Boletim Folclore SC 4

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SUB-COMISSÃO CATARINENSE DE FOLCLORE

Séde provísõría:

DEPARTAMENTO ESTADUAL DE ESTATíSTICA

REDAÇÃO DO BOLETIM:

OSWALDO R. CABRAL -
Diretor

Rua Esteves Júuior, 138

CAPA de Martinho de Raro

LETRAS de Péricles Silva

Impressão da UIPRENSA OFICIAL DO ESTADO

Distribuição gratuita
p
R
BOLETIM TRIMESTRAL
DA

SUB-COMISSÃO CATARINENSE DE FOLCLORE

I. B. E. C. C.

N.4 Florianópolis, Junho d,;:;e�1.:::95::.:0� __


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NESTE NÚMEJi �eo.: C::r :3 .


·

EDITORIAL
As de Renato de' Almeida
Ç).��.�:.·.·1��.:9..·6��,9��· .. -

recomendações ,..... 5
OTHON D'EÇA -
Arte é emoção -

(discurso) 7
NO'.rICIARIO : . .. .. .
11
TRABALHOS ORIGINllIS:
SOCIOLOGIA DO FOLCLORE -
Walter Spalding .. 20
O MONGE Euclides José Felipe
-

22
OS SANTOS NO CALENDÁRIO NÉOTRENTINO -

.�.

Walter F. Piazza ..".......................


...
_q2
SUPERSTIÇõES E CRENDICES _:_ Lucas A. Boiteux 35
BANDEIRA DO DIVINO -

Plácido Gomes 37
VOCABULARIO DE CONSULTóRIO MÉDICO -

Oswaldo Cabral 38
INQUÉRITOS:
Pelos Municípios catarinenses CRENDICES E SU­ -

PERSTIÇõES Departamento Estadual de Es-


-

tatística ..
. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
40
FLAGRANTES FOLCLóRICOS:
ALEGRIA TRISTE E TRISTEZA ALEGRE -
lIde·
fonso Juvenal . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
. . . . . . . 42
UMA SIMPATIA QUE TEM DADO CERTO -
Zec!ar
P. da Silva 44
NOTAS E FATOS:

CETRA, FUNDA, BODOQUE E BALADEIRA -


FIo-
rival Seraine 46
NOT AS DE FOLCLORE -

Redação 48
MEMBROS DA SUB·COMISSÃO CAT ARINENSE DE
FOLCLORE """"""
50
CORRESPONDENTES MUNICIPAIS DA SUB·COMISSÃO 51
----------------------------------------------��JY'


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" *
REUNE a Sub-Comissão Catarínense deFolclore, neste mo-

mento, os fundos necessários para a organização da sua discoteca.


Com efeito, para completar o documentário dos fenômenos fol­
clóricos catarinenses já não nos o registro gráfico
satisfazia apenas
dos mesmos, a sua crítica e divulgação neste Boletim. Necessí­
a sua

távamos completá-lo com o registro fonográfico dos aspectos folclé­

ricos, para que melhor pudessem ser apreciados.


Fácil será compreender que o registro gráfico não pode assina­
lar certas. particularidades, certas nuances, certas tonalidades que
só a gravação sono-elétrica permite registrar. Cada zona do Estado
modula o seu falar de maneira diversa. Como registrar, pois, gràfíca­

mente, todas estas diferenças, no falar, no cantar, no tocar os instru­


mentos? Não seria possível, dentro da pauta, com um número Iimí­
tado de sinais, consignar o contingente individual, perceptível na
execução de uma simples melodia ou na vocalização de um canto.
Renato Almeida, assistindo de perto à execução da "orquestra"
que acompanhava à representação de um "Boi de Mamão", dansan­
do em homenagem à sua pessôa, aqui em F'loríanópolis, ficou encan­
tado com os trêmolos finais com que ia morrendo a orquestração, ao
terminar a dansa dos figurantes, como se o conjunto se tivesse afas­

tado, a pouco e pouco, como se fôsse fazendo ouvir-se cada vez de


mais longe.
Registrou nos seus apontamentos esta particularidade, para êle
inédita. Mas, seria possível, gràficamente, assinalar tal. particularí­
dade ?
Seriam, ainda, registráveis as tonalidades dadas pelos cantadores
aos versos do auto folclórico?
Impossível.
Por isso resolvemos
registrá-los sonoramente.
O Instituto Histórico
e Geográfico de Santa Catarina, atendendo

à sugestão da Sub-Comissão Catarinense de Folclore, adquiriu um


gravador e o Departamento Estadual de Estatística esforça-se por
conseguir um segundo aparelho para a gravação em discos.
Com a cooperação destas duas entidades, logo estará a Sub-Co­
missão Catarinense, cujos fundos se originam no auxílio mensal que
lhe concedeu a Prefeitura Municipal, em condições de dizer que as-
-4-

sim não se perderão as excelentes e tradicionais manifestações da

alma popular catarinense.


Mais tarde virão os filmes, para completar, então, os registros.
Para tanto, não ignora a Sub-Comisão que terá de vencer novos

obstáculos, principalmente para a obtenção dos fundos necessários a


êstes émprendimentos. Mas já não venceu ela tantos outros, para
realizar o .que vem realizando?
Será, portanto, mais um incentivo a animar a tenacidade de quan­
tos se interessam por êste assuntos.
E tem sido todos bem pagos e satisfeitos
com os aplausos que de

todas partes do país lhes chegam


as pois não consideram o seu
-

trabalho um divertimento. MaIS por que estão seguros de que rea­


lizam uma obra útil e patriótica, a compreensão manifestada por
todos é o prêmio que esperavam e que, mercê de Deus, lhes tem sido
concedido sem usura.
,

A visita do Sr. Renato Almeida a


Sub Cornissão Catarinense de Folclore
....

(Resumo das palavras que dirigiu aos

�embros da Sub-Comissão, constantes da ata


de 9 de outubro e transcritas no Boletim por

proposta do. sr. Custódio de Campos).

"O Sr .. Renato de Almeida iniciou a sua palestra apresentando


saudações aos confrades de Santa Catarina, aos quais fez sentir o ca-

rinho com que a CNF vem acom­

panhando as atividades folclóricas


desenvolvldas neste Estado. Após
congratular-se com o DEE. pelo va­
lioso apôio que vem prestando á
tarefa da SCCF, referiu-se ao apa­
recimento do BOLETIM TRIMES­
TRAL, cuja iniciativa elogiou, pas­
sando a dissertar sôbre a metologia
dos estudos folclóricos. Em sínte­
se, foram as seguintes as suas pa­
lavras.

"É preciso, antes de. tudo,


atendam quantos se dedicam aos
estudos folclóricos para oseguinte
enunciado: o trabalho de pesquisa
e análise das manifestações popu­

lares deve ser obra de equipe tare­


fa de cooperação e nunca cometi­
mento isolado.
Por outro lado, ha que fixar com
fidelidade o fato social. Uma tarefa muito importante para os estudio­
sos catarinenses seráa caracterização, de maneira definida dos estu­

dos morfológicos, linguísticos e musicais, das afinidades exatas com


o folclore açoreano. Aliás, esta análise hoje encontra clima favorável,

se considerarmos as ótimas condições propriciadas pelo recente Con­

gresso de História realizado nesta Capital. Convém contudo, não


esqueçamos que, na atual fase do estudo folclorico no Brasil, o de que
precisamos é de material, de levantamentos, coletas, e não de conclu­
sões. Após levantado material suficiente, se;á possível chergarmos
-6-

às conclusões. Estamos, ainda, na infância das pesquisas folclóricas


e precisamos ter muito cuidado com as conclusões. Esbarramos a ca­

da passo com "surprezas" no campo do folclore. Não sabemos como


estão perdurando certos aspectos folclóricos no Brasil. Qual a sobre­
vivencia da modinha entre nós? O material, em verdade é escasso.
Precisamos, a todo transe, salvar quanto fôr possível. Escrevamos
sempre tudo quanto soubermos, na ocasião em que o fato chegue ao
nosso conhecimento. O imediato registro oferece menor margem de
êrro. Outra consideração de grande valor: FOLCLORE NÃO E LI­
TERA TURA. É ciência social, capítulo de etnografia. É pesquisa 01'­

ganisada que precisa ser tratada cientificamente. Menos literatura


e mais precisão eis o lema da CNF. Evidentemente, esta precisão
-

está a exigir meros que ofereçam segurança meios de registro mecâ­


nico, capazes de reprodução fiêl. Evitemos o lirismo, o romance. F'a­
çarnos ciência e não novela; os trabalhos que vindes desenvolvendo
são de ótima qualidade e atestam o devotamento que sabeis consa­
grar às coisas do nosso patrimônio cultural. A. guarda da continuida­
de nacional e a defesa do que somos são os patrióticos objetivos dos
estudos folclóricos, que velam pelas legítimas fontes de inspiração
do espírito popular brasileiro."

NOTA: -

O resumo acima foi feito pelo Sub-Secretário e não foi


J

revisto pelo orador.

Interesse-se pelo nosso folclore. A Sub-Comissão Catarinense re­

ceberá a sna visita com agrado e a sua contribuição com desvaneci­


mento.

"
Folclore não é simples estudo recreativo. É método de-
mopsicológico de análise do inconsciente das massas".

ARTUR RAMOS
(Folclore N egro no Brasil
;

Arte e Errloção
(Discurso pronunciado pelo sr. Othon
d'Eça apresentando o Ministro Renato de Al­
meida em nome da Academia Catarmense de
Letras por ocasião da conferência realisada na

Faculdade de Direito pelo Presidente da


C. N. F.).

Sob O signo ilustre de V. Exa., sr. Renato de Almeida, a Academia


Catarinense de Letras recomeça hoje labôr de colmêia, interrom­
o seu

pido por circunstâncias impoderá­


veis; retoma o seu lagar na van­
guarda no movimento cultural de
Santa Catarina, de que é, sem dú­
vida, a expressão mais culmínan­
te e mais disciplinada.

Volta, assim, o velho sodalício


que Boiteux fundou, à vida ativa
e coordenadôra, no instante em

que um homem de pensamento


vem revelar o espírito anommo

do povo, indo buscar, ao garimpo


do folclore, as belezas esquecidas
pelo tempo e talhadas pelas fôr­
ças tetúricas da terra.

Meus senhores e minhas senhoras:

Apresentando a tão seléto auditoria o sr. Renato de Almeida, em


nome da instituição que tenho a honra de presidir, não farei biogra­
fia nem me demorarei a estudar cada uma das facêtas em que está
lapidado o espírito dêsse brasileiro ilustre e smgular.

Diplomata, homem de letras, presidente da Comissão Nacional


do Folclore, do Instituto Brasileiro de Educação, Ciência e Cultura,
órgão da Organisação Educacional, Científica e Cultural das Nações
Unidas, êle tem sido, na via intelectual do Brasil e do hemisfério,
uma das suas mais nobres e fortes palpitações.
-10 -

É a alma da terra bravia e linda transfundida na alma da gente


forasteira.
A suave ternura, o dôce fatalismo de três raças- tristes, flore­
cendo e cantando, entre árvores amigas, sob a claridade amorosa
das estrelas!

Aquele fatalismo e aquela ternura dolorósa que vive nestes ver­

sos, que eu colhi, como' uváia agreste, no inexplorado folclore da


região serrana de Santa Catarina:

Naquele dia infeliz,


Que a sorte nos separou,
As pedras choraram sangue!
O sol tremeu e parou!

Ou êstes outros que embalaram e ainda embalam o cancioneiro


anônimo do pescador ilhéu:

Soidade -

sino dobrando
Em tardes de procissão!
Cantiga morta que vive,
N o búzio do coração!

Ou, ainda, esta quadra alegre e triste, cantiga de amôr e de ca­


rínho ao pernalta humilde que, no verão, quando o crepúsculo vem

descendo das montanhas para ir se aninhar no aconchêgo àos vales,


canta entre os canaviaes:

Maçarico morreu hontem,


E hontem mesmo se enterrou:
Na cóva do maçarico,
Muita menina chorou!

. _
._.__ __.._._......._...�..._..._ ._..._._.._._.,,__..._..._ .......__._....._. ...._._m..._.. .........

A Sub-Comissão Catarinense de Folclore receberá, de bom grado,


qualquer contribuição que possa interessar ao seu museu especiali­
zado, ora em organização.

Coopere para a conservação das nossas mais belas tradições,


prestigiando a organização dos autos populares do ciclo de Natal e
Reis.
NOTICIÁRIO

ATIVIDADES DA SUB-COMISS.íiO

ATAS DAS REUNIõES:

Reunião de 14 de janeiro: Presentes os Membros Oswaldo R. Cabral, secre­


-

tário geral, Almiro Caldeira de Andrade, sub-secretário, Alvaro Tolentino de Sou­


sa, Roberto Lacerda, Plínio Franzoni Jr., Oswaldo Melo Filho, Custódio de Cam­

pos, Pedro José Bosco, Walter Piazza, Vitor A. Peluso Jr., José Cordeiro, Ildefonso
Juvo,,-al, Doralécio Soares, Bento Aguedo Vieira, Ruben Ulisséa e Pedro Taulois,
êste representante do CAM. -

Expediente: Cartas de Félix ooiuccío, de Buenos


Aires e Euclides José Felipe, de Curitibanos. Comunicações: Oswaldo Melo Fi­
-

lho comunicou ter viajada com o sr. Giovani P. Faraco, por determinação do
D. E. E. para o norte da Ilha de Santa Catarina, afim de coletar elementos in­

dispensáveis a l;mariova monografia que o D. E. E. pretende publicar sõbre os

TEHNOS DE REIS. -

Proposta do sr. Custódio Campos de que fosse extraída da


ata ca sessão anterior o resumo da palestra aqui realizada pelo sr. Renato Almei­
da para ser distribuida entre os membros da Comissão e correspondentes. O Se­
cret árto
geral propôs que fosse a mesma publicada no Boletim, o que foi aprova­
do, depois de haver com a emenda concordado o membro proponente. -

ODes.

