Apostila para Concursos - Direito Constitucional Completo

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DIREITO CONSTITUCIONAL

Princípios Fundamentais
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PRINCÍPIOS FUNDAMENTAIS

No Direito Constitucional, é importante entender como funciona a metodologia da Consti-


tuição e como é a cobrança nas provas de concurso. Nossa CF é dividida em Títulos, Capítu-
los, Seções e Subseções. Digo isso para que não haja dúvida acerca do que será cobrado em
provas. O aluno deve checar, no seu edital exatamente aquilo que cairá na prova. Na maioria
das vezes, não é preciso estudar a CF toda.
Se no edital consta Princípios Fundamentais isso significa que se deve estudar do Título
I os arts. 1º a 4º. Veja a seguir a abrangência de conteúdo desses artigos:

• Art. 1º Fundamentos da República Federativa do Brasil (RFB)


• Art. 2º Separação de Poderes
• Art. 3º Objetivos da RFB
• Art. 4º Princípios nas relações internacionais

O art. 60, § 4º, cita as cláusulas pétreas explícitas, mas a doutrina (os autores que escre-
vem Direito Constitucional) coloca os princípios fundamentais como cláusula pétrea implícita.
É comum que estudantes de concurso público gostem de gravar mnemônicos, principalmente
em relação a esse assunto. No entanto, as provas têm demonstrado que não basta esses
"macetes" e "dicas", pois elas têm ido além em relação aos assuntos, ou seja, é importante
saber o mnemônico, mas também os assuntos conexos a essas "dicas".
Cláusulas pétreas são o conteúdo mais relevante da CF, que não poderia ser extirpado do
texto constitucional. A seguir, será apresentado o Texto constitucional e, logo após, os comen-
tários e conteúdos pertinentes ao texto.

TEXTO CONSTITUCIONAL

Art. 1º A República Federativa do Brasil, formada pela união indissolúvel dos Estados e Municípios
e do Distrito Federal, constitui-se em Estado Democrático de Direito e tem como fundamentos:
I – a soberania;
II – a cidadania;
III – a dignidade da pessoa humana;
IV – os valores sociais do trabalho e da livre iniciativa;
V – o pluralismo político.
ANOTAÇÕES

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Parágrafo único. Todo o poder emana do povo, que o exerce por meio de representantes eleitos ou
diretamente, nos termos desta Constituição.

O Art. 1º trata dos Fundamentos da RFB, conforme apresentado nos incisos. Parece
algo muito simples, mas as bancas têm ido muito além da letra fria da Lei, em relação a
esse assunto. Sobre esse assunto, por exemplo, pode ser perguntado a forma de Estado, as
formas de Governo ou os sistemas de Governo, conforme descritos a seguir.

• Formas de Estado:
– Unitário;
5m
– Federação;
– Confederação.

• Formas de Governo:
– República;
– Monarquia.

• Sistemas de Governo:
– Presidencialismo;
– Parlamentarismo.

De todos os itens acima, confederação é o único que o Brasil não foi. Nosso país foi um
Estado unitário até 1891 e é uma federação desde então.
Para o Direito constitucional, as datas históricas nem sempre correspondem, pois utiliza-
-se as datas em acordo com as constituições. A proclamação da República se deu em 15 de
novembro de 1889, e o Brasil se tornou uma federação somente 2 anos depois. A 1ª Constitui-
ção brasileira, de 1824, adotava a monarquia; só nos tornamos república na 2ª Constituição,
de 1891. 1889 é a data do marco histórico; por isso a divergência.
Além disso, nosso sistema foi o parlamentarismo tanto no Brasil Império quanto no inter-
valo entre 1961/1963, um pequeno período que antecedeu o golpe militar de 1964. Desde
1963, nosso sistema é o presidencialismo.
No parlamentarismo há 2 chefes: um de Estado e um de governo. No nosso caso, Tan-
credo Neves era o primeiro ministro e João Goulart era o presidente da República.
ANOTAÇÕES

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Esses pontos foram desenvolvidos pela doutrina, que explica e comenta as leis. Caem em
provas, embora não seja a letra fria da Constituição.
Importante também saber que a escolha da forma de governo pressupõe algumas carac-
trísticas. A República tem algumas características que se contrapõem às da monarquia,
por exemplo.

• Monarquia:
– Vitaliciedade: se a pessoa não abdicar do trono, o regente fica no cargo até morrer.
Um exemplo é a rainha da Inglaterra, que reina há décadas;
– Hereditariedade; a escolha não é feita pelo povo;
10m
– Irresponsabilidade perante o povo.

• República:
– Temporariedade;
– Eletividade; a escolha é feita por meio de eleições;
– Responde perante o povo.

A monarquia não respondia perante o povo, respondia perante Deus; ele era escolhido
por Deus. Existe uma expressão em inglês, segundo o qual The king can do no wrong, cuja
tradução é “o rei não pode errar”.
Se houver a possibilidade de o governante responder perante o povo, explicam-se mais
claramente as hipóteses de impeachment (traduzido livremente como impedimento). No Brasil
houve duas histórias recentes de impeachment: Fernando Collor e Dilma Rousseff. O impedi-
mento é o crime de responsabilidade que não é uma infração criminal, penal; é uma infração
de natureza política.
Vamos dissecar agora alguns pontos do art. 1º:

Poder: Titularidade x Exercício



Todo poder emana do povo, logo o titular do poder é o povo. Já o exercício do poder pode
ser feito pelo povo ou não. Na regra, no Brasil o exercício é de forma indireta, mas a bem da
verdade o Brasil mescla as duas formas: democracia direta e indireta. Por isso é comum apa-
recer em provas que nossa democracia é mista ou semidireta.
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Democracia indireta e direta (mista):



– Indireta (representativa) > regra: através das eleições, a população escolhe as pes-
soas que a irão representar, em teoria.
- Direta:
a) plebiscito: consulta popular feita antes de a norma ser elaborada. Aconteceu, por exem-
plo, em 1994 para perguntar à população brasileira se ela queria república ou monarquia e
parlamentarismo ou presidencialismo. Nada mudou e foram mantidos a república e o presi-
dencialismo;
b) referendo: consulta popular posterior à norma. Aconteceu no âmbito do direito brasileiro
15m
no Estatuto do Desarmamento: foi perguntado se a população queria a proibição ou não da
comercialização de armas de fogo, e os brasileiros não foram favoráveis a essa proibição;
c) iniciativa popular de lei (diferente de ação popular): ação popular é um dos “remédios
constitucionais”; já a lei de iniciativa popular é uma forma de exercício direto da democracia.
Nela, o povo dá o pontapé inicial no processo legislativo, ou seja, o povo manda o projeto de
lei para a Câmara dos Deputados.
Ex. 1: aproximadamente em 1992/3, o homicídio da atriz Daniella Perez pelo ator Gui-
lherme de Pádua chocou a população brasileira. Na época, homicídio qualificado não era
crime hediondo; só passou a ser em razão da repercussão desse caso.
Ex. 2: em 2010 surgiu a Lei Complementar n. 135, a famosa Lei da Ficha Limpa, que
nasceu da iniciativa popular.
Ex. 3: as 10 medidas de combate à corrupção.

Iniciativa popular de lei nas três esferas – Particularidades:



a) Federal: o povo pode apresentar proposta de Lei Ordinária (LO), de Lei Complementar (LC),
mas não Proposta de Emenda à Constituição (PEC). As pessoas que são legitimadas a ingressar
com uma PEC constam no art. 60 da CF, que são o Presidente da República, 1/3 da Câmara dos
Deputados, 1/3 do Senado Federal e mais da metade das assembleias legislativas. A CF detalha
mais: 1% do eleitorado, dividido em 5 estados, com no mínimo 0,3% em cada um deles.
b) Estadual: o povo também pode apresentar proposta de LO e de LC; a diferença é que
também pode apresentar PEC, desde que previsto na Constituição estadual. No 2º semestre
de 2018, o STF determinou que a CE pode prever o povo apresentando PEC. Além disso, no
20m
âmbito estadual não existe a exigência de 1% do eleitorado; aqui se trabalha a autonomia de
cada um dos entes da Federação e o estado é quem vai disciplinar.
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c) Municipal: no âmbito do município, a CF determina que o projeto de iniciativa popular


deve nascer de 5% do eleitorado. O povo também pode apresentar projeto de LO e de LC.
A máxima no âmbito federal é a CF, e no âmbito estadual, as CE. No âmbito do DF e dos
municípios, a norma máxima é, respectivamente, Lei Orgânica do DF e Lei Orgânica munici-
pal. Logo, aqui não há PEC (Proposta de Emenda à Constituição), e sim PELO (Proposta de
Emenda à Lei Orgânica), que também pode ser apresentada pelo povo.
No estudo do direito, mnemônicos podem ajudar a memorizar alguns conteúdos:

SO – CI – DI – VA – PLU

Soberania – Cidadania – Dignidade da Pessoa Humana – Valores sociais do trabalho e


da livre iniciativa – Pluralismo político
25m

As bancas costumam dizer que a dignidade da pessoa humana tem uma função muito
abstrata e que não está expressamente na CF; mas ela está no art. 1º. Hoje em dia fala-se
muito nesse princípio por conta de um movimento chamado neoconstitucionalismo, que coloca
a pessoa humana no centro do sistema e faz surgir, a partir daí, uma série de consequências.
Ex. 1: existe uma súmula vinculante que todo brasileiro conhece, que é a que proíbe o
uso de algemas em presos, em regra, pois é algo constrangedor e que ofende a dignidade da
pessoa humana. Então com base nesse princípio é que foi editada essa SV n. 11. Algemas só
podem ser utilizadas em caso de perigo, de resistência ou de fuga – o mnemônico é PRF. A
dignidade da pessoa humana vai além e se espalha em várias outras circunstâncias.
Ex. 2: hoje em dia são permitidos o casamento e a união estável entre pessoas do mesmo
sexo. Um dos fundamentos que o STF usou foi justamente o da dignidade da pessoa humana.
Ex. 3: a respeito das pesquisas com células-tronco embrionárias. Certa vez uma questão
de prova dizia que o princípio da felicidade guarda íntima relação com a dignidade da pessoa
humana. Essa frase foi retirada de um julgamento da pesquisa com células-tronco, em que o
STF disse que, se para a pessoa ter uma vida plena, digna e feliz, ela puder fazer uso de pes-
quisas de tratamentos médicos que melhorem sua condição de vida, a pesquisa com células-
-tronco é permitida. Esse julgamento foi muito relevante, pois se contrapuseram a justiça e a
religião. Os religiosos dizem que a vida é desde a concepção e o uso de células-tronco acaba
destruindo os fetos. Isso gerou uma briga e prevaleceu a ciência, que permite seu uso.
30m

Em suma, voltando-se ao mnemônico anterior, a RFB possui soberania. Os entes que com-
põem nossa República (União, estados, DF e municípios) têm tríplice autonomia: financeira, admi-
nistrativa e política (FAP).

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• Dignidade da Pessoa Humana: meta/supraprincípio/princípio matriz, o mais importante


do sistema;
• Cidadania: tem relação muito próxima com direitos políticos;
• Valores sociais do trabalho e da livre iniciativa: há uma clara relação com o Capitalismo
(arts. 1º e 170). O Brasil é um país capitalista e possui relações dentro dessa lógica. Em
2019, Bolsonaro fez uma MP da liberdade econômica, que depois virou estatuto, que veio
para tentar desburocratizar a atividade econômica, tirar o Estado e deixar as pessoas traba-
lharem de forma mais livre, para desenvolver o setor privado.
• Pluralismo político não se confunde com pluralismo partidário.

No DF existem empresas de transporte por aplicativo (Uber, 99 Pop, Cabify etc.). Alguns
municípios fizeram lei municipal proibindo transporte de passageiros por aplicativo. O STF
entendeu que essa proibição por lei municipal ofende, viola o princípio da livre iniciativa e da
liberdade econômica.

�Este material foi elaborado pela equipe pedagógica do Gran Cursos Online, de acordo com a aula
preparada e ministrada pelo professor Aragonê Fernandes.
A presente degravação tem como objetivo auxiliar no acompanhamento e na revisão do conteúdo
ministrado na videoaula. Não recomendamos a substituição do estudo em vídeo pela leitura exclu-
siva deste material.
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PRINCÍPIOS FUNDAMENTAIS II

A presente aula ainda trata sobre os princípios fundamentais da CF, que aparecem do
art. 1º ao 4º. O art. 1º é estudado de forma separada, pois tem junto a si toda uma carga
de teoria. Passaremos a tratar dos artigos seguintes. Em relação ao Art. 2º, pode ser que
seja cobrada a letra fria da Lei, mas pode ser que se adentre a doutrina ou a história sobre
o assunto.

TEXTO CONSTITUCIONAL

Art. 2º São Poderes da União, independentes e harmônicos entre si, o Legislativo, o Executivo e o
Judiciário.

A partir daí, é possível retirar muita coisa:


• Dentre os princípios fundamentais, somente o art. 2º é uma cláusula pétrea expressa,
explícita. O art. 60, § 4º, da CF cita 4 cláusulas pétreas expressas: a forma federativa de
Estado; os direitos e garantias individuais; o voto direto, secreto, universal e periódico;
e a separação dos poderes.

História, política e direito andam de mãos dadas e estão sempre lado a lado. Na época
da Revolução Francesa e dos iluministas, Montesquieu falava que o poder era um só; mas
para que se possa organizar melhor o poder público (Estado), ele sugeriu uma divisão tripar-
tite: Executivo, Legislativo e Judiciário. Esses 3 poderes deveriam trabalhar em harmonia,
de modo que cada um tivesse funções principais e secundárias e nenhum se sobrepusesse
aos demais.

Separação dos Poderes

Poderes da União: Executivo, Legislativo e Judiciário.



Esses são os poderes no âmbito federal. No âmbito dos municípios, por exemplo, não
existe Poder Judiciário. Note que os fóruns que existem nos municípios provavelmente per-
tencem ao Tribunal de Justiça do estado. No DF, o Poder Judiciário é organizado e mantido
pela União.
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• Posicionamento constitucional do MP, Defensoria Pública e do Tribunal de Contas


Esses 3 órgãos têm autonomia, não estão em subordinação a nenhum dos 3 poderes.
5m
Antigamente, em outras constituições, o MP foi subordinado ao Poder Executivo e ao Judiciá-
rio, mas hoje não mais. O TC auxilia o Poder Legislativo, mas não é subordinado a ele.
Existe o Tribunal de Contas da União (TCU), o Tribunal de Contas do Estado (TCE), o
Tribunal de Contas do DF (TCDF) e o Tribunal de Contas do Município (TCM), em alguns
casos excepcionais. Uma pessoa que atua como conselheira no TCM do município do RJ, por
exemplo, tem foro especial e será julgado, de início, no STJ; o mesmo vale para quem atua
em TCE e TCDF.
Um vereador faz o papel do Poder Legislativo no município; ele não tem foro especial na
CF. A fiscalização, no âmbito municipal, cabe à Câmara dos Vereadores, auxiliada pelo TCE
ou TCM onde houver. Entretanto, quem auxilia tem o foro especial e quem é auxiliado, o dono
do controle externo, fica sem foro especial. Essa é uma clara amostra de que não há subordi-
nação nesses órgãos em relação aos Poderes.

• Teoria dos freios e contrapesos (checks and balances – Montesquieu)


Essa teoria diz que nenhum poder pode se sobrepor ao outro, logo, há freios e controles
recíprocos.
Ex. 1: a escolha de ministro para o STF, o mais alto cargo do Poder Judiciário, é feita pelo
Presidente da República, o mais alto cargo do Poder Executivo. O Poder Legislativo também
10m
participa da escolha por meio de sabatina feita pelo Senado federal.
Ex. 2: o art. 37 da CF estabelece que os vencimentos dos Poderes Legislativo e Judiciá-
rio não podem ser maiores que os do Poder Executivo. Entretanto essa é só a teoria, pois o
salário mais alto é o do Legislativo, seguido pelo do Judiciário e do Executivo. Para os servi-
dores do Senado Federal (Legislativo), por exemplo, conseguirem um reajuste salarial, eles
mesmos o pedem; o Presidente da República (Executivo) também participa sancionando ou
vetando o projeto de lei aprovado pelo Legislativo. O STF (Judiciário) pode declarar o projeto
de lei inconstitucional.

Montesquieu dizia que cada poder tem sua função principal (típica) e também exerce fun-
ções secundárias (atípicas); ou seja, todo mundo faz tudo:
15m

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PODER FUNÇÕES TÍPICAS FUNÇÕES ATÍPICAS


L: Editar medida provisória, decreto autônomo ou lei delegada;
Executivo Executar / Administrar (A)
J: CADE / CARF
A: Conceder férias ou hora extra para os servidores;
Legislativo Legislar e Fiscalizar (L) J: Impeachment – julgar presidentes por crimes de responsa-
bilidade
A: Conceder férias aos servidores;
Judiciário Julgar (J)
L: Fazer o regimento interno ou editar resoluções (CNJ, CNMP)

O julgamento do STF a respeito da súmula do nepotismo, por exemplo, nasceu para veri-
ficar a validade de uma resolução editada pelo Conselho Nacional de Justiça (CNJ).

