Café Orgânico Adensado

Fazer download em pdf ou txt
Fazer download em pdf ou txt
Você está na página 1de 12

Ensaios e Ciência: BIOMASSA MICROBIANA DO SOLO SOB

Ciências Biológicas, SISTEMAS DE MANEJO ORGÂNICO EM CULTIVOS


Agrárias e da Saúde DE CAFÉ
Vol. 14, Nº. 2, Ano 2010

Daniele Fabiana Glaeser RESUMO


Universidade Federal da
Grande Dourados - UFGD O objetivo deste trabalho foi avaliar a biomassa microbiana do solo em
[email protected] sistemas orgânicos de cultivo de café (Coffea arabica L). O estudo foi
conduzido no Município de Glória de Dourados, MS, em Argissolo
Vermelho, de textura arenosa, sob cincos sistemas: café orgânico
Fábio Martins Mercante adensado, café orgânico consorciado com as culturas de banana (Banana
Embrapa Agropecuária Oeste balbicina L.) e acácia (Acacia mangium L.), café orgânico consorciado com
[email protected] ipê (Tabebuia sp.), além dos sistemas com pastagem e vegetação nativa,
usados como referencial para comparação. As avaliações foram
realizadas em duas épocas distintas: agosto/2004 e abril/2005. A
Maria Aparecida Martins Alves diversificação de culturas e a incorporação de compostos orgânicos
influenciaram diretamente a microbiota do solo, indicando que o uso
Universidade Estadual de
de consórcios de plantas, no cultivo de café orgânico favorece a
Mato Grosso do Sul - UEMS
melhoria da qualidade do solo.
[email protected]
Palavras-Chave: atividade microbiana; carbono orgânico; Coffea arabica.

Rogério Ferreira da Silva


Universidade Estadual de ABSTRACT
Mato Grosso do Sul - UEMS
[email protected]
The aim of this work was to evaluate the soil microbial biomass in
systems of coffee (Coffea arabica) organic crops. The study was
conducted in the Municipality of Glória de Dourados, MS, in a sandy
Olácio Mamoru Komori soil (Oxisol), in five systems: density organic coffee, organic coffee
Associação de Produtores intercropped with crops of banana (Banana balbiciana L.) and acacia
Orgânicos de Mato Grosso do Sul (Acacia mangium L.), organic coffee intercropped with Tabebuia sp.; than
[email protected] systems with pasture and native vegetation, used as reference for
comparison. The evaluations were conducted in two distinct seasons:
August 2004 and April/2005. Diversification of crops and incorporation
of organic compounds directly affect the soil microbiota indicating that
the use of consortia of plants in organic coffee crop promotes the
improvement of soil quality.

Keywords: microbial activity; organic carbon; Coffea arabica.

Anhanguera Educacional Ltda.


Correspondência/Contato
Alameda Maria Tereza, 2000
Valinhos, São Paulo
CEP 13.278-181
[email protected]
Coordenação
Instituto de Pesquisas Aplicadas e
Desenvolvimento Educacional - IPADE
Artigo Original
Recebido em: 18/01/2011
Avaliado em: 26/04/2011
Publicação: 6 de julho de 2011 103
104 Biomassa microbiana do solo sob sistemas de manejo orgânico em cultivos de café

1. INTRODUÇÃO

O uso de práticas conservacionistas na agricultura familiar, como aquelas observadas em


sistemas agroflorestais (SAFs) e sistemas orgânicos de produção vêm ganhando destaque
no cenário mundial. Os SAFs são considerados alternativas de uso sustentável do solo e
do ambiente, capazes de alavancar os níveis de produtividade das lavouras de pequenos
agricultores (CARDOSO et al., 2005). Do mesmo modo, os sistemas de café orgânico
representam uma alternativa para incrementar a rentabilidade econômica, conservação
ambiental e saúde humana, levando a elementos estratégicos para alcançar a
sustentabilidade dos agroecossistemas e a qualidade do solo (GIOMO et al., 2007).

A qualidade do solo pode ser entendida como a capacidade deste exercer várias
funções, dentro dos limites do uso da terra e do ecossistema, para sustentar a
produtividade biológica, manter ou melhorar a qualidade ambiental e contribuir para a
saúde das plantas, dos animais e humana (DORAN; PARKIN, 1994). Sua mensuração é
feita através do uso de indicadores, classificados como físicos, químicos e biológicos, que
estão relacionados com atributos que medem ou refletem o status ambiental ou a condição
de sustentabilidade do ecossistema (CARVALHO et al., 2004; ARAUJO; MONTEIRO,
2007). Neste contexto, variáveis relacionadas à biomassa microbiana do solo e sua
atividade têm sido destacadas como indicadores sensíveis para detecção de alterações
ambientais em função do manejo adotado, podendo orientar o planejamento das práticas
agrícolas sustentáveis (DORAN; PARKIN, 1994; MATSUOKA et al., 2003). A biomassa
microbiana representa a fração mais ativa e biodegradável da MO do solo (ROSCOE et al.,
2006). Sua quantificação permite avaliar as mudanças iniciais no conteúdo da MO,
causadas pelas práticas de cultivo (MERCANTE et al., 2008), refletindo tendências de
mudanças na ciclagem de nutrientes, no fluxo de energia, na estrutura dos agregados do
solo e, na produtividade do sistema (TÓTOLA; CHAER, 2002).

