos. As técnicas de controle remoto,
por exemplo, baseiam-se na radiação emitida por um objecto e captada
por detectores adequados. Em hidrologia é possível detectar águas
contaminadas ou mananciais termais por meio de câmaras
infravermelhas. Do mesmo modo pode-se conhecer a espessura do gelo
ou sua distribuição mediante detectores de micro-ondas. O radar pode
medir a humidade do solo, a intensidade da chuva e a distribuição das
tempestades.
As técnicas de controle remoto mais úteis nas pesquisas hidrológicas são
as que utilizam radar e fotografias espaciais feitas por câmaras a bordo de
satélites artificiais. Mediante cálculos realizados a partir dos tempos de
desintegração dos isótopos radioativos, pode-se conhecer a concentração
de material em suspensão nos rios e depósitos e determinar a quantidade
e a distribuição da humidade no solo. Também se pode medir o fluxo de
canais, correntes e rios, determinar a direção e o movimento de águas
subterrâneas, bem como sobrecargas ou vazamentos em depósitos
subterrâneos. A aplicação de computadores em hidrologia abrange o
campo de processamento de dados de rotina, solução de equações dos
modelos matemáticos que descrevem sistemas hidrológicos e controle
dos instrumentos e da pesquisa.
Metade do território israelense é composto pelo deserto de Neguev, e por
causa desta escassez, a água constitui-se em questão vital para Israel. A
pouca água que existe em Israel deve ser bem aproveitada, a sua
insuficiência de certo modo estrangula o desenvolvimento econômico,
99
mas Israel com o tempo criou um sofisticado sistema de irrigação, o que
lhe permite ter uma produção agropecuária suficiente.
Ciclo Hidrológico
Águas Subterrâneas e o Ciclo Hidrológico
100
Apesar das denominações água superficial, subterrânea e atmosférica, é
importante salientar que, na realidade, a água é uma só e está sempre
mudando de condição. A água que precipita na forma de chuva, neve ou
granizo, já esteve no subsolo, em icebergs e passou pelos rios e oceanos. A
água está sempre em movimento; é graças a isto que ocorrem: a chuva, a
neve, os rios, lagos, oceanos, as nuvens e as águas subterrâneas.
101
EXERCÍCIOS DE AUTO-AVALIAÇÃO
1. A água que chega à superfície da Terra pode seguir três caminhos diferentes:
uma parte se infiltra, outra passa a fazer parte dos rios e geleiras e outra ainda
permanece sobre o solo em depósitos -- lagos -- ou sobre plantas, de onde
voltam por evaporação para a atmosfera.
a) A quantidade de água que se infiltra depende da qualidade dessa água.
b) A quantidade de água que se infiltra no terreno depende do ph da água
c) A quantidade de água que se infiltra no terreno depende da porosidade
do solo.
d) Quanto maior for a quantidade de água que chega à superficie, maior
será a quantidade infiltrada.
2. Abaixo estão descritos diversos caminhos que podem seguir a água precipitada
nos continentes. Qual destas não faz parte dos caminhos seguidos:
a) Infiltra e percola no solo ou nas rochas, podendo formar aqüíferos,
ressurgir na superfície na forma de nascentes, fontes, pântanos, ou
alimentar rios e lagos.
b) Escoa sobre a superfície, nos casos em que a precipitação é maior do
que a capacidade de absorção do solo.
c) Evapora retornando à atmosfera.
d) Todas as opções anteriores estão correctas.
102
5. Coloque V nas operações Verdadeiras e F nas operaoes Falsas.
a) Quanto mais poroso o solo, maior a quantidade de água infiltrada.
b) Uma parte da água infiltrada é absorvida pelas plantas e volta para a
atmosfera por meio de evaporação.
c) Os unicos caminhos da água precipitada sobre os continentes são
escoamento superficial e infiltração.
d) O ciclo hidrológico é alimentado pela força da gravidade e pela energia
do Sol.
103
Sumário
104
UNIDADE Temática 3.3. EXERCÍCIOS deste tema.
3. Depois de penetrar no solo, uma parte da água é absorvida pelas plantas e volta
para a atmosfera por meio de:
a) Infiltração.
b) Evaporação.
c) Condensação.
d) Ciclo hidrológico.
105
6. O estudo dos cursos d`água e de suas tendências de longo prazo, quanto à
quantidade e à qualidade das águas, emprega-se para projetos de irrigação,
obras hidráulicas, distribuição de água potável e outras formas de
aproveitamento hidráulico. A hidrologia também estuda os lagos, que são
acumulações de água em depressões das mais diferentes origens:
a) Falhas tectônicas.
b) Crateras vulcânicas.
c) Circos escavados por geleiras.
d) Todas as opções estão correctas.
10. A água que se infiltra através das camadas permeáveis do solo e se acumula ao
chegar a uma camada inferior impermeável constitui o que se chama de:
a) Lençol subterrâneo freático
b) Os lençóis aqüíferos profundos.
c) Lençol superficial.
d) As respostas a) e c) estão correctas.
106
TEMA – IV: CONCEITOS BÁSICOS SOBRE POLUIÇÃO DE ECOSSISTEMAS
Introdução
Definir Ecossistemas;
Identificar constituintes e funcionamento do ecossistema;
Objectivo Identificar os factores limitantes dos ecossistemas;
Conhecer os conceitos básicos do estudo dos ecossistemas;
Especifico
Explicar a cadeia e a teia alimentar;
Explicar o fuxo de energia nos ecossistemas.
107
ECOSSISTEMAS
Dimensão
É muito variável a dimensão de um ecossistema. Tanto é um ecossistema
uma floresta de coníferas, como um tronco de árvore apodrecido em que
sobrevivem diversas populações de seres minúsculos. Assim como é
possível associar todos os ecossistemas existentes num só, muito maior,
que é a ecosfera, é igualmente possível delimitar em cada um, outros mais
pequenos, por vezes ocupando áreas tão reduzidas que recebem o nome
de microecossistemas.
108
EXERCÍCIOS DE AUTO-AVALIAÇÃO
c) Quem é o decompositor?
Gafanhoto Capim Ave Sapo Nenhuma das alternativas
109
UNIDADE Temática 4.2. Os factores limitantes do ecossistema
Factores Abióticos
O conjunto de todos os factores físicos que podem incidir sobre as
comunidades de uma certa região. Estes influenciam o crescimento,
actividade e as características que os seres apresentam, assim como a sua
distribuição por diferentes locais. Estes factores variam de valor de local
para local, determinando uma grande diversidade de ambientes.
Os diferentes factores abióticos podem agrupar-se em dois tipos principais
- os factores climáticos, como a luz, a temperatura e a humidade, que
caracterizam o clima de uma região - e os factores edáficos, dos quais se
destacam a composição química e a estrutura do solo (BEGON, 2007).
Luz
A luz é uma manifestação de energia, cuja principal fonte é o Sol. É
indispensável ao desenvolvimento das plantas. De fato, os vegetais
produzem a matéria de que o seu organismo é formado através de um
processo - a fotossíntese - realizado a partir da captação da energia
luminosa. Praticamente todos os animais necessitam de luz para
sobreviver. São exceção algumas espécies que vivem em cavernas -
espécies cavernícolos - e as espécies que vivem no meio aquático a grande
profundidade - espécies abissais.
Certos animais como, por exemplo, as borboletas necessitam de elevada
intensidade luminosa, pelo que são designadas por espécies lucífilas. Por
oposição, seres como o caracol e a minhoca não necessitam de muita luz,
evitando-a, pelo que são denominadas espécies lucífugas.
A luz influencia o comportamento e a distribuição dos seres vivos e,
também, as suas características morfológicas.
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Temperatura
Cada espécie só consegue sobreviver entre certos limites de temperatura,
o que confere a este factor uma grande importância. Cada ser sobrevive
entre certos limites de temperatura - amplitude térmica - não existindo
nem acima nem abaixo de um determinado valor. Cada espécie possui
uma temperatura ótima para a realização das suas actividades vitais.
Alguns seres têm grande amplitude térmica de existência -seres
euritérmicos - enquanto outros só sobrevivem entre limites estreitos de
temperatura - seres estenotérmicos.
Água
É factor limitante de extrema importância para a sobrevivência de uma
comunidade. Além de seu envolvimento nas actividades celulares, não
podemos nos esquecer da sua importância na fisiologia vegetal
(transpiração e condução das seivas). É dos solos que as raízes retiram a
água necessária para a sobrevivência dos vegetais.
Disponibilidade de nutrientes
É outro factor limitante que merece ser considerado, notadamente em
ambientes marinhos.
Factores bióticos
Conjunto de todos seres vivos e que interagem uma certa região e que
poderão ser chamados de biocenose, comunidade ou de biota.
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Como vimos, de acordo com o modo de obtenção de alimento, a
comunidade de um ecossistema, de maneira geral, é constituída por três
tipos de seres:
Produtores: os seres autótrofos quimiossintetizantes (bactérias) e
fotossintetizantes (bactérias, algas e vegetais). Esses últimos
transformam a energia solar em energia química nos alimentos
produzidos.
Conshumidores primários: os seres herbívoros, isto é, que se
alimentam dos produtores (algas, plantas etc.) os carnívoros que
se alimentam de conshumidores primários (os herbívoros).
Poderá ainda haver conshumidores terciários ou quaternários,
que se alimentam, respectivamente, de conshumidores
secundários e terciários.
Decompositores: as bactérias e os fungos que se alimentam dos
restos alimentares dos demais seres vivos. Esses organismos
(muitos microscópicos) têm o importante papel de devolver ao
ambiente nutrientes minerais que existiam nesses restos
alimentares e que poderão, assim, ser reutilizados pelos
produtores.
Cadeias alimentares
Nos ecossistemas, existe um fluxo de energia e de nutrientes como elos
interligados de uma cadeia, uma cadeia alimentar. Nela, os “elos” são
chamados de níveis tróficos e incluem os produtores, os conshumidores
(primários, secundários, terciários etc.) e os decompositores.
Em um ecossistema aquático, como uma lagoa por exemplo, poderíamos
estabelecer a seguinte seqüência:
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Ecossistema aquático:
Composto pelas plantas da margem e do fundo da lagoa e por
algas microscópicas, as quais são as maiores responsáveis pela
PRODUTORES
FLORA oxigenação do ambiente aquático e terrestre; à esta categoria
formada pelas algas microscópicas chamamos fitoplâncton.
FAUNA CONSHUMIDORES São aqueles que alimentam-se do nível anterior, ou seja, peixes
SECUNDÁRIOS carnívoros, insetos, cágados, etc.,
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Formado por todos os componentes fotossintetizantes, os quais
Produtores produzem seu próprio alimento (autótrofos) tais como gramíneas,
FLORA ervas rasteiras, liquens, arbustos, trepadeiras e árvores;
Teias alimentares
Podemos notar entretanto, que a cadeia alimentar não mostra o quão
complexas são as relações tróficas em um ecossistema. Para isso utiliza-se
o conceito de teia alimentar, o qual representa uma verdadeira situação
encontrada em um ecossistema, ou seja, várias cadeias interligadas
ocorrendo simultaneamente.
Os esquemas abaixo exemplificam melhor este conceito de teias
alimentares:
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Cadeia de detritívoros
Nos ecossistemas, a especialização de alguns seres é tão grande, que a
tendência atual entre os ecologistas é criar uma nova categoria de
conshumidores: os comedores de detritos, também conhecido como
detritívoros. Nesse caso, são formadas cadeias alimentares separadas
daquelas cadeias das quais participam os conshumidores habituais.
A minhoca, por exemplo, pode alimentar-se de detritos vegetais. Nesse
caso, ela atua como detritívora conshumidora primária. Uma galinha, ao
se alimentar de minhocas, será conshumidora secundária. Uma pessoa
que se alimenta da carne da galinha ocupará o nível trófico dos
conshumidores terciários.
Os restos liberados pelo tubo digestório da minhoca, assim como os restos
dos demais conshumidores, servirão de alimento para decompositores,
bactérias e fungos.
Certos besouros comedores de estrume de vaca podem também ser
considerados detritívoros conshumidores primários. Uma rã, ao comer
esses besouros, atuará no nível dos conshumidores secundários. A
jararaca, ao se alimentar da rã, estará atuando no nível dos
conshumidores terciários, e a siriena, ao comer a cobra, será
conshumidora de quarta ordem.
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fotossíntese - seja realizada por vegetais ou por microorganismos - é o
único processo de entrada de energia em um ecossistema (BEGON, 2007).