TEXTO CONSTITUCIONAL

Art. 3º Constituem objetivos fundamentais da República Federativa do Brasil:


I – construir uma sociedade livre, justa e solidária;
II – garantir o desenvolvimento nacional;
III – erradicar a pobreza e a marginalização e reduzir as desigualdades sociais e regionais;
IV – promover o bem de todos, sem preconceitos de origem, raça, sexo, cor, idade e quaisquer ou-
tras formas de discriminação.

Uma dica que alguns alunos utilizam para memorizar para provas é: quando o verbo esti-
ver no infinitivo, é parte do art. 3º. Mas nem sempre funciona, pois a banca pode elaborar uma
20m
questão falando, por exemplo, que a construção de uma sociedade livre, justa e solidária é um
objetivo fundamental, o que está correto.

Objetivos Internos da RFB

Esses objetivos são normas programáticas, metas a serem alcançadas. Um bom mnemô-
nico para memorizá-los é CON – GA – PRO – ER – RE, com as iniciais de cada verbo dos
incisos acima.

• Verbos no infinitivo > Atenção para a substantivação.


• Normas de caráter programático – Dentro do assunto eficácia e aplicabilidade das
normas constitucionais, estuda-se a existência de normas de eficácia plena, contida,
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limitada e programática. Dentre as de caráter programático, pode-se citar (como exem-


plos mais cobrados em provas): o próprio art. 3º, o art. 4º, o art. 6º (direitos sociais); o
art. 196 (saúde) e o art. 205 (educação).

TEXTO CONSTITUCIONAL

Art. 4º A República Federativa do Brasil rege-se nas suas relações internacionais pelos seguintes
princípios:
I – independência nacional;
II – prevalência dos direitos humanos;
III – autodeterminação dos povos;
IV – não intervenção;
V – igualdade entre os Estados;
VI – defesa da paz;
VII – solução pacífica dos conflitos;
VIII – repúdio ao terrorismo e ao racismo;
IX – cooperação entre os povos para o progresso da humanidade;
X – concessão de asilo político.
Parágrafo único. A República Federativa do Brasil buscará a integração econômica, política, social
e cultural dos povos da América Latina, visando à formação de uma comunidade latino-americana
de nações.

ATENÇÃO
Algumas provas modificam o parágrafo único, dizendo que essa busca por integração é dos
povos da América do Sul, por exemplo.
25m

Princípios nas Relações Internacionais

Dois incisos que têm caído com muita frequência em provas são o VIII e o X.

• Concessão de asilo político

– Diferenciação entre asilo e refúgio


ANOTAÇÕES

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Asilo político é menor que refúgio político. Asilo político é dado em caso de perseguição
política; já o refúgio é dado em caso de perseguição política, sexual, religiosa, étnica etc. A
concessão de asilo político é ato administrativo discricionário; a concessão de refúgio é ato
administrativo vinculado.

O caso “Cesare Battisti”



Cesare Battisti era um ativista (ou terrorista, para alguns) italiano acusado de haver pra-
ticado 4 homicídios na Itália. Ele morava no Brasil e a Itália pediu sua extradição. O governo
30m
brasileiro, então, deu a ele uma blindagem, um escudo chamado refúgio político, questionado
pela Itália. O refúgio político é um ato administrativo vinculado, mas nesse caso, não estavam
presentes os pressupostos para que tal ato fosse deferido; por isso, o STF tirou a blindagem
que protegia Cesare Battisti, restando a discussão sobre sua extradição, decisão que cabe
ao Presidente da República. O ato da extradição é vinculado ao tratado internacional bilateral
porventura existente; nesse caso, tal tratado existia entre Brasil e Itália. O ex-presidente Lula
decidiu por não o extraditar, usando uma das exceções previstas no tratado internacional. A
Itália reclamou então no STF e esse afirmou que Lula praticou um ato soberano, que não pode
ser questionado por outro país. Em 2018, Temer, como novo chefe de Estado, resolveu extra-
ditar Battisti, que estava foragido na Bolívia e foi preso.

• Repúdio ao Terrorismo e ao Racismo

A questão do Antissemitismo e do Antissionismo



35m
Invocando a liberdade de expressão, um rapaz escreveu um livro ofendendo judeus,
negando o holocausto e tudo que sabidamente ocorreu na época do nazismo. Esse rapaz era
de extrema-direita e fazia parte de um grupo neonazista. Esse que ficou conhecido como caso
Ellwanger foi julgado pelo STF em 2004, que entendeu que o racismo tem várias formas de
se manifestar, como o racismo social. A liberdade de expressão, direito garantido na Consti-
tuição, não é um direito absoluto e não pode permitir que alguém escreva um livro ofendendo
judeus. Por isso, o antissemitismo e o antissionismo são equiparados ao racismo.

Homofobia e Transfobia: equiparação a racismo?



O STF decidiu em 2019 que homofobia e transfobia também devem ser equiparados ao
racismo. Houve muita confusão, pois muitos alegavam que o STF legislou e que o princípio da
legalidade foi ignorado. Porém não há crime sem lei anterior que o defina, e o STF na verdade
só deu uma interpretação igual à do caso acima, ocorrido 15 anos antes, alargando o conceito
de racismo.

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Obs.: constam do chamado racismo social práticas de homofobia/transfobia e de antissio-


nismo/antissemitismo.

Injúria racial x racismo: a questão da imprescritibilidade



O art. 5º da CF traz que os crimes de racismo e de formação de grupos armados, civis ou
militares, contra o estado democrático de direito (em outras palavras, golpe de estado) são
imprescritíveis – ou seja, o Estado nunca perde o direito de punir quem os pratique – e puni-
dos com reclusão. A injúria racial aparece no Código Penal, mas o racismo não, pois tem uma
lei separada.
Houve um caso envolvendo os conhecidos jornalistas Heraldo Pereira e Paulo Henrique
40m Amorim em que o segundo vivia ofendendo o primeiro, dizendo que ele só tinha destaque
devido a sua cor. Ele foi acusado de injúria racial e disse que tal crime já havia prescrito. O
STF e o STJ então determinaram que a injúria racial também é crime imprescritível.

�Este material foi elaborado pela equipe pedagógica do Gran Cursos Online, de acordo com a aula
preparada e ministrada pelo professor Aragonê Fernandes.
A presente degravação tem como objetivo auxiliar no acompanhamento e na revisão do conteúdo
ministrado na videoaula. Não recomendamos a substituição do estudo em vídeo pela leitura exclu-
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TEORIA GERAL DOS DIREITOS FUNDAMENTAIS

O ponto da Constituição que mais costuma cair em provas de concursos é o Título II, que
trata dos Direitos e Garantias Fundamentais e vai do art. 5º (o maior da nossa CF) ao 17.

– O art. 5º trata dos deveres e direitos individuais e coletivos;


– Do art. 6º ao 11, trata dos direitos sociais;
– Art. 12 e 13, trata da nacionalidade;
– Do art. 14 ao 16, trata dos direitos políticos; e
– Art. 17, trata dos partidos políticos.

Antes de estudar propriamente os direitos e garantias fundamentais, é necessário fazer


uma diferenciação. Existem direitos humanos, direitos fundamentais e direitos individuais.
Isso é bastante cobrado em provas discursivas e orais, mas, mesmo em provas objetivas,
deve haver esse conhecimento.
Direitos humanos estão mais ligados à ideia de direito internacional; já direitos fundamen-
tais e individuais referem-se mais à proteção interna. Embora ambos sejam proteção interna,
os direitos fundamentais são um título da CF e os individuais, um capítulo da CF, ou seja, entre
eles há uma relação daquele de maior abrangência (título) para aquele de menor abrangência
(capítulo). Pense numa pizza: direitos fundamentais é o todo; individuais são uma fatia.
No entanto, antes de trabalharmos o texto da CF propriamente dito, é preciso trabalhar a
parte doutrinária, pois, ainda que não esteja explícito em edital, tende a ser cobrada.

CARACTERÍSTICAS DOS DIREITOS FUNDAMENTAIS

Essas são as mais comuns em prova. Existem outras.

Relatividade

Não há direito absoluto. Um importante doutrinador internacional, Norberto Bobbio, tem
um livro clássico chamado A Era dos Direitos. Para ele, existem 2 direitos absolutos: o direito
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de não ser torturado e o direito de não ser escravizado. Entretanto, não é esse entendimento
5m
que prevalece no cenário interno, na jurisprudência do STF ou nas bancas de concursos. Se
não há direito absoluto, é claramente possível haver choque entre direitos constitucionais.
Ex. 1: diariamente nos noticiários vemos informações sobre a vida de pessoas famosas.
Entram em choque aí os direitos de liberdade de expressão e de intimidade da vida privada.
Não existe hierarquia entre normas da Constituição; em caso de choque entre normas origi-
nárias (que constam na CF desde seu nascimento), nenhuma delas será considerada incons-
titucional. Muito se fala que é preciso, então, adotar a regra da ponderação, como em uma
balança; no caso concreto, vê-se qual tem o peso maior.
Ex. 2: o programa Pânico na TV tinha uma brincadeira de perseguir pessoas famosas para
fazê-las calçarem a “sandália da humildade”. A atriz Carolina Dieckmann foi tão importunada
por eles que entrou com uma ação judicial pedindo um mandado de distanciamento de pelo
menos 100 metros. Os rapazes do programa então colocaram em uma escada grande, como
a dos bombeiros, um megafone e chinelos, abrindo-a por mais de 100 metros até à janela do
apartamento da atriz, pedindo pelo megafone que ela os calçasse. Eles foram depois multados
pela justiça. Nesse caso, de um lado havia o direito dela de intimidade da vida privada, e do
outro o deles de liberdade de expressão. Até pessoas públicas como a atriz ou um político têm
10m
direito à intimidade da vida privada, mesmo que em um grau menor que um cidadão comum.
Ex. 3: uma pessoa sabe que uma revista irá publicar uma matéria contra ela dentro de
alguns dias. De acordo com o STF, se a pessoa entrar na justiça para que a matéria não seja
divulgada e a revista não vá para as bancas, tem-se uma forma de censura prévia. Não há hie-
rarquia entre os direitos fundamentais; mas, no conflito entre eles, a liberdade de expressão
tem prioridade e, se for o caso, a pessoa pode agir depois com o Poder Judiciário responsabi-
lizando o veículo de comunicação criminalmente, por responsabilidade civil etc.

Imprescritibilidade

A pessoa não perde o direito de agir. De acordo com o Código Civil, os direitos da pessoa
à personalidade (à honra, ao nome) são imprescritíveis, em regra. Entretanto o direito à pro-
priedade é uma exceção.
Ex.: a pessoa tem um sítio nos arredores de Brasília ao qual não vai há 20 anos, encon-
trando-se o local "abandonado". Passado esse tempo, ela decide ir lá e, ao chegar, depara-se
com uma família ali morando. Nessa situação, há a chamada usucapião.
15m
ANOTAÇÕES

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Teoria Geral dos Direitos Fundamentais
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• Inalienabilidade
Em regra, não é possível vender; mas alguns têm repercussão econômica e é possível
a venda. O próprio professor, por exemplo, abre seu direito de imagem e direito autoral para
a Gran Cursos explorar economicamente. O mesmo acontece com um jogador de futebol ou
mesmo os participantes do Big Brother Brasil. Em geral, essa venda tem prazo, é algo tempo-
rário, restrito e determinado.

• Irrenunciabilidade
A pessoa não pode, por exemplo, abrir mão de sua vida. É possível abrir mão da integri-
dade física ao permitir, por exemplo, que um médico-cirurgião faça uma cirurgia plástica. No
exemplo apresentado anteriormente, do sítio abandonado, a pessoa renunciou do seu direito
de propriedade, sofreu a prescrição com a usucapião.
Ex.: na França, um anão trabalhava em um circo. Em uma das atrações, ele era usado
como uma bala de canhão. Representantes dos direitos humanos intercederam, mas o anão
dizia que era o trabalho dele. Entretanto, mesmo que a pessoa concorde, as regras trabalhis-
tas não permitiam. O direito fundamental à vida é irrenunciável.
20m

• Historicidade
O § 2º do art. 5º da CF indica que os direitos ali previstos não excluem outros que possam
ser incorporados. As pessoas têm direitos fundamentais e esses vão evoluindo com o passar
do tempo, sendo incorporados ao longo da história. Em 1215, na magna carta do rei João Sem
Terra, quando nasce a ideia de devido processo legal, os direitos fundamentais eram diferen-
tes dos que existem hoje.
O STF recebeu uma ação chamada Arguição de Descumprimento de Preceito Fundamen-
tal – ADPF na ocasião de uma paralisação do WhatsApp por decisão judicial, que alegava que
o direito fundamental à internet estava sendo violado. O acesso à internet virou um preceito
fundamental, mesmo que não haja qualquer menção na CF/1988; ou seja, o rol previsto é
aberto e permite que outros sejam implementados com o passar do tempo.
25m

• Extensão a pessoas jurídicas?


Os direitos fundamentais nascem para proteger pessoas naturais/físicas, mas também
podem ser usados para proteger pessoa jurídica no que couber, no que for aplicável.
Ex. 1: a Gran Cursos Online tem direito a seu nome.
Ex. 2: uma pessoa falar mal da Gran Cursos Online está ferindo sua honra? As pessoas
naturais têm honra objetiva e subjetiva; já as pessoas jurídicas só têm honra objetiva. Honra
subjetiva é o que a pessoa acha a seu próprio respeito; honra objetiva é o que terceiros acham
dessa pessoa.

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Teoria Geral dos Direitos Fundamentais
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Dados: pessoas físicas e jurídicas possuem. Vida: pessoa jurídica não possui. Liberdade:
pessoa jurídica não tem locomoção. Não cabe um habeas corpus para pessoa jurídica, mas
cabem habeas data e mandado de segurança.

• Extensão a estrangeiros?
Sim, no que couber, tanto para estrangeiros quanto para apátridas.

�Este material foi elaborado pela equipe pedagógica do Gran Cursos Online, de acordo com a aula
preparada e ministrada pelo professor Aragonê Fernandes.
A presente degravação tem como objetivo auxiliar no acompanhamento e na revisão do conteúdo
ministrado na videoaula. Não recomendamos a substituição do estudo em vídeo pela leitura exclu-
siva deste material.
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Teoria Geral dos Direitos Fundamentais II
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TEORIA GERAL DOS DIREITOS FUNDAMENTAIS II

Dentro da Teoria Geral dos Direitos Fundamentais, não é possível fugir de um assunto que
é muito importante: a evolução dos direitos fundamentais.

ATENÇÃO
Aqui se faz necessário um alerta: existe aquilo que é focado na doutrina, sobre evolução dos
direitos fundamentais, e existe aquilo que é cobrado nas provas.
De modo uniforme, CESPE, FCC, FGV, CONSULPLAN etc. perguntam sobre esse tema
de um modo muito peculiar, que é trazendo, basicamente, três gerações ou três dimensões
sobre os direitos fundamentais.

Antes de tratar sobre geração / dimensão de direito fundamental, é preciso lembrar-se de


quando o professor de história falava na Revolução Francesa.
O que tem a ver Revolução Francesa com o que será abordado a seguir?
Nela havia três ideais: liberdade, igualdade e fraternidade. As bancas vão associar cada
um desses motes a uma geração/dimensão.
Existe diferença entre geração e dimensão? Na sua prova pode cair qualquer um dos dois;
tanto faz. O grande desafio é que, para a doutrina internacionalista, o termo “geração” é um
pouco ultrapassado. Seria atualmente “dimensão”. Eles alegam que uma geração substitui a
outra e nos direitos fundamentais não é assim. Elas vão se acumulando, convivem, coexistem.
Ao falar em Revolução Francesa, talvez se lembre da pirâmide do ordenamento social da
França na época:

• A burguesia explorava os plebeus, tinha muito dinheiro, produzia riqueza, mas man-
dava/repassava para a nobreza e para o clero.
• A Revolução Francesa foi feita pela burguesia. Esta queria continuar a explorar os ple-
5m
beus e não mandar mais dinheiro para nobreza e clero.

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Teoria Geral dos Direitos Fundamentais II
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É o momento em que nasce o primeiro ideal: liberdade (1789). Esse ideal está ligado
a uma atuação negativa do Estado.
• Entre 1914 e 1918, aconteceu a 1ª Guerra Mundial, que ocorreu, basicamente, na
Europa. Quando terminou a 1ª Grande Guerra, a Europa estava destruída, devastada.
O Estado que tinha ficado de fora na época da Revolução Francesa teve que voltar para
atuar. Nesse momento era preciso uma atuação positiva do Estado. É quando nasce o
Welfare State (Estado do Bem-Estar Social).
• Os direitos sociais nascem em 1917, no México. Este não é um país de tanto relevo
no cenário internacional de Direito Constitucional. E por que nasce no México? Por
causa de uma Encíclica Papal – uma carta escrita pelo Papa. A Encíclica Papal cha-
mada Rerum Novarum (Novo Tempo).
10m

Obs.: o Papa não é só uma influência religiosa; é também uma influência política.

