Distribuição de Energia Elétrica

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Distribuição de energia elétrica:

Conceito, principais componentes, proteção e operação.

ÍNDICE

1. Introdução, 1

2. Redes de Distribuição, 2
2.1 Sistema de Subtransmissão, 4
2.2 Equipamentos de uma Subestação, 6

3. SISTEMA DE PROTEÇÃO, 12
3.1 Sensibilidade, 13
3.2 Rapidez e Velocidade, 13
3.3 Relés e o sistema de proteção, 14
3.4 Confiabilidade, 14
3.5 Custo, 14
3.6 Coordenação de Dispositivos de Proteção de sobrecorrente, 15

4. Operação de Redes de Distribuição, 15


4.1 Sistema Digital de Automação, 16
1. Introdução

Os sistemas elétricos de potência são normalmente divididos em seguimentos


como: geração, transmissão, distribuição, utilização e comercialização. A oferta de
energia elétrica aos usuários é feita por meio de prestação de serviço público que
concede o direito à exploração às instituições privadas ou governamentais. As empresas
que prestam serviço público de energia elétrica o fazem por meio da concessão ou
permissão concedidos pelo poder público.

Na etapa de geração de energia elétrica uma tensão alternada senoidal é


produzida. Esta tensão possui baixa frequência e amplitude que varia de acordo com
nível de tensão exigido no atendimento do consumidor final. Esses níveis de tensão são
classificados como baixa (BT), média (MT) e alta tensão (AT). Ao longo do sistema de
potência a frequência da onda senoidal gerada não altera, entretanto, sua amplitude é
elevada e rebaixada a medida que passa pelos transformadores existentes ao longo do
processo. Ao final deste processo encontram-se os consumidores finais que se conectam
ao sistema e recebem o produto e o serviço de energia elétrica.

As redes de transmissão conectam os centros geradores aos grandes centros de


consumo. Normalmente apenas poucos consumidores (com alto grau de consumo)
conectam-se às redes de transmissão que normalmente são constituídas de linhas áreas.
As redes de transmissão necessitam de alto grau de segurança e monitoramento pois
uma falta neste nível do sistema provocam interrupção de fornecimento à um grande
número de consumidores. O nível de tensão na da transmissão varia de acordo com o
país, mas normalmente se situa entre 220 kV a 765 kV.
A rede de subtransmissão recebe energia da rede de transmissão com objetivo de
transportar energia elétrica a pequenas cidades ou importantes consumidores industriais.
O nível de tensão está entre 35 kV e 160 kV e em geral, essas redes possuem arranjo em
anel para aumentar a segurança do sistema. A estrutura das redes de subtransmissão é
composto por linhas áreas ou cabos subterrâneos nas proximidades de grandes centros
urbanos.

As redes de distribuição alimentam consumidores industriais de médio e


pequeno porte, consumidores comerciais e de serviços e consumidores residenciais.

2. Redes de Distribuição

Conforme visto anteriormente, o sistema de distribuição de energia elétrica é


parte do SEP situado entre o sistema de transmissão e a entrada de energia dos
consumidores. O sistema de distribuição brasileiro é regulado pela ANEEL e pelos
Procedimentos de Distribuição (PRODIST). O PRODIST visa dar suporte aos
envolvidos no processo de distribuição de energia: consumidores, produtores,
distribuidoras, importadoras e exportadoras de energia elétrica, estabelecendo formas,
responsabilidades e penalidades no que se refere à: conexão, planejamento da expansão,
operação, medição e indicadores de qualidade.

De acordo com os Procedimentos de Distribuição (PRODIST) os níveis de


tensão de distribuição são classificados como:

 AT de Distribuição: tensão entre fases cujo valor eficaz é igual ou


superior a 69 kV e inferior a 230 kV.
 MT de Distribuição: tensão entre fases cujo valor eficaz é igual ou
superior a 1 kV e inferior a 69 kV.
 BT de Distribuição: tensão ente fases cujo valor eficaz é igual ou
inferior a 1 kV.

