GRECO, Luís. Tem Futuro A Teoria Do Bem Jurídico
GRECO, Luís. Tem Futuro A Teoria Do Bem Jurídico
GRECO, Luís. Tem Futuro A Teoria Do Bem Jurídico
Reflexões a partir da
decisão do Tribunal Constitucional Alemão a respeito do
crime de incesto (§ 173 Strafgesetzbuch)
Luís Greco
Doutor e Mestre em Direito pela Ludwig Maximilian Universität, de Munique. Assistente
junto à cátedra do Prof. Dr. Dr. h. c. mult. Bernd Schünemann.
1. A decisão--
Aos olhos do Tribunal, o tipo penal da conjunção carnal entre parentes não apresenta,
por diversas razões, problemas de constitucionalidade. O Tribunal inicia explicitando os
critérios com base nos quais procederá ao exame de constitucionalidade. Segundo o
Tribunal, para que uma intervenção estatal nos direitos fundamentais seja
constitucional, deve ela, formalmente, estar fundamentada em lei e, materialmente,
respeitar os limites da esfera nuclear da autonomia da vida privada e ser proporcional
(n. 32 e s., 34 e ss.). Da teoria do bem jurídico, pelo contrário, não se poderia deduzir
qualquer critério constitucional de limitação do legislador.
esfera nuclear da vida privada, uma vez que a conjunção carnal entre irmãos não diria
respeito apenas a eles mesmos, mas também possuiria consequências para a família,
para a sociedade como um todo e também para as crianças que eventualmente
nascessem da relação sexual incestuosa (n. 40). A disposição teria em vista, em
primeiro lugar, a proteção do casamento e da família positivada no art. 6 da Constituição
alemã, já que o comportamento incestuoso conduziria a uma "perturbação das
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atribuições de papel que dão estrutura a uma família" (n. 42 e ss. [45]). Em segundo
lugar, perseguiria a proibição o fim de proteger a autodeterminação sexual,
principalmente porque a família representaria uma relação institucional de dependência,
cujos efeitos se fariam perceptíveis também após os 18 anos (n. 47 e s.) Em terceiro
lugar, a norma almejaria a prevenção de doenças genéticas nas novas gerações (n. 49).
Em quarto lugar, a disposição "parte de uma das mais sedimentadas convicções do
injusto na sociedade e busca continuar a sustentá-la por meio do Direito Penal" (n. 50).
Para a realização desses objetivos a disposição seria adequada (idônea), necessária e
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proporcional em sentido estrito (n. 52 e ss., 59, 60 e ss.). Outras objeções interpostas
pelo reclamante (violação ao art. 6, parágrafo 1, da Lei Fundamental, isto é, ao direito
dos pais de cuidar e educar os filhos, ou ao art. 3, parágrafo 1, princípio da igualdade, e
desrespeito ao princípio da culpabilidade) seriam todas injustificadas (n. 64 e ss.).
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No seu voto divergente, Hassemer criticou cada argumento da decisão da maioria.
Segundo ele, uma convicção social não é capaz de legitimar constitucionalmente uma
norma jurídico-penal (n. 81). As razões genéticas são, por vários motivos, inaceitáveis
(n. 82 e ss.). O dispositivo não persegue, tampouco, a proteção da autodeterminação
sexual, principalmente porque a vítima nem atua de forma irresponsável, nem se
encontra numa situação de coação (n. 87 e ss.). A proteção da família não pode ser a
finalidade da norma, vez que esta não compreende vários casos em que a família é
atingida (n. 92 e ss.). Por isso, o dispositivo protege "meras convicções morais -
existentes ou supostas", e para este fim "há instrumentos diversos e mais idôneos" do
que o direito penal (n. 98 e ss. [98, 99]). Falta à disposição, por estas e outras razões,
tanto a adequação, como também os requisitos da necessidade e proporcionalidade em
sentido estrito (n. 103 e ss., 115 e ss., 121 ss.).
Como já foi mencionado anteriormente, fala o Tribunal também "de uma convicção do
injusto sedimentada na sociedade", que deveria ser reforçada pelo direito penal (n. 50).
