Fisica I USP P3 2019

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Física 1 para a Escola Politécnica (4323101) P3 (14/06/2019)

Gabarito da P3
Tabela 1: Respostas das alternativas corretas das questões Q1-Q9 para as diferentes provas.

Prova Q1 Q2 Q3 Q4 Q5 Q6 Q7 Q8 Q9
17XY9 a b c b a b c d e
33BC4 b c d a b d e c c
54DE1 c a b c c c a e d
88FF6 d d a d d e b e a

Para todas as questões:


• A aceleração da gravidade na superfície da Terra é representada por g.

• Quando necessário, adote para g o valor de 10 m/s2 .

• Os vetores unitários associados às coordenadas cartesianas x, y e z são, respectivamente,


~ı, ~ e ~k.

(Q1) [1,0 ponto] Considere as seguintes afirmações:

(I) A aceleração do centro de massa de um corpo rígido é igual ao quociente da força externa
resultante pela sua massa total, desde que o corpo não tenha movimento de rotação.
(II) Um disco de raio R gira em torno de seu eixo com uma aceleração angular α. O módulo
da aceleração de um ponto sobre as suas bordas vale αR.
(III) A energia cinética de um corpo rígido que apenas gira em torno de um eixo fixo depende
somente da massa total e da velocidade angular do corpo.
(IV) Quando a força resultante sobre um corpo rígido é nula, não pode haver torque em relação
ao seu centro de massa.
(V) A força resultante sobre um corpo rígido em rotação pura em torno de um eixo fixo no
espaço e que passa pelo seu centro de massa é sempre nula.
(VI) Quando a velocidade do centro de massa de um sistema de partículas é nula, o seu mo-
mento angular é independente do ponto do espaço escolhido como referência.
(VII) Um corpo pode girar sem estar sujeito à ação de um torque.

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Física 1 para a Escola Politécnica (4323101) P3 (14/06/2019)

O número de afirmações corretas é:

(a) 1
(b) 2
(c) 3
(d) 4
(e) 5

Solução (Q1):

Cada prova tem 5 afirmações que foram escolhidas dentre as possibilidades abaixo:
(I) A aceleração do centro de massa de um corpo rígido é igual ao quociente da força externa
resultante pela sua massa total, desde que o corpo não tenha movimento de rotação.
(I) Errado. A aceleração do centro de massa é independente da rotação do corpo.

(II) Um disco de raio R gira em torno de seu eixo com uma aceleração angular α. O módulo
da aceleração de um ponto sobre as suas bordas vale αR.
(II) Errado. Este é o módulo da componente tangencial da aceleração. Há também uma com-
ponente radial para a aceleração, a aceleração centrípeta.

(III) A energia cinética de um corpo rígido que apenas gira em torno de um eixo fixo depende
somente da massa total e da velocidade angular do corpo.
(III) Errado. Depende também da distribuição de massa, que influi sobre o momento de inércia.

(IV) Quando a força resultante sobre um corpo rígido é nula, não pode haver torque em relação
ao seu centro de massa.
(IV) Errado. Pode haver torque mesmo que as forças se equilibrem.

(V) A força resultante sobre um corpo rígido em rotação pura em torno de um eixo fixo no
espaço e que passa pelo seu centro de massa é sempre nula.
(V) Certo. O centro de massa não está acelerado e a força resultante é nula.

(VI) Quando a velocidade do centro de massa de um sistema de partículas é nula, o seu mo-
mento angular é independente do ponto do espaço escolhido como referência.
~ =L
(VI) Certo. Consequência da expressão L ~ CM + M R~ CM ⊗ V~ CM .

(VII) Um corpo pode girar sem estar sujeito à ação de um torque.


(VII) Certo. Pode girar com vetor velocidade angular constante.

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(Q2) [1,0 ponto] Uma barra homogênea de com-


primento L e massa M está presa em uma de suas O
extremidades a uma parede vertical, conforme a figura
ao lado. A barra gira sem atrito ao redor do ponto O,
qL
sendo abandonada na posição horizontal com velocidade
inicial nula. O momento de inércia da barra em relação
2
ao ponto O é I = M3L e a aceleração da gravidade local
é g. No instante em que a barra faz um ângulo θ = 30◦
com a vertical, a aceleração angular da barra é:
3g
(a) 8L
.

3g
(b) 4L
.

2g
(c) 3L
.

1g
(d) 2L
.

1g
(e) 4L
.