• O Papa escreveu a encíclica Rerum Novarum afirmando que era chegado um novo
tempo; o Estado precisava intervir, precisava assegurar direitos sociais para os cida-
dãos. E o México, por ser um país muito católico, foi o primeiro a lançar direitos sociais
dentro da sua Constituição.
• Em 1918, no Áustria; em 1919, na Alemanha: direitos sociais nas Constituições (Kelsen).
• 1970 – Direitos de Fraternidade. É pensar no coletivo. Aqui surgem os direitos difusos,
coletivos, individuais homogêneos, transindividuais, metaindividuais.
É só fechar o olho e pensar: todo mundo precisa disso? Então é direito de 3ª Geração.
– Quem é consumidor? Todo mundo, sem exceção.
– Quem precisa de um meio ambiente equilibrado para as presentes e futuras gera-
ções? Todo mundo.
Pode ser consumidor, meio ambiente, aposentadoria. Tudo isso pode entrar aqui.
Nos direitos de fraternidade, começa-se a se pensar no princípio da solidariedade.
• É dentro da ideia de princípio da solidariedade, de fraternidade que – por exemplo – foi
declarada constitucional, foi declarada a validade da contribuição dos inativos quando,
em 2003 – EC n. 41/2003 –, a Reforma da Previdência colocou para servidores púbicos
a obrigatoriedade de contribuir mesmo após a aposentadoria.
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Foi para o STF e a alegação que se tinha era que a EC n. 41/2003 feria, ofendia o direito
adquirido. No STF prevaleceu por 9 x 2 o placar de que era válida a contribuição dos inativos
dentro dessa premissa de que todo mundo precisa se sacrificar um pouquinho para não faltar
dinheiro para as próximas gerações.

RELEMBRANDO
Liberdade – 1789
Igualdade – 1917
Fraternidade – 1970

1ª Geração/Dimensão: “Liberdade” – Absenteísmo ou abstensionismo estatal (liberdades


clássicas)

Obs.:
• Art. 5º da CF e direitos políticos.
• Atuação negativa do Estado.

15m
2ª Geração/Dimensão: “Igualdade” – Welfare State ou Estado do Bem-estar Social (direi-
tos sociais, culturais e econômicos)

Obs.:
• Atuação positiva do Estado.
• Art. 6º ao art. 11; art. 193 ao 232 (CF).

ATENÇÃO
– Estado do bem-estar social: quando a Europa estava devastada era preciso fazer frente a
essa necessidade e regular as relações entre patrão e empregado para evitar, para coibir um
excessivo agir por parte do patrão. É aí que vem a implementação de direitos sociais.
– A primeira Constituição do Brasil a tratar de direitos sociais foi a de 1934. O Presidente
Getúlio Vargas era chamado “pai dos pobres”, porque ele trouxe muitos direitos sociais.
ANOTAÇÕES

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Entretanto não era um movimento exclusivo do Vargas, era um movimento do mundo e que
aconteceu em 1917 no México e 1919 na Europa. Vargas apenas se encaixou no seu tempo
histórico.
– A primeira Constituição do Brasil foi em 1824; a segunda, em 1891. Nessas ninguém falava
em direitos sociais. A próxima foi em 1934. Então o que aconteceu é que Vargas encaixou
em um momento histórico e não porque ele era o pai dos pobres; era um movimento mundial
de trazer direitos sociais para a Constituição.

3ª Geração/Dimensão: “Fraternidade” – Direitos trans/meta individuais, difusos ou coleti-


vos (meio ambiente, consumidor, aposentadoria etc.).

20m Há outras gerações/dimensões?


Não há consenso. Mas o que prevalece na doutrina é:
4ª Geração/Dimensão: está aqui bioética, biodireito, preocupação com clonagem humana,
globalização.
5ª Geração/Dimensão: Paulo Bonavides trata sobre isso. Aborda a paz mundial.

ATENÇÃO
Em regra, as bancas param na 3ª geração/Dimensão.

OS QUATRO STATUS DE JELLINEK – 1949

Para Jellinek – doutrinador alemão –, o cidadão se posiciona frente ao Estado de quatro


formas diferentes. Ele chama essas quatro formas de quatro status.

• Status Negativo – Proximidade com a 1ª geração/dimensão.


• Status Positivo – Proximidade com a 2ª geração/dimensão.

• Status Ativo – Possibilidade de o cidadão intervir na vontade estatal (direitos políticos).


25m
• Status Passivo – Possibilidade de o Estado intervir na relação entre particulares.
ANOTAÇÕES

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DIMENSÕES DE APLICAÇÃO DOS DIREITOS FUNDAMENTAIS

• Os direitos fundamentais nascem para proteger o particular contra abusos do Estado.


• No status passivo de Jellinek, o Estado pode intervir na vontade entre particulares.
30m
• A depender da relação – isso se vê muito na relação de consumo e trabalho – embora
sejam dois particulares, um tem extrema ascendência sobre o outro; um tem maior
poder sobre o outro.

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Direitos e Deveres Individuais e Coletivos
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DIREITOS E DEVERES INDIVIDUAIS E COLETIVOS

É hora de começar o art. 5º da Constituição Federal. Antes, porém, é preciso fazer


dois alertas:
O art. 5º é muito extenso. Ele tem 78 incisos e quatro parágrafos. É, sem dúvida, o maior
artigo da Constituição e também o mais importante para as provas.
Acontece que nem todos os incisos serão tratados aqui. Uma tarefa que é sua, que é soli-
tária, é a leitura da Constituição – a chamada leitura da lei seca. Ler a legislação que cai na
sua prova é uma tarefa sua. Não há como fugir.
O que será feito aqui é destacar os que mais caem, da forma como caem. Você verá
também que em vários momentos serão reunidos mais de um inciso da Constituição, mais de
um dispositivo, para tratá-los de forma sistemática. Isso porque, muitas vezes, para ficar mais
didático, é preciso juntar mais de um inciso no mesmo ponto.
O ponto de partida sempre será o texto constitucional. Depois será feito avanço sobre o
entendimento da jurisprudência, em especial do STF e às vezes do STJ.
Muitas vezes dentro do art. 5º será destacada a parte penal dele. Isso tem uma razão
de ser. O professor acompanha as provas, vê o que elas estão cobrando e percebeu que
elas estão dando maior ênfase aos dispositivos da área penal. Há uma explicação para isso
também: chegam ao STF mais processos relacionados à área penal por conta da facilidade
que tem a subida de habeas corpus e recursos em habeas corpus. Consequentemente, ocorre
muito desse assunto na jurisprudência e nas provas.

TEXTO CONSTITUCIONAL

Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos
5m brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à
igualdade, à segurança e à propriedade, nos termos seguintes:
I – Homens e mulheres são iguais em direitos e obrigações, nos termos desta Constituição;

Princípio da Igualdade

– Igualdade Formal X Material


• As duas são aplicadas no Brasil;
ANOTAÇÕES

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Direitos e Deveres Individuais e Coletivos
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A ideia de igualdade material foi desenvolvida por Aristóteles. No direito brasileiro, na rea-
lidade brasileira, o primeiro a trazer a ideia de Aristóteles foi Rui Barbosa;
Igualdade formal significa dar tratamento igual a todo mundo; todo mundo no mesmo
“balaio”. Acontece que tratar todo mundo da mesma forma às vezes acaba gerando uma desi-
gualdade. Se não tratar as pessoas de forma diferente é que nasce a desigualdade.
Igualdade em sentido material (também chamada de Aristotélica) significa tratar os iguais
de maneira igual; e os desiguais de maneira desigual, igualando-os na medida de sua desi-
gualdade. A ideia é equilibrar no direito o que a vida desequilibrou.
Exemplo: ao pensar em um concurso público que tem cotas de vagas para PCD (Pessoa
com Deficiência) – A nota de corte dessa cota, normalmente, é mais baixa. Por que existe
reserva de vagas para eles? Porque, em regra, a vida para eles é mais difícil. Então, a cota
funciona como uma compensação, tratando o desigual com a nota de corte mais baixa. É como
se fosse uma chance a mais de ele entrar. É equilibrado no direito, o que a vida desequilibrou.
Cotas para PCD, normalmente, não geram muita discussão. Mas ao falar em cotas raciais
há muitas discussões especialmente decorrentes da miscigenação do povo brasileiro. No
10m
entanto existe uma questão indiscutível: os negros é que foram escravizados no país.
Em 2014, no âmbito federal nasce uma lei estabelecendo que haveria reserva de 20% das
vagas para negros no âmbito do executivo federal. Por que não valia para todas as esferas de
governo? Por conta da autonomia. Quando isso foi questionado no STF, este entendeu pela
validade da lei e estendeu para toda a esfera federal (Executivo, Legislativo, Judiciário, MPU,
TCU, CGU, Forças Armadas etc.). Municípios e estado precisaram propor as próprias leis.

• Você concordar ou não com as cotas para negros não está em discussão.
• O critério da autodeclaração é válido, assim como são válidas as comissões fazendo o
controle para saber se alguém está tentando ou não burlar a regra.

Cotas em Universidades e Centros de Pesquisa X Princípio Meritocrático




Capacidade de cada um

• A Constituição Federal, dentro da ordem social, quando trata da educação estabelece


que o acesso à educação básica (educação infantil, ensinos fundamental e médio) é
obrigatório e gratuito. Na sequência ela dispõe que o acesso aos níveis mais elevados
ANOTAÇÕES

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Direitos e Deveres Individuais e Coletivos
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de ensino – ou seja, da graduação para cima – seria de acordo com a capacidade de


cada um. É como se dissesse: que entrem os melhores porque não vai ter vaga para
todo mundo. Então nasce um problema na universidade e centro de pesquisa:

Exemplo – UNB
15m

Quem está aqui é o indivíduo da ampla concorrência. Observe que ele tem nota maior do
que na cota, mas está fora.

• Foi dentro dessa premissa, dentro dessa discussão que chegou ao STF para saber se
as cotas nas universidades feriam o critério meritocrático.

Por unanimidade o STF decidiu que pode ter cota em universidade e centro de pesquisa,
porque, de um lado, está se prestigiando o critério meritocrático – entram os melhores da
ampla concorrência e os melhores das cotas –; do outro lado está se prestigiando a ideia da
igualdade material – dando oportunidade para o pessoal que está na cota.

Discriminações Positivas ou Reversas



Dentro da ideia de igualdade material que surgem as ações afirmativas (affirmative actions).
As ações afirmativas nada mais são do que discriminações ao contrário, discriminações
positivas, reversas. É tentar equilibrar, dar uma ajuda maior para o indivíduo que teve uma
dificuldade maior na vida.
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Cláusula de Barreira em Concursos Públicos



Exemplo: suponha que, em um concurso para o TJDFT, o edital para o cargo de técnico
judiciário estabeleça que serão corrigidas 500 redações. Em outro ponto do edital está dis-
posto que será considerado aprovado o candidato que acertar no mínimo 50% das questões
de conhecimentos básicos e no mínimo 50% das questões de conhecimentos específicos. Se
o candidato atingiu pontuação igual ou superior a essa, foi aprovado. Entretanto, ele só terá a
redação corrigida se estiver entre as 500 melhores notas do concurso. Se a colocação do can-
didato foi 3.724, ainda que tenha atingido os percentuais mínimos de 50%, pode ser eliminado
pela cláusula de barreira ou cláusula de desempenho.
A cláusula de barreira ou cláusula de desempenho nas provas é válida e não ofende o
princípio da igualdade, não ofende o princípio da isonomia.

– Extensão a Estrangeiros Não Residentes


20m

Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos bra-
sileiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à
igualdade, à segurança e à propriedade [...].

É para todos que estejam no Brasil, não apenas que residem (moram).

Benefícios da Execução Penal



Exemplo: duas pessoas (um brasileiro e um angolano) praticaram o crime de tráfico inter-
nacional de drogas: 200 kg de cocaína. O que acontece com o brasileiro? É preso, posterior-
mente condenado com uma pena certamente acima de oito anos de prisão, inicialmente em
regime fechado, depois ele vai querer ir para o semiaberto, aberto etc. (aqueles benefícios da
execução).
O que acontece com o angolano? É preso, posteriormente condenado com uma pena
grande, começando em regime fechado, depois ele vai para o semiaberto, depois ele vai
querer ir para o aberto... opa! A Lei de Execuções Penais, chamada de LEP, estabelece que
para o indivíduo ter acesso a determinados benefícios do regime aberto, livramento condicio-
nal tem que comprovar ocupação lícita no país. Nesse sentido, você daria emprego para um
brasileiro bandido? Normalmente as pessoas não dão. Você daria emprego para um ango-
25m lano, traficante internacional de drogas, com alta pena, que está em situação irregular no país?
ANOTAÇÕES

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Direitos e Deveres Individuais e Coletivos
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Não. Sem emprego, como ele vai ter direito aos benefícios da execução? O STF entende
que mesmo nessas condições o estrangeiro em situação irregular tem direito aos benefícios
da execução.
Voltando-se ao Texto Constitucional...

I – Homens e mulheres são iguais em direitos e obrigações, nos termos desta Constituição.

Então será tudo igual para homens e mulheres? Não.



Exemplos:
– Na aposentadoria as regras são diferentes para homem e para mulher.
– Se tem teste de aptidão física em um concurso público, os testes são diferentes.
– Os prazos de licença maternidade e licença paternidade são diferentes.
Então se leva em consideração as peculiaridades próprias de diferença entre
homem e mulher.
Não pode negar matrícula nem haver cobrança de preço diferenciado nas mensalidades
de alunos deficientes. A rede privada de saúde (hospitais privados) trabalha em atuação de
convênio com o SUS. No âmbito do Distrito Federal, por exemplo, os hospitais da rede pública
de saúde muitas vezes estão com todos os leitos lotados. O que acontece? Uma determina-
ção judicial para poder colocar o paciente em um hospital da rede privada com o Governo do
30m
Distrito Federal pagando.
Considere a seguinte situação: a mãe de Maria está internada em uma enfermaria de um
hospital privado conveniado ao SUS. Maria, então, pergunta se não é possível colocar a mãe
dela em um quarto individual. A pessoa responsável pela instituição privada diz que sim, mas
que será preciso cobrar uma diferença. Isso é permitido? Não. Não pode haver cobrança de
valor para leitos diferenciados pelo SUS.
Veja outros casos vinculados ao princípio de igualdade:
• Transgênero: é permitida mudança de nome sem cirurgia por via judicial ou diretamente
em cartório por via administrativa.
• O STF entende que tanto o casamento quanto a união estável entre pessoas do mesmo
sexo são assegurados.
• Direito sucessório: é do Direito Civil. Direito sucessório é quando alguém morre; ques-
35m
tão de herança.
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Direitos e Deveres Individuais e Coletivos
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Ao tratar de direito sucessório, o Código Civil tratava de formas diferentes a pessoa que
vinha do casamento e a pessoa que vinha da união estável.

No casamento = Cônjuge
Na união estável = Companheiro(a)

O cônjuge sobrevivente tinha mais direitos do que o companheiro sobrevivente. Essa dife-
renciação estava disposta no art. 1.790 (Código Civil). Esse artigo foi considerado inconstitu-
cional pelo STF. Hoje, tanto do casamento quanto da união estável, o direito sucessório traz
os mesmos direitos para quem sobrevive.

• Teste de Aptidão Física (TAF): 2ª chamada e a situação das gestantes

2ª chamada: regra – só se estiver prevista no edital para todos os candidatos.


Regra geral: não tem no edital 2ª chamada para todo mundo.
TAF
2ª chamada: gestantes – Para o STF e o STJ, elas têm direito.
Não importa o que está previsto no edital.

Para o STJ, a candidata que está amamentando tem direito à 2ª chamada do curso
de formação.

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DIREITOS E DEVERES INDIVIDUAIS E COLETIVOS II

PRINCÍPIO DA LEGALIDADE
CF/88:
Art. 5º (…)
II – ninguém será obrigado a fazer ou deixar de fazer alguma coisa senão em virtude de lei;

Legalidade Ampla x Legalidade Estrita (Administrativa)

A ideia de legalidade aparece em diversos pontos da Constituição. A legalidade do art. 5º


é bem diferente da do art. 37. Neste, trata-se da legalidade administrativa, isto é, em sentido
estrito; enquanto a legalidade do art. 5º é a legalidade em sentido amplo.
A administração só pode atuar quando houver lei permitindo; enquanto o particular pode
fazer aquilo que quiser, desde que não haja proibição legal. Porém, dentro da legalidade
administrativa, a lei é entendida, na verdade, como norma. Por isso, muito se fala no princípio
da juridicidade, o qual prevê que o agente público pode agir dentro do ordenamento jurídico,
isto é, não apenas com base na lei, mas também com base em outros atos normativos.

Legalidade x Reserva Legal

O princípio da reserva legal exige lei em sentido estrito, formal. A legalidade tem viés mais
amplo, ou seja, pode-se fazer qualquer coisa, desde que não haja norma proibindo.

(Im)possibilidade de Medida Provisória em Direito Penal

No art. 62, § 1º, da CF, institui-se que é vedada a edição de medida provisória em direito
penal, de modo que não há margem para que seja editada uma MP em direito penal. Não há
diferenciação em relação à MP ser benéfica ou maléfica ao acusado. O dispositivo mencio-
nado foi adicionado por meio da EC 32/2001.
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Em 2000, o STF entendeu que a MP benéfica ao réu poderia ser editada; enquanto a
MP maléfica ao acusado não poderia. Assim, em relação às normas prejudiciais, não há que
se falar em edição de MP, bem como em relação às normas benéficas. Entretanto, em se
tratando provas discursivas, deve-se considerar que a doutrina – de certa forma – permite a
edição de MP benéfica ao réu.
5m

Exame Psicotécnico em Concursos Públicos (SV 44)

O STF entende que o exame psicotécnico é válido e não pode ser questionado se estiver
previsto em lei e no edital, tiver critérios objetivos de correção e possibilidade de recurso na
via administrativa.

