Apostila Frutas e Hortaliças
Apostila Frutas e Hortaliças
Apostila Frutas e Hortaliças
Módulo
Rastreabilidade em frutas e hortaliças
2021. EMPRESA BRASILEIRA DE PESQUISA AGROPECUÁRIA - EMBRAPA
1ª EDIÇÃO – 2021
COORDENAÇÃO
EMBRAPA Instrumentação
FOTOS
Fernando Guido Penariol – Acervo pessoal
Freepik
Marcos David Ferreira – acervo pessoal
Rita de Cássia S. Dias.
Shutterstock
INFORMAÇÕES E CONTATO
EMBRAPA Instrumentação
Rua XV de Novembro, 1452 - São Carlos - SP
E-mail: [email protected]
www.embrapa.br/instrumentacao/poscolheita
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Coordenador Geral
Conteudistas
• André Luiz Bispo Oliveira, Auditor Fiscal Federal Agropecuário, Coordenação Geral de Qualidade
Vegetal CGQV/DIPOV/SDA/MAPA.
• Fernando Guido Penariol, Auditor Fiscal Federal Agropecuário, Unidade Técnica Regional de
Agricultura em Ribeirão Preto/SP, UTRARPR/SFA-SP/MAPA.
• Nilson Gasconi, Executivo de Desenvolvimento Setorial, GS1 Brasil, São Paulo, SP.
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SUMÁRIO
Apresentação do módulo .................................................................................................................................................5
Objetivos do módulo...............................................................................................................................................5
1. RASTREABILIDADE ...........................................................................................................................................................6
1.1 O que é rastreabilidade?..................................................................................................................................7
1.2 Importância da rastreabilidade dos produtos hortícolas ...................................................................7
1.3 Histórico da adoção da rastreabilidade no mundo e no Brasil ........................................................9
2. LEGISLAÇÃO.................................................................................................................................................................... 11
2.1 O que diz a legislação .................................................................................................................................... 11
2.2. Conceitos importantes ................................................................................................................................ 12
3. ADOÇÃO DA RASTREABILIDADE ............................................................................................................................. 16
3.1 Importância da adoção da rastreabilidade .......................................................................................... 16
3.2 Abrangência da norma: atores, responsabilidades e atribuições ................................................. 17
3.3 Produtos de origem vegetal que devem ser rotulados e rastreados ........................................... 20
3.4 Registros dos controles ................................................................................................................................ 21
3.4.1 Registros obrigatórios para produtores e compradores.................................................... 21
3.4.2 Registros obrigatórios para todos os produtos produzidos ............................................. 22
3.4.3 Registros de campo ......................................................................................................................... 24
3.4.4 Notas Fiscais ....................................................................................................................................... 25
4. IMPLANTAÇÃO DE UM PROCESSO DE RASTREABILIDADE ............................................................................. 27
4.1 Sistema de rastreabilidade .......................................................................................................................... 27
4.1.1.GS1 Brasil............................................................................................................................................. 28
4.2 O Padrão global de rastreabilidade .......................................................................................................... 29
4.3 Usos da rastreabilidade ................................................................................................................................ 30
4.4 O processo de rastreabilidade.................................................................................................................... 31
4.4.1 Benefícios ............................................................................................................................................ 33
5. ESTUDO DE CASO – CADERNETA DE CAMPO: PRODUÇÃO DE MELANCIA.............................................. 35
5.1 Estudo de Caso ................................................................................................................................................ 35
5.2 Relato do caso .................................................................................................................................................. 46
6. FECHANDO O MÓDULO ............................................................................................................................................ 48
REFERÊNCIAS ...................................................................................................................................................................... 50
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APRESENTAÇÃO DO MÓDULO
Bem-vindo (a) ao módulo Rastreabilidade! Este módulo está estruturado em 6 tópicos:
No Tópico 2 – Legislação, você irá aprender sobre a legislação aplicada à rastreabilidade e conceitos
importantes.
O Tópico 5 – Estudo de caso – Caderneta de campo: produção de melancia, como o nome sugere,
apresenta um estudo de caso sobre a produção de melancia.
