Gravemente Enfermo 2

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29/11/2022 02:51 lddkls_ass_nut_gra_enf

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ALTERAÇÕES METABÓLICAS

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Iara Gumbrevicius

seõçatona reV
Fonte: Shutterstock.

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PRATICAR PARA APRENDER


Prezado aluno, nesta seção, você terá a oportunidade de aprender o que ocasiona
a falência nutricional e o desenvolvimento da desnutrição, assim como suas
consequências no organismo. As alterações metabólicas dos macronutrientes
serão discutidas individualmente para que você possa entender as alterações
orgânicas e a seriedade do cuidado nutricional aos pacientes gravemente
enfermos. Também poderá ter clara a importância da proposta de terapia
nutricional adequada para cada situação clínica e para cada fase da doença grave.
Vamos em frente?

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Como você já sabe, Lara está estagiando no hospital e tem trabalhado com
avaliação dos pacientes da UTI. Dando continuidade ao seu trabalho, após avaliar o
estado nutricional dos dois pacientes e discutir sobre o assunto com a nutricionista
responsável pela clínica, Lara verificou que ambos estavam desnutridos. A

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nutricionista Rafaela solicitou à estagiária um breve relatório que abordasse os

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possíveis motivos da desnutrição nesses pacientes, assim como suas
consequências. Para elaboração desse material, Lara terá que contemplar os
seguintes tópicos:

- Qual é a principal consequência da falência nutricional?

- O que pode contribuir para o quadro de desnutrição nesses pacientes?

- Na presença de desnutrição, qual é o fator decisivo que poderia contribuir para a


ocorrência da caquexia e sarcopenia nesses pacientes?

Lembre-se de que é muito importante que você entenda as alterações metabólicas


em relação aos macronutrientes para, assim, correlacioná-las à falência nutricional
e desnutrição. Uma vez desnutrido, é comum o paciente apresentar quadros de
caquexia e sarcopenia, e isso deverá ser considerado, certo?

Se você sentir a necessidade de recorrer a conceitos anteriormente estudados nos


semestres anteriores, não hesite em buscar ajuda nos livros de bioquímica ou de
nutrição clínica; eles poderão ajudá-lo a entender melhor algumas informações
que hoje não estão totalmente fixadas em sua memória. Essa consulta irá ajudá-lo
a relembrar e fixar os conhecimentos necessários para que tenha um maior
aprendizado, contribuindo para o seu progresso como futuro profissional em
nutrição. Vamos seguir em frente. Esses pacientes precisarão muito do seu auxílio
profissional!

CONCEITO-CHAVE
Entende-se por falência nutricional o processo que ocorre em todos os sistemas e
órgãos e leva o paciente gravemente enfermo à desnutrição. O conceito de falência
nutricional, segundo Rosenfeld (2014, p.1), “segue o mesmo princípio de outras
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falências orgânicas nas unidades de terapia intensiva: alteração de um sistema ou


órgão com fisiopatologia conhecida de caráter grave temporário com impacto
sobre a sobrevida”.

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O estado inflamatório (agudo e crônico), desencadeado pela doença de base e
inanição, são os grandes responsáveis pela falência nutricional. A inflamação gera

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altas demandas nutricionais e este tipo de agressão é proporcional à intensidade
da proteólise, ou seja, a inflamação é determinante no processo de falência
nutricional. A inanição, por sua vez, facilita as complicações clínicas, pois, além das
demandas nutricionais estarem aumentadas, não há oferta de nutrientes para que
o organismo consiga reverter o quadro clínico. Inicialmente, a terapia nutricional é
contraindicada, pois esses pacientes se apresentam em condições de baixa
perfusão, ou seja, com menor transporte e consumo de oxigênio, portanto não há
como promover a oxidação dos nutrientes, o que contribui para um maior déficit
nutricional. O objetivo, nessa fase, é melhorar a condição hemodinâmica e, assim
que esta condição é restabelecida, inicia-se a utilização de substratos energéticos
por meio do suporte nutricional adequado a cada condição clínica, com
participação ativa do profissional nutricionista.

