Livro Costurando Contos e Amarrando Pontos Ebook Ok 1
Livro Costurando Contos e Amarrando Pontos Ebook Ok 1
Livro Costurando Contos e Amarrando Pontos Ebook Ok 1
AMARRANDO PONTOS:
tecendo o Piauí pelo
imaginário popular
Ana Carolina Landim Pacheco
Simone Vieira Batista
Suzana Gomes Lopes
Tamaris Gimenez Pinheiro
Organizadoras
COSTURANDO CONTOS E
AMARRANDO PONTOS:
tecendo o Piauí pelo
imaginário popular
2017
Reitor
Prof. Dr. José Arimatéia Dantas Lopes
Vice-Reitora
Profª. Drª. Nadir do Nascimento Nogueira
Superintendente de Comunicação
Profª. Drª. Jacqueline Lima Dourado
© Ana Carolina Landim Pacheco • Simone Vieira Batista • Suzana Gomes Lopes • Tamaris Gimenez Pinheiro
1ª edição: 2017
Apoio Revisor
,
Gardner de Andrade Arrais
Universidade Federal do Piauí campus Senador
Helvídio Nunes de Barros – UFPI/CSHNB Editoração
Curso de Licenciatura em Educação do Campo
Ciências da Natureza – UFPI/CSHNB
, Francisco Antonio Machado Araujo
/ Ana Carolina Landim Pacheco, Simone Vieira Batista, Suzana Gomes Lopes,
Tamaris Gimenez Pinheiro, organizadores. – Teresina: EDUFPI, 2017.
E-Book. 53 módulos
ISBN: 978-85-509-0203-6
CDD: 981.22
Bibliotecária Responsável:
Nayla Kedma de Carvalho Santos CRB 3ª Região/1188
Autores
ADEVÂNIO ANTÔNIO DE BRITO KEITYLLE ELLEN RAMOS VELOSO
AILTON DE PAULA SILVA KIRISSON JOSÉ DE ARAÚJO
ALINE DE SOUSA PEREIRA LUCAS DE HOLANDA MONTEIRO
ALMILENA MARTHA BATISTA SOUSA LUIZA EVA DE SOUSA SANTOS VIEIRA
ALZENEIDE GRACILIANA DOS SANTOS MARGARETH COSTA COELHO DE LAVÔR
BEZERRA MARIA APARECIDA DE LIMA
ANA JÉSSICA ALVES COSMO MARIA DA CRUZ MENEZES DE LIMA
CAROLINE LUCENA DE SOUSA MARIA DO AMPARO REIS
CHIRLEY SILVA DOS SANTOS MARIA DO SOCORRO LUZ
CLARISSE DE CARVALHO VELOSO MARIA GORETE MENESES DA SILVA
EDILENE DE MOURA LEAL SOUSA MARIA JOANA DA SILVA
ELBA DE MOURA VELOSO MARIA NEUMA FLORENTINO
ELCIMARA DE SÁ ALVES MARIA VALDEANA DE BRITO
ELIVESTE FIRMINA DA CONCEIÇÃO MARIA VITÓRIA DE CARVALHO VELOSO
VELOSO MARILENA DOS REIS COSTA
ÉRIKA ROBERTA DE ARAÚJO LEÃO MARINÍZIA WELMA MENESES DA SILVA
FABIANA JOSEFA DE SOUSA MATEUS LEAL DA SILVA
FELICIANA DE CARVALHO SILVA MIRIAM DE JESUS COSTA
FRANCISCA CARVALHO SANTOS NATIÉLIA BORGES LEAL
FRANCISCA MARIA DOS ANJOS NICAELE DA CONCEIÇÃO RAMOS
FRANCISCO DA COSTA SANTOS RAIANE HOLANDA DE SOUSA
GABRIELA SALES DE MOURA RITA DE CÁSSIA GONÇALVES
IDÊ DA COSTA XAVIER RODRIGUES SAMÁRIA DA SILVA
ISABEL MATILDE DE CARVALHO XAVIER SANDRA DA CONCEIÇÃO SALES LEITE
IVO FARIAS DE OLIVEIRA SINVALDO FRANCISCO DE SOUSA
JACQUELINE DOS SANTOS LUZ SUELLY SANTOS FEITOSA
JEAN FELIPE VIEIRA TAMIRES DE MOURA MATOS
JOSEFA ANDRÉIA DE CARVALHO TERESINHA DE JESUS SILVA
RODRIGUES VALTÂNIA MARIA DA SILVA
JOSELITA DA COSTA CARVALHO VANDERLÉIA SILVA SOUSA
JOSUENE DE CARVALHO SANTOS VANDIELA DE SOUSA SILVA
JUVANI JOSÉ DE CARVALHO VANEILSON JOSÉ DOS SANTOS
Sumário
Apresentação ..................................................................................09
PICOS.............................................................................................11
Os dois caçadores e o monte de dinheiro....................................15
Goró, a menina sapeca..............................................................18
Beleza não se põe à mesa........................................................ 21
Os caçadores e a furna..........................................................24
Vicente Melado.......................................................................28
O pé de oiticica casamenteiro.................................................. 32
A princesa e o peixe.................................................................36
Um lugar chamado Trindade................................................. 41
ITAINÓPOLIS ........................................................................56
As sete estrelas ......................................................................58
Umbuzeiro verdadeiro...............................................................61
MONSENHOR HIPÓLITO................................................... 64
Cachorrinho Benne..................................................................66
JAICÓS.......................................................................................69
Camões.....................................................................................71
ALAGOINHA DO PIAUÍ..................................................... 79
Negro santo..............................................................................81
Os bichinhos do Fulorêncio....................................................... 88
SUSSUAPARA...........................................................................91
Odilon e seu martelo desacunhado........................................... 93
PIO IX.........................................................................................96
Um forró pé de serra..............................................................98
PARNAÍBA............................................................................... 101
Viagem inesquecível ............................................................... 103
Apresentação
A
ideia de elaborar um livro composto por lendas, fábulas,
contos e causos piauienses foi sendo tecida durante os
encontros formativos do Programa de Iniciação à Docência
para a Diversidade – PIBID Diversidade – da Universidade Federal
do Piauí, campus Senador Helvídio Nunes de Barros, município de
Picos, Piauí. Um dos motivos foi a ausência de material paradidático
que possibilitasse um fazer docente contextualizado, interdisciplinar e
significativo, entremeado por conteúdos típicos do Semiárido piauiense
como a cultura, as tradições, a paisagem, os ofícios, as histórias
memorialísticas dos povos do campo, as festas, enfim, toda a vivacidade,
alegria e cor deste mosaico cultural chamado Piauí. Foi então que
começamos, coordenadores, bolsistas e supervisores do Programa, a cortar,
costurar e alinhavar ideias na e para a elaboração deste livro.
A princípio tínhamos um emaranhado de retalhos que aos poucos
foi se harmonizando, tal como no processo da confecção de uma colcha.
A primeira etapa deste processo foi coletar contos, causos, fábulas,
lendas típicas da região que não possuíam registro escrito. Em seguida
realizamos o composê de estampas com as histórias selecionadas. O processo
de tessitura seguiu com a ilustração, pesquisa de expressões piauienses,
Ana Carolina Landim Pacheco, Simone Vieira Batista, Suzana Gomes Lopes e Tamaris Gimenez Pinheiro
11
PICOS
PICOS
P
icos é o cenário das histórias “Os caçadores e o monte de
dinheiro” e “Goró, a menina sapeca”. Tem hoje 73.414
habitantes. O município se localiza a 309 km da capital
Teresina e é conhecida como “Cidade Modelo” e “Capital do Mel”. Tem
como principal característica social a mistura étnica, pois sua população
é formada por indivíduos das mais diversas partes do país.
Geograficamente é cortada pelo rio Guaribas, tendo a Caatinga
como principal bioma e clima tropical. Situa-se na região centro-
sul do Piauí. Está entre as 50 melhores cidades do interior para se
morar, segundo a Revista Exame. Essa característica aliada ao seu
posicionamento geográfico lhe confere a condição de polo comercial no
Piauí e até para outros estados, especialmente para combustíveis, serviços
e mel.
A cidade conta ainda com vários pontos turísticos como a Catedral
de Nossa Senhora dos Remédios; o Morro da Mariana, de onde se tem
uma vista panorâmica da cidade; Igreja do Sagrado Coração de Jesus,
que foi a primeira igreja da cidade de Picos; o Museu Ozildo Albano
com peças e gravuras que retratam a história da cidade; e a feira-livre
que é uma das maiores do Piauí e do Nordeste. Picos é rica culturalmente
em diversos aspectos, como danças folclóricas, escrita, música, artesanato,
cinema e teatro.
Entre os bairros mais importantes de Picos, encontra-se o Bairro
Ipueiras, onde aconteceu a história “Beleza não se põe à mesa”. A
origem do mesmo está atrelada à chegada da família Luz que há uns
Ana Carolina Landim Pacheco, Simone Vieira Batista, Suzana Gomes Lopes e Tamaris Gimenez Pinheiro
13
200 anos se estabeleceu naquele local. O bairro foi fundado por essa
família de origem espanhola, vinda da Bahia, que formou pequenos
povoados. Segundo o censo do IBGE (2010) a população do Bairro
Ipueiras é representada por 3.588 mil pessoas. No que diz respeito à
economia, vale ressaltar que o bairro passou por avanços significativos
que, apesar de estar em zona urbana, possui uma economia rural cujas
principais atividades econômicas são o plantio de milho, arroz, feijão,
entre outros cereais. Nos dias atuais essa realidade mudou e a maior
parte da população vive do comércio e outros são funcionários públicos.
Quanto aos atrativos paisagísticos destaca-se o Morro Quebra-Pescoço
(também conhecido como Morro da Santa Cruz), que pode ser observado
de vários ângulos, assemelhando-se a uma pirâmide arredondada, e no
topo existe uma cruz secular que foi fincada em meados do século XIX
por moradores e alguns missionários religiosos.
Uma prática que tem se tornado comum entre os ipueirenses é a
subida a esse morro no dia 03 de maio. Todos os anos, dezenas de pessoas
realizam a subida como forma de agradecer aos pedidos atendidos ou
simplesmente por devoção. A cultura ipueirense tem se destacado em
diversos segmentos e é representada por diversos artistas como Marcelo
Luz, Zé Armando, Fábio dos Teclados, Nataniel e Edimar Luz.