Assim, o objetivo deste trabalho foi avaliar a influência do manejo orgânico em


cultivos de café, sobre a biomassa microbiana, sua atividade e interação com atributos
químicos.

2. MATERIAL E MÉTODOS

O estudo foi conduzido no Sítio Santa Cecília, Município de Glória de Dourados, MS


(22°22' S e 54°30' W, 400 m de altitude), onde o cultivo orgânico de café (Coffea arabica L.)
constitui-se na principal atividade. O solo de cultivo é classificado como Argissolo
Vermelho, de textura arenosa. O clima da região é do tipo subtropical úmido, com uma

Ensaios e Ciência: Ciências Biológicas, Agrárias e da Saúde • Vol. 14, Nº. 2, Ano 2010 • p. 103-114
Daniele Fabiana Glaeser, Fábio Martins Mercante, Maria Aparecida Martins Alves, Rogério Ferreira da Silva, Olácio Mamoru Komori 105

média de precipitação anual entre 1.400 e 1.700 mm (SEPLAN, 1990). Os dados de


precipitação pluvial, referente ao período das amostragens de solo podem ser observados
na Figura 1.

Fonte: Departamento de Fomento Agropecuário – Defap, Glória de Dourados, MS.


Figura 1 – Dados pluviométricos mensais, referentes ao período de 2004/2005.

As diferentes formas de manejo do solo constituíram-se de cincos áreas, descritas


a seguir:

1) Café orgânico adensado (AD): antes do estabelecimento do sistema, a área foi


cultivada com nabo forrageiro (Raphanus sativus L.) durante o inverno e, em seguida,
realizaram-se adubações nas linhas, para plantio de café orgânico adensado, no final de
1997. A variedade utilizada foi a Tupi (IAC-1669), com um espaçamento de 2,20 x 0,50 m.
Em 1998, plantou-se feijão guandu (Cajanus cajan L.) nas entrelinhas do café, que foi sendo
erradicado, aos poucos, em linhas alternadas, até a sua permanência a cada seis linhas de
café, visando, sobretudo, proteger o café na forma de quebra-vento. Após três anos, o
mesmo foi incorporado ao solo como biomassa seca e, em seu lugar, plantou-se aveia
preta (Avena strigosa L.) no inverno e mucuna-anã [Mucuna deeringiana (Bort) Merr] no
verão. Na área em estudo, aplicou-se também produto proveniente da compostagem (20
L/ 5 m linear) aeróbica realizada em leira, com uma dimensão de 5 m de largura (base) x
1,80 m de altura x 70 m de comprimento. Os produtos orgânicos usados na compostagem
foram os seguintes: 30% de palha de arroz (proveniente da operação de peneiramento da
cama de frango), 30% de cascas e massas de mandioca (resíduo de fecularia), 20% de cama
de frango, 10% de palha de café, 10% de casca de madeira (proveniente da limpeza do
depósito de lenha da indústria de fécula Cassava S/A), 10% de capim Napier triturado,
resíduos de bananeiras e de outras espécies. No ano de 2003, podas de árvores de várias
espécies, proveniente da zona urbana, totalizando cerca de 81 toneladas de biomassa seca,
foram adicionadas em cinco hectares do sistema correspondente. Em 2004, o sistema AD

Ensaios e Ciência: Ciências Biológicas, Agrárias e da Saúde • Vol. 14, Nº. 2, Ano 2010 • p. 103-114
106 Biomassa microbiana do solo sob sistemas de manejo orgânico em cultivos de café

sofreu algumas alterações com a poda do café em linhas alternadas, manejo visando
diminuir o adensamento para introduzir uma diversificação maior no sistema. Assim,
foram plantadas mudas de espécies arbóreas e culturas de adubação verde, tais como
feijão de porco (Canavalia ensiformes L.) e utilizaram-se os resíduos da própria poda do
café, como biomassa incorporada ao solo.

2) Café orgânico consorciado com as culturas de banana e acácia (BA): o plantio


de café (variedade Tupi IAC 1669) nesta área foi realizado em 2000, com um espaçamento
de 2,20 x 0,50 m. Pouco antes deste plantio, mudas de Banana balbiciana L. (variedade
banana caipira), haviam sido introduzidas na área (uma linha de bananeiras a cada quatro
linhas de café), visando à produção de frutas e formação de barreira “quebra-vento”; além
disso, a introdução desta espécie visou incrementar os teores de biomassa seca, por
ocasião da poda manual, que é realizada anualmente. Mudas de Acacia mangium L. foram
introduzidas em 2002, de forma aleatória, sendo as podas realizadas anualmente. Esta é
uma leguminosa arbórea, que apresenta potencial para aporte de MO, nitrogênio e bases
trocáveis no solo (MARINHO et al., 2004).

