Pretty Reckless (All Saints High, #1) by L.J. Shen
Pretty Reckless (All Saints High, #1) by L.J. Shen
Pretty Reckless (All Saints High, #1) by L.J. Shen
Esta, meu bonito e imprudente rival, é como nossa história estragada começa.
Há 14 anos
—Cachorrinho, — eu replico.
Sabe o que mais é falso? Fingir ser algo que você não é. Eu
confesso que sou uma princesa pretensiosa. Processe-me (Por
favor, eu posso pagar uma defesa legal muito boa).
—Eu diria a você para cair morta, mas tenho medo que minha
mãe me force ir ao seu funeral e você realmente não vale o meu
tempo.
—Eu diria a você para beijar minha bunda, mas sua mãe já faz
isso. Se ela só gostasse de você metade do que ela gosta de mim. É
legal, no entanto; pelo menos você tem dinheiro para terapia. E
uma plástica no nariz. — Ela dá um tapinha nas minhas costas com
um sorriso, e eu odeio, odeio, odeio que ela seja mais bonita.
—Uma redenção ou algo assim. Tipo você não pode ser uma
bailarina porque você é tão, você sabe, você. Mas então tem eu.
Assim, pelo menos, ela vai ver alguém que ama fazer isso.
Papai diz que um Hulk verde vive dentro de mim e ele fica
maior e maior quando fico com ciúmes, e às vezes, o Hulk explode
na minha pele e faz coisas que a Daria que ele conhece e ama nunca
faria. Ele diz que o ciúme é o tributo que a mediocridade paga ao
gênio e eu não sou uma garota medíocre.
Ninguém quer ser uma pessoa má. Mas algumas pessoas, como
eu, simplesmente não conseguem se ajudar. Uma lágrima desce
pela minha bochecha e estou agradecida por estarmos sozinhas. Eu
me viro para encará-la.
Sylvia Scully.
Carta de aceitação.
Carta de aceitação.
Carta de aceitação.
Via foi aceita. Eu deveria estar feliz que ela vai estar fora da
minha vista em poucos meses, mas em vez disso, o gosto ácido da
inveja explode dentro da minha boca.
Via morta.
Faço meu pedido e ando até o canto da sala para poder ler a
carta pela milésima vez. Como se as palavras mudassem por algum
milagre.
—E?
Duh.
—Dê para mim, — ele ordena, então eu faço. Eu não sei por
quê. Muito provavelmente porque quero me livrar disso. Porque
quero que doa em Via tanto quanto em mim. Porque quero que a
mamãe fique chateada. Marx, o que há de errado comigo? Eu sou
uma pessoa horrível.
Seus olhos ainda estão nos meus enquanto ele rasga a carta
em pedaços e deixa os pedaços flutuarem como confetes na lata de
lixo entre nós. Seus olhos são verde-escuro e sem fundo como uma
floresta densamente embaçada. Eu quero entrar e correr até que
eu esteja nas profundezas da floresta. Então algo me ocorre.
Ele se foi.
—Aí está você. Obrigado pelo café. O quê, sem limonada com
chá gelado hoje?
E é quando isso me atinge, ela não sabe. Via entrou e ela não
tem ideia de que a carta chegou hoje. Então esse cara a destruiu
porque me chateou...
A pior parte é que eu sabia que nada sairia disso. Aos quatorze
anos, eu só beijei duas garotas. Ambas tinham línguas enormes e
muita saliva. Essa garota parecia que sua língua seria pequena,
então não podia deixar de tentar.
Ei, como você desliga sua mente? Ela precisa calar a boca.
Agora.
—Eu amo você, Penn, mas você é uma dor no rabo. — Ela
soluça, arrancando lâminas de grama e jogando-as em nossa
direção sem levantar a cabeça. Ela vai me agradecer depois.
Quando ela for famosa e rica - as bailarinas ficam ricas? - e eu ainda
estiver sentado aqui com meus amigos idiotas fumando maconha e
salivando em garotas de All Saints. Talvez eu não tenha que ficar
nas esquinas e traficar. Eu sou acima da média. Esportes e
combates principalmente. O treinador diz que preciso comer mais
proteína muscular e mais carboidratos para conseguir alguma
gordura corporal, mas isso não está acontecendo tão cedo porque a
maior parte do meu dinheiro é gasto na compra de passagens de
ônibus para Via ir a suas aulas de balé.
—Pensei que você tivesse dito que sua irmã era boa? Por que
ela não entrou? — Kannon boceja, movendo a mão sobre seus
longos dreads. Os lados de sua cabeça são raspados, criando um
coque preto. Eu soco seu braço com tanta força que ele cai de volta
na cadeira de balanço com um grito silencioso, segurando seu
bíceps, duro como um caracol.
É incrivelmente terapêutico.
—Eu sinto muito, — diz ela, sua voz abafada do sangue em sua
boca. —Eu sinto Muito. Eu não posso, Penn.
—Via! — Eu grito.
Esse é o destino.
Dois e meio desde da última vez que consegui engolir algo sem
vomitar (Pabst conta, certo?).
—Eu tenho ligado para ela cinco vezes por dia e deixado
mensagens, — ela sussurra em meu rosto.
—Eu queria que ela soubesse que ela havia sido aceita na
Royal Academy. Quando a carta nunca chegou, liguei para eles para
verificar. Tudo está em andamento agora. Como eu disse antes,
você não precisa se preocupar com a mensalidade. Eu pagarei a
taxa.
Rasgando-o.
Daria
Olhos de caveira.
À noite antes do último ano
Quase dezoito.
Todo cara popular de All Saints High e nossa escola rival, Las
Juntas, em San Diego, lutam no ninho da cobra como um rito de
passagem. Esta não é a minha cena habitual, mas Blythe, Alisha e
Esme me arrastaram aqui na noite antes do início da escola. Elas
são ávidas observadoras de Vaughn. O idiota passou as férias de
verão em um estúdio na Itália esculpindo e retornou dois dias
atrás, então agora elas precisam encarar seu rosto bonito e
indiferente.
—Como alguém tão violento pode criar arte tão delicada? Ele
é fodido até a exaustão. — Blythe mastiga seu cabelo vermelho de
Pequena Sereia enquanto olha para Vaughn, que está andando de
um lado para o outro no campo, suas roupas pretas esfarrapadas
agarradas a seus músculos magros.
A lenda afirma que o ninho da cobra, um campo de futebol
abandonado nos arredores de San Diego, recebeu esse nome
depois que uma praga de cobra fez com que ele fosse abandonado.
As arquibancadas azuis desbotadas são onde os caras estão caídos
bebendo cerveja. Nós, as meninas, sentamos com as pernas
cruzadas, bebendo vinho caro da garrafa e champanhe. A multidão
de Las Juntas está sentada nas arquibancadas em frente a nós. Eles
não usam marcas suíças e dirigem carros alemães. Eles passam
entre si garrafas meio-vazias de tequila e cigarros enrolados.
Líder de torcida.
Cadela rica.
—Stephanie.
Ele inclina a cabeça para o lado, seu sorriso tão lobo, seus
dentes parecem mais pontiagudos do que o habitual.
—Oh, irmão, se você soubesse quantas de suas amigas mais
velhas deram ao meu pau um boca-a-boca quando eram juniores,
você teria um ataque cardíaco.
—Olha quem está preocupada. Por quê? Você fez uma aposta
com Gus hoje à noite? — Knight está esfregando a bunda da garota,
mas ele não gosta disso. Ele nunca gosta. Eu fico vermelha, minha
cabeça tão quente a ponto de explodir. Minhas mãos se fecham em
punhos ao lado do meu corpo. Eu não quero que Penn termine em
um hospital hoje, mesmo que ele me odeie e provavelmente não
queira minha preocupação. A culpa se agita no meu estômago
quando a lembrança dele rasgando a carta de aceitação da irmã
toca em minha mente.
—Eu não vou acabar isso porque você está sendo uma vagina,
mas eu vou descer para ter certeza de que esses dois paus
mantenham tudo limpo. — Ele passa a língua sobre os lábios e seu
piercing na língua sai.
Tigre de bengala.
Um segundo.
Cinco segundos.
Dez segundos.
Levante-se. Levante-se. Levante-se.
Se não fosse por mim, ele ainda teria sua irmã por perto.
Talvez a mãe dele não tivesse se viciado em crack ou algo assim. Eu
fecho meus olhos e resisto à vontade de chorar. Ele me deu a coisa
mais rara do mundo e eu lhe dei mágoa. Sua mãe morreu em seu
aniversário. Há algum alívio nessa dor que estou sentindo. Isso me
lembra que, apesar dos meus modos de cadela, ainda sou capaz de
machucar alguém.
—No Peet's?
