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EXCELENTÍSSIMO SENHOR MINISTRO PRESIDENTE DO COLENDO

SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL

Síntese. Réu primário – Réu primário - Fixação de regime inicial FECHADO BASEADO NA GRAVIDADE
ABSTRATA DO DELITO – CONSTRANGIMENTO ILEGAL EVIDENTE. – Afronta às Súmulas 718 e 719, do STF

RONAN ALENCAR LIMA DA SILVA, advogado, inscrito na OAB/RJ sob o nº


186.863 e BRUNO MOREIA VASCONCELOS, advogado, inscrito na OAB/RJ
sob o nº 186.796, ambos com endereço profissional na Rua Conde de Porto
Alegre, 477, 25 de agosto, Duque de Caxias - RJ, vem à presença de Vossa
Excelência, com fundamento nos artigos 5º, inciso LXVIII, da Constituição
Federal e Arts. 647 e seguintes do Código de Processo Penal, Impetrar a
presente ordem de

HABEAS CORPUS com pedido liminar

em favor de KEVIN BERNARDINO DA SILVA, brasileiro, nascido em


16/01/1996, filho de Maria de Fátima da Silva, com RG nº 30.799.630.6
DETRAN, apontando como autoridade coatora o MINISTRO ROGÉRIO
SCHIETTI CRUZ, em razão do constrangimento ilegal a que está sendo
submetidos no processo-crime nº HC 350273(2016/0054839-2) NÚMERO ÚNICO:
0054839-59.2016.3.00.0000,que negou o pedido quanto à fixação do regime
inicial.
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Escritório: 21-3848-2222 | Dr. Ronan Alencar: 21-97225-3622 | Dr. Bruno Moreira: 21- 98626-3823
Rua Conde de Porto Alegre, nº 477, sala 802, Jardim 25 de Agosto, Duque de Caxias – RJ – CEP 25070-35
1 - BREVE SINTESE

O paciente foi condenado a pena de seis anos e sete meses de


reclusão em regime fechado, pela suposta prática do art. 157, §2º, I e II
do CP E Corrupção de Menores - Eca (Lei 8.069/90 - Art. 244 B) N/F
Concurso Material (Art. 69 - Cp).

Entretanto, na fixação do regime para o cumprimento inicial da


pena, o juízo de primeiro grau transfigurou-se em autoridade coatora, na
medida em que determinou o início de pena no REGIME FECHADO.
Mesmo com reconhecimento que o réu figura como primário e época
detinha trabalho lícito.

2 - DA FUNDAMENTAÇÃO DO REGIME FECHADO E ILOGICIDADE DE


MANTER UMA SITUAÇÃO MAIS GRAVOSA AO STATUS LIBERTATIS.

NA PRIMEIRA FASE FUNDAMENTOU O DOUTO MAGISTRADO:

“Os acusados são primários e de bons antecedentes.


A culpabilidade foi normal para o delito praticado.
Assim, fixo a pena base no mínimo legal, em QUATRO ANOS DE
RECLUSÃO E MULTA DE DEZ DIAS para o delito de roubo e de UM ANO
DE RECLUSÃO para o delito de corrupção de menores.”

(a) Excelentíssimo Ministro, no fundamento do Douto Magistrado


reconheceu que o acusado é primário e de bons
antecedentes;

(b) Até mesmo para o crime em questão, não ocorreu nada que
além do artigo imputado. Sua conduta até este fato, foi de
uma pessoa que sempre trabalhou.

Porém quanto ao regime inicial de cumprimento de pena, contrariando


o que fundamentou na segunda fase, descreve o Magistrado:
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- REGIME DE PENA

“Considerando a gravidade do delito praticado ainda na


companhia de- adolescente- e com o. emprego de arma de fogo,
concluo que a pena deve ser cumprida no regime mais rigoroso,
qual seja, o fechado.”

Contra a ilegalidade foi impetrado habeas corpus no Tribunal, mas,


mantendo a ilegalidade que contraria súmula deste Colendo Tribunal e
ocasionando a necessidade da impetração de novo HC no já abarrotado
judiciário, o Tribunal do Rio de Janeiro manteve a decisão ao indeferir
liminarmente o remédio constitucional, assim também se posicionou o Ministro
do STJ, negando o habeas corpus.