Henrique Fontes, por enfermo, não compareceu, tendo feito uma comunicação
telefônica em que soücttava fosse votada moção de congratulações pelo retorno
das Estados Unidos do confrade Vitor Peluso Jr. e pelo resultado dos seus esfor­
ços em procurar adquirir um aparelho de gravação. -
O sr. José Cordeiro propôs
e foram aceitos unanimemente correspondentes: em Brusque, o sr. Lauro Müller
e ern são Bento a sra. Alda Moeller. O sr. Ildefonso Juvenal propôs para corres­

pondente e foi aceito por unanimidade, em Urussanga o sr. João Caruso Mac
Donald.
Reunião de 10 de abril: Presentes: Oswaldo R. Cabral, secretário geral, AI­
-

miro Oaldeira de Andrade, sub-secretário, Álvaro Tolentino, Henrique Fontes, Nu­


nes Varela, Vital' Peluso Jr., Emanuel Peluso, Doralécio Soares, Cap. Jaldir Faus­
tino da Silva, Ildefonso Juvenal, Oswaldo Melo Filho, Custódio de Campos, Clau­
dio Ferreira, Zedar Perfeito da Silva. Exped íerrte : -

cartas de Renato Almeida,


Alceu Maynard Araujo e da Comissão Espirito-santense de Folclore. -

Balancete
acusando um saldo em caixa de 645 cruzeiros. -

O Secretário geral apresenta à


casa e sauda o sr. Professor Nóbrega da Cunha, que visita o nosso Estado, educa­
dor, homem de ciência folclorista de renome, membro da ONU. -
Comunica à
casa ter obtido o auxílio de mil cruzeiros mensais da Prefeitura Municipal tendo
sido já recebido o primeiro mês. Idem ter conseguido na Imprensa Oficial do Es­
tado a impressão do Boletim. Registra os seus agradecimentos aos srs. Tolentino
de Carvalho, Prefeito e Batista Pereira, Diretor da r. o. E. -

Eleição para o

cargo de tesoureiro, tendo sido aclamado, por proposta de j\!miro Caldeira o con­

frade Walter Piazza. Distribuição: ao Des. Henrique Fontes a comunicação "O

DESAFIO", enviado pelo correspondente sr. Euclides José Felipe, cuja trabalho de
pesquisa e coleta é elogiado pelo Secretário Geral e destacada, a sua attva cota-
-
12 -

boração com esta' Sub-Comissão. -


Com a palavra o Prof. Nóbrega da Cunha

discorreu o mesmo brilhantemente sôbre o folclore e a sua importãncia, termi­

nando por encarecer valor do próximo congresso a se realizar no Rio de Janeiro,


em agósto do corrente ano. O Des. Henrique Fontes prestou alguns esclarecimen­
tos sóbre a obra da nacionalização do ensino em Santa Catarina, referida na sua

Cunha. Comunicações: Zedar P. Silva leu o


palestra pelo _prof. Nóbrega da - -

seu trabalho "UMA SIMPATIA QUE DEU CERTO". Custódio de Campos sugere
uma colheita geral de vocabulos regionais para que se possa compor futuramente

um vocabulário catarinense, o que foi aprovado. Antes de encerrada a sessão foi


feita urna audição do material folclorico já colhido em gravação.

CONCURSO DE MONOGRAFIAS FOLCLóRICAS

A Secretaria de Educação e Cultura da Prefeitura Municipal de São Paulo


abriu um concurso de Monografias Folclóricas.
São as seguintes as indicações que damos aos nossos confrades para que pos­
sam concorrer, se o desejarem, ao aludido concurso:

Assunto de livre escolha, as monografias deverão ter 30 páginas mínimas, papel


de oficio, dactilografadas em 2 espaços, de um só lado, em três vias; deverão ser
.
inéditas, originais, na lingua do país; os autores assinarão os trabalhos e indica­
rão a sua residência; cada autor não poderá apresentar mais de um trabalho; os
trabalhos deverão estar em São Paulo até o dia 31 de outubro.
I Serão distribuidos os seguintes prêmios:
1°, de 13 mil crúzeiros e cem separatas; 20, de 7 de mil cruzeiros e cem sepa­
ratas; 3°, 40 e 50 menções honrosas, apenas as cem separatas. (
Enderêço: -
DISCOTECA PÚBLICA MUNICI,PAL DO DEPARTAMENTO MUNI­
CIPAL DE CULTURA -

Rua Florêncio de Abreu, 157 -


90 Andar.

PATROCINANDO OS FOLGUEDOS FOLCLORICOS

A Prefeitura Municiai de Vitória (Espírito Santo) promulgou uma Lei decre­


tada pela sua Cãmara, autorizando o Executivo Municipal a "patrocinar tóda e
qualquer representação. de folguedos populares tradicionais de carãter folclorico
que for levada a efeito na Capital". A Lei, que recebeu o n. 91, é datada de 7 de
novembro do ano passado e foi sancionada pelo Exmo. Sr. Prefeito daquela Capi­
tal, Dr. Alvaro de Castro Matos. O Autor do projeto apresentado à Càmara Muni­

cipal de Vitória foi o Vereador Hermógenes Lima da Fonseca, Membro do Centro


CaPixaba de Folclore.

GENTILEZA

O jornalista Martinho Calado Júnior, redator do matutino "A GAZETA", que


se edita nesta Capital, teve a nimia gentileza de colocar as colunas do seu jornal à
disposição dos Membros da Sub-Comissão Catarinense de Folclore, para a publi­
cação dos seus trabathos.
Assim, os nossos confrades podem ver os seus trabalhos, além de publicados no

nosso Boletim, estampados num jornal de grande circulação. Os artigos e comuni­


cações deverão versar sóbre assuntos de folclore, a indicação de que seus autores
pertencem à Sub-Comissão dêste Estado e ser dirigidos ao jornalista Martinho Ca­
lado Júnior, Redação de "A GAZETA", rua Conselheiro Mafra, Florianópolis.
A Sub-Comissão expressa ao distinto confrade os seus agradecimentos pela
gentileza do oferecimento.

PRIMEIRO CONGRESSO BRASILEIRO DE FOLCLORE


Deverá reunir-se ainda êste ano, no Rio de Janeiro, o 10 Congresso Brasileiro
de Folclore, sob o patrocínio da CNF. A proposta da realização do Congresso partiu
"9 s,. José Calasans, da Sub-Cop1.issão Bahiana de Folclore.
Serão discutidos importantes assuntos referentes ao folclore nacional e me­

didas para a sistematização do seu estudo, tendo o sr.· Renato de Almeida, Secre­
tário Geral da CNF sido autorizado a tomar todas as providências para a realiza­

ção do Congresso.

SUB-COMISSÃO FLUMINENSE DE FOLCLORE

Instalou-se a 12 de janeiro do corrente ano, em Niterói, a Sub-Comissão Flu­


minense de Folclore. A Secretaria Geral da nova entidade ficou a cargo do dr.
Ruben Falcão.

NOVA REVISTA DE FOLCLORE

Estava programado para março o aparecimento de uma nova revista folclórica,

órgão do Centro de Pesquizas Folcloricas Mário de Andrade, de São Paulo. A nova


revista chamar-se-á ·FOLCLàRICA.

CURSO DE FOLCLORE

A Faculdade de Filosofia da Bahia creou um curso de Folclore, tendo o mes­

mo ficado a cargo do folclorista José Calasans.

TEATRO FOLCLÓRICO

Estreou no Teatro Ginástico Português do Rio de Janeiro, o Teatro Folclórico,


que obteve um grande êxito.

BOLETIM DE FOLCLORE

O Departament.o de Educação do Estado do Rio Grande do Norte, sob a direção


do dr. Severino Bezerra de Melo, em colaboração com a Sociedade Brasileira de Fol­
clore, lançou, a partir do mês de fevereiro, um Boletim de Folclore, destinado exclu­

sívarnen te aos professcres prtmáríos e alunos das escolas e grupos daquêle Estado.
O Boletim é orientado pela dr. Veríssimo de Melo, da Sub-Comissão Norte-riogran­
dense de Folclore.

..
APLAUSOS

Da Sub-Comissão Espirito Santense de Folclore recebeu o Secretário Geral da •

Sub-Comissão o seguinte ofício: Vitória, 18 de fevereiro de 1950.


Irustre confrade Oswaldo R. Cabral:
Em nome da Sub-Comissão Espírito Santense de Folclore e no meu próprio,
tenho a satisfação de apresentar ao distinto Confrade e demais Membros da Sub­
Comissão Catarinense de Folclore, nossos melhores agradecimentos pelo envio do
bem lançado BOLETIM TRIMESTRAL.
Folgamos em verificar que, ao lado de "FOLCLORE", órgão da nossa Sub-Co­
missão, surge agora outro o primeiro colega com os mesmos sadios propósitos.
-
-

Sôbre o aparecimento do BOLETIM TRIMESTRAL deu o nosso FOLCLORE breve


notícia em seu 30 número, o qual aqui prazeirozamente lhes enviamos, acompanha­
do dos dois números anteriores. Na certeza de que terá vida longa e útil o pre­
cioso órgão da Sub-Comissão Catarinense de Folclore -

votos que aqui renovamos

e agradecendo, mais uma vez, a gentileza da oferta, bem como o envio do inte­
ressante estudo sôbre o "BOI DE MAMA0 NO FOLCLORE CATARlNENSE" -

aguardamos, com vivo interêsse, nos sejam remetidos os próximos números do


BOLETIM TRIMESTRAL -
o que será belo motivo de se manter amistoso inter­
câmbio cultural entre as duas Sub-comissões estaduais.

Atenciosamente,
(a.) Guilherme dos Santos Neves
-14-

Fernando Corrêa de Azevedo, da Sub-Comissão Paranaense de Folclore,


Do dr.

que aqui esteve por ocasíâo da fundação da Sub-Comissão Catartnense, durante a


realização do l0 Congresso Catarinense de História, recebemos o seguinte oficio:
"Curitiba, 30 de março de 1950. Uma. Snr. Dr. Oswaldo R. Cabral, DD. Secre­
tário Geral da Sub-Comissão Catarinense de Folclore, Florianópolis.
Cordiais saudações. -

Acusando o recebimento dos números dois e três do

"Boletim Trimestral da Sub-Comissão Catarinense de Folclore, quero não só agra­


decer a gentileza da remessa, como, principalmente, congratular-me com o ilustre
amigo e com os demais membros dessa Sub-Comissão, pelo trabalha magnifico, in­
teligente e bem orientado, que vem sendo desenvolvido nesse Estado pela Sub­

Comissão, tão eficientemente dirigida por V. S. -


É-me particularmente grato
acompanhar êsse esforço e os resultados obtidos, tendo estado presente à inau­
guração da Sub-Comiss.ão Catarinense de Folclore, com um dos elementos _indi­
cados pelo Professor Renato Almeida para, juntamente com os meus colegas do
Paraná e do Rio Grande do Sul, levar a nossa modesta cooperação a êsse ato tão
significattivo para o estudo do folclore nacional. Augurando a essa Sub-Comissão
êxitos sempre crescentes nos seus trabalhos de pesquisa e divulgação do folclore
catarinense, que tão de perto fala à alma e ao sentimento nacionais, peço-lhe trans­
mitir a todos os membros da Sub-Comissão Catarinense de Folclore os meus mais
efusivos cumprimentos. -

Com toda a simpatia e admiração, (ass.) Fernando Cor­


rêa de Azevedo, da Sub-Comissão Paranaense de Folclore.

HOMENAGEM

O Professor Rossini Tavares de Lima, Professor de Folclore Nacional do Con­


servatório Dramático e Musical de São Paulo e Secretário Geral da Sub-Comissão
Paulista de Folclore, acaba de lançar a primeira pesquisa de 19-50 ,a ser feita
pelos alunos daquele Conservatório.
..'
Como sempre, dividiu a sua turma em grupos de alunos, tendo cada uma

escolhido um patrono para dar nome à mesma. Dentre os quarenta nomes de


escritores nacionais que foram assim homenageados pelos alunos do Prof. Rossini
Tavares de Lima, figura o nosso Secretário Geral, dr. Oswaldo R. Cabral.
do
A dlferência feita ao nosso Secretário Geral representa, em verdade, uma ho­

menagem à Sub-Comissão Catarinense de Folclore, cujos trabalhos vem sendo


apreciados por todos os estudiosos do Brasil.

NOS AÇôRES APRECIAM NOSSO BOLETIM

O nosso colega de Sub-Comissão, sr. Walter F. Píazza, recebeu do Prof. Fran­


cisco Carreiro da Costa, membro do Instituto Cultural de Ponta Delgada, São MI­
guel, do arquipélago açoreano, e onde é muità conceituado como folelorista e ge­
nealogista, seguinte carta, de onde extraímos o seguinte:
a

"Foi precisamente nas vésperas do Natal de 1949 que recebi das mãos do
sr. dr. Lúcio de Miranda, ilustre professor liceal desta cídade e meu antigo mes­

tre, a valiosa oferta com que V. Excia. quis honrar-me do N. 1 do Boletim Tri­
mestral da Sub-Comissão Catarinense de Folclore. Como menino que recebe Um

brinquedo de seus Pais, assim recebí a sua excelente Lembrança: Bem haja !

"O Boletim que fez o favor de me remeter afigura-se-me um excelente reposi­


tório de estudos sérios <:' construtivos que oxalá não esmoreça quanto à sua edição.
Nós açorianos, aqui, no arquipélago, sentir-nas-emas Igualmente muito honrados

por sabermosque ai, em Santa Catarina, as notícias açóricas enchem por modo
notável tradições e o folclore dessa formosa e famosa região.
as

Lí com a atenção e com O carinho de um estudioso da etnografia e do fel­


clore açoriano e brasileiro tudo quanto se contém no referido Boletim, tendo apre­
ciado muitíssimo -

sem lisonja o afirmo -

a sua contril>uição para o estudo

das Cirandas infantis. Não conheço aqui nos Açores, sobretudo em S. Miguel,
onde resido, nenhuma coisa parecida ao que V. Excla. revela, servido peio estudo
de Martinz de Aguiar. Aqui em São Miguel -

e mesmo assim
já desvanecidíssimo
pelo tempo -
encontro as expressões seranda e ciranda ligadas à idéia de serão
quer em casa quer ao ar livre, especialmente por ocasião dos antigos serões de

milho, em que um agricultor por ocasião da apanha do milho, convide os paren­


te, vizinhos e amigos para o ajudarem a amarrar e a esgalhar (esfolhar). São
alegres reuniões que decorrem sob o 'luar e as estrelas de Setembro, em volta de
grandes montes de milho e em que se canta e balha, se reza e come. As violas
e as guitarras repicam festivamente nas suas cordas e gargantas afinadas ouvem-se

em amorosas cantigas. E, de vez em quando, lá aparecem referências à seranda:

Esta moda da seranda


.É uma moda bem 'ligeira;
Faz andar as raparigas
Como o trigo na joeira.