O povoado Cristovinho, onde aconteceram as histórias “Os caçadores
e a furna” e “Vicente Melado”, é uma localidade pertencente ao município
de Picos e tem seu nome, segundo os moradores locais, originado da
junção de duas palavras: “Cristo” e “vinho”. O povoado está localizado
a sete quilômetros do centro da cidade de Picos. Atualmente, existem
140 famílias, com aproximadamente 400 moradores, vivento em tal
localidade. Possui a agricultura familiar como atividade de subsistência.
Como atrativos paisagísticos existem o Purão, o Poço do Jacaré e uma
Ana Carolina Landim Pacheco, Simone Vieira Batista, Suzana Gomes Lopes e Tamaris Gimenez Pinheiro
15
OS DOIS CAÇADORES E O
MONTE DE DINHEIRO
OS DOIS CAÇADORES E O
MONTE DE DINHEIRO
U
m certo dia, Francisco e Tadeu foram caçar em uma
mata. Eles avistaram de longe um monte de dinheiro. À
medida que eles se aproximavam do dinheiro aumentava o
tamanho do sorriso.
– Eita! Não vou mais precisar trabalhar! Uhuuu! – pensavam os
caçadores empolgados.
– Como a gente leva esse monte de dinheiro para casa? A gente não
tem como carregar tudo isso – falou Tadeu.
– Vamos voltar lá na cidade e comprar um saco de estopa – falou
Francisco com os olhos esbugalhados ao ver tanto dinheiro.
– Combinado! – disseram os dois caçadores ao mesmo tempo.
– Mas quem vai ficar guardando todo esse dinheiro? E se passar
mais alguém por aqui? – indagou Tadeu.
– Vou lá na cidade comprar esse bendito saco e você fica aqui
guardando o dinheiro – disse Francisco.
Chegando à cidade, Francisco pensou:
– Vou dar um jeito para que esse dinheiro fique só para mim! Vou
passar na bodega do Zé, comprar uma cachaça e colocar veneno de rato.
Aí entrego ela para Tadeu, ele toma e morre, e eu fico com o dinheiro só
para mim.
Tadeu, enquanto vigiava o dinheiro, teve a mesma ideia:
– Vou dar um jeito para que esse dinheiro fique só para mim –
Ana Carolina Landim Pacheco, Simone Vieira Batista, Suzana Gomes Lopes e Tamaris Gimenez Pinheiro
17
Ana Carolina Landim Pacheco, Simone Vieira Batista, Suzana Gomes Lopes e Tamaris Gimenez Pinheiro
19
N
a cidade de Picos, em um bairro muito conhecido chamado
Junco, nasceu uma menina melequenta, magrinha, feia e
muito doente, nomeada carinhosamente pelo pai de Goró.
Por conta de sua saúde frágil os pais da menina não tinham descanso.
Senhor José lhe dava remédio, a balançava na rede, penteava seus
cabelos colocando laços de fita e cuidava da garota fazendo graça.
Goró para cá, Goró para lá. Senhor José só falava de sua preciosa
filha. O cuidado excessivo de seus pais fez com que a menina passasse
a ser uma criança saudável, mas também mimada, moleca e medonha.
Goró não parava de aprontar: quanto mais crescia, mais peraltice fazia!
Quando Goró se tornou uma mocinha era presença certa nos eventos da
região. Batizado, casamento, aniversário. Nem velório escapava!
Um belo dia, Goró se arrumou para ir a uma matinê no Parque
de Exposições da cidade de Picos. Vestiu seu vestido bordado azul da
cor do céu, colocou seu laço de fita mais bonito e calçou sua chinela
de couro trançada na perna. Goró chamou sua amiga Conceição para
acompanhá-la e lá se foram as duas pela estrada de chão batido.
No meio do caminho Goró observou dois jumentos amarrados em uma
mangueira. Como menina sapeca que era, não pensou duas vezes. Goró
montou no jumento e o pocotó começou! Conceição, pensando em não ficar
sozinha naquela estrada, pegou o outro jumento emprestado e começou
a cavalgar. Então, Goró e Conceição começaram a disparar em uma
corrida arretada; pocotó para lá, pocotó para cá! Só se via as barras
Ana Carolina Landim Pacheco, Simone Vieira Batista, Suzana Gomes Lopes e Tamaris Gimenez Pinheiro
21
BELEZA NÃO SE
PÕE À MESA
N
o bairro Ipueiras, no município de Picos, havia um senhor
chamado Gerônimo que tinha três filhas: Isabel, Luiza
e Júlia. As duas primeiras filhas tinham uma beleza
mediana, mas a caçula, Júlia, parecia pintada à mão: cabelos longos,
pele iluminada e corpo de violão. Por serem muito bonitas, seu pai tinha
ciúmes e se tornou um homem muito rígido, o que fazia com que ele
exagerasse no cuidado com suas filhas e as proibisse de ir para qualquer
lugar, até para a escola.
Certo dia, a filha mais velha conheceu um rapaz e começou a
namorar com ele às escondidas. Os encontros se tornavam cada vez
mais difíceis, por isso resolveram fugir. E assim fizeram! O pai furioso
chamou as duas filhas mais novas e disse que a outra filha tinha morrido
para ele. Continuou dizendo ainda que se uma das duas repetisse o ato
imperdoável da irmã ingrata mataria a que restasse para não ter que
viver o desgosto pela terceira vez.
Passados dois anos, a filha do meio também conheceu um rapaz,
porém o pai se tornava cada vez mais irredutível com seu ciúme. Então
o casal decidiu que também fugiriam. Preocupada com a irmã, Luísa
decidiu chamar a caçula e comunicar o que fariam. A irmã entrou em
desespero e decidiu que fugiria junto com eles por medo do pai matá-la.
Assim, na madrugada, as meninas saíram de casa e foram para o pé de
juazeiro onde encontrariam o rapaz.
Antônio, muito preocupado com o que as pessoas iriam falar da
Ana Carolina Landim Pacheco, Simone Vieira Batista, Suzana Gomes Lopes e Tamaris Gimenez Pinheiro
23
OS CAÇADORES E A FURNA
Ana Carolina Landim Pacheco, Simone Vieira Batista, Suzana Gomes Lopes e Tamaris Gimenez Pinheiro
25
OS CAÇADORES
E A FURNA
C
erto dia, dois amigos caçadores chamados Bernardo e
João da Cruz resolveram ir para uma caçada no povoado
Cristovinho, na cidade de Picos. Bernardo era medroso, mas
também era inteligente e dissimulado.
– Doido é quem se embrenha em mata sozinho! Vou levar João para
me proteger de tudo o que tiver por lá – pensava o homem tremendo de
medo de ver alguma assombração pelo caminho.
Bernardo passou foi cedo na casa do amigo. Os dois munidos de
espingarda e facão, subiram no lombo de seus jumentos e foram para
a mata esperando uma grande caçada. Os caçadores chegaram ainda
em dia claro. João foi logo pensando em montar sua barraca e cochilar
um pouco, pois estava cansado. Bernardo, querendo demonstrar uma
coragem que não tinha, bateu no peito e bradou aos quatro cantos:
– Vou logo ver o que se tem por essas matinhas. Aqui nada me
assusta não. Nem alma penada, nem fantasma, muito menos bicho ou
assombração.
E lá se foi Bernardo, todo de peito estufado, fazer uma ronda
no local. De repente o homem avista uma furna em formato de oratório.
Como ela estava em cima de um morro, Bernardo tinha a desculpa
perfeita para dizer ao amigo porque não tinha investigado a tal furna.
Já um pouco assustado, mas ao mesmo tempo curioso, Bernardo correu
de volta ao acampamento.
Ana Carolina Landim Pacheco, Simone Vieira Batista, Suzana Gomes Lopes e Tamaris Gimenez Pinheiro
27
VICENTE MELADO
Ana Carolina Landim Pacheco, Simone Vieira Batista, Suzana Gomes Lopes e Tamaris Gimenez Pinheiro
29
VICENTE MELADO
C
onta a lenda que, certo dia, em uma comunidade vizinha
à cidade de Picos chamada Cristovinho, um acontecimento
marcou a vida de Vicente, um jovem que tinha medo de tudo,
principalmente de histórias de assombração. Vicente morava nas terras
de seu bisavô que fica na beira de um purão que havia na comunidade.
Ele morava em uma casa bem simples somente com a sua mãe, Zuleide,
e com o seu avô, Belarmino, um homem bastante velho mas muito vívido.
Vicente passava todas as noites por esse purão para poder ir para a
casa de sua namorada, Mariana, que morava em um povoado vizinho. A
sua mãe sempre contava sobre o caixão flutuante que existia naquele local,
pois era uma lenda da sua família contada desde a morte do seu bisavô, mas
Vicente sorria e achava que era mentira, apesar de morrer de medo da história.
Em uma noite, como de costume, Vicente se arrumou para sair. E lá
se foi ele passar pelo purão para ir à casa de sua namorada. Vicente,
apaixonado, ficou com sua amada e não viu a hora passar. Quando já
era muito tarde, Vicente resolveu voltar para sua casa. No caminho de
volta, de longe, ele vê algo alumiar, mas pensou que fosse coisa de sua
cabeça. Ao se aproximar das águas do purão, ele avistou de longe, no
escuro, uma luz que saía do lajeiro.
Vicente, ao ver essa cena, lembrou das histórias que sua mãe contava,
olhou de novo e a luz ficava cada vez mais forte. O jovem, com medo,
começou a se tremer todinho e quando se deu conta estava todo “borrado”.
De repente, uma voz bem grossa falou com ele:
Ana Carolina Landim Pacheco, Simone Vieira Batista, Suzana Gomes Lopes e Tamaris Gimenez Pinheiro
31
O PÉ DE OITICICA
CASAMENTEIRO
Ana Carolina Landim Pacheco, Simone Vieira Batista, Suzana Gomes Lopes e Tamaris Gimenez Pinheiro
33
O PÉ DE OITICICA
CASAMENTEIRO
E
m um lugarzinho perdido no meio do mato, onde Judas
perdeu as botas, vivia uma família bastante unida e
divertida, formada por pai, mãe e sete filhos: três mulheres
e quatro homens. A mãe se chamava Maria, mas era conhecida na
comunidade como Dona Prechedes de Seu Miculau. Todos sobreviviam
da agricultura familiar e tinham suas tarefas. As meninas ajudavam
a mãe nos afazeres de casa e depois iam para a escolinha. Os rapazes
ajudavam na plantação e a noite iam para a cidade estudar. A filha
mais velha, Miliquinha, só pensava em se casar, pois tinha muito medo de
ficar para o caritó, por isso a sua preocupação era preparar o enxoval.
