A Prisão de Oliveiros
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LEANDRO GOMES DE BARROS
Props Filhas de J o s é Bernardo da Silva
levaram os prisioneiros
so almirante Balao
Assim mesmo se Oliveiros
não tivesse desmontado
alem disso, desarmado
ele e todos companheiros
se dois ou três cavalheiros
os tivessem socorrido
com boas armas os munido
o combate iria avante
o povo do almirante
nãooosteria prendido
Porem a luta era horrenda
e os cavalheiros poucos -
os turcos como uns loucos
davam batalha tremenda
naquela infeliz contenda
Olivveiros tropeçou
num cadáver que encontrou
quando dez turcos chegaram
as mãos atrás lha amarraram
ele sem ação ficou
Os turcos esfaimados
pelo sangue da Olíveiros
vendo os 5 cavalheiros
em seu poder escoltados
sairam recompensados
por aquela heróica ação
julgavam pagar a prisão .
do herói rei dos guerreiros
o maior dos cavalheiros
do almirante Balão
E seguiram os cavalheiros
cruelmente maltratados
levando os olhos tapados
o grande e nobre Oliveiros
os outros prisioneiros
oora as mãos atada« atrás
correndo a tudo e a mala
ao almirante Balão
para vinger a prisão
de siect filho Ferrabraz
E naquela multidão
levando-os prisioneiros
entregou oe cavalheiros
ao almirante Balão
ele lá C O Í B O um leão
em desesperos fatais
igualmente a satanás
no dia que o céu perdeu
disse: desses quem venceu
o wea filho Ferrabraz?
Disse üin dos exaltados
examinando primeiro:
é aquele cavalheiro
que traz 09 olhos vendados
estes einco eelerados
é òuetoso ds oa vencer
é escusado dizar
da forma qu'ela® lutaram
9 dez mii vidas custaras?
para poder o prender
O rôi fez uma mudança
perguntou a Olíveiros
ee eles eram cavalheiros
dos 12 pares de França
Oliveiros sem tardança
disse: nós somos soldados
muito pouco exercitados
somos todos de Lorenda
para a primeira contenda
agora fcmes chamados
Ordenou o almirante
que para o campo os levassem
e todos cinco matassem
por um meio agonizante
ali lhe disse Burlante:
meu plano não é capaz
creio que lucravas mais
mandar por dois mensageiros
trocar esses cavalheiros
por teu filho Ferrabraz
O almirante Balão
acho bom o parecer
deu ordem a recolher
os cavalheiros à prisão
num cárcere da escuridão
onde m a t a v a os tiranos
os turcos bárbaros, profanos;
os puseram em enxovia
aonde o curso de um dia
parecia dez mil anos
Esse cárcere agonizante
prisão asquerosa e fria
encostada à moradia
da filha do almirante
cuja alma interessante
dava ao mundo u'a esperança
conservava na lembrança
Idéia pura e risonha
amava Guy de Borgonha
umcavalheirode França
Amava ela o vassalo
do imperador francês
que vendo a primeira vez
não pode deixar de amá-lo
quando ele entrou a cavalo
emRoma, numa corrida
deixou-a surpreendida
o toque de uma paixão
deu a ela o coração
arriscando a própria vida
Floripes não conhecia
como o amor tem poder
logo aí pode saber
quando ele tem energia
sendo ela da Turquia
seu pai era um rei pagão
não tinha religião
era um perigo profundo
por todo ouro do mundo
não dava ela a um cristão
Oliveiros recolhido
naquele horrivel tormento
o seu maior sofrimento
e r a o corpo está ferido
ele exclamava sentido:
meuDeus, olhai pra mim
não devo viver assim
de lá da eternidade
mandai com mais brevidade
a morte trazer meu fim!
