Pre Dimensionamento Concreto Armado
Pre Dimensionamento Concreto Armado
Pre Dimensionamento Concreto Armado
Pré-Dimensionamento
de Estruturas em
Concreto Armado
Me. Marcos Vinício de Camargo
Esp. Dayane Jackes de Camargo
Toda edificação deve ser projetada para resistir às ações as quais está sujeita. Essas ações
estão relacionadas a carregamentos permanentes e variáveis que podem ocorrer na
estrutura. Você, como engenheiro(a) civil, consegue imaginar todos os carregamentos
que podem acontecer em uma estrutura? Você saberia calcular o peso de uma parede
de alvenaria? Como as normas consideram os carregamentos em estruturas de concre-
to armado? Existe alguma consideração mínima a ser respeitada para as dimensões e
armaduras, em uma seção de concreto, em relação aos elementos de laje, vigas e pilares?
Os fundamentos e conceitos, que envolvem as ações às quais um sistema estrutu-
ral é sujeito, são de suma importância. Essas ações devem ser analisadas na etapa de
projeto arquitetônico para permitir o correto levantamento das cargas. Considerações
erradas, quanto ao carregamento de uma estrutura, podem acarretar o surgimento de
casos, como fissuras, deslocamentos excessivos e, em alguns casos, o colapso. Durante
o pré-dimensionamento, devem ser verificadas todas as condições de utilização da
estrutura, prevendo condições normais e excepcionais. Por exemplo, em garagens, é
preciso prever a ação de veículos, pois pode haver colisão com pilares na região, e isso
é fundamental para a estrutura como um todo.
Existem casos em que o carregamento para o qual a estrutura foi projetada, incial-
mente, altera-se ao longo de sua vida útil. Nestes casos, indica-se uma reavaliação da
estrutura para resistir a nova solicitação de carregamento, fazendo-se necessário a
realização de reforço estrutural. Nesta mesma linha, os elementos estruturais devem
apresentar dimensões mínimas de seção transversal bem como armaduras transversais
e longitudinais para que possam apresentar condições de ductilidade, deslocamentos,
de modo a permitir seu comportamento idealizado.
Aluno(a), você, como profissional, deve prever, no projeto de estrutura, os carrega-
mentos dessa estrutura. Isso significa também saber o seu peso, incluindo sua vedação,
bem como as premissas de dimensionamento mínimo e ações definidas pelas normas,
porque será de sua responsabilidade a durabilidade, o custo e a necessidade de manu-
tenção, durante a vida útil da obra.
Proponho a você que analise as edificações ao seu redor. Pode iniciar olhando a pa-
rede de alvenaria da sua casa, você consegue prever qual foi o tipo de bloco utilizado? O
revestimento adotado foi o mesmo para a face externa e interna? Como devo considerar a
altura para o carregamento da parede? Como é determinado o peso próprio das estrutu-
ras? Como a norma apresenta as determinações de carregamento para regiões de portas
e janelas? Qual a seção transversal mínima para as vigas e pilares? Qual o carregamento
variável considerado em um dormitório de uma edificação residencial? Os carregamentos
considerados em uma sala comercial são os mesmos considerados na arquibancada do
estádio? Anote suas considerações e hipóteses em seu diário de bordo.
150
UNIDADE 6
DIÁRIO DE BORDO
Depois disso, refletiremos sobre o que consta em suas anotações. Você anotou como é realizado
o processo de levantamento de cargas em uma estrutura? Quais são as dimensões mínimas para
elementos de laje, vigas e pilares? De que maneira chegou a estas conclusões? A seguir, analisa-
remos cada item, combinado?
Para o início do pré-dimensionamento de estruturas a serem projetadas em concreto armado, faz-se
necessário, por parte do engenheiro, o conhecimento das ações a que a estrutura estará submetida. As
maneiras que as ações atuam em uma estrutura são delimitadas pela ABNT “NBR 8681:2004: Ações
e segurança nas estruturas de procedimentos”. Na referida norma, têm-se os requisitos de verificação
para estruturas usuais, na construção civil, a fim de apresentarem condições de segurança bem como
estabelecer os critérios de quantificação de ações e das resistências a serem consideradas em projeto.
Dessa maneira, pode-se definir as seguintes condições de ações a que uma estrutura estará sujeita,
conforme ABNT NBR 8681:2004:
151
UNICESUMAR
pessoas
viga
parede
viga
pilar
parede
objetos
Figura 1 - Edificação com ações permanentes e variáveis / Fonte: Lages (2007, p. 2).