Caro aluno, a participação efetiva do nutricionista é fundamental para esses


pacientes e singular na decisão do suporte nutricional, quando este se iniciar. A
formação profissional com excelência e sua constante atualização na área clínica
será decisiva para o sucesso do tratamento nutricional proposto, uma vez que
estará aliada à sobrevida desses pacientes. Tanto a decisão do melhor suporte
nutricional, assim como o seguimento de seus protocolos, objetivos, indicações,
contraindicações, conhecimento das possíveis complicações, entre outras
questões, serão discutidas e abordadas, com maior riqueza de detalhes, mais
adiante, na Unidade 2 – aguarde, pois será muito interessante.

ASSIMILE

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A proteólise é o processo de degradação das proteínas e


consequentemente, está ligada à perda da massa magra. Esse mecanismo
biológico está diretamente relacionado ao surgimento de complicações
clínicas e ao aumento da mortalidade, uma vez que está relacionado à

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desnutrição.

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Proteólise (grego): proteo = proteína / lise = separação, quebra.

A falência nutricional está relacionada à desnutrição, ao maior tempo de


internação do paciente, aumento dos custos hospitalares, ampliação do período de
convalescença, diminuição do processo de cicatrização, maior incidência de
infecções, mau funcionamento gastrintestinal, redução da força muscular,
disfunção de múltiplos órgãos e aumento da morbimortalidade.

Dependendo do fator desencadeante da falência nutricional, a recuperação do


estado nutricional pode ser de longo prazo, podendo chegar a anos para a
recuperação da composição corporal normal.

A desnutrição, segundo a Sociedade Americana de Nutrição Parenteral e Enteral


(ASPEN), é um “estado agudo, subagudo ou crônico da nutrição, no qual uma
combinação de graus variáveis de supernutrição ou subnutrição com ou sem
atividade inflamatória podem levar a uma alteração na composição corporal e
função diminuída” (NUTRITION ACADEMY, 2017, [s.p.]). 

De acordo com estudo de Correia et al. (2016), a desnutrição em pacientes


hospitalizados chega perto de 50% na América Latina, enquanto que, no mundo, os
pacientes hospitalizados apresentam índices de 20% a 50% (Quadro 1.1). Além de
interferir na resposta termogênica do paciente e estar relacionada a diversas
alterações e complicações metabólicas, a desnutrição altera suas funções mental,
muscular, respiratória, cardiovascular, renal, gastrintestinal e imunológica.

Quadro 1.1 | Prevalência de desnutrição hospitalar na admissão em pacientes hospitalizados em todo o


mundo*.

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Autor País Disciplina N

Edington et al. UK Medicina eletiva e de emergência 850

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Kondrup et al. Dinamarca Multidisciplinar 740

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Pirlich et al. Alemanha Multidisciplinar 1.886

Wyszynski et al. Argentina Multidisciplinar 1.000

Waitzberg et al. Brasil Medicina Interna 4.000

Correia and Campos América Latina Multidisciplinar 9.348

* Vários métodos de triagem/avaliação foram utilizados.

Fonte: https://goo.gl/n7c0aC. Acesso em: 18 mar. 2017.

De acordo com o estudo IBRANUTRI (WAITZBERG; CAIAFFA; CORREIA, 2001), que


avaliou o estado nutricional de 4.000 pacientes hospitalizados em 12 estados
brasileiros e em 25 hospitais, as doenças de base que apresentam desnutrição
associada, com prevalência acima de 50%, eram relacionadas às desordens
metabólicas, gastrintestinais, respiratórias, hematológicas e doenças autoimunes.
A desnutrição foi associada à faixa etária (idosos), doença de base, presença de
c��ncer ou infecção e esteve presente em pouco mais de 48% dos pacientes
hospitalizados. Nesse mesmo estudo, foi constatado também, que pacientes com
desnutrição tiveram o tempo de internação aumentado, assim como o quadro de
desnutrição agravado. 