Quando não estava bordando as peças para o enxoval, Miliquinha estava
na porteira, debaixo de um pé de oiticica, esperando o filho de Chico
Facão passar para poder piscar os olhos para ele. Fugêncio era um rapaz
forte, charmoso, trabalhador e muito tímido, pois sempre que ia sorrir
baixava a cabeça e tapava a boca com a mão. Fugêncio de Chico Facão
também piscava os olhos para Miliquinha de seu Miculau. Entretanto,
a comunidade era muito pequena e os rapazes eram poucos. Fugêncio era
considerado um bom partido, por isso todas as moças queriam se casar
com ele.
Uma certa feita, Seu Miculau recebeu o dinheiro de uma herança
e pôde realizar um sonho antigo: comprar uma sanfona. Todo feliz e
decidido a promover uma festança, Seu Miculau decidiu organizar um
forró e convidou toda a comunidade para arrastar o pé ao som da sua
Ana Carolina Landim Pacheco, Simone Vieira Batista, Suzana Gomes Lopes e Tamaris Gimenez Pinheiro
35
A PRINCESA E O PEIXE
Ana Carolina Landim Pacheco, Simone Vieira Batista, Suzana Gomes Lopes e Tamaris Gimenez Pinheiro
37
A PRINCESA E O PEIXE
E
ra uma vez...
Em uma casa viviam três jovens: Maria, Josefa e Aparecida.
Maria sempre foi uma pessoa tímida e meiga, diferente das
suas irmãs que eram mais atiradas. Todos os dias suas irmãs iam banhar
no rio e chamavam Maria, mas ela nunca quis ir com suas irmãs, apenas
falava:
– Não vou, não!
Quando as irmãs voltavam do rio, iam almoçar junto com Maria
e, depois do almoço, Maria ia para o rio e suas irmãs iam se deitar.
Maria pegava a comida dela e levava para o rio, porque lá ela tinha
um amigo peixe que era um príncipe encantado disfarçado. Todos os dias
Maria fazia a mesma coisa.
Um dia Maria foi levar comida para o peixinho e chegando lá
chamou o peixe por um nome: Brada Luz. E ele a chamava de Minha
Aiá. Chegando na beira do rio, Maria começou a chamar o peixinho
cantando:
– Brada Luz, ô Brada Luz, vem ver quem te criou, vem ver quem
te criou!
E ele imediatamente respondeu:
– Eu já vou Minha Aiá, eu já vou Minha Aiá, já vou cravo de
flor, já vou cravo de flor!
Um dia, as irmãs perceberam que Maria levava comida para o rio
Ana Carolina Landim Pacheco, Simone Vieira Batista, Suzana Gomes Lopes e Tamaris Gimenez Pinheiro
39
Ana Carolina Landim Pacheco, Simone Vieira Batista, Suzana Gomes Lopes e Tamaris Gimenez Pinheiro
41
UM LUGAR
CHAMADO TRINDADE
UM LUGAR
CHAMADO TRINDADE
H
avia um povoado chamado Trindade que era muito
isolado e distante de tudo. Trindade ficava localizado
em uma serra bem alta cujo caminho era estreito e perigoso.
Nenhum automóvel conseguia subir as íngremes ladeiras, por isso só se
entrava e se saía de lá no lombo de um jumento. Nele moravam três
irmãos: o mais velho, Agenor, José e o caçula Francisco, no auge de seus
60 anos.
Certo dia, conversando sobre a vida, embaixo do pé de juazeiro,
constataram que boa parte de seus amigos e parentes já haviam batido
as botas, abotoado o paletó de madeira, batido a caçoleta, comido capim
pela raiz. Enfim, passaram dessa para uma melhor. Ao contrário das
outras conversas que sempre terminavam em gargalhadas desdentadas,
nessa noite os três irmãos ficaram pensativos.
Agenor, por ser o mais velho, sentia que sua viagem para a cidade
dos pés juntos podia estar chegando. Como sempre ouviu que para ir
para o céu precisava ser batizado, decidiu que no outro dia bem cedo ia
se dirigir à igreja para completar essa etapa que, naquela noite, após a
agorenta conversa, parecia ser imprescindível.
Na manhã seguinte, preparou então o seu jumento e, pela madrugada,
saiu em direção à cidade mais próxima (que já era muito distante para
eles que moravam em Trindade). Apesar de nunca ter participado de
uma missa, ele era um homem de muita fé.
Ana Carolina Landim Pacheco, Simone Vieira Batista, Suzana Gomes Lopes e Tamaris Gimenez Pinheiro
43
MASSAPÊ DO PIAUÍ
Ana Carolina Landim Pacheco, Simone Vieira Batista, Suzana Gomes Lopes e Tamaris Gimenez Pinheiro
45
MASSAPÊ DO PIAUÍ
M
assapê do Piauí é o município onde foram coletadas “A
história do homem lobisomem” e o “Falso vaqueiro”. É
uma cidade que possui cerca de 6 mil habitantes e está
localizada à 394,2 km da capital, Teresina.
A vegetação nativa é característica da Caatinga e seu clima é
semiárido. O comércio local constitui-se de pequenas e médias mercearias,
bares e botequins. Suas principais atividades econômicas são a criação
de animais (bovinos, ovinos, caprinos e galinha caipira); a apicultura
organizada em associações e cooperativas; o cultivo de hortaliças e verduras
como o coentro, alface, cebola de folha, pimentão, tomate, batata doce,
melancia e abóbora; e o extrativismo da palha, pó e cera de carnaúbas.
Os seguintes pontos turísticos fazem parte das sete maravilhas
do município: 1o– Sítio Arqueológico, na localidade Morrinhos; 2o –
Morro do Chapéu, no bairro Espinheiro; 3o – Morro Chapada do
Jaburu, na localidade Peixe; 4o – Morro do Pico, na localidade Saco;
5o – Caldeirão Rio Boa Vista, na localidade Abóbora; 6o – Morro
do Morcego, na localidade Morcego; e 7o – Encosto de Pedra, na
localidade Cercadinho. No que diz respeito à cultura, destacam-se as
danças populares como reisado, quadrilhas juninas, festas de sanfona,
cantoria, São Gonçalo e valsa.
HISTÓRIA DO
HOMEM-LOBISOMEM
Ana Carolina Landim Pacheco, Simone Vieira Batista, Suzana Gomes Lopes e Tamaris Gimenez Pinheiro
47
HISTÓRIA DO
HOMEM-LOBISOMEM
E
ra uma vez, um homem ruivo, muito alto e forte, com olhos
verdes, chamado Jurandir, que se apaixonou por uma moça
baixinha e de longos cabelos negros, pele dourada pelo
sol, olhos castanhos chamada Jurema. Jurandir era um rapaz pobre,
não tinha estudos, nem propriedades e trabalhava como aboiador nas
fazendas da região. A família de Jurema possuía propriedades, muito
gado, muitos empregados e por isso não aceitava que a moça se casasse
com um rapaz pobre como Jurandir. Impedidos de namorar, Jurema
e Jurandir conseguiram se encontrar um certo dia depois da missa. O
encontro foi debaixo do pé de tamarindo atrás da igreja. Lá os dois
fizeram juras de amor eterno e decidiram que naquela noite iriam fugir
para a cidade para se casar e viveriam felizes para sempre.
Ao anoitecer, Jurema pediu a benção aos pais e foi se deitar mais
cedo do que o costume, alegando dor de cabeça. Passadas algumas horas,
a moça pegou uma pequena mala que estava embaixo da cama, trocou
o pijama, calçou suas botas, abriu a janela do quarto silenciosamente
e desapareceu na escuridão da noite. Cerca de uns dois quilômetros
dali, Jurandir a esperava ansioso com uma pequena maleta nas mãos.
Ao avistar Jurandir, a moça correu para os seus braços extasiada de
alegria e a passos largos os dois se foram estrada a dentro. Alguns
dias depois, o casal chegou à cidade. O primeiro passo foi procurar o
padre para oficializar a união. Como Jurema ainda não tinha dezoito
anos completos, o casamento não pôde ser realizado sem o consentimento
Ana Carolina Landim Pacheco, Simone Vieira Batista, Suzana Gomes Lopes e Tamaris Gimenez Pinheiro
49
na esposa e lhe avisou que estava indo caçar e que só voltaria muito
tarde da noite. Durante o período de recuperação do marido, Jurema fez
algumas pesquisas e descobriu que se uma pessoa fosse mordida por um
lobisomem ela também se transformaria em um lobisomem toda noite de
lua cheia. Sabendo disto e sendo totalmente apaixonada por Jurandir,
ela decidiu que iria se transformar na primeira mulher loba do Nordeste
e assim permanecer eternamente com seu amado! Assim, Jurema saiu em
direção à mata com o objetivo de encontrar o lobisomem e se deixar ser
mordida por ele. A certa altura da noite, ela avistou o lobisomem e,
apesar do medo, caminhou em sua direção. O bicho, ao vê-la, pulou em
cima dela e lhe mordeu! Jurema desmaiou e quando acordou estava em
sua cama ao lado de Jurandir que estava com um enorme sorriso no rosto.
Sem pronunciar nenhuma palavra, o casal se olhou com cumplicidade e
se abraçou.
Reza a lenda que Jurema e Jurandir nunca mais foram vistos e
que, depois de alguns dias, um casal de lobos apareceu na região e que
lá viveram por muitos e muitos anos e que durante todas as noites de lua
cheia os moradores da cidade ouviam uivos assustadores. Alguns diziam
que eles corriam na mata e dançavam sobre os lajedos do sertão, sob a
luz do luar.
Ana Carolina Landim Pacheco, Simone Vieira Batista, Suzana Gomes Lopes e Tamaris Gimenez Pinheiro
51
O FALSO VAQUEIRO
O FALSO VAQUEIRO
M
irô era um homem simples do campo que morava do
interior de Massapê do Piauí. Naquele ano, ele passava
por um momento muito difícil, porque a colheita havia
sido fraca devido à escassez de chuva e toda a plantação e criação
estavam perecendo com a seca. Mas Mirô era um homem persistente e,
devido às dificuldades, resolveu sair à procura de emprego. Pensou:
– Vou fazer o que for preciso, de fome eu não morro!
Só que o tal emprego estava difícil. Ele era uma pessoa que não teve
a oportunidade de estudar e só conhecia o trabalho do campo: plantar,
colher e criar pequenos animais. Mas ele era muito esperto.
Mirô acabou fazendo uma longa viagem até chegar em uma fazenda
chamada Vidal. Lá havia emprego para vaqueiro. Só tinha um detalhe:
Mirô nunca sequer tinha montado em um cavalo! Em conversa com o dono
da propriedade, ele perguntou:
– Mirô, você sabe montar?