Muitas vezes temos a impressão que a Terra recebe uma quantidade
diária de luz, maior do que a que realmente precisa. De certa forma isto é
verdade, uma vez que por maior que seja a eficiência nos ecossistemas, os
mesmos conseguem aproveitar apenas uma pequena parte da energia
radiante. Existem estimativas de que cerca de 34% da luz solar seja
refletida por nuvens e poeiras; 19% seria absorvida por nuvens, ozônio e
vapor de água. Do restante, ou seja 47%, que chega a superfície da terra
boa parte ainda é refletida ou absorvida e transformada em calor, que
pode ser responsável pela evaporação da água, no aquecimento do solo,
condicionando desta forma os processos atmosféricos. A fotossíntese
utiliza apenas uma pequena parcela (1 a 2%) da energia total que alcança
a superfície da Terra. É importante salientar, que os valores citados acima
são valores médios e nãos específicos de alguma localidade. Assim, as
proporções podem - embora não muito - variar de acordo com as
diferentes regiões do País ou mesmo do Planeta.
Um aspecto importante para entendermos a transferência de energia
dentro de um ecossistema é a compreensão da primeira lei fundamental
da termodinâmica que diz: “A energia não pode ser criada nem destruída
e sim transformada”. Como exemplo ilustrativo desta condição, pode-se
citar a luz solar, a qual como fonte de energia, pode ser transformada em
trabalho, calor ou alimento em função da actividade fotossintética; porém
de forma alguma pode ser destruída ou criada.
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E por que isso ocorre? A explicação para este decréscimo energético de
um nível trófico para outro, é o fato de cada organismo; necessitar grande
parte da energia absorvida para a manutenção das suas actividades vitais,
tais como divisão celular, movimento, reprodução, etc.
O texto sobre pirâmides, a seguir, mostrará as proporções em biomassa,
de um nível trófico para outro. Podemos notar que a medida que se passa
de um nível trófico para o seguinte, diminuem o número de organismos e
aumenta-se o tamanho de cada um (biomassa).
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EXERCÍCIOS DE AUTO-AVALIAÇÃO
5. Cada espécie possui uma temperatura ótima para a realização das suas
actividades vitais. A classificação em termos das amplitudes de temperaturas
dos seres denomina-se de:
a) Lucífilas e lucífugas.
b) Seres euritérmicos e seres estenotérmicos.
c) Fototropismo e fotoperiodismo.
d) Nenhuma das opções antriores.
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UNIDADE Temática 4.3. Conceitos básicos prévios ao estudo dos diferentes ecossistemas.
Ecologia: Ciência que estuda os relacionamentos dos seres vivos com seu
médio ambiente.
Ecossistema: Comunidade dos seres vivos cujos processos vitais
relacionam-se entre se e desenvolvem-se em função dos factores físicos
de um mesmo ambiente.
População: Conjunto de indivíduos que se reproduzem entre si e que
residem dentro de limites geográficos definidos em um mesmo espaço
temporário.
Comunidade: Também denominada biocenosis. Refere-se ao conjunto de
organismos presentes em uma ecossistema. Existem populações
maioritárias que podem ser tanto animais como vegetais; o mais habitual
é que existam diversas populações de ambos reinos.
Espécie: Grupo de organismos capazes de reproduzir-se entre si
produzindo uma descendencia fértil.
Habitat: Conjunto local de condições geofísicas em que se desenvolve a
vida de uma espécie ou de uma comunidade animal ou vegetal.
Autótrofo: Organismo capaz de elaborar sua própria matéria orgânica a
partir de substâncias inorgânicas.
Heterótrofo: Organismo incapaz de elaborar sua própria matéria orgânica.
Deve consumir a matéria orgânica produzida por outros.
Detritívoro: Que se alimenta de matéria em descomposição, vegetal ou
animal.
Saprofito: Qualquer organismo que não pode obter seu alimento
mediante a fotossíntese, e em seu local se nutre de restos de matéria
vegetal ou animal.
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diferentes e tão amplos deram local a duas ciências diferentes: a
oceanografia (ecossistemas aquáticos marinhos) e a limnología
(ecossistemas aquáticos de água doce).
No médio oceánico de água doce distinguem-se as águas correntes
(por exemplo, rios) e as águas estancadas(por exemplo, lagos), que
só se movem por ação do vento, por tanto a renovação da água e
sua oxigenação é menor que nas águas correntes, em constante
movimento.
Nas ecossistemas marinhos distinguem-se três partes: plataforma
continental, zona batial (ou talude continental) e zona abisal como
se observará no esquema a seguir.
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Relacionamentos tróficas
Relacionamentos tróficas: São as que se estrablecen entre os membros
de uma ecossistema em função da alimentação. Basicamente resume-se
na expressão “comer ou #comer”. Mediante estes relacionamentos
tróficas têm local transferências de energia.
Corrente trófica: (do grego throphe: alimentação) é o processo de
transferência de energia alimentícia através de uma série de organismos,
no que a cada um se alimenta do precedente e é alimento do seguinte.
Rede trófica: série de correntes alimentárias ou tróficas intimamente
relacionadas pelas que circulam energia e materiais em uma ecossistema.
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Nível trófico: Conjunto de organismos que obtêm sua matéria e sua
energia da mesma forma (ou parecida).
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Vejamos tudo isto em um exemplo gráfico:
Evolução:
Evolução: Processo de mudança cumulativo nas caraterísticas hereditarias
de uma população.
Recordemos que uma população é um conjunto de indivíduos que se
reproduzem entre si e que residem dentro de limites geográficos definidos
em um mesmo espaço temporário.
As populações tendem a produzir mais descendentes dos que o médio
ambiente pode suportar. Vejamos em um exemplo: em uma colônia de
100 insetos, a cada um põe 1000 ovos, isso é um total de 100000 ovos,
que quando nasçam farão com que a população seja de 100100 insetos.
Se esses 100100 insetos põem outros 1000 ovos a cada um no próximo
ano, dará local a outros tantos ovos...etc. Assim rapidamente crescem as
populações, e ao final, chega a haver mais seres vivos dos que um médio
pode suportar. Se estes se alimentam por exemplo, dos frutos de
verdadeira árvore, terá menos frutos que insetos, então os insetos terão
de lutar entre eles por sobreviver. É a luta pela sobrevivência. Se iniciará
uma carreira para apropriar de um fruto e poder ser alimentado, o que
não o consiga, morrerá. Mas ademais, os que sigam vivos, seguirão pondo
seus ovos (BRANCO, 2002).
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Com o passo do tempo o médio ambiente muda, sobem ou baixam as
temperaturas, se desertifica o local, etc. Também, existem seres
diferentes dentro da mesma espécie, uns mais débis, outros mais
fortes...Mas só os membros mais fortes da população sobreviverão, se
reproduzirão entre eles e darão local a novas gerações capazes de
suportar essas mudanças, mais fortes que os anteriores. Assim é como
evoluem as espécies.
A teoria de Darwin
A teoria de Darwin diz, de forma muito resumida, que as espécies novas
aparecem em forma gradual e de outras preexistentes, ao invés que
os saltacionistas que dizem que as espécies aparecem e desaparecem
subitamente.
Pessoalmente, considero que esta teoria é bastante acertada, e não só no
âmbito dos seres vivos, senão em todos os inventos da humanidade
também, por exemplo. O homem em verdadeiro momento descobriu o
fogo, e a partir daí, muito pouco a pouco, chegámos a utilizar a luz de
inumeráveis formas diferentes, inventaram-se um montão de máquinas
com milhões de usos diferentes...etc. O mesmo ocorre com os seres vivos.
Desde a primeira célula, desde o primeiro macaco, desde a primeira
124
planta...agora há milhões de células diferentes, deprocariota a eucariota,
muitos símios e seres humanos, negros, alvos, amarelos...e tantas
árvores, arbustos, flores, etc. Pode que, efetivamente, o primerísimo ser
vivo sobre a face da terra, surgisse de forma espontânea, mas os demais,
não, os demais surgiram desse ser vivo. Embora o primeiro de todos, foi a
própria terra, que surgiu de uma explosão, pelo que poderia ser
considerado espontânea. Mas a partir de o/o primeiro/ser-vos/é vivo/s
sobre a terra, considero que não teve mais espécies espontâneas. Se
ademais temos em conta que “toda célula provem de outra célula”
podemos fundamentar mais exitosamente a teoria de Charles Darwin
(DIBLASI, 2007).
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Impacto humano:
O impacto humano é o conjunto de danos que causa a acção do homem
sobre a terra. Veremos agora dois exemplos desta ação devastadora: o
efeito invernadero e o esgotamento do ozônio atmosférico.
O efeito invernadero
Este nome vem a conto de que é parecido ao que ocorre em
um invernadero, o calor entra mas não sai, o digamos assim. Antes de
tudo, dizer que o efeito invernadero é algo inevitável (embora a ação
humana não fora tão brutal e devastadora teria local este efeito, pela
respiração de tantos seres vivos não fotosintéticos na terra), mas que se
viu incrementado e acelerado pela ação humana. Por exemplo, pela
quantidade de CO2 expulsado pelas fábricas diariamente, o uso
de aerosoles, a contaminação, combustão de fósseis...etc. É tanto, que por
muitos seres vivos fotosintéticos que tenha em nosso planeta, não pode
ser transformado o 100% em oxigênio. O que ocorre com este
aquecimento global é que os raios ultravioletas do sol podem entrar na
atmosfera, mas ao rebotar na terra sobem de novo mas não conseguem
voltar a atravessar a atmosfera porque se vêem debilitados pela grossa
camada de gases provocados pela contaminação. Então, esses raios ficam
dentro de nossa atmosfera, e por isso, além de gases tóxicos, nos rodeia
uma massa de calor porveniente desses raios. Este efeito provoca, entre
outras coisas:
Que se derritan os pólos e, por tanto, aumente o nível do mar e
muitas zonas costeiras fiquem submersas.
Destruam-se por completo aquelas ecossistemas compostos por
seres sensíveis ao aquecimento. Só sobreviverão aqueles que
sejam tolerantes a esse aquecimento.
Nossa própria destruição; porque ao não ser capazes as plantas de
transformar todo o CO2 em Ou2 não terá suficiente oxigênio para
respirar, e morreremos.
Desertificação do terreno, já que ao haver mais calor
se evaporará mais água.
A mutação (evolução) de alguns vírus, bactérias...etc. e
aparecimento de novas pestes, pragas e doenças mais fortes,
portanto mais difíceis de combater.
126
Mais casos de câncer de pele.
Destruição do fitoplancton, seres vivos produtores das
ecossistemas aquáticos. Isto implica a cessação da alimentação dos
seres vivos que se alimentam de fitoplancton (peixes...etc) pelo
que os humanos teríamos que deixar de alimentar de alguns tipos
de peixe que se extinguiriam ao não ter fitoplancton.
Os seres vivos fotosintéticos terrestres também se vêem afetados
pelos raios Ou.V.A., pelo que produziriam menos oxigênio.
O ciclo do carbono:
Um 18% da matéria orgânica viva está constituída por carbono, a
capacidade de ditos átomos de unir-se uns com outros fornece a base da
diversidade molecular bem como o tamanho molecular. Por tanto o
carbono é um elemento essencial em todos os seres viventes.
A parte da matéria orgânica, o carbono combina-se com o oxigênio para
formar monóxido de carbono (CO),dióxido de carbono (CO2), também
127
forma salgue como o carbonato de sodio (Na2CO3), carbonato cálcico (em
rochas carbonatadas, como calcárias e estruturas de corais).
REDES TROFICAS
Os organismos produtores terrestres obtêm o dióxido de carbono
da atmosfera durante o processo da fotossíntese para transformá-
lo em compostos orgânicos como a glicose, e os produtores
aquáticos o utilizam dissolvido na água em forma
de bicarbonato (HCO3-).
Os conshumidores alimentam-se das plantas, assim o carbono
passa a fazer parte deles, em forma de proteínas, gordurosas,
hidratos de carbono, etc.
No processo da respiração aeróbica, utiliza-se a glicose como
combustível e é degradada, se libertando o carbono em forma de
CO2 à atmosfera. Por tanto na cada nível trófico da corrente
alimentaria, o carbono regressa à atmosfera ou à água como
resultado da respiração.
Os desperdícios do metabolismo das plantas e animais, bem como
os restos de organismos mortos, decompõem-se pela ação dos
fungos saprofitos e as bactérias. Durante dito processo de
descomposição também se desprende CO2.
As erupções vulcânicas são uma fonte de carbono, durante ditos
processos o carbono da cortiça terrestre que faz parte das rochas e
minerais é liberto à atmosfera.