3) Café orgânico consorciado com Ipê (Tabebuia sp.) (CI): sistema implantado no
ano de 1981, com o plantio de mudas de café da variedade Mundo Novo (espaçamento 4,0
x 2,0 m). Em 1994, abandonou-se o manejo da área, sendo que a partir daí, intensificou-se
a germinação espontânea de sementes de ipê no sistema, devido à existência de uma
árvore matriz nas proximidades. No final de 2001, realizou-se uma intervenção por meio
do plantio de três mil mudas de café, mas esta lavoura não sofreu tratos culturais, ficando
o desenvolvimento do sistema a cargo da natureza.

4) Pastagem (PA): após forte geada em 2000, que destruiu totalmente as mudas
de café, a área foi deixada em pousio para formação de PA natural, que posteriormente foi
enriquecida com a introdução das culturas de feijão (Phaseolus vulgaris L.), amendoim
(Arachis hypogaea L.), mucuna (Stizolobium atterrimum), nabo forrageiro (Raphanus sativus
L.) e aveia preta (Avena strigosa). Em 2003, foram introduzidas sementes de Brachiaria sp.
para a criação de gado bovino.

5) Vegetação nativa (VN): Uma área adjacente as áreas estudadas, com vegetação
do tipo Cerrado foi estudada como referencial da condição original do solo.

O delineamento experimental utilizado foi o de blocos casualizados, em esquema


de parcelas subdivididas, com cinco repetições. As parcelas foram representadas pelos
sistemas estudados e as subparcelas, pelas épocas de avaliação.

As amostragens de solo foram efetuadas em agosto/2004 e abril/2005 nas


entrelinhas de cada parcela de 100m2, na camada de 0 a 10 cm de profundidade, sendo

Ensaios e Ciência: Ciências Biológicas, Agrárias e da Saúde • Vol. 14, Nº. 2, Ano 2010 • p. 103-114
Daniele Fabiana Glaeser, Fábio Martins Mercante, Maria Aparecida Martins Alves, Rogério Ferreira da Silva, Olácio Mamoru Komori 107

que cada amostra foi composta de sete subamostras. Após homogeneização, as amostras
foram acondicionadas em sacos plásticos, devidamente identificados, e armazenadas em
câmara fria (4ºC). O solo foi caracterizado quimicamente, de acordo com Claessen (1997),
no momento das amostragens de solo (Tabela 1).

Tabela 1 – Características químicas de amostras do solo, coletadas em Agosto/2004 e abril/2005, em sistema


café orgânico adensado (AD), café orgânico consorciado com banana e acácia (BA), café consorciado com
ipê (CI), pastagem (PA) e com vegetação nativa (VN). Glória de Dourados, Mato Grosso do Sul. Valores
médios de duas épocas de avaliação.
pH P K Ca Mg Al V
Sistemas 3 3
CaCl2 mg dm ------------- cmolc dm ----------- %
AD 6,03 226,73 0,54 5,32 1,13 0,00 77,40
BA 5,67 108,02 0,42 2,06 1,62 0,00 62,35
CI 4,84 33,79 0,12 1,38 0,47 0,03 34,60
VN 4,30 2,72 0,14 0,81 0,45 0,23 23,80
PA 5,38 24,33 0,22 1,45 0,89 0,00 47,05

O carbono da biomassa microbiana (C-BMS) foi avaliado pelo método da


fumigação-extração, de acordo com Vance et al. (1987). Determinou-se, ainda, a respiração
basal (C-CO2), obtida pela incubação das amostras com captura de CO2, em NaOH,
durante sete dias, pela adaptação do método da fumigação-incubação, proposto por
Jenkinson e Powlson (1976). Após a realização das análises de C-BMS e C-CO2 evoluído,
foram determinados os quocientes metabólicos (qCO2), conforme Anderson e Domsch
(1990), sendo esse atributo obtido a partir da relação C-CO2/C-BMS, e os quocientes
microbianos (qMIC), pela relação C-BMS/ C-orgânico total.

Os resultados dos atributos avaliados foram submetidos à análise de variância e


as médias comparadas pelo teste de Tukey, a 5% de probabilidade. Efetuou-se, também, o
teste de coeficiente de correlação para os dados microbiológicos em função dos atributos
químicos do solo. Além disso, os atributos microbiológicos foram submetidos à análise de
agrupamento (cluster analysis), adotando-se o método do vizinho mais distante (“complete
linkage”), a partir da Distância Euclidiana, para descrever a similaridade entre os sistemas
estudados. As análises estatísticas foram processadas por meio de software Statistica
(versão 5.0, StatSoft).