PEGADINHA DA BANCA
A banca costuma tentar confundir o candidato usando palavras como “prescinde” para
induzi-lo ao erro. O exame psicotécnico precisa de lei, logo ele não prescinde (não dis-
pensa) de lei.
10m

Limite de Idade em Concurso Público (STF, Súmula 683)

O limite de idade pode existir na área da segurança pública. Concursos militares, em


especial, costumam ter limite de idade. Este é legítimo – desde que tenha relação com a
natureza do cargo. É preciso previsão legal, não bastando ato administrativo ou previsão edi-
talícia, isto é, é preciso lei no sentido formal.
A idade máxima é levada em consideração no momento da inscrição no concurso público.
Se a idade fosse aferida no momento do curso de formação, o candidato seria prejudicado,
porque as demais fases do concurso podem demorar, de maneira que o candidato extrapole
a idade máxima. Os demais requisitos do concurso público são conferidos na data da posse.
ANOTAÇÕES

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Direitos e Deveres Individuais e Coletivos II
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Tatuagens

O candidato tatuado pode participar de concursos públicos, inclusive os da segurança


pública e da carreira militar. O Supremo entende que a tatuagem pode aparecer, mesmo com
o uso de farda. Entretanto, a depender da tatuagem e de seu significado, o candidato pode
ser eliminado, isto é, um candidato não pode ter uma tatuagem de suástica ou de palhaço
(simboliza assassinato de policial), por exemplo.

ESCUSA DE CONSCIÊNCIA E LIBERDADE RELIGIOSA


CF/88:
Art. 5º (…)
VI – é inviolável a liberdade de consciência e de crença, sendo assegurado o livre exercício dos
cultos religiosos e garantida, na forma da lei, a proteção aos locais de culto e a suas liturgias;
VIII – ninguém será privado de direitos por motivo de crença religiosa ou de convicção filosófi-
ca ou política, salvo se as invocar para eximir-se de obrigação legal a todos imposta e recusar-se
a cumprir prestação alternativa, fixada em lei;

O Brasil é um Estado laico, isto é, admite as religiões e não professa fé específica. Na


educação, por exemplo, o ensino religioso é de oferta obrigatória, mas de matrícula faculta-
tiva. Além disso, mesmo nos locais de internação coletiva, é assegurado o oferecimento da
questão religiosa.
15m
No fim do ano de 2019, o programa Porta dos Fundos fez uma crônica de natal na qual
eram ironizados dogmas do cristianismo, colocando Jesus e Maria fora de situações bíblicas.
A crônica viralizou nas mídias e algumas pessoas foram à justiça para retirar do ar o episó-
dio. O STF entendeu que a crônica era de mau gosto, mas isso não justificava tirar do ar o
serviço de streaming, pois as pessoas não eram obrigadas a assistir ao episódio ou assinar
o serviço.

Liberdade de Crença: Sacrifício de Animais em Rituais Religiosos

No Estado do Rio Grande do Sul uma lei ambiental permitia o sacrifício de animais em
rituais religiosos, citando os rituais de matriz africana. Entretanto, outras religiões também
fazem o sacrifício de animais. Prevaleceu o entendimento do STF de que é válido o sacrifício
de animais em rituais religiosos, independentemente do consumo da carne e de a religião ser
de matriz africana.
20m
ANOTAÇÕES

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Ensino Religioso em Escolas Públicas

O ensino religioso é de oferecimento obrigatório, mas de matrícula facultativa. A depen-


der da escola particular, há o ensino religioso confessional, isto é, aquele que professa uma
fé específica. Houve a discussão sobre o ensino religioso nas escolas públicas, prevalecendo
a ideia de que é possível que ele tenha natureza confessional (6 votos contra 5).

Recusa da Prestação Obrigatória e da Alternativa: Perda ou Suspensão dos Direi-


tos Políticos?

Exemplo: uma pessoa se recusa a cumprir o serviço militar obrigatório por convicções
filosóficas. Nesse caso, institui-se a prestação alternativa de desempenho da função de por-
teiro do Ministério da Justiça pelo período de um ano. Haverá, portanto, a privação de um
direito, pois houve recusa de cumprimento da prestação alternativa.
Em geral, as bancas trazem o entendimento de que o não cumprimento da prestação
alternativa acarreta perda dos direitos políticos.
25m

Serviço Militar Obrigatório

Algumas religiões são sabatistas (ex.: adventista, judeu ortodoxo), isto é, guardam o
sábado. Por isso, há dificuldades em aplicar provas aos sábados e fazer com que um ser-
vidor trabalhe aos sábados durante seu estágio probatório ou mesmo depois de adquirida
a estabilidade. Devido a essa problemática, o STF entendeu que é possível a aplicação de
provas em datas ou horários distintos, devendo se considerar a razoabilidade, a preservação
da igualdade entre candidatos e o ônus à Administração – que não pode ser desproporcional.
A Administração deve decidir de forma fundamentada.

Movimento Antivacina e Vacinação Compulsória para COVID

Existe um movimento crescente em nossa sociedade: o movimento antivacina, no qual


pais não querem vacinar os filhos. Em relação a essa parcela da população, o STF entendeu
que é ilegítima a recusa, pois as vacinas são testadas, aprovadas, e o ato de vacinar abrange
a proteção da coletividade.
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A vacinação para a Covid-19 é obrigatória, compulsória. Aquele que não se vacinar,


sofrerá consequências, como ficar de fora da realização de um concurso público. Analoga-
mente, a votação é obrigatória para aqueles que têm entre 18 e 70 anos. Aquele que não
vota não é conduzido coercitivamente para fazê-lo, mas paga multa, fica impedido de fazer
concurso, tirar passaporte, sair do país. Portanto, o fato de ser obrigatório não é sinônimo de
forçado, isto é, não pode haver imunização à força.
30m
De modo geral, quando a ANVISA assina os protocolos das vacinas, o poder público fica
responsável. Se alguém sofrer algum dano por tomar a vacina para febre amarela, por exem-
plo, essa pessoa pode entrar com pedido de indenização contra o Estado. Esse raciocínio se
aplica a todas as vacinas, inclusive a contra Covid-19.

LIBERDADE DE EXPRESSÃO E VEDAÇÃO AO ANONIMATO


CF/88:
Art. 5º (…)
IV – é livre a manifestação do pensamento, sendo vedado o anonimato;
XIV – é assegurado a todos o acesso à informação e resguardado o sigilo da fonte, quando
necessário ao exercício profissional;

O sigilo da fonte é claramente previsto para jornalistas e parlamentares.

A Posição de Destaque da Liberdade de Expressão na Jurisprudência do STF

Não há hierarquia entre direitos fundamentais ou normas constitucionais. Contudo, o


STF, em várias oportunidades, tem feito prevalecer a liberdade de expressão quando do
confronto entre direitos fundamentais. O STF já chegou a afirmar que a liberdade de expres-
são larga na frente quando em confronto com outro direito fundamental. Não há valor ou
direito absoluto.

Censura Prévia: Excepcionalidade da Medida

Se uma pessoa sabe que uma matéria contra ela será publicada em determinada revista,
ela pode não pedir que a revista não vá para as bancas. Segundo o STF, isso caracterizaria
censura prévia e uma medida excepcionalíssima. Só seria possível impedir que a revista vá
para as bancas se ficar comprovado de forma incontestável que se trata de uma notícia falsa.
Portanto, em regra, deve-se prestigiar a reportagem, a liberdade de expressão.
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Por outro lado, após publicada a reportagem, nada impede que seja pedido o ressarci-
mento por dano moral e dano material na esfera cível. Além disso, é possível buscar a pena-
lização na esfera penal, bem como a reparação e o direito de resposta.

Disque-Denúncia

O disque-denúncia permite o anonimato para proteger aquele que faz a denúncia. A veda-
ção ao anonimato se aplica àquele que acusa outra pessoa, por exemplo. Por isso, mesmo
nas manifestações, não é permitido o uso de máscaras.
35m

Discurso de Ódio: Hate Speech

Chegou ao STF uma situação em que um religioso estava ofendendo outras religiões.
Para isso, ele pregava desmoralizando outras religiões. O STF entendeu que tal situação
configurava discurso de ódio e era possível a responsabilização penal. Portanto, a liberdade
de expressão não é um valor absoluto, logo, admite exceção, a exemplo do hate speech.

Oferecimento de Denúncia com Base em Delação Apócrifa: a Necessidade de Dili-


gências Preliminares

A denúncia anônima, por si só, não pode deflagrar toda a persecução penal. Quando é
feita a denúncia apócrifa, cabe à autoridade policial fazer as diligências preliminares.
40m

Direito ao Esquecimento

A Rede Globo exibiu no programa Linha Direta a recontagem de determinado crime,


muitos anos depois do acontecimento. A família da vítima pediu que o crime não fosse mais
divulgado, pois a lembrança dele fazia com que a ferida reabrisse. Nesse caso, o STF enten-
deu que não existe direito ao esquecimento, pois seria uma espécie de censura. Desse
modo, não se pode impedir que os veículos de imprensa divulguem fatos verídicos, porque
faz parte da imprensa e da história divulgá-los, até mesmo para evitar que se repitam. A aná-
lise de cada caso concreto, entretanto, pode aferir abuso do direito de informar. Havendo
abuso, o veículo de imprensa pode ser responsabilizado. Todavia, não há direito ao esqueci-
mento, de maneira geral.

�Este material foi elaborado pela equipe pedagógica do Gran Cursos Online, de acordo com a aula
preparada e ministrada pelo professor Aragonê Fernandes.
�A presente degravação tem como objetivo auxiliar no acompanhamento e na revisão do conteúdo
ministrado na videoaula. Não recomendamos a substituição do estudo em vídeo pela leitura exclu-
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DIREITOS E DEVERES INDIVIDUAIS E COLETIVOS III

Texto Constitucional

V – é assegurado o direito de resposta, proporcional ao agravo, além da indenização por dano


material, moral ou à imagem;
X – são invioláveis a intimidade, a vida privada, a honra e a imagem das pessoas, assegurado o
direito a indenização pelo dano material ou moral decorrente de sua violação;

Obs.: a Constituição fala em dano moral, material e à imagem, no entanto o dano estético
tem aparecido com frequência em provas.

DANOS MORAL, MATERIAL E ESTÉTICO

• A questão das biografias não autorizadas (Roberto Carlos):


– As possibilidades de biografias não autorizadas independem do consentimento do
biografado;
– Caso Roberto Carlos: o cantor solicitou que a sua biografia fosse retirada de circula-
ção. Posteriormente, o STF decidiu pela possibilidade de divulgação, mesmo sem o
consentimento do biografado.
A atuação do STF com relação à divulgação será posterior e não preventiva à publicação.
5m

Possibilidade de incidência de forma cumulada em razão do mesmo evento:



– É possível, pelo mesmo evento, cumular dano material, estético e moral.
Ex.: uma pessoa que paga por um procedimento de cirurgia plástica e, por conta de erro
médico, acaba saindo com a aparência prejudicada. Nesse caso, há a acumulação de dano
estético, por causa da aparência, dano material, já que o procedimento foi pago; e dano moral,
pois afetou a imagem da paciente.
10m

• Formas de ressarcimento:
– O ressarcimento pode ser através da tutela ressarcitória (em dinheiro) ou através da
tutela inibitória (impedimento da continuidade do ato).
ANOTAÇÕES

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Texto Constitucional

XI – a casa é asilo inviolável do indivíduo, ninguém nela podendo penetrar sem consentimento do
morador, salvo em caso de flagrante delito ou desastre, ou para prestar socorro, ou, durante o dia,
por determinação judicial;

Obs.: com o consentimento do morador, a entrada é permitida a qualquer momento.

Conceitos de Casa e de Dia/Noite

• Abrangência do conceito de “casa”


– O conceito de casa é amplo: considera-se apartamento, escritório, oficinas, garagens,
habitações de uso coletivo (quartos de hotel, motel, pensão, pousada, hospedaria).
– Boleia de caminhão: não é considerada casa, ainda que o caminhão esteja estacio-
nado ou parado.
15m

• O que se entende por dia/noite:


– Critério físico-astronômico: aurora x crepúsculo (para o STF).
– Critério temporal: José Afonso da Silva e Nova Lei do Abuso de Autoridade:

Art. 22. Invadir ou adentrar, clandestina ou astuciosamente, ou à revelia da vontade do ocupante,


imóvel alheio ou suas dependências, ou nele permanecer nas mesmas condições, sem determina-
ção judicial ou fora das condições estabelecidas em lei:
(...)
III - cumpre mandado de busca e apreensão domiciliar após as 21h (vinte e uma horas) ou
antes das 5h (cinco horas) – Lei n. 13.869/2019.

Para as provas que cobrarem a Nova Lei de Abuso, vale o que está na Lei n. 13.869/2019.
Para as provas de Direito Constitucional, pode-se usar uma mescla entre os critérios físi-
cos e o critério legal.

Inviolabilidade de Domicílio: hipóteses dia e noite

HIPÓTESES DIA NOITE


Para prestar socorro Pode Pode
Em caso de desastre Pode Pode
Em flagrante delito Pode Pode
Por determinação da autoridade judicial* Pode ***

20m

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Inviolabilidade de Domicílio

Autoridade judicial e a cláusula de reserva de jurisdição.



Somente o poder judiciário determina. Embora o art. 58 afirme que CPI tem poderes de
investigação próprios de autoridades judiciais, ela não pode determinar a invasão de domicílio.
• O ingresso desautorizado em domicílio e a responsabilização por abuso de autoridade:
– Policiais, suspeitando de tráfico de drogas, adentram em uma residência, revistam-
-na, mas não encontram as drogas. Nesse caso, os policiais responderão por abuso
de autoridade?

De acordo com o STF, não se pode presumir a má-fé dos policiais. Em regra, é necessário
que haja uma justificativa por parte dos policiais, com fundados indícios da prática criminosa.
Do contrário, a entrada poderá, sim, ser considerada abuso de autoridade.
• O cheiro de droga e a autorização para ingresso em domicílio:
25m
– O cheiro da droga é indício de prática delitiva e permite a entrada de policiais na
residência.
• A relativização do ingresso no período noturno por ordem judicial:
– É permitido o ingresso à noite para os casos em que seja necessária a colocação de
escuta ambiental.

Obs.: somente deve ser considerada essa possibilidade se o item da questão conduzir a ela.

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DIREITOS E DEVERES INDIVIDUAIS E COLETIVOS IV

INVIOLABILIDADE DE SIGILOS

CF/1988
Art. 5º (…)
XII – é inviolável o sigilo da correspondência e das comunicações telegráficas, de dados e das
comunicações telefônicas, salvo, no último caso, por ordem judicial, nas hipóteses e na forma
que a lei estabelecer para fins de investigação criminal ou instrução processual penal;

Quebrar o sigilo das comunicações telefônicas é mais difícil do que quebrar os demais
sigilos. CPI pode quebrar o sigilo da correspondência, das comunicações telegráficas e
de dados, mas não pode quebrar o sigilo das comunicações telefônicas. Mesmo no Poder
Judiciário, a quebra do sigilo das comunicações telefônicas não se aplica a qualquer processo,
apenas à investigação criminal. Assim, diante da investigação de um ato de improbidade, por
exemplo, não é possível quebrar o sigilo das comunicações telefônicas.
O sigilo de dados se refere aos dados bancários, fiscais e telefônicos. O sigilo dos dados
telefônicos se refere ao extrato da conta, isto é, para quem a pessoa ligou e quem ligou para
ela. O sigilo das comunicações telefônicas se refere à interceptação telefônica e à escuta.

QUEBRA DE SIGILOS – PODER JUDICIÁRIO


5m

• Pode quebrar qualquer um dos sigilos, desde que o faça de forma fundamentada. A
quebra do sigilo das comunicações telefônicas só se dá na esfera criminal, na fase de
investigação ou de instrução.
• Inexistência de direito absoluto.
– De um lado, tem-se a intimidade e a privacidade das pessoas. De outro lado, tem-se
o poder-dever do Estado de reprimir a prática de crimes.
• A quebra é sempre medida excepcional.
ANOTAÇÕES

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QUEBRA DE SIGILOS – CPI

CPI pode quebrar todos os sigilos, exceto o das comunicações telefônicas.


Portanto, a CPI não pode determinar interceptação, escuta, grampo, nem a quebra de
dados telemáticos, isto é, de WhatsApp, instagram, redes sociais. Todos os aplicativos de
mensagens instantâneas usam dados telemáticos, logo, usam como base as comunicações
telefônicas. Por isso, o dado telemático é entendido como comunicação telefônica.
A quebra deve ser fundamentada e deve observar o princípio da colegialidade. Este
prevê que a decisão deve ser tomada pelo colegiado, isto é, não deve vir do relator ou do
presidente da comissão.
CPIs estaduais/distritais também podem quebrar, pois têm os mesmos poderes das
autoridades judiciais.
CPIs municipais não podem quebrar sigilo, porque não há judiciário no município.
De acordo com o art. 58, § 3º, da CF, a CPI possui poderes próprios de investigação das
autoridades judiciais. Portanto, o município não tem poder de investigação judicial.
10m

QUEBRA DE SIGILOS – MINISTÉRIO PÚBLICO

Prevalece a orientação de que o Ministério Público não pode quebrar sigilos, devendo
requerer a providência ao Poder Judiciário.