Não era pra Scully estar bêbada? Pessoas ricas geralmente não
morrem de drogas. Eles vão abraçar árvores em sofisticados
centros de reabilitação em Palm Springs e voltar dez quilos a mais
e trinta mil mais pobres. Via deveria estar nadando nele. Eu
sempre achei que Penn usasse roupas de merda da mesma
maneira que Vaughn fazia. Para mostrar ao mundo que ele não dá a
mínima para dinheiro.
Silêncio. Eu sei que Mel ganhou, mas não tenho certeza do que
isso significa. Acho que acabei de me meter na merda sem sequer
perceber o que estava fazendo. Penn Scully não pode se mudar
para cá porque nos mataremos antes de ele entrar pela porta.
Ela então me diz que sente muito pela minha perda. Que ela
entende que parece fora do contexto, mas ela sempre amou minha
irmã gêmea como se fosse sua própria filha, blá, blá, blá.
Resumindo: ela perdeu a Via e não quer que aconteça o mesmo
com outro garoto Scully.
—Claro.
Ela faz uma pausa antes de responder, porque sabe onde isso
está indo. Eu levanto uma sobrancelha questionadora.
—Você está tudo menos bem. — Ela enfia a mão no meu rosto.
—Levante-se.
Quando eu fico parado, ela pega e vai até seu Rover. Depois de
jogá-la em seu banco de trás, ela abre a porta do passageiro.
Porra.
—Tente-me, Scully.
Eu cavo minhas unhas nos assentos de couro, fascinado com o
quão bonito os recortes imperfeitos das minhas unhas parecem
neles. Quando ela liga o motor, eu acendo um cigarro e abro a
janela.
Ela não tem ideia de como está errada, mas com certeza está
prestes a descobrir.
Você derramou miséria em mim
—Não.
Toda vez que me sinto culpada, ele me faz pagar, e a dor vai
embora.
Eu faço.
—De joelhos.
Eu me abaixo.
Meus seios.
Meu estômago.
Minhas coxas.
E aquele lugar privado entre elas que aperta com força contra
nada neste momento.
Ele ainda não está mexendo para sair. Esse cara é irreal. Estou
tão brava que eu poderia dar um soco na cara dele. Talvez eu deva.
Ele não vai me bater de volta. E isso iria machucá-lo como o
inferno, já que ele já foi espancado como uma.
—Eu saí, como você. — Ele corre os olhos sobre mim como se
eu não fosse nada. Respire. —E concordo com meu status de
convidado. Eu sou um relutante, na melhor das hipóteses. Mas a
oferta estava lá e eu seria estúpido por não aceitar. Eu vejo o jeito
que você olha para mim. Oh, Olhos de caveira... — Ele joga o
apelido na minha cara, como se os últimos anos não tivessem
acontecido. Então ele dá um passo em minha direção, seu sorriso
desdenhoso de volta com força total. —Esta rodada, eu vou
fodidamente te destruir.
—Isso não será um problema. Você chupa tanto rabo que você
tem cheiro de merda.
Ele se foi.
Entrada nº 1.298:
—Você pode ser uma boneca e levar isso para o seu pai? Ele
está no pátio. — Mel não levanta a cabeça do frango.
Papai está bebendo cerveja com ele? Ótimo. Penn tem apenas
dezoito anos, mas isso não me surpreende. Meus pais às vezes me
deixam saborear vinho em jantares de família. Eles acreditam
firmemente que, se você fizer os adolescentes se sentirem
responsáveis pela bebida, eles não vão sair por aí ficando bêbados
quando finalmente conseguirem colocar as mãos no álcool. Eu
nunca fico bêbada em festas. A sobriedade é igual a uma certa
quantidade de tédio, o que é necessário para garantir que meu
rosto fique intacto.
—Seu último ano? É o meu último ano! E você quer dizer se ele
for para a faculdade, — acrescento, jogando toda a cautela ao
vento. Ele tem sido horrível comigo, então por que eu não deveria
ser horrível com ele? Eu entendo que o machuquei. Que nós dois
fizemos algo terrível quatro anos atrás. Mas ele nem sequer me deu
uma chance para me desculpar ou explicar. Todos os olhos se fixam
no meu rosto, além do de Penn. Ele cava seu bife, mastigando um
pedaço suculento.
—Eu sempre quis um irmão mais velho. É isso que você vai
ser?
Eu reviro meus olhos com tanta força que tenho medo que
eles acabem no meu prato. Seu sorriso se alarga por trás de seu
copo.
—Você não tem carro, Penn. Como você precisa ir a San Diego
todos os dias, não vai discutir comigo sobre isso.
—Obrigada, Marx. — Ela ri. —Eu odeio eles. Você sabe que
tem um buraco na sua camisa?
Eu rolo meus olhos para não chorar. Marx, este vai ser um
longo ano.
Você é lindo como uma música
—Eu sei que eles são bons com as mãos. Algo que você não é.
As únicas pessoas com quem ele é legal são Knight, seu herói
quarterback brilhante que salva a maioria dos nossos jogos, e
Vaughn, a galinha de ovos de ouro que aparece no fosso a cada fim
de semana preparado para ser atacado por três membros de
gangues e um F-22 Raptor⁷.
As pessoas riem do meu comentário. A mesa está cheia de
jogadores de futebol e líderes de torcida. Knight finalmente vê
Luna do outro lado da sala e desliza para fora do nosso banco.
—Vejo você depois, idiotas. Isso foi fantástico. Bem, além dos
seios de Esme. — Ele se afasta. A boca de Esme se afrouxa e ela
cobre seus seios, vestida com um vestido colorido D&G, mudando o
olhar deles para ele.
—Dizem que Penn Scully está nos fazendo uma visita depois
da escola para nos alertar de não fazer nenhuma travessura antes
do jogo. No ano passado, o All Saints matou a grama no campo de
Las Juntas e os bundões falidos não tinham onde jogar por
semanas. Eu imaginei que Daria poderia interpretar a juíza já que
ela quer bater nele.
Meu coração aperta com cada tic, tic, tic do relógio. É como
uma bomba e quando ela atinge três, o toque do sino explode em
meus ouvidos. Gus espera do lado de fora da minha turma, com o
cotovelo apoiado no batente da porta, a bola para trás. Ele estala o
chiclete nos ouvidos das pessoas enquanto os alunos saem da aula,
e quando eu saio, ele espia por trás do meu ombro e balança o
nariz com o dedo, cheirando.
Penn tem uma garota? Isso não faz sentido. Ele me beijou
ontem. Meu coração começa a bater muito rápido.
—Para traduzir seu idioma para Gus. Ele não fala lixo branco
fluente.
Não brinca.
Gus fica vermelho. Eu não sei por que. Eu não me importo por
que. Ambos são idiotas.
—Lutar ou fugir?
Penn.
Ele está no vestiário das garotas em uma escola que ele nem
frequenta. Ele tem a palavra problema escrita em cima dele, e se
meu pai descobrir que estávamos aqui sozinhos, ele vai enforcá-lo
pelas bolas no mastro de All Saints e deixar suas pernas quebradas
baterem ao vento.
Sem mencionar, ele está me vendo praticamente nua.
Novamente.
—Me responda.
—Você é um estúpido.
Bato meus lábios nos dele com um beijo furioso que o cala. Eu
sei que sou uma covarde de merda e simplesmente não quero
ouvir a verdade. O que me surpreende é que ele cede. Suas mãos
seguram meu rosto e seus lábios se moldam aos meus. Eu não
entendo nada disso. Eu não beijo garotos que mal conheço. Eu nem
beijo garotos que conheço. Beijar é um grande negócio para mim.
Mas Penn não é exatamente um estranho. É como se o carregasse o
tempo todo em que estava com aquele colar de vidro, e agora que
ele o tirou de mim a única maneira de satisfazer esse desejo é com
a atenção dele.
Ah, Marx.
—Ele está aqui porque queria vir aqui. Ele tem controle motor
completo de suas duas pernas, — diz Prichard.
Faz-me...
Desejar crescer
—Ei, Penn, ouvi que suas bolas são mais suaves que as do Tom
Brady. Talvez você possa usá-las como relaxante para o estresse.
—Passo.
—Talvez ele tenha lhe dado clamídia e ela quer que ele pague
pelo tratamento. — Colin, linebacker da ASH, diz, e todo mundo,
exceto Knight, começa a rir.
Estou errado.
—Não importa como seu time jogou. Você foi bem e isso é o
que importa. — Jaime remexe meu cabelo e me puxa para um
abraço. Eu não sei de onde isso está vindo. Talvez eu pareça tão
mal quanto me sinto.
—Penn, — eu digo.
—Dispenso.
Nós fazemos uma rápida parada na casa para que Daria possa
tomar banho também, então seguir para o cais. Eu analiso o jogo na
minha cabeça todo o caminho até lá. Bailey está falando sem parar.
