HERMENÊUTICA

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HERMENÊUTICA

CONSIDERAÇÕES FUNDAMENTAIS

Quando falamos de um guia para a interpretação de um texto, é importante enfatizar que a Bíblia
está além da discussão.
Seus livros não são apenas um tesouro de informações sobre o judaísmo e o cristianismo; o seu
conteúdo constitui a substância da fé cristã e a fonte de conhecimento que tem guiado a Igreja,
concernente a sua teologia, culto, testemunho e suas atribuições referente ao serviço.

A clareza desses pensamentos cristãos depende da capacidade de interpretação hermenêutica das


escrituras. Não é suficiente uma aceitação formal da autoridade da escritura, se seus conceitos não
são interpretados de forma clara, e essa é a importância da hermenêutica.

Conceito de hermenêutica:

A hermenêutica é a ciência da interpretação.


O termo deriva etimologicamente do verbo grego hermeneuo, que significa: explicar, traduzir,
interpretar.
Isso por si só nos mostra a complexidade da hermenêutica quando aplicada à assuntos religiosos,
como por exemplo:
a) Complexidades da linguagem.
b) O pensamento do autor ou escritor.
c) A provisão desses meios é tarefa da hermenêutica.

O termo sinônimo de hermenêutica é "exegese" (do grego exegeomai = explicar, expor, interpretar).
Afirmamos então que EXEGESE é usado para expressar a prática da interpretação do texto,
enquanto que HERMENÊUTICA determina os princípios e regras que devem reger a exegese na
interpretação bíblica. (Ne 8.8)

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CAPÍTULO 1
NATUREZA E CARACTERÍSTICAS DA BÍBLIA

A hermenêutica refletida no Novo Testamento

No Novo Testamento, a prática exegética aparece não apenas como um elemento didático, mas,
como a essência da proclamação do evangelho.
É notável como os autores bíblicos tentam explicar por algumas vezes expressões que podem não
ser muito claras para os ouvintes.
O verbo hermeneuo aparece nos seguintes textos gregos: Mt 1:23; Mc 5:41; 15:22,34; Jo 1:38; At
4:36; 13:8
Lucas faz uma análise exegética impecável sobre o diálogo de Jesus com os discípulos no caminho
para Emaús. Começando por Moisés e seguindo todos os profetas, ele os ia interpretando
(diermeneuen). E Jesus, por sua vez, foi o intérprete do pai e lhe revelou (exegesato) (Jo 1:18).
Esta última passagem é de vital importância para a hermenêutica porque não trata apenas da
interpretação do texto, mas, nos conduz a uma aplicação prática do Deus que se revelou em Cristo.
Portanto, devemos enfatizar que a exegese e sua assimilação prática devem ser inseparáveis no
estudo da palavra de Deus.

A NECESSIDADE DE HERMENÊUTICA
Esta prática se torna importante quando percebemos que as palavras que usamos para expressar
nossas observações estão cheias de nossos sentimentos, experiências pessoais, culturas etc. A
isso, devemos adicionar a atividade mental por parte de quem nos ouve ou lê; ela determina o
significado do que dizemos, essas coisas antes ditas também fazem parte do processo
interpretativo.

Muitas vezes a nossa exposição é fácil de interpretar e não apresenta dificuldades, isto acontece
quando as pessoas que falam e as que ouvem vivem em situações análogas, quando o seu mundo
cultural, social e linguístico é o mesmo. Um exemplo claro disso é quando palestras de anatomia
são dadas e aqueles que ouvem são médicos, ou conferências ontológicas à filósofos.

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Quanto maiores forem as diferenças entre o falante e o ouvinte, mais clara será a necessidade de
esclarecer conceitos e termos. Imagine as diferenças entre um mineiro e um músico, entre um
pedreiro e um dentista, etc., não coincidência na sua linguagem cotidiana.

Existem muitos obstáculos quando se quer interpretar corretamente o que foi escrito há milhares
de anos em um ambiente com ideias, costumes e idiomas muito diferentes dos nossos. Em alguns
aspectos importantes, o mundo e os tempos antigos diferem notadamente do nosso mundo e do
nosso tempo.

No caso da Bíblia, as dificuldades são muito mais complexas.


Ela não é o trabalho de um homem em um momento histórico específico, mas, um conjunto de
livros escritos ao longo de mais de um milênio, cheios de grandes mudanças culturais, políticas,
sociais e religiosas.
Se a isso adicionarmos a diversidade de autores, estilos e gêneros literários, então se
compreenderá a importância de se realizar um trabalho cuidadoso quando se trata de interpretar
as escrituras hebraico-cristãs.

Alguns defendem que a direção do Espírito Santo é suficiente para uma interpretação correta, de
modo que não só se põe em dúvida a utilidade da hermenêutica, como também sua legitimidade,
com o argumento de que constituem uma tentativa de substituição com a ação do homem o que
deve ser a obra de Deus.
Mas essa opinião, apesar de sua aparente profundidade espiritual, também carece de uma base
sólida.

Este princípio de interpretação hermenêutica é respaldado pelo apóstolo Paulo, que o usou para
desenvolver seu ministério.

Muitas vezes a passagem de 1Jo 1:20,27 é usada para contradizer a hermenêutica, mas, devemos
lembrar de outros exemplos bíblicos como:
a) Esdras,
b) As parábolas,

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c) O eunuco etíope e Filipe,


d) O apóstolo Pedro referindo-se aos escritos de Paulo (2Pe 3:15,16).
e) Em 2Tm. 2:15 aparece a palavra "Usa" do grego "orthomeo" que nos assegura livrar-nos do erro,
2Co 2:17

Sempre que falamos de interpretação devemos estar cientes de que estamos enfrentando alguns
riscos, o distanciamento entre judeus e cristãos se faz por essa questão; o mesmo ocorre dentro
do próprio cristianismo: podemos destacar o fenômeno entre protestantes e católicos, na
interpretação de Mt 16:18.

Ainda falando sobre diferenças de interpretação, notamos, mesmo dentro do catolicismo ou do


cristianismo evangélico, a diversidade de organizações como resultado da interpretação.

Esta liberdade de interpretação é mal utilizada por líderes ou membros da Igreja, que abusam dessa
liberdade para fazerem interpretações absurdas conforme lhes agradam ou convenham. Vivemos
um momento que precisamos agregar qualidade à hermenêutica; precisamos de "Uma
hermenêutica saudável".

Para isso, se deve observar os princípios de uma forma legítima sobre qualquer passagem da
escritura; e quanto mais antigos ou mais obscuro sejam, maior rigor hermenêutico deve ser
utilizado.

Interpretação na Comunidade de Fé.


No seio do cristianismo são observadas certas diferenças em relação a alguns pontos que, em
última instância, servem saudavelmente para detectar heresias.

O fato é que, com exceção dos fundadores de seitas, poucos expositores cristãos teem sido
totalmente originais ignorando o acervo exegético formado ao longo dos séculos.

Por outro lado, devemos observar que as escrituras sempre foram dirigidas a um povo, para guia-
lo, julga-lo ou corrigi-lo e esse objetivo não pode ser descartado ao interpretar

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A Bíblia, portanto, devemos lembrar o seguinte conselho: A interpretação responsável das


Escrituras não se dá isoladamente, mas, dentro da comunidade redimida daqueles que se
submetem à autoridade da Palavra de Deus.

