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UNIVERSIDADE ESTADUAL PAULISTA “JÚLIO DE MESQUITA FILHO”

FACULDADE DE CIÊNCIAS HUMANAS E SOCIAIS

LÍVIA MARINHO DE MOURA

A POLÍTICA PREVIDENCIÁRIA BRASILEIRA:


ESTUDO SOBRE A INSERÇÃO DA MULHER NO SISTEMA DE SEGURIDADE À
LUZ DA LEI Nº 12.470/2011

FRANCA
2015
LÍVIA MARINHO DE MOURA

A POLÍTICA PREVIDENCIÁRIA BRASILEIRA:


ESTUDO SOBRE A INSERÇÃO DA MULHER NO SISTEMA DE SEGURIDADE À
LUZ DA LEI Nº 12.470/2011

Tese apresentada ao Programa de Pós-


Graduação em Serviço Social da Faculdade de
Ciências Humanas e Sociais, Universidade
Estadual Paulista “Júlio de Mesquita Filho”,
para obtenção do Título de Doutor em Serviço
Social. Área de Concentração: Serviço Social:
Trabalho e Sociedade. Linha de Pesquisa:
Serviço Social: Mundo do Trabalho.

Orientadora: Prof. ª Dr.ª Helen Barbosa Raiz Engler

FRANCA
2015
Moura, Lívia Marinho.
A Política previdenciária brasileira : estudo sobre a inserção
da mulher no sistema de seguridade à luz da Lei nº 12.470/2011 /
Lívia Marinho Moura.– Franca : [s.n.], 2015.
214 f.

Tese (Doutorado em Serviço Social). Universidade Estadual


Paulista. Faculdade de Ciências Humanas e Sociais.
Orientadora: Helen Barbosa Raiz Engler

1. Previdencia social. 2. Trabalho feminino. 3. Seguridade.


social I. Título.
CDD – 362.8105
LÍVIA MARINHO DE MOURA

A POLÍTICA PREVIDENCIÁRIA BRASILEIRA:


ESTUDO SOBRE A INSERÇÃO DA MULHER NO SISTEMA DE SEGURIDADE À
LUZ DA LEI Nº 12.470/2011

Tese apresentada ao Programa de Pós-Graduação em Serviço Social da


Faculdade de Ciências Humanas e Sociais, Universidade Estadual Paulista
“Júlio de Mesquita Filho”, para obtenção do Título de Mestre em Serviço
Social. Área de Concentração: Serviço Social: Trabalho e Sociedade. Linha de
Pesquisa: Serviço Social: Mundo do Trabalho.

BANCA EXAMINADORA

Presidente:__________________________________________________________
Prof.ª Dr.ª Helen Barbosa Raiz Engler

1º Examinador:______________________________________________________
Prof. Dr. Pedro Geraldo Saad Tosi - UNESP/Franca - SP

2º Examinador:______________________________________________________
Prof. Dr. Ivan Aparecido Manoel - UNESP/Franca - SP

3º Examinador:______________________________________________________
Prof. Dr. José Alfredo de Pádua Guerra - UNI/FACEF - SP

4º Examinador:______________________________________________________
Prof. Dr. Hélio Braga Filho - UNI/FACEF - SP

Franca, 01, de dezembro de 2015.


Dedico este trabalho às mulheres que
entregam suas vidas aos cuidados com seus
esposos, seus filhos, suas casas. São amantes,
professoras, cozinheiras... e tem em seu íntimo
a perspectiva de reconhecimento por sua
excelência, sabedoria e dedicação.
AGRADECIMENTOS

A Deus, pela vida, por minha existência, pela perfeição de cada um dos meus
sentidos e por utilizá-los para o que considero útil, bom, construtivo; porque tenho fé,
esperança na vida e crença em uma humanidade e sociedade não melhor (não
desejo parecer piegas) mas que se respeite, que tenha consciência que a harmonia
só será possível a partir da mudança efetiva em cada um de nós.

Ao meu companheiro, amigo e esposo Antônio Carlos, pela paciência, pelo amor,
pela compreensão e posteriormente pela certeza de melhores caminhos, que serão
trilhados por nós dois.

Aos meus filhos, Letícia e Bruno, já maiores que eu, e que ainda me parecem tão
crianças, obrigada por estarem sempre perto de mim, por me motivarem, nunca
reclamaram do tempo que dedico ao estudo, à pesquisa, ao contrário, sempre
percebi admiração nos seus olhos.

À minha mãe, cuja influência acadêmica sempre foi o meu Norte, obrigada por
sempre me “obrigar” a estudar, por me transmitir essa noção de construção e
aprimoramento pessoal.

À minha amiga-irmã, Isangela Polônio, as adversidades da existência me afastaram


dos meus irmãos, mas a vida me trouxe você, minha querida companheira e mesmo
que o destino nos afaste, você viverá sempre no meu coração, os amigos são a
família que a gente escolhe e eu fui escolhida por você...muito obrigada.

Aos professores da pós-graduação, pelas aulas, pelo conhecimento, pelas


disciplinas, os momentos das aulas são tão importantes, cada vez mais o
conhecimento fica admirável:

Prof.ª Dr.ª Cirlene Aparecida Hilário de Oliveira


Profª. Drª.Helen Barbosa Raiz Engler
Prof.ª Dr.ª Jussara Ayres Bourguignon.
Profª. Drª. Neide Aparecida de Souza Lehfeld
Profª. Drª. Terezinha de Fátima Rodrigues
Prof. Dr. Ernel González Mastrapa.

Aos meus colegas do doutorado e alunos do mestrado, pela companhia, pelo


aprendizado, pelos seminários realizados em grupo, pela motivação nas aulas, as
discussões, a troca de conhecimento e crescimento compartilhados.

À querida “irmãmiga” Aurinéia Halsback, pelas conversas, pela aproximação com a


Assistência sem cortinas, sem as vaidades profissionais que infelizmente permeiam
nossa profissão, pela colaboração nas visitas, nas entrevistas na avaliação dos
instrumentais

Aos funcionários, colegas de trabalho e amigos da UNESP.


À minha xará Lívia Carla Perez, pela colaboração, recepção, amizade e sorriso no
rosto de sempre, você é uma pessoa iluminada.
À Laura, pela disposição, presteza e competência.

Ao meu amigo Mateus, pelo seu espírito sempre presente, calmo, sereno, sempre
me confortando com o seu “-Fica tranquila”.

Aos meus colegas de trabalho da Agência do INSS de Três Lagoas e


especialmente à “Minha Deusa” – Rosane Ballerini; “Minha Rainha” - Dea Rita e –
“Minha Princesa” Lidiane Martins, essa é a maneira que tenho de representar o
respeito e admiração pelo imenso conhecimento que vocês acumularam em anos e
que compartilham conosco diariamente.

À minha parceira de profissão e amiga Nieda,


pelas lutas diárias e força para tantas outras que virão.

Aos meus colegas professores e às minhas coordenadoras e coordenador da


AEMS, UniSALESIANO e UNIESP.

Aos meus queridos alunos, todos, sem exceção, da AEMS, UNIESP e


UniSALESIANO, graças à vocês minhas energias e meu conhecimento são
diariamente renovados, com vocês percebo que a vivência da docência vai além da
relação hierárquica professor/aluno e que a amizade e a troca de informações são
contínuas, vocês são minha motivação!

Aos colegas das Agências da Região do Bolsão, pela colaboração com a pesquisa.

À todas as Assistentes Sociais da rede municipal dos municípios de Água Clara,


Aparecida do Taboado, Brasilândia, Cassilândia, Inocência, Paranaíba, Santa Rita
do Pardo, Selvíria e Três Lagoas, pela troca de experiências profissionais e
pessoais.

À minha Banca de Qualificação, composta pelos professores


Profª. Drª. Helen Barbosa Raiz Engler
Prof. Dr. Pedro Geraldo Tosi
Profª. Drª. Juliana Presotto Pereira Netto

Sem as contribuições tão generosamente realizadas, eu não teria conseguido


direcionar o meu trabalho, vocês representaram, representam e sempre
representará o meu Norte, minha referência acadêmica, intelectual e pessoal.
“O estudo pelo conhecimento...”
AGRADECIMENTO ESPECIAL

À minha orientadora e amiga Profª. Drª. Helen que me acolheu desde a graduação,
foi a primeira vez que soube e entendi o verdadeiro significado da acolhida.
Pela transmissão e socialização do conhecimento.
Da empatia, da educação e da doçura, que ao contrário do que muitos pensam,
andam de mãos dadas com o conhecimento.
Pela confiança em mim depositada, por respeitar minha pesquisa, meu ponto de
vista, minha vontade de gritar e querer fazer com que as pessoas vejam por meio
das minhas palavras aquilo que a mídia, ou nenhum meio mostra, agradeço muito,
pois sei que entendia e entende minhas aflições.
Que Deus, em sua infinita sabedoria proporcione a você e sua família todo esse
amor que você me dedicou esses anos todos.
A nossa crença na realidade da vida e na realidade do
mundo não são, com efeito, a mesma coisa. A
segunda provém basicamente da permanência e da
durabilidade do mundo, bem superiores às da vida
mortal. Se o homem soubesse que o mundo acabaria
quando ele morresse, ou logo depois, esse mundo
perderia toda a sua realidade, como a perdeu para os
antigos cristãos, na medida em que estes estavam
convencidos de que as suas expectativas
escatológicas seriam imediatamente realizadas. A
confiança na realidade da vida, pelo contrário,
depende quase exclusivamente da intensidade com
que a vida é experimentada, do impacte com que ela
se faz sentir.
Esta intensidade é tão grande e a sua força é tão
elementar que, onde quer que prevaleça, na alegria
ou na dor, oblitera qualquer outra realidade mundana.
Já se observou muitas vezes que aquilo que a vida
dos ricos perde em vitalidade, em intimidade com as
«boas coisas» da natureza, ganha em refinamento,
em sensibilidade às coisas belas do mundo. O facto é
que a capacidade humana de vida no mundo implica
sempre uma capacidade de transcender e alienar-se
dos processos da própria vida, enquanto a vitalidade
e o vigor só podem ser conservados na medida em
que os homens se disponham a arcar com o ônus, as
fadigas e as penas da vida.
Hannah Arendt, in 'A Condição Humana'
MOURA, Lívia Marinho. A política previdenciária brasileira: estudo sobre a
inserção da mulher no sistema de seguridade à luz da Lei nº 12.470/2011. 2015. 214
f. Tese (Doutorado em Serviço Social) - Faculdade de Ciências Humanas e Sociais,
Universidade Estadual Paulista “Júlio de Mesquita Filho”, Franca, 2015.

RESUMO

A presente Tese tem como proposta de sua elaboração a análise da proteção social
e previdenciária, no cotidiano de algumas mulheres que vivem na região do Bolsão
Sul-mato-grossense, no Estado do Mato Grosso do Sul (MS). A proposta do estudo
perpassa pela reflexão, amparada pela análise empírica, de como se concretiza o
acesso aos benefícios previdenciários, no conjunto dos critérios estabelecidos pela
Lei nº 12.470, de 31 de agosto de 2011. A elaboração da pesquisa tem como
amparo legal a Constituição Federal, especificamente a Seguridade Social,
assegurada na Carta Magna garante em seus artigos 201 a 204 as políticas de
Previdência e Assistência Social, pautas estabelecidas como referência para
deferimento ou indeferimento dos benefícios e direitos previdenciários. A Lei em
questão, polêmica desde sua formulação, associada ao controverso universo
Previdenciário se apresenta como tema de estudo e ampla fonte de pesquisa. O
recorte local, realizado na Região do Bolsão Sul-mato-grossense, visa a perspectiva
local, onde milhares de brasileiros buscam os benefícios previdenciários como
alternativa ao desemprego e outras inúmeras situações de vulnerabilidade presente
no cotidiano dos brasileiros, em especial àqueles que se dedicam aos trabalhos
domésticos, unicamente nos âmbitos de suas residências, pertencentes às famílias
de Baixa Renda, de acordo com parâmetros do Ministério do Desenvolvimento
Social e Combate à Fome. Esse público, de acordo com dados da pesquisa, é
majoritariamente composto por mulheres, cuja condição social, pessoal, familiar e
profissional é precária, o que dificulta uma trajetória de inserção no mercado de
trabalho, entre outros progressos em direção à uma realidade de autonomia e
emancipação. O que propicia e incita uma construção reflexiva que avalie e entenda
o contexto de seguridade instituído no Brasil.

Palavras-chave: previdência. assistência. trabalho. mulher. proteção.


MOURA, Lívia Marinho. A política previdenciária brasileira: estudo sobre a
inserção da mulher no sistema de seguridade à luz da Lei nº 12.470/2011. 2015. 214
f. Tese (Doutorado em Serviço Social) - Faculdade de Ciências Humanas e Sociais,
Universidade Estadual Paulista “Júlio de Mesquita Filho”, Franca, 2015.

RESUMEN

Esta tesis tiene el propósito de su preparación el análisis de la protección social y la


seguridad social, al día durante algunas mujeres que viven en la región de Bolsón
Cerrado Sur Mato Grosso, en el estado de Mato Grosso do Sul (MS). El propósito
del estudio penetra a través de la reflexión, apoyada por el análisis empírico de
cómo funciona el acceso a prestaciones de seguridad social, el conjunto de los
criterios establecidos por la Ley nº 12.470, de 31 de agosto de 2011. El desarrollo
de la investigación es el apoyo jurídico a la Constitución Federal específicamente de
la Seguridad Social, aseguró la Constitución garantiza en sus artículos 201-204 de
las políticas de seguridad social, las directrices establecidas como referencia para
decidir sobre los beneficios y los derechos de seguridad social. La ley en cuestión,
controversia desde su formulación, junto con el universo en sí controvertido
Seguridad Social como objeto de estudio y amplia fuente de la investigación. El corte
sitio que tuvo lugar en la región de las Ardenas Sur Mato Grosso, dirigido a la
perspectiva local, donde miles de brasileños buscan las prestaciones de jubilación
como una alternativa al desempleo y otras numerosas situaciones de esta
vulnerabilidad en la vida cotidiana de Brasil, especialmente aquellos que se dedican
las tareas domésticas, y sólo en las áreas de sus casas pertenecientes a familias de
bajos ingresos, de acuerdo con los parámetros del Ministerio de Desarrollo Social y
Combate al Hambre. Esta audiencia, de acuerdo con datos de la encuesta, es sobre
todo en su lugar por las mujeres, cuyas condiciones sociales condición, personal,
familiar y laboral es precaria, lo que dificulta la trayectoria de inserción en el mercado
laboral, entre otros progresar hacia una realidad de autonomía y empoderamiento.
Lo que promueve y fomenta una construcción reflexiva para evaluar y comprender el
contexto de seguridad establecido en Brasil.

Palabras clave: seguridad. asistencia. trabajo. mujer. protección.


MOURA, Lívia Marinho. A política previdenciária brasileira: estudo sobre a
inserção da mulher no sistema de seguridade à luz da Lei nº 12.470/2011. 2015. 214
f. Tese (Doutorado em Serviço Social) - Faculdade de Ciências Humanas e Sociais,
Universidade Estadual Paulista “Júlio de Mesquita Filho”, Franca, 2015.

ABSTRACT

This thesis has the purpose of its preparation the analysis of social protection and
social security, daily for some women living in the Bag End South Mato Grosso
region in the state of Mato Grosso do Sul (MS) - Brazil. The purpose of the study
permeates through reflection, supported by empirical analysis of how it operates
access to social security benefits, the set of criteria established by Law 12,470 of
August 31, 2011. The development of research is legal support to the Federal
Constitution specifically Social Security, assured the Constitution guarantees in its
articles 201-204 of the Social Security policies, guidelines established as a
reference for deciding on benefits and social security rights. The law in question,
controversy since its formulation, coupled with the controversial universe Social
Security itself as subject of study and extensive research source. The site cut held
in the Region of the Bulge South Mato Grosso, aimed at local perspective, where
thousands of Brazilians seek pension benefits as an alternative to unemployment
and other numerous situations of this vulnerability in the Brazilian daily life,
especially those who are dedicated the housework, and only in areas of their
homes belonging to families of low income, according to the parameters of the
Ministry of Social Development and Hunger Alleviation. This audience, according
to survey data, is mostly in place by women, whose social condition, personal,
family and work is precarious, hindering the insertion trajectory in the labor
market, among others progress toward a reality of autonomy and empowerment.
What promotes and encourages a reflective construction to assess and
understand the security context established in Brazil.

Keywords: security. assistance. work. woman. protection.


LISTA DE SIGLAS

AGU Advocacia Geral da União


AI Ato Institucional
APS Agência da Previdência Social
BPC Benefício de Prestação Continuada
CAP's Caixas de Aposentadorias e Pensões
CFESS Conselho Federal de Serviço Social
CLT Consolidação das Leis do Trabalho
CNAS Conselho Nacional de Assistência Social
CNIS Cadastro Nacional de Informações Sociais
CNSS Conselho Nacional de Serviço Social
CRAS Centro de Referência da Assistência Social
CREAS Centro de Referência Especializado da Assistência Social
CRESS Conselho Regional de Serviço Social
DATAPREV Empresa de Processamento de Dados da Previdência
DIEESE Departamento Intersindical de Estatística e Estudos
Socioeconômicos
DIESE Departamento Intersindical de Estatística e Estudos
Socioeconômicos
EUA Estados Unidos da América
FBR Facultativo Baixa Renda
FHC Fernando Henrique Cardoso
FNAS Fundo Nacional da Assistência Social
RGPS Fundo do Regime Geral de Previdência Social
FUNRURAL Fundo de Assistência ao Trabalhador Rural
IAPAS Instituto de Administração Financeira da Previdência e
Assistência Social
IAP's Institutos de Aposentadorias e Pensões
IBGE Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística
INAMPS Instituto Nacional de Assistência Médica da Previdência Social
INSS Instituto Nacional do Seguro Social
IPASE Instituto de Previdência dos Servidores do Estado
JK Juscelino Kubitschek
LBA Legião Brasileira de Assistência
LOAS Lei orgânica da Assistência Social
LOPS Lei Orgânica da Previdência Social
MDS Ministério de Desenvolvimento Social e Combate à Fome
MEI Micro Empreendedor Individual
MF Ministério da Fazenda
MPAS Ministério da Previdência e Assistência Social
MPS Ministério da Previdência Social
NIS Número de Identificação Social
NOB Norma Operacional Básica
OIT Organização Internacional do Trabalho
ONG Organização Não Governamental
ONU Organização das Nações Unidas
PAC Programa de Aceleração do Crescimento
PAEFI Serviço de Proteção e Atendimento Especializado às Famílias e
Indivíduos
PAIF Serviço de Proteção e Atendimento Integral à Família
PCS Programa Comunidade Solidária
PETI Programa de Erradicação do Trabalho Infantil
PFV Programa de Fortalecimento de Vínculos
PGRFM Programa de Garantia de Renda Familiar Mínima
PGRM Programa de Garantia de Renda Mínima
PL Projeto de Lei
PNAS Política Nacional de Assistência Social
RGPS Regime Geral de Previdência Social
SAIS Serviço de Atenção Integral ao Segurado
SAPS Serviço de Alimentação da Previdência Social
SEADE Fundação Sistema Estadual de Análise de Dados
SELIC Sistema Especial de Liquidação e de Custódia
SEMADE Secretaria de Estado de Meio Ambiente e Desenvolvimento
Econômico
SENAC Serviço Nacional de Aprendizagem Comercial
SENAI Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial
SESC Serviço Nacional de Aprendizagem Comercial
SESI Serviço Social da Indústria
SESP Serviço Especial de Saúde Pública
SINPAS Sistema Nacional de Previdência e Assistência Social
SNAS Secretaria Nacional de Assistência Social
SUAS Sistema Único de Assistência Social
LISTA DE TABELAS

TABELA 1 - Códigos de Recolhimento do Contribuinte Individual .................... 92


TABELA 2 - Códigos de Recolhimento do Facultativo ........................................ 93
TABELA 3 - Período de recebimento de pensão de acordo com idade ........... 142
LISTA DE GRÁFICOS

Gráfico 1 - Quantitativo de contribuintes Facultativos Baixa Renda (FBR) no


período de 2012 a 2013, na Região do Bolsão Sul-mato-grossense ... 119
Gráfico 2 - Número de contribuinte FBR no período de 2012 a 2014 em âmbito
nacional. .............................................................................................. 120
Gráfico 3 - Benefícios requeridos pelo FBR do sexo feminino ......................... 122
Gráfico 4 - Benefícios requeridos pelo FBR do sexo masculino ...................... 122
Gráfico 5 - Quantitativo de contribuições FBR por sexo ................................... 124
Gráfico 6 - Resultados de requerimentos de Benefícios para contribuintes
Facultativos Baixa Renda (FBR). ...................................................... 125
Gráfico 7 - Motivos da não validação das contribuições ................................... 128
Gráfico 8 - Comparativo de validação parcial frente ao total de benefícios
requeridos ........................................................................................... 134
Gráfico 9 - Benefícios deferidos por sexo – Auxílio doença ............................. 136
Gráfico 10 - Benefícios deferidos por sexo – Salário-maternidade .................. 137
Gráfico 11 - Benefícios deferidos por sexo – Aposentadoria por idade........... 138
Gráfico 12 - Benefícios deferidos por sexo – Pensão por morte ...................... 139
Gráfico 13 - Benefícios deferidos por sexo – Auxílio reclusão ......................... 140
LISTA DE MAPAS

Mapa 1 - Região do Bolsão Sul-mato-grossense ................................................. 25


SUMÁRIO

CONSIDERAÇÕES INICIAIS .................................................................................... 19

CAPÍTULO 1
A ASSISTÊNCIA SOCIAL: NECESSIDADE OU ADAPTAÇÃO? ............................ 31
1.1 Pobreza e proteção social na conjuntura capitalista ..................................... 32
1.2 Um breve contexto político do Brasil .............................................................. 34
1.3 A contenção da pobreza e a ideologia: “o que permanece por fazer”? ............... 50
1.4 Perspectivas de reconhecimento do direito ou estratégias políticas? ........ 64

CAPÍTULO 2
A PROTEÇÃO SOCIAL NA REALIDADE BRASILEIRA ......................................... 74
2.1 A Previdência Social: percurso histórico........................................................ 75
2.2 O Regime Geral de Previdência Social: entre o direito e a seletividade ...... 89
2.3 Benefícios previdenciários: constituição de uma outra mentalidade? ........ 97
2.4 Benefício Assistencial: superação da ajuda, da seletividade e do direito? ... 105

CAPÍTULO 3
ALTERAÇÕES CONTEMPORÂNEAS DA PREVIDÊNCIA SOCIAL .......................... 110
3.1 Lei nº 12.470: outro contexto de confirmação da pobreza? ........................ 111
3.2 O acesso às garantias da Lei ......................................................................... 118
3.3 A efetivação do discurso ou mais um engodo? ........................................... 124
3.4 Medidas provisórias: mais supressão de garantias e direitos? ................ 141

CONSIDERAÇÕES FINAIS... ................................................................................. 150

REFERÊNCIAS ....................................................................................................... 159

ANEXOS
ANEXO A - PARECER CONSUBSTANCIADO DO CEP ....................................... 175
ANEXO B - AUTORIZAÇÃO DE PESQUISA PELA INSTITUIÇÃO ....................... 177
ANEXO C - TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO ................ 178
ANEXO D - LEI Nº 12.470, DE 31 DE AGOSTO DE 2011 ..................................... 179
ANEXO E - PROJETO DE LEI Nº 497, DE 1975 .................................................... 183
ANEXO F - PROJETO DE LEI Nº 845, DE 1975 .................................................... 185
ANEXO G - PROJETO DE LEI Nº 1.475, DE 1975 ................................................ 187
ANEXO H - PROJETO DE LEI Nº 5.773, DE 2005................................................. 190
ANEXO I - PROJETO DE LEI Nº 5.933, DE 2005 .................................................. 201
ANEXO J - PROJETO DE LEI Nº 598, DE 2007 .................................................... 208
ANEXO L - LEI Nº 13.135, DE 17 DE JUNHO DE 2015......................................... 210
CONSIDERAÇÕES INICIAIS
20

A presente tese ambiciona a compreensão e análise da Proteção Social


no Brasil, no âmbito da Seguridade Social, preconizada na Constituição Federal (CF)
de 1988 e como os sistemas previdenciário e assistencial contribuem para a
legitimação ou não do contexto previdenciário, especialmente o Contribuinte
Facultativo Baixa Renda (FBR), criado pela Lei nº 12.470, de 31 de agosto de 2011
(BRASIL, 2011a).
A perspectiva da pesquisa parte da premissa que a tese deve ser pautada
em uma formulação original de informações, descobertas, conhecimentos
específicos associados aos já publicados e uma aproximação do objeto de estudo;
toda análise é envolvida pelo contexto em que o pesquisador, o referencial teórico, o
empirismo do trabalho, que muitas vezes se insere no desenvolvimento da escrita e
na contribuição dos participantes da pesquisa, para quem as políticas e os estudos
estão voltados, devem se complementar.
A partir dessas colocações de possibilidades e outras como: a relevância
do tema, a importância do estudo para a população, a representação ideal para a
sociedade, ou pelo menos para a parcela cujo foco incitou a pesquisa, se haverá
repercussão dos resultados, se o entendimento se faz presente tanto na escrita
como na leitura, se os desdobramentos atendem às aspirações do Serviço Social
possibilitando o possível empoderamento e protagonismo da população, através da
dimensão educativa do trabalho profissional.
Assim, os “ses” são dilemas que devem permear a pesquisa e o processo
investigativo, afinal o objetivo da pesquisa já se inicia na proposta que o pesquisador
pretende alcançar com o estudo; e vai além, com o desenvolvimento do
procedimento de compreensão deste trabalho, pois envolve a complexidade do
conhecimento científico e os caminhos a serem percorridos pelos sujeitos rumo ao
acesso e reconhecimento do direito.
O interesse acadêmico e profissional que suscitou a pesquisa tem como
referencial determinada parcela da população que, até recentemente, estava
afastada da proteção social e previdenciária, estando também fora do alcance de
suas políticas; esse mesmo público, ao procurar as políticas de Seguridade Social,
não atendia às condicionalidades da Política Social e nem às exigências
contributivas da Política Previdenciária.
Propostas preconizadas na Constituição Federal Brasileira de 1988
(BRASIL, 1988), intitulada como “Constituição Cidadã”, que negligenciam parcela de
21

sustentação da sociedade e famílias brasileiras, responsáveis pela geração da


sociedade, pelos cuidados com a família, pela educação de seus membros, pelos
conceitos iniciais de sociabilidade, respeito, direitos, deveres, entre outros.
O percurso metodológico, composto também pela pesquisa de campo, foi
paralelamente feito com a pesquisa bibliográfica. Para o desenvolvimento da
investigação foi realizada uma interlocução entre a pesquisadora e as protagonistas
escolhidas, pois o universo e a realidade a serem analisados proporcionaram a
apreensão de situações sociais e familiares das mais diversas configurações, com
perspectivas multifacetadas de trabalho e relações sociais, ou seja, representou uma
infinidade de situações da vida cotidiana à espera de interesses de interpretação e
desvelamento.
A realização da pesquisa foi elaborada objetivando uma conexão entre o
corpus teórico e o material empírico, ou seja, a construção da pesquisa com a
interação entre as pesquisas bibliográficas e de campo. Dessa maneira o processo
investigativo buscou superar a falsa finalidade e pretensão de neutralidade,
estabelecendo assim um colóquio ético, criativo e interventivo com a realidade dos
sujeitos pesquisados.
A abordagem qualitativa foi utilizada visando a análise da realidade, dos
sentidos e sua importância na heterogênea construção e formatação da realidade da
situação econômica, cultural, familiar e social dessas mulheres. A escolha procurou
estimular as entrevistadas a exporem de maneira espontânea suas motivações ou
aspectos subjetivos de seus universos pessoais e particulares, instigando assim o
entendimento e a interpretação dos contextos vivenciados.

A pesquisa qualitativa trabalha com o universo de significados, motivações,


aspirações, crenças, valores e atitudes, o que corresponde a um espaço
mais profundo das relações, dos processos e dos fenômenos que não
podem ser reduzidos à operacionalização de variável [...] se propõe a
abarcar o sistema de relações que constrói o modo de conhecimento
exterior ao sujeito, mas também as representações sociais que traduzem o
mundo de significados [...]. Advoga também a necessidade de se trabalhar
com a complexidade, com a especificidade e com as diferenciações que os
problemas e/ou objetos sociais apresentam (MINAYO, 1996, p. 22).

A análise da conjuntura foi arquitetada sobre quais os mecanismos


amparam, concretamente, a proteção previdenciária junto ao grupo de pesquisa
definido, desvendando assim a relação ideológica e cultural que permeia o cotidiano
dos protagonistas sociais do presente estudo, para que efetivamente fosse
22

conhecida a relação entre a sociedade e a instituição previdenciária na


contemporaneidade.
O instrumental organizado para contemplar o referencial empírico de
maneira condizente com o tipo de abordagem escolhida foi a entrevista
semiestruturada, na qual foram formuladas perguntas que esperamos ter
conseguido, objetivamente, captar as informações pertinentes à investigação, assim,
de maneira real puderam apreender características pertinentes, incomuns e
recorrentes e, ao mesmo tempo, permitiu respostas abertas e discursivas.
As entrevistas, assim como as abordagens aos participantes da pesquisa,
foram realizadas de acordo com a normatização e os parâmetros éticos orientados e
norteados pela Resolução CNS nº 196, de 10 de outubro de 1996 (MINISTÉRIO DA
SAÚDE, 1996), assim como sua regulamentação complementar Resolução CNS nº
370, de 8/3/2007 (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2007), determinados pelo Conselho
Nacional de Saúde e os quais o Comitê de Ética em Pesquisa da UNESP – Franca
se orienta.
As informações Institucionais foram também realizadas de acordo com a
normatização da citada resolução, assim como a pesquisa documental que foi
realizada e armazenada em acervo escrito e digital.
Foi solicitada, junto ao Gerente Executivo da Gerência de Campo Grande,
hierarquia máxima e responsável pela região do Bolsão Sul-mato-grossense a
autorização para a realização da pesquisa de campo junto às mulheres selecionadas
pela pesquisadora, a referida declaração e autorização foram anexadas ao presente
trabalho.
Foram utilizadas referências de dados públicos do Ministério da
Previdência Social (MPS), Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome
(MDS), Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), Departamento
Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese), Fundação Sistema
Estadual de Análise de Dados (Seade), e pesquisa em outras instâncias como
internet, revistas, jornais, livros, teses, vídeos, entre outros.
Sendo assim, de maneira interativa, procuramos desenvolver a pesquisa
com o intercâmbio de informações atualizadas e oficiais, acerca da situação e
realidade dessas mulheres, assim como de outras indiretamente envolvidas pela
pesquisa; ao mesmo tempo em que estabelecemos um diálogo com as
entrevistadas de modo a captar suas particularidades e especificidades nos mais
23

diferentes aspectos, apoiados por instrumentais como observação, visitas


domiciliares, entrevistas, falas, estudos sociais e análises documental.
Para o efetivo alcance dos objetivos propostos utilizamos o método
hermenêutico-dialético, pois, de acordo com Minayo (1996, p. 227), “[...] a união da
hermenêutica com a dialética leva o intérprete a entender o texto, a fala, o
desenvolvimento como resultado de um processo social [...].” Sendo assim, nos
aproximamos de questões relativas ao envolvimento das participantes nesse
contexto de políticas de seguridade, ao mesmo tempo, em que são as principais
colaboradoras do processo de análise da perspectiva escolhida.
Pois, seguindo o pensamento de Minayo (1996, p. 50-51), “O círculo
hermenêutico-dialético é um processo de construção e de interpretação
hermenêutica de um determinado grupo.” Há uma dinâmica em relação ao processo
empírico e a importância e relevância dos dados estatísticos, pois um representou a
precisão numérica e o outro a realidade do impacto na efetivação ou não das
políticas.
Possibilidades como análise de conteúdo e do discurso puderam ser
executadas e experimentadas durante o desenvolvimento do método hermenêutico-
dialético.

[...] é o mais capaz de dar conta de uma interpretação aproximada da


realidade. Essa metodologia coloca a fala em seu contexto para entendê-la
a partir do seu interior e no campo da especificidade histórica e totalizante,
em que é produzida [...] uma prática dialética interpretativa que reconhece
os fenômenos sociais sempre com resultados e efeitos da atividade
criadora, tanto imediata quanto institucionalizada. Portanto, torna como
centro da análise a prática social, a ação humana e a considera como
resultado de condições anteriores, exteriores, mas também como práxis.
Isto é, o ato humano que atravessa o meio social conserva as
determinações, mas também transforma o mundo sobre as condições
dadas. (MINAYO, 1996, p. 231 - 232).

Dos vários caminhos, metodologias, tipos de pesquisa e abordagens,


selecionamos as acima elencadas, não por considerarmos esse o único e correto
percurso, mas por entendermos consoante a problemática apresentada seria o mais
adequado para a aproximação e compreensão de como este público existe e
persiste e o que as políticas, juntas, fizeram para superar a condição de desproteção
social e previdenciária dessas mulheres.
E por que mulheres? Existem vários homens donos de casa, contudo
essa pesquisa tem como referência pesquisas anteriores, até mesmo da própria
24

pesquisadora, nas quais fica evidenciado que a maioria dos donos de casa são do
sexo feminino; o trabalho doméstico ainda é exercido majoritariamente por mulheres
e divisão das tarefas domésticas entre homens e mulheres ainda não ocorre nos
ambientes domésticos.
Quando as mulheres se inserem no mercado de trabalho e na vida
pública, quando ocorre mediante necessidade financeira, este processo se dá de
maneira subalternizada, na maioria das vezes subordinadas às figuras masculinas
que as percebem como opção a ocupações e salários desprezados pelos homens,
ou seja, precarizadas moral, ocupacional e financeiramente.

Os estudos mais antigos enfatizavam, em particular, o sofrimento das


mulheres, associando a emergência de quadros depressivos a perda do
papel de cuidadora dos filhos, função tradicionalmente ligada ao papel
feminino. Mulheres que dedicaram sua vida, de modo exclusivo, a criação
dos filhos acham difícil vê-los partindo e o autoconceito delas passa a ser
“não sirvo para nada”, o que confirma a auto-estima rebaixada. Mesmo
quando a mulher trabalha fora, ela desempenha prioritariamente o papel de
criadora dos filhos, dedicando grande parte de seu tempo a eles.
(SARTORI; ZILBERMAN, 2009, p. 113).

Essas mesmas mulheres se colocam em segundo plano para atender aos


chamados do grupo familiar e posteriormente, se percebem em situação de
desamparo, agravada pela falta de capacitação específica e experiência necessária
e exigida para a inserção no mercado formal de trabalho, buscam então as políticas
de seguridade social, pois se entendem doentes e envelhecidas, situações essas
que deveriam ser contempladas com as políticas específicas.
Quando no encerrar dessa árdua trajetória, não encontram alternativas
para além da benemerência e caridade de familiares, amigos entre outros, tendo em
vista que a maioria das mulheres exerceram atividades em condições informais, sem
o devido registro formal e obrigatório de suas atividades e sem os devidos
recolhimentos previdenciários.
O público elencado, participantes da pesquisa e de acordo com recorte
da pesquisa, é composto por dezoito mulheres, sendo duas de cada cidade que
compõe a região conhecida como Bolsão Sul-mato-grossense, onde os municípios
em questão são: Água Clara, Aparecida do Taboado, Brasilândia, Cassilândia,
Inocência, Paranaíba, Santa Rita do Pardo, Selvíria e Três Lagoas, cidades que são
atendidas pelo Serviço Social do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS) em
parceria com as Secretarias Municipais de cada município.
25

A identidade das participantes, assim como possíveis dados passíveis de


identificação foram preservados em sigilo e à essas mulheres foi dado como
pseudônimos nomes bíblicos, não por sua relevância religiosa, mas por seu
protagonismo já presente em uma relevante e antiga obra literária.

Mapa 1 - Região do Bolsão Sul-mato-grossense

Fonte: MATO GROSSO DO SUL, 2011.

A escolha da região ocorre por ser o referencial de trabalho da


pesquisadora, enquanto Assistente Social da Previdência Social, pelos atendimentos
múltiplos realizados na região e dos quais cerca de 75% (dados da pesquisa e
oriundo de relatórios próprios) dos indivíduos que buscam o Serviço Social, assim
26

como a socialização de informações, encaminhamentos e outras ações profissionais


específicas, são do sexo feminino.
Outra característica regional importante é o fato de tratar- se de região
fronteiriça com outros estados, São Paulo, Minas Gerais e Mato Grosso, o que além
de proporcionar uma interação de costumes e culturas, contribui para que o recorte
seja uma referência nacional, principalmente por se tratar de políticas e de
atendimentos de esfera federal, nos quais o atendimento deveria ser padronizado e
equânime em todo território nacional.
A análise tem como ponto de partida esses parâmetros, geográficos,
políticos, sociais, culturais e regionais e, a partir deste ponto busca-se a
compreensão do contexto local, com a pretensão de tornar a pesquisa referência
nacional, guardadas as devidas considerações da grande variedade de fatores
culturais, econômicos, regionais, sociais, territoriais, políticos das outras regiões do
país.
Assim sendo, não se despreza as influências dessas características na
população de outros estados do Brasil, pois sabemos serem referências
consideráveis, especialmente na dimensão cultural - nos costumes e posturas
relacionados às mulheres da sociedade brasileira, historicamente machista,
paternalista, segregária e extremamente autoritária.
Considerando-se assim as questões locais e nacionais, é possível quando
a pesquisa é realizada em lócus específico, a expansão de seus resultados para
outras esferas, no caso brasileiro, em esfera nacional, pois são integrantes de um
mesmo sistema de seguridade social, podendo assim haver a concepção de que as
histórias, experiências e particularidades deste recorte, sejam referências em outros
estudos.
A apresentação da tese se dá com o primeiro capítulo no qual é
elaborada a contextualização da Assistência Social e como se deu essa construção
no cenário brasileiro, uma política cuja proposta é assegurar os mínimos sociais em
uma sociedade cujo salário, mínimo e ínfimo, é insuficiente até mesmo para as
necessidades básicas mais elementares.
Aborda a axiologia da pobreza e como essa construção no Brasil é feita
com base em princípios de caridade, benemerência e ajuda; de maneira velada e
inconsciente a política social, em especial a de assistência, continua embasada
27

nessa perspectiva, na qual a superação das condições não se apresenta na


realidade brasileira.
Política baseada no idealismo beveridiano, que entendia a proteção do
sujeito como função do Estado e em todas as fases de sua vida, na Inglaterra, a
propósito, já havia uma preocupação com condição previdenciária em relação às
donas de casa, conforme documentação utilizada na pesquisa; preocupação
vinculada à desproteção desse público em caso de velhice, doença e outras
intercorrências.
No segundo capítulo a abordagem fica direcionada à Política
Previdenciária, a construção histórica é brevemente explanada em uma perspectiva
de aproximação do leitor e do usuário, dando a conhecer a tipologia da seguridade,
da complexa e ampla rede de cobertura que são oferecidas pela Previdência Social
de maneira descentralizada e visando a uniformidade na cobertura e no atendimento
aos cidadãos.
Política que tem como referência a orientação alemã bismarckiana, na
qual a proteção está diretamente relacionada ao trabalho e à contribuição monetária
para a constituição e manutenção do sistema previdenciário, que apesar de inserido
em uma política de caráter universal tem como condição e exigência o pagamento
dos impostos previdenciários, não só por parte dos usuários, mas também dos
empregadores.
A análise da conjuntura previdenciária, quando se realiza desde a sua
gênese, deixa clara a intensão do poder público em administrar e se apropriar dos
recursos arrecadados de maneira construtiva, preventiva e solidária; porém, com a
administração pública os recursos muitas vezes são destinados para outras ações
governamentais, causando um “falso” déficit nos cofres da Previdência.
Assim sendo, alternativas visando contornar a situação são adotadas,
objetivando o aumento na arrecadação e concomitantemente a redução na
concessão dos benefícios, seja por meio do aumento da idade para a aposentadoria,
seja por meio da redução nos valores dos benefícios; ações em que o maior impacto
é sofrido justamente pelo usuário, contribuinte e proprietário da Instituição e dos
serviços.
E nesse aspecto, os princípios de igualdade e seletividade, preconizados
nos artigos 40 e 201 da Constituição Federal de 1988 e na Lei nº 8.213/1991
(BRASIL, 1991b), não se efetiva, principalmente quando relacionada ao alto número
28

de indeferimentos às solicitações previdenciárias, muitas vezes relacionadas ao


desconhecimento da população frente às condições para o acesso à previdência
social, como tempo de contribuição, carência, perda e manutenção da qualidade de
segurado, entre outras.
Destarte, o capítulo pretende esclarecer, pelo menos, situações básicas
como tipos de benefícios, como e quando são realizadas as contribuições e quais a
modalidades de benefícios existentes; informações elementares, contudo
essenciais, principalmente visando contemplar a população com o entendimento da
lógica previdenciária.
O terceiro capítulo retrata as atuais modificações na política
previdenciária, que, no caso específico da pesquisa, é concedido mediante a
inserção em ambas as políticas descritas nos capítulos anteriores, o que confunde
ainda mais a população usuária, tendo em vista já não discernir as políticas em sua
gênese, não entender as condicionalidades diferentes para ambas, menos ainda
consegue assimilar a proteção preconizada por Beveridge e a concepção de
Bismarck como condições de acesso para um mesmo benefício.
Nesse contexto a promulgação da Lei nº 12.470, de 31 de agosto de
2011, que entre outras ações determina a alíquota reduzida para pessoas que se
dediquem exclusivamente ao trabalho doméstico e que não possuam nenhum tipo
de renda própria, complementa as aspirações políticas e sociais já em discussão há
décadas, de acordo com os documentos apensados no final desta tese.
Entretanto a convergência para o entendimento e cumprimento das
condicionalidades denotou a maneira como foi feita a divulgação da lei, veiculada
como “o governo federal vai aposentar todas as donas de casa” e a partir dessa
notícia o alvoroço se fez, mulheres de todas as classes sociais e categorias
profissionais procuraram as agências do INSS para receber o benefício, afinal,
“todas são donas de casa”.
Ainda neste capítulo é realizada a explanação sobre as condicionalidades
da Lei, do crescente número de adeptos à essa modalidade de contribuição, apesar
dos contratempos, dos benefícios mais procurados e do alto número de
indeferimento dos benefícios em consequência da não validação das contribuições.
A elaboração de gráficos foi realizada com o intuito de facilitar a
visualização dos dados, assim como o relato das experiências positivas e negativas
enfrentadas pelas participantes da pesquisa; buscamos, entre as participantes da
29

pesquisa, situações daquelas que tiveram a validação do requerimento e


consequente acesso aos benefícios previdenciários; nas situações de não validação
das contribuições, selecionamos as contribuintes que puderam pagar a
complementação e as que não possuíam recursos para efetuar o pagamento.
Destacamos, também, as situações de não contribuintes, em nenhuma
modalidade, seja pela falta de recursos, seja pelo não conhecimento ou
entendimento da política e em muitos casos pelo total descrédito na efetivação e
reconhecimento do direito previdenciário, haja vista o total desconhecimento da
política e da lei em questão.
Houve circunstâncias em que a participante, por completa e total falta de
alternativas, recorreu ao Benefício de Prestação Continuada (BPC) sendo
“impedida” de recolher sobre a alíquota reduzida, uma vez que, nesse caso, o
Benefício é considerado renda e possuir renda própria, de acordo com a Lei, é
condição que ocasiona o indeferimento, ou não-validação, do requerimento.
Nessa complexa conjuntura, qual o papel do Serviço Social? Estaremos
diante de uma linha inalcançável? Quais os avanços? Puderam ser percebidos neste
estudo? Que estratégias poderemos utilizar? Alcançaremos, no caso de efetivação e
sucesso da lei, a condição de protagonistas e de autonomia tão fortemente
objetivada pela profissão?
E quanto ao legislativo? Teriam tomado providências? Teriam, mesmo na
perspectiva de inserção, afastado ainda mais essa população da proteção de
seguridade, assim como já ocorre com outras categorias discriminadas,
subalternizadas e muitas vezes ignoradas?
Entendemos que mais do que informações, reclamações, críticas,
inconformismos, precisamos analisar o papel da profissão, nos aspectos em que
erramos; como superar os desacertos; a reflexão deverá objetivar o aprofundamento
das pesquisas visando outras construções teóricas e aprimoramento das ações.
Em relação à gestão das políticas entendemos que a pesquisa pode
contribuir não só com o entendimento dessa realidade, como também aprimorar o
conhecimento em assuntos previdenciários e sociais; ademais, na pesquisa não
ousamos adentrar na outra política de seguridade social: a saúde. Não por ser
menos ou mais importante, essa não é a questão, mas porque, não se relaciona de
maneira direta com o propósito deste estudo, que é a proteção social para uma
30

parcela até então invisível da população brasileira, sob a ótica assistencial e


previdenciária.
É importante relatar que os objetos, assim como os participantes da
pesquisa, já haviam sido escolhidos pela pesquisadora meses antes da publicação
da Lei nº 12.470, de 31 de agosto de 2011, haja vista que o processo de abertura
para novos alunos no Programa de Pós-graduação em Serviço Social da UNESP
Campus de Franca ocorreu em setembro do mesmo ano e o projeto já estava
praticamente finalizado, assim seria um estudo sobre a desproteção.
Com a publicação da lei foi viabilizada a expectativa de outra dimensão
investigativa para os desafios que estavam sendo questionados, abre-se então a
possibilidade do acompanhamento dessa perspectiva e de poder, uma vez que
inserida no Instituto, analisar os resultados com uma efetividade e aproximação
privilegiadas.
Nessa perspectiva de pesquisa iniciamos os estudos com o contexto e a
evolução da Assistência Social no Brasil, sua implantação, construção e
principalmente como se efetiva frente à população usuária, objetivo maior da Política
Assistencial, a elaboração da Lei atende às necessidades de seus atendidos? Ou
são esses que se “adequam” as condicionalidades das normas Constitucionais do “a
quem dela necessitar”?
CAPÍTULO 1
A ASSISTÊNCIA SOCIAL: NECESSIDADE OU ADAPTAÇÃO?
32

1.1 Pobreza e proteção social na conjuntura capitalista

Pobreza, miséria, penúria, necessidade, inferioridade, indigência,


desventura, adversidades, precarização, pauperização, infortúnio...; adjetivos que
não deveriam existir nos vocabulários e menos ainda ser a realidade vivenciada por
muitos em todo o mundo, como e porque isso acontece? De que maneira a
sociedade impele tais condições aos seus semelhantes?
A centralidade da questão social é resultante da contradição capital-
trabalho, foco da intervenção do Serviço Social. Surge com o advento do sistema
capitalista, modelo econômico em que a sobrevivência do homem envolve não
somente uma adaptação ao meio onde vive, mas também da necessidade e
consequente obrigatoriedade da humanidade “possuir” recursos financeiros para
garantir assim sua sobrevivência.
A partir do capitalismo torna-se imperativo a elaboração de políticas que
corroborem com a sobrevivência pacífica da humanidade, assim como com a
administração dos conflitos, dessa maneira são elaboradas as Políticas Públicas,
entre elas, civis, eleitorais e sociais, entre outras alternativas que explicitam o caráter
tumultuoso do sistema capitalista.
Um dos principais “efeitos colaterais” do sistema capitalista é a pobreza,
associada às outras manifestações da questão social como desemprego, fome,
mortalidade, criminalidade, falta de moradia, entre outras; essas situações e
condições podem, e muitas vezes culminam, em ocorrências de conflitos e situações
que precisam ser contornadas com instrumentos legais: as Políticas Públicas.
Em função disso, é importante ressaltar Maria Ozanira Silva (2010, p. 157),

O entendimento é de que o sistema de produção capitalista, centrado na


expropriação e na exploração para garantir a mais valia, e a repartição
injusta e desigual da renda nacional entre as classes sociais são
responsáveis pela instituição de um processo excludente, gerador e
reprodutor da pobreza, entendida enquanto fenômeno estrutural, complexo,
de natureza multidimensional, relativo, não podendo ser considerada como
mera insuficiência de renda. É também desigualdade na distribuição da
riqueza socialmente produzida; é não acesso a serviços básicos; à
informação; ao trabalho e a uma renda digna; é não participação social e
política. Esse entendimento permite desvelar valores e concepções
inspiradoras das políticas públicas de intervenção nas situações de pobreza
e as possibilidades de sua redução, superação ou apenas regulação.
33

Assim o século XIX é dominado por um sistema capitalista interessado


nos conflitos advindos da relação capital e trabalho, em contrapartida, medidas de
caráter social são adotadas, contudo com o objetivo de promover o equilíbrio dentro
das fábricas existentes naquele momento na Inglaterra e Alemanha.
Portanto, de natureza multifacetada, o conceito de pobreza vem se
transformando, conforme mudanças ocorridas em cada período histórico, em seus
aspectos econômicos, políticos e sociais.
Partindo desse pressuposto, a pobreza tem sido tradicionalmente
caracterizada pela ausência e/ou insuficiência de renda, fazendo com que o
indivíduo passe por privações dos considerados meios adequados ou necessidades
básicas de subsistência e sobrevivência.
A Organização das Nações Unidas (ONU), ao definir a pobreza,
considera, além da renda, questões sociais e políticas, pois aponta a falta de acesso
a serviços e políticas, como emprego, capacitação, saúde, previdência e educação.
Destarte, definir a renda como único fator característico da pobreza - a
chamada “pobreza absoluta”, se tornou insuficiente e deficitário, uma vez que a
pobreza passou a ser amplamente determinada por multiplicidades de fatores, que
vão desde a insuficiência de renda até a sua total ausência e dificuldade no acesso
à educação, saúde, saneamento básico, habitação adequada e cultura.

Há mais de 200 anos, alguns dos mais eminentes cientistas sociais têm
buscado uma definição da pobreza. Há divergências consideráveis entre os
diferentes conceitos de pobreza, o que dificulta a compreensão do suposto
nexo conceitual entre pobreza e direitos humanos. Nos estudos sobre
pobreza, este termo tem sido empregado, em geral, de três formas: pobreza
com base na renda; como privação de capacidades e, por fim, pobreza
como equivalente à exclusão social. (COSTA, F. D., 2008, p. 92).

Desta forma, o conceito “pobreza relativa”, tem sido considerado por


diversos estudiosos do tema como o mais adequado para medir o padrão de vida de
dada sociedade. No Brasil e em países em desenvolvimento, Rocha (2008 apud
SANTOS, M. P. G., 2012, p. 17), avalia que:

Contudo, em países como o Brasil, o uso da renda como critério de pobreza


ainda é útil, não só porque a economia é fortemente monetizada, como
porque se dispõe, no País, de dados estatísticos suficientes para se estimar
a renda mínima necessária à sobrevivência de indivíduos e famílias, bem
como para se identificar quem não a alcança.
34

Diante dessa problemática, a pobreza seguida da desigualdade e da


exclusão social, tem tido ênfase no estudo desenvolvido pela Organização das
Nações Unidas (ONU), e pelo Banco Mundial, consideradas as principais agências
de estímulo ao desenvolvimento mundial.

Definir a pobreza como uma violação de direitos humanos envolve


conceitos ainda pouco claros. Isto é especialmente problemático para
aqueles que trabalham em direitos humanos e levam a sério a
indivisibilidade própria destes direitos; para aqueles que procuram entender
o papel central da pobreza no sofrimento de muitas vítimas de direitos
humanos e se preocupam em atuar de maneira profissional neste tema,
utilizando como ferramenta na luta contra a pobreza as obrigações
vinculantes em direitos humanos já reconhecidas internacionalmente.
(COSTA, F. D., 2008, p. 88).

De maneira análoga ao contexto mundial, no Brasil as consequências do


sistema capitalista muitas vezes se expressam até mesmo com maior amplitude que
em outros países; as condições de colonização do País, assim como os regimes
subsequentes, como o militarismo, impuseram ao país uma condição de retrocesso
ainda sem perspectiva de superação.

1.2 Um breve contexto político Brasil

Historicamente, no Brasil, o sistema de proteção social brasileiro foi, por


muito tempo, baseado na caridade e na filantropia, com características
assistencialistas. Ajustadas nessas compreensões, a pobreza era considerada fruto
da acomodação dos pobres e da incapacidade dos indivíduos, apontada pela
atuação de entidades, em sua maioria ligada a Igreja Católica.
Segundo Pereira (2011), no Brasil, o cenário mundial e suas alterações
políticas e econômicas, foram de grande influência e impactaram diretamente na
formulação das políticas sociais. Fica assim o sistema de proteção brasileiro
caracterizado por um “sistema de bem-estar periférico”.