De acordo com resolução 456/2000 da ANEEL e Módulo 3 da PRODIST, o


nível de tensão de fornecimento ao consumidor final é determinado pela potência
instalada:
 Tensão secundária de distribuição inferior a 2,3 kV: quando a carga
instalada na unidade consumidora for igual ou inferior a 75 kW;
 Tensão secundária de distribuição inferior a 69 kV: quando a carga
instalada na unidade consumidora for maior que 75 kW e a demanda estipulada ou
contratada for igual ou inferior a 2500 kW.
 Tensão secundária de distribuição igual ou superior a 69 kV: quando
a demanda contratada ou estipulada pelo consumidor final for maior que 2500 kW.

As tensões de conexão padronizadas para AT e MT são: 138 kV (AT),


69 kV (AT), 34,5 kV (MT) e 13,8 kV (MT). O setor terciário tais como hospitais,
edifícios comerciais, pequenas industrias, etc são os principais consumidores MT.

Os consumidores atendidos pela rede BT estão no final da estrutura do sistema


de potência. Um grande número de consumidores no setor residencial é atendido pelas
redes BT.

O sistema de distribuição pode ser dividido em componentes, são eles:

 Sistema de Subtransmissão;
 Subestação de Distribuição;
 Sistema de Distribuição Primário (alimentadores de distribuição);
 Transformadores de Distribuição;
 Sistema de Distribuição Secundário;
 Ramais de Ligação.
2.1 Sistema de Subtransmissão

O Sistema de Subtransmissão (tensão entregue pelas empresas elétricas de


transmissão às distribuidoras de energia) é parte do sistema de transmissão que se situa
entre os sistemas de transmissão e as subestações de distribuição. Os níveis usuais de
tensão são entre 69 kV a 138 kV, com capacidade de transporte de algumas dezenas de
MW. Os principais consumidores em nível de subtransmissão são as grandes instalações
industriais, estações de tratamento e bombeamento de água. As topologias mais
utilizadas na subtransmissão são:

 Radial (Mais simples e menos onerosa, porém provém o fornecimento


menos confiável);
 Radial com recurso;
 Anel (loop);
 Reticulado (Grid ou network).

2.2 Subestações

De acordo com o PRODIST, subestações são o conjunto de instalações em AT


ou MT que agrupa equipamentos, condutores e acessórios, destinados à proteção,
medição, manobra e transformação de grandezas elétricas.

As subestações (SE’s) são pontos de convergência, entrada e saída, de linhas de


transmissão ou distribuição. Normalmente constituem uma interface entre os dois
sistemas. Na Tabela I, identifica-se a classificação das SE’s.

Subestações Classificação Descrição


FUNÇÃO SE de Permite manobrar o sistema, inserindo-as ou
Manobra retirando-as de serviço em um mesmo nível de tensão
SE de Localizadas na saída das usinas geradoras. Elevam a
Transformação tensão para os níveis de transmissão e subtransmissão
Elevadora (transporte econômico da energia)
SE de Localizadas nas periferias das cidades. Diminuem os
Transformação níveis de tensão evitando inconvenientes para a
população como: rádio interferência, campos
Abaixadora magnéticos intensos e faixas de passagem muito
largas.
Diminuem a tensão para o nível de distribuição
SE de
primária (13,8 kV – 34,5 kV). Podem pertencer as
Distribuição
concessionárias ou a grandes grupos consumidores.
SE de Regula a tensão através do emprego de equipamentos
Regulação de de compensação tais como reatores, capacitores,
Tensão compensadores estáticos, etc.
Associadas a sistemas de transmissão CC (SE
SE Conversora
Retificadora e SE Inversora)
SE de Alta
Tensão nominal abaixo de 230 kV.
Nível de Tensão
tensão SE de Extra
Tensão nominal acima de 230 kV.
Alta Tensão
SE Construída ao céu aberto, em locais amplos ao ar
Desabrigada livre
Tipo de SE Abrigada Construída em locais interiores abrigados
Instalação Construídas em locais abrigados. Seus equipamentos
SE Blindada são completamente protegidos e isolados em óleo ou
gás (ar comprimido ou SF6)
Exigem alto nível de treinamento de pessoal. Uso de
Com operador computadores de supervisão e operação local só se
justifica em instalações de maior porte.
Possuem computadores locais e intertravamentos
Forma de Semi-
eletromecânicos que impedem operações indevidas
Operação automáticas
por parte do operador local.
São supervisionadas a distância por intermédio de
Automatizadas computadores e SCADA (Supervisory Control and
Data Acquisition)

2.2.1 Equipamentos de uma Subestação

São vários os equipamentos existentes em uma SE, tais como:


 Barramentos: condutores reforçados, geralmente sólidos e de
impedância desprezível que servem como centros comuns de coleta e redistribuição de
corrente. Possuem arranjos (formas de se conectarem entre si as linhas, transformadores
e cargas) que variam de acordo com o projeto da subestação. O Projeto deve levar em
consideração: manutenibilidade, disponibilidade, operacionabilidade e custo. A Tabela
abaixo apresenta um resumo dos principais arranjos de barramento e suas
características.