É uma observação adequada que todo exegeta deve levar em consideração.

Dimensões da Interpretação Bíblica.


O objetivo final da hermenêutica não é apenas a interpretação do texto, se não poder ver a vontade
de Deus e, assim, passar de mero entendimento do texto histórico para a compreensão do seu
significado em profundidade.

É importante enfatizar que não podemos alcançar isso sem respeitar o processo que revela os
pensamentos do autor e o que ele quer comunicar.

Diz respeito ao todo ser humano, tanto na ordem transcendental como na ordem temporal, tanto no
individual quanto no social.

Sejam textos históricos, jurídicos ou proféticos, sapienciais, poéticos, didáticos, oratória ou


apocalípticos, todos têm uma aplicação ao estado ou circunstância específica das pessoas a quem
se destinam.

Ante este quadro, não podemos reduzir a mensagem bíblica a um parecer de um erudito, somente
questionando o que o escritor bíblico quis dizer para os leitores nos seus dias. Um outro
questionamento precisa ser feito: o que esse mesmo texto nos diz hoje?

Para isso, deve existir o que veremos mais adiante, que vamos chamá-lo, "a comunhão do Espírito
Santo e do espírito do intérprete".

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Os requisitos do intérprete
Os autores bíblicos aparecem como instrumentos da revelação de Deus. Por meio deles e de seus
escritos, Deus fala aos homens. Por esta razão, a interpretação de tais escritos requer, de quem as
pratica, requisitos fundamentais essenciais.
Esses requisitos se classificam da seguinte maneira:
a) Gerais
b) Especiais

1. Requisitos Gerais
a) Objetividade.
Muitos fatores influenciam o trabalho do exegeta.
Consciente ou inconsciente, o interprete atua sob a ação de aspectos filosóficos, históricos ou
religiosos, que inevitavelmente impactam a interpretação.
Não existe intelectual livre de preconceitos e emocionalmente que não se deixa afetar em suas
interpretações.
É quando essas pressuposições filosóficas ou teológicas impactam diretamente na interpretação e
faz com que a objetividade seja praticamente impossível.
O racionalista interpretará negando a literalidade da narrativa, atribuindo o caráter de lenda ou mito.
O existencialista dispensará a historicidade e a adaptará à sua interpretação.
Neste ponto, não apenas católicos ou ortodoxos caem, mas também crentes fiéis à leitura da
Palavra de Deus.
O exegeta deve se achegar ao texto sagrado com o coração aberto para que ele passe pelo
processo de transformação, parcial ou de forma total, de acordo com a intensidade do mesmo texto.

b) Espírito científico.
Existem duas maneiras diferentes de abordar a Bíblia:
O devocional e o racional.
O primeiro serve para extrair princípios para poder aplica-los de forma imediata.
Já o racionalista analisa a escrita sujeitando-a a rígidos preconceitos filosóficos; ele é superficial e
não leva em conta o que o autor intentou dizer.
Ambos não estão interessados na profundidade do assunto.

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Como exegetas devemos ter hábitos científicos de pesquisa que possam contribuir para esclarecer
o significado do texto, conforme abaixo:
1- Arqueologia,
2- Filosofia,
3- Obras literárias mais ou menos contemporâneas.

c) humildade.
Essa é uma qualidade inerente ao espírito científico. Admitir que há mais do que foi descoberto é
ser humilde.

2- Requisitos especiais
Se vemos a Bíblia como um livro comum ou um conglomerado de assuntos históricos, entendemos
que qualquer um poderia entendê-la sem dificuldades, mas, não é assim. A Bíblia é um livro onde
deve ser entendido pela fé, portanto, devemos agregar mais requisitos ao intérprete.

a) Capacidade espiritual.
Deve-se estar em sintonia com a mensagem da Bíblia, tendo em mente que não pode se interpretar
algo sem levar em conta o espírito do escritor. Seria o mesmo que interpretar uma música de Bach
sem conhecer o espírito do autor, ou uma tela em relação ao pintor etc.
Essa capacidade é necessária em função da queda do homem, cujo pecado afeta negativamente
sua mente, tornando quase impossível interpretar as escrituras.
A faculdade de discernimento espiritual do crente deve ser nutrida por uma atitude reverente e
dependente da direção divina.
Todo trabalho de exegese deve ser acompanhado pela oração. (Salmo 119:18)

b) Atitude de compromisso.
O intérprete não deve ignorar o que a Bíblia diz; esta deve encarnar nele; deve-se haver um
compromisso com a palavra de Deus. Somente uma ação comprometida com o texto interpretado
é pode extrair dele a plenitude de seu significado.
Poderíamos dizer que a atividade bíblica é a chave para a compreensão bíblica

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c) Espírito de mediador.
A missão do mediador é servir como ponte entre o autor do texto e o leitor.
Essa é a lacuna que se deve diminuir.
Só desvendamos a plenitude do significado, quando trazemos o mundo do autor para mais perto
do nosso mundo e vice-versa. Neste ponto, podemos destacar a experiência de Martinho Lutero.
Como sugerem os especialistas de nossos dias, a hermenêutica deve abrir o diálogo entre o
passado do autor bíblico e o presente do leitor.

Toda hermeneuta, antes de iniciar o trabalho, deve ter uma ideia clara do texto que irá interpretar,
pois cada um exigirá um tratamento especial.
Quando se trata de Bíblia, devemos fazer as seguintes perguntas:
1- Que lugar seus livros ocupam na literatura universal?
2- Podemos compara-los aos livros sagrados de outras religiões?
3- A Bíblia é simplesmente o testemunho da experiência religiosa de um povo?
4- Pode-se estabelecer uma paridade da Bíblia com a palavra de Deus?
As respostas a estas perguntas são fundamentais, mas, como podemos obtê-las?

O testemunho da própria escrita


Não se pode negar que a Bíblia pressupõe sua origem divina, recolhendo a mensagem de Deus
dirigida aos homens de diferentes maneiras e em diferentes momentos.
Alguns historiadores atestam a veracidade da Bíblia com documentos que comprovam o que ela
diz. Apesar de ser um dado importante, isto não é tudo.
Por outro lado, as declarações do testemunho pessoal não são suficientes sob o ponto de vista
legal, mas, também não podem ser descartadas sem que haja uma verificação de forma confiável.
Na Bíblia, há escritos que atestam dela mesma de variadas formas, como: "E disse Deus" ou o
equivalente "veio a palavra de Yahweh ".
Estas expressões são comuns, já desde o início do povo de Israel. Seguem algumas citações do
Pentateuco: EX 4:28; 19:6-7; 20:1-17; 24:3; Nm 3:16, 39,51; 11:24; 13:3; Dt 2:2,17; 5:5-22; 29: 1.
Israel adquire identidade histórica pelos feitos de Deus, e pelas suas respectivas interpretações
verbais feitas por Moisés.