Aqui aparece uma passagem de difícil compreensão: a discussão que se trava no direito
penal a respeito da diferenciação entre normas penais que se fundam apenas em
representações morais e normas que protegem bens jurídicos não seria relevante aos
olhos do Tribunal, já que "a proibição do incesto (se justificaria) em razão de uma
conjunção de vários objetivos plausíveis para a punição, vistos no contexto da convicção
social histórico-culturalmente fundada e ainda hoje perceptível de que o incesto é
merecedor de pena, o que se confirma também numa comparação internacional".
A verdade é que a diferença entre essas duas teses parece apenas existir na teoria. Na
prática, quase tudo que é visto como imoral produzirá consequências indiretas similares
às que foram mencionadas pelo Tribunal Constitucional Alemão para legitimar a
proibição do incesto: "ego debilitado ( vermindertes Selbstbewusstsein), disfunções
sexuais na idade adulta, inibição na formação da identidade pessoal (gehemmte
Individuation), déficits na busca de identidade sexual e na capacidade de relacionar-se,
promiscuidade sexual, marginalização e isolamento social" (n. 44); até provavelmente
algumas décadas atrás, estas consequências poderiam ocorrer no caso de filhos de
homossexuais e podem ainda hoje ser atribuídas a filhos de prostitutas ou atores de
filmes pornográficos. Isso quer dizer que, diante de qualquer comportamento (hoje ou
antigamente considerado) imoral será possível descobrir razões que não sejam
unicamente referidas à moral, a partir das quais será possível justificar a proibição
penal.
não obstante declarar não ter tomado partido quanto à possibilidade de punição de
"meras convicções morais", no fundo aceita essa possibilidade.
Uma possível razão é fornecida por Hassemer em seu voto divergente. Hassemer pensa
que o direito penal é um meio inidôneo para proteger convicções morais. "O
fortalecimento ou a manutenção de um consenso social sobre valores - no presente
caso, sobre a proibição da conjunção carnal entre parentes - não pode, porém, ser o
objetivo direto de uma norma penal. Para tanto, há instrumentos diversos e mais
idôneos que o direito penal, segundo os termos do princípio da ultima ratio e da
proporcionalidade como limites constitucionais a intervenções por meio do direito penal.
O reforço de convicções morais pode, no máximo - indiretamente - ser esperado como o
resultado que a longo prazo decorre de uma justiça penal justa, racional e constante" (n.
100). Independentemente do questionamento a respeito das relações entre essas
considerações e o critério do "acordo normativo" (normative Verständigung)
anteriormente avançado por Hassemer como fundamento de legitimação de
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incriminações, é de se notar um defeito fundamental nessa argumentação. Ela
transforma o liberalismo jurídico-penal numa tese empírica e contingente. O direito
penal não poderia servir à proteção da moral, porque ele não o conseguiria fazer de
modo eficiente. Mas como pode estar Hassemer tão certo disso? Não se poderia atribuir
ao direito penal, com pelo menos idêntica plausibilidade, uma "eficácia moldadora de
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costumes" (sittenbildende Kraft), uma função de "conservação dos valores
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ético-sociais de ânimo" ou - nas palavras do Tribunal Constitucional - uma "função de
apelo, de estabilização da norma e com isso preventivo-geral" (n. 50)? As ciências
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empíricas não dão qualquer resposta conclusiva, e o senso comum, a verdadeira fonte
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da imagem de mundo da qual parte o jurista, deixa um espaço bastante reduzido para
um ceticismo nos moldes de Hassemer. Mas o Tribunal tem uma solução para tais
situações de insegurança, a saber, o recurso à prerrogativa de avaliação do legislador,
topos que aparece repetidamente na decisão que ora comentamos. Simplificadamente, a
chamada prerrogativa de avaliação (Einschätzungsprärrogative) designa a faculdade que
a Corte reconhece ao legislador de formular suas próprias suposições empíricas,
especialmente quando diante de situações empiricamente pouco claras, que envolvam,
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decisão do Tribunal Constitucional Alemão a respeito do
crime de incesto (§ 173 Strafgesetzbuch)
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por exemplo, prognoses difíceis ou avaliações referidas ao plano macrossocial.
Questionar a idoneidade do direito penal para proteger a moral é questionar apenas a
verdade de uma proposição empírica, com o que o liberalismo jurídico-penal é entregue
tanto às contingências das ciências empíricas e do senso comum, como também à
prerrogativa de avaliação do legislador.