Solução (Q2):
A força que dará o torque na barra é a força peso (P ~ ).
O torque é calculado como:

~ sin θ = L (M g) sin θ ⇒

~ CM ⊗ P
|~τ ◦ | = R ~ = R~ CM P
2

|~τ ◦ | = M Lg
2
sin θ
o
qCM
R
onde o símbolo ⊗ indica o produto vetorial entre os ve-
~ CM e P
tores R ~ . A aceleração angular é calculada como:
M Lg q
|~τ ◦ | 3g 3g 1
|~
α| =
I
= 1 2 2 sin θ =
ML 2L
sin θ =
2L 2
⇒ P
3

3g
|~
α| = 4L
.

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(Q3) [1,0 ponto] O vetor posição de uma partícula de massa m que move-se no plano xy é
dado por ~r (t) = rx ~ı + ry ~, onde ~r é dado em metros e t em segundos. O momento angular em
relação à origem é:

~ = −18 t (J.s) ~k
(a) L

~ = +24 t (J.s) ~k
(b) L

~ = −36 t (J.s) ~k
(c) L

~ = +48 t (J.s) ~k
(d) L

~ = +54 t (J.s) ~k
(e) L

Solução (Q3):
Por definição, o momento angular é dado por L ~ = ~r × ~p = ~r × m~v , onde ~r e ~v são o vetores
posição e velocidade de translação da partícula, respectivamente. O vetor velocidade ~v (t) é
dado por:
d~r d(rx ~ı + ry ~)
~v = = = vx ~ı + vy~
dt dt
Portanto, o momento angular é dado por:

~ ~k
 

~ = det  rx
L ry 0  = mrx vy ~k − mvx ry ~k
mvx mvy 0

Tabela 2: Respostas das alternativas corretas da questão Q3 para as diferentes provas.


PROVA m (kg) rx ry vx vy ~
L
54DE1 2 2 +3 t2 0 +6 t +24t ~k
17XY9 2 3 −3 t2 0 −6 t −36t ~k
33BC4 4 3 +2 t2 0 +4 t +48 t~k
88FF6 3 1 −3 t2 0 −6 t −18t ~k

4
O

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Enunciado das questões (Q4) e (Q5).


y

O sistema representado ao lado, formado por duas partículas m1


de massas m1 e m2 , ligadas por uma haste em forma de
gancho, de massa desprezível e comprimento ` = 2a, pode a
deslizar sem atrito sobre o plano horizontal xy. Uma terceira m2 x
partícula, de massa m3 , movendo-se sobre o plano com
velocidade ~v 3 = v3 ~ı, colide com o sistema formado pelas par- a
tículas m1 e m2 , inicialmente parado, ficando presa no gancho. m3
v3

(Q4) [1,0 ponto] A velocidade de translação do sistema depois da colisão é:

~ CM = (1v/2) ~ı.
(a) V
~ CM = (2v/3) ~ı.
(b) V
~ CM = (1v/3) ~ı.
(c) V
~ CM = (1v/4) ~ı.
(d) V
~ CM = (1v/6) ~ı.
(e) V

Solução (Q4):
A força externa resultante no sistema antes e depois da colisão é nula. Durante a colisão, há
apenas forças internas ao sistema formado pelas 3 partículas. Assim, a lei de conservação do
momento linear se aplica, ou seja, podemos usar que o momento linear do sistema antes da
~ antes ) é igual ao momento linear do sistema depois da colisão (P
colisão (P ~ depois ). O momento
antes da colisão é dado por:
~ antes = M V
P ~ CM = m1 v~1 + m2 v~2 + m3 v~3

onde as massas m1 e m2 estão inicialmente paradas (portanto ~v 1 = ~v 2 = 0) e a massa total do


sistema é M = m1 + m2 + m3 . Com isso teremos:

~ CM = m3~v 3 = m3 v3 ~ı ⇒ V
MV ~ CM = m3 v3

M

(Q5) [1,0 ponto] Depois da colisão a velocidade angular de rotação do sistema em torno do
seu centro de massa é:

~ = (v/a) ~k
(a) ω

~ = (2v/a) ~k
(b) ω

~ = (v/2a) ~k
(c) ω

~ = (3v/2a) ~k
(d) ω

~ = (v/4a) ~k
(e) ω

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Solução (Q5):
As forças oriundas da colisão, não causam tor-
que no sistema e como o torque resultante no
sistema devido às forças externas é nulo, an- y
tes e depois da colisão, a lei da conservação do
momento angular se aplica neste caso. O mo-
m1
mento angular do sistema em relação ao centro
de massa antes da colisão é dado por:
l
~ antes `
L cm = ~r ⊗ ~p = ~r ⊥ ⊗ ~p = m3 v3 ( ) ~k = I ω
~ ⇒ r CM
2 x

~ =
ω
m3 v3 ( 2` ) ~k r r
I

onde usamos que o momento de inércia do


sistema girando ao redor do eixo z que passa p
pelo centro de massa é I = m1 ( 2` )2 + m3 ( 2` )2 .

