Rota 3
Rota 3
Rota 3
DESIGN
AULA 3
2
CONTEXTUALIZANDO
3
prevaleceu na arte no período que trataremos aqui é muito bem fundamentado
por Merlo (2000) quando diz:
TEMA 1 – A RENASCENÇA
4
sobrenatural (teocentrismo), que vigorou nos séculos anteriores. O artista,
portanto, passa a ser o personagem que protagoniza a história e que é agora
contada além do panorama civilizatório, incluindo a pessoalidade e o caráter de
quem faz a arte.
Quanto à localidade é a cidade de Florença o berço da Renascença no
Quatrocento e tem-se na figura do arquiteto e escultor Filippo Brunelleschi
(1377-1446) a originalidade de uma nova concepção arquitetônica a partir dos
fundamentos da arte clássica, tal é verificado na fachada frontal da Capela
Pazzi, em que o novo está na combinação das antigas colunas e capitéis
sustentando os arquitraves com as parede com adorno geométricos. O
conjunto é muito simples, ainda mais se comparado às anteriores basílicas
românicas e catedrais góticas, mas essa nova arquitetura exibe outra inovação,
o vão, o espaço livre que aconchega o observador até a porta principal ao
fundo.
5
Esse espaço livre até a entrada cerrada nos dá a sensação de
profundidade por meio de regras matemáticas denominadas de perspectiva.
Recordemos que até então o uso exato da perspectiva geométrica não aparece
na arte, e tem-se o uso de volumes e diferenças tonais e a sobreposição de
planos, mas essa técnica que distancia e aproxima os elementos com o
aumento e a redução de suas escalas – e com auxílio de pontos de fuga – será
um grande trunfo da arte renascentista. Para Gombrich (1981) a arquitetura
renascentista ambicionava produzir além da funcionalidade e da utilidade dos
edifícios, e buscava apenas a “beleza das proporções perfeitas”.
Mesmo sendo Brunelleschi quem primeiro se dedica ao emprego da
perspectiva, foi o arquiteto Leon Battista Alberti (1404-1472) que “solucionou as
questões formais e de medidas a partir da distância dada de um observador”
no tratado intitulado Della Pictura (Santos, 2007). O pintor Tommaso di Ser
Giovanni di Simone, o “Masaccio” (1401-1428), aplica na pintura essa nova
“regra”, de modo que um espaço se abre ao fundo, tal como se a parede fosse
quebrada e novos planos por detrás dela construídos. Para nossos habituados
olhos esse mural pode parecer comum, mas para a época Masaccio mostrou-
se muito além das convenções pictóricas (Gombrich, 1981).
6
modos de pintura e esse esquema vai aparecer em inúmeros artistas e obras
durante e após o período.
Quanto aos temas, na Renascença a arte busca refletir a realidade tal
qual ela é – ou parece ao artista –, como no quadro de Jan Van Eyck (1390-
1441/Flandres), O Casal Arnolfini, em que o pintor – e também observador –
“brinca” ao se pintar no reflexo do espelho ao fundo do aposento. Van Eyck traz
referências góticas em suas figuras lânguidas e posição das mãos, mas junto a
Giotto (1267-1337/Itália) formam dois dos artistas anteriores ao período e que
já indicavam o que estava por vir, sendo que na obra de Giotto já ocorre um
perfeito equilíbrio da distribuição das iluminadas figuras e entre os planos da
imagem as fazendo saltar da tela. Lembremos que as figuras anteriores, no
Bizantino, mesmo voltadas e a mirar seriamente o observador, estavam
sempre achatadas e pertencentes ao plano do quadro. Tal preposição volta a
ocorrer nas telas de alguns artistas do romântico e que vermos mais ao fim
desta aula.
Créditos: Mirages.NL/Shutterstock.