O Tribunal declarou, por exemplo, permitido que um preso fizesse declarações lesivas à
honra na correspondência dirigida a um parente próximo, ainda que ambos saibam que
essa correspondência é controlada e que as lesões à honra chegarão, portanto, ao
conhecimento da vítima. O Tribunal falou aqui da necessidade de garantir um "espaço
(...) em que o indivíduo esteja entregue apenas a si mesmo, sem qualquer vigilância
externa, ou em que ele possa se relacionar com pessoas de sua especial confiança sem
levar em conta expectativas sociais de comportamento e sem medo de sanções
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estatais". E na decisão sobre a escuta domiciliar, medida polemicamente chamada de
grosser Lauschangriff (tradução literal e deselegante: "grande ataque da escuta"), impôs
o Tribunal claros limites: "O desenvolvimento da personabilidade na esfera nuclear da
vida privada pressupõe a possibilidade de expressar eventos internos, como sensações e
sentimentos, bem como reflexões, opiniões e experiências de caráter personalíssimo (...)
Pertencem a essa esfera também expressões de sentimento, de experiências
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inconscientes e formas de manifestação da sexualidade". Também a decisão que ora
comentamos só passa a ocupar-se da proporcionalidade depois que examina e exclui
uma violação dessa esfera nuclear (n. 40).
Mas por que chega o Tribunal, ainda que partindo do mesmo critério, a uma solução
diversa da aqui defendida? Uma análise mais detida revela que o Tribunal aplicou
erroneamente seu critério da esfera nuclear da vida privada. "A conjunção carnal entre
irmãos não diz respeito apenas a eles mesmos, mas também possui consequências para
a família, para a sociedade como um todo e também para as crianças que
eventualmente nasçam da relação sexual incestuosa" (n. 40). Uma tal argumentação
reduz a esfera nuclear intocável a algo na prática inexistente, pois - como se observou
repetidamente acima - toda ação, por mais privada que seja, pode ter consequências
indiretas para outros. Com essa dificuldade já teve de se deparar o próprio Stuart Mill,
ao propor que se diferenciassem comportamentos referidos ao próprio atuante de
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comportamentos referidos a terceiros. Quando se começa a perguntar pelas
consequências, abandonou-se o campo dos imperativos de respeito e com isso o âmbito
do intocável e imponderável. Respeitar a autonomia significa que se leve a sério o ser
humano porque ele é um ser humano, e não só porque isso nos convém.
Ainda assim, esse erro da decisão deve servir de alerta, porque aponta para um
problema que, há de se admitir, a opinião aqui defendida ainda tem de superar. De um
lado, a nossa posição, por sua referência direta à jurisprudência constitucional alemã,
consegue solucionar o acima denominado problema de fundamentação que assolava a
teoria do bem jurídico. O problema de definição, isto é, a questão de delimitar a intensão
e principalmente a extensão do conceito utilizado, permanece por resolver. A
Constituição outorga à doutrina, portanto, a nova tarefa de traçar em detalhes o mapa
do intocável e imponderável. E a prova de que essa tarefa é realizável nos é fornecida
pelas numerosas certezas de que aqui já dispomos: por exemplo a proibição da
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escravidão, do genocídio ou da tortura.
algo e ela tem de ser adequada em relação a algo. O fato de que não se pode legitimar
uma intervenção com a proteção de valores morais é correto, mas não decorre da teoria
do bem jurídico, e sim do argumento da autonomia acima exposto.
6. Bibliografia
APPEL, Ivo. Rechtsgüterschutz durch Strafrecht? Krit 82, 1999, p. 278 e ss.
BOCKELMANN, Paul. Vom Sinn der Strafe, Heidelberger Jahrbücher 5, 1961, p. 25 e ss.
COSTA ANDRADE, Manuel da. A "dignidade penal" e a "carência de tutela penal" como
referência de uma doutrina teleológico-racional do crime. Revista Portuguesa de Ciência
Criminal, ano 2, fasc. 2, 1992, p. 173 e ss.
DWORKIN, Ronald. Rights as Trumps. In: Waldron (coord.). Theories of Rights. Oxford,
1984. p. 153 e ss.
GRECO, Luís. A crítica de Stuart Mill ao paternalismo. Revista Brasileira de Filosofia 54,
2007, p. 321 e ss.