Assim, a proteção social no Brasil não se apoiou firmemente nas pilastras


do pleno emprego, dos serviços sociais universais, nem armou, até hoje,
uma rede de proteção impeditiva da queda e da reprodução de estratos
sociais majoritários da população na pobreza estrema. (PEREIRA, 2011,
p. 125).
35

Porém, mesmo criando alguns serviços diretos à população, as ações


desenvolvidas ao longo dos anos pelo Estado foram na maioria da execução indireta
através das entidades sociais e de redes que mantinham as atuações. O Estado
preocupava-se, na maioria das vezes, com a condição social daqueles que estavam
incluídos no mercado de trabalho, tendo em vista serem os trabalhadores a alavanca
para um país que almejava a industrialização, e contava, para tanto, com apoio da
burguesia industrial (SANTOS J.S., 2012).
1930 marca também a mudança de orientação quanto às respostas
estatais para a “questão social”. Muito embora situe as primeiras medidas
de legislação sobre o trabalho na República Velha, o período que vai até
1945 é considerado um marco em relação ao volume e perfil diferenciado
que esta legislação vai assumir como resposta à “questão social”. Na
constituição de 1934, o Estado tanto preservaria os direitos sociais quanto
regularia os contratos de trabalho (com a carteira de trabalho), as
profissões e os sindicatos, através do Ministério do Trabalho e essas
características ficariam conhecidas juntamente com o “controle ideológico”
do governo sobre os sindicatos, como corporativismo sindical. (SANTOS,
J. S., 2012, p. 75).

De acordo com Iamamoto (2007), já em 1937, o País contou com uma


nova Constituição Federal apontada pela vigência do Estado Novo, em um período
de crescente centralização e fortalecimento do poder executivo; o poder central era
enfatizado por Vargas e as “ações sociais”, em sua maioria, voltadas para a
capacitação de recursos humanos.

Na década de 40, durante o governo Vargas: instituição do salário mínimo;


reestruturação do Ministério da Educação e Saúde; promulgada a
Consolidação das Leis do Trabalho (CLT); criação do imposto sindical, do
Serviço de Alimentação da Previdência Social (SAPS), de nova legislação
sobre acidentes de trabalho, do Serviço Especial de Saúde Pública (SESP)
– implantado em regiões insalubres (Amazônia e Minas Gerais), que
constituíam fontes de matérias primas (borracha, mica, quartzo) utilizadas
pelos aliados na Segunda Guerra Mundial -, do Departamento Nacional da
Criança, da Comissão Nacional de Alimentação, do Serviço Social do
Comércio (SESC), do Serviço Nacional de Aprendizagem Comercial
(SENAC), do Serviço Social da Indústria (SESI), do Serviço Nacional de
Aprendizagem Industrial (SENAI), da Lei Orgânica do Ensino Comercial e
da Fundação da Casa Popular. (PEREIRA, 2011, p. 131-132).

Foi promulgada em 1946 uma nova Constituição, considerada a mais


democrática até então. Logo reconheceu alguns direitos e deu início ao processo de
intervenção na questão social, tendo em vista a amenização de conflitos. Foi
promovido no governo de Juscelino Kubitschek (JK), no contexto brasileiro o
36

processo chamado de milagre econômico que foi iniciado com a modernização


acelerada.

Embora a questão social não fosse mais considerada uma questão de


polícia, ela não foi alçada a questão de política maior que merecesse a
mesma atenção que o governo dispensava à área econômica. Na verdade,
a política social brasileira desse período, não obstante encampada pelo
Estado, funcionava, no mais das vezes, como uma espécie de zona
cinzenta, onde se operavam barganhas populistas entre Estado e parcelas
da sociedade e onde a questão social era transformada em querelas
reguladas jurídica ou administrativamente e, portanto, despolitizada.
(PEREIRA, 2011, p. 130, grifo do autor).

A marginalização dos aspectos sociais por parte do Estado era evidente,


sempre que se pensava no aspecto humano esse era voltado para aprimoramento
do escopo da mão de obra; valores como justiça social e igualdade eram
subordinados aos interesses econômicos.

O Estado, como se observa no caso, agindo como centro de decisões


relativamente autônomo orientado para a manutenção do equilíbrio do
sistema indispensável à acumulação capitalista, não atuará apenas como
receptor das pressões do empresariado para que assuma inteiramente os
encargos empreendimento. Nesse sentido, como criador de economias
externas para o empresariado industrial, o Estado assume
progressivamente a educação suplementar da população, assim como
financia atividades educacionais profissionalizantes [...]. (IAMAMOTO;
CARVALHO, 2005, p. 254-255, grifo do autor).

Assim, ao longo do tempo, este conselho tornou-se um órgão burocrático,


consultivo do governo, que oficializava a relação entre as entidades sociais. E
privada. Isso regularizou o acesso aos fundos públicos para essas entidades que
também obtinham o certificado de entidade de fins filantrópicos.
A Legião Brasileira de Assistência (LBA), foi a pioneira das instituições
brasileiras voltada para a Assistência Social, liderada por Darcy Vargas, primeira
dama e esposa de Getúlio Vargas, tinha como função angariar recursos pelo meio
campanhas, promoções e outras ações desenvolvidas pelas mulheres voluntárias.
Com o objetivo de “[...] prover as necessidades das famílias, cujos chefes haviam
sido mobilizados, e, ainda, prestar decidido concurso ao governo em tudo o que se
relaciona ao esforço de guerra.” (IAMAMOTO; CARVALHO, 2005, p. 250-251).

A LBA tem origem na mobilização do trabalho civil, feminino e de elite, em


apoio ao esforço nacional representado pela entrada no Brasil na II Guerra
Mundial, através da prestação de serviços assistencial às famílias dos
convocados. (TEIXEIRA, 2008, p. 63).
37

O governo de JK manteve o pacto populista no confronto da questão


social e levou o País a uma fase de fortalecimento da industrialização e manteve os
serviços prestados na área social, através do repasse de verbas para as entidades
sociais; além da realização de obras faraônicas, havia a preocupação do governo
com questões regionais e pretensão de eliminação dos problemas nacionais em
poucos anos.

Na década de 50, durante o governo Kubitschek: destaque da retórica


internacionalista que reforça a implantação de um novo padrão de
investimento do capital externo no Brasil, devido ao término da reconstrução
das economias devastadas pela guerra e a competição entre os países
industrializados em busca de novos mercados. Como é dado observar, a
meta econômica permanece prioritária. [...]. No rol desses interesses, a
política social só tem serventia como investimento em capital humano, como
aconteceu com a inclusão da educação no Plano de Metas e com apoio
governamental aos programas de desenvolvimento de comunidade, em
contraposição ao progressismo e à autonomia relativa dos países latino-
americanos [...]. (PEREIRA, 2011, p. 132, grifo do autor).

Mas, para os trabalhadores, essa eliminação dos problemas nunca


aconteceu, pois, os salários caíram e a pobreza aumentou, assim como as
dificuldades de maneira geral. Com a renúncia de Jânio Quadros, a crise política de
1961 agravou ainda mais os problemas econômicos. Em 1962 a taxa de crescimento
econômico começou a cair.
A década de 1960 foi marcada pelo golpe de Estado, o que levou o País
agir de acordo com os interesses do capital internacional. O golpe militar de 1964
deixa evidente a opção pela aceleração da acumulação do capital. Esta acumulação
se baseia em dois mecanismos básicos: a concentração de renda e a abertura para
o exterior. Dando-se o arrocho salarial e o endividamento externo.

Na década de 60 (até 1964), com os governos Quadros e Goulart:


estagnação econômica, herdada do período anterior (endividamento externo,
de difícil liquidação, incapacidade de inversões privadas em novas atividades
produtivas e pressão inflacionária) e intensa mobilização das massas em
torno de pleitos por reformas socioeconômicas. No governo Goulart (Quadros
ficou apenas sete meses na Presidência da República) foi elaborado o Plano
Trienal contemplando Reformas Institucionais de Base – administrativa,
bancária, fiscal e agrária. Além disso, foram adotadas as seguintes medidas
no campo de trabalho: criação do Estatuto do Trabalhador, da Confederação
dos Trabalhadores da Agricultura (CONTAG), do 13º salário, do salário-
família para o trabalhador urbano e a promulgação da Lei Orgânica da
Previdência Social (LOPS), visando à uniformização de benefícios e serviços
prestados pelos antigos IAP’s, priorizando a padronização da qualidade da
assistência médica. Contudo, a cobertura previdenciária prevista na LOPS
atendia apenas aos trabalhadores sob o abrigo da CLT, deixando de fora os
trabalhadores rurais e domésticos. (PEREIRA, 2011, p. 133-134).
38

Em consequência disso agravou-se a questão social1 e o Estado começou


a criar mecanismos para atender as demandas através de políticas sociais. Porém
estas foram insuficientes, pois se constituíram de forma focada e fragmentada, em
uma perspectiva de redistributivismo (BEHRING, 2002) o que não comtempla a
situação ocasionada pelo sistema capitalista e seu modo de produção.

Esse reposicionamento abriu espaços para o politicismo, o redistributivismo,


o estatismo e o ecletismo. Chamam a atenção os sinais de irritação quanto
à “nefasta” submissão da política social à lógica da economia capitalista,
remetendo sua tematização e causalidade exclusivamente à esfera da
regulação dos conflitos. (BERHING, 2002, p. 21).

Entre os anos de 1964 e 1967, foi tomada uma série de medidas para
resolver a crise. As políticas econômicas estavam mais rigorosas e visavam a
acabar com a inflação. Em 1967 a política adotada foi a de aceleração do
crescimento através de créditos às indústrias automobilísticas, a elevação e
estruturação dos preços e de tarifas dos serviços de utilidade pública.
Após 1964, a proteção social no Brasil foi marcada pelos serviços
prestados pelas empresas e suas entidades empresariais (Senai2 e Sesi3),
procedentes da década de 1940; pela previdência social pública e pela rede
filantrópica, para atender as demandas do mercado vigente, pois forma e qualifica os
recursos humanos, na perspectiva de aumento e melhoria da produção.

1
“A questão social não é senão as expressões do processo de formação e desenvolvimento da
classe operária e de seu ingresso no cenário político da sociedade exigindo seus reconhecimentos
como classe por parte do empresariado e do Estado. É a manifestação, no cotidiano da vida social,
da contradição entre o proletariado e a burguesia, a qual passa a agir outros tipos de intervenção
mais além da caridade e da repressão.” (IAMAMOTO; CARVALHO, 2005, p. 77).
2
O Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (Senai) foi fundado em 1942 quando o País
atravessava uma fase crítica de seu desenvolvimento, em decorrência do segundo conflito mundial.
Decretado o estado de beligerância, mobilizaram-se recursos naturais e humanos para o novo e
poderoso surto de industrialização. A carência de mão de obra qualificada constituía um dos pontos
fracos de economia nacional, pois o único sistema de ensino industrial existente em grande escala
era a rede de escolas oficiais, com seus cursos de tempo integral e de duração de quatro anos. Sua
contribuição não atendida às necessidades da indústria por motivos diversos, entre os quais o
regime de frequência e duração dos cursos, a idade de admissão dos alunos, o elevado índice de
evasão escolar, a rigidez do sistema e a falta de vivência das situações de produção industrial.
(NOSCHESE apud IAMAMOTO, 2007, p. 257).
3
O Serviço Social da Indústria (Sesi) foi oficializado em 1946, durante o período de elaboração da
nova constituição. Partem da constatação das dificuldades do pós-guerra e da premissa do dever
do Estado em concorrer, não só diretamente, como incentivar e estimular a cooperação das classes
em iniciativas tendentes a promover o bem-estar, além da consideração de que a Confederação
Nacional da Indústria dispõe-se, com recursos próprios, proporcionar assistência social e melhores
condições de habitação, nutrição, higiene ao operário e, dessa forma, desenvolver o esforço de
solidariedade entre empregados e empregadores (IAMAMOTO, 2007, p. 268).
39

Nos anos seguintes, a LBA modifica-se e reestrutura-se, o momento


histórico é de pós-guerra, nesse contexto a instituição torna-se fundação, vinculada
ao Ministério do Trabalho e Previdência Social, tendo em vista a unificação dos
institutos; passa a ter como principal bandeira a defesa da maternidade e da infância
(TEIXEIRA, 2008).

Com relação ao financiamento da instituição, mudanças significativas


ocorrem nesse período. De 1946 a 1966 a LBA foi sustentada basicamente
por recursos provenientes dos institutos de aposentadorias e pensões, além
de donativos vindos de diversos níveis governamentais ou da iniciativa
privada. Com a unificação dos institutos em 1966, a LBA, já transformada
em fundação, teve seu financiamento alterado: as receitas previdenciárias
foram substituídas por receitas da União até 1969, quando passou a
receber 40% da renda líquida da Loteria Esportiva. (TEIXEIRA, 2008, p. 64).

A classe média discordando das reformas realizadas pelo presidente João


Goulart, por meio de decretos e também contrária ao seu discurso radical, passa a
poiar o golpe militar, como alternativa. A “Marcha da Família com Deus pela
liberdade”, com o pretexto de lutar pela segurança nacional e purificar a democracia,
são as estratégias assoladoras do militarismo.

O golpe militar de 1964 tem sido debatido sob diversas perspectivas. Uma
delas levanta a possibilidade de ter sido financiado e articulado pelos EUA.
Skidmore (1975) descarta como pouco plausível essa possibilidade,
apostando que ele seria resultante das lutas entre as forças políticas que
pressionavam pelo controle do estado desde 1945. Considera, entretanto,
que alguns fatos dão base a esta hipótese, como a inegável preocupação
que os EUA apresentavam com uma possível “guinada esquerdista” no
Brasil, ao mesmo tempo em que foi também um fato a rapidez do
reconhecimento do governo norte-americano em relação ao novo governo
instaurado após o golpe. (SANTOS, J. S., 2012, p. 86).

O Brasil era um país sem participação popular e o período que antecedeu


a ditadura militar foi marcado, intensivamente, por movimentos políticos que
buscavam sustentação para as reformas necessárias e melhoria da qualidade de
vida da população. Essas manifestações colaboraram para que o golpe fosse
concretizado com o apoio da classe média.
Nos Governos Militares, a utilização da força e da repressão foram as
estratégias mais utilizadas como forma de garantir o plano que pretendia transformar
o Brasil em grande potência econômica.
40

É conhecida na historiografia a divisão dos militares durante a ditadura entre


os que tinham o objetivo de fazer do regime uma “democracia restringida” e
os chamados “linha dura”, cuja postura era mais fechada em torno das
liberdades políticas e civis. O governo Castelo Branco pertencia ao primeiro
grupo, muito embora, do ponto de vista da política econômica, tenha
adotado medidas ortodoxas para o combate à inflação, realizando o que
havia sido adiado até o momento por falta de conduções políticas. Já se
disse que essas medidas eram extremamente impopulares, posto que
traziam consigo o aumento do custo de vida e a contenção dos salários, e
que durante o regime democrático nenhum dos governos se propôs assumir
seus custos políticos. (SANTOS, J. S., 2012, p. 87).

O clima construído no País poderia ser traduzido de várias formas. Entre


elas a repressão, a tortura, a desonra de pessoas e instituições, a censura e
destruição dos que pensavam de maneira divergente a do governo, contudo, desde
o governo Castelo Branco, os comandos militares, embora tenham jurado cumprir a
Constituição de 1946, usaram os atos institucionais como forma de estabelecer as
regras de convivência entre eles e a sociedade em geral (COUTO, 2010).

O primeiro ato institucional foi decretado pelo presidente Castelo Branco em


abril de 1964. Por meio dele: foram cassados os direitos políticos, pelo
período de dez anos. [...] Já nesse primeiro ato observa-se a interferência
do governo no campo dos direitos civis e políticos [...]. Tanto o ato
institucional n° 1 como os subseqüentes tiveram o papel de moldar as
condições objetivas para que o regime econômico, político social, fosse
implantado na sua totalidade [...].
O ato institucional n° 2 foi decretado em outubro de 1965, e por meio dele
foi abolida a eleição direta para presidente e foram dissolvidos os partidos
políticos [...]. (COUTO, 2010, p. 122).

Segundo Couto (2010), o governo conservou o Congresso Nacional


aberto e com acordo de sempre ser favorável aos seus atos, tratando de manter
sempre a maioria indispensável para a aprovação de suas medidas. Era um novo
golpe na área dos direitos civis e políticos, que tornava a constituição de 1946 sem
sentido. Na esteira desse ato foi promulgada constituição de 1967.
Essa Constituição reforçou, de certa maneira, os direitos já garantidos na
Carta Magna de 1946, inaugurou uma peculiar forma de concepção e gestão dos
mesmos, direitos esses que tem como fundamento a ótica de que só seriam
exercidos por aqueles que se submetessem às regras estabelecidas pelo governo
militar.
O ano de 1968, período de comprovações sociais, políticas e culturais em
várias partes do mundo, observou-se um vasto movimento social de protesto e de
41

oposição à ditadura, com destaque para o movimento estudantil e para a retomada


do movimento operário com as greves.
Vários cidadãos foram às manifestações para denunciar os atos da
ditadura que, se de um lado demonstraram o poder organizativo da população, por
outro reforçaram a política da censura e da repressão; uma vez que tais denúncias
só poderiam ser feitas de maneira pública, protegidas pelo anonimato da multidão.

[...] o deputado Márcio Moreira Alves fez um discurso, sugerindo boicote ao


desfile de 7 de setembro e indicando que as mulheres não namorassem
oficiais [...]. Esse discurso gerou uma crise institucional, pois o presidente
entendeu o discurso como ofensivo às Forças Armadas e solicitou ao
Congresso que retirasse a imunidade o direito parlamentar do deputado,
para que pudesse ser processado pelas Forças Armadas. (COUTO, 2010,
p. 125).

Tamanha organização serviu de motivo utilizado pelo Governo Militar


para decretar o mais calamitoso dos atos institucionais, o AI-54. Esse ato
demonstrou o terror, a barbárie e o modelo hierárquico e ditatorial do governo e foi
baseado em atos institucionais anteriores.

O Ato Institucional que é hoje editado pelos Comandantes-em-Chefe do


Exército, da Marinha e da Aeronáutica, em nome da revolução que se
tornou vitoriosa com o apoio da Nação na sua quase totalidade, se destina a
assegurar ao novo governo a ser instituído, os meios indispensáveis à obra
de reconstrução econômica, financeira, política e moral do Brasil, de
maneira a poder enfrentar, de modo direto e imediato, os graves e urgentes
problemas de que depende a restauração da ordem interna e do prestígio
internacional da nossa Pátria. (CARTOLA, 2014).

Esse ato tornou a Constituição de 1967 antiquada, e para dar


consequência ao AI-5, o governo editou a Carta Magna de 1969, na qual o campo
dos direitos sociais trabalhistas as garantias foram preservadas, quando se referiam
ao trabalhador de maneira individual.

4
[...] no dia 13 de dezembro de 1968, ocorreu a publicação do Ato Institucional n° 5. Visto como uma
das maiores arbitrariedades da época, o novo decreto permitia ao presidente estabelecer o recesso
indeterminado do Congresso Nacional e de qualquer outro órgão legislativo em esfera estadual e
municipal, cassar mandatos e suspender os direitos políticos de qualquer cidadão por dez anos.
Além disso, poderia ser realizado o confisco dos bens daqueles que fossem incriminados por
corrupção.
Não bastando isso, o AI-5 suspendia as garantias individuais ao permitir que o habeas corpus
perdesse a sua aplicação legal. A partir de então, autoridades militares poderiam prender e coagir
os cidadãos de forma arbitrária e violenta. Logo após a publicação do AI-5, vários jornalistas e
políticos foram lançados na cadeia. Tempos mais tarde, o presidente Costa e Silva se dirigiu à
nação dizendo que tal ato fora necessário para que a corrupção e a subversão fossem combatidas,
e a democracia resguardada (SOUSA, 2013).
42

Em relação aos direitos políticos, foi mantida a proibição de voto aos não
alfabetizados. Em 1970 foi instalada a censura prévia a jornalistas, livros e aos
demais meios de comunicação. Diante dessa postura autoritária e arbitrária,
qualquer reação contraria ao governo era tratada com extremismo e violência.
Muitos foram torturados, mortos e desaparecidos.

“A censura à imprensa eliminou a liberdade de opinião; não havia liberdade


de reunião; os partidos eram regulados e controlados pelo governo; os
sindicatos estavam sob constante ameaça de intervenção; era proibido
fazer greves; o direito de defesa era cerceado pelas prisões arbitrárias; a
justiça militar julgava crimes civis; a inviolabilidade do lar e da
correspondência não existia; a integridade física era violada pela tortura nos
cárceres do governo; o próprio direito à vida era desrespeitado.” (Carvalho,
2002: 163-4 apud COUTO, 2010, p. 127).

Se de um lado o País vivia essa realidade que atingia a liberdade, o


exercício dos direitos civis e políticos, ao mesmo tempo, na década de 1970, o Brasil
viveu o momento que foi conhecido como o do “milagre econômico”; deixando clara
a sobreposição do capital em face das aspirações da população.
O milagre econômico sustentava-se em:

“[...] três pilares básicos: o aprofundamento da exploração da classe


trabalhadora submetida ao arrocho salarial, às mais duras condições de
trabalho e à repressão política; a ação do Estado, garantindo a expansão
capitalista e a consolidação do grande capital nacional e internacional; e a
entrada maciça de capitais estrangeiros na forma de investimentos e de
empréstimos. ” (Habert, 1996: 13-4 apud COUTO, 2010, p. 128).

O milagre econômico, no período da ditadura, sobrevém de maneira


simultânea ao crescimento da dívida externa, fato ocorrido entre 1969 e 1973. Em
relação às medidas de cunho social na época, o período da ditadura foi aberto para
responder às demandas sociais em função do fortalecimento do capital.
Na década de 1970 o País conheceu a época do milagre econômico. A
modernização agrícola, a exportação de produtos, a migração para os centros
urbanos, na concentração de renda e o aumento da desigualdade social como
consequência desse modelo econômico (DURHAM, 2010).

Também continuavam a se recuperar os indicadores econômicos


aprofundando, até 1973, o “milagre”, que foi o responsável pela “aura de
legitimidade” adquirida pelo regime perante a classe média e a burguesia
industrial – que crescia associado ao capital estrangeiro. (SANTOS, J. S.,
2012, p. 89).
43

Vários movimentos da sociedade civil ocorriam em prol da instauração da


democracia; um dos exemplos disso é o fato ocorrido nas eleições legislativas de
1974, em que a permissão de propaganda eleitoral trouxe para as bases governistas
militares um resultado desastroso: a ala governista perdeu as eleições para o
Senado Federal.
Segundo Couto (2010), em resposta a esse processo, o Presidente
Ernesto Geisel, no ano de 1977, suspendeu o Congresso por quinze dias e quando
reabriu foi para aprovar as eleições indiretas para os governadores e para um terço
dos senadores, assim como a limitação da propaganda eleitoral.
No entanto, mobilizado pelo forte movimento popular que se
reestruturava, votou o fim do AI-5, o fim da censura prévia do rádio e na televisão.
Foi efetivado no governo do Presidente João Figueiredo, a Lei da Anistia, que
tratava da questão dos exilados políticos e da restauração dos instrumentos
democráticos para gerir a relação do estado com a sociedade.
No entanto, o projeto aprovado mostrou-se restritivo, se, por um lado a lei
procurava atender às necessidades da população por justiça social e punição dos
responsáveis pelas crueldades cometidas em nome do desenvolvimento econômico
e social, por outro, a força autoritária do governo ainda prevalecia.

Em 1982, o país viveu um forte movimento de massas, que concentrou uma


multidão nas principais cidades, em defesa de eleições diretas para
presidente: era o movimento “Diretas Já!”. A consequência desse
movimento foi a utilização de mais uma medida discricionária pelo do
governo militar. Este acontecimento inaugurou uma nova fase política no
contexto da sociedade brasileira [...]. (COUTO, 2010, p.135).

O crescimento da crise e a abuso da força de trabalho criaram condições


políticas de rearticulação da sociedade civil, as greves dos trabalhadores e a
reprodução de movimentos sociais passaram a configurar uma nova dimensão
política, pelo Estado e pelo capital.
Nos seus diversos estágios de desenvolvimento, o capitalismo tem sido
capaz de produzir muita riqueza e como efeito colateral: a pobreza. O Estado
instituiu políticas sociais para amortecer os conflitos sociais presentes na sociedade
capitalista e, ao mesmo tempo, aumentar sua base de autoridade e reconhecimento;
é somente nestas condições e com esse intuito, que a questão social se torna objeto
de uma intervenção contínua do Estado.
44

Conforme afirmam as várias produções do Serviço Social no campo


marxista, entender a “questão social” é, de um lado, considerar a
exploração do trabalho pelo capital e, de outro, as lutas sociais
protagonizadas pelos trabalhadores organizados em face desta premissa
central à produção e reprodução do capitalismo. Conjugadas, essas
premissas derivam em expressões diversificadas da “questão social” em
face das quais cabe sempre um processo de investigação a fim de
caracterizá-las enquanto “unidade na diversidade”; ou seja, devemos nos
esforçar, como categoria, para apontar as características e “formas de ser”
de cada expressão da “questão social” enquanto fenômeno singular e, ao
mesmo tempo, universal, cujo fundamento comum é dado pela centralidade
do trabalho na constituição da vida social. (SANTOS, J. S., 2012, p. 133).

Contudo, a liderança governamental, invariavelmente, era exercida pela


executiva da burguesia. Nessa conjuntura, na sociedade Brasileira, a política social
surge como estratégia do Estado, começa a ser praticada no contexto da imersão do
capitalismo monopolista, como tática diante das expressões da questão social e
como forma de controlar as exigências da população.
Embora a influência do Estado responda a esta pressão da população em
atender (parcialmente) as demandas sociais, os benefícios e seus serviços são
materializados na perspectiva de caridade, benemerência, favores ou privilégios e
não como direitos, as ações são pontuais, fragmentadas e executadas de acordo
com o interesse do governo vigente.
Outra alternativa seria continuar o repasse de recursos às entidades sem
fins lucrativos, que diminuiria o trabalho e a necessidade de intervenção do Estado.
Em consequência disso, as ações assistenciais reduziam-se a um conjunto de
providências e auxílios parciais que terminavam por prestar um atendimento
temporário, inconsistente e segmentado à população.
A década de 1980 mostrou um país com enormes dificuldades geradas
pela grande concentração de renda e por uma política econômica restritiva do ponto
de vista da participação da população na riqueza nacional. Já não se apontava o
crescimento como estratégia de acumulação da riqueza, proposta pelos governos
militares, revelando ser uma sociedade extremamente desigual (COUTO, 2010).
Ao mesmo tempo, foi uma década pródiga em movimentos sociais e em
participação da sociedade, organizando-se, por meio de entidades, organizações
não governamentais (ONGs) e sindicatos. Esses fatores foram os que
impulsionaram a elaboração de uma nova Constituição, que enunciou direitos
resultantes da participação popular.
45

De acordo com Couto (2010), as décadas 1980 e 1990 foram modelo de


contradições no encaminhamento de uma nova configuração para o cenário político,
econômico e social brasileiro. Novas leis partidárias são promulgadas no Congresso
Nacional com a intenção de desestruturar a oposição.
Entretanto, foi neste contexto que importantes e significativos avanços
foram construídos, acarretando novas configurações e novas compreensões para as
áreas dos direitos civis, políticos e sociais, expressos numa nova forma de organizar
e gestar o sistema de seguridade social brasileiro, trazendo, para a área, a
assistência social como uma política social de natureza pública.

Este quadro de intensas movimentações políticas que envolvem as eleições


diretas para os Estados, em 1982, se acirra com a campanha iniciada pelo
PT pelas eleições “Diretas Já” também para o Executivo Federal.
Inicialmente restrita ao círculo partidário, essa campanha vai ganhando
adesões de massa e, em 1984, seus comícios entram para a história como
fatos políticos que pressionaram pelo fim do colégio eleitoral na eleição para
presidente. (SANTOS, J. S., 2012, p. 91).

A década de 1980 inaugurou um novo nível na relação Estado e


sociedade. Foi marcada pela mudança dos governos militares a constituição da
democracia, ocorreu a primeira eleição, ainda que indireta, em 1985, para
Presidente da República pós-governos militares.
A eleição foi produto de uma movimentação acentuada na sociedade
brasileira, que por diferentes entidades de classe, adesão de novos partidos e dos
partidos políticos já existentes, organizações não governamentais, sindicatos e
outros movimentos organizados em várias manifestações públicas.
Durante o Governo José Sarney, foram fundamentais dois atos para que
alcançasse popularidade. O Primeiro foi à implantação do Plano Cruzado, e o
segundo, o processo constituinte. Referem-se ao Plano Cruzado, as medidas de
congelamento dos preços, dos salários e do câmbio geraram um clima favorável
junto à população, especialmente a assalariada.

Esse processo foi [...] sob a tradição ditatorial, pois, embora originado
determinado da mobilização pelas “Diretas Já!“, o governo João Figueiredo
determinou, [...], eleições via colégio eleitoral. Esse processo trouxe para o
novo governo candidatos civis e de oposição aos militares, Tancredo Neves
e José Sarney. (COUTO, 2010, p. 141).
46

O governo pós-ditadura militar definiu sua estratégia de intervenção em


dois níveis: os chamados planos de emergência e as tarefas de reformulação global
do sistema de proteção. Com a mudança democrática o governo militar foi excluído
sendo eleito o primeiro Presidente da República pós-ditadura militar, Tancredo
Neves.
No entanto, o presidente Tancredo Neves não chegou a governar,
faleceu, por motivo de doença, antes de assumir a Presidência da República, dessa
maneira, assume a o governo federal, no período de 1985 a 1990, o candidato à
Vice-Presidente José Sarney.
A Constituição da República Federativa do Brasil, Lei principal e
soberana do País, foi proclamada em 5 de outubro de 1988. A Carta Magna, assim
como as emendas que a compunham contribuíram para uma correta acepção de
qual é o papel do Estado nas questões sociais, econômicas, políticas, entre outras.
Na concepção de Couto (2010), fica evidenciado que o governo Sarney
ficou conhecido como transição democrática, que teve como resultante a
Constituição de 1988. Em 1988, o Brasil ganhou uma nova constituição,
consagrando a democracia no País.
A valorização do trabalho e a livre iniciativa são bandeiras propostas pela
formatação da Constituição, assim o Estado, de maneira mais adequada, passa a
atuar diretamente, ou em muitos momentos incumbindo outros, em serviços
públicos, exploração de recursos e atividades econômicas de maneira sistemática e
adequada.
Nesse contexto de transformações, a Constituição de 1988 pode ser
considerada como o ápice de todo o processo de redemocratização brasileiro.
Novas facetas permeiam o processo de formulação e promulgação da Constituição,
que, além de representar o princípio da consolidação da democracia, após os anos
da ditadura militar, traz a concepção de “Constituição Cidadã”, ao considerar
questões de seguridade social.

O estabelecimento dessa nova concepção, seguridade social, rompeu com


o modelo de seguro que até então modelara o sistema de proteção social
de forma segmentária e discriminatória, visando reordená-lo sob o conceito
de cidadania universal. (TEIXEIRA, 2008, p. 99).
47

Os períodos dos governos brasileiros, já desde 1985, foram influenciados


por propostas democráticas, que buscavam romper com o clientelismo e com a
postura patrimonialista do Estado, uma vez que recomendavam mudanças no
sistema político, econômico e social, pois acreditavam que o resultado dessas ações
seria o crescimento e o desenvolvimento do País.
O que pode se observar é que os inúmeros planos econômicos, bem
como as construções das legislações sociais, principalmente da Constituição de
1988, foram insuficientes para cumprir com as promessas feitas à população no que
se refere à melhoria das condições e qualidade de vida.
De acordo com Couto (2010), as políticas sociais dos governos da era
democrática pós-1985, assumiram uma postura que por longo período sofreram com
denúncias nos programas eleitorais, ou seja, havia a intenção de retomada das
práticas clientelistas, fato observado nas alterações feitas na Constituição de 1988.

Para compreender a disputa que se realizou desde 1985, no Brasil,


quanto à consolidação durante a estabilização de um sistema de
proteção social assentado na seguridade social e na garantia de
atendimento das demandas da população na ótica dos direitos, faz-se
necessário visualizar o processo que encaminhou se conduziu a
construção da Constituição de 1988 e a base em que foi soldada a
seguridade social. (COUTO, 2010, p. 153-154).

O princípio do processo constituinte foi assinalado por debates em


relação à soberania e ao funcionamento da Assembleia Nacional. Foi discutido o
processo de redemocratização, designados mecanismos que modificariam a prática
do exercício do poder no País, ou seja, todas as regras de transição dos governos
militares para a democracia.
O exercício da assembleia foi outra questão importante, pois a própria
teria como função redigir a Constituição, consequentemente, desempenharia seu
papel em várias funções, embora a prioridade fosse a elaboração e redução do texto
constitucional.
Quanto à preparação da constituinte de 1988, o processo realizado pelo
Congresso Nacional adotou uma dinâmica diferenciada, sendo que o resultado deste
processo foi o texto aprovado e que deu coerência ao que se convencionou chamar
de “Constituição Cidadã”, tendo em vista que pretendia uma diminuição dos conflitos
e ampliação do acesso da população às políticas públicas, principalmente aos
48

serviços considerados essenciais como Saúde, Educação, Previdência, Assistência


Social, entre outras.

[...] é muito expressivo no sentido de revelar a existência de um conflito,


com as forças sociais tradicionalmente dominantes, conseguindo ainda
manter controle sobre as definições de ordem econômica, mas tendo que
aceitar que na mesma Constituição estejam declarados e protegidos os
direitos dos indivíduos e dos grupos sociais que só recentemente
conseguiram participação efetiva em decisões políticas. (Dallari, 2000: 482
apud COUTO, 2010, p. 156).

Essas decisões revelam o absurdo existente entre as do campo


econômico e as do social, que, aliás, marcaram historicamente as relações entre
sociedade e governos e que transmitiu o perfil dos governos subsequentes, pois o
Modelo Econômico amplia a exclusão e fragiliza as políticas sociais.
Para a compreensão dos desafios surgidos na constituição de 1988, no
âmbito dos direitos civis, políticos e sociais, é preciso apontar o que foi garantido no
texto legal.
Em relação aos direitos civis, a Constituição inovou ao incluir, na ementa
dos já tradicionais direitos presentes nas outras constituições, outros instrumentos
importantes como, o habeas data 5, garantindo o direito de os cidadãos a terem
acesso aos dados pessoais arquivados nos órgãos de informações dos governos
militares.
É importante salientar que muitos direitos garantidos no novo texto
constitucional dependiam de leis regulamentadoras para o acesso da população a
esses direitos, portanto deveria haver ainda um grande exercício legislativo.
Quanto ao campo dos direitos políticos, estendeu-se o direito do voto aos
não alfabetizados pela primeira vez em texto constitucional. Flexibilizou-se a
formação dos partidos políticos e permitiu-se o debate, por meio dos órgãos de
comunicação, dos candidatos aos processos eleitorais realizados após a
Constituição.
A Constituição estabeleceu, entre outras regras, o voto obrigatório para
maiores de 18 anos e facultativo para maiores de 70 anos e para os jovens entre 16
e 18 anos. A primeira eleição direta de um presidente ocorreu em 1989, quando foi
eleito Fernando Collor de Melo.

5
Ação para garantir o acesso de uma pessoa a informações sobre ela que façam parte de arquivos
ou bancos de dados de entidades governamentais ou públicas. Também pode pedir a correção de
dados incorretos. (SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL, 2013).
49

Desde então, a estabilidade democrática determina que todos os


brasileiros devem comparecer às urnas, a cada dois anos, de acordo com a
modalidade, para escolher presidente, governadores, senadores, deputados
federais, deputados estaduais, prefeitos e vereadores.
No entanto, é no campo dos direitos sociais que estão contidos os
maiores avanços da Constituição de 1988, essa postura do Estado demonstra a
determinação de construção e efetivação da justiça social. Isso começa a ser
evidenciado no texto a partir do artigo 3º, que define como objetivos da República
Federativa do Brasil:

I – Construir uma sociedade livre, justa e solidária;


II- Garantir o desenvolvimento nacional;
III- Erradicar a pobreza e a marginalização e reduzir as desigualdades
sociais e regionais;
IV- Promover o bem de todos, sem preconceitos de origem, raça, sexo, cor,
idade e quaisquer outras formas de discriminação. (BRASIL, 1988).

Os objetivos deixam claro que os constituintes, além de reconhecerem as


disparidades sociais e regionais brasileiras, atribuíram a solução dessas
desigualdades à ação do país, ou seja, cabe ao poder público mediar e trabalhar em
função da igualdade entre os cidadãos, amparados pela proposta de promoção e
proteção social.
A oferta de serviços, em âmbito nacional, vem ao encontro de um perfil de
parametrização e direção norteadora em um sistema capitalista que vai além das
fronteiras nacionais; o País adota esse preceito e em contrapartida deverá promover
maneiras para que a população suporte as consequências das desigualdades
ocasionadas nesse contexto.
Entretanto, as políticas adotadas e implementadas não são suficientes
para que a população supere as adversidades vivenciadas; em muitos casos não
atendem às condicionalidades que configuram o contexto de necessidade e mesmo
atendendo aos requisitos, as proteções, monetária, cultural e emocionalmente não
colaboram para o alcance do estado de bem-estar e, menos ainda, para a edificação
de uma sociedade hegemônica.
50

1.3 A contenção da pobreza e a ideologia: “o que permanece por fazer”?

Segundo Couto (2010), o avanço que vem coopera, com mais relevância
às realidades brasileiras e, consequentemente, responde às expressões da questão
social no contexto das especificidades nacionais, foi o sistema de seguridade social,
consubstanciado no artigo 194 da CF, coligado às políticas de saúde, de previdência
social e de assistência social.
Este artigo estabelece que “[...] a seguridade social compreende um
conjunto interligado de ações de iniciativa dos poderes públicos e da sociedade,
destinadas a assegurar os direitos referentes à saúde, à previdência e à assistência
social” (BRASIL, 1988). Além disso, em seu parágrafo único, esse mesmo artigo
determina que:

Compete ao poder público, nos termos da lei, organizar a seguridade social,


como base nos seguintes objetivos:
I- universalidade da cobertura e do atendimento;
II- uniformidade e equivalência dos benefícios e serviços as populações
urbanas e rurais;
III- seletividade e distributividade na prestação dos benefícios e serviços;
IV- irredutibilidade do valor dos benefícios;
V- equidade na forma de participação no custeio;
VI- diversidade da base de financiamento; e
VII- caráter democrático e descentralizado da administração, mediante
gestão quadripartite, com participação dos trabalhadores, dos
empregadores, dos aposentados e do Governo nos órgãos
colegiados. (BRASIL, 1988).

Nos artigos que se seguem, até o 204, fica definido como o tripé da
seguridade deverá ser constituído: em caráter de universalidade para as coberturas
e o atendimento6 pela política de saúde, ficando garantido o acesso como direito de
todos e dever do Estado; a previdência será devida mediante contribuição, enquanto
a assistência social será prestada a quem dela necessitar, independentemente de
contribuição.
Assim, é possível afirmar que a política de seguridade social proposta tem
como ponto de vista um sistema de proteção integral ao cidadão, protegendo-o com
assistência médica, previdência e assistência social, na velhice e nos diferentes
imprevistos que a vida lhe apresentar.

6
O inciso I, do artigo 194, que trata dos objetivos da seguridade, preconiza a universalidade na
cobertura e no atendimento de todas as políticas; o fato de cada uma possuir algumas
“condicionalidades”, no caso da previdência, a contribuição, e da Assistência, a situação de
vulnerabilidade e pobreza, não descaracteriza o caráter universal dessas políticas.
51

Nesse contexto:

Seguridade Social é “a proteção que a sociedade proporciona a seus


membros mediante uma série de medidas públicas contra as privações
econômicas e sociais que de outra forma derivariam no desaparecimento ou
em forte redução de sua subsistência como consequência de enfermidade,
maternidade, acidente de trabalho ou enfermidade profissional, invalidez,
velhice e morte, e também a proteção na forma de assistência médica e de
ajuda às famílias com filhos. (ORGANIZAÇÃO INTERNACIONAL DO
TRABALHO, 1984).

De acordo com Couto (2010), é possível afirmar, que a constituição de


1988 foi aprovada com base numa lógica conceitual bastante nova para sociedade
brasileira, contudo muito praticada na Europa, aquela baseada nos princípios do
Welfare State7, de recorte social-democrata.
Nesse sentido, é possível afirmar que, no campo conceitual, a introdução
da seguridade como sistema de proteção social, composto pela Previdência Social,
Saúde e Assistência Social, é um marco no avanço do campo dos direitos sociais no
Brasil. Pela primeira vez um texto constitucional é afirmativo no sentido de apontar a
responsabilidade do Estado na cobertura das necessidades sociais da população e,
na sua enunciação, reafirma que essa população tem acesso a esses direitos na
condição de cidadão.

No período que vai de 1990 a 1992, podem ser apontados [...] do governo
Collor a sua decisão de intervir na economia por meio dos planos Collor I e
Collor II, a abertura do mercado brasileiro e o caráter populista, clientelista e
assistencialista dos programas sociais de seu governo. (COUTO, 2010,
p.145).

Quando a Constituição foi promulgada, em 1988, a Legião Brasileira de


Assistência (LBA) ainda tinha uma estrutura muito forte, tanto em âmbito estadual
como municipal, dependente dos conselhos políticos e financiamento de seus
programas, os primeiros e principais debates surgiram no interior da LBA, fato que
implicou na compreensão de que a Assistência Social deveria ser pensada e
definida como direito.

7
Uma definição comum nos manuais é a de que ele envolve responsabilidade estatal no sentido de
garantir o bem-estar básico dos cidadãos. Esta definição passa ao largo da questão de saber se as
políticas sociais são emancipadoras ou não; se ajudam a legitimação do sistema ou não; se
contradizem ou ajudam o mercado; e o que realmente significa "básico"? Não seria mais apropriado
exigir de um welfare state que satisfaça mais que nossas necessidades básicas ou mínimas?
(ESPING-ANDERSEN, 1991, p. 98).
52

A nova Constituição instala a assistência social, na divisão sócio-


institucional do trabalho governamental, e, ao mesmo tempo, delineia seu
interlocutor fundamental: as organizações representativas da população.
Embora ocorra aqui um avanço significativo, é, de se prever o baixo peso
político desta área de ação até pelo peso relativo do segmento social que a
demanda. Tradicionalmente a assistência social pública restringiu sua
prestação de serviços. A filantropia privada foi sua via de acesso às
populações demandatárias de tais serviços. (SPOSATI; FALCÃO;
TEIXEIRA, 2008, p. 23, grifo do autor).

A Constituição Federal reconheceu vários direitos pelos quais os


trabalhadores lutavam como a proteção da infância, da juventude e da maternidade;
medidas para diminuir a mortalidade infantil; assegurou o amparo aos desvalidados.
Algumas deliberações referentes a benefícios e proteções que já existiam, contudo
com a perspectiva de caridade, de “compensação da pobreza”.
Os movimentos populares, ou movimentos sociais como os conhecemos,
foram se organizando em vários setores, materializando-se em um processo de
conquistas que culminou com a elaboração da Constituição Federal, principalmente
em seus artigos 203 e 204, que tratam a assistência social como parte integrante da
seguridade social juntamente com a saúde e a Previdência Social (SPOSATI;
FALCÃO; TEIXEIRA, 2008).
Collor assumiu em 1989 a Presidência da República e com o engodo de
modernizar o País para inseri-lo no primeiro mundo, agarrou as propostas
neoliberais e comprometeu-se. Na área social o governo manteve uma política de
ações residuais com a transferência de verbas públicas para o setor privado para
execução de serviços sociais, reduzindo o papel do Estado nessa política (HEIN,
1997).
A LBA formalizou-se como órgão federal responsável pela Política de
Assistência Social, sem, contudo, estar preparada para uma função nacional e até
mesmo se fosse local, a eterna perspectiva de caridade presente nas ações
assistenciais no Brasil inviabilizavam as ações.

Com relação à atuação da LBA, foram encontrados muitos problemas. A


insuficiência de recursos humanos, aliada à baixa qualificação, à ausência
de uma política de recrutamento, progressão funcional e salários
competitivos acarretou uma herança bastante indesejável para a atuação
institucional. É também necessário implantar um modelo gerencial
compatível com as peculiaridades da sua atuação. A diversidade de
programas e formas de atuação acumuladas na longa experiência da LBA
refletem por um lado uma grande flexibilidade e, por outro, a ausência,
quase absoluta de mecanismos apropriados de acompanhamento, controle
e avaliação. (SPOSATI; FALCÃO; TEIXEIRA, 2008, p. 94).
53

Durante o governo de Fernando Collor de Melo, foi proposto o primeiro


projeto de lei para a aprovação da Lei Orgânica da Assistência Social (LOAS), que
viria a regulamentar as disposições da Constituição Federal em relação à
Seguridade Social, no capítulo que trata da Assistência Social, contudo, o plano foi
vetado totalmente pelo presidente em exercício.
O processo continua e a Lei Orgânica da Assistência Social (LOAS), Lei
Federal nº 8.742, de 7 de dezembro de 1993 (BRASIL, 1993), que foi devidamente
promulgada no governo de Itamar Franco como consequência da Constituição
Federal, tem como questão norteadora a regulamentação de questões referentes à
Assistência Social no Brasil.
Todo o processo de aprovação foi construído por um movimento nacional
que envolvia participantes das esferas municipais, estaduais, organizações não
governamentais e o Governo Federal. A LOAS passou a atuar sobre a edificação de
uma política pública que deu início a um processo de construção da gestão pública e
participativa da Assistência Social Brasileira.
A LOAS, além de estabelecer um novo princípio para a Assistência Social
no País, também proporcionou uma nova compreensão para a área. Com isso o
Estado, por meio de um processo de intervenção, ao lado da sociedade civil,
proporciona condições para que se concretizem os direitos sociais. As políticas
sociais enquanto estratégias governamentais são regulamentadas com o intuito de
oferecer respostas para as necessidades da população através de um conjunto de
ações.
Assim sendo, independentemente da regulamentação da LOAS e da
instalação e funcionamento do Conselho Nacional de Assistência Social (CNAS), no
ano de 1995, o governo do presidente Fernando Henrique Cardoso (FHC), decide
criar o Programa Comunidade Solidária (PCS). O programa foi criado pela Medida
Provisória n° 813/95, se estabeleceu em um sistema correspondente à Política de
Assistência Social.
O Programa Comunidade Solidária foi um programa que apresentou o
procedimento encontrado para substituir as velhas práticas de filantropia, custeadas
pelo Estado brasileiro, e as novas propostas de união entre Estado e sociedade;
esta medida provisória decreta também o fim da LBA. Quanto aos recursos, os
destinados ao PCS eram maiores que os destinados ao Fundo Nacional da
54

Assistência Social (FNAS), órgão responsável pelo financiamento da Assistência


Social em todo o País.
Destaca-se que a LOAS foi aprovada e implementada em um período em
que assistência social era voltada para a solidariedade, para a atuação filantrópica e
para o voluntariado, as bases da Política de Assistência Social sempre tiveram esse
caráter, tanto no Brasil como na Europa e nos Estados Unidos, mesmo sabendo que
se trata de uma resposta do Estado à população, criada pela própria política
econômica adotada pelo governo.

O conceito de desamparado ou necessitado é atribuído à condição de


fragilidade física associada à econômica, responsabilizando o Estado de
suprir um amparo mínimo a tais cidadãos. Ao tomar tal responsabilidade no
campo da assistência social, o Estado brasileiro se equivale às demais
sociedades, ainda que capitalistas, constituídas sob o padrão da seguridade
social. (SPOSATI; FALCÃO; TEIXEIRA, 2008, p. 8).

A LOAS configura a assistência social como política pública da


seguridade social não contributiva que proporciona os mínimos sociais, possuindo
duas principais funções: uma é de transformar o que foi aprovado na Constituição
Federal de 1988 como direito, e a outra de constituir e decidir o significado do campo
da assistência social no âmbito da seguridade social.
A elaboração da LOAS ocorre em seis capítulos que tratam da definição e
dos objetivos; dos princípios e diretrizes; da organização e gestão; dos benefícios,
serviços, programas e projetos; do financiamento e das disposições gerais e
transitórias.
Os objetivos gerais da LOAS são: assegurar o que foi promulgado em lei,
no ano de 1988, com a Constituição Federal, visando dessa maneira definir, detalhar
e explicar o significado e o campo próprio da assistência social no domínio da
seguridade social. A LOAS, instituída pela Lei nº 8.742, de 7 de dezembro de 1993,
têm como objetivo garantir as necessidades básicas e os direitos dos cidadãos,
visando ao enfrentamento da pobreza e ao atendimento das contingências sociais.
A LOAS define que:

Art. 1 - A Assistência Social, direito do cidadão e dever do estado, é política


de seguridade social não contributiva, que prove os mínimos sociais,
realizada através de um conjunto integrado de ações de iniciativa pública e
da sociedade, para garantir o atendimento às necessidades básicas.
(BRASIL, 1993).
55

Em muitos momentos, e até mesmo por profissionais na


contemporaneidade, a Assistência Social continua sendo tratada com domínio de
solidariedade, do trabalho voluntário e das parcerias; o trabalho, na maioria das
vezes é voltado para sujeitos, populações e situações específicas, suprindo o
emergencial e fortalecendo o caráter assistencialista da política.

Desloca-se o possível “direito do cidadão” para o “mérito da necessidade”.


O demandatário dos serviços de assistência social passa a ser o “portador
de algo”. Este “algo” precisa ser graduado, pois na condição de ajuda e de
pronto-socorro cabe à assistência social privilegiar as situações graves e
agudas.
Não se trata, por exemplo, das necessidades de alimentação, mas do grau
de desnutrição apresentado. Perversamente, para obter a cota de leite a
mãe precisa deixar que o filho apresente o grau de desnutrição estabelecido
como “critério do programa”. (SPOSATI; FALCÃO; TEIXEIRA, 2008, p. 15).

Percebe-se claramente que os objetivos gerais da LOAS são proteção à


família, à infância, à adolescência e à velhice; o amparo às crianças e adolescentes
carentes, promoção e integração ao mercado de trabalho.
Sendo que os objetivos mais específicos, como garantia do salário
mínimo de benefício mensal à pessoa com deficiência e ao idoso, habilitação e
reabilitação das pessoas com deficiência. Toda essa garantia de proteção amparada
por lei é relevante, pois se sabe das dificuldades de efetivação do direito.
Com a publicação da LOAS, começa a se divulgar novos níveis da
assistência social, agregando com benefícios de transferência de renda, como os
benefícios eventuais e o Benefício de Prestação Continuada (BPC) destinado para a
pessoa com deficiência ou para o idoso que não possui meios de prover suas
necessidades e nem de tê-la provida por sua família, sendo de direito um benefício
mensal de um salário mínimo.
A lei aponta também a importância de estabelecer a relação entre a
Política de Assistência Social e as demais políticas públicas, visando não só a
eficiência das ações assistenciais, mas também a expansão destas políticas aos
mais pobres.
A Loas evidencia a responsabilidade do Poder Público na coordenação e
execução da política de Assistência Social, os princípios, assim como as diretrizes
da lei determinaram esse formato de administração descentralizada e participativa;
os programas e serviços, devendo ser de ampla divulgação, são acessados sem
prévia contribuição (PEREIRA, 1996).
56

No que diz respeito à organização, a Loas pressupõe a descentralização


participativa em duas direções: da esfera federal para as esferas estaduais e
municipais, e do Estado para a sociedade. Destarte

[...] prevê-se o deslocamento dos espaços de planejamento e tomada de


decisão de uma instância central para outras, intermediárias e locais, bem
como dos recursos (materiais, humanos e financeiros) necessários ao
exercício do poder nas diferentes instâncias. (PEREIRA, 1996, p. 78).