7
mundos se abrissem no quadro; podemos ver isso na obra de Mantegna (1431-
1506) abaixo:
8
Figura 6 – The Harvester (Os Ceifeiros), de Pieter Brueghel
9
Piero Della Francesca (1415-1492) explora tal artifício na obra O Sonho
de Constantino, que quase podemos sentir o cansaço dos guardas que zelam o
sono do monarca (Gombrich, 1981). Della Francesca é também reconhecido
por esquemas geométricos em composições e que comparam a relação entre a
forma quadrada e esférica para a face do homem e da mulher respectivamente,
como no duplo retrato de Battista Sforza e Federico de Montefeltro na obra
Duque e Duquesa de Urbino, e que séculos mais tarde seriam questionados no
cubismo (Proença, 2005).
Quanto às composições pictóricas, o artista da Renascença preocupa-se
desde o início com o seu equilíbrio e com a disposição das figuras e dos
elementos na cena (nem sempre com sucesso), como visto nos esquemas em
triângulo nos quadros de Masaccio e Mantegna e na linearidade de Botticelli
(1445-1510) no Nascimento da Vênus, e na Última Ceia, de Leonardo da Vinci
(1452-1519 – Cinquecento). Na obra é nítida a preocupação em harmonizar as
partes ao todo, o dilema moral de cada indivíduo e sua argumentação no grupo
em que dialoga e que se arranja em novas unidades ao redor da mesa com a
figura central do Cristo isolado.
Créditos: Prakichtreetasayuth/Shutterstock.
10
separa um tom de outro. Isso foi uma contribuição estimável na representação
dos volumes e no maior realismo das figuras, como na A Gioconda (Gombrich,
1981). Contudo, foi o jovem arquiteto e pintor Raffaello Sanzio (1483-1520)
quem explorou a técnica de forma viva e graciosa. As figuras de Rafael são
puras, “rechonchudas” e com contornos quase imperceptíveis e seu colorido
único. A simplicidade de sua obra é considerada como o alcance máximo do
ideal de beleza da Renascença (Neoplatonismo), sendo também a que mais se
aproximou da antiguidade clássica (Proença, 2005).
Créditos: Serato/Shutterstock.
11
teto da Capela Sistina e teve importância ativa na Contrarreforma e que
novamente vem a interferir na arte durante os séculos XV, XVI e XVII.
Créditos: Muratart/Shutterstock.
12
foi uma tentativa consciente ao antinaturalismo e que se contrapunha a
mímesis da natureza, optando o artista por buscar referências no próprio
conteúdo da arte (nesse caso na obra de outro) do que na realidade “genuína
que o cerca”, promulgando que arte não deva ser a imitação do real e sim tudo
aquilo que ele não é.
Tal tendência questiona os princípios renascentistas na busca da beleza
somente no que foi produzido pelos antigos e para as autoras, se diferenciava
ao aspecto sensorial do Barroco, sendo intelectualizado e frio. Um dos artistas
icônicos desta tendência é o escultor e ourives Benvenuto Cellini (1500-1571) e
seu saleiro de mesa feito para o rei da França Francisco I. Para Gombrich
(1981), as criações de Cellini refletem a busca irrequieta dos artistas do
período para criar algo diferente e mais inusitado do que o alcançado pelos
mestres do período anterior. Outros nomes do Maneirismo e que valem a
busca aprofundada de suas obras são Parmigianino (1503-1540) e o escultor
Giovanni da Bologna (1529-1608).
Créditos: Igorgolovniov/Shutterstock.
13
Etimologicamente, o termo Barroco, ou barrueco (do espanhol), refere-
se a certo tipo de lapidação de pérola irregular (Merlo, 2000) e era empregado
por críticos contrários ao costume de certos arquitetos do século XVI de
combinar, ao purismo clássico greco-romano, novas formas e adornos e que
tornavam as construções “absurdas e grotescas”, como obras de mau gosto.
Créditos: Stefano_Valeri/Shutterstock.
14
Ainda assim, nas artes plásticas, seria demasiado ingênuo dizer que a
pintura barroca absorvia somente temas religiosos, considerando que o estilo
se desenvolveu muito bem no norte protestante e entre a realeza que estava a
se opor ao poder do clero católico (Janson, 1996). Para Almeida (2008, p. 46),
o Barroco “reconcilia o antropocentrismo renascentista com o teocentrismo
medieval [...]. Com linhas diagonais, a assimetria, o predomínio da imaginação
sobre a lógica e o clima de imprevisibilidade e tensão” e como o estilo refletia o
homem do século XVII suas “angústias e incertezas” o estilo estava envolto em
dicotomias como “céu e terra, pecado e salvação, mística e sensualidade”
(Almeida, 2008, p. 47).