Ó seranda, ó serandinha,
Toca, toca a serandar;
Vamos dar a meia volta,
Meia volta vamos dar.

Outras vezes é a expressão ciranda que aparece:

Anda a ciranda no ar

Anda a ciranda no chão;


Ó ciranda, ó círandrnha,
Amor do meu coração.

Há aqui em São Miguel muitas rodas infantís mas nenhuma eu conheço com

semelhança às que V. Exa. 'cita. Mas vou averiguar ...

"Também vou deligenciar mandar para a Sub-Comissão de que V. Exa. faz

parte os exemplares publicados na Revista de que sou editor e onde se encon­

tram alguns dos meus mais desenvolvidos estudos etnocrártcos micaelenses.


Renovando a V. Exa. o meu pedido de desculpa pela demora de meu agrade­
cimento, fica inteiramente ao seu dispor o confrade e amigo, muito grato e ad­

mirador.
Carreiro da Costa".

A MúSICA E A POESIA DO SUL DO BRASIL ATRAVÉS. DA RADIO PORTUGUÊSA


<,

Um apêlo aos brasileiros

A estação emissora "Rádio Mindelo" que emite no comprimento de onda


de 41.78 ou seja na frequência de 7.180. kilociclos por segundo, começou a gravar
.em fio de aço os seus programas destinados à América do Norte, Brasil, América
Espanhola e Europa. Para os programas especiais destinados aos brasileiros e

portugueses espalhados pelo mundo, a Rádio Clube Mindelo tomou a iniciativa

dEi incluir' tudo o que diga respeito ao folclore do Brasil: música e canções típicas,
etc.
E como a sua. discoteca é pobre, lança por nosso intermédio um apêlo aos bra­

sileiros de Santa Catarina, às instituições culturais e outras organizações, no sen­

tido de lhe enviarem discos:


RÁDIO CLUBE MINDÊLO
S. VICENTE
CABO VERDE
-
16

VISITOU A NOSSA CAPITAL UM PROFESSOR ILUSTRE

Florianópolis hospedou até hoje cedo, desde sábado, o llustre Sr. Professor
NObrega' da Cunha, educador emérito, folclorista e naturalista, que atualmente é
Vice Diretor do Serviço de Cooperação intelectual da ONU em nosso pais.
O Dr. Nobrega da Cunha já exerceu importantes cargos no aparelhamento
educativo do pais, tendo sido Diretor Geral da Instrução Primária, da Instrução
Secundária e do Serviço Nacional de Teatro.

Homem de elevada e educador, a visita do Prof. Nobrega da


cultura, poligrafo
Cunha deveu-se ao Congresso do Rotary Club, em Blumenau.
Na sua passagem por esta Capital foi o ilustre visitante recebido pela Depu­
tado Oswaldo R. Cabral, Secretário Geral da Sub-Comissão Catarinense de Folclo­
re e apresentado aos folcloristas locais na sessão daquela comissão realisada sábado.
Na oportunidade produziu o Sr. Nóbrega da Cunha uma interessante palestra
que prendeu a atenção dos' membros da Sub-Comissão.
Ontem, sob o patrocíniO da Secretaria da Justiça, Educação e Saúde e da
Sub-Comissão Catarinense de Folclore, no Salão nobre do Instituto de Educação,
realizou o Prof. Nóbrega da Cunha uma interessantíssima conferência, abordando
o assunto do Folclore na Educação.
A mesma compareceram o Dr. Elpídio Barbosa, Diretor do Departamento de
Educação, que apresentou o conferencista aos assistentes, o Dr. Oswaldo Cabral,
Secretário da Sub-Co!nissão de Folclore, Diretora e professores do Instituto de

Educação Dias Velho, os Srs. Jurací Camargo e Halkel Tavares, deputado Antônio
Nunes Varela, membros da Sub-Comissão de Folclore, professores e alunos do

Colégio Coração de Jesus e Catarinense, membros do magis'tério- primário, alunas


da Escola Normal e jornalistas. O 'Prof. Nóbrega da Cunha por uma hora cativou
a assistências com a sua palavra edudrta, mantendo O auditório em permanente
interêsse pela sua exposição.
HOje cedo regressou o ilustre visitante ao Rio de Janeiro, depois de haver
visitado vários estabelecimentos de ensino em companhia de destacados elementos
do nosso magistério, e de ter percorrido, em companhia do Desembargador Henri­
que Fontes e do Dr. Oswaldo R. Cabral os pontos interessantes da nossa Capttal
e do continente próximo.

("Diário da Tarde", 4 de abril de 1950).

VISITANDO A FAMíLIA

Em em visita a Santa
abrll passado estiveram Catarina, a serviço da campa­
nha alfabetização de adultos, tendo realizado na Capital, em Joinvlle, niume­
de

nau, Laguna, Tubarão 'e Criciuma, noitadas de arte de raro sabôr, os Srs. Joracy
Camargo, notável teatrologo. Haeckel Tavares, Insígrie compositor, e Edson Lopes,
famoso baixo-cantante brasileiro.

queridOS artistas realizaram conferências e demonstrações das lindas


Os can­

ções de Haeckel Tavares, que foram executadas pelo próprio compositor, e voca­

lizadas por Edson Lopes.


Nesta Capital Joracy Camargo realizou além de conferências, um curso ln­

tensivo de teatro ao que concorreu grande número de interessados, pertencentes


aos núcleos artísticos de Florianópolis.
Em íntimo contacto com elementos da Sub-Comissão Catarinense de Fol­

clore, mostraram-se interessados pelo trabalho que vimos desenrolando e curio­


sos das nossas belezas folclóricas.
Haeckel Tavares quer saber se aqueles "Corações", dos Pão-por-Deus não te­
riam a sua música. Quem sabe? E se alguém consegue um motivo, que linda
canção não nos dará o criador da "Casa do Caboclo" sôbre um tema folclorico
ca tarinense ! ..•
,/

17

COMO NOS RECEBERAM

BOLETIM TRIMESTRAL

Temos a grata satisfação de registrar aqui o aparecimento do Boletim Trimes­

tral, órgão da Sub-comissão Catarinense de Folclore. É o primeiro colega que sur­


ge ao lado de "FOLCLORE", e com os mesmos louváveis propósitos -
bater-se

pela salvaguarda e divulgação das nossas ricas tradições populares.


O valioso Boletim Trimestral impresso em 27 páginas, em Multilith pelo
-

Departamento Estadual de Estatística de Santa Catarina apresenta interessan­ -

tes estudos do nosso populárto, como: "A setra, a funda e o bodoque", comuni­
cação do folclorista Oswaldo R. Cabral, Secretário Geral da Sub-comissão cata­
rinense; "Temas Açorianos" Formas infantís de contar
- -

por Orlando Ferrei­


ra de Melo, correspondente da Sub-Comissão em Blumenau; "Cirandas infantís",
por Walter F. Piazza; "Bodoque, funda e setra", comunicação do dr. Hildegardes
Cantolino Vianna, da Sub-Comissão Bahiana de Folclore; "Reminiscências aço­
rianas", por Almiro Caldeira, por fim.
Superstições pelos Municípios Cata­
"As

rinenses" obtidas pelo Departamento Estadual -de Estatística, através de ques-



tionários remetidos aos agentes murucípaís de estatística. FOLCLORE folga em
deixar aqui expressos melhores aplausos aos dirigentes do BOLETIM TRI­
os seus

MESTRAL, augurando órgão da Sub-Comissão Catarinense de Folclore


para êste
vida proveitosa e longa, a bem da defesa das nossas tradições folclóricas".
De "FOLCLORE", órgão da Sub-Comissão Espírito Santense de Folclore, n. 3
Novembro e dezembro de 1949.

DUAS PUBLICAÇõES FOLCLÓRICAS DE FLORIAN(;POLIS E VITÓRIA

A;.nda no setor folclórico


podemos saudar o aparecimento de Folclore, revista da
Sub-Comissão Espirito Santense de Folclore, dirigida por Guilherme dos Santos
Neves, e o Boletim Trimestral da Sub-Comissão Catarinense de Folclore, que aca­

ba de aparecer em Florianópolis. Estas duas revistas de província testemunham a

vitalidade dos regionais que se agrupam em tõrno da Comtssâo de


movimentos
Folclore do IBECC, ao mesmo tempo que apresentam em suas páginas preciosas

pesquisas e colheitas de material folclórico em fontes até então inexploradas".


De LETRAS E ARTES, suplemento literário de "A MANHA", Rio, direção de

Jorge Lacerda.

SUB-COMISSAO CATARINENSE DE FOLCLORE

Recebemos o n. 3, do Boletim Trimestral da Sub-Comissão Catarinense de Fol­


clore, dirigido pelo Dr. Oswaldo Cabral. Dentre a farta e importante matéria
sr.

destacamos seguintes: Crendices e superstições; Coisas do Planalto; Termos Re­


as

gionais; Comentaria Sobre a Comunicação Anterior; O Pião.


Somos gratos pela remessa.

("Diário da Tarde", Florianõpolis, 30-3-50).

BOLETIM TRIMESTRAL SANTA CATARINA

Digno de aplauso é o trabalho desenvolvido pela Comissão Catarinense de

Folclore, dirigida pelo historiador Osvaldo R. Cabral. Apreciáveis são os resultados


já colhidos e publicados boletins. El
comissão viva, trabalhadora e que
em uma

serve de exemplo, porque tem favorecido


pesquisas, incentivado os estudo fol­ as

clóricos, e fazendo reviver os folguedos populares.


Recebemos, três publtcações da operosa Sub-Comissão Cataripense, divulgado­
ras de estudos do populario barriga-verde. O estudo sobre o "Boi de Mamão" no
folclore catarinense é enriquecido com lindas policromias de autoria do prof.
-18 -

Orlando Ferreira de Melo, e os dois boletins trtmestrats, trazem os seguintes estu­

dos: -
"A setra, a funda e o bodoque, "Temas açoreanos", "Cirandas Infantis",
"Remlniscencias açoreanas", "As superstições pelos municípios catarinenses", "A

Pesca com o- Boto", "Sobre o Folclore .rotnvnense".. "AsVerrugas l!.0 Folclore Ca­

tarinense", "Vocabulário Regional Catarinense", "Pelos municípios Catarinenses".


e respeito dos Corações e do Pão por Deus".
"A
O sugestivo estudo de "Corações e Pão 'por Deus" de autoria de Osvaldo R.

Cabral, será futuramente publicado no "Correio do Folclorico".


("Correio Paulistano" (Correio Floclórico) 26-3-50).

TRADICIONALISMO E OS ESTUDOS FOL.CLÓRICOS

Repara Joaquim Nabuco, em seu livro mais famoso, que o espírito Inglês ofe­

rece dois aspectos essenciais: a responsabilidade do homem para com Deus e o ar­
raigado tradicionalismo nacional.
"A Inspiração da vida publica na Inglaterra observa com a dupla autoridade
-

de escritor e diplomata -
vem em grande parte da Bíblia. A politica e a religião
sentem que terão sempre muito que fazer em comum, que uma e outra têm O

mesmo objetivo prático -

elevar a condição moral do homem, e o efeito dêsse talves

principal elemento do espírito inglês, em relação ás reformas, é fazer o argumento


moral prevalecer sõbre o argumento utilitário."

Quanto ao outro aspecto, regista que "ao lado dessa quase superstição de cos­
tumes", há o espirita de aperfeiçoamento e de progresso." Explica-no depois como <,

a gente britãnica ás maravilhas concilia essas duas tendências que parecem con­ r
trastantes. A vida nacional não se desenvolve aos arrancos, mas corre naturalmen­
te como um rio em seu leito. Na Inglaterra seriam ímpossíveís as reformas vio­

lentas, radicais, que a lei viesse a impor aos cidatlãos. Lá, o costume é que man­

samente acaba se transformando em lei e, só em casos de necessidade extrema, o

inglês abandona um velho hábito.


Há, mesmo, regras elementares
governam' O senso comum: a principal de­ que
las é conservar-se tudo o que existe, até
o inútil, quando não seia obstáculo inven­

civel ás melhorias indisensáveis; outra é a de reformar-se o necessário, somente


em carater provisório, deixando ao tempo a incumbência de consagrar ou rejei­

tar a Inovação.
Lembramo-nos agora dessas observações do grande mestre pernambucano ao
recebermos mais um "Boletim Trimestral" da Sub-Comissão Catarinense de Fol­
clore. E diremos por que, o brasileiro é um povo que escarnece as tradições, quan­
do não as despreza, fulminando-as com uma frase cortante, que o retrata bem:

"Não vou perder tempo com essas velharias mofientas, no século XX".
E O sécuío-Xx., a era da energia nuclear, há-de ser a tola justificativa a que o
brasileiro usa para legitimar O louco desacêrto com que pretende fazer medrar uma
árvore sem raizes que a alimente, cravadas nas entranhas da terra. E, então, é nos­

so vezo atribuirmos a mil causas cada mal que nos aflinge, sem atinarmos com o

que realmente falta, como povo, nação e como estado: o espirita religioso de que
emana a moral e o amor á tradição que fomenta a órdem e o respeito às leis.
Eis porque o trabalho da Sub-Comissão Catarinense de Folclore, silencioso
mas perseverante, está a reclamar um apóia mais eficiente. de nosso povo que com

ela deve aprender a estimar e a zelar as nossas tradições. É, sobretudo, necessário


que a nossa compreenda a nobre tarefa em realização pelos investigadores do fol­
clore.
Os estudos folclorlcos de há muito deixam de ser mera distração de diletantes,
para constltuirem uma ciência auxiliar da historia, proporcionando-nos, ainda
mais o exato conhecimento de cada povo e evidenciando-nos os seus érros as
0).1
suas virtudes através da pratica de seus costumes.
Demais, toda a vida, de um povo, sua capacidade e o ritmo de seu desenvolvi­
mento estarão sempre refletidos nos seus costumes:
-19-

Em seu na de dezembro de 1949, o "Boletim publica a seguinte 'colaboração


folcl6rica: "A pesca com o bóto", de João dos Santos Areão; "Sóbre Folclore Join-
vilense, de Plácido Gomes; "As verrugas no Folclóre Catarinense", de Walter
F. Piazza, "Vocabulário Regional Catarinense" de Demóstenes Veiga, "A respeito
dos Corações e do "Pão por Deus" 'de Oswaldo R. Cabral.
Em seu na de Março dêste ano, o "Boletim" inseriu a seguinte matéria assina­
da pelas nossos estudiosos: "Crendices e superstições" de Plácido Gomes, "Obras
do Planalto" do Pe. Alvino Bertoldo Braum; "Termos regionais" de Euclides José
Felipe; "Comentários" de Custódio F. de Campos; "O Pião", de João dos Santos
Areão.
Ê secretário geral da Sub-Comisão o ilustre historiador Dr. Oswaldo R. Ca­
bral e dela participam muitos intelectuais, notando-se entre êles o desembar­
gador Henrique Fontes, Othon d'Eça, Altino Flores. Carlos da Costa Pereira, Wal­
ter E. Piazza, Ildelfonso Juvenal, José Cordeiro e outros mais.
Como se vê, abundante é a seara e muitos os ceifeiros.
Resta apenas continuar com afinco tarefa em tão boa hora iniciada, recor­

dando-se que pelo seu arraigada tradicionalismo a Inglaterra exerceu, duran.te


muitos anos, a hegemonià do Mundo.