A criança é fofa, mas cara, ela consegue conversar até suas orelhas
esquentarem. Foi ela quem decidiu que deveríamos comemorar
meu aniversário - mesmo com uma semana de atraso - tomando
sorvete na melhor sorveteria do calçadão de All Saints. Eu não
gosto muito de sorvete, e sou menos fã quando se trata de celebrar
aniversários desde que Via desapareceu. Não que eles fossem
toleráveis antes, mas pelo menos tínhamos a tradição de fazer uns
aos outros cartões horríveis e roubar doces dos vendedores
ambulantes.
Deus, não.
—É verdade. Eu li na Cosmo.
Mata-me.
Ela derrete em uma poça quando eu pisco para ela. Presa fácil.
Meu lanche favorito.
—Chocante
—Você acha?
—Eu sei.
—Tem certeza?
—Absoluta.
—Por que você não pode ser um pouco mais parecida com sua
irmã?
—Eu não—
—Vai te foder! Isto aqui é All Saints. Seu pai vai te comprar um
novo, — ela grita.
Por que estou aqui? Porque eu reconheço que, embora ela seja
uma pirralha, ela tem um caso. Daria não é vista. Sua mãe mal fala
com ela, e quando fala, é para lhe dizer para parar de ser horrível.
Ela normalmente é deixada por conta própria e, além de um
genérico ‘Como vai a escola?’ Eu nunca ouvi a mãe dela perguntar
sobre seus amigos, encontros ou sobre os ensaios de torcida. É um
ciclo vicioso porque, para chamar a atenção, Olhos de caveira
continua agindo errado.
Ela olha para mim com o mesmo olhar selvagem que me fez
dar a ela o vidro do mar há quatro anos. Como se eu fosse a
criatura mais fascinante do mundo. Quero embolsar esse olhar e
guardá-lo para a próxima vez que o mundo me decepcionar. O que
deve acontecer nos próximos vinte minutos.
—Feche os olhos. —
Ela faz. Assim como ela fez quando tínhamos quatorze anos.
Eu gosto que ela seja obediente quando estamos sozinhos. Eu faço
uma anotação mental de não abusar desse poder. Daria não
responde a ninguém e faz o que diabos ela quer - exceto comigo.
—Assim como Van Gogh. Só que essa garota disse sim, — diz
Daria.
—Sim.
—Sim. — Eu rio.
Seus olhos ainda estão fechados, não porque ela ainda está
seguindo minhas instruções, mas porque ela está enlouquecendo e
provavelmente desmaiaria se ela olhasse para baixo.
—Sonhe, Scully.
—Tudo bem! OK! Tudo bem. Não. Nós não estamos dormindo
juntos.
Eu bocejo alto, para que ela possa ouvir, balançando o cabo de
um lado para o outro.
—Por que você se importa, afinal? Gus disse que você tem
uma namorada.
—Gus é um idiota.
Chegamos ao topo.
—Não.
—Pensei que você tivesse dito que não queria todas as minhas
primeiras vezes.
—Muito mesmo.
Nosso carrinho é um manto invisível até começar a baixar. Os
pais dela poderão ver nossos rostos se ficarem embaixo da roda,
esperando por nós, o que tenho certeza de que eles estão, porque
se ela perceber isso, eles se importam.
Meu pau está duro e sua expressão também. Eu acho que ela
está se arrependendo. Eu deveria estar me arrependendo também.
Não por causa do Jaime. Foda-se, Jaime. Eu nunca pedi para ficar
em sua casa. Mas por causa de Adriana e Via.
Eu digo sim.
Nós dizemos isso ao mesmo tempo.
—Checkmate.
Foi amor à primeira vista
Ódio na segunda
Desejo na terceira
Não só não vivo mais com Rhett e temo o dia em que ele
receberá uma visita inesperada ou um telefonema de um
funcionário da escola, como também tenho um novo Prius. A
primeira vez que eu tenho algo bacana, e obviamente, eu não
consigo exibir isso.
—E aí, treinador?
Mas que merda! Minha mente gira com quatro mil perguntas
diferentes. Porque agora? O que aconteceu? Ela já o dispensou? Os
pais dela descobriram? Como isso me afeta? Eu não posso ser
suspenso. Eu não posso. ser. Suspenso. Foda-se todos os Prichards e
Joshes do mundo.
—Eu acho que onde quer que você mire, não faça isso em sua
direção, a menos que você queira que sua carreira no futebol
morra de forma súbita e dolorosa. Eu fiz um acordo com Prichard,
que parecia inflexível sobre você não ir a qualquer lugar perto de
sua escola novamente, a menos que em um compromisso
profissional. Dei a ele minha palavra de que você se manterá longe
da srta. Followhill, e ele, por sua vez, ignorará o fato de você estar
invadindo a propriedade.
Eu moro com ela. Eu quero rir na cara dele. Mas desde que não
há a menor chance de eu oferecer esta informação, eu sorrio. Se ele
está esperando um agradecimento, ou pior, qualquer tipo de
cooperação, ele obviamente não está prestando atenção.
Eu vejo o que ela está fazendo. Ela está tentando me dizer que
nós dois temos influência um sobre o outro. Ela está me dando
poder e eu nunca recuso poder.
Ela está na minha frente e não diz nada por muito tempo.
Então ela dá um passo em minha direção e fica na minha frente,
quase me tocando. Minha garganta vibra com um gemido
reprimido, pensando que ela vá me tocar, pensando que ela pode
até tocá-lo, mas ela liga a água atrás de mim e remove seu top. Não
é nada que eu não tenha visto antes, mas não consigo tirar os olhos
dos seus mamilos rosados, do estômago liso e da curva dos
quadris.
—Deixe-me saber em que buraco eu devo encaixar sua ponta.
— Eu engulo de novo. Deus. Ela está se despindo. Para mim.
—Tudo bem.
—Tudo bem.
—E você? — Eu pergunto.
Assim que ponho os pés no Lenny's, sei que entrei num campo
minado.
—Eu posso tê-lo levado para casa depois da luta. Ele foi a
próxima melhor coisa depois de Vaughn.
Ele me beijou.
Ele me tocou.
—Certo? — Eu rio.
Ela realmente cora. Talvez ela traia Scully também. Pena que
Jerry Springer se aposentou. Eles seriam convidados perfeitos.
—Você está esperando por alguma coisa, querida? — Ela
estoura seu chiclete na minha direção.
Ela levanta o braço para bater em mim. Eu acho que este será
o dia em que finalmente serei esbofeteada por ser uma vadia. Mas
antes que ela possa seguir, Penn está de pé atrás dela, segurando
seu pulso. Ele abaixa lentamente, seus olhos fixos nos meus.
Knight bufa e joga uma batata frita para ela. —Não. Apenas
uma velha rixa de infância.
Ele não sabe de nada, ele está apenas cobrindo para mim, mas
ele acertou em cheio.
—Eu nunca vou tocar em alguém que não seja meu para tocar.
Mas você tocou. Não vire isso para mim, Scully. Você brincou com a
princesa do gelo nas costas da sua pequena mamãe porque queria
provar que podia. Mas sabe que mais? Você está certo sobre uma
coisa. Estou me rebaixando muito. Beijando você. Despindo-me
para você. Divertindo você. Eu estou farta de ignorar os meus
avisos de alerta.
—Não é engraçado.
Ele chupa meu clitóris mais uma vez assim que eu desço do
céu e se levanta. Todo o seu rosto está brilhando com meu desejo
por ele, seu queixo pingando meus sucos.
Eu quero dizer a ele que ele é um idiota, mas sua boca cai
sobre a minha, e me desfaz com um beijo, forçando-me a provar
meu doce almíscar. Eu me odeio tanto por deixá-lo fazer isso
comigo de novo e de novo quando ele tem uma namorada. Isso me
deixa doente do estômago. Eu toco seu peito através do buraco em
sua camisa e puxo seu lábio inferior até sugá-lo todo em minha
boca. Eu pego tudo o que ele está disposto a me dar e depois roubo
mais alguns momentos, observando sua linda silhueta sob o céu
estrelado.
E como tal
Quatro anos.
—Fale.
Minha família.
Meus amigos.
Meus segredos.
Minhas inseguranças.
Eu bufo.
Minha mão voa para o meu rosto, um dedo roçando pelo meu
nariz.
—O que mais? — Pergunta ele. Sua mão desce para meu short
de pijama e serpenteia neles, seus dedos traçando minha fenda
através da minha calcinha.
Meus dedos dos pés deixam o chão enquanto ele puxa minha
calcinha para o lado, sua mão enfiada dentro dos meus shorts, e ele
começa a me dedilhar com dois dedos, seu polegar brincando com
meu clitóris. Eu gemo e rolo minha cabeça sobre seu peito,
fechando meus olhos e me deixo ser levada para um lugar onde só
nós existimos. Minha bunda roça sua ereção, e eu amo sentir o
quão excitado ele está para mim.