3. RESULTADOS E DISCUSSÃO

Não houve interação significativa entre os sistemas avaliados e as épocas de amostragens


para os teores de C-BMS, atividade microbiana e índices derivados (q-CO2, q-MIC). Para
os atributos microbiológicos estudados, não foram verificadas diferenças entre as épocas

Ensaios e Ciência: Ciências Biológicas, Agrárias e da Saúde • Vol. 14, Nº. 2, Ano 2010 • p. 103-114
108 Biomassa microbiana do solo sob sistemas de manejo orgânico em cultivos de café

de avaliação. Em agosto de 2004, os teores de C-BMS variaram de 129,5 a 275,7 µg C. g


solo seco-1. O sistema sob vegetação nativa (VN) apresentou os valores de C-BMS mais
elevados, variando em cerca de 30 a 113% em relação aos demais tratamentos. Contudo,
os valores verificados no sistema sob VN foram estatisticamente semelhantes aos
observados nos sistemas sob café associado com banana e acácia (BA) e sob café adensado
(AD) (Tabela 2).

Tabela 2 – Valores médios de carbono da biomassa microbiana (C-BMS), respiração basal (C-CO2),
quociente metabólico (qCO2), quociente microbiano (qMIC) e conteúdo de matéria orgânica (MO) de um
Argissolo Vermelho em diferentes sistemas de cultivo de café orgânico, pastagem e vegetação nativa. Glória
de Dourados, MS, 2004 e 2005.
C-BMS C-CO2 qCO2 qMIC MO
Sistemas µg C. g solo µg C-CO2 solo- µg C-CO2 µ
% g kg-1
seco-1 1
dia-1 Cmic-1 h-1
Agosto / 2004
VN 275,71 a 10,65 b 16,72 a 3,78 a 13,17 a
AD 212,00 ab 17,04 a 37,37 a 3,56 a 10,81 ab
BA 188,55 ab 10,22 bc 23,67 a 4,06 a 8,32 b
CI 138,39 b 4,93 c 17,99 a 3,11 a 8,12 b
PA 129,47 b 6,48 bc 21,57 a 2,03 a 11,29 ab
Abril / 2005
VN 227,00 a 17,00 ab 32,00 c 3,15 a 12,43 ab
AD 130,04 b 20,67 ab 66,80 a 1,54 b 14,72 a
BA 123,65 b 21,67 a 70,20 a 1,62 b 13,11 ab
CI 87,00 b 12,00 ab 61,00 ab 1,32 b 11,22 ab
PA 109,62 b 10,67 b 40,80 bc 1,80 b 10,68 b
Médias seguidas de letras diferentes nas colunas, contrastam pelo teste de Tukey, à 5% de probabilidade. Vegetação nativa (VN), sistema
café orgânico adensado (AD), café consorciado com banana e acácia (BA), café consorciado com ipê (CI) e pastagem (PA).

Valores mais elevados de C-BMS indicam que os nutrientes ficam imobilizados


temporariamente, o que resulta em menores perdas de nutrientes no sistema solo-planta
(ROSCOE et al., 2006). Estes resultados indicam que a adubação verde, a compostagem, a
incorporação de resíduos vegetais, a diversificação de culturas e o mínimo revolvimento
do solo influenciaram positivamente na biomassa microbiana, inclusive pelo fato de
favorecer a manutenção da umidade e de condições mais favoráveis. A semelhança entre
cultivo orgânico e área sob vegetação nativa também foi constatada por Xavier et al.
(2006). Sistemas de cultivo geralmente apresentam menores conteúdos de carbono
microbiano em relação a um ambiente natural (LEITE et al., 2003; MERCANTE et al.,
2008). Áreas de pastagens tendem a apresentar maiores teores de C-BMS em relação a
sistemas de cultivo com intenso revolvimento do solo, conforme constatado por Oliveira
et al. (2001), ao comparar áreas de cerrado sob pastagens consorciadas contínuas e sob
culturas anuais contínuas, contendo soja ou milho. Por outro lado, Theodoro et al. (2003)

Ensaios e Ciência: Ciências Biológicas, Agrárias e da Saúde • Vol. 14, Nº. 2, Ano 2010 • p. 103-114
Daniele Fabiana Glaeser, Fábio Martins Mercante, Maria Aparecida Martins Alves, Rogério Ferreira da Silva, Olácio Mamoru Komori 109

não verificaram diferenças significativas para os teores de C-BMS, entre a mata nativa e os
sistemas de café orgânico, café em conversão e café convencional, na região de Santo
Antônio do Amparo, MG, relatando, contudo, a ocorrência de uma longa estiagem neste
período.