Conforme a LOAS, em seu art. 2° antecipa o funcionamento da Política


Nacional, Estadual, Municipal de Assistência Social e propõe que sua
responsabilidade é do órgão gestor; designa órgãos gestores na estrutura da
administração pública; propõe a criação dos conselhos de assistência social; cria o
fundo de assistência; define os usuários; institui os benefícios contingentes cabendo
aos estados e municípios definirem, baseados nas normas emitidas pelo Conselho
Nacional de Assistência Social (CNAS); a realização a cada dois anos das
conferências de assistência social nas três esferas de governo.
Define também, em seu artigo 3°, como entidade ou organização de
assistência social aquelas que prestam o atendimento aos beneficiários da
assistência social. A LOAS manteve o certificado de entidades de fins filantrópicos,
agora excluído pelo Conselho Nacional de Assistência Social. Para que uma
entidade ou organização tenha acesso a estes benefícios, precisa estar inscrita no
Conselho Nacional de Assistência Social.
Pouca divulgação e muita burocracia impedem que beneficiários da LOAS
tenham acesso ao benefício da prestação continuada, a Lei regulamenta, baseada
na Constituição Federal de 1988, que idosos com 65 anos de idade ou mais e
pessoas com deficiência, que não tiverem nenhuma forma de renda nem sua família,
possam requerer o benefício junto ao Instituto Nacional do Seguro Social (INSS).
O Benefício de Prestação Continuada da Assistência Social (BPC), é uma
política que integra o Sistema Único da Assistência Social (SUAS), contudo, esse
benefício não é muito divulgado e por isso há muitos idosos e pessoas com
deficiência que têm o direito e não sabem, o que implica na existência de uma
demanda reprimida e muitas vezes ação de atravessadores.
As pessoas que contemplam as exigências e condições preconizadas na
LOAS poderão requerer o Benefício de Prestação Continuada e ter garantido um
57

salário mínimo mensal, desde que não receba nenhum benefício previdenciário do
INSS, ou de outro regime de previdência, e que possam comprovar renda mensal
familiar inferior a ¼ do salário mínimo por pessoa.
Contudo a sucessão política continua e, em 1993, após o impeachment
de Collor, Itamar Franco assumiu o governo. Quando da posse do cargo de
Presidente do Brasil, Itamar encontrou a área social totalmente desarticulada. E
assim criou a Assessoria para Assuntos Sociais, ligada à Presidência, para articular
os setores sociais do governo (DURHAM, 2010).
Sendo assim o terceiro setor ganhou mais visibilidade na década de 1990,
isso porque o Estado delega parte da responsabilidade para a sociedade civil,
principalmente relacionada às situações de garantia de direitos sociais, que
aprofunda sua função como “comitê executivo da burguesia”, apoiando
financeiramente as empresas.
O Programa Macroeconômico “Plano Collor I”, teve, como características
centrais, o confisco dos ativos financeiros e o congelamento de preços e salários.
Em relação ao campo social, o período caracterizou-se por mecanismos que
indicaram no sistema de proteção social, desmontando-o principalmente em relação
à seguridade social.
Logo após dois anos de seu mandato foi acarretado ao presidente Collor
um processo de Impeachment, com inúmeras denúncias de corrupção em seus anos
de governo. A era Collor teve um inigualável fim, que marcou a história da
democracia política brasileira.
De acordo com Couto (2010), para concluir a gestão governamental do
período de 1990 e 1994, assumiu o vice-presidente Itamar Franco, cujo governo
centrou sua atenção novamente no projeto econômico, buscando conter o déficit
público e a inflação. Como estratégia para tal intenção, foi projetado, na esfera
econômica, o Plano Real, sob a coordenação do então ministro da Fazenda,
Fernando Henrique Cardoso. Com esse plano, o governo buscou atingir um conjunto
de metas.
Essas metas, tanto no período do governo Itamar Franco como no
subsequente, principalmente no que se refere às políticas sociais, entraram em
choque com o caráter universalista e de direito social previsto na Constituição
Federal de 1988.
58

Em relação ao campo social, no governo Itamar Franco foi aprovada a Lei


orgânica da Assistência Social, Lei n° 8.742/1993. A aprovação dessa lei foi resultado
do movimento de parcela da sociedade civil e organismos de classe. Além dessa
importante iniciativa legal, os programas sociais no governo Itamar Franco, seguiram
as características implementadas pelo governo anterior, ou seja, o caráter clientelista,
assistencialista e populista (PEREIRA, 2000 apud COUTO, 2010, p. 147-148).

Em sua campanha, definiu sua plataforma de governo com cinco


prioridades: saúde, educação, emprego, agricultura e segurança. Essa
definição política poderia ter levado o governo a privilegiar as reformas
sociais tão prementes no país, indicando o cumprimento do texto
constitucional de 1988. Mas, ao contrário, suas ações encaminharam-se,
mais uma vez, para se centrar no plano de estabilidade econômica (Draibe,
1993; Fiori, 1995b; Fagnani, 1990; Pereira, 2000), meta que poderia ser
apontada como característica dos governos democráticos pós-1985.
(COUTO, 2010, p. 149).

Em razão da deficitária gestão da primeira dama Roseane Collor, além de


diversas denúncia envolvendo desvio de verbas e compras fraudulentas a LBA foi
abolida pelo Presidente Fernando Henrique e com o fim da instituição foi criado o
Ministério da Previdência e Assistência Social (MPAS), que incluiria uma Secretaria
Nacional de Assistência Social (SNAS) que assume o papel da LBA e do também
extinto Ministério do Bem-Estar Social.

Apesar das limitações na área de assistência social, alguns avanços


merecem apreciação como resultados das últimas gestões. Em primeiro
lugar, no âmbito do MPAS houve esforço para um planejamento mais
coordenado das ações das duas fundações, dando início a propostas de
integração dos diferentes programas implementados nessa área. Tais
propostas, embora careçam de maior definição e/ou implementação,
representam um avanço no processo de integração, democratização e
descentralização, além de indicarem uma nova postura, tanto em termos
das estratégias de promoção social, quanto das práticas gerenciais. Neste
sentido, pode-se destacar o programa Primeiro, a Criança, o Microempresa
Social e de Supervisão Integrada, e o projeto de desenvolvimento de Pólos
Comunitários. (SPOSATI; FALCÃO; TEIXEIRA, 2008, p. 95).

No período do governo de Fernando Henrique Cardoso, é possível


apontar que do ponto de vista do quadro social, os resultados são desastrosos. Um
altíssimo índice de desemprego, uma tentativa constante de decompor os direitos
trabalhistas construídos por longas décadas.
Em 2002, Lula se candidata à Presidência da República e o Programa
Fome Zero tornou-se a proposta da campanha presidencial. Eleito para a gestão
59

2003 a 2006 tornou-se prioridade daquele governo. O Programa “Fome Zero” visava
à erradicação da fome e da exclusão social (DURHAM, 2010).
Em 2003, Lula inicia seu governo, ligado aos setores políticos de
esquerda e aos movimentos sociais. O novo presidente, ainda na campanha
eleitoral, já dera passos em direção ao centro, ampliando seu apoio entre as classes
médias urbanas e na comunidade internacional.

Surpreendendo adversários e desagradando aliados, o governo


perseguiu a estabilidade econômica e o controle da inflação, dando
autonomia na prática ao Banco Central e chancelando uma política
monetária ortodoxa, apesar das críticas de crescente relaxamento fiscal.
O governo conseguiu aprovar no Congresso Nacional, com altíssimo
custo político e esgarçamento da sua base de apoio81, uma nova e
igualmente indispensável Reforma da Previdência, diminuindo o
desequilíbrio entre as aposentadorias do setor público e do setor
privado. (BARROSO, 2008, p. 25).

De acordo com BARROSO (2008), após o fracasso do Programa Fome


Zero, o governo retoma e amplia outros programas sociais e entre eles, o de maior
destaque foi o Bolsa Família, baseado na transferência de rendas, direcionado para
famílias em situação de pobreza ou miserabilidade; foi excluído o Ministério
Extraordinário de Segurança Alimentar e Combate à Fome (MESA), bem como o
Conselho do Programa Comunidade Solidária e sua Secretaria Executiva.
Nessa perspectiva criou, pela Lei n° 10.869/2004 (BRASIL, 2004a), o
Ministério de Desenvolvimento Social e Combate à Fome (MDS) que passa a ser
comandado pelo ex-prefeito de Belo Horizonte e Deputado Federal, Patrus Ananias.
Este ministério passou a coordenar as ações da política de desenvolvimento social,
segurança alimentar e nutricional, assistência social e renda de cidadania.
O Brasil ainda tem um sistema de proteção social precário diante da
crescente desigualdade no país. Porém, diante desse cenário a maior conquista está
na implantação do Sistema Único de Assistência Social. O SUAS foi sancionado de
fato lei em 2011, mais de seis anos depois de sua aprovação no Conselho Nacional
de Assistência Social, exigindo que o Estado tome sua responsabilidade e atenda
como direito social as demandas da população que por qualquer motivo esteja em
situação de vulnerabilidade social.
Também em 2011, instituem-se os Centros de Referência de Assistência
Social (CRAS) e os Centros de Referência Especializada de Assistência Social
(CREAS); criam-se: o Serviço de Proteção e Atendimento Integral à Família
60

(PAIF), o Serviço de Proteção e Atendimento Especializado às Famílias e Indivíduos


(PAEFI) e o Programa de Erradicação do Trabalho Infantil (PETI).
Atualmente, a assistência social no Brasil compõe um campo em
transformação. Passa de um período em que o foco de compreensão da assistência
social era dado pela caridade e o assistencialismo para a condição de um direito
social inscrito no âmbito da seguridade social.
O governo conseguiu aprovar no Congresso Nacional, com altíssimo
custo político, uma nova e igualmente indispensável Reforma da Previdência,
diminuindo o desequilíbrio entre as aposentadorias do setor público e do setor
privado.
No plano social, depois do fracasso operacional do Programa Fome Zero,
de distribuição de alimentos, o governo retomou e ampliou, com resultados
expressivos, programas sociais importantes, como o Bolsa Família, consistente na
transferência condicionada de renda para famílias miseráveis ou muito pobres.
Em 2006, Luiz Inácio Lula da Silva foi reeleito para o cargo. O segundo
governo começou com o lançamento do Programa de Aceleração do Crescimento
(PAC), em janeiro de 2007, e com o agravamento da crise econômica mundial,
tendo como causas decisivas a crise do mercado de hipotecas americano e as altas
recordes do preço do petróleo. Até meados de 2008, a repercussão da crise sobre o
Brasil era limitada.
Ainda em 2008, propostas de modificação da Constituição para permitir
que Lula se candidatasse a um terceiro mandato foram lançadas ao debate público,
tendo sido repelidas pelo próprio presidente e pelos formadores de opinião. Em uma
democracia em construção, como a brasileira, o ritual da alternância regular no
poder continua a ser um símbolo imprescindível.

A nova Constituição, ademais, reduziu o desequilíbrio entre os Poderes da


República, que no período militar haviam sofrido o abalo da hipertrofia do
Poder Executivo, inclusive com a retirada de garantias e atribuições do
Legislativo e do Judiciário. A nova ordem restaurou e, em verdade,
fortaleceu a autonomia e a independência do Judiciário, assim como
ampliou as competências do Legislativo. Nada obstante, a Carta de 1988
manteve a capacidade legislativa do Executivo, não mais através do
estigmatizado decreto-lei, mas por meio das medidas provisórias.
(BARROSO, 2008, p. 30).

As análises teóricas acerca dos programas de transferência de renda não


são capazes de serem compreendidas senão desenvolvermos uma discussão
61

aprofundada sobre as concepções de pobreza, desigualdades e exclusão social que


permeiam o seu ideário.
Diante disso, em primeira análise, trazemos reflexões sobre o fenômeno
da pobreza. A pobreza é analisada sob a ótica da ausência ou nulo acesso a
determinado bens considerados essenciais no processo de vivencia em sociedade.
Em função disso, é importante ressaltarmos Maria Ozanira Silva (2010,
p. 157),

O entendimento é de que o sistema de produção capitalista, centrado na


expropriação e na exploração para garantir a mais valia, e a repartição
injusta e desigual da renda nacional entre as classes sociais são
responsáveis pela instituição de um processo excludente, gerador e
reprodutor da pobreza, entendida enquanto fenômeno estrutural, complexo,
de natureza multidimensional, relativo, não podendo ser considerada como
mera insuficiência de renda. É também desigualdade na distribuição da
riqueza socialmente produzida; é não acesso a serviços básicos; à
informação; ao trabalho e a uma renda digna; é não participação social e
política. Esse entendimento permite desvelar valores e concepções
inspiradoras das políticas públicas de intervenção nas situações de pobreza
e as possibilidades de sua redução, superação ou apenas regulação.

Portanto, de natureza multifacetada, o conceito de pobreza vem se


transformando conforme mudanças ocorridas em cada período histórico, em seus
aspectos econômicos, políticos e sociais. A pobreza tem sido tradicionalmente
caracterizada pela ausência e insuficiência de renda, fazendo com que o indivíduo
passe por privações dos considerados meios necessários e adequados para a
subsistência.
Entretanto, definir a renda como único fator característico da pobreza, a
chamada “pobreza absoluta”, se tornou insuficiente uma vez que a pobreza passou
a ser amplamente determinada por multiplicidades de fatores, que vão desde a
insuficiência de renda até a ausência e dificuldade no acesso à educação, saúde,
saneamento básico, habitação adequada e cultura (ROCHA, 2006).
Desta forma, o conceito “pobreza relativa” tem sido considerado por
diversos estudiosos do tema como o mais adequado para medir o padrão de vida de
dada sociedade. No Brasil e em países em desenvolvimento, porém, Rocha (2006,
p. 20) considera que:

Essa abordagem multifacetada da pobreza, frequentemente adotada nos


anos 1970 pelos organismos internacionais, opõe-se à abordagem da linha
de pobreza em três aspectos. Primeiro porque abandona a renda como
indicador-chave, tanto devido às desvantagens da renda [...], como pelo
62

interesse em adotar parâmetros que reflitam resultados efetivos em termos


de qualidade de vida, e não em termos de insumos ou instrumentos.

Diante dessa problemática a pobreza em todos os seus aspectos de


privação material e cultural, seguida da desigualdade e exclusão social, tem tido
ênfase no estudo pela Organização das Nações Unidas (ONU), e pelo Banco
Mundial, consideradas as principais agências de estímulo ao desenvolvimento
mundial.
A desigualdade social desencadeia a pobreza, que priva grupos ou
indivíduos de condições adequadas de subsistência, no ponto em que atinge
determinada população ou sociedade em sua totalidade com a inadequada
distribuição de riquezas. Assim, ao analisarmos a existência humana em seu
contexto histórico, constata-se que a desigualdade sempre esteve presente, e
diretamente ligada com a relação de poder.
No período medieval, as relações de desigualdade se estabeleciam no
domínio e liderança de uns para com os outros, através da força e inteligência, vindo
a sofrer alterações em seu contexto com a chegada das relações comerciais, a
expansão da industrialização e a consolidação do capitalismo.
Mediante tais transformações, a desigualdade social se configura na
concentração de riquezas em poder de uma abastada minoria da população,
acarretando fenômenos agravantes à degradação de uma sociedade, tais como:
desemprego, violência e criminalidade, fome, guerras e conflitos civis, educação
precária, segregação racial e tantos outros, sem deixar de mencionar o fenômeno da
pobreza em si que, por sua vez, talvez seja o que mais traduza a desigualdade em
suas anomalias sociais.
Considerados os principais contribuintes para a classificação e
compreensão da desigualdade social, os pensadores Jean-Jacques Rousseau e
Karl Marx, levantam conceitos distintos sobre o fenômeno da desigualdade como
evidenciaremos a seguir.
Rousseau em sua obra, “Discurso sobre a origem e os fundamentos da
desigualdade entre os homens”, divide a desigualdade social em duas categorias:
Física ou Natural, que se configura por fatores como a força física, idade, condições
de saúde e também pela qualidade de espírito do indivíduo, e Moral ou Política,
entendida como uma convenção consentida por parte majoritária da população.
63

Para Marx, porém, a desigualdade social é diretamente ocasionada pela


divisão de classes, estabelecendo um ciclo entre a preponderância da classe
dominante, que detinha os meios de produção, sobre a classe dominada, chamada
nas obras do pensador também como proletariado, que contava apenas com sua
força de trabalho.
A exclusão em seu significado primário exprime ação ou resultado de
excluir ou excluir-se de determinado grupo ou condição. A exclusão, porém, quando
compreendida no âmbito da dinâmica social contemporaneamente capitalista, exige
análise aprofundada sobre o termo, uma vez que não é possível definir o conceito de
exclusão em uma única fundamentação.
Desta forma, Maria Ozanira Silva (2010, p. 157) considera:

No Brasil, o que se tem é um grande contingente populacional que sempre


esteve à margem da sociedade; que nunca teve inserção no trabalho formal
nem participou da sociabilidade ordinária. Não ser incluído é uma condição
estrutural que tem marcado gerações após gerações. Falar de exclusão
social no Brasil seria admitir uma “perda virtual de uma condição nunca
alcançada” (SPOSATI, 1999, p. 133). Tem-se uma sociedade, no dizer de
KOWARICK (1999), extremamente marginalizadora do ponto de vista
econômico e social que tem constituído massas de trabalhadores
autônomos ou assalariados com rendimentos ínfimos que os levam a uma
vida precária e sem proteção social, considerados potencialmente
perigosos. De modo que, no Brasil, a pobreza aprofundou-se como
consequência de um desenvolvimento concentrador da riqueza socialmente
produzida e dos espaços territoriais, representados pelos grandes
latifúndios no meio rural, e pela especulação imobiliária no meio urbano.
Tem raízes na formação sócio histórica e econômica da sociedade
brasileira.

Assim, a exclusão não se esgota na perda do trabalho formal, mas agrega


significação mais degradante em seu processo de ruína de valores tradicionalmente
integrativos, levando a sociedade ou indivíduo a níveis de precariedade assinalada
pelo não pertencimento e impotência.
Paugam (1999, p. 63 apud SILVA, M. O. S., 2010, p. 156), em sua
proposta para o conceito de desqualificação social, como uma percepção mais
adequada do que vem sendo denominado por exclusão social, a entende como o
“[...] processo de expulsão do mercado de trabalho e as experiências vividas em
relação com a assistência que os acompanham em diferentes fases. ”

A exclusão é imóvel. Ela designa um estado, ou melhor dizendo estados de


privação. Mas a constatação das carências não permite apoderar processos
que geram essas situações [...] Falar de desfiliação, em contrário, não é
confirmar uma ruptura, mas retraçar um percurso. A noção pertence ao
64

mesmo campo semântico que dissociação, que desqualificação ou


invalidação social. Desfiliado, dissociado, invalidade, desqualificado em
relação a quê? É precisamente todo o problema. (CASTEL, 2000, p. 132).

Trata-se, portanto, de um sistema que desfaz os vínculos sociais já


conhecidos de uma população, em razão das mutações que acabam por gerar
acúmulo crescente de dificuldades que alcançam camadas majoritárias da
sociedade, sobretudo pela precarização do trabalho.
Castel (2000), por sua vez, destaca o conceito de desfiliação social como
termo para exibir o processo que perpassa não apenas a não ascensão social, mas
para uma realidade em que a situação de integração do sujeito é voltada para a
vulnerabilidade.
Analisar a política assistencial brasileira, é constatar a ocorrência de
situações em que a população, necessitando do apoio material das políticas
públicas, desenvolve estratégias de sobrevivência, buscando não só o recebimento
de gêneros alimentícios e parcos recursos financeiros, mas no propósito de fazer
parte da sociedade, de ter condições próprias de sobrevivência que, como não
podem ser obtidas pelo trabalho, poderão ser impulsionadas com o apoio das
políticas de seguridade social.

1.4 Perspectivas de reconhecimento do direito ou estratégias políticas?

Para dar vazão a análise dos mínimos sociais, se faz necessário expor e
aprofundar as diferentes e possíveis interpretações acerca dos mesmos, para um
melhor entendimento e aproveitamento à discussão.
Sobre essas diferentes interpretações, é válido citarmos o artigo 1º da
LOAS, “A assistência social, direito do cidadão e dever do Estado, é política de
Seguridade Social não contributiva, que provê os mínimos sociais, realizada através
de um conjunto integrado de ações de iniciativa pública da sociedade, para garantir
o atendimento às necessidades básicas”, e refletir sobre esses mínimos como
garantia de atendimentos às necessidades básicas.
Para tal análise, consideremos aqui uma dupla interpretação ao mínimo
social expressado na lei, sendo a primeira, a referência à provisão de bens, serviços
e direitos ao se falar de mínimos, e a segunda, com as necessidades a serem
providas, exaltando o atendimento a necessidades básicas.
65

Contudo, apesar de parecerem termos correspondentes, provisões


mínimas e necessidades básicas, mantém diferenças importantes do ponto de vista
conceitual e político-estratégico, uma vez que “[...] enquanto o mínimo pressupõe [...]
a ideologia liberal, o básico requer investimentos sociais de qualidade para preparar
o terreno a partir do qual maiores atendimentos podem ser prestados e otimizados.”
(PEREIRA, 2011, p. 26).
Desta forma, e para melhor esclarecer o significado de mínimos de
provisão social exaltado na LOAS, em face da noção das necessidades humanas
básicas, destacamos Pereira (2011, p. 27, grifo do autor), ao dizer que:

[...] para que a provisão social prevista na LOAS seja compatível com os
requerimentos das necessidades que lhe dão origem, ela tem que deixar de
ser mínima ou menor, para ser básica, essencial, ou precondição à
gradativa otimização da satisfação dessas necessidades. Só então será
possível falar em direitos fundamentais, perante aos quais todo cidadão é
titular, e cuja concretização se dá por meio de políticas sociais
correspondentes.

A referida autora levanta a questão relacionada as provisões básicas, e


não as mínimas, devem ser otimizadas, uma vez que não é possível um
desenvolvimento pleno de cidadãos ativos, se a população usuária não tem acesso
a bens e serviços sociais básicos e essenciais, nem mesmo sob forma de direitos
que é a prioridade da própria LOAS.
A fragilidade na efetivação adequada do texto constitucional existente na
LOAS, se dá, segundo Sposati (1997), pela ausência de um Estado social
abrangente, que viesse a desenvolver um compromisso nacional com a cidadania, a
população não possui um alcance ético, político ou cultural capaz de mensurar a
importância desses ajustes.
Sendo assim, Sposati (1997) cita a experiência europeia do Welfare
State, (apesar de sua conhecida crise), como um modelo de mínimos sociais,
exaltando para tal entendimento as considerações de Mishra (2000) que, por sua
vez, retoma as referências keynesianas do Welfare State, para dar vazão ao que
seria eficaz na garantia de um padrão de vida básico sob o amparo do Estado
Providência.
Essa garantia seria composta por padrões primordiais, sendo eles o pleno
emprego, uma série de serviços universais para satisfazer as necessidades básicas,
66

e a adoção de padrões de proteção e de vida direcionados a grupos de baixos


rendimentos e aos grupos mais vulneráveis.
Segundo Mishra (2000), o pleno emprego e os serviços sociais universais,
estão sendo ignorados pelos neoliberais para a efetivação da cidadania, e toda essa
linha de padrões de proteção sugeridas pelo autor, assinala uma complementação
para a defesa da busca e construção da equidade como um padrão de vida básico.
Contudo, a rede de segurança social adotada pelos neoliberais, ou, os serviços de
apoio aos menos favorecidos, se mantêm sob critérios de alta seletividade que vem
enfraquecendo as competências da política de assistência social como parte da
seguridade social, referidas na nossa Constituição Federal.
Assim, discutir mínimos sociais é recuperar a origem do Estado
Providência, que na concepção de Mishra (2000), é a institucionalização de
responsabilidade governamental por manter os mínimos nacionais. Embora a
proposta neoliberal siga essa mesma linha de concepção, o que se constata na
realidade, são pontos de resistência em tal segmento.
Descrever a inserção dos Programas de Transferência de Renda no
Sistema Brasileiro de Proteção Social, leva-nos a buscar seus antecedentes na
gênese da construção do que foi um debate internacional e nacional acerca dos
mesmos, relatando a primeira proposta brasileira, tal como as experiências
pioneiras, compondo assim, o conteúdo do presente tópico.
O debate sobre os Programas de Transferência de Renda, no plano
internacional, alcançou notável ampliação a partir dos anos 1980, decorrente das
significativas mudanças acarretadas pela Revolução Tecnológica da Era da
Informação, no âmbito econômico, social e do trabalho.
Tais transformações exigem ações de proteção por parte do Estado às
demandas sociais vinculadas aos trabalhadores, que se veem em meio ao
desemprego estrutural e precarização do seu trabalho, aumentando
demasiadamente a situação de pobreza.
Em meio a este cenário, estudiosos passam a apontar novas questões
sociais, e questionar inclusive, o que seria o apoio da sociedade salarial em crise, o
Welfare State Keynesiano, que nada mais é que um acordo social de classes, sendo
essas, capital e trabalho: “[...] comprometendo-se o primeiro a instituir uma
sociedade de pleno emprego e de bem-estar social e o segundo, a abdicar do ideal
67

revolucionário, para permitir a paz social necessária à florescência dos anos


gloriosos.” (SILVA, M. O. S., 1997, p. 16)
Sendo o sustentáculo do Welfare State, a crise e a decadência do pleno
emprego, fez surgir uma sociedade que expressa duas realidades comentadas por
Maria Ozanira Silva (1997, p. 16):

[...] composta de um lado, por pessoas muito bem empregadas e, de outro


lado, por contingentes mais amplo de pessoas desempregadas ou precária
e instavelmente empregadas..., fazendo com que o desenho tradicional do
Welfare State – seguro social, constituído pela contribuição dos
empregadores e empregados (e eles são cada vez menos) e assistência
social, representada por auxílios sociais destinados a categorias específicas
em dificuldade (inválidos, desempregados, velhos, pais solteiros etc.) (e
elas são cada vez mais) – não consiga dar resposta às novas questões
sociais que se vêm desenvolvendo.

Assim, e em meio a esses acontecimentos, vão surgindo, no plano


internacional, propostas do que aqui chamamos de Programas de Transferência de
Renda em diversos países, como alternativa ao combate às disparidades sociais,
referências nas quais suas experiências futuramente estariam influenciando os
primeiros projetos brasileiros.
No Brasil, é a partir de 1991, com o Projeto de Lei apresentado pelo
senador Eduardo Suplicy - Programa de Garantia de Renda Mínima (PGRM), que os
Programas de Transferência de Renda adentram a agenda pública nacional. Sua
proposta é destinada a “[...] todos os brasileiros residentes no país, maiores de 25
anos de idade que auferissem uma renda que corresponda, a cerca de três salários
mínimos nos valores de 2007.” (SILVA, M. O. S., 2008a, p. 17).
Suplicy aponta estudos destacados por diversos filósofos e economistas
com ideias similares, para defender sua proposta de caráter universal e
incondicional, chamada de Renda Básica por uns e denominada Renda de
Cidadania pelo senador, apontando os Programas de Transferência de Renda
mediante experiências já em andamento no plano internacional, como sendo a “[...]
possibilidade concreta, simples e objetiva de garantia do direito mais elementar do
ser humano, o direito à vida, mediante uma justa participação na riqueza
socialmente produzida.” (SILVA, M. O. S., 2008a, p. 39).
Inicia-se a trajetória dos Programas de Transferência de Renda no País,
sendo válido ressaltar que seus antecedentes são reconhecidos pela instituição de
mínimos sociais, que adentraram ao Estado brasileiro, primeiramente, pela
68

implantação do salário mínimo em 1940, que apesar de ter como objetivo a garantia
de melhores condições no acesso à alimentação, saúde, educação, habitação e
vestuário, seu valor irrisório tem sido, desde então, consumido pelos elevados
índices de inflação e tentativas de ajuste da economia nacional.
Apesar de aprovado em 16 de dezembro de 1991, o projeto do senador
Suplicy, (que permaneceu desde 1993, na Câmara dos Deputados, na Comissão de
Finanças e Tributação, com parecer favorável do deputado Germano Rigotto),
acabou arquivado no Congresso Nacional e diversas outras propostas de projetos
semelhantes passaram a tramitar no Congresso.
Desta forma, o governo do então Presidente Fernando Henrique Cardoso,
acabou por acatar a proposta de autoria do deputado Nelson Marchezan (PSDB-
RS), denominado de Programa de Garantia de Renda Mínima “para toda criança na
escola” criado em 1997, que em meio a algumas modificações, foi regulamentado
em 1998 e implementado no segundo semestre de 1999.
Nos anos de 1995 e 1996, foi grande o número de projetos de lei que
tramitaram na Câmara Federal dos Deputados e no Senado Federal, propondo a
criação de Programas de Transferência de Renda com características dos
programas Renda Mínima, que já haviam sido implantados nos municípios de
Campinas (SP), Ribeirão Preto (SP), Santos (SP) e em Brasília (DF).
A partir disso, o ano de 1995 foi um marco no contexto do sistema de
proteção social, momento em que, “[...] esses programas são entendidos como
transferência monetária a famílias ou a indivíduos, transferência está, na maioria dos
programas, associada a exigências de contrapartida no campo da educação, da
saúde e do trabalho.” (SILVA, M. O. S., 2008a, p. 54).
Os programas em destaque acima citados, Programa de Garantia de
Renda Familiar Mínima (PGRFM) de Campinas e o Programa Bolsa Escola de
Brasília, incorporavam pontos que faltavam ao PGRM elaborado pelo senador
Suplicy.
Esses pontos seriam a referência da família enquanto unidade
beneficiária e a articulação entre a transferência de renda com a política de
educação. O regulamento apresentado pelo PGRFM de iniciação do atendimento
pelos mais idosos, também foi criticado por Camargo, e levantava a questão da
possibilidade de os programas dessa natureza incentivarem o trabalho informal, ou
seja, sem carteira assinada.
69

Nessa conjuntura, os Programas de Transferência de Renda passam a


experimentar a possibilidade de um rompimento transgeracional da pobreza, com a
busca da introdução das famílias na rede de segurança social, procurando elevar o
padrão de vida delas, tal como: a melhoria na condição escolar, para possivelmente
estar inserindo as gerações futuras na estrutura econômica do País.
É válido ressaltar que na década de 1990, o País se encontrava em
intensa busca por sua inserção na competitividade da economia mundial
globalizada, sendo que o Estado brasileiro mantinha suas ações absolutamente
voltadas aos setores econômicos, orientando sua atuação pelos parâmetros do
projeto neoliberal e registrava-se:

[...] evidente descaso em relação à integração da população brasileira,


como um todo, aos possíveis benefícios do processo de ajuste econômico,
tendo-se, por conseguinte, um Estado submetido à lógica do mercado,
dificultando o processo da luta social por conquistas sociais que possam
elevar o padrão de vida da população brasileira. Assim, vêm sendo
descartadas conquistas sociais, decorrentes de lutas sociais das décadas
de 1970 e 1980, considerando os direitos sociais e trabalhistas
conquistados como obstáculo ao ajuste da economia às exigências da
economia internacional. (SILVA, M. O. S., 2008a, p. 29).

Consequentemente, o que se viu nos anos 1990 foi um grande desmonte


do Sistema Brasileiro de Proteção Social, que durante a década de 1980, parecia
rumar em direção à universalização dos direitos sociais básicos, cedendo lugar ao
que se considerou um movimento de focalização, direcionando aos segmentos mais
pobres da população medidas restritivas com a adoção de critérios que rebaixavam
cada vez mais o corte de renda para fixação da linha de pobreza, dificultando,
inclusive, o acesso aos Programas de Transferência de Renda.
Resultando assim em uma “[...] adoção de um conjunto desarticulado,
insuficiente e descontínuo de programas sociais compensatórios” (SILVA, M. O. S.,
2008a, p. 31), que acaba por tornar incapaz a superação das desigualdades sociais,
tomando rumos duvidosos sobre a proposta de rompimento do ciclo vicioso de
reprodução da pobreza. A partir de então, a Política de Renda Mínima deixa para
trás o conceito de mera utopia, se transformando em uma alternativa concreta de
política social.
Nesse contexto, podemos dizer que o século XXI inicia-se com um
Sistema de Proteção Social em dificuldade, ou até mesmo, incapaz de enfrentar o
70

empobrecimento desenfreado da população que se encontrava sujeita a trabalhos


precários, instáveis, com baixa remuneração e sem qualquer proteção social.
Este novo século traz consigo a transformação e expansão de programas
já instituídos, além da criação de novos programas de iniciativa do Governo Federal,
fazendo com que essas ações considerassem o eixo central de uma “grande rede
nacional de proteção social”.
Diante disso, os programas em expansão como: o Programa de
Erradicação do Trabalho Infantil (PETI), e o Benefício de Prestação Continuada
(BPC), substituto da extinta Renda Mensal Vitalícia, (instituída no âmbito da
Previdência Social urbana em 1974); apesar de se diferenciarem quanto aos
critérios de elegibilidade, tem em comum o foco de suas ações indivíduos e/ou
famílias em situação de pobreza.
O então Programa Nacional de Renda Mínima (PGRM), “para toda
criança na escola”, foi transformado no Programa Nacional de Renda Mínima
vinculado à Educação – “Bolsa Escola”, do Ministério da Educação, e criou-se,
dentre outros, o Programa Bolsa Alimentação, do Ministério da Saúde, e o Auxílio
Gás, do Ministério de Minas e Energia, marcando a partir de 2001, o que é
considerado, “[...] um esforço articulador de programas, notadamente
compensatórios, com ações no campo da educação, da saúde e do trabalho, tendo
como eixo duro programas nacionais de transferência de renda [...].” (SILVA, M. O.
S., 2008a, p. 106)
Ainda no ano de 2001, foi instituído o Cadastro Único (Cadúnico) dos
Programas Sociais do Governo Federal, com o objetivo de cadastrar em todos os
municípios brasileiros, famílias que se encontravam em situação de extrema
pobreza, sua implantação foi justificada sob a alternativa de redução de custos e
maior controle das concessões.
Com a perspectiva de unificar o atendimento da população-alvo da então
“Rede de Proteção Social”, foi lançado também pelo Governo Federal no mês de
junho do ano seguinte, o “Cartão-Cidadão”, procurando com isso unificar o
atendimento, extinguindo os demais cartões magnéticos utilizados em cada um dos
programas em funcionamento.
71

Em um cenário de

[...] críticas e restrições apontadas no âmbito do novo governo, implantado


em 2003, com fundamentos e justificativas, o Cadastro Único e o “Cartão-
Cidadão”, sem dúvida, representaram medidas significativas na direção da
construção e implementação de uma “Rede de Proteção Social” de
abrangência nacional [...].
[...] verificando-se que os primeiros esforços concretos de uma política de
implantação de Programas de Transferência de Renda, ultrapassando
municípios e estados, se iniciou, em nível nacional, em 1996. (SILVA, M. O.
S., 2008a, p. 107).

O início do governo do Presidente Luiz Inácio Lula da Silva no ano de


2003, é marcado por diversas mudanças consideradas positivas no âmbito da
construção de uma Política Pública de Transferência de Renda, embasada pela
prioridade do atual governo ao enfrentamento da fome e da pobreza no Brasil.
Dentre as mudanças ocorridas na transição do governo de Fernando
Henrique Cardoso para o governo de Luiz Inácio Lula da Silva no terceiro
trimestre de 2002, está a identificação de um conjunto de problemas envolvendo
o funcionamento dos Programas de Transferência de Renda do governo anterior.
A equipe responsável, após diagnóstico elaborado e apresentado ao
governo federal, considera como urgente a necessidade de revisão dos critérios e
forma de execução dos programas de transferência de rendas, assim como da
legislação regulamentadora desses pagamentos, ou seja, da Lei Orgânica da
Assistência Social.
Quase dez anos depois, durante o mandato da primeira mulher presidente
do Brasil, Dilma Rousseff, no dia 6 de julho de 2011, uma alteração da Lei Orgânica
de Assistência Social (LOAS) entrou para a história da seguridade social brasileira, a
Lei nº 12.435, de 06 de julho de 2011, que quando sancionada, efetivou as
mudanças na organização da Assistência Social.
Aproximadamente 14 artigos da Lei Orgânica de Assistência Social
(LOAS) foram modificados com a publicação da Lei nº 12.435/2011. A nova lei
institui oficialmente o Sistema Único de Assistência Social (SUAS), o mais recente
acordo federativo envolvendo as três esferas do governo, dividindo deveres e o
cofinanciamento na oferta de serviços e benefícios públicos no enfrentamento à
pobreza e redução das desigualdades.
72

A lei assegura a todos os cidadãos e cidadãs, em diferentes ciclos de vida,


da infância à velhice, os cuidados do Estado, por meio de uma equipe
multiprofissional, em unidades públicas localizadas próximo ao lugar onde
vivem. São Centros de Referência de Assistência Social, com serviço de
Proteção Integral à Família, que lhe farão acolhida em situações de
abandono, pobreza extrema e outros riscos decorrentes das precárias
condições de vida, garantindo-lhes benefícios eventuais, dentre os quais o
auxílio natalidade e auxílio funeral, bem como os benefícios de transferência
de renda: o Bolsa Família destinado às famílias que não tem renda para
assegurar seu próprio sustento, ou Benefício de Prestação Continuada
destinado aos idosos desprotegidos da previdência social e/ou pessoas com
deficiência que não têm acesso à renda pela condição de deficiência que o
impede de garanti-la por si mesmo. (CASTRO, 2011).

A lei assegura a todos os cidadãos e cidadãs, em diferentes ciclos de


vida, da infância à velhice, que receberão os cuidados do Estado por meio de uma
equipe multiprofissional, em unidades públicas próximas ao lugar onde vivem, para
que haja proximidade, efetividade no tratamento e acompanhamento das pessoas
da região inseridas nos programas.
Apesar da sanção da lei, alguns direitos ainda são tradicionalmente
considerados benemerência, inseridos, dessa maneira, no contexto da filantropia,
denegados comumente por uma tradição política conservadora que ainda se
comporta, diante da construção legislativa do País, no estabelecimento do poder por
meio do clientelismo e do mandonismo, marcantes no tradicional voto do cabresto 8,
por muitos anos praticado no Brasil.
Sendo assim, a Lei Federal nº 12.435/2011 (BRASIL, 2011b), que
regulamentou artigos constitucionais, deu início a uma trajetória de conquistas e
avanços no campo dos direitos para nossa população. É importante salientar que a
LOAS é sinônimo de garantia e proteção para toda a sociedade brasileira, pois esta
lei qualifica a Assistência Social, inova, descentraliza, com a universalização dos
direitos sociais.
Ao ser efetivado o amparo às pessoas mais necessitadas, por meio de lei,
devidamente pensada e posteriormente regulamentada e sancionada, a legalidade e
8
Ficou popularmente conhecido como voto de cabresto o sistema tradicional de controle de poder
político por meio do abuso de autoridade, compra de votos ou utilização da máquina pública para
favorecimento pessoal ou de simpatizantes políticos. Nas regiões mais pobres do Brasil a prática foi
bastante recorrente, uma das principais características do que se costuma definir
como coronelismo. Desde os tempos do Império, onde se realizaram as primeiras eleições do Brasil
como país independente, a prática da fraude eleitoral é uma praga de difícil combate. No período do
coronelismo, no início do século XX, o eleitor só precisava levar um pedaço de papel com o nome
do seu candidato e depositar na urna. Tratava-se de um papel qualquer, trazido de casa mesmo.
Para os coronéis, bastava entregar a cada um de seus empregados um papel já preenchido, e
como a grande maioria destes “eleitores” era analfabeta, estes apenas assinavam seus nomes.
(SANTIAGO, [20--a]).
73

continuidade das ações fica evidente, culminando assim em ações, intervenções e


programas que possam efetivamente atender, favorecer e beneficiar a população.
A condição de miserabilidade, dentre todas as expressões da questão
social, representa uma das mais graves e aviltantes, indo de encontro até mesmo
com questões já amparadas e garantidas pela Constituição Federal de 1988; fica
determinada assim a competência do Estado em executar e efetivar a lei, com
políticas públicas voltadas para a contenção e erradicação das adversidades, nas
quais a condição de dignidade e qualidade de vida favorável sejam a concretização
dos direitos sociais.
Apesar da esperança condicionada pela Constituição brasileira, com
relação ao acesso da população aos serviços e proteção assistencial, política não
contributiva, percebemos que esse acesso não se efetiva; mesmo quando acontece,
não é suficiente para operar a transformação esperada na vida da população
brasileira que em sua maioria absoluta enfrenta dificuldades de sobrevivência.
Nesse ponto falamos de “sobreviver” e não de padrões básicos de vida,
aos quais todos os cidadãos, todas as famílias, deveriam ter acesso. Na verdade, a
quantidade de benefícios é duplamente insuficiente, pois o é numericamente, ao
atender uma pequena parcela da população, e financeiramente, tendo em vista o
baixo valor dos benefícios aos quais as famílias dificilmente têm acesso.
Nesse horizonte, buscamos a proteção social na perspectiva da Política
Previdenciária, que apesar de se tratar de política contributiva, entende-se que o
acesso nesse caso é mais garantido, os valores dos benefícios podem ser mais
significativos, pois serão calculados de acordo com as contribuições realizadas pelo
próprio segurado.
CAPÍTULO 2
A PROTEÇÃO SOCIAL NA REALIDADE BRASILEIRA
75

2.1 A Previdência Social: percurso histórico

O homem tem um histórico de luta pela sobrevivência, instinto de


autoproteção, assim como daqueles que lhe são próximos, articula maneiras nas
quais possa ter maior conforto, procura incessantemente por melhores condições e
pelo aprimoramento da qualidade de vida; algumas perspectivas são individuais,
outras são familiares e inúmeras serão referência para toda a sociedade.
Contudo, a perspectiva atual é norteada pelo que é de direito,
devidamente legalizado, configurando assim o efetivo alcance do direito, condição
de conquista efetiva, pois somente o que é legitimamente instaurado consiste em
segurança e proteção, todavia, no cotidiano essa máxima, em alguns momentos,
não se concretiza.
As sociedades perpassam por diversas reestruturações ao longo dos
anos, entre elas podemos destacar a alteração nos modelos familiares ocasionada
pela origem da propriedade privada, posteriormente as sociedades salariais têm
suas identidades baseadas no trabalho, nos reflexos do excesso ou da falta de
labores.

Convertidas todas essas riquezas em propriedade particular das famílias, e


aumentadas depois rapidamente, assestaram um rude golpe na sociedade
alicerçada no matrimônio sindiásmico e na gens baseada no matriarcado. O
matrimônio sindiásmico havia introduzido na família um elemento novo.
Junto à verdadeira mãe tinha posto o verdadeiro pai, provavelmente mais
autêntico que muitos "pais" de nossos dias. (ENGELS, 2006, p. 14).

A relação entre proprietários e trabalhadores fica redefinida, a


propriedade social assume um contexto de (des) proteção, a quem pertença ou seja
parte integrante de sua manutenção, “esse contexto de amparo evolui”, até que seja
formatado da maneira que o contextualizamos na contemporaneidade como
Seguridade Social.
Castel (1998, p. 387) ao demonstrar essas transformações entende que:

[...] a seguridade social procede a uma espécie de transferência de


propriedade pela mediação do trabalho e sob a égide de Estado.
Seguridade e trabalho vão tornar-se substancialmente ligados porque, numa
sociedade que se reorganiza em torno da condição de assalariado, é o
estatuto conferido ao trabalho que produz o homólogo moderno das
proteções tradicionalmente asseguradas pela propriedade.
76

Dessa maneira consolidam-se diferentes formas de relações sociais, a


partir do entendimento de indivíduos que passam a formar grupos nos quais as
características e necessidades são recíprocas; assim sendo, essas necessidades e
descoberta de interdependência, originaram a base do modelo de proteção e
seguridade social, assim começam a ser implementadas as políticas que
progressivamente corroboraram com o atual sistema previdenciário vigente.
Entre os séculos XIV e XV alguns modelos de proteção social foram
formados, porém, com características socorristas, fechados de acordo com
características e peculiaridades específicas dos grupos que as compunham, distante
dos modelos atuais nos quais a universalidade é condição de políticas mais justas e
equânimes.

Na idade média assistimos à proliferação de instituições de proteção social,


mas todas de cunho mutualista, ou seja, circunstanciadas a determinados
grupos – em regra, organizações profissionais – com o objetivo de prestar
ajuda mútua a seus integrantes, razão pela qual ainda não podemos falar
propriamente de esquemas de proteção social de cunho universal.
(VIANNA, 2014, p. 6).

O marco em termos de Seguridade Social no mundo foi a Lei dos Pobres


– Poor Law Act, promulgada em 1601, na Inglaterra; idealizada pela Igreja Católica,
visava o enfrentamento da adversidade vivenciada pela população, com um
direcionamento prioritário às pessoas com deficiência, aos velhos e crianças, em
que a população ativa contribuía para o custeio das ações.
Otto Von Bismarck, na Alemanha, foi o pioneiro em Seguro Social, da
maneira que entendemos na contemporaneidade, tendo em vista que de forma
preventiva visava o amparo financeiro nos casos de acidentes, velhice, incapacidade
para o trabalho, doenças, entre outras situações.

Em 1883 e nos anos seguintes, na Alemanha, por obra de Otto Von


Bismarck surge o primeiro sistema de seguro social. Envolvia o seguro-
doença, seguro de acidentes do trabalho, seguro de invalidez e proteção à
velhice, mediante contribuição do Estado, dos empregados e dos
empregadores, iniciando-se aí a tríplice forma de custeio, em prática até
hoje. Dissemos antes que o Direito da Seguridade Social é um direito de
luta. O modelo de Bismarck é prova disso. Não resultou da bondade do
Estado, mas da pressão exercida pelas classes trabalhadoras. Estas, com a
crise industrial, organizavam-se em movimentos socialistas contra o poder
reinante na época. Bismarck, objetivando angariar apoio popular e
enfraquecer referidos movimentos sociais, institui seu plano de proteção
social. Sem a pressão social, certamente não teria sido instituído o modelo
de Bismarck. (VIANNA, 2014, p. 6).
77

A Organização Internacional do Trabalho (OIT)9, com o intuito de


regulamentar normas relativas ao trabalho e à segurança deste, também tem como
atribuição a supervisão das normas relativas à seguridade social, a promoção do
acesso ao trabalho decente, na qual as condições de liberdade, segurança e
dignidade são a sua maior bandeira.
No Brasil o primeiro registro de características previdenciárias ocorre no
Decreto de 1º/10/1821 (BRASIL, 1821), Dom Pedro de Alcântara concede
aposentadoria para alguns mestres e professores e ainda gratifica com uma parte
dos ganhos aqueles que continuassem exercendo suas funções.
A Constituição de 1824 tem uma única referência que pode ser
entendida como seguridade social, na qual garante os socorros públicos. A palavra
aposentadoria é utilizada somente na Constituição de 1891, concedida apenas aos
funcionários públicos e em casos de invalidez (MARTINS, 2006).
A expressão “aposentadoria” pela primeira vez revelada e amparada
como se pretendia na Constituição de 1891, mesmo que sua concessão fosse
apenas em casos de invalidez, e quando decorrida no exercício do serviço prestado
à Nação e somente para servidores públicos; o governo custeava toda a
indenização, uma vez que não havia recolhimento prévio.
Outras leis que determinavam a aposentadoria por invalidez e pensão por
morte aos operários da Marinha; assim como o Decreto Lei nº 3.724/1919 (BRASIL,
1919) que tornava obrigatória a indenização paga pelos empregadores aos
empregados que sofressem acidentes de trabalho.
O marco do início do sistema de proteção previdenciária no Brasil foi a
Lei “Eloy Chaves” que em 1923 (BRASIL, 1923) criou as Caixas de
Aposentadorias e Pensões (CAPs). Este sistema era gerenciado tanto por
empresas, quanto pela operacionalização estatal; assim sendo, outras organizações
e seus empregados passaram a ser beneficiados a partir da promulgação deste
preceito; muitos segmentos, porém, ficaram excluídos do sistema de previdência.

9
A OIT foi criada em 1919, como parte do Tratado de Versalhes, que pôs fim à Primeira Guerra
Mundial. Fundou-se sobre a convicção primordial de que a paz universal e permanente somente
pode estar baseada na justiça social. É a única das agências do Sistema das Nações Unidas com
uma estrutura tripartite, composta de representantes de governos e de organizações de
empregadores e de trabalhadores. A OIT é responsável pela formulação e aplicação das normas
internacionais do trabalho (convenções e recomendações). As convenções, uma vez ratificadas por
decisão soberana de um país, passam a fazer parte de seu ordenamento jurídico. O Brasil está
entre os membros fundadores da OIT e participa da Conferência Internacional do Trabalho desde
sua primeira reunião. (ORGANIZAÇÃO INTERNACIONAL DO TRABALHO, 2015).
78

A primeira manifestação juridicamente consolidada, em termos de


previdência e seguridade social, data do ano de 1923, precisamente em 24
de janeiro daquele ano, quando da edição de Decreto Legislativo de nº
4.682, conhecido como Lei “Eloy Chaves”. (COSTA, J. R. C., 2011, p. 37).

O regime das CAPs era muito semelhante aos sistemas de capitalização,


contudo suas bases eram frágeis, havia poucos adeptos que contribuíam e mesmo
com intenções voltadas a fraudes eram uma constante. Getúlio Vargas intervém em
1930, suspendendo temporariamente as aposentadorias e substituindo as CAPs
pelos Institutos de Aposentadorias e Pensões (IAPs).

Na Era Vargas a Previdência Social adotou um modelo que denominamos


‘getulista’, que dividia os trabalhadores por categoria, mas se sustentavam
politicamente com a cooptação de dirigentes sindicais indicados para os
postos de direção dos Institutos de Previdência. O seguro social era
demarcado pelo regime de repartição simples, com contribuição dos
trabalhadores e com fundos controlados pelos representantes designados
pelo Estado, sindicatos e patrões”. (FALEIROS apud COSTA, J. R. C.,
2011, p. 39).

Os IAPs eram seis autarquias centralizadas no Governo Federal, os


profissionais se filiavam a cada um deles de acordo com as categorias específicas
de cada empresa. Esta forma de regulamentação aumentou a confiabilidade, assim
como acrescenta outros referenciais de proteção, entre eles a assistência médica
tanto para os filiados como para seus dependentes; ainda assim, os saldos de
recolhimento foram desviados para outros fins, o que se faz presente na realidade
brasileira até o momento, e algumas aposentadorias e pensões eram muito vultosas.

A cobertura previdenciária brasileira, cuja origem remonta às décadas de


1920 (Caixas de Aposentadoria e Pensão – CAPs – Lei Eloy Chaves) e de
30 (Institutos de Aposentadorias e Pensões – IAPs, no governo Vargas),
logrou excluir, no seu nascedouro, segmentos inteiros de trabalhadores:
rurais, autônomos, domésticos, cujas ocupações, ainda que integradas ao
processo acumulativo, não eram reconhecidas nem atestadas pelo Estado,
condição essa determinante, naquele período, para sua inserção na
legislação social, definindo, assim, as bases da “cidadania regulada”.
(BRAGA; CABRAL, 2008, p. 96).

A cidadania regulada, termo utilizado por alguns autores para designar a


cidadania vigiada, restrita e sempre supervisionada pelo Estado, em alguns períodos
no Brasil, especificamente durante o ditatorial, essa vigília era mais acirrada, a
população praticamente não participava na tomada de decisões, criação e
79

implementação das leis que ficava a cargo somente do Legislativo, na atualidade


ocorre de maneira parecida com a criação de cessação de planos, programas e
projetos.
A Lei Orgânica da Previdência Social, publicada em 1960, visava
solucionar esses problemas, pretendia a uniformização tanto dos benefícios pagos,
como na maneira de financiamento dos planos previdenciários. Buscava-se assim a
equidade tanto para a concessão dos benefícios como em relação às contribuições
pagas pelos trabalhadores e empresários.
Havia então, a pretensão de um modelo previdenciário unificado, com
determinações específicas em relação ao direito previdenciário e criação de um
modelo sustentável com equilíbrio entre arrecadações e custeio; seria necessária
uma receita proporcional ou superior aos benefícios ativos.
Entretanto, da mesma maneira que a situação Política e Social da época,
marcada por acontecimentos políticos e históricos, com destaque para o Golpe
Militar, importantes transformações sociais ocorreram, assim como, adequações e
transformações na Previdência Social, entre elas a uniformização dos benefícios e a
unificação político-administrativa dos benefícios.
Em 1964, com o aumento dos filiados, tanto proprietários, como
trabalhadores, foi criada uma Comissão para a Reformulação do Sistema, o que
implicou na fusão de todos os seis Institutos em um Instituto Nacional da
Previdência Social, mais popularmente conhecido como INPS, ocorrendo, de
maneira simultânea, o aumento dos benefícios.
A Lei Orgânica da Previdência Social, de 26 de agosto de 1960,
ocasionou diversas mudanças a partir de 1970, entre ela a criação do Sistema
Nacional de Previdência e Assistência Social (Sinpas), a extinção de autarquias
como a do Fundo de Assistência ao Trabalhador Rural (Funrural), do Instituto de
Previdência dos Servidores do Estado (Ipase) e do Instituto de Administração
Financeira da Previdência e Assistência Social (Iapas).
Carvalho, 2004, discorre a respeito da prática paternalista de
compensação em relação ao autoritarismo e desigualdade social presentes na
sociedade brasileira, condição que interfere diretamente na consolidação de direitos
e efetivação da cidadania no Brasil.
Visando o acompanhamento das ações e crescentes números, em 1971
foi criada a Empresa de Processamento de Dados da Previdência (Dataprev) e
80

em 1974 foi instituído o Ministério da Previdência e Assistência Social,


culminando assim em um modelo organizacional sintetizado pelo Sistema Nacional
de Previdência e Assistência Social (Sinpas) no qual eram concentradas diversas
ações de proteção social.
A Lei 6.439 de 1º de setembro de 1977 institui também o Instituto
Nacional de Assistência Médica da Previdência Social (Inamps), responsável
pelos serviços de Assistência Médica e o Instituto de Administração Financeira
da Previdência e Assistência Social (Iapas), cuja finalidade era a administração
financeira e de patrimônio.

Através da Lei nº 6.439, de 1º.09.77, foi criado o SINPAS (Sistema


Nacional de Previdência e Assistência Social), sendo integrados pelo
Instituto Nacional de Previdência Social, Instituto de Previdência Médica
da Previdência Social, Instituto de Administração Financeira da
Previdência e Assistência Social, Fundação Legião Brasileira de
Assistência, Fundação Nacional de Bem-Estar do Menor, Empresa de
Processamento de Dados da Previdência Social e a Central de
Medicamentos. (COSTA, J. R. C., 2011, p. 40).

Houve um expressivo crescimento, entre os anos de 1970 e 1980, do


número de postos formais de emprego, tendo em vista o fim do modelo fordista de
produção, tendo em vista um outro padrão de acumulação, cuja diretriz fundante foi
a flexibilização da produção, assim como dos postos de trabalho, o que implica em
aumento do número desses postos, porém não se reflete na qualidade do emprego.