Características Vantagens Desvantagens


BARRAMENTO SIMPLES
Existe apenas 1 disjuntor - Mais Simples, fácil -Baixa confiabilidade;
manobrando o circuito e 1 de operar e menos - Falha ou manutenção do
barra (AT ou MT). Todos os oneroso. barramento resulta em
circuitos conectam-se na desligamento da SE.
mesma barra. Utilizado apenas - Falha ou manutenção nos
em SE’s de baixa potência dispositivos do sistema
onde são admissíveis cortes de requerem a desenergização
fornecimento. das linhas ligadas a ele;
- Manutenção no disjuntor
interrompe totalmente o
fornecimento de energia para
os consumidores.
DUPLO BARRAMENTO SIMPLES
- Indicado para instalações - Flexibilidade de - Custo mais elevado;
consumidoras que requerem conexão de circuitos Falha no disjuntor da linha ou
alta confiabilidade para cargas para a outra barra; no barramento a ele ligado
essenciais (hospitais, hotel e - Qualquer disjuntor implica em perda de cargas
muitos tipos de indústrias); pode ser retirado de não-prioritárias devido à
- Aceitam desligamentos serviço para presença do disjuntor de
rotineiros para cargas não- manutenção; intertravamento.
essenciais. - Fácil recomposição.
BARRAMENTO SIMPLES SECCIONADO
- Acréscimo de um disjuntor de - Maior continuidade - A manutenção de um
barra ou de seccionamento para no fornecimento. disjuntor deixa fora de
evitar que uma falha provoque - Maior facilidade de serviço a linha
a completa paralização do execução dos serviços correspondente;
sistema. de manutenção; - Esquema de proteção mais
- Flexibilidade para manobras - Em caso de falha na complexo.
no ato da manutenção; barra, somente são
- Arranjo indicado para desligados os
funcionar com duas ou mais consumidores ligados
fontes de energia à seção afetada.
BARRAMENTO PRINCIPAL E DE TRANSFERÊNCIA
- O barramento principal da - Qualquer disjuntor - Requer disjuntor extra para
subestação é ligado a um pode ser retirado de conexão com outra barra;
barramento auxiliar através de serviço para - Falha no barramento
um disjuntor de transferência. manutenção. principal provoca
A finalidade do disjuntor de desligamento da SE;
transferência é garantir a - As manobras são
proteção do vão (entrada ou relativamente complicadas
saída da linha) quando o quando se deseja colocar um
equipamento de disjunção disjuntor em manutenção.
principal (disjuntor ou
religador) associado a esse vão
é retirado de serviço para
manutenção.
BARRAMENTO DUPLO COM UM DISJUNTOR
Arranjo para instalações de - Flexibilidade com - Requer disjuntor extra de
grande importância e porte, já ambas barras em transferência para conexão
que a manutenção é feita sem operação; com outra barra;
perdas de circuitos de linha de - Qualquer das barras - São necessários 4 chaves
saída. Cada linha pode ser pode ser isolada para por circuito;
conectada a qualquer barra. manutenção; - Falha no disjuntor de
- Facilidade de transferência pode colocar a
transferência dos subestação fora de serviço.
circuitos de uma barra
para a outra com o
uso de um único
circuito disjuntor de
transferência e
manobras com
chaves.
BARRAMENTO DUPLO COM DISJUNTOR DUPLO
- Aplica-se em instalações de - Arranjo mais - Alto custo.
grande potência; completo;
- Tem alta confiabilidade - maior flexibilidade;
garantindo a continuidade de - Maior
fornecimento; confiabilidade;
- Utilizado em subestações de Qualquer uma das
EHV. barras pode ser
retirada de serviço a
qualquer tempo para
manutenção.
BARRAMENTO DE DISJUNTOR E MEIO
- Solução tradicional utilizada - Maior flexibilidade - Demasiado número de
em subestações de transmissão; e manobra; operações envolvidas no ato
- Equivalente ao barramento - Rápida de chaveamento e
duplo anterior com uma recomposição; religamento dos
importante simplificação; Falha em um dos equipamentos envolvidos.
- Utilização de disjuntor e meio barramentos não
para cada entrada e saída, ao retira os circuitos de
contrário de dois disjuntores serviço.
por circuito no arranjo anterior;
- Mais econômico e tem
praticamente a mesma
confiabilidade;
- É mais utilizado no Brasil nos
sistemas de 500 kV e 765 kV.
BARRAMENTO EM ANEL
Barramento que forma um - Flexibilidade na - Se uma falta ocorre durante
circuito fechado por meio de manutenção dos a manutenção de um disjuntor
dispositivos de manobras. Este disjuntores; o anel pode ser separado em
esquema também secciona o - Necessita apenas de duas seções;
barramento, com menos um um disjuntor por - Religamento automático e
disjuntor, se comparado à circuito; circuitos de proteção são
configuração de barramento - Não utiliza conceito relativamente complexos.
simples seccionado. de barra principal;
- Grande
confiabilidade