ATENÇÃO
O MP poderia ter acesso a contas pertencentes à Prefeitura, independentemente de
autorização judicial, porque nesse caso o poder público seria o titular da conta. Como se
tratam de contas públicas, há a incidência do princípio da publicidade. Se as contas fossem
do Prefeito, deveria haver o pedido de autorização na justiça.

QUEBRA DE SIGILOS – TRIBUNAL DE CONTAS

Embora possua os chamados poderes implícitos, os TCs não podem quebrar sigilos,
devendo requerer a providência ao Poder Judiciário.
ANOTAÇÕES

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ATENÇÃO
Chegou na jurisprudência do STF um mandado de segurança contra o TCU, impetrado
pelo BNDES, o qual é uma instituição pública de fomento, incentivo à atividade econômica.
O BNDES emprestou grande quantia de dinheiro ao grupo JBS/FRIBOI. Quando o Tribunal
de Contas da União viu a grande quantia emprestada, pediu o contrato para fiscalizar.
O BNDES argumentou que havia o sigilo do contrato. O STF afirmou que a quebra de
sigilo não era possível, mas há a possibilidade de requisição/acesso, pelo TCU, de
informações constantes no contrato.
15m

QUEBRA DE SIGILOS – RECEITA FEDERAL

Quando a instituição financeira percebe uma movimentação suspeita, ela informa a


Unidade de Inteligência Fiscal – UIF. Esta percebeu que algo estava errado e compartilhou
as informações com a Receita Federal, a qual aciona o Ministério Público. O Poder Judiciário
entendeu que pode haver o compartilhamento entre as instituições citadas sem passar pelo
Judiciário, ou seja, todos esses órgãos podem transferir o sigilo sem que haja quebra.
20m

QUEBRA DE SIGILOS – ABIN/SISBIN


A ABIN compartilha dados com outros entes públicos. O SISBIN compartilha dados com a
Polícia Federal, a AGU, a ANAC, a ANTT, a Casa Civil e a PRF. Quando há alguma situação
suspeita, a ABIN compartilha dados com esses entes.
O STF afirmou que não pode haver arapongagem em benefício pessoal. Deve haver
a instauração formal da investigação para que seja possível analisar se existe situação
que comprove interesse público na medida. Além disso, deve-se respeitar a reserva de
jurisdição, logo, quando diante de situações que necessitam da interferência do Judiciário,
será necessária a atuação deste. A ABIN não pode ser utilizada para fins privados.

SIGILO DAS COMUNICAÇÕES TELEFÔNICAS

O STF entende que entre 1988 e 1996, como não havia lei, não era possível fazer a
quebra do sigilo das comunicações telefônicas.
25m
ANOTAÇÕES

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Prazo: Lei x Jurisprudência – Renovações Sucessivas?


A Lei n. 9.296/1996 prevê o prazo de 15 dias, prorrogável uma vez por mais 15 dias. Pela
lei, não se admitem renovações sucessivas, porém, pela jurisprudência, sim, desde que haja
fundamentação e necessidade, porque a quebra de sigilo é excepcional. Com ordem judicial,
é possível a autorização judicial por 30 + 30 + 30… dias.

Incidência do Fenômeno da Serendipidade


A palavra serendipidade vem de encontro fortuito.
Exemplo: Houve um diálogo entre Lula e Dilma, no telefone, em que Dilma avisava ao
Lula que Messias estava indo levar um papel que ele poderia assinar se precisasse. Esse
papel era a nomeação do Lula como Ministro de Estado, porque havia a suspeita de que um
mandado de prisão seria expedido contra Lula.
O Lula não tinha foro especial, enquanto Dilma era Presidente da República. Quem fazia
a interceptação era a polícia, com a autorização de um juiz de primeiro grau. Este pode
interceptar de uma pessoa sem foro especial, mas não pode quando houver alguém com
foro especial, devendo mandar a prova para o foro especial, o qual decidirá se ficará lá quem
tem foro especial ou todos os investigados. As provas colhidas até chegar em quem tem foro
especial são válidas. Se as investigações continuarem, porém, a prova se torna ilícita.
30m
O encontro fortuito pode ser objetivo ou subjetivo. No último, aparecem mais investigados,
enquanto no primeiro aparecem mais crimes. A prova é válida, mas quando há foro especial
a prova é válida apenas até a descoberta do foro.

Degravação dos Diálogos: Integral x Parcial


Basta a degravação parcial. Entretanto, o sistema de defesa determina que a mídia integral
seja colocada à disposição dos advogados. A polícia não precisa degravar integralmente,
mas deve entregar a mídia integral para a defesa.

Espelhamento de Celular, Print de Tela de WhatsApp Web e Troca de Chip


A polícia não pode espelhar a tela do celular do investigado, segundo o STF, porque o
WhatsApp e o Telegram têm criptografia de ponta a ponta, de modo que se uma mensagem
for apagada, não poderá ser recuperada. Além disso, não é possível saber quem apagou a
mensagem, isto é, se foi a polícia ou o investigado. Pelos mesmos motivos, também não é
permitido o print de tela do WhatsApp Web.
35m
ANOTAÇÕES

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A troca de chip do celular do investigado pela polícia também não é permitida.


Se a polícia apreender um celular e desejar ter acesso às conversas, será necessária a
autorização judicial. Nesse caso, há sigilo de dados telemáticos, os quais usam como base
as comunicações telefônicas, logo, há reserva de jurisdição.

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PRINCÍPIO DA LIBERDADE DO EXERCÍCIO PROFISSIONAL


CF/88:
Art. 5º (…)
XIII – é livre o exercício de qualquer trabalho, ofício ou profissão, atendidas as qualificações pro-
fissionais que a lei estabelecer;

Classificação da Norma
A classificação tradicional das normas do direito constitucional foi criada por José Afonso
da Silva, que fala de normas de eficácia plena, contida e limitada. Segundo ele, a norma de
eficácia limitada se desdobra em: de princípio institutivo e de caráter programática. Normal-
mente, o examinador coloca quatro normas no edital: plena, contida, limitada e programática.
O XIII do art. 5º da Constituição é o dispositivo mais cobrado como exemplo de norma de
eficácia contida.
A norma de eficácia contida é aquela que nasce com aplicabilidade direta, imediata e
integral. Essa norma será integral até ser contida. Para exercer algumas atividades profissio-
nais, a lei traz requisitos. A regra é a liberdade, a desnecessidade. Porém, quando a atividade
desenvolvida tiver potencial de lesividade para a população, são necessários requisitos, a
exemplo do exercício da medicina e da advocacia.

Registro na OAB x Registro na OMB


O STF entendeu que para o exercício da atividade de músico não é necessário o registro
na OMB (Ordem de Músicos do Brasil). A regra é a inexigibilidade do registro.
Quando o Magistrado deixa o cargo porque se aposentou ou pediu exoneração, ele fica
três anos sem poder exercer a advocacia no juízo ou tribunal de onde saiu. O Conselho
Federal da OAB instituiu que esse impedimento atinge todo o escritório que o advogado inte-
gra, porém o STF entendeu que se tratava de punição indevida às pessoas que não tinham
relação com a situação, havendo uma espécie de intranscendência da pena.
5m
ANOTAÇÕES

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Inadimplência e Suspensão do Registro


Chegou ao STF um caso em que uma advogada não estava pagando a anuidade da
OAB. Esta suspendeu o registro da advogada em questão. O STF entendeu que essa sus-
pensão é indevida, devendo a OAB utilizar os meios de cobrança disponíveis.

DIREITO DE REUNIÃO E DIREITO DE ASSOCIAÇÃO


CF/88:
Art. 5º (…)
XVI – todos podem reunir-se pacificamente, sem armas, em locais abertos ao público, indepen-
dentemente de autorização, desde que não frustrem outra reunião anteriormente convocada
para o mesmo local, sendo apenas exigido prévio aviso à autoridade competente;
10m

Ilegalidade da Reunião por Falta de Comunicação Formal


No fim de 2020, o STF fixou a seguinte tese: são permitidas reuniões ou manifestações,
independentemente de comunicação oficial prévia. Portanto, se não houver a comunicação
prévia, a reunião não é ilegal. A exigência constitucional é satisfeita com a veiculação da
informação.

Marcha da Maconha e o Crime de Incitação ao Consumo de Drogas


O povo pode chamar a atenção de seus representantes eleitos pedindo que votem pela
descriminalização da maconha, por exemplo. O STF entendeu que pode acontecer marcha
da maconha, mas é preciso respeitar algumas balizas.
Balizas fixadas pelo STF para a realização das marchas:
• Durante a manifestação, não pode ocorrer consumo de drogas, nem haver a incitação
ao consumo;
• Não pode haver a participação de crianças e adolescentes;
• Devem ser respeitados os requisitos do art. 5º, XVI, da CF.

Diferenças para o Direito de Associação


O vínculo da reunião é menos estável, pois se desfaz no fim da manifestação. Na asso-
ciação se pressupõe um vínculo mais permanente.
15m
ANOTAÇÕES

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Negativa do Direito de Reunião e Remédio Cabível


O Mandado de Segurança (MS) é o remédio cabível contra a negativa injustificada ao
direito de reunião, de certidão e de petição.
CF/88:
Art. 5º (…)
XVII – é plena a liberdade de associação para fins lícitos, vedada a de caráter paramilitar;
XVIII – a criação de associações e, na forma da lei, a de cooperativas independem de autoriza-
ção, sendo vedada a interferência estatal em seu funcionamento;
XIX – as associações só poderão ser compulsoriamente dissolvidas ou ter suas atividades sus-
pensas por decisão judicial, exigindo-se, no primeiro caso, o trânsito em julgado;
XX – ninguém poderá ser compelido a associar-se ou a permanecer associado;
XXI – as entidades associativas, quando expressamente autorizadas, têm legitimidade para
representar seus filiados judicial ou extrajudicialmente;

Liberdade de Criação – Vedação às Associações de Caráter Paramilitar


A caracterização com armas, códigos e uniformes próprios configura o caráter paramilitar.
No Brasil, o que mais se assemelha à associação de caráter paramilitar é a milícia.

Vedação à Interferência Estatal – Criação de Associações e Cooperativas


A criação de associações, sindicatos e cooperativas não precisa de autorização do Estado
devido ao princípio da liberdade de associação e dos sindicatos.

Dissolução e Suspensão Compulsórias


Tanto a dissolução quanto a suspensão compulsórias precisam de autorização judicial.
Dissolver é mais grave do que suspender. A dissolução exige decisão judicial com trânsito
em julgado. A suspensão pode ser feita por meio de qualquer decisão judicial, inclusive a
cautelar.
20m

Associação: Representação x Substituição Processual


Quando a associação vai defender seus associados em juízo, ela pode representá-los
ou substituí-los. A representação é a regra, enquanto a substituição é a exceção e ocorre no
Mandado de Segurança Coletivo e no Mandado de Injunção Coletivo.
Exemplo:
ANOTAÇÕES

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Direitos e Deveres Individuais e Coletivos V
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Uma mulher engravidou, mas o pai da criança não quer pagar pensão. A mãe da criança
entra judicialmente buscando pensão para a criança. O direito é da criança, mas está sendo
buscado pela mãe, sua representante. A mãe busca direito alheio em nome alheio.
Na representação processual, a parte age em nome alheio buscando interesse alheio. Na
substituição, a parte age em nome próprio em defesa de interesse alheio.
Exemplo:
Os juízes do DF têm uma associação chamada AMAGIS. Um juiz entende que tem direito
a receber um valor retroativo. Ele pode entrar sozinho, assim como os demais juízes, na
justiça ou pode pedir para associação entrar para todos eles. A associação pode entrar em
forma de representação processual ou de substituição processual.
Na representação, a Constituição exige que a associação pegue autorização expressa
dos associados, porque a associação age em nome alheio. Nesse caso, não basta a previ-
são no estatuto social. Por outro lado, quando houver substituição processual, não é exigida
a autorização expressa, porque a associação age em nome próprio.
25m
A decisão só beneficia quem estava na associação no momento do ajuizamento. Assim,
quem entra depois não tem direito ao benefício.

Associação em Condomínios: Cobrança de Taxas


Até a existência da Lei Federal n. 13.465/2017, a cobrança de taxas era inconstitucional,
porque ninguém era obrigado a se associar ou a se manter associado e também não havia
previsão legal. A partir de 2017, o condômino passou a ser obrigado a pagar a taxa.
30m

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DIREITOS E DEVERES INDIVIDUAIS E COLETIVOS VI

DIREITO DE CERTIDÃO E DIREITO DE PETIÇÃO

• Extensão da gratuidade (para todos).


Exemplo 1: um indivíduo teve seu carro furtado ou roubado e vai à delegacia fazer um
boletim de ocorrência (BO), que é registro de uma ocorrência policial. Esse registro é
o exercício de um direito de petição, portanto é gratuito tanto para quem tem um carro
simples quanto para quem tem um carro sofisticado.

ATENÇÃO

Não confundir BO com denúncia, pois denúncia é o nome técnico de uma peça que o
Ministério Público vai propor.

Obs.: há alguns anos, cobrava-se para emitir certidões negativas (nada consta). Atualmen-
te, essas certidões não são mais cobradas, pois o Conselho Nacional de Justiça de-
cidiu que, por ser um direito de certidão, não poderia ser cobrado. O Poder Público
tomou para si o cartório e com isso, a cobrança foi extinta.

Há um dispositivo da Constituição Federal (CF), que aparentemente se choca com


outro. Veja:

CF: O direito de certidão de nascimento (gratuidade) é assegurado a todos os pobres, na forma


da lei.

O dispositivo constitucional também prevê, em outro inciso, que é assegurado a gratui-


dade para os atos necessários ao exercício da cidadania. Sendo assim, a certidão de nasci-
mento não deve ser gratuita somente para os pobres, na forma da lei, e sim para todos (o que
é detalhado na Lei de Registros Públicos:a primeira certidão é gratuita para todos e as outras
vias são gratuitas para os pobres, na forma da lei), já que é um ato necessário ao exercício
da cidadania. Afinal, como se falar em cidadania se o indivíduo não existe formalmente (se
não tem a certidão de nascimento)?
ANOTAÇÕES

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Muitas pessoas, no Brasil, são indigentes e só se descobre que nunca tiveram um docu-
mento formal de identificação quando são presos pelo cometimento de um crime.
Aqueles que não possuem documento formal de identificação não conseguem benefícios
do governo, pois ele não existe formalmente.

TEXTO CONSTITUCIONAL

XXXIV – são a todos assegurados, independentemente do pagamento de taxas:


a) o direito de petição aos Poderes Públicos em defesa de direitos ou contra ilegalidade ou abuso
de poder;
b) a obtenção de certidões em repartições públicas, para defesa de direitos e esclarecimento de
situações de interesse pessoal;

O PULO DO GATO

São recorrentes em provas:


• Remédio cabível em caso de indeferimento injustificado na expedição de certidão com
informação de caráter pessoal.
A negativa injustificada do direito de petição e do direito de reunião é combatida via man-
dado de segurança.
Note a seguinte situação:
5m Um indivíduo é servidor do Tribunal de Justiça do DF e recorre ao RH solicitando uma
certidão de tempo de contribuição para iniciar seu processo de aposentadoria. O aten-
dente se recusa a emitir a certidão por estar muito ocupado no momento, solicitando que
o indivíduo volte em outro momento. Houve aqui uma negativa injustificada, negando a
emissão de uma certidão que possui informações de caráter pessoal (a saber, o tempo
de contribuição).
O indivíduo entra então com o “remédio”. Esse remédio será o habeas data (caso se trate
de informação pessoal) ou com o mandado de segurança (MS)? Toda vez que houver
negativa do direito de petição, de reunião ou de certidão, a ferramenta utilizada será o
MS. Apesar de haver uma informação de caráter pessoas, esta vem “embrulhada” por
meio de uma certidão, o que faz com que se conduza para a ferramenta do mandado de
segurança. Há o direito líquido e certo na expedição de certidão e do direito de petição.
ANOTAÇÕES

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TEXTO CONSTITUCIONAL

LVII – ninguém será considerado culpado até o trânsito em julgado de sentença penal condena-
tória;

Esse dispositivo tem vários nomes, que podem variar de concurso para concurso.
Pode ser chamado de Princípio da Presunção de Inocência (mais comum), Princípio do
Estado de Inocência, Princípio da Não Culpabilidade.
Estudaremos dois dispositivos do Código de Processo Penal que ajudarão no entendi-
mento da matéria:

TEXTO DO ART. 283 DO CPP – pós Pacote Anticrime

Art. 283. Ninguém poderá ser preso senão em flagrante delito ou por ordem escrita e funda-
mentada da autoridade judiciária competente, em decorrência de prisão cautelar ou em virtude
de condenação criminal transitada em julgado.