Descrição da Imagem: a Figura 1 apresenta uma edificação com multiplos pavimentos sob a ação do carregametno
de vento, mobiliário e pessoas, nota-se que parte da edificação se localiza abaixo do nível do terreno, permitindo
assim a ação do carremento horizontal do solo.
Portanto, podemos definir as ações em permanentes, variáveis e excepcionais, de acordo com sua
variabilidade no tempo. Pode-se classificá-las da seguinte maneira:
152
UNIDADE 6
Para as considerações de ações sísmicas em estruturas, devem ser consideradas as referências da ABNT,
“NBR 15421:2006: Projeto de estruturas resistentes a sismos – Procedimento”.
Uma vez conhecidas as definições das ações as quais uma edificação poderá estar sujeita, faz-se necessá-
rio a sua determinação, de acordo com valores característicos nominais. Neste contexto, a determinação
das ações, advindas dos materiais a serem utilizados na construção, devem ser de acordo com a ABNT,
“NBR 6120:2019 - Ações para o cálculo de estruturas de edificações”. O peso próprio das estruturas de
concreto, como lajes, vigas e pilares, deve ser calculado com suas dimensões nominais dos elementos
pelo peso específico do material considerado.
153
UNICESUMAR
A ABNT NBR 6120:2019 apresenta o peso específico aparente dos materiais de construção. Na Tabela 2,
observa-se os valores de peso específico de blocos, argamassas e concretos, de acordo com a referida norma.
154
UNIDADE 6
Uma vez conhecido o peso específico dos materiais, podemos aplicar um exemplo para o cálculo do peso
próprio de uma viga, que apresenta seção transversal de 20x55 cm. A viga se apoia em dois pilares de face
igual a 30 cm e vence um vão livre de 540 cm. A viga será projetada em concreto armado. De acordo com
a Tabela 2, podemos adotar o valor do peso específico do concreto armado igual a g ap = 25kN / m³ . De
posse destes dados, podemos determinar o peso próprio em kN/m da seguinte maneira:
Viga 20x55
A Corte A-A
55
A
30 540 30 20
Descrição da Imagem: a Figura 2 apresenta uma viga apoiada em pilares. A seção do pilar possui 30 cm de com-
primento, e a viga, um comprimento total de 540 de face a face de pilar. A figura apresenta um corte A-A; no lado
direito, é possivel observar uma seção com 20 cm de base e 55 cm de altura.
Gk Ac g ap
Onde:
Gk : Peso próprio da estrutura de concreto.
Ac : Área da seção transversal de concreto.
g ap : Peso específico do material.
É obtido o peso próprio da viga de concreto armado, por metro de viga, de acordo com o que segue:
Outro fator importante é o peso dos materiais a serem utilizados nas construções. Dentre eles, podemos
citar alvenarias, que são: alvenaria em blocos de concreto ou alvenaria cerâmica de vedação. As normas
ABNT, responsáveis por apresentarem os requisitos para alvenaria estrutural, são: a “NBR 6136:2016:
Blocos vazados de concreto simples para alvenaria – Requisitos”, e a “NBR 15270-1:2017: Componentes
cerâmicos”, na “Parte 1: Blocos cerâmicos para alvenaria de vedação — Terminologia e Requisitos”. A Fi-
gura 3, a seguir, apresenta um bloco vazado de parede simples, de acordo com a ABNT NBR 6136:2016:
155
UNICESUMAR
Figura 3 - Bloco vazado de parede simples / Fonte: ABNT NBR 6136 (2016, p. 2).
A Figura 4 apresenta blocos cerâmicos de vedação com furos na horizontal e na vertical, confor-
me ABNT NBR 15270-1:2017. Estes blocos são utilizados como elementos de vedação, em que,
conhecendo suas dimensões e peso específico, é possível determinar o valor do carregamento
dos blocos de alvenaria na estrutura.
H
H
C C
L
L
Figura 4 (a) - Bloco cerâmico de vedação com furos horizontais; Figura 4 (b) - Bloco cerâmico de vedação com furos verticais.
Fonte: ABNT NBR 15270-1 (2017, p. 2).
Descrição da Imagem: as figuras apresentam dois blocos de alvenaria de vedação. A Figura 4 (a), à esquerda, apresenta
um bloco de vedação com furos horizontais, e a Figura 4 (b), à direita, bloco com furos verticais. Nas figuras, também,
observam-se as dimensões para embo, delimitados por L,C e H (largura, comprimento e altura).
Existem outros blocos cerâmicos utilizados para vedação, a Figura 5 (a) apresenta o bloco de vedação
com 6 furos horizontais, e Figura 5 (b), o bloco cerâmico maciço.