Essa importância crescente do aparato institucional previdenciário e


assistencial, além do aumento da pobreza e da miséria – resultado perverso
da derrocada do “milagre econômico”, quer pela concentração de renda que
foi produzida quando da aceleração dos índices de desenvolvimento
econômico, quer pelo desemprego e queda da renda dos trabalhadores
quando esses índices ruíram – colocou para o mesmo regime político a
necessidade de reorganizar aquele aparato para fazer frente a um cenário
socioeconômico cada vez mais complexo. Essa racionalização ocorreu com
a criação, em 1977, do Sistema Nacional de Previdência Social – SINPAS.
(BRAGA; CABRAL, 2008, p. 98).

A precarização do trabalho aliou às práticas cotidianas dos trabalhadores,


riscos e situações que os submeteram às mais diversas condições de fragilização e
vulnerabilidade, além das situações naturais como envelhecimento, adoecimento,
morte, reclusão entre outras previstas e amparadas pela legislação.
Com o processo de globalização, incorporado à reestruturação produtiva,
evidenciou-se a necessidade de melhoria na qualidade e amplitude da proteção ao
81

trabalhador e sua família, diante de um momento de mudanças e alteração nas


formas de funcionamento dos mercados.

A acumulação flexível, como vou chamá-la, é marcada por um confronto


direto com a rigidez do fordismo. Ela se apoia na flexibilização dos
processos de trabalho, dos mercados de trabalho, dos produtos e padrões
de consumo. Caracteriza-se pelo surgimento de setores de produção
inteiramente novos, novas maneiras de fornecimento de serviços
financeiros, novos mercados e, sobretudo, taxas altamente intensificadas de
inovação comercial, tecnológica e organizacional. A acumulação flexível
envolve rápidas mudanças dos padrões de desenvolvimento desigual, tanto
entre setores como entre regiões geográficas. (HARVEY, 1998, p. 140)

A partir da globalização a sociedade brasileira passa a viver um momento


de conquistas individuais, sociais e políticas, o regime militar foi extinto e foi
promulgada a Constituição de 1988, a “Constituição Cidadã”, ocorreu um
abrandamento em relação às legitimadas arbitrariedades praticadas pelo Regime
Militar.

Foi nessa conjuntura de crise mundial do capitalismo, com repercussões no


Brasil, e de disputa político-ideológica no país que foi elaborada e
promulgada a Constituição Federal, em vigor desde 1988. Essa
Constituição reflete as lutas e contradições que marcaram a época, o que
fez dela, uma constituição heterogênea, com traços conservadores e com
avanços, comparativamente às constituições que a antecederam. (SILVA,
A. A., 2012, p. 270-271).

Situações de contingência social podem implicar nos mais variados tipos


de necessidades pessoais, familiares e coletivas; a ideia de proteção previdenciária
tem por objetivo propiciar aos indivíduos a superação dessas necessidades, por
meio de sistemas de saúde, previdência e assistência, que no contexto brasileiro
compõem a Seguridade Social.

Os interesses sociais admitem muitas gradações. Podem manifestar-se em


defesa das mais diversas categorias sociais, como dos grupos de jovens, de
mães, de idosos, de deficientes, etc., ou como associações de
trabalhadores (em geral por categoria interna: da construção civil,
lavradores, empregadas domésticas, etc.), de profissionais liberais
(associação de professores, de engenheiros, de médicos, de técnicos, etc.),
de empresários (da indústria e do comércio, etc.), e assim por diante.
(DEMO, 2009, p. 28).

O então conhecido Instituto Nacional de Previdência Social (INPS) se


consolidou e houve, a partir dessa lei, uma configuração inicial do modelo tripartite
82

de segurança social, finalmente consolidado com a promulgação da Constituição


Federal de 1988, na qual estão integrados em um sistema de seguridade: saúde,
previdência e Assistência Social.
Previdência passa a ser definida pela Constituição como um direito de
cidadania, garantido pelo “Tripé da Seguridade Social”: Saúde, Previdência e
Assistência, o que implica em um sistema solidário, a garantia aos que já
contribuíram com o desenvolvimento do país é garantida pelo mercado de trabalho
formal que financia o sistema solidário previdenciário.

Em razão das expectativas criadas, ainda durante as discussões das


propostas do novo texto constitucional de 1988, os funcionários e
empregados públicos que completavam a condição para a aposentadoria
preferiram adiar a decisão, no aguardo de futuro estatuto, que
implementaria os novos dispositivos constitucionais sobre aposentadorias.
(BRASIL, 2002, p. 18).

As inovadoras proposições direcionadas ao campo da seguridade social


na Constituição Federal de 1988 visam a substituição do caráter pautado na
meritocracia por um outro, baseado nos princípios de direito e cidadania, sendo essa
postura uma influência mundial que foi adotada a partir do final da Segunda Guerra
Mundial, quando ocorreu uma ampliação dos sistemas de proteção social.
As maneiras de contribuição são alteradas, inclusive voltadas para a
proteção do trabalhador do campo, historicamente prejudicado pelos novos moldes
capitalistas de produção, e recursos advindos dos orçamentos municipais, estaduais
e federais são utilizados como forma do financiamento dos benefícios rurais, entre
outros até então não contemplados pelo regime.

Saliente-se que os constituintes também defendiam que as fontes de


financiamento da seguridade social não seriam distintas de seu conceito.
Em outras palavras, consideravam, ao ser eleita a cidadania e não o mérito
como a referência para o direito à proteção social, estabelecido que a
sociedade deveria, a cada ano, discutir e definir de que forma seria
realizada a partilha do conjunto de receitas previstas para a seguridade
social. Isso significa dizer que os constituintes se colocaram contra o
estabelecimento de vinculação de receitas no interior da seguridade social.
A única exceção ficou por conta do PIS/Pasep, que passou a ter uso
exclusivo do programa seguro-desemprego e do pagamento do abono
PIS/Pasep, sendo 40% de sua arrecadação destinada a empréstimos
realizados pelo BNDES às empresas. (MARQUES; BATICH; MENDES,
2003, p. 112).

Nesse “novo” paradigma social há a busca pela equidade na concessão


dos benefícios e moldes de contribuição previdenciária, com a Constituição de 1988
83

o Regime Geral da Previdência Social passou a observar e a considerar os impactos


acarretados com as reformulações das contribuições ou mesmo com a criação de
diversos benefícios; grande parte dessas mudanças teve influência liberal,
comumente as reformas visam mais a redução dos gastos públicos.
A legislação previdenciária já sofreu múltiplas alterações, promovidas
pelas Emendas Constitucionais: nº 20/1998, nº 41/2003, nº 47/2005, nº 70/2102 e
recentemente as Medidas Provisórias nº 664/2014 e nº 676/2015, todas, sem
exceção, alteram as condições de acesso aos benefícios, seja aumentando a idade
para a aposentadoria, baseada no aumento da expectativa de vida, divulgada pelo
IBGE, ou alterando as condições de contribuição, entre outras, sendo que quem
sofre as maiores consequências e os maiores impactos é o contribuinte.

O crescimento de postos de trabalhos formais na década de 1970,


juntamente com as conquistas da Constituição de 1988 – especialmente
as leis de custeio e benefício da previdência social, de junho de 1991, que
regulamentaram os princípios constitucionais - , teve impactos importantes
na taxa de incremento médio anual dos benefícios da previdência social,
no período de 1991 a 1999, permitindo a evolução de 10% ao ano nas
aposentadorias por tempo de serviço (atualmente é tempo de
contribuição) e de 8,5% ao ano nas aposentadorias por idade.
(SALVADOR, 2010, p. 280).

O Fundo do Regime Geral de Previdência Social (FRGPS) é referência


financeira de cobertura previdenciária, consagrado na Constituição Federal de 1988,
principalmente em relação à população trabalhadora idosa, sendo também uma
referência de reconhecimento do direito, com perspectiva social e equânime para os
trabalhadores rural e urbano.
As taxas de redução da pobreza alcançadas nas últimas décadas têm seu
resultado amparado, entre outras políticas, na concessão dos benefícios
previdenciários. O fator primordial de impacto foi o da situação de miserabilidade em
que viviam as famílias do meio rural, diante das mudanças para a efetiva
comprovação da atividade rural, o acesso aos benefícios previdenciários aos
trabalhadores rurais tem sido menos burocrático.
O modelo brasileiro de Previdência Social, desde o seu princípio, foi
idealizado como um sistema de distribuição, ou seja, que todos contribuem e todos
financiam os benefícios; a legislação organiza a maneira da contribuição e do
recebimento, portanto, fica claro o princípio da solidariedade entre os trabalhadores
ativos e inativos.
84

É justamente a solidariedade que faz uns contribuírem e não utilizarem o


sistema, enquanto outros, inclusive sem nenhuma contribuição, receberem
os benefícios porque simplesmente dele necessitam (ampliando, destarte, a
extensão e alcance da seguridade social). Não foi a esmo que o legislador
constituinte de 1988 insculpiu, no inc.I do art. 3º de nossa Carta Maior, o
objetivo de construir uma sociedade livre, justa e solidária. (COSTA, J. R.
C., 2011, p. 45).

Contudo, para atingir o equilíbrio e manutenção do regime, é necessário


que haja mais trabalhadores ativos do que inativos; no Brasil alguns fatores
prejudicam esse contexto, tais como: grande número de trabalhadores informais,
envelhecimento da população e principalmente o desconhecimento, por parte da
população, da legislação previdenciária e da necessidade de recolhimento seja
direto ou indireto.

Embora a arquitetura da seguridade brasileira pós-1988, onde se inclui a


Previdência Social, tenha a orientação e o conteúdo das políticas de
proteção social que conformam o Estado de bem-estar nos países
desenvolvidos, as características excludentes do mercado de trabalho, o
grau de pauperização da população, o nível de concentração da renda e as
fragilidades do processo de publicização das ações do Estado nos facultam
afirmar que no Brasil a adoção da concepção de seguridade social não se
traduziu na universalização da proteção social. Isto não significa deixar de
reconhecer que os sistemas de saúde e previdência brasileiros são
baseados em princípios, diretrizes e numa extensão de cobertura que os
qualificam entre os melhores do mundo. (MOTA, 2008, p. 137).

Assim sendo, é de praxe a população considerar o Instituto uma barreira


ao acesso, sem, contudo, conhecer as condições previdenciárias para o ingresso
aos serviços e benefícios; essa concepção se dá justamente por pessoas cujo
requerimento foi indeferido e que não procuram a Previdência para maiores
informações, impulsionados pela fúria, nem mesmo pensam em continuar
contribuindo, nem diante do benefício de taxas mais reduzidas.
De grande importância foi a alteração na correção dos valores de
contribuição que servirão de base para os valores dos benefícios pagos, passa a ser
realizada uma média, dos oitenta por cento melhores salários de contribuição a partir
de 1994; a igualdade de gênero para a concessão de pensões é também uma
conquista.
Aspectos como a melhoria nos sistemas de proteção previdenciária
deveriam contemplar não somente a classe trabalhadora, representada na maioria
das vezes por trabalhadores assalariados, mas atender também as lacunas
deixadas pelos impactos do sistema capitalista, nas situações de trabalho informal,
85

dificuldades financeiras para a contribuição ou mesmo de desemprego em que essa


população de “sobrantes” compõe o que conhecemos como o “exército de reserva”.

[...] se uma população trabalhadora excedente é produto necessário da


acumulação ou do desenvolvimento da riqueza no sistema capitalista, ela se
torna por sua vez a alavanca da acumulação capitalista, e mesmo condição
de existência do modo de produção capitalista. Ela constitui um exército
industrial de reserva disponível, que pertence ao capital de maneira tão
absoluta como se fosse criado e mantido por ele. Ela proporciona o material
humano a serviço das necessidades variáveis de expansão do capital e
sempre pronto para ser explorado, independentemente dos limites do
verdadeiro incremento da população. (MARX, 1979, p. 733-734).

A Constituição Federal desta maneira vem garantir a proteção aos


trabalhadores, por meio da previdência e a toda população, ao vincular a seguridade à
saúde e assistência, caracterizando assim o “tripé da seguridade social” como um
sistema híbrido, de acordo com Boschetti (2004, p. 6), ou seja, convenciona direitos
universais e sistemas nos quais o acesso é gratuito, como Saúde e Assistência, com
políticas contributivas como é o caso da Previdência.

A seguridade social pode garantir mais, ou menos, acesso a direitos, quanto


mais se desvencilhar da lógica do seguro e quanto mais assumir a lógica
social. De todo modo, ambas são profundamente dependentes da
organização social do trabalho. Nos países em que as duas lógicas
convivem no âmbito da seguridade social, elas estabelecem entre si uma
relação que venho designando como sendo de atração e rejeição. É a
ausência de uma dessas lógicas que leva à necessidade e à instauração da
outra lógica. Por exemplo, aqueles trabalhadores que não estão inseridos
no mercado de trabalho, que não têm acesso ao seguro, ou à previdência
social, acabam caindo em uma situação de ausência dos direitos derivados
do trabalho. Muitos deles, por não terem contribuído para a seguridade
social, chegam aos 65 anos (essa idade varia de país para país) e não têm
direito à aposentadoria. A exigência da lógica do seguro e a impossibilidade
de sua manutenção para todos os trabalhadores, sobretudo para os
desempregados, empurram esse trabalhador para demandar a outra lógica,
a lógica social, do direito não contributivo. Assim, aqueles que não
contribuem, que não estão inseridos em uma relação de trabalho estável e
que não têm direito ao benefício contributivo, tornam-se potenciais
demandantes da lógica social, do benefício não contributivo.

O modelo previdenciário brasileiro foi inspirado pelo modelo alemão


“bismarckiano”10, ao passo que a Assistência Social brasileira e a saúde apresentam

10
Na Alemanha Otto von Bismarck introduziu uma série de seguros sociais, de modo a atenuar a
tensão existente nas classes trabalhadoras: em 1883, foi instituído o seguro-doença, custeado por
empregados, empregadores e do Estado (MARTINS, 2006, p. 4).
86

suas ações apoiadas no modelo “beveridgiano”11; um antagonismo presente na


política de Seguridade Social formada pelo tripé Saúde, Previdência e Assistência.
Essa dualidade é analisada como um conflito estrutural, social e político,
pois há uma mistura de direitos sociais com a condição de acesso ao trabalho e/ou
emprego formal, haja vista ser esse o percurso para a viabilização dos direitos
previdenciários; a Assistência não é suficiente para a cobertura das necessidades
sociais básicas da população, o sistema econômico vigente não garante o Pleno
Emprego, assim, cresce o número de indivíduos sem a proteção da seguridade.
(BOSCHETTI, 2003a).
Assim sendo, a Previdência Social deveria ser entendida como sinônimo
de adjetivos pessoais como cauteloso, precavido, previdente; o sujeito que prevê de
maneira antecipada um incidente, uma intercorrência ou uma situação de gravidade
nos mais variados sentidos da vida cotidiana e que, sendo assim, se prepara para o
enfrentamento de situações inesperadas.
Tem-se a definição de Vianna (2014, p. 430):

Nesse contexto, o artigo 1º da Lei nº 8.213/91 veio dispor que a previdência


social, mediante contribuição, tem por fim assegurar aos seus beneficiários
meios indispensáveis de manutenção, por motivo de incapacidade ,
desemprego involuntário, idade avançada, tempo de serviço, encargos
familiares e prisão ou morte de quem dependam economicamente. Podia ter
ido além, como autorizado pelo artigo 5º, § 2º, da Constituição Federal.

A população brasileira, contudo, não se apoderou ainda dessa postura


cautelosa, caracterizada como uma sociedade que busca pelos serviços, até mesmo
de interesse próprio, nos últimos momentos em que são disponibilizados, na maioria
das vezes aguarda os eventos ou causalidades acontecer para procurar os serviços
específicos.
De acordo com pesquisa realizada, Pires (2012) aponta:

Os estudos mostram ainda que as principais tarefas adiadas são aquelas


que a pessoa realmente não gosta de fazer e que são consideradas chatas,
que atinge 86,5% dos entrevistados. Em seguida, compromissos longos ou
que causam medo e desconforto.

11
O Plano Beveridge, de 1941, da Inglaterra, também veio a propor um programa de prosperidade
política e social, garantindo ingressos suficientes para que o indivíduo ficasse acobertado por certas
contingências sociais, como a indigência, ou quando, por qualquer motivo, não pudesse trabalhar.
Lorde Beveridge dizia que a segurança social deveria ser prestada do berço ao túmulo (MARTINS,
2006, p. 5).
87

Já as responsabilidades pessoais geralmente são deixadas para depois por


26% dos entrevistados, diferentemente das atividades profissionais, (que
são apenas 13%).
Para Christian Barbosa, idealizador da pesquisa, as pessoas são propensas
a deixar quase tudo para depois, principalmente se não houver cobranças.

Tais atitudes então, dificultam o planejamento de um benefício que, a


longo prazo, poderá ser concedido apenas na velhice ou em situações extremas;
essa precaução é desnecessária em caso de formalização do emprego, pois quando
o sujeito está empregado cabe à empresa a obrigatoriedade dos recolhimentos e
não haverá nenhum prejuízo ao empregado, quando da inadimplência do
empregador.

O aumento da expectativa de vida influencia o cálculo da aposentadoria


oferecida pelo Instituto Nacional do Seguro Social (INSS). Se o brasileiro
vai viver por mais tempo, ele também pode contribuir por um período
maior, o que posterga a idade mínima para que o trabalhador receba o
benefício.
Ainda assim, se a pessoa iniciar sua contribuição quando jovem, é
possível se aposentar com uma idade baixa se comparada com a
expectativa de vida. Muitos trabalhadores se aposentam na faixa dos 50
anos, quando ainda possuem décadas para a frente. É natural que o
contribuinte deseje receber um benefício que passou anos pagando, mas
também é preciso avaliar com cuidado se o tempo mínimo de contribuição,
que atualmente é de 35 anos para os homens e de 30 anos para as
mulheres, resultará em um benefício com valor adequado para suprir as
necessidades da pessoa. Se não for recorrer a outras medidas pode ser
uma saída. (TIEGHI, 2014).

A Previdência Social na contemporaneidade fica então entendida como


uma política universal, entretanto contributiva, muito requerida pela população
brasileira, em função da necessidade geral de amparo, tanto em situações de
doença, como de envelhecimento; uma realidade inerente a todas as classes
sociais; em muitas dessas situações o benefício previdenciário representa a única
fonte de renda da família.
Contudo não é essa a proposta previdenciária, pois visa o atendimento
em casos de intercorrências, tais como: envelhecimento, morte, adoecimento,
invalidez, situações certamente indesejadas pelos contribuintes, entretanto, grande
parte da população considera o seguro social uma alternativa quando da falta da
renda ou mesmo nas situações de desemprego.

Nesta lógica, só tem acesso aos direitos da seguridade social os


chamados “segurados” e seus dependentes, pois esses direitos são
considerados como decorrentes do direito do trabalho. Assim, se destinam
88

a quem está inserido em relações formais e estáveis de trabalho e


possuem duas características centrais. Primeiro são condicionados a uma
contribuição prévia, ou seja, só têm acesso aqueles que contribuem
mensalmente. Segundo, o valor dos benefícios é proporcional à
contribuição efetuada. Essa é a característica básica da previdência social
no Brasil, que assegura aposentadorias, pensões, salário-família, auxílio
doença e outros benefícios somente aos contribuintes e seus familiares.
(BOSCHETTI, 2004, p. 5).

O modelo de Seguridade Social brasileiro equipara-se aos adotados na


maioria dos países capitalistas, combinando assim modelos assistenciais e de
saúde não contributivos, com o modelo previdenciário contributivo, o que muitas
vezes confunde a população. Não são poucos os casos de pessoas que associam
a aposentadoria à idade, desconhecendo totalmente a obrigatoriedade da
contribuição para o acesso aos benefícios previdenciários.
Entretanto, o objetivo da pesquisa está voltado para o contribuinte
individual, que com exceção dos facultativos (donas de casa, estudantes,
desempregados), desde que exerça qualquer tipo de atividade laboral, deve,
obrigatoriamente, efetuar os devidos recolhimentos e contribuições mensais.
A proteção perpassa pelas esferas da tutela e da ajuda, contudo com a
perspectiva de emancipação, a concretude da Previdência não atinge as massas,
essas entendem apenas a perspectiva do auxílio, preocupadas exclusivamente
com o acesso aos benefícios físico financeiros que possam vir a ter, não se
apropriam do conhecimento.
No caso previdenciário, a população precisa se apropriar dos critérios de
distinção entre direito e seletividade, o desvelamento desta dualidade que caminha
entre estas duas esferas é imperativo; conseguir realizar essa distinção é um dos
principais objetivos para a ampliação e fortalecimento do coletivo e construção do
processo de emancipação.
A educação previdenciária, a viabilização do acesso à informação, a
transformação da população massificada em coletivo conscientizado é um
propósito a ser concretizado, essa perspectiva possibilitaria não somente um maior
acesso da população à proteção previdenciária, como também um aumento
expressivo no quantitativo de contribuintes.
89

2.2 O Regime Geral de Previdência Social: entre o direito e a seletividade

Várias são as modalidades de contribuintes, contudo, o primeiro passo


para que se estabeleça uma relação entre as pessoas e a Previdência Social é a
filiação, na qual os trabalhadores, com vínculo formal de emprego, decorrente do
trabalho remunerado, são automaticamente filiados, em outras situações esse
procedimento ocorre com a formalização do pagamento da primeira contribuição.
Posterior ou concomitantemente à filiação, ocorre a inscrição, a pessoa,
por iniciativa própria, efetua o seu cadastro junto ao Regime Geral da Previdência
Social, realizando assim a comprovação de seus dados pessoais e profissionais,
caracterizando de tal modo seu registro junto ao sistema previdenciário.
São considerados contribuintes individuais obrigatórios: o empresário, o
trabalhador autônomo ou prestadores de serviço, que trabalham com recursos
próprios prestando serviços ou comercializando produtos para pessoas físicas e
jurídicas; alguns trabalhadores também prestam serviços esporádicos ou sazonais
às empresas, sem vínculo empregatício.
Há uma grande diversidade das funções exercidas por contribuintes
individuais, entre elas, as de síndico, clérigo, padres, motoristas, taxistas, pintores,
gesseiros, eletricistas, diaristas, faxineiras, vendedores ambulantes, profissionais do
sexo, entre outras devidamente regulamentadas e cadastradas pela Previdência
Social, sendo que os trabalhadores podem ou não estar vinculados aos sistemas de
cooperativa.
Também os prestadores de serviço, sejam esses executados nas cidades
ou em zona rural como fazendas, sítios, chácaras e outros, em caráter eventual; as
atividades rurais frequentemente utilizam-se desses recursos humanos para as
colheitas e a admissão está condicionada à sazonalidade.
A atividade, para que seja considerada eventual, não pode estar
condicionada à subordinação, ou seja, o trabalhador determina como e quando o
trabalho será realizado; não há continuidade prevista para a execução dos serviços
prestados, ou horários determinados de trabalho.
O autônomo poderá prestar serviços para diferentes empresas do mesmo
ramo, fazendas, escolas, transportadoras, sem a necessidade de exclusividade e
sem relação formal de emprego. O próprio empresário é também um trabalhador
autônomo e deve ser, obrigatoriamente, contribuinte individual.
90

Ainda de acordo com o Ministério da Previdência Social são também


contribuintes individuais:

• A pessoa física que exerce, por conta própria, atividade econômica de


natureza urbana, com fins lucrativos ou não;
• o titular de firma individual de natureza urbana ou rural;
• o diretor não empregado e o membro do conselho de administração da
Sociedade Anônima;
• os sócios nas sociedades em nome coletivo e de capital e industrial;
• o sócio-gerente e o sócio-cotista que recebam remuneração decorrente
de seu trabalho e o administrador não empregado na sociedade por cotas
de responsabilidade limitada, urbana ou rural;
• o membro de conselho fiscal de sociedade por ações, desde que receba
remuneração;
• o associado eleito para cargo de direção na cooperativa, associação ou
entidade de qualquer natureza ou finalidade, desde que receba
remuneração pelo exercício do cargo;
• o síndico ou administrador eleito para exercer atividade de direção
condominial, desde que recebam remuneração ou que esteja isento da taxa
de condomínio;
• o síndico da massa falida, o administrador judicial, definido pela Lei nº
11.101, de 9 de fevereiro de 2005, e o comissário de concordata, quando
remunerados;
• o comerciante ambulante;
• o trabalhador associado à cooperativa de trabalho que, por intermédio
desta, presta serviços a terceiros;
• o cooperado de cooperativa de produção que, nesta condição, presta
serviço à sociedade cooperativa mediante remuneração ajustada ao
trabalho executado;
• o diarista, assim entendido a pessoa física que, por conta própria, presta
serviços de natureza não contínua à pessoa ou à família no âmbito
residencial destas, em atividade sem fins lucrativos;
• aquele que, na condição de pequeno feirante, compra para revenda
produtos hortifrutigranjeiros ou assemelhados;
• a pessoa física que edifica obra de construção civil;
• o Micro Empreendedor Individual – MEI de que tratam os artigos 18-A e
18-C da Lei Complementar nº 123, de 14 de dezembro de 2006, que opte
pelo recolhimento dos impostos e contribuições abrangidos pelo Simples
Nacional em valores fixos mensais;
• o notário ou tabelião e o oficial de registros ou registrador, titular de
cartório, que detêm a delegação do exercício da atividade notarial e de
registro, não remunerados pelos cofres públicos, admitidos a partir de
21.11.94;
• o condutor de veículo rodoviário, assim considerado o que exerce
atividade profissional sem vínculo empregatício, quando proprietário,
coproprietário ou promitente comprador de um só veículo.
• aquele que exerce atividade de auxiliar de condutor autônomo de veículo
rodoviário, em automóvel cedido em regime de colaboração, nos termos da
Lei nº6.094, de 30 de agosto de 1974;
• o médico residente;
• o pescador que trabalha em regime de parceria, meação ou
arrendamento, em embarcação com mais de seis toneladas de arqueação
bruta, ressalvado o disposto no art. 9°, § 14, inciso III, do Decreto n°
3.048/99;
• o membro do conselho tutelar de que trata o art. 132 da Lei nº 8.069, de
13 de julho de 1990, quando remunerado;
• o interventor, o liquidante, o administrador especial e o diretor fiscal de
instituição financeira de que trata o § 6º do art. 201 do Decreto n° 3.048/99;
91

• a pessoa física contratada para prestação de serviço em campanhas


eleitorais por partido político ou por candidato a cargo eletivo, diretamente
ou por meio de comitê financeiro, em razão do disposto no art. 100 da Lei nº
9.504, de 30 de setembro de 1997;
• o incorporador de que trata o artigo 29 da Lei nº 4.591/64;
• o bolsista da Fundação Habitacional do Exército contratado em
conformidade com a Lei nº 6.855/80;
• o aposentado de qualquer regime previdenciário nomeado magistrado
classista temporário da Justiça do Trabalho ou da Justiça Eleitoral;
• o árbitro e auxiliares de jogos desportivos que atuam em conformidade
com a Lei nº 9.615, de 24 de março de 1998;
• a pessoa física, proprietária ou não, que explora atividade agropecuária,
a qualquer título, em caráter permanente ou temporário, em área, contínua
ou descontínua, superior a quatro módulos fiscais; ou, quando em área igual
ou inferior a quatro módulos fiscais ou atividade pesqueira ou extrativista,
com auxílio de empregados ou por intermédio de prepostos; ou ainda nas
hipóteses dos §§ 8º e 23 do artigo 9º do Decreto n° 3.048/99;
• cada um dos condôminos de propriedade rural que explora a terra com
cooperação de empregados ou não, havendo delimitação formal da área
definida superior a quatro módulos fiscais, sendo que, não havendo
delimitação de áreas, todos os condôminos assumirão a condição de
contribuinte individual, salvo prova em contrário;
• o marisqueiro que, sem utilizar embarcação pesqueira, exerce atividade
de captura ou de extração de elementos animais ou vegetais que tenham na
água seu meio normal ou mais frequente de vida, na beira do mar, no rio ou
na lagoa, com auxílio de empregado em número que exceda à razão de
cento e vinte pessoas/dia dentro do ano civil;
• a pessoa física, proprietária ou não, que explora atividade de extração
mineral (garimpo), em caráter permanente ou temporário, diretamente ou
por intermédio de outros, com ou sem auxílio de empregados, utilizados a
qualquer título, ainda que de forma não contínua;
• o ministro de confissão religiosa e o membro de instituto de vida
consagrada, de congregação ou de ordem religiosa;
• o brasileiro civil que trabalha no exterior para organismo oficial
internacional do qual o Brasil é membro efetivo, ainda que lá domiciliado e
contratado, salvo quando coberto por regime próprio de previdência social.
(MINISTÉRIO DA PREVIDÊNCIA SOCIAL, 2015d).

Várias são as modalidades do contribuinte individual e é justamente essa


multiplicidade de atividades um dos fatores da confusão para os recolhimentos.
Muitas vezes a pessoa não sabe como, ou mesmo com que alíquota contribuir,
desconhece qual a opção obrigatória e até mesmo qual a mais vantajosa ou ideal
para a sua condição específica.
92

TABELA 1 - Códigos de Recolhimento do Contribuinte Individual

Código Descrição

1007 Contribuinte Individual – Recolhimento Mensal

1066 Contribuinte Individual – MEI – Recolhimento Mensal

1910 Contribuinte Individual – MEI – Recolhimento Mensal – Complementação

1163 Contribuinte Individual – Opção 11% – Recolhimento Mensal

1287 Contribuinte Individual Rural – Recolhimento Mensal

1236 Contribuinte Individual Rural – Opção 11% – Recolhimento Mensal

1244 Contribuinte Individual Rural – Opção 11% – Recolhimento Mensal –


Complementação

Fonte: Dados do Ministério da Previdência Social. Elaborada por Lívia Marinho de Moura

Ainda inserido na categoria de contribuinte individual destacamos os


facultativos, condição de qualquer pessoa com mais de dezesseis anos e que não
exerça atividade remunerada, fato que automaticamente a caracterizaria como
contribuinte obrigatório na Previdência Social. Nesta modalidade os segurados
facultativos são:

• a dona de casa;
• o síndico de condomínio quando não remunerado;
• o estudante;
• o brasileiro que acompanha cônjuge que presta serviço no exterior;
• aquele que deixou de ser segurado obrigatório da previdência social;
• o membro de conselho tutelar de que trata o art. 132 da Lei nº 8.069, de
1990, quando não remunerado e desde que não esteja vinculado a qualquer
regime de Previdência Social;
• o bolsista e o estagiário que prestam serviço a empresa de acordo com a
Lei nº 6.494/77;
• o bolsista que se dedique em tempo integral a pesquisa, curso de
especialização, pós-graduação, mestrado ou doutorado, no Brasil ou no
exterior, desde que não esteja vinculado a qualquer regime de previdência
social;
• o presidiário que não exerce atividade remunerada nem esteja vinculado
a qualquer regime de previdência social;
• o brasileiro residente ou domiciliado no exterior, salvo se filiado a regime
previdenciário de país com o qual o Brasil mantenha acordo internacional;
• o segurado recolhido à prisão sob regime fechado ou semiaberto, que,
nesta condição, preste serviço, dentro ou fora da unidade penal, a uma ou
mais empresas, com ou sem intermediação da organização carcerária ou
entidade afim, ou que exerce atividade artesanal por conta própria.
(MINISTÉRIO DA PREVIDÊNCIA SOCIAL, 2015d).
93

TABELA 2 - Códigos de Recolhimento do Facultativo

Código Descrição

1406 Facultativo – Recolhimento Mensal

1473 Facultativo – Opção 11% – Recolhimento Mensal

1686 Facultativo – Opção 11% – Recolhimento Mensal – Complementação

1821 Facultativo – Exercente de Mandato Eletivo – Recolhimento Complementar

1929 Facultativo Baixa Renda – Recolhimento Mensal

1945 Facultativo Baixa Renda – Recolhimento Mensal – Complementação

1830 Facultativo Baixa Renda – Recolhimento Mensal – Complementação para 11%


Fonte: Dados do Ministério da Previdência Social. Elaborada por Lívia Marinho de Moura

De acordo com a tabela nota-se uma expressiva variedade, tanto das


atividades consideradas para contribuinte individual, como nas alíquotas e códigos
de contribuição/recolhimento; essa multiplicidade está diretamente relacionada aos
valores de pagamento, assim como das importâncias e tipos de benefícios a serem
recebidos, determinados pelo Ministério da Previdência Social e Ministério da
Fazenda.
Ou seja, o contribuinte individual que pretenda a aposentadoria por tempo
de contribuição, deverá recolher, mensalmente, a alíquota de vinte por cento do
salário que pretenda receber, desde que o valor não seja inferior a um salário
mínimo e não ultrapasse o teto anualmente determinado por Portaria Interministerial
MPS/MF nº 13, de 9/1/2015 (MINISTÉRIO DA PREVIDÊNCIA SOCIAL;
MINISTÉRIO DA FAZENDA, 2015), no caso do ano corrente, na qual o salário
mínimo de contribuição fica estipulado no valor de R$ 788,00, o mesmo do salário
mínimo nacional, e o teto máximo de contribuição fixado em R$ 4.663,75.
“A Lei nº 8.212/91 trata do contribuinte facultativo, ou seja, daqueles que
contribuem por vontade própria e, que, portanto, financiam o sistema tanto quanto os
contribuintes assim considerados por força de norma legal.” (CORREIA; CORREIA,
2007, p. 127).
A aposentadoria por tempo de contribuição independe da idade, a
mulher deve completar 30 anos de contribuição (360 recolhimentos) e o homem
94

35 anos de contribuição (420 recolhimentos); de acordo com a Lei nº 8.213, de


1991, nessa modalidade de recolhimento se enquadra a alíquota de 20%,
contudo, nessa faixa de tributo o trabalhador/contribuinte também pode se
aposentar por idade.
A pessoa pode se aposentar por idade aos sessenta anos, se mulher e
aos sessenta e cinco anos se homem, com um mínimo de quinze anos de
contribuição (180 recolhimentos), consecutivos ou não, a vantagem da
contribuição de 20% como contribuinte individual (Tabela 1) é que permite,
respeitando os limites máximos, a opção por um valor maior de salário.
O contribuinte facultativo, que recolhe 11% (Tabela 2), só poderá se
aposentar por idade, homem ou mulher e a contribuição só poderá ser efetuada
sobre o valor do salário mínimo vigente, situação que limita as opções de
modalidade e valores dos benefícios vinculados a esses recolhimentos.
Muitos contribuintes desconhecem essas informações quando do início
de suas atividades laborais, muitas vezes contribuem de maneira não adequada
ou vantajosa para o seu perfil; não são raras as situações em que o contribuinte,
durante todo o período de atividade, não realiza nenhum recolhimento e, por
conseguinte não fará jus a nenhum benefício previdenciário.
Neste contexto poderemos problematizar a situação com o
questionamento: cabe à Previdência Social e consequentemente ao Poder
Público a divulgação das informações junto à população usuária, ou, sendo esse
um interesse pessoal e uma política social pública o interessado deve recorrer à
legislação para o conhecimento de seus direitos e deveres?
Vários seriam os argumentos de ambas as partes em relação ao
conhecimento e entendimento da Legislação Previdenciária pela população,
contudo, conforme preconizado nas Diretrizes do Serviço Social, no que diz
respeito a defesa intransigente do direito, sem que haja a especificação de em
qual política pública irá atuar, além da responsabilidade e compromisso dos
profissionais do Serviço Social com os usuários das políticas públicas e sociais,
fica assim atribuído ao Assistente Social a tarefa e responsabilidade de
socialização das informações previdenciárias.
No que se refere ao Serviço Social na instituição previdenciária, a
Matriz Teórico Metodológica do Serviço Social (MINISTÉRIO DA PREVIDÊNCIA
SOCIAL, 1995, p. 16), preconiza:
95

Socializar as informações previdenciárias é um processo democrático e


político pelo qual se torna transparente o real pela comunicação, análise
crítica da burocracia institucional e o desvendamento do significado da
Previdência como política social. Esta ação oportunizará o acesso ao direito
com respostas concretas às demandas imediatas, o estabelecimento
articulado de ações coletivas e correlações de forças que conduzam a um
encaminhamento de mudanças.

Assim sendo, cabe ao Assistente Social, principalmente quando


exercendo suas funções na Política Previdenciária, a divulgação, a informação ao
usuário, seja de maneira individual ou coletiva, identificando as demandas, pontos
de maiores dúvidas, descerramento junto à rede socioassistencial e onde possa
identificar oportunidades de conhecimento na totalidade, para além do singular.
A realidade ocorrida nas Agências da Previdência Social é que os
atendimentos realizados pelo Serviço Social estão condicionados à individualidade,
à singularidade da pessoa acolhida, que quando muito, tem por expectador o familiar
que o acompanha, dessa maneira, as informações, apesar de importantes, são
menos difundidas e multiplicadas junto à população.
É fato que a sociedade não domina e em muitos casos os usuários
desconhecem totalmente a política previdenciária, mais difícil ainda é compreender a
lógica capitalista que embasa e estrutura o acesso e ainda mais difícil a concessão
de benefícios, e em muitos momentos, a perspectiva do favor, da ajuda emerge nas
relações entre o Instituto e os segurados.
Destarte, intencionamos possibilitar o entendimento dessa dinâmica,
diante da configuração da complexa estrutura previdenciária contemporânea e sua
legislação específica, principalmente pelo fato de que expressiva parcela da
população nacional desconhecer a finalidade e os princípios básicos que
normatizam a Previdência Social Brasileira.
O que “deveria” ser automático, tendo em vista o pagamento prévio pelo
direito aos serviços, em muitos momentos se configura em cenário de supressão dos
direitos, do não atendimento, do descaso, da falta de entendimento do usuário,
principalmente em casos de contribuintes individuais, facultativos, segurados
especiais (rural, pescador e indígena), contribuintes da modalidade baixa renda,
entre outros.
O Serviço Social, na perspectiva de ampliação do acesso aos usuários,
atua na busca do efetivo exercício do direito, principalmente de maneira a garantir a
proteção ao trabalhador, sem negligenciar, contudo, a população excluída do
96

mundo do trabalho e as situações individuais ou particulares, que são trabalhadas


de modo a serem inseridas em um contexto de totalidade.
A relação entre o Serviço Social e o usuário/segurado é
horizontalizada, visando assim a máxima aproximação da realidade vivida por
esses sujeitos, em muitos momentos na “contramão” da realidade Institucional,
em que muitas vezes o distanciamento é a característica predominante tanto nos
atendimentos técnicos, como especializados.

Trata-se de uma ação que na sua essência possibilita a potencialização


do coletivo e a sua continuidade, de forma sistemática com grupos de
usuários, configurando espaços contínuos de discussão conjunta, de
situações concretas vivenciadas no âmbito da previdência e proteção ao
trabalho. Esta ação pode também propiciar o desdobramento de outras
questões, com perspectivas de seqüência, contribuindo para o
fortalecimento da consciência do coletivo no encaminhamento de
reivindicações. (MINISTÉRIO DA PREVIDÊNCIA SOCIAL, 1995, p. 16).

A informação, contudo, vai além da aposentadoria já descrita, os


benefícios previdenciários são vários e não menos importantes em cada uma de
suas diversidades; amparam diversas situações imprevistas que ocorrem no
cotidiano social, doméstico e de trabalho da população brasileira.
O sistema econômico vigente no País é o capitalista; mudanças no
contesto mundial como: o processo de industrialização, a concentração de grande
número de pessoas nas grandes cidades, o êxodo, rural, as remunerações em
dinheiro pelo salário, entre outras situações, alteraram a forma de aquisição da
população; assim sendo, a população necessita de recursos financeiros para que
possa alcançar níveis dignos de vida e sobrevivência, o acesso aos meios
materiais, duráveis ou não, depende da compra que é feita com dinheiro.
Todavia o recebimento de benefícios vai além da proposta financeira;
uma vez que a pessoa tenha acesso à proteção previdenciária, a condição de
dependência da família e de peso fica menos evidente; trataremos dos tipos de
benefícios previdenciários e as exigências para o acesso em cada uma de suas
modalidades.
97

2.3 Benefícios previdenciários: constituição de uma outra mentalidade?

Os benefícios previdenciários deveriam assumir um contexto diferenciado,


representando a efetivação do acesso, materializando dessa maneira a condição de
proteção e seguridade social como se apresenta na legislação vigente, contribuindo,
dessa forma, com a proteção social, no âmbito da Seguridade Social, tendo em vista
as altas demandas que se apresentam e para as quais ficam condicionadas a
existência e finalidade da Instituição.
Mas, conforme preconizado na legislação, para que faça jus aos
benefícios previdenciários o trabalhador precisa estar em dia com suas contribuições
previdenciárias, quando interrompe ou em muitos casos, nunca efetuou nenhum
recolhimento junto à Previdência Social não terá acesso aos serviços.
A pessoa que nunca realizou nenhuma contribuição, não terá, de maneira
alguma “qualidade de segurado”12, ou seja, não poderá ser contemplado com
nenhum benefício previdenciário, assim como, quando interrompe as contribuições
por um período superior a doze meses, também poderá deixar de atender as
exigências para o acesso à Política Previdenciária.
Auxílio-doença, modalidade de benefício, é um dos mais procurados e o
que acarreta maior volume de trabalho, pois, desde o seu requerimento até a
aposentadoria por invalidez, fase final de um processo que se inicia com o
requerimento desta espécie de benefício, longo é este percurso até o acesso ou
indeferimento (o que ocorre em 54,2% dos casos de acordo com Dataprev, Anuário
Estatístico 2012); envolve grande volume de trabalho dos setores administrativos e
da perícia médica.

12
Art. 15. Mantém a qualidade de segurado, independentemente de contribuições:
I - sem limite de prazo, quem está em gozo de benefício;
II - até 12 (doze) meses após a cessação das contribuições, o segurado que deixar de exercer
atividade remunerada abrangida pela Previdência Social ou estiver suspenso ou licenciado sem
remuneração;
III - até 12 (doze) meses após cessar a segregação, o segurado acometido de doença de segregação
compulsória;
IV - até 12 (doze) meses após o livramento, o segurado retido ou recluso;
V - até 3 (três) meses após o licenciamento, o segurado incorporado às Forças Armadas para prestar
serviço militar;
VI - até 6 (seis) meses após a cessação das contribuições, o segurado facultativo. (Art.15, Lei nº
8.213/91).
98

Não seria exagero algum enunciar que este é um dos principais


benefícios procurado dentro do Regime Geral de Previdência Social. E
mais: talvez seja um dos mais importantes sob o ponto de vista da
proteção social, justamente porque busca resguardar os direitos do
trabalhador quando este não pode mais contar com sua força de
trabalho. No mais das vezes, porém, essa proteção se torna ineficaz,
pois esbarra na burocracia administrativa, especialmente no que respeita
aos serviços periciais mantidos pelo INSS. Como é notório, o setor
pericial não consegue dar conta de tanta complexidade com que se
apresentam os pedidos formulados pelos segurados, mormente quando
a significativa diversidade de doenças exige uma gama correspondente
de profissionais que, no mais das vezes, a Autarquia Securitária não
dispõe. (COSTA, J. R. C., 2011, p. 93).

Para que o trabalhador tenha direito ao auxílio-doença, deverá ter um


mínimo de doze contribuições, que é a carência exigida para que faça jus ao
benefício, essa carência pode ser fracionada, ou seja, os doze meses não precisam
ser consecutivos; o trabalhador ou contribuinte poderá ter os recolhimentos
fracionados durante sua vida profissional, contudo, devem ter sido recolhidos antes
que a pessoa entre com o requerimento, caso contrário, mesmo que a avaliação
médica seja favorável ao afastamento, o pedido será indeferido.
Outra condição para a negativa do pedido é quando o trabalhador inicia
suas contribuições ou se inscreve na Previdência com uma doença preexistente,
situação verificada ou determinada pelo perito médico, no momento do exame
pericial, que é realizado tanto nas Agências da Previdência Social (APS), como em
visita hospitalar ou domiciliar, havendo a constatação o indeferimento também
ocorre nesse caso.

§ 6º Não será devido auxílio-doença ao segurado que se filiar ao Regime


Geral de Previdência Social já portador da doença ou da lesão invocada
como causa para o benefício, salvo quando a incapacidade sobrevier por
motivo de progressão ou agravamento dessa doença ou lesão. (Lei nº
13
8.213/91. Art.60, §6º).

O auxílio-doença, em alguns casos, pode culminar em aposentadoria por


invalidez, não se pode precisar o tempo, em que situação de enfermidade ou mesmo
que tipo de moléstia poderá ser considerada permanente, algumas prerrogativas do
senso comum não devem ser levadas em consideração por exemplo: “Aids
aposenta”; “Câncer aposenta”, entre outras, para todas as situações cabe a análise
da perícia médica, independentemente da doença, idade ou tempo de contribuição
do requerente.
13
BRASIL, 1991b.
99

Art. 42. A aposentadoria por invalidez, uma vez cumprida, quando for o
caso, a carência exigida, será devida ao segurado que, estando ou não em
gozo de auxílio-doença, for considerado incapaz e insusceptível de
reabilitação para o exercício de atividade que lhe garanta a subsistência, e
ser-lhe-á paga enquanto permanecer nesta condição.
§ 1º A concessão de aposentadoria por invalidez dependerá da
verificação da condição de incapacidade mediante exame médico-pericial a
cargo da Previdência Social, podendo o segurado, às suas expensas, fazer-
se acompanhar de médico de sua confiança.
§ 2º A doença ou lesão de que o segurado já era portador ao filiar-se
ao Regime Geral de Previdência Social não lhe conferirá direito à
aposentadoria por invalidez, salvo quando a incapacidade sobrevier por
motivo de progressão ou agravamento dessa doença ou lesão.
Art. 43. A aposentadoria por invalidez será devida a partir do dia
imediato ao da cessação do auxílio-doença, ressalvado o disposto nos §§
1º, 2º e 3º deste artigo.
§ 1º Concluindo a perícia médica inicial pela existência de
incapacidade total e definitiva para o trabalho, a aposentadoria por invalidez
será devida: (Redação dada pela Lei nº 9.032, de 1995)
a) ao segurado empregado, a contar do trigésimo primeiro dia do
afastamento da atividade ou a partir da entrada do requerimento, se entre o
afastamento e a entrada do requerimento decorrerem mais de trinta
dias; (Redação Dada pela Lei nº 9.876, de 26.11.99); (Vide Medida
Provisória nº 664, de 2014).
b) ao segurado empregado doméstico, trabalhador avulso, contribuinte
individual, especial e facultativo, a contar da data do início da incapacidade
ou da data da entrada do requerimento, se entre essas datas decorrerem
mais de trinta dias. (Redação Dada pela Lei nº 9.876, de 26.11.99)
o
§ 2 Durante os primeiros trinta dias de afastamento da atividade por
motivo de invalidez, caberá à empresa pagar ao segurado empregado o
14
salário. (Lei 8213/91).

Em caso de acidente, com exceção do acidente vascular cerebral, pois é


resultado de doença ou distúrbio; o protocolo do benefício é também chamado
Auxílio Doença, com o diferencial que a incapacidade ocasionada por acidente de
qualquer natureza isenta a carência, contudo exige a qualidade de segurado.
O acidente poderá também ter como consequência a aposentadoria por
invalidez, em muitos casos sem nem mesmo haver sido cumprida a carência de
doze meses exigida pelo auxílio-doença, essa situação serve de alerta para a
formalização dos vínculos de trabalho, entendendo que o “sujar a carteira”15, quando
o empregado ou empregador querem apenas verificar o interesse recíproco não é
oficializado.

14
BRASIL, 1991.
15
Existe uma concepção popular que se a pessoa trabalha por pouco tempo em uma empresa “suja a
carteira”, na verdade a única situação onde o percurso profissional do trabalhador fica
comprometido é nos casos de demissão por justa causa; na verdade um dia de trabalho
formalizado, junto ao INSS pode representar a manutenção da qualidade de segurado, a segurança
em casos de acidente, de morte ou de prisão do segurado (considerando as devidas alterações
realizadas na MP nº 664, no trabalho), além disso, o período de contribuição realizado no mês
nunca é perdido, sempre é somado aos outros períodos, tanto para cumprimento de carências,
como para contabilização no tempo necessário para aposentadoria.
100

O mais comum, sob o ponto de vista administrativo, é a permanência do


segurado por muito tempo em gozo de auxílio doença, por vezes em
sucessivos e descontínuos períodos, tenho a Previdência Social sempre
cautela, para usarmos uma expressão elegante, em conceder esse
benefício que possui um traço de durabilidade que se traduz, na prática, por
permanência. Isso porque, embora não seja definitivo e permanente, uma
vez que o segurado poderá, em tese vir a readquirir sua capacidade laboral
e retornar ao mercado de trabalho, com a suspensão paulatina do benefício,
o traço de permanência no tempo é a regra geral deste benefício. (COSTA,
2011, J. R. C., p. 94).

Pensão por morte, devida aos dependentes do trabalhador segurado, ou


em recebimento de benefício previdenciário, sendo que é oportuna a informação de
que os dependentes diretos e de primeiro grau são: o cônjuge ou companheiro, os
filhos até vinte e um anos, ou filhos inválidos, o menor tutelado e enteado, sendo
que a existência de qualquer dependente de primeiro grau exclui, automaticamente
os dependentes de segundo grau.
Os pais, irmãos até vinte e um anos de idade, ou irmãos inválidos; no
caso da existência de dependentes de segundo grau, faz-se necessária a
comprovação de dependência econômica, o que não é exigido para os dependentes
de primeiro grau no qual a dependência é presumida.
Os dependentes receberão o benefício a partir da data do óbito quando o
requerimento for protocolado até trinta dias após o falecimento, a partir deste
período o benefício será pago quando da data de requerimento do mesmo; é de
ampla importância o conhecimento da não prescrição do direito neste caso, pois
caso o óbito demore a ser lavrado, por decorrência das mais diversas adversidades,
a família poderá a qualquer momento requerer o benefício.

Art. 74. A pensão por morte será devida ao conjunto dos dependentes do
segurado que falecer, aposentado ou não, a contar da data: (Redação dada
pela Lei nº 9.528, de 1997)
I - do óbito, quando requerida até trinta dias depois deste; (Incluído pela Lei
nº 9.528, de 1997)
II - do requerimento, quando requerida após o prazo previsto no inciso
anterior; (Incluído pela Lei nº 9.528, de 1997)
III - da decisão judicial, no caso de morte presumida. (Incluído pela Lei nº
9.528, de 1997)
§ 1º Não terá direito à pensão por morte o condenado pela prática de crime
doloso de que tenha resultado a morte do segurado. (Incluído pela Medida
Provisória nº 664, de 2014)
§ 2º O cônjuge, companheiro ou companheira não terá direito ao benefício
da pensão por morte se o casamento ou o início da união estável tiver
ocorrido há menos de dois anos da data do óbito do instituidor do benefício,
salvo nos casos em que: (Incluído pela Medida Provisória nº 664, de 2014).
101

I - o óbito do segurado seja decorrente de acidente posterior ao


casamento ou ao início da união estável; ou (Incluído pela Medida
Provisória nº 664, de 2014).
II - o cônjuge, o companheiro ou a companheira for considerado incapaz e
insuscetível de reabilitação para o exercício de atividade remunerada que
lhe garanta subsistência, mediante exame médico-pericial a cargo do
INSS, por doença ou acidente ocorrido após o casamento ou início da
união estável e anterior ao óbito. (Incluído pela Medida Provisória nº 664,
de 2014).

Salário-maternidade é o benefício pago as trabalhadoras, em caso de


parto, mesmo de bebê natimorto ou aborto e aos trabalhadores homens e mulheres
que adotem uma criança, direito recente, garantido pela Lei nº 12.873, de outubro de
2013, caso a adoção seja concomitantemente de mais de uma criança o valor e
período de afastamento não é cumulativo; se as partes envolvidas forem duas
mulheres, não poderá haver dois pedidos do benefício para um mesmo processo de
adoção.

Muito embora não seja um auxílio propriamente dito, julgamos importante


analisar este benefício, mormente quando é bastante procurado e possui
uma função social fundamental: propicia que a mãe tenha um período de
até no máximo cento e vinte dias, justamente para que possa se dedicar ao
filho que nascera. (COSTA, J. R. C., 2011, p. 132).

Em qualquer uma das situações, a carência para o recebimento do


benefício é de dez contribuições para contribuinte individual, facultativo e segurado
especial; para o empregado, empregado doméstico e trabalhador avulso não há
carência; o desempregado precisa ter qualidade de segurado, ou mesmo contribuir,
quando for o caso; nos casos de perda da qualidade de segurado, o trabalhador
deverá cumprir um terço da carência que no caso do salário-maternidade
corresponde a três contribuições.

Possuem direito a este benefício a segurada que esteja em atividade ou


contribuído como segurada facultativa, não esquecendo que o requisito
básico é que as seguradas tenham o vínculo com a Previdência Social.
Além disso a Previdência Social exige que a empregada, a desempregada,
a empregada doméstica, a trabalhadora avulsa precisam somente
comprovar a existência de contribuição, não existindo um número mínimo
para obter o benefício. (COSTA, J. R. C., 2011, p. 132-133).

