Gravemente Enfermo 2
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ALTERAÇÕES METABÓLICAS
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Iara Gumbrevicius
seõçatona reV
Fonte: Shutterstock.
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Como você já sabe, Lara está estagiando no hospital e tem trabalhado com
avaliação dos pacientes da UTI. Dando continuidade ao seu trabalho, após avaliar o
estado nutricional dos dois pacientes e discutir sobre o assunto com a nutricionista
responsável pela clínica, Lara verificou que ambos estavam desnutridos. A
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nutricionista Rafaela solicitou à estagiária um breve relatório que abordasse os
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possíveis motivos da desnutrição nesses pacientes, assim como suas
consequências. Para elaboração desse material, Lara terá que contemplar os
seguintes tópicos:
CONCEITO-CHAVE
Entende-se por falência nutricional o processo que ocorre em todos os sistemas e
órgãos e leva o paciente gravemente enfermo à desnutrição. O conceito de falência
nutricional, segundo Rosenfeld (2014, p.1), “segue o mesmo princípio de outras
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O estado inflamatório (agudo e crônico), desencadeado pela doença de base e
inanição, são os grandes responsáveis pela falência nutricional. A inflamação gera
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altas demandas nutricionais e este tipo de agressão é proporcional à intensidade
da proteólise, ou seja, a inflamação é determinante no processo de falência
nutricional. A inanição, por sua vez, facilita as complicações clínicas, pois, além das
demandas nutricionais estarem aumentadas, não há oferta de nutrientes para que
o organismo consiga reverter o quadro clínico. Inicialmente, a terapia nutricional é
contraindicada, pois esses pacientes se apresentam em condições de baixa
perfusão, ou seja, com menor transporte e consumo de oxigênio, portanto não há
como promover a oxidação dos nutrientes, o que contribui para um maior déficit
nutricional. O objetivo, nessa fase, é melhorar a condição hemodinâmica e, assim
que esta condição é restabelecida, inicia-se a utilização de substratos energéticos
por meio do suporte nutricional adequado a cada condição clínica, com
participação ativa do profissional nutricionista.
ASSIMILE
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desnutrição.
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Proteólise (grego): proteo = proteína / lise = separação, quebra.
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Kondrup et al. Dinamarca Multidisciplinar 740
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Pirlich et al. Alemanha Multidisciplinar 1.886
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Em estudo realizado por Puthucheary et al. (2013), foi observada importante perda
de massa muscular já na primeira semana de internação na UTI. A sarcopenia, em
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conjunto com a desnutrição, está associada a complicações clínicas importantes no
paciente hospitalizado e suas consequências podem ser potencializadas quando o
doente está internado na UTI.
A caquexia, que também está relacionada à perda de massa magra, com rápida e
marcante perda de peso, ocorre nos estágios finais de doenças graves, como
câncer, cardiomiopatias, insuficiência renal, entre outras. A palavra caquexia é
derivada do grego: kakos, má, e hexis, condição. De acordo com o Consenso
Brasileiro de Caquexia (2011), os mecanismos fisiopatológicos são complexos
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(Quadro 1.2) e a etiologia dessa síndrome ainda não está claramente estabelecida.
É importante sabermos que indivíduos caquéticos são sarcopênicos, mas o inverso
não é verdadeiro. Mais adiante, na Unidade 3, em assistência nutricional em
oncologia – Seção 3.1 –, abordaremos mais detalhadamente as particularidades da
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caquexia.
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COMPLEMENTE SEUS ESTUDOS
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intenso estresse fisiológico, o organismo ativa mecanismos adaptativos em busca
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do equilíbrio, e essas situações são agravadas na presença de doenças, falência de
órgãos e outras condições clínicas relacionadas ao paciente gravemente enfermo.
O metabolismo dos macronutrientes – carboidratos, proteínas e lipídios – é
diretamente acometido e tem relação direta com as complicações clínicas e o
tratamento da doença de base.
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taxas de morbimortalidade, embora haja pesquisas que apresentam resultados
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contraditórios. A hiperglicemia é resultado da diminuição da captação da glicose
pelos tecidos que dependem da insulina e do aumento da gliconeogênese
hepática. Se esse quadro for constante, uma possível explicação pode ser a
presença de resistência à insulina, o que ocasiona a diminuição da captação de
glicose pelo músculo esquelético. O excesso de cortisol e catecolaminas medeiam
a resistência à insulina. As catecolaminas têm sua síntese aumentada em resposta
à lesão grave, e estes níveis são maiores durante a lesão pós-lesional inicial,
considerada por volta de 48 horas; conforme o paciente se recupera, essas
concentrações regridem. O cortisol promove aumento da concentração de ácidos
graxos livres, gliconeogênese hepática e maior efluxo de aminoácidos do tecido
periférico, estando relacionados à degradação da massa muscular.