("A Gazeta", de Florianópolis, 2-4-50),

PEGOU DE GALHO

O secretario geral da Comissão de Folclore de Sta. Catarina, deputado Osval­


do R. Cabral, em carta dirigida ao nosso Maynard Araujo, tez elo­
confrade Alceu
giosas referencias ao "Correio Folclórico", dela transcrevemos, com a devida venla,
um trecho no qual solicita permissão para transcrever o artigo publicado dia 5
do corrente, que justifica o interesse que a pagina despertou: -

"Peço permissão
para transcrever no proxímo numero do nosso BOLETIM O trabalho de Maria de
Lourdes Henriques, sobre O Boi de Mamão em S. Francisco, que vem publtcado no

"Coreia Paulistano" que me enviou, no "Correio Folclorico", de sua direção".

INQUERITO DEMOLOGICO

�;,
O Departamento Estadual de Estafistica de Sta. Catarina, lançou um "Inquerl­
to demológico", para conhecer o "Adagiaria" bem assim as "Rezas e benzeduras"

[.
do Estado, em estreito intercambio com a Sub-Comissão Catarinense de Folclore.
Os modelos do inquerito publicaremos em documento especial.
f" Notícias do "Correio Paulistano" (Correio Folclorico).
-

Cantigas, rezas, benzeduras, quadrinhas, adágios, usos, costumes;

Gravuras, fotografias, objetos de arte popular;

Rendas, louças de barro, figuras, etc... Tudo isto nos interessa.

Comunique-se com a Sub-Comissão Catarinense de. Folclore, con­


tribuindo para a
organlzação do nosso Museu Folclórico.
I

,I
i
TRABALHOS ORIG IN AIS

Sociologia do Folclore
Walter Spalding
(Da Sub-Comissão do Rio Grande do Sul)

A sociedade humana possue particularidades que a agrupam e

caracterizam, como a língua, certos usos e costumes, lendas e tra­

dições que, comuns a determinado


grupo, diversificam-no dos demais.
Assim, sociologicamente, quan­
to à língua, pertencem ao mesmo

grupo social portugueses e brasi­


leiros, espanhois hispano-ameri­
e

canos, franceses e belgas e cana­


denses, alemães e austríacos, etc.,
embora hajam diferenças prosódi­
cas e semânticas entre um e ou­

tro grupo ou povo. ,


r'"
Mas, quanto aos usos e costu-:

rnes, já as diferenças são mais


acentuadas, e ainda 'mais, de mo­
do geral, no que tange às lendas e
.às tradições, embora estas,
na ge­

neralidade, tenham maiores opn­


-tos de contacto através das diver­
sas épocas desde o aparecimento
do homem sôbre a face da terra.
Todas estas características dos povos, "hechos folclóricos" - -

como dizem os espanhóis, pertecem a uma discipliria, especial, à <]

ciência popular a que se convencionou denominar Folclore,


I

I
/
-
21-

/ Praticamente, a ciência folclórica divide-se em duas partes: ciên­


cia propriamente dita, ou teoria, e arte, ou prática.
A ciência
ou teoria do folclóre abrange todos os conhecimentos

que populário nos apresenta e dizem respeito à vida e às diversas


o

manifestações diretamente ligadas à existência humana. Esta ciên­


cia ou teoria, é estudada pelo folclorólogu, A. arte ou prática, per­
tence ao fato em sí, às manifestações folclóricas em geral, à prática
dessas mesmas manifestações e ao meio ambiente. Em resumo: ao
povo. Este é o folclorista.

Temos, dessarte, o estudioso, o cientista do folclore -

o folelo­
rólogo, e o que pratica a ciência, que realiza o folclore
- -

o fol­
clorista.

'I
Os acontecimentos ou fatos folclóricos possuem certo conjunto

-f de caracteres que se podem agrupar em dois


racteres distintivos e caracteres limitativos.
grandes capítulos: ca­

Os caracteres distintivos do são, justamente, folclore os de ca­

ractersocial, coletivo, geral, que abrange a um grande grupo ou a


muitos grupos sociais, tipos étnicos ou clãs. A vida do gaucho, por
exemplo, no Brasil, no Uruguai e na Argentina.
Os caracteres limitativos serão aqueles que pertencem particu­
larmente a grupos familiares, limitados, portanto, a pequenas áreas,

ou 'melhor, a grupos especializados como, por exemplo, pescadores


de certas zonas, mineiros, vendedores ambulantes de determinadas

localidades, cujos usos, costumes, linguajar, cantigas e crendices


pertençam exclusivamente a êles, ao grupo da zona a que pertencem
e exercem sua atividade.
Feitadistinção, verifica-se que o folclorista trabalha o fol­
essa

clore, enquanto o folclorôlogo, seguindo-lhe as pegadas, estuda, exa­


mina, confronta, pesquiza e conclue, estabelecendo, cientificamente,
as bases sociológicas da formação dos povos, da organização social

e das influências sofridas por uns e outros, através as relações co­

merciais ou contactos emigratórios e outros.


Vê-se, portanto, que a ciência folclórica não é, apenas, passa­
tempo; que a recolta e exame de um rifão, de uma canção infantil,
de uma superstição, de um mito religioso ou fetiche, de certo modo
de trajar e dizer as causas, não pertence ao número das simples dis­
trações e curiosidades sociais populares, mas são base de estudo sé­
rio da sociogênese.
Já diziam os velhos tratadistas que "as atividades e formas so­
ciais começam inconscientemente", quer dizer, através as criações e

ideologias populares sem paternidade definida


.
.

É isto' o folclore o em todas às -suas manifestações anô­ ,


povo
I
-

.. 1)i111a8 é cujo estudo sistemático forma a verdadeira çiência folclóri­


Cíl p. socíologta do folclore,
I
-
I
'(

-'

o Monge ou o Profeta São João Maria


Euclides José Felipe

NOTA PRÉVIA

"Era alourado e a sua palavra trazia a

marca do sotaque castelhano. A tiracolo,


uma sacola minúscula de algodão, em

que levava pequenina barraca e uma pa­


nela. Conduzia um crucifixo e algumas
imagens pequenas".
"Não quer que o sigam os bandos, não
aceita dinheiro, senão um pouso, um

pouco de verdura, uns goles de leite ou

um pedaço de queijo. Aconselha o povo


a ter crença, que trabalhe na lavoura.
Aqui e ali planta uma cruz, faz algumas
profecias e parte. Para o sertanejo, cré­
dulo e simples, abandonado e Ignorado,
o Monge é a representação da bondade,
é o Santo que o procura e lhe dirige a

palavra de consolo, o apostolo que se lem­


brou da sua vida miserável. E a lenda f ,

desponta na Imaginação do caboclo. Con­


tam-se casos. Os lugares em que o santo
homem pousou, tornam-se santos, a água
das fontes de que êle bebeu na concha
o Monge João Maria é figura que ain­ da mão, faz o milagre de curas inespera­
da vive na imaginação do nosso sertane­ das. E foi assim ficando a sua lembran­
jo. Em toda a antiga zona contestada ça, entre saudades e esperanças, ninhada
pelo vizinho Estado do Paraná, na região de santidade: -

Santo João Maria, o pro­


sulina do dito Estado e alguns Muni­
em feta dos sertanejos". (Oswaldo R. Ca­
cípios da zona serrana de Santa Catarina, bral, SANTA CATARINA, Brasiliana, Vol.
o Monge foi multo conhecido, por iS80 80).
que, segundo se diz, cumprimento a
em Em 1896, foi visto em União da Vitória.
uma promessa, peregrinava por toda Mais tarde, em outros pontos. Conta o

aquela região. jornalista Cid Gonzaga, em depoimento


Na cidade legendária da Lapa, no Es- feito para o livro Santa Catarina, que o
tado do Paraná, é famosa pela sua beleza piedoso franciscano Frei RogériO Neu­
a gruta do Monge, onde êle costumava haus; ouvindo falar da san tídade do
alojar-se'. Foi visto e conhecido, amado Monge, foi ao seu encontro e exortou-o
e venerado pela gente simples e crédula a que, de fato, se era um iluminado, en­

da região. víado de Deus, fõsse à cidade, pregar as


-23-

verdades eternas e a palavra divina. Não gado à cruenta luta que roí a éampanha
acedeu o Monge ao convite de Frei Rogé- do Contestado. Não iremos aqui hlsto-
rio que viu nêle, apenas, um espírito do­ ríá-Ia. Os que desejarem conhecê-la en­

minado pela exaltação mística. Pessoas contrarão .farta literatura a respeito.


que o conheceram de perto afirmam que Entretanto, a figura legendária do pri­
era um homem algo instruido e bastante meiro monge ficou na memória do nosso

virtuoso. sertanejo. Foi um homem bom para êle.


Depois, o misterioso João Maria desapa­ A sua memória viverá no seu coração
receu. Teria concluído a peregrinação, ainda por muitos anos.

cujo voto êle mesmo dizia estar prestes Euclides José Felipe, nosso correspon­
a terminar? Teria perecido, nalguma gra­ dente em Curitibanos, colheu o "poenla"
ta desconhecida, refúgio das suas noites que abaixo transcrevemos. É um depoi­
e descanso das suas caminhadas? Igno- mento. Confirma a visita de Frei Rogé-

ra-se. rio. Confirma o retrato de João Maria


Em
1911, apareceu um segundo monge, .
tal como tem sido esboçado. É o depor-
José Maria, que não era o anacoreta sin­ menta do povo, o depoimento folclórico,
gelo, bom e piedoso dos outros tempos. a contirmar o que a História .escreveu a

Dizem que o seu verdadeiro nome era respeito do santo homem sertanejo.
Miguel Lucena da Boaventura, ex-solda­ O poeta é ignorado. Não importa. O
do e- desertor. que importa é saber que o povo conser­

Dizia-se irmão de- João Maria e dispôs­ va os seus versos, recita-os e os transmi­
colher fruto da semente lançada te de geração em geração.
'I
se a o

pelo seu antecessor, na alma do serta­ Euclides José Felipe prestou um exce­

nejo. lente serviço recolhendo-os e entregan-


O nome deste segundo Monge está 11- la-OS à publicação. O. R. C.

I
Muito d'antes tinha um monge
Por nome João Maria
Que andava neste mundo
Quar um facho que alumia;
Ensinando nosso povo,
Isso é que Deus queria,
N os caminho abençoado
De Jesus, o grande Guia.

II
Êste home abençoado
Sem vaidade e preterição
Punha a gente no caminho
Da verdade e retidão.
I
Mar visto embora fôsse
D'otras seita e religião,
Sempre o povo nêle via
Mais que um santo eremitão.

III
Humirdade éra a senha
Dêste servo do Senhor.
Pobreza desprendida
Só servia por puro amor:
Não queria chegá em Deus
Pelas via d'argum temor

Por boas obras voluntárias,


Co'a pureza duma flor!
-24 -

IV

Os ensinamentos dêle
Eram puro os de Jesus;
Como Êle, acompanhado
Por quem queria a luz
Do grande Iluminado
Que foi morto ·numa cruz!

Êle tinha era nojo


Quando uvia d'argum cachaço:
-

"Vocês façam o que mando,


mas não façam o que
faço" .

................................. .

................................. .

"Vamos vê, desenrolado,


Não recebo nada em maço,
Pois eu sô macaco véio,
J á não caio mais em laço" ...

VI

"Oia, arve se conhece


Pelas fruta qui ela dá;
Recebendo munto inxerto,
Ela vai degenerá
E por fruta ela produz
Boas manada de baguá
Que sôrto nestes campo
O que não resurtará?"

VU

"Irmãos,
o exempro é
tudo,
Não deixem engambelá
se
Mas se o lobo vem di
aveia,
Não se deixem embasbacá
E si o bicho mostra os dente
Não se deixem amendrontá

Que as foguera só tem cinza,


Já urtimaro de querná" ...

VIII

"O Deus de Jesus Cristo


Não cabia numa casinha,
Era grande, era perfeito,
De mardade nada tinha,
Não se curva à lei dos home
Qui. é uma lei misquinha.
Escrevia na Natureza,
Nunca nada de- Ietrínha ...
-
25

IX

"Natureza é livro aberto,


Em que todos podem lê ...

O Grande, sendo grande,


Em livro grande quiz escrevê,
P'ra todos que tivessem
Em ponto de entendê .••

Só bastava abri os zóio


E pegá compreendê ...

"A Lei suprema é a caridade


nos leva à sarvação
Que
O que p'ra mim não serve
Nunca serve p'ro irmão ...

Tôda lei é resumida


N esta simples oração ...