Objetivos do módulo
O objetivo deste módulo sobre a rastreabilidade é criar condições para que você possa se informar
e se conscientizar sobre como e por que atender à norma da rastreabilidade. Ao final deste módulo
você será capaz de:
Agora que você conhece a estrutura do curso e os objetivos desse módulo, você pode seguir adiante.
Bons estudos!
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1. RASTREABILIDADE
Bons estudos!
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Fonte: Freepik
O artigo 2º, XI, da Instrução Normativa Conjunta nº 2, de 7 de fevereiro de 2018, define rastreabilidade
como:
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Justamente pela sua efetividade e precisão para identificar problemas de segurança, seja em uma
região específica ou em um local onde os produtos são embalados; sejam relativos a um grupo de
produtores ou um único produtor, ou ainda a uma plantação, ao invés de abranger todo o grupo
envolvido com o trabalho da mercadoria (OLIVEIRA, 2021).
É certo que o sistema de rastreabilidade, por si só, não melhora a segurança de um alimento, a não
ser que esteja vinculado a um sistema de controle de segurança eficaz (GOLAN, et al., 2004).
Nesse sentido, é importante entender que a rastreabilidade determinada em norma, com seus
requisitos mínimos, deve ser compreendida como:
Associada a outros mecanismos de controle oficial, como o Plano Nacional de Controle de Resíduos
e Contaminantes e o Programa de Análise de Resíduos de Agrotóxicos, de responsabilidade do MAPA
e da ANVISA, se torna fundamental para se buscar respostas para importantes questões, não só
aquelas relacionadas ao alimento seguro, mas também a inquietudes dos produtores de hortícolas,
especialmente, quanto à escassez de defensivos agrícolas registrados para combater algumas
pragas em determinadas culturas. Essas informações são importantes para as discussões técnicas e o
constante aprimoramento dos procedimentos de registro de defensivos agrícolas.
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Acompanhe a linha do tempo referente aos fatos históricos da rastreabilidade no mundo e no Brasil.
1990 – Adotada pelo setor exportador de proteína animal devido o advento da “Crise da Vaca Louca”
ou Encefalopatia Espongiforme Bovina (EEB).
2000 – Incorporada pelo setor exportador da fruticultura por força da legislação da União Europeia
(UE) que incorporou essa temática (UE, 2002).
2018 - A rastreabilidade dos produtos hortícolas para o mercado brasileiro se tornou obrigatória
com a publicação da Instrução Normativa Conjunta Anvisa e MAPA nº 02, de 07 de fevereiro de 2018
(BRASIL, 2018).
Cabe destacar que, de forma geral, a instituição da rastreabilidade no setor agropecuário representou
uma ruptura importantíssima promovida pelos órgãos de fiscalização em nível mundial, devido,
principalmente, a globalização, que favoreceu a ampliação do comércio de produtos, evidenciando
a necessidade e urgência de celeridade nas respostas dos referidos órgãos à população, em relação
aos problemas sanitários transfronteiriços e crises sanitárias (PARIZZI, 2020, p. 11).
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Nesse sentido, a regulamentação da rastreabilidade está voltada para a defesa dos produtores e
da sociedade, “alcançada por meio de resposta ágil frente aos problemas, para anteceder e evitar
eventuais crises decorrentes de riscos não avaliados ou do mau uso de insumos por algum elo da
cadeia produtiva” (PARIZZI, 2020).
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2. LEGISLAÇÃO
Fonte: Freepik
A finalidade é que frutas, legumes e verduras tenham resíduos abaixo ou igual ao limite máximo
permitido. Essa regulação visa:
• impedir o mau uso de agrotóxicos no setor primário, como por exemplo uso de produtos não
autorizados ou proibidos para a cultura, uso de doses de produtos acima do limite permitido
ou fora do período de carência;
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De modo geral, a INC 02/2018, determina que os entes da cadeia produtiva mantenham registros
mínimos da origem e destino dos produtos, por um prazo mínimo de 18 (dezoito) meses. A norma
também define quais são as informações mínimas que o produtor deve manter para cada lote
produzido. Os lotes dos produtos devem estar sempre devidamente identificados, de forma que
seja fácil fazer a correlação entre os documentos de rastreabilidade e o lote de produto o qual os
documentos se referem.