156
UNIDADE 6
A B
Figura 5 (a) - Bloco cerâmico de vedação com 6 furos horizontais; Figura 5 (b) - Bloco cerâmico de vedação maciça
Descrição da Imagem: a figura da esquerda, Figura 5 (a), apresenta um bloco ceramico com 6 furos horizontais; a
figura da direita, Figura 5 (b), um bloco cerâmico maciço.
Quanto aos revestimentos, de acordo com ABCP (2002), revestimentos de argamassa devem apresentar
proteção, espessura normalmente uniforme e superfície apta a receber o acabamento de decoração
final. A Figura 6 apresenta as misturas a serem empregadas para aplicação do revestimento. Nela, é
possível observar três camadas de revestimento sendo delimitadas, como chapisco, emboço e reboco.
chapisco emboço
reboco
Figura 6 - Parede de alvenaria com revestimento constituído de chapisco, emboço e reboco / Fonte: ABCP (2002, p. 4).
Descrição da Imagem: a figura apresenta uma parede composta por alvenaria vertical. Nela, é possivel observar
camadas de chapisco, emboço e reboco.
157
UNICESUMAR
Revestimento Espessura
Parede interna 5mm ≤ e ≤ 20mm
Parede externa 20mm ≤ e ≤ 30mm
Tetos internos e externos e ≤ 20mm
Tabela 3 - Espessura de revestimentos internos e externos / Fonte: ABNT NBR 13749 (2013, p. 2)
Dessa maneira, determinaremos o peso dos elementos que compõem uma parede de alvenaria, com
os seguintes valores para os revestimentos:
• Considere paredes com blocos cerâmicos vazados para paredes vazadas, com peso específico
aparente g ap = 12kN / m³ .
• Argamassa de ligação de cal, cimento e areia com peso específico aparente de g ap = 19kN / m³
com 2,0 cm de espessura, em cada face do bloco.
• Argamassa de assentamento e ligação de cal, cimento e areia com peso específico aparente de
g ap = 19kN / m³ com 1,0 cm, na parte inferior e superior de cada bloco.
O tipo de bloco adotado foi o bloco com as seguintes dimensões, de acordo com a ABNT NBR 15270-1:2005:
C
L
Figura 7- Bloco de alvenaria de vedação com furos horizontais / Fonte: ABNT NBR 15270-1 (2005, p. 2).
Descrição da Imagem: a figura apresenta dois blocos de alvenaria de vedação com furos horizontais. Na figura, tam-
bém, observa-se as dimensões para embo, delimitados por L,C e H (largura, comprimento e altura).
158
UNIDADE 6
1
Argamassa de ligação:
Descrição da Imagem: a figura cimento, cal e areia
1
apresenta uma parede de alve-
naria de blocos ceramicos com
argamassa de revestimento
nas dua faces. A argamassa en- Argamassa de ligação:
tre os blocos possui espessura cimento, cal e areia
de 1 cm e o revestimento com
2 cm e bloco de 14 cm.
Uma vez conhecido todas as espessuras de revestimentos bem como o tipo de material, o cálculo do
carregamento de alvenaria e argamassa de ligação pode ser determinado do seguinte modo:
• Carregamento de alvenaria, considerando o peso específico de blocos cerâmicos vazados:
• Carregamento das paredes acabadas, incluindo argamassa de 2,0 cm em cada face do bloco e
1,0 cm de argamassa de assentamento e ligação inferior e superior e frontal do bloco:
Logo, o peso total da parede, contemplando blocos cerâmicos e argamassa de assentamento e ligação,
fica com o seguinte resultado:
Para determinar o peso da alvenaria sobre a viga, considerando a parede acabada com 18 cm, podemos
aplicar o peso total da parede dividido pelo seu volume final, multiplicado pela espessura acabada:
159
UNICESUMAR
V1 14 2 2 18cm
V2 19 2 1 21cm
V3 19 2 1 21cm
0, 1083
Gk , parede 0, 18 2, 46kN / m²
(0, 18 0, 21 0, 21)
Vamos calcular o peso desta parede com altura de alvenaria de 2,70 metros sobre uma viga
biapoiada de concreto:
40
270
40
Descrição da Imagem: a figura da esquerda apresenta uma parade de alvenaria com altura de 270 cm, é possivel
observar que a parede se apoia em uma viga inferior com altura de 40 cm e, em sua face superior, existe uma viga com
altrua de 40 cm. Na imagem da direita, é possivel observar o esquema estática da viga que apoia a parede, observa-se
dois apoios A e B com vão efetivo representado pela letra L. Na parte superior da viga, observa-se um carregamento
representado por setas certicais vermelhas com sentido de cima para baixo.