"O caminho é carreiro


Que se chama humilhação
,� Que também já foi triado
\ Pelo maió dos nosso Irmão (Jesus)
Fóra deste só tem ôtro
Que conduz à perdição.· ..

Por isso, quando rezas,


Tenhas limpo o coração:
Longe ódio e vingança,
Só terás consolação ...

XI

"O sór é munto forte


Não se póde oiá de frente ...

Mas se vê todas vantage


Que êle faz p'ra gente!
-

"Ansim, meu povo amado


Deus alumia os ente
E os que fazem caridade,
A presença dele sente!
Não se pode amá o Supremo
Ansim, diretamente,
Mas através dos ôtro
Se vai ao Onipotente!

XII

-
"Tôdo mundo é nosso irmão
Seja ou não seja crente ...

O bem, oiando a quem,


Nunca é de boa semente! ...

O egoista é suicida,
Já de si está robando
Quem aos ôtro o mal pratica
A sua alma tá enterrando.
.

-2�-

Quem aos ôtros fais o bem,


Mas em conta não levando,
Tem a benção do Senhor
E p'ra si tá trabaiando
E fazendo o bem em dôbro,
Mais de dôbro está ganhan.lol

:XIII

"Bemdito quem se esquece


Té de si, nas oração ...

Que se lembre só dos ôtro


Por tê grande o coração ...

Êste, sim, já está feliz


Já cumpriu a obrigação,
Porque já tem na alma
Uma grande perfeição" ...

XIV

Junta exempro às palavra,


Só triava o bom caminho,
Não aceitava pagas
E nem mesmo presentinho. .

Com as ropinhas simpres


Como simpres pobrezinho:
Alpercata côro crú
Era feito um sapatinho
Por chapéu só carregava
Um modesto barretinho ...

xv

E tôda sua riqueza


Um simpres bastãozinho,
A cuia e uma bomba
P'ra sugá um bom matinho;
A latinha c'uma arça .,

Que ficava num cantinho,


Um isqueiro de taquara
P'ra cendê o seu foguinho ...

XVI

A pobreza que pregava,


A pobreza de verdade.
Dinheiro nem p'ra si
Nem p'r'os grande da cidade.
Recebia arguma côve
Se era dada co'amízade,
Verdura e arguma fruta
Que trazia da caridade.
E o mais agardecia
Com palavras de bondade.
f c

• f·
XVII

Não comia nada de carne


De animal sacrificado.
Por êle, mal no mundo
Não viria de quarqué lado.
Consumia só o que fôsse
Lá da terra vegetado
Não aceitava á vida
Em prejuízo do animado,
Pois que sangue não queria
N em um pingo derramado!

XVIII

Nisto era parecido


Com o filho de meu Deus,
Que um dia ficou irado
No tempro dos judeus
Com a casta dos escriba,
Sacerdote e fariseus,
Que imolavam inocentes
Só a bem dos borsos seus ...

"á Supremo, queres sangue


P'ra enche caprichos teus?
Imolá o Teu Cordeiro,
Ao bem destes ateus?"
E pegando numa corda,
Expursou os corifeus ..

XIX

Se ensinava as verdades
Do Eterno Construtor,
Só o Mundo era a igreja
Qu'era digna do Senhor:
As encosta e colina
O artá do grande Amor,
O sór era luzêro
Do grande Redentor
As estrelas eram velas
E as nuve eram flor ...

XX

Os campo eram toalhas


De cubrí o grande artá;
Os mato, renda fina,
O ceu era o Missá ...

Os barranco eram degrau,


E tapete os vassorá;
O vinho era os regato
E pão os milhará;
O caliz era as fôia
Dos nosso matagá;
o côro,
os passarinho,
O órgo, o vendavá
O livro, a Natureza,
Rosário, os pedregá;
Sereno, agua benta
Um milagre naturá
As grimpa era enfeite
Os pinhêro, castiçá ...

Os banço era a relva


ou sinão... os carcanhá.

XXI

Tudo era aligria


s N ada de sacrificá

C Pois que Deus é oniciente


Nada tem que se vingá
1
...

Senão Êle se punha


No nive dos mortá
Por causa de arguns erro
d Que fizesse no criá ...

q
Mas isso é impossive, 7
Está mal, no interpretá.
a
O Deus sendo perfeito
v Não podia mal pranejá ...

Despois· mata mesmo,


se

11 Só pra mode se vingá ?


O Sangue de si mesmo
C
P'ra vingança mitigá?
E os home d'instrumento
P'ra tê quem condená?

Vi
XXII
e:

r: Um dia, o santo Monge


ti Fazia suas pregação:
Num campo aqui de Lajes
Ensinava a murtidão.
rr
Se aproxima Frei Rogéro
ir ótro santo do sertão,
Um irmão que deu em mancha,
Mas ficou sem graduação.
Ouvindo, logo disse:
-

"Êste Monge tem razão ...

Êle ensina direitinho


Sem fazê arteração.
Da Santa Caridade
Que é a maió razão
D'eu está nestas par age
Dessas grande solidão
P'ra está dentro de Roma,
Só le falta a confissão ...
-
29-

XXIII

.
Encontrando João Maria
Logo foi cumprimentá,
Desejando boa saude
P'ra todos do lugá.
Foi dizendo: "Meus amigo,
-

U'a Missa vim rezá


Por isso vos convido,
E a todo o pessoá,
Que amanhã, munto cedinho
Todos devem confessá
Incrusive nosso Monge
Um exempro deve dá.
Que êsse povo apurveite
Seus pecado descontá
É que manda o Santo Bispo
Que tem orde de mandá
Pelo Papa, lá de Roma,
Que é o nosso maiorá.

XXIV
'(
"Meu irmão, meu Frei Rogero.
Você queira discurpá ...

Não discuto seus ensino,


Pois já vi Você pregá ...

Eu também sô cristão
Mas é ôtro o meu pensá ...

êste povo, si quisé,


Que não vim pra combatê
Eu só vim p'ra conseiá ...

Trago dentro de minh'arma


O que me orientará,
E si tenho argum pecado,
Só a Deus cabe jurgá,
Pois Jesus não confessô
A nenhum simpres mortá ...

xxv

Ouvindo Frei Rogero


Palavras tão acertadas,
Para, empaca o passo,
No meio da estrada:
-

"Você fique quieto,


Ó meu grande camarada.
Ninguem le pode ouví
Esta sua desrrazoada,
Que sinão o povo vira
E já vem a trapaiada ...

O povo ainda é verde,


Não cumprende nada, nada ...

É bom que haja freio


Sinão já dão massada,
-
30 -:-

Por isso a confissão


Sempre foi a rédea. usada,
P'ra freiá quem se adianta
"
E os que possam dá massa da ...

XXVI

-
"Pois meu freio, seu Rogero,
É munto diferente:
Eu não trago nada ocurto,
Alumeio toda gente.
Sendo facil de segui
Os caminho aurifurgente.
Deus qué que o povo O ame,
Pro valô que nêle sente,
Não por medo, nem obrigado
Com clareza alegremente ...

Uns mais cedo, otros mais tarde,


Todos vão, expontaneamente.
E os caminho a gente mostra:
Quem quizé, vá livremente,
Já por isso o livre arbitro
Que o ceu deu de presente ...

E Deus depois nos jurga,


Pela fé que temo em mente,
Pelas obra que se feiz
')
Que é coroa da boa semente !"

XXVII

Frei Rogero foi-se imbora


A sua Missa .foi rezá,
Adispois, pro Santo Bispo
As suas conta foi prestá.
E o bispo em largos gesto
Se aprontô p'ra escomungá
Esse monge que andava
Nesses campo a atrapaiá,
Ensinando sem sabê,
E sem arde de ensiná,
Êsse home sem estudo,
Sem leitura de jorná.
Era muito perigoso,
Só porque sabia falá,
A nossa boa dotrina
Viria p'ra derrubá?

XXVIII

E o nosso santo monge,


De vagá ia caminhando,
Espaiando seus ensino
E o povo aconseiando ...

Lá pras lado do Rio Grande


Muitas veis se viu entrando ...
1-
-
31-

E quando estava só,


O seu têrço bem rezando,
De longe o povo uvia
Lindo côro descantando ...

E o Deus lá das altura,


Nos oiava, abençoando!
E quem chegava perto,
Só via o monge orando,
Mas si se distanciasse,
Ovia mil voiz toando:
-

O canto era dos anjo


Com Deus acompanhando ...

XXIX

A fé era dum tanto,


Tanta era a alegria,
Que onde dava um pôso,
Uma cruz lá se erguia ...

Bom caminho êle ensinava


E o futuro predizia:
-

Gafanhotos, guerra, sangue,


No horizonte percebia ...

Que tudo o bem fizesse,

Era só o que pedia!'


E por uma penitencia
A cinza arrecoia
Do fôgo do pôsinho
Que com água se bebia:
Era o tar remédio santo,
Todos mal êle alivia
Com chá da bassorinha
Dêste bom S. João Maria ...

XXX

/. , E os ano viajandinho
.

r Num tranquinho de viaje


Co nosso Santo Monge
Se sumindo nas ar age ...

Corria certas noticias


Que a Morte, de passage,
Coieu o santo home ...

Mas isto é bobaae,


Pois êle não se intrega.
É um bicho de corage,
Sabia levá a vida
Com dotes de vantage ...

Foi p'ra serra do Taió


Rem no lombo, só, sem pago,
E IR está morando
Numa terra bem servaae,
P'ra um dia, então, vortá
E fazê profetisage ...

Curitibanos, março de 1950.


o

Os Santos no Calendário neotrentlnn


'Valter F. Piazza

As tradições religiosas de nosso


querido céspede natal, o municí-,í
pio de Nova-Trento, tem em suas I
efemérides atraido a nossa atenção
para particularidades que não en­
contramos em outras localidades I
catarinenses, apesar de em outros
pontos se assemelharem quer pe-'
la origem étnica quer universali­
dade da Igreja Católica Apostólica
Romana.
São costumes que, trazidos pe­
los trentinos (naturais da Provín­
cia de Trento, Tirol Austro-Italiano I
ou melhor "A Itália Irredenta",) I

hoje, passado quasi um século da


estaca inicial da colonização e já,
I
sofrendo influências de outros I . .

gru-j
.

pos étnicos e até religiosos, persis- Nova-Trento as "pastorinhas" can­


tem. tando maviosos e sublimes "ter-
Assim, do calendário folclórico I ncs de R::is" e recebendo, em tró­

que organizamos com a ajuda de ca, doces e bebidas. Estas são as


alguns bons devotados neotrenti- usanças do Dia dos Reis Magos.
nos. extraimos: Adiantam-se as folhinhas •
Dia 6 de janeiro -
Festa dos Passa o mês de Janeiro.
I
Reis Magos -

usança anotada: Entra o fevereiro e em seu de­


"benção das crianças", espetáculo
anualmente repetido e que reune I curso
Braz -
assinalamos o dia de São
o São Biaggio de nossos
todo o mundo infantil das circun- 'antepassados trentinos; é o dia da
vizinhanças da atual cidade de No- bê n ç ã o das gargantas, aliás,
va-Trento. :fcste espetáculo foi há f'áto comum em tôdas as' comuni­
cincoenta anos atrás noticiado dades católicas apostólicas rorna­
com destaque por um jornal des- nas.
ta cidade de Florianópolis. É uma Vem depois o' carnaval. Mas, an­
bênção que as mães neotrentinas tes 'dêle.: em per-íodo entre o Natal
:

fazem. questão que seus filhos re- e os dias do Momo anotamos o


cebem. dela 'dos "boi-de-mamão". É uma .

Na véspera de Reis correm as tradição muito querida do catari- ,

ruas e estradas ("vqllç.td.as") de nense, especialmente do litoral.


-
33-

E após o Carnaval o período qua- to das "vovós", pois, é milagreiro,


resrnal. é o santo dos responsos. E, aquí
A Quaresma é tristeza, é sacri- cabe referência 'a uma imagem do
ficio, é penitência. E, em meio as Santo dos Milagres. Refiro-me ao
festividades quaresmais se ressal- Santo Antônio do "Salto", localída­
ta uma crendice popular. Morre de a seis quilômetros de Nova-Tren­
Cristo sexta-feira da Paixão.
na -

to, ofertada pelo negociante José


Toda a do lugar conver-
população Jacques, natural desta cidade, no
ge para a Igreja afim-de assistir tempo Destêrro. A aludida estatue­
às solenidades. A noite encontra- ta já sofreu ao que sabemos vários
mos aquela mesma população des- banhos e lavações. Já sentiu esfre­
filando diante do esquife do Se- gações de sabão e areia, e, em com­
nhor Morto e se atentarmos bem pensação, já recebeu, também, ves-
.

o que depararemos? timentas novas pelos casamentos


Cada visitante coloca na salva de que se realizaram pela sua inter­
prata a sua espórtula e del á retira cessão.
o seu trôco "para que durante o 13 de Junho é o dia do Santo ca­
ano não falte dinheiro em sua ca- samenteiro. Nêsse dia as moçoilas
sa", É, portanto, uma mascote. se prostam reverentes e sonhado-'
No sábado de Aleluia há a ben- ras diante do Santo e fazem pro­
ção da água e do fôgo e em tôdas messas para casar. Umas mais ...

as casas neotrent1nas se renovam afoitas, nas ante-vésperas da fes­


as provisões de "água benta", e, ta ou quando querem encontrar
para completar aquêle dia de "meia um amado tiram o Santo de seu
festa" (isto é: todos à tarde se põem nicho e o esfregam a valer. Muitas
em seus trajes domingueiros e fes- deixam-no dias inteiros dentro de
tivos) não falta a malhação de J u cisternas. São os "excessos" da de­
,

das que, às vezes, representa, tam- voção. E o nicho fica vasio, mas,
bérn, uma autoridade e então deixa Santo Antônio volta mais limpo ...

de ser folclore. _ .
Estas são as usanças antonianas.
Vem o domingo gordo Domin- A 24 de junho celebre o agioló-
-

go de Páscoa. gio cristão São João, o Precursor.