O período de recebimento do benefício é de cento e vinte dias em caso


de parto, adoção ou guarda judicial com a finalidade de adoção, independentemente
da idade da criança, limitando-se a doze anos de idade; o tempo é o mesmo para o
102

caso de natimorto e de aborto espontâneo, ou amparados pela legislação, quando é


o caso de risco de vida para a parturiente ou estupro.
Auxílio-reclusão, que ao contrário das suposições das massas, é devido
aos dependentes da pessoa, que por algum motivo ou delito, foi privada da sua
liberdade; além disso é necessário que tenha qualidade de segurado, ou seja, estar
vinculado e contribuindo com a Previdência Social, de acordo com art.15 da Lei nº
8.213/1991.
Além disso, entende-se tratar-se de Benefício para famílias de baixa
renda, preconizado pelo Artigo 201, da Constituição Federal de 1988, Inciso IV, uma
vez que determina um teto salarial para o salário do segurado no mês da reclusão,
hoje afixado em R$ 1.089,72, independentemente da quantidade de contratos e de
atividades exercidas. (Atualizado de acordo com a Portaria Interministerial MPS/MF
nº 13, de 09/01/2015).

É neste sentido que alguns autores afirmam que a “alteração constitucional


é merecedora de crítica, pois deixa ao desemparo a família do segurado
com renda superior ao limite legal, impedido de trabalhar em virtude do
encarceramento. Aliás, esse benefício tem justamente a finalidade de prover
a manutenção da família do preso.” (ROCHA apud COSTA, J. R. C., 2011,
p. 128).

A família, muitas vezes, tem como única fonte de renda o salário do titular
do benefício, que uma vez, privado da liberdade, não terá condição de trabalho e,
consequentemente, de prover o sustento de seus dependentes, mesmo que quando
em liberdade seu salário tenha sido superior ao teto determinado; assim sendo,
várias são as ações interpostas junto à Justiça Federal para que seja concedido o
benefício.

Este benefício, há muito tempo na mira de extinção, está sempre na mídia


que o vincula, maldosamente, ao fato de o operário público pagar ao preso
(pois está obliterado no discurso midiático o fato deste ter uma família,
como qualquer outro cidadão) aumentando o ônus social para com este. Na
verdade, sob o ponto de vista prático, a investidura da Portaria do MPAS nº
525/02, como vimos, é de redução drástica dos candidatos à percepção
deste benefício. Isso porque o INSS passa a considerar a renda recebida
pelo segurado detento e não a renda de sua família após a sua prisão.
(COSTA, 2011, J. R. C., p.129).

Salário-família, também destinado às famílias de baixa-renda, de acordo


com referência constitucional idêntica à do auxílio reclusão, garante ao trabalhador
um benefício, pago juntamente com seus vencimentos mensais, para cada filho
103

menor de quatorze anos, ou aos enteados e tutelados (sendo que estes deverão
comprovar a situação de dependência).
Destarte, o valor do salário-família será de R$ 37,18, por filho de até 14
anos incompletos ou inválido, para quem ganhar até R$ 725,02. Já para o
trabalhador que receber de R$ 725,02 até R$1.089,72, o valor do salário-família por
filho de até 14 anos de idade ou inválido de qualquer idade será de R$
26,20. (Portaria Interministerial MPS/MF nº 13, de 9 de Janeiro de 2015 - DOU de
12/1/2015).
O Auxílio-acidente decorre da indenização ocasionada por lesão
permanente, situação em que a capacidade laboral do contribuinte fica
comprometida, concedido para o segurado em gozo de auxílio-doença acidentário,
ou previdenciário; nessa modalidade de benefício são contemplados o empregado, o
trabalhador avulso e o segurado especial.
Consequentemente, estão excluídos deste tipo de cobertura
previdenciária o empregado doméstico, os contribuintes individual e facultativo; o
valor do benefício corresponde a cinquenta por cento do valor recebido estando em
auxílio doença e pode ser cumulativo com outros benefícios previdenciários (exceto
a aposentadoria por invalidez e auxílio-doença recorrente da lesão).
O benefício de auxílio-acidente, em caso específico, preserva a qualidade
de segurado do preceptor, que pode, sem prejuízo dos valores, exercer atividades
laborais quaisquer, sendo que o valor do benefício será somado aos salários de
contribuição para o cálculo do valor médio de aposentadoria, quando for o caso.
Outros são os benefícios previdenciários, contudo não são o foco maior
da pesquisa, entretanto, cabe ressaltar que para todos os benefícios elencados cabe
o pagamento de abono anual (décimo terceiro salário): “Será devido abono anual ao
segurado e ao dependente que, durante o ano, recebeu auxílio-doença, auxílio-
acidente, aposentadoria, salário maternidade, pensão por morte ou auxílio-reclusão.”
(Art. 120 do Decreto nº 3.048/1999) (BRASIL, 1999a).
Majoração é pago às pessoas aposentadas por invalidez, e somente
nessa modalidade de benefício, que precisem da ajuda de terceiros, cabe a
indenização, situação na qual é realizado um acréscimo de vinte e cinco por cento
do salário que o aposentado recebe, para fazer jus ao benefício é necessário
requerimento prévio e exame médico pericial que confirme a dependência ou
incapacidade agravada.
104

Tão ou menos divulgado que o auxílio-reclusão, se trata de auxílio vinculado


ao benefício da Aposentadoria por Invalidez. Segundo preceitua o art.45, da
Lei 8.213/91, “o valor da aposentadoria por invalidez do segurado que
necessitar da assistência de outra pessoa será acrescido de 25% (vinte e
cinco por cento)”. Esse valor, conforme o parágrafo único desse mesmo
artigo, será devido mesmo que a aposentadoria alcance o teto máximo
legal, sendo reajustado na mesma data em que o benefício principal (da
invalidez) for reajustado, cessando com a morte do aposentado, uma vez
que seu valor não é incorporado ao benefício da pensão por morte.
(COSTA, 2011, J. R. C., p. 131).

Inúmeros são os casos da necessidade do apoio de terceiros,


independentemente que o segurado seja aposentado por invalidez; a condição se
ampara na necessidade vivenciada pelo indivíduo ou na modalidade de
aposentadoria em que foi realizado o processo? Cabe a análise da proteção das
políticas neste caso, o que em muitos momentos é feita pelo Poder Judiciário, uma
vez que os Poderes Legislativo e Executivo não contemplam o contribuinte.
Um exemplo muito comum dessa situação é a pessoa que se aposenta
por idade, ou seja, a própria condição já presume vários comprometimentos
acarretados pelos anos de vida e de trabalho, que por muitas vezes danificam a
pessoa tanto física como psicologicamente, implicando em breve necessidade do
apoio de terceiros e agravamento do seu estado de saúde.
Quanto ao aposentado por tempo de contribuição, poderá este ter
contribuído muito mais tempo do que o segurado que se aposentou por invalidez, o
que pode não ser justo ao entender que pagou por todos os benefícios, inclusive a
majoração, contudo não houve alteração recente na lei e a alternativa dos
segurados nesta situação é recorrer ao Poder Judiciário.
Frente a estes inúmeros impasses eis que surge o curativo, um paliativo
não só para as lacunas imensas da desproteção previdenciária, mas também para
as situações nas quais a família é financeiramente classificada como impossibilitada
de “sustentar” o indivíduo; contudo deve estar esse com mais de sessenta e cinco
anos, ou então ser pessoa com deficiência, conforme regulamentação da Lei
8.742/93, a Lei Orgânica da Assistência Social, situações nas quais muitas vezes
apresenta maior relevância na supressão do que na inserção desses beneficiários.
105

2.4 Benefício Assistencial: superação da ajuda, da seletividade e do direito?

Seguindo a lógica da pesquisa, quanto ao objetivo de conhecer o sistema


de proteção social no âmbito da Seguridade Social, é condizente conhecer o
Benefício de Prestação Continuada (BPC), que corresponde ao maior benefício
eventual pago pela Política de Assistência Social.
Primeiramente, conhecido como renda mensal vitalícia, o benefício
assistencial era direcionado à pessoa idosa, com mais de setenta anos, ou a pessoa
com deficiência, e de maneira análoga ao benefício na atualidade, que não
realizasse nenhuma atividade remunerada e não tivesse condições de manter sua
própria sobrevivência e nem de tê-la suprida por sua família.
Contudo, de acordo com a Lei nº 6.179/1974, deveria ainda:

I – tenham sido filiados ao regime INPS, em qualquer época, no mínimo por


12 (doze) meses, consecutivos ou não, vindo a perder qualidade de
segurado; ou
II – tenham exercido atividade remunerada atualmente incluída no regime
do INPS ou do FUNRURAL, mesmo sem filiação à Previdência Social, no
mínimo por 5 (cinco) anos, consecutivos ou não; ou ainda
III – tenham ingressado no regime INPS após completar 60 (sessenta) anos
de idade sem direito aos benefícios regulamentares. (VIANNA, 2014, p. 33).

O valor de benefício pago era de meio salário mínimo, o que foi alterado
com a Constituição Federal de 1988, passando a vigorar que nenhum valor do
benefício pago pela Previdência Social, em substituição ao salário da pessoa
inserida no mercado de trabalho, seria inferior a um salário mínimo.
A Carta Magna, garante ainda em seu texto da Assistência Social, que
será garantido o valor de um salário mínimo, às pessoas nas mesmas condições
exigidas para o recebimento da renda mensal vitalícia, de acordo com a lei; que foi
publicada em 1993, conhecida como Lei Orgânica da Assistência Social (LOAS).
Várias pessoas ainda recebem o benefício de renda mensal vitalícia,
contudo com as devidas correções de valores; de acordo com Vianna (2014, p.33)
“[...] as novas exigências são menos rígidas do que aquelas previstas na Lei nº
6.179/74.” Ainda assim, somente em 1995, sete anos após a promulgação da
Constituição Federal de 1988, foi concedido o novo benefício, ou ainda, Benefício de
Prestação Continuada (BPC).
106

A Lei nº 8.742/93 sofreu algumas alterações, entre elas as determinadas


pela Lei 12.435 de 2011, a saber:

Uma alteração importante foi o conceito de unidade familiar, em que tem-se


como família composta pelo requerente, o cônjuge ou companheiro, os pais
e, na ausência de um deles, a madrasta ou o padrasto, os irmãos solteiros,
os filhos e enteados solteiros e os menores tutelados, desde que vivam sob
o mesmo teto.
Antes a definição de família pela LOAS estava condicionada ao artigo 16,
da Lei n.º 8.213. Segundo essa lei, são dependentes do segurado: o
cônjuge, o companheiro, o filho não emancipado, de qualquer condição,
menor de 21 anos ou inválido; os pais; e o irmão não emancipado, menores
de 21 anos e inválidos. O enteado e o menor tutelado equiparam-se a filho,
mediante comprovação de dependência econômica e desde que não
possuam bens suficientes para o próprio sustento e educação. (GARCIA,
2011).

Os casos nos quais os irmãos ou filhos solteiros, sendo maiores de vinte


e um anos, que contribuíram para a diminuição da renda per capta foram poucos,
até mesmo porque, nessa idade, as pessoas já estão, provavelmente, em situação
econômica ativa, que, vivendo sob o mesmo teto do requerente e, ao contrário,
aumentam a receita familiar, contribuindo assim para o indeferimento dos benefícios.

Na redação anterior, a Lei nº 8.742/93 tomava emprestado o conceito de


dependentes previdenciários fixado na Lei nº 8.213/91 para conceituar a
família, causando uma séria inconsistência, senão vejamos. Na hipótese de
a mãe - ou de o pai – residir com filhos menores de 21 anos que não
trabalhassem, sua renda seria dividida por todos para fins de cálculo de
renda per capta, noutra hipótese, quando a mãe – ou pai – residisse com
filhos maiores de vinte e um anos, a renda desses seria excluída do cálculo,
permitindo que, mesmo numa situação de elevada renda familiar, os pais
tivessem direito ao LOAS. (VIANNA, 2014, p. 34).

A legislação vigente considera apenas o valor da renda familiar para a


concessão do benefício, sem ponderar, contudo, questões subjetivas como a
dignidade humana, autonomia do ser social e principalmente o reconhecimento do
direito, que muitas vezes contribuiu com a sociedade, criou e educou os filhos com
árduos trabalhos, em muitos momentos não formalizados.
Ao fim de sua trajetória se vê obrigado a viver com os filhos, sem renda
própria, e mesmo que o benefício não contribua muito no orçamento familiar,
viabiliza a sensação da não dependência, ou seja, do idoso ou da pessoa com
deficiência não se sentir um peso, um entrave para o grupo familiar.
107

Situação inversa é também comum, quando o benefício assistencial do


idoso, ou da pessoa com deficiência é a única renda mensal da família, o que em
muitos casos proporciona uma situação de importância ao sujeito, nesse caso, por
consequência do recebimento, passa a assumir uma posição de destaque no grupo
familiar.
Outra alteração importante dada pela Lei 12.435 de 2011 foi a determinar
um período mínimo para a incapacidade no caso de BPC, levando-se em conta que
em muitas situações o trabalhador que se machucava, ou sofria um acidente e não
estava vinculado ao sistema Previdenciário, buscava o benefício como alternativa ao
Auxílio Doença, cobertura para a qual não possuía qualidade de segurado.
Tal alteração abre alguns precedentes de indeferimento, por parte da
perícia médica, que em muitos momentos não se aplicam à realidade vivenciada
pelos usuários ou requerentes do Benefício, independentemente da doença, ou do
grau de impedimento que a pessoa tenha, se o perito pontua que o período de
incapacidade é inferior aos dois anos, o será indeferido.

O laudo pericial que atesta a incapacidade para a vida laboral e a


capacidade para a vida independente, pelo simples fato da pessoa não
necessitar da ajuda de terceiros para se alimentar, fazer sua higiene ou se
vestir, não pode obstar a percepção do benefício, pois, se esta fosse a
conceituação da vida independente, o benefício de prestação continuada só
seria devido aos portadores de deficiência tal que suprimisse a capacidade
de locomoção do indivíduo. (VIANNA, 2014, p. 34).

Operacionalizado pelo Instituto Nacional de Previdência Social (INSS),


contudo, implantado e monitorado pelo Ministério de Desenvolvimento Social e
Combate à Fome (MDS), o Benefício de Prestação Continuada (BPC) muitas vezes
é confundido com Benefício Previdenciário (Aposentadoria), seja por ser
operacionalizado na Previdência Social, ou por se tratar de um benefício mensal,
cujo valor é de um salário mínimo.

Art. 2º Compete ao Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à


Fome, por intermédio da Secretaria Nacional de Assistência Social, a
implementação, a coordenação geral, a regulação, financiamento, o
monitoramento e a avaliação da prestação do benefício, sem prejuízo das
iniciativas compartilhadas com Estados, Distrito Federal e Municípios, em
consonância com as diretrizes do SUAS e da descentralização político-
administrativa, prevista no inciso I do art. 204 da Constituição e no inciso I
do art. 5º da Lei nº 8.742, de 1993.
108

Art. 3º O Instituto Nacional do Seguro Social - INSS é o responsável pela


operacionalização do Benefício de Prestação Continuada, nos termos deste
Regulamento. (Decreto 6.214 de 26 de setembro de 2007). (BRASIL,
2007c).

Há, portanto, uma miscelânea, na concepção de Seguridade Social, em


relação aos direitos dos trabalhadores e benefícios assistenciais, principalmente
com a publicação do Decreto nº 6.214, de 2007, que regulamenta o Benefício de
Prestação Continuada (BPC), como garantia de proteção social ao idoso e à pessoa
com deficiência de acordo com o estabelecido pela Política nacional de Assistência
Social.

A exigência da lógica do seguro e a impossibilidade de sua manutenção


para todos os trabalhadores, sobretudo para os desempregados, empurram
esse trabalhador para demandar a outra lógica, a lógica social, do direito
não contributivo. Assim, aqueles que não contribuem, que não estão
inseridos em uma relação de trabalho estável e que não têm direito ao
benefício contributivo, tornam-se potenciais demandantes da lógica social,
do benefício não contributivo. (BOSCHETTI, 2004, p. 6).

O principal nó de compreensão para a população usuária se dá


justamente na operacionalização de um benefício assistencial, que de acordo com o
art. 3 do Decreto nº 6.214/2007, determina ao Instituto Nacional do Seguro Social –
(INSS) a responsabilidade pela operacionalização do Benefício de Prestação
Continuada, para o qual não é exigido nenhum tipo de contribuição ou pagamento
prévio, o que inúmeras vezes a população entende que o beneficiário está
aposentado.
Este decreto inova a concessão do benefício quando regulamenta a
avaliação multiprofissional para a concessão, que deverá ser realizada por
Assistente Social e médico perito, na própria Agência da Previdência Social, ou
mediante visita hospitalar ou domiciliar, conforme a necessidade do requerente.

Art. 17. Na hipótese de não existirem serviços pertinentes para avaliação


da deficiência e do grau de impedimento no município de residência do
requerente ou beneficiário, fica assegurado o seu encaminhamento ao
município mais próximo que contar com tal estrutura, devendo o INSS
realizar o pagamento das despesas de transporte e diárias com recursos
oriundos do Fundo Nacional de Assistência Social. (Redação dada pelo
Decreto nº 7.617, de 2011).
§ 3º Caso o requerente ou beneficiário esteja impossibilitado de se
apresentar no local de realização da avaliação da deficiência e do grau de
impedimento a que se refere o caput, os profissionais deverão deslocar-se
até o interessado. (Redação dada pelo Decreto nº 7.617, de 2011). (Decreto
6.214 de 26 de setembro de 2007).
109

Vários são ainda os desafios para uma política eficiente de seguridade


social, especialmente no horizonte previdenciário, no qual a população tenha
conhecimento e entendimento de seus direitos, assim como da forma de acesso;
combinando essa perspectiva com um atendimento de qualidade de acordo com a
atual missão previdenciária possa: “Garantir proteção ao trabalhador e sua
família, por meio de sistema público de política previdenciária solidária,
inclusiva e sustentável, com o de promover o bem-estar social.”.
Complementando a proposta da missão previdenciária a missão
institucional se contextualiza de um caráter ainda mais pretensioso: “Ser
reconhecido como patrimônio do trabalhador e sua família, pela
sustentabilidade dos regimes previdenciários e pela excelência na gestão,
cobertura e atendimento”.
Se as propostas da missão e mais ainda da visão previdenciária
explicitam a perspectiva de proteção, por que na realidade constatamos fatos tão
diferentes? Por que a concretude dessas proposições nos parece ainda mais
distante? Como entender a destoância entre a sugestão e a capacidade de
efetivação, pelo menos do contexto relacionado à proteção? Qual o motivo de
tamanha disparidade entre o que é preconizado pela instituição e da maneira como
o segurado é encaminhado em seu interior? As recentes alterações na legislação
objetivam a resolução desses, entre outros questionamentos?
CAPÍTULO 3
ALTERAÇÕES CONTEMPORÂNEAS DA PREVIDÊNCIA SOCIAL
111

3.1 Lei nº 12.470: outro contexto de confirmação da pobreza?

A preocupação e proteção com os indivíduos que não possuem renda,


que se dedicam exclusivamente ao trabalho doméstico, aos pertencentes às famílias
de baixa renda, que não possuem vínculo formal de emprego, sempre esteve
presente em muitas propostas do poder legislativo.
Projetos de Lei como os de nº 497 (Anexo E), nº 845 (Anexo F) e nº 1.475
(Anexo G), há mais de quarenta anos foram apresentados à Câmara dos Deputados
Federais, e apresentavam propostas muito pertinentes, entre as quais: a defesa dos
direitos da mulher, filiação previdenciária e aposentadoria, questões essas que vão
além do direito previdenciário.
O Projeto de Lei nº 5.933, de 2005 (Anexo I), já trazia para o debate
aspectos que envolvem essa população sem renda própria que vive, ou melhor
dizendo, sobrevive no sistema de trabalho, civil e previdenciário no Brasil; assim
sendo, a preocupação com o acesso à essas políticas, já se fazia presente:

Art. 1º. Fica instituído o sistema especial de inclusão previdenciária


destinado aos trabalhadores sem renda própria, que se dediquem
exclusivamente ao trabalho doméstico no âmbito de sua residência, desde
que pertencentes a famílias de baixa renda. Parágrafo Único. O sistema
integrará a Previdência Social, devendo operar por meio dos dispositivos
constantes na presente Lei.

O trabalho doméstico, em especial envolvendo mulheres, mas também


incluindo nesse grupo homens e familiares, que de maneiras diversas e muitas
vezes precarizada, dedicam muitas horas de trabalhos domésticos cotidianos,
cuidados com enfermos, crianças ou outros membros da família.

É sabido por todos que uma parcela significativa da nossa população dedica
maior parte das horas (segundo estudos em torno de 50 horas semanais) e
dias de suas vidas para atividades que até há pouco a sociedade não
reconhecia como “produtivas”. As mães que cuidam de seus filhos, as avós
que cuidam dos netos, as esposas que cuidam dos lares, as viúvas
impossibilitadas de trabalhar pelos afazeres domésticos, as desquitadas ou
divorciadas que se vêem com tarefas e responsabilidades multiplicadas.
Enfim, são inúmeros casos comprovados de mulheres (e mesmo de alguns
homens em casos isolados), que exercem atividades essenciais para a sua
família e para o conjunto da sociedade, mas não recebem a correspondente
reconhecimento coletivo quando passam a ter o direito à aposentadoria. (PL
5.933/2005, p. 4).
112

Pela primeira vez o acesso à política previdenciária considera a condição


familiar, indo além do individualismo característico do sistema econômico vigente no
país; não são raros os casos em que ficam limitados às responsabilidades
domésticas não por opção, mas por estarem impossibilitados de exercer atividades
remuneradas.

No caso das unidades familiares em que a mulher se vê impossibilitada de


buscar um espaço no mercado de trabalho, o quadro é ainda mais grave.
Além da situação de pobreza e miséria, a mulher é totalmente dependente do
marido em termos econômicos e financeiros, o que só reforça as dificuldades
de um relacionamento de maior igualdade e harmonia. No conjunto da
sociedade, passa a ser reconhecido seu esforço de vida como sendo de
trabalho, ainda que aparentemente invisível. No interior da unidade familiar,
sua autonomia se vê reforçada com a titularidade e o recebimento de um
benefício mensal em seu nome. (PL nº 5.933/2005, p. 5).

A preocupação com a condição de vida, não só do trabalhador doméstico,


mas, de como sua situação interfere de maneira positiva ou negativa na condição da
família como um todo, também faz parte da discussão da proteção social e
previdenciária para essa população específica, deixando muito explícita a
historicidade e particularidade desse pensamento refletido nos projetos de lei.

Uma outra razão para sua justeza é que a população a ser atendida são
mulheres que pertencem a famílias de baixa renda, e assim, esse benefício
tem um caráter redistributivo, contribuindo para a elevação da renda
familiar, tal como as atuais aposentadorias rurais. Finalmente, se coloca o
argumento Coordenação de Comissões Permanentes de que este projeto
de inclusão social teria um forte componente de gênero, corrigindo
desigualdades históricas e conferindo autonomia na velhice às atuais
mulheres donas de casa, hoje dependentes dos maridos e/ou dos filhos e
parentes. (PL nº 5.933/2005, p. 5-6).

A questão da mulher pode ser também observada no Projeto de Lei nº


598, de 2007 - assunto discutido há muitos anos e por autores como Engels,
Antunes, Hirata, Carloto, Mészáros, entre outros - em que a família, que é
considerada espaço de proteção social, de segurança e bem-estar de seus
membros, muitas vezes tem na mulher a figura central.
Ao mesmo tempo, a divisão do trabalho já ocorre no interior desse
horizonte caseiro, íntimo e privado, que de maneira natural e inevitável se expande
para o ambiente público, no qual a mulher passa a ser reconhecida como sujeito de
direitos, protagonista não só de suas famílias, mas socialmente assim reconhecida.
113

Entretanto, muitas vezes, essas mesmas mulheres reproduziam em seus


ambientes de trabalho a situação vivenciada em suas casas, em tarefas que
reportavam seus cotidianos no ambiente de trabalho, isto é: em atividades de
cuidadoras, de limpeza, de cozinha, prestando serviços para outras famílias e, em
muitos casos, sem a devida formalização do vínculo de trabalho.

O fato de uma mulher chegar à idade de se aposentar e nunca ter tido um


vínculo formal de trabalho não pode ser utilizado mais como argumento que
a impeça de ter acesso a tal benefício. Seu tempo de contribuição, ou seja,
anos de trabalho no interior do lar e junto à família passarão a ser elemento
de comprovação para solicitar um tipo especial de benefício junto à
Previdência Social de nosso País.
Essa reivindicação histórica do movimento das mulheres, em especial
aquelas pertencentes às camadas mais desfavorecidas da nossa
população, torna-se realidade a partir do grande avanço proporcionado pela
promulgação da Emenda Constitucional nº 47, em 5 de julho de 2005. Tal
alteração constitucional, derivada da chamada PEC Paralela da
Previdência, proporciona a novidade. Os §§ 12 e 13 do art. 201 da Carta
Magna recebem redação de forma a prever, entre outras indicações, que lei
dispusesse sobre sistema especial de inclusão previdenciária para atender
a trabalhadores “sem renda própria que se dediquem exclusivamente ao
trabalho doméstico no âmbito de sua residência, desde que pertencentes a
famílias de baixa renda, garantindo-lhes acesso a benefícios de valor igual a
um salário-mínimo”. Além disso, tal sistema de inclusão previdenciária “terá
alíquotas e carências inferiores às vigentes para os demais segurados do
regime geral de previdência social”. (Projeto de Lei nº 598/2007, p. 4).
(Anexo J).

Após movimentos e lutas sociais, transformou-se a Medida Provisória nº


529, de 7 de abril de 2011, na Lei nº 12.470, de 31 de agosto de 2011, que
popularmente ficou conhecida em todo território nacional como a “Lei das Donas de
Casa”, que trata, entre outros assuntos, da redução da alíquota de contribuição
previdenciária para as (os) donas (os) de casa.
Ações, movimentos, lutas em prol da igualdade do direito das mulheres e
no caso o previdenciário, estão sempre presentes no contexto mundial e nacional,
entretanto, um valor diferenciado de alíquota, visando a inserção desse público na
política previdenciária é ponderado pela primeira vez, mesmo que essa contribuição
seja obrigatoriamente sobre um salário-mínimo.
Seria essa exigência a confirmação e prorrogação do estado de pobreza
desses indivíduos? Tendo em vista que o salário-mínimo vigente no País é
insuficiente para suprir as despesas básicas mínimas de um indivíduo e mais ainda
de uma organização familiar? Apesar da legalização e contemplação da condição de
114

trabalhador, os valores estipulados estão muito aquém da proposta de proteção ou


autonomia.

Os números mostram que existem, hoje no Brasil, em torno de 1 milhão de


mulheres donas de casa que já têm 60 anos e não recebem nenhum
benefício por seu trabalho. Estas mulheres, em sua maioria, estão nas
periferias das grandes metrópoles no mais completo abandono. Com a
precariedade das políticas públicas sociais, milhares de mulheres
assumiram a função que é do Estado e da sociedade por definição
constitucional. Mas são estas mulheres, as donas de casa, que cuidam dos
milhões de crianças que não têm acesso a creche ou que não tem onde
ficar no turno inverso de suas atividades escolares. São as donas de casa
que estão cuidando dos portadores de deficiência, dos idosos e dos
doentes. Segundo dados do IBGE, dos 37% de lares chefiados por
mulheres, mais de 80% são sustentados exclusivamente por elas. Para
além disto, confiamos que esta lei vai incidir fortemente no combate à
pobreza e às desigualdades. As mulheres donas de casa em sua grande
maioria são negras para as quais foi negado o direito à educação, ao
trabalho e ao acesso à renda. (Projeto de Lei nº 5.935/2005, p. 6).

Acreditava-se, a partir desta publicação, na concretização de várias


demandas sociais, principalmente as relacionadas ao público que se dedica aos
cuidados e trabalho em seu próprio ambiente doméstico, além de cuidados com
membros da família, como esposo, filhos, pais, irmãos, entre outros; situação
vinculada à saúde ou cuidados com algum dos familiares que possa estar adoecido
ou acamado, mas em muitos casos essa inclinação é cultural, advinda da herança
social.
O “reconhecimento” por anos de trabalho prestado, ainda que à própria
família, contudo de árduo trabalho, sem remuneração, sem dia ou carga horária fixa,
sem salário, sem gratificação por horas extras, sem descanso semanal
recompensado e, em muitos momentos, sem o reconhecimento até daqueles para
quem as ações são prestadas.
Mais uma vez, inserida numa mesma política, a de Seguridade Social,
Previdência e Assistência, se vinculam e confundem ainda mais a população que
entende precisar apenas da comprovação de que são donas (os) de casa, uma vez
que desconhecem a legislação que regulamenta a aposentadoria, já descrita nos
capítulos anteriores.
E o que elas têm a ver com a Lei nº 12.470, de 31 de agosto de 2011?
Na verdade, são complementares pois a condição de aposentadoria, nesse caso por
se tratar de contribuinte facultativo, só poderá ser por idade e não se alterou, o que a
lei ampara é uma redução para esse público no valor da alíquota de contribuição
115

mensal junto ao INSS, que é de cinco por cento sobre o salário de contribuição,
tendo como preceito o não recebimento de nenhuma remuneração dessas pessoas,
não podem ter “renda própria”.

§ 2º. No caso de opção pela exclusão do direito ao benefício de


aposentadoria por tempo de contribuição, a alíquota de contribuição
incidente sobre o limite mínimo mensal do salário de contribuição será de:
II - 5% (cinco por cento):
b) do segurado facultativo sem renda própria que se dedique
exclusivamente ao trabalho doméstico no âmbito de sua residência, desde
que pertencente à família de baixa renda. (BRASIL, 2011a, p. 2).

A questão “renda própria” gerou e continua suscitando diversas dúvidas e


incoerências, culminando com o indeferimento do requerimento de benefícios. No
recorte da pesquisa constata-se que vários benefícios não são concedidos por se
entender que a (o) requerente possui renda própria, mesmo que em muitos
momentos o próprio participante desconheça a existência dos valores assim
considerados:
 Benefícios eventuais ou indenizatórios;
 Pensão por morte;
 Pensão alimentícia;
 Renda eventual (trabalho esporádico, aluguel);
 Apoio financeiro de familiares;
 Doações diversas (familiares, amigos, instituições, entre diferentes
fontes).

Entre outras fontes análogas, são consideradas como renda, por esse
entendimento, em sua grande maioria os benefícios são indeferidos.
Entretanto, na concessão de benefícios para FBR, de maneira muito
contraditória, o cadastro é obrigatório; em mais uma circunstância, políticas
“beveridianas” e “bismarckianas” se confundem e perturbam ainda mais o
entendimento dos segurados, uma vez que contribuem, ao pleitear o benefício
querem a concessão.
Fica muito clara a exigência não só da contribuição, como é feita para que
se tenha o direito dos benefícios previdenciários, mas a comprovação de critérios
específicos de pobreza a serem confirmados pelo cadastro de atendimento em
políticas sociais.
116

O sistema CNIS é consultado para a comprovação de renda proveniente


de vínculo formal de emprego, no qual ficam registrados os recolhimentos feitos pela
empresa ou pelo empregador, assim como os pagamentos realizados como
contribuinte individual, autônomo ou facultativo, em que as contribuições com
atividades específicas são consideradas como renda, oriunda de trabalho realizado e
declarado pelo requerente.

A contribuição realizada por este segurado facultativo (de baixa renda) será
validada com a base do CadÚnico e identificada no Cadastro Nacional de
Informações Sociais (CNIS) para disponibilização aos sistemas PRISMA e
SABI, bem como para os demais sistemas corporativos. (Memorando-Circular
Conjunto n° 26/DIRBEN/DIRAT/INSS).

Muitos são os casos em que os requerentes contribuem como autônomo,


informam atividades que nem mesmo exercem, pois se constrangem em dizer que não
trabalham ou “não fazem nada”, e assim sendo prejudicam situações como auxílio-
doença, segurado-especial e o próprio Facultativo Baixa Renda (FBR).

O indivíduo é considerado capaz para exercer uma determinada atividade ou


ocupação quando reúne as condições morfopsicofisiológicas compatíveis com
o seu pleno desempenho. Não necessariamente implica ausência de doença
ou lesão.
Por outro lado, determinada limitação imposta por doença ou lesão que não o
incapacita para uma certa função poderá impedi-lo de executar várias outras.
As condições morfopsicofisiológicas exigidas para o desempenho das tarefas
de um comissário de bordo (aeronauta) não são as mesmas se esse trabalho
estivesse sendo executado no escritório da mesma empresa. Conclui-se,
portanto, que o exame de aptidão física e/ou mental e a avaliação médico-
pericial realizada para a concessão da licença médica dependem do
conhecimento dos dados profissiográficos da atividade exercida ou a exercer. A
omissão de tais informações, muitas vezes, explica a ocorrência de problemas
que surgem entre o examinado e o médico perito, quando a conclusão pericial
não corresponde à recomendação feita pelo médico assistente. (ARAÚJO,
1993, p. 3).

Situação semelhante ocorre quando o sujeito exerce atividade rural, que por
muitos anos não houve a proteção da legislação previdenciária e de maneira
equivocada a atividade ficava em condição de menosprezo, gerando assim um
sentimento vexatório por parte do trabalhador ao se declarar lavrador.
As atividades informadas, assim como os dados pessoais constantes do
CNIS e do CadÚnico são declaratórias e de inteira responsabilidade do segurado,
assim como a atualização dessas informações, que no caso do cadastro assistencial
117

deve, obrigatoriamente, ser atualizado a cada dois anos, o previdenciário sempre que
houver alteração na condição de atividade laboral ou pessoal do interessado.
Contudo, tanto na previdência, como na assistência a população em geral
não tem esse costume, raramente fazem atualizações, nem mesmo quando se mudam
de endereço, cidade ou atividade laboral; fato que muitas vezes é motivo de
indeferimento dos benefícios, ou não validação da condição de baixa renda.
As participantes da pesquisa demonstram pouco ou nenhum conhecimento
sobre a lei, não entendem os critérios e em muitos momentos procuram advogados,
entendem que por “conhecerem” melhor leis, poderão viabilizar o acesso:

Não isso aí eles mesmos falaram pra mim, que depois de um ano eu tinha
carência também, se eu precisasse e eu ainda perguntei pros meninos lá e se
acontecer de eu operar e precisar? Aí tem a carência do INS, a senhora vai
passar pelo médico perito aí a senhora vai ficar encostada, o tempo que o
médico pedir, se for um mês, dois mês, três mês, o que for preciso... aí foi
aonde que eu tava nessa fiança, que eu ia conseguir entendeu?
Agora já diz que não. (RUTE).

Não! Eu achava que eu conhecia, mas aí quando eu fui procurar fazer a licença
maternidade eu não consegui, então assim, não consegui, então assim eu tive
que pagar uma diferença lá pra “mim” conseguir receber “ce” entendeu? Por
isso que eu achava que eu conhecia, mas na verdade eu não conhecia.
Fui orientada a pagar, porque era um benefício que se por acaso eu precisasse
um dia fazer uma cirurgia, licença maternidade, quando eu fosse me aposentar
lá pela frente eu conseguiria com um salário mínimo.
Eu nem sabia disso aí. Eu fui descobrir isso aí depois que eu dei entrada.
Me senti bem humilhada, porque paguei uma coisa durante três anos e sete
meses, aí eu fui dar entrada e não tinha direito, por que? Porque eu recebia o
bolsa família, aí a moça falou que quem recebe o bolsa família não é baixa
renda... aí eu falei: - Então quer dizer que eu paguei uma coisa durante três
anos e sete meses e eu não tenho direito de receber? E ele falou que por
aquele que eu pagava eu não tinha direito, aí eu tive que pagar mais dez
meses, naquele com valor de oitenta e dois reais, ele pediu pra mim pagar pra
eu conseguir receber, senão eu não recebia.
Por isso que eu falei: - Eu não vou pagar mais!
Sei lá, acho que eu nem “tô” pensando mais no futuro. (ANA).

Olha menina! Eu não sei nem o que é INSS...


Ah eu não confio “nessas pessoa grande” mais não, eu não confio mais neles,
porque você sabe quem assinou a minha aposentadoria? foi um juiz e mais
dois defensor que “tava” lá, todos assinou o papel e a ordem do juiz é acatada e
eles não acatou a ordem do juiz.
Eu nunca ouvi falar foi nada, porque agora que estou parando dentro de casa,
porque eu estou com artrose e bico de papagaio, tem vez que vou na casa da
minha filha e minha perna adormece tudo, tem dia que eu nem sinto nem as
pontas dos dedos.
Não sei nada de doméstica e outra, os meus documentos não tem nada de
doméstica, os meus documentos “tá” como lavradora; fui da roça, agora que eu
estou dentro de casa.
Porque eu tive meus filhos, mais um filho que foi cuidando do outro.
Eu estou vivendo de uma cesta básica, que eu pego da Assistência Social mês
sim, mês não.
118

Se eu pudesse “vortá” pro lixão eu voltava pro lixão, porque eu gosto de ter
meu dinheirinho pra comprar as coisas quando dá vontade de comer.
Se fosse para mim e eu tivesse um dinheiro meu e aí eu fosse pra pagar no
INSS para receber, lógico que eu pagaria, porque aí eu sabia que ele “tava”
pagando porque eu “tava” pagando, que ele ia me dar porque eu “tava”
pagando; hoje só pode viver na vida quem tem dinheiro. O certo era vim uns
moedor e matar todos os pobres, pra ficar só os ricos. (MARIA)

3.2 O acesso às garantias da Lei

Com a publicação da Lei nº 12.470, de 31 de agosto de 2011, a procura


da população pela modalidade de contribuição reduzida foi muito intensa, tanto nos
CRAS, como nas agências da Previdência Social que por muitas vezes exigiam o
Número de Indentificação Social (NIS), fornecido pelos CRAS quando do
preenchimento do CadÚnico, entretanto, o Memorando Circular Conjunto n°
26/DIRBEN/DIRAT/INSS de 6.09.2011, deixa claro que:

Não deverá ser solicitado qualquer documento ou declaração emitidos pelos


gestores municipais do Cadastro Único para Programas Sociais, a fim de
comprovar que a família esteja realmente cadastrada, pois haverá validação
automática dos recolhimentos com a inscrição do CadÚnico.

Por muitas vezes, a atualização cadastral e de atividade deixava de


realizada pelos servidores, em razão de exigências não expressas na lei e nem
mesmo em orientações de procedimento internas; não são raros os casos em que,
pela falta de entendimento das instruções e procedimentos, o sujeito, muitas vezes,
deixou de contribuir nessa modalidade e em todas as outras; ocorre uma ausência
de credibilidade na política, assim como das coberturas e benefícios.
O número de adesões a essa modalidade de contribuição, em relação aos
contribuintes do RGPS, vem aumentando gradativamente no período estudado:
119

Gráfico 1 – Quantitativo de contribuintes Facultativos Baixa Renda (FBR) no


período de 2012 a 2013, na Região do Bolsão Sul-mato-grossense

Fonte: Elaborado por Lívia Marinho de Moura, baseado no Sistema Único de Informações de Benefícios
(SUIBE) da Previdência Social por meio da rede interna de computadores da AGU/ Dataprev.

O segurado facultativo de baixa renda, assim como a maioria dos


contribuintes terá direito aos seguintes benefícios:
• Auxílio-doença previdenciário;
• Salário maternidade;
• Aposentadoria por invalidez;
• Aposentadoria por idade.
Os dependentes do segurado facultativo terão direito aos benefícios:
• Pensão por morte;
• Auxílio Reclusão.

Ou seja, o contribuinte facultativo de baixa renda só não fará jus a


aposentadoria por tempo de contribuição, porque, conforme já explanado
anteriormente, só poderá se aposentar nessa modalidade de benefício o segurado
que contribuir com a alíquota de vinte por cento; em se tratando de aposentadoria, o
segurado facultativo de baixa renda terá direito apenas a aposentadoria por idade e
aposentadoria por invalidez, quando for o caso.
Muitos são os eventos em que o contribuinte já efetua os pagamentos de
acordo com o garantido pela Lei nº 12.470, de 31 de agosto de 2011, desde a sua
publicação; somente após esse período, se procurar ou precisar de um dos
120

benefícios aos quais entende ter direito e não for deferido o seu pedido, saberá se
preenchia ou não as exigências, também regulamentadas pela lei.

Gráfico 2 – Número de contribuinte FBR no período de 2012 a 2014 em âmbito


nacional

5.000.000

4.000.000
2011
3.000.000 2012
2013
2.000.000
2014
1.000.000

0
Fonte: Elaborado por Lívia Marinho de Moura, baseado no Sistema Único de Informações de Benefícios
(SUIBE) da Previdência Social por meio da rede interna de computadores da AGU/ Dataprev.

O Gráfico 2 demonstra um aumento considerável no número de


contribuintes no período apontado, contudo, não há informação de que sejam novos
contribuintes, ou alterações nas modalidades de contribuição já em atividade,
entretanto a análise é que no período a contribuição total ultrapassa 350 milhões de
reais, tendo como base o valor médio de contribuição: R$35,00 mensais, valor total
elevado.
Uma vez validadas as contribuições, o requerente fará jus ao benefício
pleiteado; o período em que houver sido autenticados os recolhimentos nessa
modalidade ficam então reconhecidos e registrados em seus respectivos CNIS, e
não são mais excluídos deste cadastro.
Todavia, caso o segurado não tenha, por alguma razão, solicitado a
validação do período e comece a contribuir de outra maneira, citando o exemplo
mais comum: como empregado de empresa, empregado doméstico ou autônomo,
não terá o período computado e para tanto deverá efetuar a complementação dos
valores recolhidos (em onze ou vinte por cento) de acordo com a Lei nº 8.213, de 24
de julho de 1991.
121

O Art. 1º - Os arts. 21 e 24 da Lei nº 8.213, de 24 de julho de 1991, passam


a vigorar com as seguintes alterações: “Art. 21. [...] § 2º - No caso de opção
pela exclusão do direito ao benefício de aposentadoria por tempo de
contribuição, a alíquota de contribuição incidente sobre o limite mínimo
mensal do salário de contribuição será de:
I - 11% (onze por cento), no caso do segurado contribuinte individual,
ressalvado o disposto no inciso II, que trabalhe por conta própria, sem
relação de trabalho com empresa ou equiparado e do segurado facultativo,
observado o disposto na alínea b do inciso II deste parágrafo;
II - 5% (cinco por cento): a) no caso do microempreendedor individual, de
que trata o art. 18-A da Lei Complementar nº 123, de 14 de dezembro de
2006; e b) do segurado facultativo sem renda própria que se dedique
exclusivamente ao trabalho doméstico no âmbito de sua residência, desde
que pertencente a família de baixa renda. § 3º - O segurado que tenha
contribuído na forma do § 2º deste artigo e pretenda contar o tempo de
contribuição correspondente para fins de obtenção da aposentadoria por
tempo de contribuição ou da contagem recíproca do tempo de contribuição
a que se refere o art. 94, da Lei no 8.213, de 24 de julho de 1991, deverá
complementar a contribuição mensal mediante recolhimento, sobre o valor
correspondente ao limite mínimo mensal do salário-de- contribuição em
vigor na competência a ser complementada, da diferença entre o percentual
pago e o de 20% (vinte por cento), acrescido dos juros moratórios de que
trata o § 3º do art. 5º da Lei nº 9.430, de 27 de dezembro de 1996. § 4º
Considera-se de baixa renda, para os fins do disposto na alínea b do inciso
II do § 2º deste artigo, a família inscrita no Cadastro Único para Programas
Sociais do Governo Federal - CadÚnico cuja renda mensal seja de até 2
(dois) salários mínimos.” (BRASIL, 2011a).

Outra situação muito recorrente e conflituosa é quando o empregador,


visando pagar recolhimentos menores, começa a contribuir para seu empregado, ou
empregado doméstico, com o código de alíquota reduzida, sendo que a lei é muito
clara ao determinar que essa alíquota reduzida é somente para o segurado
facultativo, sem renda própria, que se dedique exclusivamente ao trabalho
doméstico no âmbito de sua residência, desde que pertencente à família de baixa
renda, a partir da competência de setembro do ano de 2011.
122

Gráfico 3 - Benefícios requeridos pelo FBR do sexo feminino

80%
70%
60%
Auxílio-doença
50%
Salário Maternidade
40%
Aposentadoria por idade
30% Pensão por morte
20%
10%
0%

Fonte: Elaborado por Lívia Marinho de Moura, baseado no Sistema Único de Informações de Benefícios
(SUIBE) da Previdência Social por meio da rede interna de computadores da AGU/ Dataprev.

Gráfico 4 - Benefícios requeridos pelo FBR do sexo masculino

Fonte: Elaborado por Lívia Marinho de Moura, baseado no Sistema Único de Informações de Benefícios
(SUIBE) da Previdência Social por meio da rede interna de computadores da AGU/ Dataprev.

O benefício mais pleiteado, de acordo com consultas aos requerimentos


efetuados no período de 2012 a 2015, é justamente o Auxílio-doença que, conforme
supracitado, pondera a capacidade do trabalhador de acordo com as atividades que
realiza, essa disposição pode ser verificada no momento da avaliação médico-
pericial, entre outros fatores.
Em segundo lugar, para as mulheres, o benefício mais pleiteado é o
salário maternidade, o que no recorte da pesquisa é numericamente superior à
123

média nacional de 23%, de acordo com informações do Serviço de Atenção Integral


ao Segurado (SAIS), da Previdência Social.
Ao contrário das expectativas, que entendiam ser a aposentadoria o maior
anseio, tanto na elaboração da lei, quanto da perspectiva das mulheres donas de
casa; essa modalidade aparece em terceiro lugar na análise, assim sendo a
hipótese é que essa realidade se constitua na falta de carência, ou seja, do tempo
mínimo de contribuição para que faça jus a aposentadoria por idade que é de 15
anos de contribuição, muito superior ao tempo de existência da lei.

A aposentadoria por idade é disciplinada no artigo 201, § 7º, II, da


Constituição Federal, segundo o qual é assegurada aposentadoria no
regime geral de previdência social, nos termos da lei, àqueles que
completarem 65 anos de idade, se homem, e 60 anos de idade, se mulher
[...]. (VIANNA, 2014, p. 503).

Sabemos que a contribuição do FBR, com a redução da alíquota tem


início na competência de setembro de 2011, o que representa menos de cinco anos
no período do desenvolvimento da pesquisa, dessa maneira fica evidente a
impossibilidade do requerimento do benefício de aposentadoria, até mesmo pela
certeza do indeferimento.

Art. 24. Período de carência é o número mínimo de contribuições mensais


indispensáveis para que o beneficiário faça jus ao benefício, consideradas a
partir do transcurso do primeiro dia dos meses de suas competências.
II - aposentadoria por idade, aposentadoria por tempo de serviço e
aposentadoria especial: 180 contribuições mensais. (BRASIL, 1991).

A pensão por morte, no caso das mulheres, é o benefício menos


requisitado, no período da amostra, que está compreendido entre setembro de 2011
a dezembro de 2014, benefício que é pago aos dependentes do segurado; em
relação ao gráfico masculino representa menos da metade dos requerimentos, o que
espelha a realidade nacional, situações em que há mais morte de homens em
relação às mulheres.
Quanto ao auxílio-reclusão não houve nenhum requerimento desse
benefício, já para os homens, no mesmo período, a quantidade foi igual ao de
pensão, uma realidade típica de região de fronteira, onde a criminalidade,
principalmente em relação a homicídios e tráfico de drogas é de grande incidência.
De maneira análoga às mulheres, com pouca diferença percentual, o
auxílio-doença foi o benefício mais requerido pelos homens, seguido pela
124

aposentadoria por idade; caso haja contribuições anteriores aos períodos validados,
serão somados para a complementação da carência de quinze anos ou cento e
oitenta contribuições.

Gráfico 5 - Quantitativo de contribuições FBR por sexo

Fonte: Elaborado por Lívia Marinho de Moura, baseado no Sistema Único de Informações de Benefícios
(SUIBE) da Previdência Social por meio da rede interna de computadores da AGU/ Dataprev.

Cabe, nessa perspectiva e disparidade numérica em relação ao sexo dos


contribuintes, o entendimento e a certeza de que os(as) donos(as) de casa são, em
maioria absoluta, mulheres, característica de uma sociedade machista, patriarcal,
em que as diferenças salariais no mercado de trabalho são muito presentes.
Essas características todas ficam evidenciadas, numericamente, na
realidade previdenciária, estatística que revela a especificidade da população e que
não pode ser desconsiderada, haja vista que, além do trabalho, a Previdência Social
é a única alternativa de renda lícita do País.

3.3 A efetivação do discurso ou mais um engodo?

Na prática o número de indeferimento dos benefícios é muito expressivo,


o que inviabiliza, desmotiva e descaracteriza um benefício que tem como égide a
proteção social e previdenciária voltada para uma classe da população que não
125

possui renda; todo o processo de concessão fica envolto em exigências e regras de


difícil superação.
A maioria da população brasileira desconhece a legislação previdenciária,
o que comprova o alto grau de complexidade dos preceitos nela existentes,
consequentemente, a barreira cognitiva e burocrática se constitui em um entrave
amplo em relação à concessão e acesso aos benefícios previdenciários.

Gráfico 6 – Resultados de requerimentos de Benefícios para contribuintes


Facultativos Baixa Renda

70%
60%
50%
40% Deferidos
Indeferidos
30%
20%
10%
0%

Fonte: Elaborado por Lívia Marinho de Moura, baseado no Sistema Único de Informações de Benefícios
(SUIBE) da Previdência Social por meio da rede interna de computadores da AGU/ Dataprev.

O CadÚnico não poderá ser exigido para a inscrição ou pagamento das


contribuições do Facultativo Baixa Renda (FBR), entretanto é obrigatório que haja o
cadastro para a concessão do benefício, conforme o Decreto nº 6.135, de 26 de
junho de 2007 (BRASIL, 2007) que deixa clara a não obrigatoriedade do CAD para o
requerimento de benefícios previdenciários, mesmo os operacionalizados pelo INSS,
como é o caso do BPC.

Art. 2º - O Cadastro Único para Programas Sociais - CadÚnico é


instrumento de identificação e caracterização socioeconômica das famílias
brasileiras de baixa renda, a ser obrigatoriamente utilizado para seleção de
beneficiários e integração de programas sociais do Governo Federal
voltados ao atendimento desse público. § 1º - A obrigatoriedade de
utilização do CadÚnico não se aplica aos programas administrados pelo
Instituto Nacional do Seguro Social - INSS.
126

Outra situação cotidiana é o entendimento que se a aposentadoria será


para as donas de casa, e que para isso basta a comprovação que a pessoa foi “do
lar” a vida toda para que tenha acesso aos benefícios e, principalmente, à proteção
social e previdenciária da maneira como está preconizada na Constituição Federal.
Mais absurdo ainda é o entendimento institucional que, ao não ter o
período em questão validado, o segurado poderá efetuar o pagamento da
complementação, ou seja, pagar a diferença para 11% ou 20%, conforme o perfil da
pessoa e/ou o benefício requerido, valores que devem ser pagos integralmente e
referentes a todo o período de recolhimento com a redução da alíquota.
Essa alternativa, por muitas vezes, é a confirmação do não acesso, da
desilusão, da decepção e da descrença no modelo previdenciário vigente, assim
como da propaganda política que envolveu todo o processo de tramitação e
aprovação da lei e que ao chegar aos usuários como uma conquista, na prática
passa a ser encarada como insídia, pois tiveram acesso a redução da alíquota
justamente por terem a característica de baixa renda. Como terão recursos
financeiros para quitarem longos períodos de complementação das contribuições?
A população usuária, contudo, não entendendo a organização dos
poderes no território nacional, culpabiliza o Poder Executivo, nesse ínterim
representado pelo INSS e que articula e intermedeia o contato direto da política com
a população; esquecendo-se que para toda e qualquer situação de indeferimento
essa decisão tem amparo nas ações do Poder Legislativo, ademais em todo
processo cabe recurso, inclusive buscando o apoio do Poder Judiciário.
As participantes da pesquisa, por não compreenderem as
condicionalidades, menos ainda compreendem as razões de indeferimento, ao se
perceberem sem a proteção previdenciária expressam revolta e entendem que
foram lesadas pelo Instituto:

Eu nem sei como te falar... por que? Eu acho que eles deviam ter ajudado,
porque vai indo “pra” três anos que eu venho contribuindo, e eu tirava daqui
(aponta a boca) pra poder pagar, entendeu? Que era esse dinheiro da Bolsa
Família, que eu venho tirando R$39,00 “pra” poder pagar lá. Porque começou
eu acho que era vinte e sei, aí foi aumentando, todo ano aumenta, agora “tá”
com R$39,00; então eu tiro da boca, pra mim comer, pra contribuir, agora na
hora que eu preciso eu não “tô” tendo. Você entendeu?
O que que falaram “pra” mim? Que não tem esse dinheiro, que não pega de
volta, não tem devolução, então eu falei: - Quer dizer que eu tô tirando da boca
perdido, pra passar pro INS? Porque “pra” mim fica difícil você entendeu?
Porque não é nada, não é nada...é R$39,00?
127

Mas faz falta! Já é um dinheiro do que?! De pagar uma luz, uma água dentro de
casa.
Agora cheguei nele, foi aprovado, depois não, não foi aprovado mais... eu não
pude né ir lá porque eu “tô” operada, foi meu irmão e meu marido que disse: -
nem pra aposentar serve.
Agora como que eu pago uma coisa e depois não serve nem pra poder
aposentar? Então eu “tava” pagando em vão?!?! Olha aí eu falei não: - Vou
querer um outra perícia, que eu passei pelo médico de tirar os pontos,
conversei com ele e ele falou: - Não! Você precisa, explique o caso pra eles que
falou: - Não. Você precisa ter resguardo.
Falei: - Doutor, mas como? Que eu vou guardar a dieta dois meses? Sendo
que agora tem essa nora minha, que ela tem essas crianças, só que não é todo
dia também que ela pode “tá” aqui me ajudando, aí eu dependo da ajuda dos
outros; passa um varre uma casa, passa outro lava uma louça, porque eu não
posso nem chegar perto de fogão pra esquentar uma comida pra comer.
(RUTE).