Avante do tema presente na pintura barroca, a propriedade luminosa é
uma de suas principais características e que amplia a dramaticidade inquieta, e
que nos remete a algo que está fora da cena, não estando representado nem
mesmo nos espelhos, salvo na “estupenda”, obra As Meninas, de Diego
Velázquez (1599-1660) no Museu do Prado em Madrid. Dentre outros artistas
do Barroco exaltam-se nomes como Caravaggio (1571-1617), Tintoretto (1518-
1594), Rubens (1577-1640), El Greco (1541-1614), Rembrandt (1606-1669),
Hans Holbein (1498-1543) e Vermeer Van Delft (1632-1675).
15
Figura 13 – O Chamado de São Mateus, de Caravaggio
Créditos: Wjarek/Shutterstock.
17
TEMA 3 – A ARTE COLONIAL BRASILEIRA
18
Figura 18 – Aqueduto da Carioca, no Rio de Janeiro
Créditos: Lazyllama/Shutterstock.
19
Figuras 19, 20 e 21 – Três estátuas do conjunto os Doze Profetas, de
Aleijadinho, no Santuário de Bom Jesus do Matosinho, em Congonhas do
Campo. Ao fundo, uma igreja barroca
TEMA 4 – O ROCOCÓ
20
Figura 22 – Interior do Palácio de Versalhes – Subúrbio de Paris
Créditos: Joon_T/Shutterstock.
Créditos: Buffy1982/Shutterstock.
21
ou A vida de um libertino) e a crítica social de uma sociedade rica e seus
costumes (Janson, 1996). Outros nomes na pintura do estilo foram Antoine
Watteau (1684-1721), Jean-Honoré Fragonart (1732-1803) e Nicolas Lancret
(1690-1743) e que marcam a pintura do período como muito mais sensível e
voltada às emoções (Merlo, 2000).
Saiba mais
Outra forma acessível a nós de contemplar o estilo de vida e
características do Rococó é na película Maria Antonieta (2006), de Sofia
Coppola (1971-) e o Trabalho de Conclusão de Curso (TCC) de Alessandra
Urmann Garbrecht (2017). Disponível em:
<http://repositorio.upf.br/bitstream/riupf/1301/1/PF2017Alessandra%20Umann
%20Garbrecht.pdf>. Acesso em: 26 mar. 2020.
23
Na arquitetura as linhas voltam à retidão e com o emprego de regras
simples, muito próximas aos já vistos nos templos gregos e na arquitetura
renascentista, o Panteão Nacional de Paris, construído em 1758, é um exemplo
da arquitetura neoclássica.
Para Janson (1996), o Iluminismo traz, em contraponto à razão e ordem
do classicismo, o sentimentalismo – principalmente na literatura inglesa – e o
Romantismo. Ambos, Classicismo e Romantismo se voltam à natureza, o
primeiro como princípio original e o segundo como algo mutante e selvagem. O
autor argumenta que o homem Romântico, imbuído de “um modo natural” no
ser, pode dar liberdade aos seus impulsos. Porém, a verdade estaria somente
na atitude, no gesto romântico e a sua representação em arte necessitaria de
consciência e disciplina (características do classicismo) e que afasta o artista
do impulso primordial.
Para que nesse distanciamento o artista não perca o gesto, ele precisa
de um estilo, mas como escolher um estilo em épocas em que valia opor-se ao
vigente? Teremos então, no período romântico, uma profusão de estilos e
temas muito característicos como o apreço pelo exótico e o indianismo, a
busca da pureza e inocência, a espontaneidade e a nostalgia e “o culto ao
gênio original” (Jason, 1996; Rosenfeld; Guinsburg, 1985).
24
Figura 27 – Reprodução ilustrada de Três de Maio de 1808 em Madrid, de
Francisco de Goya
TROCANDO IDEIAS
25
NA PRÁTICA
Boa sorte!
FINALIZANDO
26
REFERÊNCIAS
27