– Sei sim, senhor. Sou o melhor vaqueiro lá da minha região!
– Então vou lhe apresentar meus melhores cavalos para você escolher o seu.
Mirô tentou disfarçar o desespero e acompanhou o fazendeiro até
os cavalos. Ele lhe apresentou vários animais e o falso vaqueiro escolheu,
sem saber, justo aquele que já havia tirado a vida de três outros homens
de tão arisco que era. Ao escolher o animal, o dono da fazenda ainda
perguntou:
Ana Carolina Landim Pacheco, Simone Vieira Batista, Suzana Gomes Lopes e Tamaris Gimenez Pinheiro
53
O velho continuou:
– Queria que ela se casasse com um sujeito trabalhador, esforçado...
Mirô encheu o peito e continuava pensando:
– Sou eu, sou eu.
– Honesto... – continuou o velho.
E o pensamento de Mirô:
– É... aí, não sou eu.
– Cheio de vida... – disse o velho.
– Sou eu, sou eu sim!!! – pensou Mirô. E o velho concluiu:
– Mas não sei quem poderia ser, porque minha filha é muito
caçadora de conversa. Não sei a quem aquela menina puxou. Deus tenha
compaixão do homem que vai viver com aquela carniça!
Mirô então murchou. Será que estava disposto a enfrentar esse
destino? Lembrou da promessa que fez de nunca passar fome e de que
iria fazer o que fosse necessário para crescer na vida e, considerando que
o velho logo ia abotoar o paletó de madeira, pensou:
– Se eu consegui domar aquele cavalo e aquela novilha, não é
possível que não consiga lidar com essa moleca.
Mirô então disse ao velho:
– Pois seu problema acabou! Se confia em mim, eu caso com sua
filha e cuido de todo seu patrimônio.
O homem ficou muito emocionado, afinal gostava de Mirô, e deu
um abraço em seu futuro genro. O dia do encontro entre ele e a filha do
dono da fazendo havia chegado. Mirô vestiu sua melhor roupa, calçou
suas botas brancas de festa e foi para a casa da fazenda. Quando
chegou lá encontrou o homem todo nervoso, porque não tinha tido coragem
de anunciar o casamento à filha e disse que isso ia ser feito ali, naquela
Ana Carolina Landim Pacheco, Simone Vieira Batista, Suzana Gomes Lopes e Tamaris Gimenez Pinheiro
55
ITAINÓPOLIS
Ana Carolina Landim Pacheco, Simone Vieira Batista, Suzana Gomes Lopes e Tamaris Gimenez Pinheiro
57
ITAINÓPOLIS
O
município de Itainópolis é o palco da história “Sete estrelas”.
Está situado na região centro-sul do Piauí e possui
aproximadamente 11.375 habitantes. O nome do município
é devido ao mesmo ser banhado pelo Rio Itaim. O clima é semiárido e
sua vegetação é característica da Caatinga, sendo cercado por morros
com muitos cactos, juazeiros e macambiras. Tem como atrativo cultural o
apreço pelo forró e a vaquejada. O futebol amador é muito promissor.
As principais fontes de renda são a agricultura, a apicultura e a
piscicultura. Como atrativos turísticos, a cidade conta com uma capela
que se localiza no morro de Nossa Senhora de Fátima, também há os
festejos da cidade que ocorrem todo dia 13 de maio, e tem o Rio Itaim e
suas passagens molhadas para refrescar os visitantes e moradores.
Varginha, localidade em que se passa a história “Umbuzeiro
verdadeiro” é uma localidade localizada a 700 metros da cidade de
Itainópolis. Possui uma terra fértil bastante receptiva ao feijão, milho,
caju, carnaúba e umbu. A comunidade, assim como o município, tem como
fonte de renda a agricultura, a apicultura e a piscicultura.
AS SETE ESTRELAS
Ana Carolina Landim Pacheco, Simone Vieira Batista, Suzana Gomes Lopes e Tamaris Gimenez Pinheiro
59
AS SETE ESTRELAS
E
ra uma vez, um lavrador chamado José, que era casado com
dona Anísia. Eles viviam de forma humilde no interior do
Piauí com seus sete filhos. Eram quatro meninas, chamadas
Zuleica, Zulmira, Zuleide, Zenaide; e três meninos, Zenóbio, Zenaro e
Zuzinha. Todos tinham um ano de diferença entre suas idades e eram
inseparáveis. Seus pais os chamavam de suas estrelinhas e faziam de
tudo para que seus filhos não passassem por dificuldade. O casal se
preocupava muito com o futuro de seus filhos, pois acreditavam que a
única maneira de ter uma vida melhor seria através dos estudos.
Todos os dias, as sete estrelinhas caminhavam vários quilômetros
para chegar até a escola e era durante este percurso que muitas peraltices
aconteciam. Às vezes eles encontravam no caminho alguns jumentos e
terminavam chegando à escola montados nos animais. Na estrada, eles
conversavam, cantavam, gritavam e sorriam. Era muita diversão no
caminho da escola. Na volta para casa os irmãos sempre faziam uma
parada para descansar debaixo de três grandes árvores que ficavam
à beira de um riacho, para comer os frutos e também tomar banho se
refrescando do sol escaldante.
Um certo dia, trepado no pé de tamarindo, o irmão mais novo,
Zuzinha, avistou um enxame de abelhas e, querendo pregar uma peça nos
irmãos, pegou a sua baladeira e acertou em cheio o enxame. Ao ver a
quantidade de abelhas vindo em sua direção, o moleque pulou da árvore
e saiu correndo. Enquanto isso, os demais irmãos estavam tomando banho
Ana Carolina Landim Pacheco, Simone Vieira Batista, Suzana Gomes Lopes e Tamaris Gimenez Pinheiro
61
UMBUZEIRO
VERDADEIRO
UMBUZEIRO VERDADEIRO
E
ssa história aconteceu lá pela década de 20, na localidade
Varginha, pertencente ao atual município de Itainópolis,
Piauí, com o Senhor Isidoro e a Senhora Cristina Maria,
que moravam em um pedacinho de terra neste lugar. Naquela terrinha,
nasceu um umbuzeiro. Ninguém imaginava que ele iria gerar tantos frutos,
mas o Senhor Isidoro e a Dona Maria tinham muito cuidado para que
a árvore crescesse forte, bonita e a regava todos os dias.
Com o passar do tempo, a árvore ia crescendo e frutificando cada
vez mais. Os frutos eram doces como favo de mel e atraíam também
os pássaros que se alimentavam, faziam seus ninhos e cantarolavam
alegremente usando os galhos do pé de umbu como poleiro. Naquela
época, os vaqueiros, vendedores e viajantes aproveitavam a sombra da
árvore para descansar. Seus animais também aproveitavam os frutos
caídos para matar a fome. Com seus surrões, selas e cangalhas, lá era a
garantia de um bom repouso depois de léguas viajadas.
As netas do Senhor Isidoro e da Dona Maria gostavam muito de
brincar debaixo dela quando crianças, pois a árvore tinha muitas folhas
em sua copa e seus galhos serviam para armar redes e balanços. Elas
varriam as folhas caídas como se estivessem no terreiro de suas casas e
isso tornava a sombra daquela árvore um lugar aconchegante. Nos meses
de inverno, as netas do Senhor Isidoro e da Dona Cristina entravam em
cena juntando os frutos do umbuzeiro em uma cuia para vender na feira
Ana Carolina Landim Pacheco, Simone Vieira Batista, Suzana Gomes Lopes e Tamaris Gimenez Pinheiro
63
GEMINIANO
Ana Carolina Landim Pacheco, Simone Vieira Batista, Suzana Gomes Lopes e Tamaris Gimenez Pinheiro
65
GEMINIANO
O
município de Geminiano, palco da história “Cachorrinho
Benne”, segundo o censo do IBGE (2010), tem 5.475
habitantes, o que coloca o município na posição 125
dentre 224 do mesmo Estado. A sua densidade demográfica é de
11,84 habitantes por km2. Localizado na região centro-sul do Piauí,
o município fica a 345 km da capital, Teresina, nos baixos agrícolas
da macrorregião de Picos. Apresenta uma temperatura variada entre a
mínima de 22 oC e a máxima de 35 oC. A economia do município é
basicamente oriunda da agricultura familiar e são produzidos feijão,
milho, mandioca, castanha de caju e mel de abelha. O município está na
região do semiárido. As tradições culturais e o lazer são compostos por
manifestações nas festas juninas, festa da padroeira (Nossa Senhora
Aparecida) e o reisado.
CACHORRINHO BENNE
Ana Carolina Landim Pacheco, Simone Vieira Batista, Suzana Gomes Lopes e Tamaris Gimenez Pinheiro
67
CACHORRINHO BENNE
E
m um pequeno sítio no interior do Piauí, morava um senhor
chamado Zeca que tinha como companheiro inseparável um
cachorrinho muito esperto chamado Benne. Seu Zeca tinha
uma pequena roça e todos os dias pela manhã, bem cedinho, Seu Zeca
ia para o curral tirar leite das vacas, depois ia buscar água no poço,
e mais tarde, umas 7h da manhã, ia para a lavoura. Em todas essas
tarefas, Benne sempre ia junto, fazendo companhia ao Seu Zeca. Até
que um dia, Seu Zeca adoeceu e foi levado às pressas para o hospital.
Benne não abandonou o amigo e correu atrás da ambulância que levava
Seu Zeca. Chegando ao hospital, Benne ficou lá de prontidão. Até
que certo dia, Seu Zeca teve uma melhora e saiu do coma. Assim que
retomou a consciência, a primeira palavra que ele pronunciou foi “Benne”
e assobiou. Surpresos, os enfermeiros perguntaram para ele como era o
Benne, e Seu Zeca respondeu:
– Meu amigo é branco com melado. Ele deve estar com frio e fome.
Queria tanto me despedir do meu amigo.
– Despedir? – perguntaram os enfermeiros.
– Seu Zeca, o senhor vai ficar bom.
Logo em seguida, os enfermeiros mandaram trazer o cachorro e os
dois amigos ficaram super felizes. Todos podiam ver a alegria de Seu
Zeca e Benne. Apesar de toda a alegria pelo reencontro, Seu Zeca sentia
que sua vida estava no fim e decidiu se despedir do seu querido amigo:
– Amigão, eu terei que fazer uma viagem e você não poderá vir
comigo, mas não fique triste pois eu não vou lhe abandonar – e reclinando
a cabeça, Seu Zeca chorou muitíssimo.