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Negar isso é impossível, uma vez que a história de uma nação se sustém na Bíblia e nas ações
feitas por Deus. Isso ocorre não apenas no Antigo Testamento, mas também no Novo Testamento,
com relação aos registros dos acontecimentos na vida de Jesus.
Os discípulos testemunharam isto em 1Jo 1:1-3; Jo 1:14-18; Mt 5:21; 7: 28-29; Jo 7:16; 13:2,26;
8:28; 12:49; 14:10,24

Credibilidade da Revelação
Deve-se entender que se Deus se revelasse aos homens, ele não poderia fazê-lo por simples
revelação natural, e embora os céus declaram a Glória de Deus, Sl 19:1, eles não podem revelar
outros aspectos de seu caráter como sua justiça, por exemplo.

Qualquer interpretação humana ou natural de Jesus será relativa e variável. O que em um


determinado lugar e época foi considerado normal, em diferentes lugares e em tempos posteriores,
tem sido visto como uma abominação. Por exemplo: sacrifícios humanos, infanticídio, escravidão e
prostituição “sagrada”, etc., não escandalizaram na antiguidade, porém, hoje nos parece
verdadeiras monstruosidades.

Somente uma intervenção do próprio Deus pode nos levar ao seu conhecimento e às grandes
verdades que dizem respeito a nossa existência.

A credibilidade da revelação bíblica é garantida por sua unidade essencial na diversidade de suas
formas e em seu caráter progressivo. Seus vários elementos teológicos, éticos, rituais e cerimoniais
constituem um todo harmonioso.

No período anterior a Cristo, a revelação foi em grande parte preparatória. Foi o anúncio e a
promessa. Em Cristo, a revelação é a mensagem em cumprimento, com a qual se inicia as
perspectivas finais da humanidade.

Em Cristo se cumprem uma multidão de predições do Antigo Testamento; os seus símbolos e suas
esperanças se tornam realidade.

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Revelação e a Escrita
A revelação deve sempre ter sua base no conteúdo da Bíblia, sem isso não saberíamos nada. Os
registros escritos das escrituras não sucumbiram à consideração dos homens, mas, Deus
encarregou-se de ordenar sua "compilação" (Ex 17:14; 24:4; 34:27; Dt 17:18; 27:3; Is 8:1; Jr 30:2;
36: 2-4; Dn 12: 4; Hb 2:2, Ap 1:11,19).

Não é preciso um grande esforço mental para entender que tanto os profetas do Antigo Testamento
quanto os apóstolos consideravam a escrita como o único meio de preservar fielmente a revelação
e fizeram uso dela.

Para os apóstolos, os escritos do Antigo Testamento eram considerados santos, Rm 1:2, sagrado,
em 2Tm 3:15, como a palavra de Deus, Jo 10:35, Rm 3:2, e também reconhecido para suporte
apostólico como as outras escrituras, 2 Pe 3:16.

É importante destacar que nem toda a revelação de Deus pôde ser registrada, como por exemplo:
2Cr 9:29; Jo 21:25; 1Co 5:9; Cl 4:6., mas, de algo podemos ter certeza, que existem muitos registros
escritos para nos dar a revelação necessária para cumprirmos a vontade de Deus em nossas vidas,
nada de essencial foi omitido.

Inspiração Bíblica
Neste ponto, cabe determinar qual é o grau de fidedignidade que existe entre o que é revelado e o
que foi expressado. acredita-se que Deus falou desde os dias dos profetas até Jesus Cristo, mas
se põe em dúvida que o testemunho humano está sujeito aos defeitos próprios dos homens,
incluindo sua linguagem. No decorrer de nosso estudo, demonstraremos que as escrituras são
inspiradas por Deus, conforme 2 Tm 3:16.
Somente a ação inspiradora de Deus poderia evitar tal corrupção.
Como Bernard Ramm (teólogo e apologista batista) afirma, a inspiração é, por assim dizer, o
antídoto contra a debilidade humana e suas intenções pecaminosas. É a garantia da palavra de
revelação especial e continua com a mesma autenticidade.

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Conceito de inspiração
Podemos definir como inspiração como sendo a ação sobrenatural de Deus sobre os escritores que
visam a guiá-los em seus pensamentos e em seus escritos de modo que estes expressam
verdadeiramente e de acordo com a revelação de pensamentos, atos e vontade de Deus.
O texto de 2Tm 3:16 é digno de atenção especial, uma vez que o termo grego para "Inspiração" é
theopneustos, que significa "sopro de Deus".
Esta expressão indica então que Deus colocou o seu sopro de vida nas palavras escritas como ele
fez com o homem quando foi formado a partir do pó - Gn 2: 2.
Também é significativo o escrito de 2Pe 1:21. O termo "compelido ou movido" corresponde à
palavra grega feromenoi, que nos dá a ideia de um barco impulsionado pelo vento.

Em setores evangélicos conservadores, se tende ao desequilíbrio do lado da ênfase no elemento


divino da escrita, por isso, devemos realçar objetivamente a dimensão humana nela. Do contrário,
seria difícil refutar a acusação da “bibliolatria” que se faz contra aqueles que sustentam tal ênfase.
A humanidade da Bíblia apresenta problemas de interpretação, mas, não de credibilidade.

Ao longo de suas páginas, se apresentam denúncias graves contra os falsos profetas. Qualquer
invenção ou deturpação da mensagem divina é fortemente condenada - Dt 13:1-5; 18:20; Jr 14:15;
28:5-17; Zc 10:2,3; 13:3; Mt 7: 22-23; Gl 1: 6-9; 2Pe 2:1-3.

Podemos, portanto, ter certeza de que os escritores sagrados foram fiéis transmissores da
mensagem divina. As dificuldades exegéticas que frequentemente encontramos nos textos bíblicos
não afetam nem a integridade moral dos escritores nem a confiabilidade de seus escritos.

Cristo e a Escritura
Para o cristão, a opinião de Cristo sobre qualquer questão é decisiva. É evidente que a autoridade
das escrituras, derivada da inspiração divina, foi repetidamente reconhecida por Jesus. Se em
algum momento parece que Jesus não segue os preceitos do Antigo Testamento (Mt 5: 21-44),
antes, Ele deixou claro que o propósito da sua vinda ao mundo não é revogar a Lei ou os Profetas
(Mt 5:17-19).

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Jesus superou a letra da lei para penetrar na interioridade viva dos pensamentos e das intenções
do homem. Exemplos disso são quando ele se referiu ao divórcio e à escravidão, não significando
que Deus aprovava tais práticas, porém, apenas que refletiam a intervenção divina para mitigar,
tanto quanto possível, os males causados pelo pecado humano.

O advento de Jesus abre plenamente as perspectivas do reino de Deus; e neste reino não há
espaço para concessões de desordem moral; seus princípios éticos são absolutos.
Jesus, longe de retirar a autoridade do Antigo Testamento, confirmou-a enquanto refinava sua
interpretação.
Devemos acrescentar que Jesus não apenas corrobora a autoridade do Antigo Testamento, mas,
também coloca implicitamente o testemunho apostólico, essência dos livros do Novo Testamento,
no mesmo plano. Ele estava ciente de que seu ministério deveria ser completado pela ação do
Espírito Santo através dos apóstolos (Jo 15:12-15; 14:25-26).