Antes tivesse eu morrido
pelas mãos de Ferrabraz
o guerreiro mais capaz
dos que a Turquia tem tido
outro igual não foi nascido
se nasceu, não foi criado
guerreiro nobre e honrado
espada que vale um porto
se ele tivesse-me morto
Floripes então pode ouvir
Oliveiros exclamar
desceu e foi indagar
quem estava a se concluir
diz Brutamonte a sorrir:
aquele é um dos tais
do povo de satanás
que tanto nos ofendeu
está até o que venceu
o vosso iraafio Ferrabraz
—Abra a porta da prisão
(disse ela ao c a r c e r e i r o )
quero ver o cavalheiro
que faz essa exclamação...
disse Brutamente: não;
isso eu não posso fazer
sob pena de morrer
teu pai me recomendou
pessoalmente ordenou
não deixasse alguém o ver
— Abre esta porta, vilão!
Floripes lhe replicou
quando o turco se abaixou
para abrir o alçapão
ela meteu-lhe um bastão
deixando-o morto por terra
dizendo: neste se encerra
um de mais plano formado
matei o mais desgraçado
que vinha me fazer guerra
Tudo assustado ficou
daquela ação qu'ela fez
e ela por sua vez
daquilo não se alterou
com toda calma falou
a todos prisioneiros
perguntou a Oliveiros
quem era que estava ali
um deles lhe disse: aqui
somos cinco cavalheiros
Ela com fala bem mansa
perguntou a Oliveiros:
qaera são esses cavalheiros?
— Somos naturais de França
que estamos sem esperança
de sair desta prisão;
ela perguntou: então
de vós quem batalha deu
e nessa luta venceu
a Ferrabraz meu irmão?
— Fui eu; lhe disse Oliveiros
numa batalha leal
que tendo sangue real
fiz como os nobres guerreiros
a hoste dos cavalheiros
quis fazer de mim pagão
eu sem vileza e traição
lutei, ele foi vencido
e hoje está convertido
batizou-se e é cristão
Floripes então perguntou
ao povo do almirante
Os pares ali avançaram
servindo-se das espadas
doze azêmolas carregadas
dos inimigos tornaram
maia de mil turcos mataram
numa batalha medonha
como não há quem suponha
que houvesse tal mortandade
por uma casualidade
prenderam Guy de Borgonha
O almirante Bolão
mandou que o algemasse
de manhã o enforcasse
perante a população
transpassava o coração
ver Floripes tão formosa
aos pés dos pares chorosa
dizer: Roldão valoroso
vai resgatar meu esposo
duma morte tão penosa!
Foram oito cavalheiros
Roldão foi na dianteira
Posimnumacostaneira
na retaguarda, Oliveiros;
com dezoito mil guerreiros
o preso vinha escoltado
porem Roldão a Ricardo
entre os maiores perigos
tomaram-no dos inimigos
antes de serem enforcados
Os pares nessa agonia
j á quase sem esperança
e Carlos Magno na França
• de nada disso sabia
disse Oliveiros que ia
a Carlos Magno avisar
para, vir auxiliar
naquele grande perigo
disse o duque: meu amigo
eu irei em seu lugar
Ricarte por derradeiro
disse aos outros: vou sozinho
se eu morrer deixo 1 filhinho
que há de ser bom cavalheiro
se eu morrer morre 1 guerreiro
não tem o que admirar
não morrendo, hei de chegar
o almirante se apronte;
disse Roldão: mas a ponte
como tu hás de passar?
Disse Ricarte; parece
que no horror mais profundo
ao homem no meio do mundo
Deus em pessoa aparece
sobe a morte a vida desce
e ali não há quem vá
fiquem descansados cá
embora perigo encontre
porem passo pela ponte
ou fica o cadáver lá
De madrugada saiu
em bom cavalo montado
de lança e espada armado
dos outros se despediu
um exército turco o viu
e tomou-lhe logo a frente
mas o guerreiro valente
ali não teve receio
e do reforço que veio
quase que não fica gente
\
E Floripes soluçando
a Carlos Magno abraçou
uma dama desmaiou
e caiu-lhe aos pés chorando
Carlos Magno as consolando
porem de nada sabia
porque todos da Turquia
botaram nos corações
de Carlos Msgno as ações
a todo mundo prendia
--FIM-