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Quanto à variabilidade glicêmica, uma complicação que está associada ao estresse
oxidativo e à apoptose celular, quando esta ocorre durante a internação na UTI,
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apresenta associação positiva com o aumento da mortalidade,
independentemente de quadros de hipoglicemia (TODI, 2014).
ASSIMILE
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Então, porque não aumentar a infusão de glicose nesses pacientes que precisam
de energia e não há mais reservas desse nutriente? Essa pode ser uma pergunta
seõçatona reV
que você tenha feito a si mesmo. É importante que você saiba, prezado aluno, que
a capacidade de oxidação da glicose, nesses pacientes, é limitada, então, infusões
superiores ao indicado não irão gerar vantagens em relação à melhora do balanço
nitrogenado e podem até colaborar para um quadro de hiperglicemia. Na presença
de estresse metabólico, essa infusão irá suprir a gliconeogênese de forma menos
eficaz do que se fosse administrada em um indivíduo saudável. O mesmo ocorre
com os aminoácidos.
A maioria dos processos biológicos exigem grande participação das proteínas, que
são produzidas e degradadas de forma contínua e em velocidades diferenciadas
para cada categoria. Este nutriente, quando classificado de acordo com suas
funções biológicas, é denominado, por exemplo, de proteína estrutural, de
transporte, de defesa, de tradução celular, entre outras.
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seõçatona reV
Fonte: https://bit.ly/2JdWnak. Acesso em: 24 maio 2017.
EXEMPLIFICANDO
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Quando se interrompe o consumo de alimentos, nas primeiras 24 horas de jejum o
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organismo inicia o processo de glicogenólise hepática e muscular, principal fonte
de obtenção de energia nessa fase. Conforme a degradação proteica diminui,
inicia-se a utilização das gorduras, e quando estas cessam, pela redução de suas
reservas, inicia-se novamente a utilização das proteínas corporais. A resposta do
organismo ao jejum prolongado é a degradação proteica, que se torna aparente na
maioria dos órgãos e traz sérias consequências ao organismo.
O metabolismo dos lipídios, nutriente este responsável por cerca de 80% das
reservas energéticas do organismo, também se apresenta alterado em pacientes
gravemente enfermos. Para entender melhor o processo, imagine um indivíduo
sadio que faz restrição calórica. Qual é o curso que espera para esse indivíduo, em
relação à mobilização de gorduras?
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maior oxidação dos ácidos graxos, fatos estes relacionados com a hiperlipidemia.
seõçatona reV
No paciente grave, os ácidos graxos são usados como substrato energético
primário para as células hepáticas (hepatócitos), musculatura esquelética e
miocárdio, porém as altas concentrações de ácidos graxos advindas da lipólise não
são totalmente oxidadas, sendo somente feitas por esses tecidos, de forma parcial.
Essa é uma situação que pode desencadear uma complicação clínica - a esteatose
hepática.
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central sofre uma adaptação metabólica e recorre ao uso de corpos cetônicos
seõçatona reV
como principal substrato energético, assim como o coração e o tecido muscular.
Você se lembra do conceito de corpos cetônicos? Vamos relembrar: corpos
cetônicos são substâncias advindas da transformação de lipídios em glicose,
processo que ocorre no fígado e é denominado cetogênese. E qual é o problema
desse procedimento? O problema é que essas substâncias possuem grupo
funcional ácido, ou seja, liberam íons H+ em solução aquosa e, em grande
quantidade no plasma sanguíneo, irão reduzir o pH do sangue, tornando-o mais
ácido e consequentemente, dando início à desnaturação de enzimas e proteínas, o
que determina a acidose metabólica, podendo levar o indivíduo a óbito.
Mais à frente, estudaremos as ações dos ácidos graxos da série ômega, portanto
não discutiremos aqui esses lipídios.
REFLITA
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Fonte: Rocha e Cunha (2014, p. 19).
Pense, para cada fase da doença grave, quais conceitos nutricionais deveriam ser
contemplados, a fim de propor uma adequada terapia nutricional para o indivíduo?
Quais considerações nutricionais deveriam ser respeitadas em cada caso?
PORQUE
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a) A asserção I é uma proposição verdadeira, e a II é uma proposição falsa.
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b) As asserções I e II são proposições verdadeiras mas a II não é justificativa da I.
Questão 2
A sarcopenia e a caquexia a mesma condição clínica. A sarcopenia se relaciona com
presença de massa magra , associada a de força ou de função muscular. A
caquexia apresenta de massa magra e perda de peso.
Questão 3
É extremamente importante, para estabelecer a melhor terapia nutricional,
conhecer a classificação da doença grave. Considere as classificações: aguda;
inflamação persistente; doença crônica ou doença grave prolongada e fluxo ou
reabilitação.
a) Na fase aguda ocorre catabolismo proteico, mas não se observa presença de hiperglicemia.
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e) Na doença grave, o ciclo de Cori está inibido e ocorre, com frequência, catabolismo proteico.
seõçatona reV
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