A função muscular é precocemente danificada durante o período de internação na


UTI. As doenças que exigem repouso prolongado, com declínio de mobilidade,
tempo de internação em UTI, uso de determinados fármacos, período de uso de
ventilação mecânica invasiva, idade avançada, gravidade da doença, são exemplos
de causas que promovem o desenvolvimento da sarcopenia (Figura 1.2). É muito
comum encontrarmos idosos com sarcopenia, principalmente se sedentários. De

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acordo com o Consenso Europeu (CRUZ-JENTOFT AJ et al., 2010), essa condição


clínica é definida pela presença de massa muscular reduzida associada à perda de
força ou de função muscular.

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Em estudo realizado por Puthucheary et al. (2013), foi observada importante perda
de massa muscular já na primeira semana de internação na UTI. A sarcopenia, em

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conjunto com a desnutrição, está associada a complicações clínicas importantes no
paciente hospitalizado e suas consequências podem ser potencializadas quando o
doente está internado na UTI.

Figura 1.2 | Causas gerais da sarcopenia

Fonte: Toledo e Castro (2015, p. 6).

A caquexia, que também está relacionada à perda de massa magra, com rápida e
marcante perda de peso, ocorre nos estágios finais de doenças graves, como
câncer, cardiomiopatias, insuficiência renal, entre outras. A palavra caquexia é
derivada do grego: kakos, má, e hexis, condição. De acordo com o Consenso
Brasileiro de Caquexia (2011), os mecanismos fisiopatológicos são complexos

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(Quadro 1.2) e a etiologia dessa síndrome ainda não está claramente estabelecida.
É importante sabermos que indivíduos caquéticos são sarcopênicos, mas o inverso
não é verdadeiro. Mais adiante, na Unidade 3, em assistência nutricional em
oncologia – Seção 3.1 –, abordaremos mais detalhadamente as particularidades da

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caquexia.

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COMPLEMENTE SEUS ESTUDOS

Caro aluno, para saber mais sobre a importância da perda de massa


muscular no controle de pacientes gravemente enfermos, leia os artigos:

MARTINEZ, Bruno Prata; CAMELIER, Fernanda Warken Rosa; CAMELIER,


Aquiles Assunção. Sarcopenia em idosos: um estudo de revisão. Revista
Pesquisa em Fisioterapia v. 4, n. 1, p. 62-70, 2014. Disponível em:
https://bit.ly/3nMfreK. Acesso em: 16 maio 2017.

MESQUITA, Thamara Márcia de Jesus Castro; GARDENGHI, Giulliano.


Imobilismo e fraqueza muscular adquirida na unidade de terapia intensiva.
Revista Brasileira de Saúde Funcional v. 1, n. 3, p. 47, 2016. Disponível
em: https://bit.ly/38BhRqy. Acesso em: 29 mar. 2017.

Figura 1.3 | Mecanismos fisiopatológicos da caquexia

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Fonte: https://goo.gl/xsaVze. Acesso em: 22 mar. 2017.

O paciente gravemente enfermo apresenta alterações metabólicas extremas e


complexas, que afetam todo o funcionamento do organismo. Com a ocorrência de

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intenso estresse fisiológico, o organismo ativa mecanismos adaptativos em busca

seõçatona reV
do equilíbrio, e essas situações são agravadas na presença de doenças, falência de
órgãos e outras condições clínicas relacionadas ao paciente gravemente enfermo.
O metabolismo dos macronutrientes – carboidratos, proteínas e lipídios – é
diretamente acometido e tem relação direta com as complicações clínicas e o
tratamento da doença de base.

Iniciaremos nosso estudo com as alterações no metabolismo da glicose, que são


muito estudadas nos últimos anos e focam a hiperglicemia, hipoglicemia e as
variações glicêmicas. O controle destas situações é um marcador para o
prognóstico do paciente gravemente enfermo.