____. As regras por trás da exceção: reflexões sobre a tortura nos chamados "casos de
bomba-relógio". RBCCrim 78, São Paulo: Ed. RT, 2009, p. 7 e ss.
____. Lebendiges und Totes in Feuerbachs Straftheorie. Berlin: Duncker & Humblot,
2009.
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Tem futuro a teoria do bem jurídico? Reflexões a partir da
decisão do Tribunal Constitucional Alemão a respeito do
crime de incesto (§ 173 Strafgesetzbuch)
____. Princípio da ofensividade e crimes de perigo abstrato. RBCCrim 49, São Paulo: Ed.
RT, 2004, p. 89 e ss.
HASSEMER, Winfried. Darf es Straftaten geben, die ein strafrechtliches Rechtsgut nicht
in Mitleidenschaft ziehen? In: Hefendehl; Wohlers; Von Hirsch (coords.). Die
Rechtsgutstheorie. Baden Baden, 2003. p. 57 e ss.
____. Mit langem Atem. Der Begriff des Rechtsguts. GA, 2007, p. 1 e ss.
LAGODNY, Otto. Strafrecht vor den Schranken der Grundrechte. Tübingen, 1996.
MENDES, Gilmar. Curso de direito constitucional. 2. ed. São Paulo: Saraiva, 2008. p.
321, 330 e 332.
WELZEL, Hans. Über den substantiellen Begriff des Strafgesetzes. In: ______.
Abhandlungen zum Strafrecht und zur Rechtsphilosophie. Berlin/New York, 1975. p. 224
e ss.
ZAFFARONI, Eugenio Raúl; ALAGIA, Alejandro; SLOKAR, Alejandro. Derecho penal. Parte
general. 2. ed. Buenos Aires, 2002.
1. Trad. Alaor Leite e Luís Greco, com pequenas modificações, do original Was lässt das
Bundesverfassungsgericht von der Rechtsgutslehre übrig? Gedanken anlässlich der
Inzesentscheidung des Bundesverfassungsgerichts. Zeitschrift für internationale
Strafrechtsdogmatik, 2008, p. 234 e ss. (Disponível em: [www.zis-online.com]).
Agradeço à Profa. Dra. Auxiliadora Minahim (Universidade Federal da Bahia), ao Prof. Dr.
Daniel Pastor (Universidad de Buenos Aires) e ao Prof. Dr. Paolo Comanducci (Universitá
degli Studi di Genova) pela oportunidade de discutir as presentes ideias. Algumas das
modificações acrescentadas à presente versão do trabalho são consequência direta
dessas discussões.
2. Eis o teor do § 173 StGB: "Conjunção carnal entre parentes. (1) Aquele que mantiver
conjunção carnal ( Beischlaf) com descendente consanguíneo, será punido com pena
privativa de liberdade de até três anos ou pena de multa. (2) Aquele que mantiver
conjunção carnal com parente consanguíneo em linha ascendente, será punido com pena
privativa de liberdade de até dois anos ou pena de multa; o disposto permanece válido
ainda que a relação de parentesco esteja extinta. Da mesma forma serão punidos os
irmãos consanguíneos que mantiverem conjunção carnal entre si. (3) Descendentes e
irmãos não serão punidos de acordo com esse dispositivo se, no momento do fato, ainda
não possuírem 18 anos".
8. Não deixa de ser irônico que trabalhos que se propõem a ser uma sistematização da
jurisprudência constitucional sejam agora citados por essa mesma jurisprudência para
alicerçar suas próprias posições, em um círculo de citações.
9. BVerfGE 6, 389 (426, 434: imoralidade; 437: proteção indireta de menores); vide
também o Projeto Governamental de Código Penal, Entwurf 1962, p. 376 e ss., que
mantinha a incriminação do homossexualismo e a fundamentava com base nesses
mesmos argumentos.
10. Uma tal definição é proposta por: Feinberg, Joel. Harm to Others. New York/Oxford,
1984, p. 14 e ss. Parece-me que, para seguirmos em frente com as presentes reflexões,
não é necessário definir de modo mais claro o conteúdo do termo " moral", por exemplo
fazendo referência a alguma teoria de ética normativa. Tentei uma tal precisão na minha
tese de doutorado, em que o termo moral, no contexto de discussões como a presente,
foi reconstruído como o conjunto de exigências de comportamento fundadas de modo
não consequencialista, o que entendi como sinônimo de exigências de comportamento
fundadas de modo deontológico ou segundo uma ética de virtudes (Greco, Luís.