Nota-se, no exemplo, a influência do peso da parede sobre a estrutura, em que foi, aqui, obtido um
valor de 2,46 kN/m², para uma parede com espessura acabada de 18 cm. Também deve se atentar em
160
UNIDADE 6
desconsiderar a altura da viga superior para o cálculo dos carregamentos, uma vez que ela não aplica
carregamento sobre a viga inferior.
No entanto, na falta de determinação experimental mais rigorosa, a ABNT NBR 6120:2019 apresenta
as considerações para o peso de componentes construtivos que podem ser utilizadas com valores mí-
nimos nominais dos pesos de componentes construtivos, além do peso próprio da estrutura. A Tabela
4, a seguir, apresenta os valores indicados para alvenarias.
Os valores a serem adotadas, também, podem ser adotadas para a determinação do peso de divisórias e
caixilhos, revestimentos de pisos e impermeabilizações, telhas, telhados, regiões de enchimento, forros e dutos.
ALVENARIA ESTRUTURAL
ALVENARIA DE VEDAÇÃO
161
UNICESUMAR
Bloco de vidro
8 0,8 - -
(decorativo, sem resistência ao fogo)
Para adotar os valores referentes aos carregamentos de paredes de DryWall, divisórias retrateis, caixilhos
e fachadas, a ABNTNBR 6120:2019 indica os valores da Tabela 5.
Para adotar os valores referentes aos carregamentos de impermeabilização, pisos elevados e reves-
timentos, a ABNTNBR 6120:2019 indica os valores da Tabela 6. Ressalta-se a importancia que este
carregamento apresenta na determinação das cargas permanentes.
162
UNIDADE 6
Espessura Peso
Material
cm kN/m²
Impermeabilização com manta asfáltica simples (apenas manta com 15% 0,3 0,08
de sobreposição e pintura asfáltica, sem camada de regularização nem 0,4 0,10
proteção mecânica) 0,5 0,11
Piso levado interno com placas de aço, sem revestimento (até 30 cm de altura)
- 0,5
Piso elevado interno com placas de polipropileno, sem revestimento (até
- 0,15
30cm de altura)
5 1,7
Revestimento de pisos de edifícios industriais ( g ap m 34 kN / m3 )
7 2,4
Nota: calcular caso a caso, considerando a espessura dos componentes do revestimento de pisos e
seus respectivos pesos específicos. Na falta de informações mais precisas, podem ser considerados
os pesos específicos médios indicados.
Tabela 6 - Peso de revestimento de pisos e impermeabilizações / Fonte: ABNT NBR 6120 (2019, p. 12).
Para demais considerações de esforços permanentes, devem ser verificadas as premissas da ABNT
NBR 6120:2019. As ações variáveis devem ser consideradas para cada caso em particular, de acordo
com as peculiaridades apresentadas em projeto. Tais ações devem respeitar os valores característicos
nominais mínimos indicados na Seção 6 da ABNT NBR 6120:2019.
As estruturas a serem projetadas devem suportar as solicitações referentes às cargas variáveis. A
referida norma apresenta diversas considerações de carregamentos nominais a serem consideradas
sujeitas às categorias de utilização da estrutura, devendo ser calculadas para a categoria que apresentar
os efeitos mais desfavoráveis à estrutura.
As cargas variáveis devem ser consideradas quase-estáticas, devendo ser levadas em consideração
as cargas que podem induzir a estrutura a efeitos de ressonância. Nestes casos, consideram-se os efeitos
dinâmicos ou análise dinâmica específica.
163
UNICESUMAR
Na Tabela 7, a seguir, apresentam-se algumas das cargas variáveis usuais em edificações residenciais
e comerciais, conforme a ABNT NBR 6120:2019. Vale ressaltar que a referida norma apresenta valores
para diversos tipos de ações variáveis que as edificações estão sujeitas. Para os valores referentes aos
carregamentos variáveis em estruturas de cobertura, a ABNT NBR 6120:2019 indica os valores da
Tabela 7. Nota-se que a determinação dos carregamentos de variáveis a ser considerada, em regiões de
cobertura, deve ser, criteriosamente, analisada no projeto arquitetônico, devido à diferença dos valores
de carregamentos para regiões com acesso de pessoas.
Tabela 7 - Cargas variaveis em coberturas / Fonte: ABNT NBR 6120 (2019, p.19).
164
UNIDADE 6
Carga Carga
Local uniformemente concentrada
distribuída N/m² kN
Salas e uso geral e sanitários. 2,5 --
Regiões de arquivos deslizantes. 5 --
Call center. 3 --
Edifícios comerciais,
Corredores dentro de 2,5 --
corporativos e
unidades autônomas.
de escritórios
Corredores de uso comum. 3 --
Áreas técnicas (ver item nesta tabela).
ardins (ver item nesta tabela).