 Linhas e alimentadores;
 Equipamentos de disjunção:
o Disjuntores: Dispositivos de proteção e manobra que permite a
abertura e fechamento do circuito em qualquer condição de operação (normal ou
anormal, manual ou automático). Esses dispositivos são dimensionados para suportar
correntes de carga e correntes de curto-circuito nominal. Os principais dados de placa
desses equipamentos são a tensão, frequência e corrente nominais, a capacidade de
interrupção em curto-circuito simétrico e o tempo de interrupção em ciclos. Em resumo,
a operação automática em condição de anormalidade do sistema funciona de acordo
com a seguinte sequência: o TC “lê” a corrente anormal na linha protegida, passa a
informação para o relé, que fecha seu contato enviando a informação para o disjuntor
abrir o circuito. Os principais tipos de disjuntores são: a sopro magnético, a óleo, a
vácuo, a ar comprimido e a SF6
o Religadores: os religadores são dispositivos auto-controlados
com capacidade para detectar condições de sobrecorrente, interromper o circuito se a
sobrecorrente persistir por um tempo predeterminado estabelecido pela curva ixt do relé,
religar automaticamente re-energizando a linha, bloquear o circuito depois de completar
a sequência de operação para o qual foi programado. Como o próprio nome sugere, o
religador religa automaticamente após sua abertura, recuperando o sistema de
perturbações momentâneas. Os religadores foram equipamentos importantíssimos para
as distribuidoras no que concerne ao tempo de disponibilidade do sistema, além disso
ainda protege os fusíveis contra queima.
o Chaves: Pode-se separar as chaves em três categorias: chaves
seccionadoras automáticas, elétricas e de aterramento. As chaves seccionadoras
automáticas operam automaticamente em conjunto com religadores ou disjuntor
comandado por relé de sobrecorrente. O seccionador automático não interrompe a
corrente de defeito, mas abre seus contatos quando o circuito é desenergizado pelo
religador ou disjuntor. Esses seccionadores “contam” a quantidade de vezes que é
aberto, a depender da quantidade de abertura realizada ele abre o circuito
permanentemente. As chaves elétricas são dispositivos de manobra destinados a
estabelecer ou interromper a corrente em um circuito elétrico. Elas possuem um contato
móvel e um fixo e podem operar em carga ou não. As chaves elétricas podem ser
abertas ou fechadas por bastão de manobra ou remotamente, se acionadas por motor. As
chaves de aterramento garantem a segurança em intervenções quando há desenergização
da linha, protegendo a área desnergizada de induções, descargas atmosféricas ou
energização acidental. As chaves de aterramento são operadas apenas quando há
desenergização da linha.
 Equipamentos de transformação: TP’s, TC’, transformadores de
potencial e corrente e transformador de serviço;
 Equipamentos de proteção:
o Relés (primário, retaguarda e auxiliar): Os relés são dispositivos
responsáveis pelo monitoramento e gerenciamento das grandezas elétricas em um
determinado circuito. Os relés executam ações de controle sobre os dispositivos de
disjunção a partir de comparações entre dados pré-programados no mesmo. Suas
“ações” visam proteger pessoas e equipamentos. O sistema de proteção não é composto
apenas por relés, mas por um conjunto de subsistemas integrados que interagem entre si
com o objetivo de produzir a melhor atuação sobre o sistema. Os subsistemas são
basicamente compostos por relés, disjuntores, transformadores de instrumentação e pelo
sistema de suprimento de energia.
o Fusíveis: é o mais básico elemento de proteção contra
sobrecorrentes devido ao seu custo ser relativamente barato e isento de manutenções. Os
fusíveis são largamente utilizados em concessionárias de distribuição para proteger
ramais de alimentadores laterais e transformadores. Eles protegem contra faltas
permanentes isolando o defeito. Os fusíveis podem ter efeito rápido ou retardado. Os
fusíveis de efeito retardado são aplicados em partidas de motores por exemplo, pois
neste caso, os fusíveis devem suportar a corrente de partida dos motores. Os fusíveis de
sistemas de potência são montados em chaves de contato fixos e móveis além do elo
fusível que protege o circuito contra corrente de falta. A curva t x i do fusível define a
faixa de operação dos mesmos.
o Para-raios: em geral são instalados nas entradas e saídas das
linhas e nas extremidades de algumas barras de média tensão. Também são localizados
nas entradas dos transformadores de distribuição. São utilizados para proteger o sistema
contra sobretensões provenientes de chaveamento e descargas atmosféricas. Para-raios e
supressores de surtos são utilizados para proteção de equipamentos contra sobretensões.
o Malha de terra: reticulado de cabos horizontalmente enterrados
interligados por juntas mecânicas ou soldadas e hastes cravadas verticalmente. O
aterramento deve ser baixa resistência elétrica atendendo aos equipamentos como uma
referência “zero” de tensão. Dessa forma a malha de aterramento visa “escoar”
correntes anormais para o solo mantendo as diferenças de potêncial de passa e toque em
níveis seguros para quem estiver dentro da região da SE.
 Equipamentos de compensação: reatores, capacitores, compensadores
síncronos, compensadores estáticos.