É uma grande festa, quer no ca- Nêste dia acendem-se fogueiras,
lendário religioso, quer no calen- come-se, principalmente, pinhão,
dário folclórico. melado, aipim, cará, batata dôce e
Mas, hoje, já, se sente a influ- outras coisas mais "explosivas". E
ência germânicanessa festa, pois, as casamenteiras e todos, enfim,
as crianças "esperam o coelhinho". não perdem tempo, querem ver o
Os ovos de chocolate e os enfeita- futuro. Tiram sorte. Pulam fogueio
dos de papel crepon e desenhos e 1'0.. E. tiritam de frio dizem os .. _

recheiados de amendoim com açú- cabôclos ser a noite mais fria do


-car não faltam nêsse dia grandioso ano.
para as crianças e porque não? São Virgilio, bispo e mártir, pa-
-

também. para os adultos. droeiro de Trento, na Itália, e de


Está terminada a Páscoa, ou Nova-Trento, no Brasil, é festeja­

melhor, o período quaresmal. Vem, do a 26 de junho.


então, junho, o grande mês folcló- O seu dia é de procissão, de bar-
rico. Junho é o mês dos santos po- raquinhas, de muita festa .

.
pulares, dos santos "cotados". É São Pedro e São Paulo a 29 da­
Santo Antônio, iniciando a lista, quêle mesmo mês não tem os atra­
depois São João, São Pedro e São I tivos que têm os três santos ante­
Paulo. e entre eles se ajeita São. riores.
Vir-gllío, padroeiro do lugar. Depois as festividades se espar-
Santo Antônio, o santo casamen- sam e só. prõoríamente. Finados
teíro, o santo das mocoilas e das e Natal é que se tornam festas fol­
I
suas promessas, é, também, o san- clóricas.
Como tradição de Finados que­ Cristo Natal, a maior festa da
-

ro, anotar o Baile das Almas, Cristandade.


aquí, Usam-se muito os
realizado na noite de 2 de novem­ presépios. A tradição nêstes três
bro, anualmente, na localidade de quartos de século tem permaneci­
São João Batista, município de Ti­ do inalterável. O costume dos pre­
jucas, e que pela distância apenas sépios que nossos ancestrais trou­
nove quilômetros tem muita li­ xeram da Itália continua,
-

apesar
gação com Nova-Trento. de ser ver, também, árvores de
Em Nova-Trento é costume se Natal.
dirigirem à noite ao cemitério lo­ São estas -
em síntese -
as
cal e alí acenderem velas e passa­ persistências religiosas na tradi­
rem a noite em orações... e con­ ção da população do meu céspede
versas. natal -

o município de Nova­
Enfim, a festa da Natividade de Trento.
Superstições e Crendices
o presente trabalho de autoria do ilustrado conterrâneo
Com te. Lucas Alexandr-e Boiteux, é parte de uma sua contrfbuí- r­

ção ao 1° Congresso de História Catarinense e que aquí, dívul­


games em primeira mão por nímia gentilesa do nosso ilustre con­
frade desta Sub-Comíssão, dr. Henrique da Silva Fontes, presí­
dente daquele magno certame, com que se comemorou o bí-cen­
tenár-io do povoamento de Santa Catarina pelos casais açorenhos
e madeirenses.

Lucas A. Boíteux

Varrer a casa de dentro para fó­


ra -

pobreza
Varrer a casa à noite doença -

Saltar à rua pela janela quem


-

o faz acaba ladrão


Ter quadros ou modelos de na­
_

vio, em casa -
atrazo
Ter búzios e caramujos em casa
-

molestias
Dar dinheiro pela janela -

po­
breza
Construir casa em chão em que
outra existiu -

infelicidade
Limpar a casa de negócio das
teias de aranha e paranhos
maus negócios
Entrar em casa qualquer cão
desconhecido -
moléstia.
Beber água no escuro -

o diabo
entra na gente.
Desprender-se um quadro da pa­
rede morte de parente.
-

Dar fogo a três pessoas na mes­


ma ocasião. infelicidade
-

Negar água e fogo atrazos de Falar sósinho


- -

o diabo mete-se
r
vida.
i na conversa.
As crianças brincarem de bata-, Dar à criança o nome do pai -

lhâo guerra próxima


-

l não passa dos 7 anos.


-:36-

Torcer roupas das crianças


as Benzer-se à la. badalada do sino
de peito dá dor de barriga.
- -

é a badalada do diabo.
A mãe assistir ao batizado do fi­ Chamar pelo diabo em frente ao
lho infelicidade.
-

espelho êle aparece.


-

A criança brincar com a própria Cuspir no fogo entizíca. -

sombra moléstia.
-
Vestir ou usar roupas do avêsso
A criança brincar com pente - -

é-se falado
defeca na cama. Vaca berrar depois do sol pôsto
O rato roer o umbigo da criança -

morte. I
-

vira ladrão. Passar a ferro as meias -

fica­
Roupa de criança exposta ao luar '
se tuberculoso.
-
dor de barriga Virar as cadeiras -
atrazo para
Criança não chorar ao ser batiza­ a casa.
da não se cria.
-

Dormir com os pés voltados pa­


Senhora casada comer frutos in­ ra a rua -

morte.
conhos gera gêmeos.
-

Manter. malas e baús abertos -

Mulher casada comer ave ira de cava-se a sepultura.


galinha -

prolífera. Dormir as mãos


com cruzadas
Ventar forte no dia do casamento nas ancas infelicidade.
-

marido rnáu. Conservar três luzes acessas no


Colocar a toalha na mesa do aves­ mesmo compartimento -

desgraça.
so comida não satisfaz.
-
Usar fósforos de cêra infeli­ -

Derramar sal, azeite ou tinta _ cidade.


moléstia ou infelicidade. Estar à mesa e deixar cair a co­
Sacudir a toalha da mesa na rua mida -

parente com fome.


-

atrazo. Colocar dinheiro sôbre a toalha


,.
Contar as estrelas -
nascem da mesa desgraça.
-

verrugas. Moça limpar as mãos na barra


Dar nós nas tranças -
morte do vestido acaba sendo falada.
-

próxima. Moça comer a crosta do pão -

Galo fora de horas ma­ não cr sará.


�ntar
-

Gua-dar a roupa de uso do avês­


ça fugida.
N. Sra. chora
so -

juizo virado.
Andar de costas -

Sonhar com dentes caidos


azar (M/obs.) morte de parente.
Apanhar de rabo de arraia Deixar os chinelos virados­
.entlzlca.
'e-, vira-se o juizo (morte, m/obs)
Comer coracão de galinha -

fi­ Sonhar com uvas brancas lá­ -

ca-se medroso: grimas.


"
"Bandeira do Divino';
Dr. Placido Gomes

ras dos festejos do Espírito Santo.


Era tradição de nossos festeiros
buscar a Bandeira para confiá-la
a quem a conduzisse de casa em

casa, a colher espórtulas para as


solenizações festivas e os fogos de
vista dessa quadra rumurosa dos
fiéis. E nisto, aqui se repetiam as
cenas habituais em todo o país.
Compunha-se a Bandeira de um

estandarte, forma ele um pendão,


em cujo cimo se aninhava uma

pomba branca, em meio de um tu­


fo de flores e laçadas frouxas, ele:
onde desciam longas fitas de sedu,
multicores, que os fiéis' visitados
iam acrescendo de mais outras, no
curso das visitas que recebiam.
A Bandeira era levada á rua por
Poucas tradições no Municipio um devoto, ladeado de um rabe­
apresentam tendência a se perpe- quista e de um tambor, postos a
tuar, ou ainda a prolongar-se anos cantar e car na mesma cadên­
to.
avante, como- vimos com as dan-
sas e suas músicas.
Sôbre tradições religiosas popu-
I cia, em cnj.e; curtas raradas estra­
leavan as baquetas na na borda
do instrumento. A melodia era po­
lares, ha a "Bandeira do Divino", pular, in variável e morv.tona, mas
que ainda se vem comemorando original no tocado da rabeca, no
em alguns povoados do Município, soar do bombo e no canto a duas
mas desmerecida do ânimo primí- vozes elos que completavam o gru­

tivo; e ha o "Pão de Deus", mixto po, geralmente agregado de uns

de invocação e de pedido de gra- poucos de curiosos.


ças, que se endereçava ao próximo i Todas as residências se abriam
para aquisição de uma dádiva; I á visita das Bandeiras, com de­
também quasi em desuso, presen-' monstracões de profundo respeito,
temente. : baixando-se então na sala o topo
A civilização atual, em constan- do estandarte para que os da f'ami­
te movimento de extinções e re- lia osculassem o emblema, mornen­
novações, impiedosa, não se con- to de. reverência que muitas don-as
forma com sentimentos pessoais. cumnriam com lágrimas e excla-

O entrudo lembra outra tradí- mações de estoica devoção.


ção de aspécto social, que inteira- Durava semanas a caravana das
mente se aniquilou para ceder lu- Bandeiras, de porta em porta, e no
gar ao carnaval moderno; recolhi- percurso coletavam os meios ne­
do agora aos salões decorativos cessários ao custeio das festas,
dos bailes de fantasia, com seus que ('wriam por conta elos festei­
confetis, bisnagas, cordões e mas- ros sorteados.

-
carados elegantes. Com o tempo desmereceram de
A "Bandeira do Divino", ainda importância as Bandeiras, reprt­
ha uma quarentena, se via peram-] midas pelos parocos e cairam de
bular, zabumbando, nas cercanias prestígio pelos sacrilegios que ás
I
da zona sul de J oinvile, ás véspe- vezes cometiam.
Vocabulário de Consultório Médico
Oswaldo R. Cabral

Os termos abaixo relacionados foram colhidos em consul­


tório médico, entre consulentes oriundos das zonas rural e praia­
na de Santa Catarina. Muitos não serão exclusivos a essa zonas,

serão talvez conhecidos em outros pontos. Mas a maioria, pos­


sivelmente, é de usança exclusiva dos mesmos.

ADUELA Costela. -

ALOJAR (ou alujar ) Vo­- -

mitar. A expressão é conhecida,


também, em Minas Gerais (Peq.
Dicionário Brasileiro da Língua
portuguêsa) .

AR -
Paralisia. "Deu o ar" -

ficou paralítico ou hemiplégico.


Paralisia facial.
BICHAS Parasitos intestinais.
-

"Ter bichas" = estar atacado de


verminóse. Ataque de bichas
convulsões.
BOCA DO ESTôMAGO Epi­ -

gastro.
CADEIRAS -

Região lombar.
COBREIRO -

(ou côbro, ou co-


breIo) Herpes.
-

CONSTIPAÇÃO Resfriado. -

COROTO Testículo. -

DESMANCHO Aborto. -

DESPACHAR Evacuar o in­ -

ACIDENTE -

Desmaio. -
Fre- I testino. "O doente despachou bem"
quentemente, ao referir-se o paci-
-

evacuou convenientemente.

ente ter sofrido um desmáio, diz DESTRAV AR Cortar o freio -

que "teve um acidente". ria língua. "Este menino é travado,


ACOSTUMADO -

(ou costu- quero que o sr. destrave" ...

mado) -

Menstruação. "O meu DESTRONCAR Luxar.


acostumado não vem certo", "o "Estava com o braço destroncado"
meu acostumado vem demais", são 1 = estava com uma das articula­
usadas para explicar ções do braço luxada.
expressões.
as perturbações menstruais.
ASSISTIDA -

menstruada. I EMBUCHO
EMP ALAMADO
Engasgo.
Anêmico.
-

-
-

39-

ENCANAR -
Reduzir. "Enca- MÃE DO CORPO -

útero, ma-
nar o osso" -

Reduzir uma fra- dre, matriz.


tura. NATUREZA -

órgãos genitais.
ENCARANGADO -

encolhido. NERVO TORTO Entorse, tor- -

....:.._
FAZER SERVIÇO Evacuar, cicolo.
exonerar os "Êle
intestinos. não OCUP ADA Grávida "Eu
- -

faz o serviço todos dias" = êle os estou ocupada de 4 meses"). '

não evacua diàriamente. (Também PALET A -

Omoplata.
usam: "ir aos pés" e "operar). PARTES -

órgão genitais.
FERIDA Ulcera. "Fulano PONT ADA Pneumonia. "Fu-
-

tem uma ferida fulano tem uma -

está com a pontada" = Fula-


úlcera."
FEBRE Malária. "Ele tem
-
Ilano
no está com pneumonia".

PISADURA Ferimento. -

bre" = êle está com a malária.


FLATO Meteorismo
- fe-I QUEBRADURA Hérnia. "Fu-
está quebrado" = "é portador
-

nal, Dores difusas e passageiras.


FONTES Têmporas
-
intesti-Ilano
(usado
de uma hérnia.
RENDIDURA Hérnia. "Fula-
no está rendido" = está herniado.
-

noutras regiões).
FRACO Tuberculoso. "Fulano
-

SANGRADOR Região supra -

está fraco" Fulano está tuber-


= clavicular.
culoso, tísico... SAUDE Menstruação.
-

GASTURA Sensacâo de vasio


-

SOLTURA Diarréa. -

estô�ago. Dispepsia.
I
no
. SUJIDADE -

Excremento. Fé-
GARRAO Tendão de
A9UlI�s.
-

zes.
HEMORROIDA Constipação -

A
..

• TRIZ _'>-

-
I C t enCla.
de ventre.
INCHUME Edema. - UNHEIRO Panaricío sub-un- -

INT ANGUIDO Mal desenvol- guea!. -

vido. "Este menino é muito intan- VÃO Hipocôndrio, flanco. - -

guidinho" = está mal desenvol- "Dor no vão" = dor no flanco ou


vida". no hipocôndrio".
JUNT A articulação.
-

VIA Reto. "Pôs a via para -

LAMBEDOR Xarope. -

fora" = Prolapso retal",


LEVEZA NA CABEÇA Ton- -

VIUVO Tercól (Hordéolo). _

turas.
"

LI CENSO VIRILHAS Regiao inguinal.