Tabela 9 - Cargas variáveis em edificios comerciais / Fonte: ABNT NBR 6120 (2019, p. 21).
Carga Carga
Local uniformemente concentrada
distribuída N/m² kN
Hospitais 3 --
Residências, hotéis (dentro de unidades autônomas) 2,5 --
Residências, hotéis (uso comum) 3 --
Edifícios comerciais, clubes, escritórios, bibliotecas 3 --
Centros de exposição 5 --
Escadas e Centros de convenções e locais reuniões 5 --
passarelast de pessoas, teatros, igrejas
Escolas 3 --
Cinemas, centros comerciais, shopping centers 4 --
Servindo arquibancadas 5 --
Com acesso ao público 3 --
Sem acesso ao público 2,5 --
Tabela 10 - Cargas variáveis em escadas e passarelas / Fonte: ABNT NBR 6120 (2019, p. 21).
Em casos de bordas de balcões, varandas, sacadas e terraços com guarda-corpo, deve se prever um carre-
gamento variável uniforme de intensidade de 2 kN/m, além do peso próprio do guarda-corpo. A Figura
10, a seguir, apresenta a aplicação do carregamento uniforme em uma estrutura de borda em balanço.
165
UNICESUMAR
G MUR
Uma análise que se faz pertinente é referente à
ação de forças horizontais variáveis. A ABNT NBR
6120:2019 apresenta as considerações para estru-
turas que suportam guarda-corpos, portões ou
qualquer outra barreira destinada a reter, parar,
guiar ou prevenir quedas. Podem ser estas bar-
Figura 10 - Estrura em balanço com aplicação do carregamento
uniforme no máximo avanço / Fonte: Giongo (2007, p. 43). reiras permanentes ou temporárias.
Para estas estruturas, independentemente da altura da barreira, a ABNT NBR 6120:2019 indica a consideração de
uma força horizontal a uma altura de 1,1 metro acima do piso acabado e perpendicular ao eixo longitudinal da
barreira.A Tabela 11, a seguir, apresenta força horizontal a ser aplicada de acordo com a localização da barreira.
Força horizontal
Localização da barreira
kN/m
Passarelas acessíveis apenas para inspeção e manutenção 0,4
Áreas privadas de unidades residenciais, escritórios, quartos de hotéis, quartos e
enfermarias de hospitais 1,0
Coberturas, terraços, passarelas etc., sem acesso ao público
Escadas privativas ou sem acesso ao público, escadas de emergência em edifícios 1,0
Escadas panorâmicas 2,0
Áreas com acesso público (exceto casos descritos nos itens a seguir) 1,0b
Zonas de fluxo de pessoasa em áreas de acesso público, barreiras paralelas à
2,0b
direção do fluxo das pessoas
Zonas de fluxo de pessoasa em áreas de acesso público, barreiras perpendiculares
3,0b
à direção do fluxo das pessoas
Áreas de possível acolhimento de multidões, galerias e shopping center (exceto
3,0b
dentro das lojas), plataformas de passageiros
Arquibancadas, escadas, rampas e passarelas em locais de eventos esportivos.
2,0
NOTA: por se tratar de projeto especial, é necessário consultar Normas especificas.
Área de estoque (incluindo livros e documentos) e atividades industriais 2,0
a
Compreende todas as áreas com acesso ao público e delimitadas barreiras destinadas ao tráfego de
pessoas em fluxo direcionado, incluindo rampas, passarelas e escadas.
b
Para barreiras sujeitas a eventos extremos (como superlotação, manifestações, tumultos etc.), reco-
menda-se considerar uma força horizontal igual a no mínimo 5,0 kn/m, aplicada da mesma forma que
as forças da Tabela 12 da ABNT NBR 6120.
Tabela 11 - Forças horizontais em guarda-corpos e barreiras / Fonte: ABNT NBR 6120:2019 (2019, p. 27-28).
166
UNIDADE 6
Em relação à ação do vento nas edificações, devem ser consideradas as premissas da ABNT NBR
6123:1988, a referida norma apresenta os valores para determinar os carregamentos, de acordo com
a região a que a edificação se encontra. O cálculo da ação do vento leva em conta os seguintes itens:
• Velocidade básica do vento (V0 ) , esta velocidade equivale a uma rajada com tempo de duração
de 3 segundos, excedida em média uma vez, em 50 anos, a uma altura de 10 metros do terreno
em campo aberto. Sendo considerado que a velocidade básica pode soprar em qualquer direção.