As subestações são compostas por conjuntos de elementos agrupados em bays,


ou seja, vãos que permitem separar a SE em módulos. Comumente as SE’s de
distribuição são dividas nos seguintes vãos: entrada de linha (EL), saída de linha (SL),
barramentos de alta e média tensão (B1 e B2), vão de regulação (ou banco de
capacitores - BC), vão de transformação (TR) e saída de alimentador (AL).

É importante que cada bay, ou vão, tenham dispositivos de proteção e


equipamentos de disjunção para limitar os impactos proporcionados por descargas
atmosféricas, curto-circuito, falhas de equipamentos, etc. A Figura abaixo apresenta um
diagrama simplificado de uma típica SE de distribuição.
Em subestações, outro importante componente são os serviços auxiliares, que
permitem uma operação adequada e contínua da SE. Os serviços auxiliares são do tipo
CA (casa de comando, iluminação, tomadas de pátio, retificador) e CC (relés, funcionais
dos equipamentos, motores dos equipamentos e iluminação de emergência).

De forma geral, as principais funções de uma subestação são: monitoração dos


equipamentos, medição, proteção (linha, transformadores, barra, reator, sincronismo,
etc), religamento automático, fluxo de reativos, monitoração de carga em
transformadores, sincronização, corte seletivo de cargas, interface com centros de
operação, interface homem-máquina, proteção de falha de disjuntor, intertravamentos,
controle de tensão, etc).

3. SISTEMA DE PROTEÇÃO

A função de um esquema de proteção em um sistema elétrico de potência é


detectar falta e isolar a área afetada no menor tempo possível, de forma confiável e com
mínima interrupção possível. Os objetivos de um sistema de proteção são: segurança
pessoal e dos equipamentos, isolar a parte afetada por distúrbios elétricos do restante do
sistema e assegurar a continuidade de fornecimento. As propriedades que descrevem as
características funcionais de um sistema de proteção são: seletividade, rapidez e
velocidade, sensibilidade, confiabilidade e custo.

3.1 Seletividade

A seletividade determina a coordenação da proteção e característica principal é


desconectar do sistema apenas o local atingido por algum tipo de defeito. A seletividade
é a principal condição para assegurar ao consumidor um serviço seguro e contínuo, já
que por seletividade, desconecta-se a menor porção possível do sistema elétrico.