Lebendiges und Totes in Feuerbachs Straftheorie. Berlin: Duncker & Humblot, 2009, p.
120). Para uma definição de consequencialismo cf. abaixo nota 20.
11. Hassemer. Theorie und Soziologie des Verbrechens. Frankfurt a. M., 1973, por
exemplo p. 229 e ss.
12. Mayer, Hellmuth. Das Strafrecht des Deutschen Volkes. Stuttgart, 1936, p. 26.
13. Welzel, Hans Über den substantiellen Begriff des Strafgesetzes. In: ______.
Abhandlungen zum Strafrecht und zur Rechtsphilosophie. Berlin/New York, 1975, p. 224
e ss. (p. 229).
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Tem futuro a teoria do bem jurídico? Reflexões a partir da
decisão do Tribunal Constitucional Alemão a respeito do
crime de incesto (§ 173 Strafgesetzbuch)
15. Fundamental: Engisch, Karl Vom Weltbild des Juristen. 2. ed. Heidelberg, 1965, p.
15.
16. Cf. em detalhes e com referências: Schlaich, Klaus; Korioth, Stefan. Das
Bundesverfassungsgericht. 7. ed. München, 2007, n. 532 e ss.
17. Por exemplo Roxin, Klaus. Rechtsgüterschutz als Aufgabe des Strafrechts? In:
Hefendehl (coord.). Empirische und dogmatische Fundamente, kriminalpolitischer
Impetus, Köln, 2005, p. 135 e ss. (144 e ss.); Roxin, Klaus. Strafrecht, Allgemeiner Teil.
4. ed. München, 2006, vol. 1, § 2/7; Schünemann, Bernd Das Rechtsgüterschutzprinzip
als Fluchtpunkt der verfassungsrechtlichen Grenzen der Straftatbestände und ihrer
Interpretation. In: Hefendehl; Wohlers; Von Hirsch (coords.). Die Rechtsgutstheorie,
Baden Baden, 2003, p. 133 e ss.; Hefendehl, Roland. Mit langem Atem. Der Begriff des
Rechtsguts. GA, 2007, p. 1 e ss.; na Argentina: Zaffaroni, Eugenio Raúl; Alagia,
Alejandro; Slokar, Alejandro. Derecho penal. Parte general. 2. ed. Buenos Aires, 2002,
p. 128; entre nós: Tavares, Juarez. Critérios de seleção de crimes e cominação de
penas. RBCCrim 0, São Paulo: Ed. RT, 1992, p. 75 e ss. (p. 78 e ss.); também eu
defendi essa postura, por exemplo: Greco, Luís. Princípio da ofensividade e crimes de
perigo abstrato. RBCCrim 49, São Paulo: Ed. RT, 2004, p. 89 e ss. (p. 97 e ss.).
19. Exemplos do primeiro gênero de críticas: mais antigamente, Bockelmann, Paul. Vom
Sinn der Strafe, Heidelberger Jahrbücher 5, 1961, p. 25 e ss. (p. 26 e ss.); atualmente,
Stratenwerth, Günter. Zum Begriff des "Rechtsgutes". In: Eser et alii (coords.).
Festschrift für Lenckner. München, 1998, p. 377 e ss. (p. 388). Exemplos do segundo
gênero: Lagodny, Otto. Schranken der Grundrechte. Tübingen, 1996, p. 144; Vogel,
Joachim. Strafrechtsgüter und Rechtsgüterschutz durch Strafrecht im Spiegel der
Rechtsprechung des Bundesverfassungsgerichts, StV, 1996, p. 110 e ss. (p. 112); Appel,
Ivo. Verfassung und Strafe, Berlin, 1998, p. 206; Appel, Ivo., Rechtsgüterschutz durch
Strafrecht? KritV 82, 1999, p. 278 e ss.
20. Entendendo-se aqui por consequencialismo a tese segundo a qual uma ação será
moralmente correta a depender unicamente de suas consequências, cf.: Shaw, William.