Figura 1.4 | Carboidratos

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Fonte: https://bit.ly/2LScAmv. Acesso em: 29 mar. 2017

Quando realizado o controle da glicemia de forma rígida, segundo alguns estudos,


podem haver benefícios para o paciente internado na UTI e também redução das

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taxas de morbimortalidade, embora haja pesquisas que apresentam resultados

seõçatona reV
contraditórios. A hiperglicemia é resultado da diminuição da captação da glicose
pelos tecidos que dependem da insulina e do aumento da gliconeogênese
hepática. Se esse quadro for constante, uma possível explicação pode ser a
presença de resistência à insulina, o que ocasiona a diminuição da captação de
glicose pelo músculo esquelético. O excesso de cortisol e catecolaminas medeiam
a resistência à insulina. As catecolaminas têm sua síntese aumentada em resposta
à lesão grave, e estes níveis são maiores durante a lesão pós-lesional inicial,
considerada por volta de 48 horas; conforme o paciente se recupera, essas
concentrações regridem. O cortisol promove aumento da concentração de ácidos
graxos livres, gliconeogênese hepática e maior efluxo de aminoácidos do tecido
periférico, estando relacionados à degradação da massa muscular.

É considerada hiperglicemia, no paciente gravemente enfermo, concentrações de


glicemia superiores a 180 mg/dL e, para esses valores, a American Association of
Clinical Endocrinologists (AACE) e da American Diabetes Association (ADA)
recomendam iniciar a terapia insulínica contínua a fim de manter suas
concentrações entre 140 mg/dL a 180 mg/dL. Para pacientes portadores de
diabetes discute-se um controle menos rigoroso, uma vez que entende-se que esse
perfil de indivíduo é mais adaptado a concentrações de glicemia maiores, mas até
o momento os objetivos são mantidos sem alterações para esses pacientes. 

Em pacientes gravemente enfermos com controle glicêmico rigoroso, a


hipoglicemia é a maior causa associada aos crescentes índices de mortalidade.
Para concentrações inferiores a 40 mg/dL, a hipoglicemia é considerada grave,
enquanto que, para valores entre 40 mg/dL a 70 mg/dL, a hipoglicemia é

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classificada como moderada. Um estudo realizado na Índia (TODI, 2014)


comprovou que a taxa de mortalidade foi maior em pacientes com hipoglicemia
moderada ou grave, quando comparados a pacientes sem esse sintoma. 

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Quanto à variabilidade glicêmica, uma complicação que está associada ao estresse
oxidativo e à apoptose celular, quando esta ocorre durante a internação na UTI,

seõçatona reV
apresenta associação positiva com o aumento da mortalidade,
independentemente de quadros de hipoglicemia (TODI, 2014). 

Outras alterações muito comuns no metabolismo dos carboidratos de pacientes


gravemente enfermos, além das citadas anteriormente, estão relacionadas à
intolerância à glicose, secreção inadequada e resistência à insulina, variações no
turnover de glicose e alterações no ciclo de Cori. 

ASSIMILE

O estresse oxidativo intenso tem a atividade antioxidante reduzida e esta


condição ocasiona danos ao DNA, proteínas e lipídios, com consequente
apoptose de fibras musculares que provocam o processo sarcopênico.

Figura 1.5 | Influência do estresse oxidativo e da inflamação crônica no músculo esquelético,


associado ao desenvolvimento da sarcopenia

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Fonte: Si-Jin et al. (2010 apud LEITE et al., 2012).

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Então, porque não aumentar a infusão de glicose nesses pacientes que precisam
de energia e não há mais reservas desse nutriente? Essa pode ser uma pergunta

seõçatona reV
que você tenha feito a si mesmo. É importante que você saiba, prezado aluno, que
a capacidade de oxidação da glicose, nesses pacientes, é limitada, então, infusões
superiores ao indicado não irão gerar vantagens em relação à melhora do balanço
nitrogenado e podem até colaborar para um quadro de hiperglicemia. Na presença
de estresse metabólico, essa infusão irá suprir a gliconeogênese de forma menos
eficaz do que se fosse administrada em um indivíduo saudável. O mesmo ocorre
com os aminoácidos. 

Em relação às alterações metabólicas das proteínas, observa-se, no paciente


gravemente enfermo, aumento do turnover de proteínas, que está associado ao
hipercatabolismo.

A maioria dos processos biológicos exigem grande participação das proteínas, que
são produzidas e degradadas de forma contínua e em velocidades diferenciadas
para cada categoria. Este nutriente, quando classificado de acordo com suas
funções biológicas, é denominado, por exemplo, de proteína estrutural, de
transporte, de defesa, de tradução celular, entre outras. 