Na segunda época de amostragem de solo, nos diferentes sistemas (abril/2005), o


sistema referencial (VN) proporcionou valores de C-BMS superiores aos demais
tratamentos, com diferenças significativas. Esta superioridade variou entre 74,4% a 162%,
em relação aos outros sistemas. Dentre os fatores responsáveis por condições mais
favoráveis à biomassa em áreas de vegetação nativa, destacam-se a ausência de preparo
do solo e maior diversidade florística (BANDICK; DICK, 1999). Além disso, os níveis de
temperatura e umidade se mantêm mais adequados (SANTOS et al., 2004), devido à
maior estabilidade do sistema (MATSUOKA et al., 2003). Nesse caso, fatores de estresse
ambiental refletem menor influência sobre os microrganismos do solo, que demoram mais
tempo a sentir os efeitos das variações ambientais. Ao se comparar as épocas de avaliação,
percebe-se que os teores de C-BMS foram mais elevados no mês de agosto/2004 para
todos os sistemas, o que poderia estar relacionado aos índices de precipitação mais baixos
verificados no período que antecedeu à segunda avaliação (Tabela 2).

Em relação à atividade microbiana (respiração basal), no mês de agosto de 2004,


o sistema AD mostrou-se superior (p<0,05) aos demais sistemas, inclusive à VN,
indicando intensa ciclagem de nutrientes, que pode ser explicada pela adição de
compostos orgânicos. Por outro lado, o sistema café consorciado com ipê (CI) apresentou
os valores mais baixos de atividade microbiana, embora não tenha apresentado diferenças
significativas em relação aos sistemas PA e BA. O manejo do solo afeta diferencialmente a
atividade da biomassa, resultando em maior ou menor efluxo de CO2 (FERREIRA et al.,
2010).

Na avaliação seguinte (abril de 2005), a média de atividade microbiana mais


elevada foi verificada no sistema BA, sendo estatisticamente superior ao sistema PA e
semelhantes aos demais (Tabela 2). Estes resultados contrastam aos obtidos por Xavier et
al. (2006), em que a produção de C-CO2 na pastagem foi superior à obtida nos sistemas de
cultivo orgânico e na mata nativa, implicando em maior ciclagem de carbono e nutrientes
neste sistema. Por outro lado, Mercante et al. (2008) verificaram maior atividade
microbiana em sistema natural, quando comparado a diferentes sistemas de manejo sob
cultivo de mandioca na região de Glória de Dourados, MS. Fialho et al. (2006) também
constataram maior quantidade de CO2 liberada em sistema natural, quando comparado a
uma área sob cultivo de bananeiras.

Ensaios e Ciência: Ciências Biológicas, Agrárias e da Saúde • Vol. 14, Nº. 2, Ano 2010 • p. 103-114
110 Biomassa microbiana do solo sob sistemas de manejo orgânico em cultivos de café

Ao se comparar as taxas de respiração basal entre as duas épocas de avaliação,


verificou-se um aumento da atividade microbiana na ordem de 21,3 a 152,1% em relação
às primeiras amostras avaliadas; tais resultados podem estar associados às variações de
temperatura anuais. De fato, Balota et al. (1998) observaram maior atividade respiratória
para as amostras coletadas no verão (2,98 a 7,54 µg g-1 dia-1 de CO2 no solo), do que
aquelas obtidas durante o inverno (1,85 a 4,43 µg g-1 dia-1 de CO2), o que corresponde a
um aumento de 61 a 70,2%.

A avaliação do quociente metabólico para os cinco tratamentos estudados


demonstra que, nas amostragens realizadas no mês de agosto de 2004, os sistemas não
diferiram estatisticamente entre si. Os resultados referentes à segunda avaliação denotam
que não houve diferenças estatísticas entre os sistemas BA, AD e CI (Tabela 2). O sistema
natural apresentou as menores taxas de respiração específica, nas duas épocas de
avaliação, embora na primeira avaliação, não tenha apresentado diferenças significativas
em relação aos demais sistemas. De fato, tem sido mencionado que, em geral, quanto
maior a estabilidade do sistema, menor a respiração microbiana por unidade de biomassa
(BALOTA et al., 1998) e maior a proporção de carbono incorporada aos tecidos
microbianos (TÓTOLA; CHAER, 2002).

O quociente microbiano tem papel importante na compreensão dos sistemas


produtivos, pois permite avaliar perdas e ganhos de carbono no solo. No presente estudo,
ao se determinar o quociente microbiano para as amostras coletadas em agosto de 2004,
verificou-se que os resultados foram superiores a 2% para todos os sistemas estudados e
similares entre si (Tabela 2). Em abril de 2005, os resultados apresentados em todos os
sistemas foram superiores a 1,3%. De modo geral, estas percentagens foram inferiores aos
resultados obtidos na primeira avaliação (agosto de 2004), conforme Tabela 2. Ao estudar
sistemas agrícolas e orgânicos em Ibiapaba, CE, Xavier et al. (2006) verificaram maior
proporção na relação carbono microbiano e carbono orgânico total, no sistema sob
pastagem quando comparado às áreas de cultivo. Este fato indica o aumento de nutrientes
na área de pastagem por meio da biomassa microbiana, a qual apresenta rápido tempo de
ciclagem no solo. Quando a biomassa é submetida a algum fator de estresse, a capacidade
de utilização do carbono diminui, o que resulta em valores menores para o quociente
microbiano (WARDLE, 1994). De acordo com Sparling (1992), mudanças no quociente
microbiano podem refletir em acréscimos de matéria orgânica no solo, na eficiência de
conversão do carbono orgânico do solo para carbono microbiano, nas perdas de carbono
do solo e na estabilização de frações minerais do solo. Portanto, valores maiores ou
menores na relação entre o carbono microbiano e o carbono orgânico podem expressar a