The Consequentialist Perspective. In: Dreier, J. (coord.). Contemporary Debates in Moral
Theory, Malden, 2006, p. 5 e ss. (p. 5); bem similar: Birnbacher, Dieter. Analytische
Einführung in die Ethik, Berlin/New York, 2003, p. 173; Frey, R. G. Act-Utilitarianism. In:
LaFollette (coord.). The blackwell guide to ethical theory, Malden: Blackwell, 2000, S.
165 f. (f. 165); Kamm, F. M. Nonconsequentialism. In: LaFollette (coord.). The blackwell
guide to ethical theory, Malden: Blackwell, 2000, p. 205 e ss. (p. 205).
22. Dworkin, Ronald. Rights as Trumps. In: Waldron (coord.). Theories of Rights. Oxford,
1984, p. 153 e ss.
23. Nesse sentido, fundamental: Nozick, Robert. Anarchy, State, Utopia. Malden, 1974,
p. 28 e ss.
24. Para o direito penal, fundamental: Schaffstein, Friedrich. Zur Problematik der
teleologischen Begriffsbildung im Strafrecht. Festschrift der Leipziger Juristenfakultät für
Richard Schmidt. Leipzig, 1936, p. 49 e ss. (p. 56 e ss. e 64).
25. Sobre o conceito de soberania extensamente: Feinberg, Joel. Harm to Self. New
York/Oxford, 1986, p. 52 e ss.
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Tem futuro a teoria do bem jurídico? Reflexões a partir da
decisão do Tribunal Constitucional Alemão a respeito do
crime de incesto (§ 173 Strafgesetzbuch)
28. BVerfGE 109, 279 (313); aprofundadamente: Roxin, Klaus. Großer Lauschangriff und
Kernbereich privater Lebensgestaltung. In: Schöch et alii (coords.). Festschrift für
Böttcher, Berlin, 2007, p. 159 e ss. com ulteriores referências.
29. Mill, John Stuart. On liberty. London: Penguin Books, 1985 (primeiramente publicado
em 1859), cap. 1 (p. 68 e ss.); vide já a crítica do seu contemporâneo: Fitzjames
Stephen, James. Liberty, Equality, Fraternity. Cambridge, 1967 (reimp. 2. ed., 1874), p.
28. Mais detalhes, com referências: Greco, Luís. A crítica de Stuart Mill ao paternalismo.
Revista Brasileira de Filosofia 54, 2007, p. 321 e ss. (p. 331 e ss.)
30. Apesar de que esta última proibição esteja sendo atualmente - e erroneamente -
questionada, a respeito: Greco, Luís. As regras por trás da exceção: reflexões sobre a
tortura nos chamados "casos de bomba-relógio". RBCCrim 78, São Paulo: Ed. RT, 2009,
p. 7 e ss.
31. Hassemer, Darf es Straftaten geben, die ein strafrechtliches Rechtsgut nicht in
Mitleidenschaft ziehen? In: Hefendehl; Wohlers; Von Hirsch (coords.). Die
Rechtsgutstheorie, Baden Baden, 2003, p. 57 e ss. (p. 60).
32. Vide os esforços de Roxin, Claus. Strafrecht, Allgemeiner Teil. 4. ed., München,
2006, vol. 1, § 2 n. 46 e ss., 76 e ss.; Schünemann, Bernd. Vom Unterschicht- zum
Oberschichtstrafrecht. Ein Paradigmawechsel im moralischen Anspruch? In: Kühne;
Miyazawa (coords.). Alte Strafrechtsstrukturen und neue gesellschaftliche
Herausforderung in Japan und Deutschland, 2000, p. 15 e ss. (p. 26, 28); Schünemann,
Bernd Das Rechtsgüterschutzprinzip als Fluchtpunkt der verfassungsrechtlichen Grenzen
der Straftatbestände und ihrer Interpretation. In: Hefendehl; Wohlers; Von Hirsch
(coords.). Die Rechtsgutstheorie, Baden Baden, 2003, p. 149; Amelung, Knut. Der
Begriff des Rechtguts in der Lehre vom strafrechtlichen Rechtsgüterschutz. In:
Hefendehl; Wohlers; Von Hirsch (coords.). Die Rechtsgutstheorie, Baden Baden, 2003, p.
155 e ss. (p. 171 e ss.); Hefendehl,oland. Kollektive Rechtsgüter im Strafrecht, Köln,
2002, p. 139 e ss.; Hörnle, Grob anstössiges Verhalten. Frankfurt a. M., 2005, p. 88.
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