Em camadas profundas da cortiça continental bem como na
cortiça oceánica o carbono contribui à formação de combustíveis
fósseis, como é o caso do petróleo. Este composto formou-se pelo
agregado de restos de organismos que viveram faz milhares de
anos.
Populações:
Natalidade: É o número de indivíduos que nascem ao longo de um
período de tempo determinado em uma zona concreta.
Mortalidade: É o número de falecidos ao longo de um período de tempo
determinado em uma zona concreta.
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Imigração: Movimento de população, que implica mudança de
morada, cosiderado desde o local de chegada.
Emigração: Movimento de população, que implica mudança de
morada, cosiderado desde o local de saída.
Recordemos também:
População: Conjunto de indivíduos que se reproduzem entre si e que
residem dentro de limites geográficos definidos em um mesmo espaço
temporário.
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A capacidade de carga é o número de organismos em uma população que
pode suportar o médio ambiente em um tempo determinado e em uma
ecossistema determinado. Quando se atinge a capacidade de carga tem
local um fenômeno que se expressa com a seguinte fórmula:
Também há muitos factores que fazem com que a população diminua, por
exemplo, doenças, mas estes não devem ser confundidos com os
que limitam o crescimento.
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EXERCÍCIOS DE AUTO-AVALIAÇÃO
131
Sumário
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UNIDADE Temática 4.4. EXERCÍCIOS deste tema.
1. Os factores bióticos formados pelos organismos vivos. Faça a ligação com base
nas setas os seguintes factores segundo as suas caracteristicas:
a) Produtores seres heterotróficos = bactérias e fungos
b) Consumidores organismos heterotróficos = animais
c) Decompositores seres autotróficos = plantas
2. A população cresce em diferentes fases. Das fases abaixo seleccione uma que
não é considerada coo sendo a como cresce a população:
a) Baixo Crescimento.
b) Crescimento Exponencial.
c) Alto Crescimento
d) Fase asintótica
5. Bem como qualquer elemento biogénico pode ser utilizado várias vezes em uma
ecossistema, a energia só pode ser utilizado uma vez. Isto é, a matéria descreve
um ciclo em uma ecossistema enquanto a energia flui através da ecossistema. O
fluxo da energia nos ecossistemas pode ser explicado com as duas leis
da termodinámica:
a) A energia nem cria-se nem destrói-se, só se transforma.
b) A transformação da energia sempre vai acompanhada de degradações
de energia, por isso não pode ser transformado o 100% de um tipo de
energia em outro tipo. Costuma transformar-se unicamente o 10-20%.
c) A transformação da energia sempre vai acompanhada de degradações
de energia, por isso não pode ser transformado o 100% de um tipo de
energia em outro tipo.
d) As opções a) e b) estão correctas.
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6. Cada espécie só consegue sobreviver entre certos limites de temperatura, o que
confere a este factor uma grande importância. A esses limites de temperatura
chamamos de:
a) Amplitude térmica.
b) Amplitude euritérmicos
c) Amplitude estenotérmicos.
d) Todas as opções estão correctas.
7. Dos elementos abaixo indocados, indica qual é considerado factor liitante para
a sobrevivencia de uma éspecie:
a) Disponibilidade dos nutrientes
b) Temperatura
c) Água
d) Todas as opções estão correctas.
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TEMA – V: RECURSOS ENERGÉTICOS E AMBIENTAIS
UNIDADE Temática 5.1. Energia e Meio Ambiente.
Introdução
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ENERGIA E MEIO AMBIENTE
Poluição atmosférica
O setor energético é responsável por 75% do dióxido de carbono lançado
à atmosfera, 41% do chumbo, 85% das emissões de enxofre e cerca de
76% dos óxidos de nitrogênio. Tanto o enxofre como os óxidos de
nitrogênio têm um papel importante na formação de ácidos na atmosfera
que, ao precipitarem na forma de chuvas, prejudicam a cobertura de
solos, vegetação, agricultura, materiais manufaturados que sofrem
corrosão e até mesmo a pele do homem. A constante deposição de
compostos ácidos em rios e lagos afeta a vida aquática e ameaça toda a
cadeia alimentar de ecossistemas. Nos solos, a acidez das chuvas reduz a
presença de nutrientes. Para a saúde humana, a presença de particulados
136
contendo enxofre e óxidos de nitrogênio provocam ou agravam doenças
respiratórias como bronquite e enfisema, especialmente em crianças. Esse
tipo de problema tem sido verificado em regiões da China, Hong Kong e
Canadá que sofrem os efeitos de termoelétricas a carvão situadas muitas
vezes em locais distantes de onde ocorrem as chuvas ácidas.
O consumo de derivados de petróleo pelo setor de transporte é o que
apresenta a maior contribuição para a degradação do meio ambiente em
nível local e global. Estima-se que 50% dos hidrocarbonetos emitidos em
áreas urbanas e aproximadamente 25% do total das emissões de todo
dióxido de carbono gerado no mundo, resultem das actividades
desenvolvidas com os sistemas de transporte.
O efeito estufa
Um dos mais complexos e maiores efeitos das emissões do setor
energético são os problemas globais relacionados com mudanças
climáticas. O acúmulo de gases, como o dióxido de carbono na atmosfera,
acentua o [efeito estufa] natural do ecossistema terrestre a ponto de
romper os padrões de clima que condicionaram a vida humana, de
animais, peixes, agricultura, vegetação, etc. É cada vez mais evidente a
constatação de crescentes concentrações de CO2 na atmosfera e o
aumento de temperaturas médias. São imprevisíveis as implicações de
mudanças climáticas para os países e suas populações. Alteração na
produtividade da agricultura, pesca, inundações de regiões costeiras e
aumento de desastres naturais estão entre as mudanças provocadas pelas
alterações climáticas esperadas.
A seriedade desses efeitos tem sido reconhecida por diversos estudos
científicos internacionais e vários países estão procurando consenso para
uma agenda mínima de actividades para controle e mitigação de
emissões, como o [Protocolo de Kyoto], discutido no âmbito dos países
signatários da Convenção Climática. Infelizmente, ainda não se tem
acordado um sistema de controle de emissões de gases estufa entre os
137
países industrializados, historicamente os maiores contribuintes para os
altos níveis de concentração desses gases na atmosfera.
Termoelétricas
A produção de eletricidade em termoelétricas representa em escala
mundial cerca de um terço das emissões antropogênicas de dióxido de
carbono, sendo seguida pelas emissões do setor de transporte e indústrial.
Os principais combustíveis utilizados em todo o mundo são o carvão,
derivados de petróleo e, crescentemente, o gás natural. Existem ainda
outros tipos de usinas termoelétricas que queimam resíduos de biomassa
(lenha, bagaço) e até mesmo lixo urbano.
Além das emissões de gases e partículas, existem outros problemas
associados com utilização de água para o processo de geração
termoelétrica, pois muitas usinas usam água para refrigeração ou para
produção de vapor. Esse tem sido um dos principais obstáculos para a
implantação de termoelétricas no país, pois diversos projetos se localizam
ao longo do principal gasoduto construído, que segue exatamente as
bacias hidrográficas com problemas de abastecimento e de qualidade de
água em regiões densamente povoadas.
É importante notar também que houve bastante progresso com relação
ao aumento da eficiência de usinas termoelétricas através da introdução
de tecnologias de co-geração e turbinas a gás. As possibilidades de
gaseificação de carvão, madeira e bagaço oferecem novas oportunidades
de usinas mais eficientes e com menores impactos que as convencionais.
Hidroelétricas
Muitas vezes faz-se referência a hidroeletricidade como sendo uma fonte
"limpa" e de pouco impacto ambiental. Na verdade, embora a construção
de reservatórios, grandes ou pequenos, tenham trazidos enormes
benefícios para o país, ajudando a regularizar cheias, promover irrigação e
navegabilidade de rios, elas também trazem impactos irreversíveis ao
meio ambiente. Isso é especialmente verdadeiro no caso de grandes
reservatórios. Existem problemas com mudanças na composição e
propriedades químicas da água, mudanças na temperatura, concentração
de sedimentos, e outras modificações que ocasionam problemas para a
manutenção de ecossistemas à jusante dos reservatórios. Esses
empreendimentos, mesmo bem controlados, têm tido impactos na
manutenção da diversidade de espécies (fauna e flora) e afetado a
densidade de populações de peixes, mudando ciclos de reprodução.
O Brasil tem acumulado grande experiência com o resultado das várias
usinas hidroelétricas que foram construídas, sendo um dos seus maiores
exemplos o caso da hidroelétrica de Balbina, que provocou a inundação de
parte da floresta nativa, ocasionando alterações na composição e acidez
da água, que depois teve impacto no próprio desempenho da usina. Até
138
recentemente as turbinas apresentavam problemas de corrosão e
depósito de material orgânico, devidos a alterações que ocorreram na
composição da água.
Energia nuclear
A energia nuclear é talvez aquela que mais tem chamado atenção quanto
aos seus impactos ambientais e à saúde humana. São três os principais
problemas ambientais dessa fonte de energia. O primeiro é a manipulação
de material radioativo no processo de produção de combustível nuclear e
nos reatores nucleares, com riscos de vazamentos e acidentes. O segundo
problema está relacionado com a possibilidade de desvios clandestinos de
material nuclear para utilização em armamentos, por exemplo,
acentuando riscos de proliferação nuclear. Finalmente existe o grave
problema de armazenamento dos rejeitos radioativos das usinas. Já houve
substancial progresso no desenvolvimento de tecnologias que diminuem
praticamente os riscos de contaminação radiativa por acidente com
reatores nucleares, aumentando consideravelmente o nível de segurança
desse tipo de usina, mas ainda não se apresentam soluções satisfatórias e
aceitáveis para o problema do lixo atômico.
Fontes alternativas
As chamadas fontes alternativas como solar, eólica e biomassa, não estão
totalmente isentas de impactos ambientais, embora possam ser
relativamente menores. A utilização em larga escala de painéis
fotovoltaicos ou biomassa implica em alteração no uso do solo. A
fabricação de componentes dessas tecnologias também produzem efeitos
ambientais, como é o caso da extração do silício para painéis
fotovoltaicos. Muitos desses sistemas dependem de baterias químicas
para armazenagem da eletricidade, que ainda apresentam sérios
problemas de contaminação por chumbo e outros metais tóxicos para o
meio ambiente.
O que fazer?
Os desafios para se continuar a expandir as necessidades energéticas da
sociedade com menores efeitos ambientais são enormes. É praticamente
impossível eliminar os impactos ambientais de sistemas energéticos. O
trabalho dos cientistas e analistas de energia é, na verdade, oferecer
alternativas de escolhas para a sociedade e facilitar seu acesso a esse tipo
de informação. No entanto, o problema energético não se reduz a uma
escolha entre tecnologias para atender a crescente demanda de energia.
Essa é uma matéria de grande complexidade, que envolve não só a
discussão de aspectos técnicos, mas também de preferências, padrões de
conforto desejados pela sociedade e custos de energia. Existe
139
urgentemente a necessidade de questionar os principais condicionantes
da crescente demanda de energia: nosso sistema de urbanização, as
actividades econômicas e estilos de vida. Somente mudanças nessas áreas
possibilitarão maior utilização de tecnologias mais limpas e eficientes,
fontes renováveis e descentralizadas.
FONTES DE ENERGIA
As fontes de energia são recursos da natureza ou artificiais utilizados pela
sociedade para a produção de algum tipo de energia. Esta, por sua vez, é
utilizada com o objectivo de propiciar o deslocamento de veículos, gerar
calor ou produzir eletricidade para os mais diversos fins.
Trata-se de um assunto extremamente estratégico no contexto
geopolítico global, pois o desenvolvimento dos países depende de uma
infraestrutura energética capaz de suprir as demandas de sua população e
de suas actividades econômicas. As fontes de energia constituem-se
também como uma questão ambiental, pois, a depender das formas de
140
utilização dos diferentes recursos energéticos, graves impactos sobre a
natureza podem ser ocasionados.
Energia solar
A energia solar é o aproveitamento da luz do sol para a geração de
eletricidade e também para o aquecimento da água para uso. Trata-se
também de uma fonte inesgotável de energia, haja vista que o sol – ao
menos na sua configuração atual – manter-se-á por bilhões de anos.
Existem duas formas de aproveitamento da energia solar: a
fotovoltaica e a térmica. No primeiro caso, são utilizadas células
141
específicas que lançam mão do chamado “efeito fotoelétrico” para a
produção de eletricidade. No segundo caso, utiliza-se o aquecimento
da água tanto para uso direto quanto para a geração de vapor, que
atuará em processos de ativação de geradores de energia, lembrando
que podem ser utilizados também outros tipos de líquidos.