Eles seriam além de suas testemunhas, os intérpretes de sua palavra. É por isso que eles foram
considerados desde o princípio como o "fundamento" da Igreja (Ef 2:20). Suas palavras inspiradas
pelo Espírito Santo foram consideradas como Palavras de Deus (1Co 2:13, 1 Ts 2:13).

As razões que existiam para informar por escrito as revelações anteriores a Cristo subsistiam para
fixar também. por meio de escritos inspirados, o testemunho e os ensinamentos dos apóstolos e de
seus colaboradores. Só assim a tradição original permaneceria livre de corrupção ao longo dos
séculos. (Lc 10:7 em comparação com Dt 25:4 em 1 Tm 5:18), enquanto Pedro iguala as epístolas
de Paulo às outras escrituras. (2 Pe 3:16).

Infalibilidade e Inerrância
Ambos os conceitos aplicados à escrita são amplamente aceitos com qualificações apropriadas.

Ambos dependem logicamente da inspiração das escrituras, embora os termos sejam mais
teológicos que bíblicos.

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Por esta razão, devemos ser cautelosos na formulação dogmática a respeito das características da
Bíblia.

A etimologia da palavra Infalibilidade nos ajuda a especificar seu significado: falibilidade deriva do
latim fallere, que significa: enganar, induzir ao erro ou ser infiel, não cumprir, trair. Nesse sentido,
pode-se dizer que a Bíblia é infalível, que não leva ao erro e que não trai o propósito pelo qual Deus
a inspirou. Se isso não fosse escrito como um instrumento de comunicação da revelação de Deus,
seria inútil.

A inerrância indica a ausência de erro nos livros da Bíblia. Isso merece uma explicação à parte, já
que existem alguns que defendem a inerrância levando-a a extremos desnecessários, afirmando
com veemência que na Bíblia não existe nenhum tipo de erro, nem mesmo derivado de copistas e
tradutores ou qualquer problema que o texto poderia expor sugerindo soluções pouco convincentes.

Podemos resumir que aqueles que se aproximam da Bíblia com um sentido científico fazendo dela
uma enciclopédia de estudo, descobriram que a Bíblia foi escrita para despertar fé e não para
simples informação. Por exemplo: aqueles que querem encontrar um carro em Naum 1; um avião
em Isaías 60; a teoria atômica em Hebreus
11:3; energia atômica em 2 Pedro 3; todos esses esforços para extrair dos escritos da teoria
científica moderna traz mais mal que bem.

Nem os textos que poderíamos considerar documentários como genealogias são da precisão que
esperamos de um documento notorial ou um registro civil de nossos dias. A lista genealógica de
Mateus 1 contém "erros", se interpretarmos a omissão de alguns nomes. Mas a genealogia acima
mencionada, dividida em três grupos de
14 gerações cada (Mateus 1:17) evidenciam um propósito que não era precisamente reproduzir
meticulosamente linhas genealógicas completas.

Um outro exemplo é o de Marcos, que inicia seu evangelho (Mc 1: 2) com uma citação dupla. A
primeira é retirada do livro de Malaquias (3:1) e a segunda de Isaías (40: 3), mas Marcos atribui
ambos a Isaías. Aqui o erro parece muito claro, mas desaparece se tivermos em mente a prática

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normal entre os judeus de citar vários textos de profetas sob o nome do principal deles. (comparar
2 Sm 24: 1 com 1 Cr 21: 6).

O Permanente e o Temporal das Escrituras


Uma questão importante na interpretação bíblica é saber como separar o transitório ou particular
do invariável ou geral.
Atribuir a todos os textos indiscriminadamente uma validade perene nos levaria a grandes erros.
Um exemplo disso é o que foi prescrito no AT sobre a escravidão. A lei de Moisés era considerada
a mais avançada naqueles dias, porque tendia a suavizá-la e eliminá-la.
Essas leis vieram de encontro a um tempo na história e não à vontade de Deus.
Alguns cristãos levaram a escravidão adiante até o século XIX apoiando-se na Bíblia.

Vamos listar alguns casos em particular:


a) Discriminação social. (Gn 9: 22-25)
b) Em relação a empréstimos de dinheiro e compra de propriedades
c) Casamento e sexo.
d) Furto e administração da justiça.
e) Cidades de refúgio para homicídios. (Nm 5:11).
f) Atos simbólicos que representavam Cristo. (Hb 8: 3-7,13;10: 1-9).

Como distinguir essas coisas


Só é possível com a ajuda da hermenêutica, embora em linhas gerais já podemos adiantar que tudo
que tem apoio na Bíblia será considerado permanente, independentemente das circunstâncias.
O que na Bíblia claramente mostra como verdade ou norma duradoura nunca deve ser anulada,
desfocada ou enfraquecida, sob pena de prejuízos contemporâneos.
As vozes do tempo jamais devem desfigurar a palavra eterna de Deus.

O Essencial e o Secundário
Consideramos que toda escritura é "útil" e "Inspirada por Deus", mas isso não significa que todos
os textos sejam igualmente importantes. Um exemplo disso é:

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a) O pacto de Abraão com Abimeleque, que não pode ser comparado com o pacto de Abraão com
Deus.
b) O resgate de Ló com a libertação de Israel.
c) As leis cerimoniais com o decálogo.
d) Salmo 150 com 23, 51 ou 103.

NA INTERPRETAÇÃO, SE DEVE RECALCAR O ESSENCIAL COMO BÁSICO

É dever do hermenêuta encontrar o núcleo da escritura que aparece através de toda história da
salvação, respeitando uma ordem desde Gênesis até Apocalipse da seguinte maneira:
1) Deus criador na grandiosidade de seus atributos.
2) Homem criado à imagem de Deus.
3) A ruína vinda ao homem e seu ambiente por causa do pecado.
4) A providência amorosa de Deus.
5) A ação reveladora e redentora de Cristo.
6) O Reino de Deus no mundo.
7) A expiação do pecado pelo sacrifício da cruz.
8) O progresso da história para a vitória final de Cristo sobre todas as forças demoníacas que
dominam a humanidade.
9) A consumação do reino e uma nova criação.

É importante ressaltar que a Bíblia é um corpo e não pode ser mutilada para sua interpretação.
Todas as partes são importantes para nos levar à verdade central ou ao núcleo.

Pontos claros e Pontos obscuros


Muitas das expressões do texto bíblico são muito claras, mas não simples de interpretar.
Chamaremos isto de Princípio de Deuteronômio 29:29.

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Na perspectiva espiritual, podemos dividi-lo em dois:


1- As coisas secretas reservadas para Deus.
2- As coisas reveladas.

É nesse segundo ponto que encontramos coisas menos claras do que outras, por exemplo:
1- Como foi a queda de Satanás e suas hostes?
2- Como foi a descida de Cristo ao inferno?
O engraçado é que nenhum desses pontos é fundamental para a salvação de uma pessoa.

Se alguém se aprofundar nessas questões, é melhor guardar para si para não causar confusão a
outros estudantes da Bíblia.
O hermenêuta deve dar glória a Deus nos pontos que ele encontra claramente na luz que Deus lhe
deu, mas ele deve se guardar de acender sua própria lanterna sobre o que Deus decidiu deixar no
escuro. (1 Co 13: 9).