• Flagrante
• Prisão cautelar:
– Preventiva;
– Temporária;
• Em virtude de condenação criminal transitada em julgado

Essa foi uma mudança de 2019, feita pelo Congresso Nacional e envolve o julgamento
de prisão em segunda instância.
10m Como não traz escrito Prisão em segunda instância, haverá a fundamentação de decisão
do Supremo Tribunal Federal que é o esquema do “tira casaco, coloca casaco”.
Trabalharemos, abaixo, o conceito de possibilidade de prisão após o julgamento em
segunda instância.
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Na CF, temos que ninguém é culpado antes do trânsito em julgado. Mas em 1991, houve
a decisão do Supremo que consta no quadro acima (28.06.1991).
Ser possível fazer a execução provisória da pena significa que, depois que se julgou na
primeira e segunda instâncias, com condenação em ambas, expede-se mandado de prisão
e se prende o indivíduo.
Houve o julgamento pelo juiz e a condenação. Entretanto, o indivíduo respondia o pro-
cesso em liberdade. Recorreu-se ao tribunal de justiça que manteve a condenação (o indiví-
duo estava recorrendo em liberdade).
O indivíduo foi condenado a 10 anos (roubo) e o juiz permitiu que ele respondesse ao
processo em liberdade. Se isso ocorre, não havia fundamento para a prisão cautelar.
Quando se entra com recurso de apelação, esse recurso é dotado de efeito suspen-
sivo (mesmo condenado, o indivíduo pode responder em liberdade). A partir daqui, quando
o Tribunal de Justiça manteve a condenação, em regra, o processo acaba, devido ao duplo
grau de jurisdição. É possível, excepcionalmente, que se consiga subir para o STJ (recurso
especial) e para o STF (recurso extraordinário). Entretanto, ambos os recursos (especial e
extraordinário) são sem efeito suspensivo.
Se há o feito suspensivo, ao se entrar com o recurso, o efeito (condenar o indivíduo a 10
anos e prisão) será suspenso. Ao se julgar no Tribunal de Justiça, pode-se, ainda, subir, mas
ao entrar como recurso, não haverá efeito suspensivo.
ANOTAÇÕES

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Esse era o fundamento que o Supremo Tribunal Federal usava e usou no caso do ex-pre-
sidente Lula (quando o então juiz Sérgio Moro condenou Lula, houve recurso ao TRF – crime
federal, que aumentou a pena e decretou a prisão de Lula, pois o ex-presidente ainda poderia
ir ao STJ e STF, mas os recursos que seriam utilizados não suspenderiam a execução.
15m Em 2009, há a primeira mudança (vide quadro, 05/05/2009): o trânsito em julgado preci-
sava ser aguardado devido ao Princípio da presunção de Inocência (que está na CF, que se
sobrepõe ao Código).
Em 2016 há nova mudança (vide quadro, 17/02/2016), voltando-se ao entendi-
mento original.
Em 2019, ocorre outra mudança (vide quadro, 24/10/2019), na qual precisa-se aguardar
o trânsito. Isso é o que vale atualmente.
Por que isso ocorre? Porque a ação declaratória de constitucionalidade veio para dizer
se aquele dispositivo do Código de Processo Penal (283 – CPP) era ou não para ser confir-
mado. O STF confirmou o dispositivo feito pelo Congresso: ou se prende em flagrante (não
era o caso), ou se prende em prisão preventiva ou temporária (não era o caso) ou somente
quando a condenação transitar em julgado. Logo, todos os que estavam presos, mas não
havia fundamento para a preventiva, puderam responder em liberdade.
Exemplos: Suzane von Richthofen e o casal Nardoni não responderam em liberdade
porque havia fundamentação para a prisão preventiva; havendo essa fundamentação, pode-
-se prender a qualquer momento (antes ou depois da segunda instância).
O que prevalece hoje no Supremo Tribunal Federal é que se não houver flagrante, pre-
ventiva ou trânsito em julgado, não se pode expedir mandado de prisão somente pelo fato de
se ter julgado à segunda instância.
A exceção é o tribunal do júri, devido à soberania dos veredictos. Nesse caso, vale a
regra específica

TEXTO DO ART. 492 DO CPP – pós Pacote Anticrime

Art. 492. Em seguida, o presidente (juiz do Tribunal do Júri) proferirá sentença que:
I – no caso de condenação:
(...)
e) mandará o acusado recolher-se (se vinha solto) ou recomendá-lo-á à prisão em que se
encontra (se vinha preso), se presentes os requisitos da prisão preventiva, ou, no caso de con-
denação a uma pena igual ou superior a 15 (quinze) anos de reclusão, determinará a execução
ANOTAÇÕES

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provisória das penas, com expedição do mandado de prisão, se for o caso, sem prejuízo do
conhecimento de recursos que vierem a ser interpostos;
20m

Tudo aquilo que precisa haver fundamentação para a preventiva ou somente no trânsito
em julgado, aqui não prevalece se a condenação for acima de 15 anos. Acima de 15 anos, o
sujeito vai preso, não importando se vinha preso ou solto. Ele ficará preso até o final. Isso se
dá porque o júri é soberano (sua decisão não mudará). Vale recurso, mas o indivíduo recor-
rerá estando preso.

O PULO DO GATO

Não se esquecer de que, nesse caso, a condenação é referente a uma pena igual ou
superior a 15 anos.

PRESUNÇÃO DE INOCÊNCIA (NÃO CULPABILIDADE)

• Delimitação do conceito de maus antecedentes:


– inquéritos e ações penais em andamento.
– crimes cometidos após “período depurador” do art. 64 do Código Penal.

Segundo a CF, ninguém será considerado culpado antes do trânsito em julgado da sen-
tença penal condenatória.
Se o sujeito tem inquéritos ou ações penais em andamento, não se pode aumentar a
pena, nem sob o argumento de reincidência, nem sob o argumento de maus antecedentes,
pois vale a presunção de inocência. Até o trânsito em julgado da sentença penal condenató-
ria, o sujeito é primário e de bons antecedentes.

O PULO DO GATO

E se no momento do julgamento o sujeito estiver respondendo a 5, 19 ou 20 processos?


Como não há trânsito em julgado em nenhum dos 5 processos, o sujeito é considerado
primário e de bons antecedentes, logo não se pode aumentar a pena (Súmula 444/STJ).
ANOTAÇÕES

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 Obs.: quando se comete um crime e a condenação é transitada em julgado, “gasta-se” o


réu primário e passa-se a ser reincidente.
 Entretanto, o código penal no art. 64 traz que, após 5 anos do cumprimento ou da
extinção da pena, volta-se a ser réu primário.
 Nesse caso, o réu primário será de bons ou maus antecedentes?
 Para o STJ, o sujeito seria primário de maus antecedentes por toda a vida.
 No STF, havia vários julgados da 2ª Turma no sentido de considerar o sujeito primário
e com bons antecedentes, já que não se pode ter pena de caráter perpétuo.
 Entretanto, pela individualização da pena, um sujeito que nunca cometeu crime deve
ter tratamento diferente daquele que já cometeu um crime.

ATENÇÃO

Um precedente do plenário do STF pacificou, em agosto de 2020, a questão: depois de 5


anos, o sujeito volta a ser réu primário, mas com maus antecedentes (nesse caso, pode-se
aumentar a pena) por toda a vida.
No caso de adolescente que teve atos infracionais, esses atos não podem ser usados para
aumento de pena por reincidência ou por maus antecedentes, mas pode justificar a prisão
preventiva.
30m Exemplo: indivíduo comete um roubo com 18 anos e 1 mês. O advogado da defesa
argumenta que o indivíduo era primário e de bons antecedentes, não tendo nada registrado
em sua folha de antecedentes penais, que é instituída a partir de 18 anos. Entretanto, o
indivíduo tinha 17 passagens em sua folha de passagens por roubo (antes dos 18 anos,
por atos infracionais). Nesse caso, não se utiliza a folha de passagens para aumento da
pena em caso de condenação, mas se utiliza para justificar a prisão.

• Prisão após o julgamento em 2ª instância x trânsito em julgado da condenação


• A situação excepcional do júri e a soberania dos veredictos
ANOTAÇÕES

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PRESUNÇÃO DE INOCÊNCIA (NÃO CULPABILIDADE)

ATENÇÃO

Eliminação de candidato na fase de sindicância de vida pregressa.



Pode-se eliminar o candidato na fase de investigação social (sindicância de vida pregressa)?
Em março de 2020 o STF pacífica essa questão trazendo que não se pode usar processo,
inquérito em andamento ou ação penal em andamento na fase de investigação social.
Apenas a condenação penal definitiva poderia eliminar o candidato na fase de investigação
social.

• Redução da remuneração de servidor que responde a processo criminal.


Não se pode reduzir a remuneração pelo princípio da presunção ou do estado de ino-
cência (ou não culpabilidade).

�Este material foi elaborado pela equipe pedagógica do Gran Cursos Online, de acordo com a aula
preparada e ministrada pelo professor Aragonê Nunes Fernandes.
A presente degravação tem como objetivo auxiliar no acompanhamento e na revisão do conteúdo
ministrado na videoaula. Não recomendamos a substituição do estudo em vídeo pela leitura exclu-
siva deste material.
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DIREITOS E DEVERES INDIVIDUAIS E COLETIVOS VII

Princípio da irretroatividade da norma penal mais gravosa ou da retroatividade da norma


penal mais benéfica:
CF/1988, Art. 5º
XL – a lei penal não retroagirá, salvo para beneficiar o réu;

Ou seja, para favorecer o réu, a norma penal pode retroagir. Já se for para prejudicar o
réu, então não é possível.
Sobre o tema, é importante analisar alguns pontos importantes e que são cobra-
dos em prova.
A Lei Complementar n. 135/2010, também conhecida como Lei da Ficha Limpa, impe-
dia que alguns candidatos pudessem se eleger. No entanto, ela poderia ser aplicada a fatos
anteriores?
O professor cita, como exemplo, o Governador do DF conhecido como Roriz. Após per-
manecer por anos como Governador, Roriz foi eleito como Senador. Todavia, em 2007, por
conta de alguns escândalos de corrupção envolvendo o seu nome, Roriz renunciou ao man-
dato de Senador para escapar de um processo de cassação.
Ocorre que a Lei Complementar n. 135/2010 traz um dispositivo que diz serem inelegí-
veis aqueles que renunciarem ao mandato para escapar de um processo de cassação.
No caso de Roriz, como a renúncia foi em 2007, seria possível considerá-lo inelegível,
mesmo que a Lei seja de 2010?
De acordo com o entendimento do STF, como a Lei Complementar n. 135/2010 não se
trata de norma penal, é possível aplicá-la a fatos anteriores.

RETROATIVIDADE DA LEI PENAL MAIS BENÉFICA


5m

Retroatividade de Normas Temporárias e Excepcionais


Não é sempre que uma lei penal poderá retroagir para beneficiar o réu. Esse é o caso, por
exemplo, das normas temporárias e excepcionais, pois não têm força retroativa.
Um exemplo disso envolve a abolitio criminis temporária da posse ilegal de arma de fogo.
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Vale lembrar que o Estatuto do Desarmamento é a Lei n. 10.826/2003. Esse estatuto


previa que as pessoas poderiam entregar voluntariamente suas armas até 23/10/2005 e
receberiam um dinheiro por isso.
Posteriormente, dois outros dispositivos legais trouxeram uma abolitio criminis temporá-
ria para a posse ilegal de arma de fogo, que foram a MP n. 417/2008 e a Lei n. 11.922/2009.
Assim, se o sujeito foi flagrado com uma arma de fogo ilegal em sua casa no ano de 2006,
então não será beneficiado por essa abolitio criminis temporária, visto que as normas excep-
cionais e temporárias não retroagem para beneficiar o réu.

(Im)possibilidade de Aplicação da Norma mais Severa na Continuidade Delitiva e


no Crime Permanente
Tomando como exemplo o crime de extorsão mediante sequestro, considere que os cri-
minosos pegaram a vítima como refém no dia 5 de um determinado mês. No dia 18 desse
mesmo mês, entrou em vigor uma lei mais grave, que aumentava a pena do crime de extor-
são mediante sequestro. No dia 30, a polícia estourou o cativeiro e prendeu os criminosos.
Nesse caso, como a extorsão mediante sequestro é um crime permanente, a lei mais
grave poderá ser aplicada aos réus.
10m
Isso acontece pois será aplicada ao réu a lei do tempo do fato, pois, no dia 30, o crime
ainda estava em consumação.

PROVAS ILÍCITAS
CF/1988, Art. 5º
LVI – são inadmissíveis, no processo, as provas obtidas por meios ilícitos;

É importante perceber que o texto da constituição não fez diferença entre as provas ilíci-
tas e as provas ilegítimas, que são gênero das chamadas provas inadmitidas.
No entanto, é importante lembrar que tanto as ilícitas quanto as ilegítimas não são aceitas
pela CF/1988.

Diferença entre Ilícitas e Ilegítimas


As provas ilícitas são aquelas que violam direito material (penal). Já a prova ilegítima
viola o direito processual.
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Teoria dos Frutos da Árvore Envenenada (ou Ilicitude por Derivação)


Para essa teoria, que é derivada do Direito Norte-Americano, são inadmissíveis as provas
obtidas por meios ilícitos e as que delas derivarem.
Exemplo: um processo é dotado de três provas – A, B e C, sendo a prova A considerada
ilícita, pois foi uma interceptação telefônica feita sem autorização judicial.
15m
No entanto, após 15 dias de interceptação, foi concedida a autorização judicial para a
realização dessa diligência, o que gerou a prova B.
Ao analisar individualmente essa prova B, ela pode ser considerada lícita, pois trata-se
de uma interceptação telefônica feita com autorização judicial. No entanto, ela se derivou da
prova A, que é ilícita e, portanto, contaminou a prova B.
É importante destacar que o fato de um processo conter prova ilícita nem sempre tornará
todo o processo inválido.
No caso do exemplo acima, a prova C contava com o depoimento de várias testemunhas,
todos colhidos sob o crivo do contraditório, ampla defesa e do devido processo legal. Nesse
caso, a prova C é lícita e não tem nenhuma relação com as provas A e B, logo a ilicitude por
derivação não se aplica a essa prova C.
Na realidade, a essa prova C se aplica outra teoria, que é a fonte independente (ou prova
independente.
20m

Acesso a Conversas no WhatsApp / Espelhamento / Troca de Chip / Print de Tela


Dados telemáticos são lastreados em comunicações telefônicas. Dessa forma, se a polí-
cia quiser ter acesso ao WhatsApp de uma pessoa presa, investigada ou suspeita, será
necessário obter autorização judicial primeiramente. Isso vale para qualquer outro aplicativo
que envolva dados telemáticos.
O STJ também entende como ilícito o ato de a polícia fazer o espelhamento do celular do
investigado em um computador, como acontece quando se usa o chamado WhatsApp Web.
Nesse caso, como as conversas são protegidas por criptografia, não é possível saber se
quem enviou ou apagou uma determinada mensagem foi a polícia ou o investigado.
25m
O STJ também entendeu recentemente que a polícia não pode fazer a troca do chip do
celular de uma pessoa investigada para que possa fazer o seu acompanhamento. Da mesma
forma, a polícia não pode fazer prints de tela.
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Encontro Fortuito de Provas ou Crime Achado (Fenômeno da Serendipidade)


Serendipidade significa “achar sem querer”.
Nesse sentido, o encontro fortuito de provas pode envolver a descoberta de novos crimes
ou de novos agentes criminosos.
Exemplo: a polícia está investigando uma quadrilha pela prática do crime de tráfico de
drogas. No entanto, ao interceptar esses traficantes, a polícia descobre que eles também
praticavam o crime de clonagem de veículos.
Nesse caso, o encontro fortuito envolveu novos crimes. Dessa forma, ele é chamado de
encontro fortuito objetivo.
Já quando são descobertos outros agentes criminosos, tem-se o chamado encontro for-
tuito subjetivo.
Um exemplo desse fenômeno da serendipidade envolveu o cantor Belo. Na ocasião, a
polícia estava investigando dois traficantes via interceptação telefônica e, de repente, os dois
suspeitos começaram a conversar com uma terceira pessoa, que era o Belo.
Nesse caso, houve um encontro fortuito subjetivo.
30m

Gravação Clandestina: Conceito e (in)Admissibilidade da Prova


A gravação clandestina é aquela feita por um dos interlocutores sem o consentimento do
outro. Um exemplo disso foi o caso envolvendo o empresário Joesley Batista e o ex-Presi-
dente Temer.
Vale lembrar que a gravação clandestina, em regra, é considerada válida.
Todavia, não é admitida a gravação clandestina de conversa informal entre o preso e o
policial. Isso porque tal conduta feriria o direito do preso de permanecer em silêncio (aviso
de Miranda).
35m

Inviolabilidade de Sigilo de Correspondência


O STF entendeu ser ilícita a prova obtida a partir da abertura de carta, pacote, telegrama
ou outro meio análogo, desde que seja feita sem autorização judicial.
Hipóteses de admissão de provas ilícitas:
• Como meio de defesa;
• Teoria da descoberta inevitável;
• Teoria da mancha purgada ou diluída;
• Teoria da fonte ou prova independente.
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A teoria da descoberta inevitável é pouco cobrada em prova, mas é importante conhecê-


-la. Segundo essa teoria, se, inevitavelmente, a polícia chegaria a uma prova por meios líci-
tos, o fato de ela ter sido descoberta anteriormente por meios ilícitos não irá torná-la ilegal.
A doutrina norte-americana ainda dispõe sobre a teoria da mancha purgada ou diluída.
Para essa teoria, mesmo que exista uma ilicitude no caminho, por ser de pequena importân-
cia, ela pode acabar se diluindo. Exemplo: a polícia capturou dois criminosos e torturou um
deles para que confessasse o crime. No entanto, ao se dirigir ao comparsa, este confessou
o crime por medo de ser torturado.