Energia hidrelétrica
A energia hidrelétrica corresponde ao aproveitamento da água dos
rios para a movimentação das turbinas de eletricidade. No Brasil, essa
é a principal fonte de energia elétrica do país, ao lado das
termoelétricas, haja vista o grande potencial que o país possui em
termos de disponibilidade de rios propícios para a geração de
hidroeletricidade.
Nas usinas hidroelétricas, constroem-se barragens no leito do rio para
o represamento da água que será utilizada no processo de geração de
eletricidade. Nesse caso, o mais aconselhável é a construção de
barragens em rios que apresentem desníveis em seus terrenos, com o
objectivo de diminuir a superfície inundada. Por isso, é mais
recomendável a instalação dessas usinas em rios de planalto, embora
também seja possível em rios de planícies, porém com impactos
ambientais maiores.
Biomassa
A utilização da biomassa consiste na queima de substâncias de origem
orgânica para a produção de energia, ocorrendo por meio da
combustão de materiais como a lenha, o bagaço de cana e outros
resíduos agrícolas, restos florestais e até excrementos de animais. É
considerada uma fonte de energia renovável porque o dióxido de
carbono produzido durante a queima é utilizado pela própria
vegetação na realização da fotossíntese, o que significa que, desde que
haja controle, o seu uso é sustentável por não alterar a
macrocomposição da atmosfera terrestre.
Os biocombustíveis, de certa forma, são considerados como um tipo
de biomassa, pois também são produzidos a partir de vegetais de
origem orgânica para a geração de combustível, que é empregado
principalmente nos meios de transporte em geral. O exemplo mais
conhecido é o etanol produzido da cana-de-açúcar, mas podem existir
142
outros compostos advindos de vegetais distintos, como a mamona, o
milho e muitos outros.
143
chamada de fissão nuclear a partir, principalmente, do urânio-235, um
material altamente radioativo.
Embora as usinas nucleares gerem menos poluentes do que outras
estações de operação semelhante (como as termoelétricas), elas são
alvo de muitas polêmicas, pois o vazamento do lixo nuclear produzido
ou a ocorrência de acidentes podem gerar graves impactos e muitas
mortes. No entanto, com a emergência da questão sobre o
aquecimento global, o seu uso vem sendo reconsiderado por muitos
países.
Cada tipo de energia apresenta suas vantagens e desvantagens, de
forma que não há nenhuma fonte que se apresente, no momento,
como absoluta sobre as demais em termos de viabilidade. Algumas são
baratas e abundantes, mas geram graves impactos ambientais; outras
são limpas e sustentáveis, mas inviáveis financeiramente. O mais
aconselhável é que, nos diferentes territórios, exista uma grande
diversidade nas matrizes energéticas para atenuar os seus respectivos
problemas, o que não acontece no Brasil e em boa parte dos demais
países.
144
EXERCÍCIOS DE AUTO-AVALIAÇÃO
3. Das fontes de energia apresentados abaixo, indique qual delas constitui a fonte
de energia renovavel:
a) Biomassa
a) Energia das marés (maremotriz)
b) Energia solar
c) Todas as respostas anteriores estão correctas.
145
UNIDADE Temática 5.2. A Relação entre Recursos Naturais e Matriz Energética.
146
nuclear corresponde a uma pequena parcela da matriz energética
brasileira.
147
necessidade superam o medo de um grande desastre, ao menos no
pensamento do governo japonês.
Com relação aos transportes, o Japão é um dos países que mais investem
em veículos elétricos e híbridos no mundo. Contudo, essa eletricidade
ainda provém de centrais nucleares ou termoelétricas.
Quase todo o petróleo utilizado no Japão é importado, principalmente, do
Irã, e o uranio e plutônio usados nas usinas nucleares vêm do Canadá, da
África do Sul, França e Austrália, o que torna o país dependente
economicamente e frágil do ponto de vista estratégico e geopolítico.
148
produzida tenha origem “limpa” e renovável, eliminando as emissões de
dióxido de carbono no setor. Atualmente, cerca de 45% da energia
dinamarquesa é considerada “limpa” e proveniente de fontes renováveis.
A principal aposta do país é na produção eólica offshore, ou seja, com as
centrais eólicas instaladas no mar, além da energia solar. Por se localizar
em uma Península (da Jutlândia), a Dinamarca possui extenso litoral
(7.300 km), com grande incidência de ventos e, portanto, sua localização é
extremamente favorável à geração de energia eólica.
Nos transportes, onde a necessidade de combustíveis fósseis ainda é
grande, os incentivos são dados aos veículos movidos a eletricidade. O
excesso de energia pode ser armazenado nos carros, que podem fornecê-
la ao sistema elétrico em épocas de pouco vento.
149
EXERCÍCIOS DE AUTO-AVALIAÇÃO
1. A busca por fontes de energia sempre foi uma preocupação das sociedades
humanas. Tomando em consideração nos recursos naturais disponiveis e
Moçambique, qual é a principal forma de obtenção de energia electrica?
a) Acção dos ventos.
b) Acção da água.
c) Reservas de petróleo, carvão mineral e gás natural.
d) Paineis solares.
3. Dos paises abaixo indicados indique qual deles tem uma fonte de energia a
partir de origem “limpa” e renovável, com baixas emissões de dióxido de
carbono no sector.
a) Brasil
b) China
c) Dinamarca
d) Japão
150
Sumário
151
UNIDADE Temática 5.3. EXERCÍCIOS deste tema.
152
d) Todas as alternativas anteriores estão correctas.
8. Estima-se que 25% do total das emissões de todo dióxido de carbono gerado no
mundo, resultem das actividades desenvolvidas com os sistemas de transporte.
Uma das medidas aplicadas para a redução do dioxido de carbono é:
a) Baixar o preço do combustivel.
b) Incentivar o uso de autocarros públicos (machimbombos, chapas).
c) Baixar as taxas aduaneiras como forma a importar mais carros.
d) As opções a) e b) estão correctas.
153
10. O país que foi encontrado a solução de geração de eletricidade por meio de
usinas nucleares a base de plutônio e urânio e termoelétricas que funcionam
com derivados do petróleo e carvão mineral importados foi:
a) Brasil
b) China
c) Dinamarca
d) Japão
154
TEMA – VI: ZOOLOGIA
UNIDADE Temática 6.1. Conceitos básicos em Zoologia.
Introdução
155
CONCEITOS BÁSICOS EM ZOOLOGIA.
NEMATOIDES
O filo Nematoda agrupa animais que apresentam corpo alongado,
cilíndrico e afilado nas extremidades posterior e anterior. Os nematoides
ou nematódeos são triblásticos, pseudocelomados, não segmentados,
com simetria bilateral e de tamanho muito variável, existindo espécies de
0,3mm até 8 metros de comprimento (Placentonema gigantissima).
Apesar de serem conhecidos por seus representantes parasitas do
homem, a grande maioria das espécies é de vida livre, sendo encontrada
no solo e ambientes aquáticos.
156
Alguns autores gostam de dizer que os nematoides apresentam um corpo
que se assemelha a um tubo dentro de outro. Isso porque esses animais
apresentam um intestino longo e uma parede corporal externa
revestindo-o. Entre o intestino e a parede corporal existe o pseudoceloma.
Acima da epiderme do corpo dos nematoides existe uma cutícula
protetora, que é trocada à medida que o animal aumenta de tamanho. A
cutícula tem a função de proteger, dar suporte e atuar no controle do
volume corporal do animal. Abaixo da epiderme há as células musculares,
que permitem a realização de movimentos de flexão. Essas células
musculares ligam-se a dois cordões nervosos, um localizado na região
dorsal e o outro, na região ventral.
PEIXES
Os peixes são animais que vivem apenas em ambientes aquáticos e
representam o maior grupo de vertebrados que existe. Possuem variados
tipos de forma, hábitos de vida e de alimentação, apresentando animais
herbívoros, carnívoros, onívoros e até detritívoros.
157
Podem ser classificados em três grupos principais: ágnatos(agnatha),
os ósseos (osteíctes) e os cartilaginosos (condrictes). Os ágnatos
caracterizam-se por não possuírem mandíbula e apresentarem uma boca
circular. Além disso, apresentam esqueleto cartilaginoso e notocorda que
perdura por toda a vida. Atualmente só são encontrados dois grupos
desses animais: as lampreias e as feiticeiras.
Os peixes ósseos e cartilaginosos diferenciam-se dos ágnatos por
possuírem mandíbula, recebendo o nome de gnatostomados graças a essa
característica. Esses dois grupos diferem-se entre si principalmente pela
presença de esqueleto ósseo nos osteíctes e esqueleto cartilaginoso nos
condrictes. Como exemplo de peixes cartilaginosos, podemos citar os
tubarões e raias; como representantes dos osteíctes, podemos citar o
salmão e o peixe-palhaço.
A grande maioria dos peixes possui corpo recoberto por escamas, sendo
que elas diferenciam-se em cada grupo. Nos peixes ósseos, as escamas
possuem origem dérmica, enquanto, nos cartilaginosos, possuem
origem dermo epidérmica. Já os agnatos são animais sem escamas. Além
das escamas, encontramos nos peixes uma grande quantidade de muco
ao redor do corpo, que atua reduzindo o atrito com a água.
A respiração dos peixes é branquial, sendo que, em peixes ósseos, as
brânquias encontram-se cobertas por estruturas chamadas de opérculo.
Nos peixes cartilaginosos, as brânquias geralmente se encontram
desprotegidas.
158
A circulação sanguínea é simples e completa. O coração desses animais
apresenta apenas duas cavidades, onde passa unicamente sangue venoso.
Apresentam um sistema excretor formado por rins mesonefros.
Uma estrutura muito importante encontrada nos peixes é a linha lateral,
que é responsável pela captação dos movimentos na água. Ao longo dessa
linha são encontrados diversos mecanorreceptores, que são responsáveis
pela percepção das vibrações e pela transmissão para as células nervosas.
Para se locomoverem, os peixes utilizam estruturas que recebem o nome
de nadadeiras, além de possuírem um corpo hidrodinâmico que auxilia na
natação. Esses animais também possuem adaptações que permitem que
eles consigam flutuar e manter-se em uma determinada posição, tais
como: bexigas natatórias e fígados cheios de óleo. Em alguns grupos de
peixes (Dipnoicos), a bexiga natatória também funciona como pulmão,
permitindo que eles fiquem algum tempo fora da água.
RÉPTEIS
O termo réptil vem do latim reptilis e significa “que se arrasta”. Entre seus
representantes, podemos citar as serpentes, crocodilos, jacarés, lagartos e
tartarugas. Esses animais caracterizam-se por serem tetrápodes e de pele
grossa, apresentam pulmões e botam ovos com casca resistente.
Esses animais, assim como os anfíbios, não possuem a capacidade de
manter a temperatura do corpo constante. Isso ocorre porque eles não
conseguem controlar sua temperatura através do calor gerado no
metabolismo. Para conseguirem uma temperatura ideal, os répteis
utilizam certas estratégias, como a exposição ao sol quando o dia está frio.
Além disso, quando a temperatura se torna muito alta, eles protegem-se
em rios, lagos, locais sombreados, entre outros. Falamos que animais com
essa característica são ectotérmicos.
Como dito anteriormente, uma característica interessante dos répteis é
sua pele grossa, que, diferente dos anfíbios, é muito especializada para a
vida no ambiente terrestre. Esses animais não possuem glândulas e sua
pele pode ser recoberta por placas, escamas, plastrões e carapaças. Essa
característica permite que os répteis tenham grande vantagem em
ambientes secos, tais como os desertos.
159
Os répteis possuem sistema digestório completo e seus representantes,
na sua maioria, são carnívoros. Muitos são predadores e não incluem
espécies parasitas.
Esse grupo de vertebrados possui respiração pulmonar muito eficiente.
Diferentemente do grupo dos anfíbios, os répteis não necessitam da pele
para complementar suas trocas gasosas.
Sua circulação é dupla e incompleta. O coração apresenta quatro
cavidades, porém os ventrículos não são completamente separados. Os
crocodilianos, grupo que inclui jacarés e crocodilos, possuem os
ventrículos separados por uma estrutura chamada de forame de Panizza.
Eles excretam ácido úrico, substância que não necessita de água para ser
eliminada. Essa característica é extremamente importante em um grupo
que vive em ambientes com pouca disponibilidade de água.
Além disso, possuem um sistema nervoso constituído por encéfalo e
nervos que saem da medula espinhal. Apresentam um sistema sensorial
com grandes adaptações, como os órgãos de Jacobson, que possuem
função olfativa, e as fossetas loreais, que conseguem captar o calor,
ajudando, assim, na localização das presas.