Claro que ele se deliciaria com minhas fraquezas. Por que não?
Isso o torna mais forte em nosso relacionamento fracassado.
Meu sorriso é tão forte que pode rasgar minha pele. Papai
empurra o queixo em direção ao banheiro.
—Papai…
—Agora.
—Tudo bem.
Que te desfaz
Não fique com ciúmes. Você não tem o direito de ficar com
ciúmes.
—Oh, não é nada. — Ela acena para o que deve ter sido a
minha expressão mais maluca até hoje. —Estamos apenas
tentando facilitar as coisas para Bails agora que ela tem seis aulas
de balé por semana.
—Aqui, — eu rosno.
—Acho que é uma coisa boa que eu não seja seu filho porque
eu não posso ser exigente. Senhor.
Penn franze a testa. Eu acho que ele está começando a ver que
eu não sou a única culpada por toda essa bagunça. Ele abre a boca,
mas minha mãe diz: —Penn, querido, temos algo para discutir.
Particularmente.
Silêncio.
—Tanto faz. — Eu mexo no meu cabelo. —A caçarola é um
fracasso, de qualquer maneira. Aproveitem a festa dos
carboidratos, perdedores. — Eu coloco meus dedos em forma de L
na minha testa antes de me retirar para o andar de cima. Eu não sei
porque estou saindo com tanta pressa. Ninguém virá atrás de mim.
Melody costumava vir antes que a coisa com Via acontecesse.
Então ela percebeu que eu nunca iria confiar nela sobre o que
estava me incomodando. Bailey tenta falar comigo às vezes.
—Deixe isso pra lá, Penn, — ouço minha mãe dizer, e posso
praticamente imaginá-la tomando um gole generoso de seu vinho.
Conversar.
A pior parte não foi que Mel ignorou a existência de Daria. Era
que ela foi casual pra caralho sobre isso. Como se sua filha fosse
uma mosca chata.
Mel está com medo de sua filha, que age como qualquer outra
coisa além de sua filha e Jaime está cansado de escolher lados. E
Bailey está no meio dessa bagunça, juntando um material
bombástico para seu futuro terapeuta trabalhar.
Ela geme.
—Vá embora.
—Fale.
Ela está certa. Eu quero ser seu cavalo de Tróia. Passar por
suas barreiras sem ser detectado. Mas eu nunca dei a ela nenhuma
parte de mim. Eu sou sempre o único a tomar.
—Vá para sua namorada. Ela precisa mais de você do que eu.
—Eu não conseguia falar por dias depois. Uma vez eu dei um
soco no meu próprio rosto para ver se conseguia chorar. A
resposta é não, a propósito. E quando minha mãe morreu? Fui até o
poço da cobra esperando que Vaughn me matasse. Eu deixei ele me
foder apenas para que eu pudesse sentir alguma coisa. Porque,
veja, eu sou o homem de lata. Eu não tenho coração. Não desde que
Via sumiu. Ela era meu mundo inteiro. Adriana e Harper, eu cuido
delas, mas não é o mesmo. Meu coração estava enferrujado antes
dela partir, mas depois? Depois disso, desapareceu. Isso é real o
suficiente para você, Daria Followhill?
Ela funga e olha para mim. Seus olhos azuis são tão
espetaculares que parecem duas tigelas cheias de diamantes. Os
lábios da Olhos de Caveira estão tremendo ao redor das palavras
que ela ainda é orgulhosa demais para dizer.
Não para sempre. Só até eu poder articular para ela como ela
está me machucando. Colocando Bailey em primeiro lugar. Papai
em primeiro. Penn em primeiro. Mas dizer-lhe todas essas coisas
transmite vulnerabilidade e a única coisa que tenho comigo é que
minha mãe acha que sou forte. Penn está certo. No minuto em que
você admite algo, isso se torna real.
—Eu tenho algo para lhe dizer e não quero que você fique
chateada.
—Daria...
Penn está descendo as escadas. Por que ele está sempre aqui
quando não tem treino? Por que ele não passa tempo com a filha?
Ele para no piso, seu peito largo bloqueando meu caminho. Ele chia
com sua risada suave e zombeteira que geralmente envia calafrios
famintos para os meus ossos. Ele está vestindo um capuz preto
com uma mão de esqueleto branco, dando-lhe o dedo do meio - o
furo está em algum lugar embaixo dele - e jeans skinny pretos
rasgados que caem muito baixo em sua bunda. Tênis desalinhados.
Completamente desalinhado. Pura perfeição.
—Daria!
—Por quê?
—Cerveja.
Silêncio.
—S... sim?
—Não?
Eu bufo.
Marx, me ajuda.
Seus lábios estão no meu ouvido agora, seus cabelos cor de
caramelo em ambos os nossos rostos. Nossas testas estão grudadas
com suor. Nós estamos arfando, em sincronia.
Ele foi o primeiro garoto que notou o animal ferido por trás da
camuflagem da hostilidade e tentou dar-lhe água e abrigo.
—Foda-se a reta.
Que eu não tenha que odiá-lo, e que não seja tão errado querer
isso.
—Sim.
—Hã?
Ele pisca para mim, sério. —Porque se eu não fosse seu amigo,
eu teria fodido com você e teria certeza que você pagaria pelo que
você fez.
Eu deslizo minha mão sob seu capuz preto, por cima de sua
camisa, procurando pelo buraco que sei que vou encontrar. Está lá,
porém menor. Seu coração está batendo tão forte contra a palma
da minha mão. Eu sei que ele está sentindo isso também.
—O quê?
—Surpresa.
Você voltou para mim como uma tempestade
Mas agora que ela está aqui, eu apenas fico como um idiota e
olho para ela como se ela tivesse dado uma cagada no meu
equipamento de futebol. Eu não posso respirar e parece que ela
está pressionando meu peito com seus sapatos ortopédicos.
Merda, Daria.
Via olha para baixo para seus tênis sem graça, perfeitamente
limpos. Ela está girando os polegares.
—Eu pensei que eles estivessem viajando pelo país com seu
culto? Tornando o Centro-Oeste ainda mais caipira.
Daria correu.
—Maravilha.
Via salta para trás. Ela sabe que essa conversa está indo de um
jeito que ela não quer que vá, então ela se levanta e coloca as mãos
no meu peito.
—Eu estou aqui agora. Eu sei que fui a pior irmã nos últimos
anos, mas a beleza da nossa situação é que não temos escolha. Nós
temos que estar lá um para o outro porque nenhum de nós tem
mais ninguém. Mamãe está morta. Papai e vovó nunca mais me
aceitarão. Não com você, de qualquer maneira. Eles acham que
mamãe e Rhett arruinaram você. E talvez nada disso. Então você
tem que me perdoar.
—Sim.
Ela acena com a cabeça. —Eu nunca contaria sobre você, Penn.
Você pode confiar em mim.
—Fora.
Como eu sangrei por você. Toda noite sem dormir. Cada dia
excruciante.
Não tem como Penn não ter ideia, de jeito nenhum Via
apareceu do nada, apareceu na nossa casa e decidiu ficar por perto.
—Eu sei.
Papai é a única razão pela qual eu estou me comportando
bem. Depois da centésima tentativa de Melody de falar comigo, ele
entrou no meu quarto. Ele explicou que eles não me disseram mais
cedo porque Via não mostrou sinais de querer ficar conosco e eles
não queriam colocar mais pressão no meu relacionamento com
Mel. Eu apenas escutei metade até o ponto em que ele confessou
que nas últimas duas semanas, ele e Mel estavam brigando para
saber se deveriam me contar. É a primeira vez que ele admite não
estar totalmente de acordo com a minha mãe.
—Só queria saber se sua vagina faz mais sentido do que você
faz.
Knight ri.
—Da próxima vez, escolha algo que possa pegar. Pronta para
ir?
—Nós não temos que ser inimigas, Sylvia. Eu sei que você está
encarnando o papel de boa menina com a minha família, mas não é
quem você é e não é quem você tem que ser para se encaixar na
minha família. Nós tivemos nossas diferenças no passado, mas
tínhamos quatorze anos e competíamos pelo mesmo lugar. Esse
posto é seu agora se você quiser. Eu não tenho mais interesse em
balé. Nós só vamos ter um último ano. Por que não tentar nos
darmos bem?
Com uma perna jogada sobre o concreto, ela solta seu grampo
de cabelo e arrasta seus dentes afiados ao longo do delicado
vestido de chiffon que está usando, bem ao redor do tecido que se
agarra ao seu decote, rasgando minha roupa no processo para
mostrar mais pele.
Sylvia Scully é.
Via olha para ele por baixo de seus cílios, todos de olhos
esbugalhados e prontos para entrar em suas calças. —E você é?
—Gus Bauer.