Premissas da seletividade:

 Solicitação de todas as proteções situadas entre a fonte e o ponto de


defeito;
 Solicitação das proteções que se encontram do ponto de defeito em
diante;
 Somente a proteção mais próxima ao ponto de defeito deve atuar:
o Isolando completamente o componente defeituoso;
o Desligando a menor porção do sistema elétrico.

3.2 Rapidez e Velocidade

Capacidade de resposta do sistema de proteção dentro do menor tempo possível


de modo a assegurar a continuidade do suprimento e a manutenção de condições
normais de operação nas partes não afetadas do sistema, auxiliar na manutenção da
estabilidade do sistema pela remoção do distúrbio antes que este se espalhe e conduza a
uma perda de sincronismo e evitar ou diminuir a extensão dos danos no sistema dado
que a energia liberada durante uma falta é proporcional ao quadrado da correte e à
duração da falta (R.I2.t).

Quanto menor o tempo de permanência da falta, maior poderá ser o


carregamento do sistema.

3.3 Sensibilidade

É a capacidade do sistema de proteção de identificar uma condição anormal que


excede um valor limite ou de pick-up (valor determinado para o relé operar) para a qual
inicia uma ação de proteção quando as quantidades sentidas excedem o valor limite. A
sensibilidade refere-se ao nível mínimo de operação - corrente, tensão, potência, etc. -
de relés ou de esquemas de proteção. É a capacidade de resposta dentro de uma faixa
esperada de ajuste, ou seja, é a capacidade da proteção responder às anormalidades nas
condições de operação, e aos curtos-circuitos para os quais foi projetada.

 Fs: Fator de sensibilidade da proteção;


 Isc,min: Valor de corrente de curto-circuito no extrema mais
I sc ,min afastado da falta;
F s=
I pick −up  Ipick-up: Valor mínimo de corrente especificada no relé, que
sensibiliza a proteção causando o início da operação em
relés eletrônicos e digitais.
O relé ou esquema de proteção é considerado sensível se os parâmetros de
operação são baixos, o que resulta em Fs alto. A sensibilidade deve ser tal que a
proteção perceba um curto-circuito que ocorra na extremidade do circuito mesmo que o
defeito seja de pequena intensidade.
3.4 Confiabilidade

Probabilidade de um componente, equipamento ou sistema funcionar


corretamente quando sua atuação for requerida. Basicamente confiabilidade se refere à
certeza do relé operar na presença de uma falta dentro da zona de operação para garantir
proteção, indicando portanto, o grau de certeza de não omissão de disparo.

Para que um sistema de proteção seja seguro, a proteção nunca deve falhar ou
realizar uma operação falsa.

3.5 Custo

Refere-se à condição de máxima proteção com o menor custo possível. Não


pode-se desprezar que falhas no sistema de proteção podem acarretar custos bem
superiores aos da implantação e configuração do sistema de proteção em si.

3.6 Relés e o sistema de proteção

Os relés têm as suas funções de proteção identificadas por números, de acordo


com as normas IEEE, ANSI e IEC. A filosofia geral de aplicação de relés em uma
subestação é dividir o sistema elétrico em zonas separadas, que podem ser protegidas e
desconectadas individualmente na ocorrência de uma falta, para permitir ao resto do
sistema continuar em serviço se possível.

A lógica de operação do sistema de proteção divide o sistema de potência em


várias zonas de proteção, cada um requerendo seu próprio grupo de relés. Alguns relés
operam somente para faltas dentro de sua zona de proteção principal, porém, existem
relés que são capazes de detectar faltas dentro de uma zona particular e também fora
dela, usualmente em zonas adjacentes, podendo ser usados como proteção de retaguarda
da proteção principal.

3.7 Coordenação de Dispositivos de Proteção de sobrecorrente

A seletividade determina a coordenação da proteção. A coordenação da proteção


é o relacionamento adequado entre as características e os tempos de operação dos
dispositivos de proteção de um sistema ou parte de um sistema elétrico, ou de um
equipamento elétrico de forma a garantir a seletividade.
O princípio básico de proteção é a técnica de selecionar, coordenar, ajustar e
aplicar os vários equipamentos e dispositivos protetores a um sistema elétrico, de forma
a guardar entre si uma determinada relação, tal que uma anormalidade no sistema possa
se isolada, sem que outras partes do mesmo sejam afetadas.