(ou locenso)
-

fleimão, abcesso. ZIPRA -

Erisipela.
INQUÉRITOS

Pelos Municípios Catarinenses


IH -
CRENDICES E SUPERSTIÇõES

Colabora cão da la DIVISÃO


TÉCNICA DO DEPARTA­
MENTO ESTADUAL DE
ESTATíSTICA (Secção de
-Publicídade)

Empenhados em divulgar o que do num porco, percorria as ruas

conseguiu o DEE com os inq.uéri­ afastadas, acuado por cães: b) o


tos dernológicos, a respeito de cren­ boitatá grande pássaro noturno
dices e superstições, transcreve­ que aparecia, circundado, de fogo,
mos, neste número, o material co­ tornando-se pavor dos viandantes
o
letado pelos Srs. agentes munici­ e a bruxa-figura de
notivagos: c)
pais de estatística de São Francis­ megera, que se alimentava do san­
co, Joinvile e Criciuma. gue das crianças. d) prática de ma­
É nossa preocupação publicar gia negra, mula-sem-cabeça e ou­
dados referentes às diversas re­ tras.
giões do Estado, para que se tenha Dentre as superstições, é comum
ideia de como se apresentam, ain­ a prevenção contra número tre­
o

da, no inconsciente da nossa popu­ ze, gatos pretos, pintar navios à


laçâo, êsses costumes, cuja prática vela e animais empalhados.
em determinadas camadas sociais
é assunto digno de estudo. Joinvile
Observamos que as benzeduras
e outras crendices usadas, quando Não se encontram em Joinvile,
se faz substituir segundo Roger tabús alimentares dignos de men­
Bastide, com rezas, cantos e danças ção. Quanto ao curandeirismo, que
o médico e o cura distantes, têm aqui se registra sem muita fre­
formas notáveis em nosso Estado. quência, decorre de dificuldade
Daí o nosso interesse em divulgá­ econômicas ou de situações deses­
las. E o fazemos, com satisfação, peradoras, não sendo propensa a
por iterrnédio do Boletim da Sub­ população de modo geral, a se va­
Comissão Catarinense de Folclore. ler d+sses recursos.
As superstições, comuns a outras
São Francisco do Sul terras, como temer gatos pretos,
JC"ío entrar em casa com o pé es-
Já estiveramem voga e, hoje, se querdo, a sem cabeça, o sací
mula
acham desaparecidos das crendice o minhoção, etc. não têm i)
popular: a) o lobis homem, que ás
noites de sextas-feiras representa- Il!ererê,
aqui
tas ou
a menor significação. Anedo­

lendas baseadas em supers-


r
-
41-

tições também não são encontra- b) Ver dois urubus no telhado É'
f
das. É, entretanto, necessário sa- sinal de desgosto.
lientar o fato importante de que, I c) 'I'res urubús juntos significam
falando grande parte da população sorte.
o idioma alemão os lares e mesmo
em outros lugares, talvez existam No que diz respeito às crendices,
anedotas e expressões outras, cu­ registam-se no município fatos in­
jas traduções são desconhecidas. teressantes e mesmo curas notá­
veis. Há na cidade de Criciuma cé­
Cr-iciúma lebre curandeira, cuja alcunha a
caracterizou dentre o povo a Jo­
-

o
P?VO crícíumense mantém nas. Apesar de muitos rirem das
bem viva uma série de supersti­ suas benzeduras, sua casa está di á­
ções e crendices, das quais enume­ riam ente cheia de curiosos, que
ramos algumas. junto a mesma, buscam cura mila­
a) Acender tres cigarros, com grosa.
uma só chama, fará com que o pos­ Seguem-se algumas das rezas co­
suidor do terceiro morra em prt mumente usadas no município, pa­
meiro lugar. ra combate de diversos males.

"CONTRA DôR DE DENTE E "CONTRA DôR DE DENTE"

DôR DE CABEÇA" "Dente são,


dente são,
Santo Antão,
"Sangue ponho-te em ti, como Santo Antão,
Deus o pôs em si, Toma êste dente podre
Sangue ponho-te nas veias, como e me volta um são".
Deus o pôs na ceia, (No caso de extração do dente,
Sangue ponho-te no corpo, como deve êste ser lançado ao telhado
Deus o pôs no horto, da casa).
Que esta dôr desapareça do teu
corpo. em nome de Deus e da Vir­
gem Maria".

"PARA CURA DE BICHEIRA EM

ANIMAIS"
"PARA CURAR-SE DE

BERRUGAS" "Assim como a mulher do padre


não assiste à missa inteira,
Assim cairão todos os bichos des­
"Lua, a minha berruga disse que ta bicheira". (Deve o benzedor co-
morras tu e viva ela,
[nhecer a côr do pelo do animal e,
Mas, eu digo vivas tu e morra mais ou menos, a direção em que o
ela" (Repetir 3 vezes) I
mesmo se encontra).
FLAGRANTES FOLCLÓRICOS

�,

Alegria triste e tristeza alegre! ...

Ildefonso Juvenal

Os usos e costumes do povo, são,


por vezes, tão extravagantes em

diversas regiões do nosso e ou­


tros Estados, que causam pasmo a
quem 018 desconhecendo, tem oca­
sião de os verificar pela vez pri­
meira.
Em uma das nossas viagens ao
sul do Estado, deparou-se-nos a
tristeza envolvendo um dos
tecimentos mais alegres e satisfa-'acon-II
tórios na vida de uma família: o

casamento, pois, todos nêle ante­


vêm as mais gratas felicidades,
com a constituicão de um novo
lar. consequente" sempre de uma
trama afetiva e silenciosa de
amôr, por ambos os nubentes
ceramente tecida, o advento sin-!
da I saremcasa,a farta comedorla
a e

enchendo o lar das mais dansas prolongadas, coroando


prole,
efusivas alegrias. Pois assistimos I
i solenidade.
.
as a

a um casamento triste, completa- Aquelecasamento em Urussan­


mente diferente dos que se reali- ga, -

tal era o lugar, realizou­


-

zam nos centros de colonização se pela manhã. Às 7 horas, quan-

.
alemã ou polaca. Tanto o alemão do o vigário ainda dormia, quem
como o polaco, festejam ruidosa- olhasse para o adro da igreja ma­
mente o casamento: Carretas en- triz da cidade, verificaria que alí
feita das, cheias de convidados, se encontrava uma moça, toda de
por vezes antecipadamente encer- branco vestida, tendo à cabeça um
vejados, formando extenso véo de alvinítente alvura, prendi­
jo, seguem em demanda da igreja,
ao espoucar dos foguetes e ao som
elas sanfonas. Os noivos vão alí,
corte-I do por
ranjeira
corôa de flores de la­
uma
e mãos
nas
um ramo de brancas rosas.
enluvadas,

naquele meio, felizes e sorriden- Encontrava-se entre dois homens


tes, ajudando a pagodeira. E de- de preto vestidos: um era o noivo
pois do conjugo-vobís, ao regres- e o outro talvez o
pai ou um dos
-.(8 -

padrinhos. Estavam todos mudos, carvão, com que se abastecia a pa­


taciturnos, não dando nenhum pulação pobre, e a proibição do
dêles, mostras de alegria pelo trabalho da escolha do carvão pe­
acontecimento. las mulheres no período de aleita-
Uma hora depois chegou o vígá- menta dos filhos, que sugavam
rio, a porta da igreja foi aberta, os com o leite materno detritos de
noivos e outras pessoas, (agora o carvão.
número era maior), entraram, o Ao desembarcarmos, deparou-se­
ato fora realizado, e todos se fo- nos uma alegre passeata de crían­
ram embora, a pé, para a resídên- ças. Trinta ou quarenta crianças,
cia do novo casal, que ficava a empunhando bandeirolas multi co­
uns 3 quilômetros distantes, ou res, que drapejavam ao vento, ca­
para as suas casas, passando os mínhavam em festiva algazarra,
noivos e acompanhantes, sorumba- em direção à igreja local.
ticos, indiferentes, algo tristonhos, Que iam fazer aquelas crianças
ante o indiferentismo dos que vi- no templo de Deus? !
nham para as compras e os que Iam "encomendar" o corpo de
iam para o trabalho da lavoura ou outra criança como elas, falecida
outros afazeres. no dia anterior.
Seria aquele um caso a parte? Ealí, no meio delas, em um pe-
Não, absolutamente não. O casa- queno esquife, o pequenino mor­
menta entre os de origem italiana, to!
não é alegre e festivo, em muitas Que alegria para todas, levarem
colonias, 'Como o é entre 013 de ou- o irmãosinho para o campo santo!
tras nacionalidades. O que pode Por último, fechando o cortejo e
acontecer de anormal, e é muito zelando pela ordem no préstito, o
comum, é depois do ato, comerem pai do inocentinho, também sem­
todos, suculenta macarronada, re- blante alegre, corno se a morte de
gada a bom vinho, e os nubentes um filho querido, fosse um pra­
e convidados, beberem demasiada- zer!
mente. Aí então, por vezes a ale- Entretanto. não se podia desven-
gria surge em forma de cantoria, dar o que lhe ia na alma ...

em que todos cantam sem harrno- É que existe ainda viva e forte
nizar o canto. . no coração do povo, a crença de

Neste articular o alemão e o po- que uma criança que morre, é


laca são mais alegres, fazendo do mais um anjo para a côrte de
casamento motivo de grandes Deus, nas celestiais alturas; porís­

fOI-I
guedos, tornando o acontecimento
.
so, festeja-se a subida de mais um
memoravel. anjo para os céus! ...

Os
convida�os para participa- I
E mãe daquela criancinha?
a
rem das solemdades, sao obrigados I
Teria ficado em casa com o cora­
a._abandonar. a tristeza, como o fo- ção embandeirado como o daque-
lião nos meios carnavalescos. Ies pequeninos que lhe acompa-
* nhavam o filho morto?
* *
Não; a pode ser 'mui forte,
crença
No dia seguinte, rumámos para a tradição, habito, o costume do
o

Cresciuma, a cidade do Carvão, cí- povo poderia ser aquele, mas se


da de que gozava fama de ser aa prescrutassemos atentamente o co­
primeira no Brasil, de 'maior índí- ração daquela mãe, se olhássemos
ce de mortalidade infantil, hoje, fixamente para o seu interior, ve­
felizmente decrescida, dada as ríficartamos que, ao envez de em­
providências no sentido do abas te- bandeirado, êle estaria envolto
cimento de água potável, por meio em crépe, porque a tradição pode
da rêde de canalização, e conse- I alentar não con­
um coração, mas
quente depuração química,
vés da água de poços, saturada de
ao
en-I segue transformar
mentos.
'
os seus senti­
o

'i

Uma "Simpatia" que tem dado


certo!
Zedar Perfeito da Silva

Com um pouco de atraso, o trem


chegou à estação de Piratuba, à
noite de sábado, de 25 de fevereiro
último. Fui para o hotel e só na
.

manhã de domingo saí pjara co­


nhecer a cidade. Entrei em conta­
cto com o sr. Adolfo Heinz, Ge­
rente do Banco INCO, que logo
me apresentou ao sr. Anildo Frei­

tag. l!:ste convidou-me para o chur­


rasco em sua casa, em honra do
batisado de seu caçula. Lá, conhe­
cí muitas pessoas da sociedade lo­
cal e o seu velho pai, Leopoldo
Freitag, que é um dos grandes
pioneiros do município.
Após o churrasco e uma boa pa­
lestra, onde nunca faltou a cerve­
ja gelada, fomos de camionete até ficou constatada a quebra da pon­
o rio Pelotas assistir à pesquisa ta do eixo trazeira.
que se estava fazendo para desco­ Chegamos lá na hona em que o
brir o corpo do infortunado chofer movimento de busca era mais in­
de um caminhão de carga, que tra­ tenso. De vez em quando, chega­
zia a placa do município vizinho vam ônibus repletos de curiosos ..

gaúcho: Lagoa Vermelha. ° veicu­ Havia cinco canoas e a lancha a


lo, carregado de sacos de batatinha, motor da balsa procuqando, com
ao descer a balsa, do lado de Pi­ ganchos e anzóis, fisgar o corpo
ratuba, devido à ponta do eixo tra­ do infeliz. Vez ou outra, eram er­
zeira quebrada, foi pela balsa a guidos sacos combatatinha. A
dentro para o fundo do rio. ° cho­ multidão ociosa, que discutia os
fer, sabendo que era impossível prós e os contras da busca, dividi­
freiar o caminhão, gritou com os da pela suposição de que o cada­
balseiros que se afastassem e jo­ ver descera o rio ou que se en­

gou-o ao rio para evitar maior pre­ contrava em baixo da carga, vibra­
juizo. A verdade é que saiu do oa­ va quando algum saco era pescado. "

minhão, porque quando foi retira­ Como sempre acontece nessas


do o veiculo do fundo do rio o oportunidades, poucos trabalhavam
corpo não apareceu. Nessa ocasião, e muitos davam órdem. A garrafa
de cachaça passava de mão erguidos cinco sacos de bata­
em rem

mão, onde se notava o tinha, o corpo boiou justamente


espírito ge-
neroso de seus donos. no local aonde circumnavegou a
Mais ou menos às quatro horas taboinha, que levava as três velas
da tarde, ouvi de diversas pessoas acesas!
a confirmação de que o corpo se- Uma surpreendente coincidên­
ria encontrado. Por que? Porque, cia, não resta dúvida. Conversan­
na balsa, do lado do distrito de do depois com o sr, Frederico Poy
Machadinho, vinha vindo a Ban- Filho, Prefeito Municipal de Pira­
deira do Divino. Atravessado o rio' tuba, contei-lhe da minha admira­
Pelotas, a Bandeira do Divino, al- ção e perguntei-lhe como se ex­

çada por um senhor, foi levada a plicava o lacontecido. Respondeu­


uma canoa, que se afastou da mar- me que não havia explicação mas

gem conduzindo três pessoas. que sempre acontece assim. Êle


Aquele que conduzia a Bandeira mesmo há seis meses, assistira a
,

do Divino, após lançar ao rio um outro fato idêntico. Mais surpreso


taboinha três velas acesas, co-
com ainda, fui procurar o sr. Leopoldo
meçou achamar em voz alta pelo Freitag, que é um dos habitantes
nome do defunto. A taboinha co- mais antigos dalí, o qual me escla­
meçou a circumnavegar nas proxí- receu que sempre que não se en­

midades em que o caminhão afun- contra o corpo do afogado o povo


dara com a carga. apela para aquela simpatia e dá
Eu estava convencido de que o certo.
corpo, já inchado, tinha descido
na véspera o rio. Mas, a verdade,
é que a taboinha não saira
I Deixo consignado
que os nossos folcloristas o
o fato para
regis­
le círculo. O nosso grupo tomou daque-I trem se para tal fôr julgado digno.
a lancha a motor e fomos inverti- i
gar pelas margens, na parte nave-: (Trecho da aoresentacão do li­
gável. Tudo em vão. No dia se- vro OESTE CATARINENSE, em
I

guinte, madrugada ainda, após se- I preparo) .