Ele se senta, seus olhos nunca vacilam dos dela. Ele está
fazendo um péssimo trabalho tentando parecer calmo. Meu
coração afunda mais até os dedos dos pés. A maneira mais fácil de
subir a escada social em All Saints High é namorar um jogador de
futebol de primeira divisão. Se ela namorar Gus, meu título de
rainha da formatura pode basicamente descansar em paz. Eu não
estarei presente no funeral, porque Via estaria lá - roubando minha
coroa.
—Meu padrasto.
—Meu padrasto e eu não nos damos bem. É por isso que saí.
Mas os Followhills, é outra história. Eu adoro Daria. — Ela me
lança um sorriso, esfrega minhas costas e acho que vou ficar
doente. —E eu sempre fui a bailarina favorita da Sra. Followhill, —
ela enfatiza, grudando em mim. —Espero continuar de onde parei.
Conversar.
—Se você acha que tem uma chance com meu irmão,
enquanto eu respirar, você está prestes a descobrir o contrário,
Lovebug.
Eu gostaria de poder reescrevê-la para fora da minha vida
Mel olha para mim com seus olhos brilhando. Ela não presta
atenção a Via e Bailey, que estão se preocupando com ela, mas é
tarde demais. O dano já foi feito.
—Nada.
Tudo.
—O que posso fazer para te fazer feliz? Para chegar até você?
— O apelo em sua voz é tão estridente que está me rasgando. E por
um momento, eu realmente acredito nela. Até eu lembrar que ela
me colocou em uma escola onde ela fodeu seu aluno, me trouxe um
irmão adotivo chato, bravo e atraente, então sua ainda mais furiosa
e louca irmã, que é minha inimiga, então ignorou e depreciou
minha existência por quatro anos em um ponto onde, às vezes, eu
me perguntei se eu era mesmo real.
Amanhã.
—Esse é o plano.
—Sempre soube que você era uma vagina. É bom ter uma
prova válida.
—Não sabia.
—Eu nem sei como me sinto sobre ela estar aqui. É como
nascer aleijado e ter um segundo par de pernas. Deveria me sentir
bem, mas é um verdadeiro show de merda. Eu já aprendi a viver
sem ela, sabe?
Eu sei.
Eu quero tanto dizer a ele que ela está apenas fingindo ser boa
e legal.
Ele rouba um último beijo antes de sair pela janela, sua risada
enrolando-se na minha pele. Ele nem está fingindo se esconder.
Nos esconder. Se ele disposto a falar sobre nós para a Via, então
isso significa que ele não tem vergonha de mim. Que ele não está
cem por cento só se divertindo comigo.
Uma hora depois que Bailey e meus pais saíram para ficar em
um hotel em Malibu para passar a noite, para ser exata. Eles saíram
da casa até o domingo de manhã para que eu possa jogar a rainha
do lugar. Antes de Penn se mudar, eu era notória pelas minhas
festas.
A coisa sobre festas no All Saints High? Se elas são boas, com
muito álcool, sexo e boa música, você geralmente não sabe sobre
elas, a menos que você esteja presente.
No próximo ano, eles passarão adiante e agirão como eu. Para
esta noite, porém, eles vão se aquecer no meu crepúsculo, mas
apenas de longe.
—Ele está com a nova garota por umas duas horas ou algo
assim. — Colin toma um gole de sua cerveja, cutucando a coxa de
Knight para que ele lhe passe mais.
—Via? — Minha boca fica seca. Espero que eles não estejam
ficando próximos. Penn absolutamente odeia Gus e vice-versa.
Via bufa e levanta, prestes a sair, mas desta vez, sou eu quem
fecha a porta atrás de mim e a empurro de volta para minha cama.
—Sente.
—Vá direto ao ponto, Daria. Nós não somos amigas e isso não
é um coração para coração.
Eu digo a ela tudo sobre esse dia. Sobre a coisa toda a partir do
momento em que eu estava na porta e rezei para não a ver ao
momento em que Penn me deu meu primeiro beijo. E todas as
coisas horríveis no meio. A carta. Como ele a rasgou. A alegria que
senti quando ele fez. Como eu escrevi sobre isso no meu pequeno
livro preto naquela mesma noite. Como o livro ficou grosso.
—Ele rasgou, mas ele não sabia. Ele não sabia, Via. Ele não
sabia, — continuo repetindo.
—Por favor, não pense menos sobre o seu irmão. Essa não foi
a minha intenção. Eu só queria que você soubesse que todos
éramos culpados pelo que aconteceu há quatro anos. Mas agora
você está de volta e podemos recuperar esse tempo.
Estilhaçando ao tocar
—Você acha que é uma boa ideia entrar lá? — Ele empurra o
queixo na direção da mansão de Followhills.
—Não.
Tudo o que sei é que agora não é hora de pensar sobre essa
questão.
—Combinado.
—Responda-me.
É o Vaughn.
O mundo está aberto para ela. Ela pode ir para a costa leste, ou
para o meio-oeste, ou a fodida Europa.
Assim que entro na casa vazia ‒que tem lixo por toda parte‒,
eu a levo para o quarto dela no andar de baixo. Estou
momentaneamente desorientado por toda cor de rosa que Melody
colocou lá. Alguém precisa sentar e dizer a ela que nem tudo
feminino e adolescente precisa se parecer com uma boceta. Eu jogo
Via em cima de um pufe e ajusto meus ombros.
—Elas não têm nada a ver com isso. — Eu faço uma pausa. —
Espere, como você sabe sobre Harper?
Eu acho que faz sentido que ela saiba, mas ainda estou bravo
que ela tenha descoberto desse modo. Estou bravo por não termos
tido a oportunidade de discutir isso. Que não somos quem
deveríamos ser um para o outro.
—Eu não posso acreditar que você se apaixonou por ela, Penn.
—Que traição?
Ela está tremendo como uma folha agora. Ela corre para mim
e agarra meus ombros. Não sei porque odeio mais isto do que odiei
tudo nela desde que ela voltou. A Via original era um monte de
coisas, mas ela não era pegajosa. Ela era real. Mesmo mesquinha.
Mesmo vingativa. Mesmo faminta. Mas real mesmo assim.
—Se você não terminar com ela, eu vou voltar para o papai.
Tem sido horrível lá, mas pelo menos eu sinto que tenho algum
tipo de família. Eles têm boas intenções, mesmo que o seu modo de
vida esteja todo errado. Eu não posso estar aqui, entre estranhos,
com um irmão que está apaixonado pela minha arqui-inimiga, a
garota que arruinou meu futuro. Por que eu deveria ficar por perto
por um cara que ajudou Daria Followhill a se livrar da minha carta
de aceitação para a Royal Academy? Foi por isso que eu saí, Penn.
Agora observe enquanto eu pego carona de volta para o
Mississippi. Apenas reze para que eu não seja estuprada e
espancada até a morte desta vez. E antes de perguntar se estou
falando sério, lembre-se, fiz isso há quatro anos quando era muito
mais jovem e ainda mais indefesa.
Meu sangue corre frio em minhas veias. Nós dois sabemos que
nunca me perdoarei se Via for embora novamente. Seus últimos
quatro anos foram um inferno e nós não estávamos lá um para o
outro. Sim, ela voltou um pouco excêntrica, preguiçosa e
excessivamente simpática e adequada para o meu gosto, mas ela
ainda é a minha irmã gêmea. Nós compartilhamos um útero por
nove meses e todos os problemas que a vida nos lançou depois
disso. Sua ausência não mudou isso. Uma garota com olhos como o
oceano sem fim e cabelos como praias douradas não muda isso.
—Se você não terminar com ela, eu vou dizer à sua mãe,
amigos e todos que ela se preocupa o que Daria fez para mim. Nós
dois sabemos que eles a amam, mas não gostam dela nem um
pouco. Tudo que eles precisam é de um pequeno empurrão para
fazer Daria se tornar uma rejeitada e eu estou mais do que feliz em
empurrar. Será uma queda espetacular. Mas se você fizer o que eu
digo, seu segredo está seguro comigo.
Por culpa
Desejo
E luxúria
Porcaria.
Eu digito de volta.
É por isso que realmente não consigo odiar a irmã dele. Não
totalmente, pelo menos. Ela é uma extensão dele e ele tem meu
coração.
Via.
Via fez isso. Via tirou isso de mim. Novamente. Meu sangue
está fervendo em minhas veias. Eu sei que ele está sendo malvado
e injusto comigo, mas no meu desespero para me explicar, eu não
vejo isso.
Ele disse que ele e Addy não são o que eu achava que eram
para ele, mas mentiu para conseguir o que queria de mim.
É o Vaughn.
Quando ele vê meus olhos cheios de lágrimas, ele olha para
longe como se eu não fosse digna. Sentimentos o deixam assustado.