Tabela 3: Respostas das alternativas corretas da questões Q4-Q5 para as diferentes provas.
PROVA m1 m2 m3 M v3 ` I ~ CM
V ~
ω
2 2v v~
17XY9 m m m 3m 2v 2a 2ma 3
~ı a
k
ma2 v 2v ~
33BC4 m 2m m 4m 2v a 2 2
~ı a
k
v v~
54DE1 2m 2m 2m 6m v a ma2 3
~ı a
k
v v~
88FF6 2m 4m 2m 8m v 2a 4ma2 4
~ı 2a
k

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Enunciado das questões (Q6) e (Q7).

Um cilindro uniforme de massa m1 e raio R está apoiado num eixo horizontal, podendo girar
livremente, sem atrito. Uma corda enrolada no cilindro prende um bloco de massa m2 , que
pode deslizar sem atrito sobre um plano inclinado de ângulo θ, como mostra a figura. O sistema
é solto, a partir do repouso, quando m2 está a uma altura h acima da horizontal.

Adote:
? Momento de inércia de um cilindro de
massa M e raio R em relação ao eixo
de rotação que passa pelo seu centro de
massa é I = 21 M R2 .

(Q6) [1,0 ponto] Considerando que a desce o plano inclinado. Portanto, na ex-
corda não desliza sobre o cilindro, a ace- pressão anterior temos:
leração de m2 é: a 1 a
T R = I = m1 R2 → T = 12 m1 a (2)
(m1 +2m2 )g sin θ
R 2 R
(a) a = m1 +m2
. a
A 2 Lei de Newton aplicada ao movimento
2m2 g sin θ
de translação do bloco resulta:
(b) a = m1 +2m2
.
m2 g sin θ − T = m2 a (3)
m2 g sin θ
(c) a = m1 +2m2
. Substituindo (2) em (3) temos:
1
(d) a = m1 g sin θ
. m2 g sin θ − m1 a = m2 a → a = 2m 2 g sin θ
m1 +2m2
2m1 +m2 2
2m1 g sin θ (Q7) [1,0 ponto] A velocidade v com que
(e) a = m1 +2m2
.
m2 chega ao plano horizontal (h = 0) é:
Solução Q6: q
(a) v = 2 mm 2 gh
.
Na figura abaixo está o diagrama de forças 1 +2m2

sobre o cilindro e sobre o bloco. q


(b) v = (mm 1 +2m2 )gh
1 +m2
.
Nc T
q
(c) v = mm1 +m 2 gh
2
.
T q
(d) v = 2 2mm11+m gh
.
Pb 2

Pc
q
Nb (e) v = m2m 1 gh
1 +2m2
.

Solução Q7: Vamos obter a solução uti-


lizando a conservação da energia mecânica
A normal (Nc ) e o peso (Pc ) do cilindro do sistema uma vez que os movimentos do
não exercem torques em relação ao eixo de cilindro e do bloco ocorrem na ausência de
rotação. O torque no cilindro é gerado pela forças de atrito. Toda a energia potencial
tensão na corda, que causa sua aceleração do bloco será transformada em energia ciné-
angular, tica de rotação do cilindro + energia ciné-
τ TR tica de translação do bloco, que terá energia
α= = . (1)
I I potencial nula ao chegar em h = 0. Assim
A aceleração tangencial de um ponto na podemos escrever
borda do cilindro obedece a relação a = αR 1 1
sendo esta a aceleração com que o bloco m2 gh = Iω 2 + m2 v 2 (4)
2 2
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onde ω é a velocidade angular do cilindro ser reescrita como:


e v a velocidade de translação do bloco no 2
instante em que ele chega no plano (h = 0). m2 gh = 21 ( 12 m1 R2 )( Rv 2 ) + 12 m2 v 2
Usando que v = ωR a expressão (4) pode (5)
(m1 +2m2 ) 2
= 4
v

ou q
v = 2 mm 2 gh
1 +2m2

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O

(Q8)[1,0 pontos] Uma pessoa de massa m z


está parada na borda de uma plataforma
horizontal, de forma circular, com raio R e
momento de inércia I que pode girar livremente R
em torno de um eixo vertical que passa pelo
seu centro. Inicialmente, a plataforma está v
em repouso em relação ao solo. Num dado
instante, a pessoa começa a andar ao longo da
borda da plataforma, até atingir a velocidade
de módulo v em relação ao solo, como mostra
a figura. Neste instante, a velocidade angular
Considere a pessoa como uma par-
da plataforma vale:
tícula de massa m andando em um
círculo de raio R sobre a plataforma.
(a) zero.
~ = −(mR2 /I)(v/R)~k.
(d) ω
~ = +(mR2 /I)(v/R)~k.
(e) ω
~ = −(v/R)~k.
(b) ω
~ = +(v/R)~k.
(c) ω