A coordenação é o ato ou efeito de dispor dois ou mais dispositivos de proteção


em série, segundo certa ordem, de forma a atuarem em uma sequência de operação pré-
estabelecida.

4. Operação de Redes de Distribuição

As redes de distribuição usam duas topologias básicas:

 Rede Radial também denominada de tipo antena. O princípio de operação


é baseado em uma única fonte de suprimento. Isto significa que todas as unidades
consumidoras são alimentadas a partir de um único alimentador. Esse arranjo é
particularmente usado para distribuição em MT em áreas rurais. Essa configuração
possibilita um suprimento de baixo custo para unidades consumidoras de baixa
densidade de carga com grande dispersão geográfica. A configuração radial é
normalmente usada em sistemas de distribuição aérea.
 Rede em Anel Aberto. Nesta configuração são usadas várias linhas de
alimentação. Isto significa que dois possíveis caminhos elétricos podem suprir qualquer
unidade consumidora, cada caminho é ativado a qualquer tempo, e a alimentação de
retaguarda é dada pelo uso de outro anel. Esta configuração é em geral empregada em
sistemas de distribuição subterrânea e em áreas urbanas densamente populosas.

4.1 Sistema Digital de Automação

Tradicionalmente as subestações eram protegidas através de relés


eletromecânicos e eletrônicos. Com o avanço tecnológico na área de TIC (Tecnologia
de Informática e Comunicação), as empresas de energia elétrica, ao longo do tempo,
foram implantando sistemas de aquisição de dados, supervisão e controle
(SCADA/EMS) nos centros de operação de sistemas. Inicialmente as Unidades
Terminais Remotas (UTR), localizadas nas subestações, realizaram a interface entre o
sistema SCADA do COS e os relés eletromecânicos e/ou eletrônicos; disjuntores e
secionadores. Com a redução dos custos da tecnologia microprocessada e a
consolidação no mercado dos relés digitais multifunção, baseados em microprocessador,
surgiram os sistemas digitais para automação de subestação (SDA). Na Figura abaixo é
apresentado um diagrama de bloco simplificado de um DAS para uma subestação com
os respectivos níveis funcionais.

Figura. Diagrama de Bloco da Hierarquia Funcional de um SDA para SE.

Os SDAs, conforme apresentado na Figura 4.52, são compostos de três níveis


funcionais:
 Nível 0: corresponde ao processo – vãos, disjuntores e secionadores;
 Nível 1: constituído das unidades de controle de posição (UCPs) - relés,
intertravamentos e automatismos locais;
 Nível 2: composto da unidade de controle de subestação (UCS), sistema
SCADA e comunicação com o Nível 1 (UCPs) e o
 Nível 3: (SCADA do Centro de Operação do Sistema – COS).
Uma das funções do sistema SCADA é receber informações de mudanças de
estados do sistema elétrico e de falhas e atuações de equipamentos e dispositivos de
proteção e controle da subestação, tais como atuação das funções de proteção, estado
dos disjuntores, falhas de relés e disjuntores, etc. A partir das informações recebidas, os
operadores realizam os diagnósticos das ocorrências no sistema elétrico.
As atribuições reguladas pelo Prodist para os Centros de Operação são:
 Coordenar e executar o processo de programação de intervenções em
instalações do sistema de distribuição e de instalações doa acessantes que interferem no
sistema de distribuição.
 Receber ou enviar aos acessantes e aos agentes de transmissão as
solicitações de intervenções.
 Analisar, otimizar, aprovar e, se necessário, cancelar as solicitações de
intervenções.
 Realizar ou solicitar análises e estudos sempre que se fizerem necessários
para verificar impactos ou interferências de uma ou mais intervenções no sistema de
distribuição, visando sempre medidas preventivas para garantir a qualidade e a
continuidade do fornecimento de energia elétrica.
 Manter atualizada a base de dados do sistema de distribuição sob sua
supervisão, incluindo diagramas de operação, limites operativos de equipamentos,
estudos operativos, estudos de proteção, dentre outros.
 Convocar, quando necessário, os solicitantes de intervenções para
participar de sua programação.
 Caracterizar se as intervenções são de emergência ou de urgência, nos
casos de intervenções não programadas.

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