Ele me puxa para um abraço. Uma raridade que não tenho por
certo quando se trata de Vaughn. Eu enterro meu rosto em seu
peito e me deixo desmoronar, sentindo meus ossos tremendo
dentro do meu corpo.
No lugar errado
Na hora errada
—Então o que é?
Eu não posso dizer a ela que terminei com Daria porque isso
lhe daria ideias. Eu balanço minha cabeça e fico de pé. É hora de
encarar Mel. Eu pego minha jaqueta e beijo o topo da cabeça de
Adriana. Ela segura a gola da minha camisa e me puxa para perto,
beijando minha boca. Eu gemo e não com prazer. Ela está apagando
meu último beijo com Daria.
—Não a odeie, Penn. Ela só quer nos ver felizes. Com a Harper.
Juntos.
—A legal, bastardo.
Eu sorrio. Eu não minto para ele porque não posso. Porque ele
merece mais do que isso.
—Minha esposa já está chateada. Ela tem duas garotas que ela
não consegue controlar vivendo sob seu teto, e ela adora as duas
demais para escolher um lado. Acredite ou não, Penn, estou do seu
lado. É por isso que vou dar uma dica valiosa. Bem aqui. Agora
mesmo. Você está ouvindo?
—Senhor?
—Escolha ela. Não escolha Daria. Você vai acabar dando a ela
menos do que ela merece. E minha filha merece tudo. Não metade
disso. Não um quarto. E definitivamente não confuso. Deixe-a ir. A
menos, claro... — Ele faz uma pausa, inclinando a cabeça para
examinar minha expressão. Eu não respiro.
Mel explica que o New York Ballet quer abrir uma filial em Los
Angeles e eles estão considerando-a para o papel de cofundador.
Há lágrimas em seus cílios inferiores enquanto ela dá as notícias.
Meu coração dói porque normalmente - há um ano - mesmo que
não fôssemos muito próximas, ela teria me contado antes de
confiar em mais alguém.
Mel
Daria.
Eu sei que estou aqui apenas porque Mel não poderia não me
convidar. Uma sensação de vingança esmagadora me domina. Eu
tento dizer a mim mesma para não fazer isso quando meus dedos
flutuam por conta própria na tela do telefone.
O que eu fiz?
O que eu fiz?
—Um beijo.
—Por que você não pede a sua namorada para fazer isso?
—Resposta errada.
—Simultaneamente.
—Não.
—Não o quê?
Quando chego à minha cama, o livrinho preto não está mais lá.
Ouça o caos
Ela empurra a porta e entra mais para dentro na sala até que
estejamos cara a cara.
—Eu sempre soube que você seria sua própria ruína. Você era
tão bonita e perfeita com seus cabelos brilhantes e longos cílios.
Tão presunçosa e orgulhosa com sua linhagem maluca, mãe ex-
professora e pai Hothole. Às vezes, à noite, tive que chorar para
dormir, convencendo-me de que você iria cair, porque não parecia
que aconteceria. E vamos admitir isso. — Ela ri. —O título de capitã
de torcida sempre pertenceu a mim. Eu sou a melhor dançarina. Eu
sou uma líder melhor, melhor mediadora, o melhor ser humano.
—Você não pode tirar meu título, Esme. Não é assim que as
coisas funcionam, não importa o quanto você queira.
Eu vejo vermelho.
Por um lado, dizer a Blythe, sua melhor amiga, que você tem
dormido com Vaughn. Então, direi a Vaughn para deixá-la, e não se
engane, o garoto não tem um mínimo de emoção em seu corpo. Ele
fará isso sem nem mesmo lamentar os boquetes perdidos.
Sem resposta.
Via prometeu que ela acabaria comigo e até agora ela manteve
sua palavra.
—Acha que é uma boa ideia você pular as aulas? Você não é
exatamente um gênio. — Finjo desinteresse e indiferença, mas não
é como me sinto mais. Estou tão esgotada e surpresa por ainda
estar de pé.
Eu perderia tudo.
—Vamos ver. O que eu quero? Oh, eu sei! Quero que Las Juntas
perca o play-off e me dê o que eu mereço - uma vitória.
Eu estremeço.
—Como? — Ele não olha para cima da papelada que ele está
assinando. Tem o logotipo dos Saints, então eu sei que é
relacionado ao futebol. Tudo parece estar relacionado ao futebol
nos dias de hoje. Há rumores de que Gus está em Xanax²⁰ e
bebendo demais para lidar com o estresse.
Eu respiro fundo e solto tudo de uma vez. Aqui vou eu. —Eu
não tenho ele.
—O que você quer dizer com não tem ele? — Sua mandíbula
flexiona.
—Eu sou mais esperto que uma líder de torcida, para começar.
E ele também é.
—Daria...
—Ele foi tão bom quando tirou minha virgindade. Não muito
tempo depois que você nos encontrou no vestiário, na verdade.
Minha guerra com Via e Gus não só será travada sozinha, mas
acabei de descobrir que eles têm um aliado muito poderoso.
Muito irado.
Muitíssimo irado.
Ou comer
Ou reconhecer
O triste é que não dói tanto quanto ver Penn nos corredores.
É o Prichard.
—O que você acha que Gus queria de mim quando você deu a
ele meu diário? — Eu pergunto, estacionando um quadril sobre o
gabinete. Ela dá um passo para trás. Eu dou um passo em direção a
ela. Suas costas batem no vidro do chuveiro, e é aí onde eu a
mantenho encurralada.
—Sim. — Eu pego seu rosto, querendo que ela olhe nos meus
olhos novamente. —Penn está quebrado, frustrado, perdido, por
sua causa.
—Ele não pode saber. Ele não pode saber, — ela repete.
—Esta é a razão pela qual você virou sua vida de cabeça para
baixo. Por um cara que está profundamente apaixonado por sua
namorada da escola. Que gerou seu bebê inocente. — A voz de
Gabe se aguça ainda mais. —Há momentos na vida em que o mal
toma conta de nossa alma e é nosso dever buscar a pureza e
consolo naqueles que se importam conosco. Você veio a mim
ferida, corrompida e sem direção, Daria e eu fiz o que tinha de ser
feito. Você precisava dessas palmadas hoje. Precisava desse aviso
para despertar. Você tem que dar a Penn Scully uma chance justa
de construir sua família. Volte para mim, querida. Para nós. É hora
de esquecer isso.
—Por que você acha que eu tenho controle sobre Penn? Você
mesmo disse. Ele está apaixonado por outra pessoa. — Eu me volto
para ele. Afastar meu olhar de Penn e Adriana é como tirar um
band-aid. Eu posso ouvir sua risada ricocheteando nas árvores.
Está em todo lugar e eu não posso escapar disso. Sua felicidade é
minha miséria.
—Porque, — ele se vira para mim —você vai dizer ao mundo
todo que ele vive com você se ele não o fizer. Você vai chantageá-lo,
minha querida.
Penn.
Adriana
Harper
Bailey.
Ou sua mãe vai descobrir que você destruiu seu sonho também.
Certo
Absoluto
Ela acha que está nos enganando. Mas o fato é que eu a deixei
se safar com seu comportamento porque ela já passou por muita
coisa.
Por que ela iria colocar aloe por todo o seu traseiro?
Mas Daria não é igual a mim. Ela é minha filha. Minha filha
muito sensível. Ela está sofrendo além do que se possa imaginar
recentemente. Eu não fiz nada para corrigir essa situação, apenas
agravando a situação trazendo mais fatores que nos separaram.
—Papai?
—Eu não posso ficar aqui, sabe. Eu não vou deixar o Penn
perder o jogo e eu não vou poder mostrar meu rosto na escola
depois que o jornal for publicado.
—Eu sinto muito, papai. Eu sei que você não queria que isso
acontecesse. E eu sei que te decepcionei um zilhão de vezes.
Deixando o Hulk vencer. Por ser ciumenta. Por ser malvada. Por
não ser a melhor versão de mim mesma que eu poderia ter sido.
Por me apaixonar por uma pessoa que não tinha o direito de me
apaixonar.
Ele não diz nada e tudo ao mesmo tempo. Seus olhos dizem
que é dela. O novo começo. Ele nunca iria negar nada a ela. Nem
mesmo se isso significar nos deixar.
Ele abre a porta vestido com calças de cor cinza pálido, uma
camisa branca e uma carranca que desmorona no minuto em que
ele vê meu rosto. Ele estava esperando minha filha? Eu não posso
perguntar, embora eu queira.
—Oh, meu Deus, como isso vai arruinar seu histórico perfeito.
Abuso contínuo... — Eu digo dramaticamente. —Explorando uma
menor e conduta física inapropriada...
Seu passado
—Scully
—Cuspa, — eu rosno.
—Não tenho nada a dizer para você, além de que seu time é
péssimo, mas as ações falam mais alto do que palavras, então vou
lembrá-lo disso no campo na semana que vem.