Benne abanou o rabo e uivou. Diante desta cena, os enfermeiros
tiraram o cachorro e, poucas horas depois, Seu Zeca faleceu. A partir
daquele dia, Benne voltou para o sítio onde morava com Seu Zeca e
continuou com a mesma rotina pela manhã: cedinho ia para o curral,
depois seguia para o poço, ia na lavoura e, por fim, ia ao cemitério.
Chegando lá, o cachorrinho pulava, corria, abanava o rabo, até parecia
que brincava com Seu Zeca. E isso se repetiu por muito tempo! Todos no
cemitério já estavam acostumados com a presença de Benne sempre no
final do dia.
Ana Carolina Landim Pacheco, Simone Vieira Batista, Suzana Gomes Lopes e Tamaris Gimenez Pinheiro
69
JAICÓS
JAICÓS
A
história “Camões” foi obtida por meio de relatos de
moradores da cidade de Jaicós, no entanto, o cenário onde
a mesma se passa não é conhecido. O referido município
possui população de 18.501 mil habitantes e encontra-se a 379 km
da capital Teresina, localizado na mesorregião do sudeste piauiense.
Pertence ao Bioma Caatinga e o seu clima é semiárido.
A agricultura praticada no município é baseada na produção
sazonal de algodão, arroz, feijão, mandioca e milho. A feira livre da
cidade representa para o município uma atividade muito importante e
de grande valor para a comunidade: além de ser um cartão de visitas
da cidade, é também, um canal de comercialização diferenciado,
ainda oferece uma alternativa econômica e social para muitos pequenos
proprietários rurais.
Ana Carolina Landim Pacheco, Simone Vieira Batista, Suzana Gomes Lopes e Tamaris Gimenez Pinheiro
71
CAMÕES
CAMÕES
H
á muito tempo, na época dos reis e rainhas, existia um rei
entediado que mandou contratar alguém para o divertir.
Seus soldados contrataram Camões, um jovem cheio
de travessuras que todo dia saía para aprontar algo e imediatamente
voltava para contar ao seu rei o que havia feito. Para o rei não existia
mais tristeza, eram risos o tempo todo, mas também não havia mais
paz naquele lugar, pois Camões tirava o sossego de todos com suas
trapalhadas.
Um dia, cansado das reclamações que chegavam a ele, o rei decidiu
se livrar de Camões. Assim, pediu aos seus soldados para que o jogasse
no fundo do rio. No caminho, os soldados decidiram parar em um boteco
para tomar uma cerveja e deixaram Camões preso dentro do surrão na
beira do caminho. Camões esperneava e gritava:
– Eu não quero! Eu não quero!
Um homem que passava de jumento parou ao ouvir os gritos de
Camões e perguntou ao homem preso no saco:
– O que você não quer?
Camões, esperto, respondeu:
– Eu não quero me casar com a filha do rei, por isso estou preso aqui!
O homem disse:
– Pois se você não quer, eu quero! Como faço para me casar com
ela?
Ana Carolina Landim Pacheco, Simone Vieira Batista, Suzana Gomes Lopes e Tamaris Gimenez Pinheiro
73
Camões respondeu:
– É só trocar de lugar comigo! Você descostura o surrão, eu saio e
você entra. Quando eles voltarem, você diz “eu quero, eu quero”.
E assim fizeram! Quando os soldados voltaram, já bêbados,
ouviram o homem dizendo:
– Eu quero! Eu quero!
Eles riram e perguntaram:
– Você quer o que, abestado?
O homem respondeu:
– Quero me casar com filha do rei.
Os soldados disseram:
– Você vai é morrer, sua besta!
E jogaram o surrão no fundo do rio. Muitos anos depois, Camões
rico e bem de vida, voltou a casa do rei e todos ficaram abismados. A
rainha, surpresa, perguntou:
– Você não tinha morrido?!
– Claro que não! O fundo do rio é o melhor lugar que tem para se
viver! É cheio de riquezas, ouro, joias etc. – respondeu Camões.
A rainha ambiciosa disse:
– Camões, se tem tudo isso mesmo, eu quero ir para lá também!
Meu marido não está em casa, mas pode me jogar lá, e quando ele
chegar joga ele também.
Camões jogou os dois no fundo do rio e se casou com a filha deles.
Moral da história: enquanto a esperteza é a salvação de uns, a
ganância é o abismo de outros.
Ana Carolina Landim Pacheco, Simone Vieira Batista, Suzana Gomes Lopes e Tamaris Gimenez Pinheiro
75
SANTO ANTÔNIO
DE LISBOA
O
município de Santo Antônio de Lisboa é o cenário da história
“Cuidado com a peraltice”. É conhecido como “Capital do
Caju”, tem 6.207 habitantes, o que o coloca na posição
114 dentre 224 do mesmo estado. Sua densidade demográfica é de
15,51 habitantes por km2. A economia deste município é baseada no
cultivo do cajueiro que hoje já possui uma área plantada superior a 10
mil hectares, sendo o maior produtor de caju do Estado do Piauí. Essa
atividade desenvolveu-se consideravelmente, gerando emprego e renda ao
atrair indústrias de beneficiamento da castanha do caju e de produção
de sucos e refrigerantes a partir do pedúnculo dessa fruta.
O município possui como atrativo cultural as danças típicas, os
trabalhos artesanais, as festas religiosas, a gastronomia típica e os
locais de exposição (Feiras das Alfaias e Casa Açoriana).
Ana Carolina Landim Pacheco, Simone Vieira Batista, Suzana Gomes Lopes e Tamaris Gimenez Pinheiro
77
CUIDADO COM
A PERALTICE
E
ra uma vez um menino que se chamava Carlinhos. Ele era
muito peralta e não conseguia ficar quieto um minuto sequer.
Todos já sabiam: aonde Carlinhos estivesse, aconteceria uma
peraltice na certa! Em um belo dia de sol, Carlinhos foi visitar o Sítio de
Dona Catarina juntamente com seu amigo Ricardo. Lá no sítio tinha de
tudo um pouco: cachorro, galinha, jumento, porco... Era o local perfeito
para as estripulias de Carlinhos, afinal só o que tinha era oportunidade
para aprontar. E assim ele o fez! Jogou alguns ovos em Ricardo, logo
da galinha choca mais premiada de Dona Catarina. Correu atrás do
cachorro e ainda lhe puxou o rabo. Soltou o jumento que estava preso em
uma jurema. Aí a confusão só aumentou! Era galinha cacarejando para
lá, cachorro latindo para cá, comida de porco voando para tudo que é
lado. Pense em uma confusão arretada! Hilda, filha de Dona Catarina,
acabou notando esse mafuá e saiu correndo descabelada gritando:
– Carlinhos, menino danado! Você vai ver! Vou fazer uma mandinga
para te capar! Assim, você vai aprender a se comportar!
Carlinhos saiu em disparada juntamente com Ricardo, correndo
desesperado em direção ao rio.
– Eita! Dessa vez estou ferrado! – pensou o peralta enquanto corria
já tirando a roupa para atravessar o rio, afinal sua mãe não podia
desconfiar de suas peraltices. Ao avistar o rio, só se ouviu o “tchibum!”.
Carlinhos e Ricardo nadaram o mais rápido que conseguiram. Ao saírem
Ana Carolina Landim Pacheco, Simone Vieira Batista, Suzana Gomes Lopes e Tamaris Gimenez Pinheiro
79
ALAGOINHA DO PIAUÍ
ALAGOINHA DO PIAUÍ
O
município localiza-se ao sul do estado do Piauí, a
aproximadamente 378 Km de Teresina e conta com uma
população de 7.515 habitantes. Tem como sua principal
atividade econômica a agropecuária com mão de obra familiar,
desenvolvida por pequenos produtores rurais. O clima predominante é o
semiárido e a região tem como vegetação nativa a Caatinga.
A cidade mantém firme as tradições culturais religiosas alusivas ao
padroeiro, São João Batista, cujos festejos acontecem no mês de junho.
A principal atração turística e cultural do Povoado é o local onde foi
construída a pequena capela onde são celebradas as promessas e as
devoções ao negro santo, no local conhecido como a Cruz do Negro. A
história “Negro Santo” foi resgatada a partir de relatos da população do
povoado Serra Velha, zona rural situada à 9 Km da sede do município.
Ana Carolina Landim Pacheco, Simone Vieira Batista, Suzana Gomes Lopes e Tamaris Gimenez Pinheiro
81
NEGRO SANTO
NEGRO SANTO
H
á muito tempo, em uma terra distante, existia um jovem
negro chamado Francisco, que vivia numa fazenda muito
bonita, cheia de cactos, macambiras, carnaúbas, juazeiros,
cajueiros, mangueiras e umbuzeiros. Lá havia também vários cavalos,
bois, vacas, bodes, cabritos, jumentos, galos, galinhas e um cachorro muito
esperto chamado Tomé. Francisco era um moço muito bonito, forte, alto,
cabelos pretos encaracolados, lábios grossos e sua pele era preta como
a noite. Francisco trabalhava cultivando a terra: plantava, colhia e
ensacava o algodão. Ele também cuidava dos animais. Não descansava
um só minuto! Ele trabalhava desde o amanhecer até o anoitecer todos
os dias.
Apesar da beleza natural do lugar, a vida de Francisco na fazenda
Porteira Velha não era nada fácil, pois ele era um escravo e devia
obediência ao seu senhor. O dono da propriedade era um velho coronel,
chamado Pedro, que nunca estava satisfeito com nada e sobrecarregava
a todos com muito trabalho. O coronel Pedro era um homem cruel e
adorava castigar os escravos, especialmente Francisco. O coronel sempre
inventava algum motivo para castigar Francisco, mas o escravo fazia
tudo bem certinho e rápido, deixando o coronel ainda mais furioso.
Uma vez o coronel passou a noite toda matutando um trabalho
que fosse impossível de Francisco realizar, para que ele pudesse castigá-
lo. Na manhã seguinte, ele mandou chamar o escravo e lhe incumbiu de
um trabalho impossível de ser realizado e, o pior de tudo, determinou
Ana Carolina Landim Pacheco, Simone Vieira Batista, Suzana Gomes Lopes e Tamaris Gimenez Pinheiro
83
Ana Carolina Landim Pacheco, Simone Vieira Batista, Suzana Gomes Lopes e Tamaris Gimenez Pinheiro
85
para verificar se ele estava morto. Francisco morreu sem pronunciar uma
única palavra e isso deixou o coronel furioso. O coronel montou em seu
cavalo e saiu em disparada. No meio do caminho, surgiu uma cascavel
que assustou o cavalo fazendo com que o velho coronel caísse de sua cela
e batesse com a cabeça em uma pedra. Meio tonto, o coronel levantou
e avistou embaixo de um pé de oiticica um negro velho e barbudo, com
cabelos brancos e um cajado na mão. Este negro veio em sua direção
flutuando e dizendo:
– Pedro, tu és um homem cruel e avarento! Por causa do teu coração
perverso, a partir de hoje, essa fazenda está amaldiçoada. Tudo que
aqui plantares, a praga irá destruir! Seca e fome serão tuas companhias!