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CAPÍTULO 2
MÉTODOS DE INTERPRETAÇÃO BÍBLICA

Os resultados da interpretação bíblica dependem em grande parte


dos métodos que são usados, isso explica a disparidade de interpretações numa mesma passagem.
Vamos conhecer alguns métodos usados na hermenêutica bíblica.

MÉTODO LITERAL
O texto deve sempre ser compreendido em seu sentido literal.
Geralmente chamado de hiperliteralista ou literalista, sua interpretação é atribuída à ideia fria do
texto.
Este método encontra sérios problemas com metáforas, fábulas, símbolos e outras figuras da
linguagem.
O hiperliteralismo era praticado pelos hebreus, impedidos de interpretar corretamente as escrituras,
chegando até invalidarem a Palavra de Deus.
Este tipo de interpretação impede de discernir ou distinguir o que é essencial do menos importante.
Este princípio se vê refletido até hoje nos pregadores. Em algumas oportunidades, esta
interpretação não prejudica o verdadeiro significado do texto, mas é muito perigosa.

MÉTODO ALEGÓRICO
Alegoria é uma ficção mediante a qual uma coisa representa ou simboliza uma outra diferente, pode
ser considerada uma metáfora ampliada.
Este método distingue-se dos demais pela total ausência de preocupação com o que o autor
sagrado desejava comunicar.
O intérprete adaptará o texto ou sua interpretação às formas de pensamento de cada época.
Este método de interpretação bíblica tem raízes em Aristóbulo (sec II AC), que afirmava que a
filosofia helênica havia sido inspirada pelo AT, especialmente na lei de Moisés.
A alegoria foi utilizada também na igreja cristã dos primeiros séculos; em Alexandria abriram-se
escolas de interpretação alegórica. Destacaram-se Clemente e Orígenes, seu discípulo, que
sentiam uma profunda reverência para a Palavra de Deus.

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Esse método nasce como uma forma de contrapor os duros ataques de ridicularização que haviam
sido levantados contra as Sagradas Escrituras.
Um exemplo dessa interpretação é a espiritualização dos registros sagrados, como por exemplo
Gn.24: nesta passagem vemos Rebeca dar de beber ao servo de Abraão e aos seus camelos, a
ênfase espiritual desta escrita é que devemos buscar no poço das escrituras para encontrarmos
Cristo.
O método alegórico prevaleceu na Igreja até o sec XVI, nos tempos da Reforma. No início da era
cristã, esse método não apresentava perigos em função da proximidade da era apostólica do 1º
sec., mas, este método tornou-se um perigo iminente em virtude da liberdade de pensamento que
o homem apresenta hoje em dia.
Mais uma vez devemos ressaltar que a verdadeira exegese consiste em que o intérprete seja fiel
ao pensamento do autor do texto e que coloque nele seu próprio pensamento, utilizando-se de uma
fantasia descontrolada.

MÉTODO DE INTERPRETAÇÃO DOGMÁTICA


A interpretação dogmática tem sido praticada em maior ou menor grau em todas as confissões
cristãs, mas, especialmente na católica.
De acordo com a teologia ortodoxa do catolicismo, nenhuma interpretação pode estar em
contradição com o dogma e isso vai contra a interpretação cristã evangélica que diz que nenhum
dogma pode estar em contradição com os claros ensinamentos das escrituras; somente a Escritura
é normativa.
A igreja evangélica também praticou a exegese dogmática no período que se seguiu à Reforma; os
reformistas não haviam retirado a levedura de acordo com a tradição papista. Surge, portanto, a
era das denominações.
Houve um tempo em que todas as grandes cidades tinham o seu credo favorito, cada um tentava
defender sua própria opinião apelando para as Escrituras. A exegese tornou-se serva dos
dogmáticos e esta se degenerou em uma simples busca por textos favoráveis.
Enquanto vivemos na expectativa do dia em que saberemos as coisas como elas realmente são,
todo o ordenamento teológico deve ser revisado à luz da Palavra de Deus.

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HERMENÊUTICA

Não é a Escritura que deve ser interpretada com uma certa formulação teológica, é a teologia que
deve submeter-se em todos os momentos aos resultados de uma exegese precisa das Escrituras.
É sobre uma ampla base exegética bíblica que o edifício do dogma deve ser levantado.

MÉTODO DE INTERPRETAÇÃO LIBERAL


Bases da interpretação liberal.
a) Liberdade de pensamento e ação, eliminando preconceitos e convencionalismos tradicionais.
b) Confronto com toda autoridade externa.
c) Autonomia e supremacia da razão.
d) Exaltação do homem como centro de pensamento e de experiência religiosa.
e) Adaptação da teologia à filosofia e às ciências naturais.
f) Abertura constante a mudanças nos conceitos teológicos na medida em que o progresso cultural
lhe torna necessário.

Este método surgiu em meados do século XVIII e durou até a terceira década do século XX. Essa
filosofia também poderia fixar-se nos tempos da civilização greco-romana.
Descartes, filósofo francês (1596-1650) com sua famosa expressão: “Penso, logo existo” deixou a
base para uma mudança do pensamento religioso, onde afirma que os métodos de conhecimento
religioso não seriam mais governados pela revelação, mas, seriam em função da razão, dando
assim o primeiro passo para a corrente liberal, que vamos dividir da seguinte maneira:

1º período racionalista (de meados do século XVII até meados do século XVIII)
Além de Descartes, destacam-se neste período Spinosa, Leibniz, Lessig e outros platonistas, mas,
o mais proeminente de todos é John Locke considerado como o construtor do racionalismo. Este
último era um defensor do equilíbrio entre razão e escritura, mas, essa linha de pensamento
desapareceria com o resto dos teólogos liberais.
2º período romântico (estende-se até meados do século XIX)
Esse período é chamado de o retorno dos instintos naturais; essa ênfase impactaria mais tarde na
hermenêutica bíblica.
O movimento romântico logo invadiu o campo da teologia, com os pensadores Friedrich
Schaleiermacher e De Kant. Essa linha de pensamento afirma que o homem não deve estar

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HERMENÊUTICA

envolvido com as leis morais, mas deve viver sua vida sem o freio ou o controle de uma autoridade
superior à sua própria alma. Embora a existência de Deus seja reconhecida, essa dependência não
gera uma atitude transcendente em sua vida. O kantismo afirma que toda doutrina deveria ser a
expressão do que acontece na alma do crente e que esse princípio atingiu seu clímax em Jesus
Cristo de uma maneira superlativa e prototípica.
Abaixo, vamos detalhar alguns dos pontos mais ressonantes desta filosofia:
a) Nega a doutrina da inspiração da Bíblia.
b) Nega a validade permanente do A.T.
c) A Bíblia deve ser interpretada como qualquer outro livro seguindo os princípios da ciência crítica.
3º Modernismo (a última fase do liberalismo estende-se até a terceira década do século XX) É a
época da revolução industrial e Darwin (1809-1882) chocou o campo da antropologia, e afeta
também o estudo das religiões na sua moral e costumes.
Neste período, a doutrina cristã é analisada pelos pontos de vista psicológicos e sociológicos.
Aparece um pseudo-evangelho que diz o seguinte: um Deus sem ira levando homens sem pecado
a um reino sem juízo através da mediação de um Cristo sem cruz. Seus representantes mais
proeminentes são Thomas Huxley, Herber Spencer, dentre outros.
Características desta filosofia
a) A autoridade da Escritura é totalmente rejeitada.
b) Se desvirtuam todas as formas de inspiração bíblica.
c) São descartados os milagres e predições proféticas.
d) A revelação bíblica é reduzida à capacidade do homem em descobrir as verdades de cunho
religioso.
e) A Bíblia deve ser interpretada com critérios históricos.