Assim, a norma impulsiona os entes da cadeia produtiva a exigirem que os produtos sejam fornecidos
com a rastreabilidade e a rotulagem adequados.
Como você estudou no início do curso, de acordo com a INC 02/2018, rastreabilidade é:
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Rastreabilidade
De acordo com Silva (2004 apud OLIVEIRA, 2021), conceitualmente, a rastreabilidade é dividida em
duas categorias, que é possível traduzir em dois processos:
• Tracing, (um passo à trás, rastrear, seguir o rastro) - busca obter as etapas e os processos que
foram adotados na produção, começando pelo lote do produto, até encontrar o histórico e a
sua origem.
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Lote
Sendo um conceito bastante amplo, o produtor tem a possibilidade de definir seus lotes usando
outros parâmetros, como a data de produção, a data de colheita, data da embalagem, o talhão ou
gleba onde o produto foi cultivado, entre outros parâmetros. O mais importante é que o lote de
um determinado produto, uma vez definido pelo produtor, permita que sejam acessados todos os
registros dos controles efetuados sobre aquele produto, que sejam aplicados os conceitos de tracking
e tracing, explicados anteriormente, ao longo de toda a cadeia produtiva.
Cadeia produtiva
Um dos entes da cadeia produtiva de hortícolas é o “consolidador”. Ele é responsável por receber
diferentes lotes de um mesmo produto e consolidá-los em um único lote, o “consolidador” também
tem importante responsabilidade na manutenção da rastreabilidade. Ele deve guardar os registros
de rastreabilidade de cada lote individual que compõe um lote consolidado, de maneira organizada,
de forma a permitir identificar todas as diferentes origens desse produto.
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3. ADOÇÃO DA RASTREABILIDADE
Você deve ter observado que o objetivo da rastreabilidade estabelecida pela INC 2/2018, está
bastante relacionada à segurança alimentar, à busca por informações importantes sobre o uso de
defensivos agrícolas, à possibilidade de investigação de não conformidades, ao levantamento de
informações sobre a falta de defensivos adequados a determinadas culturas, entre outros. Por isso,
a norma trouxe regras mínimas e bastante simples, possíveis de serem adotadas por todos os entes
das diferentes cadeias produtivas.
A partir dessas regras mínimas e aprimorando seus sistemas, o setor privado pode encontrar outras
vantagens com a adoção da rastreabilidade, especialmente, quanto a outros dois pontos:
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Controlar melhor esses pontos, com informações mais precisas permitidas por meio de uma
rastreabilidade mais detalhada, podem evitar gastos desnecessários e possibilitar ganhos expressivos.
Além disso, considerando a perecibilidade dos produtos hortícolas, a rastreabilidade permite aos
envolvidos determinar, com maior clareza, a responsabilidade sobre eventuais deteriorações dos
produtos ao longo da cadeia de produção, distribuição e comercialização.
Quando se quer incluir algum atributo de qualidade a um produto que o diferencie de um produto
concorrente, mas que seja difícil de medir, a rastreabilidade é uma ferramenta indispensável (GOLAN,
et al., 2004).
De acordo com Oliveira (2021), “quanto maior for a conscientização para a adoção da rastreabilidade,
melhor será a defesa agropecuária do setor produtivo de produtos hortícolas”.
Quem deve praticar a rastreabilidade e rotulagem a que se refere à norma? Quais são os órgãos
oficiais responsáveis pela fiscalização da aplicação da norma? De acordo com Parizzi (2020), cabe
a todos os elos da cadeia produtiva de produtos vegetais frescos, desde a origem até o consumo, a
adoção da rastreabilidade. Os atores envolvidos nesse processo são os entes das cadeias produtivas
responsáveis pelas seguintes etapas:
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Cada ente deve manter, no mínimo, registros das informações obrigatórias dispostas nos Anexos I
e II da Instrução Normativa Conjunta 02/2018 (https://bit.ly/3H8Xd16) e a nota fiscal ou documento
correspondente, de forma a garantir a identificação do ente, imediatamente, anterior e posterior da
cadeia produtiva e dos produtos vegetais frescos recebidos e expedidos. Além disso, os integrantes
das cadeias produtivas devem rotular os produtos vegetais frescos de forma a possibilitar o acesso,
pelas autoridades competentes, aos registros com as informações obrigatórias e documentais.