Figura 1.6 | Proteínas

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seõçatona reV
Fonte: https://bit.ly/2JdWnak. Acesso em: 24 maio 2017.

EXEMPLIFICANDO

O termo turnover tem origem inglesa e significa "virada"; "renovação". É


um conceito muito utilizado em nutrição e em várias outras áreas da saúde.
As doenças crônicas têm grande relação com o aumento do turnover dos
nutrientes. Nesta disciplina, esse termo estará relacionado com os
processos de síntese e degradação de um nutriente. Por exemplo: se
considerarmos as proteínas, as possíveis situações de turnover proteico
englobam:

a. Indivíduo em equilíbrio = síntese é igual ao processo de degradação.

b. Indivíduo em estado catabólico = o processo de degradação é superior


ao de síntese.

c. Indivíduo em estado anabólico = o processo de síntese é maior que o de


degradação.

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Caro aluno, os processos inflamatórios agudos elevam a síntese de proteínas


hepáticas para síntese de proteínas de fase aguda e também ativa o processo de
catabolismo, ou seja, aumenta a degradação proteica muscular com o objetivo de
fornecer aminoácidos para a síntese hepática de proteínas da fase inflamatória. 

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Quando se interrompe o consumo de alimentos, nas primeiras 24 horas de jejum o

seõçatona reV
organismo inicia o processo de glicogenólise hepática e muscular, principal fonte
de obtenção de energia nessa fase. Conforme a degradação proteica diminui,
inicia-se a utilização das gorduras, e quando estas cessam, pela redução de suas
reservas, inicia-se novamente a utilização das proteínas corporais. A resposta do
organismo ao jejum prolongado é a degradação proteica, que se torna aparente na
maioria dos órgãos e traz sérias consequências ao organismo.

Nos pacientes gravemente enfermos, o processo inflamatório e a perda de peso


são determinantes no efeito cinético proteico, causando mobilização das proteínas
musculoesqueléticas, com efluxo de aminoácidos armazenados para o fígado e
elevada excreção de nitrogênio via urinária. Isso ocorre em função do aumento na
atividade enzimática envolvida na degradação proteica associada à redução das
enzimas envolvidas na sua síntese, o que leva a um balanço nitrogenado negativo. 

O metabolismo dos lipídios, nutriente este responsável por cerca de 80% das
reservas energéticas do organismo, também se apresenta alterado em pacientes
gravemente enfermos. Para entender melhor o processo, imagine um indivíduo
sadio que faz restrição calórica. Qual é o curso que espera para esse indivíduo, em
relação à mobilização de gorduras? 

Nesse caso, a mobilização envolverá a ativação das concentrações e


funcionamento das lipases - você deve se lembrar de que estas são um tipo de
enzimas responsáveis pela conversão de triglicerídeos em ácidos graxos e glicerol.
Existem substâncias que estimulam ou inibem a função das lipases, como é o caso
das catecolaminas e insulina, respectivamente.

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Em resposta ao estresse, o objetivo da quebra dos lipídios é preservar as


proteínas. Nos pacientes gravemente enfermos, a taxa de lipólise se torna
aumentada e, sem o uso adequado destes ácidos graxos, estes pacientes se
tornam hiperlipidêmicos; ocorre não só o aumento da lipólise, como também uma

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maior oxidação dos ácidos graxos, fatos estes relacionados com a hiperlipidemia.

seõçatona reV
No paciente grave, os ácidos graxos são usados como substrato energético
primário para as células hepáticas (hepatócitos), musculatura esquelética e
miocárdio, porém as altas concentrações de ácidos graxos advindas da lipólise não
são totalmente oxidadas, sendo somente feitas por esses tecidos, de forma parcial.
Essa é uma situação que pode desencadear uma complicação clínica - a esteatose
hepática.

Figura 1.7 | Lipídios

Fonte: https://bit.ly/3nP3dCg. Acesso em: 29 mar. 2017.