COLABORE COM A SUB-COMISSÃO. ENVIE-LHE AS SUAS


OBSERVAÇõES.

A SUA COLABORAÇÃO SERÁ PUBLICADA NO BOLETIM DE


DEZEMBRO SE CHEGAR A TEMPO.
O'
II
,

NOTAS E FATOS

Um assunto que despertou interesse


o Professor Carlos Stelfeld, da Sub-Comissão Paranaense de Fol­
clore publicou no Documentário da Comissão Nacional, há tempos,
um trabalho sôbre a setra e a funda.
Na Sub-Comissão Catarinense, o dr. Oswaldo R. Cabral fez uma

apreciação sôbre o aludido trabalho publicou, no na 1 do nosso Bo­


e

letim Trimestral uma comunicação intitulada A SETRA, A FUNDA


E O BODOQUE.
pelo assunto, a dra. Hildegardes Cantolino Viana,
Interessando-se
da Sub-Comissão Bahiana, publicou um outro comunicado, desta vez
-Iazendo referencias aos trabalhos anteriores, comunicação que foi

transcrita no nosso Boletim Trimestral.


Agora queremos ter o prazer de transcrever a comunicação do
confrade FLORIVAL SERAINE, da Sub-Comissão Cearense (Docu­
mentário da Comissão Nacional na 136).

SETRA, FUNDA, BODOQUE, BALADEIRA -

Comunicação à
CNFL POR FLORIVAL SERAINE (da Sub-Comissão cearense)

A velha Praça dos Voluntários, com suas castanholeiras e mon­


gubeiras tradicionais, era o cenário predileto de nossas brincadeiras

infantís. Os com boieiros, vindos do interior do Estado com tropas de


alimárias carregadas de gêneros alimentícios, era lá que "se arrancha­
vam", enchendo-a às vezes quasi completamente. E era lá, também,
que se achava o antigo Liceu do Ceará, de que se ocupa Gustavo
Barroso em um de seus livros de memórias.
Nossos brinquedos habituais eram, aí por volta de 1917 ou 1918,
a onça ou a dama, que riscávamos à giz ou carvão nas calçadas e

jogávamos com pedrinhas, botões ou pequenos búzios; a cabicinha


ou cabiçulinha que em outros Estados recebe a denominação de
gude; a peteca, geralmente feita de palhas de milho e recheada de pa­
no ou algodão; um movimentado jogo, conhecido então por amarelo,

em o qual os parceiros, impelindo cm um só ds pés, aos saltos, uma V7

pedrinha chata ou pedaço de mosaico, visavam colocá-los dentro de


uns quadrados, feitos a giz ou carvão na calçada, numerados em sé-
-
47-

rie, dispostos em dupla fileira, e encimados por uma área semicir­


cular, cujo acesso em primeiro lugar atribuía a vitória aquele que
o lograsse.

Também usávamos a baladeira, para matar passarinhos, derru­


bar castanholas ou outros frutos. Nenhuma diferença entre ela e
o objeto que na Bahía recebe o nome de badogue ou bodógue (cor­

rução de bodoque) e ao Sul (Paraná e Santa Catarina) o de setra,


,

Baladeira foi a única designação que sempre encontrei em Fortaleza

para o objeto aqui focalizado. Baladeira que, nas mãos de um garo­


to urbano, continua sendo grave perigo para as vidraças das residên­

cias, tão grave quanto as bolas de pano, quasi sempre fabricadas de


meias, com que a menínada praticava, e ainda hoje pratica, quo­
tidianamente, o foot-ball em certas ruas de Fortaleza, antes de po­
der jogar com as bolas de borracha ou couro.
Ba!adeira é, pois, sinônimo de bodoque, setra, estífíngne, atira­

deira, funda, schloida. Seria destarte, curiosa uma carta foI elo rica
do citado objeto ou arma infantil, em nosso vasto território. Aí fica
a sugestão, que poderá ser aproveitada com relação a diversos ob­

jetos ou coisas, designados diferentemente em alguns Estados nacio­


nais. Influências étnicas e outras, no setor da linguagem, encontra­
riam assim um caminho, decerto aproveitável, para o seu esclareci­
mento. Baladeira é, sem dúvida, brasileirismo autêntico, formação
sufixal nova, que os léxicos portugueses, desde os de Morais, Frei
Domingos e Aulete, não registam. Em seu processo semântico na
capital cearense, devem ressaltar-se as idéias de arma e projétil que
andaram associadas ao conceito primitivo do objeto, Bala é termo

que, no Ceará, é empregado comunente na acepção do "projétil com


que se carregam armas de fogo".

A SUB-COMISSÃO solicita dos Srs. Correspondentes:


A COLHEITA E REMESSA de termos regionais e vocábulos co­
munente nas zonas em que residem, com significação. Êste Bo­
a sua

letim já publicou, e podem servir de modelo, um trabalho de Eucli­


des José Felipe (n02), outro do Pe. Alvino Bertoldo Braun (n03) e
no presente número publica um do secretário
geral da sub-comissão.

(Sugestão do Prof. Custódio Campos aprovada em sessão de 1°


de abril do corrente ano).
Notas de Folclore
A REVISTA "Vida Nova", explêndida realização de Waldemar
Luz, que se edita em Joinvile, em seu número de fevereiro do cor­
rente ano, publica uma interessante reportagem sôbre um poeta re­
pentista, Reinaldo Massaneiro, de 78 anos de idade, residente em
Barra Velha, no Município de Araquarí, e pessoa bastante conheci­
da nos Municipios visinhos.
Massaneiro, em improviso que dirigiu ao redator da citada re­
vista, recitou uma quadrínha de "Pão por Deus", do "seu tempo",
quadrinha que merece registro uma vez que, segunda afirma o
poeta, era conhecida desde a sua infância. A quadrinha é a seguinte,
que oferecemos aos colecionadores destas joias da nossa poesia fol­
clórica:

Depõe, primeiramente o poeta repentista:

"Vem depois o mês de outubro


A entrada do verão;
Não se vencia escrever

Versinhos de coração

A noiva mandava ao noivo


Um coração enfeitado
Com o seguinte versinho,
Escutem bem o recado:

E, agora, a quadrinha:

"Vai aí meu coração


A pagar não te obrigo
Se não mandar o "pão por Deus"
Tambem não caso contigo".

A pesquiza de material folclorico apresenta, ás vezes, uns aspec­


tos interessantes e inesperados. Um dêles vamos narrar:

Em seu número do mez de agosto de 1949, a revista "AMERICAS",

da União Pan Americana, publicou um artigo de Juan Liscano in­


titulado "Voz de Um Povo" em que narra aspectos do folclore vene­

zuelano. Cita uma delicada décima colhida em 1938, nas proximida­


des de Caracas e que é a seguinte:
-
49-

En esa edad transitória


Edad que nunca se olvida,
Cuando es un suefio la vida
De amor, ilusión y glória,
Recuerdo que tú memória
Guarda, fiel, el alma mía;
EI corazón lo tenia
Rebosado de ventura
Y te acuerdes con qué ternura

Me quisiste, prenda mia.

Em o número de outubro da mesma revista, o dr. Enrique G.


Matta, de Porto Rico, escreve uma carta, informando que conhecia
há mais de 55 anos, uma décima semelhante:

En esa edad transitória,


Edad que nunca se olvida,
Cuando es un suefio la vida
De amor, ilusión y glória;
Esa edad cuya memoria
Guarda, fiel, el alma mia,
Cuando el corazón latia
Rebosante de ventura;
Recuerda con qué ternura

Me quisiste -

y te queria.

Não deporá esta belíssima décima em favor de um estreito paren­


tesco entre o folclore da Venezuela e o de Porto-Rico?
-50-

SUB-COMISSÃO CATARINENSE DE FOLCLORE

Relação dos membros existentes em 1950

Nomes Endereço

Oswaldo R. Cabral, (Secretário


Geral) R. Esteves Júnior, 138
Almiro Caldeira de Andrade,
(Secretário) .
Av. Hercílio Luz, 127
Altino Flores R. Feliciano Nunes Pires
Alvaro Tolentino de Souza R. Vidal Ramos, 50
Antônio Nunes Varela .
R. José Jaques, 4
Antônio Taulois de Mesquita R. Esteves Júnior
Aroldo Caldeira R. Brigadeiro Silva Pais
Aroldo Carneiro de Carvalho .
Assembléia Legislativa
Bento Aguedo Vieira R. Crispim Mira, 89
Carlos Büchele Júnior .
Dep. de Geogr. e Geologia
Carlos da Costa Pereira .
.
R. Anita Garibaldi
Custódio de Campos Av. Mauro Ramos
Doralécio Soares Imprensa Oficial
Elpídio Barbosa .
Av. Hercílio Luz, 131
Henrique da Silva Fontes .
Av. Trompowsky, 14
Henrique Stodieck .
R. Saldanha Marinho, 30
Hermes Guedes da Fonseca .
Assembléia Legislativa
Ildefonso Juvenal .
R. Bocaiuva, 214
João A. Sena .
R. D. Jaime Câmara, 37
João Crisóstomo de Paiva R. 24 de Maio, 467 Estreito
-

João dos Santos Areão . R. D. Jaime Câmara, 11


José Cordeiro .
. R. Rafael Bandeira, 35 A
Martinho de Haro R. Altamiro Guimarães
Manoel Soares de Azevedo Maia R. Conselheiro Mafra, 93
Osvaldo F. de Melo (filho) . Travessa Urussanga, 6
Othon d'Eça . Av. Mauro Ramos, 120
Percival Calado Flores . R. Feliciano Nunes Pires
Plínio Franzoni Júnior . R. Delminda Silveira, 173
Pedro José Bosco . Rua Lajes, 60
Roberto Lacerda .
Dep. Estadual de Estatística
Victor A. Peluso Júnior .
Dep. de Geogt. e Cartografia
Walter F. Piazza . R. Tte. Silveira, 35
Wilmar Dias . R. Esteves Júnior, 47
-
51-

SUB·COMISSÃO CATARINENSE frE FOLCLORE

Relação dos Representantes Municipais

Nomes Muuicipais

Alírio Barreto Bossle .


Palhoça (Sto. Amaro)
Alda Moeller . S. Bento do Sul
Antônio Lúcio .............•.
Caçador
Carlos Blumenberg .
Urussanga
Cid Gonzaga .................•
Caçador
Danilo Tiago de Castro .
Lajes
Euclides José Felipe . Curitibanos
Francisco Machado de Souza . S. Francisco do Sul
Frei E. Ermendoerfer O. F. M. Blumenau
Hermínio Millis ............•.. Pôrto União
Jefferson Davis de Paula ....• J araguá do Sul
João Caruso Mac Donald .
Urussanga
João Reitz (Padre) .
Araranguá (Sombrio)
José da Luz Fontes .. Ibirama
José Medeiros Vieira .
Itajaí
Lauro Müller .
Brusque
Lupércio Lopes .
Palhoça
Manoel Deodoro de Carvalho . S. Francisco do Sul
Mário Souza r ••
Lajes
Montesuma Guaraní de Carva-
lho . Imaruí
N erêu Corrêa .
Itajaí
Neusa Nunes ...........•••••• Tubarão
Norberto Bachmann r r • Joinvile
Norberto Silveira Júnior .
Itajaí
Otaviano Ramos . São José
Orlando Ferreira de Melo . Blumenau
Osias Guimarães . Blumenau
Paula Malta Ferraz , ....• Blumenau
Plácido Gomes . Joinvile
Pláeíde Olímpío de Oliveira . Joinvile
Rogério FagU!n4es .
Campos Novos
Romeu Boiseux Píazza . Nova 'I'rento
Romeu Sebastião N ev�s " ..
Lajes
Ruben Uüsséa .: .
Laguna
Teobaldo Costa Jann:ll'l.clá . Indaial
Trajano Souza . Lajes
Vitor Mendes ................• Ibírama
Walter Tenório Cavalcanti .... Curitibanos
AVISO IMPORTANTE

Aos nossos éorrespondentes, Srs. Agentes de Éstatistica, estudio­

sos, jornalistas e a quantos se interessam pelos estudos folclóricos


e pelas tradições da nossa terra.

O BOLETIM TRIMESTRAL DA SUB-COMISSÃO CATARINEN­


SE DE FOLCLORE DO MÊS DE DEZEMBRO DO CORRENTE ANO
SERA CONSAGRADO EXCLUSIVAMENT,B AS FESTAS POPU­
LARES DO NATAL E DO CICLO NATALINO (ANO BOM E REIS)

MANDE-NOS CONTAR COMO SE COMEMORAM ESTAS FES­


TAS NO LUGAR EM QUE RESIDE, _N-:\ ,ZONA EM QUE HABITA.

ESCREVA TUDO O QUE OBSERVAR. CONTE-NOS OS COS­


TUMES TRADICIONAIS QUE APRECIAR. COPIE A LETRA É,
SE POSSIVEL, A MUSICA DOS CANT.oS DE NA TAL QUE SÃO
CONHECIDOS NA REGIÃO.

NO PRóXIMO NuMERO:

O número de setembro .de 1950, que será o de aniversário dêste


BOLETIM, contará com a colaboração de': Renato Almeida, Henrique
da Silva Fontes, Altino Flores, Carreiro da Costa (Açores), Lucas A.
Boiteux, Vitor Peluso Jr., Pe. Alvino Bertoldo Braun, José Cordeiro,
Maria de Lourdes Henriques, Carlos da Costa Pereira, Alvaro Tolen­
tino de Sousa, Herminio .Millis, .Jaldír Faustino da S�lya, Neusa Nu­
nes, Doralécio Soares e
outros, colaboradores, ,
"

A Capa será. um 'lllagnífíbo 'desenho de Péricles SÚv�:

A Sub-Comissão acha-se empenhada em recolher material para


dedicar o número de dezembro ao ciclo das festas natalinas, esperan­
do contar com o apoio de todos os correspondentes e membros da
Sub-Corníssâo.

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