160
Rhynchocephalia: Esse grupo é considerado primitivo. Seu corpo é
recoberto por escamas córneas. Exemplo: Tuataras.
ANFÍBIOS
A Classe Amphibia contempla animais geralmente dotados de pele lisa,
rica em glândulas, e que, apesar de não serem aquáticos, têm uma relação
íntima com este ambiente.
São dotados de esqueleto ósseo. Podem apresentar quatro patas ou
serem ápodes (desprovidos de tal estrutura), e cauda (que pode estar
presente ou não; dependendo da ordem em que o indivíduo se encontra).
Larvas têm respiração branquial. Os adultos já apresentam os pulmões
mais desenvolvidos, sendo responsáveis por parte da respiração. Graças à
pele muito fina, e rica em vasos sanguíneos, os anfíbios conseguem
também efetuar trocas gasosas pela pele: é a respiração cutânea.
Quanto à circulação, o sangue pobre em oxigênio chega aos pulmões,
onde é oxigenado. Depois, direciona-se ao coração, sendo bombeado e
transportado às mais diversas partes do corpo, também recolhendo o gás
carbônico; retornando em seguida aos pulmões. Em razão da existência
desses dois trajetos, ela é chamada de circulação dupla, sendo típica de
vertebrados tetrápodes (com quatro patas).
Alguns são dotados de uma longa e pegajosa língua, que se projeta para
fora, capturando alimentos. Isso facilita a sua dieta carnívora, dando
preferência para animais invertebrados, como artrópodes, moluscos,
crustáceos e vermes em geral. No entanto, para aqueles que passam por
estágio larval, a nutrição é oriunda predominantemente de algas e
matéria morta.
Outras estruturas ligadas à alimentação são: esôfago, estômago, intestino
delgado, intestino grosso e cloaca. Esta última, tal como sabemos,
também está relacionada à reprodução.
161
Anfíbios são dioicos, ou seja: não são predominantemente hermafroditas.
Muitos deles são ovíparos (fecundação interna, com liberação de ovos no
meio externo), embora a reprodução desses animais seja bem variável.
Geralmente há ritual de corte, seja com repertórios vocais, sinais táteis ou
mesmo execução de “danças nupciais”.
Após o nascimento, algumas espécies passam por estágio larval,
característica daqueles indivíduos que possuem desenvolvimento indireto.
A fase larval costuma ser aquática. O surgimento gradual das patas, o
desenvolvimento dos pulmões e de mais um átrio no coração, o
encurtamento do intestino, e o desaparecimento da cauda, linha lateral e
brânquias; fazem parte do processo de metamorfose do indivíduo.
A larva dos anuros é chamada girino. Quando ele apresenta patas, mas a
cauda ainda está ali, costumam ser chamados de imagos. Já as larvas das
salamandras não têm nome específico, e apresentam pernas e
características morfológicas bem-parecidas com os adultos. Quanto às
cobras-cegas, o desenvolvimento é direto.
No Brasil, há mais de 875 espécies de anfíbios. Tal número faz com que
nosso país seja um dos que possuem maior diversidade desses animais.
ARTRÓPODES
O Filo Arthropoda abriga animais triblásticos, com pouco celoma, simetria
bilateral e com sistema digestório completo. Além disso, seus
representantes apresentam metameria, sendo chamado de tagma o
conjunto de dois ou mais metâmeros fundidos. A formiga, por exemplo,
possui três tagmas: cabeça, tórax e abdome. Já a aranha, dois: cefalotórax
e abdome.
162
Uma das principais características dos artrópodes, no entanto, é o fato de
apresentarem corpo articulado, coberto por esqueleto externo, ou
exoesqueleto. Constituído predominantemente por quitina, ele fornece
uma proteção extra a esses animais, e ponto de apoio para os músculos.
O exoesqueleto desses animais é secretado pela epiderme, e
periodicamente é substituído por um novo, em um fenômeno chamado
muda, ou ecdise. Inicialmente ele se apresenta flexível, tornando-se rígido
com o tempo.
163
EXERCÍCIOS DE AUTO-AVALIAÇÃO
164
5. Faça ligação com base nas cetas aos elementos abaixo indicados:
165
UNIDADE Temática 6.2. O Reino dos Animais.
166
esqueleto externo (exoesqueleto). Tal estrutura sofre trocas periódicas
(muda ou écdise), secretadas pela epiderme do animal. Além dessas
características, os artrópodes são os únicos invertebrados que podem
apresentar asas.
Subfilo Crustacea
Representado pelos tatuzinhos-de-jardim, camarões, lagostas, lagostins,
caranguejos, siris, cracas. A maioria dos representantes desse grupo é
aquática, principalmente de ambiente marinho, apresentando hábito
filtrador como forma de capturar alimentos. No entanto, há aqueles que
se alimentam de algas, de outros animais ou mesmo de matéria morta.
O corpo dos crustáceos costuma ser dividido em cefalotórax e abdome;
cabeça e tronco; ou mesmo cabeça, tórax e abdome. O número de patas
varia.
No primeiro tagma, são encontrados dois pares de antenas, além de duas
maxilas e uma mandíbula. Em algumas espécies, o exoesqueleto também
possui substâncias calcárias, fazendo com que se apresente ainda mais
rígido. A respiração é geralmente branquial; e a excreção é feita por
glândulas maxilares e verdes.
Subfilo Chelicerata
Representado pelos caranguejos-ferradura (Classe Merostomata),
aranhas-do-mar (Classe Pycnogonida) e os mais conhecidos: aranhas,
opiliões, escorpiões, carrapatos e ácaros (Classe Arachnida).
Como o nome sugere, tais artrópodes, típicos de terra firme, possuem
quelíceras como característica típica do grupo. Além disso, possuem pelo
menos cinco olhos simples, e um par de pedipalpos. Estes funcionam
como órgãos gustativos, auxiliam na manipulação de alimento e podem se
apresentar modificados em órgão de cópula.
167
Esses animais têm corpo dividido somente em cefalotórax e abdome; não
possuem antenas, e geralmente apresentam quatro pares de patas neste
primeiro segmento.
Alguns quelicerados, como certas espécies de aranhas e escorpiões, são
capazes de inocular veneno em suas presas, ou em predadores em
potencial. Nos escorpiões, a estrutura que armazena e inocula veneno é o
aguilhão. Aranhas, ainda, podem apresentar fiandeira, que é uma
estrutura a partir da qual se constroem as teias.
Os quelicerados respiram por filotraqueias, também chamadas de
pulmões foliáceos; a excreção é feita por túbulos de Malpighi e glândulas
coxais.
Subfilo Uniramia
Centopeias e lacraias (Classe Chilopoda), piolhos-de-cobra (Classe
Diplopoda), e os insetos em geral (Classe Insecta); são os principais
representantes desse grupo. O corpo pode estar dividido em cabeça e
tronco, como é o caso dos indivíduos das duas primeiras classes citadas
anteriormente; ou em cabeça, tórax e abdome, no caso dos insetos.
Os unirâmios (ou unirrâmios) apresentam como característica principal o
fato de possuírem um único par de antenas. Na cabeça, há também
ocelos, sendo que olhos compostos são encontrados somente em algumas
espécies de centopeias. Há geralmente dois pares de maxilas e um de
mandíbulas.
Respiram por meio de traqueias, e os túbulos de Malpighi estão
associados à excreção. Insetos possuem três pares de pernas
e alguns indivíduos também apresentam asas.
168
A lacraia pertence ao filo dos artrópodes e ao subfilo Uniramia
AVES
As aves constituem uma classe de animais normalmente lembrada pelo
voo e canto de alguns de seus representantes. Encontradas em
praticamente todo o globo, são descritas atualmente aproximadamente
10 mil espécies que variam em forma, cor e tamanho. Só em nosso país
são encontradas cerca de 1,8 mil espécies.
Uma das características mais marcante desse grupo é a presença depenas,
uma estrutura epidérmica exclusiva das aves que as protege contra
choques mecânicos, mantém a temperatura corporal e favorece o voo.
Além disso, as penas também atuam impermeabilizando a pele desses
animais.
As penas são lubrificadas por uma substância lipídica produzida por uma
glândula localizada na região da cauda que é denominada deuropigiana. É
possível observar constantemente algumas aves passando o bico na
glândula e posteriormente sobre seu corpo para que a substância seja
espalhada.
Além das penas que auxiliam no voo das aves, estas possuem um
esqueleto muito bem adaptado para essa função. Os ossos desses animais
são bastante porosos (ossos pneumáticos) quando comparados aos dos
outros vertebrados. Isso faz com que essa estrutura seja mais leve que as
outras, diminuindo o peso do corpo e favorecendo o voo.
Ainda em relação ao esqueleto, em aves que voam é possível observar o
osso esterno com uma quilha, estrutura que possui papel crucial para a
locomoção dessas espécies. É na quilha, também chamada de carena, que
se ancoram os músculos peitorais, que ajudam na movimentação das asas.
Vale lembrar, no entanto, que nem toda ave voa.
169
Esses bicos não apresentam dentes, mais uma característica que ajuda na
redução do peso corpóreo.
Duas estruturas merecem destaque no sistema digestório das aves: o
papo e a moela. O papo é uma região do esôfago onde parte do alimento
fica armazenada e umedecida. Já a moela é uma espécie de estômago
mecânico, uma vez que os alimentos são triturados sem o auxílio de
enzimas. Nesse local é comum encontrar pequenas pedras que o animal
ingere para auxiliar na trituração dos alimentos. O estômago químico é
chamado de proventrículo. Nas aves, o sistema digestório termina
na cloaca, uma região onde também terminam o sistema excretor e o
reprodutor.
O sistema excretor é formado por rins, e a substância excretada é o ácido
úrico. Nesses animais há a ausência de bexiga urinária, sendo assim, dos
rins, o material excretado é levado pelos ureteres até a cloaca, onde é
eliminado com as fezes. Em algumas espécies, existem glândulas de sal,
cuja função principal é a eliminação de grande quantidade de sal. Essa
estrutura é comum em aves marinhas.
A respiração das aves acontece graças a pulmões. Nesses órgãos ligam-se
os sacos aéreos, que não realizam trocas gasosas, porém atuam reduzindo
o peso do corpo das aves e funcionam como uma reserva de ar. É no
sistema respiratório das aves, mais precisamente na bifurcação dos
brônquios, que se encontra a siringe, órgão responsável pela produção do
canto desses animais.
O sistema circulatório é formado por um coração com dois átrios e dois
ventrículos, que impedem a mistura de sangue rico em oxigênio com o
sangue desoxigenado. A circulação é chamada de dupla e completa.
O sistema nervoso é composto por um encéfalo e nervos. Em relação aos
sentidos das aves, elas destacam-se por sua visão e audição bastante
aguçadas. A visão desses animais é em cores, possuem amplo campo
visual e, para protegerem seus olhos durante os voos, possuem uma
membrana fina, chamada de nictitante, que os protege. Além disso,
algumas aves são capazes de perceber campos magnéticos que as ajudam
nas grandes migrações.
No que diz respeito à reprodução das aves, elas possuem diferentes
formas de atração do parceiro. Em algumas espécies, as fêmeas são
atraídas pelo canto do macho; em outras, a atração pode ocorrer através
da exibição de penas e até mesmo por lutas físicas.
Diferentemente de muitos vertebrados, as aves não possuem órgão
especializado para a cópula. As aves costumam apenas colocar as cloacas
próximas, e o macho transfere o espermatozoide para a fêmea. Esses
animais são ovíparos e o desenvolvimento é direto.
Vale destacar que as aves possuem grande importância ecológica. Além
de participarem da cadeia alimentar, esses animais desempenham uma
170
importante tarefa para os vegetais: atuam na polinização de algumas
espécies e como dispersoras de sementes.
PORÍFEROS
Os poríferos, ou filo Porifera, apresentam como representantes animais
com características pouco complexas e que se destacam pela presença de
um corpo rico em poros. Os representantes desse filo são as esponjas,
animais aquáticos que vivem submersos e, na sua grande maioria, são
marinhos. Estima-se que hoje existam mais de 5000 espécies diferentes
de esponjas já descritas.
Os poríferos não possuem tecidos verdadeiros e, portanto, não
apresentam órgãos, sendo considerados os animais mais simples do reino
Animalia. São animais filtradores, sésseis quando adultos e podem
apresentar estágios larvais móveis. Vivem em diferentes profundidades e
sobrevivem em ambientes não poluídos, o que os torna
ótimos bioindicadores da qualidade da água.