Nota-se que o judiciário carioca, contrariou posicionamento dos


Tribunais Superiores ao não fundamentar, com base em elementos
concretos, a fixação de regime fora das balizas estabelecidas no art. 33,
§2º, CP, cometendo flagrante ilegalidade que deverá ser sanada pela
concessão da presente ordem.

2. DOS FUNDAMENTOS JURÍDICOS

2.1. Do ato coator

Para efeito de delimitação do objeto do writ e fixação da competência para


processamento e julgamento do presente habeas corpus, reputa-se como
coator o ato judicial (acórdão exarado da 3ª Câmara Criminal do Tribunal
de Justiça do Estado do Rio de Janeiro) que indeferiu o writ.
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2.2. Do Cabimento do remédio constitucional

Em primeiro lugar, deve ser ressaltado que a Constituição da República, ao


prever o habeas corpus, não limita seu cabimento, sendo o único requisito a
ilegalidade da restrição da liberdade de ir e vir de um indivíduo, ou seja, basta
que o constrangimento.

3 – DO REGIME INICIAL

Nota-se da breve análise da questão em desate que o regime inicial de


cumprimento de pena merece ser modificado, pois as circunstâncias
judiciais são todas favoráveis ao paciente, o que foi reconhecido pela
própria magistrada ao fixar pena-base, aduzindo que:

“Os acusados são primários e de bons


antecedentes. A culpabilidade foi normal para o
delito praticado. Assim, fixo a pena base no mínimo
legal, em QUATRO ANOS DE RECLUSÃO E
MULTA DE DEZ DIAS para o delito de roubo e de
UM ANO DE RECLUSÃO para o delito de corrupção
de menores.

Foi fixado regime fechado sem qualquer fundamentação idônea, em síntese


pela razão da gravidade em abstrato do delito, em violação ao disposto nos
enunciados 718 e 719 da súmula do STF e 440 da súmula do STJ.

“REGIME DE PENA Considerando a gravidade do


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delito praticado ainda na companhia de adolescente

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e com o emprego de arma de fogo, concluo que a
pena deve ser cumprida no regime mais rigoroso,
qual seja, o fechado”.

Contudo o Tribunal Carioca, manteve a decisão denegando a ordem:

“No ponto, cumpre observar que a


jurisprudência da Corte colacionada pelos
impetrantes de modo a embasar sua pretensão
referese a um crime de roubo com emprego de
arma branca, não se coadunando, portanto,
com a hipótese dos autos, que trata da prática
de um crime roubo circunstanciado com
ostensivo emprego de arma de fogo e concurso
de dois agentes, além da participação de um
adolescente”.

Em que pesem, portanto, os fundamentos do Tribunal do Estado do Rio


de Janeiro, a decisão em apreço, a fixação de regime de pena mais
gravoso pelo fundamento apresentados na sentença é
manifestamente ilegal, devendo ser analisados os termos da presente
fundamentação pela via do remédio heroico.

Vale salientar que o acusado é PRIMÁRIO, sendo certo que a pena base foi
fixada no mínimo legal, sendo favoráveis as circunstâncias judiciais do art. 59
do Código Penal.
Assim, sendo o paciente condenado a pena inferior a oito anos, fica
possibilitado o cumprimento da sua pena em regime semiaberto, em
consonância com sua primariedade, bons antecedentes e a inexistência de
circunstâncias judiciais comprovadamente negativas (art.33, § 2º c/c art. 59 do
CP).

E nem se diga que o custo social do delito é grave. Isso porque, é mais
do que sabido que a gravidade do delito já está embutida em sua própria
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tipificação e nos respectivos limites abstratos de repressão penal. Por tal

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motivo, não pode também servir de justificativa para o agravamento do regime
inicial de cumprimento da pena.

4 - DA JURISPRUDÊNCIA E SUMULAS STJ E STF

Tal matéria, inclusive, já está sumulada pelo Superior Tribunal de Justiça, in


verbis:
Súmula 440 Fixada a pena-base no mínimo
legal, é vedado o estabelecimento de regime
prisional mais gravoso do que o cabível em
razão da sanção imposta, com base apenas na
gravidade abstrata do delito.