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Direitos e Deveres Individuais e Coletivos VIII
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TRIBUNAL DO JÚRI

CF/1988
Art. 5º
XXXVIII – é reconhecida a instituição do júri, com a organização que lhe der a lei, assegurados:
a) a plenitude de defesa;
b) o sigilo das votações;
c) a soberania dos veredictos;
d) a competência para o julgamento dos crimes dolosos contra a vida;

A plenitude de defesa traz um espectro mais amplo do que a ampla defesa. No entanto,
apesar de ser pleno, esse direito de defesa não é absoluto, conforme será estudado
mais adiante.
O sigilo das votações teve uma modificação dentro da norma infraconstitucional, pois, há
algum tempo, passou-se a não abrir todos os votos dos jurados, até mesmo por uma questão
de segurança. Hoje são abertos os votos dos jurados até que quatro deles, ou seja, a maioria,
seja pelo sim ou pelo não.
A soberania dos veredictos é diferente da imutabilidade, assunto que será abordado
mais adiante.
A CF/1988 dispõe que o júri tem competência para julgar os crimes dolosos contra a vida,
contudo não delimita quais são esses crimes.
Nesse sentido, são crimes dolosos contra a vida:
• Homicídio;
• Aborto;
• Infanticídio;
• Instigação, auxílio ou induzimento ao suicídio.
O feminicídio é uma espécie de homicídio qualificado, em que o agente mata a vítima em
razão do sexo feminino.
5m
Por se tratar de um homicídio qualificado, o crime de feminicídio vai a júri popular.
Vale lembrar que feminicídio é diferente de femicídio, pois o segundo é o assassinato de
uma mulher. Já o feminicídio é o assassinato de uma pessoa por ela ser do sexo feminino.
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Direitos e Deveres Individuais e Coletivos VIII
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Feminicídio e a Legítima Defesa da Honra


Exemplo: um homem descobriu que a sua companheira o estava traindo com outra pessoa.
Diante disso, acaba matando a sua companheira sob o pretexto de proteger a sua honra.
Apesar de parecer absurda a situação acima, o STF já precisou enfrentar casos como
esses e decidiu que é nulo o júri se a defesa técnica ou o acusado alegarem a legítima defesa
da honra para a prática do crime.
Vale lembrar que a legítima defesa exclui a ilicitude de um crime. No entanto, o valor
“vida” está muito acima da honra.
A plenitude de defesa no Tribunal do Júri é algo que vai muito além da ampla defesa.
Nesse sentido, é possível que os jurados absolvam uma pessoa que é réu confesso por
entenderem que o crime praticado por ele foi considerado um “bem” para a sociedade, algo
que o juiz não pode fazer.
Exemplo: uma pessoa mata um bandido que estava causando o terror para as pessoas
de uma determinada região, pois já havia cometido uma série de crimes, como estupros e
assassinatos. Nesse caso, o acusado confessa a todo momento que foi o responsável pela
morte do bandido, inclusive a sua defesa não vai contra essa confissão. No entanto, os
jurados podem resolver absolvê-lo do crime, por entender que ele fez algo positivo para a
sociedade.
10m
Apesar de tudo isso, a plenitude de defesa não permite ao agente alegar a legítima
defesa da honra como tese defensiva.

Competência
Ao Tribunal do Júri compete julgar os crimes dolosos contra a vida e os crimes conexos.
O crime culposo, em princípio, não é julgado pelo júri.
Um crime conexo é aquele que tem alguma relação com o crime principal. Exemplo: uma
pessoa mata alguém e esconde o cadáver. Nesse caso, o crime de ocultação de cadáver não
é considerado crime doloso contra a vida, mas sim um crime contra o respeito aos mortos.
Todavia, ao julgar o homicídio, como a ocultação de cadáver estava conexa, os jurados
também irão julgá-lo.
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Direitos e Deveres Individuais e Coletivos VIII
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Soberania x Imutabilidade dos Veredictos – Apelação e Revisão Criminal


Em razão da soberania dos veredictos do Tribunal do Júri, o advogado de uma pessoa
que foi condenada pelo júri não pode entrar com um recurso de apelação pedindo a absolvi-
ção de seu cliente.
15m
No entanto, é possível pedir, via apelação, que o condenado seja levado a um novo júri,
que terá soberania em seu veredicto.
Vale lembrar que se a apelação for feita pela defesa, o novo júri não poderá aumentar a
pena do réu se entender novamente pela sua condenação, pois o juiz togado fica limitado à
pena anterior. Já se o recurso foi do Ministério Público, então é possível aumentar a pena.
Por outro lado, é possível que a defesa entre com um pedido de revisão criminal, que pode
mudar a situação do condenado, inclusive, absolvendo-o, tudo isso sem que seja necessário
realizar um novo júri.
Um exemplo em que cabe a revisão criminal é quando uma pessoa é condenada por matar
alguém e, após alguns dias, a pessoa que foi declarada como morta reaparece na cidade.

SV 45: foro especial previsto exclusivamente na Constituição Estadual:


A Súmula Vinculante 45 substituiu a antiga Súmula 721 do STF.
Nesse sentido, é importante lembrar que a competência do júri está no art. 5º da Consti-
tuição Federal de 1988.
De acordo com a SV 45, a regra do júri prevalece sobre o foro especial previsto exclusi-
vamente em Constituição Estadual.
20m
Assim, imagine que um Deputado Federal comete um homicídio doloso durante o seu
mandato e por razões relacionadas ao mandato.
Por conta do art. 102 da CF/1988, esse parlamentar tem foro especial para crimes come-
tidos em razão do cargo e durante o mandato. Nesse caso, o crime seja julgado perante o
STF e não perante o júri, pois trata-se de uma das exceções previstas na CF/1988.

PRINCÍPIO DA INAFASTABILIDADE DE JURISDIÇÃO


Art. 5º
XXXV – a lei não excluirá da apreciação do Poder Judiciário lesão ou ameaça a direito;

O dispositivo acima traz o chamado princípio da inafastabilidade de jurisdição.


ANOTAÇÕES

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Direitos e Deveres Individuais e Coletivos VIII
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Comissões de Conciliação Prévia na Justiça do Trabalho


Havia uma Lei do ano de 2000 que dizia que uma pessoa somente poderia procurar a
Justiça do Trabalho se antes passasse pela Comissão de Conciliação Prévia (CCP), mesmo
que não tivesse interesse na conciliação.
Todavia, o STF entendeu que a Lei n. 9.958/2000 violou o princípio da inafastabilidade
de jurisdição.

Exigência, pela Justiça Federal, de Prévia Submissão ao INSS


O trabalhador precisava procurar o INSS antes de buscar o seu direito junto à Justiça
Federal. Acontece que muitas pessoas estavam entrando com o pedido direto na Justiça
Federal, pois entendiam que o pedido seria negado no INSS.
25m
Nisso, os juízes federais começaram a devolver os pedidos, alegando que a pessoa pre-
cisaria primeiramente buscar o INSS para tentar resolver o conflito antes de buscar a Jus-
tiça Federal.
Esses casos começaram a chegar ao STF com a alegação de que o ato dos juízes fede-
rais feriria o princípio da inafastabilidade de jurisdição. No entanto, o Supremo entendeu que
os juízes federais estavam certos ao devolver esses casos, pois é necessário que a pessoa
procure primeiro o INSS para tentar resolver a sua situação.
Entretanto, se a pessoa conseguir comprovar a negativa sistemática e generalizada do
INSS quanto a um determinado tema, poderá buscar a Justiça Federal diretamente, sem
passar pelo INSS. Essa é uma exceção.

Desporto
No art. 217, a CF/1988 dispõe que o Judiciário não admitirá ações relacionadas a com-
petições desportivas sem o prévio exaurimento na Justiça Desportiva, que é uma instância
administrativa de cunho forçado.

�Este material foi elaborado pela equipe pedagógica do Gran Cursos Online, de acordo com a aula
preparada e ministrada pelo professor Aragonê Nunes Fernandes.
�A presente degravação tem como objetivo auxiliar no acompanhamento e na revisão do conteúdo
ministrado na videoaula. Não recomendamos a substituição do estudo em vídeo pela leitura exclu-
siva deste material.
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Direitos e Deveres Individuais e Coletivos IX
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DIREITOS E DEVERES INDIVIDUAIS E COLETIVOS IX

Texto Constitucional

LV – aos litigantes, em processo judicial ou administrativo, e aos acusados em geral são assegura-
dos o contraditório e ampla defesa, com os meios e recursos a ela inerentes;

O inciso LV trata do devido processo legal, do contraditório e ampla defesa, garantidos nos
processos judiciais e administrativos.

ATENÇÃO
Não há que se falar em contraditório e ampla defesa em inquérito policial, pois este é
procedimento inquisitorial.

DIREITO DE DEFESA

• Autodefesa x Defesa Técnica


– Autodefesa: feita pelo acusado
– Defesa técnica: feita pelo advogado, pelo defensor público ou até mesmo pelo próprio
acusado, se estiver advogando em causa própria.

• A utilização de nome falso para ocultar a condição de foragido configura crime?


5m
– Tanto a atribuição de nome falso quanto a adulteração de documentos pessoais não
configuram autodefesa e são, portanto, considerados crime.

• PAD e a necessidade de advogado: diferenças entre PAD Administrativo e PAD


Penal (SV 5 e Súmula 533/STJ)

Súmula vinculante n. 5: não é nulo o PAD Administrativo sem advogado.


10m

– PAD Penal: aberto na execução penal (ex.: nos casos em que o preso é liberado, mas
não retorna ao presídio).
- Duas punições: perda de 1/3 dos dias remidos ou regressão de regime.
ANOTAÇÕES

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Direitos e Deveres Individuais e Coletivos IX
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- PAD penal necessita de advogado, já que o direito à liberdade está em voga.

• Condução coercitiva para interrogatório


– Ninguém é obrigado a produzir prova contra si.
– A condução coercitiva do réu viola o direito de defesa.
– É permitida a condução coercitiva da testemunha e da vítima.

Multa de trânsito Súmula Vinculante 21


15m
– A notificação de multa de trânsito não chega diretamente para pagamento, mas sim
para que o motorista faça a sua defesa.
– A Súmula Vinculante n. 21 considera que é inconstitucional a exigência do paga-
mento prévio para possibilitar a interposição de recurso, pois viola o direito de defesa.

Súmula Vinculante 14
– A defesa tem acesso aos elementos de prova já documentados.
20m

Texto Constitucional

XLVII – não haverá penas:


a) de morte, salvo em caso de guerra declarada, nos termos do art. 84, XIX;
b) de caráter perpétuo;
c) de trabalhos forçados;
d) de banimento;
e) cruéis;

PENAS PROIBIDAS

• Morte, salvo em caso de guerra declarada


– Será por fuzilamento

• Banimento
– Expulsão de brasileiro do território nacional. O banimento de estrangeiro é permitido.
ANOTAÇÕES

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Direitos e Deveres Individuais e Coletivos IX
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• Trabalhos Forçados
• Cruéis
– Ex.: Prisões em contêiner
• De Caráter Perpétuo
– Limite de pena e benefícios da execução penal:
- Pacote anticrime alterou o limite de 30 para 40 anos.
- Suponha-se que um indivíduo entre em um cinema e mate as 20 pessoas que lá
estiverem. Apesar de matar as 20 pessoas e ter, teoricamente, uma pena acumu-
lada em 400 anos, a duração máxima da pena deverá ser de 40 anos.
25m
- Para que esse agente tenha direito aos benefícios da execução penal (ex.: regime
semiaberto), deverá cumprir a porcentagem calculada com base na pena total, ou
seja, nos 400 anos.

Em resumo, pode-se concluir que os benefícios da execução penal devem ser calculados
sobre a pena total. O agente, portanto, não terá os benefícios da execução penal.
– Duração da medida de segurança:

Súmula 527/STJ: A duração máxima da medida de segurança não poderá ultrapassar a pena abs-
tratamente prevista.
30m

- Pessoas com distúrbios mentais recebem medida de segurança, e não pena,


como punição a um crime.

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Direitos e Deveres Individuais e Coletivos X
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DIREITOS E DEVERES INDIVIDUAIS E COLETIVOS X

CF/1988
Art. 5º
XLV – nenhuma pena passará da pessoa do condenado, podendo a obrigação de reparar o
dano e a decretação do perdimento de bens ser, nos termos da lei, estendidas aos sucessores
e contra eles executadas, até o limite do valor do patrimônio transferido;

Exemplo: uma pessoa roubou um iPhone cujo valor era de R$ 10 mil. Todavia, o autor do
roubo tinha uma boa condição financeira, sendo o seu patrimônio de R$ 100 mil.
Após o julgamento, o autor foi condenado a uma pena de 5 anos e 4 meses de reclusão,
ao pagamento de 13 dias multa e ao dever de ressarcir a vítima no valor de R$ 10 mil.
Todavia, após cumprir um mês de prisão, o condenado acabou morrendo.
Nesse caso, os 5 anos e 3 meses que restam da pena de reclusão não passarão para os
seus herdeiros. Essa previsão foi inserida na CF/1988, pois houve um momento na história
em que a pena privativa de liberdade passava para os herdeiros.
A pena de multa é considerada uma pena pecuniária, porém também não passará para
os herdeiros, pois é considerada pena.
O que será transmitido para os herdeiros será a obrigação de indenizar a vítima.
Se a pessoa que morreu não tiver deixado patrimônio, os sucessores não precisarão tirar
dinheiro do próprio bolso para ressarcir a vítima, pois a transferência dessa obrigação só vai
até o limite da herança. Logo, se não há herança, não há o que transferir.
5m
CF/1988
Art. 5º
XLVI – a lei regulará a individualização da pena e adotará, entre outras, as seguintes:
a) privação ou restrição da liberdade;
b) perda de bens;
c) multa;
d) prestação social alternativa;
e) suspensão ou interdição de direitos;

Obs.: quanto à suspensão ou à interdição de direitos, há uma polêmica envolvendo a retira-


da da CNH de uma pessoa que trabalha como motorista profissional. O STF entende
que é possível a suspensão desse direito.
ANOTAÇÕES

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Imposição de Cumprimento de Pena em Regime Fechado


A Lei n. 8.072/1990 trata dos crimes hediondos. No início, essa lei trazia a disposição
de que a pessoa que cometer um crime hediondo cumpriria a sua pena integralmente em
regime fechado.
Todavia, o STF entendeu, em 2006, que essa previsão legal era inconstitucional, pois fere
o princípio da individualização da pena.
Em 2007, o Congresso Nacional resolveu mudar essa previsão legal e passou a dispor
que todo condenado a um crime hediondo iria iniciar a sua pena em regime fechado, inde-
pendente do quantum. O STF novamente entendeu que essa disposição era inconstitucional
por ferir o princípio da individualização da pena.
Vale lembrar que há outros elementos que precisam ser considerados para definir se o
condenado iniciará a sua pena em regime fechado ou não. Dizer que um crime é grave não
é suficiente para determinar se o início da pena será em regime fechado ou não.
De acordo com o Código Penal, nos crimes cuja pena seja de até quatro anos, o regime
inicial será o aberto. De quatro a oito anos, o regime será semiaberto. Já para os crimes puni-
dos com mais de oito anos, o regime será fechado.
O crime de estupro, por exemplo, apesar de sua gravidade, tem pena mínima de seis
anos. Logo, se a pessoa for condenada por estupro a uma pena de seis anos, o regime pode
ser o semiaberto.
A gravidade abstrata de um crime não pode ser considerada para a imposição de um
regime mais grave.
É importante ter cuidado em questões de prova que tratam do crime de tortura, pois há
entendimentos diferentes sobre o tema por parte do STJ e do STF.
10m
Para o STF, no caso do crime de tortura, o condenado pode iniciar em regime fechado,
independentemente da pena.
Já para o STJ, o regime inicial depende da pena, sendo que adota a regra do Código Penal.

A Constitucionalidade da Agravante da Reincidência


De acordo com o Código Penal, a reincidência é uma agravante.
Exemplo: os criminosos A e B praticaram o mesmo crime, todavia o criminoso A é primário
e o criminoso B é reincidente. Nesse caso, o que é reincidente terá uma pena maior.
ANOTAÇÕES

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No entanto, chegou ao supremo o questionamento no sentido de que essa majoração da


pena em razão da reincidência configuraria bis in idem, pois o sujeito estaria sendo punido
por algo que já pagou.
O STF, contudo, não acolheu essa argumentação, pois não entendeu que há bis in idem
nesse caso.

DIREITO DE HERANÇA
CF/1988
Art. 5º
XXX - é garantido o direito de herança;
XXXI – a sucessão de bens de estrangeiros situados no País será regulada pela lei brasileira
em benefício do cônjuge ou dos filhos brasileiros, sempre que não lhes seja mais favorável a lei
pessoal do “de cujus”;

Tratamento dado a bens de estrangeiros situados no país: regra benéfica aos her-
deiros brasileiros
Exemplo: um alemão se casou com uma brasileira e teve três filhos. No entanto, ao
morrer, esse alemão deixou bens no Brasil.
15m
Nesse caso, a sucessão dos bens que foram deixados pelo alemão pode seguir a lei bra-
sileira ou a lei alemã. A regra é que será utilizada a lei mais favorável aos herdeiros brasileiros.
Trata-se do chamado direito de preferência.