Apresentam, normalmente, um corpo assimétrico com uma cavidade
central e uma abertura na região do topo denominada de ósculo. Em
razão da presença de poros, a água consegue penetrar facilmente pelo
corpo do animal e atingir a região central, uma cavidade que recebe o
nome de espongiocela.
171
A grande maioria dos poríferos reproduz-se por brotamento, ou seja, de
forma assexuada. Durante esse tipo de reprodução ocorre a formação de
brotos, que crescem e desprendem-se da esponja que o gerou, dando
origem a um novo indivíduo.
Apesar da forma assexuada ser a mais comum, os poríferos também se
reproduzem de maneira sexuada. Nesse modo de reprodução, o macho
libera o espermatozoide na água, que nada até os óvulos — normalmente
localizados no meso-hilo da esponja fêmea. Forma-se um zigoto que se
desenvolve até a fase de blástula, quando sai do corpo da esponja-mãe
pelo ósculo. A blástula fixa-se e origina uma nova esponja. Algumas
espécies apresentam ainda uma fase larval, portanto, possuem
desenvolvimento indireto.
CNIDÁRIOS
O filo Cnidaria representa animais de corpo bastante simples e que vivem
em sua grande maioria em ambiente marinho. Chamados anteriormente
de celenterados, os cnidários englobam mais de 11000 espécies, como os
corais, anêmonas-do-mar e águas-vivas. São encontrados da Linha do
Equador aos polos, sendo abundantes nas águas tropicais. Podem ser
encontrados vivendo de forma solitária ou formando colônias.
Os cnidários são animais diblásticos (possuem dois folhetos germinativos)
e possuem tecidos, simetria radial e apenas um orifício corporal: a boca.
Essa abertura corpórea está rodeada por variados tentáculos que são uma
forma importante de defesa, além de ajudar na captura de alimento.
Nos tentáculos dos cnidários, principalmente, encontram-se estruturas
especializadas que causam irritação denominadas de nematocistos. Eles
atuam como cápsulas que liberam substâncias urticantes em quem os
toca. O nematocisto está localizado em uma célula denominada
de cnidócito, também chamada de cnidoblasto, e contém um fio tubular
enrolado sobre si mesmo. Essa estrutura é ativada quando algo encosta
em uma expansão denominada cnidocílio, que funciona como um gatilho,
disparando o nematocisto.
172
Analise a estrutura de um cnidócito antes e depois da atuação do nematocisto
173
As anêmonas são cnidários na forma polipoide
PLATELMINTOS
O Filo Platyhelminthes, ou simplesmente platelmintos, reúne um grupo
de organismos que possuem corpo alongado e achatado
dorsoventralmente. Muitos costumam chamar os representantes desse
grupo simplesmente de vermes achatados, em razão da ausência de patas
e do formato de fita característico.
Alguns representantes desse grupo possuem vida livre, tais como as
planárias. Todavia, esses organismos destacam-se por suas formas
parasitas, como é o caso do Schistosoma mansoni e da Taenia. Vale
destacar que, entre os platelmintos de vida livre, a maioria encontra-se no
mar, mas existem espécies de água doce e terrestres.
174
Os platelmintos foram o primeiro grupo de organismos que
apresentousimetria bilateral, ou seja, corpo que pode ser dividido em
duas metades iguais. Além da simetria, podemos destacar como
características: a presença de três folhetos germinativos (triblásticos),
ausência de celoma (acelomados) e corpo dividido em segmentos
(ametaméricos).
Esses animais possuem sistema digestório incompleto, mas há alguns
representantes, como a Taenia, em que esse sistema encontra-se ausente.
O sistema excretor é constituído por protonefrídios – túbulos ramificados
com uma célula excretora na extremidade. Essa célula pode apresentar
um flagelo, recebendo o nome de solenócito, ou apresentar vários
flagelos, sendo denominada de células flama. A respiração ocorre por
difusão, sendo, portanto, cutânea. Esses animaisnão possuem sistema
circulatório.
175
Classe Trematoda: Engloba organismos que são ecto ou
endoparasitas, ou seja, que vivem, respectivamente, externa ou
internamente no corpo do hospedeiro. Como exemplo, podemos
citar o Schistosoma mansoni.
Classe Cestoda: Todos os representantes são endoparasitas sem
sistema digestório. Entre seus representantes, podemos citar
a Taenia.
ANELÍDEOS
Os anelídeos (Filo Annelida) são animais triblásticos, que apresentam
celoma (cavidade revestida pela mesoderme) e possuem o corpo
composto por segmentos (metameria). Entre os representantes desse filo,
podemos citar a minhoca, animal muito usado como isca em pescarias e
conhecido graças à capacidade de formação do húmus. Além disso,
existem espécies marinhas, como os poliquetas; e ectoparasitas, como as
sanguessugas.
Os segmentos do corpo dos anelídeos são denominados metâmeros. Cada
segmento é separado internamente por uma membrana que apresenta
musculatura própria, ou seja, o alongamento e encurtamento dos
segmentos independem um dos outros. Além disso, é encontrado um par
de gânglios nervosos, um par de órgãos excretores e um par de bolsas
celômicas em cada metâmero.
Os anelídeos possuem um sistema circulatório fechado, composto por
dois vasos longitudinais ligados por meio de vasos laterais. Na região
anterior, os vasos laterais possuem capacidade de contração,
impulsionando, assim, o sangue. Graças a essa capacidade de bombeá-lo,
são chamados de corações laterais. Os anelídeos possuem hemoglobina,
mesmo pigmento existente no sangue dos seres humanos. Essa
substância, formada principalmente por ferro, ajuda no transporte de
oxigênio.
O sistema digestório é completo, ou seja, possui boca e ânus, e a digestão
é externa. Sua alimentação baseia-se praticamente na ingestão de matéria
orgânica vegetal em decomposição. Entretanto, podem apresentar
176
espécies com outros tipos de alimentação, é o exemplo da sanguessuga,
que se alimenta de sangue de outros animais.
ARACNÍDEOS
Os artrópodes são invertebrados bastante diversificados que ocupam
praticamente todos os ambientes do planeta. O sucesso desse grupo
deve-se principalmente à presença de um exoesqueleto de quitina que
protege o corpo do animal. Além do exoesqueleto, esse grupo é
caracterizado pela presença de patas articuladas (aspecto que originou
seu nome: Athos = articulados; podos = pé).
Os artrópodes podem ser divididos em quatro subfilos: Crustacea,
Hexapoda, Myriapoda e Chelicerata. O subfilo Chelicerata apresenta corpo
dividido em cefalotórax (prossoma) e abdômen (opistossoma), não possui
antenas, além de deter quatro pares de patas, quelíceras e pedipalpos.
Nos escorpiões, o abdômen é dividido em tronco (mesossoma) e cauda
(metassoma). Na região da cauda é encontrada uma estrutura que é usada
177
para inocular a peçonha (télson). Nos ácaros, o cefalotórax e o abdômen
parecem fundidos em uma única peça.
As quelíceras e pedipalpos atuam ajudando o animal na captura do
alimento, bem como na dilaceração. Nas quelíceras das aranhas é
encontrado veneno. O pedipalpo também pode ser usado na reprodução.
178
aranha-amadeira (Phoneutria spp.), a viúva-negra (Latrodectus) e a
tarântula (Lycosa spp).
No Brasil, destacam-se dois escorpiões venenosos: o escorpião-
amarelo (Tityus serrulatus) e o marrom (Tityus bahiensis).
Em caso de acidentes com aranhas e escorpiões, um médico deverá ser
consultado para que seja aplicado o soro antipeçonhento. Para evitar
acidentes, verifique sempre seus sapatos e roupas antes de se vestir,
mantenha a casa limpa, evitando insetos que servem de alimento para
esses animais, evite o acúmulo de entulhos e não deixe camas e berços
em contato com as paredes.
EQUINODERMOS
O filo Echinodermata reúne animais invertebrados exclusivamente
marinhos que possuem como representantes os pepinos-do-mar, as
estrelas-do-mar, os ouriços-do-mar, entre outros. Seu nome é está
relacionado ao fato de possuírem o corpo coberto por espinhos (echinos =
espinho; derma = pele). Além dos espinhos, no corpo de alguns
representantes encontramos estruturas chamadas de pedicelárias, que
ajudam na remoção de detritos do corpo do animal. Em algumas espécies,
essa estrutura possui veneno.
São animais triblásticos que apresentam simetria bilateral quando no
estágio larval e radial (pentarradial) quando adultos. São celomados, não
possuem corpo segmentando e apresentam endoesqueleto. Além disso,
esses animais são deuterostômios, ou seja, o blastóporo origina o ânus
primeiro que a boca. O facto de serem deuterostômios deixa esse filo mais
próximo dos cordados.
179
Nos ouriços-do-mar, é possível perceber uma estrutura formada por cinco
dentes calcários que atuam ajudando na alimentação do animal. Essa
estrutura é denominada lanterna-de-aristóteles.
FILO CHORDATA
Nós, homens, pertencemos a um filo chamado de Chordata. Os
representantes dos cordados são celomados, triblásticos, metamerizados,
deuterostômios e com simetria bilateral.
Além das características já citadas, algumas delas são exclusivas dos
cordados e estão relatadas a seguir. Vale destacar que as características
abaixo relacionadas podem estar ou não no indivíduo adulto, entretanto
sempre aparecem em alguma fase da vida do animal.
Tubo nervoso dorsal: responsável pelo surgimento do sistema
nervoso. É originado de invaginações do ectoderma;
Notocorda: responsável pelo sustentamento do corpo do embrião.
Em muitas espécies, a notocorda desaparece ainda no
180
desenvolvimento embrionário. Essa estrutura é derivada do
mesoderma;
Fendas faringianas: fendas localizadas na região lateral da faringe.
Nos cordados aquáticos, elas dão origem às brânquias, enquanto
nos terrestres as fendas desaparecem ainda no início do
desenvolvimento;
Cauda musculosa pós-anal: ela é encontrada em alguns animais,
enquanto em outros desaparece ainda na fase embrionária, como
nos humanos. Outros animais apresentam essa cauda por toda a
vida e, neles, ela tem a função de ajudar na captura de alimentos,
na natação, entre outras.
ÁCAROS
Os ácaros são aracnídeos pertencentes à subclasse Acari. Possuem
quelíceras, que variam muito de uma espécie para outra, quatro pares de
patas quando adultos e não apresentam antenas. Podem ser classificados
em duas ordens dentro da subclasse Acari, Parasitiformes e Acariformes, e
apresentam mais de 30 mil espécies diferentes.
Esses artrópodes apresentam órgãos capazes de receber estímulos
sensoriais, além de ocelos, uma espécie de olho. São de pequena
181
dimensão, com tamanho que varia entre 0,2 e 0,33 mm, e servem de
alimento para aranhas, insetos e até mesmo outros ácaros.
INSETOS
Os insetos, que pertencem ao filo dos artrópodes, são o maior grupo de
animais existente, com mais de 900.000 espécies distintas. A principal
característica que concedeu esse grande sucesso adaptativo aos insetos é
a sua capacidade de voo, que permite a esses animais fugir de predadores,
buscar alimentos ou até mesmo procurar por condições ambientais que
favoreçam sua sobrevivência. Os insetos ocupam diversos ambientes, mas
a maior quantidade de espécies está no meio terrestre.
182
Características gerais dos insetos
Os insetos, assim como outros artrópodes, possuem um exoesqueleto
quitinoso em seu corpo, o qual está relacionado, principalmente, com a
proteção contra predadores e a perda excessiva de água. Além disso,
apresentam apêndices pareados e articulados e uma musculatura
desenvolvida (ALMEIDA, 2007).
183
(desenvolvimento direto), mas são menores. Outros insetos, no entanto,
apresentam-se bastante diferentes na fase jovem e na fase adulta, o que
indica que eles passam por metamorfose (desenvolvimento indireto).
A metamorfose pode ser incompleta ou completa. Na metamorfose
incompleta, também chamada de gradual, os insetos possuem
características semelhantes às do adulto e tornam-se mais parecidos a
cada muda. No caso dos gafanhotos, por exemplo, na fase jovem, eles não
apresentam asas e seus órgãos reprodutivos não estão desenvolvidos. O
estágio imaturo recebe o nome de ninfa, quando o organismo é terrestre,
e náiade, quando aquático.
Existe ainda a metamorfose completa, que ocorre em insetos que
possuem um estágio jovem bastante diferente do adulto. Esse é o caso da
borboleta, que apresenta as seguintes fases de desenvolvimento: ovo,
lagarta, pupa e borboleta.