E, como se fosse mágica, o velho negro evaporou no ar. O coronel
ficou de olhos esbugalhados e, ainda atônito, bateu o pó das vestes, montou
em seu cavalo e foi para casa. Lá chegando, deu ordens para que um
dos criados fosse enterrar o escravo Francisco. Naquela noite, o coronel
não pregou o olho, pensando se o que ele tinha visto era imaginação de
sua cabeça ou se era realmente um fantasma.
Depois desse episódio, o coronel Pedro nunca mais teve paz. Todas as
noites o coronel tinha pesadelos horríveis, que faziam com que ele gritasse
tão alto a noite inteira que assustava a todos que moravam na casa
grande e até mesmo na senzala. Com o tempo o coronel passava as noites
zanzando pela casa, com medo de dormir. O mesmo deixou o cabelo e
a barba crescerem, falava sozinho e até brigava, dava chute e pontapés
no ar. Alguns meses depois, uma praga de bicudos destruiu quase toda
a plantação de algodão, e o que tinha sobrado foi destruída por uma
seca que durou quatro anos. Extremamente velho, descabelado, falido e
completamente louco, o coronel Pedro foi levado para um hospício na capital
e sua propriedade foi leiloada para quitar uma enorme dívida no banco.
Ana Carolina Landim Pacheco, Simone Vieira Batista, Suzana Gomes Lopes e Tamaris Gimenez Pinheiro
87
OS BICHINHOS
DO FULORÊNCIO
Ana Carolina Landim Pacheco, Simone Vieira Batista, Suzana Gomes Lopes e Tamaris Gimenez Pinheiro
89
OS BICHINHOS
DO FULORÊNCIO
U
m homem chamado Fulorêncio viveu na localidade Serrinha
dos Fernandes, município de Alagoinha do Piauí, por volta
da década de 60. Ele era um homem muito ruim, daqueles
de negar até um copo d’água. Ao morrer, seu corpo não foi velado, pois
ninguém compareceu ao velório e sua fazenda ficou abandonada por um
longo tempo, pois Senhor Fulorêncio era um homem solitário e não tinha
herdeiros.
Com o passar dos anos, figuras estranhas de animais começaram a
aparecer próximo a fazenda do finado Senhor Fulorêncio. Essas figuras
eram tão assustadoras que nem os adultos tinham coragem de passar
próximo à fazenda, principalmente quando a noite caía. As pessoas
começaram a chamar tais criaturas como os bichinhos do Fulorêncio,
pois elas eram assustadoras e corriam atrás das pessoas para atacá-
las. Quando alguém se encorajava e se aproximava de algum deles para
pegá-lo, o animal desaparecia misteriosamente. Isso causava grande
medo e fazia com que os bichinhos do Senhor Fulorêncio ficassem cada
vez mais famosos na região.
No final dos anos 90, após mais de trinta anos de aparições,
uma mulher teve um sonho com o Senhor Fulorêncio. Ele dizia que seus
bichinhos só deixariam de aparecer naquela região quando todos se
esquecessem do seu nome, de sua história e do quanto ele tinha sido
mau. Senhor Fulorêncio dizia que estava sofrendo muito e que queria se
libertar para poder alcançar a luz divina. A mulher contou o seu sonho,
Ana Carolina Landim Pacheco, Simone Vieira Batista, Suzana Gomes Lopes e Tamaris Gimenez Pinheiro
91
SUSSUAPARA
SUSSUAPARA
S
ussuapara é o cenário da história “Odilon e seu martelo
desacunhado”. É uma cidade com área aproximada de
220 km2, que se localiza a 340 km da capital, Teresina.
O município tem cerca de 6.229 habitantes e se localiza na mesorregião
do sudeste piauiense. O município apresenta temperatura mínima de 22
o
C e máxima de 36 oC, características de áreas semiáridas. A vegetação
nativa é característica do bioma Caatinga. Sua atividade econômica
se baseia na agropecuária. A agricultura praticada no município é
baseada na produção sazonal de arroz, feijão e milho. O principal curso
d’água que drena o município é o rio Guaribas.
Ana Carolina Landim Pacheco, Simone Vieira Batista, Suzana Gomes Lopes e Tamaris Gimenez Pinheiro
93
ODILON E SEU
MARTELO DESACUNHADO
ODILON E SEU
MARTELO DESACUNHADO
E
ra uma vez, um poeta chamado Odilon que cantava com seu
pai Sinázio. Um belo dia, Odilon chegou na casa de seu
padrinho, o Senhor Raimundo Veloso, carregando uma viola
debaixo do braço e uma sacola cheia de roupas.
– Odilon, rapaz! Por onde andavas? – disse seu padrinho admirado
com a visita.
– Ah! Senhor Raimundo, eu andava pelos povoados de Pimenteiras.
Fiquei maravilhado com a cidade! Por lá, cantei e encantei com as minhas
poesias e ganhei um bom dinheiro – falou Odilon sorridente.
– Ah! Dá para notar! Odilon está parecendo até um doutor vestido
com essa gravata e esse terno – disse Senhor Raimundo orgulhoso.
O jantar já estava para ser servido, pois eram quase seis horas da
tarde. Então, Senhor Raimundo falou:
– Odilon, rapaz! Agora entra para cá! Vamos jantar!
Depois do jantar tão farto, o Senhor Raimundo disse:
– Odilon, meu afilhado, afina essa viola, acunha esse martelo e
canta para nós.
– É para já! – falou Odilon empolgado, enquanto pegava sua
viola.
Odilon então começou a tocar e cantarolar:
– Olha onde está o velhinho... Tronchudo e sambudo... Deitado
numa preguiçosa velha, fumando um cachimbo velho enrolado com um
Ana Carolina Landim Pacheco, Simone Vieira Batista, Suzana Gomes Lopes e Tamaris Gimenez Pinheiro
95
PIO IX
Ana Carolina Landim Pacheco, Simone Vieira Batista, Suzana Gomes Lopes e Tamaris Gimenez Pinheiro
97
PIO IX
A
história “Forró pé de serra” é contada na comunidade
Anacleto, distante cerca de 2 Km da sede do município
de Pio IX, ao qual pertence. Aproximadamente 0,5% da
população do município vive na comunidade. Sua maior fonte de renda
é o cultivo do caju. Além disso, o mel, o feijão e o milho representam
outras fontes de renda. No entanto, várias pessoas trabalham na cidade
e também nas minas de mármore e de granito. A população participa das
comemorações festivas da cidade e das comunidades vizinhas preservando
a cultura da região.
O município de Pio IX é a cidade situada mais a leste no estado
do Piauí, por isso é considerada “Terra do sol nascente”. O município
localiza-se a 444 km da capital, Teresina e sua população é estimada
em 17.714 habitantes. O nome da cidade é em homenagem ao Papa Pio
IX. O município possui como fonte de renda duas minas de mármore e
também minas de granito que ficam localizadas na fazenda Quixaba e
no povoado Sobrado. O caju é cultivado em praticamente toda a área
de serra do município e representa uma fonte de renda importante para a
economia local. O mel também é produzido no município inteiro, além do
feijão, milho e outras culturas em menor escala. Em relação a cultura,
ainda são preservadas as festas juninas, o forró pé de serra e outras
comemorações festivas da cidade. Nos meses chuvosos, e apenas por
alguns dias por ano, uma bela cachoeira se forma entre grotas e pedras
na Fazenda Quixaba, atraindo pessoas de várias regiões.
UM FORRÓ PÉ DE SERRA
Ana Carolina Landim Pacheco, Simone Vieira Batista, Suzana Gomes Lopes e Tamaris Gimenez Pinheiro
99
UM FORRÓ PÉ DE SERRA
E
m uma comunidade no interior da cidade de Pio IX, estado
do Piauí, chamada Anacleto, as pessoas se reuniam com
frequência para participar de um forró pé de serra com
zabumba, sanfona, triângulo e pandeiro. Era um momento em que as
pessoas caíam na dança. Normalmente essas festas aconteciam na bodega
do Seu Louro Paulo, que tinha como palco um enorme umbuzeiro.
Os moradores passavam a semana trabalhando na roça e nos finais
de semana iam se divertir no forró. Mas, virava e mexia, aconteciam
brigas. No melhor da festa, sempre havia uma confusão, um quebra pau
dos diabos! E o pior eram os motivos, os mais bestas possíveis: bastava
um olhar torto de um para o outro que era faca daqui, facão de lá. O
terreiro se tornava pequeno para tanta gente correndo de lá para cá, de
cá para lá. Era um corre-corre danado! Mas do jeito que a confusão
começava ela acabava e todos voltavam para a festa dançando até o
amanhecer do dia.
Certo dia, Bafureto, Joaquim da Josefa, pisa no pé de Cabeça
de Galo, Seu Zé Marques, que cai em cima do Mané da Chica, que se
engasga com a pinga que estava bebendo e, pronto: a peia começa! E
lá se vão xingamentos, empurra-empurra, gritos, correria, olhos roxos e
costelas quebradas. Tudo isso aconteceu até os ânimos se acalmarem e o
sanfoneiro voltar a tocar.
Assim que o forró começou a troar novamente e as pessoas voltaram
a dançar, uma voz abafada pôde ser ouvida. Todos se assustaram e
Ana Carolina Landim Pacheco, Simone Vieira Batista, Suzana Gomes Lopes e Tamaris Gimenez Pinheiro
101
PARNAÍBA
PARNAÍBA
O
nome da cidade é devido ao Rio Parnaíba, pois a mesma é
banhada por um de seus afluentes, o Rio Igaraçu. Possui
belezas incontestáveis, como a praia da Pedra do Sal e o
Porto das Barcas. Sua área territorial é de 436 km2 e é considerada
a segunda maior cidade do estado do Piauí. Foi o primeiro município
do estado do Piauí a proclamar independência do domínio português.
Situado a 318 km da Capital, Teresina, sua população está estimada
em 180.282 habitantes. Em seu território está localizada a Ilha Grande
de Santa Isabel, e a comunidade do Morro da Mariana com acesso
à praia Pedra do Sal. No artesanato, destacam-se as tradições locais
como seus vasos de cerâmicas e o sisal, além das tecelagens com fibras
das palmeiras de tucum, buriti e palha de carnaúba. As esculturas e
os bordados, os quadros e as talhas de madeira, os tradicionais doces e
licores também compõem as riquezas desse estilo de produção.