Para determinar a velocidade básica do vento, utiliza-se a Figura 11, que apresenta as isopletas da
velocidade básica do vento (V0 ) em m/s.
8
3 30 35°
35
0°
4
38 39 29
25 30
17
45 20
30
22 5°
27
15
10 30
34 35
36 33 26
10°
49 40
24
11 35 15°
30
21 2
35
9
40 46 30
5
14 20°
45 45 48
28 40 12 31 41
50 23
16 42 37
13 43
35
25°
18 40
45
47 44
32 30°
7
50
35°
40°
Figura 11 - Isopletas de velocidade básica do vento / Fonte: ABNT NBR 6123:1988 (1988, p. 6).
Descrição da Imagem: a figura apresenta o mapa do Brasil, delimitando as curvas que referentes ao vento básico
em cada região do Brasil.
167
UNICESUMAR
Determinada a velocidade básica do vento bem como os fatores relacionados à topografia, rugosidade e
altura da edificação, a velocidade característica do vento pode ser encontrada a partir da equação a seguir:
Vk V0 S1 S2 S3
Dessa maneira a determinação da pressão dinâmica do vento na edificação pode ser determinado a
partir da seguinte equação:
q 0, 613 Vk2
Dp (C pe C pi )q
O valor positivo indica uma pressão efetiva de sobrepressão externa, e o valor negativo, uma pressão
de sucção. A determinação da força de vento que atua em uma edificação leva em consideração o fator
de forma da edificação, logo a força do vento sobre uma edificação é expressa pela equação seguir.
F (Ce Ci ) q A
Onde:
168
UNIDADE 6
169
UNICESUMAR
f
3 1 1
4 2
w w
f
1 0,5 2 1 0,1a
3 4 3 0,1a
3 w 1
Descrição da Imagem: a figura apresenta as dimensões a serem respeitadas para a construção de uma seção T
em concreto armado, observa-se as dimensões para seções T, lado a lado, e as dimensões para a seção única, com
os valores de bw para a base, bf para a mesa superior e b1 e b3 para as dimensões, descontando a base da viga.
Outra consideração a respeito dos elementos de viga se refere à determinação de seu vão efetivo, em
que as considerações de vão efetivo são apresentadas pela ABNT NBR 6118 (2014), de acordo com a
Figura 13, a seguir:
170
UNIDADE 6
lef l0 a1 a2
Onde:
W0 é o módulo de resistência da seção transversal bruta do concreto, relativo às fibras
tracionadas.
f ctk,sup é a resistência característica superior do concreto à tração.
171
UNICESUMAR
As ,min
Forma Valores de rmin ( Ac )%
da seção
20 25 30 35 40 45 50 55 60 65 70 75 80 85 90
Retangular 0,15 0,15 0,15 0,164 0,179 0,194 0,208 0,211 0,219 0,226 0,233 0,239 0,245 0,251 0,256
Os valores estabelecidos para a taxa de armadura consideram uso de aço CA-50, d’/h =0,8 e g c = 1, 4 e
g s = 1, 15 . Caso estes valores sejam diferentes, os valores de rmin devem ser revisados.
Tabela 12 - Taxa de armadura mínima para vigas retangulares / Fonte: ABNT NBR 6118 (2014, p. 130).
Para as considerações de armaduras laterais, ou armadura de pele, a armadura deverá respeitar uma
relação de 0, 10% Ac,alma , em cada face da alma da viga, sendo composta por barras de CA-50 e CA-
60, com espaçamento não maior que 20 cm e, devidamente, ancorada nos apoios, não sendo necessá-
ria uma armadura superior a 5 cm²/m por face.
A armadura lateral deve ser disposta de modo que o afastamento entre as barras não ultrapasse
d / 3 e 20 cm. A utilização de armadura lateral é indicada para vigas que apresentam altura igual ou
superior a 60 cm, em que vigas com altura inferior dispensam a utilização desta armadura.
Para os casos de dimensionamento de armaduras principais de tração e de compressão, a armadura
de pele não deve ser computada nos cálculos. Para a armadura de vigas de concreto armado, devem ser
respeitados um valor para a de cisalhamento (Estribos). Assim como a armadura de flexão, também
se faz necessário o posicionamento de uma armadura mínima de cisalhamento. A equação, a seguir,
apresenta as considerações de armadura mínima de estribos em vigas de concreto armado.