Insetos que apresentam desenvolvimento direto são chamados
de ametábolos. Aqueles que apresentam desenvolvimento indireto e
metamorfose incompleta são chamados de hemimetábolos. Por fim,
temos aqueles que apresentam desenvolvimento indireto com
metamorfose completa: os holometábolos.
CRUSTÁCEOS
Os crustáceos formam um grupo de animais que pertencem ao filo
Arthropoda e, por isso, apresentam características típicas desse filo, como
presença de exoesqueleto, pernas articuladas e corpo segmentado. O
subfilo Crustacea (crusta = crosta) possui esse nome porque seu
exoesqueleto está impregnado de carbonato de cálcio, o que garante uma
proteção superior quando comparados a outros artrópodes.
Como representantes dos crustáceos, grupo que apresenta mais de
60.000 espécies, podemos citar os caranguejos, camarões, lagostins,
lagostas e tatuzinhos-de-jardim. Percebe-se, portanto, que, em sua
184
maioria, são grupos encontrados no ambiente aquático, mas também há
espécies terrestres.
Os crustáceos apresentam uma grande variedade morfológica, sendo
considerados um dos grupos mais diversificados. O menor crustáceo
apresenta cerca de 100 µm, e os maiores, como o caranguejo-aranha do
Japão, apresentam até 4 m de abertura de pernas.
Características gerais
Os crustáceos possuem simetria bilateral e corpo dividido em cefalotórax
e abdome ou, ainda, cabeça, tórax e abdome. Como dito,
seu exoesqueleto é formado por quitina e também carbonato de cálcio, o
que aumenta a resistência da estrutura.
Apresentam dois pares de antenas na cabeça, o que é uma característica
única nos artrópodes, que geralmente apresentam apenas um par.
Também possuem um par de mandíbulas, comumente cobrindo a boca,
e dois pares de maxilas.
185
O sistema nervoso é formado por cérebro, cordões nervosos e gânglios.
Possuem ocelos ou olhos compostos. Esses últimos, muitas vezes, estão
presentes em pedúnculos móveis e são encontrados na maioria dos
adultos. O tubo digestivo desses animais é completo, e a excreção ocorre
por glândulas maxilares ou antenais, sacos cegos que se abrem nas
maxilas ou antenas, respectivamente.
Os crustáceos geralmente são dioicos, ou seja, apresentam sexos
separados, mas existem espécies hermafroditas, como as cracas.
A fecundação é interna – normalmente com cópula – e o
desenvolvimento é geralmente indireto (com estágio larval). Entretanto,
existem espécies com desenvolvimento direto (sem estágio larval).
METAMORFOSE
186
Podemos definir metamorfose como as modificações perceptíveis na
anatomia dos seres vivos durante seu ciclo de vida. Isso quer dizer que o
organismo nasce com uma forma e sofre grandes modificações em seu
corpo durante seu desenvolvimento, tornando-se completamente
diferente na fase adulta. Isso pode ser percebido nasrãs, por exemplo, que
apresentam o girino na sua fase juvenil; ou ainda as borboletas, que são
lagartas quando nascem (ALMEIDA, 2007).
Dizemos que organismos que realizam metamorfose apresentam
desenvolvimento indireto. Já os organismos, como os seres humanos, que
não possuem grandes modificações corpóreas durante seu ciclo de vida
apresentam o que chamamos de desenvolvimento direto.
187
EXERCÍCIOS DE AUTO-AVALIAÇÃO
4. Com base nas cetas faça ligações das classificações de classes dos
equinodermos com os respectivos exemplos:
Classe Exemplos
Echinoidea Serpentes-do-mar.
Ophiuroidea Ouriço-do-mar e bolachas-da-praia
Crinoidea Lírios-do-mar.
Holothuroidea Estrelas-do-mar.
Asteroidea Pepinos-do-mar.
188
Sumário
189
UNIDADE Temática 6.3. EXERCÍCIOS deste tema.
190
b) Metamorfose nula: é o estágio dos organismos, como os seres humanos,
que não possuem grandes modificações corpóreas durante seu ciclo de
vida.
c) Metamorfose incompleta: nesse tipo de metamorfose, a mudança nos
organismos é gradual.
d) As opções a) e c) estão correctas.
5. Quais dos seguintes animais abaixo possui um corpo dividido em cabeça, tórax
e abdome:
a) Formiga.
b) Gafanhoto.
c) Aranha.
d) As opções a) e b).
191
10. Nas frases abaixo coloque V nas afirmações Verdadeiras e F nas afirmações
Falsas.
a) A zoologia dos vertebrados é responsável pelo estudo dos animais que
não possuem espinha dorsal e caixa craniana
b) Os poríferos classificam-se em três classes principiais: Calcarea,
Desmospongiae e Hexactinellidae.
c) Os peixes são animais que vivem apenas em ambientes aquáticos e
representam o maior grupo de vertebrados que existe.
d) A água que entra pelo corpo do porífero leva para fora do corpo os
produtos resultantes da actividade celular, tais como gás carbônico e
excretas.
192
TEMA – VII: ECOLOGIA E AMBIENTE DE MOÇAMBIQUE
Introdução
193
INFLUÊNCIAS AMBIENTAIS NA QUALIDADE DE VIDA EM MOÇAMBIQUE
194
Reconhecendo a importância da preservação do ambiente, o Programa do
Governo “Plano de Ação para a Redução da Pobreza” (PARPA, 2004)
dedica um papel proeminente ao ambiente onde a agricultura, turismo e
águas são identificados como áreas ambientais prioritárias no
desenvolvimento de diversos setores.
Aspectos Geo-políticos
Durante mais de 16 anos Moçambique foi abalado por uma guerra civil
que terminou em 1992. Esta situação, aliada às condições geográfico-
climáticas com observância de factores adversos tais como secas
periódicas severas no sul do país e cheias principalmente ao Norte, mas
também atingindo zonas normalmente afetadas por secas (MICOA 1998),
fez com que as Nações Unidas no seu relatório de 1992 sobre
Moçambique, considerar o Ser Humano a espécie mais ameaçada no país
(Encyclopedia of the Nations, 2008b).
Agricultura
Sendo o setor agrário caracterizado pela agricultura familiar, como
principal meio de sustento, as actividades agrícolas dependem em grande
parte da agricultura de sequeiro (Instituo Nacional de Estatística, 2007). A
agricultura de subsistência por pequenos agricultores, apresenta em
muitos casos, práticas inadequadas de preparo do solo. Stewart e Robison
(1997) reportam práticas inapropriadas de uso de terras para actividades
agrícolas envolvendo o corte e a queima, as quais resultam na degradação
de solos, florestas e perda de habitat.
De acordo com Encyclopedia of the Nations (2008c), um dos maiores
problemas ambientais inclui a perda de 70% das florestas do país. Para
fazer face a esta situação foram lançados no país, projetos de
reflorestamento envolvendo basicamente o plantio de coníferas e
eucaliptos.
195
Não sendo a erosão um problema geral, em alguns locais, no entanto, é
considerada séria, tais como em Angónia na província de Tete, com mais
de 1000 mm de precipitação anual em média, encostas com declives
acentuados e muito gado. Nas encostas declivosas do oeste da província
do Maputo e Gaza o risco de erosão é alto (MOYO et al., 1993).
O desmatamento tem levado a população a aumentar as distâncias para
colheita de lenha chegando a atingir 6 km de caminhada; a lenha é
transportada para a capital Maputo a distâncias de mais de 50 km (MOYO
et al., 1993). Estes autores referiram que um dos ecossistemas mais
afetados é o mangal, particularmente a espécie Rhizophora mucronata
Lam, a qual entre 1973 e 1993 sofreu remoção em 7,7%, com
conseqüências para a estabilidade das dunas. A degradação das florestas e
escassez deste recurso é mais acentuada nas zonas peri-urbanas, as quais
necessitam de monitoramento.
Pescas
Moçambique possui uma linha costeira de cerca de 2.770 km, com
abundância de recursos marinhos, fonte importante de alimento e
rendimento. Têm sido reportados métodos de pesca não recomendados
tais como o uso de redes de arrasto, o que contribui para a destruição
196
desses recursos marinhos com consequências negativas no balanço das
espécies (BANDEIRA, 2007).
Citando Obura (2004) apud Bandeira (2007) referiu que o fenómeno “El
Niño” já causou avultado e severo branqueamento dos recifes de corais
no Oceano Índico com impactos nos recifes.
Indústria
O grau de industrialização em Moçambique é ainda baixo podendo ser
considerável desprezível no geral, mas severa em áreas localizadas como
ao redor de grandes cidades, tais como Maputo, Beira e Matola. Nestes
casos a poluição pode ser resultado do efeito combinado, entre outros, de
equipamentos obsoletos e sistemas tecnológicos e fraca regulação para
proteção da população contra resíduos perigosos em alguns casos (MOYO
et. al., 1993). Estes autores afirmam desconhecer a magnitude do
problema tal como por exemplo o efeito da fábrica de cimento o qual
enfrenta dificuldades de sistemas de filtragem.
De acordo com Moyo et al. (1993) e Massinga & Hatton (1997) na área de
Maputo e Matola, ao sul do país, existem pelo menos 126 indústrias
incluindo uma destiladora para produção de cerveja, uma fábrica de pneus
e fábrica de papel, algumas das fábricas mais importantes fazem as
descargas na baía do Maputo com consequência no aumento da poluição
da baía.
Moçambique é caracterizado por possuir vários rios permanentes, os
quais atravessam o país, tais como os rios Rovuma e Lúrio ao norte,
Zambeze e Púngue na região central e rio Save, Limpopo e Incomáti ao sul.
O país possui cerca de 100 km3 de recursos hídricos renováveis, sendo o
uso destes recursos de 9% para o consumo doméstico, 2% no setor
industrial, e 89% para a agricultura, conforme indica Encyclopedia of the
Nations (2008d).
197
0,3 mg/kg do peso hhhúmidao em sedimentos e os maiores registos de
cadmium na água de 0,63 μg/l e cobre na ordem dos 32 μg/l. A barragem
de Cahora Bassa construída em 1966, é reportada como estando a ter
como consequência a modificação, a juzante de habitat de mangais.
Mineração
Um dos maiores recursos que o país possui inclui a abundância de energia
barata proveniente de minas de carvão. Apesar de grande potencial em
recursos minerais, o país desenvolveu pouca actividade de mineração. A
exploração e utilização dessa energia é considerada ineficiente devido ao
facto de a maior parte desses recursos permanecer inexplorada, com
consequências nefastas ao ambiente (Encyclopedia of the Nations
(2008e).
Os efeitos ambientais principais resultantes desta actividade incluem a
poluição da água, infertilidade da terra, desflorestação, poluição do ar em
198
áreas populosas e mudanças no equilíbrio de alguns ecossistemas (MOYO
et al., 1993). Os maiores problemas de poluição atmosférica resultante da
mineração em Moçambique poderão ocorrer nas minas de carvão de
Moatize se medidas de protecção não forem devidamente tomadas pois
poluentes como o dióxido de enxofre, óxidos de nitrogénio e monóxido de
carbono podem constituir perigo de saúde para as populações vizinhas.
Segundo Smirnov et al. (2002) e Queface et al. (2003) o conteúdo de
aerosol no leste da baía do Maputo indica a existência de poluição pelo
enxofre principalmente proveniente das minas de carvão ao norte da
África do Sul. Estes autores acrescentam que o valor da espessura do
aerosol óptico medido na Inhaca ao sul de Moçambique atingiu médias
superiores a 0,26 o que constitui um valor acima do normal tendo
concluído que essa poluição pode depois ser levada ao oceano com
efeitos nos organismos marinhos.
Queimadas descontroladas
Tyson et al. (1996) e Swap et al. (2002) constataram que o interesse
regional no monitoramento dos aerosóis na região Austral e África
aumentaram devido ao reconhecimento de padrões de re-circulação em
larga escala dos aerossóis no subcontinente e também devido à existência
de camadas estáveis que segundo Cosijn & Tyson (1996) resultam na
acumulação de uma camada substancial de aerossóis no subcontinente.
Queface (2003) observou um aumento significativo de conteúdos de
aerosol sobre a região da Inhaca, ao sul de Moçambique durante os meses
de agosto a outubro, período da estação seca e de maior ocorrência de
queimadas descontroladas sugerindo que a biomassa queimada
representa uma forte contribuição no conteúdo em aerosol.
Cumbane (2003) e Schwela (2007) apontam as queimadas descontroladas
nas zonas rurais principalmente na região norte e centro do país, como
uma das fontes principais de emissões de poluentes do ar para a
atmosfera causando poluição do ar. Cumbane (2003) referiu que a
medição de poluição do ar iniciou em 1996, observando que a queima de
biomassa era a principal fonte de partículas (aerosol) na atmosfera
seguida de actividades industriais.