Ensaios e Ciência: Ciências Biológicas, Agrárias e da Saúde • Vol. 14, Nº. 2, Ano 2010 • p. 103-114
Daniele Fabiana Glaeser, Fábio Martins Mercante, Maria Aparecida Martins Alves, Rogério Ferreira da Silva, Olácio Mamoru Komori 111

ocorrência, respectivamente, de acúmulo ou perda de carbono no solo (BALOTA et al.,


1998).

Em relação aos teores de MO, verificaram-se interação significativa entre os


sistemas estudados e épocas de avaliação, sendo que na primeira época maiores teores de
MO foram observados para o sistema VN, que diferiu significativamente do sistema BA e
CI. Na segunda época, o sistema AD apresentou maior conteúdo de MO, diferindo apenas
do sistema PA. Ao comparar as épocas de avaliação para a variável em questão,
observaram-se diferenças entre os sistemas sob cultivos de café.

Em geral, os atributos microbiológicos não se correlacionaram com os atributos


químicos, com exceção dos teores de C-CBMS que foram influenciados pelos níveis de Al
dos solos estudados e do quociente metabólico, que foi afetado pelos teores de Ca e P
(dados não apresentados).

Os diferentes sistemas avaliados, nas duas épocas distintas, foram agrupados


com base em suas similaridades, através da análise de Cluster. Verificou-se a formação de
dois grupos distintos: grupo I (AD1, VN2, BA1 e VN1) e grupo II (AD2, BA2, CI2, PA2,
CI1 e PA1), sendo: AD - café adensado; VN - vegetação nativa; BA - café associado com
banana e acácia; CI - café associado com ipê; e PA - pastagem. Os algarismos 1 e 2,
especificados após a designação dos sistemas, representam a primeira e segunda época de
avaliação, respectivamente (Figura 2).

Figura 2 – Dendograma de similaridade entre os sistemas estudados em agosto/2004 e abril/2005, considerando


a distância euclidiana entre os sistemas: café adensado (AD), vegetação nativa (VN), café associado com
banana e acácia (BA), café associado com ipê (CI) e pastagem (PA). Os algarismos 1 e 2, especificados após a
designação dos sistemas, representam a primeira e segunda época de avaliação, respectivamente.

Ensaios e Ciência: Ciências Biológicas, Agrárias e da Saúde • Vol. 14, Nº. 2, Ano 2010 • p. 103-114
112 Biomassa microbiana do solo sob sistemas de manejo orgânico em cultivos de café

No primeiro grupo, o sistema sob café adensado (AD1) apresentou maior


similaridade ao sistema sob vegetação nativa (VN2), seguido do tratamento sob café
associado com banana e acácia (BA1), sendo que VN1 também permaneceu no mesmo
agrupamento, fato este, que pode ser um indicativo da estabilidade do sistema natural,
diante de variações ambientais. Ressalta-se, ainda, que a similaridade dos sistemas AD1 e
BA1 ao sistema sob mata nativa (VN1 e VN2). A similaridade verificada neste
agrupamento condiz com os resultados obtidos para C-BMS, atividade microbiana e
quociente microbiano, os quais apresentaram taxas mais elevadas para essas variáveis.

No segundo agrupamento, os sistemas sob café adensado (AD2) e sob café


associado com banana e acácia (BA2), foram os mais similares. Verificou-se, também, que
os sistemas CI e PA formaram dois grupos entre si: (i) CI1 e PA1 e (ii) CI2 e PA2, com base
nas duas diferentes épocas de coleta. Durante a primeira amostragem, observou-se que os
ipês encontravam-se desfolhados e a pastagem estava pouco desenvolvida, o que interfere
na exposição do solo às condições de luminosidade e de umidade.

4. CONCLUSÕES
• A introdução de compostos orgânicos externos ao sistema pode favorecer
os incrementos dos teores de carbono da biomassa microbiana do solo,
conforme verificado no sistema sob café adensado.
• A diversificação de culturas, como no sistema sob café associado com
banana e acácia, favorece o desenvolvimento da comunidade microbiana.

AGRADECIMENTOS

A Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária pela concessão de estágio que possibilitou


a execução deste trabalho.