Daria
—Eles não te protegem, então não vejo por que você deveria
protegê-los também. — Gus empurra meu peito e percebo que
afrouxei meu domínio sobre ele sem nem mesmo querer. As
marcas vermelhas no pescoço vão ficar roxas amanhã de manhã.
—Cale-se.
—Sinta-se com sorte por você ser qualquer coisa. Eu lhe disse
para não a tocar. Nós tínhamos um acordo. Um juramento de
sangue.
Jaime olha para a minha irmã com uma frieza que não estava
lá antes. Mel pode ter a paciência de mil freiras, mas Jaime sabe o
que está acontecendo e ele é do time Daria até o fim.
—Eu a odeio tanto. E eu juro que não sabia que Gus ia pedir
para você perder o jogo. Você tem que acreditar em mim, Penn. Eu
só queria me vingar dela por ter jogado minha carta fora.
—Eu joguei a carta fora, — eu grito no rosto dela, colocando
um dedo no meu peito, onde o buraco está. Um buraco que estava
encolhendo há semanas, mas agora está maior do que nunca desde
que a Via voltou. Eu rasguei minhas camisas no dia em que eu
rompi as coisas com Daria, cortando os buracos tão grandes que
agora você pode ver metade do meu peito. —Eu tenho culpa tanto
quanto ela tem.
—Você está com ele, — eu digo, não pergunto. Ela não nega
isso. Apenas continua dizendo por favor, por favor, por favor. Eu
nem tenho certeza do que ela está pedindo, mas se é meu perdão,
ela está oficialmente louca.
O amor é humilhante.
Diga sim.
Diga sim.
Diga sim.
Conversar.
Eu sinto muito.
Ela responde.
Eu também sinto.
Mando de volta.
Gus está com seu diário. Ele me pediu para perder o jogo,
a menos que eu queira que ele seja impresso.
Posso me virar?
OK.
Eu tento de novo.
Ela ainda não olha para mim. Lágrimas rolam por suas
bochechas. Eu sou péssimo nisso. Eu não sei muito sobre garotas.
Eu sei ainda menos sobre garotas que eu gosto. E aparentemente,
eu não sei quase nada sobre garotas que eu amo.
Via me fez escolher entre vocês duas. Disse que ela fugiria
de volta para o Mississippi se eu fizesse a escolha errada.
Seus dedos estão plácidos, pairando sobre a tela. Ela não está
falando, digitando ou fazendo nada. E o amor. É humilhante, eu sei
agora, porque eu quero me dar um soco no rosto por ser o
bastardo presunçoso que assumiu que só sairia dessa merda sem
nenhum dano. O homem de lata não pediu um coração - mas
conseguiu um mesmo assim.
—É tarde demais.
—Olhos de caveira?
Até você.
—Você desistiu?
Mais ou menos.
Estávamos.
Por um segundo.
—Por quê?
Parabéns a ela por fazer a coisa certa, mas foda-se, isso é
extremo, mesmo para Madre Teresa.
Observe-se
Jaime: Sim. Mas você precisa voltar para casa se quiser vê-
la antes que ela chegue naquele avião.
O que eu não digo é que eu não posso mais ver aviões no céu
sem estar cheio de ódio contra esses filhos da puta. Todo jato é
uma ofensa pessoal contra mim. Sempre que a Via tenta ligar, eu a
envio para o correio de voz. Quando ela aparece no Camilo com seu
horrível Jeep, eu bato a porta na cara dela, lamentando que não
tenha acertado a bunda dela no processo.
O olhar de Jaime dispara para Mel, que passa a mão pela parte
de trás da minha cabeça a caminho da ilha. Ela parece terrível. Mais
magra do que o seu habitual eu magricelo.
—Você já teve seu tempo para ficar de mau humor sobre isso.
Você está voltando para casa depois do jogo. — Ela põe um copo de
limonada e um prato com queijo grelhado na minha frente.
Eu sento e rio.
—Você não tem que me desafiar. Você pode apenas chutar
minha bunda. Eu provavelmente faria o mesmo.
Claro.
—Hoje.
Prichard tem uma casa nos arredores de All Saints. A única luz
à distância é a do seu Alfa Romeo. Do contrário, está escuro como
breu quando entramos na estrada de terra, eu liderando o caminho
no meu Tesla e a Mercedes de Vicious seguindo de perto. Trent
Rexroth, meu amigo do colegial, está ao meu lado e Penn Scully –
abençoado seja seu coração partido - está no banco de trás,
parecendo impiedosamente determinado e com um olhar mortal,
como o resto de nós. Vicious e Dean nos sinalizam com as luzes
para parar. Eu jogo o veículo no parque e giro ao redor.
—Ah não. Não, não, não. Eu já conversei com sua esposa. Nós
resolvemos as coisas. Nós…
—Você não resolveu nada comigo, — eu o corto. Mel me
contou o que ela fez depois de tê-lo feito e, embora eu quisesse
matá-la, também entendia como ela estava se sentindo. —Nós só
deixamos você se safar porque não queremos que Daria sofra. —
Eu diminuo a distância entre nós, sorrindo diabolicamente. Meus
olhos estão mortos. Meus músculos soltos. —Agora é hora de
pagar.
Prichard vai levar isso, como o que ele fez para Daria, ao seu
túmulo.
—Só vou pegar minhas coisas no Camilo. — Eu jogo minha
mochila por cima do meu ombro e deixo Mel beijar minha
bochecha. É quase meia-noite e parece que vamos comer no meio
da noite, mas isso é porque os Followhills entenderam porque
Jaime e eu tivemos que sair para cuidar dos negócios antes que
Prichard deixasse a cidade.
Enquanto eu dirijo para Camilo, eu tento ligar para ele para ter
certeza que ele saiba que eu estou parando por lá.
—O poço da cobra?
—É assim que se chama? — Ela ri, abrindo o micro-ondas na
cozinha para pegar uma garrafa e enfiá-la na boca do bebê. —
Certifique-se de proteger essa sua cara bonita, Scully. Maçãs de
rosto assim, você pode engravidar sua garota rica e viver do
dinheiro de seus pais.
—Não me diga, Sherlock. — Ele ri, sua voz seca estaladiça. Ele
tem estado assim por um tempo, eu imagino. Eu chamo uma
ambulância enquanto Gus foge das arquibancadas, gritando em seu
rastro, —Limpar, limpar, Scully chamou os porcos.
Mas eu acho que já sei. Gus não achava que eu perderia o jogo,
então ele mandou alguém para se certificar de que meu
quarterback não seria capaz de jogar. Foi um movimento calculado
e frio para se livrar de Camilo e eliminar nossas chances de ganhar.
Pela forma casual como ele me diz isto, sei que ele ainda não
se deu conta da situação.
Sem futebol.
Sem futuro.
Ele ri.
Por nada.
Apaixonar-se é semelhante a um déjà vu
É uma verdade não dita que Melody não pode mais me dar
beijos de boa noite.
Papai diz que é uma coisa boa. Que quando as coisas são
destruídas, você pode construir uma versão melhor delas do zero.
Mas a construção exige força e coragem e eu não tenho nenhum
dos dois agora.
Literalmente.
—Penn! — Eu grito.
—Minha filha louca fora deste mundo. E você pensou que você
era nada menos que feroz.
Minha mãe me disse uma vez que não estava preocupada com
Via porque meu núcleo é segurança. Eu sou o protetor. Eu abriguei
Via quando ninguém mais queria, e agora, quando Daria está me
implorando para pegar o que é meu - essa vitória, esse jogo, o
campeonato - e meus colegas de equipe estão cuspindo suor e
sangue para tentar fazer isso acontecer, e Knight Cole se sacrifica
para salvar minha pele, eu não posso fazer isso.
—Responda-me, filho!
Ex-namorada. Porra.
—Nada, senhor!
—Dê-me uma boa razão para fazer qualquer coisa que você
peça, seu canalha de merda. Eu tenho todo o direito de...
Eu soco o volante.
—Repita isso.
—O que mudou?
Eu torço minha cabeça e vejo o jipe rosa que minha irmã está
usando, estacionado em frente de onde estamos. Eu vejo Via sair de
lá, de mãos dadas com ninguém menos que a própria Daria. Meu
punho cai enquanto eu gravito em direção a elas, minhas pernas
me carregando até lá sem sequer querer, hipnotizado.
Entrada 842:
Entrada 843:
Pecado: Pedi café com leite integral à Esme da Starbucks toda
quinta-feira por um semestre inteiro, quando era a minha vez de
fazer a rodada de café antes do treino na esperança de que ela
ganhasse peso.
Entrada 844:
—Foi uma má ideia da sua parte pedir à sua família para não
contar a ninguém que você está indo embora. Isso me levou a dizer
a Gus que precisávamos acelerar nosso plano. Agora estamos
quites, Daria. Agora, quando eu tiro tudo de você como você fez
comigo, posso seguir em frente com a minha vida. Agora você
finalmente está provando como é estar completamente arruinada.