Saúde
O estado de saúde da população moçambicana é fortemente influenciado
pelas condições sócio-econômicas e ambientais, entre eles o
analfabetismo (especialmente entre as mulheres), má nutrição, habitação
em precárias condições e difícil acesso à água potável (apenas 50% da
população tem acesso à água potável). Além disso, o elevado nível de
degradação do meio ambiente especialmente nas zonas urbanas e
periurbanas, associado ao alto nível de pobreza são determinantes para o
quadro epidemiológico de doenças infecciosas e parasitárias, atingindo os
199
mais vulneráveis (mulheres e as crianças) com altas taxas de mortalidade
infantil e materna (WHO, 2004).
Observa-se grandes disparidades entre as zonas rurais e urbanas,
conforme verificado na taxa de mortalidade materna e de menores de
cinco anos que é de 39% mais altas nas zonas rurais que nas urbanas
(WHO, 2004). Os indicadores de saúde infantil em menores de cinco anos
demonstram que a taxa de mortalidade passou de 207 para 1.000
nascidos vivos em 1997 para 153 em 2003 (PARPA, 2004). Em inquérito
realizado constatou-se redução da prevalência da subnutrição entre 1996
e 2003, e a necessidade de acesso aos serviços sociais básicos, falta de
unidades de saúde próxima da residência, transporte de pacientes
doentes e falta de pessoal entre outros. O PARPA (2004) relata ainda que
as estatísticas indicam que o índice de desnutrição crônica é de 41% nas
crianças menores de cinco anos.
Conforme a Organização Mundial da saúde (2004) os principais problemas
de saúde pública em Moçambique são a malária, o HIV/AIDS, tuberculose,
diarréias, infecções respiratórias e o sarampo.
Malária
A malária é uma doença parasitária causada por um protozoário parasita
do gênero Plasmodium, transmitida pela picada do mosquito Anopheles a
maior causa de morbimortalidade, constituindo cerca de 40% das
consultas. As comunidades rurais e pobres são as que mais sofrem com a
doença pela falta de conhecimento e medidas de prevenção, sua elevada
taxa de transmissão e difícil acesso aos serviços de Saúde, levando a morte
entre 3,9% e 6,2% da população infantil e adulta, respectivamente (WHO,
2004).
Esta é uma das mais comuns e sérias doenças tropicais, é endêmica em
todo o país, nas áreas onde o clima favorece a sua transmissão ao longo
de todo o ano, atingindo o seu ponto mais alto após a época chuvosa
(dezembro a abril). A intensidade da transmissão varia de ano a ano e de
região a região, dependendo da precipitação, altitude e temperaturas.
Algumas áreas secas do país são tidas como propensas à epidemia, há
esperança é de que até 2011 a vacina contra a malária já esteja disponível
e salvando vidas (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2008).
HIV/AIDS
O número de casos notificados de HIV tem aumentado de ano a ano
devido a expansão dos ambulatórios de testagem e a formação de mais
quadros em matéria de aconselhamento e testagem em saúde, entre 2003
a 2006 a notificação aumentou em 80% e a taxa de HIV/AIDS indicam que
1,4 milhão de indivíduos moçambicanos ou 16% da população entre 15 e
49 anos é soropositiva, destes 57% é do sexo feminino, 36% é sexo
masculino e 6,2% são crianças (PARPA A taxa de transmissão é de 500
200
novas infecções diariamente, está previsto que cerca de 800.000 mortes
ocorrerão entre 2004 e 2010 para doentes de AIDS e doenças relacionadas
e isto resultará em um número significativo de órfãos vivendo em famílias
substitutas, estes enfrentarão sérios problemas de acesso à educação,
pois, são discriminados em termos de acesso aos recursos da família com
que vivem (NHATE et al. 2005).O difícil acesso aos recursos, torna ai mais
limitante a possibilidade de quebra do ciclo vicioso da pobreza,
discriminação de gênero e violência infantil.
Tuberculose
A tuberculose é uma doença infecciosa documentada desde mais longa
data e que continua a afligir a Humanidade nos dias atuais. Estima-se que
sua bactéria causadora tenha evoluído há 15.000 ou 20.000 anos, a partir
de outras bactérias do gênero Mycobacterium, é uma importante causa de
morbimortalidade em Moçambique e tem constituído na primeira causa
de internação hospitalar em zonas rurais (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2008).
A epidemia do HIV tem contribuído para o aumento do número de casos,
tendo em vista que 30% dos registros estão associados. Segundo os dados
avançados pela OMS, 49% dos doentes adultos de tuberculose são
portadores do HIV/AIDS, havendo locais, no país, onde este índice atinge
os 70%. (WHO, 2004).
Hanseníase
A hanseníase uma doença infecciosa que afeta a pele e nervos periféricos,
mas tem uma ampla gama de possíveis manifestações clínicas.
Moçambique é o país com a mais elevada taxa de prevalência de
hanseníase da África e faz parte dos seis países mais afetados pela doença.
No mundo sua taxa de prevalência atual (final do 1º trimestre de 2007), é
de 1,4 por 10.000 habitantes. O Ministério da Saúde (2008) trabalha para
melhorar a busca ativa dos casos suspeitos e realizar o acompanhamento
do tratamento desta que tem afetado principalmente as regiões norte e
centro de Moçambique, tal doença está associada a factores
socioeconômicos e a pobreza (WHO, 2004).
Cólera
O agente causal, o Vibrião cholerae, apareceu pela primeira vez em
Moçambique em 1973, na cidade de Maputo, propagando-se pelo pais
durante as últimas décadas influenciado por uma série de factores tais
como o crescimento populacional urbano descontrolado, condições
higiênicosanitárias de má qualidade, comercialização de produtos
alimentares sem a devido controle sanitário e a seca (ARAGON, 1996).
201
Saneamento e Poluição
O acesso à água potável e ao serviço de saneamento básico constitui um
dos elementos geradores de qualidade de vida e da saúde das pessoas. A
carência deste serviço é representada pela taxa de mortalidade infantil,
sendo em sua maioria causadas por malária, diarréia e cólera (INE, 2004).
Além disso, devido a localização geográfica e a degradação ambiental,
Moçambique está vulnerável a catástrofes naturais como ciclones, secas e
cheias o que aumenta o risco de doenças com impactos negativos no bem
estar social (MOYO et al. 1993).
A principal legislação que regula questões da poluição do ar é a Lei
Ambiental, a avaliação do Impacto Ambiental e Regulamentar de Saúde e
Segurança, outras leis em preparação incluem os Padrões Industriais e
Ambientais de Emissão e o Regulamento de Auditoria e Inspeção
Ambiental (MORGADO, 2003).
Educação e cultura
Um dos factores que contribuem para a desigualdade entre gêneros em
Moçambique tem caráter sócio-cultural, econômico, religioso e étnico. E
para tentar diminuir estes o Ministério da Saúde tem investido na
formação de pessoal e de um estudo sobre gênero com o intuito de
reduzir as desigualdades existentes (WHO, 2004).
Conforme o PARPA (2004) Moçambique pretende reduzir a taxa de
analfabetismo em 10% entre 2006 e 2009 com a alfabetização de 1,5
milhão de pessoas, destas 70% mulheres, por meio de programas de
educacional não formais em rádios, televisão e educação presencial. Um
dos objectivos do PARPA é assegurar a manutenção do equilíbrio
ambiental em todo o território nacional incluindo as áreas onde decorrem
os novos projetos de actividades de qualquer natureza. Melhorar a
cobertura do abastecimento de água e saneamento nas zonas rurais.
Nas zonas urbanas onde a densidade populacional é mais expressiva a
degradação ambiental pode contribuir para o aumento dos problemas de
saúde da família. As doenças endêmicas como malária e a cólera são
conseqüências diretas das condições precárias de drenagem e
saneamento, gestão de resíduos sólidos e abastecimento de água. O
desenvolvimento integrado do território poderá conter a proliferação de
aglomerados informais nos arredores dos centros urbanos, os quais
representam um atentado à saúde pública, bem estar social e
biodiversidade (PARPA, 2004).
As grandes prioridades ambientais de Moçambique são: saneamento
básico, ordenamento territorial, prevenção da degradação do solo, gestão
dos recursos naturais incluindo controle das queimadas, educação
ambiental, redução da poluição do ar, solo, água, prevenção e redução
dos efeitos das calamidades naturais.
202
Sumário
203
EXERCÍCIOS DE AUTO-AVALIAÇÃO
1. Durante mais de 16 anos Moçambique foi abalado por uma guerra civil que
terminou em 1992.
a) Segundo a União Internacional para Conservação da Natureza, alguns
recursos naturais em Moçambique, são propriedade do Estado e outros
pertencem a população local.
b) A principal legislação que governa o manejo dos recursos naturais em
relação à conservação da terra, solos e áreas marinhas, de modo que o
usuário se obriga a adoptar medidas para sua conservação é a Lei de
Terra.
c) Segundo a IUCN, os recursos naturais, na sua totalidade em
Moçambique, são propriedade do Estado, determinando as condições
do seu uso.
d) As opções b) e c) estão correctas.
204
4. O estado de saúde da população moçambicana é fortemente influenciado pelas
condições sócio-econômicas e ambientais, entre eles:
a) O analfabetismo, má nutrição, habitação em precárias condições e difícil
acesso à água potável.
b) As elevadas taxas de infecções de HIV/Sida quer nas regiões urbanas,
bem como nas regiões rurais do territorio nacional.
c) As respostas a) e b) estão correctas.
d) As respostas a) e b) estão erradas.
205
UNIDADE Temática 7.2. EXERCÍCIOS deste tema.
206
5. Os problemas ambientais encontrados em Moçambique estão ligados a factores
sociais, culturais e principalmente econômicos. A explorração irregular dos
recursos florestais numa zona de conservação é considerada como sendo:
a) Um factor social.
b) Um factor cultural.
c) Um factor econômico.
d) Todas respostas estão correctas.
9. Moçambique possui uma linha costeira de cerca de 2.770 km, com abundância
de recursos marinhos, fonte importante de alimento e rendimento. Têm sido
verificados consequências negativas no balanço das espécies devido:
a) O uso de redes de arrasto.
b) Falta de conscientização nos pescadores.
c) Fraca conscientização nos pescadores.
d) Todas as respostas anteriores estão correctas.
207
Moçambique, considerar o Ser Humano a espécie mais ameaçada no
país.
c) O exôdo rural, trouxe pressão sobre a utilização dos recursos naturais e
consequências nefastas para o ambiente e sua degradação, incluindo a
desertificação, poluição das águas superficiais e costeiras.
d) Todas as respostas anteriores estão correctas.
208
Exercícios de Avaliação
209
Respostas dos Exercicíos de Auto-avaliação
Exercícios de Auto-avaliação
Unidade Temática 1.1 Unidade Temática 1.2 Unidade Temátiva 1.3
1. a) (V); b) (V); c) (F) 1. c) 1. d)
2. b) 2. c) 2. b)
3. c) 3. b) 3. d)
4. c) 4. a) 4. c)
5. b) 5. b) 5. b).
210
Respostas dos Exercicíos das Unidades Temáticas
Unidades Temáticas
Exercicíos do Tema I Exercicíos do Tema II Exercicíos do Tema III
1. d) 1. c) 1. a)
2. c) 2. a) 2. d)
3. d) 3. d) 3. b)
4. d) 4. b) 4. a)
5. a) (F); b) (V); c) 5. d) 5. b)
(V); d) (F); e) (F). 6. d) 6. d)
6. 1. a); 2. d); 3. b); 7. a) (V); b) (F); c) (V). 7. a)
4. a); 5. b); 6. c). 8. d) 8. d)
7. d) 9. c) 9. b)
8. d) 10. c). 10. d).
9. d)
10. d).
Exercicíos do Tema IV Exercicíos do Tema V Exercicíos do Tema VI
1. 1 – 3; 2 – 2; 3 – 1. 1. a) 1. b)
2. c) 2. c) 2. c)
3. a) 3. d) 3. d)
4. b) 4. c) 4. d)
5. d) 5. d) 5. d)
6. a) 6. d) 6. a).
7. d) 7. a) 7. a) (V); b) (V); c) (F); d) (V)
8. d) 8. b) 8. c)
9. a) 9. d) 9. d)
10. b). 10. d). 10. a) (F); a) (V); c) (V); d) (V)
Exercicíos do Tema VII
1. d)
2. d)
3. d)
4. d)
5. c)
6. d)
7. a)
8. b)
9. a)
10. c).
211
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