Solução Q8:
Inicialmente o sistema está parado e o momento angular do sistema (plataforma + pessoa)
é nulo. Ao caminhar pela borda da plataforma, as forças internas serão tangenciais. Elas
causam torque em cada um dos corpos do sistema (na plataforma e na pessoa), embora o
torque resultante no sistema (plataforma + pessoa) seja nulo. Assim, para o movimento na
borda da plataforma temos:
~ p + Iω
Ip ω ~ =0
~ p são o momento de inércia e o vetor velocidade angular da pessoa, e I e ω
onde Ip e ω ~ são o
momento de inércia e o vetor velocidade angular da plataforma. Tratando a pessoa como uma
partícula movendo-se em um círculo de raio R sobre a plataforma podemos escrever:
v 2 v
mR2 ( )(−~k) + I ω ~ = ( mR
~ =0⇒ ω I
) R ~k .
R
Portanto, a plataforma movimenta-se no sentido anti-horário com velocidade angular ω ~ =
2 v
( mR ) ~k. Para a prova em que a pessoa movimenta-se no sentido horário, a resposta correta é
I R
2 v
~ = −( mR
ω I
) R ~k

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(Q9)[2,0 pontos] Dois cilindros, de mesma massa M e raio externo r, sendo um oco com
paredes finas e o outro sólido, rolam sem deslizar para baixo em uma superfície cilíndrica com
r formato circular, com raio R muito maior do que r, e que se conecta de forma contínua a um
plano horizontal. Ambos partem do repouso, da mesma altura h em relação ao plano horizontal,
no mesmo instante. Sobre o estado de movimento dos dois objetos, quando chegam ao plano
r horizontal, podemos afirmar que:

? O momento de inércia de cada objeto, de massa


g M e raio r, em relação ao seu eixo de rotação que
passa pelo seu centro de massa (CM) é:
r Cilindro oco ⇒ ICM = M r2
Cilindro sólido ⇒ ICM = 21 M r2
v
h

(a) Ambos têm a mesma energia cinética de translação.


(b) Ambos têm a mesma energia cinética de rotação.
(c) Os dois objetos chegam juntos ao plano horizontal, pois partem do repouso da mesma altura
h, com a mesma energia potencial gravitacional.
(d) O cilindro oco chega primeiro ao plano horizontal porque seu momento de inércia é maior
que do cilindro sólido.
(e) O cilindro sólido chega primeiro ao plano horizontal porque seu momento de inércia é menor
que do cilindro oco.

Solução Q9:
Uma vez que o movimento dos objetos é do tipo rolamento sem deslizamento, que ocorre sem
dissipação de energia, usaremos a conservação da energia mecânica para resolver o problema.
Ambos objetos têm a mesma energia mecânica inicial (Einicial = M gh) e, ao chegarem ao plano
horizontal, esta energia será a mesma, apenas distribuída em quantidades diferentes entre as
energias cinética de translação e cinética de rotação. A velocidade de translação de cada objeto
ao chegar no plano horizontal (h = 0) é calculada como:

⇒ Energia mecânica inicial : M gh


1 2 1
⇒ Energia mecânica final : M vCM + ICM ω 2
2 2
⇒ Rolamento sem deslizamento : vCM = ωr

Usando a conservação da energia mecânica para cada um dos objetos temos:


1 1 v2
2
M vCM + ICM CM = M gh ⇒
2 2 r2
2 2 ICM 2 2gh
vCM + vCM ( ) = 2gh ⇒ vCM = I
M r2 (1+ CM2 )
Mr

Substituindo valores obtemos:


ICM 2
Cilindro oco: = 1 ⇒ vCM = gh
M r2
ICM 1 2 4gh
Cilindro sólido : 2
= ⇒ vCM =
Mr 2 3
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Física 1 para a Escola Politécnica (4323101) P3 (14/06/2019)

Assim, a chegar no plano inclinado, a velocidade do cilindro sólido será maior que do cilindro oco
solido oco
(vCM > vCM ). Com base nestas informações, as alternativas podem ser analisadas. Portanto
a resposta correta é que o cilindro sólido chega primeiro ao plano horizontal pois seu momento
de inércia é menor quando comparado ao do cilindro oco.

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