MÉTODO HISTÓRICO CRÍTICO


Este método tem suas raízes no humanismo renascentista. É o produto do liberalismo teológico;
este método defende a posição de que em qualquer caso se chega a interpretação, aplicando
cientificamente a razão histórica mediante suas melhores práticas. Este método pode ser bom; se
aplicado corretamente, ajuda a encontrar dados, datas e possíveis fontes de informação utilizadas
pelo autor, mas, muitas vezes foi usado para colocar dúvidas sobre certas passagens das
escrituras.

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HERMENÊUTICA

CAPÍTULO 3
MÉTODO GRAMÁTICO HISTÓRICO

Nós reservamos este último porque é mais próximo de nós e porque tem primazia sobre os outros
que vimos. É o primeiro dos métodos para a prática de uma exegese objetiva. Como seu título
sugere, seu propósito é encontrar o significado de um texto baseado no que suas palavras
expressam em seu sentido puro e simples, à luz do contexto histórico em que foram escritas. 1Pe
1:10-12.
Os escritores bíblicos sabiam bem o que deveriam comunicar e sua linguagem, em toda a sua
variedade de gêneros e estilos.
Este método teve antecedentes em Antioquia no século IV e no século XVI seu renascimento. Tanto
Lutero quanto Calvino apelaram a esse método. Estes afirmaram que a interpretação bíblica deveria
ser ler em um sentido simples, apropriada e original; e isso faz um bom teólogo.
O estudo histórico gramatical de um texto incluiu sua análise linguística (palavras, gramática,
contexto, passagens paralelas, linguagem figurada, etc.) e o exame de sua fonte histórica.
Vamos considerar cada um deles separadamente, mas, antes vamos analisar duas questões
preliminares: As línguas da Bíblia e a autenticidade do texto.

As línguas da Bíblia
Uma interpretação mais profunda das Escrituras requer um sólido conhecimento das línguas em
que seus livros foram escritos. Devemos conhecer hebraico, aramaico e grego.

O HEBRAICO
É nesta língua que o A.T. está escrito, com a exceção de alguns trechos em aramaico como: Esdras
4:8; 6:18;7,12-26; Jr 10:11 e Dn 2:4b à 7:28.
O hebraico pertence ao grupo das línguas semíticas, mais especificamente ao ramo cananeu.
Distingue-se pela sua plasticidade. O pensamento hebreu não era abstrato como o dos gregos,
mas concreto, e é por isso que imaterial é expresso através do material, utilizando-se
frequentemente de antropomorfismo.
Uma das primeiras peculiaridades desta língua que distingue o hebraico de outras línguas é que os
escritos são lidos da direita para a esquerda e do final ao começo e que suas letras são todas

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HERMENÊUTICA

consoantes. Isso trouxe problemas no período intertestamentário, embora os escritos fossem


cuidadosamente mantidos em escolas rabínicas.
Esta linguagem carece de pontuação, o que também complicava a sua interpretação; é notável a
falta de advérbios, adjetivos e nomes abstratos.

Advérbio: parte invariável da oração que serve para modificar o significado do verbo ou de qualquer
outra palavra que tenha um significado qualificativo ou atributivo. Há advérbios de lugar, tempo,
modo, intensidade, ordem, afirmação, negação, dúvida, exclusão e inclusão.
Todos os objetos, incluindo os inanimados, aparecem como dotados de vida. As montanhas, rios e
mares por representarem majestade e força são masculinos e em muitos textos, personificados. Os
nomes das cidades, terras ou localidades consideradas como a mãe de seus habitantes são
femininos. A palavra "vida" no A.T. muitas vezes está no plural, como em Gn. 2:7 “soprou em seu
nariz um sopro de vidas” como no versículo 9 que diz: “árvore de vidas”.
Também no hebraico existe a moral plural de excelência especialmente aplicada ao nome de Deus
(Elohim). Tendo em conta as características distintivas do hebraico é evidente que esta linguagem
era o meio mais apropriado para comunicar, de uma maneira simples, os grandes feitos de Deus e
sua mensagem registrada no A.T.

O GREGO
O grego de N.T. não é o da literatura clássica, mas o Koiné, dialeto comum falado no tempo de
Alexandre, o Grande (sec IV aC ao VI dC)
Esta língua se usava em todo o mundo mediterrâneo e, embora se falassem outras línguas, o koiné
era o único meio de comunicação. O Koiné era uma língua viva e vigorosa com o sabor da vida
cotidiana daquela época em virtude da abundância dos elementos enfáticos. Faz uso de poucas
conjunções, a mais frequente é "kai" (e) e esta é abundante tornando-se uma linguagem
semelhante ao hebraico. Providencialmente, tornou-se o veículo mais apropriado para levar a
mensagem do evangelho ao mundo.
No NT há palavras em hebraico ou aramaico que foram transcritas literalmente em grego, por
exemplo: Abba = Pai; Hosana = Salvar agora; Siquera = álcool e Satanás = Satanás.

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HERMENÊUTICA

Portanto, aconselhamos todos aqueles estudantes, pastores e pregadores que expõem a palavra
de Deus a observarem a necessidade de uma exegese bíblica a partir do conhecimento das línguas
em que foi escrito, porque peculiaridades linguísticas podem afetar a interpretação bíblica.

ANÁLISE LINGUÍSTICA DO TEXTO


A ciência da linguagem avançou notavelmente nos últimos tempos e suas teorias são apresentadas
como essenciais na interpretação literal. De nossa parte, vamos nos limitar a estudar as regras
fundamentais para evitarmos erros.

a) Faça uma leitura completa do contexto antes de uma análise linguística das palavras.
b) Selecione as palavras no texto que são consideradas as mais significativas, por exemplo:
1 - Que desempenha um papel fundamental na passagem que está sendo interpretada.
2 – Que tem aparecido com frequência em contextos anteriores
3 – Que seja importante no decorrer da história do texto

Um exemplo disso é que o A.T. e o grego de N.T. não estão alheios à evolução linguística que se
deve ter em conta no uso de uma palavra entre uma época e outra, por exemplo a palavra oikos
(casa) ou oikia (família).
O termo carne (do hebraico basar, do grego sarx) tinha a seguinte denotação:
a) Carne animal usada para alimento do homem.
b) A carne do corpo humano como distinta do sangue.
c) O corpo humano em sua totalidade.
d) Toda a humanidade quando fala de toda a carne.
e) Elemento transitório e perecível do homem. Se nós examinarmos isso do ponto de vista de Paulo,
o sarx tem uma conotação diferente do sentido moral e é a natureza do homem separada da de
Deus.
Podemos considerar outras palavras como o mundo, a lei, etc.