Asw f ct ,m
ρsw 0, 2
bw ssenα f ywk
Onde:
Asw é a área da seção transversal dos estribos.
s é o espaçamento dos estribos, medido segundo o eixo longitudinal do elemento estrutural.
a é a inclinação dos estribos em relação ao eixo longitudinal do elemento estrutural.
bw é a largura média da alma, medida ao longo da altura útil da seção, respeitando a restrição indica-
da pelo item 17.4.1.1.2 da ABNT NBR 6118 (2014).
f ywk é a resistência característica ao escoamento do aço da armadura transversal.
f ct ,m é a resistência à tração direta em seu valor médio, de acordo com o item 8.2.5 da ABNT
NBR 6118 (2014).
172
UNIDADE 6
Para lajes maciças em concreto armado, as delimitações estabelecidas são apresentadas no item 19.3
da ABNT NBR 6118:2014. Para o caso de lajes em concreto armadas, em duas direções, ressalta-se
o mecanismo resistente, em que os valores mínimos de armaduras positivas são reduzidos, quando
comparados a elementos lineares (vigas).
A ABNT NBR 6118:2014 apresenta as considerações de armadura mínima, a fim de melhorar o
desempenho do elemento estrutural bem como sua ductilidade, controle de fissuração. A determina-
ção da armadura mínima pode ser estabelecida a partir do cálculo do momento mínimo assim como
apresentado em vigas, sendo esta armadura composta por barras de alta aderência ou telas soldadas.
Em lajes em que os apoios não apresentam continuidade com planos de lajes adjacentes ou que tenha
ligação com os elementos de apoio, deve se utilizar armadura negativa na borda, de acordo com a Tabela
13, sendo esta armadura estendida até pelo menos 0,15 do vão menor da laje, a partir da face do apoio.
Elementos es-
Elementos estruturais
truturais sem Elementos estruturais com
Armadura com armadura ativa não
armaduras armadura ativa aderente
aderente
ativas
Armadura negati-
va de bordas sem rs ≥ 0, 67rmin
continuidade
Armaduras posi-
tivas de lajes
armadas nas rs ≥ 0, 67rmin rs 0, 67rmin rr 0, 5rmin rs rmin 0, 5rr 0, 5rmin
duas direções
Armadura positi-
va (principal) de
lajes armadas em rs ≥ rmin rs rmin 0, 5rr 0, 5rmin rs rmin 0, 5rr 0, 5rmin
uma direção
As
s ≥ 20% da armadura principal
Armadura posi-
tiva (secundária) As
≥ 0, 9cm² / m
de lajes armadas s
em uma direção
rs ≥ 0, 5rmin
As Ap
Onde rs = e rs =
bw h bw h
Tabela 13 - Taxa de armadura mínima para armaduras passivas aderentes / Fonte: ABNT NBR 6118 (2014, p. 158).
173
UNICESUMAR
Para pilares em concreto armado, delimitam-se as considerações cuja a maior dimensão da seção
transversal não exceda cinco vezes a menor dimensão. Pilares com seção transversal, que ultrapassam
esta consideração, devem ser tratados como pilares-paredes, aplicando item específico para estes casos.
De acordo com Carvalho e Pinheiro (2013), a análise de pilares em concreto armado pode ser rea-
lizada em duas situações. Análise de estruturas de nós móveis, em que se realiza a análise dos pilares,
considerando os efeitos de segunda ordem, devido à não-linearidade física e geométrica. Sendo, para
casos de pilares de extremidade, a análise de esforços nodais oriundos de análise global.
Considera estruturas de nós fixos, em que se admite os pilares com elementos isolados, manifestando
os efeitos de primeira ordem. Pilares são elementos submetidos à ação de flexão composta normal ou
oblíqua, somadas a considerações de flambagem. Isso torna o estudo de dimensionamento de pilares
não muito simples. O detalhamento de pilares leva em consideração as seguintes considerações:
• Posição do pilar em planta.
• Tipo de solicitação: flexão composta normal ou oblíqua.
• Esbeltez do pilar.
• Tipo de excentricidade.
• Processo de cálculo.
Os pilares podem ser classificados com pilares de canto, extremidade e intermediários, conforme Figura 14.
Descrição da Imagem: a figura apresenta tres diferentes posições a quais os pilares em concreto armado podem se
posiconar. Na figura das esquerda apresenta-se um pilar com seção retangular com vigas chegando em suas duas
faces, denotando um pilar de canto. A figura intermediária apresenta um pilar posicionado intermediariamente na
face da edificação com vigas nas duas faces de menor dimensão e uma viga na face de maior juntamente com a laje.
A figura da direita apresenta um pilar com viga em todas as suas faces.