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Nem todos os produtos vegetais frescos estão obrigados de adotar a rastreabilidade. Assim sendo, a
norma da rastreabilidade está limitada tão somente aos produtos listados a seguir:
De acordo com Oliveira (2021), a legislação sobre rastreabilidade de frutas e hortaliças possibilita:
• diferenciar a mercadoria,
• melhorar a qualidade
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ANEXO I
ANEXO II
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• Receituário agronômico;
• Rotulagem adequada.
Em relação aos produtores primários, para alguns vegetais a norma já está valendo e, para outros,
ainda tem um prazo para ser aplicada, conforme informações a seguir:
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OBRIGAÇÃO EM VIGOR
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Conforme acima mencionado, os registros de campo podem ser realizados de diferentes maneiras.
As anotações manuais, por exemplo, se constituem em uma forma simples, pouco custosa e bastante
eficiente, podendo ser realizadas de maneira estruturada, em formato de planilhas, como no exemplo
a seguir:
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Assim como os registros de campo, deve haver um cuidado especial por parte de toda a cadeia
produtiva, em especial, dos produtores e consolidadores, quando do preenchimento das Notas Fiscais
de venda dos produtos. As Notas Fiscais também se constituem em documento complementar de
comprovação da rastreabilidade e, portanto, sugere-se que seu preenchimento, com informações
detalhadas sobre o produto e lote que se está comercializando, sejam descritas com clareza, conforme
sugerido abaixo:
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Agora que você estudou sobre as medidas e instrumentos para adoção da rastreabilidade, veja a
seguir como implantá-la. As informações apresentadas a seguir seguem o PROTOCOLO DE REGISTROS
PARA A RASTREABILIDADE (https://bit.ly/3D01z8D).
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Como resultado, inúmeras soluções de rastreabilidade têm sido propostas para participantes da
cadeia de suprimentos em níveis nacionais, regionais e globais.
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Isto requer uma visão holística da cadeia de abastecimento, que é alcançada por meio da implantação
de uma linguagem global dos negócios – o Sistema GS1. A sua aceitação universal a posiciona
para responder adequadamente às exigências de concepção e implementação de sistemas de
rastreabilidade.
Devido à sua habilidade de fornecer identificações únicas globalmente aceitas para itens comerciais,
ativos, unidades logísticas, localidades e repartições, o Sistema GS1 é muito adequado para ser
utilizado para rastreabilidade.
A GS1 possui o Padrão Global de Rastreabilidade (GTS), que a liga tecnologias facilitadoras e
ferramentas do Sistema GS1, e isso amplia a capacidade que ela tem de ajudar os consumidores,
empresas e governos em todo o mundo.
4.1.1.GS1 Brasil
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GS1 Brasil
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O Padrão de Rastreabilidade GS1 é uma descrição de alto nível do processo de rastreabilidade que
permite e promove a colaboração dentro da cadeia de suprimentos. Ao mesmo tempo, permite
que cada empresa projete seu próprio sistema de rastreabilidade em relação a escopo, precisão
e automação que melhor se adeque aos seus objetivos comerciais. Ao definir requisitos mínimos
compartilhados e mostrando qual ação é necessária entre parceiros comerciais, o Padrão de
Rastreabilidade GS1 permite máxima interoperabilidade entre sistemas de rastreabilidade através
de toda a cadeia de suprimentos, acomodando os requisitos legislativos específicos dos setores da
indústria.
Isso funciona como um padrão para todas as GS1 usarem como ponto de partida para identificar seus
requisitos únicos. Essa estrutura irá garantir uma abordagem e entendimento comum de princípios
chaves por empresas e governos ao redor do mundo.
Além disso, ter um processo de rastreabilidade baseada em padrões pode demonstrar que uma
organização atende a requisitos de responsabilidade corporativa.