REFERÊNCIAS
ANDERSON, T.H.; DOMSCH, K.H. Aplication of eco-phisiological quotiens (qCO2 and qD) on
microbial biomasses from soils of different croping histories. Soil Biology and Biochemistry, v. 22,
n. 2, p. 251-255, 1990.
ARAÚJO, A.S.F.; MONTEIRO, R.T.R. Indicadores biológicos de qualidade do solo. Bioscience
Journal, v. 23, n. 3, p. 66-75, jul./set. 2007.
BANDICK, A.K.; DICK, R.P. Field management effects on soil enzyme activities. Soil Biology and
Biochemistry, v. 31, n. 11, p. 1471-1479, oct. 1999.
BALOTA, E.L. et al. Biomassa microbiana e sua atividade em solos sob diferentes sistemas de
preparo e sucessão de culturas. Revista Brasileira de Ciência do Solo, v. 22, n. 4, p. 641-649,
out./dez. 1998.

Ensaios e Ciência: Ciências Biológicas, Agrárias e da Saúde • Vol. 14, Nº. 2, Ano 2010 • p. 103-114
Daniele Fabiana Glaeser, Fábio Martins Mercante, Maria Aparecida Martins Alves, Rogério Ferreira da Silva, Olácio Mamoru Komori 113

CARDOSO, I.M.; SOUZA, H.N.; MENDONÇA, E.S. Biodiversidade, recurso genético e cuidados
fitossanitários. Revista Ação Ambiental, v. 31, p. 18-20, maio 2005.
CARVALHO, R.; GOEDERT, W.J.; ARMANDO, M.S. Atributos físicos da qualidade de um solo
sob sistema agroflorestal. Pesquisa Agropecuária Brasileira, v. 39, n. 11, p. 1153-1155, nov. 2004.
CLAESSEN, M.E.C. Manual de métodos de análise de solo. Rio de Janeiro: Embrapa-CNPS, 1997.
212p. (Embrapa-CNPS. Documentos, 1).
DORAN, J.W.; PARKIN. T.B. Defining and assessing soil quality. In: DORAN, J.W.; COLEMAN,
D.C.; BEZDICEK, D.F.; STEWART, B.A. (Ed.). Defining soil quality for a sustainable
environment. Madison: Soil Science Society of America, 1994. p. 3-21. (SSSA Special Publication,
35).
FIALHO, J.S. et al. Indicadores da qualidade do solo em áreas sob vegetação natural e cultivo de
bananeiras na Chapada do Apodi-CE. Revista Ciência Agronômica, v. 37, n. 3, p. 250-257, 2006.
FERREIRA, E.P.B. et al. Microbial soil quality indicators under different crop rotations and tillage
management. Revista Ciência Agronômica, v. 41, n. 2, p. 177-183, abr./jun. 2010.
GIOMO, G.S.; PEREIRA, S.P.; BLISKA, F.M.M. Panorama da cafeicultura orgânica e perspectivas
para o setor. O Agronômico, v. 59, n. 1, p. 33-36, 2007.
JENKINSON, D.S.; POWLSON, D.S. The effects of biocidal treatments on metabolism in soil. V. A
method for measuring soil biomass. Soil Biology and Biochemistry, v. 8, n. 3, p. 209-213, 1976.
LEITE, L.F.C. et al. Estoques totais de carbono orgânico e seus compartimentos em Argissolo sob
floresta e sob milho cultivado com adubação mineral e orgânica. Revista Brasileira de Ciência do
Solo, v. 27, n. 5, p. 821-832, set./out. 2003.
MARINHO, N. et al. Respostas de Acacia mangium Willd e Sclerolobium paniculatum Vogel a fungos
micorrízicos arbusculares nativos provenientes de áreas degradadas pela mineração de bauxita na
Amazônia. Acta Botanica Brasilica, v. 18, n. 1, p. 141-149, jan./mar. 2004.
MATSUOKA, M.; MENDES, I.C.; LOUREIRO, M.F. Biomassa microbiana e atividade enzimática
em solos sob vegetação nativa e sistemas agrícolas anuais e perenes na região de Primavera do
Leste – MT. Revista Brasileira de Ciência do Solo, v. 27, n. 3, p. 425-433, maio/jun. 2003.
MERCANTE, F.M. et al. Biomassa microbiana, em um Argissolo Vermelho, em diferentes
coberturas vegetais, em área cultivada com mandioca. Acta Scientiarum Agronomy, v. 30, n. 4, p.
479-485, out./dez. 2008.
OLIVEIRA, J.R.A.; MENDES, I.C.; VIVALDI, L. Carbono da biomassa microbiana em solos de
cerrado sob vegetação nativa e sob cultivo: avaliação dos métodos fumigação-incubação e
fumigação-extração. Revista Brasileira de Ciência do Solo, v. 25, n. 4, p. 863-871, out./dez. 2001.
ROSCOE, R. et al. Biomassa microbiana do solo: fração mais ativa da matéria orgânica. In:
ROSCOE, R.; MERCANTE, F.M.; SALTON, J.C. (Ed.). Dinâmica da matéria orgânica do solo em
sistemas conservacionistas: modelagem matemática e métodos auxiliares. Dourados: Embrapa
Agropecuária Oeste, 2006. p. 163-198.
SANTOS, V.B. et al. Biomassa, atividade microbiana e teores de carbono e nitrogênio totais de um
Planossolo sob diferentes sistemas de manejo. Revista Brasileira de Agrociência, v. 10, n. 3, p. 333-
338, jul./set. 2004.
SEPLAN – Secretaria de Planejamento Ambiental de Mato Grosso do Sul. Atlas multireferencial
de Mato Grosso do Sul – MS, 1990. 28p.
SPARLING, G.P. Ratio of microbial biomass carbon to soil organic carbon as a sensitive inication of
changes in soil organic matter. Australian Journal of Soil Research, v. 30, n. 2, p. 195-207, 1992.
THEODORO, V.C.A. et al. Carbono da biomassa microbiana e micorriza em solo sob mata nativa e
agroecossistemas cafeeiros. Acta Scientiarum: Agronomy, v. 25, n. 1, p. 147-153, 2003.
TÓTOLA, M.R.; CHAER G.M. Microrganismos e processos microbiológicos como indicadores da
qualidade dos solos. In: Tópicos em ciência do solo. Viçosa: Sociedade Brasileira de Ciência do
solo, 2002. v. 2, p. 199-275.