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HERMENÊUTICA

USO DE EXPRESSÕES IDIOMÁTICAS


Veremos diferentes tipos de expressões idiomáticas usadas na Bíblia que expressam ideias
diferentes do que suas palavras literalmente indicam, isso também existe em português quando
dizemos que alguém “perdeu a cabeça” ou “comeu com os olhos”.
O hebraico e o grego também têm esses tipos de expressões e, sem saber como distingui-los,
podem nos levar a uma interpretação errônea.

a) Uso do absoluto pelo relativo: Lc. 14:26


O verbo aborrecer não deve ser interpretado literalmente, mas, indica que deve haver um amor
superior a Cristo. Outros exemplos Ml 1:2-3 e Rm 9:13
b) Expressão de filiação
Diz-se quando uma pessoa é filha de outra, Mt.3: 9 e Lc.3: 8. Também significa parecer ou ter as
características de alguém, Jo 8:44
c) Expressão de tempo, Mt. 12:40
d) Antropomorfismo, Gn. 6: 6-7

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HERMENÊUTICA

CAPÍTULO 4
CONTEXTO E PASSAGENS PARALELAS

A análise gramatical é plenamente acompanhada pelo estudo do contexto e as passagens


paralelas. Não importa a ordem em que é realizada, se primeiro o gramatical ou o estudo de
contexto: o importante é dar o lugar que lhe corresponde de acordo com a estrutura em que a
passagem é encontrada.
O conceito do contexto da palavra nos mostra a coexistência de seu estudo. Etimologicamente, o
termo é derivado do latim “cum” (preposição que denota união, associação ou companhia) e “textun”
(tecido, por extensão, textura, trama). Aplicado a documentos escritos, expressa a conexão de
pensamento existente entre suas partes diferentes para torná-lo um todo coerente.

Extensão do contexto
Para saber até onde devemos voltar no conteúdo que antecede o escrito analisado, devemos levar
em conta duas coisas:
1) Contexto remoto
2) Contexto imediato

Contexto remoto
Se refere à toda escrita, mas, devemos reduzir este contexto, como segue:
1- Antigo Testamento e Novo Testamento.
2- Se escolhermos o A.T., devemos escolher qual conjunto de livros iremos analisar: o Pentateuco,
os Livros Históricos, Poéticos, Sapienciais, Proféticos. Dentro deles poderemos fazer outra
classificação mais reduzida.
3- Se escolhermos o N.T. a classificação é reduzida a Evangelhos, Atos dos Apóstolos, Epístolas
Eclesiásticas, Epístolas Pastorais, Apocalipse.
A redução deve ser continuada até chegar ao contexto mais próximo, à passagem cuja exegese se
quer expressar.

Conhecer o propósito de um livro pode ser fácil se o autor o especificar, por exemplo:
O Evangelho de João (Jo 20: 30-31)

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HERMENÊUTICA

Segunda epístola de Pedro (2 Pe.1: 13-15)


Primeira de João (1 João 1: 3)
Há outros livros que não declaram expressamente o propósito, mas conseguimos identifica-lo
lendo-o, por exemplo:
Gálatas: Motivo: corrigir sérios erros doutrinários dos judeus que minaram os fundamentos da fé
evangélica.
Hebreus: O propósito de exaltar a Cristo sobre toda a criação e sobre todas as instituições religiosas
de Israel, para libertar os judeus convertidos de atitudes nostálgicas que poderiam levá-los à
apostasia.
É importante notar que em muitas ocasiões o propósito do autor não aparece de forma clara e é
determinada apenas por uma análise minuciosa, que deve se levar em conta o seguinte:
1) Estrutura do livro
2) Selecionar e ordenar seu material
3) Estudo de frases repetidas que geralmente são a chave para indicar o início ou fim de uma seção,
como por exemplo o livro de Amós.
Neste livro, vemos uma progressão através de suas frases repetidas.
Capítulo 1 e 2 encontramos a expressão por três transgressões de... e por quatro: isso indica o
julgamento universal de Deus.
Capítulo 3 fala sobre a inevitabilidade da mensagem profética
Capítulo 4: 6-11 não vos convertestes a mim, e as V.12 Deus chama à conversão.
No resto do livro vemos o caráter do amor de Deus que não quer que ninguém pereça, mas seu
juízo virá.

Tipos de contextos
1- Lógico: Quando as ideias do texto estão embutidas na linha de pensamento de toda a seção.
2- Histórico: Quando há uma relação com certos fatos ou acontecimentos, por exemplo, conversa
de Jesus com o cego de nascença (Jo 9:35-38) e no contexto da sua cura e testemunho (Jo 9:1-
34).
3- Teológico: Quando o conteúdo do texto é parte de um argumento doutrinal como em muitas
passagens de Gálatas e Romanos. Neste caso, pode ser usado conectando os três tipos de texto.

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HERMENÊUTICA

Um exemplo de uma conexão tríplice (lógica, histórica e teológica) encontramos em Gl 5:4 “Da
graça tem caído”: se tomarmos esta expressão por si só, ela poderia sugerir a perda de salvação,
mas, se lermos o contexto (5.11) onde se mescla a lógica sólida e exposição teológica dos fatos
históricos, ela nos leva à seguinte interpretação: o sistema de salvação por obras é incompatível
com a salvação pela graça mediante a fé em Jesus Cristo. Aqueles que teimosamente aderem ao
primeiro sistema não podem ser sustentados pela Graça: eles automaticamente são excluídos.

Passagens Paralelas
O contexto nem sempre fornece luz para melhorar a compreensão de um texto. Um exemplo claro
disso é o livro de Provérbios. Exceto por algumas exceções em questões específicas, tais como a
má companhia (1: 10-19) vida piedosa (3: 1-12) sabedoria
(3: 13-4: 27) exortações contra a impureza, admoestação ao rei e o louvor à mulher virtuosa, o resto
do livro está cheio de máximas e frases descontínuas, com a mesma intensidade isso acontece
com Eclesiastes, Cântico dos Cânticos e menos frequentemente no restante das Escrituras. Em
tais casos, é impossível trabalhar com o contexto.
A ajuda de passagens paralelas é muito útil para entender melhor o texto. Alguns exemplos claros
disso são os de Lc.14:26, comparando-os com Mt.10:37; O ensinamento aqui é que o discípulo
deve optar por sua lealdade ao mestre, mesmo em casos extremos, quando é necessário romper
a comunhão familiar.
As passagens paralelas podem ser verbais ou conceituais:
1-Verbais: Quando nelas está a mesma palavra ou frase com um sentido idêntico ou similar,
devemos cuidar dos textos aparentes e não reais como comparar Ef. 2:8 com Judas 3, onde os
significados da Fé são diferentes em ambas as passagens.
Uma análise paciente e completa nesse tipo de paralelismo é geralmente gratificante e nos ajudará
a ampliar os horizontes da interpretação bíblica.
Podemos ver um exemplo disso quando lemos Ef 3:6 sobre o mistério revelado pelo Espírito "que
os gentios são co-herdeiros e coparticipantes da promessa em Cristo Jesus", podemos nos
perguntar: para quem é a promessa? Qual é o conteúdo dela? Um estudo cuidadoso das passagens
paralelas nos levaria a Abraão, exemplo: Ro.4: 13, Gl.3:29