Assim como vigas e lajes, os elementos de pilares também denotam armaduras mínimas e máximas,
conforme ABNT NBR 6118:2014. A referida norma apresenta as seguintes considerações para arma-
duras longitudinais em pilares. As barras longitudinais não devem apresentar diâmetro inferior a 10
mm e nem superior a ⅛ da menor dimensão transversal. A armadura longitudinal mínima, em pilares,
pode ser obtida conforme equação a seguir:
174
UNIDADE 6
As ,máx = 0, 08 Ac
Dessa maneira, podemos verificar que a maior quantidade de armadura longitudinal em um pilar es-
tabelece uma relação de 8% da área de seção transversal, considerando, inclusive, as regiões de emenda.
Neste contexto, indica-se utilizar uma relação máxima de 4%, para que, em regiões de transpasse de
armadura, não sejam ultrapassados os valores limites de 8%.
Ainda de acordo com a ABNT NBR 6118:2014, pilares em concreto armado não devem apresentar
sua menor dimensão inferior a 19 cm. Para casos especiais, pode se alterar esta dimensão para valores
entre 19 e 14 cm, no entanto a referida norma indica a multiplicação dos esforços solicitantes de cálculo
considerados no dimensionamento por um coeficiente adicional denotado por g n , em que o valor do
referido coeficiente varia de acordo com a dimensão adotada, a tabela apresenta o cálculo de g n .
B ≥ 19 18 17 16 15 14
gn 1,00 1,05 1,10 1,15 1,20 1,25
Sendo delimitado também que em qualquer seção transversal não se admite uma área inferior a 360 cm².
Agora que você já sabe quais são os carregamentos que compõem uma estrutura, de acordo com
uma análise mais criteriosa, em que o engenheiro conhece as espessuras de revestimento das paredes
bem como as considerações impostas pelas normas, que expressam as respectivas considerações a
serem adotadas. Apresentou-se, também, as considerações para diferentes tipos de blocos que podem
ser utilizados em paredes de vedação bem como o carregamento que cada um gera na estrutura que
o sustenta. Observou-se como é executado o revestimento de uma parede, e sua espessura pode ou
não ser a mesma em suas faces. Em seguida, como realiza-se o cálculo do carregamento referente ao
revestimento somado com o carregamento dos blocos de vedação. Foram apresentados os cálculos
referentes ao peso próprio das seções de concreto armado, utilizados na elaboração de projetos es-
truturais, uma vez conhecido seu peso especifico. Dessa maneira, você consegue analisar o quanto os
materiais utilizados na construção de uma edificação influenciam em seus carregamentos. Os carrega-
mentos variáveis dependem do tipo de utilização a qual a estrutura está sujeita. Também já conhece as
delimitações referentes às seções mínimas de elementos estruturais em concreto armado e armaduras
mínimas a serem utilizadas nos elementos estruturais, de acordo com a ABNT NBR 6118:2014.
175
Elaboraremos, a seguir, um mapa mental que inclua todos os itens necessários para a deter-
minação das ações que podem ocorrer em uma edificação, dentre elas, ações permanentes
e variáveis. Também, devemos considerar os elementos estruturais mais utilizados em edi-
ficações construídas em concreto armado.
Cargas acidentais
Permanentes Excepcionais
Combinação de Ações ABNT NBR 8681:2004
176
1. Determine o peso dos elementos que compõem uma parede de alvenaria com as se-
guintes considerações de revestimentos; em seguida, adote uma altura de parede de
2,90 m de altura. Para tanto, considere:
• Paredes com blocos cerâmicos vazados com paredes vazadas, com peso específico
aparente g ap = 12kN / m3
• Argamassa de ligação de cal, cimento e areia com peso específico aparente
de g ap = 19kN / m3 com 2,0 cm de espessura, em cada face interna e 3,0 cm
na face externa.
• Argamassa de assentamento e ligação de cal, cimento e areia com peso específico
aparente de g ap = 19kN / m3 com 1,0 cm, na parte inferior e superior de cada bloco.
Descrição da Imagem: a figura apresenta uma parede de alvenaria de blocos ceramicos com ar-
gamassa de revestimento nas dua faces. A argamassa entre os blocos possui espessura de 1 cm e
o revestimento com 3 cm e bloco de 14 cm.
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2. Ao consultar a ABNT NBR 6120: 2019, determine o peso de uma parede com 2,70m,
construída de alvenaria composta por blocos cerâmicos de vedação com 14 cm de
espessura nominal e revestimento de 2 cm, em cada face.
3. Com base nos seus conhecimentos, determine a análise dos carregamentos que podem
atuar em uma laje para um pavimento tipo de uma edificação residencial. Determine o
valor do peso próprio da estrutura, considerando uma laje maciça em concreto armado
com espessura de 12 cm de espessura. Considere carregamento de regularização com
revestimento de pisos com espessura de 5 cm, forro de gesso acartonado e a ação de
carga variável de para uma região de dormitório.
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