Ensaios e Ciência: Ciências Biológicas, Agrárias e da Saúde • Vol. 14, Nº. 2, Ano 2010 • p. 103-114
114 Biomassa microbiana do solo sob sistemas de manejo orgânico em cultivos de café

VANCE, E.D.; BROOKES, P.C.; JENKINSON, D.S. An extraction method for measuring soil
microbial biomass C. Soil Biology and Biochemistry, v. 19, n. 6, p. 703-707, 1987.
XAVIER, F.A.S. et al. Biomassa microbiana e matéria orgânica leve em solos sob sistemas agrícolas
orgânico e convencional na Chapada da Ibipaiaba – CE. Revista Brasileira de Ciência do Solo, v.
30, n. 2, p. 247-258, mar./abr. 2006.
WARDLE, D.A. Metodologia para quantificação da biomassa microbiana do solo. In: HUNGRIA,
M.; ARAÚJO, R.S. (Eds.). Manual de métodos empregados em estudos de microbiologia agrícola.
Brasília: Empresa Brasileira de pesquisa Agropecuária, 1994. p. 419-436.

Daniele Fabiana Glaeser


Author has degree in Biological Sciences in 2005 by
Universidade Estadual de Mato Grosso do Sul,
Ivinhema, Mato Grosso do Sul (MS), Brasil. MSc. in
Agronomy in 2008 by Universidade Federal da Grande
Dourados (UFGD), Dourados, MS. Currenty is student
at Doutorated from UFGD, developing research in
biology of soil, emphasis in edaphic mesofauna and
research in biology control with emphasis in parasitoid.

Fábio Martins Mercante


Author received his BS in Agronomy in 1987, MSc. in
1993 and Ph. D. in 1997 in Soil Science by Universidade
Federal Rural do Rio de Janeiro. Currently is a
researcher at Embrapa Western Region Agriculture,
Dourados, Mato Grosso do Sul State, Brazil, developing
researches in soil Microbiology with emphasis in
biological nitrogen fixation, biological indicators of soil
quality in crop systems.

Maria Aparecida Martins Alves


Author received his BS at Biological Sciences in 1995,
MSc. in 2001 at Sustainable Development, of the Center
of Sustainable Development from Universidade de
Brasília, Brazil. Currently is professora at the
Universidade Estadual de Mato Grosso do Sul,
Dourados, Mato Grosso do Sul State, Brazil, has
experiencie in environmental management.

Rogério Ferreira da Silva


Author received his BS in Agronomy (1995) and M.Sc.
(1998) in Soil Science by Universidade Federal Rural do
Rio de Janeiro. Ph.D. in 2006 in Soil Science by
Universidade Estadual de Londrina. Currently is a
associate professor of Technology course in Agroecology
at the Universidade Estadual de Mato Grosso do Sul,
Glória de Dourados, Mato Grosso do Sul State, Brazil,
developing researches in Management and soil
conservation with emphasis in soil ecology, soil fauna,
properties physical and chemical of soil, agroecology,
biological indicators of soil quality in crop systems.

Olácio Mamoru Komori


Author has degree in Biological Sciences in 2005. by
Universidade Estadual de Mato Grosso do Sul,
Ivinhema, Mato Grosso do Sul, Brasil. Currently is
organic farmer of Associação Orgânica de Mato Grosso
do Sul (APOMS), Glória de Dourados, Mato Grosso do
Sul, Brazil.

Ensaios e Ciência: Ciências Biológicas, Agrárias e da Saúde • Vol. 14, Nº. 2, Ano 2010 • p. 103-114

Você também pode gostar