—Penn, eu–
—Eu sinto muito, Daria. Esme nunca deveria ter ficado com
seu título. Me desculpe por ter ficado do lado dela. Meu segredo é
que sou insegura, provavelmente insegura demais, para enfrentar
valentões. Para dizer às pessoas como me sinto sobre elas. — Ela
fungou, olhando para Vaughn. —Eu não sei. Às vezes sinto que
tenho muito medo de viver.
Penn se vira para olhar para mim, então todo mundo também.
Mesmo que eu tenha ficado envergonhada por causa de tudo o que
aconteceu e porque praticamente todo mundo aqui conhece todos
os meus segredos, eu fico surpreendentemente calma.
—Eu lhe devo duas verdades. Uma, eu vou te dar agora, Olhos
de caveira. Mas a outra... — Ele respira fundo. —A outra você vai
conseguir se decidir ficar por perto. Se a Dama acabar com o
Vagabundo.
—Dar...
—Sim, eu também.
—Então, o que você acha que Jaime e Mel vão fazer comigo? —
Ela mastiga o lábio inferior, ainda olhando para a estrada. Eu sorrio
da sua preocupação.
Ele lambe entre as minhas pernas até que não haja mais ar nos
meus pulmões. O desejo é tão forte, o prazer tão profundo que paro
de respirar e me preparo para a tempestade que é o orgasmo se
formando dentro de mim. Quando ele finalmente cai sobre mim,
maior do que qualquer sensação física que eu já experimentei, ele
se levanta em seus antebraços e entra em mim de uma só vez,
enchendo-me por completo. Eu arqueio mais, segurando suas
costas. Ele cala os meus gemidos com um beijo sujo que tem meu
gosto e meu cheiro.
—Prometo, — eu minto.
Eu respiro seu nome
—Ela não quer que ninguém saiba. Eu sinto muito. Ela nem
sequer me deixou ir com ela para ajudá-la a se instalar.
—Não de longe.
As próximas semanas são pura tortura. Os dias se arrastam, o
tempo desliza nas paredes de uma casa que não está vazia, mas
também não está viva. De alguma forma, todos esses dias somam
um mês sem Daria. Um mês em que Jaime volta, age como se nada
estivesse errado e toda vez que ele recebe uma ligação e é dela, ele
fecha a porta do seu quarto atrás de mim e me dá um nem pense
nisso. —
Sim. Cerca de um mês depois que ela foi embora, Daria cedeu e
começou a falar com Mel também. Bailey sempre fala como se ela
estivesse mantendo contato com ela também, então eu acho que é
apenas os Scullys que Daria quer fora de sua vida e não posso
culpá-la. Nós invadimos sua vida e a arruinamos completamente
em menos de seis meses. Se houvesse um evento de medalha
olímpica por ser o maior erro, Via e eu teríamos sido o orgulho
desta nação.
—Claro, senhor.
—Penn Scully.
—Eu acho que fiz o bastante para você, garoto. — Ele joga a
cabeça para trás e ri. Mas eu estou falando sério. Quando ele vê
isso, ele para de rir e revira os olhos. Novamente, como Daria. É só
agora quando procuro por coisas para me lembrar dela que estou
começando a ver como ela é parecida com seus pais. Como ela
pode pensar que é uma pessoa horrível quando é composta de
duas pessoas que pegam dois adolescentes vira-latas
completamente vingativos quando ninguém mais o faria?
—Você não quer que eu a veja? Fale com ela? Saiba onde ela
está? Bem. Mas eu quero que você dê isso a ela. — Pego minha
mochila e pego um diário de couro, idêntico ao que Daria tinha.
Não é coincidência que temos o mesmo diário. Melody deu a Via no
dia que ela deu a Daria, quatro anos e meio atrás. Eu acho que,
embora eu nunca pergunte, ela queria que as duas garotas
chegassem à mesma conclusão e tentassem resolver as coisas entre
elas. Muito boa jogada, Melody.
Via fugiu e Daria saiu dos malditos trilhos. Eu não sei por que
eu mantive o diário intocado. Parecia um desperdício jogar fora
algo que parecia caro, com capa de couro e tudo. Comecei a
escrever só quatro anos depois, na noite em que minha mãe
morreu e vi Daria pela primeira vez em anos.
Jaime olha para o teto e finge pensar. —Se você começar a agir
como um ser humano e não como um zumbi, talvez.
—Você vai arruinar sua vida por uma garota que não quer
mais você, — diz papai e é como um tiro nas costas para mim.
Porque eu quero ele. Eu quero mais Penn do que eu quero minha
próxima respiração. Eu só não sei se sou boa o suficiente para ele, e
não posso me arriscar a machucá-lo mais uma vez. Mas parece que
ele já está sofrendo tanto quanto eu.
Ela me vê.
—Eu nunca amei Via mais do que você. Você sempre foi meu
amor mais forte e natural. Mas Sylvia precisava de ajuda. Ela era
pobre, maltratada e negligenciada, e não havia nada que eu
pudesse fazer porque sabia que, se eu interviesse, as coisas
poderiam ficar muito piores para ela. Tudo o que eu podia fazer
era ajudá-la comprando seus equipamentos, fornecendo-lhe
refeições e apoio, e tentando inscrevê-la na Royal Ballet Academy.
Eu a ajudava não porque eu estava encantada com suas
habilidades, mas porque alguém precisava. Eu levei Penn e Via sem
consultar vocês, garotas, e esse foi o meu maior erro até agora. Eu
estava tão focada em tentar me redimir por não procurar Via
quando ela desapareceu que eu mal percebi que estava pisando em
minha própria filha. Eu sinto muito que você andou por aí se
sentindo indigna por minha causa. Sempre foi tão difícil expressar
meus sentimentos e acho que isso é algo que você herdou de mim.
Eu ensinei a você como agir de forma forte, assumindo que você
era. Você ficou tão boa no jogo que eu acreditei.
—Oh, Marx, você está brincando comigo? Você sempre foi tão
incrível. Eu assisti enquanto você se tornava cada vez mais
insegura com o passar do tempo e eu não tinha ideia de que fosse
sobre mim ou Via. Eu pensei que você estava apenas cansada e
entediada.
(Última entrada)
Dia da formatura.
Conversar?
Ela ainda está de pé. Mel está no meu caminho até ela e não faz
um movimento para ficar em pé nem nada. Então eu apenas fico lá,
observando Daria me observando, tentando não notar o jeito que
todos ao nosso redor estão rindo. Estou sem fôlego, embora o meu
cardio esteja perfeito.
—Obrigado.
—Eu não teria perdido isso por nada desse mundo. Você sabe
disso, certo?
—Porra, — eu digo.
—É melhor você voltar para lá, então você pode jogar seu
chapéu.
Da última vez que nos falamos, ela prometeu não sair, mas ela
fez. Eu não vou me arriscar. Ela pode muito bem apresentar uma
ordem de restrição porque eu não vou deixá-la fora da minha vista.
Eu sorrio e a puxo para mim com Mel, Jaime, Via e Bailey ainda ao
nosso redor. Eu a aperto em um abraço.
O jantar é surreal.
Ela olha para mim de seu prato e sorri, mas não diz nada. Eu
não pergunto novamente.
—Reformule, garoto.
—O que aconteceu?
—Overdose.
—Isso é triste.
—E o que é isso?
Isso.
—Primeiro, quero que você me diga que não dormiu com mais
ninguém desde que eu parti. — Ela vira a cabeça para me encarar,
o corpo ainda inclinado em direção ao tronco.
Respire.
—Ok, o que está acontecendo? — Ela para. Não. Não. Ela não
pode parar. Temos talvez dez metros para completar a jornada. Eu
puxo sua manga e praticamente a arrasto o resto do caminho entre
os dois lagos no campus na forma de um oito.
—Bem! Você pode soltar minha mão? Minha palma está suada
e mesmo que eu ame esses gestos românticos, isso é um pouco
carente, Penn.
—Oito metros.
—Parece... perfeito.
Ele me cala com um beijo forte, seus lábios roçam nos meus
rudemente, e eu derreto e aperto as lapelas de seu agasalho. Eu sou
uma tola por esse cara. Estupidamente apaixonada e
embaraçosamente excitada por ele. Quando finalmente nos
afastamos para respirar, ele ergue a cabeça para trás, olhando para
mim, calado e sério.
—Tudo certo. Parte dois. Desta vez, espero que você entenda a
dica, porque há muito mais em jogo. De acordo com o folclore
tradicional em torno deste pedaço da floresta, se duas pessoas do
sexo oposto se beijam sob o arco de Lyons, isso os leva ao
casamento. Você está acompanhando isso, Srta. Followhill?