Eu não “tô” recebendo por esse benefício, eu paguei, perdi tudo; eu perdi tudo!
Eles não me deram o direito, nem que eu fizesse setenta e dois anos que eu
não aposentaria, eles fizeram algo comigo muito horrível, porque “eles colocou”
eu como doente com três meses que eu “tava” pagando e eu não “troxe”
nenhum atestado pra eles, quando eu procurei que eu fiquei realmente doente,
que me deu “astrose”, artrite, bico de papagaio; que o médico falou que eu não
tinha condição de trabalhar...eu já tinha um ano e meio pago, foi a primeira
perícia que eu fiz.
Falaram pra mim que era da doméstica né? Que era baixa renda e como era
baixa renda, e como era baixa renda e como eu não tinha condição foi o que eu
achei, que eu abracei pra pagar, porque eu fazia “bico” pra pagar, porque eu
não tinha ninguém que me sustentava, eu já venho doente há mais de vinte
anos, porque na realidade eu sou diabética há mais de vinte anos só que isso
aí não atrapalhava eu trabalhar, aí o que atrapalhou eu trabalhar foi que atacou
as juntas, os joelhos; então aí não tinha condição mais de eu trabalhar, aí foi
quando eu procurei, aí quando eu fui aqui na assistente social porque eles só
falavam pra mim, eu fazia perícia e eles falavam pra mim assim, que ... era falta
de contribuição e eu não entendia;
Porque falta de contribuição? Porque falavam pra mim que com quatro meses,
se caso eu precisasse encostar, que eu podia encostar, no dia que eu fiz o
cadastro aí pra pagar e aí não teve jeito, eu sei que não teve jeito; aí quando
eu vim na assistente social aqui a assistente social foi lá mexer nos papeis foi
que eu fiquei sabendo que eles tinham colocado eu como doente já com três
meses pago, falei: - eu não fiz isso, eu não trouxe nenhum atestado, o atestado
que eu trouxe foi pra marcar a perícia, eu já tinha um ano e meio parece, um
ano e meio ou mais pago. (ANA).

Não conheço a Lei da Dona de Casa.


Eu sempre falava que minha profissão, além de ser dona de casa é artesã,
porque eu sempre fiz trabalhos manuais, crochê, principalmente crochê, pintura
em tecido. Mas até que também desenvolvi uma artrose, nas duas mãos;
porque eu trabalhava muito com barbante, aí o médico disse que eu tenho
artrose, então não consegui mais desenvolver os meus trabalhos manuais.
(ESTER).

Peguei o papel e levei lá no advogado, ele falou assim: - nós vamos tocar essa
causa pra frente, falei pra ele ir no sindicato, mas ele não foi; ficou esse tempo
todo lá e agora veio a notícia que eu não “tava” aposentada, que eu não tinha
direito.
A minha menina foi lá falar com o advogado e eles falaram que eu não tinha
prestado conta ao governo. Não teve uma pessoa que prestou mais conta ao
governo do que eu; eu plantava arroz, meu pai plantava, era carroceiro, vivemo
a vida trabalhando, sofrendo, plantando e colhendo para todos comerem e eu
128

não devo conta ao governo, eu tinha que estar cadastrada num papel desse aí
batido, se não fosse no papel batido então não vale nada, então sou morta, sou
neutra pro governo, como de fato até os trinta anos eu era morta, porque eu tirei
os meus documentos com trinta anos. (MARIA).

Achava que estava pagando como todo mundo, comprei o carnê e paguei,
quando fiquei sabendo que as pessoas não estavam recebendo fui no INSS, a
menina que me atendeu falou: - Isso é furado, compensa a senhora pagar os
oitenta reais! Perguntei do que já tinha pagado e ela disse: - Perdeu! Fiquei
muito brava, com muita raiva, hoje eu sei que posso pagar a diferença, mas
com o quê? Quase não tinha os trinta e seis reais que eu pagava, como vou
pagar a diferença de quase dois anos? (DEBORA)

O que me disseram é que eu tinha que ter ido na Assistente Social, fazer o
que? Nem sabia que era assim que funcionava, paguei mais de um ano e
ninguém avisa antes? Devia ter uma reunião, falar no jornal, na rádio, de
alguma forma a população tinha que ser avisada, depois que já pagamos avisar
é tarde! Sem contar que não devolvem, não temos como encostar e nem
podemos pegar de volta o que pagamos? Isso não está certo! O INSS só corta,
recebe e corta todo mundo! Como vou fazer, já velha, doente, não aposento e
nem encosto?! Os filhos moram longe, todos tem filhos e mulher pra sustentar,
não tem como me ajudar. (ABIGAIL).

Gráfico 7 - Motivos da não validação das contribuições

NPC (Não possui cadastro – CAD); RFS (Renda Familiar Superior); PRP (Possui Renda
Própria); CAD DESAT (Cadastro Desatualizado).

Fonte: Elaborado por Lívia Marinho de Moura, baseado no Sistema Único de Informações de Benefícios
(SUIBE) da Previdência Social por meio da rede interna de computadores da AGU/ Dataprev.
129

De acordo com a Lei nº 12.470, de 31 de agosto de 2011, outros motivos


de indeferimento são:
 Não possuir Cadastro Único, tendo em vista que a família, para ser
considerada Baixa Renda, obrigatoriamente, tem que ser cadastrada
no Ministério da Previdência Social (MDS), ação que realiza no Centro
de Referência da Assistência Social (CRAS) e sistema de consulta do
INSS.
 A família, para ser considerada de baixa renda, no caso previdenciário,
dever ter renda máxima de dois salários mínimos;
 Possuir renda própria, como já exemplificado, independente de qual e
quanto seja o valor dessa renda;
 Cadastro desatualizado, no caso o cadastro único, pois o
previdenciário CNIS é atualizado no momento do requerimento do
benefício, na própria Agência da Previdência Social.

Art. 7º As informações constantes do CadÚnico terão validade de dois anos,


contados a partir da data da última atualização, sendo necessária, após
este período, a sua atualização ou revalidação, na forma disciplinada pelo
Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome (Decreto nº.
6.135/2007). (BRASIL, 2007).

O maior motivo de não validação e consequente indeferimento do pedido


do benefício previdenciário, é quando o requerente possui renda própria, seja de
qualquer espécie, até mesmo doação de familiares; com exceção dos recursos
financeiros advindos de programas de transferência de renda, sejam esses,
municipais, estaduais ou federais.
Em muitos momentos o requerente desconhecia a renda informada,
contudo a comprovação é feita via sistema, os dados consultados são os
provenientes do Cadastro Nacional de Informações Sociais (CNIS) programa
gerenciado pelo INSS e Cadastro Único da Assistência Social (CadÚnico).
Ao receber a comunicação do indeferimento por motivo de renda, o
requerente discorda da decisão e de maneira oportuna interpõe recurso, recebe
então a informação contida no CadÚnico onde, em considerável parcela das
ocasiões, a renda é proveniente de doações de parentes, amigos ou conhecidos.
A concepção dos usuários dos serviços socioassistenciais em relação à
Assistência, mesmo a política, segundo dados do MDS / 2105, estando presentes
130

em 98% dos municípios brasileiros, muitos desconhecem seus serviços, suas ações
e não entendem a relação Previdência/Assistência:

Eu acho que é “pra” ajudar o pessoal necessário, que precisa mais que
necessita, que nem eu mesmo não posso falar nada mal deles, porque sempre
tão me ajudando, então eu jamais, não tenho o que falar. Coisa “pra” comer:
uma cesta, um kit cesta, então sobre isso aí eu não tenho o que reclamar não.
Eu sempre vou uma vez por mês né?!, sempre “pra” pegar um kit cesta, ainda
mais quando a coisa aperta aqui porque meu marido também tá
desempregado, parado; essa menina que tá aqui é minha nora, o marido dela
também tá desempregado. Aí o que que eu faço? Eu vejo que tá acabando
tudo eu tenho que correr lá né? Depender de pedir ajuda “pro” outros. Porque
eu vivo mais assim, dependendo dos outros, porque se não, não tem nem
como comer né? Porque é meu caso, eu pegava esses R$77,00do Bolsa
Família aí você vê...faz o que com esse dinheiro? Eu fumo, aí vem luz, vem
água, vem o gás e comer com o que? (RUTE)

“Pra” mim uma coisa era uma coisa, outra coisa, outra coisa... o CRAS vou
mais pra cesta, habitação, as vezes algum curso, palestra...tão sempre fazendo
bastante coisa, quando a gente precisa elas visitam, as vezes mudam a
Assistente, mas são sempre boazinhas, mas nunca mexeram com
aposentadoria, eu tenho o NIS, mas não sabia que servia pra aposentar,
achava que era só pra cesta e Bolsa Família. (DEBORA).

O CRAS, quando eu precisei dele, na época que eu precisei do Bolsa


Família, que tem mais de vinte anos pra traz... o menino já tem vinte e seis
anos...foi muitos anos pra traz; foi bom, eles me atendeu com o Bolsa
Família, o que eles me ajudou e me deu a carteira de idoso pra viajar fora
de Três Lagoas, foi o que o CRAS me deu e me cedeu esse papel da Dilma,
porque diz que era um plano da Dilma, pra doméstica, que era pra mim
pagar e que eu tinha todos os direitos igual do outro, eu fui lá ainda briguei
com eles, falei: - Vocês não pode me dar uma coisa que vocês não tem
certeza e o “INS” falou que baixa renda nunca vai se aposentar por eles,
que inclusive que nem aqui não aposenta, diz que é em Campo Grande.
Aí elas mandaram eu vim aqui conversar com a Assistente Social daqui; eu
cheguei aqui a assistente social fez, escreveu uma cartinha e mandou de
volta pra elas, que era pra ir lá em casa, ver o que é que eu tinha, se eu
estava trabalhando, se eu morava com alguém, um monte de coisa; elas
foram e fizeram a visita tudinho, aí mandou eu vim aqui, eu vim aqui,
cheguei no balcão e me aposentaram, mas me assim aposentaram no
benefício do idoso.
Não tem mais como ir... fazer o que? Uai, eu não sei, “pra” que? Só se um
dia eu precisar de uns óculos, da passagem mesmo, de renovar a carteira...
(ANA).

Não entendo nada! Eu achava que não tinha nada a ver... (REBECA).

Também quase nada, eu fui agora, passando por essa dificuldade, de não
estar tendo nenhum ganho, aí minha irmã falou assim: - vamos no CRAS,
vamos ver o que pode ser feito, o que pode te ajudar porque você tá doente!
Precisa sobreviver a tudo isso, e tá sem condição.
Aí nós fomos, no CRAS. Fui atendida por uma pessoa, assistente social
também que me falou que eu preciso juntar uns documentos “pra” ir lá, pra
ver se eu tenho condição pra receber uma ajuda, porque eu não tenho
ganho de lugar nenhum, porque eu estou sobrevivendo com meus irmãos e
meus filhos.
Quando me vi nessa situação, de não ter onde recorrer, aí me falaram da
assistência, inclusive assim, eu não tinha nem conhecimento, nem da rede
131

do câncer aqui de Três Lagoas, eu fiquei assim muito parada no tempo, de


certo...
Não recebo nada...nem a pensão do ex-marido que está desempregado
desde o começo do ano... ele me mandava uma pensão todos os meses e
desde o começo do ano que ele não manda essa pensão, então meus filhos
vem dizer que estão fazendo esforço “pra” poder me dar algum dinheiro,
porque eu também não tenho condição de trabalhar agora com essa
quimioterapia, o que eu posso fazer dentro da minha casa eu tô fazendo,
mas os braços não conseguem muito.
Eu ainda não consigo entender bem, sabe eu acho que eu tô vivendo um
turbilhão de coisas, mas como a moça falou assim “pra” mim: a Previdência
se une junto com a Assistência, pra que você nesse momento que você tá
passando por uma doença né, possa te servir, possa te auxiliar, possa você
receber pra você dar condição na sua vida.
Eu acho assim, todos os lugares que eu tenho ido, eu tenho sido bem
recebida, eu tenho sim, lá eu tive com a Assistente Social, na assistência do
CRAS, aqui com outra pessoa e dentro da Previdência e eu acho que estou
sendo bem recebida, eu não tenho assim que falar alguma coisa. (ESTER).

Se eu trabalho não tenho direito, se não trabalho é porque sou preguiçosa,


se peço ajuda é porque sou um estorvo, um peso! As pessoas não querem
por perto quem não serve “pra” nada! E aí como você vai viver? Envelhecer
e adoecer sozinha não é fácil, se não tiver a Assistência não tenho como
me manter, pelo menos com o básico eles me ajudam, só que tiram da
cesta o café, tenho dor de cabeça quando fico sem café. (ABIGAIL).

As falas refletem a conjuntura social das famílias e integrantes das


Famílias de Baixa Renda, muitos não realizam o cadastramento, outros não fazem a
atualização periódica nos respectivos CRAS; as rendas informadas muitas vezes
são apenas para mascarar o constrangimento por não possuírem recursos próprios;
os servidores, exauridos pela quantidade de trabalho e também pela ausência de
capacitação específica, em muitos momentos não podem ou não estão preparados
para esclarecer as dúvidas das usuárias.
Cabe outra análise, a da disparidade da situação, se o indivíduo só pode
exercer suas atividades no local de sua residência e sem remuneração,
evidentemente não terá condições financeiras para arcar com as contribuições
previdenciárias, mesmo que reduzidas como é o caso, a não ser que seja com
recursos provenientes de doações.
Ao se perceberem sem apoio familiar e sem o recurso previdenciário
umas se revoltam, outras se emocionam, evidenciando assim a complexidade e a
importância das políticas em seus cotidianos, contudo, sem discernirem como
deveriam proceder e quais atitudes devem tomar quando do indeferimento dos seus
pedidos.
132

Nem eu sei te explicar, que eu não sei fia o que fazer, que vai indo o que
que vai fazer? Todo mundo parado que só come porque você sabe que só
vai comer, porque a boca não para, e “veve” como? Por que se eu consigo
encostar pelo menos dinheiro “pra” me manter eu sei que tem, e assim
parado sem poder trabalhar?
Porque se eu tivesse boa “pra” trabalhar aí não, arrumava um servicinho,
uma faxina aí, o que eu ganhasse tava bom, mas eu não posso, eu não
tenho como trabalhar. E você vê que até “pra” homem trabalho hoje tá
difícil; porque meu marido anda com meu menino e não acha um dia de
serviço, nem de servente, nem por dia, aí faz o que?
E eu não tenho de onde tirar “pra” você fazer um dinheiro entendeu? “Pra”
mim fica complicado... (RUTE).

Não sei, não sei porque eu tô devendo pra banco tem um empréstimo que
eu tirei no banco e eu tô devendo, tô devendo meu cartão de crédito que eu
também pagava, me mantinha o mês... vai pagando e usando...não sei,
esse é o último recurso. Se ele voltasse a trabalhar pelo menos, talvez ele
continuaria mandando a pensão, mas também não sei, a crise que o mundo
tá enfrentando...
Se ele vai conseguir hoje, amanhã ou depois; mas aí vou ter que continuar
assim, sacrificando meus filhos, que cada um tem a sua família, ajudar a
sobreviver.
De melhora, principalmente na minha saúde, e que eu possa receber essa
ajuda nesse momento agora, que é o que eu preciso, nem que seja
temporariamente, que não seja uma coisa que você vai receber para o resto
da vida, mas temporariamente, nesse momento que eu mais preciso,
porque as coisas amanhã ou depois podem mudar.
Eu tenho muita fé, muita esperança. (ESTER).

Não sei não... (REBECA).

Eu acho que tem, pra não enganar o povo, pra não enganar o povo, a
verdade é sempre a verdade, porque traze a gente com ilusão que nem eu
fui iludida assim... eu senti na minha pele, porque eu gastei algo que eu não
podia gastar, porque era meu alimento, o que eu ganhava era questão de
duzentos reais pra baixo, então era meu alimento, ainda porque eu achei
uma professora que me fez favor que eu cozinhava pra ela nos feriados, ela
não se importou porque eu não enxergava bem, se caísse um cabelo, uma
coisa eu não podia nem tirar, isso foi até uma caridade que ela fez pra mim,
então ela pagava esse INS pra mim e eu cozinhava pra ela; então se eles
trabalhassem junto, de acordo com a verdade, não iludia o coitado do velho,
porque não é nada, mas eu perdi uma base de uns dois anos e meio desse
pagamentinho pouco, mas já era um saco de arroz, um saco de açúcar, um
feijão...um óleo, que tava tirando de mim.
Eu senti assim um nada (choro) eu não era nada! Eu vinha aqui e voltava
chorando, eles diziam: - você não contribuiu! Não me senti nada “fia”... esta
foi a verdade do que aconteceu comigo e ainda me sinto porque meus olhos
estão cegos, tá quase cegando meus olhos...não vejo você, mas uma
nuvem na frente, não sei definir quem é você. Eu tinha esperança, eu tinha
a esperança que um dia eles me recompensassem, porque você quer um
retorno, tudo o que você tá pagando você quer um retorno. Mas eu acho
que a verdade tem que estar acima de tudo, não iludir o coitado que vem
aqui, porque ele vem com a esperança e é triste tirar a esperança de um
véio, porque o véio volta a ser criança, viveu uma vida que passou, não teve
como economizar nada, a esperança dele é retornar na velhice, nem que
seja “pra” ir pro asilo, porque até pro asilo você só vai se tiver salário, se
não, não recebe. Eu acho que a Dilma também errou lançando esse plano,
porque já que não foi aceito pelo INS, ela não deveria ter lançado esse
plano porque isso aí prejudicou, isso é roubo, eu falo que é roubo porque eu
133

não dei, eu paguei; então eu não tenho estudo “pra” falar pra você um outro
meio de falar. (ANA).

Aqui a nossa cidade, na minha época eu trabalhei muito eu construí minha


casa, eu cheguei nessa cidade em 1973, eu comprei meu terreno, construí
minha casa, construí, comprei tijolo, construí. Eu criei meus filhos sem pai;
eu trabalhava de doméstica, onde eu mais trabalhei foi no frigorífico,
trabalhei cinco anos, mas por causa de uma causa que nós levantamos lá
do sindicato eu fui mandada embora e toda minha turma foi mandada
embora, que tava incluída no sindicato; aí o serviço que tinha era
doméstica, entrei de cozinheira no Boi na Brasa, cozinhei três anos e pouco,
mas ele me registrou só um ano e pouco, naquele tempo era a lei do patrão,
ou nós obedecia ou então rua né? O resto eu trabalhei de doméstica,
porque não tinha outro serviço aqui em Três Lagoas, era doméstica; e
assim criei meus filhos, lavando roupa, cozinhando, limpando casa, fazendo
faxina, criei meus filhos assim.
Jamais pensei que na velhice ia acontecer o que aconteceu comigo, porque
naquela época quem tinha três anos de INPS aposentava, precisava do
INPS tava pronto, agora não! Pedir esmola na rua? Uma pessoa que
trabalhou tanto nessa cidade?! Abri meus pulsos trabalhando, lavando
roupa na casa dos outros. (DEBORA).

Eu adoeci trabalhando, trabalhei como babá ainda menina, minha mãe me


colocou “pra cuidá” de criança quando eu “tava” com nove anos, as casas
onde eu ficava eu morava, diziam para os outros que eu era “filha de
criação”, que filha o que!? Não ia pra escola, só usava roupa usada, velha,
rasgada, meu cabelo era cortado pela “Dona”, nem pra cortar o cabelo
pagavam pra mim, nunca! Depois disso nunca mais parei de trabalhar,
cuidava de nenê, de criança maiorzinha até os meus treze anos; quando
fiquei mocinha, aí cuidava do serviço da casa toda! Lavava, passava,
cozinhava, cuidava do cachorro e continuava cuidando das crianças, que
iam crescendo e ficando ruim igual aos patrões, não podia comer as coisas
deles, só a comida mesmo, não podia usar shampoo, sabonete ou creme
rinse, as vezes eu pedia pras vizinhas, foi graças à elas que a “Dona”me
colocou na escola, mas leio e escrevo com muita dificuldade, fazia o
supletivo à noite e o ensino era fraco. Hoje sou casada, tenho dois filhos,
mas os problemas de saúde que tenho são por causa do trabalho pesado
que fazia já desde criança. Quando entrei com o pedido disseram que já
tinha a doença antes de começar a pagar e que tinha erro no meu cadastro
da Assistência. (ABIGAIL).

Meu marido estava “encostado”, recebendo um salário mínimo que não dá


nem pro remédio, eu tomo, ele também, achei que ele ia aposentar mas
não, o médico não deu. Eu tenho sessenta e três anos, ele setenta e cinco,
não temos como nos manter, sem o salário dele eu não pago nem o meu
carnê. Meus filhos são casados, não ajudam, um está até desempregado;
eu estava encostada também, mas depois o médico cortou; aí caí e
machuquei o braço, mas agora o benefício não vem, foi pra Campo Grande
de novo e ainda não voltou, eu gostaria de poder pagar essa diferença e
voltar como eu era antes, quando pagava um pouco mais que aí meu
benefício já saía; agora achei que era só entrar de novo, já passei por tudo
isso antes, mas não foi,estou esperando pra receber já faz dois meses.
(RAQUEL)

O Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos


(Dieese) faz uma análise comparativa entre o salário mínimo vigente e qual seria a
remuneração necessária para suprir as necessidades básicas de uma família e, em
134

dezembro de 2014, o valor deveria ser de R$ 2.975,55, valor quase quatro vezes
maior que o vencimento mínimo determinado no País.

Art. 2º - Denomina-se salário mínimo a remuneração mínima devida a todo


trabalhador adulto, sem distinção de sexo, por dia normal de serviço e
capaz de satisfazer, em determinada época, na "região do país, as suas
necessidades normais de alimentação, habitação, vestuário, higiene e
transporte. (Decreto Lei nº 399, 1938, p.1).

Mais intrigante ainda é a confirmação da condição de pobreza que o FBR


deve comprovar e não superar, uma vez que, tendo acesso aos benefícios
previdenciários, continuaria a receber um salário mínimo de acordo com a Lei nº
12.470, de 31 de agosto de 2011; condição determinada pela lei que regulamenta o
RGPS.
A validação pode acontecer também de maneira parcial, ou seja, quando
o requerente possui vínculo em aberto, a empresa onde trabalhava não informa o
INSS da data de rescisão do contrato, bem como a não inscrição no CadÚnico
simultânea ou anterior ao início dos pagamentos com alíquota reduzida, o período
de validade será apenas a partir da inscrição no referido cadastro.

Gráfico 8 - Comparativo de validação parcial em relação ao total de benefícios


requeridos

100
90
80
70 100
60 Total de benefícios
requeridos
50
40 Benefícios parcialmente
validados
30
39
20
10
0
Período de 2011 a 2014

Fonte: Elaborado por Lívia Marinho de Moura, baseado em informações da Seção de Administração de
Informações de Segurado (SAIS) – Gerência Executiva (GEX) do INSS Campo Grande.
135

Não raros são os episódios em que o indeferimento é realizado por mais


de um dos motivos apontados, como quando o requerente possui renda e a renda
familiar ultrapassa o valor fixado em dois salários como condicionalidade para a
validação do período e do recebimento dos benefícios previdenciários.
Algumas alternativas foram realizadas em algumas agências visitadas,
por exemplo, quando verificado que foi deferido o requerimento pela Perícia
Médica, entretanto não foram validados os períodos de contribuição, o servidor
orienta a complementação, pelos menos dos meses para que seja cumprida a
carência; quatro meses para o auxílio doença, dez meses para o recebimento do
salário maternidade; assim sendo o sistema automaticamente ativa o benefício.
A abertura dada para que seja assegurado o benefício ao requerente no
caso da complementação são insignificantes, o que comprova a insuficiência da
renda para, condição para qual foi elaborada a lei; em alguns casos o contribuinte
faz a opção de mudar o seu plano de pagamento junto à Previdência Social.
Também é possível verificar nos dados da pesquisa um pequeno
aumento no quantitativo dos requerimentos que tiveram os períodos validados, fato
que pode representar uma evolução no entendimento da legislação, assim como
das condicionalidades da lei para o contribuinte facultativo baixa renda.
Outra alternativa é orientar o requerente a procurar o CRAS de seu
território e realizar o registro ou a atualização do CadÚnico, conforme for o caso;
viabilizando assim o acesso aos benefícios previdenciários de maneira lícita e sem
que haja prejuízos para ambas as partes. É importante a informação de que a
validação só acontece com o requerimento do benefício, não existe o pedido de
validação sem que haja o número de protocolo.
Quanto aos benefícios deferidos, apesar de serem de um quantitativo
menor, ocorrem com relativa frequência, que em consonância com os dados
apresentados tem aumentado a cada ano; há o entendimento de que a partir do
momento em que a população entenda as condicionalidades e atenda às
exigências, esses números serão mais aumentados, uma vez que serão vinculados
ao público alvo da lei.
A maioria absoluta dos benefícios é requerido por mulheres e em muitas
ocorrências nem os requerimentos para o sexo masculino são protocolados, a
observação desses subsídios permite a conclusão de que os dados, mais do que
136

vinculados ao requerimento, possuem essas características por serem, as


mulheres, ainda, as maiores ocupantes da função de “donas de casa”.
Outras situações de validação parcial dos benefícios:

Gráfico 9 – Benefícios deferidos por sexo – Auxílio-doença

Fonte: Elaborado por Lívia Marinho de Moura, baseado em informações da Seção de Administração de
Informações de Segurado (SAIS) – Gerência Executiva (GEX) do INSS Campo Grande.

A maioria absoluta dos benefícios requeridos, conforme já apontado em


outros momentos da pesquisa, é de auxílio-doença, esse número significativo pode
estar relacionado a diversas questões, especialmente às relacionadas ao trabalho,
tais como: doenças decorrentes das atividades realizadas, acidentes ocorridos no
desempenho das funções e questões relacionadas ao contexto de saúde do
trabalhador, essa maioria absoluta também se verifica nos contribuintes FBR.
Outra hipótese é a do impedimento de requerimento direto de
aposentadoria por invalidez, muitas vezes o contribuinte se considera e até
apresenta laudos e exames que confirmam a condição de definitivamente
137

incapacitado para o trabalho, ainda assim, deverá requerer primeiramente o


auxílio-doença.
O mesmo parâmetro é utilizado para o acidente, mesmo sendo de
trabalho; tal definição ou condição será efetuada pelo perito, cabe ao profissional o
registro de acidente e de que natureza.

Gráfico 10 – Benefícios deferidos por sexo – Salário maternidade

100
90
80
100
70
60
Feminino
50
Masculino
40
30
20
10
0
0
Período 2011 a 2014

Fonte: Elaborado por Lívia Marinho de Moura, baseado em informações da Seção de Administração de
Informações de Segurado (SAIS) – Gerência Executiva (GEX) do INSS Campo Grande.

Pode parecer um tanto incoerente a comparação quanto ao benefício de


salário maternidade, contudo, os contribuintes do sexo feminino ou masculino
podem e devem requerer o benefício nos casos de adoção, sendo que o período
de recebimento é de cento e vinte dias para essa modalidade; a Lei nº 12.873,
sancionada em 25 de outubro de 2013, garante o recebimento independentemente
da idade da criança, a preocupação maior se dá em função do período em questão
ser considerado de adaptação à nova composição familiar.
Nos casos em que a mulher não é contribuinte e consequentemente
perdeu ou não tem mais a qualidade de segurada, ou seja, não está mais no
138

“período de graça”, o benefício pode ser requerido pelo marido; a regra também é
válida para casais homoafetivos, contudo, se ambos estiverem vinculados à
Previdência, independentemente do tipo de contribuição, só será concedido o
benefício a uma das partes adotantes do processo.

Gráfico 11 – Benefícios deferidos por sexo – Aposentadoria por idade

100
90
80
100
70
60
Feminino
50
Masculino
40
30
20
10
0
0
Período 2011 a 2014

Fonte: Elaborado por Lívia Marinho de Moura, baseado em informações da Seção de Administração de
Informações de Segurado (SAIS) – Gerência Executiva (GEX) do INSS Campo Grande.

Na questão de aposentadoria por idade o deferimento só será possível


caso haja a complementação do tempo de contribuinte Facultativo Baixa Renda
com outros períodos de contribuição, pois tendo em vista a regulamentação da lei
ter ocorrido em 2011, não haveria tempo suficiente para esse tipo de benefício,
tendo em vista a carência de cento e oitenta contribuições, ou seja, quinze anos.
Já a pensão por morte, que na maioria das vezes é requerida por
mulheres, de acordo com o Ministério da Saúde e o Sistema de Informações sobre
Mortalidade (SIM), o percentual de mortes de homens em relação às mulheres
chega a 72%, pelas mais variadas causas, contudo as mais frequentes são:
acidente de trabalho, de trânsito, violência urbana e doenças cardiovasculares.
139

Contudo, como os contribuintes na modalidade FBR são


majoritariamente compostos por segurados do sexo feminino, de maneira lógica os
requerimentos associados a esse tipo de segurado serão para dependentes do
sexo masculino, assim sendo, os homens são numericamente os maiores
beneficiários da pensão no caso do FBR; não houve informação relevante de
beneficiários filhos ou das classes dois e três de dependentes, ou seja, pais ou
irmãos do instituidor.

Gráfico 12 – Benefícios deferidos por sexo – Pensão por morte

100
90
80
70
60 91
Feminino
50
Masculino
40
30
20
10
9
0
Período 2011 a 2014

Fonte: Elaborado por Lívia Marinho de Moura, baseado em informações da Seção de Administração de
Informações de Segurado (SAIS) – Gerência Executiva (GEX) do INSS Campo Grande.
140

Gráfico 13 – Benefícios deferidos por sexo – Auxílio reclusão

100
90
80
70 100

60
Feminino
50
Masculino
40
30
20
10
0
0
Período 2011 a 2014

Fonte: Elaborado por Lívia Marinho de Moura, baseado em informações da Seção de Administração de
Informações de Segurado (SAIS) – Gerência Executiva (GEX) do INSS Campo Grande.

No período analisado houve apenas um pedido de auxílio-reclusão, em


que o requerente, companheiro da segurada, consegue o deferimento do benefício
para os filhos do casal, dois na época do requerimento; conveniente lembrar que
para que o companheiro seja também considerado dependente, deverá apresentar
provas de união estável e também de que a união já estava estabelecida há mais de
dois anos.
A validação parcial das contribuições permite a complementação dos
dados, de maneira que sejam cumpridas as exigências, ou seja, sendo possível a
atualização do cadastro único, comprovação que a renda não é mais a que foi
informada anteriormente ao Serviço Social, entre outras situações poderá formalizar
o deferimento do pedido.
Tanto a análise dos gráficos como do material empírico, nos leva a
considerar que o acesso aos benefícios na modalidade de Facultativo Baixa Renda
é muito burocrático, há uma descrença generalizada nessa especificidade de
contribuição, situação que acarreta um descrédito às políticas de seguridade
141

envolvidas nesse processo e na perspectiva de reconhecimento que permeia e


caracteriza a Lei nº 12.470/2011.

3.4 Medidas provisórias16: mais supressão de garantias e direitos?

Em 30 de dezembro de 2014, sob a bandeira do envelhecimento da


população, diminuição das taxas de natalidade e aumento da expectativa de vida da
população brasileira, foi publicada a Medida Provisória nº 664 (BRASIL, 2014c), que
altera as Leis nº 8.213, de 24 de julho de 1991, nº 10.876, de 2 junho de 2004,
nº 8.112, de 11 de dezembro de 1990, e a Lei nº 10.666, de 8 de maio de 2003a e
altera a Lei nº 7.998, de 11 de janeiro de 1990, que regula o Programa do Seguro-
Desemprego, o Abono Salarial e institui o Fundo de Amparo ao Trabalhador (FAT),
altera a Lei nº 10.779, de 25 de novembro de 2003, que dispõe sobre o seguro
desemprego para o pescador artesanal, e dá outras providências.
Assim como em situações anteriores, a população recebeu as mudanças
com certa resistência, entretanto as medidas envolvem não só a população usuários
dos serviços assistenciais e previdenciários, mas também as empresas que iriam
responder pelas despesas de afastamento do trabalhador pelo dobro do período em
vigência.
Nesse contexto os empresários pressionaram fortemente o legislativo, no
sentido de vetar, excluir e alterar algumas propostas da medida provisória, que
empós os trâmites pela Câmara dos Deputados Federais e Senado, a medida
provisória passa a vigorar como lei, alterando a legislação vigente.
A importância dessas medidas afeta diretamente as mulheres, uma vez
que suas alterações prejudicam conquistas, entre outros pontos, pensão por morte
do cônjuge ou companheiro. Com o dispositivo, que posteriormente foi convertido na
Lei nº 13.135, de 17 de julho de 2015, ficam instituídos os limites, expressos em

16
Medida Provisória é um dispositivo que integra o ordenamento jurídico brasileiro, que é reservada
ao presidente da República e se destina a matérias que sejam consideradas de relevância ou
urgência pelo Poder Executivo. Tal "ferramenta" jurídica é regulada de forma exclusiva pelo artigo
62 da Constituição Federal em vigor, que determina:
"Art. 62. Em caso de relevância e urgência, o Presidente da República poderá adotar medidas
provisórias, com força de lei, devendo submetê-las de imediato ao Congresso Nacional, que,
estando em recesso, será convocado extraordinariamente para se reunir no prazo de cinco dias.
Parágrafo único. As medidas provisórias perderão eficácia, desde a edição, se não forem convertidas
em Lei no prazo de trinta dias, a partir de sua publicação, devendo o Congresso nacional disciplinar
as relações jurídicas delas decorrentes." (SANTIAGO, 20--b]).
142

anos, para recebimento da pensão de acordo com a faixa etária do requerente, isso
é, quanto mais jovem for o beneficiário (seja este homem ou mulher), por menos
tempo terá direito à pensão do cônjuge, esposo (a), de acordo com a tabela

TABELA 3 - Período de recebimento de pensão de acordo com idade

Idade do Beneficiário (cônjuge) Tempo de recebimento em anos

Menor de 21 anos 03

Entre 21 e 26 anos 06

Entre 27 e 29 anos 10

Entre 30 e 40 anos 15

Entre 41 e 43 anos 20

Acima de 44 anos Vitalícia

Fonte: Lei nº 13.135, de 17 de julho de 2015. Elaborada por Lívia Marinho de Moura - (Anexo L).

A deliberação presume condição de igualdade para homens e mulheres


da mesma idade, não considerando assim fatores pessoais, profissionais, culturais,
entre outros, a partir do momento em que se limita o tempo de recebimento da
pensão, fica também implícito que o dependente deverá se organizar para que não
dependa mais do benefício, portanto, que esteja preparado para a interrupção deste
quando do termo do prazo determinado.
Não fará jus à pensão, ou deixará de recebê-la o dependente que estiver
envolvido direta ou indiretamente na morte do instituidor, desde que condenado de
acordo com os termos da lei; assim como o cônjuge ou companheiro que venha a
simular ou fraudar documentação de casamento ou união estável para assim poder
receber o benefício.
Ainda relacionado à pensão, os dispositivos determinam um tempo
mínimo de dois anos de casamento ou união estável, comprovado pelos devidos
documentos, assim como a pessoa falecida deverá ter, na data do óbito, um mínimo
de dezoito meses de contribuição; essas exigências serão suprimidas, caso a morte
do segurado decorra em razão de acidente por qualquer natureza.
143

A medida provisória, convertida em lei, determina também que o valor


recebido pelo benefício de auxílio-doença não poderá ultrapassar o valor da média
aritmética dos doze últimos salários de contribuição, condicionando assim, que o
segurado não receba, em gozo do afastamento, um valor maior do que o de seu
salário quando trabalhando.
Entende-se a intenção do legislador, uma vez que o segurado não deva
receber mais estando em situação de afastamento, contudo, não há amparo legal
quando receba menos valor de benefício do que quando no exercício de suas
atividades, fato que deveria ser avaliado, tendo em vista que estando ele adoecido
ou em tratamento de saúde, provavelmente terá um aumento de suas despesas.
Outra alteração da Lei nº 8.213/91, foi a Medida Provisória nº 676,
publicada em 17 de junho de 2015. Esta medida propõe uma alternativa ao Fator
Previdenciário17, em função de um cálculo progressivo de tempo de contribuição
associado à idade do segurado, sendo feita uma opção, quando for mais vantajoso
para o interessado, ambos os cálculos devem ser realizados.
A Medida Provisória começou a ser aplicada a partir de 2016, nos anos
seguintes haverá progressão numérica da tabela que inicialmente tem sua referência
em 85 pontos para a mulher e 95 pontos para os homens, resultado obtido da soma
dos tempos integrais de contribuição com a idade dos requerentes; não será
aplicada a regra para períodos menores de pagamento, assim alterando-se apenas
a idade de acordo com cada caso.
O Serviço Social, enquanto serviço ao qual toda a população tem direito e
acesso, atua no universo previdenciário na perspectiva de orientação, apoio ao
segurado e sua família; visando a uma melhoria na relação sociedade versus
Previdência Social, articulando suas ações em consonância e aproximação da
sociedade, da rede socioassistencial e de toda a comunidade. O artigo 88 da Lei nº
8.213, de 24 de julho de 1991, determina que:

Compete ao Serviço Social esclarecer junto aos beneficiários seus direitos


sociais e os meios de exercê-los e estabelecer conjuntamente com eles o
processo de solução dos problemas que emergirem da sua relação com a

17
Fator previdenciário foi instituído por Projeto de Lei, desde 1999, trata-se de um fator, uma fórmula
multiplicativa, que quando aplicado ao valor dos benefícios previdenciários que leva em conta o
tempo de contribuição, a idade do segurado e a expectativa de vida; aplicado nos casos em que a
pessoa já completou a integralidade das contribuições (30 anos mulher e 35 anos o homem), mas
que em comparação à expectativa de vida divulgada pelo IBGE, ainda é jovem; dessa maneira,
quanto mais jovem o requerente, maior será o desconto em seu salário de benefício.
144

Previdência Social, tanto no âmbito interno da Instituição como na dinâmica


da sociedade, contribuindo para o acesso dos usuários no reconhecimento
do direito aos benefícios e serviços prestados pela Previdência Social.

Essas ações na dinâmica do Serviço Social previdenciário são efetivadas


mediante esclarecimentos, junto aos beneficiários e à população, de quais são os
seus direitos e como exercê-los; em muitos momentos há mediação dos conflitos
entre a sociedade e a Previdência, contribuindo para a viabilização do acesso aos
serviços e benefícios previstos em lei.
O Serviço Social colabora para a implementação da Política
Previdenciária com característica de direito, perspectiva democrática e de cidadania,
dessa forma se atenta às demandas e reivindicações populares, submetendo-as a
análises e apreciações, tanto no âmbito da Agência, como em outras instâncias.
No contexto, não apenas do FBR, pois como pudemos entender essa
ação é urgente e necessária, a contribuição para a formação de uma consciência
coletiva, em que o trabalhador e a sociedade em geral, caminhem na perspectiva de
proteção e em articulação com os movimentos organizados da sociedade; se
necessário, contribuir com a articulação e implantação de outros colegiados, nas
quais as articulações evoluam em direção a uma maior visibilidade desses grupos.
De maneira estratégica o Serviço Social deve se manter em permanente
processo de capacitação, educação continuada, de maneira a ampliar sua criticidade
em relação às Políticas Sociais e suas práticas profissionais, suas capacidades
técnico-operativas devem estar alicerçadas em bases teórico-metodológicas, que
são constantemente alteradas e implementadas, exigindo assim essa postura.
A Matriz Teórico-metodológica do Serviço Social (MINISTÉRIO DA
PREVIDÊNCIA SOCIAL, 1995, p. 12) preconiza:

a) capacitar permanentemente o profissional de Serviço Social, através


da reciclagem de sua formação, possibilitando a ampliação de uma visão
crítica da prática profissional e instrumentalizando para as ações
profissionais alicerçadas nessa nova linha teórico-metodológica;
b) buscar a participação mais ampla no meio profissional - cursos
promovidos pelas universidades, órgãos da categoria e fóruns técnicos
específicos;
c) conhecer as condições objetivas e cotidianas da população usuária,
a partir de sua inserção na relação de produção, identificando suas
demandas com vistas a implantação das ações do Serviço Social;
d) conhecer as demandas e reivindicações previdenciárias dos
movimentos populares organizados através da aproximação com os
mesmos, bem como os diversos projetos previdenciários postos em
discussão na sociedade;
145

e) conhecer os mecanismos da instituição compreendendo legislação,


normas e rotinas previdenciárias na busca da superação da simples prática
burocrática e dos bloqueios e dificuldades sentidos pela população na sua
relação com a instituição, assim como instrumentalizando-a com a
apropriação do saber institucional;
f) estabelecer programas e projetos estaduais com base na realidade
regional a fim de definir as prioridades de ação profissional, fundamentada
numa linha teórico-metodológica e formas de avaliação das mesmas;
g) supervisionar nos níveis institucionais a programação do Serviço
Social numa relação democrática, de forma sistemática, garantindo a linha
de ação teórico-metodológica estabelecida;
h) articular junto aos setores institucionais e aos movimentos sociais
organizados da sociedade, através da identificação de alianças e
estabelecimento de relações que possibilitem a construção de objetivos
estratégicos comuns com vistas a privilegiar o usuário como sujeito de
direitos:
- troca de conhecimentos e informações com os setores da instituição para
estabelecimento de encaminhamentos, rotinas de procedimentos, soluções,
decisões conjuntas e divulgação;
- consultas formais às diferentes instâncias que compõem os diversos
espaços institucionais (Procuradoria, Junta de Recursos da Previdência
Social-JRPS, Fundação Jorge Duprat Figueiredo de Segurança e Medicina
do Trabalho-Fundacentro, organismos sindicais voltados para o estudo da
Saúde e Previdência, entre outros);
- proposição de reestruturação na forma de prestação das ações
institucionais como base nos estudos elaborados pelo Serviço Social e
outros setores institucionais, incluindo aqueles decorrentes de avaliação e
sugestão dos usuários.

A previdência tem em seu bojo a concretização da proscrição de uma


expressiva parcela da população brasileira cuja realidade vivenciada é o
desemprego e as relações informais de trabalho; em muitos momentos, esse caráter
excludente se expande aos próprios contribuintes, dada a complexa estrutura
burocrática vinculada a uma complexa legislação, a compreensão pela população e
muitas vezes pelo próprio executivo é complicada.
A população usuária além da dificuldade de compreensão da legislação,
muitas vezes não tem acesso a essas informações, assim como a lógica estrutural
dos serviços e da forma de atendimento, que constantemente sofrem alterações que
vão desde instruções cotidianas de normatização, até profundas mudanças na
legislação.
Assim sendo, a socialização das informações previdenciárias, enquanto
atribuição específica do Serviço Social, vai além da mera orientação previdenciária,
devendo ser diferenciada e adequada ao público para o qual se transmite, indo além
do mero repasse que visa apenas ao enquadramento dos usuários aos moldes e
exigências institucionais.
146

a) é transmitida sob a ótica do direito social e da proteção ao trabalho;


b) particulariza os sujeitos individuais e coletivos a partir de sua
realidade imediata vinculando-a com a totalidade;
c) estabelece-se uma relação horizontal entre o saber do Assistente
Social (profissional, institucional, de leitura de totalidade) e o saber do
usuário, expresso em suas demandas e reivindicações; e
d) exige a construção de espaço de discussão, debate, análise e
proposições que possibilitem o nível de reflexão e crítica. É um processo
dinâmico de construção e de politização das questões. (MINISTÉRIO DA
PREVIDÊNCIA SOCIAL, 1995, p. 11).

Consoante essas máximas, o processo de socialização das informações


previdenciária pelo Serviço Social se ampara em uma perspectiva democrática,
devidamente legalizada, na qual a transparência e o real conhecimento sejam
transmitidos pela comunicação do Assistente Social, proporcionando assim, à
população, meios para que avalie e analise de maneira crítica o sistema
institucional, que apesar de ser burocrático, deve ser desvendado e entendido
enquanto aparelho de proteção que trabalha para uma Política Social.
Quando a população se apropria desse conhecimento terá oportunizado o
acesso efetivo ao direito, assim como a capacidade de articulação com outras
políticas e serviços relacionados às políticas sociais, podendo, assim, se constituir o
efetivo fortalecimento de um coletivo consciente, que tenha como direção a
efetivação de seus direitos.
A massa com a qual operamos no momento, e essa certeza se concretiza
ao avaliarmos o material empírico da pesquisa, está muito aquém de uma população
consciente de seus direitos, deveres e do como proceder para essa efetivação,
independentemente de ajuda ou comiseração.
Em muitos momentos, os usuários ambicionam que as ações e os
profissionais da instituição entendam suas condições pessoais, o que não ocorrerá,
até mesmo porque não é esse o objetivo legal do executivo, entretanto, a
subjetividade assim como as particularidades da população em geral, devem ser
consideradas e, para tanto, o Serviço Social precisa adotá-las como procedimentos.

e) identificação das condições objetivas cotidianas do usuário, a partir


de suas demandas para a passagem da informação de forma específica,
particular a cada indivíduo ou grupo;
f) conhecimento das questões particulares como expressão de um todo
indo além do tópico, do pontual, da singularidade. Neste sentido considerar
o atendimento de usuários como espaço sensível de flagrante do real que
possibilita a visão de totalidade;
g) análise de aspectos sociais relevantes do usuário baseada na
observação, em sua história de vida, legislação previdenciária, ordens de
147

serviços, documentação e outros, com vistas a uma avaliação social


inerente ao atendimento e à elaboração de Pareceres Sociais voltados para
proposição de solução de inclusão de usuários não acessados;
h) catalogação de dados e pareceres que venham constituir-se em
subsídios para instituir a jurisprudência da prática e que permitam a
inclusão;
i) elaboração de boletins informativos ou outros que possibilitem a
circulação das questões que foram solucionadas em decisões conjuntas;
j) identificação de interesses comuns dos usuários visando a criação
de espaços que propiciem a coletivização. (MINISTÉRIO DA PREVIDÊNCIA
SOCIAL, 1995, p. 12).

As ações de fortalecimento do coletivo devem pretender a superação da


condição massificada em que a população se encontra na contemporaneidade. Essa
potencialização de forças e consciências deve ser contínua, organizada
sistematicamente com grupos da sociedade nos quais a discussão contígua das
ocorrências e situações experimentadas no ambiente previdenciário possam
contribuir para um processo de proteção ao trabalhador e sua família, efetivando
assim o disposto na Missão Previdenciária.
Esses modelos de não articulação coletiva propiciam também o
surgimento de outras demandas das quais muitas vezes não tomamos
conhecimento, assim como de situações que necessitam de implementação na
política para que possam ser resolvidas em conjunto com a população usuária,
principal interessada e em que as avaliações e os impactos devem ser conhecidos
para a tomada de devidas providências.

a) mobilização: identificar as necessidades e situações vivenciadas


coletivamente aglutinando os usuários e criando um espaço para discussão
conjunta;
b) organização dos espaços de discussão de forma sistemática, a partir
da descoberta dos interesses comuns da realidade concreta da população,
visando o estabelecimento de vínculos, o avanço e a continuidade das
discussões;
c) tematização de situações concretas e organização dos conteúdos, a
partir da prática de fatos e situações que possibilite gerar atitudes
investigativas e de reflexão crítica;
d) utilização de recursos técnicos como dinâmicas de grupo e
pesquisa-ação que possibilitem o conhecimento da realidade, através de
discussões participativas e dos meios de ação a serem implementados em
articulação com os movimentos sociais organizados da sociedade no
sentido de fortalecer as reivindicações e encaminhar o processo de
mudanças. (MINISTÉRIO DA PREVIDÊNCIA SOCIAL, 1995, p. 13).

Outra competência do Serviço Social no contexto previdenciário, em


direção à viabilização do direito e acesso à Política Previdenciária, é o serviço de
assessoria, trabalho de caráter técnico-operativo, mas que, pincipalmente em
148

relação às outras esferas das políticas sociais e do Serviço Social, deve estar
pautado na dimensão ético-política da profissão.
O trabalho de assessoria, mais do que a socialização das informações
previdenciárias, exige a realização permanente de análise de conjuntura, tanto da
realidade vivenciada pela população, como do momento político e contextos gerais
das políticas com as quais irá interagir; observando os limites e possibilidades
técnico-institucionais de ações e intervenções.
A interlocução com as outras políticas, mesmo as que parecem mais
distantes do circuito socioassistencial, é necessária e urgente. Pensar que as
esferas de proteção social caminham de maneira isolada é o primeiro passo para a
concretização do não acesso, do afastamento da condição de Estado Democrático
de Direito e da efetivação da cidadania.
A assessoria no contexto previdenciário tem como função prática
instrumentalizar os profissionais do Serviço Social e de outras áreas, os movimentos
sociais, as instituições governamentais e organizações da sociedade civil; em função
de uma construção de ideários que possam colaborar com a formulação de
sugestões para a implementação das ações previdenciárias, assim como na
elaboração de novas propostas para as ações da Seguridade Social, para tanto é
necessário:

a) realização permanente de análise de conjuntura, de modo a entender


cada momento histórico e suas repercussões na política de Seguridade
Social;
b) decodificar as demandas trazidas pelo grupo por meio de estudo da
realidade social e discussão das necessidades e interesses apresentados
pelos sujeitos sociais;
A catalogação pode ser realizada por meio de levantamentos estatísticos
sobre os benefícios e serviços. As análises consideram os benefícios
requeridos, concedidos, indeferidos, demandas de recursos e judiciais, etc.
Estes dados serão selecionados a partir da atuação e reflexão da prática do
Assistente Social.
c) respeito aos grupos como sujeitos coletivos, protagonistas e autônomos,
com vistas à construção de um plano de trabalho conjunto, resguardadas as
escolhas destes “que têm autonomia em acatar ou não as proposições da
assessoria” (MATTOS, 2009; p. 524) e consultoria;
d) capacitação continuada dos profissionais que possibilite o domínio sobre
as políticas sociais, com ênfase na política previdenciária, estendendo-se às
políticas de Saúde, Assistência Social e Saúde do Trabalhador. (BRASIL,
2012, p. 13).

Metodologicamente, o fazer profissional do Serviço Social necessita que


haja coerência nas ações que devem estar de acordo com a concepção teórica a ser
149

seguida pelo Assistente Social, tendo em vista que o conhecimento aprofundado das
referências, propicia um melhor desvelamento da realidade e, a partir de então, a
concreta direção a ser tomada.

O procedimento metodológico supõe o uso de instrumentos e técnicas


vinculados a uma concepção teórica que lhes dá direção, intencionalidade
(contrário à neutralidade), constituindo-se como fundamentais a viabilização
das estratégias propostas. Assim sendo, as entrevistas, as visitas
domiciliares, a abordagem junto às populações, as dinâmicas de grupo,
palestras, seminários, bem como o parecer social, pesquisa e recursos
materiais estão direcionados neste documento pelo método
histórico-dialético. (MINISTÉRIO DA PREVIDÊNCIA SOCIAL, 1995, p. 14).