ATENÇÃO
A banca CESPE já perguntou em uma prova se o princípio do prélèvement é adotado no
Brasil, na Constituição Federal de 1988 e na Lei de Introdução às Normas do Direito Bra-
sileiro (LINDB).O item estava correto, pois o chamado princípio do prélèvement se refere
justamente a essa ideia de que prevalece a regra mais benéfica aos herdeiros brasileiros.

DIREITO DE PROPRIEDADE
CF/1988
Art. 5º
XXII – é garantido o direito de propriedade;
XXIII – a propriedade atenderá a sua função social;
XXIV – a lei estabelecerá o procedimento para desapropriação por necessidade ou utilidade
pública, ou por interesse social, mediante justa e prévia indenização em dinheiro, ressalvados
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os casos previstos nesta Constituição;


20m XXV – no caso de iminente perigo público, a autoridade competente poderá usar de propriedade
particular, assegurada ao proprietário indenização ulterior, se houver dano;
XXVI – a pequena propriedade rural, assim definida em lei, desde que trabalhada pela família,
não será objeto de penhora para pagamento de débitos decorrentes de sua atividade produtiva,
dispondo a lei sobre os meios de financiar o seu desenvolvimento;

Desapropriação por Interesse Público, Necessidade ou Utilidade Pública x Desa-


propriação-sanção
Como não existe direito absoluto, o direito de propriedade pode sofrer a incidência da
desapropriação, que pode se dar por interesse público, necessidade ou utilidade pública ou
pode ser a desapropriação-sanção.
Na desapropriação por interesse público, necessidade ou utilidade pública, o proprietário
do imóvel não fez nada de errado. Exemplo: o Estado deseja passar uma estrada em um
terreno particular. Por conta disso, no caso de interesse público, necessidade ou utilidade
pública, não há punição e o proprietário receberá indenização prévia, justa e em dinheiro.
Já no caso da desapropriação, a sanção é uma punição ao proprietário de um imóvel, que
não respeitou a função social da propriedade. Ela se aplica tanto ao imóvel urbano quanto
ao imóvel rural.
No caso do imóvel urbano, quando o proprietário não respeita a função social, o poder
público pode puni-lo, porém o proprietário receberá uma indenização. Vale lembrar que essa
punição deve levar em conta o uso progressivo da força. Nesse sentido, o primeiro passo
é fazer a edificação ou parcelamento obrigatório, em seguida, aplica-se o IPTU progressivo
no tempo. Por fim, a última medida é a desapropriação. A indenização, nesse caso, será em
títulos da dívida pública, resgatáveis em até 10 anos.
Já no caso do imóvel rural, também haverá indenização, mas ela será em títulos da dívida
pública, resgatáveis em até 20 anos.
25m
Se uma pessoa tem um grande latifúndio improdutivo, entende-se que está prejudicando
o país. Assim, a solução será a desapropriação com a indenização em títulos, pois o sujeito
não respeitou a função social da propriedade.

Expropriação
A expropriação é a retirada da propriedade de:
• terras nas quais se cultive substâncias psicotrópicas; e
ANOTAÇÕES

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terras nas quais se utilize de mão de obra escrava (vide EC n. 81/2014).



A discussão que existe no STF é quanto à habitualidade do uso dos bens, por exemplo,
no caso do tráfico de drogas.
Assim, se uma pessoa é flagrada dirigindo um carro com o porta-malas cheio de barras
de maconha, mesmo que seja a primeira vez que o veículo é utilizado para isso, permite que
esse veículo seja confiscado.
Ou seja, havendo ou não a habitualidade, haverá o confisco dos bens. A mesma lógica se
aplica no caso das terras nas quais se cultivem substâncias psicotrópicas.
Vale lembrar que esse confisco não ocorre de forma automática, pois pode ser que o pro-
prietário da terra tenha alugado para alguém que disse que iria cultivar mangas, por exemplo,
mas usou a terra para cultivar maconha.
Se for comprovada a boa-fé do proprietário do imóvel, este não perderá as suas terras.
30m
O Brasil ainda tem muitos casos de terras em que se utiliza mão de obra escrava. Há,
inclusive, uma espécie de “lista suja”, que é um cadastro de empregadores que se utilizam
desse tipo de mão de obra em sua produção.
Essa “lista suja” era organizada pelo antigo Ministério do Trabalho e hoje é mantida pelo
Ministério da Economia.
Ocorre que a inclusão do nome de uma empresa nessa lista, que era divulgada todos os
anos, manchava a imagem de qualquer empresa que tivesse o seu nome citado.
Assim, o STF foi procurado para que não houvesse a divulgação dessa “lista suja”. Toda-
via, o STF entendeu que não há nada de errado em divulgar essa informação.

Uso da Propriedade Particular em Caso de Iminente Perigo Público


Nesse caso, a indenização não é automática, pois acontecerá posteriormente e somente
se for comprovado dano.

Requisição Envolvendo Bens Públicos


A União entrou em conflito recentemente com o Estado de São Paulo por conta de agu-
lhas e seringas que seriam utilizadas para a vacinação contra a COVID-19.
Na ocasião, o Estado de SP tinha um grande estoque de agulhas e seringas, contudo o
país não tinha capacidade de produção suficiente para atender a demanda do programa de
vacinação.
Diante disso, a União decidiu requisitar as agulhas e seringas estocadas por SP.
ANOTAÇÕES

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Assim, a discussão que chegou ao STF foi se um ente público maior poderia requisitar
um bem de um ente público menor.
35m
No caso específico da requisição de bens de SP pela União, o STF entendeu que isso
não seria possível, pois o texto da Constituição traz expressamente a expressão “proprie-
dade particular”.
Assim, a regra é que um ente federativo não pode requisitar bens de um ente menor.
Todavia, isso será possível nas hipóteses de estado de sítio.

Pequena Propriedade Rural


De acordo com a Constituição Federal de 1988, a pequena propriedade rural não será
objeto de penhora. No entanto, o texto constitucional dispõe que essa pequena propriedade
rural será conforme definido em lei.
Nesse caso, a Lei n. 8.629/1993 dispõe que a pequena propriedade rural é aquela defi-
nida de 1 a 4 módulos fiscais.
Assim, se uma pessoa tem dois terrenos dentro desses limites, a proteção da impenho-
rabilidade abrangerá os dois?
De acordo com o STF, é possível que os dois imóveis sejam considerados impenhorá-
veis, mas desde que os terrenos sejam contínuos e a área total de ambos seja inferior a
quatro módulos fiscais.
40m

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Direitos e Deveres Individuais e Coletivos XI
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DIREITOS E DEVERES INDIVIDUAIS E COLETIVOS XI

XLIII – a lei considerará crimes inafiançáveis e insuscetíveis de graça ou anistia a prática da tortura,
o tráfico ilícito de entorpecentes e drogas afins, o terrorismo e os definidos como crimes hediondos,
por eles respondendo os mandantes, os executores e os que, podendo evitá-los, se omitirem;

ATENÇÃO
A Constituição Federal não tipifica crimes, mas sim estipula mandados de criminalização.

Crimes Hediondos + TTT (Trafico, Tortura e Terrorismo)


Características dos crimes hediondos e equiparados:
• inafiançáveis: cabendo a liberdade provisória desde que sem fiança;
5m
• insuscetíveis de graça e anistia: ao citar a graça, a Constituição interpreta o termo
em todo o seu gênero (composto por três subgêneros, todos concedidos pelo PR), o
qual inclui o indulto e a comutação. A anistia, concedida pelo Poder Legislativo, pode
ser disposta pelo Congresso Nacional (crimes e atos disciplinares) ou por Assem-
bleia Legislativa (somente atos disciplinares).

Obs.: diferenciando Indulto, Comutação e a Graça:


• Indulto: concedido pelo Presidente da República, é o perdão coletivo total da pena;
• Comutação/Indulto Parcial: Concedido pelo Presidente da República, é o perdão cole-
tivo parcial da pena;
• Graça: concedido pelo Presidente da República, é o perdão individual da pena. Pres-
10m
critíveis: ainda que seja considerada sua gravidade, os crimes hediondos também são
passíveis de prescrição.

• Regime prisional: a redação original previa o cumprimento integral da pena sob regime
fechado. Considerada inconstitucional, foi substituída por instrumento que previa apenas
o início do cumprimento da pena sob regime fechado. Atualmente, não se admite mais
essa hipótese, também inconstitucional e sendo vigente as disposições do art. 33, CP,
sendo o regime prisional diretamente depende da pena a ser cumprida;
ANOTAÇÕES

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• (im)possibilidade
de o STF restringir os limites do decreto presidencial de indulto:
segundo o STF, o Presidente da República possui plena liberdade para elaboração
dos indutos, desde que sejam respeitados os limites impostos pela constituição.
15m

XLII – a prática do racismo constitui crime inafiançável e imprescritível, sujeito à pena de reclusão,
nos termos da lei;

ATENÇÃO
Apesar de ambas serem penas restritivas de liberdade, os regimes prisionais fechado,
semiaberto e aberto estão previstos na reclusão, enquanto na detenção se aplicam somente
dois regimes: o semiaberto e o aberto.

XLIV – constitui crime inafiançável e imprescritível a ação de grupos armados, civis ou militares,
contra a ordem constitucional e o Estado Democrático;

Obs.: ainda que não utilize a nomenclatura em seu texto, o instrumento jurídico dispõe sobre
o golpe de estado.

Crimes Imprescritíveis
Racismo:
• inafiançabilidade: cabendo hipótese de liberdade provisória sem o pagamento
de fiança;
20m
• imprescritibilidade: o Estado (Poder Público) nunca perderá seu direito de punir;
• antissemitismo e antissionismo: produzir obra literária ofensiva a judeus, ato não
recebido pela liberdade de expressão;
• homofobia e transfobia: condutas equiparadas pelo Supremo Tribunal Federal ao
racismo na modalidade de racismo social.

ATENÇÃO
O racismo diz respeito a uma coletividade indeterminada, enquanto a injúria racial dispõe-se
sobre uma pessoa específica. Ambos são crimes imprescritíveis, sendo o racismo definido
desta forma pela própria constituição, enquanto a injúria racial tem sua imprescritibilidade
sustentada pelo STF/STJ (jurisprudência).

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Golpe de Estado – a Lei de Anistia e os atos praticados durante o regime militar


25m
A Lei da Anistia, elaborada em 1979, foi aplicada a todos os atos praticados durante o
regime militar que fossem considerados crimes políticos ou conexos. Assim, crimes desse
tipo praticados entre 1961 a 1979 não seriam considerados. Em 2010, a lei foi questionada
mediante a Constituição de 1988, a qual não permite a possibilidade de anistia para os crimes
hediondos, tráfico, tortura e terrorismo. Apesar deste questionamento, o STF preservou a
validade da Lei de Anistia, uma vez que o Supremo a interpretou como sendo uma lei
medida, a qual possui a averiguação de sua constitucionalidade não no momento do julga-
mento, mas sim de acordo com as circunstâncias de sua época.
30m

Princípio da Proporcionalidade/Razoabilidade
Para a maior parte da doutrina constitucional, a proporcionalidade se destaca frente a
razoabilidade, possuindo maior abrangência. Isso ocorre porque ela realiza a inclusão de três
subprincípios: adequação, necessidade e a proporcionalidade em sentido estrito, a qual
corresponde a própria razoabilidade.

ATENÇÃO
• Princípio implícito: não constam diretamente dispostos na Constituição Federal;
• Aplicação: a proporcionalidade pode ser evidenciada em ambos os sentidos,
podendo ser negativa ou positiva. Ao caminhar para o exagero, a Constituição aborda
a “proibição de excesso” e, ao tratar da redução em excedente, cita a “proibição de
proteção insuficiente/deficiente”;
• Duas faces da mesma moeda: expressão que possui ligação com os dois caminhos
possíveis para a aplicação do princípio: positivo e negativo;
• Subprincípios: adequação, necessidade e a proporcionalidade em sentido estrito.

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Direitos e Deveres Individuais e Coletivos XII
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DIREITOS E DEVERES INDIVIDUAIS E COLETIVOS XII

ATENÇÃO
Cláusula pétrea pode ser modificada (acrescentar). Todavia, ela não pode ser modificada
quando existe tendência que tente aboli-la.

LXXVIII – a todos, no âmbito judicial e administrativo, são assegurados a razoável duração do pro-
cesso e os meios que garantam a celeridade de sua tramitação.
§ 3º Os tratados e convenções internacionais sobre direitos humanos que forem aprovados, em
cada Casa do Congresso Nacional, em dois turnos, por três quintos dos votos dos respectivos mem-
bros, serão equivalentes às emendas constitucionais.
§ 4º O Brasil se submete à jurisdição de Tribunal Penal Internacional a cuja criação tenha manifes-
tado adesão

Inovações Trazidas pela EC n. 45/2004


• Princípio da razoável duração do processo;
• Equiparação de tratados internacionais sobre direitos humanos a EC;
• Adesão ao Tribunal Penal Internacional.

Princípio da razoável duração do processo


• Âmbito de aplicação:
– Judicial.
– Administrativa.
• Qual período de tempo se entende por razoável?
– Princípio da razoabilidade.
– Leva em consideração a complexidade do feito (processo).

 Obs.: Em provas de concurso, deve-se estar atento à pergunta supracitada, cuja resposta é
o princípio da razoabilidade do processo.
5m
ANOTAÇÕES

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Direitos e Deveres Individuais e Coletivos XII
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Equiparação de TIDH a EC e o princípio da hierarquia das normas

 Obs.: O parâmetro da norma primária para a norma secundária é chamado de controle de


constitucionalidade. Já o parâmetro da norma secundária para a norma primária é
chamado de legalidade. E, quando se está diante da norma primária para a norma
supralegal, chama-se de controle de convencionalidade.

• ANS: Atos Normativos Secundários.


• ANP: Atos Normativos Primários, ou seja, aqueles que retiram a sua força normativa
direto da Constituição.
• As normas supralegais não foram criadas por Hans Kelsen, e sim pelo STF.
• Posicionamento dos Tratados Internacionais na Pirâmide de Kelsen.
• Controles de constitucionalidade, legalidade e de convencionalidade.

Tratados Internacionais é o DH?


10m
• Se aprovado nas duas casas do Congresso Nacional, com três quintos, o tratado é
equivalente a emenda constitucional.
• Se aprovado com menos de três quintos, nas duas casas do Congresso Nacional, o
tratado é norma supralegal.
• Não, quando se tratar de LO que não trate de Direitos Humanos.

 Obs.: Nem todos os tratados internacionais que tratem de direitos humanos são considera-
dos emendas constitucionais e(ou) normas supralegais.
ANOTAÇÕES

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DIREITO CONSTITUCIONAL
Direitos e Deveres Individuais e Coletivos XII
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Prisão por dívida


• Norma de eficácia contida.
– Direta/imediata.
• Em regra, a prisão civil por dívidas é proibida. Não obstante a isso, a Constituição Fede-
ral prevê duas exceções:
– Inadimplemento involuntário e inexcusável de pensão alimentícia.
– Depositário infiel.

 Obs.: O Pacto de San José da Costa Rica é o responsável por determinar a ilegalidade da
prisão de depositário infiel (norma supralegal).

ATENÇÃO
15m
Atualmente, para o STF a prisão do depositário infiel é ilícita. Todavia, ela não é
inconstitucional. Trata-se de norma de eficácia contida que nasce de maneira direta,
imediata, mas possivelmente não integral.

LXXVIII – […]
§ 4º O Brasil se submete à jurisdição de Tribunal Penal Internacional a cuja criação tenha manifes-
tado adesão

 Obs.: O Brasil não admite a extradição de brasileiro nato. Todavia, o Brasil aceita a entrega
de brasileiro nato para ser julgado no Tribunal Penal Internacional (Corte de Haia).
20m

LXXVIII – […]
§ 1º As normas definidoras dos direitos e garantias fundamentais têm aplicação imediata.

Aplicação Imediata dos Direitos Fundamentais


• Diferença entre aplicação e aplicabilidade imediata:
– Aplicação imediata para art. 5, § 1º;
– Aplicabilidade trata de norma de aplicabilidade plena, contida, limitada e programática.

 Obs.: Normas plena e contida têm aplicabilidade imediata. Contudo, normas limitada e pro-
gramática têm aplicabilidade mediata.
25m
ANOTAÇÕES

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O art. 5º tem normas de eficácia limitada?


• Proteção e defesa do consumidor (dependente de lei).

§ 2º Os direitos e garantias expressos nesta Constituição não excluem outros decorrentes do regi-
me e dos princípios por ela adotados, ou dos tratados internacionais em que a República Federativa
do Brasil seja parte.

Rol Exemplificativo de DF
30m
• Possibilidade de reconhecimento de novos direitos fundamentais.
• Extensão:
– Assegurados aos brasileiros, estrangeiros e apátridas que estão no território.
– PJ?
- Sim, no que couber!

 Obs.: Pessoa jurídica não tem proteção de habeas corpus.

�Este material foi elaborado pela equipe pedagógica do Gran Cursos Online, de acordo com a aula
preparada e ministrada pelo professor Aragonê Fernandes.
A presente degravação tem como objetivo auxiliar no acompanhamento e na revisão do conteúdo
ministrado na videoaula. Não recomendamos a substituição do estudo em vídeo pela leitura exclu-
siva deste material.
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