FICOU FALTANDO os conceituais NO ORIGINAL

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HERMENÊUTICA

CAPÍTULO 5
LINGUAGEM FIGURADA

Diz-se que uma palavra tem significado figurativo quando expressa uma ideia diferente do seu
significado literal. Nesse caso, ocorre uma mudança de significado. É a partir daí que a linguagem
figurada também é chamada com o termo grego tropos, o que significa virar ou mudar.
Este fenômeno linguístico é universal, já que não há língua em que há uma palavra para cada
conceito, material ou abstrato
Diz-se que uma pessoa com uma cultura média tem um fluxo de 20.000 ou 30.000 palavras à sua
disposição, mas, somam-se a elas objetos, fatos, ideias, sentimentos e experiências que em um
determinado momento é capaz de expressar através da linguagem.
Jesus usou esse sistema enfaticamente quando disse: “Eu sou a luz do mundo”; para dizer isto de
uma outra maneira: Sou o mediador da verdade e justiça para revelar a salvação e assim salvar o
mundo. Isso nos mostra que o uso de tropos é essencial.

Tropologia Bíblica
A grande maioria das figuras de linguagem que encontramos nas Escrituras é tomada a partir do
ambiente do autor. Tantos os profetas quanto apóstolos recorreram a elementos pictóricos de seu
mundo, tanto referentes à natureza como às mil e uma atividades humanas.
Exemplos destes é a alusão feita ao mundo animal (raposas, camelos, ovelhas, pardais, peixes,
escorpiões, etc.), ao reino vegetal, ao mundo inanimado (sinais metereológicos, raios, etc.),
atividades laborais (plantação, sega) objetos mais usuais (lâmpadas, vestidos, etc.), esfera política.

FIGURAS SIMPLES
A - Figuras de Comparação.
1- Símile: É uma comparação formal que é sempre precedida por a conjunção (como) ou outra
equivalente, um belo exemplo disso é o Salmo 42:1 ou Jr 23:29, Mt.23:27.
Devemos ter cuidado para não cair no erro de fazer o símile dizer além do que o autor quis
expressar, por exemplo: Is 44:22 diz: “Eu desfiz como uma nuvem seus pecados”.

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HERMENÊUTICA

Se começarmos a pensar sobre as características de como uma nuvem se forma e começamos a


falar sobre o sol e o vento, cairemos em uma dúzia de símiles que nada têm a ver com o espírito
do autor.
2- A Metáfora: É uma comparação implícita que não é formalmente expressa como no símile e não
aparece nela a conjunção como. Observe em um exemplo a diferença entre o símile e a metáfora,
Oséias 13:8 (símile), Gn 49:9 (metáfora).
No A.T. Metáforas são abundantes de uma maneira antropomórfica. Exemplo, Is 59:1, Sl 34:15; Hb
3:8. No N.T. as metáforas foram usadas por Jesus para descrever os traços essenciais de sua
pessoa e sua obra, exemplo, Jo 6:35; 8:12; 10:7,11.

B – Figuras de Dicção
1- Pleonasmo: É a expressão que se emprega a redundância, palavras desnecessárias para dar
maior força à linguagem, exemplo Gn. 40:23: “O copeiro-mor, porém, não se lembrou de José, antes
se esqueceu dele”.
2- Hipérbole: É um exagero óbvio que visa aumentar o efeito do que foi dito, por exemplo Jo 21:25,
Sl 6:6, Jr 9:1, Mt 7:3.

C - Figuras de Relação
1- Sinédoque: Consiste na designação de um todo com o nome de uma de suas partes ou vice-
versa, por exemplo, falar de cabeças de gado para se referir a reses inteiras ou almas para se referir
a pessoas; em como At. 27:37 utilizou-se a palavra grega psyjoi que significa almas para designar
pessoas.
2- Metonímia: Esta figura é utilizada ao designar uma coisa com o nome de outra que serve como
um sinal ou indica uma relação de causa e efeito, um exemplo disso é, Lc 16:29 (em espanhol), diz:
Moisés e os profetas têm seus escritos referenciados, outro exemplo é Rm 3:30, o que esta
passagem declara é que Deus justificará tanto judeus como gentios.

D - Figuras de Contraste
1- Ironia: Através dela é dado entender o oposto do que é declarado: 1Rs 18:27, 1Co 4:8
2- Paradoxo: É o uso de expressões que envolvem uma contradição aparente, por exemplo, Mt
10:39, 2Co 4:18.

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HERMENÊUTICA

3- Atenuação: Esta figura consiste em não expressar diretamente o que se pensa, mas negar o
contrário do que se quer afirmar, por exemplo, At 1:5 Vós sereis batizados com o Espírito Santo
dentro de não muitos dias "
4- Eufemismo: É uma maneira de sugerir com dissimulação e decoro ideias cuja expressão franca
e literal seria muito dura ou má. Isto é visto frequentemente em prescrições sobre moralidade sexual
no livro de Levítico, por exemplo, para se referir ao ato sexual como expressões eufemísticas
usados: chegar-se a, descobrir a nudez, embora isso possa envolver outras coisas, At 1:25 fala de
Judas usando a expressão: “ir ao seu próprio lugar” que mostra a delicadeza dos apóstolos com
seu ex parceiro, designando que havia caído em condenação, compare Mt.26 :24

E - Figuras de natureza pessoal


1- Personificação: Consiste em atribuir características ou ações de pessoas a seres que não são,
por exemplo, vemos muito disso nos livros poéticos, no Salmo 114, o mar viu e fugiu; o Jordão
voltou pata trás, etc. Hb 3:10.
2- Apóstrofo: É a interrupção do discurso para se dirigir a uma pessoa ou coisa personificada.
Exemplo, Sl 114: 5-6, Jz 5:3-4,31; 2 Sm 18:33

FIGURAS COMPOSTAS
1- A alegoria: É uma sucessão de metáforas, geralmente combinadas na forma de narração, cujo
significado literal é dispensado. Sua principal característica é a pluralidade de pontos de aplicação,
diferentemente da metáfora simples que sempre se concentra em um.
Jo 10:7-18. Encontramos várias palavras-chave, separadas de um "pastor" que é o principal, como:
ovelhas, rebanho, ladrões, mercenários.
O ensinamento aqui é que Jesus é o pastor, as ovelhas são seus discípulos, os ladrões e
mercenários são os falsos profetas.

2- Fábula: É uma composição literária na qual um ensinamento moral é dado através de uma ficção.
Envolve seres inanimados ou seres vivos irracionais que agem e falam como se fossem pessoas.
Existem apenas dois na Bíblia: um é o caso de Jotão, (Jz 9: 1-21), o segundo é o de Jeoás (2
Reis.14:9).

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3- Enigma: É um ditado artificialmente encoberto; seu propósito é justamente intrigar e, assim, testar
a capacidade de compreensão do ouvinte.
O livro de Provérbios foi escrito para entender Provérbios e “Refranes” (espanhol) Pv 1: 6,
“Refranes” no hebraico: Meliá, que significa Enigma.
Há alguns que são explicados no mesmo texto como Juízes 14:14 e outros para decifrar, como Jo
3:3; 4:32; Ap 13:18.

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