As ações e atribuições do Serviço Social na Previdência são imensas,


assim como a responsabilidade e comprometimento no fazer cotidiano que envolve
a execução de projetos, assim como de ações consubstanciadas na socialização
das informações previdenciárias, assistenciais e das outras políticas sociais, na
assessoria, consultoria e no constante fortalecimento do coletivo.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
151

Entender a inserção da mulher na política previdenciária, não apenas no


limiar da Lei nº 12.470, de 31 de agosto de 2011, mas desde o entendimento do
princípio organizacional da seguridade no mundo e, no caso desta pesquisa, no
Brasil, deve, obrigatoriamente, ter como referência todo o contexto da introdução da
mulher no mercado de trabalho e na vida pública.
As mulheres têm como histórico previdenciário estarem sempre na
condição de dependentes, tanto dos cônjuges ou companheiros, como também dos
filhos; o que as descaracterizam, quando comparadas aos demais trabalhadores
contribuintes que pagaram para fazer jus aos vencimentos que recebem; entretanto,
o princípio da seletividade, que não descaracteriza a efetivação do direito, e que
caracteriza a lei, possibilitando assim contextos diferenciados para situações
distintas.
Assim sendo, muitas vezes é preceituado que, já que recebem a pensão,
ou o auxílio-reclusão, não precisam de benefício próprio; entretanto, vivemos em
uma sociedade capitalista, na qual o mais nem sempre soma, dados os valores
irrisórios da maioria absoluta dos benefícios, ou seja, a percepção de um benefício
previdenciário não impede o recebimento de outro, estando ambos de acordo com a
lei.
Em países como a Inglaterra, essa proteção já se efetivou há muitos
anos, contudo, no Brasil as ações são sempre tardias e extemporâneas, pautadas
em soluções ou alternativas somente quando o problema acontece, e a tomada de
decisões no momento da tormenta é sempre mais difícil, pois o envolvimento dos
profissionais em situação conflituosa pode dificultar o raciocínio e a escolha dos
procedimentos corretos.
As mulheres eram consideradas um “peso” para a Previdência, o primeiro
Projeto de Lei, voltado para as mulheres donas de casa foi proposto em 1975 e foi
rejeitado nas votações do Congresso, elas não eram vistas como trabalhadoras e
não se pensava no montante de contribuições que certamente ampliaria o volume de
recursos previdenciários.
No Brasil, somente com a Lei nº 8.212 e 8.213 (BRASIL, 1991a, 1991b),
que regulamenta o Regime Geral de Previdência Social, foi possível que as
mulheres, donas de casa, realizassem contribuições junto à Previdência Social como
Contribuintes Facultativos, e, mesmo contribuindo, só poderão se aposentar por
idade, aos sessenta anos e com no mínimo cento e oitenta contribuições.
152

Já nessa modalidade a contribuinte pagaria uma alíquota de 11% sobre o


salário mínimo e esse será o valor de seu benefício, compreende-se assim a
perspectiva do mínimo para mulheres que não exercem atividades específicas, caso
deseje um valor maior de benefício a alíquota irá variar para 20% do salário de
contribuição.
As políticas assistenciais, de acordo com suas condicionalidades,
asseguram o atendimento às famílias, à pessoa com deficiência, ao idoso, à criança,
ao adolescente, ações de vulnerabilidade social, contudo, as mulheres são deixadas
em segundo plano, principalmente se forem sozinhas, pois assim sendo não há a
necessidade da ação do Programa de Fortalecimento de Vínculos (PFV) ou das
ações do Programa de Atenção Integral à Família (PAIF).
Programas esses presentes nas ações do Sistema Único de Assistência
Social (SUAS), porém, aparentemente a mulher sozinha não é família, ou a definição
de família monoparental foi abolida do dicionário das ações do SUAS; a realidade é
que não há atendimento específico voltado para essa parcela significativa da
população.
A condição é ainda mais preocupante quando sozinhas, viúvas ou
separadas, não recebem nenhum tipo de pensão, seja porque o cônjuge ou
companheiro não tinha condição de qualidade de segurado junto à Previdência
Social no período de seu óbito, seja porquanto no momento da separação, não
tenha ficado determinado o pagamento de pensão alimentícia.
Assim sendo, muitas vezes é a própria política de Assistência Social que
encaminha essas mulheres para o atendimento previdenciário e essa ação ocorre
por dois motivos, sendo o primeiro porque no momento do atendimento não
conseguem a inserção dessas pessoas em nenhum programa ou projeto
assistencial.
O segundo, diretamente relacionado ao primeiro é que, não enxergando
escolhas viáveis para o público feminino, vê a previdência como opção, muitas
vezes mascarando a intenção de encerrar o atendimento de uma vez, já que não há
alternativas para essas mulheres; assim encaminham essas usuárias a Previdência
e em muitos momentos, sabe que não serão atendidas.
Contudo, ao comparecer à Previdência Social, situação análoga ocorre,
pois em muitos casos essas mulheres nunca contribuíram com a previdência e se o
fizeram foi por pouco período de tempo, condição que não lhes garante o acesso
153

aos benefícios previdenciários, situação recorrente e extremamente desgastante e


decepcionante para as elas.
No interior deste contexto, várias alternativas se apresentaram, contudo, a
falta de divulgação e explicação da política previdenciária não convence as pessoas
a aderirem e menos ainda a pagar por uma cobertura que, de acordo com a cultura
popular ou do senso comum, não as alcançarão.
A publicação da Lei nº 12.470, de 31 de agosto de 2011 surge como
alternativa e solução de propostas que permeavam o Legislativo há mais de trinta e
cinco anos, trazendo à tona não só a perspectiva de inserção, como de uma
abrangência diferenciada, pois será efetivada com alíquotas reduzidas de
contribuição.
A divulgação midiática e populista da lei acarretou não apenas uma
corrida às Agências da Previdência Social (APS), como aos Centros de Referência
da Assistência Social (CRAS). Vários obstáculos, inclusive relacionados ao
atendimento, foram interpostos a essa população, assim dúvidas e
descontentamentos aparecem de maneira recorrente e imprevisível, deixando
evidente o aspecto movediço da Federação Brasileira.
O entendimento de que não bastava comprovar a condição de dona de
casa, mas que a necessidade de contribuições e idade mínimas são também
exigências para essa modalidade de contribuição, foi o principal motivo de
aborrecimentos e dúvidas entre os usuários, consequentemente, houve uma crítica
em massa; a população se sentia enganada e por muitas vezes até mesmo os
servidores orientavam os interessados a não contribuição nessa modalidade, por
presenciarem recorrentes e numerosos indeferimentos.
Dúvidas em relação ao que seria considerado renda, ou em relação às
informações obtidas pelo acesso ao CadÚnico são motivos de contrariedade e
interposição de diversos recursos; qualquer quantia declarada no momento da
efetivação do cadastro, mesmo oriunda de doação, poderia ser considerada renda e
o benefício seria indeferido; desta forma a Previdência faz uma consulta à Advocacia
Geral da União (AGU), que responde:
154

Ante ao exposto, à luz do art. 21, § 2º, inciso II, alínea “b”, c/c o § 40, do
mesmo dispositivo, conclui-se que:
a) a alíquota de 5% sobre o menor valor mensal do salário de
contribuição é destinada aos segurados facultativos que preencham aos
seguintes requisitos. a) não possuir renda própria. b) dedicação exclusiva
ao trabalho doméstico no âmbito de sua residência. c) pertencer à família de
baixa renda assim considerada. c1) inscrita no CadÚnico [...]
b) a expressão sem renda [...] deve ser tomada em sua acepção literal,
razão pela qual o segurado facultativo, para fins previstos nesse dispositivo,
18
não pode ter qualquer tipo de renda própria, [...].

Outra questão polêmica, e que para considerável parcela da população


fere a lei e o princípio constitucional da igualdade, quando oferece a alíquota
reduzida e cobertura previdenciária apenas para as donas de casa integrantes de
famílias de baixa renda, nos devaneios e proposições da pesquisadora, a dona de
casa que acumula a função com o trabalho formal ou informal, deveria ser também
contemplada pela legislação.
Situação de incoerência é que a pessoa contribui, sem a certeza do
recebimento do benefício e nem ao menos da validação das contribuições que
realizou, exemplificando: pode contribuir durante anos e não ter validados os
pagamentos, por um ou mais dos motivos descritos no terceiro capítulo da presente
tese.
A alternativa no caso da não validação é o recurso administrativo ou
judicial ou a complementação dos recolhimentos efetuados na alíquota de 11% 20%
de acordo com cada caso ou com a vontade do contribuinte e de acordo com a lei;
caso tenha sido indeferido o benefício em função da não validação das contribuições
o segurado deverá complementar os valores de contribuição de uma única vez.
Caso o montante das contribuições não perfaçam o quantum exigido pela
lei, e que normalmente não são valores desprezíveis, de acordo com o tempo de
contribuição já efetuado, o segurado poderá optar pela complementação parcelada
do benefício para que não perca o tempo em questão, cabe informar que o reajuste
das contribuições é calculado pela taxa do Sistema Especial de Liquidação e de
Custódia (SELIC).
Outro prejuízo para o qual a lei não alerta o interessado, é quando o
contribuinte FBR começar a trabalhar como empregado; com a formalização do
vínculo ou da atividade, não conseguirá mais a validação do tempo em que

18
Parecer n. 100/2011/CGMBEN/PFE-INSS/PGF/AGU, documento cedido pela Advocacia Geral da
União.
155

contribuiu com a alíquota reduzida, a não ser que efetue a complementação das
contribuições, que nesse caso poderá ser parcelado, com as devidas correções.
O interessado não poderá simplesmente solicitar a validação dos
períodos pagos junto ao INSS, somente serão validadas as contribuições mediante
requerimento dos benefícios previdenciários aos quais faz jus na modalidade de
contribuição FBR, assim sendo, a pessoa poderá solicitar um auxílio-doença sem
nunca ter sofrido de nenhuma doença, enfermidade ou incapacidade, apenas para
que sejam validadas as contribuições, o que aumentaria, ainda mais, as filas de
atendimento na Previdência Social.
São muitas as situações, condições diversas de acesso e diferentes
necessidades e contextos da população, para serem contemplados com uma política
única, consubstanciada na edição da lei referida, e que, notadamente, não previu
essas especificidades no momento de sua elaboração, o que não deixa de ser uma
ironia, dado o tempo imenso de tramitação da lei até a aprovação final e sanção
presidencial; o que reflete a mentalidade errônea da gestão pública na realidade
brasileira e da impropriedade da vivência da esfera pública no Brasil.
Em relação aos benefícios pleiteados, a maior incidência de
requerimentos é o do auxílio-doença, que de acordo com estatísticas divulgadas
pela Dataprev, atinge em média 60% de taxa de indeferimento do total de benefícios
pleiteados.
No caso específico de contribuinte FBR o setor administrativo pode
averiguar o resultado da perícia médica, tendo sido deferido o pedido orientam o
segurado, se possível, efetuar a complementação das contribuições e
posteriormente a procurarem o atendimento nas APS para que se concretize o
processo de concessão.
As medidas provisórias publicadas nos últimos seis meses pretendiam
mudanças concretas, visando uma economia e equilíbrio nas contas da Previdência,
assim como um alinhamento para os requerimentos; contudo, a pressão
empresarial, assim como social, reverteu vários itens que foram excluídos da MP nº
664, que estava relacionada à previdência social.
Ainda assim, algumas alterações foram mantidas, entre elas, uma
envolvendo parcela da população cuja maioria, 87% (de acordo com último Anuário
Estatístico da Previdência Social), é composta por mulheres, e a medida determina
períodos de recebimento vinculados à idade, sem considerar grupo familiar, histórico
156

pessoal, cultural, capacitações específicas, entre outras facetas que permeiam a


vida social e laboral dessas mulheres.
Destarte, as considerações são voltadas para políticas, falando apenas no
contexto assistencial e previdenciário, no qual a questão monetária e financeira se
sobrepõe às pessoais e sociais; situação corriqueira em uma sociedade capitalista,
entretanto, estamos falando de políticas inseridas em um contexto de seguridade
social, fundamentado na Lei Maior da Nação brasileira.
Não é possível nesse contexto, desconsiderar que, no mínimo, deveriam
imbricar suas ações, alterações e condicionalidades, na perspectiva do máximo, da
efetiva proteção e exercício do direito, não prevendo por antecipação que o sujeito
irá superar as condições, não determinando um tempo, mas sim amparando a
situação em uma perspectiva de suporte e apoio.
Direito e assistência no Brasil deveriam ser sinônimos, principalmente em
uma nação na qual a grande maioria da população é sobrepujada e marginalizada
há séculos, e ainda assim, ao ser contemplada com as políticas de seguridade, no
caso desse estudo, entende a situação como benemerência, como favor, se curva
às condicionalidades de políticas elitizadas e excludentes, formuladas pela mesma
classe que as debelou.
Tão importante quanto a reformulação, implementação e aprimoramento
das políticas públicas, em especial as políticas sociais, é a conscientização das
massas sobre sua condição e principalmente do “quê e do porquê”, dessa situação,
somente com essa conscientização o contexto, realmente direcionado ao
entendimento, proteção e superação dessas condições, poderá começar a ser
discutido.
Há de se reconhecer que avanços ocorreram, a própria Constituição
Federal Brasileira de 1988, já com mais de vinte e sete anos de publicação, é prova
dessas conquistas, todavia, estão efetivadas as políticas voltadas para a execução
do que está preconizado na Lei Máxima da Nação? Até que ponto a população foi e
está servindo como massa de manobra para perspectivas inalcançáveis?
No estudo das políticas, desde a sua gênese até a formatação atual e,
principalmente, na análise das medidas e propostas recentes, percebemos
claramente o quão cheia de segundas intenções elas estão, as finalidades maiores
são sempre os interesses políticos de uma minoria elitizada, determinada a
157

permanecer no poder, e como as estratégias para essa permanência podem ser


abjetas e danosas à maioria.
A exemplo, tratemos da lei que permeia o direcionamento objeto desse
estudo, a Lei nº 12.470, de 31 de agosto de 2011, ao verificar que a maioria
absoluta dos benefícios está sendo negada, mas até que as pessoas saibam disso
já terão contribuído por anos e ainda poderão ser levadas a pagar mais ainda, de
uma maneira ou em um montante para o qual não estão preparadas.
A promessa da proposta atinge parcela considerável da população, uma
vez que de acordo última pesquisa do IBGE, as mulheres são 51,5% da população
brasileira, e o entendimento deste fato e de como esta população tem sido
confundida deve servir não só para a crítica, mas para, de acordo com a perspectiva
crítica, esquadrinhar a transformação desta realidade.
O Poder Judiciário Federal, alternativa para várias destas questões,
principalmente as de âmbito previdenciário, já não suporta mais a quantidade
imensa de processos interpostos, sem considerarmos que grande parte da
população desconhece essa opção; ainda assim, não consegue contornar esse
cenário de processos cada vez mais volumosos.
Conclui-se, enfim, que a relação da política previdenciária, bem como de
outras políticas públicas, com a população brasileira, ainda é muito controversa; os
conflitos são os mais variados e o desconhecimento dos usuários em relação à
legislação é o maior abismo entre o que ainda é tratado e considerado como uma
dádiva e a construção coletiva do direito.
A essência da controvérsia está evidente na formatação da seguridade
social brasileira quando introduz características bismarckiananas e beveridianas,
possuidores de opiniões tão díspares no que tange à proteção social, situação em
que até mesmo o Serviço Social tem dificuldade para esclarecer junto à população
usuária.
Como pudemos observar na pesquisa, não houve crédito na lei em
epígrafe, a confirmação do não acesso da maioria dos requerentes aos benefícios
pleiteados contribui para a descrença não só na política previdenciária, como nas
políticas sociais como um todo. A falta de compreensão das questões que envolvem
o acesso se constitui no maior entrave para a população.
Outro aspecto da perversidade no que tange à proteção é em relação aos
valores dos benefícios, 70% da folha de pagamento da previdência, de acordo com
158

a Dataprev, é de um salário mínimo, valor insuficiente tanto para a garantia dos


direitos fundamentais, como o direito à: saúde, educação, alimentação, moradia e
lazer; salientando-se: como fere a garantia constitucional de dignidade humana.
As Medidas Provisórias desestimulam ainda mais a população, não são
explicadas, a linguagem não é clara, os vetos são muitos, contudo os impactos
sentidos e entendidos pela população são os imediatos à implantação dos novos
critérios e, mesmo quando alguns tenham sido vetados, ainda assim, as mulheres e
dependentes são os mais atingidos pelas mudanças; vivemos um momento de
controvérsias e supressão de direitos, situação não esperada pela população que
fez a escolha por um “governo social”.
Dessa maneira, faz-se urgente visualizar todo esse problemático
contexto, desvelando antigos e contemporâneos conceitos, por exemplo o de a dona
de casa não fazer parte da população economicamente ativa, primeiro passo para a
discussão dos critérios de acesso contidos na lei e inevitável concretização das
alterações pertinentes, ação necessária a vários outros pontos das políticas
assistencial e previdenciária.
Finalizando, mas sem terminar a discussão, pois permanece a certeza de
infindáveis estudos, tendo em vista as transformações históricas constantes na
humanidade e no que tangencia as políticas de proteção. Compete ao profissional e
a toda categoria do Serviço Social, o enfrentamento das inconstâncias acarretadas
pelo sistema capitalista, mais ainda, pertence a essa classe o compromisso de
superação das controvérsias advindas das próprias políticas de seguridade social.
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171

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INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL. Portaria Conjunta MDS/INSS n. 1,
de 29 de maio de 2009. Institui instrumentos para avaliação da deficiência e do grau
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Continuada da Assistência Social - BPC, conforme estabelece o art. 16, § 3º, do
Decreto nº 6.214, de 26 de setembro de 2007, alterado pelo Decreto nº 6.564, de 12
de setembro de 2008. Diário Oficial da União, Poder Executivo, Brasília, DF, 2 jun.
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cuidado>. Acesso em: 22 fev. 2015.

VIANNA, João Ernesto Aragonés. Curso de direito previdenciário. São Paulo:


Atlas, 2014.
ANEXOS
175

ANEXO A - PARECER CONSUBSTANCIADO DO CEP

FACULDADE DE CIÊNCIAS
HUMANAS E SOCIAIS - UNESP
- CAMPUS DE FRANCA

PARECER CONSUBSTANCIADO DO CEP


DADOS DO PROJETO DE PESQUISA
Título da Pesquisa: Quando Previdência e Assistência não contemplam.
Pesquisador: Lívia Marinho de
Moura Área Temática:
Versão: 2
CAAE: 46689015.0.0000.5408
Instituição Proponente:UNIVERSIDADE ESTADUAL PAULISTA JULIO DE MESQUITA FILHO
Patrocinador Principal: Financiamento Próprio

DADOS DO PARECER
Número do Parecer: 1.152.348
Data da Relatoria: 29/07/2015
Apresentação do Projeto:
O projeto foi apresentado de modo coerente com as normas da pesquisa científica.
Objetivo da Pesquisa:
Estão redigidos de forma clara e com possibilidade de execução.
Avaliação dos Riscos e Benefícios:
Foram levantados os riscos e os cuidados, bem como os benefícios esperados com a pesquisa.
Comentários e Considerações sobre a Pesquisa:
--
Considerações sobre os Termos de apresentação obrigatória:
Estão de acordo com as regras da Resolução 196.
Recomendações:
--
Conclusões ou Pendências e Lista de Inadequações:
--
Situação do Parecer:
Aprovado

Endereço: Av. Eufrasia Monteiro Petraglia, 900


Bairro: Jd. Antonio Petraglia CEP: 14.409-160
UF: SP Município: FRANCA
Telefone: (16)3706-8723 Fax: (16)3706-8724 E-mail: [email protected]

Página 01 de 02
176

FACULDADE DE CIÊNCIAS
HUMANAS E SOCIAIS - UNESP
- CAMPUS DE FRANCA
Continuação do Parecer: 1.152.348
Necessita Apreciação da CONEP:
Não
Considerações Finais a critério do CEP:
O coordenador aprova ad referendum do Colegiado o parecer do relator.

FRANCA, 16 de Julho de 2015

Assinado por:
Helen Barbosa Raiz Engler
(Coordenador)

Endereço: Av. Eufrasia Monteiro Petraglia, 900


Bairro: Jd. Antonio Petraglia CEP: 14.409-160
UF: SP Município: FRANCA
Telefone: (16)3706-8723 Fax: (16)3706-8724 E-mail: [email protected]

Página 02 de 02
177

ANEXO B - AUTORIZAÇÃO DE PESQUISA PELA INSTITUIÇÃO


178

ANEXO C - TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO

TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO (TCLE)

NOME DO PARTICIPANTE:
DATA DE NASCIMENTO: __/__/___. IDADE:____
DOCUMENTO DE IDENTIDADE: TIPO:_____ Nº_________ SEXO: M ( ) F ( )
ENDEREÇO: ________________________________________________________
BAIRRO: _________________ CIDADE: ______________ ESTADO: _________
CEP: _____________________ FONE: ____________________.

Eu,
___________________________________________________________________,
declaro, para os devidos fins ter sido informado verbalmente e por escrito, de forma
suficiente a respeito da pesquisa: (título do projeto). O projeto de pesquisa será conduzido
por (nome do pesquisador), do Programa de Pós-Graduação em (nome do Programa),
orientado pelo Prof (a). Dr(a) (nome), pertencente ao quadro docente da Universidade
Estadual Paulista “Júlio de Mesquita Filho” – Faculdade de Ciências Humanas e
Sociais/UNESP/C.Franca. Estou ciente de que este material será utilizado para
apresentação de: (Monografia, Dissertação, Tese, Projeto (s), Relatório Trienal de
Atividades/Docente, etc.) observando os princípios éticos da pesquisa científica e seguindo
procedimentos de sigilo e discrição. [Descrição sumária do trabalho (+ou- três linhas)].
Fui esclarecido sobre os propósitos da pesquisa, os procedimentos que serão utilizados e
riscos e a garantia do anonimato e de esclarecimentos constantes, além de ter o meu direito
assegurado de interromper a minha participação no momento que achar necessário.
Franca, de de .

_____________________________________________.
Assinatura do participante

________________________________________(assinatura)
Pesquisador Responsável
Nome
Endereço:
Tel:
E-mail:

________________________________________(assinatura)
Orientador
Prof. (ª) Dr. (ª)
Endereço:
Tel:
E-mail:

E-mail:
179

ANEXO D – LEI Nº 12.470, DE 31 DE AGOSTO DE 2011.

Presidência da República
Casa Civil
Subchefia para Assuntos Jurídicos
LEI Nº 12.470, DE 31 DE AGOSTO DE 2011.
Altera os arts. 21 e 24 da Lei no 8.212, de 24
de julho de 1991, que dispõe sobre o Plano
de Custeio da Previdência Social, para
estabelecer alíquota diferenciada de
contribuição para o microempreendedor
individual e do segurado facultativo sem
renda própria que se dedique exclusivamente
ao trabalho doméstico no âmbito de sua
residência, desde que pertencente a família
de baixa renda; altera os arts. 16, 72 e 77 da
Lei no 8.213, de 24 de julho de 1991, que
dispõe sobre o Plano de Benefícios da
Previdência Social, para incluir o filho ou o
Produção de efeito irmão que tenha deficiência intelectual ou
Conversão da Medida Provisória nº 529, demental como dependente e determinar o
2011 pagamento do salário-maternidade devido à
empregada do microempreendedor individual
diretamente pela Previdência Social; altera os
arts. 20 e 21 e acrescenta o art. 21-A à Lei
no 8.742, de 7 de dezembro de 1993 - Lei
Orgânica de Assistência Social, para alterar
regras do benefício de prestação continuada
da pessoa com deficiência; e acrescenta os
§§ 4o e 5o ao art. 968 da Lei no 10.406, de 10
de janeiro de 2002 - Código Civil, para
estabelecer trâmite especial e simplificado
para o processo de abertura, registro,
alteração e baixa do microempreendedor
individual.
A PRESIDENTA DA REPÚBLICA Faço saber que o Congresso Nacional decreta e eu
sanciono a seguinte Lei:
Art. 1o Os arts. 21 e 24 da Lei no 8.212, de 24 de julho de 1991, passam a vigorar com as
seguintes alterações:
“Art. 21. .....................................................................................................................................
§ 2o No caso de opção pela exclusão do direito ao benefício de aposentadoria por tempo
de contribuição, a alíquota de contribuição incidente sobre o limite mínimo mensal do salário
de contribuição será de:
I - 11% (onze por cento), no caso do segurado contribuinte individual, ressalvado o disposto
no inciso II, que trabalhe por conta própria, sem relação de trabalho com empresa ou
equiparado e do segurado facultativo, observado o disposto na alínea b do inciso II deste
parágrafo;
II - 5% (cinco por cento):
180

a) no caso do microempreendedor individual, de que trata o art. 18-A da Lei Complementar


no 123, de 14 de dezembro de 2006; e
b) do segurado facultativo sem renda própria que se dedique exclusivamente ao trabalho
doméstico no âmbito de sua residência, desde que pertencente a família de baixa renda.
§ 3o O segurado que tenha contribuído na forma do § 2o deste artigo e pretenda contar o
tempo de contribuição correspondente para fins de obtenção da aposentadoria por tempo de
contribuição ou da contagem recíproca do tempo de contribuição a que se refere o art. 94 da
Lei no 8.213, de 24 de julho de 1991, deverá complementar a contribuição mensal mediante
recolhimento, sobre o valor correspondente ao limite mínimo mensal do salário-de-
contribuição em vigor na competência a ser complementada, da diferença entre o percentual
pago e o de 20% (vinte por cento), acrescido dos juros moratórios de que trata o § 3o do art.
5o da Lei no 9.430, de 27 de dezembro de 1996.
§ 4o Considera-se de baixa renda, para os fins do disposto na alínea b do inciso II do §
2o deste artigo, a família inscrita no Cadastro Único para Programas Sociais do Governo
Federal - CadÚnico cuja renda mensal seja de até 2 (dois) salários mínimos.” (NR)
“Art. 24.
........................................................................................................................................
Parágrafo único. Presentes os elementos da relação de emprego doméstico, o empregador
doméstico não poderá contratar microempreendedor individual de que trata o art. 18-A da
Lei Complementar no 123, de 14 de dezembro de 2006, sob pena de ficar sujeito a todas as
obrigações dela decorrentes, inclusive trabalhistas, tributárias e previdenciárias.” (NR)
Art. 2o Os arts. 16, 72 e 77 da Lei no 8.213, de 24 de julho de 1991, passam a vigorar com
as seguintes alterações:
“Art.
16. ..........................................................................................................................................
I - o cônjuge, a companheira, o companheiro e o filho não emancipado, de qualquer
condição, menor de 21 (vinte e um) anos ou inválido ou que tenha deficiência intelectual ou
mental que o torne absoluta ou relativamente incapaz, assim declarado judicialmente;
III - o irmão não emancipado, de qualquer condição, menor de 21 (vinte e um) anos ou
inválido ou que tenha deficiência intelectual ou mental que o torne absoluta ou relativamente
incapaz, assim declarado judicialmente;
“Art. 72.
.........................................................................................................................................
§ 3o O salário-maternidade devido à trabalhadora avulsa e à empregada do
microempreendedor individual de que trata o art. 18-A da Lei Complementar no 123, de 14
de dezembro de 2006, será pago diretamente pela Previdência Social.” (NR)
“Art. 77.
..........……........................................................................................................................
II - para o filho, a pessoa a ele equiparada ou o irmão, de ambos os sexos, pela
emancipação ou ao completar 21 (vinte e um) anos de idade, salvo se for inválido ou com
deficiência intelectual ou mental que o torne absoluta ou relativamente incapaz, assim
declarado judicialmente;
III - para o pensionista inválido pela cessação da invalidez e para o pensionista com
deficiência intelectual ou mental, pelo levantamento da interdição.
§ 4º A parte individual da pensão do dependente com deficiência intelectual ou mental que
o torne absoluta ou relativamente incapaz, assim declarado judicialmente, que exerça
atividade remunerada, será reduzida em 30% (trinta por cento), devendo ser integralmente
181

restabelecida em face da extinção da relação de trabalho ou da atividade empreendedora.”


(NR)
Art. 3o A Lei no 8.742, de 7 de dezembro de 1993, passa a vigorar com as seguintes
alterações:
“Art. 20.
..........................................................................................................................................
§ 2o Para efeito de concessão deste benefício, considera-se pessoa com deficiência aquela
que tem impedimentos de longo prazo de natureza física, mental, intelectual ou sensorial, os
quais, em interação com diversas barreiras, podem obstruir sua participação plena e efetiva
na sociedade em igualdade de condições com as demais pessoas.
§ 6º A concessão do benefício ficará sujeita à avaliação da deficiência e do grau de
impedimento de que trata o § 2o, composta por avaliação médica e avaliação social
realizadas por médicos peritos e por assistentes sociais do Instituto Nacional de Seguro
Social - INSS.
§ 9º A remuneração da pessoa com deficiência na condição de aprendiz não será
considerada para fins do cálculo a que se refere o § 3o deste artigo.
§ 10. Considera-se impedimento de longo prazo, para os fins do § 2o deste artigo, aquele
que produza efeitos pelo prazo mínimo de 2 (dois) anos.” (NR)
“Art.
21. ...........................................................................................................................................
§ 4º A cessação do benefício de prestação continuada concedido à pessoa com deficiência
não impede nova concessão do benefício, desde que atendidos os requisitos definidos em
regulamento.”(NR)
“Art. 21-A. O benefício de prestação continuada será suspenso pelo órgão concedente
quando a pessoa com deficiência exercer atividade remunerada, inclusive na condição de
microempreendedor individual.
§ 1o Extinta a relação trabalhista ou a atividade empreendedora de que trata o caput deste
artigo e, quando for o caso, encerrado o prazo de pagamento do seguro-desemprego e não
tendo o beneficiário adquirido direito a qualquer benefício previdenciário, poderá ser
requerida a continuidade do pagamento do benefício suspenso, sem necessidade de
realização de perícia médica ou reavaliação da deficiência e do grau de incapacidade para
esse fim, respeitado o período de revisão previsto no caput do art. 21.
§ 2o A contratação de pessoa com deficiência como aprendiz não acarreta a suspensão do
benefício de prestação continuada, limitado a 2 (dois) anos o recebimento concomitante da
remuneração e do benefício.”
Art. 4o O art. 968 da Lei no 10.406, de 10 de janeiro de 2002 - Código Civil, passa a vigorar
acrescido dos seguintes §§ 4o e 5o:
“Art. 968.
.......................................................................................................................................
§ 4o O processo de abertura, registro, alteração e baixa do microempreendedor individual
de que trata o art. 18-A da Lei Complementar no 123, de 14 de dezembro de 2006, bem
como qualquer exigência para o início de seu funcionamento deverão ter trâmite especial e
simplificado, preferentemente eletrônico, opcional para o empreendedor, na forma a ser
disciplinada pelo Comitê para Gestão da Rede Nacional para a Simplificação do Registro e
da Legalização de Empresas e Negócios - CGSIM, de que trata o inciso III do art. 2o da
mesma Lei.
§ 5o Para fins do disposto no § 4o, poderão ser dispensados o uso da firma, com a
respectiva assinatura autógrafa, o capital, requerimentos, demais assinaturas, informações
182

relativas à nacionalidade, estado civil e regime de bens, bem como remessa de


documentos, na forma estabelecida pelo CGSIM.” (NR)
Art. 5o Esta Lei entra em vigor na data de sua publicação, produzindo efeitos:
I - em relação à alínea a do inciso II do § 2o e ao § 3o do art. 21 da Lei no 8.212, de 24 de
julho de 1991, na forma da redação atribuída pelo art. 1o desta Lei, a partir de 1o de maio
de 2011; e
II - em relação aos demais dispositivos, a partir da data de sua publicação.
Brasília, 31 de agosto de 2011; 190o da Independência e 123o da República.
DILMA ROUSSEFF
Guido Mantega
Fernando Damata Pimentel
Garibaldi Alves Filho
Este texto não substitui o publicado no DOU de 1º.9.2011
183

ANEXO E – PROJETO DE LEI Nº 497, DE 1975.

PL 497/1975
Projeto de Lei
Situação: Arquivada
Identificação da
(As informações anteriores a 2001, ano de implantação do sistema e-Câmara, podem
Proposição estar incompletas.)

Autor Apresentação
FRANCISCO AMARAL - NI/NI 15/05/1975

Ementa
DA NOVA REDAÇÃO E ACRESCENTA PARAGRAFO AO ARTIGO 161 DA LEI ORGANICA DA
PREVIDENCIA SOCIAL, MODIFICADO PELA LEI Nº 5.890, DE 08 DE JUNHO DE 1973.

Explicação da Ementa
PARA PERMITIR AS DONAS-DE-CASA FILIAÇÃO AO INPS).

Indexação
FILIAÇÃO PREVIDENCIARIA, MULHER, DONA-DE-CASA, BENEFICIO,
AUTONOMO. INSTITUTO NACIONAL DE PREVIDENCIA SOCIAL (INPS),
SEGURADO, MULHER.

Informações de Tramitação
Forma de apreciação Regime de tramitação
Proposição Sujeita à Apreciação do Ordinária
Plenário

Última Ação Legislativa

Data Ação
11/11/1977 PLENÁRIO (PLEN)
PREJUDICADO PELA REJEIÇÃO DO PL. 154/75.

Documentos Anexos e Referenciados


Avulsos Legislação Mensagens, Ofícios e Requerimentos (0)
Citada
Destaques (0) Histórico de Relatório de conferência de assinaturas
Pareceres,
Substitutivos
e Votos (0)
Emendas (0) Recursos
(0)
Histórico de despachos (0) Redação
Final

Tramitação
184

Data Andamento
15/05/1975 PLENÁRIO (PLEN)
• APRESENTAÇÃO DO PROJETO PELO DEP
FRANCISCO AMARAL. DCN1 16 05 75 PAG
2765 COL 01.
22/05/1975 Mesa Diretora da Câmara dos Deputados (MESA)
• DESPACHO AS CCJ, CTLS E CF.

22/05/1975 PLENÁRIO (PLEN)


• LEITURA E REMESSA DA MATERIA A
PUBLICAÇÃO. DCN1 23 05 75 PAG 3168 COL
02.
16/06/1975 COMISSÃO DE CONSTITUIÇÃO E JUSTIÇA (CCJ)
• RELATOR DEP BLOTA JUNIOR. DCN1 19 06
75 PAG 4463 COL 01.
07/08/1975 COMISSÃO DE CONSTITUIÇÃO E JUSTIÇA (CCJ)
• APROVAÇÃO UNANIME DO PARECER DO
RELATOR, PELA CONSTITUCIONALIDADE E
JURIDICIDADE, COM EMENDA. DCN1 19 08
75, PAG 5992, COL 01. 00024169006
197500000033 RELATOR DEP JORGE
MOURA.
10/09/1975 COMISSÃO DE TRABALHO LEGISLAÇÃO SOCIAL (CTLS)
• APROVAÇÃO UNANIME DO PARECER
FAVORAVEL DO RELATOR. DCN1 13 09 75
PAG 7360 COL 01.
06/10/1975 COMISSÃO DE FINANÇAS (CF)
• RELATOR DEP ANTONIO MORIMOTO. DCN1
11 10 75 PAG 8748 COL 02.
03/12/1975 COMISSÃO DE FINANÇAS (CF)
• APROVAÇÃO DO REQUERIMENTO DO
RELATOR, DE ANEXAÇÃO DESTE AO PL.
154/75. DC1S 05 12 75 PAG 214 COL 03.
11/03/1976 Mesa Diretora da Câmara dos Deputados (MESA)
• DEFERIDO O OFICIO 160/75, DA CF,
SOLICITANDO A ANEXAÇÃO DESTE AO PL.
154/75. DCN1 12 03 75 PAG 468 COL 01.
11/11/1977 PLENÁRIO (PLEN)
• PREJUDICADO PELA REJEIÇÃO DO PL.
154/75. DCN1 12 11 77 PAG 11323 COL 02.
• PREJUDICADO PELA REJEIÇÃO DO PL.
154/75
185

ANEXO F – PROJETO DE LEI Nº 845, DE 1975.

PL 845/1975

Projeto de Lei
Situação: Arquivada
(As informações anteriores a 2001, ano de
implantação do sistema e-Câmara, podem estar
Identificação da Proposição incompletas.)

Autor Apresentação
MARCELO LINHARES - NI/NI 26/06/1975
Ementa
ALTERA A REDAÇÃO DO ARTIGO 161 DA LEI ORGANICA DA
PREVIDENCIA SOCIAL, INCLUINDO AS DONAS-DE-CASA COMO
CONTRIBUINTES FACULTATIVAS DO INPS, E DETERMINA OUTRAS
PROVIDENCIAS.
Indexação
MULHER, DONA-DE-CASA, CONTRIBUINTE FACULTATIVO,
APOSENTADORIA. INSTITUTO NACIONAL DE PREVIDENCIA SOCIAL
(INPS), BENEFICIO. FILIAÇÃO FACULTATIVA, CONTRIBUIÇÃO
PREVIDENCIARIA, SEGURADO.

Informações de Tramitação
Forma de apreciação Regime de tramitação
Proposição Sujeita à Apreciação do Plenário Ordinária

Última Ação Legislativa

Data Ação
11/11/1977 PLENÁRIO (PLEN)
PREJUDICADO PELA REJEIÇÃO DO PL.
154/75.

Documentos Anexos e Referenciados


Avulsos Legislação Citada Mensagens, Ofícios e
Requerimentos (0)
Destaques (0) Histórico de Relatório de conferência de
Pareceres, assinaturas
Substitutivos e
Votos (0)
Emendas (0) Recursos (0)
Histórico de despachos (0) Redação Final

Tramitação
186

Data Andamento
26/06/1975 PLENÁRIO (PLEN)
• APRESENTAÇÃO DO PROJETO PELO DEP
MARCELO LINHARES. DCN1 27 06 75 PAG 4905
COL 03.
04/08/1975 Mesa Diretora da Câmara dos Deputados (MESA)
• DESPACHO AS CCJ, CTLS E CF.

04/08/1975 PLENÁRIO (PLEN)


• LEITURA E REMESSA DA MATERIA A PUBLICAÇÃO.
DCN1 05 08 75 PAG 5309 COL 03.
14/08/1975 COMISSÃO DE CONSTITUIÇÃO E JUSTIÇA (CCJ)
• RELATOR DEP NEREU GUIDI. DCN1 19 08 75 PAG
5990 COL 03.
07/11/1975 COMISSÃO DE CONSTITUIÇÃO E JUSTIÇA (CCJ)
• PARECER DO RELATOR PELA
CONSTITUCIONALIDADE, JURIDICIDADE E
TECNICA LEGISLATIVA.
• VISTA AO DEP JOÃO LINHARES. DC1S 05 12 75
PAG 209 COL 03.
11/11/1975 COMISSÃO DE TRABALHO LEGISLAÇÃO SOCIAL (CTLS)
• DEFERIDO REQUERIMENTO DO DEP JOSE COSTA,
SOLICITANDO ANEXAÇÃO DO PL. 154/75 A ESTE.
DCN1 15 11 75 PAG 10595 COL 02.
• APROVAÇÃO DO REQUERIMENTO DO DEP JOSE
COSTA, SOLICITANDO A ANEXAÇÃO DESTE AO PL.
154/75. DCN1 15 11 75 PAG 10595 COL 02.
14/11/1975 Mesa Diretora da Câmara dos Deputados (MESA)
• DEFERIDO OF 159/75 DA CTLS SOLICITANDO A
ANEXAÇÃO DESTE PROJETO AO PL. 154/75.
11/11/1977 PLENÁRIO (PLEN)
• PREJUDICADO PELA REJEIÇÃO DO PL. 154/75.
DCN1 12 11 77 PAG 11323 COL 02.
• PREJUDICADO PELA REJEIÇÃO DO PL. 154/75.
187

ANEXO G – PROJETO DE LEI Nº 1.475, DE 1975.

PL 1475/1975
Projeto de Lei
Situação: Arquivada
(As informações anteriores a 2001, ano de implantação do
Identificação da Proposição sistema e-Câmara, podem estar incompletas.)

Autor Apresentação
GAMALIEL GALVÃO - NI/NI 04/11/1975
Ementa
DISPÕE SOBRE A PROTEÇÃO DA PREVIDENCIA SOCIAL, EM
FAVOR DAS DONAS-DE-CASA.
Indexação
INCLUSÃO, FILIAÇÃO, SEGURADO FACULTATIVO, DONA DE
CASA, MULHER, (INSS), BENEFICIO PREVIDENCIARIO.

Informações de Tramitação
Forma de apreciação Regime de tramitação
Proposição Sujeita à Apreciação do Plenário Ordinária

Última Ação Legislativa

Data Ação
02/03/1979 Mesa Diretora da Câmara dos Deputados (MESA)
ARQUIVADO (ARTIGO 116 DO REGIMENTO).

Documentos Anexos e Referenciados


Avulsos Legislação Citada Mensagens, Ofícios e Requerimentos
(0)
Destaques (0) Histórico de Relatório de conferência de assinaturas
Pareceres,
Substitutivos e Votos
(0)
Emendas (0) Recursos (0)
Histórico de despachos (0) Redação Final

Tramitação

Data Andamento
04/11/1975 PLENÁRIO (PLEN)
• APRESENTAÇÃO DO PROJETO PELO DEP GAMALIEL GALVÃO.
DCN1 05 11 75 PAG 9896 COL 01.
10/11/1975 Mesa Diretora da Câmara dos Deputados (MESA)
• ANEXADO AO PL. 845/75, NOS TERMOS DO ART 71 DO
REGIMENTO INTERNO.
188

10/11/1975 PLENÁRIO (PLEN)


• LEITURA E REMESSA DA MATERIA A PUBLICAÇÃO. DCN1 11 11
75 PAG 10269 COL 03.
29/09/1976 COMISSÃO DE TRABALHO LEGISLAÇÃO SOCIAL (CTLS)
• APROVAÇÃO UNANIME DO PARECER FAVORAVEL DO DFP
OTAVIO CECCATO.
• APROVAÇÃO, TAMBEM, DE REQUERIMENTO SOLICITANDO
DESANEXAÇÃO DESTE PROJETO DO PL. 845/75, QUE SE
ENCONTRA ANEXADO AO PL. 154/75. DCN1 04 12 76 12352 COL
02.

Tramitação

Andamento
04/11/1975 PLENÁRIO (PLEN)
• APRESENTAÇÃO DO PROJETO PELO DEP GAMALIEL
GALVÃO. DCN1 05 11 75 PAG 9896 COL 01.
10/11/1975 Mesa Diretora da Câmara dos Deputados (MESA)
• ANEXADO AO PL. 845/75, NOS TERMOS DO ART 71 DO
REGIMENTO INTERNO.
10/11/1975 PLENÁRIO (PLEN)
• LEITURA E REMESSA DA MATERIA A PUBLICAÇÃO. DCN1 11
11 75 PAG 10269 COL 03.
29/09/1976 COMISSÃO DE TRABALHO LEGISLAÇÃO SOCIAL (CTLS)
• APROVAÇÃO UNANIME DO PARECER FAVORAVEL DO DFP

OTAVIO CECCATO.

• APROVAÇÃO, TAMBEM, DE REQUERIMENTO SOLICITANDO


DESANEXAÇÃO DESTE PROJETO DO PL. 845/75, QUE SE
ENCONTRA ANEXADO AO PL. 154/75. DCN1 04 12 76 12352
COL 02.

18/10/1976 Mesa Diretora


da Câmara dos
Deputados
(MESA)
•DEFERIDO O OFICIO TLS-123/76, DA CTLS,
SOLICITANDO A DESANEXAÇÃO DESTE
PROJETO DO PL. 154/75. DCN1 19 10 76 PAG
10524 COL 02. 00038460007 * 197600000139
REPUBLICAÇÃO, TENDO EM VISTA NOVO
DESPACHO DO SR PRESIDENTE, EM VIRTUDE
DE REQUERIMENTO DE DESANEXAÇÃO.
26/10/1976 Mesa Diretora da Câmara dos
Deputados (MESA)
• DESPACHO A CCJ, CTLS E
CF.
26/10/1976 PLENÁRIO
(PLEN)
• LEITURA E REMESSA DA MATERIA A PUBLICAÇÃO. DCN1 27 10
76 PAG 10808 COL 01.
25/11/1976 COMISSÃO DE CONSTITUIÇÃO E
JUSTIÇA (CCJ)
189

• RELATOR DEP IBRAHIM ABI-ACKEL.


DCN1 04 12 76 PAG 12340 COL 01
10/08/1978 COMISSÃO DE CONSTITUIÇÃO E JUSTIÇA (CCJ)
•REDISTRIBUIDO AO RELATOR DEP NUNES ROCHA. DCN1 12 08 78
PAG 6550 COL 01

02/03/1979 Mesa Diretora da Câmara dos


Deputados (MESA)
• ARQUIVADO, NOS TERMOS DO
ARTIGO 116 DO REGIMENTO. DCN1
03 03 79 PAG 0067 COL 01.
• ARQUIVADO (ARTIGO 116 DO
REGIMENTO)
190

ANEXO H - PROJETO DE LEI Nº 5.773, DE 2005.

PL 5773/2005
Projeto de Lei
Aguardando Parecer do Relator na Comissão de Finanças e Tributação
Situação: (CFT)
Identificação
da Proposição

Autor Apresentação
Antonio Carlos Mendes Thame - PSDB/SP 18/08/2005
Ementa
Altera as Leis nºs 8.212 e 8.213, ambas de 24 de julho de 1991, para disciplinar
o disposto no § 9º do art. 195 e no § 12 do art. 201 da Constituição Federal, com
a redação dada pela Emenda Constitucional nº 47, de 05 de julho de 2005.
Explicação da Ementa
Regulamenta dispositivos da Constituição Federal de 1988 sobre o Sistema
Especial de Inclusão Previdenciária e o tratamento diferenciado para as micro e
pequenas empresas; fixa em dez por cento a alíquota de contribuição
previdenciária do trabalhador por conta própria e da dona de casa de baixa
renda e, em dois por cento, a incidente sobre a receita bruta, a alíquota da
microempresa e da empresa de pequeno porte não-optante do SIMPLES; define
o valor do benefício em um salário mínimo e reduz o período de carência.
Indexação
Alteração, Lei Orgânica da Seguridade Social, Lei de Benefícios da Previdência
Social, regulamentação, Constituição Federal, alíquota, contribuição
previdenciária, inclusão previdenciária, trabalhador autônomo, baixa renda, dona
de casa, trabalho doméstico, microempresa, pequena empresa, inexistência,
opção, (SIMPLES), redução, período, carência, recebimento, benefício
previdenciário, aposentadoria, valor, salário mínimo, comprovação, renda
familiar.

Informações de Tramitação
Forma de
apreciação Regime de tramitação
Proposição Prioridade
Sujeita à
Apreciação
Conclusiva
pelas
Comissões -
Art. 24 II
Despacho
atual:
Data Despacho
23/08/2005 Às Comissões de
Desenvolvimento Econômico, Indústria e Comércio;
Seguridade Social e Família;
Finanças e Tributação (Mérito e Art. 54, RICD) e
Constituição e Justiça e de Cidadania (Art. 54 RICD) - Art. 24, II
191

Última Ação Legislativa

Data Ação
07/04/2015 Comissão de Finanças e Tributação (CFT)
Designado Relator, Dep. Silvio Torres (PSDB-SP)

Apensados
Apensados ao PL 5773/2005 (5)
PL 5866/2005; PL 5933/2005; PL 6169/2005; PL 6295/2005; PL 6366/2005

Documentos Anexos e Referenciados


Avulsos Legislação Citada Mensagens,
Ofícios e
Requerimentos
(3)
Destaques (0) Histórico de Pareceres, Relatório de
Substitutivos e Votos (12) conferência de
assinaturas
Emendas (0) Recursos (0)
Histórico de despachos (1) Redação Final

Pareceres Aprovados ou Pendentes de Aprovação


Comissão Parecer
Comissão de Desenvolvimento 10/03/2006 -
Econômico, Indústria e Parecer do Relator, Dep. Joaquim Francisco (PFL-
Comércio (CDEIC) PE), pela aprovação deste, dos PL's 5866/2005,
5933/2005, 6169/2005, 6295/2005, e 6366/2005,
apensados, com substitutivo.

05/04/2006 12:00 Reunião Deliberativa Ordinária

Aprovado por Unanimidade o Parecer


Comissão de Seguridade Social 27/08/2007 -
e Família (CSSF) Parecer da Relatora, Dep. Rita Camata (PMDB-ES),
pela aprovação deste, do Substitutivo 1 da CDEIC,
do PL 5866/2005, do PL 5933/2005, do PL
6169/2005, do PL 6295/2005, e do PL 6366/2005,
apensados, com substitutivo.

04/09/2007 04:30 Reunião Deliberativa


Extraordinária

Aprovado por Unanimidade o Parecer


192

Comissão de Finanças e 23/08/2011 -


Tributação (CFT) Parecer do relator, Dep. Pepe Vargas, pela
incompatibilidade e inadequação financeira e
orçamentária do Projeto de Lei nº 5.773/05, dos PL's
nºs 5.866/05, 5.933/05, 6.169/05, 6.295/05 e
6.366/05, apensados, do Substitutivo da Comissão
de Desenvolvimento Econômico, Indústria e
Comércio e do Substitutivo da Comissão de
Seguridade Social e Família.

Comissão de Constituição e -
Justiça e de Cidadania (CCJC)

Tramitação

Data Andamento
18/08/2005 PLENÁRIO (PLEN)
• Apresentação do Projeto de Lei pelo Deputado
Antonio Carlos Mendes Thame (PSDB-SP).
23/08/2005 Mesa Diretora da Câmara dos Deputados (MESA)
• Às Comissões de
Desenvolvimento Econômico, Indústria e Comércio;
Seguridade Social e Família;
Finanças e Tributação (Mérito e Art. 54, RICD) e
Constituição e Justiça e de Cidadania (Art. 54 RICD)
- Art. 24, II
25/08/2005 COORDENAÇÃO DE COMISSÕES PERMANENTES (CCP)
• Encaminhada à publicação. Publicação Inicial no
DCD de 26/8/2005 PÁG 42152 COL 02.
25/08/2005 Comissão de Desenvolvimento Econômico, Indústria e Comércio
(CDEIC)
• Recebimento pela CDEIC.

30/08/2005 Comissão de Desenvolvimento Econômico, Indústria e Comércio


(CDEIC)
• Designado Relator, Dep. Joaquim Francisco (PTB-
PE)
31/08/2005 Comissão de Desenvolvimento Econômico, Indústria e Comércio
(CDEIC)
• Abertura de Prazo para Emendas ao Projeto a partir
de 01/09/2005
08/09/2005 Comissão de Desenvolvimento Econômico, Indústria e Comércio
(CDEIC)
• Encerrado o prazo para emendas. Não foram
apresentadas emendas.
16/09/2005 Mesa Diretora da Câmara dos Deputados (MESA)
• Apense-se a este o PL-5866/2005.

06/10/2005 Mesa Diretora da Câmara dos Deputados (MESA)


• Apense-se a este o PL-5933/2005.
193

17/11/2005 Mesa Diretora da Câmara dos Deputados (MESA)


• Apense-se a este o PL-6169/2005.

09/12/2005 Mesa Diretora da Câmara dos Deputados (MESA)


• Apense-se a este o PL-6295/2005.

19/12/2005 Mesa Diretora da Câmara dos Deputados (MESA)


• Apense-se a este o PL-6366/2005.

10/03/2006 Comissão de Desenvolvimento Econômico, Indústria e Comércio


(CDEIC)
• Apresentação do PRL 1 CDEIC, pelo Dep. Joaquim
Francisco
• Parecer do Relator, Dep. Joaquim Francisco (PFL-
PE), pela aprovação deste, dos PL's 5866/2005,
5933/2005, 6169/2005, 6295/2005, e 6366/2005,
apensados, com substitutivo.
13/03/2006 Comissão de Desenvolvimento Econômico, Indústria e Comércio
(CDEIC)
• Prazo para Emendas ao Substitutivo (5 sessões
ordinárias a partir de 14/03/2006)
22/03/2006 Comissão de Desenvolvimento Econômico, Indústria e Comércio
(CDEIC)
• Encerrado o prazo para emendas ao substitutivo.
Não foram apresentadas emendas ao substitutivo.
05/04/2006 Comissão de Desenvolvimento Econômico, Indústria e Comércio
(CDEIC) - 10:00
• Discutiu a Matéria o Dep. Jorge Boeira (PT-SC).

• Aprovado por Unanimidade o Parecer

07/04/2006 Comissão de Seguridade Social e Família (CSSF)


• Recebimento pela CSSF, com as proposições PL-
5866/2005, PL-5933/2005, PL-6169/2005, PL-
6295/2005, PL-6366/2005 apensadas.
10/04/2006 COORDENAÇÃO DE COMISSÕES PERMANENTES (CCP)
• Encaminhada à publicação. Parecer da Comissão
de Desenvolvimento Econômico, Indústria e
Comércio publicado no DCD de 11/04/06, PÁG
18553 COL 01 - Letra A.
11/04/2006 Comissão de Seguridade Social e Família (CSSF)
• Designada Relatora, Dep. Celcita Pinheiro (PFL-MT)

12/04/2006 Comissão de Seguridade Social e Família (CSSF)


• Prazo para Emendas ao Projeto (5 sessões
ordinárias a partir de 13/04/2006)
27/04/2006 Comissão de Seguridade Social e Família (CSSF)
• Encerrado o prazo para emendas ao projeto. Não
foram apresentadas emendas.
10/05/2006 Mesa Diretora da Câmara dos Deputados (MESA)
• Apresentação do Requerimento n° 3949, de 2006,
de autoria do Deputado Antonio Carlos Mendes
Thame, que requer o apensamento do Projeto de Lei
194

n.º 6.985/2006 ao Projeto de Lei n.º 5.773/2005.