Cada vez mais, a habilidade de rastrear materiais e produtos na cadeia de suprimentos tem se
tornado essencial ao fazer negócios. Um uso tradicional tem sido identificar e localizar alimentos ou
medicamentos não seguros ao consumidor para removê-los do comércio. Posteriormente, sistemas
de rastreabilidade foram usados para validar a presença ou falta de atributos importantes aos
consumidores (ex: alimentos orgânicos, cosméticos não alérgenos, etc.). A rastreabilidade também
tem se tornado uma ferramenta na luta contra pirataria de produtos e proteção de marcas. Mais
recentemente, a rastreabilidade de alimentos se tornou um requisito regulatório como forma de
proteção ao bioterrorismo.
A rastreabilidade pode tanto ser usada para esses objetivos como uma ferramenta para:
• gerenciamento de qualidade,
• gerenciamento de risco,
• gerenciamento de informações,
• fluxos logísticos,
• vantagem comercial e
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O Padrão GS1 de rastreabilidade define regras de negócios e requisitos mínimos a serem seguidos ao
se desenvolver e implementar um sistema de rastreabilidade. Eles estão agrupados ao redor de uma
matriz de funções e responsabilidades para cada passo do processo de rastreabilidade.
• Para estabelecer os objetivos da Rastreabilidade, cada ator deve considerar sua própria
estratégia, levando em consideração aspectos como: requisitos legais ou comerciais, requisitos
do mercado e do consumidor;
• Identifique quais etapas dentro desses processos de negócios são importantes do ponto de
vista da rastreabilidade;
• Estabelecer processos para definir e capturar todos os dados relevantes nessas etapas do
processo de negócio, o que permitirá o uso efetivo dos dados dentro e fora da organização;
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• A próxima etapa é analisar os processos de negócios em um nível de detalhe que seja suficiente
para entender os aspectos de rastreabilidade relacionados aos requisitos e objetivos de
informações;
• Com base na análise dos fluxos dos processos de negócios, ficará claro quais elementos exigirão
identificadores. A próxima etapa é determinar o nível correto e o formato de identificação de
cada um desses elementos;
Para compreender as funções necessárias de captura e de registo de dados, é melhor abordar como
um repositório de dados de rastreabilidade. Em alguns casos, o repositório será implementado
fisicamente; noutros casos, o repositório continuará a ser um conceito virtual que integra
dinamicamente várias fontes de dados, conforme necessário.
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• Captura de Dados;
• Armazenamento de Dados;
• Intercambio de Dados.
Serão necessárias funções específicas para detectar exceções e prevenir incidentes. Estes podem
variar desde consultas simples até à análise avançada de dados. Também serão necessárias funções
para gerir intervenções/questões.
Exemplos:
• Certificado expirado;
• Detecção de falsificações;
• Correção de falsificações.
4.4.1 Benefícios
• Utiliza uma linguagem comum, o Sistema GS1 de identificação e códigos de barras, assim como
o compartilhamento de dados via EPCIS, EDI, Blockchain e dados na nuvem.
• Os padrões GS1 são utilizados em mais de 150 países ao redor do mundo por uma larga maioria
de participantes das cadeias de suprimentos (ao todo, mais de 1 milhão de empresas usuárias
dos padrões GS1).
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• É focado nas interfaces de fluxo físico de materiais e produtos, estabelecendo uma relação
aberta e global entre os parceiros independentes;
• É flexível, reconhecendo que circunstâncias variam dentro e entre setores, e, assim, adaptáveis
a aplicações personalizadas;
• Não é um padrão para rastreabilidade interna, entretanto, demonstra as entradas e saídas que
devem estar conectadas pelo sistema de rastreabilidade interna;
• Não é uma lei ou regulamentação, entretanto, é projetado para ajudar a obedecer a quaisquer
futuras leis e regulamentações;
• Não é uma substituição para um provedor de solução, por exemplo, para suporte em formação
ou implementação, entretanto, identifica os tipos de informações e especificações principais
que um provedor de solução precisa considerar no desenvolvimento de um sistema de
gerenciamento de rastreabilidade;
• BRF (https://bit.ly/3oewVlr)
• Lucato (https://bit.ly/3qmYRpV)
• Carrefour/ABRAS (https://bit.ly/3C372Ki)
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Você irá acompanhar a seguir um caso fictício de registros realizados ao longo da cadeia produtiva
da melancia, dividido em três fases:
Em cada uma das fases você terá acesso aos documentos necessários para garantir o processo de
rastreabilidade e orientações sobre o registro e a guarda deles.