A posição do Egrégio Supremo Tribunal Federal, pacificada por


intermédio das Sumulas 718 e 719, in verbis:

SÚMULA 718: “A OPINIÃO DO JULGADOR


SOBRE A GRAVIDADE EM ABSTRATO DO
CRIME NÃO CONSTITUI MOTIVAÇÃO IDÔNEA
PARA A IMPOSIÇÃO DE REGIME MAIS
SEVERO DO QUE O PERMITIDO SEGUNDO A
PENA APLICADA.”

SÚMULA 719: “A IMPOSIÇÃO DO REGIME DE


CUMPRIMENTO MAIS SEVERO DO QUE A
PENA APLICADA PERMITIR EXIGE
MOTIVAÇÃO IDÔNEA.”

Destarte, o próprio Egrégio Tribunal de Justiça do Estado do Rio de


Janeiro já se manifestou sobre o tema:

0014396-55.2015.8.19.0000 - HABEAS CORPUS 


1ª Ementa
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DES. MONICA TOLLEDO DE OLIVEIRA -

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Julgamento: 12/05/2015 - TERCEIRA CAMARA
CRIMINAL 

HABEAS CORPUS. Artigo 157, § 2º, I do CP.


Roubo com emprego de arma branca. Sustenta o
impetrante que o paciente está sofrendo
constrangimento ilegal uma vez que foi
fixado regime fechado sem qualquer fundamentação
idônea, em razão da gravidade em abstrato do delito.
Requer, liminarmente, que seja concedida a
ordem para o paciente apelar em liberdade até o
trânsito em julgado de eventual decisão
condenatória. Fixada a pena-base no mínimo
legal reconhecido expressamente favoráveis as
circunstâncias judiciais, é vedado o
estabelecimento
de regime prisional mais gravoso do que o
cabível em razão da sanção imposta, com base
apenas na gravidade abstrata do delito (Sum.
440, STJ). Além disso, a opinião do julgador
sobre a gravidade em abstrato do crime não
constitui motivação idônea para a imposição
de regime mais severo do que o permitido
segundo a pena aplicada (Sum. 718, STF). A
questão referente à correção do regime de
cumprimento da pena deve ser objeto de recurso de
Apelação, e, portanto, em princípio, não poderia ser
apreciada através de Habeas corpus, já que a via
mandamental não se presta a substituir o recurso
próprio. Todavia, a manutenção da cautela prisional
do Paciente em unidade de regime fechado constitui
constrangimento ilegal e deve ser solucionado pela
concessão de HC estritamente para permitir que o
paciente recorra em regime inicial semiaberto,
determinando-se que o Juízo da VEP providencie a
imediata transferência do ora Paciente para uma
unidade compatível com tal regime. Portanto, não é
caso de conceder ao réu o direito de apelar em
liberdade, tal qual requerido em sua inicial, mas tão-
somente adequar o regime imposto. Parecer
favorável do MP. Concessão parcial da ordem.
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5 – DOS REQUISITOS DA MEDIDA LIMINAR
Os pressupostos autorizadores da liminar estão suficientemente
demonstrados no caso em tela. Há, evidentemente, urgência na apreciação,
uma vez que o paciente, em face da decisão combatida, corre o risco de ter
sua liberdade cerceada, já que precisaria cumprir a pena em regime mais
gravoso do que o admitido em lei.
De rigor, portanto, o deferimento da liminar, para tornar sem efeito
a decisão do juiz da decisão do juiz da 1ª Vara Criminal Comarca de
Belford Roxo, que determinou o regime fechado para início de
cumprimento da reprimenda imposta.

6. DO PEDIDO

Ante o exposto, requer seja concedida a liminar para estabelecer o regime


Semiaberto para início do cumprimento de pena do paciente e, após a vinda
das informações, caso entendidas necessárias, seja ao final confirmada a
liminar.

Termos em que

E. Deferimento.

Rio de Janeiro 25 de fevereiro de 2016.

RONAN ALENCAR LIMA DA SILVA – OAB/RJ 186.863

BRUNO MOREIRA VASCONCELOS – OAB/RJ 186.796


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Termos em que,
Pede deferimento.
Rio de Janeiro, 30 de março de 2016

BRUNO MOREIRA - OAB/RJ 186.796

RONAN ALENCAR - OAB/RJ 186.863

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