Ana Carolina Landim Pacheco, Simone Vieira Batista, Suzana Gomes Lopes e Tamaris Gimenez Pinheiro
103
VIAGEM INESQUECÍVEL
VIAGEM INESQUECÍVEL
C
erta vez, eu, minha família e alguns amigos nos organizamos
e fizemos uma viagem ao litoral piauiense. Saímos da nossa
Picos por volta das vinte e duas horas e trinta minutos
da noite. Durante a viagem alguns iam dormindo, outros observando
a estrada e, por volta das cinco horas e trinta minutos da manhã,
chegamos ao município de Buriti dos Lopes. Fizemos uma parada para
o café da manhã e logo seguimos viagem, pois estávamos ansiosos para
chegar à praia, principalmente minha tia Vera que, no auge dos seus
quase 70 anos de idade, nunca tinha posto seus pés na água do mar.
Por volta das oito horas da manhã chegamos à casa que ficaríamos no
litoral. Deixamos nossas malas na casa e fomos direto aproveitar o dia.
Nesse momento, minha tia Vera estava eufórica de tanta ansiedade
e felicidade, e dizia repetidamente que aquela viagem seria inesquecível.
Quando viu o mar pela primeira vez ela ficou maravilhada com a imensidão,
o cheiro, o som.... Tudo a encantou! Fomos, então, logo entrando na água.
O mar estava muito agitado, com muitas e fortes ondas. Tia Vera
se assustou com as primeiras ondas, mas depois se deixou levar. E quando
digo “se deixou levar” falo isso literalmente. Ela se distraiu tanto com
a tal novidade da água salgada que não percebeu uma onda enorme
se aproximando e, de repente: TCHAAAAA!!!! Lá se foi tia Vera
rolando na areia, como se fosse a carne do “frito” na marmita do viajante.
Quando conseguimos resgatá-la e colocá-la de pé, ainda atordoada,
uma outra sensação terrível a acometeu. Sensação essa que gelou sua
Ana Carolina Landim Pacheco, Simone Vieira Batista, Suzana Gomes Lopes e Tamaris Gimenez Pinheiro
105
espinha tortinha do tempo. Além do susto do tombo, ela se deu conta que
havia perdido algo.... Algo muito importante, fundamental e que todo
mundo notaria que estava sem. É, minha gente, a tia Vera não perdeu seu
maiô preto básico. É, maiô, porque uma senhora de quase 70 anos não
usaria biquíni (ou usaria? Por que não?). Bom! Mas não. Não foi isso
que ela perdeu. Ela ficou foi sem sua dentadura. Exato, DEN-TA-
DU-RA!!! Em meio a sua agonia com a onda, Iemanjá resolveu ficar
com os dentes da pobre da Tia Vera.
Quando percebemos, foi só risada. Até a pobrezinha não aguentou
seu infortúnio e, quando seu desespero passou, danou-se a rir da situação.
Só que agora seu riso que era branquinho, ficou fofo... bem fofo!
Essa viagem foi realmente bem inesquecível. Tão inesquecível que
deu até um sorriso novo para a Tia Vera.
Ana Carolina Landim Pacheco, Simone Vieira Batista, Suzana Gomes Lopes e Tamaris Gimenez Pinheiro
107
Vocabulário Nordestino
Ana Carolina Landim Pacheco, Simone Vieira Batista, Suzana Gomes Lopes e Tamaris Gimenez Pinheiro
109
Suplemento Pedagógico
A
lmejando contribuir com o trabalho docente e enriquecer
a sala de aula com ideias práticas, criativas e saberes
contextualizados, elaboramos este suplemento com sugestões
de atividades para que o/a professor/a assuma o papel “mediador da
aprendizagem”, não apenas ministrando aulas, mas também desenvolvendo
pesquisas e construindo conhecimento junto com os/as alunos/as, através
de situações de aprendizagem multidisciplinar, instigadoras e desafiantes.
Para cada fábula, conto, lenda ou causo elegemos temas seguidos
de sugestões de atividades integradoras que englobam os conteúdos
conceituais (saber), procedimentais (saber fazer) e atitudinais (ser) que
são fundamentais para a formação integral da pessoa humana crítica
e responsável. Logo, o professor poderá utilizar este suplemento como
item integrante da intervenção pedagógica cotidiana substituindo a
exposição tradicional de conteúdos por rodas de contação de história,
aulas/visitas de campo, dramatizações etc. potencializando os diferentes
tipos de habilidades cognitivas, motoras, interpessoais dos/as alunos/as,
tornando-os capazes de intervir e transformar a realidade para além
das fronteiras e rótulos impostos pelos vários grupos sociais via ensino
emancipador e libertário.
Ana Carolina Landim Pacheco, Simone Vieira Batista, Suzana Gomes Lopes e Tamaris Gimenez Pinheiro
111
Ana Carolina Landim Pacheco, Simone Vieira Batista, Suzana Gomes Lopes e Tamaris Gimenez Pinheiro
113
OS CAÇADORES E A FURNA
Temas a serem abordados
• Caça ilegal
• Bioma Caatinga
• Religiosidade
• Tipos de ventos
• Energia eólica
• Acidentes de relevo
• Sistema de orientação e localização
Sugestões de atividades
Conceitual
• Aula de campo para identificar os diferentes tipos de relevo da
região, fauna e flora da Caatinga
• Visita ao complexo eólico para conhecer como funciona essa
fonte de energia
• Entrevista com os moradores locais para saber quais animais
são caçados na região
• Mesa-redonda com diferentes representantes religiosos
Procedimental
• Elaborar maquete dos diferentes tipos de relevo
• Criação de rosa dos ventos, biruta e cata-vento
• Criar catálogo fotográfico de espécies botânicas e de animais
da região
Atitudinal
• Respeito às diferentes religiões
• O uso racional da energia
• O risco de extinção dos animais silvestres devido à caça e
destruição de habitat
• Preservação do meio ambiente local
VICENTE MELADO
Temas a serem abordados
• Folclore brasileiro
• Gêneros textuais
• Mananciais brasileiros
• Hereditariedade
• Bullying
• Formações rochosas
Sugestões de atividades
Conceitual
• Exposição com diferentes gêneros textuais
• Roda de conversa sobre as principais lendas do folclore
brasileiro
• Vídeo que aborde o tema bullying
• Pesquisa sobre as formações rochosas
Procedimental
• Pesquisar histórias de assombração da região
• Montar uma árvore genealógica para observar caracteres
herdados
• Criação e dramatização de histórias que retratem experiências,
sofridas ou praticadas, de bullying pelos alunos
• Exposição fotográfica dos principais mananciais da região
Atitudinal
• Violência simbólica e psicológica
• Poluição dos mananciais em áreas urbanas e rurais
• Os diferentes tipos de família na atualidade
Ana Carolina Landim Pacheco, Simone Vieira Batista, Suzana Gomes Lopes e Tamaris Gimenez Pinheiro
115
O PÉ DE OITICICA CASAMENTEIRO
Temas a serem abordados
• Bioma Caatinga
• Agricultura familiar
• Biologia do desenvolvimento e reprodução
• Concordância verbal e nominal
Sugestões de atividades
Conceitual
• Aula de campo para o reconhecimento do bioma Caatinga
• Aula de campo para reconhecimento das práticas da
agricultura familiar
• Leitura de imagens sobre a biologia do desenvolvimento
• Pesquisa sobre reprodução humana e métodos contraceptivos
Procedimental
• Palestra com profissionais da saúde sobre doenças sexualmente
transmissíveis
• Mostra fotográfica sobre o bioma Caatinga
• Entrevista com agricultores para compreender os procedimentos
para produção, coleta e sustentabilidade da agricultura familiar
• Produção de uma revista com informações sobre as mudanças
no corpo de um adolescente
Atitudinal
• Valorização do bioma Caatinga e sua biodiversidade
• Questões de gênero no campo
• Conhecer e cuidar do corpo
A PRINCESA E O PEIXE
Temas a serem abordados
• Fábulas
• A classificação dos peixes
• Rios e lagos
Sugestões de atividades
Conceitual
• Roda de contação de fábulas brasileiras e nordestinas
• Visita à um criatório de peixe
• Biologia básica dos peixes por meio de exposição de imagens de
diversos animais dessa classe
• Exposição de documentários sobre rios e lagos e sua importância
para os ecossistemas
Procedimental
• Pesquisa, nos livros da biblioteca da escola ou na Internet, de
fábulas, identificando as principais características das mesmas
• Contação e ilustração da história
• Criação de histórias em quadrinhos com fábulas escritas pelos
alunos
• Elaboração de uma tabela comparativa entre os grupos dos
peixes cartilaginosos e ósseos
• Realizar a brincadeira de “pescaria” com as características
biológicas desse grupo animal
• Confecção de painéis ilustrativos sobre rios e lagos
• Pesquisa sobre os rios que abastecem a região
Atitudinal
• A importância das fábulas para o desenvolvimento da leitura,
interpretação e escrita
• Conservação dos recursos hídricos
• Incentivo à criação de peixes para fins econômicos
Ana Carolina Landim Pacheco, Simone Vieira Batista, Suzana Gomes Lopes e Tamaris Gimenez Pinheiro
117
Ana Carolina Landim Pacheco, Simone Vieira Batista, Suzana Gomes Lopes e Tamaris Gimenez Pinheiro
119
O FALSO VAQUEIRO
Temas a serem abordados
• O campo e a cidade
• Êxodo rural
• Profissões
Sugestões de atividades
Conceitual
• Exposição dialogada sobre a vida no campo e na cidade
• Música: “Asa branca” de Luiz Gonzaga e Humberto Teixeira
• Materiais utilizados nas diversas profissões: debate “a quem
pertence?”