1. Elementos do caso
Informações iniciais:
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A seguir, veja uma sugestão de caderno de campo, contendo os itens indispensáveis para se iniciar
a rastreabilidade do produto e para se manter as informações obrigatórias referentes à condução da
cultura.
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• Croqui, com a descrição do caminho para se chegar à propriedade e identificação dos diferentes
talhões existentes;
• Datas em que foram realizadas as colheitas e o quanto foi colhido em cada dia.
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FASE 2 – COLHEITA
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ROTULAGEM DO PRODUTO
FASE 3 – CONSOLIDADOR
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A figura 23 mostra um exemplo hipotético do consolidador Posto das Melancias recebendo três
cargas de melancia, de origens diferentes. Sendo que uma das cargas recebidas pelo consolidador
seria aquela do produtor que formou o lote M1-23/01/2021, mencionado no início do caso, ou seja,
a carga do Sítio Nossa Senhora Aparecida, Jaboticabal – SP.
Observe que no caso do consolidador, os documentos que devem ser mantidos por esse ente
são: ROTULAGEM EM CADA FRUTA; NOTAS FISCAIS DE COMPRA (ENTRADA); Planilha de Controle
de Compra e Comercialização (ANEXOS I E II – Instrução Normativa Conjunta nº 02/2018); NOTAS
FISCAIS DE VENDA.
Figura 24: Modelo de rotulagem original Figura 25: Modelo de rotulagem modificada pelo consolidador
Fonte: Elaborado para o curso Fonte: Elaborado para o curso
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A Nota Fiscal, referente à venda do lote de melancia consolidado, também deve constar a informação
sobre e identificação desse lote de responsabilidade do consolidador, no item “descrição do produto”,
no caso, lote 24/01/2021, conforme o exemplo a seguir.
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Para fins de rastreabilidade, as informações constantes da Nota Fiscal, emitida pelo consolidador, se
complementariam com aquelas constantes das planilhas que vem na sequência: Planilha de Controle
de Compra e Planilha de Controle de Venda.
A planilha de controle de compra descreve a formação do lote 24/01/2021, que foi formado pelo
consolidador a partir das três cargas (três lotes), de origens diferentes, que formam o exemplo. Nessa
planilha, constam os detalhes da origem de cada um desses três lotes de melancia, como a razão
social dos produtores, os respectivos CNPJs, o número de lote de origem de cada carga, endereço de
cada uma das três propriedades e o número da Nota Fiscal de Compra.
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Com base nos elementos do caso, é possível fazer um exercício de rastreabilidade: a partir de uma
melancia encontrada no estabelecimento fictício “Supervarejão Verdurão”, no dia 25/01/2021.
De acordo com a INC 02/2018, esse estabelecimento deve apresentar às autoridades o nome
do produtor ou da unidade de consolidação. Nesse caso, a Nota Fiscal Fictícia nº 1.297 seria
apresentada, demonstrando que o produto tem como origem o consolidador “Posto das Melancias”.
Complementarmente, seria possível confirmar tal informação dessa origem e do número de lote com
as informações constantes do rótulo do produto, os quais devem ser correspondentes.
Na planilha de controle de compra, é possível verificar que uma das origens é a propriedade“Sítio Nossa
Senhora Aparecida”. A partir do número da Nota Fiscal de compra desse produto e do número de lote,
seria possível ir até essa propriedade, confirmar tais informações e solicitar ao produtor responsável o
caderno de campo referente ao lote M1-23/01/2021. Seguindo o exemplo, seriam encontradas nesse
caderno de campo as informações sobre todos os tratos culturais e insumos utilizados nesse lote.