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Durante as primeiras 72 h de jejum, os aminoácidos são empregados de forma


predominante no processo de gliconeogênese, mas, após esse período, o uso dos
lipídios passa a ser a principal fonte energética, e a gliconeogênese se torna efetiva
com o uso do glicerol e lactato, não mais com os aminoácidos. O sistema nervoso

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central sofre uma adaptação metabólica e recorre ao uso de corpos cetônicos

seõçatona reV
como principal substrato energético, assim como o coração e o tecido muscular.
Você se lembra do conceito de corpos cetônicos? Vamos relembrar: corpos
cetônicos são substâncias advindas da transformação de lipídios em glicose,
processo que ocorre no fígado e é denominado cetogênese. E qual é o problema
desse procedimento? O problema é que essas substâncias possuem grupo
funcional ácido, ou seja, liberam íons H+ em solução aquosa e, em grande
quantidade no plasma sanguíneo, irão reduzir o pH do sangue, tornando-o mais
ácido e consequentemente, dando início à desnaturação de enzimas e proteínas, o
que determina a acidose metabólica, podendo levar o indivíduo a óbito.

Mais à frente, estudaremos as ações dos ácidos graxos da série ômega, portanto
não discutiremos aqui esses lipídios.

REFLITA

É extremamente importante que a terapia nutricional contemple todos os


nutrientes adequados à cada tipo de fisiopatologia e em cada fase da
doença grave, que são classificadas nas seguintes fases: (A) aguda ou de
ressuscitação; (B) inflamação persistente, suporte ou manutenção; (C)
doença crônica ou doença grave prolongada e (D) fluxo ou reabilitação.
Para isso, é necessário associar o que ocorre no organismo do paciente, em
cada uma das fases, como é destacado no quadro a seguir (Quadro 1.2).

Quadro 1.2 | Resumo das fases evolutivas da doença grave

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seõçatona reV
Fonte: Rocha e Cunha (2014, p. 19).

Pense, para cada fase da doença grave, quais conceitos nutricionais deveriam ser
contemplados, a fim de propor uma adequada terapia nutricional para o indivíduo?
Quais considerações nutricionais deveriam ser respeitadas em cada caso?

FAÇA VALER A PENA


Questão 1
Em pacientes gravemente enfermos, o catabolismo proteico se apresenta
extremamente elevado.

PORQUE

A síntese proteica aumentada não é capaz de compensar o aumento da


degradação, resultando em acelerada redução da massa muscular.

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Avalie as asserções e a relação entre elas proposta. 

A respeito dessas asserções, qual alternativa a seguir corresponde a afirmação


correta?

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a) A asserção I é uma proposição verdadeira, e a II é uma proposição falsa.

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b) As asserções I e II são proposições verdadeiras mas a II não é justificativa da I.

c) As asserções I e II são proposições verdadeiras, e a II é uma justificativa da I.

d) As asserções I e II são proposições falsas, e a II não justifica a I. 

e) A asserção I é uma proposição falsa, e a II é uma proposição verdadeira.

Questão 2
A sarcopenia e a caquexia a mesma condição clínica. A sarcopenia se relaciona com
presença de massa magra , associada a de força ou de função muscular. A
caquexia apresenta de massa magra e perda de peso.

Complete os espaços em branco e assinale a alternativa correta.

a) Não são; reduzida; ganho; perda; lenta.

b) São; aumentada; perda; ganho; rápida.

c) Não são; aumentada; ganho; perda, lenta.

d) Não são; reduzida; perda; perda; rápida.

e) São; aumentada; ganho; perda; lenta.

Questão 3
É extremamente importante, para estabelecer a melhor terapia nutricional,
conhecer a classificação da doença grave. Considere as classificações: aguda;
inflamação persistente; doença crônica ou doença grave prolongada e fluxo ou
reabilitação.

Assinale a alternativa que corresponde à afirmação verdadeira.

a) Na fase aguda ocorre catabolismo proteico, mas não se observa presença de hiperglicemia.

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b) Na fase aguda ocorre maior catabolismo proteico que na fase de inflamação.

c) A fase de reabilitação é marcada por anabolismo, hiperglicemia e redução da gliconeogênese.

d) Na doença crônica há perda de nitrogênio urinário, hiperglicemia e gliconeogênese estimulada.

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e) Na doença grave, o ciclo de Cori está inibido e ocorre, com frequência, catabolismo proteico.

seõçatona reV

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