Procedimental
• Confeccionar uma maquete estabelecendo a diferença entre o
campo e a cidade
• Coreografar a música “Asa Branca” de Luiz Gonzaga e
Humberto Teixeira
• Feira de profissões
Atitudinal
• Respeito às pessoas do campo e da cidade
• Reflexão acerca do êxodo rural
• Valorização das profissões
AS SETE ESTRELAS
Temas a serem abordados
• Corpos celestes
• Importância das abelhas
• Classificação das plantas: Gimnospermas e Angiospermas
Sugestões de atividades
Conceitual
• Vídeos sobre corpos celestes
• Aula de campo para identificação de plantas melíferas
• Abordagem da importância das abelhas para o ecossistema
• Diferenciação das plantas gimnospermas e angiospermas
Procedimental
• Confecção de instrumento para observação dos corpos celestes
• Aula prática com os diferentes tipos de frutos
• Visita à um meliponário
• Visita à uma beneficiadora de mel
• Elaboração de um livro com receitas que utilizem o mel como
ingrediente
Atitudinal
• O cuidado e a preservação da vegetação nativa
• Conservação das abelhas nativas
• O mel na alimentação
Ana Carolina Landim Pacheco, Simone Vieira Batista, Suzana Gomes Lopes e Tamaris Gimenez Pinheiro
121
UMBUZEIRO VERDADEIRO
Temas a serem abordados
• Plantas nativas
• O Semiárido nordestino
• Renda familiar
• Sistema monetário
Sugestões de atividades
Conceitual
• Aulas de campo para reconhecimento de algumas plantas nativas
da região
• A ideia de sertão na obra “Grande sertão: veredas”, de Guimarães
Rosa
• Convivência com o Semiárido
• Aula de campo: visita à feira livre da cidade
Procedimental
• Demonstração das partes de uma planta da Caatinga
• Pesquisa sobre as belezas encontradas no Semiárido
• Roda de conversa sobre os efeitos da seca na região Nordeste
do Brasil, analisando possíveis soluções
• Elaborar jogos pedagógicos com as características de clima, solo
e biodiversidade da região
• Trabalhar a letra da música “Asa Branca”, de Luiz Gonzaga
e Humberto Teixeira, na perspectiva das consequências naturais e
sociais da seca no Semiárido
Atitudinal
• Preservação das plantas nativas da região
• Valorizar as práticas de convivência com o Semiárido
• A importância cultural da feira livre, um elo entre o campo e a
cidade
CACHORRINHO BENNE
Temas a serem abordados
• Ciclo da vida
• Animais vertebrados e invertebrados
• Decomposição
Sugestões de atividades
Conceitual
• Vídeos que retratam o ciclo da vida
• Pesquisa de textos literários que abordem tenham a morte como
tema
• Aula prática com apresentação de animais vertebrados e
invertebrados
Procedimental
• Saída de campo para identificação de animais vertebrados e
invertebrados
• Experimento para observação do processo de decomposição
• Exposição de biografias de autores e textos que abordem o
tema da morte
• Dramatização da história contada
Atitudinal
• Campanha de valorização à vida
• Campanha de adoção de animais
• Campanha de arrecadação de alimentos e produtos de higiene e
limpeza para alguma instituição filantrópica
Ana Carolina Landim Pacheco, Simone Vieira Batista, Suzana Gomes Lopes e Tamaris Gimenez Pinheiro
123
CAMÕES
Temas a serem abordados
• Brasil Imperial
• Corpos d’água: diferentes tipos de rio
• Minérios
• Discurso direto e indireto
• Substantivo abstrato
• Alcoolismo
Sugestões de atividades
Conceitual
• Usar os emojis dos meios virtuais para conceituar os diferentes
substantivos abstratos
• Sessão de cinema: Carlota Joaquina, capítulos de novelas de época
• Aula de campo para conhecer alguns rios da região
• Contação de história para trabalhar os conceitos de discurso
direto e indireto
Procedimental
• Reescreva a história transformando a personagem principal em
uma pessoa ética
• Criação de um portfólio com os diferentes tipos de minérios
• Transforme as passagens do texto que estão como discurso
direto em indireto
• Elabore uma charge sobre o Brasil Imperial
• Criação de bonecos de papel que ilustrem as classes sociais do
Brasil Imperial
Atitudinal
• O álcool é uma droga
• O “jeitinho” brasileiro e os impactos para a sociedade
• Degradação de rios da região: a situação do Rio Guaribas
• Divisão de classes na sociedade atual e as desigualdades sociais
Ana Carolina Landim Pacheco, Simone Vieira Batista, Suzana Gomes Lopes e Tamaris Gimenez Pinheiro
125
NEGRO SANTO
Temas a serem abordados
• Escravidão
• Coronelismo
• Animais peçonhentos
• Monoculturas
• Preconceito racial, socioeconômico e cultural
Sugestões de atividades
Conceitual
• Apresentação de vídeos ligados aos temas coronelismo e
escravidão
• Aula sobre animais peçonhentos
• Visitas à museus para observação de objetos de época
• Visita à comunidade quilombola
Procedimental
• Ler e discutir os artigos da Declaração Universal dos Direitos
Humanos
• Trabalhar com interpretação, ilustração e coreografia de
músicas que abordem o tema de preconceito racial
• Pesquisa de dados sobre trabalho escravo no Brasil e no mundo
• Palestra com especialistas em serpentes peçonhentas e primeiros
socorros em acidentes com esses animais
Atitudinal
• Condição da pessoa negra na atualidade: preconceito à estética,
cultura e participação social
• Atitudes preconceituosas, etnocêntricas e discriminatórias
OS BICHINHOS DO FULORÊNCIO
Temas a serem abordados
• Lendas e mitos
• Folclore
Sugestões de atividades
Conceitual
• Roda de conversa sobre as lendas e mitos da comunidade
• Folclore brasileiro
Procedimental
• Narrar a lenda utilizando fantoches
• Confeccionar animais utilizando o tangram e dobraduras
• Exposição de desenhos de lendas e mitos resgatados a partir de
pesquisa na comunidade
• Pesquisa de histórias do folclore brasileiro e mundial
Atitudinal
• Valorização das lendas e mitos da comunidade
• Resgate da cultura local
Ana Carolina Landim Pacheco, Simone Vieira Batista, Suzana Gomes Lopes e Tamaris Gimenez Pinheiro
127
UM FORRÓ PÉ DE SERRA
Temas a serem abordados
• Física do som
• Agricultura familiar
• Violência no cotidiano
• Cultura popular
Sugestões de atividades
Conceitual
• Experimentos com diferentes tipos de aparelhos sonoros
• Pesquisa da história e evolução do ritmo forró
• Importância da agricultura familiar para a produção de
alimentos
• Roda de conversa para abordagem do tema violência no cotidiano
• Pesquisa de dados sobre a violência na região, no estado,
no país e no mundo. Usar como fontes de pesquisa delegacias,
Conselho Tutelar, Centro de Referência Especializado de
Assistência Social
Procedimental
• Sarau cultural com apresentação de danças, poesias, cordéis e
grupos musicais
• Levantamento das atividades agrícolas desenvolvidas pelos
pequenos produtores rurais da região
• Elaboração de vídeos amadores sobre casos de pessoas que já
foram agredidas de alguma forma.
Atitudinal
• A importância da agricultura familiar para a alimentação
saudável
• Sensibilização a respeito do uso de agrotóxicos e danos que os
mesmos podem causar.
• Mobilização para redução da violência cotidiana
Ana Carolina Landim Pacheco, Simone Vieira Batista, Suzana Gomes Lopes e Tamaris Gimenez Pinheiro
129
VIAGEM INESQUECÍVEL
Temas a serem abordados
• Oceanos e mares
• Zonas litorâneas do Brasil
• Corpo humano: sistema digestório
• Característica físico-química da água: salinidade
• Ciclo da água
• Unidades de medida: tempo e distância
• Divisão silábica
Sugestões de atividades
Conceitual
• Vídeos sobre o sistema digestório, zonas litorâneas, oceanos e
mares
• Observação de modelo anatômico da boca para que os alunos
consigam identificar os diferentes tipos de dente
• Medir a sala de aula com fita métrica e transformar nas
diferentes unidades de medida;
• Competição de soletração para trabalhar a divisão silábica
Procedimental
• Confecção de dentaduras com massa de biscuit ou papel machê
• Criação de um quebra-cabeça do sistema digestório
• Confecção dos diferentes tipos de relógio
• Preparação de livro de parede com as diferentes fases do ciclo
da água
• Experimento para avaliar a diferença entre a água “doce” e a
água “salgada”
Atitudinal
• Aceitação do corpo
• Vivendo em função do tempo
• O lixo nos oceanos e mares
• Degradação das áreas costeiras
• Preconceito linguístico: formal e coloquial
• Higiene bucal e sua relação com a saúde
Ana Carolina Landim Pacheco, Simone Vieira Batista, Suzana Gomes Lopes e Tamaris Gimenez Pinheiro
131
Referências Consultadas
CIDADE BRASIL. Disponível em: <http:// http://www.cidade-
brasil.com.br/>. Acesso em: 15 mai 2017.
ESCOLA MUNICIPAL MANOEL JOAQUIM DE
CARVALHO. Histórico de Massapê do Piauí – PI. Disponível
em: <https://unidadescolarmanoeljoaquimdecarvalho.wordpress.
com/2014/06/10/historico-de-massape-do-piaui-pi/>. Acesso em:
20 mai 2017.
FUNDAÇÃO CEPRO. Piauí em Números. Teresina. 10. ed. 2013.
GUIA DO TURISMO BRASIL. Atrativos paisagísticos e
culturais. Disponível em: <http://www.guiadoturismobrasil.com/cidade/
PI/612/picos>. Acesso em: 18 mai 2017.
INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E
ESTATÍSTICA – IBGE. Censo Demográfico de 2010.
Fundação Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. Dados
referentes à comunidade de Ipueiras, Picos, Piauí.
INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E
ESTATÍSTICA – IBGE. Divisão Territorial do Brasil e
Limites Territoriais. 2008. Disponível em: <www.ibge.gov.br/home>.
Acesso em: 11 mai 2017.
Ana Carolina Landim Pacheco, Simone Vieira Batista, Suzana Gomes Lopes e Tamaris Gimenez Pinheiro
133
Ficha de Leitura
Nome do leitor: ______________________________________________
Início da leitura: ____/____/____ Término da leitura: ____/____/____
Identificação da Obra
Título:
Autor(es):
Ilustrador(es):
Editora:
Gênero:
O que mais aparece na história?
Diálogos Narrações Descrições
A história é escrita em:
Primeira pessoa Terceira pessoa
A história poderia realmente ter acontecido ou não? Justifique.
Análise da Trama
Quais são os personagens?
Protagonista:
Antagonista:
Secundário(s):
Onde se passa a maior parte da história?
Ana Carolina Landim Pacheco, Simone Vieira Batista, Suzana Gomes Lopes e Tamaris Gimenez Pinheiro
Apreciação do Leitor 135
Apreciação do Leitor
Qual a mensagem principal da história?
Ana Carolina Landim Pacheco, Simone Vieira Batista, Suzana Gomes Lopes e Tamaris Gimenez Pinheiro
ISBN: 978-85-509-0203-6