Assim, considerando que os outros dois estabelecimentos produtores que venderam melancias ao
consolidador “Posto das Melancias” que formaram o lote consolidado 24/01/2021 também possuem
os controles a exemplo do que foi apresentado para o “Sítio Nossa Senhora Aparecida”, seria possível
afirmar, neste caso, que a rastreabilidade estaria completa, pois seria possível chegar à informação
sobre todos os tratos culturais e insumos utilizados nas melancias do lote 24/01/2021 encontrado no
Supervarejão Verdurão.
É importante destacar que os documentos descritos nesse estudo de caso são aqueles necessários
ao cumprimento da INC 02/2018. Os entes das cadeias produtivas devem se atentar para outros
documentos que porventura, devem ser emitidos com vistas ao cumprimento de outras normas,
sejam elas municipais, estaduais ou federais, os quais não serão detalhados nesse treinamento.
Deve-se frisar também que o exemplo do estudo de caso acima apresentado, qual seja, a cadeia
produtiva da melancia, foi escolhido por trazer desafios importantes a serem tratados na discussão
da rastreabilidade, especialmente, por ser um produto cuja comercialização ocorre quase sempre
“a granel”. Essa modalidade de comercialização e de transporte demanda um esforço maior de
criatividade quanto às possibilidades de identificação de lotes de diferentes origens, o que demanda
maior atenção. A rotulagem fruta a fruta foi apresentada como alternativa para se resolver essa
questão.
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Por outro lado, deve-se lembrar de que boa parte dos produtos hortícolas são comercializados
embalados, ensacados, ou com algum outro tipo de envoltório. Nesse caso, a rotulagem, contendo
todas as informações obrigatórias, pode ser colocada sobre a própria embalagem (envoltório) do
produto.
A rotina de se manter registros no campo, a respeito dos controles efetuados (caderneta de campo),
rastreabilidade e rotulagem são necessárias para atendimento à legislação. Além disso, esses registros
são necessários para um adequado planejamento e gerenciamento da propriedade rural. É uma
mudança de paradigma/cultura necessária.
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6. FECHANDO O MÓDULO
De acordo com Oliveira (2020), a rastreabilidade é uma ferramenta de vantagem competitiva no
comércio de produtos hortícolas.
Para o autor, a plena adoção da rastreabilidade pelo setor hortícola e o consequente aperfeiçoamento
do sistema de registros, acompanhamento e rastreio das informações relacionadas com a produção
e comercialização desses produtos estimula a adoção das melhores práticas e é um fator que
seguramente promove maior confiabilidade e eficiência dos sistemas de controle, fiscalizando os
riscos associados à desinformação.
Outro aspecto que não se pode deixar à margem e que pode se constituir em ameaça é a existência
de um volume expressivo de produtos hortícolas em nível global que dispõem de rastreabilidade
completa, além de outras certificações da qualidade. Esses produtos podem ser importados a
qualquer tempo, acessando o mercado em condições de superioridade frente aos produtos nacionais.
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REFERÊNCIAS
BRASIL. Ministério da Saúde. Instrução Normativa Conjunta – INC Nº 2, de 7 de fevereiro de
2018. Disponível em: <https://www.in.gov.br/materia/-/asset_publisher/Kujrw0TZC2Mb/
content/id/2915263/do1-2018-02-08-instrucao-normativa-conjunta-inc-n-2-de-7-de-fevereiro-
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BRASIL. Casa Civil. Decreto nº 6268, de 22 de novembro de 2007. Disponível em: <http://www.planalto.
gov.br/ccivil_03/_ato2007-2010/2007/decreto/d6268.htm>. Acesso em: Acesso em: 12 maio. 2021.
GOLAN, E. et al. (2004). Traceability in the U.S. Food Supply: Economic Theory and Industry Studies.
United States Department of Agriculture– USDA. Agricultural economic report; nº 830. Disponível
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GS1BRASIL. Prêmio automação 2018| Legado das águas. Disponível em: <https://www.youtube.com/
watch?v=ZuRVV9zxcDs>. Acesso em: 22 jun. 2021.
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