23/05/2006 Mesa Diretora da Câmara dos Deputados (MESA)
• Indeferido o REQ 3949/06, porquanto já há
pronunciamento da primeira Comissão incumbida de
examinar o mérito da proposição (RICD, art. 142,
parágrafo único). DCD 24 05 06 PAG 26367 COL
02.
11/10/2006 Comissão de Seguridade Social e Família (CSSF)
• Apresentação do Parecer do Relator, PRL 1 CSSF,
pela Dep. Celcita Pinheiro
• Parecer da Relatora, Dep. Celcita Pinheiro (PFL-
MT), pela aprovação deste, do Substitutivo 1 da
CDEIC, do PL 5866/2005, do PL 5933/2005, do PL
6169/2005, do PL 6295/2005, e do PL 6366/2005,
apensados.
31/01/2007 Mesa Diretora da Câmara dos Deputados (MESA)
• Arquivado nos termos do Artigo 105 do Regimento
Interno.
DCD de 01 02 07 PÁG 290 COL 01. Suplemento A
ao Nº 21.
28/02/2007 Mesa Diretora da Câmara dos Deputados (MESA)
• Apresentação do REQUERIMENTO N.º 375, DE
2007, pelo Deputado(a) Antonio Carlos Mendes
Thame, que solicita o desarquivamento de
proposição.
20/04/2007 Mesa Diretora da Câmara dos Deputados (MESA)
• Desarquivado nos termos do Artigo 105 do RICD,
em conformidade com o despacho exarado no REQ-
375/2007.
DCD 21 04 07 PAG 18253 COL 01
17/05/2007 Comissão de Seguridade Social e Família (CSSF)
• Designada Relatora, Dep. Rita Camata (PMDB-ES)

18/05/2007 Comissão de Seguridade Social e Família (CSSF)


• Prazo para Emendas ao Projeto (5 sessões
ordinárias a partir de 21/05/2007)
30/05/2007 Comissão de Seguridade Social e Família (CSSF)
• Encerrado o prazo para emendas ao projeto. Não
foram apresentadas emendas.
08/08/2007 Comissão de Seguridade Social e Família (CSSF)
• Apresentação do Parecer do Relator, PRL 2 CSSF,
pela Dep. Rita Camata
• Parecer da Relatora, Dep. Rita Camata (PMDB-ES),
pela aprovação deste, do Substitutivo 1 da CDEIC,
do PL 5866/2005, do PL 5933/2005, do PL
6169/2005, do PL 6295/2005, e do PL 6366/2005,
apensados, com substitutivo.
09/08/2007 Comissão de Seguridade Social e Família (CSSF)
• Prazo para Emendas ao Substitutivo (5 sessões
ordinárias a partir de 10/08/2007)
22/08/2007 Comissão de Seguridade Social e Família (CSSF)
• Encerrado o prazo para emendas ao substitutivo.
Não foram apresentadas emendas ao substitutivo.
195

27/08/2007 Comissão de Seguridade Social e Família (CSSF)


• Parecer da Relatora, Dep. Rita Camata (PMDB-ES),
pela aprovação deste, do Substitutivo 1 da CDEIC,
do PL 5866/2005, do PL 5933/2005, do PL
6169/2005, do PL 6295/2005, e do PL 6366/2005,
apensados, com substitutivo.
28/08/2007 Comissão de Seguridade Social e Família (CSSF) - 14:30 Reunião
Deliberativa Ordinária
• Retirado de pauta, pela Relatora, Deputada Rita
Camata, por uma sessão.
04/09/2007 Comissão de Seguridade Social e Família (CSSF) - 14:30 Reunião
Deliberativa
• Aprovado por Unanimidade o Parecer

11/09/2007 Comissão de Seguridade Social e Família (CSSF)


• Encaminhamento de Parecer à CCP para
publicação.
11/09/2007 COORDENAÇÃO DE COMISSÕES PERMANENTES (CCP)
• Parecer recebido para publicação.

11/09/2007 Comissão de Finanças e Tributação (CFT)


• Recebimento pela CFT, com as proposições PL-
5866/2005, PL-5933/2005, PL-6169/2005, PL-
6295/2005, PL-6366/2005 apensadas.
17/09/2007 COORDENAÇÃO DE COMISSÕES PERMANENTES (CCP)
• Encaminhada à publicação. Parecer da Comissão
de Seguridade Social e Família publicado no DCD
de 18/09/07, PÁG 47624 COL 02, Letra B.
27/09/2007 Comissão de Finanças e Tributação (CFT)
• Designado Relator, Dep. Carlito Merss (PT-SC)

28/09/2007 Comissão de Finanças e Tributação (CFT)


• Prazo para Emendas ao Projeto (5 sessões
ordinárias a partir de 01/10/2007)
09/10/2007 Comissão de Finanças e Tributação (CFT)
• Encerrado o prazo para emendas ao projeto. Não
foram apresentadas emendas.
17/12/2008 Comissão de Finanças e Tributação (CFT)
• Devolvida sem Manifestação.

18/03/2009 Comissão de Finanças e Tributação (CFT)


• Designado Relator, Dep. Pepe Vargas (PT-RS)

28/05/2009 Comissão de Finanças e Tributação (CFT)


• Apresentação do Parecer do Relator, PRL 1 CFT, pelo
Dep. Pepe Vargas
• Parecer do relator, Dep. Pepe Vargas, pela
incompatibilidade e inadequação financeira e
orçamentária do Projeto, dos PL's nºs 5.866/05, 5.933/05,
6.169/05, 6.295/05 e 6.366/05, apensados,.do
Substitutivo da Comissão de Desenvolvimento
Econômico, Indústria e Comércio e do Substitutivo da
Comissão de Seguridade Social e Família.
196

15/07/2009 Comissão de Finanças e Tributação (CFT) - 10:00 Reunião


Deliberativa Ordinária
• Retirado de pauta por acordo dos Srs. Líderes.

02/12/2009 Comissão de Finanças e Tributação (CFT) - 10:00 Reunião


Deliberativa Ordinária
• Retirado de pauta em virtude da aprovação de
requerimento do Deputado Luiz Carlos Hauly.
02/12/2009 Comissão de Finanças e Tributação (CFT)
• Devolvido ao Relator, Dep. Pepe Vargas (PT-RS)

22/06/2010 PLENÁRIO (PLEN)


• Apresentação do Requerimento de Redistribuição n.
7104/2010, pela Deputada Rita Camata (PSDB-ES),
que: "Requer o envio do Projeto de Lei 5.773/2005 à
Comissão de Constituição, Justiça e Cidadania".
28/06/2010 Mesa Diretora da Câmara dos Deputados (MESA)
• Despacho no REQ n. 7104/10, conforme despacho
do seguinte teor: "Assino o prazo adicional de 10
(dez) sessões à Comissão de Finanças e Tributação
para apreciação do Projeto de Lei n. 5.773/2005.
Publique-se. Oficie-se."
DCD de 29/06/10 PÁG 30560 COL 01.
29/06/2010 COORDENAÇÃO DE COMISSÕES PERMANENTES (CCP)
• À CFT o Ofício n.º 990/2010/SGM/P, de 28/06/10,
assinando à CFT o prazo adicional de dez sessões
para apreciação do PL 5.773/05.
30/06/2010 Comissão de Finanças e Tributação (CFT)
• Apresentação do Parecer do Relator n. 2 CFT, pelo
Deputado Pepe Vargas (PT-RS).
• Parecer do relator, Dep. Pepe Vargas, pela
incompatibilidade e inadequação financeira e
orçamentária do PL nº 5.773/05, dos PL's nºs
5.866/05, 5.933/05, 6.169/05, 6.295/05 e 6.366/05,
apensados, do Substitutivo da Comissão de
Desenvolvimento Econômico, Indústria e Comércio e
do Substitutivo da Comissão de Seguridade Social e
Família.
07/07/2010 Comissão de Finanças e Tributação (CFT) - 10:00 Reunião
Deliberativa Ordinária
• Retirado de pauta em virtude da aprovação de
requerimento do Deputado Arnaldo Madeira.
14/07/2010 Comissão de Finanças e Tributação (CFT) - 10:00 Reunião
Deliberativa Ordinária
• Retirado de pauta em virtude da aprovação de
requerimento do Deputado Guilherme Campos.
10/11/2010 Comissão de Finanças e Tributação (CFT) - 10:00 Reunião
Deliberativa Ordinária
• Retirado de pauta, por 10 Sessões, em virtude da
aprovação de requerimento do Deputado Zenaldo
Coutinho.
31/01/2011 Mesa Diretora da Câmara dos Deputados (MESA)
• Arquivado nos termos do Artigo 105 do Regimento
Interno da Câmara dos Deputados. Publicação no
197

DCD do dia 01/02/2011 - Suplemento ao nº 14.


08/02/2011 Mesa Diretora da Câmara dos Deputados (MESA)
• Apresentação do REQ 202/2011, pelo Dep. Antonio
Carlos Mendes Thame, que solicita o
desarquivamento de proposição.
16/02/2011 Mesa Diretora da Câmara dos Deputados (MESA)
• Desarquivado nos termos do Artigo 105 do RICD,
em conformidade com o despacho exarado no REQ-
202/2011.
03/03/2011 Comissão de Finanças e Tributação (CFT)
• Devolvido ao relator, Dep. Pepe Vargas para
atualizar legislação orçamentária.
22/03/2011 Comissão de Finanças e Tributação (CFT)
• Reabertura do Prazo para Emendas ao Projeto - Art.
166 do RICD (5 sessões ordinárias a partir de
23/03/2011)
06/04/2011 Comissão de Finanças e Tributação (CFT)
• Encerrado o prazo para emendas ao projeto. Não
foram apresentadas emendas.
17/08/2011 Comissão de Finanças e Tributação (CFT)
• Apresentação do Parecer do Relator n. 3 CFT, pelo
Deputado Pepe Vargas (PT-RS).
18/08/2011 Comissão de Finanças e Tributação (CFT)
• Devolvido ao Relator, Dep. Pepe Vargas (PT-RS)

23/08/2011 Comissão de Finanças e Tributação (CFT)


• Apresentação do Parecer do Relator n. 4 CFT, pelo
Deputado Pepe Vargas (PT-RS).
• Parecer do relator, Dep. Pepe Vargas, pela
incompatibilidade e inadequação financeira e
orçamentária do Projeto de Lei nº 5.773/05, dos PL's
nºs 5.866/05, 5.933/05, 6.169/05, 6.295/05 e
6.366/05, apensados, do Substitutivo da Comissão
de Desenvolvimento Econômico, Indústria e
Comércio e do Substitutivo da Comissão de
Seguridade Social e Família.
08/03/2012 Comissão de Finanças e Tributação (CFT)
• Devolvido ao Relator, Dep. Pepe Vargas, para
atualização da Legislação Orçamentária.
12/03/2012 Comissão de Finanças e Tributação (CFT)
• Devolvida sem Manifestação.

21/03/2012 Comissão de Finanças e Tributação (CFT)


• Designado Relator, Dep. Eduardo Cunha (PMDB-
RJ)
31/01/2015 Mesa Diretora da Câmara dos Deputados (MESA)
• Arquivado nos termos do Artigo 105 do Regimento
Interno da Câmara dos Deputados.
DCD do dia 01/02/15 PÁG 48 COL 01 Suplemento.
06/02/2015 Mesa Diretora da Câmara dos Deputados (MESA)
• Desarquivado nos termos do Artigo 105 do RICD,
em conformidade com o despacho exarado no REQ-
96/2015.
198

24/03/2015 Comissão de Finanças e Tributação (CFT)


• Devolvida sem Manifestação.

07/04/2015 Comissão de Finanças e Tributação (CFT)


• Designado Relator, Dep. Silvio Torres (PSDB-SP)

Detalhamento dos Documentos Anexos e Referenciados

PL 5773/2005 Histórico de Despachos

Data Despacho
23/08/2005 Às Comissões de
Desenvolvimento Econômico, Indústria e Comércio;
Seguridade Social e Família;
Finanças e Tributação (Mérito e Art. 54, RICD) e
Constituição e Justiça e de Cidadania (Art. 54 RICD) - Art. 24, II

PL 5773/2005 Pareceres apresentados


Comissão de Desenvolvimento Econômico, Indústria e Comércio (CDEIC)

Pareceres,
Data de
Substitutivos Tipo de proposição Autor Descrição
apresentação
e Votos
PRL 1 CDEIC Parecer do Relator 10/03/2006 Joaquim Parecer do
=> PL Francisco Relator, Dep.
5773/2005 Joaquim
Francisco (PFL-
PE), pela
aprovação deste,
dos PL's
5866/2005,
5933/2005,
6169/2005,
6295/2005, e
6366/2005,
apensados, com
substitutivo.
SBT 1 CDEIC Substitutivo 10/03/2006 Joaquim Altera as Leis nº
=> PL Francisco 8.212 e 8.213,
5773/2005 ambas de 24 de
julho de 1991,
para disciplinar o
disposto no § 9º
do art. 195 e § 12
do art. 201 da
Constituição
Federal, com a
redação dada pela
Emenda
Constitucional nº
47, de 05 de julho
199

de 2005.
PAR 1 CDEIC Parecer de 05/04/2006 Comissão de Aprovado por
=> PL Comissão Desenvolvimento Unanimidade o
5773/2005 Econômico, Parecer.
Indústria e Parecer do
Comércio Relator, Dep.
Joaquim
Francisco (PFL-
PE), pela
aprovação deste,
dos PL's
5866/2005,
5933/2005,
6169/2005,
6295/2005, e
6366/2005,
apensados, com
substitutivo.
Comissão de Finanças e Tributação (CFT)

Pareceres,
Data de
Substitutivos Tipo de proposição Autor Descrição
apresentação
e Votos
PRL 1 CFT => Parecer do Relator 28/05/2009 Pepe Vargas Parecer do relator,
PL 5773/2005 Dep. Pepe
Vargas, pela
incompatibilidade
e inadequação
financeira e
orçamentária do
Projeto, dos PL's
nºs 5.866/05,
5.933/05,
6.169/05,
6.295/05 e
6.366/05,
apensados,.do
Substitutivo da
Comissão de
Desenvolvimento
Econômico,
Indústria e
Comércio e do
Substitutivo da
Comissão de
Seguridade Social
e Família.
PRL 2 CFT => Parecer do Relator 30/06/2010 Pepe Vargas Parecer do relator,
PL 5773/2005 Dep. Pepe
Vargas, pela
incompatibilidade
e inadequação
financeira e
orçamentária do
200

PL nº 5.773/05,
dos PL's nºs
5.866/05,
5.933/05,
6.169/05,
6.295/05 e
6.366/05,
apensados, do
Substitutivo da
Comissão de
Desenvolvimento
Econômico,
Indústria e
Comércio e do
Substitutivo da
Comissão de
Seguridade Social
e Família.
PRL 3 CFT => Parecer do Relator 17/08/2011 Pepe Vargas Parecer do
PL 5773/2005 Relator, Dep.
Pepe Vargas
(pendente de
análise)
PRL 4 CFT => Parecer do Relator 23/08/2011 Pepe Vargas Parecer do relator,
PL 5773/2005 Dep. Pepe
Vargas, pela
incompatibilidade
e inadequação
financeira e
orçamentária do
Projeto de Lei nº
5.773/05, dos PL's
nºs 5.866/05,
5.933/05,
6.169/05,
6.295/05 e
6.366/05,
apensados, do
Substitutivo da
Comissão de
Desenvolvimento
Econômico,
Indústria e
Comércio e do
Substitutivo da
Comissão de
Seguridade Social
e Família.
Comissão de Seguridade Social e Família (CSSF)
201

ANEXO I – PROJETO DE LEI Nº 5.933, DE 2005.

CÂMARA DOS DEPUTADOS

PROJETO DE LEI N.º 5.933, DE 2005


(Da Sra. Luci Choinacki)

Dispõe sobre o sistema especial de inclusão previdenciária de trabalhadores e


trabalhadoras sem renda própria que se dediquem exclusivamente ao trabalho doméstico
de sua residência e dá outras providências.

DESPACHO:
APENSE-SE À(AO) PL-5773/2005.
APRECIAÇÃO:
Proposição Sujeita à Apreciação Conclusiva pelas Comissões - Art. 24 II
PUBLICAÇÃO INICIAL
Art. 137, caput - RICD

O Congresso Nacional decreta:

Art. 1º. Fica instituído o sistema especial de inclusão previdenciária destinado aos
trabalhadores sem renda própria, que se dediquem exclusivamente ao trabalho doméstico
no âmbito de sua residência, desde que pertencentes a famílias de baixa renda.

Parágrafo Único. O sistema integrará a Previdência Social, devendo operar por meio dos
dispositivos constantes na presente Lei.

Art. 2º O sistema especial será gerido pela Previdência Social, baseado nas normas do
Regime Geral da Previdência Social, à exceção das disposições relativas a alíquotas e
carências previstas nesta Lei.

Parágrafo Único. Para os efeitos desta lei, entende-se por famílias de baixa renda aquelas
unidades familiares cuja renda mensal não ultrapasse o valor equivalente a dois salários-
mínimos.

Art. 3º É assegurado o pagamento de benefício mensal de valor igual a um salário-mínimo a


todos os integrantes do presente sistema especial, desde que tenham cumprido os
requisitos previstos na legislação.

Parágrafo Único. Para efeitos desta lei, não será computado como renda mensal os valores
recebidos por integrantes da família, a título de benefícios de assistência social para
portadores de deficiência ou de necessidades especiais.
202

Art. 4º Poderão integrar o sistema especial, na condição de participantes, todos os cidadãos


que se enquadrem nas condições previstas no art. 1º.

Art. 5º Os participantes do sistema especial terão direito ao benefício previsto no art. 3º


desde que cumpridos os seguintes requisitos de idade mínima:
60 anos para mulheres;
65 anos para homens.

Parágrafo Único. As idades acima serão reduzidas em 5 anos para indivíduos portadores
de doenças degenerativas.
Art. 6º Fica definido o seguinte escalonamento para cobrança de contribuições dos
participantes do presente sistema especial:

a) alíquota de zero por cento até dez anos a contar da data de aprovação da presente lei;
b) alíquota de dois por cento entre dez e quinze anos a contar da data de aprovação da
presente lei;
c) alíquota de três por cento a partir de quinze anos a contar da data de aprovação da
presente lei.
Art. 7º Os benefícios de que trata esta lei são pessoais e intransferíveis, mesmo na
hipótese de falecimento do beneficiário.
Art. 8º O Poder Executivo regulamentará periodicamente os mecanismos de comprovação
da condição de trabalho exclusivamente doméstico no âmbito de sua residência, tal como
previsto no art. 1º
Parágrafo Único. No caso de impossibilidade de apresentação de prova documental,
poderá ser aceita a comprovação testemunhal.
Art. 9º Esta lei entra em vigor na data de sua publicação.

JUSTIFICATIVA.

O presente Projeto de Lei é fruto de um longo e amplo processo de luta do movimento


social em nosso País ao longo das últimas décadas, em especial da mobilização das
entidades ligadas à defesa dos direitos das mulheres.
É sabido por todos que uma parcela significativa da nossa população dedica maior
parte das horas (segundo estudos em torno de 50 horas semanais) e dias de suas vidas
para atividades que até há pouco a sociedade não reconhecia como “produtivas”. As mães
que cuidam de seus filhos, as avós que cuidam dos netos, as esposas que cuidam dos
lares, as viúvas impossibilitadas de trabalhar pelos afazeres domésticos, as desquitadas ou
divorciadas que se vêem com tarefas e responsabilidades multiplicadas. Enfim, são
inúmeros casos comprovados de mulheres (e mesmo de alguns homens em casos
isolados), que exercem atividades essenciais para a sua família e para o conjunto da
sociedade, mas não recebem a correspondente reconhecimento coletivo quando passam a
ter o direito à aposentadoria.
Depois de muita luta e avanço de consciência no conjunto da sociedade, hoje em dia
pode-se dizer que essa parcela da nossa população passa a ter o seu trabalho, muitas
vezes silencioso e solitário, reconhecido. O fato de uma mulher chegar à idade de se
aposentar e nunca ter tido um vínculo formal de trabalho não pode ser utilizado mais como
argumento que a impeça de ter acesso a tal benefício. Seu tempo de contribuição, ou seja,
anos de trabalho no interior da lar e junto à família passarão a ser elemento de
comprovação para solicitar um tipo especial de benefício junto à Previdência Social de
nosso País.
Essa reivindicação histórica do movimento das mulheres, em especial aquelas
pertencentes às camadas mais desfavorecidas da nossa população, torna-se realidade a
203

partir do grande avanço proporcionado pela promulgação da Emenda Constitucional nº 47,


em 5 de julho de 2005. Tal alteração constitucional, derivada da chamada PEC Paralela da
Previdência, proporciona a novidade. Os §§ 12 e 13 do art. 201 da Carta Magna recebem
redação de forma a prever, entre outras indicações, que lei dispusesse sobre sistema
especial de inclusão previdenciária para atender a trabalhadores “sem renda própria que se
dediquem exclusivamente ao trabalho doméstico no âmbito de sua residência, desde que
pertencentes a famílias de baixa renda, garantindo-lhes acesso a benefícios de valor igual a
um saláriomínimo”. Além disso, tal sistema de inclusão previdenciária “terá alíquotas e
carências inferiores às vigentes para os demais segurados do regime geral de previdência
social”.

O presente mecanismo de inclusão previdenciária cumpre, por outro lado, papel


relevante no que se refere à luta contra a pobreza e significa um avanço importante na
direção da redução das desigualdades socias, econômicas e de gênero. Hoje uma parcela
significativa de nossa população trabalhadora e dos aposentados recebe um valor menor ou
igual a um saláriomínimo. No caso das unidades familiares em que a mulher se vê
impossibilitada de buscar um espaço no mercado de trabalho, o quadro é ainda mais grave.
Além da situação de pobreza e miséria, a mulher é totalmente dependente do marido em
termos econômicos e financeiros, o que só reforça as dificuldades de um relacionamento de
maior igualdade e harmonia. No conjunto da sociedade, passa a ser reconhecido seu
esforço de vida como sendo de trabalho, ainda que aparentemente invisível. No interior da
unidade familiar, sua autonomia se vê reforçada com a titularidade e o recebimento de um
benefício mensal em seu nome.

Os dados dos institutos de pesquisa cada vez mais comprovam a importância da


renda dos aposentados para a dinâmica da economia nacional. Nos pequenos municípios,
a aproximação da data de pagamento de benefícios do INSS estimula o comércio e a
atividade econômica local. Tal movimento se viu bastante reforçado a partir das mudanças
proporcionadas pelo direito da aposentadoria especial aos trabalhadores e trabalhadoras
rurais. O volume de recursos que são injetados mensalmente na economia a partir das
despesas realizadas pelos aposentados é significativo, e o será ainda mais a partir da
inclusão dessa parcela ainda marginalizada representada, de forma genérica, pelas
“donas de casa”.
Esse trabalho gratuito e não valorado na economia relega o papel feminino a uma
categoria subalterna. As mulheres são predominantes na realização dessas atividades não
remuneradas ligadas às famílias e à comunidade e isso tem, sistematicamente,
“desqualificado” sua contribuição econômica. Melo, Considera e Sabbato (2005)
mensurando estas atividades domésticas concluem que o Produto Interno Bruto (PIB)
brasileiro aumentaria 12,76% no ano de 2004 e isso equivale neste mesmo ano a soma de
225,4 bilhões de reais, caso fosse computado uma renda para essas atividades. Essa
mesma pesquisa também informa que este trabalho é 2/3 dele realizado pelas mulheres e
na sua execução muitas horas de trabalho são gastas, com uma jornada de trabalho
superior à dos trabalhadores no mercado de trabalho, porém nada significa. Os afazeres
domésticos são executados de forma silenciosa para a sociedade. O movimento de
mulheres tem denunciado esse ocultamento do trabalho feminino que assegura a
reprodução da vida humana e bem-estar para a sociedade e é neste contexto que
devemos analisar esta lei.
Uma outra razão para sua justeza é que a população a ser atendida são mulheres
que pertencem a famílias de baixa renda, e assim, esse benefício tem um caráter
redistributivo, contribuindo para a elevação da renda familiar, tal como as atuais
aposentadorias rurais. Finalmente, se coloca o argumento de que este projeto de inclusão
social teria um forte componente de gênero, corrigindo desigualdades históricas e conferindo
autonomia na velhice às atuais mulheres donas de casa, hoje dependentes dos maridos
e/ou dos filhos e parentes.
204

Os números mostram que existem, hoje no Brasil, em torno de 1 milhão de


mulheres donas de casa que já têm 60 anos e não recebem nenhum benefício por seu
trabalho. Estas mulheres, em sua maioria, estão nas periferias das grandes metrópoles no
mais completo abandono. Com a precariedade das políticas públicas sociais, milhares de
mulheres assumiram a função que é do Estado e da sociedade por definição constitucional.
Mas são estas mulheres, as donas de casa, que cuidam dos milhões de crianças que não
têm acesso a creche ou que não tem onde ficar no turno inverso de suas atividades
escolares. São as donas de casa que estão cuidando dos portadores de deficiência, dos
idosos e dos doentes. Segundo dados do IBGE, dos 37% de lares chefiados por mulheres,
mais de 80% são sustentados exclusivamente por elas. Para além disto, confiamos que esta
lei vai incidir fortemente no combate à pobreza e às desigualdades. As mulheres donas de
casa em sua grande maioria são negras para as quais foi negado o direito à educação, ao
trabalho e ao acesso à renda.
Recentemente o governo brasileiro, através do IPEA, publicou estudo chamado
“radar social” onde explica a má distribuição de renda vigente em nosso país, ficando ao
lado de Serra Leoa, um dos países mais pobres e de maior desigualdade do mundo.
Esta é uma lei para fazer justiça com as donas de casa e com o trabalho realizado
por elas.

LUCI CHOINACKI
DEP. FEDERAL PT/SC

CONSTITUIÇÃO
DA
REPÚBLICA FEDERATIVA DO BRASIL
1988
...............................................................................................................................................
...
TÍTULO VIII
DA ORDEM SOCIAL
...................................................................................................................................................
.
CAPÍTULO II
DA SEGURIDADE SOCIAL
...................................................................................................................................................
.
Seção III
Da Previdência Social

Art. 201. A previdência social será organizada sob a forma de regime geral, de
caráter contributivo e de filiação obrigatória, observados critérios que preservem o equilíbrio
financeiro e atuarial, e atenderá, nos termos da lei, a:
I - cobertura dos eventos de doença, invalidez, morte e idade avançada;
II - proteção à maternidade, especialmente à gestante;
III - proteção ao trabalhador em situação de desemprego involuntário;
IV - salário-família e auxílio-reclusão para os dependentes dos segurados de
baixa
renda;
V - pensão por morte do segurado, homem ou mulher, ao cônjuge ou
companheiro e dependentes, observado o disposto no § 2º * Artigo, caput e incisos com
redação dada pela Emenda Constitucional nº 20, de 15/12/1998.
§ 1º É vedada a adoção de requisitos e critérios diferenciados para a concessão
de
aposentadoria aos beneficiários do regime geral de previdência social, ressalvados os
casos de atividades exercidas sob condições especiais que prejudiquem a saúde ou a
205

integridade física e quando se tratar de segurados portadores de deficiência, nos termos


definidos em lei complementar.
* § 1º com redação dada pela Emenda Constitucional nº 47, de
05/07/2005.
§ 2º Nenhum benefício que substitua o salário de contribuição ou o rendimento
do
trabalho do segurado terá valor mensal inferior ao salário mínimo. * § 2º
com redação dada pela Emenda Constitucional nº 20, de
15/12/1998.
§ 3º Todos os salários de contribuição considerados para o cálculo de benefício
serão devidamente atualizados, na forma da lei. * § 3º com redação dada
pela Emenda Constitucional nº 20, de 15/12/1998 .
§ 4º É assegurado o reajustamento dos benefícios para preservar-lhes, em
caráter
permanente, o valor real, conforme critérios definidos em lei. * § 4º com
redação dada pela Emenda Constitucional nº 20, de
15/12/1998.
§ 5º É vedada a filiação ao regime geral de previdência social, na qualidade de
segurado facultativo, de pessoa participante de regime próprio de previdência.
* § 5º com redação dada pela Emenda Constitucional nº 20, de
15/12/1998 .
§ 6º A gratificação natalina dos aposentados e pensionistas terá por base o valor
dos proventos do mês de dezembro de cada ano. * § 6º com redação
dada pela Emenda Constitucional nº 20, de 15/12/1998.
§ 7º É assegurada aposentadoria no regime geral de previdência social, nos
termos da lei, obedecidas as seguintes condições:
I - trinta e cinco anos de contribuição, se homem, e trinta anos de contribuição,
se
mulher;
II - sessenta e cinco anos de idade, se homem, e sessenta anos de idade, se
mulher, reduzido em cinco anos o limite para os trabalhadores rurais de ambos os sexos e
para os que exerçam suas atividades em regime de economia familiar, nestes incluídos o
produtor rural, o garimpeiro e o pescador artesanal. * § 7º com redação dada pela Emenda
Constitucional nº 20, de 15/12/1998.
§ 8º Os requisitos a que se refere o inciso I do parágrafo anterior serão reduzidos
em cinco anos, para o professor que comprove exclusivamente tempo de efetivo exercício
das funções de magistério na educação infantil e no ensino fundamental e médio. * § 8º
com redação dada pela Emenda Constitucional nº 20, de 15/12/1998.
§ 9º Para efeito de aposentadoria, é assegurada a contagem recíproca do tempo
de
contribuição na administração pública e na atividade privada, rural e urbana, hipótese em
que os diversos regimes de previdência social se compensarão financeiramente, segundo
critérios estabelecidos em lei. * § 9º acrescido pela Emenda Constitucional nº 20, de
15/12/1998.
§ 10. Lei disciplinará a cobertura do risco de acidente do trabalho, a ser atendida
concorrentemente pelo regime geral de previdência social e pelo setor privado.
* § 10. acrescido pela Emenda Constitucional nº 20, de 15/12/1998.
§ 11. Os ganhos habituais do empregado, a qualquer título, serão incorporados
ao
salário para efeito de contribuição previdenciária e conseqüente repercussão em benefícios,
nos casos e na forma da lei. * § 11. acrescido pela Emenda Constitucional nº 20, de
15/12/1998.
§ 12. Lei disporá sobre sistema especial de inclusão previdenciária para atender
a
206

trabalhadores de baixa renda e àqueles sem renda própria que se dediquem


exclusivamente ao trabalho doméstico no âmbito de sua residência, desde que
pertencentes a famílias de baixa renda, garantindo-lhes acesso a benefícios de valor igual a
um salário-mínimo. *§ 12 com redação dada pela Emenda Constitucional nº 47, de
05/07/2005.
§ 13. O sistema especial de inclusão previdenciária de que trata o § 12 deste
artigo terá alíquotas e carências inferiores às vigentes para os demais segurados do regime
geral de previdência social.
*§ 13 acrescido pela Emenda Constitucional nº 47, de
05/07/2005
Art. 202. O regime de previdência privada, de caráter complementar e organizado
de forma autônoma em relação ao regime geral de previdência social, será
facultativo, baseado na constituição de reservas que garantam o benefício
contratado, e regulado por lei complementar.
• Regime de Previdência Complementar: Lei Complementar n. 109, de 29-
052001.
§ 1º A lei complementar de que trata este artigo assegurará ao participante de
planos de benefícios de entidades de previdência privada o pleno acesso às informações
relativas à gestão de seus respectivos planos. * § 1º com redação dada pela Emenda
Constitucional nº 20, de 15/12/1998.
§ 2º As contribuições do empregador, os benefícios e as condições contratuais
previstas nos estatutos, regulamentos e planos de benefícios das entidades de previdência
privada não integram o contrato de trabalho dos participantes, assim como, à exceção dos
benefícios concedidos, não integram a remuneração dos participantes, nos termos da lei.
* § 2º com redação dada pela Emenda Constitucional nº 20,
de 15/12/1998.
§ 3º É vedado o aporte de recursos a entidade de previdência privada pela
União, Estados, Distrito Federal e Municípios, suas autarquias, fundações, empresas
públicas, sociedades de economia mista e outras entidades públicas, salvo na qualidade
de patrocinador, situação na qual, em hipótese alguma, sua contribuição normal poderá
exceder a do segurado.
* § 3º acrescido pela Emenda Constitucional nº 20, de
15/12/1998.
* Regulamentado pela Lei Complementar nº 108, de
29/05/2001.
§ 4º Lei complementar disciplinará a relação entre a União, Estados, Distrito
Federal ou Municípios, inclusive suas autarquias, fundações, sociedades de economia
mista e empresas controladas direta ou indiretamente, enquanto patrocinadoras de
entidades fechadas de previdência privada, e suas respectivas entidades fechadas de
previdência privada.
* § 4º acrescido pela Emenda Constitucional nº 20, de
15/12/1998.
* Regulamentado pela Lei Complementar nº 108, de
29/05/2001 .
§ 5º A lei complementar de que trata o parágrafo anterior aplicar-se-á, no que
couber, às empresas privadas permissionárias ou concessionárias de prestação de
serviços públicos, quando patrocinadoras de entidades fechadas de previdência privada.
* § 5º acrescido pela Emenda Constitucional nº 20, de
15/12/1998.
* Regulamentado pela Lei Complementar nº 108, de
29/05/2001.
§ 6º A lei complementar a que se refere o § 4º deste artigo estabelecerá os
requisitos para a designação dos membros das diretorias das entidades fechadas de
previdência privada e disciplinará a inserção dos participantes nos colegiados e instâncias
de decisão em que seus interesses sejam objeto de discussão e deliberação.
207

* § 6º acrescido pela Emenda Constitucional nº 20, de 15/12/1998.


* Regulamentado pela Lei Complementar nº 108, de 29/05/2001
...................................................................................................................................................
...

FIM DO DOCUMENTO
208

ANEXO J – PROJETO DE LEI Nº 598, DE 2007.

PL 598/2007
Projeto de Lei
Situação:Apensado ao PL 6985/2006
Identificação da Proposição

Autor Apresentação
Professora Raquel Teixeira - PSDB/GO 28/03/2007
Ementa
Dispõe sobre o sistema especial de inclusão previdenciária de trabalhadores e
trabalhadoras sem renda própria que se dediquem exclusivamente ao trabalho
doméstico de sua residência e dá outras providências.
Explicação da Ementa
Regulamenta os parágrafos 12 e 13 do artigo 201 da Constituição Federal de 1988
(Emenda nº 47 - PEC Paralela da Previdência).
Indexação
Regulamentação, Constituição Federal, sistema, inclusão previdenciária, Regime
Geral da Previdência Social, trabalhador autônomo, dona-de-casa, renda familiar,
baixa renda, benefício previdenciário, salário mínimo, fixação, carência, alíquota,
contribuição previdenciária, limite de idade, segurado, redução, portador, doença
degenerativa.
Informações de Tramitação

Forma de apreciação Regime de tramitação


Proposição Sujeita à Apreciação Conclusiva pelas Comissões - Art. 24 II
Prioridade Despacho atual:

Data Despacho
10/04/2007 Apense-se à(ao) PL-6985/2006.
Proposição Sujeita à Apreciação Conclusiva pelas
Comissões - Art. 24 II Regime de Tramitação:
Prioridade
Documentos Anexos e Referenciados
Avulsos Legislação Citada Mensagens, Ofícios e
Requerimentos
(0)
Destaques (0) Histórico de Pareceres, Relatório de conferência
Substitutivos e Votos (0) de assinaturas
Emendas (0) Recursos (0)
Histórico de despachos Redação Final
(1)
Tramitação
Andamento
28/03/2007 PLENÁRIO (PLEN)
• Apresentação do Projeto de Lei pela Deputada Professora
Raquel Teixeira (PSDB-GO).
209

10/04/2007 Mesa Diretora da Câmara dos Deputados (MESA)


• Apense-se à(ao) PL-6985/2006.
Proposição Sujeita à Apreciação Conclusiva pelas
Comissões - Art. 24 II Regime de Tramitação: Prioridade
• Encaminhamento de Despacho de Distribuição à CCP para
publicação.
12/04/2007 COORDENAÇÃO DE COMISSÕES PERMANENTES (CCP)
• Encaminhada à publicação. Publicação Inicial no DCD 13 04
07 PAG 16138 COL 02.
12/04/2007 Comissão de Seguridade
Social e Família (CSSF) •
Recebimento pela CSSF.
13/12/2007 Mesa Diretora da Câmara dos Deputados (MESA)
• Recebido OF 989/07, da CSSF, comunicando declaração de
prejudicialidade do PL 6985/06 e de seus apensados os PLs
598/07 e 1095/07, nos termos do artigo 163, inciso I, c/c o artigo
164, inciso I, do RIDC, em face da aprovação naquela Comissão
do PL 5773/05.
• Encaminhado o OF 989/07, da CSSF, à publicação no DCD do
dia 14/12/2007.
• Sujeito a arquivamento, nos termos do § 4º do art. 164 do RICD.
Prazo para apresentação de recurso, nos termos do § 2º do art.
164 do RICD (5 sessões ordinárias a partir de 14/12/2007)
12/02/2008 Mesa Diretora da Câmara dos Deputados (MESA)
• Encerramento automático do Prazo de Recurso. Não foram
apresentados recursos.
13/02/2008 Mesa Diretora da Câmara dos Deputados (MESA)
• Arquivado nos termos do § 4º do artigo 164 do RICD.
DCD de 14/02/08 PÁG 2200 COL 01.
Detalhamento dos Documentos Anexos e Referenciados
PL 598/2007 Histórico de Despachos

Data Despacho
10/04/2007 Apense-se à(ao) PL-6985/2006.
Proposição Sujeita à Apreciação Conclusiva pelas
Comissões - Art. 24 II Regime de Tramitação:
Prioridade

http://www.camara.gov.br/proposicoesWeb/prop_imp?idProposicao=346381&ord=1&tp=com
pleta
210

ANEXO L – LEI Nº 13.135, DE 17 DE JUNHO DE 2015.

Presidência da República
Casa Civil
Subchefia para Assuntos Jurídicos
LEI Nº 13.135, DE 17 DE JUNHO DE 2015.
Altera as Leis no 8.213, de 24 de julho de
1991, no 10.876, de 2 de junho de 2004, no
8.112, de 11 de dezembro de 1990, e no
10.666, de 8 de maio de 2003, e dá outras
providências.
A PRESIDENTA DA REPÚBLICA Faço saber que o Congresso Nacional decreta e eu
sanciono a seguinte Lei:
Art. 1o A Lei no 8.213, de 24 de julho de 1991, passa a vigorar com as seguintes alterações:
“Art. 15. ....................................................................
II - (VETADO);..........................................................................” (NR)
“Art. 16. ...................................................................
I - (VETADO); (Vigência)
III - o irmão de qualquer condição menor de 21 (vinte e um) anos ou inválido ou que tenha
deficiência intelectual ou mental ou deficiência grave, nos termos do regulamento;
(Vigência)
................................................................................” (NR)
“Art. 26. .....................................................................
II - auxílio-doença e aposentadoria por invalidez nos casos de acidente de qualquer natureza
ou causa e de doença profissional ou do trabalho, bem como nos casos de segurado que,
após filiar-se ao RGPS, for acometido de alguma das doenças e afecções especificadas em
lista elaborada pelos Ministérios da Saúde e da Previdência Social, atualizada a cada 3 (três)
anos, de acordo com os critérios de estigma, deformação, mutilação, deficiência ou outro fator
que lhe confira especificidade e gravidade que mereçam tratamento particularizado;
................................................................................” (NR)
“Art. 29. .....................................................................
§ 10. O auxílio-doença não poderá exceder a média aritmética simples dos últimos 12
(doze) salários-de-contribuição, inclusive em caso de remuneração variável, ou, se não
alcançado o número de 12 (doze), a média aritmética simples dos salários-de-contribuição
existentes.
§ 11. (VETADO).
§ 12. (VETADO).
§ 13. (VETADO).” (NR)
“Art. 32. (VETADO).”
“Art. 60. ....................................................................
§ 5o Nos casos de impossibilidade de realização de perícia médica pelo órgão ou setor
próprio competente, assim como de efetiva incapacidade física ou técnica de implementação
das atividades e de atendimento adequado à clientela da previdência social, o INSS poderá,
sem ônus para os segurados, celebrar, nos termos do regulamento, convênios, termos de
execução descentralizada, termos de fomento ou de colaboração, contratos não onerosos
ou acordos de cooperação técnica para realização de perícia médica, por delegação ou
simples cooperação técnica, sob sua coordenação e supervisão, com:
I - órgãos e entidades públicos ou que integrem o Sistema Único de Saúde (SUS);
II - (VETADO);
III - (VETADO).
§ 6o O segurado que durante o gozo do auxílio-doença vier a exercer atividade que lhe
garanta subsistência poderá ter o benefício cancelado a partir do retorno à atividade.
211

§ 7º Na hipótese do § 6o, caso o segurado, durante o gozo do auxílio-doença, venha a


exercer atividade diversa daquela que gerou o benefício, deverá ser verificada a
incapacidade para cada uma das atividades exercidas.” (NR)
“Art. 74. .....................................................................
§ 1o Perde o direito à pensão por morte, após o trânsito em julgado, o condenado pela
prática de crime de que tenha dolosamente resultado a morte do segurado.
§ 2o Perde o direito à pensão por morte o cônjuge, o companheiro ou a companheira se
comprovada, a qualquer tempo, simulação ou fraude no casamento ou na união estável, ou
a formalização desses com o fim exclusivo de constituir benefício previdenciário, apuradas
em processo judicial no qual será assegurado o direito ao contraditório e à ampla defesa.”
(NR)
“Art. 77. .....................................................................
§ 2o O direito à percepção de cada cota individual cessará:
II - para filho, pessoa a ele equiparada ou irmão, de ambos os sexos, ao completar 21 (vinte
e um) anos de idade, salvo se for inválido ou com deficiência;
III - para filho ou irmão inválido, pela cessação da invalidez;
IV - para filho ou irmão que tenha deficiência intelectual ou mental ou deficiência grave, pelo
afastamento da deficiência, nos termos do regulamento; (Vigência)
V - para cônjuge ou companheiro:
a) se inválido ou com deficiência, pela cessação da invalidez ou pelo afastamento da
deficiência, respeitados os períodos mínimos decorrentes da aplicação das alíneas “b” e “c”;
b) em 4 (quatro) meses, se o óbito ocorrer sem que o segurado tenha vertido 18 (dezoito)
contribuições mensais ou se o casamento ou a união estável tiverem sido iniciados em
menos de 2 (dois) anos antes do óbito do segurado;
c) transcorridos os seguintes períodos, estabelecidos de acordo com a idade do beneficiário
na data de óbito do segurado, se o óbito ocorrer depois de vertidas 18 (dezoito)
contribuições mensais e pelo menos 2 (dois) anos após o início do casamento ou da união
estável:
1) 3 (três) anos, com menos de 21 (vinte e um) anos de idade;
2) 6 (seis) anos, entre 21 (vinte e um) e 26 (vinte e seis) anos de idade;
3) 10 (dez) anos, entre 27 (vinte e sete) e 29 (vinte e nove) anos de idade;
4) 15 (quinze) anos, entre 30 (trinta) e 40 (quarenta) anos de idade;
5) 20 (vinte) anos, entre 41 (quarenta e um) e 43 (quarenta e três) anos de idade;
6) vitalícia, com 44 (quarenta e quatro) ou mais anos de idade.
§ 2o-A. Serão aplicados, conforme o caso, a regra contida na alínea “a” ou os prazos
previstos na alínea “c”, ambas do inciso V do § 2o, se o óbito do segurado decorrer de
acidente de qualquer natureza ou de doença profissional ou do trabalho,
independentemente do recolhimento de 18 (dezoito) contribuições mensais ou da
comprovação de 2 (dois) anos de casamento ou de união estável.
§ 2o-B. Após o transcurso de pelo menos 3 (três) anos e desde que nesse período se
verifique o incremento mínimo de um ano inteiro na média nacional única, para ambos os
sexos, correspondente à expectativa de sobrevida da população brasileira ao nascer,
poderão ser fixadas, em números inteiros, novas idades para os fins previstos na alínea “c”
do inciso V do § 2o, em ato do Ministro de Estado da Previdência Social, limitado o
acréscimo na comparação com as idades anteriores ao referido incremento.
.§ 4o (Revogado).
§ 5o O tempo de contribuição a Regime Próprio de Previdência Social (RPPS) será
considerado na contagem das 18 (dezoito) contribuições mensais de que tratam as alíneas
“b” e “c” do inciso V do § 2o.” (NR)
“Art. 151. Até que seja elaborada a lista de doenças mencionada no inciso II do art. 26,
independe de carência a concessão de auxílio-doença e de aposentadoria por invalidez ao
segurado que, após filiar-se ao RGPS, for acometido das seguintes doenças: tuberculose
ativa, hanseníase, alienação mental, esclerose múltipla, hepatopatia grave, neoplasia
maligna, cegueira, paralisia irreversível e incapacitante, cardiopatia grave, doença de
Parkinson, espondiloartrose anquilosante, nefropatia grave, estado avançado da doença de
212

Paget (osteíte deformante), síndrome da deficiência imunológica adquirida (aids) ou


contaminação por radiação, com base em conclusão da medicina especializada.” (NR)
Art. 2o O art. 2o da Lei no 10.876, de 2 junho de 2004, passa a vigorar com as seguintes
alterações:
“Art. 2o Compete aos ocupantes do cargo de Perito-Médico da Previdência Social e,
supletivamente, aos ocupantes do cargo de Supervisor Médico-Pericial da carreira de que
trata a Lei no 9.620, de 2 de abril de 1998, no âmbito do Instituto Nacional do Seguro Social
(INSS) e do Ministério da Previdência Social, o exercício das atividades médico-periciais
inerentes ao Regime Geral de Previdência Social (RGPS) de que tratam as Leis no 8.212,
de 24 de julho de 1991, no 8.213, de 24 de julho de 1991, no 8.742, de 7 de dezembro de
1993 (Lei Orgânica da Assistência Social), e no 8.112, de 11 de dezembro de 1990, e, em
especial:
III - caracterização de invalidez para benefícios previdenciários e assistenciais;
IV - execução das demais atividades definidas em regulamento; e
V - supervisão da perícia médica de que trata o § 5o do art. 60 da Lei no 8.213, de 24 de
julho de 1991, na forma estabelecida pelo Ministério da Previdência Social.
................................................................................” (NR)
Art. 3o A Lei no 8.112, de 11 de dezembro de 1990, passa a vigorar com as seguintes
alterações:
“Art. 215. Por morte do servidor, os dependentes, nas hipóteses legais, fazem jus à pensão
a partir da data de óbito, observado o limite estabelecido no inciso XI do caput do art. 37 da
Constituição Federal e no art. 2o da Lei no 10.887, de 18 de junho de 2004.” (NR)
“Art. 217. ...................................................................
I - o cônjuge;
a) (Revogada);
b) (Revogada);
c) (Revogada);
d) (Revogada);
e) (Revogada);
II - o cônjuge divorciado ou separado judicialmente ou de fato, com percepção de pensão
alimentícia estabelecida judicialmente;
a) (Revogada);
b) (Revogada);
c) Revogada);
d) (Revogada);
III - o companheiro ou companheira que comprove união estável como entidade familiar;
IV - o filho de qualquer condição que atenda a um dos seguintes requisitos:
a) seja menor de 21 (vinte e um) anos;
b) seja inválido;
c) tenha deficiência grave; ou (Vigência)
d) tenha deficiência intelectual ou mental, nos termos do regulamento;
V - a mãe e o pai que comprovem dependência econômica do servidor; e
VI - o irmão de qualquer condição que comprove dependência econômica do servidor e
atenda a um dos requisitos previstos no inciso IV.
§ 1o A concessão de pensão aos beneficiários de que tratam os incisos I a IV do caput
exclui os beneficiários referidos nos incisos V e VI.
§ 2o A concessão de pensão aos beneficiários de que trata o inciso V do caput exclui o
beneficiário referido no inciso VI.
§ 3o O enteado e o menor tutelado equiparam-se a filho mediante declaração do servidor e
desde que comprovada dependência econômica, na forma estabelecida em regulamento.”
(NR)
“Art. 218. Ocorrendo habilitação de vários titulares à pensão, o seu valor será distribuído em
partes iguais entre os beneficiários habilitados.
§ 1o (Revogado).
§ 2o (Revogado).
213

§ 3o (Revogado).” (NR)
“Art. 220. Perde o direito à pensão por morte:
I - após o trânsito em julgado, o beneficiário condenado pela prática de crime de que tenha
dolosamente resultado a morte do servidor;
II - o cônjuge, o companheiro ou a companheira se comprovada, a qualquer tempo,
simulação ou fraude no casamento ou na união estável, ou a formalização desses com o fim
exclusivo de constituir benefício previdenciário, apuradas em processo judicial no qual será
assegurado o direito ao contraditório e à ampla defesa.” (NR)
“Art. 222. ...................................................................
III - a cessação da invalidez, em se tratando de beneficiário inválido, o afastamento da
deficiência, em se tratando de beneficiário com deficiência, ou o levantamento da interdição,
em se tratando de beneficiário com deficiência intelectual ou mental que o torne absoluta ou
relativamente incapaz, respeitados os períodos mínimos decorrentes da aplicação das
alíneas “a” e “b” do inciso VII;
IV - o implemento da idade de 21 (vinte e um) anos, pelo filho ou irmão;
VI - a renúncia expressa; e
VII - em relação aos beneficiários de que tratam os incisos I a III do caput do art. 217:
a) o decurso de 4 (quatro) meses, se o óbito ocorrer sem que o servidor tenha vertido 18
(dezoito) contribuições mensais ou se o casamento ou a união estável tiverem sido iniciados
em menos de 2 (dois) anos antes do óbito do servidor;
b) o decurso dos seguintes períodos, estabelecidos de acordo com a idade do pensionista
na data de óbito do servidor, depois de vertidas 18 (dezoito) contribuições mensais e pelo
menos 2 (dois) anos após o início do casamento ou da união estável:
1) 3 (três) anos, com menos de 21 (vinte e um) anos de idade;
2) 6 (seis) anos, entre 21 (vinte e um) e 26 (vinte e seis) anos de idade;
3) 10 (dez) anos, entre 27 (vinte e sete) e 29 (vinte e nove) anos de idade;
4) 15 (quinze) anos, entre 30 (trinta) e 40 (quarenta) anos de idade;
5) 20 (vinte) anos, entre 41 (quarenta e um) e 43 (quarenta e três) anos de idade;
6) vitalícia, com 44 (quarenta e quatro) ou mais anos de idade.
§ 1o A critério da administração, o beneficiário de pensão cuja preservação seja motivada
por invalidez, por incapacidade ou por deficiência poderá ser convocado a qualquer
momento para avaliação das referidas condições.
§ 2o Serão aplicados, conforme o caso, a regra contida no inciso III ou os prazos previstos
na alínea “b” do inciso VII, ambos do caput, se o óbito do servidor decorrer de acidente de
qualquer natureza ou de doença profissional ou do trabalho, independentemente do
recolhimento de 18 (dezoito) contribuições mensais ou da comprovação de 2 (dois) anos de
casamento ou de união estável.
§ 3o Após o transcurso de pelo menos 3 (três) anos e desde que nesse período se verifique
o incremento mínimo de um ano inteiro na média nacional única, para ambos os sexos,
correspondente à expectativa de sobrevida da população brasileira ao nascer, poderão ser
fixadas, em números inteiros, novas idades para os fins previstos na alínea “b” do inciso VII
do caput, em ato do Ministro de Estado do Planejamento, Orçamento e Gestão, limitado o
acréscimo na comparação com as idades anteriores ao referido incremento.
§ 4o O tempo de contribuição a Regime Próprio de Previdência Social (RPPS) ou ao
Regime Geral de Previdência Social (RGPS) será considerado na contagem das 18
(dezoito) contribuições mensais referidas nas alíneas “a” e “b” do inciso VII do caput.” (NR)
“Art. 223. Por morte ou perda da qualidade de beneficiário, a respectiva cota reverterá para
os cobeneficiários.
I - (Revogado);
II - (Revogado).” (NR)
“Art. 225. Ressalvado o direito de opção, é vedada a percepção cumulativa de pensão
deixada por mais de um cônjuge ou companheiro ou companheira e de mais de 2 (duas)
pensões.” (NR)
“Art. 229. ....................................................................
214

§ 3o Ressalvado o disposto neste artigo, o auxílio-reclusão será devido, nas mesmas


condições da pensão por morte, aos dependentes do segurado recolhido à prisão.” (NR)
Art. 4o O art. 12 da Lei no 10.666, de 8 de maio de 2003, passa a vigorar com a seguinte
redação:
“Art. 12. Para fins de compensação financeira entre o Regime Geral de Previdência Social
(RGPS) e o Regime Próprio de Previdência Social (RPPS) da União, dos Estados, do
Distrito Federal e dos Municípios, os regimes instituidores apresentarão aos regimes de
origem os dados relativos aos benefícios em manutenção em 5 de maio de 1999 concedidos
a partir de 5 de outubro de 1988.” (NR)
Art. 5o Os atos praticados com base em dispositivos da Medida Provisória no 664, de 30 de
dezembro de 2014, serão revistos e adaptados ao disposto nesta Lei.
Art. 6o Esta Lei entra em vigor em:
I - 180 (cento e oitenta) dias a partir de sua publicação, quanto à inclusão de pessoas com
deficiência grave entre os dependentes dos segurados do Regime Geral de Previdência
Social (RGPS) e do Regime Próprio de Previdência Social (RPPS) previstos na Lei no
8.112, de 11 de dezembro de 1990;
II - 2 (dois) anos para a nova redação:
a) do art. 16, incisos I e III, e do art. 77, § 2o, inciso IV, da Lei no 8.213, de 24 de julho de
1991, em relação às pessoas com deficiência intelectual ou mental;
b) do art. 217, inciso IV, alínea “c”, da Lei no 8.112, de 11 de dezembro de 1990;
III - na data de sua publicação, para os demais dispositivos.
Art. 7o Revogam-se:
I - os seguintes dispositivos da Lei no 8.112, de 11 de dezembro de 1990:
a) o art. 216;
b) os §§ 1o a 3o do art. 218; e
II - os seguintes dispositivos da Lei no 8.213, de 24 de julho de 1991:
a) o § 2o do art. 17;
b) o § 4o do art. 77.
Brasília, 17 de junho de 2015; 194o da Independência e 127o da República.
DILMA ROUSSEFF
Joaquim Vieira Ferreira Levy
Nelson Barbosa
Carlos Eduardo Gabas
Miguel Rossetto
Este texto não substitui o publicado no DOU de 18.6.2015

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